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    EditoraEditor

    Suani Teixeira CoelhoUniversidade de So Paulo (USP)

    Instituto de Eletrotcnica e Energia daUniversidade de So Paulo (IEE-USP)

    Centro Nacional de Referncia em

    Biomassa (Cenbio)

    Conselho EditorialEditorial Board

    Jos GoldembergUniversidade de So Paulo (USP)

    Instituto de Eletrotcnica e Energia daUniversidade de So Paulo (IEE-USP)

    Daniel PiochCentro Internacional de Pesquisas

    Agrcolas para o Desenvolvimento(Cipad) - Montpellier/Frana

    Eric D. LarsonUniversidade de Princeton/USA

    Fernando Rei

    Sociedade Brasileira de DireitoInternacional do Meio Ambiente (SBDIMA)

    Francisco Annuatti NetoFaculdade de Economia,

    Administrao e Contabilidade (USP)

    Frank Rossilo-CalleImperial College London

    Helena ChumNational Renewable Energy

    Laboratory/ USA

    Jos Roberto MoreiraUniversidade de So Paulo (USP)

    Biomass Users Network

    Luiz Augusto Horta NogueiraUniversidade Federal de Itajub (Unifei)

    Luiz Gonzaga BertelliFederao das Indstrias do Estadode So Paulo (Fiesp)

    Srgio PeresUniversidade de Pernambuco (UPE)

    Equipe de Produo EditorialPublishing team of ProductionCristiane Lima CortezFernando Saker

    Jornalista ResponsvelJournalist in ChargeAmorim Leite MTb 14.010-SP

    Reportagem e RedaoEditingAmorim LeiteFernanda SchimenesFernando Saker

    Projeto GrcoGraphic DesignCarolina Amorim

    Editorao EletrnicaArtNckolas Ramos

    Preparao de TextoText OrganizationAmorim Leite

    Traduo para Ingls e PortugusTranslation from and into EnglishM Cristina V. Borba

    Centro Nacional deReferncia em Biomassa

    Av. Prof. Luciano Gualberto, 1.289Cid. Universitria

    CEP 05508-010, So Paulo, SP, BrasilTel. (11) 3091-2649

    http://cenbio.iee.usp.br

    A Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, uma publicao trimes-tral do Centro Nacional de Referncia em Biomassa (Cenbio), patrocinada pelo

    Ministrio de Minas e Energia, por meio do Convnio n 721606/2009, e dis-tribuda para ministros de estado, senadores, governadores, deputados federais,prefeitos, deputados estaduais, diretores de agncias reguladoras, secretriosestaduais de meio ambiente e energia, cientistas, empresrios e especialistas emmeio ambiente e energia. As opinies emitidas nas entrevistas e artigos so deresponsabilidade de seus autores, no reetindo, necessariamente, a posio deseus editores. permitida a reproduo parcial ou total das reportagens, desdeque citada a fonte.The Revista Brasileira de Bioenergia, ISSN 1677-3926, is a quarterly publicat ionof the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio), sponsored by Ministriode Minas e Energia Convnio n 721606/2009 and is distributed to federal

    government ministers, senators, deputies, federal legislators, mayors, state legis-

    lators, heads of regulatory agencies, state environmental and energy secretaries,scientis ts, businesspeople and specialists in energy and the environment. The opin-ions expressed in the interviews and articles are those of their authors and do notnecessarily reect the position of the editors. Partial and or total reproduction is

    permitted as long as the source is c ited.

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    Sumrio/Summary

    Capa / Cover

    Resduos rurais: Tratamento adequado pode gerarenergia e renda

    Rural residues: Adequate treatment can generateenergy and revenues

    Capa/Cover: Divulgao | Dissemination

    Pginas 6 a 13Pages 14 to 21

    Stock.XCHNG | Pawel Grabowski

    Editorial

    Por um futuro mais sustentvel.............................. 4

    For a more sustainable future................................ 5

    Entrevista/Interview

    Impacto ambiental deve ter o mesmo peso que o

    do econmico e do social,

    diz o embaixador Andr Corra do Lago........... 22

    Environmental impact should have the same weight

    as economic and social ones,

    says Ambassador Andr Corra do Lago........... 24

    Meio Ambiente/The Environment

    leo ao mar ....................................................... 27

    Oil into the sea..................................................... 31

    Projetos do Cenbio/Cenbio Projects

    Busca pelo melhor destino .................................. 34

    Quest for best destination................................... 37

    Empresas Modernas/Modern Companies

    Terceirizao chega ao campo........................... 40

    Outsourcing reaches the rural area................. 42

    Artigo/Article

    A Rio+20 em questo ....................................... 44

    The Rio+20 in question....................................... 49

    Agenda

    Programe-se para os prximos eventos .............. 54

    Include the next events in your Schedule............ 54

    SecretariadeEstadodoAmbiente

    -RJ|Divulgao

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    4 Fevereiro /February 2012

    Editorial

    Porumfuturo

    maissustentvelinevitvel: embora a cada edio novos temas sejam discutidos, alguns assuntos acabam voltando tona. Estaedio da Revista Brasileira de Bioenergia traz um deles: o aproveitamento energtico de resduos desta vez,falamos principalmente dos resduos rurais, sejam os dejetos de sunos, bovinos e aves, sejam os subprodutosagrcolas como o bagao da cana-de-acar.

    Essa retomada no se trata de falta de assunto; a gerao de energia a partir do tratamento de lixo, seja urbano ou

    rural, uma perspectiva que ganha cada vez mais relevncia no cenrio nacional. Conforme j discutimos em edies

    anteriores, o Brasil enfrenta cada vez mais problemas com a crescente gerao de resduos e a falta de espao para

    dispor adequadamente esses resduos. A possibilidade de gerar energia e reduzir a quantidade gerada de lixo no

    vantajosa apenas pelo ponto de vista econmico, mas tambm social e, principalmente, ambiental.Por isso, a reportagem de capa da Revista Brasileira de Bioenergia apresenta o panorama do tratamento de resduos

    rurais e suas possibilidades para gerao de energia e renda, bem como algumas iniciativas que j vm sendo desen-

    volvidas nessa rea. Uma dessas iniciativas apresentada na seo Empresas Modernas: ela desenvolvida pela

    AgCert, que fornece aos proprietrios rurais o investimento para instalao de biodigestores em suas propriedades, em

    troca de um percentual dos crditos de carbono obtidos com a queima do gs metano.

    Os resduos urbanos podem no estar no foco da edio, mas tambm no foram esquecidos: o projeto Avaliao

    de Ciclo de Vida (ACV) Comparativa entre Tecnologias de Aproveitamento Energtico de Resduos Slidos, desen-

    volvido em parceria entre o Cenbio e outros grupos de pesquisa, busca comparar o desempenho ambiental do poten-

    cial de gerao de energia eltrica proveniente do aproveitamento energtico de diferentes tecnologias de tratamento

    e disposio nal de resduos slidos.A Revista Brasileira de Bioenergia volta seu olhar, ainda, para a Rio+20, Conferncia das Naes Unidas sobre

    Desenvolvimento Sustentvel trata-se de um evento crucial para que o mundo dena que passos dar rumo a um

    novo modelo de desenvolvimento. Tanto na entrevista com Andr Corra do Lago, chefe do Departamento de Meio

    Ambiente do Itamaraty, como no artigo de Fernando Rei, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Direito Interna-

    cional do Meio Ambiente (SBDIMA), so apresentadas preocupaes sobre a necessidade da participao efetiva de

    pases e entidades, e as responsabilidades do Brasil como antrio da conferncia.

    Em relao busca por um modelo novo de desenvolvimento, o tratamento adequado de resduos mostra-se como

    uma interessante possibilidade dentre muitas outras que podem e devem ser implementadas. Se desejamos um

    futuro sustentvel, a hora de agir agora.

    Boa leitura!

    Suani Teixeira Coelho

    EditoraCoordenadora do Centro Nacional

    de Referncia em Biomassa (Cenbio)Instituto de Eletrotcnica e Energia

    Universidade de So Paulo

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    Editorial

    foramore

    sustainablefutureIt is inevitable. Even though at each issue new themes are discussed, some subjects end up reemerging. This issue

    of the Revista Brasileira de Bioenergia brings one of them: the energy use of waste this time, we deal mainly

    with rural waste, be it swine, bovine or poultry waste, be it agricultural byproducts, such as sugar cane bagasse.

    This retaking does not mean there is not much to say; power generation as from garbage treatment, be it urban

    or rural, is a perspective that gains increasing relevance in the Brazilian scenario. As already discussed in previous

    issues, Brazil faces more and more problems with the growing waste generation and the lack of room to dispose all of

    it. The possibility of generating power and reducing the amount of garbage generated is not only advantageous from

    the economic viewpoint, but also from the social and, mainly, environmental ones.For this, the RBB cover article presents the scenario of rural waste treatment and its possibilities for power and

    income generation, as well as some initiatives already under development in this area. One of these initiatives is pre-

    sented in the Modern Companies section: it is developed by AgCert, providing rural estate owners the investment

    for installing biodigestors in their estates in exchange for a percentile of the carbon credits obtained from methane gas

    burning.

    Urban waste may not be the focus of this issue, but it has not been forgotten: the project Comparative Life Cycle

    Assessment (LCA) among Technologies for the Energy Use of Solid Waste, developed in a partnership among Cenbio

    and other research groups, seeks to compare the environmental performance of the power generation potential deri-

    ving from the energy use of different technologies for the treatment and nal disposition of solid wastes.

    RBB also looks into to Rio+20, United Nations Conference on Sustainable Development a crucial event for the

    world to dene which steps will guide a new development model. Both in the interview with Andr Corra do Lago,

    head of the Environment Department of Itamaraty, and in the article by Fernando Rei, deputy chair of the Brazilian

    Society of International Environmental Law (SBDIMA), concerns are presented on the need for effective participation

    of countries and entities, and the responsibilities of Brazil as the conference host.

    Concerning the quest for a new development model, adequate waste treatment shows to be an interesting possibi-

    lity among many others that can and must be implemented. If we want a sustainable future, the time to act is now.

    Enjoy your reading!

    Suani Teixeira Coelho

    EditorCoordinator of the Brazilian

    Reference Center on Biomass (Cenbio)Institute of Electrotechnics and Energy

    Universidade de So Paulo

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    6 Fevereiro /February 2012

    Capa

    OBrasil mantm sua produo rural entre as mais prsperas do planeta.A safra 2010/2011 bateu novos recordes na produo de gros: 161,5milhes de toneladas (t), de acordo com levantamento do Ministrioda Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Excelente desempenho tambmobteve a pecuria, com faturamento bruto de mais de R$ 100 milhes em

    2011, resultado 7,6% superior em relao a 2010.As projees para os prximos dez anos tambm tm curva ascendente.

    Enquanto em 2010/2011 foram produzidos 24,6 milhes de t de carne bovina,suna e de frango, em 2020/2021 so esperados 31,2 milhes de t. Para osgros (milho, soja, arroz, trigo e feijo), estima-se crescimento de 23% nadcada, atingindo 175,8 milhes de t ao nal do perodo.

    Se, por um lado, tal desempenho coloca o Brasil entre os mais competiti-vos do mundo em termos agropecurios com capacidade para atender o au-mento da demanda por alimentos , de outro, aumenta, na mesma proporo,a quantidade de resduos rurais. Estes, se no destinados de forma correta,contribuiro para acelerar ainda mais a degenerao do meio ambiente. Adegradao de gua doce evidente em vrias regies do Pas, alerta Jos

    Marcos Grschek, engenheiro agrnomo da Brasmetano, empresa que atuanas reas de sustentabilidade e bioenergia.

    resduosrurais:tratados,

    gerambioenergiaerendaSe a questo ambiental, por si s, no suciente para alavancar o tratamento, osganhos obtidos com a gerao de energia a partir deles podem s-lo

    iS

    tockphoto|Kryczka

    Resduos rurais: se no destinadosde maneira correta, aceleram adegenerao do meio ambiente

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    Segundo ele, a legislao adequada, en-tretanto muito raramente aplicada. Ignora-se a poluio endmica gerada por esses res-duos, seja orgnica, inorgnica e, sobretudo,aquela que induz a mutaes descontroladasde micro-organismos, arma Grschek.

    No h dados precisos sobre o volume deresduos rurais no Pas. Em termos de dejetosanimais, estima-se que apenas os rebanhosconnados de bovinos, aves e porcos produ-zam mais de 400 milhes de t por ano entreestrume e urina, ou seja, mais de 1 milho de tpor dia. Essa biomassa tem enorme potencialenergtico, assim como enorme a quantidadede gs metano um dos que contribuem para oaquecimento global emitida por esses euen-tes quando a captao e tratamento devidosno so realizados.

    Claro, se os ganhos ambientais, por si s,j no so sucientes para que se d um enca-minhamento questo, os benefcios econ-micos tm contribudo fortemente para que osresduos rurais sejam corretamente tratados.Ecincia produtiva hoje fundamental.

    Valendo-se das vantagens da biodigesto ana-erbica de dejetos animais, por exemplo, o ne-gcio torna-se mais lucrativo, explica AirtonKunz, pesquisador da Embrapa Sunos e Aves.

    exemPloaserseguidoUm dos produtores brasileiros que soube-

    ram compor uma soluo inteligente est nooeste do Estado do Paran, no municpio deSo Miguel do Iguau. Ali, Jos Carlos Co-lombari tem uma propriedade de 250 ha comuma criao de 5.200 sunos, alm de um pe-queno rebanho bovino.

    Tema de reportagem recente do programaGlobo Rural, a Granja So Pedro transformouo que era problema em renda. Antes, os deje-tos sunos atraam moscas e cheiravam mal,diz Colombari. Hoje, so levados aos dois

    biodigestores que temos na propriedade.O tratamento dos dejetos resulta na pro-

    duo de biogs para alimentar a miniusinaque opera na propriedade das 6 s 22 horas,com produo mensal de 30 mil kW de ener-gia eltrica. A energia gerada no s zerou aconta de luz da granja, que utiliza 9 mil kWpor ms, como tambm permitiu que os 21 milkW mensais excedentes fossem vendidos paraa Companhia Energtica do Paran (Copel)por cerca de R$ 2.500,00 (0,12 R$/kW).

    Alm desse ganho, o biofertilizante euen-

    te totalmente aproveitado no pasto e aumen-tou a capacidade de cabeas por ha. Somando-se a economia com energia, o ganho com avenda da energia excedente Copel, a econo-mia com biofertilizantes e os 2 mil litros deleo diesel no mais adquiridos mensalmentepara a fbrica de rao (hoje a fbrica mo-vida pela energia produzida pelos biodigesto-res), Colombari teve um incremento anual deR$ 120 mil.

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    8 Fevereiro /February 2012

    Capa

    Tal salto contou com o apoio da Platafor-ma Itaipu de Energias Renovveis, iniciativada Itaipu Binacional para promover a ecin-cia energtica regional e o desenvolvimentosustentvel a partir do emprego das energiassolar, elica, de biomassa e hidrulica. De-senvolvemos pesquisas na rea, apoiamostecnicamente produtores agropecurios e cos-

    turamos acordos com os diversos atores queprecisam ser envolvidos para viabilizar a ven-da de energia excedente, explica Ccero BleyJnior, da Coordenadoria de Energias Renov-veis da usina.

    O conceito de gerao distribuda presen-te no caso de sucesso da propriedade de Co-lombari e de 41 produtores do oeste do Paranvaleu-se do acordo com a concessionria Co-pel que instalou, tambm, o painel que permiteque a energia eltrica local seja levada redepblica de forma segura.

    A m de garantir a total sustentabilidadena rea rural, a Coordenadoria de EnergiasRenovveis da Itaipu Binacional pesquisa tec-nologias alternativas, como o caminho commotor eltrico movido pela energia gerada porbiodigestor.

    A autonomia do veculo, que conta comtrs baterias, de 100 km. A recarga, que duraoito horas, d-se em um terminal instalado napropriedade em que as baterias so conecta-das por meio de um cabo. Em fase de testes,o caminho adaptado ainda no est sendo co-

    mercializado. Tais tecnologias provam que asustentabilidade pode ser realidade, arma

    Ccero Bley Jnior.

    ParacadaProPriedade,umasoluo

    O caminho trilhado por Colombari nonecessariamente deve, ou pode, ser o mesmode outros produtores. ODecreto no 7.404, queregulamenta a Poltica Nacional de ResduosSlidos, rearma a importncia da utilizao

    energtica dos resduos gerados pelas cadeiasprodutivas animal e vegetal, alm de fomen-tar o uso dessas fontes renovveis. Mas nemsempre h demanda local para toda a capaci-dade de produo energtica e, havendo ener-gia de sobra, nem sempre ela consegue serrepassada rede pblica, seja por questes bu-

    rocrticas, seja por falta de infraestrutura pararedistribuio, alerta Kunz.

    Alm disso, quando se fala em instalar bio-digestores e miniusinas, necessrio levar emconta a capacidade de investimento do agrone-gcio. Nessa hora, buscar orientao tcnica fundamental para que a soluo caiba no bolsodo produtor, gere energia e biofertilizante namedida certa e, por mais bvia que a arma-o possa parecer, funcione.

    H diversos modelos de biodigestores.Os trs mais utilizados hoje no Brasil so o

    indiano, o chins e o de lagoa coberta. Todosapresentam vantagens e desvantagens. Obiodigestor de lagoa coberta, por exemplo, bastante utilizado apesar de no ser o mais e-ciente em termos de gerao de biogs devidoa seu baixo custo de instalao. necessrioentender a realidade de cada necessidade, ex-plica o especialista da Embrapa Sunos e Aves.

    terceirizaocomvendadecrdi-tosdecarbonoPodeserboaoPo

    O programa Agricultura de Baixo Carbono

    (ABC), criado em 2010 pelo governo federal,d incentivos e recursos para os produtores ru-rais adotarem tcnicas agrcolas sustentveis.Para a safra atual, prev R$ 3,15 bilhes paraincentivar processos tecnolgicos que neutra-lizem ou minimizem os danos dos gases deefeito estufa no campo, o que inclui o trata-mento de resduos. Produtores rurais e coope-rativas podero contar com limite de nancia-mento de R$ 1 milho e taxas de juros de 5,5%ao ano. O prazo para pagamento de cinco aquinze anos.

    Resduos de aves, gado esunos: fonte de energiae renda

    iStockphoto | barbaragibbbons

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    Outra opo interessante a terceirizao.Empresas como a AgCert, que instalou e man-

    tm os dois biodigestores na Granja So Pe-dro, realizam todo o estudo tcnico, fornecemos equipamentos, instalam e do manutenoem troca de um percentual da venda dos crdi-tos de carbono provenientes da queima do me-tano. Dessa forma, o investimento inicial doprodutor que deseja iniciar o tratamento dosdejetos ou mesmo substituir a tecnologia quepossui por outra mais eciente drasticamente

    reduzido. Alm do mais, em funo de o pro-cesso de venda de crditos de carbono exigirempresa certicada e todo o trmite burocrti-

    co que nem sempre o agropecuarista domina,rmar contrato com empresa especializada

    pode ser vantajoso.

    PrinciPais benefciosda biodiges-toanaerbicadedejetosanimais

    Eliminao do cheiro ruim, moscas e do-enas correlatas

    Aumento da qualidade de vida na proprie-dade

    Diminuio da poluio dos rios e dasguas subterrneas

    Reduo dos gases causadores do efeitoestufa

    Comercializao de crditos de carbonooriundos da queima do gs metano

    Gerao de energia trmica a partir debiomassa moderna, diminuindo o desma-tamento

    Gerao de energia eltrica a partir de mi-niusinas locais abastecidas pelo biogs,energia esta que, alm suprir a demandalocal, pode ser repassada rede pblica,gerando dividendos

    Economia com biofertilizantes, pois oeuente do biodigestor pode ser excelente

    fertilizante

    Projeto alto uruguai: unio deProdutores, universidades, gover-noesociedade

    A organizao de atores diversos com osmesmos interesses tambm funciona. Na con-tramo do que armou Grschek, na divisa

    dos Estados de Santa Catarina e Rio Grandedo Sul, os impactos ambientais do descarte dedejetos animais no esto sendo ignorados,ainda que haja mais a ser feito.

    ferramentacomPutacionalajudaPequenosemdiosProPrietrios

    O Atlas de Bioenergia, publicao do Centro Nacional de Referncia em

    Biomassa (Cenbio), disponvel em http://cenbio.iee.usp.br/atlasbiomassa.htm,aponta que apenas o biogs gerado na suinocultura tem potencial de 220 MW,supondo ecincias de converso da ordem de 30%. Nessa rea, entre 2009 e

    2010, em parceria com a organizao americana Winrock Foundation e com aempresa UsinAzul, o Cenbio desenvolveu o projetoMetodologia de estimativade redues de gases de efeito estufa provenientes da biodigesto de resduos

    animais, nanciado pela Renewable Energy & Energy Efciency Partnership

    (REEEP Parceria por Energia Renovvel & Ecincia Energtica). O estudoteve como principal objetivo desenvolver uma ferramenta capaz de dimensio-nar sistemas de tratamento de dejetos animais (bovinos e sunos) e sistemasde gerao de energia eltrica para pequenas e mdias propriedades do Brasil;estimar a quantidade de crditos de carbono oriundos da queima do metano

    proveniente do tratamento de dejetos animais para gerao de energia eltrica;e realizar clculos nanceiros para a implementao dos sistemas.O estudo resultou naFerramenta Computacional para Estimar Produo de Biogs, Gerao de Eletricidade e Re-

    duo de Carbono para Fazendas de Pequeno e Mdio Portes no Brasil, com downloadgratuito nosite do Cenbio desde2010. Voltado para fazendas de criao de gado (leiteiro, bovino de corte ou suno), a ferramenta faz o clculo baseadoem informaes passadas pelos prprios proprietrios para captura e uso energtico do biogs proveniente de dejetosanimais. Trata-se de uma forma prtica e inteligente de auxilio aos fazendeiros que tm dvidas quanto capacidadeprodutora de bioenergia de suas terras e animais.

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    Ali funciona o Projeto Alto Uruguai,nome escolhido em funo do rio que cortaa regio, caracterizada pela forte presena deagroindstrias, em especial de suinocultura.Para se ter ideia, a Regio Sul do Brasil abri-

    ga 45% do rebanho suno do Pas, com cercade 16 milhes de animais. Considerando queo setor suincola responsvel pela geraode resduos com alta carga orgnica os de-jetos dirios de um porco requerem cerca deseis vezes mais oxignio para degradao damatria orgnica por processos biolgicos queos de um ser humano no mesmo intervalo detempo , d para ter a dimenso do tamanhodo problema. A contaminao das guas su-perciais e subterrneas havia chegado a um

    ponto crtico, assim como a emisso de gases

    causadores do efeito estufa, diz Sadi Baron,diretor-executivo do Projeto Alto Uruguai.

    Reuniram-se, ento, representantes doMovimento de Atingidos por Barragens(MAB), da Universidade Comunitria da Re-gio de Chapec (Unochapec), Eletrobrs,Eletrosul, municpios da regio e do Institutode Pesquisa e Planejamento Urbano e Regio-nal (IPPUR) da Universidade Federal do Riode Janeiro para atuar em prol de solues parao problema.

    Hoje, j h 35 biodigestores em operaoem 25 municpios. O biogs gerado usadopara aquecimento de gua utilizada na produ-o de leite, aquecimento de aves e leites eat mesmo em uma pequena destilaria de ca-

    chaa. Transform-lo em energia eltrica estem andamento e uma das diculdades foi aj citada burocracia para se rmar convnio

    com a concessionria local, no caso a Celesp.Resolvida a questo, deve entrar em operaoainda neste ano uma miniusina em Itapiranga(SC) abastecida pelo gs proveniente de dezdos 35 biodigestores instalados. Orada emR$ 640 mil, a usina contar com duas unida-des geradores de 75 kVA com capacidade deproduo de 150 kWh, informa Baron.

    As dez propriedades selecionadas para

    abastecer a usina somam um rebanho de poucomais de 5 mil sunos, cujo aproveitamento dosdejetos pode gerar at 160.370 m3 de biogsno ano, volume este capaz de produzir 260.601kWh. Considerando o valor [comercializaoda venda de energia] de R$ 0,22 por kWh, osprodutores contariam com uma renda adicio-nal de pouco mais de R$ 57 mil no ano. Issosem contar a economia com biofertilizantes ereceitas provenientes da venda dos crditos decarbono, explica o responsvel pelo projeto.

    rea de abrangnciaatual do Projeto AltoUruguai nos Estadosde Santa Catarina e

    Rio Grande do Sul

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    Foi a partir dessa unio de esforos e in-teresses comuns que o governo federal, pormeio da Eletrosul e da Eletrobrs, patrocinouo projeto que prev expanso para 55 munic-pios e instalao de mais trs centrais gerado-

    ras de energia eltrica abastecidas com biogs.Nessa segunda etapa do Projeto Alto Uruguai,devem ser investidos R$ 9 milhes.

    Iniciativas semelhantes descrita tambmesto sendo feitas em outros Estados, como noParan, principalmente com o apoio de coo-perativas.

    Os 35 biodigestores instalados pelo Proje-to Alto Uruguai so do modelo canadense eforam patrocinados pelo governo federal pormeio da Eletrosul e da Eletrobrs.

    sebobovinotambmbiomassavaliosa

    Tanto os dejetos de sunos como os deaves, bois e outros animais podem e devemser tratados. Alm das fezes e da urina, o sebobovino outro resduo animal que despontacomo uma das opes mais interessantes parao incremento de renda dos pecuaristas.

    Pesquisas da UFRJ indicam que so retira-dos 20 kg de gordura animal de cada boi aba-

    tido. Sabe-se que o Brasil detm o maior reba-nho de gado de corte do mundo, com cerca de200 milhes de cabeas. Apesar de os incenti-vos scais beneciarem os leos vegetais, em

    detrimento da gordura animal, essa segundamatria-prima mais barata para produo debiodiesel.

    Sobre as vantagens de se utilizar uma des-sas duas matrias-primas, o Cenbio desenvol-ve o projeto BIOACV, que permite a compa-rao do desempenho ambiental. por meio daAvaliao de Ciclo de Vida (ACV) do biodie-

    sel produzido a partir de soja e gordura ani-mal. Mais informaes em (http://cenbio.iee.usp.br/projetos/bioacv.htm).

    bagaodecana, outrafontedeenergiaerenda

    Resduos rurais envolvem no apenas apecuria, mas tambm a agricultura. Dentreos subprodutos vegetais, um dos que maistm sido usados para produo de energia noBrasil o bagao de cana, que j foi tema de

    reportagens anteriores desta publicao.De acordo com dados do Ministrio da

    Agricultura publicados ano passado, em 2009,13% da energia consumida no Brasil foi geradaa partir do uso de 28,8 milhes de t dessa bio-

    massa moderna, subproduto da indstria sucro-alcooleira. Alm de ser baseada nos critriosde sustentabilidade, a energia gerada por meiodo bagao de cana-de-acar aumenta a com-petitividade do segmento, que, como no setorde criao de animais, pode suprir a necessida-de energtica das usinas e vender o excedentepara empresas de distribuio de energia.

    Sebo animal:matria-prima de menor

    custo para produode biodiesel

    iStockphoto|Bunn

    yHollywood

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    12 Fevereiro /February 2012

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    H trs anos, o Instituto de Eltrotcnicae Energia (IEE) da Universidade de So Pau-lo fez um estudo sobre a viabilidade econ-mica da gerao de energia eltrica a partirdesse combustvel e o resultado foi positivo.A pesquisa considerou quatro usinas de cana-de-acar na regio de Catanduva, no interiorde So Paulo, nas quais a produo de ener-gia eltrica seria agregada linha de produ-o. Aps a planta ser colhida e levada at a

    usina, ela passa por trs moendas. O produtoda primeira moagem vai para a produo deacar. J na segunda e na terceira moagens,produz-se o lcool combustvel. Resta, ento,o bagao, levado at uma caldeira que realizaa queima. Depois de passar por turbinas e ge-radores, o vapor produzido na queima gera aenergia eltrica.

    Tecnologia para isso hoje no falta. O quefalta, muitas vezes, capacidade de investi-mento. Nesse estudo, ele seria da ordem de R$

    1,4 milho por MW instalado e as usinas ana-lisadas teriam capacidade entre 40 e 50 MW,o que implicaria entre cinco e sete anos pararetorno do capital aplicado.

    No ltimo seminrio promovido peloCenbio, cujo tema foi o reaproveitamento deresduos urbanos e rurais para produo deenergia, Fernando Landgraf, do Instituto dePesquisas Tecnolgicas (IPT), apresentou umprojeto para usinas de biogs tendo como in-

    sumo o bagao de cana. O objetivo seria au-mentar a utilizao dos 650 milhes de t debagao de cana produzidos por ano no Brasil,cujo potencial de gerao de energia no apro-veitado chega a quase 20 GW, segundo ele.

    Outro dado interessante no caso de SoPaulo a resoluo estadual que obriga a ex-tino das queimadas at 2017. Em funodisso, o modelo de colheita precisa evoluir e apalha e a ponta da cana-de-acar, hoje perdi-das, seriam agregadas ao bagao, aumentanto

    Bagao da cana-de-acar:vapor produzido na queima

    gera energia eltrica

    iStockphoto | santosha

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    em 30% a capacidade de produo de energia.Quando no feita incinerao direta,

    muitos resduos vegetais so lanados in na-tura sobre o solo, o que nem sempre indi-cado. Atualmente, os Estados Unidos, paraaprimorar sua formao, lembra Airton Kunz,utilizam biodigestores de ltima gerao quepermitem a mistura de elementos diversos,como dejetos animais e sobras de colheita, porexemplo. Claro que se trata de uma tecnolo-gia ainda cara, muitas vezes no compatvelcom a realidade de muitos produtores, mas medida que ela ganha escala e a agropecuriaavana, esse tipo de equipamento estar pre-sente aqui, arma.

    Grschek, por sua vez, no to otimistaassim. Ele bem austero ao apontar, em sua

    viso, os principais entraves ao reaproveita-mento de resduos rurais: ausncia de scali-zao e preveno efetivas; ausncia de pol-ticas pblicas especcas para transformao

    de resduos com benefcios socioeconmicos;e concentrao dos investimentos em geraocentralizada em grandes hidro e termoeltri-cas em detrimento de modelos descentraliza-dos com a socializao da produo de energiacomo mais uma fonte de renda aos produtoresrurais.

    A energia poderia ser gerada no somentea partir de resduos, mas tambm de biomassacultivada especicamente para ns energti-cos (eletricidade, calor e frio). Dessa forma, asdistncias entre gerao e consumo de energiaseriam tremendamente reduzidas, assim comoas perdas de carga nas linhas de transmisso.O fornecimento de energia seria, ento, re-gionalizado e menos dependente do SistemaInterligado Nacional, constantemente posto prova pela sua extenso, discorre o engenhei-ro agrnomo da Brasmetano.

    Pelo que foi apresentado, vlidas sosuas consideraes devido aos impactos quetais resduos tm causado ao meio ambiente.Mas muito vlidas tambm j so as diversasiniciativas, implementadas ou a serem insta-ladas, com resultados mensurveis. E, comobem diz o ditado popular, para andar uma mi-lha necessrio dar o primeiro passo. Esse,em termos de aproveitamento de resduos ru-rais no Brasil, j foi dado. A Famlia Colom-bari que o diga.

    Criaes connadas de

    aves, porcos e bovinospodem produzir mais de

    400 milhes de t dedejetos por ano

    iStockphoto | TonyBaggett

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    Brazil keeps its rural production among the largest on Earth. The2010/2011 crops hit new records in grain production: 161.5 million t,

    according to the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply survey.Livestock breeding also had an excellent performance, with bulk revenue ofover R$ 100 million in 2011, a 7.6% higher result as compared to that in 2010.

    The projections for the next ten years also present an ascending yield cur-ve. Whereas in 2010/2011 24.6 million t of bovine, swine and chicken meatwere produced, in 2020/2021 31.2 million t are expected. For the grains (corn,soybean, rice, wheat and beans), a 23% growth is estimated for the decade,reaching 175.8 million t at the end of the period.

    If, on the one hand, this performance places Brazil among the most compe-titive in the world in agricultural terms with capacity to meet the increase inthe demand for food , on the other hand, in the same proportion, the amountof rural waste grows. These, if not correctly disposed of, will contribute to

    accelerate the environment degeneration. The degradation of drinking wateris evident in several regions in the country, warns Jos Marcos Grschek,agricultural engineer with Brasmetano, a company acting in the sustainabilityand bioenergy areas.

    ruralwaste:

    iftreated, ityieldsbioenergyandrevenuesIf the environment issue, by itself, is not enough to stimulate treatment,

    the revenues obtained from power generation from it may be

    iStockphoto|Kryczka

    Rural waste:

    if not properly designed,accelerate the degenerationof the environment

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    According to him, the legislation is ade-quate, yet hardly ever abided by. Endemicpollution is generated by this waste, be it orga-nic or inorganic and, above all, that inducinguncontrolled mutation of micro-organisms,states Grschek.

    There arent accurate data on the volumeof rural waste in Brazil. In terms of animal wa-ste, the conned herds of bovine, poultry and

    swine alone are estimated to produce over 400million t a year between manure and urine, i.e.,over 1 million t a day. This biomass has hugeenergy potential, as huge is the amount of me-thane gas one of those contributing to globalwarming emitted by these efuents when due

    collection and treatment are not conducted.Actually, if the environmental gains by

    themselves are no longer enough to tacklethe issue, the economic benets have greatly

    contributed to the correct treatment of ruralwaste. Productive efciency is fundamental

    nowadays. Taking advantage of anaerobic bio-digestion of animal waste, for example, makesthe business more protable, explains Airton

    Kunz, Embrapa Swine and Poultry researcher.

    anexamPletobefollowedOne of the Brazilian producers who man-

    aged to come up with an intelligent solution isin the west of the State of Paran, in the SoMiguel do Iguau municipality. There, JosCarlos Colombari has a 250 ha estate wherehe breeds 5,200 swine heads, besides a smallbovine herd.

    The theme of a recent issue of the GloboRuralTV program, Granja So Pedro turnedwhat used to be a problem into revenue. For-merly, swine waste attracted ies and smelt

    bad, says Colombari. Today, they are takento the two biodigestors we have in our estate.

    The waste treatment results in the produc-tion of biogas to feed the mini-plant operat-ing in the estate from 6 a.m. to 10 p.m., witha monthly power production of 30 thousandkW. The power generated not only zeroed outthe electricity bill of the farm, which uses 9thousand kW a month, but also allowed the 21thousand monthly kW surplus to be sold to theParan Power Company (Copel) for about R$2,500.00 (0.12 R$/kW).

    Besides this income, the efuent biofertil-izer is fully used in the pasture and increasedthe head capacity per ha. Adding the savingswith power, the revenue generated by sell-ing the surplus power to Copel, the savingswith biofertilizers and the 2 thousand litersof diesel no longer purchased monthly for theanimal food factory (today it is powered bythe electricity produced by the biodigestors),Colombari had a yearly increment of R$ 120thousand.

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    Such a leap counted on the support ofthe Itaipu Platform of Renewable Energy, anItaipu Binational initiative to promote regionalpower efciency and sustainable development

    from the employment of solar, wind, biomass

    and hydro power. We develop research in thearea, provide technical support to breeders andnegotiate agreements with the different actorsthat have to be involved to make selling thesurplus power viable, explains Ccero BleyJnior, from the plant Renewable Energy Co-ordination.

    The distributed generation concept ap-plied in the successful case in the Colom-bari estate and of 41 producers in the west ofParan took advantage of the agreement withCopel concessionaire, which also installed the

    panel that allows the local power to be safelytaken to the public grid.

    So as to ensure total sustainability in therural area, the Itaipu Binational RenewableEnergy Coordination researches alternativetechnologies, such as the electric-engine truckpowered by biodigestor power generated.

    The vehicle counts on three batteries andits autonomy is of 100 km. The recharging,which lasts eight hours, occurs at a terminalinstalled in the estate where the batteries are

    connected by a cable. Undergoing tests, theadapted truck is not yet being traded. Thesetechnologies prove that sustainability can be areality, says Ccero Bley Jnior.

    toeachestate, asolutionThe path taken by Colombari does not have

    to be the same as that of other producers. De-cree n. 7404, which regulates the Solid WasteNational Policy, highlights the importance ofthe energy use of the waste generated by theanimal and vegetal productive chains, besidesstimulating the use of renewable sources.But there is not always local demand for allthe power production capacity and, if there isa power surplus, it does not always succeedto reach the public grid, be it for bureaucratic

    issues, be it for the lack of infrastructure forredistribution, warns Kunz.

    Moreover, when thinking of installingbiodigestors and mini-plants, it is necessaryto take into account the agribusiness invest-ment capacity. It is hence fundamental to seektechnical guidance for the technical solution tomeet the producers budget, to generate powerand biofertilizer at the right rate and, as obvi-ous as the statement may sound, to work.

    There are several biodigestor models. The

    three most widely used in Brazil currentlyare the Indian, the Chinese and the coveredlagoon ones. All of them present advantagesand disadvantages. The covered lagoonbiodigestor, for example, is widely used de-spite not being the most efcient in terms of

    biogas generation due to its low installationcost. It is necessary to understand the realityof each need, explains the Embrapa Swineand Poultry expert.

    outsourcing with carbon creditsalesmaybeagoodoPtion

    The Low-Carbon Agriculture (ABC, inPortuguese) program, started in 2010 by thefederal government, provides incentives andresources for rural producers to adopt sustai-nable agricultural techniques. For the presentharvest, it foresees R$ 3.15 billion to stimu-late technological processes that neutralize orminimize the greenhouse gas damages in therural area, which includes waste treatment.Rural producers and cooperatives will count

    Waste of poultry, cattleand pigs: a source ofenergy and income

    iStockphoto | barbaragibbbons

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    on a R$ 1 million funding ceiling and 5.5% ayear interest rates. The credit period goes fromve to fteen years.

    Another interesting option is outsourcing.

    Companies, such as AgCert, which installedand keeps two biodigestors at Granja So Pe-dro, conduct all the technical study, supply theequipment, install and provide maintenance inexchange for a percentile of the carbon creditsales deriving from methane burning. Thus,the initial investment of the producer that in-tends to start treating waste or even to replacethe technology used with a more efcient one

    is drastically reduced. Also, as the carbon cre-dit sales require a certied company and a lot

    of red tape the agriculturist does not alwaysmaster, signing a contract with a specializedcompany may be an advantage.

    main benefits fromanimal wasteanaerobicbiodigestion

    Elimination of bad smell, ies and related

    diseases Increase in the estate life quality Reduction in the pollution of rivers and

    underground water

    Reduction of greenhouse gases Trade of carbon credits deriving from me-

    thane gas burning Thermal power generation as from mo-

    dern biomass, decreasing deforestation Power generation by local mini-plants

    powered by biogas, power that, besidesmeeting the local demand, can be passedon to the public grid, generating revenues

    Fertilizer savings, once the biodigestorefuent can be an excellent fertilizer

    alto uruguai Project: gatheringProducers, universities, govern-mentandsociety

    The organization of different actors withthe same interests also works. Going againstGrscheks statement, on the State of SantaCatarina and Rio Grande do Sul border, theenvironmental impacts caused by animal was-te dumping is not being ignored, even thoughthere is more to be done.

    The Alto Uruguai Project is developedthere; the name was chosen after the river thatcrosses the region, characterized by the strongpresence of agro-industries, especially swine

    comPutationaltoolaidssmallandmedium-estateowners

    TheAtlas de Bioenergia (Bioenergy Atlas), a Brazilian Reference Center

    on Biomass (Cenbio) publication, available on http://cenbio.iee.usp.br/english/biomassatlas.htm, points out that the biogas generated from swine breedingalone has a 220 MW potential, assuming conversion efciency of the order of

    30%. In this area, between 2009 and 2010, in a partnership with the Americanorganization Winrock Foundation and with the UsinAzul company, Cenbio de-veloped the Methodology for estimating greenhouse gas reductions derivingfrom animal wastebiodigestionproject, nanced by the Renewable Energy &Energy Efciency Partnership (REEEP). The study main aim was to developa tool capable of dimensioning animal (bovine and swine) waste treatmentsystems and power generation systems for small and medium-sized estates inBrazil; to estimate the number of carbon credits yielded by methane burningderiving from the treatment of animal waste for power generation; and to per-

    form nancial calculations for implementing the systems.The study resulted in a Computational Tool for Estimating Biogas Production, Power Generation and Carbon Reduc-tion for Small and Medium-Sized Farms in Brazil, to be downloaded for free from the Cenbio website since 2010. Aimedat (dairy cattle, beef cattle or swine) breeding farms, the tool performs the calculations based on information providedby the estate owners themselves for the capture and energy use of the biogas deriving from animal waste. It is a practi-cal and intelligent way of aiding farmers with doubts as to the bioenergy production capacity of their estates and animals.

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    breeding. For an idea, the South Region ofBrazil hosts 45% of the country swine herd,with about 16 million heads. Considering thatthe swine breeding sector accounts for wastegeneration with high organic load the daily

    waste of a pig require six times as much oxy-gen for degrading the organic matter by me-ans of biological processes as that of a humanbeing in the same time span , it is possibleto size the problem. The contamination ofsurface and underground water had reached acritical point, as well as the greenhouse gasesemission, says Sadi Baron, CEO of the AltoUruguai Project.

    Representatives of the Movement of ThoseAffected by Dams (MAB), of the CommunityUniversity of the Chapec Region (Unocha-

    pec), Eletrobrs, Eletrosul, municipalities ofthe region and of the Institute of Research andUrban and Regional Planning (IPPUR/UFRJ)gathered to act towards solving the problem.

    There are already 35 biodigestors operatingin 25 municipalities. The biogas generated isused to heat the water used in milk production,chick and shoat warming and even in a smallcachaa distillery. Transforming it into poweris in progress and one of the barriers was thealready mentioned red tape for signing an agre-

    ement with the local utility, Celesp in this case.After this issue has been solved, a mini-plantshall start operating in Itapiranga (SC) thisyear, supplied by the gas deriving from ten outof the 35 biodigestors installed. Estimated to

    cost R$ 640 thousand, the plant will count ontwo 75 kVA generating units with a 150 kWhproduction capacity, informs Baron.

    The ten estates selected to supply the planttotal a herd of a little over 5 thousand swineheads, the waste use of which may generate upto 160,370 m3 of biogas a year, a volume ca-pable of producing 260,601 kWh. Conside-ring the value [power trading] of R$ 0.22 perkWh, producers would count on an additionalincome of slightly over R$ 57 thousand a year.This without accounting the savings in biofer-

    tilizers and revenues deriving from the carboncredit trade, explains the person in charge ofthe project.

    As from joining these efforts and commoninterests the federal government, by means ofEletrosul and Eletrobrs, sponsored the pro-ject that foresees the expansion to 55 muni-cipalities and the establishment of three otherpower plants supplied with biogas. At this se-cond stage of the Alto Uruguai Project, R$ 9million are to be invested.

    Present areacovered by the

    Alto UruguaiProject in the

    States of SantaCatarina and Rio

    Grande do Sul

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    Initiatives similar to that described are alsobeing conducted in other states, such as Para-n, mainly with the support of cooperatives.

    The 35 biodigestors installed by the AltoUruguai Project follow the Canadian modeland were sponsored by the federal governmentby means of Eletrosul and of Eletrobrs.

    bovinetallowisalsovaluablebio-mass

    Swine, poultry, bovine waste as well asthat from other animals can and must be trea-ted. Besides feces and urine, bovine tallow isanother animal waste that emerges as one ofthe most interesting options for incrementingagriculturists income.

    UFRJ researches indicate that 20 kg of ani-

    mal tallow are taken from each slaughtered ox.Brazil is known to have the largest beef cattleherd in the world, with about 200 million he-ads. Although scal incentives benet vege-table oils, in detriment of animal tallow, thelatter feedstock is cheaper for biodiesel pro-duction.

    Concerning the advantages of using oneof these two feedstocks, Cenbio develops theBIOACV project, which allows comparing theenvironmental performance by means of the

    Life Cycle Assessment (LCA) of the biodie-sel produced from soybean and animal tallow.More information on (http://cenbio.iee.usp.br/projetos/bioacv.htm).

    sugarcanebagasse, anothersour-ceofPowerandrevenue

    Rural waste involves not only livestockbreeding, but also crops. Among the vegetablebyproducts, one of the most widely used forpower production in Brazil is sugar cane ba-gasse, which was the theme of this magazinesformer issues.

    According to the Ministry of Agricultu-re data published last year, in 2009, 13% ofthe energy consumed in Brazil was generatedfrom the use of 28.8 million t of this modernbiomass, a byproduct of the sugar-ethanol in-dustry. Besides being based on sustainabilitycriteria, the power produced by means of su-gar cane bagasse increases the competitivityof the segment that, as in the livestock bree-ding sector, may supply the power needed by

    the plants and sell the surplus to power distri-bution companies.

    Three years ago, the Institute of Electro-technics and Energy (IEE) of the Universityof So Paulo conducted an economic viabilitystudy into power generation as from this fueland the result was positive. The research con-

    Animal tallow:cheaper raw material for

    biodiesel production

    iStockphoto | TonyBaggett

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    sidered four sugar cane plants in the Catandu-va region, in the State of So Paulo, in whi-ch power production would be added to theproduction line. After the vegetal is harvestedand taken to the plant, it goes through three

    grinding machines. The rst grinding productgoes for sugar production. In the second andthird grindings, ethanol fuel is produced. Theremaining bagasse is taken to a boiler whichconducts the burning. After going throughturbines and generators, the steam producedat burning generates electric power.

    There is technology for that, nowadays.What many times lacks is investment capaci-ty. In this study, it would be of the order of R$1.4 million per MW installed and the plants

    analyzed would have a capacity between 40

    and 50 MW, which would imply from ve to

    seven years for the return of investments.In the last seminar held by Cenbio, the

    theme of which was the use of urban and ruralwaste for power production, Fernando Land-

    graf, from the Institute for Technological Re-search (IPT), presented a project for biogasplants having sugar cane bagasse as input.The aim would be to increase the use of the650 million t of sugar cane bagasse producedper year in Brazil, the non-used power gene-ration potential of which reaches about 20GW, according to him.

    Another interesting datum in the case ofSo Paulo is the state resolution that makesbanning burnings by 2017 compulsory. Due

    to that, the harvesting model has to evolve

    Bagasse of sugarcane:steam produced by burning

    generates electricity

    iStockphoto | santosha

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    and both the sugar cane straw and tips, whi-ch are lost today, would be added to bagasse,increasing the power production capacity by30%.

    When direct incineration is not conducted,

    a large amount of vegetal waste is disposed ofin natura on the ground, which is not alwaysadvisable. Today, to enhance its formation,observes Airton Kunz, the United States uselast-generation biodigestors that allow mixingdifferent elements, such as animal waste andcrop remainders, for example. Of course itis still an expensive technology, many timesnot compatible with many producers reality;yet as it gains scale and agriculture advances,this type of equipment may be used here, he

    states.Grschek, in turn, is not that optimistic.He is very rigorous when pointing out themain barriers to rural waste use, in his view:lack of effective inspection and prevention;absence of specic public policies to turn

    waste into socio-economic benets; and con-centration of investments on centralized ge-neration in large hydro or thermopower plantsin detriment of decentralized models withthe socialization of power production as one

    more income source for rural producers.Power could be generated not only fromwaste, but also from biomass specically cul-tivated for power ends (electricity, heatingand cooling). Hence, the gap between powergeneration and consumption would be drama-tically reduced, as well as losses of charge intransmission lines. Power supply would thenbe regionalized and less dependent on the Na-tional Interlinked System, constantly put totest due to its extension, says the Brasmetano

    agricultural engineer.Considering what was presented, his

    considerations are sound due to the impactsthat such residues have been causing to theenvironment. But the several initiatives, im-plemented or to be installed, with measurableresults are also very sound. And as a popularsaying says, in order to walk a mile, one needsto take the rst step. This one, concerning the

    rural residues utilization in Brazil, was alrea-dy taken. As the Colombari Family can say.

    Conned breedings of

    birds, pigs and cattle canproduce over 400 million

    ton of waste per year

    iStockphoto | BunnyHollywood

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    Entrevista

    sustentandoumaviso

    otimistadosPrximos20 anosImpacto ambiental deve ter o mesmo peso que o do econmico

    e do social, diz embaixador Andr Corra do Lago

    Chefe do Departamento de Meio Am-biente do Itamaraty, Andr Corra do

    Lago avalia de forma positiva tanto oresultado da COP 17, em Durban, confernciaque discutiu as mudanas climticas, como asperspectivas da Rio+20, Conferncia das Na-es Unidas sobre Desenvolvimento Sustent-vel que tem incio em 20 de junho deste ano.

    O diplomata destaca ainda, na entrevistaque concedeu Revista Brasileira de Bioe-nergia (RBB), o papel do Brasil em busca dodesenvolvimento sustentvel global. De acor-do com o negociador-chefe do Ministrio dasRelaes Exteriores para a Rio+20, o Brasil o pas mais avanado na pesquisa de biocom-bustveis para aviao, setor responsvel porboa parte das emisses que colaboram para oaquecimento global.

    RBB A organizao WWF armou, em rela-o COP 17, que os governos falharam emfornecer inspirao e ambio para combater

    as mudanas climticas. O senhor concordacom essa armao?

    Andr Corra do Lago Discordo da ar-mao medida que uma negociao bemsucedida a que traz resultados. Entendo que

    alguns atores queriam algo a mais. No entan-to, esse algo a mais no teria sido aprovado. muito importante ser ambicioso, mas, na horada negociao, temos de ser realistas.

    RBB O que seria esse algo a mais almejado?Lago Para interpretar a COP 17 precisoentender de fato o que aconteceu l. Essa con-ferncia foi a mais importante em muitos anosporque manteve vivo o Protocolo de Quioto,que muitos acharam que morreria, e levouadiante a criao de instituies que vinhamsendo discutidas desde Bali, como o Fundo

    Verde. A terceira coisa marcante que se lan-ou uma negociao para o futuro que envolve

    100% dos pases. Muitas pessoas no estolendo o verdadeiro signicado da COP 17: elaconseguiu muito mais do que se esperava emCopenhagen. O resultado da COP 17 foi ne-gociado durante meses e importante desta-car que o Brasil teve um papel absolutamentechave.

    RBB Que papel o Brasil desempenha hoje

    no mundo para a promoo de um desenvolvi-mento sustentvel?Lago O Brasil tem todas as condies deser um pas de referncia em termos de desen-volvimento sustentvel. Ele incorporou, nosltimos vinte anos, em um nmero cada vezmaior de setores, a ideia do equilbrio entre oambiental, o social e o econmico.

    RBB Que exemplo prtico representa esseequilbrio?

    Lago O programa Luz para Todos trouxeresultados nas reas social, pela incluso; eco-nmica, medida que a chegada da energiaeltrica aumenta a capacidade de produodestas regies; e em termos de meio ambiente.

    Isso tudo foi feito a partir de uma matriz ener-gtica que a mais limpa do mundo.

    RBB Falando de energia limpa, que impor-tncia tem a bioenergia para a promoo des-

    se desenvolvimento sustentvel?Lago A biomassa fundamental para o com-bate das mudanas do clima. A bioenergia uma das reas nas quais mais progresso tecno-lgico tem sido feito.

    RBB Em termos globais ou no Brasil?Lago Em termos de pesquisa, falo em m-

    Muitas pessoasno esto lendo

    o verdadeirosignifcado

    da COP 17:ela conseguiu

    muito maisdo que se

    esperava emCopenhagen

    Fotos: divulgao

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    Entrevista

    bito global. Agora, o que acontece que oBrasil tem condies excepcionais e tambmo programa mais completo e efetivo de usoda biomassa para produo de energia, almdo potencial extraordinrio para desenvolvi-mento tecnolgico. Muitas vezes, as pessoasacham que isso se refere apenas ao etanol, que importantssimo, mas h outras dimensescomo a produo de energia a partir de bagaode cana, a perspectiva de uso do bagao e dapalha para vrias outras funes e, alm disso,um potencial extraordinrio para biocombus-tveis de aviao. Certamente, a nica tecno-logia com perspectiva de, a mdio prazo, di-minuir as emisses desse meio de transporte.

    RBB O Brasil lidera as pesquisas nessa

    rea?

    Lago Sim. E vale lembrar que, graas bio-energia, estamos encontrando uma soluopara reduo de emisses em um dos setoresmais complexos, que o de transportes.

    RBB Quais so as expectativas do Brasilpara a Rio+20?

    Lago A Rio+20 tem de ser uma etapa muitoimportante na aceitao mais ampla do con-ceito de desenvolvimento sustentvel que,como disse, o equilbrio entre o social, o eco-nmico e o ambiental. Isso no pode ser umparadigma s da rea ambiental, mas de todas

    as reas que representam o desenvolvimentode um pas, quer sejam um projeto de trans-porte, um projeto de oresta ou uma necessi-dade social. preciso trabalhar levando-se emconta esses trs eixos. Existe uma tendncia desetorizar as coisas.

    RBB O Brasil tem se desenvolvido de formasustentvel?

    Lago Em muitas reas e, por isso, pases emdesenvolvimento e mesmo os j desenvolvi-dos olham para o Brasil pelos resultados que

    j tem obtido. claro que pode e deve fazerprogressos em diversas reas. No entanto, umamensagem bem clara da parte do governo que h um compromisso em todos os nveiscom relao a esse paradigma.

    RBB Quais as principais barreiras a serem

    transpostas?

    Lago A maior diculdade a percepo

    errnea de que a ateno com a questo am-biental pode ter reexo negativo do ponto de

    vista econmico ou mesmo social. Temos denos lembrar do sculo 19, quando a questo

    social teve de lutar para que fosse incorpo-rada questo econmica. Hoje, luta-se paraque a dimenso ambiental seja incorporada damesma maneira. Ningum faz um projeto sem

    levar em conta o impacto de nmero de em-pregos criados ou extintos, por exemplo. Essamesma lgica deve ser aplicada questo am-biental.

    RBB Como o senhor v o mundo daqui a

    vinte anos?

    Lago Sou muito otimisma. O mundo dirige-se para reduzir a pobreza e aumentar a classemdia. O grande desao da Rio+20 assegu-rar que seja possvel incorporar esses bilhesde pessoas na classe mdia de maneira que

    haja equilbrio no meio ambiente. Temos deter respostas que faam sentido nas trs di-menses citadas. Nesse aspecto, os pases de-senvolvidos tm um papel importante, que alterar seus padres de consumo de maneiraque possam ser padres que essa imensa clas-se mdia possa adotar no mundo inteiro. Nopodemos achar que haver dois tipos de classemdia. Essa entrada de bilhes de pessoas nomercado consumidor viabilizar o desenvolvi-mento de inmeras tecnologias em funo doaumento da escala. Essa escala requerida pelaprimeira vez na histria est se apresentando.

    A biomassa fundamental

    para o combate

    das mudanas

    do clima

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    24 Fevereiro /February 2012

    Interview

    24 Fevereiro /February 2012

    Head of the Environment Departmentof Itamaraty, Andr Corra do Lagopositively assesses both the results ofthe COP 17, in Durban, a conference whichdiscussed climate change, and the perspecti-

    ves for Rio+20, United Nations Conference onSustainable Development, starting on June 20this year.

    In the interview given to theRevista Brasi-leira de Bioenergia (RBB), the diplomat alsohighlights the role of Brazil in the quest forglobal sustainable development. According tothe chief negotiator of the Ministry of ForeignRelations for the Rio+20, Brazil is the mostdeveloped country in the research into avia-tion biofuels, a sector accounting for a consi-derable share of the emissions contributing toglobal warming.

    RBB The WWF organization stated, in re-lation to COP 17, that the governments failed

    to provide inspiration and ambition to ght

    climate change. Do you agree with this sta-

    tement?

    Andr Corra do Lago I disagree with itonce a successful negotiation is the one thatyields results. I understand that some actorswanted something else. However, this some-thing else would not have been approved. Itis very important to be ambitious, but when it

    comes to negotiations, one has to be realistic.

    RBB What would this desired something

    else be?

    Lago To interpret the COP 17, it is necessa-ry to actually understand what occurred there.This conference was the most important inmany years because it kept the Kyoto Pro-tocol alive, while many though it would die,and moved forward the establishment of ins-titutions that were being discussed ever sinceBali, such as the Green Fund. The third signi-

    sustaininganoPtimistic

    viewofthenext20 yearsEnvironmental impact should have the same weight as economicand social ones, says Ambassador Andr Corra do Lago

    cant point is that a negotiation was launched

    for the future and involves 100% of the coun-tries. Many people are failing to read the truemeaning of COP 17: it managed much morethan was expected in Copenhagen. The COP

    17 result was negotiated throughout monthsand it is important to highlight that Brazilplayed an absolutely key role in it.

    RBB What role does Brazil play today in

    the world for promoting sustainable develop-

    ment?

    Lago Brazil has all the conditions to be areference country in terms of sustainable de-velopment. In the last twenty years, it hasincorporated the idea of a balance among en-vironmental, social and economic areas to anever growing number of sectors.

    RBB What practical example represents this

    balance?

    Lago The Luz para Todos (Lighting forAll) program yielded results in the socialarea, for the inclusion; economically, once thearrival of power increases the production ca-pacity in these regions; and in terms of the en-vironment. All of this was done with an energymatrix that is the cleanest in the world.

    RBB Talking about clean energy, what im-portance does bioenergy have to the promo-tion of sustainable development?

    Lago Biomass is fundamental for ghting

    climate change. Bioenergy is one of those are-as in which the most technological progresshas been made.

    RBB In global terms or in Brazil?

    Lago In terms of research, I speak of glo-bal ambit. Yet, what happens is that Brazil hasexceptional conditions and also the most com-plete and effective program for using biomass

    Many peopleare failing toread the truemeaning ofCOP 17: it

    managed muchmore than was

    expected in

    Copenhagen

    Photos: dissemination

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    Interview

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    for power production, besides an extraordina-ry potential for technological development.People often think that this only refers to etha-nol, which is of high importance, but there areother dimensions, such as the power produc-tion from sugar cane bagasse, the perspective

    of using bagasse and straw for several otherfunctions and, additionally, an extraordinarypotential for aviation biofuels. It is certainlythe only technology with a perspective for re-ducing the emissions of this means of trans-port in the medium term.

    RBB Does Brazil lead the researches intothis area?

    Lago Yes. Its worth remarking that, thanksto bioenergy, we are nding a solution to re-duce emissions in one of the most complex

    sectors, that of transportation.

    RBB What are Brazils expectations for

    Rio+20?

    Lago Rio+20 has to be a very importantstage in a wider acceptance of the sustainabledevelopment concept that, as I said, is the ba-lance between social, economic and environ-mental areas. This cannot be a paradigm of theenvironmental area alone, but of all the areasrepresenting the development of a country, beit for a transportation project, a forest project

    or a social need. It is necessary to work takinginto account these three axes. There is a trendtowards sectorializing things.

    RBB Has Brazil developed sustainably?

    Lago In many areas it has and, for this, de-veloping countries and even industrializedones look up to Brazil for the results attained.Of course, progresses can and must be madein many areas. However, a very clear messageon the part of the government is that there isa commitment at all levels in relation to this

    paradigm.

    RBB What are the main barriers to be over-

    come?

    Lago The greatest difculty is the misper-ception that the attention with the environmen-tal issue may have a negative effect from theeconomic or even from the social viewpoint.We have to remember the 19th century, whenthere was a struggle to incorporate the socialissue into the economic issue. Today, there isa struggle for the environmental issue to be in-

    corporated in the same way. Nobody makes aplan without taking into account the impact ofthe number of jobs to be generated or elimi-

    nated, for example. The same logic has to beapplied to the environmental issue.

    RBB How do you see the world in twenty

    years?

    Lago I am very optimistic. The world isgoing towards reducing poverty and towardsincreasing the middle class. The Rio+20 gre-atest challenge is to ensure that it is possibleto incorporate these billions of people into amiddle class but in a way that allows a balancein the environment. We have to have answers

    that make sense in the three dimensions men-tioned. In this sense, developed countriesneed to play an important role, which is alte-ring their consumption standards so that thesestandards are those that this huge middle classcan adopt all over the world. We cannot fancythere will be two types of middle class. Thisingress of billions of people in the consumermarket will allow the development of a num-ber of technologies in function of the increasein scale. This scale required for the rst time

    in history is coming forth.

    Biomass isfundamental forfghting climate

    change

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    Meio Ambiente

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    Em novembro de 2011, o vazamento depetrleo na plataforma da companhiaestadunidense Chevron, no Campo deFrade (na Bacia de Campos, litoral do Rio deJaneiro), ganhou destaque na mdia a nvelnacional. As propores do derramamento,

    bem como os consequentes danos ambientaiscausados vida marinha, levaram a uma co-bertura diria do assunto, discutindo responsa-bilidades e punies pela tragdia e trazendopreocupaes em relao ao tempo que levariapara tal desastre ser contido e possibilidadede que viesse a se repetir.

    Embora o vazamento no Campo de Fradetenha recebido toda esta ateno, ele no foi onico a acontecer no pas. Em janeiro de 2012,um vazamento de leo foi detectado em Tra-manda, balnerio no Rio Grande do Sul; em

    fevereiro, pelo menos trs casos semelhantesaconteceram no Rio de Janeiro e em So Paulo.

    Com a descoberta de petrleo em camposna camada pr-sal no Brasil nos ltimos anos,o potencial de aumento da extrao do com-bustvel fssil constantemente anunciadopelo governo, pela mdia e por especialistasdo setor. Apesar disto, os casos de vazamentoocorridos entre 2011 e 2012 trazem a dvi-da se, com os impactos ambientais que serocausados por esta explorao, ela ainda seriadesejvel ou se a melhor opo seria buscar

    aumentar a participao de outras fontes namatriz energtica nacional.

    os vilesdeoutroraEm 2008, com a crise mundial de alimen-

    tos, as preocupaes ambientais e sociais reca-am sobre os biocombustveis, especialmenteo etanol. Segundo crticos, tais combustveisseriam os responsveis no s pela escassez,mas tambm pelo aumento expressivo no pre-o dos alimentos; a cana-de-acar e demaisfontes de biocombustveis estariam se expan-

    dindo para terras arveis e recebendo investi-mentos que poderiam ser destinados produ-o de comida, e havia e ainda h a preo-cupao por parte de organismos ambientaisde que tal expanso acabasse empurrandooutras culturas para reas de cerrado e para aFloresta Amaznica, levando a desmatamen-tos.

    Este no um dilema do Brasil, esclare-ce o setor de Comunicaes da Petrobras. Opas tem condies diferenciais como terrasagriculturveis, clima adequado, tecnologias,agricultura desenvolvida e larga experincia,reconhecida mundialmente, na produo debiocombustveis. A Petrobras informa aindaque tambm incentiva a agricultura consor-ciada com plantas destinadas alimentao;desta forma, o crescimento da produo debiocombustveis tem sido acompanhado pelocrescimento na oferta de alimentos.

    leoaomarDerramamentos de petrleo na costa brasileira em 2011 e2012 reforam a necessidade de uma maior diversidade na

    matriz energtica nacional

    Vazamento de petrleoem plataforma:

    destaque na mdia

    Secretaria de Estado do Ambiente - RJ | Divulgao

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    Meio Ambiente

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    Segundo a professora e pesquisadora Su-zana Kahn Ribeiro, da Coordenao de Pro-gramas de Ps-Graduao de Engenharia daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (CO-PPE-UFRJ), importante lembrar que nenhu-ma fonte de energia est isenta de impactosnegativos. A energia solar demanda extensas

    reas para seus coletores; a energia dos ventostraz problemas de rudo, sombras e impacto napaisagem. A questo o balano dos impactose benefcios gerados, explica.

    No caso dos biocombustveis, Suzanaacredita que uma anlise de ciclo de vida fundamental para avaliar cada situao, umavez que estes podem ser produzidos a partirde diferentes fontes de biomassa e diversasrotas tecnolgicas. A pesquisadora lembra,porm, que o balano bastante positivo nocaso da cana-de-acar no Brasil, evidenciado

    pela existncia de grandes extenses de terras,muitas inclusive abandonadas, no pas.

    diversificandoasmatrizesenergticas

    Um maior investimento em fontes alter-nativas de energia, como os biocombustveis,poderia ser uma forma de evitar que outrosderramamentos acontecessem no futuro?Acredito que no so aes comparveis eexcludentes; a busca pelo petrleo, sua explo-rao e produo so inevitveis, uma vez que

    as outras fontes de energia ainda no tm esca-la suciente para atender demanda mundial,

    ou ainda esto em estgio de desenvolvimentopara a reduo de custos ou ainda tem limita-es tcnicas, opina Suzana.

    No entanto, a pesquisadora completa:Mas simultaneamente h que se buscar outrasfontes competitivas, seja por questo de segu-rana, meio ambiente ou pelo simples fato deque o petrleo um bem esgotvel. Portanto,ao mesmo tempo em que se busca viabilizarestas alternativas, o petrleo precisa ser pro-duzido.

    Magda Chambriard, diretora da AgnciaNacional do Petrleo, Gs Natural e Biocom-bustveis (ANP) que, em casos de vazamen-tos de petrleo, tem a responsabilidade delevantar os dados e informaes e apurar res-

    ponsabilidades sobre incidentes operacionaisnesta rea , aponta que as falhas na extraode petrleo tm uma porcentagem pequena naquantidade total de lquido fssil que acabanos oceanos. Entendemos que os riscos dederramamentos de leo devem ser enfrentadoscom a intensicao das aes de scalizao,

    o desenvolvimento de tecnologias mais segu-ras e o estabelecimento de sistemas de conten-o de vazamentos e planos de contingncia.Deve-se observar, contudo, que a despeito dosimpactos locais advindos de grandes inciden-

    tes com vazamento de leo, de acordo coma National Academy of Sciences, em 2003, aexsudao natural a principal fonte de petr-leo para o mar (46%), seguida das atividadesrelacionadas ao consumo (37%), ao transporte(12%) enquanto as atividades relacionadas extrao respondem por apenas 3% dos apor-tes, explica.

    Segundo Magda, o fator climtico aindatem uma inuncia muito maior do que os

    acidentes com derramamentos de leo nasdecises estratgicas dos pases para diversi-

    cao de suas matrizes energticas. No casodo Brasil, ela ressalta que as polticas ener-gticas atuais privilegiam e incentivam a am-pliao da participao do gs natural e dasfontes renovveis de energia, ainda que o graude renovabilidade da matriz energtica nacio-nal j seja bastante elevado se comparado aoda mdia mundial (45,4% em 2010 no Brasil,contra cerca de 15% da mdia mundial e cercade 7% da mdia dos pases da Organizaopara a Cooperao e Desenvolvimento Eco-nmico OCDE).

    Petrobras: incentivo agriculturaconsorciada complantas destinadas alimentao

    Stock.XCHNG | Jim Daly

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    Meio Ambiente

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    Pr-sal: PossibilidadesePrecauesOutra preocupao quanto explorao

    do petrleo diz respeito s grandes reservasdescobertas na camada pr-sal. Maiores ope-raes de extrao poderiam causar maioresderramamentos de leo no mar, prejudicandoa vida marinha e levando a grandes desastresambientais. Contudo, Magda Chambriard ar-ma que a ANP j est tomando os cuidadosreferentes explorao do pr-sal.

    A atuao da ANP tem foco na seguran-

    a operacional, o que implica em constantesauditorias das estruturas e processos envolvi-dos na explorao e produo de gs natural.Tal no ser diferente para o pr-sal, arma.

    O Brasil j detm hoje tecnologia adequadapara operao segura em guas profundas eque, obrigatoriamente, ser aprimorada nosprximos anos.

    A ANP informa que participa do Frum In-ternacional de Reguladores (IRF), juntamentecom as agncias dos pases mais avanadas em

    termos de tecnologia de segurana e preser-vao ambiental. Por intermdio do Frum,assim como outras organizaes empresariais,a experincia adquirida a partir de incidentesem escala internacional, imediatamente ab-sorvida pelas agncias nacionais, elevando opadro das melhores prticas, explica Mag-da. Por exemplo, o incidente no Golfo doMxico deu origem a intensos esforos paraa construo de mecanismos de capeamentoe conteno de leo em poos acidentados,por parte de consrcio de empresas, inclusi-

    ve a Petrobras. Alguns desses equipamentosj se encontram operacionais e a ANP vemacompanhando as iniciativas de modo a podercontar com a melhor tecnologia disponvel emeventos acidentais.

    Uma coisa certa: a descoberta de no-vas reservas de petrleo no signica que o

    aumento da participao de outras fontes deenergia na matriz energtica brasileira deixede ser necessrio ou desejvel.

    possvel conciliar [a explorao de pe-trleo na camada pr-sal com a preservao

    do meio ambiente] caso se aproveite a rendagerada pelo pr-sal para promover a preserva-o e conservao ambientais, e pavimentarum outro caminho para gerao de energia nofuturo, opina Suzana Kahn Ribeiro. Achoque o pr-sal pode ser uma excelente oportuni-dade para nanciar a transio energtica. No

    considero que a existncia do petrleo no pr-sal amenize a necessidade de investimento; aocontrario, vejo que viabiliza.

    A diretora da ANP concorda. Estima-se

    que, no fosse o etanol, o consumo de petrleocru seria superior a 3 milhes de barris por dia[bpd] e o pas ainda no seria autossuciente.Com o grande potencial do pr-sal a estimati-va de que, mantido o crescimento dos bio-combustveis, poderemos atingir um volumede exportao de 2 milhes de bpd, em 2020.E completa: O apelo mundial por energiamais limpa, a contribuio histrica dos bio-combustveis para a sociedade brasileira e asua atratividade econmica indicam a impos-sibilidade de retrocesso nesse segmento.

    Magda Chambriard:Brasil j detm hojetecnologia adequadapara operao seguraem guas profundas

    Stock.XCHNG | Leonardo Barbosa

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    The Environment

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    In November 2011, the oil leak in the pla-tform of American company Chevron, inthe Frade Field (in the Campos Basin, onthe Rio de Janeiro coastal area), gained pro-minence in the media in national ambit. Theleakage proportions, as well as the consequentenvironmental damages caused to marine life,promoted a daily coverage of the subject by

    the media, discussing liabilities and penaltiesfor the tragedy and raising concerns in relationto the time it would take for such a disaster tobe controlled and the possibility of a reoccur-rence.

    Even though the Frade Field leakage hasgained all this attention, it was not the onlyone to occur in the country. In January 2012,an oil leak was detected in Tramanda, a sea-side city in Rio Grande do Sul; in February,at least three similar cases occurred in Rio deJaneiro and in So Paulo.

    With the discovery of oil in elds of thepre-salt layer in Brazil in recent years, the po-tential to increase the extraction of the fossilfuel is constantly announced by the govern-ment, by the media and by experts in the sec-tor. Despite that, due to the environmental im-pacts caused by this exploration, the leak casesthat occurred in 2011 and 2012 raise doubtson whether it would be desirable, or if the bestoption would be to try and increase the parti-cipation of other sources of energy in the Bra-zilian matrix.

    theformervillainsIn 2008, with the world food crisis, the

    environmental and social concerns lay on bio-fuels, especially ethanol. According to critics,these fuels accounted not only for the scar-city, but also for the considerable increase infood prices; sugar cane and the other biofuelsources would be invading tillable land andreceiving investments that could be directedto food production, and there was and the-re still is the concern on the part of some

    environmental bodies, that such an expansionwould end up pushing other cultures intocerrado areas and into the Amazon Forest, le-ading to deforestation.

    This is not a Brazilian dilemma, explainsthe Petrobras Communications sector. Bra-zil counts on differential conditions, such astillable lands, adequate climate, technologies,developed agriculture and vast and world-ack-nowledged experience in biofuel production.

    Petrobras informs that it also stimulates asso-ciated agriculture with food crops; thus, thegrowth in biofuels production has been follo-wed by the growth in food supply.

    According to professor and researcherSuzana Kahn Ribeiro, from the Coordinationof Graduate Programs in Engineering of theFederal University of Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), it is worth remarking that no energysource is free from negative impacts. Solarpower requires vast areas for collectors; windpower causes problems with noise, shade and

    oilintotheseaOil leaks on the Brazilian coast in 2011 and 2012 stress theneed for a greater diversity in the Brazilian energy matrix

    The oil leak in theplatform: prominence

    in the media

    Rio de Janeiro State Secretariat for the Environment | Dissemination

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    The Environment

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    impact on the scenery. The question is the ba-lance of the generated impacts and benets,

    she explains.In the case of biofuels, Suzana believes

    that life cycle analysis is fundamental to eva-

    luate each and every situation, since they canbe produced from different sources of biomassand different technological routes. The resear-cher remarks, however, that the balance is verypositive in the case of sugar cane in Brazil,evidenced by the existence of vast land areas,many of them abandoned, in the country.

    diversifyingtheenergymatricesCould a greater investment in alternative

    sources of energy, such as biofuels, be a wayof preventing other leaks from occurring in the

    future? I believe they are not comparable andexcluding actions; the search for oil, its explo-ration and production are inevitable, becausethe other sources of energy do not have enou-gh scale to meet the world demand, or theyare still at a developmental stage for reducingcosts or have technical limitations, considersSuzana.

    Nonetheless, the researcher adds: Yet the-re is concurrently the need to seek for othercompetitive sources, be it for safety or envi-ronmental reasons, or due to the simple fact

    that oil is a nite asset. Therefore, at the same

    time these alternatives are tried to be madeviable, oil has to be produced.

    Magda Chambriard, director of the Brazi-lian National Oil Agency (ANP) which, in

    oil leakage cases, is responsible for surveyingdata and information and nding those liable

    for the operational incidents in this area ,points out that failures in oil extraction have asmall percentage in the total amount of fossilliquid that leaks into the ocean. We unders-tand that oil leakage risks have to be dealt withby intensifying inspection actions, the develo-pment of safer technologies and the establish-ment of leak control systems as well as contin-gency plans. It should be observed, however,that, despite the local impacts resulting from

    great incidents regarding oil leaks, accordingto the National Academy of Sciences, in 2003,natural exudation is the major source of oilinto the sea (46%), followed by activities rela-ted to consumption (37%) and transportation(12%), whereas activities related to extractionaccount for only 3% of the occurrences, sheexplains.

    As stated by Magda, the climate factor hasan even greater inuence than accidents in-volving oil leaks in the countries strategic de-cisions for diversifying their energy matrices.

    Petrobras:it also stimulates

    associated agriculturewith food crops

    Stock.XCHNG | Jesuino Souza

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    The Environment

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    In the case of Brazil, she highlights that thecurrent energy policies privilege and stimu-late a greater participation of natural gas andof renewable energy sources, even though therenewability degree of the Brazilian energymatrix is already very high as compared to

    the world average (45.4% in 2010 in Brazil,against about 15% of the world average andabout 7% of the average in Organization forEconomic Co-operation and Development OECD countries).

    Pre-salt: PossibilitiesandPrecautions

    Another concern as to oil exploration islinked to the large reserves discovered in thepre-salt layer. Larger extraction operationscould cause greater oil leaks into the sea,endangering marine life and leading to largeenvironmental disasters. However, MagdaChambriard afrms that ANP is already taking

    the necessary precautions concerning the pre-salt exploration.

    ANP actuation is focused on operationalsafety, which implies constant auditing of thestructures and processes involved in the ex-ploration and production of natural gas. It willnot be different for the pre-salt, she afrms.

    Brazil already counts on adequate techno-logy for safe deep water operation and that,compulsorily, will be improved over the co-ming years.

    ANP informs it participates in the Inter-national Regulators Forum (IRF), togetherwith the countries most advanced agencies interms of safety technology and environmen-tal preservation. By means of the forum, aswell as of other corporations, the experienceacquired from incidents at international scaleis immediately absorbed by the national agen-cies, enhancing the best practices standard,

    explains Magda. For example, the incident inthe Gulf of Mexico gave rise to intense effortsfor building capping and oil control efforts indamaged wells, on the part of the companiesconsortium, including Petrobras. Some of thisequipment is already operational and ANP hasbeen following up the initiatives so that it cancount on the best technology available in theevent of accidents.

    One thing is certain: the discovery of newoil reserves does not mean that the increase inthe participation of other sources of energy in

    the Brazilian energy matrix ceases to be ne-cessary or desirable.

    It is possible to conciliate [oil explorationin the pre-salt layer with environmental pre-servation], in case the revenues generated bythe pre-salt are used to promote environmentalpreservation and conservation, and pave ano-ther way for future power generation, statesSuzana Kahn Ribeiro. I think the pre-saltcan be an excellent opportunity to nance the

    energy transition. I do not consider that theexistence of oil in the pre-salt reduces the needfor investments; on the contrary, I see it makesit viable.

    The ANP director agrees. If it were notfor ethanol, crude oil consumption wouldbe estimated to exceed 3 million barrels perday [bpd] and still Brazil would not be self-sufcient. With the great pre-salt potential, the

    estimation is that, if biofuel growth is kept,we can reach a 2-million bpd export volumein 2020. And she adds: The world quest forcleaner energy, the historical contribution ofbiofuels to the Brazilian society and its econo-mic attractiveness indicate the impossibility ofretrocession in this segment.

    Magda Chambriard:Brazil already

    counts on adequate

    technology for safedeep water operation

    Stock.XCHNG | Jesuino Souza

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    Projetos do Cenbio

    Destinao do lixo:uma das principaispreocupaes dosdias atuais No segredo para ningum que o des-tino da quantidade crescente de lixoproduzida uma das principais pre-

    ocupaes nos dias atuais. Faltam reas para

    a disposio adequada dos resduos gerados,e embora atividades como a reciclagem e acompostagem sejam fundamentais para a re-duo do lixo, faz-se necessrio buscar alter-nativas complementares a elas.

    Conforme a Revista Brasileira de Bioe-nergia j mostrou em edies anteriores, ouso destes resduos para gerao de energiapoderia no s proporcionar uma grande re-duo do lixo, mas tambm complementar amatriz energtica da regio em que tal prtica

    fosse implementada. Contudo, antes que umadeciso seja tomada, fundamental analisar ascaractersticas do local e do lixo ali produzidoe diversos outros fatores ambientais, econmi-

    cos e sociais para observar qual seria a decisomais adequada para a disposio dos resduos.

    Levando isto em considerao, o CentroNacional de Referncia em Biomassa (Cen-bio) vem desenvolvendo o estudo intituladoAvaliao de Ciclo de Vida (ACV) Compa-

    rativa entre Tecnologias de Aproveitamento

    Energtico de Resduos Slidos, projeto depesquisa e desenvolvimento (P&D) da Agn-cia Nacional de Energia Eltrica (Aneel), cujoobjetivo principal comparar o desempenho

    buscaPelomelhordestinoCenbio e parceiros desenvolvem estudo de avaliao de ciclo de vida

    comparativa entre tecnologias para tratamento e disposio de resduos;

    projeto busca identicar melhor alternativa e contribuir com propostas

    de polticas pblicas relativas ao lixo no Brasil

    Stock.XCHNG | Pawel Grabowski

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    Projetos do Cenbio

    ambiental, por meio da Avaliao de Ciclo deVida (ACV), do potencial de gerao de ener-gia eltrica proveniente do aproveitamentoenergtico de tecnologias de tratamento e dis-posio nal de resduos slidos.

    origemA origem do projeto remonta ao ano de

    2010, durante uma reunio entre represen-tantes do Instituto de Eletrotcnica e Energiada Universidade de So Paulo (IEE-USP) eda Empresa Metropolitana de guas e Ener-gia S.A. (Emae). Alguns pesquisadores doCenbio estiveram presentes nessa reunio,explica a engenheira qumica Cristiane Cor-tez, pesquisadora do Cenbio envolvida nesteestudo como responsvel tcnica. Na reu-nio, os representantes da Emae propuseramque o Cenbio zesse uma anlise comparativa

    do tratamento de resduos slidos a partir dediferentes tecnologias.

    Cristiane, a engenheira qumica VanessaGarcilasso e a biloga Renata Grisoli so aspesquisadoras do Cenbio responsveis pelaelaborao da ACV das tecnologias e coorde-nao dos estudos realizados pelos parceiros

    do Cenbio envolvidos no projeto. O renomadofsico Jos Goldemberg atua como coordena-dor do projeto, enquanto a coordenao exe-cutiva desempenhada pela coordenadora doCenbio, Suani Coelho.

    atividadesA primeira etapa do projeto consistiu em

    levantamento bibliogrco de dados para a

    identicao dos tipos de tecnologias mais vi-veis para o tratamento e disposio de resdu-

    os, das caractersticas dos resduos em questoe do local em que os estudos seriam baseados.A Baixada Santista [no litoral do Estado deSo Paulo] foi a regio escolhida, aponta Re-nata, pois ao mesmo tempo que uma grandeprodutora de resduos, ela tambm no tem es-pao suciente para a criao de novos aterros

    sanitrios.Com base no levantamento de dados con-

    duzido pelo estudo, as tecnologias seleciona-das para a ACV comparativa foram a incine-

    rao, o tratamento mecnico-biolgico (quecombina etapas de biodigesto, a partir de umapr-seleo mecnica do lixo) e a disposioem aterros sanitrios; esta ltima opo e