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I railllQBIIGQ §11 k\ ff!. iâ©$ mv © s wmmmrnmmÊ mm> mltiiiill ¦ SOB OS AUSPICIOS DO EX."" E R."'° SENHOR D. ROMDALDO ANTÔNIO M SE1IAS Uniiin ges.tit: ne ignorata (lauinctüv. Tcrtuliano; Apulog. cap. J. ANNO III. REDACTORES Vigaiuo Marianino de Santa. Roza de Lima. Conego Vigário José Joaquim da Foensega Lima. swsmwmamtmtasxBãM» N. 118. •i i , 11 acessa «c«eas»-<eH(>£)-< O NOTICIADOR CATOOLICO. Tendo noticia da seguinte luminosa e erudita carta dirigida por S. Ex. Rev. ao Sr. João Joaquim da Silva Guimarães por oceasião de pretender esle reimprimir a grammatica e Diccionario da iingua In- diana, obtivemos uma copia que abaixo transcrevemos por julgarmos de summo interesse para a litteratura do paiz, dei- xando por isso para o seguinte numero o desenvolvimento e conclusão do nosso artigo sobre os Sacerdotes Políticos; e bem assim por querermos dar quanto antes aos nossos leitores o gosto de ler as excellenies e judtciosas observações criticas do illustrado Sr. Lopes Gama, acerca do celebre romance o Judeo Er- rante, as quaes hoje principiamos a trans- crever cm nossas columnas. OBSERVAÇÕES CRITICAS SOB11R O ROMANCE Do Senhor Kiifjenio &nc , 0 JUDEO ERRANTE, nao IV M. DO SACRAMENTO LOPES GAMA, INTRODUCÇÃO. Attenta a grande voga, atlentas as tradac- ções, altento o consumo, que tem lido esla obra do senhor Eugênio Sue—o Jüüeo br- rante—, c os applausos, que de toda a parte resoão. apregoatido-a como huma das inelho- res producçôes desse engenho fecundo e as- sombroso; parece temeridade, que neste nosso calcanhar do mundo haja hum pygmco de querer arcar com lão desmesurado gigan- SABBADO 7 DE DEZEMBRO DE 1850. 111. Sr. J. Joaquim da Silva Guimarães. Os louváveis desejos manifestados por V. S. em pró da literatura do nosso Paiz, mòstrào que V. S. compreende perfeita- mente o espirito da epoca actual, particu- larmente empenhada na restauração e cultura dos estudos archeologicos, e elh- nograíicos. O ultimo sceule, divoreian- do-se das idades, que o precederão, e chamando para seu lado o gênio da des- le, e censurar hum romance, que he huma das delicias dos leitores devoristas de taes es- criptos. Mas eni matérias de intelligencia e de litteratura eu entendo,que os votos devem pe- sar-sc, c não contar-se; e nem a grande ac- ceitaeão de obras de tal natureza he para mini huma prova suíliciente do seu mérito. Igual, ou maior renome que o do Judeo Errante lograrão no seu tempo muitas obras, qüe ao depois a fria reflexão e o bom goslo lizerão cair em total desprezo e esquecimen- to. Que idolatria não houve pelas obras de Scudery, pela estrondosa Àslrca de Urfé, pe- los escriptos de Calprenède, e de Desmareis! Que applausos universaes não liverão o Ma- rini da Itália, o Gongora da Hespanha, e de Portugal a Fenis renascida, as Poesias da Madre Yiolanle do Ceo, e as do Vahíal Dous fins principaes respirão todas as pa- ginas do Judeo Errante: 1.° derramar pela população as idéias do Socialismo: 2.° abater.

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SOB OS AUSPICIOS DO EX."" E R."'° SENHOR

D. ROMDALDO ANTÔNIO M SE1IAS

Uniiin ges.tit: ne ignorata (lauinctüv.Tcrtuliano; Apulog. cap. J.

ANNO III.

REDACTORESVigaiuo Marianino de Santa. Roza de Lima.

Conego Vigário José Joaquim da Foensega Lima.swsmwmamtmtasxBãM»

N. 118.•i i , 11 acessa

«c«eas»-<eH(>£)-<

O NOTICIADOR CATOOLICO.Tendo noticia da seguinte luminosa e

erudita carta dirigida por S. Ex. Rev. aoSr. João Joaquim da Silva Guimarães poroceasião de pretender esle reimprimir agrammatica e Diccionario da iingua In-diana, obtivemos uma copia que abaixotranscrevemos por julgarmos de summointeresse para a litteratura do paiz, dei-xando por isso para o seguinte numero odesenvolvimento e conclusão do nossoartigo sobre os Sacerdotes Políticos; ebem assim por querermos dar quantoantes aos nossos leitores o gosto de leras excellenies e judtciosas observaçõescriticas do illustrado Sr. Lopes Gama,acerca do celebre romance o Judeo Er-

rante, as quaes hoje principiamos a trans-crever cm nossas columnas.

OBSERVAÇÕES CRITICASSOB11R

O ROMANCEDo Senhor Kiifjenio &nc ,

0 JUDEO ERRANTE,nao

IV M. DO SACRAMENTO LOPES GAMA,

INTRODUCÇÃO.

Attenta a grande voga, atlentas as tradac-ções, altento o consumo, que tem lido eslaobra do senhor Eugênio Sue—o Jüüeo br-rante—, c os applausos, que de toda a parteresoão. apregoatido-a como huma das inelho-res producçôes desse engenho fecundo e as-sombroso; parece temeridade, que cá nestenosso calcanhar do mundo haja hum pygmcode querer arcar com lão desmesurado gigan-SABBADO 7 DE DEZEMBRO DE 1850.

111. Sr. J. Joaquim da Silva Guimarães.

Os louváveis desejos manifestados porV. S. em pró da literatura do nosso Paiz,mòstrào que V. S. compreende perfeita-mente o espirito da epoca actual, particu-larmente empenhada na restauração ecultura dos estudos archeologicos, e elh-nograíicos. O ultimo sceule, divoreian-do-se das idades, que o precederão, echamando para seu lado o gênio da des-

le, e censurar hum romance, que he humadas delicias dos leitores devoristas de taes es-criptos. Mas eni matérias de intelligencia e delitteratura eu entendo,que os votos devem pe-sar-sc, c não contar-se; e nem a grande ac-ceitaeão de obras de tal natureza he para minihuma prova suíliciente do seu mérito.

Igual, ou maior renome que o do JudeoErrante lograrão no seu tempo muitas obras,qüe ao depois a fria reflexão e o bom goslolizerão cair em total desprezo e esquecimen-to. Que idolatria não houve pelas obras deScudery, pela estrondosa Àslrca de Urfé, pe-los escriptos de Calprenède, e de Desmareis!Que applausos universaes não liverão o Ma-rini da Itália, o Gongora da Hespanha, e dePortugal a Fenis renascida, as Poesias daMadre Yiolanle do Ceo, e as do Vahíal

Dous fins principaes respirão todas as pa-ginas do Judeo Errante: 1.° derramar pelapopulação as idéias do Socialismo: 2.° abater.

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m-m-Â-O NOTICIA DOR CATHOLICO.

e deprimir a Religião Catholica; e daqui iodoesse quadro horrível, o tão cheio do invero-similhanças contra os Jesuítas; corporaçãorospeitavel, (pio já não existo, e (pio conse-gúiiiteinente jà não pôde fazer nem bom, nemmal, Gomeceirios polo ódio ao Cathoücisino,pelas .r.axunas heterodoxas o anli epistãs,que so encontrão à larga mão derramadas portodo esto romance; e depois tractarcnips maislargamente dos Jesuítas,

Nas personagens, que constituem a fábuladessa espécie de drama, logo se descobre aolhos vistos a inã vontade do autor contra aReligião Galholica. Todos os perversos, todosos monstros de traição, de perfídia, de ambi-<;ão, e de atrocidades sào Padres Jesuítas, sàoÇardiaes, são indivíduos da communhào (la-tholica. Toda a gente boa, caridosa, o cheiade virtudes pertence huns ao Proteslanüs-mo, outros ao Philosophismo. O MarechalSimão. prololypo de honra, de valor, c das

truição lançou por lerra tudo que fôraoutr'ora objecto do orgulho e desvaneci-mento das Nações mais cultas e civilisa.das. Crenças, tradiçoens, e monumentos<le todo o gênero, forão victimas do seuvandalismo, e a mesma lingua da scien-cia, a língua dos Ciceros e Virgilios, nãoescapou ao furor abolicionista, apagando-a nas inscripções das próprias moedas,e substituindo por outras em lingua vul-gar as que ornavão em elegantíssimo la-tim os pedeslaes das estatuas, os epiUifios*&; o que um celebre escriptor justamen-le indignado qualifica como um deliciocommetlido ao mesmo tempo contra obom senso, contra o gosto, e contra aBcligião. F o que foi que se deo em tro-co desta magnífica herança, que nos le-garão os séculos precedentes? Uma socie-dade improvisada e -mui análogaáque, sebem me lembro, imaginara o famoso Ra-bclais, onde reinava a Bainha Enlelecliiamcuja mesa, em vez de iguarias, era ser-vida de idéias e abstraçoens elaboradaspor homens semelhantes a esses, a quemJNapoleão dava o nome de Ideólogos.

E ainda, pelo que respeita ás línguasdenominadas mortas, seria menos censu-ravel o seo abandono ou despreso, se asvivas merecessem mais alguma attenção.Mas onde estão hoje os imitadores da pu-resa e das graças da bella linguagem dosCamões, dos Lauras e Vieiras? Fm verda-de, a nào serem os escriplos e os proles-tos de alguns espirilos esclarecidos e deum gosto sào e depurado contra essa ri-dicnla frandulage de gallecismos, que lan-to a leio desfigurado não se poderia maisrcconhecc-Ia.

Felismente este vergonhoso sacrifíciode uma das íingúas mais ricas e mune-rosas á uma das mais pobres e menosharmoniosas, como coniessào os seus me-lhores Escriptores, vae pouco a poucoacabando, e os nossos mais abalisadosclássicos surgindo do pó, em que jasiãosepultados, recòbrão seu antigo renome,c os foros de cidadão, de que a ignoran-cia ou o pcdanlisino os havião despojado.Quanto a outros ramos de conhecimentosobserva se a mesma feliz reacçào. As Mis-soens catholicas que o Philosolismo tinhafeito extinguir, privando a Religião dasconquistas da Cruz, c as sciencias deimmensas descobertas de grande interes*se, devidas às investigações de illuslradosMissionários, reapparccerãoe continuãocm maior escala, graças aos disvelos daprodigiosa Associação da Propagação daFé, não havendo quase ponto no Globo([lie não tenha sido percorrido e devas-sado por esses intrépidos soldados da Fé.

Por outra parte organisão-se corposscieiUificos com o intento de collogir asantigüidades de diversos Povos e resolverimportantíssimos problemas acerca da suaorigem, idioma, costumes & E sem fallarna vasta sociedade dos Antü/narios doNorte fundada em Dinamarca, que hojese oecupa com tanta gloria e proveito nadiscussão destes e outros iguaes objo-elos, sendo a America uni dos que cilatem de tal sorte em usla, que instituiupara o exame dos seus monumeiUos umasecção especial, com a denominação deante colombiana, locarei só no (pie nosé próprio e doméstico, isto é, o estabe-lecimenlo do Instituto Histórico Çeogra-

mais preciosas qualidades , ho Protestante:Protestantes são suas filhas Rosa e Branca,jovens cheias de pureza, do innoÇèhcia, o decandura. O Soldado Dagoberto, homem co-rajoso. fiel, bon» íiilio, excellotite amigo, nãotem religião alguma. A Piiuce/a de dardo-ville, typo de gravas, do encantos, cie belleza,do caridade nunca desmentida , na idadede dezoito annos vae morar sobre si , se-parada do sua tia, desprezando as extoriori-dades do inundo, o vivendo huma vida todade prazeres, de sensualidades, posto que ho-nestas, como parece quizera o autor (pie pra-ticassein todas as moças, (pie tivessem o bomacerto de postergar os prejuízos da sociedade.Esta heroina de romance namora se de humselvagem Príncipe Índio chamado Djalma; cquando chega o momento de tractarein do soadesposorio, faltando-lhe o mesmo Priucip-na assistência o nas bênçãos de hum Padre .por se accommudarcii. à lei do paiz , cin que

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O NOTICIADOR CATHOLICO. 223

fICo do Brasil, aquém de certo não sepodem recusar os maiores elogios pelo£elo, com que tem procurado criar umaliteratura nacional, já reunindo c puhli-èahdò antigos e preciosos u-anuscriptos,ou reimprimindo obras, que por sua ra-ridade erão quase desconhecidas, e ja in-requecendo-a com interessantes memori-ás sobre assuir ptos peculiares á este nossoSolo tão fértil em maravilhas. Muitos dosSócios dessa illustrè Associação se hãodistingnido por excellentes trabalhos, eentre elles não posso deixar de mencio-nar o nosso benemérito concidadão o Sr.Ignacio Aeeioli de Cirqucira e Silva ,Como uma homenagem, que folgo de re-pelir, sempre que se oflérece opporluni-dade, às luzes e infatigavcl perseverança,com que elle tem cílieasmente contribui-do para qué o nosso Paiz seja mais bemconhecido, e apreciado, ponpai.doVi.os oopprobrio de. iruíos mendigar noticias desuas antigüidades, topogroíía, e admira-.Vcis productos nos escriptos de viajantesestrangeiros, pela maior parte tào su-períieiaos ou inexaotos, que um dellesfez da Capital de Belém do Cam Paráduas cidades distinetas, a saber, cidadedc santa Maria de Belém, e cidade doGram Pará.

Animado de igual enthusiasmo pelascousas da Pátria V. S. empreendeo amesma nobre carreira, em que ja temo.ferecido mui valioso contingente, e vaiotferccer ainda maior corn a publicaçãode uma historia dos índios e da sua Me-dicina pratica, eâ reimpressão da Cram-matiea e Diecionario da Lingua Indianacompostos pelos Jesuítas. Esta obra faz

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sò -.chavão , a senhora de Cardoville tomoud-alii motivo para soltar a parlenda contra omatrimônio como Sacramento , e ainda maiscontra a indissolubilidade desses laços.

Só hum Catholico Romano apparece no Ju-deo Errante como homem de huma pureza an-gelica , de incxhaurivel caridade, de virtudesadmiráveis; eeste he o Padre (.abriel,quecn-trára constrangido na Companhia de Jesus porcondescendência ás veleidades de sua devotamãe. Porém para que apparece no romanceesta personagem em tão grande contraste comos perversissimos Padres Rodin e d/Àtibigni?Para se mostrar incrédulo, e proferir blasfc-mias e apodos philosophicos contra as creu-ças, e doutrinas do Cathohcismô !

Ue huma excellente creatura, he hum anjo,he hum verdadeiro sacerdote de Jesu Christoo tal Padre Gabriel; e quando vae visitar o fa-bricante llardy, que os jesüistas havião clau-surado em hum hospício retirado, e o encon-

de certo muüa honra no zelo Apostólicodessa famosa Sociedade, a cujas fadigas(para o dizer de passagem) deve o nossoBrazil os primeiros e mais largos passospara sua civilisação, e cuja snppressãodeixou um vasio, que ainda se não poodeencher. Cousa pasuiosa! Bannidosde Por-tttgal, é de outros Reinos Catholicos,elles encontrarão generoso asilo na Prus-sia protestante e na Rússia Scismatica,e agora mesmo que na Europa catholicaelles são ou exterminados, ou objectosde profunda desconfiança , os EstadosUnidos da America lhes abrem os braços,e là existem exercendo o seu Apostoladoe rodeados do respeito publico mais deseiscentos Religiosos da companhia.

Ora se um dia o nosso Governo tomará peito, como é tanto para desejar, acon versão dessas hordas nômades c sei-vagens, que ainda povoào em avultadonumero os nossos bosques, não serão essaArte e Diecionario nm grande auxilio paraos encarregados desta sublime empresa?O dóm das línguas tào freqüente na Pri-iniliva Igreja tornou-se ao depois muiraro, c o mesmo grande Apóstolo das In-dias S. Francisco Xavier, bem que algu-mas vezes favorecido desta graça extra-ordinária, sen tio a necessidade de apren-der, como fez, as difliceis línguas Mala-bar e Japonesa, a (im de traduzir ncllaspara uso dos Indigenas a oração Domi-nical, o Symbolo, o Decalogo, c emfimtodo o Calhecismo. Este tyrocinio dosMissionários é considerado de lauta vanta-gem, que quase todos tem nas regiões,que lhes são assignadas, estabelecimentosprivativos, onde se preparào pelo eslu-t___H_-__-7--_

tra tendo só por leitura o livro da Imitaçãode Christo, e pelas paredes do quarto variasmáximas do mesmo livro, derrama-se em lar-gos discursos contra esta obra, a melhor dequantas selem escriplo,depois do Evangelho,no sent.r de todos os Prelados, de todos osTheologos da Igreja universal, Mas por queessa raiva canina na bocea de hum Padre Ca-tholico Romano contra huma obra eminente-,mente piedosa, c (pie nâo merece a animad-versão nem dos mesmos Protestantes? Ile por-que esse precioso livro pinta o homem comohum a"_íreí_;ado de maldades, a vida hum le-cido de misérias , o inundo hum verdadeirovallo de lagrimas; e o senhor Eugênio Sue en-tendi; que oslas verdades.o os conselhos evan-gelicossaò doutrinas anti-sociaes, tenebrosas,e aterradoras. E quem profere lal sentença?hum virtuoso Sacerdote Catholico e até Je-siiila (rarissima excepvão da regra) , o PadreGabriel.

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2-24 O N0T1CIAD0R CATHOLICO.-mi

do da lingua e usos do paiz. F/ assimque na China os Padres das Missàoescxtrangeiras tem para este fim uma caza(Procure) da sua ordem em Hong-Kong,e os Lasaristas em Macáo.

Debaixo pois desta relação é inegávela utilidade, que da Arte e Diccionario,que V. S. pretende reproduzir, deve re-sultar à obra das Missões , quando oGoverno lhes quiser dar o impulso ç.apoio, de que tanto precisão; nào sendomenos digno de apreço debaixo da rela-ção lucraria o conhecimento de um idiomauiui notável por sua originalidade, copiac energia.

Concluo dirigindo a V. S. os mereci-dos louvores pela sua dedicação a estegênero de estudos e pedindo-lhe disculpada demora desta resposta causada uuica-mente pelo incommodo, que nestes ulti-mos dias tenho solfrido em minha saúde.

Sou com sincera estimaDe V. S.

Àttcnto Venerador e obrigado servo

Romuaido, Arcebispo da Bahia.

Bahia 9 de Novembro de 1850.

INFLUENCIA

DA RELIGIÃO NA SOCIEDADE CIVIL.

Veulte ad me omnes, qul labora-tis, ei «'so refieiam vos.

S, MíUh Alvang. o. 11. v. kJS.

üitosa, c sempre feliz será a Socie-

;s Não conheço philosoplio moralista entre osmesmos pagãos, que nessa parte não esteja deaccôrdo com o livro da Imitação de Christo,Epitbecto, Confucio, Sócrates, Focião, Cice-ro, Soneca, Marco Aurélio , e outros muitos,que por brevidade omitto , todos consideràqo homem naturalmente mais propenso ao maldo que ao bem. Euripides na sua Tragédia deHippolyto põe na bocea da Phedra antiga asseguimos palavras: — Muitas vezes em meuslongos insomnios reflicto sobre as fontes dasfraquezase vícios da humanidade Nòs \emoso bem, e praticamos o mal:conhecemos a vir-tilde, e cntregamo-r.os ao vicio. A vida he se-meada de diversos escolhos,para os quaes nosarrastra hum perigoso pendor.—Cícero noliv. 2. da sua Republica assim se exprime: —Jlomo non ut a matre. sed ut a nnrerca na-tura editas in ri tam , corpnre nu do , et (ra-giliy et in firmo ; animo aitiem an.rio ad mo-kstias , humili ad timores, molli ad labores,

dade, em que todos os seos Legislado-'res tiverem somente por modelo e exem-plar na confecção de suas leis o Supre-mo Legislador, cm que o seo Códigofundamental, e todos os mais, que d?èíleparlirem, seguirem religiosamente o pre-ceito lieddi/e quev sunt (ivsaris Ccesari, eiquce sunt Dei Deo, e não contiverem dispo-sições contrarias aos princípios de éter-na justiça. Quer os Governos sejào di-rectos , quer por delegação , com con-contração de poderes, ou com distri-buição (Fcllcs, ditliçi-limo será o abusodo Poder, c os governados (anão serum povo moralmente rnáo) jamais seanimarão á a Montar contra a forma cs-tabelecida do Governo, e à rehellar-secontra as authoridades lega cs. O homemreconhecendo, que a idéia de Sociedadeé relativa á de ordem , que ella nãopode subsistir sem um poder, que con-tenha a desordem , seja este exercidopor uma pessoa physica, ou moral, re-conhecendo, que o Ente Supremo, quenos creou para vivermos em Sociedadeem ordem, cm tranqüilidade, e em com-rnercio com os nossos semelhantes, sen-do um Deos de paz, e de concórdia , nàoquer a desobediência , a insubordinação,e a desordem, obedece sempre com do-çilidade, o amor, e acceita satislactoria-mente tudo quanto emana do poder com-potente, sem cahir no fatalismo; uma vezque veja, que a rasa o é a directora deseos actos; ou por outra, que estes temo seo fundamento em sólidos principiesde justiça. Em tal estado a boa fé, a siii-ceridade, e a confiança é sempre rert-prpca enlrc os governantes c governados.

prono ad lihidinrs, S.C. —A natureza pareceser para «> homem madrasta, e não mae.. Ellao lançou na vida com num corpo nn , Cragil ,débil, com humaalma porém sugeila a moles-tias, abatida para os temores, molle para ostrabalhos, e inclinada à concupisceneia, ove.—O celebre medico Rroussais ((pie ninguémdirá que he Padre da Igreja , ou Theologo ,antes tido e havido por publico e notório ma-terialistaj no seu tractado da irritarão e da.loucura falia desta maneira:—Em geral o me-nino prefere o mal ao bem; porque aquelle sa -tisfaz mais a sua vaidade , e nolle ehconpamaior cominoção: esto o motivo, por que ovemos muitas vezes gostar de despedaçar osobjeetos inanimados.

Todas as seitas (mrislãs adoptão, como di-vinamonte inspirados , quasi todos os livrosdo antigo testamento; e essas máximas, esseslamentos sobre a degradação da espécie hil-mana, c as misérias, tropeços, e vicissitudes

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O -NÓTiCIADOP, CATHOLICO;—* A**J

ata

Huma sociedade, onde a norma dasacções dos committentes e mandatáriosfor constantemente os dictames da rec-ta rasão , o direito e o dever relativo ,onde os direitos dos associados forem re-ligiosamente respeitados, nào deixará deser sempre feliz. Nem se nos diga, quesendo os homens sugeitos as paixões, eà caprichos, uma semelhante sociedadeé uma verdadeira utopia; pois que nãoconsideramos a espécie humana incapazde perfeição e moralidade. Não descobri-mos impossibilidade em homens, culli-vando sempre o espirito e o coração me-diante a moral de Jesus Christo, proce-derem de uma maneira consentanea àrasão, subordinando as mesmas paixões,e os princípios de interesse as noçõesde justiça. Si todos chegassem a ser ver-dadeiros christãos, si desapparccessemdentre elles de uma vez o materialismo,a impiedacle, o indiílerentismo, a hypo-crisia, eo fanatismo, si todos elles se-guissem sinceramente o principio supre-mo dos deveres jurídicos, ainda mesmoque não podessem observar todos os de-veres ethicos, cm geral; si omittissem cer-los actos incompatíveis e repugnantes como estado social, observando-se fielmenteo principio—suum caique tribnendmn, omesmo Evangelho parece, que poderia sera lei reguladora das acções dos associa-dos. Quão honroso e edificante não seriaver um soberano do mundo, e todos osseos delegados fazer sempre justiça atodos que a merecessem. E quão perni-cioso, e destruidor não é o proceder dcaquelles, que em lugar de ter por normade seos actos a idéa do justo, e do moral,

da vida encontrão-se a cada passo no Penta-theuco, nos Psalmos de David , no livro deJob, no livro da Sabedoria , nos Provérbios,no Ecclesiastes , e nos Prophetas; porque to-dos esses males provém da queda do homem,isto he, do peccado original, dogma cuja evis-tencia he reconhecida não só pela PudigiãõCalholica, senão por todas as Religiões, quetem a seu favor as tradições, os sacrifícios, oculto de todos os povos da terra assim idoln-trás, como circumeisos, assim bárbaros, co-mo civilisados. E por que ha de esse PadreGabriel dizer por essa parle tão mal de humlivro, que diz pouco mais ou menos a mesmacousa que todos os Philosophos moralistas doPaganismo, toda a sagrada Bíblia, e tantos sa-"ios de todos os tempos ? A razão não pôdeser outra, senão ser o bello livro da Imitaçãode Christo obra piedosa de hum TheologoCatholico Romano (João Gerson.ou Ivempis).

Deste livro preciosíssimo, traduzido cm to-

fundão a soberania, ou typo de suas acçõesuo principio do interesse! para estes a pa-lavra virtude é synonimode vicio, o me-rilo e o demérito, o bem e o mal impor-tão o mesmo. Si isto c de primeira in-tuiçào, parece-nos, (fallando agora em re-lação ao nosso paiz) que si todos aquelles,que tem a seo cargo a missão de gover-nar, de administrar justiça, e educar,tratassem de édiíicar, o de concorrer parao bem commum da sociedade, cada um «pela parte, que lhes toca, nada haveriade recear, e de temer cm tempo algum.As leis tendo somente por fundamento ajustiça, garantindo os direitos c deveresjurídicos, qne compelem a todos em suasdiílerentes relações, serão sempre boas.Os magistrados seguindo sempre o prin-cipio já emittido—Dai a Deos o que édeDeos, e a César o que é de César, serãoinacccssiveJs á peitas, e a subornos, nãovenderão a justiça como alguém desera- -çadamente faz, não se deixaráõ corrom-per; não excederão de sua jurisdicção, nãoabusarão da authoridade, que lhes écon-fiada, não faltarão ao cumprimento de seosdeveres por motivo algum parcial. Os pas-tores ediíicando com o bom exemplo, ecom as boas obras, no publico, c no par-ticular, no confessionário, e fora d'clle,no púlpito c fora (Pelle, mais bem se po-(leriãb justificar das culpas e defeitos, queora com alguma rasão, e muitas veses semcila, se attribuem aos sacerdotes pelomão exemplo ('que eem verdade detesta-vel, e mui pernicioso). Talvez revertessecontra outros: c conlra os próprios aceu-sadoros qualquer imputação, que se lhesfizesse. Todos devem edificar na parle que

das as línguas, c do qual se tem feito perto deduas in ii edk;ões.jdiz o Barão Henrion contém*poraneo, e (pie não he Padre, o seguinte:—AImitação dc Christo,livro todo divino',que de-ve ser lido e relido,he, depois da Sagrada Es-(Tintura, o m;»is precioso (pie se conhece,pa-ra despertar a piedade —Eo senhor AnlonioEeliciano de Castilho ( não he Padre , nemFrade ) aceresceuta ser esle hum livro , quelodo o mundo devera lei* na cabeceira do seuleito juntamente com o de Silvio Pellico.

Quanto ás máximas relativas a huma vidareinada, coutemplativa e mais austera, acasoignorará o ftulordo dudeo Errante que humacousa são os preceitos , e outra os conselhosevangélicos? Aos primeiros todos somos obri-gados; os segundos coilimão a perfeição; e sósão abraçados por poucas almas saturadas doamor de Deos e da piedade, Mas essas maxi-mas (diz o senhor Eugênio Sue por bocea doseu íimrido Padre Gabriel) entristecem o cs-

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226 O NOTICIADOR CATHOLICO.

lhes é relativa; o legislador, o magislra-do, os ecclesiasticos, e os mestres; aliasnão se poderá conseguir o fim desejado.

Quando a minoria ediíica, e a maioriatrata de destruir, e corromper, a forçamaior necessariamente prevalece a me-nor, Si o Governo for sempre vigilantena educação da mocidade mandando, qnenas escolas os meninos leiào uma e maisvezes a Bíblia, e somente aquelles escrip-tos» que lhes ensinarem a observar ospreceitos do Decalogo , á amar sincera-mente a Deos a aos seos semelhantes,aproveitando-se da idade para lhes pre-ccptuar o cumprimento de suas obriga-ções , (quando se tornarem homens sociaes) somente pela consciência do dever,imbuindo-lhes a belleza intrínseca da vir-tude para os induzir á observância deslemesmo dever, trazondo-se-lhos sempre emlembrança as quatro ordens dos, que*aMoral prescreve para com o aulhor daNatureza, para consigo mesmo , para comósseos semelhantes, eo restante da cren-ção, cxlinguindo-se-Ihes toda a idéia demalignidade; si livros iguaes fossem cs-colhidos para as aulas de francez, e pre-ferindo-se os compêndios de Lógica maisorlhodoxos e fieis a verdade, nâo teria-mos moços tão presumidos, tão soberbose lão ignorantes, que chogão a ridícula-risar a Religião, c seos ministros; e ate i\negar (o que custa a crer) a existência del)eos! E o mais é, que quanlo mais so-berbo c presumido, mais alarde faz desaber — Magnos spirilns superbi haberedicuntur—Presümpiio autem spirilns an-daciam et snpcrbiam significai—Si assimse praticasse, talvez nào tivéssemos com

pirito, enchem-nos de vãos terrores, e loriiàoos homens inúteis ã sociedade de seus simi-lhantes. Masãh! (pie a experiência do mundoensina o con'ira rio'. A leitura sincera e icllec-tida da Imitação de Christo , livro cheio deunção e de sublimes verdades, tem sido humbalsamo saudável a muitas chagas do coração,e só tem produzido homens penitentes, con-tritos, e até santos: ao passo que a mor partedesse enchurro de romances, em que vive ala-gado o nosso século das írivolidades. e dosgozos materiaes, só serve de fazar sábios im-provisados, incrédulos de orelha,e almas gaii-grenadas pelo veneno corrosivo de hum seu-sualismo sempre fatal á sociedade. A Imita-cão de Christo pôde formar bons sen os deDeos; luas o Judeo Errante, a produzir algunsfructos, serão o pedantismo, a fatuidade, e aincredulidade.

O senhor Eugênio Sue, sendo hum dos maisassíduos campeões do Socialismo, não dci.xa

o andar dos tempos homens com o cora-*ção de feras, homens falsários, traíçoei-ros, assassinos , juizes perjuros de cou-sciencia, empregados venaes e prevarica-dares, testemunhas perjuras &c.

Outros proveitos se tirào da observai!-cia da Religião na sociedade civil. ÉíKisuppre todo o vácuo, que ha na legisla-cão. Nào ha código algum civil, que pos-sa previuir todas as bypolhcses, todos os;casos extraordinários;, insólitos, e nãoco-gitados, qne a malícia humana, e a per-versidade é capaz de fazer appareeer. AReligião c sem duvida um grande freiodo Ímpeto das paixões; por quanto paracertos homens, a quem a acção dajusti-ça ó infruciifera, ou por seo poderio, oupelos ardis com qrre commetlem o crimeescapando ás vistas do delator, e da in-vesligaçào judiciaria , so o que os podeconter na pratica do mal, é o obrigar árespeilar os direitos dos outros , é o te-mor du justiço divina; que com effeito ésempre previdente eiiífá.liivel cm sua cxoveução.

Ainda si nos pode dizer, que sendn aReligião toda de consciência nào pode ogoverno compellir alguema seguila, umavez que exteriormente a respeite. He ver-dade, que a Religião é de consciência;mas tãobem é verdade , que item todostem consciência para discriminar a ver-dadeira da falsa ; e é por isso que entronós vemos muitos nào seguirem a christã,ainda sendo a verdadeira, e a do estado;ou a—seguirem ermo si o não fizessemduvidando por podanlismo, e por umamal entendida celebridade, da revelaçãoe de certos dogmas, que pela razão nào

de lazer seus elogios ao Evangelho. Parece(jue todo o seu ódio he contra a Igreja Calho-liea, mas nao contra a moral de Jevii Chris-to. Porém o que ha no livro da Imita vão deChristo, que se não encontre no Evangelho?A cada passo o Divino Salvador falia va do es-tado de degradação do gênero humano emconseqüência da culpa original, da cadiicidn-de dos bens da terra, da hora da morte, dasestreitas coutas, das penas eternas destinadasaos mãos. Não cessava de ensinar que a vidade qualquer de seus seguidores devia ser humavida de abnegação, de desapego das riquezasdo mundo, de mortiíieação e penitencia. — Sealguém quizer vir após mim [dizia elle muitasvezes) , renuncie-se a si mesmo, carregue asua cruz , e siga-me. Oue estreita que he aporia do Céo! &c Ac. — E que outra cousa,senão estas mesmas verdades, contém em si oe.xedlente livro da Imitação de Christo?

(Continua.)

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O NOTICIADOR CATHOLICO 227

Se podem attingir e penetrar, e outrospor imitação aos, que se querem inculcarde sábios, ede sectários da civilisaçaõ do-minante, julgando, que o culto externosò deve ser prestado pelo pobre e peloignorante], não irem aos Templos, nuncaprocurarem o tribunal da penitencia, dei-xaiem de assistir o sacrifício da missa &c,como si não fossem subditos da Igreja,ou não fizessem parte da assemblea dosíieis, qne tem por obrigação prestar oculto a Deos com a mesma fé, os mesmosSacramentos, e o mesmo chefe—Unaspastor et unum ovilò—Ora si o legisladortendo estatuído na lei fundamental doestado a Religião, que nelle se professa,imposesse uma pena aos refractarios, àiodos aquelles que recalcilráo na obser-vancia d'eila, como de não gosar de cer-tas immunidades, e de nào exercer certoscargos sociaes, a Religião christã seriaentre nós seguida por todos; e ao menos,o máo exemplo não traria o rndiíleren-tismo, que de ordinário degenera na in-credulidade, e na impiedade; e cfella sa-hem os màos filhos , os máos pais , o:>inàüs subditos, e os màos cidadãos.

/V Lino Pièginaldo Alnm.

OS GHAPEL1NHOS NAS IGREJAS.

Como poderemos deixar o mestre Ca-tholico do Diário, se elle tão desapieda-damente nos acomnieteo? Dcvemos-lhesporém agradecimento; salvo o seo latirdos cães, e as suas massas desenfreadas.tudo o mais é digno de attenção pelo quesuggere a uma discussão proveitosa. En-treinos em matéria.

Segundo M. Gerab em sua peregri-nação em Jerusalém, na Europa não sefaz idéa do luxo das mulheres do Oriente,quando especialmente lem ellas de apre-sentar-se noivas! O vestido nupcial équasi geralmente de veludo escarlatc bor-dado de oiro; junlào lhes atavios de dia-manles, pérolas finas, etc. Também M.de Lamartine ficou maravilhado dos Cos-lumes explendidos, e da profusão daspedras preciosas que adornavão as mu-lhcres da Syria. Esta magnificência, porcerto, existiria em gráo talvez mais ele-vado nos tempos primitivos do christia-nismo; para confirmar esta asserção, ou-çamos a allusào de S. João no seo apo-calipse:— E eu, João, vi descer do céo,a cidade Santa, a nova Jerusalém quevinha de Deos, parameutada como uniaesposa adornada de seos ricos ornamentospara aparecer diante do seo esposo. No-

le-sc porém, que com toda essa ponipànão consta que uzassem nem uns ador-nos que lhes cobrissem as cabeças, ex-cepçâo feita dos véos e coroas de rosas*(1) ou grinaldas de myrtho(2).

Segundo Basnage, os próprios cabel-los constituiáo os adornos das mulheres,por quanto no pensar dos Rabinos Je-hová mesmo dispòz em caracóes os ca-bellos de Eva, quando a uuio a Adão noparaiso (o).

Cumpre fazer notar, que essa extra-ordinária riqueza nos adornos dos noi-vos, a que constituía um dos meios deengrandecer as funeções, c essa maneirasimples de enfeitar as cabeças para ostemplos , não forão condemnadas porJesus Christo. O Evangelho faz muitasvezes allusào a semelhantes festas, san-lificadas pela prezença de Jesus Christo.

D'onde pois se originão os chapeos,que o mestre Catholico pretende que for-mem o adorno das Sras. , mesmo no actode receberem a santa HÓSTIA, sob penade sermos tido por bárbaros?....

Pretenderá o mestre Catholico, que lhedemos cinco provas para demonstrar, queo uso dos chapeos nas cabeças dasSras,deve ser banido, quando se trata de actosde reverencia para com o Salvador?....Imitaremos a S. thomaz, quanto ás cincoprovas da existência de Deus, ou se oquizerem imitaremos a S. Anselmo. Se-guiremos o rigorismo de Descartes em tãodelicado objecto, segundo nos é apresen-tado por M. THerminier?

Quererá para as questões dos chapeosda$Sras. que nos soecorramos de Clarkee Leibntz, para aprendermos o lio dacerrada argumentação? Um chapéo nacabeça!! Amável correspondente, tem porventura reconhecido qne no Rio de Ja-neiro não se pôde sem incorrer em gran-de censura ter o chapéo na cabeça noacto de passar o SS, SACRAMENTO?Como nos inllinge a pena de parecermosbárbaros ante a sua Europa culta, se nãoquizermos convir cm que às Sras. assis-tão ao sacrifício da missa cobertas com osseus chapeos?

Mestre Catholico, se Clmrron teve óseu livro das ires verdades, eonsinta quetenhamos também nós um arliguinho comtrês verdades; são as seguintes:

—Tiramos os nossos chapeos cm pre-sença de uma Sra.

(i) l-Tondc se dirivão os — rosários ~ chapctels.(2) Seguudo os livros santos,

(o") Basnage, Cap, 21*

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228 O NOTICIADOR CATHOLICO.

—Tira uma Sra. o seu chapéo em pre-sença de um salão de baile de etiqueta.

—Homens e Sras. devem tirar seuschapéos em presença do SENHOR douniverso.

Mestre Calholtco, convém n'cstas ver-dades, ou ainda não as quer porque ellasnão se usão na Europa cullcíl Yalha-nosDeus com as modas da Europa.

i.B Verdade.—Alguém ha de boa so-ciedade que entre por casa de um amigode chapéo à cabeça, e muito menos queaborde uma Sra. também de chapéo áca-beca?... O que diriào essas Sras. damissa da madrugada, se algum cavalheirotomasse a liberdade de fallar-lhes semtirar-lhes o chapéo?... E pois será licitoentrar-se da chapéo à cabeça na casa do•SliiNllOll?

2," Verdade—Com que nome seria qua-lificada pelas damas do bom tom, a Sra.que se apresentasse em baile diplomático,em uma eeremonta de palácio, em umavisita de cumprimento em íiin, se porventura se adornasse com chapéo à ca-l)eça? E' pois o templo menos que a sala<los reis? As funeções mysteriosas da Di-vindade, que nos transportàp ao céo. sàomenos que os bailes dos grandes da ter-ra?...

//*;A 3." Verdade—A idéa de DEOS, impor-ta necessariamente uma religião; isto éa necessidade de um culto. Em qualidade(le CREADOR O SER SUPREMO lei»um direito absoluto ao reconhecimentoe aos respeitos de sua creatura: em qua-lidãde de crealura> o homem ve e reco-íihece em DEOS seu bemfeitor eseu pae.É pois natural que lhe renda um cultopor amor, e respeito como pae. As rela-cões de DEOS com o homem e as do ho-mem com DEOS sào os titules que im-põem a obrigação de um culto. Ao ho-mem, composto de espirito*;'e de corpo,cumpre-lhe que a alma sò nào adore emsilencio, é força que o corpo dé lambemtestemunhos de sua gratidão por õbjeclossensíveis, afim de que honre a Di vinda-de com todo o seu poder e suas forças.O culto exterior, como pretende o autordos Elementos de melhaphisica sagrada eprofana é o alimento e siislentaculo doculto interior. Ora, segundo o mesmoautor, a melodia dos cânticos, o apparatode uma olrenda, ou de um sacrifício, oespeelaculo das ceremonias, a modéstia,o recolhimento, o vestuário, uma altitudedecente e respeitosa, tudo contribuo eífi-eazuiente a despertar c fixar a attenção

do espirito, e a dispor a alma a pios trans-portes e a santos culevos. O terror temsido a origem de todos os erros, (M. \uCastillon) não se equivoque o que oterzfor inspira, com o verdadeiro culto, oculto de amor e reconhecimento! Aindarepetimos com as autoridades dos abba-des Banier e Lemascier, na historia ge-ral das ceremonias religiosas de todos ospovos do mundo; liv. l.° pag. G.

A devoção exige silencio, recolhimento,respeito,decência, etc. etc. As irontanhas,e outros logares elevados dão idéa da ele-vação de DEOS acima de nós. Foi assimque os antigos Persas nas erupções queíizerâo na Grécia, persuadirão se queDEOS sendo infinito, um templo era in-sollicieníe para contel-o, e procuravào oalto das montanhas para adoral-o: entro-tanto que esse desvio leve de sugeitar-seá verdade, de que o zelo melhor se inflam-ma em um edifício consagrado ao SEUSUPREMO, queno alto das montanhasc no centro dos bosques!—Si se abremos livros santos, vè-so Noé receber aspraticas religiosas dos filhos de Adão; eos filhos (1'esse patriarcha transmittirem-nas a Abraham, e assim de geração emgeração alé nossos dias, sem que hajauma única circumstancia, um único facto(Ponde se possa deduzir que se constituebárbaro o povo que mais reverentementeadora o seu CRKADOU! Abrem-se os li-vros santos, e nào se vê apoiado em au-toridãde alguma o uso de cobrir as ca-becas com chapéos em presença do CRU-CIEICADÕ;

Si se recorre a S. Paulo... Oh aindanão queremos (aliar em S. Paulo... Ocorrespondente do Diário, o sábio, o mes*tre, ha de provavelmente dar-nos muibreve logar a isso.

Basta. Está demonstrada a nossa ter-ccira verdade, e vae já muito longo esteartigo para o continuarmos.

Microscópio.(Do Diário do Rio de Janeiro).

EXPEDIENTE.Pelo vapor Imperador recebemos do Norlc os se-

guiulesjoniacs—Do Cará, a Voz Paraense »,na 31 à 33, o Tre.se úe

Maio n.La 77 e 78, do Ceará o Saquarema n.°* 168 edG(J, de Pernaaibuco—A revolução de Novembro n.10 , 11 , c 12. E pela primeira vez o Echp Peruam-bucano, de n.° 20 a 23, e o 1." n.° do Artista Ilrasi-leiro: em troca dos quaes enviaremos o Moticiador Ca-ViolicOs

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Typograplua de Epifanio Pcdroza~í§òQ.

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