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QUALIFICAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO
E PRIVADO NO ÂMBITO DA HABITAÇÃO DE
INTERESSE SOCIAL.
Qualification and integration of the public and private space in Social
Housing.
PETERSON, R. C.(1); VIEIRA, J. L.(2); LIBRELOTTO, L. I.(3); BARTH, F.(4)
(1) Mestranda em Arquitetura e Urbanismo, Bolsista CAPES – PósARQ UFSC - Universidade
Federal de Santa Catarina - [email protected]
(2) Arquiteto e Urbanista, Prof. Msc. Dep. Arquitetura e Urbanismo UNESC - Universidade do
Extremo Sul Catarinense - [email protected]
(3) Engenheira Civil, Profa. Dra. Dep. Arquitetura e Urbanismo UFSC - Universidade Federal de
Santa Catarina - [email protected]
(4) Engenheiro Civil, Prof. Dr. Dep. Arquitetura e Urbanismo UFSC - Universidade Federal de
Santa Catarina - [email protected]
RESUMO
Este artigo apresenta de forma conceitual e técnica o desenvolvimento de um Conjunto Habitacional para o Município de Forquilhinha, localizado no sul do Estado de Santa Catarina. São abordadas as características do lugar e sua localização, bem como a demanda por Habitação de Interesse Social existente na região. O trabalho aborda o tema com análise do déficit habitacional presente no município, traçando um diagnóstico dos bairros com maior demanda de habitações sob a perspectiva das políticas habitacionais vigentes. Também foi levada em consideração a função social da propriedade e da habitação como direito básico da população previsto no Estatuto da Cidade (2001). Segundo esta a análise este conjunto habitacional se coloca como um elemento estruturador do bairro, incentivando a geração de emprego e renda através de atividades comerciais e de serviços, promovendo e reestruturando as relações sociais através da qualificação dos espaços públicos e privados. Palavras Chave: Conjunto habitacional, HIS, espaço público.
ABSTRACT
This article presents a conceptual and technical development of a Housing Project for the Municipality of Forquilhinha, located in the southern of the state of Santa Catarina. It covers the characteristics of the place and its location, as well as the demand for Social Housing in the region. The paper discusses the issue with this analysis of the housing shortage in the city, making a diagnosis
of neighborhoods with higher demand for housing from the perspective of current housing policies. It was also taken into account the social function of property and housing as a basic right of people under the City Statute (2001). According to this analysis this housing project stands as a structural element of the neighborhood, encouraging the generation of employment and income through commercial activities and services, promoting and restructuring social relations through training of public and private spaces. Palavras Chave: Social Housing, public space.
INTRODUÇÃO
A principal função da habitação é a de gerar abrigo, porém esta adquire
uma maior complexidade quando alcança a escala de um conjunto
habitacional. Mesmo com o avanço da tecnologia e com o aperfeiçoamento das
técnicas construtivas esta função tem mantido o foco das atenções. Segundo
Abiko (1995), a habitação deve atender os princípios básicos de habitabilidade,
segurança e salubridade, considerando que é o espaço ocupado pelo ser
humano antes e após as jornadas de trabalho e que dá suporte a tarefas tais
como: alimentação, descanso, atividades fisiológicas e convívio social. Além
das atividades domésticas, nela pode compreender algumas atividades
profissionais tais como comércios, prestação de serrviços ou pequenos
negócios.
Segundo Rapoport (1984), a habitação, como obra arquitetônica, não
tem apenas a função de abrigar, mas sim de transmitir significados e traduzir a
aspirações de diferenciação e territorialidade dos habitantes em relação a
vizinhos e pessoas de fora de seu grupo. Para Palermo e Pereira (2006), a
habitação deve satisfazer o homem em suas necessidades físicas,
socioculturais e econômicas. Neste contexto, os profissionais de arquitetura
têm papel fundamental na concepção do espaço a ser habitado, considerando
as particularidades de cada usuário. Ao conceber um projeto, o projetista deve
trabalhar com diferentes tipologias, adequando o espaço às necessidades do
usuário, evitando a repetição de um modelo padrão.
Diante do exposto, o presente artigo propõe a investigação de forma
mais direta e detalhada nas áreas onde se concentram os problemas de
regularização urbanística e fundiária do município de Forquilhinha, permitindo
estabelecer critérios para classificação quanto à qualidade urbana, analisando
aspectos urbanísticos, ambientais, de infraestrutura e de equipamentos.
Neste contexto se realiza a inserção do Conjunto como elemento
estruturador urbano, promovendo as relações sociais através da qualificação
dos espaços públicos e privados, além de incentivar a geração de emprego e
renda por meio de atividades comerciais e de serviços. Ainda neste contexto se
realiza a inserção de espaços públicos de lazer de modo a incentivar as
relações sociais e elevar a qualidade de vida da comunidade.
Na primeira parte deste estudo se aborda alguns aspectos conceituais
da Habitação de Interesse Social, reunindo o aporte necessário a sua
compreensão e uma breve análise do déficit habitacional. Na segunda parte
faz-se a caracterização do local de inserção por meio de imagens e análises
que sistematizam o entorno da área, bem como suas características tipológicas
e de infraestrutura necessária para inserção do conjunto. Na terceira parte
analisa-se a implantação do projeto, com as diretrizes utilizadas para
concepção do partido arquitetônico e urbanístico levando em consideração as
características do lugar e dos usuários. Desta forma busca-se garantir o
atendimento das necessidades da população com a concepção de espaços
adaptados ao crescimento familiar, buscando o maior conforto dos usuários e a
integração dos moradores para o incremento do convívio social.
A habitação social é um tema que envolve o poder público e a iniciativa
privado, cuja integração pode reverter as condições precárias dessas
construções e conceder o direito de moradia digna a todos, conforme está
previsto na Constituição Federal de 1988. As questões relacionadas ao tema
ainda apresenta muitas barreiras tais como a necessita de inovações e
melhorias em projetos capazes de incrementar a qualidade compositiva e
ambiental, integrando-os com a cidade em modo de aumentar a satisfação dos
moradores.
O déficit habitacional urbano no sul do Estado de Santa Catarina é
crescente, tornando-se necessário o desenvolvimento de pesquisas que
busquem a melhoria da qualidade de vida das populações e a ampliação da
justiça social na fase de planejamento das cidades. As áreas de interesse
social devem ser previstas e integradas à cidade formal, garantindo condições
favoráveis ao acesso dos equipamentos públicos e comunitários disponíveis.
Deste modo torna-se relevante considerar também as políticas habitacionais
vigentes no país, as leis e normas instituídas para a implantação de moradias
dignas.
CARACTERISTICAS DO MUNICIPIO DE FORQUILHINHA
O Município de Forquilhinha pertence a Microrregião de Criciúma
localizado ao sul do estado de Santa Catarina. Possui área total de 181,915
km², sua principal atividade econômica é a agricultura, além da indústria
cerâmica e agroindústria, destacando-se também a extração do carvão,
indústria metal-mecânica e o comércio.
Figura 01: Mapa de localização do Município de Forquilhinha. Fonte: IPAT / UNESC.
De acordo com o Censo Demográfico divulgado pelo IBGE (Instituto de
Geografia e Estatística) no ano de 2010, o município possui 22.503 habitantes,
sendo aproximadamente 80% de habitantes na área urbana e 20 % na área
rural., sendo um dos municípios do sul Catarinense com maior crescimento
populacional. Através de um Censo realizado pela Prefeitura no ano de 2009,
em conformidade com a metodologia desenvolvida pela Fundação João
Pinheiro, o município possui 1.732 famílias com necessidades de habitação.
Segundo levantamentos efetuados junto a Secretaria de Habitação do
município, o Déficit Quantitativo é de 1.223 unidades para novas construções e
509 para reposição, totalizando as 1.732 habitações.
Como metodologia para análise do Déficit Habitacional Quantitativo
buscou-se avaliar as condicionantes que caracterizam esta deficiência tais
como os domicílios cedidos, as famílias conviventes, o ônus excessivo com
aluguel, as áreas com ocupação irregular e sujeitas a inundação e o número de
famílias com renda inferior a três salários mínimos com objetivo de definir a
área para implantação de habitação de interesse social. Também foram
analisadas as condições em que se encontram os domicílios existentes, onde
aspectos referentes a infraestrutura como saneamento, acesso a água, a
energia, condições dos banheiros, densidades domiciliar, situação fundiária,
etc.
Na análise do déficit habitacional nos bairros foram considerados a
localização, a infraestrutura existente, a mobilidade, a oferta de transporte
coletivo, os equipamentos públicos existentes, o entorno e outros aspectos
sociais. O bairro Santa Cruz foi selecionado como aquele que apresenta
grande potencialidade para implantação do conjunto habitacional observando a
demanda atual e também futura. Com o objetivo de amenizar o déficit atual e
evitar que a situação quanto à escassez de moradia se agrave, optou-se por
implantar o conjunto neste bairro que possui um total de 887 famílias, sendo
que destas 615 possuem renda mensal inferior a três salários mínimos, o que
corresponde a 69,33% da população.
LOCALIZAÇÃO DO CONJUNTO HABITACIONAL
A possibilidade de desenvolver atividades que gerem renda em casa ou
no entorno imediato possibilitam o maior atendimento das necessidades do
usuário, tendo como consequência a valorização da moradia e o provável
maior tempo de permanência no local, reduzindo com isto a migração para
outras áreas.
Estas zonas habitacionais possibilitam ainda, uma maior inserção dos
moradores junto à sociedade, através da oferta de produtos e serviços
provenientes dos moradores, tendo como consequência uma maior
qualificação do espaço e da cidade.
A área possui abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica,
transporte coletivo, além da proximidade com equipamentos comunitários
como: escola, posto de saúde, creche e igreja. Não apresenta restrições legais,
não sendo área de preservação permanente, estando imune a inundações e
contaminações por resíduos da mineração. Outro fator que influenciou na
escolha desta área, foi a ausência de um espaço público e de lazer no bairro, o
que é totalmente viável no terreno escolhido e de fácil incorporação para
atendimento da população local. Outro ponto que cabe ressaltar é a previsão
do Plano Diretor de prolongamento da rua que limita o terreno ao sul até uma
rodovia estadual (SC 448), ressaltando a centralidade do local. A área constitui-
se em um vazio que interrompe a continuidade da malha urbana e fica situada
entre dois loteamentos. Possui em seus limites vias pavimentadas, rede de
água potável, rede de energia elétrica, coleta de lixo, telefones públicos e
transporte coletivo.
Figura 02: Localização do terreno com equipamentos Comunitários e sistema viário. Fonte: Autora sobre ortofoto IPAT/UNESC 2006.
ENTORNO DO TERRENO
O entorno é predominantemente residencial, com atividades de comércio
e serviço localizadas na margem leste do terreno. As edificações apresentam
baixo gabarito, com predomínio de apenas um pavimento. Observa-se ainda,
que o local apresenta carência de espaço público de lazer e convívio, não
existindo praças no bairro. Os equipamentos públicos e comunitários do bairro:
Escola de Ensino Fundamental, Creche, Igreja, Centro Comunitário e Sede
Esportiva, encontram-se nas adjacências do recorte conforme demonstra a
Figura 03.
Figura 03: Equipamentos Comunitários localizados no entorno do terreno.
Fonte: Adaptado da ortofoto IPAT/UNESC 2006.
O Plano Diretor prevê para as imediações do terreno Zona Residencial
1, sendo permitido, além do uso residencial o uso misto, com comércio e
serviços. Também está previsto uma Zona Industrial, o que deverá aumentar a
densidade demográfica do bairro em função da oferta de emprego e
consequentemente o aumento da demanda por habitação.
A IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO HABITACIONAL
Na fase de implantação foram considerados os seguintes objetivos:
• Propor habitações integradas aos equipamentos públicos e comunitários
existentes possibilitando a integração social dos moradores e vitalidade,
tirando partido das condicionantes do local com a conexão dos
equipamentos;
• Projetar um conjunto habitacional com praça pública criando espaços de
convívio e lazer para população, bem como a possibilidade de trabalho
através de atividades comerciais e de serviços prestados, possibilitando
a qualificação da área e a maior integração entre as pessoa;
• Propor uma implantação que configure espaços de convívio, através
das edificações, garantindo o uso destes espaços , definindo o domínio
dos usos: Espaço Público, semi-público, semi-privado e privado.
• Projetar edificações confortáveis, com possibilidade de ampliação e que
possam ser adaptadas de acordo com a necessidade do morador,
favorecendo a apropriação e manutenção do espaço pelos mesmos;
• Prever atividades de comércio e serviço que possibilitem a oferta de
trabalho e a geração de renda, além da troca social;
• Estruturar o bairro, promovendo a integração social e a vitalidade do
mesmo;
• Tirar partido das edificações para que funcionem como limite espacial da
rua, definindo espaço sem necessidade de muros;
AS UNIDADES HABITACIONAIS:
Na fase de projeto das unidades habitacionais foram considerados os
seguintes objetivos:
• Propor um sistema modulado com programa flexível com possibilidade
de ampliação;
• Desenvolver tipologias de habitações diferenciadas;
• Propor um sistema com menor impacto ambiental possível e, mais
sustentável.
• Propor o acesso comum aos apartamento por circulações voltadas ao
espaço coletivo como forma de integração dos moradores, possibilitando
o encontro entre os mesmos e o contato com a “rua”.
O PROJETO DAS HABITAÇÕES
Com intuito de melhorar a qualidade do ambiente construído e o
atendimento dos diversos grupos familiares, propõe-se nove tipologias de
apartamentos. As unidades foram estruturadas a partir de um módulo base de
3,15m x 3,15m, totalizando 9,92m2. Através da articulação destes módulos
foram obtidas as diferentes tipos construtivos, tendo como princípio o melhor
aproveitamento do espaço interno, a possibilidade de ventilação cruzada e de
variação do layout, além da possibilidade de ampliação por parte do morador.
Figura 04: Módulo compositivo
As unidades foram agrupadas linearmente de forma que configurem espaços
de uso comum aos moradores. O acesso às unidades se dá por escadas e/ou
rampas, que possibilitam a acessibilidade de pessoas portadoras de
necessidades especiais. A Norma de Acessibilidade (NBR 9050) foi levada em
consideração para implantação do conjunto e dimensionamento das rampas e
apartamentos adaptados. Para dimensionamento das diferentes tipologias, a
faixa etária da população do bairro foi considerada, auxiliando na distribuição
das unidades de acordo com a demanda representada na Figura 05.
0 a 18 anos
35,8%
19 a 30 anos
24,1%
31 a 50 anos
27,8%
51 a 60 anos
7,6%
+ de 60 anos
4,7%
Figura 05: Distribuição da população do bairro de acordo com a faixa etária. Fonte: Prefeitura Municipal de Forquilhinha/SC.
Os habitantes com faixa etária entre 0 a 30 e 51 a 60 anos foram
agrupados e distribuídos em apartamentos de 1 e 2 dormitórios, totalizando 84
apartamentos, correspondendo a 70%
entre 31 a 50 anos, que
apartamentos de 3 dormitórios, co
27%, e os habitantes com idade superior a 60 anos correspondem a
aproximadamente 5% da população e para estes foram considerados os
apartamentos adaptados, no
unidades.
AS TIPOLOGIAS DAS HABITAÇÕES PROPOSTAS
A continuação são apresentadas as tipologias desenvolvidas nesta proposta:
TIPOLOGIA 01: 01 dormitórioÁREA: 39,68m²
TIPOLOGIA 03: 02 dormitóriosÁREA: 53,53m²
Figura 06: Apto 01 dormitório
Figura 08: Apto 02 dormitórios + ampliação
Os habitantes com faixa etária entre 0 a 30 e 51 a 60 anos foram
agrupados e distribuídos em apartamentos de 1 e 2 dormitórios, totalizando 84
apartamentos, correspondendo a 70% do total. Para população compreendida
entre 31 a 50 anos, que possuem filhos em idade escolar foram estimados
apartamentos de 3 dormitórios, com total de 28 unidades correspondentes a
e os habitantes com idade superior a 60 anos correspondem a
aproximadamente 5% da população e para estes foram considerados os
no total de 09 unidades que correspondem a 7%
AS TIPOLOGIAS DAS HABITAÇÕES PROPOSTAS
A continuação são apresentadas as tipologias desenvolvidas nesta proposta:
01 dormitório TIPOLOGIA 02: 01 dormitórioPossibilidade de ampliação ÁREA: 53,53m²
TIPOLOGIA 03: 02 dormitórios
TIPOLOGIA 04: 02 dormitórioshabitação adaptada ÁREA: 59,52m² :
Figura 07: Apto 01 dormitório + ampliação
Apto 02 dormitórios + ampliação Figura 09: Apto 02 dormitórios adaptado
Os habitantes com faixa etária entre 0 a 30 e 51 a 60 anos foram
agrupados e distribuídos em apartamentos de 1 e 2 dormitórios, totalizando 84
. Para população compreendida
foram estimados
m total de 28 unidades correspondentes a
e os habitantes com idade superior a 60 anos correspondem a
aproximadamente 5% da população e para estes foram considerados os
total de 09 unidades que correspondem a 7% das
A continuação são apresentadas as tipologias desenvolvidas nesta proposta:
01 dormitório
TIPOLOGIA 04: 02 dormitórios
: Apto 01 dormitório + ampliação
adaptado
TIPOLOGIA 05: 02 dormitórios possibilidade de ampliaçãoÁREA: 53,53m²
TIPOLOGIA 07: 01 dormitório Duplex ÁREA: 39,68 m²
Dos 119 apartamentos que compõem o
conjunto habitacional, 50 tem
possibilidade de ampliação
ANÁLISE DOS ESPAÇOS P
O Bairro apresenta um grande potencial de urbanização, equipam
comunitários de qualidade, infra estrutura adequada e um crescimento bastante
expressivo. Caracterizado por uma população predominantemente jovem, tem
carência de um espaço público de qualidade para encontro, a praça, lugar de
integração, trocas, encontros, convívio, que possibilita a variedade de usos e
com isto a vitalidade do
implantação do conjunto habitacional
Figura 10: Apto 02 dormitórios + ampliação
Figura 12: Apto Duplex 01 dormitório
TIPOLOGIA 05: 02 dormitórios possibilidade de ampliação
TIPOLOGIA 06: 03 dormitóriosÁREA: 67,38 m²
TIPOLOGIA 07: 01 dormitório
TIPOLOGIAS 08 e 09: 3 dormitórios Duplex ÁREA: 73,37m² / 79,36m²
que compõem o
, 50 tem
possibilidade de ampliação.
ANÁLISE DOS ESPAÇOS PÚBLICOS
O Bairro apresenta um grande potencial de urbanização, equipam
, infra estrutura adequada e um crescimento bastante
expressivo. Caracterizado por uma população predominantemente jovem, tem
carência de um espaço público de qualidade para encontro, a praça, lugar de
integração, trocas, encontros, convívio, que possibilita a variedade de usos e
com isto a vitalidade do bairro. Desta forma, o terreno escolhido
implantação do conjunto habitacional, propicia uma “costura” no bairro,
Apto 02 dormitórios + ampliação Figura 11: Apto 03 dormitórios
Apto Duplex 01 dormitório
Figura 13: Apto Duplex 02 dormitórios
Superior
3 dormitórios
TIPOLOGIAS 08 e 09: 3 dormitórios
O Bairro apresenta um grande potencial de urbanização, equipamentos
, infra estrutura adequada e um crescimento bastante
expressivo. Caracterizado por uma população predominantemente jovem, tem
carência de um espaço público de qualidade para encontro, a praça, lugar de
integração, trocas, encontros, convívio, que possibilita a variedade de usos e
escolhido para
no bairro,
Apto Duplex 02 dormitórios
Térreo
Superior
integrando os loteamentos existentes e aproximando a população dos
equipamentos comunitários, garantindo assim, o acesso a educação, saúde,
trabalho e lazer. Para o zoneamento foi observado o entorno do recorte,
procurando localizar cada função de acordo com a situação do local. A
presença do comércio ao longo da Rua Josephina Lodetti Vassoler (limite leste
do terreno) e a proximidade com os equipamentos comunitários também foram
fundamentais para o zoneamento.
Figura 14: Zoneamento de usos
A ideia é promover a conexão dos equipamentos existentes: escola,
creche, posto de saúde com os equipamentos propostos. Esta ligação
acontece através de um eixo diagonal, buscando a maior interação e relação
entre as pessoas, como mostrado na Figura 14. Foram criados espaços de uso
coletivo, levando em consideração os percursos dos moradores e das pessoas
que utilizam os equipamentos comunitários, bem como a praça que está sendo
proposta e o comércio. O comércio foi pensado de forma que dê continuidade
ao já existente no local, que seja acessível a todos e que dê vitalidade a praça.
Para fazer a transição da área pública com comércio, para as habitações, foi
proposto um edifício de serviços com três pavimentos. As habitações foram
pensadas de forma que garantam o maior conforto dos usuários, a integração
dos moradores e o convívio social.
Os edifícios foram
posicionados de forma a
conformar espaços com
caráter diferenciado, além de
encaminhar as pessoas para
os pontos desejados, com a
marcação da diagonal que
conecta equipamentos
públicos. Também foi criado
um eixo destinado aos
moradores do conjunto que
encaminha as pessoas até a
praça pública e integra
visualmente o conjunto com
a praça e espaços públicos,
conforme mostra a Figura 15.
O conjunto é composto por
seis edificações estruturadas de forma que configurem espaços com usos
diferenciados, estabelecendo eixos de circulação e articulação, bem como a
hierarquização dos espaços conformados, combinados com os usos de cada
edifício. Tirando partido do desnível de três metros existente no terreno, foram
criados taludes que auxiliam na transição dos espaços e garantem maior
privacidade dos apartamentos em relação a rua.
Conforme Figura 16, o prédio denominado de “A”, está conectado
através de coberturas verdes, garantindo maior permeabilidade visual junto a
praça e também o respeito a escala do pedestre, possuindo apenas um
pavimento. Este edifício, juntamente com a praça, serve como ponto de
encontro dos moradores, bem como de geração de renda pela oferta de
trabalho permite a maior utilização dos espaços configurados. O Prédio “B”,
destinado a serviços funciona como um elemento de transição entre o uso
comercial e residencial, está conectado ao prédio “A” através da cobertura
verde.
Figura 15: Implantação do Conjunto Habitacional.
Figura 16: Implantação do conjunto com descrição dos usos dos edifícios.
O prédio 01 destina-se a habitação social e encontra-se no nível 1,50m, onde o
acesso se dá por rampas e escadas. Parte do térreo, localizado junto a
circulação foi destinado as atividades de lazer para uso dos moradores. Os
edifícios foram posicionados de forma que o eixo de pedestre não interfira na
privacidade dos apartamentos. Os prédios 02 e 03 também são destinados a
habitação e possuem três pavimentos com apartamentos de tipologias
diferentes e com possibilidade de ampliação. Junto a circulação dos edifícios,
foram posicionadas estruturas que servem como hortas verticais, onde
espécies trepadeiras podem ser cultivadas e compartilhada pelos moradores. O
prédio 04 por estar situado junto a via de comércio local recebeu uso misto,
com comércio no térreo e apartamentos duplex nos andares superiores. O
quadro representado na Figura 17 demonstra os índices obtidos com a
implantação das habitações, considerando a área do terreno.
ÁREAS m² ÍNDICES
Terreno 18.695,00 Índice de Aproveitamento 1,03 Praça 3.900,00 Taxa de Ocupação 45%
Edificável 14.795,60 População 417 hab. Comércio e serviço 3.953,45 Densidade 223 hab./ha
Habitações 11.313,35 Número de habitações 119 un Total construída 15.266,80
Figura 17: Índices obtidos na implantação do Conjunto Habitacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões relacionadas à habitação social no Brasil encontram-se em
fase de expansão e desenvolvimento, com novas leis que vem sendo
instituídas e programas habitacionais que são criados para o atendimento
desta parcela. Com o resultado deste trabalho, pode-se concluir, que o
desenvolvimento de novos conjuntos habitacionais podem além de dar o direito
a moradia digna das populações mais carentes contribuir para a reordenação
das cidades, atuando de modo positivo na transformação da sociedade.
A inserção do Conjunto habitacional, além de atender a demanda do
local por moradias dignas, reforça a centralidade do bairro, destacando os
equipamentos comunitários existentes, conferindo melhoria na qualidade de
vida dos habitantes, constituindo um novo lugar, estruturando o bairro,
promovendo a integração social e a vitalidade pela qualificação do espaço
público e privado.
Vale destacar o papel dos profissionais de arquitetura e engenharia,
responsáveis não só pela construção dos espaços habitáveis, mas também
decisivos no planejamento do território e nos níveis de organização, bem estar
e convívio da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARDOSO, L.R.A.; ABIKO, A.K. Construção habitacional por mutirão:gerenciamento e
custos. Boletim Técnico BT/PCC/111, 1995.
FORQUILHINHA, Secretaria Municipal de Obras. Plano Diretor Municipal. Codesc,
2010.
FORQUILHINHA, Secretaria Habitação. Plano Municipal de Habitação. Logos, 2010.
LEITE, Luiz Carlos Rufrano. Avaliação dos projetos habitacionais: determinando a
funcionalidade da moradia social. São Paulo, Editora Ensino Profissional, 2006.
PALERMO, C. Sustentabilidade Social do habitar. Florianópolis: Ed. Da Autora, 2009.
RAPOPORT, A. Origens Culturais da Arquitetura. In: SNYDER, J. C.; CATANESE, A.
Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Campus, 1984.
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. PROJETO HABITAT SAUDÁVEL
E SUSTENTÁVEL: Qualidade Projetual em Assentamentos Populares – urbanização e
habitação.