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22 PROMOCIÓN DE LA SALUD POR DENTESCOLA: FACILIDADES Y DIFICULTADES EVIDENCIADAS POR LOS ACADÉMICOS Y LOS PROFESIONALES DE LA SALUD Promoção da saúde pelo DENTESCOLA: facilidades e dificuldades evidenciadas pelos acadêmicos e profissionais de saúde Health promotion by the DENTESCOLA: facilities and difficulties appointed by the university student and health professionals VERÔNICA CAÉ DA SILVA 1 MARIA DA SOLEDADE SIMEÃO DOS SANTOS 2 RESUMEN El estudio surgió de las acciones de uno de los autores, como académico becario de enfermería, un proyecto (DENTESCOLA) dedicado a la promoción de la salud en las escuelas de la ciudad de Río de Janeiro, y tuvo como objetivo identificar las facilidades 1 Enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Licenciatura Plena em Enfermagem pela UFRJ. Residência em Saúde do Adolescente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pós-graduação em Saúde Coletiva pela Universidade Gama Filho (UGF). Enfermeira Líder do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso ( HGB). Enfermeira do Programa de Saúde da Família do Município de Duque de Caxias. Docente da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” (UNIGRANRIO). Membro do Núcleo de Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem (NUPESENF). Endereço: Rua Paranapanema nº 1100 - apto. 202 - Olaria - Río de Janeiro/RJ. CEP: 21073-185. Tel. (21) 2560- 2488 e 9679-0609, e-mail: [email protected] 2 Enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, Licenciatura Plena em Enfermagem pela UFRJ, Mestrado em Enfermagem pela UFRJ e Doutorado em Enfermagem pelo Programa de Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Professor Adjunto do Departamento de Metodologia da Enfermagem da UFRJ. Membro da Diretoria do Núcleo de Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem (NUPESENF). Endereço: Rua Parati nº 31 - Anchieta - Río de Janeiro/RJ. CEP: 21625-340. Tel. (21) 99450046, e-mail: [email protected]

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PROMOCIÓN DE LA SALUD POR DENTESCOLA: FACILIDADES Y

DIFICULTADES EVIDENCIADAS POR LOS ACADÉMICOS Y LOS

PROFESIONALES DE LA SALUD

Promoção da saúde pelo DENTESCOLA: facilidades e dificuldades evidenciadas pelos

acadêmicos e profissionais de saúde

Health promotion by the DENTESCOLA: facilities and difficulties appointed by the

university student and health professionals

VERÔNICA CAÉ DA SILVA1

MARIA DA SOLEDADE SIMEÃO DOS SANTOS2

RESUMEN

El estudio surgió de las acciones de uno de los autores, como académico becario de

enfermería, un proyecto (DENTESCOLA) dedicado a la promoción de la salud en las

escuelas de la ciudad de Río de Janeiro, y tuvo como objetivo identificar las facilidades

1 Enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Licenciatura Plena em

Enfermagem pela UFRJ. Residência em Saúde do Adolescente pela Universidade do Estado do Rio

de Janeiro (UERJ). Pós-graduação em Saúde Coletiva pela Universidade Gama Filho (UGF).

Enfermeira Líder do Serviço do Coração do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB). Enfermeira do

Programa de Saúde da Família do Município de Duque de Caxias. Docente da Escola de Ciências

da Saúde da Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy” (UNIGRANRIO). Membro do

Núcleo de Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem (NUPESENF). Endereço: Rua

Paranapanema nº 1100 - apto. 202 - Olaria - Río de Janeiro/RJ. CEP: 21073-185. Tel. (21) 2560-

2488 e 9679-0609, e-mail: [email protected] 2 Enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Licenciatura e

Bacharelado em Ciências Biológicas pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques,

Licenciatura Plena em Enfermagem pela UFRJ, Mestrado em Enfermagem pela UFRJ e

Doutorado em Enfermagem pelo Programa de Enfermagem Fundamental pela Escola de

Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Professor Adjunto do

Departamento de Metodologia da Enfermagem da UFRJ. Membro da Diretoria do Núcleo de

Pesquisa Educação e Saúde em Enfermagem (NUPESENF). Endereço: Rua Parati nº 31 -

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y dificultades encontradas por los académicos y supervisores. Descripción de carácter

cualitativo, se realizó con tres supervisores y cinco académicos a través de entrevistas y

observación participante en los jardines de infancia y escuelas. Se destacan como los

principales facilitadores el apoyo de las escuelas, centros de salud y de los supervisores

y becarias del programa y, como dificultades, la construcción de material didáctico, las

limitaciones en forma de la comunicación de los estudiantes y la violencia. Las conclu-

siones se remitieron a los órganos competentes y equipo, destinado a formular

estrategias que proporcionen la promoción de la salud de la escuela, tales como la

formación de multiplicadores, la participación de los padres y la educación permanente

de los profesionales.

Palabras clave: Promoción de la salud, escuela, etapa clínica.

RESUMO

O estudo surgiu da atuação de uma das autoras, como acadêmica bolsista de

enfermagem, no projeto (DENTESCOLA) voltado para promoção da saúde nas escolas

do município do Rio de Janeiro e objetivou identificar as facilidades e dificuldades

encontradas pelos acadêmicos e supervisores. Estudo descritivo, de natureza

qualitativa, realizado com três supervisoras e cinco acadêmicas através de entrevista e

observação participante em creches e escolas. Destacaram-se como principais

facilitadores o apoio das escolas, do Posto de Saúde, das estagiárias e das

supervisoras do programa e como dificuldades, a construção de materiais didáticos, as

limitações na forma de comunicação dos alunos e a violência. Os achados foram en-

caminhados para o órgão competente e equipe, visando contribuir para formulação de

estratégias que propiciem a promoção de saúde dos escolares, como formação de

agentes multiplicadores, envolvimento dos pais e educação permanentes dos

profissionais.

Palavras chave: Promoção da saúde, escola, estágio clínico.

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ABSTRACT

The review arose from the he acts from a of the authoress, as a university student

remunerate as of nursing, in a project (DENTESCOLA) lap about to health promotion

at the schools from the county from the Rio de Janeiro and aimed detect the facilities

and difficulties encountered by the university student and supervisors. Descriptive, as of

nature qualitative, he went paid-up along three supervisors and five university student

right through appointment and observation attendee well into daycare center and

schools. It was observed case that as principals facilities the backing of the schools,

from the health center, of the trainee and of the supervisor of the program and as a

difficulties, the construction as of equipments didactics, stints in the shape as of

communication of the pupils and the violence. The findings were forwarded to the

competent organs and staff, intended to formulate strategies that provide the health

promotion of the school, such as: formation of agents multipliers, involvement parental

and continuing education for professionals.

Key words: Health promotion, School, Clinical clerkship.

INTRODUÇÃO

Na discussão, sempre presente, nas escolas de nível superior em enfermagem,

percebemos uma preocupação em formar enfermeiros-educadores. Entendendo que a

cada passo é imprescindível que este estudante adquira competências e habilidades

gerais e específicas para sua atuação no sistema de saúde do nosso país (que hoje está

orientado para atenção básica como porta de entrada dos usuários nos serviços de

saúde), assim organizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é importante, na nossa

concepção, para que isto aconteça, uma compreensão maior sobre a Promoção da

Saúde.

Define-se promoção de saúde como atividades que, acentuando os aspectos

positivos, auxiliam o indivíduo a desenvolver os recursos que manterão ou aumentarão

seu bem-estar, com conseqüente melhora da qualidade de vida. Sendo um processo

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ativo, o propósito da promoção de saúde é focalizar o potencial ótimo de saúde do

indivíduo e encorajá-lo a alterar hábitos pessoais, estilo de vida e ambiente.1

Alguns autores afirmam que a existência de programas que promovam a saúde na

idade escolar é ideal, pois, os hábitos e as práticas de saúde estão em estágios

formativos durante os anos da infância, as crianças são mais suscetíveis a influências

que promovam atitudes positivas de saúde nessa época do que ao chegarem à idade

adulta.1

A promoção da saúde coloca a necessidade de que o processo de produção do

conhecimento e das práticas, no campo da saúde e no campo das políticas públicas,

faça-se através da construção e da gestão compartilhada. Na produção, análise e

formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida é necessário uma

estratégia que conte com a participação de todos os sujeitos envolvidos (usuários, movi-

mento social, profissionais de saúde, gestores e outros).2

No ano 2000, as Secretarias Municipais de Saúde e de Educação do Rio de Janeiro

articularam-se para criar uma rede (projeto) de Escolas Promotoras de Saúde, pois,

perceberam a urgência em promover a saúde nas escolas, tendo como foco a melhoria

da qualidade de vida das crianças e jovens (escolares) e de sua comunidade.3

Várias temáticas são abordadas neste projeto: alimentação saudável, prática de

esportes, meio ambiente, gravidez na adolescência, prevenção de Doenças Sexualmente

Transmissíveis (DST) e Aids, prevenção de fatores de risco, de acidentes e de violência,

uso de drogas, saúde oral, ocular, auditiva, dentre outras.

Desde março de 2001, a coordenação de saúde bucal evidenciou muitas demandas a

partir da realização destas atividades nas escolas e apresentou o problema à Secretaria

Municipal de Saúde, integrando no dia-a-dia da rede de atenção básica, vinculadas ao

sus, as condutas coletivas em escolas e creches da prefeitura.

O nome DENTESCOLA surgiu a partir do Decreto nº 20311, promulgado pelo

então Prefeito César Maia neste mesmo ano, atuando então, as Secretarias de Educação,

Saúde e Desenvolvimento Social, de forma interdisciplinar.4

O trabalho do DENTESCOLA é realizado por acadêmicos (selecionados através de

concurso público) de diversos cursos: educação física, serviço social, enfermagem,

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odontologia, artes plásticas, comunicação nicação social, fisioterapia, medicina,

nutrição, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e teatro. Estes são

supervisionados por odontologistas, em cada área programática (que compreendem

vários bairros) do município e ficam locados nos postos de saúde, creches e escolas,

onde organizam suas atividades, fazem reuniões, etc.

Durante a graduação em enfermagem, um período marcado por escolhas, foi aberto

inscrições de um concurso público para acadêmicos bolsistas no Município do Río de

Janeiro, onde, além de outros postos, existia a opção pela atuação no DENTESCOLA.

Após a aprovação, com uma vaga noção das atividades que iria realizar, uma das

autoras do presente estudo questionava como seriam realmente; se o programa do

Governo era novo; se só seria voltado para a saúde bucal; se teria autonomia nas ações;

como conseguiria conciliar os horários diurnos com os da faculdade; como seria a

relação com acadêmicos de outras áreas e com os sujeitos; seriam somente crianças?

Afinal, seria fácil estagiar neste programa chamado DENTESCOLA?

Sendo assim, a partir desta vivência, foi traçado o seguinte objetivo: Identificar as

facilidades e dificuldades encontradas pelos acadêmicos e supervisores do

DENTESCOLA.

Este estudo apresenta de forma clara a visão dos profissionais que atuam no

DENTESCOLA acerca de como se dá esse processo de trabalho diário, não só

mostrando as facilidades e dificuldades, mas também as sugestões para o melhor

desenvolvimento e avanço. Acreditamos que serve também como fonte para futuras

pesquisas a serem realizadas sobre este programa, pois, pode ser considerado como um

instrumento de avaliação do mesmo, o que pode contribuir para criação de estratégias

que propiciem (ainda mais) a promoção de saúde nas escolas.

METODOLOGIA

Estudo descritivo, de natureza qualitativa, pois, baseia-se na premissa de que os

conhecimentos sobre os indivíduos só são possíveis com a descrição da experiência

humana, tal como ela é vivida e definida por seus próprios atores.5

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Trata-se de um recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em

Enfermagem e Obstetrícia pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, intitulado “A Vivência do Trabalho Interdisciplinar no

DENTESCOLA: a participação do acadêmico de enfermagem”.6

Realizado no ano de 2003, os sujeitos (todos do sexo feminino) do estudo foram três

supervisores e cinco acadêmicos (enfermagem, educação física, nutrição, serviço social

e odontologia) do DENTESCOLA locados na área programática 2.1 (compreende os

bairros do Leblon, Gávea, Botafogo, Flamengo, Copacabana, Rocinha, Vidigal, Jardim

botânico, Ipanema e Humaitá) e 3.1 (compreende os bairros da Penha, Ilha do

Governador, Ramos, Jardim América e Cordovil).

Os postos de saúde, as escolas, as creches, as associações de moradores e demais

locais onde os sujeitos se encontravam atuando constituem os cenários da pesquisa.

Para realização do estudo, solicitamos e obtivemos autorização da Comissão de

Ética em Pesquisa da Prefeitura do Río de Janeiro e, dos sujeitos, através do

Consentimento Livre e Esclarecido, estabelecido pela Resolução nº 196/96.7

Os dados foram coletados através de entrevista, observação e análise documental e

ainda, houve produção de material fotográfico, para atender melhor ao objetivo

proposto.

As entrevistas foram estruturadas e gravadas em fita cassete, sendo transcritas

fielmente pelas autoras e, para observação participante utilizou-se um diário de campo

que tem o intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes

momentos da pesquisa.8

Substituímos os nomes dos entrevistados durante a análise dos dados, preservando o

anonimato dos mesmos, pelas palavras “ensino” e “aprendizagem”, que correspondem

respectivamente aos acadêmicos e supervisores do referido programa.

Para análise do material discursivo foi aplicada a técnica de análise de conteúdo

temática. Primeiramente foi feita a leitura flutuante de todo o material na busca do

delineamento empírico da pesquisa. O segundo procedimento foi o da pré-análise, com

vistas à captação dos grandes temas de maior significância. Após esta fase, ocorreu à

classificação temática, com vistas à captação dos grandes temas de maior incidência.

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Por último, os temas compuseram as categorias temáticas que foram analisadas de

acordo com o contexto no qual foram produzidas, à luz dos conceitos relacionados a

educação, saúde, e enfermagem, que serviram de alicerce conceitual para a pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No exercício de qualquer atividade somos convidados à reflexão, ao pensar a prática.

De acordo com Freire, na formação permanente dos professores, o momento

fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de

hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.9 Este, portanto, é um espaço

de exposição do pensar dos sujeitos do estudo pós-vivência no DENTESCOLA, que

subdividi-se em facilidades, dificuldades e propostas.

I. Facilitadores da atuação no DENTESCOLA:

a) O Apoio das Escolas e do Posto de Saúde

O primeiro aspecto facilitador destacado pelos sujeitos do estudo foi o apoio

incondicional das escolas e Posto de Saúde para o desenvolvimento das ações

junto aos escolares, como destacado: “Olha, a recepção nas escolas, eu trabalho

em Ramos e na Penha, então, a recepção em algumas escolas foram muito boas,

foram bem fáceis” (Ensino 3).

É interessante perceber como, muitas vezes os conceitos prévios que temos, influenciam

os nossos atos. Como vemos na fala abaixo, a acadêmica, por ter estudado em escolas

privadas, acreditava naquele modelo de ensino e talvez, por desconhecer, imaginava

que o ensino público fosse um caos, desorganizado e ineficiente em todos os aspectos.

“... têm lugares que a gente já chega na escola, a própria direção já te dá uma turma,

já te bota a par do que acontece, já te insere nas atividades da escola. (...) eu achei, na

minha cabeça, porque eu sempre estudei em escola particular, eu não sabia como é que

funcionava as escolas públicas, principalmente as municipais, e elas são muito mais

organizadas e muito mais, muito melhores do que eu imaginava e assim, eu imaginava

assim também que os pais participavam pouco e os próprios alunos participavam

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pouco e, eu vi que eles participam muito, como teve uma reunião de pais na semana

passada e eu esperava meia dúzia de pais e vieram muitos...” (Ensino 1).

“Bom. Começo pela chefia do PAM que eu sou vinculada, é super assim, amiga da

gente, na medida que a gente pede assim, ela tá sempre pronta a ajudar assim, em

termos de material didático, de horários, disponibilizar o que tem no posto ou na

prefeitura pra ajudar o projeto, esta sempre pronta a ajudar” (Aprendizagem 1).

Ser acolhido satisfatoriamente pela instituição, pelas pessoas que já fazem parte do

serviço, perceber que tem apoio e escuta em momentos de anseios e que não se está

sozinho aumenta a motivação, mesmo que outras condições não sejam tão favoráveis, o

fator humano, a relação interpessoal positiva sempre pesa na avaliação de qualquer

trabalho.

b) O Apoio dos Acadêmicos

O segundo aspecto facilitador foi o apoio e interesse dos acadêmicos à proposta

do DENTESCOLA, ou seja, houve o real engajamento dos estudantes ao contexto

da prática assistencial:

“Bem acho que a maior facilidade acabou sendo a presença dos estagiários, eu

acho que é isso que facilitou o trabalho do supervisor. Eu acho que sem os

estagiários, eu acho que o projeto não iria pra frente (...) Apesar de nós,

supervisores, termos sido capacitados em alguns assuntos, mas, a maior

facilidade é ter os estagiários com a gente” (Aprendizagem 3).

Vale destacar que não basta estar presente cumprindo as doze (12) horas semanais do

programa, tem que saber-saber, saber-fazer e principalmente saber-ser: ser criativo, ser

despojado, ser companheiro, ser produtivo: “... Há facilidade também dessa experiência

com outros estagiários, né. Tem estagiário que tá lá comprometido, trabalha mesmo,

essa é a facilidade...” (Ensino 4).

Ressaltamos que a interação e o comprometimento dos supervisores e acadêmicos

das diversas áreas facilitou o trabalho nas unidades de atendimento aos escolares.

c) O Apoio dos Supervisores

Um dos aspectos que considero essencial para a execução do estágio

extracurricular foi o apoio dos supervisores do DENTESCOLA, permitindo com

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que os estudantes pudessem por em prática os conhecimentos adquiridos na

universidade:

“... Facilidade também, é que os supervisores me deixaram assim à vontade pra

fazer as atividades. Eles tinham o programa pra elaborar, mas, sempre

perguntavam: ‘Tem mais alguma coisa?’ ...” (Ensino 5).

No processo de ensino-aprendizagem é importante que se reconheça que não há um

detentor do saber, apesar de ainda em formação, as acadêmicas se percebiam

valorizadas quando as supervisoras incluíam-nas nos processos decisórios, solicitavam

suas opiniões, permitiam que trouxessem sugestões e discutiam os trabalhos em equipe,

sem uma se sobrepor sobre a outra.

Agrupando as três (3) facilidades ditas pelas entrevistadas, apresentamos um trecho

do diário de campo nº. 11 e 13 dos dias 7 e 14 de agosto:

No dia 7 de agosto de 2003 às 14h com a presença da supervisora, conhecemos a

Escola Municipal Alfredo Gomes, houve uma boa recepção por parte da direção e a

nossa primeira impressão foi excelente: “a escola é limpa, organizada, pequena, mas,

possui espaços para apresentações e realização de atividades”. O único

questionamento, advindo das acadêmicas, foi em relação ao bairro, já que não é na

Penha, local da nossa atuação, mas, a supervisora explicou o porquê. Tudo ficou certo,

inclusive a idéia do primeiro trabalho, no qual cada uma iria desenvolver uma parte. Na

semana seguinte, dia 14, nos encontramos logo pela manhã no PAM (lá temos uma sala

só do DENTESCOLA) para confeccionar-mos máscaras, ensaiar-mos uma peça de

teatro (Foto 1), organizarmos as falas dos personagens, decorarmos a música, que

serviriam de apresentação do programa na escola. Observei que cada uma tem um dom,

um talento: uma sabe desenhar maravilhosamente, outra cria estórias fantásticas, outra

faz coreografia, outra é mais organizada e preocupada, outra é só sorriso... À tarde

fomos para a escola e, por volta das 13 h 30 min iniciamos a apresentação para todas as

turmas do segundo turno, no pátio. Os alunos participaram, cantaram, foi divertido e

proveitoso. O apoio da supervisora, a confiança que deposita no grupo é estimulante. O

fato de ficarmos o dia inteiro juntas permitiu um estreitamento de vínculos. E, no final,

a direção da escola elogiou o trabalho, reconhecendo a sua importância.

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Cartaz ilustrativo feito com cartolinas coloridas, cola, canetinha e lápis de cor. Utilizado

em uma atividade em sala de aula para os adolescentes sobre o tema sexualidade.

Mostra as diferenças que ocorrem na puberdade e início da adolescência entre meninos

e meninas. Foi construído pelos acadêmicos do DENTESCOLA.

II. Dificuldades da atuação no DENTESCOLA:

a) Construção do material didático e de multimeios.

A construção do material didático e de multimeios para uso no processo de

ensino-aprendizagem junto aos escolares foi considerado elemento crucial para a

efetividade do programa DENTESCOLA. Diante desta afirmativa destacamos

uma das nossas dificuldades para a sua construção, no que se refere a

disponibilidade de recursos para a sua confecção:

“As dificuldades são mais em termo, no sentido de que, mais prático, por

exemplo, eu acho que deveria haver uma verba da prefeitura destinada ao

DENTESCOLA, por exemplo, pra material didático pra gente trabalhar, não

existe verba, a gente consegue através do PAM, a gente consegue cartolina,

porque a gente tenta trabalhar com a criatividade não só nossa como dos

estagiários e dos alunos e, a gente tem certa dificuldade com isso...”

(Aprendizagem 1).

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Cartazes feitos com cartolinas brancas, canetinha e lápis de cor. Apresenta o corpo

humano e suas partes, ficou afixado no mural de uma das escolas durante uma feira de

saúde. Os próprios aluno

b) Dificuldade de manutenção de um projeto entre as escolas.

Outro aspecto que consideramos elemento dificultador da operacionalização do

projeto disse respeito a continuidade das etapas de planejamento e de conseguir a

permanência dos estagiários da diversas áreas para que ocorresse a

interdisciplinaridade aguardada para a construção das atividades:

“... é a questão de você só tá naquela, na escola aqueles meses, e depois sair,

você entra na escola, faz o seu trabalho e depois sai, como se fosse um

desligamento” (Ensino 4).

“... A dificuldade maior foi assim, falta de alguns estagiários de algumas áreas, que a

gente não conseguia. Agora, no caso da Ilha, por exemplo, a dificuldade que eu tive era

de conseguir fazer um trabalho mais voltado pra nutrição e pra promoção de saúde,

porque lá o trabalho era mais assim a parte de higiene bucal, fazia um palestra só e

acabou” (Ensino 2).

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c) Apoio para integração com os alunos – entendimento e reconhecimento das

limitações e formas de comunicação. Violência

Algumas entrevistadas relataram com detalhes as dificuldades que tiveram na atuação

em sala de aula com relação à forma de expressão, verbal e não verbal, dos alunos.

“... eu entrei em algumas salas e eu tive certos constrangimentos assim, de

aluninho, de piadinha, que eu acho que todas as acadêmicas tiveram” (Ensino 3).

“Ah! Assim, uma das situações que eu não esperava, não é que eu não esperava né,

eu na hora assim fiquei assustada, sabia que àquilo poderia acontecer, mas não sabia

qual seria a minha reação. Que foi algumas escolas, por serem alunos já adolescentes,

a gente entra e eles falarem assim coisas obscenas, né, ou então fazer gestos - você tá

falando e eles fazerem gestos obscenos pra você né, te chamarem de alguma coisa...”

(Ensino 2).

“Um exercício de equilibrista” é o que se torna a educação em uma sociedade em

crise, que a cada dia perde seus valores (familiares, religiosos, culturais, etc.).9 Os

adolescentes e as crianças, muitas vezes, vivem em condições propícias para ironizar as

palavras e as discussões promovidas pelo educador no espaço escolar.

É importante testemunhar aos alunos o quanto é fundamental respeitá-lo e respeitar-

se. Não dá mais para separar o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos,

ignorância de saber, autoridade de liberdade, respeito ao professor de respeito aos

alunos, ensinar de aprender.9

Fui chamada para realizar um trabalho na Ilha do governador com as funcionárias de

uma creche. Marcamos (a supervisora, eu e outra acadêmica) uma data anterior ao

evento (no caso, uma reunião em que seriam orientadas sobre cuidados com as doenças

comuns na infância) para que eu conhecesse a creche. Como não conhecia o local, fui

seguindo com o carro a supervisora, que estava no carro dela. Para nosso espanto (outra

acadêmica estava comigo), ela entrou numa rua anterior à correta, com “quebra-molas”

altíssimos, na verdade, entramos no início da favela. Quando vimos, a supervisora foi

abordada por um homem que portava uma arma de fogo, ela apontou para onde iria e

ele permitiu que ela passasse adiante e eu a acompanhei vigarosamente. A colega que

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estava no carro comigo só falava: “Ele está armado, aí meu Deus!” e eu sussurrava

para ela fingir que não estava vendo e se acalmar. Foi uma experiência única (Relatório

de Observação número 5 de 04/07/2003).

A violência, o preconceito, as desigualdades, a brutalidade, as “fronteiras” existem e

estão cada vez mais estreitas e dificultando o mover e o agir do professor, já que

ninguém pode aprender (como cita Perrenoud) e nem ensinar, se teme por sua

segurança, sua integridade pessoal ou simplesmente por seus bens.10

d) Revisão do projeto propriamente dito

Uma das competências que não deve ser esquecida pelo professor é a inclusão dos

pais no processo de trabalho. Essa competência engloba: dirigir reuniões de

informação e de debate; fazer entrevistas e envolver os pais na construção dos

saberes.10 Essa prática favorece o diálogo e a modificação dos determinantes que

influenciam a saúde, já que se trata de um trabalho voltado para promoção desta.

“... tinham crianças que tinham muitas cáries, muitos problemas até de saúde mesmo,

(...) e, nós mandávamos por escrito comunicando que o filho precisava comparecer ao

posto de saúde, e os pais não deram à mínima. Nós ficamos um ano lutando, com

algumas crianças, com a minoria, mas, isso é uma dificuldade, porque nós por um lado

falamos com as crianças, com os adolescentes, mas, os pais, não eram atingidos na

totalidade do programa; as palestras para os pais deveriam ser mais amplas, a

participação dos pais deveria ter sido mais ampla nas escolas, eles deveriam ter sido

chamados mais vezes na escola. E isso, eu acredito que seja uma dificuldade” (Ensino

5).

III. Propostas para melhoria do DENTESCOLA:

De acordo com as facilidades e dificuldades apontadas pelos entrevistados, fizemos um

questionamento acerca de propostas que os mesmos considerariam válidas para

melhoria ou aperfeiçoamento do projeto. Essas sugestões giram em torno da:

• Ampliação do número de vagas de estagiários

Supervisão por profissionais das diferentes categorias e não somente odontologia

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• Formação de equipes mais restritas para cada bairro, evitando o rodízio entre

supervisores e acadêmicos

• Planejamento das atividades em conjunto com a escola e comunidade e,

principalmente um maior envolvimento dos pais e responsáveis

• Maior estímulo à criação e implantação de um projeto de promotores de saúde com os

alunos das escolas (Foto 6)

• Capacitação dos atores sociais do processo, sendo destacada a importância desta

educação permanente para o supervisor

“Eu acho que o DENTESCOLA poderia, a partir do ano que vem, colocar supervisores

que não fossem apenas odontólogos (...), eu acho que deveria ser mais interdisciplinar

a partir da supervisão” (Ensino 1).

“... Eu acho que sem os estagiários a gente não desenvolve acho que nada, eles são

fundamentais, mas, que os estagiários também tivessem uma supervisão, um supervisor

dentro de cada área, né? Então, porque teria, acho que seria melhor orientado, né? pra

continuar no projeto, não que o dentista, no caso, que é o supervisor atual do

DENTESCOLA, não tenha capacidade...” (Aprendizagem 3).

“... maior número de vagas pros estagiários de todas as áreas...” (Ensino 4).

“... Eu acho que nós, supervisores, a gente tem que continuar sendo capacitado,

porque uma capacitação não é suficiente. (...) Existiu uma capacitação pra supervisor

do DENTESCOLA que, eu acho que também tem que ser, o profissional deve, não deve

ser uma coisa imposta. O profissional deve ter um perfil pro DENTESCOLA, uma coisa

que não existiu. Eu acho que o primeiro ponto é se a pessoa tem um perfil pro

DENTESCOLA, pra desenvolver esse tipo de questão, esse tipo de projeto. Segundo:

participar de capacitações, estar trazendo sempre profissionais ligados a vários as-

suntos pra serem abordados, trabalhar de forma, como dinâmicas, a gente aprender a

fazer dinâmicas, já existem curso por aí que oferecem” (Aprendizagem 3).

“... eu acho que a gente, no caso, não tá fazendo um trabalho específico pra

promotores de saúde. (...) Eu acho que deveriam criar na escola um grupo de pais, né?

que a gente pudesse trabalhar mais a fundo, pra que eles pudessem tá desenvolvendo

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este trabalho que nós faz, na escola, né? A gente deixar ali um embrião, pra depois eles

se desenvolverem sozinhos” (Ensino 4).

CONCLUSÃO

A partir dos resultados conclui-se que esforços têm sido realizados para atender a

necessidade de atenção à saúde do escolar, entendendo que é nesta fase da vida que o

profissional de saúde consegue ter bastante êxito devido à construção de valores que se

dá mais facilmente, pois, a criança e o adolescente estão em processo de formação.

O objetivo proposto no estudo foi atingido e percebe-se que quanto existe apoio dos

níveis maiores hierarquicamente, no caso, do posto de saúde, das escolas, da supervisão

- os acadêmicos atuam com mais facilidade e, os supervisores também valorizam o

trabalho coletivo realizado por acadêmicos de diferentes disciplinas na promoção de

saúde.

Do educador se exige mais quanto maior for a dificuldade e, destaca-se neste

estudo: a construção de material instrucional, a permanência do projeto nas escolas pela

necessidade de contemplar muitas escolas num dado período de tempo, a violência que

desgasta tanto e ameaça àqueles que desejam promover o bem e os ruídos que

dificultam a comunicação educador - educando.

É importante ressaltar que os atores sociais (estagiários e supervisores do

DENTESCOLA) não só apresentam críticas, mas propõe avanços para o projeto que

podem ser conquistados com uma atuação cada vez mais interdisciplinar, planejada,

com a participação de todos os envolvidos no processo, com educação permanente e

incentivo de alunos promotores de saúde nas escolas.

REFERÊNCIAS

1 Smeltzer, S. C., Bare, B. G., Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 7ª ed., Río de

Janeiro (RJ), Guanabara Koogan, 1994, p. 57–58.

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2 Brasil. Ministério da Saúde`, O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios/

Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde, Brasília (DF),

Ministério da Saúde, 2005. 3 Río de Janeiro, Promoção de saúde na escola: escola promotora de saúde, 2ª ed., Río de

Janeiro (RJ), 2001. 4 Río de Janeiro, Decreto nº 20311 de 30 de Julho de 2001, Cria o Programa de Saúde Bucal

para os alunos da Rede Municipal de Ensino, DENTESCOLA, Río de Janeiro (RJ), 2001. 5 Cervo, A. L., Bervian, P. A., Metodologia científica, 4ª ed., São Paulo (SP), Makron

Books, 1996, p. 29. 6 Silva, V. C., Santos M. S. S., “A Vivência do Trabalho Interdisciplinar no

DENTESCOLA: a participação do acadêmico de enfermagem”, Trabalho de Conclusão de

Curso, Río de Janeiro (RJ): EEAN/UFRJ, 2003. 7 Brasil. Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº196, de 10 de

Outubro de 1996 – dispõe sobre pesquisa envolvendo seres humanos, Brasília (DF): MS,

1996. 8 Minayo, M. C. S. et al., Pesquisa social: teoria, método e criatividade, 12ª ed., Río de

Janeiro (RJ), Vozes, 1999, pp. 21–22. 9 Freire, P., Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa, 24ª ed., São

Paulo (SP), Paz e Terra, 2002, pp. 43–44. 10 Perrenoud, P., 10 novas competências para ensinar, 1ª ed., Porto Alegre, Artmed, 2000,

pp. 141-143.