Perfil Médico Cirurgião

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Psicólogo inFormação, ano 14, n. 14, jan./dez. 2010 Psicólogo inFormação ano 14, n, 14 jan./dez. 2010 Copyright © 2010 Instituto Metodista de Ensino Superior CNPJ 44.351.146/0001-57 Perfil de personalidade do médico cirurgião e do médico pronto-socorrista: um estudo exploratório Psychological characteristics of surgeons and emergency room’s medical doctors: an exploratory study FABIANA FEBA* SONIA MARQUES** Resumo O presente estudo teve como objetivo identificar diferenças no perfil de personalidade do médico que escolhe cirurgia e o médico que escolhe pronto-socorro. Como base teórica para a discussão, foi utilizada a proposta apresentada por Kersey e Bates (1984) na definição de tempe- ramentos que define os diferentes tipos de personalidades e sua forma de atuar no mundo. Participaram deste estudo 50 médicos, sendo 25 cirurgiões e 25 prontos-socorristas. Os médicos responderam a um questionário de identificação pessoal contendo algumas questões sobre motivos de escolha da profissão. Também responderam ao questionário de inclinações pessoais para identificação de seus temperamentos. O índice de médicos cirurgiões com temperamento SJ foi superior aos demais temperamentos, assim como o de prontos-socorristas com tem- peramento SP. Conclui-se que, pelo menos nesta amostra, a imagem profissional do médico condiz com os atributos valorizados e desejados por indivíduos com temperamento realista judicativo para os cirurgiões, e realista perceptível para os prontos-socorristas. Palavras-chave: temperamentos; escolha profissional; medicina. * Graduanda em psicologia pela Universidade Metodista de São Paulo. ** Mestre em psicologia da saúde e professora do Curso de Psicologia da Univer- sidade Metodista de São Paulo.

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O perfil de um médico cirurgião ou de pronto-atendimento.

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    Psiclogo inFormao

    ano 14, n, 14 jan./dez. 2010

    Copyright 2010 Instituto Metodista de

    Ensino Superior CNPJ 44.351.146/0001-57

    Perfil de personalidade do mdico cirurgioe do mdico pronto-socorrista: um estudo exploratrio

    Psychological characteristics of surgeons and emergency rooms medical doctors:an exploratory study

    Fabiana Feba*Sonia MarqueS**

    ResumoO presente estudo teve como objetivo identificar diferenas no perfil de personalidade do mdico que escolhe cirurgia e o mdico que escolhe pronto-socorro. Como base terica para a discusso, foi utilizada a proposta apresentada por Kersey e Bates (1984) na definio de tempe-ramentos que define os diferentes tipos de personalidades e sua forma de atuar no mundo. Participaram deste estudo 50 mdicos, sendo 25 cirurgies e 25 prontos-socorristas. Os mdicos responderam a um questionrio de identificao pessoal contendo algumas questes sobre motivos de escolha da profisso. Tambm responderam ao questionrio de inclinaes pessoais para identificao de seus temperamentos. O ndice de mdicos cirurgies com temperamento SJ foi superior aos demais temperamentos, assim como o de prontos-socorristas com tem-peramento SP. Conclui-se que, pelo menos nesta amostra, a imagem profissional do mdico condiz com os atributos valorizados e desejados por indivduos com temperamento realista judicativo para os cirurgies, e realista perceptvel para os prontos-socorristas.Palavras-chave: temperamentos; escolha profissional; medicina.

    * Graduanda em psicologia pela Universidade Metodista de So Paulo.** Mestre em psicologia da sade e professora do Curso de Psicologia da Univer-

    sidade Metodista de So Paulo.

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    AbstractThe aim of this study was to identify differences of psychological characteristics between surgeons and medical doctors that belong to emergency rooms (ER). It was chosen the Kersey and Bates (1984)s proposal of temperaments as the theoretical base to discuss the finds. Fifty medical doctors were contacted, 25 surgeons and 25 ERs doc-tors. They answered questions about their motifs for choosing their areas of actuation. Afterwards they answered a Personal Inclinations Indicator, based on Kersey and Bates instrument. As was theoreti-cally expected, it was possible to identify that the temperament most frequent among the surgeons was sensation/judgement - SJ and the temperament most frequent among the ERs doctors was sensation/perception. Keywords: temperaments; professional choice; medical doctors.

    Desde criana temos a necessidade de fazer escolhas, seja pelo brinquedo, pelo desenho, pelas roupas... E entre as muitas que faremos ao longo da vida, existe a escolha profissional. Ser no incio da vida adulta que as escolhas se fortificaro e muitos se sentiro impulsionados a escolher uma profisso que satisfaa seus anseios. A escolha profissional (GARCIA; SILVA, 2006) no determinada apenas por um ou dois fatores, mas sim influenciada tanto pelo mundo em que a pessoa vive como pelo modo como ela o compreende. H fatores subjetivos, emocionais e pessoais, que esto envolvidos na escolha da futura profisso, determinada pela relao entre o homem e o mundo.

    Com relao ao exerccio profissional, Macedo (1998 apud MAR-QUES, 2000) entende que so necessrios competncia, capacidade de aprender, autocontrole, iniciativa, capacidade para gesto do aleatrio, capacidade de ao, raciocnio, capacidade de diagnstico, ateno, busca contnua de formao, coletivismo e habilidades de comunicao. Alm dessas habilidades citadas, Garcia e Silva (2006) consideram que, para uma boa escolha profissional, tambm so ne-cessrios o desejo, o que se espera do futuro, alm de que tambm se escolhe em funo da condio social, das competncias e habilidades do indivduo, das influncias familiares, sociais, acadmicas etc. De modo que a melhor escolha aquela que realizada de forma mais consciente, considerando-se o que se quer e o que se pode.

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    A escolha profissional tem significativa importncia para o in-divduo, pois seu futuro ser, em grande parte, construdo em torno do seu trabalho; durante anos ele dever desenvolver uma atividade profissional na qual sobreviver social, fsica e psicologicamente, dedicando o melhor de si, de seus esforos fsicos e mentais, de sua energia, de seu tempo e seu empenho. O escolher depender tambm da qualidade de vida e certamente dos que vivem ao seu redor, sua famlia e meio social. Sua capacidade para realizar uma boa escolha determinar, em grande parte, a realizao de seus potenciais criativos, sua utilidade no mundo e sua autorrealizao enquanto pessoa. Em seu cotidiano, as pessoas apresentam diferen-tes formas de se relacionar. Observamos essas diferenas quanto ao modo de relacionamento consigo mesmo, com os outros e com a vida. (MAIORINO, 1999).

    De acordo com Bohoslavsky (1998, p. 30), a identidade ocupacio-nal no vista como algo definido, mas como um momento de um processo submetido s mesmas leis e dificuldades daquele que conduz conquista da identidade pessoal. Apesar de a identidade ocupacio-nal se desenvolver como um aspecto da identidade pessoal, pode-se dizer que so dois processos que caminham juntos em determinado momento de transio a adolescncia da vida do indivduo.

    A direo do desenvolvimento no envolve apenas o desejo de ser um indivduo produtivo, mas o de receber a recompensa adequada sua produo, ter respeito prprio e de seus pares e estes aspectos podero influenciar sua opo. Segundo Penteado (1976), ser nestas circunstncias que a escolha profissional trar para o indivduo status em relao comunidade a que pertence, adquirindo respeito prprio e valorizao do meio. Diferentes gru-pos sociais, juntamente com a famlia, pressionaro o indivduo para que se torne consciente da necessidade de executar uma tarefa bem-sucedida ao longo da vida.

    Ferreti (1976) indica que as escolhas de uma carreira no so realizadas somente com base em prestgio social, mas em fatores como aptides, habilidades, disponibilidade econmica, necessidades pessoais, oportunidades de estudo, conhecimento das profisses, valores morais e sociais que auxiliaro, em maior ou menor grau, o processo de escolha, seja ela consciente ou inconsciente.

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    Para todos, fundamental descobrir habilidades pessoais que podem auxiliar numa futura carreira profissional. Algumas habi-lidades j existem em cada um de ns, esperando ser reveladas atravs do autoconhecimento e da aprendizagem de como us-las em proveito prprio e na atuao profissional. Entre as diferentes propostas para conhecimento de caractersticas psicolgicas, esco-lhemos trabalhar com a teoria dos temperamentos, proposta por Kersey e Bates (1984 apud MARQUES, 2000).

    Com relao carreira mdica, Millan e Arruda (1999) afirmam que a medicina sempre foi considerada eminentemente como uma arte, um conjunto de conhecimentos pragmticos e de receitas. Uma posio idealizada por todos, sendo sempre colocada como uma profisso de status, que daria quele que recebe a denominao de Doutor uma imagem socialmente muito valorizada. O mdico tem a imagem de um sbio, um super-homem, com poderes de curar.

    Quando se fala em vocao mdica, faz-se referncia princi-palmente s atividades clnicas e cirrgicas, no a todas as reas abrangentes que envolvem a medicina hoje. Segundo Millan e Ar-ruda (1999), o mdico ideal deve se constituir na vontade de socor-rer, no amor ao prximo e no esprito de sacrifcio. Hoje, o mdico no pode mais se limitar a cuidar somente do indivduo, ele est comprometido a participar mais ativamente da vida coletiva, ou seja, da multidisciplinaridade, da a necessidade de alargar seus conhecimentos para abranger os problemas da comunidade.

    Para Zimerman (1992), o mdico precisa exercer sua profisso satisfatoriamente, estabelecendo uma boa relao com o seu paciente e para isso ele aponta alguns atributos desejveis, como, por exem-plo: o mdico deve possuir um esquema referencial que consiste no conjunto de conhecimentos, afetos e experincias, com os quais ele pensa, age e se comunica; o mdico deve ter capacidade de intuio e empatia; o mdico deve ser continente; o mdico deve ter a capa-cidade para se deprimir e, ainda, afirma o autor que fundamental a capacidade de comunicao.

    Dificilmente um mdico no reclama do desgaste fsico e mental que a profisso provoca, ao mesmo tempo em que desfruta do prazer de exerc-la. Como conhecedor das funes de cada rgo do corpo humano, ele diagnostica doenas e escolhe o melhor procedimento

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    para combat-las. Prevenir tambm faz parte de suas tarefas, prin-cipalmente se for especializado na rea de sade pblica.

    As possibilidades de atuao so inmeras e cada uma delas necessita, alm do conhecimento especfico, um conjunto particular de habilidades e competncias. Ser que a escolha que um mdico faz de uma determinada forma de atuao est ligada apenas oportunidade de trabalho ou ao status que tem no mundo mdico? Em que medida as competncias e habilidades pessoais influenciam na escolha de ser mdico ou na prpria especialidade?

    Buscando responder a estas questes, o objetivo do presente estu-do verificar se existem diferenas no perfil de personalidade do m-dico que escolhe cirurgia e do mdico que escolhe pronto-socorro.

    Apontamentos sobre a proposta da tipologiajunguianaJung (1920) afirmou que as pessoas so diferentes em maneiras

    fundamentais, mesmo quando tm vrios instintos impulsionando-as de dentro para fora. Assim, um instinto no mais importante do que o outro. O que realmente importa a preferncia pela qual a pessoa os organiza e o modo como eles atuam.

    Para Jung, as pessoas possuem diferentes formas de se relacio-nar com o mundo. Ele teve uma preocupao, um interesse pelas relaes dos homens com o meio exterior; se interessou, ento, pela comunicao entre as pessoas e a partir de suas observaes percebeu que os homens apresentam caractersticas combinadas entre si e a essas combinaes ele chamou de tipos psicolgicos (SILVEIRA, 2001).

    Jung (1920, p. 495) chama de disposio uma conjuno de fatores que predispe o indivduo a agir ou reagir numa ou noutra direo: Disposio geral o resultado de todos os fatores capa-zes de influir essencialmente na psique, isto , aptides genticas, educao, influncias no meio, experincias de vida, inteleces e convices obtidas por diferenciao e representaes coletivas, etc.. Ele identifica dois tipos gerais de disposio a introverso e a extroverso que se distinguem pela direo do interesse e pelo movimento da libido do indivduo. Para o autor, a energia que o indivduo destina para si ou para o mundo a sua volta definir sua

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    disposio. Segundo Marques (2000) e Zacharias (1994), a diferen-a entre o extrovertido e o introvertido marcada por oposies; quando um elabora as experincias recebidas de uma determinada maneira, o outro reage da forma oposta. Caractersticas comuns a indivduos introvertidos geralmente so opostas, ou esto ausentes, entre os indivduos extrovertidos. Todos tm as duas atitudes, mas por algum motivo, desenvolvemos mais uma do que a outra.

    Os tipos gerais de disposio (introverso e extroverso), para Silveira (2001), esto relacionados maneira como se processa o movimento da libido em relao ao objeto. Na extroverso, a libido vai em direo ao objeto, sem medo; j na introverso, a libido recua frente ao objeto, pois este parece ter algo que ameaa o indivduo.

    O indivduo com disposio extrovertida acaba por ter maior facilidade para se relacionar com outras pessoas, visto que apre-senta facilidade para adaptar-se s condies que lhe so dadas pelo meio. Assim, o indivduo extrovertido possui uma natureza aberta e acessvel a todos e acaba por sempre estabelecer relaes com os outros, influenciando alguns e se deixando ser influenciado por outros. Pode-se dizer ento que um indivduo extrovertido se caracteriza por ser altamente socivel, expansivo, mantendo relaes diferentes com cada pessoa e, assim, acabando por dissipar mais energia (RAMOS DA SILVA, 1992).

    A mesma autora comenta que o indivduo introvertido acaba por ser caracterizado como uma pessoa mais fechada, muitas vezes fican-do isolada do restante de um grupo; seus relacionamentos so mais profundos, mas suas relaes so limitadas e conserva mais a energia e gosta de manter uma territorialidade em seus relacionamentos.

    Segundo Zacharias (1994) a introverso e a extroverso so atitudes naturais humanas e no significam qualquer trao de patologia; representam uma preferncia natural de cada indivduo e sua maneira de relacionar-se com o mundo. Para Jung (1921), as duas disposies so complementares entre si, ou seja, temos dentro de ns as duas disposies, visto que necessitamos de ambas para nos relacionarmos com a realidade de forma adequada. Ocorre que, geralmente, utilizamos mais uma do que a outra, nos aperfeioando em uma delas e deixando a outra pouco diferenciada pelo pouco uso que dela fazemos.

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    Alm dos tipos gerais de atitude introverso e extroverso, Jung (1921) identificou quatro funes psicolgicas para completar sua descrio dos tipos psicolgicos, pois constatou que indivduos do mesmo tipo geral de atitude no se comportam de forma exatamente semelhante. So quatro as funes psicolgicas bsicas: sensao (S), intuio (N), pensamento (T) e sentimento (F). Jung (1920) indica ainda que essas quatro funes seriam divididas em racionais e irra-cionais. As funes irracionais estariam ligadas ao recebimento das informaes (percepo) e seriam as funes sensao e intuio; j as funes racionais, o pensamento e o sentimento, estariam relacio-nados com a tomada de deciso a partir do que recebido, ou seja, por assim dizer, a funo racional uma organizadora das funes recebidas (KERSEY; BATES, 1984 apud RAMOS DA SILVA, 1992).

    Segundo Marques (2000) o indivduo pode receber as infor-maes de duas maneiras: atravs da sensao, na qual elas so adquiridas atravs dos rgos dos sentidos (tato, olfato, audio, gustao e viso), ou atravs da intuio, no qual o recebimento da informao feito a partir do recebimento de imagens por insights sobre seus significados.

    Para Jung (1921), a funo intuitiva representa uma viso futura do que ainda est por vir e que s depois dos acontecimentos po-demos perceber o que haveria no objeto. Jung (1921) comenta ainda que a funo intuitiva relaciona-se com uma atitude de expectativa, visto que o indivduo com preferncia por essa funo acabar por intuir um significado para uma dada situao; ele vive na antecipa-o: tudo o que , percebido apenas como um ponto de referncia e, por essa razo, experimenta frequentemente uma vaga sensao de insatisfao e de inquietude, j que est sempre voltado para as possibilidades de mudana ou de aperfeioamento do real. Assim, a funo intuitiva permite que o indivduo que tenha preferncia por esta funo no apenas reaja ao significado aparente de situao, ou de um objeto, mas que tambm tenha uma ao de apreender e configurar tal situao (RAMOS DA SILVA, 1992).

    J os indivduos, com as funes pensamento e sentimento, pensam antes de tomar as suas decises e assim fazem uso das suas faculdades mentais, s que um tem um raciocnio mais lgico (pen-samento) e o outro tem um raciocnio que leva mais em considerao

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    o sentimento. Tanto o pensamento como o sentimento apreendem fatos por meio da avaliao objetiva (JUNG, 1921).

    Conforme Marques (2000), o pensamento e o sentimento so maneiras alternativas de elaborar julgamentos e tomar decises, por isso so chamadas funes racionais. Pensamento, no entanto, est relacionado com a verdade, com julgamentos derivados de critrios impessoais, lgicos e objetivos. As pessoas nas quais predomina a funo pensamento so chamadas de reflexivas. Esses tipos reflexi-vos so grandes planejadores e tendem a se agarrar a seus planos e teorias, ainda que sejam confrontados com contraditria evidncia. Os tipos sentimentais so orientados para o aspecto emocional da experincia. Eles preferem emoes fortes e intensas, ainda que nega-tivas. A conscincia e princpios abstratos so altamente valorizados pela pessoa sentimental. Para eles, as decises devem ser tomadas de acordo com julgamentos de valores prprios, como, por exemplo, valores do bom ou do mau, agradvel ou desagradvel, ao invs de julgar em termos de lgica ou eficincia, como faz o reflexivo.

    Pode-se assim resumir as quatro funes:

    A sensao responsvel por nos dizer que algo existe, o pensamen-to responsvel por nos mostrar como esta coisa, o sentimento responsvel por nos revelar se tal coisa nos agradvel ou no e a intuio responsvel por nos dizer de onde tal coisa vem e para onde ela ir (JUNG, 1921, p. 61).

    Todos os indivduos usam as quatro funes, mas uma delas sem-pre se apresenta de maneira mais desenvolvida que as outras. Tem-se a a funo principal do indivduo, ou funo dominante, que aquela que vai dar a marca caracterstica ao tipo psicolgico do indivduo e que usada de maneira consciente. A segunda funo mais desen-volvida serve de auxiliar primeira, por isso chamada de funo auxiliar; a terceira, em grau de desenvolvimento, muito rudimentar, e a quarta quase no desenvolvida, permanece no inconsciente e assim denominada de funo inferior (SILVEIRA, 2001).

    A proposta de Jung que, a partir da combinao das atitudes e funes, surgiriam oito tipos. Assim, com as combinaes entre atitudes e funes podem-se ter tipos extrovertidos e introvertidos

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    com a predominncia de uma das quatro funes: pensamento, sen-timento, sensao e intuio. justamente essa combinao entre as atitudes e funes, na ordem de preferncia de cada indivduo, que definiria o tipo psicolgico (MARQUES, 2000).

    Isabel Briggs Mayers e sua me Katharine Cook Briggs, depois de anos de estudos, acrescentaram teoria tipolgica de Jung um quarto fator, tambm composto por um par de opostos, que elas denominaram de julgamento (J) e percepo (P), que tem como funo conduzir a vida dos indivduos no mundo exterior (MAR-QUES, 2000).

    Apesar de todas as funes serem necessrias, todos usamos mais naturalmente uma forma de operao dentro de cada categoria. Porm, para um equilbrio nesse processo, uma funo vivida mais de maneira extrovertida e a outra de maneira mais introvertida. E a combinao entre as atitudes e funes, na ordem preferida de cada um, definiria o tipo psicolgico do indivduo, caracterizado por interesses, valores, hbitos mentais que provm naturalmente dessa combinao (MARQUES, 2000).

    Sobre temperamentosMarques (2000) informa que, com base na estrutura tipolgica

    junguiana e no desenvolvimento terico de Myers Briggs, e procu-rando facilitar a utilizao da teoria, Kersey e Bates propuseram certos padres psicolgicos que chamaram de temperamento.

    Ramos da Silva (1992) cita que, de acordo com Kersey e Bates, existiriam quatro inclinaes temperamentais, baseadas em aspectos dominantes, que possuiriam um alcance mais abrangente e til para se entender o comportamento em geral, e mais especificamente o comportamento vocacional, que possibilitam estudos sobre os diver-sos campos profissionais em que pessoas com determinado tempe-ramento teriam maiores possibilidades de desenvolvimento: perfil realista perceptivo, perfil realista judicativo, perfil intuitivo racional e perfil intuitivo sensvel. Esses quatro perfis, combinados a algumas variveis, resultam em 16 subtipos, com modos dominantes de com-preender, agir e avaliar frente s diversas situaes de vida.

    Segundo Ramos da Silva (1992), para adaptar-se teoria dos temperamentos, a teoria junguiana sofreu algumas modificaes.

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    Enquanto para Jung, a extroverso e a introverso exerciam uma im-portncia diferenciadora, para Kersey e Bates elas tornam-se um par de dimenses no mesmo grau de igualdade das outras dimenses.

    Dessa forma, o aspecto caracterstico da abordagem dos tem-peramentos a combinao base de quatro temperamentos bsicos (realista perceptivo, realista judicativo, intuitivo racional e intui-tivo sensvel), sobre o qual se diferenciam as dimenses da extro-verso (E) e da introverso (I). Ainda, conforme o temperamento, distinguem-se as dimenses julgamento/percepo (J/P) para os temperamentos intuitivo racional e intuitivo sensvel e as dimenses razo/sentimento (T/F), para os temperamentos realista-perceptivo e realista-judicativo.

    De acordo com Marques (2000), o essencial para se compreender o conceito de temperamento formulado por Kersey e Bates estaria na importncia dada pelos autores diferena entre sensao e intuio. Para os autores, a identificao das diferenas na forma como as pesso-as coletam informaes permitiria a compreenso da maior parte das interaes humanas. O temperamento, ento, seria definido a partir das preferncias que o indivduo tem pela sensao ou pela intuio.

    Temperamento realista perceptivo (SP)O essencial para o indivduo com temperamento realista per-

    ceptivo a liberdade de ao. Sente-se pleno ao trabalhar de forma independente, uma vez que seu ideal, tambm na rea profissional, uma situao que lhe permite agir quando e como gosta (RAMOS DA SILVA, 1992). Segundo esta autora, ele trabalha essencialmente sob o impulso da ao. Responsabilidade, dever e poder mostram-se como valores secundrios, pois o que realmente importa viver o momento presente plenamente.

    A autora coloca que a pessoa que tem esse temperamento , geralmente, bem aceita socialmente, demonstrando grande facilidade de fazer amizades, pois est sempre animada e essencialmente otimista em relao vida. Realista perceptvel: ao; impulsivida-de; realismo; senso de oportunidade; insubordinao; fraternidade solidariedade; otimismo. Profisses: diplomata, piloto, empres-rio, administrador, detetive, engenheiro civil, mecnico, todas que valorizam a liberdade de expresso, compositor, pintor.

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    Temperamento realista judicativo (SJ)Segundo Ramos da Silva (1992), a dedicao e a persistncia so

    as caractersticas marcantes deste temperamento. Pessoas com este temperamento voltam-se essencialmente para o trabalho e para o cumprimento de seus deveres, procurando viver de forma paternal, responsvel e hierrquica.

    Esses aspectos se revertem em um aprimoramento das res-ponsabilidades em relao famlia, ao emprego, nao. Ser til aos demais naquilo que est ao seu alcance, semear a harmonia e a felicidade junto queles com quem convive, so finalidades que perseguem incansavelmente, mesmo que as adversidades os tor-nem pessimistas e desanimados. Mas rapidamente, a partir de um pequeno gesto de cordialidade e de reconhecimento, reerguem-se e continuam na perseguio de seus valores existenciais (RAMOS DA SILVA, 1992).

    Os indivduos com temperamento realista judicativo inclinam-se mais a profisses ou ocupaes que envolvam servios aos demais ou que faam parte de uma organizao estabelecida e reconhecida. Ge-ralmente vai para elas com o objetivo de estabiliz-las, de mant-las, pois fundamental para estes indivduos haver continuidade em seu trabalho. Por esta razo, todas as ocupaes envolvendo servios aos demais e reconhecimento atraem as pessoas que possuem este tempe-ramento, como o caso da medicina, entre outras profisses (RAMOS DA SILVA, 1992). Portanto, o temperamento realista judicativo tra-duzido como: sentido de dever; responsabilidade; conservadorismo; doao; vnculos a instituies; sentido hierrquico. As profisses mais apropriadas so: bilogo, historiador, economista, administrador, secretrio, advogado, juiz, professor, enfermeiro, comerciante.

    Temperamento intuitivo racional (NT)O que caracteriza esse temperamento o desejo de compreender

    e de controlar a natureza, tanto fsica como social. Este tempera-mento persegue a capacidade, habilidade, eficincia e, por julgar-se o nico capaz de avaliar a prpria competncia, portador de uma crtica impiedosa (RAMOS DA SILVA, 1992).

    A autora indica que pessoas que tm esse temperamento pos-suem desejo pela competncia que tanto os impulsiona a progredir

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    e a dedicar-se continuamente sua opo profissional. Porm, so frequentemente perseguidos pelo medo do fracasso, tendo um grau de insegurana pessoal que muitas vezes dificulta o empre-endimento da ao.

    Estas pessoas vivem em funo do trabalho, tendo em vista que para elas o aprender uma preocupao sem pautas, e que deve ser levado a srio, assim como seu trabalho.

    O intuitivo racional apresenta poder; competncia; controle da natureza; autocrtica; resistncia autoridade; dirige-se para o fu-turo. Aprender uma preocupao contnua. Campos profissionais: cincias, matemtica e lgica. Profisses: engenheiro, pesquisador, fsico, militar, administrador, filsofo, matemtico, arquiteto de ideias, professor.

    Temperamento intuitivo sensvel (NF)O indivduo intuitivo sensvel no gosta de ser igual aos ou-

    tros, ele quer ter algo em especial que o diferencie da multido. Ramos da Silva (1992) enfatiza que a vida para esta pessoa uma busca constante, sendo este seu objetivo mximo. Tem necessidade compulsiva de encontrar sua prpria autenticidade, seu prprio eu, porm este objetivo pode lhe causar culpa, pelo seu eu (self) real, no ser o seu eu (self) imaginado, idealizado. Assim, pode-se dizer que o indivduo intuitivo sensvel no gosta de ser igual aos outros, ele quer ter algo em especial que o diferencie da multido.

    Segundo a autora, possui um forte sentimento de misso, sendo que muitas vezes se esfora para ganhar discpulos e seguidores. Porm, embora possa ficar por algum tempo arrebatado por de-terminada causa, pode desistir facilmente se esta no apresentar suficiente profundidade e possibilidades de melhorar as condies das pessoas do mundo. Sua meta ter uma meta. Esses sujeitos expressam-se atravs de comportamentos verbais e no verbais, e a sua linguagem verbal ou no verbal acaba por atingir um expoente mximo, por isso tem uma enorme facilidade em escrever (RAMOS DA SILVA, 1992).

    Intuitivo sensvel indica: individualidade; autorrealizao; unidade; comunicao no verbal; sentido de misso; dramatizao das experincias de vida; orientao para o futuro e possibilidades

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    das pessoas; busca de interao interpessoal. As profisses mais comuns: escritor, psiquiatra, poeta, jornalista, bigrafo, psiclogo, professor universitrio.

    A partir do referencial terico apresentado, o presente trabalho tem por objetivo identificar o perfil de personalidade do mdico que escolhe cirurgia e o mdico que escolhe pronto-socorro; verifi-car como as caractersticas de personalidade podem influenciar na escolha da rea de atuao desses mdicos.

    Mtodo

    Participantes Participaram deste estudo 25 cirurgies e 25 prontos-socorristas,

    dos gneros masculino e feminino, trabalhadores em oito hospitais p-blicos e particulares, locais em que os instrumentos foram aplicados.

    Instrumentos Foram utilizados: a) Questionrio de identificao de gnero e

    idade e que continha questes sobre a carreira mdica; b) Questio-nrio de Inclinaes Pessoais: verso utilizada por Ramos da Silva, baseada no teste apresentado por Kersey e Bates (1984 apud RAMOS DA SILVA, 1992).

    Procedimento A aplicao foi feita em centros cirrgicos e prontos-socorros

    dos hospitais. Pela facilidade da aplicadora ter acesso aos centros ci-rrgicos (devido ao seu trabalho), contatou os cirurgies, explicando e pedindo autorizao para aplicao do questionrio. Para aplicao em prontos-socorristas, a aplicadora foi aos prontos-socorros dos hospitais e tambm unidades de resgate. Aps o primeiro contato, foi entregue a cada participante o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Logo aps o preenchimento do termo, foi entre-gue o questionrio de identificao de gnero e idade e com questes da carreira. Em seguida, os participantes receberam o Questionrio de Inclinaes Pessoais. Aps a coleta dos dados, foi feita uma an-lise quantitativa dos dados obtidos. Para o estudo comparativo das atitudes e funes, tipos e temperamentos existentes nas amostras

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    foi utilizada a Taxa de Autosseleo (SSR Self Selection Rate), que indica o grau de autosseleo de um determinado tipo na amostra considerada. Esta taxa obtida atravs da diviso da frequncia do tipo psicolgico na amostra pela frequncia desse mesmo tipo na po-pulao base. Valores acima de 1,00 indicam autosseleo positiva, ou seja, a frequncia encontrada na amostra apresenta-se acima do que seria esperado se a escolha fosse devida apenas ao acaso. Valores abaixo de 1,00 indicam certo grau de evitao (MYERS, 1997 apud MARQUES 2000). Os dados de autosseleo so apresentados atra-vs da tabela de tipos, que a forma padronizada por Isabel Myers para a apresentao da distribuio da frequncia dos tipos dentro de um grupo especfico, bem como para as apresentaes das taxas de autosseleo. Segundo McDaid (1991 apud MARQUES, 2000), a validade da comparao entre populaes depende da seleo apropriada da populao de referncia, que deve estar diretamente relacionada hiptese que est sendo testada. Para este estudo, foi utilizada como base a frequncia esperada para cada temperamento na populao em geral, usada por Ramos da Silva (1992).

    Resultados e discussoOs dados apresentados a seguir referem-se caracterizao

    dos participantes (50 mdicos, sendo 25 cirurgies e 25 prontos-socorristas). Entre os prontos-socorristas, as mulheres representam 32% e entre os cirurgies representam 48%, estabelecendo uma mdia entre todos os mdicos de 40% da atuao feminina. Trata-se de uma amostra de profissionais jovens, pois a maioria dos mdicos tem menos de 40 anos.

    Com relao ao tempo de formao e atuao na rea, observou-se que a maioria (46 = 92%) dos mdicos tinham entre 1 e 10 anos de formado, e 4 (8%) mdicos tinham mais de 30 anos de atuao na rea. Nas duas especialidades, a maioria dos mdicos tinha me-nos de 10 anos de atuao, sendo 68% entre os prontos-socorristas e 80% entre os cirurgies. Portanto, so mais jovens na rea, mas no menos experientes.

    A seguir, so apresentados dados referentes identificao dos temperamentos desses mdicos e a comparao dos temperamentos em relao aos atributos escolhidos.

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    Tabela 1 Distribuies das frequncias de atitudes e funes nas reas de prontos-socorristas e cirurgies.

    Especia-lidades mdicas

    E

    extro-

    vertido

    I

    intro-vertido

    S

    sen-

    sao

    N

    intui-

    o

    T

    funo pensa-

    mento

    F

    senti-

    mento

    J

    julga-

    mento

    P

    percepo

    Pronto-socorrista 68% 32% 76% 24% 56% 44% 24% 76%

    Cirurgio 48% 52% 84% 16% 64% 36% 80% 20%

    Observa-se na Tabela 1 que, com relao preferncia por um

    dos termos dos pares de opostos de atitude ou funo, maior o nmero de extrovertidos entre prontos-socorristas comparando-se com os cirurgies. Entretanto, em ambos (76% dos prontos-socor-ristas e 84% dos cirurgies) h preferncia, como funo de coleta e assimilao de informao, pela sensao (S); aparece em ambos uma ntida preferncia por critrios objetivos para tomada de deci-so (T), e a maior parte da amostra de mdicos-cirurgies prefere levar sua vida de forma organizada (J).

    A presena da atitude extrovertida em nmero considervel entre os prontos-socorristas indica que sejam pessoas mais soci-veis e mais interessadas na interao e convivncia com outras pessoas, objetos e fatos que encontram no mundo exterior; tm uma tendncia a empenhar mais energia para conseguir seus objetivos e possuem uma vasta gama de interesse. A frequncia maior da funo sensao (S) em ambos indica que focalizam mais a sua ateno no que est presente, no que est ao seu redor, e h uma preferncia pelos aspectos prticos e concretos da situao; interessam-se mais pelos detalhes. H uma preferncia pela amostra em tomar decises atravs de critrios universais e objetivos, visto que a presena da funo pensamento (T) aparece em nmero considervel entre os mdicos das duas especialidades.

    Percebe-se tambm que, apesar de pensamento (T) ser a funo racional predominante entre os prontos-socorristas, existem mais prontos-socorristas sentimento (F) do que cirurgies sentimento. Talvez o fato de lidar com o sofrimento humano mais diretamente,

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    de maneira inesperada, seja facilitado pelo predomnio do senti-mento, diferente dos cirurgies que geralmente programam cirur-gias de maneira mais objetiva; tambm so menos pressionados pelo pouco tempo que tm para uma ao que pode representar a diferena entre a vida e a morte, como o caso dos prontos-socorristas.

    Com isso, possvel entender, conforme Marques (2000, p. 50), que pessoas com diferentes tipos psicolgicos tm diferentes atitudes, necessidades e valores, sendo atrados por profisses que acreditam ser aquelas que melhor atenderiam a suas necessidades e valores. Sendo assim, todos os tipos so encontrados em qualquer ocupao, uns com maiores frequncias que os outros. Dessa forma, seria esperado que as frequncias de cada tipo ou temperamento fossem diferentes entre os prontos-socorristas e cirurgies, pois mesmo sendo mdicos, as reas de atuao so diferentes e exigem atitudes diversas. Essa especificidade seria indicada pelas taxas de autos seleo.

    Sobre a taxa de autosseleo (SSR Self Selection Rate), essa indica o grau de autosseleo de um determinado tipo na amostra conside-rada (MARQUES, 2000). Para se obter essa taxa feita a diviso da frequncia do tipo psicolgico na amostra pela frequncia desse mesmo tipo na populao base. Valores acima de 1,00 indicam autosseleo positiva, ou seja, a frequncia encontrada na amostra apresenta-se acima do que seria esperado se a escolha fosse devida apenas ao acaso. J valores abaixo de 1,00 indicam certo grau de evitao.

    Os dados da autosseleo so apresentados atravs da tabela de tipos, forma padronizada por Isabel Myers para a apresentao da distribuio da frequncia dos tipos dentro de um grupo especfico (MARQUES 2000).

    As taxas de autosseleo (SSR) de cada temperamento foram calculadas tendo como base a distribuio esperada na populao em geral. Segundo a distribuio de temperamentos, indicada por Ramos da Silva (1992), baseada em estudos realizados por Kersey e Bates (1984 apud RAMOS DA SILVA, 1992), seria esperado que 38% da populao possussem o temperamento SJ e 38% o tem-peramento SP. Os temperamentos NF e NT corresponderiam ao restante, sendo 12% cada um.

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    Tabela 2 Distribuio da frequncia dos temperamentos (prontos-socorristas)

    SJ

    (realista judicativo)

    24%

    SSR: 0,63

    SP

    (realista perceptivo)

    52%

    SSR: 1,36NF

    (intuitivo sensvel)

    24%

    SSR: 2

    NT

    (intuitivo racional)

    ---

    SSR: --- Observa-se na Tabela 2 que, entre os prontos-socorristas, o

    temperamento mais frequente o intuitivo sensvel (NF, com SSR = 2), seguido do realista perceptivo (SP, com SSR = 1,36).

    Pode-se com isso dizer que os mdicos que possuem tempera-mento SP tm habilidades de atuao rpida em momentos de crises (emergncia, pronto-socorro). No campo da medicina, poder-se-ia dizer que um mdico de temperamento realista perceptivo (SP) poder se sentir inclinado a trabalhar no pronto-socorro, onde obrigado a tomar decises imediatas e imprevisveis, de acordo com as circunstncias, no trabalho com o inesperado, com a improvisao e adaptao rpida ao momento presente.

    Uma atuao mdica necessita de pessoas que busquem a estabi-lizao do paciente e mantenham sua sade de forma desejvel, em momentos de crise. Podemos supor que este fator poderia justificar termos muitos prontos-socorristas com temperamento NF, que, com sua persuaso, articulao, necessidade de perfeio e suas aptides em explorar emoes em dimenses verbais e no verbais e seu bom desempenho em situaes de emergncia, exeram sua funo em meio ao impacto do pronto-socorro. O que h em comum entre os temperamentos SP e NF desta amostra que eles so predominan-temente P (percepo). Ou seja, mais flexveis, sem apego rotina, o que auxilia na funo que exercem, j que rotina no caracterstica de um pronto-socorrista.

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    No houve nenhum pronto-socorrista com temperamento NT. As caractersticas de um NT o impulsionariam a dedicar-se continu-amente sua escolha profissional e com sua habilidade em buscar o conhecimento, teria maior interesse por trabalhos na rea acadmica ou de pesquisas. Com isso, no mostraria muito interesse por atu-aes como pronto-socorro, emergncia, j que o intuitivo racional (RAMOS DA SILVA, 1992) projeta e executa o produto, com tudo esquematizado.

    Tabela 3 Distribuio da frequncia dos temperamentos (cirurgies)

    SJ

    (realista judicativo)

    72%

    SSR: 1,89

    SP

    (realista perceptivo)

    12%

    SSR: 0,31

    NF

    (intuitivo sensvel)

    8%

    SSR: 0,66

    NT

    (intuitivo racional)

    8%

    SSR: 0,66

    Percebe-se que o temperamento mais encontrado entre os ci-

    rurgies o SJ, em 72% dos casos; SP com 12% e os temperamentos NF e NT com 8% cada um.

    observado na Tabela 3 que o temperamento realista judicativo (SJ) foi o mais encontrado entre os cirurgies (72%, com SSR = 1,89). Esse considerado um temperamento estabilizador; h preferncia por situaes organizadas, sendo determinado e persistente. Segundo Ramos da Silva (1992), as pessoas com esse tipo de temperamento preferem adquirir informaes de forma prtica, planejam suas ati-vidades, com objetivos definidos. O percentual dos temperamentos NF e NT apresentou-se abaixo do esperado para a populao geral (pois cada um teve o ndice de 8%) e o temperamento SP (realista perceptivo) tambm esteve abaixo do esperado (12%). O ndice per-centual SJ (realista judicativo) foi acima do esperado na populao em geral, indicando que esta seja uma rea dentro da medicina que

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    possivelmente atraia as pessoas com tal temperamento. Como colo-cado por Ramos da Silva (1992), os indivduos com temperamento SJ tm uma preferncia por situaes comuns, como tarefas rotineiras. E assim um cirurgio que tem de ter tudo organizado, esquematizado antes do incio da cirurgia, bem como atendimentos na clnica, cirur-gias programadas, pr e ps-cirrgico. Parece ento que tais tarefas justificam o aparecimento mais elevado deste temperamento.

    As taxas de autosseleo para os temperamentos NT, NF e SP esto abaixo das esperadas na populao (RAMOS DA SILVA, 1992). Isto pode indicar que a imagem profissional que se tem de um mdico-cirurgio no atraia os mdicos que possuem um destes temperamentos.

    Os prximos resultados dizem respeito aos motivos de escolha pelo curso de medicina e as competncias que os mdicos considera-ram necessrias para a atuao profissional, tanto em pronto-socorro quanto em centro cirrgico.

    Quadro 1 Motivos de escolha pela medicina (prontos-socorristas e cirurgies)

    MOTIVOS DE ESCOLHA PRONTOS-SOCORRISTAS CIRURGIES

    Gosto pessoal 8 10Influncias familiares 9 9Desafio 2 ---Amenizar sofrimento 2 ---nica opo 5 1Cura 1 1Explorao 2 ---Curiosidade 1 1Status 2 8Aptido --- 1

    A anlise deste quadro permite verificar quais motivos so vis-

    tos pela amostra como os mais citados entre eles e quais menos cita-dos. importante ressaltar que a vocao, como apontaram Millan e Arruda (1999), uma inclinao para um trabalho, um conjunto de caractersticas de uma personalidade, em virtude das quais uma

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    pessoa mais apta a exercer uma funo e no outra. E, na presente amostra, foi interessante observar que justamente entre as caracters-ticas menos citadas foram: aptido (uma escolha cirurgio), cura e curiosidade (uma escolha em ambos). J os motivos mais escolhidos foram gosto pessoal e influncias familiares. Esse aspecto foi apon-tado por Garcia e Silva (2006), os quais consideraram que para uma boa escolha profissional, alm do desejo, competncias e habilidades, tambm se escolhe em funo das influncias familiares.

    interessante tambm observar que o mais escolhido entre os cirurgies foi o status. Esse aspecto corrobora com Millan e Arruda (1999), os quais afirmaram que o status uma das razes da escolha pela medicina. No entanto, Ferreti (1976) apontou que as escolhas de uma carreira no so feitas somente com base no prestgio social, mas em aptides, habilidades, necessidades pessoais, oportunidades de estudo, conhecimento das profisses, valores morais fatores esses relacionados ao que explica Ramos da Silva (1992) com relao aos temperamentos. A autora aponta para o fato de que para o tem-peramento SJ muito importante o status, pois algo que deve ser conquistado, tornando-se responsvel pelo que est sob seu controle tornando-se um estabilizador da ordem social , enquanto que os SP so mais aventureiros e podem ignorar os laos sociais, especial-mente os institucionais, podendo abandonar tanto uma atividade como um padro de vida, mudando abruptamente de rumo. Para aqueles NF, o status tambm tem pouca importncia, pois pensam sempre sobre possibilidades das pessoas e as desfrutam, a fim de atualizar seus potenciais, e tm dificuldades em seguir regras, roti-nas, padres, no se preocupando com limites de tempo.

    Quadro 2 Competncias para atuao mdica (prontos-socorristas e cirurgies)

    COMPETNCIAS NECESSRIAS PRONTOS- SOCORRISTAS

    CIRURGIES

    Ateno 9 12Agilidade 6 2Segurana no que faz 6 2Disciplina 7 6Objetividade 6 7

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    Prontido 5 3Responsabilidade 7 1Abertura 1 2tica 6 1Disponibilidade 6 6Organizao 2 -Gosto/amor pelo que faz 2 -Agressividade 2 -Pacincia - 5Identificao - 4Frieza - 3Olhar materno - 3Pr-atividade - 1Determinao - 6Carisma - 1Competncia - 1Habilidade - 2Motivao - 2

    Entre as competncias necessrias citadas pelos mdicos, confor-

    me Quadro 2, verifica-se que h um grande nmero de caractersticas citadas por cirurgies que no foram citadas pelos prontos-socorris-tas. Atravs desses parmetros, levantamos as caractersticas mais importantes para cada temperamento, indicando assim a imagem profissional por grupo de temperamento.

    Entre os cirurgies, as que mais se destacaram foram: ateno, objetividade, disciplina e disponibilidade. J as menos importantes foram: tica e responsabilidade. Como a maioria dos cirurgies da amostra possua temperamento SJ, seria esperado que responsabi-lidade fosse a competncia mais escolhida. Pode-se hipotetizar com isso que essa omisso tenha ocorrido porque, para as pessoas SJ, ter responsabilidade no igual a ter competncia, mas sim valor pessoal, viso de mundo inerente a sua forma de ser e, portanto, no precisaria ser indicada. Para os prontos-socorristas, as competncias mais importantes foram: ateno, disciplina e responsabilidade e a menos importante foi abertura. Para os prontos-socorristas, pode ser que disciplina signifique dever cumprido, ao realizada a qualquer custo. Para ambos os grupos prontos-socorristas e cirurgies , a ateno foi a mais importante para os dois, mostrando que indepen-

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    dentemente da rea da medicina, a ateno tem de estar em primeiro plano. Porm, percebeu-se que os prontos-socorristas mostram ser mais geis e prontos ao inesperado, para uma ao improvisada, recuperando-se facilmente das situaes mais difceis.

    Quadro 3 Competncias indicadas para o exerccio da profisso, segundo temperamento

    PRONTOS- SOCORRISTAS CIRURGIES

    TEMPERAMENTOSCOMPETNCIAS

    NECESSRIAS SP SJ NF NT SJ SP NF NT

    Ateno 7 1 1 6 4 1 1

    Agilidade 3 1 2 1 1Segurana no que faz 4 2 2Disciplina 4 2 1 5 1Objetividade 2 2 2 5 1 1Prontido 1 1 3 2 1Responsabilidade 5 2 1Abertura 1 2tica 2 1 3 1Disponibilidade 4 1 1 4 1 1Organizao 2Gosto/amor pelo que faz 2 1 1Agressividade 2Pacincia 3 1 1Identificao 1 3Frieza 1 1 1Olhar materno 2 1Pr-atividade 1Determinao 4 2Carisma 1Competncia 1Habilidade 1 1Motivao 2

    A leitura do Quadro 3 permite observar diferenas na qualidade das competncias necessrias, indicadas pelos mdicos para o exerc-cio da profisso, que compem cada um dos quatro temperamentos;

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    porm, caractersticas como objetividade, prontido e agilidade so escolhidas pelos quatro temperamentos.

    A escolha de competncias como ateno, objetividade e dispo-nibilidade seriam esperadas para os indivduos com temperamento realista judicativo (SJ), pois so pessoas com sentido aprimorado de responsabilidade, voltadas para o mundo e dedicadas s tarefas roti-neiras. A presena da funo sensao nesses indivduos permite que estes tenham uma constatao de tudo que os cercam, adaptando-os realidade objetiva e concreta (SILVEIRA, 2001); assim, no de se estranhar que uma das caractersticas mais importantes para este temperamento tenha sido a ateno, essencial para a medicina.

    Outra competncia importante para as pessoas com o tempe-ramento SJ a disciplina, visto que os indivduos SJ doam-se de forma a honrar os compromissos. Esses indivduos so extrema-mente sensveis realidade das pessoas, com seus problemas e injustias (MARQUES, 2000; RAMOS DA SILVA, 1992), o que nos faz compreender por que competncias como ateno, prontido, disponibilidade, disciplina e objetividade foram os mais citados entre as pessoas SJ.

    Os indivduos de temperamento realista perceptvel (SP) con-sideraram agilidade, disponibilidade, ateno como sendo as com-petncias mais importantes para o exerccio da profisso. Para agir em situaes de crise, precisa-se tomar decises rpidas, algo que muito importante para o realista perceptvel e que mais acentuado nas escolhas dos prontos-socorristas.

    Segundo Ramos da Silva (1992), a funo sensao possibilita aos indivduos que tenham preferncia por esta funo acredita-rem nos fatos e na realidade, no tolerando a falta de bom senso. Provavelmente, por essa caracterstica que os mdicos realistas perceptveis consideram a caracterstica agilidade, segurana e ateno como sendo caractersticas importantes para o exerccio da profisso. Para esses indivduos, a realidade aquilo que e no aquilo que possam desejar ou planejar.

    Analisando ainda o Quadro 3, verifica-se que nenhum dos indivduos com temperamento realista perceptvel considerou a organizao como uma caracterstica importante para o exerccio da profisso. Isso pode estar relacionado ao comentrio de Ramos da

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    Silva (1992), quando indica que uma das principais caractersticas desse temperamento o gosto pela liberdade de ao, e seu trabalho feito pelo impulso da ao; com isso, os indivduos realistas per-ceptveis (SP) se tornam imbatveis em situaes de crise, que exigem uma ao improvisada, como no caso dos prontos-socorristas. Deste modo, seguir um plano de atendimento no faz sentido para esses indivduos, j que no suportam procedimentos predeterminados e no gostam de seguir uma rotina, reforando a ideia de que a liber-dade de ao seja fundamental para os indivduos SPs. No mesmo quadro, verifica-se que, das seis caractersticas que foram escolhidas pelos indivduos com temperamento intuitivo racional (NT), trs delas esto entre as mais escolhidas pelos cirurgies e prontos-socorristas. Essas trs foram: ateno, agilidade e objetividade.

    A indicao de objetividade entre as caractersticas mais im-portantes nesta amostra, possivelmente ocorreu porque a maioria tem preferncia pela funo pensamento (T). Para o indivduo com preferncia por essa funo, objetividade sempre critrio de to-mada de deciso.

    A presena da funo pensamento que d objetividade ao indivduo intuitivo racional, visto que indivduos com preferncia por esta funo tm uma tendncia a tomar decises baseadas em critrios universais e objetivos; a avaliao da situao feita a partir de um ponto de vista objetivo, por isso h certa dificuldade nos indivduos intuitivos racionais em lidar com sentimentos, tan-to que frieza citada pelo indivduo NT como algo importante e necessrio para a profisso. Os mdicos com esse temperamento foram os cirurgies, j que nenhum pronto-socorrista da amostra teve perfil NT.

    Tambm importante ressaltar que alguns indivduos intuiti-vos sensveis (NF) escolheram, como competncia necessria para a profisso, amor pelo que faz, gosto, pacincia, entre outros. Isso seria esperado, visto que uma das principais caractersticas de um indivduo NF justamente a capacidade de se colocar no lugar do outro. Para esses indivduos, cada caso um caso, que deve ser ana-lisado conforme as particularidades dele; assim, mesmo indicando objetividade, sua anlise acaba por estar mais atrelada aos aspectos subjetivos da situao. A maior preocupao com os aspectos sub-

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    jetivos de uma situao no significa que os NFs no tenham, ou no considerem importantes o bom senso. Tanto que a maioria dos mdicos NFs da amostra so prontos-socorristas.

    ConclusoO presente estudo buscou identificar as diferenas no perfil de

    personalidade do mdico que escolheu cirurgia e do mdico que escolheu pronto-socorro como rea de atuao mdica. Como base terica para a discusso, foi utilizada a proposta desenvolvida por Carl Gustav Jung, que define os diferentes tipos de personalidades e sua forma de atuar no mundo, como apresentada por Kersey e Bates (1984) na definio de temperamentos.

    Este trabalho mostrou congruncia entre as competncias neces-srias indicadas por eles como as mais importantes para o exerccio das profisses (cirurgio e pronto-socorrista), com seus respectivos temperamentos. Os mdicos-cirurgies apresentaram temperamento SJ (realista judicativo) e a maioria dos prontos-socorristas o tempera-mento SP (realista perceptvel). As competncias consideradas pelos prprios mdicos envolvem caractersticas valorizadas por pessoas com temperamento SJ e SP. Ao que os resultados indicaram, as atu-aes em centro cirrgico e pronto-socorro teriam a propriedade de atrair pessoas com diferentes temperamentos.

    As pessoas com temperamento SJ (realista judicativo) buscam a estabilidade, tanto dentro da organizao quanto fora dela, tendo uma imagem de responsabilidade social, institucional e familiar. Portanto, no foi por acaso que competncias como ateno, dis-ponibilidade e disciplina estiveram presentes dentre os mais es-colhidos, tanto pela amostra em geral como pelos indivduos com temperamento SJ.

    Com relao aos indivduos realistas perceptveis (SP), uma das principais caractersticas desse temperamento o gosto pela liber-dade de ao e, com isso, os indivduos com esse temperamento so hbeis em situaes de crise, que exigem ao improvisada, como no caso dos prontos-socorristas que citaram agilidade como sendo uma competncia necessria para a atuao.

    Este trabalho se baseou na ideia de que os padres de escolha profissional so manifestaes prticas e caractersticas bsicas de

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    personalidade. Ao final deste estudo, foi possvel verificar como as caractersticas de personalidade parecem se refletir na escolha da rea de atuao entre os mdicos.

    Referncias

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    Recebido em: 23/11/2009

    Aceito em: 04/05/2010