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PESQUISA

VALIDAO DO PROCESSO DE ESTERILIZAO DE ARTIGOS MDICO-HOSPITALARES SEGUNDO DIFERENTES EMBALAGENSVAllDATION OF THE STERlllZATION PROCESS OF MEDICAl AND HOSPITAL DEVICES ACCORDING TO DIFFERENT PACKAGING TYPES MDICO-HOSPITALARES

VAllDACIN

DEl PROCESO DE ESTERlllZACIN DE ARTcULOS SEGN DIFERENTES EMBAlAJES

Maria de Ftima Paiva Brit01 Cristina Maria Galv02 Lucilena Franolin3 Carmem Silvia Gabriel Rotta4

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RESUMO: A segurana do processamento dos artigos mdico-hospitalares, nas instituies de sade, uma importante medida de controle de infeco hospitalar. A presente investigao teve como objetivo estabelecer o prazo de validade de artigos mdico-hospitalares processados por meio de esterilizao por vapor saturado sob presso, utilizando diferentes tipos de embalagens, em um hospital privado. O procedimento metodolgico constou de quatro etapas, a saber: preparo dos artigos, avaliao do funcionamento do autoclave, ciclo de esterilizao e testes microbiolgicos.Os resultados evidenciaram crescimento bacteriano nos artigos embalados com papel grau cirrgico sem filme e com filme a partir do 21 dia, papel crepado no 900 dia e ausncia de crescimento utilizando a embalagem de tecido de algodo cru. Frente aos resultados, estabeleceu-se na instituio investigada o prazo de validade de esterilizao por vapor saturado sob presso de 21 dias independente das embalagens utilizadas, avaliando tambm as condies de armazenamento. PALVARAS-CHAVE: enfermagem, esterilizao, infeco hospitalar ABSTR,",CT: Safety in the processing of medical and hospital devices in healthcare organzations is an important measure of nosocomial infection controlo This investigation aimed at establshing the period during which it is safe to use medical and hospital articles processed through sterilization by saturated steam under pressure using different types of packaging at a private hospital. The methodological procedure consisted of four phases: preparation of articles, evaluation of autoclave functioning, sterilization cycle and microbiological tests. Results showed bacterial growth on articles packed in surgical grade paper with and without film on the 2151 day, in crepe paper on the 90thday and absence of growth when raw cotton packaging was used. In face of the results, a 21-day period was established for the use of articles after sterilization by saturated steam under pressure regardless ofthe type of packaging utilized, considering that storage conditions were algo evaluated. KEYWORDS: nursing, sterilization, cross infection

RESUMEN: La seguridad dei procesamiento y esterilizacin de los artculos mdico-hospitalares, en Ias instituciones de salud es una importante medida de control de infeccin hospitalar. La presente investigacin tuvo como objetivo establecer el plazo de validad de artculos mdico-hospitalares procesados por medio de esterilizacin por humo saturado sob presin, utilizando diferentes tipos de embalajes, en un hospital privado. EI procedimiento metodolgico const de cuatro etapas: preparacin de los articulos, evaluacin dei funcionamiento de autoclave, ciclo de esterilizacin y testes microbiolgicos. Los resultados evidenciaron crecimiento bacteriano en los articulos embalados con papel grado quirrgico sin pelcula y con pelcula a partir de121 dia, papel crepado en el90o y ausencia de crecimiento utilizando en embalaje de algodn. Frente a los resultados, fue establecido en Ia institucin investigada el plazo de validad de esterilizacin por humo saturado sob presin de 21 dias independiente de Ias embalajes utilizadas, evaluando tambin Ias condiciones de almacenamiento. PALABRAS CLAVE: enfermera, esterelizacin, infeccin hospitalar Recebido em 20/02/2002 Aprovado em 19/08/2002 1 Enfermeira encarregada do Centro Cirrgico, CME e Recuperao do Hospital e Maternidade So Lucas de Ribeiro Preto(SP). Enfermeira Especialista em Centro Cirrgico, CME e Recuperao pela SOBECC, Administrao Hospitalar e Sade Pblica. 2 Professor Doutor da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo, Centro Colaborador da I OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem. ~~nf~rmeira encarregada d~ SCIH do Hospi~al e .M.a~ernid~de So Lu~as de. Ri?:iro Preto(SP). Doce~te da Dis~iplina de Centro Clrurglco, CME e Recuperaao do Centro Umversltarlo Barao de Maua de Rlbelrao Preto(SP) Enfermeira Especialista em

~~~m?~,~\

4Diretora do Servio de Enfermagem do Hospital e Maternidade So Lucas de Ribeiro Preto(SP). Mestre em Enfermagem

T[@.9J);IQ",.

pela EERP-USP. Doutoranda em Administrao Hospitalar pela FSP-USP(SP).

!414 Rev. Bras. Enferm., Braslia, v. 55, n. 4, p. 414-419, jul./ago. 2002

BRITO, M. de F. P. et ai. INTROD,UO A preocupao com o material utilizado em presso so as seguintes: -tecido de algodo cru -duplo, sem goma, devem ser mantidas temperatura ambiente (18 a 22 C), permanecer em uma umidade relativa de 35 a 70%. As embalagens de tecido devem ter sido lavadas recentemente antes do uso. A reesterilizao sem a lavagem do tecido pode levar ao superaquecimento e ser um obstculo para alcanar a esterilizao. Reparos na embalagem nunca devem ser esticados nem to pouco costurados, pois a costura cria buracos permanentes reduzindo a eficincia da barreira; -papis -o uso como embalagem para esterilizao to antigo quanto o tecido de algodo cru. Os papis recomendados podem ser divididos em : -papel grau cirrgico -normatizado pela NBR 12 946 da ABNT, deve ser resistente ao calor, trao e perfurao, no podendo conter amido e corantes, deve ser permevel ao calor e ao ETO ( xido de etileno ). Ele pode apresentar-se com duas faces de papel ou uma face de papel e outra com filme transparente; -papel Kratt -deve ser de superfcie regular, no podendo apresentar furos. Devido a irregularidade deste papel e a presena de amido, este tipo de embalagem provavelmente venha a ser substitudo; -papel crepado - composto de celulose tratada, suportando temperaturas de at 1500 C e em condies de exposio de uma hora. Apresenta-se como principal alternativa ao tecido de algodo; -caixas metlicas -utilizadas na esterilizao vapor, somente sem tampas ou perfuradas e recobertas com embalagens permeveis ao vapor; -no tecido de 100% polipropileno -(manta de polipropileno) usada em camada dupla apresenta propriedades de barreira microbiana. A escolha da embalagem apropriada para cada artigo deve contemplar as recomendaes da AORN (2000) e as caractersticas da cada servio de esterilizao. Para obtermos um produto final de qualidade o processo de esterilizao deve ser constantemente monitorado em todas as suas etapas por meio de indicadores qumicos e biolgicos. As principais ferramentas utilizadas para validao do processo de esterilizao sob vapor saturado so: monitoramento dos parmetros da cmara por meio do teste de Bowie e Dick, indicador biolgico, no mnimo semanal e utilizao de indicadores qumicos. Aps a validao do processo de esterilizao, questiona-se at quando estes pacotes independentes das embalagens utilizadas permanecem estreis para uso, principalmente em procedimentos invasivos, garantindo a segurana para o paciente e equipe multiprofissional.A literatura controversa em relao aos prazos de validade do mtodo de esterilizao em questo. A Secretaria de Estado da Sade (SO PAULO, 1994) recomenda o prazo de sete dias de validade para os artigos esterilizados por meio de processo fsico, devido dificuldade que algumas instituies tm em realizar estudos microbiolgicos especficos. Segundo a AORN (2000), a validade relativa pois depende da qualidade do material, da embalagem, data de esterilizao, condies de estocagem, transporte e manuseio, essas condies devem ser avaliadas antes de

procedimentos invasivos e com o ambiente, surgiu em meados do sculo XIX na chamada era bacteriolgica. A partir de ento muito se evoluiu em relao esterilizao desde que Joseph Lister , o pai da moderna cirurgia, diminuiu a mortalidade dos seus pacientes tratando fios de sutura e compressas com soluo de fenol. A fervura prolongada foi utilizada rotineiramente em materiais e roupas at que ficou demonstrado em 1880 que os microrganismos estavam resistentes e percebeu-se a necessidade de elevar a temperatura acima de 100C (GRAZIANO; SILVA;BIANCHI, 2000). Atualmente, sabe-se que para a escolha mais segura e econmica do mtodo de esterilizao a ser utilizado muito importante a classificao dos artigos mdicohospitalares, levando-se em conta o risco potencial de transmisso de infeco para o paciente. A utilizao do vapor saturado sob presso por meio de autoclaves, como processo de esterilizao, hoje considerado o mtodo de maior segurana, pois os microrganismos so destrudos pela ao combinada de temperatura, presso e umidade, promovendo a termocoagulao e desnaturao das protenas de sua estrutura gentica celular (PINTER; GABRIELLONI, 2000). O vapor saturado sob presso dentro da cmara das autoclaves circula por conduo, penetrando atravs de objetos poroso~, como os invlucros que envolvem os pacotes (PINTER; GABRIELLONI, 2000). Para Rodrigues (2000), o vapor saturado sob presso o meio de esterilizao mais comumente usado para todos os artigos termorresistentes. Moura (1996) ressalta que quando utilizamos o mtodo de esterilizao em autoclaves devemos levar em considerao o calor e a umidade, temperatura e presso, qualidade do vapor e tempo de esterilizao. A seleo de embalagens para o acondicionamento dos artigos mdico- hospitalares merece ateno especial e devemos considerar que o processamento ocorre dentro de uma sequncia de etapas at o momento do uso, sendo necessrio cuidados em todas as etapas para evitar a contaminao (PINTER; GABRIELLONI, 2000). A Association of Operating Room Nurses (AORN, 2000), recomenda que o sistema de embalagem deve permitir a esterilizao, manter a esterilidade do contedo at a abertura do pacote e possibilitar a entrega do contedo sem contamin-lo. Para a AORN (2000), as embalagens utilizadas para esterilizao devem apresentar as seguintes caractersticas: -ser apropriada para o (s) artigo (s) e mtodo de esterilizao; -prover integridade adequada de selagem e ser a prova de violao; -prover barreira adequada; -permitir a adequada remoo do ar; -proteger o contedo do pacote de danos fsicos; -resistir a rasgos e perfuraes; -ter uma relao custo/benefcio positiva. Segundo Pintere Gabrielloni (2000), as embalagens recomendadas para esterilizao por vapor saturado sob

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Validao do processo de esterilizao... serem colocadas em prtica, De acordo com a Associao Paulista de Estudo e Controle de Infeco Hospitalar (APECIH, 1998), o tipo de invlucro utilizado o principal fator que determina o tempo durante o qual artigos estocados mantm a esterilidade, ressalta que teoricamente um artigo esterilizado deveria manter-se estril at que um fator externo contribusse para sua recontaminao, independente do mtodo utilizado, A AORN (2000), aponta inmeras variveis que podem estar ligadas questo da validade da esterilizao sendo elas: tipo e configurao da embalagem utilizada; nmero de vezes que o pacote foi manuseado antes do uso; nmero de pessoas que podem ter manipulado o pacote; estocagem em prateleiras abertas ou fechadas; condies da rea de estocagem; uso de capas de proteo e mtodo de selagem. Para Padoveze (2000), a questo do tempo pelo qual , ,, , os artIgos esterilIzados podem permanecer estocados e umcomponente

PROCEDIMENTO

METODOLGICO

A maioria dos pesquisadores atua no hospital onde o presente estudo foi conduzido. O desenvolvimento da investigao ocorreu a partir da necessidade de implementao de normas fundamentadas em resultados de pesquisa, Assim, aps aprovao da direo do hospital procedeu-se a coleta dos dados. Para definirmos o prazo de validade de esterilizao, selecionamos as embalagens: papel grau cirrgico com filme, papel grau cirrgico sem filme, papel crepado, tecido de algodo cru e os seguintes materiais: gazes e agulhas de sutura, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1- Distribuio dos artigos mdico-hospitalares e embalagens utilizadas. Ribeiro Preto-SP, 2001 En.-egemAtti -foo

Papel -dnigoo Papel ,,~ Papel aepa.b -"" _"~(15x 15=) "~kosem"~ (9x9=) (12x 12=)(9x9=)

TOTAL

prazos implicam maiores custos, relacionados fitas adesivas, fitas indicadoras

econmico

de

grande

importncia,

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ao consumo do processo

menores

"'"P""r Gaze 33 33 66 33 33 66 33 33 66 33 33 66 132 132 264

dos invlucros,

de esterilizao, mo de obra, embalagem e controle dos artigos, consumo do equipamento esterilizador e desgaste do artigo processado, entre outros aspectos. Para Salzano, Silva e Watanabe (1990, p.103) o

~~t~l~a de TOTAL

Centro de Material e Esterilizao (CME) " a unidade que responde pelo preparo, distribuio e controle dos materiais hospitalares e que tem por finalidade assegurar a quantidade e a qualid~de necessrias a todo o hospital, para que os pacientes possam ser assistidos com segurana", Os autores acrescentam que compete ao enfermeiro o gerenciamento desta unidade, o qual deve buscar estratgias para a melhoria do controle dos artigos mdico-hospitalares, "com a finalidade de facilitar a realizao dos procedimentos necessrios com a mxima segurana e qualidade para o cliente", A segurana do processamento dos artigos mdicohospitalares uma importante medida de controle de infeco hospitalar, A infeco hospitalar um grave problema de sade pblica, devido a sua complexidade e implicaes sociais e econmicas, Assim o conhecimento dos diferentes fatores de risco na transmisso de infeco, das dificuldades de processamento dos artigos e limitaes oriundas dosmtodos de esterilizao e desinfeco so aspectos de

Em um mesmo dia foram preparados 264 pacotes, com as embalagens j citadas, contendo gazes e agulhas de sutura. Cada pacote de gaze continha 10 unidades e cada pacote de agulha continha 2 unidades, Em relao s embalagens de algodo cru: os campos mediam 40 x 40cm, eram novos e foram lavados na vspera do preparo dos pacotes. Os pacotes foram preparados com embalagens duplas e os mesmos foram identificados como: frente, meio e fundo (Tabela 2).

Tabela 2- Distribuio dos artigos mdico -hospitalares e respectivas embalagens segundo o poscionamento dentro da cmara da autoclave. Ribeiro Preto-SP, 2001~ agem. '-~" Pepei"., Pepei!7'" Pepei!7'" =~" =0::.," P""'~"'""'" ~ =P"", ="'"' a..,.'" ~gez-"'ou oom~".' rotO

relevada controle

, importncia para a elaborao de medidas pelo enfermeiro do CME que diminuem de infeco hospitalar.

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ao,,"85 -, 11 11 1133

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11 11 1133

88 88 88264

possibilidade

Frente ao exposto e diante das divergncias encontradas na literatura em relao determinao do prazod"d

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e entendendo que a adoo de medidas fundamentadas em resultados de pesquisa e na realidade de cada instituio pode minimizar custos, otimizar os recursos humanos e principalmente contribuir para a melhoria da qualidade da assistncia da enfermagem prestada ao paciente/cliente, a presente investigao tem como objetivo estabelecer o prazo de validade de esterilizao de artigos processados em autoclave a vapor saturado sob presso, segundo diferentes embalagens, utilizadas em um Centro de Material e Esterilizao de um hospital privado do municpio de Ribeiro Preto(SP).

Aps o preparo dos pacotes, efetuamos uma avaliao do funcionamento do autoclave, com os seguintes ' testes: -realizou-se uma carga com teste Bowie & Dick conforme preconizado na literatura; -executou-se uma carga com trs pacotes grandes medindo 42 cm de cumprimento por 17 cm de altura e 23 cm de largura, com indicadores qumicos; -efetuou -se uma carga com trs pacotes grandes medindo 42 cm de cumprimento por 17 cm de altura e 23

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BRITO,M. de F. P.etal.cm de largura, com indicadores biolgicos. Os resultados dos testes realizados foram satisfatrios e a partir da, colocamos a carga com os pacotes previamente preparados, distribu dos no autoclave nos espaos frente, meio e fundo, sendo a carga monitorizada o tempo todo por um membro da equipe de enfermagem previamente escalado. O ciclo realizado foi de 30 minutos (tempo de esterilizao)e aps o trmino deste foram encaminhados 24 pacotes, sendo um de cada tipo de embalagem (gaze e agulha), para o laboratrio de microbiologia para cultura, sendo considerado como dia zero de esterilizao. Para maior controle elaborou-se uma tabela para acompanhamento dos resultados para cada tipo de embalagem, material e posicionamento dentro da cmara, com os dias previamente estabelecidos para o envio novamente dos pacotes ao laboratrio de microbiologia. A seguir, descreveremos o mtodo utilizado para leitura das culturas, salientando que os dados foram fornecidos pelo microbiologista responsvel pelo laboratrio do hospital investigado: -procedeu-se a numerao das placas onde os pedaos de gazes e as agulhas de sutura estreis foram colocados; -abriu-se cada pacote de gaze com auxlio de uma tesoura estril e flambada, cortou-se um pedao de gaze e eo mesmo foi colocado na placa de petri numerada, sendo fechada rapidamente (esse procedimento realizou -se com todas as amostras de gazes ); -abriu-se os pacotes contendo agulhas e com auxlio de uma pina estril, a agulha foi colocada dentro da placa de petri, fechou-se rapidamente (esse procedimento executou-se com todas as amostras de agulhas ); -o caldo de BHI (Brain Heart Infusion) foi colocado nas amostras cobrindo todo o material analisado, as placas foram fechadas e colocadas na estufa para incubao a uma temperatura de 37C por 24 horas. Aps a incubao, realizou-se a semeadura de todos os materiais em agarsangue; -o material semeado permaneceu na estufa por mais 24 horas 37 C; -liberou-se o resultado aps 48 horas de incubao, com ausncia de crescimento; -nos materiais onde ocorreu crescimento, procedeuse a identificao e antibiograma, segundo as normas da NCCLS (National Committee for Clincal Laboratory Standards). RESULTADOS E DISCUSSO e resultados

A seguir, apresentamos tabelas evidenciados na presente investigao.

Tabela 3 -Distribuio dos resultados dos testes microbiolgicos utilizando papel grau cirrgico sem filme segundo os di~s e artigos mdico -hospitalares investigados. Ribeiro Preto-SP, 2001

Dias

O

3 neg neg neg ne neg neg

5 neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg neg

7

14 neg neg neg neg neg neg

21 neg neg neg pos neg neg

28 neg neg neg pos neg neg

35 neg neg neg neg neg neg

42 pos neg neg neg pos neg

56 neg neg neg neg neg neg

90 neg neg neg neg neg neg

artiagu as de sutura Gaze rene Meio Fundo

oneg neg neg neg neg neg

Frente Meio Fundo

Podemos observar, na tabela 3, que na embalagem de papel grau cirrgico sem filme contendo o artigo agulha, tivemos uma cultura positiva no 42. dia aps o mtodo de esterilizao na posio frente da cmara e com o artigo gaze tivemos trs culturas positivas, sendo, uma no 21. dia na posio frente, outra no 28. dia tambm na posio frente e outra no 42. dia na posio meio. Assim, no papel grau cirrgico sem filme tivemos trs culturas positivas na posio frente da autoclave, questionamos se ocorreu alguma falha no funcionamento do aparelho ( entrada insuficiente de vapor ). Em contra partida, segundo informaes do laboratrio de microbiologia a manipulao do pacote de agulhas de sutura mais dificil, entretanto, tivemos somente uma cultura positiva. Como encontramos trs culturas positivas, na posio frente, nos pacotes que continham gaze e uma cultura positiva, na posio meio, no pacote de agulhas, pode-se concluir que o papel grau cirrgico sem filme necessita de maiores estudos para utilizao como

embalagem de esterilizao. Podemos inferir que o fato dele ser pouco malevel para manipulao pode contribuir para sua recontaminao, pois favorece a abertura nas laterais dos pacotes. O papel grau cirrgico com filme, apresentou apenas cultura positiva no artigo mdico -hospitalar gaze, na posio meio da autoclave no 21 dia. Consideramos que poderia ter ocorrido contaminao no momento da abertura do pacote para anlise microbiolgica, o que foi discutido inclusive com o microbiologista, ou ter havido alguma falha devido as dobras da embalagem interna, pois segundo Cunha et ai. (2000), "deve-se evitar a utilizao de embalagem dupla de papel grau cirrgico e/ou filme plstico, quando a embalagem interna for dobrada antes de ser introduzida na embalagem externa, j que as dobras podem formar bolsas de ar e nterferir no processo de esterilizao". Recomendase avaliar as condies de integridade da selagem quanto ocorrncia de rugas e reas queimadas; ao realizar a selagem procurar dar uma margem, no mnimo, de 3 cm da borda, para permitir uma abertura assptica. 417

I I

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Validao do processo de esterilizao... Zanon (1987) recomenda o tempo de esterilizao em papel grau cirrgico com filme embalagem estiver ntegra. SO PAULO (1994) o prazo de 7 dias de validade para todo artigo validade de enquanto a recomenda esterilizado em processo fi~i?o,.em difer~ntes embal~gen~;.em rela~o ao papel grau clrurglco, considera tempo Indefinido, ou seja, estril enquanto ntegro.

Tabela 4 -Distribuio dos resultados dos testes microbiolgicos utilizando dico -hospitalares investigados. Ribeiro Preto-SP, 2001

papel crepado

segundo os dias e artigos m-

Dias

O

3

5

7

14

21

28

35

42

56

90

artigo agulhas de sutura gaze

Posio Frente Meio Fundo Frente Meio Fundo

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neg neg neg neg neg neg neg neg neg pos neg pos

Os artigos mdico-hospitalares (gaze e agulhas de sutura) esterilizados em papel crepado permaneceram estreis por 56 dias em todas as posies, apresentando cultura positiva somente no 90. dia, nos pacotes que continham gaze na posio meio e fundo da autoclave. De acordo com APECIH (1998), o papel crepado um tipo de embalagem recentemente desenvolvida a qual consiste em alternativa ao tecido de algodo, dentre suas caracte~sticas ressalta-se: resistncia a temperaturas at 150C por 1hora, pode ser utilizada para esterilizao a vapor saturado e xido de etileno, possui barreira efetiva contra a penetrao de microrganismos, produto atxico e flexvel podendo ser utilizado para a confeco de aventais e campos cirrgicos. Longhi (1997) relata que o algodo cru como barreira mcrobiana possui o BFE (Bacterial Filtration Efficiency) de 34% enquanto o do papel crepado de 99,9%, a autora ressalta ainda, que testes demonstraram que 93% das embalagens de algodo estavam contaminadas aps 60 dias e apenas 0,4% das de papel crepado. Os artigos mdico -hospitalares (gaze e agulhas de sutura) esterilizados em tecido de algodo cru, permaneceram estreis por 90 dias em condies adequadas de armazenamento. Os tecidos foram lavados na vspera do preparo dos pacotes, eram campos novos e duplos. Segundo Longhi ( 1997 ), alguns aspectos tm dificultado a qualificao do tecido de algodo cru como embalagem, a saber: como barreira microbiana, o BFE (Bacterial Filtration Efficiency) do campo de algodo cru de apenas 34%, enquanto o papel crepado tem um BFE de 99,9%; em relao a repelncia ao lquido, o algodo natural no to resistente gua, por causa do tipo de suas fibras assim, as bactrias aquosas encontram meio adequado para sua reproduo; fibras quebradas, devido as repetidas lavagens e uso, ocasionando desgastes e furos; testes demonstram que 93% das embalagens de algodo cru, aps 60 dias, estavam contaminados em contra posio a 0,4% das de papel crepado. Longhi (1997) ressalta ainda, que no existe nenhuma norma internacional para tecido de algodo cru e que a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT)

tambm no possui normatizao sobre a utilzao deste tipo de embalagem. Pinter e Gabrielloni (2000) afirmam que o algodo cru largamente utilizado em esterilizao por vapor saturado, entretanto alguns pontos devem ser observados, tais como: -lav-los antes do primeiro uso para retirada do amido, que dificulta a penetrao do vapor; -observarfreqentemente as condies de desgaste e de manuteno da integridade do tecido e estabelecer, a partir destes parmetros, uma quantidade mxima de reprocessamento por meio de um mtodo de monitorizao, controle e determinao do tempo de vida til do tecido reprocessado, ou seja, at quantas lavagens e esterilizao cada campo de tecido ainda mantm a barreira aceitvel; -realizar testes freqentes de permeabilidade com gua, comparando o tempo de vazamento a partir do obtido no primeiro uso. Este teste tem sido feito de maneira emprica; -ser isentos de furos e cerzidos, a costura cria buracos permanentes, reduzindo a eficincia da barreira; -as embalagens de tecido devem ser mantidas temperatura ambiente de 18 22C e permanecer numa umidade relativa de 35 70%. Em relao ao prazo de validade de esterilizao por vapor saturado, tendo o tecido de algodo cru, como embalagem, Zanon (1987) recomenda 3 semanas armazenado em prateleiras abertas e 8 semanas em prateleiras fechadas; e SO PAULO (1994) recomenda 7 dias. A APECIH (1998) afirma que apesar do tecido de algodo cru ser largamente utilizado como embalagem para artigos mdico-hospitalares, sendo recomendado na literatura especfica, existem muitas controvrsias, principalmente quanto dificuldade de monitorizao do desgaste do tecido, pois as instituies de sade no dispem de estrutura para esse controle, acarretando geralmente em prazo de validade curto. Acrescida a esse aspecto, existe a falta de regulamentao deste tipo de embalagem. Rodrigues (2000, p.22) desenvolveu sua tese de doutorado cujo objetivo foi "verificar o nmero de reprocessamentos que a embalagem de tecido de algodo

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BRITO, M. de F. P. etal. padronizada pela ABNT para esterilizao, pode ser submetida, mantendo as caractersticas originais de barreira microbiana". Frente aos resultados evidenciados, a autora concluiu que o nmero limite de reprocessamento do tecido d 65 (d d t I t e e vezes Imlnulao a grama ura, e emen o que sustenta teoricamente Ineficacla da barreira mlcroblana do tecido de algodo cru). Frente ao exposto e considerando os resultados obtidos na presente investigao, estabelecemos na instituio que atuamos o prazo de validade de esterilizao por vapor saturado sob presso de 21 dias, independente das embalagens utilizadas, avaliando tambm as condies ASSOCIATION OF OPERATING ROOM NURSES. Prticas recomendadas para seleo e uso de sistemas de embalagem. RevoSOBECC, So Paulo, v.5, n.1, p.18-21, jan/mar. 2000. CUNHA A F d t I R d -o o ' ..a e a. ecomen aoes praticas para d t OO l t b I . t d . processos e es erllzaao em es a e eclmen os e sau d e. Campinas: Komedi, 2000. 95p. GRAZIANO, K.U.; SILVA, A .; BIANCHI, E.R.F. Limpeza, desinfeco, esterilizao de artigos e anti-sepsia. In: FERNANDES, A. T. et ai. Infeco hospitalar e suas interfaces na rea da sade. So Paulo: Atheneu, 2000. Cap 11, p. 266305. .. LON~HI, _L. F. Cuidados e alt~rnatlvas para embalagens. de esterlllzaao. Rev. SOBECC, Sao Paulo, v.2, n.2, p.14, abr./jun.

.

de armazenamento dos artigos mdico-hospitalares (prateleiras abertas, sem climatizao ambiente e trfego . t d I) Inenso epessoa .1997. CONSIDERAES ( FINAIS dos artigos mdico-

MOURA, M. L. P. de A. Gerenciamento

da Central de Material e!

A segurana do processamento

Esterilizao para Enfermeiros: fundamentos tericos, organizacionais e estruturais. So Paulo: SENAC, 1996. PADOVEZE, M. C. Pergunta~ e respostas. Rev. SOBECC, So Paulo, v.5, n.2, p. 14-19, abr./jun. 2000. PINTER, M.G.; GABRIELLONI, M.C. Central de Material e Esterilizao. In: FERNANDES, A. T. et ai. Infeco hospitalar e suas interfaces na rea da sade. So Paulo: Atheneu 2000 Cap 57, p. 1041 -1060. '

hospitalares, nas instituies de sade, consiste em importante medida de controle da infeco hospitalar Entendemos que ainda existe muita controvrsia em relao ao prazo de ~alidade. de esteril!za~o. p~r vapor saturado sob pressao. A~slm, cada Instltulao ~eve estabelecer seu prazo de validade com base em pesquisas, no fazendo de uma forma emprica ou cpia de rotinas de outras instituies. Compartilhar informaes em busca da melhoria da qualidade do atendimento prestado ao cliente fundamental~este estudo, estabelecemos um prazo de validade, dentro da realidade da instituio que trabalhamos podendo ser alterado de acordo com outros estudos e/ou avanos tecnolgicos.

RODRIGUES, E. Reutilizao de campos duplos de tecido de algodo padronizado pela ABNT utilizados para embalagem ~e .artigos mdico-hospitalares na esterilizao por calor u~ldo..2000. 129p~ Tese (dout?rado) -Escola de Enfermagem, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, 2000. SALZANO, S.D. T; SILVA, A.; WATANABE, E. O trabalho do enfermeiro no Centro de Material. Rev. Paul. Enf. , So Paulo,

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