Oxe! - Abril de 2013

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Neste mês de Abril, a gente tem o prazer de anunciar a publicação da Coletânea Ôxe!, composta de dois livros que reúnem todos os textos literários publicados entre 2009 e 2012. E como não podia ser diferente, esta edição foi marcada por este assunto, onde falamos um pouco da importância desse registro para a posteridade e de se colocar estes textos em outro suporte. Além disso, nada melhor do que falar com os maiores envolvidos: os autores; então você confere um pouco do que foi o bate-papo com alguns dos autores presentes na coletânea e que falaram sobre a importância e emoção de se publicar um livro. Como o bonde não para, nessa edição confira também texto de Danilo Góes sobre as angústias noturnas de ser mãe adolescente; a bonita homenagem de Messias Silva ao Sarau CONPOEMA; mais uma bacana ilustração do grafiteiro Brinho; Ingrid de Oliveira e Neuma Rodrigues sobre as inscrições da ETEC, além de Betto Souza e sua charge sobre um cara que com certeza você já encontrou por a

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Realização:

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gráfico foramutilizados

apenas softwares que atendem

a licençaGNU/GPL.

ANO IV − Numero 475.000 ExemplaresFrancisco Morato - São Paulo

Brasil

ComportamentoSociedadeCultura

e literatura! (porque não?)

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ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)Brinho(brinho.carbonmade.com)Danilo Góes([email protected])Ingrid Kyane([email protected])Messias Silva([email protected])

O informativo Ôxe! é uma iniciativa daÔxe! Produtora Comunitária que visapropiciar à população de Francisco Mo-rato e região, um veículo de jornalismocidadão e produção, difusão e divulga-ção de ideias e informações na área cul-tural. Todas as informações, ilustraçõese imagens são de responsabilidade deseus respectivos autores e obedecem alicença Creative Commons 2.5 BrasilAtribuição-Uso Não-Comercial-Com-partilhamento pela mesma Licença(acesse o blog para maiores detalhes),salvo indicações do(a) autor(a) em con-trário. Para ver uma cópia desta licença,visite http://creativecommons.org/li-censes/by-nc-sa/2.5/br/ ou envie umacarta para Creative Commons, 171 Se-cond Street, Suite 300, San Francisco,California 94105, USA.

AEquipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli,Gilberto Araújo, Mari Moura e RogerNeves ([email protected])

Quando o Ôxe! foi concebido, já nasceu como um espaço aberto, seguindo os princípios do jornalismo cidadão e por isso, o fundamental noÔxe! é a participação das pessoas, se por exemplo, ninguém mais mandar contribuições, ele perde seu sentido. De início, pensamos que a mai-oria dos textos seriam de reivindicação, que a população utilizaria esse espaço pra reclamar, denunciar e falar das coisas que incomodavam, masconforme o tempo foi passando a gente foi se dando conta de que o Ôxe! tinha uma vocação muito mais literária e artística do que de reivindi-cação social e isso nos surpreendeu... As reclamações e reivindicações chegam, mas de outra forma, dentro desses textos literários, poesias,contos e crônicas alicerçadas no cotidiano, no real, no dia a dia. E foi a partir dessa observação que surgiu o desejo de reunir tudo isso em umacoletânea de livros, que será lançada no dia 31 de maio às 20h, no Sarau CONPOEMA, dentro da abertura da programação do Oxandolá [In]Festa, um Festival de Artes que comemora mais um ano de (r)existência do Informativo Ôxe! e do Teatro Girandolá.

Nesse mês, conversamos com alguns dos autores da Coletânea Ôxe!. Confere aí embaixo, como foi esse papo.

::. Diga, Ôxe! Beto, Danilo, Josefa, Messia, Fabia e Mari - Autores do Informativo Ôxe!

Ôxe!: Como vocês, autores, receberam anotícia da publicação de seus textos num li-vro?

Danilo – É a realização de um projeto quejá vem de muito tempo atrás, acho que é umpontapé pra começarmos outras coisas eacreditarmos mais em nós mesmos, isso ser-ve pra começarmos a nos valorizar.

Messias – Eu me surpreendi e fiquei con-tente demais com a notícia, isso não me saida cabeça!

Beto – É uma chance de, coletivamente,você se colocar e ocupar o espaço com algu-ma coisa que você tem pra dizer, e pode nãointeressar pra dez pessoas e sim, pra uma ouduas, mas estamos numa época de redes, deespalhamento e precisamos criar as nossasredes pra não ficarmos no meio de outras. Élegal pro autor ter um lugar pra publicar todomês também, e na minha construção comoartista foi muito importante essa organizaçãode um pensamento em forma de texto, essecompromisso de mandar todo mês fez partedo meu aprendizado e foi muito prazeroso.Também tem um outro lado, que eu escrevoo texto e não preciso me preocupar com na-da, ainda mais sendo criative commons, eunão preciso nem pensar em direito autoral(risos).

Josefa – Árvore eu já plantei, filhos eu jáfiz e criei, então, só me falta publicar um li-vro (risos)... Já nos expressamos pelo infor-mativo, agora vamos expandir com o livro.Num dia de chuva, era um texto pra minhafilha escrever, mas como ela estava na corre-ria, então a chuva fluiu e eu fiz o texto e mi-nha filha mandou, foi uma surpresa. Etambém é uma forma de estimular nossa cri-atividade!

Ôxe!: Qual a importância de ter seus textospublicados num livro?

Danilo – Estou tentando me assumir co-mo escritor. A minha contradição é que eusempre escrevi pra mim, sem me preocuparcom o que as pessoas iam achar, mas come-

cei a publicar meus textos num informativocom 5.000 de tiragem. Estou tentando supe-rar isso, pra continuar escrevendo o que euquero, o que eu penso, mas com uma preo-cupação de como isso vai chegar no leitor.Então, quando isso vira um livro, a gentepercebe que tem responsabilidade e que esta-mos fazendo história. Se formos ver, qual li-vro que tem como tema Morato? Querendoou não, é um material histórico pra gente, pracidade! Mesmo que nós não tenhamos tantaimportância, estamos fazendo história e esselivro é isso, um registro histórico que estamosdeixando para as nossas gerações posteriores.

Beto – É importante ressaltar que não équalquer livro, é um livro feito com dinheiropúblico e coletivamente. Algumas pessoaspodem não entender como se publica um li-vro hoje em dia que não seja pra ganhar di-nheiro, que não seja mercadoria, você podechegar e falar: “é de graça” e a pessoa per-guntar: “como?”, porque livro é uma merca-doria valiosa que só cresce a cada ano. Entãoa pergunta que me fica é: o que é publicarum livro hoje com dinheiro público? Quenão se cobra nada, ter um livro em mãosgratuitamente, como ele vai circular de pes-soa pra pessoa, é legal pensar em ter algumacoisa no próprio livro, como: “não me deixeparado na estante”, além de todo esse regis-tro de identidade e a importância de que ou-tras pessoas leiam. Tem esse caráter que nãoé mercadológico, é distribuição de informa-ção, cultura e pensamento gratuitamente, nãogratuitamente porque as pessoas pagam im-postos, mas é esse dinheiro voltando pra po-

pulação em forma de um bem cultural. Nãovejo a Ôxe! Produtora Comunitária se orga-nizando pra virar uma editora de livros, nãoé essa a questão, publicar um texto num livroé uma coisa, agora publicar nestas condições,com criative commons, edital público é algocompletamente diferente. E fazer parte dissoé importante, estar dentro desse movimentoe lá na frente, daqui uns 30, 50 anos, as pes-soas vão olhar pra 2013 e vão pensar: “ah,que legal essa iniciativa”, e vamos entrar nahistória por esse viés.

Josefa – Ninguém escreveu esses textospra se auto promover financeiramente, entãoisso valoriza ainda mais, seremos valorizadosatravés da distribuição gratuita mesmo, nãoescrevemos de forma individualista.

Mariana – O ponto mais forte é a questãodo coletivo, tenho apenas um texto publica-do, mas falo mais como equipe de produçãomesmo, é gratificante poder distribuir esseslivros e eles pertencerem às pessoas, é um li-vro feito com dinheiro público. E tambémacho que é um estímulo para as outras pes-soas que vão ver esses textos publicados,serve como uma forma de estímulo para queelas escrevam e corram atrás.

Fabia – Tem esse lance de estarmos naparte de produção, e cada edição pra gente, éum filho que nasce, a gente fica vibrandocom os textos que recebemos e como a edi-ção fica, todo mundo da equipe sempre lêtodos os textos e pra gente, é uma alegria es-tarmos dentro desse projeto e acompanhar ocaminho dos autores, como os textos cres-cem a cada mês, e acho que o produto finalvai servir para vermos a trajetória dos auto-res ali, porque o crescimento dos autoressempre é gritante. A gente sempre vibra como material que as pessoas mandam.

Messias – Olha, a importância desse livropra cidade de Morato, para os escritores ecolaboradores é de difundir nossas criaçõesem São Paulo, no Brasil e no mundo. E te-mos que valorizar todo esse esforço queexiste desde 2009. Quando eu faço um texto,quero que mais pessoas, de diferentes classessociais, se interessem pra lê-lo. .::

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No bate-papo, ainda foi apresentado o projeto eprotótipo dos livros da coletânea que será lançada

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::. Girandolá Recebe... Cia Arthur ArnaldoPela segunda vez em Franco da Rocha, a Cia Arthur-

Arnaldo, que existe desde 1996 e a partir de 2006, di-reciona sua pesquisa e criação teatral para o público jo-vem, apresentará, nos dias 27 e 28 de abril, às 20h, noCentro Cultural Newton Gomes de Sá (Av. Sete deSetembro, s/n°, Centro, Franco da Rocha), o seu maisnovo espetáculo: "Coro dos Maus Alunos".

O espetáculo, contemplado pelo edital ProAC 2012,para produção de espetáculos inéditos no estado de SãoPaulo, é reco-mendado paramaiores de 12anos, tem o textodo autor portu-guês Tiago Ro-drigues e trazpra discussão ereflexão o siste-ma educacionalno qual os jovensestão inseridos atualmente.

Sinopse: "Coro dos Maus Alunos" conta a história deum velho professor de filosofia com uma “alma jovem”,fã de controvérsias e promotor do espírito crítico dosseus alunos em relação à escola. Acusado de confundiros jovens estudantes e de manter com eles relações queultrapassam os limites de uma relação entre professor e

aluno, o educador é submetido a um processo.

As apresentações acontecem dentro do projeto “Gi-randolá Recebe. . .”, a entrada é GRATUITA, mas épreciso chegar com 1h de antecedência para retirar osingressos, pois serão apenas 80 lugares.

O projeto “Girandolá Recebe. . .” é realizado pelo Te-atro Girandolá e pela Associação CONPOEMA econta com o apoio da Secretaria Adjunta de Culturade Franco da Rocha.

Mais informações: 4488-8524 ouwww.teatrogirandola.com.br

::. Oficina de brincadeiras no Espaço GirandoláDesde 2010 o Teatro Girandolá decidiu abrir as por-tas de sua casa, o Espaço Girandolá, para o desenvolvi-mento de um trabalho voltado para os pequenoscidadãos moratenses e foi assim que surgiu o projeto“Rodopiar – Casa aberta pra brincar”. Oficinas de tea-tro, contação dehistórias, oficinasde brinquedoscantados, cortejosde carnaval eoficinas de brin-cadeiras, já fize-ram parte daprogramação doprojeto. Pra esse

ano, de abril a dezembro, sempre no primeiro sábadode cada mês, das 14 às 16h, a criançada (de todas asidades, inclusive os maiores de 12 anos) poderá se di-vertir com uma tarde preparada pelos artistas-educado-res do Girandolá, nas Oficinas de Brincadeiras.

Pra participar, basta aparecer. É GRATUITO! E apróxima acontece no dia 04 de maio.

Mais informações: 4488-8524 ouwww.teatrogirandola.com.br

::. MPB NoCEU PerusNo próximo dia

24, no teatro doCEU Perus, temshow de MPBcom o cantor ecompositor Ri-cardo Claudino,um paulista que foi fortemente influenciado pelo avômaterno que vivia em Goiás e era violeiro nas festas deCatira e de Folia de Reis. O show começa às 20h e éGRATUITO.

O CEU Perus fica na Rua Bernardo José Lorena, s/n°,em Perus, próximo a estação de trens da CPTM.

Mais informações: 3915-8745 ou 3915-8752. .::

Nesse mês, você confere as imagens do VISarauCONPOEMA, dois espetáculos de teatro noGirandolá Recebe... e veja como foi o retorno da Oficina Rodopiar–a casa aberta pra brincar.

Livros não mudamo mundo,quem muda o mun-do são as pessoas.Os livros só mudamas pessoas.

Mario Quintana

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

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A oficina da garotada já começou e sábadopassado (acima) já teve muita diversão

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As tantas periferias que existem no mundo sempre foramos locais reservados para os mais desfavorecidos economica-mente. Historicamente, quanto menor seu poder aquisitivo,mais longe dos centros urbanos você vive e quanto mais lon-ge dos centros você vive, menor se torna seu acesso a tudo oque se possa imaginar. Estar na região central da cidade deSão Paulo, por exemplo, que é uma das cidades mais ricas daAmérica Latina, é ter o mundo ao seu alcance, tudo está ali,pertinho. Agora vai passar uns dias numa cidade no interiorda Bahia pra ver só quanta diferença existe... Quanto maislonge se está do local onde vivem as pessoas com um altopoder aquisitivo, mais complicado e complexo se torna o seudia a dia.

Nós, moradores da região metropolitana de São Paulo, sa-bemos bem o que significa isso. E olha que só estamos apouco mais de 30km da capital do nosso estado. Só emFrancisco Morato somos mais de 160 mil pessoas vivendoem 49 km² cercado de problemas por todos os lados, convi-vendo diariamente com a péssima qualidade dos transportespúblicos, com a baixa qualidade nas áreas de educação esaúde, com a falta de opções nas áreas de esporte e cultura,com um grande número de famílias que não tem acesso se-quer ao saneamento básico, com o alto índice de pobreza ede violência. Viver na periferia não é fácil. Viver na periferiaé ter que buscar, todos os dias, novas formas de se reinventar.

Em junho de 2009, quando o Informativo Ôxe! nasceu,ele tinha uma única e objetiva missão: a de ser um espaçoaberto para a livre expressão da população. As pessoas que oidealizaram perceberam que faltava na cidade um espaço pa-ra o diálogo, onde as pessoas pudessem falar das coisas quepensam, que acreditam, que gostam, que não gostam, quediscordam... Faltava em Morato um espaço para a denúncia,para o questionamento, para a reflexão, para o encontro. Ede 2009 pra cá, muitas foram as pessoas que se apropriaramdesse espaço, muitas foram as ideias, que em forma de textose imagens, preencheram os 200 e tantos mil exemplares quecircularam em Morato, Franco e algumas outras quebradasnesses quase 4 anos. E foi esse conteúdo, vindo de diversoslocais, de diferentes cabeças, que aos poucos foi definindo o“tom” do Informativo Ôxe!.

A princípio, a equipe que arregaçou as mangas pra tirar oÔxe! do mundo das ideias e trazê-lo para o plano real, emforma de um informativo impresso, acreditava que as pesso-as se utilizariam desse espaço principalmente pra reivindicarseus direitos, com textos de denúncias, de reinvidicação e dereclamação. Mas com o passar das edições, essa equipe foisurpreendida com uma significativa quantidade de textos li-terários que começaram a chegar para serem publicados. E omais interessante é que o conteúdo de crítica e reivindicaçãosocial estavam lá, em forma de obra de arte. Eram contos,crônicas e poesias que falavam da realidade da periferia eque foram levando o Ôxe! pra um outro caminho. Um cami-nho de incentivo a escrita e a leitura, um caminho de traduzira realidade periférica de forma poética.

E foi diante dessa trajetória, que quando o Ôxe! completou3 anos surgiu a ideia de reunir esses textos literários em umlivro. Mais uma vez, a equipe de produção arregaçou asmangas e saiu à luta, para conseguir recursos para essa novaempreitada. Lançou a ideia pros autores, escreveu projeto,apresentou para possíveis apoiadores e acabou conseguindo

aprovar o projeto emum edital do Pro-grama de Ação Cul-tural, da Secretaria deEstado da Cultura.

E é com muita alegriae entusiasmo, que desde ocomeço de 2013, essa equipe tra-balha na produção desse projeto, a publicaçãoda Coletânea Ôxe!, que terá dois volumes, reunirátodos os textos literários que foram publicados de2009 a 2012 no Informativo Ôxe! e será lançado no dia 31de maio às 20h, dentro do Sarau CONPOEMA, no CICFrancisco Morato, dentro da abertura da programação donosso festival “Oxandolá [In] Festa 2013”. Esses livros, alémde reunirem diversos autores e ideias, são também um regis-tro de parte da história moratense nesses 3 anos, uma vezque, a maioria dos autores escrevem seus textos falando des-se local, falando das coisas que veem e vivem, retratando asdores e as alegrias de sobreviver e resistir na periferia. Muitosdos personagens dos textos, são personagens moratenses,muitas das histórias, acontecem em paisagens moratenses eretratam o dia a dia dos moratenses. Embora existam textosque não falem diretamente de Morato, quase todo o conteú-do desses livros, de alguma forma se relaciona com viver naperiferia. Os textos, em sua maioria, tem o olhar periféricocomo centro de sua narrativa. E esse parece ser um dos fato-res que fazem com que o Ôxe! seja tão bem recebido pelapopulação, que acaba se reconhecendo em seu conteúdo, queacaba se identificando com as histórias impressas.

Falar da realidade parece ser uma tarefa fácil, mas falardessa realidade com propriedade e de forma poética é umahabilidade que exige dedicação e sensibilidade. E a ColetâneaÔxe! reúne isso: a dedicação e a sensibilidade de 22 autores,cuja evolução estilística pode ser observada em cada textopublicado. Além disso, essa coletânea insere Francisco Mo-rato numa tendência recente, que vem marcando e mudandoo pensamento a respeito da periferia. A publicação dessa co-letânea insere Francisco Morato, através de seus autores e detodo o pensamento que será veiculado agora em forma de li-vro, nessa tendência chamada arte periférica ou mais precisa-mente, nesse caso, literatura periférica.

Muito se fala e discute sobre essa questão da arte periféri-ca e há quem negue, por acreditar que isso não passa de uma“rotulação”, pra menosprezar o que não é produzido pela eli-te intelectual de nosso país. Mas, ao nosso ver, esse “rótulo”,traz um novo olhar, que tem sido crescente dentro da nossa

sociedade, paraas produçõesculturais queestão sendo de-senvolvidas pelas peri-ferias do Brasil e nostira, enquanto periféricos,da condição de simplesconsumidores dos ideaisproduzidos pela classe do-minante do nosso país, pranos reconhecer como agentespensantes e produtores deconhecimento.

E como diz o pessoal do Sarauno Brasa no “Nosso Manifesto”:

"(…) Mas agora é diferente, aperiferia se arma de outra forma.Agora o armamento é o conhe-cimento, a munição é o livro, osdisparos vem das letras.

Então, a gente quebra as muralhasdo acesso, e partepro ataque.

Invadimos as bi-bliotecas, as universi-dades, todos os espaçosque conseguimos, arrumarmunição (informação).

(… ) E a periferia dispara.

Um, dois, três livros publicados.A elite treme. (. . . )". .::

O livro traz a van-tagem de a gentepoder estar só eao mesmo tempoacompanhado.Mario Quintana

Por: Equipe Ôxe!

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O Mapa Cultural Paulista é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura, rea-lizado pela Abaçaí Cultura e Arte – Organização Social de Cultura, com apoio dasprefeituras municipais do interior do Estado e da Grande São Paulo que objetivaidentificar, valorizar e promover o intercâmbio da produção cultural no Estado deSão Paulo. Para a edição 2013/2014 serão consideradas sete expressões artísticas:Artes Visuais, que compreende as expressões de Artes Plásticas, Desenho de Humore Fotografia; Vídeo; Canto Coral; Música Instrumental; Literatura, que compreendeas expressões de Conto, Poema e Crônica; Dança e Teatro.

Esse mapeamento será realizado em 4 fases: Municipal e Regional que acontece-rão em 2013 e Estadual e Circulação, que acontecerão em 2014.

Nesse primeiro semestre, acontece em todos os municípios paulistas a fase Muni-cipal, onde as Secretarias de Cultura inscreverão todos os artistas interessados emparticipar, para escolher os que representarão sua cidade na fase Regional, que acon-tece no segundo semestre.

Franco da Rocha e Francisco Morato já estão com inscrições abertas, portanto, sevocê escreve, pinta, desenha, fotografa, dança, canta, toca ou atua, fique atento às in-formações abaixo, se inscreva e participe!

Em Franco da Rocha: As inscrições vão até o dia 15 de maio e os interessadosdevem comparecer no Centro Cultural Newton Gomes de Sá, que fica na Av. Setede setembro, s/n°, Centro, Franco da Rocha, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h.

Mais informações: 4443-7050

Em Francisco Morato: As inscrições vão até 10 de maio e poderão ser feitas naCasa de Cultura Vinícius de Moraes, que fica na Rua Virgílio Martins de Oliveira, n°519, Centro, Francisco Morato, de segunda a sexta-feira, das 8 às 17h.

O regulamento, as informações a respeito de cada expressão artística e as fichas deinscrição podem ser retiradas pessoalmente na Casa de Cultura ou solicitadas atravésdo e-mail: [email protected]

Mais informações: 4488-2145, com Paula. .::

Artistas já podem se inscreverpara fase municipal

PPoorr:: FFaabbiiaa PPiieerraannggeellii

Me mexo para um lado e para outro na cama,lembrei-me de uma frase “mas talvez amadrugada seja para pensar e não dormir”. Jáfaz alguns dias que minha cama é meu divã.

Dizer que não tive informação é mentira, masnós adolescentes sempre acreditamos quesabemos de tudo, que somos mais espertos doque realmente somos. Toda aquela situação, eramuito excitante, perdi a cabeça mesmo. Foiculpa de ambos, pois entramos em consensoque era mais gostoso sem camisinha e que nahora “H” ele tiraria para fora, quando foi ver játinha ido, era sempre assim. Não é medefendendo, tentei tomar algum remédio, masparece piada de “loira burra”, pois tomei ciclo21 depois da relação, falsa sabedoria. Tinhavergonha de conversar com alguémmais velho.

Meus pais me obrigaram a casar. Falei issopara uma professora e ela não acreditou “empleno século XXI alguém é obrigada a casarainda”. Meus pais não me deram alternativa.

Minha falecida vó sempre me aconselhou,usava o exemplo dela, como foi manter umrelacionamento com um homem mais velhopassando “poucas e boas” na mão do meu vô evarias vezes pensou em acabar com ocasamento, mas era amarrada aquela situação, afamília não a aceitava de volta.

- Minha filha, se eu tivesse a mordomia quevocês têm hoje, não casaria, iria viver a vida eestudar, coisa que era impossível na minhaépoca.

Vejo meu futuro pegando fogo na minhafrente. Meu namorando é gente boa, supercarinhoso, só que faz pouco tempo que estoucom ele, primeiro namorado.

Olhava ao redor e via os exemplos decasamentos: Minha tia há anos casada com umvagabundo que praticamente vivia a sua custa,ela se “virando nos 30” e ele deitado na camareclamando que não tinha mistura; Uma outratia, todo domingo presente na porta do presídioe quando o cara ganhou a liberdade trocou elapor uma “novinha”; A irmã de Igreja da minhamãe, vive uma vida de frustração esperando omarido voltar, que está em outrorelacionamento, pois seguindo um preceitoreligioso “o que Deus une, ninguém separa”,dessa maneira segue uma vida solitária; Essesdias a caminho da escola vejo minha prima coma criança no colo do lado do bar esperando omarido, que estava jogando baralho e bebendo.

Uma amiga no começo da gravidez cogitouum aborto, Deus me livre, não tenho coragem,prefiro penar na vida. Mesmo algumas pessoasdizendo que posso realizar meus desejos maispara frente, existe uma inquietação dentro demim. A maior responsabilidade cai no colo damãe, quantos planos não foram destruídos,quantas meninas envelheceram antes do tempo.Dor aliviada quando penso no meu bebê.Deitada na cama sentindo falta de algo que nãoterei... Caí no sono! .::

PPoorr:: DDaanniilloo GGóóeess

Um livro é umbrinquedo feitocom letras. Leré brincar.Rubem Alves

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Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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5 Abril / 201 3

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::. BETTO SOUZA

Por: Ingrid de Oliveira e Neuma Rodrigues

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"Burraldo, O Vândalo"

Atual!

Estou diferenteMas ando bem, assim divididaEstranhando os batimentos cardíacosSem muita fome, com pouco sonoCom muitos sonhos e sem tristezas

Vivo feliz!

Meu coração se repartiuE de inteiro, só me restou metade!

Por: Mari Moura

Os livros sãoabelhas quelevam o pólen deuma intel igênciaa outra.James Lowell

Dia 23 de abril, abrem as inscrições para o Vestibulinho da ETEC de Francisco Morato.Uma escola técnica localizada no município de Francisco Morato – SP, que oferece ensinotécnico gratuito e de qualidade para os alunos.

A ETEC de Francisco Morato possui uma estrutura de ensino que oferece aos alunosconforto, qualidade e professores especializados na área de ensino, além de proporcionar aosalunos visitas técnicas e a participação na realização da Feira do Empreendedor, onde os alu-nos colocam em prática tudo o que aprenderam, e diversos projetos realizados no decorrerdos cursos.

A escola possui laboratório de Química, laboratório de Física e Hardware, Biblioteca,Ateliê de Artes, Laboratórios de informática, salas de Gestão, Auditório, telefone para defi-cientes auditivos, elevador, banheiros adaptados para deficientes físicos e vigias 24 horas pa-ra umamelhor segurança dos alunos.

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