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José Artur Paiva Elaine Pina Maria Goreti Silva Paulo Nogueira Orientações Programáticas do Programa de Prevenção e Controlo das Infecções e Resistências aos Antimicrobianos

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José Artur Paiva

Elaine Pina

Maria Goreti Silva

Paulo Nogueira

Orientações Programáticas do Programa

de Prevenção e Controlo das Infecções

e Resistências aos Antimicrobianos

THE SIXTIES

The dream of defeating

bacteria and win over

all infectious diseases

As bactérias são os organismos mais adaptáveis

A mutação promove a sobrevivência

Uso adequado de antibióticos

não soluciona a resistência a antimicrobianos,

mas dá-nos mais tempo

para encontrarmos a solução para o problema

As bactérias e o homem

Variável Bactérias Humanos Fator

Número na Terra 5 X 10 31 6 X 109 1022

Massa, toneladas métricas 5 X 1016 3 X 108 108

Tempo geracional 30 min 30 anos 3 X 105

Tempo na Terra, anos 3,5 X 109 4 X 106 103

O microbioma

• O homem: não apenas um individuo, também um ecosistema

• Triliões de bactéria

• No intestino: 100 triliões,

• 10 vezes mais células bacterianas do que células paternas

• Bactérias comensais

• Em troca de abrigo e matéria prima dão alimento e proteção

• Cerca de 3 metros

• Cerca de 1 kg

• Um orgão sem forma mas como um sistema organizado de células

Estirpes resistentes

raras

Estirpes resistentes dominantes

Exposição a Antibióticos

Seleção de estirpes resistentes

Ciclo vicioso

Aumento da

resistência a

antimicrobianos

Aumento da

prescrição de

antibióticos

de largo espetro

Aumento da pressão

antibiótica

Piperacillin Tazobactam 450

Imipenem / Meropenem 323

Macrolides 316

Cephalosporins (no Anti PA) 247

Vancomycin 207

Amoxicillin Clavulanate 176

Anti-anaerobes 170

Aminoglycosides 127

Fluoroquinolones 108

Linezolide 84

Tygeciclin 25

Anti-Pseudomonal Cephalosporins 18

Ertapenem 12

Colystin 9

Initial Antibiotic Therapy

INFAUCIInfecção na

Admissão à UCI

H Beja

H Covões

H Funchal

H Gaia

H Guimarães

H L A

H S F Xavier

H S João

H S Sebastião

H Viseu

HUC

IPO PORTO Appropriate

in 74,4%

Ocorrência de E coli resistente a fluoroquinolonas (FQRE)

e uso de fluoroquinolonas em ambulatório no mesmo país

Staphylococcus aureus resistente à

meticilina em Portugal (2001-2011)

ECDC – EARS Net

Escherichia coli resistente a

fluoroquinolonas

Ano Resistência

2001 18%

2008 29%

2011 27%

Portugal

ECDC – EARS Net 2011

Microrganismos isolados % de resistência

Enterobacteriaceae C3G-R CARB-R

Escherichia coli 29,8 2,0

Klebsiella spp. 46,3 6,7

Enterobacter spp. 46,0 8,0

Proteus spp. 15,2 8,5

Citrobacter spp. 16,7 1,2

Serratia spp. 8,3 1,2

Gram negativo não fermentadores

Pseudomonas aeruginosa CARB-R : 27,5

Acinetobacter spp. CARB-R : 84,5

INQUÉRITO DE PREVALÊNCIA DE INFEÇÃO ADQUIRIDA NO HOSPITAL E DO USO DE ANTIMICROBIANOS NOS HOSPITAIS PORTUGUESES 2012

Gram negativo não fermentadores

resistentes a carbapenemes

Antibiotic dilemma

Inappropriate

antibiotic therapy

is linked to

increased mortality

Overuse of

antibiotics is linked

to increased

emergence of

resistance

How to balance

these two conflicting claims ?

The expectation of

the patient to

maximum treatment

and shared decisions

The right of future patients to effective

treatment

Conflict between the welfare of the present patient

and that of future, unidentified persons

Doctor’s “genetic” view

• In a survey of doctor’s attitudes

in the treatment of pneumonia,

future antimicrobial resistance

was the last and the least important factor

among factors that influenced doctor’s

choice of antibiotic treatment

Metlay JP et al. J Gen Intern Med 2002

Two premises

• Future patients have rights

• It is our professional duty to guard these rights

Practitioners should be a part of these discussions

Doctors should guard the rights of future patients and

the just distribution of finite resources

Doctor’s accountability

John Locke’s proviso

Morality of the use of scarce resources

• One is allowed to take something

from nature and make it own property

only where there is enough and as good

left in common for others

Antibiotics are scarce resources

O risco de perda de eficácia do antibiótico

O antibiótico “em risco de extinção”

Resistência

microbiana

Desenvolvimento

de antibióticos

ANOS

n

1947Primeira

publicação com

estirpes resistentes

à penicilina

2010> 70% das bactérias

causadoras de IH

são resistentes ≥1

antibiótico

geralmente usado

para tratamento

How is the welfare of the present

patient assured?

• Higher value to the life of a present patient at high risk

• When facing a patient with severe sepsis, we will assign

less importance to the rise in future resistance and more

importance to the present patient

• The safety of the present patient is given priority but

not supremacy and the sicker the patient is the more his

needs precede others

• Failure to treat where the risk of a poor outcome exceeds

the risk of an adverse event is ethically unacceptable.

Jonsen AR , Law Med Health Care 1986; 14: 172-4

The rule of rescue

Portugal tem dismorfias de

utilização de antimicrobianos

Consumo no ambulatório de antibióticos

de uso sistémico

ESAC 2010

Consumo de antibióticos no ambulatório

em Portugal

ESAC 2011

Consumo de antibacterianos por ARS

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

ARS Norte ARS Centro ARS LVT ARS Alentejo ARS Algarve Total

Antibacterianos (DDD por 1000 habitantes por dia)

2009

2010

2011

2012

Fonte: SIM-SNS - DGS

Consumo hospitalar de

antimicrobianos

ESAC 2011

Prevalence of antimicrobial use (percentage of patients

receiving at least one antimicrobial agent) in European

hospitals, by country, ECDC PPS 2011–20124

Consumo de quinolonas na

Europa em 2010

ESAC 2010

Consumo de quinolonas na comunidade,

em DDD por 1000 habitantes por dia, por

ARS

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

2009 2010 2011 2012

DD

D -

Po

pu

lação

* D

ias

Quinolonas

ARS Norte

ARS Centro

ARS LVT

ARS Alentejo

ARS Algarve

Fonte: SIM-SNS - DGS

Consumo de carbapenemes

na Europa

ESAC 2010

Profilaxia antibiótica em cirurgia

64%

19%

17%

IPI DGS 2012

Portugal tem elevada taxa de infeção

associada a cuidados de saúde

Prevalência de infeção hospitalar

IPI 1998-2012

Prevalência de IH Uso de AM

Portugal UE Portugal UE

Homens 12,4% 7,2% 48,3% 39,2%

Mulheres 8,8% 5,4% 42,3% 33,2%

População

global 10,5% 6,1% 45,3% 35,8%

IPI DGS 2012

Distribuição da infeção hospitalar

e do uso de antimicrobianos

Departame

nto da

Qualidade

na Saúde

Correlação entre a prevalência de infeção

hospitalar observada e a prevista, por

país, ECDC PPS 2011-2012O

bse

rve

d H

AI

pre

va

len

ce

%

ECDC SURVEILLANCE REPORT 2011-12

Infeção nosocomial da

corrente sanguínea

2010 2011 2012

Nº Hospitais participantes 19 41 52

Nº Episódios registados 1270 2400 2639

Densidade Incidência 1,5/mil d. int. 1,2/mil d. int. 1,2/mil d. int.

Episódios associados a CVC 23,6% 17,7% 17,3%

Dens. Inc. Associada a CVC 2,5/mil d. CVC 2,2/mil d. CVC 1,9/mil d. CVC

INCS secundárias a outra inf. 36,2% 43,4% 40,6%

Demora Média

(com infeção/se infeção) 33,8 /8,2 dias 36,8/7,3 dias 37,9/7,2 dias

Mortalidade 27,9% 29,7% 29,2%

AnoBacterémias/1000 dias

de internamento

Pneumonias/1000 dias

de intubação

2008 2,1 11,2

2009 2,1 10,6

2010 1,5 8,7

2011 1,3 8,9

Infeções em

UCI: HELICS UCI

AnoSepsis/1000 dias de

internamento

Pneumonias/1000 dias de

internamento

2008 4,0 16,0

2009 7,0 7,0

2010 6,0 6,0

2011 7,0 6,0

Infeções

em UCI

Neonatais

Tipo/Local de infeção hospitalar

IPI 1988-2012

Infeção adquirida em UCC

• Pelos critérios de McGeer

Taxa de prevalência de infeção de 8,1%

• Associado diagnóstico médico

Taxa de prevalência sobe para 8,6%.

• Residentes com antibióticos: 9,4%– 5,5% estava a receber dois antibióticos.

• Em mais de 90% das situações o antibiótico foi

prescrito com fins terapêuticos

Distribuição das infeções em UCC

por localização

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

TA 2009/1.º TA 2009/2.º TA 2010 TA 2011

Enfermeiro/parteira

Médico

Assistente Operacional

Outros profissionais

Evolução da taxa de adesão à higiene

das mãos por grupo profissional

Relatório “Campanha Nacional de Higiene da Mãos” 2011-2012

Não basta encontrar explicação.

É preciso mudar !

PROGRAMA

NACIONAL DE

CONTROLO DE

INFEÇÃO

PROGRAMA

NACIONAL DE

PREVENÇÃO DE

RESISTÊNCIA AOS

ANTIMICROBIANOS

+

1999 2008

A estrutura

Reduzir infeções associadas a

cuidados de saúde

Reduzir

consumo de

antimicrobianos

Reduzir

resistências a

antimicrobianos

A estrutura

PROGRAMA DE PREVENÇÃO E CONTROLO

DE INFEÇÃO E DE RESISTÊNCIA AOS

ANTIMICROBIANOS

PROGRAMA

NACIONAL DE

CONTROLO DE

INFEÇÃO

PROGRAMA

NACIONAL DE

PREVENÇÃO DE

RESISTÊNCIA AOS

ANTIMICROBIANOS

+

2013

19992008

A estrutura

Estratégia

1. Definição e normalização de estrutura

2. Reforço da vigilância epidemiológica

3. Normalização de procedimentos e

práticas clínicas

4. Informação/Educação

5. Incentivos financeiros por via do

financiamento hospitalar

Estrutura :

Despacho de 18.11.2013

1. Cada Administração Regional de Saúde deve assegurar a nomeação, no

prazo de 30 dias contados da data de publicação do presente despacho,

de um grupo de coordenação regional do Programa de Prevenção e

Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA).

2. Todos os serviços e entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde,

designadamente os agrupamentos de centros de saúde, os

estabelecimentos hospitalares, independentemente da sua designação, e

as unidades locais de saúde, devem assegurar a nomeação, no prazo de

30 dias contados da data de publicação do presente despacho, de um

grupo de coordenação local do PPCIRA.

3. Nas unidades de cuidados continuados integradas na rede de cuidados

continuados integrados deve ser assegurada a nomeação, no prazo de 30

dias contados da data de publicação do presente despacho, de um

responsável local do PPCIRA, que deve, obrigatoriamente, ser um médico

ou um enfermeiro.

Nº de enfermeiros de controlo de infeção a

tempo inteiro por cada 250 camas hospitalares

ECDC PPS 2011–2012

Nº de médicos de controlo de infeção a tempo

inteiro por cada 250 camas hospitalares

ECDC PPS 2011–2012

Composição GCL-PPCIRA

Despacho de 18.11.2013

a) No mínimo, 40 horas semanais de atividade médica, tanto em centros

hospitalares, como em unidades locais de saúde ou agrupamentos de

centros de saúde, devendo, nos casos de hospitais ou unidades locais de

saúde com mais de 250 camas ou unidades locais de saúde com mais de

250 000 habitantes, um dos médicos dedicar pelo menos 28 horas

semanais a esta função;

b) No mínimo, 80 horas semanais de atividade médica, tanto em centros

hospitalares, como em unidades locais de saúde com mais de 750 camas

ou unidades locais de saúde com mais de 500 000 habitantes, devendo um

dos médicos dedicar pelo menos 28 horas semanais a esta função;

c) No mínimo, um enfermeiro em dedicação completa a esta função, tanto em

unidades hospitalares, independentemente de estarem ou não integradas

em centros hospitalares, como em agrupamentos de centros de saúde ou

unidades locais de saúde, acrescendo um enfermeiro em dedicação

completa por cada 250 camas hospitalares adicionais

Missão:

Despacho de 18.11.2013

g) Promover e corrigir as práticas de uso de antibióticos,

nomeadamente através da implementação de programa

de assistência à prescrição antibiótica, tanto em

profilaxia como em terapêutica, permitindo ao grupo de

coordenação local do Programa de Prevenção e

Controlo de Infeções e de Resistência aos

Antimicrobianos a anulação do uso de antibióticos em

situações em que não estão indicados ou utilizados por

tempo superior ao necessário;

h) Rever e validar as prescrições de, pelo menos,

carbapenemes e fluoroquinolonas, nas primeiras 96

horas de terapêutica;

Vigilância epidemiológica

Dinamização da participação dos hospitais e dos laboratórios de microbiologia nos sistemas de vigilância das infeções, de resistência aos antimicrobianos e de consumo de antibióticos.

Reforço dos sistemas de vigilância de resistência aos antimicrobianos, de forma a conseguir processos de resposta mais rápidos e eficientes: os microrganismos-alerta

Integração das bases de dados de vigilância epidemiológica de infeção associada a cuidados de saúde na Plataforma de Dados da Saúde.

A norma DGS/INSA

VE de infeções obrigatória

Normalização de procedimentos e

práticas clínicas

precauções básicas e isolamento

“bundle” anti-MRSA

prevenção da infeção do local cirúrgico

profilaxia antibiótica cirúrgica

duração de terapêutica antibiótica

“bundle” hospitalar PPCIRA

uso de carbapenemes

tratamento de infeção intra-abdominal

prevenção de infeção associada a dispositivos invasivos, incluindo “bundle” do CVC

política de antisséticos e desinfetantes

prevenção e controlo de Clostridium difficile

prevenção e tratamento de infeção em feridas crónicas

A “bundle” hospitalar do PPCIRA

• Cinco momentos de higiene das mãos

• Uso correto de luvas

• Higienização de superfícies frequentemente manuseadas

• Profilaxia antibiótica em cirurgia com duração inferior ou

igual a 24h

• Ordem de paragem de terapêutica antibiótica ao 8º dia

• Assistência à prescrição antibiótica entre o 2º e o 4º dia

de terapêutica antibiótica (parar, diminuir espectro e

número, reduzir duração, corrigir, ensinar)

A “bundle” da comunidade do

PPCIRA

• Cinco momentos de higiene das mãos

• Cumprimento do programa nacional de vacinação

• Norma de tratamento de feridas

• Norma de uso de quinolonas

• Norma de tratamento de infeção das vias aéreas

• Assistência à prescrição antibiótica

Informação/Educação

Dinamização de formação sobre controlo e prevenção de infeções relacionadas com os cuidados de saúde, sobre resistências aos antimicrobianos e sobre uso adequado de antibióticos, tanto em meio hospitalar como em ambulatório, numa lógica de formação de formadores, por ARS

Reforço de curriculum “escolares” e criação de creditação na área

Dinamização de reuniões da Aliança Intersetorial para a Preservação do Antibiótico, agregando instituições da área da saúde, da farmácia, da veterinária, da indústria e do consumidor.

Dinamização da campanha de sensibilização do cidadão para o uso prudente dos antibióticos, nomeadamente relevando os riscos associados ao seu uso.

• Direção Geral das Saúde

• Grupo de Infeção e Sépsis

• Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

• Direcção Geral de Veterinária

• Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular

• DECO

• Associação Nacional de Farmácias

• Associação Portuguesa de Indústria Farmacêutica

• Ordem dos Médicos

• Ordem dos Enfermeiros

• Ordem dos Farmacêuticos

• Ordem dos Médicos Veterinários

• Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral

• Administrações e Secretarias Regionais de Saúde

• Secretarias Regionais de Saúde

Aliança Intersetorial para a

Preservação do Antibiótico

Campanha de sensibilização do

cidadão

Incentivos por via do financiamento

hospitalar

Inclusão de indicadores de desempenho hospitalar

relacionados com controlo de infeção,

prevenção de resistências antimicrobianas

e consumo de antibióticos, uns de caracter nacional e

outros locais

Indicadores e metas

• Número de hospitais aderentes à vigilância de microrganismos

resistentes em 2014 / Número de hospitais do Sistema Nacional de

Saúde em 2014 ≥ 50%.

• DDD por 1000 habitantes de consumo hospitalar de carbapenemes em

2015 / DDD de consumo hospitalar de carbapenemes em 2011 ≤ 95%

• DDD por 1000 habitantes de consumo ambulatório de quinolonas em

2015 / DDD de consumo ambulatório de quinolonas em 2011 ≤ 95%

• Número de bacterémias por MRSA por 1000 dias de internamento em

2015 / Número de bacterémias por MRSA por 1000 dias de

internamento em 2012 ≤ 90%

• Taxa de bacterémias por MRSA no total de bacterémias por

Staphylococcus aureus em 2015 / Taxa de bacterémias por MRSA no

total de bacterémias por Staphylococcus aureus em 2012 ≤ 90%

If you want to build a ship, don´t drum up the men to go to the forest to gather wood, saw it, and nail the planks together.

Instead, teach them the desire for the sea.

Antoine de Saint-Exupéry

Muito

obrigado !

[email protected]