O Homem Deus Willemoz

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  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    1/19

    O

    Homem-Deus

    Tratado das

    Duas Naturezas

    Jean

    Baptiste Willermoz

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    2/19

    2

    Sociedade d as Ci n ci a s Antigas

    OHomem

    Deus

    Tratado

    dasDuas Naturezas

    Por

    Jean

    B aptiste

    Willermoz

    Ttulo original

    LHomme Dieu

    Trait des Deux Natures

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    3/19

    3

    OHomem Deus

    Tratado

    das duas naturezas

    Tratado

    das duas naturezas,

    divina

    e humana, reunidas e

    i n d i v i s v e i s p or toda

    a eternidade e sendo

    para

    sempre um nico e mesmo ser na pessoa de

    Jesus

    C r i s t o Deus e Homem Redentor

    dos

    homens, Soberano Juiz dos

    vivos e

    dos

    mortos,

    acompanhado

    de reflexes sobre a

    conduta

    de

    Pilatos

    e

    de

    uma

    meditao

    sobre

    o

    grande

    mistrio

    da

    Cruz.

    -

    1

    Da

    infidelidade do homem

    pr imit ivo

    Vimos, dentro dos primeiros desenvolvimentos da Doutrina, que o homem primitivo havia sido

    revestido de um

    grande poder,

    que o tornava superior a todos os agentes e s p i r i t u a i s qu e f oram

    colocados com ele no espao criado, para se manifestarem sob sua direo e ao p a r t i c u l a r

    temporal. Que

    inicialmente

    tinha sido estabelecido como o

    dominador dos

    e s p r i t o s perversos que

    estavam a l i aprisionados

    em

    privao. Que tinha sido colocado e l e mesmo ao centro das quatro

    regies c e l e s t i a i s do universo

    c r i a d o

    para exercer sua potente ao u n i v e r s a l

    e que

    a l i poderia s e r

    um

    verdadeiro i n t e l e c t o do bem para os e s p r i t o s perversos, dando-lhes algumas noes

    deste

    bem, do qual

    estavam eternamente separados.

    Mas este i n f e l i z homem to poderoso, assim fortemente munido contra os ataques e os enganos do

    seu inimigo, to superior a tudo

    o qu e

    e x i s t i a com e l e no

    recinto

    universal e

    qu e n o

    possua acima

    de

    s i nada alm de seu Criador tendo sido enganado, seduzido, tombado no excesso da desgraa e

    condenado mo rt e

    com

    aqueles

    qu e havia

    ameaado,

    que

    Se r

    assim poderoso,

    suficientemente puro

    poderia r e s g a t - l o deste e s t a d o seno Deus Ele mesmo? Mas, e s t a imagem desfigurada do

    seu

    Criador

    atacou a sua

    unidade

    e

    todas

    suas

    potncias. Este inquo delegado, este

    representante

    i n f i e l

    do

    seu

    Deus

    uniu-se,

    aliou-se

    com

    o

    seu

    inimigo

    para

    t r a i r

    os

    mais

    caros

    i n t e r e s s e s

    dos

    quais

    havia

    sido

    encarregado. Ele abusou terrivelmente dos

    dons, de

    todos

    os

    poderes que

    havia recebido, e

    p or um

    excesso inconcebvel

    de

    ingratido, insultou

    de f orma

    insolente

    o Seu

    amor e

    Sua

    t e r n u r a . Foi

    necessrio,

    portanto, uma grande

    vtima

    para

    s a t i s f a z e r

    a

    J u s t i a Divina,

    porque

    se

    a

    Misericrdia

    de

    Deus

    i n f i n i t a

    e sem l i m i t e

    sua Justia

    tambm

    o

    e s p o d e ser refreada p or uma reparao

    proporcional

    ofensa.

    Era necessrio,

    p or conseguinte, uma

    vtima pura e sem

    mcula,

    da

    prpria

    natureza humana do prevaricador

    e

    d a do q ue f o i

    o

    homem que, pelo seu

    crime,

    fez

    entrar

    a morte no

    mundo era necessrio

    que esta

    santa vtima

    se

    entregasse

    voluntariamente

    a

    uma morte

    i n j u s t a

    violenta

    e

    ignominiosa para poder reparar tanto

    u l t r a j e . Era

    necessrio, enfim,

    que o

    J u s t o pelo seu

    s a c r i f c i o v o l u n t r i o se

    tornasse

    vencedor do

    pecado mortal, a f im de que aquilo qu e a

    J u s t i a divina

    havia proferido

    como sentena

    irrevogvel

    contra

    a

    raa do p r e v a r i c a d o r no fosse mais

    doqu e

    um sono

    e

    uma

    passagem

    da

    vida

    temporal

    vida

    eterna

    para

    todos

    os

    que,

    com

    s eu e x em plo ,

    abandonando

    p or toda a

    durao

    de

    sua

    expiao

    individual

    o

    seu l i v r e

    r b i t r o a s ua v on ta de

    prpria

    nica

    vontade de Deus, merecesse colher os

    f r u t o s .

    Um segundo Ado,

    emanado do

    seio de

    Deus

    em toda

    pureza

    e

    santidade, sacrificou-se

    e ofereceu-se

    como vtima J u s t i a Divina para a salvao de

    seus

    irmos;

    sua

    devoo f o i a c e i t a

    pela M i s e r i c r d i a .

    Imediatamente a

    Sabedoria i n c r i a d a

    o Verbo de Deus, que De us , o Filho nico, imagem e esplendor

    do

    P ai

    Todo-Poderoso,

    ofereceu-se

    para

    se unir

    intimamente e p or toda a

    eternidade

    i n t e l i g n c i a

    humana

    do

    n o v o Ado, para f o r t i f i c - l o em seu s a c r i f c i o para assegurar, para completar o seu triunfo

    e

    t o r n - l o p or uma ressurreio

    g l o r i o s a realmente vencedor da

    morte.

    2

    Da

    unio

    misteriosa dasduas

    naturezas

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    4

    pela unio

    incompreensvel

    da natureza

    divina

    natureza humana, obra-prima doamor i n f i n i t o de

    Deus para

    os ho me ns , qu e se r e a l i z a a grande obra

    da

    Redeno do

    gnero humano

    e o

    estabelecimento

    da r e l i g i o santa que lhe ensina a

    conhecer

    o

    verdadeiro

    culto

    que deve render

    seu Criador, e o nico qu e p o de agradar-Lhe.

    Religio

    qu e n o

    podia ser

    f u nd ad a f i r me me nt e a no

    ser pela

    revelao de um

    Deus encarnado, conversando

    familiarmente com os homens, e que lhes

    provaria permanentemente durante a durao de sua

    misso

    temporal, sua Divindade, a verdade de

    S eu s d o gm as ,

    a pureza e a excelncia de

    Sua moral

    alm dos incontestveis

    milagres

    de todos os

    t i p o s .

    A

    esto

    os

    dois

    grandes

    objetos

    que,

    nas

    intenes

    de

    Amor

    e

    de

    Misericrdia

    de

    Deus

    para

    os

    homens degradados

    e corrompidos, tornaram necessria a

    unio

    das duas

    naturezas

    na pessoa de

    Jesus

    C r i s t o .

    Esta unio ntima, absoluta e eternamente inseparvel do Verbo criador de todos os seres com uma

    pura

    c r i a t u r a

    humana, para

    poder i n s t r u i r

    publicamente, s o f r e r e morrer

    n e l a

    um ato do Amor de

    Deus para com os homens; to prodigioso, to inconcebvel e to e x t remamente acima de todo

    entendimento

    humano

    que

    dos

    atos revelados

    f

    c r i s t

    e s t e

    o qu e

    perdura

    por todos os tempos e

    qu e ainda o mais i n c o n t e s t v e l . Os contemporneos de Jesus C r i s t o embora testemunhas d i r i a s de

    uma multido de milagres incontestveis, que operava na f r e n t e d e l e s no

    viam

    nele nada mais que

    umhomem e negaram-lhe sua Divindade. Seus d i s c p u l o s mesmo

    seus

    apstolos, embora instrudos

    p or

    e l e

    e

    testemunhas

    dos

    mesmos prodgios,

    no

    creram

    imediatamente, apenas aos t r s

    dias

    aps

    sua morte, convencidos da verdade de sua r e s s u r r e i o

    qu e

    ele mesmo havia p r e d i t o e recebendo suas

    instrues d ur an te quar en ta

    d i a s

    vendo-o ascender divinamente ao cu, na sua humanidade

    g l o r i f i c a d a .

    -3 -

    Da necessidade da encarnao d i v i n a

    No de

    se surpreender que

    o

    homem

    a t u a l

    qu e n o admite outro testemunho alm

    daqueles de

    seus

    sentidos

    f s i c o s

    e

    materiais,

    negue

    ainda

    para

    a

    sua

    desgraa

    esta

    grande

    verdade.

    Existem

    muitos

    cuja

    inteligncia

    menos envolvida,

    que

    tambm

    o

    negam

    ou

    qu e r ec on he ce m apenas

    superficialmente e antes pelo sentimento

    de

    um

    dever que a instruo sugeriu-lhes que pela

    persuaso, porque no sentem

    ainda a necessidade de

    uma

    interveno

    d i r e t a

    e

    pessoal

    da

    Divindade no

    ato

    s a t i s f a t r i o

    de

    expiao que

    o homem

    deve Justia divina. Vendo

    em

    Deus e no

    homem

    decado

    do seu estado glorioso, os

    dois

    pontos extremos da

    ordem

    e s p i r i t u a l supem nas

    classes

    anglicas

    os agentes e s p i r i t u a i s intermedirios suficientemente

    puros

    e potentes para

    aproximar o

    homem

    de

    Deus, sem que

    seja

    necessrio que Deus mesmo

    se

    apresente

    encarnao.

    dvida

    e o erro

    daqueles provm apenas

    da

    ignorncia

    na

    qual

    geralmente

    caem os

    homens por

    muito

    tempo

    sobre a

    causa ocasional

    da criao do universo, sobre

    a s i nt en es

    de Deus na

    emanao

    e

    emancipao

    do homem sobre

    seu elevado

    destino ao

    centro

    do

    espao criado

    e

    p or

    ltimo,

    sobre

    os

    grandes

    p r i v i l g i o s

    a

    grande

    potncia

    e a

    grande

    superioridade

    que

    lhe

    foram

    dados

    sobre

    todos

    os seres

    bons

    e

    maus que

    foram

    colocados com

    e l e . Todas

    estas

    coisas os

    chefes

    da I g r e j a C r i s t aos quais o conhecimento era

    reservado exclusivamente durante

    os cinco ou

    s e i s

    primeiros

    sculos

    do

    cristianismo,

    conheceram

    perfeitamente. Mais

    instrudos sobre estes

    pontos

    importantes, teriam concludo que

    para

    r e a b i l i t a r um ser to grande, to potente, era necessr io

    Deus mesmo.

    Eles, entre

    outros que tambm

    reconheceram a

    necessidade

    da

    grande

    e santa

    vtima

    que se s a c r i f i c a s s e

    voluntariamente

    ao sofrimento e morte

    para s a t i s f a z e r

    Justia Divina, porm,

    reconhecendo

    ao mesmo

    tempo que Deus

    impassvel em todo Seu s e r e

    que

    a

    reparao

    do crime

    s

    s e r i a

    meritria

    se

    fosse realizada

    p or algum com a

    mesma

    pureza e a mesma natureza de quem o

    cometeu, negaram a

    Divindade

    do Redentor.

    -

    4

    -

    Da morte de

    Deus

    na

    Cruz

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    5

    Sim, sem

    dvida,

    Deus

    impassvel, e

    nada

    na natureza

    divina p o d e

    sofrer

    nem morrer;

    s e r i a uma

    grande blasfmia

    ousar dizer o

    c o n t r r i o .

    p or isso que os oradores c r i s t o s que

    se

    entregam

    ao

    plpito

    da

    verdade com

    um zelo excessivo, atravs de

    expresses inoportunas que

    lhes

    parecem dar

    mais

    energia

    aos seus

    pensamentos,

    gritam

    freqentemente: Deus

    morreu

    pelos homens

    faltam

    ao seu

    objetivo essencial, porque no

    devem

    mais

    esperar persuadir os

    seus

    ouvintes

    quando

    pretendem fazer-lhes crer o impossvel.

    Mas

    Jesus C r i s t o que rene em

    uma

    nica pessoa e de

    modo

    eternamente inseparvel,

    a natureza

    divina

    e a natureza humana no

    seu mais elevado grau

    de

    perfeio, o

    homem

    puro

    sofre

    e

    morre

    e

    quando

    abandona

    o

    seu

    corpo,

    e

    com

    a

    sua

    inteligncia

    humana que se impregna

    na essncia

    divina

    ao qual indivisivelmente unido. potncia do

    Verbo

    de Deus que reside em

    toda

    sua plenitude em sua santa

    humanidade

    e vela p or e l a a apia em seus

    combates freqentes e

    mortais,

    multiplica suas f o r a s f o r t i f i c a sua vontade, sua

    submisso,

    sua

    p e r f e i t a renncia, at a consumao de seu s a c r i f c i o expiatrio, e assegura-lhe o triunfo sobre

    todas

    as potncias do inferno desencadeadas contra e l e deixando-lhe

    todas

    as honras da v i t r i a . E, como

    prmio do bom uso qu e fez de seus prprios meios, e do potente socorro que lhe dado,

    ressuscitado da

    tumba pelo

    Verbo, g l o r i f i c a d o

    divinizado, elevado

    ao mais

    a l t o dos

    cus,

    onde

    colocado sobre um trono eterno juntamente com e l e a quem se funde, p or assim d i z e r

    estabelecido

    como o Soberano Juiz

    dos

    vivos e

    dos

    mortos, e o Deus

    eternamente

    v i s v e l aos

    anjos

    e aos homens

    santificados que reconhece como seus irmos.

    -5-

    Da imitao

    de

    Jesus Cristo

    As duas naturezas que reconhecemos

    na pessoa

    do Di v i n o R ep a ra do r

    Universal so to unidas,

    e

    aparentemente mescladas, qu e p a re ce m para as pessoas comuns, operar simultaneamente em sua

    ao

    g e r a l . Tm

    contudo, cada

    uma

    a

    sua prpria

    e

    d i s t i n t a ao, que, normalmente,

    opera

    separadamente. I s t o portanto, importante para o verdadeiro c r i s t o j que uma delas proposta

    como

    modelo, para no confundi-lo

    e

    para que aprenda

    a d i s t i n g u i - l a s .

    Este

    exame

    p o d e apenas

    reafirmar

    a

    f

    dos

    que

    crem,

    e

    pode

    ser

    especialmente

    t i l

    a

    este

    grande

    nmero

    de

    c r i s t o s

    covardes

    e desp reocup ados

    que, pa ra desculpar

    sua

    indolncia,

    no

    cessam

    de

    r e p e t i r :

    impossvel

    ao

    homem imitar a conduta

    sempre

    sbia e irrepreensvel

    de

    um Deus. No, sem dvida, no

    possvel

    a um homem

    to f r g i l ser tambm p e r f e i t o .

    Porm,

    f r g i l como

    pode, e

    deve mesmo

    esforar-se sem repouso a i m i t a r

    tanto

    quanto lhe possvel,

    o

    homem puro, unido a De us ,

    qu e

    Deusmesmo

    prope-lhe como modelo.

    - 6 -

    Da Unio do Verboa Jesus

    O

    Divino

    Reconciliador

    dos

    homens,

    Desejado

    das naes,

    Messias

    prometido

    f

    de

    Abrao,

    pai

    dos

    que

    crem predito

    p or

    um Jac moribundo a

    seus f i l h o s

    e to

    claramente anunciado

    por um grande

    nmero

    de

    p r o f e t a s

    que se

    sucederam uns

    aos outros p or uma longa seqncia de

    s c u l o s como

    nascido de uma

    virgem

    da r a a de Abrao e da

    f a m l i a do

    r e i

    Davi

    s u r g e finalmente, sobre a Terra ao

    f i m

    do quarto milnio do mundo, ao tempo determinado pela

    Sabedoria

    incriada para o cumprimento das

    grandes intenes

    de sua

    divina M i s e r i c r d i a .

    O

    arcanjo

    Gabriel

    e nv i a do p o r Deus

    pequena

    cidade de Nazar virgem

    Maria, para

    anunciar

    lhe a gloriosa maternidade pela

    qual

    destinada a cooperar na grande

    obra

    d a R e de n o dos homens.

    Oaparecimento

    sbito

    do

    anjo

    causa

    perturbao

    alma desta

    virgem

    to

    pura. Seu

    pudor

    alarma-se

    da maternidade que lhe anunciada, declarando no conhecer homem algum.

    S

    d o seu

    consentimento

    aps

    se

    t r a n q i l i z a r

    inteiramente

    sobre

    os

    meios,

    quando

    o

    anjo

    lhe declara

    que

    sua

    maternidade s e r i a obra do prprio Deus, pela operao do seu E s p r i t o Santo, e que sua virgindade

    continuaria i n t a c t a .

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    6/19

    6

    No

    momento

    mesmo

    do

    seu

    consentimento, comea

    o

    cumprimento

    do

    grande Mistrio; pois

    no

    mesmo

    instante

    o

    Verbo

    de

    Deus, que

    o prprio

    Deus,

    a segunda

    Pessoa

    e potncia

    da

    Santa

    Trindade, pressionado pelo

    seu

    ardente

    amor

    p or suas

    c r i a t u r a s humanas,

    une-se indissoluvelmente

    e

    p ar a t od a

    eternidade

    alma

    humana, pura e santa de

    Jesus qu e, p elo

    amor por

    seus

    irmos, e para

    r e c o n c i l i - l o s com Deus,

    satisfazendo

    p or eles

    a Justia

    Divina,

    destinado s ignomnias,

    aos

    sofrimentos e a morte. O

    Verbo

    todo poderoso de

    Deus, imagem

    e esplendor do

    P ai

    eterno, desce

    dos cus para v i r

    se

    incorporar

    a

    alma humana

    de

    Jesus,

    no

    ventre

    da

    bem aventurada

    Virgem

    Maria,

    para

    serem

    eternamente unidos

    em

    uma

    mesma

    e

    s Pessoa

    em

    duas

    naturezas

    d i s t i n t a s .

    ,

    portanto

    no

    momento

    de seu

    consentimento que

    o Homem

    Deus

    formado corporalmente

    no seio

    virginal de

    Maria,

    de

    sua

    pura substncia, de

    seu

    verdadeiro e

    puro

    limo quintessencial

    da

    t e r r a

    virgem

    de sua

    me. Ele f o i formado

    e

    composto,

    como todos os

    outros

    homens

    que

    vem

    p or algum

    tempo

    sobre a Terra, de

    uma

    substncia t r i p l a quer

    d i z e r

    de um

    e s p r i t o puro,

    i n t e l i g e n t e e

    imortal;

    de uma

    alma passiva

    ou

    vida

    passageira; e de um corpo de

    matria, porm

    de

    uma matria

    pura e

    no conspurcada, qu e n o provem, como os demais

    seres

    human o s, d a concupiscncia

    dos

    sentidos,

    mas

    unicamente da

    operao

    do

    Esprito Santo,

    sem a

    participao

    de

    homem algum, nem

    de

    algum

    agente f s i c o da matria. atravs

    deste

    prodgio doamor i n f i n i t o de Deus p or s ua c r i a t u r a querida

    e

    seduzida,

    tornado

    p or seu

    crime

    para

    sempre escravo e vtima do

    Demnio que

    se

    cumpre

    o

    inefvel e incompreensvel

    mistrio

    da encarnao divina

    para

    a redeno dos homens, p or

    Jesus

    Cristo

    nosso nico

    Senhor

    e Me st re

    que

    quis, p o r v o nt ad e prpria

    para garantir

    o

    resultado

    f i n a l

    unir indissoluvelmente a natureza

    humana

    do

    prevaricador

    sua prpria natureza divina.

    -

    7

    -

    Da

    natureza

    quaternria de Jesus Cristo

    Reconhecemos

    que o animal

    ou

    a

    f e r a

    um binrio

    c omp os to d e

    uma

    alma,

    ou vida

    passiva e

    passageira, e de um corpo de matria que desaparecem totalmente aps a durao que lhes

    prescrita;

    o

    homem

    ,

    durante

    a

    sua

    esta d a pa ssage ir a sobre a Terra,

    um

    composto ternrio

    formado

    das

    duas

    mesmas substncias

    passageiras

    que

    acabamos

    de

    c i t a r

    e

    que

    o

    constituem

    em

    animal, como

    fera,

    e

    de

    um esprito inteligente e

    imortal pelo

    qual realmente imagem

    e semelhana divina. Mas

    em

    Jesus Cristo, homem-Deus e divino, encontra-se, durante a sua

    vida

    temporal

    sobre a Terra, uma

    composio

    quaternria que

    o distingue

    eminentemente

    de

    t od as a s criaturas, a saber: as trs substncias

    que

    acabamos de conhecer nohomem temporal,

    e a substncia do

    prprio Ser de Deus, que se

    uniu pela eternidade

    ao ser inteligente

    e imortal

    dohomem para formar

    um ser nico,

    e somenteuma P e s so a emduas naturezas.

    Aquele

    que,

    p or esta unio

    to

    gloriosa, p o d i a nascer

    sua

    escolha

    na

    famlia mais

    opulenta,

    no seio das grandezas, sobre o

    trono

    mais incontestvel,

    prefere

    nascer

    em

    um estbulo, em

    uma

    famlia desconhecida e pobre,

    com

    uma profisso abjeta, mais exposta aos despeitos e

    as

    humilhaes,

    que

    acompanham

    geralmente

    a

    indigncia.

    E

    bem

    evidente,

    p or

    isso, que

    sua

    entrada

    no

    mundo

    para ser o

    modelo e a consolao dos pobres, que quer

    ao

    mesmo

    tempo inspirar o despeito das riquezas

    e

    fazer sentir aos que as

    possuem os

    grandes

    perigos

    aos

    quais expem

    todos os que no fazem

    o

    uso

    prescrito

    pela sua moral e p or seus

    preceitos.

    -8-

    Dos Nomes

    dados ao

    Messias

    Veremos agora nos santos Evangelhos sob

    quais

    nomes o Di vi no Messi as apresentou-se aos homens,

    como

    os

    Evangelistas

    d es i gn am- no e

    qualificam-no,

    e

    como se

    q u a l i f i c a

    Ele

    mesmo.

    Ns

    aqui

    encontraremos, sob

    novas

    designaes, um

    novo

    fundo de i n s t r u e s com a confirmao qu e dizemos

    de

    mais elevado

    sobre

    este

    importante

    tema. Ns

    o temos

    chamado, s v ezes, J esu s ou

    o

    f i l h o do

    homem. Tanto Deus-Homem ouhomem-Deus en f im o

    f i l h o ou

    Jesus C r i s t o .

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    7/19

    7

    Estas diversas denominaes

    aplicadas ao

    mesmo ser quase

    podem parecer

    primeira

    v i s t a como

    sinnimos, mas,

    no

    so,

    porque apresentam sentidos muito

    diferentes

    que

    necessrio no

    confundir, pois que so r e l a t i v o s s duas

    naturezas

    d i s t i n t a s que

    se

    encontram unidas no nico e

    mesmo

    s e r . Uma reflexo

    sobre Suas

    aes durante a vida temporal, demonstra e s t a

    verdade.

    om e f e i t o

    v-se

    em

    Jesus

    apenas ohomem puro e santo

    que

    temum sublime

    destino, abstrao

    f e i t a

    da

    Divindade

    que

    reside

    n e l e

    mas

    que

    ainda

    no

    se

    manifestou.

    No

    f i l h o do

    homem

    v-se

    apenas

    a

    mesma natureza humana.

    Ele

    se

    qualifica

    a ss im e nqu an to quiser

    esconder

    aos

    Judeus

    e aos

    Demnios sua Divindade, que se apresenta a eles

    como

    um descendente de Ado, pai comum dos

    homens, e suposto no

    ser

    mais do que o

    f i l h o

    de

    Jos,

    at que o

    grande mistrio

    da encarnao

    seja

    revelado aos homens. Como Deus, o homem puro e santo, cuja ao parece p re do mi na r a

    da

    Divindade que se

    encobre

    n e l e . No Homem pelo c o n t r r i o a ao divina que

    se

    mostra

    predominante sobre a do homem.

    No

    f i l h o

    de

    Deus,

    que

    a qualidade essencial que

    o

    arcanjo deu

    lhe anunciando Maria a sua encarnao, a Di v in da de qu e se manifesta com esplendor pelo rgo

    da sua

    santa humani dade. En f i m,

    em

    Jesus C r i s t o

    o

    homem-Deus

    e

    divino, so as

    duas

    naturezas

    unidas em s um e mesmo ser que operam juntas sob uma forma humana, as aes reunidas que

    pertencem

    a

    e l a s .

    Em geral Jesus, desde

    o seu

    nascimento a t s eu ba ti s mo no Jordo,

    na

    tentao do Demnio

    qu e

    sofreu no d e s e r t o na sua agonia no Jardim das O l i v e i r a s em

    todo curso

    da sua Paixo e

    sobre

    a Cruz,

    apresenta apenas

    o

    homem puro, santo e p e r f e i t o inteiramente sacrificado J u s t i a divina e

    abandonado a e l e mesmo ao seu l i v r e a r b t r i o . Divindade que reside essencialmente

    n e l e

    parece

    suspender a

    sua

    ao

    para

    deixar sua santa

    humanidade toda

    honra

    da

    v i t r i a c o r r e t i v a

    sem, contudo,

    separar-se s um momento. Realiza-se como espectadora do grande combate, e o apia durante toda

    sua durao, pela

    sua

    presena.

    a i

    onde

    o

    homem-Deus

    assim

    abandonado,

    realmente o

    modelo

    r e a l i z a d o dos homens.

    Mas

    quando

    Jesus

    C r i s t o

    que

    comea

    a

    sua

    misso

    com

    o

    pedido

    da

    sua

    me

    que

    lhe

    apresentado

    no banquete do Casamento de Cana, a l t e r a a

    gua

    em

    vinho. Quando,

    no

    deserto

    e sobre a

    montanha, multiplica alguns pes e alguns peixes numa

    quantidade

    s u f i c i e n t e para alimentar s vezes

    4000

    e

    s vezes 5000 homens

    extenuados

    pela necessidade

    e

    que

    permanece em pedaos

    coletados,

    aps

    t - l o s s a t i s f e i t o totalmente,

    com cestos

    to

    cheios quanto havia antes

    da

    d i s t r i b u i o . Quando

    fora

    os demnios a obedecer

    suas

    ordens e a ba nd on ar imediatamente os corpos

    pecadores que

    possuem; aquele

    qu e ordena,

    como Mestre,

    ao

    mar, aos ventos e

    tempestade que

    se acalmem, e

    que

    lhe

    obedecem. Quando

    faz

    andar

    e levantar de seu

    l e i t o

    o

    p a r a l t i c o

    que,

    desde

    os 38

    anos, esperava

    em v o

    junto

    piscina o

    socorro

    de

    um anjo

    e a sua

    cura. Quando revela

    o

    fundo

    dos

    pensamentos

    mais secretos

    da

    mulher

    Samaritana e

    muitos

    outros;

    quando reanima

    a f i l h a de

    J a i r o

    o

    f i l h o nico

    da

    viva

    de Nam

    que

    o

    levava

    em

    t e r r a

    e mais particularmente ainda em

    Lzaro,

    o

    querido irmo

    de

    Marta

    e

    de

    Maria,

    que

    Jesus

    amava, que

    depois

    de

    quatro

    dias

    encerrado

    no

    sepulcro

    e

    cujo

    corpo

    corrompido

    exalava j uma

    grande

    infeco,

    que,

    ao seu

    comando, s a i

    da

    tumba

    e caminha diante de

    todas

    as testemunhas,

    ainda

    tendo o

    corpo

    envolto em ataduras. Aquele que operou

    todas

    e s t a s coisas

    e

    muitas

    outras to prodigiosas,

    quem

    poderia duvidar

    que

    era o

    Verbo

    todo poderoso de

    Deus que

    falava e

    comandava

    toda a

    natureza

    pela boca dohomem-Deus?

    - 9 -

    Da

    v i d a temporal de Jesus Cristo

    Tendo, por conseguinte, distinguido nele duas naturezas indivisivelmente reunidas em

    uma

    s e

    mesma

    pessoa,

    percorramos rapidamente

    as

    p r i n c i p a i s

    circunstncias

    da

    sua

    vida

    temporal,

    para

    completar a nossa

    i n s t r u o .

    Jesus c r i a n a adolescente e a t

    idade

    de 30 anos, parece ser apenas um homem comum distinguido

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    8/19

    8

    a pe na s p or

    uma

    sabedoria acima

    de

    sua idade, pela sua

    docilidade e

    sua submisso

    a

    seus

    p a i s .

    sujeitado

    a

    todos

    os trabalhos, todos os cansaos e todas as necessidades da vida comum.

    Ao a t i n g i r a

    idade

    de

    30

    anos,

    poca

    qual deve comear publicamente a sua

    misso

    corretiva e a

    instruo

    de

    seus

    discpulos, aps t e r sido batizado no Jordo por

    Joo que

    o

    reconhece

    e o proclama

    como

    o Messias prometido, sua Divindade pela pr imeira vez, manifestada pela descida

    do

    Esprito

    Santo que vem

    pousar sobre

    e l e

    e

    pelas

    incontestveis palavras do

    P ai

    c e l e s t i a l qu e o

    proclama

    altamente como

    o

    seu

    Filho

    bem-amado

    em

    que

    colocou

    toda

    Suas

    afeies,

    e

    ordena aos

    homens

    que

    o ouam . Neste momento comea a sua

    misso

    d i v i n a .

    Ele

    r e t i r a - s e

    para o deserto para

    preparar-se como

    homem cumprindo em

    orao

    um jejum rigoroso

    durante 40 d i a s . Aps e s t e s 40 d i a s prova a

    fome,

    necessidade humana que demonstra claramente que

    era sua p ura e nica

    humanidade

    que

    se

    preparava assim rigorosamente

    para

    os atos importantes

    que devia o p e r a r .

    Omomento ou prova d e s t a necessidade f s i c a da humanidade ao mesmo instante em que o Prncipe dos

    Demnios

    surge

    para t e n t - l o em t od o s eu s e r

    ou

    s e j a

    nas

    necessidades f s i c a s

    do

    seu corpo, a vida

    passiva e passageira deste corpo, e a sua natureza a t i v a e e s p i r i t u a l para e s c l a r e c e r as s u s p e i t a s qu e

    concebeu

    sobre

    a

    verdadeira

    natureza

    de

    Jesus

    e

    para assegurar-se

    se

    a

    Divindade

    r e s i d i a

    ou

    no

    r e s i d i a mais n e l e

    p or

    ltimo se era ou no

    o

    Messias

    prometido;

    Mistrio que a Sabedoria Divina

    queria

    esconder do Demnio, para qu e pudesse r e a l i z a r - s e inteiramente.

    necessrio observar com cui da do o s t r s d i f e r e n t e s t i p o s de ataque qu e o Demnio executa

    astuciosamente sobre as t r s partes constituintes do

    homem

    f s i c o .

    Primeiramente,

    ataca Jesus

    na sua

    forma corporal, relativamente s suas necessidades, dizendo-lhe sobre o cume de uma elevao: Se

    o

    f i l h o

    de Deus,

    ordena que e s t a s pedras tornem-se pes. Em

    segundo

    lugar,

    aps

    esta i n t i l

    t e n t a t i v a e l e o ataca na sua vida passiva, animal, corporal, dizendo-lhe sobre o cume de uma

    elevao: Se

    s

    o

    f i l h o

    de

    Deus,

    p r e c i p i t a - t e voc

    no sofrer nenhum mal. Em t e r c e i r o lugar,

    aps

    este

    segundo

    ataque

    no

    qual

    afastado

    como

    na

    primeira,

    dirige

    o

    t e r c e i r o

    que

    mais

    importante,

    sobre o

    ser e s p i r i t u a l

    de

    Jesus, dizendo:

    Se t e

    prostrares diante

    de mim e me

    adorares

    t e

    darei

    todos

    os reinos

    do

    mundo que vs, e que

    me

    pertencem.

    Este

    ataque do demnio ainda

    o

    mesmo e

    atualmente

    p or sua forma

    corporal

    qu e ataca

    o

    homem.

    Ele o seduz

    pelos seus sentidos m a t e r i a i s

    pelo

    amor

    da

    vida animal

    e

    passageira,

    e por

    suas

    afeies

    animais e s e n s v e i s . Estas so as portas por onde e l e t e n t a se

    i n t r o d u z i r para

    atacar com maior

    sucesso

    ao seu

    s e r

    e s p i r i t u a l .

    O

    homem-Deus

    susta

    e s t e ataque pela fora

    de sua

    pura

    vontade

    humana

    e assim

    recebe

    o prmio

    pois

    os anjos

    viro

    lhe s e r v i r .

    Sua

    v i t r i a sobre

    o Demnio

    n os lembra

    a derrota do

    homem primitivo

    em

    ocasio

    s i m i l a r .

    J e s u s

    segundo

    Ado,

    fez o

    qu e

    o primeiro, atravs

    de

    seu

    l i v r e

    a r b t r i o

    devia

    t e r

    f e i t o

    e

    no f e z . P rovamos todos os

    funestos resultados da

    queda

    do

    primeiro,

    e

    todos os s a l u t a r e s e f e i t o s

    da

    firme

    vontade reparadora

    do

    segundo.

    -10-

    Do primeiro

    e

    do segundo Ado

    Oprimeiro Ado,

    como

    imagem e semelhana divina, como representante da

    Divindade

    no universo

    criado,

    tinha sido dotado

    de

    toda

    f o r a de

    todas as

    virtudes e de todas

    as

    potncias necessrias para

    cumprir sua misso. Oprincipal objeto desta misso er a de perturbar o

    prncipe

    do

    mal, cont-lo

    nos

    l i m i t e s

    que

    a

    J u s t i a

    divina

    havia

    prescrito

    sua

    ao

    perversa,

    e

    confin-lo

    tanto

    em

    seus

    l i m i t e s

    que

    s e r i a

    forado a reconhecer a sua inferioridade e sua d epe n dncia o r i g i n a l do Divino Criador de

    tudo, do qual pretendia ser um igual e

    de

    reconhecer

    ao

    mesmo tempo a superioridade do homem

    sobre ele e s obre todos

    seus

    sequazes, o que t e r i a destrudo o Mal p or

    se

    arrependerem de t - l o

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    9/19

    9

    criado

    e parido.

    Este

    era o

    grande objetivo

    da Misericrdia

    divina

    sobre os primeiros culpados,

    que

    a

    prevaricao do

    homem d e s t r u i u .

    O segundo Ado em Jesus C r i s t o como

    homem puro

    que no

    participou

    de modo algum nesta

    prevaricao, nem possuindo

    os

    v c i o s

    da concepo

    das formas corporais que

    infectou toda sua

    posteridade, f o i dotado n o s om en te das

    mesmas

    f o r a s virtudes e potncias como o

    primeiro,

    mas

    elas

    foram

    f o r t i f i c a d a s

    eminentemente

    pela

    unio

    ntima

    e eterna

    que

    o

    Verbo

    Divino fez de sua

    natureza

    pura com

    a

    do

    homem

    para

    assegurar

    o

    t o t a l

    sucesso

    de

    sua misso

    c o r r e t i v a .

    -

    11

    Dos

    sentidos

    dos

    milagres

    de

    Jesus

    Cristo

    No pretendemos aqui considerar os f a t o s especficos da vida pblica de Jesus C r i s t o a l e i t u r a dos

    santos

    Evangelhos

    suficiente para

    conhec-los.

    Eles

    no d e i x am

    nenhuma dvida

    sobre sua

    Divindade, d ad o qu e Ela manifesta-se neles permanentemente, p or uma multido de milagres dos

    mais i n c o n t e s t v e i s .

    Devemos contudo,

    fazer observar

    que

    mesmo

    operando

    tantos fatos prodigiosos,

    que

    devemos

    a t r i b u i r essencialmente Di v i nd ad e que reside

    nele,

    quer fazer conhecer a seus discpulos que

    h

    uma

    grande

    potncia inata no homem reconciliado, pela

    qual p o d e

    operar fatos ainda mais

    prodigiosos

    quando est u ni do a Deus por uma f viva. Porque, v e n d o seus Apstolos surpresos

    de

    admirao em

    v i s t a

    dos milagres incontestveis que opera, acusa-lhes a sua pouca f declarando

    lhes que, se tivessem a f necessria, eles realizariam os mesmos prodgios e outros maiores ainda.

    Oqu e n o t e r i a podido dizer se esta potncia no fosse inata

    na

    natureza do homem qu e n un ca f o i

    reconhecida nos anjos que

    so

    a pe na s o s

    ministros da

    Vontade

    de

    Deus,

    em ocasies

    especficas

    onde os emprega.

    -

    12

    -

    Da

    revelao p rogressi va de Jesus Cristo

    Surpreendemo-nos ao l e r

    os santos Evangelhos e ver os cuidados e as precaues

    qu e

    Jesus toma

    para

    esconder sua

    Divindade

    e

    no

    mostrar mais

    alm

    de

    f i l h o

    dohomem e procuramos os motivos.

    encarnao

    do

    Verbo

    de

    Deus

    u ni do natureza

    humana

    e o

    advento

    temporal

    do

    Messias tinha

    sido

    claramente predito

    pelo

    profeta I s a a s

    e muitos

    o u t r o s que os homens

    esperavam

    que

    se

    cumprisse,

    mas

    esqueceram

    que

    era

    uma

    vtima sacrificada

    voluntariamente

    a

    uma morte

    violenta e

    ignominiosa,

    pela qual

    devia

    operar

    a

    reconciliao

    do gnero

    humano. O

    Demnio no

    podia

    ignorar

    esta

    promessa,

    nem

    as

    demais, humilhantes

    para

    o

    seu

    orgulho,

    que

    ele

    devia

    t e r .

    Ele

    temia

    o

    cumprimento que

    i r i a arrancar-lhe

    tantas vtimas

    de sua

    f r i a

    e

    preservar

    os

    demais. Tinha, portanto,

    o maior

    interesse

    em fazer

    falhar

    a

    profecia

    e impedir a todo

    custo

    que o

    Cristo f osse

    levado

    morte.

    E,

    s e J es us desde

    o

    p r i n c p i o desde

    o

    i n c i o

    de

    sua

    misso,

    fosse c l a r a

    e

    publicamente se

    declarado o Filho de Deus p ro va nd o- o a

    toda

    a

    nao, convencendo-os

    p ublicament e po r

    seus

    milagres que

    o era

    realmente, qual s e r i a

    a potncia humana que

    ousaria

    e poderia conden-lo

    morte?

    E, no morrendo, o qu e

    se

    tornava

    ento a Redeno p rometi da p or sua morte?

    Era

    necessrio,

    portanto, que

    morresse,

    que fosse

    ignorado. A

    est porque

    o Demnio

    procurava

    esclarecer suas

    dvidas,

    suas suspeitas

    sobre sua dupla natureza, e se o fez p e r s e g u i r se o fez em

    seguida c on de na r a

    uma morte ignominiosa, no

    fez

    mais

    do

    que p or uma

    confuso de

    sua p a r t e

    no

    considerando

    Jesus

    Cristo

    mais

    do

    qu e um

    homem

    puro, cuja d o u t r i n a santidade e potncia de suas

    operaes

    humanas,

    lhe

    atraam

    uma multido

    de

    p a r t i d r i o s .

    Mas como a Di v i nd ad e

    de

    Jesus Cr is to era

    o dogma

    fundamental

    da

    r e l i g i o santa que v i r i a a

    e s t a b e l e c e r e s e r i a a prova da verdade de sua doutrina, era necessrio que o dogma de sua Divindade

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    10/19

    10

    fosse

    tambm declarado

    e p ro va do p or ele mesmo para

    operar

    a

    convico

    de todos

    os

    que o

    P ai

    c e l e s t i a l

    Lhe deu, e que

    devem

    ser

    salvos

    pela

    f Nele.

    Foi, portanto, o que f e z . Se ,

    no

    i n c i o de sua

    misso, p s alguma reserva

    s

    testemunhas

    que

    o

    interrogavam

    sobre este ponto to

    importante,

    er a

    para nos fazer saber que a Verdade apresenta-se apenas s almas

    puras,

    e qu e p o de e n t r a r apenas nos

    coraes dispostos

    a

    receb-la.

    A

    est porque

    faz preceder a declarao, a confisso formal de sua

    Divindade, pelo

    ensino

    de sua doutrina qu e di sp u nha os e s p r i t o s a c r e r . E, quando multiplicou

    seus

    discpulos pelo grande

    nmero

    dos milagres

    que realizou

    e pela atrao

    i r r e s i s t v e l que

    lhes

    inspirava

    sua

    doutrina,

    no

    dissimulou

    mais

    sua

    Divindade, declarando

    mesmo

    na

    frente

    de

    seus mortais

    inimigos, que

    tomam ocasio

    destas

    confisses para persegui-lo mais

    violentamente,

    para

    j u r a r

    sua

    perda e para f a z - l o condenar morte. E, assim

    mesmo

    que se tornam, pela sua ignorncia e sua

    malicia,

    os

    cegos

    instrumentos do cumprimento dos decretos

    divinos

    para a Redeno

    dos

    homens.

    - 1 3 -

    Ceia

    P a sc al

    Estando terminado o tempo da

    misso temporal

    de

    Jesus

    Cristo, prepara-se para voltar ao

    Pai. Mas

    antes quer fazer com seus apstolos a ltima Ceia (a Ceia Pascal) a qual desejou com tanto ardor e

    na

    qual

    manifesta

    ao

    mesmo

    tempo o

    Divino

    Todo-Poderoso

    e

    o amor

    mais

    inconcebvel

    de

    Deus

    para os homens.

    Ele

    quer, deixando-os, r e s i d i r para sempre com eles e dar-Se

    Ele

    mesmo a eles

    nas

    duas naturezas, divina e humana, que esto unidas Nele.

    Pois

    no sacramento de seu co rp o e de seu

    sangue,

    verdadeira e inteiramente, d -Se a eles e a

    todos

    os que participarem

    na

    f at

    o

    f i m do

    mundo.

    verdade deste augusto sacramento freqentemente f o i e ainda violentamente atacada. o fruto

    do

    orgulho

    que quer raciocinar onde

    a

    fraca razo humana deve c a l a r - s e do orgulho que quer

    apresentar

    aos

    sentidos f s i c o s materiais o que p od e ser concebido apenas pela

    inteligncia

    pura,

    iluminada

    pela f . Tenham pena

    do destino

    desastroso dos

    chefes das s e i t a s

    cujo orgulho

    fez tanta

    devastao

    no

    campo

    da

    verdade.

    Tenham

    pena

    tambm

    daqueles

    que

    tm

    adotado

    como seus

    mestres os homens

    que d e v i am ser-lhes

    ainda

    mais

    suspeitos,

    qu e no dissimulam

    o

    despeito

    e o

    orgulho que o s d irigem nos seus desvios. Mas sejam indulgentes e

    orem

    para os que,

    insistindo de

    boa f

    no

    e r r o conservam

    a

    f

    e o amor

    para

    Jesus

    C r i s t o . Esperem mesmo

    como

    bem

    o disse Ele

    mesmo aqueles que no

    perecero,

    pois

    oamor

    e a f que con s er v a m Nele os salvaro.

    De todas as

    s e i t a s

    c r i s t s que atacaram a verdade deste sacramento, mais inconseqente e mais

    culpada

    a

    que no

    quer admitir

    que uma

    simples comemorao da Santa Ceia

    se

    baseia nas

    palavras

    de

    Jesus

    Cristo:

    faam

    i s t o em memria de

    mim. Se tivessem tido um

    p ouco de boa

    f no

    exame a

    que

    foram

    temerariamente

    autorizados, teriam reconhecido logo

    que punham

    Jesus

    Cristo

    numa evidente contradio

    consigo mesmo porque negam que Jesus

    Cristo tenha dito em

    termos

    formais:

    Isto

    o

    meu

    corpo

    que

    dado

    p or

    vs.

    I s t o

    o

    meu

    sangue

    que

    derramado

    para

    a

    remisso

    dos

    pecados:

    tomem

    e

    comam

    tomem e bebam

    todos. Ora,

    era aos apstolos,

    que eram

    os nicos presentes na

    Ceia,

    que f o i

    dado comer

    o verdadeiro corp o e beber o verdadeiro sangue?

    Que

    n o s d i ga m, portanto onde esta interpretao

    provada. Ele

    disse

    noutro

    lugar: A minha carne

    verdadeiramente

    um alimento, omeu

    sangue

    realmente

    uma

    bebida: quem come a

    minha

    carne e

    bebe

    o meu

    sangue reside

    em Mim e Eu nele. E , c ontu do,

    se

    os apstolos, como nicos presentes

    em realidade, so os nicos que podem

    comer

    a sua carne e beber o seu sangue, e que no

    seja para

    ns mais que uma

    simples comemorao

    desta

    realidade, todos os

    homens,

    excluindo os apstolos,

    devem,

    p or

    conseguinte

    renunciar a t e r Jesus Cristo residindo

    neles,

    e

    r e s i d i r

    Nele p or

    esta

    preocupao

    r e a l que

    lhes

    s e r i a

    de todo

    impossvel.

    I s t o concebvel? Poderemos crer de

    boa f

    que

    Ele quis fazer promessas to consoladoras,

    para engan-los

    em sua espera pela

    impossibilidade

    ou

    na

    expectativa

    de

    ver

    o

    cumprimento?

    Mais

    ainda

    di z

    em

    outro

    lugar:

    Se n o

    comes

    a

    carne

    do

    f i l h o do homem e se no bebes o seu sangue, no

    t e r s

    a

    vida

    em vs, no t e r s parte

    comigo:

    a

    e s t p or conseguinte uma maldio e t e r n a formalmente pronunciada contra os que no comerem a

    sua carne e n o be be re m o seu sangue. E qual

    Este

    Deus cheio de amor e misericrdia

    para

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    11/19

    11

    comigo,

    que

    quer sofrer e mo rr er na

    sua

    carne por

    mim entregar-me-ia

    a

    uma condenao eterna

    p or no t e r f e i to i st o e no me t e r i a

    deixado nenhum meio

    para

    fazer?

    um excesso de

    d e l r i o

    inconcebvel de

    imagin-lo.

    E , co nt ud o,

    se

    no estabeleceu

    entre os homens

    sucessores

    de

    seus

    apstolos, um

    meio para perpetuar

    a consagrao r e a l do p o no seu co rp o e do vinho no seu

    sangue

    como o fez

    Ele

    mesmo em

    sua presena,

    inevitavelmente,

    p or

    isso

    mesmo

    sou condenado

    maldio e t e r n a porque nunca a comemorao de um ato to augusto, to importante, que estes

    sectrios

    amoldam sua realidade,

    poder

    s u b s t i t u i r a p reocup ao

    r e a l que

    Ele

    to expressamente

    recomendou.

    O

    erro destes

    homens

    orgulhosos

    tende,

    p or

    conseguinte,

    evidentemente

    a

    tornar

    o

    homem eternamente i n f e l i z pela i n j u s t i a

    de

    Deus, que

    t e r i a

    exigido dele

    o

    impossvel.

    -

    1 4

    -

    Das trs prosternaesno Jardim das Oliveiras

    Aps

    a Cei a mais

    memorvel,

    na

    qual

    o Amor e sua

    Todo-poderosa

    divindade so manifestas

    com

    tanto fulgor na

    pessoa

    de Jesus

    Cristo,

    em que concluiu a instruo de seus apstolos p or este

    discurso sublime

    onde

    lhes revelou mais

    claramente,

    como ainda no o tinha f e i t o sua

    prpria

    divindade oculta

    em

    sua

    humanidade,

    os sofr imentos, as ignomnias e a morte qual i r i a ser

    entregue pela traio

    de

    um entre

    e l e s

    a

    sua

    ressurreio gloriosa t r s dias d ep oi s, a s grandes

    esperanas que d e v i am conceber e p or

    ltimo,

    a p e r f e i t a e eterna glorificao

    de sua

    humanidade;

    seguiu a t o Jardim das Oliveiras. Seguiu nesta agonia mortal durante a

    qual

    fez a totalidade do

    s a c r i f c i o reparador

    da

    s ua v o nt ad e hu ma n a, qu e

    devia

    preceder

    o

    s a c r i f c i o

    da

    sua

    prpria vida,

    pela

    morte

    que sofrer no di a seguinte.

    l que vamos reencontrar Jesus s o l i t r i o parecendo abandonado pelo Cu e pela Terra,

    abandonado

    p or

    seus discpulos amados que acabava

    de

    nomear seus amigos, que estavam

    entregues a uma profunda sonolncia quando tinha a maior necessidade dos seus socorros, das

    consolaes

    da sua

    amizade. Quando reclama com uma ternura

    to

    tocante, confessando-lhes que

    a

    sua

    alma

    est

    tomada

    de

    uma

    profunda

    aflio

    e

    que

    sentia

    uma

    t r i s t e z a

    mortal,

    l

    que

    vamos

    reencontr-lo sozinho, abandonado

    ao

    seu

    l i vr e r b i t ro

    somente

    vontade

    de

    homem puro qu e n o

    cessa

    jamais,

    no

    entanto, de

    ser unido intimamente

    ao

    Verbo Divino que reside n e l e que f o r t i f i c a a

    sua

    humanidade,

    mas

    cuja ao parece suspensa

    durante

    o t e r r v e l

    combate

    a

    que

    i r entregar-se,

    para deixar

    ao

    homem-Deus a honra e os frutos do t r i u n f o .

    Jesus C r i s t o

    estando

    prostrado

    na

    t e r r a para orar a

    seu

    Pai, v-se a vtima s a c r i f i c a d a e vem

    oferecer-se

    para consumar

    este s a c r i f c i o .

    Mas sua prescincia divina mostra

    sua

    humanidade

    de

    quantas

    dores, humilhaes, ignomnias,

    a sua

    morte deve ser

    precedida.

    sua

    humanidade aflige

    s e

    assusta-se,

    e g r i t a :

    O meu Pai,

    tudo

    vos

    possvel, faa

    que

    i s t o passe

    distante

    de mim.

    A

    est

    o g r i t o de averso, to

    natural

    ao

    homem para

    os

    sofrimentos

    e

    para

    a

    morte. Mas

    a

    submisso,

    a

    renncia

    de

    homem puro

    que

    retoma

    prontamente, ento

    g r i t a

    de

    novo:

    Que

    s e j a

    no

    entanto

    no

    o

    que

    desejo,

    mas

    o

    que

    Tu

    desejas. Ele

    se

    levanta

    para i r t e r com seus discpulos que

    encontra

    adormecidos

    perto

    d e l e .

    Ele

    vem

    prosternar-se

    uma

    segunda vez,

    tomado

    da

    mesma

    t r i s t e z a

    provando

    a

    mesma

    averso,

    formando

    o mesmo pedido,

    mas

    submetendo do

    mesmo modo

    a sua

    vontade

    a

    vontade

    de Deus. Ele volta p ara seus discpulos que encontra no mesmo estado, e

    r et or na nd o pa ra prostrar-se uma t e r c e i r a

    vez, faz a mesma

    orao,

    forma o

    mesmo desejo

    e

    submete-se

    com

    a mesma resignao. Suas foras humanas esto esgotadas p or to

    grandes

    esforos,

    um

    suor

    de

    sangue

    cobre o

    seu

    co rp o e escorre at a

    t e r r a mas

    o s a c r i f c i o da sua vontade,

    desta

    vontade to a t i v a to

    potente

    nohomem p uro a c e i t a ; e um

    anjo

    -lhe enviado

    para consol

    l o

    para f o r t i f i c - l o .

    Esta descida

    do

    anjo,

    este

    socorro

    c e l e s t i a l

    que

    lhe

    enviado

    prova

    mais

    evidentemente

    ainda

    neste

    t e r r v e l combate, que a

    humanidade

    agia sozinha para suportar o peso, e que a potncia divina de

    Jesus

    Cristo

    estava

    ento

    como separada.

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    12/19

    12

    Era-lhe necessrio

    ser assim, e

    i s t o no

    podia ser d i f e r e n t e .

    Ohomem primitivo,

    o

    primeiro Ado,

    que tendo

    trado

    e

    invertido pelo

    abuso da sua liberdade,

    pelo mau

    uso que fez da sua

    vontade

    e de

    todas suas faculdades,

    todas

    as intenes

    da

    Misericrdia sobre o

    primeiro culpado,

    tinha provocado

    contra ele

    mesmo

    os rigores da Justia Divina.

    Este abuso

    da sua liberdade e

    da

    sua

    vontade

    s

    poderia, portanto, ser

    reparado

    p or

    um

    ser

    da

    mesma

    hierarquia, da mesma natureza, unicamente

    p or um homem

    puro,

    aceito como vtima, e

    onde

    a p e r f e i t a

    submisso

    poderia

    a l i v i a r

    e

    s a t i s f a z e r

    a

    Justia divina. unio do

    Verbo Divino com

    este

    homem puro

    era

    para assegurar

    o sucesso do

    s a c r i f c i o

    sem

    diminuir

    de

    modo

    algum

    o

    mrito

    de

    vontade

    da

    vtima

    que

    o

    f a z i a

    assegurando,

    ao

    mesmo tempo, o

    perdo

    e a graa do

    gnero humano.

    Assim,

    n o d uv i d amo s qu e

    em tudo o

    que se

    passa no Jardim das Oliveiras, o homem sozinho que desejou o que Deus queria dele e que se

    submeteu, pois o sabemos bastante,

    Deus

    impassvel e no

    p o d e nem

    s o f r e r

    nem

    morrer.

    Mas antes

    de

    deixar

    o

    Jardim

    das Oliveiras, consideremos as circunstncias dignas da maior das

    atenes para a instruo dohomem.

    Ohomem primitivo, o primeiro Ado, tinha prevaricado e c om et i do o s eu c ri me pelo abuso de suas

    t r s faculdades i n t e l e c t u a i s : do Pensamento, da

    Vontade

    e d a A o . Tinha insultado o

    Pai,

    o Filho e

    o Esprito Santo, que juntos

    so

    um s Deus. Era, p o i s necessrio que o

    segundo

    Ad o , qu e o

    homem-Deus reparasse estes mesmos insultos pelas mesmas vias

    e

    nas

    mesmas propores.

    o

    que

    explica

    porque

    o

    homem-Deus Reparador faz t r s

    prostraes

    diferentes com as mesmas

    angstias, fazendo a mesma orao e mostrando sempre a

    mesma

    resignao, e tambm porque o

    s a c r i f c i o

    da sua

    vontade aceita apenas ap s

    o

    t e r c e i r o e que apenas quando recebe

    o

    testemunho

    pelo a njo

    que lhe enviado,

    para

    consol-lo e f o r t i f i c - l o .

    - 1 5

    Da P a i x o

    Assim

    que

    o

    homem-Deus

    consumiu

    o

    s a c r i f c i o

    da

    sua

    vontade,

    retomou

    a

    calma

    e a

    serenidade

    do

    homem puro, que

    se

    submeteu

    vontade

    de

    Deus. com esta

    calma

    da

    a lm a qu e ele

    vai

    reencontrar

    seus

    discpulos, que o s c on vi d a a descansar, e que vai diante dos que, conduzidos

    pelo

    t r a i d o r Judas,

    vm prend-lo. Continua

    o

    homem p uro e agindo l i v r e e voluntariamente que

    se

    apresenta durante

    o resto de sua Paixo. Contudo aqui, sua Divindade manifesta-se p or um i n s t a n t e fazendo recuar e

    c a i r p or t e r r a os

    soldados

    que vieram

    prend-lo,

    quando, a p s lhes

    perguntar:

    A

    quem procuram?,

    responde-lhes: Sou eu. fora divina desta palavra lhes arrebata, espanta e os faz c a i r mas Ele

    os t r a n q i l i z a porque quer

    sofrer e

    morrer.

    Esta

    circunstncia ocorreu

    apenas para nos

    fazer

    saber que se

    o

    quisesse, t e r i a podido

    escapar-lhes

    ento,

    como o fez

    outras

    vezes.

    Mas

    tendo chegado a sua

    hora, no se o p e

    mais, e entrega-se

    voluntariamente.

    No

    seguiremos

    mais t od as a s

    outras

    circunstncias de Sua Paixo,

    nem

    o suplicio da

    Cruz

    que o

    fez s o f r e r . Os

    Evangelistas as descreveram,

    e

    suficiente

    que o s le i amo s

    para admirar,

    a cada

    momento sua pacincia e sua p e r f e i t a

    submisso.

    vtima sacrificou-se sem reservas, todo o resto

    de

    s ua P a ix o

    apenas

    a conseqncia do seu s a c r i f c i o .

    O vemos

    sobre a

    Cruz,

    como no Jardim

    das Oliveiras, sempre o

    homem puro,

    f o r t i f i c a d o at ao f i m pela sua uni o

    com

    o

    Verbo

    mas, agora

    deixado

    sua prpria vontade,

    para que

    possa merecer

    p or

    ela

    a t

    a consumao do s a c r i f c i o a

    glorificao que esta consumao assegura sua

    santa

    humanidade. Ele no quer qu e p o ss amo s

    duvidar

    deste

    abandono,

    d ad o que antes

    de

    e x p i r a r g r i t a

    penosamente:

    meu Pai,

    meu Pai,

    porque me abandonaste? Contudo, como

    tambm

    no quer que p ensemos que sobre a Cruz, como

    anteriormente,

    sua

    Divindade

    e s t e j a

    separada

    de

    sua

    humanidade,

    manifestou

    novamente

    sua

    Di vi ndade p rometendo,

    para

    no mesmo d i a um lugar no Paraso com Ele ao criminoso que

    se

    arrependeu

    e que

    f o i

    crucificado a seu lado. Qual

    outro

    qu e n o o Deus nico, poderia fazer esta

    promessa?

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    13/19

    13

    Estando consumado o

    grande trabalho

    de

    redeno

    do

    gnero humano

    o

    homem-Deus

    expira sobre

    a

    Cruz.

    Ao

    mesmo tempo,

    a natureza

    i n t e i r a

    parece perturbada,

    prodgios

    i rrompem

    p or toda

    parte e

    de maneira to

    impressionante

    e to g e r a l que um filsofo p ag o qu e o

    observa

    em sua regio

    exclama: O autor

    da natureza sofre neste momento ou o

    universo

    i n t e i r o

    est se dissolvendo.

    - 1 6 -

    Pilatos, t i p o da covardia

    Entre as

    causas

    secundrias que

    contriburam para

    o

    cumprimento

    do decreto divino de

    redeno

    dos homens pela

    morte

    de

    Jesus C r i s t o a principal indiscutivelmente, a conduta criminosa, inqua

    e

    revoltante

    de

    Pncio P i l a t o s

    governador da Judia

    para

    os Romanos.

    Merece

    de nossa parte a

    mais s r i a ateno, menos pelas grandes conseqncias que resultaram ento, posto que faziam

    parte das intenes doAmor I n f i n i t o

    para com

    os h omen s , q ue

    devido

    ao exemplo escandaloso que

    deixou a este grande nmero de c r i s t o s fracos e hipcritas que, diariamente, qua se p or hbito,

    como sem remorsos, se tornam frouxamente seus imitadores.

    P i l a t o s coberto

    da

    autoridade

    do

    prncipe

    que

    representava, encarregado

    de

    fazer j u s t i a

    que

    devia

    a

    todos, aps t e r ouvido as queixas e as

    acusaes

    que

    lhe dirigiam

    tumultuosamente os sacerdotes e

    os chefes da

    nao

    judaica contra o

    homem-Deus

    e que p e d i am sua

    morte

    com um tom cido e

    i r r i t a d i o que detectava

    o

    seu verdadeiro motivo, e qu e n o permitia a j u i z algum duvidar que fosse

    unicamente p or di o e cime que solicitavam to ardentemente sua condenao. Aps t e r ouvido as

    testemunhas subornadas, cujos testemunhos reconheceu como v agos e demasiado

    i n s i g n i f i c a n t e s

    e

    que aps haver interrogado vrias vezes ao homem-Deus admi ra a sabedoria de sua conduta, de

    suas

    respostas, o

    seu

    prprio

    s i l n c i o qu an do n o

    cr

    mais que

    deva

    responder

    a

    certas

    perguntas,

    declara-o inocente

    das

    acu sa e s s ac adas contra e l e . E, contudo, p or uma inconseqncia

    inconcebvel,

    crendo

    sem

    dvida acalmar,

    pela

    sua cov a r de complacncia,

    a

    f r i a

    de

    seus

    inimigos,

    c on de n a- o a

    ignominiosa

    flagelao,

    que

    se prestava

    em

    certos

    casos

    a

    punio

    dos

    escravos.

    Mas

    esta

    condenao

    no poderia s a t i s f a z e r

    a

    j u s t i a pois que Jesus, que

    ele

    julgava inocente, no

    era

    um escravo, nem

    o

    dio

    de

    seus inimigos que exigiam

    sua

    morte,

    no f o i mais do que um meio

    covarde

    e

    violento empregado, p or

    um

    j u i z

    inquo,

    que queria t r a n s i g i r com

    sua

    conscincia.

    Aps esta flagelao sanguinria,

    Pilatos

    apresenta Jesus

    a

    seus

    inimigos

    dizendo:

    Ecce Homo

    cren do acalmar

    seu

    dio pelo

    t r i s t e

    espetculo que oferece a seus olhos. Mas

    ele

    se

    engana, pois

    eles

    exigem

    ainda mais

    a sua morte.

    P i l a t o s que

    deseja s a l v - l o

    se recorda que deve

    a

    nao,

    no

    tempo

    da

    Pscoa,

    a libertao de

    um p r i s i o n e i r o

    e

    propes

    ao

    povo

    reunido a

    libertao

    de

    Jesus.

    Porm

    os sacerdotes e os

    chefes excitam

    a p op ulao a

    pedir p or

    Barrabs, e

    que

    peam a

    crucificao

    de

    Jesus. Eles

    o

    ameaam com

    a desgraa de Csar

    se

    p e r s i s t i r se

    recusar a a c e i t a r

    seus pedidos.

    P i l a t o s

    assustado como

    todos

    o s ambicio so s

    nestes casos,

    pelo

    cumprimento

    das

    a mea a s, ce de a

    suas

    i n s t n c i a s mesmo

    que convencido

    da inocncia de

    Jesus.

    E,

    desprezando

    a

    advertncia que recebe de sua

    mulher

    que lhe pede para n o t oma r parte na perseguio de um

    j u s t o

    revelando-lhe

    que

    estava atormentada por

    um

    sonho

    que t i v e r a

    sobre

    i s t o

    na noite

    a n t e r i o r .

    Ele p ede gua para

    lavar

    as mos

    e

    se

    declara inocente de sua morte.

    Aps

    esta r i d c u l a

    demonstrao de

    equidade,

    ele o

    condena

    e o envia aos Juizes para a crucificao. Seus soldados o

    levam

    imediatamente

    ao Calvrio. Ele

    crucificado

    e

    algumas horas

    depois,

    expira

    sobre a

    Cruz.

    Cristos

    equivocados, escravos

    covardes

    do respeito

    humano qu e n o do

    a

    mnima para

    o s v os so s

    primeiros deveres

    para

    com Deus e a r e l i g i o santa que d i z em professar, que os s a c r i f i c a sem cessar

    ao

    desejo

    de

    agradar

    ao

    mundo

    e

    aos

    que

    seguem

    as

    m x i ma s, qu e

    se

    envergonham

    dos

    p r e c e i t o s

    dos conselhos, das mximas do Evangelho e negligenciam mesmo em conhec-lo, estud-lo, v os

    considerando mais l i v r e s

    na vossa

    ignorncia e mais rigorosamente sujeitados

    ao dever

    p-lo

    na

    p r t i c a : vem em Pilatos o quadro verdadeiro da vossa conduo habitual, as ms disposies do

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    14/19

    14

    vosso

    corao,

    a

    vergonha

    de

    v s

    mesmos

    se

    ainda no totalmente depravados.

    Defendidos, durante

    os primeiros t emp o s d a vossa

    vida pelos prncipes

    da

    educao c r i s t que vos

    recebeu,

    l u t a s t e s durante

    algum tempo

    contra a t o r r e n t e de

    incredulidade

    que

    inunda

    o mundo

    adulando-os talvez para r e s i s t i r

    sempre.

    Mas

    cedo

    as

    v os sas p a ix es

    despertaram:

    a a mbi o , o

    amor de uma

    glria

    v e das honras momentneas que p odem, s vezes, procurar,

    apoderaram-se

    de

    vs.

    sociedade

    dos meio

    sbios, quase todos

    infectados

    do v en en o da incredulidade,

    tornou-se p or

    gosto e p or escolha a vossa, e sua doutrina mp i a e perigosa determi nou a vossa d e r r o t a . Se no ousa

    ainda

    renunciar

    abertamente aos atos pblicos do cristianismo, entrega-se o mais

    raramente possvel

    e sempre

    examinando

    com cuidado

    qual

    grau de

    considerao

    poder adquirir ou conservar com a

    companhia

    mais ou menos recomendvel ao qual se associa, p or e s t e s a t o s .

    Porque

    no mais a

    Deus ap enas os vossos pensamentos e as vossas aes, ao mundo somente, e age apenas

    maquinalmente e p or um resto de hbito em vossos atos

    r e l i g i o s o s .

    Hipcrita

    portanto,

    a promessa que f i z e s t e a Deus no vosso batismo, ou que

    f o i

    f e i t a ento,

    em

    vosso nome e que r a t i f i c a s t e s v s mesmo? Podeis

    bem

    fazer-vos i l u d i r mas podeis enganar aquele

    que

    a

    prpria Luz

    e a Ve rd ad e,

    que

    sonda

    os coraes

    e

    l os

    p e n sament os mais

    secretos? Ele

    v os

    pede um culto p uro e sincero no

    qual

    todas as potncias e faculdades do vosso ser devem p a r t i c i p a r .

    E le quer

    ser

    adorado em

    e s p r i t o

    e verdade, e

    v s quereis

    responder-Lhe atravs de r i d c u l a s

    afetaes. Ah Tremam e temam que r e a l i z e contra v s a ameaa t e r r v e l que Ele fez a um vosso

    semelhante: todo aquele que,

    declarar-se

    contra mim diante

    dos

    homens, declarar-me-ei contra

    ele

    diante de meu P ai que est no cu . P eam, portanto, do fundo do corao, af i m d e qu e as reflexes

    que

    v os

    so apresentadas

    aqui

    germinem em vs, e

    vos

    faam tomar firmes

    resolues

    contra o

    maldito respeito humano que vos perderia infalivelmente.

    Reconhecemos

    firmemente e invariavelmente a

    unio ntima, p e r f e i t a

    e

    jamais i n d i v i s v e l

    que

    f o i

    realizada

    em

    Jesus

    Cristo

    desde

    o

    momento

    de

    sua

    concepo

    no

    ventre

    da

    Virgem

    Maria,

    da

    natureza

    divina incriada com a natureza humana c r i a d a . E, se

    o

    qu e dissemos sobre i s s o deixou a menor

    dvida

    sobre

    a nossa

    firme

    crena, atribuam apenas pelo uso de algumas

    expresses

    mal escolhidas ou

    mal

    i n t e r p r e t a d a s .

    Aps

    t e r

    considerado

    a excelncia o r i g i n a l do homem primitivo,

    seu elevado

    destino, a grande

    potncia e autoridade

    das

    quais

    f o i coberto

    para

    poder

    r e a l i z a r os desejos do Amor e

    da

    Misericrdia

    Divinas

    em prol dos primeiros culpados, e

    que

    temos visto seguidamente tornar todos

    e s t e s poderes

    meio

    i n t e i s p or s ua prevaricao,

    reconhecemos

    a

    necessidade

    da

    uni o d as duas

    naturezas em Jesus

    C r i s t o para tornar

    i n f a l v e l

    o sucesso da reparao universal da

    qual

    fora encarregado. Unio

    necessria para t o r n - l o

    invencvel n a co ns u ma o do

    s a c r i f c i o que

    tinha de

    f a z e r

    apresentando-se

    voluntariamente

    f r i a

    de

    seus

    inimigos,

    aos

    i n s u l t o s

    s

    humilhaes

    mais

    retumbantes

    e

    morte

    mais

    ignominiosa,

    sem

    diminuir

    o mrito da

    vontade humana que consentia

    a

    s a c r i f i c a r - s e . Tambm

    reconhecemos qu e

    as duas n a t u r e z a s

    embora

    sempre

    unidas em Jesus

    C r i s t o

    contudo opera cada

    uma

    distintamente,

    sem confuso

    e

    s vezes ambas

    unidas, a sua

    ao e s p e c f i c a

    de acordo com o

    caso

    e

    as circunstncias. P or ltimo, reconhecemos que,

    embora

    as duas

    naturezas

    sempre

    sejam

    unidas e

    existentes em

    Jesus Cristo

    sem

    que

    possa

    fazer-se nenhuma

    separao

    r e a l

    a a o

    de

    sua

    Divindade

    mostrou-se

    como suspensa nele e em certa medida separada, em

    algumas

    circunstncias

    de

    sua

    vida

    temporal. Vimos esta

    suspenso

    especialmente

    marcada durante

    a

    tentao que

    provou no

    deserto,

    aps um jejum de 40

    d i a s . Pareceu-nos

    ainda mais impressionante durante a

    angstia,

    a t r i s t e z a

    mortal da

    qual f o i tomado

    no Jardim das

    Oliveiras

    e na noite da

    Paixo,

    at a

    sua morte

    sobre a

    Cruz. F o i nestes t e r r v e i s combates que

    pareceu

    inteiramente abandonado a

    s i

    mesmo

    ao seu l i v r e

    r b i t r o

    sua

    prpria

    vontade

    de

    homem

    f o r t i f i c a d a

    nele

    pela

    presena

    do

    Verbo,

    qu e

    d e i x a - l h e a t

    o

    f i m do combate, o mrito da v i t r i a sobre a

    morte,

    e do

    completo

    triunfo sobre as potncias do

    inferno

    enviadas contra e l e .

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    15/19

    15

    -

    1 7

    Sublimes

    trabalhosdeamor de Jesus Cristo

    Mas Jesus

    Cristo estando

    morto, porm

    v i t o r i o s o retoma

    imedia tament e o s d i r e i t o s

    de unio

    i n a l t e r v e l e n t r e a natureza divina e a natureza humana g l o r i f i c a d a s em

    sua

    pessoa. su a alma pura e

    s a n t i f i c a d a

    unida

    ao Verbo

    todo

    poderoso d esce a os

    infernos, lugar

    de horrveis privaes, lugar

    onde

    a

    multido

    dos

    homens precedentes, extraviados

    pela

    seduo

    do

    Prncipe

    do

    mundo

    qu e

    lhes fez

    r e a l i z a r

    crimes sobre crimes, gemia

    sob

    a

    mais

    t e r r v e l

    t i r a n i a .

    a estes

    i n f e l i z e s

    oprimidos qu e

    leva os

    primeiros

    s o c o r r o s da redeno g e r a l

    do gnero

    humano. Ele vai a e s t e s lugares tenebrosos, acorrentar

    para

    sempre

    a potncia qu e pretendia

    ser

    o seu

    i g u a l

    e

    para

    provar-lhe a sua inferioridade e a sua

    dependncia, arranca-lhe as vtimas de sua malicia contra o homem e da sua f r i a contra Deus. D a

    e s t a s i n f e l i z e s vtimas a liberdade de usar ainda contra

    esta

    potncia a

    vontade

    que havia ligado sua,

    e de poder colher ainda o f r u t o da redeno.

    Depois d i s t o vai p u r i f i c a r os c r c u l o s de expiao e de p u r i f i c a o lugares onde os homens menos

    culpados, que tivessem

    conhecido

    e

    adorado

    um Deus criador de

    todas

    as c o i s a s

    e x p i a v a m

    penosamente seus extravios temporais e sofriam a penalidade devida prevaricao do seu

    pai

    temporal,

    e

    de

    sua

    posteridade.

    Consola-os,

    f o r t i f i c a - o s

    mostrando-se

    a

    eles

    vencedor

    do

    seu

    inimigo,

    e mostrando-lhes um termo s

    suas

    penalidades das quais

    abrevia

    a durao.

    Ele v a i

    p or ltimo, mostrar-se aos

    p a t r i a r c a s

    e justos que tinham esperado

    sobre

    a t e r r a com f e

    esperana o di a que vinha b r i l h a r diante deles, este di a f e l i z que Abrao, pleno de f viu e desejou

    com ardor. Consola-os

    de

    uma

    to longa

    espera, e para recompensar a sua f quebra as b a r r e i r a s

    destes lugares de cativeiro que nomeamos Limbos e o s co nd uz , em t r i u n f o como perfeitamente

    reconciliados

    aos

    lugares de

    descanso

    e

    de

    beatitude

    temporal,

    onde

    todos

    os f e l i z e s reconciliados

    esperaro em p az o f i m dos tempos, para i r seguidamente j u n t o s como abenoados do P a i gozar

    eternamente a sua s a n t i f i c a o

    acima do espao c r i a d o nesta f e l i z imensidade, cujo sangue

    de

    Jesus

    Cristo

    abriu-lhes

    a

    entrada.

    a e s t e s grandes e sublimes trabalhos doAmor e

    da

    Misericrdia

    divinas qu e

    Jesus C r i s t o vencedor

    da

    morte

    e de

    Sat, empregou

    durante os

    t r s

    dias da sua sepultura,

    e s t e s t r s

    dias

    que

    o resto ignora

    e foram

    i n v i s v e i s

    a todos os homens

    da

    t e r r a .

    - 18

    Da ressurreio e

    dos

    corpos

    gloriosos

    Porm, mal o t e r c e i r o di a comeado,

    ressuscita

    gloriosamente do

    tmulo pela sua

    pura

    potncia

    d i v i n a

    e

    comea

    a

    mostrar-se

    aos

    qu e

    o amaram o

    mais

    ternamente

    p o s s v e l

    sob

    uma

    nova

    forma

    corporal,

    em tudo

    semelhante

    que

    havia t i d o e n t r e os

    homens,

    mas glorioso

    e

    impassvel,

    da

    qual se

    r e v e s t e e que faz tambm desaparecer sua vontade.

    com esta

    mesma forma gloriosa que aps t e r

    conversado,

    caminhado,

    comido

    com

    seus d i s c p u l o s d ur an te quar en ta d i a s que

    lhes

    aparece

    e

    desaparecendo

    to de repente diante deles quando

    quer,

    aps t e r - l h e s recomendado que batizassem em

    seu

    nome,

    de ensinar aos

    homens

    o

    mistrio inefvel

    da

    Trindade divina do

    P a i

    do

    Filho e

    do

    E s p r i t o

    Santo, formando um s Deus, que

    ascende

    gloriosamente aos

    cus

    em sua presena, onde ser

    eternamente

    o Deus, tornado v i s v e l aos anjos e aos

    homens

    s a n t i f i c a d o s nesta forma humana

    g l o r i f i c a d a .

    Mas qual

    a natureza

    desta nova

    forma c o r p o r a l qual a diferena essencial desta sobre a

    primeira?,

    Perguntaro

    estes homens

    carnais

    e

    materiais

    qu e n o

    vem

    nada

    a

    no

    ser

    atravs

    dos

    olhos

    da

    matria, e os que so

    bastante

    i n f e l i z e s para negar a espiritualidade de seu s e r e aqueles tambm

    que, unidos exclusivamente no sentido l i t e r a l

    das t r a d i e s

    r e l i g i o s a s no querem ver

    na

    forma

    corporal do homem primitivo antes da sua queda, mais do que o corpo de matria com o qual e s t

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    16/19

    16

    atualmente r e v e s t i d o nele reconhecendo

    apenas

    uma matria mais

    depurada.

    Jesus Cristo

    mesmo

    que vai provar-lhes a diferena

    essencial destas duas

    formas corporais e sua destinao,

    revestindo

    se

    de umap s a sua ressurreio, aps t e r destrudo a outro no

    tmulo.

    Jesus, homem-Deus querendo tornar-se

    em tudo semelhante ao homem

    r e a l para

    poder

    se oferecer

    como um

    modelo

    que pudesse imitar em

    tudo,

    apresentou-se

    nascendo

    revestido de

    uma

    forma

    material perfeitamente

    semelhante do

    homem punido

    e

    degradado.

    Difere, contudo, no nico

    ponto

    em que

    a

    forma

    material

    do

    homem

    concebido

    pela

    concupiscncia

    da

    carne

    c o r r u p t v e l

    ao

    passo

    que

    a forma

    material

    de Jesus,

    concebida

    pela nica operao do Santo-Esprito e sem

    nenhuma participao dos

    sentidos

    materiais, i n c o r r u p t v e l . Mas

    Jesus

    Cristo deposita no tmulo

    o s element os da

    matria,

    e ressuscita numa forma gloriosa qu e no mais do que a aparncia de

    matria, qu e n o conserva mais os Princpios elementares, e qu e no mais do que um envelope

    imaterial do

    ser

    essencial que quer

    manifestar

    a sua ao e s p i r i t u a l e tornar-se v i s v e l aos homens

    revestidos de matria. Se algum pudesse a in da d uv i da r desta importante verdade, que r e f l i t a

    seriamente

    sobre as surpreendentes aparies sob

    formas

    humanas do

    arcanjo

    Gabriel a Maria e

    Zacarias,

    pai

    de Joo B a t i s t a sobre as dos anjos enviados a Abrao para predizer-lhe o nascimento

    de

    Isaac

    e da

    punio

    de

    Sodoma do

    anjo

    condutor do

    jovem

    Tobias, e um

    grande

    nmero

    de

    outros aparecimentos semelhantes dos e s p r i t o s puros, dos

    quais

    a forma corporal f o i reintegrada

    em

    s i

    e

    desapareceu to

    logo

    a

    sua

    misso

    especfica estava terminada. Provam todos

    a

    mesma

    verdade.

    Jesus Cristo ressuscitado, reveste-se desta

    forma

    gloriosa cada v ez que quer manifestar a

    sua

    presena r e a l a

    seus

    apstolos, para fazer-lhes conhecer que desta mesma forma, ou s e j a de uma

    forma

    perfeitamente semelhante e

    tendo

    as mesmas propriedades, que

    o

    homem estava revestido

    antes de sua prevaricao. E,

    para

    ensinar-lhes qu e d ev i am aspirar a ser revestidos outra v ez ap s a

    sua

    p e r f e i t a

    reconciliao, no f im dos tempos. Ser l com e f e i t o que ser a

    ressurreio

    gloriosa

    dos corpos, que sero, ao mesmo tempo, alterados pelos homens reconciliados, bem como o

    expressou So Paulo mas,

    que n o sero alterados pelos r e j e i t a d o s . e s t a

    enfim, a ressurreio

    gloriosa, p or cuja ingesto r e a l do corpo e o sangue de Jesus

    Cristo

    t r a z a todos, que participam

    dignamente, o

    germe

    f r u t i f i c a d o r .

    - 1 9 -

    Dohomem decadoe do sacrifcio da sua vontade

    Todo homem

    instrudo

    da

    excelncia original

    do

    homem primitivo,

    de

    seu elevado

    e

    sublime

    destino no universo criado,

    das

    grandes virtudes,

    potncia

    e autoridade

    das

    quais f o i revestido para

    preench-lo,

    no p ode

    dissimular, vendo o

    homem

    atual

    desvestido

    de toda sua g l r i a cado na

    depreciao, i n f e l i z

    e tornado escravo

    do implacvel

    inimigo

    do qual tinha sido

    estabelecido

    como

    dominador, s u j e i t o a um estado de severa

    punio,

    j u s t a e merecida;

    que pelo orgulho,

    comete d i r i a

    e

    permanentemente novas

    infraes;

    que

    abusa

    enormemente

    da

    sua potncia,

    da sua

    vontade

    e de

    todas

    suas faculdades

    i n t e l e c t u a i s

    que

    o

    separaram

    de

    Deus;

    que

    se

    vincula pela

    sua

    escolha

    a o Ma l,

    e

    que tornou-se

    incapaz de

    se

    aproximar

    p or

    s i

    mesmo

    doBem e

    que continuaria

    a ser

    eternamente

    separado

    do seu Deus,

    se

    o

    Amor

    i n f i n i t o do Criador

    para

    a sua c r i a t u r a amada no destrusse

    esta

    barreira

    de

    eterna

    separao

    pela

    Sua

    encarnao num

    corpo de

    homem

    do

    qual quis r e v e s t i r - s e

    para

    poder sofrer e mo rr er

    neste

    corpo, e

    expiar

    assim

    pelo culpado

    tudo o que devia

    J u s t i a .

    Mas para

    que o

    homem

    possa

    individualmente

    colher os

    frutos

    da redeno do

    gnero humano

    e

    apropriar-se

    plenamente da parte

    que

    lhe destinada, necessrio

    que

    contribua,

    p or meio

    de

    todos

    os esforos

    dos quais

    capaz , pa ra

    a d q u i r i - l a ;

    como f o i

    pelo

    abuso da s ua v on ta de que se tornou

    culpado

    e mereceu a punio,

    somente pelo melhor

    e constante

    bom uso

    da sua vontade que

    p o d e

    reparar a sua f a l t a . necessrio, portanto, que incessantemente, e em

    todas

    as oportunidades faa e

    renove

    do

    fundo

    do

    corao

    o

    s a c r i f c i o

    da

    sua

    prpria

    vontade,

    desta

    vontade

    do

    velho

    homem

    que

    permaneceu para a sua desgraa. necessrio que adquira o f e l i z hbito de uma

    i n t e i r a

    abnegao e

    de sua

    mais p e r f e i t a renncia

    de

    Deus, que se far sempre conhecer totalmente quando a

    sua

    renncia for s i n c e r a . Sentimos tanto a importncia que pedimo-lo to dos o s dias a Deus na orao

  • 7/26/2019 O Homem Deus Willemoz

    17/19

    17

    que e l e

    mesmo

    nos

    ensinou, mas

    convm

    de boa

    f que faamo-lo freqentemente p or

    hbito e

    sem

    muita reflexo.

    Neste caso,

    que

    p o d e produzir?

    Os a c r i f c i o da

    vontade

    prpria e a

    i n t e i r a

    abnegao de s i mesmo so to necessrios ao homem que

    ele

    no deve

    esperar a

    sua

    p e r f e i t a

    reabilitao

    enquanto

    este

    s a c r i f c i o

    no for realizado, completo

    e

    aceito pela J u s t i a . vida

    i n t e i r a

    lhe dada

    para

    aprender a f a z - l o mas

    freqentemente

    e qu ase

    sempre

    chega ao seu

    termo

    antes de

    efetivamente

    t - l o comeado, e permanece

    lamentando-o. Mas

    a

    divina

    Misericrdia,

    sempre

    ativa

    em

    seu

    favor,

    sem

    contrariar

    os

    d i r e i t o s

    da

    J u s t i a

    vem

    ao

    seu

    socorro.

    Atribui-lhe uma segunda vida

    que ser

    prolongada de

    acordo

    com suas necessidades.

    Criou

    para

    ele um lugar de sofrimentos e x p i a t r i o s de d i f e r e n t e s graus, e de privao p u r i f i c a t r i a no

    qual

    poder r e a l i z a r

    a sua obra, e

    merecer

    a sua p e r f e i t a reconciliao. Porque l que sofrendo tanto e

    p or t od o o tempo que exige a J u s t i a mas, f e l i z por uma firme esperana, pagar a sua dvida at o

    ltimo bolo.

    Cristos, no se

    iludam

    Independentemente de quaisquer opinies sobre o estado das almas j u s t a s

    que d e i x am este mundo no esqueam jamais qu e nada i mp u ro p o de entrar no Cu, e aquele que

    leva

    consigo

    a menor m an cha , n o

    pode

    habitar com o que a prpria pureza e santidade.

    Sejam,

    portanto, cheios

    de

    amor e reconhecimento para este Deus bom

    que,

    conhecendo a vossa fraqueza,

    estabeleceu para

    v s

    meios

    expiatrios

    e

    de

    purificao s a t i s f a t r i o s .

    O preceito de uma t o t a l s u bm is s o vontade de Deus e uma p e r f e i t a renncia de s i mesmo to

    absoluto, e a sua constante execuo

    ao

    mesmo tempo, to d i f c i l que nosso Divino Senhor e

    nico Mestre

    Jesus

    Cristo

    veio

    Terra

    para

    ensinar-nos, tanto pelo seu exemplo qu an to p o r suas

    instrues. Qual maior exemplo

    podia

    deixar-nos do que

    o

    seu consentimento t r s

    vezes

    repetido no

    Jardim das Oliveiras, de morrer ignominiosamente sobre uma Cruz, apesar da averso extrema qu e a

    sua humanidade

    assustada acabava

    de

    manifestar? homens,

    que l i o

    Meditemos sobre e l a

    di a e

    noite e nunca a percamos de v i s t a .

    -20-

    Os

    mistrios

    da

    Cruz

    Mas antes

    de

    terminar, paremos

    ainda alguns

    instantes para meditar

    sobre o

    grande mistrio

    da

    Cruz,

    que

    estava

    predestinada

    a

    ser

    o instrumento de

    suplcio

    do

    homem-Deus

    e da

    grande

    obra da

    reconciliao universal. Esta meditao nos fornecer uma nova oportunidade

    de admirar o

    caminho

    e

    as

    vias da divina Providncia,

    que dispe

    sua v o nt ad e

    dos

    acontecimentos na ordem

    temporal

    e

    p o l t i c a para chegar

    a

    seus f i n s .

    Todas

    as grandes naes dirigem-se geralmente,

    enquanto forem

    l i v r e s nos seus negcios

    especficos pelas

    l e i s

    regras

    e costumes

    que

    adotaram.

    l e i

    Mosaica

    era

    ainda,

    na

    poca,

    literalmente observada pelos

    Judeus, e os dirigiam em

    tudo

    o

    que se r e f e r i a

    r e l i g i o culto e

    governo i n t e r n o .

    Desde

    que caram sob a dominao dos

    Romanos

    e que a Judia er a apenas mais

    uma provncia romana,

    foram s u j e i t o s

    s

    l e i s romanas.

    Lei de

    Mo i s s c on de na v a

    lapidao

    (apedrejamento) quem

    se

    tornasse culpado

    de crime contra a r e l i g i o .

    Jesus,

    a cu sa do a t e r - s e

    f e i t o

    igual a

    Deus

    na

    f r e n t e

    de um t r i b u n a l que queria ver nele apenas um homem comum

    apesar dos

    milagres mais impressionantes t e r i a sido,

    portanto,

    condenado a

    ser

    lapidado. Contudo, as profecias

    haviam predito

    que

    o

    Cristo s e r i a

    mor