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ARTIGO ORIGINAL: Dias, N.; Fernandes, C.; Sabino, S.; (2021) Nurse Manager in the process of maintenance of hospital equipment: A proposal for continuous improvement, Journal of Aging & Innovation, 10 (1): 34- 46 JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2021, 10 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v10i1-3 34 O Enfermeiro Gestor no processo da manutenção do Equipamento hospitalar: Uma proposta de melhoria contínua La enfermera responsable en el proceso de mantenimiento del equipamento hospitalario: una propuesta de mejora continua Nurse Manager in the process of maintenance of hospital equipment: A proposal for continuous improvement Nuno Dias 1 ; Clarinda Fernandes 2 ; Severino Sabino 3 1 RN, CN, MsC Student, Hospital Arcebispo João Crisóstomo, Cantanhede, Portugal 2 RN, CN, MsC, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal 3 RN, MsC Student, Unidade de Oncologia, Rio de Janeiro, Brasil Corresponding Author: [email protected] Resumo Introdução: A gestão da manutenção dos equipamentos hospitalares (EH) é primordial para a segurança, qualidade e confiabilidade dos cuidados de saúde. Neste sentido os EH cadeiras de rodas, produtos de apoio, possuem uma importante finalidade em todos os serviços de saúde. Objetivo: Este trabalho pretende identificar as principais barreiras operacionais existentes numa Unidade de Convalescença (UC) que colaboram para a não manutenção das cadeiras de rodas de forma sistemática, e a partir de modelos conceptuais estruturar formas possíveis de as reduzir. Metodologia: Na realização do estudo foram utilizadas ferramentas da qualidade, no diagnóstico da situação/problema utilizou- se o diagrama de causa-efeito e como proposta de melhoria contínua o plano de ação 5W1H. A observação do meio ambiente permitiu identificar o estado das cadeiras de rodas da UC, assim como a entrevista não estruturada realizada ( brainstorming) com o enfermeiro gestor (EG) da unidade, essas metodologias permitiram analisar os processos de manutenção adotados pela unidade. Resultados: Verificamos a existência de causas, M´s no diagrama de causa-efeito, que influenciam mais significativamente as falhas na manutenção dos EH, nomeadamente a nível do material, mão-de-obra, método, medida e meio ambiente. A ferramenta 5W1H, permitiu-nos a conceção de um plano de ação estruturado para tratar as causas principais das falhas na manutenção dos EH. Conclusão: Concluímos que para reduzir as falhas no processo de manutenção dos EH, nomeadamente das cadeiras de rodas, deve existir um planeamento bem estruturado, desenvolvido e da responsabilidade dos enfermeiros gestores e do Conselho Diretivo da Unidade de Saúde. Garantir o bom funcionamento dos EH determina uma prestação de cuidados de saúde de qualidade e segura. Palavras chave: Enfermeiro Gestor, Manutenção, Equipamentos Hospitalares, Melhoria Contínu Dias, N.; Fernandes, C.; Sabino, S. (2021) Nurse Manager in the process o maintenance of hospital equipment: A proposal for continuou improvement, Journal of Aging & Innovation, 10 (1): 34- 46 Artigo Original

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O Enfermeiro Gestor no processo da manutenção do Equipamento hospitalar: Uma proposta de melhoria contínua

La enfermera responsable en el proceso de mantenimiento del equipamento hospitalario: una propuesta de mejora continua

Nurse Manager in the process of maintenance of hospital equipment: A proposal for continuous improvement

Nuno Dias 1; Clarinda Fernandes 2; Severino Sabino 3

1 RN, CN, MsC Student, Hospital Arcebispo João Crisóstomo, Cantanhede, Portugal 2 RN, CN, MsC, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal 3 RN, MsC Student, Unidade de Oncologia, Rio de Janeiro, Brasil

Corresponding Author: [email protected]

Resumo

Introdução: A gestão da manutenção dos equipamentos hospitalares (EH) é primordial para a segurança, qualidade e

confiabilidade dos cuidados de saúde. Neste sentido os EH cadeiras de rodas, produtos de apoio, possuem uma importante

finalidade em todos os serviços de saúde.

Objetivo: Este trabalho pretende identificar as principais barreiras operacionais existentes numa Unidade de Convalescença

(UC) que colaboram para a não manutenção das cadeiras de rodas de forma sistemática, e a partir de modelos conceptuais

estruturar formas possíveis de as reduzir.

Metodologia: Na realização do estudo foram utilizadas ferramentas da qualidade, no diagnóstico da situação/problema utilizou-

se o diagrama de causa-efeito e como proposta de melhoria contínua o plano de ação 5W1H. A observação do meio ambiente

permitiu identificar o estado das cadeiras de rodas da UC, assim como a entrevista não estruturada realizada (brainstorming)

com o enfermeiro gestor (EG) da unidade, essas metodologias permitiram analisar os processos de manutenção adotados pela

unidade.

Resultados: Verificamos a existência de causas, M´s no diagrama de causa-efeito, que influenciam mais significativamente as

falhas na manutenção dos EH, nomeadamente a nível do material, mão-de-obra, método, medida e meio ambiente. A ferramenta

5W1H, permitiu-nos a conceção de um plano de ação estruturado para tratar as causas principais das falhas na manutenção dos

EH.

Conclusão: Concluímos que para reduzir as falhas no processo de manutenção dos EH, nomeadamente das cadeiras de rodas,

deve existir um planeamento bem estruturado, desenvolvido e da responsabilidade dos enfermeiros gestores e do Conselho

Diretivo da Unidade de Saúde. Garantir o bom funcionamento dos EH determina uma prestação de cuidados de saúde de

qualidade e segura.

Palavras chave: Enfermeiro Gestor, Manutenção, Equipamentos Hospitalares, Melhoria Contínu

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Abstract

Introduction: The management of the maintenance of hospital equipment (HE) is essential for the safety, quality and reliability

of health care. The wheelchairs, support products, have an important purpose in all health services.

Aim: This work aims to identify the main operational barriers existing in a Convalescence Unit (CU) that collaborate for the

systematic maintenance of wheelchairs, from conceptual models to structure possible ways to reduce them.

Methodology: At study, quality tools were used, in the diagnosis of the situation / problem the cause-effect diagram was used

and the 5W1H action plan was proposed for continuous improvement. The observation of the environment allowed to identify the

state of the CU wheelchairs, as well as the unstructured interview carried out (brainstorming) with the nurse manager of the unit,

these methodologies allowed to analyze the maintenance processes adopted by the unit.

Results: We verified the existence of causes, M´s in the cause-effect diagram, which most significantly influence failures in the

maintenance of HE, namely in terms of material, labor, method, measure and environment. The 5W1H tool allowed us to design

a structured action plan to address the main causes of failures in maintaining the HE.

Conclusion: We conclude that to reduce the failures in the maintenance process of HE, at wheelchairs, there must be a well-

structured planning, developed and the responsibility of the nurse managers and the Board of Directors of the Health Unit. Ensure

the proper functioning of the HE determines safe and quality healthcare provision.

Keywords: nurse manager; maintenance; hospital equipment; continuous improvement

INTRODUÇÃO

A funcionalidade dos Equipamentos Hospitalares (EH) contribui para o sucesso dos cuidados

dos doentes pela equipa de cuidados (Freitas, 2018).

A avaria de um equipamento no decorrer de sua utilização no âmbito hospitalar, compromete

a qualidade e segurança dos cuidados, o que poderá gerar danos ao doente (idem). Quando

o equipamento se encontra fora de uso devido a alguma avaria, a aguardar reparação, pode

afetar de maneira direta ou indireta os resultados e a qualidade dos cuidados.

O Enfermeiro Gestor (EG) tem a responsabilidade acrescida pela segurança e qualidade dos

cuidados. Nesse sentido a gestão dos EH e do seu processo de manutenção está

intrinsecamente associada à suas funções.

Para o serviço de reabilitação funcional que integra a prestação dos cuidados ao doente

internado numa Unidade de Convalescença (UC), a utilização da cadeira de rodas é

fundamental para a mobilidade dos doentes. A cadeira de rodas faz parte dos EH e se

configura como um produto de apoio com muita utilização na UC, como resultado sofre um

processo de desgaste elevado. Por esse motivo visa ser alvo de um programa de manutenção

efetiva e estruturado, a fim de aumentar o tempo de sua utilização e diminuir os prejuízos

diretos e indiretos gerados a partir de sua falha.

Os objetivos do trabalho são, identificar as principais barreiras operacionais existentes na UC

que colaboram para a não manutenção das cadeiras de rodas de forma sistemática, e a partir

de modelos conceptuais estruturar formas possíveis de as reduzir.

Os dados/informação recolhidos referem-se ao processo de manutenção da cadeira de rodas.

Trata-se de um trabalho que utilizou uma metodologia observacional de pesquisa. Para a

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identificação do problema procedeu-se à observação/avaliação do meio ambiente da UC, do

estado das cadeiras de rodas da unidade e a uma entrevista não estruturada (brainstorming)

com o EG. Posteriormente, procedeu-se à construção do diagrama de causa-efeito, uma

ferramenta que auxilia no diagnóstico das causas raízes do problema.

Para a elaboração da proposta de melhoria recorreu-se à ferramenta 5W1H, permitindo a

conceção de um plano de ação estruturado (anexo I) para tratar as causas principais das

falhas na manutenção da cadeira de rodas.

Quanto à estrutura, o artigo apresenta-se dividido: enquadramento teórico, diagnóstico da

situação problema, proposta de intervenção para resolução dos problemas identificados e

conclusão.

Enquadramento Teórico

O conceito manutenção é transversal a todos os setores, e universalmente carateriza-se pelo

ato de conservar, sustentar, manter ou concertar algum tipo de instalação, sistema ou

equipamento que necessite de estar sempre em ótimo estado de operação.

No setor da saúde, de forma a garantir o bom funcionamento do hospital é essencial que o

estado das instalações e o correto funcionamento dos equipamentos sejam avaliados de

forma criteriosa visando garantir o respetivo funcionamento em condições de segurança para

os pacientes, profissionais e outros que se encontrem nas instalações do hospital (ACSS,

2016).

A correta função que desempenham os EH é essencial na área dos cuidados de saúde, tem

um caráter aditivo nas instituições de saúde, tais como: diagnóstico, tratamento, reabilitação

e monitorização de doenças.

A manutenção dos EH, não está relacionada apenas com os benefícios nos custos dos

hospitais ou das empresas que os fornecem, está também com a diminuição dos riscos para

os doentes e profissionais envolvidos nos cuidados. Deve deixar de ser entendida como uma

área de emergência de reparação dos equipamentos e passar a ter uma importância

significativa na estratégia para a tomada de decisões e o alcançar de objetivos. Um dos pilares

para a sistematização do processo de gestão da manutenção, é um plano bem estruturado

de manutenção, onde deve constar todas as informações da organização em relação ao

escopo do seu processo (Gerônimo, Leite & Oliveira, 2017).

A gestão da manutenção tem se mostrado um fator primordial para o alcance da qualidade e

confiabilidade dos processos, fazendo com que se invista cada vez mais em ferramentas que

auxiliem na melhoria contínua dos indicadores de manutenção (Idem).

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Um plano estruturado de manutenção ajuda na prevenção de falhas ou possíveis quebras dos

EH, reduz os custos associados ao processo de manutenção, permitindo a otimização dos

processos que devem ser realizados (Ibidem). Segundo Kardec & Nascif (2001), a função da

manutenção tem por objetivo a não existência de manutenção, ou seja, que não ocorra a

manutenção corretiva não planeada.

Segundo o Instituto Português de Qualidade (2005), a validade e a manutenção de todos os

equipamentos críticos suscetíveis de ter um impacto direto ou indireto sobre a qualidade e a

segurança dos serviços de saúde, devem ser realizadas em periodicidade definida (anual) e,

consequentemente, registadas e documentadas. Os serviços de saúde devem ter

procedimentos definidos para o funcionamento de cada equipamento crítico, apresentado

em detalhe as etapas/tarefas a seguir em caso de avaria. As manutenções a efetuar são

discriminadas para cada tipo de equipamento e deverão mencionar informações bem

definidas, serem objeto de um relatório técnico datado e assinado, justificativo da

intervenção e descritivo da anomalia ao funcionamento, qualquer que seja o regime de

subcontratação.

Quanto ao processo de manutenção podemos dividir em duas grandes etapas: manutenção

preventiva e corretiva. Entenda-se por manutenção preventiva como aquela que tiver sido

prevista pelo fornecedor e realizada em períodos definidos. O objetivo deste serviço é o

controlo de parâmetros funcionais e a redução de falhas no equipamento, com base em seis

conceitos fundamentais: adiantar-se às avarias; controlo da conservação dos equipamentos;

cumprimento dos programas de manutenção; controlo exaustivo dos seguintes parâmetros:

desempenho, fiabilidade operacional e segurança dos sistemas e equipamentos; controlar as

ações do pessoal responsável pelo equipamento e garantir a segurança funcional, tanto para

o paciente como para o profissional (IPAC, 2005; Moro & Auras, 2007).

Relativamente à manutenção corretiva é uma metodologia que apresenta açoes imediatas de

curto prazo, objetivando a devolução do pleno funcionamento do equipamento que está

inoperável. Os serviços de saúde deverão empreender a sua reparação ou remoção da area

de atividade, rotulando-o em conformidade com o seu estado. As reparações deverão ser

realizadas sempre por pessoal devidamente habilitado para o efeito. Além disso, devera o

serviço de saude dispor de um procedimento interno validado onde estejam definidas as

açoes a adotar para assegurar a continuidade da atividade nas melhores condiçoes de

segurança. Essas intervenções deverão ser devidamente registadas na ficha de manutenção

para controlo de vida útil do equipamento e dos custos com as suas reparações (Idem).

Existem mais de 2 milhões de tipos diferentes de EH no mercado mundial (OMS, 2017).

Também em relação à literatura nacional e internacional encontramos uma multiplicidade de

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conceitos associados ao material utilizado em contexto hospitalar para a prestação de

cuidados. Em Portugal, o enquadramento da gestão dos EH, à semelhança de outros países,

nomeadamente, os estados membros da União Europeia, é determinado por decretos-lei,

diretrizes e normas. O Decreto-lei n.º 145/2009 publicado em 17 de junho, denomina

dispositivos médicos como “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material

ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu

fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja

necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido

no corpo humano não seja alcançado por meios farmacologico, imunologicos ou metabolicos,

embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser

utilizado em seres humanos para fins de: i) Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou

atenuação de uma doença; ii) Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação

de uma lesão ou de uma deficiencia; iii) Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de

um processo fisiologico; iv) Controlo da concepção”. Estes são aprovados para colocação no

mercado pela INFARMED, de acordo com todos os pressupostos e orientações legais

comunitárias da Comissão Europeia e estados membros.

O Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de junho, disciplina também que o Sistema Nacional de

Vigilância de Dispositivos Médicos (SNVDM), tem a competência de regulamentar, controlar

e vigiar a funcionalidade dos DM, com a ajuda dos fabricantes, mandatários, distribuidores,

profissionais de saúde e demais utilizadores relacionados com a sua utilização, uma vez que

estes devem comunicar à autoridade competente todas as informações relativas a incidentes

ocorridos em Portugal.

O SNVDM fiscaliza a utilização e a manutenção dos DM, através de um conjunto articulado

de normas, recursos materiais e humanos destinados à recolha sistemática de informação

referente à segurança da utilização no Homem do DM. O objetivo central desta avaliação é a

adoção de padrões adequados à proteção da saúde dos cidadãos e (SNS, 2020).

Importa ainda sublinhar que, o utilizador tem um papel essencial na fiscalização do mercado

dos DM, participando como notificador de situações de suspeita de não conformidades que

verifique no âmbito da sua atividade, à Autoridade competente (IPAC, 2015).

No presente trabalho, pretendemos focar-nos na cadeia de manutenção de apenas um DM,

cadeira de rodas, que quando utilizado no ambiente hospitalar é referenciado como um

produto dos EH. A pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida na maior parte do

internamento necessitam deste equipamento, designado na literatura recente de produto de

apoio. De acordo com Decreto-Lei 93/2009 de 16 de abril, “produtos de apoio (anteriormente

designados por ajudas técnicas), são qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema

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técnico usado por uma pessoa com deficiência, especialmente produzido ou disponível que

previne, compensa, atenua ou neutraliza a limitação funcional ou de participação”. Neste

sentido podemos citar, a cadeira de rodas, como um produto de apoio que possui uma

importante finalidade em todos os serviços saúde no país, e como parte dos EH atuam no

processo de reabilitação ou no auxilio da mobilidade nos casos de deficiência ou incapacidade

do utente (Caro & Cruz, 2020).

O enfermeiro gestor (EG) assume um papel de extrema importância na gestão da manutenção

dos EH, enquanto líder da maior classe profissional do setor da saúde.

Conforme o Regulamento n.º 76/2018 de 30 de janeiro emitido pela Ordem dos Enfermeiros,

o enfermeiro com competencia acrescida avançada em gestão “é o responsavel, em

primeira linha, pela defesa da segurança e qualidade dos cuidados de enfermagem e o

promotor do desenvolvimento profissional dos enfermeiros”. No anexo I do regulamento, na

competência D do planeamento, organização, direção e controlo, o EG a nível operacional,

deve, na sua prática diária desenvolver as seguintes funções em relação aos EH: assegurar

a gestão eficiente dos recursos materiais; monitorizar o cumprimento dos procedimentos

orientadores da utilização de dispositivos médicos; validar o nível de adequação dos EH às

necessidades de cuidados; participar na conceção, remodelação e adequação dos espaços

físicos de forma a garantir a sua funcionalidade; elaborar procedimentos orientadores da

utilização dos equipamentos e atualizar procedimentos orientadores da utilização de

dispositivos médico.

Também o Decreto-Lei n.º 71/2019 de 27 de maio, no artigo 10.º-B, sobre o conteúdo

funcional do EG, o legislador afirma que este deve: “p) Participar na determinação das

necessidades de recursos materiais e equipamentos para a prestação de cuidados na unidade

ou serviço, tendo em conta critérios de custo, efetividade e segurança; q) Emitir pareceres,

exercer funções de assessoria técnica e participar nas comissões de escolha de materiais e

equipamentos para a prestação de cuidados”.

Diagnóstico de Situação/Problema

Este trabalho foi realizado numa Unidade de Covalescença (UC) da Rede Nacional de

Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) em Portugal, com capacidade máxima de 30

camas. Os dados/informação recolhidos referem-se ao processo de manutenção dos EH -

cadeiras de rodas. Trata-se de um trabalho que utilizou uma metodologia observacional de

pesquisa, permitindo enumerar as causas do problema em questão. O método observatório

segundo Gil (2008), auxilia em um elevado nível de exatidão dos problemas mais relevantes

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dentro de um processo.

Para a identificação do problema procedeu-se à observação do meio ambiente da UC, do

estado das cadeiras de rodas que pertencem à unidade, e a uma entrevista não estruturada

(brainstorming) com o EG da unidade. Posteriormente, procedeu-se à construção do

diagrama de causa efeito (Diagrama de Ishikawa), uma ferramenta que auxilia no diagnóstico

das causas raízes do problema (Figura 1).

Segundo Vaz (2012) o diagrama de causa-efeito é uma ferramenta grafica de segregação de

problemas que permite a hierarquização dos fatores por tipologias diferentes, no sentido de

discutir e definir oportunidades de melhoria. Estes fatores podem ser identificados numa

sessão de brainstorming, em que devem participar o grupo de trabalho e os elementos

envolvidos no processo onde se identificou o problema. Deve procurar-se exprimir os fatores

selecionados através de variaveis quantitativas, o que facilitara a seleção das causas que,

hipoteticamente, influenciam mais significativamente o problema em estudo, nomeadamente:

as falhas na manutenção do EH.

Figura 1 - Diagrama causa-efeito nas falhas na manutenção das cadeiras de rodas

Para uma melhor compreensão do diagrama (figura 1), procedemos à análise individual de

cada causa (cada M). Relativamente ao método, que questiona como a forma de desenvolver

o trabalho influencia o problema, constatámos, que apesar do circuito de identificação dos

problemas estar bem definido, isto é, o EG é informado da necessidade de

reparação/manutenção e reporta informaticamente em circuito definido a situação, existem

Falhas na manutenção do EH

Método Medida

Material

Meio ambiente

Mão de obra

Carência de ferramentas

Ausência de parceiros

Ausência de indicadores de falhas

Falta de controlo entre as manutenções

Falta de padronização nos serviços

Procedimentos não descritos Falta de

manutenção preventiva

Ausência local de manutenção

Falta de qualificação técnica

Falta de profissionais

Quantidade insuficiente

Danificado / Obsoleto

Atrasos na manutenção

corretiva

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atrasos constantes na manutenção corretiva dos EH, por falta de padronização nos serviços,

ou seja, ausência de manuais e procedimentos não descritos de manutenção dos

equipamentos, principalmente relacionados com a manutenção preventiva, que se verificou

quase inexistente, uma vez que só existe manutenção corretiva, mesmo assim, deficiente no

seu processo.

Na análise da causa, medida, que questiona como as métricas utilizadas para medir o

desenvolvimento da atividade influenciam o problema, verificamos que não existem

indicadores de falhas, inclusive existe pouco controlo entre as manutenções, isto é, existe um

programa de manutenção para os equipamentos sob a responsabilidade de uma empresa de

manutenção hospitalar, mas essa manutenção não se estende a equipamentos de uso diário

como: cadeiras de rodas, cadeirões, camas, andarilhos, canadianas, cadeiras de higiene,

entre outros equipamentos destacados como essenciais nos cuidados diários aos doentes.

Quanto à causa, meio ambiente, como o meio em que a atividade está a ser desenvolvida

influencia o problema, verificámos que não existe um local propriamente identificado para a

manutenção dos equipamentos, uma vez que apenas existe um local onde são depósitos os

EH que estão danificados ou inoperáveis. Existe carência de ferramentas adequadas para

manutenções básicas dos equipamentos, nomeadamente, segundo a informação recolhida

são por vezes os próprios profissionais que trazem de sua casa ferramentas para por exemplo

apertar uma cadeira de rodas, lubricar as rodas entre outras atividades básicas de

manutenção. Relativamente a esta temática, fomos informados que a direção do hospital

iniciou contatos com a autarquia local para a disponibilidade de apoio na manutenção dos EH,

contudo esse protocolo ainda não se encontra finalizado por força da atual conjuntura

pandémica.

Na causa, material, como a qualidade do material e o tipo de materiais utilizados influenciam

o problema, verificamos numa breve inspeção que existe muito material de apoio aos

cuidados que se encontra deteriorado. A UC dispõe de um total de 16 cadeiras de rodas, e

no momento da inspeção 12 unidades necessitavam de algum tipo de manutenção corretiva

para que pudessem desempenhar sua perfeita funcionalidade. A inspeção encontrou

algumas cadeiras de rodas com travões e pedais danificados, falta de lubrificação nos

rolamentos das rodas. Essas falhas podem provocar acidentes e danos ergonómicos

aqueles as que utilizam. Também segundo informação dos profissionais, não existe

quantidade adequada de equipamentos de apoio.

Na causa, mão de obra, como as pessoas envolvidas na atividade influenciam o problema,

constámos que não existem profissionais disponíveis dentro da unidade de saúde para a

realização dos processos de manutenção dos EH. A manutenção é por vezes assegurada por

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um assistente operacional de outro departamento, que não tem formação para o efeito, nem

total disponibilidade para assegurar o serviço de manutenção.

Proposta de Intervenção:

A gestão da manutenção surge como um objetivo de melhoria constante dos processos nas

organizações, como forma de estar sempre competitivo. A manutenção não deve ser

compreendida como uma área de emergência de reparação dos equipamentos, mas deve ter

uma importância significativa na estratégia para a tomada de decisões e o alcançar de

objetivos.

Um dos pilares para a sistematização do processo de gestão da manutenção de EH é um

plano bem estruturado de manutenção, onde deve constar todas as informações da

organização em relação ao escopo do seu processo (Gerônimo, Leite & Oliveira, 2017).

Como constatamos no referencial teórico do presente trabalho, o EG assume um papel

determinante na gestão do processo de manutenção dos EH, motivo pelo qual nos propomos,

após identificação de situações causais mais relevantes, desenhar uma proposta de

intervenção, de acordo com as competências atribuídas ao EG.

Nesta proposta de intervenção usamos a ferramenta 5W1H, que consiste na conceção de um

plano de ação para tratar as causas principais de um determinado problema. Segundo os

autores George et al (2004) referem que esta ferramenta leva a equipa a procurar as “causas-

raiz” e não satisfazer apenas soluçoes superficiais. Ao longo da cadeia de valor são colocadas

questões como: Why? Porque se realiza; What? O que está a ser realizado?; When? Quando

é que se realizada?; Who? Quem o está a realizar?; Where? Onde é que está a acontecer?;

e How? Como está a ser realizado?

Na figura 2 apresentamos um quadro com as respostas à ferramenta 5W1H, de cada M

identificado como problema, no diagrama causa-efeito das falhas na manutenção dos

equipamentos hospitalares, especificamente nas cadeiras de rodas (figura 1).

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Aplicação da ferramenta 5W1H na falha na manutenção do EH

Na proposta de melhoria, as alterações sugeridas prendem-se de uma forma sucinta por:

avaliar os EH obsoletos/danificados, substituindo ou reparando; elaborar procedimentos do

processo de manutenção; criar uma equipa interna responsável pelo diagnóstico e

manutenção preventiva dos EH; implementar um sistema de controlo de manutenções; definir

uma área para realização de manutenções e adquirir ferramentas adequadas; contatar com

fornecedores e parceiros locais para estabelecimento de protocolos; e qualificar da mão de

obra e aumentar recursos humanos. Nesta proposta de melhoria continua apresentamos os

indicadores de estrutura, que permitirá assegurar e solidificar a estratégia de gestão da

Anexo I – Aplicação da ferramenta 5W1H na falha na manutenção do EH.

What? O quê? Why? Porque? Where? Onde?

Who? Quem? When? Quando?

How? Como?

Material

Identificação/Avaliação do material danificado/obsoleto

- Reduzir o risco de eventos

adversos para os doentes e

profissionais;

UC

Enfermeiro

Gestor da

UC/Enfermeiro

Responsável

por essa área

Curto prazo

- Identificar o equipamento

que poderá ser reparado e

proceder ao pedido de

reparação ou abate para

posterior substituição.

- Material sem reparação

encaminhar para abate/

valorização;

Método

Elaboração de um manual de

equipamentos, onde conste

um procedimento sobre

processo de manutenção

- Melhoria da padronização e

execução das atividades na área

da manutenção.

Hospital

Enfermeiros

gestores e

Direção do

Hospital

Curto/médio

prazo

- Organização do parque de

equipamentos, aquisição de

ferramentas adquadas –

Inventário das cadeiras de

rodas

- Descrever as etapas que

devem ser seguidas para a

identificação das necessidades

de manutenção e como fazer

esses pedido e registo.

- Definir planos de

manutenção preventiva dos

equipamentos e atribuição de

responsabilidades Método

Criação de uma equipa

interna responsável pelo

diagnóstico e manutenção

preventiva dos equipamentos

- Identificação precoce de danos

irreversíveis nos equipamentos;

- Diminuição das ocorrências de

falhas e de manutenção corretiva;

Hospital

Enfermeiros

gestores e

profissionais

qualificados na

área da

manutenção

Curto prazo

- Nomear um Enfermeiro para

essa área

Contratar profissionais

qualificados

Medida

Implementação de um

sistema de controlo de

manutenções.

- Aumento da confiabilidade e

controlo os processos de

manutenção;

Hospital

Enfermeiros

gestores e

Direção do

Hospital

Curto/médio

prazo

- Aquisição de software que

permita a identificação dos

equipamentos (inventário) e

permita o registo e controlo de

pedido manutenção

Meio ambiente

Criação um espaço adequado

para a realização de

manutenções e adquisição de

ferramentas adequadas

- Criar condições de segurança e

saúde no trabalho para a equipa

de manutenção

Hospital

Enfermeiros

gestores e

Direção do

Hospital

Curto/médio

prazo

- Definir e organizar área de

manutenção do hospital e

adquirir ferramentas

adequadas aos processos de

manutenção

Meio ambiente

Criação de parcerias com

oficinas locais com formação

nessa área, estabelecer

protocolos

- Diminuição dos tempos de

manutenção corretiva

Hospital

Direção do

Hospital

Curto/médio

prazo

- Desenvolvimento de

protocolos com parceiros

locais (ex.: autarquia) e

empresa de manutenção de

equipamentos hospitalares

Mão de obra

Qualificação da mão de obra

e aumento de RH

- Melhoria na qualidade e

confiabilidade dos processos e

serviços de manutenção

Hospital

Direção do

Hospital

Curto/médio

prazo

- Admissão de RH e formação

em manutenção hospitalar

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JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2021, 10 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v10i1-3

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manutenção dos EH no ambiente da UC.: i) 98 % das cadeiras de rodas são reparadas nos 5

dias a seguir à identificação da avaria; ii) A existência de um manual de equipamentos, onde

conste um procedimento sobre o processo de manutenção.

A utilização dos indicadores de desempenho é essencial para a gestão do processo de

melhoria contínua da qualidade na manutenção dos EH, pois esses instrumentos de

mensuração permitem analisar a desempenho de cada equipamento. Na área da gestão

de manutenção há inúmeros indicadores do processo de manutenção e cada um se

propõe a fornecer uma informação estratégica. O EG pode apropriar-se da metodologia

de alguns dos indicadores de gestão da manutenção para dar resposta aos problemas

encontrados na manutenção das cadeiras de rodas na UC, desses sugerimos: Mean Time

Between Failure (MTBF) / tempo médio entre falhas; Mean Time To Repair (MTTR) /

tempo médio para reparo (Gomes, Andrade & Costa, 2018).

Segundo autores, o indicador MTBF é calculado com base no tempo médio entre o fim de

uma falha funcional do equipamento e o início de outra, ou seja, o somatório de horas de

trabalho em bom funcionamento do equipamento, dividido pelo número de paradas para

a manutenção corretiva (Pimentel, Lima & Neto, 2012). O objetivo do indicador é fornecer

a informação ao EG da confiabilidade e disponibilidade de cada cadeira de rodas do

serviço, o que contribui para avaliar o custo-benefício do equipamento.

O indicador de desempenho MTTR verifica o tempo gasto pela equipe de manutenção

para colocar o equipamento em condições de operar novamente, visando indicar a

quantidade de horas que a cadeira de rodas esteve inoperável na UC. É calculado

utilizando o somatório dos tempos para reparo dividido pelo número de intervenções

realizadas num período (Oliveira, 2014). A aplicabilidade deste instrumento permitirá ao

EG identificar o espaço temporal entre a realização do pedido informatizado da

manutenção corretiva e a realização da manutenção do equipamento, e propor melhorias

para o processo institucional referente a manutenção dos EH.

Conclusão

Com o presente trabalho concluímos que a um processo de manutenção estrutura e efetivo

dos EH é fundamental para garantir o desempenho suas funções na máxima capacidade, pelo

maior tempo possível, tendo sempre como meta a segurança do doente. Essa prática contribui

para a diminuição de riscos, promoção de uma cultura de segurança, otimização dos

procedimentos, promoção de saúde e preservação da imagem da instituição.

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Neste trabalho a proposta de melhoria passou pela sistematização, controle eficaz e confiável

da manutenção dos EH, recorreu-se ao plano de ação 5W1H, método interativo de gestão,

para tratar as principais causas na falha dos processos de manutenção. Esse método permitiu

a elaboração de uma proposta de intervenção, visando reduzir os custos diretos e indiretos

gerados pelas falhas no processo de manutenção da cadeira de rodas na UC.

Um processo de manutenção eficiente não acontece numa situação corretiva, onde se faz

urgente a reparação dos EH, ele deve ter um carater preventivo e passar a ter uma

importância significativa na estratégia organizacional para a tomada de decisões e o alcançe

de objetivos.

É essencial o envolvimento e o compromisso da direção organizacional, do EG, e de todos os

profissionais relacionados ao processo, na formulação e organização de um sistema de

controlo de manutenção dos EH. A utilização de indicadores de desenpenho permitirá a

análise do desempenho dos EH, controlo do processo de melhoria contínua, e acessibiliade

a informações úteis à tomada de decisão. Garantir o bom funcionamento dos EH determina

uma prestação de cuidados de saúde de qualidade e segura.

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