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NI UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ LTDA N o 17(2) Janeiro / Março January / March 2014 ISSN online 2178-2571 Qualis CAPES B4

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NIUNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ LTDA

No17(2) Janeiro / Março January / March

2014

ISSN online 2178-2571

QualisCAPES B4

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Vol.17, n.2, Jan – Mar 2014, pp. 05-44

FICHA TÉCNICA Technical Sheet

Título / Title: UNINGÁ ReviewPeriodicidade / Periodicity: Trimestral / QuarterlyDiretor Geral / Main Director: Ricardo Benedito de OliveiraDiretor de Ensino / Educational Director: Ney StivalDiretor Acadêmico / Academic Director: Gervásio Cardoso dos SantosDiretor de Pós-Graduação / Post-Graduation Director: Mário dos Anjos Neto FilhoDiretora de Normas e Legislações / Laws Director: Gisele Colombari GomesDiretora de Comunicação / Communication Director: Magali Roco

Editor-Chefe / Editor in Chief: Prof. Dr. Mário dos Anjos Neto Filho

Corpo Editorial / Editorial Board

Prof. Dr. Afonso Pelli, UFTM (MG)Prof. Dr. Aissar Eduardo Nassif, UNINGÁ (PR)Prof. Dr. Alaor Aparecido Almeida, CEATOX-UNESP (SP)Prof. MS. Alex Sanches Torquato, UTFPR (PR)Profa. Dra. Carolina Baraldi Araujo Restini, UNAERP (SP)Profa. Dra. Claure Nain Lunardi Gomes, UnB (Brasília/DF)Prof. Dr. Fabiano Carlos Marson, UNINGÁ (PR)Prof. Dr. Gerson Jhonatan Rodrigues, UFSCar (SP)Prof. Dr. Jefferson José de Carvalho Marion, UNINGÁ (PR) /UNICAMP (SP)

Profa. Dra. Kellen Brunaldi, UEM (PR)Prof. Dr. Luiz Fernando Lolli, UNINGÁ (PR)Profa. Dra. Michele Paulo, USP (SP)Prof. Dr. Paulo Roberto Barbosa Évora, USP (SP)Prof. Dr. Roberto Barbosa Bazotte, UEM (PR)Prof. Dr. Roberto DeLucia, USP (SP)Prof. MS. Rogério Tiyo, UNINGÁ (PR)Profa. MS. Rosana Amora Ascari, UDESC (SC)Prof. Dr. Sérgio Spezzia, UNIFESP (SP)Profa. MS. Valéria Garcia da Silva, UNINGÁ (PR)

Indexações: Latindex, Google Acadêmico, EBSCO host (Fonte Acadêmica) e Directory of Research JournalsIndexing - DRJI.

Distribuição: Master Editora – Publicações Científicas

A Revista UNINGÁ Review é um Projeto Especial para divulgação científica apenas em mídia eletrônica, estando inscrito naCoordenação do Núcleo Pesquisa da Faculdade INGÁ sob o número (171/2-2009), com gestão do Prof. Ms. Ney Stival, Diretor deEnsino da Faculdade INGÁ.

Todos os artigos publicados foram formalmente autorizados por seus autores e são de sua exclusiva responsabilidade.As opiniões emitidas nos trabalhos aqui apresentados não correspondem necessáriamente, às opiniões da Revista UNINGÁ

Review e de seu Corpo Editorial.

The UNINGÁ Review Journal is a special project to scientific dissemination only in electronic media, registered in theCoordination of the Research Center - Faculty INGÁ (171/2-2009), with management of the Master Professor Ney Stival.

All published articles were formally authorized by their authors and are your sole responsibility.The opinions expressed in the studies published do not necessarily correspond to the views of UNINGÁ Review Journal and its

Editorial Board.

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EDITORIAL

Prezado leitor, é com grande satisfação que divulgamos a décima sétima edição, volume dois, daRevista UNINGÁ Review.

UNINGÁ Review recebeu a estratificação B4 pelo sistema QUALIS CAPES, após a avaliação dasedições anteriores, desde o ano de 2010.Desde o dia 01/07/2013, a Revista UNINGÁ Review passou a ser distribuída pela Master Editora,adotando o formato Open Access Journal (Revista Científica de Acesso Aberto) que garante amanutenção do acesso irrestrito e gratuito aos artigos publicados. Os autores não terão nenhum custofinanceiro para submissão e a subsequente análise do manuscrito pelo conselho editorial do periódico.Entretanto, caso um manuscrito seja aceito para publicação, o autor responsável (autor decorrespondência) confirmará o interesse pela publicação realizando o pagamento de uma taxa depublicação, no valor de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), em função dos custos relativos aosprocedimentos editoriais.

Aproveitamos a oportunidade para agradecer aos autores dos trabalhos que abrilhantam esta edição epara convidar aos autores de trabalhos científicos que se enquadram em nosso escopo editorial para oenvio de seus artigos para nossa análise ad hoc, visando o aceite de sua obra para publicação em uma dasedições futuras da Revista UNINGÁ Review.

Boa leitura! Mário dos Anjos Neto FilhoEditor-Chefe

Dear reader, we are pleased to release the seventeenth edition, volume two, of the Journal UNINGÁReview.

UNINGÁ Review received the concept of stratification B4by QUALIS CAPES system, according to theevaluation of the previous editions, since 2010.

Since july, 01, 2013, the UNINGÁ Review Journal became distributed by Master Publisher, adoptingthe format Open Access Journal that ensures the free and unrestricted access to published articles. Theauthors have no financial cost to any submission and subsequent analysis of the manuscript by the editorialboard of the journal. However, if a manuscript is accepted for publication, the mailing author can confirmthe interest in publishing by the payment of a publication (R$ 150,00 - one hundred fifty Reais), accordingto the costs relating to the procedures editorials.

We take this opportunity to thank the authors of the works that brightens this issue and to invite theauthors of scientific papers that fit with our editorial scope to send your articles to our ad hoc aiming atacceptance of your paper for publication in a future issue of the Journal UNINGÁ Review.

Happy reading! Mario dos Anjos Neto FilhoEditor-in-Chief

A c a d e m i a d o s a b e r

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SUMÁRIO SUMMARY

DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA UMA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃOODONTOLÓGICA: UMA PROPOSTA DA ENFERMAGEMDANIELLY ROMEIRO PAUROSI, ROSANA AMORA ASCARI, OLVANI MARTINS DA SILVA, TANIA MARIAASCARI ..................................................................................................... ........................................................... 05

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO SETOR DE NEUROLOGIA DA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIADA FACULDADE INGÁ NO ANO DE 2013

ANNY JÉSSICA BATISTA, JESSILY RIBAS TORRES, RAYZE TAMIRES FATORETO SCHWIND, FABIANANAVARRO PETERNELLA, FERNANDO VILAR MENDES.................................................................................. 11

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM A FISIOTERAPIA DE PACIENTES ATENDIDOS EM UMACLÍNICA ESCOLA DE MARINGÁ-PRJENIFER ROSSIELE SILVA VIANA, TAYARA RAIOCOVITCH, ANDREY ROGÉRIO GOLIAS, FABIANAMAGALHÃES NAVARRO PETERNELLA, FERNANDO CORDEIRO VILA MENDES, JORGE GRABOWSKI . 16

TRATAMENTO AMBULATORIAL DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – REVISÃO DELITERATURAOTÁVIO DE OLIVEIRA DUARTE, WELLINGTON RANGEL DE CASTRO FARIA, FLAVIO MENDONÇA PINTO,VANESSA YURI NAKAOKA ELIAS DA SILVA, TATILIANA G. BACELAR KASHIWABARA …........................ 22

DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL: POSSÍVEIS RELAÇÕESCARTOGRÁFICO-SIMBÓLICASJÉSSICA PEDROSA DE SOUZA, DIEGO ALEXANDRE ROZENDO DA SILVA ............................................... 30

TIPOS DE SUTURAS E NÓS ESPECÍFICOS NA OPERAÇÃO VÍDEOLAPAROSCÓPICA: UMAREVISÃO DE LITERATURAVINICIUS SOARES AGUILAR E SILVA, LORENA SOUZA RODRIGUES, TIAGO TESSARO SALEIS,VANESSA YURI NAKAOKA ELIAS DA SILVA ........................................................................ ........................... 39

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DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA UMA CENTRAL DEMATERIAL E ESTERILIZAÇÃO ODONTOLÓGICA:

UMA PROPOSTA DA ENFERMAGEM

GUIDELINES FOR OPERATING A POWER OF DENTAL MATERIALS ANDSTERILIZATION: A PROPOSAL OF NURSING

DANIELLY ROMEIRO PAUROSI1, ROSANA AMORA ASCARI2*, OLVANI MARTINS DA SILVA3, TANIAMARIA ASCARI4

1. Enfermeira. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica. Universidade Comunitária da Região de Chapecó – UNOCHAPECÓ;2. Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela UFRGS. Mestre em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Graduação em Enferma-gem da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC; 3. Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela UFRGS. Mestre emTerapia Intensiva. Docente da UDESC; 4. Enfermeira e Psicóloga. Mestre em Enfermagem. Docente da UNOCHAPECÓ e UDESC.

* Rua 14 de Agosto, 807 E, Apto 301, Presidente Médice, Chapecó, Santa Catarina, Brasil. CEP: [email protected] ou [email protected]

Recebido em 17/01/2014. Aceito para publicação em 22/01/2014

RESUMOA esterilização é eliminação ou destruição de todas as for-mas de vida microbiana, sendo a Central de Material eEsterilização (CME) a unidade destinada ao processamentode materiais odonto-médico-hospitalares, que tem por ob-jetivo receber, preparar, esterilizar e acondicionar os mate-riais até a sua distribuição para as unidades consumidoras.Contudo é preciso que haja mecanismos de controle desteprocesso, bem como a realização e interpretação de testesde validação das esterilizações. O presente estudo teve co-mo objetivo descrever as diretrizes para uma CME odon-tológica em uma clínica-escola no oeste catarinense, atravésde pesquisa bibliográfica em banco de dados eletrônicospublicados entre 2007 e 2013 em língua portuguesa, textoscompletos, tendo como descritores: protocolo e esterilização.Foi realizada visita in loco da área de reprocessamento demateriais da clínica escola para melhor compreensão doprocesso. Diversos fatores interferem no reprocessamentoadequado de artigos odonto-médico-hospitalares, como aestrutura física que possibilita um fluxo unidirecional, aforma de limpeza e empacotamento, as embalagens utili-zadas em conformidade com o tipo de esterilização, os re-gistros necessários para respaldo legal da esterilização.Esta diretriz pode servir de modelo para outras clíni-cas-escola de odontologia, uma vez que contempla as con-dutas necessárias ao funcionamento da CME.

PALAVRAS-CHAVE: Esterilização, enfermagem, protocolo.

ABSTRACTSterilization is the destruction or elimination of all forms ofmicrobial life, and the Material and Sterilization Center (CME)

unit for the processing of dental-medical and hospital supplies,which aims to receive, prepare, sterilize and pack materials todistribution to the consumer units. However there must bemechanisms controlling this process, as well as the perfor-mance and interpretation of tests for validation of sterilization.The present study aimed to describe the guidelines for CME ina dental school clinic in western Santa Catarina, through aliterature review in electronic databases published between2007 and 2013 in portuguese, full text, whose descriptors: andsterilization protocol. Site visit of the area of reprocessing ofmedical school materials to better understanding of the processwas performed. Several factors affect in adequate den-tal-medical products such as reprocessing physical structurethat enables a unidirectional flow, the form of cleaning andpacking, packaging used in accordance with the type of sterili-zation records necessary legal support for sterilization. Thisguideline can serve as a model for other medical- dental school,as it contemplates the necessary operation of the CME ducts.

KEYWORDS: Sterilization, nursing, protocol.

1. INTRODUÇÃOA central de material e esterilização (CME) é uma

unidade de apoio técnico, a qual se propõe a prestar umserviço que possa assegurar o controle, preparo e esteri-lização de artigos odonto-médico-hospitalares (AOMH),garantindo qualidade e contribuindo para um baixo nívelde infecções.

As atividades realizadas no CME devem garantir asegurança para os usuários dos serviços de saúde, bemcomo aos serviços e trabalhadores envolvidos no repro-

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cessamento de artigos. Além das questões legais queobrigam a descrição das atividades realizadas nos servi-ços de saúde, há possibilidade de uniformização dasações desenvolvidas e todos os envolvidos precisamconhecer. A descrição de diretrizes que balizem as ativi-dades desenvolvidas no CME proporciona aos colabo-radores, o aprimoramento técnico e científico acerca dasáreas que compõem a CME, o controle de infecção, osprocessos de limpeza e desinfecção, empacotamento,esterilização, guarda e distribuição de materiais.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – AN-VISA, através da Resolução n°15 de 15 de março de2012, recomenda que cada etapa do processamento demateriais siga um Procedimento Operacional Padrão(POP), elaborado com base em referencial teórico atua-lizado e normatização pertinente. E que a instituição desaúde é responsável por danos ao paciente e aos funcio-nários quanto a acidentes relacionados com o processode esterilização1.

O controle de infecção é constituído por recursosmateriais e protocolos que agrupam as recomendaçõespara prevenção, vigilância, diagnóstico e tratamento deinfecções, visando à segurança da equipe e dos pacientes,em quaisquer situações ou local onde se prestem cuidadosde saúde2.

Não somente para o controle de infecção, o proto-colo, normas técnicas ou diretrizes são instrumentos degestão que contribui para a melhoria da qualidade dosserviços. Se considerar que na clínica escola odontoló-gica, as atividades são desenvolvidas, parte pelos dis-centes e parte pelos colaboradores da CME, as responsa-bilidades são compartilhadas. As diretrizes aqui apre-sentadas norteiam como devem ser realizados os testesde validação de cargas das autoclaves, tempo de validadede acordo com cada material e embalagem, embalagemutilizada, registro da esterilização e outras condutas per-tinentes a Central de Material e Esterilização.

As diretrizes relatadas neste estudo se referem a umaproposta da enfermagem sobre o processo de esteriliza-ção odontológica para uma clínica-escola no oeste cata-rinense.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo deobservação e revisão bibliográfica, para a elaboração dediretriz acerca do processo de esterilização em uma clí-nica-escola odontológica, desenvolvida mediante mate-rial já elaborado, que embora sejam contemplados empraticamente todos os outros tipos de estudo, há pesqui-sas exclusivamente desenvolvidas por meio de fontesbibliográficas3.

Foi realizado um pedido de autorização formal parainiciar a observação dentro da clínica odontológica deuma universidade da região oeste de Santa Catarina,

depois de concedida a entrada o período observacionalcompreendeu o mês de março de 2013, sendo o estudocompreendido entre os meses de janeiro/2013 aabril/2013. A pesquisa seguiu os princípios éticos reco-mendados pela Resolução 466/2012 do Conselho Naci-onal de Ética em Pesquisa e foi aprovada ao Comitê deÉtica em Pesquisa da Universidade Comunitária da Re-gião de Chapecó, sob nº 309 de 21 de novembro de2012.

Além da observação, foi realizada uma revisão bi-bliográfica como complemento do estudo e base na cri-ação das diretrizes para a CME; a revisão partiu de ma-nuais, normas técnicas, protocolos, livros e artigos dis-poníveis na BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), no Sci-entific Eletronic Online (SCIELO), e biblioteca virtualda USP (Universidade de São Paulo).

A pesquisa foi então conduzida como um levanta-mento bibliográfico e pesquisa-intervenção, para criardiretrizes que atendesse as demandas de uma CMEodontológica, não importando a instituição onde o mes-mo está inserido.

Foram realizados dois passos para analisar as infor-mações encontradas. Na primeira etapa, foram colocadascomo prioridade as principais necessidades da CME quefoi observada, e também dos discentes, docentes e fun-cionários que utilizam e transitam no setor. Posterior-mente foi realizada uma análise dos artigos selecionadospara o estudo, cujos resultados foram resumidos por se-melhança de conteúdo, respondendo ao objetivo propos-to nesta pesquisa. A literatura encontrada foi encaixadacom a realidade do setor, dando origem as diretrizes dacentral de material e esterilização.

As diretrizes foram então criadas tendo como base aCME da clínica-escola odontológica e suas rotinas, ecomo apoio para sua criação uma revisão bibliográficaque teve como estudo principal dois livros especializa-dos em rotinas de CME e uma dissertação de mestrado,além de outros artigos e livros que interessavam ao as-sunto.

3. RESULTADOS

As diretrizes criadas são o produto final da análisede uma CME odontológica juntamente com uma revisãobibliográfica sobre esterilização, principalmente comestudos na área da enfermagem. Estas diretrizes possuemuma linguagem clara e sucinta, todas as etapas possuemjustificativas, e trazem sobre recebimento de materiais,como proceder com a limpeza, esterilização, realizaçãode testes químicos e biológicos, armazenamento, distri-buição e validade dos materiais. Abaixo um pequenoexemplo de como são colocadas as ações dentro das di-retrizes (Quadro 1).

O que toda instituição procura é a excelência no

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atendimento e qualidade da assistência prestada, paraisso é necessário um manual de procedimentos ou dire-trizes que conduzam a rotina do trabalho, a descrição denormas técnicas, rotinas e procedimentos se torna umfacilitador da instituição e deve ser atualizado conformesuas necessidades.

Quadro 1. Recebimento de AOMH na CMEAção Justificativa# Receber o material, da sala de higieniza-ção para a central de material esterilizado,conferindo os dados do aluno e a etiquetaabaixo deve estar fixada na embalagem comfita para autoclave (indicador químico):

# Observar o pacote quanto a rasgos, perfu-rações, aspecto.# Registrar em um livro ata no momento dorecebimento: nome do aluno, data, hora, nºde pacotes e coletar sua assinatura.# Separar os materiais conforme tamanho,peso, e o tipo de esterilização adequadopara cada um.# Montar as cargas na autoclave e esterilizarconforme tempo recomendado pelo fabri-cante da máquina.

InstituiçãoNome doAlunoData da Es-terilização

Nº ciclo-

Data de Va-lidade

Observação-

# A etiqueta fixada nomaterial e fornecidapela instituição, faci-lita a esterilizaçãosegura do material decada aluno, evitando orisco de trocas. Comoa data de validadeestará fixada na em-balagem, o próprioaluno pode avaliar seo material está própriopara o uso ou necessi-ta reesterilizar.

# Qualquer imperfei-ção no pacote ouembalagem podeinterferir no processode esterilização etornar o material im-próprio para o uso.

# O registro em livroata, dá a segurançapara o funcionário dainstituição e para oaluno. Evitam-semal-entendidos.#Importante separar osinstrumentais cirúrgi-cos das vidrarias,materiais de silicone,gazes e compressas.Cada material resiste aum tempo de esterili-zação e calor máximo.

Fonte: Moriya (2012)4, Kavanagh (2011)5.

A CME se torna hoje um local de produção em mas-sa e totalmente necessária a qualquer serviço de saúdeque desenvolve assistência invasiva e que tenha contatocom substâncias orgânicas.

4. DISCUSSÃOAcreditamos Como forma de ciência, a esterilização

de materiais tem menos de duzentos anos, com a desco-berta da bactéria e crescente busca pela morte bacterianamuito se evoluiu no processo de esterilização; até a dé-cada de 40 a limpeza e o preparo dos materiais eramfeitos pela própria unidade de enfermagem, o serviço eradescentralizado, já na década de 50 surgiram as primei-ras centrais de materiais, centralizada e se-

mi-centralizada, onde o material era todo esterilizado emum único local. Já no final do século XX, surgiu a ne-cessidade de aprimoramento da técnica de preparo dosmateriais, surgiu então a CME centralizada e gerenciadapor um enfermeiro, tornando-se essencial no processa-mento de materiais e roupas estéreis para cirurgia6.

Durante o desenvolvimento das técnicas cirúrgicas,houve a necessidade de aprimorar os equipamentos uti-lizados e assim surgiram cuidados especiais no trato dosmesmos; cientistas como Pasteur e Robert Koch trouxe-ram à ciência conhecimento na área de microbiologia,enfatizando o cuidado e a desinfecção dos instrumentaiscirúrgicos, lavagem das mãos, tudo para prevenção dodesenvolvimento de agentes patogênicos. Nesse sentido,se iniciaram as rotinas com os artigos hospitalares re-processáveis, originando as rotinas atuais de uma CME,que vem sendo melhoradas gradativamente7.

Hoje o CME tem finalidades e objetivos nitidamentedefinidos, conferindo para o setor maior produtividade eaumentando a segurança do uso dos seus produtos. Osetor fica responsável por concentrar os AOMH, esteri-lizados ou não, controlar a entrada e saída de materiaispara cada setor, conservar e manter em bom estado osmateriais, padronizar e realizar técnicas de limpeza,preparo, empacotamento e esterilização; além de favo-recer o ensino e o desenvolvimento de pesquisas8.

A dinâmica do material processado na central de ma-terial e esterilização pode ser assim conceituada: Recep-ção Limpeza / Desinfecção Preparo Esterilização

Guarda e distribuição9.Na área de recepção de materiais, os artigos conside-

rados sujos ou contaminados são recebidos, inspeciona-dos e encaminhados para a limpeza, preparo e esterili-zação ou limpeza, preparo e desinfecção, dependendo dotipo de material. Geralmente os materiais sujos ou con-taminados são recebidos no expurgo e a partir do rece-bimento deve seguir em um fluxo unidirecional9.

A limpeza é a primeira etapa que o material passadurante a preparação para a esterilização, e consiste naremoção de toda sujidade visível presentes nos artigos,com água, detergente neutro ou detergente enzimático,sabão; todos os artigos precisam estar limpos antes daesterilização, para garantir a segurança da mesma. Alimpeza pode ser manual ou mecânica, sendo a limpezamecânica normalmente realizada por meios térmicos equímicos como as lavadoras ultrassônicas e termodesin-fectadoras. Todos os instrumentos sujos deverão sermantidos em potes plásticos, de borracha ou de metal atéo momento da limpeza, os quais devem conter um sím-bolo de risco biológico ou aviso de material contamina-do10.

Após a lavagem e/ou desinfecção do artigo, o mesmopassa por um processo de secagem com secadoras de arquente ou frio, ar comprimido, estufas reguladas para talfim, panos limpos e absorventes. A umidade ou resquí-

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cios de água pode interferir durante a esterilização domaterial11.

Há a necessidade de barreira física entre a área des-tinada a limpeza e o preparo de materiais (empacota-mento), por ser considerada área suja e área limpa, res-pectivamente. Da mesma forma, recomenda-se barreirafísica entre a área limpa e área estéril, para evitar a con-taminação de materiais.12 A barreira física evita o conta-to do material limpo com o material sujo, o ideal é quetenha uma entrada para materiais contaminados e umasaída para materiais limpos e/ou estéreis, não cruzandoum material com o outro12.

Na área de preparo de materiais os artigos são visto-riados rigorosamente para detectar qualquer sujidade ougotícula que atrapalhe o processo de esterilização6. Re-comenda-se a inspeção visual tanto para a conferênciaacerca da adequada higienização do material como dofuncionamento do mesmo. Atentar para ranhuras, cre-malheiras e locais de articulação de hastes dos instru-mentais, uma vez que são locais de difícil higienização efácil oxidação.

As embalagens para os produtos de saúde têm co-mo objetivo manter a esterilidade do material até o mo-mento do uso, quando transportada e armazenada corre-tamente. A embalagem precisa ser adequada para o tipode esterilização, ser barreira para os microorganismos,ter resistência ao manuseio, ter qualidade e ser atóxica,ter instruções de uso escritas e possuir o número de re-gistro no Ministério da Saúde5.

A escolha da embalagem para esterilização pode serde acordo com o tipo de esterilização e recomendação daANVISA e práticas recomendadas pela Sociedade Bra-sileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico - SO-BECC1,13. Fica a critério do serviço de saúde, avaliar aquestão de custo e benefício, recursos disponíveis, gera-ção de resíduos, serviço de lavanderia local ou não, mé-todos de esterilização e capacitação da equipe para es-colher o invólucro ideal para o método de esterilizaçãoque utilizam. Os tipos de embalagens mais comuns usa-das nos serviços de saúde são o tecido de algodão, papelgrau cirúrgico, papel crepado e tecido não-tecido(SMS)9.

Após o material ter passado pelo processo de limpeza,secagem, inspeção visual, preparo com embalagem ade-quada, ele é encaminhado para a esterilização em si9.

A esterilização é entendida como um processo dedestruição de toda a forma de vida microbiana que sãobactérias na forma vegetativa e esporulada, fungos evírus, submetido à aplicação de agentes físicos e quími-cos4,6.

Os métodos físicos utilizam o calor sob a formaúmida e seca; os físico-químicos gasosos utilizam agen-tes esterilizantes: óxido de etileno, vapor à baixa tempe-ratura, e formaldeído e gás plasma e peróxido de hidro-gênio4.

O método químico líquido que realiza a esterilizaçãopor imersão de instrumental cirúrgico e produtos para asaúde, de forma manual, está proibido no Brasil desde2009 segundo a RDC nº8 da ANVISA, de 27 de feverei-ro de 200914.

Na sala das autoclaves, como o próprio nome diz, é olugar de esterilização do material já preparado e emba-lado, e separado por grau de sensibilidade ao calor. Asautoclaves precisam ter cestos de aço inox para acomo-dar os pacotes deixando um espaço entre eles, neste am-biente os equipamentos de proteção individual (EPI)obrigatórios são a touca e as luvas de Kevlar®. A saladas autoclaves ou o local onde elas se localizam sãoconsiderados semi-críticos, com circulação permitidaapenas de pessoas que lidam diretamente com a esterili-zação5.

E ao final do processo o material deve ser guardadoem ambiente seco, de forma que não seja muito manu-seado até o momento do uso, deve ser feito registro desaída dos materiais.

O que embasa a CME para determinar o prazo devalidade dos artigos estéreis é o monitoramento dos pa-râmetros da câmara por meio de teste Bowie e Dick,indicador biológico, e utilização de indicadores quími-cos9.

O teste de Bowie e Dick consiste em uma folha im-pregnada de tinta termocrômica, que com a autoclavaçãoem pacote específico (recomenda um pacote fechadocom 30 campos, com a folha ao meio destes) apresentauma homogeneidade na coloração indicando ausência defalhas na autoclave. Caso a folha apresente manchasbrancas ou deformidades na coloração significa que abomba de vácuo não está adequada ou que há ar residualna câmara da autoclave, se este erro persistir após maisum ciclo deve-se apresentar o problema ao técnico res-ponsável5.

O monitoramento químico é aquele realizado por in-dicadores e integradores que sofrem mudança químicaou física quando expostos ao processo de esterilização, eavalie um ou mais parâmetros do processo, controlandoo pacote interno e externamente. Os mais usados são osintegradores e indicadores que mudam de cor com ocalor da autoclave e as fitas termocrômicas; os testesquímicos não indicam que o material foi esterilizado,mas integram tempo, temperatura e presença de vapornaquele material reduzindo o risco de usar um materialcontaminado.

Já os testes biológicos consideram todos os processosde esterilização, utiliza monitores e parâmetros críticos,como temperatura, pressão e tempo de exposição; a lei-tura é realizada em incubadora com método de fluores-cência, obtendo resultados em três horas ou em 48 horas,trazendo maior segurança na liberação dos materiais6.

Mesmo com a validação da esterilização, se perguntaquanto tempo o material pode ser considerado estéril,

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independente do tipo de embalagem e processo de este-rilização, a literatura ainda deixa esta questão bem vaga,a consequência disso vem em forma de insegurança nouso do material com muitos dias de esterilização. Algu-mas literaturas recomendam que utilize a validade que ofabricante da embalagem propõe9,11,13.

Segundo a RDC nº 15, de 15 de março de 2012da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA,todo o processamento de materiais para a esterilizaçãodeve ser sistemático e documentado, com as avaliaçõesde todas as etapas do processo; contendo data de esteri-lização, data limite de validade, condições de tempera-tura e umidade do ambiente, e condições da máquina deautoclave. Toda essa documentação deve seguir um POP– Procedimento Operacional Padrão, elaborado pela ins-tituição e fundamentado por literatura atual9,13,15.

O controle e registro dos processos de esterili-zação ou de outros setores definem a qualidade do ser-viço e também podem servir de documento legal contraqualquer acusação que possa ser feita ao serviço. Paraacreditação do serviço é essencial que se tenha registrode todo o trabalho em si, e este registro pode vir a sercriado para atender as especificidades de cada institui-ção, de acordo com sua necessidade.

A mão-de-obra da CME é de extrema importância, jáque o setor que processa todos os artigos está ligadodiretamente à assistência ao paciente15. O paciente quenecessita de intervenção odontológica passa por proce-dimentos onde serão utilizados materiais, e estes devemser livres de microorganismos, processo pelo qual osestudantes de odontologia precisam conhecer para reali-zar, ensinar e supervisionar após estarem aptos ao de-senvolvimento da profissão.

“Para a garantia da qualidade dos serviços prestadosem CME é necessário que os recursos humanos tenhamperfil adequado para tal fim, bem como, a devida capa-citação teórico-prática” 7:174.

Os trabalhadores dessa unidade devem receber trei-namentos condizentes com a função, inspirar confiança ecredibilidade, planejamento, postura, ter conhecimentoem enfermagem e sobre cadeia asséptica, ainda diz quecada instituição deve manter um programa de educaçãocontinuada16.

Com toda a complexidade dos processos de esterili-zação e alto custo dos equipamentos e instrumentais ci-rúrgicos, a CME precisa também de investimento naqualificação profissional possibilitando diminuir o nú-mero de infecções e custos para a instituição que ofere-cem assistência invasiva ao cliente.

5. CONCLUSÕESA enfermagem vê a esterilização como um processo

de extrema importância para a segurança do paciente eda própria instituição, sendo um método para diminuiros casos de infecções. A cada dia vem crescendo o nú-

mero de pesquisas no assunto na área de enfermagem,podendo assim contribuir com outros profissionais, co-mo faz a proposta deste estudo.

As diretrizes criadas e futuramente propostas para aclínica-escola em odontologia, podem ajudar a organizara rotina de trabalho e direcionar melhor os funcionáriose alunos que utilizam o serviço diariamente; as diretrizespropostas são baseadas na literatura existente na área daenfermagem, já que na odontologia não foram encon-trados muitos estudos. O objetivo do estudo foi de ela-borar diretrizes para a central de material e esterilizaçãode uma clínica-escola odontológica, segundo as suasdemandas e necessidades; as principais necessidades edificuldades encontradas foram colocadas nas diretrizescom justificativas para facilitar a leitura e entendimentodo material, tanto pelos funcionários como pelos discen-tes e docentes que utilizam e muitas vezes questionam osetor.

Em qualquer instituição é importante ter um referen-cial para conduzir o processo de esterilização de materi-ais, além de justificar o trabalho é uma garantia de este-rilização com segurança dos artigos que vão ser usadosnos procedimentos invasivos. Os registros também de-vem ser realizados diariamente e servem como respaldolegal para a instituição.

Considerar as diretrizes e seu impacto na rotina daCME significa também pensar nas exigências econômi-cas do processo de organização do trabalho que tende avalorizar o conhecimento técnico especializado, exigên-cias dos clientes e da própria profissão de cirurgião den-tista.

REFERÊNCIAS[1] Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária - AN-

VISA, RDC Nº 15, Diário Oficial da República Federati-va do Brasil, Brasília, de 15 de Março de 2012.

[2] Teixeira P, Valle S. Biossegurança: uma abordagem mul-tidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996.

[3] Gil AC. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed.São Paulo: Atlas, 1999.

[4] Moriya GAA. Prazo de Validade de Esterilização de Ma-teriais Utilizados na Assistência à Saúde: Um Estudo Ex-perimental. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem daUniversidade de São Paulo. São Paulo, 2012, 96p.

[5] Kavanagh CMG. Elaboração do manual de procedimentosem central de materiais e esterilização. 2º Ed. São Paulo:Editora Atheneu, 2011.

[6] Leite FB. Central de Material Esterilizado: projeto dereestruturação e ampliação do Hospital Regional de Fran-cisco Sá. Centro Universitário Euroamericano – UNI-EURO, 2008.

[7] Tipple AFV, Souza TR, Bezerra ALQ, Munari DB. Otrabalhador sem formação em enfermagem atuando emcentro de material e esterilização: desafio para o enfer-meiro. Rev. Esc. Enfermagem. São Paulo, 2005,39(2):173-80.

[8] Gatto MAF, Sancinetti TR. Parâmetros de produtividade

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de um centro de material e esterilização. Rev. Escola deEnfermagem da USP. São Paulo. 2007, 41(2).

[9] Ascari RA, Vidori J, Moretti CA, Perin EMF, Silva OM,Buss E. O processo de esterilização de materiais em ser-viços de saúde: uma revisão integrativa. Brazilian Journalof Surgery and Clinical Research – BJSCR, 2013,Set-Nov, 4(2):33-8.

[10] Rothrock JC. Alexander Cuidados de enfermagem aopaciente cirúrgico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

[11] Ascari RA, Silva OM, Azevedo Junior L, Berlet LJ, Mal-daner C, Mai S. Fluxo de Materiais odon-to-médico-hospitalares durante o seu processamento emUnidades Básicas de Saúde. Rev. Udesc em Ação. 2012,6(1).

[12] Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - AN-VISA. RDC nº 156, de 11 de agosto de 2006. Dispõe so-bre o registro, rotulagem e reprocessamento de produtosmédicos, e dá outras providências. Diário Oficial da Re-pública Federativa do Brasil, Brasília, 16 fev. 2006. Edi-ção 34.

[13] SOBECC - Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Cen-tro Cirúrgico Recuperação Anestésica e Centro de Materi-al de Esterilização. Práticas Recomendadas. 4ª Edição.São Paulo, 2007.

[14] Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - AN-VISA. RDC nº 8, de 27 de novembro de 2009. Dispõe so-bre as medidas para redução da ocorrência de infecçõespor Micobactérias de Crescimento Rápido - MCR em ser-viços de saúde. 2009.

[15] Secretaria de Estado da Saúde da Bahia. Coordenação deDesenvolvimento de Recursos Humanos. Departamentode Assistência à Saúde. Prevenção e controle de infecçãohospitalar na Bahia. Orientações básicas. Salvador; 1998.

[16] Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle deInfecção Hospitalar. Processamento de artigos e superfí-cies em estabelecimentos de saúde. 2a ed. B.

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO SETOR DE NEUROLOGIADA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA

FACULDADE INGÁ NO ANO DE 2013EPIDEMIOLOGIC SECTOR PROFILE OF CLINICAL NEUROLOGY SCHOOL OF

PHYSIOTHERAPY COLLEGE INGA THE YEAR 2013

ANNY JÉSSICA BATISTA1, JESSILY RIBAS TORRES1, RAYZE TAMIRES FATORETO SCHWIND1,FABIANA NAVARRO PETERNELLA2*, FERNANDO VILAR MENDES2

1. Aluna do curso de graduação em Fisioterapia da Faculdade Ingá; 2. Docente do curso de Fisioterapia da Faculdade Ingá.

* Faculdade Ingá. Rodovia PR 317, Maringá, Paraná, Brasil. CEP 87035-510. [email protected]

Recebido em 05/12/2013. Aceito para publicação em 11/12/2013

RESUMOO estudo teve como objetivo realizar um levantamento doperfil epidemiológico dos pacientes atendidos no setor deneurologia da clínica de Fisioterapia da Faculdade Ingá noano de 2013. Foram analisados os prontuários dos pacien-tes atendidos no setor, totalizando 76 prontuários, ondeforam coletados idade, gênero, estado civil, escolaridade,residência, ocupação, patologias associadas, grau de de-pendência, queixa principal, diagnóstico clínico e fisiotera-pêutico, número de atendimentos e faltas, estes dados fo-ram tabulados em planilha no Excel. Foram editados 1322atendimentos e 268 faltas, onde se constatou a predomi-nância no gênero masculino, casados com mais de 60 anosde idade, em relação ao diagnóstico clínico a predominân-cia ficou para o Acidente Vascular Encefálico, no quesitodiagnóstico fisioterapêutico houve a prevalência de hemi-paresia, hipertonia e hipotrofismo, a maioria dos pacientesforam classificados como independentes, e a sua locomoçãofoi para cadeira de rodas. Os resultados encontrados nesteestudo mostram claramente a necessidade de se avaliarcontinuamente os prontuários dos pacientes, uma vez quese tornam informações ricas para a realização de impor-tantes estudos, e estes poderão ser úteis para caracterizaros indivíduos que procuram o atendimento fisioterapêuticoa fim de traçar um tratamento adequado e interdisciplinar.

PALAVRAS-CHAVE: Perfil epidemiológico, fisioterapia, clí-nica.

ABSTRACTThe study aimed to survey the epidemiological profile of pa-tients treated at the neurology clinic of Physiotherapy, FacultyInga in 2013. The medical records of patients attending the unit,totaling 76 records, which were collected age, gender, maritalstatus, education, residence, occupation, comorbidities, degreeof dependence, chief complaint, clinical diagnosis and physicaltherapy, number of attendances and absences these data were

tabulated in a spreadsheet in Excel. Were issued in 1322 callsand 268 faults, which demonstrated the predominance in males,married over 60 years of age, compared to clinical diagnosiswas a predominance for Stroke, physical therapy diagnosis inthe question was the prevalence of hemiparesis, hipotrofismoand hypertonia, most were classified as independent, and theirmobility was wheelchair. The results of this study clearly showthe need to continually assess the patient files once they be-come rich information to carry out important studies, and thesemay be useful to characterize individuals who seek physio-therapy in order to trace appropriate treatment and interdisci-plinary.

KEYWORDS: Epidemiological, physiotherapy, clinic.

1. INTRODUÇÃONa atualidade, saúde tem sido definida não apenas

como a ausência de doenças. Saúde se identifica comouma multiplicidade de aspectos do comportamento hu-mano voltados a um estado de completo bem-estar físico,mental e social1.

A epidemiologia é o ramo das ciências da saúde queestuda, na população, a ocorrência, a distribuição e osfatores determinantes dos eventos relacionados com asaúde2.

Os levantamentos epidemiológicos têm por intuitoidentificar dados que possam colaborar em campanhasde prevenção na saúde pública e também traçar um perfilem determinados centros de reabilitação de acordo comuma população específica. A elaboração desses estudosdemonstra o objetivo da epidemiologia que é o de esti-mular, resguardar e restabelecer a saúde3.

A promoção da saúde, como vem sendo entendidanos últimos 20-25 anos, representa uma estratégia pro-missora para enfrentar os múltiplos problemas de saúdeque afetam as populações humanas e seus entorno neste

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final de século. Partindo de uma concepção ampla doprocesso saúde-doença e de seus determinantes, propõe àarticulação de saberes técnicos e populares, e a mobili-zação de recursos institucionais e comunitários, públicose privados, para seu enfrentamento e resolução4. Asinstituições de ensino superior, tanto públicas e privadas,com o curso de Fisioterapia, oferecem serviços de aten-dimento à saúde gratuitamente através de clínicas esco-las, na qual os atendimentos são prestados pelos alunos,no último ano do curso, acompanhado por um professorgraduado em Fisioterapia. Esse perfil de clínica tem co-mo particularidade o atendimento realizado pelo gradu-ando e não pelo profissional já habilitado. Todavia, osusuários desse serviço demonstram estarem satisfeitoscom esse modelo de atendimento5.

O autor ainda explica que esse tipo de atendimento ébem aceito pela população devido à dificuldade deacesso dos cidadãos brasileiros aos cuidados básicos desaúde, afirmativa essa, que justifica o paciente sesubmeter aos cuidados de um estagiário, caracterizandoe diferenciando de forma peculiar dos atendimentosrealizados por profissionais já habilitados5.

Buscando-se melhorar o perfil de saúde dos pacientesneurológicos, a clínica Escola de Fisioterapia da Facul-dade Ingá – UNINGÁ oferece atendimentos realizadosnos estágios curriculares por acadêmicos dos últimosperíodos sob supervisão de professores especialistas naárea. Sendo o enfoque na área de reabilitação, buscandomelhora da função, independência e qualidade de vida.

Um dos objetivos da fisioterapia na reabilitação depacientes portadores de doenças neurológicas crônicas éalcançar maior grau de independência. A motivação dopaciente e a aceitação no que diz respeito às alteraçõesdo seu estilo de vida são fatores relevantes para o suces-so da reabilitação. O profissional precisa inicialmentedominar a capacidade de se comunicar e angariar a con-fiança e, assim, a cooperação do paciente. Sua condutanão deve ser restrita ao protocolo de tratamento, mastambém a boa avaliação, monitorização do progresso eorientação aos parentes nos cuidados e na convivênciacom o doente6.

Os pacientes neurológicos podem apresentar incapa-cidades sob o ponto de vista funcional, prejudicando demaneira significativa sua qualidade de vida, além dadinâmica financeira. As características clínicas das do-enças do sistema nervoso são determinadas pelo local oulocais da lesão e sua extensão. Contudo, é essencialapreciar a natureza integrativa e a complexidade do sis-tema nervoso ao estudar as características clínicas dadoença ou da lesão7. Por este motivo o presente estudoteve como objetivo realizar um levantamento do perfilepidemiológico dos pacientes atendidos no setor deneurologia da clínica de Fisioterapia da Faculdade Ingáno ano de 2013.

2. MATERIAL E MÉTODOSA pesquisa caracterizou-se como um estudo trans-

versal de abordagem quantitativa. O estudo foi realizadona clínica escola de Fisioterapia da Faculdade Ingá, queé uma clínica que os alunos do último ano de Fisiotera-pia, ou seja, alunos do quarto ano diurno e quinto anonoturno atendem os pacientes, fazendo a reabilitaçãodestes. O setor de neurologia realizava seus atendimen-tos no período diurno e noturnos. Foram 35 alunos nototal que atenderam os pacientes nesse período de feve-reiro a outubro de 2013.

Para a realização do estudo foi feito uma coleta dedados dos indivíduos atendidos no setor de neurologia daclínica escola de Fisioterapia da Faculdade Ingá, Marin-gá - PR, sendo avaliadas todas as fichas de fevereiro aoutubro de 2013.

Os itens coletados foram: idade, gênero, estado civil,escolaridade, residência, ocupação, patologias associa-das, grau de dependência, queixa principal, diagnósticoclínico e fisioterapêutico, número de atendimentos efaltas. Depois da coleta de dados, os resultados foramtabulados no Microsoft Excel 2010 mostrando a fre-quência absoluta, frequência relativa e o percentual.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Resolu-ção 004/09 de 28 de fevereiro de 2009.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃOA clínica Escola de Fisioterapia da Faculdade Ingá –

UNINGÁ atende pacientes de Maringá e região, comdoenças neurológicas. Foram incluídos 76 prontuá-rios/fichas referente aos atendimentos ocorridos no pe-ríodo diurno e noturno durante fevereiro a outubro de2013.

No que diz respeito ao número de atendimentos e asfaltas dos pacientes que estavam em atendimento na clí-nica de Fisioterapia da Faculdade Ingá, foram totalizados1322 atendimentos durante o período de fevereiro a ou-tubro de 2013 e 268 faltas (Figura 1).

Souza et al. (2011)8, em seu estudo teve como obje-tivo realizar levantamento epidemiológico dos atendi-mentos fisioterápicos das cínicas integradas, obteve 212prontuários de neurologia em total de 1983 sessões, va-lor este mais elevado ao encontrado no presente estudo,isto devido ao número total de pacientes em atendimentoque era de 730. Em outro estudo que avaliou o perfil depacientes sob tratamento fisioterapêutico em clínica es-cola na faculdade Instituto Baiano de Ensino Superior(IBS) o numero de prontuários analisados foram 70 emfisioterapia neurológica9. Semelhante ao presente estudo.

Referente a avaliação sócio-demográfica foi obser-vado predominância do gênero masculino (56,57%),enquanto foi uma porcentagem de 43,42% para o gênerofeminino. De acordo com o Instituto Brasileiro de Pes-quisa a população atual do Brasil gira em torno de

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190.755. 799 milhões de pessoas, sendo que destes 97.348. 809 são mulheres. No Brasil, em 2008, essa medidaque é de 94,8 homens para cada 100 mulheres, isto sedeve, principalmente, à sobremortalidade masculina10.Diferentemente do resultado encontrado no presenteestudo.

Figura 1. Atendimentos e faltas dos pacientes em tratamento na clínicade Fisioterapia da Faculdade Ingá.

Em relação à idade dos pacientes foram constatadoscom maior prevalência indivíduos com mais de 60 anosde idade representando 39, 47% da amostra (Tabela 1).Jesus (2009)9, realizou levantamento de pacientes sobtratamento fisioterapêutico em clinica escola da Facul-dade IBES, onde verificou média de idade em pacientesda área neurológica de 56,41 ± 16,39 representados por70 pacientes. Número semelhante ao encontrado no pre-sente estudo.

Guccione (2008)11, relata que a probabilidade dedoenças se torna maior com o avanço da idade, este fatoocorre devido ao processo de envelhecimento natural doorganismo assim como ao somatório dos excessos decargas sofridas pelo indivíduo ao longo da vida, indo deencontro ao presente estudo.

No que tange ao estado civil a maioria dos pacienteseram casados (53,94), em relação à residência a maiorincidência foi para os pacientes que moram em Maringácom 66,42%.

A primeira observação sobre a evolução dos casa-mentos no Brasil mostra que, em 2011, foram registra-dos, 1.026.736 casamentos, ou seja, 5,0% a mais que noano anterior. Deste total, 1.025.615 foram de cônjuges de15 anos ou mais de idade. Esse resultado fez com a taxanupcialidade legal se elevasse em relação ao ano de2010, atingindo o valor de 7,0 casamentos para 1 000habitantes de 15 anos e mais de idade12.

No que se refere à escolaridade a maioria dos paci-entes apresentaram ensino médio completo com 31,57%.

Quase metade da população brasileira (49,25%) com25 anos ou mais não tem o ensino fundamental completo,

o percentual representa 54,5 milhões de brasileiros.Tabela1. Avaliação sócio-demográfica

Variáveis Nº %

Idade (anos)≤ 2021 a 3031 a 4041 a 5051 a 60≥ 60

SexoFemininoMasculino

Estado civilSolteiroCasadoDivorciadoViúvo

ResidênciaMaringáRegião

EscolaridadeEFIEFCEMIEMCESIESC

OcupaçãoAposentadoDo larEstudanteAutônomoProfissional gráficoProfessorPedreiroMetalúrgicoAuxiliar administrativoEmpresária

CostureiraTécnico em enfermagemAuxiliar de produçãoDomésticaAnalista de laboratórioServidor público

Patologias associadasHASDiabetesHipercolesterolemiaÁcido úricoIncontinência urináriaHipertireoidismoDepressãoOsteoporoseHiperlipidemiaArtroseVarizesHepatiteAnemiaTromboseHiperplasiaNão apresenta

Grau de dependênciaIndependenteSemi-dependenteDependente

Queixa principalDisfunções motorasNão deambularDorPerda de equilíbrioMá cicatrização

090704091730

3343

23410606

5224

120815240005

40100802020202020101010101010101

31110703030303030201010101010131

442012

2926170402

11,849,215,26

11,8422,3639,47

43,4256,57

30,2653,94

7,897,89

68,4231,57

10,5215,7831,5719,73

006,57

52,6313,15

10, 522,632,632,632,632,631,311,311,311,311,311,311,311,31

27,929,906,302,702,702,702,702,701,800,900,900,900,900,900,90

27,92

57,8926,3115, 78

37, 1733,3321,79

5,122,56

Fonte: Dados da Pesquisa.Se considerada a população acima dos 10 anos de

idade, o tempo médio de estudo é de 7,3 anos. Os me-

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lhores resultados estão entre as pessoas entre 20 e 24anos (9,8 anos de estudo) e aqueles entre 25 e 29 anos(9,7 anos). E os piores, entre a população com mais de60 anos (4,4 anos) e de 10 a 14 anos (4,2 anos)13.

O que diz respeito à ocupação dos pacientes 50% es-tavam aposentados, seguido pelos do lar com 13,15%, osestudantes com 10, 52%, os autônomos, professores,metalúrgicos, pedreiros, profissional gráfico, e os quenão apresentaram profissão (2,63%), e costureira, em-presária, técnico em enfermagem, auxiliar de produção,doméstica, auxiliar administrativo, analista de laborató-rio e servidor público (1,31%) (Tabela 1).

Um estudo realizado em Juiz de fora, estado de Mi-nas Gerais por Machado & Fayer (2008)14 com 512 pa-cientes de serviços secundários de Fisioterapia pelo SUS,apresentou uma prevalência de aposentados que chegoua cerca de 59%, maior do que no atual estudo. O mesmoestudo relata que em segundo lugar com (24,42%) eramdo lar, corroborando com o presente estudo que com13,15% a condição laboral do lar foi a segunda maisencontrada.

Referente às patologias associadas, houve maiorprevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS)sendo 27,92% (Tabela 1). Dois autores concordam que ahipertensão Arterial Sistêmica é uns dos fatores de riscopara doenças neurológicas e predominante no AVC,igualmente aos dados encontrados na amostra15,16.

No que se refere ao grau de dependência dos pacien-tes 57, 89% foram classificados com independentesatingindo a maior prevalência na pesquisa. De acordocom à queixa principal dos pacientes obteve-se preva-lência nas disfunções motoras com 37,17%, em segundolugar não conseguir deambular com 33,33% (Tabela 1).Um estudo realizado por Alencar & Navarro (2009)17, namesma clínica do presente estudo, também encontrouresultados semelhantes apresentando 49% de seus paci-entes do setor de hidroterapia independentes. Dessa for-ma, é possível observar que o perfil da clínica estudadanão tem se modificado durante aos anos em relação aonível de dependência, apesar de estar sendo comparadocom um setor apenas, o de Hidroterapia.

Em relação ao diagnóstico clínico, os pacientes commaior prevalência foram os que apresentaram AcidenteVascular Encefálico (AVE) com 28, 94% (Tabela 2).Souza et al. (2011)8 obteve em seu estudo a mesma pre-valência sendo representado por 65,93%, Paralisia Cere-bral com 18,68% e Esclerose Múltipla com total de 15,38%, apresentando valores maiores de prevalência.

No levantamento epidemiológico de Jesus (2009),91% apresentavam diagnóstico funcional e apenas 6 nãoapresentavam, sendo notado que 42,18% apresentavamhemiparesia, 21, 87%.

No estudo de Rodrigues et al. (2004)18, o hemicorpomais acometido foi o direito, diferentemente do encon-trado no estudo de Leite et al. (2009)19, onde o mais

acometido foi o esquerdo, este resultado não parece serrelevante como fator de prognostico, pois a literaturamostra variações nesta frequência.

Tabela 2. Diagnóstico clínico dos pacientes atendidos na clínica deFisioterapia da Faculdade Ingá.Diagnóstico clínico Nº %AVETRMParkinsonELATCEPós-poliomieliteParalisia cerebralPós tumorParalisia facialAmputaçãoBotox em MIGuillain BarréParaparesia espástica tropicalDistrofia miotróficaSíndrome do X frágilDuchenneDistonia paroxística benignaAcidemia metilmatônicaArtrocinemática anaplasia grauIIIAneurisma cerebralNão apresentam

220804040303030202020101010101010101010113

28,9410,52

5,265,263,943,943,942,632,632,631,311,311,311,311,311,311,311,311,311,31

17,10

Fonte: Dados da Pesquisa.

No quesito diagnóstico fisioterapêutico, os resultadosforam divididos em quatro grupos (paresia, plegia, tônuse trofismo), os pacientes apresentaram no grupo paresia,maior incidência em hemiparesia com 20, 90%; no gru-po plegia a maior incidência foi em paraplegia com 8,18%, no tônus muscular o maior resultado foi em hiper-tonia com 23, 63% e no quesito trofismo, o maior resul-tado foi para o hipotrofismo com 15, 45% (Tabela 3).

Tabela 3. Diagnóstico fisioterapêutico dos pacientes atendidos naclínica de Fisioterapia da Faculdade Ingá.

Diagnóstico fisioterapêutico Nº %Paresia

HemiparesiaNormoparesiaParaparesiaTetraparesia

PlegiaHemiplegiaNormoplegiaParaplegiaTetraplegia

TônusHipotônicoNormotônicoHipertônico

TrofismoHipotrofismoNormotrofismoHipertrofismo

Não apresentaram diagnóstico

23000702

05000902

040626

170702

08

20,9000

6,361,81

4,5400

8, 181, 81

3,635, 45

23,63

15,456,361,81

7,27

Fonte: Dados da Pesquisa.

De acordo com a locomoção dos pacientes, a maioriadeles utilizavam a cadeira de rodas com 42, 10% (Tabela4).

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Tabela 4. Locomoção dos pacientesLocomoção Nº %Cadeira de rodasDependente de dispositivosIndependentes

322024

42,1026,3131,57

Fonte: Dados da Pesquisa.

O AVE é apresentado como um mal súbito com maisde 24 horas de duração8. O’ Sullivan & Schimitz(2004)20, relatam que estes acidentes vasculares encefá-licos levam os pacientes a apresentarem várias deficiên-cias, principalmente na função motora e sensitiva. Felixet al. (2011)21, descreve índices elevados em acometi-mento por AVE em pacientes acima de 60 anos, apre-sentando maior incidência nos homens. Estes dadosapresentam semelhante ao estudo atual.

Os resultados deste estudo apresentaram diferençasna literatura com relação a este estudo, podendo estasestar relacionadas às limitações encontradas durante aexecução e a coleta dos dados, tais como: fichas comcampos incompletos, frases incompreensíveis, palavrasinexistentes e fichas faltando folhas.

4. CONCLUSÕESO levantamento realizado mostra claramente a ne-

cessidade de se avaliar continuamente os prontuários dospacientes da Clínica Escola da Faculdade Ingá, uma vezque se tornam informações ricas para a realização deimportantes estudos, e estes poderão ser úteis para ca-racterizar os indivíduos que procuram o atendimentofisioterapêutico a fim de traçar um tratamento adequadoe interdiciplinar.

Na caracterização destacaram-se os pacientes comidade acima de 60 anos, do sexo masculino, casados,independentes, com ensino fundamental incompleto,aposentados, apresentando como principal doença asso-ciada à hipertensão arterial. A prevalência encontrada nodiagnóstico fisioterapêutico foram pacientes com hemi-paresia, hipertonia e hipotrofia. Já no diagnóstico clínicohouve maior prevalência do AVE e Traumatismo Ra-quimedular (TRM).

Este estudo permitiu aos discentes e docentes umpanorama de como funcionou a clínica escola de feve-reiro a outubro de 2013, mostrando de forma clara operfil epidemiológico.

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AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM A FISIOTERAPIA DEPACIENTES ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA DE

MARINGÁ-PR

EVALUATION OF SATISFACTION WITH PHYSICAL THERAPY SPECIALTY OFPATIENTS TREATED IN A CLINIC-SCHOOL MARINGA-PR

JENIFER ROSSIELE SILVA VIANA1*, TAYARA RAIOCOVITCH1, ANDREY ROGÉRIO GOLIAS2,FABIANA MAGALHÃES NAVARRO PETERNELLA2, FERNANDO CORDEIRO VILA MENDES2,JORGE GRABOWSKI2

1. Aluna do curso de graduação em Fisioterapia da Faculdade Ingá. 2. Docente do curso de graduação em Fisioterapia da FaculdadeIngá.

*Rua Maringá, 638, Apto 303C, CEP:87050-740, Maringá, Paraná, Brasil. [email protected]

Recebido em 05/12/2013. Aceito para publicação em 16/12/2013

RESUMOA fisioterapia como campo de saber na saúde amplia o seuobjeto de estudo, no que diz respeito à prevenção, trata-mento e reabilitação, existindo as clínicas-escolas que cons-tituem serviços ligados a instituições de ensino superior emque o atendimento à população é feito por alunos que cur-sam a especialidade em que é feito o atendimento, sendoassim, a avaliação da satisfação do usuário acerca da assis-tência oferecida é importante componente de avaliação noque diz respeito à qualidade de atendimento recebido. Oobjetivo deste estudo foi verificar o grau de satisfação como atendimento fisioterapêutico dos pacientes atendidos naclínica-escola de Fisioterapia da Faculdade Ingá no períodode outubro de 2013. O estudo, transversal descritivo, foiaplicado o questionário de satisfação em 41 pacientes querealizavam tratamento em Ortopedia/Traumatologia eNeurologia. A maioria encontravam-se com ensino funda-mental incompleto com renda de 1 a 3 salários mínimos, eobteve-se de forma geral uma boa satisfação do atendi-mento. Sendo que a interação paciente-terapeuta foi o queobteve melhores resultados, o que demonstra que os paci-entes apresentam confiança e segurança no tratamentorealizado por estagiários. Sugere-se novos estudos ondepossa se aplicar o questionário sem auxílios para maiorconfiança dos resultados.

PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapia, satisfação do paciente,clínica-escola de fisioterapia, questionário de satisfação.

ABSTRACTPhysiotherapy as a field of knowledge in health widen its objectof study, with regard to prevention, treatment and rehabilitation,clinical - existing schools that are linked services to highereducation institutions that serve the population is done by stu-

dents who attend specialty care that is done well, with an eval-uation of user satisfaction about the care offered is an importantcomponent of evaluation regarding the quality of care received.The aim of this study was to determine the degree of satisfactionwith the physiotherapy of patients seen in clinical school ofPhysical Therapy, Faculty Inga from October 2013, where thesatisfaction questionnaire was administered to 41 patients whowere undergoing treatment in Orthopaedics / Traumatology andNeurology. Most patients had incomplete primary educationearning 1-3 minimum wages, and gave generally good satis-faction service. It can be concluded that the patient-therapistinteraction was what got better results, demonstrating that pa-tients have confidence and trust in the treatment performed bytrainees. New studies which can be applied without the aidquestionnaire for greater confidence of results is suggested.

KEYWORDS: Physical therapy specialty, patient satisfaction,school clinic physical therapy specialty, satisfaction question-naire.

1. INTRODUÇÃOA fisioterapia é uma ciência aplicada cujo objetivo é

preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridadede órgãos, sistema e função. Possui como objeto de es-tudo o movimento do corpo humano sob todas as suasformas de expressão e potencialidades, tanto nas altera-ções patológicas quanto nas repercussões psíquicas eorgânicas. Ao fisioterapeuta, como profissional de saúde,compete habilitar a construção do diagnóstico dos dis-túrbios cinético-funcionais, prescrever condutas fisiote-rapêuticas, ordenar e induzir os pacientes e acompanhara evolução do quadro clínico até as condições para a altado serviço1. Esses serviços são encontrados nas redespública e privada, podendo estar ou não conveniadas a

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uma fonte pagadora que irá cobrir seus gastos2.A fisioterapia como campo de saber na saúde amplia

o seu objeto de estudo, no que diz respeito à prevenção,tratamento e reabilitação para, assim, promover o bemestar individual e coletivo do ser humano, capaz de pre-venir e tratar os distúrbios cinéticos funcionais intercor-rentes em órgãos e sistema do corpo humano, geradospor alterações genéticas, traumas e doenças adquiridas,exercendo assim, um papel importante na reabilitação dopaciente e na sua reinserção no convívio social3.

As clínicas escolas constituem serviços ligados a ins-tituições de ensino superior em que o atendimento à po-pulação é feito por alunos que cursam a especialidadeem que é feito o atendimento. No caso dos cursos deFisioterapia, esse atendimento é feito por alunos do úl-timo ano de graduação, sempre sob a supervisão de umprofessor graduado em Fisioterapia. Assim, a relaçãopaciente-terapeuta apresenta características especiais,pois os pacientes se submetem a serem atendidos poralunos. O paciente se submete a ser atendido por acadê-micos, e não por profissionais já habilitados, a experiên-cia pessoal tem mostrado que os pacientes parecem estarde certa forma satisfeitos com esse modelo de atendi-mento4.

Dessa forma, a fisioterapia tem características quepodem influenciar a satisfação do paciente. A interven-ção, frequentemente, demanda muito mais tempo queuma visita clínica rotineira. Envolve contato físico, e aterapia, normalmente, requer a participação ativa do pa-ciente. Portanto, um instrumento de avaliação da satis-fação do paciente destinado às visitas médicas não seriaadequado para a fisioterapia, configurando a necessidadede se utilizar um instrumento específico5.

A avaliação da satisfação do usuário acerca da assis-tência oferecida é importante componente de avaliaçãono que diz respeito à qualidade de atendimento recebido.A avaliação da satisfação do usuário quanto à assistênciaoferecida é um importante auxílio para analisar a quali-dade do atendimento recebido3. Através da qualidade,podem se obter dados sobre as expectativas do usuário epossibilita encontrar soluções para melhorar os serviçosprestados. Rodrigues, Raimundo e Silva (2010)1 definema satisfação como sendo as avaliações positivas do usuá-rio a respeito das dimensões dos serviços de saúde, es-tabelecido de acordo com as expectativas e exigênciasdo usuário, assim como idade, gênero, classe social eestado psicológico.

A satisfação dos usuários de serviços de saúde vemsendo cada vez mais enfocada como um indicador daqualidade da atenção. Embora a qualidade da assistênciacontinue sendo uma grande preocupação na saúde, oprincipal foco de pesquisas ainda tem sido principal-mente na qualidade técnica das especialidades clínicas enão nos aspectos da satisfação do paciente e de sua opi-nião5.

Com isso o objetivo deste estudo foi verificar o graude satisfação com o atendimento fisioterapêutico dospacientes atendidos na clínica-escola de Fisioterapia daFaculdade Ingá no ano de 2013.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização, local e sujeitos do estudoA presente pesquisa é caracterizada como transversal

de caráter descritivo com pesquisa de campo, onde haviaem atendimento 82 pacientes da Clínica-escola de Fisio-terapia, em Ortopedia/Traumatologia e Neurologia daFaculdade Ingá, Maringá-PR. Os critérios de inclusãoforam todos os pacientes da clínica que quisessem parti-cipar da pesquisa, e como critério de exclusão do estudoos pacientes de que obtiveram alta fisioterapêutica,abandonaram o tratamento ou não foram na última se-mana de atendimento. Desta forma, o questionário foiaplicado em 41 pacientes.

Instrumento e procedimento de coletaA pesquisa foi realizada em outubro de 2013, por

meio do questionário sobre a satisfação dos pacientescom a Fisioterapia5 (Anexo I) contendo 23 questões so-bre a satisfação dos pacientes e 1 comentários/sugestões,do qual 20 se referem a quatro componentes: avaliaçãoda satisfação em relação a interação paciente-terapeutacom (questão 1-8); acesso e atendimento da recepção edo pessoal de apoio (9-14); conveniência (15-16); e am-biente físico (17-20). Depois se tem uma questão sobre asatisfação geral do paciente e as duas últimas as inten-ções futuras do paciente em relação à clínica.

Procedimento para o embasamento teóricoOs resultados encontrados foram comparados com

vários relatos literários com o objetivo de justificar osresultados, iniciando com a busca e leitura de materialadequado, por meio de pesquisa em bibliotecas e acessoa artigos publicados nas bases eletrônicas medline, scielo,bireme, com dissertações com seguintes descritores: fi-sioterapia, satisfação do paciente, clínica-escola de fisi-oterapia, questionário de satisfação.

Análise de dadosPara finalização do trabalho, os dados coletados fo-

ram transcritos em uma planilha no Microsoft OfficeExcel® versão 2007, onde calculou-se as médias, des-vio-padrão e porcentagem dos resultados. Posteriormen-te, os resultados foram organizados em tabelas e as res-postas das dimensões do questionário em gráficos.

Considerações éticasO presente estudo seguiu as normas da Resolução

196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, avaliado eaprovado pelo Comitê Avaliador de Pesquisa para Seres

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Humanos da Faculdade Ingá – UNINGÁ.

3. RESULTADOSA maioria dos usuários foi composta por mulheres,

com idade média de 62,39 anos (±14,04), com 1ª grauincompleto, renda familiar de 1 a 3 salários mínimos esem possuir algum convênio de saúde (Tabela 1).

Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos usuários de serviços de Fisiote-rapia.

Dados avaliados n=41 (%)Sexo

MasculinoFeminino

1823

43,956,1

IdadeMédia 62,39 (±14,04)

Nível de escolaridade1º grau incompleto1º grau completo2º grau incompleto2º grau completoSuperior

2161

103

53,714,62,4

22,07,3

Renda familiar (em SM*)1 a 34 a 67 a 10Mais que 10

36410

87,89,82,40,0

Plano de saúdeSimNão

1922

46,353,7

*SM=Salário mínimo referente ao ano de 2013 (R$678,00).

O conhecimento sobre a Clínica de Fisioterapiaaconteceu por duas principais formas: pelo médico (39%)e indicação por um amigo (36,6%), sendo apenas 2,4%por paciente anterior. Outras fontes de informação cor-responderam a 22% das respostas, que incluíram peloposto de saúde (n=2), por um familiar (n=2) e por pro-fessores de fisioterapia da própria clínica-escola (n=4).

Dos 41 pacientes entrevistados, 63,4% (n=26) já ti-veram experiência com a fisioterapia antes, e 68,3%(n=28) tiveram sua primeira experiência nesta clínica.Verificou-se que 90,2% (n=37) dos pacientes eram aten-didos por fisioterapeutas do sexo feminino e 9,8% (n=4)alternavam o tratamento por fisioterapeutas de ambos ossexos.

Foi observado ainda que 53,7% (n=22) recebiam tra-tamento da especialidade fisioterapêutica em ortope-dia/traumatologia e 31,7% (n=19) em neurologia, sendoque apenas 22% do total (n=9) não sabiam qual era seudiagnóstico clínico.

Quanto à análise da satisfação dos pacientes com afisioterapia, pode ser observado que na avaliação da in-teração paciente-terapeuta, nenhum item foi apontadocomo ruim ou péssimo; e os itens mais pontuados foram:o respeito com que era tratado pelo fisioterapeuta (56,1%)e a oportunidade dada pelo fisioterapeuta para expressarsua opinião e a gentileza do fisioterapeuta (53,7% res-pectivamente), tabulados como satisfação ótima (Figura1).

Figura 1. Respostas às dimensões de avaliação da interação pacien-te-terapeuta.

Em relação ao acesso e atendimento da recepção e dopessoal de apoio, pode ser observado que houve demar-cações para satisfação ruim em “gentileza dos outrosmembros da equipe” e “gentileza e disponibilidade noatendimento da recepcionista” (2,4% respectivamente,com n=1). Em contrapartida, o item mais demarcado foia “gentileza e disponibilidade do atendimento da recep-cionista” (48,8% com n=20) em satisfação ótima, se-guido dos itens “gentileza dos outros membros da equi-pe”; “facilidade na marcação após primeira sessão”; e“tempo de permanência na sala de espera após horáriomarcado” (43,9% com n=18 respectivamente), demar-cados como satisfação ótima nos dois primeiros itens eexcelente no terceiro item mencionado (Figura 2).

Os itens relacionados à conveniência da clínica de-monstrou que, em relação à localização, 46,3% dos pa-cientes demarcaram como ótima (n=19) e 26,8% (n=11)como excelente e, quanto à disponibilidade do estacio-namento, 39% (n=16) dos pacientes demarcaram comoótima e 31,7% (n=13) como excelente. Não houve de-marcações para satisfação péssima nesta dimensão (Fi-gura 3).

Quanto ao ambiente físico da clínica, verificou-se quenão houve demarcações para satisfação péssima e ruim,entretanto, para todas as variáveis, obteve-se em maiorproporção de satisfação como bom, tendo-se 51,2%(n=21) para esta resposta em relação ao conforto da sala

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de espera e facilidade para transitar dentro da clínica,respectivamente (Figura 4).

Figura 2. Respostas às dimensões de avaliação do acesso e atendimentoda recepção e do pessoal de apoio.

Figura 3. Respostas às dimensões de avaliação da conveniência.

Quanto às respostas relativas à satisfação com oatendimento em geral, 39% dos pacientes indicaram sa-tisfação excelente, 41,5% satisfação ótima e 19,5% sa-tisfação boa, não havendo demarcações para ruim oupéssima. Quanto à pergunta “Você retornaria para estaclínica, se no futuro precisar de tratamento fisioterapêu-tico”, 63,4% responderam que retornariam “com certeza”e 36,6% responderam que “sim”. Além disso, 68,3%responderam que “com certeza” recomendariam estaclínica para familiares e amigos, e 31,7% responderamque “sim”.

Figura 4. Respostas às dimensões de avaliação do ambiente físico.

Por fim, foi declarado nos comentários e sugestões doquestionário, que gostariam que retornasse a hidroterapia(n=2), que não houvesse pausas do tratamento (n=2) e de

dificuldade na chegada à clínica pelo tipo do piso doestacionamento (n=1).

4. DISCUSSÃOA clínica escola de Fisioterapia da Faculdade Ingá

oferece tratamento nas áreas de Ortopedia/Traumatologiae Neurologia, composto por estagiários supervisionadospor professores de cada área, sendo a clínica conveniadacom o Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com o perfil sociodemográfico do estudo,pode ser observado que a maioria dos indivíduos apre-senta um menor status econômico, tendo-se na maioriaensino fundamental incompleto, com 1 a 3 salários mí-nimos e sem possuir algum plano de saúde, como mostrana tabela 1. O fato de poucos pacientes terem acesso aconvênios médicos pode ser um reflexo direto da condi-ção de renda familiar abaixo de três salários mínimos4.Isso pode justificar a dificuldade do presente estudo em seaplicar o questionário, pois muitos necessitaram de auxí-lio para o preenchimento.

No estudo, a amostra foi composta por 56,1% do gê-nero feminino e, como relatado por Machado e Nogueira(2008)3, isso pode ser atribuído pelo fato de que é comumàs mulheres, além dos afazeres domésticos, realizar ati-vidades profissionais no decorrer da semana, muitas delascomo responsáveis pelo sustento da família, o que geracom maior facilidade as complicações osteomusculares.Além disso, a baixa procura de homens pelos serviços desaúde muitas vezes se deve à dificuldade na adoção depráticas de autocuidado, pois procurar o serviço de saúdepoderia associá-lo à fraqueza, medo e insegurança, por-tanto, poderia aproximá-lo das representações do uni-verso feminino6.

Em relação ao conhecimento da clínica de Fisiotera-pia, 38% dos pacientes tomaram o conhecimento pelomédico e 36,6% por indicação de um amigo. O encami-nhamento para fisioterapia é realizado por médicos paraque o usuário possa realizar o atendimento3 e, sendo aclínica conveniada com o SUS, colabora para o encami-nhamento de pacientes que utilizam esta rede de saúde. Oprincipal meio de divulgação é, atualmente, a comuni-cação interpessoal, e altos níveis de satisfação contribuemcom essa comunicação informal, visto que pacientessatisfeitos são mais propensos a continuarem o trata-mento e a divulgarem o mesmo7.

Quanto ao tipo de especialidade fisioterapêutica re-cebido no tratamento, 53,7% era da área de ortope-dia/traumatologia, talvez porque esta especialidade en-volva alterações ocasionadas pelos distúrbios cinéti-co-funcionais levando a sintomas traumato-ortopédicos,comumente encontrados em pacientes que desenvolvematividades profissionais3.

No presente estudo, a avaliação da satisfação em re-lação à interação terapeuta-paciente fora bem pontuada,principalmente nos itens: o respeito com que era tratado

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pelo fisioterapeuta, a oportunidade dada pelo fisiotera-peuta para expressar sua opinião e a gentileza do fisiote-rapeuta. Suda; Uemura; Velasco (2009)4 observaram quea satisfação do paciente está diretamente relacionada aoselementos que se referem à interação do paciente com seuterapeuta. Assim, fatores como tempo adequado gasto naterapia, terapeutas que demonstram habilidades bemdesenvolvidas de comunicação, explicações claras sobreo tratamento a ser seguido seriam mais importantes para asatisfação do paciente do que a localização da clínica, adisponibilidade de estacionamento no local, ou a quali-dade do equipamento disponível. Isso faz com que arelação terapeuta-paciente provavelmente seja um fatorcrucial para a satisfação dos pacientes, visto que a clíni-ca-escola se localiza distante do centro da cidade e comequipamentos básicos para o tratamento.

Estas questões relativas à interação interpessoalapresentam maior peso na composição da satisfação dosserviços de saúde, dito que o fisioterapeuta deve por-tar-se, além de profissional tecnicamente competente,como um conselheiro, ouvinte, amigo e acima de tudo, serhumano, percebendo a necessidade ou os sentimentos dospacientes. Isso já causa uma sensação de acolhimento e deatenção que desperta e auxilia de modo positivo no tra-tamento, da mesma forma que a ausência da expressãodessa percepção causa uma sensação de faltar algo, in-terferindo na maneira como a pessoa irá se portar emrelação ao tratamento1.

Sobre o acesso ao atendimento, o estudo revelou que4,9% dos indivíduos julgaram como péssimo a marcaçãodo 1º atendimento à fisioterapia. Por serem usuários doSUS, em que a procura por serviços, inclusive para afisioterapia, é grande3, e como há uma quantidade limi-tada de atendimentos na clínica, acaba por dificultar oagendamento, fazendo com que muitas vezes entrem nafila de espera.

O estudo revelou também que a maioria dos pacientesdemarcou como ótimo a localização da clínica e a dispo-nibilidade do estacionamento, mesmo esta se localizandolonge do centro da cidade. Aspectos relativos ao acessoaos serviços e conveniência não medem o construto sa-tisfação na mesma proporção que outras questões sobre asatisfação global, pois, como visto no estudo de Rodri-gues; Raimundo; Silva (2010)1, 40,32% das respostasdeste questionário relatou ter localização boa da clínica, efoi discutido no estudo que este item pode ter interpre-tações adversas, pois o usuário pode considerar positivo ofato de o serviço localizar-se em uma região valorizada,podendo o item não retratar o que gostaria de fato inves-tigar.

Em relação à dimensão do ambiente físico, as avali-ações dos pacientes se concentraram no item “bom”, oque corrobora com o estudo de Rodrigues, Raimundo;Silva (2010)1, onde 54,84% da amostra demarcaram estadimensão como “bom”. Acredita-se que os aspectos do

ambiente das clínicas atuam como um fator de inibição ouestímulo, dependendo da consciência de cada um, do qualas clínicas de fisioterapia devem constituir-se como mo-delo, buscando melhores condições de uso, instalaçõesfísicas e acesso satisfatório com o intuito de promoverbem-estar e alto nível de satisfação do público3.

As respostas referentes ao nível de satisfação geralmostraram-se com alto nível de satisfação dos pacientes,como também a maioria retornaria e indicaria a clínicapara um familiar ou amigo. Tal fato foi também visto noestudo de Suda; Uemura; Velasco (2009)4, o que sugereuma visão humanística, crítica e profissional por parte daequipe de estagiários e terapeutas.

Apesar dos altos percentuais definidos como bom eótimo não se pode considerar que as condutas fisiotera-pêuticas foram seguidas adequadamente, pois o questio-nário se avalia a satisfação do usuário com o cuidadoprestado, e não o resultado alcançado ou os procedi-mentos aplicados6. Além disso, se faz necessário tambématentar para o fato de que já foi comprovada uma ten-dência, por parte dos usuários de classes sociais menosfavorecidas, de avaliar positivamente os serviços que lhessão prestados. Isso leva a crer que falta a essa populaçãouma visão crítica, o que talvez possa ser explicado pelagratuidade dos serviços, menor espontaneidade, pelatendência a agradar e acentuar os benefícios8.

Tal fato pode justificar boas satisfações na maioriadas dimensões do questionário, por uma forma de con-tribuição aos serviços prestados a estes indivíduos. Alémdisso, o presente estudo teve limitações quanto à aplica-ção em todos os pacientes da clínica, bem como na difi-culdade dos próprios em responder o questionário, deci-dindo-se ajudá-los nas demarcações das respostas.

5. CONCLUSÕESCom a aplicação do questionário pode revelar resul-

tados bem satisfatórios na avaliação da interação paci-ente-terapeuta, o que demonstra que os pacientes apre-sentam confiança e segurança no tratamento realizado porestagiários supervisionados, mostrando que há seriedadee competência de toda a equipe da clínica-escola de fisi-oterapia. Vale reforçar também que a aplicação do ques-tionário de satisfação é de extrema importância, tantopara os profissionais, quanto para o paciente, pois neste,ele consegue colocar sua opinião sem constrangimento equalificando o serviço recebido.

Sugere-se novos estudos onde possa se aplicar oquestionário com mais confiabilidade, sem os indivíduosnecessitarem de auxílio e com privacidade, para expres-sarem suas opiniões.

REFERÊNCIAS[1] Rodrigues RM, Raimundo CB, Silva KD. Satisfação dos

usuários dos serviços privados de Fisioterapia do município

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Viana et al. / Uningá Review V.17,n.2,pp.16-21 (Jan – Mar 2014)

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TRATAMENTO AMBULATORIAL DA HIPERTENSÃOARTERIAL SISTÊMICA – REVISÃO DE LITERATURA

OUTPATIENT TREATMENT OF SYSTEMIC HYPERTENSION - LITERATURE REVIEW

OTÁVIO DE OLIVEIRA DUARTE1, WELLINGTON RANGEL DE CASTRO FARIA1, FLAVIOMENDONÇA PINTO2, VANESSA YURI NAKAOKA ELIAS DA SILVA3*, TATILIANA G. BACELARKASHIWABARA4

1. Acadêmicos de Medicina; 2. Professor na Faculdade de Medicina de Ipatinga – MG; 3. Acadêmica de Medicina, Graduada emFisioterapia, Pós-Graduada em Saúde Pública/PSF; Mestre em Imunopatologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias, ex-docenteCitologia, Histologia, Patologia, Parasitologia Faculdade Pitágoras; 4. Especialista em Alergia & Imunologia, Dermatologia, Imuno-patologia das Doenças Infecto Parasitárias; Medicina do Trabalho; Medicina Ortomolecular; Medicina do Trânsito; Nutrologia; Pedi-atria. Diretora Clínica da CLIMEDI. Coordenadora do Programa RespirAR Adulto em Ipatinga - MG. Professora de Pediatria naFaculdade de Medicina de Ipatinga – MG. MS. em Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Doutoranda em Gestão pela UTAD;Supervisora do PEP em Ipatinga, MG.

* IMES (FAMEVAÇO) – Av. Marechal Cândido Rondon 850, Ipatinga Minas Gerais, Brasil. CEP: 35164-314 [email protected]

Recebido em 07/12/2013. Aceito para publicação em 20/12/2013

RESUMOA hipertensão arterial sistêmica é caracterizada por níveiselevados e sustentados de pressão arterial, associada fre-quentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dosórgãos-alvo e aumento do risco de eventos cardiovasculares.No Brasil ocorreu o aumento do número de casos e da pre-valência, sendo estimado que cerca de um quarto da popu-lação brasileira sofra com a hipertensão. O diagnóstico édado segundo as orientações da VI Diretrizes Brasileiraspara Hipertensão. As indicações para o tratamento estãobem estabelecidas, contudo os profissionais ainda encon-tram dificuldades para abordar e controlar a evolução dadoença e o aparecimento das possíveis complicações. Otratamento é baseado em dois eixos principais: a mudançano estilo de vida e o tratamento farmacológico. Um dosaspectos centrais no tratamento e controle bem sucedido dahipertensão arterial é adesão do paciente tanto ao trata-mento medicamentoso, como o não medicamentoso.

PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial sistêmica, trata-mento ambulatorial, medicamentoso, não-medicamentoso.

ABSTRACTSystemic hypertension is characterized by high and sustainedlevels of blood pressure, fre-quently associated with functionaland / or structural changes of target organs and increased riskof cardiovascular events. In Brazil there was an increase in thenumber of cases and prevalence, and estimated that about aquarter of Brazil's population suffers from hypertension. Thediagnosis is made according to the guidelines of the VI Brazil-ian Guidelines for Hypertension. The indications for treatmentare well established, yet still professional difficulties en-coun-tram to address and control the evolution of the disease

and the onset of complications. The treatment is based on twomain axes: the change in lifestyle and pharmacological treat-ment. One of the key aspects in successful treatment and con-trol of hypertension is patient adherence to both drug treatment,such as non-medication.

KEYWORDS: Hospitality hypertension, outpatient treatment,medication, non-medicated .

1. INTRODUÇÃOA hipertensão arterial sistêmica é uma enfermidade

multifatorial caracterizada por níveis elevados esustentados de pressão arterial, associadafrequentemente a lesões de órgãos-alvo e alto risco dedesfechos cardiovasculares. É um problema de saúdepública, com crescente incidência e prevalência em todoo mundo. No Brasil as estatísticas se assemelham aoresto do mundo, com estimativas de que um quarto dapopulação brasileira padeça da doença1.

O tratamento da hipertensão arterial é um desafio,pelas dificuldades na abordagem e controle da evoluçãoda doença, possíveis complicações e a falta de adesãodos pacientes ao tratamento2.

O tratamento baseia-se na mudança no estilo de vidae no tratamento farmacológico. O tratamentofarmacológico estrutura-se em grandes séries de estudoclínicos multicêntricos com fármacos, e somente apóssão liberados para uso humano1.

2. MATERIAL E MÉTODOS

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Foi realizado uma ampla busca em trabalhospublicados em língua portuguesa a partir do ano de 1991que contenham relatos ou descrições de abordagensterapêuticas no tratamento da hipertensão arterial, sendoutilizado como base de dados Scielo e PubMed.

3. DESENVOLVIMENTOAs doenças cardiovasculares têm elevado sua inci-

dência nos últimos anos, tanto no Brasil e no mundo,devido a fatores como o aumento da expectativa de vidae as mudanças nos hábitos de vida. Dentre as doençascardiovasculares a hipertensão arterial sistêmica tem umevidência especial, por ser importante fator de risco paraoutras doenças 1.

No Brasil, as doenças cardiovasculares são respon-sáveis por 33% dos óbitos com causas conhecidas e fo-ram a primeira causa de hospitalização no setor públicoentre 1996 e 1999 para as pessoas com idade entre 40 e59 anos (17%) e entre aquelas com 60 ou mais anos(29%) 3.

Segundo Carvalho et al. (1998)4 o Brasil era consi-derado um país de jovens, com pouca atenção aos idosos,com tendência a não se considerar a senilidade no rol dasgrandes questões sociais, sobretudo pela menor repre-sentatividade desse grupo na pirâmide etária populacio-nal até os anos 70. No último quarto de século, obser-vou-se uma mudança significativa no padrão demográ-fico brasileiro, com decréscimo nas taxas de fecundidadee a mortalidade, aumento da longevidade populacional eelevação da participação dos maiores de 60 anos noconjunto, faixa etária na qual se encontravam 7,2% dosbrasileiros no censo de 19914.

São cerca de 34 milhões de pessoas com 60 anos, eem 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com maiorpopulação idosa, pois de 6,3% da população total em1980, as pessoas com 60 anos e mais passarão a 14% 5,6.

A maior parte dos eventos cardiovasculares aconteceem indivíduos com alterações leves dos fatores de risco.Caso sejam deixados sem tratamento por longo período,apresentarão doença manifesta. Ainda segundo os auto-res citados, já houve redução significativa da morbimor-talidade cardiovascular com o tratamento da hipertensãoarterial (HA)7.

Segundo a OMS (1998) a hipertensão representa umdos principais fatores de risco cardiovasculares, com altocusto social (40% dos casos de aposentadoria precoce ede absenteísmo no trabalho). Tem sido constante a preo-cupação mundial em ampliar e aperfeiçoar os métodospara diagnóstico e tratamento da doença8.

No Brasil não existem dados sobre a prevalência dahipertensão, e segundo o Inquérito Domiciliar SobreComportamentos de Risco e Morbidade Referida deDoenças e Agravos Não Transmissíveis, estima-se, queum quarto da população brasileira seja afetada. Mas taisestudos são restritos às Regiões Sul e Sudeste3, 7.

Segundo Lessa et al. (2006)9 os grandes reflexos dahipertensão arterial no Brasil aparecem nas estatísticasde mortalidade (doença cerebrovascular ocupa a primei-ra causa de morte), nas estatísticas de hospitalização pordoenças cardiovasculares pagas pelo Sistema Único deSaúde no país e nas elevadas taxas de hospitalização porurgências pela própria hipertensão ou suas complica-ções.

Fisiopatologia

Segundo Krieger et al. (1996)10 o “sistema arterialfunciona como câmara elástica de alta pressão queamortece as flutuações de descarga da bomba cardíaca”,permitindo um fluxo permanente nos capilares e a trocaeficiente de materiais entre o sangue e as células do or-ganismo.

Durante a sístole ventricular, a pressão se eleva atéatingir a pressão máxima (sistólica), e à medida que osangue acumulado vai sendo transferido para os capila-res, a pressão arterial cai progressivamente, até atingirum valor mínimo (pressão diastólica), imediatamenteantes da iniciação do ciclo seguinte. Com a descargaintermitente da bomba cardíaca e alta resistência dasarteríolas, juntamente à elasticidade das artérias, o orga-nismo mantêm um aporte sanguíneo constante que per-mite a irrigação tissular10.

Como a resistência das arteríolas depende do seu ca-libre, sua redução eleva a pressão arterial, sendo geral-mente responsável pela hipertensão. A diminuição docalibre acontece pelo aumento da contração da muscula-tura que regula a luz do vaso e seu espessamento. A hi-pertensão pode ser causada pelo desequilíbrio entre oaumento dos fatores vasoconstritores (sistema nervosoautônomo simpático, catecolaminas, angiotensina, endo-telina) e/ou pela produção deficiente de fatores vasodi-latadores (óxido nítrico, bradicinina), com o consequenteaumento da contração da musculatura das arteríolas10.

Conforme Sanjuliani (2002)11 a pressão arterial (PA)será determinada pelo produto do débito cardíaco (DC) eda resistência vascular periférica (RVP). Nos indivíduosnormais e nos portadores de hipertensão arterial essenci-al existe um espectro de variação do DC com respostasconcomitantes da RVP para um determinado nível de PA.A contratilidade e o relaxamento do miocárdio, o volumesanguíneo circulante, o retorno venoso e a frequênciacardíaca podem influenciar o DC. Em muitos pacientesportadores de HA a elevação da PA é decorrente do au-mento da RVP enquanto em alguns, a elevação do DC éo responsável pela HA.

Cabe ressaltar que as alterações anatômicas ou es-truturais dos vasos e do espessamento da parede vascularpodem depender de características individuais que alte-ram o equilíbrio dos fatores que determinam o funcio-namento da musculatura vascular. Assim, conformeafirma o autor anteriormente citado, pode-se dizer que

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cada indivíduo traz uma carga genética responsável pelaprodução de fatores que regulam a pressão arterial, so-mado a influências ambientais (ingestão de sal e álcool,fumo, estado psicoemocional)10.

De acordo com a VI Diretriz Brasileira para Hiper-tensão (2010) os principais fatores de risco para a hiper-tensão arterial são: idade (acima de 65 anos), gênero eetnia (homens até os 50 anos, igualando homens e mu-lheres após a quinta década, e duas vezes mais prevalen-te em pacientes negros), sobrepeso e obesidade, ingestãode sal e álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos,genética e os fatores ambientais tendem a contribuir paraessa combinação em famílias com estilo de vida poucosaudável1.

DiagnósticoPara o diagnóstico da hipertensão arterial a Socieda-

de Brasileira de Cardiologia (2010) recomenda a medidada pressão arterial em ambos os braços com o pacientesentado, em ortostatismo e posição supina, pelo menosna primeira avaliação em todos os indivíduos e em todasas avaliações em idosos, diabéticos, portadores de di-sautonomias, alcoolistas e/ou em uso de medicação an-ti-hipertensiva, e sempre utilizar como referência sempreo braço com o maior valor para as medidas subsequentes.Como diversos fatores podem alterar a pressão arterial,as medidas tomadas em situações ambulatoriais podemnão revelar valores reais da pressão do paciente. Os cri-térios diagnósticos para hipertensão arterial são1: Pressão arterial no consultório, dado pelo valor mé-

dio entre duas medidas da pressão arterial (PA), empelo menos duas consultas, com níveis maiores ouiguais a 140 x 90 mmHg;

Monitorização residencial da pressão arterial(MRPA): várias aferições da PA do paciente maioresque 135 x 85 mmHg, feitas pelo próprio paciente ouprofissional habilitado, em intervalo de 5 dias com 6aferições/dia ou 7 dias com 2 aferições/dia;

Monitorização ambulatorial da pressão arterial(MAPA) que consiste num método de aferições indi-retas e intermitentes da pressão arterial durante 24horas ou mais, com valores iguais ou maiores que140 X 90 mmHg.A investigação clínica tem como objetivo confirmar a

elevação persistente da pressão arterial, avaliar lesões deórgãos-alvo, identificar fatores de risco cardiovascular,diagnosticar doenças associadas e a etiologia da hiper-tensão. Para isso, realiza-se: história clínica completa,incluindo histórico familiar e presença de outras patolo-gias; exame físico minucioso; avaliação laboratorial derotina (urina, dosagens de potássio, creatinina, glicemiade jejum, colesterol total, HDL-colesterol, LDL, triglicé-rides e eletrocardiograma); e avaliação complementarquando há indícios de hipertensão secundária, lesão emórgãos alvo ou doenças associadas12.

Após a determinação dos valores da pressão arterial,será considerado hipertensão arterial sistêmica valoresde PA sistólica ≥ 140 mmHg e/ou de PA diastólica ≥ 90mmHg1. Existem ainda outras duas condições que me-recem atenção do profissional: a hipertensão sistólicaisolada (comportamento anormal da PA sistólica com PAdiastólica normal) e a hipertensão do avental branco (pa-ciente apresenta medidas de PA persistentemente eleva-das - ≥ 140/90 mmHg - no consultório e médias de PAconsideradas normais pelo MRPA ou MAPA). A Tabela1 foi retirada da VI Diretriz para Hipertensão (2010) emostra a classificação dos valores de pressão 1.

Após estabelecer os valores pressóricos do pacienteparte-se para a avaliação clínico-laboratorial do mesmo.Assim a partir do levantamento dos fatores de risco adi-cionais, a identificação de lesões em órgão-alvo e a pre-sença de condições clínicas associadas será possível aestratificação de risco global do paciente, para assimpoder guiar a terapêutica adequada1.

Tabela 1. Classificação da Hipertensão Arterial

Fonte: SBC, 2010.

A decisão terapêutica deve ser baseada no risco car-diovascular considerando-se a presença de fatores derisco, lesão em órgão-alvo e/ou doença cardiovascularestabelecida, e não apenas no nível da PA. Paciente nosníveis limítrofes da PA costuma possuir lesões de ór-gãos-alvo e outras comorbidades, devendo a terapêuticamedicamentosa ser instituída. Já pacientes com nívelcardiovascular médio, alto e muito alto, devem recebertratamento medicamentoso precocemente visando à pro-teção dos órgãos-alvos; redução do impacto causadopela elevação da PA; redução do impacto causado pelapresença de fatores de risco associados e na progressãodo processo aterosclerótico. As modificações no estilo dedevem ser instituídas o mais precocemente possível, peloimpacto favorável nos fatores de risco envolvidos nodesenvolvimento ou agravo da hipertensão, devendo ser

Classificação Pressão Sistólica(mmHg)

PressãoDiastólica(mmHg)

Ótima <120 <80Normal <130 <85Limítrofe 130–139 85–89Hipertensão estágio 1 140–159 90–99Hipertensão estágio 2 160–179 100–109Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica iso-lada ≥ 140 < 90

Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categoriasdiferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pres-

são arterial.

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recomendada independente da estratificação de risco dopaciente 1.

Além dos aspectos individuais, comorbidades e ní-veis pressóricos para análise da decisão terapêutica, omédico deve trabalhar com metas de tratamento que serábaseado na estratificação de risco do paciente. As reco-mendações de metas encontram-se na tabela 2 abaixo1.

TABELA 2. Metas a serem atingidas em conformidade com as carac-terísticas individuais

Categoria ConsiderarHipertensos estágios 1 e 2com risco cardiovascularbaixo e médio

< 140/90 mmHg

Hipertensos e comporta-mento limítrofe com riscocardiovascular alto e muitoalto, ou com 3 ou maisfatores de risco, DM, SMou LOA

130/80 mmHg

Hipertensos com insufici-ência renal com proteinú-ria > 1,0 g/l

130/80 mmHg

DM - diabetes mellitus; SM - síndrome metabólica;LOA - lesões em órgãos-alvo.

Fonte: SBC, 2010.

O tratamento da hipertensão arterial é pautado nasmodificações do estilo de vida e no tratamento medica-mentoso. Sobre o tratamento não medicamentoso desta-ca-se a importância de ser acompanhado por uma equipemultiprofissional1.

Sobre a importância da prática de atividade físicaBundchen et al. (2013)13 realizou experimento comgrupo de paciente hipertensos, sedentários e sob trata-mento farmacológico, com o objetivo de demonstrar quea prática de atividade física seria suficiente para manteros níveis pressóricos sob controle. Ao final do estudo osautores encontraram que os pacientes que foram subme-tidos à intervenção da atividade física mantiveram osníveis pressóricos semelhantes ao grupo controle, sub-metido ao tratamento farmacológico.

Além da avaliação do impacto nos níveis pressóricosBundchen et al. (2013)13 avaliou a qualidade de vida dospacientes e notou que o grupo que sofreu intervençãocom exercício físico regular, apresentou melhor quali-dade de vida relacionada a saúde tanto emocional comofísica, bem como, utilizavam menos fármacos. A ativi-dade física pode ser utilizada como forma de controle dapressão arterial, não só pela redução dos riscos cardio-vasculares, como também por demonstrar pacientes comhipertensão que são fisicamente ativos apresentam-semelhores do ponto de vista físico e mental.

Ainda se tratando do exercício físico Rondon &Brum (2003)14 destacam que diversos estudos têm de-monstrado que o treinamento físico aeróbio provoca

alterações autonômicas e hemodinâmicas que influen-ciam o sistema cardiovascular, provocando importanteefeito hipotensor. O treinamento físico levaria a altera-ções na resistência vascular periférica, diminuição daatividade nervosa simpática e aumento da sensibilidadebarorreflexa. Contudo, conforme destacam as autoras,somente 75% dos pacientes são responsivos ao treina-mento físico, devendo haver atenção à prescrição dessaprática à pacientes hipertensos.

Sobre a mudança dos hábitos alimentares a pesquisaconduzida por Oliveira et al. (2012) em pacientes hiper-tensos do município de Recife-PE, revelou que 86% dospacientes ao saberem que era hipertensos mudaram seushábitos, porém somente cerca de 30% dos pesquisadoscitaram a redução da ingestão de sal. Conforme apontamos autores, o aumento do consumo de sal é importantefator de risco cardiovascular em hipertensos, sendo ne-cessário um aumento na conscientização dos indivíduosna construção de uma vida saudável, por meio da adoçãode hábitos alimentares mais adequados, associado à prá-tica de atividade física regular15.

Ainda a respeito das mudanças alimentares Cotta etal. (2009) ao investigar os hábitos alimentares de paci-entes hipertensos do município de Teixeiras - MG, en-controu-se que cerca de 97% dos pacientes não adicio-navam sal a sua comida depois de pronta. Apesar desseresultado verificou-se que o gasto mensal das famíliascom a compra de sal, chegou-se a um per capita diáriode 22,63g, sendo que o recomendado pela VI DiretrizBrasileira para Hipertensão (2010) é de apenas é de 6g.Nota-se que o consumo de sal é um ponto importante deintervenção e modificação para os pacientes hiperten-sos1,16.

Nota-se que além da importância da orientação nasmodificações do estilo de vida, deve-se estar atento se opaciente segue essas orientações, pois conforme afirmaBastos-Barbosa et al. (2012)17 a não adesão ao trata-mento pelo paciente tem sido identificado como acausa principal da pressão arterial não controlada, re-presentando um risco significativo de eventos cardio-vasculares. Segundo os autores a ingestão correta depelo menos 80% dos medicamentos receitados umaforma geral de considerar a adequada adesão à medica-ção.

Em levantamento realizado, pelos autores supracita-dos, em uma população idosa a adesão ao tratamentomostrou-se baixa, podendo ser associada ao fato de nes-sa faixa etária haver algumas peculiaridades: os pacien-tes utilizavam mais de quatro medicamentos, com maisefeitos adversos; e dificuldade para lembrar-se de tomara medicação nos horários corretos e para ler e entender aprescrição. Além disso, foi encontrada baixa adesão àatividade física e aumento na ingestão de sódio17.

Outro estudo investigando sobre a adesão ao trata-mento foi realizado por Girotto et al. (2013)18 no muni-

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cípio de Londrina-PR, sendo encontrado níveis variadosde adesão conforme as modalidades avaliadas. A respeitoda adesão à atividade física somente 17,7% dos 385 in-divíduos pesquisados as realizam de forma regular, já asalterações na dieta se mostraram com altas taxas de ade-são (69,5%). Contudo, a alteração na dieta no estudosomente diz respeito à diminuição no consumo de sal,não revelando aumento na ingestão de outros alimentoscomo frutas, verduras e legumes.

A respeito da adesão do paciente Gusmão et al.(2009)2 aponta que a adesão ao tratamento pode ser efe-tivada pela conscientização dos malefícios da hiperten-são arterial, fazendo, assim, que o indivíduo se torneelemento ativo no processo de tratar. Instituir essa visãocompleta do tratamento na relação médico-paciente cabeao médico, mas os melhores resultados em termos deadesão são conseguidos com equipes multiprofissionais.

Demonstrando a importância da atuação multiprofis-sional no controle da PA em pacientes, Araújo & Gui-marães (2007)19 apresentaram um estudo que avaliou oimpacto da implantação de um Programa de Saúde daFamília (PSF) numa Unidade Básica de Saúde (UBS),sobre o controle da hipertensão arterial no município deSalvador, Bahia. Após o acompanhamento por um anode 135 pacientes, observou-se que no início do estudo28,9% dos pacientes apresentavam níveis pressóricosinferiores a 140X90 mmHg, em comparação com 77%ao final do estudo, significando um aumento de 97,2%no percentual de normalização de PA, demonstrando queo controle dos níveis pressóricos dos pacientes e a ade-são ao tratamento são essenciais.

Tratamento Medicamentoso

Segundo as Diretrizes Brasileiras para Hipertensão(2010) o objetivo do tratamento da hipertensão arterial éa redução da morbidade e da mortalidade cardiovascula-res, devendo os anti-hipertensivos ser utilizados não sópara reduzir a pressão arterial, mas também os eventoscardiovasculares fatais e não-fatais, e a taxa de mortali-dade. As principais classes de anti-hipertensivos dispo-níveis para uso clínico são os diuréticos (tiazídicos, dealça e poupadores de potássio), inibidores adrenérgicos(de ação central, betabloqueadores e alfa bloqueadores),vasodilatadores diretos, bloqueadores dos canais de cál-cio (BCC), inibidores da enzima conversora de angio-tensina (IECA), bloqueadores do receptor AT1 da angio-tensina II (BRA) e inibidor direto da renina. Desta-cam-se ainda alguns princípios que devem ser observa-dos na indicação para o tratamento medicamentoso apacientes hipertensos1:

Ser eficaz por via oral; Ser administrado em menor número de tomadas; Não ser obtido por meio de manipulação;

Ser utilizado por um período mínimo de 4 semanas; Ser seguro e bem tolerado e com relação de ris-

co/beneficio favorável ao paciente; Ser iniciado com menores doses efetivas preconi-

zadas para cada situação clínica; Ser considerado em associação; para pacientes hi-

pertensos de risco; Ter demonstrado capacidade de reduzir a morbida-

de e a mortalidade cardiovasculares associados à hiper-tensão.

Além da evidência de benefício clínico, devem serconsiderados diversos fatores para a escolha do an-ti-hipertensivo, como as comorbidades, o perfil de efei-tos colaterais, a interação medicamentosa, a posologia eaté mesmo o preço e acesso ao fármaco20.

O esquema terapêutico da hipertensão arterial deveser prescrito baseado no nível de pressa arterial do paci-ente, no nível de riscos e a pela presença de comorbida-des. Assim a monoterapia está indicada para pacientescom hipertensão estágio 1 e com risco cardiovascularbaixo a moderado, devendo o tratamento ser individua-lizado. As classes de anti-hipertensivos consideradaspreferenciais para o controle da pressão arterial em mo-noterapia inicial são: diuréticos, betabloqueadores, BCC,IECA, BRA. O objetivo é manter o nível pressóricomenor que 140 x 90 mmHg. Se houver falha no controletratamento deve-se inicialmente aumentar a dose do me-dicamento até a dose máxima, e aso não haja controle,estabelecer terapia combinada1.

A terapia anti-hipertensiva combinada está indicadanos seguintes pacientes: os que falharam na monoterapia,pacientes de alto e muito alto risco cardiovascular, dia-béticos, com doença renal crônica, em prevenção primá-ria e secundária de acidente vascular encefálico, pacien-tes com hipertensão estágio 2 e 3 e pacientes no estágio1 mas com risco cardiovascular alto e muito alto. De-ve-se tomar o cuidado de não combinar medicamentoscom mecanismos de ação similares, exceto a combina-ção de diuréticos tiazídicos e de alça com poupadores depotássio. Se o objetivo terapêutico não for alcançado,pode-se elevar a dose da combinação ou associar umterceiro anti-hipertensivo de outra classe. Caso o fárma-co esteja na dose máxima recomendada, ou se surgiremefeitos colaterais intoleráveis, recomenda-se a substitui-ção da combinação. Se resposta for inadequada, deve-seassociar outros anti-hipertensivos1.

Há evidências de que para hipertensos controlados aprescrição de ácido acetilsalicílico em baixas doses (75mg) diminui as complicações cardiovasculares. O Sis-tema Único de Saúde deve garantir o fornecimento con-tínuo de, no mínimo, um representante de cada uma dascinco principais classes de anti-hipertensivos comumen-te usados1.

Segundo Bombing & Póvoa (2009)21 a escolha domelhor fármaco ou combinação em negros depende da

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presença ou ausência de comorbidades e de eficácia es-pecífica de agentes que atinjam as metas pressóricas. OsBCC são eficazes em hipertensos negros. Geralmente,três classes de fármacos são consideradas como terapiade primeira linha para HAS em negros: tiazídicos embaixas doses (12,5 a 25 mg/dia de clortalidona), BCC deação prolongada (mais frequentemente diidropiridínicos),e IECA ou BRA.

Segundo Geleilete et al. (2008)22 pacientes que nãoatingiram os objetivos pressóricos estabelecidos, comtrês hipotensores, desenvolvem hipertensão refratária.Esses pacientes devem ser reinvestigados para o diag-nóstico de hipertensão e a medicação deve ser reavaliada,pois as principais falhas são a falta da administrar medi-camentos mais efetivos e não perceber a necessidade douso de um diurético.

Sobre o tratamento farmacológico em idosos Perrottiet al. (2007)20 destaca que essa faixa etária tem em mé-dia três a cinco doenças crônicas, o que deve nortear aescolha do anti-hipertensivo, dando preferência a fár-macos que também possam trazer benefícios às outrasdoenças existentes. As interações medicamentosas tam-bém devem ser ponderadas diante da alta prevalência depolifármacia nessa faixa etária e do maior risco de even-tos.

Assim como na terapêutica não farmacológica aadesão do paciente é um ponto fundamental para o tra-tamento. Girotto et al. (2013)18, determinaram a taxa denão adesão ao tratamento farmacológico de 41%. Osprincipais motivos alegados foram o esquecimento epensar que a pressão arterial estava controlada. A escola-ridade se associou apenas à adesão ao tratamento nãofarmacológico, e maior escolaridade mostrou associaçãopositiva com a atividade física. Maior adesão foi obser-vada com o aumento da idade, pois a maior prevalênciade doenças crônico-degenerativas pode tornar o indiví-duo mais preocupado com seu estado de saúde, aumen-tando a adesão ao tratamento, além dos pacientes comhistórico familiar de doenças cardiovasculares.

Resultados semelhantes foram encontrados no estudode Bastos-Barbosa et al. (2012)17 que os indivíduos re-lataram esquecer a ingestão de medicamentos, não con-seguir ler as prescrições e de ter efeitos adversos. Quantomaior o número de medicamentos prescritos, maior orisco de potenciais interações perigosas e efeitos adver-sos, resultando em baixa adesão ao tratamento. Nota-se aimportância da tentativa de simplificar o tratamento,buscando combinar medicamentos com efeitos sinérgi-cos.

Quanto aos medicamentos em uso, estudo realizadopor Schoroeter et al. (2007)1,23 no município de PortoAlegre-RS com 385 idosos, encontrou-se que 58% dospesquisados faziam uso de diuréticos, seguidos por 51%de inibidores da ECA e 35% de beta-bloqueadores, o queestá de acordo com as diretrizes, onde se institui que os

diuréticos são primeira escolha no tratamento da hiper-tensão. A respeito da combinação terapêutica, cerca de64% utilizam o esquema terapêutico combinado, comassociações de 2 (40%), 3 (17,4%) ou 4 (7,2%) medica-mentos.

Ainda a respeito sobre o uso de medicamentos, estu-do realizado por Veronez & Simões (2008)24 no municí-pio de Rincão-SP, encontraram resultados semelhantescom o estudo acima sobre a associação de medicamentos.O estudo contou com 725 participantes. Os pacientes, nasua maioria, constituíram-se de mulheres (62%) comidade entre 50 a 70 anos (57%); 21% de tabagistas e43% sedentários. Quanto às prescrições, 33% eramconstituídas de monoterapia e 66% de politerapia, comuso de dois medicamentos. A associação mais utilizadafoi a do captopril e hidroclorotiazida (30%), seguido dafurosemida e do captopril (12%). Constatou-se que ocaptopril foi o medicamento que mais apresentou inte-rações com outros fármacos, representando 54% dasinterações medicamentosas, a hidroclorotiazida apresen-tou 27%, seguido da furosemida (14%), sendo impor-tante a prescrição racional e a assistência farmacêuticaadequada para melhoria da qualidade de vida.

O estudo realizado por Marchioli et al. (2010)25, queobjetivou a caracterização das classes de an-ti-hipertensivos mais prescritas aos idosos de diferentesUnidades de Saúde da Família (USF) do município deMarília-SP, constatou que a classe dos tiazídicos foi amais prescrita. Os IECA compõem a segunda classe deanti-hipertensivos. Essas classes são consideradas demenor risco para os idosos, pelo declínio das diferentesfunções do organismo, além da possibilidade da existên-cia de comorbidades e uso de outros medicamentos.

A respeito da interação medicamentosa o uso de an-tiinflamatórios (AINEs) e anti-hipertensivos é relativa-mente comum, notadamente em idosos, onde devem sersempre investigados quanto ao uso. Os AINEs podemprovocar efeitos adversos sobre a PA e a diminuição daeficácia dos medicamentos anti-hipertensivos, incluindodiuréticos, betabloqueadores e IECA. Dessa forma, po-dem aumentar a morbidade relacionada à hipertensãoarterial, com variação do efeito na pressão arterial desdesua ausência até crises hipertensivas26.

Um problema clínico relativamente frequente, che-gando a acometer até 30% de populações selecionadas éa hipertensão resistente (falha em se obter um controlepressórico adequado mediante o uso de três ou maisagentes anti-hipertensivos, incluindo um diurético). Paraque se proceda ao melhor ajuste terapêutico é necessárioidentificar outras possíveis causas implicadas no des-controle pressórico (não adesão, efeito de avental branco,pseudohipertensão e uso inapropriado de substânciaspró-hipertensoras). A avaliação do regime an-ti-hipertensivo requer a revisão cuidadosa do número deanti-hipertensivos utilizados, da posologia administrada,

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do sinergismo entre as drogas em questão, da inclusão dediuréticos e dos efeitos colaterais relacionados27.

Uma opção terapêutica que sem tem utilizado nospacientes com hipertensão resistente são os antagonistasde receptores de mineralocorticóide, que atuam promo-vendo significativa redução adicional na pressão arterial,independente dos níveis de aldosterona/ renina em paci-entes com hipertensão resistente. Contudo as pesquisasapontam uma baixa dos níveis pressóricos em pacientesem uso de 3 ou 4 medicações. O efeito colateral apre-sentado pela espironolactona é a ginecomastia, presenteem 10% dos pacientes, o que tem levado a escolha daeplerona que causa menor incidência desse efeito, sendomais bem tolerada pelo paciente28.

As recomendações para o uso da espironolactona são:mais de três medicações em doses máximas, incluindoum IECA ou BRA e um diurético. A espironolactonainiciada em doses baixas reduz a PA em pacientes comhipertensão resistente, independentemente dos níveis dealdosterona/renina. A adição de espironolactona ao tra-tamento anti-hipertensivo diminui a pressão arterial sis-tólica e a pressão arterial diastólica em até 21,9 e 9,5mmHg, respectivamente. A hiperpotassemia, com ousem insuficiência renal aguda, é rara, apesar do usoconcomitante de inibidor da ECA ou BRA. Pacientesidosos, portadores de DRC ou diabetes, apresentammaior risco de hiperpotassemia. Os níveis séricos depotássio e creatinina devem ser monitorados, sobretudona presença de terapia concomitante com IECA ou BRA28, 29.

4. CONCLUSÕESA orientação aos pacientes quanto à prática de ativi-

dades físicas, redução da ingestão de sal e dieta adequa-da são medidas que contribuem diretamente para a efi-cácia do tratamento farmacológico, além de somar parao bem estar dos pacientes. Mas a maioria dos pacientesnão possui correta adesão às orientações, prejudicando otratamento.

A falta de adesão dos pacientes é de fundamental re-levância, sendo um desafio clínico importante, pois oseguimento das medidas não farmacológicas evita aevolução das complicações e comorbidades, determi-nando decréscimo nos custos para o paciente e para oSistema de Saúde.

Sugerem-se atividades em grupo ou atendimentosnutricionais individualizados voltados especialmentepara orientação de hábitos alimentares mais adequados,além de apropriado elo de confiança entre usuário e pro-fissionais de saúde, fator indispensável à adesão ao tra-tamento e à mudança de estilo de vida e hábitos alimen-tares dos pacientes.

Em relação ao tratamento farmacológico os diuréti-cos, os IECA e os betabloqueadores são os an-ti-hipertensivos mais utilizados devido ao fornecimento

mais comum dessas classes pelo Sistema Único de Saú-de (SUS). Contudo erros nas tomadas das doses, difi-culdades na compreensão da prescrição, diversas toma-das ao dia, entre outros fatores, dificultam a adesão dospacientes. Tal contratempo pode ser resolvido com umaassistência correta e um olhar mais atencioso. A cadaconsulta para acompanhamento da hipertensão, reco-menda-se que sejam feitas novas orientações do trata-mento farmacológico e não farmacológico.

O acompanhamento ponderal pode ser útil como in-dicador indireto da meta de dieta e exercício físico regu-lar, evitando a evolução para casos refratários de difícilcontrole.

A conscientização dos indivíduos na construção deuma vida saudável deve ser sempre incentivada, por meioda adoção de hábitos alimentares adequados, associado àprática de atividade física regular e a realização do tra-tamento medicamentoso. Cabe ao médico, independentedo seu nível de atuação ou especialidade, conscientizar aadoção de hábitos saudáveis, contribuindo para a pro-moção, prevenção e recuperação da saúde.

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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM NAHOSPITALIZAÇÃO INFANTIL: POSSÍVEIS RELAÇÕES

CARTOGRÁFICO-SIMBÓLICASNURSING DIAGNOSES IN HOSPITALISATION INFANT: POSSIBLE RELATIONS

CARTOGRAPHIC-SYMBOLIC

JÉSSICA PEDROSA DE SOUZA*, DIEGO ALEXANDRE ROZENDO DA SILVA1. Enfermeira. Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Adventista Paranaense, 2013; 2. Enfermeiro. Bacharel em Enfermagem pelaFaculdade Adventista Paranaense, 2009. Mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), 2013. Professortitular da Faculdade Adventista Paranaense.

* Gleba Paiçandu, Lote 80, Instituto Adventista Paranaense, Zona Rural, Ivatuba, Paraná, CEP: 87130-000. Brasil. Telefone: (44)3336-8000. Ramal: 8060. [email protected]

Recebido em 11/12/2013. Aceito para publicação em 11/01/2014

RESUMODurante nossas experiências em pediatria observamos quea criança hospitalizada, família e profissional de enferma-gem têm grandes dificuldades na comunicação e coopera-ção no processo de cuidar. E nesta medida, consideramosque fazer uso de instrumentos sistematizados, valendo-nosdos diagnósticos de enfermagem, podemos alvitrar novas emelhores práticas de cuidar. O objetivo do presente estudofoi identificar os principais diagnósticos correspondentes aoenfrentamento da criança perante a hospitalização, comotambém os diagnósticos relacionados a interação familiar.A fim de levantar a execução de possíveis práticas paraamenizar a tensão e sofrimento da criança durante o perí-odo da hospitalização. O estudo é de abordagem descritivoexploratório, de caráter qualitativo, desenvolvido junto atrês crianças hospitalizadas em unidade pediátrica e seusrespectivos familiares, residentes em Sarandi-PR. Os dadosforam coletados no período de outubro de 2013, por meiode entrevista semiestruturadas, gravadas e transcritas naíntegra, como também, observação clínica relatadas emdiário de campo. Para analisar as informações foram ado-tadas as formas de análise cartográfico-simbólicas do cui-dado, descritas por Teixeira (2008), baseamo-nos em suasmultiextensões cuidativas que envolvem o cuidar do eu, dooutro e da família. Permitindo, nesta medida, de formaprática e objetiva possibilidades de interferências inventi-vas no cuidar.

PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico de enfermagem, enferma-gem pediátrica, cuidado.

ABSTRACTDuring our experiments we observed that the hospitalized pe-diatric, family and child nursing professional has great difficul-ties in communication and cooperation in the care process. Andin this regard, we believe that making use of standardized in-struments, drawing up on the nursing diagnoses, we opine new

best practices to care. The aim of this study was to identify thekey corresponding to fighting child diagnoses of hospitaliza-tion, as well as diagnoses related to family interaction. In orderto raise the performance of possible practices to ease the ten-sion and suffering of the child during the period of hospitaliza-tion. The study is an exploratory descriptive approach, qualita-tive, developed with three children hospitalized in a pediatricunit and their families residing in respective Sarandi - PR. Datawe recollected from October 2013 through semi-structured,recorded and transcribed interview in full, as also reportedclinical observations in a field journal. To analyze the infor-mation we readopted forms of cartographic- symbolic analysisof cared, according to Teixeira (2008), we have relied on theircares disorders involving the care of the self, the other and thefamily. Allowing that extent practically and objectively possi-bilities of inventive interference in care.

KEYWORDS: Nursing diagnosis, pediatric nursing, care

1. INTRODUÇÃONo decorrer dos nossos estudos a respeito da hospita-

lização pediátrica, pudemos analisar que muitas vezes háum bloqueio entre profissional e família, fato este queafeta de maneira direta o paciente, onde o ser cuidado,muitas vezes não compreende o motivo da hospitaliza-ção, e uma das maiores dificuldades é saber como entrarnesse contexto e interagir com essa criança principal-mente através da abordagem familiar, conseguindo al-cança-la para obter uma maior aderência ao tratamento.

Segundo TEIXEIRA (2008)1, esse cuidado expan-de-se a partir de diferentes e crescentes microespaçoscuidativos, que vão do mais interno que é o cuidar do eu,aos demais que são o cuidar do outro, que inclui mem-bros da família e da comunidade, o cuidar da casa, echegando ao mais externo, o cuidar do lugar. Esses mi-croespaços podem ser definidos como microescalas do

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cuidar cotidiano de saúde.Incluídas neste mesmo pensamento, essas multiex-

tensões do cuidar que resume-se em cuidar do eu, dooutro, da família, da casa, e do lugar, são classificadasem multidimensões do cuidar que inclui, a dimensãocognitiva (dos pensamentos), a interativa (dos encontros)e a conectiva (das conexões).

O cuidado humanizado para com essa criança de-manda uma atitude mais aberta e flexível do profissional,pois este é um cuidado que tem que ser afetuoso, efici-ente e eficaz, de estar junto com a pessoa diminuindo atensão transmitida pela hospitalização, através do toqueprofissional e afetivo do enfermeiro2.

O enfrentamento da criança perante a hospita-lização

No decorrer de sua existência o ser humano desen-volve o potencial pelo cuidado que, normalmente, seconstrói de acordo com a cultura, as crenças e os valoresadvindos do contexto ambiental em que cada ser estáinserido.

De acordo com Brandão (2000)3, é necessárioaprendermos a ouvir a pessoa que no momento está do-ente e hospitalizada de uma forma afetiva, buscandoacolher os seus sentimentos e perceber o paciente na suatotalidade.

Almeida (2008)4 ressalta que cuidar de uma criançaou adolescente hospitalizado, é realmente um desafiopara o profissional de saúde que é comprometido com oprocesso do cuidar. Pois além do preparo técnico cienti-fico e com o desenvolvimento da habilidade em estabe-lecer um relacionamento efetivo com a criança é neces-sário algo mais. Sua atuação como profissional não podese restringir apenas ao contexto hospitalar. O enfermeiroprecisa direcionar seu foco de atenção também para asnecessidades da família. Com um olhar amplo perante acomunidade na qual ela está inserida e para onde a cri-ança retornará após a alta hospitalar, visando sempre suatotal reabilitação.

Família (relação saúde-doença)Ao fazer uma retrospectiva do cuidado pediátrico re-

alizado na área hospitalar, constata-se que tal cuidadoera baseado simplesmente na patologia. A criança nãoera vista como um ser único, com características pró-prias e potencialidades, de acordo com sua fase evoluti-va. Com o passar dos anos, ampliam-se os estudos sobreas necessidades da criança, que é um ser dependente,munido do apego construído na figura de sua mãe, po-dendo ter prejuízos em seu desenvolvimento e cresci-mento, provocados pelo isolamento que a doença lheacarreta. Nesse momento, ocorre uma mudança na abor-dagem de cuidado, que passa a considerar, ao menos emparte, características inerentes a esse ser em construção5.

Passa-se, então, a considerar a possibilidade de in-cluir a família no ambiente hospitalar, ensaiando-se umcuidado autêntico, com uma abordagem mais voltadapara a criança inserida na unidade familiar5.

Cabral (2006)6 ressalta a respeito do cuidado centra-do na família, que traz benefícios para a criança e para afamília, bem como para os profissionais de saúde. Citaos benefícios para a família como: menor estresse emaior sentimento de confiança e competência nos cui-dados aos seus filhos, uma menor dependência dos pro-fissionais de saúde, maior liberdade para desenvolvernovas competências e experiências no cuidado aos seusfilhos. E como benefícios para o profissional de saúde:maior satisfação no trabalho e liberdade para desenvol-ver novas competências e experiência na enfermagempediátrica.

Aspectos psicológicosForam realizadas observações pessoais durante o pe-

ríodo de estagio supervisionado, que na maioria das vezeso hospital representa para criança um ambiente desco-nhecido, restrito de possibilidades de atividades como,por exemplo, o brincar; sendo um lugar muitas vezesrepleto de solidão, tristeza, saudade de casa, dos famili-ares, amigos e colegas. Não somente a criança, mastambém os familiares passam por momentos de angústiadiante da internação da criança.

Pensando nisso a equipe de saúde que é responsávelpelo cuidado do paciente deve estar atenta a esses as-pectos e auxiliar a família a superar essas dificuldades.Acredita-se que a qualidade da assistência dos cuidadoresestá relacionada à visão da equipe de profissionais. Otrabalho interdisciplinar com a criança e sua família,acaba tornando o atendimento integrado e humanizado,auxiliando no processo de melhora desse paciente7,8.

Mello (1992)9 ressalta ainda a respeito da importânciada atuação do profissional de saúde durante o contatocom a criança, estar atento às atitudes dela, por exemplo,o choro, nervosismo, grito ou perda de fôlego, e procu-rando transmitir segurança a ela e a família. Dessa forma,a criança acaba se tornar mais calma e confiante no pro-fissional. É fundamental ouvir os familiares com paciên-cia e esclarecê-los acerca de suas dúvidas e acolher assuas dificuldades, buscando fortalecer o vínculo e a es-trutura familiar.

Processo de enfermagem e dimensões possí-veis no cuidar

De acordo com Carpenito (2007)10 o processo de en-fermagem tem como maior objetivo ser um método pararesolução de problemas e auxiliar o enfermeiro de formalógica a abordar as situações que podem causar proble-mas. Ajudando assim o enfermeiro a considerar outraspossibilidades e não chegar a uma conclusão rapida-

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mente.Waldow (1992)11 define como processo do cuidar,

todas as atividades desenvolvidas pelo cuidador referen-tes ao ser cuidado baseados em conhecimento científico,habilidade, intuição, pensamento crítico, criatividade,acompanhadas de comportamentos e atitudes de cuidadono sentido de promover, manter e recuperar sua digni-dade e totalidade humana. Essa dignidade e totalidaderealizam a junção do sentido de integridade e plenitudefísica, mental, moral, emocional, social e espiritual nasfases do viver e do morrer, sendo capaz então de se obterum analise de transformação de ambos, cuidadora e sercuidado.

Nosso interesse em observar e refletir sobre estesmicroespaços cuidativos citadas por Teixeira (2008)1

quando bem definidas, tornam-se ferramentas úteis paraconstrução de um cuidado que passa da dimensão pesso-al para a coletiva, a fim de obter informações a respeitodo paciente de forma geral e completa, abrangendo osujeito integralmente, tornando capaz a produção de umdiagnóstico eficaz, e uma resolução eficiente. Pois aocompreender estas possibilidades cuidativas (do eu, dooutro, da família e do lugar), o processo de cuidado tor-na-se integrativo e sempre reinventável, pois as práticassão produzidas também por saberes sociais múltiplos.

Para tanto, é possível com o auxílio dos diagnósticosde enfermagem, desvelar possibilidades de intervenção,analisando as características nestas multiextensões docuidado.

Diagnósticos de enfermagemHorta (1979)12, baseando-se na teoria da motivação

humana de Maslow propôs o processo de enfermagemem seis fases, sendo o diagnóstico uma destas fases. En-tretanto, observou que, na aplicação do processo de en-fermagem, o enfermeiro encontra uma grande dificulda-de para estabelecer o diagnóstico e atribuiu como causaso desconhecimento dos sintomas, das necessidades bá-sicas alteradas e da nomenclatura destas necessidades,entre outras13.

Carpenito (2012)14 ressalta ainda que é tão impor-tante e necessário para a enfermagem como o diagnósti-co médico para a medicina. Através de um diagnósticoeficaz, é possível prestar um cuidado ao paciente, deforma a atender as suas verdadeiras necessidades, siste-matizando o cuidado da enfermagem.

Ao discorrer sobre o assunto Nanda (2013)15 apre-senta como missão, facilitar o desenvolvimento, o aper-feiçoamento, a disseminação e a utilização de termino-logias padronizadas para os diagnósticos de enfermagem,sempre tendo como visão o paciente como um todo.

Com base no pensamento de Teixeira (2008)1 a res-peito do cuidado e em minhas experiências contidas até opresente momento, observei que saber identificar as pos-síveis dificuldades, relacionando-as aos diagnósticos de

enfermagem, mais precisos, a fim de aplicar interven-ções envolvendo família, paciente e profissional de ma-neira integral, é de fundamental importância e deve estartotalmente interligado ao cuidado prestado ao paciente,estabelecendo assim uma relação interpessoal entre oenfermeiro e a família da criança hospitalizada, promo-vendo um cuidado de maneira sistematizada e humani-zada prezando as particularidades de cada um, aprimo-rando a participação dos envolvidos no processo do cui-dado capazes de influenciar no tratamento de forma po-sitiva.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da PesquisaO estudo é caracterizado em uma investigação de

caráter qualitativa e exploratória, realizada na unidade depediatria de um hospital privado, na cidade de Saran-di\PR. Tendo participação da equipe de enfermagem norequisito de relação interpessoal, como parte fundamen-tal na estruturação desta pesquisa.

Segundo Mattar (1996)16, a pesquisa exploratória éapropriada para os primeiros estágios de investigaçãoquando a familiaridade, o conhecimento e a compreen-são do fenômeno por parte do pesquisador são, geral-mente, insuficientes ou inexistentes. A pesquisa explo-ratória também pode ser usada como um passo inicial deum processo contínuo de pesquisa, seguindo similar-mente a proposta deste estudo.

Minayo (2003)17 considera a pesquisa qualitativacomo uma construção da realidade, mas que se preocupacom as ciências sociais em um nível de realidade quenão pode ser quantificado, trabalhando através de cren-ças, valores, significados e outras profundas relações quenão podem ser reduzidos à operacionalização de variá-veis.

Os dados foram adquiridos através de entrevista se-miestruturada, e observação por meio de relatos em diá-rio de campo e gravações das entrevistas, seguindo umpadrão de questionários com questões relacionadas àdificuldade de enfrentamento da criança e da famíliaperante a hospitalização, para tanto, subdividimos teori-camente o domínio: 7 - Papéis e Relacionamentos daNanda (2013)15, nas multiextensões cuidativas do cuidardo eu, do outro e da família1 levantando dados através deobservação e informações adquiridas do paciente, e fa-mília.

Aspectos éticosO início da pesquisa se deu após a autorização da di-

reção responsável pela avaliação e realização de pesqui-sas de campo, referentes ao setor de pediatria do hospital,após avaliação a presente pesquisa foi aceita e homolo-gada pelo responsável da instituição e pelo pesquisador.

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O projeto apresentado foi enviado ao Comitê de Éti-ca em Pesquisa que emitiu autorização de pesquisa comseres humanos, conforme estabelece a Resolução nº196/1996 do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

Critérios de inclusão de participantesFizeram parte deste estudo 3 crianças e seus respec-

tivos familiares, que estavam em atendimento na unida-de pediátrica do referido hospital. O critério de escolhados participantes da pesquisa foi realizado através deanálise dos prontuários de atendimento concedido peloenfermeiro responsável do setor, onde foram seleciona-das as crianças com idade acima de 6 anos e menores de14 anos.

Os contatos foram realizados no hospital durante operíodo de hospitalização, onde todos os pais obtiveramuma boa aceitação e participação da pesquisa facilitandoa obtenção dos dados, onde os conteúdos da entrevistarealizados durante os dois encontros possibilitaram umaconvergência de enunciações. Os pais acompanhantesestiveram presentes durante todo o período de realizaçãoda pesquisa sendo colaborativos e facilitando a conclu-são da mesma.

Foi estabelecido este critério de idade em detrimentoda capacidade congnitiva das mesmas em responder aosquestionamentos. Pois segundo Gessel (1963)18,acredita-se que aos 7 anos de idade a criança ja possui oseu carácter esboçado, a personalidade um poucodefinida e a inteligencia desperta. Possue um novocaminho, um novo caminho a percorrer, alarga a suaconsciência e seu conhecimento do mundo, amplia oconceito das coisas e começa a introduzir o mundo emseu interior

Coleta de dados e procedimento de análiseA coleta de dados foi realizada no setor de pediatria

do hospital durante o período de outubro de 2013, pormeio dos 03 encontros com os pacientes e familiares demaneira individual. Foi realizado ao todo 01 encontrocom cada paciente e familiar durante o período de hos-pitalização, sendo caracterizado como satisfatório pelaquantidade e qualidade das informações obtidas. Levan-do em consideração a citação de Minayo (1998)19 queressalta que a pesquisa qualitativa não e baseia em crité-rio numéricos para garantir sua representatividade.

A coleta de dados foi realizada através de observaçãolivre e entrevista semiestruturada subdividida entre asmultiextensões cuidativas (cuidar do eu, do outro e dafamília) propostas por Teixeira (2008)1.

Ao decorrer das entrevistas, as análises foram dirigi-das sobre um roteiro constituído de questões abertas,elaborado pela pesquisadora. Que foram realizadas tantocom as crianças, como com os acompanhantes de cadauma com o intuito de discorrer a respeito do enfrenta-

mento infantil perante a hospitalização dentro das mul-tiextensões do cuidado, e subdivididas em domínios queincluem o cuidado do eu, do outro e da família. As en-trevistas foram gravadas em gravador digital, com con-sentimento prévio das famílias e transcritas na íntegra.

Após todas as análises diagnósticas relacionaremosos mesmos em um quadro de identificação, possibili-tando nesta medida um panorama geral dos diagnósticosinferidos.

3. RESULTADOS

Análises FamiliaresA identificação dos diagnósticos será apontada com o

auxílio do livro Nanda (2013)15, fundamentados meto-dologicamente na cartografia simbólica do cuidado,através das informações colhidas dos pacientes e da aná-lise das entrevistas obtivemos os resultados subdividin-do-os nas multiextensões de cuidado1.

O diagrama que segue abaixo corresponde as multi-extensões do cuidado do “EU” relacionadas as questõesabordadas com os 3 familiares participantes:

Figura 1. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

Levando em consideração as reflexões de Teixeira(2008)1 a respeito do cuidado do eu, podemos observarque os acompanhantes relacionam a saúde com o fatode estar ou não doentes, como não apresentam sinais dedoença visíveis, acabam não cuidando da saúde de ma-neira geral, por acreditar que o estado de saúde dependeunicamente da presença ou não de sintomas. Deixandode lado o cuidado de si, além do bem estar físico tam-bém a satisfação do estado mental. Isso nos leva a corre-lacionar ainda o modelo biomédico em que a sociedadeestá inserida.

Ao correlacionar a questão de satisfação com a vidacom Nanda (2013)15 encontra-se nesses pacientes umdiagnóstico em comum de ¨Processos familiares dis-funcionais¨ com características definidoras semelhan-

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tesno que diz respeito a Problemas econômicos. Poisatravés da análise de entrevista, utilizando método deobservação pode-se compreender que esses pacientesacabaram relacionando o estar bem, com aspectos fi-nanceiros, por se tratarem de famílias carentes. O bemestar geral acaba por se resumir em ter ou não condiçõesfinanceiras satisfatórias. Deixando de lado a relação deque satisfação com a vida está associada a momentos delazer, saúde, educação, segurança entre outros. Tendo emvista o cuidado do “EU” como aspectos exteriores, eassim vão descuidando dos aspectos invisíveis e interio-res.

Já na questão que se refere ao que o paciente sentefalta quando se encontra no meio hospitalar comoacompanhante, levantou-se o diagnóstico de enferma-gem de ¨Tensão do papel do cuidador¨, pois as respos-tas dos acompanhantes demonstraram como caracterís-ticas definidoras aspectos de mudanças nas atividadesde lazer, ao expressar a falta do simples fato de estar emcasa demonstrado como grande fator de satisfação portodos eles. E Falta de tempo para satisfazer as neces-sidades pessoais, pois a tensão de estar no hospitalexercendo o papel de acompanhante está correlacionadaao fato de não poder trabalhar para satisfazer as necessi-dades básicas da família.

Na extensão de cuidado do “OUTRO” inferimos asquestões apesentadas na Figura 2.

Figura 2. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

A dimensão do cuidar do outro descrito por Teixeira(2008)1 inclui, os membros da família (do espaço do-méstico) e os demais membros (do espaço da comuni-dade). Dentro do cuidado para com o outro, em relaçãoaos demais membros (comunidade), incluímos a relaçãodo acompanhante com o profissional de saúde, que in-fluência de maneira direta no tratamento da criança hos-pitalizada. O acompanhante não demonstra satisfação no

ambiente hospitalar de forma predominante. Dentro dasfalas identificamos que o hospital é considerado por elesum lugar ruim, denominado como um local para doentes,onde o conforto do próprio acompanhante não é levadoem consideração, o mais importante acaba sendo o tra-tamento com agilidade, e a recuperação da saúde da cri-ança.

Ao observar as considerações dos pacientes a respeitodo atendimento de suas necessidades básicas no hospital,os mesmos classificam como satisfatórias, porém, aoutilizar o método de observação, pode-se analisar que omesmo não possui critérios elevados de realização dasnecessidades básicas pessoais, pois para eles o mais im-portante é o bem estar da criança, deixando de se atentaras suas necessidades de conforto e bem estar básicas, quenão estavam sendo atendidas no meio hospitalar.

Após a análise do questionário direcionado as ques-tões relacionadas ao cuidado do outro em âmbito social,pode-se identificar o diagnóstico de ¨Interação socialprejudicada¨ através das características definidoras deComportamentos de interação social mal sucedidos edesconforto em situações sociais, pois diante das res-postas e da observação do pesquisador no campo depesquisa, pode-se identificar dificuldades de interaçãosocial tanto entre acompanhante e enfermeiro quantoentre os próprios acompanhantes (ao dividir os quartos).

A falta de interação entre profissional e paciente ficaclara diante das respostas relacionadas ao entendimentoda importância dos procedimentos e colaboração doacompanhante perante os mesmos, que deixa a desejarpor falta de conhecimento dos procedimentos que dizemrespeito a criança. E fica clara também a falta de coope-ração do profissional em incluir os pais no processo docuidar de seus filhos.

Na extensão do cuidar da “FAMÍLIA” realizamos asquestões da Figura 3.

Figura 3. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

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Dando continuidade ao cuidado apresentado por Teixeira(2008) agora em âmbito familiar, envolve-se o cuidar deter a atenção com os filhos, que traz um pensamento deser acolhido, de ter uma aliança e cooperação

Diante desse aspecto identificou-se o diagnóstico-de ¨Desempenho de papel ineficaz¨, na questão de ca-pacidade de desenvolver o papel de pai/mãe destinado aele,que segue o relato do acompanhante 1 em deixar adesejar na questão da educação do filho, relacionandonesta medida a característica definidora como senti-mento de impotência, por relatar sentir-se culpado di-ante da falha na educação da criança.

Nessa mesma questão, o acompanhante 2 foi diag-nosticada por ¨Interação social prejudicada¨ tendocomo característica definidora Desconforto em situa-ções sociais, por apresentar dificuldades em se expressardiante do pesquisador, deixando transparecer sua difi-culdade de lidar com situações sociais, não colaborandode maneira eficaz para o bom rendimento da pesquisa.

Já o acompanhante 3 apresentou o diagnóstico de¨Disposição para processos familiares melhorados¨tendo como características definidoras que os papéis dosmembros da família são adequados aos estágios dedesenvolvimento. Pois o acompanhante apresenta semostrar capaz de atender as funções como pai a fim deatender todas as necessidades da filha, através do queestiver ao seu alcance.

Na questão que diz respeito a colaboração dos fami-liares no cuidado com a criança durante a hospitalização,o acompanhante 1 apresenta diagnostico de ¨Disposiçãopara processos familiares alterados¨ e como caracte-rística definidoras de que a família adapta-se a mu-danças, pois mesmo diante do processo familiar inter-rompido a interação (entre marido e mulher) a colabora-ção dos membros para o cuidado com a criança conti-nuam. Já o acompanhante 2 e 3 apresentam diagnosticode ¨Processos familiares disfuncionais¨ tendo comocaracterísticas definidoras baixa percepção do apoiopaterno/materno, pois não possuem colaboração dosmembros da família pai/mãe no cuidado com a criançadurante o período da hospitalização.

Em relação ao atendimento das questões físicas epsíquicas da criança, os acompanhantes acabam porapresentar o diagnóstico de enfermagem de ¨Disposiçãopara processos familiares¨ tendo como característicasdefinidora os relacionamentos positivos, entre pais efilhos mostrando serem capazes de atender as necessi-dades relacionadas as questões físicas e psíquicas dacriança.

Análises das CriançasCom relação às necessidades e dimensões do cuidado

no que se refere ao cuidado do “EU” com as criançasparticipantes referimos os seguintes questionamentos daFigura 4.

Figura 4. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

Ao tratar das dimensões do cuidado redigidas porTeixeira (2008)1 e tendo em vista agora a criança comoobjeto central do trabalho, a primeira questão, que estárelacionada ao microespaço cuidativo do ¨cuidar do eu¨revela a satisfação do cuidado prestado a criança emâmbito hospitalar, em sua própria visão. Diante da aná-lise da questão identificou-se o diagnóstico de enferma-gem para ¨Disposição para relacionamento melhora-do¨ tendo como característica definidora que a criançademonstra autonomia bem equilibrada e colaboraçãoentre os parceiros. Pois ao pensar no cuidado colocandoo ¨eu¨ no centro da questão, a criança demonstra saber aimportância de ser cuidado, para sua melhor recuperação,e demonstra um boa aceitação desse cuidado, através damanutenção de um bom relacionamento com o profissi-onal de saúde.

Na questão seguinte relacionada o que mais a criançasente falta quando está em ambiente hospitalar, encon-tra-se com o diagnóstico de enfermagem ¨Disposiçãopara processos familiares melhorados¨ tendo comocaracterísticas definidoras os laços da família que sãomantidos, pois liga diretamente a falta do convívio fa-miliar em casa, ao lembrar dos membros da família comalegria, e demonstrar satisfação perante o convívio comos mesmos. Essa falta do convívio familiar para a crian-ça poderia ser amenizada, se houvesse uma maior inser-ção da família no processo do cuidar da criança, envol-vendo além dos acompanhantes (pai/mãe), os demaismembros da família como os citados nas respostas dascrianças. Ajudando-a, a associar o período da hospitali-zação, com o fortalecimento dos laços familiares.

Na questão que a criança é questionada a respeito decomo ela gostaria de ser tratada no ambiente hospitalar,pode-se aplicar o microespaço cuidativo redigido porTeixeira (2008)1 do ¨cuidar do lugar¨, visando o cuidadoegocêntrico (cuidado cotidiano), dando ênfase nos indi-

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víduos ¨particulares¨, relacionando o hospital ao seumundo cotidiano, onde a criança liga seus desejos dohospital aos que ela deixa de fazer, quando está nomesmo, que é em sua maioria o ¨brincar¨. Esse desejopoderia ser amenizado se a criança obtive-se meios dedistração voltadas a diversão, como por exemplo a in-serção de uma brinquedoteca na ala pediátrica, ajudandoa criança a passar por esse momento nada agradável demaneira mais tranquila.

Na questão que diz respeito a compreensão da crian-ça diante do processo de hospitalização, pode-se identi-ficar o diagnóstico de enfermagem de ¨Desempenho depapel ineficaz¨ tendo como característica definidora,conhecimento deficiente, a respeito de sua própria in-ternação. O conhecimento que as crianças apresentaramrespeito do porquê estar internados, não foram satisfató-rias, pois diante da observação do pesquisador as crian-ças não sabiam identificar com segurança o verdadeiromotivo da hospitalização repetindo apenas o que aviaouvido pelo acompanhante. Apresentando uma falha naconduta do profissional que deveria deixar a criança in-formada e orientada a respeito de sua hospitalizaçãosendo capaz de definir a importância da mesma para si eo verdadeiro motivo pelo qual está hospitalizado.

Pois segundo Gessel (1963) ela já capaz de entendero motivo da hospitalização de maneira clara, e saber sepronunciar a respeito de sua importância em seu trata-mento.

Já na extensão cuidado do “OUTRO”realizamos asseguintes questões apresentadas na Figura 5.

Figura 5. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

A questão relacionada ao ¨cuidar do outro¨ citado porTeixeira (2008) tendo em vista o cuidado na visão dosdemais membros em âmbito hospitalar, relacionando aquestão do que mais a criança gosta no hospital,podemosextrair considerações positivas. A primeira criança, por

exemplo, relaciona ¨tomar remédio¨ como sendo algopositivo para ela. Isso transparece a ação do profissionalem tornar esse ato que quase sempre é indesejado pelascrianças como sendo algo satisfatório. A segunda criança,também cita uma boa característica do cuidar referenteao pintar e desenhar. O que demonstra que o cuidadoestá sendo transparecido de forma dinâmica através dealgumas estratégias de distração. Já a terceira criança,relaciona o bom atendimento do profissional para comele de forma positiva mostrando uma boa interação paracom o mesmo durante a hospitalização.

Nas conexões do eu com o outro (profissional) emâmbito hospitalar, relacionadas a questão, do que elasacham das pessoas que as atendem, as crianças deixamtransparecer uma boa relação entre paciente e profissio-nal, ao citarem as cuidadoras como ¨legais¨e ¨boazinhas¨. A segunda criança se diverte ao expressaro desejo de que os profissionais se vestirem de palhaço.Sem perceber a mesma deixa transparecer uma das me-lhores alternativas de cuidado através de uma simplesaparência.

Como cita Crepaldi (2006)21 a maioria das vezes acriança associa o jaleco branco com o hospital e muitasvezes com a dor causada pelos procedimentos, tornandoassim um bloqueio entre o profissional e a criança, po-dendo até dificultar o seu tratamento. Não necessaria-mente vestir-se de palhaço, mas o profissional pode usara criatividade para tornar esse momento o menos desa-gradável possível.

Figura 6. Acrescentar legenda. Fonte: Pesquisadores

Em relação às conexões interpessoais relacionadasao ¨cuidar do outro¨, na questão em que a criança équestionada a respeito da interatividade com as outrascriança no meio hospitalar, pode-se identificar o diag-nóstico de enfermagem de ¨Interação social prejudi-cada¨, relacionados as características definidoras decomportamento de interação social malsucedidos ecapacidade de receber uma sensação satisfatória de

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envolvimento social, devido à falta de compatibilidadede idades dentro do quarto, citado pela segunda e tercei-ra criança, como fator que dificulta a sociabilização damesma com companheiros do mesmo quarto.

Esse problema de sociabilização poderia ser resolvi-do se houvesse uma separação ou classificação de paci-entes pela mesma faixa etária, quebrando assim barreirasde comunicações, entre as crianças, visando essa intera-ção social dentro do quarto como fator fundamental notratamento das mesmas.

Já no âmbito das extensões de cuidado da “FAMÍ-LIA” realizamos as seguintes questões (Figura 6).

Baseado no microespaço cuidativo focado no ¨cuidardo outro¨ com ênfase na ¨Família¨ citados por Teixeira(2008) discorre-se a respeito da inserção da família nocuidado hospitalar, através da questão da importânciaque a criança da ao acompanhante durante sua hospitali-zação. Nessa questão a criança demonstra quão depen-dente é do cuidado do acompanhante para com ele du-rante a hospitalização. Observou-se que o acompanhanteé quem vai dar a segurança para essa criança durantetodo o período da hospitalização participando de manei-ra direta no processo de saúde-doença da criança.

Cabe assim ao acompanhante oferecer a criança osuporte necessário durante esse período de sua vida.Como cita Boff (1999), saber cuidar manifesta-se quan-do os indivíduos se organizam entre si e começam comprática que visam transformar as relações sociais, pro-movendo o cuidado com os próprios semelhantes.

Saber cuidar é um momento de atenção, dezelo e de deszelo, uma atitude de ocupação, pre-ocupação, de responsabilidade e de desenvolvi-mento afetivo com o outro. Implica ter intimidade,senti-las dentro, acolhê-las, respeitá-las, dar-lhesossego e repouso, entrar em sintonia com, aus-cultar lhe o ritmo e afinar-se com ele (outro)(BOFF, 199922, p.54 apud TEIXEIRA et al 2006).

Na questão relacionada à o que a criança sente faltade fazer com a família quando está no hospital, identi-ficou-se o diagnóstico de enfermagem de ¨Disposiçãopara paternidade ou maternidade melhorada¨ apre-sentando características definidoras de que os filhosexpressão satisfação com o ambiente familiar, basea-das nas conexões do cuidarrelacionados a ¨vivencia fa-miliar¨. Pois relacionam as atividades realizadas com afamília e a convivência familiar, como sendo o que maisfaz falta durante o período da hospitalização.

4. DISCUSSÃOAcreditamos que através de uma interação eficiente

entre paciente e profissional pode sim haver um cuidadohumanizado, onde o paciente esteja realmente no centrode nossas atenções e ações.

Compreendemos que a criança nunca deve ser aten-dida de maneira individual. Consideramos ser papel fun-damental do profissional de saúde, incluir a família nesseprocesso do cuidar, dando ao acompanhante, a mesmaimportância que deve ser dada a criança.

Ao nos depararmos com seres tão pequenos e tão de-pendentes de um cuidado de qualidade, na unidade pedi-átrica, penso que dentro de um hospital o enfermeiro é omaior responsável pela qualidade do cuidado dessa cri-ança, até mesmo mais que os pais, em um primeiro mo-mento, até que os mesmos se apoderem desse cuidado,pois pelo que foi visto nesta pesquisa, não é só a criançaque está passando pelo processo da internação naquelemomento, que depende do profissional de saúde parasuprir suas necessidades, mas também os pais (acompa-nhantes) são totalmente dependentes do cuidado e aten-ção desse profissional.

Ao levantar os diagnósticos de enfermagem, que fa-zem parte do processo de enfermagem como uma de suasetapas, o vemos como uma prática que deve estar incluí-da no dia a dia do enfermeiro como profissional de qua-lidade.

Pois a classificação dos diagnósticos das crianças efamiliares foi o que possibilitou o estudo holístico desuas dimensões, desvelando o levantamento dos proble-mas a serem resolvidos de cada um, de maneira diferen-ciada, de acordo com a suas verdadeiras necessidades.

5. CONCLUSÕESCom Diante das considerações do presente estudo

destacam-se alguns conceitos pelo qual podem levar àcontribuições futuras:

Para o ensino mostra-se a importância da absorção detodo o conteúdo ministrado pelo docente durante a for-mação do aluno para um futuro profissional, capaz deentender a verdadeira essência do cuidado e poder trans-miti-lo ao paciente de maneira eficaz e com qualidade.

Para a pesquisa, ressaltando a importância de estudosque visem conhecer o ser em suas diversas dimensões deforma a encontrar novas alternativas de estudos a respeitodo cuidado transcultural, propiciando novas dimensõesao cuidado prestado ao ser humano; para o cuidado, vi-sando o diagnóstico de enfermagem como elemento fun-damental da assistência de enfermagem, interagindo coma mesma de maneira direta, deixando de lado a assistên-cia biomédica do profissional de saúde, para uma assis-tência humanizada, sistematizando o cuidado em suascomplexidades.

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TIPOS DE SUTURAS E NÓS ESPECÍFICOS NAOPERAÇÃO VÍDEOLAPAROSCÓPICA:

UMA REVISÃO DE LITERATURA

TYPES OF SUTURES AND SPECIFIC KNOTS IN THE LAPAROSCOPIC OPERATION: ALITERATURE REVIEW

VINICIUS SOARES AGUILAR E SILVA1, LORENA SOUZA RODRIGUES1, TIAGO TESSARO SALEIS2,VANESSA YURI NAKAOKA ELIAS DA SILVA3*

1. Acadêmicos do 10º período de Medicina; 2. Médico Cirurgião, Professor Preceptor Cirurgia - Faculdade de Medicina de Ipatin-ga/IMES – MG. 3. Acadêmica de Medicina, Graduada em Fisioterapia, Pós-Graduada em Saúde Pública/PSF; Mestre em Imunopa-tologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias, ex-docente Citologia, Histologia, Patologia, Parasitologia Faculdade Pitágoras.

* IMES (FAMEVAÇO) – Av. Marechal Cândido Rondon 850, Ipatinga Minas Gerais, Brasil. CEP: 35164-314. [email protected].

Recebido em 13/01/2014. Aceito para publicação em 16/01/2014

RESUMOA cirurgia laparoscópica é um avanço importante na cirurgiaatual, baseada nos princípios da cirurgia minimamente inva-siva, cujas vantagens são diminuição do desconforto nopós-operatório e alta hospitalar precoce, com diminuição decomplicações (hérnias, infecção de sítio cirúrgico, entre outras).A taxa de mortalidade é insignificante. Microcâmeras, lapa-roscópio ou telescópio, monitor, insuflador eletrônico, e pinçasespecíficas são exemplos de equipamentos usados na videola-paroscopia. Apesar das ligaduras e nós da vídeololaparoscopianão se diferenciarem fundamentalmente da cirurgia aberta,determinadas variações técnicas são imprescindíveis pelaspeculiaridades desta cirurgia. A ausência do contato manual edo tato, utilização de pinças longas e campo visual restrito,traduz carência da detecção de profundidade adequada davisão em duas dimensões. A ampliação das imagens ví-deo-dependentes carece de uma diminuição ajustada da velo-cidade e amplitude dos movimentos Dificuldades como as rela-cionadas ao manuseio das duas pinças e movimentos erráticospodem surgir inicialmente, mas recursos simples como clipes eclipadores substituem as ligaduras e os grampeadores na apro-ximação de tecidos e realização de anastomoses. Dessa forma,esse artigo tem por objetivo descrever a importância crescentedesta técnica recente e a cada dia mais empregada nas cirurgi-as motivou uma pesquisa bibliográfica acerca dos possíveistipos de sutura e nós utilizados. Dessa forma, o objetivo geraldo presente trabalho visa compilar os tipos de nós e suturasmais usados na videolaparoscopia, e especificamente demons-trar por meio de figuras ilustrativas a descrição as técnicasempregadas em tais nós e suturas. Para o presente estudo serãoutilizadas as bases de dados Scientific Eletronic Library Online(SCIELO), Google Acadêmico e NCBI Pubmed. Embora liga-duras e nós da vídeololaparoscopia sejam semelhantes às utili-zadas na cirurgia aberta, variabilidades técnicas são funda-mentais e determinadas pelas singularidades desta cirurgia. Ainexistência de contato manual e do tato, o uso de pinças ex-

tensas e limitada perspectiva visual, acarreta escassez na per-cepção da profundidade dimensional. Recursos simples taiscomo clipes e grampeadores substituem as elaboradas ligadurasnas anastomoses, mas além de onerar os procedimentos, podemeventualmente não substituir suturas e ligaduras. Há necessi-dade do desenvolvimento de clipes e grampeadores alternati-vos, com a mesma eficiência e com preços mais acessíveis, alémda manutenção da adequação profissional no que diz respeitoao treino de ligaduras e anastomoses manuais. As suturas po-dem ser elaboradas pontos separados ou de forma contínua, eos nós intra ou extracorpóreos. Os nós intracorpóreos deter-minam a necessidade de maior treinamento, mas são práticos erápidos, sendo por isso preferidos pela maioria dos cirurgiões.Já os extracorpóreos são indicados se o espaço intracavitário fordiminuto ou se houver prioridade de preensão tecidual fortesobre vaso sanguíneo importante, ou ligadura de estruturas.

PALAVRAS-CHAVE: Videolaparoscopia, cirurgia minimamenteinvasiva, nós e suturas em videolaparoscopia.

ABSTRACTLaparoscopic surgery is a major improvement on the current sur-gery, based on the principles of minimally invasive surgery, whoseadvantages are less discomfort postoperatively and early hospitaldischarge, a reduction of complications (hernias , surgical siteinfection , among other ) . The mortality rate is negligible. Microcameras, laparoscope telescope or monitor electronic insufflatorand forceps are specific examples of equipment used in laparosco-py. Despite the videolaparoscopy bandages and we do not differ-entiate fundamentally open surgery, certain technical changes areessential because of the peculiarities of this surgery. The absenceof manual contact and touch, using long tweezers and restrictedvisual field, reflects lack of detection of adequate depth of visionin two dimensions. Images magnification video lacks an adjusteddependent decrease in speed and am ¬ amplitude of movementsand difficulties related to the handling of the two tweezers and

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erratic movements may initially appear, but simple features likeclippers clips and replace the bandages and staplers in tissue ap-proximation and anastomosis. Thus, this article aims to describethe growing importance of this new technique and increasinglyused in surgery prompted a bibliographical survey is about thepossible types of suture and we used. Thus, the overall goal of thiswork is to compile the types of knots and sutures commonly usedin laparoscopy, and specifically demonstrate through illustrativefigures describing the techniques used in such knots and sutures.For the present study databases Scientific Electronic LibraryOnline (SciELO), NCBI PubMed and Google Scholar are used.Although the bands and we videolaparoscopy are similar to thoseused in open surgery, are fundamental and technical variabilitydetermined by the singularities of this surgery. The lack of manualcontact and touch, the extensive use of tweezers and limited visualperspective, entails the perception of scarcity dimensional depth.Easy resources such as paper clips and staplers replace the elabo-rate anastomoses in bandages, but in addition to encumber proce-dures cannot possibly replace sutures and ligatures. There necessi-tate the development of alternative clips and staplers, with thesame efficiency and more affordable prices, and the maintenanceof professional suitability with regard to the training of bandagesand surgical anastomosis. Sutures points may be made separatefrom or continuously, and intra-or extracorporeal us. The intracor-poreal we determine the need for more training, but are practicaland quick and is therefore preferred by most surgeons. Alreadyextracorporeal are indicated if the intracavitary space is low or ifthere is strong tissue hold priority over major blood vessel , liga-tion or structures.

Keywords: Laparoscopy, minimally invasive surgery, laparo-scopic knots and sutures.

1. INTRODUÇÃOA cirurgia por via laparoscópica pode ser considerada

um avanço importante na cirurgia atual, e se fundamentanos princípios da cirurgia minimamente invasiva, cujasvantagens são diminuição do desconforto no pós-operatório e alta hospitalar precoce, com diminuição decomplicações, tais como hérnias, infecção de sítiocirúrgico, entre outras1,2,3.

Entretanto, existem eventuais complicações advindasdessa modalidade cirúrgica, segundo Nascimento e Eger(2002), em sua análise de 149 casos de cirugias videola-paroscpópicas para retirada de processos expansivosanexiais benignos, com taxa de 4% neste estudo, e 3,7%no estudo de Maior (2005). Porém, mesmo havendocomplicações, a taxa de mortalidade é insignificante4, 5.

A palavra laparoscopia vem do grego lapara –“tecido mole do corpo encontrado entre as costelas, oquadril, os flancos e a região lombar” - e skopein –“olhar para” 6.

Microcâmeras, laparoscópio ou telescópio, monitor,insuflador eletrônico, e pinças específicas são exemplosde equipamentos usados na videolaparoscopia 2.

Apesar das ligaduras e nós da vídeololaparoscopianão se diferenciarem fundamentalmente da cirurgiaaberta, determinadas variações técnicas sãoimprescindíveis pelas peculiaridades desta cirurgia. Aausência do contato manual e do tato, utilização depinças longas e campo visual restrito, traduz carência dadetecção de profundidade adequada da visão em duasdimensões. A ampliação das imagens vídeo-dependentescarece de uma diminuição ajustada da velocidade e am-plitude dos movimentos7,8.

Dificuldades como as relacionadas ao manuseio dasduas pinças e movimentos erráticos podem surgirinicialmente, mas recursos simples como clipes eclipadores substituem as ligaduras e os grampeadores(staplers) na aproximação de tecidos e realização deanastomoses. Estão disponíveis no mercadoinstrumentos automáticos de amarrar nós. Tais recursostornam procedimentos custosos, podendo não substituirsuturas e ligaduras, as quais continuam necessárias emdeterminadas situações7,8.

Algumas agulhas diferem em seu formato daquelas dacirurgia convencional. As formas disponíveis são asretas, canoa, esqui (geralmente não apresentamdificuldades para serem colocadas dentro da cavidadeabdominal), e curvas (podem apresentar dificuldade paraserem introduzidas dentro da cavidade abdominal, sendoàs vezes necessário um porta-agulhas comum), todaspré-montadas e encastoadas7,8.

Os fios são classificados em absorvíveis e nãoabsorvíveis, mono ou multifilamentares (e estes últimos,torcidos ou trançados). São diferenciados também porseu grau de maleabilidade, memória, força tênsil,coeficiente de atrito e reatividade do tecido. Não existefio ideal, e por isso o cirurgião precisa escolher um que seadapte adequadamente à sutura ou ligadura propostas 7,8.

Dessa forma, o objetivo geral do presente trabalhovisa compilar os tipos de nós e suturas mais usados navideolaparoscopia, e especificamente demonstrar pormeio de figuras ilustrativas a descrição as técnicas em-pregadas em tais nós e suturas.

2. MATERIAL E MÉTODOSPara o presente estudo serão utilizadas as bases de

dados Scientific Eletronic Library Online (SCIELO),Google Acadêmico e NCBI Pubmed, entre os anos 1999e 2014.

3. DESENVOLVIMENTOO Nós cirúrgicos

Como citado por Takaori & Uemoto (2011), a segu-rança e a força deterinados por um nó são as principaisapreensões do cirurgião desde os últimos 4000 anos.

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Figura 1. Preparação dos nós simples e duplo. A. O instrumento disposto dolado direito prende a extremidade longa do fio, para obtenção de uma alça em "C".O instrumento da mão esquerda é introduzido no interior da alça, sendo o fio enro-lado sobre ele, uma vez (nó simples) ou duas vezes (nó duplo). B. Os dois instru-mentos são movimentados no sentido da extremidade mais curta do fio. C. O ladocurto deve ser puxado para a parte interna das voltas do fio em torno do instrumentoda esquerda e ambos os instrumentos são tracionados em sentidos opostos, aper-tando o nó fixador. D. Através de um deslocamento direita para o lado oposto aodo plano do nó forma-se outra alça em “C”. Coloca-se o instrumento da direita nointerior da alça, e a extremidade longa no instrumento da esquerda, enrolado sobreele, e realiza-se uma volta. Deslocam-se os instrumentos no sentido da ponta daextremidade curta. E. Tracionam-se as extremidades do fio em sentidos contrários,apertando o nó de fixação. Seccionam-se com tesoura as extremidades dos fios eretiram-se os mesmos da cavidade pelo redutor tubular. Fonte: Adaptado de Parra,20067.

Figura 2. Conversão de nó de cirurgião em nó deslizante. A. Os ins-trumentos pegam o fio do mesmo lado, tracionando-se em sentidoscontrários. B. e C. Aperta-se o nó. D. Realiza-se conversão do nó para onó de cirurgião, antes de se adicionar outros nós de fixação. Fonte:Adaptado deParra, 20067.

Assim, em videocirurgia, os nós são executados ex-tracorporeamente ou totalmente intracorpóreos (estesúltimos necessitam de maior treinamento, são práticos,rápidos e preferidos pela maioria dos cirurgiões). Osextracorpóreos são menos usados, mas possuem indica-

ções, como na modalidade de endolaço (endoloop) 7,8,9,10.

Figura 3. Colocação de endolaço (endoloop). Com nó pré-amarrado dotipo Röder, sobre uma estrutura pediculada através de tração do cabofixo por pinça de preensão, o que leva ao fechamento do laço contra aestrutura a ser ligada. Fonte:Adaptado deParra, 20067.

Os nós Intracorpóreos mais utilizados são o nó simples(nó quadrado) e o nó duplo (nó de cirurgião), começo deuma sutura contínua ou em pontos separados (FIG.1). Onó duplo pode ainda ser convertido em nó deslizante(Figura 2)7,8.

Figura 4. Técnica do nó extracorpóreo verdadeiro. A. Com as duasextremidades exteriorizadas (tampar com o dedo o redutor para nãoperder o pneumoperitôneo) se elaboram um nó simples duplo. Seguraras extremidades do fio com uma mão e com a outra, encaixar no em-purrador a ponta deslizante. B. Deslocar o empurrador para dentro doredutor (destaque 1). Contratração mínima na extremidade fixa deve serusada a fim de não lacerar a estrutura a ser ligada. A ponta do empur-rador deve ir além do plano do nó, (destaque 2). Fonte:Adaptado deParra,20067.

Nós Extracorpóreos são elaborados fora da cavidade,e deslizados para o interior de um “redutor tubular”

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através de “empurradores de nó”, geralmente elaboradoscom fios monofilamentares, os quais deslizam facilmente, eindicados quando o espaço intracavitário for diminuto ouse há necessidade de preensão tecidual forte sobre vasosanguíneo importante, ou ainda em ligadura de estruturas(por exemplo, coto vesicular em apendicectomias). Po-dem ser de dois tipos: laçada pré-montada (endoloop - nópré-armado, (Figuras 3 e 5), e os verdadeiros nós extra-corpóreos, nos quais um dos cabos do fio é introduzido nacavidade a fim de “rodear a estrutura” a ser ligada, ou pormeio de nós verdadeiros (Figura 4)7,8,11.

Figura 5 . Nós Corrediços.Fonte: Zucker, 200210.

SuturasInicia-se a sutura com um posicionamento adequado

da agulha no porta-agulhas, perpendicular a ele e à linhade sutura (FIG.6). Com apropriada contrapressão da pinçada mão esquerda, transfixam-se os tecidos, realizandopontos separados ou suturas contínuas 7,8.Pontos separados com Nós extracorpóreos

Raramente utilizados, por serem fastidiosos e delon-gados. Vale-se de agulhas curvas encastoadas montadasem longos fios (70 a 90 cm)7,8.Pontos separados com Nós intracorpóreos

Mais comumente empregados, utilizam agulhas cur-vas acopladas a fios (10 a 15 cm), sendo colocados emsua totalidade no interior da cavidade por meio de umredutor tubular. Após o ponto, realiza-se o nó executadopor intermédio das técnicas descritas. Retira-se pelo re-dutor o excesso de fios seccionados com a tesoura, jun-tamente com a agulha7,8.

Figura 6. Espaçamento e ângulo ideais entre o porta-agulhas e pinçaauxiliar. Agulha corretamente posicionada, em ângulo de 90 em rela-ção ao porta-agulhas e à linha de sutura. Fonte:Adaptado deParra, 20067.

Estudos atuais relatam o desenvolvimento de dispo-sitivos com o objetivo de aperfeiçoar a amarração intra-corpórea, determinando a diminuição do comprometi-mento do sucesso e da força dos nós empregados11.

Suturas contínuas

Necessita de um fio mais alongado (20-15 cm).Amarra-se o início da sutura após passar o primeiroponto. Pode ser usado o nó de Dundee (FIG.7), um nóespecial, “pré-elaborado”, que possui uma pequena la-çada na extremidade oposta à agulha, por dentro da qualse passa a agulha após transfixação dos tecidos, semprecisão de outro nó de fixação, iniciando a sutura con-tínua, avançando a mesma de forma tradicional. Termi-na-se com nó simples, de fixação, outros dois de segu-rança ou um nó especial, o nó de Aberdeen (FIG. 9). Talnó possui a vantagem de manutenção da “tensão sobre asutura”7,8.

Já o nó simples é realizado através da união da pontado fio e da alça deixada pela última passagem pelo tecido.Se segura a extremidade do fio com a pinça, originandoum laço com a ao redor da outra pinça. Neste momento,gira-se o fio uma ou duas vezes ao redor de seu eixo,trazendo na sequência, para o interior do laço, a outraextremidade do fio duplo resultante “do afrouxamento daúltima passada da sutura contínua”. Tracionam-se aspinças em sentidos opostos para fixação final, com ela-boração de um ou dois nós simples de segurança (figura8)7,8.

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Figura 7. Laçada de Dundee.. Usado na realização de nó inicial em uma suturacontínua (ou em pontos separados). Possui um nó corrediço sobre a extremidadelonga do fio (da agulha). Se caracteriza por ser fechado à tração pelo lado curto. A.Elaboração do nó e laçada de Dundee. B. Introdução da agulha no laço de Dundee.C. Laçada fechada sobre extremidade longa sem a necessidade de segundo nó desegurança.Fonte: Adaptado deParra, 20067.

Figura 8. Nó comum (simples ou duplo) para finalizar sutura contínua. A. Reali-zado por meio do cabo do fio e da última laçada da sutura contínua afrouxada.Com uma pinça apreende-se a extremidade do fio, criando-se um laço aoredor do porta-agulha, girando-se o fio uma ou duas vezes (nó simples e nóduplo, respectivamente). B. A outra extremidade do fio duplo é tracionadapara interior do laço. C. Trações em direções opostas nas pinças cingem oprimeiro nó. D e E. Nó de segurança executado de maneira semelhante.Fonte: Adaptado deParra, 20067.

Por fim, trabalhos recentes demonstraram que a uti-lização de fios de sutura “farpados” (barbed – V-Loc)pode auxiliar os cirurgiões quando da sutura laparoscó-

pica, pois reduz o tempo operatório e de sutura, além daperda sanguínea12.

Figura 9. Nó de Aberdeen. A e B. Início do nó: introdução do por-ta-agulhas na parte inferior da última alça da sutura contínua. C e D.Colocação do porta-agulhas na nova alça e tração da ponta do fio.E e F. Extremidade livre do fio tracionada e usada para fechar e travar onó. Fonte: Adaptado de Parra 20067.

4. CONCLUSÃOA videolaparoscopia revolucionou a cirurgia, dimi-

nuindo a dor e o tempo de internação pós-operatória,além de complicações. O desenvolvimento de técnicas edispositivos para facilitar a amarração intracorpóreacontribuirá para a melhoria da taxa de sucesso e da forçados nós utilizados.

Embora ligaduras e nós da vídeololaparoscopia sejamsemelhantes às utilizadas na cirurgia aberta, variabilida-des técnicas são fundamentais e determinadas pelas sin-gularidades desta cirurgia. A inexistência de contatomanual e do tato, o uso de pinças extensas e limitadaperspectiva visual, acarreta escassez na percepção daprofundidade dimensional. Recursos simples tais comoclipes e grampeadores substituem as elaboradas ligadurasnas anastomoses, mas além de onerar os procedimentos,podem eventualmente não substituir suturas e ligaduras.

Há necessidade do desenvolvimento de clipes egrampeadores alternativos, com a mesma eficiência ecom preços mais acessíveis, além da manutenção daadequação profissional no que diz respeito ao treino deligaduras e anastomoses manuais.

As suturas podem ser elaboradas pontos separados oude forma contínua, e os nós intra ou extracorpóreos. Osnós intracorpóreos determinam a necessidade de maiortreinamento, mas são práticos e rápidos, sendo por issopreferidos pela maioria dos cirurgiões. Já os extracorpó-

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reos são indicados se o espaço intracavitário for diminutoou se houver prioridade de preensão tecidual forte sobrevaso sanguíneo importante, ou ligadura de estruturas.

Há dificuldade de se encontrar artigos acerca da téc-nica abordada na língua pátria, o que pode ser justificadopor ser recente o emprego da mesma.

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