SITUATION IN KENYA Natália Hangáčová Farhod Asrolov Gloria Villalonga.
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Universidade Federal de Itajubá Instituto de Recursos Naturais
Ciências Biológicas Licenciatura
NATÁLIA ALEXANDRINO PECHT
PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE
PALEONTOLOGIA NO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS
ESTADUAIS DE ITAJUBÁ, MG
ITAJUBÁ -MG
2018
NATÁLIA ALEXANDRINO PECHT
PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE
PALEONTOLOGIA NO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS
ESTADUAIS DE ITAJUBÁ, MG.
Trabalho Final de Graduação apresentado à
Universidade Federal de Itajubá, como parte
das exigências para a conclusão do curso de
Ciências Biológicas Licenciatura.
Orientadora: Msc. Luiza Gabriela de Oliveira
ITAJUBÁ -MG
2018
NATÁLIA ALEXANDRINO PECHT
PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE PALEONTOLOGIA NO
ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE ITAJUBÁ, MG
Itajubá, 26/11/2018
BANCA AVALIADORA
Profa. Drª. Marcela de Moraes Agudo
Professora Convidada
________________________________________
Prof. Drª Janaina Roberta Santos Co-orientadora
________________________________________
Prof. Msc. Luiza Gabriela de Oliveira
Orientadora
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus primeiramente, por me dar sabedoria e me conduzir em
toda a jornada da graduação.
À minha orientadora Luiza, agradeço por sempre me auxiliar, me conduzir
nesse trabalho e por fazer tudo isso com amor e atenção. Aos meus professores
da graduação, agradeço a cada um por tudo o que me ensinaram e por me
mostrarem o quão belo é o ser professor.
A meus pais e ao Rafael: obrigada por sempre acreditarem em mim, mesmo
quando eu não acreditava. A meus amigos da UNIFEI, agradeço pelo apoio, pelo
companheirismo e por ser quem vocês são.
Agradeço também a todas as escolas de Itajubá que nos cederam seu
espaço, aos professores que cederam suas aulas e nos ajudaram em tudo e aos
alunos, por contribuírem de forma crucial para essa pesquisa. Obrigada a cada um
de vocês!
Encerro meus agradecimentos com uma frase belíssima que ouvi de um
amigo professor: “Seja professora não só para ensinar Biologia, mas sim para
ensinar seus alunos a amar Biologia. Amar o que te encanta nela.”
RESUMO
A Paleontologia é uma Ciência interdisciplinar que possui grande importância para o estudo da Biologia, trazendo evidências da evolução e contribuindo para a compreensão de temas como a origem da vida e a história da vida na Terra. Mesmo sendo um tema tão relevante, sua presença ainda é tímida nos currículos nacionais e estaduais de Biologia. Diante desse cenário, o objetivo desse trabalho é identificar como se dão os processos de ensino e aprendizagem de conceitos gerais no estudo da Paleontologia na disciplina de Biologia no ensino médio de escolas estaduais do município de Itajubá, MG. Os resultados obtidos por meio da aplicação de questionários mostram que a maior parte dos professores de Biologia das escolas públicas de Itajubá acredita que o tema é importante, porém a maioria não leciona o conteúdo de Paleontologia, por diversas razões, como falta de tempo, ausência no livro didático, entre outras. Muitos alunos têm noções sobre o assunto, devido à presença da temática em diversas mídias e da divulgação científica e ao ensino em outras disciplinas, como história e geografia. Os alunos também demonstram interesse no tema, principalmente que ele seja tratado na escola, por meio de aulas diferenciadas utilizando-se de recursos variados.
Palavras-chave: Ensino de Biologia. Ensino Médio. Paleontologia. Divulgação Científica. Escola.
ABSTRACT
Paleontology is an interdisciplinary science with a great relevance in the study of Biology, bringing evidences of evolution and contributing to the understanding of themes like the origin and history of Earth’s life. Even if it is such an important topic, its presence it’s still small on national and provincial guidelines of Biology for elementary and high school levels. Acknowledging this scenario, the main objective of this research is to identify how do the process of teaching and learning about general concepts of Paleontology happens in the Biology courses at high school classes of public schools of the city of Itajubá, MG. The results obtained by the application of a form shows that most of Biology teachers of public schools in Itajubá believe the theme is important, however doesn’t teach the content of Paleontology for many reasons as lack of time, absence of the content on the school books, among several others reasons. Many students, though, have notions about the subject because of the presence of this topic in media and science divulgation and in some contents of another courses as History and Geography. The students also demonstrate interest in the theme, mainly to be taught on school itself through different classes using various kinds of didactic resources and medias.
Keywords: Biology Teaching. High School. Paleontology. Scientific Divulgation. School.
LISTA DE FIGURAS
Gráfico 1 Disciplinas lecionadas pelos professores 24
Gráfico 2 Instituição de ensino de formação dos professores 25
Gráfico 3 Há quanto tempo leciona no ensino básico, em anos 26
Gráfico 4 Quais recursos os professores afirmam auxiliar no ensino de
Paleontologia
32
Gráfico 5 Razões que levam os alunos ao desinteresse em relação à
paleontologia
41
Gráfico 6 Como era/ O que havia na Terra há milhares de anos? 46
Gráfico 7 De onde veio seu conhecimento sobre a vida na Terra primitiva? 47
Gráfico 8 Como era/O que havia na Terra há milhares de anos? (alunos que
não indicaram a fonte desse conhecimento)
50
Gráfico 9 Como você gostaria aprender sobre a história da vida na Terra? 53
Gráfico 10 Onde você teve acesso à informação sobre Paleontologia? 57
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... ...8
2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................10
3. METODOLOGIA ........................................................................................................ .17
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...... ...................................................................... .23
4.1 Análise das respostas dos professores .................................................................... .23
4.1.1 Questão 1 à 4 – Formação e atuação dos professores ......................................... .23
4.1.2 Questões 5 à 9 – Sobre o ensino de Paleontologia..................................................26
4.2.O que os alunos sabem sobre Paleontologia ........................................................... .33
4.2.1.Explique com suas palavras o que ensina a Paleontologia ................................... .34
4.2.1.1 Categoria: “Relaciona Paleontologia com o estudo de fósseis e dinossauros”.....34
4.2.1.2 Categoria: “Relaciona Paleontologia com o estudo de fósseis e dinossauros e
ainda liga o tema com conceitos como: eras geológicas, evolução, biodiversidade,
entre outros” ......................................................................................................................36
4.2.1.3 Categoria “Não sabe/ Não respondeu”..................................................................37
4.2.2- Você acha interessante aprender sobre a Paleontologia? Por quê?......................37
4.2.2.1 Categoria: “Afirma que sim, por curiosidade/interesse”.........................................38
4.2.2.2 Categoria “Afirma que sim, para aprender mais sobre evolução/origem das
espécies/vida pré-histórica”...............................................................................................39
4.2.2.3 Categoria “Afirma que não, pois não tem interesse/ Não tem certeza, pois não
sabe do que se trata/ Afirma apenas que não/ Não sabe/ Não respondeu”......................40
4.2.3 O que são fósseis? Como você poderia descrever a importância desses materiais
para a Biologia?.................................................................................................................42
4.2.3.1 Categoria “Relaciona fóssil com o conceito de ossos/restos antigos e menciona
sua importância para Biologia" .........................................................................................42
4.2.3.2 Categoria "Relaciona fóssil com o conceito de ossos/restos antigos. Não sabe/
Não disse a importância dos fósseis para a Biologia".......................................................44
4.2.4 Você sabe como era a vida na Terra há milhões de anos? Como você sabe
disso?.................................................................................................................................45
4.2.4.1 Categoria "Descreve eventos/seres que viviam na Terra e indicam a fonte
dessas informações"..........................................................................................................46
4.2.4.2 Categoria "Responde de acordo com visões religiosas”.......................................50
4.2.4.3 Categoria "Não sabe/Não entendeu”.....................................................................51
4.2.5 Caso você não saiba, você gostaria de saber como era a vida na Terra há milhões
de anos? Como você gostaria de saber sobre isso?.........................................................52
4.2.5.1 Categoria “Afirma que gostaria de aprender sobre e indica como".......................52
4.2.5.2 Categoria “Não quer aprender sobre/Não sabe/Não respondeu”..........................56
4.2.6 Onde você teve acesso à informações sobre a Paleontologia?...............................57
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. .60
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ .62
APÊNDICES ..................................................................................................................... .68
8
1. INTRODUÇÃO
O presente Trabalho Final de Graduação (TFG) parte do princípio que a
Paleontologia é importante e tem muita relevância para a compreensão de diversos
conceitos das Ciências Naturais, sendo seu aprendizado fundamental para o
entendimento de processos e fenômenos pertencentes às mais diversas áreas como,
por exemplo: Evolução, Zoologia, Botânica, Geologia, entre outras. Ao contar a
história da vida na Terra, a Paleontologia é pertinente para que se compreenda as
diversas áreas da biologia de forma cronológica e integrada com a Evolução dos seres
vivos. Acreditamos, porém, que a escola básica por vezes falha em relacionar os
diferentes conteúdos das Ciências Naturais com a Paleontologia, apesar da íntima
relação entre essas ciências.
Acreditamos que isso ocorre, pois, na formação de professores, há uma
carência no aprendizado da Paleontologia, com a maioria dos cursos de Licenciatura
tendo apenas uma disciplina sobre o tema. Além disso, nem sempre o estudo da
Paleontologia no ensino superior abrange as estreitas relações da mesma com as
outras áreas das Ciências Biológicas.
Outro fator que acreditamos influenciar o ensino de Paleontologia na educação
básica é a limitada presença desse tema nos livros didáticos e a carência de materiais
paradidáticos que poderiam auxiliar o professor a abordar esse tema de forma
atraente.
Partimos do pressuposto que a Paleontologia é um conteúdo que desperta
interesse nos alunos, devido à sua intensa presença nas mídias físicas e digitais, em
museus e outros espaços de educação não formal, na internet e que, portanto, os
alunos podem ter algum conhecimento sobre o tema, não necessariamente adquirido
em ambiente escolar. Desse modo, essa pesquisa pretendeu estudar os processos
de ensino e aprendizagem da Paleontologia nas turmas de terceiro ano do ensino
médio das escolas estaduais de Itajubá, MG, sendo a escolha do tema motivada por
gosto pessoal pelo tema, além da relevância do mesmo nas Ciências Biológicas. O
local foi escolhido por ser onde pretendo atuar em minha atuação docente, além de
ser o município onde a Universidade está inserida e as turmas – 3º ano do Ensino
Médio – foram escolhidas pelo fato de estarem no final do percurso da educação
básica, tendo, portanto oportunidade de ter tido contato com esse conteúdo nas séries
anteriores.
9
Diante desse cenário, o objetivo geral dessa pesquisa é identificar como se dão
os processos de ensino e aprendizagem de conceitos gerais no estudo da
Paleontologia na disciplina de Biologia no ensino médio de escolas estaduais do
município de Itajubá, MG.
Dentre os objetivos específicos destacamos:
• Identificar se os alunos do ensino médio de escolas estaduais do
município de Itajubá- MG conhecem conceitos básicos da paleontologia,
tais como: O que é a Paleontologia? O que são fósseis? Qual a
importância dos fósseis para o estudo da Biologia? Você sabe como a
Paleontologia estuda a história da Terra?
• Verificar se esses alunos têm interesse na temática Paleontologia e
identificar em quais meios eles possuem contato com a temática,
inclusive na escola;
• Verificar se os professores dessas escolas ensinam Paleontologia,
como se dá esse processo, se utilizam materiais além do livro didático
e em quais séries costumam ensinar o tema.
10
2. REFERENCIAL TEÓRICO A Paleontologia é a ciência que estuda o surgimento e a história da vida na
Terra, passando pelas várias transformações durante as eras geológicas até o
aparecimento da vida como conhecemos atualmente, sendo os fósseis seus principais
objetos de estudo por serem evidências físicas da história dos seres vivos. Segundo
Carvalho (2000, p. 1), os fósseis apresentam grande importância, pois recontam “a
história da migração dos continentes, das mudanças climáticas, das extinções em
massa e das modificações ocorridas na fauna e na flora” O próprio termo
Paleontologia é composto pelas palavras gregas palaios = antigo + ontos = ser + logos
= estudo, ou seja, a Paleontologia é “o estudo dos seres antigos”.
Para além disso, a Paleontologia é uma área das ciências naturais que conecta
diversos conhecimentos da Biologia e traz um olhar integrador à esta, ao fornecer
evidências para a evolução dos seres vivos e para a história geológica e da vida em
nosso planeta. De acordo com Almeida et al (2013, p 16):
A Paleontologia, como ciência natural e histórica, está permeada de conceitos, inferências e interpretações referentes a eventos geológicos, geográficos e evolutivos do mundo vivo que se enquadram numa história de escala de bilhões de anos.
A Paleontologia também traz importantes contribuições na compreensão de
conceitos ligados à diversidade biológica. Segundo Soares (2013, p.24):
Foi, essencialmente, por meio da capacidade e do potencial de responder questões-chave sobre Evolução que a Paleontologia passou da função de apenas documentar a história da vida na Terra para assumir posição mais ativa quanto à proposição de mecanismos que tentam explicar as transformações dos organismos ao longo do tempo geológico.
Em relação à Evolução, a Paleontologia se faz muito importante para o estudo
da Biologia, pois a evolução é o eixo estruturador que unifica as Ciências Biológicas,
e a Paleontologia traz evidências importantes que corroboram e dão significado às
teorias evolutivas atuais. Segundo Soares et al (2013, p.25):
Determinar a cronologia dos eventos e associá-los ao registro fossilífero, não só elucida os caminhos da evolução da vida na Terra como elucida muitos aspectos envolvidos neste processo, tanto os extrínsecos quanto os intrínsecos aos organismos.
11
Além disso, a Paleontologia traz contribuições sociais, pois auxilia na
divulgação da ciência e contribui para a compreensão de temas complexos, atuais e
relevantes para a sociedade como um todo, como, por exemplo, a perda da
biodiversidade e alterações climáticas (HENRIQUES, 2010).
Como podemos perceber a Paleontologia é uma ciência interdisciplinar,
estando intimamente ligada também à outras ciências como a Geografia, a Geologia
e a História, sendo que esta pode auxiliar no entendimento de conceitos como a
formação de cavernas, a composição de solos, a formação de cadeias de montanhas,
entre muitos outros conceitos importantes para a compreensão do ambiente terrestre
(CRUZ, 2008).
Com sua relevância para o aprendizado das Ciências Naturais, o ensino de
Paleontologia é previsto nas referências curriculares, como a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e no currículo
estadual de Minas Gerais (Conteúdos Básicos Comuns- CBC) de Ciências e Biologia,
mesmo que, em sua maioria, esteja presente de forma implícita.
Na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2016), existe apenas uma
referência explícita a um tema relacionado à Paleontologia. Na seção de Ciências da
Natureza, para o 6º ano do Ensino Fundamental, Temática Terra e Universo, Objetos
de Conhecimento: Forma, estrutura e movimentos da Terra, é encontrada a indicação
da seguinte habilidade: “(EF06CI12) Identificar diferentes tipos de rocha, relacionando
a formação de fósseis a rochas sedimentares em diferentes períodos geológicos.”
(BRASIL, 2016, p. 343). No entanto, em alguns temas presentes no documento, é
possível notar a presença de conteúdos que dialogam com a Paleontologia, como na
formação de solos e em outros conteúdos relacionados à geologia, como por exemplo:
(EF07CI15) Interpretar fenômenos naturais (como vulcões, terremotos e tsunamis) e justificar a rara ocorrência desses fenômenos no Brasil, com base no modelo das placas tectônicas. (EF07CI16) Justificar o formato das costas brasileira e africana com base na
teoria da deriva dos continentes. (BRASIL, 2016, p.345)
No Conteúdo Básico Comum de Minas Gerais (CBC) de Ciências, encontra-se
apenas um tema explicitamente ligado à Paleontologia sendo sugerido para o 6º ano
do Ensino Fundamental: “Tema 7 - Evolução dos seres vivos - Tópico 13. Fósseis
como evidências da evolução” (MINAS GERAIS, 2006, p. 59). Mas, por todo o
currículo é possível encontrar outros conteúdos que se relacionam com o aprendizado
12
de Paleontologia, como nos tópicos: “1. A vida nos ecossistemas brasileiros, 2.
Critérios de classificação de seres vivos, 6. Solos: formação, fertilidade e
conservação, 14. A Seleção natural” (MINAS GERAIS, 2006). Frequentemente, no
currículo do ensino médio, o tema é mesclado com a Evolução, como no ensino de
Biologia no 2º ano do Ensino Médio, no seguinte tópico:
Tema 5: Evidências e explicações sobre evolução dos seres vivos. Habilidades a serem desenvolvidas: 5.1. Comparar as explicações utilizadas por Darwin e por Lamarck sobre as transformações dos seres vivos. 5.2. Reconhecer que os seres vivos se transformam ao longo do tempo evolutivo. Detalhamento das habilidades: 5.1.1. Identificar as semelhanças e diferenças entre as teorias evolucionistas. 5.2.1. Identificar que a diversidade da vida e das paisagens da Terra mudou ao longo do tempo. 5.2.2. Elaborar explicações sobre a evolução dos seres vivos a partir de evidências, tais como registros fósseis e características anatômicas, fisiológicas e embriológicas. (MINAS GERAIS, 2006, p.36)
Sabendo que o tema possui então, grande importância para o aprendizado de
Ciências e Biologia, é fundamental que os cursos de Licenciatura trabalhem a temática
com uma abordagem consistente e integradora. Desse modo, é possível que os
licenciandos possam compreender bem o tema e poderão relacioná-lo com as
diversas áreas das Ciências Naturais a fim de propiciar uma visão integrada que os
auxiliará tanto durante a graduação quanto em sua futura prática docente.
No ensino superior, o conteúdo de Paleontologia aparece nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas, de forma implícita. Nos
conteúdos curriculares para Ciências Biológicas, o tópico “Ecologia” aborda a
temática, estabelecendo como conteúdos básicos, dentre outros: “Relações entre os
seres vivos e destes com o ambiente ao longo do tempo geológico” (BRASIL, 2001,
p.6). No tópico “Diversidade Biológica”, há também conteúdos que se relacionam à
Paleontologia como: “Filogenia, organização, biogeografia, etologia, fisiologia e
estratégias adaptativas morfofuncionais dos seres vivos.” (BRASIL, 2001, p.5).
Dessa forma, é preciso notar que, como a Paleontologia aparece apenas de
forma implícita nos currículos, cabendo aos cursos de Licenciatura criarem disciplinas
de Paleontologia abordando o tema com a interdisciplinaridade que é fundamental
para a compreensão desse assunto. No curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), a Paleontologia aparece ministrada
13
juntamente com o conteúdo de Geologia, por meio da disciplina Geologia e
Paleontologia (BLI035), com carga horária de 64 horas, possuindo aulas teóricas e
práticas, com a seguinte ementa:
Características e propriedades dos principais minerais e rochas e os fatores de intemperismo associados. Evidências da teoria da deriva continental e da tectônica de placas. Conceitos estratigráficos e tafonomia. Registros fósseis relacionados com a origem e as primeiras formas de vida. Evolução dos principais grupos biológicos ao longo do tempo geológico, a geologia e as principais jazidas fossilíferas do Brasil. (UNIFEI, 2015, p.80)
Pela ementa, podemos evidenciar a relação entre a disciplina de Paleontologia
e a disciplina de Evolução, que, além de serem lecionadas no mesmo período,
possuem pontos em que se relacionam, como no tópico “Evolução dos principais
grupos biológicos ao longo do tempo geológico” (UNIFEI, 2015, p.80), presente na
ementa de Paleontologia e no tópico “Evidências da evolução” (UNIFEI, 2015, p.79),
pertencente à ementa da disciplina de Evolução.
Apesar de sua importância e presença, ainda que tímida, no ensino superior, o
ensino de Paleontologia encontra dificuldades na educação básica. Alguns autores
apontam diversas razões para as dificuldades de se ensinar Paleontologia na
educação básica. Para Vasconcelos (2012), um dos problemas que gera esse quadro
é o despreparo dos professores, que não tiveram muita instrução sobre como ensinar
Paleontologia. Isso acontece, segundo os autores, devido a pouca carga horária das
disciplinas relacionadas à Paleontologia nos cursos de Licenciatura e do quão pouco
esse conteúdo é explorado durante a graduação. É possível notar que, nos projetos
político pedagógicos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas de diversas
universidades brasileiras, frequentemente não existe ou existe apenas uma ou duas
disciplinas dedicadas à Paleontologia, como por exemplo na licenciatura em Ciências
Biológicas da Universidade Estadual de Campinas e da Universidade Federal de Ouro
Preto, que contam com apenas uma disciplina obrigatória que trata da Paleontologia
(UNICAMP, 2013; UFOP, 2018) e na Universidade Estadual de São Paulo, que
constam como obrigatórias duas disciplinas de Paleontologia na grade curricular da
licenciatura em Ciências Biológicas (UNESP, 2015)
Somado ao fato de que a Paleontologia é pouco explorada nos cursos de
licenciatura, é possível observar também que o conteúdo de Paleontologia é muito
pouco explorado nos materiais didáticos da educação básica. Esse quadro dificulta
14
sua abordagem parte do professor de Ciências e Biologia, que já conta com um déficit
em sua formação. Em muitas coleções de livros didáticos, o tema aparece de forma
muito superficial, tratando principalmente da temática dos fósseis e falando de
Paleontologia apenas em conjunto com o tema Evolução (ALONÇO e BOELTER,
2016), sem tratar da Paleontologia junto a outros conteúdos com os quais ela dialoga,
como a origem da vida, as eras geológicas da Terra, a diversidade biológica, entre
outros. Schwanke & Silva (2004) apud Júnior e Porpino (2010, p.64), ainda apontam
outros problemas na abordagem da Paleontologia nos livros didáticos:
A abordagem do tema Paleontologia nos livros didáticos do Ensino Fundamental e Médio encontra os mesmos obstáculos enfrentados por outras áreas das Ciências Naturais, incluindo a discrepância entre a linguagem científica e a cotidiana, a impossibilidade dos professores de se manterem atualizados em relação aos conceitos científicos e a falta de relação entre o currículo escolar e as experiências concretas vivenciadas pelos alunos.
Esse distanciamento entre a realidade dos alunos e os conceitos de
Paleontologia faz com que a abordagem desse tema seja difícil para os professores,
que não encontram suporte no material didático a fim de tornar esse conteúdo mais
atraente e mais conectado às diversas áreas das Ciências Naturais. A linguagem
científica utilizada ainda se torna mais um obstáculo, pois, frequentemente, os alunos
do ensino básico não se apropriam da linguagem científica de forma satisfatória, já
que essa não faz parte de seu cotidiano. Desse modo, não ocorre o letramento
científico, uma vez que em geral o ensino de Ciências estimula a memorização de
termos e fórmulas sem que os estudantes realmente apreendam seu significado e
aplicação (SANTOS, 2007).
A falta de formação continuada dos professores também prejudica o ensino de
Paleontologia, e de diversas outras áreas das Ciências Naturais, que estão em
contínuo desenvolvimento. Por essa razão, é comum professores de Ciências e
Biologia se sentirem desatualizados e assim, terem menos segurança para ensinar
esse conteúdo.
Dessa forma, é importante que o livro didático não seja a única fonte de
consulta de professores e alunos. Materiais paradidáticos podem auxiliar o processo
de tornar o ensino de Paleontologia mais atraente. Conforme diz Souza J. P. (2013,
p.3):
Os livros paradidáticos surgem como uma complementação e não como substituição do livro didático. Proporciona o desenvolvimento de um estudo baseado nos aspectos históricos, sociais e culturais que circundam o tema
15
em estudo, levando tanto o corpo discente como docente a explorar uma realidade muitas vezes desconhecida.
Mello, Mello e Torello (2005) afirmam que materiais paradidáticos podem ajudar
a suprir a carência deixada pelos livros didáticos, porém a produção desses materiais
no Brasil é muito tímida. Além dos materiais paradidáticos, os materiais de divulgação
científica também podem ser aliados do professor ao se ensinar Paleontologia,
envolvendo diversas mídias como filmes, jornais, revistas, livros e até espaços como
os museus de ciências, sejam virtuais ou físicos. A divulgação científica tem como
objetivo possibilitar o acesso ao conhecimento científico em linguagem acessível para
o público geral (MANSUR, 2009). Segundo Albagli (1996), a divulgação científica no
contexto educacional, além de esclarecer conceitos científicos, pode despertar a
curiosidade científica.
É importante ressaltar que, mesmo que materiais de divulgação científica não
sejam utilizados na escola, os alunos podem ter contato frequente com esses
materiais, pelas diversas mídias e pela internet. Segundo Kindel (2000) apud
Gonçalves e Machado (2005), apesar de a escola ser um espaço educativo, outros
meios de aprendizagem estão presentes na vida do estudante, através dos diversos
meios de comunicação. Cunha (2009) afirma que, ao utilizar-se desses instrumentos
no contexto escolar é necessário trabalhar de forma a respeitar o gênero textual e o
formato do material escolhido e promover debates e discussões sobre o tema
abordado.
Dessa forma, um dos desafios do professor ao se ensinar Paleontologia é
utilizar-se de diferentes materiais e mídias de forma a trazer o conhecimento
paleontológico de uma maneira atrativa, enriquecendo o conteúdo presente nos livros
didáticos. Isso faz com que o aluno tenha a oportunidade de explorar um conteúdo
muito rico que auxilia na compreensão de conceitos fundamentais para as Ciências
Naturais e que, segundo Mendes, Nunes e Pires (2015, p.385):
[A Paleontologia] Tem um importante papel social no sentido de que contribui para a geração e disseminação do conhecimento científico, auxilia na compreensão de processos naturais complexos e colabora na formação de cidadãos críticos e atuantes dentro de uma sociedade.
Dada a importância do ensino de Paleontologia, suas dificuldades e
potencialidades, é importante compreender as formas com que o professor da
escola básica trabalha esse conteúdo em sala de aula e se os alunos têm acesso
16
aos seus conceitos de forma integrada com outras áreas da Biologia. Nesse
cenário, é importante avaliar se a presença da divulgação científica nas diversas
mídias também faz parte do aprendizado desses alunos e se há interesse deles
por essa temática. Desse modo podemos buscar compreender como se dão as
relações de ensino e aprendizagem sobre Paleontologia na Educação Básica,
assim como refletir sobre o uso de diferentes recursos no ensino da temática.
17
3. METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa que foi utilizada nesse Trabalho Final de Graduação
é a qualitativa, com o uso de questionários que foram aplicados junto aos alunos e
professores de Biologia das oito escolas estaduais de Itajubá, MG, que oferecem o
ensino médio regular. Esse instrumento de coleta de dados foi escolhido, pois,
segundo Demo (1998, p. 13):
Um questionário aberto pode ser a porta de entrada para um mundo de representações sociais mais subjetivas, e por isso mais profundas e determinantes, à medida que permite a fala descontraída, realista e natural, a não-linearidade de respostas sobre realidades tipicamente não-lineares.
As questões propostas visaram identificar, para posterior categorização e
análise qualitativa à luz do referencial teórico discutido no tópico anterior, se esses
alunos conhecem e entendem conceitos básicos sobre a paleontologia; verificar se os
mesmos realmente têm interesse na temática e identificar em quais meios eles
possuem contato com a temática, além da escola. Além disso, aplicamos um
questionário aos professores dessas escolas a fim de verificar se eles ensinam
Paleontologia, como se dá esse processo, se utilizam materiais além do livro didático
e em quais séries costumam ensinar o tema.
A análise dos dados coletados por meio dos questionários foi realizada de
forma também qualitativa e visou elucidar a questão principal desta pesquisa: Como
se dão os processos de ensino e aprendizagem de conceitos gerais no estudo da
Paleontologia na disciplina de Biologia no ensino médio de escolas estaduais do
município de Itajubá, MG?
A fim de obter os dados sobre os processos de ensino e aprendizagem de
paleontologia no ensino de Biologia, foram construídos dois questionários: um para os
alunos (APÊNDICE 1) e outro para os professores (APÊNDICE 2). O questionário
relativo aos alunos foi composto somente de questões dissertativas. Segundo Chagas
(2000) utilizar-se desse tipo de questões proporciona liberdade a quem o responde,
podendo a pessoa fazer uso de suas próprias palavras e não traz limitações de
respostas como no caso de uma questão com alternativas. Além disso, segundo
Mattar (1994) apud Chagas (2000), as questões dissertativas trazem menos influência
na resposta do respondente.
18
Como nossos objetivos eram analisar o que os alunos sabiam sobre a temática
e suas opiniões, as questões dissertativas podiam fornecer mais espaço para o aluno
se expressar e manifestar seus pensamentos com sua linguagem sobre o tema.
Desse modo, por meio dessas questões, pudemos compreender, com mais fidelidade,
se os alunos compreendiam conceitos básicos de Paleontologia, como as
transformações do ambiente terrestre ao longo dos milhões e a relevância dos fósseis
para o estudo desse tema. Para atingir esse objetivo, selecionamos questões sobre
temas como: fósseis; história da Terra e sobre o próprio termo Paleontologia. Por meio
de perguntas objetivas, para viabilizar a sua aplicação, buscamos conhecer os
conhecimentos dos alunos em relação à temática. Além disso, os questionários
também possuíam como objetivo identificar se os alunos possuem interesse nessa
temática e em quais meios se relacionam com a Paleontologia: através da escola, de
mídias (filmes, desenhos animados, revistas), em visitas em museus, entre outros.
Para o questionário dos professores, as questões também eram dissertativas,
seguindo os mesmos princípios do questionário dos alunos. O questionário teve como
objetivo compreender como se dá o ensino de Paleontologia por parte desses
professores: se lecionam o tema, com quais recursos e as razões que os levam a isso.
Os questionários foram aplicados em todas as oito escolas estaduais de
Itajubá, MG que oferecem o ensino médio regular. Para fins de anonimato, as oito
escolas serão denominadas das letras A até G (A, B, C, D, E F e G) maiúsculas, e os
oito professores respondentes, das letras i até q (i, j, l, m, n, o, p q) (minúsculas).
Todas as escolas se dispuseram a ceder seus professores e tempo de aula para
aplicação dos questionários.
Os contatos iniciais com os diretores e diretoras foram frutíferos e todos se
mostraram dispostos a contribuir. Alguns me apresentaram os professores e
permitiram que eu e o professor escolhêssemos o melhor dia e horário para aplicar o
questionário. Outras escolas não me apresentaram os professores, mas afirmaram
que eles permitiriam e determinaram o horário que eu deveria aplicar o questionário.
Mesmo assim, todas as escolas permitiram a aplicação do questionário e todos os
diretores e diretoras leram os questionários tanto dos professores quanto dos alunos
cuidadosamente. No entanto, na escola C, o diretor restringiu minha presença dentro
do ambiente escolar, solicitando que os questionários fossem deixados na escola para
que a professora de Biologia aplicasse, e em outro dia, eu viesse recolher as
respostas. Um fato curioso é que, em várias escolas, os diretores, ao lerem os
19
questionários dos alunos, afirmavam que os alunos não iriam conseguir responder
àquelas perguntas e que não saberiam sobre o assunto.
A primeira escola em que fui aplicar o questionário foi a escola A. Fui muito
bem recebida pela professora “i”. Ela me apresentou aos alunos e eu expliquei a eles
o que deveria ser feito, e eles prontamente responderam o questionário. Alguns
tinham dúvidas do que fazer se não soubessem a questão, e os instruí a responder
que não sabiam, que não havia problema em não saber a questão e que deveriam
responder tudo com sinceridade. A professora respondeu seu questionário,
comentando comigo que o conteúdo não estava presente nos livros didáticos e no
currículo de Biologia.
Na escola B, a professora “j” havia se esquecido que era o dia da aplicação e
os alunos estavam fazendo exercícios quando eu cheguei. Ela se desculpou comigo
e pediu para que os alunos parassem de fazer os exercícios pedidos e respondessem
ao meu questionário. Ela deixou que eu me apresentasse, expliquei o procedimento e
entreguei os questionários à turma, que no dia contava com poucos alunos. Logo que
pegaram os questionários, os alunos começaram a pegar seus celulares e tentar
pesquisar as respostas na internet. Eu e a professora percebemos a ação dos alunos
e dissemos que não era permitido pesquisar as respostas pois gostaríamos de
conhecer o que eles realmente sabiam sobre a temática. Então, notei que a maioria
dos alunos ficou sem reação e não estava respondendo ao questionário. Por fim, uma
aluna disse que eles não sabiam responder as perguntas e não sabiam o que fazer
em relação a isso. Então eu expliquei que eles deveriam responder da forma que
soubessem e caso realmente não soubessem responder nada sobre a pergunta, que
escrevessem isso. A partir disso, a turma começou a responder enquanto se
desculpava e dizendo que realmente não sabiam. A professora “j” respondeu o
questionário rapidamente e comentou comigo que realmente não abordava o assunto.
Ao final, alguns alunos quiseram saber, afinal, o que era a Paleontologia, e eu dei uma
breve explicação falando que é a ciência que estuda a história da Terra e da vida na
Terra, comentando sobre os fósseis como evidências da evolução. Além disso, alguns
estudantes perguntaram sobre o curso de Ciências Biológicas na UNIFEI,
perguntando se eu havia estudado sobre isso, se eu já havia visto um fóssil e se
mostraram interessados em saber sobre as diferentes disciplinas da graduação.
Na escola C, não tive oportunidade de realizar a aplicação em sala de aula,
então não pude acompanhar o processo em si. A professora “h” recolheu o envelope
20
de questionários comigo e deixou na secretaria para que eu retirasse uma semana
depois. Não tive oportunidade de conversar com ela sobre o tema, nem de observar
a turma.
Na escola D, o professor “l” se mostrou disponível e interessado, comentando
comigo que ele ensinava o tema e respondendo o questionário, comentando que ele
achava o tema relevante. Os alunos responderam o questionário calmamente e alguns
comentaram comigo que o professor costumava levar as turmas em passeios a
zoológicos e museus e que havia prometido levá-los também.
Na escola E, a professora “m” havia assumido a turma há um mês como
professora substituta, mas se mostrou solícita, me apresentou para a turma, que
começou a responder o questionário. Alguns dos alunos também não sabiam o que
fazer, pois não sabiam responder as questões e eu os orientei da mesma forma que
orientei as outras turmas. Um grupo de alunas ao terminar os questionários começou
a conversar comigo sobre como os professores tem o hábito de fazê-las apenas copiar
conteúdo do livro e que assim, elas não sabiam responder as perguntas pois “não
tinham aprendido nada”. Questionaram-me se eu era a favor de copiar conteúdo do
livro didático e, quando eu respondi que não, elas aprovaram e disseram que eu iria
“ser uma boa professora”. A professora “m” me disse que não sabia se iria lecionar o
conteúdo de Paleontologia para o terceiro ano, e perguntou o que fazer. Eu perguntei
a ela se não teria algum jeito de ela verificar o conteúdo que ela vai lecionar até o final
do ano e ela disse que olharia no livro didático se haveria o conteúdo e continuou
respondendo o questionário.
Na escola F o professor também se mostrou interessado e afirmou que ele
lecionou o conteúdo há alguns dias, brincando com a turma que eles deveriam saber
responder as questões. Os alunos começaram a responder o questionário e o primeiro
impulso de alguns foi perguntar ao professor a resposta das perguntas, ao que eu pedi
para o professor, por favor, que não os auxiliasse. Enquanto os alunos respondiam o
questionário, o professor conversou longamente comigo sobre a importância desse
conteúdo e quão pouco era ensinado na universidade, e como ele gostaria de poder
fazer viagens com os alunos para levá-los a museus para poder ilustrar o conteúdo
que ele já ensinava. Ao final, os alunos entregaram os questionários e quiseram saber
quais seriam as “respostas corretas” e que comentássemos sobre o assunto. O
professor então se prontificou a comentar o questionário e explicou o que era a
Paleontologia relacionando com o que ele havia lecionado. Os alunos se mostraram
21
interessados, e o professor foi cordial afirmando que as aulas dele estão sempre
disponíveis caso eu queira falar do assunto ou conduzir novas pesquisas. Depois,
alguns alunos vieram me perguntar se eu gostava do assunto, pediram indicações de
documentários e fizeram algumas perguntas sobre o curso de Biologia da UNIFEI, me
perguntando como era estudar Paleontologia, e quais outras disciplinas eu gostava.
Na escola G, fui recebida pelo professor “p”, que estava substituindo a
professora regente da turma por algumas semanas. Ele também se mostrou disposto
e colaborativo, perguntando se o questionário seria rápido. Eu afirmei que sim, e ele
afirmou que os alunos teriam prova naquele dia, mas que eu poderia aplicar o
questionário mesmo assim. Apresentei-me à turma, muito grande em uma sala muito
pequena, e entreguei os questionários. O professor resolveu aplicar a prova ao
mesmo tempo, e os alunos então ficaram com a prova e o questionário por responder.
Alguns alunos também se preocuparam dizendo que não sabiam responder as
questões, ao que eu os instruí a proceder como nas outras turmas. Por ser uma
situação de prova, os alunos não perguntaram nem comentaram mais nada. O
professor respondeu seu questionário em silêncio, preocupado em observar a turma
durante a prova.
Na escola H, a professora “q” me encontrou ao final do intervalo para que
fossemos para a sala de aula juntas. Ela também se mostrou colaborativa, me
apresentou para a turma que respondeu as questões em silêncio, sem nenhuma
pergunta. Enquanto respondia seu próprio questionário, a professora comentava
sobre o assunto e justificava suas respostas dizendo que sua intenção era preparar
os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para que eles tivessem
chance, como o conteúdo de Paleontologia raramente aparecia no ENEM, ela não
ensinava e afirma que fazia isso para que eles pudessem ter chances contra os alunos
de escolas particulares, que tem mais tempo de aula e melhor estrutura física para os
estudos.
Para conhecermos os processos de ensino de Paleontologia para os 176
alunos que responderam o questionário do 3º ano do ensino médio das escolas
estaduais de Itajubá, MG, precisávamos conhecer a situação do tema pela ótica dos
professores de Biologia dessas turmas. Conforme dito na introdução, escolhemos o
terceiro ano do ensino médio por ser o percurso final da educação básica, no qual o
22
aluno tem mais chances de ter visto esse conteúdo nas séries anteriores. Desse modo
aplicamos um questionário a eles a fim de verificar como é e se existe a abordagem
desse tema por parte das escolas na disciplina de Biologia.
Para isso, preparamos um questionário para os professores que tinha por
objetivo verificar se estes lecionavam o conteúdo de Paleontologia em suas aulas e
analisar as razões que os levam a abordar ou não o tema em sala de aula. Além disso,
outros objetivos eram avaliar se os professores consideravam importante o ensino da
temática e o que poderia lhes auxiliar a trabalhar esse tema em sala de aula. Também
foram coletados dados gerais como formação, instituição de formação e tempo de
profissão, para que pudéssemos conhecer um pouco melhor esses professores. Ao
todo, oito professores de Biologia das escolas estaduais de Itajubá, MG, responderam
o questionário. Essa amostra contempla todos os profissionais que se encaixam no
nosso perfil de análise: lecionam biologia para o terceiro ano do ensino médio nas
escolas estaduais de Itajubá, MG.
23
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 Análise das respostas dos professores
Nas seções adiante analisaremos as respostas dos professores, a fim de
verificar e compreender seus processos de ensino de Paleontologia, bem como
informações gerais sobre nossos sujeitos de pesquisa.
4.1.1 Questão 1 a 4- Formação e atuação dos professores
As questões 1 e 2 tinham por objetivo identificar as disciplinas lecionadas e a
formação dos professores: "1- Disciplina(s) lecionada(s)" e "2- Qual a sua formação?"
Pode-se notar que todos os professores entrevistados lecionam a disciplina de
Biologia, sendo que a maioria também leciona a disciplina de Ciências e apenas uma
professora (i, escola A) leciona disciplinas pedagógicas para o curso de Magistério
ofertado pela escola. Além disso, verifica-se que todos os professores possuem
formação em Licenciatura em Ciências Biológicas, sendo que dois possuem pós
graduação: professora “l”, da escola C, que possui especialização em psicopedagogia
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) e professora “n”,
da escola E, que possui mestrado em educação em Ciências pela Universidade
Federal de Itajubá (UNIFEI).
24
Gráfico 1: Disciplinas lecionadas pelos professores
Fonte: dados da pesquisa
Por meio da questão 3 buscamos identificar em qual instituição de ensino os
professores se formaram. Nessa questão é possível notar que a maior parte dos
professores teve sua graduação em instituições de ensino da região do sul de Minas
Gerais, sendo que metade dos professores é egresso do Centro Universitário de
Itajubá (FEPI). Esses dados ilustram a forte demanda de mais cursos de licenciatura
para a microrregião de Itajubá, que até o ano de 2004 só possuía apenas o Centro
Universitário de Itajubá ofertando o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e a
oferta de professores de ciências/biologia para a região era de 1 professor a cada 52
alunos. Com a criação do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas na
Universidade Federal de Itajubá tenta-se suprir a lacuna existente de uma licenciatura
pública, gratuita e de qualidade a fim de formar mais professores para atender a
crescente demanda desses profissionais fora dos grandes centros urbanos (UNIFEI,
2015)
Disciplinas lecionadas pelos professores entrevistados
Biologia
Biologia e Ciências
Biologia e DisciplinasPedagógicas
25
Gráfico 2: Instituição de ensino de formação dos professores
Fonte: dados da pesquisa
Na questão de número 4 buscamos identificar o tempo de atuação desses
professores. É possível notar, pelo gráfico que se segue, que a maioria dos
professores leciona no ensino básico há muito tempo, sendo que a média de anos
atuando na educação básica da amostra obtida é de 13 anos. Algumas exceções
ocorrem, como a professora “n”, que leciona há apenas um mês e o professor “p”, que
leciona há um ano.
Instituição de ensino em que se formou
FEPI
UNIFEI
Univás
Unifal
USP/Unitau
26
Gráfico 3: Há quanto tempo leciona no ensino básico, em anos.
Fonte: dados da pesquisa
4.1.2 Questões 5 a 9- Sobre o ensino de Paleontologia
Na questão 5 perguntamos "Você costuma lecionar o conteúdo de
Paleontologia para suas turmas de ensino médio? Caso afirmativo, para qual(is)
turma(s)?". Seis dos oito professores responderam que não, apenas dois informaram
que sim, para o 3º ano do Ensino Médio.
Na questão 6 perguntamos: "Caso negativo, quais são os motivos que te levam
a não abordar esse tema?". Das respostas obtidas, as professoras “i” e “j” comentam
que o tema não faz parte do programa de ensino do estado. Contudo, podemos
verificar que, apesar de estar pouco explícito, o tema se encontra implícito no currículo
Estadual de Minas Gerais, como nos conteúdos “1. A vida nos ecossistemas
brasileiros, 2. Critérios de classificação de seres vivos, 6. Solos: formação, fertilidade
e conservação, 14. A Seleção natural” (MINAS GERAIS, 2006). Esses tópicos do
currículo estadual de MG utilizam-se de conceitos da Paleontologia como a história
da vida na Terra, as transformações sofridas pelo planeta e os registros fossíliferos
para sua compreensão. Além disso, a Paleontologia traz contribuições para a
compreensão de conceitos como a evolução (ALMEIDA et al, 2013; SOARES et al
2013) e a diversidade biológica (SOARES 2013). Conforme ainda afirma Vieira, Zucon
e Santana (2010, p.2):
0
5
10
15
20
25
30
i j l m n o p q
An
os
Professores
Tempo que leciona no ensino básico, em anos
27
O conhecimento e a divulgação de Paleontologia são fundamentais para uma compreensão mais abrangente dos aspectos biológicos, geológicos e ambientais. Seu ensino é importante, visto que abrange o conhecimento da Evolução dos seres vivos bem como a História Geológica da Terra.
A professora “n”, não respondeu a essa questão, mas pessoalmente me
informou que não sabia se iria ou não lecionar o conteúdo, e ao verificar o livro
didático, vendo que não estava previsto, me informou que não lecionaria. É importante
notar a relevância e as limitações trazidas pelo uso exclusivo do livro didático, que não
é tido só como um material que apoia a prática docente, mas que por vezes é tido
como seu único material de consulta. De acordo com Frison et al (2009, p.3): “A
realidade da maioria das escolas, mostra que o livro didático tem sido praticamente o
único instrumento de apoio do professor” e ainda que “um dos discursos
predominantes é o do livro didático como um currículo escrito direcionador das
práticas curriculares”. Ou seja, por vezes o livro se sobrepõe ao currículo em
importância no trabalho do professor, sendo uma prática histórica, conforme reafirma
Vasconcelos e Souto (2003, p.94): “Historicamente, livros didáticos têm sido
compreendidos como agentes determinantes de currículos, limitando a inserção de
novas abordagens e possibilidades de contextualização do conhecimento”
O professor “p” diz que não teve oportunidade de relacionar os conteúdos
ensinados com a Paleontologia, o que acontece várias vezes, pois o ensino de
Biologia ainda é muito desconexo entre suas partes. Como afirma Pedrancini et al
(2007, p.305), em muitos temas há uma “carência de conexões explícitas entre os
temas e disciplinas, entre as unidades distintas estabelecidas nos livros didáticos” Isso
sem dúvidas afeta o professor, que nem sempre consegue fazer a conexão entre as
diversas áreas da Biologia e reflete isso em práticas pouco interdisciplinares.
A professora “q” afirma que não costuma ensinar o conteúdo, pois esse não se
faz muito presente nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o que
se caracteriza como um ensino propedêutico, ou seja, um ensino apenas com a
finalidade de preparar o aluno para etapas posteriores, o que vai de encontro às
finalidades do ensino médio previstas pelas Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Básica (BRASIL, 1996, p.18):
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
28
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
Dessa forma, tem-se o foco no desempenho no exame como parâmetro para a
definição do que se ensina, modificando o currículo e a própria prática docente, o que
pode acontecer de acordo com Sousa (2003, p.118):
Quanto ao currículo, destaca-se sua possível conformação aos testes de rendimento aplicados aos alunos, que tendem a ser vistos como os delimitadores do conhecimento que “tem valor”, entendido o conhecimento como o conjunto de informações a serem assimiladas pelos alunos e passíveis de testagem.
É importante que o ENEM não seja o guia para o que se ensina em sala de
aula, e mantenha-se como ferramenta de avaliação e que seja demonstrativo das
desigualdades ainda presentes na educação básica. Conforme diz Lopes e López
(2010, p.107): “Torna-se fundamental não restringir a avaliação e o currículo ao foco
no desempenho. Diferentemente, mostra-se importante tornar o foco no desempenho
uma forma de evidência pública vinculada à luta pela diminuição das desigualdades
sociais”
A professora “l” traz em sua resposta que, apesar do tempo curto para lecionar
o conteúdo total de Biologia, quando ela aborda os temas de origem da vida e
evolução da espécie humana, ela procura falar um pouco sobre a Paleontologia,
evidenciando e reconhecendo a importância da Paleontologia como ciência que traz
evidências e remonta a história da vida na Terra.
Na questão "7- Quais recursos e estratégias didáticas você utiliza para ensinar
Paleontologia?", obtivemos respostas diversas. Nessas respostas, podemos
evidenciar, que a professora “l”, apesar de afirmar falar pouco sobre esse tema
(apenas quando se trata de evolução), ela utiliza diferentes mídias, como vídeos, para
abordar a temática, não ficando presa apenas ao livro didático. Essa fala nos remete
a importância apontada por Albagli (1996) em se utilizar de instrumentos de
divulgação científica para auxiliar a esclarecer conceitos científicos.
29
O professor “m” afirma levar seus alunos em visitas a museus e zoológicos, o
que demonstra a importância desses ambientes como locais de disseminação da
ciência, que “conectam o cientista ao público” (MANSUR, 2009, p.66), e que
favorecem o ensino das ciências naturais. Conforme diz Vieira (2007, p.34): “A aula
dentro de um museu ou um centro de Ciência, além de estar estimulando o
aprendizado através de um ensino dinâmico, faz com que os alunos apreciem melhor
os conteúdos curriculares expressos nesses espaços”
É interessante evidenciar que o professor citou que faz desenhos no quadro e
mostra a formação de solo, abordando um conceito nem sempre associado com a
Paleontologia, mas que tem ligação com a temática, pois a Paleontologia também se
relaciona com eventos geológicos ocorridos na Terra (ALMEIDA et al, 2013) que
levaram a formação dos diferentes tipos de solo.
A professora “n”, apesar de afirmar na questão anterior, não lecionar sobre o
tema, respondeu que: "Geralmente por falta de recursos de mídia, costumo utilizar
apenas o livro didático e o quadro negro. Se for possível e viável gostaria de
providenciar alguma visita a um laboratório ou museu com os alunos." Essa resposta
demonstra que ela sabe de suas limitações em relação a se ensinar Paleontologia na
sala de aula, e busca alternativas à essas limitações também reconhecendo a
importância das visitas a laboratórios e museus como auxiliares de sua prática
docente. Isso mostra que, ela reconhece a relevância do tema e conhece a
importância de se utilizar métodos além dos convencionais no ensino de
Paleontologia. É importante lembrar que essa professora continuou sua formação em
um programa de pós-graduação, o que traz conhecimentos relevantes em sua prática.
Para Rosemberg (2000) apud Jacobucci (2006, p.52) a formação continuada “como
uma via possível de reflexão e deliberação sobre a atividade docente, sobre a práxis
do docente que, não tendo e não podendo ter fim em si mesma, visa uma
transformação completa".
O professor “p” afirma não ensinar Paleontologia porque, na resposta dele:
“Não tive oportunidade e nem pude atrelar o conteúdo ensinado com a paleontologia”,
devido ao fato de ser professor substituto: Essa resposta também vem ao encontro
das afirmações de Pedrancini et al (2007) que mostra o ensino de Biologia como algo
desconexo em suas partes, sendo difícil para o professor relacioná-las com alguns
temas específicos.
30
A professora “j” respondeu que quando o tema é citado, ela se utiliza de textos
e livros. Dessa forma, podemos compreender que, quando o tema parece de alguma
forma no livro didático ou no programa da disciplina, ela o aborda. Não ficou claro se
os textos e livros são provenientes do próprio livro didático ou se ela utiliza materiais
de outras fontes. As professoras “i” e “q” não responderam a essa pergunta.
Pelas respostas à questão 8 "Você acha importante ensinar esse conteúdo no
Ensino Médio? Por quê?" podemos notar que todos os professores consideram o
ensino da Paleontologia importante, mesmo que nem todos o lecionem. Podemos
destacar alguns comentários relevantes, como a resposta da professora “n”: "É
importante que os alunos tenham conhecimento das evidências evolutivas existentes
para talvez sanar além de outras coisas, possíveis dúvidas e confusões a respeito da
origem da vida, por exemplo.". E a resposta do professor “o”: "Sim, pois faz parte do
conhecimento adquirido pela humanidade e para que o aluno seja um cidadão ativo
na sociedade, precisa conhecer a formação da história natural."
A professora “i” afirma que é importante lecionar o conteúdo para a
compreensão de outros conteúdos, contudo na questão 6 cita que não o faz porque
não está presente do programa de ensino do ensino médio. Como discutido
anteriormente o programa do ensino médio não esgota completamente o conteúdo a
ser abordado na disciplina, conforme diz o CBC: “Os CBCs não esgotam todos os
conteúdos a serem abordados na escola, mas expressam os aspectos fundamentais
de cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados e que o aluno não pode
deixar de aprender” (MINAS GERAIS, 2006). Além disso, a própria Lei das Diretrizes
e Bases da Educação (LDB) prevê uma parte diversificada, além do conteúdo comum
obrigatório e dessa forma, a escola e os professores podem incluir mais conteúdos
que julgar relevante. Isso, por vezes, não acontece, devido ao pouco número de aulas
de Biologia disponíveis, como relatam as professoras “i”, “j” e “q”. De fato, há uma
discussão em torno da grande quantidade de temas considerados obrigatórios nos
currículos, como trazem Carvalho, Nunes-Neto e El Hani (2011, p.68):
No final do século XIX, Ernst Mach apontou com precisão um problema crucial do ensino de ciências: “Como pode a mente florescer quando os assuntos são empilhados uns sobre os outros, e novos assuntos empilhados sobre assuntos velhos, mal digeridos” (MACH, 1895[1986], p. 368, apud MATTHEWS, 1994, p. 34). Como comenta Matthews (1994, p. 34), “um texto escolar típico de 300 a 350 páginas pode conter de 2.400 a 3.000 novos termos. Isso se traduz em vinte novos conceitos por lição, ou um a cada dois minutos. Desse modo, no ensino de ciências, os estudantes aprendem mais
31
termos técnicos em um ano de estudo do que as palavras necessárias para aprenderem a falar uma língua estrangeira (ver MATTHEWS, 1994, p. 34).
Isso faz com que os alunos tenham um currículo inflado que não dá liberdade
ao professor de adicionar conteúdos que eles mesmos consideram importantes e
relevantes para a compreensão dos demais. Além da falta de tempo para se incluírem
assuntos que o professor considera relevantes, o livro didático, nem sempre
construído de acordo com o currículo obrigatório falha em trazer os conteúdos da
Paleontologia para a sala de aula, os abordando apenas de forma superficial
(ALONÇO e BOELTER, 2016). Esse conjunto de fatores faz com que, por mais que o
conteúdo tenha relevância para todos os professores pesquisados, apenas alguns
deles de fato abordem o tema em suas aulas.
Para finalizar o questionário, perguntamos aos professores: "Das opções
abaixo, quais você acha que poderiam te auxiliar a lecionar Paleontologia no Ensino
Médio:
( ) Visitas à museus e centros de ciências ( ) Materiais paradidáticos e de divulgação científica sobre o tema ( ) Presença do tema nos livros didáticos ( ) Formação específica sobre o tema (cursos de aperfeiçoamento, por exemplo) ( ) Outros. Quais?" De acordo com as respostas obtidas, demonstradas no gráfico abaixo, todos
os professores responderam que a presença de materiais paradidáticos ou de
divulgação científica auxiliaria no ensino de Paleontologia no ensino médio. Aspecto
corroborado por Souza J. P. (2013), que reforça a importância do material paradidático
como complementação do material didático utilizado pelo professor, que como já
discutimos por vezes se apresenta defasado, trazendo novas fontes e outros aspectos
sobre a temática.
32
Gráfico 4: Quais recursos os professores afirmam auxiliar no ensino de Paleontologia
Fonte: dados da pesquisa
Os próximos recursos mais citados foram a presença do conteúdo nos livros
didáticos e as visitas a museus e centros de ciências, os últimos, conhecidos por
serem atrativos aos alunos e permitir que o professor tenha acesso a recursos não
disponíveis na escola, conforme afirma Vieira, Dias e Bianconi (2005, p.21):
Os museus e centros de ciências estimulam a curiosidade dos visitantes. Esses espaços oferecem a oportunidade de suprir, ao menos em parte, algumas das carências da escola como a falta de laboratórios, recursos audiovisuais, entre outros, conhecidos por estimular o aprendizado.
Por fim, o item menos citado foi a formação continuada, indicada apenas por
um professor, mas que vem a ser muito importante, sobretudo para professores de
Ciências e Biologia, que trabalham em uma área em constante atualização e
desenvolvimento. Como afirma Cunha e Krasilchik (2000, p.5): “Professores deverão
atualizar-se constantemente, de modo que não só se mantenham informados sobre o
progresso da Ciência e Tecnologia como também que estejam prontos para discutir o
seu significado” Ou seja, além de se atualizarem em relação ao conhecimento
científico, é importante que os professores se atualizem para trazer discussões sobre
seu significado para a sala de aula e mostrar a constante evolução do conhecimento
científico, assim como seus impactos sobre a ciência e a sociedade. Em relação à
Paleontologia, a formação continuada ocorre, por meio de diferentes perspectivas e
O que auxiliaria os professores na hora de ensinar Paleontologia
Visitas à museus e centrosde ciências
Materiais paradidáticos oude divulgação científica
Presença do conteúdo noLivro Didático
Formação continuada
Outro: Internet
33
metodologias, em museus e centros de ciência (JACOBUCCI, 2006), aproximando
ainda mais os professores desses espaços.
4.2 O que os alunos sabem sobre Paleontologia
A fim de analisar o que os alunos do terceiro ano das escolas estaduais de
Itajubá, MG, sabem sobre Paleontologia e seus conceitos básicos, foi elaborado um
questionário curto, com questões dissertativas que possibilitassem aos alunos
expressar seus reais conhecimentos sobre o tema. Para avaliar os conhecimentos de
Paleontologia que os alunos possuem, escolhemos temas básicos, mencionados nos
currículos estaduais e nacionais, que devem ser abordados durante o ensino
fundamental e o ensino médio e que se relacionam entre si, conforme exemplo no
CBC (MINAS GERAIS, 2006):
Tema 5: Evidências e explicações sobre evolução dos seres vivos. Habilidades a serem desenvolvidas: 5.1. Comparar as explicações utilizadas por Darwin e por Lamarck sobre as transformações dos seres vivos. 5.2. Reconhecer que os seres vivos se transformam ao longo do tempo evolutivo. Detalhamento das habilidades: 5.1.1. Identificar as semelhanças e diferenças entre as teorias evolucionistas. 5.2.1. Identificar que a diversidade da vida e das paisagens da Terra mudou ao longo do tempo. 5.2.2. Elaborar explicações sobre a evolução dos seres vivos a partir de
evidências, tais como registros fósseis
Baseado então no Tema 5, propusemos as questões que relacionam os fósseis
como objeto de estudo da Paleontologia e sua relação com o estudo da evolução,
além das mudanças ocorridas na diversidade e ecossistemas terrestres. Além disso,
propusemos questões que nos indicassem se os alunos possuem real interesse na
temática e se tiveram acesso ao tema por meio de diferentes mídias/locais para além
da escola.
No total, 176 alunos do último ano do ensino médio das oito escolas estaduais
de Itajubá responderam o questionário, sendo identificados apenas por um número
acompanhado da letra correspondente à escola, por exemplo: Escola A, aluno 2=
2A. Em cada escola foi aplicado o questionário a apenas uma turma do 3º ano.
Em nenhuma escola houve recusa por parte dos alunos, que se mostraram
dispostos e até interessados em responder o questionário. Notei que em todas as
34
turmas aplicadas, os alunos demonstravam o medo de responder “errado” ou de não
saber o que fazer caso não soubessem a resposta, talvez por estarem acostumados
apenas com avaliações somativas. Em todas as classes eu expliquei que não havia
problema em não saber, e pedi apenas que respondessem com sinceridade, dentro
de seus conhecimentos. Em algumas turmas os alunos ficaram intrigados, para os
quais eu expliquei que, dentro de uma pesquisa, o “não saber” também me traria
respostas, e que não era uma prova para que eu medisse seus conhecimentos
atribuindo pontos a isso. Vários alunos tinham como primeira reação perguntar ao
professor a resposta para as questões ou procurar no livro didático, o que demonstra
a posição de passividade descrita por Silva (2011), no qual o educador tem papel
central, de detentor do conhecimento, enquanto os alunos não participam ativamente
de seu aprendizado.
4.2.1 Explique com suas palavras o que estuda a Paleontologia:
A primeira questão respondida pelos alunos foi: “Explique, com suas palavras,
o que estuda a Paleontologia”, que procura verificar com quais conceitos os alunos
relacionam o termo Paleontologia. Devido ao grande volume de dados obtidos, as
respostas foram categorizadas de forma a agrupar respostas com teor semelhante.
As categorias foram criadas com base em diferentes níveis de conhecimento sobre o
assunto, havendo categorias com respostas que apresentavam conhecimento básico
sobre o tema e categorias que trazem respostas que associam o tema a outros
assuntos, assim como categorias que abrangem as respostas que afirmavam não
saber sobre o tema. Como os dados coletados por meio dessa questão possuem teor
altamente qualitativo, não nos utilizaremos de recursos como gráficos e tabelas para
demonstrar os resultados encontrados.
4.2.1.1 Categoria: “Relaciona Paleontologia com o estudo de fósseis e dinossauros”
Para essa categoria, o critério de análise foi que o aluno apresentasse uma
resposta que ligasse, de certa forma, o estudo da Paleontologia com seus objetos de
estudo como os fósseis ou com a figura dos dinossauros, que é a que mais costuma
atrair os estudantes e também se configuram como objeto de estudo da Paleontologia.
35
Das 176 respostas a questão, 122 foram agrupadas nessa categoria, por
associar o estudo da Paleontologia com fósseis e/ ou dinossauros. Dentre as
respostas dessa categoria, 59 alunos responderam que a “Paleontologia é o estudo
dos fósseis”. É importante notar que isso não nos diz se esses alunos compreendem
o que é um fóssil ou só associam esse objeto com a Paleontologia. Além disso, é
interessante notar que 21 alunos responderam que a “Paleontologia é o estudo de
fósseis de dinossauros”. Essa resposta reafirma o conceito de Mello (2005, p.398) que
a Paleontologia “é introduzida mormente, por meio dos dinossauros e, apenas
esporadicamente, permeia por outros assuntos, como a origem da vida, definição e
tipos de fósseis”. Isso traz o fato que, no imaginário do aluno, a Paleontologia é muito
associada com a figura dos dinossauros. Também é importante notar que, a maioria
das respostas foi agrupada nessa categoria, que denota uma simples relação da
Paleontologia com seus objetos de estudo, distante de relacioná-la com as outras
áreas da ciência.
Um dado relevante é que algumas respostas associam o estudo de fósseis
como o “estudo de ossos”, o que mostra o conhecimento reduzido em relação à esses
artefatos, que podem ser vestígios de plantas e até de fezes de animais. Mesmo que
haja, entre os próprios paleontologistas, divergências quanto o que vêm a ser um
fóssil, é de entendimento geral que esses materiais também se configuram como
fósseis, conforme Tomassi e Almeida (2011, p.143):
A conceituação de fóssil deve abarcar todas as variações observadas na natureza, seja na classificação biológica do ser que produziu o resto ou vestígio, nas idades tão diversas em que os fósseis se formam, nas diversas composições químicas (originais e alteradas) que os caracterizam, ou na influência do homem na conservação de restos biológicos
É importante citar que todas as respostas da turma C são muito similares, todas
agrupadas nessa categoria, apesar de a professora da turma afirmar não abordar o
conteúdo. Porém, vários alunos afirmam, em outra questão, ter visto esse conteúdo
na disciplina de história, o que pode explicar a similaridade nas respostas.
36
4.2.1.2 Categoria: “Relaciona Paleontologia com o estudo de fósseis e dinossauros e ainda liga o tema com conceitos como: eras geológicas, evolução, biodiversidade, entre outros”
Nessa categoria, apenas 11 alunos conseguiram relacionar a Paleontologia
com outros temas ligados à Biologia. Esse número condiz com o pensamento de
Pedrancini et al (2007, p.300), que afirma que “pesquisas sobre a formação de
conceitos têm demonstrado que estudantes da etapa final da educação básica
apresentam dificuldades na construção do pensamento biológico” Ou seja, os
estudantes, pelo ensino de biologia se apresentar fragmentado e cheio de conceitos
(CARVALHO, NUNES-NETO e EL-HANI, 2011), podem ter dificuldades em associar
os conceitos de Paleontologia com as outras áreas da Biologia.
A maioria das respostas possui teor associativo com o estudo da Paleontologia
e a compreensão das mudanças ocorridas na Terra, como nos exemplos abaixo:
26D- A Paleontologia estuda os vestígios deixados por seres vivos de outras eras,
conhecidos como fósseis. Nos permite compreender as mudanças sofridas no planeta
ao longo do tempo.
4G-É estudo da pré-história, estudo de fósseis em geral, tanto do período mesozóico
quanto do cenozóico. Entre os períodos anteriores, pode se basear nas espécies
animais, vegetais, climas, relevos, etc.
Outras respostas associam também a diferença da biodiversidade existente,
evidenciada pelos fósseis, como:
5H-Estudo dos fósseis para adquirir informações sobre espécies, seus hábitos e
características; assim, também, sobre o ambiente em que viviam
É interessante que, dentro do pequeno número de alunos que conseguiram
relacionar a Paleontologia com outros conceitos, há respostas que apresentam
complexidade, ao ligar o tema a diversas áreas da Biologia. É importante notar que a
Paleontologia é por vezes abordada em outras disciplinas como História e Geografia
(CRUZ, 2008), que podem auxiliar em uma visão mais ampla sobre o tema, na qual
os alunos também podem associar isso com temas como a pré-história e os hábitos
dos primeiros seres humanos e a formação do ambiente terrestre como conhecemos.
37
Essa relação interdisciplinar é muito interessante e pode ser amplamente explorada
pelos professores, a fim de facilitar o aprendizado de Paleontologia e integrar as
diferentes ciências que se relacionam com ela, favorecendo um aprender global.
4.2.1.3 Categoria “Não sabe/ Não respondeu”
Na primeira questão, 43 alunos afirmaram não saber ou não responderam o
que estuda a Paleontologia. Essa quantidade reafirma a precariedade do ensino de
Paleontologia na escola básica, mesmo quando é ensinado, ainda assim, é ensinado
de forma superficial, não encontrando suporte nos materiais didáticos (ALONÇO e
BOELTER, 2016) e sem estar totalmente explícito nos currículos. Desse modo, cerca
de 25% dos alunos participantes da pesquisa não souberam afirmar o que faz a
Paleontologia.
É importante notar que a totalidade dos alunos da escola B não soube
responder essa pergunta. A professora dessa escola afirma não lecionar o conteúdo,
isso indica que, para esses alunos, a escola provavelmente seria uma das únicas
fontes de acesso ao conhecimento paleontológico. A distribuição de respostas entre
as escolas afirmando que não sabiam ou que não responderam foi quase igual, com
destaque para a escola A, que apresentou poucas respostas desse teor e para a
escola C que não apresentou nenhuma resposta nessa categoria. Essas relações
serão discutidas adiante por meio das respostas advindas das outras questões, nas
quais os alunos afirmam de quais outras fontes obtiveram acesso ao conteúdo
paleontológico.
4.2.2 Você acha interessante aprender sobre a Paleontologia? Por quê?
A segunda questão proposta no questionário dos alunos foi “Você acha
interessante aprender sobre a Paleontologia? Por quê?”. Essa questão tinha por
finalidade conhecer o interesse dos alunos pela temática e o que os leva a ter ou não
esse interesse. Frente ao grande volume de dados, e o caráter qualitativo das
respostas, estas também foram agrupadas em categorias, que variam de acordo com
a presença/ausência de interesse e as razões pelas quais afirmam/negam o interesse.
38
4.2.2.1 Categoria: “Afirma que sim, por curiosidade/interesse”
Nessa categoria tivemos 65 respostas de alunos que afirmaram possuir
interesse em aprender Paleontologia e sua principal motivação ser o interesse no
tema. Um dos exemplos foi a resposta do aluno 8A- “Sim, para adquirir conhecimento.”
que denota curiosidade e interesse pelo conhecimento científico. Mesmo com a
carência de recursos didáticos, é notável que há interesse em construir conhecimento
sobre o tema e mesmo com a ausência de aprendizado formal na escola, já que a
professora dessa turma nega ensinar Paleontologia na educação básica, há o
interesse dos alunos, conforme nossa hipótese inicial.
Parte desse fato é ligado ao fascínio e a curiosidade trazidos pelas mídias
digitais, como é possível notar na resposta do aluno 24D: “Sim. Assisti uma série que
um dos personagens era um paleontólogo.” As mídias por vezes exercem um papel
de divulgar a ciência, porém, é necessário cuidado com possíveis erros conceituais
que podem ser trazidos pelas mesmas (DUARTE et al, 2016). Dessa forma, é
importante que haja a divulgação científica, feita por profissionais capacitados, que
pode despertar o interesse dos alunos para esses tópicos (ALBAGLI, 1996). De
qualquer forma, é impossível negar o fascínio trazido pelo tema, conforme diz Mello,
Mello e Torello (2005, p.11): “Talvez o impedimento esteja mais ligado aos professores
[...] do que à falta de interesse e dificuldades dos alunos, haja vista o fascínio exercido
pelos dinossauros.” Assim, a escola, principal fonte de acesso às informações
científicas pelos alunos, precisa estar atenta ao interesse dos alunos, associado ao
currículo escolar, a fim de proporcionar ambientes de construção de conhecimentos
atuais, confiáveis e claro, interessantes a eles.
Outra resposta relevante foi a do aluno(a) 4C: “Claro. A paleontologia é
importante para conhecermos a nossa história. Quando dito a verdade, é claro”. Nessa
resposta, podemos ver como o aluno demonstra confiança na ciência como sua fonte
de informação sobre a história da vida na Terra. A ciência traz confiabilidade nos mais
diversos assuntos, distinguindo-a a assim do conhecimento popular (MUELLER,
2000)
Há destaque para a interdisciplinaridade encontrada no ensino da
Paleontologia, evidenciada por respostas como a do(a) aluno(a) 7C: “Sim, porque é
uma matéria interessante de aprender na história.” Além da disciplina de Biologia, a
Paleontologia também pode ser ensinada, de forma interdisciplinar, aliada a outras
39
disciplinas como Geografia e História, por se tratar de um assunto que explora
diversas nuances da vida na Terra (CRUZ, 2008).
Diversos alunos também destacaram a ausência do tema na escola: 17D: “Sim,
pois é a nossa história é muito pouco explorado esse tema nas escolas”; 23D: “Sim.
Porque é um assunto pouco discutido em sala de aula”; 28D: “Sim, pois não tem muito
desse assunto na escola.” Demonstrando a carência e a demanda pelos próprios
alunos sobre o tema, reforçando nossas hipóteses iniciais.
4.2.2.2 Categoria “Afirma que sim, para aprender mais sobre evolução/origem das espécies/vida pré-histórica”
Nessa categoria, 64 alunos afirmaram interesse no tema a fim de aprender mais
sobre temas correlacionados, como a evolução, a origem da vida, entre outros. É
interessante que, mesmo em várias escolas nas quais o tema é sequer abordado,
como apontado pelos professores, os alunos conseguem reconhecer a importância
desse assunto para as diversas áreas da Biologia.
Treze alunos reconhecem a conexão entre a Paleontologia e a Evolução, sendo
a Paleontologia uma ciência que acompanha e elucida aspectos importantes dessa
temática (SOARES et al, 2013), como em algumas respostas que seguem:
5H: “Sim, através dela podemos ver a evolução das espécies, como era o clima e os
recursos disponíveis.”
7A: “Como o mundo está em constante evolução e descobertas, a paleontologia irá
nos ajudar a aprender e compreender o passado”
19A: “Sim, eu acho interessante aprender sobre a paleontologia pois é bom saber
como era o corpo dos animais que existiram na Terra e acompanhar a sua evolução”
Além disso, é interessante notar que oito alunos relacionam a Paleontologia
com o conhecimento da biodiversidade (SOARES, 2013) conforme as respostas
abaixo:
40
29D: “Sim, pois podemos descobrir sobre seres que viviam na terra há milhões de
anos atrás”
30D: “Sim, pois descobriremos espécies extintas a milhões de anos e o motivo de sua
extinção”
25D: “Sim. Porque nos faz entender um pouco mais sobre os seres que já habitaram
a terra”
Uma das respostas que chama a atenção foi a resposta 26D: “Sim, pois
demonstra os processos sofridos no planeta para que chegasse a seu estágio atual.
Ademais, conhecemos nossos ancestrais e podemos estabelecer ligações entre
diferentes espécies por ancestrais comuns”. É interessante notar que o(a) aluno(a)
reconhece as transformações da vida na Terra, a evolução e os elos que nos permitem
elucidar a história da vida na Terra. Também é importante dizer que o professor da
turma, a qual o(a) aluno(a) faz parte afirma ensinar paleontologia e também afirma
levar os alunos a museus, o que enriquece o entendimento dos alunos sobre o tema
e pode estabelecer tantas conexões com as diversas áreas da Biologia. Conforme
Rodrigues et al.( 2015) apud Dias e Martins (2018, p.28)
Visitações a parques fossilíferos e museus podem servir de referenciais para o conhecimento das variações sofridas pelo planeta ao longo dos diferentes períodos históricos, onde lacunas no conhecimento dos alunos da Educação Básica podem ser preenchidas pelos objetos e exposições.
Além dessas respostas, é importante afirmar que 9 alunos responderam
apenas que possuem interesse em aprender Paleontologia, mas não justificaram suas
razões.
4.2.2.3 Categoria “Afirma que não, pois não tem interesse/ Não tem certeza, pois não sabe do que se trata/ Afirma apenas que não/ Não sabe/ Não respondeu”
Para essa categoria, unimos todas as respostas que afirmavam não haver
interesse em aprender Paleontologia, por diversas razões. No total, foram 35
respostas nessa categoria, organizadas no gráfico abaixo.
41
Gráfico 5 – Razões que levam os alunos ao desinteresse em relação à paleontologia
Fonte: dados da pesquisa
A maioria das respostas se concentra no fato dos alunos não saberem
exatamente do que se trata a paleontologia ou não sabem responder se tem ou não
interesse no assunto. Ou seja, o fato da maioria das escolas não abordar o assunto
faz com que os alunos não saibam sequer dizer o que é a Paleontologia, para poder
realmente afirmar interesse em aprender sobre ela. Como exemplos dessas respostas
destacamos: 13A: “Se eu soubesse o que é, gostasse do assunto, sim.” e 12G: “Eu
não conheço mais se for muito interessante eu gostaria de aprender.”
Conforme afirma Duarte et al (2016) esses temas são ainda negligenciados em
detrimento de temas “mais importantes” para os vestibulares e provas diagnósticas
deixando uma lacuna no conhecimento dos alunos. Além disso, é possível afirmar que
boa parte dos estudantes possui pouco acesso a esse conhecimento fora da escola,
por meio de museus e centros de ciências. Conforme Marques (2012 p.35) “O número
e a qualidade dos museus de ciência melhoraram nos últimos anos, mas não se criou
ainda uma tradição de visitação desses espaços.” Na maior parte das escolas
analisadas nessa pesquisa, os professores não relatam levar os alunos nesses locais,
o que faz com que seja menor ainda a chance dos alunos terem contato com esses
lugares que tanto despertam interesse pelo tema (VIEIRA, DIAS E BIANCONI, 2005).
A divulgação científica, apesar de ser uma ferramenta poderosa no sentido de cultivar
o interesse por meio de diferentes mídias, também pode nem sempre atingir esses
23%
29%17%
23%
8%
Razões do desinteresse dos alunos em relação à paleontologia
Não tem interesse no assunto
Não sabe do que se trata
Apenas afirma que não
Não sabe
Não respondeu
42
alunos, já que não é utilizada pela maioria dos professores, que perdem a chance de
criar curiosidade e interesse pela Paleontologia.
4.2.3 O que são fósseis? Como você poderia descrever a importância desses
materiais para o estudo da Biologia?
A terceira questão do questionário aplicado aos alunos foi “O que são fósseis?
Como você poderia descrever a importância desses materiais para o estudo da
Biologia?” Seu objetivo foi de coletar dados se os alunos sabiam explicar o que é um
fóssil, elemento básico de estudo da Paleontologia, e se conseguiriam fazer a conexão
desses materiais para o estudo global da Biologia. Conforme o alto volume de dados
e a característica extremamente qualitativa dos mesmos, as seguintes categorias
foram criadas, a fim de agrupar respostas semelhantes:
4.2.3.1 Categoria “Relaciona fóssil com o conceito de ossos/restos antigos e
menciona sua importância para Biologia"
Nessa categoria, 112 alunos responderam de forma a relacionar fóssil com
ossos/restos antigos/dinossauros e conseguiram mencionar alguma razão pela qual
eles podem ser importantes para o estudo da Biologia.
Algumas respostas enfatizaram a importância do fóssil para descobrir a
biodiversidade do passado, como a resposta do(a) aluno(a) 11A: “Vestígios de muitos
anos atrás, tipo o osso, o osso é um fóssil. Importante, para análise, para saber o que
era o animal, suas características, quantos anos tem aquele osso, etc.” É interessante
notar que grande parte das respostas da turma A se encaixa nessa categoria, apesar
de a professora afirmar que não leciona o conteúdo. Isso nos leva a crer que esses
alunos possuem acesso a esse conteúdo em outras disciplinas ou até mesmo de
fontes externas à escola, hipótese que foi testada por meio da última questão.
Na resposta do(a) aluno(a) 2C: “Os fósseis são restos de seres vivos ou
evidências de suas atividades biológicas. Para saber como era no passado.”, é
interessante notar que o(a) aluno(a) associa o fóssil não só a ossos como também
43
evidências das atividades biológicas, como, por exemplo, nos coprólitos. Segundo
Souza M. V. (2013, p.18), os coprólitos são “fezes conservadas naturalmente pelo
processo de dessecação ou mineralização” que auxiliam a entender não só sobre a
alimentação dos animais que viviam no passado como dos parasitos presentes em
seus corpos e a evolução dos mesmos, sendo desse modo, relevantes para o estudo
da Paleontologia.
Outra resposta que chama a atenção é a do(a) aluno(a) 1D: “Fósseis são os
restos de animais encontrados em rochas sedimentares. Ela nos ajudam a entender
como era a Terra, os animais que habitavam.”, que relaciona a presença dos fósseis
nas bacias de sedimento, mostrando familiaridade com o processo de fossilização.
Silva (2011) afirma que as rochas sedimentares por vezes são chamadas os “arquivos
históricos da Terra”, por ser os locais onde há formação dos fósseis. Sendo assim, a
relação que o aluno faz mostra que ele possui noções de como ocorre esse processo,
tendo um conhecimento mais global sobre os fósseis.
Dentre as respostas, é importante destacar que 34 alunos relacionaram o
estudo dos fósseis com o tema da evolução, como na resposta do(a) aluno(a) 19A:
“Fósseis são ossos antigos. A importância desses materiais para a biologia é que com
o estudo encima deles, é possível descobrir como esses animais antigos se
adaptavam na terra”, que traz o conceito de adaptação, onipresente na temática da
Evolução e consequentemente da Paleontologia. Outra resposta afirma que os fósseis
justificam a Evolução, como a do(a) aluno(a) 26D: “São vestígios deixados por seres
vivos que habitaram a Terra em outras eras. A partir deles é possível justificar e
compreender melhor conceitos como o Evolucionismo”, o que vem ao encontro a
Soares et al (2013), que afirma que os registros fósseis mostram os caminhos da
evolução da Terra.
É de se dar destaque que nessa categoria, apenas um aluno da turma B
respondeu de forma satisfatória, dizendo o que é um fóssil e relacionando com outros
conceitos biológicos. Mesmo que a turma seja pequena (8 alunos), é relevante
destacar que essa turma apresenta sempre o menor número de respostas em
categorias que demonstram certo conhecimento e entendimento do aluno sobre as
questões colocadas. A professora da turma também afirma não lecionar o conteúdo.
Outro destaque vem do fato que, a grande maioria dos alunos (114 deles) sabe
44
dizer o que é um fóssil e sabe relacionar com as outras áreas da Biologia mesmo que
a maioria dos professores afirme não lecionar o conteúdo de Paleontologia. Isso
corrobora com a nossa hipótese inicial de que esses alunos têm acesso ao
conhecimento paleontológico de outras fontes.
4.2.3.2 Categoria "Relaciona fóssil com o conceito de ossos/restos antigos. Não
sabe/Não disse a importância dos fósseis para a Biologia"
Nessa categoria, 38 alunos responderam o que é um fóssil ou pelo menos
relacionar o conceito à ossos antigos, mas que não souberam relacionar ou não
disseram a importância desses materiais para o estudo da Biologia. Seis das
respostas associam os fósseis com os dinossauros, como a do(a) aluno(a) 5A:
“Fósseis é sobretudo os ossos dos animais, principalmente dinossauros, que viveram
a muito tempo atrás.” Isso traz, mais uma vez, as ideias de Mello, Mello e Torello
(2005), reafirmando o quanto a Paleontologia é extremamente atrelada aos
dinossauros, tanto no ensino, quanto no imaginário dos alunos.
É interessante que os alunos até relacionam fósseis para além dos ossos, mas
apenas um aluno afirma que os fósseis podem ser provenientes de plantas, como a
resposta do(a) aluno(a) 5D: “São restos mortais deixados por animais, plantas, etc”. É
importante salientar que os alunos costumam saber pouco sobre os fósseis vegetais,
que são pouco citados e por vezes negligenciados no próprio ensino superior, mas
que têm grande importância ao se recontar a história das plantas terrestres. Conforme
Marques-de-Souza (2015, p.28):
Mesmo diante de muitas gerações de pesquisadores que se dedicaram e se dedicam ao estudo das plantas fósseis, estas, diferentemente dos vertebrados (principalmente dos dinossauros), não são amplamente conhecidas pela população. Mesmo dentre os estudantes de biologia ou geologia, seu potencial científico é muitas vezes desconhecido. Nos currículos escolares, e até mesmo no ensino superior, esse conteúdo é frequentemente negligenciado, mesmo persistindo o estudo da disciplina de botânica.
Apenas duas respostas também relacionam os fósseis como sendo
provenientes dos seres humanos, como do(a) aluno(a) 26G: “Ossos de humanos e
45
animais antigos. Não sei.” Pode haver uma dificuldade em associar que, além dos
animais, os seres humanos da antiguidade também deixaram fósseis. Bellini (2006)
afirma que os livros didáticos, ao tratarem da evolução, costumam adotar a analogia
da escada (em que a evolução vai para “o melhor e mais complexo”) e que isso faz
com que se perca a riqueza da história humana, trazendo pouco dos seres humanos
primitivos que coexistiram no passado.
Por fim, houveram três alunos que não explicaram o que é um fóssil e apenas
tentaram mencionar sua importância para a Biologia, com as seguintes respostas:
3E- É muito importante para a Biologia “fósseis”.
14D- Eles nos ajudam a moldar e construir a história da vida na Terra.
24H- Estudar os fósseis nos permite ter um pouco de clareza de como era o nosso
planeta a milhões de anos atrás.
Além disso, 21 alunos não responderam ou afirmaram não saber responder a
esta questão, o que é um número relativamente pequeno diante da quantidade de
alunos nas turmas nas quais os professores afirmam não ensinar os conteúdos de
Paleontologia. Isso vem ao encontro com nossa hipótese inicial de que os alunos
possuem acesso a esse conhecimento de outras formas, fora da escola.
4.2.4 Você sabe como era a vida na Terra há milhões de anos? Como você
sabe disso?
A quarta questão presente no questionário dos alunos foi: “Você sabe como
era a vida na Terra há milhões de anos? Como você sabe disso?”. Nessa questão, a
ideia era entender não só se o aluno tinha o conhecimento da história da vida na Terra
como também coletar a informação de como o aluno adquiriu essa informação, se na
escola ou fora dela, por outros meios. Frente ao grande volume de dados, também
categorizamos as respostas em categorias que pudessem refletir essas duas
informações e representamos, de forma gráfica, esses dados.
46
4.2.4.1 Categoria "Descreve eventos/seres que viviam na Terra e indicam a fonte
dessas informações"
No total, 74 alunos responderam descrevendo algum tipo de fenômeno ou ser
que vivia na Terra há milhares de anos e indicou de onde veio essa informação. Nessa
categoria, separamos os dados em dois gráficos, que demonstram o que os alunos
afirmam haver na Terra há milhares de anos e a fonte dessas informações.
Gráfico 6: Como era/ O que havia na Terra há milhares de anos?
Fonte: dados da pesquisa
0
5
10
15
20
25
30
Nº
de
alu
no
s
Como era/O que havia na Terra há milhares de anos atrás?
47
Gráfico 7: De onde veio seu conhecimento sobre a vida na Terra primitiva?
Fonte: dados da pesquisa
Analisando o gráfico 6, é possível notar que a resposta mais comum foi
relacionando a Terra primitiva com a presença de dinossauros. De fato, a temática
dos dinossauros é a mais presente quando se fala em Paleontologia, tanto no ensino,
quanto no imaginário, e nas mídias que abordam o tema (MELLO, MELLO E
TORELLO, 2005; RIBEIRO et al, 2011). Para Ribeiro et al (2011, p.766)
Dentro da popularização dessa ciência, os dinossauros sempre foram seus
protagonistas maiores, tendo-se transformado em um dos grupos animais
mais impactantes dos últimos tempos. Os dinossauros povoam o imaginário
de milhões de pessoas, o que tem alimentado uma indústria cultural de bens
de consumo sem precedentes, movimentando cifras substanciais em uma
diversidade singular de produtos.
Faria et al (2007, p. 171) destacam que “A maioria das produções imagéticas
de cunho paleontológico é relacionada aos dinossauros, assunto atraente para a
sociedade.”. Dessa forma, os filmes são grande influência na disseminação da
Paleontologia, o que é corroborado pelos dados representados no gráfico 7, em que
eles são a segunda fonte de informação mais citada. É importante destacar que, no
gráfico 7, cada aluno apontou mais de uma fonte de conhecimento, o que explica o
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Filmes Docs Internet Livros Escola TV Notícias Fósseis Pais
Nº
de
alu
no
s
De onde veio seu conhecimento sobre a vida na Terra há milhões de anos?
48
número elevado de respostas em relação ao número de alunos. Assim, os filmes são
recursos muito atraentes para os alunos, pois “São recursos comunicacionais de
ampla persuasão, capazes de transmitir mensagens a um grande número de pessoas
de diferentes idades e vivências ao mesmo tempo com ampla aceitação.” (FARIA et
al, 2007, p.171)
Porém, é importante notar que pode haver certa confusão conceitual
disseminada por essas mesmas mídias. Seis alunos responderam que haviam
dinossauros vivendo juntamente com “homem das cavernas”, como na resposta:
2F- Existiam dinossauros e homens das cavernas. Vi em filmes e livros.
Essa confusão conceitual ocorre pela difusão de informações errôneas pela
mídia, que por vezes retrata o homem vivendo com dinossauros, em filmes, desenhos
animados, livros, entre outros. Essa informação se relaciona com o gráfico 7, em que
os filmes, livros e a internet aparecem como fonte de conhecimento sobre
Paleontologia para diversos alunos. É relevante destacar o papel da mídia, que
precisa ter cautela ao produzir seus produtos a fim de não transmitir informações
erradas ao público. Conforme dizem Faria et al (2007, p.172) “Esses produtos visuais
atraem grandes massas de público e, por esta relevância, deve-se ter o cuidado de
ser fiel à realidade se possui uma intenção educativa.” Além disso, destaca que é
importante que haja uma leitura reflexiva e uma seleção criteriosa das informações,
se for utilizado como recurso educacional pelo professor. (FARIA et al, 2007)
Outra resposta comum, tendo 12 alunos, foi relacionando o período com a
presença de espécies diferentes, como na resposta:
8H- Bem diferente da atual, com diversidades de plantas, animais, seres vivos, alguns
até extintos. Sabemos disso pelos estudos -> Paleontologia.
Essa resposta ilustra como os alunos relacionam, de certa forma, a Paleontologia
com o estudo da Evolução, quando afirmam que alguns seres vivos foram extintos e
que a vida na Terra é diferente do que temos hoje. Esse número relativamente baixo
(12 alunos) se relaciona com o número de alunos (11 alunos) que relacionaram o
49
estudo da Paleontologia com a evolução e a diversidade biológica na primeira
questão, mostrando que há certa dificuldade em relacionar a Paleontologia com as
outras áreas da Biologia, pela fragmentação do próprio conteúdo (CARVALHO,
NUNES-NETO e EL-HANI, 2011; PEDRANCINI et al, 2007).
É interessante notar, pelo gráfico 7, que a escola foi a fonte mais citada (35
alunos), como meio de apropriação do conhecimento paleontológico, porém, as
respostas relacionam o aprendizado de Paleontologia com disciplinas como história e
geografia, não a biologia:
24ª- Apenas natureza, animais, dinossauros. Vi em uma aula de geografia sobre evolução da Terra
19D- Os homens faziam fogo com pedras, moravam em cavernas, caçavam para sobreviver, entre outros. Através de estudos de história e paleontologia.
Cruz e Bosseti (2007, p.131) apontam as relações multidisciplinares da
Paleontologia: “A Paleontologia enquanto ciência tem um caráter multidisciplinar,
transitando na interface entre as Geociências e as Ciências Biológicas. Ela desperta
o interesse de estudantes e leigos, assim como fornece subsídios para o
desvelamento de um mundo ou mundos do passado.”. Os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio para Ciências Humanas e suas Tecnologias destaca a
importância do tempo geológico para a compreensão da História. (BRASIL, 2002).
Desse modo, para esses alunos, o tema foi mais abordado nessas disciplinas do que
na disciplina de Biologia, que conta com cinco menções nessa categoria.
Outro fato a se destacar é que, nas respostas, a escola raramente vinha
sozinha como fonte de conhecimento paleontológico, destacando que os meios de
comunicação têm participação importante na construção desse conhecimento.
Segundo Kindel (2000) apud Gonçalves e Machado (2005) a escola sempre foi um
espaço educativo, porém outras fontes de aprendizado permeiam a vida dos
estudantes, pelos meios de comunicação em massa. Dessa forma, o professor pode
se aproveitar da influência desses meios e utilizá-los em sua prática de forma a utilizar-
se de sua atratividade selecionando as melhores mídias para enriquecer sua prática.
50
Trinta e cinco alunos responderam saber como era a Terra primitiva, mas não
indicaram as fontes desse conhecimento. No gráfico abaixo, podemos visualizar suas
respostas:
Gráfico 8: Como era/O que havia na Terra há milhares de anos? (alunos que não
indicaram a fonte desse conhecimento)
Fonte: dados da pesquisa
É interessante notar que, mesmo nos alunos que não indicam a fonte, as
principais características citadas são as espécies diferentes, que denota uma relação
um pouco intuitiva com a evolução e os dinossauros, sempre presente no imaginário
dos estudantes. (Ribeiro et al (2011); Mello, Mello e Torello (2005).
4.2.4.2 Categoria "Responde de acordo com visões religiosas”
Dois alunos responderam a essa pergunta segundo suas visões relativas à
religião e crenças pessoais:
7A- Deus criou tudo o que existe.
0
2
4
6
8
10
12
Dinossauros Espéciesdiferentes
Vida primitiva Dinossauros +"Homem das
cavernas"
"Homem dascavernas"
Únicocontinente
Nº
de
alu
no
s
Como era/O que havia na Terra há milhares de anos? (alunos que não indicaram a fonte)
51
4E- Baseado na Bíblia é uma coisa agora basear sobre o que eles dizem é sobre
que existia dinossauros e etc
Temas como a origem da vida, a história da vida na Terra e evolução
frequentemente despertam debates em que o viés religioso e científico de alunos e
por vezes, de professores, se veem colocados frente a frente. Conforme Sepulveda e
El-Hani (2004, p.142): “É natural que a evolução esteja no centro do debate acerca
das relações entre educação científica e educação religiosa, uma vez que é um dos
tópicos do Ensino de Ciências que se sobrepõe de maneira mais clara e contundente
ao conhecimento religioso” A Paleontologia, como Ciência, traz evidências da
Evolução, se baseando em estudos científicos. Na escola, o ensino de Evolução é
presente nas Ciências Biológicas, por se tratar, novamente de um conhecimento
científico. Dessa forma, temos que, enquanto Ciência, o papel da Paleontologia é
trazer evidências do pensamento científico. No entanto, não podemos excluir o papel
da religião na vida dos alunos e professores. O conflito existente entre as duas formas
de pensamento (religioso e científico) vêm da crença que os dois pensamentos “tendo
uma estrutura racional única, competiriam por um acesso privilegiado à verdade”
(COUTINHO e SILVA, 2013, p.20). No entanto, ainda segundo os autores, são
diferentes formas de existência, legítimos e que devem ser respeitados por suas
diferentes formas de ver o mundo.
4.2.4.3 Categoria "Não sabe/Não entendeu”
Nessa categoria, temos que 53 alunos afirmaram não saber como era a vida
na Terra há milhões de anos e 12 alunos que parecem não ter compreendido a
pergunta, apresentando respostas que parecem remeter ao estudo da arqueologia:
3A- Acredito que há milhares de anos atrás a vida humana era muito constrangedora
pois a hospedagem, alimentação e o modo de viver era incrível
17E- Era uma vida com bastante dificuldades, pessoas inferiores e superiores umas
a outras, poucos reconhecimentos e tudo era mais difícil não tinha oportunidades de
estudos como temos hoje em dia.
52
De acordo com Gonçalves e Machado (2005, p. 263): “Apesar de sua
importância científica e educativa, a paleontologia não é muito conhecida, e em geral
se confunde com a arqueologia (estudo das evidências da vida e da cultura humana
em épocas passadas.)”. Além disso, o número de alunos que responderam não saber
se relaciona com o fato da maior parte dos professores afirmarem não ensinar esse
conteúdo, sendo que esses alunos podem não ter tido contato através de outras
fontes. Na turma B, apenas dois alunos afirmaram saber sobre a vida na Terra
primitiva.
4.2.5 Caso não saiba, você gostaria de saber como era a vida na Terra há
milhões de anos? Como você gostaria de aprender sobre isso?
Na quinta questão perguntamos “Caso não saiba, você gostaria de saber como
era a vida na Terra há milhões de anos? Como você gostaria de aprender sobre isso?”.
Nessa questão, a ideia era colher dados se os alunos têm interesse em aprender
sobre esse tema e de que forma eles acham mais interessante. É importante notar
que, nessa questão, a maioria dos alunos que responderam que já sabiam como era
a vida na Terra há milhões de anos na questão anterior mas, também responderam a
essa e indicaram como querem aprender sobre o assunto. Conforme o volume dos
dados, agruparemos as respostas em categorias semelhantes, utilizando-se de
gráficos para melhor representação de algumas delas.
4.2.5.1 Categoria “Afirma que gostaria de aprender sobre e indica como"
Nas respostas agrupadas nessa categoria os alunos afirmaram possuir
interesse em aprender sobre a história da vida na Terra, e indicaram de qual forma
desejam conhecer esse assunto. Tivemos um total de 100 alunos cujas respostas se
encaixam nessa categoria. O gráfico que segue mostra como os alunos relatam
preferir aprender sobre Paleontologia, separados nas categorias: Escola, Escola +
Uso de diferentes recursos (como filmes, documentários, idas a museus...) e pelo uso
de recursos/mídias.
53
Gráfico 9 – Como você gostaria aprender sobre a história da vida na Terra?
Fonte: dados da pesquisa
Ao analisarmos o gráfico, é notável como os alunos demonstram interesse em
aprender sobre esse assunto na escola. As duas primeiras categorias “Escola” e
“Escola + Uso de diferentes mídias” se somadas, nos mostram que 61 alunos
demonstram interesse em que esse conteúdo seja trabalhado na escola. É
interessante notar que algumas respostas mostram que os alunos têm interesse em
aulas sobre o tema, mas de forma mais atraente e dinâmica, como nas respostas:
1ª- Sim, em aulas diferentes mais divertidas
17E- Sim. Ter mais explicação diretas, nada de copiar e copiar sem saber nada
6F- Sim. Aula dinâmica.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Escola Escola + Uso de diferentesrecursos
Pelo uso de recursos/mídias
Nº
de
alu
no
s
Como você gostaria de aprender sobre a vida na Terra há milhões de anos atrás?
54
Isso demonstra que os estudantes sentem falta de uma metodologia de ensino
que desperte interesse, que gere uma aprendizagem que tenha significado e que
realmente os envolva no processo. Dessa forma, temos uma demanda, por parte dos
alunos, do aprendizado do tema na escola, mas de forma prazerosa. Cabrera e Salvi
(2006) salienta que o uso de jogos, mídias, instrumentos interativos e outros materiais
trazem o lúdico para a sala de aula, estimulando uma aprendizagem significativa: “A
ludicidade na sala de aula traz uma tendência de interações estimulante e
provocadora que leva o adolescente à construção do conhecimento, uma vez que
propicia o desbloqueio no pensamento e favorece a aprendizagem.” (p.39)
É possível notar essa demanda também ao analisar o segundo grupo de
respostas, em que os alunos apontam querer aprender isso na escola, porém
utilizando-se de documentários, filmes, livros e por meio de idas a museus. Esse fato
ressalta a importância de se utilizar de diferentes mídias e da divulgação científica no
ensino formal de ciências, diversificando os instrumentos didáticos, auxiliando na
aprendizagem dos alunos. Por meio dessas mídias, é possível ter outras formas de
aprender ciência, fazendo com que o livro didático não seja a única fonte de
conhecimento utilizada por professores e alunos e trazendo mais dinamismo para as
aulas, o que pode auxiliar na compreensão de temas complexos como a
Paleontologia. Conforme Diório e Fonseca (2013, p.58):
A escola tem o importante papel de despertar o interesse dos indivíduos para
as ciências e para isso pode lançar mão de atividades que os envolva e os
tornem capazes de usar os conhecimentos adquiridos em novas situações.
Portanto, uma educação com as mídias é uma maneira da escola contribuir
para a formação de indivíduos que se apropriem de forma crítica da mídia-
educação, principalmente, para aprender/ compreender ciências.
Além disso, segundo Diório e Fonseca (2013), o uso de diferentes mídias pode
contribuir para a leitura crítica dos alunos em relação aos diferentes discursos da
imprensa e contribuir para a construção de seu conhecimento. Esse uso traz desafios
para os professores, como o de selecionar os materiais, saber conduzir a aula com
um recurso diferenciado, a fim de não só utilizar o recurso como “adicional” à aula, e
sim, saber trabalhá-lo de forma integrada à disciplina, promovendo discussões e
atividades que realmente possam aproveitar a mídia escolhida e contribuir para o
aprendizado do tema. De acordo com Arroio e Giordan (2006, p. 7): “Os meios de
55
comunicação revelam-se particularmente eficazes para desenhar e tecer o imaginário
de todo o mundo. Um dos grandes desafios que se apresenta é o de integrar
consciente e criticamente a escola, seus alunos e professores, no universo do
audiovisual.”
É relevante destacar a importância dos museus como espaços de formação
que também tornam o aprendizado de Paleontologia mais atraente e auxiliam o
professor na árdua tarefa de lecionar, permitindo a “assimilação de informações de
uma forma agradável” (VIEIRA e BIANCONI, 2007, p. 23). O museu traz a informação
científica de forma prazerosa e permite ao aluno o contato com outros profissionais
como cientistas e paleontólogos. Dois alunos citaram o interesse em conhecer esses
profissionais:
22A- Gostaria de aprender com alguém que estude isso e me leve para as
pesquisas.
13G- Gostaria de conhecer mais. Queria aprender com uma pessoa que conhece do
assunto.
Dentre os alunos que responderam ter interesse em aprender Paleontologia
por meio de diferentes mídias (sem citar a presença da escola), temos que 21 alunos
responderam preferir o uso de vídeos/filmes e 12 alunos afirmaram ter interesse em
visitar museus, que também foram os recursos mais citados pelos alunos que
relacionaram aprender Paleontologia com o ambiente da escola. Para esses alunos,
pode ser que, pelo fato da escola em geral apresentar uma metodologia positivista, e
utilizando-se apenas do livro didático como recurso, eles não relacionem o uso desses
instrumentos, principalmente os vídeos/filmes, com a escola. Além das respostas
nessa categoria, 37 alunos afirmaram ter interesse em aprender mais sobre a história
da vida na Terra, mas não especificaram como. Dois alunos responderam que já
sabiam sobre esse tema, portanto não precisariam aprender mais.
56
4.2.5.2 Categoria “Não quer aprender sobre/Não sabe/Não respondeu”
Nessa categoria, 34 alunos afirmaram não ter interesse no assunto, não saber
se têm interesse ou não responderam à pergunta. Um aluno afirmou não se importar
com o tema. É interessante notar que, da mesma forma que os alunos na categoria
anterior, em sua maioria, pediam que a Paleontologia fosse ensinada nas escolas,
mas de forma mais atraente, utilizando-se de diferentes recursos, o desinteresse
desses alunos pode ser proveniente do formato atual das aulas de ciências. Ou seja,
o conhecimento científico é tratado de forma tão desinteressante, maçante e sem o
envolvimento do aluno, que faz com que estes percam o interesse em aprender
Paleontologia. É fato que, no ensino positivista, os alunos são vistos como receptores
do conhecimento, sem ter participação na construção do mesmo e sem poder
expressar o que pensam sobre a transmissão desses conteúdos (CABRERA E SALVI,
2006). Ainda conforme Cabrera e Salvi (2006, p. 16) “Essas características acabam
por tornar o ensino unidirecional, proporcionando o desinteresse geral dos alunos
pelas aulas e o baixo rendimento no aprendizado demonstrado nas escolas”.
Dessa forma, há uma ausência de estímulo a curiosidade, à investigação e ao
questionamento, criticada por Morin (2000, p.22):
A educação deve favorecer a aptidão natural da mente para colocar e resolver os problemas e, correlativamente, estimular o pleno emprego da inteligência geral. Esse pleno emprego exige o livre exercício da faculdade mais comum e mais ativa na infância e na adolescência, a curiosidade, que, muito freqüentemente, é aniquilada pela instrução , quando, ao contrário, trata-se de estimulá-la ou despertá-la, se estiver adormecida.
Assim, mostra-se mais uma vez, importante que a escola aborde esse
conteúdo, de forma a envolver o aluno no aprendizado e despertar sua curiosidade,
utilizando-se de diferentes metodologias, estratégias e recursos, a fim de tornar o
aprender ciência mais interessante e prazeroso ao mesmo tempo em que instrui o
aluno para um tema tão relevante como a Paleontologia.
57
4.2.6 Onde você teve acesso à informações sobre Paleontologia?
A última questão do questionário aplicado aos alunos foi “Onde você teve
acesso à informações sobre Paleontologia?”. A intenção era coletar dados sobre as
principais fontes de acesso dos alunos ao tema, colocando as seguintes alternativas
para que eles pudessem escolher as que lhe cabiam: Filmes, Museus, Revistas,
Programas de TV, Escola e Livro Didático, sendo que eles poderiam marcar mais de
uma alternativa e especificar a mídia na qual tiveram acesso. Para a análise dessa
questão, construímos um gráfico a fim de melhor visualizar e comparar o número de
respostas em cada alternativa.
Gráfico 10: Onde você teve acesso à informação sobre Paleontologia?
Fonte: dados da pesquisa
Conforme os dados contidos no gráfico, é possível notar que os filmes e a TV,
somados, predominam como principal acesso à informação sobre Paleontologia, por
seu caráter imagético e atrativo (Faria et al, 2007). É importante lembrar que, essas
mídias nem sempre possuem caráter educativo, e que informações incorretas sobre
o tema podem predominar em diversos deles. Desse modo, é importante que o tema
seja trabalhado na escola, a fim de desmistificar conceitos propagados pela mídia,
0102030405060708090
100
Nº
de
re
spo
stas
Onde você teve acesso à informação sobre Paleontologia?
58
como o homem vivendo juntamente dos dinossauros, respostas presentes nas
questões anteriores. Um dos principais filmes citados foi Jurassic Park, que por vezes
traz erros conceituais, como no próprio título, os dinossauros presentes no filme
pertencem ao período Cretáceo.
A escola aparece como segundo meio mais citado de onde os alunos possuem
acesso à Paleontologia. Porém, é interessante destacar duas respostas que mostram
que os alunos possuem olhar crítico em relação à profundidade e a forma que esse
conteúdo é tratado:
4D- Escola: Comentários e estudamos sobre a matéria, não aprofundamos, mais
estudamos
22H- Escola: Através de poucas aulas
Isso mostra a própria insatisfação dos alunos, também demonstrada nas
respostas das perguntas anteriores em relação ao ensino de Paleontologia pela
escola. Eles mesmos afirmam que o conteúdo não é tratado de forma aprofundada.
Este fato também se reflete em uma resposta referente ao livro didático como fonte
de aprendizado, na qual o aluno afirma que há pouca informação contida neles, o que
corrobora com Alonço e Boelter (2016), sobre a superficialidade do conteúdo nos
livros:
4G- Livro didático: Biologia (com pouca informação)
Além disso, ainda no tópico escola, temos que três alunos citaram que
aprenderam sobre o tema na escola, porém conversando com colegas que tinham
interesse sobre o assunto, firmando um tipo de aprendizado por pares “através de
interações que favorecem a partilha, a negociação de significados a interrelacionação
e a mobilização de saberes” (ALMEIDA e CÉSAR, 2007, p.191)
59
2F- Com a Jaine, a coleguinha que senta na minha frente, ela é muito inteligente
14ª- Uma vez um garotinho expôs seu interesse por esse assunto aqui na escola, ele
mostrou um vídeo e falou sobre os antepassados
24G- Da minha amiga
Outros meios, que não estavam presentes nas alternativas e foram muito
citados foram a Internet, com 17 respostas e os livros com 10 respostas, mostrando
que outras formas de acesso à informação se fazem presente na vida dos alunos e
podem ser úteis para disseminação do conteúdo de Paleontologia, como formas de
divulgação científica, se bem preparadas por seus autores.
Na escola B, que apresentou o menor nível de conhecimento em relação as
respostas anteriores do questionário, é importante notar que, além da professora
afirmar não lecionar o conteúdo de Paleontologia, todos os alunos afirmaram não ter
contato com a temática em nenhum dos meios citados. Dessa forma, é importante
relembrar que, para a população escolar, a escola se constitui como principal, se não
o único, meio de acesso ao conhecimento científico. Sendo assim, é importante
discutir quais e porque determinados conhecimentos são selecionados em detrimento
de outros, pois afetam diretamente a cultura e o saber científico da população.
60
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo dessa pesquisa foi identificar e analisar os processos de ensino e
aprendizagem de Paleontologia no último ano do ensino médio das escolas públicas
de Itajubá, MG. Através dos resultados obtidos pela aplicação dos questionários,
pudemos ver que existe uma carência no ensino de Paleontologia na disciplina de
Biologia, com apenas seis dos oito professores participantes da pesquisa afirmando
ensinar o conteúdo. As razões afirmadas pelos professores são a falta de tempo
devido ao pequeno número de aulas de Biologia; a ausência dos conteúdos nos
currículos e no livro didático, o que confirma a hipótese inicial de que esse conteúdo
não é abordado de forma satisfatória nos materiais disponíveis. Além disso, há
ausência do ensino de Paleontologia na tentativa de selecionar conteúdos relevantes
para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como prioridade para selecionar o
que se ensina, gerando um ensino propedêutico, limitando a formação integral do
aluno e a compreensão global de conteúdos priorizando os resultados nesses testes,
o que não é o objetivo do Ensino Médio.
Podemos também notar que os alunos do ensino médio têm interesse na
temática, o que também corrobora com nossa hipótese e que, mesmo não tendo muito
acesso ao tema na escola, conseguem compreender conceitos básicos e acessam
esse conteúdo em outros locais, por meio de diversas mídias de divulgação científica
pelo teor atrativo do próprio tema. É interessante notar que, no início da pesquisa,
muitos diretores afirmaram que os alunos não saberiam falar sobre o assunto.
Diante disso, é importante notar que, mesmo tendo acesso em outros locais,
os próprios estudantes possuem interesse em aprender esse conteúdo na escola, por
meio de aulas mais dinâmicas. Dessa forma, reconhecendo a importância da
Paleontologia para a formação do estudante e o próprio interesse dos alunos em
aprender isso em ambiente escolar, encerramos com a reflexão de que se faz
necessário que esse conteúdo seja abordado com mais qualidade na educação
básica, tendo destaque em currículos nacionais, pois alia o interesse dos alunos por
esse tópico importante e atraente da ciência.
Para além disso, é importante que haja a construção de materiais que
estimulem os professores na criação de aulas dinâmicas, que além de atenderem a
demanda dos alunos, facilitam sua própria prática docente. A parceria Universidade-
61
Escola nesse caso pode estimular licenciandos e professores atuantes na criação
desses materiais, explorando mais sobre os processos de criação de recursos
didáticos enquanto auxiliam os professores do ensino básico em seu trabalho diário.
Além disso, programas de incentivo à divulgação científica também auxiliam na
criação de mídias a fim de trazer a ciência de forma mais atraente para alunos e
professores
62
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UNESP. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Curso de Ciências Biológicas Faculdade de Ciências UNESP. Projeto Político Pedagógico. Bauru, SP. Maio de 2015, 41 p. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3420627/mod_resource/content/4/PPC%20Biologia_%20UNESP%20BAURU.pdf . Acesso em: 12 de junho de 2018. UNICAMP. Universidade Estadual de Campinas. Projetos Político-Pedagógicos dos Cursos de Ciências Biológicas da Unicamp. Campinas, SP. 2013, 50 p. Disponível em: http://www.ib.unicamp.br/graduacao/sites/www.ib.unicamp.br.site.graduacao/files/PPPIBFINAL.pdf. Acesso em: 12 de junho de 2018. UNIFEI. Universidade Federal de Itajubá. Projeto Pedagógico: Curso de Graduação em Ciências Biológicas Licenciatura. Itajubá, MG. Maio de 2015, 104 p. Disponível em: https://portalacademico.unifei.edu.br/files/material/ppc/C01_BLI.pdf. Acesso em: 12 de junho de 2018. VASCONCELOS, J. F. Paleontologia aplicadas às Ciências Biológicas. Ed. Clube de autores. ed. 1. 2012. 120p. VASCONCELOS, S. D.; SOUTO, E. O livro didático de ciências no ensino fundamental proposta de critérios para análise do conteúdo zoológico. Ciência & Educação, v. 9, n. 1, p. 93-104, 2003. VIEIRA, F.S; ZUCON, M.H ; SANTANA, W. S. Análise dos conteúdos de paleontologia nos livros didáticos de biologia e nas provas de vestibular da UFS e do ENEM. EDUCON Colóq. Intern. Educação e Contemporaneidade, v. 4, n. 2010, p. 1-10, 2010. VIEIRA, V.; DIAS, M. BIANCONI, M. L. Espaços não-formais de ensino e o currículo de ciências. Ciência e Cultura, v. 57, n. 4, p. 21-23, 2005. VIEIRA, Valéria; BIANCONI, Maria Lucia. A importância do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro para o ensino não-formal em ciências. Ciências & Cognição, v. 11, 2007.
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APÊNDICES
Apêndice 1. Questionário aplicado aos professores
Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Recursos Naturais
Licenciatura em Ciências Biológicas
Orientadora de TFG: Profa. Luiza Gabriela de Oliveira E-mail: [email protected] Aluna: Natália Alexandrino Pecht E-mail: [email protected] Prezados(as) professores(as),
Venho convidar o(a) senhor(a) para, voluntariamente, responder as questões que se seguem, acerca da importância, das estratégias e dos recursos didáticos utilizados no ensino sobre Paleontologia nessa Escola. O intuito do questionário é fazer um levantamento de dados sobre o ensino da temática, que irão compor o corpus da pesquisa que estou desenvolvendo como Trabalho de Conclusão de Curso (TFG). Está resguardando o anonimato de suas respostas. Contamos com a sua colaboração para nos auxiliar neste estudo.
Questionário
• Disciplina(s) lecionada(s):
_______________________________________________________________
• Qual a sua formação?
_______________________________________________________________
• Em qual instituição de ensino você se formou?
_______________________________________________________________
• Você leciona há quanto tempo?
_______________________________________________________________
• Você costuma lecionar o conteúdo de Paleontologia para suas turmas de
Ensino Médio?
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( ) Sim ( ) Não
Caso afirmativo, para qual(is) turma(s)?
( ) 1º ano
( ) 2º ano
( ) 3º ano
• Caso negativo, quais os motivos que te levam a não abordar esse tema?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
• Quais recursos e estratégias didáticas você utiliza para ensinar
Paleontologia?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
• Você acha importante ensinar esse conteúdo no Ensino Médio? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
• Das opções abaixo, quais você acha que poderiam te auxiliar a lecionar
Paleontologia no Ensino Médio:
( ) Visitas à museus e centros de ciências
( ) Materiais paradidáticos e de divulgação científica sobre tema
( ) Presença do tema nos livros didáticos
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( ) Formação específica sobre o tema (cursos de aperfeiçoamento, por exemplo)
Outro:
_________________________________________________________
Agradecemos a sua colaboração!!
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Apêndice 2. Questionário aplicado aos alunos
Universidade Federal de Itajubá
Instituto de Recursos Naturais
Licenciatura em Ciências Biológicas
Orientadora de TFG: Profa. Luiza Gabriela de Oliveira E-mail: [email protected] Aluna: Natália Alexandrino Pecht E-mail: [email protected] Querido(a) aluno(a),
Gostaria de convidá-lo(la) a responder as questões abaixo, sobre um conteúdo muito importante para o ensino de Biologia, a Paleontologia. O intuito do questionário é fazer uma pesquisa sobre o que os alunos do Ensino Médio de Itajubá sabem sobre o tema e como podemos trabalhar melhor esse conteúdo. Suas respostas farão parte da pesquisa que estou desenvolvendo como Trabalho de Conclusão de Curso (TFG) da Licenciatura em Ciências Biológicas na UNIFEI. Está resguardando o anonimato de suas respostas. Contamos com a sua colaboração para nos auxiliar neste estudo.
Questionário
• Explique, com suas palavras o que estuda a Paleontologia:
• Você acha interessante aprender sobre a paleontologia? Por quê?
• O que são fósseis? Como você poderia descrever a importância desses
materiais para o estudo da Biologia?
• Explique como era a vida na Terra há milhões de anos. Como você sabe
disso?
• Caso não saiba, você gostaria de saber como era a vida na Terra há milhões
de anos atrás? Como você gostaria de aprender sobre isso?
• Onde você teve acesso à informações sobre a Paleontologia?
( ) Filmes. Quais?
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( ) Museus e/ou Centros de Ciência. Quais?
_______________________________________________________________
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( ) Revistas. Quais?
_______________________________________________________________
( ) Programas de TV. Quais?
_______________________________________________________________
( ) Escola. Como?
_______________________________________________________________
( ) Livro didático. Qual(is) Disciplina(s)?
_______________________________________________________________
Agradecemos a sua colaboração!!