Monografia - Glifosato
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CAMPUS CURITIBANOS
GLÁUCIA COTA NUNES
MATHEUS DE OLIVEIRA BELIN
GLIFOSATO:
MALEFÍCIOS CAUSADOS A SAÚDE
Curitibanos
2013
GLÁUCIA COTA NUNES
MATHEUS DE OLIVEIRA BELIN
GLIFOSATO:
MALEFÍCIOS CAUSADOS A SAÚDE
Monografia apresentada ao Campus de
Curitibanos, Universidade Federal de
Santa Catarina como parte da avaliação
da disciplina de produção textual.
Orientador: Profª. Drª. Sônia Corina Hess
Curitibanos
2013
AUTORIZAMOS A DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO
E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de Catalogação e Publicação (CIP)
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA – CAMPUS CURITIBANOS
Nunes, Gláucia Cota; Belin, Matheus de Oliveira
Glifosato: Malefícios causados a saúde / Gláucia Cota Nunes; Matheus de
Oliveira Belin; orientador Orientador: Profª. Drª. Sônia Corina Hess
p.:22 fig 7
Monografia apresentada ao Campus de Curitibanos, Universidade Federal
de Santa Catarina como parte da avaliação da disciplina de produção
textual.
1.Glifosato 2. Doenças 3. Agrotóxicos
CDU.
RESUMO
Nunes, Gláucia Cota; Belin, Matheus de Oliveira Glifosato: Malefícios causados a
saúde, Monografia apresentada ao Campus Curitibanos, Universidade Federal de
Santa Catarina, Curitibanos, 2013.
Com o aumento da agricultura, houve um crescimento na comercialização de agrotóxicos, entre os mais utilizados está o ROUNDUP com seu principal componente ativo o glifosato. Apresentamos informações químicas, tóxicas, usos, legislação e algumas doenças causadas pela contaminação e exposição direta e indireta do herbicida glifosato.
Palavras-chaves: glifosato, doenças, agrotóxicos
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 Logomarca da empresa Monsanto .............................................................10
Figura 2 Mix de produtos com a marca Roundup, produzidos pela Monsanto .......11
Figura 3 Formula estrutural do glifosato....................................................................12
Figura 4 Hipersinal em T2 bilateral e simétrico na substância negra e substância
cinzenta periaquedutal...............................................................................................19
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Uso autorizado do glifosato.........................................................................13
Tabela 2 Opinião dos agricultores sobre a utilização do EPI.....................................16
Tabela 3 Opinião dos agricultores sobre os danos causados pelos agrotóxicos à
saúde .........................................................................................................................17
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8
2 OBJETIVOS .............................................................................................................9
3 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................10
3.1 Monsanto .............................................................................................................10
3.2 Roundup...............................................................................................................11
3.2.1 Princípio ativo utilizado no herbicida.................................................................11
3.2.2 Glifosato ...........................................................................................................11
3.2.3 Propriedades químicas......................................................................................11
3.2.4 Legislação ........................................................................................................12
3.2.5 Uso ...................................................................................................................14
3.2.6 Toxicidade ........................................................................................................14
4 Malefícios causados a saúde .................................................................................15
4.1 Qual a principal causa de intoxicação? ...............................................................15
4.2 Doenças graves causadas pelo glifosato ............................................................18
5 CONCLUSÕES ......................................................................................................20
REFERÊNCIAS .........................................................................................................21
8
1. INTRODUÇÃO
A utilização de pesticidas na agricultura mundial tem aumentado a cada dia,
principalmente no Brasil (ARAUJO et al, 2003). Um dos principais pesticidas
utilizados é o glifosato, sendo este comercializado em mais de cem países, e
utilizado em mais de centenas de culturas, no Brasil é utilizado nos plantios ou
cultivos de soja, trigo, milho, algodão, arroz, feijão e outras (TONI et al, 2006;
QUEIROZ et al, 2011).Os herbicidas trouxeram benefícios a agricultura, mais
também causam efeitos colaterais indesejáveis (YAMANA; CASTRO, 2013). O uso
de herbicidas é uma rotina dentro da comunidade rural onde os responsáveis pela
manipulação e aplicação dos produtos, não possui instrução para realização da
mesma (BRITO et al, 2009).
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2. OBJETIVOS
Como objetivos gerais têm como objetivo os seguintes tópicos:
- Conhecer a empresa responsável pelo Roundup;
- Conhecer o principal princípio ativo usado no Roundup;
- Conhecer as propriedades químicas do glifosato;
- Conhecer o uso do glifosato;
- Conhecer a legislação sobre aplicação do glifosato.
Como objetivos específicos têm os seguintes tópicos:
- Conhecer os malefícios causados pelo agrotóxico na saúde humana;
- Conhecer as principais formas de intoxicação;
- Conhecer doenças graves causadas devido ao uso do glifosato.
10
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Monsanto
A empresa transnacional Monsanto foi criada em 1901, por Jonh F. Queeny
em homenagem a sua esposa Olga Monsanto Queeny, a empresa usa a logomarca
conforme mostrada na figura 1 (MONSANTO, 2013).
Figura1: Logomarca da empresa Monsanto (Fonte: MONSANTO, 2013)
Ao decorrer da sua trajetória produtiva diversificada, acabou deixando a
química para segundo plano optando por trabalhar com biotecnologia, pois o patente
do herbicida Roundup estava expirando, foi quando a empresa investiu em
pesquisas de plantas resistentes ao Roundup, onde produziram um pacote que
vendia sementes transgênicas juntamente com o Roundup (MOURA; MARIN, 2013
apud GUERRANTE, 2003).
Em 1951, iniciou as atividades no Brasil, e no ano de 1970 sintetizou o
glifosato principio ativo do Roundup (MOURA; MARIN, 2013).
“A Monsanto tem um serviço diferenciado de assistência técnica pré e pós
venda, que oferece orientações aos agricultores durante o ciclo produtivo até o
momento da venda da soja” (MOURA; MARIN, 2013 apud SANTINI; PAULILLO,
2003; MONSANTO, s.d.).
“A Monsanto pesquisa e desenvolve variedades de soja, milho, sorgo e
algodão adaptadas às diferentes condições de solo e clima
brasileiros”(MONSANTO, 2013).
A empresa investe em cana-de-açúcar, traz inovações para esta cultura,
usando a experiência no melhoramento genético de plantas e em biotecnologia.
Desenvolve produtos inovadores e tecnologias que aumentam a produtividade. Seus
11
herbicidas são eficientes protegendo a lavoura de plantas infestantes, na
conservação da cobertura natural do solo (MONSANTO, 2013).
3.2 Roundup
O Roundup é o produto químico mais vendido no mundo para controle de ervas
daninhas, é registrado em mais de 120 países, inicialmente todo o produto
comercializado no Brasil era importado, mais a partido do ano de 1984, começou a
ser produzido nacionalmente. No Brasil o produto passou a ter um mix de produtos:
Roundup Original, Roundup WG, Roundup Transorb e outros conforme mostra a
figura 2 (MOURA; MARIN, 2013).
Figura 2: Mix de produtos com a marca Roundup, produzidos pela Monsanto
(FONTE: MONSATO, 2013).
3.2.1 Princípio ativo utilizado no herbicida
O principal principio ativo utilizado no Roundup é o glifosato (MOURA; MARIN,
2013).
3.2.2 Glifosato
O Glifosato foi descoberto por cientistas da empresa Monsanto no ano de
1970, o glifosato-isopropolamônio e o glifosato-sesquisódio são comercializadas
com o nome de Roundup, sendo indicado no controle de ervas daninhas, pois possui
uma alta eficiência, e baixo risco ambiental e toxicológico (AMARANTE JUNIOR et
al., 2002; FRANCO et al., 2012 apud NADULA et al., 2007; TONI et al., 2006).
12
“Mais de 90 marcas comerciais com esse ingrediente ativo no mundo” (SANTOS et
al, 2004 apud HEAP, 1997).
3.2.3 Propriedades químicas
O glifosato (N-(fosfonometil)glicina) tem formula molecular C3H8NO5P (figura
3), é um sólido cristalino solúvel em água (12m/L a 25°C) tem ponto de fusão a
200°C (AMARANTE JUNIOR et al., 2002).
Figura 3: Fórmula estrutural do Glifosato. (Fonte: COUTINHO; MAZO, 2005)
3.2.4 Legislação
Em âmbito nacional, não há limites legais estabelecidos para glifosato em
águas do solo. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US
EPA) estabelece o limite de 700 µg/L de glifosato com água potável com
“limite consultivo de saúde” (AMARANTE JUNIOR et al, 2002 apud
BARCELÓ, 1993).
No Brasil não há legislação que define limites máximos de resíduos para os
pesticidas no solo, a legislação estabelece critérios e normas para realização de
testes para a avaliação toxicológica do pesticidas (AMARANTE JUNIOR et al,2002).
A aplicação do glifosato varia de espécie, tanto na concentração quanto no
intervalo de aplicação, conforme mostra tabela 1(ANVISA, 2007).
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3.2.5 Uso
O glifosato é indicado para controle de ervas daninhas e perenes, e indicados
para diversas culturas, arroz, cana-de-açúcar, café, milho, soja, maçã, entres outras
diversas. Quando misturado com outros produtos pode reduzir a sua atividade, para
aumentar sua eficácia na eliminação das ervas daninhas pode ser misturado com
outros herbicidas a base de 2,4-D, terbutilazina entre outros (AMARANTE JUNIOR
et al, 2002). O glifosato é absorvido pela região clorofiliana das plantas, e
transportado pelo floema para os tecidos (GALLI, MONTEZUMA, 2005).
Para as culturas de maçã, uva e citros, a aplicação do herbicida éfeita em
área total (técnica do coroamento) ou somente onde houver manchas de
mato. Para culturas de café, cana-de-açúcar, soja e milho, no entanto, a
aplicação é feita somente nas entrelinhas. Em pastagens, a aplicação é
realizada nas reboleiras de mato, ou durante o pré-plantio, no caso de
formação de pastagem artificial. Para cultivo de arroz e soja, em plantio
direto ou indireto, glifosato é aplicado antes da semeadura da cultura. Em
culturas de eucalipto/pinus a aplicação é feita em pós-emergência, em pleno
estágio vegetativo do mato, nas entrelinhas, após a implantação das
espécies florestais ou, ainda, no pré-plantio, para garantir a eliminação da
vegetação da área. No cultivo de pequenas áreas, glifosato pode ser
aplicado em pré-plantio da cultura e pós-emergência das plantas daninhas.
Para não atingir as partes verdes das plantas úteis (folhas, ramos ou caules
jovens), glifosato deve ser preferencialmente aplicado com jato dirigido. A
“calda” pronta do formulado é altamente corrosiva. Por este motivo, ele não
deve ser armazenado em recipientes de ferro galvanizado, ferro ou aço
comum (AMARANTE JUNIOR et al, 2002).
Se for utilizado corretamente como descrito na bula, é seguro para as
culturas, e as ajudará na expressão do seu potencial (GALLI, MONTEZUMA, 2005).
3.2.6 Toxicidade
Conforme a indústria o glifosato não é tóxico aos mamíferos e que este é
menos tóxico que uma aspirina (SAMSEL, SENEFF, 2013). Alguns autores sugerem
que este herbicida tem causado defeitos crônicos em algumas espécies de animais
quando nascem, estudos em longo prazo com roedores apresentam problema
hepático e renal, risco de câncer e ciclo de vida curto (AMARANTE JUNIOR et al,
2002; SAMSEL, SENEFF, 2013).
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O Glifosato apresenta toxicidade classe III que significa medianamente tóxico
(ANVISA, 2013).
“Em plantas o glifosato apresenta grande toxicidade exceto em caules
suberizados” (AMARANTE JUNIOR et al, 2002). Uso intenso pode causar danos as
plantas que não são alvo do produto (AMARANTE JUNIOR et al, 2002).
No entanto, sendo não seletivo, o largo espectro de atividades do herbicida
conduz a destruição de ambientes naturais e de fontes de alimento de
alguns pássaros e anfíbios, levando a redução das populações
(AMARANTE JUNIOR et al, 2002).
4. Malefícios causados a saúde
Muitos problemas de saúde podem estar associados a alimentação, como
problemas digestores, obesidade, autismo, Alzheimer, depressão, Parkinson,
doenças de fígado, câncer entre outras. Embora outras toxinas também contribuem
para isso, mais o glifosato pode ser a toxina ambiental mais significativa, pois é
muito utilizada, e muitas vezes manuseada incorretamente (SAMSEL; SENEFF,
2013).
4.1 Qual a principal causa de intoxicação?
Conforme visto em estudo feito por outros autores, identificamos que muitas
vezes as doenças tem sido causada por exposição direta e indireta, e falta de uso de
equipamentos de EPI (Equipamento de proteção individual).
Tabelas abaixo trazem resultados de pesquisa feita com agricultores da
Serrinha do Mendanha, na cidade de Campo Grande/RJ (BRITO et al, 2009).
Observa-se que o principal entendimento sobre intoxicação para este grupo
se refere a situações que necessitam de acompanhamento medico. Ou
seja, sintomas mais brandos, como dor de cabeça, enjôo, parecem não ser
reconhecidos como sintomas de intoxicação. “Dor de cabeça e normal”
relata um dos informantes, o que demonstra a naturalização do uso de
agrotóxicos (BRITO et al, 2009).
Na tabela 2 é mostrado que os agricultores reconhecem a importância do uso
de equipamento de EPI, porem é uma pratica pouco utilizada conforme descrito nos
depoimento.
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Em resposta obtida sobre o mal que o glifosato causa a saúde os pesquisadores
obtiveram os seguintes resultados descritos na tabela 3.
Tabela 3: Opinião dos agricultores sobre os danos causados pelos agrotóxicos à
saúde. (Fonte:BRITO et al, 2009).
A partir desse estudo observamos que para o agricultor há uma grande
diferença entre o saber e fazer.
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4.2 Doenças graves causadas pelo Glifosato
Parkinsonismo é uma doença que afeta sistema nervoso, causando rigidez,
tremores e instabilidade postural, poder ter como causa drogas, intoxicações por
herbicidas, manganês e cianeto (COSTA et al, 2003).
Caso de Ocorrência da doença:
Homem (Rg-HC 3204675B), pardo, vigilante, aposentado, previamente
hígido, relata aos 52 anos de idade, quando aplicava o herbicida glifosato
no jardim do seu local de trabalho, sem proteção, derramou acidentalmente
aquele produto sobre seu corpo. O herbicida permaneceu em contato com a
pele por aproximadamente trinta minutos; seis horas após apresentava
indisposição geral e hiperemia nas conjuntivas e nas áreas cutâneas
expostas ao contato do herbicida. Uma semana depois, surgiram nas áreas
cutâneas hiperemiadas vesículas que duraram quinze dias. Um mês após
desenvolveu quadro de parkisionismo generalizado de predomínio rígido-
acinético e parestesias de predomínio distral nos quatros membros.]O
quadro parkinsoniano evoluiu de forma progressiva e as parestesias
desapareceram espontaneamente após seis meses. Desde o início dos
sintomas apresentava déficit de memória para fatos recentes. Recebeu
levodopa (500mg/dia) com boa resposta. Dois anos depois foi encaminhado
ao Ambulatório de Distúrbios do Movimento da Clínica Neurológica do
HCFMUSP. Ao Mini Exame do Estado Mental mostrou escore de 23 pontos
em 30 possíveis; as dificuldades mais evidentes foram nas áreas de
atenção, memória e cálculo. Ao exame neurológico (em fase “on”)
constatou-se síndrome acinético-rígida (grau III na escala de Hoehn e Yahr).
Os demais dados do exame neurológico, a bioquímica do sangue e
eletroneuromiografia dos quatro membros estavam dentro da normalidade.
As imagens de RM em T2 revelaram bilateral e simetricamente: hipersinal
no globo pálido, substância negra, via nigro-estriatal, e substância cinzenta
periaquedutal conforme na figura 4 (COSTA et al, 2003).
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Figura 4: Hipersinal em T2 bilateral e simétrico na substância negra e substância
cinzenta periaquedutal. (Fonte: COSTA et al, 2003)
O sistema endócrino é responsável pela produção de hormônios, onde
ocorrem mudanças físicas, comportamentais e psicológicas, que torna o indivíduo
capaz de se reproduzir (ROMANO et al, 2009).
O glifosato atua como inibido da enzima Aromatase, em seres humanos. Essa
enzima é responsável pela síntese de estrógenos. O Roundup que possui como
principal agente ativo o glifosato, é um fonte inibidor enzimático endócrino, mesmo
sendo utilizado na lavoura com doses cem vezes menores do que as recomendadas
pela Monsanto (RICHARD et al, 2005).
20
5. CONCLUSÃO
Concluí-se que após estudos e pesquisas podemos constatar que o glifosato
é utilizado em larga escala na agricultura mundial. Muitas vezes utilizado sem
segurança ou instruções, causando riscos a saúde de trabalhadores de forma direta
e indireta.
21
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