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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS CAPANEMA ANTONIO MARIANO GOMES DA SILVA JÚNIOR PAULO JAILSON AMORIM DA CRUZ ANÁLISE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DEPRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA: UM ESTUDO DE CASO DA AGROINDÚSTRIA SABOR DE BRAGANÇA CAPANEMA 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS CAPANEMA

ANTONIO MARIANO GOMES DA SILVA JÚNIOR

PAULO JAILSON AMORIM DA CRUZ

ANÁLISE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DEPRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA:

UM ESTUDO DE CASO DA AGROINDÚSTRIA SABOR DE BRAGANÇA

CAPANEMA

2019

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ANTONIO MARIANO GOMES DA SILVA JÚNIOR

PAULO JAILSON AMORIM DA CRUZ

ANÁLISE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA:

UM ESTUDO DE CASO DA AGROINDÚSTRIA SABOR DE BRAGANÇA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de Agronomia da Universidade

Federal Rural da Amazônia – Campus

Capanema como requisito para obtenção do

grau de Bacharel em Agronomia.

Área de concentração: Economia Rural.

Orientador: Profa. Dra. Ana Karlla

Magalhães Nogueira.

CAPANEMA

2019

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA DE CAPANEMA

Silva Júnior, Antonio Mariano Gomes da

Análise das novas tecnologias de produção de farinha de mandioca: um estudo de caso da agroindústria

sabor de Bragança / Antonio Mariano Gomes da Silva Júnior, Paulo Jailson Amorim da Cruz. – Capanema, Pa.,

2019.

57 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Agronomia) – Universidade Federal Rural da Amazônia,

2019.

Orientadora: Ana Karlla Magalhães Nogueira

1. Agroindústria-Bragança-PA 2. Inovação tecnológica 3. Farinha de mandioca-Processamento I.

Nogueira, Ana Karlla Magalhães (Orient.) II. Título

CDD: 664.7207098115

Cristiana Guerra Matos - Bibliotecária CRB2: 1143

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AGRADECIMENTOS

A Deus todo poderoso, por sua infinita bondade e misericórdia; pelo amor, amparo e força

nos momentos difíceis e de desânimo. A Ele sempre toda honra e glória.

Em especial a minha esposa Naila, essa grande mulher que com grande sabedoria me

incentivou para que chegasse até aqui. Você foi a maior e melhor amiga, parceira e referência

durante o decorrer do curso. Obrigado por tanto amor, pela boa convivência e por me fazer

completo! Você merece nada menos que todo meu amor, hoje e sempre.

Agradeço ao meu pai Antonio Mariano (in memoriam) e à minha mãe Olivia pelo

incentivo e pela ajuda proporcionada. Minha sincera gratidão a vocês!

A minha segunda família Seu Raimundo, Dona Soccoro e Rodrigo, minhas fontes de

direcionamento e força para meu ingresso na vida acadêmica. Muito obrigado pelo apoio e

confiança. Nessa nova etapa, vocês foram essenciais.

Agradeço a professora e orientadora Ana Karlla pelos esforços despendidos e por ter

contribuído com suas honrosas opiniões de melhorias para este estudo. O trabalho modificou-

se no meio do caminho, porém mesmo assim conseguimos realinhar o foco. Agradeço pela

disponibilidade, acessibilidade e pelos ensinamentos que me foram repassados.

Ao Davi e Ingrid proprietários da agroindústria Sabor de Bragança, que não mediram

esforços para contribuir nas informações valiosas que embasaram esse estudo. Muito

obrigado!

Aos colegas de turma, em especial as equipes Rocket e Quarteto Fantástico, pelo apoio

amizade, compreensão nas horas difíceis. Vou levar pra sempre essa amizade no meu

coração!

A banca examinadora formada pelas professores Luiz Cláudio e Luciane Martins, pela

estimada presença e disposição para ajudar no aprimoramento desse trabalho.

A instituição UFRA e aos docentes que com muita garra e persistência

proporcionaram valiosas contribuições para vida acadêmica e profissional.

Antonio Mariano Gomes da Silva Júnior

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AGRADECIMENTOS

Pela compreensão e carinho dados em toda a trajetória do curso e pelos eternos

incentivos nas horas de estudos à minha família em especial meus filhos, pelas palavras de

motivação nos momentos difíceis.

Obrigado Deus! Não poderia deixar de agradecer pela fonte de vida, saúde,

inteligência e amor que me deste a todos os momentos independente de minha atitude diante

de Vós.

Agradeço imensamente ao quadro de professores da UFRA, em especial a Professora

Ana Karlla Magalhães Nogueira, mais do que uma orientadora, um ponto de apoio e

referência. Sou grato pelos ensinamentos, contribuições e aperfeiçoamento profissional e

pessoal que me proporcionaste.

Aos meus colegas de turma, em especial a Equipe Rocket e ao Quarteto Fantástico,

por mostrarem-se amigos e companheiros naqueles momentos de descontração e durante as

avaliações.

Agradeço ao inesquecível Professor Malavolta, que em tantos momentos da vida

acadêmica supriu com sabedoria as interjeições apresentadas.

Ao colega Wilson que cordialmente cedeu meu companheiro de TCC.

Aos membros que compõem essa banca, obrigado pela compreensão.

Serei eternamente grato a todos que tornaram possível a realização desse trabalho.

Paulo Jailson Amorim da Cruz

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“Eu tive muitas coisas que guardei em minhasmãos, e asperdi. Mas tudo o que eu guardei nasmãos de Deus, eu ainda possuo”.

Martin Luther King

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RESUMO

O objetivo do trabalho foi analisar as novas tecnologias associados ao sistema de produção dafarinha de mandioca pela agroindústria sabor de Bragança, localizada no município deBragança/PA. A metodologia constitui-se em pesquisa de caráter qualitativa e exploratóriabaseado em um estudo de caso, em que para coleta de dados foram utilizadas entrevistassemiestruturadas com os proprietários da agroindústria. A partir da análise dos resultadosconstatou-se que a incorporação da tecnologia e inovação aplicada pela agroindústria,permitiu a manutenção e consolidação da atividade da agroindústria familiar com maiorpossibilidade de sustentação frente a forte variação nos preços praticados no mercado dafarinha de mandioca. Percebeu-se, ainda, que a visão empreendedora instigou o aumento doíndice de produtividade, lucratividade, a diminuição de custos, além de proporcionar o acessoà novos mercados.

Palavras-chave: Agroindústria. Inovação tecnológica. Processamento. Farinha de mandioca.

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ABSTRACT

The objective of this work was to analyze the impact of the new technologies associated to the

cassava flour production system by Bragança flavored agroindustry, located in the city of

Bragança/PA. The methodology is based on a qualitative and exploratory research based on a

case study, in which semi-structured interviews with the owners of the agroindustry were used

for data collection. Based on the analysis of the results, it was verified that the incorporation

of the technology and innovation applied by the agroindustry, allowed the maintenance and

consolidation of the activity of the family agroindustry with greater possibility of sustenance

due to the strong variation in the prices practiced in the cassava flour market, It is also

believed that the entrepreneurial vision instigated an increase in productivity, profitability,

cost reduction and access to new markets.

Keywords: Agribusiness. Tecnologic innovation. Processing. Cassava flour.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma do processamento da farinha de mandioca seca e d’água..................24

Figura 2 - Continuum dos tipos de inovação...........................................................................29

Figura 3 - Vista aérea da unidade produtiva Sítio Fênix.........................................................33

Figura 4 - Sítio Fênix no município de Bragança - PA...........................................................36

Figura 5 - Vista frontal da agroindústria Sabor de Bragança..................................................38

Figura 6 - Tanques de fermentação da mandioca....................................................................39

Figura 7 - Equipamentos utilizados na trituração e prensagem da mandioca.........................39

Figura 8 - Fornos de torração e escaldamento da farinha de mandioca..................................40

Figura 9 - Produtos rotulados pela agroindústria Sabor de Bragança.....................................41

Figura 10 - Farinhas de mandioca gourmet.............................................................................43

Figura 11 - Marca da agroindústria Sabor de Bragança..........................................................45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14

2. OBJETIVO ......................................................................................................................... 16

2.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 16

2.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 16

3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 16

3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 18

3.1Produção da raiz de mandioca ......................................................................................... 18

3.2Processamento da mandioca e produção da farinha ...................................................... 21

3. 2. 1 Fases do processamento da farinha ............................................................................... 24

3. 2. 1. 1 Recepção das raízes de mandioca .............................................................................. 26

3. 2. 1. 2 Descascamento e lavagem ......................................................................................... 26

3. 2. 1. 3 Trituração/Ralação .................................................................................................... 26

3. 2. 1. 4 Prensangem ................................................................................................................ 27

3. 2. 1. 5 Esfarelamento ............................................................................................................ 27

3. 2. 1. 6 Torração ..................................................................................................................... 27

3. 2. 1. 7 Peneiramento ............................................................................................................. 27

3. 2. 1. 8 Embalagem ................................................................................................................ 28

3.3 Gestão da Inovação Tecnológica ..................................................................................... 28

3.4 Agroindústria Familiar .................................................................................................... 31

4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 35

4.1 Área de estudo ................................................................................................................... 35

4.2 Natureza da pesquisa e procedimentos de investigação ................................................ 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 38

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5.1 A empresa em estudo ........................................................................................................ 38

5.2 Caracterização das instalações e descrição do processamento da farinha de mandioca

.................................................................................................................................................. 39

5.4 Processo de produção das farinhas denominadas “farinhas gourmet” da

agroindústria Sabor de Bragança/PA. .................................................................................. 44

5.5 Análise dos fatores estratégicos e vantagens econômicas obtidas na mudança do

processo produtivo da farinha de mandioca ........................................................................ 46

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49

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1. INTRODUÇÃO

A mandioca (Manihote esculenta Crantz) é originária do Brasil, região amazônica,

fronteiriça com a Venezuela. É um dos principais alimentos energéticos para milhões de

pessoas no mundo (FREITAS; FARIAS; OLIVIER, 2011). Conforme o último levantamento

da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), no ano de

2016, a produção mundial de raiz de mandioca foi de 277,1 milhões de toneladas. O maior

produtor mundial é a Nigéria, que no ano de 2016 computou 57,13 milhões de toneladas,

seguido por Tailândia e Indonésia. O Brasil é o 4º maior produtor mundial com 21,08 milhões

de toneladas de raiz de mandioca (FAO, 2016).

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), o Brasil

produziu 20.606.037 toneladas de mandioca no ano 2017, figurando como um dos países que

mais produz e consome mandioca no mundo. A região Nordeste do país se destaca como a

maior produtora da raiz de mandioca em relação à área plantada, porém sua produção, em

milhões de toneladas, perde para a região Norte (FILGUEIRAS; HOMMA, 2016). O estado

do Pará é o principal produtor (4.234.597 toneladas), seguido dos estados do Paraná

(3.046.721 toneladas) e Bahia (2.078.752). A alta produção estadual deve-se principalmente à

extensa área colhida (em grande número de pequenas propriedades), mesmo que com uma

produtividade relativamente baixa, ou seja, da ordem de 14,348 kg/ha, enquanto no Paraná,

segundo maior produtor, atinge-se, em média, 24,235 kg/ha (IBGE, 2017).

A mandioca é originária do Brasil e cultivada em todo o território nacional (SILVA,

2016). Constitui-se como alimento base para o abastecimento da população brasileira,

principalmente, em se tratando das regiões Norte e Nordeste, onde é reconhecida com um dos

produtos essenciais na dieta alimentar. Leonel et al. (2015) afirmam que apesar das diversas

formas de aproveitamento da raiz, a farinha ainda é a principal forma de processamento da

mandioca, componente indispensável na refeição da maioria dos brasileiros.

A produção de farinha de mandioca é importante para o agronegócio1brasileiro, sendo

uma atividade rústica e familiar que beneficia economicamente e socialmente todos os seus

colaboradores. No Brasil, o processo produtivo básico da farinha resume-se nas seguintes

etapas: colheita, transporte, descascamento, lavagem, ralação, prensagem, esfarelamento,

torrefação, classificação e embalagem (FIALHO; VIEIRA, 2011). Entretanto, Silva (2015)

relata que em todo país, existem distintos tipos de farinhas, e que diferenciam-se entre si em

1Segundo Davis e Goldberg (1957), o agronegócio é a soma total das operações de produção e distribuição de

suprimentos agrícolas envolvendo: insumos, produção, armazenamento, processamento e distribuição.

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determinados elos da cadeia produtiva2, envolvendo principalmente a tradição do saber-fazer.

A classificação da farinha muitas vezes é particular de cada fabricante, abrangendo desde a

granulação até a cor do produto final (VELTHEM; KATZ, 2012), conferindo à qualidade da

farinha de mandioca, em muitos locais, um caráter subjetivo (CEREDA; VILPOUX, 2010).

Conforme Filho (2012), mesmo sendo a forma mais conhecida de aproveitamento

industrial da mandioca, a farinha não é considerada um produto muito valorizado, sobretudo

pela elevada variabilidade de tipos de farinha nas regiões produtoras, o que dificulta a

comercialização em nível nacional.

Entretanto, no município de Bragança, microrregião bragantina, uma unidade de

produção de caráter familiar têm desenvolvido inovação no processo de produção de farinha

de mandioca, objetivando a agregação de valor ao produto, com a criação de subprodutos a

partir da produção tradicional de farinha de mandioca na região bragantina. Trata-se de uma

farinha diferenciada, na qual são adicionados diversos produtos tradicionais da região norte,

tais como açaí, jambu, camarão, charque, soja, castanha-do-brasil e soja, dando origem a

subprodutos de autovalor agregado com potencial de alcançar novos mercados dentro e fora

do estado do Pará.

De acordo com Santana et al. (2014) e Santana (2012), o aumento de qualidade e

diferenciação dos produtos, qualificação da mão-de-obra, inovação de processo e de gestão,

contribuem para a criação de vantagens competitivas sustentáveis que anuncia a evolução no

mercado.

Schumpeter (1988) relaciona a inovação em uma visão macroeconômica,

argumentando que esta é capaz de impulsionar a economia em constante evolução,

proporcionando modificações no mercado e o comportamento do consumidor, na medida em

que, as novidades introduzidas impulsionam o crescimento gerando um ciclo virtuoso de

inovações e crescimento econômico. Segundo o mesmo autor, é o produtor/empreendedor que

dá origem ao ciclo, pois inovar é a substituir formas antigas de produzir e consumir, por

formas antes não existentes, na qual os produtores acabam persuadindo os consumidores a

adquirirem novos produtos e serviços (SCHUMPETER, 1988).

Nesse sentido, Baldisera et al. (2017) concordam que existe uma relação entre as

inovações e as mudanças, ou combinações, que acontecem na organização em decorrência

desse ciclo, do processo produtivo, da competitividade e da necessidade de satisfação dos

2Conjunto produtivo articulado de atividades integradas, sendo esta uma interação consecutiva às articulações do

mercado, tecnológica e de capital. (CHEVALIER,1978; SELMANI, 1992).

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consumidores.

Dada a importância dessa mudança na produção de farinha de mandioca, justifica-se

analisar como a inovação tecnológica de gestão, processo e de produto têm contribuído para a

melhoria do processo de produção, formação de preço e acesso a novos mercados para a

agroindústria Sabor de Bragança.

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

Descrever e analisar as novas tecnologias associados ao sistema de produção de

farinha de mandioca na agroindústria Sabor de Bragança localizada no município de

Bragança/PA.

2.2 Objetivos específicos

- Descrever o processo de produção da farinha de mandioca na agroindústria Sabor de

Bragança;

- Caracterizar as tecnologias utilizadas no processo de produção da farinha de

mandioca;

- Analisar o impacto das novas tecnologias no processo e produto da agroindústria.

3. JUSTIFICATIVA

Com os avanços tecnológicos das últimas décadas e com a velocidade em que ocorrem

as mudanças, as empresas constantemente necessitam inovar para manterem-se competitivas

no mercado (DE ANDRADE, 2014). Com melhorias em equipamentos e maquinários,

também modificam-se os padrões de produção e de consumo, bem como as formas de

organização das mais variadas atividades econômicas. As incorporações tecnológicas que

ocorrem na agricultura interferem diretamente no processo de desenvolvimento econômico e

social, proporcionando melhorias na distribuição e organização de atividades, oportunizando

aumento na renda dos produtores rurais, repercutindo muitas vezes na permanência de muitas

famílias no meio rural (KALKMANN, 2013).

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Na região bragantina, a produção de farinha caracteriza-se, não somente, por sua

importância econômica e ambiental, mas sobretudo, por sua relevância social no que tange a

contribuição dada a dinâmica das economias locais e ao sustento das famílias de agricultores

rurais.

No tocante desse estudo, os fatores relevantes a serem observados são a sustentação

das atividades nas agroindústrias pelo incorporação de inovações tecnológicas; a manutenção

e geração de empregos e renda, que consequentemente afeta o estabelecimento da família no

campo; a importância do conhecimento tácito dos agricultores no processo de incorporação

das inovações e melhoramentos nos aspectos comerciais dos produtos.

A abordagem do estudo de caso foi utilizada como uma estratégia para compreender

melhor as mudanças orientadas pelo mercado que levaram as práticas de inovação

implantadas na agroindústria Sabor de Bragança

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3.REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Produção da raiz de mandioca

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma raiz produzida em todo o território

nacional, com elevada adaptação a diferentes condições edafoclimáticas, o que favorece sua

incorporação aos hábitos alimentares da população (DE MATTOS, 2006).A expansão da

cultura no Brasil deve-se ao cultivo sem grandes exigências, pouca demanda por solos com

elevada fertilidade e/ou técnicas aprimoradas para sua propagação, bem como a diversidade

genética, alta capacidade de regeneração e de adaptação ecológica, simples reprodução

vegetativa e elevada tolerância a períodos de estiagem (GOMES, 2003).

Dentre os registros do descobrimento do Brasil, já havia menção ao cultivo e uso da

mandioca na alimentação humana associada à cultura indígena, e desde então os portugueses

começaram a incorporar na sua alimentação a mandioca e seus derivados (SILVA, 2014). Pela

facilidade de produção e pela oferta de amido nas raízes e de proteínas na parte aérea, a

mandioca tem sido base da alimentação de populações de países em desenvolvimento, e por

conseguinte, figura como matéria-prima para inúmeros produtos industriais, e sendo geradora

de renda nos meios urbano e rural. A mandioca causa impacto positivo, principalmente, nas

regiões mais desprovidas economicamente, e encontra-se fortemente ligada as áreas

cultivadas por agricultores familiares (FONSECA, 2017).De acordo com Almeida et al.

(2018) a mandioca ainda vai continuar a representar um papel importante na parcela do

consumo alimentar dos países que têm uma forte dependência dessa raiz na dieta e

apresentam baixo nível de consumo de outros alimentos.

Dados da FAO revelam que a produção mundial de mandioca, em 2016, foi de 277,1

milhões de toneladas (CONAB, 2016). O Brasil liderou a produção da raiz até 1991, quando

foi ultrapassado pela Nigéria, que permanece como a maior produtora mundial com um total

de 57,13 milhões de toneladas, seguida por Tailândia, Indonésia, Brasil, Gana e República

Democrática do Congo. A participação desses seis países representa mais de 60% de toda a

produção mundial (Tabela 1).

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Tabela 1: Ranking da produção mundial de mandioca no ano de 2016.

País Produção

(milhões de t)

Área colhida

(milhões de ha)

Nigéria 57,13 9,12

Tailândia 31,16 1,41

Indonésia 21,08 1,41

Brasil 20,74 0,87

Gana 17,80 0,94

Congo 14,67 1,80

Outros países 114,52 7,93

TOTAL 277,10 23,47

Fonte: CONAB (2016).

Conforme dados do IBGE, no ano de 2017 a produção brasileira de raiz de mandioca

foi de 20,6 milhões de toneladas, cultivadas numa área de 1,4 milhões de hectares. Na

comparação com a estimativa anterior, foi 2,46% superior em quantidade produzida e 1,44%

em área colhida (Tabela 2). Logo, a cultura da mandioca exerce importante papel no cenário

agrícola nacional, tanto como fonte de energia para a alimentação humana e animal, quanto

geradora de emprego e de renda, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil

(CARDOSO; SOUZA, 2000).

Tabela 2: Ranking da produção brasileira de mandioca, por região no ano de 2017.

Região Produção (t) Área Plantada (ha) Área Colhida (ha)

Norte 7.434.781 787.800 486.550

Nordeste 5.172.156 872.216 526.239

Sul 4.556.462 224.362 208.135

Sudeste 2.254.348 169.216 122.241

Centro-Oeste 1.188.290 73.070 63.997

Total 20.606.037 2.126.664 1.407.162

Fonte: IBGE (2017).

A região Norte, ocupa o primeiro lugar no ranking da produção nacional de mandioca,

com uma produção de 7.434.781 toneladas, e tem como maior produtor da raiz o estado do

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Pará, que atualmente produz cerca de 4.234.597 toneladas, seguido por Paraná e Bahia, com

3,05 e 2,08 milhões de toneladas (IBGE, 2017) (Tabela 3). A alta produção estado do Pará

está ligado à sua extensa área colhida (em grande número de pequenas propriedades), muito

embora ainda com uma produtividade relativamente baixa, ou seja, da ordem de 14,35 t/ha,

enquanto no estado do Paraná, segundo maior produtor, atinge-se, em média, 24,23 toneladas

por hectare (IBGE, 2017). Juntas essas unidades da federação representam quase metade da

produção nacional (Tabela 3).

Tabela 3: Ranking da produção brasileira de mandioca, por unidade de federação no ano de

2017.

Estado Produção (t) Área Plantada (ha) Área Colhida (ha)

Pará 4.234.597 570.846 295.137

Paraná 3.046.721 125.716 125.716

Bahia 2.078.752 230.143 192.137

Maranhão 1.315.554 293.945 151.157

São Paulo 1.142.556 62.444 46.618

Acre 1.099.913 39.383 39.358

Rio Grande do Sul 1.066.857 71.744 60.001

Fonte: IBGE (2017).

O pequeno rendimento em termos de produtividade no estado do Pará, está associado,

em grande parte, ao baixo nível tecnológico das unidades de produção, visto que o sistema de

cultivo predominante é o de derruba e queima (ALVES, 2008). A baixa produtividade e o

nível tecnológico insatisfatório também são frutos da forma de cultivo em solos de baixa

fertilidade. A isto também deve ser acrescentado o reduzido potencial genético de grande

parte das cultivares utilizadas pelos agricultores (OLIVEIRA et al., 2014).

No que se refere a demanda de mercado de acordo com Almeida et al. (2018), a

possibilidade de crescimento de consumo de produtos da mandioca no Brasil, depende

essencialmente do tipo de produto. A elasticidade-renda3 da demanda de farinha apresenta-se

como positiva apenas na classe de recebimento de até três salários mínimos, e negativa acima

desse valor, indicando que qualquer aumento de renda para as famílias que recebem acima de

3 Elasticidade-renda da demanda é a variação proporcional no consumo de uma mercadoria para uma dada

variação proporcional na renda (FERGUSON, 1999).

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três salários mínimos provoca redução de consumo de farinha de mandioca (HOFFMANN,

2000; ALMEIDA; LEDO, 2004apud ALMEIDA, 2018). Desse modo, trata-se de um bem

com baixas perspectivas de crescimento da demanda em longo prazo. A expectativa de

crescimento da demanda deve partir da inovação no processamento de derivados da mandioca

com a criação de novos produtos (a exemplo da fécula e dos chips) e da inserção mais ativa

do país no mercado internacional desses mesmos produtos, na condição de exportador (DE

ALMEIDA, 2018).

Além disso, Cardoso e Souza (2000) acrescentam que o processamento da mandioca

permite múltiplas possibilidades de aproveitamento como farinhas cruas ou torradas e

polvilho (doce ou azedo), largamente utilizados na dieta humana, sendo os resíduos ou raspa

empregados no consumo animal, permitindo o aproveitamento total do produto.

Na Amazônia, a mandioca é um dos principais produto sem termos de demanda, seja

para fins comerciais, seja para subsistência. É consumida, principalmente, em forma de

farinhas produzidas, geralmente, de forma artesanal, nos próprios estabelecimentos de cultivo.

Contudo, nesses sistemas de produção, a mandioca é subutilizada com relação ao seu

potencial produtivo, uma vez que ainda há, na sua produção e beneficiamento, um

considerável desperdício (COSTA et al., 2016).

3.2 Processamento da mandioca e produção da farinha

Dos muitos produtos oriundos da cultura da mandioca, recebe maior destaque a fécula,

um produto farináceo obtido do amido presente na raiz de mandioca, é usado nas fecularias

para produção da farinha de mandioca. No Brasil, a farinha de mandioca é classificada pela

legislação como o produto obtido de raízes de mandioca, do gênero Manihot, submetidas a

processo tecnológico adequado de fabricação e beneficiamento (GAMA et al., 2015).

Embora seja ampla sua forma de aproveitamento, a transformação da raiz em farinha

ainda é a principal forma de processamento da mandioca, sendo componente indispensável na

refeição da maioria dos brasileiros, em especial, das regiões Norte e Nordeste (LEONEL et

al., 2015).A transformação da mandioca em farinha, podendo ser chamada de

“industrialização” das raízes de mandioca, quando em grande escala, diminui perdas pós-

colheita, agrega valor ao produto, proporciona maior retorno financeiro aos produtores e gera

emprego e renda (MATSUURA et al., 2003).

Durante esse processamento pode-se originar três grupos do mesmo produto: a) classe

seca para os produtos obtidos das raízes sadias de mandioca, devidamente limpas,

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descascadas, trituradas, raladas, moídas, prensadas, desmembradas, peneiradas, secas à

temperatura adequada, podendo novamente ser peneirada e ainda beneficiada; b) d'água:

produto predominantemente fermentado, obtido das raízes de mandiocas sadias, maceradas,

descascadas, trituradas ou moídas, prensadas, desmembradas, peneiradas e secas à

temperatura adequada, podendo ser novamente peneirada; e c) bijusada: produto de baixa

densidade, obtido das raízes de mandioca sadias, limpas, descascadas, trituradas, raladas,

moídas, prensadas, desmembradas, peneiradas e laminadas à temperatura adequada, na forma

predominante de flocos irregulares (BRASIL, 2011).

A classificação das farinhas de mandioca do grupo seca e do grupo d’água é

determinada pelo teor de amido, pelo teor de cinzas, fibra bruta, cascas mais entrecascas,

características sensoriais e matérias estranhas, e suas classes são divididas em fina, média e

grossa (Quadro 1).

Quadro 1: Classificação da farinha de mandioca do grupo seca.

Classe Fina Média Grossa

Tipo 1 2 3 1 2 3 1 2 3

Teor de amido (%) ≥ 86,2 ≥82,0

< 86,0

≥80,0

< 82,0 ≥ 86,2

≥82,0

< 86,0

≥80,0

< 82,0 ≥ 86,2

≥ 82,0

<86,0

≥80,0

< 82,0

Teor de Cinzas (%) ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4

Fibra Bruta (g/100g) ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3

Cascas e Entrecascas Determinação não

realizada ≤ 1,1

>1,1

≤ 2,2

>2,2

≤ 3,4 ≤ 1,3

>1,3

≤ 2,6

>2,6

≤ 3,9

Características

sensoriais Normal ou característico

Matéria Estranha Ausência na amostra de trabalho (1kg)

Fonte: BRASIL (2011).

A legislação brasileira, pela IN 52/2011-MAPA, discorre ainda, que cada grupo de

farinha pode ser classificada em três classes de acordo com a granulometria, fina, média e

grossa ou podendo ainda ser enquadrada como Fora de Tipo ou Desclassificada. Segundo

Chisté e Cohen (2006), a principal diferença entre a farinha-d’água (farinha de puba) e a

farinha-seca é a existência de uma etapa prévia de fermentação das raízes na produção da

farinha-d’água, por aproximadamente 4 dias. Há regiões em que é produzida a farinha mista,

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em menor escala, com 50% da massa seca e o restante com a massa de molho d’água (Quadro

2).

Quadro 2: Classificação da farinha de mandioca do grupo d’água.

Classe Fina Média Grossa

Tipo 1 2 3 1 2 3 1 2 3

Teor de amido (%) ≥ 86,2 ≥82,0

< 86,0

≥80,0

< 82,0 ≥ 86,2

≥82,0

< 86,0

≥80,0

< 82,0 ≥ 86,2

≥ 82,0

<86,0

≥80,0

< 82,0

Teor de Cinzas (%) ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4 ≤ 1,4

Fibra Bruta (g/100g) ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3 ≤ 2,3

Cascas e Entrecascas ≤ 1,5 >1,5

≤ 3,0

>3,0

≤ 6,0 ≤ 1,5

>1,5

≤ 3,0

>3,0

≤ 6,0 ≤ 1,5

>1,5

≤ 3,0

>3,0

≤6,0

Características

sensoriais Normal ou característico

Matéria Estranha Ausência na amostra de trabalho (1kg)

Fonte: BRASIL (2011).

No entanto, a farinha de mandioca do grupo bijusada se difere dos outros grupos, pois

a sua classe é de tipo único, e não apresenta a porcentagem de cascas e entrecascas como

critério de classificação (Quadro 3).

Quadro 3: Classificação da farinha de mandioca do grupo bijusada.

Tipo Único

Teor de amido (%) ≥ 80,0

Teor de Cinzas (%) ≤ 1,4

Fibra Bruta (g/100g) ≤ 2,3

Características sensoriais Normal ou Característico

Matéria Estranha Ausência na amostra de trabalho (1kg)

Fonte: BRASIL (2011).

Praticamente toda a produção de raízes de mandioca do Pará é consumida na forma

tradicional de farinha de mesa (seca ou d’água), representando assim um dos principais

componentes da dieta alimentar da população (ALVES; MODESTO JÚNIOR, 2016).

Existe uma divisão quanto à classificação das unidades produção da farinha de

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mandioca, que inclui as “farinheiras” e as “casas de farinha”. As farinheiras são

agroindústrias que apresentam uma estrutura de trabalho profissional, possuindo marcas

próprias, e, em sua maioria, se localizam nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (DA SILVA,

2014). No Sul, marcado pela influência europeia, a produção da farinha, geralmente, ocorre

em escala industrial, em estabelecimentos fechados, modernos e equipados com tecnologia

avançada (NOGUEIRA; WALDECK, 2006).

As casas de farinha, por sua vez, mantêm o seu sistema produtivo baseado em métodos

tradicionais, possuem uma estrutura menos profissionalizada, funcionam, geralmente, com

trabalho familiar e alto índice de informalidade, sem marca própria, concentrando-se nas

regiões Norte e Nordeste (GRANCO et al., 2005).Em geral, estes locais constituem espaços de

trabalho coletivo, de intensa troca de saberes e práticas, apresentando estruturas simples, abertas e

dotadas de equipamentos rústicos (DA SILVA, 2015).

De acordo com Ferreira (2004), as agroindústrias farinheiras em produção vêm aos

poucos se modificando. A abertura de mercado aliado a baixa disponibilidade de recurso

financeiro e eficiência de gestão, colabora para que pequenos produtores da farinha de

mandioca desistam de suas atividades. Ainda de acordo com o autor, muito desses produtores

acreditam, que a ausência da tecnologia e inovação nas práticas de fabricação, o baixo

investimento em marketing e design das embalagens, consequente da falta de recursos

financeiros, e ainda, a não articulação com os fornecedores de matéria-prima, acabam por

influenciar para que seus produtos fiquem fora das prateleiras de grandes mercados

consumidores.

3.2. 1 Fases do processamento da farinha

Conforme Chisté e Cohen (2006), a tecnologia de fabricação da farinha é simples, mas

exige alguns cuidados no seu desenvolvimento. A seleção da matéria-prima adequada, a

higiene e os cuidados durante todo o processo de fabricação, são fatores fundamentais para

garantir um produto de qualidade. Cabe aqui destacar que nas unidades de produção,

dificilmente se consegue a obtenção de produto homogêneo, sobretudo, em virtude do

processo produtivo depender de variáveis como mão-de-obra, matéria-prima, dentre outras.

Além desses aspectos, as diferenças nas características demandadas para as farinhas, entre o

Norte-Nordeste e o Centro-Sul, também favorecem divergências no processo produtivo

(OLIVEIRA; REBOUÇAS, 2008).

Esse processo inclui a recebimento das raízes de mandioca, lavagem e descascamento,

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ralação, prensagem, esfarelamento, uma peneiração que pode ser opcional a depender do tipo

de farinha que se deseja, torração e peneiração. Na Figura 1, o fluxograma apresenta as etapas

do processamento da farinha de mandioca.

Figura 1: Fluxograma do processamento da farinha de mandioca seca e d’água.

Fonte: Adaptado de Alves e Modesto Júnior(2016).

Para a fabricação de farinha de qualidade, o produtor precisa observar os

procedimentos recomendados para o processamento de alimentos: localização adequada da

unidade de processamento, utilização de medidas rigorosas de higiene dos trabalhadores na

atividade; limpeza diária das instalações e equipamentos; matéria prima de boa qualidade;

tecnologia de processamento, embalagem e armazenagem adequada (CHISTÉ; COHEN,

2006).

Recepção de Raiz de Mandioca

Descascamento manual ou mecânico

Imersão em tanque com água por 15 minutos para lavagem

Trituração mecânica das raízes

Prensagem da massa triturada

Esfarelamento mecânico (desintegrar a massa)

Torragem manual ou mecânica

Peneiramento

(grossa, média e fina)

Embalagem

Farinha de mandioca seca

Recepção de Raiz de Mandioca

Imersão da raiz com casca em água ao ar livre (fermentação)

Descascamento manual

Trituração mecânica das raízes

Prensagem da massa triturada deixando 30% de umidade

Esfarelamento mecânico

(desintegrar a massa)

Torragem manual ou mecânica

Peneiramento

(grossa, média e fina)

Embalagem

Farinha de Mandioca d'água

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3. 2. 1. 1 Recepção das raízes de mandioca

Segundo Bezerra (2006) as raízes são recepcionadas à temperatura ambiente, em

seguida são encaminhadas para a pesagem, a balança deve estar limpa e aferida. Para o

controle da produção, o dia e a hora de entrada da matéria-prima devem ser anotados. Ainda,

de acordo com Bezerra (2006), para controlar a qualidade da mandioca, utilizada para a

produção da farinha, as raízes são selecionadas de acordo com a integridade, textura firme e

ausência de pontos escuros ou outra coloração diferente da coloração original da polpa.

Também é analisado o odor das raízes, este que deve ser característico de raízes frescas.

3. 2. 1. 2 Descascamento e lavagem

Conforme Chiste e Cohen (2006), as raízes devem ser lavadas para eliminar a terra

aderida à sua casca e evitar a presença de impurezas que prejudicam a qualidade do produto

final. O descascamento elimina as fibras presentes nas cascas, as substâncias tânicas, que

escurecem a farinha, e parte do ácido cianídrico que se concentra em maior proporção nas

entrecascas. O descascamento pode ser manual, feito com facas afiadas ou raspador, ou

mecânico, utilizando-se do descascador cilíndrico ou em forma de parafuso. Após o

descascamento manual, as raízes devem ser novamente lavadas para retirar as impurezas a

elas agregadas durante o processo (BEZERRA, 2006).

Na utilização de descascador mecânico, a lavagem e o descascamento são realizados

ao mesmo tempo, através do atrito das raízes entre sie delas com as paredes do equipamento,

com fluxo contínuo de água (CHISTÉ; COHEN, 2006).

3. 2. 1. 3 Trituração/Ralação

Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater (2000), no

processo de ralação, as raízes já descascadas e lavadas são transformadas em massa, por meio

de um ralador elétrico, que é formado por um cilindro de metal inoxidável, com lâminas de

aço serrilhadas. As raízes são empurradas para dentro do ralador, com a ajuda de braços de

madeira, que realizam movimentos alternados. Para a obtenção de uma massa de qualidade, é

necessária a regulagem adequada do ralador. O ralador é considerado um equipamento

mecânico indispensável, pois além de ser uma das etapas que mais influenciam a qualidade do

produto final, também acelera o tempo de processamento e evita esforço físico (PORTELA,

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2015).

3. 2. 1. 4 Prensagem

Para Araújo e Lopes (2009), a prensagem pode ser realizada de duas maneiras, por

meio de prensas manuais ou hidráulicas. Em ambos os processos a massa é acondicionada

dentro de recipientes e comprimida para ser retirado o excesso de água e facilitar o processo

de torração. A prensagem consiste em eliminar o excesso de água presente nas raízes após a

ralação, e deve acontecer logo após a trituração para impedir a fermentação e o escurecimento

da farinha (CHISTÉ; COHEN, 2006).

3.2. 1. 5 Esfarelamento

O produto obtido após a prensagem compreende blocos de massa compactada que

precisam ser esfarelados antes da torração. O esfarelamento pode ser realizado de forma

manual ou através do esfarelador ou ralador. O esfarelamento pode ser realizado por processo

mecânico, com o auxílio de um equipamento denominado esfarelador, ou manualmente, por

meio do peneiramento (ARAUJO; LOPES, 2009). A peneira vibratória com motor elétrico

também pode ser utilizada nesta operação (BRAGANÇA, 2000).

3. 2. 1. 6 Torração

O processo de torração é uma operação delicada e de grande importância na

elaboração da farinha de mandioca, pois exerce influência direta na qualidade do produto final

(BEZERRA, 2006). De acordo com o mesmo autor, essa etapa consiste na secagem da massa

esfarelada, e tem como objetivo a redução da umidade até o alcance de valores abaixo de

14%, apresentando desse forma as características regionais como cor, sabor e textura.

3. 2. 1. 7 Peneiramento

Esta etapa tem o objetivo de uniformizar a granulometria da farinha, sendo que a

malha da peneira será determinada pelo tamanho que se quer obter. O esfarelamento manual é

feito pela passagem repetitiva de um rodo sobre a massa prensada colocada sobre a peneira,

que deve ser limpa com escovas (VIZOLLI; SANTOS, 2010). O crivo ou malha da peneira

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pode ser fina, média ou grossa, e determina a granulometria da farinha. A peneira retêm as

impurezas, que devem ser retiradas do processo e misturada as cascas, e podem para servir de

ração animal ou adubo (BEZERRA, 2006).

3. 2. 1. 8 Embalagem

Ao final do processamento, conforme Chisté e Cohen (2006), a farinha de mandioca

obtida deve ser empacotada em sacos plásticos de 50 kg, quando destinada ao mercado

atacadista, e de 0,5 e 1,0 kg para venda no varejo. “O ideal é o ensacamento da farinha no

mesmo dia, enquanto ainda quente, para ficar crocante, mas essa tarefa pode ser adiada,

devido a certas circunstâncias” (VELTHEM, 2007).

3.3 Gestão da Inovação Tecnológica

Com o efeito da globalização e a economia cada vez mais integrada, o ato de inovar

tornou-se parte do cotidiano das empresas (KALKMANN, 2013). A inovação apresentou-se

como algo essencial, podendo determinar a longevidade das empresas. Na agricultura as

inovações tecnológicas fazem parte do trabalho cotidiano e são fundamentais para o aumento

da produtividade e qualidade de vida do ambiente rural (VILARTA, 2007).

O conceito de inovação é alicerçado na definição clássica de Joseh Alois Schumpeter,

de acordo com sua obra The Theory of Economic Development, de 1992. Schumpeter (1982)

conceitua inovação como a introdução de um novo bem ou uma nova qualidade de um bem

no mercado, introdução de um novo método de produção, bem como a abertura de um novo

mercado, descoberta de novas matérias primas ou novas formas e métodos organizacionais.

(SCHUMPETER, 1982, p. 48 apud KALKMANN, 2013).

A discussão sobre a concepção de inovação tem expandido cada vez mais por diversos

autores como Lambin (2000), o qual afirma que as organizações estão mais competitivas em

termos tecnológicos, dado o cenário estabelecido. Drucker (2003) aponta que a inovação é um

fator fundamental para que a organização possa atingir o propósito máximo de satisfação dos

clientes. Para Santana e Santana (2014) a inovação é um elemento estratégico para a

competitividade das empresas, por alimentar o processo em que interagem diferentes mundos:

científico, tecnológico e técnico, econômico, social e institucional. O Manual de Oslo

(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - OCDE, 2005, p. 55) define

inovação como sendo “a implementação de um novo produto ou significativamente

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melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método

organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações

externas". O documento divide a inovação em quatro tipos: inovação de produto; inovação de

processo; inovação de marketing; e inovação organizacional. O quadro 4 apresenta a definição

destes quatro tipos de inovação, conforme o Manual de Oslo (1997).

Quadro 4: Tipos de Inovação e suas definições.

TIPOS DE INOVAÇÃO DEFINIÇÃO

Inovação do produto

Inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo

ou significativamente melhorado em suas características ou

usos. São exemplos de inovação de produto: melhoramentos

técnicos e funcionais significativos, incorporação de softwares

e facilidade de uso (FINEP, 2005).

Inovação no processo

Inovação de processo é aquela associada a um método de

produção ou distribuição novo ou significativamente

melhorado, tais como as mudanças em técnicas e equipamentos

(FINEP, 2005).

Inovação de Marketing

Inovação de marketing é aquela que envolve um novo método

de marketing que acarrete mudanças significativas em termos

de concepção do produto, embalagem, posicionamento,

promoção ou determinação de preços. (FINEP, 2005).

Inovação Organizacional

Inovação organizacional é aquela que envolve um novo método

organizacional relacionado às práticas de negócios,

organização do local de trabalho ou relações externas da

empresa (FINEP, 2005).

Fonte: Do autor, baseado em FINEP (2005).

Ainda existem outras classificações que conforme, Dosi et al. (1988), reforçam a ideia

que as inovações podem ser agrupadas em inovação tecnológica, que diz respeito ao produto

ou ao processo; e inovação não tecnológica, relacionada ao modo de organização, mercado ou

a outros elementos da atividade econômica. Na questão de inovação tecnológica, Freemann

(1982) distingue ainda dois tipos de inovação: Inovação Radical e Inovação Incremental. A

compreensão sobre inovação radical parte da ideia do desenvolvimento e introdução de um

novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Essa

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inovação pode demonstrar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, dando

origem a novas indústrias, setores, mercados. Em geral, refletem uma redução de custos e

aumento de qualidade em produtos já existentes. A inovação Incremental, baseia-se na

incorporação de algum tipo de melhoria em um produto e/ou processo da produção dentro de

uma organização, sem modificar a estrutura industrial. Existem muitos exemplos de inovações

incrementais, muitas delas imperceptíveis para o consumidor, podendo gerar crescimento da

eficiência técnica, aumento da produtividade, redução de custos, aumento de qualidade e

mudanças que possibilitem a ampliação das aplicações de um produto ou processo.

Galbraith (1999 apud BEVILACQUA 2018), sugere uma tipologia de inovação

baseada em um continuum que tem nos extremos a inovação radical e a inovação incremental,

conforme demonstrado na ilustração abaixo:

Figura 2: Continuum dos tipos de inovação.

Fonte: Adaptado de Galbraith (1999).

Tironi e Cruz (2008) acrescentam na definição de inovação incremental como sendo

aquela que propicia melhoramentos nos produtos e processos já existentes, tais como

características técnicas, usos e custos e inovação radical como sendo aquela pautada em uma

novidade tecnológica ou mercadológica, capaz de criar um novo mercado, e até levar à

descontinuidade (disruption) do mercado existente.

Constantemente a compreensão sobre inovação e mudança apresenta-se como

sinônimos. Drucker (2002) explica que “a oportunidade para o novo e diferente é sempre

fornecida pela mudança”. Para Silva (2014), a maioria das inovações bem-sucedidas explora a

mudança, apesar de existir inovações que constituem por si mesmas uma mudança

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importante. Mas trata-se de exceções muito raras. A maioria das inovações bem-sucedidas são

muito mais comum, explorando a mudança.

Dentre todos os aspectos sobre a gestão da inovação, compreende-se que são

fenômenos complexos, incertos e de alto risco. A complexidade envolvida na gestão da

inovação é intrínseca às suas características fundamentais: envolve uma combinação de

recursos humanos, organizacionais, tecnológicos e de mercado; possui alto grau de incerteza e

risco; necessita do envolvimento e da interação de diversos atores, áreas e funções; demanda o

monitoramento contínuo do ambiente; requer a gestão de recursos altamente especializados;

precisa de agilidade para reconfigurar a estrutura interna e de capacidade de aquisição e

absorção dos recursos e conhecimentos necessários (FREEMAN, 1982; BROWN,

EISENHARDT, 1994; THAMHAIN, 2003; TIDD et al., 2008; NAGANO et al., 2014).

3.4 Agroindústria Familiar

De acordo com Schneider (2005) a agroindústria é uma ferramenta para suprir

algumas necessidades de determinados atores, criando alternativas de emprego e renda para os

agricultores familiares.

A agroindústria familiar é o empreendimento pertencente a agricultores familiares sob

gestão individual ou coletiva, situado em área rural ou urbana que tem por finalidade

beneficiar e/ou transformar matérias-primas provenientes de explorações agrícolas, pecuárias,

pesqueiras, aquícolas, extrativistas e florestais, englobando desde os processos simples até os

mais complexos, no que se refere a operações físicas, químicas e/ou biológicas (ANGEL,

2015). Conforme Sgarbi et al. (2007) agroindústria familiar rural é uma unidade de

processamento de alimentos localizada nas propriedades rurais ou nos aglomerados rurais

próximos, pertencente a um agricultor familiar individual ou um grupo.

Conforme Cenci (2007), existem diversas denominações para o mesmo significado

sobre agroindústria familiar (AFs), por exemplo, pequeno estabelecimento industrial de

pequena escala, pequena agroindústria, agroindústria caseira, pequena unidade industrial,

agroindústria de pequena escala e agroindústria artesanal.

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Agrário - MDA (2004 apud CENCI, 2007)

uma agroindústria familiar se caracteriza por possuir os seguintes aspectos: ser de propriedade

de agricultor familiar, individualmente ou de um grupo de agricultores; utilizar a mão de obra

pertencente das famílias proprietárias ou a outros agricultores próximos; ter um nível de

sofisticação dos equipamentos compatíveis com a quantidade de produção prevista, com o

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número de pessoas que trabalham na agroindústria, com a viabilidade econômica da unidade;

adotar tecnologias simples que apresentem uma boa relação custo/benefício. Guanziroli

(2010), sistematizou no quadro abaixo algumas variáveis da agroindústria rural, tais como:

propriedade, gestão, mão de obra, tecnologia, matéria-prima e escala de produção.

Quadro 5: Elementos que compõem o conceito de agroindústria rural.

Vetores de

desenvolvimento Descrição da variável Consequência

Propriedade

Dos próprios agricultores

familiares. Produzem a

matéria prima e a

industrializam

Verticalização da produção

Gestão

Por agricultores familiares

de forma individual ou

associativa

Necessidade de capacitação e

assessoria técnica

Mão de obra Das famílias envolvidas Geração de emprego

Tecnologia

Nível de sofisticação dos

equipamentos utilizados,

geralmente não muito

elevado, com baixo nível de

automatização

Necessidades de desenvolver

novas tecnologias e de

equipamentos industriais com

uma certa miniaturização, que

favorecem também as

pequenas agroindústrias.

Matéria-prima

Produzidas pelos

agricultores familiares ou

compradas nas vizinhanças

Baixo custo de transporte e

maior qualidade

Escala de produção

Compatível com o número

de pessoas que trabalham,

ao tamanho dos

equipamentos e das

instalações e ao nível

tecnológico adotado.

O limite pode ser

estabelecido pelo somatório

da produção por sócio, desde

que não ultrapasse a cinco

vezes a produção individual

prevista.

Fonte: Extraído de Guanziroli (2010).

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Wesz Junior e Trentin (2005) e Mior (2010) acrescentam, ainda, que a agroindústria

familiar é caracterizada pela verticalização da produção, ou seja, são os próprios proprietários

dos empreendimentos que produzem e processam e/ou transformam parte de sua produção,

tendo em vista o valor de troca que se realiza na comercialização.

Sulzbacher et al. (2009), afirmam que a atividade a nível agroindustrial, tem

provocado alterações significativas na propriedade rural, dentre elas: a reorganização das

atividades desenvolvidas, a renovação na divisão de trabalho, o aumento da demanda por

força de trabalho e principalmente a revalorização do sujeito rural, do grupo familiar, mediado

pela aceitação do produto, pela troca de experiências e pelo reconhecimento das entidades

locais. Ademais, a possibilidade de agregar valor amplia os convencionais limites da

concepção da agricultura, representada na mera produção de matérias-primas.

Ademais, Zago (2002) afirma que o mercado para tal atividade tem crescido,

aumentando a comercialização de produtos coloniais com consumidores fiéis a esses

produtos. Para alguns consumidores, as famílias de agricultores fazem produtos

personalizados, ou seja, de acordo com o pedido do cliente. Dessa maneira, os mesmos fazem

do comércio de seus produtos uma relação de amizade e confiança entre o produtor e o

consumidor.

A diversidade de produtos que são processados pelos empreendimentos familiares e

que geram a agregação de valor através das agroindústrias rurais é uma estratégia de

desenvolvimento rural contundente, sustentável e viável para as famílias rurais como forma de

mantê-las na atividade primária e de transformação de produtos (PELEGRINI; GAZOLLA,

2008, p. 90).

Pelegrini e Gazolla (2009) acrescentam que a agroindústria familiar é, do ponto de

vista da geração de renda, de empregos e manutenção do homem nos espaços rurais, uma

estratégia de reprodução social da agricultura familiar, devendo assentar qualquer programa

ou projeto de desenvolvimento rural para este setor social. Além dos benefícios sociais

provocado na população local, a agroindústria impacta diretamente no êxodo rural e a

manutenção da sucessão familiar no campo.

Contudo, a agroindústria da produção de base familiar, segundo Schneider e Gazolla

(2011), não representa a solução completa para todos os problemas da agricultura familiar,

mas deve ser entendido como uma alternativa de um conjunto de ações articuladas. Os

produtores familiares utilizam a processo agroindustrial como estratégia de resistência e

sobrevivência, através da diversificação de seus produtos e agregação de valor, garantindo a

reprodução social e uma melhor produção com base na economia.

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Assim, de acordo Wesz Junior et al. (2008) a agroindústria familiar constitui-se em

uma importante ferramenta para o meio rural, por contribuir para um desenvolvimento

sustentável, e encaixar-se, perfeitamente, em inúmeras realidades.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

O trabalho foi realizado em uma propriedade rural familiar, a qual possui uma

agroindústria de processamento da farinha de mandioca, localizada na comunidade Monte

Negro sob as coordenadas 1°02'05.7"S 46°49'42.9"W, interior do município de Bragança,

região nordeste do estado do Pará (Figura 3).

Figura 3: Vista aérea da unidade produtiva Sítio Fênix.

Fonte:Adaptado do Google Earth (2019).

Na propriedade são desenvolvidas várias atividades produtivas. No entanto, a principal

atividade que contribui para a geração de renda na propriedade é a agricultura, destacando-se

a produção de farinha de mandioca, com aproximadamente quinze hectares plantados com

mandioca. A pecuária também é praticada pela família, através da criação de aves e bovinos,

porém apenas para consumo na propriedade.

4.2 Natureza da pesquisa e procedimentos de investigação

A metodologia deste trabalho constitui-se em uma pesquisa exploratória baseado em

um estudo de caso. Para Mattar (1996), a pesquisa exploratória pode ajudar o pesquisador a

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estabelecer as prioridades do estudo, mostrando aspectos ao longo da pesquisa que possam ser

mais promissores que outros. Segundo o autor, os métodos empregados na pesquisa

exploratória são muito amplos e versáteis. Para Gil (2008),

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer

e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais

precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de

pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento.

Habitualmente, envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas

não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas

quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nesta

pesquisa (p.27).

Segundo Yin (1994), a estratégia de pesquisa denominada estudo de caso deve ser

utilizada por pesquisadores que procuram responder às questões como e por que certos

fenômenos acontecem, quando se persegue o foco de um evento contemporâneo e quando não

se requer controle sobre o comportamento dos eventos. E Yin (2001) ainda caracteriza o

estudo do caso, como:

(...) uma investigação científica que investiga um fenômeno contemporâneo

dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o

fenômeno e o contexto não estão claramente definidos; enfrenta uma situação

tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que

pontos de dados e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências (...)

e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir

a coleta e análise dos dados (YIN, 2001, p. 32 -33).

A metodologia de pesquisa utilizada foi de caráter qualitativo. A abordagem qualitativa

realiza uma aproximação fundamental e de intimidade entre sujeito e objeto, uma vez que ambos

são da mesma natureza: ela envolve aos motivos, às intenções, aos projetos dos atores, a partir dos

quais as ações, as estruturas e as relações tornam-se significativas (MINAYO; SANCHES, 1993).

Na coleta de dados, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os

proprietários da agroindústria estudada. Foi utilizado na coleta de dados um formulário

contendo um roteiro semi-estruturado, onde haviam perguntas fechadas que demandavam do

entrevistado uma resposta direta e também perguntas abertas, que oferecia ao entrevistado a

liberdade e espontaneidade nas respostas. Para Gil (1999), o pesquisador pode intervir sempre

que necessário, solicitando quando achasse pertinente, uma maior exploração na resposta do

entrevistado. A coleta de dados foi realizada no período de novembro a dezembro de 2018.

O formulário foi desenvolvido procurando englobar as perguntas pertinentes ao objetivo

geral da pesquisa. As perguntas objetivaram conhecer desde o histórico da criação da

agroindústria; a estrutura física e os equipamentos existentes e os produtos processados. No

decorrer do questionário ainda se perguntou sobre legalização da mesma, formas de

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comercialização, mão-de-obra existente, origem da matéria prima, como executam as tarefas, que

tipos de produtos fabricam, se possuem rótulos, como agregam valor ao produto final, qual a

produção mensal, dificuldades enfrentadas, entre outras.

É importante frisar que os produtos agropecuários, seguindo a teoria microeconômica,

se aproximam das características do mercado de concorrência pura. Nesse sentido, a farinha

de mandioca, de acordo com Varian (2015) pode ser descrito como uma produção que

apresenta grande número de produtores e consumidores, de modo que nenhum dos agentes

tem poder de determinar o preço, logo, são tomadores de preço; a luz da percepção dos

consumidores os produtos são homogêneos, portanto, a farinha ofertada pelos produtores é

idêntica ao oferecida por outros produtores. Assim, não é possível verificar preferência

explicita dos consumidores por farinha ofertada por determinado produtor; além disso, as

informações de mercado e fatores de produção tais como: preço, transporte e custo de mão de

obra são de conhecimentos de todos os agentes de mercado (consumidores e produtores); e

finalmente não existem barreiras consistentes, para a entrada e/ou a saída dos agentes do

mercado de farinha de mandioca (SANTANA, 2005; SANTANA et al., 2011; NOGUEIRA et

al., 2013; OLIVEIRA et al., 2013; NOGUEIRA; SANTANA, 2016).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 A empresa em estudo

A agroindústria Sabor de Bragança está sediada no sítio fênix, localizado no município

de Bragança no estado do Pará (Figura 4). Em caráter de regime familiar, os proprietários

Maria de Nazaré Rodrigues e seu filho José David Pereira Júnior processam na sua unidade de

produção a farinha de mandioca do grupo d’água. A agroindústria familiar, iniciou suas

atividades no início da década de 90, que na época contava somente com a gestão da

matriarca da família, em que a mesma relata que foi através da produção da farinha que

conseguiu criar os três filhos. O filho mais velho José David, anos depois decidiu colaborar na

agroindústria, auxiliando a mãe no processamento da farinha, tornando-se posteriormente, um

agente fundamental para o avanço da empresa.

Figura 4: Sítio Fênix no município de Bragança – PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

Através de cursos de capacitação para produção de farinha de mandioca, o Sr. José

David decidiu inovar no processo produtivo através de adoção de máquinas mais modernas,

além de realizar adequações necessárias nas instalações da unidade produtiva, afim de

melhorar a qualidade do produto, aumento da produtividade e acesso à novos mercados. De

acordo com produtor, essa mudança foi crucial para o seu estabelecimento no campo e melhor

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qualidade de vida para sua família. Para tanto, a agroindústria conta com a produção própria

da matéria-prima em uma área de 15 ha localizada no Sítio Fênix.

Para atender a capacidade produtiva da agroindústria, o uso de “manivas-semente”

(forma de propagação por estaquia no cultivo da mandioca) com melhor potencial genético foi

introduzido na área de cultivo, além da inserção de maquinários que auxiliam no preparo do

solo, além de práticas de adubação realizada conforme recomendação de análise de solo, no

intuito de aumentar a produtividade para o fornecimento de matéria-prima com qualidade. De

acordo Alves et al. (2013), no cenário de flutuação de preços da farinha de mandioca, alguns

produtores se destacam não pelo volume da produção, mas pelo nível tecnológico aplicado na

cultura da mandioca, obtendo números expressivos em termos de produtividade. Em

momentos de alta demanda pelo produto, a agroindústria é suprida de matéria-prima advinda

dos agricultores locais, estratégia essa representa um efeito positivo para geração da renda

local.

A agroindústria Sabor de Bragança atualmente conta com um quadro de colaboradores

constituído de sete pessoas, dentre elas membros da família e trabalhadores autônomos; e

portando com uma capacidade de produção mensal em torno de 360 sacos (60kg) de farinha.

Segundo o produtor, a produção sofre variações de acordo com a solicitação da demanda,

visto que a comercialização dos produtos não necessita de atravessadores como meios de

canais para o escoamento do produto. A venda é realizada de forma direta por meio de

telefone e uso das redes sociais.

Os principais destinos da produção é o abastecimento do município de Belém e região

metropolitana. Segundo produtor, a venda é mais voltada à restaurantes e pontos de venda

especializados na culinária local. Entretanto, o mesmo atende inúmeros pedidos de outras

regiões do país como São Paulo e Rio de Janeiro. A logística fica sobre responsabilidade da

agroindústria, que utiliza serviços de transportadora para escoar a produção até o consumidor

e inclui os custos do frete no valor final da venda.

5.2 Caracterização das instalações e descrição do processamento da farinha de mandioca

Como relatado no item anterior, o progresso no sistema produtivo, através de compras

de máquinas modernas e plantio semimecanizado, fez com que o processamento da farinha de

mandioca demanda-se uma estrutura maior e adequada para a consolidação da produção. A

agroindústria é construída em alvenaria, totalmente rebocada, com telhas de cerâmica e

janelas teladas para facilitar a entrada da luz natural e ventilação, facilitando também a

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comunicação com a parte exterior. Possui uma área total construída de 150 m2, sendo

15metros de comprimento e 10 metros de largura conforme a Figura 5:

Figura 5: Vista frontal da agroindústria Sabor de Bragança/PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

Na busca por maior agregação de valor aos seus produtos, os proprietários buscaram o

apoio de instituições de fomento para melhorar a qualidade no processo de fabricação da

farinha. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará - ADEPARÁ foi a maior

responsável pela certificação da qualidade dos produtos e consecutivamente a adequação e

padronização nas instalações fabris. Atualmente a agroindústria dispõem do selo de

certificação de produção artesanal, assegurando, dessa forma, o comprometimento com as

devidas exigências pelo órgão competente nas instalações da produção.

O local para recepção e lavagem da mandioca, também conhecido como área suja,

situa-se na parte externa da agroindústria. Essa área possui dois tanques de concreto,

devidamente rebocados com capacidade para oito toneladas de mandioca, que servem para o

procedimento de lavagem e amolecimento das cascas. No tanque o tempo estimado de

duração do procedimento é de 72 horas. Existe no espaço mais um tanque de concreto

revestido com cerâmica com capacidade para quatro toneladas da raiz, que é utilizado na

continuidade do processo de fermentação. Nesse tanque as raízes entram já descascadas e

ficam na água por mais algumas horas, de onde a mandioca sai amolecida e pronta para ser

utilizada na próxima etapa.

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Figura 6: Tanques de fermentação da mandioca da agroindústria Sabor de Bragança/PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

Na parte interna da agroindústria, também conhecido como área limpa, existem duas

divisões. Na primeira área, encontra-se máquinas tais como raladores e prensas. O local é todo

revestido em cerâmica, pois durante os procedimentos ocorrem muita liberação de resíduos

líquidos, em que o revestimento facilita o processo de limpeza da área. Na figura 7,é possível

observar as máquinas utilizadas pela agroindústria.

Figura 7. Equipamentos utilizados na trituração e prensagem da mandioca na agroindústria

Sabor de Bragança/PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

Na etapa seguinte, a mandioca pubada (fermentada) passa pelo ralador/triturador,

também conhecido como caititu, máquina semi industrial de triturar (o nome faz referência a

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um porco-do-mato que come de tudo e tritura raízes, caules e frutas com a boca). Depois a

massa úmida é lavada mais uma vez com água limpa, onde na segunda lavagem exclui boa

parte da acidez da mandioca e resto de fibras. De acordo com Chisté e Cohen (2006), a

trituração é necessária para que as células das raízes sejam rompidas, liberando os grânulos de

amido e permitindo a homogeneização da farinha.

Depois da massa ser triturada e lavada, a mesma é ensacada, e em seguida, colocada

para ser prensada durante, aproximadamente, 15 minutos. Chisté e Cohen (2006) afirmam que

a prensagem consiste em eliminar o excesso de água presente nas raízes após a trituração, e

deve acontecer logo após essa etapa para impedir a fermentação e o escurecimento da farinha.

A agroindústria dispõem de duas prensas (manual e hidráulica). A prensa hidráulica provoca

celeridade durante o processamento, diminuindo o efeito da força de trabalho dos

colaboradores. A prensa manual é utilizada como alternativa em momentos de possível

ausência do fornecimento de energia elétrica. Depois da prensagem, a massa seca (nesse

estágio a massa é denominada biscoito) passa mais uma vez no ralador/triturador para ser

desintegrada, obtendo o aspecto de farinha pronta para a etapa seguinte.

A segunda área apresenta um ambiente com elevadas temperaturas, pois é nesse local

que encontram-se dispostos os fornos de torração e escaldamento, conforme figura 8.

Figura 8:Fornos de torração e escaldamento da farinha de mandioca.

Fonte: Registros da pesquisa.

A massa triturada é levada ao forno, onde é pré-cozida por 20 minutos. Nessa etapa, o

processo ocorre de forma manual, onde o colaborador com auxílio de uma rodo de madeira

realiza movimento frequentes na massa. Esse procedimento é denominado de escaldamento.

De acordo com Bezerra (2006), no processo de escaldamento, a massa passa por um

tratamento térmico, sendo aquecida a uma temperatura inferior a utilizada no processo de

torração, aproximadamente 90º, afim de dar maior granulometria à farinha e sabor

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característico do produto, e retirar parte dos composto cianogênicos que ainda podem estar

presentes na massa.

Antes de passar para o próximo forno, a farinha escaldada é peneirada de acordo com

a granulometria desejada. O segundo forno é destinado a torração, onde é finalizado o

processamento da farinha de mandioca. Segundo Bezerra (2006), o forno utilizado na torração

recebe a massa que é espalhada lentamente por toda a chapa, que é movimentada,

constantemente, por palhetas de madeira, geralmente de forma mecanizada, para que a farinha

fique mais solta e não desenvolva grumos muito grandes. Em ambas etapas, os fornos são

providos de uma chapa plana de cobre, aquecida a fogo direto.

Por fim, a farinha é envasada em recipientes de garrafas pet transparentes, com

capacidade de 600 gramas e recebem a rotulagem com a marca e informações nutricionais

(figura 9).

Figura 9: Produtos rotulados pela agroindústria Sabor de Bragança/PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

De acordo com Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2009), a

farinha de mandioca embalada, destinada diretamente à alimentação humana, a marcação ou

rotulagem, deverá conter as seguintes informações descritas no quadro 6.

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Quadro 6: Informações referentes a rotulagem da farinha de mandioca embalada.

Relativas à classificação do produto Relativas ao produto e ao seu responsável

Grupo – responsabilidade do fabricante

do produto

Denominação da venda do produto – a expressão

“farinha de mandioca” seguida da marca

comercial do produto

Classe – quando for o caso Identificação do lote e data de acondicionamento

– que serão de responsabilidade do embalador

Tipo

Nome empresarial, registro no Cadastro Nacional

de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no Cadastro

Nacional de Pessoa Física (CPF), o endereço da

empresa embaladora ou do responsável pelo

produto

Acidez do produto Fonte: MAPA (2009).

De acordo com o proprietário da agroindústria Sabor de Bragança, a compra de

máquinas modernas como a prensa hidráulica, forno e ralador mecanizado (tecnologias

elétricas) foram essenciais para a redução com custo da mão-de-obra, celeridade no processo

e aumento da capacidade produtiva da agroindústria. Desta forma, Lima e Wilkinson (2002)

corroboram o pensamento de que a agricultura familiar precisa se adaptar às novas exigências

de eficiência e qualidade, para manter-se nos patamares atuais de mercado.

5.4 Processo de produção das farinhas denominadas “farinhas gourmet” da

agroindústria Sabor de Bragança/PA.

Segundo Araújo e Araújo (2013), “a inovação é um instrumento poderoso que,

utilizado estrategicamente, abre caminhos em mercados e torna a empresa mais competitiva”.

A partir da ideia que a agroindústria Sabor de Bragança decidiu inovar e promover mudanças

no processo da fabricação da farinha mandioca tradicional. Com o aumento da capacidade

produtiva, dado em função da inserção de tecnologias na produção da matéria-prima e

processamento industrial, os proprietários sentiram a necessidade de conquistar mais

mercados consumidores para dar vazão à produção. A inovação no processo e produto foram

aspectos chave para a consolidação do sucesso da agroindústria.

A ideia encontrada foi “gourmetizar” a farinha de mandioca com adição de novos

sabores e textura. Atualmente, além da farinha tradicional, são produzidos pela agroindústria

farinhas com os sabores de charque, jambu, açaí e camarão, além da farinha de tapioca e um

produto especial com características funcionais (farinha funcional) (Figura 10).

Figura 10: Farinhas de mandioca gourmet produzidas pela agroindústria sabor de

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Bragança, PA.

Fonte: Registros da pesquisa.

De acordo com Lima e Wilkson (2002), para obter acesso a mercados mais

promissores, os agricultores precisam combinar a competência herdada das gerações

precedentes com novos conhecimentos e novas práticas. Essas alternativas são elementos

valiosos tanto na área produtiva como nos circuitos de comercialização, além de estimular a

permanência do agricultor familiar no campo. Esses aspectos, por sua vez, levam ao setor da

ciência e da tecnologia a necessidade de buscar alternativas tecnológicas, ou melhor,

inovações, adaptadas às escalas e às possibilidades da produção de pequeno porte, além de

estratégias capazes de promover o desenvolvimento local sustentado por meio do

conhecimento necessário para a viabilização de processos de gestão, de organização da

produção e de promoção da diferenciação de produtos, com o intuito de criar oportunidades

de inserção competitivas aos produtores rurais de economia familiar (MEDEIROS et al.,

2002)Além de constar as informações exigidas por órgão fiscalizador, a embalagem facilita o

discernimento entre cada produto com a utilização de tampas coloridas determinadas para

cada sabor.

As matérias-primas utilizadas para adição do sabor, são adquiridas em mercado local,

com exceção dos ingredientes da farinha funcional, que é obtida no município de Belém. O

processo da adição dos sabores ocorre durante o escaldamento da massa seca e triturada,

todavia, os ingredientes não participam da etapas do processamento da farinha de mandioca.

Depois de pronta, a farinha de mandioca é levada novamente ao forno de escaldamento, o

qual é misturada com os ingredientes que irão promover sabor a farinha. O processo é

realizado manualmente e consiste em desidratar esses ingredientes para a consolidação do

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beneficiamento.

5.5 Análise dos fatores estratégicos e vantagens econômicas obtidas na mudança do

processo produtivo da farinha de mandioca

Com a inserção da inovação tecnológica no processamento da farinha, observou-se

intensa mudança no processo produtivo praticado pela agroindústria Sabor de Bragança,

refletindo, diretamente, em elevados índices na produção e preço após sua adoção e execução

(Tabela 4).

Tabela 4: Análise do impacto de inovação tecnológico na agroindústria sabor de Bragança,

Nordeste Paraense.

Itens Analisados

Antes da inovação

tecnológica de

produto e processo

Depois da inovação

tecnológica de

produto e processo

Aumento da

produção e

preço (%)

Produção de Farinha

de mandioca (kg/dia) 60 140 133%

Preço (R$) 4,00 5,50 41,2%

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

De acordo com o proprietário da agroindústria, a produção da farinha tradicional é

produto que mais sofre variações de preço no mercado. Isso ocorre por ser um produto

homogêneo a luz da percepção dos consumidores. Todavia, percebe-se que depois da

inovação tecnológica, foi obtido uma aumento de 133% na produção da farinha tradicional e

alcance de 41,2% sobre o preço desta no mercado. Dentre as estratégias para o incremento

sobre os itens analisados na tabela, a marca da empresa (Figura 11), bem como a certificação

de produção artesanal foram pontos chave para maior representatividade e confiabilidade no

produto pelo consumidor. Terenzi e Andrade (2018) afirmam que a marca representa a

primeira forma de interação entre um usuário e a instituição à qual se refere (qualquer que

seja), onde uma marca é o termômetro que mede, em termos absolutos e sintéticos, o próprio

valor de uma empresa ou de uma instituição, e o identifica no imaginário coletivo.

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Figura 11: Marca da agroindústria Sabor de Bragança.

Fonte: Registros da pesquisa.

Esses fatores foram fundamentais para expansão de novos canais na comercialização

da farinha de mandioca tradicional, que aliado a inovação no processo e no produto,

oportunizou a consolidação de contratos com grandes varejistas e atacadistas no estado do

Pará. O efeito da variação no preço da farinha foi minimizado devido as vendas serem

realizadas de forma direta (sem atravessador) e por meio de contratos preestabelecidos.

Com o processo de inovação de gestão identificado nesta agroindústria verificou-se

que o produtor buscou realizar diferenciação de produtos, a partir da produção tradicional de

farinha de mandioca. A partir deste ponto, criando novos subprodutos como farinhas com os

sabores de charque, jambu, açaí, camarão, funcional e de tapioca, o mesmo conseguiu gerar a

agregação de valor a produção tradicional de farinha de mandioca.

De acordo Santana e Santana (2014) novos métodos de produção e distribuição

tendem a aumentar os lucros, ao reduzir custos e/ou neutralizar fatores de produção que

aumentam os custos, onde a contribuição de novos e melhores produtos além de também

elevar os lucros, promovem mudanças favoráveis na demanda e/ou nos preços dos produtos.

Esta inovação de produto, propiciou ao produtor rural ganho de novos nichos de mercado

como os municípios de Belém e outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro, nos quais o

consumidor está disposto e apto a demandar os novos produtos a preços mais elevados no

mercado, em torno de R$10,00 a R$12,00/kg. Este fato, revela que a partir da implementação

de inovação de produto, o produtor rural pode, até certo ponto, determinar o preço de mercado

de seus produtos, elevando a sua renda.

A agroindústria possui contrato de fornecimento para diversos restaurantes, e mais

recentemente foi fechado negócio com uma grande rede de supermercados, onde o produto é

distribuído para além das fronteiras do estado. Essa visibilidade dado o alcance a maiores

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mercados consumidores, reflete no sucesso da empresa em temos de obtenção de preços

elevados no mercado.

6. CONCLUSÃO

A partir do estudo pode-se chegar à conclusão de que a incorporação de novas

tecnologias empregado pela agroindústria permitiu a manutenção e consolidação da atividade

agroindústria familiar. De outra forma, pode-se considerar que, sem os devidos investimentos

nesse sentido, haveria menor possibilidade de sustentação da agroindústria frente a forte

flutuação nos preços praticados no mercado da farinha de mandioca.

A visão empreendedora dos gestores aplicado às mudanças no processo produtivo da

agroindústria apresentou índice positivo em termos de produção, lucratividade, acesso à novos

mercados e geração de renda na comunidade local, uma vez que estes agentes participam na

cadeia de suprimento da matéria-prima.

Percebeu-se o forte apoio das instituições de fomento (SENAR, SEBRAE, ADEPARÁ

e EMATER) atuando como agentes facilitadores na manutenção e promoção dos produtos da

agroindústria. Todavia, os proprietários por estarem enquadrados no segmento da agricultura

familiar, sofrem com as dificuldades de acesso ao crédito rural. Segundo eles, o recurso a ser

obtido pelo financiamento auxiliaria em maiores investimentos na agroindústria.

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APÊNDICE – QUESTIONÁRIO APLICADO NAAGROINDÚSTRIA FAMILIAR SABOR

DE BRAGANÇA

I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A AGROINDÚSTRIA

1. Nome da Agroindústria: ___________________________________________________________

2. Endereço:_______________________________________________________________________

3. Quando ou há quantos anos foi criada a agroindústria? ___________________________________

4. Houve alguma melhoria desde então? ( ) SIM ( )NÃO

5. Caso sim, quais foram as melhorias? __________________________________________________

6. Quantas pessoas trabalham na agroindústria hoje? ________________________________________

7. As pessoas que trabalham na agroindústria são:

Da mesma família ( )SIM ( )NÃO

Da vizinhança ( )SIM ( )NÃO

Vem de outros municípios ( )SIM ( )NÃO. Se de outros municípios

citar:___________________________

8. As crianças ajudam nas atividades na agroindústria? ( ) SIM ( ) NÃO

9. A agroindústria é utilizada para produção da farinha de mandioca de outro produtor? ( )SIM

( )NÃO

10. Se a resposta anterior for SIM, como é dividido a produção entre Agroindústria e o produtor?

_________________________________________________________________

11. Essa atividade proporciona renda suficiente para a família? ( )SIM ( ) NÃO

12. Qual é o rendimento médio mensal obtido atualmente?

( ) até R$ 500,00

( ) R$ 500,00 a 1.000,00

( ) R$ 1.000,00 a 1.500,00

( ) R$ 1.500,00 a 2.000,00

( ) R$ 2.000,00 a 3.000,00

( ) mais de R$ 3.000,00

II. INFORMAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO

1. Onde é adquirido a matéria prima para produção da farinha?

( ) Produção própria

( ) Produção própria e compra de outros produtores

( ) Compra da produção de outros produtores

( ) outros? _________________________________________________________________________

2. Como é realizado o transporte da matéria prima para a agroindústria? ________________________

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3. Quantos dias a agroindústria funciona no mês, em média?

( ) todos os dias da semana

( ) dois dias na semana

( ) mais de três dias da semana

( ) menos de dois dias na semana

( ) de quinze em quinze dias

( ) uma vez por mês

( ) outros _________________________________________________________________________

4. Quantas sacas de farinha de mandioca você produz por dia de atividade na agroindústria, em média?

___________________________________

5. Quantas sacas de farinha de mandioca você produz por mês, em média? ______________________

6. Você sabe onde é vendida a farinha produzida aqui? ( ) Sim ( ) Não

7. Para quem vende a farinha produzida?

a) diretamente na cidade (feira e/ou quermesse/bar da propriedade) ( ) Sim ( ) Não

b) para compradores conhecidos que revendem na feira ( ) Sim ( ) Não

c) para compradores conhecidos que revendem em outras cidades ( ) Sim ( ) Não

d) para compradores desconhecidos ( ) Sim ( ) Não

e) outros __________________________________________________________________________

8. Para que municípios escoam-se com mais frequência a produção de farinha de mandioca? Em que

volume?

Nome do Município Peso médio/mês em sacas de farinha

1.

2.

3.

4. ( ) Não sei informar ( ) Não sei a quantidade

9. Como é feito o transporte do produto final para venda? ____________________________________

III. INFORMAÇÕES SOBRE INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

1. Nos últimos 3 anos, a empresa introduziu algum PRODUTO novo ou aperfeiçoado para a empresa,

mas já existente no mercado? ( ) SIM ( ) NÃO

Se SIM, quantos? _______________Quais? ______________________________________________

2. Nos últimos 3 anos, a empresa introduziu algum PRODUTO novo ou aperfeiçoado não existente no

mercado? ( ) SIM ( ) NÃO

Se SIM, quantos? _______________Quais? ______________________________________________

3. Breve descrição do principal PRODUTO novo ou aperfeiçoado:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

4. Quem desenvolveu esta inovação?

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( ) a empresa

( ) outra empresa do grupo

( ) a empresa em cooperação com outras empresas ou institutos

( ) outras empresas ou institutos

5. Os novos produtos desenvolvidos pela empresa:

( ) utilizam novas matérias-primas ou ingredientes

( ) melhoraram a qualidade técnica, a funcionalidade e o desempenho do processo produtivo

( ) implicaram na compra de novas máquinas e equipamentos

( ) são uma adaptação de produto desenvolvido por outras empresas

( ) usam tecnologia radicalmente nova

6. Quais dificuldades a empresa encontrou para o lançamento dos PRODUTOS novos ou

aperfeiçoados?______________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

____________

7. Nos últimos 3 anos, a empresa introduziu algum PROCESSO novo ou aperfeiçoado para a empresa,

mas já existente no mercado? ( ) SIM ( ) NÃO

Se SIM, quantos? _______________Quais? ______________________________________________

8. Nos últimos 3 anos, a empresa introduziu algum PROCESSO novo ou aperfeiçoado não existente

no mercado? ( ) SIM ( ) NÃO

Se SIM, quantos? _______________Quais? ______________________________________________

9. Breve descrição do principal PROCESSO novo ou aperfeiçoado:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

10. Quais razões impulsionaram a introdução do processo novo ou aperfeiçoado?

( ) desenvolvimento de um novo produto

( ) necessidade de aumento da capacidade produtiva

( ) necessidade de adaptação à exigências do mercado

( ) necessidade de adaptação à exigências legais

( ) outras__________________________________________________________________________

11. Quem desenvolveu esta inovação?

( ) a empresa

( ) outra empresa do grupo

( ) a empresa em cooperação com outras empresas ou institutos

( ) outras empresas ou institutos

12. As inovações em processo:

( ) implicaram na compra de máquinas e equipamentos

( ) alteraram os processos de produção até então existentes

( ) exigiram em mudanças organizacionais físicas/estruturais e/ou de gestão

( ) são adaptações de processo desenvolvidos no exterior

( ) são tecnologias de produção radicalmente novas

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13. Indique qual a relevância para a empresa (muito relevante, relevante, média, pouco relevante,

irrelevante) da introdução dos processos novos ou aperfeiçoados:

ITENS RELEVÂNCIA

Aumento da capacidade produtiva

Aumento da flexibilização na produção

Aumento da velocidade da produção

Redução dos custos de mão-de-obra

Redução do consumo de matéria-prima Caso tenha redução em outros custos na produção, favor citar

aqui:______________________________________________________________________________

14. Quais dificuldades a empresa encontrou para a introdução dos processos novos ou aperfeiçoados?

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

15. Nos últimos 3 anos, a empresa adquiriu máquinas e equipamentos? ( ) SIM ( ) NÃO

Se SIM, quais e por quais motivos? _____________________________________________________

16. A aquisição foi feita no Brasil ou no exterior? __________________________________________

17. Qual a relevância da aquisição destas máquinas e equipamentos?

( ) muito relevante ( ) relevante ( ) média ( ) pouco relevante ( ) irrelevante

18. As aquisições realizadas foram: ( ) contínuas ( ) ocasionais

19. As aquisições de máquinas e equipamentos exigiram:

ITENS SIM /

NÃO DESCREVA QUAIS FORAM

Mudanças no espaço

físico

Alteração no processo de

produção

Capacitação de

funcionários

Mudanças nos padrões de

qualidade

Mudanças nos

procedimentos de

trabalho