MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ teses.icict. · PDF...
date post
12-Nov-2018Category
Documents
view
212download
0
Embed Size (px)
Transcript of MINISTÉRIO DA SAÚDE FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ teses.icict. · PDF...
MINISTRIO DA SADE FUNDAO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS REN RACHOU
PERCEPO DE RISCO: MANEIRAS DE PENSAR E AGIR NO MANEJO DO AGROTXICO
RISK PERCEPTION: WAYS OF THINKING AND ACTING TOWARDS PESTICIDES
MARIA DAS GRAAS UCHA FONSECA
BELO HORIZONTE
FEVEREIRO DE 2006
ii
MINISTRIO DA SADE FUNDAO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS REN RACHOU
PERCEPO DE RISCO: MANEIRAS DE PENSAR E AGIR NO MANEJO DO AGROTXICO
RISK PERCEPTION: WAYS OF THINKING AND ACTING TOWARDS PESTICIDES
ALUNA: Maria das Graas Ucha Fonseca
Dissertao apresentada para obteno do ttulo de mestre em Cincias da Sade na rea de concentrao Sade Coletiva Antropologia Mdica
Orientadora: Prof. Dr. Maria Elizabeth Uchoa de Oliveira Demicheli
Laboratrio de Epidemiologia e Antropologia Mdica CPqRR/FIOCRUZ
Co-Orientador: Dr. Frederico Peres Centro de Estudos da Sade do Trabalhador e Ecologia Humana ENSP/FIOCRUZ
FEVEREIRO/2006
iii
MINISTRIO DA SADE FUNDAO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS REN RACHOU
Esta dissertao intitulada:
PERCEPO DE RISCO: MANEIRAS DE PENSAR E AGIR NO MANEJO DO AGROTXICO
Apresentada por:
MARIA DAS GRAAS UCHA FONSECA
Foi avaliada pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:
__________________________________________________________
Prof. Dr. MARIA CECLIA MINAYO
__________________________________________________________ Prof. Dr. VIRGINIA SHALL
__________________________________________________________
Dr. FREDERICO PERES
iv
Catalogao-na-fonte Rede de Bibliotecas da FIOCRUZ Biblioteca do CPqRR Segemar Oliveira Magalhes CRB/6 1975 F676p 2006
Fonseca, Maria das Graas Ucha Penido.
Percepo de risco: Maneiras de pensar e agir no manejo de agrotxicos / Maria das Graas Uchoa Penido Fonseca.- Belo Horizonte: Fundao Oswaldo Cruz / Centro de Pesquisa Ren Rachou, 2006.
xi,89 f: il. 29,7 x 21,0 cm. Bibliografia: f. 66-78 Dissertao (mestrado) Dissertao para obteno do ttulo
de Mestre em Cincias da Sade pelo Programa de Ps - Graduao do Centro de Pesquisa Ren Rachou na rea de Concentrao: Sade Coletiva e Sub-area: Antropologia Mdica.
1. Percepo de risco 2. Sade do Trabalhador 3. Comportamento 4. Agrotxicos I. Ttulo. II. Ucha, Maria Elizabeth (Orientadora) III. Peres, Frederico (Co-orientador)
CDD 22. ed. 616.071
v
Dedico este trabalho a meus filhos
Marcelo e Rafael
vi
AGRADEO Comunidade do Centro de Pesquisas Ren Rachou pelo acolhimento
carinhoso e convivncia estimulante.
Dr. Maria Fernanda Furtado Lima-Costa, por me abrir as portas do laboratrio de Epidemiologia e Antropologia Mdica.
Prof. Virgnia Schall, Coordenadora da Ps-Graduao em Cincias da
Sade pelo apoio irrestrito.
Ao Dr. Frederico Peres, pela aguada capacidade cientfica demonstrada na
co-orientao de meu trabalho e pela disponibilidade amiga.
Joslia Oliveira Arajo Firmo, pela amizade generosa e apoio constante.
Ao Srgio William Viana Peixoto, paciente mestre de meus primeiros passos na
ps- graduao e testemunha amiga de meu percurso.
Ao Antnio Igncio Loyola Filho, mestre dedicado e amigo atento.
Sandra Carvalhais, pelo suporte amigo e disponibilidade generosa e
sobretudo por mostrar que o sonho era possvel.
Divane Leite Matos, pelos ensinamentos prticos sempre teis e carinhosos .
colega Jussara, gentil companheira de percurso.
Aos colegas Hugo, Karla e Joslia Frade, pela convivncia amiga.
Aos colegas da turma de ps-graduao de 2004, companheiros de dvidas e
de (in)certezas.
equipe da Secretaria da Ps-graduao, pela constante disponibilidade.
vii
Albelena, secretria do Laboratrio de Epidemiologia e Antropologia Mdica,
pelo auxlio dedicado.
Aos trabalhadores do polo floricultor de Barbacena, sem os quais este trabalho
no seria possvel.
Aos meus filhos, Marcelo e Rafael, que percorrem amorosamente comigo
esses novos caminhos.
Aos meus queridos irm, cunhado e sobrinhos, pelo incentivo permanente e
amizade.
Aos amigos, que souberam compreender este meu momento de estudante.
viii
Elizabeth Ucha,
minha brilhante orientadora e irm do corao,
que acredita que um contexto de trabalho
significa tecer um fio orgnico
entre aqueles que do e os que recebem,
construindo eticamente uma rede de conhecimentos
que se torna matriz de motivaes,
de opes e possibilidades.
ix
Resumo
O objetivo deste estudo foi identificar os elementos do contexto que influenciam
as percepes e aes relacionadas ao uso de agrotxicos na produo de
flores ornamentais. O estudo foi conduzido em Barbacena, Minas Gerais.
Utilizou-se uma abordagem antropolgica inspirada no modelo de Signos,
Significados e Aes que orientou a codificao e a anlise. Primeiramente
foram focalizados os comportamentos concretos frente ao agrotxico,
objetivando-se chegar s percepes e representaes do grupo. A coleta de
dados se deu em duas etapas: 1) estudo preliminar e 2) estudo etnogrfico. O
estudo preliminar visou um diagnstico inicial e a identificao de informantes
chave. O estudo etnogrfico implicou em entrevistas e observaes. As
entrevistas, semi-estruturadas e em nmero de 20, se basearam em um roteiro
que integra referenciais de Rapid Assessment Procedures (RAPs) e foram
gravadas e transcritas. Foram identificadas categorias dominantes,
posteriormente refinadas e divididas em sub-categorias, que versavam sobre: o
trabalho, aceitao ou recusa das inovaes, riscos e perigos do agrotxico,
cuidados e impacto da informao sobre o comportamento . Um segundo nvel
de anlise re-examinou o contedo dessas categorias, visando investigar
articulaes e descontinuidades entre elas e os comportamentos associados.
Finalmente, foram examinadas as correlaes e associaes, visando detectar
as lgicas de encadeamento emergentes no processo. Os achados indicam
que no h uma relao direta entre o conhecimento dos riscos e perigos
associados ao agrotxico. Esta distncia preenchida por
crenas/representaes que formam o eixo organizador das aes,
reinterpretando a informao e o risco, influenciando o comportamento e
viabilizando a convivncia dos trabalhadores com o agrotxico. Dois elementos
a naturalidade e a familiaridade permeiam todas essas representaes e
nos levam a pensar que a resignificao do risco nesses termos pode implicar
numa valorizao positiva de comportamentos potencialmente danosos.
Palavras chave percepo de risco, agrotxico, distncia entre saber e fazer, comportamento, crenas.
x
Abstract The aim of this study was to to identify the elements of the context that
influence perceptions and actions related to the use of pesticides in cut flower
prodution. The study was conducted in Barbacena, Minas Gerais. The method
is characterized by an anthropological approach, inspired on the model of
Signs, Meanings and Actions, which guided codification and analysis. The focus
was first on concrete behaviors to reach perceptions and representations. The
data were collected in two moments:1) a preliminary study, and 2) an
ethnographic study. The first implied a diagnostic of the situation and the
identification of key informants. The second implied semi-structured interviews
based on Rapid Assessment Procedures (RAPs) and observation. The
interviews were recorded and transcribed. The analysis identified key
categories which were refined and divided into sub-categories: the work in the
cut flower production, acceptancy or refusal of innovations, risks and danger of
pesticide use, care, and impact of information on behavior. A second level of
analysis examined the articulation between categories and associated
behaviors. The findings indicate the existence of a know-do gap filled by beliefs
which form the organizing axe of actions. These beliefs reinterpret information
and risk and infuence behavior. Two elements naturality and familiarity
pervade these representations and suggest that the re-signification of risk in
these terms might imply that positive value is given to potentially harmful
behaviors.
Key words risk perception, pesticides, know-do-gap, beliefs, behavior.
xi
SUMRIO I. Introduo..................................................................................................01
II. Objetivos...................................................................................................06
III. Reviso da Literatura ...............................................................................07
Conceito de Risco ................................................................................07
Percepo de Risco..............................................................................09 Linhas de Pesquisa em Percepo de Risco.......................................10
Uma Abordagem Centrada no Significado...........................................13
IV.Mtodos e Instrumentos..............................................................................17
O Contexto............................................................................................18
O Modelo de Signos Signific