Maria Ivete De Moura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL CARACTERÍSTICAS ESPERMÁTICAS DE REPRODUTORES NELORE COM DERMATITE DIGITAL Maria Ivete de Moura Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva GOIÂNIA 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

CARACTERÍSTICAS ESPERMÁTICAS DE REPRODUTORES NELORE COM DERMATITE DIGITAL

Maria Ivete de Moura

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva

GOIÂNIA

2008

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Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e

Dissertações Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás–UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [X] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor(a): Maria Ivete de Moura CPF: E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X]Sim [ ] Não

Vínculo Empre- gatício do autor

Agência de fomento: Sigla: País: Brasil UF: GO CNPJ: Título: CARACTERÍSTICAS ESPERMÁTICAS DE REPRODUTORES NELORE COM DERMATITE

DIGITAL Palavras-chave: afecções podais, bovinos, macho, Nelore, sêmen Título em outra língua: ESPERMATICS CHARACTERISTIC OF REPRODUTORES NELORE WITH

DIGITAL DERMATITS Palavras-chave em outra língua: hor hoof disorders, cattle, breeds, Nelore, semen Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Data defesa: (dd/mm/aaaa) 28/02/2008 Programa de Pós-Graduação: Ciência Animal- Escola de Veterinária Orientador(a): Luiz Antônio Franco da Silva CPF: E-mail: [email protected] Co-orientador(a): Maria Lúcia Gambarini CPF: E-mail: 3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização?1 [ X ] total [ ] parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: ____________________________________________ [ ] Outras restrições: ________________________________________________

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ________________________________________ Data: ____ / ____ / _____ Assinatura do(a) autor(a)

1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre disponibilizados.

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MARIA IVETE DE MOURA

CARACTERÍSTICAS ESPERMÁTICAS DE REPRODUTORES NELORE COM DERMATITE DIGITAL

Dissertação apresentada para obtenção do grau

de Mestre em Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária da Universidade Federal de Goiás.

Área de concentração: Patologia, Clínica e Cirurgia Animal

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva

Comitê de Orientação: Prof. Drª. Maria Lúcia Gambarini

Prof. Dr. Olízio Claudino da Silva

GOIÂNIA

2008

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Moura, Maria Ivete de. M929c Características espermáticas de reprodutores nelore com dermatite digital [manuscrito] / Maria Ivete de Moura . –

2008 xiii,100 f. : il., figs., qds., tabs. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva; Co-

Ori- entadores: Profª. Drª. Maria Lúcia Gambarini, Prof.

Dr.Olízio Claudino da Silva. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária, 2008. Bibliografia: f. 85-95. Inclui listas de figuras, tabelas e de quadros. Anexos. 1. Patologia veterinária – Bovino 2. Nelore (zebu) – Touros – Enfermidades 3. Dermatites digitais – Touros 4. Bovino – Afec- ções podais I. Silva, Luiz Antônio Franco II. Gambarini, Maria Lúcia III. Silva, Olízio Claudino da IV. Universidade Federal de Goiás. Escola de Veterinária V. Título.

CDU : 619:616-091:636.2

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MARIA IVETE DE MOURA

Dissertação defendida e aprovada em 28/02/2008, pela Banca Examinadora

constituída pelos professores:

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Luiz Antônio Franco da Silva - EV/UFG

(ORIENTADOR)

_______________________________________________________________

Profª Dra Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari – FAMEZ/UFMS

(MEMBRO)

_______________________________________________________________

Prof. Dr. José Renato Junqueira Borges – EV/UnB

(MEMBRO)

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iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelas oportunidades concedidas para que eu

pudesse evoluir pessoal e profissionalmente, vivendo alegrias e tristezas, mas

tudo com uma linda lição de vida.

A minha família de sangue que sempre quis o melhor e por tantas

vezes quiseram ter-me ao lado deles, mas aceitaram a minha decisão de trilhar

caminhos, para incertos.

Ao meu irmão Paulo que sempre me apoiou nas minhas decisões.

A minha família de coração Anália, Luizmar, Ana Luísa e Luís Henrique

pela hospitalidade e apoio. Família esta que muito aprendi sobre as virtudes da

vida.

Ao professor Luiz Antônio Franco da Silva pela oportunidade concedida

desde o estágio curricular, pela dedicação, confiança e amizade. Pelo papel de

orientador sempre presente.

Agradeço a equipe de trabalho da Casa do Campo em Quirinópolis –

GO, especialmente ao Médico Veterinário e amigo José Batista de Souza, que

sempre esteve presente e participante nos trabalhos a campo, além da prazerosa

hospitalidade.

Ao senhor Paulo Henrique Lopes Martins, proprietário da fazenda em

que os trabalhos foram desenvolvidos, por acreditar em nosso trabalho e por

disponibilizar os animais, estrutura física e mão–de-obra no decorrer do

experimento.

A Dona Enilda, sempre com sorriso no rosto, não mediu esforços e

juntamente com sua família, durante todo o período do experimento foi a

responsável pelas saborosas refeições fornecidas à equipe de trabalho.

Aos funcionários da fazenda pela dedicação em contribuir para o

desenvolvimento do trabalho, o que foi de suma importância.

Ao colega Marco Antônio de Oliveira Viu pelo apoio e contribuição aos

trabalhos realizados durante todo o período, desde a etapa a campo até análise

dos resultados, meus sinceros agradecimentos.

Aos colegas, Ana Paula, Guilherme, Diomar e Henrique pela grande

contribuição dada ao desenvolvimento dos trabalhos.

Page 7: Maria Ivete De Moura

v

Aos colegas de mestrado pela troca de conhecimentos, em especial ao

Marco Augusto Machado Silva, Leandro Guimarães Franco e Augusto Ricardo

Coelho Moscardini, pelo apoio e motivação.

A equipe de trabalho do professor Luiz Franco, especialmente, aos

bolsistas Paulo Henrique, Geisa e Daniel que trabalharam diretamente com o

projeto.

Ao mestre e amigo Olízio Claudino da Silva, pelos momentos de alegria

e aconselhamento.

Aos graduandos Gustavo e Lucas que nos auxiliaram nos trabalhos a

campo, com prazer e alegria.

A Divisão de transporte da Universidade Federal de Goiás, em nome

do Sr. Amaury e, em especial ao motorista e amigo Valtuir da Silva Cardoso, que

esteve conosco na maioria das viagens. Além de motorista, muitas vezes auxiliou

diretamente na realização dos trabalhos, aconselhava e mostrava os diferentes

caminhos da vida a seguir, com humildade e livre arbítrio. Agradeço também ao

motorista Adolfo, in memória. Guardamos a imagem de um motorista alegre e que

mesmo que o veículo atolasse, não deixava que o sorriso do seu rosto se

apagasse.

Agradeço também a Dona Vilda Maria dos Reis, funcionária

fundamental para a realização de nossas atividades. Ela que foi por vezes, com

seu jeito singelo mãe e amiga.

A Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia

pela oportunidade de realizar pós-graduação.

Ao CNPq pela concessão da bolsa.

A todos cujos nomes não foram citados, mas que de alguma forma

contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho e para a minha evolução,

tanto profissional como pessoal.

E finalmente, aos espíritos Jair Gabriel de Moura, Joaquim Vieira

Machado, Gabriel de Moura e Kesley Marcelo dos Santos, no plano espiritual

onde estiveram nessa fase de minha vida, sempre transmitiram luz, energias

positivas e força para minha evolução e sabedoria. A eles: paz, discernimento,

proteção divina e os meus profundos agradecimentos.

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vi

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 4 2.1 Aspectos anatomofisiológicos do aparelho reprodutor masculino .................... 4 2.1.1 Espermatogênese ......................................................................................... 7 2.1.2 Eventos neuroendócrinos .............................................................................. 9 2.2 Considerações gerais sobre a fertilidade de touros ....................................... 11 2.2.1 Estresse ...................................................................................................... 13 2.2.3 Enfermidades digitais .................................................................................. 15 2.3 Exame andrológico de touros portadores de enfermidades digitais ............... 27 3 OBJETIVOS ...................................................................................................... 29 3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 29 3.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 29 4 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 30 4.1 Critérios para escolha da propriedade ........................................................... 30 4.2 Aspectos epidemiológicos .............................................................................. 30 4.3 Diagnóstico da enfermidade ........................................................................... 31 4.4 Critérios para o estabelecimento dos grupos experimentais .......................... 32 4.5 Exame andrológico ......................................................................................... 34 4.6 Protocolo terapêutico ..................................................................................... 37 4.7 Avaliação da eficiência do tratamento ............................................................ 38 4.8 Avaliação do custo do tratamento das lesões do casco ................................. 39 4.9 Análise estatística .......................................................................................... 39 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 41 5.1 Aspectos epidemiológicos .............................................................................. 41 5.2 Exame clínico geral e específico do aparelho locomotor e diagnóstico da

enfermidade ................................................................................................... 43 5.3 Exame clínico específico do aparelho reprodutor ........................................... 45 5.4 Exame andrológico – características físicas e morfológicas do sêmen .......... 45 5.4.1 Características físicas ................................................................................. 45 5.4.2 Morfologia espermática ............................................................................... 60 5.5 Análise geral dos resultados dos parâmetros espermáticos .......................... 76 5.6 Tratamento das lesões de dermatite digital .................................................... 79 5.7 Estimativa dos custos do tratamento .............................................................. 81 6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 84 7 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 85 ANEXOS .............................................................................................................. 96 

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vii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Representação esquemática das colheitas de ejaculado

agrupadas e analisadas em diferentes momentos, durante

experimento realizado no período de maio a outubro de 2006,

em uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO...

36

FIGURA 2 Lesões de dermatite digital: (A) fase inicial, lesão circunscrita

ulcerada, com aspecto de morango; (B) aspecto erosivo; (C)

aspecto proliferativo, papilomatoso, encontradas nos dígitos de

bovinos da raça Nelore, em experimento realizado em uma

propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO, 2006.......

44

FIGURA 3 Representação da média da concentração espermática, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de

dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006...............................................................

47

FIGURA 4 Representação da média do vigor espermático, em diferentes

momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite

digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em

uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

53

FIGURA 5 Representação da média da motilidade espermática, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de

dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006 ..............................................................

56

FIGURA 6 Representação da média do turbilhão espermático, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de

dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006...............................................................

58

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viii

FIGURA 7 Representação da média do defeito espermático de cabeça,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município

de Quirinópolis – GO, 2006 ......................................................

61

FIGURA 8 Representação da média do defeito espermático de peça

intermediária, em diferentes momentos, de bovinos da raça

Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis

(TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no

município de Quirinópolis – GO, 2006.......................................

67

FIGURA 9 Representação da média do defeito espermático de cauda,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município

de Quirinópolis – GO, 2006......................................................

68

FIGURA 10 Representação da média dos defeitos espermáticos menores,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município

de Quirinópolis – GO, 2006 ......................................................

72

FIGURA 11 Representação da média dos defeitos espermáticos maiores,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município

de Quirinópolis – GO, 2006 .......................................................

73

FIGURA 12 Representação da média dos defeitos espermáticos totais, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores

de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006 ............................................................

76

Page 11: Maria Ivete De Moura

ix

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Resultado do teste da Mediana (p<0,05), para comparação

entre os grupos, nos diferentes momentos, das

características espermáticas turbilhão e vigor de bovinos da

raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e

saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

48

TABELA 2 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, de características espermáticas físicas dos bovinos

alocados no grupo TI, em experimento realizado com animais

da raça Nelore saudáveis e portadores de dermatite digital,

em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO,

2006 .........................................................................................

50

TABELA 3 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, de características espermáticas físicas dos bovinos

alocados no grupo TII, em experimento realizado com

animais da raça Nelore saudáveis e portadores de dermatite

digital, em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006...........................................................

51

TABELA 4 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, de características espermáticas físicas dos bovinos

alocados no grupo TIII, em experimento realizado com

animais da raça Nelore saudáveis e portadores de dermatite

digital, em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006...........................................................

52

Page 12: Maria Ivete De Moura

x

TABELA 5 Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para

comparação entre os grupos, no momento pré, das

características espermáticas motilidade individual e

concentração, de bovinos da raça Nelore, portadores de

dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006..........................................................

54

TABELA 6 Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para

comparação entre os grupos, nos diferentes momentos, dos

defeitos espermáticos de cabeça e de peça intermediária, de

bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI,

TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

62

TABELA 7 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, dos defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no

grupo TI, em experimento realizado com animais da raça

Nelore saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

63

TABELA 8 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, dos defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no

grupo TII, em experimento realizado com animais da raça

Nelore saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

64

Page 13: Maria Ivete De Moura

xi

TABELA 9 Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação

entre os momentos pré e inter e entre os momentos pré e

pós, dos defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no

grupo TIII, em experimento realizado com animais da raça

Nelore saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

65

TABELA 10 Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para

comparação entre os grupos, no momento pré, de

características morfológicas espermáticas de bovinos da

raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e

saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006....

70

TABELA 11 Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para

comparação entre os grupos, nos diferentes momento, dos

defeitos espermáticos maiores e totais, de bovinos da raça

Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis

(TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural

no município de Quirinópolis – GO, 2006.................................

75

TABELA 12 Resultados das características espermáticas físicas e

morfológicas obtidas no momento pós em experimento

realizado com animais da raça Nelore saudáveis (TIII) e

portadores de dermatite digital (TI e TII), em experimento

realizado em uma propriedade rural, no município de

Quirinópolis – GO, 2006. ......................................................

77

Page 14: Maria Ivete De Moura

xii

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Caracterização macroscópica e fases evolutivas das

lesões de dermatite digital bovina, adotada em

experimento realizado utilizando touros da raça Nelore em

uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO,

2006 .....................................................................................

32

QUADRO 2 Distribuição das unidades experimentais três grupos,

momentos de colheita de ejaculado e condição dos dígitos

dos animais durante as fases de colheitas, durante

experimento realizado no período de maio a outubro de

2006, em uma propriedade rural, no município de

Quirinópolis – GO ................................................................

33

QUADRO 3 Momentos de avaliação e determinação de escores para a

avaliação macroscópica da evolução da cicatrização

clínica das lesões de dermatite digital, no período pós-

operatório em bovinos da raça Nelore, durante

experimento realizado em uma propriedade rural, no

município de Quirinópolis – GO, 2006 .................................

39

QUADRO 4 Estimativa dos custos do tratamento da dermatite digital

em bovinos da raça Nelore, em experimento realizado em

uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO,

2006 ......................................................................................

82

Page 15: Maria Ivete De Moura

xiii

RESUMO A dermatite digital bovina tem grande importância econômica na produtividade do rebanho, devido aos prejuízos causados como, baixo desempenho produtivo e reprodutivo, alto custo com tratamento e ausência da adoção de medidas preventivas. Este trabalho teve o objetivo de descrever alguns aspectos epidemiológicos relacionados a dermatite digital (DD), avaliar características seminais de touros Nelore acometidos pela enfermidade, antes e após o tratamento e testar um protocolo terapêutico para bovinos, manejados extensivamente. Participaram do estudo 22 bovinos, machos, inteiros, com idade média de 36 meses, da raça Nelore procedentes de uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO, sendo que 15 eram portadores de DD e sete eram saudáveis. De todos os animais foram realizadas oito colheitas de conteúdo espermático, com intervalo de 15 dias, sendo a primeira colheita desprezada, para melhor padronização das amostras e análise física e morfológica. Os animais foram divididos em três grupos, sendo o grupo TI composto por animais portadores de DD tratados após a segunda colheita de sêmen, já os que constituíram o grupo TII foram tratados após a oitava e última colheita de sêmen. Os animais saudáveis foram alocados no grupo TIII, sendo o grupo controle. O protocolo terapêutico das lesões incluiu antibioticoterapia parenteral, exérese do tecido necrosado e curetagem das feridas, com posterior colocação de antibiótico local e antisséptico, seguida de bandagem e impermeabilização, a qual foi retirada após sete dias. Posteriormente, os animais passaram, diariamente, em pedilúvio contendo soluções sanitizantes, a base de hipoclorito de sódio e sulfato de cobre, as quais foram intercaladas com intervalos de sete dias, por um período de aproximadamente 60 dias, para ambos os grupos tratados. Avaliou-se a eficácia e estimou-se o custo do protocolo terapêutico empregado. Para a análise estatística dos parâmetros espermáticos dividiram-se as colheitas de sêmen em três diferentes momentos, sendo o momento pré incluindo as duas primeiras colheitas antes do tratamento das lesões de dermatite digital nos animais alocados no grupo TI, o momento inter composto pela colheita três, quatro e cinco e, finalmente o momento pós, agrupando as colheitas seis e sete. Compararam-se os resultados das características espermáticas obtidas nos diferentes momentos entre os grupos e nos diferentes grupos entre os momentos. Na primeira situação utilizou-se o Teste de Kruskall-Wallis e teste da Mediana. Nos diferentes grupos entre os momentos empregou-se o Teste de Wilcoxon, todos com nível de significância a 5%. Os resultados revelaram que houve diferença significativa em alguns parâmetros espermáticos, especialmente para concentração, defeitos menores e maiores e defeitos totais, sugerindo que a dermatite digital influencia nas características reprodutivas de touros da raça Nelore. Mesmo havendo diferença significativa, a maioria dos parâmetros se manteve dentro dos padrões de normalidade para a raça estudada. O protocolo terapêutico adotado resultou na recuperação da grande maioria dos animais em aproximadamente 45 dias, mas, o custo inicial do tratamento é oneroso para bovinos de aptidão para corte e sua utilização depende do valor zootécnico do animal. Palavras-chave: afecções podais, bovinos, macho, Nelore, sêmen.

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xiv

ABSTRACT

Bovine digital dermatitis plats an important economical role on cattle breeding due to financial loss, such as low productive and reproductive performance, high cost related to treatment and absence of adoption of preventive management. The aim of this study was to describe some epidemiological aspects related to digital dermatitis, to evaluate fertility of male bovines owning this disease, before and after the treatment, and to test a therapeutic protocol for use in Nelore breed bovines, under extensive regimen. Twenty two non castrated male Nelore breed bovines, medium age of 36 months old, from a breeding farm in Quirinópolis-GO district were studied. Fifteen owned digital dermatitis (DD) and seven were healthy. Eight sperm samples were taken from all animals, within intervals of 15 days. The first sampling was discharged for homogenization of the samples and physical and morphological analysis. The animals were divided in three groups. The TI group were composed by animals owning DD and treated after the second, and the ones from TII group were treated after the eight and last semen sampling. The healthy bovines were allocated in TIII group, which was the control group. The therapeutic protocol on the digital lesions was parenteral antibiotic therapy, necrotic tissue excision and wound curettage, followed by local antibiotic and antiseptic use, local bandage and waterproof ointment, which were removed after seven days. Therefore, the animals from both treated groups were submitted to walk through footbaths with sodium hypochlorite or copper sulfate antiseptic solutions, which were intercalated with intervals of seven days, for a period of 60 days. The efficacy of the therapeutic protocol used in the present study was evaluated and its cost was estimated. For statistical analysis of the spermatic parameters, the semen sampling was divided in three different moments. The first moment included the first and the second sampling before the treatment of the digital dermatitis lesions in the animals allocated in TI. The second moment was composed by the third, fourth and fifth sampling. The third moment involved the sixth and seventh sampling. The results of the spermatic characterization obtained in different moments among the groups and on the different groups among the moments were compared. On the first case, the Kruskal-Wallis and the Median tests were used. On the different groups among the moments, Wilcox test was used. The significance level adopted in the present study was 5%. The results showed that significant difference in some spermatic parameters, especially for concentration, and major and minor defects total defects, suggesting that the digital dermatitis influenced the reproductive characteristics of the Nelore breed. The results revealed there was significant difference in some spermatic parameters, mainly in concentration and minor and major defects, which mean that digital dermatitis influenced the reproductive characteristics of the Nelore breeds. Even if a significant difference, most of the parameters remained within the standards of normality for the race studied. The adopted therapeutic protocol resulted in recovery of the majority of the animals nearly in 45 days, although its initial cost was high for beef cattle. Moreover, the adoption of the therapeutic protocol used in the present study depends on the intrinsic value of the animal. Key words: digital diseases, male bovines, Nelore, semen.

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1

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a abertura de mercados nos mais diversos

segmentos do setor agropecuário e, conseqüentemente, o aumento da

concorrência por ocasião da comercialização, resultou em mudanças

expressivas no perfil dos produtores rurais, no comércio de produtos e nas

exigências dos consumidores. O melhoramento, produção e a sanidade

animal, que antes eram vistos como atividades de pouca relevância para os

criatórios. Hoje, fazem parte dos novos modelos de criação, especialmente

aqueles, cuja certificação de qualidade dos seus produtos é um dos objetivos

que norteiam a forma moderna de gerenciar a comercialização do que se

produz no setor.

Como resultado final, a modernização do mercado agropecuário,

além de produzir em quantidade e qualidade, aumentou a lucratividade das

propriedades rurais, situação que tem proporcionado maior aporte de

proteínas na alimentação humana.

Para que o processo produtivo no meio rural atenda aos anseios do

mercado consumidor, interno e externo, é necessário buscar alternativas na

área do conhecimento, envolvendo técnicos, administradores e mão-de-obra

rural qualificada, que permitam implementar as instruções normativas

estabelecidas pelos órgãos governamentais, agregando valores aos produtos,

mas, respeitando as peculiaridades de cada região produtora. Todavia,

possivelmente, devido a uma cultura centenária de produção, em muitas

dessas regiões a dificuldade no entendimento dos complexos processos

econômicos, sociais e biológicos, o desconhecimento da grande variedade de

bactérias, vírus e parasitos, ainda limitam os avanços necessários à

modernização. Nesse caso, torna-se inevitável a continuidade ou o

aparecimento de novos fatores de risco que, sem dúvida, influenciam

negativamente o equilíbrio na saúde do homem e dos animais, em especial a

dos bovinos.

Quanto à saúde dos bovinos, muitos processos mórbidos foram

controlados, mas doenças como a mastite, as nutricionais, as reprodutivas e

as digitais comprometem a produtividade de muitos criatórios. As

enfermidades digitais provocam perdas na produção de leite e carne, o

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2

tratamento é oneroso e incerto, estimulando o descarte prematuro de animais

de alto valor zootécnico e podem comprometer a reprodução, tanto de fêmeas

como de machos. A claudicação, que é um dos sinais clínicos mais

importantes observado em bovinos portadores de enfermidades digitais, além

de interferir na produção, contribui para a baixa eficiência reprodutiva desses

animais. Entretanto, as pesquisas científicas sobre o assunto são escassas e

não e não apontaram os mecanismos envolvidos no processo.

Dentre as enfermidades digitais que acometem os bovinos, a

laminite e suas complicações, a pododermatite séptica e a dermatite digital

são de ocorrência freqüente nos criatórios mundiais e brasileiros,

especialmente no Estado de Goiás. A dermatite digital pode se apresentar,

clinicamente, na forma erosiva e verrucosa, acometendo bovinos de aptidão

para leite e corte, manejados intensiva ou extensivamente. A grande variação

na apresentação clínica das lesões, a dificuldade de se estabelecer os fatores

de risco envolvidos e de instituir um processo terapêutico eficiente e viável

economicamente, bem como estabelecer medidas efetivas de controle, têm

despertado o interesse de muitos pesquisadores, por essa enfermidade.

Acrescente-se que a dor e o desconforto provocados pelas lesões, a

dificuldade de locomoção e a menor ingestão de alimentos, têm sido

apontados como fatores prejudiciais à reprodução, limitando a cópula e

conseqüentemente, a fertilidade, justificando assim, uma série de indagações

que existem no meio técnico e científico.

Na realidade existe certa unanimidade quanto à impotência coeundi

de bovinos portadores de doenças digitais, como a dermatite. Porém, quanto à

impotência generandi os trabalhos científicos encontrados se limitam a fazer

abordagens especulativas sobre o assunto, deixando sem explicação a

quantificação e a localização dos eventos, no organismo animal, que podem

ser esclarecidos, em parte, empregando exames como o do sêmen dos touros

enfermos. Esse exame, além de requerer outros procedimentos auxiliares de

diagnóstico, como o exame clínico geral e específico, possibilita a avaliação da

produção e de possíveis patologias espermáticas, que podem comprometer a

reprodução, bem como, relacioná-las com as principais etapas envolvidas na

espermatogênese. O problema desperta maior curiosidade, considerada a

grande variedade de raças exploradas na bovinocultura.

Page 19: Maria Ivete De Moura

3

Assim, considerando que a raça Nelore é a que predomina no

rebanho de aptidão para corte, nas propriedades rurais brasileiras e que a

dermatite digital vem apresentando índices de ocorrência significativos nos

criatórios que exploram esses animais, acredita-se que a enfermidade em

questão, bem como seus efeitos na produção, deve ser motivo de mais

pesquisas científicas. Estas poderão auxiliar na adoção de medidas efetivas

de tratamento e controle do processo mórbido, além, de permitir a mensuração

e a localização dos eventos nocivos à reprodução, tanto de fêmeas como de

machos. Particularmente, com relação aos touros seria possível esclarecer,

aspectos ainda incertos, quanto à influência desta enfermidade sobre a

capacidade reprodutiva, em especial no que se refere à produção espermática

e a qualidade do sêmen.

Page 20: Maria Ivete De Moura

4

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos anatomofisiológicos do aparelho reprodutor masculino

O aparelho reprodutor masculino tem por finalidade a produção de

sêmen e hormônio sexual, sendo este último responsável também pelas

características sexuais secundárias masculinas (MIES FILHO, 1982; HAFEZ,

2004; KÖNIG & LIEBICH, 2004). Tais secreções são dependentes de

secreções neuro-endócrinas reguladas pelo hipotálamo, que envolvem

também aspectos anatômicos e eventos celulares que determinam funções

específicas como a espermatogênica (MIES FILHO, 1982; HAFEZ, 2004).

Anatomicamente o pênis, saco escrotal, testículos, túbulos retos, túbulos

eferentes, epidídimos, vasos deferentes e glândulas acessórias incluindo a

próstata, vesículas seminais e as glândulas bulbouretrais, são as principais

partes funcionais do sistema genital masculino dos animais domésticos

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996; HAFEZ, 2004).

Segundo HAFEZ (2004) cada parte elementar do trato reprodutor

de todos os animais domésticos desenvolve-se em tamanho relativo ao

tamanho do corpo, mas diferindo histologicamente. No entanto, a

funcionalidade não é simultânea em todos os componentes, sendo completa

na puberdade, quando todo o sistema encontra-se desenvolvido, alcançando a

maturidade sexual total após alguns meses. Em bovinos, a presença de

espermatozóides nos túbulos seminíferos se dá após 24 semanas de vida

extra-uterina, sendo que em 40 semanas encontram-se espermatozóides na

cauda do epidídimo e em 42 semanas, após o nascimento, no ejaculado. O

autor descreveu ainda que após completar 150 semanas de vida, o animal

poderá ser considerado sexualmente maduro.

As gônadas desempenham um papel de produção de células

germinativas nos túbulos seminíferos e secreção de hormônios. Estas células,

durante a espermatogênese, se diferenciam em espermatozóides

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996; HAFEZ & GARNER, 2004; KÖNIG &

LIEBICH, 2004). Segundo STABENFELDT & EDQVIST (1996) há quatro

compartimentos dentro dos testículos, sendo os compartimentos vascular e

Page 21: Maria Ivete De Moura

5

intersticial que são externos aos túbulos seminíferos e o compartimento basal

e adluminal internos aos túbulos seminíferos.

Em meio ao epitélio germinativo, no interior dos túbulos seminíferos

destacam-se as células de Sertoli ou de sustentação (STABENFELDT &

EDQVIST, 1996; MALIGHINI, 1999; BERGADÁ, 2004; HAFEZ, 2004; KÖNIG

& LIEBICH, 2004). Dentre as funções que desempenham, pode-se relacionar:

(1) formação da barreira hemato-testicular, (2) suporte estrutural e nutricional

das células germinativas, (3) responsáveis pela progressão das células

germinativas, em diferenciação, em direção ao lume, (4) eliminação dos

espermatozóides para o lume tubular, processo conhecido como espermiação,

(5) fagocitose de células germinativas degeneradas e corpos residuais de

citoplasma de espermátides maduras, (6) secreção de fluidos e proteínas para

banhar as células germinativas em desenvolvimento e conduzir os

espermatozóides através dos túbulos em direção à rete testis (RUSSELL &

GRISWOLD, 1993; STABENFELDT & EDQVIST, 1996; KÖNIG & LIEBICH,

2004). Além dessas funções, a célula de Sertoli converte a testosterona em

desidrotestosterona e desloca este hormônio para o compartimento adluminal

sem transformá-lo (STABENFELDT & EDQVIST, 1996). Para MALIGHINI

(1999) as células de Sertoli também são responsáveis, em grande parte pela

absorção do líquido citoplasmático das espermátides, durante a transformação

destas, em espermatozóides. De acordo com HESS et al. (1993) o número de

células de Sertoli por testículo é o principal fator para a determinação da

produção espermática diária e do tamanho dos testículos. Isso se deve ao fato

de que as células de Sertoli têm uma capacidade de suporte de células

germinativas relativamente fixa para cada espécie.

Para STABENFELDT & EDQVIST (1996) a barreira hemato-

testicular permite a criação de um meio ambiente adluminal, no qual se

controla o metabolismo dos espermatozóides. Íons potássio são seletivamente

secretados para dentro do espaço adluminal, mantendo os espermatozóides

em estado de quiescência. Outra função importante da barreira hemato-

testicular é a proteção dos espermatozóides de reações inflamatórias, pois

durante a sua formação este se torna haplóide e não é reconhecido como

próprio do organismo. Acrescente-se que, o acúmulo de espermatócitos

secundários, ou seja, haplóides, no interstício, resulta em uma forte reação

Page 22: Maria Ivete De Moura

6

inflamatória envolvendo principalmente monócitos. Se tal reação ocorrer, pode

resultar em obstrução testicular. Além disso, segundo BERGADÁ (2004) a

barreira hemato-testicular protege o desenvolvimento do epitélio germinativo

da ação de possíveis toxinas, fatores mutagênicos ou anticorpos específicos.

Externamente aos túbulos seminíferos, no espaço intersticial, se

observa as células de Leydig, responsáveis pela produção do hormônio

testosterona, extremamente necessário tanto à espermatogênese normal

como também ao desenvolvimento de todo o aparelho reprodutor masculino

que ocorre durante a puberdade (STABENFELDT & EDQVIST, 1996;

MALIGHINI, 1999; KÖNIG & LIEBICH, 2004). A atividade secretória das

células de Sertoli e a produção de testosterona pelas células de Leydig são

controladas pelas gonadotropinas hormônio folículo estimulante (FSH) e

hormônio luteinizante (LH) (STABENFELDT & EDQVIST, 1996).

Outras estruturas relevantes para o transporte, maturação e

armazenamento das células espermáticas são epidídimo e os ductos

deferentes (STABENFELDT & EDQVIST, 1996; HAFEZ, 2004; KÖNIG &

LIEBICH, 2004). De acordo com STABENFELDT & EDQVIST (1996) e HAFEZ

(2004) o epidídimo é composto por três regiões, cabeça, corpo e cauda.

Segundo STABENFELDT & EDQVIST (1996) uma proteína de motilidade

progressiva, presente no epidídimo, favorece a motilidade dos

espermatozóides e posterior maturação do acrossoma. A função do epidídimo

é dependente da presença de testosterona adluminal. De acordo com HAFEZ

(2004) e KÖNIG & LIEBICH (2004) a cauda do epidídimo é o principal local de

armazenamento dos espermatozóides, no entanto, de acordo com HAFEZ

(2004) a qualidade com que se dá o armazenamento depende da manutenção

da temperatura escrotal baixa e da ação do hormônio testosterona.

Conforme descreveram STABENFELDT & EDQVIST (1996) e

HAFEZ (2004) outra estrutura que também contribui significativamente para

manter as características espermáticas são as glândulas acessórias, como a

vesícula seminal que secreta frutose como fonte de energia aos

espermatozóides. Essa mesma glândula secreta também inositol e

ergotioneína. Esta última substância contém enxofre e acredita-se que tem a

função de proteger os espermatozóides contra efeitos de agentes oxidantes.

Além dessas enzimas, a vesícula seminal secreta ácido cítrico, aminoácidos,

Page 23: Maria Ivete De Moura

7

proteínas, sódio, potássio, lipídios e fosforilcolina. As secreções prostáticas

também contêm prostaglandina, ácido cítrico, colesterol, proteínas e

aminoácidos livres (STABENFELDT & EDQVIST, 1996). As secreções das

glândulas acessórias ganham o canal uretral e na ocasião da ejaculação são

misturadas com a suspensão fluída dos espermatozóides e com as secreções

do duto deferente (HAFEZ, 2004).

2.1.1 Espermatogênese

A espermatogênese é a seqüência de eventos citológicos que

resulta na evolução da espermatogônia à espermatozóide, a partir das células

germinativas, que se inicia na parede dos túbulos seminíferos e termina com a

liberação de espermatozóides maduros no lúmen dos túbulos seminíferos

(MIES FILHO, 1982; STABENFELDT & EDQVIST, 1996; GONZÁLEZ, 2002;

COSTA & PAULA, 2003; AGUIAR et al., 2006), com sincronia de inúmeras

associações celulares em diferentes estádios (STABENFELDT & EDQVIST,

1996; O’DONNEL et al., 2001; HORN et al., 2003). O evento inicial se dá com

o processo mitótico das espermatogônias, também chamado de

espermatogonial ou proliferativa, que no touro, teoricamente ocorrem quatro

divisões e ao final terão sido formadas 16 células conhecidas como

espermatócitos primários (STABENFELDT & EDQVIST, 1996; O’DONNEL et

al., 2001).

Segundo STABENFELDT & EDQVIST (1996), BREIGEIRON et al.

(2002) COSTA & PAULA (2003) e HULEIHEL & LUNENFELD (2004) durante

esta fase as células tronco, as espermatogônias, dão origem a outras duas.

Uma vai servir à renovação da população das células tronco e a outra entra no

processo espermatogênico. Esta última, por sua vez, vai dar origem à

espermatogônia intermediária, que se divide para formar as espermatogônias

B. No final da divisão, as espermatogônias B, por sua vez, dão origem a outras

células que entram numa prolongada fase de meiose reduzindo então, o

número de cromossomos da célula germinativa para o estado haplóide,

caracterizando os espermatócitos secundários.

Page 24: Maria Ivete De Moura

8

Para STABENFELDT & EDQVIST (1996) essa transformação da

célula germinativa para o estado haplóide é que permitirá a união de

espermatozóides e oócitos haplóides. Todos os tipos celulares subseqüentes

permanecerão no compartimento adluminal. Neste compartimento as células

estão isoladas e não têm acesso direto a nutrientes e hormônios, sendo

dependentes das células de Sertoli para prover seus requerimentos

(RUSSELL & GRISWOLD, 1993; AGUIAR et al. 2006). Na terceira fase da

espermatogênese, processo usualmente conhecido como maturação ou

espermiogênese e que envolve algumas modificações espermáticas

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996; BREIGEIRON, 2002; GONZÁLEZ, 2002;

COSTA & PAULA, 2003; HAFEZ & GARNER, 2004 HULEIHEL &

LUNENFELD, 2004), se inicia nos túbulos seminíferos e termina no epidídimo

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996). Estas modificações incluem

desenvolvimento do acrossoma, condensação e alongamento do núcleo e

formação da cauda espermática. Durante o desenvolvimento do acrossoma

notam-se quatro fases distintas: a fase de Golgi, de capuchão, do acrossoma

e de maturação (COSTA & PAULA, 2003; HAFEZ & GARNER, 2004).

Finalmente, as espermátides maduras serão liberadas para o lúmen

tubular, passando então a se chamar espermatozóides, marcando, assim, o

final da espermatogênese. O rendimento da espermatogênese não é de 100%,

ou seja, durante o processo vão ocorrer várias perdas celulares, de forma que

uma espermatogônia A não vai gerar 16 espermatócitos primários e 64

espermátides, como teoricamente seria esperado, em se tratando de animais

com quatro gerações de espermatogônias como ocorre em bovinos (COUROT

et al., 1970; CLERMONT, 1972; COSTA & PAULA, 2003). Isso se deve ao fato

de ocorrerem apoptose e degeneração das células germinativas. Tais

alterações são observadas normalmente nos túbulos seminíferos com as

mesmas regularidades que são encontradas as divisões e diferenciações

celulares (ROOSEN-RUNGE, 1955).

De acordo com STABENFELDT & EDQVIST (1996) e FRANÇA &

RUSSELL (1998) a espermatogênese ocorre a intervalos regulares,

denominado ciclo espermatogênico, que em bovinos corresponde a 14 dias.

No entanto, a espermatogênese equivale a 4,6 ciclos, uma vez que a

proliferação mitótica, divisão meiótica e espermiogênese, requerem um tempo

Page 25: Maria Ivete De Moura

9

maior para que o esperma seja liberado para o lúmen dos túbulos seminíferos

e o processo evolutivo alcance a sua totalidade. Logo, diferentes fases do ciclo

ocorrem ao mesmo tempo, enquanto algumas células estão em mitose, outras

estão se dividindo e outras se diferenciando, caracterizando as ondas

espermatogênicas.

Segundo JOHNSON (1991) as funções dessa onda são: assegurar

uma liberação constante de espermatozóides; reduzir a competição por

hormônios e metabólicos usados em um dado estádio; reduzir a congestão

que poderia ocorrer ao longo do túbulo se a espermiação ocorresse

simultaneamente; assegurar o fluxo constante de fluido do túbulo seminífero,

mantendo o veículo para o transporte de espermatozóides e hormônios

utilizados pelo epitélio do epidídimo; e facilitar a maturação dos

espermatozóides no epidídimo por um fluxo constante de espermatozóides e

fluidos vindos do testículo. Usualmente a seqüência se inicia com os estádios

menos avançados no meio de uma alça de túbulo e progressivamente os mais

evoluídos estão mais próximos à rete testis. Portanto, uma vez que se inicia a

espermatogênese o processo de produção de espermatozóides é contínuo,

com exceção de algumas espécies de reprodução sazonal.

2.1.2 Eventos neuroendócrinos

O processo reprodutivo normalmente apresenta ritmos endógenos

estimulados por fatores ambientais e nutricionais que são detectados por

receptores específicos, transmitidos ao cérebro e depois para o hipotálamo,

com conseqüente liberação de hormônios. Em geral, a regulação dos eventos

reprodutivos dos mamíferos é controlada principalmente pelos sistemas

nervoso central (SNC) e endócrino. Estes interagem por meio do sistema

porta-hipotalâmico-hipófisário, coordenando a função das gônadas, ocorrendo

eventos internos e externos ao organismo como o cio e a libido. Neste

contexto, o comportamento sexual do macho também requer um

funcionamento normal do eixo hipotalâmico-hipofisário-testicular

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996; HAFEZ, 2004).

Page 26: Maria Ivete De Moura

10

De acordo com CUNNINGHAM (1992) e STABENFELDT &

EDQVIST (1996) o hipotálamo é a parte do diencéfalo que se situa

ventralmente ao tálamo e forma o assoalho do terceiro ventrículo. A hipófise é,

um órgão pequena situa-se no interior da caixa craniana, numa depressão

óssea chamada sela túrcica, e é formada de duas partes: hipófise anterior ou

adeno-hipófise e hipófise posterior ou neuro-hipófise (HAFEZ, 2004). Segundo

DICKSON (1996) e STABENFELDT & EDQVIST (1996) dentre os hormônios

produzidos pela adeno-hipófise, destacam-se o hormônio folículo estimulante

(FSH) e o hormônio luteinizante (LH), os quais são secretados pelas células

gonadotrópicas.

A atividade das células hipofisárias e a liberação de seus hormônios

para a circulação sanguínea estão sob o controle de centros nervosos

situados no hipotálamo. A rota, por onde os hormônios reguladores do

hipotálamo entram e controlam a secreção dos hormônios hipofisários, pode

ser resumidamente assim definida. O sangue arterial penetra na pituitária

através das artérias dorsal e ventral, as quais carreiam nutrientes e oxigênio

para a adeno-hipófise e neuro-hipófise. O sangue venoso drena os plexos

capilares na eminência média e talo pituitário, descendo a superfície anterior

do talo pituitário, drenando os capilares sinusóides da par distalis. Assim, os

hormônios reguladores do hipotálamo, como exemplo, o hormônio liberador de

gonadotropina (GnRH), são sintetizados em núcleos hipotalâmicos,

transportados para a eminência média e liberados no plexo capilar, atingindo a

adeno-hipófise pelas veias portas hipofisárias, local onde estimulam ou inibem

a secreção dos hormônios adeno-hipofisários LH e FSH (DICKSON, 1996).

Segundo STABENFELDT & EDQVIST (1996) e GONZÁLEZ (2002)

o GnRH controla a secreção de LH e FSH. O FSH estimula a atividade das

células de Sertoli, incluindo a secreção da proteína ligadora de androgênio

(ABP), a conversão de androgênio em estrogênio e a secreção de inibina. A

inibina por sua vez, faz um feedback negativo sobre a secreção de FSH. O LH,

que é liberado episodicamente, controla a secreção de testosterona pelas

células de Leydig. O número de liberações deste hormônio no touro varia de

quatro a cinco em um período de 24 horas e o padrão de liberação requer uma

freqüência mínima para a secreção de testosterona. A testosterona é

conduzida desde o interstício que circunda a célula de Leydig, para os vasos

Page 27: Maria Ivete De Moura

11

linfáticos ou túbulos seminíferos e vasos sanguíneos, sendo a maior parte

para este último. Uma proteína plasmática denominada ligadora de hormônio

sexual, é importante para o transporte e secreção de testosterona. Na

ausência ou redução dessa proteína, a produção de testosterona diminui,

sugerindo que concentrações aumentadas de testosterona no interstício

inibam a produção de testosterona (STABENFELDT & EDQVIST, 1996).

Para HAFEZ (2004) a testosterona também é secretada pelos

túbulos seminíferos, onde é necessária para a manutenção da

espermatogênese. Perifericamente, as funções da testosterona incluem o

desenvolvimento e manutenção da libido, da atividade secretora dos órgãos

acessórios via circulação geral e das características de virilidade.

2.2 Considerações gerais sobre a fertilidade de touros

A fertilidade de um reprodutor está relacionada à produção,

viabilidade e capacidade fecundante dos espermatozóides ejaculados, desejo

sexual e habilidade de realizar a cópula, sendo, portanto, uma indicação

sensível da saúde geral, visto que, pode ser afetada por qualquer doença

localizada em outra parte do corpo (SERENO & PELLEGRIN, 1993; HAFEZ

2004). Para SERENO & PELLEGRIN (1993), CBRA (1998) e HAFEZ (2004)

quando um reprodutor é submetido à avaliação da fertilidade deve-se

concentrar a atenção sobre três aspectos: defeitos hereditários clinicamente

perceptíveis, produção espermática e sanidade geral. Uma vez que, os touros

desempenham um papel relevante na produção, através de seus efeitos na

taxa de concepção e transmissão genética de características economicamente

desejáveis. De acordo com RADOSTITS et al. (2002), a quantidade e

qualidade dos espermatozóides produzidos sofrem influência de fatores como

idade do animal, estação do ano, freqüência de ejaculação, choque térmico,

administração de medicamentos e estresse. Para o CBRA (1998) o nível de

exigência de um reprodutor, principalmente em relação à qualidade e a

capacidade de produção de sêmen, depende da finalidade do animal, ou seja,

se será utilizado como doador de sêmen ou na monta natural.

Page 28: Maria Ivete De Moura

12

Autores como SERENO & PELLEGRIN (1993), CBRA (1998) e

RADOSTITS et al. (2002), afirmam que, as anormalidades do sistema

reprodutivo são passíveis de detecção, sendo a avaliação do comportamento

do animal, sinais físicos e o baixo desempenho reprodutivo, aspectos que

auxiliam no teste de capacidade reprodutiva. A ausência de libido e a falha em

conseguir ereção ou penetração, caracterizam a impotência. A falha em

conseguir uma taxa de prenhez adequada em fêmeas férteis é um sinal de

subfertilidade, que possivelmente representa a manifestação mais comum de

anormalidades do trato reprodutivo.

Pesquisadores explicam que a função reprodutiva dos touros pode

sofrer influências negativas, cursando com impotência coeundi, generandi ou

associação destas, sendo a claudicação, obesidade, hérnias, anormalidades

penianas e doenças sistêmicas, as principais causas (CHENOWETH, 1997).

As enfermidades que determinam a impotência coeundi podem ser divididas

em alterações congênitas, adquiridas e funcionais. O cansaço sexual, libido

caprichosa, frigidez, inibição psíquica são exemplos de alterações funcionais

(BARTH, 1997; GARCIA & BORGES, 2001). A inibição psíquica é determinada

quando os reflexos sexuais positivos são superados pelos negativos, ou seja,

condicionado a sensações desagradáveis ou inibidoras das funções referidas

(BARTH, 1997). A impotência generandi, caracterizada pela queda ou

ausência da produção de espermatozóides, ocorre em função da inexistência

de testículos, obstrução ou atresia dos condutos gonadais, bem como

ausência de estímulos gonadotróficos. Devem ser avaliados também, os

problemas no aparelho locomotor que possam impedir ou dificultar a monta,

através do teste de capacidade de serviço, pois as enfermidades do sistema

locomotor têm influência sobre esse parâmetro (BARTH 1997; GARCIA &

BORGES, 2001).

Outras anormalidades como parafimose, prolapso do prepúcio,

tumefação da bainha prepucial e assimetria escrotal são sinais físicos de

problemas reprodutivos (SERENO & PELLEGRIN, 1993; CBRA, 1998;

RADOSTITS et al., 2002). Além desses relatos, KIRKBRIDE (1987) destacou

que doenças infecciosas como a brucelose, leptospirose, campilobacteriose,

rinotraqueíte infecciosa bovina, diarréia viral bovina e tricomoníase, produzem

um impacto negativo sobre o desempenho reprodutivo de bovinos. HAFEZ

Page 29: Maria Ivete De Moura

13

(2004) citou ainda as aberrações cromossômicas, distúrbios genéticos,

doenças auto-imunes, obstrução do ducto excretor, toxinas ambientais,

distúrbios neurológicos e deficiências de gonadotrofinas.

2.2.1 Estresse

O estresse pode ser definido como a resposta biológica ou conjunto

de reações fisiológicas e comportamentais a forças deletérias, manifestadas

quando o indivíduo percebe uma ameaça à sua homeostase, geralmente com

conseqüentes alterações neuroendócrinas ou adrenocorticais. O estado de

estresse não possui uma etiologia ou prognóstico definido, mas a dor, o frio,

ou calor excessivos, restrição hídrica e alimentar, aglomeração de animais e o

medo podem ser o estímulo inicial ou fatores que contribuem para o

agravamento do quadro (MOBERG & MENCH, 2000; FURLAN et al., 2005).

Um modelo de estresse animal sugere que a resposta biológica

esteja dividida em três estágios gerais: o reconhecimento de um estímulo

estressante, a defesa biológica contra o estímulo e as conseqüências da

resposta ao estresse. Todas as respostas corporais entram em estado de

prontidão geral, ou seja, todo organismo é mobilizado sem envolvimento

específico ou exclusivo de algum órgão em particular (MOBERG & MENCH,

2000; BORELL, 2001; BALONE, 2002).

Segundo MOBERG & MENCH (2000) e BORELL (2001), uma vez

que o SNC percebe uma ameaça, desenvolve-se a resposta biológica de

defesa, que consiste em quatro respostas gerais: do comportamento, do

sistema nervoso autônomo, do sistema neuroendócrino e imunológico.

Conforme descreveram MOBERG & MENCH (2000) a resposta de

comportamental, indubitavelmente, é a mais rápida. Mas, apesar do animal ser

bem sucedido em evitar a ameaça potencial, mediante o estímulo estressante,

não é suficientemente apropriada em todos os estímulos, requerendo

respostas do Sistema Nervoso Autônomo (SNA). De acordo com BALONE

(2002), as respostas do SNA compreendem um complexo conjunto

neurológico que controla, autonomamente, todo o meio interno do organismo,

Page 30: Maria Ivete De Moura

14

através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas,

resultando em respostas físicas, mentais e psicológicas ao estresse.

Se o estresse continua por um período mais longo, a reação pode

ser canalizada para um órgão específico ou para um determinado sistema, por

exemplo, cardiológico, pele, muscular, digestivo e glândulas exócrinas

(MOBERG & MENCH, 2000; BALONE, 2002).

2.2.2 Estresse e a reprodução

Estudos têm demonstrado que o estresse tem sido um dos

principais agentes causadores de distúrbios reprodutivos, sendo associado a

uma queda da sua função, principalmente em fêmeas (RIVIER & RIVEST,

1991; SILVA, 2002; HAFEZ & JAINUDEEN, 2004). Segundo VARLEY (1991) e

TSUMA et al. (1998), o quadro de estresse pode alterar as funções

reprodutivas através do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, inibindo a

secreção de GnRH e conseqüentemente, interferindo na liberação de FSH e

LH alterando assim, o efeito estimulatório na secreção de esteróides sexuais.

Conforme descreveram MOBERG & MENCH (2000) e FURLAN et

al. (2005) fatores como superpopulação ou isolamento, exposição a um

ambiente desconhecido como free-stall e curral, transporte, confinamento,

contenção ou a imobilização, calor ou frio intenso, intervenções cirúrgicas e a

dor são agentes estressores que podem desencadear alterações orgânicas e

originar diversos problemas, dentre eles, os reprodutivos. TRANTER &

MORRIS (1991) e SILVA et al. (2005a), acrescentaram que o

desencadeamento das sensações dolorosas advindas de injúrias ao sistema

locomotor dos reprodutores, poderá resultar em dificuldades no serviço

completo. BARTH (1997) descreveu que a inibição dolorosa autônoma é um

tipo de impotência coeundi que os touros sofrem, atribuída principalmente a

fatores que, no momento do salto desencadeiam algumas sensações

dolorosas que obrigam a interromper a cópula. Conforme relatado por SILVA

et al. (2005a) em muitos criatórios que utilizam touros portadores de

enfermidades digitais para fins reprodutivos, freqüentemente há uma redução

no número de crias, caracterizando então a impotência coeundi.

Page 31: Maria Ivete De Moura

15

Segundo GREENOUGH (2006) há uma alta relação entre as

enfermidades do casco e o baixo desempenho reprodutivo. Nesse sentido,

acredita-se que as enfermidades digitais sejam um agente estressor que altera

as funções reprodutivas, contudo, há poucos estudos científicos relacionando

essas doenças ao desempenho reprodutivo dos bovinos.

2.2.3 Enfermidades digitais

As enfermidades digitais constituem um dos principais problemas

do aparelho locomotor dos bovinos, resultando em dificuldade de locomoção,

conseqüentemente, ocasionando baixa ingestão de alimento, chegando a

comprometer 20% da produção leiteira e 25% da produção de carne

(GREENOUGH & WEAVER, 1997; DEMIRKAN et al., 2000; MAREGA, 2001;

FERREIRA, 2003; TADICH et al., 2005; CASTRO, 2006; LEÃO, 2006). Outro

fator pertinente com relação às enfermidades digitais refere-se ao conforto

animal que, para GREENOUGH & WEAVER (1997), o interesse em relação ao

bem-estar aumentou substancialmente, nos últimos anos, e as pesquisas a

respeito da claudicação passaram a se preocupar em reduzir sua incidência.

Segundo ROMANI (2003), são descritas diversas enfermidades

digitais como causa de claudicação em bovinos, sendo que muitas podem

estar associadas a microorganismos e, outras, secundárias a uma lesão

primária na pele interdigital dos animais. DEMIRKAN et al. (2000) afirmaram

que tais enfermidades são de caráter multifatorial, pois além dos

microorganismos, a estação do ano, clima, as características de manejo e a

idade também são fatores de risco que influenciam positivamente para que

tais afecções se manifestem.

A prevalência de claudicação em rebanhos leiteiros é variável

(BARGAI, 2000), situando-se em torno de 5% em Israel e oscilando entre 5%

e 60% no Reino Unido. Já MANSKE et al. (2002), avaliando 4899 bovinos de

101 propriedades da Suécia, entre 1996 e 1998, observaram lesões em 72%

dos animais submetidos ao casqueamento. Dentre as lesões encontradas,

41% eram representadas por erosão de talão, 30% hemorragia de sola, 9,3%

dermatite digital, 14% hemorragias da linha branca, 8,8% doença da linha

Page 32: Maria Ivete De Moura

16

branca, 8,6% úlcera de sola, 3,3% sola dupla e 1,8% de hiperplasia interdigital.

Por outro lado, para TADICH et al. (2005) a prevalência de dermatite digital de

9,1%, foi considerada baixa, quando comparada com outros estudos

realizados anteriormente, sob as mesmas condições climáticas.

No Brasil, em determinadas regiões, as enfermidades digitais

atingem níveis significativos. BORGES et al. (1992), observaram índices de

até 14,17% de doenças podais em bovinos leiteiros. MOLINA et al. (1999)

avaliando a prevalência de doenças digitais na bacia leiteira de Belo Horizonte

– MG, registraram a ocorrência de 30% em vacas sob regime de

confinamento, com uma ocorrência de 24,36% para a dermatite digital e

13,68% para a pododermatite séptica. Já SILVA (1997), relatou que a

ocorrência de animais claudicantes nas propriedades agropecuárias, do

Estado de Goiás, varia de 0,3% a 20%, acometendo tanto animais de aptidão

leiteira, quanto de corte e acrescentou que aproximadamente 10% dos casos

possam ser atribuídos às lesões nas extremidades distais dos membros

locomotores.

Ainda sobre as doenças digitais SILVA et al. (2006a) descreveram

prevalência de 13,75% de enfermidades digitais no município de Jataí - GO,

com freqüência de 4,17% de laminite, 3,33% de flegmão interdigital, 2,08 % de

dermatite digital, 1,67% de pododermatite séptica, 125% de sola dupla, 0,83%

de doença da linha branca e 0,42% casos de erosão de talão. LEÃO (2006) ao

estudar os aspectos epidemiológicos da dermatite digital em duas

propriedades leiteiras do Estado de Goiás registrou uma média de ocorrência

de 3,85%, com variação nas diferentes faixas etárias. Apesar das diferentes

ocorrências registradas por LEÃO (2006) e SILVA et al. (2006a) ambos

reforçaram a importância da dermatite digital no sistema produtivo, por

acometer bovinos de diferentes faixas etárias e desencadear graus variados

de claudicação.

a) Dermatite digital

Dentre as enfermidades digitais dos bovinos destaca-se a dermatite

digital reconhecida como uma das principais enfermidades podais dessa

Page 33: Maria Ivete De Moura

17

espécie (BERGSTEN, 1997; GREENOUGH & WEAVER, 1997; SILVA, 2000;

NICOLETTI, 2004). A doença foi descrita primeiramente na Itália na década de

70 por Cheli e Mortellaro (BLOWEY et al., 1994), ficando conhecida como

“Doença de Mortellaro”. Hoje, diversas terminologias são empregadas como

sinônimos à enfermidade: a doença do morango, dermatite digital

papilomatosa, dermatite verrucosa e verruga peluda, os mais utilizados

(CASTRO, 2006). Tem sido registrada em outros países como a Austrália,

Canadá, França, Alemanha, Israel e Japão, o que confere à enfermidade um

caráter cosmopolita (DEMIRKAN et al., 2000).

No Brasil, foi descrita por RIBEIRO et al. (1992) envolvendo bovinos

de corte no Estado do Rio de Janeiro. Em seguida foi relatada por BORGES et

al. (1992) e NICOLETTI (1997), os quais observaram a ocorrência da doença

em rebanhos leiteiros do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente.

Posteriormente, SILVA et al. (2001a) descreveram a enfermidade em Orizona

no Estado de Goiás com freqüência de 24,36%. MAREGA (2001) afirmou que

a ocorrência de dermatite digital em rebanhos brasileiros apresentou as

mesmas tendências obtidas em estudos de outras regiões do mundo. O autor

encontrou uma prevalência de 5,2% em gado de corte, com índices de 25%

para machos adultos e 5,48% para machos jovens. MARTINS et al. (2002)

pesquisando a ocorrência de lesões podais em bovinos da bacia leiteira de

Campo Grande e outros municípios do Mato Grosso do Sul, relataram que a

dermatite digital foi à enfermidade de maior freqüência, representando 25%

das lesões observadas. Na região da bacia leiteira de Belo Horizonte/MG, a

dermatite digital foi uma das lesões mais observadas por SOUZA (2002),

representando 30,3% dos casos estudados.

A dermatite digital é uma doença contagiosa dos membros

locomotores, causando extremo desconforto aos animais, caracterizada por

inflamação superficial da epiderme, iniciando-se no espaço entre os talões e

evoluindo para sua completa destruição. A doença manifesta-se clinicamente

apresentando dois tipos de lesões, uma circunscrita, de aspecto erosivo,

eritematoso e ulcerado denominado de doença do morango e outra

proliferativa, que pode conter pêlos, assemelhando-se à forma clínica da

papilomatose cutânea pedunculada, também denominada de dermatite

verrucosa ou verruga peluda (BERGSTEN, 1997; GREENOUGH & WEAVER,

Page 34: Maria Ivete De Moura

18

1997; SILVA, 2000; NICOLETTI, 2004; FERREIRA, et al. 2005). A partir de

2005 reconheceram-se três formas de apresentação da doença, porém não

havendo ainda uma padronização definitiva, cita-se: a forma inicial, a forma

erosiva e a proliferativa (FERREIRA, et al. 2005, LEÃO, 2006; CASTRO,

2006).

Em estudo realizado por CASTRO (2006) as lesões na fase inicial

da dermatite digital ocorreram predominantemente entre os talões e no espaço

interdigital dorsal. Mediam em torno de dois centímetros de diâmetro e eram

delimitadas por uma faixa pilosa. Eram altamente sensíveis ao toque e

sangravam com facilidade. Nesse mesmo estudo o exame revelou que, na

fase inicial da doença, a epiderme apresentava espessamento do estrato

córneo, hiperplasia, acantose, espongiose e presença de flora bacteriana

mista, composta principalmente por microrganismos espiralados. Na forma

erosiva ou ulcerativa, observou-se que as lesões se expandiam em todas as

direções do talão, na forma de erosões profundas e os animais manifestavam

claudicação intensa. Já em relação à dermatite digital papilomatosa retratou-

se superfícies irregulares e inúmeras formações papiliformes esbranquiçadas

e cornificadas, com áreas de necrose e odor fétido.

Outros estudos têm sido conduzidos com a finalidade de se

estabelecer a etiopatogenia da dermatite digital bovina, entretanto, a

verdadeira causa ainda é desconhecida. A doença apresenta-se como

enfermidade multifatorial, com provável envolvimento de espiroquetas

(FERREIRA et al., 2005; LEÃO, 2006). Acrescente-se que a resposta ao

tratamento com antibióticos sugere o envolvimento bacteriano (BORGMANN

et al. 1996; COLLIGHAN & WOODWAIN, 1997; GREENOUGH & WEAVER,

1997; RODRIGUES-LAINZ et al., 1998; DEMIRKAN et al., 2000; NICOLETTI,

2004, FERREIRA et al., 2005; LEÃO, 2006).

Os principais fatores predisponentes envolvidos na gênese dessa

enfermidade podem estar relacionados à aquisição de animais sem

acompanhamento técnico e, introdução de bovinos nos criatórios, sem

obedecer a quarentena, além das condições de higiene deficientes das

instalações, como acúmulo de material orgânico e elevada umidade

(GREENOUGH & WEAVER, 1997; MAREGA, 2001; SILVA et al., 2001a;

NICOLETTI, 2004). Sobre esse assunto SILVA et al. (2001a) e ROMANI

Page 35: Maria Ivete De Moura

19

(2003), em estudo realizado na região Centro-Sul goiana, relataram que a

entrada constante de bovinos em propriedades demonstrou ser um fator de

risco de extrema relevância e que, na região estudada, apenas 24,35% dos

pecuaristas observavam os cascos dos animais que adquiriam. Além desse

aspecto, nenhuma medida era adotada para desinfecção dos caminhões de

transporte e não se realizava quarentena. Para GREENOUGH & WEAVER

(1997), CUNHA (2000), MAREGA (2001) e NICOLETTI (2004), outros fatores

como nutrição, manejo, estresse, traumatismos, contusões, solos pedregosos,

pisos irregulares e de concreto, estação do ano, idade, enfermidades da

glândula mamária podem também estar relacionados.

O diagnóstico é realizado com base no histórico, exame podológico

criterioso, observação de claudicação nos animais, presença de lesões de

aspecto ulcerativo na epiderme da região interdigital palmar e/ou plantar

próximas ao córion coronário, às vezes com bordas esbranquiçadas, centro

avermelhado, bem como lesões de aspecto papilomatoso e ou erosivo

(BORGES & MÁRSICO FILHO, 1995; BERGSTEN, 1997; NICOLETTI, 2004;

CASTRO, 2006; LEÃO, 2006). Dependendo do estágio da evolução, as lesões

podem perder sua identidade devido à participação de outros microrganismos

devendo considerar no diagnóstico, o histórico e, sobretudo, as características

da fase inicial do processo (SILVA et al., 2005b).

Segundo ROMANI (2003), é de vital importância a adoção de

medidas de tratamento e profilaxia. Para WELLS et al. (1999) os protocolos

terapêuticos são adotados considerando a grande variação na apresentação

clínica das lesões, a severidade, a infra-estrutura física e de pessoal e o

manejo adotado para os animais em cada propriedade. LAVEN & HUNT

(2000), NICOLETTI (2004) e SILVA et al. (2005b) afirmaram que o tratamento

mais indicado para a dermatite digital envolve o uso tópico e sistêmico de

antibióticos e a curetagem das lesões. Para CUNHA (2000), o uso de

antibiótico parenteral associado à passagem em pedilúvio contendo solução

sanitizante, constitui procedimento que, geralmente, resulta na cura do

processo. KLOOSTERMAN (1997), MANSKE et al. (2002) e MOURA et al.

(2007) afirmaram que o tratamento tópico individual e o uso de pedilúvio têm

sido eficientes para o tratamento da dermatite digital.

Page 36: Maria Ivete De Moura

20

Além dos protocolos anteriormente descritos, torna-se necessário

adotar medidas como higiene das instalações, exames periódicos do rebanho,

quarentena de animais adquiridos de outras propriedades, diminuição da

densidade animal nos lotes, esterilização de material para casqueamento, uso

correto do pedilúvio e casqueamento preventivo (BERGSTEN, 1997; CRUZ,

2004; NICOLETTI, 2004; FERREIRA et al., 2005). Outros autores como

WELLS et al. (1999), DEMIRKAN et al. (2000) e LEÃO (2006), enfatizaram

que a prevenção e o controle da dermatite digital devem ser conduzidos no

sentido de estabelecer medidas de biossegurança, visando interromper a

cadeia de transmissão da enfermidade, identificando e eliminando os

possíveis fatores de risco.

2.2.4 Meios de avaliação das condições reprodutivas de machos bovinos

Para o COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL -

CBRA (1998), a avaliação da aptidão reprodutiva de um macho destinado à

reprodução fundamenta-se na observação da sua saúde geral, do aparelho

locomotor, dos órgãos genitais internos e externos, potentia coeundi e potentia

generandi. De acordo com BARBOSA (2003) em estudos realizados no Brasil,

envolvendo número expressivo de touros utilizados em monta natural, 53%

dos animais apresentavam problemas de infertilidade, sendo fatores do meio

ambiente e manejo indesejável as principais causas. Para ALMEIDA et al.

(2007) na exploração da atividade pecuária o retorno econômico está

diretamente relacionado à reprodução, por isso, o uso de touros subférteis ou

inférteis é extremamente prejudicial. SILVA et al. (2002) enfatizaram a

importância da eficiência ou capacidade reprodutiva do touro, principalmente

em se tratando de criações extensivas.

a) Exame andrológico

O exame andrológico é apontado pelo CBRA (1998), RADOSTITS et

al. (2002), BARBOSA (2003) e HAFEZ & HAFEZ (2004), como uma

Page 37: Maria Ivete De Moura

21

ferramenta para se avaliar o potencial reprodutivo e diagnosticar sub-

fertilidade ou infertilidade, entre outras, uma vez que inclui uma avaliação

clínica do animal, do estado geral, do aparelho locomotor, dos órgãos genitais

internos e externos e dos aspectos físicos e morfológicos do sêmen. Para a

realização do espermiograma, existem vários tipos de colheita de sêmen,

sendo, em ordem decrescente, a vagina artificial, a eletroejaculação e a

massagem das vesículas seminais e ampolas dos ductos deferentes os

métodos de eleição (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998; HAFEZ & HAFEZ,

2004).

Para SILVA et al. (1993), CBRA (1998) e HAFEZ & HAFEZ (2004)

as características físicas do ejaculado são: volume, que é expresso em

mililitros (mL) e o valor pode ser relativo dependendo do método de colheita de

sêmen, até 25 ml pela eletroejaculação; aspecto físico que é a avaliação visual

incluindo cor e aparência que dependem fundamentalmente da concentração

de espermatozóides. Pode variar de cremoso ou marmóreo, leitoso, opaco até

aquoso. Segundo SILVA et al. (1993) em alguns touros pode aparecer a cor

amarela devido à presença de riboflavinas, sendo normal. Existem as cores

que apresentam anormalidades no sêmen como a cor vermelha e marron que

pode ser sangue ou sujidades, ou ainda amarelada ou esverdeada nos casos

de presença de pus; motilidade que a percentagem de espermatozóides

móveis, apresentando correlação variável com a fertilidade e deve ser avaliada

imediatamente após a colheita.

Ainda sobre as características físicas do sêmen, segundo HAFEZ

(2004), normalmente a porcentagem de espermatozóides móveis é de 70 a

90%; o turbilhonamento ou movimento em massa é caracterizado pelo

movimento em forma de ondas observado em uma gota de sêmen sob

microscopia. A intensidade depende da motilidade, vigor e concentração

espermáticas. De acordo com o CBRA (1998) o turbilhão é classificado em

uma escala de 0 a 5; o vigor representa a intensidade de deslocamento da

célula no campo microscópico e é dada em uma escala de 0 a 5. O número

representa o movimento progressivo retilíneo; e a concentração que é a

representação do número de espermatozóides por mililitro e pode variar com o

método de colheita, sendo menor na eletroejaculação. Depende também da

nutrição, estação do ano, raça, indivíduo, além da presença de patologias.

Page 38: Maria Ivete De Moura

22

As características morfológicas anormais dos espermatozóides são

classificadas com base na importância dos defeitos e seus efeitos sobre a

fertilidade (SILVA et al., 1993), sendo divididos em defeitos maiores e menores

(SILVA et al., 1993; CBRA, 1998; HAFEZ, 2004). Os defeitos maiores são

conseqüências de anomalias no testículo e epidídimo e podem comprometer

seriamente a fertilidade (SILVA et al., 1993, HAFEZ, 2004). Dentre os defeitos

maiores podem-se citar os espermatozóides subdesenvolvidos, formas duplas,

“knobbed sperm”, decapitados, “pouch formation”, diadema, estreito na base,

piriforme, cabeça pequena anormal, cabeça isolada anormal, contorno

anormal, defeitos de peça intermediária, gota citoplasmática proximal, pseudo-

gota, cauda fortemente dobrada e enrolada (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998;

HAFEZ, 2004).

Para SILVA et al. (1993), os defeitos de cabeça, pouch formation,

diadema, knobbed sperm, de peça intermediária e cauda fortemente enrolada,

têm origem no epitélio seminífero em degeneração e indicam uma

espermatogênese imperfeita. No entanto, os defeitos de cabeça diminuem à

medida que passam pelo ducto deferente, pois alguns espermatozóides são

fagocitados. Os defeitos de cauda ao contrário aumentam e podem ser

encontrados nos ductos deferentes. Os defeitos de acrossoma, da peça

intermediária e cauda são considerados como de origem genética. Já uma alta

quantidade de gota citoplasmática proximal, pode indicar imaturidade em

touros jovens (GARCIA, 1971) até 36 meses de idade no Nelore (FONSECA et

al., 1996) e hipoplasia testicular (SILVA et al., 1993). É importante ressaltar

que os defeitos principalmente de cabeça e peça intermediária não devem

ultrapassar a 5%, para não prejudicar a taxa de concepção (SILVA et al.,

1993; CBRA, 1998).

Os defeitos menores, que estão ligados diretamente a processos

patológicos dos testículos (RAO, 1980; SILVA et al., 1993), são cabeça

delgada, pequena, larga, gigante e curta, cabeças isoladas normais,

destacamento do acrossoma, gota distal, cauda simplesmente dobrada ou

enrolada. Inclui-se também a presença de medusas, células epiteliais,

leucócitos, eritrócitos, neutrófilos e bactérias. Defeitos como gota distal,

cabeça decapitada e cauda dobrada são adquiridas durante a passagem pelo

ducto deferente ou durante a ejaculação e apresentados em touros com

Page 39: Maria Ivete De Moura

23

fertilidade normal. Geralmente, o espermatozóide perde a gota citoplasmática

distal durante o processo de ejaculação (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998;

HAFEZ, 2004). Muitas vezes o choque térmico no ato da coleta, além da

manipulação que pode dar origem às caudas dobradas e enroladas (SILVA et

al., 1993). Os defeitos menores não devem ultrapassar um total de 25% e 10%

de anormalidades individuais (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998). Em certas

condições de realização do exame, determinados defeitos como cauda

dobrada ou enrolada não devem constituir critério de condenação de um touro,

devendo ser realizados outros exames (SILVA et al., 1993).

De acordo com a Portaria nº 26 de 05 de setembro de 1996, do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (1996) e o CBRA

(1998) o número total de anormalidades espermáticas não pode ultrapassar

30% em uma contagem de 200 células. As anormalidades morfológicas do

sêmen podem ser identificadas através do uso de esfregaços corados sob

microscopia simples ou preparação úmida em microscópio de contraste de

fase ou contraste diferencial de interferência de fase. A soma dos defeitos

maiores e menores é indicada pelo parâmetro de defeitos totais (CBRA, 1998;

HAFEZ & HAFEZ, 2004).

Segundo o CBRA (1998), há valores mínimos de padrões seminais

desejáveis para efeito de seleção de touros para monta natural: Motilidade

Progressiva = 70%; Vigor = 3; Movimento de massa = 3; Total de

espermatozóides anormais ≤ 20%. Após os exames, os achados são

interpretados, obedecendo a esses critérios e os animais podem ser

classificados em aptos ou satisfatórios, questionáveis devendo aguardar novos

exames e inaptos ou insatisfatórios para a reprodução (CBRA, 1998;

BARBOSA, 2003), devendo ser descartados (BARBOSA, 2003). De acordo

com DODE (1998) a determinação das características físicas não garante a

fertilidade do touro. Avaliar a morfologia espermática é importante, porque está

relacionada à função do espermatozóide. Alterações morfológicas como na

região da cabeça, afetam a capacidade de fecundar, comprometendo a

fertilidade. Do ponto de vista econômico, conforme relataram SILVA et al.

(2002), o sêmen de qualidade significa rápido retorno de capital investido na

criação de um reprodutor.

Page 40: Maria Ivete De Moura

24

Autores como FRENAU et al. (1997) e o CBRA (1998) consideraram

ainda outra forma de avaliação andrológica de bovinos, simples e rápida, que

se trata do Certificado Andrológico por Pontos. De acordo com o CBRA (1998)

nesta metodologia são avaliadas e pontuadas três características reprodutivas

ligadas à fertilidade do reprodutor: motilidade progressiva cuja pontuação varia

entre três e 20 pontos, sendo atribuídos três pontos a uma motilidade

progressiva menor que 49%; dez pontos para motilidade progressiva entre 50

e 59%; quinze pontos para motilidade progressiva entre 60 e 69%; vinte

pontos para motilidade maior que 70%. A morfologia espermática recebe uma

pontuação entre três e 40 pontos, onde três é atribuído a uma morfologia

acima de 30% para defeitos maiores e acima de 60% para defeitos totais; dez

pontos para morfologia entre 20 e 29,5% para defeitos maiores e 40 a 59,5%

de defeitos totais; vinte e cinco pontos para defeitos maiores entre 11 e 19,5%

e defeitos totais entre 25 e 39,5% e 40 pontos para defeitos maiores abaixo

que 10,5% e defeitos totais abaixo de 25%.

Para circunferência escrotal, a escala de pontuação varia de três a

40 pontos que são atribuídos de acordo com a idade do animal. Ao final da

pontuação, é atribuída uma classificação ao animal que varia de A para

animais tidos como excelentes, cuja pontuação varia entre 85 e 105; B para

animais considerados bons, com pontuação entre 84 e 60; C para os animais

aptos para reprodução com restrições ou regular, com pontuação entre 59 e

25 e, finalmente D para os animais considerados fracos para reprodução, uma

pontuação abaixo de 35 (CBRA, 1998).

b) Avaliação do comportamento reprodutivo

O comportamento sexual do touro que, sabidamente, exerce

importante influência na fertilidade do rebanho tem sido avaliado por meio da

intensidade da libido (SILVA et al., 1993; COSTA & SILVA, 1999; SALVADOR

et al., 2003), da capacidade de monta (SILVA et al., 1993; CHENOWETH,

1996, RADOSTITS et al., 2002) e do comportamento sexual a campo (ZUIN,

2000; SANTOS, 2001; SALVADOR et al., 2003). Segundo OLIVEIRA et al.

(2007a), com a identificação de touros de alta libido no rebanho é possível

Page 41: Maria Ivete De Moura

25

reduzir a duração da estação de monta e facilitar o manejo da propriedade

concentrando os nascimentos em apenas dois meses, além de ser possível

reduzir a proporção touro/vaca. Uma metodologia adotada para se avaliar a

libido de touros zebuínos é a tabela elaborada por PINEDA et al. (1997) e

preconizada pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA, 1998). O

teste é realizado no curral, com período de observação de 10 minutos,

atribuindo-se escores de 0 (sem interesse sexual) a 10 (duas ou mais montas

com serviço completo) (PINEDA et al., 1997; CBRA, 1998).

De acordo com OLIVEIRA et al. (2007a), na raça Nelore, os testes

da libido caracterizam bem os animais de alta capacidade de monta, mas

muitas vezes o comportamento sexual em regime de monta natural não é

adequado a touros de baixa libido. Os autores ressaltaram que a provável

razão para isso é o comportamento dos zebuínos no curral, o que indica ser

necessário ajustar o teste para a raça Nelore. SANTOS (2000) e SANTOS et

al. (2003) afirmaram que os efeitos de dominância e do estresse atribuídos ao

teste realizado no curral podem comprometer os resultados finais. Entretanto,

FONSECA et al. (1996) e PINEDA et al. (2000) avaliaram a libido de touros

Nelore em curral e verificaram que aqueles de alta libido proporcionaram taxa

de prenhez superior a 90% quando comparados aos de média e baixa libido

em estação de monta de 63 dias, o que reforça a importância da realização do

teste da libido. Porém, conforme descrito por SILVA et al. (1993) não há

correlação entre a libido e a qualidade seminal, podendo um touro de baixa

libido produzir sêmen de boa qualidade e vice-versa.

c) Outros métodos de diagnóstico das alterações no aparelho reprodutivo

A cultura microbiana do ejaculado também é um meio auxiliar para

diagnosticar certas doenças infecciosas, por identificar microorganismos

causais, em casos de orquite, epididimite, vesiculite, balanopostite ou

infertilidade infecciosa (RADOSTITS et al., 2002).

Várias técnicas de obtenção de imagens têm sido utilizadas na

tentativa de diagnosticar lesões no trato reprodutivo de touros como a

radiografia contrastada para demonstrar desvios penianos e a termografia

Page 42: Maria Ivete De Moura

26

para avaliar a perda da termorregulação testicular (RADOSTITS et al., 2002).

Outro teste diagnóstico auxiliar que tem sido utilizado é a ultra-sonografia, que

complementa de maneira valiosa os outros métodos de exame do saco

escrotal, testículo, epidídimo e glândulas anexas (DIRSKSEN et al., 1993;

RADOSTITS et al., 2002). Com esse método é possível diagnosticar lesões

escrotais, tumores (MOURA et al., 2007), abscessos, hidroceles, epididimites

e inflamações das glândulas acessórias (DIRSKSEN et al., 1993).

A biópsia testicular também tem sido de grande auxílio na

quantificação e diagnóstico de várias afecções testiculares, como o

hipogonadismo, hipogonadotrofismo, processos inflamatórios e degenerativos

e neoplasias (FRENAU et al., 1997). Além disso, foi empregada para o

acompanhamento do desenvolvimento testicular a análise histológica

quantitativa das gônadas masculinas (FRENAU, 1991). Em síntese, a

avaliação do potencial de fertilidade do macho é baseada na funcionalidade do

trato reprodutivo que tem reflexo importante no número de espermatozóides

normais que alcançam o local de fecundação e conseqüentemente,

influenciando na penetração do oócito, fertilização e desenvolvimento

embrionário (LAGERLOF, 1934; BARTH & OKO, 1989).

Para BARTH & OKO (1989), os fatores externos que afetam a

fertilidade devem ser controlados para se realizar testes laboratoriais. O

manejo impróprio da nutrição e do meio-ambiente, anormalidades físicas da

genitália e do sistema locomotor ou outros sistemas do corpo produzem

variações na fertilidade do touro. Motilidade, morfologia e produção

espermática (densidade e volume) estão inter-relacionadas. A produção de

espermatozóides anormais pode resultar de fatores genéticos, estresse

ambiental, doenças, subnutrição ou uma combinação destes fatores.

CHACÓN et al. (1999) afirmaram que a incidência de espermatozóides

anormais tem alta influência na fertilidade, uma vez que o touro subfértil pode

causar perdas irreparáveis ao rebanho. GARCIA (2002) avaliando touros Bos

taurus taurus e Bos taurus indicus e mestiços, no município de Jataí – GO

observou que os animais não apresentaram variações anuais nas

características ponderais, testiculares e seminais que pudessem comprometer

sua utilização na reprodução.

Page 43: Maria Ivete De Moura

27

2.3 Exame andrológico de touros portadores de enfermidades digitais

A influência de enfermidades do sistema locomotor sobre a

fertilidade de touros foi abordada por BARKER (1971) de forma superficial. O

autor afirmou que um touro acometido de laminite sente muita dor durante o

salto, falhando em seu serviço até que seja revertida a causa. Caso o

processo inflamatório da laminite seja agudo e severo o suficiente para causar

alteração sistêmica, a produção de sêmen deverá ser prejudicada por um

período de até, talvez, dois meses após a cura, assim como ocorre com outras

doenças sistêmicas relativamente severas, porém não informou a intensidade

do comprometimento do sêmen. GALLOWAY (1971) acrescentou que injúrias

ao sistema locomotor dos reprodutores poderão resultar em dificuldades no

serviço. Apesar de autores como GREENOUGH et al. (1997), CBRA (1998) e

NICOLETTI (2004) considerarem que injúrias no sistema locomotor podem

influenciar na reprodução dos touros, esses autores não relataram nenhum

estudo direto avaliando a condição andrológica dos animais de forma mais

específica, ou seja, avaliando o sêmen dos animais que sofrem de alguma

enfermidade no sistema locomotor em seus diversos aspectos. As

informações encontradas a respeito do assunto apresentaram-se, além de

escassas, superficiais.

Na literatura consultada o único trabalho científico, abordando o

assunto de forma mais detalhada é a pesquisa desenvolvida por CHIQUETO

(2004). O autor avaliando, por meio de exame andrológico, as características

físicas e morfológicas do sêmen de touros da raça Holandesa, registrou

diferenças significativas, quanto a algumas características físicas e

morfológicas do sêmen de animais portadores de dermatite digital em relação

a animais saudáveis.

Portanto, existem fortes evidências que reforçam a importância do

assunto, especialmente ao considerar os relatos freqüentes de produtores

rurais, os quais relatam que animais portadores de doenças digitais

apresentam baixo desempenho produtivo, acarretando prejuízos econômicos

e, como muitas vezes, o tratamento torna-se oneroso, o descarte de animais

valiosos é inevitável. Em se tratando de animais de aptidão para corte, muitos

proprietários e técnicos também questionam qual seria o tratamento mais

Page 44: Maria Ivete De Moura

28

adequado, considerando, sobretudo, as características da raça Nelore, que

são animais de temperamento agressivo e o manejo em curral torna-se

esporádico, ou seja, em períodos de vacinações e desmama, sendo portanto

diferente do manejo adotado para animais de aptidão leiteira.

Acrescente-se que os protocolos terapêuticos convencionais

estabelecidos para as enfermidades digitais necessitam de manejo diário em

curral, com passagem em pedilúvio contendo soluções sanitizantes. Além

desses aspectos, outra questão que vem sendo abordada são as formas de

prevenir a ocorrência dessas doenças em criatórios que exploram gado de

corte, uma vez que em animais de aptidão leiteira, dentre as alternativas de

manejo adotadas, o uso do pedilúvio e o casqueamento preventivo são de

difícil aplicação na rotina dos primeiros.

Dessa forma, o desenvolvimento de pesquisas científicas, com a

finalidade de identificar fatores de risco, determinar a produção e a qualidade

espermática e testar protocolos terapêuticos, que sejam viáveis no tratamento

de enfermidades digitais de bovinos de aptidão para corte, possa não só

validar os conhecimentos científicos já existentes, mas também elucidar outras

possíveis condições, que podem interferir na produção espermática e,

conseqüentemente, interferir na eficiência reprodutiva.

Page 45: Maria Ivete De Moura

29

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Este trabalho teve o objetivo de avaliar a qualidade seminal de

touros da raça Nelore acometidos pela dermatite digital

3.2 Objetivos específicos

• Descrever alguns aspectos epidemiológicos envolvidos na

ocorrência da dermatite digital em animais da raça Nelore,

manejados extensivamente.

• Avaliar a qualidade seminal de touros, da raça Nelore com

idade média de 36 meses.

• Avaliar a eficiência e o custo do protocolo terapêutico

empregado no tratamento da dermatite digital em touros da

raça Nelore.

Page 46: Maria Ivete De Moura

30

4 MATERIAL E MÉTODOS

Antecedendo ao início do estudo o projeto foi submetido à

Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás, o qual foi

protocolado sob o nº 018, com parecer favorável.

4.1 Critérios para escolha da propriedade

O estudo foi conduzido durante o período de maio a outubro de

2006, em uma propriedade rural, situada no município de Quirinópolis na

região Sudoeste do Estado de Goiás, denominada Fazenda Matinha. A

propriedade explorava bovinos destinados à produção de carne e na

agricultura, a soja era a cultura principal. Todos os animais eram manejados

extensivamente, em piquetes de Panicum maximum, com pastejo rotacionado

e em baixas lotações e suplementação com sal comum. Os bovinos recebiam

vacina contra Febre Aftosa, seguindo calendário estabelecido pelos órgãos

governamentais. Como no município predomina a produção de gado de corte

e vários são os relatos de enfermidades digitais acometendo o rebanho, optou-

se por realizar o trabalho nessa região. Além desses aspectos, considerou-se

na escolha desta propriedade a notificação, feita por médicos veterinários

autônomos que prestam serviços no município, da ocorrência da enfermidade

e a disponibilidade do proprietário em ceder os animais, fator este considerado

limitante nesse tipo de estudo. Por último, consideraram-se os relatos de sub-

fertilidade em touros existentes na fazenda e que eram portadores de doenças

digitais.

4.2 Aspectos epidemiológicos

Durante a visita, preencheu-se um questionário estruturado fechado

elaborado com base em THRUSFIELD et al. (2005), contendo dados da

propriedade e dos animais (Anexo 1). Os dados obtidos foram utilizados como

ferramenta na tentativa de elucidar alguns fatores predisponentes da dermatite

Page 47: Maria Ivete De Moura

31

digital na categoria animal empregada neste estudo, que segundo DEMIRKAN

et al. (2000) e LEÃO (2006), caracteriza-se por ser uma enfermidade de

caráter multifatorial. Conforme apontado por BORGES & CUNHA (2001)

considerou-se no estudo questionamentos sobre traumatismos digitais,

sodomia, disputa social, transporte, superpopulação, excesso de lama e

umidade fragilizando o casco, presença de pedras e pisos com defeito, dentre

outros, como possíveis fatores de risco da enfermidade estudada, em bovinos

de corte. Considerou-se também a recomendação de LEÃO (2006) para incluir

nessa modalidade de estudo, a ausência do exame podológico e a falta de

quarentena antecedendo a aquisição e a sua introdução no rebanho, como

medidas preventivas da dermatite digital.

4.3 Diagnóstico da enfermidade

O diagnóstico da enfermidade fundamentou-se na presença de

lesões características de dermatite digital, conforme descritas por FERREIRA

et al. (2005), CASTRO (2006) e LEÃO (2006). Sendo confirmada a presença

da enfermidade, o animal era submetido a um criterioso exame clínico dos

cascos, com o objetivo de melhor identificar a fase em que se apresentavam

as lesões de dermatite digital, conforme descrito no Quadro 1 (CASTRO,

2006). Considerou-se também no diagnostico o histórico e, sobretudo, as

características das lesões na fase inicial do processo (SILVA et al., 2005b), já

que dependendo da evolução clínica poderia apresentar características de

lesões mistas, como as relacionadas à erosão dos talões e a pododermatite

séptica (SILVA et al., 2006b). As lesões observadas foram registradas em

ficha clínica individual, sendo identificadas pelo número do animal e o membro

acometido seguido da descrição macroscópica da lesão (Anexo 2).

Page 48: Maria Ivete De Moura

32

QUADRO 1 - Caracterização macroscópica e fases evolutivas das lesões de

dermatite digital em touros da raça, Nelore, adotada, em

experimento realizada no período de maio a outubro de 2006,

em uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO

Fases da doença Características macroscópicas da lesão

Inicial Edema, hiperemia, sensibilidade, lesões pequenas ou

ausência de fístulas, estando a pele sadia delimitada

por uma linha branca de tecido elevado ou

protuberante. Presença de pêlos e claudicação.

Erosiva Lesões erosivas, eritematosas ou ulceradas.

Presença de tecido de granulação, comprometimento

dos talões e estojo córneo, axial e abaxial, presença

de miíase, sensibilidade, sangramento ao manipular o

membro e claudicação.

Proliferativa ou

Papilomatosa

Lesões macroscópicas com aspecto proliferativo,

papilomatoso, verrucoso ou hiperplásico,

comprometimento dos talões e estojo córneo, axial e

abaxial, miíase. Presença de pêlos e projeções

papilares, tecido necrótico e claudicação. Fonte: Adaptado de CASTRO (2006).

4.4 Critérios para o estabelecimento dos grupos experimentais

Inicialmente, participaram do estudo 22 bovinos da raça Nelore,

machos, inteiros, com idade média de 36 meses, os quais foram identificados

por meio de brincos e alocados em três grupos (TI, TII e TIII), de acordo com

presença ou não de dermatite digital e a fase de realização do protocolo

terapêutico adotado para a enfermidade. Para tanto, alocou-se aleatoriamente

nos grupos TI e TII somente animais portadores de dermatite digital,

independente da fase em que se apresentavam as lesões. O grupo TI formado

por oito bovinos enfermos, os quais foram tratados após a segunda colheita de

sêmen, ou seja, decorridos 30 dias do início do experimento. O grupo II (TII)

constituído por sete bovinos portadores da enfermidade, considerado o grupo

Page 49: Maria Ivete De Moura

33

controle doente, receberam tratamento após a sétima e última colheita de

sêmen. Já no grupo TIII, constituído por sete animais, todas as unidades

experimentais não apresentavam lesões digitais, sendo considerado o grupo

controle saudável (QUADRO 2). Como, um dos animais pertencentes ao grupo

TII, não ejaculou entre a segunda e sexta colheita de sêmen e, outro que fazia

parte do grupo TIII, apresentou alteração no estado de saúde, eles foram

retirados do estudo para avaliação dos parâmetros espermáticos, totalizando

seis animais em cada um desses grupos.

QUADRO 2 – Distribuição das unidades experimentais três grupos, momentos

de colheita de ejaculado e condição dos dígitos dos animais

durante as fases de colheitas, durante experimento realizado no

período de maio a outubro de 2006, em uma propriedade rural,

no município de Quirinópolis – GO

Grupos Nº de animais inicial

Momentos de colheita do ejaculado (intervalos de 15 dias)

Nº de animais

final M1 M2 M3 M4 M5 M6 M7

T1 8 PL PL T T T R R 8

T2 7 PL PL PL PL PL PL PL 6

T3 7 S S S S S S S 6 D: presença de lesão no dígito, T = lesões dos dígitos tratadas, R = recuperação da lesão, S = animais com dígitos saudáveis

Todos os animais que participaram do estudo foram submetidos à

avaliação do sistema genital externo conforme descreveram RADOSTITS et

al. (2002) e POST et al. (2002), observando-se o escroto, testículos,

epidídimo, prepúcio, pênis, glândulas vesiculares, ampolas do ducto deferente,

próstata e glândulas bulbouretrais. Essas estruturas anatômicas não deveriam

apresentar alterações como hipoplasia e outros defeitos de formação ao início

do período experimental. O exame foi repetido a cada colheita de sêmen para

identificar possíveis alterações ocorridas nos intervalos entre as visitas.

Também foram realizados exames para diagnóstico de brucelose, tuberculose

Page 50: Maria Ivete De Moura

34

com antígeno acidificado tamponado e prova de tuberculinização intradérmica,

respectivamente (ACYPRESTE, 1999; ROCHA, 2003).

4.5 Exame andrológico

Todos os exames foram realizados durante os meses de maio a

outubro, na tentativa de minimizar possíveis efeitos da época do ano sobre as

características que seriam analisadas conforme adotado por VALENTIM et al.

(2002). Considerou-se também a menor precipitação pluviométrica nessa

época, na região, fato que poderia auxiliar no tratamento das lesões de

dermatite digital. De todos os bovinos, colheram-se sete amostras de sêmen, a

um intervalo de 15 dias. Todas as colheitas e avaliações espermáticas, tanto

físicas como morfológicas, foram realizadas pela mesma equipe, visando

diminuir possíveis efeitos do avaliador.

Para proceder cada colheita de sêmen, os bovinos foram contidos

em posição quadrupedal em bretes apropriados. O exame andrológico foi

precedido do exame clínico geral do animal, avaliação da circunferência

escrotal, empregando fita métrica apropriada e aferindo a região de maior

perímetro, de ambos os testículos de cada animal dos diferentes grupos.

Também se observou a consistência testicular, por meio de palpação. Todos

esses aspectos foram considerados para certificar-se também, de que os

animais não apresentavam nenhuma outra enfermidade aparente que pudesse

interferir no resultado final do experimento (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998;

HAFEZ, 2004).

Na seqüência, realizou-se toalete e secagem, com papel toalha, do

óstio prepucial permitindo assim colheita de ejaculado com menor

contaminação possível. Realizou-se o esvaziamento do reto e palpação das

glândulas acessórias com posterior introdução da sonda transretal composta

por eletrodos, os quais eram alimentados por uma fonte excitadora de 12 volts

(Eletro-ejaculador. Duboi – Indústria e Comércio de Artefatos para Pecuária

Ltda. Campo Grande - MS). As amostras foram colhidas em tubos plásticos,

graduados e acoplados em funil de igual material. Imediatamente procedeu-se

avaliação a fresco dos aspectos físicos das amostras, considerando o

Page 51: Maria Ivete De Moura

35

turbilhonamento, vigor e motilidade individual. O turbilhonamento foi observado

em microscopia, diretamente sobre uma gota de sêmen depositada sobre uma

lâmina aquecida a 37ºC, utilizando microscópio óptico simples em objetiva

com aumento de 4x. Observou-se a quantidade, intensidade e espessura das

ondas dentro de uma escala de 0 a 5, sendo que 0 representava ausência de

turbilhonamento e 5 o valor máximo. Para análise de motilidade progressiva e

vigor, colocou-se outra gota de sêmen sobre a lâmina e, sobre essa uma

lamínula. Com a objetiva de aumento 40x avaliou-se a motilidade progressiva

dentro de uma escala percentual de 0 a 100, sendo que 0 representou a

ausência de motilidade e 100% o máximo. Ato contínuo avaliou-se o vigor

dentro de uma escala de 0 a 5 sendo a ausência classificada como 0 e o vigor

máximo como 5 (SILVA et al., 1993; CBRA, 1998; HAFEZ, 2004).

De cada animal, preparou-se um esfregaço em lâmina, as quais

foram coradas em laboratório pela técnica corante rosa bengala (HAFEZ &

HAFEZ, 2004; STREIT JR et al., 2004). Posteriormente, realizou-se a leitura

dos aspectos morfológicos do sêmen, sendo analisados os defeitos

espermáticos. Para esse propósito, foram contadas 200 células espermáticas

em microscópio óptico com objetiva de 100x em imersão, com movimentos em

zigue-zague percorrendo todo o campo da lâmina (CBRA, 1998). Também,

para cada animal em todas as colheitas, preparou-se uma solução turva de

sêmen diluído em formol-salina-tamponada (HANCKOK, 1957) como material

reserva, para posterior confecção de esfregaços ou mesmo leitura sob

microscopia em contraste de fase, caso o esfregaço inicial apresentasse

imperfeições.

Em seguida, com auxílio de uma pipeta de Sahli, realizou-se a

diluição de 20µL de sêmen em 4ml de solução de formol-salina-tamponado

(HANCKOK, 1957; SIQUEIRA et al., 2007) para posterior avaliação da

concentração espermática empregando câmara de Neubauer espelhada, sob

microscopia, no Laboratório de Andrologia e Tecnologia do Sêmen da Escola

de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (LATS/UFG). Os valores

foram expressos em número de espermatozóides (x106) por mililitros de

ejaculado (CBRA, 1998).

Os dados obtidos com os exames andrológicos foram catalogados

em fichas apropriadas (Anexo 3), com o intuito de padronizar as informações

Page 52: Maria Ivete De Moura

36

colhidas e facilitar suas análises. Posteriormente os parâmetros físicos e

morfológicos do sêmen foram dispostos em gráficos.

Ressalte-se que, como também se buscava avaliar as possíveis

influências do tratamento das lesões sobre as características espermáticas, as

colheitas foram divididas em três momentos, considerando o período em que

os animais, distribuídos no grupo TI, foram submetidos ao tratamento e o

tempo em que, provavelmente, as lesões apresentavam-se cicatrizadas.

Portanto, estabeleceu-se que as duas primeiras colheitas seriam consideradas

como o momento pré, ou seja, antes de se efetuar o tratamento das lesões

de dermatite digital. As colheitas três, quatro e cinco, correspondendo ao

momento inter, coincidiram com o período destinado ao tratamento das

lesões podais dos animais alocados no grupo TI, ainda que ao final desse

momento as feridas já estivessem cicatrizadas. O último momento,

denominado momento pós (FIGURA 1), correspondeu às colheitas seis e

sete, fase em que pelo exame clínico macroscópico dos dígitos dos bovinos do

grupo TI, esperava-se não haver nenhuma lesão de dermatite digital.

Para efeito de comparação entre os três grupos (TI, TII e TIII) essa

divisão de colheitas em momentos foi estabelecida também para os animais

que constituíram os grupos TII e TIII, grupo controle doente e saudável,

respectivamente.

FIGURA 1 – Representação esquemática das colheitas de ejaculado

agrupadas e analisadas em diferentes momentos, durante experimento realizado no período de maio a outubro de 2006, em uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO

Page 53: Maria Ivete De Moura

37

4.6 Protocolo terapêutico

Os animais pertencentes aos grupos TI e TII foram tratados

cirurgicamente, promovendo-se a retirada de todo tecido comprometido e

toalete dos cascos. As lesões receberam curativos locais com

antibioticoterapia local e parenteral, além de passagem em pedilúvio contendo

soluções sanitizantes (CUNHA, 2000; ROMANI, 2003; FERREIRA, 2003;

SILVA et al. 2005b; LEÃO, 2006). Tanto os animais alocados no grupo TI

como no TII receberam o mesmo tratamento, no entanto, os que compuseram

o grupo TI foram submetidos ao tratamento após a segunda colheita de sêmen

e os distribuídos no grupo TII após a última.

O pré-operatório constou de jejum hídrico e alimentar de no mínimo

12 horas, tranqüilização com xilazina 2% (Anasedan - Divisão Vetbrands

Saúde Animal, Jacareí - SP) na dose de 0,05 a 0,2 mg/kg de peso corporal,

via intravenosa e contenção em decúbito dorsal, utilizando cordas.

Posteriormente, promoveu-se limpeza e desinfecção dos dígitos com água,

sabão e iodo polivinil pirrolidona (Iodopovidona - Farmogral Farmácia de

Manipulação, Brasília - DF), realizando-se nos dígitos sadios o casqueamento

preventivo e nos acometidos, remoção cirúrgica das lesões, após realização

de anestesia local ou intravenosa de Bier, empregando cloridrato de lidocaína

a 2% (Dorfin® – Laboratório Hertape Ltda, Juataba – MG). Tanto a

tranqüilização como a anestesia local, foram realizadas, seguindo

recomendação de MASSONE (2003).

Sobre as feridas cirúrgicas, aplicou-se solução contendo percloreto

de ferro, iodo metálico e salicilato de metila (Hemosthal® - Minerthal Produtos

Agropecuários Ltda, São Paulo - SP) e polvilhamento com oxitetraciclina pó

(Terramicina pó solúvel com Antigerm 77® - Laboratório Pfizer Ltda,

Guarulhos - SP). O mesmo princípio ativo desse antibiótico (Oxitape LA®,

Laboratório Hertape, Juatuba - MG), em sua apresentação de longa ação para

uso injetável, foi aplicado nos animais, na dose de 20mg/kg de peso corporal,

via intramuscular, em intervalos de 48 horas, por três aplicações.

Protegeram-se as lesões com algodão hidrófilo, após serem

tratadas com os dois medicamentos, e sobre este se polvilhou sulfato de

Page 54: Maria Ivete De Moura

38

cobre. Seqüencialmente, envolveram-se as feridas com ataduras de crepon

(Ortho Surgical - Superintendência Hospitalar Ltda. Santa Bárbara – SP), que

foram impermeabilizadas com um produto composto por dicloro divinil

pirrolidona, orto-orto-dimetil-para-nitrofenil-fosforotioato e alcatrão vegetal

esterilizado (Miosthal® - Minerthal Produtos Agropecuários Ltda. São Paulo -

SP).

Sete dias após a realização do procedimento cirúrgico, retirou-se a

bandagem protetora e os bovinos foram conduzidos, diariamente, a um

pedilúvio, contendo solução de sulfato de cobre a 3% ou hipoclorito de sódio

(Carbocloro - S/A Indústrias Químicas, São Paulo – SP), a 1%, de acordo com

o preconizado por SILVA et al. (2005b), obedecendo-se a um intervalo de 48

horas para se efetuar as trocas das soluções. O rodízio entre as soluções

obedeceu a um intervalo de sete dias e o tratamento estendeu-se por,

aproximadamente, 60 dias, sendo suspenso quando os animais

apresentavam-se clinicamente recuperados das lesões, com escore de

cicatrização 5.

Todos os animais que participaram do experimento, por ocasião da

realização do tratamento das lesões digitais dos bovinos pertencentes ao

grupo TI, passaram a receber suplementação mineral e protéica, por meio de

sal proteinado (Sal campo protéico - Global Indústria e Comércio de Sal

Mineral e Rações Ltda. Quirinópolis - GO).

4.7 Avaliação da eficiência do tratamento

Os animais pertencentes aos grupos TI e TII, que receberam

tratamento para a dermatite digital foram submetidos ao acompanhamento da

evolução clínica de cicatrização das lesões. Foram considerados cinco

momentos de avaliação e quatro escores de cicatrização, para classificar os

animais como recuperados ou não recuperados, conforme Quadro 3,

elaborado de acordo com as descrições de EURIDES et al. (1996) e

OLIVEIRA et al. (2007b). A avaliação dos bovinos distribuídos no grupo TI foi

realizada no período de colheita de sêmen. Já para os animais alocados no

grupo TII, o tempo de avaliação correspondeu a um período de dois meses

Page 55: Maria Ivete De Moura

39

após o término das colheitas de sêmen.

QUADRO 3 – Momentos de avaliação e determinação de escores para a

avaliação macroscópica da evolução clínica da cicatrização

das lesões de dermatite digital, no período pós-operatório em

bovinos da raça Nelore, durante experimento realizado no

período de maio a outubro de 2006, em uma propriedade rural,

no município de Quirinópolis – GO

MOMENTO DE AVALIAÇÃO

ESCORES

M1 - 7 dias Escore 1 Presença de inflamação com

exsudato

M2 - 15 dias Escore 2 Presença de inflamação com úlceras

M3 - 30 dias Escore 3 Formação de tecido com aspecto

granulomatoso e presença de crostas

M4 – 45 dias Escore 4 Retração das bordas da ferida

M5 - 60 dias Escore 5 Cicatrização completa do tecido

4.8 Avaliação do custo do tratamento das lesões do casco

Estimou-se o custo do tratamento das lesões de dermatite digital,

incluindo medicamentos e materiais necessários à realização do procedimento

cirúrgico, confecção de um pedilúvio e mão-de-obra especializada.

4.9 Análise estatística

Os dados relacionados ao exame andrológico foram analisados

comparando-se os resultados obtidos para os diferentes grupos nos diferentes

momentos de avaliação. Para a análise estatística entre os grupos nos

diferentes momentos de avaliação, quanto aos parâmetros turbilhão e vigor

espermáticos empregou-se o Teste da Mediana e para as demais

Page 56: Maria Ivete De Moura

40

características espermáticas aplicou-se o Teste de Kruskall-Wallis, com nível

de significância de 5% (p<0,05). Optou-se por esses testes, uma vez que o

número de amostras era pequeno e a distribuição das variáveis entre os

grupos não era normal (SAMPAIO, 1998; MONTEIRO FILHO, 2004). Para

comparar os resultados obtidos entre os momentos empregou-se o Teste de

Wilcoxon. Para avaliar a eficiência do tratamento e recuperação dos animais

realizou-se análise descritiva (SAMPAIO, 1998).

Page 57: Maria Ivete De Moura

41

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Aspectos epidemiológicos

As visitas e o preenchimento do questionário permitiram uma

avaliação criteriosa do ambiente, saúde dos animais, aptidão e, em especial,

do manejo adotado na propriedade. No criatório explorava-se 1500 (100%)

bovinos de aptidão para corte sendo que 83 (5,54%) animais, com idade

acima de dois anos e em sua maioria machos eram portadores de

enfermidades digitais. Ocorrência semelhante foi registrada por MAREGA

(2001), em bovinos de aptidão para corte, manejados extensivamente.

Todavia, contrariando essas informações, BORGES & CUNHA (2001)

afirmaram que a dermatite digital raramente tem sido observada em bovinos

de corte, sendo que seu aparecimento depende da contaminação ambiental.

Apesar das pastagens do criatório serem cultivadas

predominantemente em terreno macio, em alguns locais o solo era pedregoso,

condição que limitava o deslocamento dos animais e que, pode ter contribuído

para a manifestação da enfermidade no rebanho estudado. Segundo

MORAES (2000) o solo dos piquetes deve receber atenção especial,

oferecendo condições seguras de locomoção, fator importante na manutenção

do equilíbrio entre o desgaste e o crescimento dos cascos. Como 70% dos

animais foram adquiridos em leilões ou em outros criatórios, sem

acompanhamento de um Médico Veterinário e conseqüentemente dos exames

podológicos, segundo LEÃO (2006), essa conduta pode contribuir para o

aumento da ocorrência de enfermidades digitais nos bovinos, constituindo-se

assim em um fator de risco para os animais do presente estudo. Medidas de

biossegurança como a quarentena, antecedendo a introdução de novos

bovinos no criatório, também não eram realizadas, situação que segundo

SILVA et al. (2001a), também pode ter contribuído para o surgimento da

doença na propriedade.

Neste estudo não se observou superpopulação de animais e a

sodomia apesar de estar presente entre os animais, pela baixa freqüência, não

foi considerada o fator de risco mais importante. BORGES & CUNHA (2001)

Page 58: Maria Ivete De Moura

42

acrescentaram que a principal causa de doença digital em bovinos de corte,

sobretudo confinados, é o traumatismo, sendo que dentre os fatores

predisponentes destacam-se a sodomia, disputa social, transporte,

superpopulação, excesso de lama e umidade fragilizando o casco, presença

de pedras e pisos com defeito. Ainda fundamentando-se nas informações

obtidas, acredita-se que fatores como o transporte dos animais em caminhões

sem higienização adequada, a higienização deficiente do instrumental

empregado no tratamento cirúrgico da enfermidade, o excesso de umidade

nas imediações dos bebedouros e cochos durante a estação chuvosa e o não

isolamento dos animais enfermos, também devem ser considerados como

fatores de risco importantes na epidemiologia da doença. Essas possibilidades

encontram respaldo nos trabalhos de SILVA et al. (2001a) e FERREIRA et al.

(2005), os quais relacionaram esses fatores à ocorrência da dermatite digital,

acrescentando que, a alta virulência da infecção e a ausência de medidas de

biossegurança contribuem para disseminação da enfermidade no sistema de

produção.

Como em cinco (33,33%) casos, pelas características das lesões,

existiam fortes evidencias que a dermatite digital estava associada a outras

enfermidades digitais, especialmente a pododermatite séptica e a erosão dos

talões, argumenta-se que pode haver a participação de outros fatores de risco

na etiopatogenia do processo. Acrescente-se que segundo LEÃO (2006) o

aspecto das lesões pode alterar com a evolução clínica do processo. Para

BORGES & CUNHA (2001), o traumatismo digital geralmente resulta em

solução de continuidade do tecido córneo, com consequente infecção

secundária, como a pododermatite séptica, artrite, miíases e perdas extensas

de tecido, culminando com a destruição total do estojo córneo. SILVA et al.

(2005b) descreveram o envolvimento de vários fatores na ocorrência da

enfermidade, contudo, enfatizaram que dependendo do estágio da evolução e

pela presença de outros microrganismos, as lesões podem perder sua

identidade conferindo ao processo um caráter multifatorial, situação

semelhante à encontrada tanto para os animais, como para o criatório em que

o experimento foi conduzido.

Page 59: Maria Ivete De Moura

43

5.2 Exame clínico geral e específico do aparelho locomotor e diagnóstico da enfermidade

Ao exame clínico específico do aparelho locomotor dos animais

pertencente aos grupos TI e TII, portadores de dermatite digital, em um total

de 15 bovinos, foi possível identificar doença digital em 18 membros,

totalizando 20 lesões. Deste total, três (15%) localizavam-se no membro

torácico direito, duas (10%) no membro torácico esquerdo, sete (35%) no

membro pélvico direito e oito (40%) no membro pélvico esquerdo.

Proporcionalmente, esses resultados estão de acordo com os encontrados por

SILVA et al. (2006a) e fortalecem os achados de MAREGA (2001) e SILVA et

al. (2001b), os quais descreveram que 87% das lesões encontravam-se nos

membros pélvicos. CHIQUETO (2004) também descreveu ocorrência maior

nestes membros.

Ainda sobre a maior ocorrência de lesões nos membros pélvicos

nos animais aqui estudados, BORGES (1998) afirmou que o achado poderia

estar relacionado ao maior contato desses membros com fezes e urina,

favorecendo o surgimento de doenças digitais. Já FERREIRA et al. (2005)

citaram que um dos principais fatores que poderiam incriminar a maior

ocorrência de lesões nos membros pélvicos em relação ao torácico, estaria

relacionado ao tipo de articulação. Para os autores, nos membros torácicos,

ligamentos e músculos são responsáveis pela fixação do membro locomotor

na região torácica. Nos membros pélvicos, a fixação requer uma articulação

óssea, proporcionando menor absorção do impacto durante a locomoção e,

conseqüentemente, maior trauma sobre os dígitos, contribuindo dessa forma

para a maior ocorrência de lesões digitais nesses membros. Analisando

apenas as lesões dos membros pélvicos nota-se que o membro esquerdo foi o

mais acometido, resultado que contraria BORGES (1998) e CHIQUETO

(2004), os quais relataram ser o membro direito o mais acometido. BORGES

(1998) atribuiu o achado à diminuição da circulação sanguínea neste membro,

uma vez que, quando os bovinos estão em repouso esternal comumente

exercem maior pressão sobre o membro direito.

Avaliando as características das lesões digitais encontradas nos

Page 60: Maria Ivete De Moura

44

animais que compuseram os grupos TI e TII, deparou-se com 11 (73,34%)

casos, cujas lesões, predominantemente, se apresentavam na forma

proliferativa, com aspecto papilomatoso e verrucoso, comprometendo boa

parte do estojo córneo. Em quatro (26,66%) casos, o aspecto era erosivo e

comprometia os talões, conforme descrito por CASTRO (2006). Em três (20%)

bovinos observaram-se as duas formas clínicas das lesões e, em cinco

(33,33%), as lesões apresentavam-se associadas a outras enfermidades,

provavelmente, pela cronicidade do processo ou devido a fatores de risco

desconhecidos (Figuras 2B e 2C). Todavia, com a evolução clínica do

processo, é possível que as lesões de dermatite digital fossem se modificando

apresentando aspecto macroscópico, diferente do comumente encontrado,

confirmando os relatos de SILVA et al. (2005b).

FIGURA 2 – Lesões de dermatite digital encontradas nos dígitos de

bovinos da raça Nelore, em experimento realizado em uma propriedade rural, no município de Quirinópolis – GO, 2006: (A) fase inicial, lesão circunscrita ulcerada, com aspecto de morango; (B) aspecto erosivo; (C) aspecto proliferativo ou papilomatoso.

Apesar da diversidade das lesões, uma informação importante e

considerada no diagnóstico, foi obtida durante o preenchimento do

questionário. O proprietário e os veterinários que assistiam à propriedade

relataram que, inicialmente os animais apresentavam manqueira, pequena

lesão circunscrita ulcerada com aspecto de morango, principalmente na região

entre os talões e no espaço interdigital dorsal. Além desse detalhe, ao exame

detalhado dos dígitos manifestavam sensibilidade e sangramento ao toque no

A B C

Page 61: Maria Ivete De Moura

45

local do ferimento. Os relatos do aspecto e localização das lesões

caracterizam a forma inicial e erosiva das lesões de dermatite digital, conforme

descrito por NICOLETTI (2004), CASTRO (2006) e LEÃO (2006). Portanto,

fundamentando-se nessas informações, pode-se inferir que as lesões de

dermatite digital diagnosticadas na fase inicial (Figura 2A), com a evolução

clínica da enfermidade, evoluíram para a forma proliferativa e/ou erosiva,

comprometendo uma porção significativa do estojo córneo, conforme

observado na Figura 2B e 2C.

5.3 Exame clínico específico do aparelho reprodutor

Ao exame específico dos órgãos reprodutivos dos touros

pertencentes aos três grupos (TI, TII e TIII), como testículos, pênis e glândulas

acessórias, não foram identificadas alterações clínicas que pudessem

comprometer as avaliações andrológicas durante o estudo. Essa conduta

fundamentou-se nas recomendações de MIES FILHO (1982), SILVA et al.

(1993), HAFEZ (2004), ALMEIDA et al. (2007) e LOPES et al. (2007), os quais

ressaltaram a importância do exame específico dos órgãos reprodutivos em

um macho reprodutor, para a detecção de alterações que possam

comprometer a fertilidade. Portanto, os resultados obtidos com relação aos

parâmetros seminais, em tese, não puderam ser relacionados com alterações

nessas glândulas.

5.4 Exame andrológico – características físicas e morfológicas do sêmen

As Figuras 3 a 12 representam a variação das médias das

características físicas e morfológicas do sêmen, nos diferentes momentos

estabelecidos, para os animais pertencentes aos três grupos (TI, TII e TIII) do

presente estudo.

5.4.1 Características físicas

Page 62: Maria Ivete De Moura

46

a) Vigor espermático

Os valores obtidos para o vigor espermático estão apresentados na

Figura 3. O CBRA (1998) considera como três o valor mínimo e cinco como o

máximo desejável dentro de uma escala de zero a cinco, para o parâmetro

vigor. Neste estudo, comparando os resultados entre os grupos, nota-se que,

no primeiro momento os animais distribuídos no grupo TI apresentaram menor

vigor espermático em relação aos animais pertencentes aos grupos TII e TIII.

Comparando os valores absolutos, da característica vigor, entre os momentos

pré e inter, percebe-se que em todos os grupos houve decréscimo no grau de

vigor, sendo que nos animais pertencentes ao grupo TIII, a média (3,67) foi

superior aos demais grupos. Acrescente-se que, os bovinos alocados no grupo

TI apresentaram o menor valor médio do aspecto físico vigor. Nesse grupo, o

decréscimo observado no momento inter, foi mais acentuado, possivelmente,

porque coincidiu com a agudização das lesões do casco durante o tratamento

cirúrgico. Todavia, posteriormente, esse parâmetro aumentou em todos os

grupos do momento inter para o pós, oscilando mais nos bovinos alocados no

grupo TI.

O aumento observado para o parâmetro vigor, nos animais

distribuídos em todos os grupos (TI, TII e TIII) pode ser atribuído, em parte, a

resposta à suplementação mineral e protéica que todos os animais passaram

a receber, após o tratamento cirúrgico das lesões digitais dos bovinos

alocados no grupo TI. Esta observação também foi relatada por HAFEZ

(2004), ocasião que atribuiu à subnutrição, alguns efeitos negativos sobre os

aspectos reprodutivos. Todavia, para o autor, essas implicações podem ser

corrigidas nos animais adultos, após suplementação adequada.

Aplicando o Teste da Mediana, nos diferentes momentos, entre os

grupos, não se observou diferença significativa para a característica

espermática vigor, no momento pré, inter e pós, com p=0,920, p=0,50 e

p=0,467, respectivamente, conforme demonstrado na Tabela 1. CHIQUETO

(2004) em estudo similar, apesar de ter encontrado diferença significativa

entre os grupos estudados, relatou que os valores do vigor estavam próximos

do valor considerado ideal pelo CBRA (1998). De igual forma, nos animais do

Page 63: Maria Ivete De Moura

47

presente estudo, as médias dos valores detectados, em todos os momentos

também atenderam às recomendações do CBRA (1998). Entretanto, não se

pode negligenciar o efeito do tratamento, o qual indicou que as lesões de

dermatite digital podem comprometer o vigor espermático.

Figura 3 – Representação da mediana do vigor espermático, em diferentes

momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Page 64: Maria Ivete De Moura

48

TABELA 1 - Resultado do teste da Mediana para comparação entre os grupos,

nos diferentes momentos, das características espermáticas

turbilhão e vigor de bovinos da raça Nelore, portadores de

dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento

realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis

– GO, 2006

Momento Pré entre os grupos Grupo Nº animais Característica turbilhão (0-5) Característica vigor (0-5)

Mediana p Mediana P

TI 8 2,75

0,957

3,50

0,920TII 6 3,00 3,75

TIII 6 3,00 3,75

Momento Inter entre os grupos Grupo Nº animais Característica turbilhão (0-5) Característica vigor (0-5)

Mediana p Mediana p

TI 8 2,67

0,090

3,00

0,050TII 6 3,0 3,44

TIII 6 3,39 3,67

Momento Pós entre os grupos Grupo Nº animais Característica turbilhão (0-5) Característica vigor (0-5)

Mediana p Mediana p

TI 8 3,38 0,67

4

3,38

0,467TII 6 3,42 3,58

TIII 6 3,67 3,83

Comparando ainda, entre os momentos, a característica

espermática vigor, mediante aplicação do Teste de Wilcoxon, também não se

observou diferença significativa (Tabelas 2, 3 e 4). No momento pós, 45 dias

após o tratamento das lesões, nos animais que compuseram o grupo TI, com

em dois (28,57%) animais, registrou-se aumento do grau de vigor. Ressalte-se

que nessa ocasião o processo de cicatrização clínica das lesões havia

praticamente se completado. Quanto aos animais alocados no grupo TII, no

Page 65: Maria Ivete De Moura

49

momento pós, apesar de os animais ainda estar apresentando a enfermidade,

depreendeu-se também com grau de vigor muito próximo aos demais grupos.

Possivelmente a adaptação dos animais à condição de estresse (MOBERG &

MENCH, 2000) contribuiu para que esse achado estivesse presente.

Apesar de não se observar diferenças entre as medianas do

momento pré com o momento pós, verificou-se que nos animais pertencentes

aos grupos TI e TII, o grau de vigor decresceu, enquanto que nos bovinos

alocados no grupo TIII esta característica aumentou. Considerando as

citações de STABENFELDT & EDQVIST (1996) e FRANÇA & RUSSEL

(1998), os quais relataram um tempo mínimo de 65 dias, para que ocorra uma

espermatogênese completa e liberação dos espermatozóides para o lúmen

dos túbulos seminíferos, é provável que se prosseguissem com as colheitas

por mais 45 dias, a diferença entre as medianas dos diferentes grupos poderia

ser significativa.

Page 66: Maria Ivete De Moura

50

TABELA 2 - Resultado do teste de Wilcoxon para comparação entre os

momentos pré e inter e, entre os momentos pré e pós, de

características físicas espermáticas dos bovinos alocados no

grupo TI, em experimento realizado com animais da raça

Nelore saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TI - Comparação entre momentos Pré e Inter

Características Mediana/Média

p Momento Pré Momento inter

Turbilhão (0-5) 2,75 2,67 0.499 Vigor (0-5) 3,50 3,00 0.058 Motilidade (%) 74,06 70,83 0.231 Concentração (x106/ml) 221,72a 498,33b 0.036

GRUPO TI - Comparação entre momentos Pré e Pós

Características Mediana/Média

p Momento Pré Momento Pós

Turbilhão (0-5) 2,75 3,38 0.136 Vigor (0-5) 3,50 3,38 0.317 Motilidade (%) 74,06 72,50 0.102 Concentração (x106/ml) 221,72a 692,50b 0.036

GRUPO TI - Comparação entre momentos Inter e Pós

Características Mediana/Média

p Momento Inter Momento Pós

Turbilhão (0-5) 2,67 3,38 0,090 Vigor (0-5) 3,00 3,38 0,235 Motilidade (%) 70,83 72,50 0,888 Concentração (x106/ml) 498,33 692,50 0,161

Letras diferentes na mesma linha os valores diferem significativamente (p<0,05)

Page 67: Maria Ivete De Moura

51

TABELA 3 – Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação entre

os momentos pré e inter e, entre os momentos pré e pós, de

características espermáticas físicas dos bovinos alocados no

grupo TII, em experimento realizado com animais da raça Nelore

saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma propriedade

rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TII - Comparação entre momentos Pré e Inter

Características Mediana/Média

P Momento Pré Momento Inter

Turbilhão (0-5) 3,00 3,00 1.00 Vigor (0-5) 3,75 3,44 0.528 Motilidade (%) 70,42 72,50 0.528 Concentração (x106/ml) 299,69a 814,17b 0.046

GRUPO TII - Comparação entre momentos Pré e Pós

Características Mediana/Média

p Momento Pré Momento Pós

Turbilhão (0-5) 3,00 3,42 0.276 Vigor (0-5) 3,75 3,58 1.00 Motilidade (%) 70,42 74,17 0.246 Concentração (x106/ml) 299,69a 735,83b 0.046

GRUPO TII - Comparação entre momentos Inter e Pós

Características Mediana/Média

p Momento Inter Momento Pós

Turbilhão (0-5) 3,00 3,42 0,458 Vigor (0-5) 3,44 3,58 0,461 Motilidade (%) 72,50 74,17 0,345 Concentração (x106/ml) 814,17 735,83 0,463

Letras diferentes na mesma linha os valores diferem significativamente (p<0,05)

Page 68: Maria Ivete De Moura

52

TABELA 4 – Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação entre

os momentos pré e inter e, entre os momentos pré e pós, de

características espermáticas físicas dos bovinos alocados no

grupo TIII, em experimento realizado com animais da raça Nelore

saudáveis e portadores de dermatite digital, em uma propriedade

rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Pré e Inter

Características Mediana/Média p Momento Pré Momento Inter

Turbilhão (0-5) 3,00a 3,39b 0.043 Vigor (0-5) 3,75 3,67 1.00 Motilidade (%) 73,75 75,28 0.673 Concentração (x106/ml) 351,56 831,11 0.116

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Pré e Pós

Características Mediana/Média p Momento Pré Momento Pós

Turbilhão (0-5) 3,00 3,67 0.068 Vigor (0-5) 3,75 3,38 0.414 Motilidade (%) 73,75 75,83 0.197 Concentração (x106/ml) 351,56a 729,46b 0.046

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Inter e Pós

Características Mediana/Média p Momento Inter Momento Pós

Turbilhão (0-5) 3,39 3,67 0,588 Vigor (0-5) 3,67 3,38 0,465 Motilidade (%) 75,28 75,83 0,833 Concentração (x106/ml) 831,11 729,46 0,753

Letras diferentes na mesma linha, os valores diferem significativamente (p<0,05)

b) Concentração espermática

A média da concentração espermática pode ser visualizada na

Figura 4. Observa-se que os animais pertencentes ao grupo TI obtiveram uma

média inferior aos bovinos alocados nos outros grupos, em todos os

momentos. Percebe-se também que entre o momento pré e inter, em todos os

Page 69: Maria Ivete De Moura

53

grupos, a concentração espermática aumentou, mas entre o momento inter e

pós, houve aumento apenas nos animais alocados no grupo TI, com

decréscimo nos demais. A oscilação nos valores desse parâmetro espermático

para os animais alocados no grupo TII, entre os momentos inter e pós, pode

ser justificada pela presença das lesões de dermatite digital, que nos animais

desse grupo foram tratadas após finalizar as colheitas de sêmen. Como nos

animais alocados no grupo TIII também ocorreu oscilação, é possível que esse

achado encontre respaldado nas afirmações de SILVA et al. (1993). Para os

autores, as colheitas freqüentes podem resultar na diminuição da

concentração espermática.

Figura 4 - Representação da média da concentração espermática, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Ainda, com relação à concentração espermática, aplicando o Teste

de Kruskal-Wallis (p<0,05), conforme Tabela 5, para cada momento entre os

grupos, a análise estatística revelou que não houve diferença significativa.

Contudo, aplicando-se o Teste de Wilcoxon entre os momentos, dentro de

cada grupo, os resultados revelaram que o aumento observado para os

bovinos pertencentes ao grupo TI foi significativo, tanto nos momentos pré

Page 70: Maria Ivete De Moura

54

com o inter (p=0,036), como nos momentos pré com o pós (p=0,036), (Tabela

2). Para os animais distribuídos no grupo TII, também houve diferença

significativa com p=0,046, tanto nos momentos pré com inter, como nos

momentos pré com pós (Tabela 3). Já nos animais pertencente ao grupo TIII a

diferença foi significativa apenas entre os momentos pré com o pós (p=0,046).

TABELA 5 – Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para comparação

entre os grupos, no momento pré, das características

espermáticas motilidade individual e concentração, de bovinos

da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e

saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade

rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

Momento Pré entre os grupos

Grupo Nº animais

Característica motilidade (%)

Característica concentração (x106/ml)

Média Desvio

padrão p Média Desvio padrão p

TI 8 74,06 ± 5,66

0,500

221,72± 107,68

0,741 TII 6 70,42 ± 6,00 299,69 ± 147,90

TIII 6 73,75 ± 2,62 351,56 ± 338,07

Momento Inter entre os grupos

Grupo Nº animais

Característica motilidade (%)

Característica concentração (x106/ml)

Média Desvio

padrão p

Média Desvio

padrão P

TI 8 701,83 ± 4,36

0,133

498,33 ± 368,23

0,298 TII 6 72,50 ± 3,61 814,17 ± 514,78

TIII 6 75,28 ± 2,87 831,11 ± 478,53

Momento Pós entre os grupos

Grupo Nº animais

Característica motilidade (%)

Característica concentração (x106/ml)

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P

TI 8 72,50 ± 5,98

0,326

692,50± 510,55

0,983 TII 6 74,17 ± 5,40 735,83 ± 401,62

TIII 6 75,83 ± 2,58 729,46 ± 403,87

Page 71: Maria Ivete De Moura

55

A menor média observada no momento pré, nos bovinos alocados

no grupo TI, pode ser atribuída à baixa concentração espermática observada

por ocasião da primeira colheita, no momento inter, efetuada quinze dias após

o procedimento cirúrgico. Em parte, o achado pode estar relacionado ao

estresse decorrente da agudização da lesão que, inevitavelmente deve ter

resultado em maior sensibilidade no local da lesão com conseqüente

incremento na claudicação. Esse achado concorda com as afirmações de

CHIQUETTO (2004), que, em estudo similar observou diferença significativa

para a concentração espermática, no período de máxima agudização da lesão.

Para SILVA et al. (1993) enfermidades, injúrias e estresse podem influenciar

negativamente em algumas características físicas do trato reprodutivo, bem

como na qualidade do sêmen, consubstanciando os resultados aqui obtidos.

Ainda, analisando a possibilidade da agudização do processo, em

conseqüência da intervenção cirúrgica, ter influenciado na concentração

espermática e fundamentando-se na oscilação desse parâmetro, nos animais

alocados no grupo TII, é possível inferir que a cronificação das lesões podem

ter resultado em certa adaptação do sistema neuroendócrino e ajuste nos

aprumos dos animais, minimizando o desconforto desencadeado pela

enfermidade. Mesmo valendo-se desse argumento, há que considerar que

esse fato, isoladamente, não seria insuficiente para eliminar todos os

estímulos de dor desencadeados pela enfermidade. MOBERG & MENCH

(2000) relataram que o efeito do estresse no organismo induz a mudanças na

secreção de hormônios hipofisários. Essas informações também foram citadas

por GABALDI (2004) acrescentando que é possível que o estresse e o trauma

celular, devido à intervenção cirúrgica, possam levar a um distúrbio da

homeostase do cálcio intracelular, ocasionando disfunções na produção de

testosterona pelas células de Leydig, já que o cálcio é um componente

importante na síntese deste hormônio.

A adaptação aqui inferida, para os animais distribuídos no grupo TII,

está embasada nas informações de MOBERG & MENCH (2000), os quais

relataram que, dependendo da intensidade e do estímulo estressor, o

organismo pode se adéqua a situação, passando a desenvolver, normalmente,

as funções inerentes a cada sistema ou aparelho.

Page 72: Maria Ivete De Moura

56

c) Motilidade espermática

Analisando a característica motilidade espermática apresentada na

Figura 5, observa-se que, ao início das colheitas, no momento pré, os animais

pertencentes ao grupo TI apresentavam maior percentagem, desse parâmetro,

em relação aos bovinos que compuseram o grupo TIII e estes, em relação aos

animais alocados no grupo TII. Enquanto que, no momento inter, a motilidade

espermática dos bovinos alocados no TI apresentou-se inferior aos animais

distribuídos no grupo TII e este do grupo TIII. No momento pós observou-se a

mesma situação do momento inter, mas com aumento da motilidade em todos

os grupos.

Figura 5 – Representação da média da motilidade espermática individual,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Os testes estatísticos aplicados revelaram que não houve diferença

significativa, tanto entre os grupos como entre os momentos (Tabelas, 2, 3, 4 e

5). Estes achados legitimam, em parte, com as informações de CHIQUETO

(2004), o qual, com o mesmo propósito de estudo, alegou que nas duas

primeiras colheitas ocorreu um decréscimo nos valores desse parâmetro nos

animais portadores de dermatite digital, mas sem diferença significativa. Esse

Page 73: Maria Ivete De Moura

57

mesmo autor, comparando a característica motilidade espermática individual

entre a segunda e quinta colheita de sêmen, verificou que houve diferença

significativa, coincidindo com o máximo de injúria e cura obtida,

respectivamente, durante o período experimental. Para SILVA et al. (1993) um

animal pode apresentar baixa motilidade numa colheita e alguns dias após,

pode ocorrer aumento. Ainda neste estudo, apesar de, nos animais do grupo

TI no momento pós, ter sido registrado uma menor motilidade. Este achado

pode ser justificado pelo fato de que em dois animais deste grupo não ocorreu

a cura completa das lesões.

Fazendo uma avaliação comparativa dos resultados obtidos com os

padrões seminais desejáveis propostos pelo CBRA (1998), observou-se que o

parâmetro motilidade individual, em todos os grupos, encontrava-se em

condição aceitável, superior a 70% mas, os animais saudáveis apresentando

maior percentagem. Segundo SILVA et al. (2002) as análises rotineiras

consideram o sêmen de qualidade aquele que apresenta dois importantes

atributos, sendo um deles a motilidade progressiva. HAFEZ (2004)

complementou que, embora o caráter móvel dos espermatozóides permita

determinar seu caráter fisiológico, a motilidade não prevê por si só,

eficazmente, a capacidade fertilizante do animal. Portanto, neste estudo,

acredita-se que esse parâmetro não deve ser avaliado isoladamente e sim,

associar as demais características físicas do sêmen.

d) Turbilhão espermático

Esta característica física pode ser mais bem evidenciada na Figura

6, na qual a média do turbilhão espermático nos momentos pré, inter e pós

merece destaque. Comparando-se esses resultados com os demonstrados

nas Figuras 3 e 5, que representam a média do vigor e da motilidade

individual, observa-se que as oscilações na média do turbilhão apresentaram

comportamento semelhante, sugerindo que as condições ambientais e de

manejo foram semelhantes para todos os grupos. O CBRA (1998) e FRENAU

& GUIMARÃES (2000), destacaram que o parâmetro turbilhonamento é

considerado um reflexo da soma dos parâmetros de motilidade progressiva,

Page 74: Maria Ivete De Moura

58

vigor e concentração espermática. Para BARTH & OKO (1989) a motilidade e

a produção espermática estão interligadas. Todavia, nesse estudo a média da

concentração espermática não retratou o mesmo comportamento observado

para a média do turbilhão.

A uniformidade dos resultados obtidos para os parâmetros, vigor,

motilidade e turbilhonamento, pode ser atribuída, em parte, a equipe que

desenvolveu a pesquisa, pois, além do treinamento prévio dispensado a cada

componente, não ocorreu qualquer troca de funções ou substituição de

membro da equipe durante toda a fase experimental. Essa constatação reforça

as recomendações de MATHEVON et al. (1998), os quais aconselharam

adotar conduta semelhante nessa modalidade de pesquisa para se evitar

interferências dos avaliadores nos resultados, uma vez que, para avaliação

dos parâmetros físicos, a análise é subjetiva.

Figura 6 - Representação da mediana do turbilhão espermático, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Visualizando novamente a Figura 6, nota-se que no momento pré

os animais pertencentes ao grupo TI apresentaram uma escala de turbilhão

Page 75: Maria Ivete De Moura

59

menor que os animais alocados nos grupos TII e TIII. No momento inter,

período em que os animais distribuídos no grupo TI, haviam sido submetidos

ao tratamento das lesões e estas se encontravam em processo de

cicatrização, é possível verificar que a escala do turbilhão diminuiu. Ainda no

momento inter, nos animais alocados no grupo TII, a característica

turbilhonamento permaneceu estável. Já nos animais pertencentes ao grupo

TIII aumentou. Analisando esses resultados, pode-se inferir que, o tratamento

cirúrgico das lesões, acentuou o quadro de estresse nos bovinos alocados no

grupo TI, com conseqüente redução no grau do turbilhonamento. Essa mesma

observação pode ser verificada para o parâmetro vigor e motilidade individual,

sendo neste último, mais acentuado. Essas afirmações encontram-se

respaldadas nas descrições de MOBERG & MENCH (2000), os quais

relacionaram dentre outros fatores, as intervenções cirúrgicas e a dor oriunda

da convalescência do paciente, como desencadeantes de alterações

orgânicas. Para os autores, esses agentes estressores, dependendo da

intensidade, podem propiciar concomitantemente, significativas alterações no

comportamento e bem-estar dos animais.

Ainda neste estudo, no momento pós, último momento de

avaliação, depreendeu-se com um aumento na escala do turbilhão em todos

os grupos, sendo que os animais pertencentes ao do grupo TIII apresentaram

a maior média. Analisando estatisticamente os valores entre os grupos, por

meio do Teste da Mediana verifica-se que não houve diferença significativa em

nenhum momento (Tabela 1). Já, considerando a característica turbilhão entre

os momentos, dentro de cada grupo, utilizando o Teste de Wilcoxon,

depreendeu-se com o valor de p=0,043 para os bovinos alocados no grupo TIII

entre os momentos pré e inter (Tabela 4), indicando que houve diferença

significativa para essa característica. Valendo-se desse resultado, pode-se

inferir que a presença das lesões de dermatite digital influenciou no parâmetro

turbilhonamento, uma vez que aumentou no grupo TIII e permaneceu estável

no grupo TII. Realizando análise semelhante entre o grupo TI e TIII, nota-se

que no primeiro houve decréscimo na escala desse parâmetro. Portanto,

argumenta-se que além da possível influência das lesões sobre o parâmetro

avaliado, a agudização do processo contribuiu para o decréscimo da

Page 76: Maria Ivete De Moura

60

característica turbilhão, concordando com os apontamentos de CHIQUETO

(2004).

Apesar dos resultados relativos aos bovinos alocados no grupo TI,

para o parâmetro turbilhão, estar em concordância com os achados de

CHIQUETO (2004), deve-se ressaltar que o referido autor analisou somente

bovinos portadores de enfermidades podais, antes e após tratamento, não

efetuando avaliações entre bovinos saudáveis, conforme demonstrado no

presente estudo. Todavia, CHAVES (2002), avaliando as condições

andrológicas de 24 bovinos, no período pré e pós-operatório, submetidos à

intervenção cirúrgica para preparo de rufiões, registrou diferenças

significativas nos parâmetros seminais, turbilhonamento, motilidade

progressiva, vigor e concentração espermática, sugerindo que o tema aqui

pesquisado ainda merece ser estudado, pois não existe unanimidade entre os

autores com relação a sua importância e os fatores que o influenciam.

5.4.2 Morfologia espermática

a) Defeitos espermáticos de cabeça

Conforme observado na Figura 7, que representa as características

morfológicas do sêmen quanto aos defeitos de cabeça, nota-se que os

bovinos alocados no grupo TIII apresentaram a maior média (14,00) de

defeitos no momento pré, em relação ao grupo TI (13,00) e este em relação ao

número (10,92) de defeitos dos animais alocados no grupo TII. No momento

inter, nos bovinos distribuídos no grupo TI, fase em que os animais haviam

sido submetidos ao tratamento das lesões de dermatite digital, observou-se

um leve aumento desses defeitos, mas, nos animais alocados no grupo TII o

aumento foi mais acentuado. Nesse caso, apesar do tratamento resultar na

agudização das lesões nos bovinos alocados no grupo TI, o toalete realizado

nos estojos córneos doentes e saudáveis, proporcionou uma melhora no

desempenho dos animais. Acredita-se que o maior conforto e a redução da

dor, em tese, minimizou o aumento desses defeitos nessa fase, fato também

Page 77: Maria Ivete De Moura

61

considerado por SILVA et al. (2007a). Já, nos animais distribuídos no grupo

TIII registrou-se leve decréscimo, sugerindo que o desconforto desencadeado

pelas lesões de dermatite digital nos animais pertencentes aos grupos TII,

exerceu influencia sobre os defeitos espermáticos de cabeça.

No momento pós, período em que macroscopicamente quase todos

os animais alocados no grupo TI apresentavam cicatrização completa das

lesões, observou-se nos animais deste grupo uma menor quantidade de

defeitos espermáticos de cabeça, em relação aos demais grupos, sendo que

nos animais que compuseram o grupo TII o número de defeitos foi levemente

maior. Fundamentando-se nesses resultados argumenta-se que o tratamento

e cura das lesões de dermatite influenciaram na expressão dessa

característica espermática. Apesar de CHIQUETO (2004) desenvolver

pesquisa semelhante, o autor não fez referência a essa modalidade de defeito

espermático.

Figura 7 - Representação da média do defeito espermático de cabeça, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Após aplicar o teste estatístico Kruskall-Wallis (p<0,05) nos

diferentes momentos, entre os grupos, verifica-se que não houve diferença

Page 78: Maria Ivete De Moura

62

significativa (Tabela 6) em qualquer momento para a quantidade de defeitos

espermáticos de cabeça. Comparando-se os momentos dentro de cada grupo,

pelo Teste de Wilcoxon também não houve diferença significativa para este

parâmetro, conforme demonstram as Tabelas 7, 8 e 9.

TABELA 6 – Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para comparação

entre os grupos, no momento diferentes momentos, dos defeitos

espermáticos de cabeça e de peça intermediária, de bovinos da

raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis

(TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no

município de Quirinópolis – GO, 2006

Momento Pré entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cabeça Característica Defeitos de

peça intermediária

Média Desvio padrão P Média Desvio padrão P

TI 8 13,00 ± 7,69

0,964

3,25± 2,84

0,386 TII 6 10,92 ± 3,09 1,75 ± 0,52

TIII 6 14,00 ± 11,90 1,83 ± 0,82

Momento Inter entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cabeça Característica Defeitos de

peça intermediária

Média Desvio padrão P Média Desvio padrão P

TI 8 13,17 ± 3,73

0,632

2,58± 1,94

0,148TII 6 14,72 ± 4,40 1,72 ± 1,1

TIII 6 13,56 ± 7,20 1,17 ± 1,82

Momento Pós entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cabeça Característica Defeitos de

peça intermediária

Média Desvio padrão P Média Desvio padrão p

TI 8 10,38 ± 3,81

0,352

0,56± 0,56

0,865 TII 6 11,83 ± 3,82 0,50 ± 0,63

TIII 6 11,33 ± 3,13 0,67 ± 0,61

Page 79: Maria Ivete De Moura

63

TABELA 7 - Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação entre

os momentos pré e inter e entre os momentos pré e pós, dos

defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no grupo TI, em

experimento realizado com animais da raça Nelore saudáveis e

portadores de dermatite digital, em uma propriedade rural no

município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TI - Comparação entre momentos Pré e Inter Características Média P

Momento Pré Momento inter

Defeitos de cabeça 13,00 13,17 0.779

Defeitos de peça intermediária 3,25 2,58 0.233

Defeitos de cauda 16,63 16,71 0.674

Defeitos menores 8,75 7,50 0.889

Defeitos maiores 24,13 25,37 0.575

Defeitos totais 32,88 32,88 0.889

GRUPO TI - Comparação entre momentos Pré e Pós Características Média P

Momento Pré Momento Pós

Defeitos de cabeça 13,00 10,38 0.624

Defeitos de peça intermediária 3,25a 0,56b 0.011 Defeitos de cauda 16,63 9,63 0.063

Defeitos menores 8,75a 2,94b 0.012 Defeitos maiores 24,13a 17,63b 0.036 Defeitos totais 32,88a 20,56b 0.012

GRUPO TI - Comparação entre momentos Inter e Pós Características Média P

Momento Inter Momento Pós

Defeitos de cabeça 13,17 10,38 0,063

Defeitos de peça intermediária 2,58a 0,56b 0,012 Defeitos de cauda 16,71a 9,63b 0,012 Defeitos menores 7,50a 2,94b 0,017 Defeitos maiores 25,37a 17,63b 0,021 Defeitos totais 32,88a 20,56b 0,012

Letras diferentes na mesma linha os valore diferem significativamente (p<0,05)

Page 80: Maria Ivete De Moura

64

TABELA 8 – Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação entre

os momentos pré e inter e entre os momentos pré e pós, dos

defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no grupo TII, em

experimento realizado com animais da raça Nelore saudáveis e

portadores de dermatite digital, em uma propriedade rural no

município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TII - Comparação entre momentos Pré e Inter

Características Média

P Momento Pré Momento Inter

Defeitos de cabeça 10,92 14,72 0.116

Defeitos de peça intermediária 1,75 1,72 0.498

Defeitos de cauda 16,75 17,33 0.753

Defeitos menores 9,00 9,83 0.753

Defeitos maiores 20,42 23,94 0.345

Defeitos totais 29,42 33,78 0.345

GRUPO TII - Comparação entre momentos Pré e Pós

Características Média

P Momento Pré Momento Pós

Defeitos de cabeça 10,92 11,83 0.753

Defeitos de peça intermediária 1,75a 0,50b 0.046 Defeitos de cauda 16,75 10,58 0.104

Defeitos menores 9,00a 4,08b 0.046 Defeitos maiores 20,42 18,83 0.674

Defeitos totais 29,42 22,92 0.173

GRUPO TII - Comparação entre momentos Inter e Pós

Características Média

P Momento Inter Momento Pós

Defeitos de cabeça 14,72 11,83 0,345

Defeitos de peça intermediária 1,72 0,50 0,116

Defeitos de cauda 17,33a 10,58b 0,046 Defeitos menores 9,83 4,08 0,116

Defeitos maiores 23,94 18,83 0,075

Defeitos totais 33,78 22,92 0,116 Letras diferentes na mesma linha os valore diferem significativamente (p<0,05)

Page 81: Maria Ivete De Moura

65

TABELA 9 – Resultado do teste de Wilcoxon (p<0,05), para comparação entre

os momentos pré e inter e entre os momentos pré e pós, dos

defeitos espermáticos, dos bovinos alocados no grupo TIII, em

experimento realizado com animais da raça Nelore saudáveis e

portadores de dermatite digital, em uma propriedade rural no

município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Pré e Inter

Características Média P Momento Pré Momento Inter

Defeitos de cabeça 14,00 13,56 0.833

Defeitos de peça intermediária 1,83 1,17 0.249

Defeitos de cauda 12,42 11,78 0.686

Defeitos menores 9,50 8,22 0.753

Defeitos maiores 18,75 18,56 0.917

Defeitos totais 28,25 26,78 0.753

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Pré e Pós

Características Média P Momento Pré Momento Pós

Defeitos de cabeça 14,00 11,33 0.916

Defeitos de peça intermediária 1,83 0,67 0.059

Defeitos de cauda 12,42 4,42 0.916

Defeitos menores 9,50a 4,17b 0.028 Defeitos maiores 18,75a 12,25b 0.028 Defeitos totais 28,25a 16,42b 0.028

GRUPO TIII - Comparação entre momentos Inter e Pós

Características Média P Momento Inter Momento Pós

Defeitos de cabeça 13,56 11,33 0,248

Defeitos de peça intermediária 1,17 0,67 0,753

Defeitos de cauda 11,78a 4,42b 0,028 Defeitos menores 8,22a 4,17b 0,046 Defeitos maiores 18,56a 12,25b 0,028 Defeitos totais 26,78a 16,42b 0,028

Letras diferentes na mesma linha, os valores diferem significativamente (p<0,05)

Page 82: Maria Ivete De Moura

66

b) Defeitos espermáticos da peça intermediária

Observando a média de defeitos de peça intermediária (Figura 8),

verifica-se que os animais alocados no grupo TI apresentaram maior número

de defeitos em relação aos animais pertencentes ao grupo TII e TIII, nos dois

primeiros momentos. Do momento pré para o momento inter nota-se que nos

animais distribuídos no grupo TI, a média desses defeitos diminuiu

consideravelmente. Quanto aos animais que compuseram o grupo TIII, do

momento pré para o inter, o decréscimo desses defeitos também foi

substancial, sugerindo que a agudização do processo das lesões de dermatite

digital, por ocasião do tratamento cirúrgico, nos animais do grupo TI, não

interferiu nesse tipo de defeito espermático. Dando seqüência a essa

avaliação observou-se que nos bovinos alocados no grupo TII, não houve

alteração na quantidade desses defeitos, do momento pré para o inter.

Aplicando-se o teste de kruskal-Wallis entre os grupos (Tabela 6), as

diferenças apresentadas para os defeitos de peça intermediária não foram

significativas.

Ainda considerando as informações contidas na Figura 8, do

momento inter para o momento pós verifica-se que a redução dos defeitos foi

acentuada em todos os grupos. Empregando o Teste de Wilcoxon e

comparando os diferentes momentos dentro de cada grupo (Tabelas 7, 8 e 9)

verifica-se diferença significativa para o defeito espermático de peça

intermediária, entre os momentos pré e pós para os bovinos que compuseram

os grupos TI e TII e entre os momentos inter e pós apenas nos animais

distribuídos no grupo TI, ocorrendo diminuição do número desses defeitos.

Considerando apenas a diferença significativa observada entre os

momentos pré e pós, pressupõe-se que independente da presença das lesões

de dermatite digital, a tendência é que haja diminuição dos defeitos de peça

intermediária, haja vista que todas as unidades experimentais passaram a

receber suplementação mineral. Contudo, avaliando apenas os animais que

compuseram o grupo TI, a diferença significativa observada entre o momento

inter e pós indica que a cura das lesões contribuiu para a diminuição desse

defeito espermático. Ponderando sobre esse resultado e tendo em vista as

informações de GARCIA (1971), que os defeitos de cabeça e peça

Page 83: Maria Ivete De Moura

67

intermediária têm origem no epitélio seminífero, é possível associar o fato a

uma espermatogênese imperfeita. Informações semelhantes foram citadas por

CRABO et al. (1971), que atribuíram a diminuição dos defeitos de cabeça a

medida em que os espermatozóides deslocam do ducto deferente ao longo da

via excretora. Esse fato poderia ser elucidado, em função da fagocitose de

alguns espermatozóides durante esse percurso, independe dos animais serem

portadores de doenças digitais ou saudáveis. CHIQUETO (2004) em seus

estudos não fez nenhuma ressalva quanto aos defeitos de peça intermediária.

Figura 8 - Representação da média do defeito espermático peça

intermediária, em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural do município de Quirinópolis – GO, 2006.

c) Defeitos espermáticos de cauda

Analisando o número de defeitos de cauda representados na Figura

9, é possível visualizar que o grupo dos animais saudáveis sempre apresentou

menor valor no número desses defeitos, em todos os momentos. Contudo,

empregando o teste de Kruskall-Wallis, não houve diferença estatística, em

nenhum dos momentos entre os grupos (Tabela 10). Verificando o número

desse defeito no momento inter, nos animais que compuseram os grupos TI e

Page 84: Maria Ivete De Moura

68

TII, apesar da média ser maior em relação ao momento pré, esta ainda foi

menor nos bovinos distribuídos no grupo TI. Esses dados permitem sugerir

que o tratamento cirúrgico das lesões de dermatite digital nos bovinos

alocados no grupo TI e a presença das lesões nos animais pertencentes ao

grupo TII contribuíram, mesmo que de forma incipiente, para o aumento

desses defeitos espermáticos. Acrescente-se que a redução da média do

número dos defeitos de cauda no grupo dos animais saudáveis, ao longo do

experimento, dos momentos pré para o inter e do inter para o pós, reforça o

argumento de que a enfermidade pode contribuir para a manifestação do

referido defeito. Todavia, como do momento inter para o pós ocorreu redução

nos valores desse defeito em todos os grupos, não se deve negligenciar,

nesse caso, a influência positiva exercida pela suplementação mineral e

protéica, iniciada depois da segunda colheita de sêmen.

Figura 9 – Representação da média do defeito espermático de cauda, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Page 85: Maria Ivete De Moura

69

Comparando-se os resultados, entre os momentos, em cada grupo,

pelo Teste de Wilcoxon, ocorreu diferença significativa apenas entre os

momentos inter e pós, porém em todos os grupos com valores de p<0,05

(Tabelas 7, 8 e 9). Ao visualizar os tipos de defeitos de cauda encontrados, a

cauda fortemente dobrada e enrolada foi o que expressou maior quantidade

nos animais pertencentes ao grupo TI, seguido dos animais alocados no grupo

TII e dos animais que constituíram o grupo TIII, em ordem decrescente.

Segundo SMITH & AKINBAMIJO (2000), microelementos como o zinco

desenvolvem um importante papel no desenvolvimento e maturação dos

espermatozóides, pois este elemento está diretamente envolvido na distensão

e no entrelaçamento das fibras, que formam a membrana que envolve a

porção intermediária e a cauda dos espermatozóides. Quando há deficiência

de zinco no epidídimo, estas fibras perdem o entrelaçamento estrutural e a

cauda não se alonga e se enrola, ou dobra sobre si mesma, caracterizando a

cauda fortemente dobrada, justificando os achados desse estudo.

Outro fator importante que pode ter contribuído para a ocorrência de

caudas dobradas e enroladas é o choque térmico no momento da colheita.

Todavia, tentou-se minimizar o problema protegendo o tubo de colheita e com

uma compressa seca e limpa, tornando os resultados mais confiáveis. Essa

precaução baseou-se nas informações descritas por SILVA et al. (1993).

CHIQUETO (2004) não mencionou a presença de defeitos de cauda,

limitando-se em citar apenas os defeitos de gota citoplasmática, defeitos

menores, maiores e totais.

Page 86: Maria Ivete De Moura

70

TABELA 10 – Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para comparação

entre os grupos, no momento pré, de características

morfológicas espermáticas de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município de

Quirinópolis – GO, 2006

Momento Pré entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cauda Característica Defeitos

menores

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P TI 8 16,63 ± 9,3

0,632

8,75± 3,49

0,888 TII 6 16,75 ± 7,89 9,00 ± 2,30

TIII 6 12,42 ± 4,35 9,50 ± 5,70

Momento Inter entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cauda Característica Defeitos

menores

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P TI 8 16,71 ± 8,44

0,307

7,50± 2,47

0,561TII 6 17,33 ± 7,87 9,83 ± 3,87

TIII 6 11,78 ± 9,33 8,22 ± 6,60

Momento Pós entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos de

cauda Característica Defeitos

menores

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão p TI 8 9,63 ± 7,03

0,174

2,94± 1,21

0,633 TII 6 10,58 ± 5,83 4,08 ± 2,31

TIII 6 4,42 ±2,33 4,17 ± 3,25

d) Defeitos espermáticos menores

A média do número de defeitos menores revela que os animais

alocados no grupo TIII, no primeiro momento, apresentaram maior número de

defeitos em relação aos demais grupos (Figura 10). Comparando a média do

número desses defeitos entre os animais do grupo TI com os distribuídos no

grupo TII, nota-se que neste a média do referido defeito foi maior. No

momento inter, os animais pertencentes ao grupo TII mostraram uma média

Page 87: Maria Ivete De Moura

71

ainda maior em relação ao primeiro momento. Quanto aos bovinos distribuídos

nos grupos TI e TIII houve diminuição do número dos defeitos menores, do

momento pré para o inter. Os resultados desse estudo, não permitem inferir

que o processo de agudização das lesões de dermatite digital influencie na

ocorrência de defeitos menores, uma vez que do momento pré para o inter,

houve redução no número desses defeitos nos animais pertencentes ao grupo

TI. Por outro lado, comparando os resultados do momento pré com o inter

entre os animais pertencentes ao grupo TII e TIII, se verifica que no primeiro

ocorreu aumento e no segundo aconteceu um decréscimo nos defeitos

menores.

Observando o momento pós percebe-se que houve um decréscimo

nos defeitos espermáticos menores em todos os grupos, contudo, nos animais

distribuídos no grupo TI o número desses defeitos foi inferior aos demais

grupos. No entanto, os valores apresentados, para os animais pertencentes

aos grupos, TII e TIII, foram muito próximos.

Pela análise estatística dos defeitos menores, empregando o Teste

de Kruskall-Wallis nos diferentes momentos, entre os grupos, verificam-se

valores de p>0,05, em todos os momentos, conforme mostra a Tabela 10.

Mas, comparando-se os momentos dentro de cada grupo, pelo Teste de

Wilcoxon (Tabelas 7, 8 e 9) nota-se que entre os momentos pré e pós a

diferença observada foi significativa para todos os grupos. Já entre os

momentos inter e pós a diferença observada foi significativa apenas para os

grupos TI e TIII. Esses resultados permitem inferir que a cura das lesões de

dermatite digital contribuiu para que ocorresse diminuição dos defeitos

menores. CHIQUETO (2004) ao realizar estudo com igual objetivo

empregando touros da raça Holandesa, argumentou que os defeitos menores

acarretaram em aumento no decorrer das colheitas, mesmo após ter sido

observada a cura das lesões de dermatite digital. Porém o aumento não foi

significativo.

Ainda buscando respaldo na literatura para explicar as variações

nos defeitos menores dos animais do presente estudo, CHAVES (2002),

avaliando andrologicamente bovinos submetidos à intervenção cirúrgica para

preparo de rufiões, no período pré e pós-operatório notou que houve diferença

significativa quanto aos defeitos menores, ao longo da época do experimento.

Page 88: Maria Ivete De Moura

72

CHENOWETH (1997) relatou que qualquer injúria que acomete a região da

cauda do epidídimo, local de armazenamento dos espermatozóides, ou até

mesmo a passagem rápida dos espermatozóides pelo epidídimo, pode

caracterizar aumento no número de defeitos menores. Segundo FRENEAU &

GUIMARÃES (2000) os defeitos menores são resultado de problemas que

ocorrem após a espermatogênese e têm menor influência na fertilidade.

Figura 10 - Representação da média dos defeitos espermáticos menores,

em diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural do município de Quirinópolis – GO, 2006.

e) Defeitos espermáticos maiores

Observando as informações relativas aos defeitos maiores,

expressas na Figura 11, é possível visualizar que, em todos os momentos, os

animais alocados no grupo TIII apresentaram menor número desses defeitos.

Comparando a média do número de defeitos obtida para os animais

pertencentes ao grupo TI, com a média obtida para os animais distribuídos no

grupo TII , nota-se que do momento pré para o inter houve aumento desses

defeitos nos dois grupos, mas, observou-se o contrário nos animais alocados

no grupo TIII. Todavia, analisando a média deses defeitos espermáticos, do

Page 89: Maria Ivete De Moura

73

momento inter para o momento pós, verificou-se em todos os grupos, um

decréscimo considerável.

Aplicando o Teste de Kruskall-Wallis para comparar os diferentes

momentos entre os grupos verifica-se que não houve diferença significativa

com valores de p>0,05 em todos os momentos (Tabela 11). Mas, ao comparar

entre os momentos, dentro de cada grupo, pelo Teste de Wilcoxon, houve

diferença sinfiicativa para os animais pertencentes aos grupos TI e TIII, entre

os momentos pré e pós e entre inter e pós. Esses resultados permitem inferir

que, a cura das lesões de dermatite digital nos animais alocados no grupo TI,

contribuíu para a diminuição do número de defeitos espermáticos maiores.

Essa afirmação ganha respaldo nos achados de CHIQUETO (2004),

confirmando que houve diferença significativa para este parâmetro, quando

comparou os resultados obtidos antes e após a cura das lesões digitais. O

autor enfatizou que a diminuição desses defeitos ocorreu conforme os animais

se recuperavam. BARTH (1997) e FRENAU & GUIMARÃES (2000), afirmaram

que os defeitos maiores são relacionados com infertilidade e são

principalmente originados na espermatogênese.

Figura 11 - Representação da média do defeito espermático maiores, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural do município de Quirinópolis – GO, 2006.

Page 90: Maria Ivete De Moura

74

Considerando a informação anterior e, relacionando o fato à ação

hormonal sobre a espermatogênese, bem como, a mecanismo de ação do

eixo hipotalâmico-hipófise-gonadal e possível influência dos fatores de

estresse como a dor, entre outros, é possível afirmar que as lesões de

dermatite digital influenciam nesse período do ciclo espermático. Portanto,o

animal ao apresentar-se recuperado da enfermidade, o quadro de estresse é

menos intenso e as funções e eventos fisiológicos tendem a retornar a

normalidade.Contudo, nesse estudo, apesar de haver indícios de que a

dermatite digital influencia na qualidade espermática, os dados obtidos ainda

são insuficientes para afirmar que essa interferência ocorre no processo de

formação ou de capacitação dos espermatozóides.

f) Defeitos totais

Fundamentando-se nas afirmações do CBRA (1998), que os

defeitos totais dos espermatozóides são representados pela soma dos defeitos

maiores e menores e observando a média de defeitos totais (Figura 12)

percebe-se que, em todos os momentos, os animais alocados nos grupos TI e

TII apresentaram maior número de defeitos, em relação aos bovinos

distribuídos no grupo TIII. Apesar disso, a aplicação do Teste de Kruskall-

Wallis revelou que, estatisticamente não houve diferença significativa,

apresentando valores de p>0,05 (Tabela 11) .

Analisando ainda os diferentes momentos dentro de cada grupo

conforme demonstrado na Figura 12, percebe-se que nos animais

pertencentes ao grupo TI, do momento pré para o inter não houve alteração no

número de defeitos totais, já do momento inter para o pós a redução foi

considerável. Fazendo essa mesma observação para os animais alocados no

grupo TII, verifica-se que, do momento pré para o inter houve um aumento do

número desses defeitos e, de inter para o pós uma redução. Para os bovinos

distribuídos no grupo TIII, o número de defeitos totais sempre apresentou

redução progressiva de um momento para o outro, sendo que do inter para o

pós foi mais acentuada.

Page 91: Maria Ivete De Moura

75

TABELA 11 – Resultado do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05), para comparação

entre os grupos, nos diferentes momento, dos defeitos

espermáticos maiores e totais, de bovinos da raça Nelore,

portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em

experimento realizado em uma propriedade rural no município

de Quirinópolis – GO, 2006

Momento Pré entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos

maiores Característica Defeitos

totais

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P TI 8 24,13 ± 9,74

0,576

32,88± 11,88

0,752TII 6 20,42 ± 8,46 29,42± 10,49

TIII 6 18,75 ± 5,85 28,25 ± 10,99

Momento Inter entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos

maiores Característica Defeitos

totais

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P TI 8 25,37 ± 10,65

0,347

32,88 ± 10,26

0,373TII 6 23,94 ± 9,11 33,78 ± 11,16

TIII 6 18,56 ± 5,45 26,78 ± 8,91

Momento Pós entre os grupos Grupo Nº

animais Característica Defeitos

maiores Característica Defeitos

totais

Média Desvio padrão p Média Desvio padrão P TI 8 17,63 ± 9,58

0,328

20,56± 9,41

0,286 TII 6 18,83 ± 6,12 22,92± 5,35

TIII 6 12,25 ± 2,23 16,42 ± 4,71

Aplicando o teste de Wilcoxon, comparando os momentos dentro de

cada grupo, nota-se que entre o pré e pós e entre o inter e pós a diferença

observada foi significativa apenas dentro dos grupos TI e TIII. Isso permite

inferir que, as lesões de dermatite digital contribuíram para manter o número

de defeitos totais nos animais pertencentes ao grupo TII e que, a cura das

lesões de dermatite digital nos animais pertencentes a grupo TI, influenciou na

redução desses defeitos. A análise estatística, neste estudo, entre os

momentos nos diferentes grupos contrariou os achados de CHIQUETO (2004)

Page 92: Maria Ivete De Moura

76

que ao observar uma leve redução no número dos defeitos totais e ao

comparar os resultados obtidos antes e após o tratamento das lesões de

dermatite digital, constatou que a diferença não foi significativa. BARTH &

OKO (1989) descreveram que a produção de espermatozóides anormais deve

resultar de fatores genéticos, estresses, doenças, subnutrição ou a

combinação destes.

Figura 12 – Representação da média de defeitos espermáticos totais, em

diferentes momentos, de bovinos da raça Nelore, portadores de dermatite digital (TI, TII) e saudáveis (TIII), em experimento realizado em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006.

5.5 Análise geral dos resultados dos parâmetros espermáticos

Os resultados obtidos para os parâmetros físicos apresentaram

variações entre os grupos e entre os momentos, indicando que as lesões de

dermatite digital ou que as feridas cirúrgicas decorrentes do tratamento da

enfermidade podem interferir na qualidade do sêmen. Contudo, em geral,

avaliando a média dos valores obtidos no momento pós, os resultados

encontrados para turbilhonamento, vigor, motilidade individual e concentração,

em todos os grupos, apresentaram-se dentro dos padrões aceitáveis pelo

CBRA (1998). Assim, considerando apenas esses achados pode-se dizer que,

mesmo com a presença da enfermidade e sua influência sobre alguns

parâmetros espermáticos, os animais do presente estudo seriam considerados

Page 93: Maria Ivete De Moura

77

aptos a reprodução. Porém, não se devem ignorar as afirmações de MIES

FILHO (1982), BARTH & OKO (1989), SILVA et al. (1993), CBRA (1998) e

HAFEZ (2004), que para se considerar um animal apto à reprodução é

necessário avaliar o conjunto das características andrológicas, bem como a

presença de enfermidades, como as do aparelho locomotor, que dependendo

da gravidade pode resultar em impotência coeundi.

TABELA 12 – Resultados das características espermáticas físicas e

morfológicas obtidas no momento pós em experimento

realizado com animais da raça Nelore saudáveis (TIII) e

portadores de dermatite digital (TI e TII), em

experimento realizado em uma propriedade rural, no

município de Quirinópolis – GO, 2006

GRUPOS Características TI TII TIII

Turb 3,38 3,42 3,67

Vig 3,38 3,58 3,83

Mi 72,50 74,17 75,83

Cc 692,5x106 735,83x106 729,46x106

Dca 10,38 (5,19%) 11,83 (5,91%) 11,33 (5,66%)

Dpi 0,56 (0,28%) 0,50 (0,25) 0,67 (0,33%)

Dcu 9,63 (4,81%) 10,58 (5,29%) 4,42 (2,21%)

Dme 2,94 (1,47%) 4,08 (2,04%) 4,17 (2,08)

Dma 17,63 (8,81%) 18,83 (9,41% 12,25 (6,12%)

Dt 20,56 (10,28%) 22,92 (11,46%) 16,42 (8,21%)

Ttce 200 (100% 200 (100%) 200 (100%)

Turb: turbilhonamento, Vig: vigor, Mi: motilidade individual, Cc: concentração, Dca:

defeitos de cabeça, Dpi: defeitos de peça intermediária, Dcu: defeitos de cauda, Dme:

defeitos menores, Dma: defeitos maiores, Dt: defeitos totais, Ttce: total de células

contadas

Fazendo uma análise especulativa sobre os defeitos espermáticos

observados neste estudo e fundamentando-se nas informações de HAFEZ

(2004), é possível inferir que as anormalidades morfológicas espermáticas

identificadas poderiam, conforme sugerido por GALLOWAY (1971),

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78

GREENOUGH et al. (1997) e GRENOUGH (2006) apresentar relação com a

fertilidade de touros. Acrescente-se o fato de o proprietário do criatório, no

qual a pesquisa se desenvolveu e o veterinário que assistia a propriedade, ter

notado que os touros em fase reprodutiva, que apresentavam lesões no casco,

manifestaram sinais de infertilidade, com redução do número de coberturas e

de crias, justificando, portanto, essa análise presuntiva.

Analisando o número de defeitos registrou-se uma percentagem

menor que 30% do total de defeitos espermáticos em todos os grupos.

Considerando os padrões do CBRA (1998) e um total de 200 células

espermáticas observadas em cada colheita analisada, os resultados são

aceitáveis, sendo que nos animais pertencentes ao grupo TII a percentagem

foi maior, seguido dos bovinos agrupados em TI e estes do grupo TIII, em

ordem decrescente. O contrário foi observado por CHIQUETO (2004) que,

mesmo após a cura das lesões de dermatite digital, notou que a percentagem

de defeitos totais foi maior que o preconizado pelo Colégio Brasileiro de

Reprodução Animal.

Observando a percentagem de defeitos menores e maiores nota-se

que, nos animais alocados no grupo TI a percentagem (1,47%) foi menor que

nos animais distribuídos nos grupos, TII (2,04%) e TIII (2,08%), porém, dentro

dos padrões aceitáveis pelo CBRA (1998), que estipulou para esses defeitos

porcentagem no máximo até 25%. Já para os defeitos maiores, apesar de

também apresentar-se dentro dos padrões do CBRA (1998), que estipulou

como aceitável percentagem de até 20% observa-se que os animais

pertencentes ao grupo TIII apresentaram a menor porcentagem, seguido do

grupo dos animais tratados (TI)

Neste estudo não se previu a percentagem de defeitos individuais,

que, para o CBRA (1998), os menores não podem ultrapassar 10% e os

maiores 5%. Nesse sentido visualizando apenas a percentagem de defeitos

menores, maiores e totais, todos os animais do experimento ao final da

colheita foram considerados aptos à reprodução. Especificamente sobre os

animais alocados no grupo TII, acredita-se que ocorreu adaptação as

condições de estresse ocasionadas pela presença das lesões de dermatite

digital, sendo respaldadas nas afirmações de MOBERG & MENCH (2000).

Page 95: Maria Ivete De Moura

79

Por outro lado, avaliando o número de colheitas feitas após o

tratamento das lesões, o número de animais estudados e a instabilidade dos

parâmetros analisados considera-se que, possivelmente, um número maior de

bovinos e de colheitas efetuadas após o tratamento das lesões permitiriam

realizar uma análise mais precisa dos parâmetros seminais considerados no

presente estudo. Mesmo cientes dessa possibilidade e apesar da freqüência

de 5,54% dos animais acometidos pela dermatite digital, na propriedade em

que se realizou o experimento, não foi possível reunir no mesmo criatório um

numero superior a 22 animais com as características dos empregados na

presente pesquisa. Portanto, o número de bovinos empregados permitiu

realizar uma análise estatística, mas para SAMPAIO (1998) e MONTEIRO

FILHO (2004) quanto maior o número de unidades amostrais, mais fidedigno

será o resultado, especialmente quando se trata de variáveis instáveis.

5.6 Tratamento das lesões de dermatite digital

A utilização do medicamento a base de percloreto de ferro, iodo

metálico e salicilato de metila aplicado sobre a ferida, após exérese do tecido

necrosado, além da função antiséptica, objetivou conter a hemorragia, conduta

essa também adotada por LEÃO (2006). Já SILVA et al. (2004), para esse fim

realizaram a cauterização física. Acrescente-se que o uso da oxitetraciclina em

pó fundamentou-se nas informações de SHEARER & HERANDEZ (2000) e

SILVA et al. (2001a), que afirmaram ter obtido bons resultados utilizando esse

antibiótico sobre lesões de enfermidades podais. O uso da oxitetraciclina

parenteral baseou-se nas recomendações de SILVA et al. (2001a) os quais

apontaram esse medicamento como uma das drogas utilizadas com

freqüência para esse fim.

O algodão ortopédico empregado, antecedendo a aplicação da

atadura, teve a finalidade de diminuir o comprometimento circulatório

promovido pela pressão da bandagem de crepon sobre a área afetada e

impedir o contato direto do sulfato de cobre com a lesão. O mesmo

procedimento foi adotado por LEÃO (2006), que também acreditava que esse

procedimento fosse importante na minimização do efeito abrasivo do cobre

Page 96: Maria Ivete De Moura

80

quando colocado diretamente sobre as lesões, bem como sua ação irritativa

sobre os tecidos. Infere-se que o contato gradativo e indireto com a lesão

permitiu que o medicamento atuasse sobre o tecido afetado, mais como

epitelizante, do que como removedor de tecidos necrosados. Essas

afirmações estão de acordo com as descritas por LEÃO (2006).

A retirada da bandagem preconizada aos sete dias após a

intervenção cirúrgica fundamentou-se no fato de que depois desse período o

curativo já se apresenta desgastado e a ferida em alguns casos desprotegida,

afirmações estas que ganham respaldo nas descrições de LEÃO (2006). Por

ocasião da retirada das bandagens realizou-se a primeira avaliação da

evolução clínica da cicatrização e, em 15 (100%) animais as lesões

apresentaram escore 1. No segundo momento de avaliação, aos 15 dias após

o procedimento cirúrgico e sete de passagem em pedilúvio 13 (86,67%)

animais apresentaram escore 3 e dois (13,34%) animais apresentaram escore

2. Esses dois animais que apresentaram escore 2, pertenciam ao grupo TI e

por ocasião da passagem em bretes de contenção para as colheitas de

ejaculado, sofreram injúrias nas feridas cirúrgicas, reagudizando o processo e

retardando a cicatrização clínica. Durante a avaliação das lesões no momento

3 (30 dias) 13 (86,67%) animais apresentaram escore 4 e dois (13,34%)

animais escore 3. Aos 45 dias de avaliação (momento 4) 13 (86,67%) animais

apresentaram escore 5, e dois (13,34%) animais escore 4.

O protocolo terapêutico empregado no presente estudo, para o

tratamento das lesões de dermatite digital, foi eficiente, sendo que em um

período de 45 dias, 13 (86,67%) animais apresentaram-se com cicatrização

completa das lesões. No entanto, em dois (13,34%) animais ao término do

experimento, aos 60 dias de avaliação, no momento 5, as lesões ainda não

haviam cicatrizadas completamente,apresentando escore de cicatrização 4,

em função do trauma no local da ferida, o que retardou o processo de

cicatrização. O sucesso no uso do protocolo confere com as afirmações feitas

por LAVEN & PROVEN (2000), MANSKE et al. (2002) e LEÃO (2006), os

quais fizeram referência ao tratamento local da ferida empregando

antibioticoterapia local e parenteral, bem como o tratamento em pedilúvio. De

igual forma CUNHA (2000), enfatizou a necessidade de se estabelecer uma

associação de medidas, que de forma conjunta contribuíssem para a

Page 97: Maria Ivete De Moura

81

recuperação dos animais acometidos, destacando o tratamento cirúrgico e a

passagem dos animais em pedilúvio com soluções sanitizantes.

O uso intercalado de diferentes soluções sanitizantes

provavelmente contribuiu para a redução da carga microbiana. Tais

afirmações ganham respaldo nas descrições GUERISOLI et al. (1998), SILVA

et al. (2001b), SILVA et al. (2005b), LEÃO (2006) e SILVA et al. (2007b), que

em tese relataram que o hipoclorito possui pH alcalino e destrói principalmente

fungos e vírus, enquanto o sulfato de cobre que apresenta pH ácido atua como

adstringente e bactericida. COELHO et al. (2001) comprovaram a eficácia do

hipoclorito de sódio na desinfecção do espaço interdigital de bovinos

saudáveis e SILVA et al. (2001b) obtiveram resultados favoráveis utilizando o

hipoclorito de sódio a 3%, alternando com sulfato de cobre a 5% em pedilúvio,

no pós-operatório de enfermidades digitais em bovinos.

5.7 Estimativa dos custos do tratamento

Os custo dos procedimentos cirúrgicos e tratamentos empregados

estão representados no Quadro 3. Nota-se que o casqueamento realizado em

15 animais foi estimado em R$ 3.284,10 e ao fracionar esse valor, por animal

obteve o custo de R$ 218,94. O que mais onerou nos custos foram os gastos

com a construção do pedilúvio e honorários do profissional veterinário. LEÃO

(2006) descreveu que os problemas de casco prevêem importantes

implicações econômicas diretas, tais como gasto com medicamentos para

realização do toalete, instalações e soluções para pedilúvio, serviços

veterinários e mão-de-obra. Indiretamente em bovinos de corte há uma perda

de ganho em peso, baixo rendimento de carcaça e influência nos parâmetros

reprodutivos.

Page 98: Maria Ivete De Moura

82

QUADRO 4 – Estimativa dos custos do tratamento da dermatite digital em

bovinos da raça Nelore, em experimento realizado em uma

propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006

Nº DISCRIMINAÇÃO DOS ITENS QTDE VALOR (R$)

1 Agulha 25x8 10 und 3,70

2 Agulha 40x12 30 und 12,00

3 Algodão hidrófilo 1,5 dz 31,50

4 Anestésico local 50 ml 09 fr 61,20

5 Atadura de crepon 15 x 4,5m 03 dz 46,80

6 Custo de instalações com pedilúvio 1.730,00

7 Gaze 10 pcts 2,00

8 Hemosthal 03 fr 41,50

9 Hipoclorito 24 l 36,00

10 Honorário com veterinário 02 diária 760,00

11 Iodo 01 l 4,20

12 Lâmina de bisturi 15 und 6,00

13 Luva de procedimento 01 cx 18,00

14 Miosthal 04 fr 36,00

15 Oxitetraciclina injetável 50 ml 18 fr 216,00

16 Oxitetraciclina pó 03 pcts 44,40

17 Seringa descartável 20 ml 10 und 3,40

18 Seringa descartável 5 ml 5 und 1,00

19 Sulfato de cobre 30 Kg 156,00

20 Xilazina 2% 03 fr 74,40

CUSTO TOTAL 3.284,10

CUSTO/ANIMAL (15 animais) 218,94

Nesse estudo há de se considerar que o custo com a confecção do

pedilúvio torna-se com o tempo, menos representativo, reduzindo

conseqüentemente o custo dos tratamentos realizados em momentos

posteriores. Soma-se a essas considerações a expressiva ocorrência de

dermatite digital nessa categoria animal, no criatório estudado, justificando a

construção do pedilúvio, que poderá ser usado também como preventivo.

BORGES et al. (1995) trabalhando com vacas da raça Girolando e

Page 99: Maria Ivete De Moura

83

Holandesas portadoras de enfermidades podais verificaram que o custo final

do tratamento foi de US$ 976,75 por grupo de 100 animais e RAMOS (2001),

estimou um custo final do tratamento de animais portadores de doenças

podais de R$ 133,29 por animal, mas ambos os autores não incluíram em

seus cálculos a construção de um pedilúvio. Já LEÃO (2006) estimou um

custo de R$ 133,88, afirmando que, com o passar do tempo, o custo do

tratamento diminui, compensando, portanto, a adoção desse método

terapêutico e preventivo. Em resumo, pode-se afirmar que o protocolo

terapêutico, inicialmente, aumentou o custo de manutenção desses animais,

considerando o valor empregado na confecção do pedilúvio e o tempo em que

permaneceram em baixa atividade sexual no período de convalescência, em

função da impotência coeundi, cobrindo um menor número de fêmeas.

Finalmente, mesmo considerando que os valores obtidos para o

tratamento dos animais do presente estudo podem, em princípio, inviabilizar

sua aplicação em rebanhos comerciais. É necessário avaliar seus benefícios,

se empregado na tentativa de tratar touros de valor zootécnico considerável.

Como, nos criatórios brasileiros que exploram esse tipo de rebanho, os

reprodutores são adquiridos, em média, a um custo de R$ 5.000,00 o

protocolo terapêutico aqui empregado representaria apenas 4,37% do valor

intrínseco do animal, justificando sua indicação para essa categoria animal.

Page 100: Maria Ivete De Moura

84

6 CONCLUSÕES

Considerando as condições em que o experimento foi conduzido é

possível concluir que:

1. A aquisição de animais sem exame podológico, ausência de

medidas de biossegurança e as características do solo são os fatores que

podem ter contribuído para a ocorrência da dermatite digital.

2. A dermatite digital e o tratamento das lesões apresentaram

influência sobre os parâmetros espermáticos turbilhão, número de defeitos

maiores e defeitos totais.

3. Apesar da diferença significativa observada para a característica

espermática turbilhão, defeitos espermáticos maiores e totais, esses

resultados não foram suficientes para caracterizar os touros como inférteis.

4. O protocolo terapêutico adotado para o tratamento das lesões de

dermatite digital mostrou-se eficiente, proporcionou melhora em algumas

características espermáticas, mas, o custo pode ser considerado oneroso para

o rebanho estudado, que não era constituído de animais de alto valor

zootécnico.

5. O emprego de um número maior de animais, a realização de

testes de comportamento sexual e de fertilidade a campo e, a utilização de

exames complementares como a histopatologia e histometria testicular,

imunoistoquímica e a avaliação dos níveis séricos de testosterona poderiam

auxiliar na confirmação da impotência coeundi e identificar com precisão os

pontos das fases da formação, das células espermáticas, influenciados pela

enfermidade.

Page 101: Maria Ivete De Moura

85

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122. SILVA, L. A. F.; MORAES, R. R.; ROMANI, A. F.; FIORAVANTI, M. C. S.; CUNHA, P. H. J.; BORGES, J. R.; MACEDO, S. P.; DAMASCENO, A. D.; RABELO, R. E.; GARCIA, A. M. Pododermatite séptica em bovinos: evolução clínica da fase inicial. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 43, n. 5, p. 674-680, 2006a.

123. SILVA, L. A. F.; COELHO, K. O.; DAMASCENO, A. D.;NICOLAU, E. S.; ANDRADE, M. A.; FIORAVANTI, M. C. S.; MESQUITA, A. J. M.; BARBOSA, V. T.; MOURA, M. I. Avaliação da concentração e do efeito sanitizante do hipoclorito de sódio em pedilúvio para bovinos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 1, p. 89-96, jan./mar. 2007b.

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Page 111: Maria Ivete De Moura

95

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131. THRUSFIELD, M.; MANSLEY, L.; DUNLOP, P.; TAYLOR, J.; PAWSON, A.; STRINGER, L. The foot-and-mouth disease epidemic in Dumfries and Galloway: Characteristics and control. The Veterinary Record, London, v.156, n. 8, p. 229-52, 2005.

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96

ANEXOS ANEXO 1 - Questionário utilizado na caracterização da propriedade de criação

de gado corte em que foi desenvolvido o experimento utilizando

bovinos da raça Nelore, no município de Quirinópolis – GO, 2006.

Universidade Federal de Goiás Escola de Veterinária

Data: ______/__________/_________ DADOS GERAIS

Nome do proprietário:

Propriedade:

Município:

Endereço/telefone:

CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

TOTAL DE ANIMAIS:

MACHOS:

FÊMEA

S:

FAIXA ETÁRIA

00-12 meses

13-24 meses

25-36 meses

37-48 meses

Mais de 49 meses

TIPO DE EXPLORAÇÃO: ( ) LEITE ( ) CARNE ( ) MISTO

PISO DOS CURRAIS: ( ) REGULAR ( ) IRREGULAR

CONDIÇÕES DE HIGIENE: ( ) ADEQUADAS ( ) INADEQUADAS

UTILIZAÇÃO DE PEDILÚVIO: ( ) SIM ( ) NÃO

REALIZADO O CAQUEAMENTO DOS ANIMAIS: ( ) SIM ( ) NÃO ( ) TÉCNICO ( ) PRÁTICO

OBSERVAÇÃO DO CURSO DA DOENÇA (EM DIAS): ( ) até 30 ( ) 30 – 60 ( ) 60-90 ( ) mais de 90

O QUE LEVOU O PROPRIETÁRIO A SUSPEITAR DA DOENÇA: ( ) Manqueira ( ) O fato do animal lamber os dígitos ( ) Vermelhidão local ( ) Edema no espaço digital Presença de ectoparasitos ( )SIM ( ) NÃO

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97

Outros:_____________________________________________________________________

COMO A DOENÇA COMEÇOU? (CARACTERIZAÇÃO DA LESÃO)

EXAME CLÍNICO DA EXTREMIDADE DISTAL DOS MEMBROS TORÁCICOS E PÉLVICOS

DOS BOVINOS. NOME OU NÚMERO DO ANIMAL: ____________________________________ DERMATITE DIGITAL (FASE): ________________________________________

CATEGORIA ANIMAL

( ) MACHO ( ) FÊMEA

MEMBRO:

TORÁCICO DIREITO ESQUERDO

PÉLVICO DIREITO ESQUERDO

OBSERVAÇÕES (Caracterização macroscópica da lesão) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

00 – 12 meses

13 – 24 meses

25 – 36 meses

37 – 48 meses

mais de 49 meses

00 – 12 meses 13 – 24 meses 25 – 36 meses 37 – 48 meses mais de 49 meses parida não parida

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ANEXO 2 – Ficha individual utilizada para identificar as lesões de

enfermidades digitais, quanto a sua presença, localização e fase

evolutiva, em experimento utilizando machos bovinos da raça

Nelore, em uma propriedade rural no município de Quirinópolis –

GO, 2006

FICHA INDIVIDUAL Nº____________ Data:_________ NÚMERO/ANIMAL:_____________ PROPRIETÁRIO IDADE:________________________ ________________________________ RAÇA:_________________________ PELAGEM:_____________________ MUNICÍPIO ________________________________

EXAME CLÍNICO GERAL Estado nutricional ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Muito bom Aprumos ( ) Normais ( ) Defeituosos Articulações ( ) Normais ( ) Alterados Cascos ( ) Normais ( ) Alterados

EXAME CLÍNICO ESPECÍFICO DO APARELHO LOCOMOTOR Claudicação (+), (++), (+++) ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Sensibilidade (+), (++), (+++) ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Hipertemia ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Edema ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Hiperemia ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Ulceração de tecido mole ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Fissura de tecido córne ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Crescimenot de tecido fibroso ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Necrose ( ) MTD ( ) MTE ( ) MPD ( ) MPE Exame da sola Dígito afetado ( ) DMMTE ( ) DLMTE ( ) DMMPD ( ) DLMPD Hemorragia ( ) não ( ) sim ( ) leve ( ) moderada ( ) severa Alteração da coloração ( ) não ( ) sim ( ) leve ( ) moderada ( ) severa Separação da linha branca ( ) não ( ) sim ( ) leve ( ) moderada ( ) severa Erosão do casco ( ) não ( ) sim ( ) leve ( ) múltiplas ( ) severa ( ) moderada (irregulares) MTD MPD

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MTD MPD

Diagnóstico: Observações

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ANEXO 3 – Ficha individual utilizada para registrar os dados referentes a realização do exame andrológico, em experimento utilizando machos bovinos da raça Nelore, em uma propriedade rural no município de Quirinópolis – GO, 2006