Manual de Vegetacao Rodoviaria Volume 2

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    DNIT

    MINISTRIO DOS TRANSPORTES

    DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA GERAL DIRETORIAEXECUTIVAINSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA VOLUME 2

    2009

    Publicao IPR - 734

    Flora dos Ecossistemas Brasileiros

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    MINISTRO DOS TRANSPORTES

    Dr. Alfredo Pereira do Nascimento

    DIRETOR GERAL DO DNITLuiz Antonio Pagot

    DIRETOR EXECUTIVO DO DNITEng.oJos Henrique Coelho Sadok de S

    INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIASEng.oChequer Jabour Chequer

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    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

    VOLUME 2

    FLORA DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

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    EQUIPE TCNICA:

    Eng. Jos Lus Mattos Britto Pereira Tc. Luiz Carlos Aurlio(Coordenador) (Tcnico em Informtica)

    Eng. Maria Lcia Barbosa de Miranda Tc. Karen Fernandes de Carvalho(Supervisora) (Tcnica em Informtica)

    Eng. Alvimar Mattos de Paiva Tc. Clia de Lima M. Rosa(Consultor) (Tcnica em Informtica)

    COMISSO DE SUPERVISO

    Eng. Gabriel de Lucena Stuckert(DNIT / DIREX / IPR)

    Eng. Pedro Mansour(DNIT / DIREX / IPR)

    Eng. Elias Salomo Nigri

    (DNIT / DIREX / IPR)

    COLABORADORA

    Bibl.aTnia Bral Mendes(DNIT / DIREX / IPR)

    Reproduo permitida desde que citado o DNIT como fonte.

    Brasil. Departamento Nacional de Infraestrutura deTransportes. Diretoria Executiva. Instituto de

    Pesquisas Rodovirias.Manual de vegetao rodoviria. - Rio de Janeiro,

    2009.2v. (IPR. Publ., 734).v. 1: Implantao e recuperao de revestimentos

    vegetais rodovirios. v. 2: Flora dos ecossistemasbrasileiros.

    1. Rodovias Arborizao e ajardinamento.I. Srie. II. Ttulo.

    CDD 625.776

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    MINISTRIO DOS TRANSPORTESDEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES

    DIRETORIA EXECUTIVAINSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

    Publicao IPR 734

    MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIA

    VOLUME 2

    FLORA DOS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

    RIO DE JANEIRO2009

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    DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTESDIRETORIA GERALDIRETORIA EXECUTIVAINSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIASRodovia Presidente Dutra, km 163 Vigrio GeralCep.: 21240-000 - Rio de Janeiro - RJ

    Tel.: (21) 3545-4504Fax.: (21) 3545-4482/4600

    e-mail.: [email protected]

    TTULO: MANUAL DE VEGETAO RODOVIRIAVOLUME 1: Implantao e recuperao de revestimentos vegetais rodoviriosVOLUME 2: Flora dos ecossistemas brasileiros

    Elaborao: DNIT / ENGESURContrato: DNIT / ENGESUR 264 / 2007 DIREX

    Aprovado pela Diretoria Colegiada do DNIT em 17 / 12 / 2009

    Processo Administrativo 50607.000.763/2009-46

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente.ANA Agencia Nacional de guas.

    APA rea de Proteo Ambiental (Federal).

    APAE- rea de Proteo Ambiental Estadual.

    APP rea de Preservao Permanente.

    ARIE rea de Relevante Interesse Ecolgico.

    ARPA Programa de reas Protegidas da Amaznia.

    ASV Autorizao para Supresso de Vegetao.

    CDB Conveno sobre Diversidade Biolgica.

    CMBBC Projeto de Conservao e Manejo da Biodiversidade do Bioma Cerrado.

    CNRH Conselho Nacional de Recursos Hdricos.

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente.

    CONVIVER Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentvel do Semirido.

    DG Diretoria Geral do DNIT.

    DIREX Diretoria Executiva do DNIT.

    DMA Domnio da Mata Atlntica.

    DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

    EE Estao Ecolgica (Federal).

    EEE Estao Ecolgica Estadual.

    EIA Estudo de Impacto Ambiental.

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria.

    ES Norma DNIT do Tipo Especificao de Servios.

    EVTEA Estudo de Viabilidade Tcnico - Econmica - Ambiental.

    FCP Fundao Cultural Palmares.

    FLONA Floresta Nacional.

    FUNAI Fundao Nacional do ndio.

    FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade.

    IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis.

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    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    IME Instituto Militar de Engenharia.

    INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.

    IPR Instituto de Pesquisas Rodovirias.

    IRI International Research Institute.

    IS 246 Instruo de Servios n 246/DNIT Elaborao do Componente Ambiental dos Projetos deEngenharia Rodoviria.

    ISA Instituto Socioambiental.

    MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

    MDA Ministrio de Desenvolvimento Agrrio.

    MIN Ministrio da Integrao Nacional.

    MMA Ministrio de Meio Ambiente.

    MT Ministrio dos Transportes.

    PAS Plano da Amaznia Sustentvel.

    PCBAP Plano de Conservao da Bacia Alto Paraguai.

    PE Parque Estadual.

    PN Parque Nacional.

    PNAP Plano Nacional de reas Protegidas.

    PNMA Plano Nacional do Meio Ambiente.

    PORTALBIO Portal Brasileiro sobre Biodiversidade (MMA).

    PP.G7 Subprograma Piloto para Proteo das Florestas Tropicais do Brasil.

    PPA Plano Plurianual.

    PRAD Plano de Recuperao de reas Degradadas.

    PRDS/MS Plano Regional de Desenvolvimento Sustentvel do Estado do Mato Grosso do Sul.

    PRO Norma DNIT do Tipo Procedimento.

    RBE- Reserva Biolgica Estadual.

    RE Reserva Ecolgica.

    REBIO Reserva Biolgica (Federal).

    REE- Reserva Ecolgica Estadual.

    RESEX Reserva Extrativista.RIMA Relatrio de Impacto Ambiental.

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    RPAA Relatrio Preliminar de Avaliao Ambiental.

    RPPN Reserva Particular de Patrimnio Natural.

    SBPC Associao Brasileira para Progresso da Cincia.

    SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente.

    SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza.

    SUDAM Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia.

    TAC Termo de Ajustamento de Conduta.

    TI Terras Indgenas.

    UC Unidade de Conservao.

    ZEE Zoneamento Ecolgico - Econmico.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURAS

    Figura 6 Ecossistemas Brasileiros ...................................................................................... 161

    Figura 7 Rede Hidrogrfica do Rio Amazonas ................................................................... 162

    Figura 8 Bacia Amaznica .................................................................................................. 163

    Figura 9 Florestas Tropicais do Mundo .............................................................................. 164

    Figura 10 Mapa da Amaznia Legal ................................................................................... 168

    Figura 11 Mapa das Unidades Climticas Brasileiras ........................................................ 174

    Figura 12 Perfil Esquemtico da Floresta Ombrfila Densa .............................................. 176Figura 13 Perfil Esquemtico das Fcies da Floresta Ombrfila Aberta ............................ 177

    Figura 14 Perfil Esquemtico da Campinarana (Campina) ................................................ 177

    Figura 15 Blocos Diagrama das Fisionomias Ecolgicas da Campinarana ..................... 178

    Figura 16 Perfil Esquemtico da Savana (Cerrado) ............................................................ 179

    Figura 17 Blocos Diagrama das Fisionamias Ecolgicas da Savana (Cerrado) .............. 179

    Figura 18 Mapa do Potencial Florestal da Amaznia ........................................................ 181

    Figura 19 Porcentagem de Cobertura com gramneas ........................................................ 192

    Figura 20 Domnio da Mata Atlntica ................................................................................ 196

    Figura 21 Remanescentes Florestais ................................................................................... 200

    Figura 22 Corredor Central da Mata Atlntica ................................................................... 207

    Figura 23 Corredor Central ................................................................................................. 208

    Figura 24Corredor da Serra do Mar .................................................................................... 209

    Figura 25 Domnio do Cerrado ........................................................................................... 233

    Figura 26 Distribuio do Domnio de Cerrado ................................................................. 236

    Figura 27 Perfil de Vegetao do Cerrado .......................................................................... 247Figura 28 Domnio da Caatinga .......................................................................................... 256

    Figura 29 Bacia do Rio So Francisco ............................................................................... 264

    Figura 30 Bacia do Rio Parnaba ....................................................................................... 265

    Figura 31 Regio Hidrogrfica do Atlntico Leste ............................................................. 266

    Figura 32 Unidades de Conservao da Caatinga............................................................... 269

    Figura 33 Domnio do Pantanal Mato-Grossense .............................................................. 274

    Figura 34 Hidrografia de Mato Grosso do Sul ................................................................... 289

    Figura 35 Domnio do Bioma Pampa por Regio Fitoecolgica ........................................ 293

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    Figura 36 Abrangncia das Mesorregies Riograndenses .................................................. 294

    Figura 37 reas de Predominantes Campos Sulinos (Pampas) .......................................... 297

    Figura 38 Hidrografia do Ecossistema Pampas ................................................................. 302

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FOTOS

    Foto 1 Vegetao de Carter Arbreo ................................................................................. 224

    Foto 2 Vegetao de Carter Arbustivo .............................................................................. 224

    Foto 3 Elementos Arbreos Dominantes ............................................................................. 228

    Foto 4 Biodiversidade do Cerrado ....................................................................................... 234

    Foto 5 Solos do Cerrado ...................................................................................................... 244

    Foto 6 Vista Geral de uma Floresta de Galeria ................................................................... 248

    Foto 7 Vista Geral de uma Floresta do Cerrado .................................................................. 250Foto 8 Vista Geral da Chapada dos Veadeiros .................................................................... 251

    Foto 9 Vegetao da Caatinga ............................................................................................. 253

    Foto 10 Plantas da Caatinga ................................................................................................ 258

    Foto 11 Solos Caractersticos da Caatinga .......................................................................... 267

    Foto 12 Afloramentos Rochosos ......................................................................................... 268

    Foto 13 Formao Vegetal da Caatinga .............................................................................. 270

    Foto 14 Aspecto Geral da Vegetao da Caatinga .............................................................. 270

    Foto 15 Vista Geral do Pantanal .......................................................................................... 273

    Foto 16 Vista Geral dos Pastos Nativos ............................................................................. 292

    Foto 17 Vista Geral da Estepe Parque ................................................................................. 305

    Foto 18 Vista Geral da Estepe Gramneo-Lenhosa ............................................................. 305

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    LISTA DE ILUSTRAES

    TABELAS

    Tabela 11 Zonas da Amaznia Legal ............................................................................... 167 Tabela 12 Adaptao de Espcies e seus Resultados ....................................................... 183 Tabela 13 Porcentual de Cobertura de Solo e Vigor de gramneas .................................. 191 Tabela 14 Espcies Vegetais Arbreas ............................................................................ 195 Tabela 15 Distribuio Espacial Primitiva e Remanescente Florestais ........................... 199 Tabela 16 Unidades de Conservao no Domnio da Mata Atlntica ............................. 219 Tabela 17 Relao das Terras Indgenas Inseridas no Domnio da Mata Atlntica......... 221 Tabela 18 Classificao de Kppen no Domnio da Mata Atlntica ............................... 222 Tabela 19 Caracterizao do Bioma Mata Atlntica por Regio Fitoecolgica Agrupada 232 Tabela 20 Caracterizao do Cerrado por Regio Fitoecolgica .................................... 238 Tabela 21 Distribuio da Caatinga nos Estados Brasileiros ........................................... 257 Tabela 22 Distribuio da Caatinga por Regio Fitoecolgica Agrupada ...................... 272 Tabela 23 Caracterizao do Bioma Pantanal por Regio Fitoecolgica Agrupada ....... 290 Tabela 24 Caracterizao do Bioma Pampas por Regio Fitoecolgica Agrupada ......... 292

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    SUMRIO

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    SUMRIO

    volume 2: Flora dos ecossistemas brasileiros

    Lista de Abreviaturas e Siglas ....................................................................................................... 135

    Lista de Ilustraes Figuras......................................................................................................... 139

    Lista de Ilustraes Fotos ............................................................................................................ 141

    Lista de Ilustraes Tabelas ........................................................................................................ 143

    Sumrio ........................................................................................................................... 145

    8 Ecossistemas Brasileiros .......................................................................................................... 1518.1Definies .......................................................................................................................... 1538.2Classificao dos ecossistemas .......................................................................................... 157

    8.2.1 Floresta Amaznica................................................................................................ 1588.2.2 Floresta Atlntica ................................................................................................... 1598.2.3 Cerrado ................................................................................................................... 1598.2.4 Caatinga ................................................................................................................. 1608.2.5 Pantanal .................................................................................................................. 1608.2.6 Mata de Araucria ou Pinheiral ............................................................................. 1608.2.7 Campos .................................................................................................................. 161

    8.3Ecossistema Floresta Amaznica ....................................................................................... 1618.3.1 Abrangncia territorial ........................................................................................... 1618.3.2 Plano da Amaznia Sustentvel - PAS .................................................................. 1688.3.3 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 1698.3.4

    Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 172

    8.3.5 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 1758.3.6 Experincia de revegetao .................................................................................... 1818.3.7 Estudos de hidrossemeadura .................................................................................. 1928.3.8 Levantamento fitofisionmico da Regio Amaznica ao longo da rodovia

    BR-319/AM ............................................................................................................ 193

    8.4Ecossistema da Mata Atlntica ......................................................................................... 1958.4.1

    Consideraes gerais .............................................................................................. 195

    8.4.2 Abrangncia territorial ........................................................................................... 198

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    8.4.3 Sustentabilidade da Mata Atlntica ........................................................................ 2038.4.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 2158.4.5 Sntese da legislao de proteo da Mata Atlntica ............................................. 2168.4.6 Unidades de conservao e terras indgenas ......................................................... 2198.4.7 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 2218.4.8 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 2268.4.9 Distribuio espacial da cobertura vegetal............................................................. 231

    8.5Ecossistema Complexo Brasil Central - Cerrado ............................................................... 2328.5.1 Consideraes gerais .............................................................................................. 2328.5.2 Principais problemas scio-ambientais .................................................................. 2348.5.3 Abragncia territorial ............................................................................................. 2358.5.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 2378.5.5 Distribuio espacial da vegetao ........................................................................ 2378.5.6 Unidades de conservao ....................................................................................... 2388.5.7 Planos e programas de sustentabilidade do Cerrado .............................................. 2388.5.8 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 2418.5.9 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 246

    8.6Ecossistema Caatinga ......................................................................................................... 2538.6.1 Consideraes gerais .............................................................................................. 2538.6.2 Abrangncia territorial ........................................................................................... 2558.6.3 Sustentabilidade da Caatinga ................................................................................. 2578.6.4 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 2608.6.5 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 2618.6.6 Unidades de conservao e terras indgenas .......................................................... 2698.6.7 Flora e fauna........................................................................................................... 2698.6.8 Caractersticas peculiares das espcies vegetais .................................................... 272

    8.7Ecossistema Pantanal ......................................................................................................... 2728.7.1 Consideraes gerais .............................................................................................. 2728.7.2 Histrico regional da ocupao do Pantanal .......................................................... 2748.7.3 Abrangncia territorial ........................................................................................... 2758.7.4 Comunidades indgenas ......................................................................................... 276

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    8.7.5 Planos e programas de sustentabilidade do Pantanal ............................................. 2768.7.6 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 2818.7.7 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 2818.7.8 Composio da vegetao ...................................................................................... 290

    8.8Ecossistema Pampas .......................................................................................................... 2918.8.1 Consideraes gerais .............................................................................................. 2918.8.2 Abragncia territorial ............................................................................................. 2928.8.3 Participao do bioma pampas nas divises do Estado ......................................... 2938.8.4 Planos de sustentabilidae ....................................................................................... 2958.8.5 Infraestrutura rodoviria regional .......................................................................... 2998.8.6 Caracterizao ambiental da regio ....................................................................... 3008.8.7 Caractersticas Peculiares das Espcies Vegetais .................................................. 3038.8.8 Composio da Vegetao ..................................................................................... 303

    Anexos ........................................................................................................................... 307

    Anexo D: Gramneas de melhor comportamento no 1 experimento ................................ 309

    Anexo E: Leguminosas de melhor desempenho no 1 experimento .................................. 313

    Anexo F: Espcies e linhagens originrias da Regio Amaznica .................................... 315

    Anexo G: Testes de hidrossemeadura BR 319/AM ........................................................ 319

    Anexo H: Mapeamento das |Regies Fitoecolgicas do Pantanal ..................................... 323

    Referncias Bibliogrficas ............................................................................................................. 331

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    8. ECOSSISTEMAS BRASILEIROS

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    8. ECOSSISTEMAS BRASILEIROS8.1. DEFINIESrea Protegida - Superfcie de terra e/ou de gua especialmente consagrada proteo e manuteno da diversidade biolgica, assim como dos recursos naturais e os recursos culturaisassociados, e manejada atravs de meios jurdicos ou outros meios eficazes. (IUCN, 1994)

    rea de Proteo Ambiental - APA - Unidade de conservao de uso direto destinada a conservar aqualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando melhoria da qualidade de vida da

    populao local e, tambm, proteo dos ecossistemas regionais. As APAs devero ter sempre umzoneamento ambiental, que estabelecer normas de uso, condies biticas, geolgicas, urbansticas,agropastoris, extrativistas, culturais e outras, do local. Qualquer que seja a situao dominial de umarea, ela poder fazer parte de uma APA.

    rea de Relevante Interesse Ecolgico - ARIE rea que possui caractersticas naturaisextraordinrias e abriga exemplares raros da biota regional, exigindo cuidados especiais de proteo

    por parte do Poder Pblico. So preferencialmente declaradas como ARIE, quando tiverem extensoinferior a 5 mil hectares e abrigarem pequena ou nenhuma ocupao humana, por ocasio do atodeclaratrio. Quando estiverem localizadas em permetros de APAs, integraro a Zona de VidaSilvestre, destinada melhor salvaguarda da biota nativa prevista no regulamento das APAs.

    reas de Interstcio - reas situadas entre unidades de conservao, outras reas protegidas e reasindgenas, podendo pertencer ao domnio pblico ou privado.

    Avaliao de Impacto Ambiental - Processo de avaliao dos impactos ecolgicos, econmicos esociais que podem advir da implantao de atividades antrpicas (projetos, planos e programas), e demonitoramento e controle desses efeitos pelo poder pblico e pela sociedade.

    Bioma a denominao da unidade bitica de maior exenso geogrfica, compreendendo vriascomunidades em diferentes estgios de evoluo, porm, denominada de acordo com o tipo devegetao dominante, tais como, mata tropical, campo, etc.

    Conservao da natureza Entende-se por conservao da natureza o manejo da biosfera,compreendendo a preservao, manuteno, utilizao sustentvel, restaurao e melhoria doambiente natural.

    Conservao "in-situ" Conservao das espcies silvestres no seu local de ocorrncia natural.

    Corredores Ecolgicos- As pores dos ecossistemas naturais ou semi-naturais, ligando unidades deconservao e outras reas naturais, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da

    biota, facilitando a disperso de espcies e a recolonizao de reas degradadas, bem como amanuteno de populaes que demandam, para sua sobrevivncia, reas com extenso maior do queaquela das unidades individuais.

    Degradao da Qualidade Ambiental - Alterao das caractersticas do meio ambiente.

    Desenvolvimento Sustentvel - Forma socialmente justa e economicamente vivel de explorao doambiente que garanta a perenidade dos recursos naturais renovveis e dos processos ecolgicos,

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    mantendo a diversidade biolgica e os demais atributos ecolgicos em benefcio das geraes futurase atendendo s necessidades do presente.

    Diversidade biolgica a variedade de gentipos, espcies, populaes, comunidades,ecossistemas e processos ecolgicos existentes em uma determinada regio. Isto significa a

    variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, osecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos de quefazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espcies, entre espcies e deecossistemas.

    Ecossistema Significa um complexo dinmico de comunidades vegetais, animais e demicrorganismos e o seu meio inorgnico, que interagem como uma unidade funcional.

    Estao Ecolgica- Unidade de conservao que se destina preservao integral da biota e demaisatributos naturais existentes em seus limites e realizao de pesquisas cientficas. No permitida a

    visitao pblica, admitindo-se, no entanto, de acordo com regulamento especfico, a sua realizaocom objetivo educacional.

    Extrativismo - Sistema de explorao baseado na coleta e extrao, de modo sustentvel, de recursosnaturais renovveis.

    Floresta Nacional - FLONA - So reas de domnio pblico, providas de cobertura vegetal nativa ouplantada, estabelecida com objetivos de promover o manejo dos recursos naturais, com nfase naproduo de madeira e outros vegetais e garantir a proteo dos recursos hdricos, das belezas cnicase dos stios histricos e arqueolgicos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisacientfica bsica e aplicada, da educao ambiental e das atividades de recreao, lazer e turismo.

    Fragmentao - Todo processo de origem antrpica que provoca a diviso de ecossistemas naturaiscontnuos em partes menores instaladas.

    Gesto Ambiental- um processo de mediao entre interesses de atores sociais voltado ao uso oupreservao de um recurso.

    Habitat Significa o lugar ou tipo de local onde um organismo ou populao ocorre naturalmente.

    Impacto Ambiental - Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas e biolgicas do meioambiente, causada por qualquer forma de matria ou energia.

    Manejo dos recursos naturais o ato de intervir, ou no, no meio natural com base emconhecimentos cientficos e tcnicos, com o propsito de promover e garantir a conservao danatureza. Medidas de proteo aos recursos, sem atos de interferncia direta nestes, tambm fazem

    parte do manejo.

    Manejo de Unidades de Conservao o conjunto de aes e atividades necessrias ao alcance dosobjetivos de conservao de reas protegidas, incluindo as atividades fins, tais como proteo,recreao, educao, pesquisa e manejo dos recursos, bem como as atividades de administrao ougerenciamento. O termo gesto de uma unidade de conservao pode ser considerado sinnimo demanejo da mesma.

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    Material Gentico Todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que contenhaunidades funcionais de hereditariedade.

    Meio Ambiente - O conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica ebiolgica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

    Monitoramento - o acompanhamento peridico, por observaes sistemticas de um atributoambiental, de um problema ou situao, pela quantificao das variveis que o caracterizam. Omonitoramento determina os desvios entre normas preestabelecidas (referenciais) e as variveismedidas.

    Parque Nacional - So reas geogrficas extensas e delimitadas, dotadas de atributos naturaisexcepcionais, objeto de preservao permanente, submetidas condio de inalienabilidade eindisponibilidade de seu todo.

    Plano de Gesto- Conjunto de aes pactuadas entre os atores sociais interessados na conservaoe/ou preservao ambiental de uma determinada rea, constituindo projetos setoriais e integradoscontendo as medidas necessrias gesto do territrio.

    Plano de Manejo - Documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de umaunidade de conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso darea e o manejo dos recursos naturais, incluindo a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da Unidade, segundo o Roteiro Metodolgico.

    Poluio - Qualquer alterao das propriedades fsicas, qumicas ou biolgicas do meio ambiente,causada por qualquer forma de matria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

    indiretamente, afetam a sade, a segurana e o bem-estar da populao, as atividades sociais eeconmicas, a biota, as condies estticas e sanitria do meio ambiente e a qualidade dos recursosambientais.

    Populao Tradicional - Populao vivendo h pelo menos duas geraes em um determinadoecossistema, em estreita relao com o ambiente natural, dependendo de seus recursos naturais para asua reproduo sociocultural, por meio de atividades de baixo impacto ambiental.

    Preservao So as prticas de conservao da natureza que asseguram a proteo integral dosrecursos naturais.

    Proteo Integral - Manuteno dos ecossistemas livres de alteraes causadas por interfernciahumana, admitindo apenas o uso direto dos seus atributos naturais.

    Recuperao - Restituio de um ecossistema ou de uma populao silvestre degradada a umacondio no-degradada, que pode ser diferente de sua condio original.

    Recurso Natural Toda matria e energia que ainda no tenha sofrido um processo de transformaoe que usada diretamente pelos seres humanos para assegurar as necessidades fisiolgicas,socioeconmicas e culturais, tanto individual quanto coletivamente.

    Recursos Ambientais- A atmosfera, as guas interiores, superficiais ou subterrneas, os esturios, omar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

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    Recursos Biolgicos - Recursos genticos, organismos ou partes destes, populaes ou quaisqueroutros componentes biticos de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para ahumanidade.

    Reserva Biolgica - rea essencialmente no-perturbada por atividades humanas que compreendecaractersticas e/ou espcies da flora ou fauna de significado cientfico e tem por objetivo a proteode amostras ecolgicas do ambiente natural para estudos cientficos, monitoramento ambiental,educao cientfica e manuteno dos recursos genticos em estgio dinmico e evolucionrio.

    Reserva Ecolgica - O artigo 1 da Resoluo CONAMA n 004/85 diz que: "so consideradasreservas ecolgicas as formaes florsticas e as reas de florestas de preservao permanentemencionadas no artigo 18 da lei federal n 6.938/81, bem como as estabelecidas pelo Poder Pblico".

    Reserva de Fauna- rea que contm habitatde espcies nativas da fauna silvestre, onde seja possvela observao por turistas, investigao cientfica e educao sobre o meio ambiente. Tem como

    objetivo a obteno de protenas ou produtos de vida silvestre, alm da contemplao da fauna,investigao e educao.

    Reserva Extrativista - rea que corresponde a espaos destinados explorao autosutentvel econservao de recursos naturais renovveis, por populao extrativista. criada pelo Poder Pblicoem espaos territoriais de interesse ecolgico e social.

    Reserva Florestal- rea extensa, desabitada, de difcil acesso e em estado natural. Dela se carece deconhecimento e tecnologia para uso racional dos recursos e ento as prioridades nacionais, emmatria de recursos humanos e financeiros, impedem investigao de campo, avaliao edesenvolvimento, no momento. uma categoria de manejo transitria. Tem por objetivo a proteo

    dos valores dos recursos naturais para uso futuro e o impedimento de atividades de desenvolvimentoat que sejam estabelecidos outros objetivos de manejo ou simples extino.

    Reserva Indgena - rea isolada e remota que possui comunidades indgenas e pode manter suainacessibilidade por um longo perodo de tempo. Destina-se a evitar o distrbio pela modernatecnologia e a realizao de pesquisas sobre a evoluo humana e sua interao com a terra. H fortedependncia humana sobre o meio natural para a obteno de alimentos, abrigo e outros requisitos

    para a sua sobrevivncia. O cultivo extensivo ou outras modificaes significativas na vegetao e navida animal devem ser permitidos.

    Reserva Particular do Patrimnio Natural - RPPN - Imvel de domnio privado em que, no todo ou

    em parte, sejam identificadas condies naturais primitivas, semiprimitivas e recuperadas, ou cujascaractersticas justifiquem aes de recuperao do ciclo biolgico de espcies da fauna e da floranativas do Brasil. Devem ser assim reconhecidas e registradas pelo IBAMA, por determinao do

    proprietrio e em carter perptuo. O imvel ser reconhecido como RPPN atravs de portaria daPresidncia do IBAMA.

    Restaurao - Restituio de um ecossistema ou uma populao silvestre degradada o mais prximopossvel da sua condio original.

    Sistema Nacional de Unidades de Conservao Conjunto organizado de reas naturais protegidasatravs de Unidades de Conservao federais, estaduais, municipais e particulares que, planejado,manejado e gerenciado como um todo e constitudo de forma a abranger comunidades biticasgeneticamente sustentveis, capaz de viabilizar os objetivos nacionais de conservao.

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    Unidade de Conservao Espao territorial delimitado e seus componentes, incluindo as guasjurisdicionais, com caractersticas naturais relevantes, legalmente institudo pelo Poder Pblico para aproteo da natureza, com objetivos e limites definidos, sob regime especfico de administrao, aoqual se aplicam adequadas garantias de proteo.

    Unidades de Conservao de Proteo Integral- Nova designao para as Unidades de Conservaode Uso Indireto.

    Unidades de Conservao de Uso Sustentvel- Nova designao para as Unidades de Conservaode Uso Direto.

    Uso Sustentvel Significa a utilizao de componentes da diversidade biolgica de modo e ritmotais que no levem, no longo prazo, diminuio da diversidade biolgica, mantendo assim seu

    potencial para atender s necessidades e aspiraes das geraes presentes e futuras.

    Zona de Amortecimento - rea no entorno de uma unidade de conservao, onde as atividadeshumanas esto sujeitas a normas e restries especficas, com o propsito de minimizar os impactosnegativos sobre a Unidade.

    Zona de Transio Uma zona, perifrica ao Parque Nacional ou reserva equivalente, onde restriesso colocadas sobre o uso dos recursos ou medidas especiais de desenvolvimento so tomadas paraaumentar o valor da conservao da rea.

    Zoneamento - Definio de setores ou zonas em uma unidade de conservao com objetivos demanejo e normas especficas, com o propsito de proporcionar os meios e as condies para quetodos os objetivos da Unidade possam ser alcanados de forma harmnica e eficaz.

    8.2. CLASSIFICAO DOS ECOSSISTEMASA classificao dos ecossistemas brasileiros vem sendo realizada atravs de diversas ticas ao longodos anos, desde Martius (1824), passando por Rizzini (1963) at Veloso (1991).

    Optou-se pela classificao de Rizzini (1963), por consider-la como a que mais se aproxima dalinguagem usual de simples compreenso, a qual se relaciona aos ecossistemas brasileiros e seustipos de vegetao.

    O ecossistema brasileiro constitudo pelas seguintes unidades:

    Floresta Amaznica; Floresta Atlntica; Complexo do Brasil Central; Complexo da Caatinga; Complexo do Meio Norte; Complexo do Pantanal; Complexo da Restinga; Complexo do Pinheiral;

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    Campos do Alto Rio Branco; Campos da Plancie Riograndense.Os tipos de vegetao caractersticos nestes ecossistemas so:

    Mata ou Floresta Amaznica; Mata ou Floresta Atlntica; Cerrado, Caatinga, Babaual; Mata de Palmeiras, Palmeiral; Pantanal, Restinga e Manguezal; Mata de Araucria ou de Pinheiros; Campos Gerais; Campos do Sul.Cada uma dessas unidades tem ambiente natural prprio, cujas caractersticas bsicas lhe so

    peculiares, as quais devem ser consideradas e analisadas nos estudos ambientais rodovirios, pois aimplantao de uma rodovia possibilita a induo de novos vetores de ocupao e a apropriao deespaos por usos associados, cuja expanso pode configurar-se inadequada s condies devulnerabilidade e fragilidade deste ambiente.

    Pelo exposto, a eficcia e a eficincia de uma revegetao planejada, com fins de reabilitaoambiental para o setor rodovirio, deve atentar de modo objetivo para as espcies vegetais nativas de

    cada ecossistema ou mesmo alguma espcie extica, desde que devidamente testada e comprovadanaquele ecossistema.

    Objetivando o conhecimento das vulnerabilidades e fragilidades destes ambientes, so apresentadas aseguir as caractersticas dos ecossistemas brasileiros.

    8.2.1. Floresta AmaznicaA Floresta Amaznica considerada a maior rea verde do planeta, abrigando milhares de espciesda flora e fauna, muitas delas ainda desconhecidas, o que lhe confere a caracterstica de regio de altadiversidade biolgica, abrigando ainda os povos da floresta representados pelos ndios e peloscaboclos amaznicos.

    Conforme exposto anteriormente (subseo 8.1), considerando-se a floresta amaznica em seuaspecto mais amplo como bioma, ela abrange uma rea de 4.196.943 km2 (IBGE-2000),correspondendo a 49,28% do territrio brasileiro (8.514.876 km2)

    A floresta amaznica, de maneira geral ou sob o aspecto de ocupao territorial, pode ser subdivididaem trs formaes predominantes, as quais so representadas pelas matas de terra firme, matas devrzea e matas de igap.

    Sob o aspecto de regio fitoecolgica o bioma Amaznia constitudo pelos seguintes ecossistemas:

    Floresta ombrfila densa (aluvial, terras baixas, submontana, montana);

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    Floresta ombrfila aberta (terras baixas, submontana); Campinarana; Refgios ecolgicos; Savanas amaznicas.As matas de terra firme so as que ocupam a maior rea do territrio amaznico e ocorrem nas partesmais altas do relevo, distantes dos rios e sujeitas a poucas alteraes, sendo formadas por rvoresalongadas e finas, apresentando espcies como a castanha-do-par, o cacaueiro e as palmeiras, bemcomo, possuem grande quantidade de espcies de madeira de alto valor econmico, as quais no soinfluenciadas pelas inundaes peridicas.

    As matas de vrzea ocorrem nas plancies periodicamente inundveis, sendo muito influenciadaspelas cheias dos rios amaznicos. O aspecto mais aberto e mais claro do que a da mata de terra

    firme. Este tipo de vegetao pode permanecer inundado por um perodo, s vezes maior que seismeses, entretanto, apresenta maior variedade de espcies. o habitat da seringueira e das palmceas.

    As matas de igaps ocorrem ao longo ou prximas dos rios e igaraps, conseqentemente,permanecendo inundadas quase todo o ano, sendo suas rvores um pouco menores que as de terrafirme e de vrzea, sendo, tambm, mais espaadas e com menos trepadeiras e cips no seu interior,com razes adaptadas s regies alagadas. Das trs formaes descritas a que menos sofre com asaes degradadoras das atividades do homem e tem como planta caracterstica a vitria-rgia.

    8.2.2. Floresta AtlnticaOriginalmente a mata atlntica ocorria desde o nordeste at o sul do Pas, margeando o litoral nas

    pores mais elevadas do relevo, avanando para o interior em parte do territrio dos estados donordeste, bem como nos Estados da Bahia, Esprito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo,Paran e Santa Catarina.

    Atualmente restam apenas cerca de 8% da superfcie antes coberta pela mata atlntica, distribuda porreas remanescentes e que, apesar de abrigar ambientes de alta diversidade biolgica e exercer papelfundamental como regulador climtico e estabilizador dos solos, continua sofrendo desmatamentos,queimadas e vrias outras formas de explorao irracional.

    Na mata atlntica ocorrem rvores de at 30-35 metros de altura, com uma infinita variedade de cipse trepadeiras, que lhe conferem o aspecto de mata fechada e escura.

    Atualmente as reas preservadas localizam-se, principalmente, nas regies mais elevadas e de difcilacesso, estando protegidas pela legislao ambiental brasileira (Decreto n 6.660, de 21/11/08,regulamentando a Lei n 11.428, de 22/12/06, que dispe sobre o corte, a explorao e a supresso devegetao primria, ou nos estgios avanados e mdios da mata atlntica).

    8.2.3. CerradoUm dos maiores ecossistemas brasileiros em extenso e importncia, o Cerrado ocorre desde o

    nordeste, em parte dos Estados do Piau e Maranho at o Estado de So Paulo, abrangendopraticamente toda a regio central do Pas.

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    Este ecossistema abrange a rea de 2.036.448 km2, correspondendo a 23,92% do territrio brasileiro.

    O Cerrado composto pelas formaes de Cerrado arbustivo-arbreo, do cerrado, do campoCerrado e dos campos (campo limpo, campo sujo e campo rupestre), abrigando, tambm, grande

    biodiversidade biolgica e apresentando fauna e flora exuberantes.

    Ao longo dos cursos d'gua, associadas ao Cerrado, ocorrem as florestas ou matas de galeria, tambmdenominadas matas ciliares, de extrema importncia por sua diversidade biolgica e pela proteo ao

    processo erosivo nas encostas e margens dos rios e crregos.

    Atualmente, o Cerrado vem sendo substitudo por pastagens, pela silvicultura intensiva e pelasflorestas comerciais de eucalipto e pinus.

    8.2.4. CaatingaPrincipal ecossistema do nordeste brasileiro, a caatinga ocorre em regio semirida, onde chove

    muito pouco e a temperatura bastante elevada.

    Este ecossistema abrange a rea de 982.563,3 km2, correspondendo a 11,53% do territrio brasileiro.

    Estas caractersticas no impedem a caatinga de ser um dos principais complexos de vegetaobrasileiros, pois, apesar de todas as adversidades, ela abriga grande diversidade de fauna e flora, almde representar um importante fixador do homem na regio nordestina, o qual extrai dela praticamentetodos os elementos necessrios sua sobrevivncia.

    Durante a poca da seca, a caatinga apresenta aspecto raqutico, de cor acinzentada, quase sem folhasnas plantas, bastando um ou dois dias de chuvas para brotar o verde das folhas e modificar

    radicalmente a paisagem desrtica anterior.

    8.2.5. PantanalOcupando os baixios e as depresses da bacia do rio Paraguai, o pantanal ocorre desde o sul doEstado de Mato Grosso at o sul de Mato Grosso do Sul.

    Este ecossistema abrange a rea total de 150.355 km2, dos quais 91,9% em territrio brasileiro.

    O Pantanal apresenta caractersticas to peculiares, que a ele no se pode comparar qualquer outraformao ocorrente no Pas. Abriga ambientes de alta diversidade biolgica e extremamente

    dependentes das cheias dos inmeros cursos d'gua, onde ocorrem muitas espcies vegetaisexclusivas dessa regio.

    A vegetao, de maneira geral, representada pelas gramneas das plancies de inundao, ocorrendonas partes mais elevadas as matas de galeria, e pelas formaes arbustivas, que abrigam grandenmero de espcies da fauna, principalmente de aves.

    8.2.6. Mata de Araucria ou PinheiralA mata de araucria abrangia parte dos Estados do Paran e do Rio Grande do Sul e quase atotalidade do Estado de Santa Catarina. Seu nome deve-se ocorrncia predominante do pinheiro do

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    Paran (Araucria angustiflia), espcie de grande importncia na indstria madeireira da regio suldo Pas e que foi quase que totalmente erradicada em virtude da explorao intensiva e irracional.

    Atualmente restaram poucas reas cobertas pelas matas de araucria nos Estados do Paran e deSanta Catarina, sendo que a maior parte delas encontra-se sob regime de preservao permanente em

    reas de Parques Nacionais e Estaduais e outras reas de proteo ambiental.

    8.2.7. CamposEssa formao representada pelos campos do alto rio Branco e pelos campos do sul, sendo os

    primeiros considerados incorporados ao ecossistema amaznia e os campos do sul (pampa) soconstitudos por uma rea de 176.496 km2, correspondendo a 2,07% do territrio brasileiro.

    Os primeiros ocorrem no Estado de Roraima, onde a vegetao predominante representada pelasgramneas, os solos so arenosos e os ndices pluviomtricos bastante elevados.

    Os campos do sul ocorrem nas depresses riograndenses, onde predominam as gramneas e, em geral,formam-se grandes reas inundadas. Os campos abrigam grande diversidade da fauna, notadamente aavifauna.

    A Figura 6 a seguir ilustra os ecossistemas brasileiros.

    Figura 6 Ecossistemas brasileiros

    8.3. ECOSSISTEMA FLORESTA AMAZNICA8.3.1. Abrangncia territorialObjetivando um perfeito conhecimento da abrangncia territorial da floresta amaznica, apresentam-se inicialmente os descritivos da regio hidrogrfica amaznica, como habitat natural da mesma,seguindo-se do descritivo da floresta amaznica, do bioma amaznia, por ser mais abrangente que os

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    aspectos anteriores (floresta amaznica e regio hidrogrfica) e finalmente conceitua-se amaznialegal.

    Amaznia uma regio na Amrica do Sul coberta em grande parte pela floresta amaznica,caracterizada por floresta tropical (tambm chamada de floresta equatorial da amaznia ou hilia

    amaznica).

    A Amaznia Brasileira, considerada somente pela bacia hidrogrfica do rio amazonas, compreendeuma rea de 3,87 milhes de km2(45,2% do territrio nacional), ocupada pela floresta tropical midadensa e no densa; entretanto, considerada como bioma amaznia, abrange uma rea de 4.196.943km2(acrscimo de 326.943 km2), ocupando 49,28% do territrio brasileiro e sendo o maior biomaterrestre do Pas.

    O conhecimento deste ecossistema importante para o engenheiro rodovirio, tendo em vista que oplanejamento, a elaborao de projetos, e a execuo de atividades rodovirias nesta regio torna-se

    mais trabalhosa, devido sua importncia e o destaque da legislao ambiental para proteo damesma, em especial, s reas legais constitudas pelas Unidades de Conservao, que so oinstrumento legal de proteo da biodiversidade amaznica.

    a) Regio Hidrogrfica AmaznicaO rio Amazonas o maior rio do mundo e constitui a mais extensa rede hidrogrfica do globoterrestre.

    Desde sua nascente, na quebrada Apacheta, situada na base do Nevado Quehuisha, e pertencendo aoDepartamento de Arequipa, a 5.150 metros de altitude, at sua desembocadura no Oceano Atlntico,

    o rio alcana a extenso de 7.062 km, com 391 quilmetros a mais do que o segundo colocado, o rioNilo, na frica.

    Ao longo de seu percurso ele recebe os nomes Tunguragua, Maran, Apurmac, Ucayali, Solimes efinalmente Amazonas, conforme ilustrada na Figura 7 a seguir.

    Figura 7 Rede Hidrogrfica do Rio Amazonas

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    A regio hidrogrfica amaznica conhecida por sua disponibilidade hdrica (da ordem de 133.000m/s constituindo 73% do total do Pas), sendo considerada a maior do mundo, bem como pelaquantidade de ecossistemas que abriga, como matas de terra firme, florestas inundadas, vrzeas,igaps, campos abertos e Cerrados.

    Abriga, ainda, uma infinidade de espcies vegetais e animais, sendo da ordem de 1,5 milho deespcies vegetais catalogadas, trs mil espcies de peixes, 950 tipos de pssaros e ainda insetos,rpteis, anfbios e mamferos.

    Sob o aspecto de regio hidrogrfica brasileira, a bacia hidrogrfica do rio Amazonas complementada pelas bacias hidrogrficas dos rios existentes na Ilha do Maraj, alm das baciashidrogrficas dos rios situados no Estado do Amap que desguam no Atlntico Norte (ResoluoCNRH n 32, de 15 de outubro de 2003), e abriga uma populao de 7.609.424 habitantes (censo doano 2000), sendo 4,5% da populao do Pas, com a densidade demogrfica de apenas 2,01 hab/km.

    Os centros urbanos que mais se destacam dentre os 304 municpios da regio hidrogrfica amaznica,so as capitais de Estado, Manaus, Rio Branco, Porto Velho, Boa Vista, Macap, bem como osmunicpios de Santarm (PA) e Sinop (MT).

    A Figura 8 a seguir ilustra graficamente a bacia amaznica.

    Figura 8 Bacia Amaznica

    Durante as estaes de chuvas a rea coberta por gua no rio Amazonas e seus afluentes mais do quetriplica pois, em mdia, esto submersas na estao seca 110.000 km, enquanto que na estao daschuvas, essa rea chega a ser de 350.000 km. No seu ponto mais largo o rio Amazonas mede napoca seca 11 km de largura e na estao das chuvas atinge 45 km.

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    A maior bacia hidrogrfica do mundo abriga metade das espcies conhecidas de plantas tropicais,uma variedade de peixes maior que a do Oceano Atlntico, e possui aproximadamente 80 milquilmetros de rios navegveis.

    O ecossistema amaznico constitui um grande reservatrio da biodiversidade do planeta, com

    grandes potenciais ainda inexplorados, alm de abrigar imensas quantidades de minrios, terrasagricultveis e outros tantos recursos.

    b) Floresta AmaznicaMaior floresta tropical contnua do mundo, a Amaznia tem 6,7 milhes de km2, sendo que 57,76%esto em territrio brasileiro (3,87 milhes de km2), dividindo-se o restante entre as duas Guianas,Suriname, Venezuela, Colmbia, Equador, Peru e Bolvia.

    A floresta amaznica a floresta equatorial que forma a maior parte da Amaznia, sendo uma dastrs grandes florestas tropicais do mundo. A hilia amaznica (como a definiu Alexander von

    Humboldt), vista de cima por satlite, possui a aparncia de uma camada contnua de copas, situadasa aproximadamente 50 metros do solo.

    A Amaznia abriga um tero das florestas tropicais midas do planeta, que concentram cerca de 30%da diversidade biolgica mundial e apresentam imenso potencial gentico, princpios ativos deinestimvel interesse econmico e social e oferta de produtos florestais com alto valor no mercado,sendo que o patrimnio biolgico representa grande potencial ecolgico, econmico e poltico, deimportncia estratgica regional, nacional e internacional.

    Figura 9 Florestas Tropicais do Mundo

    A dificuldade para a entrada de luz pela abundncia de copas das rvores faz com que a vegetaorasteira seja muito escassa na Amaznia e, conseqentemente, prejudicando os animais herbvorosque habitam o solo e precisam desta vegetao para subsistncia.

    A maior parte da fauna amaznica composta de animais que habitam as copas das rvores, entre30 e 50 metros, no existindo animais de grande porte, como nas savanas. Entre as espcies que

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    habitam nas copas esto as aves, tais como os papagaios, tucanos e pica-paus, e entre os mamferosesto os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.

    A diversidade de espcies e a dificuldade de acesso s altas copas, fazem com que grande parte dafauna ainda seja desconhecida.

    Apesar de abrigar mais de um tero das espcies de animais e plantas existentes no planeta, aamaznia um ecossistema frgil, pois cerca de 60% do seu solo so de baixo ou nulo potencialagrcola, o que faz com que a extrao de madeira seja a principal atividade econmica.

    O solo amaznico bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Apesar disso, aflora e fauna mantm-se em virtude do estado de equilbrio (clmax) atingido pelo ecossistema, e oaproveitamento de recursos timo, havendo mnimo de perdas.

    Um exemplo claro est na distribuio acentuada de macrorrizas pelo solo, que garantem s razesuma absoro rpida dos nutrientes que escorrem com as chuvas das copas das rvores da floresta.

    Tambm forma-se no solo uma camada de decomposio de folhas, galhos e animais mortos querapidamente so convertidos em nutrientes e aproveitados antes da lixiviao.

    A diversidade to grande que, para efeitos de pesquisa e planejamento, a regio est sendo divididaem 23 ecorregies ou amaznias, facilitando a sistematizao de dados sobre clima, vegetao,

    botnica, aves, peixes, solos, fungos, bactrias, vrus (de espcies vegetais e animais), povosindgenas, meio ambiente e biodiversidade, de modo geral.

    A diversidade e a integrao de ecossistemas amaznicos interagem de tal forma, que aes deocupao ou desenvolvimento numa determinada regio podem repercutir sobre as caractersticas do

    ecossistema em outra regio, exigindo no planejamento o desafio de se buscar ou encontrar soluesconjuntas.

    c) Bioma AmazniaO bioma amaznia, com rea total de 4.871 milhes km2, abrange no Brasil uma rea cerca de 4,197milhes de km2 (86,16% do bioma e 49,28% do territrio brasileiro), formado por 23 ecorregies,sendo uma das principais caractersticas usadas na separao das ecorregies, os grandes interflviosda bacia amaznica, portanto, com rea de 8,4% maior que a da bacia hidrogrfica.

    Estes ecossistemas abrangem os Estados do Acre, Amap, Amazonas, Par, Rondnia, Roraima,pequena parte do Maranho, Tocantins e Mato Grosso, incluindo tambm zonas de transio com osbiomas vizinhos, Cerrado, caatinga e pantanal.

    Sob o aspecto de regio fitoecolgica o bioma amaznia constituda pelos seguintes ecossistemas:

    Floresta ombrfila densa (a chamada Floresta Amaznica); Floresta ombrfila aberta; Campinarana; Refgios ecolgicos; Savanas amaznicas.

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    A regio fitoecolgica pode ser considerada como o espao definido por uma florstica de gnerostpicos e de formas biolgicas caractersticas, que se repetem dentro de um mesmo clima, podendoocorrer em terrenos de litologias variadas, mas com relevo bem marcado.

    Os refgios ecolgicos so reas geralmente isoladas e relquias de possveis paleoclimas que

    permaneceram intactos, ou quase intactos, situando-se nas partes mais elevadas dos planaltos.

    A representao das paisagens em cada ecorregio importante para a conservao da biodiversidadee tem que ser estabelecida na mesma individualmente, pois cada uma delas uma unidade

    biogeogrfica distinta, resultante de processos histricos, evolutivos e ecolgicos, apresentando,desta forma, componentes biticos e abiticos nicos.

    Este sistema deve, necessariamente, incluir todos os tipos de paisagem existentes, na ecorregio,dando-se especial ateno queles ambientes nicos e de distribuio restrita, pois estes so os que

    podem abrigar, com maior probabilidade, elementos biticos singulares.

    O planejamento atual da criao de novas unidades de conservao em cada uma das ecorregiesdeve atentar para a conexo das mesmas atravs de corredores ecolgicos, incluindo-se unidades deconservao de uso sustentvel e as terras indgenas, desde que haja um monitoramento permanenteda qualidade ambiental destas reas.

    d) Amaznia LegalNo Brasil, para efeitos de governo e economia, a amaznia delimitada por uma rea chamada"Amaznia Legal" definida a partir da criao da SUDAM (Superintendncia do Desenvolvimento daAmaznia), em 1966.

    A Amaznia Legal constituda por um conceito essencialmente poltico para fins de planejamentogovernamental, o qual aumenta em 1,3 milhes de km2 a rea da amaznia brasileira, totalizando5.170.000 km2, englobando nela uma longa faixa de vegetao de transio, com cerca de700 mil km2.

    A rea da Amaznia Legal composta de 61% de floresta (3.153.700 km2), 14% de savana (723.800km2), 10% de savana estpica (517.000 km2), e outros tipos de vegetao, e 15% de rea antrpica(modificada pelo homem) da ordem de (775.500 km2).

    Da rea antrpica, a criao de gado toma conta de 8%, a agricultura de 2%, a vegetao secundriade 5% e as reas urbanas correspondem a 0,05%, resultando o total de 15,05% equivalente rea de116.712 km2, caracterizando a ocorrncia de um desmatamento com rea inaproveitada de658.788 km2, da ordem de 12,74% da rea total.

    A Amaznia Legal brasileira abrange nove estados constitudos pelos Estados do Amazonas, Amap,Acre, Mato Grosso, oeste do Maranho, Par, Rondnia, Roraima e Tocantins.

    Destes nove Estados, cinco (Amazonas, Acre, Rondnia, Roraima e Amap) tm a totalidade de seusterritrios na Bacia Amaznica, enquanto os outros quatro somente uma parte.

    As zonas da Amaznia Legal podem ser classificadas em no-florestal, desmatada, sob pressoantrpica e florestal.

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    No-florestal a regio coberta por Cerrados, campos e campinaranas, localizando-se,principalmente, no arco leste-sul da amaznia (exceo para algumas reas no norte doAmazonas e Roraima), abrangendo 1,218 milho de quilmetros quadrados (24%). Parte dessazona compreende a regio de colonizao antiga cujas atividades principais so a pecuria

    extensiva e a agricultura, com destaque para os gros. Desmatada uma rea originalmente coberta por florestas, mas cujos municpios j perderam

    mais de 70% de sua rea florestal (excluindo-se as reas protegidas). Esses municpios estosituados ao longo do arco do desmatamento em uma regio de colonizao antiga. Essa zonasoma 0,514 milho de quilmetros quadrados (10%). As principais atividades econmicas so a

    pecuria extensiva e a agricultura.

    Sob presso corresponde aos municpios situados nas novas fronteiras agrcolas caracterizadaspelo desmatamento e ocupao da amaznia. Essa zona representa cerca de 0,7 milho dequilmetros quadrados (14% da regio). As principais atividades econmicas so a exploraomadeireira predatria e a pecuria extensiva.

    Florestal a regio mais conservada da Amaznia, com apenas 5% da cobertura florestaldesmatada, abrangendo 2,6 milhes de quilmetros quadrados (52%), com exceo do ploindustrial de Manaus e outros poucos municpios com explorao mineral e de gs-petrleo,tendo essa regio atividades econmicas incipientes (extrativismo no-madeireiro e atividademadeireira).

    A Tabela 11 e Figura 10 a seguir ilustram as zonas da Amaznia Legal.

    Tabela 11 Zonas da Amaznia Legal

    Indicadores e Zonas na Amaznia LegalNo-

    florestalDesmatada

    Sobpresso

    Florestal

    Nmero de municpios 366 218 26 164

    rea (mihares de km2) (IBGE) 1.218,8 513,5 690,2 2.626,1

    - Desmatamento total at 2005 (%) (Inpe 2005) - 0 - 56 16 5

    - reas Protegidas at 2006 (%) (Isa 2005) 28 23 50 49

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    Figura 10 - Mapa da Amaznia Legal

    8.3.2. Plano da Amaznia Sustentvel (PAS)A amaznia brasileira foi tratada por muito tempo como territrio homogneo e sujeito s aes decarter padronizado, como se a floresta tropical pudesse ser considerada espao fsico a serdesbravado e ocupado, nos moldes do que ocorreu com outras reas do globo e do Pas, a partir da

    falsa premissa que a mesma ocupava toda a extenso territorial da regio.A percepo de que o territrio amaznico complexo e multifacetado, e que a diversidade regional antes de tudo uma oportunidade, nos remete necessidade de compreend-la melhor.

    essa diversidade e sua respectiva traduo territorial que devem nortear o novo olhar para a regio,em que espaos distintos, com caractersticas prprias, se distinguem e se complementam, em prol damelhoria da qualidade de vida da populao local, cumprindo na sua amplitude o papel de destaqueque cabe amaznia no cenrio poltico-institucional brasileiro.

    Ao se estratificar o territrio amaznico e se compreender o escopo de sua rica diversidade, o PAS

    acena com uma nova proposta de desenvolvimento, um novo olhar para o territrio, caracterizando-secomo instrumento de redefinio da abordagem estratgica que se prope regio.

    Apesar da aparente homogeneidade, o meio ambiente amaznico possui grande diversidade interna.Da ordem de 62% da amaznia legal mantm sua cobertura florestal original 20% ocupadas porCerrados e ecossistemas de transio.

    Quase a metade do Cerrado brasileiro est na amaznia legal. A proporo coberta por florestas maior na amaznia central e sobretudo na amaznia ocidental, onde a ao antrpica tem sido menosintensa. Dois teros da cobertura florestal so florestas densas de terra firme ou de vrzea e um tero constitudo por florestas abertas, transacionais e estacionais.

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    Referente estratgia, a diversidade interna da amaznia pode ser resumida em termos de trsmacrorregies:

    Arco do povoamento adensado, que corresponde borda meridional e oriental, do sudeste doAcre ao sul do Amap, incluindo Rondnia, Mato Grosso, Tocantins e o sudeste e nordeste do

    Par;

    Amaznia central, que corresponde ao oeste e norte do Par, ao norte do Amap e ao vale do rioMadeira, no Amazonas;

    Amaznia ocidental, que consiste no restante do Amazonas acrescido de Roraima e do centro eoeste do Acre.

    Resumindo as diferenas entre as trs macrorregies propostas, observa-se que o arco do povoamentoadensado concentra a maior parte da produo agropecuria, do desmatamento e da populao. Naamaznia ocidental esto concentrados os macios florestais, as maiores unidades de conservao e

    as populaes indgenas e tradicionais. A fronteira em vias de ocupao da amaznia centralconstitui-se em uma transio entre uma macrorregio e outra.

    Dentro das trs macrorregies do PAS, encontram-se espaos menores diversificados em termossocioeconmicos e ambientais, denominados sub-regies. No mbito do PAS, as sub-regies foramclassificadas de acordo com caractersticas determinantes.

    Tais regies manifestam especificidades, identidades e dinmicas prprias que dificilmentecoincidem com as microrregies ou mesorregies do IBGE. Tampouco coincidem com os recortes

    poltico-administrativos entre pases, estados e municpios. No esgotam o territrio todo, nem so

    mutuamente excludentes, sobrepondo-se uma a outra, em processos dinmicos e evolutivos. Almdisso, atividades diversas, e unidades de conservao de proteo integral, podem ser encontradas nastrs macrorregies.

    Um dos principais desafios do planejamento do desenvolvimento regional sustentvel lidar comesta diversidade sub-regional e local, nas diversas escalas e segundo mltiplos critrios.

    Tratar a amaznia como uma grande regio homognea no mais uma abordagem adequada.Algumas questes relativas ao planejamento regional podem ser tratadas em grandes agregados, masoutras, especialmente quando exigem a participao dos atores locais, demandam recortes especficosem espaos menores. A dinmica regional desigual gerou diferenas econmicas e sociais inter e

    intra-regionais.

    8.3.3. Infraestrutura Rodoviria RegionalOs grandes investimentos em infraestrutura foram os principais vetores de transformao do espao eda dinmica social na amaznia ao longo das ltimas dcadas.

    Ora defendidos como condio essencial ao desenvolvimento e integrao da regio ao Pas, oracriticados como vetor de devastao ambiental, conflitos sociais e fragmentao territorial, osgrandes projetos de infraestrutura na amaznia ainda no foram avaliados adequadamente quanto a

    seus custos e benefcios.

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    Anteriormente ao Plano Sustentvel da Rodovia BR-163, que almeja o asfaltamento da RodoviaCuiab-Santarm com uma estratgia de desenvolvimento da sua rea de influncia, jamais asdecises sobre as obras na regio eram integradas a um processo abrangente de planejamentomultissetorial.

    O resultado era um padro distorcido de intervenes autoritrias, com grande impactosocioambiental, em que raramente as vocaes econmicas e os interesses das populaes regionaiseram considerados.

    A mera expectativa de realizao de grandes obras estimulava especulao fundiria, grilagem deterras pblicas, s migraes e, em conseqncia, a abertura de novas frentes de desmatamento e aocupao desordenada do espao territorial.

    Por outro lado, faltavam condies estruturais bsicas para viabilizar a economia local,principalmente em termos de acesso energia, manuteno de estradas vicinais, melhoria da

    confiabilidade e segurana do transporte fluvial, acesso s comunicaes, capacidade de estocagemde mercadorias e boa conservao dos produtos.

    O sistema de transportes na amaznia brasileira, no obstante a grande expanso ocorrida nas ltimasdcadas, ainda apresenta-se bastante insuficiente para o atendimento das necessidades locais, com

    baixo grau de eficincia e operando em condies bastante precrias.

    A rede fluvial a mais extensa do pas e uma das maiores do mundo, com cerca de 20.000 km, comboas condies de calado, particularmente na estao das chuvas, mas operando com equipamentobastante precrio.

    A malha rodoviria bastante reduzida, e em sua maior parte no pavimentada, concentrando-seessencialmente na macrorregio do arco do povoamento adensado. As rodovias totalizam 241 milkm, estando a maior malha no Mato Grosso (84,6 mil km), Maranho (53,2 mil km) e Par (34,6 milkm).

    Sete grandes rodovias federais estruturam a rede rodoviria regional:

    BR-230 (Transamaznica), BR-163 (Cuiab Santarm), BR-364 (Cuiab Porto Velho Rio Branco), BR-319 (Porto Velho Manaus), BR-174 (Manaus Boa Vista), BR-010/153 (Belm Braslia), BR-316 (Belm So Luis).A malha ferroviria extremamente reduzida na regio, restringindo-se s seguintes ferrovias: EFCarajs, com 1.056 km, ligando Carajs, no Par ao porto de Itaqui, no Maranho; a Ferrovia Norte-Sul, com 226 km, em operao entre Aailndia e Estreito, ambas no Maranho; um pequeno trecho,90 km da Ferronorte, no sul do Mato Grosso, em direo a Santos; alm de pequenas ferrovias, como

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    a Estrada de Ferro Amap (194 km), a Estrada de Ferro Jari (68 km) e a Estrada de Ferro Trombetas(35 km).

    O sistema porturio possui grande importncia na Amaznia, devido s imensas distncias e sgrandes dificuldades de acesso terrestre a boa parte das regies. Os principais portos so:

    Itaqui (embarque de minrio de ferro e gros); Belm (carga geral e combustvel); Vila do Conde/Barcarena (embarque de alumina e alumnio); Manaus (carga geral e combustvel); Santarm (carga geral e gros); Itacoatiara (gros);

    Porto Velho (gros) e Trombetas (bauxita).Pelos mesmos motivos anteriores, o sistema aeroporturio tem grande relevncia. Os principaisaeroportos so os de Belm e Manaus, secundados pelos aeroportos de Cuiab e So Lus e dasdemais capitais.

    A formao de eixos de transporte decorrentes do processo de integrao terrestre e fluvial doterritrio atraiu investimentos pblicos e privados, definindo uma espcie de macro zoneamento daregio.

    Trs questes relativas matriz de transporte merecem tratamento estratgico:Primeiramente, a abertura de novas estradas pode induzir ou facilitar o uso intensivo e extensivo dosrecursos naturais pois, ao se elevar a oferta de terras, e conseqentemente a reduo o seu preo,viabiliza vrias atividades danosas economia da regio, tais como a pecuria de baixa

    produtividade, a explorao madeireira e a produo de carvo vegetal.

    De outro lado, o asfaltamento de estradas e a melhoria geral da infraestrutura em regies j ocupadasinduzem a elevao do preo da terra e intensificao de seu uso, resultando em padres maiselevados de produtividade e competitividade.

    Por ltimo, na definio das necessidades regionais, devido a uma tendncia histrica de sedesconsiderar as alternativas para melhoria dos transportes fluviais e de integrao multimodal detransportes.

    Tem-se observado notvel efeito das polticas pblicas, em particular aquelas associadas infraestrutura, nas expectativas dos diversos segmentos sociais. A simples possibilidade de novasestradas vem produzindo intensa mobilizao de agentes, que procuram garantir primazia no acessoaos recursos naturais.

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    8.3.4. Caracterizao ambiental da regioa) Caracterizao ambiental do meio fsico PedologiaO bioma amaznia possui cerca de cinco milhes de km

    2

    de solos, dos quais em 50% deste territriotem aptido agrcola variando de regular restrita, sendo que cerca de um oitavo (625.000 km 2) estem uso e o restante com limitaes muito fortes no solo (toxidez e falta de nutrientes) ou natopografia desaconselha a utilizao agrcola.

    Na subseo 8.3.6. Experincias de Revegetao apresentada a pesquisa sobre revegetaoelaborada pelo extinto DNER/MT nos idos de 1975, pelos tcnicos do IRI - Internacional ResearchInstitute e do Instituto de Pesquisas Rodovirias (IPR), sob a superviso do1 Distrito Rodovirio Federal, ao longo dos 390 km da Rodovia Porto Velho - Manaus (BR-319/AM).

    Esta pesquisa evidenciou a caracterstica generalizada da extrema acidez e toxidade dos solos daregio amaznica, depreendendo-se que os mesmos necessitam de altas doses de calcrio paraneutralizar o alumnio livre e elevar o pH a nveis satisfatrios, tornando esta operaoeconomicamente invivel para a agricultura.

    GeologiaA amaznia possui um subsolo com gigantescas reservas de minrios tradicionais em explorao(ferro, bauxita, ouro, cassiterita e mangans) e ocorrncias de minrios com potencial para novasaplicaes tecnolgicas (nibio, titnio).

    Em termos fsicos a reduzida fertilidade de grande parte dos solos devida elevada pluviosidade,solo arenoso de alta toxidez, s pragas, doenas e ervas daninhas comuns no trpico mido e onde a

    prpria abundncia de recursos favorece sua explorao insustentvel e o isolamento dificulta aintegrao econmica, social e poltica.

    RelevoA topografia da bacia no sempre plana, mas contm ondulaes, serras e planaltos, na medida emque se afasta da calha do rio Amazonas. Os rios so de guas claras, brancas e negras e o esturiodistingue-se pelas ilhas, furos e mars.

    ClimaO clima no homogneo no espao e no tempo: 17% da amaznia tm precipitao anual abaixo de1.800 mm e uma estao nitidamente seca; 38% tm chuvas entre 1.800 e 2.200 mm por ano e uma

    breve estao de estiagem; 45% da rea, principalmente na amaznia ocidental, recebem mais de2.200 mm por ano, podendo chegar a 3.000 mm, mantendo umidade expressiva durante o ano inteiro.

    No vasto espao da regio amaznica, onde prevalece uma topografia de baixas altitudes, atuam osseguintes sistemas de circulao atmosfrica: anticiclone subtropical semi-fixo do Atlntico Sul eanticiclone subtropical semi-fixo dos Aores, origem dos ventos estveis de leste (E) a nordeste

    (NE); massa de ar equatorial (mEc) ou sistema de circulao perturbada de oeste (O); circulaoperturbada de norte (N) ou zona de convergncia intertropical (CIT); sistema de circulao

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    perturbada de sul (S), decorrente da invaso do anticiclone polar com sua descontinuidade frontal, frente polar. Os ventos de oeste (0), do norte (N) e do sul (S) por serem correntes perturbadas, soresponsveis por instabilidades e chuvas.

    Quanto ao regime trmico, o clima quente, com temperatura mdia anual variando entre 24 e 26

    C. Apenas as reas serranas da fronteira setentrional, Planalto Guiano e Meridional, Serra dosPacas Novos e Chapada dos Parecs possuem temperatura mdia inferior a 24 C. Temperaturassuperiores a 26 C so registradas ao longo dos cursos baixo e mdio do rio Amazonas. Os mesesmais quentes (setembro-outubro) no registram mximas dirias elevadas, em funo da intensanebulosidade e da alta umidade relativa, exceto no mdio rio Amazonas e no sudeste do Par, onde jforam registradas mximas de 40 C. No perodo de junho a agosto, as temperaturas so maisamenas, com mdias em tomo de 22 C, no entanto comum ocorrer mnimas dirias inferiores a 12C na poro meridional da regio.

    Este fato decorre da invaso do anticiclone polar de trajetria continental e da frente polar deleresultante, muito comum no inverno, ocasio em que so produzidos abaixamentos trmicos degrande significado regional. O fenmeno conhecido por "friagem" pode ocasionar mnimas absolutasde at 8 C, conforme j registradas no Acre, Rondnia e sul do Amazonas.

    b) Distribuio da pluviosidadeCom relao pluviosidade, no h uma longa homogeneidade espacial como acontece com atemperatura. Na foz do rio Amazonas, no litoral do Amap e no extremo noroeste do Amazonas,onde so freqentes a atuao da massa de ar equatorial (mEc) e da convergncia intertropical (CIT),o total pluviomtrico anual excede a 3.000 mm.

    Por outro lado, o setor menos chuvoso corresponde ao corredor de direo NO/SE, que se estende deRoraima a leste do Par, que por no estar sujeito ao dos ventos instveis de O e de NO,apresenta total pluviomtrico entre 1.500 e 1.700 mm anual.

    O perodo chuvoso ocorre nos meses correspondentes ao vero-outono, com exceo de Roraima edo norte do Amazonas, onde o mximo pluviomtrico se d no inverno e o mnimo no vero, porestarem ligados ao regime do Hemisfrio Norte.

    A durao do perodo seco de 1 a 3 meses, na maioria da regio, exceto na rea ocidental e emtorno de Belm, onde no existe sequer um ms seco. Outra exceo o leste de Roraima, onde o

    perodo seco se estende de 4 a 5 meses.A Figura 11 a seguir contm o mapa das Unidades Climticas Brasileiras.

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    Figura 11 Mapa das Unidades Climticas Brasileiras

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    c) Unidades de ConservaoO SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza) contm vrias unidades deconservao nos estados ocupados pela Amaznia, sendo que entre as de proteo integral existem

    dez Parques Nacionais (alm do Ja) e oito reservas biolgicas, entre outros.Entre as unidades de uso sustentvel esto as reservas extrativistas, as quais so, na maioria,administradas por ONG em parceria com o poder pblico e com as prprias populaes tradicionais,acostumadas ao uso sustentado dos recursos naturais.

    Atualmente a rea total de UC na Amaznia chega a 688.870 km, significando queaproximadamente 13% da Amaznia esto protegidos por 129 Unidades de Conservao .

    Desse total, 216.480 km compem a rea das 51 UC de proteo integral ((parques, estaesecolgicas e reservas biolgicas), ocupando 4,18% do bioma e 472.400 km correspondem rea das

    78 UC de uso sustentvel (florestas, reservas extrativistas e reas de proteo ambiental), ocupando9,1% do mesmo.

    Da rea do bioma, 22,86% ocupado por 259 terras indgenas, o qual somado aos territrios das UC,totalizam 36,14% do mesmo.

    Alm do exposto, ainda no foram contabilizados 154.000 km2 que esto na rea decretada soblimitao administrativa provisria ao longo da BR-319 no Amazonas para o estudo de criao denovas UC e destinao da terra.

    O Programa reas Protegidas da Amaznia (Arpa) planeja criar at 2009 mais 500.000 km2 emunidades de conservao, implementando novas UC de proteo integral e uso sustentvel e, entre2009 e 2012, consolidar e manter as UC de proteo integral existentes.

    O Arpa traz inovaes importantes, pois administra os recursos do Fundo Brasileiro para aBiodiversidade (Funbio) e os emprega com agilidade, flexibilidade e segurana, conforme asdecises das instncias do programa.

    Com as novas unidades de conservao que esto para ser criadas, particularmente no sudesteamazonense, assim como algumas terras indgenas a serem demarcadas, o total de reas protegidas naAmaznia Legal dever ser ainda significativamente ampliado.

    8.3.5. Caractersticas peculiares das espcies vegetaisO bioma amaznia constitudo pelos seguintes ecossistemas:

    a) Floresta ombrfila densa (Floresta pluvial tropical)O termo floresta ombrfila densa, criado por Ellemmberg & Mueller-Dombois (1965/66) (apudVeloso Rangel - Filho e Lima, 1991), substitui o termo pluvial (de origem latina) por ombrfila (deorigem grega), ambos com o mesmo significado "amigo das chuvas", alm disto, empregaram pela

    primeira vez os termos densa e aberta como diviso das florestas dentro do espao intertropical.

    Este tipo de vegetao caracterizado por fanerfitos nas subformas de vida macro e

    mesofanerfitos, alm de lianas lenhosas e epfitas em abundncia, que o diferencia das outrasclasses de formaes.

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    A caracterstica ecolgica principal deste tipo florestal est ligada aos fatores climticos tropicais deelevadas temperaturas (mdias entorno de 25 C) e de alta precipitao, bem distribuda durante oano (no mximo 60 dias secos), o que determina uma situao sem perodo biologicamente seco.

    As reas deste tipo de vegetao so constitudas por rvores que variam de mdio a grande porte

    com gneros tpicos que as caracterizam muito bem na Amaznia: Hevea, Bertholetia e Dinzia;sendo comum a presena de trepadeiras lenhosas, palmeiras e epfitas em abundncia.

    A floresta ombrfila densa apresenta cinco formaes: aluvial, terras baixas, submontana, montana ealto montana, conforme mostrado na Figura 12 a seguir.

    Figura 12 Perfil esquemtico de floresta ombrfila densa

    1500

    1000

    0 -

    5

    m

    5m

    500

    250

    0

    4

    3

    2

    1

    1 - aluvial 2 - terras baixas 3 - submontan a 4 - montana 5 - alto montan a

    b) Floresta ombrfila aberta (Floresta de transio).Este tipo de vegetao existente entre a amaznia e o espao extra-amaznico, foi conhecido atrecentemente como "rea de transio", ocorrendo, em geral, sob um clima que pode apresentar um

    perodo com mais de dois e menos de quatro meses secos, com temperaturas mdias entre 24 C e25C. A fisionomia florestal composta de rvores mais espaadas, com estrato arbustivo pouco denso,e caracterizada ora pelas fanerfitas rosuladas, ora pelas lianas lenhosas.

    Esta regio fitoecolgica ocorre com quatro tipos florsticos, que alteram a fisionomia ecolgica dafloresta ombrfila densa, imprimindo-lhe claros, advindo da o nome adotado e abrigando a floresta-

    de-palmeiras (cocal), onde a Orbignya phalerata (babau) e a Maximiliana regia (inaj) so asPalmae mais importantes; a floresta-de-bambu (bambuzal), dominada pelo gnero Bambusa,subgnero Chusquea; a floresta-de-cip (cipoal), assim denominado em funo da enormequantidade de lianas que envolvem as suas poucas e espaadas rvores; e a floresta-de-sororoca(sororocal), caracterizada pelos agrupamentos da Musaceae Phenakospermum guyanense(sororoca)A Figura 13 a seguir ilustra o perfil esquemtico da floresta ombrfila aberta.

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    Figura 13 Perfil esquemtico das fcies da floresta ombrfila aberta

    40m

    20 -

    0 -

    1 23

    4

    1 - com cip 2 - com palmeira 3 - com bambu 4 - com sororoca

    c) Campinarana (Campinas do rio Negro)Os termos campinarana e campina so sinnimos e significam "falso campo", entretanto, a prioridadecabe ao primeiro termo porque Ducke, 1938 (apud Veloso Rangel e Lima, 1991) e Sampaio (1944) oempregaram para regio do Alto Rio Negro, embora tambm se referiram ao mesmo tipo devegetao com a designao "Caatinga do rio Negro".

    um tipo de vegetao restrito s reas do alto rio Negro e adjacncias dos seus afluentes,penetrando na Colmbia e Venezuela, onde ocorre em reas semelhantes.

    Reveste as reas deprimidas, quase sempre encharcadas, sendo caracterizada por agrupamentos deuma vegetao fina e alta do tipo "ripria", que resultante da pobreza de nutrientes minerais do solo(oligotrofia). Estes locais so constitudos pela maior pluviosidade no territrio brasileiro, com cercade 4.000 mm anuais, bem distribudas mensalmente, mas com chuvas torrenciais no vero.

    Estas caractersticas propiciam o estabelecimento desta vegetao oligotrfica, da enfatizar-se a

    expresso vegetao de influncia pluvial. As temperaturas atingem, em mdia, 25 C.

    Na campinarana brasileira ocorre o domnio monoespecfico de palmerinha Barcella odora(piaabarana), alm de vrias espcies dos gnerosAldina, Henriquezia, Leopoldinae outros.

    A campinarana compreende trs subgrupos de formao: florestada, arborizada e gramneo-lenhosa,conforme as Figuras 14 e 15 a seguir.

    Figura 14 - Perfil esquemtico da campinarana (Campinas)

    12

    3

    1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Gramneo Lenhosa

    0 -

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    Figura 15 Blocos Diagramas das fisionomias ecolgicas da campinarana

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    1 - Florestada 2 - Arborizada 3 - Gramneo Lenhosa

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    d) Savana (Cerrado)A denominao savana originria da Venezuela, onde foi utilizada pelo naturalista espanhol Oviedo

    y Valdez para definir os llanos arbolados que revestemas extensas reas estacionais venezuelanas.Todavia, foi Tansley, eclogo ingls, quem reintroduziu o termo no vocabulrio americano na dcadade 30.

    A savana (Cerrado) conceituada como uma vegetao xeromorfa, preferencialmente de climaestacional, com cerca de seis meses secos, podendo, todavia, ser encontrada tambm em climaombrfilo. Reveste solos lixiviados aluminizados, apresentando sinsias de hemicriptfitos, gefitos,camfitos e fanerfitos, oligotrficos de pequeno porte, com ocorrncia por toda a zona neotropical.

    uma vegetao que ocorre predominantemente no Centro-Oeste, mas suas disjunes aparecem naAmaznia setentrional desde o vale do rio Tacutu, em Roraima, at os tabuleiros do Amap.

    Ela apresenta formaes distintas, da florestada a gramneo-lenhosas, em geral serpenteadas porflorestas-de-galeria, revestindo solos lixiviados aluminizados.

    Caracteriza-se por apresentar uma estrutura composta por rvores baixas e tortuosas, isoladas ouagrupadas sobre um contnuo tapete graminoso. No extrato arbreo, constitudo de micro emacrofanerfitos, predominam os gneros Qualea, Vochysia, Caryocar, Salvertia, Callisthene,Kielmeyera, Bauhinia e Styrax, entre outros. No gramneo-lenhoso predominam camfitas,

    pertencentes s famlias myrtaceae, leguminosa e hemicriptfitas pertencentes s gramneas.

    Os indivduos lenhosos que compem a savana apresentam brotos foliares bem protegidos, casca

    grossa e rugosa, esgalhamento profuso, grandes folhas coriceas e perenes e rgos de reserva

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    subterrneos (xilopdios) geralmente profundos, constituindo formas biolgicas adaptadas a soloscidos, deficientes e aluminizados.

    A savana compreende quatro subgrupos de formao: florestada (cerrado), arborizada (campoCerrado), parque (parkland-parque de Cerrado) e gramneo-lenhosa (campo), conforme mostrado nas

    Figuras 16 e 17 a segui