Manual de Histologia - Glerean

204

Transcript of Manual de Histologia - Glerean

Page 1: Manual de Histologia - Glerean
Page 2: Manual de Histologia - Glerean

Manual de H I S T O L O G I A

TEXTO E ATLAS Paraos Estudantes da Area da Saúde

ALVARO GLEREAN

Ex-docente do Departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, USP.

Ex-docente da Disciplina de Histologia do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo,

Escola Paulista de Medicina, UNIFESP-EPM

Com 369 figuras em cores eempreto-e-branco

\ A t h e n e u

São Paulo • Rio de Janeiro • Ribeirão Preto • Belo Horizonte

Page 3: Manual de Histologia - Glerean

EDITORA ATHENEU São Paulo — Rua Jesuíno Pascoal, 30 Tels.: (11) 3331-9186 • 223-0143

222-4199 (R. 25, 26, 28 e 30) Fax: (11) 223-5513 E-mail: [email protected]

Rio de Janeiro — Rua Bambina, 74 Tel: (21) 2539-1295 Fax: (21) 2538-1284 E-mail: [email protected]

Ribeirão Preto — Rua Barão do Amazonas, 1.435 Tel: (16) 636-8950 • 636-5422 Fax: (16) 636-3889

Belo Horizonte — Rua Domingos Vieira, 319 — Conj. 1.104

PLANEJAMENTO GRÁFICO/CAPA: Equipe Atheneu

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Glerean, Alvaro Manual de histologia: texto e atlas: para os

estudantes da área da saúde/Alvaro Glerean. — São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

P. de rosto: Com 369 figuras em cores e em preto-e-branco.

1. Histologia 2. Histologia Atlas I . Título

CDD-611.018 01-6522 NLM-QS 504

índice para catálogo sistemático:

1. Histologia: Textos e atlas: Anatomia humana 611.018

GLEREAN A. Manual de Histologia: Texto e Atlas - Para os Estudantes da Area da Saúde — I a reimpressão da 1" edição

©Direitos resenados à EDITORA A THE.XEU — São Paulo. Rio de Janeiro. Ribeirão Preto. Belo Horizonte, 2003

Page 4: Manual de Histologia - Glerean

Sumário

1 Citologia, 1

2 Tecido Epitelial, 29

3 Tecido Conjuntivo Propriamente Dito, 41

4 Tecido Cartilaginoso, 55

5 Tecido Ósseo e Ossificação, 59

6 Tecido Nervoso, 69

7 Tecido Muscular, 81

8 Sistema Cardiovascular, 89

9 Sangue, 99

10 Órgãos Linfáticos, 103

11 Sistema Digestivo, 113

12 Sistema Respiratório, 141

13 Pele e Anexos, 145

14 Sistema Urinário, 155

Page 5: Manual de Histologia - Glerean

15 Glândulas Endócrinas, 163

16 Aparelho Reprodutor Masculino, 173

17 Aparelho Reprodutor Feminino, 179

18 Órgãos dos Sentidos, 187

19 Glossário/Remissivo, 195

20 Bibliografia, 209

Page 6: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Citologia

Alvaro Glerean

INTRODUÇÃO

A Anatomia é o ramo da ciência que estuda a forma e a organização dos seres vivos. A Anatomia microscópica ou Histologia inc lu i o estudo das partes microscópicas , cujas d imensões estão abaixo da visão a olho nu. Como será visto, o estudo das células pertence ao âmbito da Citologia, enquanto que à Histologia cabe o estudo dos tecidos.

Tecido — chama-se tecido a um conjunto de células arranjadas de maneira específica. Quando as células são todas do mesmo tipo, o tecido pode ser chamado simples, como é o caso do tecido epitelial, e do tecido adiposo, consti tuídos, apenas, por células adiposas. A maioria dos tecidos é formada por tipos diferentes de células que possuem, por sua vez, funções diferentes, como é o caso dos tecidos conjuntivo e nervoso. Sendo assim, os tecidos formam os órgãos ou sistemas. São quatro os tecidos básicos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.

Órgão, Estroma, Parênquima: órgão pode ser conceituado como sendo um grupo, anatomicamente distinto, de tecidos, como fígado, pul mão, baço e coração, por exemplo. U m órgão é formado por tecidos diferentes, que exercem

diversas funções. Chama-se estroma ao conjunto de constituintes de um órgão, não diretamente relacionado com sua função específica, mas que é comum a diferentes órgãos. E reservado o termo parênquima ao conjunto de cé lulas destinadas a exercer uma ou mais funções específicas e, portanto, existentes apenas em determinados órgãos.

CONCEITO

A célula pode ser considerada a unidade anatómica e funcional de todo ser vivo. Ela é capaz de por si só desempenhar todas as funções necessárias à vida, possibilitando a existência de seres unicelulares. Nos seres consti tuídos por mais de uma célula, a evolução condicionou, por meio da diferenciação, o aparecimento de agrupamentos celulares destinados a exercerem funções específicas, o que originou os órgãos.

FORMA

A diferenciação fez com que diversas formas de células surgissem, verdadeiras adaptações a exigências funcionais. Desse modo apareceram células capazes de, no interior do organismo, as-

CAPÍTULO 1 1

Page 7: Manual de Histologia - Glerean

sumir, quando isoladas, a forma esférica; quando agrupadas, dadas as acomodações mecânicas, formas cúbicas, cil índricas, planas etc. As células isoladas, ao se deslocarem, assumem também formas amebóides ou estreladas.

COMPONENTES E ESTRUTURA

As células eucarióticas são basicamente formadas por núcleo (eventualmente mais de um), com seu nucléolo (ou mais de um), e por citoplasma, que possui organelas e inclusões imersas no citosol. A célula é circundada pela membrana plasmática no típico modelo de mosaico fluido, consistindo basicamente moléculas de fosfolipídeos agrupadas como uma bicamada. Do mesmo modo que um organismo possui um esqueleto (ósseo ou cartilaginoso), a célula possui o chamado citoesqueleto, que lhe permite assumir formas as mais diversas, além de propiciar a distribuição espacial das organelas em seu interior, de modo característico para cada tipo, bem como favorecer a maquinaria essencial para a movimentação da célula e das próprias organelas. O citoesqueleto é formado por três tipos de filamentos proteicos: actina, microtúbu-los e filamentos intermediários.

Núcleo

Em um corte histológico é a estrutura mais evidente. E o centro da atividade celular, da divi são celular e nele está depositado o A D N cromos-sômico, sendo também o local de síntese do ARN. O A D N aparece ao microscópio como cromatina, seja em forma de grânulos [heterocromatina) seja em forma dispersa [eucromatina). O ADN na eu-cromatina está acessível à transcrição, enquanto a heterocromatina, não. U m tipo especial de heterocromatina é uma pequena massa globosa que aparece, preferencialmente, nos núcleos de células de seres do sexo feminino, denominada cromatina sexual (cromossoma X); nos núcleos com forma esférica essa massa se situa acolada à membrana nuclear, como é o caso do neurônio, e nas células fusiformes ela se situa em uma das extremidades do núcleo, como é o caso das células musculares lisas. No interior do núcleo existe um ou mais nucléolos.

A forma e o aspecto do núcleo variam muito de acordo com a forma da célula: é esférico numa

célula cúbica, ovóide numa célula prismática e achatado numa célula plana.

Todo núcleo é envolto por duas unidades de membrana que agem como barreira: uma interna, voltada para o nucleoplasma, e outra externa, voltada para o citoplasma, que é cont ínua com o ret ículo endoplasmát ico . Em muitas células que secretam prote ínas , essa membrana externa ao REG e o espaço perinuclear, normalmente existente, tende, nesse caso, a aumentar de volume de acordo com a quantidade de proteína secretada. Na membrana nuclear existem os poros nucleares, que são canais que fazem com que haja comunicação direta entre nucleoplasma e citoplasma; no ponto onde existem os poros, as membranas externa e interna que envolvem o núcleo se tornam cont ínuas. Cada poro consiste de um anel de proteínas com um canal central.

Nucléolo

Estrutura não envolta por membrana, só existente no núcleo em interfase. Seu número pode ser maior do que um. Aparece ao microscópio ele-trônico com regiões fibrilares e granulosas. E o local de t ranscr ição do ARN r ibossômico e de agrupamento das unidades ribossômicas.

Membrana Plasmática

Especializações

a) microvilos — são digitações da superfície da membrana celular de epitélios visando à ampliação da área de absorção;

b) estereocílios — não têm movimentos e são microvilos alongados;

c) cílios — são móveis, movimentam fluidos e partículas, e formados por feixes de microtú-bulos. Na região basal de células transportadoras de íons, aparecem, caracteristicamente, inúmeras invaginações cercadas por mitocôn-drias.

Organelas

Devido à divisão de trabalho no interior do citoplasma celular, apareceram pequenas formações membranosas especializadas, as organelas: ret ículo endoplasmát ico agranular, ret ículo en-

2 CAPÍTULO 1

Page 8: Manual de Histologia - Glerean

F ig . 1.1 — Célula hepática — M.E.T. (Cortesia de L. C. J.)

doplasmático granular, aparelho de Golgi, mito-côndrias, peroxissomas, lisossomas e centríolos. Além das organelas propriamente ditas, o citoplasma contém partículas, os ribossomas e os polis-somas ou polirribossomas.

Retículo endoplasmático liso (REL) ou agra-nular — consiste de uma rede de túbulos ou vesículas membranosas não contendo ribossomas acolados à sua membrana. Sua função principal é a biossíntese de lipídeos e transporte intracelular. Participa ainda do metabolismo do glicogê-nio , de processos de d e s i n t o x i c a ç ã o e tem importante papel no mecanismo da cont ração muscular, envolvendo o íon cálcio.

Retículo endoplasmático granular (REG) — é consti tuído .por uma rede de túbulos, vesículas e de sáculos achatados, membranosos, que se ramifica pelo citoplasma. O aspecto granular é dado por ribossomas que aparecem acolados à superfície dessas membranas.

Proteínas são sintetizadas pelos ribossomas e então lançadas no interior da luz dos sistemas de membranas do REG. As proteínas aqui sintetizadas destinam-se à secreção ou à incorporação aos lisossomas, ou farão parte das membranas celulares.

Ao microscópio óptico, o correspondente er-gastoplasma ou substância basófila do citoplasma, aparece como reg iões evidenciadas por corantes básicos.

Aparelho de Golgi — participa do processamento de cadeias de oligossacarídeos, sintetiza glicoproteínas, processa hidrolases ácidas e sulfata proteínas. Consiste num conjunto de sáculos empilhados com aspecto geral curvo, com a face côncava olhando para o núcleo. Proteínas sintetizadas no REG são transportadas em direção ao Golgi por meio de pequenas vesículas que se dir i gem à porção convexa do aparelho, ou face eis, e fundem-se com as suas membranas. No Golgi, elas se agrupam em vesículas grandes, envoltas por membrana, agora na face côncava ou trans e passam a constituir os grânulos de secreção.

Ao microscópio óptico o aparelho de Golgi aparece como um novelo bem evidenciado por impregnação argêntica.

Mitocôndrias — organelas cuja forma e tamanho são bastante variáveis; em geral são alongadas. Cada mitocôndria possui dupla camada de membranas, sendo a externa permeável e contendo enzimas que convertem lipídeos em formas que podem ser utilizadas pela mitocôndria. A membrana interna se pregueia e constitui as cristas, que se projetam para a cavidade interna onde existe o que se chama de matriz. Esparsos na matriz, podem existir densos grânulos, os grânulos da matriz, provavelmente acúmulos de cátions bi-valentes na forma não ionizada. Na matriz se si-

CAPÍTULO 1 3

Page 9: Manual de Histologia - Glerean

Poro n u c l e a r — cana l que pe rm i te a

c o m u n i c a ç ã o entre

n u c l e o p l a s m a e

c i t o p l a s m a

F i g . 1.2 — Astrócito fibroso — M.E.T. Poro nuclear. (Cortesia de J. A. B.)

tua a maioria das enzimas envolvidas na oxidação de ácidos graxos e do ciclo de Krebs. A membrana interna possui os citocromos, carreadores de moléculas da cadeia de transporte de elétrons e enzimas envolvidas com a produção de ATP.

A mitocôndria possui A D N sintetizado por ela mesma e a duplicação da organela independe do A D N do núcleo da célula.

Ao microscópio óptico as mitocôndrias aparecem como minúsculas formações com aspecto puntiforme ou bastoneiforme, evidenciadas ou por impregnação argêntica ou por método apropriado utilizando hematoxilina.

Ribossomas — são minúsculas organelas ci-toplasmáticas compostas de duas subunidades de tamanhos distintos: um cordão de ARN (ARN r i -bossômico) e proteínas ribossômicas associadas. Ambas unem-se para formar uma estrutura globular condensada.

Peroxissomas — t ambém chamados microcor-pos, são pequenas organelas esféricas envolvidas por membrana. Contêm oxidases que participam de certas vias catabólicas, como a oxidação de ácidos graxos.

Lisossomas — estão presentes em todas as células, mas são mais frequentes nos macrófagos e relacionam-se com processos de digestão celular. Os lisossomas primários variam muito em ta

manho e em aparência , mas são reconhecidos como organelas envolvidas por membrana, contendo no seu interior material granuloso amorfo. Os lisossomas secundários (aqueles que contêm no seu interior material fagocitado) também variam muito de aspecto, mas são reconhecidos pelas diversas partículas existentes no seu interior, algumas muito eletrodensas. Restos de material fagocitado não digerido, permanece no citoplasma e são conhecidos como corpos residuais. São exemplo deles, os pigmentos de uso, por exemplo. Essas organelas contêm mais de 40 diferentes tipos de hidrolases ácidas com pH ótimo de ação entre 4 e 5.

Ao microscópio óptico os lisossomas só são evidenciados após o emprego de métodos citoquí-micos, que visam evidenciar a enzima fosfatase.

Centríolos — têm forma cilíndrica e são formados principalmente por microtúbulos. Organelas especialmente importantes no processo de mitose.

Inclusões — constituem a maneira de a célula armazenar seja produto de secreção (grânulos de secreção), seja carboidratos, seja lipídeos ou pigmentos.

Pigmentos — a cor, em qualquer tecido, é devida, principalmente, ao seu conteúdo em pigmentos. Eles e s t ã o presentes como i n c l u s õ e s

4 CAPÍTULO 1

Page 10: Manual de Histologia - Glerean

I* N ú c l e o d e c r o m a t i n a " f r o u x a " — p r e d o m i n â n c i a de e u c r o m a t i n a

N ú c l e o d e c r o t i n a " d e n s a " — p r e d o m i n â n c i a d e h e t e r o c r o m a t i n a

N ú c l e o l o b a d o

H e t e r o c r o m a t i n a

— reg ião de á rea escura , e le t rodensa

— A D N assoc iado a nuc leopro te ínas

— zona n ã o at iva na síntese de ARN

E u c r o m a t i n a — reg ião d e á rea c l a ra , e le t ro luscente — zona de at iva síntese de ARN

F i g . 1.3 — Medula óssea — M.E.T. Tipos de núcleo. (Cortesia L C. J . ) .

citoplasmáticas, seja normalmente, sejam em consequência a determinadas lesões, daí a importância em saber r e c o n h e c ê - l o s . O pigmento se caracteriza por possuir cor própria em vida e não é resultado de emprego de um corante.

Os pigmentos são divididos em dois grupos: exógenos, aqueles que foram gerados fora do corpo e depois incorporados de algum modo e endógenos, gerados no interior do corpo a partir de substâncias não pigmentadas.

1) Pigmentos exógenos

a) carotenóides — de cor amarela e de origem vegetal;

b) Partículas de poeira — contendo carvão ou sílica, por exemplo e, uma vez inspiradas são fagocitadas por macrófagos e permanecem no seu interior;

c) Minerais — como a prata e o chumbo.

2) Pigmentos endógenos

a) Lipofuscina ou pigmento de uso — cor amarela, encontrado em células normais devido ao fato de mitocôndrias ou outras organelas lesadas se fundirem com lisossomas e seus resíduos não digeríveis permanecerem no interior do citoplasma das células;

b) Hemoglobina — encontrado nas hemácias;

c) Melanina — de cor marrom a preta, encontrado principalmente, na pele e seus anexos e no olho;

d) Derivados da destruição da hemoglobina: hemossiderina — de cor marrom-doura-do, encontrado no citoplasma de fagóci-tos sob forma de grânulos irregulares, contendo ferro na sua molécula, hema-toidina, consequente à lise de hemácias (numa hemorragia, por exemplo), de cor marrom, tem a forma de cristais e é extra-celular, tendo como característica a aus ê n c i a de ferro na sua c o n s t i t u i ç ã o molecular;

e) Bilirrubina — de cor amarela a marrom, é o pigmento que empresta cor à bile, também não contendo ferro na sua molécula.

Polirribossomas ou polissomas podem ser encontrados no citoplasma, na forma livre ou associados ao REG. As p r o t e í n a s sintetizadas naqueles que se encontram na forma livre são usadas para atividades no interior da célula , como na formação, por exemplo, de filamentos; as prote ínas sintetizadas nos ligados à membrana plasmática, entram em suas cisternas, vão ao Golgi e são destinados à secreção e à formação

CAPITULO 1 5

Page 11: Manual de Histologia - Glerean

de lisossomas e de membranas plasmát icas do ret ículo ou do Golgi.

Entre as células, dependendo do tipo de tecido, a substância intersticial por elas produzida ou é delgada e formada por glicoproteínas, como é o caso do tecido epitelial, ou é ampla, como no tecido conjuntivo e formada por material amorfo, constituído por glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas e por material fibrilar, constituído por fibras. Em alguns casos, a substância in

tersticial é acrescida de material inorgânico, como é o caso dos tecidos mineralizados (osso e dente).

Apoptose

A apoptose é o meio mais importante de morte celular programada, como forma de controle das populações celulares em divisão. Nesse processo a célula se torna fragmentada e é ingerida por células adjacentes denominadas "macrófago-7i£e".

a luz das cisternas

p lasmá t i co

F i g . 1.4 — Célula gonadotrófica — M.E.T. (Cortesia de S. F. P./M. I. B.)

F i g . 1.5 — Neurônio — M.E.T. Nucléolo. (Cortesia de J. A. B.j

6 CAPÍTULO 1

Page 12: Manual de Histologia - Glerean

F ig . 1.6 — Fígado — H. férrica. Núc/eo, nucléolo, nucleoplasma.

»• C r o m a t i n a s e x u a l — c r o m o s s o m a X

F ig . 1.7 — Múscu /o liso — H.E. C r o m a t i n a sexua/.

* • N ú c l e o e m i n t e r f a s e — a cé lu la n ã o está e m

d iv i são

* • N ú c l e o e m p r ó f a s e

F ig . 1.8 — Ra/z de cebola — H. férrica. Divisão celular.

CAPÍTULO 1 7

Page 13: Manual de Histologia - Glerean

Prófase esmaecimento nuclear condensação da cromatina aparecimento dos cromossomas em desaparecimento do nucléolo duplicação do centríolo

Anáfase cromossomas pares se separam cromossomas se movem para pólos opostos

Fig. 1.9 — Raiz de cebola — H. férrica. Divisão célula

Metáfase — cromossomas se alinham no equador

da célula — desaparece a membrana nuclear

Anáfase

Fig. 1.10 — Raiz de H. férrica. Divisão celular.

fig. 1.11 — Raiz de cebola — H. férrica. D,

8

MSÕO celular.

Telófase — cromátides se separam dos microtúbulos

• membrana celular se refaz — célula se a longa

final de mitose

Page 14: Manual de Histologia - Glerean

Forma da célula — muitos células possuem forma bem definida — outras, como neste exemplo, adquirem formos distintas

na dependência de atitudes funcionais

Macrófago — célula que não tem forma definida — emite prolongamentos destinados à moti l idade e no

envolvimento de partículas para posterior fagocitose

— a ilustração mostra u m desses flagrantes

! — Macrófago — M.E.T. (Cortesia de T. Z.)

'ÊÊSÊmWÊÊÊk

_ j . •

Plaquetas — M.E.T. (Cortesia de L C. J.)

Plaqueta — f ragmento de célula denominada megacar ióci to — possui estrutura contendo grânulos, microtúbulos e

várias substâncias b io log icamente ativas — apesar de n ã o possuir núcleo, é capaz de exercer

várias e importantíssimas funções

9

Page 15: Manual de Histologia - Glerean

C i t o s o l _ motr iz fluida d a célu _ a r a n d e par te d a m a q u i n a r i a envo lv ida

n a síntese d e p r o t e í n a s , ^ d e g r a d a ç ã o e m e t a b o l i s m o d e c a r b o . d r a t o s

_ p r o t e í n a s filamentosas d o a t o e s q u e l e t o _ p r o d u t o s d e m e t a b o l i s m o _ n u m e r o s o s ribossomas

* • N ú c l e o

C i t o p l a s m a

Fig. 1.15 — Células epiteliais descamadas — Giemsa — Citosol.

M i o f i b r i l a s

V e s í c u l a s d e p i n o c i t o s e

a t r a v é s d a m e m b r a n a

p l a s m á t i c a , v á r i a s

s u b s t â n c i a s p o d e m

p e n e t r a r n o i n t e r i o r

d a s c é l u l a s

a p i n o c i t o s e e n v o l v e a

i n g e s t ã o d e f l u i d o s e d e

s o l u t o s a t r a v é s d e

p e q u e n a s

v e s í c u l a s

1. ié — Músculo liso - M.E.T. (Cortesia de L

CAPÍTUIC

Page 16: Manual de Histologia - Glerean

Mitocôndrias

Interdigitações — extensas ampliações da membrana plasmática — aumentam a superfície e criam espaços

intercelulares — características de células transportadoras de íons — associadas, inúmeras mitocôndrias fornecem

energia para o processo

R9- 1-17 — Túbulo renal — M.E.T. Interdigitações da membrana. (Cortesia de L C. J.)

Capilar sanguíneo

Invaginações da membrana

• Mitocôndrias

Microvilos — especializações da membrana plasmática — prolongamentos digitiformes da superfície

de células epiteliais — ampliam a área disponível para a absorção

Vesículas pinocitóticas

• Microvilos (borda em escova)

Fig. 1.18 - Túbulo contorcido proximal M.E.T. Microvilos. (Cortesia de L. C. J.)

CAPÍTULO 1 1 1

Page 17: Manual de Histologia - Glerean

Fig. 1.19 — Plasmócito— M.E.T. Centrossoma. (Cortesia de L C. J.)

Centrossoma zona especia l izada do c.toplasma que contém os centríolos é o centro de inúmeras atividades re lacionadas c o m a divisão celular

Cílio (corte transversal)

Cílio (corte oblíquo)

Cílios especializações d a m e m b r a n a plasmática estruturas móveis que se projetam da superfície de uma célula movimentam fluido e partículas pela superfície celular ou podem impulsionar a própria célula

Fig. 1.20 — Esôfago de cobra — M.E.T. Cí//os. (Cortesia de L. C. J.)

Fig. 1.21

1 2

OtHf — M.E.T Polissomas. (Cortesia de L. C. J

* . Polissomas ou polirríbossomas — síntese de proteínas

Page 18: Manual de Histologia - Glerean

Polissomas e cisternas com partículas aderidas

Fig. 1.22 — Corpúsculo de Nissl — M.E.T. (Cortesia de l A. 8.)

>• Retículo endoplasmático granular (REG) — síntese proteica — translocação de proteínas

pjg j 23 — Célula serosa — M.E.T. Retículo endoplasmático granular. (Cortesia de E. P/E fl.)

CAPÍTULO 1

Page 19: Manual de Histologia - Glerean

Fig. 1.24 — Plasmócito — M.E.T. REG. (Cortesia de L. C. J.)

Page 20: Manual de Histologia - Glerean

* • Grânulo de secreção

Zona de Golgi

• Mitocôndria

Retículo endoplasmático liso (REL) ou agranular — biossíntese dos lipídeos das membranas

(fosfolipídeos, colesterol e ceramida) — síntese de esteróides

— processos de conjugação, oxidação e metilação

Limite celular

Hg. 1.26 — Células do estômago de cobro — M.E.T. REL. (Cortesia de L. C. J.)

Aparelho de Golgi — modifica proteínas e lipídeos sintetizados no

retículo endoplasmático — processa cadeias de oligossacarídeos — sintetiza glicoproteínas — processa hidrolases ácidas — sulfata proteínas

• Face CIS

F a c e TRANS

Fig. 1.27 — Espermatócito — M.E.T. Aparelho de Golgi. (Cortesia de L C. J.)

CAPÍTULO 1 1 5

Page 21: Manual de Histologia - Glerean

Aparelhos de Golgi

28— Epidídi mo — Impregnação argêntica. Aparelho de Golgi.

Microf i lamentos — parte do citoesqueleto — constituídos por ad ina — part ic ipam de atividades da

m e m b r a n a — movimentos celulares — movimentos das organelas — part ic ipam da divisão

celular

. 2 9 Músculo liso — M.E.T. Microfilamentos. de L. C. J.)

CAPITULO

Page 22: Manual de Histologia - Glerean

Prolongamento celular

Microtúbulos — constituídos pela proteína tubulina — cilindros rígidos com cerca de 2 5 n m de diâmetro — determinam a localização das organelas — motilidade — movimentos de cílios e flagelos — transporte intracelular de vesículas

fig. 1.30 — Podócito — M.E.T! Microtúbulos. (Cortesia de L. C. J.)

R f l .1.31 longitudinal. (C

Page 23: Manual de Histologia - Glerean
Page 24: Manual de Histologia - Glerean

• Banda A

Mitocôndrias

Banda I

Linha M

Banda H

Disco Z

—• Sarcômero

Fig. 1.34 — Músculo estriado esquelético — M.E.T. (Cortesia de O. M.) No citoplasma das células (ou fibras) musculares existem filamentos contrateis: actina e miosina, dispostos de modo regular. A disposição pedeitamente ordenada dos filamentos grossos (miosina) e finos (actina) causa o aparecimento de estrias transversais, como mostra a ilustração.

Fíg. 1.35 - Retina - M.E.T. Mitocôndria. (Cortesia de L. C. J.)

CAPÍTULO 1

Microtúbulo

Mitocôndria — com forma esférica

REG

1 9

Page 25: Manual de Histologia - Glerean

Fig. 1.36 — Sinapse — M.E.T. Mitocôndrias. (Cortesia de J. A. B.)

Page 26: Manual de Histologia - Glerean

Mitocôndrias

Fig. 1.38 — Fígado — impregnação argêntica. Mitocôndria.

CAPÍTI ur\ 1

Page 27: Manual de Histologia - Glerean

Lisossomas — evidenciado aqui por um método citoqufmico para

fosfatase ácida — degradação intracelular de macromoléculas

R 9 - 1-41 — Rim. Método de Ho/f. Lisossomas.

Page 28: Manual de Histologia - Glerean

Fig. 1.43 — Pâncreas — H.E. Grânulos de secreção.

» « 2

WlÊÊÈmÊ

H l WEIS f i g . 1 # 4 4 — Hepatócito — M.E.T. Glicogênio. (Cortesia de P. A. A.)

ffe V.;-

Grânulos de secreção

• Núcleos de células pancreáticas

Mitocôndrias

G l i c o g ê n i o — armazenado sob a forma de

partículas — grande polímero da glicose — a cisão do glicogênio cede glicose

usada em vias metabólicas

• Glicogênio

Fig. 1.45 - fígado - Reaçõo do PAS. Glicogênio.

CAPÍTULO 1

Page 29: Manual de Histologia - Glerean

2 4

Page 30: Manual de Histologia - Glerean

Fig. 1.48 — Adrenal — Sudan HL Inclusões lipídicas.

Page 31: Manual de Histologia - Glerean

Lipofucsina ou pigmento de uso — pigmento endógeno — resíduo de material fagocitado não

digerível — composto principalmente de fosfolipídeo

Fig. 1.51 — Gângfio raquidiano — H.E. Neurónios com lipofucsina.

Page 32: Manual de Histologia - Glerean

Hemossiderina — evidenciada citoqoimicamente pela

presença de ferro

Rg. 1.54 — Pulmão — Reação de Per/s. Hemossiderina.

Mater ia l in terce lu lar — sintetizado e excretado pelas próprias células do

tecido — alguns tecidos possuem-no em escassa quantidade,

como o epitelial — a o contrário, o tecido conjuntivo o possui e m

quantidade abundante e com diversos constituintes

F i b r a s co lágenas — fazem parte do material intercelular, a lém d a

substância amorfa , elementos fibrilares secretados por determinadas células. A ilustração mostra a s fibras colágenas com suas estriaçóes características

Rg. 1.55 — Fibroblasto — M.E.T. (Cortesia de T. Z.)

* F i b r a m u s c u l a r l i s a

F i b r a e lást ica

também secretados por determinadas células, outro tipo de fibras, com características diferentes das colágenas, são a s fibras elásticas, no c a s o , sintetizadas por células musculares lisas

F i 9 -1 .56 — Fibra elástica — M.E.T. (Cortesia de T. Z.)

CAPÍTULO 1

Page 33: Manual de Histologia - Glerean

Osteóci to célula óssea madura

— totalmente envolvidos por matriz

óssea

Matriz óssea em certos tecidos, como é o caso do tecido ósseo, no material intercelular, além da substância amorfa e das fibras, existem sais inorgânicos depositados por interferência direta de células (osteoblastos) e que passam a envolver totalmente as células adultas do osso (osteócitos)

fig. 1.57 — Osso — M.E.T. (Cortesia de V A. C.)

28

C A I T U I I O 1

Page 34: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Epitelial

Alvaro Glerean

HISTOLOGIA

A Anatomia é o ramo da ciência que estuda a forma exterior e a organização dos seres vivos. A Anatomia Microscópica ou Histologia inc lu i o estudo das partes microscópicas, cujas dimensões estão, portanto, abaixo da visão a olho nu. Como foi visto anteriormente, o estudo das células pertence ao âmbito da Citologia e pertence à Histologia o estudo dos tecidos.

Tecido

Chama-se de tecido a um conjunto de células arranjadas de maneira específica. Quando as células são todas do mesmo tipo, o tecido pode ser chamado de simples, como é o caso do tecido epitelial e do tecido adiposo, este constituído apenas por células adiposas. A maioria dos tecidos é formada por células que possuem funções diferentes, como é o caso dos tecidos conjuntivo e nervoso. Por sua vez, os tecidos formam os órgãos ou sistemas. Quatro são os tecidos básicos do organismo: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso.

GENERALIDADES E EPITÉLIO DE REVESTIMENTO

O termo epitélio foi criado por Ruysch, em 1715, quando chamou epitélio à película fina que

CAPÍTULO 2

recobre o mamilo, ou seja, a epiderme. Posteriormente, esse termo passou a ter um amplo significado, bem mais geral, de modo que se chama tecido epitelial ao tecido formado por células justapostas que se m a n t ê m juntas graças a diversos tipos de junções. As células epiteliais estão separadas entre si por diminuta quantidade de material intercelular, formado pela fusão dos glicocálices de células adjacentes. O glicocálice é formado pelas cadeias carboidráticas laterais das proteínas e lipídeos da membrana plasmática e se estende para fora da bicamada lipídica; existe em todas as células, sendo mais evidente no epitélio intestinal. Esse tecido pode se originar de quaisquer dos três folhetos embrionários. Existem, basicamente, dois tipos de epitélios: o de revestimento e o glandular. Os de revestimento existem sob duas formas: os simples, reduzidos a uma única camada de células e os estratificados, formados por várias camadas celulares superpostas. São tecidos avasculares.

Junções — entre as células epiteliais existem pequenas regiões especializadas denominadas junções, que têm por funções: adesão celular, comunicação entre células e compart imental ização. Vários são seus tipos:

29

Page 35: Manual de Histologia - Glerean

Complexo juncional ou unitivo — as células que delimitam cavidades ou espaços ficam unidas pelas suas regiões apicais por este tipo de junção. Ele é composto por porções individuais, que a partir da face luminal são: 1) zonula ocludens ou tight junction ou zonula de oclusão — circunda toda a célula, unindo células vizinhas como um cinto, vedando o espaço intercelular. 2) zonula adherens ou cinta aderente — adere toda a circunferência da célula e está associada a filamentos de actina. 3) macula adherens ou desmossoma — é puntifor-me, existindo em várias regiões entre as células e sempre associada a filamentos intermediários. Nela as membranas aparecem separadas entre si por um espaço evidente e delimitando-o; cada célula possui na sua membrana local um espessamento denominada placa de adesão.

Hemidesmossomas — frequentemente encontrados na superfície basal das células epiteliais. Correspondem cada um à metade de um desmossoma; no lado citoplasmático se inserem tonofi-lamentos e no lado oposto, outras prote ínas se inserem na lâmina basal.

Gap junction ou junção comunicante — nela existem canais que permitem a comunicação entre células, seja do ponto de vista elétrico, seja metabólico.

Entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo subjacente sempre existe uma estrutura muito importante denominada lâmina basal, formada principalmente por colágeno tipo IV, por lamini-na e por proteoglicanas. Devido a sua pequena espessura, só é visível ao microscópio eletrônico. Quando associada a fibras reticulares, proteínas e glicoproteínas, ela passa a ser visível ao microscópio óptico com o nome de membrana basal, facilmente vista após impregnação pela prata ou após reação do PAS.

As células epiteliais podem assumir formas as mais diversas, em consequência das atividades funcionais. U m exemplo significante é o das células que abraçam capilares sanguíneos, emitindo prolongamentos, como é o caso dos podócitos do r im. Outro exemplo é o de células renais com função de transporte de íons, que adquirem uma enorme quantidade de invaginações da membrana da região basal.

O epitélio pavimentoso ou plano simples é formado por uma única camada de células achatadas, lembrando ladrilhos ou lajotas, daí o nome

pavimentoso (de pavimento). O núcleo de suas células é t ambém achatado. São exemplos desse tipo de epitélio o mesotélio e o endotélio.

O epitélio cúbico simples se caracteriza por suas células, dispostas em uma única camada, terem forma aproximadamente cúbica; sua altura não excede notavelmente suas outras dimensões. Seu núcleo tem forma esférica. Esse tipo de epitélio é pouco comum, podendo ser encontrado na glândula tireóide e revestindo o ovário de animal adulto jovem.

O epitélio cilíndrico ou prismático simples é formado por uma ún ica camada de células altas e relativamente estreitas. O núcleo de suas células é geralmente oval. As células são unidas lado a lado por junções do tipo aderente e ocludente. Existem alguns tipos diferentes de epitélio cilíndrico simples, muitas vezes devido a modificações estruturais da superfície livre de suas células, por exemplo: células com borda estriada, células com cílios, células com estereocílios. Algumas dessas células, de acordo com o órgão que revestem, podem absorver, secretar, fazer pinocitose e participar de fenómenos imunológicos. As três úl t imas funções são realizadas por uma estrutura conhecida como glicocálice. Tal tipo de epitélio é encontrado, por exemplo, no trato digestivo, nas vias genitais femininas.

Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado — o exame microscópico deste tipo de epitélio, à primeira vista, indicava que ele seria do tipo estratificado; no entanto, um exame mais apurado permite verificar que todas as suas células apóiam-se na membrana basal, constituindo, portanto, um epitélio simples. Nele, dois tipos de células podem ser identificados: um, de células altas, cilíndricas com núcleos alongados e centrais, apresentando cílios em sua superfície; e outro, de células situadas mais profundamente, com núcleos esféricos e situados na base da célula. Classicamente, esse epitélio é então chamado de pseudo-estratificado cilíndrico ciliado e é típico do sistema respiratório, daí t ambém receber o nome de epitélio respiratório.

O epitélio de transição é um tipo especial de epitélio estratificado, sendo suas células superficiais arredondadas, com citoplasma claro, e as mais profundas são células pequenas, com núcleos também pequenos e com cromatina densa. Este tipo de epitélio de revestimento pode ser estirado

30 CAPÍTULO 2

Page 36: Manual de Histologia - Glerean

sem que suas células superficiais se separem entre si, mas tornem-se mais largas e mais delgadas. E o tipo de epitélio ideal para revestir tubos ou estruturas ocas sujeitas a expansão, como a bexiga urinária, o ureter, o bacinete e os cálices renais. Daí o fato desse ep i té l io ser conhecido também pela denominação de epitélio urinário.

O epitélio pavimentoso ou plano estratificado não queratinizado é o que reveste superf íc ies úmidas sujeitas a atritos consideráveis e não tem função de absorção. E formado, como o nome indica, por sucessivas camadas celulares, sendo as mais superficiais const i tuídas por células pavi-mentosas e as mais profundas por células cilíndricas (a mais profunda delas é chamada camada basal). A umidade desse epitélio é mantida à custa da secreção de glândulas geralmente situadas sob ele, no tecido conjuntivo. Este tipo de epitélio é encontrado no interior da boca e do esôfago e revestindo o canal anal.

O epitélio pavimentoso estratificado queratinizado é o que tipicamente reveste as superfícies secas. É semelhante ao epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, diferindo deste pelo fato de que suas células superficiais sofrem uma transformação complexa que as modifica numa camada espessa de queratina, muito resistente e inerte [camada córnea). As camadas mais superficiais queratinizadas ou não, destacam-se do epitélio, constituindo o que se chama descamação epitelial, fato este facilmente observável na epiderme.

O epitélio cúbico estratificado é um exemplo de revestimento necessário em regiões que requerem proteção contra atrito e, mais do que isso, de resistência. E encontrado revestindo os grandes duetos excretores de glândulas, como, por exemplo, o pâncreas e as" glândulas salivares.

T E C I D O EPITELIAL GLANDULAR

Glândulas Exócrinas

A secreção é um tipo de fenómeno encontrado em vários epitélios de revestimento; todo epitélio do trato digestivo o apresenta. Entretanto, os epitélios glandulares em geral constituem órgãos especiais chamados glândulas. Umas têm forma de tubos, outras de ácinos e sempre possuem canais excretores que vão se abrir na superfície

CAPÍTULO 2

da pele ou de uma mucosa. Estas são as chamadas glândulas exócrinas ou de secreção externa. Outras glândulas não possuem canais excretores, mas possuem um eficiente sistema de irrigação sanguínea, de modo que o produto de secreção é lançado diretamente na corrente circulatória. Estas são as glândulas endócrinas ou de secreção interna.

As glândulas unicelulares ou células calici-formes encontram-se no trato digestivo e nas vias respiratór ias . São células c i l índricas cujo citoplasma está em geral repleto de grânulos de sec r e ç ã o g l i c o p r o t é i c a (pouco v i s í v e i s ao microscópio óptico), com núcleo deslocado para a base da célula.

São glândulas tubulosas simples aquelas cujas unidades secretoras formam tubos e o produto de secreção é lançado para o interior de um órgão. São encontradas, por exemplo, no trato digestivo e no útero. Mas, se as células secretoras constituem pequenas formações ocas, tipo alvéolos, as g lândulas serão então do tipo alveolar. Exemplo típico desse tipo de g lândula é a sebá-cea. Quando a porção secretora forma pequenos ácinos, a g lândula passa a ser do tipo acinosa, por exemplo, as g lândulas salivares e o pâncreas exócrino.

Os tubos excretores das grandes glândulas são revestidos por uma parede epitelial espessa e resistente. U m exemplo disso é o dueto excretor da glândula mamária .

Glândulas Endócrinas

As glândulas endócrinas ou de secreção interna (sem dueto excretor) possuem uma estrutura adequada para que o seu produto de secreção possa atingir facilmente o sangue. Existem dois tipos morfológicos de glândulas de secreção interna: cordonal e vesicular ou folicular. No primeiro tipo, suas células dispõem-se em fileiras paralelas entre si, formando cordões, deixando entre eles espaços ocupados por capilares sanguíneos do tipo sinusóide. São exemplos deste tipo de glândulas, a adre-nal, a paratireóide, a adenoipófise, o corpo amarelo e a ilhota de Langerhans. O outro tipo é constituído por vesículas, pois as células delimitam pequenos sáculos e entre eles ficam os capilares sinusóides. Exemplo típico é a glândula tireóide.

31

Page 37: Manual de Histologia - Glerean

M e m b r a n a b a s a l — local o n d e as cé lu las epi te l ia is se l i g a m

à mat r i z ex t race lu lar

— bar re i ra à p e r m e a b i l i d a d e

— i n d u ç ã o d a d i fe renc iação — p o l a r i d a d e

— con tém c o l á g e n o t ipos IV e VII

— con tém l a m i n i n a

F i g . 2.1 — Porção secretora de glândula sudorípara — reação do PAS — membrana basal.

F i g . 2 .2 — Mesotélio — I m p r e g n a ç ã o argêntica. Epitélio pavimentoso simples.

32 CAPÍTULO 2

Page 38: Manual de Histologia - Glerean

N ú c l e o s d e endote l ióc i tos

R g . 2 .4 — Vênula — H.E. Epitélio pavimentoso simples.

Epité l io p a v i m e n t o s o s i m p l e s — mesotélio

— endotélio

>• N ú c l e o s d e cé lu las d a l â m i n a p r ó p r i a

Epi té l io cúbico s i m p l e s — células cúb icas d ispostas n u m a ún ica

c a m a d a

— núc leos c o m f o r m a esfér ica — g l â n d u l a t i reó ide

— ová r i o j ovem C o l ó i d e

N ú c l e o s

K g . 2 . 5 — Tireóide — H.E. Epitélio cúbico simples.

->• C o l ó i d e

• P - • Epi té l io cúbico s i m p l e s

* • N ú c l e o d e cé lu la d a l â m i n a p r ó p r i a

N ú c l e o s d e cé lu las cúbicas

F ig . 2 . 6 — Tireóide — H.E. Epitélio cúbico simples.

CAPÍTULO 2 33

Page 39: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 2 . 7 — Vesícula biliar — H.E. Epitélio cilíndrico simples.

Epi té l io c i l índr ico s i m p l e s — células c i l índr icas d ispostas

n u m a ún ica c a m a d a

— núcleos c o m f o r m a o v a l a d a

— t ra to d igest ivo

— vias gen i ta is f e m i n i n a s

> N ú c l e o s d e cé lu las d a l â m i n a p r ó p r i a

Cí l ios — pro jeções móveis d a superf íc ie ce lu lar — envo lv idas c o m t ranspor te d e secreção e d e

par t ícu las ade r i das

é l io p s e u d o - e s t r a t i f i c a d o ci l índr ico c i l i a d o a p a r e n t e m e n t e es t ra t i f i cado

todas suas célu las a p ó i a m - s e na m e m b r a n a basal mui tas d e suas célu las c i l índr icas possuem cíl ios s istema resp i ra tó r io

C é l u l a s c a l i c i f o r m e s

F i g . 2 . 8 — Traqueia H.E. Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado. (Cortesia de T.H.A.)

+• L â m i n a p r ó p r i a

Epitélio pseudo-es t ra t i f i cado cil índrico c i l iado

=+" Cí l i .

F i g . 2 . 9 — T raque ia — H.E. Epitél io pseudo-es t ra t i f i cado c i l índr ico c i l i ado .

34 CAPITULO 2

Page 40: Manual de Histologia - Glerean

->• L â m i n a p r ó p r i a

->- Epi té l io d e t r a n s i ç ã o o u u r i n á r i o — t i po especia l d e ep i té l io es t ra t i f i cado

— célu las superf ic ia is a r r e d o n d a d a s , c i t op lasma c la ro e núc leo esfér ico

— célu las p r o f u n d a s pequenas

— bex iga u r iná r ia — ureter

— bac ine te — cál ices renais

10 — Bexiga urinária — H.E. Órgão vazio. Epitélio de transição ou urinário.

* • Epi té l io p a v i m e n t o s o o u p l a n o es t ra t i f i cado - sucessivas c a m a d a s de célu las, sendo a ma is

super f ic ia l f o r m a d a por célu las p l anas e a ma is p r o f u n d a por célu las c i l índr icas

- reveste superfícies ú m i d a s sujeitas a atr i tos cons ideráve is

- b o c a , e s ô f a g o , cana l a n a l

->• C a m a d a b a s a l o u g e r m i n a t i v a

• L â m i n a b a s a l

N ú c l e o s d e cé lu las p a v i m e n t o s a s s u p e r f i c i a i s

Fig. 2.11 — Esôfago — H.E. Epitélio pavimentoso estratificado.

Page 41: Manual de Histologia - Glerean

ina)

F i g . 2 . 1 3 — Pele espesso — H.E. — Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado.

> E p i d e r m e

• C a m a d a g r a n u l o s a

— • C a m a d a e s p i n h o s a

— • C a m a d a b a s a l

• D e r m e

F i g . 2 . 1 4 — Pele espessa — H.E. Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado.

N ú c l e o s d e cé lu las cúbicas s u p e r f i c i a i s

* • Epi té l io cúbico es t ra t i f i cado — reveste tubos excretores de g r a n d e ca l ib re

• L â m i n a p r ó p r i a

F i g . 2 . 1 5 — Dueto excretor de glândula salivar — H.E. Epitélio cúb ico estratificado.

36 CAPÍTULO 2

Page 42: Manual de Histologia - Glerean

*• C é l u l a s c a l i c i f o r m e s - g l i copro te ínas comp lexas des t inadas à

p ro teção e à l ub r i f i cação

- t ra to d igest ivo

- v ias resp i ra tór ias

C o r t e t r a n s v e r s a l d e núc leos d e enteróc i tos

N ú c l e o s d e cé lu las d a l â m i n a p r ó p r i a

Bffi_ fig. 2 . 1 6 — Intestino grosso — H.E. Células caliciformes.

F ig . 2 . 1 7 — Duodeno — H.E. Glândula tubulosa (corte transversal).

C é l u l a s c a l i c i f o r m e s

V i l o s i d a d e in test ina l

->- G l â n d u l a t u b u l o s a (corte t r a n s v e r s a l )

G l â n d u l a t u b u l o s a (corte long i tud ina l ) — a p o r ç ã o secretora t e m f o r m a de t u b o

— t ra to d igest ivo

ú te ro

* • G l â n d u l a a l v e o l a r ( sebácea ) - secreta u m a mis tu ra c o m p l e x a de l ip ídeos

- p ro teção

- sofre in f luênc ia d e h o r m ô n i o s sexuais

- pele

Pêlo

F i g . 2 . 1 8 — Pele fina — H.E. Glândula alveolar.

CAPÍTULO 2 37

Page 43: Manual de Histologia - Glerean

Dueto excre tor — caracter íst ico das g l â n d u l a s d e secreção

externa (exócrinas)

F i g . 2 . 1 9 — Glândula mamária — H.E. Dueto excretor.

G l â n d u l a a c i n o s a — a p o r ç ã o secretora tem f o r m a d e ác i no

( p e q u e n o sáculo) — g l â n d u l a s sal ivares

— pânc reas exóc r ino

• Á c i n o s

F i g . 2 . 2 0 — Pâncreas — H.E. Glândula acinosa.

G l â n d u l a e n d ó c r i n a d o t ipo c o r d o n a l — células secretoras d ispostas e m co rdões — cap i la res s inusóides ent re os co rdões

— a d r e n a l — p a r a t i r e ó i d e

— a d e n o i p ó f i s e — c o r p o a m a r e l o

— i lhota de Langerhans

C a p i l a r e s s inusó ides

F i g . 2.21 — A d r e n a l — H.E. Glândula cordonal.

38 CAPÍTULO 2

Page 44: Manual de Histologia - Glerean
Page 45: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Conjuntivo Propriamente Dito

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

O tecido conjuntivo deriva do mesoderma. Tem esse nome porque conecta os outros tecidos, man-tendo-os juntos. Para tanto, o tecido conjuntivo não está formado por células apenas, aliás em geral altamente diferenciadas, mas t ambém por outros constituintes, no conjunto chamado material intercelular, alguns deles muito resistentes, todos produzidos por algumas das células do tecido conjuntivo. Esse material intercelular é constituído por material amorfo e por elementos fibrilares. O material amorfo ou substância fundamental é viscoso, muito rico em água e é formado por gli-cosaminoglicanas, proteoglicanas, ácido hialurô-nico e glicoproteínas. Os elementos fibrilares são de três tipos: fibras colágenas, reticulares e elásticas; num tipo específico de tecido conjuntivo, acontece a deposição intercelular de sais minerais. Da combinação qualitativa e quantitativa desses componentes, todos os tecidos conjuntivos podem ser classificados em diversos tipos, desde um frouxo, que permite a passagem, através dele, de inúmeras substâncias , até o tecido ósseo, destinado não só ao armazenamento de sais minerais, como também à sustentação (esqueleto). Proteção e nutr ição são t ambém funções próprias dos tecidos conjuntivos.

CÉLULA MESENQUIMÁTICA E

T E C I D O MESENQUIMÁTICO

A forma mais primitiva de tecido conjuntivo é o mesênquima embrionário. As células mesen-quimáticas são ramificadas e seus prolongamentos se entrecruzam. Entre elas existe a presença de uma substância intersticial amorfa, onde praticamente ainda não existem fibras. A célula mesenquimát ica é uma célula indiferenciada com grande potencialidade. Possui a capacidade de se diferenciar em qualquer célula que leva à formação dos diferentes tipos de células do tecido conjuntivo. Está presente t a m b é m nos tecidos adultos.

FlBROBLASTO E FlBRÓCITO

São tipos de células do tecido conjuntivo, o que alguns autores chamam células de fibroblas-to, já outros preferem usar o termo fibrócitos se referindo à células velhas, que já terminaram seu trabalho e aparecem ao lado da substância intercelular que fabricaram e chamam de fibroblastos as células jovens, em plena atividade produtiva.

O fibroblasto é uma célula grande, com citoplasma bem evidente nas preparações vistas ao

CAPÍTULO 3 41

Page 46: Manual de Histologia - Glerean

microscópio óptico e que evidencia t ambém um núcleo em geral com forma oval, possuindo cromatina frouxa e pelo menos um nucléolo bem evidente. Seu citoplasma é rico em ergastoplas-ma. A partir do corpo principal, se estendem prolongamentos. Esse aspecto é típico de uma célula que está sintetizando ativamente. Já os fibrócitos são células com pouco citoplasma, pobre em er-gastoplasma e seu núcleo é alongado e estreito, com cromatina de aspecto denso, típico de células que não estão mais exercendo função sintética. O f ibroblasto s intet iza fibras do tecido conjuntivo, proteoglicanas e glicoproteínas estruturais.

PLASMÓCITO

Os plasme/eitos são facilmente identificados em preparações usuais ao microscópio óptico. São células com forma oval, núcleo esférico situado excentricamente. Os grumos de cromatina se dispõem acolados ao envoltório nuclear, espaçadamente , com aspecto radiado, descritos classicamente sob a forma de raios de roda de carroça ou como as horas num mostrador de relógio. Seu citoplasma é basófilo e mostra uma zona clara na região onde está a centrosfera e o aparelho de Golgi. A basofi-lia citoplasmática se deve à alta concentração de ARN. São células que sintetizam e secretam anticorpos, proteínas específicas chamadas imunoglo-bulinas.

É um tipo de célula pouco comum no tecido conjuntivo normal, mas abundante nas regiões sujeitas à penet ração de microorganismos e de proteínas estranhas. O plasmócito é uma célula que se origina do linfócito do tipo B.

MASTÓCITO

Em 1879, Ehrlich ao observar esse tipo de célula as imaginou como células altamente nutr idas, daí o nome que elas têm, pois o termo Mast em alemão está relacionado com ingestão. Esta impressão que o grande pesquisador teve se deve ao fato de os mastócitos serem células grandes e seu citoplasma estar repleto de grânulos. Tais grânulos são típicos dessas células e permitem sua fácil identificação. Os mastócitos são vistos em preparações comuns, como as coradas pelo H.E. Os grânulos são altamente basófilos devido à presença de radicais ácidos em sua estrutura e são

t ambém metacromáticos . Seu núcleo esférico é central, mas geralmente fica mascarado pela enorme quantidade de grânulos. A principal função dessas células é a de produzir e armazenar mediadores químicos do processo inflamatório. Os grânulos possuem, dentre outras s u b s t â n c i a s , heparina, histamina, fator quimiotático para eo-sinófilos na anafilaxia (ECF-A), e leucotrienos.

MACRÓFAGO

O macrófago é um tipo de célula do tecido conjuntivo que tem a capacidade de fagocitar. Foram dados diversos nomes a essas cé lu las , como, por exemplo, plasmatócito, histiócito, etc; porém o mais empregado é o de macrófago. Sua morfologia é variável, dependendo da localização e do seu estado funcional. Podem estar fixos ou deslocando-se por movimentos amebóides . São típicas células de defesa, pois têm a capacidade de fagocitar bactérias, partículas que penetram no organismo, restos de células e material intercelular alterado. Além disso elas têm a capacidade de secretar substâncias que participam do processo imunológico de defesa. U m modo interessante e seguro de identificar os macrófagos é o de injetar em um animal um corante vital, como lítio-car-mim, nanquim, azul-de-tripano, etc. e, depois de algum tempo, sacrificá-lo e processar seus órgãos de modo habitual.

CÉLULA ADIPOSA

A célula adiposa é a célula do tecido conjuntivo especializada em armazenamento de energia sob a forma de lipídeos. Ela se origina diretamen-te das células mesenquimát icas indiferenciadas. E uma célula que pode armazenar o lipídeo de duas maneiras: ou este preenche totalmente seu citoplasma, de modo que a célula fica com aspecto globoso, com tamanho grande e com seu núcleo, juntamente com uma pequena porção de citoplasma, deslocado para a periferia da célula, ou o l ip ídeo ocupa o citoplasma celular como pequenas gotas. No primeiro caso as células vão constituir o chamado tecido adiposo unilocular e no segundo, o tecido adiposo multilocular. No conjunto, as células adiposas servem também, além de armazenar gordura, como acolchoado, ou amortecedor, com importante função protetora para os órgãos no organismo.

42 CAPÍTULO 3

Page 47: Manual de Histologia - Glerean

Ver adiante os tecidos adiposos uni e mult i lo-cular.

FIBRA COLÁGENA

As fibras colágenas são as mais abundantes do tecido conjuntivo. São longas, com aspecto ondulado e não se anastomosam. São de cor branca quando vistas ao vivo. Coram-se facilmente pelos corantes ácidos comuns: em róseo pela eosina e em azul pelo azul-de-metila; são evidenciadas também, de maneira muito adequada, pelo método do picro-sirius. Quando submetidas ao processo de ebulição, produzem, pelo resfriamento, cola ou gelatina. São birrefringentes. Dispõem-se de modos variados em diversas regiões do organismo, obedecendo a necessidades de ordem funcional, seja desordenadamente, seja paralelamente entre si, seja se entrecruzando. Ao microscópio eletrôni-co aparecem as subunidades denominadas fibrilas de colágeno com sua periodicidade axial característica, devida à disposição das moléculas de tro-pocolágeno, que as formam; agrupando-se, as fibrilas formam as fibras. As fibras colágenas do tecido conjuntivo são, primariamente, sintetizadas e secretadas pelos fibroblastos. Outros tipos de células podem secretar colágeno, coino por exemplo, as células de Schwann e as células epiteliais que secretam o colágeno da lâmina basal; as células musculares secretam um tipo de colágeno, principalmente, na parede das artérias. As cadeias moleculares que constituem a estrutura da tripla hélice do colágeno, variam na sua sequência, dando origem a um grande número de tipos de colágeno, tendo sido descritos, até agora, pelo menos cerca de 29 tipos diferentes.

FIBRAS RETICULARES

As fibras reticulares ou de reticulina são um tipo de fibra colágena compostas por colágeno do tipo I I I . Dispõem-se de forma entrecruzada e são particularmente abundantes formando o esqueleto dos órgãos hematopoét icos . São pouco re-fringentes e são dif íceis de serem vistas em preparações comuns. São porém facilmente impregnáveis pelos sais de prata, nos ditos métodos argênticos. Por esta característica são conhecidas t ambém por fibras argirófilas e por aparecerem coradas de negro por esse método t ambém são chamadas de fibras negras. Devido ao fato de na

microscopia óptica aparecerem em continuidade com as fibras colágenas, podem ser chamadas também de fibras pré-colágenas.

FIBRAS ELÁSTICAS

As fibras elásticas são fibras finas, onduladas, se anastomosam e têm cor levemente amarelo-vivo. Coram-se muito mal pelas colorações comuns. São evidenciadas por corantes apropriados, como a orceína e a fucsina-resorcina de Weigert. Constituem-se num material não só elástico como também possuem alta resistência e durabilidade. O principal componente das fibras elásticas é a proteína elastina, além de microfibrilas sintetizadas pelos fibroblastos. São encontradas em todos os locais do corpo onde existe a necessidade de elasticidade, como, por exemplo, nas paredes das artérias, em certo tipo de cartilagem e no pulmão. Além das fibras elásticas típicas, nas quais existe grande quantidade de elastina e pequena quantidade de microfibrilas, existem ainda as fibras oxi-talânicas, const i tuídas por microfibrilas e pouca ou nenhuma elastina, e as elaunínicas, constituídas por microfibrilas e pouca elastina.

T E C I D O CONJUNTIVO FROUXO

O tecido conjuntivo frouxo é um tecido brando, pregueável e um tanto elástico. Está amplamente d is t r ibuído pelo corpo e se caracteriza, estruturalmente, por mostrar um forte equilíbrio quantitativo entre os componentes celulares e intercelulares (tanto fibras quanto material amorfo). Por ser um tecido delicado, geralmente é sustentado por tecido conjuntivo mais denso. E encontrado, por exemplo, sob a pele, no chamado tecido celular subcutâneo (tela subcutânea) ou hipoderma, sob as mucosas, envolvendo órgãos (como na atmosfera adiposa de alguns órgãos) e formando o tecido conjuntivo "mucoso". Esse tecido é também chamado de celular devido à facilidade com que se produzem nele cavidades, pela injeção de gases ou de l íquidos. A consistência mole e flexível desse tecido permite que tecidos vizinhos deslizem sobre ele.

TENDÃO

O tendão é um tipo de tecido conjuntivo denso, onde existe p r e d o m i n â n c i a de fibras coláge-

CAPÍTULO 3 43

Page 48: Manual de Histologia - Glerean

nas. Como nesse tecido as fibras colágenas se d i spõem paralelamente entre si ele recebe tamb é m o nome de tecido conjuntivo denso modelado. As células que sintetizaram esse colágeno, os fibroblastos, acabam ficando como que aprisionadas pela imensa quantidade de fibras e f i cam dispostas em f i le i ras , entre as f ibras, evidentemente agora como fibrócitos com seus núc leos alongados e escuros. Os t endões ligam os múscu los aos ossos e devido ao colágeno, t êm cor branca, ao vivo. São praticamente inexten-síveis e possuem pequena capacidade de regene ração .

T E C I D O CONJUNTIVO DENSO N Ã O MODELADO

Nas regiões do organismo onde existe a necessidade de resistência a trações, ao atrito, às pressões, ocorre um tipo de tecido conjuntivo que recebe o nome de tecido conjuntivo denso não modelado, caracterizado por possuir, além de células, pequena quantidade relativa de material amorfo, porém uma grande quantidade de fibras colágenas que se dispõem de modo desordenado, exatamente para poder exercer a função de resistência mecânica nas diversas direções do espaço. O tecido conjuntivo denso não modelado, se comparado a um outro tipo de tecido conjuntivo denso, o tendão, dele difere porque neste, as tensões são exercidas num sentido, ou seja, o da contra-ção muscular. U m exemplo típico de localização do tecido denso não modelado é a derme.

T E C I D O CONJUNTIVO ADIPOSO MULTILOCULAR

Em tipos particulares de tecido adiposo de certas regiões do corpo e no Chamado órgão de hibernação de alguns animais, a gordura não se acumula como uma grande gota, mas está repartida por partículas maiores ou menores no interior do citoplasma das células adiposas. Isto caracteriza o que se denomina tecido adiposo multilocular.

T E C I D O CONJUNTIVO ADIPOSO UNILOCULAR

Geralmente o tecido conjuntivo frouxo possui células adiposas como seus constituintes. Quando, porém, o tecido está formado quase que exclusivamente por células adiposas ele passa a se chamar tecido adiposo. Na forma mais habitual as células adiposas são grandes e arredondadas e a gordura ocupa todo o citoplasma, empurrando o citoplasma restante, juntamente com o núcleo, para a periferia da célula. Esta descrição corresponde ao chamado tecido conjuntivo adiposo tipo unilocular (para comparação veja tecido adiposo multilocular). Nas preparações histológicas convencionais, o processamento histológico dissolve a gordura e no lugar onde existe tecido adiposo vão aparecer apenas as células, agora vazias. A esse aspecto, ao microscópio óptico, se dá o nome de imagem negativa do tecido adiposo, facilmente visto, por exemplo, numa preparação de pele na tela subcutânea. Para evidenciar o tecido adiposo é necessário o emprego de métodos e de corantes específicos, principalmente os da família dos Sudan.

O tecido adiposo é u m excelente depósito de energia sob a forma de triglicerídeos.

M ú s c u l o e s t r i a d o (corte t r a n s v e r s a l )

O s s o e s p o n j o s o

( * , j

->• M e s ê n q u i m a — forma ma/s p r im i t i va d e tec ido con jun t i vo

M ú s c u l o e s t r i a d o (corte t r a n s v e r s a l )

F i g . 3.1 — Embrião de rato — H.E. M e n s ê n q u / m a .

44 CAPÍTULO 3

Page 49: Manual de Histologia - Glerean

C é l u l a m e s e n q u i m á t i c a — célula indi ferenciada com g rande potencial idade — c a p a c i d a d e de se d i fe renc ia r e m q u a l q u e r

cé lu la q u e leva à f o r m a ç ã o dos d i ferentes t ipos d e célu las de tec ido con jun t i vo

— presentes t a m b é m nos tec idos adu l tos .

R g . 3 .2 — Embrião de rato — H.E. Célula mesenquimática.

F i b r o b l a s t o

fig. 3 . 3 — Granuloma — H.E. Fibroblasto e fibrócito.

Fibróc i to

F i b r o b l a s t o — célu la d o tec ido con jun t i vo

— m i g r a ç ã o qu im io tá t i ca

— biossíntese de c o l á g e n o , de e las t ina , d e g l i c o s a m i n o g l i c a n a s e de g l i copro te ínas est rutura is

— r e m o d e l a ç ã o estrutura l dos tec idos pela síntese, l i be ração e a t i vação d e prote inases q u e d e g r a d a m prote ínas d e mat r i z

Fibróc i to — f ib rob las to e m repouso f u n c i o n a l , p o d e n d o

ser rea t i vado

fig. 3.4 — Granuloma — H.E. Fibroblasto e fibrócito.

C V J L O 3 45

Page 50: Manual de Histologia - Glerean

JÉ , _ ~ * • « fár— iTi IH lÉ^Th * A ^ ... V #

> ;

• S P

k » « •> - » ... * A . A . . . » .... »

" V ^ * P lasmóc i to

F i g . 3 . 5 — G r a n u / o m a — H.E. Plasmócito.

lo l in fóc i to B e secreta an t i co rpos

F i g . 3 . 7 — Mesentério — Azul-de-toluidina. Mastócito.

46 CAPÍTULO 3

Page 51: Manual de Histologia - Glerean

M a s t ó c i t o

— h i s t am ina — substânc ia de reação lenta na ana f i l ax ia (SRS-A)

— h e p a r i n a

— fator quimiotát ico para eosinófi los da anafi laxia (ECF-A)

— d e g r a n u l a ç ã o c a u s a d a pe la l i gação d e u m an t í geno a o IgE especí f ico l i g a d o à superf íc ie d o mas tóc i to

fig. 3 .8 — Mesentério — Azul-de-toluidina. Mastócito.

C é l u l a d e Kupf fe r — m a c r ó f a g o d o f í g a d o — f a g o c i t a m e d i g e r e m h e m á c i a s lesadas

M a c r ó f a g o s — r e m o d e l a ç ã o tec idua l — r e m o ç ã o de célu las ve lhas ou mor tas — a t i v i dade v i r i c ida , m i c r o b i c i d a , an t i neop lás i ca ,

d e c i to tox ic idade e de i m u n o r r e g u l a ç ã o — pa r t i c i pação na c ica t r i zação de lesões — receptores p a r a h o r m ô n i o s po l ipep t íd icos e

out ras substâncias b i o l o g i c a m e n t e at ivas — sec re tam; h o r m ô n i o s po l ipep t íd icos ,

c o m p o n e n t e s d o c o m p l e m e n t o , fa tores d e c o a g u l a ç ã o , enz imas proteo l í t icas, in ib idores d e enz imas e pro te ínas d a mat r iz ce lu la r

N ú c l e o d e h e p a t ó c i t o

í g . 3 .9 — Fígado — Injetado c o m lítio-carmim + H. Macrófago.

Page 52: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 3.11 — Pele espessa — Sudan III + H. Célula adiposa.

C é l u l a s a d i p o s a s

Tec ido a d i p o s o — a g o r d u r a fo i p reservada

— o con jun to de célu las ad iposas const i tu i o tec ido con jun t i vo a d i p o s o

— a r m a z e n a m e n t o de ene rg ia (ácidos graxos)

N ú c l e o s d e cé lu las a d i p o s a s

Tec ido a d i p o s o — o p rocessamento extra iu a g o r d u r a

— o con jun to de células vazias const i tu i o tec ido a d i p o s o e m " i m a g e m nega t i va "

C é l u l a a d i p o s a d e tec ido u n i l o c u l a r

F i g . 3 . 1 2 — Tela subcutânea — H.E. Célula adiposa e tecido adiposo em "imagem negativa"

* «

C é l u l a a d i p o s a d e tec ido m u l t i l o c u l a r — got ículas l ipídicas de vár ios t a m a n h o s

— a r m a z e n a m e n t o d e energ ia (ác idos graxos)

F i g . 3 . 1 3 — Tecido adiposo multilocular — H.E.

48 CAPITULO 3

Page 53: Manual de Histologia - Glerean

N ú c l e o s d e f ibróci tos

F i b r a s c o l á g e n a s — c o r a m - s e e m róseo pe la eos ina — f o r m a d a s pe la pro te ína c o l á g e n o — n o con jun to cons t i tuem o tec ido con jun t i vo

d e n s o

Fig. 3 . 1 4 — Pele espessa — H.E. Fibras colágenas. Tecido conjuntico denso n ã o m o d e l a d o .

Hg. 3 . 1 5 — Pele espessa — H.E. Fibras colágenas.

•4^: - a .

5 . *

Fig. 3 . 1 6 — Pele fina — Tricrômico de Mallory. Fibras colágenas.

CAPÍTULO 3

N ú c l e o d e f ib rob las to

F i b r a s c o l á g e n a s

N ú c l e o d e f ibróci to

F i b r a s c o l á g e n a s — c o r a m - s e e m azul c o m o e m p r e g o

de t r i c rôm ico

49

Page 54: Manual de Histologia - Glerean

F i b r a s c o l á g e n a s — c o r a m - s e e m cor d e v inho pe lo Picro-sirius

F i g . 3 . 1 7 — Funículo umbelical — Picro-sir ius. Fibras colágenas

Page 55: Manual de Histologia - Glerean
Page 56: Manual de Histologia - Glerean

Tec ido c o n j u n t i v o m u c o s o (ou g e l é i a d e W h a r t o n ) — t i po d e tec ido con jun t i vo f r ouxo

— poucas f i b ras con jun t ivas — r ico ma te r i a l a m o r f o cons is t indo bas i camen te

e m á c i d o h ia l u rôn i co

M a t e r i a l a m o r f o

F i b r a s

* • Núcleos d e f ibroblastos

F i g . 3 . 2 3 — Funículo umbelical — H.E. Tecido conjuntivo frouxo.

F i g . 3 . 2 4 — Duodeno — H.E. Tecido conjuntivo frouxo.

r %•§> 4 * * ? < 1 % > r \

F i g . 3 . 2 5 — Mesentério distendido — H.E. Tecido conjuntivo f rouxo.

52

Tec ido con j un t i vo f rouxo

CAPÍTULO 3

Page 57: Manual de Histologia - Glerean

* • N ú c l e o s d e f ibróci tos

F i b r a s c o l á g e n a s (para le las ent re si)

í g . 3 . 2 6 — Tendão — H.E. Tecido conjuntivo denso modelado.

CAPÍTULO 3 53

Page 58: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Cartilaginoso

Alvaro Glerean

A cartilagem e o osso constituem tipos especiais de tecidos conjuntivos.

O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, é um tecido resistente à pressão e é dotado de alguma elasticidade. Diferentemente do tecido ósseo, a cartilagem pode ser examinada ao microscópio por meios histológicos convencionais. O exame microscópico revela que ela é consti tuída por células globosas que aparecem no interior de cavidades, ou lacunas, imersas numa substância intercelular e separadas desta por uma cápsula. Como em todo o tipo de tecido conjuntivo, aqui também se observam células e material intercelular secretado por essas células.

As células são chamadas condrócitos (quando jovens, em plena atividade secretora, são denominadas condroblastos) e ao exame microscópico, devido à ação de fixadores e do processamento his tológico, se mostram re t ra ídos e aparecem como um núcleo rodeado por uma pequena quantidade de citoplasma, no interior das lacunas (classicamente conhecidas como condroplastos). Cada lacuna pode conter um ou mais condróci tos e quando o número é superior à unidade, os condrócitos se dispõem formando os grupos isogêni-cos. A quantidade relativa de condrócitos é muito

maior na cartilagem jovem quando comparada com a cartilagem adulta.

A subs tânc ia intercelular, fundamental ou matriz, tem aspecto hialino, é basófila, basofilia esta que aumenta com a idade da cartilagem. A matriz não é homogénea, pois se nota que a região p róx ima à célula é mais acentuadamente basófila e se denomina matriz territorial e a mais afastada dela é menos basófila e recebe o nome de matriz interterritorial. A matriz é consti tuída por fibras colágenas associadas ou não a fibras elásticas e ainda a moléculas de proteoglicanas.

O tecido cartilaginoso tem metabolismo baixo, não possui irrigação sanguínea no seu interior e sua nu t r i ção é feita por capilares existentes no tecido conjuntivo que envolve as cartilagens, como uma cápsu la , conhecido como pericôn-drio. O per icôndr io é t a m b é m responsáve l pelo metabolismo da cartilagem, sendo essencial para a sua vida. Por essas caracter ís t icas é fácil deduzir que a cartilagem é um tecido de difícil r enegeração .

As cartilagens persistem, no corpo adulto, em algumas poucas regiões, dependendo de necessidades estruturais. Podem ser classificadas em três tipos: hialina, elástica e fibrosa ou fibrocartilagem.

CAPÍTULO 4 55

Page 59: Manual de Histologia - Glerean

Cartilagem hialina — é o tipo mais comum, sendo encontrada, por exemplo, nos anéis do esqueleto da traqueia e dos brônquios e em superfícies articulares. O co lágeno t ipo II é a fibra característica da matriz desse tipo de cartilagem.

Cartilagem elástica — é encontrada na orelha externa, na tuba auditiva e na epiglote. Sua

matriz, além do colágeno do tipo II, é rica em f i bras elásticas.

Fibrocartilagem — é encontrada nos discos in-tervertebrais, na sínfise pubiana e no local de inserção de alguns tendões no osso. Sua matriz é rica em colágeno, principalmente do tipo I, e é pobre em substância fundamental. Não possui pericôndrio.

C o n d r ó c i t o s

Mat r i z

Per icôndr io — fo rnece condróc i tos p a r a o c resc imento

d a ca r t i l agem — responsável pe la nu t r i ção d a ca r t i l agem — responsável pe lo m e t a b o l i s m o d a c a r t i l a g e m — essencial p a r a a v ida da ca r t i l agem — na car t i l agem j ovem, a q u a n t i d a d e relat iva de

condróc i tos é m a i o r e a matr iz é menos basóf i la

C a r t i l a g e m — t ipo especia l de tec ido con jun t i vo — esquele to d o e m b r i ã o — n o adu l t o persiste e m poucas regiões — m e t a b o l i s m o ba ixo — n ã o possui i r r i gação sangu ínea

F i g . 4.1 — Cartilagem jovem — H.E. Cartilagem hialina.

Page 60: Manual de Histologia - Glerean

C o n d r o p l a s t o s ( l a c u n a s )

fig. 4 . 3 — Cartilagem elástica — Orceína.

Fig . 4 . 4 — Cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem — H.E.

CAPÍTULO 4 57

Page 61: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Ósseo e Ossificação

Alvaro Glerean

O tecido ósseo, do mesmo modo que o tecido cartilaginoso, constitui um tipo especial de tecido conjuntivo e pode ser comparado à cartilagem porque é consti tuído fundamentalmente por substancia intercelular e por células que também habitam pequenas lacunas.

O osso, da mesma forma, é revestido por tecido conjuntivo, que aqui recebe o nome de periós-teo, mas difere drasticamente da cartilagem, porque enquanto a cartilagem é avascular, o tecido ósseo é ricamente vascularizado.

Enquanto a cartilagem pode ser estudada ao microscópio por meio de métodos histológicos convencionais, o osso, dada a extrema dureza da sua substância intercelular, faz com que seu estudo ao microscópio seja particularmente difícil. Por esse motivo, técnicas apropriadas foram desenvolvidas. Uma delas, a que visa o estudo do material orgânico do osso, faz uso de agentes descalcificadores, de maneira que após a retirada da porção mineral do tecido, este pode ser rotineiramente submetido aos métodos convencionais de inclusão, microtomia e coloração. Uma outra técnica, diametralmente oposta, visa ao estudo da porção mineralizada. Para tanto, é usado o método do desgaste após maceração, a qual visa a eliminação do componente orgânico; em seguida o

osso é cortado em fatias grossas, que são desgastadas até o ponto de se tornarem suficientemente delgadas a f im de poderem ser examinadas ao microscópio, após montagem em meio apropriado, entre lâmina e lamínula.

O exame microscópio de uma preparação de osso, nos revela estruturas um tanto diferentes quando se trata de osso do tipo compacto ou osso do tipo esponjoso.

O tecido ósseo desgastado (ou seco) do tipo compacto, ao microscópio mostra substância intercelular, ou matriz, cons t i tu ída por lamelas; muitas delas formando sistemas concêntricos em volta de um orifício arredondado. Se o corte for longitudinal, se verifica que esses orifícios são cortes de canais, que se dispõem no sentido do maior eixo do osso; portanto, longitudinais a esse eixo. Além disso, esses canais se comunicam entre si por anastomoses. Os canais são conhecidos como canais de Havers e o conjunto do orifício central mais as lamelas que o rodeiam, como sistema de Havers ou ósteon. Os sistemas de Havers se comunicam entre si, com o canal medular e com a superfície do osso por meio de canais transversais ou oblíquos, chamados canais de Volk-mann. Entre os sistemas de Havers os espaços são ocupados t a m b é m por subs tânc ia intercelular

CAPÍTULO 5 59

Page 62: Manual de Histologia - Glerean

óssea lamelar, não formando porém os ósteons, e são conhecidos por sistemas intermediários ou inter-haversianos. Numa diáfise de osso longo, cuja porção oca centra) é ocupada pela medula óssea, existe u m sistema lamelar que rodeia a medula, chamado sistema circunferencial interno; um outro sistema lamelar fica na periferia do osso e denomina-se sistema circunferencial externo, situado logo abaixo do periósteo.

O exame ao microscópio de um corte de osso seco do tipo esponjoso não vai revelar canais e nem os correspondentes sistemas de Havers. O que se vê são cavidades de tamanhos variados, amplamente comunicantes entre si. Suas paredes são formadas t ambém por substância intercelular óssea, t ambém lamelar.

Em ambos os tipos de osso, compacto ou esponjoso, no interior das lamelas são vistas figuras estreladas, com inúmeros prolongamentos delgados denominadas lacunas ou, classicamente, os-teoplastos e os prolongamentos são chamados canalículos ósseos. Na verdade, as lacunas, in vivo, são ocupadas pelas células do tecido ósseo, os osteócitos e os canalículos são preenchidos pelos prolongamentos ci toplasmáticos dos osteócitos. Esses prolongamentos estabelecem, no interior dos canalículos, contatos por contiguidade com os canalículos vizinhos e aí podem ser observadas junções comunicantes, que permitem o fluxo de moléculas, íons, hormônios e nutrientes.

Nos cortes corados, de tecido ósseo fixado e descalcificado, vêem-se as células ósseas (osteócitos) com seus prolongamentos e no fundo a substância intercelular corada em róseo, quando da coloração pela hematoxilina e eosina. Ao contrário da cartilagem, em que a substância intercelular é basófi la, a do osso é acidófi la devido à presença de colágeno, proteoglicanas e glicoproteínas. Não mais se vê a estrutura lamelar, a não ser por metodologia especial.

No osso, além dos osteócitos, que são as células do osso maduro, ainda existem dois tipos celulares: a) os osteoblastos, que são as formas jovens das células ósseas, encontradas tanto no embrião quanto no osso em crescimento e no osso adulto. São elas que sintetizam a porção orgânica do osso — o colágeno, as proteoglicanas e as glicoproteínas, além de participarem da mineralização da matriz; b) os osteoclastos são vistos encostados às lamelas ósseas ou dentro das lacunas; são células mó

veis, gigantes e multinucleadas; derivam dos mo-nócitos e sua função é a de corroer o tecido ósseo, fundamentalmente nos processos de remodelação óssea. Multas vezes é possível ver o osteoclasto dentro de depressões da matriz, as quais são denominadas lacunas de Howship.

OSSIFICAÇÃO

O osso se forma à custa de tecido conjuntivo preexistente, seja diretamente, na ossificação dita intramembranosa, seja mediante a substituição de uma cartilagem, na chamada ossificação endocon-dral. Basicamente, ambos os processos são os mesmos.

Na ossificação endocondral, o modelo cartilaginoso irá sofrer progressiva destruição e em seu lugar irá aparecer o osso. E um exemplo típico da formação dos ossos longos. Após importantes fases do processo geral de ossificação, persiste, por um tempo determinado, a cartilagem situada entre o osso que se forma a partir dos centros epifi-sários de ossificação e o do centro diafisário e que constitui o disco epifisário. Ao microscópio se pode ver que essa cartilagem possui aspectos distintos e sucessivos: a) zona de cartilagem em repouso, imediatamente adjacente à epífise do futuro osso, onde é possível distinguir pequenos condróc i tos disseminados irregularmente pela matriz; em alguns locais existem espaços com vasos sanguíneos no seu interior; b) zona de multiplicação ou seriada, onde células jovens cartilaginosas proliferam, de tal modo que acabam se dispondo umas sobre as outras à guisa de moedas empilhadas. Nesta área são produzidas células novas que irão substituir as que se hipertrofiam e morrem; c) zona de cartilagem hipertrófica, onde as células cartilaginosas se encontram em diversas fases de maturação, aumentam de volume e acumulam glicogênio no citoplasma. Como aumentam de volume, ocupam mais espaço e, consequentemente, aumentam o disco epifisário, no sentido longitudinal; a lém disso, essas células sintetizam fosfatase; d) zona de cartilagem calcificada é delgada e a maior parte de suas células morre porque a substância intercelular que as rodeia, se calcifica; e) zona de ossificação, onde se forma o tecido ósseo, pois essa zona é invadida, a partir do periósteo, por capilares sanguíneos e por células osteogênicas que originam os osteoblastos.

60 CAPÍTULO 5

Page 63: Manual de Histologia - Glerean

A partir da ossificação do tipo intramembrano-sa. são originados vários ossos, como, por exemplo, ossos do crânio e alguns da face. Essa ossificação se inicia quando um acúmulo de células mesen-quimáticas se diferenciam em osteoblastos. Esses acúmulos se denominam de centros de ossificação. Logo após o seu aparecimento, os osteoblastos começam a secretar a matriz orgânica do osso osteóide). Após os osteoblastos ficarem envoltos

pela matriz, passam a se chamar osteócitos, já no interior de lacunas. Os osteócitos envoltos pela

matriz formam porções de ossos denominados espículas ósseas, que por sua vez são cobertas pelos osteoblastos. As espículas, quando bem desenvolvidas, passam a se chamar trabéculas. Ao osso formado por um emaranhado de trabéculas unidas entre si, se dá o nome de osso esponjoso. Os espaços vazios deixados pelas trabéculas são ocupados por medula óssea.

A ossificação intramembranosa promove também o crescimento dos ossos curtos e o crescimento em espessura dos ossos longos.

Page 64: Manual de Histologia - Glerean
Page 65: Manual de Histologia - Glerean

Fig . 5 .6 — Osso c o m p a c t o desgastado — Microscopia de polarização.

O s s o c o m p a c f o — à luz p o l a r i z a d a :

— a l te rnânc ia d e lame las c laras e escuras

— c laras são an iso t róp icas

— escuras são isot rópicas

— cruz de po la r i zação

C a n a l e s i s t e m a d e H a v e r s

• B a n d a c l a r a d a c r u z d e p o l a r i z a ç ã o

B a n d a e s c u r a d a c r u z d e p o l a r i z a ç ã o

C a n a l d e V o l k m a n n — c o m u n i c a

— cana is de Havers entre si

— cana is de Havers c o m o cana l m e d u l a r

— cana is de Havers c o m a superf íc ie externa

d o osso

F ig . 5 . 7 — Osso compacto desgastado. Canal de Volkmann.

F i g . 5 .8 — Osso esponjodo desgastado.

C A P I T U L O 5

O s s o e s p o n j o s o — n ã o existem cana is n e m sistemas de Havers

— cav idades de t a m a n h o s va r i ados , comun i can tes

ent re si

— sistema l ame la r c o m o no osso c o m p a c t o

T r a b é c u l a s

C a v i d a d e s

63

Page 66: Manual de Histologia - Glerean

• T r a b é c u l a

* • C a v i d a d e s

F i g . 5 .9 — Osso esponjoso desgastado — Nomars /a .

Page 67: Manual de Histologia - Glerean

F ig . 5 . 1 2 — Ossificação intramembrana — H.E.

F/g. 5 . 7 3 — Ossificação intramembranosa — H.E.

Page 68: Manual de Histologia - Glerean

f 2 3 4 1 — Z o n a d e c a r t i l a g e m e m r e p o u s o 2 — Z o n a d e c a r t i l a g e m s e r i a d a 3 — Z o n a d e c a r t i l a g e m h iper t ró f ica

4 — Z o n a d e c a r t i l a g e m c a l c i f i c a d a

5 — Z o n a d e ossi f icação

E s p i c u l a s ósseas

zona d e ca r t i l agem e m r e p o u s o : é possível d is t ingu i r pequenos condróc i tos d i sseminados i r r egu la rmen te pe la mat r iz zona d e mu l t i p l i cação : aí as célu las car t i l ag inosas jovens p ro l i f e ram zona d e ca r t i l agem h iper t ró f i ca : as célu las car t i lag inosas estão e m diversas e tapas d e m a t u r a ç ã o , a u m e n t a m de v o l u m e e a c u m u l a m g l i cogên io no seu c i t op lasma zona d e ca r t i l agem ca lc i f i cada : a m a i o r par te das célu las m o r r e p o r q u e a substânc ia in tercelu lar que as rode ia se calc i f ica zona d e ossi f icação: é o n d e se f o r m a o tec ido ósseo; há invasão de capi lares e de células osteogênicas

F i g . 5 . 1 5 — Ossificação endocondral — H.E.

* • C a r t i l a g e m r e m a n e s c e n t e

* - Os teóc i tos

Espículas

Per iósteo

* • O s t e o b l a s t o s

F i g . 5 . 1 6 — Oss i f i cação endocondral — H.E

m Osteóc i tos

O s t e o b l a s t o s

Espículas

C a r t i l a g e m r e m a n e s c e n t e

F i g . 5 . 1 7 — Ossificação endocondral — H.E. Osteoblasto, osteócito, osteoclasto.

66 C A P Í T U L O 5

Page 69: Manual de Histologia - Glerean

— sintetiza o osteóide: co lágeno t ipo I e proteogl icanas — regu la a m i n e r a l i z a ç ã o d o tec ido ósseo — é u m a célu la a l t amen te po l a r i zada — possui u m a b o m b a de prótons que d im inu i o p H d o

me io , aux i l iando os osteoclastos na remode lação óssea

— possui receptores p a r a p H , p a r a es t rógenos e p a r a a n d r ó g e n o s

— secreta p ro teog l i canas que p o d e m es t imu la r os osteoclastos

> O s t e ó c i t o — célula essencial para a manutenção e para a

r enovação ro t ine i ra d a mat r i z — pelos seus p r o l o n g a m e n t o s , permi te

c o m u n i c a ç õ e s qu ím icas , elétr icas e mecân icas e t rocas d e sais m inera is e de nutr ientes.

Rg. 5 . 1 8 — Ossificação endocondral — H.E. Osteoblasto, osteócito.

de vár ios monóc i t os

• Espícula

F ig . 5 . 1 9 — Ossificação endocondral — H.E. Osteoc/as fo .

C A P Í T U L O 5 67

Page 70: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Nervoso

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

Neurônio

De todos os tecidos, o tecido nervoso é o mais diferenciado. Ele está organizado no que se costuma chamar sistema nervoso e se pode distinguir o sistema nervoso central ou cefalorraquidiano, que compreende o encéfalo e a medula espinhal e seus gânglios, e o sistema nervoso periférico, formado pelos nervos e pelos gânglios nervosos. Apesar de as colorações convencionais fornecerem informações sobre a cons t i tu ição do sistema nervoso, sua real e complexa estrutura só foi poss íve l na primeira metade do sécu lo XX, graças ao emprego dos métodos de dissociação e de impregnação metálica, principalmente pelos sais de prata.

O sistema nervoso é consti tuído essencialmente por dois tipos de células: os neurónios, geralmente com longos prolongamentos, e os diferentes tipos de células da glia, ou neuróglia. As células da glia sustentam e nutrem os neurónios, além de participar dos processos de defesa do tecido. Deve ser considerado ainda um terceiro tipo de células, as células ependimárias , que revestem as cavidades do encéfalo e da medula.

O neurônio, ou célula nervosa, é especializado em originar e conduzir impulsos nervosos. Sua forma e tamanho variam grandemente nas diferentes partes do sistema nervoso. Todos os neurónios possuem, no entanto, u m corpo celular chamado pericário e processos ci toplasmáticos, ou prolongamentos. O corpo celular con tém o núcleo, geralmente centralizado, vesicular e claro. Algumas células nervosas são extremamente grandes e principalmente nestes neu rón ios de grande porte é possível se ver grânulos citoplasmáticos basófilos chamados corpos ou corpúsculos de Nissl, na verdade ribossomas, tanto na forma livre quanto na associada a cisternas. As proteínas sintetizadas nos polirribossomas livres incluem: enzimas empregadas na síntese de neu-rotransmissores e elementos do citoesqueleto, necessários para o suporte e o transporte no interior dos processos nervosos. As proteínas sintetizadas pelos polirribossomas ligados às cisternas incluem: proteínas de membranas que compreendem canais de íons e receptores, e vesículas sinápticas e transmissores nervosos neuropept í -dicos. Em preparações em que foi feito determinado tipo de impregnação argêntica, é possível se ver no citoplasma o que classicamente se chamou de neurofibrilas, que nada mais são, na verdade,

C A P Í T U L O 6 69

Page 71: Manual de Histologia - Glerean

do que os neurofilamentos que se agregam e podem então ser vistos ao microscópio óptico.

Os processos, ou prolongamentos, são especializações do citoplasma e fisiologicamente estão relacionados com a condução do impulso nervoso. Dois tipos de prolongamentos existem: axô-nio e dendritos. O axônio, sempre único, se destina a conduzir o impulso no sentido centrífugo em relação à célula, ou seja, para fora dela. Os dendritos em geral são muitos e conduzem o impulso no sentido centrípeto, ou seja, em direção à célula nervosa.

Sinapses — são locais de contato funcional entre dois neurónios ou entre neurônio e um órgão efetor. A ultra-estrutura mostra que a sinapse é consti tuída por um componente pré-sináptico, região onde se dá a transmissão, caracterizado por possuir vesículas sinápticas (que contêm os neu-rotransmissores) e um pós-sináptico, região receptora que tem o tamanho e a forma semelhantes ao pré-sináptico. Entre os dois existe a fenda sinóptica, delimitada pelos espessamentos das membranas pré e pós-sinápticas.

Neuróglia

Ainda no princípio do século passado reco-nheceu-se no sistema nervoso um tipo especial de tecido que faz as vezes de tecido conjuntivo, pois não existe no sistema nervoso central o tecido conjuntivo propriamente dito; este só é encontrado formando envoltórios externos e no sistema nervoso periférico. A neuróglia é formada por células que têm a mesma origem das que compõem o tecido nervoso. As funções das células da glia são estrutural, metabólica e de defesa. São quatro os tipos de células da neuróglia: astrócitos, oligo-dendrócitos, micróglia e células ependimárias .

Os astrócitos são as maiores células da glia, por isso também conhecidas como macróglia. Elas possuem núcleo central e grande quantidade de prolongamentos que se irradiam para todas as di-reções. Alguns desses prolongamentos vão em direção a vasos sanguíneos e quando os contatam formam no local, junto à membrana basal das células endoteliais, di latações, que, em conjunto com o prolongamento, recebem o nome de p é vascular. Outros prolongamentos vão terminar na membrana basal situada junto à pia-máter. Dis-

tinguem-se dois tipos de astrócitos: o protoplas-mático, principalmente encontrado na substância cinzenta, e o fibroso, encontrado na substância branca. Tanto nos capilares como nos vasos maiores os astrócitos induzem e m a n t ê m a barreira hematocerebral; a rede de astrócitos forma um significativo sistema de comunicação não-neuro-nal. O potássio, importante íon no funcionamento do n e u r ô n i o , pode ser mob i l i z ado do microambiente que circunda o neurônio através dessa rede, para o sangue ou para o líquido cere-broespinhal.

Os oligodendrócitos são células menores do que os astrócitos e se caracterizam por possuir pequena quantidade de prolongamentos (daí o prefixo oligo). São encontradas tanto na substância branca quanto na cinzenta. Na substância cinzenta ficam nas proximidades dos neu rón ios , sendo chamadas por isso de células satélites. Na substância branca, recebem o nome de células de Schwann, se dispõem emfi la junto às fibras nervosas mielínicas e são responsáveis pela formação da bainha de mielina.

As células da micróglia são pequenas, possuem núcleo alongado e prolongamentos longos e fle-xuosos, muito ramificados e com abundantes espinhos. Essas células são mais abundantes na substância cinzenta do que na branca. Sua função é macrofágica.

As células ependimárias são cilíndricas e se d ispõem de maneira justaposta, lembrando um epitélio cil índrico simples. Revestem as cavidades do encéfalo e da medula.

Fibra Nervosa

A fibra nervosa é constituída pelo axônio e seus envol tó r ios (mielina e tecido conjuntivo). Se examinarmos uma fibra mielínica isolada, ao mi croscópio óptico, impregnada pelo tetróxido de ósmio, veremos que, ao microscópio óptico, ela é cilíndrica, mas de quando em quando surgem reentrâncias conhecidas como estrangulamentos ou nódulos de Ranvier. O axônio, ou cilindro-eixo, passa por esses estrangulamentos sem interrupção. A bainha de mielina aparece enegrecida pelo tetróxido de ósmio e interrompe-se no nível dos estrangulamentos. Nos segmentos entre os estrangulamentos, a mielina t ambém não é cont ínua,

70 C A P Í T U L O Ó

Page 72: Manual de Histologia - Glerean

mostrando linhas oblíquas, as chamadas incisu-ras de Schmidt-Lantermann, que representam áreas em que o citoplasma da célula de Schwann permaneceu intacto, durante o processo de formação da bainha.

Nervo

Os nervos são estruturas semelhantes a cordões, que saem do cérebro sob a forma de nervos cranianos ou da medula espinhal sob a forma de nervos raquidianos, ramificam-se e continuam visando chegar a todos os pontos do organismo. Cada nervo possui fibras nervosas mielínicas ou não, aferentes e eferentes, muitas vezes misturadas. Os nervos são sustentados por tecido conjuntivo. A camada de conjuntivo mais externa, que envolve o nervo é chamada epineuro. A partir deste o tecido conjuntivo invade o nervo e vai revestir conjuntos de fibras nervosas, recebendo então o nome de perineuro. Cada fibra nervosa isoladamente é envolvida pela bainha de células de Schwann e por um envoltório conjuntivo delgado, o endoneuro.

Gânglio Nervoso Espinhal

Os gânglios nervosos espinhais são órgãos do sistema nervoso destinados a transmitir ao sistema nervoso central as informações colhidas nas terminações sensitivas, seja do meio ambiente, seja do interior do organismo. São envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo. Seus neurónios são globosos, estão dispostos geralmente na periferia do gânglio e têm tamanho variável; possuem n ú c l e o s volumosos, claros, com nuc l éo lo bastante evidente. Envolvendo cada n e u r ô n i o existe uma camada de células satélites. Os demais componentes do gânglio são fibras nervosas e tecido conjuntivo.

Gânglio Nervoso Autónomo

Os gânglios nervosos autónomos são órgãos envolvidos por uma cápsula conjuntiva. Seus neurónios, ao contrário do que acontece no gânglio espinhal, tendem a ocupar todo o órgão e não apenas a parte periférica. Possuem número reduzido de células satélites.

Córtex Cerebral

No córtex cerebral podem ser distinguidas seis camadas, não havendo, porém, separações nítidas entre elas. Na verdade elas são vistas, quanto ao arranjo, na base da predominância de um tipo celular ou de fibras nervosas. A coloração pela hematoxilina-eosina permite, se bem que com certa dificuldade, a distinção das referidas camadas. Desse modo, de fora para dentro elas se dispõem em camadas:

Molecular — consiste em fibras dispostas, em sua maioria, paralelas à superfície e de relativamente poucas células.

Granulosa externa — consiste principalmente em células pequenas, muitas com aspecto piramidal.

De células piramidais — as células possuem forma piramidal.

Granulosa interna — caracterizada pela presença de muitas células nervosas de tamanho pequeno.

Piramidal interna — sobressai em conteúdo de células piramidais. Uma certa região do córtex é chamada zona motora e nela as células são gigantes e conhecidas pelo nome de células de Betz.

De células polimorfas — assim chamada porque suas células possuem formas diferentes.

Córtex Cerebelar

O córtex cerebelar possui três camadas:

Molecular externa — possui poucas células e muitas fibras nervosas amielínicas.

De células gigantes — formada pelas células de Purkinje.

Granulosa interna — r iquíssima em células nervosas de tamanho bastante reduzido.

Plexo Coróide

A pia-máter com seus vasos sanguíneos, em alguns locais empurra a membrana ependimária dos ventr ículos, o que resulta na formação dos plexos coróides, com um eixo conjuntivo vascular e revestimento epitelial de células cúbicas ou

C A P Í T U L O 6 7'

Page 73: Manual de Histologia - Glerean

cilíndricas. A principal função dos plexos corói-des é a de secretar o l íquido cefalorraquidiano.

Medula Espinhal

A medula espinhal acha-se cons t i tu ída por duas partes distintas: uma externa, com fibras nervosas ascendentes e descendentes, que const i tu i a substância branca da medula; outra interna, com os corpos dos neurónios, fibras nervosas e células da glia, que tem a característica forma de um H (H medular) e constitui a substância cinzenta da medula. Na parte central da medula existe u m canal denominado canal medular ou ependimár io .

Meninges

São membranas de tecido conjuntivo que envolvem o sistema nervoso central. São três camadas, de fora para dentro: dura-máter, aracnóide e pia-máter. A dura-máter é de tecido conjuntivo denso e é con t ínua com o periósteo. O espaço epidural a separa das vértebras. A aracnóide possui duas porções, uma em contato com a dura-máter e uma outra que mostra possuir traves que a unem à pia-máter, delimitando o espaço suba-racnóideo, que contém líquido cefalorraquidiano. A pia-máter é altamente vascularizada e adere ao tecido nervoso, ficando entre ambos os prolongamentos dos astrócitos.

C o r p ú s c u l o s d e N i s s l — r ibossomas livres e assoc iados a c isternas — enz imas e m p r e g a d a s na síntese de

neu ro t ransmisso res — síntese dos e lementos d o c i toesquele to

necessár ios p a r a o supor te e p a r a o t ranspor te n o in ter ior dos processos nervosos

— prote ínas de m e m b r a n a s , i nc lu indo cana is de íons e receptores

— vesículas s inápt icas e t ransmissores nervosos neu ropep t íd i cos

N e u r ó n i o s

N ú c l e o s d e cé lu las d a g l i a

F i g . 6.1 — Medula espinhal — H.E. Corpúsculos de Nissl. Neurônio.

F i g . 6 .2 — Cór tex cerebral — I m p r e g n a ç ã o argêntica. Neurônio.

72 v

N e u r ô n i o o u cé lu la n e r v o s a

— célu la a l t amen te espec ia l i zada e m

o r i g i n a r e conduz i r impu lsos nervosos

D e n d r i t o s

C A P Í T U L O 6

Page 74: Manual de Histologia - Glerean

Per icárdios d a s cé lu las d e P u r k i n j e

D e n d r i t o s

— g e r a l m e n t e e m g r a n d e n ú m e r o nas célu las nervosas

— c o n d u z e m o impu l so nervoso n o sent ido cent r ípe to ,

ou se ja , e m d i r eção à cé lu la

F ig . 6 . 3 — Cerebe/o — i m p r e g n a ç ã o argêntica. Células de Purkinje. Dendritos.

D e n d r i t o s

Per icár ios d a s cé lu las d e P u r k i n j e

• A x ô n i o - sempre ún ico

- conduz o impu l so nervoso no sen t ido

cen t r í fugo , ou se ja, p a r a fo ra d a cé lu la

F ig . 6 . 4 — Cen I m p r e g n a ç ã o argêntica. Células de Purkinje. Dentritos. Axônio.

F ig . 6 . 5 — Medula espinhal — i m p r e g n a ç ã o argêntica. Neurofibrilas.

C A P Í T U L O 6

N e u r o f i b r i l a s — c o r r e s p o n d e m aos neu ro f i l amen tos vistos

a o M.E. , ag l u t i nados

N e u r ó n i o s

73

Page 75: Manual de Histologia - Glerean

Astróci to f i b r o s o

4 *

- * • Astróci to f i b r o s o c o m p é v a s c u l a r

L F i g . 6 .6 — Cérebro — Impregnação áurica. Astrócito fibroso.

Astróci tos f i b r o s o s c o m pés v a s c u l a r e s Astróc i tos

— induzem e m a n t ê m a barre i ra hematoencefá l ica

— f o r m a m u m a s ign i f icat iva rede d e

c o m u n i c a ç ã o n ã o - n e u r o n a l

— m o b i l i z a m o potáss io no m i c r o a m b i e n t e q u e

c i r cunda c a d a n e u r ô n i o p a r a o s a n g u e o u

p a r a o l íqu ido ce rebroesp ina l

— observações vá l idas p a r a a m b o s os t ipos d e

ast róc i tos

F i g . 6 .7 — Cérebro — Impregnação áurica. Astrócito f ib roso.

".V

F i g . 6 .8 — Cérebro — Impregnação áurica. Astrócito protopfasmático.

74

Astróci tos p r o t o p l a s m á t i c o s

( i m p r e g n a ç ã o p o r o u r o )

N e u r ó n i o s

C A P Í T U L O 6

Page 76: Manual de Histologia - Glerean

»

Page 77: Manual de Histologia - Glerean

* " I n c i s u r a s d e S c h m i d t - L a n t e r m a n n

— são á reas e m que o c i t op l asma da cé lu la d e

Schwann p e r m a n e c e u a p ó s o processo de

e n r o l a m e n t o

F i g . 6 . 1 3 — Fibra nervosa — Tetróxido de ósmio. incisura de Schmidt-Lantermann.

F i g . 6 . 1 4 — Nervo — H.E.

76 C A P Í T U L O 6

«

Page 78: Manual de Histologia - Glerean

I m a g e m n e g a t i v a d a b a i n h a d e m i e l i n a

F ig . 6 . 1 5 — Nervo — H.E.

Fig . 6 . 1 6 — N e r v o — H . E .

• N ú c l e o s d e cé lu las d e S c h w a n n

A x ô n i o s

N ú c l e o s d e cé lu las d o n e u r i l e m a

F ig . 6 . 1 7 — Gânglio espinhal — H.E.

C A P Í T U L O 6

F i b r a s n e r v o s a s

- > C á p s u l a

N e u r ó n i o s

N ú c l e o s d e cé lu las saté l i tes

G â n g l i o e s p i n h a l

— n o sistema nervoso per i fé r ico os co rpos das

cé lu las nervosas f i c a m no in ter ior de g â n g l i o s

77

Page 79: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 6 . 1 8 — Gânglio nervoso a u t ó n o m o — H.E.

Page 80: Manual de Histologia - Glerean

Fig . 6.21 — Plexo coróide — H.E.

Plexo c o r ó i d e

— resulta d a p i a - m á t e r e m p u r r a r , c o m seus vasos,

a m e m b r a n a e p e n d i m á r i a nos ventr ículos

— secreta o l í qu ido c e f a l o r r a q u i d i a n o

J

C é l u l a s e p i t e l i a i s cúbicas ( e p ê n d i m a )

C a p i l a r e s s a n g u í n e o s ( p i a - a r a c n ó i d e )

F ig . 6 . 2 2 — Plexo coróide — H.E.

Substânc ia c i n z e n t a

N e u r ó n i o s

. Fig . 6 . 2 3 — Medula espinhal — H.E.

C A P Í T U L O Ó

' S u b s t â n c i a b r a n c a

C a n a l e p e n d i m á r i o

M e n i n g e s

79

Page 81: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Tecido Muscular

Alvaro Glerean

INTRODUÇÃO

O tecido muscular se caracteriza por ser constituído por células altamente especializadas em contratilidade. Mediante dissecção e dissociação os primeiros anatomistas já haviam chegado à conclusão de que as células desse tecido são longas, de tal modo que receberam o nome de fibras, ou seja, cada fibra muscular é uma célula. Algumas dessas fibras são tão grandes, que possuem muitos núcleos . Quando estimuladas, as fibras musculares t ê m a capacidade de se encurtar, apoiadas pelas suas extremidades. A eficiência de trabalho que elas possuem é muito grande à temperatura relativamente baixa.

As principais proteínas contrateis dos músculos liso e estriado são a actina e a miosina e com frequência são chamadas miofilamentos.

Existem três tipos de tecidos musculares que se distinguem entre si não só pela estrutura como também pela localização e pelo tipo particular de função que exercem: liso, estriado esquelético e estriado cardíaco.

MÚSCULO L I S O

Quando se examina um corte histológico longitudinal de músculo liso, vê-se que os núcleos

das cé lulas são ún icos , estreitos e alongados, muitas vezes ondulados como um saca-rolhas, no músculo em estado relaxado. O citoplasma, também alongado, se cora em róseo pela eosina. No interior do citoplasma, a microscopia eletrônica tornou bem visível a presença das miofibrilas, estruturas responsáveis pela contração. E possível, muitas vezes, se ver os limites entre as células musculares lisas. Já em corte transversal, as f i bras vão aparecer com forma arredondada, com ou sem a presença do núcleo, o qual também está cortado transversalmente. Em ambos os casos, entre as fibras musculares existe tecido conjuntivo com suas fibras dispostas em várias direções do espaço e sempre acompanhadas de capilares sanguíneos. Essas observações sugerem, o que foi comprovado, que as fibras musculares lisas são fusiformes, mononucleadas, com núcleo também fusiforme. Geralmente, nos órgãos ocos, as fibras musculares lisas se dispõem em camadas de modo que a extremidade de uma fibra está na altura da porção média da vizinha e assim por diante. E um múscu lo de típica contração lenta, involuntária. É encontrado em muitas regiões do organismo, como, por exemplo, na parede do tubo digestivo, na parede de diversos segmentos da árvore respiratória, nos condutos das vias urogeni-

C A P Í T U L O 7 81

Page 82: Manual de Histologia - Glerean

tais e nas paredes vasculares. Na parede dos órgãos tubulares, como os intestinos, as fibras musculares lisas tendem a se dispor em camadas, a f im de que os movimentos de contração (para deslizamento do conteúdo) e os destinados à mistura do conteúdo (movimento pendular) possam ser eficientes. Nos órgãos ocos, como o útero e a bexiga urinária, a musculatura lisa se dispõe de modo plexiforme, a f im de que o esvaziamento do órgão possa ser feito por movimentos uniformes e eficientes.

MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO

Ao contrário do liso, o músculo estriado esquelético é do tipo voluntário, no sentido de que sua contração depende da vontade do ser. Quando visto em corte longitudinal, ao microscópio, chama muito a atenção a presença de estriações transversais em relação à fibra. Estas estriações são devidas a que, ao contrário das miofibrilas do músculo liso, as do estriado não são homogéneas mas se apresentam consti tuídas por discos ou faixas sobrepostos, alternadamente claros e escuros.

As faixas escuras são chamadas bandas A por serem anisotrópicas à luz polarizada: são birre-fringentes. As faixas claras são chamadas de bandas I por serem isotrópicas à luz polarizada: são monorrefringentes.

Tanto a banda A como a I são subdivididas por uma banda estreita. O disco Z é uma banda escura que aparece como uma linha que divide a banda I . A banda H é uma banda clara que divide a banda A. Muitas vezes pode ser vista uma linha M dividindo a banda H.

Chama-se de sarcômero ao segmento de uma miofibrila situado entre dois discos Z adjacentes e constitui a unidade contrátil do músculo estriado.

A fibra muscular estriada é uma célula muito grande, podendo atingir vários cent ímet ros de comprimento e sua espessura pode atingir 10 ou mais micrômetros. Seus diversos núcleos tendem a se dispor na periferia da célula.

Nos músculos estriados esqueléticos as fibras se d ispõem agrupadas, em grande número , em feixes envolvidos por tecido conjuntivo. U m corte transversal de múscu lo estriado permite ver bem esses feixes, que, no conjunto, classicamen

te recebem o nome campos de Cohnheim. Ao tecido conjuntivo que envolve o músculo, dá-se o nome de epimísio. O tecido conjuntivo que envolve os feixes recebe o nome perimísio. No interior de cada feixe, que envolve as fibras musculares, o tecido conjuntivo forma delicados septos denominados endomísio.

MÚSCULO CARDÍACO

O tecido muscular cardíaco, como o nome sugere, constitui o músculo do coração e também pode ser chamado miocárdio.

É também consti tuído por fibras musculares estriadas, que diferem da fibra estriada esquelética porque:

a) Não são isoladas, mas se anastomosam entre si formando uma extensa rede que ocupa todo o coração.

b) Seu núcleo único, ou no máximo dois, se situa no centro da fibra.

c) Além da já conhecida estr iação transversal, as fibras mostram traços transversais dispostos irregularmente, chamados traços es-calariformes de Eberth, discos ou peças intercalares. Os t raços, ao microscóp io ele-t rônico, mostraram ser junções que ficam nas interfaces das células musculares adjacentes.

T E C I D O NODAL

O tecido nodal é uma variante de tecido muscular, que permite a t ransmissão das ondas de contração, dos átrios para os ventr ículos. Ele é formado por células poliédricas claras, com núcleo central e citoplasma abundante, onde existem miofibrilas estriadas, geralmente situadas na periferia da célula.

O aspecto dessas células lembra muito o de um tecido embrionário.

PLACA MOTORA

A placa motora está relacionada com a ener-vação eferente do múscu lo estriado. Os nervos motores penetram o músculo acompanhadas de

82 C A P Í T U L O 7

Page 83: Manual de Histologia - Glerean

tecido conjuntivo e no seu interior se ramificam e se resolvem em filetes nervosos. Em geral, o número de fibras nervosas que enerva uma fibra muscular é diretamente proporcional à finura e delicadeza dos movimentos de que o múscu lo participa.

A maior parte das fibras musculares provavelmente recebe uma fibra nervosa que vai ter

minar na fibra muscular formando uma placa motora terminal. Ao microscópio de luz, o exame da placa motora após impregnação pelo ouro, por exemplo, mostra que uma fibra nervosa ao terminar na superfície de uma fibra muscular, se dissocia numa série de radículas , finas, terminais, que formam um acúmulo localizado na superfície da fibra.

M ú s c u l o l iso — células fus i fo rmes , m o n o n u c l e a d a s

— célu las n ã o possuem est r iação

— c o n t r a ç ã o invo lun tá r ia

F i b r a s m u s c u l a r e s l i s a s

— dispostas c i r cu la rmen te e m re lação a o

ó r g ã o

F i b r a s m u s c u l a r e s l i s a s

— dispostas l ong i t ud i na lmen te e m re lação

a o ó r g ã o

F ig . 7.1 — D u o d e n o — H.E. Músculo liso.

F ig . 7 .2 — Co/o uterino — H.E. Músculo liso.

C A P Í T U L O 7

M ú s c u l o l iso — é a p r inc ipa l cé lu la cont rá t i l d a p a r e d e

das vísceras e dos vasos sangu íneos

— nas pa redes de ó r g ã o s ocos , as f ib ras se

d i s p õ e m de m o d o p lex i fo rme

F i b r a s m u s c u l a r e s l i s a s

Page 84: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 7 . 3 — Vilosidade intestinal — H.E. Fibra muscular lisa.

F i b r a s m u s c u l a r e s l i s a s

— vistas i nd i v i dua lmen te q u a n d o imersas

e m tec ido con jun t i vo

F i b r a s m u s c u l a r e s e s t r i a d a s

N ú c l e o s s i t u a d o s n a p e r i f e r i a d a f i b r a

N ú c l e o s d e cé lu las d o e n d o m í s i o

M ú s c u l o e s t r i a d o

— células de g r a n d e s d imensões e po l i nuc leadas

— possuem nít idas estr iações n o c i t op lasma

— c o n t r a ç ã o vo lun tá r i a

F i g . 7 .4 — Língua — H.E. Músculo estriado esquelético.

F i b r a m u s c u l a r e s t r i a d a

* • N ú c l e o s i t u a d o n a p e r i f e r i a d a f i b r a

F i g . 7 . 5 — Língua — H. Férrica. Fibra muscular esquelética.

84 C A P Í T U L O 7

Page 85: Manual de Histologia - Glerean

N ú c l e o s s i t u a d o s n a p e r i f e r i a d a s f i b r a s

F ig . 7 . 6 — Língua — H. Férrica. Músculo estriado esquelético.

N ú c l e o s d e cé lu las d o e n d o m í s i o

A i m p r e g n a ç ã o pelos sais d e o u r o pe rm i te

observar n i t i damen te as estr iações existentes

nas f ib ras est r iadas esquelét icas

F ig . 7 .7 — Músculo estriado esquelético dissociado — i m p r e g n a ç ã o áurica.

MÊÊÊt^ÊÊÊ/ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊKÊ

F i b r a s m u s c u l a r e s e s t r i a d a s

e m corte t r a n s v e r s a l

N ú c l e o s

F i b r a s m u s c u l a r e s e s t r i a d a s e m corte long i tud ina l

• B a n d a I o u c l a r a

• B a n d a A o u e s c u r a

L i n h a Z (no c e n t r o d a b a n d a I)

F i g . 7 .8 — Músculo estriado esquelético — H.E. (Cortesia de 1. H. A.)

C A P Í T U L O 7 85

Page 86: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 7 . 9 — Língua — H.E. Músculo estriado esquelético.

F i g . 7 . 1 0 — Língua — H. Férrica. Músculo estriado esquelético.

* • Eprmís io

Per imís io

C a p i l a r e s s a n g u í n e o s

N ú c l e o s per i fé r icos

M i o f i b r i l a s

C a m p o d e C o h n h e i m — con jun to d e f i b ras muscu la res est r iadas

co r tadas t ransversa lmen te

M ú s c u l o c a r d í a c o

— célu las c o m u m o u do is núc leos centra is

— nít idas estr iações n o c i t op lasma

— c o n t r a ç ã o invo lun tá r ia

— possui os discos in terca lares o u d e Von Eberth

N ú c l e o s c e n t r a i s

D i s c o s i n t e r c a l a r e s — junções nas inter faces das célu las

ad jacen tes

F i g . 7 . 1 1 — Músculo cardíaco — H. Férrica. Discos intercalares.

86 C A P Í T U L O 7

Page 87: Manual de Histologia - Glerean

Tec ido n o d a l

— v a r i e d a d e de tec ido muscu la r

— suas célu las possuem estr iações

— t r a n s m i t e m as o n d a s de con t ração no

c o r a ç ã o

F ig . 7 . 1 2 — Tecido nodal — H.E.

Fig. 7 . 1 3 — Tecido nodal — H. Férrica.

F ig . 7 . 1 4 — Múscu lo estriado esquelético dissociado — I m p r e g n a ç ã o áurica. Placa motora.

C A P Í T U L O 7 87

I

Page 88: Manual de Histologia - Glerean

88 C A P Í T U L O 7

Page 89: Manual de Histologia - Glerean

Sistema Cardiovascular

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

Coração

Nos vertebrados, o sistema circulatório com-põe-se de tubos que conduzem o sangue e a linfa. Apesar de a estrutura desses tubos ser bastante variável, todos têm em comum o fato de ser revestidos internamente por uma camada de células endoteliais. Os capilares são formados apenas por essa camada de células endoteliais, apoiadas em uma membrana basal. Os componentes das paredes dos demais vasos se desenvolvem posteriormente em torno da camada endotelial e são

constituídos por eJementos de natureza conjunti-Ta e elementos contrateis dispostos de modo a atender os requisitos funcionais dos vasos, servindo também para classificá-los.

O coração é consequente ao fato de em torno de uma porção do sistema circulatório ter se desenvolvido uma potente musculatura estriada. Ele é formado estruturalmente por três túnicas: uma interna, o endocárdio, uma média, o miocárdio, e uma externa, o pericárdio.

O endocárdio é cons t i tu ído pelo endoté l io , comum a todo o sistema circulatório e por uma região subendotelial, onde existem fibroblastos,

fibras colágenas, fibras elásticas e algumas fibras musculares lisas, além de filetes nervosos.

O miocárdio é formado por fibras musculares cardíacas as quais delimitam cavidades e se dispõem de modo plexiforme complexo.

O pericárdio é a serosa do coração, tendo um folheto parietal e um folheto visceral chamado epicárdio, que envolve o miocárdio. Cada folheto é formado por epitélio pavimentoso simples assentado sobre tecido conjuntivo com células adiposas e com significante irrigação sanguínea.

As válvulas cardíacas são formadas por uma porção centra] de tecido conjuntivo denso con

tendo fibras elásticas; ambas as faces são recobertas por endotélio.

Capilares

Os capilares sanguíneos t êm constituição bastante simples. Sua parede é formada por endotélio, cujas células são pavimentosas e se justapõem, sendo seus limites reveláveis por sais de prata. O núcleo dessas células é t ambém pavimentoso, fazendo em geral saliência na luz do capilar. A luz dos capilares é muito estreita, podendo variar de aproximadamente cinco a 15 micrômetros; uma

C A P Í T U L O 8

Page 90: Manual de Histologia - Glerean

a quatro células endoteliais apenas circunscrevem um capilar. O endotélio é, por sua vez, forrado externamente por uma membrana basal. Outra característica dos capilares é o fato de eles se anas-tomosarem amplamente. Esse tipo assim descrito é o chamado capilar contínuo. As cé lulas que constituem o capilar, os endoteliócitos, formam uma membrana com função semelhante à da membrana de diálise: não permite a passagem dos colóides do sangue, mas permite a passagem de água e de cristalóides. Fora do capilar esse fluido é conhecido como fluido tissular. Esse transporte é chamado transcitose — não é feito por meio de vesículas e não há fusão com lisossomas. O endo-

teliócito, além de ter função mecânica, produz prostaglandinas e citocinas, age como célula macrofágica (célula apresentadora de antígenos), interage com leucócitos possibilitando sua migração para os tecidos, produz substâncias vasodilatadoras, como as prostaciclinas e vasoconstritoras, como as endotelinas, ânions superóxidos e angio-tensina I I , além de produzir fatores de crescimento, como a EDGF e de proteger a integridade estrutural (por exemplo, proteínas da lâmina basal).

Existem ainda os capilares fenestrados, que possuem aberturas em sua parede, em forma de fendas e um outro tipo muito especial chamado capilar sinusóide, caracterizado por possuir tra-jeto sinuoso, calibre irregular, dilatado em certos pontos, endotélio descont ínuo e suas células têm propriedades fagocitárias.

Artérias

As artérias são vasos sanguíneos que possuem três camadas: externa ou adventícia, média ou própria e interna ou ínt ima. Tanto a espessura quanto a compos ição dessas camadas variam muito, principalmente a média , o que permite distinguir diferentes tipos de artérias.

A camada advent íc ia é formada por tecido conjuntivo com const i tuição variável onde existem vasos sanguíneos, principalmente nas grandes artérias, chamados vasa vasorum. A tún ica média é formada por fibras musculares lisas, f i bras colágenas e fibras elásticas, em quantidades v a r i á v e i s . A t ú n i c a interna ou í n t i m a é formada por endotél io, havendo nos vasos grandes e méd ios , sob ele, uma camada de tecido conjuntivo.

De acordo com o tipo de tecido que predomí-B na em sua camada média, as artérias podem sa classificadas como elásticas ou musculares.

A aorta é uma artéria de grande calibre ou e l H tica e predominantemente possui, na camada média, tecido conjuntivo elástico, disposto s: forma de placas elásticas e que podem ser facáVl mente detectadas por corantes, como a orceína ou a fucsina-resorcina de Weigert.

As artérias distribuidoras compreendem as de médio e de pequeno calibres (cujos diâmetro variam de 0,3 a l cm) e possuem tún ica medi caracteristicamente formada por guantidadt

grande de fibras musculares lisas, separadas por delgadas fibras co lágenas misturadas a f i bras e lás t icas . No l imi te entre a camada ínt ima e a m é d i a existe uma camada n í t i d a de fibras e lás t icas que formam a chamada limí-tante elástica interna. A t ún i ca m é d i a está separada da adven t í c i a por uma outra camada de fibras e lás t icas , agora chamada limitante elástica externa.

As arteríolas, também chamadas de artérias reguladoras, são artérias cujo diâmetro é inferior a 0,5mm, aproximadamente. A íntima é formada apenas pelo endotélio, as limitantes já não mais existem e a túnica média é constituída por duas ou três camadas de fibras musculares lisas; sua adventícia se reduz a uma delgada camada conjuntiva.

Veias

Do mesmo modo que nas artérias, nas veias t a m b é m podem ser vistas as t rês camadas: íntima, m é d i a e adven t íc ia , se não tão bem como no caso das a r té r i as . Nas veias, ao con t r á r io das ar tér ias , n ã o existem as limitantes elást icas e ao c o n t r á r i o do que acontece com as arté r ias , as va r i ações de calibre das veias não correspondem a va r i ações estruturais, o que de certo modo dif icul ta uma classif icação adequada.

Nas veias de pequeno calibre e nas vênulas, por fora do endotélio, na camada média, existem fibras colágenas, poucas fibras elásticas e também poucas fibras musculares lisas. A advent íc ia é const i tuída por uma delgada camada de tecido conjuntivo.

90 C A P Í T U L O 8

Page 91: Manual de Histologia - Glerean

Nas veias de médio calibre, o endotélio repousa sobre uma delicada camada conjuntiva com fibras e lás t icas . A t ú n i c a m é d i a possui fibras musculares lisas, além de fibras colágenas. A adventícia é espessa.

Nas veias de grande calibre a estrutura geral é igual à das de méd io calibre, residindo a diferença no fato de a adven t íc ia ser mui to mais espessa.

A existência de válvulas é uma característ ica das veias, principalmente nas de médio e pequeno calibres situadas nas extremidades do corpo.

As válvulas possuem um eixo fibroelástico e são forradas por endotélio.

Em numerosos locais do organismo as artérias se anastomosam com as veias, formando as conhecidas anastomoses arteriovenosas.

Linfáticos

O sistema linfático tem sua origem na periferia, na extremidade dos tecidos e dos órgãos, nos capilares linfáticos, que nascem em fundo cego, sem comunicação direta com o líquido tissular. Os capilares linfáticos são constituídos apenas por endotélio. Os vasos linfáticos maiores já possuem válvulas no seu interior. A medida que os vasos linfáticos aumentam de calibre, vão se modificando e surgem então as camadas média e adventícia.

C o r a ç ã o — b o m b a muscu la r que b o m b e i a s a n g u e

p a r a t o d o o o r g a n i s m o

E n d o c á r d i o

M i o c á r d i o

E p i c á r d i o

Fig. 8 . 1 — C o r a ç ã o — H.E.

C o r a ç ã o

E n d o c á r d i o

M i o c á r d i o

F ig . 8 .2 — C o r a ç ã o — H.E. Endocárdio. Miocárdio.

C A P Í T U L O 8

Page 92: Manual de Histologia - Glerean

* • T ú n i c a í n t i m a

• T ú n i c a m é d i a

Vasa vasorum

T ú n i c a a d v e n t í c i a

Vasa vasorum

F ig . 8 . 3 — Artéria d e grande calibre — H.E.

Vasa vasorum

• L imi tan te e lást ica i n t e r n a

T ú n i c a m é d i a

*" T ú n i c a a d v e n t í c i a

F i g . 8 . 4 — Artéria de grande calibre — H.E.

m

A r t é r i a d e g r a n d e c a l i b r e — na c a m a d a m é d i a são ev idenc iadas f ib ras

co lágenas , e m azu l , e e m róseo, f ib ras

musculares lisas.

F ig . 8 .5 — Artéria de grande calibre — Tricrômico de Mallory.

: 2 C A P Í T U L O 8

Page 93: Manual de Histologia - Glerean

P l a c a s e lást icas

— na tún ica m é d i a das g r a n d e s ar tér ias

as f i b ras elást icas se d i s p õ e m

f o r m a n d o p lacas

R g . 8.6 — Artéria de grande calibre — Orceína.

R g . 8 .7 — Artéria e ve ia de médio calibre — H.E.

M e m b r a n a b a s a l

F ig . 8 .8 — Artéria de pequeno calibre

C A P Í T U L O 8

— Método do PAS.

93

Page 94: Manual de Histologia - Glerean

Endote l ióc i to — secreta importantes proteínas para facilitar

trocas através da parede endotelial e a função vascular como u m todo

— p ros tag land inas e c i toc inas — célu la m a c r o f á g i c a (ap resen tadora de

an t ígenos) — perm i te p a s s a g e m d e leucóci tos p a r a os

tec idos — substânc ias vasod i l a t ado ras — substânc ias vasoconst r i to ras — fa tores de c resc imento

* • N ú c l e o d e f i b r a m u s c u l a r l i sa

F i g . 8 . 9 — Artéria de pequeno calibre — Azul-de-toluidina. (Cortesia T. H. A.)

F i g . 8 . 1 0 — Artéria de pequeno calibre — H.E.

F i g . 8.11 — Feixe vascular — Azu l -de - fo /u id ina . (Cortesia T. H. A.)

" - C A P Í T U L O 8

Page 95: Manual de Histologia - Glerean

* • A r t é r i a c o r o n á r i a

— envo lv ida p o r muscu la tu ra es t r iada

ca rd íaca

Fig . 8 . 1 2 — C o r a ç ã o — H.E. Artéria coronária.

C é l u l a s e n d o t e l i a i s

T ú n i c a a d v e n t í c i a

* • Tún ica m é d i a

a q u a n t i d a d e de f ibras co lágenas na

tún ica m é d i a das veias é ma io r d o que

nas ar tér ias

• T ú n i c a í n t i m a

F ig . 8 . 1 3 — Veia de grande calibre — H.E.

E n d o t é l i o

• Tún ica m é d i a

Fig. 8 . 1 4 — Veia de médio calibre — H.E.

C A P Í T U L O 8 95

Page 96: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 8 . 1 5 — Feixe v o s c u / o n e r v o s o — H.E. Arteríola. Vênu/a.

N e r v o

A r t e r í o l a s — d i â m e t r o in fer io r a m e i o m i l íme t ro — ín t ima f o r m a d a a p e n a s pe lo endo té l i o — ausênc ia de l imi tantes — m é d i a c o m duas o u três c a m a d a s de

múscu lo l iso — advent íc ia c o m p o u c o con jun t i vo

V ê n u l a s

— endo té l i o

— c a m a d a m é d i a c o m poucas f i b ras c o l á g e n a s ,

elást icas e muscu la res

V ê n u l a

C a p i l a r a p e n a s u m a c a m a d a de células

endo te l ia i s

F i g . 8.1 6 — Lâmina própria de esôfago — H.E. Capilar sanguíneo. Vênula.

*" C a p i l a r e s s a n g u í n e o s

F ig . 8 . 1 7 — Mesentério distendido — H.E. Capilares sanguíneos.

C A P Í T U L O 8

Page 97: Manual de Histologia - Glerean
Page 98: Manual de Histologia - Glerean
Page 99: Manual de Histologia - Glerean

Alvaro Glerean

CÉLULAS

Generalidades

O sangue é um tipo especial de tecido conjuntivo e, como tal, constituído por células e por substância intercelular.

Sua substância intercelular é l íquida e recebe a denominação plasma, cuja const i tu ição é de água (cerca de 90% do total) e de proteínas plasmáticas, sais inorgânicos, aminoácidos, vitaminas, hormônios e l ipoproteínas.

Suas células ou glóbulos são basicamente de dois tipos: 1) eritrócitos, t ambém chamados hemácias ou glóbulos vermelhos e 2) leucócitos ou glóbulos brancos.

Plaquetas — além das células o sangue possui as plaquetas, que são fragmentos anucleados de células, liberados da superfície de um tipo de célula da medula óssea chamada megacariócito: são mais numerosas do que qualquer tipo de células do sangue. Sua estrutura fina revela duas partes constituintes: hialômero, que é a parte periférica do citoplasma, que possui importante feixe de mi crotúbulos para o citoesqueleto da plaqueta, e o granulômero, parte interna, caracterizado por pos

suir inúmeros grânulos que contêm várias proteínas e fatores de coagulação, como o fibrinogênio e u m fator vasoconstritor, a serotonina. As plaquetas desempenham importantes funções na coagulação e na manu tenção da integridade do revestimento endotelial

Hemácias — são, dos glóbulos sanguíneos, os mais numerosos. Possuem a forma de disco bi-côncavo, anucleadas e contêm hemoglobina. Sua função é de transporte de gases, tanto do oxigénio como do gás carbónico.

Glóbulos brancos — existem dois tipos de leucócitos: os gronulócitos e os agmnulócitos, se mostram ou não grânulos citoplasmáticos bem evidentes.

Gronulócitos — são de três tipos: a) neutrófilo — é o mais numeroso dentre os leucócitos, possui núcleo multilobado e no citoplasma possui dois tipos de grânulos: azurófilos (primários), que aliás existem em todos os leucócitos em maior ou menor número e específicos (secundários), que se coram avidamente. Estes grânulos contêm lisozima, lactoferrinas e fosfatase alcalina. O neutrófilo é uma célula fagocitária. Nos locais de trauma ou infecção, são as primeiras células a se apresentarem; b) eosinófilo — seu núcleo é em geral bilobado e no citoplasma possui, além dos grânulos primários.

C A P Í T U L O 9 99

Page 100: Manual de Histologia - Glerean

os específicos acidófilos, maiores do que os do neutrófilo; ao microscópio eletrônico mostram uma inclusão com uma faixa escura. Nos seus grânulos foram detectadas enzimas lisossômicas e peroxidase. Sua função é a de fagocitar complexos antígeno-anticorpo; c) basófilo — é o granulócito menos frequente. Seus g r â n u l o s espec í f i cos mostram intensa basofilia, daí chamados basófilos, são grandes e de contorno irregular. O núcleo da célula fica mascarado pela quantidade de grânulos.

Eles contêm histamina e sulfato de heparana (quimicamente associado à heparina dos mastócitos). Desempenha importante papel na hipersensibilidade e na anafilaxia; liga-se à imunoglobulina E (IgE).

Agmnulócitos — são de dois tipos: a) linfócitos — existem linfócitos pequenos, médios e grandes

(linfoblastos). Possuem mínima quantidade de citoplasma, principalmente os pequenos, e não possuem grânulos específicos.. Dois tipos de linfócitos podem ser encontrados: B e T, impossíveis de serem diferenciados ao microscópio. O do tipo B envolve-se com a imunidade humoral e o do tipo T com a imunidade por células; b) monócito — é o maior dos leucócitos e são pouco mais numerosos do que os eosinófilos. Seu núcleo tem forma variada, desde globoso até edentado {reniforme). Seu citoplasma não possui grânulos específicos, mas sim alguns grânulos azurófilos. O monócito no sangue circulante, como os demais leucócitos, não possui função definida e só a adquire fora dos vasos, onde se diferencia em macrófago. Podem fundir-se entre si dando origem às células gigantes, polinucleadas, como, por exemplo, o osteoclasto e a célula gigante do corpo estranho.

H e m á c i a o u g l ó b u l o v e r m e l h o o u er i t róci to — c o n t é m h e m o g l o b i n a

— a h e m o g l o b i n a t ranspor ta gases

P l a q u e t a s

— f r a g m e n t o s a n u c l e a d o s d e célu las

— p a r t i c i p a m d o m e c a n i s m o d a c o a g u l a ç ã o

— o gl icocál ice que recobre a p laqueta tem

receptores para t r omb ina , ADP e proteínas da

lâmina basal

— i m p o r t a n t e pape l na m a n u t e n ç ã o d a

i n teg r i dade d o revest imento endo te l i a l

F i g . 9.1 — Esfregaço de sangue — Wrighf . Hemácias. Plaquetas.

• : : C A P Í T U L O 9

Page 101: Manual de Histologia - Glerean

>• Eosinóf i lo — leucóci to g ranu lóc i t o

— a b r a n d a os efei tos d a d e g r a n u l a ç ã o

dos mastóc i tos

— fagoc i t a e d ige re certos comp lexos

de a n t í g e n o - a n t i c o r p o

Fig. 9 . 3 — Esfregaço de sangue — Wright. Eosinófilo.

Linfócito

— leucóci to a g r a n u l ó c i t o

— existem duas classes pr inc ipa is :

— célu las B, envo lv idas c o m i m u n i d a d e

h u m o r a l

— células T, envo lv idas na i m u n i d a d e

m e d i a d a por célu la

F ig . 9 . 4 — Esfregaço d e sangue — Wright. Linfócito.

Basóf i lo — leucóci to g ranu lóc i t o

— sua m e m b r a n a possui receptores p a r a

i m u n o g l o b u l i n a E (IGE)

— leucot r ienos

— h e p a r a n o

— h i s t am ina

F i g . 9 .5 — Esfregaço de sangue — Wright. Basófilo.

C A P Í T U L O 9 101

Page 102: Manual de Histologia - Glerean

M o n ó c i t o

— leucóci to a g r a n u l ó c i t o

— a p ó s m i g r a r p a r a o tec ido , d i fe renc ia -se

e m m a c r ó f a g o

— f u n d e m - s e p a r a f o r m a r cé lu las

mu l t i nuc leadas espec ia l i zadas , tais c o m o :

osteoclastos e célu las g igan tes d o c o r p o

es t ranho

F i g . 9 .6 — Esfregaço de sangue — Wright. Monócito.

C A P Í T U L O 9

Page 103: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Órgãos Linfáticos

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

Nódulos Linfáticos

Os órgãos linfáticos são formados basicamente pelo tecido linfóide, que é uma forma modificada de tecido conjuntivo, caracterizado pela presença de grande número de linfócitos. Estes podem estar simplesmente dispersos (nas infiltrações linfóides) ou podem se arranjar sob a forma de nódulos. Em um corte histológico, os nódulos aparecem com a forma circular ou ovóide, possuindo, ou não, uma parte central mais clara. Esta porção central mais clara denomina-se centro germinativo (aí são formados os linfócitos); o nódulo que possui centro germinativo é t ambém conhecido como nódulo secundário, ao contrário daquele que o não possui, e é chamado de nódulo primário. O aparecimento do centro germinativo pode ser induzido, por exemplo, por certos antígenos.

O nódulo linfático primário pode ser considerado como a unidade estrutural dos órgãos linfóides, sua periferia não é nitidamente demarcada e não possui cápsula.

O nódulo linfático secundário possui centro germinativo; a maioria das células da parte central desse tipo de nódulo possui mais citoplasma

do que os linfócitos comuns e são chamados l i n -foblastos; as células dendrít icas, que retêm antígenos em sua s u p e r f í c i e , a l é m de serem apresentadoras de antígenos, são mais comuns no centro germinativo e é nele que ocorre a ativação dos linfócitos e começa sua diferenciação. Não é delimitado por cápsula.

O tecido linfóide t ambém pode se apresentar difuso em certos locais do organismo, sem apresentar uma forma definida, ou então se aglomerar para formar o que já vimos como nódulos, também conhecidos como folículos linfáticos. Com aspecto difuso aparecem na l â m i n a p r ó p r i a de algumas mucosas, tais como, por exemplo, a do estômago e a do intestino. Como nódulos podem ser vistos disseminados pelas mucosas dos sistemas digestivo e respiratório. Uma região de vários nódulos, sem porém constituir um órgão, aspecto comum no intestino, constitui o que se denomina placa de Peyer.

São órgãos linfóides os linfonodos, o baço, as tonsilas e o timo.

Linfonodo

Os linfonodos aparecem organizados no trajeto dos vasos l infát icos . Sua função é a de

C A P Í T U L O 10 103

Page 104: Manual de Histologia - Glerean

fi l trar a l infa e formar novos l infóci tos a lém de se cons t i t u í r em em locais de reações imuni tár ias contra an t ígenos . Ao mic roscóp io o l i n fonodo mostra uma cápsu l a conjuntiva n í t ida , a qual envia septos para o interior do órgão a partir de vár ios pontos de sua superf íc ie convexa. Os nódu los l infáticos que existem no l i n fonodo se d i s p õ e m na per i fe r i a do ó r g ã o , caracterizando uma região chamada córtex, ou região cortical. Aí podem ser vistos tanto nódulos pr imár ios quanto secundár ios (que possuem centro germinativo). E através da cápsula , perfurando-a, que vasos linfáticos conduzindo a linfa coletada a d i s tânc ia se introduzem no interior do linfonodo. Essa linfa ganha espaços situados sob a cápsula e conhecidos como seios subcapsulares ou marginais. A l infa continua seu trajeto no interior do linfonodo por meio dos seios perifoliculares (aqueles situados em torno dos nódu los , ou folículos) e daí vai atingir a região mais profunda do linfonodo, a chamada região medular.

A região medular do órgão é formada por cordões de células, denominados cordões medulares, que nada mais são do que, morfologicamente, prolongamentos dos nódulos . Esses cordões se anastomosam e deixam entre si espaços denominados seios medulares.

Pelo hilo do órgão saem vasos linfáticos que conduzem a linfa trabalhada e enriquecida e vão em busca de outros linfonodos.

O estroma do órgão é formado pelas células reticulares, já citadas e por grande quantidade de fibras reticulares.

Baço

O baço é o maior dos órgãos linfáticos e está interposto na corrente circulatória, tendo a função genérica de filtrar o sangue; remove a maioria das hemácias não funcionantes da circulação; da hemoglobina dessas células fabrica bi l i r rubi -na e a lança no sangue; retira o ferro da hemoglobina e o libera na corrente sangu ínea para posterior reaproveitamento; armazena sangue; ativa linfócitos da polpa branca e os produtos dessa ativação são encontrados na região medular — os plasmóci tos —, que permanecem nos cordões e lançam os anticorpos nos capilares si

nusóides , enquanto as células citotóxicas T f i cam nos cordões medulares, constituindo as bainhas linfocitárias; apesar de tudo o baço não é um órgão essencial para a vida. Macroscopicamente, o baço apresenta duas regiões distintas: uma formada por tecido muito mole, com cor vermelha escura, que recebe o nome de polpa vermelha. Disseminadas pela polpa vermelha, vêem-se pequenos pontos acinzentados ou ligeiramente amarelados, que no conjunto constituem a polpa branca.

A polpa vermelha é consti tuída por estruturas alongadas, os cordões esplénicos ou cordões de Billroth e entre eles se encontram capilares sinusóides ou seios esplénicos.

U m corte histológico corado mostra uma cápsula nít ida que envia septos (trabéculas) para o interior do órgão. Entre os septos nota-se a presença de nódulos linfáticos, chamados corpúsculos esplénicos ou de Malpighi e que pertencem à polpa branca. Caracteristicamente esses nódulos possuem no seu interior uma arteríola.

Não existe uma nít ida divisão entre regiões medular e cortical, pois os nódulos não têm a tendência de se dispor na periferia do órgão, ao contrário do que acontece com os linfonodos.

Constituindo o arcabouço de sustentação, por todo o órgão existe uma malha tridimensional de fibras reticulares e de células reticulares.

Timo

U m corte histológico de timo mostra nitidamente uma cápsula conjuntiva, delicada, que envia septos para o interior do órgão, dividindo-o em lóbulos. Cada lóbulo mostra muito bem uma porção escura, periférica, chamada córtex ou região cortical e uma porção interna mais clara, medula ou região medular. A coloração escura dada pelo corante à região cortical é explicada por ela ser formada por uma grande população de células pequenas, com pouco citoplasma, os linfócitos; já a população dessas células na região medular é sensivelmente menor e muitas de suas células são jovens, em estado de maturação e, consequentemente, com maior quantidade relativa de citoplasma, o que torna a célula mais clara. Tanto na porção cortical quanto na medular, existem as chamadas células reticula-

104 C A P Í T U L O 10

Page 105: Manual de Histologia - Glerean

r e s , grandes, com núcleo claro, possuindo prolongamentos ci toplasmáticos.

O córtex do timo está repleto de linfócitos do tipo T, que aí adquirem a imunocompetência . Esta seleção começa na parte externa do córtex, onde esses linfócitos sofrem proliferação, que progride até a porção central do córtex. Com o desenvolvimento, novas proteínas de superfície são expressas, como TCR, CD4 e CDS. Os linfócitos são suportados pelas células reticulares epiteliais que formam um citorretículo.

Na região medular existe um elemento estrutural caracter ís t ico do timo, o chamado corpúsculo tímico ou corpúsculo de Hassal, com formas e aspectos variados, mas em geral formado por células mais ou menos achatadas e dispostas de modo c o n c ê n t r i c o , envolvendo células em degeneração, que apresentam mui tas vezes granulações de eleidina e mesmo h i -a l i n i z a ç ã o . Os l in fóc i tos T provenientes da região cortical migram para a zona medular e aí penetram na luz de vênu las e, conduzidos pelo sangue, vão ocupar as regiões timo-dependen-tes de outros órgãos.

Macrófagos são relativamente comuns no timo, principalmente na junção corticomedular.

As células reticuloepiteliais do timo provavelmente secretam fatores de crescimento que estim u l a m a p ro l i f e r ação e a d i f e r e n c i a ç ã o dos linfócitos T.

Tonsilas

As tonsilas, ou amígdalas, nada mais são do que agrupamentos de nódulos linfáticos na lâmina própria de um órgão. Existem vários desses tipos de órgãos situados na parede da porção inicial do tubo digestivo. Como exemplo, as tonsilas palatinas situam-se entre os pilares do véu do paladar.

Envolvendo a tonsila palatina está o epitélio pavimentoso estratificado da mucosa da faringe. Em alguns pontos esse epitélio invagina-se no interior da tonsila, resultando nas chamadas criptas amigdalianas.

U m corte histológico da tonsila mostra o epitélio citado e abaixo dele uma série de nódulos linfáticos primários ou secundários, e em alguns locais as criptas.

As tonsilas palatinas produzem linfócitos e parte deles atravessa o epitélio e cai na cavidade bucal.

* • N ó d u l o l infát ico p r i m á r i o

— u n i d a d e básica d o tec ido e ó r g ã o s

l in fá t icos

— const i tu ído f u n d a m e n t a l m e n t e po r

l in fóc i tos

— per i fer ia p o u c o ní t ida

— n ã o possui cápsu la

R g . 10.1 — Vesícula biliar — H.E. Nódulo linfático primário.

CAPÍTULO 10 ' 15

Page 106: Manual de Histologia - Glerean

F ig . 1 0 . 2 — Linfonodo — H.E. Nódulo linfático secundário.

N ó d u l o l in fát ico s e c u n d á r i o — possui cen t ro g e r m i n a t i v o

— m a i o r i a das célu las são c laras ( imunoblas tos) — cent ro g e r m i n a t i v o r ico e m célu las dentr í t icas — n ã o d e l i m i t a d o por cápsu la

— a t i vação d e l infóci tos e início d a sua d i f e r e n c i a ç ã o

• • C e n t r o g e r m i n a t i v o

* • R e g i ã o cor t ica l

* • N ó d u l o l infát ico

• C á p s u l a

* • S e i o s u b c a p s u l a r

* • S e i o p e r i n o d u l a r

*" N ó d u l o l infát ico

L i n f o n o d o — a p a r e c e o r g a n i z a d o no

t ra je to dos vasos l in fá t icos

— f i l t ra l in fa

— p r o d u z l infóci tos — local d e reações imunes

~ * Z o n a p a r a c o r t i c a l — p r e d o m i n â n c i a de l infóci tos T

R e g i ã o m e d u l a r

F i g . 1 0 . 3 — Linfonodo — H.E.

F i g . 1 0 . 4 — L in fonodo — H.E. Região cortical.

106

* • N ó d u l o l infát ico

C á p s u l a

*" S e i o s u b c a p s u l a r

S e i o p e r i n o d u l a r

N ó d u l o l infát ico

C ó r t e x do* l i n f o n o d o — nódu los l infát icos se

d i s p õ e m na per i fer ia d o ó r g ã o

— n ó d u l o s p r imá r i os e secundá r i os

CAPÍTULO 10

Page 107: Manual de Histologia - Glerean

C é l u l a s r e t i c u l a r e s

— p o d e m reter an t ígenos e m sua superf íc ie,

po r l o n g o t e m p o

* • L i n f o b l a s t o s

F ig . 1 0 . 6 — Linfonodo — H.E. Seio medular.

C á p s u l a

— • P o l p a b r a n c a

Po lpa v e r m e l h a

T r a b é c u l a

Baço — m a i o r ó r g ã o l in fá t ico

— hemoca te rese

— b i l i r r u b i n a

— reaprove i ta f e r ro

— a r m a z e n a s a n g u e

— at iva l infóci tos na p o l p a

b r a n c a

— p lasmóc i tos e célu las T

nos co rdões medu la res

F i g . 1 0 . 7 — Baço — H.E.

C A P Í T U L O 10 107

Page 108: Manual de Histologia - Glerean

* • P o l p a b r a n c a — corpúscu los esp lén icos (ou de M a l p i g h i )

— ar ter ío la n o co rpúscu lo

P o l p a v e r m e l h a

— cordões esp lén icos (ou d e Bi l l roth)

— cap i la res s inusóides o u seios esp lén icos

* • A r t e r í o l a d o corpúscu lo

T r a b é c u l a

F i g . 1 0 . 8 — Baço — H.E. Corpúsculo esplénico (ou de Malpighi).

S e i o s m e d u l a r e s

T r a b é c u l a

N ú c l e o d e cé lu las d o s c o r d õ e s m e d u l a r e s

F i g . 1 0 . 9 — Baço — H.E. Seios medulares.

F i g . 1 0 . 1 0 — Baço — H.E. Ba inho periarterial.

108

* • B a i n h a p e r i a r t e r i a l

* • B a i n h a p e r i a r t e r i a l — l in fóc i tos T

A r t e r í o l a

B a i n h a p e r i a r t e r i a l

C A P Í T U L O

Page 109: Manual de Histologia - Glerean

Z o n a m e d u l a r

L ó b u l o

Z o n a cor t ica l

S e p t o

Z o n a cor t ica l d o t imo — linfócitos T a d q u i r e m imunocompetênc ia — expressão d e pro te ínas d e superf íc ie:

TCR, C D H e C D 8 — célu las ret iculares epi te l ia is — m a c r ó f a g o s

R g . 1 0 . 1 2 — Timo — H.E. Zona cortical.

Fig. 1 0 . 1 3 — Timo — H.E. Z o n a medular.

C A P Í T U L O 10

S e p t o s

* - Z o n a cor t ica l

Z o n a m e d u l a r

— l infóci tos T proven ien tes d a córtex i n v a d e m

a luz das vênu las e v ã o p a r a as regiões

t i m o - d e p e n d e n t e s d e out ros ó r g ã o s

C o r p ú s c u l o s t ímicos (ou d e H a s s a l )

109

Page 110: Manual de Histologia - Glerean

S e p t o

*• C o r p ú s c u l o s t ímicos (ou d e H a s s a l )

Z o n a m e d u l a r

Z o n a cor t ica l

F i g . 1 0 . 1 4 — Timo — H.E. Corpúsculos tímicos (ou de Hassal).

C o r p ú s c u l o t ím ico (ou d e H a s s a l ) — na reg ião m e d u l a r

— célu las p l anas dispostas concen t r i camen te — n o cen t ro , célu las e m d e g e n e r a ç ã o , c o m

g ranu lações d e e le id ina

C é l u l a s r e t i c u l a r e s ep i te l i a is

*• M a t e r i a l a m o r f o

* • G r â n u l o s d e e l e i d i n a

F i g . 1 0 . 1 5 — Timo — H.E. Corpúsculo tímico (ou de Hassal).

• Linfócitos

C é l u l a s r e t i c u l a r e s ep i te l ia is — provave lmen te secre tam fa tores de c resc imento

que es t imu lam a p ro l i f e ração e d i f e renc iação de l infóci tos T

C a p i l a r e s c o m h e m á c i a s

* Linfóci to

F i g . 1 0 . 1 6 — T imo — H.E. Zona medular.

110 C A P Í T U L O I I

Page 111: Manual de Histologia - Glerean
Page 112: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Sistema Digestivo

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

O tubo digestivo obedece a um plano estrutural comum, de tal modo que se pode estabelecer as seguintes túnicas:

Túnica adventícia — de tecido conjuntivo, é a mais externa e no estômago e nos intestinos é formada pela serosa peritonial.

Túnica muscular — consti tuída por duas camadas de fibras musculares lisas, a mais externa longitudinal e a mais interna, circular.

Túnica submucosa — formada por tecido conjuntivo com muitas células adiposas, muitos vasos sanguíneos e em algumas regiões, glândulas.

Muscular da mucosa — fina camada de fibras musculares lisas dispostas longitudinalmente em relação ao órgão, muitas vezes em duas camadas. Faz parte da túnica mucosa e a separa da túnica submucosa.

Túnica mucosa — consti tuída por uma parte epitelial e uma conjuntiva, chamada córion ou lâmina própria.

Certas particularidades estruturais se somam a esses componentes básicos, o que permite perfeitamente caracterizar cada segmento do tubo digestivo.

Fazem também parte do sistema digestivo, os dentes, as glândulas salivares, o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar.

LÁBIOS

Os lábios fazem parte da parede anterior da cavidade bucal.

Em um corte sagital de lábio distingue-se a face externa, anterior, ou cutânea, forrada por pele do tipo fino, com glândulas típicas da pele e pêlos. A face interna, posterior ou mucosa, é formada pela mucosa bucal, cujo epitélio é pavimentoso estratificado não queratinizado.

A porção média do lábio está formada por f i bras musculares estriadas e por tecido conjuntivo fibroelástico. E profusamente irrigada e enervada.

LÍNGUA

A língua é um órgão muscular revestido pela mucosa bucal que assume aspectos diferentes na face dorsal e na face ventral do órgão. A porção interna da língua possui um intrincado plexo de musculatura estriada, cujas fibras ficam entremeadas com abundante tecido conjuntivo, altamente

C A P Í T U L O 11 113

Page 113: Manual de Histologia - Glerean

irrigado e enervado; em alguns locais existem glândulas. A mucosa assenta diretamente sobre a musculatura, não havendo submucosa. Tem funções na mastigação, na gustação e na fonação.

Na face dorsal da língua, papilas da lâmina p rópr ia produzem sal iências na superf íc ie da mucosa, constituindo as chamadas papilas lin-guais. As papilas linguais, além da função mecânica (apreensão de alimentos, par t ic ipação no processo de mastigação), têm importância no processo de gustação, pois muitas delas possuem em sua parede epitelial corpúsculos gustativos. São agrupadas em três tipos diferentes:

Papilas filiformes — são as mais numerosas e encontradas em todas as regiões da superfície dorsal da língua, cada uma podendo atingir cerca 1 a 3mm de altura. Têm forma variada, terminam em ponta, são aguçadas e, em certos animais, sofrem queratinização na extremidade. São curvas e sua curvatura está voltada para a região posterior da boca. Não possuem corpúsculos gustativos.

Papilas fungiformes — são grandes, chegando a medir até l m m de largura e até quase 2mm de altura. Têm forma de tronco de cone de vértice inferior e por se assemelharem a cogumelo recebem o nome de fungiformes. São encontradas, esparsamente, entre as papilas filiformes, principalmente na ponta da língua. Podem ter em seu epitélio corpúsculos gustativos.

Papilas caliciformes, ou valadas, ou ainda, circunvaladas — em número de 10 a 12 são encontradas no V lingual. São as maiores, podendo atingir até 3mm de diâmetro. Têm a forma de tronco de pirâmide, cuja base maior olha para o exterior. Ficam encerradas, cada uma delas, numa cavidade circular, de tal modo que entre a papila e a parede fica um sulco chamada de valo. São particularmente ricas em corpúsculos gustativos.

A face ventral da língua é lisa, não havendo nela papilas como as descritas para a face dorsal.

BOCHECHAS

As bochechas constituem as paredes laterais da cavidade bucal.

Podem ser vistas na bochecha, três partes: face externa ou cutânea, face interna ou mucosa e a região média. A face externa é revestida por pele do tipo fino, com glândulas típicas e pêlos. A face interna é revestida pela mucosa da boca, com seu

epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado, bastante espesso. A porção média, além da musculatura estriada e do tecido conjuntivo f i -broelástico, possui na parte profunda da mucosa, junto à aponevrose, grande quantidade de células adiposas agrupadas, formando lóbulos e constituindo a conhecida bola adiposa.

PALATOS

Os palatos formam o teto da cavidade bucal.

No palato duro, ou abóbada palatina, como a mucosa está sujeita a grandes pressões durante a mastigação, na face inferior, voltada para a cavidade bucal, o epitélio, que é do tipo pavimentoso estratificado fica muito espessado e se queratini-za; a lâmina própria adere firmemente ao periósteo e não existe submucosa. A face superior, é revestida por mucosa respiratória, daí ser chamada também de face respiratória.

O palato mole, úvula, ou véu palatino, só em parte pertence à boca. Ele é formado por uma região central muscular e fibrosa revestida na face inferior ou bucal, pela mucosa bucal, com seu típico epitélio pavimentoso estratificado não querat inizado. Existe uma submucosa onde são encontrados tecido adiposo e glândulas mucosas. Na face superior ou respiratória, a mucosa tem um típico epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado. Nesta face não existe submucosa.

D E N T E S

Os dentes são estruturas derivadas da membrana mucosa da cavidade oral. São destinados à fragmentação dos alimentos através da mastigação. São estruturas duras, altamente mineralizadas e incrustadas na maxila e na mandíbula .

Todos os dentes se constituem de duas porções, a coroa, que se projeta acima da gengiva, e a raiz, que está presa ao alvéolo do osso. A região de união entre coroa e raiz é chamada de colo. O número de raízes por dente varia de acordo com o tipo e a situação (superior ou inferior) do dente, de uma a três.

Além da coroa e da raiz, o dente maturo possui, como componentes, a cavidade pulpar central, a dentina, o esmalte, o cemento e o ligamento periodontal.

Do mesmo modo que no tecido ósseo, dois métodos diametralmente opostos são empregados

114 C A P Í T U L O 11

Page 114: Manual de Histologia - Glerean

no estudo do dente, um deles que visa ao estudo do material orgânico, consiste na descalcificação e posterior tratamento do material pela metodologia histológica convencional, até a coloração, O outro, que visa ao estudo da parte inorgânica do dente, utiliza a metodologia do macerado, desgaste, polimento, até a obtenção de lamelas suficientemente finas para serem montadas entre lâmina e lamínu-la e poderem ser estudadas ao microscópio.

Dentina — é um tecido de cor amarelada, é semitransparente, e é mais dura do que o osso compacto. Contém cerca de 28% de material orgânico e 72% de material inorgânico em sua composição. O material inorgânico consiste de sais de cálcio na forma de hidroxiapatita cristalina, arranjada sob a forma de túbulos longos e ocos, paralelos entre si, chamados túbulos dentináríos. No seu interior caminha o material orgânico sob a forma de processos finos, os prolongamentos dos odontoblastos, também chamados de fibras de Tomes, além de f i bras colágenas do tipo I e glicosaminoglicanas, todos produzidos pelos odontoblastos. Inicialmente, quando da formação da dentina (dentinogênese), junto à polpa, os odontoblastos fabricam uma dentina ainda não mineralizada, onde as fibras colágenas se arranjam de modo linear, imersas em uma matriz de glicosaminoglicanas; esse tipo de dentina recebe o nome de pré-dentina.

A calcificação da dentina em desenvolvimento nem sempre é completamente uniforme. Nas regiões de calcificação incompleta, permanecem os chamados espaços interglobulares de Czermak, que contêm apenas a matriz orgânica da dentina. Como consequência do crescimento do tipo apo-sicional da dentina, nos preparados histológicos por desgaste, do dente, a dentina se mostra percorrida por linhas claras e escuras, alternadas; essas estrias são conhecidas como linhas de von Ebner, resultantes da mineralização intermitente, sendo as linhas escuras, de hipomineral ização. Algumas linhas escuras são mais espessas e recebem o nome de linhas de Owen.

Na dentina radicular, a que se encontra junto ao cemento, quando se examina uma preparação de dente por desgaste, existe uma camada formada por inúmeros grânulos escuros e com índice pequeno de mineralização. Essa camada se denomina zona granulosa de Tomes.

Esmalte — é o material mais duro existente no corpo. E formado quase que exclusivamente

pelo mineral hidroxiapatita arranjado sob a forma de prismas do esmalte, hexagonais, compactamente dispostos, cada um com diâmetro que varia de 4 a 6nm.

Numa preparação por desgaste, em secção longitudinal, é possível ver que o esmalte mostra uma série de linhas escuras relativamente paralelas e com espessuras variadas, chamadas estrias incrementais de Retzius. São resultantes do crescimento aposicional (com pausas periódicas no processo de mineralização) do esmalte, sendo elas faixas de hipomineral ização.

São chamados tufos ou penachos do esmalte (aspecto de arbustos ramificados), formações que aparecem no limite entre o esmalte e a dentina e se abrem em leque no interior do esmalte. São consequentes a fileiras de prismas hipomineralizados.

Cemento — é de origem conjuntiva e está aderido firmemente à dentina radicular. É composto de 50% de material orgânico e 50% de inorgânico. Possui dureza menor do que a da dentina. A porção orgânica é formada por fibras colágenas, células e por proteoglicanas. A porção mineral tem por componente principal o fosfato de cálcio associado ao hidróxido de cálcio sob a forma de h i droxiapatita.

O cemento é produzido por células chamadas cementoblastos, que após serem envolvidas e aprisionadas pela matriz que sintetizam, de modo semelhante ao que acontece no osso, passam a se chamar cementócitos alojadas em lacunas. Do mesmo modo, de cada lacuna partem canalículos que se anastomosam com os canalículos de lacunas vizinhas.

Existe porém uma região do cemento em que não existem cementócitos imersos na matriz. Por isso é possível distinguir dois tipos de cemento: o celular e o acelular. O cemento celular é o mais extenso e se estende desde o limite com o esmalte até quase a extremidade da raiz. O acelular reveste a extremidade da raiz e vai até a abertura do forame, penetrando-o um pouco. O cemento acelular é mais delgado do que o celular.

Osso alveolar — o osso alveolar em conjunto com o cemento e o ligamento periodontal, faz parte das estruturas de suporte do dente, denominadas no conjunto de periodonto de inserção.

Ligamento periodôntico — O ligamento periodôntico é composto de fibras colágenas densas e

C A P Í T U L O 11 115

Page 115: Manual de Histologia - Glerean

fibrócitos; essas fibras se dirigem desde o cemento até os alvéolos do osso alveolar. Além de manter o dente em posição, age como um amortecedor de choques e também permite que o dente faça algum movimento no interior do alvéolo.

Polpa dental — No centro de cada dente está a polpa dental. Ela é formada por tecido conjuntivo que contém colágeno e fibroblastos embebidos por uma matriz de glicosaminoglicanas. Na polpa se situam os vasos sanguíneos que nutrem os odontoblastos e os nervos que proporcionam a sensibilidade ao dente. Os vasos e nervos penetram na polpa através do forame apical.

E possível distinguir duas porções na polpa, uma é a que preenche a câmara situada na coroa, é a polpa coronária. A outra, estreita, se estende para o conduto radicular, a polpa radicular.

A superfície externa da polpa é forrada por odontoblastos, que produzem continuamente dentina. A medida que a dentina é formada, a cavidade pulpar progressivamente diminui de tamanho.

ESÔFAGO

E uma porção dilatada do tubo digestivo onde o bolo alimentar vindo pelo esôfago é ainda mais macerado e digerido em parte e passa a se chamar quimo.

O esôfago é um órgão tubular, cuja função é a de conduzir material da cavidade bucal até o estômago. Sua parede é formada por: a) túnica mucosa, que consiste n u m epi té l io pavimentoso estratificado, e que repousa sobre uma lâmina própria; b) para fora, uma discreta túnica submucosa, podendo ou não ter g lândulas ; c) já está presente no esôfago a muscular da mucosa, separando as túnicas mucosa e submucosa; ela é de musculatura estriada no terço superior do órgão e lisa nos dois terços inferiores; d) a túnica muscular que se dispõe em duas ou três camadas, sendo a média circular, a externa longitudinal e a interna, quando existe t ambém longitudinal, é estriado no terço superior, misto no médio e liso no terço inferior; e) adventícia, formada pelo conjuntivo do mediastino que rodeia o esôfago.

ESTÔMAGO

Como nos demais seguimentos do tubo digestivo, o estômago é, do exterior para o interior, formado por:

Túnica adventícia — é a serosa peritonial.

Túnica muscular — de fibras musculares l i sas, se dispõe de maneira plexiforme, mas às vezes é pos s íve l d is t inguir t rês camadas: uma externa longitudinal, uma interna circular e, mais internamente ainda, uma oblíqua.

Túnica submucosa — é de tecido conjuntivo frouxo, com fibras elásticas, células adiposas, infiltração linfóide, glóbulos brancos, vasos sanguíneos, linfáticos e nervos.

Muscular da mucosa — separa a túnica mucosa da túnica submucosa e é formada por fibras musculares lisas dispostas em geral em duas camadas.

Túnica mucosa — possui um epitélio superficial e por baixo dele uma lâmina própria rica em glândulas tubulosas geralmente muito apertadas entre si, mantendo entre elas o tecido conjuntivo da lâmina própria. Peculiaridades não só funcionais como t ambém estruturais permitem que se caracterize três regiões no estômago: cár-dica, fúndica e pilórica.

Todas as regiões são revestidas por um epitélio igual, prismático ou cilíndrico simples, cujas células são mucosas, secretoras de muco e revestem inclusive as fossetas. A quantidade de secreção de muco depende da quantidade e das características do alimento e da concentração da secreção do estômago. O muco forma com a água um gel insolúvel que adere e protege a superfície do órgão.

Região cárdica — Na transição do esôfago para esta região do estômago, dita transição esofago-cárdica, o epitélio pavimentoso estratificado do esôfago é substi tuído pelo epitélio cilíndrico simples do estômago. As glândulas desta região são tubulosas, pouco ramificadas e consti tuídas por células mucosas.

Região íundíca — a superfície da mucosa gástrica desta região, incluindo as fossetas, é revestida por uma camada cont ínua de células mucosas, como foi dito acima. As glândulas fúndicas es-tendem-se desde as fossetas até a muscular da mucosa, são tubulosas ramificadas, em grande número , de modo que aparecem muito apertadas entre si; entre elas, porém, sempre é possível ver o tecido conjuntivo da lâmina própria. Vários t i pos de células estão presentes nas glândulas, sendo o mais comum o das células principais ou zimogênicas, que secretam enzimas que digerem

116 C A P I T U L O 11

Page 116: Manual de Histologia - Glerean

proteínas na luz do estômago. Outro tipo presente é o das células parietais ou oxínticas, que secretam ác ido c lo r íd r i co e s intet izam o fator intrínseco que se liga à vitamina B 12 e é essencial para sua absorção no intestino.

Região pilórica — é a parte que vai se continuar com o duodeno. Aqui, as fossetas são muito profundas. Revestindo a porção superficial da mucosa, existe um epitélio cilíndrico contínuo de células mucosas. A região profunda das glândulas, também tubulosas, enrolam-se, de tal modo, que nesta altura os cortes mostram aspectos ovais ou esféricos desses túbulos. Entre as glândulas, sempre a presença do tecido conjuntivo da lâmina própria.

As demais túnicas têm, nas três regiões, estrutura semelhante:

A túnica submucosa é formada por tecido conjuntivo relativamente denso.

A túnica muscular, de musculatura lisa, dis-põe-se em três camadas: uma interna oblíqua, uma média circular e uma externa longitudinal.

A túnica adventícia é serosa, consistindo de uma camada de células mesoteliais que repousa sobre uma certa quantidade de tecido conjuntivo. A serosa aqui é o peritônio.

INTESTINO DELGADO

O intestino delgado é um longo tubo que se estende desde o estômago até o intestino grosso. E o principal local de digestão dos alimentos e da absorção dos nutrientes provenientes dos alimentos e de sua digestão. O quimo vindo do estômago sofre a ação de enzimas e da bile, de onde resultam minúsculas part ículas passíveis de serem absorvidas pelas células intestinais. É divi dido em três partes: duodeno, jejuno e í7eo, não havendo, a não ser quanto ao duodeno, diferenças morfológicas entre eles.

A olho nu, vê-se na parte interna do intestino uma série de pregas longitudinais fixas, denominadas válvulas coniventes.

Ao microscópio, pode-se notar que as túnicas, citadas na parte de generalidades, são facilmente vistas no caso do intestino. Assim, externamente, a adventícia, que envolve o órgão, é representada pela serosa peritonial. A túnica muscular é formada por duas camadas, uma externa longitudinal e outra interna circular. A submucosa é

consti tuída por tecido conjuntivo frouxo rico em vasos e nervos. A muscular da mucosa é bem e\i-dente e formada por duas camadas de fibras musculares lisas, uma externa longitudinal e outra interna circular; a partir dela saem fibras musculares que se insinuam no tecido conjuntivo da lâmina própria, entre as glândulas intestinais e no interior das vilosidades.

A túnica mucosa é forrada por epitélio cilíndrico simples e forma à custa de evaginações do epitélio, acompanhado pela lâmina própria, as denominadas vilosidades intestinais. Essa túnica é r iquíssima em glândulas do tipo tubuloso, denominadas glândulas intestinais ou de Lieberkuhn, entre as quais fica o tecido conjuntivo da lâmina própria.

O epitélio intestinal mostra alguns tipos diferentes de células:

Enterócitos ou células absortivas — são as mais numerosas, têm forma cilíndrica, são altas, com núcleo situado no seu terço inferior. Apresentam no seu ápice uma diferenciação de membrana chamada borda estriada ou prato estriado, que corresponde às microvilosidades vistas ao microscópio eletrônico; aumentam significativamente a área de contato da parte apical da célula; possui enzimas para a digestão de oligo e de dissacarídeos; as enzimas digestivas continuamente secretadas pelos enterócitos são inseridas nas membranas da borda em escova. Os enterócitos são células através das quais os nutrientes passam para os vasos sanguíneos situados na lâmina própria.

Células caliciformes — situam-se entre os enterócitos, aumentam em quantidade em direção ao íleo. São bojudas, claras e afilam-se na porção basal, onde se situa seu núcleo. O muco secretado por esse tipo de célula, em todo o trato digestivo, tem por funções: a) prender células descamadas e part ículas não digeridas, facilitando sua remoção; b) carrear IgA que se liga a mi croorganismos e os inativa.

Células de Paneth — situam-se nas porções basais das g lându las de Lieberkuhn e mostram grânulos de secreção acidófilos acumulados no seu citoplasma; têm o papel de defesa. Destroem microorganismos invasores, fora da célula, liberando enzimas ou dentro da célula, por fagocitose. A enzima liberada é a lisozima.

O duodeno obedece a essa descrição feita até aqui; apenas se diferencia do restante do intesti-

C A P Í T U L O 11 117

Page 117: Manual de Histologia - Glerean

no delgado por possuir na túnica submucosa glândulas tubulosas ramificadas, as chamadas glândulas duodenais ou de Brunner. São glândulas do tipo mucoso, produzem glicoproteína neutra com pH altamente alcalino, em torno de 9,0; admite-se que proteja a mucosa do duodeno contra a acidez gástrica.

INTESTINO GROSSO

Suas principais funções são a reabsorção de água e de sal e a el iminação de alimentos não digeridos e outros resíduos.

O intestino grosso compreende várias partes: o ceco, o apêndice ileocecal, o colo e o reto, in cluindo o tubo anal. Ele tem constituição semelhante à do intestino delgado, ou seja, possui as mesmas túnicas . Não existem porém nem as válvulas coniventes nem as vilosidades intestinais, características do intestino delgado. Aparecem, no entanto, as pregas longitudinais ou semilunares, que incluem em sua constituição não só a mucosa e a submucosa como também a camada interna da túnica muscular.

No intestino grosso a mucosa é forrada pelo epitélio intestinal, as células caliciformes são extremamente numerosas e as glândulas intestinais ou de Lieberkhún são mais largas e são muito longas, penetrando na lâmina própria até a muscular da mucosa. As células caliciformes do intestino grosso, além das funções descritas para essas células por ocasião do estudo do intestino delgado, no cólon, o muco secretado por elas, abriga dezenas de espécies de bactérias entéricas (normais) que levam a cabo importantes funções dietéticas, tais como a formação de vitamina K, além da secreção de enzimas que destroem patogênicos e que digerem muco.

A muscular da mucosa é bem desenvolvida.

A túnica submucosa do intestino grosso não contém glândulas, mas possui nódulos linfáticos.

A túnica muscular diferencia-se da do intestino delgado porque a sua camada externa tem espessura desigual e nela podem ser vistas três fitas longitudinais mais espessas, as tênias.

A túnica serosa forma os chamados apêndices omentais, devidos a espessamentos produzidos por tecido adiposo.

O apêndice é um divertículo do ceco. Possui, por fora, a túnica adventícia, representada pelo

peritônio; a túnica muscular, com duas camadas; a seguir, a submucosa, que é bem desenvolvida e muito vascularizada; a muscular da mucosa é pouco desenvolvida; a túnica mucosa possui o típico epitélio intestinal e as glândulas intestinais são irregulares e existem em pequena quantidade, sua lâmina própria é toda infiltrada por linfócitos, com inúmeros nódulos linfáticos.

TRANSIÇÃO ANORRETAL

Na transição entre o reto e o canal anal, as glândulas de Lieberkhún aos poucos desaparecem e o epitélio cilíndrico é substi tuído por epitélio pavimentoso estratificado.

PLEXOS NERVOSOS

Existe na parede gastrointestinal um complexo sistema nervoso intrínseco intimamente relacionado com o funcionamento do estômago e de todo o trato intestinal.

Entre as duas camadas da túnica muscular e na submucosa existem grupos de células nervosas, constituindo gânglios ligados entre si por uma rede nervosa. Formam-se assim os gânglios ou ple-xos mioentérico ou de Auerbach entre as camadas musculares, relacionado com o movimento peris-táltico; contém fibras pré-ganglionares do sistema parassimpático. O gânglio ou plexo submucoso ou de Meissner na túnica submucosa possui fibras nervosas pré-ganglionares do sistema simpático.

GLÂNDULAS ANEXAS AO T U B O DIGESTIVO

Fígado

O fígado é uma das glândulas anexas ao tubo digestivo. E um dos maiores órgãos do corpo e é uma glândula com inúmeras funções vitais.

Histologicamente, pode se ver que ele está envolvido por uma cápsula conjuntiva, a chamada cápsula de Glisson e que o parênquima hepático se dispõe em lóbulos. No centro de cada lóbulo, dito anatómico, se nota a presença de uma veia, que recebe o nome de veia centrolobular ou veia central do lóbulo. Em torno da veia se dispõem as células hepáticas (hepatócitos) em forma de fileiras ou cordões, de modo radiado em relação à veia

118 C A P Í T U L O 11

Page 118: Manual de Histologia - Glerean

central. A esses cordões de hepatócitos se dá o nome de trabéculas ou traves ou cordões de Re-mak. Entre os cordões existem capilares sanguíneos e capilares biliares.

Na parte per i fé r ica dos l ó b u l o s , envoltos por tecido conjuntivo, se situam vênu la s , ramos da veia porta, ar ter ío las , ramos da ar tér ia hepá t i ca e duetos revestidos por epi té l io simples cúb ico ou c i l índr ico , são os duetos bi l iares interlobulares.

Ao conjunto desses elementos citados (vênula, arteríola e duetos) dá-se o nome de espaço-porta ou espaço de Kiernam.

Entre as células hepáticas corre uma rede de capilares biliares que finalmente se lançarão no dueto bil iar interlobular; eles são conhecidos como canalículos biliares. Importa citar que esses canalículos não possuem parede própria, sendo o papel desta feito pelas p r ó p r i a s cé lu las hepát icas.

Os capilares sanguíneos, que correm entre os cordões de células hepát icas , são do tipo sinusóide e suas paredes são formadas por endoteli-ó c i t o s comuns , como t a m b é m por c é l u l a s especiais, verdadeiros macrófagos , chamados células de Kupffer, que fagocitam material parti-culado, tais como part ículas virais, coágulos, eri-t r ó c i t o s danificados, b a c t é r i a s e complexos imuni tá r ios .

Os autores clássicos descreveram espaços linfáticos dispostos entre os cordões hepáticos e os sinusóides, aos quais deram o nome de espaços de Disse. Dentre as inúmeras funções desempenhadas pelo hepatócito, podem ser lembradas: estocagem de glicose sob a forma de glicogênio; síntese de enzimas necessárias para o metabolismo de lipídeos, carboi-dratos e de proteínas; síntese de componentes proteicos das partículas de lipoproteínas e a maioria das proteínas plasmáticas, dentre essas, a albumina, importante carreadora para hormônios e enzimas e para a manutenção da pressão osmótica no sistema vascular, além do fibrinogênio e protrombina, necessários para a coagulação sanguínea; síntese de vários fatores do complemento, para as respostas imunes; síntese de triglicérides, colesterol e fosfolípídeos; produção de bile; é sede de gliconeogênese; participa dos processos de desintoxicação e neutralização de substâncias tóxicas.

Vesícula Biliar

A vesícula biliar é um órgão oco destinado ao armazenamento e concentração da bile.

Ela possui três túnicas facilmente vistas ao microscópio:

Túnica mucosa, a mais interna, é muito pregueada e consti tuída por epitélio cilíndrico simples, que assenta sobre lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo, altamente irrigada.

Túnica muscular, que é irregular e em alguns pontos descontínua, com fibras musculares lisas longitudinais e circulares formando plexos.

Túnica adventícia, muito irrigada, possui inúmeras células conjuntivas e é rica em infiltração linfática e em nódulos linfáticos.

Serosa, que reveste a superfície livre da vesícula.

Glândulas Salivares

São glândulas anexas ao tubo digestivo e têm por função secretar substâncias destinadas a lu brificar a cavidade oral e o seu conteúdo, além de participarem, graças às enzimas por elas sintetizadas e secretadas, do início do processo digestivo. Elas são envolvidas por delicada cápsula de tecido conjuntivo, que envia septos para o interior das glândulas, o que as divide em lóbulos.

São três as chamadas glândulas salivares maiores: parótida, submandibular e sublingual.

A parótida é uma glândula do tipo acinosa exclusivamente serosa. A partir de uma cápsula conjuntiva, partem septos que a divide em lóbulos. O corte histológico permite que se veja ao microscópio, a lém dos ácinos serosos, duetos in tercalados, duetos estriados e duetos excretores. Os ácinos serosos são formados por células ditas do tipo seroso, que morfologicamente têm forma piramidal, com citoplasma fortemente corado e possuem núcleo arredondado ou ovóide, situado no terço basal da célula, local onde se encontra t a m b é m o ergastoplasma, bem evidente. A célula serosa secreta um fluido aquoso rico em enzimas importantes para a digestão, tal como a amilase e para a defesa, como a lisozima, ambas armazenadas sob a forma de grânulos sob a forma inativa (grânulos de zimogênio), sintetizam ainda peças secretoras que se ligam a imuno-

C A P Í T U L O 11 119

Page 119: Manual de Histologia - Glerean

globulinas com par t ic ipação portanto nos processos imunológicos.

O produto secretado pela célula acinosa é levado ao meio exterior por um sistema de túbulos. O primeiro deles, que recolhe a secreção do ácino chama-se dueto intercalado, ou passagem de Boll e é revestido por epitélio baixo, diferente do que constitui os ácinos; a seguir vêm os duetos estriados, intralobulares, assim chamados porque suas células, cúbicas, contêm na região basal uma es t r iação devido à p r e s e n ç a de m i t o c ô n d r i a s dispostas paralelamente entre si. A secreção salivar passa por uma série de duetos e sua composição pr imár ia de eletrólitos é alterada, por transporte ativo de íons através das paredes desses duetos; esse fenómeno é mais acentuado no dueto estriado. Os canais intralobulares confluem nos que ficam situados no tecido conjuntivo situado entre os lóbulos e recebem o nome de duetos excretores interlobulares. Esses duetos vão finalmente desembocar no canal coletor da glândula, o chamado dueto de Stenon, que vai lançar o produto de secreção, a saliva, no interior da cavidade bucal.

A glândula submandibular possui estrutura geral comum às glândulas salivares; é também uma glândula acinosa, mas diferentemente da parótida, na espécie humana ela é predominantemente serosa, possui porém ácinos mistos, ou seja, nele algumas células são serosas, enquanto outras são mucosas, ou seja, formado por células ditas mucosas, que sintetizam mucinas, estocadas sob a forma de g r â n u l o s e que morfologicamente se apresentam com aspecto claro, vacuolado, com o núcleo empurrado e achatado para a base da célula, devido à pressão exercida pelo muco acumulado. Os ácinos mistos mostram os nítidos crescentes de Gianuzzi.

A glândula sublingual é predominantemente mucosa, com poucas células serosas. Os duetos intercalados e estriados existem em pequeno número.

Saliva — é o produto de secreções provenientes das glândulas salivares, acrescido das secreções de pequenas glândulas da cavidade bucal. Ela possui várias funções: digestão, umedecimen-to, proteção (pela enzima lisozima e pelo IgA secretado por p l a s m ó c i t o s do conjunt ivo que envolvem os ácinos e a lançam no seu interior) e auxíl io no paladar, pela dissolução dos alimen

tos que, quimicamente, estimulam os corpúsculos gustativos.

Pâncreas

O pâncreas é uma glândula serosa com aspecto histológico de glândula salivar, na verdade, ela é mui to semelhante à p a r ó t i d a . Uma delicada cápsula conjuntiva envia septos para o interior do pâncreas e o divide em lóbulos. Os ácinos que constituem a glândula são todos serosos.

Quando se examina a glândula ao microscópio, chamam a atenção estruturas exclusivas desse órgão, o que permite que ele seja facilmente diagnosticado. Essas estruturas são as ilhotas de Langerhans, pequenas ilhas de células dispostas sob a forma cordonal, imersas entre os ácinos serosos, envolvidas por tecido conjuntivo. O pâncreas é uma glândula mista: os ácinos serosos secretam íons, água e uma série de enzimas e constituem a porção exócr ina do pâncreas ; as ilhotas secretam hormônios como a insulina, o glucagon e a somatostatina e constituem sua parte endócr ina .

Muitas vezes se pode ver células pouco coradas na parte central do ácino. Este aspecto é dev ido ao fato de que os duetos intercalados penetram no ácino e é aí que t êm início. Esta célula, colocada no centro do ácino é chamada célula centroacinosa, fortes evidências sugerem que essa célula está envolvida na produção do íon bicarbonato. O dueto intercalado dá continuação ao dueto excretor intralobular, que não tem o aspecto estriado bem nítido, como nas glândulas salivares, e esse aos duetos interlobulares, imersos em tecido conjuntivo.

O pâncreas exócrino é a principal g lândula digestiva do corpo. Produz cerca de 22 enzimas que digerem todas as principais classes de alimentos.

A porção endócr ina do pâncreas é, como já fo i visto, representada pelas ilhotas de Langerhans, que são aglomerados de células dispostas em cordões numa t íp ica g l ându la do tipo cordonal, mergulhados no pa rênqu ima exócrino do pâncreas . Entre os cordões celulares, se nota a presença de capilares sanguíneos .

120 C A P Í T U L O 11

Page 120: Manual de Histologia - Glerean

R g . 1 1 . 3 — Língua. Face ventral — H.E.

C A P Í T U L O 1 1 121

Page 121: Manual de Histologia - Glerean

P a p i l a f i l i forme — as ma is numerosas

— d is t r ibuídas p o r t o d a superf íc ie l i ngua l

— curva tu ra v o l t a d a pa ra a reg ião poster ior

d a boca

— n ã o possuem corpúscu los gustat ivos

F i g . 1 1 . 5 — Língua — H. Férrica. Papila filiforme.

122 C A P Í T U L O 11

Page 122: Manual de Histologia - Glerean

P a p i l a c a l i c i f o r m e — 10 a 12 n o V l i ngua l — ricas e m corpúscu los gustat ivos

V a l o

C o r p ú s c u l o gusta t ivo

C o r p ú s c u l o s g u s t a t i v o s

F ig . 1 1 . 6 — Língua — H. £. Papila caliciforme.

Epi té l io

->• L â m i n a p r ó p r i a

M ú s c u l o e s t r i a d o

B o l a a d i p o s a

11 .7 — Bochecha — H.E. Face mucosa.

C a m a d a m u c o s a

E p i d e r m e • *

D e r m e

11 .8 — Bochecha — H.E. Face cutânea.

• > B o l a a d i p o s a

- > Pe le

' . . O I ] 123

Page 123: Manual de Histologia - Glerean

O s s o

L â m i n a p r ó p r i a

Epi té l io p a v i m e n t o s o es t ra t i f i cado

q u e r a t i n i z a d o

F i g . 1 1 . 9 — Palato duro — H.E. Face fauca/.

Epité l io r e s p i r a t ó r i o

O s s o

->• L â m i n a p r ó p r i a v a s c u l a r i z a d a

F i g . 1 1 . 1 0 — Palato duro — H.E. Face respiratória.

F i g . 11 .11 — Palato mole — H.E. Face inferior.

124

G l â n d u l a s a c i n o s a s

Epi té l io b u c a l

L â m i n a p r ó p r i a

C A P Í T U L O 11

Page 124: Manual de Histologia - Glerean

G l â n d u l a s a c i n o s a s

L â m i n a p r ó p r i a

• Epi té l io r e s p i r a t ó r i o

->** G l â n d u l a s a c i n o s a s

F ig . 1 1 . 1 2 — Palato mole — H.E. Face superior.

F i g . 1 1 . 1 3 — Dente desgastado.

Estrias i n c r e m e n t a i s d e Re tz ius

— dev idas a o c resc imento a p o s i c i o n a l , c o m

pausas periódicas na mineralização

F ig . 1 1 . 1 4 — Dente desgastado. Esmalte.

C A P Í T U L O 11 " I f

Page 125: Manual de Histologia - Glerean

-*** Tufos o u p e n a c h o s — no l imi te a m e l o d e n t i n á r i o

— f i le i ras d e p r i smas d o esmal te

h i p o m i n e r a l i z a d o

> C a n a l í c u l o s d e n t i n á r i o s

F i g . 1 1 . 1 5 — Dente desgastado. Tufos ou penachos. (Cortesia de V. A. C.)

F i g . 1 1 . 1 7 — Dente desgastado. Zona granular de Tomes. (Cortesia de V. A. C.)

126

C e m e n t o a c e l u l a r

Z o n a g r a n u l a r d e T o m e s — na den t i na rad icu la r jun to a o c e m e n t o — inúmeros g rânu los escuros, c o m

p e q u e n o índice de m i n e r a l i z a ç ã o

C A P Í T U L O 11

Page 126: Manual de Histologia - Glerean

Fig . 1 1 . 1 8 — Den fe desgastado. Cemento celular. (Cortesia de V. A. C.)

o r i g i n a m a den t ina

F ig . 1 1 . 1 9 — Dente descalcificado — H.E.

~ZZ^=^*' F i b r o b l a s t o s

P o l p a d e n t a l

— f o r m a d a por tec ido con junt ivo c o m f ibrob lastos,

co l ágeno e matr iz de g l i cosaminog l i canas

— ab r i ga vasos sanguíneos e nervos, responsáveis

pela nut r ição e sensib i l idade d o dente

\ V a s o s s a n g u í n e o s

F ig . 1 1 . 2 0 — Polpa dental — H.E.

C A P Í T U L O 11 127

Page 127: Manual de Histologia - Glerean

-+" O s s o a l v e o l a r

F i g . 11 .21 — Dente descakificado — H.E. Osso alveolar.

O s s o a l v e o l a r

F i g . 1 1 . 2 2 — Dente descakificado — H.E. L igamento periodontal.

F i b r a s d o l i g a m e n t o p e r i o d o n t a l

C e m e n t o

• F i b r a s d o l i g a m e n t o p e r i o d o n t a l

D e n t e

A m e l o b l a s t o s -4-

E s m a l t e " *

D e n t i n a < -

P r é - d e n t i n a -«

O d o n t o b l a s t o s

F i g . 1 1 . 2 3 — O d o n t o g ê n e s e — H.E.

1

O s s o

P a p i l a d e n t á r i a — após e l a b o r a r a

den t i na , o r i g i n a

a p o l p a

128 C A P Í T U L O 11

Page 128: Manual de Histologia - Glerean

O d o n t o b l a s t o s < - ^ J l í » . ' ' ,

P r é - d e n t i n a

D e n t i n a

^ . •»« —

^ - s r u

P a p i l a d e n t á r i a

P r o c e s s o s

o d o n t o b l á s t i c o s

F ig . 1 1 . 2 4 — Odontogênese — H.E.

A m e l o b l a s t o s

-*** D e n t i n a

P r é - d e n t i n a

E s m a l t e

O d o n t o b l a s t o s

F ig . 1 1 . 2 5 — Odontogênese — H.E.

F ig . 1 1 . 2 6 — E s ô f a g o — H . E .

C A P Í T U L O 11

Epité l io

L â m i n a p r ó p r i a

S u b m u c o s a

• L u z

M u s c u l a r d a m u c o s a

— nesta a l tu ra d o cor te , múscu lo es t r iado

(terço super ior )

129

Page 129: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 1 . 2 7 — Transição esôfago-cárdica — H.E.

M u s c u l a r d a -4-

m u c o s a

T ú n i c a • *

s u b m u c o s a

T ú n i c a m u s c u l a r

C é l u l a s m u c o s a s

d e r e v e s t i m e n t o

* • G l â n d u l a s cárd icas

F o s s e t a

T ú n i c a m u c o s a

F ig . 1 1 . 2 8 — Es tômago — H.E. Região cárdica.

F i g . 1 1 . 2 9 — Estômago — H.E. Região fúndica.

130

* • Tún ica s u b m u c o s a

^ M u s c u l a r d a m u c o s a

C é l u l a s m u c o s a s d e r e v e s t i m e n t o

C A P Í T U L O 11

Page 130: Manual de Histologia - Glerean
Page 131: Manual de Histologia - Glerean

M u s c u l a r d a

m u c o s a

T ú n i c a • * submucosa

T ú n i c a - * m u s c u l a r

V i l o s i d a d e s in tes t ina is

— a u m e n t o d a

superf íc ie d a m u c o s a

G l â n d u l a s in tes t ina is

F i g . 1 1 . 3 3 — Je/uno — H.E.

B o r d a e s t r i a d a

(ou e m e s c o v a )

C é l u l a s c a l i c i f o r m e s

Enteróci tos (células a b s o r t i v a s )

L â m i n a p r ó p r i a ( tecido c o n j u n t i v o f rouxo)

F i g . 1 1 . 3 4 — D u o d e n o — H.E. Borda estriada.

B o r d a e s t r i a d a (ou e m e s c o v a ) — c o r r e s p o n d e m às

m ic rov i l os idades vistas a o M.E. — aumenta signi f icat ivamente a

á rea de contato da par te apical d a célula

— possui enz imas p a r a a d iges tão d e o l i go e de d issacar ídeos

— a en te roqu inase presente nessa estrutura at iva a panc rease panc reá t i ca

— as enz imas digest ivas c o n t i n u a m e n t e secretados pelos enteróc i tos são inser idas nas m e m b r a n a s da b o r d a e m escova

C é l u l a c a l i c i f o r m e

Enteróci tos

— s ã o célu las at ravés

das qua is os

nutr ientes passam

p a r a os vasos

sangu íneos *

s i tuados na

l â m i n a p róp r i a

F i g . 1 1 . 3 0 — D u o d e n o — H.E. Bordo estriada.

132 C A P Í T U L O 11

Page 132: Manual de Histologia - Glerean

* • C é l u l a s d e P a n e t h — t ê m o p a p e l d e de fesa . Des t roem

m i c r o o r g a n i s m o s invasores, f o ra d a cé lu la , l i be rando enz imas o u d e n t r o d a célu la p o r fagoc i tose .

— essa e n z i m a l i be rada é a l i soz ima.

C é l u l a c a l i c i f o r m e — secreta m u c o c o m funções : a) p rende r célu las d e s c a m a d a s e par t ícu las n ã o

d i ge r i das , f ac i l i t ando sua r e m o ç ã o b) ca r rega r IgA, que se l iga a m i c r o o r g a n i s m o s e

os inat iva

F ig . 1 1 . 3 6 — D u o d e n o — H.E. Células de Paneth.

F ig . 1 1 . 3 7 — Intestino grosso — H.E.

C é l u l a c a l i c i f o r m e — no có lon sua secreção a b r i g a dezenas

d e espécies d e bactér ias entér icas (normais) c o m funções : a) f o r m a ç ã o d e v i t a m i n a K b) secreção de enz imas que des t roem

pa togên icos e d i g e r e m m u c o

In test ino g r o s s o — a b s o r ç ã o de á g u a — secreção de m u c o — t ranspor te a t ivo de sód io

G l â n d u l a s d e L i e b e r k h ú n

• M u s c u l a r d a m u c o s a

L â m i n a p r ó p r i a

Plexo n e r v o s o m i o e n t é r i c o (ou d e A u e r b a c h ) — re lac iona-se c o m m o v i m e n t o per istá l t ico

— c o n t é m f ib ras p r é - g a n g l i o n a r e s d o

p a r a s s i m p á t i c o

F i g . 1 1 . 3 8 — Intestino grosso — H.E. Plexo nervoso mioentérico.

C A P I T U L O 1 1 133

Page 133: Manual de Histologia - Glerean

Plexo n e r v o s o s u b m u c o s o (ou d e M e i s s n e r )

— possui f ib ras nervosas p ó s - g a n g l i o n a r e s d o

s is tema s impá t i co

F i g . 1 1 . 3 9 — Intestino grosso — H.E. Plexo nervoso submucoso.

F i g . 1 1 . 4 0 — Apêndice ileocecal — H.E.

F i g . 11 .41 — Transição anorretal — H.E.

134

C a n a l a n a l

-+• Reto

... "

C A P Í T U L O 11

Page 134: Manual de Histologia - Glerean

C á p s u l a d e G l i s s o n

C é l u l a d e Kupf fe r — n o m e de a lguns dos

endote l ióc i tos q u e revestem os cap i la res s inusóides d o f í g a d o e t ê m c a p a c i d a d e f a g o c i t á r i a

— f a g o c i t a m ma te r i a l pa r t i cu l ado , c o m o par t ícu las v i ra is , c o á g u l o s , er i t róc i tos dan i f i cados , bactér ias e comp lexos imun i t á r i os

. Hepatócito • o u célu la hepát i ca • estoca g l icose sob a f o r m a de

glicogênio sintetiza enzimas necessárias para o metabolismo de lipídeos, carboidratos e proteínas sintet iza c o m p o n e n t e s prote icos das par t ícu las de l ipopro te ínas e a m a i o r i a das pro te ínas p lasmát icas sintetiza vár ios fa tores d o c o m p l e m e n t o , p a r a as respostas imunes sintetiza tr igl icérides, colesterol e fosfol ipídeos p roduz bi le

é sede d a neog l i cogênese par t ic ipa dos processos de desintox icação e neut ra l ização de substâncias tóxicas

Fig . 1 1 . 4 2 — Fígado — H.E.

C a p i l a r e s

s inusó ides

* • C o r d õ e s d e hepatóc i tos

V e i a cen t ra l o u c e n t r o l o b u l a r ) — si tua-se no cen t ro de u m a

f i gu ra geomé t r i ca a p r o x i m a d a m e n t e h e x a g o n a l , cujos vértices são espaços -po r ta .

— o sangue p roven ien te dos espaços -po r ta é co le tado pe la veia (c i rcu lação centr ípeta)

— a bi le d i r ige-se e m d i reção aos espaços-por ta (c i rculação centr í fuga e m re lação à veia central)

F i g . 1 1 . 4 4 — Fígado — H.E. Veia centro/obu/ar .

C A P Í T U L O 11 135

Page 135: Manual de Histologia - Glerean
Page 136: Manual de Histologia - Glerean

1 iluai mii

fig. 1 1 . 4 8 — Fígado — H.E. Canalículo biliar.

C a n a l í c u l o b i l i a r

— n ã o possui paredes p rópr ias , sendo

de l im i t ado por do is hepatóc i tos ad jacentes.

Epi té l io

*" L â m i n a p r ó p r i a

Tún ica m u s c u l a r

Ves ícu la b i l i a r — concen t ra e estoca b i le ent re

refe ições — a á g u a é t r a n s p o r t a d a p o r

m e i o d o ep i té l io e en t ra nos vasos sangu íneos

— a concen t ração envo lve o t ranspor te a t ivo d e N a + da b i le

F ig . 1 1 . 4 9 — Vesícula biliar — H.E.

Duetos e s t r i a d o s

P a r ó t i d a

— g l â n d u l a sal ivar m a i o r d o t i po serosa pu ra

Ác inos s e r o s o s

F i g . 1 1 . 5 0 — Parótida — H.E.

C A P I T U L O 11 137

Page 137: Manual de Histologia - Glerean

* • Ác inos s e r o s o s - f o r m a d o s por cé lu las d o t i po seroso - secretam f lu ido aquoso rico e m enzimas digestivas

(amilase) e dest inado à defesa (lisozima) - a r m a z e n a m seu p r o d u t o , sob a f o r m a de

g r â n u l o s (de z i m o g ê n i o ) , na f o r m a inat iva

* . Ác inos m u c o s o s

— f o r m a d o por célu las d o t i po m u c o s o

— s in te t izam muc inas , es tocadas sob a f o r m a

d e g r â n u l o s

G l â n d u l a s u b m a n d i b u l a r

— g l â n d u l a sal ivar d o t i po m is ta ,

p r e d o m i n a n t e m e n t e serosa

Duetos e x c r e t o r e s i n t r a l o b u l a r e s

F i g . 11 .51 — S u b m a n d i b u l a r — H.E.

138 C A P Í T U L O 11

Page 138: Manual de Histologia - Glerean
Page 139: Manual de Histologia - Glerean

140 C A P Í T U L O 11

Page 140: Manual de Histologia - Glerean

Alvaro Glerean

LARINGE

Generalidades

O sistema respiratório compreende não só os pulmões, onde se realizam as trocas gasosas, como também uma série de condutos: fossas nasais, laringe, traqueia e brônquios.

A laringe é um tubo que une a faringe à traqueia, tem um esqueleto fibrocartilaginoso, onde se inserem músculos estriados. A mucosa que forra a laringe possui pregas, duas das quais são mais importantes: as cordas vocais, pois se relacionam e tomam parte da fonação. Uma é a corda vocal superior ou falsa corda vocal ou prega vestibular e a outra, inferior, ou corda vocal verdadeira, na qual se pode ver o ligamento vocal e o músculo vocal ou prega vocal.

TRAQUEIA

A traqueia é um tubo com esqueleto cartilaginoso de cartilagem do tipo hialino, disposta sob a forma de anéis . U m corte transversal do órgão mostra, de dentro para fora, a túnica mucosa formada pelo epitélio respiratório que repousa sobre lâmina própria rica em vasos sanguíneos; na

porção média fica a cartilagem; externamente a cartilagem é revestida por tecido conjuntivo rico em tecido adiposo.

PULMÃO

Os pulmões são revestidos pela pleura, dividida em folheto parietal e folheto visceral. Ambos são revestidos por células mesoteliais, pavimentosas, que assentam sobre tecido conjuntivo fibroso.

Cada pu lmão recebe um brônquio, com estrutura semelhante à da traqueia, que, no interior do órgão, vai sucessivamente se ramificando e diminuindo de calibre até terminar em pequenos sacos ou tubos mic roscóp icos com paredes que possuem bosseladuras e fechados na extremidade. Daí se ter a partir dos grandes brônquios , os médios brônquios, os pequenos brônquios, bron-quíolos, tubos e sacos alveolares e, finalmente, os alvéolos.

Tomando o grande brônquio como modelo para a descrição das túnicas que compõem o sistema tubular das vias respiratórias, vai se verificar que a túnica mucosa é constituída por epitélio do tipo respiratório, com células caliciformes e por lâmina própria formada por tecido conjuntivo fibroelástico. que

C A P Í T U L O 12

Page 141: Manual de Histologia - Glerean

na sua parte profunda possui fibras musculares l i sas dispostas circularmente. Externamente existe uma túnica adventícia de tecido conjuntivo denso, rico em fibras elásticas, vasos sanguíneos e linfáticos e nervos. A medida que o brônquio vai diminuindo de diâmetro, seu epitélio de revestimento vai diminuindo de espessura e a quantidade de fibras musculares lisas também proporcionalmente diminui; o mesmo acontece com o esqueleto cartilaginoso, que nos brônquios pequenos, por exemplo, fica reduzido a pequenos fragmentos.

Os ramos terminais dessa divisão chamam-se bronquíolos. O bronquíolo terminal não mais possui cartilagem, seu epitélio é cilíndrico simples, sem cílios e sua lâmina própria é muito delgada; existe uma camada única de fibras musculares lisas associadas a fibras elásticas. São mais simples ainda do

que os bronquíolos terminais, os que a eles sucedem, os bronquíolos respiratórios, que possuem epitélio cúbico simples e se percebe já em suas paredes, ainda mais simplificadas, alguns alvéolos. Os bronquíolos respiratórios se ramificam e originam os duetos alveolares e os sacos alveolares.

Os alvéolos constituem as últimas partes da árvore brônquica e têm o aspecto de cavidades com formas poliédricas, envolvidos por uma membrana fibroelástica revestida internamente por epitélio pavimentoso. Entre os alvéolos existem capilares sanguíneos, fibras elásticas, reticulares e colágenas.

Nos alvéolos existem três tipos de células: a) pneumócitos tipo 1 — especializadas na troca de gases; b) pneumócitos tipo II — secretam corpos multilamelares que contêm surfactante pulmonar rico em fosfolipídeos; c) macrófagos.

F i g . 12.1 — Traqueia — H.E

Epitél io r e s p i r a t ó r i o

* • L â m i n a p r ó p r i a - rica e m vasos sangu íneos

F i g . 1 2 . 2 — Traqueia — H.E

142 C A P Í T U L O 12

Page 142: Manual de Histologia - Glerean

N ú c l e o s d e cé lu las m e s o t e l i a i s

P l e u r a 4 — meso té l i o

— f ib ras co l ágenas

— f ib ras elást icas

Fig . 1 2 . 3 — Pu/mão — H.E. Pleura.

C a r t i l a g e m

B r ô n q u i o

Veia

" * C a r t i l a g e m

Fig . 1 2 . 4 — Pulmão — H.E.

F ig . 1 2 . 5 — Pulmão — H.E.

C A P Í T U L O 12 143

Page 143: Manual de Histologia - Glerean

S a c o a l v e o l a r

Dueto a l v e o l a r

A l v é o l o s

— pr inc ipa is locais d e t rocas gasosas

F i g . 1 2 . 6 — P u / n H.E.

F i g . 1 2 . 7 — Pulmão — Azul-de-toluidina — Alvéolos. (Cortesia de T. H. A.)

F i g . 1 2 . 8 — Pulmão — Azul-de-toluidina — Macrófagos livres. (Cortesia de T. H. A.)

144 C A P Í T U L O 12

Page 144: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Pele e Anexos

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

A peie é um órgão protetor que cobre toda a superfície corporal e que se continua, sem interrupção, nas varias aberturas corporais, com as túnicas mucosas, como, por exemplo, as do tubo digestivo. E uma importante barreira protetora contra a ação de agentes físicos, químicos e bacterianos sobre os tecidos profundos; contém as várias terminações nervosas sensitivas que colaboram com os meios de comunicação entre o indivíduo e o meio que o cerca. Por intermédio de sua rica i r r i gação sanguínea e das glândulas sudoríparas, a pele é um importante órgão, não só emunctório como também mantenedor da temperatura corporal.

Existem dois tipos principais de pele: a) a espessa, que reveste a palma das mãos e a planta dos pés, e se caracteriza pela larga camada epitelial, particularmente pela sua ampla queratina e por não possuir pêlos nem glândulas sebáceas; b) a fina, caracterizada por possuir epiderme relativamente mais delgada e por ter pêlos e glândulas sebáceas, que constitui a pele de todas as demais regiões do corpo. Em ambos os tipos de pele existem glândulas sudoríparas.

São chamados anexos da pele, suas glândulas, os pêlos, as unhas e, segundo alguns, a glândula mamária .

Duas camadas são descritas como fazendo parte tanto da pele espessa quanto da fina: 1) epiderme — sempre const i tu ída por epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, const i tu ído fundamentalmente por células chamadas quera-tinócitos, que sofrem diferenciação, que culmina numa camada de células superficiais mortas, empacotadas com a prote ína queratina, responsável pela conhecida resis tência e inércia da epiderme, camada c ó r n e a ou de queratina. Os querat inóci tos se d i spõem em quatro diferentes estratos: a) basal ou germinativo, onde existem frequentes células em mitose, pois aí se originam as células que vão formar os demais estratos; b) espinhoso, onde é sintetizada a queratina sob a forma de tonofilamentos (assim conhecidos ao microscópio eletrônico) e classicamente conhecidos como tonofibrilas; a denominação espinhoso provém do fato de nesse estrato existirem entre as células as pontes intercelulares, na verdade desmossomas, acreditando-se que as tonofibrilas passem de uma célula para outra; c) com o avançar do processo de diferenciação os tonofilamentos produzem ligações cruzadas para formar o estrato granuloso, caracterizado pela presença de grânulos de queratoialina no citoplasma dos querat inóci tos; e d) no estágio final

C A P Í T U L O 13

Page 145: Manual de Histologia - Glerean

da diferenciação, as organelas são totalmente subst i tu ídas por queratina madura que preenche as células altamente ordenadas do estrato córneo. A medida que células são adicionadas a partir do estrato basal, outras células são perdidas por descamação na superfície; 2) derme — sempre um tecido conjuntivo denso, do tipo não modelado, separado da epiderme por uma delicada membrana basal. Entre os dois tecidos existem as papilas dérmicas, projeções da derme na epiderme, transformadas em alguns locais mui to evidentes, constituindo as impressões digitais. E na derme que se situam os vasos sanguíneos e linfáticos da pele, e os nervos, além dos derivados da epiderme, tais como pêlos, g lândulas e parte da unha. A derme das papilas é denominada de derme papilar e a situada mais profundamente, de derme reticular. Sob a derme se situa um outro tipo de tecido conjuntivo, já não mais pertencente à pele e conhecido como tecido celular subcutâneo , tela subcutânea, t ambém chamado panículo adiposo.

P E L E ESPESSA

Como já foi dito em generalidades, a pele espessa é encontrada na palma das mãos e na planta dos pés.

Cortes histológicos da pele espessa mostram epiderme de grandes proporções, que possui camadas facilmente identificáveis já anteriormente descritas: a) camada basal ou germinativa; b) camada espinhosa; c) camada granulosa; d) camada lúcida — às vezes é possível ver essa camada, em que as cé lu las são achatadas, com aspecto homogéneo e t ranslúcido; e e) camada córnea.

A epiderme, a lém das células comuns do epitélio, os quera t inóci tos , possui três tipos de células: melanócitos, células de Langerhans e células de Meckel. Os melanóci tos produzem um pigmento chamado melanina, cuja função é a de agir como fil tro, fazendo com que a pele possa agir como protetora contra a ação de raios ultravioleta; as células de Langerhans pertencem ao sistema imuno lóg ico e as de Meckel, seriam macrofágicas.

Essas camadas anteriormente descritas são o retrato morfológico de fases de um processo mui

to complexo chamado queratinização, que visa finalmente a dar à epiderme a camada de queratina, a qual empresta à pele toda a resistência neces sá r i a à p r o t e ç ã o m e c â n i c a e sua relativa impermeabi l ização.

P E L E F I N A

A pele fina possui os mesmos componentes da pele espessa, e nela as camadas são menos evidentes. E encontrada em todas as demais regiões do organismo, com exceção da palma das mãos e da planta dos pés. Na pele fina, além das glândulas sudoríparas, existem pêlos e glândulas sebáceas, como também, em certas regiões, glândulas odoríferas.

ANEXOS DA P E L E

São chamados anexos da pele estruturas originadas da epiderme. Ao invaginar na derme as cé lu las epiteliais da epiderme, por i n d u ç ã o , originam estruturas especializadas, tais como g l â n d u l a s s u d o r í p a r a s e s e b á c e a s , p ê l o s e unhas.

Pêlos — os pê los juntamente com a unha constituem o que se conhece por fâneros cutâneos. O pêlo é cons t i tu ído por duas partes: 1) pêlo propriamente dito, com uma porção situada na derme, chamada raiz, e outra que se proje-ta da epiderme, chamada haste do pêlo; 2} folículo piloso, estrutura conjuntivo-epitelial, que envolve a raiz.

A porção mais profunda do pêlo exibe uma dilatação chamada bulbo, que é penetrado pelo conjuntivo na papila. Próximo à epiderme o pêlo se estreita, formando o colo do folículo piloso. Aí se abrem os duetos excretores das glândulas sebáceas e se inserem as fibras musculares lisas do músculo eretor do pêlo.

A partir do centro para a periferia, o pêlo é consti tuído por três camadas: a medula, uma periférica, o córtex e, outra ainda mais externa, a cutícula.

O folículo piloso é revestido por uma bainha de tecido conjuntivo envolvida por membrana basal, onde sucedem-se camadas denominadas bainha epitelial externa e bainha epitelial interna.

146 C A P Í T U L O 13

Page 146: Manual de Histologia - Glerean

Unhas — são fâneros situados nas extremidades dos dedos, colocadas numa depressão da epiderme.

Uma placa córnea ou limbo ungueal assenta sobre o leito da unha, que é a epiderme da região, e se incrusta numa depressão em forma de meia-lua, o sulco periungueal.

Chama-se matriz da unha a porção posterior, epidérmica, mole, do leito da unha. A porção posterior do limbo possui uma mancha esbranquiçada, a lúnula, região em que o limbo está mais intimamente aderido à epiderme.

Recebe o nome de eponíquio a parte da epiderme que cobre, como uma prega saliente, as porções posterior e superior da unha, na região abaixo da raiz.

G l â n d u l a s e b á c e a — a g lândula sebácea é do tipo alveolar e encontrada por toda a pele, exceto, regra geral, nas regiões revestidas por pele espessa. Quase sempre o canal excretor dessa g lândula abre-se na bainha de um pêlo . Um corte his tológico mostra que suas células possuem grande porte, são claras, seu núc leo é central e no seu citoplasma, em p r e p a r a ç õ e s histológicas rotineiras, se vê que o produto de secreção, o sebo, foi dissolvido, ficando em seu lugar uma imagem com aspecto vesiculoso. Ela é uma g l ându l a classificada como ho lóc r ina , significando que à medida que secretam e armazenam o produto no citoplasma, as células diferenciam-se, morrem e acabam fazendo parte da secreção. Ao microscóp io pode-se acompanhar esse processo e notar que na periferia da glândula as células são íntegras, ao contrário das demais, que mostram, quanto mais próximas do dueto excretor, evidências de degeneração e desaparecimento do núc leo . As g lândulas sebáceas secretam uma mistura de l ip ídeos chamada sebo. Permanecem praticamente inativas até a puberdade, quando entram em intensa ati-vidade. Sua secreção contribui para a proteção da pele e age como lubrificante.

G l â n d u l a s u d o r í p a r a — é do tipo tubuloe-novelada, t a m b é m originária da invaginação da epiderme e possui duas porções distintas: a porção secretora, às vezes situada profundamente na derme, é, morfologicamente, um túbu lo longo, que se enovela, enrodilhando-se sobre si mesmo; em u m corte histológico esse novelo vai

se mostrar como uma série de túbulos cortados transversal ou obliquamente e situados próximos entre si, mostrando em sua c o m p o s i ç ã o células cúbicas, claras, que são secretoras, e células situadas mais externamente, pavimento-sas, com núc leo alongado, que são as conhecidas células mioepiteliais, com propriedades contrateis; a porção excretora é formada por u m túbulo c o n s t i t u í d o por uma camada de c é l u l a s cúbicas , mais ou menos longo, dependendo da profundidade em que está a porção secretora e que, de maneira sinuosa, se dirige para a superfície, se abrindo como poro. As g lândulas sud o r í p a r a s são as mais numerosas da pele e ajudam na m a n u t e n ç ã o da homeostase pelo seu papel no ba lanço eletrolí t ico, na excreção e na te rmorregulação . A g lândula sudor ípa ra do tipo comum, quanto ao modo de secretar, é meró-crina (ou écr ina) .

G l â n d u l a a p ó c r i n a — glândula que deriva diretamente da epiderme ou de folículos pi losos. E do tipo tubuloenovelada e seu dueto excretor se abre diretamente na epiderme ou em u m folículo piloso. A l iberação da secreção é feita tanto por um mecanismo apócr ino como merócr ino . A secreção inicialmente é inodora, mas pode se tornar malcheirosa pela ação de microorganismos. Alguns admitem que t a m b é m nos seres humanos suas secreções podem funcionar como fe ro rmôn ios . Desenvolvem-se à custa de ho rmôn ios gonadais. São encontradas na axila, na região perianal e no canal auditivo externo. E conhecida t a m b é m como g l ându l a odorífera.

Couro Cabeludo

A pele do couro cabeludo é uma pele do tipo fino, caracterizada por possuir grande quantidade de pêlos. Nele a tela subcutânea é larga e assenta sobre tecido conjuntivo fibroelástico, denso, que se liga intimamente ao periósteo dos ossos da abóbada craniana.

Pele da Axi la

A pe7e da axila é t ambém do tipo fina, muito rica em pêlos e em glândulas sebáceas. Além de glândulas sudoríparas, contém glândulas odoríferas, t ambém chamadas axilares.

C A P Í T U L O 13 147

Page 147: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 13.1 — Pele espessa — H.E.

>• E p i d e r m e — epi té l io pav imen toso est ra t i f i cado que ra t i n i zado — suas célu las c h a m a m - s e quera t inóc i tos — d i fe renc iação dos querat inóc i tos (querat in ização)

• Es t ra to b a s a l *" Derme

— tec ido con jun t i vo denso n ã o m o d e l a d o — s e p a r a d a da e p i d e r m e p o r de l i cada m e m b r a n a

basa l — pap i l as dé rm icas — vasos sangu íneos e l infát icos e nervos d a pe le — pê los , g l â n d u l a s , unhas

• Es t ra to c ó r n e o

• D e r m e p a p i l a r

->• D e r m a re t i cu la r

'

F i g . 13 .2 — Pele espessa — H.E

Est ra to e s p i n h o s o

T o n o f i b r i l a s — rep resen tam a que ra t i na s intet izada nos

estratos g e r m i n a t i v o e esp inhoso

— conhec idas a o m ic roscóp io e le t rôn ico c o m o t o n o f i l a m e n t o s ( f i lamentos in te rmed iá r ios )

Pontes i n t e r c e l u l a r e s — dev idas aos locais o n d e existem desmossomas

F i g . 1 3 . 3 — Pele espessa — H.E. Estrato espinhoso. Pontes intercelulares.

148 C A P Í T U L O 1 3

Page 148: Manual de Histologia - Glerean

* • Es t ra to c ó r n e o - o r g a n e l a s s ã o t o t a l m e n t e subs t i t u ídas p o r

que ra t i na m a d u r a

G r â n u l o s d e q u e r a t o i a l i n a — consequentes às l igações c ruzadas

en t re os t o n o f i l a m e n t o s

— a o seu redor a c u m u l a m - s e r i bossomas

— pro te ínas r icas e m cist ina e h is t id ina f os fo r i l ada

Est ra to g r a n u l o s o

F ig . 1 3 . 4 — Pele espessa — H.E. Estrato granuloso.

G l â n d u l a s e b á c e a * • V e i a

*• Te la s u b c u t â n e a

Pe le f i n a — as c a m a d a s e p i d é r m i c a e d é r m i c a

são re la t ivamente ma is de lgadas d o que na pe le espessa

F ig . 1 3 . 5 — Pele fina — H.E.

Page 149: Manual de Histologia - Glerean

M e l a n ó c i t o s

F i g . 1 3 . 7 — Pele espessa — i m p r e g n a ç ã o argêntica. Melanócitos.

»• G l â n d u l a s u d o r í p a r a

* - Pêlo

G l â n d u l a s e b á c e a — d o t ipo a l veo la r — na pele f i n a , assoc iada a pê lo — secreta sebo (ácidos g raxos , e s q u a l e n o

e ésteres graxos) — p ro tege a pele e a lubr i f i ca — sensível à a ç ã o de a n d r ó g e n o s

F i g . 1 3 . 8 — Pele fina — H.E. Glândula sebácea.

B a i n h a ep i te l ia l

F i g . 1 3 . 9 — Folículo piloso — H.E.

150 C A P Í T U L O 13

Page 150: Manual de Histologia - Glerean

- * f:^ „, ..." ^ > M ú s c u l o e r e t o r d o p ê l o — a o se contra i r , p r o m o v e o e r i ç a m e n t o d o pê lo

* " Pêlc

G l â n d u l a s e b á c e a

fig. 1 3 . 1 0 — Pele f /na — H.E. Músculo eretor do pêlo.

* • Ra iz d a u n h a

* • T e r c e i r a f a l a n g e e m p r o c e s s o d e

oss i f icação

»- E p o n i q u i o

F ig . 13 .11 — Ponta de dedo — H.E. Unha.

F i g . 1 3 . 1 2 — Pele espessa — H.E. Glândula sudorípara.

C A P Í T U L O 13

Tec ido a d i p o s o e m i m a g e m n e g a t i v a

G l â n d u l a s u d o r í p a r a — t u b u l o e n o v e l a d a , me róc r i na — p o r ç ã o secretora e n o v e l a d a d a d e r m e e

excre tora , tubu lar , d a d e r m e até a e p i d e r m e — ab re - se n a superf íc ie c o m o p o r o — peles espessa e f i na — m a n u t e n ç ã o d a homeos tase — par t i c ipa d o b a l a n ç o e let ro l í t ico, excreção

e t e r m o r r e g u l a ç ã o

Tec ido a d i p o s o e m i m a g e m n e g a t i v a

151

Page 151: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 3 . 1 3 — Pele espessa — H.E. Glândula sudorípara. Célula mioepitelial.

* • C é l u l a m i o e p i t e l i a l

— é cont rá t i l e serve p a r a a expu lsão

d a secreção

Porção s e c r e t o r a d e g l â n d u l a s u d o r í p a r a

G l â n d u l a s u d o r í p a r a

G l â n d u l a a p ó c r i n a — der iva d i r e tamen te d a e p i d e r m e ou d e fo l ícu los

p i losos

— secreção d o t i po a p ó c r i n o e m e r ó c r i n o t a m b é m

— secreção viscosa de const i tu ição c o m p l e x a

— re lação c o m f e r o r m ô n i o s

— desenvo lvem-se sob a a ç ã o d e h o r m ô n i o s

g o n a d a i s

F i g . 1 3 . 1 4 — Pele de axila — H.E. Glândula odorífera (apócrina).

X

F i g . 1 3 . 1 5 — Couro cabelo — H.E.

152

G l â n d u l a s e b á c e a Pêlo

• E p i d e r m e

- > Pêlo

- • • F a s e i a p r o f u n d a

T e l a s u b c u t â n e a

D e r m e

Dueto excre tor d e g l â n d u l a s u d o r í p a r a

G l â n d u l a s u d o r í p a r a ( p o r ç ã o s e c r e t o r a )

C A P Í T U L O 13

Page 152: Manual de Histologia - Glerean

C A P Í T U L O 13 "53

Page 153: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO • B j j j l ^ H H f mm

Sistema Urinário

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

Do metabolismo dos alimentos resultam, como produtos finais, subs tânc ias indesejáveis , que devem ser eliminadas. A partir das células, essas substâncias vão ao líquido tissular e daí à corrente circulatória. O gás carbónico é eliminado pelos pu lmões ; outros catabóli tos, porém, principalmente os consequentes ao metabolismo das proteínas, necessitam de um órgão especializado, a fim de poderem ser retirados do organismo. Este órgão é o r im. Graças a ele, é possível o ajuste das concent rações dos componentes do plasma de modo a ser mantida a homeostase. Isto é conseguido por processos de filtração, reabsorção e de secreção.

O aparelho urinário é cons t i tu ído , a l ém dos dois rins, por uma série de tubos, que conduzem a ur ina para o exterior: ureteres, bexiga ur inár ia (que é uma ampla dilatação de um tubo) e uretra.

R I M

U m corte de rim a fresco, com o auxílio de uma lupa, permite verificar que ele é consti tuído

por duas regiões: uma cortical, onde são vistas pequenas pontuações vermelhas, e uma medular, sem essas pontuações, situada mais próxima do hilo e de cor vermelha escura.

Ao microscópio, se vê que o r im é envolto por uma cápsula fibrosa e que basicamente é formado por uma enorme quantidade de túbulos dispostos de modo mais ou menos radiado, principalmente na região medular.

Na região cortical, ao microscópio, existem inúmeras formações de diminutas dimensões , in terpostas entre túbulos , e que correspondem às pontuações vermelhas vistas ao exame macroscópico — são os chamados corpúsculos renais ou glomérulos de Malpighi. O processo inicial de filtração ocorre no corpúsculo renal. Os túbulos que circunscrevem os glomérulos são de dois t i pos: t ú b u l o s contorcidos proximais e túbu los contorcidos distais. Cada glomérulo de Malpi ghi é um novelo de capilares sanguíneos envoltos por uma c á p s u l a chamada cápsula de Bowman, com um folheto externo e outro interno, o qual adere firmemente a capilares. As células do folheto in te rno emi tem i n ú m e r o s prolongamentos que abraçam os capilares sanguíneos e são chamadas de podócitos. O l íquido

C A P Í T U L O 14 155

Page 154: Manual de Histologia - Glerean

filtrado no glomérulo entra no espaço de Bow-man (entre os dois folhetos), e é coletado por um longo túbulo , que possui segmentos bem definidos. Ao conjunto de glomérulo mais o túbu lo dá-se o nome de néfron, ao qual pertencem os dois contorcidos citados. O túbulo contorcido proxi-mal (aquele mais próximo ao glomérulo) tem sua parede formada por epitélio cúbico simples, cujas células possuem no seu pólo apical uma diferenciação de membrana, a chamada borda ou bordadura em escova. Nele ocorre intensa (cerca de 85%) reabsorção de água e de íons sódio, por transporte ativo e de Cl" por difusão passiva, há reabsorção de proteínas , de pol ipept ídeos e de aminoácidos , a lém de reabsorção da glicose; o túbulo contorcido distai tem aspecto semelhante, mas com a diferença que nele não existe a bordadura, pelo menos não visível ao microscópio óptico. Neste túbulo são reabsorvidos íons sódio e íons bicarbonato, enquanto íons potássio e íons h id rogén io são excretados, funções essas dependentes do hormônio aldosterona, sendo a reabsorção da água dependente do hormônio ant idiurét ico da hipófise.

O túbulo contorcido distai continua com a alça de Henle, que também faz parte do néfron; na alça, uma parte tem estrutura semelhante à do túbulo contorcido distai, enquanto a outra parte possui células de revestimento achatadas, lembrando muito o aspecto de um capilar; esta porção é conhecida como porção delgada, ou fina da alça de Henle; essa porção delgada possui dois ramos: um descendente, que é permeável tanto a íons como à água, e um ascendente, permeável a íons, mas não à água.

Outros tipos de túbulos, que continuam a alça, já não mais pertencem ao néfron, são os túbulos coletores, encontrados principalmente na região medular do r im. Os coletores têm grande importância na manu tenção do equilíbrio hídr ico do sangue e são t ambém sensíveis ao hormônio antidiurético.

A região do glomérulo de Malpighi, de onde sai o túbulo contorcido distai, é chamada de pólo urinário. Em contraposição, existe o pólo vascular, por onde entra a arteríola aferente e sai a arteríola eferente.

Em um momento de seu percurso, o túbulo contorcido distai volta para a região cortical e vai

se encostar no glomérulo de Malpighi do qual é originário. Aí sua parede se modifica, as células, de cúbicas baixas passam a ser altas, com núcleos alongados, muito juntas umas às outras e no seu conjunto constituem a chamada mácula densa, que funciona como sensor de sal do aparelho justaglomerular. Este secreta a enzima renina, relacionada com o hormônio angiotensina I I , que, por sua vez, age no balanço de sal e na pressão arterial.

Na região medular do r im os túbulos podem se apresentar em grupos, orientados na mesma direção, formando os chamados raios medulares. Nessa mesma região, a observação em aumento pequeno permite ver que existem porções com aspecto de pirâmide, as pirâmides de Malpighi, as quais se abrem no cálice.

U R E T E R

O ureter é u m tubo que conduz a urina do r i m para a bexiga. Em corte transversal, se vê que o órgão possui t ú n i c a s n í t i da s : a) t ún i ca mucosa, a mais interna, cons t i tu ída por epitél io de t rans ição, ou ur inár io , e por l âmina própria, formada por tecido conjuntivo denso. O aspecto estrelado do ureter, visto ao microscópio, se deve ao pregueamento da camada mucosa; b) a t ú n i c a muscu la r , fo rmada por musculatura lisa, tem, curiosamente, as camadas dispostas de maneira inversa à do intestino, ou seja, no ureter a camada in te rna é longi tudinal e a externa, circular; c) a tún ica adven t í c i a é f ibroelást ica. Envolvendo todo o órgão, existe uma atmosfera adiposa.

BEXIGA URINÁRIA

A bexiga urinária possui uma tún ica mucosa com epitél io do tipo u r iná r io e l âmina própria rica em fibras elást icas; a t ún ica muscular, de musculatura lisa tem dispos ição plexiforme. A advent íc ia é rica em tecido adiposo e por fora é revestida pelo mesoté l io do per i tôn io . As células superficiais do epitél io de t ransição ou ur i ná r io são as r e s p o n s á v e i s pela ex i s t ênc i a da barreira osmót ica entre a urina e os l íqu idos tis-sulares.

156 C A P Í T U L O 14

Page 155: Manual de Histologia - Glerean

C á p s u l a

T ú b u l o s c o n t o r c i d o s

»• C o r p ú s c u l o s r e n a i s

— r e m o v e p rodu tos indesejáveis d o s a n g u e

— a jus ta as concen t rações dos c o m p o n e n t e s

d o p l a s m a , a f i m de m a n t e r a homeos tase

— processos de f i l t r ação , r eabso rção e de secreção

F ig . 14.1 — Rim — H . E .

T ú b u l o s c o n t o r c i d o s

C o r p ú s c u l o s r e n a i s

F ig . 1 4 . 2 — R/m — H.E. Região cortical.

C a p i l a r e s

Espaço d e • * B o w m a n

F o l h e t o p a r i e t a l d a c á p s u l a d e

B o w m a n

F i g . 1 4 . 3 — Rim — H.E. Corpúsculo renal (ou d e Malpighi).

C A P Í T U L O 14

N ú c l e o s d e podóci tos ( folheto v i s c e r a l d a c á p s u l a d e

B o w m a n )

C o r p ú s c u l o r e n a l — início d o processo de

f i l t r ação — p r e e n c h i d o po r u m tu fo

d e cap i la res (g loméru lo ) — con ta to í n t imo c o m a

cápsu la d e B o w m a n , cu jas célu las c h a m a m - s e podóc i t os

157

Page 156: Manual de Histologia - Glerean

•>• H e m á c i a s n o in ter ior d e c a p i l a r e s

* • N ú c l e o d e podóc i to

F i g . 1 4 . 4 — Rim — H.E. Corpúscu lo renal.

etra a sai a

F i g . 1 4 . 6 — Rim — H.E. Pó/o vascular.

C A P Í T U L O 14

Page 157: Manual de Histologia - Glerean

C o r p ú s c u l o r e n a l

M á c u l a d e n s a

— sensor de sal d o a p a r e l h o

j u s t a g l o m e r u l a r

— o apare lho justaglomerular secreta a

enz ima ren ina

T ú b u l o c o n t o r c i d o d is ta i

F ig . 1 4 . 7 — Rim — H.E. Mácula densa.

F ig . 1 4 . 8 — R/m injetado.

r • T ú b u l o c o n t o r c i d o d is ta i / — íons sód io são reabsorv idos e íons potáss io ,

/ exc re tados — íons b i c a r b o n a t o são reabsorv idos e íons

h i d r o g é n i o são excre tados — essas funções são dependen tes d a

a l d o s t e r o n a , u m h o r m ô n i o m ine ra loco r t i có i de secre tado pe la córtex d a a d r e n a l

— a b s o r ç ã o de á g u a c o n t r o l a d a pe lo h o r m ô n i o — a n t i d i u r é t i c o d a h ipó f ise

B o r d a e m e s c o v a

^JT- - • T ú b u l o c o n t o r c i d o p r o x i m a l — carac te r i zado pe la ní t ida presença d a b o r d a

' e m escova (microv i los a o M.E.) — intensa (cerca de 85%) reabso rção de á g u a

e de íons N a + p o r t ranspor te a t ivo e de C l " po r d i fusão passiva

— reabso rção de pro te ínas , po l ipep t ídeos e a m i n o á c i d o s

— reabso rção da g l icose

F ig . 1 4 . 9 — R/m — A z u l - d e - t o l u i d i n a . Região cortical. (Cortesia de T. H. A.)

C A P Í T U L O 14 159

Page 158: Manual de Histologia - Glerean

R a i o s m e d u l a r e s

— p r o l o n g a m e n t o s d a reg ião m e d u l a r na

intimidade da cortical.

F i g . 1 4 . 1 0 — Rim — H.E. Raios medulares.

T u b o co le to r

A l ç a d e H e n l e — p o r ç ã o descenden te :

— pe rmeáve l t an to a ions c o m o à á g u a

— p o r ç ã o ascendente :

— pe rmeáve l a íons m a s n ã o à á g u a

F i g . 14 .11 — Rim — H.E Alça de Henle.

. • • T V * » , >• 0## * •

F i g . 1 4 . 1 2 — Rim — Azul-de-toluidina. Tubo coletor. (Cortesia de T. H. A.)

160

- * * T u b o co le to r

— m a n u t e n ç ã o d o equ i l íb r io h ídr ico

d o s a n g u e

— sensível a o h o r m ô n i o ant id iu ré t ico

h ipo f i sá r i o

C A P Í T U L O 14

Page 159: Manual de Histologia - Glerean

I

Fig . 1 4 . 1 3 — R i m — H . E .

• * C ó r t e x

P i r â m i d e

Cálii

C ó r t e x

T ú n i c a m u s c u l a r

• Epi té l io u r i n á r i o

• L â m i n a p r ó p r i a

A d v e n t í c i a

U r e t e r

— t u b o que c o n d u z a u r ina d o r im p a r a

a bex iga

Fig . 1 4 . 1 4 — L/reter — H.E.

L â m i n a p r ó p r i a

- Epi té l io d e t r a n s i ç ã o — células superf ic ia is responsáveis pe la ba r re i ra

osmó t i ca entre u r ina e l íqu idos t issulares

F ig . 1 4 . 1 5 — Bexiga urinária — Azul-de-toluidina. (Cortesia de I H. A.)

C A P Í T U L O 14 161

Page 160: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Glândulas Endócrinas

Alvaro Glerean

INTRODUÇÃO

Em todo organismo multicelular a comunicação é vital para o funcionamento correio. Uma das maneiras pelas quais essa comunicação é feita é pela secreção endócrina, obtida por meio das glândulas endócrinas que secretam mensageiros químicos, os hormônios, lançados na corrente sanguínea e que vão agir nos tecidos situados a distância.

HIPÓFISE

A hipófise é também chamada de glândula pituitária. Um corte sagital mostra que a hipófise está separada em duas partes: uma anterior e outra posterior, interpostas por uma série de folículos. A anterior, originada da ectoderme, também chamada de adeno-hipófise, possui três regiões: pars distalis ou lobo anterior, pars tuberalis e pars intermédia. A parte posterior é de origem nervosa e chama-se neurohipófise ou pars nervosa. A glândula é envolta por uma cápsula conjuntiva.

Ao microscópio, a pars distalis mostra ser formada por cordões ramificados de células e entre esses cordões existem capilares sanguíneos do tipo sinusóide, imersos numa delicada trama conjuntiva proveniente da cápsula do órgão. Constituindo esses cordões, existem dois tipos diferentes de cé

lulas: um, cujo citoplasma tem afinidade por uma determinada classe de corante, as chamadas células cromófilas; outro, se caracteriza pelo fato de seu citoplasma não possuir afinidade por corante, sendo suas células chamadas células cromófobas. Na verdade, o que tem afinidade por corante são grânulos de secreção existentes no citoplasma das células. Quando os grânulos possuem afinidade por corantes ácidos, as células são chamadas acidófi-las, que, por sua vez, são subdivididas em dois subtipos: as somatotróficas, que secretam a soma-totrofina, e as mamotróficas, que secretam a pro-lactina; quando a afinidade é por corantes básicos, as células são chamadas basófilas e divididas em três subtipos: as tireotróficas, que secretam o hormônio tireotrófico, as gonadotróficas, que secretam os hormônios foliculoestimulante e luteinizante, e as corticotróficas, que secretam os hormônios adre-nocorticotrófico, /3-endorfinas e pMipotropina.

A pars intermédia se caracteriza principalmente por ter uma série de folículos que possuem no seu interior um tipo de colóide acidófilo. Suas células secretam o hormônio intermedina ou me-lanotrófico.

A pars nervosa, ou neuro-hipófise, não possui estrutura bem organizada. Ao microscópio se observa que seu aspecto é diametralmente oposto ao da pars distalis. Ela é essencialmente constituída por

C A P Í T U L O 15 163

Page 161: Manual de Histologia - Glerean

células da glia, aqui denominadas de pituícitos e por axônios não mielinizados de neurónios não pertencentes à neuro-hipófise. Entre as células e as fibras, existem, além da grande quantidade de capilares sanguíneos, alguns elementos do tecido conjuntivo. A pars nervosa acumula os hormônios ocitoci-na e antidiurético (vasopressina) secretados por neurónios (neurossecreção), cujos pericários estão localizados nos núcleos supra-óptico e paraventri-cular do hipotálamo. As vezes, ao microscópio óptico é possível ver pequenas áreas de material acidófilo, hialinas, que foram associadas a acúmulos de neurossecreção. Estes acúmulos recebem o nome de corpos de Herríng.

A ocitocina estimula a contração do útero (pela sua musculatura lisa), durante o parto, e estimula, por ação sobre as células mioepiteliais da glândula mamária , a ejeção do leite. O antidiurético, por ação nos duetos coletores do r im (aumento da permeabilidade), d iminui a produção de urina e, por ação na musculatura lisa das arteríolas, aumenta a pressão arterial.

TIREÓIDE

A glândula tireóide é envolta por uma cápsula de tecido conjuntivo que envia tabiques para o seu interior, os quais dão suporte estrutural interno para a glândula e por eles caminham vasos sanguíneos, linfáticos e nervos.

O corte histológico revela que a glândula tireóide é firmada por uma série de folículos, ou vesículas, que constituem as unidades estruturais e funcionais do órgão e man têm no seu interior o produto de secreção, conhecido por colóide.

A observação cuidadosa permite concluir que na tireóide existem dois tipos de células: uma delas, que se constitui na grande maioria (cerca de 98% do total), é do tipo epitelial cúbico e se dispõe numa camada única, envolvendo e formando a parede dos folículos, no interior dos quais fica acumulada a secreção (colóide), que é a tireoglobulina secretada por aquelas células. A tireóide secreta a triiodotiro-nina (T3) e a tetraiodotironina (T4), que controlam a atividade metabólica da maioria das células; o outro tipo, em número muito menor, porém maior em tamanho, aparece agrupado, não constituindo folículos e sendo conhecido como células parafoli-culares ou células C. Secreta o hormônio calcitoni-na e participa do mecanismo de mobilização do cálcio, inibindo a reabsorção da matriz óssea.

PARATIREÓIDE

As glândulas paratireóides recebem esse nome porque anatomicamente estão juntas, acoladas à tireóide. São estruturalmente diferentes da tireóide, pois enquanto esta é folicular, as paratireóides são do tipo cordonal. Cada paratireóide está envolta por cápsula conjuntiva delgada e a partir dela tabiques penetram no interior da glândula conduzindo vasos e nervos.

O exame ao microscópio óptico revela que as células que constituem o parênquima da glândula são de tamanho reduzido se comparadas com células de outras glândulas e se dispõem formando cordões, havendo entre eles capilares sanguíneos. Existem dois tipos de células: a) principais, as mais numerosas, com núcleo esférico envolvido por pequena quantidade de citoplasma; b) oxí-filas, que são pouco maiores do que as principais, mas possuem núcleo menor e mais bem corado. Suas células sintetizam e secretam o paratormô-nio que intervém no mecanismo de mobilização do cálcio, agindo no osso e no r im, no sentido de aumentar o nível do cálcio circulante.

ADRENAL

O exame microscópico da glândula adrenal revela que ela é envolvida por cápsula conjuntiva relativamente espessa. Na porção central da glândula se vê uma região em que o parênquima mostra entre suas células inúmeras vênulas e veias. Essa região é chamada região medular da adrenal. Envolvendo toda a medular, existe o chamado córtex, ou região cortical onde, tipicamente, as células se dispõem na forma cordonal.

A disposição das células na região cortical permite que sejam reconhecidas três zonas distintas: a) glomerulada, situada imediatamente abaixo da cápsula na qual as células se agrupam em pequenos acúmulos irregulares (os glomérulos), separados por capilares sangu íneos . Nesta zona são sintetizados os hormônios mineralocort icóides, principalmente aldosterona e desoxicorticostero-na; b)fasciculada, onde as células formam cordões dispostos perpendicularmente à superfície, separados entre si por capilares sanguíneos. Principalmente na região m é d i a dessa zona as cé lu las possuem no seu citoplasma grande quantidade de partículas lipídicas; em preparações histológicas rotineiras, o lipídeo é dissolvido, de tal modo que o citoplasma dessas células vai aparecer com as-

164 C A P Í T U L O 15

Page 162: Manual de Histologia - Glerean

pecto vacuolizado, o que motivou a denominação de espongiócitos a essas células. Aqui são secretados os hormônios glicocorticóides, principalmente o cortisol, a corticosterona e pequena quantidade de esteróide androgênico; c) entre a zona fascicu-lada e a região medular, as células formam cordões dispostos em direções variadas e anastomosados, formando a zona reticulada; nos espaços deixados pelos cordões existem capilares sanguíneos. A zona reticulada produz esteróides androgênicos e pequena quantidade de glicocorticóides.

A região medular é formada por células de grande porte, ovóides, dispostas seja em acúmulos, seja em cordões. Entre os cúmulos e os cordões, são vistos capilares de calibre muito amplo e veias. Nesta região são sintetizadas as catecolaminas: epinefrina

(adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina), além de encefalinas.

EPÍFISE

A epífise, também chamada de glândula pineal, possui, ao exame microscópico, uma cápsula conjuntiva, que ao penetrar no interior do órgão o divide em lóbulos incompletos. A grande maioria da população das células da pineal é consti tuída pelos pinealócitos e cerca de 5%, por astrócitos.

A glândula acumula no seu interior, e isso se acentua com a idade, concreções de fosfato e carbonato de cálcio. A esses acúmulos é dado o nome de concreções calcáreas ou, ainda, areia cerebral. Nela é secre-tada a melatonina que induz mudanças rítmicas nas secreções do hipotálamo, da pituitária e das gônadas.

->• Pars distalis

-*-Pars nervosa

Pars intermédia

F ig . 15.1 — Hipófise — H.E.

165

Page 163: Manual de Histologia - Glerean

* • C é l u l a s ac idó f i l as

— d e do is t i pos : 'Somafo f ró f / cas — secre tam a

s o m a t o t r o f i n a ; Mamotróficas — secre tam a

p ro lac t i na

c r o m ó f o b a s

F i g . 1 5 . 3 — Hipófise — H.E. Adeno-hipófise. Células acidófilas.

C é l u l a s basóf i l as

— de três t ipos : Tireotróficas — secre tam o

h o r m ô n i o t i reo t ró f i co ; Gonadotróficas —

secre tam os h o r m ô n i o s fo l i cu loes t imu lan te

e lu te in izante ; Corticotróficas — secre tam

os h o r m ô n i o s ad renoco r t i co t ró f i co ,

/? -endor f ina e /3 - l ipo t rop ina

F i g . 1 5 . 4 — Hipófise — H.E. Adeno-hipófise, células basófilas.

F i g . 1 5 . 5 — Hipófise — Tricrômico de Mallory. Pars nervosa.

166 C A P Í T U L O 15

Page 164: Manual de Histologia - Glerean

N ú c l e o s d e pituícitos

C o r p o d e H e r r i n g — a c ú m u l o d e g r â n u l o s de secreção

Pars nervosa — a c u m u l a h o m ô n i o s secre tados p o r neu rón ios

dos núc leos sup ra -óp t i co e pa raven t r i cu la r d o h i p o t á l a m o

Fig . 1 5 . 6 — Hipófise — H.E. Pars nervosa. Corpo de Herring.

CAPÍTULO 15 167

Page 165: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 5 . 9 — Paratireóide — H.E.

C a p i l a r s a n g u í n e o

C é l u l a s d i s p o s t a s e m c o r d õ e s

C é l u l a s e m d ispos ição c o r d o n a l

P a r a t i r e ó i d e

— g l â n d u l a e n d ó c r i n a d o t i po c o r d o n a l

— p a r a t o r m ô n i o

— mob i l i za cá lc io

— a g e no osso e n o r i m , a u m e n t a n d o o nível

d e cá lc io c i rcu lan te

F i g . 1 5 . 1 0 — Paratireóide — H.E.

F i g . 15 .11 — Adrenal—H.E.

168

Z o n a f a s c i c u l a d a

• Z o n a r e t i c u l a d a

Z o n a g l o m e r u l a d a

• R e g i ã o m e d u l a r

C á p s u l a

->• R e g i ã o cor t ica l

C A P Í T U L O 15

Page 166: Manual de Histologia - Glerean

— r

i Z o n a G l o m e r u l a d a — m i n e r a l o c o r t i c ó i d e s — a ldos te rona e desox icor t icos terona

Fig . 1 5 . 1 2 — A d r e n a l — H.E. Região cortical. Zona glomerulada.

- > Z o n a f a s c i c u l a d a — gl icocor t i có ides : cort isol e cor t i cos terona

— p e q u e n a q u a n t i d a d e d e esferó ide

a n d r o g ê n i c o

Page 167: Manual de Histologia - Glerean

Z o n a r e t i c u l a d a — esteró ides a n d r o g ê n i c o s

— p e q u e n a q u a n t i d a d e de g l icocor t icó ides

Fig. 15.15 — Ac/rena/ — H.E. Zona reticulada.

F i g . 1 5 . 1 6 — Adrenal — H.E. Z o n o medular.

Page 168: Manual de Histologia - Glerean

G l â n d u l a p i n e a l o u e p i f i s e — m e l a t o n i n a — induz m u d a n ç a s r í tmicas nas secreções d o

h i p o t á l a m o , p i tu i tár ia e g ô n a d a s

— concreções ca lcáreas

C o n c r e ç õ e s c a l c á r e a s

- » P inea lóc i tos

F ig . 1 5 . 1 8 — Epífise — H.E.

CAPITULO 15 \7\

Page 169: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Aparelho Reprodutor Masculino

Alvaro Glerean

INTRODUÇÃO

O aparelho reprodutor masculino compreende: os testículos, responsáveis pela produção de espermatozóides e pela síntese e secreção de an-drógenos, o epidídimo, dueto deferente e parte da uretra masculina, que formam o sistema de duetos que conduzem os espermatozóides para o exterior, glândulas seminais, próstata e bulboure-trais, que produzem fluidos e nutrientes para a manutenção e al imentação dos espermatozóides, e o pênis, órgão que permite a inserção no interior da vagina dos espermatozóides.

TESTÍCULOS

O testículo é revestido externamente por uma cápsula fibrosa espessa, a albugínea, ou túnica albugínea.

O corte histológico mostra que os testículos são formados por uma significante quantidade de canalículos cortados nas mais diferentes direções — os túbulos seminíferos. Cada túbulo é revestido por tecido conjuntivo fibroso e sobre esse envoltório assenta-se um conjunto de células dispostas em várias camadas, que constitui o epitélio seminal ou germinativo. No epitélio seminal distin-

C A P Í T U L O 16

guem-se dois tipos de células: as seminais propriamente ditas e as células de Sertoli, que têm função de suporte e de provisão de nutrientes para as células germinativas em desenvolvimento, além do transporte do material catabólito dessas células; fagocitam material residual das espermátides e de células degeneradas; secretam proteínas que se ligam aos andrógenos e secretam o hormônio inibina, que inibe a secreção do FSH pela hipófise.

Os espaços deixados pelos túbulos seminíferos são preenchidos por tecido conjuntivo, vasos, nervos e por células responsáveis pela elaboração do hormônio masculino, as células intersticiais ou de Leydig, que sintetizam testosterona.

EPIDÍDIMO

O epidídimo é consti tuído, basicamente, por um túbulo único, com vários metros de comprimento, o chamado canal epididimário, que se enrola sobre si mesmo várias vezes, se compacta e é envolvido por uma cápsula que se assemelha à albugínea, só que mais estreita.

Um corte histológico do epidídimo vai então mostrar o mesmo túbulo cortado de diversas maneiras, transversal ou obliquamente. O canal

173

Page 170: Manual de Histologia - Glerean

epididimário é consti tuído por epitélio cilíndrico simples com estereocílios na face apical de suas células. Esse epitélio repousa sobre uma delgada camada conjuntiva, a qual, por sua vez, é envolta por uma fina camada de fibras musculares lisas. A luz dos canais está preenchida por espermatozóides oriundos do testículo. Suas funções são: absorção do fluido testicular, fagocitose e digestão dos espermatozóides degenerados e dos corpos residuais e secreção de glicoproteínas, ácido siálico e de glicerilfosforilcolina, com possível papel na maturação dos espermatozóides

DUCTO DEFERENTE

O ducto deferente em corte transversal mostra três túnicas constituindo a sua parede: a) uma externa, a adventícia, fibrosa, formada por fibras colágenas e elásticas; b) túnica média, muscular disposta em três camadas de musculatura lisa: uma média , envolvida por duas longitudinais, sendo uma externa e outra interna; c) a mais interna ou mucosa, formada por epitélio cilíndrico pseudo-estratificado com estereocílios e lâmina própria conjuntiva rica em fibras elásticas. A camada mucosa é pregueada no sentido longitudinal, dando ao corte o típico aspecto estrelado.

VESÍCULA SEMINAL

A vesícula seminal é um tubo altamente enrolado sobre si mesmo. De tal modo, que em um corte histológico se vê esse tubo cortado várias vezes e com aspectos diferentes quanto à forma.

O tubo possui três túnicas: a) externa ou adventícia, formada por tecido conjuntivo frouxo rico em vasos; bj média ou muscular, onde a musculatura lisa se dispõe preferencialmente no sentido longitudinal; c) túnica mucosa com epitélio cilíndrico ou cilíndrico pseudo-estratificado, túnica pregueada no sentido longitudinal.

Sua secreção contém frutose (principal nutriente para o espermatozóide) , outros açúcares , prostaglandinas, prote ínas , aminoácidos , ácido cítrico e ácido ascórbico.

PRÓSTATA

A próstata é, na verdade, um conjunto de glândulas envolvidas por um estroma conjuntivo-mus-cular e separadas entre si por septos fibrosos ricos em fibras musculares lisas, provenientes da cápsula. São glândulas tubuloalveolares ramificadas. A túnica mucosa é constituída por epitélio polimorfo, que varia desde cúbico simples até cilíndrico pseudo-estratificado, que repousa sobre lâmina própria formada por tecido conjuntivo delicado. Suas glândulas produzem fosfatase ácida, ácido cítrico, fibri-nolisina, amilase e outras proteínas.

PÊNIS

O pênis é composto de tecido erétil e contém parte da uretra masculina. O tecido erétil está arranjado em dois corpos cilíndricos, os corpos cavernosos, situados dorsalmente e um mais estreito, situado centroventralmente também cilíndrico, o corpo esponjoso, que abriga no seu interior a uretra.

174 C A P Í T U L O 16

Page 171: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 6 . 2 — Testículo — H.E.

F i g . 1 6 . 3 — Testículo — H.E

F i g . 76 .4 — Testículo — H.E. Células de Leydig.

C A P Í T U L O 16

Page 172: Manual de Histologia - Glerean

C é l u l a d e Serto l i

— supor ta e p rovê nutr ientes p a r a célu las ger

m ina t i vas

— t ranspor ta ma te r i a l ca tabó l i t o dessas células

— fagoc i t a ma te r i a l res idual das espermát ides

e de célu las d e g e n e r a d a s

— secreta pro te ínas que se l i g a m a a n d r ó g e n o s

— secreta h o r m ô n i o i n ib ido r ( in ib ina) que in ibe

a secreção d e FSH pela h ipóf ise

F i g . 1 6 . 5 — Testículo — H.E. Células de Sertoli.

E s p e r m a t o z ó i d e s

• E s p e r m a t ó c i t o s

F i g . 1 6 . 6 — Testículo — H.E. Espermatozóides.

L â m i n a -4

p r ó p r i a

Due tos

e p i d i d i m á r i o s

Epi té l io • *

Ep i té l io <

E p i d í d i m o

— absorção d o f lu ido testicular

— f a g o c i t o s e e d i g e s t ã o d o s

espermatozó ides d e g e n e r a

dos e dos co rpos res iduais

— secreção de g l icopro te ínas,

ác ido siálico e de glicerilfos-

fori lcol ina com possível papel

na maturação dos esperma

tozóides

F i g . 1 6 . 7 — Epidídimo — H.E.

176 C A P Í T U L O 16

Page 173: Manual de Histologia - Glerean

* • L â m i n a p r ó p r i a

T ú n i c a m u s c u l a r

M u c o s a p r e g u e a d a

Ves ícu la s e m i n a l

— frutose (pr inc ipa l nut r iente p a r a o espermatozó ide ) — ou t ros açúcares — p r o s t a g l a n d i n a s — pro te ínas — a m i n o á c i d o s — ác ido cítr ico — á c i d o ascórb i co

Fig . 1 6 . 9 — Vesícula seminal — H.E.

• M u c o s a f o r m a p r e g a s

n o in ter ior d o s ác inos

E s t r o m a f i b r o m u s c u l a r

Próstata — fosfa tase ác ida

— á c i d o cítr ico

— f i b r i no l i s i na

— a m i l a s e

— ou t ras pro te ínas

F ig . 1 6 . 1 0 — Próstata — H.E.

C A P Í T U L O 16 177

Page 174: Manual de Histologia - Glerean

178 C A P Í T U L O 16

Page 175: Manual de Histologia - Glerean

CAPÍTULO

Aparelho Reprodutor Feminino

Alvaro Glerean

GENERALIDADES

O aparelho reprodutor feminino compreende os ovários, as tubas uterinas, o útero, a vagina e a genitália externa.

OVÁRIO

O corte histológico do ovário revela que a superfície do órgão é forrada por uma camada de células epiteliais, em geral cúbicas, dispostas em uma única camada e que constituem o chamado epitélio germinativo. Sob o epitélio germinativo existe uma camada de tecido conjuntivo chamada albugínea, ou, segundo alguns, de falsa albugínea. Para o in te r ior , cercadas por tecido conjuntivo rico em células, existem numerosas formações esféricas, com tamanho uniforme, chamadas folículos primordiais. Cada folículo primordial é formado por um ovócito, envolto por uma camada de células pequenas, cúbicas ou achatadas, chamadas células foliculares ou granulosas. Esses folículos, sob ação hormonal, logo entram em desenvolvimento, de tal modo que mais para o interior do ovário se vêem os chamados folículos em desenvolvimento. Esse crescimento é feito à custa do próprio ovócito, do estroma conjuntivo, e principalmente à custa das células folicula-

C A P Í T U L O 1 7

res, que aumentam em número e passam a se dispor, agora, em camadas, constituindo a camada granulosa do folículo. Em volta do ovócito, se torna muito nít ida uma camada homogénea, acidó-fila, a zona pelúcida.

Concomitantemente, o estroma que envolve o folículo modifica-se e surgem então as tecas interna e externa. As células da teca interna assumem ultra-estruturalmente, carac ter ís t icas de células secretoras de esteróides.

Com o progressivo aumento em tamanho do folículo, no seu interior, entre as células granulosas, aparece um líquido denominado líquido folicular e o espaço ocupado por ele passa a se chamar de antro folicular. Quando o folículo fica muito grande e cheio de líquido ele se transforma no folículo maduro ou de Graaf. Nesta fase se vê muito bem o cumulus proliger e o cumulus oophorus. Acúmulo de células que envolve o folículo.

A maioria dos folículos ovarianos, em desenvolvimento ou não, sofrem involução e degeneração, a chamada atresia folicular. Os folículos atrésicos podem ser reconhecidos ao microscópio e lembram uma cicatriz, com tecido fibroso.

Os ovários são as fontes dos ovócitos maduros, são órgãos endócrinos que produzem hormônios

179

Page 176: Manual de Histologia - Glerean

esteróides destinados a preparar o endométrio para a concepção e manutenção de possível fertilização.

CORPO AMARELO

O corpo amarelo ou lúteo aparece após a ovulação e é formado à custa das células foliculares e das células da teca interna. E uma glândula endócrina temporária, do tipo cordonal. As células do corpo amarelo possuem gotículas lipídicas no seu citoplasma, de tal modo que em preparações histológicas rotineiras, o citoplasma aparece repleto de pequenos espaços vazios, arredondados, o que lhe dá aspecto esponjoso. Entre os cordões celulares, ficam os capilares sanguíneos destinados a recolher as secreções das células. O corpo amarelo secreta progesterona e estrógeno.

T U B A UTERINA

A tuba uterina ou oviduto ou trompa de Falópio é um órgão tubular destinado a conduzir o ovo do ovário ao útero. Possui uma parede constituída por três túnicas: uma interna, a mucosa, rica em pregas longitudinais, com epitélio cilíndrico simples ciliado e lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo; a túnica muscular é formada por musculatura lisa dispersa em abundante tecido conjuntivo frouxo; por fora, a túnica adventícia é formada por tecido conjuntivo frouxo muito irrigado e revestida por peritônio. A tuba se divide em quatro partes: intramural, situada no interior da parede do útero, istmo, seu terço situado junto ao útero, a ampola, mais dilatada do que a anterior, e infundíbulo, localizada próxima do ovário.

Ú T E R O

No útero existem três túnicas: a adventícia, a mais externa, é de natureza conjuntiva e é revestida por per i tônio; a média , t a m b é m chamada miométrio, é formada por musculatura lisa disposta em camadas, numa delas, situada logo abaixo da t ú n i c a mucosa, as fibras se d i s p õ e m preferencialmente de modo circular, na situada região média as fibras musculares se entrecruzam em várias direções e na mais externa, as fibras se d ispõem de maneira preferencialmente longitudinal; a túnica mucosa, t ambém chamada endométrio, possui epitélio cilíndrico simples que, se aprofundando na parede uterina, forma glândulas tubulosas denominadas glândulas uterinas, revestidas também por epitélio cilíndrico simples, a lâmina própria é rica em células, pobre em f i bras e é muito irrigada e enervada.

Pelo seu endométrio, o útero suporta a implantação e man tém o desenvolvimento do embrião. Uma vez pronto o concepto, pela sua camada média muscular, o miométrio, o útero o envia para o meio exterior.

VAGINA

A vagina possui três túnicas: a) a mucosa, formada por epitélio pavimentoso estratificado e lâ^». mina própria de tecido conjuntivo rico em fibras elásticas. A mucosa vaginal possui pregas longitudinais; b) muscular, de fibras musculares lisas dispostas de modo plexiforme; c) sua túnica externa é a advent íc ia , rica em fibras e lás t icas , possuindo algumas fibras musculares lisas.

GLÂNDULA MAMÁRIA

Na verdade, quando se fala em glândula mamária, trata-se de um conjunto de glândulas e não de um órgão unitário.

São glândulas tubuloacinosas compostas, havendo entre elas quantidade abundante de tecido conjuntivo, rico em células adiposas.

Ao microscópio, na glândula mamária em repouso (fora da lactação), os ácinos não são visíveis e sim apenas os túbulos, ao contrário do que sucede quando se examina a glândula em ativi-dade, ou seja, na lactação.

É uma glândula exócrina altamente especializada na secreção de leite.

PLACENTA

A placenta é u m órgão que adere à parede interna do ú t e r o e é a t r avé s dela que constituintes retirados do sangue materno são passados para o feto pelo cordão umbilical, sem que o sangue materno se misture com o sangue do concepto. A placenta age, portanto, como um órgão seletivo, que permite a passagem de oxigénio e substâncias nutritivas provenientes do organismo da mãe e, no sentido inverso, a el iminação de resíduos do sangue fetal.

É um órgão feito de material fetal e de material materno, que trabalha em conjunto para a sobrevivência do feto; é também um órgão endócrino: o sinciciotrofoblasto secreta gonadotrofina coriôni-ca e também a somatotrofina coriônica, além de secretar progesterona e estrógenos.

180 C A P Í T U L O 1 7

Page 177: Manual de Histologia - Glerean

O v á r i o

— fon te de ovóc i tos m a d u r o s

— h o r m ô n i o s esteró ides

F ig . 17.1 — Ovário — H.E.

F i g . 1 7 . 2 — O v á r i o — H.E.

F i g . 1 7 . 3 — O v á r i o — H.E.

C A P Í T U L O 17

Page 178: Manual de Histologia - Glerean

Fol ículos - *

p r i m o r d i a i s

F i g . 1 7 . 4 — O v á r i o — H.E.

F i g . 1 7 . 5 — O v á r i o — H.E.

Fol ículo d e G r a a f

A n t r o f o l i c u l a r

— • C u m u l u s O o p h o r u s

— • T e c a

F i g . 1 7 . 6 — O v á r i o — H.E. Folículo de Graaf.

182 C A P Í T U L O 1 7

Page 179: Manual de Histologia - Glerean

C o r p o a m a r e l o (ou lú teo) — f o r m a d o por célu las fo l i cu la res e célu las

d a teca in terna

— p roges te rona e es t rógeno

F i g . 1 7 . 8 — C o r p o amarelo — H.E.

Page 180: Manual de Histologia - Glerean

*" Tún ica m u s c u l a r

D o b r a s d a m u c o s a

T u b a u t e r i n a

— c o n d u z o ovóc i t o , após a o v u l a ç ã o ,

p a r a o ú tero

F ig . 1 7 . 1 0 — Tuba uterina — H.E. Porção ampolar.

F i g . 17 .11 — Ú tero — H.E.

L â m i n a p r ó p r i a

G l â n d u l a s e n d o m e t r i a i s

»• E n d o m é t r i o

L u z

M i o m é t r i o

F i g . 1 7 . 1 2 — Ú tero — Azul-de-toluidina. (Cortesia de T. H. A.)

184 C A P Í T U L O 17

Page 181: Manual de Histologia - Glerean

V a g i n a

— t u b o f i b romuscu la r q u e se estende desde o

vest íbulo até o ú tero

* • Epi té l io

* - T ú n i c a f i b r o m u s c u l a r

F i g . 1 7 . 1 3 — V a g i n a — H.E.

F i g . 1 7 . 1 4 — Glândula mamária — H.E. Em repouso.

Fig. 17.15 — Glândula mamária — H.E. Em atividade.

C A P Í T U L O 17 • 55

Page 182: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 7 . 1 6 — Phcenia — H.E.

186 C A P Í T U L O 17

Page 183: Manual de Histologia - Glerean

Alvaro Glerean

CORPÚSCULOS SENSITIVOS

Generalidades

Devem ser considerados dois tipos de estruturas-, os órgãos receptores e os órgãos e/etores. São receptores os que recebem estímulos diversos que atuam sobre o organismo. Esses receptores podem ter estrutura simples, como, por exemplo, ramificações de nervos sensitivos envoltos por pequenas diferenciações estruturais teciduais ou mesmo as própr ias te rminações nervosas que recebem diretamente o est ímulo, ou, então, ter estrutura complexa, onde os nervos sensitivos fazem parte de formações anatómicas elaboradas. São efeto-res, órgãos tais como músculos , glândulas, etc.

Os receptores podem ainda ser classificados, de acordo com a origem do estímulo, em extero-ceptores ou interoceptores. Os exteroceptores captam est ímulos do meio exterior, em relação ao organismo, e correspondem aos clássicos órgãos dos sentidos. Os interoceptores relacionam-se com a sensibilidade profunda do organismo.

Quanto às recepções cutâneas, existem as chamadas terminações livres, em que as fibras nervosas se insinuam na própria epiderme e se relacionam com as sensações dolorosas e os chamados corpúsculos sensitivos, que já possuem um sistema

envoltório de tecido conjuntivo, como uma cápsula. Por exemplo, um deles é chamado corpúsculo de Vater-Pacini, relacionado com a sensação de pressão e possivelmente vibração; é encontrado na derme profunda e na tela subcutânea, no conjuntivo junto a tendões e juntas, nas membranas interósseas da perna e do antebraço, no pe-rimísio dos músculos, no pâncreas, no mesentério, nas membranas serosas, sob as membranas mucosas, nas glândulas mamárias e nos genitais externos. U m outro é o corpúsculo de Meissner, relacionado com sensações de tato, ele fica confinado nas papilas dérmicas, são muito numerosos nas mãos e nos pés.

G L O B O OCULAR

Órgãos Acessórios

São órgãos anexos ao globo ocular, as pálpebras e as glândulas lacrimais.

A pálpebra é uma dobra cutânea, formada na face anterior por pele e na face posterior por mucosa ou conjuntiva palpebral, que continua com a conjuntiva ocular. A região de transição entre pele e mucosa constitui o bordo livre da pálpebra, onde existem pêlos chamados de cílios ou

C A P Í T U L O 18 187

Page 184: Manual de Histologia - Glerean

pestanas e saídas dos duetos excretores das glân-dulas de Meibomius, que são glândulas sebáceas de grande porte. No interior da pálpebra existe um estroma com tecido conjuntivo denso, a pla-ca palpebral ou tarso com numerosas fibras elásticas; nesse estroma fica o m ú s c u l o estriado orbicular da pálpebra.

As glândulas lacrimais são serosas do tipo tu-buloacinosas. Entre os ácinos existe abundânc ia de tecido conjuntivo. Sua secreção é salina e possui uma enzima chamada lisozima.

Córnea

Na córnea é possível distinguir as seguintes camadas: a) epitélio anterior, formado por epitélio pavimentoso estratificado; b) membrana elástica anterior ou membrana de Bowman, na verdade, uma lâmina amorfa; c) estroma próprio, consti tuído por fibroblastos e fibras colágenas, as quais se dispõem em lamelas de espessura uniforme e dispostas perpendicularmente entre si; d) lâmina elástica posterior ou membrana de Des-cemet, formada por fibras colágenas de aspecto hialino; e) epitélio posterior, formado por epitélio pavimentoso simples.

Retina

Processo Ciliar

Na retina podem ser vistas as seguintes camadas: a) de cones e bastonetes; b) nuclear externa; c) plexiforme externa; d) nuclear interna; e) plexi-forme interna; f) ganglionar.

Na região do corpo ciliar a coróide se espessa e mostra saliências bem evidentes, os chamados processos ciliares.

O R E L H A INTERNA

U m corte feito no eixo central da cóclea óssea mostra um canal ósseo que se enrola em um eixo de osso esponjoso denominado modíolo. No homem a cóclea dá duas voltas e três quartos em torno do modíolo. A forma macroscópica da cóclea é a de uma espiral com formato de cone.

O órgão de Corti é a estrutura funcional responsável pela audição. Este órgão localiza-se sobre a membrana basilar, que se estende do ligamento espi

ral. O ligamento espiral é um espessamento do periósteo que se estende até o limbo espiral.

As membranas basilar e vestibular se unem com o ligamento espiral e dividem o canal cocle-ar em três porções: uma superior, denominada escala ou rampa vestibular; uma central, denominada escala ou rampa média ou ducto coclear; e uma inferior ou escala ou rampa timpânica. O ducto coclear é o espaço do labirinto membranoso preenchido por endolinfa, enquanto as rampas t impânica e vestibular são preenchidas por peri-linfa. Acredita-se que a endolinfa seja sintetizada pelas células epiteliais da estria vascular. A membrana tectória é uma extensão fibrosa do limbo espiral. A membrana tectória "in vivo" está em ínt imo contato com as células neurossensoriais, ou células pilosas do órgão de Corti.

MUCOSA OLFATIVA

A chamada mancha ou mácula olfatória se distingue do restante da mucosa respiratória por ter cor amarelada, por sua estrutura e por estar relacionada com o sentido do olfato. Ela se situa na face inferior da área crivosa do etmóide', numa parte do corneto superior e numa parte do septo.

O epitélio olfatório é consti tuído por epitélio pseudo-estratificado cilíndrico e repousa sobre tecido conjuntivo. Nele existem três tipos de células: receptoras, de sustentação e basais. Em colorações convencionais, pela posição dos núcleos é possível estimar o tipo da célula. As células de sustentação ficam situadas na parte mais superficial da zona nuclear, logo abaixo da zona citoplasmática; os núcleos das células basais estão situados na parte mais profunda da região nuclear, junto ao tecido conjuntivo e os núcleos das células receptoras ficam na porção mais central da região dos núcleos.

CORPÚSCULO GUSTATIVO

Os corpúsculos gustativos estão disseminados por grande parte da mucosa bucal, mas, principalmente, são encontrados nas papilas fungiformes e nas papilas valadas.

O corpúsculo gustativo ocupa toda a espessura do epitélio bucal e se abre na superfície por intermédio do poro gustativo. Eles têm forma ovalada. Diversos tipos de células estão presentes no interior dos corpúsculos gustativos, sendo algumas destas células receptoras especiais.

188 C A P Í T U L O 18

Page 185: Manual de Histologia - Glerean

I

F i g . 18.1 — Pele espessa — I m p r e g n a ç ã o argêntica. Corpúsculo de Meissner.

F i g . 1 8 . 2 — Pele espessa — H.E. Corpúsculo de Vater-Pacini.

Page 186: Manual de Histologia - Glerean

F i g . 1 8 . 4 — Pálpebra — H.E.

D u c t o excre tor

^ < ______ ^ T ú b u l o s s e c r e t o r e s

Ác inos ^

G l â n d u l a l a c r i m a l

— a l á g r i m a é u m a

secreção sa l ina que

possui a enz ima

l i soz ima

F i g . 1 8 . 5 — Glândula lacrimal — H.E.

Córnea t r a n s p a r e n t e — é o p r inc ipa l m e i o ref rat ivo d o o l h o

— • Epi té l io a n t e r i o r M e m b r a n a d e B o w m a n

Córnea t r a n s p a r e n t e — é o p r inc ipa l m e i o ref rat ivo d o o l h o

— • Epi té l io a n t e r i o r M e m b r a n a d e B o w m a n

^ E s t r o m a

^____jp- M e m b r a n a d e D e s c e m e t

-

E n d o t é l i o

F i g . 1 8 . 6 — Córnea — H.E

190 C A P Í T U L O 18

Page 187: Manual de Histologia - Glerean

Retina

* " C a m a d a d e c o n e s e b a s t o n e t e s

* • C a m a d a n u c l e a r e x t e r n a

> C a m a d a p l e x i f o r m e e x t e r n a

>- C a m a d a n u c l e a r i n t e r n a

* • C a m a d a p l e x i f o r m e i n t e r n a

C a m a d a g a n g l i o n a r

F i g . 1 8 . 7 — Retina — H.E

Page 188: Manual de Histologia - Glerean

F ig . 1 8 . 9 — Cóclea — H.E.

M e m b r a n a • * b a s i l a r

L i g a m e n t o - * e s p i r a l

C é l u l a s e p i t e l i a i s d a e s t r i a v a s c u l a r

R a m p a -4 #

t i m p â n i c a L i m b o e s p i r a l

M e m b r a n a tec tór ia

M e m b r a n a v e s f í b u í a r

Ó r g ã o d e C o r t i

R a m p a v e s t i b u l a r

- * • D u c t o c o c l e a r

F ig . 1 8 . 1 0 — Cóclea — H.E.

Page 189: Manual de Histologia - Glerean

M u c o s a o l fa t iva — teto d a c a v i d a d e nasa l , septo e pa redes laterais

— célu las receptoras , de sus tentação e basais

— célu las d ispostas c o m o u m ep i té l io p s e u d o -

es t ra t i f i cado

N ú c l e o s d e cé lu las r e c e p t o r a s

N ú c l e o s d e cé lu las b a s a i s

F ig . 1 8 . 1 2 — M u c o s a olfativa — H.E.

C o r p ú s c u l o gus ta t i vo

> Poro gus ta t i vo

F ig . 1 8 . 1 3 — Corpúscu lo gustativo — H.E.

C A P Í T U L O 18

F i g . 17.1 — Ovário — H.E.

Page 190: Manual de Histologia - Glerean

CAPITULO • M j j

Glossário/Remissivo

Alva ro G l e r e a n

Ácino mucoso — é consti tuído por células do tipo mucosas

seroso — é consti tuído por células do tipo serosas

Actina — é um dos filamentos do citoesqueleto, com função na motilidade

Adipócito — célula do tecido conjuntivo especializada em armazenar energia sob a forma de lipídeos

Adrenal — glândula que secreta diversos hormônios: mineralocorticóides, glicocorticóides, es-teróides, adrenalina e noradrenalina

Agranulócitos — são leucócitos que não possuem grânulos específicos no seu citoplasma

Alça de Henle — parte do néfron consti tuída por túbulos que se assemelham a capilares

Alvéolo pulmonar — é a unidade funcional do pulmão. Nele se dão as trocas gasosas

Ameloblastos — células que originam o esmalte

Anáfase — fase da divisão celular

Anastomose arteriovenosa —

Anexos da pele — são glândulas sudoríparas, sebáceas, apócrinas, pêlos e unhas, todos derivados da epiderme

Antro do folículo ovariano — espaço entre as células granulosas do folículo ovariano, contendo líquido

Aparelho de Golgi — organela que introduz modificações nas proteínas e lipídeos sintetizados no retículo endoplasmático

reprodutor feminino —

reprodutor masculino —

ou Sistema urinário —

Apêndice ileocecal — é um divertículo do ceco

Apoptose — morte celular programada

Aracnóide — é um dos três tipos de meninges

Artéria coronária —

de grande calibre ou elástica —

de pequeno calibre —

muscular ou distribuidora —

Artérias — vasos que conduzem sangue arterial

Arteríola ou artéria reguladora —

Astrócito fibroso — é uma das células da glia do tecido nervoso

protoplasmático — é uma das células da glia do tecido nervoso

C A P Í T U L O 19 195

Page 191: Manual de Histologia - Glerean

Axônio — prolongamento do neurônio, sempre único, destinado a conduzir o impulso nervoso para fora da célula

Baço — órgão linfático destinado a "filtrar" sangue

Basófilo — é um leucócito do tipo agranulócito

Bainha epitelial externa do pêlo —

epitelial interna do pêlo —

periarterial do baço — é um acúmulo de linfócitos do tipo T em torno de arteríolas do baço

Bexiga urinária — órgão destinado ao armazenamento da urina

Bilirrubina — pigmento que empresta cor à bile

Bochechas — constituem as paredes laterais da cavidade bucal; possuem corpúsculos gustativos; suas glândulas secretam fluidos lubrificantes

Borda ou bordadura em escova — correspondem, ao microscópio eletrônico às microvilo-sidades

Brônquio — tubo cartilaginoso que conduz o ar ao interior do pu lmão

Bronquíolo respiratório — continua o bronquíolo terminal e já permite trocas gasosas

terminal — ramificação terminal dos brônquios; não possui cartilagem, seu epitélio é baixo e possui na parede uma única camada de musculatura lisa

Bulbo piloso — é uma dilatação terminal do pêlo, no interior da derme

Camada granulosa do folículo ovariano — formada por células foliculares ou granulosas, cada vez mais larga à medida que o folículo amadurece

Campo de Cohnheim — aspecto das fibras musculares estriadas em corte transversal

Canais de Havers — tubos dispostos longitudinalmente no interior do osso compacto, in-tercomunicantes, fazendo parte do sistema de Havers

Canal de Volkmann — comunica entre si os canais de Havers, estes com o canal medular e com a superfície do osso

Canalículo ósseo — espaço no interior da matriz óssea calcificada, em forma de túbulo microscópico, no interior do qual se situa o prolongamento do osteócito

Canalículos biliares — são capilares biliares, cuja parede é formada pelas células hepáticas

ou túbulos dentinários — da dentina, no seu interior situam-se os prolongamentos dos odontoblastos

Capilar fenestrado — tipo de capilar que possui soluções de continuidade na sua parede

sanguíneo — é o menor vaso do sistema circulatório. Através dele se dão trocas entre sangue e ar ou entre sangue e l íquido tissular, por exemplo

sinusóide — tipo de capilar cujo diâmetro é variável, possui amplos espaços entre suas células endoteliais e membrana basal descontínua, além de ter macrófagos em sua parede

Cápsula de Bowman — duplo folheto de células que envolve o glomérulo renal

de Glisson — cápsula conjuntiva do fígado

Cartilagem de conjugação — ver Disco epifisário

elástica — tipo de cartilagem em que a matriz possui quantidade apreciável de fibras elásticas e é encontrada, por exemplo, no pavilhão da orelha e na tuba auditiva

fibrosa ou fibrocartilagem — tem esse nome pela imensa riqueza em fibras colágenas, o que lhe dá grande resistência: encontrada, por exemplo, nos discos intervertebrais e na sínfise pubiana

hialina — é o tipo de cartilagem mais comum, encontrada, por exemplo, nos anéis da traqueia, em superfícies articulares e como modelo de ossos em formação

ou tecido cartilaginoso — tipo de tecido conjuntivo destinado à sustentação

Célula — é a unidade anatómica e funcional de todos os seres vivos

acidófila da pars distalis da hipófise — célula cujos grânulos têm afinidade por corantes ácidos

adiposa — ou adipócito é a célula do tecido conjuntivo especializada no armazenamento de energia sob a forma de lipídeos

basófila da pars distalis da hipófise — célula cujos grânulos têm afinidade por corantes básicos

196 C A P Í T U L O 19

Page 192: Manual de Histologia - Glerean

caliciforme — é encontrada em várias regiões do organismo, secreta muco, que, conforme a localização da célula, possui função diferenciada

centroacinosa — célula do ducto intercalado que penetra o ácino e talvez esteja relacionada com a produção de bicarbonato

cromófila — célula de uma glândula e possui grânulos identificáveis por corantes

cromófila da pars distalis da hipófise — pode ser do tipo acidófilo ou basófilo

cromófoba — célula que não evidencia grânulos no seu citoplasma, após coloração

de Kupffer — macrófago do fígado

de Leydig ou intersticial — do testículo, sintetiza testosterona

de Paneth — célula da parede intestinal, que aniquila microorganismos seja por sua secreção, seja por fagocitose

de Purkinje — neurônio típico do cere-belo

de Schwann — responsável, no tecido nervoso periférico, pela elaboração da bainha de mielina

de Sertoli — sustentação dos gâmetas, secreção, fagocitose, barreira hematotesticular

ependimária — reveste as cavidades de encéfalo e da medula

folicular ou granulosa do ovário — em camada ou camadas, envolve o folículo ovariano

hepática ou hepatócito — nome que recebe a célula que constitui o parênquima hepát ico

luteínica — do corpo amarelo

mesenquimática — célula totipotente capaz de originar todos os componentes do tecido conjuntivo

mioepitelial — contrát i l , que abraça porções secretoras de glândulas exócrinas

mucosa — secreta mucinas

ou fibra muscular estriada —

ou fibra muscular lisa —

parafolicular ou célula C — célula da tireóide, não vesicular, que secreta calcitonina

C A P Í T U L O 1 9

parietal ou oxintica do estômago — secreta ácido clorídrico e sintetiza o fator intrínseco que se liga à \ i tamina B 1 2

principal ou z imogênica do estômago — secreta enzimas que digerem proteínas

serosa — secreta l íquido aquoso rico em enzimas, como a amilase e a lisozima, e material relacionado com processos imunológicos

Células da glia — de sustentação do sistema nervoso, com diferentes funções

mucosas do estômago — revestem a superfície e o colo das glândulas da camada mucosa do órgão

reticulares do baço — juntamente com fibras reticulares, formam o arcabouço estrutural dos cordões e da polpa vermelha

reticulares do linfonodo — juntamente com fibras reticulares formam o arcabouço estrutural do órgão

reticulares epiteliais do timo — possivelmente secretam fatores de crescimento e estimulam a diferenciação dos linfócitos T

satélites do neurônio — oligodendróci-tos que na substância cinzenta do sistema nervoso central ficam nas proximidades dos neurón ios e nos gânglios nervosos formam uma camada em torno deles

Cemento — tecido dentário com forma de osso que cobre a dentina e a raiz

acelular — nele não são vistos os cementócitos imersos na matriz

celular — p resença de cementóc i tos imersos na matriz

Centríolos — partes do centrossoma, importante no processo de mitose

Centro germinativo do nódulo linfático — porção central clara de um nódulo secundário

Centrossoma — organela que contém os centríolos, especialmente importante no processo de divisão celular

Cílios — são estruturas móveis que se projetam em fileiras na superfície de células epiteliais

Cistos de Rathke — resquícios da formação em-briológica da hipófise

Citoesqueleto — é consti tuído por filamentos proteicos que dão estruturação à célula, permite sua movimentação , como t ambém os movimentos das organelas

A 9 7

Page 193: Manual de Histologia - Glerean

Citoplasma — é uma das duas porções em que o protoplasma celular é dividido: carioplasma (relativo ao núcleo) e citoplasma, que é o protoplasma que circunda o núcleo e contém organelas

Citosol — matriz fluida da célula

Cóclea — parte da orelha interna Colo do folículo piloso — região do pêlo onde

desembocam os duetos excretores das glândulas sebáceas e onde se inserem as fibras do músculo eretor do pêlo

Complexo juncional ou unitivo — são estruturas destinadas a unir células epiteliais pelas suas regiões apicais. E formada pela zonula de oclusão, ou tight junction, pela zonula ou cinta aderente e pelo desmossoma

Concreções calcáreas da epífise — com a idade, deposição de sais minerais no órgão

Condroblasto — célula ativa da cartilagem

Condrócito — célula em repouso da cartilagem

Coração —

Cordões esplénicos ou de Billroth — constituem o tecido esplénico que preenche o espaço em torno da polpa vermelha

ou traves de Remak — cordões de he-patócitos

Córnea transparente — juntamente com o cristalino, destina-se à refração da luz

Corpo amarelo ou lúteo — glândula endócr ina temporária do ovário, que secreta progesterona e estrógeno

da unha — Corpos de Herring — acúmulos de neurossecre

ção evidenciados na neuroipófise

ou corpúsculos de Nissl — ribossomas sob a forma de polissomas ou de REG no citoplasma de neurónios

Corpúsculo de Meissner — corpúsculo sensitivo localizado nas papilas dérmicas e relacionado com a sensação do tato

de Vater-Pacini — corpúsculo sensitivo existente em inúmeros locais do organismo, relacionado com as sensações de pressão e de vibração

esplénico ou de Malpighi — estrutura encontrada no córtex do baço, formada por um nódulo linfático com uma arteríola no seu interior

198

gustativo — estrutura disseminada pela mucosa da cavidade bucal, relacionada com a sensação do gosto

renal ou de Malpighi — contém o glomérulo, que é um novelo de capilares sanguíneos envoltos pela cápsula de Bowman

Corpúsculos sensitivos —

tímicos ou de Hassal — são conjuntos de células reticulares epiteliais dispostas con-centricamente e caracteristicamente encontrados apenas na medula do timo

Córtex cerebelar —

cerebral —

do pêlo — porção mais externa do pêlo, formada por queratina mais dura do que a da porção central, a medula

Couro cabeludo — é a pele que envolve o crânio

Crescente de Gianuzzi — é a porção serosa do ácino misto

Cripta amigdaliana — depressão profunda na amígdala, revestida pela mucosa bucal

Cromatina — é formada por filamentos duplos de A D N associados a proteínas e enrolados em hélice. Apresenta-se disposta como eucromatina e como heterocromatina

sexual — é uma part ícula globosa de cromatina, visível nos núcleos, preferencialmente de células de seres do sexo feminino.

Cromossoma — são visíveis durante o processo de mitose graças à condensação da cromatina

Cutícula do pêlo — formada por uma camada de células pavimentosas que formam a camada mais externa da haste do pêlo

Dendritos — prolongamentos do neurônio , em geral em grande número , destinados a conduzir o impulso nervoso em direção ao neurônio

Dentes — órgãos empregados na mastigação

Dentina — principal componente mineralizado do dente, forrando o corpo, colo e raízes, sendo recoberta pelo esmalte nas partes expostas do dente

Derme — parte interna da pele, consti tuída por tecido conjuntivo denso não modelado

papilar — parte da derme que se situa nas papilas dérmicas

C A P Í T U L O 19

Page 194: Manual de Histologia - Glerean

reticular — parte da derme situada mais profundamente, abaixo da derme papilar

Desmossoma — é um tipo de junção intercelular e faz parte do complexo juncional

Diferenciação celular — é o processo pelo qual a célula assume estruturas e funções especializadas

Disco epifisário ou Cartilagem de conjugação — é a cartilagem que persiste numa região do osso longo em desenvolvimento, enquanto houver crescimento do osso

intercalar — estrutura do músculo estriado cardíaco que corresponde a junções entre extremidades de fibras musculares

Divisão celular —

Ducto alveolar — origina-se do bronquíolo respiratório e tem forma alongada. Possui alvéolos em sua parede

deferente — é o ducto excretor do testículo, unindo-o ao ducto ejaculador

intercalado ou passagem de Boll — é o túbulo que recolhe a secreção do ácino das glândulas salivares e do pâncreas

Duetos estriados — são duetos intralobulares das glândulas salivares, importantes no processo de transporte ativo de íons

Duodeno — porção terminal do intestino delgado que se continua com o intestino grosso

Dura-máter — é a mais externa uma das meninges

Endocárd io — camada mais interna do coração

Endomís io — revestimento conjuntivo de cada fibra muscular estriada

Endoneuro — delgada camada de tecido conjuntivo que envolve a fibra nervosa

Endotélio — epitélio plano simples com características especiais, que reveste internamente todos os componentes do sistema circulatório

Endoteliócito — célula que faz parte da camada ínt ima de todos os componentes do sistema circulatório, exercendo inúmeras e importantíssimas funções

Enterócitos — são células absortivas do intestino

Envelope nuclear — consiste de duas camadas de membranas, cada uma delas com a característica estrutural bilaminar de fosfolipídeos

C A P Í T U L O 19

Eosinófilo — é um leucócito do tipo granulócito

Epicárd io — folheto parietal da serosa que envolve o coração

Epiderme — é a parte externa da pele e é um epitélio pavimentoso estratificado queratinizado

Epidíd imo — absorve fluido testicular, fagocita e digere espermatozóides degenerados e corpos residuais, secreta várias substâncias relacionadas com a manutenção e maturação dos espermatozóides

Epífise ou g lândula pineal — sua secreção produz mudanças rítmicas nas secreções do h i -potálamo, da pituitária e das gônadas

Epimísio — revestimento conjuntivo que envolve grupos de fibras musculares estriadas

Epineuro — camada de tecido conjuntivo que reveste o nervo externamente

Epitélio — ou tecido epitelial é o tecido formado por células justapostas que se man têm unidas graças a diversos tipos de junções

ci l índrico ou pr i smát ico simples —

cúbico estratificado —

cúbico simples —

de t rans ição ou u r iná r io —

germinativo do ovár io — epitélio que reveste a superfície do ovário

ou tecido epitelial — tecido formado por células justapostas mantidas juntas por junções. Entre suas células existe diminuta quantidade de material intercelular

pavimentoso ou plano simples —

plano estratificado —

plano estratificado queratinizado —

pseudo-estratificado ci l índrico ciliado ou respi ra tór io —

seminal ou germinativo — conjunto de células que constituem a linhagem do espermatozóide

Eponíqu io — é a porção saliente da epiderme, como uma prega, que cobre a parte posterior e superior da unha, na altura da raiz

Ergastoplasma — é a porção basófila do citoplasma que corresponde ao REG da microscopia eletrônica

199

Page 195: Manual de Histologia - Glerean

Esmalte — tecido mineralizado que cobre e protege a dentina da coroa do dente

Esôfago — órgão tubular que conduz o alimento da boca ao estômago

Espaço de Disse — entre o hepatócito e o endotélio do sinusóide

perinuclear —

Espaços interglobulares de Czermak — da dentina, são zonas de calcificação incompleta

Espaços-porta ou de Kiernam — conjunto de ramos da veia porta, ramos da artéria hepát ica e ramos de duetos biliares. Situam-se na periferia dos lóbulos anatómicos hepáticos

Espícula óssea — no processo de ossificação endocondral, formam-se estruturas que ainda possuem a parte central cartilaginosa e a parte periférica formada por osso primário

Espongiócitos — células do córtex da adrenal, com citoplasma com aspecto vacuolizado

Estereocílios — são microvilos alongados não dotados de movimentos

Estômago — órgão digestivo musculomembrano-so situado entre esôfago e duodeno

Estrangulamento ou nódulo de Ranvier — reentrâncias que existem de espaço em espaço na fibra nervosa mielínica. Importante na velocidade de transmissão do impulso nervoso

Estrato basal ou germinativo — camada de células da zona basal da epiderme. Origina todas as demais camadas da epiderme

córneo — camada de células da epiderme totalmente preenchidas por queratina

espinhoso — camada de células da epiderme, possuindo entre si tonofibrilas (pontes intercelulares). Aí se inicia a síntese da queratina (tonofilamentos)

granuloso — camada de células da epiderme com presença no seu citoplasma de grânulos de ceratoialina

Estrias incrementais de Retzius — do esmalte, resultam do crescimento aposicional com pausas periódicas. São faixas de hipomineralização

Estroma — parte do órgão formada por diferentes constituintes celulares e fibrilares não diretamente relacionada com a função desse órgão. Ela é comum a vários órgãos

Eucromatina — aparece como áreas claras no interior do núcleo, eletroluscentes, e representa zonas de ativa síntese de ARN

Faixa A — parte da estrutura da fibrila muscular estriada

1 — parte da estrutura da fibrila muscular estriada

Falsa a lbugínea — cápsula conjuntiva situada no ovário sob o epitélio germinativo

Fibra colágena —

elást ica —

nervosa —

reticular —

Fibras de Tomes — prolongamentos dos odontoblastos

Fibroblasto — célula do tecido conjuntivo, ativa, sintetiza componentes do tecido conjuntivo

Fibrocartilagem — ou cartilagem fibrosa

Fibrócito — fibroblasto em fase de repouso funcional

Fígado — glândula anexa ao tubo digestivo, com inúmeras funções relativas a estocagem, síntese, defesa, desintoxicação e neutral ização de substâncias tóxicas

Filamento in te rmediá r io — parte do citoesqueleto: filamentos de queratina, fibrilas da glia, neurofilamentos, lâminas nucleares

Folículo atrésico — é folículo ovariano, independentemente da sua maturação, que sofreu atre-sia folicular (degeneração)

em desenvolvimento do ovár io — fase de maturação dos folículos ovarianos

maduro de Graaf — é o folículo ovariano de grande tamanho, cheio de l íquido folicular, pronto para sofrer ovulação

piloso — é uma invaginação da epiderme na derme, que dá origem ao pêlo

pr imordia l — é um ovócito envolto por uma camada de pequenas células, chamadas foliculares ou granulosas

Folículos ou vesículas tireoidianas — formações vesiculares da tireóide revestidas por epitélio cúbico simples; acumulam "colóide" no seu interior

200 C A P Í T U L O 19

Page 196: Manual de Histologia - Glerean

Fossetas gástricas — pequenas depressões da mucosa gástrica, onde, na sua parte profunda, desembocam as glândulas gástricas

Gânglio nervoso autónomo —

nervoso espinhal —

Glândula acinosa —

alveolar —

apócrina — glândula da pele do couro cabeludo, da axila e da região perianal. Dependente de hormônios gonadais

cordonal—

endócrina ou de secreção interna — órgão epitelial especializado em secreção, que lança seu produto no sangue

exócrina ou de secreção externa — órgão epitelial especializado em secreção, que lança seu produto no meio externo

folicular ou vesicular —

lacrimal — anexa ao globo ocular, secreta uma solução salina e uma enzima, a l i -sozima

mamária — glândula exócrina altamente especializada na secreção de leite

ou tecido epitelial glandular — são órgãos epiteliais especializados em secretar

sebácea — glândula da pele destinada a secretar sebo e é dependente de hormônios gonadais

sudorípara — glândula da pele com importante função na manutenção da home-ostase

tubulosa simples — unicelular ou célula caliciforme —

vesicular ou folicular —

Glândulas de Lieberkhún — são tubulosas e encontradas tanto no intestino delgado quanto no grosso

Glândulas de Meibomius — são glândulas sebáceas alongadas situadas no interior do tarso (elemento de tecido fibroso denso da pálpebra)

Glândulas duodenais ou de Brunner — secretam material que possui pH 9,0

Glândulas salivares — secretam substâncias destinadas a lubrificar, a cavidade bucal e formar o bolo alimentar; secretam enzimas digestivas, anticorpos e sais inorgânicos

Glicogênio — é um tipo de inclusão citoplasmática Globo ocular —

Glóbulos brancos — ou leucócitos

Granulócitos — leucócitos que possuem grânulos específicos no seu citoplasma

Grânulos da matriz da mitocôndria —

de ceratoialina — do estrato granuloso da epiderme

de secreção — maneira da célula armazenar seu produto de secreção

específicos — são encontrados no citoplasma dos leucócitos granulócitos e que os caracterizam e os classificam

Hemácia — ou glóbulo vermelho do sangue, ou eritrócito

Hematoidina — pigmento extracelular cristalizado, derivado da hemoglobina

Hemossiderina — pigmento intracelular, derivado da hemoglobina

Hepatócito — célula hepát ica

Heterocromatina — forma densas áreas no nú cleo e representa a porção de A D N associado a nucleoproteínas, não sendo ativa na síntese de ARN

Hipófise ou glândula pituitária — suas secreções influenciam de um modo geral sobre as células do organismo, inclusive as de várias outras glândulas endócrinas

Hormônio antidiurético ou vasopressina — hormônio sintetizado nos neurónios (neurossecreção) do h i p o t á l a m o e armazenado na pars nervosa

Ilhotas de Langerhans — constituem, no seu conjunto, a porção secretora endócrina do pâncreas

Incisuras de Schmidt-Lantermann — na fibra de mielina, representam áreas, como linhas oblíquas, e representam locais em que o citoplasma das células de Schwann permaneceu na formação da bainha de mielina

Inclusão lipídica — tipo de inclusão consti tuída por lipídeo

Inclusões — significam aquilo que a célula armazena o seu interior, não relacionado com necessidades funcionais vitais da célula (ex.: l ipídeos, glicogênio, pigmentos)

C A P Í T U L O 19 2:"

Page 197: Manual de Histologia - Glerean

Infiltrações linfóides —

Interface — aspecto que mostra o núcleo de uma célula em repouso, fora do processo de mitose

Intestino delgado — porção do tubo digestivo que se estende desde o estômago até o intestino grosso

grosso — porção terminal do intestino, estendendo-se desde o duodeno até o ânus

Invaginações da membrana —

Junção comunicante [gap junction) — liga células entre si elétrica e quimicamente

Junções — são especializações da membrana das células epiteliais, destinadas a unir e a permitir comunicação entre as células

Lábio — parte da parede anterior da cavidade bucal

Lacuna de Howship — depressão da matriz óssea onde se aloja o osteoclasto

Lacunas — locais, nos tecidos cartilaginoso, ósseo e cemento, onde se situam as células do tecido

Lamina — em alguns tipos celulares a face nuclear da membrana e da dupla membrana é espessada por uma camada fibrosa chamada lamina

Lâmina basal — estrutura existente entre tecido epitelial e tecido conjuntivo. Visível ao microscópio eletrônico

Lâmina própria ou córion — tecido conjuntivo situado sob o epitélio. Entre os dois tecidos existe uma membrana basal

Laringe —

Leito da unha — é a pele que reveste a superfície da falange recoberta pela unha

Leucócitos — glóbulos brancos do sangue

Ligamento periodontal — tecido conjuntivo denso que une o cemento do dente ao osso alveolar

Limbo ungueal — é a placa córnea que constitui a unha

Limitantes elásticas — estruturas encontradas nas artérias

Limite amelodentinário — é uma região-limite entre esmalte e dentina

Linfáticos — vasos destinados a conduzir linfa

202

Linfócito — é um leucócito do tipo agranulócito

Linfonodo — órgão linfático cuja função é filtrar linfa e produzir linfócitos

Língua — órgão muscular com funções na digestão, por movimentação e compressão do alimento na boca, na fonação e na gustação

Linha M — parte da estrutura da fibrila muscular estriada

Z — parte da estrutura da fibrila muscular estriada

Linhas de von Ebner — linhas de hipomineralização da dentina

Lipofucsina ou pigmento de uso — pigmento endógeno. Resíduo intracelular de material fa-gocitado não digerível

Líquido folicular do ovário — l íquido que aparece entre as células granulosas do folículo, com o seu desenvolvimento

lisossoma primário — organelas envolvidas por membrana, contendo no seu interior material amorfo granuloso (ver lisossoma)

secundário — é o lisossoma que contém no seu interior material fagocitado

Lisossomas — são organelas que contêm grande número de hidrolases ácidas empregadas na degradação intracelular de macromoléculas

Lúnula — porção esbranquiçada na unha, em forma de meia-lua, da parte posterior do limbo

Macrófago — célula do tecido conjuntivo com função macrofágica e participação nos processos imunológicos

Macrófagos livres do pulmão —

Macróglia — astrócitos, células da glia

Macula adherens ou cinta aderente — é o des-mossoma do complexo juncional

Mácula densa — agrupamento de células originadas da parede do túbulo contorcido distai quando ele encosta no corpúsculo renal

Mastócito — cé lula do tecido conjuntivo cuja principal função é produzir e armazenar mediadores químicos do processo inflamatório

Matriz cartilaginosa — é a substância intercelular do tecido cartilaginoso

da unha — é a parte posterior, epidérmica, mole, do leito da unha, que fica sob a raiz

C A P Í T U L O 19

Page 198: Manual de Histologia - Glerean

interterri torial — parte do material intercelular da cartilagem que fica entre as zonas territoriais

nuclear ou nucleoplasma —

óssea — é a substância intercelular do tecido ósseo

terr i torial — parte do material intercelular da cartilagem, que fica acolada à célula cartilaginosa

Medula espinhal —

Melanina — tipo de pigmento endógeno

Melanóci tos — células relacionadas com a síntese de melanina

Membrana basal — visível ao microscópio óptico, composta de lâmina basal, fibras reticulares e glicoproteínas

plasmática — envolve a célula e é formada pelo chamado modelo em mosaico fluido

Meninges — são folhetos de tecido conjuntivo que revestem as partes do sistema nervoso central

Mesênqu ima — tecido ainda primitivo, de origem mesodérmica

Metáfase — fase da divisão celular

Microfilamento — parte do citoesqueleto, formado por actina

Micróglia — célula da glia

Microtúbulo — parte do citoesqueleto, formado por dímeros de tubulina

Microvilos ou microvilosidades — são digitações da superfície da membrana celular de células epiteliais visando à ampliação da área de absorção

Miel ina — bainha lipídica que reveste fibras nervosas ditas mielínicas

Miocárd io — camada média ou muscular do coração

Miofilamentos — actina e miosina, as proteínas contrateis dos músculos

Mi tocôndr ia — organela responsável pela produção de ATP. Nela ocorrem inúmeras vias metabólicas

Monócito — é um leucócito do tipo agranulócito

Mucosa olfativa — nela se encontram os quimiorre-ceptores olfativos

Músculo ca rd íaco —

eretor do pêlo —

estriado esquelét ico —

liso —

Nervo — conjunto de fibras nervosas

Neurilema — é a bainha mais externa que envolve uma fibra nervosa

Neurofibrilas — no citoplasma do neurônio, é o aspecto que tomam, ao óptico, os neurofila-mentos observados na microscopia eletrôni-ca. Relacionam-se com a t r a n s m i s s ã o do impulso nervoso

Neurógl ia — células da glia

Neurônio — célula nervosa

Nódulo de Ranvier — ver estrangulamento

linfático — formado basicamente por tecido linfóide, com grande número de linfócitos

linfático p r i m á r i o — nódulo que não possui centro germinativo

linfático s ecundá r io — possui centro germinativo formado principalmente por células jovens, como o linfoblasto

Núcleo celular — é o centro da atividade celular, da divisão celular e é nele que está o A D N cro-mossômico, sendo também o local de síntese do ARN

Nucléolo — é o local de transcrição do ARN ri-bossômico e de agrupamento das unidades ribos-sômicas

Nucleoplasma ou matriz nuclear — é o nome que muitas vezes se dá ao conteúdo nuclear

Odontoblastos — células que fabricam dentina

Odontogênese — processo de formação dos componentes do dente

Oligodendróci tos — uma das células da glia

Orelha interna — também chamada labirinto, tem por funções a manu tenção do equilíbrio e a audição

Organela — pequena formação membranosa especializada existente no interior do citoplasma celular

Órgão — é uma coleção distinta de tecidos que. juntos, levam a cabo certas funções (ex.: fígado, orelha, r im, testículo)

C A P Í T U L O 19 2 : :

Page 199: Manual de Histologia - Glerean

Órgãos dos sentidos —

linfáticos —

Ossificação endocondral —

intramembranosa —

Osso alveolar ou lâmina dura — é a porção do osso que está em contato direto com o ligamento periodontal

compacto — caracteriza-se pela presença de estruturas chamadas ósteon ou sistema de Havers

esponjoso — não é estruturado como o compacto e sim é formado por cavidades de diversos tamanhos, amplamente comunicantes entre si

Osteoblasto — célula em atividade do tecido ósseo

Osteócito — célula em repouso funcional do tecido ósseo

Osteoclasto — célula gigante especializada em destruir tecido ósseo

Ósteon — s inónimo de sistema de Havers

Ovário — fonte de ovócitos maduros e produz esteróides

Ocitocina — é um hormônio sintetizado por neurónios (neurossecreção) do hipotá lamo e armazenado na pars nervosa

Palatos — formam o teto da cavidade bucal; são importantes, mecanicamente, no processo da mastigação; suas glândulas secretam saliva

Pálpebra — dobra cutânea que se continua com a conjuntiva ocular

Pâncreas — Glândula anexa ao tubo digestivo. Sua porção exócrina secreta cerca de 22 enzimas que agem em praticamente todas as classes principais de alimentos. Sua porção endócrina é formada pelas ilhotas de Langerhans

Papilas caliciformes ou circunvaladas da língua — principalmente relacionadas com a gustação

dérmicas — são porções da derme que ocupam reen t rânc ias da parte profunda da epiderme

filiformes da língua — relacionadas com a apreensão do alimento

fungiformes da língua — relacionadas com a apreensão do alimento e com a gustação

Paratireóide — g lândula que secreta hormônio que intervém no mecanismo de mobilização do íon cálcio

Parênquima — conjunto de células de um órgão destinado a exercer função ou funções específicas desse órgão

Parótida — uma das grandes glândulas salivares, é do tipo seroso puro

Pars distalis — parte da adenoipófise (parte anterior da hipófise). Secreta grande variedade de hormônios

intermédia — porção mediana da h i pófise. Secreta intermedina

nervosa ou neuroipófise — é a porção posterior da hipófise. Não secreta hormônios , mas apenas armazena os secretados por neurónios do hipotá lamo

Pé vascular do astrócito — é uma diferenciação da parte terminal de um prolongamento dessa célula ao juntar-se a um vaso sanguíneo

Pele — órgão protetor que cobre toda a superfície corporal. Possui várias funções

de axila —

e anexos —

espessa — tipo de pele encontrada na palma das mãos e na planta dos pés. Possui glândulas sudoríparas, mas não possui pêlos nem glândulas sebáceas

fina — reveste todas as superfícies do corpo, exceto a palma das mãos e a planta dos pés. Possui, a lém de glândulas sudor íparas , pêlos e glândulas sebáceas

Pêlo — é um anexo da pele com sua haste, no interior da pele, envolvida por bainhas epiteliais e conjuntiva

Pênis — órgão copulador masculino

Pericárdio — envoltório conjuntivo do coração

Pericito — célula associada a capilares e vênulas, com capacidade contrátil

Pericôndrio — tecido conjuntivo que envolve a cartilagem, possui células para crescimento da cartilagem e a nutre

Perimísio — revestimento conjuntivo de um grupo de fibras musculares estriadas

Perineuro — tecido conjuntivo que envolve, num nervo, um conjunto de fibras nervosas

204 C A P Í T U L O 19

Page 200: Manual de Histologia - Glerean

Periósteo — membrana conjuntivo-vascular que envolve o osso

Peroxissomas ou microcorpos — são pequenas organelas que contêm oxidases e participam de certas vias metabólicas

Pia-máter — uma das meninges

Pigmento — inclusão citoplasmática const i tuída por material que possui cor própria

endógeno — gerado no interior do corpo a partir de substâncias não pigmentadas

exógeno — gerado fora do corpo e depois de algum modo, incorporado

Pinealócitos — grande maioria das células da epífise. A minoria (5%) é de astrócitos

Pirâmide renal — estrutura anatómica do r i m

Pituícitos — células da neuroipófise, essencialmente células da glia

Placa motora — complexa terminação nervosa na fibra muscular estriada

Placas elásticas — estruturas da parede das grandes artérias, const i tuídas por fibras elásticas

Placenta — órgão transitório que age como intermediário entre mãe e feto

Plaqueta — corpúsculo do sangue periférico, com função na coagulação, além de outras importantes funções

Plasma — é a substância intersticial l íquida do sangue

Plasmócito — célula do tecido conjuntivo, sintetiza anticorpos

Pleura — membrana conjuntiva dupla que reveste os pulmões

Plexo coróide — dobras da pia-máter. Secreta líquido cefalorraquidiano

mioentérico de Auerbach — gânglio nervoso situado entre as camadas de músculo da parede do trato gastrointestinal

submucoso de Meissner — gânglio nervoso da submucosa da parede do trato gastrointestinal

Pneumócitos — células da parede alveolar dos pu lmões

Podócitos — células do folheto interno da cápsula de Bowman

Polissomas ou polirribossomas — são agrupamentos de ribossomas

Pólo urinário — região do corpúsculo renal por onde sai o túbulo contorcido proximal

vascular do rim — região do corpúsculo renal pelo qual entra a arteríola aferente e sai a arteríola eferente

Polpa branca do baço — const i tuída pelos corpúsculos esplénicos

dental — é um tipo de tecido conjuntivo, situa-se no centro do dente, contém vasos, nervos que nutrem e dão sensibilidade ao dente

vermelha do baço — região do órgão onde se situam os seios medulares

Pontes intercelulares — do estrato espinhoso da epiderme

Poros nucleares — são aberturas circulares na membrana nuclear que permitem e regulam a troca de metabólitos, macromoléculas e subunidades de ribossomas entre núcleo e citoplasma

Pré-dentina — dentina ainda não mineralizada, no início da sua formação (dentinogênese)

Prega supra-ungueal — é uma prega da epiderme que reveste a porção mais posterior da unha

Prismas do esmalte —

Processo ciliar —

Processos ou fibras de Tomes — da dentina, são os prolongamentos dos odontoblastos

Prófase — fase da divisão celular

Próstata — produz fibrinolisina (para liquefazer o sémen, além de fosfatase ácida, ácido cítrico, amilase e outras proteínas

Pulmão — órgão destinado a promover a troca gasosa entre ar e sangue

Queratinócitos — são as células da epiderme

Raios medulares do rim — são partes da região medular do órgão que avançam para o interior da região cortical

Raiz da unha — é a região mais proximal da placa córnea e está recoberta pelo eponíquio e pela prega supra-ungueal

Região cárdica do estômago —

cortical do rim — porção mais externa do órgão, contendo os corpúsculos renais e parte do néfron

filamentar do nucléolo —

C A P Í T U L O 19 205

Page 201: Manual de Histologia - Glerean

fúndica do estômago —

granular do nucléolo —

medular do linfonodo —

medular do rim — porção central do órgão, contendo principalmente túbulos coletores

pilórica do estômago —

Retículo endoplasmát ico agranular (ou liso) (REL) — é uma organela cuja principal função é a biossíntese de lipídeos e o transporte intracelular

endoplasmático granular (REG) — é uma organela cuja principal função é a síntese de proteínas

Retina — é uma camada de células do olho destinada, com suas células, os cones e bastonetes, à fotorrecepção

Ribossomas — são partículas de 15 a 20mm de d iâmet ro , constituídas principalmente por ARN

Rim — Além de "filtrar" o sangue, é órgão especializado na e l iminação de cataból i tos consequentes ao metabolismo de pro te ínas . Age através de processos de filtração, reabsorção e de secreção. Secreta hormônio

Saco alveolar — origina-se do bronquíolo respiratório e tem forma gldbosa. Possui alvéolos na sua parede

Saliva — é o produto de secreção das glândulas salivares associado à secreção de outras glândulas da cavidade bucal

Sangue —

Sarcômero — segmento de uma miofibrila situado entre dois discos Z e é a unidade contrátil do músculo estriado

Seio esplénico — estrutura existente na região medular do baço, entre os cordões celulares

Seio perinodular do linfonodo — espaço que circunda os nódulos, no linfonodo, ocupado por linfa

Seio subcapsular do linfonodo — espaço que fica sob a cápsula, no linfonodo, ocupado por linfa

Sinapse — é o ponto de contato funcional entre dois neurónios ou entre um neurônio e uma célula efetora

Sistema circulatório —

206

circunferencial externo — na diáfise do osso longo, sistema lamelar situado logo abaixo do periósteo

circunferencial interno — na diáfise do osso longo é um sistema lamelar que circunda o canal medular

de Havers ou ósteon — é a unidade estrutural típica do osso compacto

digestivo —

endócrino —

intermediário ou inter-haversiano —

Respiratório —

Sublingual — uma das grandes glândulas salivares, é do tipo misto, com predominância de ácinos mucosos

Submandibular — uma das grandes glândulas salivares, é mista, com predominância de ácinos serosos

Substância branca do sistema nervoso central

cinzenta do sistema nervoso central —

fundamental — é o material amorfo, parte da substância intersticial do tecido conjuntivo

intersticial — no tecido conjuntivo, o material amorfo e o material fibrilar que ficam entre as células

Sulco periungueal — sulco que a epiderme apresenta em torno da unha

Teca externa — corresponde a modificações do estroma que envolve o folículo ovariano

interna — corresponde a modificações do estroma que envolve o folículo ovariano. Produz estrógenos

Tecido — nos organismos multicelulares as células se tornam especializadas ou diferenciadas, e se agrupam para desempenhar funções específicas. As células que possuem morfologia e funções similares constituem os tecidos (ex.: osso, cartilagem, músculo)

cartilaginoso —

conjuntivo — tecido cons t i tu ído por células e abundante material intercelular

conjuntivo adiposo multilocular —

conjuntivo adiposo unilocular —

C A P Í T U L O 19

Page 202: Manual de Histologia - Glerean

conjuntivo denso —

conjuntivo frouxo —

conjuntivo mucoso —

muscular —

nervoso —

nodal — variedade de tecido muscular. Transmite as ondas de contracto no coração

ósseo — tipo de tecido conjuntivo cuja substância intercelular é rica em sais inorgânicos. Além da função de sustentação, armazena sais minerais, principalmente cálcio

Tela subcutânea —

Telófase — fase da divisão celular

Tendão — tipo de tecido conjuntivo denso

Testículo — produz espermatozóides e secreta andrógenos

Timo — órgão linfático intimamente relacionado com a imunocompetência dos linfócitos T

Tireóide — através de alguns hormônios controla a atividade metabólica da maioria das células; através de outro hormônio , participa do mecanismo de mobilização do íon cálcio

Tonofibrilas —

Tonsilas ou amígdalas — órgãos linfáticos destinados a produzir linfócitos e lançá-los na cavidade bucal, pelo menos em parte

Trabécula óssea — na formação do osso, as chamadas espículas ósseas, quando desenvolvidas, passam a ser chamadas de t rabéculas ósseas

Traços escalariformes de Eberth ou discos intercalares —

Transição anorretal —

esofagocárdica —

Traqueia — tubo cartilaginoso que une a laringe aos pulmões

Tuba uterina ou oviduto — órgão tubular que conduz o ovócito para a cavidade uterina

Túbulo coletor — túbulos do r im, situados principalmente na região medular

contorcido distai — é o segundo segmento do néfron. Distingue-se do proximal por

C A P Í T U L O 19

não possuir borda em escova

contorcido proximal — é o primeiro segmento tubular do néfron. Suas células possuem a borda em escova

Túbulos dentinários — seminíferos — túbulos do testículo res

ponsáveis pela linhagem e produção de espermatozóides

Tufos ou penachos — do esmalte, consequentes a fileiras de prismas hipomineralizados

Túnica albugínea — cápsula conjuntiva do testículo

Unhas — juntamente com os pêlos constituem os fâneros da pele

Ureter — tubo que conduz a urina dos rins para a bexiga

Útero — órgão que, após a implantação, man tém o desenvolvimento do ovo e, uma vez pronto o concepto, envia-o para o meio exterior

Vagina — Canal expansível musculomembranoso que se estende da vulva até a cérvice do útero

Válvula venosa —

Válvulas cardíacas — Vasa vasorum — vasos sanguíneos da adventícia

dos grandes e médios vasos

Veia centrolobular — é o centro do lóbulo anatómico do fígado

de grande calibre — de médio calibre —

Veias — vasos que conduzem sangue venoso

Vênula —

Vesícula biliar — órgão destinado ao armazenamento e concentração da bile

seminal — sua secreção contém frutose (principal substrato metaból ico dos espermatozóides), outros açúcares, prostaglandinas, proteínas, aminoácidos, ácido cítrico e ácido ascórbico

Vesículas de pinocitose — sinápticas —

Vilosidades intestinais — são projeções digitifor-mes da mucosa do intestino delgado, revestidas por epitélio cilíndrico simples

Zona cortical do timo — de cartilagem calcificada — de cartilagem em repouso —

207

Page 203: Manual de Histologia - Glerean

de cartilagem hipertrófica — de cartilagem seriada —

fasciculada da adrenal — porção i n termediária do córtex da adrenal. Aqu i são secretados glicocorticóides

glomerulada da adrenal — porção mais externa do córtex da adrenal. Aqui são secretados mineralocorticóides

granulosa de Tomes — da dentina radicular, são pequenas porções em forma de grânulos, de hipomineral ização

medular da adrenal — região central da adrenal. Aqui são secretadas a adrenalina

e a noradrenalina

medular do timo —

paracorticaí do linfonodo — con tém linfócitos do tipo T

pelúcida — camada acelular ní t ida e homogénea, acidófila em torno do ovócito

reticulada da adrenal — porção mais interna do córtex da adrenal. Aqui são secretados andrógenos

Zonula adherens — é parte do complexo juncional

ocludens, tight junction ou zonula de adesão — é parte do complexo juncional

208 C A P Í T U L O 19

Page 204: Manual de Histologia - Glerean

/anual de Histologia — Texto e Atlas para os Estudantes da Area da Saúde é livro que tem por base a experiência adquirida pelo autor em seus anos de convivência didática com seus alunos, que, por sinal, alcançam gerações, a que se soma a enriquecedora troca de conhecimentos e informações com os professores - colegas de disciplina, por sua vez fortemente envolvidos com a pedagogia e os métodos de ensino aplicáveis à Histologia. Todo este trabalho trouxe como o maior fruto e o maior prémio este livro, cuja missão é a de transmitir os conhecimentos histológicos, especificamente dirigidos para os alunos da Area da Saúde.

O presente trabalho tem como marca expositivo-didática a de apresentar como espécie de manual, como bem define este vocábulo: a condensação dos conhecimentos atuais da teoria e da prática, em texto compactado e objetivo construído em linguagem clara, cuja maior utilidade é reproduzir os temas de ensino das grades curriculares de Histologia de nossos cursos universitários. Daí o seu ter tudo para vencer, de acordo com o trinômio: concisão, clareza (vocabular e conceituai) e o grande número de ilustrações (por sinal cuidadosamente escolhidas). O que, de fato, vai plenamente ao encontro do que os alunos buscam como texto e figuras de histologia.

11 a ^ g

2

Para ser fiel a este modelo didático os capítulos foram estruturados em duas partes distintas: Hj texto propriamente dito, com breve recapitulação dos conhecimentos sobre o assunto; (p ilustrações (fotos e figuras) em cores e preto e branco com oportunos comentários didáticos, cuja

ordem segue: identificação da estrutura correlação da estrutura com a função (correlação morfofisiológica)

Ao final do livro há o que se chamou de Glossário Remissivo, cuja consulta oferecerá ao estudante uma verdadeira súmula dos conhecimentos da estrutura que quer estudar.

O livro se compõe de 19 capítulos que são os seguintes: 1 Citologia 2 Tecido Epitelial 3 Tecido Conjuntivo Propriamente Dito 4 Tecido Cartilaginoso 5

Tecido Ósseo e Ossificação 6 Tecido Nervoso 7 Tecido Muscular 8 Sistema Cardiovascular 9 Sangue 10 Órgãos Linfáticos 11 Sistema Digestivo 12 Sistema Respiratório 13 Pele e Anexos 14 Sistema Urinário 15 Glândulas Endócrinas 16 Aparelho Reprodutor Masculino 17 Aparelho Reprodutor Feminino 18 Órgãos dos Sentidos 19 Glossário Remissivo.

Sem sombra de dúvida o Manual de Histologia - Texto e Atlas para os Estudantes da Area da Saúde, por suas tão criativas características didáticas, será livro de obrigatória adoção nos cursos de Medicina, Odontologia, Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Reabilitação, Farmácia, Veterinária, Biologia e Educação Física.

Este é mais um livro da Biblioteca Biomédica da Editora Atheneu.