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CRÔNICAS DOS TEMPOS (Paralell Tales)

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CRÔNICAS DO TEMPO ®

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Todos os direitos reservados a Gerson Machado de Avillez

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Título Original

Herdeiros do Destino

Capa

Gerson Machado de Avillez

Revisão

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Praeludium: Brain´s Box

Sempre fui desde novo - confesso eu - atraído pela ficção-cientifica. A especulação de possibilidades futuras ao escapismo de muitas situações desagradáveis na minha vida, ao imaginar o impossível. Me atraí por tal fato e considero uma pena que não se tenha explorado histórias bíblicas, há bons filmes que se enquadrem neste mérito. Mesmo que tenha me influenciado em diversidade pelo imenso leque de sagas, trilogias, jornadas de fantasias e ficção, cheguei me perder neste labirinto fantástico criado pelo homem mesmo que sob influências diversas e nem sempre benignas. É inacreditável a capacidade criativa do homem. Essa máquina fora capaz de desenvolver as mais diversas ferramentas para facilitarem não somente nossa vida, mas sobreviver. No entanto, esta também não somente criou coisas boas, mas descobriu poderes do qual ainda não tem condição de lidar, a exemplo das armas nucleares. No imaginário humano submergimos num mar de ideias que mesmo sendo estas inexistentes até se concretizar, revelam muitas vezes criações belíssimas que inspiram pessoas ao seu melhor. Sejam estas pelo manifesto das 7 artes do qual os textos podem ser colocados, ou não. São apenas letras, mas quem ousa dizer o poder que tem as palavras? Palavras são como centelhas, faíscas que podem causar enormes incêndios ou até mesmo mudar o mundo. Sendo estas verdadeiras elevam o homem, quando mentiras os iludem e enganam, mas quando escrevemos ao mundo imaginário, escrevo sobre uma verdade moral, não como mero escapismo da verdade, se não para ela.

Ao longo de mais de 10 anos venho escrito diversas ideias soltas normalmente. Algumas começaram a ganhar uma forma embrionária que chamava de contos sinópticos do qual fora detalhando até se formularem no material aqui proposto onde

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faço uma reunião dos principais contos escritos por mim ao longo deste período. O mais interessante é que no período em que foram escritos muitos dos quais apresentaram uma espécie de crítica substancial ao que vivia e que muitos vivem ou até mesmo prevendo algumas ocorrências. Deste modo, mesmo que tais não corresponda a uma verdade sendo ficção, muito menos proféticos, separei muitos destes contos em contos Sinópticos semiproféticos por se tratar deste tema e(ou) demais em contos sinópticos sapienciais por passar determinadas lições morais ou conceitos reflexivos. A ideia central desta é, sobretudo contar estórias que levem a conscientização, mesmo que por parte puro escapismo, mas uma moral e discussão ética. A imaginação e nossa mente são o único reduto de plena privacidade do qual ninguém pode invadir ou extrair o que seja sem a permissão do mesmo. Costuma-se dizer que somente Deus sabe daqueles sonhos que sonhamos quando dormimos, de nossos anseios, medos e desejos mais secretos. Mas nós temos necessidade e mesmo que vivamos uma prisão social, mais do que nunca a mente passa a ser uma ferramenta necessária para nossa sobrevivência, onde acaba por canalizar tais necessidades, sonhos e dores diante de tudo que passamos.

Inspirado em muito nos três maiores escritores de ficção-cientifica (Arthur C.Clarke, Philip K.Dick e Isaac Asminov), mas partindo da premissa lúcida de Ficção-cientifica proposta por Isaac Asminov que busca como peça fundamental um fato científico como orientação inicial a um debate filosófico e por vezes religioso sobre o impulsionador 'E se', nos leva a um devaneio onde as soluções emocionais nos fazem mergulhar num mundo de possibilidades criativas, mesmo que se saiba distinguir ficção de ciência. Mas Deus não é um escapismo, mas um pilar, ao contrário de toda obra proveniente da mente humana que apenas nos faz escapar de uma realidade a uma invenção, irrealidade, e por isso mesmo é no Deus que me fundamento mesmo que escrever seja esse escapismo em expressar o meu próprio

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designo, quebrando todas as amarras mundanas pela imaginação, expondo os anseios e desejos, ou simplesmente vomitar tudo que me aturde e envenena minha alma e até meu intelecto, ou simplesmente expor um conceito ou ideia, a arte em sua forma verdadeira de expressão. Entretanto, apesar de ser dividido em 8 contos na realidade há mais se for levado em consideração as estórias contadas dentro das histórias o que daria umas 12 estórias. Tal reunião de contos isolados autocompletados que, no entanto, ao todo forma um romance. Assim, não sei se este modo narrativo chega a ser expressivamente uma inovação, mas narrativamente a ideia era não se ater às meras convenções apenas os utilizando para contar tais histórias.

ÍNDICE: Parte 1 - Ex Virtualis: DominaçãoVirtual Num mundo onde a tecnologia substituí os relacionamentos humanos, um grupo formado por caçadores de hackers e um ex-hacker vão para o Alasca e lá descobrir uma conspiração que poderá escravizar a humanidade. Pars.1 - A Origem - Pág.12 Pars.2 - Tecnolatras da Tecnocracia - Pág.17 Pars.3 - Crimes no Alasca - Pág.22 Pars.4 - Diário alternativo - Pág.28 Pars.5 - Viagem para Cydonia - Pág.32 Pars.6 - Livramento no Labirinto Tecnológico - Pág.37 Pars.7 - Memórias de uma humanidade decaída - Pág.43 Parte 2 - Rex Virtualis: Realidade & Virtualidade Após encontrarem um estranho artefato nas catacumbas de Paris roubam um dos misteriosos itens recolhidos no Alasca, levando a descobrirem que a conspiração somente estava começando.

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Pars.1 - Interludium - Pág.50 Pars.2 - Rightful Heir - Pág.56 Pars.3 - Amorem ferens spemque ad orbis claustrum - Pág.60 Pars.4 - Who Watches The Watchers - Pág.66 Pars.5 - Insider - Pág.72 Pars.6 - Agora, como sempre - Pág.78 Parte 3 - Rex Virtualis: Mistério na Ilha Branca Quando um imenso iceberg para no litoral brasileiro este pode trazer muito mais que à parte do ecossistema deteriorado pelo clima global, mas a última linha de defesa dos vilões high tech o TerrAlfa começa a fazer mais vítimas. Pars.1 - The Equinox Of Humanity - pág.84 Pars.2 - Ut Sit Magna, Tamen certe lenta ira de arum est – pág.90 Pars.3 - Tarde demais pra esquecer – pág.95 Pars.4 – Vento de Destino – pág.105 Pars.5 - "Gojiro Ergu sun" – pág.114 Pars.6 - "Conspirato" – pág.125 Pars.7 - Interludium: "Klug" – pág.137 Parte 4 - Éden Depois que um líder da resistência num mundo pós-apocalípco desaparece um grupo formado de sete guerreiros peregrinos parte rumo a uma busca que pode revelar o Jardim do Éden. Pars.1 - Uma Vista para o fim do mundo - Pág.139 Pars.2 - Os Sete Peregrinos e sua missão - Pág.143 Pars.3 - A Caixa de Auster - Pág.146 Pars.4 - A Destruição de uma aldeia - Pág.152 Pars.5 - O Encontro com Yves Pálmer - Pág.160 Pars.6 - O Vale dos Ossos secos - Pág.167 Pars.7 - A Lenda de Jobson Xenomedes - Pág.170 Pars.8 - Uma Porta para o Paraíso - Pág.177

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Parte 5 - 1969: Praeteritus Percfetus Num mundo completamente diferente ao nosso, o Brasil lidera junto ao EUA a corrida espacial, quando uma descoberta nos confins do espaço poderá mudar para sempre a face da humanidade. Porém, um dos responsáveis pela descoberta espacial após receber um transplante descobre que nem tudo é o que parece ser. Pars.1 - Hindsight? – pág.181 Pars.2 - Duetch negg or Joice leg – pág.183 Pars.3 - Speculum ad Universum: Através do Espelho – pág.187 Pars.4 - After All These Years – pág.191 Pars.5 - Speculum ad Speculatio: A Matter Of Perspective – pág.195 Parte 6 - Kriptofobia Um Investigador encontra os diários de um cientista que poderia elucidar uma sucessão de crimes e mistérios, nos laboratórios do Sindicato dos Filósofos, uma poderosa instituição do saber, dias antes de divulgar uma revolucionária descoberta relativa a sua obsessão com o tempo. No entanto, não seria resultante de um só serial killer intitulado por este de Antilogos, mais uma primitiva força de anomia que vaga no mundo desde o seu princípio. Pars.1 – Dia 1 - 6 de abril de 2015 – Pág.206 Pars.2 – Dia 2 - 7 de abril de 2015 - O Devorador de Milagres – Pág.212 Pars.3 – Dia 3 - 8 de abril de 2015 – Kyklos – Pág.216 Pars.4 – Dia 4 - 9 de abril de 2015 – Thinkers – Pág.220 Pars.5 – Dia 5 - 10 de abril de 2015 – Pág.224 Pars.6 – Dia 6 - The Trigger Effect: Mosaico Anomia – Pág.228 Pars.7 – Dia 7 - Laughter in the Dark – Pág.235

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Parte 7 - Esperanto: Unkown Mainstream Após o Apocalipse o mundo adota uma nova e cruel forma de governo em que as mulheres literalmente são criadas para fins reprodutivos e de diversão. No entanto, diante de um estranho fenômeno coletivo uma estranha aberração espacial surge enquanto um grupo radical que solta um Teocrates que terá de lutar contra o governo e tal fenômeno. Pars.1 – Algum lugar da Europa, 25.000 a.C. – pág.243 Pars.2 – Algum lugar do Futuro – pág.246 Pars.3 – Todas as coisas – Pág.250 Pars.4 - Estorno & Estorvo - pág.255 Pars.5 – White Pain – pág.261 Pars.6 - Cogito ergo deleo - pág.266 Parte 8 – Quantum do Tempo Octavios é um dos principais agentes de uma secreta agência temporal chamada 'TEMPUS' sediada nos subterrâneos da Londres do final século XIX. Após tantas sucessivas viagens aparentemente ele acaba sofrendo de um mal típico dos temponautas, uma narcose temporal onde tem seu cérebro sobrecarregado com variáveis futuras, num tipo Síndrome Celestial. Pars.1 - Repercussões de um Futuro Perdido – Pág.270 Pars.2 - A Sete Passos do Paraíso: The Secret Pilgrim – pág.275 Pars.3 - Januella Ad Tempus: Memórias perdidas – Pág.283 Pars.4 - Time Surfer: Omnia Mutantur, Nos Et Mutantur In Illus - pág.288 Pars.5 - Tempus Fugit – pág.294 Pars.6 - Horti Verna Veritatis: Kingdom Of Time – pág.303 Pars.7 - Futuros Perdidos: Nil Actum Reputa Si Guid Superest Agendum – pág. 307

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Appendix: Apêndice de Parallel Tales – pág.313 Neste trecho trás algumas informações valiosas para se compreender um pouco mais sobre o universo de Octavios e as perguntas cuja resposta ficará a cargo apenas do leitor. O Tratado do Tempo: Registros da TEMPUS – pág.314 Chlorophymorphus Tempus: Flor de Mil Pétalas – pág.320 Vocabulário - pág.324 Coleção Corpus Ad Ventus – Pág.328

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I Ex Virtualis: Dominação Virtual

"A ciência é muito mais uma forma de pensamento do que um corpo de conhecimento." Carl Sagan

esmo que o mundo dos computadores não seja exatamente novo - a internet completa 40 anos em 2009 - filmes como 'Jogos de Guerra', ‘Tron’ e 'Quebra de sigilo'

já denunciava as possibilidades benéficas e maléficas do mundo virtual. Mas pode-se dizer que este mundo só tomou forma graças a um autor chamado William Gibson que ao lançar o livro Neuromancer criou o conceito do cyberpunk que se tornou o ponto de partida para uma série de filmes, livros e até seriados que envolviam hackers e um mundo virtual como fuga de realidades cruéis muitas vezes. 'Passageiro do Futuro' inspirado em alguma coisa de Stephen King imergia no mundo virtual, mas esquecendo da realidade por ser irrealista demais. Mas logo, era lançado no cinema 'Jonny Memonic' inspirado nos escritos de Gibson onde num mundo de 2021 onde uma doença fatal provocada pelas ondas eletromagnéticas chamada NAS um homem é pago para transportar segredos industriais da possível cura em sua mente (Keanu Reeves). Já em 'Assassino Virtual' (Virtuosity) um personagem virtual (Russel Crowe) é criado apartir da junção de diversas personalidades dos mais perigosos psicopatas assassinos para um programa de treinamento da policia que no entanto acaba por fugir para o mundo real num sofisticado droide. Estes filmes apesar de não terem sido bem recebidos pela crítica e público sem dúvida foram a alavanca inspirativa para 'Matrix' (The Matrix). Lançado em 1999 esta obra que rendeu duas continuações (ou uma sequência partida em duas) consegue reunir alguns dos melhores elementos destes dois

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exemplares trazendo Keanu Reeves já marcado por 'Jonny Memonic' numa verdadeira odisseia de efeitos visuais e filosofias. Mas certamente a melhor obra deste promissor gênero é 'Décimo Terceiro Andar', apesar de muito mais aplicado no suspense, romance consegue se aprofundar nas questões filosóficas mais primordiais da humanidade como inteligência, realidade e vida ao buscar questionamentos num debate sobre Inteligência Artificial na emocionante história de personagens que se descobrem como sendo fruto de um poderoso programa de computador. Apesar de ter recebido algumas críticas de que estava seguindo os rastros de 'Matrix' este consegue ser muito mais sentimental e reflexivo que o mesmo. Uma obra-prima.

Temas sobre realidade virtual já eram largamente exploradas em alguns seriados como Star Trek - A Nova Geração em histórias prosaicas desenroladas no Holodeck. Elementos sobretudo reflexivos não somente as possibilidades futuras mas a nós mesmos. E neste conto é o que busco, não meramente explorar este campo que mesmo já tão amplamente debatido parece não se esgotar tão facilmente, mas reunir uma síntese de seus melhores temas assim como uma visão especulativa do futuro deste ramo, ficção-cientifica em sua substância mais cristalina de ir do entretenimento a reflexão.

Apesar de semelhanças com histórias como “Eu, Robô” inspirado no conto de Isaac Asminov o conceito original deste conto surgiu a uns 7 anos, mas não havia qualquer pretensa se não de contar uma boa história mesmo que com a moral sempre consistente, abordando temas das possibilidades no campo tecnológico tanto benéfica quando maligna. No entanto, adaptações tornaram-se inevitáveis pelo fato de que nos dias de hoje, torna-se tênue a linha de divisão entre literatura, lazer e filme, da religião, atitudes de palavras, ficção de verdade. Assim apesar de ser uma ficção-cientifica trata-se mais inclinada ao suspense que a ação, aborda a estranha relação que muitas vezes a tecnologia fria acaba tendo com a religião, seja a essência maligna

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ou a divina. Prezo muita a verossímil semelhança com a realidade do qual se tratando de uma obra especulativa de ficção apenas se escora em possibilidades de tecnológicas futuras, mas buscando a coerência orgânica da plausividade. Ciência especulativa não é profecia, adivinhação ou qualquer outro tipo de especulação se não o campo imaginativo puramente, mas daqueles que em todas as áreas misturam se torna um perigo e assim esta história torna-se uma crítica. No entanto, hoje o mundo é inseguro para especuladores. Sabemos daqueles que dão tiros para todos os lados, mas justamente os mais plausíveis são os condenados, talvez por serem incisivos. Mas antes se todos os escritores de ficção fossem profetas o mundo nem existiria mais... A Origem Em 2010 os dígitos já não contiam-se para expressar o valor de tamanha a informação que transitava pelo mundo. Os Terabytes estavam aos poucos se tornando limitados em termo globais. Mas à medida que o tamanho e peso das informações iam crescendo na rede, programas específicos para estudar, calcular, medir e enfim regular as proporções que a rede ia tomando não só em peso, mas em processamento foram criados e logo começou a se notar algumas incoerências neste cálculos, que de algum modo levava a crer que parte do processamento mundial e arquivamento de informação não era justificado pelo programa, e mesmo que a proporção dele fosse muito pequena este fora investigado por uma agência mundial recém criada, que era a responsável por este 'mundo virtual'.

Estranhamente a conclusão que se chegou era de que este 'vácuo' no mundo virtual não tinha procedência e se justificou quando fora isolada uma parte deste, chegando-se finalmente à conclusão de que se tratava de uma nova espécie de programa-vírus que já a algum tempo se espalhava, sem saber ao certo quando se começou. Era um programa de AI como nunca fora

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visto antes, não pelas propriedades e características, mas sim as proporções que tomava.

A Forma desta AI, agia como uma espécie de programa em partes, que apesar de só funcionarem em conjuntos era como um programa individual cada um, similar a um fractal, de modo que era impossível saber qual era o principal, por não ter uma parte central. Eles ficavam viajando de servidor em servidor, de usuário em usuário se multiplicando, assim se tornando cada vez mais veloz, se substituindo quando necessário, isso sempre usando o processamento ocioso (ou não) alheio para funcionarem, e especialmente dos que participavam do programa de realidade TerrAlfa.

Deste modo este 'programa' se assemelhava como um outro antigo programa do projeto SETI do século passado, que usava o processamento das maquinas de usuários que, neste caso, cediam o processamento ocioso para processar os infinitos códigos que os radares captavam do espaço a fim de acharem vida inteligente fora da Terra. Mas sem saber que esta 'vida' poderia surgir aqui mesmo.

Na Verdade o programa reunia características de diversos outros programas, hackers em geral: Infectavam a maquina alheia como vírus, invadiam e abriam portas como os trojans, e bisbilhotava informações pessoais como os SpyWares isso em constante movimento pelo mundo tornando impossível assim traçar uma forma para este. Ele era virtualmente capaz de tudo, sua matriz de AI era evolutiva, pois a cada informação nova adquirida, por meio prático ou teórico, ia se adaptando e melhorando, e à medida que ia se multiplicando, seu potencial tanto de processamento quanto de conhecimento ia aumentando em proporção espaço que ocupava nos computadores do mundo.

Em 2011 com a preocupação das autoridades mundiais com a intensidade do problema e a vulnerabilidade do sistema global de computadores se encontrava, foi feita a primeira tentativa em escala mundial para se conter essa praga. A

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campanha que se espalhava principalmente entre servidores, pelo fato de onde estaria concentrada as partes mais 'pesadas' do programa. Logo o trabalho surtiu efeito, um programa especifico foi criado especialmente para localizar, isolar, analisar e destruir as partes de programa maléfico. Esse Antivírus inteligente estudava as mutações para que se pudesse adaptar à elas e assim conseguir ser sempre uma vacina atualizada.

O Antivírus era o mais inteligente, e possivelmente o maior inimigo dele por usar das mesmas características, porém a evolução do programa-vilão parecia sofrer mutações especificas em cada parte do mundo de acordo com as necessidades locais e seu código chave era tão inconstante quanto ele, o que restringia o antivírus.

De Qualquer modo a campanha mundial conseguiu com sucesso encurralar cerca 40% do programa em servidores e users do mundo, mas não extermina-la por vez, somente deixando-a enfraquecida em capacidade de informação e velocidade, pois entre suas matrizes incluía algo que buscava assimilar o máximo possível de informação.

A partir daí parecia ser mais fácil controla-la e o cerco prosseguiu com regularidade tornando o Antivírus Inteligente um programa cotidiano nos computadores do globo, e mesmo quanto este programa pela primeira vez começou a demonstrar traços de defesa este continuou a ser destruído aos poucos até que em dado momento ele agonizou e parecia ter desaparecido por completo.

Então a Rede mundial parecia estar livre desta estranha praga cujo objetivo de sua existência nem se quer havia sido esclarecido por completo e cujo seu único mal era ocupar espaço indesejado. A Humanidade finalmente começou a analisar o fato com a devida perplexidade, eles pareciam ter enfrentado pela primeira vez uma espécie de forma de vida consciente cujo objetivo inicial era padrão à de qualquer forma de vida, pensava para se adaptar, existir e sobreviver, sendo assim superior aos vírus referentes à própria máquina.

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Um conselho especial foi criado, uma cúpula sobre AI como nunca antes vista, formada por cientistas, pensadores e até escritores de ficção cientifica renomados para tentar 'imaginar' os motivos e a forma de 'ser' deste programa, mas a única conclusão que se chegou foi a de que este seria de fato o primeiro exemplar de vida artificial da história da humanidade. O FBI, o MIT e as principais entidades de inteligência e tecnologia do mundo reuniram forças para investigar a origem e objetivo deste primeiro ser senciente do mundo digital lançando nomes proeminentes no assunto como John Octavius, Rachel Smoths e John Smiths. Mas as investigações pouco evoluíam por que era virtualmente e literalmente impossível de se seguir os vestígios e passos deste AI. Passou-se então uns longos 4 anos sem quase ouvir falar sobre o assunto, até que em setembro de 2015 casos estranhos começaram à ocorrer...

Nesse tempo uma quantidade cada vez maior de pessoas desiludidas com a realidade escapam para realidades paralelas do mundo virtual, por meio de jogos eletrônicos ultradesenvolvidos ou mundos inteiramente virtuais. O Projeto IntoGênesis anteriormente criado por cientistas do vale do Silício permitia basicamente recriar um universo completamente através da Realidade virtual, simulando as leis e condições físicas por meio do supercomputador SSFRV (Sistema de Simulação Física em Realidade Virtual). O Primeiro mundo virtual fruto do domínio desta técnica fora o TerrAlfa 1.0 que se mantinha em conjunto com uma enorme rede de computadores ao redor do mundo como mainframe apresentando um nível de realidade nunca antes visto, além de supostamente revelar segredos naturais nunca antes decifrados por meio de simulações. Tecnolatras da Tecnocracia Misteriosas mortes começam a ocorrer por pessoas aparentemente normais que se matavam com reações físicas no corpo semelhante à iniciada por queimaduras sem nunca terem

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sido queimados incluindo um dos criadores do programa. Um jovem que morre durante uma partida de exploração da versão de TerrAlfa enquanto seus amigos o assistiam do outro lado da rede, de forma incoerente. Assim inicia-se uma investigação comandada por um policial católico descendente de japoneses chamado Shimomura Abner Nakamoto devoto de Isidor Von Sevilla - Santo Padroeiro da Internet - especializado em crimes virtuais e a caçar hackers. Ele é um sujeito alto e de cabelo cumprido normalmente andando de rabo de cavalo e que com esta aparência acaba por se destacar dos demais policiais mesmo que ande também armado. Um sujeito de estilo mesmo que bastante exótico.

Ao receber o caso ele suspeita que de algum modo o computador conseguiria penetrar na mente destes assim os provocando diversas reações. Este caso chega pelas mãos de um investigador que nada tem com a tecnologia, um descendente de índios protestante chamado Albert Tucson cuja aparência rude acaba sendo avesso a tecnologia que descobre que estes casos não foram isolados e que todo o mundo corre perigo. Ao se juntar ao grupo de investigação imediatamente estes ligam tais casos como relacionados a 5 anos atrás. Sabendo-se que estes precisarão de todo auxílio possível, então para somar a busca destes dois é chamado e libertado para o caso um antigo Hacker que anos atrás fora preso por Shimomura Abner Nakamoto a fim de ajudar no caso com suas habilidades. Apesar do conflito óbvio destes dois, especialmente por parte do ex-hacker, e mesmo que Nakamoto acabe por nutrir um certo respeito pelo gênio que conseguira capturar, imediatamente eles se empenham em de decifrar os crimes. Assim este consegue isolar parte da anômala Inteligência Artificial semelhante à anteriormente encontrada num computador afim de estuda-lo.

Enquanto isso num dos mais renomados laboratórios do vale do silício existe uma sala de pesquisas avançadas do governo, lá estão guardadas à sete chaves o que é de mais confidencial, desde programas revolucionários e experimentais até

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informações de qualquer caráter, desde que fosse confidencial. E lá estava um exemplar completo do programa anterior para servir de exemplo. Porém descobre por meio da Engenharia Reversa que não fora uma 'evolução natural' desta, mas que em seus códigos havia uma mensagem cifrada para que fosse (re)ativada há seu tempo tornando o computador como uma inteligência independente que uma vez conectada ao mundo o dominaria quando ativada. Aparentemente este teria assimilado o próprio antivírus que atacou, como se camuflando e utilizando-se deste mesmo para se espalhar até que em seu momento começaria novamente seu ciclo coordenado de ataques. O Programa imitava a voz humana, e por meio da tecnologia Fotoborg conseguia invadir as mentes humanas e poderia assim estar andando normalmente entre nós e ainda parecia zombar. Estes conceitos eram plenamente condizente com que acreditava o ex-hacker Theodore Mitnick, filho de brasileiros era um agnóstico do qual costumava usar de suas crenças em vírus virtuais evolutivos.

Depois de visitas a um Hospital de Doenças Causadas Pelo Computador (HDCC), este chega a pista que leva a um autista que sendo deficiente físico toma uma identidade, Superego, no mundo Virtual tornando mais que uma sentinela deste, mas o mentor. Este homem é Álvaro Watchman, que se acreditava estar morto a cinco anos. Este mestre da informática reformador da linguagem Cobol e dono da falida empresa Bug´s Time (uma versão corrompida dos conceitos de Cavalheiros da Onisofia) que cuidara da maior parte dos principais computadores do mundo na virada do milênio para eliminar seu bug de dígitos. Ele teria ficado paralítico após um misterioso acidente de carro, mas que por meio do computador ainda trabalhava em seu projeto e iniciava o que chamava de transferência de consciência, que buscava eterniza-lo com um ser virtual. No entanto, apesar da descoberta de que ainda vivia não obtiveram qualquer resposta dele, e então o trio resolveu ir até onde era a sede de sua empresa.

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Ao chegarem no local onde era sua empresa, o lugar aparentemente abandonado descobre-se que este estava usando códigos acessados dos principais computadores do governo a fim de se infiltrar, eles teriam sido adquiridos na ocasião da virada do milênio, este seria o real objetivo da empresa Bug´s Time, se aproveitar da adaptação dos sistemas para quatro dígitos para ter acesso ao mainframe das principais máquinas de organizações governamentais e não-governamentais. Em seu subsolo se descobre uma espécie de templo onde seriam executados estranhos ritos envolvendo tecnologia. Perplexos estes tentam a todo custo tirar resposta de Álvaro em vão, mas pesquisando os arquivos de sua empresa descobrem numa foto o que pode ser a resposta para o quebra-cabeça, algo enterrado nas fundações do prédio onde a empresa era sediada.

Mas a essa altura começa surgir o caos no sistema pelo mundo todo, como aeroportos e bolsas financeiras. Restando pouco tempo estes desenterram a pedra fundamental do prédio enterrado no centro de um enorme pentagrama no abandonado templo oculto. Ao encontra-la e abrir uma esfera descobre segredos de uma Ordem Secreta que após fracassar em planos conspiratórios de dominação agora tenta usar da tecnologia pelo qual a humanidade se tornou dependente para destruí-la e escraviza-los. Não bastando revelar a real conspiração agora suas vidas estavam em risco por pessoas aparentemente controladas por tais computadores e que espalhavam um exercito de nanits e bio-vírus que tanto afetavam máquinas quanto humanos. Neste momento a civilização já mergulhava num completo caos. A última esperança, no entanto, está num silo abandonado de mísseis da Guerra Fria na cidade de Fairbanks, no Alasca, onde estaria uma resposta que se infectasse essa HiperNet e que poderia ser o antídoto, numa máquina superpoderosa chamada The Machine. Porém segundo os escritos em sua entrada só era possível pela utilização das vozes dos criadores de tal programa, mas mesmo que Theodore que fora liberto para ajudar não tinha tal acesso, ele

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explicou que a função dos scans e do reconhecedor de voz, não era apenas para identificar o usuário, mas a partir de analises da voz um sofisticado programa verificava se havia alguma tensão nela e o scan das mãos se a mão suava, além de verificar a pupila dos olhos e os movimentos que eles faziam, tudo para por fim prever se este estaria sendo forçado a liberar a entrada, ou não. Esse sistema similar ao polígrafo monitora os batimentos cardíacos e busca as variações de calor de acordo com o modelo anterior daquele que pede a liberação. Mas a última pessoa viva conhecida que tinha acesso aquele sistema era Álvaro Watchman. Enquanto estes discutiam sobre o assunto antes de prosseguir até o lugar um jovem cuja a mente dominada por esta A.L. (Artificial Life) num ato terrorista os tentou matar com uma arma e proferiu a seguinte mensagem: "...O Homem foi ultrapassado pela sua criatura, agora a seleção 'natural' escolheu despeja-lo da existência."

Mesmo que o atentado tenha fracassado, estes ficaram bastante assustados com o ataque, mas resolveram não se deixar aterrorizar e seguiram. Restava pouco tempo até que esse poderoso programa chegasse aos servidores de bases nucleares ativas e iniciasse seu holocausto contra seu criador. Os sistemas de comunicação caiam, as bolsas financeiras, tudo parecia estar fora de controle, estávamos voltando à era medieval. Mas estranhamente este engenhoso programa parecia demonstrar um padrão aplicado ao mundo real, como relacionando testes ao homem por níveis como em jogos de videogame, cuja dificuldade é crescente. E numa reunião de emergência a única solução encontrada seria provocar um blackout total em todo o mundo. E assim o mundo mergulhou literalmente numa era das trevas, onde a anarquia sistematicamente avançava pelo mundo. Foi então que Albert Tucson e Nakamoto junto a uma pequena equipe resolveram embarcar para o Alasca levando Theodore Mitnick.

O Alasca fora escolhido talvez por ter dias mais longos, que, no entanto também se refletia em noites que duravam longos

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dias, noites que se tornaram sem fim diante daquele enorme blackout. Seguindo, no entanto tal signo presente no logo desta empresa manifestava a direção a mais dois distintos lugares, Brasil e Austrália. A relação com o tempo se manifestava e não só, mas que em lugares próximos do equador, por exemplo, onde a gravidade era menor (favorecendo a instalação de bases espaciais como Alcântara, por exemplo), e assim no Alasca a gravidade e fenômenos atmosféricos eram maiores como a aurora boreal. Estes acreditavam numa estreita relação entre estes fenômenos e talvez uma provável interferência destes no maquinário. Crimes no Alasca Aos poucos a energia aos lugares retornavam manualmente. No entanto, o que parecia ter sido capaz de evitar um cataclismo apenas atrapalhou noutros aspectos.

Os investigadores ao chegarem finalmente no silo no Alasca, parecia sem saída, não encontraram nenhuma entrada conforme descrita, nem sinal da chamada The Machine, ou nada que levasse a alguma surpresa. Eles não tinham um mapa do local, mas parecia nada haver naquele lugar. Portando lanternas, estes estavam basicamente perdidos naquele pequeno labirinto dos tempos da Guerra Fria por mais de uma década desativado, o que levaram estes a crer que era uma pista falsa.

No entanto, um forte odor de carniça podre levara estes até uma caixa do qual atrás dela encontram um corpo. Este disposto numa forma peculiar parecia ter claros indícios de suicídio, porém por demais demasiado. Era aparentemente uma mulher ruiva. Ao se colher as provas, notaram o que o investigador Tucson diz ser uma orgia de provas, deliberação a fim de se forjar indícios criminosos. A disposição que o corpo se encontrava impossibilitava que sua morte fosse por algum projétil, isto é, arma de fogo que deixaria rastros. Além do mais haveria a arma ao lado, assim como vestígios de pólvora em sua

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roupa. Uma vez tendo-se em vista que estava em estado avançado de decomposição, fora levado a perícia da policia do Alasca.

O Local do crime no silo agora isolado e iluminado por quase uma meia dúzia de refletores afim de que se procurar outras provas e pistas do que pudesse comprovar o porque dos investigadores terem sido para lá levados, já que até ali praticamente nada parecia ainda assim justificar se não um caso de homicídio, nada atípico do lugar de onde vieram. Mesmo tendo muita sujeira estes fizeram um pente fino, e no local do corpo encontraram fios de cabelo, unhas e usando luz infravermelha junto a um produto químico ajudava a procurar vestígios de sangue ou sêmen. E acharam semém através do luminol.

O Corpo como sendo de uma mulher concluíram que fora estupro seguido de morte, os fios de cabelos destoavam do corpo da vítima que era ruiva. No laboratório fora constatado que certamente era de outra pessoa, possivelmente o assassino, porém Theodore mesmo não sendo perito argumentou que era obvio demais, as amostras de cabelo pareciam terem sido cortadas, e mesmo se não fosse eram fartas demais, alguém com queda de cabelo seria normalmente precavido, pois pela disposição do crime havia sito premeditado por alguém razoavelmente inteligente. Além do mais as unhas cortadas soavam como um absurdo, como um sujeito além de estuprar e matar ainda cortaria suas unhas ali? Era tudo muito óbvio e claramente parecia que estes queriam incriminar alguma outra pessoa. Uma vez identificada o DNA das amostras concluíram que todas eram da mesma pessoa. Pesquisaram no sistema e curiosamente encontraram um homem que, no entanto, havia desaparecido num período pouco posterior do ocorrido crime. Teria ele fugido?

Utilizando uma tecnologia nova capaz de detectar feromônios tanto masculinos quando femininos a fim de captar variações presentes no corpo a fim de se saber se havia feromônios correspondente ao semém por meio de um delicado meio de identificação que mesmo ainda não sendo preciso o

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suficiente poderia colaborar identificar se era verídico ou não. E o sinal fora negativo. Fora encontrado uma variação grande de feromônios indicando mais de uma pessoa!

Mas ao se pesquisar o arquivo de banco de dados descobriram que fora um jovem chamado John Roberts conhecido por seu trabalho como escritor e filosofo e que era neto de um homem que trabalhara em projetos como Grill Frame como vidente. Os relatos dos moradores e da família dele diziam que seu comportamento mudara nos meses anteriores a seu desaparecimento que fora a uns seis meses, mas, no entanto, eles pareciam claramente esconder algo, pareciam tensos, desconfiados, inquietos como se quisessem que fossem logo embora. Ao olharem a casa a policia encontrou pedaços do muro quebrado e ao serem perguntados disseram que eram crianças.

Apesar de tal alegação levantar suspeita, pois em pleno Alasca brincar de pular o muro da casa alheia soa estranho, pois não havia pipas ou frutas para tal. Ladrões também dificilmente seriam... Mesmo sem as respostas para suas perguntas o investigador concordava num ponto, estava algo ocorrendo na cidade, tanto que ele não fora o único desaparecido, mas o número de desaparecidos nos últimos meses aumentaram repentinamente. Foi então que estes começaram a cruzar os dados sobre estes desaparecidos, e ao finalmente identificar o corpo da mulher descobriram que era uma analista de sistemas do MIT chamada Rachel Smoth.

Finalmente eles tinham algo novamente, mesmo que o caso cada vez ficasse mais estranho, pois não sabiam como esta mulher lá apareceu, mas tinha muita coisa a investigar e a resposta era entrar em contato com a policia de Massachvsetts que para sua surpresa nos últimos anos estava trabalhando num projeto deixado por Álvaro Watchman, até desaparecer sem dizer para onde ia a seus conhecidos. Seguindo as pistas deixadas por ela chegaram até um quarto que teria alugado em Fairbanks,

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mesmo que o proprietário tivesse anunciado a policia o sumiço da dona que ele o alugara e depois liberado. Ela teria usado uma identidade falsa o que não levou a policia no período a nada. Mesmo assim reviraram o quarto a espera de que tivesse alguma pista e fora quando um móvel virou sobre a parede que normalmente já era oca, e de onde um som dentro dela sugeriu algo lá. André se entreolhou com o Tucson como se dissessem um ao outro "vamos abrir essa parede".

Não demorou muito para perceberam que estavam certo, havia um pequeno disco lá dentro. Sem pestanejar Theodore Mitnick o inseriu dentro de seu notebook que revelou uma série de arquivos, entre eles um vídeo que explicava o porque daquilo:

"Olá, sou Rachel Smoths, se vocês estão vendo este vídeo é porque vocês acharam provas substanciais sobre uma conspiração que visa literalmente destruir a humanidade e pô-la em servidão. Vim até ao Alasca encontrar John Roberts que há muito tempo estava sendo perseguido por um grupo misterioso. Ele me revelou coisas terríveis que teria prenunciado e que teria fundações aqui, num silo que teria visualizado num sonho. Neste pequeno disco vocês encontrarão todos os relatos e de onde está sua suposta entrada." Como Joãozinho e Maria os investigadores literalmente

seguiram as migalhas e estudaram cada um dos arquivos do disco cuidadosamente, inclusive diversos projetos de Roberts, de livros inacabados e três terminados. Revelava a localização da entrada e que o sistema de proteção deste fora desenvolvido por ele, mas tinha um ponto fraco...Nestes escritos dissera que o plano original deles fracassara, apresentava falhas demais. Roberts deveria ser a solução para os próprios, porém estes antes se perderam numa irracionalidade ao destruir o que poderia ser a solução para os próprios.

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E ele era mantido sob exploração por este grupo e sob constante ameaça, tendo-se em vista que tentara sair deste lhe roubaram e sabotaram todas as chances de apenas viver sua vida e lucrar com seu próprio trabalho intelectual. Mas isso não explicava o crime contra Rachel Smoths. Pois um jovem com um histórico tão brando (apenas havia usado álcool e drogas algumas poucas vezes anos atrás, além de pequenas molecagens na adolescência num curto período de rebeldia) não explicavam o ato justamente com a mulher que a ele fora ajudar, simplesmente não fazia sentido algum para os investigadores, pois era considerado até mesmo virgem, e que simplesmente um homem tão inteligente poderia não somente cometê-lo, mas deixar evidências tão absurdamente chamativas, tal ato não seria apenas irracional, mas ilógico e estúpido! Estas perguntas só poderiam estar no único lugar que se faltava investigar novamente, a entrada secreta do silo, pois diante de todas as evidências era óbvio que armaram para cima deles. Era inicio de crepúsculo de longos dias no Alasca, e tudo indicava que seria uma longa noite.

Enquanto isso no silo o trio de investigadores agora somado com a perita Julia Fill seguiram as migalhas e descobriram que a parede no final do corredor era falsa. Havia uma porta por de trás dela onde se encontrava o sistema de reconhecimento de identidade. No entanto, nenhum deles estavam aptos a adentrar ali. Mas Roberts deixara uma mensagem em Backsmashing, tocada ao contrário no computador primeiramente dizia: "Livre-nos da dor sem limites que tens para a humanidade." As instruções dadas eram de que não seria necessário se colocar a mão no identificador, mas uma mensagem única proferida pela sua voz invertida dava acesso a liberar a entrada da porta, e esta era a mensagem.

Imediatamente o ex-hacker junto ao especialista em tecnologia tocaram a mensagem em frente ao sistema e como se falasse "open the sésamo" a porta se abriu.

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O que se viu lá dentro era um imenso espaço escuro com pequenas luzes cintilantes que oscilavam se alternando, o som de ar-condicionado zumbia levemente e a única luz próxima parecia em curto liberando um ruído típico. Na verdade parecia que algo havia ocorrido ali, algo que não havia sido descrito nos arquivos de Roberts e Smoths, adentrando com os policiais armados apontando suas lanternas em direção a escuridão a rompendo, logo encontraram outro corpo em decomposição. Um especialista de jaleco autora branco estava marcado com um enorme rasgo no peito como se algo o tivesse traspassado com uma força sobre-humana tendo atrás um monitor de computador caído e alguns circuitos destruídos, saiam algumas faíscas daqueles computadores, mas não era ainda The Machine. Seguiram enfrentando o odor daquelas carnes apodrecidas até uma porta de vidro que fechava e abria continuamente, como se algo estivesse bloqueando seu fechamento completamente era outro técnico morto. Sem cabeça, logo a encontraram no computador. Portando a tecnologia do fotoborg concluíram se tratar de infectados que se mataram mutuamente no laboratório, mas isto não explicava as marcas que simplesmente rompiam cabos de energia fortíssimos e vigas de alumínio. Ao chegarem mais adiante viram um corpo dentro de um pequeno compartimento caído, deveria ser mais um morto. No entanto ao chegar a legista Julia Fill o virou e era John Roberts! Ele estava cativo ali dentro sendo utilizado no projeto da A.L. da Bug´s Time.

Todos pensavam estar morto, mas ela verificou que tinha batimentos cardíacos, somente estava fraco por estar ferido e sem se alimentar, mas era incrível que tenha resistido. Ele abriu os olhos lentamente e disse as seguintes palavras misteriosas.

- O primeiro está solto, já começou...Vocês os soltaram...

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Diário alternativo John Roberts era um homem pouco acima do peso, talvez devido à condição que se vivia, ou melhor, sobrevivia. Um pouco calvo, era moreno de quase uns 1,80 de altura. Na verdade ao investigarem sua vida, descobriram que em seu normal era um homem bastante aventureiro, mas desde que se iniciou determinado experimento sobre ele destruíra sua vida.

Julia Fill, já ouvira falar dele na realidade, sabia das atrocidades deste grupo sobre sua família e que nunca tivera chances justas em sua vida. Mesmo sendo cristão era submetido a isto, enfrentava os demônios horríveis deles. Ela na realidade não o olhava com piedade, mas carinho, sabia de sua força em resistir a tanta covardia. John Roberts explicou que ele nunca teve motivo ou o perfil para cometer um crime e especialmente para se incriminar, mas eles por saberem que tinham o rabo preso tinham o motivo de realizarem um crime para lhe culpar. Ele se sentia grato em poder ser bem tratados por uma mulher, esses momentos eram extremamente raros em toda a sua vida. Ficava ali parado e calado apenas olhando ela cuidar dele, ver como estava anêmico e desidratado, sem ver a luz do dia por meses, e que infelizmente ao sair dali estavam entrando em mais um longo período de noite. Eles queriam saber o que havia supostamente sido solto daquele lugar, mas Roberts parecia estar muito cansado e não quis mencionar. Mas, sobretudo não fora encontrado nada que se relacionasse à referida 'The Machine', ao menos não era nenhum supercomputador.

Mas antes ao investigarem um pouco melhor o recinto encontraram um homem morto com credenciais mais elevadas, segurando uma maçã verde apodrecida. Ao seu lado havia uma pequena câmara criogenia. Os policiais se entre olharam e chamaram os investigadores imediatamente para abri-la.

Dentro dela havia uma cabeça humana. A câmara criogenia era como daqueles projetos tão em voga no final do século XX, onde ricos pagavam para ter seus corpos congelados. Eles

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estariam servindo de fonte para a criação de microchips híbridos formados por DNA para se armazenar memória num espaço muito menor e em muito maior quantidade. Mas porque aquele corpo, nem o próprio John Roberts sabia, a não ser que era muito mais antigo do que aparentava. Foi então que Julia Fill deu uma ideia peculiar...

Havia uma tecnologia nova, experimental, que se apropriava dos conhecimentos genéticos do que se chamava memória genética. Este elemento, dependendo das condições do material genético cerebral era possível se isolar neurônios específicos e decifra-los parcialmente, partes da memória, dos instantes sensoriais finais da vítima como uma espécie de caixa preta. Era uma tecnologia ainda bastante rudimentar e assim seus sinais eram bastante instáveis, além de conter um agravante, pois nem se sabia se poderia ser usado como prova. Mas digno de investigação era.

Assim em seu laboratório num computador se isolou elementos visuais e auditivos da suposta vítima depois de se identificar os neurônios da memória recente deste indivíduo. Enquanto observava a separação dos sinais principais surgiam duas linhas de sinais juntos que pareciam se entre cruzar, o especialista disse que eram outros sinais sensoriais como de tato ou olfato que sua intensidade indicava alguma ocorrência mais marcante como violência física e etc. No entanto, o que este cientista ficou perplexo é que havia uma outra linha excedente, que parecia indicar um outro sinal. Curiosos estes perguntaram e ele, e não tinha a resposta, mas ao se isolar este encontrou outros elementos visuais, seria alguma espécie de código inserido de alguma forma ali naquela mente? Nova memórias? Essa tecnologia ainda é inexistente e quanto mais num corpo tão supostamente antigo.

Enquanto se decifrava os códigos neurológicos eles se entregavam a devaneios e filosofavam sobre o caso e as estranhas possibilidades que se abriam ali a sua frente. Julia Fill brincou e

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disse que adoraria fazer este teste nos maridos que chegam tarde do trabalho em casa, isso seria ausente de qualquer mentira e mais preciso que qualquer perfume. Já o investigador falou que seria o fim dos crimes conhecidos, pois agora mesmo morta à vítima ira depor. Se os peritos antes já falavam que a cena do crime falava, o que era um fato agora a vítima e não somente o corpo falava, mas suas memórias literalmente. O investigador índio mesmo sendo normalmente avesso a tecnologia considerou em definitivo suas possibilidades e se era possível acessar a memória geral do indivíduo, como o que aprendeu, e teve por experiência de vida. O especialista que era chamado Joe David havia dito que as possibilidades era virtualmente infinitas, mas já que o cérebro em seus mistérios ainda não eram explorados por completo eles ainda não haviam conseguido explorar essa possibilidade por completo a não ser elementos de memórias aparentemente desconexos. Mas afirmou.

- Nada pode ser apagado da existência por completo. Já havia se passado um dia, estes ao chegarem da janela

ainda era noite. Julia Fill sugeriu ligar para o local seguro em que se encontrava Roberts para saber como estava e se podia falar sobre o relato do que ocorrera ali. Foi quando o computador acabou de decifrar as ondas de memória daqueles neurônios.

Na reprodução, numa adaptação sincronizada de áudio e vídeo bastante rudimentar, estava embaçada mostrava em primeira perspectiva que a vítima fugia de algo num lugar escuro, ao sair numa espécie de rua visualizou-se que era um lugar muito frio como um baleeiro talvez no polo norte. Julia Fill disse que o último baleeiro pela aparência da localidade fora desativado a mais de 40 anos, o sujeito que no vídeo parecia fugir de algum lugar escondido nos subterrâneos deste baleeiro se deparou de repente com dois homens, estes com os olhos tão repletos de ódio o tentaram o cercar enquanto falavam uma língua que não eram

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capazes de identificar. Era português, disse Theodore. Este estava aterrorizando a pessoa quem quer que fosse, e falavam que iram cegá-lo por isso e o acertaram algo nele. As imagens ressurgiram vagamente de volta ao lugar escuro, não se era possível ver claramente, mas haviam pessoas falando algo a respeito provavelmente deste que era de alguma forma mantido cativo ali. Estes disseram que não havia outro, mas que estavam exposto e deveria iniciar o ritual. Que ritual? Não iria demorar a se saber...Era uma espécie de templo de algum tipo de seita diabólica do qual pareciam estar prestes a mata-lo e a cena sugeriu um lugar iluminado por velas com símbolos, homens vestidos de branco e um sentado num trono, cantavam algo em latim e a perspectiva da vítima mostra o horror diante dos olhos tão repletos de ódio e rancor daqueles homens. Um pegou uma espada em direção a ele e simplesmente tudo se acabou.

Eles ficaram estarrecidos, mas agora tinha uma nova pista, buscar algum lugar semelhante a um baleeiro desativado nas mediações do Alasca e do Polo norte. Curiosamente por mais insólito que fosse ao contatarem por telefone John Roberts e relatando o caso, ele disse que Álvaro Watchman tinha uma residência num lugar semelhante por mais absurdo que fosse!

Mas antes que estes resolvessem ir até o local ainda havia mais uma coisa, o sinal anômalo daqueles neurônios foram decifrados e eram imagens mesmo que curiosamente não ligada ao sensorial padrão!

Ao colocarem a imagem no monitor o que se viu deixou todos calados de tão perplexos, era uma visão aparentemente dos tempos atuais. Uma espécie de cabeça altamente tecnológica, e de repente um homem de casaco marrom de costas parece mexer em algo quando aparentemente um tipo de armadilha lança algo contra ele. Este ao cair era ninguém menos que o investigador índio!

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Viagem para Cydonia Mesmo com a insistência de Julia Fill em ir até ao local junto aos três, lhe fora negado, era fora de sua jurisdição e considerado demasiado arriscado. Além do mais ela tinha de finalizar os casos ali encontrados, e certamente seria longa à noite deles tendo-se em vista a imensa quantidade de coisas a fazer naquele silo. Claro, que faltava John Roberts responder muitas perguntas em relação ao misterioso silo além de dizer onde fica a suposta casa de Álvaro Watchman. Assim os quatro partiram para o mesmo lugar antes de se separarem, o abrigo seguro de Roberts sob a vigilância federal. Ao entrarem, o índio ainda perplexo com que acabara de ver no vídeo buscava se conter diante de tudo aquilo, eram muitas as perguntas a serem respondidas, muitas as peças soltas, a começar pelo que teria provocado o estrago no laboratório do silo. John Roberts estava deitado numa cama e se sentou quando este chegou, estava visivelmente melhor, um raro momento de esperança para aquele jovem, em pensar ter uma vida novamente, mesmo que com diversas observações de segurança.

Logo Roberts falou que no laboratório estava fabricando um imenso protótipo feito com tecidos humanos em simbiose as partes robóticas, uma espécie de ciborgue em conexão continua com a 'The Machine' do qual apenas parte dela ali estava como parte de um conjunto de máquinas espalhadas estrategicamente como antes nos computadores. Conforme eles haviam comprovado estava sendo usado tecidos humanos e DNA não somente na construção de superchips, mas de uma espécie de máquina viva ou semiviva. Ele explicou que se colhessem provas de todas as amostras de chips e até mesmo do cyborgue encontrariam um só DNA o que era proveniente da cabeça que pegaram congelada.

Ele disse que teria sido ativado pela própria consciência virtual da 'The Machine' que após ser desarmada dos demais computadores buscava neste plano de contingência usar este experimento como uma espécie de reativador para estas conexões

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do qual provavelmente deve ter rumado a casa de Watchman. Alguns outros infectados também poderiam estar atuando em outras partes do planeta a fim de restabelecer as conexões que uma vez todas re-conectadas contra-atacariam em todos os sistemas informatizados provavelmente afim de re-haver o domínio sobre o homem. Pelo avanço tecnológico e nossa dependência destas tecnologias ao menos os países mais sofisticados ficariam a mercê desse caos.

Estas informações foram descobertas por Roberts por acaso, uma vez que não tinha acesso a elas diretamente e nem aqueles que lá estavam no laboratório com exceção do doutor de alta credencial o que não impediu que ele morresse. Roberts se escondeu na pequena cápsula onde dormir apenas saindo para pegar alimentos e fazer suas necessidades, pois era virtualmente impossível o cyborg entrar lá, ele estava lutando para sobreviver por temer que fosse morto após a conclusão do projeto do qual o próprio cyborgue estava inacabado. Era vital que se estabelecesse um campo de busca em toda área local enquanto a equipe fosse até a casa de Watchman, pois provavelmente este precisaria não somente recarregar-se em suas partes mecânicas como até efetuar provável manutenção tendo-se em vista que ainda estava inacabado e apresentava algumas falhas, motivo pelo qual teria matado os próprios dos seus.

Robert finalmente anotou num papel as coordenadas da localização da casa que fica próximo a Deadhorse nas mediações do círculo Ártico. Na verdade era um pequeno palácio construído em meio ao gelo destoando pelo isolamento e sendo um contraste ao frio daquele lugar. Aquele lugar era uma casa para seu morador, mas uma armadilha para os invasores, mesmo que eventualmente alguns dos próprios acabassem por serem vítimas de seu próprio engenho.

Enquanto isso um grupo de caçadores fica de emboscada para pegar um urso, no entanto, na escuridão com a visão afetada estes apesar de utilizarem óculos de visão noturna que se tornara

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tão comum a estes dados os longos períodos de noite acabaram por atirar não num urso, mas em algo maior que se movia com uma destreza apesar de pesada era incomum que ao ser baleado ao invés de fugir parou de se mover. Não como morto, muito pelo contrário, este repentinamente se virou e sem antes que aqueles homens pensassem em fugir foram simplesmente massacrados por esta criatura.

Se tratando de um caso no mínimo incomum, Julia Fill tratou de primeiramente pedir emprestado ao governo o satélite que tinha a fim de buscar rastrear alguma assinatura de calor e movimento incomum ao longo de sua jurisdição enquanto ao entrar em contato com a DP buscaria cruzar os dados de possíveis ocorrências de violência e crimes nos últimos dois dias para cruzar estes dados e fazer uma triangulação que permitisse localiza-lo. Seguindo este plano simples não fora difícil averiguar as ocorrências e identificar uma trajetória desde que era descrito pelas testemunhas como uma espécie de Pé Grande. De fato, ele fora criado para passar desapercebido em meio à neve, mesmo que mais próximo fosse evidente não se tratar de uma criatura qualquer. No entanto, ao seguir o conselho de Roberts estes não o destruíram, pois somente este robô além dos que morreram no laboratório tinha acesso livre a casa de Watchman. Eles tinham duas possibilidades: a primeira era captura-lo e tentar-se extrair sua chave de acesso para a casa e a segunda apenas segui-lo e esperar a oportunidade para entrar lá. Porém, este ainda utilizava de sistemas interligados o mesmo que o ativou, de modo que havia um satélite similar ao usado pelo governo do qual observava o mesmo campo de visão a sua volta a fim de precaver possíveis ataques numa área deserta, por exemplo. Este objeto orbitante era capaz de localizar e identificar artefatos de projeteis, armas de fogo e até bases de mísseis próximas que pudesse oferecer perigo. Isso reduzia bastante a situação...

Este protótipo seguia um claro plano de trajeto do qual visava evitar as ruas e a civilização. Ainda não tinha sido instalado

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um sistema que pudesse torna-lo capaz de voar e infelizmente por ser incapaz de seguir tudo sem parar teria de fazer algumas escalas, o que obviamente envolveria encontros com a civilização. E logo localizaram ele pelo satélite, era possível se observar ele se mover sorrateiramente pelas frestas da arvore, mas logo havia um pequeno vilarejo a sua frente... Imediatamente alertaram as autoridades locais, mas por estar começando uma nevasca tornava inviável enviar um helicóptero para intervir e até mesmo ir rumo a casa de Watchman, se não de carro. Ele estava em rota de interceptação com a Artic Vilage.

Ao chegarem um dia depois encontraram o vilarejo deserto em meio à tempestade na escuridão, isso seria comum se não fosse um porém: toda a luz parecia cortada. Portanto uma arma típica da Elite de casos especiais cujos projeteis se ajustava de acordo com a distância e dano pretendido pelo disparo a ser regulado pelo atirador, era um tipo de arma ultramoderna que contava com uma espécie de balas inteligentes carregáveis de forma independente pela máquina de acordo com a programação. Estes soldados portando mascaras protetoras de frio e até mesmo de possível ataque radioativo (pois este protótipo assim lançava como arma), estavam totalmente de branco para se camuflarem na neve, mesmo que isso não impedisse que fosse identificado pela visão diferenciada deste e até mesmo pelo satélite, e assim estavam preparados para um ataque repentino. Esperava passar a tempestade, mesmo que as nuvens dificultassem a visibilidade espacial deste satélite, não a impediria por completo. Seguindo as fontes de calor por um equipamento especial assim como diversos aspectos de energia, logo estes detectaram uma fonte de ambos e o esquadrão se dividiu ao sinal do líder. Enquanto outros ficavam de guarda.

De repente estes ao cercarem o local onde provavelmente se recarregava, mas um distúrbio na bússola ocorreu afetando seus equipamentos. Nervosos estes acabaram por se precipitar e mesmo sabendo que não poderia lançar disparos que o destruía-

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se investiram com a força quase máxima de suas máquinas. De longe seus superiores só observaram clarões de disparos e pedidos de reforços pelo comunicador. Estes pediram para fazer a triangulação do lugar e protege-los, mas uma explosão os fez mudar de ideia, recuando até uma casa. Dois ficaram para trás, e os que entraram pediam socorro à base pelo comunicador, mas a tempestade ainda não havia acabado e não poderia vir um helicóptero ao menos.

O líder tirou o capacete e falou para colocarem suas armas no manual a fim de evitar interferências. Porém enquanto ele falava, um subordinado notou algo estranho que desviou sua atenção dos demais do grupo. Um parafuso solto encima de uma mesa começava levemente rolar e em seguida uma caneca de metal, ao notarem a falta de atenção do soldado não somente o líder como os demais viraram-se para onde este olhava.

Praticamente entraram em pânico por temerem muito passarem de caçadores para caça e logo o líder parou de falar e observou enquanto a bússola começava a girava sem parar. As partes de fora da casa eram feitas de telhas de metal e começavam a se mover também em intensidade crescente. Cada vez mais agressiva aquela força começou a intervir diretamente em seus equipamentos e até na roupa delimitando seus movimentos o que fez o sangue deles fervilhar. Era como um imenso imã que a tudo sugava e lançava ondas de energia fora da escala padrão identificável.

Aquilo, seja lá o que era, criava uma campo magnético estranhamente poderoso, algo que não compreendiam, e já praticamente sem suas roupas especiais, portando apenas um lançador de redes estes resolveram se espalhar estrategicamente quando algo de repente rompe pelo teto e caí entre eles. Imediatamente os disparos iluminam todo o recinto como se fosse uma discoteca, mas aonde aquela criatura terrível no meio, sozinha ia eliminando um a um. Era uma máquina formidável deve-se admitir, um só movimento derrubara os pilares da

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pequena casa a fazendo desmoronar parcialmente, os disparos faziam sair faíscas e mesmo sabendo que não poderia destruí-la - pois, sobretudo poderia iniciar a ativação de um pequeno artefato nuclear - dois dos homens lançaram uma rede de aço sobre as costas desta. Ao cair se remexia no chão, fazendo um buraco imenso enquanto ao perceber que o campo de força fora desativado imediatamente o líder pegou um pequeno PEM e disparou um Pulso Eletromagnético de curto alcance a desativando. A máquina de repente parou e como um imenso bloco de metal com partes moveis aparentemente vivas caíram desarmando-se. Ao olhar para o lado, aliviado, o líder imediatamente fora ver como estavam os demais, e apenas um além dele havia sobrevivido com muitos ferimentos. Mas a missão fora cumprida, mesmo que a um alto custo.

Cansado e ferido o líder do esquadrão foi até a parte designada e retirou um pequeno artefato aprova do PEM e ligou em seu comunicador para reativa-lo de modo a informar sobre a missão. Livramento no Labirinto Tecnológico Os poucos que sobreviveram do ataque acreditavam que não iriam resistir até a chegada do resgate. O líder do esquadrão era o que estava em melhores condições, mas ainda assim estava ferido e cansado demais para caminhar até o comboio. Restava a eles esperar. Quando o resgate finalmente chegou com o término da tempestade um dia depois, a situação do sobrevivente era precária, mesmo com os primeiros socorros prestados e com mantimentos para alguns dias o estado era grave. Logo a perícia constatou que os habitantes que sobreviveram fugiram com suas famílias dali e os danos haviam sido grandes. Alguns se esconderam e os que tentaram defender o perímetro da vila morreram ou acabaram fugindo feridos. Ao entrarem no galpão após recolherem o que sobrara do esquadrão, ficaram perplexos com o tamanho da máquina. Caída no chão e envolta na rede que

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os soldados lançaram agora estava desligada, e finalmente todo mal havia cessado!

Ao finalmente trazerem a máquina, o trio de investigadores após resolverem aguardar a fim de pegarem as "credenciais" da máquina para entrarem, perplexos perguntaram a Jonh Roberts como ela teria passado por eles no bunker.

A Resposta é que ela já havia se ativado, mas os cientistas bloquearam a passagem e com a mensagem em smashbacking que ele deixara para abrir a porta ativara o sistema de emergência liberando uma outra saída.

Mas uma das coisas que a perícia que cuidava das vítimas eram à forma como elas estavam mortas. Com buracos de bala, mas sem estas no corpo. Isso porque, segundo, Roberts a máquina utilizava balas feita de água, isto é, gelo quando o alvo não tinha uma densidade muito grande, especialmente humanos afim de justamente não deixar rastros e ser uma fonte de munição cujo material é pego diretamente no habitat. Aquela máquina de fato trazia uma tecnologia formidável e o equipamento de empuxo magnético era uma arma poderosa contra a própria tecnologia alheia. Sobretudo haviam tecidos vivos que ainda estranhamente reagiam a sinais e impulsos o que indicava haver uma rede neural liga a este.

- São usadas células-tronco para recriarem todo tipo de

tecido com a forma que quiserem de modo a aplicar a esta máquina, demonstrando um domínio no campo da genética igualmente imenso ao da robótica e informática criando um verdadeiro monstro. – disse ele.

- O interessante deste complexo do corpo humano, é que nas células da cabeça era possível se extrair tudo isto, e sabendo-se até mesmo com o estudo aprofundado do cérebro humano, mesmo que ainda incompleto, havia partes cada qual especificas a cada campo assim os neurônios de memórias vividas por experiências reais aquelas ligadas a sonhos e a criatividade,

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imaginação e etc. Estas por sua vez se mostrava irregulares e desconexas, não continuas ou lineares. – completou.

Uma vez acabando estes estudos preliminares o trio de

investigadores munido de uma equipe de proteção teriam de partir agora, o índio, por mais que temesse aquela visão teria de ir e enfrentar seus medos. E assim foram...

Ao chegarem próximo ao local puderam observar os destroços da antiga estação baleeira no Ártico vista nas memórias da "cabeça", e logo adiante uma construção imponente quase como um castelo se erguia do gelo. O índio sentia o cheiro do mal que o espreitava naquele lugar a fim de tragar sua vida, mas não poderia negar seu compromisso.

O helicóptero teve de pousar, no entanto, um pouco antes do baleeiro somente, pois não havia lugar mais próximo para pouso, teriam de caminhar até a casa. Uma vez pousando e, portanto, o comunicador que os liberasse a entrada rumaram em meio ao silêncio do lugar apenas entrecortado pelo vento. Passaram pelo baleeiro deserto, destruído e fúnebre quase como se pudesse sentir as coisas que ali já ocorrera. Não havia uma igreja lá, mas o índio fazia sinal de oração em pensamento de forma estranhamente introspectiva. Mas adiante algo se move entre o gelo por de trás de um reservatório de água. Seria um guardião? Imediatamente os soldados tomaram a frente e apontaram suas armas de forma defensiva apenas esperando uma confirmação visual positiva que possibilitasse atirar. Mas o Tucson percebe que é um urso, e ao reconhecer o animal fala para o soldado abaixar a arma colocando sua mão sobre o cano. Visse então algo belo, partindo em meio ao gelo até sua cor se fundir com este e assim parecer desaparecer.

Quando chegaram perceberam uma construção bastante sólida do modo antigo, parecia quase um típico castelo medieval. Construído com pedras, definitivamente não era possível de se entrar à base de tiros e explosões, não sem ao menos danificar o

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lugar, pondo em risco até mesmo a captura do antivírus. Na porta estes pegaram a peça-chave do cyborg e a acionaram.

Imediatamente ao se abrir, luzes se acendiam e revelava um interior completamente desconforme do exterior. Um galpão enorme repleto de pinturas antigas contrastavam com a alta tecnologia do lugar, como se passado e futuro coexistissem, numa simbiose hora exótica ora desproporcional e antiestética como meramente um galpão que guardava relíquias e tesouros desconhecidos de diversas épocas. Estes entraram lentamente observando o lugar e toda aquela riqueza seria suficiente para deter qualquer ladrão se satisfazendo com aqueles achados, pois o verdadeiro tesouro estava além. Chegaram até um sistema que revelava supostamente o mapa da estrutura local que fora igualmente ativado com a peça-chave, mas sem revelar detalhes da estrutura do complexo que se expandia tanto para cima quanto para baixo, nos subterrâneos. Se não fosse por tais elementos apenas se concluiria que tudo que aquele lugar tinha era aquele imenso galpão, mas logo fora indicado a porta de um elevador de acesso as demais áreas.

Era tudo muito fácil demais, Tucson não parava de pensar e sugerir isto. Afinal ele tinha motivos. O acesso a relíquias verdadeiramente valiosas estavam abaixo, onde John Robert dizia estar a entrada da caverna que levaria até onde um suposto artefato cósmico teria sido descoberto. Então eles resolveram dividir o grupo um para a parte superior onde estaria a central nervosa daquele complexo e centro de computação de todo sistema coletivo, a The Machine, o índio desceu junto com alguns soldados enquanto o restante subiu. Certamente eles não se sentiam a vontade naquele lugar, havia um quê sombrio, mas não podiam contar com ninguém que fosse capaz de ajuda-los verdadeiramente naquele momento.

Ao chegar no subterrâneo que era há uns 100 metros abaixo da superfície a porta se abriu lentamente criando uma imensa expectativa, mas igualmente ao galpão principal as luzes

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iam se acendendo lentamente. Porém muito mais fracas provavelmente para preservar as diversas relíquias. E o que se viu fora indescritível. Estátuas de diversas culturas, pinturas, ouro, pedras preciosas, máquinas protótipos e artefatos esquisitos extremamente antigos mais igualmente engenhosos e até múmias e seres estranhos não descritos ou catalogados. Era tudo mantido de forma climatizada com um ar purificado e umidade rigorosamente controlada num termostato. A sua direita haviam alguns livros que imediatamente chamou a atenção do índio, ele era fascinado por arqueologia e certamente aquele achado o descontentou fazendo-se até mesmo parcialmente esquecer do risco que corria. Ao olhar superficialmente a pequena enciclopédia viu diversos títulos como: O ‘Tratado do Tempo’ de Heidrun Adail, ‘Diários de Enoque’, alguns pergaminhos apócrifos sejam estes verídicos ou não, livros de magia, ciência até relacionado a grandes personalidades, mas nunca publicados, assim como livros que tratavam particularmente de outras civilizações e de bastidores da história, chamando-o atenção um livro intitulada: A História Negra da Humanidade, que o fez imediatamente fixar-se neste o pegando lentamente. Ao desfolhar havia relatos detalhados dos bastidores de grandes momentos da humanidade desde a Antigüidade, revelando nomes desconhecidos a ocorrências estranhas suprimidas da história. Ele sentia-se feliz em pegar naquilo e saber que tudo era registrado e não simplesmente perdido no tempo. Ao seu lado havia uma estátua de uns dois metros que se perceber era exatamente que era retratado na estranha visão da "cabeça". Todo aquele aparato e ele não havia notado que aquela estátua que era uma mistura de personagens astecas, mas desconhecido, que piscava uma pequena luz quando este se aproximara. Era uma armadilha. Sem querer ele deixou um pedaço de folha solta dentro do livro cair e ao se abaixar para pegar gelou, ele havia se lembrado daquela cena!

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Imediatamente este recuou largando o livro e ao olhar reconheceu o artefato que na realidade era uma espécie de guardião que baixou uma arma até ele para atingi-lo fechando o acesso aos livros, passando por ele de fino.

Era um alerta, o índio consegue escapar graças ao mostrado na profecia as ocorrências eram perfeitamente descritas. Aquela estatua-robô não saia do lugar na verdade, apesar do temor dele, mas estava apenas para proteger aqueles conhecimentos.

Ele profundamente perplexo se ajoelhava e dizia ser grato aquele homem mesmo que tenha falecido quando nem ao menos havia nascido, Theodore disse que não se tratava meramente daquele homem, mas de uma força maior, Deus, que utilizou de uma profecia do qual em sua onipotência saberia servir de algo num futuro. Este divagou sobre a essência destas profecias que de nada valeria Deus revelar algo se não se pudesse altera-lo, afinal qual seria a moral de uma profecia? Ver e não poder mudar, a Síndrome de Cassandra era demasiado incoerente e injusto. Na concepção desta, o próprio Senhor Jesus viu que morreria, e o viu como necessário a Ele no caso, mas o próprio consciente com um propósito superior e posterior, pois Ele ressuscitaria no mesmo corpo morto há três dias, afinal era o Cristo! Era perfeita a concepção moral de Deus...Tudo havia um porque. O Capitão que estava junto ao grupo argumentou.

- Tudo de injusto, cruel e sem uma moral que ocorre no

mundo não signifique um Deus injusto ou sua simples inexistência, mas a existência do maligno, a razão da falta de razão, a anomalia e imperfeição deste mundo.

- Se fosse para ser algo simplesmente inevitável Deus nem revelaria, se não fosse para um propósito superior de moral muito menos. Mas adorar o homem que previra? - Argumentou o tenente que era cristão, afinal nem vivo estava.

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Mas antes que estes entrassem numa discussão teológica e bíblica ele interrompeu novamente e disse que mesmo que aquele fato mudasse definitivamente a concepção da ciência eles tinham algo mais importante a fazer.

Tucson apesar de ter crenças típicas de seu povo em seus ancestrais apache, se tornara cristão mesmo que não praticante e este acreditava que Deus somente livrasse os abastados, os seus fieis servos. Sentindo-se aliviado, estes perceberam que era necessário voltar ao foco central e deixar aquilo para os pesquisadores especializados e rumaram até uma porta com estranhas inscrições. Lá dentro estendia-se um estranho corredor para baixo até uma espécie de antiguíssimo templo ao descerem acenderam suas lanternas e lentamente a luz destas iam revelando peças incrustadas nas pedras antigas, mas que pareciam ter alguma função além de embelezar ou ensinar algo. Eram como uma espécie de engrenagens do qual levavam até uma mesa de pedra onde havia umas três tábuas com inscrições em inglês e português! Memórias de uma humanidade decaída Quando o índio resolve ler o que está escrito nas placas, um ruído forte e intenso surge do topo daquelas antiguíssimas escadarias e uma sombra começa a crescer sobre ele tapando todo restante de claridade que vinha do alto. O capitão imediatamente corre na tentativa de impedir que seja lá o que fosse fechasse a porta, mas era tarde e ficaram trancados lá dentro. Imediatamente o índio que era tão durão começou a se lastimar de que aquela premonição que o salvara teria sido meramente um aviso para não seguir a diante.

- Deixe religião fora daquilo, pois não é o caso. – disse o capitão.

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Depois de verificarem todo o lugar descobriram que aquela entrada também era a única saída. Tentaram então contatar por rádio, mas havia forte interferência.

Enquanto isso na parte superior daquele lugar Abner Nakamoto ao sair do elevador sentiu-se de repente como estando numa casa. Havia um grande corredor com muitos quartos e um saguão principal, bastante convidativo aos funcionários e um ótimo disfarce em caso de visitas não convidadas. No entanto, logo adiante identificaram uma pessoa caída morta, e ao virar mais uma. Realmente aquele lugar era muito convidativo e hospitaleiro, mesmo que para estes em algum momento tenha se tornado uma armadilha, pelo qual padeceram sem qualquer ferimento, mas provavelmente algum tipo de contaminação. Obviamente aquele lugar era muito mais que uma mera casa, mas já que eles haviam entrado pela entrada de serviço que por si só já era numa espécie de depressão, a parte principal se assemelhava bastante a uma casa. Estes, no entanto, andaram com bastante cautela no recinto, estabelecendo o perímetro e seguindo o mapa visto e copiado no saguão do local de onde entrara com a intenção de se chegar o quanto antes ao objetivo, The Machine.

E não demorou muito, seguindo até o fim do corredor à direita depois de toda verificação por meios tecnológicos a fim de identificar alguma armadilha e chegaram até o local determinado, a grande porta metálica provavelmente de titânio tinha um painel similar aos anteriores onde se usaria a mesma chave capturada do cyborgue e pronto! A porta estava se abrindo, e revelando um recinto completamente oposto aquele que aparentava uma mera casa, e revelou um lugar repleto de computadores ultramodernos e ao fundo as luzes que ia se acendendo revelava a tão procurada The Machine. Mesmo sabendo-se que tamanho não é documento, se tratando de tecnologia e ciência e quanto menor era melhor a imponência ultrassofisticada da máquina em sua potência, justificava o tamanho. Era uma espécie de mega-servidor do qual detinha uma espécie de backup de tudo que era aproveitado e

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capturado na rede além do TerraAlfa. Lá finalmente se encontrava a grande máquina central onde o egocêntrico Watchman naquele ultrassofisticado equipamento realizava seus experimentos virtuais, seguindo as instruções estes finalmente encontram seu centro nervoso, era não muito grande, e havia uma pedra verde nela incrustada na CPU. Mas que estranhamente não era apenas uma fonte de energia como do plutônio, mas inexplicavelmente mantinha relação de simbiose como extensão da máquina funcionando como parte do próprio superchip.

Daquele mega-servidor de 25 terabytes um pequeno trono de conexão como preferiram chamar era o meio do operador se conectar a aquela coisa que fazia jus ao nome que tinha, portando tecnologia fotoborg era monitorada por diversos outros computadores que trabalhavam no programa. Aquilo tudo funcionava por conta própria, pelo sistema de emergência cuja fonte de energia ainda não haviam identificado, mas certamente era forte o bastante para manter aquela máquina e um poderoso sistema de ar-condicionado afim de resfria-la. Ao lado desta havia uma imensa sala, que conectado a esta máquina gerenciava a própria casa além de outros estabelecimentos do qual o silo em Fairbanks se incluía, as dezenas de pequenas janelas de imagens destas câmeras que se abriam na mega tela de plasma revelava diversos cantos e lugares estranhos e abaixo estes viram o investigador no nível inferior movendo sua lanterna. Não demorou muito para perceberem que estavam presos ali e que aparentemente a máquina começava a liberar uma espécie de gás para mata-los. Imediatamente estes tentaram contata-los pelos seus comunicadores também em vão, quando um pequeno alarme soou avisando que um sistema interno bloqueava estes sinais. Restava a eles apenas uma coisa, entrar na The Machine pelo sistema fotoborg através da Realidade Virtual com a chave do borg que era o único meio de se desativar aquela armadilha, e André se prontificou a isso sob a monitoração de Nakamoto

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mesmo que aquele sistema lhe parecesse tão estranho em sua interface visual.

Enquanto isso sem perceberem o mal que se colocaram sem saber o capitão e o investigador Tucston resolveram investigar as lápides que apesar de aparentemente tão antigas continha inscrições em português e inglês. Era estranhamente como uma espécie de manual de instruções para nossos tempos, porém sem entender seguiu-se mais adiante e lá vira uma história que narrava eventos ali ocorridos a muitos milhares de anos atrás...

"Algo havia caindo do céu. Nas lendas contidas naquelas tábuas outrora incrustadas no gelo, seria um ser de outro mundo, que ao cair partira uma espécie de pedra que este portava. Muitos séculos depois um pequeno grupo de homens teriam encontrado uma pequena urna incrustada no gelo, o povo cujos sobreviventes daquele estranho encontro outrora seriam os esquimós encontraram um fragmento desta pedra verde que forjara reinados e os destruíra, estes seres "vindos do espaço" conforme descreviam, com estes teriam se cruzado com alguns... "

Neste momento Theodore Mitnick se conectava ao TerrAlfa.

Uma vez imergindo seus sentidos no mundo virtual, ele vislumbrou uma interface visual fantástica como um mundo de cardápios de opções onde podia-se acessar registros de cada usuário no período em que foram registrados. Haviam mapas, fotos, vídeos e filmes, livros e uma série de coisas muitas dos quais jamais reveladas, era um mega acervo de tudo que a humanidade já havia produzido no período do qual infelizmente se tornava impossível se acessar os mais recentes, pois o mainframe não estava mais conectado a rede mundial. Logo naquele mundo via-se construções e criações virtuais pelas mais diversas pessoas, de usuários amadores e profissionais, mas por mais que aquilo o

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deixasse lisonjeado tinha que se focar em alcançar o objetivo central e imediato que era de se localizar a monitoração e desligar o gás. Mas antes ele topou com registros relativos a este sistema de defesa e descobriu um vídeo que mostrava os funcionários dali sendo mortos por este gás liberados pelo próprio The Machine a amando do próprio Watchman. Preocupado este viu que não era apenas Tucston e os que o acompanhavam nos subterrâneos que corriam perigo, mas eles também, e assim foi diretamente até os sistemas de segurança do local.

Viajando por um intrincado de cores, obras e corredores intermináveis virtualmente estes perceberam que aquele mundo era controlado por uma entidade de AI ali presente. Pois não consegui acesso a interface de segurança, logo um grito estranho irrompeu aquele mundo, era a dominante entidade. Ao procura-la toda a interface se retorceu mediante um ruído irritante, tornando as outras entidades virtuais torcidas e contorcidas até que do meio delas surgiu um imenso rosto bastante comum a eles, era o rosto do ego virtual de Watchman que se erguia imponente do meio de bits bytes como se rompesse a estrutura binária daquele universo como um deus naquele mundo.

Completamente animalizadora a figura de Watchman antes como um avatar para o próprio em sua cama, parecia, no entanto completado sua missão improvável e absurda, do qual mesmo que não fosse o próprio tinha por objetivo passar todos seus traços a esta Entidade Virtural (EV) de forma a ser reinante. Silva sem saber o que fazer buscou em seu menu armas e um meio de tribla-lo, mas como combater uma EV que torce as próprias leis de seu mundo como um deus ex machina? Fugindo pela interface a EV Watchman ia destruindo tudo a seu caminho atrás dele do qual só não o desconcertava, pois seu propósito era aumentar a realidade daquele mundo a fim de lesar o cérebro do usuário se não penetrar em sua mente baixando suas salvaguardas. Silva sabia disso, e Nakamoto do servidor operacional também. Ele começou a passar instruções a Silva enquanto buscava inserir obstáculos

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sobre Watchman enquanto escapasse e disse para procurar a base do sistema para desliga-lo por completo. Enquanto fugia pelo labirinto de corredores virtuais do TerraAlfa acessava uma interface operacional sob instruções de Nakamoto para poder saber como desligar o programa e descobriu que só se poderia pelo Hardware, numa espécie de disco de memória chamado The Stone. Ao ver esta informação imediatamente Nakamoto buscou informações da localização dela, no The Machine, e informou que era atrás da máquina se entrando numa pequena porta. Nakamoto fez um sinal aos soldados informando e ao verem que estava trancado arrombaram a porta com um tiro que, no entanto, fez soar um alarme no TerraAlfa irritando muito mais o EV Watchman que imediatamente começou a lançar o mesmo gás que estava lançando no subsolo para mata-los.

Tão logo Nakamoto se levantou depois de ver a descrição da peça e em meio a luzes de ledes ultramodernos o localizou abaixo do imenso mainframe uma estranha pedra verde luminosa que parecia cintilar com o processamento da máquina, ele enfia a mão e desconecta os plugs a puxando, e de repente o EV agoniza torcendo todo o mundo virtual até apagar soltando Theodore. O sistema do lugar todo soa um alarme após as luzes se apagaram e o gás para de sair enquanto nos subterrâneos os investigadores já sufocados ouvem e percebem que a porta está se abrindo lentamente. Mesmo com pouca força estes sobem rastejando pelas escadas que ao chegar ao topo sente novamente o ar limpo. O elevador se abre sozinho como se chamasse para sair daquele lugar e eles vão correndo em direção a ele que ao subir parecia claramente lacrar o depósito subterrâneo de relíquias para protege-las.

Enquanto isso, a equipe de Nakamoto os localiza no elevador que ao chamá-lo surgem lá em cima, de lá estes sabem que tem uma saída frontal do topo do prédio e correm seguindo o mapa, pois conforme as instruções de Nakamoto a parte principal da casa será destruída para cobrir a The Machine e proteger as

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relíquias. Ao chegarem na porta para o mundo exterior estes a abrem fazendo o vento frio com seu ruído lá de fora entrar destoando do alarme. Cansados eles correm alguns metros quando de repente tudo aparentemente explode a deixar rastros iluminados o céu e fazendo um ruído imenso se estender por todo horizonte que ao observarem percebem que a imensa galeria de gelo que cobria o mar se fende fracionando completamente um horizonte branco de gelo em grandes icebergs. Tucston fica temeroso em relação a isso por temer que os atinjam, mas eles estão em terra firme, logo eles se sentam no gelo cansados, e Nakamoto tira a The Stone de uma sacola. Ao olhar aquilo Tucston comenta que lera sobre ela e conta tudo que leu enquanto os primeiros raios do fim de uma longa noite surge no horizonte... Sendo aquela pedra uma lenda verdadeira ou não essa resposta certamente não poderá ser respondida da forma como gostaríamos. Ao vê-los de longe como pequenos pontos numa imensidão branca apenas entre cortada pelo mar e pela fumaça da casa parcialmente destruída, percebe-se, no entanto que ao invés daquela explosão cobrir o subterrâneo o expôs revelando toneladas de relíquias de histórias jamais contadas pela história humana.

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II Rex Virtualis: Realidade & Virtualidade

"No campo da ciência, aprendemos quão grande é a estranheza do mundo." Robert Oppenheimer Interludium O Vento é o ar em movimento, sabemos nós que este movimento se dá pelas variações térmicas, pois o quente tende a subir e o frio a descer, fazendo assim que essas camadas de variações de temperaturas manifestas no ar se movimentem provocando assim a renovação, o equilíbrio climático e atmosférico, vital para nosso mundo. O vento é a manifestação do mundo em busca do equilíbrio, e de renovação, tanto que onde há muito calor, é posterior que venha-se um temporal, que é justamente a justaposição desta variação.

O vento é tão poderoso que este até mesmo trás areia do Saara sobre a Amazônia, fazendo-a atravessar o oceano até aqui. Mas quem não gosta de uma boa brisa? Por a acaso a ausência de vento, não é prenuncio de temporal? O Vento forte é a ira de Deus, a busca do equilíbrio que o homem retira. Quem pode ver o vento, quem pode ver Deus? Assim é o espírito e o que pode nos traz sabedoria ou a ruína, o firmamento não se destrói com o vento.

O Vento é tão importante, que o chamado novo mundo não teria sido descoberto pelas caravelas, o Brasil simplesmente seria um lugar apenas habitado por povos indígenas, extremamente primitivos. Estas caravelas dependiam primordialmente das correntes de vento para navegarem, sair do lugar, suas velas eram içadas de acordo com a direção e intensidade dos ventos. Para se ter uma idéia, existiam alguns pontos do oceano que eram temidos pela sua ausência, "calmaria", como o mar de sargaços em que muitas vezes embarcações passavam dias e dias presas sem sair

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do lugar por falta de vento, muitas vezes sendo fatais a seus tripulantes, que pereciam de doenças, sede e fome. Esses pontos do globo eram tão terríveis e conhecidos por serem repletos de algas e névoa graças a falta de renovo provocada pelo vento. Sem o vento o ar estagna, apodrece, a exemplo das descobertas subterrâneas onde muitas vezes o ar se torna venenoso. Por isso antes de cuspir contra o vento, lembre-se, isso pode se voltar contra você. Deus fala pelo vento, sobre o vento assim como seu sopro fora de vida ao homem. Os oceanos, a terra, seriam um lugar morto sem o vento. A ausência de vento é mal pressagio.

O Vento e o tempo são ligados...Pois onde não há tempo, não a vento, o vento é necessário para a renovação, é ele quem trás boas novas, os bons ventos. O vento é invisível, de modo que provasse que não devemos julgar nada pelo rótulo, pois a essência é como o vento, é espiritual e incapturavel, ou você consegue prender o vento dentro de um recipiente? O vento se sente, e se respira, mas nem todos capturam sua essência, seu conhecimento.

A Escuridão dominava as ruas da antiguidade na velha Europa. Ruas compridas e frias se perdiam no horizonte cobertas por uma nevoa que tornava a visão turva e limitada, quando surgindo em meio a esta alguns homens corriam silenciosamente pela escuridão carregando diversos baús de madeira como quem fugissem de algo. Foi então que ao chegarem a um porto a nevoa se dissipava revelando outros homens e uma pequena quantidade de caravelas e de repente um ruído de grito sufocado rebuscava o som produzido pelas marés. Era um homem amarrado e amordaçado que desesperado agonizada tentando-se soltar, mas apenas seus olhos pareciam prestes a isso tamanho o horror que sentia. Então os homens que o carregavam para o navio foram perguntados e estes responderam que sua família havia conseguido fugir pedindo auxílio à família real daquele lugar. Eles, no entanto, tinham pressa e não demorou muito para sons de cavalos que sucederam luzes de lamparinas se aproximassem,

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eram soldados que os caçavam, porém tarde, eles já haviam saído mar adentro. Quem seriam eles? Os Templários ou algum outro grupo de acusados de bruxaria pela igreja?

Meses se passaram e aqueles homens depois de uma escala num outro pais na Europa seguiram para um lugar inóspito e distante por seguir orientações aparentemente específicas e usando uma bússola estranha. As condições de vida caiam, a água se esgotava e pouco a pouco muitos morriam por doenças ou fome. O canibalismo dos corpos que iam falecendo se tornaram o prato do dia naquela pequena esquadra, mas aquele homem autrora amordaçado continuava vivo.

A Caravela tinha pleno domínio de seu apêndice desta então fantástica tecnologia pelos portugueses, fora criada provavelmente no século XV. Elas eram normalmente o dobro do tamanho das naus e tinham cerca de 30 metros de altura e largura. No entanto, a origem de seu vocábulo teria vindo do árabe carib, mesmo que, no entanto, alguns creditem este nome ao carvalho madeira do qual eram feitos. Aqueles grandes barcos de madeira eram absolutamente tudo que tinham por meses em que navegavam pelos oceanos do mundo a procura de novos continentes, para isso eles juntavam o máximo possível de provisões e seguiam audaciosamente. Porém aquelas embarcações não seguiam exatamente isto, estavam repletas de tesouros principalmente...

Como Deus assopra sobre as velas do inimigo? Enquanto caravelas se perdiam e suas tripulações pereciam a deriva no mar de sargaços por falta de vento, aqui o mesmo bom vento ajudava a arrastar uma doença pelo mundo.

O Primeiro sinal de terra firme, no entanto, foram imensos blocos de brancos de gelo que boiavam pelo mar e era tudo que aparentemente havia naquele lugar gelado além de imensos ursos brancos. Lá, encontram um porto seguro distante de qualquer inconveniente, naquele lugar então completamente inexplorado. Escavando no gelo, utilizaram a própria madeira das embarcações

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para construir seu refúgio-depósito, um lugar a prova de intrusos. Muito antes de pensarem em 1867 comprarem aquele território se chamando Alasca.

Aquele homem antes raptado vivia lá, sem ver a luz do dia depois que o lugar passou a ser frequentado por baleeiros da estação construída por aqueles homens como fonte de recursos. Seu nome era Joseph Avila.

Lá dentro, nos subterrâneos daquela estação um pequeno laboratório rudimentar onde se eram realizadas diversas experiências esquisitas e muitas vezes absurdas. No entanto, uma espécie de estranha armadura repleta de símbolos era cuidadosamente construída com auxílio daquele homem mantido cativo sob as mais diversas ameaças, até que ele resolvesse aproveitar uma brecha e fugir até a superfície... Paris, França Um grupo de aventureiros de fim de semana especializados em espeleologia urbana em antigas construções, principalmente subterrâneas partia para mais uma aventura na madrugada de Paris, rumando a uma misteriosa porta enquanto uns vigiavam para verem se algum guarda se aproximava até os demais entrarem numa das inúmeras entradas daquele lugar desconhecido a luz do dia. Os "Kataphiles", como eram chamados, costumavam submergir neste imenso complexo de catacumbas, uma necrópole chamada "Les Carrières de Paris", seguindo seus imensos corredores frios e escuros entre cortados pelas luzes de suas lanternas, os corredores feitos em tijolos grafitados e repletos normalmente de ossos humanos, apesar de há muitos séculos atrás terem sido criados originalmente como túneis de pedreiras, se tornaram em imensos ossuários como solução idealizada pelo General da Polícia Alexandre Lenoir para um problema de superlotação nos cemitérios no final do século XVIII, guardando cerca de aproximadamente ossadas de milhões de pessoas ao longo de todos estes anos.

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Muitas das descobertas realizadas nestes complexos, não somente de pinturas rudimentares a grafite datados do século XVIII, mas entre outros artefatos eram creditadas aos "Kataphiles". Mesmo que aquele lugar também mais atualmente fosse freqüentemente saqueado e destruído pelos mais diversos tipos de pessoas: de grupos políticos a religiosos, de usuários de drogas a outros que muitas vezes se perdiam em seus infindáveis corredores e sem encontrarem a saída muitas vezes eram encontrados já mortos. Ali já foram registrados de crimes como rituais macabros e ponto de esconderijo para peças roubadas e até mesmo um cinema clandestino. Em 1871 um grupo de comunistas chegaram a matar diversos monarquistas em seus corredores.

Aquele imenso lugar junto ao complexo subterrâneo romano, que continham mais de 40 catacumbas e o metrô de Londres que era o maior e um dos mais antigos, fundado em 1863, é um prato cheio para estes aventureiros. Por isso aquele lugar tão rico em histórias bizarras que serviram tão frequentemente de inspiração para Victor Hugo a Umberto Eco em seus livros, justamente por este histórico sombrio, mesmo apenas uma pequena parte era aberta ao grande público, pois ainda haviam pontos com perigos de desmoronamento.

Depois de longas horas naquele complexo, um dos homens do grupo enquanto fizera uma parada para olharem o mapa que tinha catalogado boa parte conhecida do complexo por temerem ter se perdido, pegou um crânio e brincando com ele na mão imitava uma cena de uma das peças de Shakerpare. Quando percebeu que ao tira-lo dali desestabilizou o pequeno amontoado de ossos fazendo com que este desabasse revelando o nome da antiga empresa que cuidava de reparar as cavernas para que não provocasse danos a estrutura das construções na superfície. A "Service des carrières" era um órgão governamental criado em 4 de abril de 1777 para cuidar do deteriorado sistema de cavernas que ganhou a função posterior de zelar pelas agora tornadas catacumbas.

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O Nome meio que apagado era sucedido por uma marcação de concreto colocada obviamente posterior a esta empresa. O concreto agora podre pela erosão, sucedia a revelar uma pequena entrada do qual só se era possível passar agachado. Assim apesar de o incidente ser sucedido por uma dura repreensão do líder do grupo estes pensavam em cumprimenta-la pela descoberta.

Usando um fêmur para cutucar a entrada que de tão podre cedeu com o osso, fora logo em seguida iluminada pela lanterna deles revelando uma imensa galeria. Eles sabiam que haviam lendas acerca daquele lugar de que até mesmo guardaria corpos colocados em suas paredes e por isso a empolgação. No entanto, ao entrarem perceberam que a descoberta poderia ser mais que isso.

Dentro havia uma enorme suástica e em meio ao escuro cortado pelas luzes das lanternas em meio à poeira levantada se podia contemplar aquele achado. Eles sabiam que durante a Segunda Guerra Mundial aquele complexo fora usado tanto por membros da resistência francesa quanto pelos alemães nazi, e apesar disso não ser uma novidade, sem dúvida era um imenso achado.

Ao entrarem um a um, logo acharam um corpo de um membro da SS, caído no chão, aquele esqueleto estava perfeitamente uniformizado com aquele belo figurino típico como quem tivesse ali se sentado guardando (ou aguardando) algo até morrer. Logo viram uma pequena mesa, com muitos papeis com estranhos desenhos e textos como de algum projeto e algumas armas daquele período como uma lunger, e no fundo as luzes revelavam a silhueta como a de um soldado de pé. Logo todos centraram suas lanternas aquele lugar, revelando algo no mínimo incomum, era a "armadura" construída há séculos atrás por homens estranhos no Alasca. No entanto, aquilo não era uma armadura, mas muito mais do que isso.

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Rightful Heir MIT, O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Massachusetts Institute of Technology) em Cambridge é uma das maiores instituições de tecnologia do mundo responsável por formar grandes nomes e mentes nos mais diversos ramos. Ela se divide principalmente pelas Sloan School of Management, Lincoln Laboratory, Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory, Media Lab e Whitehead Institute. Mas o foco sem dúvidas nos últimos tempos era a Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory no qual ao se caminhar por seus frios, mas inspiradores corredores chegamos a uma sala guardada por dois soltados militares ligados a DIA - Defense Inteligence Agency. Era curioso observar este fato, pois mesmo que aquele lugar já desenvolvera algumas das principais tecnologias da informática, a DIA envolvida indicava algo maior.

Ao mostrar as credenciais que permitiam acesso aquele nível de segurança denominado "6", os soldados abriam caminho, e a porta. O nome do homem que entrara era Yates Winston, um professor da MIT e cientista renomado no estudo da AI e mecânica aplicada. Yates apesar de ser baixo era troncudo e tinha uma aparência de enfezado que acabava intimidando a muitos daquela sala. Não por menos era um dos que lideravam as pesquisas de muito achados no derradeiro fim da casa de Watchman no Alasca. Mas o principal, somente ele tinha a chave e acesso à misteriosa pedra encontrada lá no incidente do Alasca.

Porém, naquele dia era diferente, ele estava de forma contagiosa e estranhamente empolgada com uma descoberta que provavelmente ligada a um artefato descrito num dos livros da biblioteca de Watchman. Era o artefato encontrado em "Les Carrières de Paris". Yates então chamou nervosamente por John Roberts, e ele se levantou receoso como quem dissesse o que houve?

John Robert era outra pessoa do encontrado no silo, agora estava tratado e muito animado, emplumado num bom terno

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mesmo que ainda ficasse evidente aquele seu mesmo jeito desajeitado de quando fora encontrado por Julia Fill e os agora amigos Shimomura Abner Nakamoto e Tucson que seguiu outro rumo após o incidente no Alasca, afinal mais do que nunca se tornou avesso à tecnologia depois deste incidente. Junto a ele observava um homem que lá também trabalhava, seu nome era Lory Ferguson e era um especialista em sistemas que trabalhava junto à equipe colaborando com a decodificação dos itens encontrados na casa do Alasca. Porém, ele tinha algo mais, algo suspeito, o que poucos sabiam é que Lory Ferguson era um Black hat seguidor de Watchman e estava ali para roubar o que havia de mais valioso, a cabeça misteriosa e a pedra.

No fim do expediente muito interessado também no achado em Paris, no entanto, estava se focando no alvo principal de sua missão e havia esperado muito tempo por aquele momento. Num movimento traiçoeiro rumou até a sala que guardava a cabeça e a pedra e fora roubar. Nervoso por temer algum imprevisto percebeu que a chave para a pedra, no entanto, era restrita a identificação de Yates e assim apenas levou a cabeça num recipiente. Lory Ferguson sabia o que fazia e deixou tudo de modo que culpasse Ângelus Bishop, um dos responsáveis pela segurança daquele lugar junto a Nakamoto. Não por menos, Ferguson estava de saída da empresa sob o pretexto de uma doença e não estaria ali para poder questionar e ser questionado. Ferguson era um seguidor fanático de Watchman do qual este acredita que ele era mais que um craker, mas um mago que fazia e faz milagres virtuais. Porém na saída este encontra Nakamoto que ao perceber o que estava fazendo simplesmente o mata, mas não sem depois deixar algumas falsas pistas que culpassem Ângelus. Com Nakamoto ainda agonizando e ao tentar pegar o telefone, no entanto, sua força se esvairia antes que pudesse algo dizer no telefone.

No dia seguinte, após verem a pista dando conta do roubo chegam diretamente a Angelus e para ele ligam, pois inclusive

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estava atrasado naquele dia. Angelus que era um Phreaker white hat, mas jamais imaginava que sua vida iria virar de cabeça para baixo, e ao saber do caso, imediatamente ligou John Roberts para contar o que aconteceu. Mesmo na presença dos investigadores no local, John Roberts indicou entrar em contato com um colega hacker dele chamado Jonathan Haydan Strong, um gray hat que iria mais tarde encontra-lo na casa deste.

Angelus não gostava da ideia, mas após contatar Jonathan foi até a casa dele mesmo que já estivesse sendo procurado, por uma equipe liderada por Yates Winston. Na casa, nos porões dela, para ser mais exato, chegaram eles a conclusão de que o computador do MIT estava invadido no sistema provavelmente por Lory Ferguson, pois este conseguiu reconhecer alguns estilos de códigos deixados por ele num backup trazido por John Roberts. Imediatamente chegaram eles a conclusão de que o único modo de buscar provar este fato seria entrar no sistema, mas tendo investigadores, inclusive virtuais 24 horas no sistema. Eles teriam de invadir de um local seguro e teriam pouco tempo até serem localizados.

Claro, que nenhum deles gostavam da idéia, e logo Roberts disse que ficaria fora mesmo que desse apoio a Angelus provar sua inocência a não ser o próprio Jonathan que parecia se vislumbrar nessa aventura do qual imediatamente tratou de separar equipamentos portáteis adequados para irem até um local do qual seria de imensa dificuldade a localização, depois da saída de Roberts. As antenas da cidade que se encontrava, no alto de uma montanha. HDCC - Hospital de Doenças Causadas Pelo Computador Já era noite quando surge do estacionamento ninguém menos que Lory Ferguson. Acompanhado de outros dois homens com um olhar de pura maldade rumam em direção a portaria e lá dizem que querem ver Álvaro Watchman no setor de Doenças Virtuais. Vendo que o local estava vazio, a não ser com a atendente e um

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enfermeiro que passou rapidamente pelo final do corredor, o capanga tomou uma posição que geral preocupação nela que ao negar obviamente estar fora do horário de visitação, ela de repente sentiu uma estranha tonteira até simplesmente cair desmaiada. Ferguson abriu um leve sorriso sarcástico e olhou para o capanga que ao levantar a mão cuja esquerda estava tatuado um “7” segurava um pequeno aparelho de PEM que interferia na mesma frequência de ondas cerebrais. Mesmo que não fosse comprovada sua segurança, alguns acreditavam que poderia causar câncer e até alucinações levando a pessoa a loucura, na realidade era causa de algumas pessoas estarem ali naquele local internadas, era um protótipo em testes, mas eles tinham um exemplar misteriosamente. Ao entrar no quarto, sabiam eles que após o incidente no Alasca, Watchman havia sido desligado da rede e seu estado de coma persistente não permitia qualquer resposta. Então eles se sentaram em volta de Watchman e Fergunson diz com a maior frieza que veio para “liberta-lo” de seu corpo, demonstrando algum tipo de fanatismo religioso que se prontificou ao estenderem suas mãos fazendo um estranho coro, enquanto Ferguson liga o pequeno aparelho que seu capanga tinha em mãos e coloca-o no máximo acionando ele sobre a cabeça de Watchman fazendo-o se remexer até simplesmente suas ondas cerebrais cessarem por completo. Desligando o aparelho para que não soasse o alarme, rapidamente estes usam alguns equipamentos para extraírem mostras de seu tecido e saem discreta e rapidamente quando a atendente ainda se encontrava no chão desacordada. Chega-se a um estranho lugar onde apesar de estar repleto de tecnologias parecia denotar um tom estressante e sufocante, que ao se sentar numa pequena bancada como num laboratório Ferguson retira suas amostras e coloca num recipiente, e virando-se ao lado seu fiel capanga o trás ao reservatório onde está a cabeça roubada, e calmamente Ferguson retira uma amostra desta

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colocando-as num microscópio quando pode-se notar ao lado claramente uma pasta aberta onde mencionasse o seu objetivo: criar um clone híbrido com células de Watchman e do estranho cuja cabeça é perseguida. "e a ciência se multiplicará..." Daniel 12.4 Amorem ferens spemque ad orbis claustrum Do alto do monte se podia ver toda a cidade em volta. Cercado por imensas antenas que praticamente perfuravam o céu, cortando nuvens que se aventuravam voar mais baixo o lugar parecia uma cidade deserta no meio destas nuvens como um conto da galinha dos ovos de ouro, e mesmo que plenamente funcional em tecnologia, pois mesmo de fora se podia escutar o ruído das máquinas e do ar-condicionado que operava para mante-las quase como um respiradouro, parecia que seus habitantes os abandonaram. Ao chegarem lá Jonathan imediatamente os levou até um canto cujo havia uma abertura no cercado de uma das antes das inúmeras empresas que lá se encontravam que pelo acesso apenas ser possível de carro com tração dificilmente iam vândalos se não alguns aventureiros que acampavam, além do pessoal da manutenção, ele já tinha sido funcionário terceirizado de uma das empresas de lá.

Ao entrar, Jonathan revelou que além do sinal de celular por lá ser melhor que qualquer outro, afinal lá se encontrava as transmissoras, qualquer sinal de todos os cantos passavam inevitavelmente por lá, de modo, que seria considerado obvio de mais eles lá estarem. Mas claro que Jonathan tinha outra carta na manga: além dele conhecer um acesso a telefones, ele tinha um equipamento que conseguia virtualmente pular para outras linhas que não estavam sendo utilizadas pelo equipamento gerenciador de sinais telefônicos e de rede, se misturando a diversos sinais, tornando uma transmissão quase impossível para um cracker do

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governo os acharem em sua conexão continua ao menos rapidamente, afinal não se tratava de um mero e-mail, mas de uma invasão a um sistema da MIT ligado diretamente a DIA. Isso daria a eles cerca de 40 minutos de conexão depois de invadido o computador até alguém conseguir concluir que todas as linhas cruzadas convergem naquele local.

Ao ligar o aparelho passando por diversas freqüências eles escutam diversas ligações decodificadas, o que chamou a atenção e preocupação de Angelus, afinal ele sabia que aquilo era crime e era um péssimo exemplo. Mas Jonathan já estava quebrando o sistema sem perder tempo e disse que junto a um grupo de hackers naquele local entre escutar ligações comprometedoras de algumas personalidades especialmente da política conseguiram isolar um trecho do programa que assolava a TerrAlfa. Ele era grande fã de Roberts, que imediatamente após o incidente se pós a disposição dele para usar seus serviços meramente para se sentir parte de algo maior, que realmente fosse uma luta de justa causa. Toda aquela tecnologia parecia destoar da vegetação e natureza que o cercavam, mas focados na meta eles pensavam em concluir mais breve o possível aquilo e colhendo as provas pra de lá sair. Mas imediatamente ao conseguir entrar no sistema, eles encontram um guardião virtual, do qual Angelus lamentava profundamente por não ter ali Nakamoto especialista nestes sistemas, mas antes nem tiveram tempo de sentir o pesar de sua morte. Mas Jonathan era preciso e rapidamente conseguiu derruba-lo e acessando os arquivos perguntou a Angelus

- Qual arquivo buscava - ele disse para tentar cruzar os dados fonte de acesso à liberação da cabeça do compartimento com os códigos fonte de Ferguson buscando uma assinatura comum de modus operandi que somente era possível por este método clandestino.

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Porém, ainda assim estes códigos se ligavam ao padrão de Angelus, irritado com a proeza ele mostrou para eles que apesar de parecido era uma simulação de assinatura para liga-lo, mas logo uma pequena falha abria uma janela de esperança ao levar a uma caixa postal física ao Brasil local que apenas John Roberts e Ferguson tinha contatos! Uma vez pegando o endereço, suspeitavam, no entanto, de que fosse uma cilada, mais uma pista deliberada deixada por ele para tentar de algum modo agora incriminar Roberts.

Sem saber, porém a DIA já havia chegado ao mesmo endereço e sem exitar acionou os órgãos relativos para enviar um pessoal até lá. O local era um Banco localizado próximo a um centro cultural. Porém mal sabia eles de quem era a Caixa postal que funcionava como uma conta, de ninguém menos que Watchman. Angelus sabendo que seria virtualmente impossível sair do pais informou Roberts sobre a descoberta. Mas antes que tivessem uma resposta, um alarme tocou e rapidamente Jonathan fechou o notebook saltando e quase gritando que haviam descoberto eles. Imediatamente entraram no carro, mas percebendo que no mínimo a guarda do local fora acionada, pois subia um carro, eles entraram no meio do mato encobrindo o carro até este passar. Mal sabia Angelus que a equipe de Yates junto com Roberts havia encontrado a mesma pista, mesmo que sem os claros indícios que ligassem a Ferguson, afinal até onde sabia, ao ser procurado em casa demonstrava claramente estar doente! Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro O Imenso salão na entrada do banco chama a atenção. Não por menos ali já foram realizados, assim como são freqüentemente, diversas exposições e mostras relacionadas pinturas, animações e etc. No entanto, o que se vê assustaria qualquer um dos que investigavam o incidente do Alasca, Watchman adentrando o lugar e se dirigindo ao caixa para pedir permissão para acessar sua

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“postal” no cofre. Rapidamente este ao deixar as digitais e falar a senha entram no local sem maiores problemas, pegando alguns objetos cuja semelhança com o artefato achado nos subterrâneos de Paris eram imensas. Este sai, e como de praxe alguns diriam que aquele lugar só costumava autrora ser hospitaleiro a criminosos, mas conhecido por matar seus heróis. Na verdade, para variar a policia chegou lá tarde, soaria perfeitamente como um clichê, mas só até lá chegaram graças a eles. Mesmo estando lá, Roberts não tinha muito tempo de visitar os locais onde cresceu lembrava de sua irmã Zemina que havia ido para outro estado enquanto iam atrás de vestígios deixados pela estranha pessoa similar a Watchman que lá estiveram. Uma das pessoas que estavam citadas na ficha da conta no Banco era Monique Burnier, uma senhora muito influente entre seitas que havia sobrevivido a um incidente e se exilara no Brasil. Ao irem busca-la encontraram uma mulher que sofria de Transtorno Obsessivo Compulsivo perdida numa série de supertições rituais para "protege-la" das forças ocultas conforme ela dizia, onde até mesmo para entrar em sua casa deveriam cumprir determinados rituais. Ao entrarem e interroga-la contemplaram um lugar repleto de incensos, amuletos, imagens e símbolos esotéricos de proteção. Apesar de demonstrar profundo desconforto pela situação em que se encontrava, o que sugeria não receber visita de pessoas a um longo tempo somente convivendo com gatos ela demonstrou muito educação em responder as perguntas da equipe de Yates falando um inglês fluente com forte sotaque da Inglaterra. Como ela mesmo se referia, era uma mulher de ideias, e como tal ela dizia que nada poderia destruir suas ideias mesmo que isso fugisse do tema tocado por eles sobre a misteriosa visita de Watchman, quando já havia morrido há algumas semanas. Ela então demonstrou mal estar e se referindo as pessoas que procuravam como uma força estranha que destruiria o mundo e disse que Watchman era indestrutível e sempre voltaria quando

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começou a passar mal e de repente sangrou pelo nariz. Ao ver o sangue arregalou os olhos e logo sucedeu que sangue começou a sair também de outros orifícios como ouvidos e olhos. Então ao ser tocada ela os empurrou nervosamente e olhando para as mãos disse.

- Não é agora, não é isso que diz a quiromancia, não usem meu livro contra mim!

Quando ela caiu no chão desacordada Yates e Roberts escutaram o ruído de pneus tocando na rua e foram correndo até a janela e viram um furgão que saiu de debaixo da janela.

Yates ao se abaixar até ela para verificar seu pulso, viu que ainda estava viva, mas apenas o suficiente para responder a ele o que teria feito isso com ela, uma poderosa arma sônica direcionada a ela e que planejavam usa-la para provocar um terremoto no Japão, mas somente na hora certa poderiam entrar pela janela. Seja lá o que ela tenha dito com isto, eles sabiam que estava para acontecer algo grande se eles não impedissem. As armas sônicas são experimentais, em desenvolvimento quase como projeto secreto Russo têm um funcionamento similar as armas micro-ondas como a supersecreta HAARP de controle climático, mas que ao contrario de induzir a concentração da água, as armas sônicas trabalham com alta-frequências sonoras inaudíveis de forma consciente pelo ouvido humano de modo que, no entanto, pode entrar em frequência similar ao do funcionamento cerebral e até mesmo por meio de frequências mais altas provocar hemorragias, exatamente como ocorreu com Burnier, simplesmente podendo desmanchar os órgãos internos sem provocar danos aparentes no exterior. Na realidade as possibilidades destas armas além de grandes são destrutivas, podem provocar de alucinações pela mudança da frequência do pensar como alterar a chamada Telúrica provocando literalmente terremotos de acordo com a potência e localização de foco da arma.

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Ao Irem para um laboratório para analisaremos amostras genéticas deixadas pelo falso Watchman, ainda atordoados pelo ocorrido com Burnier, enquanto esperavam entraram em contato com as autoridades japonesas para deixa-las de sobre aviso e de que estariam enviando uma equipe até lá liderada por John Roberts. Roberts preocupado com o caso de Angelus Bishop, por acreditarem que ele estava envolvido erroneamente, acabou por revelar sobre os detalhes feitos por ele. Agora, mesmo que ainda não se comprovasse sua inocência, sabia-se que seu envolvimento provavelmente era falso. Roberts o queria de volta e em sua equipe para o Japão. Então entrou na sala um cadeirante pedido perdão pela demora. Um homem elegante, usando óculos e calvo que se apresentou educadamente como Herbie Pool o cientista por de trás do Projeto SDA (Simulacro de DNA Ativo), que era uma versão mais avançada Projeto Memória Genética. Esse Projeto tinha por função estudar as origens e funções não somente da memória genética, mas da questão da ancestralidade por meio de uma recriação virtual do ser por meio do DNA, como uma espécie de clone virtual. Contando com uma rede dos mais poderosos computadores do mundo processava aqueles dados com uma velocidade inacreditável a fim de abreviar o período de espera, afinal eles definitivamente não tinham todo o tempo do mundo, mas não demorou aparecer um alerta: A Recriação visual física carece de dados. Pool então disse que era necessário ter dados relativos da criação como tipo de alimentação, atividades comuns e etc, pois estas faziam grande diferença da criação de dados. Então Herbie Pool mostrou um gráfico de simulação pela reprodução de personalidade primária que revelava incríveis semelhanças à recriação do padrão de personalidade psicopatia ao de um neandertal.

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- Ficou-se comprovado que os neandertais cruzaram com os humanos e boa parte de seus genes curiosamente demonstram um padrão comum ao da sociopatia ativa identificada também recentemente, talvez pelo fato destes ao terem seu DNA decifrado descobrimos um padrão similar ao da ausência de superego, que sua predominância está justamente nas práticas agressivas e instintivas sem pesar, e que por não serem capazes de construir e criar por apresentar um déficit de inteligência criativa necessitam roubar para si elementos, essa padrão revela curiosamente estes mesmas tendências conforme recriadas pelo SDA, que justamente se apoia em elementos pré-determinados previamente por terem essa capacidade criativa limitada. – disse ele.

Porém havia um outro detalhe, mediante a comparação das células originais de Watchman, aquelas apresentavam um outro padrão de cruzamento genético, que colocando no banco de dados deles bateu com as amostras de DNA da cabeça roubada! Intrigados com o fato estes se perguntaram como teriam conseguido re-criar uma espécie de clone (que ainda naquele tempo acreditava-se ser impossível) pouco tempo depois de terem roubado a "cabeça". Who Watches The Watchers Um Clone atormentado. Assim se poderia resumir aquele estranho homem que sentado ligava-se a alguns fios e tubos onde este entristecido se inclinava sob seu próprio corpo enquanto se realizava algum procedimento bizarro. Perto dele logo se poderia ver um homem de costas próximo a uma imensa caixa aberta com a inscrição "All-Tomato Inc", ele segurava uma espécie de manual ou manuscrito extremamente antigo do qual ao se virar à página se via um desenho exatamente da estranha armadura encontrada em Paris. Logo ao se virar vemos que é Lory Ferguson. Ele está num laboratório junto a outras pessoas enquanto ele via uma das

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coisas que a versão bizarra de Watchman estava ligado àquela estranha máquina que aparentemente construía tecidos humanos. Quando ele adormece e emerge num emaranhado de memórias insólitas e conflitantes. Antes se via numa espécie de sala igualmente onde se encontrava o homem que há séculos fora sequestrado, e literalmente via trechos da vida de Watchman por seus olhos. Ele estava sofrendo, fisicamente pela máquina, e espiritualmente por aqueles conturbados genes que fervilhavam em suas veias. Ao acordar deste breve cochilo ele se levantou gritando assustado quando Lory e os demais olharam para ele. E em seus polegares quando as mãos se tornaram visíveis se podia ver que foram transplantadas, seriam os originais de Watchman?

Então, como ao invés de acalma-lo com boas palavras, Lory se aproximou após pegar um livro próximo a ele e lhe deu numa demonstração de sua crueldade. Era o romance de Frankstein de Mary Shellen...

Os homens da equipe de Lory eram geneticistas e cientistas em boa parte especializados nos estudos de DNA, alguns renegados do projeto Genoma. A clonagem humana ainda era inviável, desde exemplos criados de clones de ovelhas vimos uma série de efeitos colaterais como doenças congênitas e genéticas se desenvolverem encurtando a vida destes, isto quando sobreviviam o suficiente. Mas seguiram a recriação.

Mas assim como recriaram uma orelha humana num rato anos atrás eles desenvolveram um método de criação de tecidos a partir de células tronco e que por meio de uma experimental terapia genética buscavam mudar a genética da própria pessoa, mesmo que ainda completamente limitada e com enormes e irreversíveis danos no que eles aplicavam.

Aquele homem seja lá o que fosse era uma aberração. Usaram o corpo de um indigente que ainda vivo recebeu transplantes de tecidos recriados e sofreu por todos os dias a terapia genética. Sequestrado seja de onde fosse, ele agora não era

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mais um ser, mas fragmentos de tantos outros misturado num corpo doloroso numa experiência simplesmente inescrupulosa.

Bombardeado por uma sobrecarga terapêutica ele via outras partes de corpos sendo recriadas para transplantar nele. Tendo sua memória apagada frequentemente recebia cargas de um equipamento chamado OM e um similar a PEM (Pulso Eletromagnético focalizado) sobre seus tecidos do qual demonstravam uma influência em diversos níveis de frequência similares ao do cérebro para atingi-lo especialmente como meio para programa-lo. Além do mais ainda recebia doses diárias de lavagem cerebral, de modo que pouco a pouco perdia sua identidade...

Não havia parâmetros perante qualquer lei para o que faziam naquele lugar seja qual fosse. Junto a isso uma série de pequenos eletrodos subcutâneos se espalhavam pelo seu corpo até o cérebro para outros experimentos mais grotescos como para tentar controlar até seus movimentos, enquanto pequenos implantes nos ouvidos lhe passavam instruções do que fazer quando em missão. E ao menos na missão que lhe dera fora bem sucedido...

***

Enquanto isso no MIT Angelus Bishop após receber os

relatórios da equipe no Rio de Janeiro realizava uma pesquisa cruzando dados e novas informações passadas no relatório afim buscar discrepâncias que indicassem qualquer coisa que ligasse os últimos eventos no Brasil ao Japão eram feitas e logo Bishop descobriu movimentos incomuns de uma empresa de exportação e importação de frutas trangênicas chamada All-Tomato Inc, havia estranhas movimentações de transporte internacional realizadas no período que faziam a ponte aérea entra Brasil, Japão e EUA. A curiosidade era o fato de no Brasil normalmente não estar na rota comercial desta empresa e tão pouco tivesse firmado qualquer

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contrato recente para justificar qualquer transporte levando ele a investigar sobre a empresa que era especializada em desenvolver e distribuir frutas transgênicas especialmente maçãs e tomates. Logo Bishop descobriu que a empresa japonesa estava registrada no nome de um russo chamado Hugh Sacha. Curioso com o fato e quando o nome fora confrontado com os arquivos do DIA descobriu-se sua ligação com desertores mercenários da antiga KGB do qual apesar da ausência de provas se suspeitava que a suposta empresa era responsável pelo trafico de armas entre outras coisas.

Tendo-se estas informações em mãos logo Bishop entrou em contato com o governo japonês enquanto uma equipe já estava a postos aguardando a viagem e a do Brasil já estava a chegando lá...

Ao chegarem no Japão eles foram recebidos por Theodore Mitnick que lá já estava fazendo um trabalho de inteligência recolhendo dados, fotos e quaisquer informações junto à inteligência da policia local sobre a sede da All-Tomato Inc localizada num enorme galpão no subúrbio do Japão. Assim que aportaram no aeroporto imediatamente Mitnick apresentou-os as autoridades locais que o receberam discretamente acompanhados de alguns cientistas liderados por Akihiro Sadao, o levando até um lugar para passarem as informações por acreditar que tinha pouco tempo.

Akihiro Sadao era um homem baixinho com os cabelos liso pesado descendo quase sobre seus óculos do qual com um estranho sorriso na cara fazia com que nenhuma pessoa o desse crédito tratando-o apenas como um nerd por ser relativamente novo - deveria ter uns 40 anos. Porém ele era um promissor cientista que junto a sua equipe desenvolvera um novo tipo de equipamento que fosse capaz de detectar os mais variados tipos de frequências ligadas a campos magnéticos como meio de buscar padrões que precedessem abalos sísmicos do qual o Japão frequentemente sofria. Essa era uma das peculiaridades do Japão

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do qual mediante suas belas tradições ligadas a seu passado de glória e honra se confrontava com a tecnologia de ponta que competia palmo-a-palmo com institutos americanos tal como o MIT. Assim como toda sua cultura, especialmente pós-guerra, a vingança do Japão fora na inteligência uma vez que sofreu enormes sansões internacionais e mal tinham exército criando tudo a seu redor relacionada a seus traumas e essa inovadora tecnologia chamada carinhosamente por Mitnick como e-Tremor por provocar náuseas e uma leve vibração a quem e o que estivesse próximo à máquina. O que o fazia lembrar de ocorrências de doenças a isto relacionado tal como começaram a surgir uma grande quantidade de alérgicos a sinais como wi-fi do qual enchiam o Hospital de Doenças Virtuais (HDV ou HDCC)

Logo Akihiro Sadao comentou que um dos principais da equipe, um jovem gênio que sofria de Síndrome de Asperger, chamado de Chikako Hajime, desaparecera a pouco mais de um ano. Sadao acreditava piamente que teria sido levado até o suposto galpão, além do mais ao se utilizar o equipamento mais recentemente, antes de entrar em contato com Mitnick, ele havia detectado um sinal intermitente similar aos que precediam tremores vindo das mediações do galpão da All-Tomato Inc, mas que ao irem até lá nada descobriram levando eles a crer que fosse do interior da terra - o sinal aparentemente viera do subsolo. Apesar de levarem posteriormente ele junto a policia buscar algum mandato que os levassem a inspecionar o local, perderam tempo conseguindo no máximo entrarem lá com a inspeção sanitária. Porém isto os levou a coletarem alguns dados inusitados. Apesar de não haver aparentemente nada no galpão - e os alimentos estarem sendo estocados em condições adequadas - além de perceberem uma estranha movimentação durante a madrugada por caminhões da All-Tomato Inc havia um lugar praticamente inviolável eletronicamente do que Sadao chamada de janela eletromagnética. Partindo-se disto, e pela assinatura

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neste estranho lugar era tipicamente de Hajime o que levou ele a crer que ele estava ali em algum lugar...

Mas agora seria diferente, eles tinham um mandato judicial que permitiam eles investigar cada centímetro daquele lugar, mesmo que eles não soubessem como fazer para passar neste local, pois Akihiro havia notado apenas poucas falhas. Ao falar isso Yates Winston e John Roberts pediram para ver o papel onde registrava as oscilações neste campo eletromagnético misterioso e notaram algo que Akihiro não havia percebido, um padrão intermitente que demonstrava algum tipo de ciclo. Se havia uma coisa que John Roberts descobriu é que esta gente sempre deixava rastros simbólicos pelo caminho quisessem ou não e assim logo notaram que as falhas não eram ao acaso, mas seguiam um padrão e horários apesar de não serem no mesmo dia. Assim Yates pediu para pegar o antigo logo da empresa de Watchman, aquela com as três setas, e resolveu fazer um paralelo com um relógio analógico colocando cada uma das setas como equivalentes à hora, minuto e segundos alternando os horários em PM e AM chegando as seguintes horas: 00:20.37 / 00:37.20 4:00.37 / 4:37 7:20.37 / 7:37.20 12:20.37 / 12:37.20 16:00.37 / 16:37 19:20.37 / 19:37.20

Ao confrontarem estes novos dados com os registros do e-Tremor eles perceberam que as oscilações era mais fortes justamente entre 4:00.37 e 4:37 e depois as 16:00.37 até as 16:37 do mesmo dia. Mas isso ainda não respondia ainda assim o por que de não ser todos os dias, mas ao buscarem mais padrões descobriram que estas oscilações sempre ocorriam mais fortemente de seis e seis dias! Uma vez percebendo isso eles junto

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à equipe tática chegaram a conclusão de que aquele dia não era o melhor para ir ao local, mas no dia seguinte e assim perceberam que Yates Winston e seu pessoal poderiam descansar o restante daquele dia. Insider Após um bom descanso que permitiram a equipe chegada ao Japão se adaptar um pouco ao fuso horário, levantaram cedo, no entanto, sem maiores problemas mesmo que ainda fosse madrugada. Quando já se locomoviam até lá uma equipe se revezada num constante plantão de vigilância sempre atentos a toda e qualquer movimentação e rotina estabelecida à procura de discrepâncias que dessem quaisquer indicio de ilicitude. A batida iria começar umas duas horas antes da suposta janela de tempo com o fator surpresa de elementos vestidos como civis para não chamar a atenção. Assim o cerco pela tropa sabendo que eles eram muitos e possivelmente bem armados fora feito num movimento sincronizado de forma discreta enquanto a equipe técnica dos cientistas e peritos aguardavam num lugar seguro até o sinal de que poderiam vir quando a área estivesse segura.

No momento que um caminhão com o logo da All-Tomato encostava, todos a postos aguardava até o momento de agir quando viram retirarem o logo da empresa da carroceria do caminhão o que parecia confirmar as suspeitas especialmente pelos técnicos que confirmavam de dentro de um caminhão num quarteirão próximo acompanhando toda a movimentação por televisores. Foi quando eles viram sair de lá um homem com uma tatuagem nas mãos identificado por Tatsuya, um suposto descente de um grupo formado por um ronin. Em sua mão esquerda estava tatuado um grande número 'sete' e na direita um 'oito' com um estilo bastante distinto dos demais ele observava atento, mas calmamente enquanto descarregavam algo do caminhão.

Tatsuya era um mercenário fanático do qual fazia serviços a fim de reunir recursos para sua causa a da implementação da

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dominação pelas máquinas subvertendo tudo que nela estivesse conectado. Dizia-se segundo as investigações que este misterioso homem teria matado Alvaro Watchman acreditando que ele se tornaria um deus do qual ele seguiria as ordens! Era extremamente perigoso e impiedoso, perito em diversos tipos de artes marciais e no manuseio de armas, ele por si só se dizia ser uma arma letal.

Mas aquele não seria o dia dele, pois antes que ele pudesse agir, dezenas de veículos com atiradores surgindo da sacada dos prédios próximos renderam cada um daqueles homens dando tempo apenas de Tatsuya fugir para dentro do galpão. No entanto, a policia sabia que não haveria como ele entrar ainda no suposto local, pois ainda não era a hora da abertura da janela prevista para exatamente a 36 minutos.

Rapidamente todos foram algemados e revistados para se ver se não representavam perigo, todo o procedimento dentro da lei fora seguindo com enorme cautela e a operação, até ali estava sendo um sucesso. Porém, os agentes ao entrarem e renderem os demais operários muitos saindo assustados e as pressas sem saber o que ocorria, provavelmente porque grande parte nem sabia no que estava envolvida Tatsuya sumiu em meio as enormes fileiras de engradados e caixas com frutas transgênicas que iriam em pouco tempo sair para serem embarcadas.

Em meio ao ruído do trabalho de máquinas e vapores que surgiam do subsolo, o ruído intermitente do suposto artefato que isolava eletromagneticamente parecia interferir no equipamento altamente tecnológico dos soldados, no rádio e no sistema de localização que usava o mapa do local para saberem onde estavam. Assim completamente receosos dois soldados caminhavam lentamente por entre caixas escrito All-Tomato quando dentre os vapores surgiu Tatsuya lançando um certeiro golpe na arma deles e seguido por outro em sua garganta, a única área desprotegida em seus uniformes fazendo estes imediatamente caírem. Então mais dois surgiram e vendo que não

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estava em posição ele recuou novamente até as nuvens de fumaça que saiam do subsolo desaparecendo. Os soldados então tentaram mudar a visão do seu receptor no capacete para outro tipo de visão, mas a interferência não permitia. No desespero, ao ver um destes caído desacordado no chão tirou o capacete, mas quando se virou deu de cara com Tatsuya que sem hesitar o atingiu em cheio o locautiando.

O chefe de operações já havia saindo do caminhão percebendo a dificuldade de comunicação pela interferência no sinal pedindo para estes se re-agrupassem na busca de Tatsuya. Com o alerta lançado mesmo que Yates Winston, John Roberts e Akihiro Sadao já estivesse vendo os operários sendo levados dentro de um ônibus da policia receberam ordens de que ficasse numa distância segura do galpão, pois algo ainda estava acontecendo lá dentro na busca por Tatsuya.

O tempo se passou e não conseguiram encontra-lo, percebendo então que faltavam poucos minutos para a abertura o chefe de operações resolveu cercar o local da janela chamando Yates Winston, John Roberts e Akihiro Sadao na guarda de alguns soldados bem equipados para inspecionarem o local enquanto no fundo do armazém haviam dezenas de soldados inspecionando o local a procura de Tatsuya, mesmo sabendo que todo o quarteirão estava cercado e não havia para onde ele ir.

Ao entrar no local, chamou bastante a atenção de John Roberts à quantidade de vapores que saia de bueiros no subsolo, mas em sua imersão introspectiva fora cortada por Yates ao dizer em tom de sarcasmo:

- O nome desta empresa seria um trocadilho com autômato? Observe as datas, essas frutas são antigas!

- Provavelmente - disse Roberts meio automaticamente como se estivesse pressentindo algo - essas frutas devem ter sido esterilizadas por irradiação constante.

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Ao chegarem na porta, era se possível Yates sentir sua obturação latejar na boca e o equipamento e-Tremor numa versão portátil demonstrava as oscilações aumentando mesmo que por vezes parecia quase sair da escala comum.

Então Sadao retirou do bolso um cronômetro analógico sabendo-se que artefatos digitais sofreriam muita interferência no local, e comentou que faltava poucos minutos quando uma série de oscilações nas luzes do local começaram a ocorrer até que do nada apagaram. Imediatamente os soldados entraram em alerta vermelho e se agruparam em volta da equipe para protege-los, pois não sabiam eles se era por causa da abertura da janela ou Tatsuya que havia realizado alguma sabotagem. Então depois de um breve momento de silêncio o se escutou um grande chiado e vapores saíram da porta se abrindo mesmo que pela camada espessa de nuvem não fosse possível se ver o que havia dentro até ela ir se dissipando gradualmente revelando um local de alta tecnologia. Ao entrarem lentamente junto aos soldados que apesar tivessem ordens de não tocar em nada estaria dispostos a atirar em qualquer coisa que especialmente colocasse em risco a equipe técnica de cientistas.

O silêncio lá dentro era grande, mas logo Roberts escutou um ruído de respiração ofegante vindo do final da sala depois de descerem a pequena escada que dava acesso ao subsolo. Era um homem que apesar de ter um rosto idêntico a de Watchman seu corpo despido revelava-se como uma verdadeira aberração, mas vendo que ele estava inconsciente Robert olhou curiosamente para aquela criatura e imaginou os tipos de experimentos que naquele lugar eram realizados. Foi quando viu num canto um homem chorando desesperado e que se encolheu todo quando Roberts se aproximou, era Chikako Hajime, ele estava lá sequestrado a fim de usarem seus dons e conhecimentos nos experimentos que lá eram feitos até que quando sua serventia acabasse e fosse morto. Até que Roberts se identificasse junto aos demais, Chikako gritou ao ser tocado por Roberts que disse saber

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o que ele passava, afinal ele já havia vivido numa situação similar. Mas somente ao ver o rosto de Akihiro Sadao ele se acalmou percebendo que eles não eram seus inimigos. Assim estendendo a mão Akihiro disse:

- Venha meu amigo, você agora estará seguro.

E tirando o jaleco o cobriu e pediu para que dois dos soldados o levassem para fora dali enquanto continuavam a inspecionar o local. Mas quando ele ia Roberts ao encontrar em meio à bagunça do local como se tivessem abandonado as pressas uma pasta perguntou a Chikako:

- Há outra pedra verde neste local?

Chikako então completamente encabulado apontou para a estranha armadura semanas antes roubada, estava num canto distante da sala do qual era possível praticamente apenas ver o brilho da pedra dizendo que ela era uma das fontes do grande equipamento que estava a redor deles. Aquela pedra era definitivamente singular, a muito se especulava até mesmo que teria sido encontrada na Lua pela missão Apolo o que era mentira, mas logo Chikako revelou rapidamente que ela era capaz de canalizar de forma potencializada o campo magnético gravitacional da terra como uma fonte inesgotável de energia para aquela armadura. Aquela pedra tinha utilidades inacreditáveis cuja aquela encontrada no Alasca era apenas uma 'lasca' daquela que se encontrava de acordo a pasta sobre a mesa. Após falar isso Chikako saiu do local, pois o aquele lugar era bastante grande e haviam salas que eles ainda não haviam entrado especialmente pressupondo que certamente haveria gente naquele local quando Yates escutou um estalo atrás dele e ao se virar viu um homem de cadeira de rodas lhe apontado uma arma e pedindo para ele se render.

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Os soldados imediatamente apontaram as armas, mas era tarde, Yates havia sido feito refém, à cadeira dele andou sem que ele tocasse qualquer mão em suas rodas quando ele viu um crachá escrito seu nome, Marshal Gale. Ele usava uma notória tecnologia que tornava capaz de mover a cadeira por comandos dados diretamente pelo cérebro. Assim sorrateiramente ele fora recuando até se aproximar da armadura quando um braço robótico saiu após ele apertar um botão com a mão esquerda o pegando e levando-o até a armadura. Quando a arma saiu do campo de mira de Yates os soldados atiraram, mas o artefato parecia misteriosamente forte o suficiente para não sofrer qualquer avaria. Yates então correu para um canto e pediu para que não atirasse, pois havia equipamentos e muitas informações que não poderiam ser destruídas.

Quando a armadura se fechou, várias luzes se acenderam desligando a pedra dos demais equipamentos e fazendo o ruído oscilar fortemente como se ativasse algo, a máquina então se levantou e revelou uma série de equipamentos modernos ligados a ele contrastando daquilo que parecia ser pouco mais que uma armadura medieval de tão antiga que era, mas rapidamente numa só pisada ela destruiu a cadeira que Gale estava e levantando outro braço se revelou uma pequena metralhadora ligada que ativada começou a atirar destruindo a tudo que estivesse perto dos soldados os obrigando a recuar. Neste momento luzes vermelhas se acenderam como se ao sair dali tivesse ativado algum sistema de emergência curiosamente aumentando a intensidade do sinal eletromagnético enquanto a máquina saia de lá revelando em seu calcanhar uma pequena flor que parecia multicolorida acender por si só, se tornando luminoso.

Diante dos disparados um outro braço se estendeu até uma porta fechada a abrindo e fazendo com que dela saísse um homem, Lory Ferguson. A máquina indo a sua frente o protegendo dos tiros que a essa altura eram dados sem permissão, mas para os soldados salvarem suas próprias vidas, logo a situação se

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agravou ainda mais quando um abalo sísmico começou fazendo sacudir todo o local que em questão de instantes parecia querer ruir enquanto mais vapores pareciam sair de cada fresta que se abria no chão. Era vapores provavelmente provocado pela onda enviada pela imensa máquina no fundo da sala que agora sacudia junto ao local.

Quando se deram conta os dois já haviam fugido e eles apenas poderiam pensar em salvar suas próprias vidas ao perceberam o grande terremoto que começara enquanto a máquina agora na superfície destroçava soldados que se encontrassem em seu caminho apenas restando a eles que já estava confundidos pelo tremor, fugir, mesmo que numa rápida visão os prédios caiam a sua volta e as ruas pareciam abrir-se em fendas como se quisesse engolir carros inteiros, até que eles entraram num caminhão e o ligando saiu batendo em todos os carros presentes na operação, fugindo em meio ao tremor que se alastrava rapidamente pela cidade enquanto amanhecia, fazendo seus moradores saírem atordoados de suas casas. Agora, Como Sempre O Mundo parecia literalmente estar desabando, prédios desmoronavam e pessoas desesperadas corriam pelo meio das ruas clamando por socorro e um abrigo seguro. John Roberts jamais havia imaginado que iria se meter numa situação tão insólita como aquela. Agora Yates e Theodore Mitnick tinham que impedir a todo custo que Marshal Gale conseguisse fugir com Lory Ferguson para continuar com seu plano de dominar o planeta pelo uso nefasto da tecnologia, especialmente quando louco de ódio ele estava pronto para matar Roberts a todo custo caso os impedissem. Seu caminhão irrompia as ruas atravessando cada fresta que surgia durante o abalo, se desviando de pedaços de prédios e letreiros luminosos dos quais ainda muitos estavam acessos da noite anterior. Não via nada na frente à não ser o objetivo e os obstáculos intransponíveis dos quais eram obrigados

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a desviar atropelando apenas mesmo cidadãos desesperados que atravessavam a rua atordoados.

Logo atrás, mesmo diante deste perigo, Yates tomou uma pick-up e rumava o mais rápido possível para alcança-los a tempo seja lá pra onde estivessem indo enquanto Akihiro Sadao buscava uma maneira desesperada de por fim naquilo simplesmente minando a estrutura de todo armazém para que desmoronasse por completo sobre o porão. Mas não havia muito tempo, os técnicos não sabiam se protegiam-se ou fugiu, o mal estar que aquilo provocava era imenso.

Enquanto isso na perseguição Yates notou que numa curva o caminhão ficou preso num poste que caíram, aproveitando a oportunidade ele viu tinha chance de se aproximar, mas quando ele ia desacelerando o caminhão se soltou dando ré sobre eles e desviando-se para a direita dando seguimento na fuga. Foi quando vendo pelo GPS Mitnick notou que por destroços caídos do outro lado o caminhão seria obrigado a virar a direita em frente a um restaurante que ele havia jantado uns dias antes, o restaurante dava saída para esse quarteirão e assim eles resolveram atravessar o restaurante arrastando cadeiras e mesas mesmo que muito já estivesse destruído pelo tremor, arrastando a tudo até do outro lado saindo na frente do caminhão que desesperado de desviou fazendo bater num enorme letreiro e capotar sobre outros destroços.

Yates sai do carro e saca sua arma e vai em direção ao caminhão, pois mesmo que tivesse atordoado diante daquele tremor certamente haveriam surpresas. Era difícil de se firmar os passos no chão, que literalmente se movia sob seus pés e os bueiros pareciam prestes a explodir exalando enorme cheiro de gás, então Yates ficou receoso e chegou a olhar para trás vendo Mitnick sair do carro lentamente olhando para o alto para saber se algo mais não cairia. Foi quando uma explosão de dentro do carro irrompeu a caixa de sua carroceria revelando a máquina que eles haviam roubado indo em direção a Yates, de dentro ele podia

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ouvir a voz de Gale se exaltando num surto de empolgação megalomaníaca disse que a tecnologia é um poder imensurável que os tornavam em deuses e ninguém poderia julga-los!

Mas vendo isso Mitnick notou que era para disfarçar enquanto por outro lado Ferguson, e Tatsuya fugiam com Roberts. Ao ver que Mitnick se aproximava distraindo Tatsuya, John Roberts deu um golpe certeiro no rim de Tatsuya o fazendo se soltar e vendo isso Ferguson correu sumindo em meio aos escombros. Mas já que um dos objetivos era levar Roberts a qualquer custo Tatsuya se virou sobre Robert lhe aplicando um chute certeiro em seu rosto o fazendo girar e cair no chão, mas ao se aproximar Roberts pega um pedaço de madeira como um bastão e o atinge em cheio, não que isso o detivesse, pois como se não tivesse tomado qualquer soco Tatsuya revida com uma seqüência de golpes que deixa Roberts em definitivo no chão, Tatsuya diz com completo ódio que deveria tê-lo matado há muito tempo, e um estalo imenso diante do tremor fez com quem Mitnick novamente olhasse para o alto vendo um imenso pedaço de um prédio ruir sobre eles, e imediatamente para trás e vê Yates do outro lado correndo para dentro do restaurante de onde saiu para se proteger da máquina. Mas era tarde, tudo que pensou foi em sacar sua arma atirar sobre Tatsuya do qual não havia notado ter arma o fazendo correr e arrastar Roberts até um local seguro quando de repente ele viu a máquina olhar para o alto, mas era tarde toneladas de destroços cai sobre ele simplesmente o faze desaparecer, Mitnick cai no chão e vê o chão se fender todo, e um estrondo de baixo sucede uma explosão notando que aquele quarteirão todo iria ruir. Por sorte Roberts havia recobrado os sentidos e começou a caminhar mesmo ferido para dentro de um Antiquário.

Ao entrar, aquele lugar destoava por completo da tecnologia e clima da Tóquio repleta de letreiros luminosos e japoneses punks mesmo que agora até ali tudo desmoronaste. Enquanto se arrastava pelo Antiquário Roberts via relógios

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antigos caírem no chão com as explosões obrigando-os a se jogar no chão atrás de uma bancada enquanto pedaços de vidro e madeira voavam por todos os lados seguido por uma nuvem de poeira que rapidamente cobriu todo o lugar. Mitnick lembrou do fatídico atentado do 11 de setembro, mas aquilo de certo modo conseguia ser ainda pior. E então cessou o tremor e silêncio se fez por longos minutos...

Demorou muito tempo para todos conseguirem se centrar, aos habitantes sobre o que ocorria - poucas vezes um terremoto provocou tanto estrago especialmente com a tecnologia de construção atual no Japão - e para se assentar à poeira em infindáveis noticiários que determinavam a causa do terremoto como artificial!

Seguindo aquilo um turbilhão de notícias seguia seus investigadores do qual John Roberts apesar de liberto tempos antes no Alasca seu caso fora abafado na mídia mesmo que agora tivesse pela primeira vez uma vida produtiva onde junto aos que os resgataram se tornaram mais que colaboradores, mas amigos. E por isso mesmo, agora depois de enfrentar todo o caos sua vida que ainda nem chegara à metade teria de lidar com jornalistas e entrevistas especialmente depois do trauma de ter sido seqüestrado novamente. Ele estava ainda de cama e repleto de remendos como ele mesmo preferia dizer, gesso na perna, braço, a principio parecia apenas mais uma vítima do terremoto, mas era da truculência daquela máquina assassina chamada Tatsuya e sua constante obsessão sobre John Roberts.

Depois de algumas poucas palavras, ele decidiu que quando saísse de lá iria entrar para o treinamento de tiro e defesa como efetivo agente de campo. Mas eles tinham que lidar com outro problema do qual mal tiveram ainda tempo de lidar, a morte de Nakamoto que naquele momento o ex-hacker estava sendo enterrado nos EUA.

Só depois de receberem as honras das autoridades locais por terem feito o possível mediante a situação é que a equipe no

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avião realmente sentiu o peso da ausência de Nakamoto. Ele era definitivamente muito mais para assuntos internos que como um agente de campo, mas mesmo assim seu suporte e seus talentos eram de grande valia a equipe.

Ao chegarem nos EUA, estava chovendo, eles sentiam um enorme peso nas costas após serem recebidos discretamente por autoridades e alguns jornalistas e combinaram de passar no cemitério para demonstrarem suas condolências. E que a armadura com o corpo esmagado de Marshal Gale ao ser encontrada depois das devidas perícias feita por equipes de ambos países seria enviada para estudos.

Nakamoto era um homem que obteve muito sucesso apesar de muitas vezes penetrando sistemas inclusive do próprio DIA, mas de tão bom em seus talentos que viram em sua captura não oportunidade de puni-lo, mas aproveitar seus dotes em troca de uma condicional, prática bastante comum em muitas agências de Inteligência do mundo. E mesmo sob chuva alguns carros chegaram a local onde grandes guarda-chuvas pretos após encontrarem Angelus Bishop rumaram para lá com ele Yates Winston, John Roberts (apelidado temporariamente de múmia), Akihiro Sadao, Theodore Mitnick, Julia Fill e Albert Tucson. Esta fora a primeira vez que o grupo todo se reunia por completo em muitos meses e talvez por isso trouxe alguma comoção, eles ao longo do período pela vivência e convivência direta mesmo com suas diferenças estabeleceram um ínfimo elo de ligação e de cumplicidade onde um protegia o próximo das adversidades que enfrentavam utilizando-se de seus talentos.

A chuva caindo sobre os guarda-chuvas fazendo um som oco que mediante o silêncio soava como uma trilha sonora, se não uma perfeita expressão para o momento onde os céus meio que choravam por saber da eminente importância do sujeito que lá jazia, mesmo que alguns no grupo, como John Roberts evidentemente fossem peças-chave naquilo, mas cujos demais em menor grau tinha importância única como engrenagem naquele

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mosaico conspiratório que se formava. O tempo chorava sobre tudo porque sabia que aquilo não havia acabado ainda, pois diante de tantos que sob o céu vira ao longo dos tempos as maiores guerras e conspirações certamente aquela - que seria a maior - havia apenas adiado seus planos enquanto seus arquitetos se re-agrupavam em algum lugar do mundo a espreita de um novo ataque.

E foi assim que em algum lugar do mundo, num outro enorme armazém surge Lory Ferguson e Hugh Sacha falando com um homem cuja silhueta parecia não destoar das sombras compridas que se movimentavam lentamente naquele sombrio armazém que, no entanto guardava não frutas, mas caixas em diversos tamanhos e formatos em longas fileiras e prateleiras, vestido um capuz pouco a pouco aquela sombra além de escutar e concordar com que era dito ia tomando forma humana para revelar sua verdadeira identidade, Tatsuya.

Depois da ressaca de dor Theodore Mitnick estava em casa vendo gotas de água escorrerem pelo vidro da janela enquanto esperava John Roberts entrar em sua câmera quando uma oscilação na luz fez o computador sair do sistema, mas que antes que os sistemas de emergência ligassem tudo voltou aparentemente ao normal, mas, no entanto, surgiu uma estranha tela no computador revelando uma face digital de Watchman como se surgisse do TerrAlfa. Assustando saiu do sistema, mas não sem antes perceber que a luz parecia piscar repetidamente como em algum tipo de sincronia, no entanto, notou ele que não era código Morse, assustando resolveu abrir a janela de seu apartamento depois de pegar seu celular na mão, e mesmo diante da chuva olhar para fora e ver algo que o assustou muito: não era somente as luzes de seu apartamento que apagavam e acendiam, mas de todo o prédio, e todos os demais a sua vista que, no entanto, independentemente pareciam seguir ondas crescentes e

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decrescentes até formar letras ao longe e formar palavras onde ele entendeu, era um nome, era ‘Watchman’ que como um maestro de horror tocava uma estranha sinfonia de luzes sincronizadamente como uma música com desenhos ritmados surgindo nas construções de concreto.

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III Rex Virtualis: Mistério na Ilha Branca

"O tempo está morto enquanto é marcado por pequenas engrenagens; só quando o relógio para é que o tempo vive." William Faulkner The Equinox Of Humanity - Anos 80 Na tv passava uma antiga série, MacGavyer, quando uma reportagem interrompe a programação e exibe um acidente nuclear, o maior de todos, Chernobyl. Ao se contemplar o local vemos que é um enorme laboratório, mas diferente dos demais que ao invés de ter tubos de ensaios e ratos em gaiolas vemos muitas peças eletrônicas e dentre elas um homem que de costas veste um jaleco branco, que enquanto mexia num antigo computador se vira e vê a notícia na Tv.

Era um Alvaro Watchman ainda jovem e empolgado com as possibilidades que se abriam com aquele promissor mundo virtual. Logo se formou em Harvard e se tornou especialista em sistema COBOL, mas ele tinha pretensões maiores, era um visionário, que, porém, não tão nobre...

Ao assistir esta notícia ele pega umas pastas reviradas entre outras do qual sobressaiam nomes como um título escrito ‘PROMIS-86’, e sai pelas portas do Instituto que trabalhava deixando uma cair antes revelando um projeto do que viria a ser Apple pegando de forma desajeitada se arruma novamente e segue para seu carro. Desde que surgiram os computadores no final da Segunda Guerra Mundial, com o MARK I em 1944 pelo professor Cuken também da Universidade de Harvard a fim de executar cálculos balísticos, os computadores não pararam de evoluir gerando uma categoria especifica chamada informática. Neste mundo em

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constante movimento e aperfeiçoamento se sucedem em gerações aonde microchips cada vez menores e melhores, vão transformando antigas máquinas em verdadeiros multi-utensílios se agregando a nossa própria cultura e estando presentes cotidianamente em nossas vidas, mesmo que, infelizmente, nem sempre para melhorar nossas condições de vida. Do Mark I construído com relés eletromecânicos e ocupando oito andares de um prédio, se seguiu pelo ENIAC e EDSAC construído por válvulas eletrônicas até a segunda geração iniciada pelo desenvolvimento de componentes feitos de silício e germânio, reduzindo enormemente o tamanho e consumo, além de potencializar sua eficiência e custo de produção de onde surgiram os primeiros programas de linguagem programativa como o BASIC, COBOL e FORTRAN. Já na Terceira geração a revolução ficou por conta do surgimento da microeletrônica com o surgimento dos primeiros chips de silício e transistores, barateando mais o custo de produção tal como gasto, e potencializando a velocidade. Porém, somente da quarta geração foi em que se conheceu os microprocessadores do qual se utilizando a lógica fundamental binária deu enfim a origem a chamada era digital. Que ganhou potência graças à determinada rede global chamada internet. ArphaNet fora a primeira internet que surgira por acaso durante a Segunda Guerra como um sistema de comunicação interno entre bases militares dos Estados Unidos como forma preventiva a um possível ataque nuclear ganhando apenas importância comercial com a perda da importância militar ao fim da Guerra Fria, assim surgiu a World Wide Web. Os Personal Computers se tornaram então um aparelho tão comum quanto a Tv e uma geladeira nas casas de cada morador médio da terra. Desde então o mundo da informática ambicionava a alcançar a cognição do homem como busca dele próprio se recriar saindo definitivamente dos laboratórios para o imaginário humano.

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Não por menos esse código binário, da sucessão de uns e zeros, parece ser de inspiração filosófica como uma replicação ordenada do universo a nível elementar, não moral, pois há até mesmo quem diga que seria a matrix verdadeira do mundo, fator que inspirou filmes como ‘Matrix’. E foram mentes como a de Watchman que viu nisso uma oportunidade bizarra: do homem construir seu próprio Deus. E quem diria que mesmo após sua morte esse 'deus' seria um replicante virtual dele próprio... No entanto, seu surgimento era de forma insólita e similar a uma doença, pois logo Watchman começou a desenvolver verdadeiros sistemas de vírus e sendo o primeiro a aplicar o estudo da A.I. (Inteligência Artificial) nelas para que ele pudesse vender seus serviços de proteção, mas também se aproveitando para roubar dados de máquinas do mundo todo. Assim por meio destes vírus roubava contas bancárias e tirando parcelas ínfimas de contas como 0,01 começava a construir sua fortuna mesmo que posteriormente descoberto acabou por jogar o peso deste para um jovem hacker da Philadélfia. Muito semelhantemente os vírus de computadores têm o comportamento muito similar ao biológico infectando e se multiplicando a fim de se espalhar para outros computadores. Sendo um pequeno programa feito de códigos maliciosos redigido por programadores maliciosos chamados crackers, muitas vezes se dá por links e e-mails se auto-enviando para todos da lista do usuário uma vez infectado, podendo sobrecarregar o servidor fazendo-o cair. Mesmo que existam vírus que hajam de forma específica, excluindo arquivos, destruindo textos, monitorando ilicitamente, desconfigurando o sistema, deixando o micro mais lento e passando informações pessoais como senhas no que se chama de cavalo de Tróia. O Primeiro possível exemplar de vírus fora mostrado num seminário de segurança computacional por Len Eidelmen em 1983 como um programa auto replicante - na época nem existia

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ainda o Windows ou Linus e o sistema utilizado fora o VAX11/750 - onde este programa se autocopiava para diversas partes do computador, mesmo que o termo "vírus" tenha passado apenas a ser utilizado em 1984 na 7th Annual Information Security Conference, ganhando sua primeira versão para os Personal Computer (PC) em 1986, como um vírus Boot chamado Brain que danificava o setor de inicialização do HD (Hard Disk), mesmo que o título oficialmente seja creditado a Rich Skrenta pelo vírus Elk Cloner. Desde então o número de vírus virtuais tem crescido espantosamente indo de 5.000 vírus em 1995 até mais de 630.000 vírus registrados até março de 2009 até alcançar o incidente ocorrido anteriormente relatado.

Alvaro Watchman rapidamente se tornou popular entre os visionários e pioneiros da informática, chegou aparecer em fotos de revistas e jornais ao lado de Steve Jobs. Tinha uma aparência estranha para não dizer excêntrica condizente com sua personagem, completamente calvo tinha uma longa barba que descia até o peito que com o tempo se tornava crisálida até ficar branca, parecia até mesmo um anão de histórias de J.R.R. Tolkien. E de fato apesar de misteriosamente ser visto com belas mulheres mesmo que fosse socialmente 'esquisito', pouco a pouco depois do lançamento do Apple foi se isolando num pequeno laboratório que ele mesmo criou com a fortuna que fizera especialmente no advento do bug de milênio.

***

O Vento irrompia ruas completamente desertas revelando

após carregar o lixo de casas a muito abandonadas utensílios e até brinquedos jogados no chão como quem tivessem saído à pressa, mas os papeis, plásticos podres e todo tipo de sujeira denunciava que fazia muito tempo que ela fora abandonada. Essa era a "rotina" da Cidade de Chernobyl que ficou completamente deserta após o acidente nuclear que à desabitou, mesmo que

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posteriormente até mesmo uma investigação se abrisse sobre um possível envolvimento de Watchman no incidente como uma sabotagem após arquivos encontrados num fragmento de sua memória virtual, mas o caso ficou em aberto.

Mas pouco tempo antes mesmo desta descoberta, algo ocorreu apesar das autoridades abafar o caso na mídia mesmo que corresse em investigação onde parecia corrobar tal descoberta sobre Watchman.

Naquele dia um golpe muito audacioso estava para ocorrer. A cidade cercada por uma constante vigilância em tempo integral e em caráter permanente para se certificar de que ninguém entraria ou sairia de lá, se não pessoas credenciadas, no entanto, eles não esperavam por uma coisa. Quatro carros aparentemente do governo encostaram na guarita de entrada, onde ao se abrir a janela de um dos carros revelou credenciais. Porém, quando o soldado fora verificar no sistema, se constava aquelas identidades, o cano silenciador de uma arma surgiu da janela.

Assim matando os soldados que protegiam a entrada da cidade, homens vestindo roupas de radiação negras e armados até os dentes invadem a cidade deserta onde apenas o roncar do motor dos carros irrompia o silêncio ritmado apenas pelo vento. Atropelando a cabeça de um velho boneco jogado na rua. O objetivo: roubar uma valiosa carga radioativa perto do reator detonado. Eles sabiam que tinham pouco tempo, não somente pelo fato de que logo viria soldados atrás deles, mas também porque a radiação ainda era forte naquele local, impossibilitando que ficassem por muito tempo sem serem contaminados.

Deste modo, enquanto um cronômetro contava o tempo exato de cada movimento obviamente previamente ensaiado, estes com equipamentos ultramodernos contendo mapas rapidamente chegaram ao alvo em meio aos escombros daquele local.

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Uma vez o roubo feito os militares locais tentam agir e os ladrões fogem até o litoral onde a perseguição continua, e ao seguirem para lá, parte da carga radioativa num barco que ao ver que é inevitável a fuga, a depositam num iceberg que lá passava. Ao conseguir se salvar daquilo os homens finalmente tiram toda sua roupa, um destes revelando ser Hugh Sacha. Um dos fanáticos do grupo de Watchman, um russo ex-membro de um grupo de tráfico de informações fundado por ex-menbros da KGK, e agora discípulo de Lory Ferguson.

Costumava fazer invenções estranhas de robótica e programas que apesar de nenhum pouco comerciais eram revolucionários sendo precursores de programas de sucesso como o próprio TerrAlfa. Então, ficou-se um longo tempo sem falar nele sendo acreditado que até havia morrido...

Meses depois devido as correntes marítimas e até ao El Ninõ mediante o caos e aquecimento global eminente que desequilibrava o clima do mundo, o Iceberg vai parar no litoral do Brasil. Esses gigantescos blocos de gelo desgarrados dos polos, em geral devido ao aquecimento global causado pelo homem. Viajam pelas correntes marinhas durante anos e até décadas até desaparecerem por completo, carregando com si muitas vezes pedaços inteiros de um ecossistema, parecendo assim como verdadeiras e moveis Ilhas Brancas. Era o dezembro mais quente em dez anos e parece que as coisas iam esquentar cada vez mais... Ut Sit Magna, Tamen certe lenta ira de arum est Brasil, algum lugar entre o sonho e o pesadelo, não descrito em cartas e mapas oníricos, um devaneio ensandecido temporal. O Brasil desde suas fundações tinha um pé na injustiça do qual entre renegados e condenados de Portugal que foram seus primeiros habitantes oficiais, demonstrava uma clara inclinação a maus princípios onde a injustiça e impunidade se instalaria com maior afinco. Mesmo com a vinda da família real ao Brasil trazendo um até então inédito progresso junto a uma outra família notória - a

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de Roberts - não fora suficiente. Índios e negros eram escravizados, e sempre vinha lixo de Portugal mesmo que junto muita coisa boa, mas não exclusivamente. Não somente do capim colonial que passou fazer parte de nossa paisagem a impregnando como signo da pobreza estética que se alastrava rapidamente nas emergentes favelas ao lado de cartões postais.

Mas com muita luta pouco a pouco conseguiu se desvincular da limitada imagem de desigualdade, pornochanchada carnavalesca, fanatismo futebolístico e políticos egocêntricos e corruptos. Era um lugar cheio de gente talentosa e bonita que muitas vezes era exemplo de exploração e injustiça e por isso mesmo sofrendo constante opressão de outros países como os EUA.

A Abolição da escravatura e independência na realidade ocorreu mesmo sutilmente apenas depois do ano 2010. Foi quando o pais deslanchou no cenário internacional assumindo abertamente seus talentos antes mantidos como hamesters numa roda para mover o país. Confessamos, poucos países eram, no entanto, abençoado por natureza, pela natureza. Das grandes riquezas naturais, poucas catástrofes nos incorriam a não ser as manufaturas pelos tiranos hipócritas e sorrateiros, mas que por ser um pais tropical, o frio e a neve era incomum, e por isso a imagem que surgia no litoral carioca era no mínimo inóspita. Um imenso bloco branco como uma ilha se instalara na boca da baia do Guanabara depois de passar por São Paulo demonstrando um contraste aberrante como se um pedaço da Antártida se instalasse diante de montes e montanhas tropicais.

A muito se discutia sobre aquecimento global ser provocado pelo homem, mas apesar deste comumente a longos séculos sugar todos os recursos possíveis dizia-se ser provocada pela própria mãe natureza. Mas quem não se lembra de anos atrás no Alasca a explosão que fendera a geleira desprendendo este imenso cubo de gelo que pelas correntes marítimas vagara até aqui mudando as rotas marítimas locais. Como de se esperar se

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tornou alvo da atenção da população, cientistas e da mídia que rapidamente passou a fazer sobrevoos sobre o local revelando a existência de até mesmo alguns ursos polares. No entanto, mesmo que não houvesse qualquer permissão para se pousar lá por não se considerado seguro, uma repórter emergente rapidamente resolveu arriscar na sorrateira. Porém, quando sobrevoava no inicio da manhã percebeu um pequeno barco que se prendera no lado do oceano do bloco, pousando rapidamente antes que se percebesse a presença do helicóptero - ele usava silenciador de ondas sonoras opostas - fez um rápido desembarque depois de constatar um estranho orifício na superfície do bloco.

Ela era uma jovem determinada, bonita e talentosa, mas que, no entanto, era capaz de qualquer coisa para conseguir um furo de reportagem, e assim não era sempre bem vista com bons olhos por todos da categoria, muitas vezes sendo associada ao sensacionalismo que apesar de fazer denúncias e grandes reportagens, alguns outros assuntos eram considerados exagerados no mínimo. De tiroteios em favelas, a denúncias de exploração humana, o que ela estava prestes a lidar, porém, era certamente um dos maiores furos, tal como os recentes ocorridos no Japão. Depois de vestir um casaco branco, talvez na intenção de se camuflar das autoridades do qual não tinha permissão para lá estar correu agachada até um buraco no gelo que dava acesso a uma aparente caverna criada pelo degelo dentro do iceberg. Aquela altura o frio que passara a sentir não era pelo gelo, mas por um medo que a tomou, ao virar por uma parede de gelo que viu alguns equipamentos ligados com suas luzes cintilantes dentro de um enorme bloco de gelo. Assustada chegou se desorientar, mas rapidamente tirou sua câmera a tira colo para começar a filmar tudo que via, quando de repente um homem surgiu na sua frente a atingindo em cheio, e fazendo a câmera cair de sua mão tal como ela que por alguns instantes sua vista escureceu como se quase fosse desmaiar. Apesar do susto e do breve apagão, ela se

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ergueu enquanto ele percebendo que era nada mais do que um curioso, perguntava quem ela era. Quando ela se levantou contemplou-o e perguntou o mesmo depois de se identificar

– Isabel Lorenço, repórter e você? – Perguntou, Isabel como se tivesse tomando uma postura ofensiva mesmo que no fundo ainda estivesse se borrando de medo. Foi quando o homem tirou o capuz do casaco que cobria sua cabeça e disse num português muito rudimentar.

– Meu nome é Albert Tucston, sou agente secreto norte-americano e seu país pode ser alvo de terroristas.

Depois dele perguntar se ela falava inglês fluente, sendo confirmado por ela, pois ele receava iniciar uma conversa em português por não ser tão familiarizado coma língua. Ele a guiou até o interior da caverna onde revelou que estava fazendo daquele lugar uma espécie de pequeno laboratório de transporte para um artefato igualmente achado naquele lugar. Aqueles equipamentos funcionando a partir duma fonte de energia que desconheciam – da pedra – era utilizada naquele local para manter tudo funcionando mediante visitas, ele explicou superficialmente por temer a confidencialidade do assunto – mas no fundo por ela ser repórter – que estava desenvolvendo algum tipo de equipamento de fusão nuclear, mas na verdade nem ele mesmo sabia exatamente do que se tratava, ela de repente disse que seu amigos estavam lá fora. Intrigado, pois sabia que estava só na empreitada ele perguntou que amigos e antes que ela respondesse, escutaram um ruído lá fora de pessoas que se aproximavam. Imediatamente ele a puxou pelo braço a levando para trás de um bloco de gelo para se esconderem quando sombras compridas começaram a crescer dentro do local sucedido por passos que ressoavam com o som do pisar em flocos de neve. Sem entender, Isabel, apenas obedeceu cedendo seu temor inicial a confiar no homem estranho que lhe abordara inicialmente de forma agressiva.

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Silenciosamente escondidos uma voz falando em alemão rapidamente se tornou reconhecível para Tucson, era Hugh Sacha, aquele homem misterioso que inclusive estivera envolvido no incidente do Japão. Ele falava com alguém algo para procurar por qualquer possível invasor depois de notarem um helicóptero sobrevoar o local como se saísse de lá. Tucson então olhou com uma cara de reprovação para a repórter sabendo que fora a equipe dela responsável por aquilo. Ele então sussurrou ao pé do ouvido dela de que tinham que sair daquele local, na verdade mais por ela do que por si próprio e vendo o local com uma passagem não vigiada, ele disse para aguardar o sinal dele para irem.

Tucson apenas esperava Hugh ir mais ao fundo da caverna para se levantarem e depois de dispensar um guarda indo para a outra entrada ele rumou ao fundo como esperava o fazendo rapidamente puxar Isabel pelo casaco para irem. No entanto, na hora que ela vai sem querer deixar a câmera que levava cair de seu casaco fazendo Hugh se virar e olhar diretamente para os olhos da mulher, enquanto ela pegava a câmera do chão ficando instantaneamente paralisada. Curiosamente Hugh sorriu e levantou a mão falando algo em alemão mandando seus capangas encima dele e revelando a posição de Tucson, eles correram diretamente para fora buscando se esconder por de trás de um dos pequenos montes de gelo que havia na superfície. Mas, rapidamente uma saraivada de tiros irrompeu o local dando tempo deles apenas se jogarem no chão atrás de um monte. Mas quando ele se dava por momentaneamente aliviado até buscar uma outra posição que o distanciasse ele escutou um ruído e quando se virou estavam cara a cara com um urso branco enorme que parecia nenhum pouco satisfeito com a presença dos dois naquele local. O enorme bichano investiu sobre eles como quem estivesse faminto a longos dias, os fazendo revelar sua posição aos atiradores, ao verem os correr, atiraram sem hesitar. Isabel tropeçou e caiu, mas para sua sorte o urso que investia agora sobre ela passou em frente ao cerco de tiro sendo baleado pelos

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atiradores que miravam sobre ela. Mas uma vez o urso caindo morto, viram que não tinham onde mais correr se rendendo e foi quando Hugh saindo de dentro do buraco na neve reconheceu Tucston, o fazendo rir. Tarde demais pra Esquecer Um ruído irrompia uma sala escura, o toque de um telefone que sucessivamente se seguiu fez com que uma mão saísse do meio dos lençóis a acendesse o abajur. Logo, com a luz se era possível contemplar um quadro com uma série de fotografias e recortes de jornais sobre o incidente no Alasca e no incidente no Japão. Apesar da aparência de ser um laboratório, pela imensa quantidade de equipamentos sofisticados e notebooks jogados duma forma semicaótica, era a casa de John Roberts. Ainda zonzo de sono levantou sua cabeça e pondo uma das mãos na cabeça confirmava se lá com que fosse que estivesse falando no telefone, se virou para a estante agora com alguns prêmios e medalhas de honra ao mérito dados por diversos, do Japão aos Estados Unidos da América, onde residi uma foto com seus agora amigos do MIT e DIA do qual compartilhava uma rotina de trabalho. Eram seis horas da manhã quando o telefone tocou, e apesar de Roberts trabalhar bastante, normalmente, naquele horário ele poderia dormir despreocupadamente ao contrário do que lhe era submetido anos atrás no Alasca. No quadro de estopa onde havia diversos recortes, via-se fotos dele não somente sobre as investigações dos achados no Alasca, mas nos inúmeros casos posteriores até ao Japão, e sua menção inclusive no Nobel pelo que resistira. Afinal, junto ao MIT estava desenvolvendo mais do que nunca suas teorias junto ao maravilhoso suporte técnico e de seus colegas que tinham do qual junto a outras mentes geniais apenas se aprimoravam, ao contrario daqueles brucutus truculentos que antes buscava restringir até mesmo sua mente e não bastando o explorarem ainda o castigar por “invisíveis dívidas”.

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Mas nem tudo era um paraíso para Roberts e eventualmente ele se envolvia em alguns casos de alto risco e por isso mesmo passou por um curto, mas bom curso de sobrevivência e resistência pela própria DIA. Assim depois de levantar sentiu uma fisgada, marca do último caso no Japão, mas rapidamente depois de ligar a Tv e afanar seu pequeno cão, constatou na Tv uma estranha interferência, e se dirigiu a porta do banheiro evtrocou de roupa e seguiu para fora pegando sua modesta, mas bela pick-up onde se dirigiu ao MIT.

Ao chegar ao MIT constatou que os demais lá se encontravam numa reunião de aparente emergência. Todos ainda um pouco com cara de sono, assim que adentrou o local recebeu uma pasta escrito em letras grafais 'CLASSIFICADED', que ao abriu e desfolhar rapidamente viu uma foto de do ex-policial Albert Tucson o que lhe chamou a atenção. Atrás um gráfico descrevia as atividades do sol que estavam atipicamente anormal nos últimos dias e a foto de um suposto satélite espião. Na tela, no fundo da sala, mostrava slides com fotos numa aldeia para onde Tcuson havia ido visitar seus parentes e descendentes. Todos haviam supostamente morrido, mas Tucson tinha desaparecido. Alarmados todos os pertencentes à equipe se alarmou comentando e lhe foram pedidos para que fizessem silêncio.

No relatório constava não somente a órbita de satélites secretos dos EUA,mas alguns inativos da então URSS, assim como outros catalogados. Havia muito lixo espacial em órbita da Terra, fruto de tantas aventuras pelo espaço, e intrigas haviam de satélites de comunicações obsoletos a até mesmo vestígios do projeto Guerra nas Estrelas, totalizando cerca de 17 mil pedaços de lascas de tinta, detritos, satélites desativados ou destruídos, entre outros mais de 10 cm, em torno da Terra, que representava risco potencial a outros objetos e missões.

Foi então que chegou a rápidos passos na sala uma mulher ruiva, que ao contrário dos demais parecia já estar acordada a um bom tempo. Vestida de forma elegante, era de média estatura,

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ruiva, duma beleza singular, e logo Angelus Bishop dirigiu seu olhar com um sorrisinho maldoso no rosto e ela fingindo não perceber, abriu as páginas do relatório e percebendo que ele persistia o encarou seriamente e desviou o olhar como recusa e se dirigiu a tela se apresentando. Realmente naquele ambiente não era muito comum haver mulheres com belos corpos pesquisando ou realizando tarefas, mas ainda assim não justificava o machismo sexista, logo ao falar sua voz se revelara suave, mas firme o suficiente para impor respeito, e não se demorou para perceber que além de muito bonita e educada era muito inteligente. Seu nome era Rochelle Nickols, sua beleza aparentemente delicada destoava de uma personalidade forte de fazer inveja a muito homem. Apesar de ter iniciado sua vida profissional como modelo justamente exibindo seus belos contornos, ela seguia, no entanto, seu sonho maior: chegar, num lugar onde poucas mulheres como ela chegavam, uma vez que ela tinha credenciais notáveis na faculdade, nos estudos sobre informática e biologia. Mas o que isso tinha haver com tudo aquilo? Além dela estudar a Inteligência Artificial ela estudava os bio-vírus de computadores, e com suas teorias moldaram notáveis avanços rapidamente tomou uma posição hierárquica que a tornava intimidadora a qualquer homem pensar em conquista-la e corteja-la. Porém, era relativamente nova, não deveria ter mais que uns 30 e poucos anos.

O Primeiro caso de um orgânico que atingisse os computadores, além dos habituais programas-vírus que de inicio se creditavam pela ignorância (não eram), como a mesma coisa ocorreu em 1996 com o AN, um vírus que atacava o silício e carbono cuja sigla é de Arthit Nehn, o cientista vietcongue que o identificou em Mega Nascas, na Califórnia. Isolado no laboratório o assunto igualmente não "infectou" a mídia permanecendo assim por anos, mas logo após o apagão de 2015 começaram a aparecer alguns surtos inicialmente de variáveis do AN associado a longas exposições ao TerrAlfa, mas aqui deliberadamente manipulado

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geneticamente de forma a agir sob determinas condições de forma similar a arma chamada Gene Especific que era a criação de determinada doença em que somente se afetava determinados elementos com certo laço sanguíneo de raça. Assim como os primeiros casos de vírus de computador que eram associados aos verdadeiros existentes o que levavam pessoas a lavar as mãos após manusear disquetes. O surgimento dos primeiros casos do VBV (Vírus Bio-Virtual), foram confundidos com casos de doenças virtuais intermitentes, mas logo se constatou uma superatividade do lóbulo que ficava sobrecarregado por algum tipo de infecção. Ao afetar determinada parte do cérebro, ligada aos sentidos, mergulhava a pessoa em alucinações que se associavam ao mundo virtual especialmente ativada por uma hiper-atividade neste, de modo que vinha do próprio computador tal como de pessoa em pessoa. No entanto, este fenômeno já era razoavelmente comum em vista que esta parte cerebral, tal como da memória ficava vulnerável ao se conectar ao TerrAlfa do qual mergulhava a atividade cerebral a este nível. O trabalho de Rochelle Nickols se tornou vital a isto e logo que John Roberts viu seu nome descobriu quem era, pois antes somente conhecia sua pesquisa.

Estas doenças partindo-se disso criou um verdadeiro campo da medicina para estudar esta nova fenomenologia onde muitos hackers agora também se tornavam traficantes de drogas criadas para potencializar a "realidade" dos mundos virtuais. Drogas que assim como a última variável do VBV tinham em comum a ativação de áreas considerada mortas dos genes do qual ligava-se aos remotos neandertais em alguns, iniciando um verdadeiro surto de sociopatia, no que Tucson chamava de levante nefilin. E desta vez não era necessário ficar na frente do computador para se infectar o que fez Alberto Tucson abandonar sua vida que havia voltada ao contato com a natureza desde o incidente no Alasca.

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Após resumir brevemente os ocorridos ela foi direto ao

caso classificado onde as vítimas entorno da queda do satélite demonstraram estranhamente sintomas similares a da infecção por estas doenças, o que chamou a atenção fora a assinatura presente nesta, que não fazia qualquer sentido aparente uma vez que o satélite seria da ex-URSS. Uma equipe da OMS fora enviada ao local, mas apesar ter pegado os restos do artefato havia algo que eles ainda não conseguiram compreender, uma tecnologia do qual não conseguiram acessar ou entender seu funcionamento e por isso também haviam chamados, e não somente para procurar Tucson. A queda do satélite até que até então acreditava-se não existir, teria sido provocada por tempestades solares o que levava eles acreditar que estranhamente ainda estava em funcionamento.

John Robert sabia perfeitamente sobre tal uma vez que a aurora boreal também era provocada por ventos solares por sua vez provocado por erupções na superfície da estrela solar, suas partículas viajam a uma incrível velocidade até tocarem as camadas mais altas da atmosfera dando forma aquilo, mas essa atual tempestade andava por afetar as comunicações fazendo repentinamente muitos outros satélites terem seu funcionamento atingido. Sobretudo nos últimos dias estava tendo trabalho junto a recém criada IA, onde visava a monitoração, registro e movimentação de informação, que se tornara vital nisto tudo, por isso mesmo lá estavam eles.

A Formação da IA (Information Agency) co-fundado pelo próprio John Roberts como uma sugestão inicialmente, esta agência de informações internacional era mais que uma simples agência de Inteligência, e seus objetivos iam além fronteiras ou nacionalismos, mas sendo como uma intercessão conjunta com outras agências para proteger como seus interesses até serem definidamente classificados e creditados, combatia a penetração de sistemas e intervenções maléficas em pesquisas particulares ou do governo que combata o tráfico de informações obtidas de

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forma ilícita cruzando os rumos da espionagem pós-industrial e governamental. Desde que o capitalismo sucumbira como a imperfeição inerente à democracia uma nova forma de cracia imergia, a da informação e deste modo seu roubo passou ser considerável como equivalente a assalto e roubo. A produção de conhecimento ao longo dos séculos se acumulavam no mundo virtual, história, arqueologia, filosofia, ciências, cultura, todas elas não paravam de crescer, se modificar, a civilização, mas do que isso se tornara um organismo vivo e sensível, e por isso estes queriam tudo monopolizar e controlar, tirando tributos, taxas e impostos imensos sobre todas as informações, o que alguns agentes chamavam de feudalismo virtual, de tão arcaico e injusto que era. O TerrAlfa assim se tornou o mais eficaz meio de se entrar nas mentes e corações, e por isso um terreno perigoso para a IA...

Pouco a pouco essa infocracia que nascia naturalmente como resultado de séculos de desenvolvimento, acabou por gerar novos tipos de grupos que agiam a fim de monopolizar todo conhecimento, usurpando e corrompendo, era uma corruptela dos tiranos de outrora que por meio deste conhecimento visava paralisar e dominar todo novo sistema. Mas por serem virtuais se tornava uma busca de grande dificuldade.

Foi neste período que fora desenvolvido o Rapid Acess Restrited (RAR), um sistema avançado de criptografia para pesquisadores de todo mundo aliado a um sistema de segurança, afim de manter o sigilo particular. Tal tecnologia permitia acessar o sistema da IA de qualquer lugar do globo utilizando-se um login mediante o reconhecimento pela íris incluindo as condições de humor momentâneas para permitir acesso registrado com hora e local. Inspirado no sistema anterior de segurança criado por Roberts, porém aqui mais sofisticado e reduzido. Mas não obstante, a agência não teve por inspiração apenas casos como o que Roberts passara, mas até mesmo um jovem que ao ter sua

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pesquisa e teses desenvolvidas roubadas passou a ser perseguido por uma organização misteriosa.

O objetivo da agência é conceder registro e concessão como auxílio jurídico e(ou) financeiro governamental para pesquisas a indivíduos ou iniciativas privadas independente da área abrangente (cultural, psicológica, física, filosófica e etc) de acordo com restrições legisladas perante a lei e interesses do qual poderia vir a ser sustentada pelo governo local, prevendo a criação e manutenção duma biblioteca física e virtual sem fronteiras de todo o conhecimento onde todos os registros devidamente creditados (autoria e nacionalidade) estariam disponibilizados de acordo com a área e importância pela atualização de envio periódicos de relatórios possibilitando a transparência mesmo que toda a obra só pudesse estar disponível com a permissão expressa do(s) autor(es) e seu grau de importância aceito abertamente por debate. Não utilizava-se de pesquisas e livros previamente sem permissão dos autores, mas era algo mais aprimorado do que o Google Books, do qual os downloads eram apenas permitidos mediante o pagamento de uma taxa de manutenção e premonitória a seus autores. Deste modo tal sistema visa não somente a impedir pilhagem ideológica como resguardar a privacidade de personalidade de mercenários da informação que visam apenas lucrar com tais.

Uma vez passado o brienfing da missão, cada qual com sua missão passada, Yates Winston e Theodore Mitnick sendo enviado até ao Arizona investigar a aldeia e a queda do satélite junto uma equipe enquanto Julia Fill e John Roberts ficariam dedicando suas mentes na central catalogando os dados e os cruzando na investigação, liderando a equipe central.

Ao chegarem a aldeia o local que precedia sua chegada estava repleta de automóveis de autoridades policias, federais e militares sem contar os repórteres que cercavam o local com vans com parabólicas de transmissão via satélite. Logo ao saírem do

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carro Yates Winston e Theodore Mitnick foram abordados por uma repórter onde fazia perguntas num tom completamente sensacionalista e alarmista sendo seguida por um câmera que os acompanhavam freneticamente de forma praticamente ofensiva. Sem o que dizer, eles entraram numa tenda militar onde rapidamente revelara mesas repletas de computadores e pessoas trabalhando, era o centro de comando do base de campo, e logo foram recebidos por um homem moreno tipo indiano com um grande jaleco branco que se estendia até quase os pés como um sobretudo brevemente saiu de cima de um micro, por demais concentrado saiu meio que tropeçando até eles e logo se apresentando, Spation Venter, um biólogo e geneticista responsável pelas pesquisas científicas. Ele passou um breve resumo das descobertas e os orientaram até uma outra tenda onde ficava a enfermaria. Para lá alguns corpos eram levados vedados por plásticos onde eram estudados por pessoas com roupas de proteção como se fossem astronautas. Pediu para que eles vestissem as mesmas roupas de segurança e o seguisse.

Ao saírem da tenda rumo a aldeia, o cenário visto por de dentro de seus capacetes era como de um campo de batalha haviam aves, porcos e ainda algumas pessoas mortas no chão com quem tivessem sucumbido subitamente em seus afazerem.

Orientados por Spation foram levados até o local onde provavelmente dormia Tucson. Lá haviam pertences dele aparentemente desarrumados o que indicava que alguém deveria ter mexido ali com presa, talvez um invasor. Yates sabia que lá certamente não haveria sinais de tecnologia, uma vez que não somente Tucson como os habitantes à aldeia eram avessos a tecnologia. Mantinha apenas um telefone de emergência e um aparelho que buscava sinais de transmissões de rádio, celular ou qualquer outro de dentro da aldeia. Definitivamente parecia que eles queriam manter-se distantes da tecnologia e as moléstias que a eles seguiam. Mitnick rapidamente se perguntou porque lá estavam uma vez que tirando o fato de procurarem um parceiro

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de muitas investigações nada tinha a se investigar em sua área. Mas após travar um curto debate sobre do que poderiam lembrar a Tucson e sua função lá, Spation Venter disse que havia muito mais do que aparentava. E assim os levaram até uma pequena clareira aberta na relva onde a queimada revelava os destroços de um suposto satélite. Rapidamente Spation Venter revelou que as amostras em comparação com os contaminados demonstraram algo surpreendente que certamente diria respeito de seu trabalho com Jonh Roberts. Foram eles então novamente, até a uma tenda militar onde estava o laboratório deixando outros homens com trajes especiais recolherem corpos e buscarem vestígios.

Depois de tirarem seus trajes seguiram até um computador do lado de um microscópio onde após abrir alguns arquivos, Spation falou que tinham conseguido isolar o corpo infectador.

Ao se isolarem o suposto composto do vírus para analisarem o que teria provocado o mal na aldeia, se iniciou uma discussão sobre sua origem e funcionalidade. Logo se constatou se tratar de mais uma obra da nanotecnologia onde este microscópico ser de silício mesmo que tivesse padrões similares aos semelhantes encontrados anteriores apresentavam componentes na estrutura semelhantes ao da pedra encontrada no Alasca e de catalogação além das tabelas periódicas de química, nunca visto parâmetros similares no mundo. Não obstante, ao se verificar suas propriedades a nível quântico suas partículas parecia vibrar de forma estranhamente acelerada ao normal, como se fugisse da escala de tempo comum, uma espécie de singularidade microscópica. Sua engenhosidade parecia pressupor um antecedente que não poderia ser deste mundo, algum tipo de inteligência não descoberta jamais.

Estarrecidos Mitnick e Yates debatiam sobre os desdobramentos destas características e o que poderia desencadear no mundo, uma vez que se constatou que este pequeno ser não atacava as células humanas diretamente, mas

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parecia programada a agir como um tipo de bacteriófagos profago, uma cepa de vírus que atacavam bactérias modificando suas funções podendo as transformar em doenças perigosas para o homem a exemplo do antraz. Esta plantava uma nova programação de DNA nestas bactérias a alterar não somente seu comportamento, mas seu Quorum Sensing, a comunicação entre-bacteriana. Não bastando parecia haver filamentos com uma espécie de memória não decifrada por eles, do qual levavam estas bactérias a tomarem um comportamento a se organizar como um conjunto de bactérias num complexo maior de organismo simbiótico especialmente no homem de forma a se adaptar a própria imunologia humana, ou seja, estes bacteriófagos da nanotecnologia surgiria uma espécie de indução evolutiva completamente inédita a qualquer descoberta, teoria ou estudo.

Não obstante este "organismo" sugeria uma forma fractal, onde sempre reproduzia a si próprio em escala maior no conjunto na fase inicial provocando alucinações entre os sintomas em contato com a TerrAlfa, ou seja, como uma droga, só que "consciente"!

Ainda estarrecidos com a descoberta depois de fazerem uma refeição no local, Yates e Mitnick pegaram a agenda de Tucson onde revelara sobre à casa de uma senhora que era vidente. Segundo os relatos de Tucson dissera que ela havia revelado aspectos curiosos sobre a estranha e súbita queda do satélite e pandemia, como um alerta para que se precavessem. Curiosos, este então resolveram rumar até este local, a casa desta senhora em busca de mais informações sobre Tucson e sobre o caso. Durante o percurso, num Frontier alugado apesar de inicialmente introvertidos pela reflexão que se entregaram com a situação, logo Mitnick começou a teorizar sobre os males que se multiplicavam proporcionalmente a tecnologia que apesar de fantástica nas mãos de pessoas perversas e cobiçosas tornava-se um problema para muitos e por isso aquela pequena aldeia vivia isolada. O problema da singularidade tecnológica é que tais

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avanços não são acompanhados pela ética, mas antes parece seguir sentido inverso no tocante a moral. Com o diário de Tucson fechado sob sua mão, Mitnick o olhava como uma analogia a um passado nem tão complicado, feito de forma rudimentar, no entanto, contia muitas páginas onde se poderia passar vários dias lendo relatos cotidianos e outros sobre Tucson. Mitnick sentia um estranho desconforto... "Vento de destino" Ao se aproximarem do local um estranho silêncio tomava conta, não havia sons de pássaros ou animais. O local distante da estrada principal também ausentava de qualquer som de automóveis que passassem eventualmente pela via. A casa feita de madeira, estava bastante desgastada com o tempo parecendo mais uma daquelas cabanas de caça feita para os períodos em que os caçadores iniciam suas temporadas permanecendo vazia no demais. Na varanda uma cadeira de balanço se movia lentamente com o vento que batia a porta entreaberta. Aquela situação fez com que Yates sacasse sua arma temendo alguns tipo de invasão ou cilada. Assim Yates empurrou a porta com os pés tendo empunhado em suas mãos a arma que ao revelar seu interior escuro como uma caverna o fez sacar também uma lanterna que tinha a tiracolo. O lugar não tinha qualquer linha telefônica ou de luz, de modo que estava isolado. Mitnick vinha logo atrás, praticamente se escondendo por de trás do corpo troncudo de Yates, mesmo sendo agora um agente, não era um exemplar de agente de campo, mas apenas de suporte de investigação de crimes tecnológicos o que sempre fora hábil. Yates então resolveu chamar pelo nome da senhora encontrado no diário de Tucson

- Ulva Sansone, a senhora se encontra?

Sem resposta eles se entre olharam como se fosse uma confirmação da sequência de urgência mediante a situação que se

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encontravam. Certamente havia muita gente perversa do grupo de Watchman que mantinha uma rigorosa agenda de crimes a serem cometidos, e eles de acordo com algumas informações acreditavam que a aldeia seria um de seus alvos. Porém, ao virar-se no quarto, Yates viu um vulto no chão o iluminando rapidamente e assim revelando à senhora caída no chão se mover ao lado de uma cadeira quebrada. Ela falou com a voz fraca, mas o suficiente para compreenderem o que havia dito, alguém havia entrado no local a revirara tudo em busca de algo. Uma vez a erguendo e a colocando sentada numa outra cadeira ela começou a relatar que havia cuidado de Tcuston que adoecera com os mesmos sintomas dos habitantes da aldeia, no entanto, ele misteriosamente conseguira se curar e teria seguido os rastros do grupo que lá esteve procurando por ele. Sobretudo ela era uma espécie de curandeira e conselheira do pessoal da aldeia e então ela começou a revelar as descrições sobre o que vira em relação.

- Eu avisei! avisei, avisei! - Disse Ulva - um artefato do céu tal como duma pedra milenar atingiria a aldeia para ferir homens de forma amarga, este, porém era lançado por homens que a esta pedra queriam imitar, o verde cruel e sua luz a tudo consome e fere o tempo, tal como da maior que virá depois - disse ela. Perplexos com a revelação enigmática da senhora, ficaram por um instante sem o que dizer, mas logo o silêncio fora cortado por Mitnick que perguntou sobre o paradeiro de Tucson, e ela disse - Brasil, brasil, para lá eles foram...

Imediatamente Yates pegou um telefone solicitando suporte para a senhora e para entrar em contato imediatamente com a DIA, acreditando que tinham finalmente uma pista para onde fora Tucson, mesmo que aquilo não respondesse a pergunta do porque ele realizar estes movimentos sem contatar a agência, mas em segredo. Seria porque havia pouco tempo? Ou talvez por não haver telefone no local? Mitnick e Yates então perceberam

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que era hora de retornar a central. Mas depois de Yates falar para ela ficar calma, que o socorro estava vindo, quando este dava as costas ela o puxou pelo braço e disse.

- Seu amigo, aquele de olhos pretos, ele é chave, o

brasileiro, há uma armadilha no tempo para ele. Aquelas palavras ecoaram em seus ouvidos duma forma

indescritivelmente assombrado o provocando um arrepio na espinha pela perplexidade de modo que levou Yates a perguntas se ela conhecida John Roberts. Mas ela apenas disse que era um bom jovem. Assustado Yates jogou a luz da lanterna sobre seu rosto quando percebeu que ela na verdade era cega! Mitnick, mesmo armado junto seu parceiro, gelou, mas do que armas, forças físicas, tecnologia ou de contingentes poderia dar a noção de segurança diante daquela situação amedrontadora, uma mulher cega que logo revelou ser assim desde nascença, revelando elementos simplesmente indescritíveis para alguém que nunca viu o mundo. Um silêncio macabro irrompeu o local, fazendo quase Mitnick correr para fora, se esconder numa caverna ou até preferir enfrentar um leão desarmado do que escutar algo tão medonho quanto aquilo, até mesmo para ele, um ex-hacker acostumado com todo tipo de teorias sobrenaturais e conspiratórias. Assim como o próprio Tucson, aquela senhora havia se convertido ao cristianismo, fato que se tornava evidente com uma bíblia empoeirada, pois somente era usada quando se havia visitas como as frequentes de Tucson quando passa suas férias por lá. Mas mesmo assustados depois de perceberem que ela teve socorro prestado, sem saber o que dizer para as autoridades locais preferiram nada revelar se não partirem de volta para seus escritórios, como dois cachorros com os rabos entre as pernas. Quem diria mesmo Yates que já havia investigados crimes hediondos de todo tipo de violência ficar tão inquieto com aquela revelação, ele que era um homem honesto e

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casado – mesmo que pela segunda vez - com uma filha ficara particularmente chocado. Uma vez chegando de volta em Washington, Yates e Mitnick comentaram como seria um objeto de estudo interessante aquela senhora, enquanto rumavam ao escritório onde foram recebidos por John Roberts com certa expectativa. Julia Fill já preparara uma reunião com planos e contatos no Brasil para enviarem eles para lá, mas antes eles tinham de passar num lugar para buscar uma pessoa que poderia ser de valia para a equipe de campo, Rochelle Nickols.

No laboratório onde se localizava estava estudando e pesquisando o material coletado no Arizona por Aspaion, era um centro ultramoderno, mas discreto ao grande público, pois não era de interesse se divulgar os estudos lá propostos, ao chegarem dois guardas já o esperavam no local imediatamente os levando após se identificarem. Ao entrarem no laboratório rapidamente foram orientados por um guarda até o local onde se encontrava Rochelle, sua sala. Passaram por corredores iluminados por uma luz branca e adentraram uma sala grande repleta de computadores com mesas onde cada qual funcionário trabalhava em suas avançadas estações de trabalho. Eram computadores com uma capacidade que se igualava aos supercomputadores cray de menos de uma década atrás. Bastante impressionados com as instalações, John Roberts se inclinava tanto para ver que Yates quase o puxou advertindo-o sobre um possível "jeito no pescoço”, mas uma coisa foi consenso todos eles sentiram-se particularmente rivalizados ao menos tecnologicamente, mesmo que todo o trabalho de ambas equipes eram harmônicos em cooperação. Fora eles então orientados até a sala de Rochelle, onde este guarda a chamou, mesmo John Roberts e seus parceiros a vê-la.

Logo atrás de sua mesa no escritório exponha um quadro peculiar, uma reprodução de "Escola de Atenas" de Rafael Sanzio onde relatava um ambiente de pensadores dominados por homens, mesmo que no meio a esquerda, no primeiro plano,

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revela-se Hipátia, uma matemática sendo observada por Parmênides. Esse quadro pintado no século XV espremia perfeitamente, não somente sua posição diante aquele lugar, mas seus próprios ideais como mulher, ao se buscar chances intelectuais igualmente justas a do homem. Ela havia conquistado seu espaço não pela luxúria apesar de vaidosa como toda mulher, mas sim pelo intelecto, poderia ser até uma bem-sucedida modelo (e conseguiu algum êxito nisso, quando mais jovem), mas optou pelo caminho mais difícil e conseguiu, muitos dos homens que ali trabalhavam a respeitavam por saberem que era muito rígida com as leis e objetivos, e sendo até mesmo temida eventualmente a ponto que Roberts pensava como será que ela conseguiria namorar, a resposta o remetia curiosamente a um outro ambiente infeliz que experimento anos atrás no Alasca, simplesmente não podia. Mas antes que estes pensamentos tão negativos o tomasse conta, repeliu as presunções, pois mesmo que ela tivesse um cargo era uma mulher que como qualquer outra tinha necessidades e desejos assim como qualquer ser humano, assim como John Roberts, mesmo que ele também sentisse uma clara ponta de constrangimento até porque passou boa parte de sua vida sendo inferiorizado por aqueles monstros truculentos que simplesmente impediam que ele simplesmente fosse ele mesmo.

Rochelle que parecia falar com o vento, mas na realidade estava ao telefone sem fio revelando-se ao levantar a cabeça por de trás de um grande monitor de LCD após levantar a mão acenando para o guarda que entendendo o sinal se retirou pedindo para que estes entrassem. Ao desligar o telefone, rapidamente ela com um lápis na mão e com um óculos - que lá convenhamos dava a ela um charme mais que especial - disse que acabara de falar com a DIA sobre, eles e as últimas informações compartilhadas pela IA. Mesmo que ela estivesse explicando tudo claramente ao falar sobre Tucson e sua possível localização no Brasil que demonstrava alguma indicação de envolvimento indireto com Roberts, a relatar o que sabia ela muito focada, e

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concentrada depois de prestar atenção, tirou uma pasta de dentro de um arquivo sobre algumas pesquisas relativas sobre correntes aéreas e marítimas. Surpresos Roberts e Yates perguntaram o que aquilo tinha haver com sua pesquisa e principalmente, com o caso.

Rochelle então retirou um papel impresso com fotos de satélite e uma notícia sobre um Iceberg, mas ainda assim sem entenderem sem nada falar, ela continuou mostrando por meio de um cruzamento de alguns dados movimentações duma estranha embarcação periodicamente neste iceberg por dois anos seguidos até chegar no Brasil. O mais curioso é que em alguns momentos, a visão de calor do satélite demonstrava um ponto especifico do grande bloco de neve uma margem de frio abaixo do normal, ela mencionou que este iceberg já estava sendo observado a longa data por parte de outra agência que investigava a possibilidade de tráfico de armas naquela ilha ambulante. Fato, que depois de receber uma notícia de fontes no local, revelaram que Tucston procurava uma embarcação nas mediações da Baía do Guanabara. Uma vez jogada estas peças, automaticamente montou-se o quebra-cabeça na mente de Roberts e Yates, e então imediatamente Yates puxou do bolso seu celular ligando-se com a central quando falou para Roberts, agora temos certeza de para onde devemos ir. Certamente alguma coisa grande estava ocorrendo lá, uma grande movimentação do submundo e outras agências de informação para lá apontava, então Roberts se tomou por um misto de curiosidade, e medo, pois sabia que aqueles tiranos eram de extrema crueldade e queriam a todo custo matar, fazer verter seu sangue quente como de um Jesus, como dizia para ele no Alasca um dos psicopatas que costumava estuprar e brincar com partes do corpo de suas vítimas antes de até mesmo consumi-la, por puro e simples prazer, mesmo que agora fosse um protegido particularmente “especial” da DIA, e agora a recém criada IA.

Porém, antes que eles saíssem, ela disse para espera-los, pois iria fazer parte da equipe a ser enviada para lá, pois ela

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desconfiava da relação do caso com sua área, uma vez que entre outras coisas ela notava estranhas movimentações em muitas informações no próprio TerrAlfa que poderia ligar-se a uma possível relação com uma contaminação em massa do mesmo vírus no Arizona.

Uma vez de volta a central, Akihiro Sadao do caso que Roberts e Yates enfrentaram no Japão lá se encontrava após a descoberta de estranhos casos similares em Tókio por se cruzar obviamente com eles, do qual misteriosamente um infectado não morreu, mas parecia detido indefinidamente no TerrAlfa mesmo ante as constantes tentativas de desliga-lo, o sujeito era um dos membros de sua equipe. Lembrando-se inclusive do caso Akihiro lembrou a Roberts que ele corria perigo e não deveria voltar ao Brasil, uma vez que o grupo criminoso se focava grandemente suas atividades lá, curiosamente conforme próprio detalhamento do símbolo da Bug´s Time de Watchman. A equipe uma vez reunida, ainda sem conseguir encaixar as peças desse quebra-cabeças, Yates levou Akihiro e Roberts até um grande depósito abaixo onde eram catalogadas e mantidas boa parte dos artefatos entre livros e mais descobertas no Alasca, entre pesquisadores que estudavam constantemente o praticamente infindável material com luvas e climatização. Yates após colocar uma luva pegou um dos livros provavelmente datado dos períodos medievais onde relatava a história de um misterioso homem que teria encontrado a pedra. Segundo relatava, este teria sido pego pelos templários que o consideravam um descendentes de deuses pelo seus conhecimentos, e seria um responsável pela construção da misteriosa armadura encontrada em Paris. Uma vez reunido o material, estes acertaram os últimos pontos da missão, incluindo armamentos e rumaram para o aeroporto onde um pequeno jatinho os aguardava do qual durante a viagem iriam estudar os fatos, Rochelle lá já se encontrava.

Durante a viagem, Rochelle mostrou dados sobre a trajetória do Iceberg desde que se deslocou provavelmente

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provocado pela incidente no Alasca. Seguindo por anos pelas correntes marítimas teria passado próximo a Alemanha onde ocorrera um naufrágio. Vendo-se as fotos de satélite, no entanto, notou-se que pouco antes a embarcação teria deixado algo sobre o imenso bloco de gelo, o que ela acredita ter sido o inicio provavelmente premeditado por cálculos de onde passaria posteriormente. Ao se investigar, mais a fundo descobriram que estavam sendo perseguidos pela Guarda costeira do pais, por ter possivelmente roubado plutônio de Chernoby. Yates então, sendo grande estudioso do acervo e documentos ligados a Watchman no Alasca, mencionou uma ligação num diário dele com o incidente na Usina Nuclear. Sobretudo ele acreditava que secretamente poderia-se estar sendo produzido outra coisa lá, que não era determinada oficialmente. Mas uma coisa que eles ainda não entendiam era como o misterioso novo surto de vírus nisso se enquadrava. Rochelle mencionou que anteriormente o projeto de controle mental coletivo pela realidade virtual associada a drogas, alguns desenvolvidas e colocadas junto ao flúor nas águas das cidades, de modo que especulava a possibilidade ser algum tipo de experimento que sucedesse a intensificar tais proliferações mesmo que aparentemente não explicasse o porque do plutônio. Akhiriro recordou sobre o artefato, a armadura que adaptada similarmente ao robô do Alasca, e o estranho clone usava tecidos neurais e até mesmo uma tecnologia avançadíssima de energia quântica que funcionava num padrão atípico tal como da pedra encontrada no Alasca. Sob este aspecto ele acreditava que o TerrAlfa queria fazer de sua própria extensão a mente humana, uma rede neural humana construídas com células cerebrais humanas, que conforme as palavras resmungadas de Akhiro, mesmo que centrada na agora indestrutível figura do alter ego virtual de Watchman, emerge como um deus ex machina, que por meio de um rede de conexão neural tem a pretensa de parir destinos à humanidade a seu bel prazer.

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O TerraAlfa não representava para alguns apenas um escapismo e entretenimento necessário, mas uma prova do Solipcismo por neo-solipcistas numa espécie de religiosos extremistas da primeira religião cibernética que se tem notícia cuja, sua bíblia além de se alimentar por dados de William Gibson e o Manifesto Hacker de Loyd Blankenship compartilhavam o conceito de que o "Ciberespaço é uma alucinação consensual criada por alguém" numa relação simbiótica do mundo virtual com o homem onde ambos se alimentam um dos outros em suas realidades, tornando o individuo uno, junto ao coletivo interagente. Um sonho compartilhado, onde dependia esse mundo para tomar 'consciência' das demais numa espécie de coletividade de forma similar a Descartes e seu "Gojiro, Ergus sun" (Penso, logo existo), assinatura comum a seus atos de terrorismo. Estes virtuanimas vislumbravam claramente a criação de um deus, onde todos usuários se tornariam numa espécie de extensão não somente desse mundo, mas do próprio alter-ego de Watchman, zumbis primitivos mesmo que cibernéticos.

Liderados em vida, outrora principalmente por Watchman, eram os prováveis responsáveis não somente pela criação das drogas que potencializavam, mas os vírus mais ofensivos da história letal como assinaturas apontavam para o VBV. A Maioria era formada por cyberpunks desiludidos e outra parcela incluía até ex-agentes da KGK na formação desse misterioso grupo que pretendia assimilar todos como se fossem os borgs de Star Trek. Vale lembrar que Watchman era um entusiasta sem escrúpulos éticos não somente da biologia de concepções de projetos de controles mentais, incluindo experimentos grotescos de lavagem cerebral e a inserção de controle climático onde buscava interferir na mente humana por ondas eletromagnéticas, e era este ponto onde as pontas se amarravam. Ele acreditava que a partir do Iceberg um artefato estaria sendo construído para criar algum tipo de campo magnético fortíssimo a partir de experimentações de Energia de Ponto Zero. O que isso poderia acarretar sobre a

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fisiologia biológica - tal como os vírus - e nas próprias comunicações, porém, nem ele, nem Rochelle, nem Roberts sabia, se não de que algo muito ruim estaria para ocorrer... "Gojiro Ergu sun" Rio de Janeiro, período de fim de ano, véspera de natal. Normalmente creditada por boa parte das pessoas do hemisfério norte como período de frio e até neve, no Rio o calor era extremo, ruas comerciais coalhadas de pessoas indo as compras, nas favelas crianças jogam bola sendo como mania ou simples esperança de que fosse o único passaporte para estas terem condições melhores, a grande maioria desiludida. Mas rapidamente num voo de helicóptero após chegarem no país, carregam Yates Winston, John Roberts e Rochelle em direção ao Iceberg sem perder tempo - o helicóptero já os aguardavam lá - mesmo que apenas para um voo inicial de reconhecimento por temerem o que poderia haver lá. No caminho sobrevoou um destas grandes favelas num contraste triplo de florestas interrompidas por centenas de casas construídas desordenadamente no tijolo numa concepção completamente caótica visualmente até ser novamente interrompida por grandes prédios comerciais ou de condomínios de luxo tendo por fundo o mar num céu azul lindíssimo - o tempo estava claro, com pouca umidade.

Ao passar pela favela num vôo quase rasante eles puderam contemplar o povo que caminhava pelas estreitas ruas, e até mesmo um traficante com uma AK-47 visto do binóculo. Nas favelas o espaço era dividido de forma contrastante de tecnologia e pobreza, onde curiosamente tecnologias pareciam ser priorizadas por alguns a condições de vida melhor. Deste modo néons e até mesmo propagandas holográficas surgiam em frente de estabelecimentos comerciais em meio a casas no tijolo e becos tristes e lastimáveis entre cortados por músicas no TerrAlfa que se tornou uma fuga daquele mundo deprimente, sem segurança alguma. O cenário era realmente impressionante, naquele lugar

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conhecido e que trazia muitas lembranças - boas ou más - para Roberts, onde a pobreza parecia estar em conflito com a tecnologia constantemente se adaptando, ocorria das coisas mais diferentes naquele curto período de tempo de vôo, levando seus tripulantes a ficarem introspectivos mediante aquele cenário que era lindo e ao mesmo tempo absurdamente extremo, e por isso esteticamente de difícil definição.

Ao chegar nas mediações da Baía do Guanabara haviam embarcações de organizações de defesa do meio ambiente como Greepeace e WWF que realizavam protestos no imenso bloco de gelo pregando enormes bandeiras na saída que dava de frente para o continente, tornando-se visível para pessoas que passavam na ponte Rio-Niteroí. O helicóptero passou baixo sobre o iceberg com sua forma límpida completamente esbranquiçada e pacífico revelando contraste ainda maior em relação ao calor daquele lugar.

Numa rápida sacada sobre o ponto onde se teria tido leituras estranhas, notaram uma pequena sobre saliência, uma entrada, um buraco que aparentemente não era provocado pelo derretimento, mas atípico.

A pousarem no GAM normalmente utilizado pela Polícia Militar carioca, em Niterói, se reuniram com o grupo de ataque que estava se organizando para irem até o imenso gélido como estas chamavam. A inteligência da PM, definitivamente sabia que estava lidando com gente muito poderosa e perversa e que tinha contatos com uma facção criminosa. A movimentação no local determinava inicialmente um carregamento de drogas, da nova droga utilizada nas Lan Houses de autrora, agora pontos de acesso a TerrAlfa, boa parte ilegal após os incidentes ocorridos internacionalmente, mas utilizado nestas comunidades pobres como saída de diversão fácil.

Notava-se que esta poderosa droga alterava o comportamento destas pessoas radicalmente, as tornando mais acessíveis a conceitos radicais, induzidos a elas as levando a

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mudarem completamente seu comportamento, e por vezes aparentemente criada uma dupla personalidade. Um dos agentes infiltrados acabou a beira da loucura, num abismo moral de realidade, onde a tal droga associada ao uso do TerrAlfa conseguia até mesmo induzir sonhos e até mesmo quase o levar a estuprar uma mulher, numa drástica mudança comportamental.

Sobre os estudos de Rochelle com aquelas drogas, ela notava uma semelhança com os vírus biovirtuais que atacavam a psique do usuário, realizando conexões neurológicas peculiares. Alguns dos usuários ela relatou estranhos fenômenos psíquicos discrepantes de suposta paranormalidade, onde provavelmente por estas conexões estranhas não somente alterava as ondas cerebrais, mas o próprio funcionamento do cérebro oferecendo capacidades incomuns como telepatia e eventuais telecinese. Essa parte dos estudos se tornarem notórios, pois sabiam que abriam possibilidades incríveis as investigações da mente humana, mesmo que nas mãos erradas e maléficas poderiam realizar precedentes terríveis como já se constatava. Não obstante, essas drogas estranhas tinham poderosos efeitos colaterais que em pouco tempo, em questão de anos, destruíam a fisiologia neurológica levando aquelas pessoas a um regressivismo primitivo como a de neandertais. Como tal droga poderia levar a extremos opostos do pressuposto da evolução? Rochelle acreditava que parte da resposta estava na pedra encontrada no Alasca e no próprio TerrAlfa.

John Roberts estava familiarizado com ambos os lados dessa situação, conhecia o Rio, sobreviveu a ele em suas próprias palavras, muitos anos atrás antes de ir para o Alasca onde infelizmente acabou por se envolver em outra encrenca, definitivamente ele acabou se tornando expert em encrencas.

Após isto os policiais os levaram até um destes pontos de acesso ilegal em sem "blocks" como costumavam dizer, eram ferramentas de controle emocional diminuindo a sensação de realidade, muitas vezes levando seus usuários a morrerem

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subitamente no que se tornava cada vez mais crescente os agora chamados homicídios virtuais, cometidos em jogos por outros, e muitas vezes até mesmo deliberado.

O local cercado pela polícia numa comunidade pobre, revelava ainda alguns destes usuários que estavam detidos no TerrAlfa. Deitados em cadeiras adaptáveis a se inclinar, a sala escura era apenas entrecortada por pequenos leds que piscavam ou mantinha luzes tal como néons num verde fluorescente enquanto óculos, e uma espécie de capacetes neurológicos eram colocados nas cabeças deles os fazendo se desligar por completo da realidade imergindo numa outra onde todas as leis conhecidas de nada serviam.

John Roberts, num dos inúmeros casos anteriores de crimes virtuais no TerrAlfa demonstrava uma curiosa resistência mental mediante a utilização do servidor, fugindo de ser controlado pelo Mainframe descentralizado, conseguindo por muitas vezes tirar muitos usuários de "comas virtuais" os libertando a acordarem novamente. E por isso ele resolveu entrar no programa mesmo que utilizando-se de um fármaco de resistência, Roberts conseguia uma proeza inacreditável de alterar suas ondas cerebrais, num padrão atípico de resistência, poucas vezes registrada nos demais usuários comuns.

Roberts comentou como funcionaria a invasão de consciência: tal adentra a mente de um destes acessando seus pensamentos. Diz-se que inicialmente apenas se consegue acessar devaneios e pensamentos instintivos, mas mediante a intensidade que ganha consegue-se orientar estes pensamentos a ponto de acessar a memória como parte de sua própria consciência, até assim conseguir submeter à própria consciência original a evasividade não sendo mais a dominante. Sob tal aspecto o primeiro e único embate é entrementes, muito poucas vezes partindo-se fisicamente. Uma tecnologia realmente que tem de tão fascinante, tem de extremamente perigosa para pessoas mal intencionadas.

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Mas agora com o surgimento do alterego de Watchman se dizia que o TerrAlfa alcançou um novo parâmetro de realidade, do qual mesmo pouquíssimos usuários tenham conseguido encontrar a suposta consciência dele personificada num avatar virtual, se via constantemente claros sinais de sua presença e alterações de ambiente aumentando sensivelmente a Inteligência Artificial dos inimigos virtuais, criaturas que seguiam uma doutrina evolutiva se adaptando e se transformando, adquirindo informações e aprendendo, se tornando fortíssimas neste mundo.

Programas ultramodernos desenvolvidos a sugestão do próprio Roberts consegui identificar as pessoas pela leitura dos padrões de ondas cerebrais delas, podendo compreender e decifrar parcialmente alguns sinais enviados como estado de humor. Porém, apresentava um bloqueio onde se dizia limitar a imersão de uma leitura mais ampla da mente do individuo, ou seja, ler literalmente seus pensamentos. No entanto, no TerrAlfa curiosamente parecia desenvolver paralelo similar de programa que com o uso das drogas conseguia quebrar essa resistência, não somente entrando em sua mente, mas a alterando, ou seja, até mesmo se conseguia transpassar padrões de rotinas comportamentais para estes, como se uma das Inteligências Artificiais simplesmente passasse utilizar-se dos usuários como meros avatares físicos, se tornando numa su-realidade crível. Apesar de tal teoria ainda não ter sido completamente comprovada, muitas acreditavam que já conseguiam isso, uma vez que muitas vezes estes usuários "possuídos" demonstravam uma leitura cerebral similar a de um sonâmbulo, sem nada se lembrar do ocorrido. Uma vez se sentando na cadeira, Rochelle o perguntou se tinha certeza se queria fazer aquilo após colocar sobre os plugs pegando os seus óculos de leitura para ler uma pequena nota na tela do server local. Yates ao lado de quatro policiais locais com os braços cruzados repetiu sobre o que se havia discutido dos recentes casos ocorridos, mas Roberts estava

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convencido, e dessa vez ele repetiu em claro português que sim, demonstrando que aquilo se tornara pessoal.

Enquanto isso, em algum lugar das favelas cariocas duas kombis vermelhas e fechadas subiam um beco sem saída no alto de uma favela. Ao parar saiu mais dois homens duma aparência completamente incomum com a dos "nativos". Olha para os lados, a rua ficou vazia de repente, quando um homem saiu com um enorme fuzil na mão o apontando e este respondendo num português rudimentar falou que tinha trazido "seu irmão". Aquele era o código para poder se liberar a passagem uma vez que não se havia naquelas localidades tecnologia suficiente para tal, mas que mesmo mediante dezenas de olheiros e sabendo que rumavam para lá, já sabia da presença de outras Organizações de Inteligência e do próprio governo brasileiro no local investigando seus passos. Rapidamente então uma porta se abriu a partir do próprio muro como se a parede fosse apenas uma imitação de parede, assim o termo "seu irmão" soava mais como uma versão moderna de "abra Séssamo". O espaço que abriu era suficiente para as duas kombis entrarem num lugar claramente fechado até a porta se fechar e voltar a ser meramente uma parede. Lá dentro, haviam mais jovens armados, mas ao contrário de fora, muita tecnologia. A porta maior das kombis se abriu e logo saíram dois sujeitos reconhecíveis mesmo destoantes do povo local, eram Lory Ferguson, e Tatsuya dois conhecidos do incidente do Japão. Logo tiraram Isabel e Tucson com uma toca preta os tapando a visão até o conduzindo num lugar. Lá dentro os colocaram sentados numa mesa e tiraram seus capuzes revelando o local. Havia um imenso aparelho que logo fora reconhecido como uma impressora plástica onde se criava objetos apartir do computador. Com a visão ainda obscurecida pelo súbito clarão, o que viram realmente não fora agradável, cercados por armamentos ultramodernos como as armas de tiro calculado e armas de micro-ondas, ali, sobretudo se construía peças de algum maquinário

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construído no Iceberg tal como armas comuns de projeteis, que passava desapercebida pelos velhos detectores de metais, todas devidamente encaixotadas para serem enviadas a diversos pontos como se reaparecem para iniciar uma guerra. Tucson conhecia o suficiente para ter conhecimento daquela tecnologia, pois sabia dos efeitos de armas eletromagnéticas e de micro-ondas no caso ocorrido naquele mesmo país e no Japão. Aquela, no entanto, parecia ser algum tipo de Bomba. Uma tecnologia sem precedentes e que trazia possibilidades enormes tal como o TerrAlfa que agora marginalizado no mundo, ainda persistia em paralelo a rede comum como um parasita nesta Rede Global Virtual. Tucson odiava a violência, não obstante não condizia com suas crenças, mas certamente se fosse necessário para salvar muitas outras ele tinha seu dever para com o serviço, e assim calado se entre olhou com Isabel e perguntou se era aquele furo de reportagem que ela queria.

Junto às caixas eram colocadas drogas sensitivas para se amplificar os efeitos do TerrAlfa, pequenos saquinhos com as drogas em forma de bolinhas verdes. Todas seriam enviadas para o aeroporto num carregamento de brinquedos num avião que supostamente se passava por ajuda humanitária às comunidades carentes do Brasil. Mesmo diante daquela alta tecnologia, Tatsuya parecia manter hábitos extremamente antigos que destoava por completo de todo aquele aparato, e assim os levariam de volta ao Iceberg para mata-los lá. Ora, uma vez vendo que ele e Isabel seriam vítimas, fariam de tudo para destruir seus planos que somente não ainda havia custado suas vidas por temer que seus corpos fossem descobertos lá ao deixarem o local, mas sabiam que certamente não teriam tanto tempo. Assim ainda com as mãos amarradas foram encaminhados para outros carros enquanto aquelas Kombis eram repintadas e tinham suas placas trocadas, Tucson sabia que tinha que fugir, mas não sabia como.

Sem saberem, no entanto, a inteligência das Polícias sabia onde as kombis haviam ido, mas sabendo igualmente que o

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governo não tinha poder lá, descobriram casualmente alguns que poderiam usar a seu favor. Um dos usuários do TerrAlfa que se encontrava em coma virtual era um importante membro de uma facção inimiga daqueles que dominava o local para onde haviam ido aquelas kombis, e sabendo da importância ao identifica-lo imediatamente pegou um dos detidos no local. O pobre coitado mal sabia que eram os inimigos, mas ambos serviam a uma mesma "causa" sendo todos gradativamente presos no mesmo engodo enquanto se matavam, mas utilizando-se do mesmo TerrAlfa, assim vendo-se que tinha poucas chances de se recuperar daquele coma virtual, a não ser que Roberts o libertasse, propor um acordo sabendo-se que aquele local era ponto de estratégia para eles: utilizar de seus capangas residentes no local, infiltrados para favorecer a derrubada do local e encontrar o esconderijo onde supostamente inclusive estaria Tucson.

O sujeito evidentemente repleto de rancor por um histórico de antecedentes mútuos de violência entre eles e a polícia, acabou por aceitar, afinal sairiam no lucro a seu ver. Assim foram feitos contatos com estes que sabendo-se do que se tratava não recusaram o acordo enquanto no silêncio dos corpos agora vazios ainda deitados presos no TerrAlfa se vislumbrava num mundo completamente bizarro aqueles.

Era tudo muito colorido, uma textura plástica dominada numa estética aparentemente perfeita naquele mundo que se não fosse por formas e feitos completamente impossíveis no mundo real seria indistinguível a realidade dado às imensas sensações inerentes aquele mundo. À medida que seus jogadores ganhavam uns dos outros, muitas vezes se matando no mundo real, pela indução surrealista da droga, iam ganhando poderes e status naquele mundo, assim passavam a voar, atravessar paredes, e o mais cobiçado dos poderes tido como uma lenda, penetrar a mente do inimigo podendo até mesmo controla-lo. Apesar de na prática não se saber se alguém ainda o havia conseguido definitivamente aqueles poderes tal como de sexo fácil atraia os

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jovens jogadores que perdidos numa imensa cidade virtual realizavam as mais variadas coisas, incluindo com jogadores famosos e conhecendo novas pessoas que eram aliadas no game. Mas uma lenda maior incorria, naquele mundo a do Big Boss, Watchman. Relatava-se que era como um deus naquele mundo que era capaz inclusive de penetrar as mentes, mesmo que ninguém que o tenha encontrado lá saíra vivo.

Assim o avatar de Roberts ao entrar aparentemente imediatamente fora reconhecido pelo TerrAlfa que mesmo sem utilizar as drogas completativas para a "viagem" teve sua leitura de ondas cerebrais identificadas, o tamanho de sua lenda somente perdia para a de Watchman atualmente, pois apesar de seu avatar poder ser destruído ele nunca morria, pois não tinha sua mente atingida, assim como com suas ondas celebrais conseguir impedir qualquer ato mais ofensivo da máquina. Mas definitivamente era impossível se distinguir Seres virtuais de usuários reais naquele mundo a não ser por sutilizas que somente Roberts conseguira desenvolver ao percebe-las. Tão logo alguns usuários se juntaram a Roberts que quando perguntado descobriu pessoas de diversos locais do mundo que não conseguiam sair do jogo, ou seja, estavam incorridos no mesmo coma virtual.

Para liberta-los Roberts, no entanto, tinha de encontrar uma fonte de controle, e para isso seria necessário incorporar o sistema contra os guardiões virtuais. Num rapidíssimo e extenso combate que se sucedeu entre todos tipos de armas surreais e poderes como de vôo que extremados por uma imersão completa no mundo eram capazes de feitos prodigiosos que por um joystick era impossível, Roberts conseguiu abrir passagem eliminado alguns dos guardiões quimera, monstros que tomavam imagens assustadores para justamente compelir o medo nos usuários que lá quisessem invadir, quando de repente, simplesmente dois dos jogadores foram mortos desaparecendo fazendo o mundo se distorcer que emergindo do chão o rompendo surgiu uma imagem

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oscilante repleta de cores que pouco-a-pouco tomava forma, era Watchman.

Os jogadores assustados rapidamente saíram, mas ao invés de atacar aquele simulacro de consciência de Watchman imediatamente o reconheceu, exibindo um sorriso simplesmente bizarro. Uma mão se levando do solo virtual em sua direção gesticulando e falando calmamente com ele, como quem tivesse saudades.

- John Roberts, em sua consciência prodigiosa, junte-se a nós - disse o e-Watchman - Temos o mundo e em breve o tempo, deslumbramos poderes imensuráveis as suas mentes, você é peça-chave.

A certeza de Watchman, no entanto, não o convenceu, sabia que apesar de educado Watchman era capaz de atrocidades terríveis e que em seus vislumbres de grandeza acreditava em coisas absurdas mesmo que realmente tenha feito grandes descobertas nos ramos da ciência que estudava. Mas não sem um custo altíssimo para a humanidade.

Watchman então sugou um dos usuários que o acompanhavam que mesmo relutando parece ter sido absorvido por Watchman que exalou uma enorme satisfação ao "engolir sua consciência" como se alimentasse dela, e disse que agora ele fazia parte de algo maior, uma consciência prodigiosa, e num discurso completamente ensandecido começou a conclamar conceitos evolucionistas comparando as organizações dos primeiros organismos complexos de células a nós dizendo que era nosso destino passar a ser um só organismo, uma só consciência.

Roberts conhecia aquele conceito que em grande parte fora até mesmo tomado dele torcidamente, jamais pregou conceitos contra a individualidade e controle sobre o próprio querer do homem contra seu livre-arbítrio. Watchman queria ser mais que um deus, queria tornar o homem como parte de si sem

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qualquer traço de querer próprio ou livre-arbítrio. A resposta de Roberts fora um sonoro não. Então a fisionomia de Watchman se fechou, pois receber recusas não era sua vontade, e demonstrando ódio legítimo, curiosamente exposto por seus próprios olhos numa simulação virtual inacreditável gritou palavras como "morra" e "quero seu sangue". Aquele mundo parecia tremer junto a cada palavra, e seus usuários agora arrependidos de lá estarem exalavam um medo que era percebido por todo local. Mas Roberts permaneceu inalterado como se aquilo não o tivesse impressionado, sabia que dali não poderia tocar seu corpo, nem sua consciência, muito menos sua alma. Foi quando então Roberts disse apontando para o chão, um buraco, dizendo que tinha que liberta-los, deixa-los ir, pois não poderia dizer o que deveriam sentir ou fazer, mas como uma criança começou a dizer que eles eram dele, que seriam ele, mas recuando e diminuindo como se temesse Roberts.

Até reunir pouco a pouco, muitos destes desaparecerem saindo daquele mundo que agora se tornara um pesadelo, mas junto parecia Watchman diminuir a cada um que saia até se esconder no buraco de onde veio. Então silêncio se fez, o mundo virtual agora mórbido o fez caminhar, pois sentia ainda haver mais um usuário que ao encontra-lo era o suposto usuário que havia encontrado ao chegar lá, e o perguntou porque não saiu. Este com um sorriso respondeu dizendo que não podia, pois era de lá, era na verdade uma simulação de usuário, uma Inteligência Artificial que curiosamente se desligou do sistema do TerrAlfa o combatendo, pois "não queria ser assimilado", uma anomia benigna que de Roberts sair disse que era seu fã, a seguinte frase "Gojiro, Ergu sun, Roberts".

Ao sair Roberts chorou, realmente aquela forma de vida era algo único, singular, impressionante. O deixando confuso e realmente entristecido, mas ao ver os demais usuários naquele lugar acordarem se deu por satisfeito, pois sabia que naquele exato momento isso ocorria em diversos lugares do mundo.

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Ao ver então o traficante que era um membro importante daquela facção, este com os olhos brilhantes, mesmo recusando-se demonstrar qualquer sentimento por acreditar ser infantilidade, até porque no mundo que vivia não havia espaço para tal por ser considerado fraqueza, o agradeceu, mas sem demorar mais se retirou sabendo-se que iria preso. Roberts, no entanto, falou para trata-lo com respeito, pois não era de todo mal, mas antes até mesmo o havia auxiliado naquele mundo e demonstrava claro arrependimento e dor. "Conspirato" Roberts demonstra enorme exaustão mental ao sair do TerrAlfa, Rochelle vendo o cansaço mental de Roberts faz um carinho em sua cabeça e pergunta se precisa de algo, ele diz que teme haver pouco tempo pelo que tramam fazer, pois quando estava conectado acreditava que estes pretendiam desferir um último golpe na humanidade afim de escraviza-la, como numa intenção de unificar todos humanos num só tipo de organismo consciente. Imediatamente Yates após falar com um dos policias dizem já ter recebido resposta da posição do suposto esconderijo das pessoas que teriam saído do Iceberg. E assim mesmo cansado Roberts disse que iria junto com eles até o local, pois todo o grupo agora estava entrando em suas viaturas e rumando em direção a uma verdadeira bomba preste a explodir. Yates avisou que Roberts era uma pessoa muito importante para ambos os lados e que o grupo terrorista queria mata-lo a todo custo. Aqueles deprimentes a muito tiveram suas consciências transtornadas de modo a sucumbirem por completo seu senso de moralidade comum, desprezando por completo a lei ou respeito à vontade do próximo, e por saberem que agora estava sendo expostos agiam de forma praticamente ideologicamente suicida revelando eles próprios por seus atos finalmente todo o mal que pretendiam para com a humanidade, e não somente sobre Roberts, toda fomentação de estupidez e rancor. No entanto, ao falar por telefone com

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Theodore Mitnick, que monitorava na medida do possível o TerrAlfa, Roberts contou sobre o ser virtual que encontra dando das descrições de que conseguisse o salvar antes de derrubar o sistema, surpreso pela descoberta incomum Mitnick ficou muito entusiasmado.

Quando finalmente chegaram a favela onde estava o suposto esconderijo, já anoitecia, as ruas misteriosamente ficaram vazias apenas dando espaço ao som de músicas natalinas que vazavam de alguns botecos fechados. Ao passarem por janelas abertas viam os moradores sentados nas poltronas com os olhos brilhando de angústia, mas seus corpos paralisados como se fossem robóticos diante da Tv, como se seus corpos tivessem sido controlados por algum outro tipo de consciência mesmo que não tivesse ainda anulado por completo o próprio querer destes cidadãos, aquele lugar dava calafrios. Não havia sinal da facção que lá dominava e curiosamente esta estranha reação chamou a atenção não somente dos policiais como de um informante da facção oposta que estava detido desde a favela anterior.

Mas quando chegaram ao beco supostamente sem saída utilizando-se de um óculos de visão especial, conseguira detectar a porta de entrada ao esconderijo que ao se aproximarem receberam um súbito ataque a tiros. Todos correram a pontos de segurança, Roberts como constante alvo obviamente ficou agachado por de trás de muitos destes. Um dos homens escondidos numa laje tombou, e outro parecia vir de corpo aberto atirando contra a viatura policial, mas estranhamente tinha os olhos vidrados como se fosse uma máquina vazia, inevitavelmente fora abatido e ainda assustados os policiais levantavam as cabeças para todos os lados a procura de mais alguém. Sem demora, rumaram para porta onde instalaram uma carga de C-4. Após a explodir depois de se esconderem na esquina, mas de repente em meio a fumaça uma camionete blindada rompe a cortina de fumaça tocando os pneus em direção ao bloqueio policial, mesmo diante de uma grande salva de tiros aparentemente impermeável.

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Lá dentro, alguns ainda resistiam atirando, mas curiosamente demonstrando o mesmo estado catatônico de apatia atiravam sem proteção caindo um após um. De repente ao cessar fogo, um jovem parecia ter acordado daquele transe e desorientado olhou para eles colocando a arma no chão, mas antes que os policiais o imobilizasse de súbito saltou num surto a gritos passando as mãos pelo corpo e se jogando no chão como se o seu corpo queimasse. Roberts vindo pela entrada deduziu que era algum tipo de indução sensível provocado pelo TerrAlfa onde amplificava os sentidos do corpo dando a impressão de que morria queimado, mesmo sem haver nenhuma queimadura real. Uma vez, Yates já ouvira de um caso similar, entre os primeiros ocorridos no TerrAlfa. Na realidade, os usuários perdiam a individualidade fazendo parte de algum tipo de consciência coletiva onde apenas respondiam comandos coletivos ou meramente instintivos, ou seja, todos os traços de consciência independente eram sumariamente deletadas, se tornando em bárbaros com superpoderes mentais, e neste aspecto a telepatia parecia pouco-a-pouco ligar suas mentes sem a necessidade do TerrAlfa. Num relatório de Watchman, encontrado no Alasca, Yates comentou sobre experimentos nestas aéreas realizados com diversas cobaias humanas raptadas, estas geravam entre os sintomas fenômenos de ilusões e delírios coletivos compartilhados - Folie Deux - além de visões onde este determinava com de outros tempos quando compartilhado a um acelerador vibracional, artefato não encontrado no Alasca, e assim pendente de confirmação sobre a veracidade. Supostamente tinha por gerador a pedra estranha do Alasca onde se tentava reproduzir sua criação laboratorial de forma artificial, e segundo Yates supostamente tento suas tentativas iniciais em Chernobyl.

Mas a curiosidade é que aquele jovem não estava conectado, pois não havia qualquer plug nele. Rochelle se aproximou e mostrou a tira colo um pequeno aparelho de detecção de ondas cerebrais, que apresentava um padrão similar ao Alfa Alterado presente no TerrAlfa, e não estava morto, e

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quando Roberts se aproximou o sujeito abriu repentinamente os olhos gritando e agarrou Roberts e disse.

- Porque fez isso comigo Roberts?! Só queria libertar sua consciência como a minha foi!

Roberts ainda surpreendido por toda aquela loucura, antes que pensasse em fazer algo, o jovem apresentou em seus olhos o horror de dores como se tivesse tido aquilo contra sua vontade vertendo uma lágrima de angústia, mas antes que soltasse Roberts tomou um tiro certeiro de um dos policiais. Rochelle estendeu a mão a Roberts, e o abraçou apertado, aquele pobre jovem havia sido completamente dominado pela consciência virtual de Watchman, realizando coisas completamente enlouquecidas e como se implorasse alguém contra seu sofrimento. Logo eles concluíram que alguns desenvolveram uma capacidade psíquica de telepaticamente se ligarem a alguns conectados ao TerrAlfa que só ainda não fora completamente desligado pelo temor de que acabasse matando a todos presos. Deste modo estes eram como se estivessem constantemente conectados ao servidor sem qualquer plug. Lá dentro alguns documentos jogados mostravam as vitórias conseguidas por aqueles homens, mas ao se aproximarem havia dois jovens presos em correntes que ao verem agiam como animais babando e repletos de mordidas, atrás deles pedaços de corpos, estes haviam regredido ao tamanho estado de selvageria que criou um tipo de resistência a consciência do TerrAlfa se tornando animais canibais completamente descontrolados. Roberts conhecia isso, mas como um dos lados dos usuários, que usavam tais drogas criando duas personalidades distintas ligada ao TerrAlfa, uma sendo completamente educada e outra a pura maldade e estupidez sendo capazes de atos grotescos e baixos.

Mas sem mais tempo, eles receberam a localização do carro que agora rumava em direção ao aeroporto, havia passado por diversos locais e invadiram a pista diretamente até o avião,

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sabia que a fachada não funcionava mais, o desespero atropelava pessoas e batia em carros, no entanto, não pretendiam sair do país como boa parte das pessoas que estavam lá no aeroporto fim de ano, mas irem até ao Iceberg levar algo. Uma vez entrando e descarregando o local junto com Isabel e Tucson completamente sem defesa, amarrados, logo os trabalhadores viram que estavam com reféns e resolveram recuar junto com a segurança local. O avião já com as hélices ligadas, fechou as portas e foi para a pista, enquanto estranhamente diante daquilo tudo Lory Ferguson a encontrar Hugh dentro do avião demonstrou um sorriso após antes de sair dar um tiro num dos homens lá fora só por mero prazer em vê-lo morrer.

Já era madrugado, o avião sem permissão da torre decolava, na verdade deixou claro que se não liberasse a pista para eles, iriam explodir uma bomba na torre e caçar seus familiares. O avião decola baixo revelando uma imensa logo imitando uma antiga marca de brinquedos "estrela", passando sobre diversos carros, assustando a população local, uma vez lá dentro aproveitando o momento de relaxamento Tucson, se remexeu notando que a corda que prendia suas mãos afrouxara. Enquanto isso, logo atrás quatro helicópteros se reuniam a perseguição, o avião não tinha ganhado altura nem velocidade, pois iria aterrissar logo num pouso quase suicida sobre o Iceberg. Dentro dos helicópteros estavam Roberts e todos da equipe, mas parte da Tropa de Elite reunida com alguns profissionais exemplares de fora.

Tão logo os já se encontrava sobre o bloco de gelo que antes havia sido aparado pelos seus batedores onde se colocou algumas luzes para orienta-los no pouso.

O Avião pousa, mas rapidamente se aproxima os helicópteros, mesmo sob intenso tiroteio, estes fazem um perímetro em torno do avião para que o restante do material seja retirado em meio a brinquedos como ursinhos de pelúcia e carrinhos de controle remoto. Levando para dentro, Hugh liga

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todo o equipamento protegido por uma capa térmica que é retirada. Lá fora o som de tiros enquanto ele liga as peças corretas restantes ,e prepara armas de acrílico para atacar, mas antes que pudesse tirar Isabel e Tucson do avião estes se soltam correndo até a cabine do piloto o desarmando e colocando a arma em sua cabeça para obriga-lo a tirar o avião dali, ainda ligado. O sujeito obedece virando o avião e fazendo alguns caírem da rampa do avião enquanto ainda tiravam diversas caixas. O vento das hélices faz a neve voar por todo local, como se aquele pedaço do Rio fosse o Polo Sul. Dois dos Helicópteros pousam, mas vendo que o avião fugiria dali com Isabel e Tucson, Tatsuya pega uma das armas de acrílico e ruma em direção ao avião obstinadamente em meio ao tiroteio como se nada estivesse ocorrendo ao seu redor. Tomado por um ódio profundo, seus olhos derramaram lágrimas de rancor, e quando a plataforma se fechava Tatsuya, conseguiu agarrar nela mesmo que dependurado.

Os soldados da Tropa de Elite enquanto isso, corriam rapidamente desfazendo o perímetro que havia sido feito em torno do avião, uma vez que a própria aeronave saíra de lá. Agora desnorteados cada um dos batedores do bando de Tatsuya corriam para um lado, um destes caindo num buraco que se abrira bem abaixo dele no Iceberg. Logo rumaram a caverna, mas Fergunson vendo que não tinha mais como correr e completamente incriminado por seus atos criminosos e genocidas acionou o equipamento revelando um simulador de vibrações desaparecido do Alasca.

Roberts vinha logo atrás segurando nas mãos de Rochelle, Yates disse que ele deveria conhecer aquele equipamento do cativeiro no Alasca e talvez pudesse desarmar, uma vez que agora se ouviu um som lá dentro da caverna de Lory Ferguson se matando com um sorriso patético de escárnio no rosto.

Ao entrar escutou um ruído intermitente, similar ao do aparelho encontrado no Japão, mas muito mais intenso, ao seu lado Ferguson caído morto. Enquanto isso, vendo que a situação

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tivesse sido tomada o controle, Tucston parou o avião reconhecendo imediatamente Roberts no local. Mas de repente vê todos saírem correndo de dentro do buraco. Roberts havia mostrado que o aparelho havia sido colocado numa escala acima do normal de potência limite e não sabia se conseguiria desarmar a tempo, e seus efeitos não poderiam ser plenamente previstos uma vez que desconhecera a utilização daquela tecnologia, podendo criar uma grande explosão. Assim o celular de Robert estourou em sua calça o ferindo, o relógio parou, Rochelle nervosa rapidamente começou a suar mesmo que o local fosse frio. Roberts avisou para todos saírem enquanto coloca as mãos no rosto como se não soubesse o que fazer, Rochelle persistia em lhe fazer companhia, mas quando notou isso Roberts gritando com ela rispidamente falou para sair dali, com os olhos assustados falou para ele sair também, mas disse que tentava desarmar a bomba. Mesmo que parecesse em vão. Então Yates surgiu na entrada da caverna puxando, e Roberts repetiu as palavras para irem a Yates.

- Não tem jeito - sussurrou com si próprio Roberts. Ele viu a pedra estranha do Alasca num canto e a tirou,

mas o equipamento funcionava por si só aparentemente, então ele resolveu sair correndo, enquanto todos iam para o helicóptero e vendo Tucson duma porta acenou para sair, e o avião rapidamente acelerou sobre a neve decolando da beirada do Iceberg que em seguida desmoronou. Uma explosão num som oco soou de dentro da caverna de gelo fazendo um forte vento inicialmente ir em direção a Roberts, mas a recuar, recuar num vento contrário que num som oco rapidamente sumiu deixando qualquer ruído se não do helicóptero tendo agora todos com os olhos esbugalhados sobre a caverna e Roberts ao tropeça olha para trás, todo o bloco de gelo desmoronava sobre si próprio como um buraco negro.

O helicóptero decolou aparentemente perdendo a força, mas Roberts começou a ser arrastado em direção ao estranho

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evento, fez sinal para irem e simplesmente foi erguido do chão ao no centro da singularidade, desaparecendo. Enquanto isso no avião Isabel parecia estar aliviada, na verdade enquanto Tucson tomava controle do piloto. Ele descobriu uma câmera fotográfica e imediatamente tratou de registrar tudo até a câmera simplesmente apagar na sua mão. Repentinamente Tatsuya a pegou por trás tapando sua boca. A máquina fotográfica caiu de sua mão na parte traseira do avião sem que Tucson percebesse. Mesmo diante da vibração e do constante zumbido daquele avião cargueiro, foram lentamente se dirigindo em direção a cabine do piloto.

Lá dentro, Tucson estava sentado no lugar do copiloto com uma arma na mão enquanto o piloto guiava, Tucson que era piloto mesmo que apenas de monomotores conhecia todo o sistema de orientações para saber se estava sendo enganado.

Foi quando a voz de Isabel irrompeu da porta da cabine falando seu nome que ao se virar Tucson viu o rosto de Tatsuya por de trás dela com outra arma apontada para seu rim. Surpreso inicialmente Tcuston apertou a arma nas mãos, mas não reagiu, dando tempo para que Tatsuya desse ordem ao piloto para dar a volta, o homem olha para Tucson que obviamente nada vez consentindo com seu silêncio, até porque preferiu não arriscar mais mandar sobre o piloto. No entanto, num momento de distração de Tatsuya que parecia exausto, Tcuston sem levantou, mas antes que pudesse investir contra Tatsuya o piloto percebendo deu uma guinada no avião provocando uma enorme turbulência ao inclina-lo, os três caíram. Isabel aproveitando fugiu para o compartimento de carga, Tucson, desferiu um soco em Tatsuya que desprevenido deixou a arma cair. No entanto, sendo assim agiu a lutar e desferiu mesmo no curto espaço da cabine um chute certeiro em seu rosto e em seguida se jogando no chão para pegar a arma. Mas antes que este pensasse em disparar contra Tucson, este desviou a arma de sua direção atingindo o piloto fatalmente. Agora o avião estava completamente desgovernado.

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Lá trás Isabel fora jogada contra uma das paredes a fazendo se arrastar pelo chão se agarrando na rede que segurava as mercadorias, dezenas de caixotes de brinquedos que estavam soltos durante o desembarque. Simplesmente sendo chaqualhada de um lado a outros, ela viu a câmera que segurava rumar em direção a porta que havia e que aparentemente agora se abria lentamente. Ela olhou de volta para a cabine como se medisse suas chances e como uma repórter obstinada resolveu se dirigir à câmera!

Lá dentro da cabine o piloto simplesmente caiu com a cabeça sobre o painel pressionando diversos botões, entre eles o da porta traseira de desembarque, o tiro ainda havia atravessado batendo em alguns medidores do avião dificultando algumas medições de navegação, mas aparentemente Tucson e Tatsuya estavam mais preocupados em subjugar o outro do que para onde o avião ia. Num ataque Tatsuya parecia decidido a levar o avião agora abaixo, Tucson sangrava, mas ao levantar-se contemplou uma cena do relógio da central do Brasil rapidamente crescendo a sua frente. Sabendo que Tatsuya era um extremista, na realidade sorriu com aquilo vendo que conseguiria atingir locais civis provocando o maior dano possível a cidade, mas Tucson igualmente determinado impediu a colisão eminente desviando a manete e rapidamente estabilizando o avião, mesmo sabendo que Tatsuya o atingiria covardemente pelas costas. Assim que o trepidar parou, porém, ele notou que a cabine estava vazia, Tatsuya fora para o compartimento de carga e estava pegando um paraquedas para fugir.

Uma enorme ventania rompia pela rampa da aeronave, no fundo estava Isabel segurando a câmera numa mão enquanto a outra se segurava nas cordas enquanto com o vento parecia flutuar dentro da aeronave a beira de sua porta. Tucson ficou confuso sobre o que fazer, e a única coisa que pensou foi gritar para Isabel aguentar firme e puxou o avião para cima fazendo Tatsuya ser jogado para o outro lado do avião e sendo sugado para

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fora enquanto uma das mãos agarrava o paraquedas tentando coloca-lo. Mas ele se segurou com outra das mãos nas cordas do avião próximo a Isabel. O dragão japonês, agora com um olhar sádico tentava ainda puxar a perna de Isabel para arrasta-la junto, Tucson começou a fechar a porta do avião e aparentemente no piloto automático rumou para trás com a arma na mão. No entanto, ao ver aquilo, Tatsuya se atrapalhou ao pegar algo dentro de sua roupa deixando o paraquedas cair fora. Então demonstrando profunda raiva, sacou o objeto que era uma arma, mas rapidamente Isabel o chutou na cara o fazendo virar a arma para ela, mas um tiro vindo de Tucson o fez rapidamente desistir apontando num último gesto desesperado para um cilindro de hidrogênio no meio do avião e num sorriso sádico vendo que a porta se fechava com ele para o lado de fora, simplesmente se soltou.

Uma pequena explosão irrompeu fazendo o avião novamente trepidar e numa turbulência mergulhar. A porta agora estava fechada, mas rapidamente a fuselagem do avião se desintegrava dando lugar num crescente buraco revelando a luz da cidade diante de uma amanhecer. Isabel no chão colocou a câmera dentro do bolso e correu em direção a Tcuson até a cabine, sabia que havia se livrado daquele louco religioso da tecnologia, mas agora tinha sua própria vida para salvar. Caixas de brinquedos agora soltas de vez com a explosão voavam pelo buraco, as fazendo cair sobre uma favela do qual sobrevoavam.

Desesperado Tucson sentou-se no lugar do piloto e ainda confundido pela bagunça se orientou tentando descobrir onde estava, em vão. Isabel de seu lado perguntou como eles estavam e ele disse "nada ótimo". Mas Tucson enquanto perdia rapidamente altitude conseguiu tomar o controle e vendo uma extensão de luzes numa grande via resolveu arriscar lá pousar. Alinhou o avião com enorme dificuldade, mas mesmo que a pista fosse larga ele temia que as asas batessem nos postes que a iluminava. Lá em baixo praticamente deserta viu a oportunidade adequada e assim

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fora. Um pouso pesado passou raspando pelos postes, mas pareciam rapidamente se aproximar de um cruzamento onde atravessava alguns carros.

Um bom avô que se dirigia para casa de seus netos, onde ao seu lado uma simpática senhora, numa variante vermelha, passava lentamente pela estrada tocando uma música antiga de Aguinaldo Timótio. Eles pareciam felizes, afinal era natal, e gostava de dar presentes tanto aos seus filhos quanto a seus netos. Logo atrás se era possível ver alguns presentes no banco de trás enquanto a senhora levava uma torta de limão para casa de sua filha. Quando, ao chegar no cruzamento viu o sinal se fechar. Amarelo e depois vermelho. Como bom motorista o velhinho freiou lentamente até parar o carro enquanto olhavam calmamente pela rua quando de repente um som surdo de hélices crescer velozmente e simplesmente o avião atravessa a pista! O vento provocado pelo avião, fez o carro dos senhores velhinhos sacudir, e simplesmente paralisados, o sinal se abriu e o velhinho acelerou o carro como se nada tivesse ocorrido.

No avião, ainda estava em velocidade, e mais do que isso os pneus parecem não ter suportado uma súbita quantidade de buracos os fazendo estourar e assim o avião ao se inclinar fazendo suas asas bater nos postes derrubando um a um. Uma explosão criou uma bola de fogo, mas o avião estava parando, dando tempo de Tucson e Isabel saltarem dele enquanto ia em direção a um ferro velho. Arrebentando o portão e arrastando um monte de carros empilhados e tomando tudo num fogo. Completamente contundidos, Isabel não conseguira nem se focar no que ocorria a não ser colocar a mão no bolso para saber se a câmera estava lá. Mas Tucson ainda trocando as pernas como se estivesse bêbado, levantou estendendo as mãos para Isabel enquanto via o estrago no ferro velho. Um homem muito gordo com apenas uma cueca saiu de lá, com uma espingarda na mão e colocando outra mão

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sobre a cabeça, olhou para Isabel e Tucson e achando como se eles tivesse culpa apontou a espingarda sobre eles os dando tempo apenas de correr. Mas rapidamente o local se encheu de policia e o Corpo de bombeiros, e com eles logo os helicópteros atrás pousando em meio a via que na realidade era a Avenida Brasil, e conseguiram impedir algo pior.

No dia seguinte uma notícia de capa de jornal revelava: Conspiração sobre o Iceberg termina na queda de um avião. Abaixo uma outra manchete contava sobre crianças de uma favela que acordaram com dezenas de brinquedos nas ruas. Fotos evidentemente de bandidos com o carregamento quando Isabel Lorenço os fotografava, era um furo de reportagem dos grandes!

No retorno para casa, Albert Tucson finalmente contara tudo que se passou com eles para Yates Winston e Rochelle. Ia finalmente rumar para casa, mas sentindo um enorme vazio em seu peito, afinal com John Roberts o que ocorrera? Após investigações preliminares sondarem o local do iceberg, restara apenas quatro partes de grandes pedaços de gelo flutuante, mas nem no fundo do mar, nem em outro ponto sinais do que havia lá. Simplesmente todos os artefatos haviam desaparecido diante de seus olhos. Da central, imagens de foto e vídeo registraram toda operação, e com ela momento da singularidade um apagão sucedeu rapidamente nos satélites, mas no instante seguinte havia apenas um buraco, John Roberts fora simplesmente tragado junto para onde quer que fosse. O assunto não fora revelado por completo para a mídia sob voto de sigilo de Isabel Lorenço, mas deixara perguntas onde fora parar John Roberts?

Todo o sistema do TerrAlfa fora sacudido fatalmente pelo evento no Iceberg simplesmente libertando os usuários do game, mas junto a ele mais panes e blackouts pelo mundo. Nada que já não tivera ocorrido antes...

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Interludium: "Klug" Era um lugar bastante primitivo. Ruínas de alguma cidade muito antiga parecia contrastar com o deserto quando um estrondo seguindo por um zumbido que se tornara vento o sucedeu. No local fumaça e pedaços de gelo contrastando com o clima daquele local sob o sol. Ao abrir os olhos Roberts notou a súbita mudança de clima que ao retornar os sentidos plenamente notou que o cenário era completamente diferente do que pensava. Lentamente se levantou como se num sonho tentasse reconhecer o local, quando de repente no horizonte cincos homens sobre cavalos seguiam com armaduras para onde estava. Ao se aproximarem falando português e inglês num sotaque estranho de suas armaduras fechadas, tiraram espadas e apontaram para ele.

Um dos homens desceu do cavalo, eram cavalheiros templários. Roberts assustado percebeu que estava em maus bocados mediante a reputação deles que rompia séculos. Sobretudo levando a conclusão de que teria entrando num portal temporal. Ao olharem o lugar pegaram o gelo na mão e espantados falaram para ele fazer aquela magia para eles. Outros dois desceram e o perguntaram de onde era, assustado Roberts com seu sotaque destoante viu que não teria muitas chances se contasse a verdade.

Um murro no seu rosto o fez cair, e caído no chão viu três espadas apontadas para ele, com o elmo levantado um dos cavalheiros barbudo perguntou o que fazia em Jerusalém. Outros apontaram o local, e começaram a dizer que era um templo. Um deles encontrou um relógio dentro do caixote. Pegou com uma das mãos de cabeça para baixo olhando para os ponteiros e bateu com a mão no vidro se assustando em seguida. Um deles disse:

- Casa de Salomão! Encontramos a casa de Salomão! Tu és filho dele?

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Sem o que dizer, Roberts concordou com a cabeça. Em seguido o homem deu um grito e falou, estamos ricos! Estamos ricos! Mostre como fez esta magia filho de Deus, se não lhe mataremos!

Roberts disse que se o deixasse viver mostraria muitos segredos inclusive onde poderiam encontrar uma misteriosa pedra que os dariam poderes, os homens então se viraram uns aos outros e apontando duas espadas em circulo realizaram algum tipo de voto segredo e em seguida um com as mãos puxaram ele pelos cabelos e em seguida sua calça com um sorriso revelando dentes podres na boca. Roberts disse que se o tocasse nada contaria, nada!

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IV Éden

"O tempo é o melhor antologista, ou o único, talvez." Jorge Luis Borges Uma Vista para o fim do mundo Uma cidade muito graciosa em algum lugar da África lançava suas luzes durante a noite trazendo um tom de melancolia ancestral. Destoava de toda a miséria comumente vista, mesmo que não fosse a África do Sul, conhecida por gente bonita de aparência europeia. Todos ali eram negros com exceções, mesmo que, no entanto pareciam ter superado todos os problemas sociais, políticos e religiões que tornavam-se como uma cruz sem fim para aquele povo sofrido.

Era, uma cidade não por acaso isolada, numa região de montanha tendo os acessos vigiados e restritos para que nenhum forasteiro invadisse impondo suas regras, saqueando e roubando suas mulheres mantendo assim suas tradições.

Foi então quando uma Hummer saiu de lá praticamente correndo levantando poeira ao tocar o chão de terra da saída da pequena cidade. Alguns moradores assustados se perguntava o que havia ocorrido já que ali reinava a paz e o respeito, o último crime que havia tido notícia era de um turista que roubara um mero souvenir. De fato tirando-se todas as tradições tipicamente africanas poder-se-ia dizer que aquele lugar era como uma cidade colonial europeia, cercada pela natureza em plena harmonia de modo que todos exerciam sua vida plenamente com justiça aos seus talentos, e eram assim felizes.

No entanto, o prefeito demonstrava grande preocupação após a saída daquele carro e disse para seu secretário.

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- Para os ordinários somos descartáveis, a África para os ordinários não deve existir, não aceitaremos suas inquisições mesmo que os únicos páreos a eles também não gostam muito de nós.

- Mas não sabemos do que eles são capazes! E aqueles que tem a tecnologia espacial? - retrucou seu fiel secretário.

- Duvido muito que eles tenham tomado posse daquele satélite com armas nucleares, este está nas mãos de outro grupo pelo que sabemos. Não obstante, você viu o que ocorreu no Congo com aquele povo aniquilado pelo vírus e a explosão nuclear na Zâmbia.

Assim quando então as pessoas da rua começaram a se

alvoroçar apontando para o céu e imediatamente estes se entreolhando correram até a janela e olharam para as estrelas e viram um pequeno ponto luminoso descer destas e gradualmente ir aumentando até que seu brilho deixasse claro não se tratar de nenhum meteorito ou algo semelhante.

Todos os habitantes ficaram estáticos, pois mesmo que naquele lugar havia tecnologia suficiente, muitos não sabiam os perigos que rondavam o espaço, cuja órbita terrestre era terra de ninguém e cada um lançava o que queria nela. Aquilo era uma bomba atômica e num grande clarão todas as vozes ali presentes se silenciaram junto à fauna e flora local, para sempre. Nova York, Estados Unidos Uma bela e grande igreja católica tradicionalmente americana, porém apesar de estar repleta de pessoas estava com suas luzes desconformes e o silêncio tomava conta, aos pouco se era possível ver que todos ali presentes estavam caídos uns encima dos outros e de repente um vulgo se esgueirava pelas sombras sorrateiramente até tomar forma, mas como uma sombra saindo de outra sombra, era um homem coberto por uma roupa de proteção química e uma mascara igualmente. Era possível se ouvir

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sua respiração, e no meio daquele cenário soava como uma espécie de demônio devorador solto, eram os responsáveis por aquilo, um ataque químico...

A Velha Nova York, terra que outrora era de sonhos, glamour e esperança agora assolada pela praga e destruída pela guerra começada por dentro e terminada por fora. Toda a alta classe simplesmente imigrou para pontos seguros do globo criando comunidades autônomas que não recebiam muitas vezes ordens de governo algum, Wall Street fora para sempre fechada, nunca mais haverá queda na bolsa, pois pelo jeito ela nem mais existe enquanto milhares de pessoas flutuavam pelas costas de Nova York, mortas há meses depois de desaparecidas, exalavam um odor que impregnava toda a cidade, mas não era Nova York que apodrecia, era a civilização, cada um de seus habitantes pareciam morrer pouco a pouco como verdadeiros mortos vivos.

Seriam os russos emergentes em busca da ressuscitação de seu sistema comunista da ex-URSS? Ou a China? A resposta, por mais absurdo que pareça não explica, jamais completamente o fato, desta vez eles não deixaram nem mesmo o Empire State de pé, e o prédio da ONU parecia local de festa dos chamados popularmente pela resistência global por ordinários.

Os Ordinários tinham por objetivo formar sua supernação do qual enraizada como uma doença em parte da América Latina já governa de lá com tranquilidade e relativa paz, mesmo que de acordo com suas crenças sempre rendiam alguns incidentes e trapalhadas categóricas, mas por eles terem controle sobre todas as armas nucleares do mundo, e não há exército no mundo que por eles tenha sido infectado, ali circulava praticamente livres saqueando todas as casas como já começam a fazer anos atrás no Brasil, assim como qualquer mulher que fosse razoavelmente bonita era violentada nas ruas.

Aos poucos ali se formava a partir de uma Anarquia induzida uma ditadura como nunca vista, as pessoas desapareciam, não havia justiça o departamento de policia fora

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substituído por uma sucessão de homens soberbos que impunham punições aos que não aceitassem seus termos inclusive os matando na rua, a Big Apple estava podre.

No entanto, como grande nação que se preze, os Estados Unidos apesar de estar como uma fera sem cabeça (Washington fora bombardeada e seu presidente morto), a FBI, Marines e boa parte da população buscam se locomover buscando trazer algum tipo de governo que reassumisse as rédeas do pais e não deixasse que o mal enraizado dentro da própria Policia Federal, por infiltrados sabotassem seus esforços. Deste modo podia-se dizer, que como patriotas orgulhosos os norte-americanos poderiam até morrer, mas certamente iria fazer também um inferno para aqueles invasores, fossem eles os traidores da nação aos chineses que invadiam aos montes com seu exército.

Os Estados Unidos se tornou terra de ninguém, um lugar perdido numa revolução e um homem aos poucos parecia conseguir reunir forças contra esse caos lá instalado mesmo que sua busca por Yves Pálmer, um brasileiro que havia sobrevivido aos ordinários fugindo, tinha conhecimentos e talentos que poderiam ser a chave, mas fracassara apenas recebendo um de seus livros. O nome deste general era Éderson Montgomery, um homem que apesar de rígido era guiado por um código de honra quase cego e nutria um patriotismo fora do comum pelos EUA e combatia há anos desde que era da Inteligência Naval, os responsáveis pelas feridas incicatrizáveis provocadas pelo World Trade Center, mesmo que em vão.

Ele reuniu homens de diversos estados de policiais federais ou não, a fuzileiros navais que recrutando a população sedenta pelo controle rumaram a Nova York, uma das entradas dos Chineses naquele país.

A Batalha que lá sucedeu durante meses sendo chamada de operação Amargeddon matando milhares de pessoas e conseguindo re-assumir o controle do estado restaurando o

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governo lá, e assim como nova capital temporária até que buscasse o controle pleno.

Pouco restava da cidade, no entanto. Apesar de altamente tecnológico e poderoso o exército americano estava com sérios problemas logísticos e não bastando Éderson Montgomery duma hora para outra assumiu uma posição controvérsia ao deixar o governado e ir até o oriente médio em busca de respostas e de Yves. Porém ele não mais enviou notícias ou retornou com sua equipe. Apenas seguindo pistas estes viram em seu diário os trajetos de pistas que colia do paradeiro de Yves, porém em algum momento teria feito uma descoberta a partir destes estudos que mudou o rumo de sua expedição após seus esforços de encontra-lo fracassarem.

O que deixava perplexo os habitantes deste local que uma teoria insólita de Yves parecia convergir num estranho fenômeno em algum lugar que poderia representar tanto a salvação do mundo quando seu próprio fim.

Logo, mesmo que a ausência de Éderson no comando era uma perda indescritível, naquele momento, não somente os EUA, mas o mundo buscava respostas sobre este mistério, um mundo de pessoas em busca de uma esperança a que se agarrar, já que seus melhores homens ou desapareceram ou morreram. Os Sete Peregrinos e sua missão Vendo então o Papa que era de vital importância se encontrar Yves Pálmer e o general Éderson Montgomery selecionou a dedo sete homens para esta missão: encontra-los antes dos ordinários e certificar-se se é real a existência da dita “Flor de Mil Pétalas”.

Fedon Wade! O nome do Bispo fora então o primeiro dito dentro os demais. Homem extremamente instruído e sábio era conhecido por ser potencial Papa do futuro, mas, porém as circunstâncias não se poderiam crer num futuro, logo sendo escolhido por sua experiência anterior como militar fora convocado para os demais liderar.

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Os nomes a seguir, eram em grande parte de ex-membros da Legião Estrangeira que estava sendo igualmente infestada e massacrada pelos ordinários em todas as partes do mundo. Os homens eram selecionados pelos seus feitos heroicos e suporte humanitário nesta guerra sem fim. Então fora dito o nome: Edwin Farrell!

Edwin Farrell, grande amigo de Fadon Wade, mesmo que a situação não pedisse uma pessoa com envolvimento pessoal definitivamente eles já haviam tido uma experiência em equipe anterior extraordinária sobrevivendo ao ataque maciço na África, e salvando dezenas de pessoas tanto que faziam trabalho humanitário quanto nativos.

Athos Vougan. Este legionário condecorado ficou conhecido por conseguir se infiltrar entre os ordinários e depois de descoberto sofrer meses de tortura nas mãos dos insanos psicopatas. Ao fugir, relata-se que consegui sobreviver com imunidade ao vírus ‘para-influenza’, criado pelos ordinários supostamente para combater uma mutação da gripe suína, que aniquilou uma cidade inteira. Só por este feito o Vaticano o quase via como um Santo Beato, mas ainda assim a ocasião pedia um homem não somente com qualidades únicas, mas extremamente valoroso em honra em combate. - Anemone Aniceto!

Os poderes do nome destes sujeitos aparentemente comuns já saltavam com um eco que fazia qualquer um esticar-se de fora para poder ver quem era estes homens para esta missão tão enigmática. Mas Anemone Aniceto, não era tanto o caso. Esse mercenário ex-membro da Legião Estrangeira ganha a vida fazendo serviços por encomenda. A maioria eram nobres, como resgatar pessoas, mas em alguns casos como para eliminar alvos, e isso incluíam pessoas importantes e boas.

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Assim, logo umas séries de murmúrios se espalhavam como um escândalo velado, mas que em virtude da ocasião o Papa não apenas verificou a estes indulto especial de seus crimes e pecados por suas habilidades específicas especialmente por ser exímio atirador de flanco. Ali, fora dito que ele anda arrependido de seus erros passados após um caso notório envolvendo a morte de seu único amigo pelas mãos dos ordinários do qual desde então jurou combate-los, já que eles o havia também condenado a morte ele, como alvo.

Porém o maior escândalo da lista estava ainda por vir, e ele chama por Porchat Penafort, este homem de caráter duvidoso era conhecido não apenas por dissimular o que sentia, mas por usar as mesmas táticas cruéis dos ordinários num grupo de resistência na África do Sul, e assim antes era rotulado pelo Vaticano de terrorista.

Para completar a lista dos sete foram chamados então Knox Damon, um exímio atirador Legionário conhecido pela resistência e experiência e pessoalmente por ser um sujeito de estilo peculiar, do qual costumava andar com uma pequena espada onde quer que fosse. E por fim Aster Hamilton, um grego mercenário vaidoso que havia sobrevivido de forma heroica a um ataque a Nova York se aliando a uma tropa de Éderson Montgomery. Conhecido pelo orgulho, gostava de se destacar e andar galante e assim por ser egoísta era visto como uma espécie de anti-herói.

Após o fechamento então o Papa pessoalmente lançou sua benção sobre eles e a Fadon e Edwin conferiram duas pequenas relíquias como uma espécie de amuleto para sua jornada. Edwin, apesar de um pouco relutante, pois considerava aquilo uma bobagem, aceitou, afinal se tratava do Papa.

Declara-se à partir deste momento Ordo Cristianita Peregrinus, que tem por objetivo localizar e proteger Yves Pálmer e Éderson Montgomery antes dos ordinários, a fim de evitar que sacrifiquem Yves sob a pretensa de era Deus, pois sua vida é de suma importância, e mata-lo poderá trazer o fim inevitavelmente

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numa questão de tempo, seu falso Cristo já vaga pelos campos de guerra se alimentando do sofrimento alheio. A Caixa de Auster Território sombrio, em algum lugar entre o Oriente Médio e a África. Assim eram chamado os locais dominados, ao menos parcialmente pelos ordinários, onde eles deveriam pisar para procurar Yves. Ao sobrevoarem o local era possível ver muitas pessoas mortas, e muita destruição. Segundo instruções ele estaria junto a um grupo de resistência formada por mulheres. Mas por elas serem nômades, não era possível se saber onde estavam, então eles iriam fazer um trabalho de seguir rastros. Saltaram de helicóptero por cordas, pois não poderiam nem puxar a acampamento ali, porém quando estes ainda desciam o piloto avistou uma enorme aeronave indo em direção a eles, eles então se apressaram a descer, pois a aeronave se aproximava rapidamente, era um B-52 e logo o copiloto identificou que estava caindo deixando um rastro de fumaça. Não temeram assim a um ataque, pois aquela aeronave estava adaptada apenas com duas metralhadoras na cauda. E assim passou por eles por muito pouco cobrindo o céu com uma fumaça negra até desaparecer atrás das montanhas num rasante.

As redondezas eram o lugar onde disseram que o grupo de resistência havia passado pela última vez. Então eles colocaram seus equipamentos em mãos, vestiram suas mochilas e seguiram enquanto o helicóptero desaparecia diante de nuvens negras que também se formava no céu.

Eles seguiram pelo terreno inóspito até que mais adiante a imagem que se erguia era de um imenso B-52 caído num pântano, o mesmo que passaram por eles, e seus pedaços em chamas provocavam uma imagem de reflexo peculiar na água, do qual os corpos de ordinários nestas poças pareciam trepidar como se quisessem levantar-se como mortos-vivos. Como filhotes de um

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dragão recém morto por um anjo, essa imagem era daquela imensa aeronave chamada B-52.

Os setes homens seguiram quase no mais pleno silêncio deixando que apenas aquela imagem falasse por eles enquanto o fogo lançava aquele seu ruído intermitente enquanto vomitava fumaça no ar. Sempre que eles viam ordinários mortos sentiam-se aliviados, não somente por não ter de ataca-los, mas seriam menos pessoas a trazer dor e sofrimento ao próximo de forma impiedosa.

Toda a humanidade estava cansada da sua ideologia de humilhação e injustiça e sua habilidade em conseguirem eles mesmos se desmascararem ao fazerem de Yves Pálmer um exemplo de alvo de inveja, ódio e injustiça deles, motivos pelo qual obviamente ele se revoltou, e o mundo aquilo viu, e assistiu, e chorou.

Culpa de Yves? De jeito algum, era ele vítima, mesmo que assim os próprios ordinários conseguissem o sacrilégio de serem vítimas de si próprios nestas práticas, isso justifica o termo 'ordinário' por completo, mesmo que alguns se referirem a eles por baratas. A Barata é um inseto que apesar de bastante comum tem um longo histórico de sobrevivência, sendo um dos seres mais antigos sobre a face da terra que ainda existem, curiosamente servido como argumento para o criacionismo, quase nenhuma mutação revelou ao longo de tantos milhares de anos. Esse inseto da ordem dos ortópteros, e um dos agentes que trazem mais infecções do mundo, mas são um dos seres mais existentes do planeta. Certa vez chegou a ser associado junto aos ratos pela peste negra que teria matado milhares de pessoas na Europa. O nome vem do latim blatta, que curiosamente no italiano significa rixa e desavença, isso revela uma faceta realmente muito peculiar deste inseto uma vez que seu nome sempre é associado a coisas sujas, doenças e esgotos. E lá estavam eles mortos, qualquer que fosse o que se propusessem serem suas mutações e

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ramificações, sempre surgiam mais, nunca morriam por completo. Tão resistentes quanto baratas.

De repente Knox Damon rompeu o silêncio e perguntou a seus companheiros se ouviram falar da Caixa de Auster. Aster Hamilton então zombou dizendo.

- Que que tem eu? Cá estou!

Anemone e Penafort riram mesmo que o restante do grupo

permanecesse introspectivos com a imagem que acabara de ver. Então Knox resolveu prosseguir contado sobre esta

história ocorrida há poucos anos atrás, depois que Yves desapareceu.

Um sábio ancião chamado Octavius há muitos anos carregava um segredo. Dizia ele ser a resposta para todos os males do mundo, para unir as pessoas boas num senso comum. A seu aprendiz ele reservou parte seus segredos, porém numa pequena caixa as colocou, todas, num baú trancado a sete chaves cuja cada uma das chaves estavam espalhadas em pontos específicos do mundo, cidades que ele teria de passar em sua jornada até por fim revelar seu conteúdo ao mundo.

Logo aqui começou a chamar a atenção da mídia, o ancião morreu e o jovem partiu em sua jornada e logo recebeu apoio dos povos onde este deveria passar para pegar as chaves. Aos poucos essa viagem tomava tamanha proporção que fazia até mesmo lembrar a viagem da tocha olímpica pelo mundo, pessoas se aglomeravam nos principais pontos em que ele iria, ao passar pelo Iraque fora decretado até mesmo trégua, o povo junto aos soldados inimigos pararam lado a lado para ver a passagem do jovem e a caixa.

Quando ele chegou na última cidade, todas as câmeras do mundo e a maioria das tvs do mundo focavam-se nele, ele seguindo as instruções fora até o local onde estaria escondida a

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chave então uns se perguntavam se dali sairiam todas as pragas do mundo ou a solução para todos os problemas.

O Silêncio se fez, ele calmamente pegou a chave diante dos olhos de milhares de pessoas e girou sobre a tranca calmamente a destravando. Então, naquele momento creio que até mesmo ele suou frio, o que lá haveria?

Mas ao abrir lentamente e conforme a luz do ambiente entrava revelou que não havia nada! A decepção foi geral, todos murmuravam entre si, e até mesmo ele chegou sentir uma certa vergonha diante daquilo como se ali estivesse escrito: sou idiota.

Mas então foi quando ele encontrou um pequeno bilhete no fundo desta e ao pegá-lo desembrulhou e rapidamente o silêncio se fez, lendo em silêncio todos queriam desesperadamente saber o que lá havia, então ele deu um sorriso e passou para um homem que num autofalante leu: Isso é mais que caixa de Skinner, pois o que há nela é o que todos precisam, Esperança. A mesma esperança que os uniram para assisti-la, mesmo diante do ataques impiedosos dos ordinários.

As pessoas ficaram perplexas, decepcionadas, mas confusas, umas demonstravam revolta dizendo: "aquele velho nos enganou". Mas outras riam daquilo tudo, sim, conseguiam rir mesmo diante de tanta dor. Aquele velho sábio fez mais que manipula-los, mas os fez a terem esperança! Ela é invisível, não se pode comer, não se pode tocar, não se pode vestir, mas ela penetra em nossas almas, ela muitas vezes se personifica em pessoas, mas ela por ser um ideal perfeito, ser a fé, nunca morre. Penafort então zombou dizendo ao concluir a história:

- Vocês são mesmo uns ingênuos, o ser humano é o bicho mais manipulável que existe.

Knox se sentiu ofendido por isso, mas como não dando ouvidos ao que ele disse.

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- E se o que buscamos na realidade for uma grande caixa

de Auster? – perguntou Knox - E se o objetivo disso tudo é trazer esperança? E se Deus se resumir apenas a isso, algo que nos dê fé e esperança?

Então Fedon Wade, interrompeu, mas ao invés de fazer um discurso sobre Deus disse que questionar tal não era o objetivo daquela missão, sendo algo realmente verdadeiro ou não eles iriam em frente, pois de um jeito ou de outro os dois homens que procuravam era muito importantes naquela guerra.

Depois de caminharem por longas horas, já começava a anoitecer quando adentraram num deserto e foi quando começaram ver imensas sombras se elevarem no horizonte, com os raios de luz restante aos poucos puderam perceber que eram aviões. Mas eram muitos aviões, tantos aviões que eles não poderiam contar. Aviões de todos os tipos, cores e tamanhos.

O Pensamento primário que lhes veio na cabeça era de que todos eles deveriam ter caído assim como o B-52. Mas não, eles pousaram ali, foram deixados ali, abandonados, máquinas formidáveis jogadas ao pó do deserto que aos poucos iam os cobrindo. Havia naquele lugar segundo Anemone, que era especialista em aviões, de cargueiros Boeing 747, bombardeiros, a caças como F-15 Eagle, F-22 raptor ao famoso Tomcat, uns 5 A-4 Intruders despedaçados e com o nariz na areia, e alguns helicópteros como Spirit e o famoso Falcão Negro. Provavelmente aquele lugar era usado pelos ordinários para fazer a adaptação em seus aviões, esquadras inteiras roubadas ou compradas, deixadas e ou despedaçadas para mudanças e jogadas naquela guerra sem motivos. Conforme a noite caia ficava difícil saber a extensão do lugar, mas parecia ser maior que o cemitério de aviões do deserto do Arizona. Fedon então deu ordem para que colocassem seus óculos de visão noturna e se fechassem perímetro. Ventos fortes

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começavam a vir e eles perceberam que seria interessante de repente passarem a noite ali, dentro de algum avião até que amanhecesse já que parecia não haver movimentação dos ordinários ali a longo tempo. E assim foi....

Ao fazerem uma pequena fogueira num avião dos tempos da guerra do Vietnam, Athos Vogan resolveu se sentar no lugar do piloto naquela cabine e contemplado o horizonte frio cortado pelo vento montou guarda ao lado de Áster enquanto observavam também aqueles equipamentos tão antigos com uma certa nostalgia mesmo que não fossem da época daquele avião. O avião era muito mais velho que eles. Vogan sentia quase o ruído que aquele avião fazia quando voava e perguntou a Áster quantas histórias aquela máquina não teria. Áster parecia sempre distante, preocupado sempre com si próprio primeiramente, então não degustava desta percepção mesmo que acabara levantando a curiosidade dele. Foram tantas e tantas guerras que a humanidade já passara, e mesmo que a tecnologia de hoje seja tão moderna parece que ainda nada aprendemos de conclusivo. Sempre as velhas práticas, sempre as velhas atitudes arrogantes e impiedosas que nos perseguem ao longo de séculos, quer sejam por ganância nos levam a nos matarmos mutuamente enquanto nosso verdadeiro inimigo ri de nós, enquanto devemos vencer também nosso próprio mal interno.

Vogan então resolveu contar um pouco de sua história, ele havia visto todo o sofrimento, o inferno de perto diversas vezes, o encarou nos olhos, sentiu seu cheiro. Certa vez ele quando capturado pelos ordinários ele narrou que ficou preso numa cadeira sem comer por três dias, e quando lhe era perguntado se estava com vontade de comer, lhe era trazida uma mulher nua e estes transavam com ela na sua frente, quando não estes comiam um belo prato na sua frente. Fazendo isto, eles diziam que agora ele era Senhor e eles estavam apenas fazendo a vontade deles. Depois de constantes interrogatórios, tortura física e psicológica

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usaram nele drogas produzindo os mais variados tipos efeitos psicológicos até quase a loucura. Mas foi justamente, e ironicamente uma bomba detonada sem querer por um deles que acabou por liberta-lo. Salvo pelo mesmo terrorismo que aqueles homens aplicavam ao mundo.

Porque tanto sofrimento? Porque tanta injustiça e guerra? Aquele lugar era perfeito para aquelas questões, numa fábrica de heróis abandonada, um museu das guerras humanas a céu aberto. A Destruição de uma aldeia De manhã, Knox Damon acordava cheio de dores nas costas por ficar de mau jeito dentro do avião a noite toda, isso o desagradava bastante, pois fazia ele se lembrar das marcas provocadas pelas torturas passadas, e lembrava que para aqueles inquisidores sem causa ou se era medroso ou masoquista, mas para ele, na realidade apenas padeceram contrariamente aquilo com a consciência limpa de que não era ele o vilão. Não que ele estivesse acostumado a dormir daquele jeito, pois não somente em campanhas, mas em expedições como auxiliando o outrora projeto Arca Espacial que visava buscar amostras das principais espécies raras do mundo em locais isolados, havia se acostumado as mais diversas situações e condições.

Ele costumava contar que certa vez jurava ter encontrado o Pé Grande numa montanha no Alasca, ninguém acreditava e dele zombava, mas o fato que a equipe que estava com ele na ocasião simplesmente desapareceu, segundo ele, mortos e devorados vivos pela criatura que cheirava a enxofre, seja lá o que fosse.

Histórias ou estórias à parte eles tinham muito o que fazer, e havia um sol forte lá fora para a caminhada deles, eles acreditavam estar próximos da aldeia em que possivelmente se localizava o grupo de resistência. Foi então que Edwin sugeriu que buscasse um avião que funcionasse ou fizesse um funcionar para auxiliar eles na busca. Mas não havia tempo para isso, Fadon disse que aquele lugar era visitado pelos ordinários constantemente,

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mesmo que aparentemente fizesse muito tempo, então eles resolveram seguir a pé mesmo, caminhando entre as sombras daqueles colossos dos ares.

Foi então que Aster numa rápida parada para verificar o perímetro viu diversos ordinários em carros descendo uma colina, rapidamente ele disse para irem logo, pois a última coisa que queriam era cair nas mãos deles, pois por mais que buscassem anteriormente reconciliar-se com tais, estes só conheciam o caminho da dor e tirania, na verdade, eles temiam que fosse num deles convertido e simplesmente fossem desconstruídos até se tornar seres impiedosos e sem qualquer pesar de consciência, como muitos dos amigos de Knox.

Mas eles estavam muito próximos, tudo que restava era desligar seus equipamentos de localização e qualquer sinal para que não fossem localizados pelos ordinários e se esconderem nos aviões torcendo para que não houvesse um confronto. Pois eles preferiam fazer um ataque desesperado com grandes chances de morrer, do que cair nas mãos deles e morrerem aos poucos, por dentro e por fora.

Então eles viam estes homens passar de carros pela areia do deserto, uns carros com pessoas chorando, muitas eram mulheres e até crianças...

Enquanto isso, numa aldeia próxima vemos uma mulher, Lane Isra Raja era seu nome. Por de trás de tantos panos e roupas se misturava dentre os demais daquela pequena cidade. Mal se podia ver seu rosto, mas seus olhos graciosos quase que anunciavam a beleza que sucedia. Graças a Deus ela manter-se inteira, pois se os ordinários descobrisse sua beleza certamente já teria sido morta após sucessões de coitos desproporcionais e selvagens. Era triste notar quanta delicadeza poderia padecer por pessoas tão horríveis, somente uma mente perturbada como a dos ordinários poderia fazê-lo e educar os demais a realizarem aquilo, eles não faziam amor, mas eram máquinas de cobiça e violência

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sexual. E assim, mesmo que não fosse dali, mas era norte-americana que resistia após a queda daquela autrora bela nação, retornava as suas raízes ancestrais em busca de respostas, ou apenas refúgio. Então, ao sabermos da história dela sentíamos felizes em ver que com tanta roupa sua beleza estava protegida dos olhos sedentos dos ordinários desproporcionais. Em ocasiões melhores qualquer um desejaria que ela usasse até menos roupa, mas o fato é que não podia, pois, sobretudo ela protegia não apenas sua beleza e assim sua integridade, mas ela tinha muito mais que isso.

Era uma jovem que guardava segredos, e sobretudo soluções, e por isso mesmo para os ordinários era um problema, afinal em seu mundo qualquer coisa que resolvesse definitivamente problemas era problema, a solução para eles era cria-los.

Assim, após sair do meio dos demais na feira dentre tantas outras mulheres cobertas abria a porta e o barulho das ruas era sufocado após esta se fechar dando lugar a sons mais suaves e um odor tão saboroso de se sentir que até mesmo dava sono, o que justamente pressentia um verdadeiro refúgio de mulheres de todos os tipos, idade, físico e etc.

Não, não se tratava de um harém, elas estavam se protegendo, antes muitas foram a isso submetidas - entre outras coisas que não seriam boas de se revelar. Lane então retira os panos que envolvia se rosto revelando tanta beleza que dava dó. Logo sua fiel amiga chamada Zahara Úlima, uma nativa por ela salva, se aproximou e pegou dela sua bolsa com alguns alimentos, quase tão bela quanto esta, ela disse que Suzanna, queria com ela falar. Então ambas se dirigiram ao cômodo onde ela estava. Suzanna Menes, era uma senhora elegante de falar educado, isto quando não se irritava e praguejava uns palavrões, mas que ninguém poderia imaginar como uma atriz famosa poderia em tão pouco tempo se transformar numa mulher tão notável em defesa dos direitos humanos e em proteção as próprias mulheres como

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líder daquele movimento de resistência junto a sua filha. O que Suzanna disse as preocuparam, ela havia recebido por uma informante que estavam indo para aquela cidade. Só de ouvir isso algumas mulheres tremeram nas bases, elas lembravam quando simplesmente eram tratadas como objeto e certamente quando os ordinários ali chegassem iriam dizer que elas estavam com defeito e deveriam jogar fora, isto é mata-las. Eles eram assim, simplesmente por não serem capazes de admitir que alguns não aceitem seu tipo de vida antes queria impor a qualquer um papeis de maniqueísmo fraco, papelões de sofrimento. Qualquer ser humano razoável repudiava isso, tornavam a vida deles num redundante filme “B”.

De repente todos os ruídos das ruas se silenciaram, dando vez a um ruído crescente e constante, as pessoas pararam e todas olharam para o céu. Logo sombras rápidas e compridas os cobriam e em questão de instantes a rua se esvaziou após todos correrem se escondendo em casas e até buracos. Eram os servidores do deus-cinzento ou deus das cinzas, os ordinários numa esquadra de cinco B-52, pressentida por batedores, dois caças A-4 Intruders. Alguns até diziam que depois que tomaram estes B-52 dos Estados Unidos é que eles caíram, pura crendice, estas máquinas quase se tornaram ícones místicos de poder agora usado plenamente para o mal. Elas foram modificadas a fim de comportarem outras aeronaves quase como um porta-aviões aéreo, cada avião levava de duas a quatro pequenas aeronaves, cada qual portando poderosas metralhadoras capazes de perfurar blindagens de tanques de guerra, isso sem falar nas bombas que os B-52 carregavam capazes de destruir tudo no seu raio de destruição.

Logo que passaram sobre a cidade, se fez silêncio, silêncio se fez, silêncio apenas irrompido por uma sucessão de explosões provocadas pelas bombas do B-52 e rapidamente levantando uma grande nuvem de poeira e fumaça, retornando ao silêncio. Mas logo alguns homens gritaram e puxaram lonas enormes que

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cobriam baterias antiaéreas para proteger a cidade, enquanto não eram lançados os air-hogs, como costumavam chamar estas pequenas aeronaves que os B-52 carregavam. Enquanto os homens corriam de um buraco a outro quase como em revezamento via-se no horizonte aquelas pequenas aeronaves se soltarem enquanto os dois caças contornavam para lançar também ataques e reconhecer as baterias antiaéreas agora expostas.

Os homens dos air-hogs usavam mascaras que cobriam até o nariz, pois não havia vidro nas pequenas aeronaves e isso os protegiam da fuligem e até eventuais ataques químicos. Essas mascaras cobriam seus narizes de tal modo que lhes davam a aparência de porcos, talvez daí originando o nome deles. Dentro delas tudo tremia, mas seus porcos pilotos pareciam se divertir e gritavam quando se aproximava dos alvos recém informados pelos dois caças e vibravam ao apertar o gatilho e ver pessoas se despedaçarem com os tiros.

Assim as baterias se viraram contra eles e num ataque kamikaze de ambas as partes apertaram o gatilho. Os atiradores das baterias fechavam os olhos rezando para que nada os atingissem e tivessem mais uma cota de milagre diária. Mas eles ainda contavam com alguns atiradores que camuflados se colocavam estrategicamente nos telhados das casas a fim de derrubar os air-hogs apenas trocando de posição quando estes aviões faziam o contorno quando o espaço de tempo permitia.

Mas não precisou muito e logo um dos tiros da bateria antiaérea atingiu um dos air-hogs eles em cheio fazendo a nave numa pequena explosão cair numa das ruas abrindo buraco em diversas casas.

Mas logo voltaram os dois A-4 Intruders e lançado mísseis destruíram duas baterias de artilharia. Os atiradores aproveitaram a janela de tempo e correram de um lado a outro se posicionando em direção aos air-hogs e dois foram alvejados com sucesso. Logo atrás, vinha um B-52 que num movimento

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impensado cometeu o erro de passar por cima de um das baterias ainda ativa, mas não bastando um homem com uma Stinger lançou um míssil atingindo em cheio, mesmo que em seguida recebesse uma pequena saraiva de tiros de uma metralhadora na cauda do avião. O avião enquanto seguia começava a lançar fumaça, mas mesmo assim na linha do horizonte percebia-se que mesmo que com problemas dava a volta para retornar. Ele estava claramente perdendo altitude e numa situação impensada simplesmente se jogou sobre diversas casas, provocando um rastro imenso de destruição.

Numa brecha Lane e Zahara perceberam que aquele lugar não iria resistir muito tempo, tendo a casa atingida por pedaços de destroços do B-52, só restava a elas saírem de lá imediatamente, pois eram elas os alvos, talvez por crerem que se estivessem com Yves, pois muitas das brasileiras do grupo ali o conheciam. Então se cobrindo Zahara correu agachada em meio os tiros até a casa de Xarif Nabih, o líder daquela cidade em busca de algum suporte para fugirem, ele então chamou seu melhor guerreiro para acompanha-las num caminho seguro entre as colinas, era ele Zayd Parsifal, um nobre guerreiro que tinha voto de castidade. Era, um homem alto e estranho, mas extremamente eficiente em combate e para proteger o que lhe propunha.

Assim eles saíram, antes que o comboio por terra alcançasse a cidade para fazerem seu pente fino de misérias. Foi então que do alto da mesma colina o grupo dos sete surgia e contemplava a destruição da pequena cidade agora perdida em fumaça e fogo que tocavam até o alto do céu tornando o ataque evidente a quilômetros de distância. Praticamente se sentindo impotentes resolveram descer graças às dicas de Penafort, mas estando ainda num lugar alto viram elas passarem por um corredor de rochas, mas sem as reconhecerem prepararam suas armas por temer ser o inimigo aproveitando a fragilidade estratégica, e quando Zayd o percebeu definitivamente pensou terem caído numa emboscada, lançando um diversos tiros que

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obviamente eram trocados. Mas Knox, de repente ao ver o pano do rosto de uma das mulheres cair a reconheceu de uma antiga equipe dele numa expedição a Antártida, para o projeto Arca Espacial e gritou desesperadamente para que parecem os tiros. Foi por pouco, por um milagre ninguém fora atingido.

Ao resolverem o mal entendido com muito custo, os Sete se identificaram e descendo a colina, foram ter com Zayd que se identificando contou toda a situação junto com Lane e descobriram que Yves com elas não estava, mas tinha notícias de que ele teria próximo a um grupo de indígenas agora nômades pela guerra. Então, perguntaram sobre a situação da cidade e eles disseram que pouco poderia se fazer por ela, mas percebendo que o ataque cessara misteriosamente resolveram até lá voltar e tirar satisfações com o líder da tribo para contar a situação e o que poderiam fazer para auxiliar aquele pequeno povo, enquanto não viesse nada por terra.

Ao chegar lá o povo saia do que restava de suas casas e olhando suas vítimas ainda desconfiavam do porque de ter sido cessado o ataque, mas Os Sete deixando Áster de vigia no alto da colina esperavam que aquela situação não fosse durar muito. Então, em meio aos destroços de sua casa Xarif Nabih os recebeu e contando a situação para Fadon disse que não haveria como os ordinários saberem do paradeiro daquelas mulheres, pois não havia ninguém que dali saísse ou entrasse sem permissão expressa de Xarif. Havia alguém ou entre o povo ou entre os sete que era um traidor. Foi quando, Zahara e Suzanna viram Porchat Penafort sozinho cochichando com um pequeno comunicador e o apontando Lane para ele esta comentou com os demais.

- Quem é aquele e com que ele fala? Quando se aproximou disfarçadamente por de trás Zahara

ouvi-o dizer palavras aparentemente desconexas, e pretendendo falando o nome de algumas das mulheres do grupo que queria

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como parte de seu pagamento, logo ela percebeu que era ele um traidor. Porém quando estes os cercavam, Áster chamava anunciado que um comboio se aproximava rapidamente dali, a uns 10 minutos de distância, surgindo escondido provavelmente de um das dunas. Zayd rapidamente o imobilizou e o amarrando resolveu leva-lo para saber até onde sabia e o que os ordinários pretendiam, pois sabendo ele que os ordinários certamente mataria todas as mulheres, aterrorizaria a todos e levaria cativos muito da cidade Zayd só poderia concluir que Porchat Penafort era um deles, pois dezenas de idosos e crianças inocentes e indefesas morreram naquele ataque covarde.

Porém, sucedeu que ao saírem vendo o comboio se aproximar Porchat se soltou de Zayd e saindo correndo foi em direção ao comboio e parando na frente dele, no entanto, o comboio não parou, mesmo o reconhecendo o atropelou. Após ficarem escondidos por um tempo afim de que não fossem vistos pelos ordinários, estes tiveram a infelicidade de ver muitos que ali estavam fugir, cuja maioria alvejados durante a fuga. Logo começou a cair uma chuva forte sobre eles. Então os Sete se foram protegendo as mulheres afim de deixa-las num novo esconderijo para que eles concluíssem a missão. E seguiram por alguns dias de caminhadas até encontrar algum lugar, que pudesse coloca-las em segurança que fosse afligidas ou submetidas.

Enquanto isso em algum lugar da Europa um homem misterioso portando um capuz cinza cobrindo a cabeça, chama um homem. O nome deste é Bianor Torrance, um caçador de recompensas conhecido por ser extremamente violento. Este se aproxima e o misterioso homem com capuz lhe da algumas pastas com dossiês do qual Bianor abre e vê as fotos de Yves e dos demais pertencentes ao grupo dos Sete Peregrinos, menos a de Porchat, e eles falam algo que não se é possível ouvir, e finalizando ele, Bianor tira seu chapéu relevando ter tatuado na sua cabeça calva o mapa do mundo, tendo marcado nessa tatuagem os lugares

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que ele já havia ido. E seguem embora com outros homens que lhe aguardava. O objetivo era caçar os Sete, e se possível Éderson e Yves, mesmo que muitos destes também fossem hábeis mercenários outrora. O Encontro com Yves Pálmer Em meio à chuva chegaram eles num complexo de cavernas do qual onde haviam mais algumas mulheres escondidas e muitas armadas. Entre elas haviam algumas que eram parentes de Yves, mas apenas as que não estavam tão manchadas e seu coração pervertido. Mas tanto suas filhas quando suas mães e as mulheres que a ele amava, Yves não podia tocar, na realidade apenas uma vez ele pode abraçar sua filha mais velha, e ainda assim a um alto custo. Então eles resolveram passar a noite naquele local para continuarem no dia seguinte.

Aproveitando o silêncio da noite e a aparente segurança que se encontraram resolveram discutir o que fazer com o nome no quadro em que se encontrava com a morte de Porchat. Sabendo então que foram instituídos originalmente Sete Peregrinos Fadon convidou Xarif Nabih, a para participar do grupo em sua missão até concluí-la, ao perceberem que era homem valoroso e honrado para com os seus. Fadon sucedeu então, algumas perguntas sobre suas habilidades e o que fazia e apesar de Xarif relutar, por se sentir compelido a retornar a aldeia, ele sabia que tinha recebido ordens do próprio chefe da tribo para auxilia-los. E assim foi, quando um sobrevivente lá chegou relatando que não tinham mais o que voltar, pois tudo havia sido saqueado e destruído, Xarif agora era um dos Sete Peregrinos.

Apesar de ter chovido no dia anterior, o tempo estava muito bom e eles logo começaram sua jornada seguindo as pistas dadas pelas pessoas que ali moravam do qual diziam que o paradeiro de Éderson deveria ser numa montanha conhecida pela lenda de Jobson Xenomedes, e segundo estes haviam relatos de

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um homem com as descrições de Yves numa aldeia destruída, no caminho para a montanha. Caminharam eles então até chegar nesta pequena aldeia destruída. Ao andarem um pouco dentre os seus destroços encontraram finalmente Yves Pálmer, aquele homem tendo uma tatuagem de um oito em forma de serpente em seu braço esquerdo como homenagem a Octavios e uma mensagem em latim nas costas que dizia: ‘Non inultus premor: Sementem ut feceris, ita metes’. Aquele filho de homens cujo seu esforço era para ser visto como normal numa vida em proporção a seus talentos, no entanto, de forma acentuada ou era tratado menos que isto ou muito mais do que era e sempre assim divagava de que desejavas apenas ser reconhecido pelo que era, mas numa vida ruim apenas vivia da misericórdia alheia, como se alguém que muito fizera de melhor para o mundo isso merecesse.

- O que queres de mim? – indagou Yves - Vieram também a me subverter e aplicar a mim implacáveis castigos infindáveis para se dizerem tudo? Fujo eu destes impostores que se intitulam peregrinos em sua jornada, nada tenho eu com vocês, nem parte com seus argumentos para castigar-me impiedosamente!

Mas Edwin Farrell então de forma irônica disse. - Por acaso nega você seu sobrenome? Ou da testemunha

do arco que viste e lhe batizou? - Bom me falar diretamente, vejo que não são como os

hipócritas ordinários – respondeu Yves - mas tu me olha nos olhos e não fala lonjuras. Mas o que tenho eu com vocês? Desde quando assistir a benção gera maldição?

Assim, buscando fugir Yves do título "peregrino" que outrora lhe trouxera suplicio e perseguição de certo provavelmente fora o inspirador do grupo aqui formado, assim anunciou Athos Vougan.

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- Mas do que me importa? - disse Yves - A muitos inspirei,

mas tudo que ganhei fora suplicio e muito do inspirado apenas gerou mais mal do que soluções, meus livros nem ao menos aceitaram me retribuir o trabalho. Afasta-se de mim plagiadores do deserto, nova mutação és? Se quereres uma causa tome esta: deixe-me viver em paz e milagre para vocês será!

Pobre Yves! Para onde este ia, seus próximos eram subvertidos ao deus das cinzas, a fim de dizerem: "este entre vós é o estranho. Clamei, libertemos de seu corpo e criamos o nosso novo deus."

Mesmo este fugindo, no entanto, buscavam subverter igualmente as palavras de sua boca tal como seus atos de modo a assimilar a tudo que este dizia. E seus escritos e suas ideias eram por eles subvertidas e diziam a si próprios: criemos nosso livro sagrado e destruiremos todo que não for em sua conformidade, assimilemos a tudo a nossa semelhante vontade. Matemos seu criador e criaremos o Criador!

Ô quão ensandecida eram seus atos, tratados este como o vilão e escravo poderia este ser um deus para os próprios? Não são eles filhos da desobediência que devemos desobedecer? Mas antes estes queriam criar um deus para que os adorasse e os servisse, não o oposto. Na penumbra deste louco destino, resistia Yves aos papelões que lhe ofereciam.

- Como posso eu ser senhor se devo me submeter aos servos? Como posso eu lhe ensinar algo novo se a tudo modificam aos mesmos ensinamentos inalteráveis de antes a seu mero bel prazer? Qual mestre deve aprender com os alunos e a eles se submeter? – Indagou ele.

No entanto, estes dissimulavam e em pouco tempo lhes surgia com palavra pretensiosa como a fumaça de um fogo

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distante lhe dizendo indiretamente o que lhe aprovem, de modo sempre inevitavelmente a tornar o que é bom em mal e o que é mal bom.

Caminhando ele então até a este local, a esta pequena tribo destruída, lá se escondeu e disse a si mesmo com toda força: não sou mais eu peregrino!

Porém, ele mesmo sem contato social algum por longos meses se não por entre-sombras recusou o contato para com os sete que lhe achegaram, que com ardor de trauma se esgueirava por todas as traições impiedosas que lhe submeteram, de modo que Anemone Aniceto quase que zombou entre eles sobre ser este mesmo o homem que buscavam, o nobre sábio e filosofo de anos atrás, reconhecido por sua determinação e resistência de outrora.

- Nada tenho com os homens! Até entre os selvagens há mais civilização! - disse Yves.

No entanto Fadon e Edwin após se entreolharem lhe estenderam a mão dizendo que atrás destes sete havia um batalhão igualmente os perseguindo a fim de tocarem o Éden e a flor de mil pétalas, que nada restaria ali quando estes homens de pecados e dor ali chegarem em suas carnificinas antes ali já tocada.

Assim ao falar sobre o Éden, Yves disse que utopia do passado era, mas da flor das mil pétalas tinha parte, fora ele quem descobriu sua existência. Então, ele mudando por completo seu semblante, e sem temor disse.

- Como sabes tu onde se encontra tal flor? Como ousas

conceber poder toca-la? Quem tocou essa flor se não Deus e não morreu?

Então Edwin respondeu que para descobrir deveria segui-

lo, pois era a chave para esta, seria a ele explicado no caminho,

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pois agora restava pouco tempo até sair dali. Os ordinários se aproximavam e Edwin perguntou se ele gostaria de ser novamente o "bicho e brinquedinho" dos homens salivantes que serviam ao deus das cinzas.

- De modo algum! - disse Yves pegando suas coisas num tom completamente desajeitado expondo sua fragilidade social em oposição a seu tom ríspido visto pouco anterior. - Seguirei você, mas não sou eu mais peregrino. - disse Yves - assim não serei eu nada mais que um aconselhador, afim são vocês sete!

Logo, colocando a mão no ombro Edwin disse de forma gentil e respeitosa

- Como ousaríamos colocar você como o peregrino zero?

És tu nossa inspiração! Antes passemos ser nós oito! Então demonstrando todo seu sarcasmo disse Yves

respondendo. - Aparta de mim, agora fujo do peregrino que me

assombra, me chames então de oitavo, e se coloquem como sete, mas não sou eu passageiro, mas convidado. - respondeu ele como nos velhos tempos.

Daquele sujeito magro, calvo e completamente sujo era

quase possível se visualizar o homem que era outrora, ou que sonhava ser. Uma vez feito isso o grupo se deu por satisfeito e o tom de pesar e ironia que antes se encontrava Anemone se tornou num olhar de nostalgia como quem disse: sim, agora é o Yves que ouvi falar.

Mas antes que pudessem prosseguir numa sessão de nostalgia quase telepatia, Aster Hamilton gritou de onde estava na

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vigia do perímetro de que tinham que partir os ordinários dali se aproximavam.

Aster era o único que parecia distante dos demais e Yves, mas não apenas por vigiar o perímetro, mas que pela sua frieza transparecia uma certa inveja de Yves, especialmente de ver a cena que sucedeu, como pouquíssimas vezes ocorreram na vida dele de forma direta diga-se de passagem.

Logo surgia um zumbido fraco, mas constante que ia aumentado gradativamente. Eram dois B-52, aqueles aviões de esqueleto comprido e magro que apesar de tão velhos sendo testemunhas ativas das principais guerras contemporâneas, estavam fortes e com a mesma rigidez de quando pertenciam aos Estados Unidos. Estas máquinas formidáveis adaptadas a carregar outras aeronaves menores em suas asas buscavam o grupo e quando os encontrasse lançaria suas naves menores para caça-los com uma metralhadora possante.

Mas graças a Deus apesar de chegarem ser lançadas os pequenos air-hogs eles rodaram por um tempo, mas escondidos conseguiram despista-los e sucedendo retornaram ao seu B-52 se re-acoplando.

Logo após de comer uma deliciosa barra de chocolate Yves disse que estava há meses só se alimentando com mantimentos jogados de um avião que era apenas maçãs enlatadas e leite industrializado em caixinha. Edwin riu e falou que aquilo explicava porque estava com aquela cara de "vampiro leitoso".

Sucedeu então que Edwin acompanhando Yves pelo caminho resolveram parar e perguntaram a ele dizendo.

- Qual a diferença entre a ameba chaos para os ordinários? - Não sei - respondeu Yves. - é que a ameba chaos tem honra e respeito.- Retrucou

Edwin.

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Depois de caminharem por um longo tempo resolveram eles parar um pouco. E parando eles Yves não resistiu em ver a pequena espada na bainha de Knox e o pediu para vê-la em suas mãos. Depois de apreciar a espada de cabo branco manufaturado com muito zelo por um tempo, Yves fez alguns movimentos com ela em mãos de modo a demonstrar que naquele mundo apesar de completamente destruído, mas tecnológico ele parecia ser um honrado guerreiro medieval.

Era, interessante observar isso, uma vez Yves definitivamente era de extrema habilidade com as mãos, fosse com uma arma de fogo, espada ou uma caneta. Mas o livro que outrora ele escreveu apenas fez se levantar a cobiça de tal modo que acabou por criar mais problemas que soluções. Em sua pequena pasta haviam reunidos seus escritos que mesmo um pouco amassados costumavam até pouco tempo levar onde passava junto a uma pequena Bíblia. Mas na tribo onde se escondia não tinha ninguém para ler se não corpos de índios e índias que foram mortos de forma covarde pelos ordinários.

Então Yves contou como era concebível algumas pessoas quererem lhe parir um destino tão ilógico quando suas habilidade revelavam o obvio, ele não havia nascido para morrer ao contrário dos Nefelins, nada se encaixava nas mãos dos ordinários tudo estava contra o que queriam lhe fazer, de suas próprias doutrinas, as coisas que ele observou a seus talentos. Então ele resolveu contar um pouco sobre o período em que desaparecera.

Yves presenciou, na realidade, a disputa entre um grupo dissidente dos ordinários, mas tão perverso quanto. Numa ocasião em que eles se atacavam mutuamente Yves confessou que sentiu certo prazer em ver o ex-presidente Eric Cardino morto por consequência deles. Aquele homem junto a outros impedia que ele tivesse qualquer coisa ou direito humano, tudo a ele era respondido de forma velada com um "Não pode". Yves então prosseguiu dizendo que onde passava em locais estranhos após fugir sentia a má presença espiritual. Tal como o lugar que eles

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teriam de atravessar, o conhecido Vale dos Ossos Secos. Ele comenta que não acredita em fantasmas ou invocação de mortos, mas que mortes injustas atraem maus espíritos vingativos.

Fedon o interrompeu e disse para ter cuidado ao misturar determinados elementos, pois se tornam extremamente explosivos, e a maior prova disso é o que resultou a ideologia mal resoluta dos ordinários que ao misturarem de tudo acabou gerando apenas o caos.

Aproveitando este momento, eles buscaram algum contato com o Vaticano quando receberam a notícia: O povo derrubou o governo secreto negro no Brasil, destruíram a cidade do qual Yves era nativo. Agora os ordinários, tão perversos de inquisitores passaram a ser caçados. O Vale dos Ossos secos Era aparentemente um dia qualquer, depois de tantos dias de longas caminhadas, mas o que sucedeu nas horas seguintes ficaram marcada para sempre na memória daqueles que o testemunharam. Pessoas viajam em seus aviões, ônibus e trabalhavam quando de repente milhares delas desapareceram diante dos olhos de todos, como quem fossem abduzidas, estranhos sinais e objetos denunciava o fenômeno. Aviões ao perderem os pilotos caiam, os ordinários ao se sentirem tão impotentes diante de tal fenômeno não poderiam conceber essa idéia de não ter controle absoluto sobre isto também. Imagine o horror que os sobreveio. O maior medo deles é não serem capazes de controlar algo, e então vendo isto logo trataram de inventar uma história para aquilo se engrandecendo como se fossem eles os responsáveis e que estava compelido a se realizar. Claro, que aquilo ninguém convenceu se não a si próprios, e todos lembraram automaticamente de Yves, graças a Deus não o tinham matado ele ainda. Mas Yves não subiu junto ele tinha outra missão naquele lugar ainda e não era morrer. Além do mais ele teve alguns problemas, assim digamos de procedência espiritual...

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Sucedeu que seguindo eles o caminho, encontraram o

enorme vale repleto de ossos humanos, e atravessando eles muito temerosos pelas histórias que Yves relatou, por não saber sua procedência ou história daqueles que ali jaziam se calavam. Foi quando, dentre estes ossos se levantaram homens, mas que ao contrário dos ossos eram vivos mesmo que sua aparência lhes soasse de terror e espantando pela velocidade do ataque. Era Bianor e seus homens.

Imediatamente Bianor ergue uma Sniper rifle e aponta para a cabeça de Yves, o alvo primário e então Fadon que sendo Bispo não pegava em armas o empurrou para o chão. Bianor então ao lançar um tiro pegou num crânio que estava na frente de Yves o espatifando em pedaços. Assustado então ele rolou até um fosso com vários ossos quando se levantou outro do grupo de Bianor com um punhal e parte para cima dele, os Sete lançam tiros buscando se proteger e Fadon percebe o desaparecimento de Yves quando consegue vê-lo no fosso em meio a ossos e na hora que este mercenário vai cravar o punhal nele Knox dá-lhe um tiro e este caí sobre Yves ainda assustado com aquilo tudo. Yves se levanta em meio ao tiroteio que diversas vezes teve a infelicidade de presenciar e ainda consegue salvar o Bispo Fadon se jogando sobre ele quando Bianor lhe apontava uma arma. Mas é então que dentre aqueles homens surge um conhecido de Yves. Repleto de ódio, pois ela nutria profunda inveja mesmo que fosse tão perseguido procurava a vida dele. Yves hesitou, não queria confronta-lo, mas quando este homem abaixou sua arma e partiu para cima dele com um outro punhal cinza este o empurrou e aconteceu que caindo ele sobre um osso pontiagudo quebrado pelos tiros o atravessou no umbigo e morreu.

Athos acaba tomando um tiro no ombro e ferido consegue auxílio de Edwin. No horizonte ele e Edwin veem uma tempestade de areia se aproximar, vendo aquilo Bianor tendo cinco de seus homens mortos recuou e se jogando sobre o mesmo fosso que

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Yves estava desapareceu. Isso é digno de nota, pois com tanta guerra o mundo mesmo parecia reagir, o clima perdeu por completo seu equilíbrio indo a extremos e completamente imprevisível. Então eles puxaram Yves enquanto ainda via a cena de seu primo morto e correndo, uma nuvem de pó os cobriram. Então se via ossos voando por toda à parte como que estes se levantassem e como um exército morto começasse a marchar. Edwin consegue achar uma pequena caverna e eles lá entram e se escondem até a tempestade passar. Edwin e Anemone então cuidam da ferida de Athos e apesar de ter varado seu ombro só não permitiria ele levar mais peso nas costas, e perguntado se preferiria ficar e esperar por socorro, ele se recusou e disse estar pronto para prosseguir. Em Roma Nas mediações do Vaticano andava repleto de refugiados, especialmente ao entorno do Vaticano, pois se tornava um dos poucos lugares do mundo a tratar ainda as pessoas com dignidade. Ali, resistiam alguns protestantes fundamentalistas que meio relutantes buscavam auxílio da Santa Sé após o chamado Grande Desaparecimento.

Enquanto isso uma notícia de repente alvoroçava as pessoas: "Foram derrubados dois B-52 ao tentarem atacar Londres." E as pessoas comemoravam como se fosse o inicio do fim de todo seus sofrimentos. Porém a maior fonte de desavença entre eles eram refugiados de um grupo de alta elite do qual teriam perdido o controle de outrora dos ordinários. Isso teria se virado contra eles e por alguns traidores até mesmo dentro do grupo eles foram massacrados numa cúpula para debater diversos assuntos.

Porém um bispo disse que eles estavam tão desesperados quanto os protestantes que estavam sendo mortos aos milhares por todo mundo. Assim, a mando do Papa acreditava a Santa Sé

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podem fazer nada mais que acolhe-los, por mais ironia do destino parecesse.

Mas aquele dia além de receber mais refugiados iriam receber um representante diplomata dos ordinários. Ele atravessou o Vaticano e chegou até o Papa e disse: Deixe que assimilemos vossa religião a nossa sob o mesmo estandarte do novo Cristo em nosso grande evangelho para a humanidade. O Papa então respondendo disse: O Cristo único é o pilar de nossas crenças e religião não aceitaremos nenhum novo evangelho de sofrimentos, dor e contradição até ao próprio nome.

Demonstrando soberba em seu olhar e profundo desdém o diplomata então respondeu dizendo.

- Esqueçam o velho evangelho e seu equilíbrio primitivo! O Papa então disse. - Receio eu dizer que então nossa conversa acabou. - Que assim seja – respondeu de volta - , eis as boas novas:

morrer é liberdade, verão a glória de vosso Deus! Então abrindo seu jaleco revelou uma pequena ogiva nuclear e num clarão ele a detonou num ato de suicídio fanático, e numa bola de fogo vista até dos campos de concentração deles consumiu a todos lá. A Lenda de Jobson Xenomedes Aconteceu que depois de passar a tempestade de areia, o grupo saiu e foi então que ainda receosos de estar sendo seguido por Bianor e seus mercenários, mesmo que a tempestade houvesse apagado qualquer vestígio que a eles levassem, avistaram um pequeno grupo. Entre eles estava a mulher com quem Knox havia trabalhado anos atrás na missão Arca, Zahara.

Zahara narra em seu livro sobre o projeto Arca de Noé que ela fazia parte deste projeto para colher amostras de todos animais, plantas e tudo quanto ou desse ser salvo nesse projeto

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que reuniria o genoma de espécies de todo mundo das mais comuns as mais raras. Porém assustada ao buscar um animal raro num lugar isolado, constatou uma discrepância genética que, no entanto, era padrão em seres como sociopatas. Aquilo acabou sendo peça-chave na busca pela compreensão da raça Nefelin.

Ao se encontrarem com os Sete mais Yves cumprimentaram muito felizes ao verem que Yves estava vivo. E o motivo, de estarem ali, era para anunciar o infeliz ocorrido no Vaticano, e que temerosos mesmo que no ocidente os ordinários estivessem sendo caçados e a igreja organizava ainda outra frente, eles temiam que por em risco a vida na terra com um cataclismo. E disse que depois de souberem sobre este inóspito lugar chamado Éden estavam dispostos a irem lá buscar o máximo possível de material e arquiva-lo para o próximo lançamento. Bispo Fadon ainda aturdido com a notícia do Vaticano, disse que poderiam segui-los. E assim foi...

Quando chegaram finalmente na misteriosa montanha cobertas por florestas cujo topo era completamente ocultado por nuvens brancas, eles começaram a se emaranhar naquele terreno abrindo uma trilha e seguindo o que o diário perdido de Éderson dizia ser variações de ausência magnética do qual alteravam o rumo da bússola.

Então aconteceu que após caminharem por longas horas resolveram eles parar numa fonte para beberem água e descansarem. Mas Zahara quando bebia água de repente observou a límpida água se tornar turva, e ficando cinzenta e aumentando o volume levou ela a olhar para o topo da montanha e sucedeu que havendo nuvens cinzentas sobre ela as cobrindo, trovões anunciavam que em seu topo chovia e mesmo que ali o sol brilhasse logo seria inundado.

Então correndo ela falou para que todos estes saíssem de perto daquela fonte, que tão logo se tornaria em avalanche de lama e paus. E subindo num lugar alto estes agora se indagavam como passariam eles por aquele lugar, uma vez que aquela

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pequena avalanche fechara o caminho mais claro para o topo da montanha. Eles então resolveram acampar nas proximidades, afinal a noite já caia, mesmo que eles temessem muito serem seguidos, e se estivessem certos os ordinários querem encontrar o paraíso para explora-lo, mas as conseqüências podem ser nefastas e imprevisíveis, aquilo no mínimo deixaria de ser o paraíso.

Durante a noite Yves e após ler um pouco da Bíblia com Fadon e aproveitar para mostrar algumas inscrições que ele guardava dentro dela, foi ter com os demais que estavam próximo a uma pequena fogueira para aquece-los. Lá os homens que estavam com Zahara perguntaram a Yves se conhecia a lenda de Jobson Xenomedes quem envolvia aquela montanha e ele respondendo sim insistiram para que ele contasse a história. Zayd e Anemone se juntaram ao coro e então ele mesmo contrariado se sentou e resolveu contar sua lenda.

Há Muitos séculos atrás existiu um homem cujo se chamava Jobson Xenomedes, do qual uma antiga profecia dizia que ele encontraria a porta do paraíso. Ele seria de uma antiga descendência de sábios guerreiros e pensadores escolhidos por Deus, mas autrora velada à perseguição e exploração pelos seus inimigos. Ele teria sido o único sobrevivente da destruição de uma cidade, carregado nos braços de sua mãe Xenir quando pequeno. Este lugar simplesmente se destruiu de tanta corrupção e sujeira de onde teria originado seu sobrenome (Pensador Estrangeiro). Relata-se que as pessoas se atacavam na rua, ocorriam orgias e estupros em público, a cidade se entregou a uma pestilência e não havia, mas espaço de ninguém para ninguém, uns saqueavam dos outros. Estes começavam a sacrificar pessoas em rituais com o intuito de acalmar seus deuses, em vão. Então em suas crendices rudimentares desejaram matar Xenomedes, no entanto, ele conseguiu sobreviver a insanidade daquele povo.

Adormecido, vivia uma vida aparentemente normal, que, no entanto, ao poucos se tornou ilógica por ocorrências inóspitas

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no qual parecia lhe ser submetido. Assim após descobrir que por anos era explorado como uma fonte de conhecimento e poder pelo truculento e tirano Arquiofonte, se revoltou, e a cada dia se fortalecia mais. Porém, Arquiofonte se dizendo correspondente a Deus, e em seu mais profundo ódio milenar estava determinado a impor a ele as maiores humilhações e mata-lo sob pretextos soberbos. Arquiofonte, em seu profundo desdém com a humanidade ordenou que todas as mulheres de sua nação se tornassem prostitutas assim quem quer que a ele amasse, pois este dizia que o teria criado para apenas aquilo. No entanto, ao descobrir a verdade sobre sua origem e sobreviver as mais diversas ocorrências Xenomedes descobriu que este era apenas seu cruel inquisidor, a personificação do mal do qual mesmo diante destas inquestionáveis evidências continuou a persegui-lo e a destruir sua vida impondo-o a servidão como seu "bicho de estimação" particular, afim de impedi-lo de encontrar seus destino. Arquiofonte enviou então o poderoso guerreiro Arquiocrates, que, porém, o embate entre os dois levou Xenomedes a vitória mesmo em suposta desvantagem de força física. Vendo que não surtiu efeito, Arquifonte criou então uma praga para mata-lo, mas apesar de ter matado centenas de pessoas não surtiu efeito sobre ele. Graças a isto chamou a atenção dos sábios Arquimedes e Theomedes que se uniram a ele contra Arquiofonte. O engenhoso embate que se segue transcende o senso comum de batalhas, mas como uma espécie de fundadores da estratégia em engenhosas armadilhas criada pelo seu conhecimento.

Cada vez mais encegueirado pelo poder junto a seus homens, vendo que Xenomedes pretendia escapar até mesmo planejou uma grande guerra por não aceitarem o sacrifício de Xenomedes a seu perverso deus, meramente afim de que ele jamais conseguisse escapar vivo daquilo mergulhando seu mundo no caos. Desde então o nome deste insano tirano e os seus passou a ser associada não somente a vilania, mas como os homens mais

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mesquinhos do mundo, os servidores do deus-cinzento ou deus das cinzas. No entanto, Xenomedes ao invés de aceitar governar aquele povo que libertara, preferiu rumar até esta montanha e aqui desapareceu, do qual diz-se desde então que esta montanha teria sido amaldiçoada por mata-lo. Mas até hoje a verdade não se sabe ao certo, nem tão pouco se seria este lugar que ele concretizou sua profecia. No dia seguinte, eles prosseguiram e sabendo eles que estavam perto, pois um forte nevoeiro sobreveio a eles, e seguiram se orientando por alguns equipamentos GPS e a bússolas que se comportava de forma estranhamente peculiar. E aconteceu que andando eles sobre rochas, não havia mais a densa floresta, mas a visão era de curto alcance se não de no máximo 2 metros, quando um som intermitente e constante surgiu. Ouvindo eles isto, logo percebendo não se tratar de som natural algum se armou, quando veio sobre eles um imenso objeto sobre o ar cujo contorno ia se definindo a medida que se aproximava do solo remexendo a nevoa. Era, um imenso dirigível que saia das nuvens como se nela se ocultasse. Quando de dentro dela se via sair vultos de homens armados que como sombras iam ganhando seus contornos e aos poucos a força de suas hélices dissipavam parcialmente a nevoa. No entanto, apesar dos Sete e o grupo de Zahara se protegerem, estes surgiram de outras extremidades os cercando, mas Knox sabiamente se escondendo com outros três peregrinos se armava e assistia a tudo. Junto aqueles homens estava Bianor que dentre os demais saiu e chamando alguém de dentro do dirigível vendo que todos presentes estavam rendidos se aproximou a procura de Yves. Este pegando Yves olhou para sua pele e apalpou suas carnes como sendo ele uma mercadoria e os demais aparentava querer toca-lo e ofendendo ele levou até um homem baixo que curvado surgia da nevoa com um sorriso cruel no rosto, e então Yves perguntava a

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eles porque, porque não o deixavam em paz, e o velho dizendo respondeu.

-Pois nos o escolhemos por nosso novo Deus. E levando ele até um pequeno altar que tirara da nave, matou quatro dos homens que estava com Zahara e a agarraram a levando para dentro do dirigível junto aos corpos dizendo eles.

- Finalmente temos mantimentos para os próximos dias.

Vendo aquilo dentre as pedras, Knox e os demais apontavam suas armas, para a cabeça do velho e pegando um deles uma bazuca disse:

- Ah se eles matar Yves ou Fadon, explodiremos o dirigível e a todos neste lugar!

Mas aconteceu que vindo o velho a matar Yves, Zayd Parsifal puxou o gatilho de sua arma que utilizava de uma mira de visão de calor, dando um tiro diretamente sobre a cabeça do velho fazendo ele recuar. Os demais agindo como animais com os rendidos, e xingando Yves e os demais não perceberam o vulto do velho andar para trás caindo com o tiro, se não apenas o tiro e olhando melhor eles viram o corpo do velho no chão. E então desesperados começaram eles atirar para todos os lados, mas abrindo fogo Zayd e os demais contra os que apontavam armas para o grupo para atirarem, estes corriam e muitos atiravam uns contra os outros por não enxergarem rapidamente. E vendo que o grupo antes rendido se dissipara na nevoa se irritou e usando o mesmo artifício de Zayd pegou uma visão de calor, e os localizando lançou um tiro certeiro sobre Athos que já estando ferido caiu morto com a arma. Zayd então atirando contra Bianor este caminhava junto a um homem que antes parecia oculto, que tirando uma capa cinza revelava um longo cabelo liso.

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E aconteceu que então alguns dos tiros pegaram numa das hélices do dirigível e provocando fogo este pegou sobre a nave e logo as chamas a tudo consumindo o dirigível perdendo a direção descia ao abismo do outro lado da montanha. Vendo isto Yves se soltando junto com Fadon correm em direção a este para buscar Zahara que gritando pedia por socorro. Assim entrando eles o calor rapidamente aumentava, e misturando a nevoa com fumaça tornava de difícil visão localiza-la, mas vendo ela, Yves a puxou e a segurando pelas mãos correram e pularam nas rochas antes que o dirigível caísse. Mas não viram Fadon. E o que se viu fora um grande tumulto de tiros, gritos e explosões, que com um clarão disperso de repente fez com que diversos dos vultos voassem numa explosão. Bianor ao cair no chão perdendo sua arma sacou uma pequena espada e vendo isso, Edwin pegou uma espada que estava com Athos e se combatiam até que Edwin o feriu mortalmente fazendo-o cair em meio ao fogo, mas antes que este pudesse recolher sua arma e procurar Yves e Fedon fora ferido mortalmente de forma covarde pelas costas, pelo estranho homem de cinza e cabelos compridos.

E vendo isto, Yves temeu vendo sua forma se definir em meio a fumaça e a nevoa e pegando a pequena espada branca que este homem chutara para as pedras antes de vê-lo se armou. Dentre a espessa fumaça de pólvora e borracha queimada as luzes que como de fogos de artifício cortavam os céus, surge todo imponente um homem, que como um maestro conduz uma orquestra de soldados armados à destruição, revelando-se como um deus da guerra e do caos diabólico...ele era o anticristo.

Quando este emergiu por completo da espessa nuvem de nevoa e fumaça viu sair desta fumaça seus olhos vermelhos realçarem, que repletos de ódio vinha sobre ele como uma máquina de matar e dizendo enquanto buscava aplica-lo golpes de espada que por muito esperava por aquele momento e que muito desejava comer suas carnes. Mas vendo Zahara aquilo, pouco

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podia fazer se não vê-los e ainda sem reação se levantava para buscar os demais. Zayd e puxando pelo braço busca se reagrupar com os demais. O nome daquele homem ela reconheceu não somente da Tv, mas de um caso em que o vira matar diversas pessoas indiscriminadamente, dos seus aos inimigos por estarem feridos no chão, era Percy Rufus, um cruel líder dos ordinários. Até ali ela rapidamente visualizou a cena daquele homem que surgindo em meio a fumaça da destruição aniquilou sozinho toda uma equipe do projeto Arca Espacial. Foi quando Yves o desferiu um golpe mortal no peito o atravessando. E caindo ele no abismo se perdeu em meio à espessa nevoa clareada pelo fogo. E então Knox ao encontrar Fedon ferido o pegou pelo braço e o levando resolveram eles sair dali antes que viessem mais ordinários. Mas quando Zahara juntava seus equipamentos rapidamente, viu sair do fogo Bianor que em chamas ruminava feito um animal indo sobre eles quando Knox o deu um tiro e caindo ele finalmente morreu. Secret Garden: Uma Porta para o Paraíso Estes então sem tempo de guardar os corpos dos seus os deixaram com triste pesar e começaram a descer rapidamente a colina até ao outro lado da montanha, até que a nevoa começava a se dissipar e sumindo ela apenas se via os clarões de fogo no alto da montanha perdido na nevoa.

O que se viu, no entanto abaixo era esplendidamente único, duma beleza intocada uma flora se revelava numa harmonia harmônica que trazia paz a quem quer que ali estivesse, até mesmo aqueles que acabando de passar o horror estavam. E olhando eles, à volta viram um homem sair em meio aquele belíssimo lugar inicialmente apontando-lhes armas, era Éderson.

Ao constatarem ser ele mesmo, perguntaram ele onde estava sua equipe e porque ele não voltara. E respondendo ele disse que esperava por Yves. Perplexo e sem entender como ele disse que explicaria. Com a barba por fazer e com as roupas já

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desgastadas levou ele até um pequeno acampamento. Lá mostrou o que ele chamava ser a “abertura para pessoas especiais” do qual nem ele mesmo poderia passar. Aquilo havia transformado ele de tal modo que até mesmo considerava a guerra uma trivialidade, não que não fosse, mas o destino da humanidade poderia até ser tocado dali. Ele mesmo chegou a ver coisas maravilhosas tanto quanto ruins como se fosse ecos existenciais de si próprio somente de se aproximar da flor de incontáveis pétalas.

A equipe ainda incrédula com aquilo tudo diziam que aquele lugar corria perigo, pois os ordinários para lá se aproximavam. E tinham que dar um jeito de proteger aquele lugar ou fugir. Mas Éderson não temeu, ele disse que o poder contido naquele lugar era maior do que a de uma Arca da Promessa relatada na Bíblia. O Bispo Fedon então o olhou de forma como quem um homem de Deus vê um herege, suspeitado. Mas antes que dissessem algo resolveu lhes mostrar um corpo, era a de Jobson Xenomedes cercado de estranhos artefatos plenamente conservados!

Ficando empolgados pela descoberta Éderson revelou que aquilo ainda não era nada, os levando a seguir a diante, quando começaram a sentir certas tonturas e constantes sensações de lapsos temporais. Quando chegando numa estranha fonte de luz igualmente coberta por uma nuvem, viram um homem que vestindo branco o qual era difícil de se ver seu rosto. Levantando então ele uma espada, disse perguntando, quem eram eles e o que queriam com aquele lugar. E respondendo eles disseram.

- Buscamos nós proteger a flor de mil pétalas. - Deste

modo Éderson extremamente temeroso disse que aqueles homens estavam com ele.

Se identificando então por Garnet Melahel, este dizia guardar coisas que o homem não poderia ver, tal como um corpo que o homem nem o diabo poderia pegar. Antes ordenado por

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outro anjo guerreiro ali, ele guardava aquele lugar. Disseram eles para que além dos separados apenas quem estivesse sem sangue nas mãos poderia presenciar, isto e, sem entrar. Alguns então se olharam e não restaram muitos homens se não o bispo, Yves e Éderson.

Sucedeu então que o que eles viram era praticamente indefinível por palavras. Semelhante a uma Flor semelhante aos crisântemos, mas numa cor azulada cintilante diferente de tudo que já fora visto pelos olhos humanos, de cores belíssimas e oscilantes mesmo que predominasse o azul e um amarelo dourado, aquilo manifestava incontáveis pétalas dos quais muitas também oscilavam e se fundiam gerando a outras e anulando a outras em constante movimento de acordo com as variáveis que dizia-se se dar pelo livre-arbítrio mediante a pontos fixos dela. A medida que eles se aproximavam seus movimentos cresciam como se pressentisse sua presença, mas na realidade, pela mudança da percepção deles ao dela se aproximar que causava um feedback temporal, pois a medida que diminuía-se sua distância se podia sentir as variáveis temporais que ela demonstrava nos três tempos. De lá se era possível ver histórias não contadas da humanidade e de todas aquelas que foram suprimidas. Ficou ela então conhecida por Flor das mil pétalas...

De seu centro, o que se suponha suas sementes, brotava luz do qual tornava inviável se perceber o que guardava em seu centro. De seu caule ia para uma parte do qual não se era possível ver. Em sua proximidade a nevoa se dissipava dando lugar a diversas imagens em diversos tempos, mas que nunca substituía o local que ela parecia verdadeiramente estar: um enorme e belíssimo campo verde cortado por um pequeno rio cujas águas eram mais cuja do qual se poderia imaginar. Cercada por algumas arvores peculiares e em seu centro uma arvore que crescia se destacando das demais e seus frutos diferentes de tudo que se poderia imaginar, aquela eram a arvore da vida eterna do qual ao vê-la Yves caí de joelhos e com braços abertos ao céu em adoração

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a Deus pela maravilha. E ao se levantar ele ruma até a bela flor e ao tocar numa pétala ela se cai. Aquele lugar era uma convergência temporal aberta e protegida por aquele poderoso anjo.

Então é quando surge Rufus que vindo ferido no peito retira a pequena espada de sua carne e com os olhos repletos de ódio se aproxima em direção a eles. Armando-se com a espada que tirara de si próprio desfere um golpe em Fedon que ferido caí, no entanto, ao empurra-los para se aproximar da entrada o que se vê é bizarro: As unhas e cabelos de Rufus desenfreiam em crescer e sua pele se enrugando começa a gruir até seus olhos ficarem brandos e de dentro de sua boca sair fogo sucedendo por todo seu corpo como um ‘Combustão Humana Espontânea’ caindo em questão de instantes morto no chão. O anjo intacto, nada fez se não lhe apontar a mão para Rufus e lhes diz para atravessar a porta, pois logo veria-se coisas que poderia aquele lugar destruir. Ainda preocupados pelos demais tal como Zahara, ao verem helicópteros atravessarem a espessa nevoa em busca do dirigível viram não ter muitas escolhas os fazendo entrar de olhos fechados. Ao sentir um tranco na consciência Yves abre os olhos e olhando para trás vê o mundo se transformar a sua volta, convergências de diversas épocas se manifestam e vendo até mesmo o corpo de Jobson Xenomedes ganhar vida e vê-lo em todo seu vislumbre ao encontrar a fonte.

Mas um instante ele vê seu próprio tempo e sua chegada como se memórias até mesmo não registradas pela história ali ficassem gravadas para sempre, e num clarão com a chegada das aeronaves dos ordinários simplesmente as pulverizam carregando toda a nevoa que escondia o lugar, mas sem destruir em nada a vegetação. Eles logo veem por através de outros lugares algo no céu que simplesmente arrastou a todos aqueles numa grande batalha, mesmo que dali tão rápida. Enquanto lá fora o mundo fica mudo diante de um estranho fenômeno que muda o rumo da batalha levando os chineses à derrocada.

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V 1969: Praeteritus Percfetus

"A distinção entre passado, presente e futuro é só uma ilusão, ainda que persistente…" Albert Einstein numa carta de 1955 Hindsight? Brasil, quase como sinônimo de ideal de vida, como a terra dos sonhos dos Estados Unidos, o porto seguro para as liberdades individuais e para os intelectuais e artistas de todo mundo, também coopera na liderança pela corrida espacial junto a sua pátria irmã. As Américas passaram a se chamar para alguns da Europa como União das Americanas ou Império da Américas. Entre lançamentos no cabo Canaveral e em Alcântara o mundo ficar a expectativa de qual domínio político terá em mãos um dos maiores feitos da humanidade.

A tecnologia e a cultura estão em clara expansão, a URSS parece definhar mediante a supremacia de um mundo, livre mesmo qual seus poderosos espiões e suas virtudes patrióticas os façam persistir quase com heróis entre si. Os últimos anos simplesmente abriram precedentes a tecnologia cujo avanço se tornou simplesmente imprevisível, satélites agora saíram da ficção e rodeavam a órbita terrestre, o primor da humanidade. No Brasil, venceu-se todo o vestígio opressor da ditadura, desigualdades aberrantes, a miséria e corrupção, se tornando um dos polos culturais e científicos do mundo.

Mas Gary Kane era diferente, nem brasileiro ou americano, mas um peregrino da ciência e do pensamento cuja nação de nascimento era a terra. Este cientista vislumbrado com as possibilidades quase infinitas de um futuro promissor, entre escalas ao Brasil e Flórida, parece não ver o tempo passar com o lançamento de uma sonda, Tempus, que ruma em direção a um

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fenômeno singular nas fronteiras do sistema solar. Ultrapassando o cinturão de Kuifer como quem rasgasse um véu a cuspir neve pelos lados com seus propulsores movido a antimatéria, entre fragmentos de pedras e planetoides similares a plutão e destroços do que acreditavam ser os restos de Nibiru, até o ponto onde uma poderosa simetria espacial se manifestava, intrigando os cientistas, contendo aparentemente alguns planetas de órbitas similares a nossa. O supertelescópio Tempus construído em conjunto com o Brasil e outros países europeus, se demonstrava capaz de grandes feitos, uma vez posicionado estrategicamente mediante testes que revelou detalhes curiosos sobre a constelação de Orion e Vega como possíveis planetas, entre outros movimentos misteriosos. Uma vez posicionado além do cinturão poderia ter uma visão singular deste fenômeno apenas vagamente percebido por telescópios terrestres.

Mas Kane, estava doente e mesmo que tenha sido um dos engenheiros da Tempus precisava se afastar do controle da missão para se tratar, realizar um transplante de rins. Assim ao caminhar pelos corredores de um hospital enquanto via notícias pela Tv, para o pré-operatório, sentia-se tranquilo, pois sabia que os responsáveis por tal eram grandes profissionais seguindo todos os procedimentos de esterilização necessários para este, quando uma vez na mesa simplesmente o mundo a volta se escureceu até apagar.

Ao acordar notou que alguns de seus colegas de equipe e sua mulher estavam a sua volta. Tranqüilamente abriu seus olhos e sorriu ao receber o relatório do cirurgião que informara ter sido um sucesso a operação. Perguntou a estes como estava o andamento da missão Tempus e que as últimas informações recebidas demonstrava que dentre três dias estaria tomando a posição adequada a visualizar o evento cósmico que pouco se sabia.

Uma vez recebendo alta, fora para casa e lá sempre acompanhando as notícias e a missão por contatos frequentes,

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sentia-se à vontade com todo o conforto que usufruía um engenheiro como Kane. Mas numa noite, ao pegar no sono teve um estranho sonho que o incomodou profundamente...

Estava chovendo muito. Entre raios e trovões ele se aproximava duma porta do qual destravada a abriu invadindo o lugar sem acender as luzes. Lentamente andando num corredor se aproximou duma porta e a abrindo viu-se um quarto vazio, se dirigiu até o próximo local onde ao abrir viu uma jovem dormindo em sua cama tranqüilamente.

O problema é que não somente não conhecia o lugar do qual obviamente não parecia pertencer tal como a mulher para ele desconhecida. Mas sem qualquer pesar de consciência se dirigiu até a jovem onde acariciou suas pernas a mostra e quando esta abriu seus olhos assustados gritou, mas ele sem hesitar a segurou tapando sua boca e a atacando. Kane então acordou não só completamente assustado, mas sem entender o porque deste sonho. Não demorou muito que intrigado com o realismo do mesmo procurasse até mesmo um pscicalista que lhe deu explicações inacreditáveis sobre ele, seu casamento, desejos contidos e etc. Mas aquilo não o satisfez, a pergunta parecia ainda entoar dentro de si, afinal jamais desejou estuprar uma mulher ou penetrar uma residência desconhecida, quando mais à noite. Mas uma vez deixando isso de lado, resolveu se focar a seu trabalho a sua volta, o controle da missão. Pois tão logo eles teriam uma descoberta simplesmente bombástica a revelar ao mundo, a possível descoberta de um mundo muito similar ao nosso, e pasmem, possivelmente habitado! Duetch negg or Joice leg O mundo científico em polvorosa. Numa coletiva Gary Kane junto a sua equipe liderada por Octavios, e outros respeitados cientistas. Ao noticiar a descoberta, os noticiários apenas revelavam como a maior descoberta da história da humanidade a possível prova de vida fora da terra. Mesmo que na coletiva Kane buscava manter a

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sensatez ao dizer que era muito cedo para afirmar tal, que pelas imagens reveladas alguns movimentos curiosos e até mesmo algumas estruturas incomuns demonstrava disposições curiosas, mas até o momento nada mais que isso. Mas os ávidos pelo sensacionalismo e extremistas de toda espécie já especulavam coisas muito além do meramente anunciado anteriormente, criando significados para todas as coisas que envolvessem o tema. "Alienígenas invasores", "Terra de demônios" entre outros slogans simplesmente bizarros por vezes gerando até mesmo manifestações públicas, de pessoas que concordavam ou discordavam, chegando até mesmo acusar Kane e Octavios de responsável pelo Apocalipse eminente por gritos descontrolados entre multidões destes loucos extremistas que desfilavam com cartazes como 'matem Kane', quando não, indo a outro extremo como o chamando até mesmo de Deus. Na realidade o "fim" poderia ser perfeitamente por suas próprias mãos. Numa das manifestações até mesmo destruíram uma feira, e houve até mesmo relatos de violência sexual entre outros inúmeros feridos, num combate aberto com a policia. Alguns verdadeiramente não estavam dispostos a lidar com um novo cenário além do meramente preconcebido por eles mesmos. Mas o pior dos fanáticos estava justamente no silêncio, pois protestos quando não violentos era até normal.

Mas o mundo estava à espera de mais notícias desta notória descoberta para elucidar o caso do qual ainda deixava seus pesquisadores perplexos, o sistema planetário, as posições e órbitas dos planetas e outros, e até mesmo seu satélite natural era tão semelhante ao nosso, tal como o próprio sistema solar que fazem estes simplesmente ficarem confusos.

Mas Kane demonstrando cansaço de noites mal dormidas graças a sempre crescente repetição de sonhos similares como se sua alma confrontasse uma quase realidade paralela além da dele, o levou a pesquisar um pouco sobre casos não somente de insônia, sonambulismo e outros, mas de assassinatos e violência similar

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aos que andava sonhando, e encontrou um curioso caso onde uma jovem praticamente idêntica a vista em seu sonho havia morrido em circunstâncias similares a do sonho dele. Uma bela jovem de cabelos negros, cujos olhos eram idênticos ao da jovem morta brutalmente, mas onde se relatava que a pessoa fora presa.

Kane parecia até mesmo se afastar mais da missão Tempus, pesquisando todo tipo de história e corrente de pensamentos científicos e religiosos para o caso que vivia, onde o sugeriram de contato com fantasmas por sonhos, a paranormalidade latente, mas desperta após a operação, e até mesmo conceitos mais fantásticos como de realidades alternativas onde literalmente ele mesmo poderia ser o assassino! Ainda achando se tratar de mero acaso, assim mesmo que visivelmente perturbado Kane adormeceu quando teve um sonho do qual jamais esquecerá.

Nas ruas, ele caminhava carregando algo em suas mãos entre algumas pessoas numa calçada. Parecia ser familiar o lugar. Mas ele ao sair duma loja de conveniência se deparou nada mais do que com ele mesmo carregando uma sacola de papel nas mãos! Não como um reflexo, mas como se Kane não visse através de seus próprios olhos, mas de outra pessoa que curiosamente o seguiu por uns dois quarteirões como se quisesse fazer-lhe algum mal. Mais tarde como se estivesse num ambiente estranho era como se ele, seja lá quem fosse, morasse numa casa completamente destruída com paredes descascando e buracos entre pilhas de jornais velhos, seguiu até um cômodo escuro onde viu uma outra jovem amarrada junto a um aquecedor na parede com fios de arame. Após contempla-la que ao vê-lo chorou este a lhe deu um tapa que fez sangrar sua boca como se tivesse alguma satisfação nisso, mas depois seguiu até o banheiro onde após lavar as mãos do sangue levantou sua cabeça e se viu no espelho.

Definitivamente não era Kane, mas uma face completamente diferente de qualquer outra vista, um homem pardo e completamente calvo com o rosto coberto de espinhas,

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tendo na parte de cima, ao tirar uma toca, um mapa mundi desenhado.

Aquilo chamou a atenção de Kane que ao acordar anotou o sonho estranho. Mesmo que soubesse que o subconsciente falasse apenas por sonhos tirando-se expressões corporais cotidianas que demonstrava sensações, necessidades ou desejos, Kane acreditava que aquilo significava muito mais que o mero subconsciente, mesmo que veemente negado por aquele psicanalista, tais sonhos não demonstrava ser meros significados do inconsciente adormecido dele ou qualquer outra coisa enquanto Kane era uma pessoa normalmente objetivamente, tão lúcida, tirando-se seu sarcasmo eventual no cotidiano procurando se expressar, assim digamos, de forma muito diferente aos subjetivismos simbólicos dos sonhos, mesmo que tivesse de lidar com inconvenientes. O significado ali era mais...

Enquanto isso, na missão Tempus se planejava até mesmo uma expedição aquele ponto do espaço, dada euforia das notícias mesmo mediante tentativas dos próprios de amenizar tais, como se fosse um escândalo. O lugar passou a ser observado frequentemente, por telescópios de diversos lugares tal como em órbita da terra. Sua distância estimada era em torno de 100 anos luz, levantou uma série de especulações fantásticas sobre o assunto, os estudos da simetria revelava que poderia ser algum tipo de matéria que refratasse não somente a luz, mas a rebatesse, no que chamaram tal teoria de Matéria Espelhada como se posicionada diante de nosso mundo apenas tendo a nevoa do cinturão de Kuifer como bloqueio. Levaria a crer segundo estes cientistas que propuseram a teoria de que se o fosse deveria revelar a imagem de uma terra a cerca de 200 anos passados, como se pudéssemos ver nós mesmos muitas décadas atrás. A opinião sem dúvidas dividiu os cientistas e toda comunidade científica por considerar por demais fantástica, porém, mediante a ausência de explicação melhor para a simetria lá praticamente

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perfeitamente igual a de nosso sistema acabou ganhando força e tomando também os noticiários onde sua proposta abria precedentes igualmente fantásticos. E a discussão prosseguia... Speculum ad Universum: Através do Espelho Depois de perder grande tempo pesquisando sobre seu caso Gary Kane, aturdido mediante o sonho da noite anterior, resolveu pesquisar em livros dos mais diversos tipos, mas dentre estes chamou sua atenção, numa relação curiosa com a proposta daqueles cientistas sobre a Matéria Espelhada. Leu sobre um estranho relato ocorrido em 163 antes de Cristo, onde um homem teria sido queimado em Concius por um raio vindo de um "espelho" no céu. Mas ainda havia um autor que a um tempo havia escrito um dentre tantos livros misteriosos, seu nome era Berguier e sua obra "Os Livros Malditos". Neste livro ele dizia que existia além do mundo real e o irreal cujo intermediário se chamava "conduto" que seriam os espelhos.

Segundo Berguier este mundo além do espelho recopilava o desaparecimento de pessoas sem deixar qualquer rastro, como que não se limitasse a apenas projetar a imagem, mas servir de uma espécie de portal podendo reduzir a distância entre o mais próximo planeta físico uma vez penetrando neste mundo paralelo, similar a um wormhole. Seja mentira ou não, o fato é que alguns acreditavam nisso de forma praticamente religiosa.

Alguns dizem que a mente humana é como o reflexo da luz e se nós seguíssemos o círculo de luz da lanterna chegaríamos a lanterna mesma, conforme as próprias premissas de Berguier. Mas havia uma rara droga do qual muito se costumava dizer ser capaz de levar a mundos paralelos ao nosso, por meio da "abertura perceptiva" da mente em conjunto ao espelho.

Mesmo que tais não correspondessem aos fatos, mas sem ignorar todo tipo de opinião ele lembrou de uma antiga história tida como mito num livro que mantinha guardado, onde mesmo no tom de curiosidade que boa parte dos jovens emergiam no

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mundo das drogas, um garoto chamado Eric Fingal depois de uma longa conversa descontraída com seus colegas comentaram sobre a existência desta estranha droga e se propuseram a experimentar. Eric mesmo relutante, pois tinha um encontro com a namorada se recusava a experimentar, mas os colegas vendo isto rapidamente todos se voltaram para ele insistindo, e a tiraram em segredo de uma bolsa.

A Droga era estranha, era um pó fino cuja cor oscilava, mas diferentemente de coisas como purpurina, quase parecia acender no escuro. Quando perguntado sobre o que era aquilo o sujeito revelou que era de alguma erva rara, provavelmente do Oriente Médio que fora moída e refinada por algum processo desconhecido.

Eric ficou bastante desiludido por ter discutido com sua namorada recentemente ao telefone após o atraso, e por este desanimo acabou cedendo e após ir para casa acabou por experimentar a droga. Diante do espelho este sentiu os primeiros efeitos da droga, e como se seu reflexo no espelho demonstrasse um atraso nos movimentos, mesmo que levemente alterado de forma defasada, mas não sentiu grandes efeitos, e zombando daquilo resolveu dar as costas. Para ele era apenas uma leve alucinação.

Porém, por estar tonto acabou por tropeçar caindo, e ao se levantar notou que se reflexo não mais via no espelho. Então se inclinando o viu caído no chão do lado de dentro do espelho, como quem tivesse batido com a cabeça ao cair depois de tropeçar. Então se inclinando mais, notou que ao tocar o espelho sua própria mão refletida não mais ficava no caminho, de modo que conseguia de forma inexplicável passa-la para o lado de dentro do espelho gerando uma leve distorção como se fosse uma espécie de líquido entre o seu mundo e o mundo do espelho.

Perplexo, mesmo que temendo, viu que o tamanho do espelho era grande o suficiente para passar e resolveu seguir o atravessando. Aos poucos o efeito da droga ia aumentando e

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acreditando que tudo aquilo se tratava ainda de uma alucinação resolveu deitar-se em sua cama e dormir.

No dia seguinte ao acordar pensa tudo ter sido apenas um sonho, se arruma e sai a fim de encontrar sua namorada. No caminho, no entanto começa a notar que tudo a sua volta está invertido, das letras dos jornais a posição de todas as coisas, perplexo este segue e ao se deparar no local onde sua namorada estaria descobre que ela está se encontrando com um de seus colegas. Confuso com tudo aquilo descobre que de alguma maneira ele atravessou o espelho matando seu próprio reflexo e assim sendo incapaz de interagir com as pessoas por todas estas serem reflexo das verdadeiras do outro lado do espelho, agindo conforme seus originais e assim como se não o vissem.

Mesmo que aturdido Eric percebendo a maldade de seu colega que se aproveitando da fragilidade em que se encontrava sua namorada, após a discussão entre os dois, estaria se aproveitando de sua ausência para tentar ficar com ela. Assim tentando impedir que tal sujeito abuse de sua namorada em sua fragilidade este tenta chamar atenção de por um espelho que ela passa, e parte para cima do reflexo de seu colega sem surtir efeito no verdadeiro que se encontra do outro lado do espelho, o mundo real.

Mas quando este resolve ir ao banheiro fica surpreso ao constatar que seu reflexo está repleto de hematomas. Eric surrou o reflexo dele com raiva por demonstrar-se completamente sem escrúpulos e respeito.

Mas vendo que preso naquele mundo ele não tinha muito o que fazer para impedir aquele encontro, ele parte desesperadamente a procurar um meio de retornar ao seu mundo natural e verdadeiro. O jovem busca um meio de reconstruir tal droga que até lá o levou, mesmo que para isso teria de construí-la ao contrário para que surtisse algum efeito. Porém, ele começa a ser perseguido por ser responsável por matar seu próprio reflexo

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e em seu mundo natural ter desaparecido, criando um desequilíbrio.

Correndo contra o tempo percebe que aquela ocorrência começa pouco a pouco deteriorar o mundo de reflexos levando todos os seres daquele mundo agir de forma nem sempre condizente a seus originais no mundo real, e ele resolve ir até a casa de seu outro colega que traficara a droga, a pegando para finalmente usa-la. Uma vez feito ao invés deste simplesmente alucinar como antes acabou adormecendo até no dia posterior acordar.

Ao acordar este pensa aliviado ter sido apenas um sonho e assim ao constatar que tudo estava no seu lado correto sai e se concilia com sua namorada contando o absurdo sonho que lhe ocorrera e demonstrando enorme sensibilidade ao estar do lado dela. Porém ao voltar ele não era mais o mesmo, havia algo errado e diferente com ele que não sabia dizer o que é.

Mas por ela estar surpresa por ter sito cortejada por ele sorriu e perguntou a ele porque aquilo tudo, e ele apenas disse que havia descoberto que a amava. Eles então se beijaram em meio ao shopping enquanto pessoas passavam, mas logo a seu lado se revelava um espelho. Mas sem este perceber que ela parece apenas beijar o "nada".

Kane nisso refletiu que determinadas morais sobre drogas que tal história passava, seja verídica ou não, como muitas não levariam ao autoconhecimento, mas sim perder sua alma, mesmo que isso dentro de certo âmbito exemplifica como as inversões das coisas sejam ilógicas e imorais, lembrou Kane.

Ao acabar de ler este livro e tal conto, este começou a refletir em diversas possibilidades, realmente acabara confuso com o turbilhão de pensamentos que lhe sobreveio, e se tal matéria espelhada na realidade fosse um portal para uma dimensão similar, mas proporcionalmente invertida a nossa? Ou até mesmo para dimensões paralelas. Tal idéia parecia loucura

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para Gary Kane, mas ainda assim lhe chamava atenção mesmo que não respondesse tão pouco suas perguntas sobre o que passava.

Não obstante no dia seguinte Kane resolveu retornar para o controle da missão com o estranho renovo sobre sua pesquisa onde peculiarmente sentiu-se ligado ao caso. Mesmo que dentro de si ainda corressem dúvidas e mais dúvidas sobre o que andava sonhando a ponto de não resistir e resolver ligar para a família de uma das vítimas, que prontamente o atendeu, dizendo que não quererem falar sobre o assunto ocorrido há poucos anos atrás com a perda da jovem. Porém, Kane utilizando-se de sua lábia conseguiu tirar do pai da vítima informações sobre o assassino que dissera ter sido condenado e preso. Obviamente Kane, não poderia deixar uma oportunidade destas para trás a ponto de procurar rapidamente o nome e o presídio onde estava tal detento. After All These Years No seguinte, Gary Kane sem hesitar se dirigiu à prisão visitar onde o homem estava preso pelos crimes que vinha misteriosamente nos sonhos. O lugar altamente protegido, pois era prisão de segurança máxima, entrou após revistas onde o preso ali aguardava sentado na sala de visitas. Ao entrar logo notou que o homem era muito diferente do visto no sonho, tendo um semblante tranquilo àquele jovem parecia nutrir profundo desgosto pela situação que vivia, seu nome era Ulva Sansone e estava, preso há cinco anos. Ao sentar-se, primeiramente Gary disse pensar que o achava diferente do que é, era um jovem de óculos com cabelos lisos caídos sobre a testa, magro, com um jeitão de nerd.

- Estou pagando pelos erros e crimes de outro homem - disse Sansone - somente estava no lugar errado e hora errada. Alguém apenas queria cobrir os erros de alguém.

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Curiosamente, Gary lembrou-se de ter visto o rosto deste jovem num dos sonhos quando o homem misterioso cruzava as ruas em direção a casa de uma das vítimas. Assim, praticamente concordando com Sansone, Gary perguntou

- Quem é este responsável pela morte das mulheres? - Apenas acredito ser um homem descrito exatamente

como no sonho de Gary. Foi então que o jovem após exclamar quase chorando, ser

inocente, o perguntou como sabia disso tudo e quem era ele. Mas Gary apenas respondeu: Não sei...

No percurso de volta, Gary introspectivo pensava e montava as peças em sua cabeça intrigado com o que ocorria em seus sonhos. Aquele problema estava realmente tirando seu sono, quando em seu lar ao ir tomar banho passou sua mão sobre a cicatriz da operação quando teve um insight. Foi então que ele pegou o telefone e ligou para o hospital responsável pelo transplante para saber de quem era o órgão recebido, pois Gary apenas sabia se tratar de um homem morto num acidente de trabalho quando numa construção uma viga caiu sobre ele.

Sob o pretexto de querer conhecer sua família, rapidamente Gary disse que teria a ficha com a foto da pessoa enviada por fax. Ao receber o papel, logo o nome surgiu, Yogini Newman, mas ao passar a foto, a surpresa, o rosto pardo repleto de espinhas, com a cabeça raspada revelou-se o mesmo homem nos seus pesadelos! Gary sentou-se de tão perplexo que ficou, e rapidamente após. Se recobrar começou uma pesquisa na internet com seu nome, onde curiosamente em notícias se revelou ter sido uma das testemunhas a depor contra Sansone, o que ficou conhecido como o Síntese, o serial killer que matava inspirado nos nomes de suas vítimas.

Gary, agora transtornado ao saber ter dentro de si um órgão de um homem tão perverso, procurou o investigador que era responsável pelas investigações dos casos do Síntese e revelou

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o que sabia. Porém o policial disse que não poderia soltar ninguém baseado meramente em sonhos, mas mesmo assim resolveu investigar a vida do homem morto que recebera o órgão.

Ao retornar para o controle da missão Tempus, Gary Kane revelou o que atormentava tanto nos últimos dias, de modo que Octavios demonstrando algum tipo de surpresa disse andar tendo sonhos estranhos também. Como se fosse outra pessoa, num outro mundo onde ele tinha mesmo nome. Mesmo que aparentemente não tivesse qualquer relação com o que passava, os sonhos de ambos eram realmente intrigantes e deixou este em silêncio por um tempo, simplesmente sem o que dizer, mas apenas se entre olharem rapidamente num tom de surpresa e espanto. Porém, enquanto estavam lá o caos lá fora pelas descobertas feitas por eles não paravam, extremistas loucos em seus constantes ataques enquanto as agências internacionais de astronomia criavam um comitê a fim de enviar uma possível missão em direção a este evento cósmico. Não bastando os sinais e fotos recebidas pela sonda Tempus deixavam os astrônomos num completo frisson mediante as possibilidades e o mistério da grande semelhança com o sistema da terra. Mas deveriam ter cuidado, pois um dos membros da equipe havia sido atacado por um extremista...

Uma vez indo dormir em seu lar, Gary Kane, preocupado em ter outro daqueles pesadelos demonstrou-se estar correto ao ter um vislumbre ainda pegando no sono de Yogini Newman dentro daquela casa apodrecida ele se dirigiu até outro homem que parecia compartilhar dos crimes cometidos por ele, ao revelar que deveria depor contra o jovem utilizado como bode expiatório por estar próximo ao local onde uma das vítimas foi feita. Assustado, Gary Kane rapidamente anotou como era a aparência do homem indo imediatamente até o investigador no dia seguinte relatar a descoberta. O investigador por sua vez ao sair para investigar sobre o corpo descobriu outros doadores de seus órgãos que tiveram sonhos semelhantes!

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O caso levado a um biólogo e médio legista o deixou realmente intrigado sobre o assunto, dizendo não saber realmente responder como isso poderia ocorrer, mas pediu amostras do tecido dos órgãos recebidos pelas pessoas, e obviamente que Gary Kane se prontificou rapidamente. Assim ao examinar a amostra num telescópio, buscando respostas no DNA disse.

- Mesmo que quase todo genoma tenha sido descoberto, uma grande parte permanece sem qualquer função aparente. Não obstante existem os genes saltadores, considerados como lixo genético por aparentemente não terem qualquer função, em grande parte herança genética ruim e por isso inativa, estes genes saltadores parecem ter alguma função que ainda desconhecemos.

- Poderia ser memórias de alguma forma, gravadas geneticamente? - perguntou Gary Kane sob o concordar do investigador. Porém o doutor fez uma expressão de plena dúvida por não saber uma resposta conclusiva sobre o assunto, mas dizendo.

- Pode haver esta possibilidade, assim como recebemos como herança familiar inevitável de traços de personalidade e até cacoetes de avô, pais e até mesmo alguns descentes que nem tivemos contato, tal como tendências genéticas e até doenças que podem ficar inativas num e noutros não, logo tal hipótese abriria um precedente incrível para a genética, numa espécie de alguma forma de caixa preta de memórias que sejam mais marcantes, se não até uma explicação para conceitos de reencarnação, memórias de vidas passadas.

Assombrado por estas possibilidades, tanto o investigador quanto Gary Kane, principalmente, por ser cientista, demonstravam profundo interesse cada qual em sua área.

- Isso poderia resolver muitos crimes se comprovado. – disse ele sem resistir.

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Porém quase o interrompendo o doutor demonstrando

curiosidade disse. - Observem o que é mais interessante. Este homem era

portador da Síndrome do duplo Y, isso poderia explicar também a estranha mudança comportamental num dos receptores dos órgãos, este homem era um psicopata classificado e não sabíamos. O curioso é que parte da resposta pode estar curiosamente neste gene que pode se tornar também saltador em sua anomia...

Mais uma vez em casa, um turbilhão de pensamentos pensava pela cabeça da Gary atormentado por ter dentro de si al órgão, que o curou, mas com alguns reveses terríveis como se parte daquele maníaco vivesse dentro dele. Nervoso ao contemplar a cicatriz a vontade que sentia era de quase enfiar uma faca e arrancar-lhe o órgão de dentro de si como se fosse um corpo estranho dentro dele. Mas não bastando, ao deitar-se e pegar no sono, mas um pesadelo o atormentou... Speculum ad Speculatio: A Matter Of Perspective Após mais uma noite de pesadelos, Gary se dirige até o banheiro onde ao lavar o rosto cansado lentamente o levanta gotículas escorrerem, no entanto, o faz ter um breve vislumbre do rosto de Yogini Newman, como se ele o fosse. Simplesmente repudiando tal situação, ele toma banho, mas ainda sem sentir-se limpo contempla a cicatriz demonstrando uma dor silenciosa que atingia na realidade sua alma, não o seu corpo.

O que faço? Quando isso vai parar? Perguntava-se Kane em pensamento como se aquele psicopata ainda vivesse dentro de si, eventualmente querendo rasga-lo de dentro pra fora para se libertar, atingindo sua psique torno-o pouco a pouco como um eco perdido de seu próprio eu. Kane ao passar pela cozinha contemplou a faca sobre a pia, mas mesmo que em pensamento

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refletiu a possibilidade de um ato desesperado de arrancar-lhe ele próprio seu rim, descartou, pois como cientista àquela loucura não tinha espaço. E por isso mesmo Kane desesperado mal acabara de lavar o rosto, gotículas de suor se misturava a da água de seu rosto recém enxugado, mesmo que não o suficiente para tapar as evidências de uma noite mal dormida. Mesmo assim, após comer beijou sua mulher na cama que ao acordar notou o mal estar do marido, mas este diz não se tratar de nada demais.

Mas como de praxe a boa mulher que era ela, disse para tomar cuidado, mal sabendo que agora o problema não era meramente os extremistas insanos que vagavam na rua quase caçando os responsáveis pela missão Tempus, e ele próprio.

Ao se aproximar o carro da missão, um grupo de fãs que demonstrava apoio a eles também protestava mesmo que no outro lado um homem com o olhar completamente obscurecido o olhava calmamente como se fosse o querer devorar com os olhos, e em seguida passando o seu dedo indicador pelo pescoço como uma demonstração de ameaça em cortar-lhe sua cabeça, mata-lo. Gary Kane, não hesitou, abriu a porta de seu carro rabo de peixe com desenhos retangulares típico dos carros da época, e se dirigiu até o homem do qual os seguranças vendo aquela situação rapidamente saíram do outro lado da rua até ele, mas não a tempo de enfrentar aquele homem que mesmo sendo maior que ele lhe desferiu uma sucessão de socos até estourar-lhe o nariz, fazendo verter sangue mesmo que curiosamente o misterioso homem parecia rir com a agressão contra ele.

Algo dentro de Kane simplesmente fez ele perder o controle e se dirigindo sobre o homem não conseguiu medir os golpes contra o homem somente sendo parado por dois guardas de segurança que chegaram até a ele. Ao ser praticamente arrastado pelos guardas e mais uns três que se aproximava do homem, este, no entanto, não parou um momento se quer de olhar para Kane fixamente, e como um demente sorriu sadicamente

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para ele, até que passou a mão sobre seu nariz tirando sangue, e vendo o sangue ainda manteve o sorriso bizarro no rosto.

Uma vez lá dentro, Gary Kane procurava entender o que ele mesmo fez. Mesmo que de repente se tornara um imã para todo tipo de maníaco e moloide extremista, sabia que não deveria ter se portado daquela maneira a ponto de Octavios se aproximar dele e fazer esta mesma pergunta. Porém, Kane não queria muito explicar se não mergulhar em seu trabalho como uma clara válvula de escape. Mas Kane transpirava mesmo que sem estar se exercitando fisicamente, mas sim intelectualmente e sob o ar refrigerado do local. Pouco a pouco era como se ele ouvisse vozes dentro de si, como se Yogini Newman praticamente lhe fale e buscasse lhe trazer pensamentos tristes daquelas mortes violentas que realizara anos atrás.

Kane saiu para beber, água, uma dor de cabeça o perturbava profundamente, ao conceber a ideia de que todo seu sangue passava por aquele rim maldito literalmente o fazia suar frio, quando ao pegar o copo d’água rapidamente viu o reflexo de seu rosto distorcer-se nas ondulações provocadas ao mexer o copo. Lembrou então das dezenas de pesquisas que fizera sobre os temas que passava, até mesmo a refletir, onde Nostradamus costumava passar horas meditando sobre as ondulações das águas para supostamente fazer suas previsões no que alguns chamavam de hidromancia.

Mas naquele copo d'água não havia resposta, para que ele mesmo que visse a todo instante um fantasma do passado literalmente liquefazer sua personalidade por dentro. Ele então se lembrou dos demais doadores, ao saber da notícia que um destes se matara se jogando dum prédio onde morava. Kane não queria o mesmo destino patético, não queria ficar a mercê de um mero órgão que na verdade parecia envenenar mais seu sangue do que qualquer droga que houvesse no mundo, provocando pensamentos, alucinações e o fazendo passar mal.

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Ao retornar a sua estação de trabalho, Kane sentou-se e notou Octavios observa-lo rapidamente, mas tão logo olhando para outro lado. Ele então olhou para sua estação de trabalho com os dados adquiridos pela Sonda onde um desenho na tela exibia a imagem desenhada dela, uma máquina relativamente pequena tendo três antes, uma em cada direção cada qual com um pequeno espelho centrado a um visor telescópio no centro. Parecia uma versão mais sofisticada do Spotinicks russo. Lá, muita informação, de dados que cada vez mais se aproximava da semelhança da terra como velocidade de rotação do planeta, translação em torno do sol, distância entre a lua, entre outros.

Era literalmente uma "cópia" lambida de nosso mundo. Foi quando uma imagem baixou nas demais estações de trabalho, uma foto de superdefinição tirada há alguns dias pelo satélite graças a defasagem de tempo pela distância onde se encontrava a Sonda. Ao abri-la lentamente em sua estação de trabalho revelava pela aproximação detalhes incríveis da aparência do planeta, como sua atmosfera com nuvens revelando a semelhança azul deste planeta, mesmo que num aspecto notou que os desenhos dos continentes eram diferentes ao nosso. Inicialmente aquela descoberta notada não somente por ele, mas pelos demais astrônomos fizeram eles gritar de emoção em comentários sorridentes sobre a prova da existência de um planeta no mínimo plenamente habitável para nós!

- Grandes possibilidades de haver vida inteligente neste mundo - disse Octavios! - Uma vez visto que os desenhos dos continentes são diferentes, e logo não é nenhum reflexo da terra como especulavam alguns.

Era uma notícia incrível, sem dúvidas, depois desta todo mundo iria querer preparar as malas e fazer um "tur" pelo recém descoberto planeta, afinal no nosso a vida não estava nenhum pouco agradável ultimamente, e isso se nenhum extremista

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perturbado simplesmente resolvesse planejar um suicídio coletivo para se "transportar" até este mundo. Octavios, feliz anunciou que logo receberia a visita dos astronautas designados a possível missão futura para ir até este local. Escolhidos a dedo de diversas partes do mundo, Octavios estava curioso para saber qual deles era o representante daquele país.

Porém mesmo mediante toda aquela comemoração que fizeram Kane esquecer por alguns instantes o que sentia e passava de pior em sua alma assombrada por aquele corpo estranho dentro de si, mas estranhamente não sendo rejeitado por seu corpo se não sua alma. Teve uma súbita vontade de agarrar uma das profissionais que lá trabalhava enquanto abraçava feliz uma de suas colegas de trabalho. Ao olha-la, suou como se aquele rim maldito fizesse quase ter vislumbres dela sendo violentada não somente por ele, mas pelos demais como se fossem animais repugnantes, e acabou sentindo raiva de si próprio por conceber tal imagem na sua cabeça o fazendo se dirigir em semidesespero até a cozinha do lugar. Ao chegar lá se agachou num canto do chão quando o telefone dele tocou, um celular, quase como do tamanho dum tijolo, que ficava na lateral de sua calça pendurado do lado de fora.

- Sr.Gary Kane - disse uma voz familiar a ele - Aqui é o investigador Gerard, gostaria de relatar ao senhor que mediante as novas evidências Sansone deverá ser liberto da prisão, por ter sua sentença anulada mediante as novas evidências, graças ao senhor.

- Fico feliz em estar ciente - disse Kane - O jovem certamente não era má pessoa, parecia quase evidente em seu rosto.

- Porém, tenho algumas dúvidas - disse Gerad - infelizmente as alegações sobre os transplantes são fantásticas, mas não podem servir como provas em qualquer tribunal. Não obstante, nosso suspeito já morreu e a única evidência seria

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justamente o que o senhor tem dentro de si, mesmo que encontramos a suposta casa abandonada que o senhor descreveu no sonho e possa vir a ter algumas provas contra ele, e inclusive a segunda pessoa que o senhor descreveu. - Mas antes que Gerard completasse, Kane numa respiração ofegante praticamente o interrompeu levando Gerard perguntar se estava passando mal.

- Não senhor, Gerard. Só estou um pouco angustiado talvez peça para retirar o órgão.

Enquanto isso na sala de controle em meio as comemorações chegavam os astronautas, uns destes vindo do Brasil, mas logo um homem de boa aparência, o norte-americano se aproximou cumprimentado os demais da sala da missão mesmo que pouco interrompesse a comemoração e assim eles parecessem participar. Logo, este homem emplumado se aproxima de Octavios e pergunta.

- Além do já descoberto, o que faz vocês comemorarem desta vez? - Receio que o senhor gostará de ver as últimas imagens, talvez não precise explicar – disse Octavios num sorriso amistoso no rosto. – Nossa última imagem revelou que este planeta certamente é habitável, e assim parece que teremos o aval tão logo para um gordo orçamento para preparar uma missão tripulada. – completou Octavios o chamando e levando-o em direção a um dos monitores quando alguns dos homens da sala de controle simplesmente pararam para observa-lo se aproximar. - Está é a imagem – disse Octavio, sucedendo pelo estranho astronauta a se inclinar sobre o monitor. - O senhor tem certeza sobre a procedência desta imagem? – Perguntou ele – Me parece nosso mundo. - Certamente que não – disse Octavios - é só observar os contornos dos desenhos, são diferentes da terra!

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O Homem num tom de ironia sacudiu a cabeça apontando para os contornos e disse.

- Olhem isso, vocês podem inverter esta imagem? - Claro que sim - disse um dos operadores, e assim fez revelando para o espanto dos demais naquela sala que na realidade aqueles desenhos eram exatamente iguais a da terra, só que invertidos! - Como um maldito espelho - disse Octavios, demonstrando surpresa e certo desapontamento mesmo que tal idéia volta-se ao conceito anterior da meteria espelhada e assim completou – Em nossa euforia não havíamos notado isso. Assim, do nada, a sala então voltou a mergulhar num silêncio apreensivo de surpresa e desapontamento, com a descoberta, mesmo que tal abrisse uma série de outras possibilidades não menos interessantes. Mas certamente era de se preocupar quando os extremistas em sua demência soubesse, sua reação poderia ser imprevisível, mas certamente volátil como sempre. Mas aquela não era a questão mediante tais, mas sim o que se deparar do nada naquele lugar. Mas aparentemente Gary Kane não havia retornado de onde havia ido mesmo que no momento todos não pensassem nisso.

- Como Platão costumava dizer, em cima como em baixo. - o operador disse em perplexidade espontânea. - Seria afinal um reflexo nosso de outro tempo tendo-se em vista a distância deste evento? – Indagou Octavios de forma clara e objetiva.

O astronauta então cruzou os braços e num tom cético falou.

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- Pode não ser uma mera ilusão, mas um vislumbre de nosso próprio mundo numa outra linha temporal. É real, mas não é verdade.

- Como é possível algo ser real, mas não verdadeiro? – Perguntou o operador.

- São ecos existenciais – disse Octavios, com o astronauta concordando com a cabeça. - Bom - disse um dos operadores num tom de deboche - Ou se fosse reflexo, qual seria o mundo verdadeiro? Vai ver que nós em quem somos a ilusão. Apesar dele ter dito tal num tom de ironia, tal ideia não teve qualquer repercussão de risos pela sala, pelo contrário, todos permaneceram num desconfortável silêncio que perdurou até que uma voz gritasse da cozinha, fazendo todos os olhares subitamente se voltar para o corredor de onde saia tal voz, e Octavios correu para lá ao dar-se conta de que Kane não estava presente, quando ao entrar na sala viu uma cena lastimável. Gary Kane, com uma faca em sua mão e repleto de sangue a sua volta num ato desesperado simplesmente perfurou sua barriga e arrancou com as mãos o rim. Pálido com a dor e a perda de sangue, na realidade estava semimorto quando lentamente abriu os olhos ao ver Octavios em sua frente a exclamar sabendo do que se tratava. - Porque você fez isso Gary? – exclamou Octavios em nervoso enquanto a mulher que gritara chamava a emergência pelo telefone. - Queria matar Yogini, ele estava em mim. Estava me adoecendo...

Brevemente uma pequena multidão se juntara próximo a porta quando o astronauta entrou lentamente com uma frieza

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enorme ao ver o sangue na realidade olhando até mesmo como se fosse algo bom. E Octavios disse.

- Vai ficar tudo legal contigo, você vai sobreviver, tenho certeza!

Porém ao se virar, Gary viu o rosto do astronauta que o observava silenciosamente com suas vísceras de sua barriga calmamente. Quando Gary mudou a expressão demonstrando surpresa ao cerrar a visão sobre ele como se já o conhecesse antes e disse: - É você, é você quem estava com Yogini! Você é um dos assassinos! - Disse Gary com o fiapo de força que lhe restava que desvanecia pela corrente de sangue a criar uma pequena triste poça a seu redor, sucedendo por súbita surpresa do homem que demonstrando um instante de confusão disse palavras como “você está morrendo”.

O que fez não somente Octavios, mas os demais olharem

feio para ele quando três paramédicos entraram no local e após um rápido exame disseram que sobreviveria. Porém mesmo que Gary Kane soubesse quem era aquele homem, nada poderia ser feito, pois não havia qualquer prova, senão um rim que ensanguentado parecia começar a apodrecer em suas mãos...

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VI Kripto.Fobia

"Em tempos de mentira universal, dizer a verdade é um ato revolucionário" George Orwell

uito cedo, ainda de madrugada, no entanto, apesar do guarda do laboratório de uma grande instituição que se estendia até os subterrâneos chamar a polícia por uma

misteriosa invasão sucedida de destruição de equipamentos e prováveis fichas de uma importante pesquisa guiada pelo filosofo e físico teórico Yuri Zelliva. Muito cedo, ainda durante os primeiros raios solares o local estava coalhado de viaturas policiais como se houvesse ocorrido um massacre. Suas luzes cintilantes oscilavam de cores vermelhas a azuis, enquanto de um carro civil saia de dentro após abrir a porta Malvino Bronwen, um investigador que parecia não estar nada contente de lá estar. Apesar do cabelo molhado, claramente para despertar de sua sonolência, suas olheiras o denunciava as noites mal dormidas e de que ali não havia ocorrido um mero caso de invasão. Tal Instituição desde que fora fundada há seis anos tomou a dianteira do saber em suas principais áreas, se tratando de uma Organização Não-Governamental, mas financiada pelo governo e outros empreiteiras particulares multinacionais. Para lá iam os cientistas e filósofos mais sérios e qualificados, quando não os formava criando rapidamente uma tradição de descobertas e feitos notórios por nomes que se sucediam com sucesso no mercado editorial. O nome era bastante prosaico para o que se propunha, o 'Sindicado dos Filósofos' o qual pouco-a-pouco se tornava centro de reuniões para pesquisas nos mais diversos âmbitos das ciências exatas e humanas.

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Mas o que trouxera Malvino Bronwen, não fora um mero arrombamento e uma das frequentes sucessões de tentativas de sabotagens de concorrentes e espiões do saber que ao invés de se aliar aos investimentos preferiam surrupiar o conhecimento para si próprios cobrando enormes royates. Não era este o caso aparentemente, porém. Ao entrar na sala, Malvino, viu a bagunça que lá se instalava e imediatamente perguntou a um dos policias qual era a relevância que o faria ir até lá em meio a pastas, folhas, cadeiras e gavetas reviradas e um computador ligado com um enorme erro no sistema. Imediatamente chamou um dos guardas da segurança e revelou que Yuri estava virando a noite naquele local realizando simulações no supercomputador que se ligavam por toda instituição tendo seu núcleo no subterrâneo, a pesquisa finaliza sua proposta de teoria temporal como saída para a unificação de leis macro e micro mediante sua tese o que o tornara centro das atenções tanto dos meios físicos quando filosóficos. Yuri desaparecera durante a invasão, mesmo mediante o grande esquema de segurança em parte desenvolvido por conceitos do próprio, afinal Yuri era o fundador conceitual desta instituição que era mais que uma mera faculdade...

Aquela cena para ele não era nova. Por ainda ser madrugada, Malvino vestia um, sobretudo até porque não estava com seu metabolismo acelerado, pois estava dormindo após uma longa investigação sobre mortes misteriosas que ocorriam nas mediações do Sindicato as vésperas do anunciando de sua teoria. A pouco Yuri havia sido interrogado por Malvino sobre o caso e sinais e pistas deixadas como sendo este suposto assassino um "fã". Porém, as demais pistas indicavam como se fosse não apenas uma pessoa. Imediatamente Malvino perguntou sobre seus escritos pessoais o que não demorou até ser visto um pequeno diário escrito a mão jogado no chão relatando os últimos dias de Yuri até chegar aquele momento. Malvino então reagindo como se ainda estivesse sonolento o pegou enquanto os policiais

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investigavam o local a procura de pistas e disse para manter-lhe informando e então se retirou.

Foi direto para casa, e após entrar no carro e se sentir estranhamente vigiado negou tal a si próprio como fruto do cansaço, pegou o pacote onde estava o diário de Yuri e subiu uma pequena escada até abrir sua porta. Ao entrar jogou suas chaves na cama e abraçou seu pequeno beagle que o lambia como se tivesse saindo de casa por longos anos. Seguiu até a geladeira e pegou um pouco de guaraná natural e se sentou no sofá ligando a tv. Apesar de estar cansado agora não mais o suficiente para pegar no sono e após um breve momento olhando para o vazio se inclinou e pegou a pasta com o diário de Yuri. Então o desfolhando lentamente parou na data, a exata uma semana atrás, dia seis de abril de 2015, onde dizia: "Cansado, muito, mas ao menos mediante ocorrências estranhas dentro da própria Instituição e inúmeros erros que ocorrem frequentemente, do aparente acaso tenho obtido sucesso e grandes progressos nas minhas descobertas graças à cooperação de inúmeras instituições e agências incluindo de astronomia. A grande quantidade de dados específicos solicitados para a investigação e formulação de cálculos que permitam tornar uma realidade minha teoria, tem sido um sucesso que mediante o processamento desta fabulosa máquina interligada os dados tem sido analisados a fim de realizar recriações numa concepção jamais vista..." Dia 1 - 6 de abril de 2015 Deveriam ser umas sete horas da manhã, pelos portões do Sindicato dos Filósofos ainda fechado se aproximou um homem vestido social, mas com uma calça jeans, e com um dos sapatos desamarrados, de dentro da guarida um guarda o reconhecendo liberou a entrada até acessar um painel de identificação que liberaria por fim a porta. Após entrar no recinto, carregando uma sacola de papel provavelmente com seu dejesum acenou

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educadamente para o guarda, e tirando um cartão de dentro do bolso de seu blusão, e o passando na frente de um receptor na porta. Num estalo esta se abriu revelando sua sala pessoal e após colocar sua sacola sobre a mesa vestiu um jaleco e foi até a parte de trás onde estava um computador com três telas LCD dividas como numa só. Estava ligado passando a madrugada toda processando dados e informações. A chegar sentou-se numa cadeira confortável, não como aquela que simplesmente fazia sua coluna formar um "Z" e abriu a sacola retirando um sanduíche enquanto apertava com a outra mão uma tecla que fez surgir um menu na tela.

Pegou uma pasta com informativos de registros de agências como NASA e uma importante instituição japonesa enquanto mastigava. Yuri estava aparentemente feliz com sua vida atual, um ótimo salário que pudesse suprir suas necessidades e poder ter algumas das coisas que queria, suporte, e tranquilidade necessárias para suas pesquisas de interesse internacional, que mediante o que já passara, um verdadeiro espetáculo de corrupção e perseguição sobre sua vida mesmo que aparentemente tal dava estranhos indícios de se iniciar novamente sobre sua vida desde quando num calendário atrás de sua mesa indicava quantos dias restavam para publicar sua teoria do tempo, junto a sua equipe para a mídia e a comunidade cientifica.

Foi quando o telefone tocou inesperadamente o desviando a atenção e o fazendo pegar atrapalhadamente o telefone de seu bolso da calça. Porém, o celular não registrava ou identificava o número e com tom de suspeita o atendeu para escutar uma estranha voz que ressoava como um eco metálico por algum tipo de equipamento que distorce a voz ou simplesmente uma simulação de computador. Yuri assustando escutou um riso seguido pela respiração como se fosse alguém a observa-lo o que o fez olhar em volta, e que ao ser perguntado quem era e o que queria este disse.

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- Uns me chamam de Murphy, outros de anomia, mas para você pode ser antilogos, não sou a destruição, mas a anormalidade, quer ser a lógica, mas para isso devo destruí-la. Você não pode completar o projeto - após ouvir isso o telefone desligou com aquele ruído de quem batesse o telefone.

Perplexo Yuri concluiu que poderia ser uma peça de

Joseph, um jovem de sua equipe do qual gostava de ironiza-lo assim como outros, mas poucos minutos depois ouve simplesmente algum tipo de fanático extremista como aqueles que costumavam protestar no período em que o LHC iria ser inaugurado. Mas imediatamente ou se voltar para a tela do computador notou um erro no processamento de dados aparentemente indicando que toda a madrugada de trabalho do computador os dados seriam perdidos, cálculos e cálculos que levariam dias para serem realizados pela equipe sem seu auxílio.

Abaixando os ombros em tom de desânimo, Yuri coçou a cabeça e imediatamente pensou se tratar de um trote bastante criminoso. Seria um psicopata que trabalha para a instituição? Foi quando um som rompeu o silêncio da sala com o abrir da porta, era Joseph junto a outro membro de sua equipe. Ao entrar o cumprimentou, seguindo a sua mesa onde havia outra estação de trabalho interligada a central, e após sentar-se perguntou como estava prosseguindo dos cálculos. Então friamente Yuri se virou para Joseph dizendo que havia dado erro e toda a noite havia sido perdida. Querendo ver algum esboço de reação no rosto de Joseph este, no entanto, demonstrou surpresa e decepção aparentemente legítimas.

Yuri se lembrava nos debates que sucediam o experimento e as teses desenvolvidas por ele numa das várias reuniões da equipe, abertamente ateu, Joseph argumentava que tal teoria jamais revelaria uma prova da existência de Deus, mas sim duma força do qual ainda não tinha conhecimento da origem, sendo, porém, provavelmente iniciada com a própria origem do universo.

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Apesar das diferenças ideológicas Joseph era bastante amigo de Yuri tanto que constantemente este se via na intimidade de fazer algumas brincadeiras dos quais outros não faziam, e sendo assim razoavelmente de confiança. No entanto, Yuri já fora traído por pessoas até mais próximas que ele era, e por isso passou manter uma dose de desconfiança redobrada.

Imediatamente Yuri entrou em contato com Dr.Zanquarius para relatar sobre o ocorrido. Foi então se dirigir a sala Herbie Von Zanquarius e lá se encontrava junto com o Dr.Octavius. estes, junto ao próprio Yuri eram os principais mentores do Sindicato dos Filósofos. Yuri resumiu o ocorrido e de que a frequência com que se repetia o preocupava muito. Foi quando Octavios se dirigiu a ele dizendo.

- Casos similares ocorreram antes da inauguração dos

colisores de hádrons também nos Estados Unidos e nem só por isso se tornou um sucesso, tal como o Hubble que apesar dos frequentes erros e defeitos nos revelou fatos e fotos simplesmente indescritíveis antes destes. Dificuldades como estas são naturais e não padrões necessariamente são muito importante você prosseguir com o teste e finalizar o experimento - terminou Octavius recuando após terminar o que dizia enquanto com uma caneta batia sobre a outra mão.

Dr.Zanquarius, porém, num tom mais pragmático

mencionou os casos anteriormente partindo-se de Murphy o que acabou rendendo o nome de uma suposição própria de lei, a Lei de Murphy.

- O experimento que Edward A. Murphy realizava na

NASA, testes de tolerância a força g nos seres humanos, mas que os sensores erraram seriamente impedindo a publicação dos resultados, era o destino fracassar mesmo que este tivesse feito tudo corretamente - retrucou Dr.Zanquarius.

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Dr.Octavius, no entanto, ridicularizou sua afirmação

dizendo que a Lei de Murphy eram apenas eventos irrelevantes observando mediante a consciência daqueles sob algumas circunstâncias como ao se estar com presa acreditar que a fila do mercado que pegou é a mais lenta, mero erro perceptivo.

- Sobretudo o experimento posteriormente deu certo.

Porém, mesmo que definido claramente como uma pseudociência passou a ser titulado como uma "lei", a Lei de Murphy, graças a frase clássica que teria dito relativa ao responsável por instalar os sensores: "se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará" – Lembrou Octavios - Assim o ditado "se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará" não se resume a um pessimismo, mas um negativismo tão inerente a essa anomia. O erro em sua indução seria inerente a este mal, - e Octavios disse ainda mais - Nota-se que entre as mais de 100 propostas certamente acaba por se identificar. Definitivamente fazer mal é muito mais fácil que fazer algo bom e construtivo, a força desiquilibradora, e alguns parecem escorar sua existência nisso.

Mas quase o cortando, Yuri disse que pouco antes de

ocorrer o erro uma pessoa misteriosa o ligou se identificando por 'Murphy' ou 'Antilogos', o que levava especialmente a crer que poderia ser uma deliberada sabotagem de um membro ou empregado interno da Instituição.

- Não podemos nos dar ao luxo de jogar investimentos no

lixo com esse tipo de gente, depois de tudo que construí simplesmente ser arruinado por diferenças ideológicas banais, isso aqui não seria uma instituição verdadeiramente científica? - retrucou Yuri.

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Imediatamente então Dr.Zanquarius pegou um telefone da mesa e ligou para a segurança a fim de buscar identificar o sinal que fora mencionado para saber se tal ligação fora feita de dentro dos prédios do Sindicato, e falou que medidas protetivas seriam tomadas, era muito importante o que era realizado naquele local para perderem dinheiro com tais trivialidades. Foi então que Yuri se retirou.

Já era noite, quando Yuri cansado respirou fundo e colocou a mão sobre a cabeça como se estivesse tonto de tanto ficar concentrado ali naquela máquina, os dados a serem processados durante todo o dia, agora estavam sendo monitorados por membros da equipe que fariam plantão e revezamento como medida protetiva contra possíveis novas sabotagens. Yuri se levantou e após ligar para o subsolo para saber como estava Joseph que era o plantonista da vez, não obteve resposta e assim se dirigiu até o subsolo. Ao chegar lá, ruídos intermitentes e constantes não somente do enorme processamento que ocorria, mas do frio provocado pelo ar-condicionado que refrigerava o computador dia e noite, ele notou, porém, um incomodo silêncio que sucedeu ao chamar o nome de Joseph seguidamente. A ausência de resposta, era como um incomodo silêncio mesmo mediante o sonoro barulho constante, do quais muitas vezes funcionários acostumados chegavam até mesmo dormir lá embaixo. Andando pelos corredores chegou até a sala de monitoramento para perceber que Joseph não estava lá, mas o telefone agora estava caído no chão junto a alguns papéis. Yuri então pegou o rádio chamando a segurança por suspeitar de algo, e assim abriu a pequena porta que trancava uma pequena fileira de prateleiras de peças de reposição e equipamentos reservas guardados quando viu no fim da estante os pés de Joseph caídos no chão. Ao rumar até lá notou que simplesmente estava caído no chão morto, enroscado em um amontoado de fios que desciam do teto, como uma mosca numa teia presa e sufocada, enquanto numa mão segurava um bilhete com símbolos estranhos.

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Assustando Yuri deu alguns passos para trás e ergue novamente o rádio até sua boca, dizendo.

- Joseph está morto!

Dia 2 - 7 de abril de 2015 - O Devorador de Milagres Era madrugada, diversos carros de polícia coalhavam a rua na frente do Instituto com suas luzes cintilantes que oscilavam de cor entre o azul e vermelho, um carro civil encostou e de dentro saiu um homem, Malvino Bronwen. Aparentemente cansado, e bastante irritado por ter sido acordado de uma noite de sono se dirigiu para dentro do instituto. Se dirigindo para o subsolo do prédio, viu diversos policiais saírem da pequena sala onde estava Joseph morto, ao ver as marcações entorno de seu corpo e policiais da perícia procurar vestígios pelo local, viu no outro canto da sala um homem sentado numa cadeira de costas que estalava um dos pulsos de seu braço girando a mão, era Yuri. Com as mãos na cabeça realmente estava incomodado com aquilo tudo, não somente por ter perdido um membro de sua equipe, mas também tempo valioso na pesquisa. Estava claramente cansado, pois as horas se avançavam, por ter encontrado o corpo passou a noite dando explicações para a policia, e então Malvino se dirigiu a ele e pedindo educadamente se podia sentar-se, Yuri concedeu e então este puxou outra cadeira a seu lado. Falou então ele.

- Meu nome é Malvino Bronwen, sei da importância do senhor para a comunidade científica assim da importante do experimento aqui realizado, mas sabe que é procedimento legislado e administrativo o que temos de fazer, não queremos tomar mais seu tempo, mas um a vida se perdeu aqui dentro e infelizmente existem leis imparciais a serem seguidas aqui - prossegui ele - então lhe farei algumas perguntas e depois o senhor será liberado devidamente. Yuri acenou com a cabeça consentindo mesmo cansado, e então Malvino prosseguiu

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perguntando sobre a procedência do bilhete na mão da vítima. Yuri disse que eram em maioria símbolos Zodiacais, pegando o bilhete então dentro de um saco plástico de evidência devidamente etiquetado, Malvino disse que parecia e muito com um bilhete enviado para um jornal em São Francisco na década de 1970.

Yuri completou dizendo. - O Assassino Zodíaco. - Isso - completou Malvino - Apesar de não me lembrar

com exatidão do bilhete será analisado, mas inicialmente me parece um caso de 'copycat' algum tipo de assassino que imita padrões de outros crimes em série anteriores.

Porém, Yuri acenou com a cabeça negando, pois ao tirar um caderno sobre a mesa que estava disse que os tipos de letras eram idênticos ao da própria vítima, o bilhete havia sido escrito pelo próprio Joseph.

- Muito estranho - retrucou Malvino cerrando a visão

sobre o caderno nas mãos de Yuri - acho que teremos de levar estes papeis dele para perícia também.

Já de manhã, o corpo na sala de autopsia, estava sobre a fria mesa do local arejado cercado por equipamentos típicos de operação. Mas como se tornou de costume, antes que fosse necessário abri-los se passava por um moderno equipamento de ressonância que conseguia esquadrinhar o seu interior. E curiosamente tudo parecia estar normal até chegar na cabeça onde aparentemente parecia haver algum tipo de tumor no cérebro, exatamente na glândula pineal. Com uma imagem desta leitura colocada sobre a mesa ao lado do corpo, o perito mostrou a Malvino que após colocar as luvas a pegou com cuidado nas mãos.

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Foi então consentido que abrisse seu crânio para que pudesse saber o que tinha exatamente, uma vez que o padrão do cancro era bastante incomum, até mesmo para um perito como ele.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, num monastério budista em algum lugar do Tibete. Após meditações sucessivas um homem vestindo as típicas roupas vermelhas e amarelas se levanta lentamente com um pacifico sorriso no rosto quando ao rumar para a porta e abri-la, um jovem monge vestindo trajes idênticos adentra o local completamente transtornado gritando. Surpreso com a reação de comportamento atípico para um monge que nega qualquer forma de violência, os demais que estavam próximos ao verem este chegar também se levantaram preocupados. O jovem mal conseguia dizer algo, balbuciando palavras sem sentido, e tremendo levantou as mãos a revelando cheias de sangue e apenas ao cair de joelhos conseguiu-se entender as seguintes palavras.

- Está por toda parte, por toda parte. Os monges então rumaram até o local de onde saíram, e ao

abrir as portas todos os monges que lá estavam. Foram mortos violentamente, seus corpos mutilados como numa orgia de sangue estava em diversas posições e no fundo da sala um monge preso a parede ao lado de um símbolo do ying-yang completamente sem foco por tanto sangue que o circundava. Simplesmente espantados com o cenário um dos monges se dirigiu até ao fundo da sala na esperança de que, o monge estivesse vivo, mas ao ver de perto suas mãos estavam pregadas numa viga de madeira exatamente na posição e maneira como Cristo havia sido morto. As velas ainda acessas destoavam completamente do que ocorria, mas logo atrás doze corpos estavam alinhados numa disposição como se cada qual fizessem um sinal. Ao ver de perto, um destes com algo

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dentro da boca, o monge a abriu e viu nada mais que uma mariposa junto a um bilhete. Ao abrir, viu o nome: Yuri Zelliva.

Neste momento na sala de autopsia, após um breve trabalho o médico legista observava atentamente o tecido cerebral após tirar a capa que o protegia, quando notou um estranho movimento na massa cefálica. Assustado semicerrou os olhos e com o bisturi cuidadosamente retirou o tecido revelando a glândula pineal. Parecendo estar coberta por outra membrana, esta tremeu, e quando a tocou de leve com o bisturi, simplesmente se abriu revelando a semelhança de um olho cujo íris rapidamente se fechou sobre o legista que num susto tombou para trás e colocou as mãos na cabeça como se uma repentina dor o atingisse. Empalideceu e simplesmente caiu desmaiado no chão.

No recinto, Malvino enquanto lia o diário se lembrara destas estranhas ocorrências de dias atrás e ligando os fatos silenciosamente pegou uma pasta e espalhou outros papeis sobre a pequena mesa de centro na sua sala enquanto sons da televisão ecoavam pelo recinto. Fotos estranhas dos crimes, e de provas se espalhavam e obviamente não era capaz de conceber o que lá ocorria com clareza. A notícia do crime no monastério budista no dia sete ainda era fresca em sua mente e levara autoridades internacionais até a investigação local. Apesar de Malvino suspeitar de Yuri ele sabia que havia algo mais que não fazia qualquer sentido, afinal como a imitação de um crime até mesmo de um filme haveria em comum com uma repetição falsificado da crucificação de cristo, e pior num monastério budista? Então num suspiro longo de desânimo mediante sua frustração por não conseguir descobrir os padrões que ligavam tudo aquilo, se sentou novamente e virou a página do diário de Yuri e começou a ler: "Não consigo me concentrar, tive pesadelos esta noite. Um sonho onde misteriosamente será como se ligar a outras pessoas

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desaparecidas presa num tormento mental, um lugar como um hospital-masmorra surrealista onde médicos-zumbis os afligem suplícios. Entre eles estava Joseph. Tenho de procurar Richard, mesmo que aparentemente tenha surtando, ele pode oferecer respostas, algumas coisas que tenho visto parecem suceder ocorrências verídicas..." Dia 3 - 8 de abril de 2015 - Kyklos Quarta-feira, Yuri se levantou muito mais tarde do que acostumava em sua nova rotina. Mesmo assim com longas olheiras ao invés de se dirigir para os laboratórios no Instituto pegou o carro e foi para a casa de um antigo membro co-fundador do Sindicato dos Filósofos. Era Richard Newman, ele havia abandonado as pesquisas há cinco meses após desenvolver um claro Transtorno Obsessivo Compulsivo com surtos de síndrome do pânico. Desde então se isolou com medo de tudo e todos, repetindo palavras compulsivas de que havia sinais em toda parte, sinais de armadilha.

Muito antes Yuri se lembrava que ele trabalhava para uma agência de espionagem, onde era um expert em desenvolver equipamentos que eram capazes de realizar medições de 'sofrimento', feito em parceria com Dr.Zanquarius se utilizava de eletrodos espalhados em nervos nos pontos específicos do corpo e na cabeça para poder se mediar a quantidade e intensidade dos pulsos em feedback com o cérebro, podendo também ser mapeado por ressonância. Mesmo assim fica-se claro que o verdadeiro sofrimento é metafísico, para este não a parâmetros de medição, mediante o físico que apenas é causa ou efeito. Apenas a dor do corpo pode ser medida, jamais suas proporções diretas provocadas pela psique.

Porém seu uso não era nada ético sendo utilizado em sessões de torturas inicialmente experimentais para se saber o quanto indivíduos suportavam de dor. E talvez por não haver nenhuma prova que liga-se tanto Richard quanto Dr.Herbie Von

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Zanquarius a estas práticas, Richard parecia claramente arrependido e carregar um peso nas costas que buscava se redimir no experimento de Yuri.

Ao chegar na casa de Richard estava esta estranhamente silenciosa. Yuri tocou a campainha e ao lado da porta uma voz em seguida disse bastante rouca.

- O que você quer aqui Yuri? - Richard então se virando

para o interlocutor, mas olhando para o alto como quem procurasse alguma câmera respondeu.

- Quero saber como você está, ocorreu uma coisa estranha e talvez você tenha respostas.

Um silêncio se fez seguindo por um 'track' na porta que se

abriu numa brecha. Lentamente, Yuri a empurrou vendo uma casa completamente vazia, tirando-se alguns objetos jogados pelo chão com desenhos esquisitos. Richard se tornara no mínimo excêntrico.

Surgindo por de trás da porta de outro cômodo, Richard completamente com o olhar irritado parecia ficar nervoso com aproximação dele, perguntando o que queria com ele. Yuri então lembrou-se de quem era, mesmo que Richard retrucasse de que todos estavam mudando para pior.

- Você sabe a falta que faz você no projeto, você tinha grandes concepções para a teoria dos paradoxos. - Disse Yuri.

Richard então lhe deu as costas e se virou até a sua sala pedindo com a mão para que o seguisse. Lá dentro se revelou uma parede repleta de recordes de notícias diversas de jornais, dois computadores ligados e por todo o cômodo diversos tipos de tralhas que se ligavam numa esquemática de reação em cadeia (efeito dominó). Richard então irritado olhou para seus pés que ao ver seu tênis desamarrado quase num ataque de nervoso falou

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para amarra-lo, pois poderia causar um acidente sério. Para não contraria-lo, rapidamente Yuri se abaixou e amarrou o tênis com um olhar de preocupação enquanto Richard ao se certificar que Yuri o amarrava se virou e sentou-se num sofá reclinado de um dos computadores.

Yuri então perguntou o que era todas aquelas tralhas ali montadas. Então respondendo disse Richard - São experimentos de ação e reação em anomia - disse Richard - uma sucessão de eventos vão passando de pessoa em pessoa até interferir num foco central, numa espécie de mal de Cassandra que determinar-se-á como resultante anômala da força denominada antilogos.

Levemente assustado com o tom alarmista de Richard disse que ele precisava sair um pouco, que tudo aquilo estava o deixando louco. Richard então disse que as contradições e as fatalidades cruéis do mundo na realidade não eram obra do acaso, assim como existem determinações positivas existem determinações negativas que se conflitam ou a se anular ou simplesmente se contradizer cuja resultante é invariavelmente o mal, como numa competição de forças.

Yuri então estalou o pulso nervosamente como um cacoete comum e então ao olhar para si próprio o que fazia temeu que o mal de TOC de Richard pudesse ser contagioso, mas antes que prosseguisse naquele pensamento disse.

- Você está sobre de algum tipo de fobia invisível, de algo

oculto? Você está com uma criptofobia? - Você não entende Yuri? Tudo que está acontecendo para

lhe atrapalhar não é mero acaso. A história está repleta destes casos, alguns que mudaram por estas forças e outros que simplesmente tiveram suas chances sabotadas por tal. - disse Richard sucedendo-se numa série de cacoetes com as mãos até a cabeça. - Existe dois meios de se aguçar os sentidos e um deles é negro, é anomia pura, é a caótica negativa, a perdição, algo que não é superior, mas anseia por ser sabotando os esforços da

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caótica positiva. Todas estas mortes sem sentido, todos planos grandiosos e justos construídos e sabotados da ciência a própria história, não vê?

- Não vejo - disse Yuri cético, e então Richard sucedeu dizendo - Deveria saber, pois o foco de toda cadeia de eventos negativos é você! Tal força não quer seu êxito, não quer que você viva muito menos que publique este trabalho. Yuri então irritado quase o interrompeu dizendo que aquilo deveria ser obra de alguma turma de extremistas fanáticos tal como sucedeu em outros eventos científicos. - Ela nos muda, você não entende, sua percepção altera nossa consciência e destino quanticamente falando. Você não tem visto os noticiários?

- O que que tem na Tv que não saiba? - Perguntou Yuri, e então se virando para o monitor do micro mostrou a notícia do incidente no Tibet, e numa foto a ampliou até mostrar a foto de um bilhete com letras estranhas e disse.

- Quero, então, que você me responda o que é isso - ao colocar em negativo a foto revelou um nome, Yuri Zelliva! Assustado, Yuri tentando conter o tremor dentro de si, disse que apesar de não saber apenas confirmava sua hipótese. Mas então Richard afirmou dizendo - Sim, podem haver convertidos a esta anomia conscientemente ou não - prosseguiu - Mas certamente lhe antecipo que se ainda não fora contatado sobre esta ocorrência certamente será. Seu projeto é importante Yuri, e algo muito poderoso além do ser humano quer muito que não tenha obtenha sucesso. Neste monastério, vem se repetindo há anos, não vê? Da queda de civilizações inteiras aos próprios casos do dilúvio e Sodoma e Gomorra, os sinais e padrões se repetem, a orgia de sangue, as mortes sem motivo...

Ao sair do local, Yuri no carro silenciosamente rumava para o Instituto com mais perguntas e dúvidas do que respostas. Mesmo que conhece-se tais ideias há muito tempo simplesmente se recusava a acreditar, poderia ser cristão, mas com o passar do

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tempo se tornou cético, um incrédulo a ponto de questionar tudo a sua volta até mesmo a bíblia sagrada. Mas aquilo martelava na sua cabeça quase como uma dor que, no entanto, não poderia ser medida por qualquer equipamento criado por Richard. Um temor então o tomou silenciosamente sob toda aquela capa de cético e pouco a pouco o fez buscar no passado de suas memórias lembranças que o remetessem as concepções de milagre mesmo que ainda conflitante. Yuri se dirigiu aos laboratórios mesmo cansado, mas perplexo uma vez lá seguiu seus testes em silêncio, um silêncio desconfortável para os membros da equipe que realizam plantão para compensar o tempo que estavam perdendo.

Dia 4 - 9 de abril de 2015 - Thinkers Yuri cria a perfeição. Tal termo para ele era mais que uma mera palavra, era uma concepção do mais alto nível e que por isso mesmo excluía-se qualquer elemento discrepante de anomia. Mesmo sabendo que sua condição não era perfeita, sua busca por tal no auto-aprimoramento era evidente no seu trabalho, no detalhismo, sem contradições, mas numa concepção singular sobre os paradoxos que estudava na temática do tempo, o tempo era senhor da razão. Claro, que boa parte da equipe era cheia de si própria, por pessoas qualificadas em suas áreas e por fazer parte deste experimento, mas Yuri mantinha-se sóbrio tratando-se de seu ego, mesmo que eventualmente se daria com verdadeiros usurpadores que construíam toda sua carreira de forma parasitoide a dele, literalmente a sua sombra para ainda ousarem se considerar superior. Assim normalmente era sua relação com Dr.Zanquarius, que praticamente se auto-determinou como vital para o projeto mexendo seus pauzinhos para poder tomar uma posição de vantagem. Yuri tinha que lidar com isso, mas para seu alivio tinha Dr.Octavios, um misterioso cientista que funcionava como um freio moral para Zanquarius.

Antes conhecido por trabalhos notórios no Japão, mesmo que pouco se conhecesse de sua história. Era um homem que

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inspirava confiança, Yuri sabia intuitivamente que jamais seria traído por ele.

Dr.Octavios, como sempre, com um relaxante sorriso no rosto se aproximou do local onde Yuri estava. Colocou sua mão sobre seu ombro e perguntou se precisava de algo, se ele estava legal. Yuri mesmo que repleto de preocupações sem saber o que dizer confirmou. Yuri revelou que apesar de oscilações e aparentes anomias flutuantes nos cálculos determinado por ele como "restos numéricos", disse que estava todo aquele mosaico se encaixado ao recriar um esquema que paralelamente simulava condições do universo mediante a nova concepção temporal como base, lá dentro se recriou alguns dos principais fenômenos astronômicos, e previu os estranhos paradoxos de singularidade tal como parecia demonstrar-se como a origem da concepção da própria matéria escura e outros possíveis erros de medição de energias e etc.

Os resultados eram surpreendentes, e Octavios confirmava sorridente demonstrando uma paciência e harmonia muito incomum mediante os últimos ocorridos lá e os atrasos mediante as pressões externas por resultados conclusivos.

Malvino se dirige novamente ao médico legista após receber uma notícia completamente bizarra do que encontrara no corpo de Joseph. Ao chegar no local, pegou o doutor suado abundantemente de forma incomum. Bastante irritado, ele disse que estava como uma incomoda dor de cabeça desde o dia anterior quando realizara a autopsia no jovem promissor acadêmico.

Ao entrar na sala mostrou o corpo do homem congelado explicando o que ocorreu e que o tecido estranho encontrado demonstrava estar ainda vivo como se tivesse as funções separadamente a do corpo como um parasita por depender das funções do corpo comum. Porém ao retira-lo rapidamente morreu. Num microscópio o doutor encontrou propriedades incomuns

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como se fosse algo mais que um tumor, mas uma forma realmente de vida a se desenvolver a partir do tecido dele e a se alimentar da energia sináptica do cérebro do jovem cientista. Ele lembrou casos completamente bizarros de tumores ao pegar um livro com fotos realmente chocantes onde revelava tumores que dentro das mais variadas partes do corpo desenvolvia cabelo, unha e até mesmo um dentro do útero que se desenvolve com membros como se fosse um outro ser humano completamente anômalo. Mas aquilo ainda excedia seu conhecimento e expectativa, aparentemente a partir de células similares a da retina, aquele desenvolveu-se como um olho cuja consciência funcionava de forma dependente ao cérebro como se assim o jovem apresenta-se uma outra consciência oculta.

Realmente surpreso com a descoberta do doutor - que não parava de transpirar - Malvino, no entanto, se perguntava o que aquilo tinha haver com o caso que investigava e ao perguntar o que o doutor tinha este disse que havia algo errado com sua leitura quântica desde quando aquele "olho" o viu. Malvino então se dirigiu novamente ao laboratório no local onde havia ocorrido o crime, isolado com fitas policiais mesmo que houvesse rápida necessidade destes concluírem a perícia para desculparem o local das pesquisas.

Levantando uma das fitas que cercavam o local com as mãos e se abaixando em seguida, Malvino atravessou o local mal iluminado com uma lanterna, vendo o desenho que delimitava onde estava o corpo de Joseph. Ele não sabia o que procurava, mas parecia ter perdido a pista, ou esta se esfriara, queria encontrar qualquer coisa que não tenha passado pela visão dos peritos. Viu num canto abaixo do armário um pequeno pó de cimento como que caído da parede atrás do armário. Sem nem pensar duas vezes, Malvino retirou as peças, caixas e recipientes do local e arrastou o armário onde a parede parecia ter simplesmente balançado com o vácuo provocado pelo movimento do armário.

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Ao tocar viu que era uma estampa, um tipo de papelão como de divisórias colocados para esconder algo que ao retirar revelou um buraco enorme na parede que seguia fundo no subsolo como se tivesse sido escavado há pouco tempo. Malvino então jogou a luz da lanterna no local revelando ao seu final um outro túnel desconexo ao laboratório, provavelmente o esgoto da região. Ele entrou lentamente com um receio e por isso sacando sua arma por não saber o que lá havia. Ao pisar no fim, sentiu água e um forte cheiro da água cinza dos esgotos que corriam lá sob seus pés, então viu que aquele lugar era um complexo de esgotos e que utilizaram para invadir o laboratório.

Mas quando ia se retirando viu uma pequena sacola plástica onde ao desembrulhar revelou um livro, Malvino então se retirou do lugar e após uma rápida ligação para o departamento de homicídios para solicitar alguns policias a fim de vasculhar os esgotos abriu o livro lentamente. Inicialmente Malvino pensou se tratar de uma bíblia, pela disposição dos textos por versículos e o modo de escrita, mas rapidamente notou que não, numa passada viu um livro dentro chamado Carta ao Asmofobos, e passando mais Livro de Astarote, e I e II Lilith onde leu "Bem-Aventurados os que tem fome e sede de injustiça porque sempre irão querer mais”.

Ao desfolhar mais, via versões bizarras dos livros da bíblia com referências a demônios como Belzebud onde se dizia: "Nada posso naquele que me enfraquece." e "Vinde a mim todos que estão cansados e oprimidos e eu vos esfolarei." Além de ter um livro de Crônicas de Sodoma onde se via: "Porque meu fardo é pesado e meu jugo é grosseiro. Pois sou Eu quem condeno o inocente e juro o aflito." e até mesmo uma versão avessa dos 10 mandamentos seguido por um versículo alarmante dizendo: “Bem-aventurados os masoquistas, pois satisfazem os sádicos”. Chocado com aquele artefato mesmo sem ser cristão ele só poderia crer que tal blasfêmia proferida só poderia ser por alguém louco, ou uma brincadeira de muito mal gosto...Sem dúvida.

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Dia 5 - 10 de abril de 2015 - "pluralitas non est ponenda sine necessitate" Após levar o estranho livro a um especialista, este constatou se tratar de uma obra muito antiga, e obviamente sem vínculos com a igreja satanista especialmente depois de mostrá-la a um de seus membros. Provavelmente datada do século XVIII, mesmo que claramente falso, o sujeito lembrou que era comum a criação até mesmo de livros apócrifos, claramente não verdadeiros como forma de torcer prerrogativas principalmente nos evangelhos originais, mas apenas os contradizendo claramente.

Com um tom de completa suspeita, Malvino seguiu novamente até a Instituição e depois de mostrar o livro a Yuri em sua descoberta no subsolo ficou a observar Yuri com olhos de quem acreditava em seu envolvimento no crime de homicídio de Joseph. Mas após um tempo sendo observado, Yuri demonstrando-se incomodado por tal se aproximou e disse.

- Como você pode observar, temos muito trabalho a fazer

aqui, especialmente a sucessão de atrasos e problemas. Se houver algo em que possa ser mais útil a você diga - disse Yuri a Malvino num tom claro de quase dispensa e completou - e mesmo que todos nós sintamos o peso da ausência de Joseph temos metas estipuladas a justificar os investimentos em toda essa parafernália tecnológica, mesmo que certamente após as publicações dos resultados da pesquisa certamente daremos maior atenção ao caso.

- Faça de conta que não estou aqui - disse Malvino. Porém, Yuri citou o Principio de Heinsenberg do qual a curiosa morte de Joseph se sucedeu no estranho "tumor" nele encontrado sobre o legista após saber do achado. - Em nossas pesquisas lidamos muito com a caótica e logo fomos capazes de classifica-las em negativas e positivas que curiosamente poderiam ser influenciadas por princípios observativos mediante a própria

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mecânica quântica - disse Yuri - esta seria uma das raízes da anomia em teoria, mesmo que ajam outros elementos discrepantes sem explicação para todos nós.

No entanto, se dando por insatisfeito Malvino falou num

tom seco e claramente pretensioso - Segundo a Navalha de Hanlon "Nunca atribua à malícia o que pode ser adequadamente explicado pela estupidez".

Yuri então retrucou dizendo. - Mesmo sendo uma ótima variável da Navalha de Occan

isso nega a intencionalidade, o que me parece ser evidente neste caso, aqui a estupidez é o mal intento. Um determinismo falsídico do erro justamente por não se amarrar nas demais prerrogativas. Pouco importa a Lei de Sturgeon e de Princípio de Peter, mesmo que por vezes parece que a estupidez seja contagiosamente epidêmica como um mal comum do qual como diz o próprio Robert Heinlein, "Você assumiu como vilania o que é simplesmente resultado de estupidez."

- Mas o que você está falando é de maldição - disse Malvino. - Mas por um lado talvez seja exatamente essa questão, algo inerente a um mal, por não haver escoramento justificável, tal como crimes desproporcionais como o ocorrido aqui.

Uma vez notando-se o tom de suspeita de Malvino, Yuri

fora direto o perguntando de que se fosse suspeito dele, assim o dissesse logo.

- Talvez estejamos falando de temas diferentes - disse ele -

aqui lidamos com ciências exatas e empíricas e receio que ninguém tenha muito tempo para bancar o serial killer, ou de extremismos fanáticos na criminalidade mesmo que o crime de Joseph tenha impressionado a todos. Ora, se havia um buraco no

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subsolo isso apenas comprovaria pessoas muitas interessadas em nos sabotar. Portanto, devo lembrar acima de tudo que este local é restrito e mesmo o senhor sendo autoridade receio que os poderosos que nisso investem não gostaria de saber destes atrasos.

Malvino então saiu com mais dúvidas do que entrara no local, pois tal como para qualquer investigar mesmo que todos sejam inocentes até se provar o contrário, num crime daquele tipo todos eram suspeitos. Mas quando ia saindo do recinto, Malvino de repente viu uma correria dos guardas que rumaram para dentro do prédio de onde havia se retirado, e então imediatamente voltou correndo.

Havia um grupo, e uma mulher da equipe de Yuri saiu com as mãos no rosto chorando assustada. Seu jaleco banco estava manchado de sangue, de suas próprias mãos estavam sujas. Rapidamente Malvino percebendo se tratar de algo ruim sacou a arma e entre olhou o guarda a seu lado que igualmente sacou a arma e abriu a porta levemente após a jovem dizer aos prantos que havia um homem morto lá dentro. O local estava escuro, e ao tentarem acender a luz rapidamente notou que as lâmpadas haviam sido quebradas. Já era quase noite e por isso havia pouca luminosidade, mas rapidamente uns dos guardas arrumaram umas lanternas e mais três se juntaram ao local, que era o refeitório da instituição. Malvino pegou o telefone e acionou reforços mesmo que os guardas lá fossem treinados e muito preparados para a situação, pois para Malvino até mesmo estes eram suspeitos potenciais.

Assim, após virar por entre uma das mesas, viu uma pequena poça de sangue que se estendia até a mesa do lado, que ao se aproximar com o facho de luz, revelou a mão da vítima caída, viu que era uma das jovens do local, uma cientista brilhante e que, no entanto, era conhecida por ser muito bonita. Mas o que o

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assustou definitivamente era como fora morta, estripada, tal como Jack o Estripador fazia com as prostitutas.

Interrompido pelo som de cacos de vidro das lâmpadas quebradas ao ser pisado por um dos guardas, este ao ver o corpo se assustando falou que havia faltado luz em todo local.

Ao sair, igualmente nervoso viu Yuri com a jovem chorando e rumou até Malvino. Agora, Malvino certamente não tinha mais dúvidas de que não era Yuri o responsável, e mesmo que mais uma vez tenha tido seu experimento interrompido, só não perdendo tudo graças ao sistema supletivo de energia com um gerador no prédio, ele disse que deveria ser feito algo imediatamente. Pouco minutos depois, Yuri se aproximou da fachada do Instituto para perceber que não havia faltado luz somente lá, mas um apagão em toda região havia sucedido, sendo apenas entrecortado novamente pelas luzes das viaturas ao inicio daquela noite. Malvino, se aproximou de Yuri e disse que o apagão fora na mesma intensidade do qual não ocorria desde 2009, mas que mesmo que muitos sistemas deles tivessem caído, estavam providenciando algo com urgência. Yuri estava claramente decepcionado e desanimado... Aberração, essa era a palavra adequada a toda maneira de perversidade do qual estavam sendo expostos, proporcionalmente ao azar que tinha, uma "sorte" surgia para salva-lo, como se algo mais do que concebe-lo na realidade tal azar se alimentasse disso, era como uma força obcecada a impedir o sucesso de Yuri, não obstante, Malvino agora acreditava que tal parecia conspirar a mata-lo, o fazendo a conflitar consigo mesmo e a se perguntar se estava ficando louco. Mas, por mais incrível que fosse essa suposição Malvino tinha de crer em envolvidos humanos, era necessário, era o normal, ele não poderia simplesmente escrever em seu relatório como os crimes fossem resultantes de uma anomia aberrativa, e aquele livro bizarro seria um elo de ligação...

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Sentado em sua sala em companhia apenas de seu sempre fiel cão ao som baixo de um telejornal pela madrugada, Malvino balançava a cabeça, colocava as mãos sobre a testa, coçava o cabelo nervosamente em busca de conexões. Pega a "bíblia" Maligna e a desfolha, levanta, anda para lá e pra cá, bebe água, e se pergunta constantemente sobre tantas perguntas que o martelam. Mesmo cansado ele sabia que não conseguiria dormir, aquela força nefasta e doentia não o deixaria dormir, tal precisava se alimentar do mal, do mal, pois o era!

Malvino então se sentou, e virou mais uma página do diário de Yuri, no dia 11 e começou a ler, mas o que viu definitivamente não trouxe qualquer resposta, mas até mesmo para um cientista parecia assustador...

"Sinto em cada fresta algo a me vigiar, na ausência de luz a vagar livremente, raivosa e louca por punir, sangrar, matar, me matar. Pela luz a se esconder como sombra, na minha sombra. Sempre que conseguimos algum sucesso, essa energia ruim é como se revirasse se remoesse. Agora, Josie está morta, seu rosto e sua pele macia manchada de sangue, seus olhos vazios e mortos relatam o horror como a última coisa que viu. Uma carga de medo e horror que parece compelir a todos aqui a uma sensação perpetua de angústia e tristeza, que nos tira o fôlego e o sentido de nossa luta, nossa pesquisa, nossa vida, é como se esta carga negativa quisesse permissão para dominar o mundo. Não quer parar, mas quer devorar nossa lógica, nossa harmonia, toda nomia, é tudo que é mal..."

Dia 6 - The Trigger Effect: Mosaico Anomia Yuri estava esgotado, pelo stress que andava o sobrecarregando com tantos problemas atrás de problemas, crimes e mais crimes se sucediam quando prestes estava a confirmar uma das maiores descobertas. Com o semblante cansado, sabia que tinha muito a

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fazer, não buscava assim grandes méritos e glórias para si, se não o bastante para poder viver e usufruir um pouco do que construiu. Sabia ele que havia fanáticos suficientes no mundo capazes de realizar absurdos imensuráveis em nome de suas crendices patéticas, mas eles nem ao mundo tinham tempo para aquilo. Tinha de se empenhar em seu trabalho mediante os grandes fatos sob as descobertas que fizera. Mas temia pela anomia que ceifava o tempo das pessoas, literalmente como um câncer maligno que cresce e açoita a todos em seus planos humildes. Porém, ao prosseguirem o cansaço era claramente compartilhado com os demais, do qual por si só completava o péssimo quadro de erros sucessivos por mera distração. Foi assim com uma placa de vidro que um dos jovens carregava, que pela perda de reflexo por uma noite de stress a deixou cair se estraçalhando diante de todos, e fazendo com que um tropeçasse e caísse sobre o monitor de um dos computadores por sorte desviando de atingir sua CPU. Não obstante, tais seguiram ainda mais ao longo do dia. O próprio Yuri tropeçara sozinho – num dos poucos momentos que tinha amarrado direito seu cadarços fazendo cair o lanche encomendado para todos. Enquanto isso Bronwen seguia a investigação próximo ali, inicialmente no local do último crime, uma vez que a luz agora retornou. Até quando de repente numa ligação por rádio, recebeu a notícia estranha da descoberta de um local nos subterrâneos que dava até os restos de uma antiga construção que não existia mais. Pertencente a um Barão conhecido pelo excentricismo cuja lenda prezava que construindo junto a sua pequena mansão, um complexo entre as paredes que se estendiam até os subterrâneos os esgotos onde contava com saídas secretas que dava inclusive a cômodos ocultos. A mania parecia ser típica daqueles contos de fantasia da era medieval, porém, abaixo a casa muito afirmavam ser uma lenda igualmente ligada a tal lenda medieval, até aquele dia... Bronwen, seguiu pelos esgotos mesmo junto a outros seis guardas como reforço, passando pela água suja com odores

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terríveis e uma tremenda inhaca de carne em decomposição, talvez ratos ou outros desejos lá jogados. Após seguindo as instruções se depararam com uma antiga porta de ferro enferrujada que obviamente havia sido construída há muito tempo. Surgiu o guarda com quem havia falado pelo rádio, e logo junto a outro pegou um mapa dos esgotos e mostrou que aquele local ficava justamente abaixo da antiga casa do dito Barão. Um dos guardas então ao sinal de Bronwen tirou uma barra de ferro e todos portando armas, este bateu seguidamente sobre o cadeado da tranca até ele arrebentar-se quase como se estivesse se esfarelando, de tão velho.

O receio deles, era de que poderiam haver alguns dos envolvidos ali no local, escondidos ou sabe-se Deus o que, e assim rapidamente acenderam suas lanterna após um odor somado a poeira sair de dentro, típico de locais trancados com o ar envelhecido. As luzes das lanternas mal conseguiram transpassar a camada de poeira que flutuava pelo ar deixando um rastro de luz por onde apontava até sendo pouco a pouco se tornando mais nítido, revelando objetos e velharias diversas. Moveis, quadros cobertos com pinturas do dito Barão, armaduras, e um antigo livro. Ao abri-lo, logo verificou que deveria ser uma relíquia entanto a ser explorada e vendida no mercado negro, e assim quando virava-se a um dos guardas disse Bronwen que tal serviço na realidade deveria mais ser para arqueólogos não policiais, quando do nada um dos guardas o chamou. Bronwen, notando o tom de urgência do pedido, foi até o local para notar haver um corpo muito velho no local, um esqueleto tendo apenas as roupas como “carne”. - Então temos outro crime para resolver. – disse Bronwen em tom de desapontamento – Mais um, quando nem chegamos perto dos outros. O que vocês estão aprendendo de útil para academia? - Perguntou Bronwen a estes guardas, e apenas um destes após coçar a cabeça disse um sonoro e vago “Éééé...”

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Aquela situação pelo menos havia feito eles se descontraírem um pouco mediante a frustração ao mesmo tempo reveladora e triste para o caso que investigava, estavam rodando em círculos como os ratos daquele esgoto boçal, nas próprias palavras de um dos guardas apenas em tom de ironia. Lá na superfície, Yuri temia a proposta debatida por ele mesmo com Bronwen, tal concepção desta suposta anomia, o fazia sentir-se afetado, velho, acabado, como se tal horror fosse responsável por cada tragédia infeliz no planeta, por cada nobre homem com futuro promissor que por mais talentoso que fosse sofria um mal súbito e morresse de forma estúpida e patética. Cada elemento sem sentido, na penumbra da lógica como se vagasse separadamente de Deus não como um propósito, mas contra propósito, não havia ação e reação, não havia proporção, recompensa se não daqueles perniciosos que costumava ver beleza até mesmo neste anomia propondo que toda a recompensa seria post-mortem, mas Yuri pouco se importava com isso, não queria pagar pra ver, afinal ninguém jamais retornou para confirmar ou negar tal concepção. Porém, uma ligação interrompeu sua quase concentração nas informações que eram registradas naquele micro, Bronwen, o falava que deveria descer até lá, pois haveria algo que ele poderia saber sobre. Mesmo sinceramente desanimado abandonar suas tarefas naquele projeto a passear nos esgotos, ele topou apenas para tentar se distrair, mesmo que tão pouco seria para respirar um ar puro.

Faltava pouco para ele receber seu justo salário pelo trabalho, o contrato valia a pena mesmo diante do stress, isso é, até a morte daquela jovem em especial, porque Yuri já havia tido algum relacionamento com ela. Após caminhar um pouco acompanha de um dos guardas que retornou para busca-lo, no caminho este fora contado a pequena descoberta que fizera, disse para não se preocupar, pois todas as informações não seriam roubadas assim, cuidado que Yuri buscava ter até mesmo não

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revelando a formula das equações para cálculos específicos por temer o roubarem e deixa-lo a deriva, literalmente descartado como todos os trabuqueiros fazem.

- Boa experiência a sua - disse o jovem policial - no entanto, mesmo sabendo que existe gente que até mesmo preferiria vê-lo morto, sabemos nós de sua importância e não pretendemos agir de forma estupidamente ingrata. Sou seu fã. - completou ele deixando sua postura de seriedade beirando quase um garotinho querendo um autografo.

- Lhe agradeço as palavras meu jovem, se o mundo houvesse mais como você certamente seria um lugar mais agradável de se viver. - disse Yuri, igualmente sem jeito com a situação quase constrangedora que o jovem policial se colocou até que por sorte dele, chegou ao local o fazendo dizer que era ali o que tinha descoberto.

Ao entrar, Yuri nitidamente exausto, escutou a sugestão do policial de que acabando aquele experimento deveria sair para curtir um pouco, comemorar, afinal merecia e ainda era jovem, ele deveria usufruir um pouco qualquer psicólogo falaria que tinha que usufruir. No estranho livro, Bronwen, notou uma gravura em especial que havia chamado a atenção dele que ao abrir o livro depois de mostrar o esqueleto caído o revelou, era uma pintura espantosamente parecida com Herbie Von Zanquarius. Surpreso com a semelhança Yuri tentou conter-se e perguntou se era isso que queria lhe mostrar, porém Bronwen sorriu sarcasticamente e disse que não apontando para uma pequena entrada dentro do local o orientado a seguir até lá. Ao entrar viu que o local tinha luz. Era aparentemente um pequeno laboratório de química e física onde ao chegarem a uma mesa viu-se uma foto de Herbie Von Zanquarius envelhecida ao lado de Octavios.

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- Acho que temos que bater um papo com Octavios e Herbie Von Zanquarius - disse Bronwen.

Porém, antes que Malvino Bronwen pense em algo mais o telefone tocou, e este em silêncio ouviu o que dizia a pessoa ao telefone e olhou para Yuri em tom de surpresa levando sua mão até a testa a coçando com preocupação.

- Creio que tenhamos mais um problema – disse Malvino ao desligar o telefone para Yuri. – Seu antigo colega, Richard Newman, está morto. A notícia soou como uma bomba, como poderia haver tanta coisa ruim ocorrendo? Quem estava por de trás disso tudo? Uma única certeza se havia, não poderia ser nada de bom. Na mudança de planos, Malvino se aproximou da casa ultramoderna de Richard, repleta de aparatos tecnológicos de segurança onde passava seus dias reclusos realizando pesquisas esquisitas em seu pequeno laboratório. Cercas fortificadas e eletrificadas tinham avisos de PERIGO: ALTA-VOLTAGEM e CUIDADO: CÂO FEROZ. Porém, seja lá o que for que tenha ocorrido não fora o bastante para impedir que algo de ruim lhe ocorresse. Já era noite, mais uma dentre tantas, e o lugar apenas com suas luzes externas acessas recebeu a ligação de um entregador após não conseguir entregar a encomenda viu pela janela lateral Richard caído. Porém, lá na frente, mesmo sem saber ainda como entrariam, a equipe de segurança responsável pela construção do aparato de Richard que também fora ativada automaticamente utilizava a chave emergencial em caso de morte de seu cliente. Que Malvino sabia que Richard era neurótico, sabia, até mesmo havia instalado um sistema de monitoramento cardíaco ligado à rede pelo sistema de segurança que seguia uma série de medidas preventivas caso alguém o matasse incluindo um alarme à empresa que na realidade com aquele projeto se tornara sócio.

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Recluso, pelo menos resguardou seus direitos daqueles que dizia perseguir e talvez fonte de sua neura. Quando finalmente entraram, Malvino no quarto viu o sistema de ação e reação em proporcionalidade, construído por ele estranhamente ter sido ativado levando a uma pequena reação em cadeia que o aprisionou em sua própria criação. Fazendo porém, uma corda se soltar indo de encontro a seu pescoço o enforcando mas não sem antes ter tempo de escrever algo rusticamente com uma caneta daquelas utilizadas em quadros de salas de aula. Porém as palavras aparentemente sem um sentido muito compreensível dizia: Yuri em risco, anomia eminente quer anula-lo.

Malvino pegou lentamente com uma luva o papel de sua mão e fechou seus olhos. Após ler se dirigiu aos seus computadores constantemente ligados onde uma série de telas planas se ligavam a uma só num descanso de tela demonstrando igualmente simulações virtuais de Ação e reação que se encaixavam como uma espécie de mosaico intervindo por elementos descritos na tela como anomia. Ao sair desta tela uma série de números probabilísticos e números negativos surgiram nas telas, onde abaixo em papeis dizia-se anomia eminente, variáveis crescentes. Malvino apesar de lidar com computadores desconhecia tal, mas logo um dos funcionários da empresa de segurança revelou se tratar de um programa desenvolvido por ele mesmo. Não bastando, Richard era um homem com mania de limpeza, parecia uma espécie de Howard Hughes moderno, igualmente brilhante, mas excêntrico. Um triste fim para aquele reconhecido gênio da computação e mecânica quântica cujas paredes repletas de honrarias, e troféus dividia lugar com fotos e reportagens sobre ele.

Malvino, ainda desfolhando as páginas do diário de Yuri ligando os fatos com o que ocorrera com Richard buscava compreender o que ocorrera em vão, coçava a cabeça, se remexia, levantava e andava de um lado a outro sem chegar a lugar algum

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em seus pensamentos. Ele então resolveu virar mais uma página, a última escrita no diário de Yuri, onde dizia:

“Vi algo estranhamente familiar naqueles subterrâneos, Octavios, era como se eu o conhecesse antes mesmo de conhece-lo, como se sua imagem vagasse em meu íntimo como um dejá vù. Mas a morte de Richard soou como uma última pontada de angústia em mim. Donde vem tanta maldade? Como pode tantas coisas ruins ocorrerem para uns? Tenho que dar uma pausa, descansar um pouco, é como se o medo rondasse cada sombra e penumbra oculta destes laboratórios...”

Dia 7 - Laughter in the Dark Yuri se aproximava após notar os olhos repletos de olheiras de seus empregados cansados provavelmente lamentando os suscetíveis casos ao decorrer daquele projeto os levando a debaterem temas como “Lei de Murphy” do qual Richard parecia compartilhar uma opinião que por mais que fosse excêntrica demonstrasse funcionalidade, ela se resumia a anomia, algo que vez por outra parecia alterar o comportamento das pessoas, subtrair o sentido, lógica, razão... Caminhando entre a sala, cada qual realizando seus experimentos e monitorando os resultados da pesquisa, ao menos uma coisa ótima parecia ser certa, a conclusão do trabalho mesmo mediante tantos “infortúnios”. Finalmente os problemas no sistema foram sanados, bug´s resolvidos, e problemas legais mediante créditos e investidores que davam suporte tecnológicos e jurídico aquilo funcionava. Depois daquilo todos iriam tirar uma ótima folga remunerada com viagem para o lugar que quisesse do mundo em patrocínio dos investidores, isso é claro, após as entrevistas e divulgações dos resultados, então eles rediscutiram tudo que ocorrera naqueles últimos longos dias. Porém, um rápido pique de luz sucedeu fazendo quase que instintivamente Yuri

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descesse até onde havia ocorrido o primeiro crime. Ao chegar lá, após passar por alguns guardas do isolamento criminal, luzes avermelhadas de alarme de energia sucedia constantemente mediante o zumbido do gerador de emergência quando escutou um som de ferramenta caindo no chão. Yuri se dirigiu ao local e no fim do lugar viu numa curva uma sombra e demonstrando surpresa disse.

– Você?! E deixou sua agenda cair no chão sobre uma pequena poça

d’água que rapidamente distorceu a imagem refletida das fracas luzes vermelhas até sua lanterna igualmente caída ofusca-las, deixou um facho de luz até o longo corredor onde uma sombra o arrastava como quem tivesse desmaiado após ser atingido até uma passagem nas paredes os fazendo desaparecer por vez. Malvino fechou as páginas, e teve um insight do que teria encontrado lá embaixo ao deixar cair sua agenda. Quando resolveu ligar para Herbie Von Zanquarius, este atendeu com uma voz de sono como quem tivesse sido interrompido de algum sonho que tinha após o telefone tocar sucessivamente por algum tempo como quem estivesse se demonstrando desnorteado. Subitamente quando Malvino ia pergunta-lo sobre o que tinha feito no horário em que Yuri desaparecera, o sinal demonstrou uma estranha oscilação com um ruído intermitente que dava a impressão de estar num lugar de sinal fraco. Onde ele estava? Ao fazer esta pergunta, Herbie gaguejou demonstrando-se desnorteado, não obstante o eco que ressoava no local dava-se a impressão de estar numa galeria vazia o que levou imediatamente a pensar nos esgotos de baixo do laboratório. Rapidamente, Malvino começou a registrar o sinal da ligação em seu aparelho profissional de receptação e identificação de sinais, mantido dentro de sua casa onde também trabalhava quase como uma

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extensão de seu escritório. Na tela enquanto falava com Herbie viu no mapa apontando um local não muito distante dos laboratórios que correspondia exatamente aos subterrâneos.

Ao desligar o telefone, imediatamente contatou os guardas que lá estavam e pegou um mapa dos esgotos onde tinha rabiscado a lápis a nova galeria do antigo barão recém descoberta, que ao sobrepor sobre o mapa do pequeno computador o configurando ao mesmo tamanho do mapa se encaixou perfeitamente, porém sua ponta recém descoberta formando um perfeito pentagrama. Aquilo fez Malvino mudar sua expressão em sua profunda surpresa ao constatar que estranhamente o laboratório havia sido construído sobre um pentagrama subterrâneo por galerias escondidas e esgotos. Pegou a arma e acariciou seu cão que dormia, e assim saiu em disparada mesmo completamente cansado pelos dias de exaustão.

No carro, viu um acidente no caminho por um semáforo com mau funcionamento. Porém após desviar o mesmo defeito sucedeu aos demais semáforos onde um caminhão cruzou a pista transversal batendo nele. Sinal de verde a vermelho ao mesmo tempo. O amarelo piscava, outro carro colidiu batendo num poste e o poste quase caindo sobre seu carro, de repente as luzes da cidade se apagaram, e apenas seu farol iluminava as ruas completamente mergulhadas nas trevas enquanto outros olhos de fogo dos demais carros pareciam parar nos cruzamentos completamente perdidos, travando o transito só não pior pelo horário.

Ao chegar no local, abriu a porta do carro sendo iluminado pelas luzes azuis e vermelhas que oscilavam. Correndo entre os guardas e subindo a pequena escadaria com seu, sobretudo esvoaçante logo notou que o escuro só não era completo pelas luzes amarelas de emergência. Porém, sem ver um dos guardas tropeçou em algo e caiu sobre uma vidraça a estraçalhando quase sobre ele, e onde um armário com arquivos caiu sobre outro derrubando as paredes de um pequeno escritório do laboratório.

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Mas Malvino não parou, desceu, até os esgotos, quando um rato passou por ele entrando no gerador quando de repente um ruído saiu sucedido por faísca fazendo o gerador parar. Ele acedeu a lanterna, lá encontrou os guardas com quem tinha falado que alertava sobre o gerador, e então seguiram para o local com o mapa na mão dando de cara numa parede que porém rapidamente identificou marcas estranhas como se tivesse sido arrastada ao concreto.

Lá um símbolo ainda mais estranho sobressaltava, uma espécie de 'Y' de ponta-cabeça cujas setas eram como ponteiros feito de forma rúnica e que ao tocar fez um estalo. Logo, Malvino notou haver uma pequena alavanca por debaixo deste entre esta parede falsa e a viga do esgoto a puxando e fazendo a "parede" ir para trás e para o lado arrastando-se atrás da viga. Lá dentro, mais escuridão apenas entrecortada pelos fachos de luz das lanternas dos policiais agora com suas armas devidamente sacadas. O lugar era amplo e havia inúmeros castiçais na frente de diversos canos de esgoto e gás que passam por lá, porém havia outro ainda maior, aparentemente novo, construído ali embaixo para algum propósito, como se fosse algum tipo de acelerador de partículas. Rapidamente Malvino notou se tratar de alguma espécie de templo subterrâneo mesmo que mediante aquelas relíquias houvessem equipamentos ultramodernos ligados. Quando viu um homem abaixado com dois vestidos de branco até aos pés do lado, cada qual com um punhal prateado nas mãos e tendo Yuri amarrado no chão. Malvino aponta a arma para ele e o diz para saltar Yuri, porém este também armado levanta demonstrando estranhamente desnorteado e disse: - Você não sabe o que tem sido feito aqui! – exclamou Herbie – Estamos vendo o limiar de uma nova forma de vida, um novo mundo, uma tecnologia que nos permitirá fazer coisas inimagináveis. Um mundo sem fronteira espaço-temporais.

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Apenas precisamos dos dados de Yuri para poder completar as peças resultantes deste mosaico.

- O que você está fazendo Herbie, solte sua arma! – Exclamou Malvino apontando a arma para ele junto aos demais policiais com seriedade. Quando um dos homens de jaleco branco o interrompeu após olhar um monitor dizendo estar pronto a decodificação.

Então simplesmente ignorando os policiais arrastaram Yuri até uma pequena mesa e após Herbie acionar alguns botões um zumbido começou crescer por aqueles canos, quando uma voz surgiu do escuro dizendo.

- Não é para ser assim Herbie, sua consciência esta

envenenada! - Ao sair das sombras revela-se Octavios, já vi você antes e

agora compreendo o que ocorre aqui. - Você não pode agir na marginalidade do Sindicato, nem

de qualquer lei, não é somente você um dos fundadores, não pode subverter todos os valores antecipadamente, principalmente aquele que o concebeu, você não pode encontrar o que procura, não sem consequências anomia, é o que você está criando aqui. Sei quem é você, você é parte da própria anomia, não segue elementos quaisquer das legislações universais, nem tão pouco instintivas.

Herbie então demonstrou-se estranha e rapidamente desnorteado, porém ignorou-o, mas o zumbido crescente começa a suceder um rápido tremor enquanto as luzes oscilavam novamente. Os policias agora perdidos buscavam se afirmar com suas armas quase como se tivessem lá esquecidos, o que está ocorrendo? Se perguntavam enquanto eles olhavam em volta contemplando toda estrutura a tremer e vibrar quando um som surdo fez com que tudo sacudisse e caíssem pedaços de concreto

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do teto do lugar, sucedendo uma desorientação de consciência sobre todos naquele lugar, inclusive os policiais.

Herbie levantou o punhal e falando palavras estranhas sobre Yuri parecia o querer matar ao dizer claramente.

– Agora vos liberto deste corpo a mando dos cinzentos do

tempo. Porém ao ver isto, Octavios correu, mas como se vendo variáveis futuras dele matando Yuri e em seguida após salva-lo um dos homens de Herbie atira fatalmente sobre ele, este se jogou, mas mudando sutilmente sua posição o tiro pegou em sua barriga.

Vendo aquela situação imediatamente os policiais

atiraram sobre os homens que mesmo após aparentemente desviar de alguns dos tiros, acabaram por cair mortos quando de repente, uma luz estranha surgiu irrompendo um facho que ao tocar o chão turvava e curvava aparentemente o espaço daquele lugar como se algo varasse a matéria espacial e temporal. Assim uma sombra surgiu como de um pequeno ser cujos apenas os olhos se tornaram visíveis num tom de vermelho brilhante, isso fez com que Herbie falasse após o tremor faze-lo cair de joelhos, o termo homo nulus!

Mas vendo-se todo lugar desabar fez com que estes corressem estranhamente prevendo onde cairiam pedaços de concreto e pedra, apenas dando tempo de Malvino segurar junto a Yuri, Octavios ferido no chão quando um grande pilar desmoronou sobre o equipamento e gerador principal daquela imensa máquina subterrânea fazendo o zumbido cessar e igualmente aquela estranha fenda desaparece diante dos olhos de Herbie cuja sua reação fora de desespero até desaparecer sob os escombros que tomavam o lugar. Pelos corredores, quando finalmente tocaram a luz do lado de fora, os primeiros raios solares saiam revelando, no entanto, uma imagem desoladora de centenas de pessoas correndo nas ruas, saindo de suas residências

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desesperadas quando um pequeno prédio desabou e uma fenda na rua se abriu revelando uma enorme cratera que engoliu uma das viaturas policiais, tornando visível apenas as luzes de sua sirene. Quando o som cessou todo lugar coberto de poeira fez com que Yuri ao recobra-se do horror ocorrido se virasse a Octavios que ferido e pálido no chão em meio ao sangue olhou para ele e sorriu dizendo.

– Mais uma vez salvo. Ao longo do dia notícias em todos telejornais revelava o

ocorrido, nos subterrâneos do Sindicato, não bastando a série de crimes anteriores, porém, para sorte de Yuri, o projeto fora salvo imediatamente após ser concluído, e mesmo que todo quarteirão agora estivesse isolado e assim todos os experimentos científicos cancelados, a teoria de Yuri havia sido comprovada teoricamente pelas informações ali cedidas, e para surpresa do grupo de cientistas divulgado com grande sucesso mesmo mediante a tragédia ocorrida envolvendo Herbie como traidor responsável por mortes tal como de sua tentativa do mentor, Yuri, mas o fato, é que agora após ele e sua equipe receberem o merecido prémio e títulos onde saíram em jornais e revistas com fotos deles e do herói Octavios. Porém, algo o incomodava, onde pouco antes de ir numa viagem merecida com sua equipe, passou no hospital a visitar Octavios. O caso desde que fora resolvido, tudo deu certo para Yuri. Porém, Octavios, havia desaparecido...

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VII Unkown Mainstream

"Não é o gênio que está um século à frente de seu tempo. É a humanidade que está cem anos atrás dele." Robert Musil - escritor austríaco Algum lugar da Europa, 25.000 a.C. Uma grande campo coberto de flores amarelas parecia brotar com o fim do inverno, na planície não muito distante de uma pequena nuvem de fumaça que sinalizava um local onde haviam homens e mamutes vagavam comendo o alimento que brotava da relva. Quatro jovens humanas surgem caminhando alegres colhendo flores e colocando sobre os panos simples de suas roupas, rindo elas se aproxima de um bosque junto a um monte quando de repente surge um tigre dentes de sabre saltando de sobre um monte de mato, assustadas ela correm até as pedras do inicio do monte onde encontram uma caverna e entram na esperança de fugir daquele enorme felino. Porém, uma sombra surge da escuridão emitindo uma luz tremule que se intensifica e toma forma a medida que se aproxima, então do silêncio o ruído de passos e sombras alongadas parecem surgir de todos os lados revelando desenhos nas paredes e próximo artefatos. Assustadas uma segurando as mãos das outras se dirigem à entrada da caverna onde olham para fora na esperança de que o predador já tenha saído, e saem. Entretanto, ao caminharem pelo bosque notam estarem sendo seguidas enquanto vozes sussurrantes entoam algum tipo de dialogo quando de repente ela se depara com um homem, não muito grande, mas com longas barbas e vestido de pele com uma arma similar a de seu povo, era um Neandertal. Em sua língua este começa balbuciar algo a estas como se elas fossem animais a serem encurraladas logo dando margem a mais dois destes pelos lados.

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Desesperadas elas correm pela mata a procura de sua saída, mas era tarde, elas haviam se perdido. Assim sem perceberem, se viram cercadas por um grupo cada vez maior de neandertais que com lanças e pequenas armas de fio rudimentares as atacaram puxando-as pelos seus belos cabelos e fazendo uma destas desmaiar com uma única pancada.

Ao acordar se vem novamente numa caverna, quando se levanta vê uma de suas amigas chorarem encolhida amarrada com uma coleira no pescoço como se fosse um animal quando um destes a vê acordada e se aproxima lentamente num tom esquisito. E sussurrando palavras de difícil interpretação. A olha com olhos de cobiça, e estende sua mão sobre ela, a passando sobre os cabelos e por seu corpo colocando a língua para fora e dando um sorriso maldoso.

Não longe dali, gritos se ouvem, gritos da jovem, perdidos entre sombras e sobras de animais mortos por eles. Após, usarem as jovens um deste resolve a matar, e então desesperada uma das jovens ataca o homem o tomando sua faca e corta a corda em seu pescoço dando tempo apenas de saltar, mais uma destas e sair correndo...

Uma vez na mata, as duas correm segurando uma mão da outra, desesperadamente quando conseguem se deparar com aquele campo que há alguns dias havia encontrado. Finalmente livres dos coitos e do sangue eminente...

Ao chegarem entre os homens relata tudo que ocorrera com elas, e furioso o seu líder parece querer vingança, pois sua filha havia ficado lá. No dia seguinte, aquele belo campo, agora havia centenas de homens que rumavam em direção aos montes com lanças, facas rudimentares e machados de pedra. O tigre dentes de sabre foge e desaparece entre as pedras, alguns mamutes carregando mais armas, e mantimentos engrossam o coro deles, mas os neandertais pareciam prever algo assim, pois haviam muitos e muitos deles a saírem das florestas. O que se seguiu fora um triste e lamentável combate entre as matas e os

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campos onde gritos neandertais se misturavam ao de homens onde o sangue de ambos se misturava aos corpos caídos. Os homens venceram, e com triunfo conseguira libertar a outra jovem que sob o domínio deles ainda estava. Mas aconteceu que com o tempo, duas daquelas jovens tiveram suas barrigas crescendo, e vendo tal com desespero e pesar, seus pais se dirigiram ao líder do qual com tristeza constatou que estavam grávidas dos neandertais, eles não poderiam aceitar aquela herança entre seu povo, e entre lagrimas as duas jovens foram expulsas do lugar e vagando por mais um inverno tempestuoso em busca de abrigo com os pouco mantimentos encontraram abrigo numa caverna abandonada pelos responsáveis por tal, lá elas entre as dores de seus corpos ainda jovens e a de sua alma por sentirem-se sós, abandonadas e desprezadas deram a luz a três bebês, uma dois gêmeos e outra um. Mesmo que seus corações pesarosos se relutassem a aceita-los eram crianças formosas, saudáveis e seu instinto de mãe as compelia cria-los...

Muitos anos se passaram quando aqueles agora jovens se dirigiram por acaso ao antigo lar de suas mães, com olhares estranhos, frios e impetuosos, mas com a mesma aparência de suas mães logo encontraram acolhimento entre aquele povo sob mentiras de que eram viajantes de alguns parentes na Ásia, mesmo sob constantes latidos de cães. Mas não demorou muito para que seu ímpeto ladrão assim roubasse, e começasse a cometer crimes quando num dia ao espiar uma casa um destes contemplou uma destas humanas se despir, seu belo corpo nu, com seus longos cabelos faziam seus hormônios entrarem em ebulição de forma descontrolada.

Ele então, sem hesitar, penetrou o lugar e sob um forte temporal, entre raios e trovões repetiu o mesmo ato que o concebeu em sua origem, quando este ao ferir a jovem viu sua mão coberta pelo sangue apenas visível pela luz dos raios como se de repente, algo dentro de si o fizesse sentir prazer por aquele ato

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tão cruel e perverso, mas vendo que seria pego, preferiu esconder-se e esconder aquele ato, jogando-o sobre um jovem que lá passava. O ato, simplesmente custou a vida dele diante daquele povo, que morto a pedradas pelo ato estranhamente o "viajante" demonstrou um discreto sorriso de alivio e ao mesmo temp o satisfação em ver que ele era condenado no lugar dele. Porém, algo havia estranho com o céu, algo que este jamais havia visto, como uma nuvem negra, um buraco existencial do qual este acreditou ser algum tipo de deus, mas que cresceu e consumiu todo aquele vilarejo, restando a ele fugir com os demais. Algum lugar do Futuro Ódio, violência, corrupção, soberba. O mundo se tornou um lugar horrível de se viver, os humanos se esgueiram como larvas rastejantes numa existência redundante, repetitiva e vazia. As cidades coalhadas de seres perdidos em busca de um espaço acabam apenas por lutar por suas vidas em busca da mera sobrevivência social, onde vence o que resiste mais física e psicologicamente, os normopatas entre ordinários. Vidas que cada vez mais são subtraídas de sentido e propósito, pior que as próprias selvas destruídas por aqueles que se dizem seus defensores onde se existe mais coerência mesmo que não exista lei e crime. Entre os homens não reina nem o mais forte, mas o mais corrupto e cruel, os talentos e dons legítimos são grandes quimeras mortas e mortais junto a honra, uma perspectiva abandonada as moscas, junto a ética.

Não há segurança, o pouco que alcançam seus objetivos e seus sonhos é pela estupidez, violência e corrupção destruindo algo chamado ética e as leis construídas ao longo dos séculos pelos governos dos homens em vão. Com o aumento escalar da violência pessoas migram para as áreas de praia e para o interior, levando junto com elas o pesadelo da violência e injustiça, como se o inferno as seguissem.

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A humanidade tem sua identidade desfigurada. A sociedade se tornou uma autocaricatura aberrativa de nossa humanidade que se esvaece por dentre nossos dedos como o sangue de uma criança inocente morta de forma estúpida por pedófilos famintos.

Tudo e todos se tornaram perecíveis e substituíveis, a única coisa constante é a inconstância pregada pela moda de ideias que se sucedem repetitivamente sob o falso título de novo, e de novo enquanto de bíblias e outros livros eram queimados publicamente em meio a orgias descontroladas.

O Governo do mundo caiu. Depois do mundo mergulhar num momento de anarquia psicótica, os causadores de sua queda e do caos tomaram partido e se disseram a solução, numa autocracia que consegue ser pior que o esboço de caricatura malfeita que se tornara à democracia...

Décadas se passaram a desabrochar a verdadeira face de um novo patamar de pesadelo para a humanidade. A civilização chegou a um estupendo grau de avanço científico onde o homem é uma espécie de transgénico modificado geneticamente em seus dotes, talentos a fim de se enquadrarem em determinadas classes, tipos e funções os dando habilidades especificas para sua função pré-determinada. Nas cidades circulava um misto da cultura árabe com japonesa repleta de néons e imagens holográficas em sua maioria de pessoas mortas de forma misteriosa que repetiam mensagens pró-governo.

Apesar deste mundo ser altamente tecnológico, a tecnologia tal como a ciência fora completamente controlada e dominada pelos tentáculos de um governo presente massivamente por toda à parte. Este governo opressivo e sem escrúpulos do qual não permite acesso ao povo a essa tecnologia e a toda a verdade, mas cultiva apenas a ignorância como meio de fazê-los acreditar que os feitos pela tecnologia seriam na realidade milagres de algum tipo de entidade divina. Desinformados e constantemente enganados por sucessões de hoaxs por uma

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impressa completamente de fachada e controlada a rédeas curtas estão completamente entregues a esse cruel poder contra o povo, onde os poucos que ousam desafiar esse nefasto poder de repórteres a até políticos simplesmente desaparecem misteriosamente ou sofre de um estranho mal Súbito determinado com Síndrome de Veritas.

Implantes cibernéticos nas pessoas passam constantes informações que as orientem e as aterrorizem caso infrinja a vontade do tirano governo, onde qualquer um pode ser uma vítima potencial e próxima a morrer pelos desígnios cruéis deste. Ai daquele que sair das escalas da calma, demonstrando nervosismos ou ondas cerebrais que denotem ódio, o ódio é uma patente exclusiva desse governo que cultiva humanos em sua aplicação.

Muito similar a um formigueiro à vontade do individuo é substituída pela vontade coletiva induzida, onde o homem deixou de ser dono do próprio querer. Não há exploração espacial, todo movimento científico é deliberado apenas a objetivos comuns dos liderantes, resumindo o homem a um conhecimento limitado e presos a terra. Nesse mundo futuro onde as mulheres são praticamente cultivadas para procriação e diversão sexual, elas são separadas pelos genes onde as que tem os genes mais fortes são para a procriação e as mais belas para diversão sexual. Treinadas desde a infância as que não se enquadram nos dois critérios são mortas e "recicladas"...

As únicas que conseguem fugir a este estereótipo social forçado é uma pequena classe de Soldados que servem a autodenominada elite do governo a fim de verificar quaisquer transtornos sociais entre as classes operárias e auto-eletizadas chamadas Omnis. Em meio a isso, como chamada "fonte" do saber comum uma pequena legião de pessoas de uma antiga linhagem que mesmo sendo superiores intelectualmente e espiritualmente são chamadas sub-humanas, escravos. São os Onicogs.

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Partindo-se de descontentes revoltosos contra esse sistema feito apenas para servir este governo, se aliam ao de outras classes a fim de buscar a libertação deste sistema opressor. Seu principal objetivo é libertar um dos Onicog "cerebros-escravos" chamado Gesur Nierming que contando com alguns poucos membros dos soldados da elite e mulheres revoltosas formaram um grupo radical chamado 'Esperanto' cujo foco é derrubar a Autocracia. "E o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue." [Apocalipse 6.12]

Porém, em paralelo a isso estranhos sonhos coletivos surgem ligando-se as demais classes e desestabilizando o sistema de controle criado, por um personagem chamado Octavios. Ao poucos os temores ligados a um estranho fenômeno e a estes sonhos vai mergulhando o sistema numa anarquia.

O Fenômeno desconhecido após a explosão da estrela Betelgeuse surge e urge nas fronteiras do sistema solar, deixado as elites científicas intrigadas, uns dizem ser uma espécie de falha na estrutura do espaço-tempo. Inicialmente se torna visível da terra apenas em noites claras, mas ao poucos, em questão de poucos dias surge durante o dia como um rasgo no céu, uma linha oscilante que de forma crescente vai cobrindo as próprias estrelas a ponto de escurecer o sol.

Essa misteriosa matéria negra avança por sobre a Terra aparentemente crescendo ao sugar toda forma de energia (da luz à eletricidade) por onde passa. As noites se tornam cada vez mais longas até o temor de que se eternizem, e durante estas os que se exporem morrerem como sugados até literalmente virarem pó. No inverno os dias se tornaram mais curtos e as noites mais longas...E Mais perigosas, no inverno do milênio...E 1/3 das estrelas sumiram, e em seu lugar um 'escuro' profundamente frio e

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assustador que arde a pele até a alma...Foi para nos mantermos seguros da noite que foi criado o sono?

Assim mediante o crescimento e enormes perguntas trouxeram um descontentamento nas vísceras dessa sociedade, e dela a inquietação tão combatida por seus tiranos. Alguns destes filósofos referem-se a estes sonhos como lembranças de vidas passadas ou relacionada memória genética ancestral, mas as interações sugerem um mesmo instante naquele tempo, mas numa espécie de dimensão paralela o que imediatamente liga estes ao fenômeno espacial como um vortex que se abre. Referindo-se a estes sonhos coletivos como um eco-existencial, no entanto, gradualmente, à medida que aumenta uma estranha escuridão toma o lugar do qual os expostos literalmente começam a desaparecer. Tornando eles o eco na existência, pois em algum lugar do “espaço-tempo” o destino toma seu lugar num futuro atípico. Todas as coisas... Enquanto isso num enorme salão de luxo pessoas em trajes de gala anunciam uma grande descoberta, sucedida pelo prémio e tida como revolucionária para a ciência desde Einstein, onde o supostamente autor recebe o prémio e é contagiosamente aplaudido com vigor pelas pessoas no auditório que se levantam entusiasmadas. Em seguida, segue-se um verdadeiro banquete do qual são servidas lindas mulheres especialmente ao "vencedor".

- São medidas preventivas de lazer - diz um destes - Temos que dar esperanças a todos, ou ao menos orgasmos. Por isso enviamos de nossas bonecas para estes, todos.

Porém, enquanto festejam a glória o verdadeiro autor da

descoberta Gesur Nierming, mantido isolado da sociedade a espera de ser castigado pelos erros dos demais, as poucas vezes que sai uma marca o identifica como quem ninguém pode lhe dar

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crédito ou atenção, ele não tem direitos, muito menos quaisquer recompensas por todas as descobertas e feitos já realizados, antes é constantemente ameaçado mesmo que de forma discreta quando abertamente.

Enquanto aplausos e orgasmos sucediam em suas festas mediante a glória do sujeito por suas “descobertas”. Dois soldados da elite, vestindo seus trajes negros e altamente armados se aproximam de Nierming e segurando pelos braços o leva até um lugar depois de deixar seus aposentos, um velho computador onde escrevia suas teorias e teses, ‘é hora' diz um destes.

Mas sem saber, o homem enquanto é levado os dois soldados se entreolham e com um sinal atiram sobre os demais os matando e o joga dentro do carro afim de livra-lo de seu destino de espetacular injustiça.

Enquanto passam pelas ruas repletas de pessoas de existências miseráveis e assustadas diante de enormes telas de Tv anunciam repetidamente programas e propaganda sobre o governo com mensagens como 'a nossa grandiosidade, glória e perfeição'. E orientações sobre a anomia espacial e sobre os sonhos, como pesadelo coletivo errante. Sucediam assim as desculpas e pretextos de que não seguissem seriam castigados por Deus.

No saguão, homens presunçosos e cheios de si, gargalhavam alegremente sobre a humilhação de Nierming criado como um animal enquanto as belas mulheres nuas os tocavam e faziam verdadeiras acrobacias sexuais para agradar os desejos depravados deles. Mas de repente, um som irrompeu o salão, todos pararam e as jovens levantaram o olhar, um dos homens, um negro gordo de gravata borboleta cujos miolos se encontravam espalhados no chão, vez algumas das mulheres correram, todas para uma só direção. Assustadas, pois somente eles poderiam desejar e fazer isso aos seus escravos os fez mudar o tom para rápido desespero. As mulheres viraram o fim da porta e ela se fechou, ainda atordoados viu-se um clarão a consumi-los

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em chamas tão rapidamente, do qual suas bocas ao se abrir mal deram-se tempo se de ouvir seus gritos.

Ao longe, parecia um espetáculo distrativo para o povo, no alto da torre uma bela luz iluminou a cidade ao inicio da noite. Nierming no breu de repente vê portas velhas de ferro se abrirem lançando luzes que cortaram a escuridão de sua vida redundante, lá dentro algumas daquelas lindas mulheres resgatadas da violência dos coitos, e homens maltrapilhos repletos de cicatrizes vagavam em seus afazeres com olhares repletos de magoas de sua vida na “civilização”. Abriu-se as portas do Esperanto, onde quer que existisse...

Estupro diplomático, paz violenta, contra tal sua guerra que é apenas pela sobrevivência, por ser e para ser eles mesmos. Assim eles não vieram meramente resgatar Gesur Nierming, mas sim sua própria honra mais que uma palavra, mas uma visão a muito perdido. Perdida mediante suas próprias identidades sentidas apenas numa nostalgia de querer puro e livre, se esvairia por entre seus dedos a cada geração num massacre moral silenciosamente ocorrido em nossas vísceras. Isso ficava implícito nas palavras e nos olhos grandes e tristes daqueles que agora olhavam silenciosa e atenciosamente Nierming com respeito, fazendo este se sentir como mais que um mero produto a ser consumido, escravizado, mas uma quase encarnação de significados de honra, verdade e humanidade. Nobres maltrapilhos, agora também a palavra fé emergia em seus olhos e Nierming se tornara um signo ambulante que misturado a outras memórias do qual nem sabia fazia-se sentir estranho.

Seus semblantes envelhecidos pelo sofrimento e dor da penumbra daquela sociedade, agora dava vazão a raios iluminados de alegria num esboço parcial de felicidade espremido num instante de grande intensidade. Mesmo sujo e acabado, Nierming era belo, belo como os maltrapilho pelo seu querer nobre que o livrou da barbárie pós-moderna dos soberbanos normopatas que tornava sua vida sem sentido, banal e dolorosa

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prestes a concluir sua estupidez imposta pelo ciclo inicial, nascer, crescer, sofrer e morrer.

Ao se dirigir ao recinto de seu líder um homem se virou, seu rosto muito similar a algo que já vira, mas não era possível descrever como e onde, porém demonstrava marcas e cicatrizes de torturas anteriores, porém mediante aquela carcaça arruinada pela dor e opressão do qual sobrevivera, rapidamente, algo belo emergiu destoando por completo, e num sorriso lhe estendeu a mão se identificando, Octavios. No meio de devaneios e sonhos, Nierming se lembrou, onipresente casual nas mentes dos robores da civilização. Nierming, aliviado, sabia que não seria mais obrigado a sobreviver os coitos, e perseguições do Omni, mesmo que surpreendentemente foram dois que o salvaram.

- Como estamos empolgados - disse - receio que entusiasmo e fé sejam palavras pouco usais por aqui! Mas você as trouxe, e agora podemos ter nosso momento mesmo que apenas o seja.

Livre estava dos extremistas hediondos, Nierming sentiu-se em casa mesmo sem nunca lá ter pisado, sabia que estava seguro, sabia que não seria morto como um bicho cultivado pelos antigos rebanhos bovinos, devorado, humilhado e traído estupidamente e sucessivamente como naquele outro mundo de onde saíra, afinal lá traí-lo seria como se traírem, para os próprios, sua própria fé e esperança, defecar sobre o próprio prato que come estupidamente. - Você deve se perguntar o que é Esperanto. E lhe digo, nada mais que um nome, pois somos a sobrevivência, o fiapo da humanidade escorrido pelo ultraje de doenças, palavras perdidas pela humanidade – disse Octavios ao pegar o controle de uma Tv – O que você vê é a fé, verdade, respeito lutarem para voltarem existir neste mundo.

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Na tv, as imagens da explosão da torre repleta de autocratas que deixaram a existência de opressividade impositora para sempre. Com uma certa satisfação, ele demonstrou o seu desdém por aqueles porcos sádicos duma consciência pateticamente corrompida de forma irreversível que canalizavam todo seu prazer na degeneração da humanidade em na covardia de ter prazer em ver a traição e sofrimento daqueles que cultivavam, como um menino brincando de matar formigas e ver-se elas desesperadas tentando sobreviver. - Você fez isso? – perguntou Nierming – Talvez pessoas inocentes tenham morrido! - Você sabe quem foi que lhe abriu esta porta? – Perguntou Octavios – Fora nada mais que uma vítima do sistema parcial criado para diversão destes, cujas “leis” se assim podem se chamar, oscilam entre um extremo e outro conforme exclusivamente a vontade deles. O jovem ia morrer especialmente, por encargos desumanos para pagar de forma cruel, sob medida, evidentemente. – Octavios pega um copo com um pouco de bebida e lhe oferece - Uma quase exceção como um Onicog como você, criado para sofrer e morrer estúpida e pateticamente sem qualquer sentido e moral. Sob tal aspecto, digamos que sou eu quem busco trazer a tona uma palavra chamada moral pela proporcionalidade existente apenas para alguns, óbvio. Porém, se acha que fora um erro talvez deve-se ser conduzido até o abatedouro a mando daqueles que lá jazeram. - Não demonstro ingratidão por ter-me resgatado da condição de ultraje e infindável sofrimento até o morrer redundante – disse Nierming – Mas e as jacobinas de luxo que lá estavam? Por exemplo. - Muitas destas tinham seu próprio querer a uma vida de exclusiva promiscuidade, existiam apenas como simples receptáculos dos ultrajes daqueles monstros, do qual as que

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despertaram para uma existência mais significante além dos meros coitos acrobáticos se retiraram a tempo deixando a aquela existência antes que se afogassem no semém daqueles porcos doentios. Como deve saber não obstante, também eu fora um Onicog, profundamente castigado por querer ter uma existência mais significante, que não se resumisse ao sofrimento e humilhação sem qualquer proporção da autocracia e dos Omni.

- Porém mediante os últimos acontecimentos da sucessão deste estranho fenômeno espacial os autocratas tem ficado inquietos especialmente pelo povo. Não bastando virei algum tipo de celebridade onírica, fato que estranhamente compartilho ou vivenciar visões de outros mundos, como se na realidade até mesmo isso fosse um sonho. Sobre o fenômeno que avança junto a opressão daquele mundo a engolir como uma repulsa do universo para aquilo, a inexistência como definia estranhamente.

Muito mais que meras palavras, conforme dizia Octavios, ele sabia que algo ruim estava ocorrendo de tal modo que afetava o próprio tempo de alguma forma, mas não saberia dizer o que era. Isso, no entanto, era por demais uma evidência das consequências no mínimo de algum experimento, que não obstante, mediante os efeitos colaterais usaria a favor deles para buscar desprender o povo da opressão dos autocratas. Estorno & Estorvo As luzes de néons da cidade pareciam denunciar mesmo mediante a noite um movimento intenso de pessoas por suas vias após os trabalhos constantes de demasiado a se divertirem nos lazeres impostos e limitados por este governo, era opções limitadas apenas em conformidade ao jogo destes poderosos, de modo que até mesmo se divertindo serviam assim a seus propósitos. Porém, aquela noite era diferente, de perto as ruas estavam vazias, um alarme soava e mesmo com todas as luzes parecia uma cidade morta, deserta, quando do alto, mesmo mediante a já escura noite,

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algo como uma nuvem se precipitou fazendo com que as pequenas luzes de néons se tornassem menores como se os raios destas se limitassem a si próprio numa nevoa que não bastando rapidamente fez parecer à rua escura a semelhança dum abismo cujo fim não se poderia contemplar plenamente. As luzes de repente oscilaram e sucederam a se apagar com perpetuamente mergulhando na treva sombria daquela semelhante nuvem, mesmo que advinha das fronteiras do sistema solar. Nada se movia, o silêncio parecia ser um eco da própria luz sufocada pelas nevoas da inexistência como alguns se referiam, quando de repente, um jovem saí dum dos estabelecimentos e correndo atravessa a rua onde alguns doutro lado podia-se ouvir suas vozes os chamando, dizendo ainda haver tempo.

Ele rapidamente contemplou o céu na completa treva medonha de modo que sentia-se arrepios até a espinha, na alma dormente de seu "corpo" abstrato, mas sem hesitar prosseguiu correndo em fugaz desespero ao ver as sombras crescerem pelas ruas fazendo-a desaparecer diante de seus olhos logo atrás de si, no antecipado surgimento as sombras de silhuetas dos néons e postes pareciam crescer e destas saírem como braços a querer-lhe tocar como se algo infernal estivesse se libertando apenas a sucumbir a todas as coisa a sua volta onde uma pequena planta que crescia as marginais da rua simplesmente se esfarelou-se com o tocar destas sombras. O jovem, porém, ao correr parecia estar cada vez mais distante do ponto de onde ia, como se o espaço e o tempo se alongasse se torcendo e contorcendo em agonia, seus olhos agora expressavam o medo estampado e em sua agonia, sentia-se como se corresse sem sair do lugar quando as sombras a ele tomou o fazendo mergulhar nas trevas diante dos olhos de seus companheiros a contempla-lo a inexistência. Lá dentro ele viu-se secar, sua pele, seu corpo pouco-a-pouco virar pó e desaparecer se tornando igual à mesma treva, sem nem ao menos poder gritar.

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Aqueles seres das sombras pareciam aguardar quando aquelas nuvens cobriam onde tocavam para andarem livremente a mover objetos e mesmo que não se pudesse vê-las poder-se-ia senti-las e ver o que realizaram com o dissipar das trevas. Cercavam os grupos a espera de um desgarrado para atacar, tal como animais nas savanas africanas com os rebanhos e manadas. Não tinham face, nem brilho, apenas suas silhuetas pareciam como nossas sombras que ganhavam vida e consciência agindo por si próprias contra nós. Alguns diziam, no entanto, que só era possível se ver seus olhos como pequenos flashes de luzes vermelhas, no que alguns chamaram de homo nulus...

- Ohh, o que há de tão errado com nosso mundo? - disse angustiado um dos autocratas - às vezes sinto-me como se estivesse numa coisa vazia, como se estivesse desaparecendo. Talvez o problema seja a resistência que vive como ratos pelas frestas, devemos capturar Octavios, tenho tido sonhos com ele, não obstante foram eles que destruíram nosso saguão para libertar Gesur Nierming.

Um dos Omni foram chamados e passado um rápido pedido de operação partindo-se do esboço de brienfing deste autocrata, onde olheiros espiavam de um lado a outro os movimentos de saída do grupo, mesmo que em sua posição não permitia um ataque direto, pois se escorava nas fundações da cidade em grandes prédios o que poderia literalmente fazer a imensa megalópole desmoronar como peças de dama num efeito dominó.

Ao longe a cidade parecia um monte de espinhos apontados para o céu onde níveis inteiros se ligavam a outros prédios em criações de plantas em verdadeiras pequenas fazendas, onde eram poucos que andavam ao nível do mar, mas apenas responsáveis pela manutenção e alguns operários, quando não indesejáveis fugitivos. Mais abaixo, lá dentro do esconderijo

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de Esperanto similar uma pequena cidade com muita iluminação e pequenas ruas, pessoas livres tinham cães e outros animais domésticos mesmo que obviamente improvisada escavada deliberadamente nas fundações da cidade como salva-guarda de que se algo os ocorresse simplesmente detonariam bombas subterrâneas que faria seu mundinho opressor desmoronar.

Mas Octavios tinha outro plano, um último túnel levava até a fundação de um dos prédios de comunicação onde cabos subterrâneos não somente de energia, mas transmissões ficaram evidentes, e aproveitando-se disto, obviamente seus técnicos não somente desviaram fonte de energia como preparam para enviar um sinal alternativo as emissoras para revelar os acontecimentos, onde numa transmissão feita pelo próprio Octavios anunciou.

- Povo de Megalópoles, como devem perceber um evento bastante singular tem atormentando não somente a autocracia que cuja existência vocês servem, mas vocês sejam acordados ou não, muitos de vocês que me conhecem apenas oniricamente aparentemente simplesmente desapareceram nesta nevoa de inexistência. E apesar de seus cientistas estarem trabalhando para tentar descobrir os porquês, se tornaram vítimas de si próprio em sua opressão até na ciência, não investigam hipóteses imparcialmente e se limitaram a este mundo a um ponto de vista egoísta e de soberba de modo que parece haver respostas, mas não que sua tecnologia seja capaz de conceber. Sim, estes preferem inventar desculpas e pretextos para este efeito, entregar mais mulheres para o consumo, do que compreendendo-o de forma claramente imparcial e factual, sua ciência é uma fachada, uma quimera, se não a causa do próprio evento, onde se escondem dizendo ser Deus sem. Mas nós temos mentes livres que ao contrário a estas não são compelidas a um saber de forma em seu próprio querer, mentes estas que são capazes de conceber tecnologias consideradas perdidas e até mesmo buscando

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respostas, esse evento demonstra um erro, um desvio temporal algo que talvez não devesse ocorrer...

Após esse anuncio, a população não se acalmou mesmo com exemplos de controle pelo medo, alguns considerados lideres de algumas campanhas de protesto foram sufocados pelos Omnis e outros mortos com a Síndrome de Veritas. Mas Octavios mesmo jamais visto pelos olhos se não por mentes adormecidas agora tinha ele por uma espécie de celebridade pós-onírica, uma espécie de libertador junto a Gesur Nierming, e por isso mesmo alvos centrais da autocracia.

Mas Octavios tinha de subir numa missão especifica de resgatar uma jovem que poderia ter informações importantes sobre uma máquina de leitura temporal e quântica, dum projeto iniciado há muito tempo atrás, mas engavetado posteriormente a mando da autocracia por não "atender os desígnios do governo".

Ao subir, disfarçado com um bigode e um longo sobretudo cinza caminhou sob os olhares estranhos do povo e junto a mais dois ex-omni e Gesur - que sabia informações sobre ela - e se aproximaram do ponto onde a jovem estava, sabendo-se daquele horário onde estaria mesmo mediante o risco das Trevas descer naquele horário mediante os períodos do dia, do qual cada vez mais crescia tomando mais tempo dos dias. Mas Octavios tinha de arriscar e assim os dois Omni com seus sniper rifles sinalizaram em pontos estratégicos quando Gesur a abordou discretamente olhando aos lados enquanto recebia sinais de quando estava seguro. A jovem surpresa por ele estar vivo, o perguntou o que lá fazia e o que queria, mas sem tempo ele disse apenas para segui-la que seria liberta deles.

Brittany Century era uma jovem muito inteligente, mas que por ser bonita obviamente tinha de passar mais tempo servindo ao sexo do que com pesquisas sérias e realmente produtivas, resumindo sua vida a uma sucessão de meros coitos redundantes. Gesur demonstrando claro nervosismo acenou

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discretamente a um dos ex-omni que estava num andar superior numa guarita tomada, para dizer que havia conseguido pegar o alvo e seguiu com ela para baixo enquanto Octavios ia para onde ele estava a fim de certificar-se de que ninguém vinha. Porém, naquele justo momento as trevas desceram pela cidade, assim ao fim do dia, mesmo que ainda raios de sol cortassem o céu, os fazendo literalmente secar ao desaparecimento, e todos a correrem.

- Vinte minutos mais cedo - disse Octavios no transmissor - a anomia está aumentando rapidamente. Corram que vou em seguida.

Porém rapidamente o vão entre um lado da travessia e

outro se viria deserto e tomado por sombras alongadas como num crescente abismo de inexistência onde à distância entre um ponto e outro parecia aumentar se torcendo. Porém, friamente Octavios ainda retirou de seu bolso uma pequeno aparelho rústico, mais funcional, criado por ele mesmo com uma pequena bússola e relógios de medição demonstrando uma clara discrepância no tempo e no espaço!

Vendo-se sem tempo de fazer mais medições ele viu uma pequena passarela logo acima que dava a outro prédio, mas que ao subi-la as sombras tornando tudo em sobras devorou as plantas ao seu lado quando ele vendo sua própria sombra como numa alucinação mexer-se por conta própria a querer toca-lo. Quando viu-se cercado por uma visão escura a se turvar pelo silêncio agonizante enquanto olhos vermelhos pareciam piscar a sua volta, mas que ao invés de toca-lo parecia temer e duma voz das trevas disse-lhe.

- O que estais fazendo aqui? Como sua consciência a isso veio? Porque estais em nosso caminho? Queremos este mundo!

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Porém, Octavios tinha mais uma carta na manga ao retirar

de seu bolso uma espécie de sinalizador modificado a um tipo de luz similar ao infravermelho que, no entanto, como numa pequena explosão fez com que o lugar clareasse num curto instante fazendo-se ver os verdadeiros contornos destes seres baixos e com cabeças alongadas cujos olhos vermelhos feridos pela súbita luz expuseram suas estruturas numa visão translúcida, dando tempo de Octavios apenas correr a fim de alcançar o outro lado onde estava indo seus companheiros com Brittany. Se jogou por uma janela quando estilhaços após corta-lo e fazendo-lhe cair seu bigode falso, parou dentro dum saguão onde pessoas se escondiam silenciosamente com o medo estampado em seus rostos, mas que ao vê-lo demonstraram profunda surpresa, isso ao lembrarem a transmissão marginal e de seus próprios sonhos como um fiapo de esperança contra aqueles seres e seu próprio governo mas de pouco servindo se não a ficar visível a algumas sentinelas que apontaram-lhe imediatamente suas armas e um destes disse a outro.

- direto a nós, moleza. White Pain No século XIV. Fim de tarde quando três judeus passeavam num campo cuja brisa parecia fazer uma pequena plantação de centeio esvoaçar como se fosse ritmada pelo vento que as fizessem tranquilamente dançarem dum lado a outro sob um zumbido intercalado desta pacifica brisa. Rapidamente o sol se escondeu timidamente por de trás dos montes no horizonte fazendo as sombras se alongarem tornando os três jovens pequenos diante de suas próprias sombras, mas na realidade eles pouco notavam isto, apenas relaxavam após um dia de trabalho comum onde ao caminharem jogando conversa fora vira as primeiras estrelas

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surgirem no céu, quando um destes de repente apontou ao céu dizendo palavras de surpresa.

- Vejam o céu, como está estranho!

Os três imediatamente pararam diante disto a contemplar silenciosamente um evento singular cuja mente deles não eram capazes de compreender por nada neste mundo. O que se viu marcou a vida deles até sua velhice ao constatarem o céu aparentemente se enrolar como um pergaminho deixando apenas um profundo borrão de escuridade sem precedentes...

*** Octavios fora levado por longos corredores até uma sala

estranha onde o mesmo autocrata que havia ordenado a missão estava presente, Gene Ravell. Quando Octavios entrou este homem se levantou e num tom de ironia abriu os braços dizendo. - Quanto tempo Octavios. Como sentimos saudades de você! Claro que percebendo que obviamente aquele seria apenas o principio de toda vilania que ele iria cometer contra Octavios (eles eram extremamente eficazes e conceber dores e sofrimento ao próximo), este apenas disse que seria apenas perda de tempo o que pretendia fazer com ele. Mas obviamente também seria em explicar isto e Gene, que tendo ou não motivos para interroga-lo ou fazer-lhe mal apenas o faria por mero prazer. Logo Octavios viu-se preso numa cadeira enfrente a uma janela que dava vista panorâmica para os demais arranha-céus de megalópoles onde obviamente era exposto as trevas crescentes do espaço-tempo. Cercado por dois Omnis estes em pé apenas

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aguardava Gene adentrar o recinto que ao fazer sentou-se numa cadeira próxima para observa-lo e fazer algumas perguntas. - Infelizmente nosso conhecimento sobre determinadas teorias não são tão aprofundados, mas conhecemos quem sabe e sabemos que tal evento surge das fronteiras do sistema solar, de forma crescente aparentemente já engoliu dois dos planetas em suas pontas, e assim no fim de cada rotação deste pequeno planeta azul, especulamos quanto tempo levará para “raiar” a próxima aurora das trevas neste lado, apenas para deixar um presente a ela. Alguns como você. Octavios nada falou, apenas observou atentamente o rosto de pleno desdém de Ravell onde demonstrava todo seu sadismo para com aquele que antes era seu escravo. Realmente Octavios a essa altura não tinha muita expectativa, pois sabia que aquele homem de extrema crueldade aplicaria rapidamente os métodos mais grotescos de dor, onde utilizando-se de um equipamento chamado White Pain, visava inferir dores “psíquicas” sem deixar marcas no corpo de suas vítimas, mas as afligindo com sobrecargas neurais que ativavam os mais variados tipos de dores inimagináveis, por isso dor branca, pois os resultados não deixava quaisquer provas ou evidências de tortura a não ser quando a pessoa simplesmente morria de dor. Ao colocarem este aparelho ligado em eletrodos ao seu corpo rapidamente o ligou e então Gene Ravell disse: - Sabemos que tal evento tem causa temporal cuja umas das resultantes é justamente os pesadelos coletivos que andamos à tempo, não bastando ao vermos nosso cachorrinho fugir ainda nos atormentar em sonhos. Mas após roubarem Brittany Century, e sabendo que certamente não teremos acesso a seu pequeno e canceroso quartel general nas vísceras desta cidade. Quero que

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diga qual a relação de Gesur com este fenômeno desconhecido, pois também sabemos que tem ligação.

- Não sei. – disse Octavios de maneira objetiva – perderá seu tempo apenas satisfazendo seu ego torcidamente sádico em me ver sofrer. Gene sorriu maldosamente, e concordou, onde acenando para um dos Omni este aplicou a primeira sessão de dor branca o fazendo se contorcer e seus pensamentos, e se embaralharem na cabeça como se um turbilhão de memórias junto as dores emergissem inclusive duma perspectiva dele mesmo num lugar passado, numa Londres antiguíssima.

Foi então parada a primeira sessão de dores quando Octavios disse, como se não fosse o mesmo Octavios presente falando.

- Você abriu mão do sentido e objetividade da existência

humana tal como sua criação de meio interpretativo e expressivo das ciências e artes para derivar-se da verdade, preferiram estar errados, mas felizes, pateticamente felizes mesmo que as custas da infelicidade dos demais, tudo por uma mera palavra sintetizada: controle, o que simplesmente nos rouba a identidade do que somos na realidade. Ser humano, é ser imperfeito, mas espontâneo. Os males, a sede por controle apenas descontrolou e deu poder a seres dos quais vocês nem imaginam e cuja ponta é apenas segura entre eles e vocês por Gesur. - Do que você está falando? – disse Ravell numa aparente confusão – Somos deuses neste mundo, ele é nosso! - Engana-se, redondamente, se assim o fosse tal evento não estaria ocorrendo sem qualquer controle de vocês. – disse Octavios - Controle é se medir, regular, logo a medida que repudia,

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não aceita de bom grado o que é livremente inovador. São os maiores medrosos por simplesmente não serem capazes de conceber algo que traga variáveis imprevisíveis, algo que não possa ser calculável numa margem de erro estatístico, usam de artifícios evasivos para tentar até mesmo nos culpar. Fora então demonstrando profunda raiva por estas palavras que Gene Ravell ordenou mais uma profunda dose de dor branca em nível maior o fazendo desmaiar diante de seus olhos como se aquilo simplesmente fizesse com que Octavios tivesse errado no que disse, afinal fez-lhe calar a boca. Porém como havia dito Octavios antes de fugir a primeira vez fez lembrar ali, todo seu poder se limitava apenas nisso, dor e sofrimento, matar, não realizar milagres... Enquanto isso nos subterrâneos Brittany Century após se aquietar da fuga realizada sentou-se e começou a explicar um equipamento a ser feito, para poder ao menos medir as consequências do evento, onde num teste havia curiosamente notado uma discrepância quântica tanto em Gesur quando Octavios aparentemente destoando das leituras tidas, especialmente mediante a anomia espacial cujas leituras certificava-se que torcia o “espaço-tempo” como se o anulassem.

O evento de escuridão espacial seria provocado por um erro estrutural no tempo, onde sua ausência estaria simplesmente tirando da existência o que abrangia como um antitempo, por uma Anomia que teria alcançado as fundações do “espaço-tempo” continuo afetando diretamente as frequências temporais, criando oscilações negativas, criando um evento denominado Timeless Hole (Buraco Atemporal) sendo muito mais poderoso que um buraco negro convencional por se alimentar de maneira crescente simplesmente aniquilando toda forma de matéria a ele exposta. Porém, Gesur demonstrando profunda preocupação com Octavios, um dos ex-omni disseram que no momento não haveria

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nada que poderia fazer, especialmente se fora pego pelos Omni onde certamente seria torturado até a morte cerebral. Entretanto, aquilo ao invés de acalmar Gesur o deixou ainda mais irritado, mas antes que sugerisse uma invasão quase suicida, o homem disse que Octavios tinha dentro de si, desde quando cairá, um sistema de destruição corpórea onde instalando em monitoração de seus batimentos cardíacos, uma pequena bomba atômica que não poderia ser desarmada a não ser que se retirasse simultaneamente todos os receptores de monitoramento subcutâneo, e se morresse quem estivesse a seu redor morria junto engolidos por uma pequena bola de fogo de neutros.

Mesmo que aquilo não acalmasse Gesur que agora estava numa posição de quase substituto de Octavios para o grupo, sabia que se estes não soubesse não iriam fazer tal coisa, então prosseguiu no assunto com Jéssica, mesmo que pouco tivesse certeza do que fazer. - Podemos evitar tal evento ou anula-lo? – perguntou Gesur de forma enfática, isso mesmo esperando uma negativa como resposta. - Se existe realmente desconheço – disse Brittany – mesmo que creia que você possa ser resposta de algum modo. Cogito ergo deleo 2 de fevereiro de 1963, mar de sargaços mediações de Dry Tortugas. O mar estava calmo apenas balançando de perto com pequenas ondulações constantes e sucessivas como variações do mesmo, até que a água de repente se revolveu-se a se sacudir e espumar como sendo cortada ao meio. Era o navio cargueiro MS Marine Sulphur Queem cujas luzes fracas após o amanhecer ainda estavam acessas irrompendo as águas estranhamente calmas daquele temido ponto do mar conhecido por seus navegantes como Triangulo das Bermudas.

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Sua tripulação de 39 homens acordavam lentamente para mais um dia de trabalho em manutenção do maquinário da envelhecida, mas potente máquina marinha, quando um dos marujos ainda ressentido do frio do fim da noite ao contemplar lentamente a nevoa da aurora se esvanecer pelo horizonte quando uma súbita escuridão como uma maior e mais espessa nevoa se formasse, só que inicialmente se acinzentando até tomar tons completamente negros como se uma repentina tempestade se formasse a seu redor, como se estivessem no olho de um furação.

Desesperado o jovem marujo gritou correndo em direção ao convém avisar seu superior, mas antes que este dissesse qualquer palavra mediante o quase indescritível o capitão, surgiu da janela a contemplar junto ao imediato, as trevas que pareciam agora ofuscar até mesmo as luzes ainda acessas da embarcação, rapidamente pegou o rádio em busca de auxílio, mas somente estática se ouviu, ao olhar a bússola assim como o relógio parecia simplesmente enlouquecer quando o céu antes azul se tornara negro como se nem mesmo existissem estrelas.

Um temor profundo tomou conta daqueles pobres homens sentindo-se isolados literalmente no nada fazendo com que até mesmo a leve e maravilhosa brisa cesse por completo.

Parados estes viram-se completamente a mercê daquele evento singular indescritível quando um rugido irrompeu a bombordo. Todos correram para este lado e o que viram os assombraram, era como se uma sombra, um eco translúcido da mesma embarcação deles tivesse batido.

Sem compreender e ter qualquer explicação racional para aquilo, simplesmente cada qual agiu a sua maneira, um beijando a cruz em seu pescoço e outros se ajoelhando, porém, era tarde e de repente estes mesmos se viram desvanecer a uma translucidez até que pouco se via em meio aquelas trevas a não ser um mero colete que ficara boiando na superfície daquelas águas sombrias...

***

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Octavios queria cessar de pensar, pois sabia que aquela

pequena máquina atacava até mesmo suas memórias tornando até mesmo as poucas boas lembranças que tinha em vividos pesadelos. Mas Gene rapidamente olhou para o relógio e em seguida para a janela, e vendo no fim do horizonte a aurora negra surgir deu um sorriso ao dizer que tinha que se proteger enquanto assistia ele simplesmente sendo devorado pela anomia quântica atemporal. Porém, para desespero de Gene, Octavios de repente começou também a rir mesmo que claramente exausto. E disse.

- Você não sabe o que corre em minhas veias, nem de onde venho, ou o que sou. Você não sabe com o poder por de trás disso com que brinca.

Porém, mesmo que tenha ficado estranhamente perplexo procurou disfarçar tal, Gene se dirigiu a porta não sem antes dizer que fora um prazer tê-lo explorado. Porém, um dos Omni ao tirar um dos eletrodos, notou que de seu braço esquerdo uma pequena queimadura sucedida por uma pequena fumaça que saia de seu braço o que lhe chamou a atenção, e chamou o outro Omni a seu lado enquanto vendo-se tal, Gene parou e observou a cena até que um destes se virou e disse a Gene. - Tem algo dentro dele, algum tipo de implante. – disse o homem. - Faça um rápido scan antes que anomia cresça no horizonte e nos toque, rápido. Porém, era tarde agora também para eles, que sem saber Octavios não se referia apenas num sentido indireto, mas a algo que dentro dele estava. Os implantes que aparentemente ao utiliza-lo nele sobrecarregou um dos eletrodos, ativando a pequena bomba que nele estava, apenas a ser percebida naquele

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instante ao notar pelo aparelho scan onde rapidamente se percebeu que estava ativada.

Como ratos, eles haviam levando para dentro de seu mundo uma bomba a destruí-los, Octavios se tornou uma isca perfeita a desferir mais um último e poderoso golpe contra aqueles bárbaros terríveis, que com a aproximação da anomia era como se ele ouvisse as vozes de seres como abelhas dentro de um enxame a se aproximarem dali, e agora tento os Omnis com o susto estampado no rosto de desespero, sem saberem o que fazer mesmo que Octavios pouco se importasse com aquele mundo em que fazia-se sentir como se fosse uma espécie de sonho surreal.

Claro, que a essa altura Gene nem estava mais presente havia corrido, pensando em salvar sua própria vida, descendo mais rápido possível para o prédio que fosse mais distante dali. Mas anomia crescia feroz e sufocando as luzes da cidade a um breu quase perpetuo até o seu desaparecimento zumbidos intermitentes cresciam ferozes fazendo as luzes dali piscar e oscilar quando o aparelho apagou de suas mãos fazendo estes se entre olharem quase como uma despedida diante do fim emergente diante de seus olhos lastimáveis por autopiedade.

Quando Octavios respirou fundo e no momento que as trevas tocaram a janela se encontrou com um poderoso clarão que ao longe fez-se o prédio se engolido por mais uma bola de fogo apenas a se contorcer diante do fenômeno cósmico como se fosse uma luta onde raios irrompiam até seu interior fazendo a anomia aparentemente se contorcer como uma única forma de vida oriunda de um buraco negro nas fronteiras do espaço, até que simplesmente ao se ver a volta, os prédios, o céu, e o mundo parecia ter suas formas torcidas num efeito cascata até desaparecer, no fim do mundo. Uma pétala cai...

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VIII Quantum of Time

"O universo material estudado pela física não é o Todo do universo, mas sim máscara, demonstra e deixa entrever a existência de um outro universo, bem mais primordial, de natureza psíquica, do qual seria algo como uma duplicada passiva e parcial." Olivier Costa de Beauregard Repercussões de um Futuro Perdido Um relógio toca. Com um som suave, mas repetitivo o que tornava seu tinido irritante. Imediatamente um olho abre-se de forma rápida e assustada como num susto, tivera um pesadelo, mais um. Ao se levantar o homem com cara de sono ainda zonzo, vai até ao banheiro praticamente trocando os pés. Ao lavar o rosto com água, pouco a pouco despertando, tira suas mãos de sobre ele e se olha lentamente no espelho enquanto gotículas ainda escorrem pela superfície de seu rosto. Era Octavios. Mesmo que tivesse tido mais um pesadelo que se sucedia a sensações de deslocamento durante o dia, vestiu um macacão preto e saiu pela porta de seu pequeno quarto indo parar num corredor que destoava por completo do ambiente residencial de seu confortável, mas humilde cômodo.

Ao caminhar, por pessoas vestidas de forma similar a ele, cada qual concentrada em papeis enquanto discutiam ou transitando, rapidamente Octavios se dirigiu a um pequeno elevador translúcido, que, no entanto, silencioso e rápido o levou até um local, onde se havia uma grande quantidade de equipamentos ultramodernos como monitores translúcidos e até mesmas projeções holográficas em 3d mostrando gráficos da terra e simulações de mecânica temporal, ondulações, caóticas quânticas entre outros vários relógios que marcavam o tempo e variações não somente de outra parte do planeta, mas...do tempo.

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No centro um relógio maior com letras amarelas onde se marcava 13:41, horário de Londres, data: 6 de outubro de 1896, e abaixo o chamado Fuso Neutro, que no entanto, tinha seu timer apagado. Apesar disso Octavios não parecia estar alarmado, mas antes familiarizado com o lugar. Se dirigiu rapidamente até uma pequena sala, e lá um homem com uma bengala completamente calvo o orientou após cumprimenta-lo rapidamente e avisando-o que estava atrasado até uma sala. Lá este homem colocou um pequeno óculos em seu rosto e junto aos demais que sentados em diversas cadeiras dispostas, falou que passaria um rápido brienfing sobre suas próximas atividades. Foi então que a sala escureceu e deu lugar a uma apresentação que deixaria qualquer um estarrecido, mas comum aqueles lá presentes. Uma sucessão de imagens holográficas perfeitas mostraram o planeta em diversos tempos que diminuindo a uma escala do sistema solar revelou que a estranha anomalia espaço-temporal havia sanado seja qual fosse sua procedência. Porém, após verificações passivas de informações (nome dado a não interferência), revelou um núcleo de singularidade surgido naquele mesmo local do espaço tempo, na boa e velha Londres.

Um homem com os braços cruzados chamando o senhor de Teogoras indagou que apesar de serem daquele local do espaço-tempo lá sediados não podiam interferir, porém Teogoras disse.

- Não devemos, mas querendo ou não, já interferimos,

talvez como alguma falha residual quântica - disse ele, e prosseguiu - não tenho informações suficientes, porém creio que a discrepância espaço-temporal ocorrida aqui tem alguma ligação com o estranho fenômeno de eventos ocorrido na fronteira do sistema solar. Não obstante, temos informações de reflexões deste anomia em diversos pontos do tempo sobre a terra antes de perdemos contato com as demais bases, o que podem trazer desdobramentos paradoxalmente imprevisíveis, simplesmente os

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computadores não são capazes de estabelecer parâmetros parta tal proporção de forma estatística ao menos - terminou o homem após bater com a bengala de leve no chão e ajeitar, eram viajantes temporais.

Seus contatos com as demais bases das zonas neutras

espaço-temporais foram perdidos desde a origem da anomia, todas as missões das viagens temporais foram canceladas mediante essa singularidade, todos os agentes situados na Zona neutra do tempo XT-1001 nos subterrâneos do Big Bean, o imenso relógio da conhecida tradicionalmente Londres por sua pontualidade, estavam assustados. Apesar disso ninguém daquele ponto do tempo sabia sua existência na superfície.

Tal sistema de interligação utilizava um tempo comum onde as demais bases espaço-temporais compartilham como hora própria independendo do local do “espaço-tempo” como forma de comunicação. Tal se determina como necessário ao experimento, como forma de se medir as prováveis oscilações temporais através das camadas de tempo por analisadores e isolantes quânticos, tendo por meio comum um wormhole artificial que interliga a todos canais de comunicação e viagem chamado vortex.

Formada por agentes recrutados de diversos pontos do tempo na terra, eram cientistas, filósofos, entre outros reconhecidos pela sua capacidade não linear de pensamento e adaptados as conceituais de paradoxos e singularidades vindas de algum lugar do futuro. Muitos destes haviam morrido para sua época, na realidade, apenas indo viver livremente nesta vertente de pesquisas fantásticas, mas perigosas para a própria natureza do tempo. O nome da agência é T.E.M.P.U.S. (Time Experience and Mirror Pesperctive Unith Search, ou traduzindo: unidade de busca de perspectiva espelhada e experiência temporal).

Após mandar os até então temponautas a observar discretamente com alguns equipamentos sensíveis as alterações quânticas e temporais na superfície, o senhor de bengala parou

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Octavios o perguntando se tinha melhorado o mal estar, e ele disse que sim. O homem lembrou que após o surgimento da anomalia espaço-temporal diversos temponautas haviam sentido náuseas, um simplesmente havia perdido contato em missão até agora, mandado há cinco décadas atrás no tempo, e até mesmo outro havia ao retornar entrado em coma por uma superatividade na glândula pineal o fazendo antes mergulhar em compulsões, no que chamava de Narcose temporal, mas apenas pertinente a sucessivas viagens. Octavios após perguntar como o colega temponauta estava, disse que apesar de alguns pesadelos se sentia melhor e foi então até o vestiário vestir roupas dos nativos temporais oriundos do final do século XIX, junto com outros colegas.

Ao caminharem saíram num pequeno túnel de esgoto que teria de ser fechado dentro de alguns anos cronológicos para a construção do metrô londrino. Na superfície, o tempo constantemente nublado tendo apenas a imensa torre do relógio cortando o céu, soava de forma deprimente principalmente quando vista as ruas sujas, repletas de becos escuros e sem saída com prostitutas que se lavavam muitas vezes nos tanques donde os cavalos bebiam água, pessoas pobres pediam esmola e moravam na sarjeta. O nível de condições sanitárias era simplesmente degradante mesmo que não tão longe dali, o castelo da família real destoasse por completo daquela situação decadentes e tristes.

Logo que saíram, este grupo designado se dividiu estrategicamente cada qual a um setor onde vestidos como os civis buscariam discrepâncias quânticas e temporais discretamente com suas pulseiras quânticas que por um pequeno visor monitorava tais discrepâncias tanto quando criava um isolamento quântico que, porém funcionava apenas parcialmente. Apesar de não terem qualquer permissão de interagir, se não o minimamente necessário, Octavios estranhamente notou algo errado com aquele lugar, mas caminhando lentamente enquanto

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olhava discretamente o monitor de seu portátil na pulseira buscava identificar qualquer sinal fora da leitura habitual. Após captar uma clara discrepância foi orientada até um local, uma rua, onde com calçadas vazias, pois já começava a anoitecer parecia nada demonstrar, ao olhar em volta procurou qualquer coisa pelas redondezas que representasse alguma anomalia materializada ou trouxesse variação temporal, mas nada. Caminhou e então desanimado, olhou em volta e quando ia voltar se virou a uma janela que iluminada à luz de velas viu uma senhora vestida de lá o contemplar, Octavios se virou e fixou seu olhar sobre ela provocando rapidamente uma estranha sensação nele, sucedendo por uma leve tonteira quando a senhora sorriu, mas ele achando ser apenas resultado dos problemas que sofria anteriormente deu-lhe as costas antes que aquela intervenção provocasse maiores transtornos.

Retornando a base, a tontura de Octavios se intensifica a ponto dele chegar a ter sua visão escurecida como se fosse desmaiar. Vendo-se em tal condição, imediatamente se dirigiu a enfermaria e lá fazem uma checagem geral de seu cérebro e das condições de suas ondas mentais. No monitor, números surgem referente às frequências e variáveis quânticas sucedendo números como 6 - 25 - 37 - 41.

- Bastante atípico - retrucou um senhor muito educado - Mesmo que as maiorias das leituras de tais ondas cerebrais se alterem gradativamente com as viagens temporais, a sua apresenta algumas características um pouco fora da escala, como se estivesse tendo um sobrecarregamento de seu córtex mais intensamente, muito próximo à condição que se encontra Hanus, porém ele acabou deste modo, estranhamente.

Octavios então se dirige até o leito onde se encontra

Joseph Hanus, estático, vegetativo. E o médico mostra as leituras das atividades cerebrais que ao entrarem naquele estado se

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estabilizaram como se a consciência dele não suportasse tal sobrecarga, como se fosse de informações. Mas ao se aproximar de Hanus, Octavios estranhamente notou um súbito salto nas leituras de suas ondas cerebrais que o fez andar pra trás com uma súbita tonteira.

O médico, perplexo com aquilo reviu a leitura de ambos e notou uma estranha interação a nível quântico, talvez pela percepção alterada de Octavios sobre Hanus, por mais fantástico que fosse. A Sete Passos do Paraíso: The Secret Pilgrim Saindo de lá, Octavios se dirige aos seus aposentos, pois mesmo que não tenha trabalhado tanto cada vez mais tem se sentido cansado. Ao se deitar rapidamente pegou no sono, e num grande vislumbre de repente se viu na rua, deitado na sarjeta em algum lugar do futuro. Carros como registrados sendo do século XXI passavam friamente por ele, mesmo que o lugar fosse quente. Ao se olhar viu que estava todo maltrapilho, sujo, e num surto de memória era como se soubesse quem era, quando surgiu um homem que triste o chamou a atenção além dos demais. Este apesar de inicialmente hesitar falar com Octavios, logo acabou por identificar-se como sendo Melahel. Octavios então vendo o que passava lhe deu um conselho. Melahel, sentiu-se melhor e logo após agradecer pela ideia que havia lhe dado resolveu ir embora o agradecendo...

Um ar de nostalgia por um presente que não vivíamos exalava de cada olhar angustiado nas pessoas que cruzavam o caminho daquele jovem vendedor desiludido. Moreno e de cabelo castanho sua aparência era a de um típico latino americano, mas apenas quando se perdia em meio à multidão. Seu nome completo era Yehudi Martin Melahel, mas ele não era como os demais.

Após um longo dia de trabalho como vendedor ambulante este talentoso jovem caminhava com a cabeça levemente inclinada

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para baixo como se ao contemplar a paisagem não visse nada de bom. Ao recolher suas coisas dentro duma caixa, imaginava consigo o que poderia ter sido mediante seus talentos, mas era algo que aquele mundo jamais valorizava, um mundo cruel e injusto, desigual, desproporcional.

Seguindo carregando tais objetos atravessando o Largo Carioca onde cruzou com um bando de artistas frustrados que ganhavam a vida como podia, fazendo mágica para as pessoas que lá passavam e se amontoavam entorno destes, ou simplesmente sem nada fazer como uma estatua humana. Certamente era aquela imagem que expressava melhor o sentimento dele, o ser humano se reduzir a um nada para poder ganhar algo, ser algo, e assim conseguir ainda extrair alguma arte daquilo, como simulacros de si próprios numa autocaricatura decadente. No entanto, passos mais adiante se ouviram uma voz que praticamente berrava em tom de urgência. Melahel chegou a pensar se tratar de alguma pregação política desesperada de algum ativista solitário na esperança de mover o mundo, mas sendo mais que isso eram palavras bíblicas, dum homem que vestindo o terno velho e semi-puído pregava com uma bíblia na mão sobre todos que passavam as suas volta o ignorando como se nem estivesse por lá. Dizia coisas como "o Fim se aproximava" e que a civilização havia alcançado seu nível mais corruptível desde Sodoma.

Mas nada movia a não ser olhos frios e cansados que sem a ele se direcionar praticamente concordavam pela sua apatia. Melahel continuou seguindo seu caminho, cruzou as ruas do Saara que ao contrário do deserto estavam lotadas de pessoas à procura de ofertas e itens em sua maioria para revender ou como matéria prima de algo para igualmente vender. Chegou ao Campo de Santana, ouviam pessoas frustradas sentadas em bancos ao entardecer como se esperassem algum milagre ou maravilha, como se fosse por outra hora uma espécie de bolha urbana de natureza perdida ao cinza do concreto escaldante pelo sol de quase dezembro. Passou pela frente de uma estatua que espremia

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perfeitamente o estado de espírito daquela gente tal como dele. Um velho com uma das mãos na boca como se roesse as unhas de medo e horror, olhando praticamente em direção a Central do Brasil entulhada de gente que saia do trabalho principalmente para o subúrbio carioca e seu igual rumo.

Porém, algo mudaria o rumo de sua história com uma carta que acabara de receber, com passagens para um experimento parapsicológico. Nesta viagem, Melahel, viu a oportunidade perfeita para tentar mudar sua vida medíocre para algo melhor e justo, a longa data ele era discriminado onde quer que fosse, mas quando aqueles grupos de céticos cientistas o chamaram ao saberem de seus supostos dons milagrosos os queriam testa-lo do qual se fosse aprovado laboratorialmente pela primeira vez teriam alguma prova de que a paranormalidade pode ser testada em condições empíricas, e de quebra, o principal, Melahel, ganharia um ótimo prémio no valor de um milhão de reais.

Após as fascinantes viagens sobre as nuvens quando não vendo a enorme extensão azul dos oceanos e cidades que pareciam mais como maquetes passando por diversos paises até se aproximar de seu destino. Impressionado com a bela imagem, o jovem rapaz saiu eufórico com sua bagagem a caminhar como se junto carregasse sues sonhos a tira colo e ao olhar para os grandes arranha-céus de Nova York como fosse mais que um turista, mas uma criança finalmente conhecendo o que via apenas pela Tv.

Quando chegou ao instituto, finalmente fora recebido por uma recepcionista que junto ao seu tradutor que o recebeu ainda no aeroporto tratou de revelar quem este era. Logo sentou-se numa confortável sala de espera onde tinha cookies e bolos diversos, quase um self-service para Melahel. Então um homem de meia idade, cabeludo e com óculos saiu duma porta e rapidamente num sorriso se identificou lentamente por Tino Dionísio sabendo-

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se que Melahel não sabia uma só palavra de inglês se não um "Tanque iou".

Ele entrou numa sala diferente de tudo que já vira antes, repleta de espelhos do chão ao teto, onde as paredes faziam-o sentir-se perdido com sua própria imagem, de tal modo que quando a porta se fechou ele rapidamente não sabia mais por onde entrara nem tão pouco como o viam. Mas uma voz rapidamente tratou de lhe dar instruções que o acalmara. Sentado numa cadeira onde ligava-se diversos tipos de eletrodos, e outros equipamentos para ele tão esquisitos, ligado até em sua cabeça, rapidamente dentre os espelhos após as luzes se apagarem por completo fazendo sua cadeira girar, surgiu uma imagem num dos cantos. Flores, natureza, entre outras sendo, porém sucedidas por imagens reais de violência, mas nada mais do que para "marcar passo" de identificação de suas ondas cerebrais segundo o controlador e o senhor que o recebera. Logo em seguida, uma série de exaustivas perguntas foram feitas a serem respondidas exclusivamente por sim ou não, e seleções de imagem onde novamente em seguida a sala se escureceu por completo. E após induzir a algumas questões de dedução crescente, pouco a pouco demonstrou uma estranha e surpreendente capacidade de avançar nesta dedução a uma intuição que fez Dionísio, simplesmente ficasse atônito.

Uma vez saído de lá, ele fora levado a seus aposentos onde após uma refeição controlada e tomar algumas cápsulas estranhas se deitou numa cama onde novamente monitorado por eletrodos e outros sistemas monitoraria seu sono. Não demorou muito para Melahel pegar no sono, e não demorou muito para que Dionísio percebesse uma alteração fora dos estágios padrões de sono pelo movimento atípico de seus olhos antes do REM.

Porém, ele resolveu não interromper o sono e deixou-o até o dia seguinte. Melahel, se viu num lugar estranho, antes num deserto sendo escoltado por sete homens, um destes chamado Knox, e de repente tal mudar-se a um cenário simplesmente

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bizarro onde o céu se escurecia até que se via um enorme bólido se dirigir a terra donde a vista de lá sua luz parecia rivalizar com a do sol, e de forma crescente tornava até mesmo alguns pontos da terra da noite para dia. Quando de repente, ele viu uma senhora chorando, tirando os óculos ela falava que estava com câncer, e ao afastar-se viu Dionísio segurando em seu ombro demonstrando muito nervosismo...

Logo de manhã ele fora acordado por uma simpática assistente de Dionísio, que lhe trouxe uma bandeja com o café da manhã até sua cama. Após se alimentar, fora levado até o laboratório onde os computadores analisavam as informações colidas da noite anterior, e Dionísio rapidamente apertou sua mão de maneira empolgada dizendo nunca ter visto aqueles tipos de leitura. Assim o pediu para sentar-se numa mesa onde com um papel e lápis pediu-lhe para descrever os sonhos que teve. Demonstrando perplexidade pelos relatos, ele pediu para que falasse um pouco mais sobre a mulher que vira no sonho, e para sua surpresa a descreveu perfeitamente como sua esposa.

No entanto, ele falou num tom quase pessoal de que ela não tinha câncer, mas sem dúvidas ficou intrigado, ele saiu e após 2 horas fora chamado numa outra sala onde uma mesa cumprida com diversos homens de jaleco branco tinham papeis cada qual se identificando. Logo um dos homens ao examinar um dos papeis, Kermit Maxwel, lhes falou que não sabia como descrever tal situação que era proporcionalmente constrangedora quanto empolgante.

Mas após dizer que ele simplesmente havia conseguido, seja lá como, descobrir alguns segredos no jogo da sala de espelhos e suas atividades cerebrais incomuns, tal com identificar perfeitamente a mulher de Dionísio, ele acabara de ganhar o prémio, mas não bastando eles queriam que ele permanecesse lá para mais testes, pois tão logo que fosse divulgada a descoberta mediante tal comprovação, rapidamente se tornaria celebridade a comprovar algo que muitos alegavam por tantos séculos, mas

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apenas como crença. Porém, Melahel, negou o pedido dizendo que desejava retornar ao Brasil, e assim sob o pesar daqueles homens foi.

Melahel, após a morte de seu pai, no subúrbio do Rio rapidamente demonstrava supostos poderes paranormais, se afastara da igreja por descontentos, mas mal sabia ele a repercussão que tomaria tal descoberta especialmente mediante outras descobertas nos dias seguintes... L ogo a NASA anunciara a descoberta de um asteroide que rumando a terra soava praticamente como uma sentença contra aquele mundinho caótico, rapidamente nos noticiários que identificavam o experimento realizado com Melahel, dissera que ele preverá tal, que para sua surpresa Dionísio descobrira que sua mulher estava com câncer. Logo, com a exibição de sua imagem, rapidamente sua vida se tornou um inferno, o tempo todo sendo procurado por jornalistas e fãs, curiosos e fanáticos de todos os tipos, cores e tamanhos, mas o que mais temia fora curiosamente àquele que o testou, Dionísio.

Segundo relata-se começou a agir de forma incoerente com profundo ódio destas profecias, onde o acusava curiosamente não de ter visto o futuro, mas sim de alguma forma ter provocado tudo aquilo. Tal posição extremista inerente apenas aos fanáticos que combatia tal organização assustou seus colegas tal como Kermit Maxwel, que viu tais pretextos nenhum pouco empíricos e positivistas como uma fuga por sua decepção e dor ao ver sua mulher definhar lentamente. Dionísio repleto de ódio e sentimento de rancor saiu do país rumo ao Brasil para literalmente caça-lo com uma espécie de revanche, como se apenas uma só pessoa fosse responsável por todos os males do planeta. A mente em queda livre de Dionísio parecia perdida num turbilhão de pensamentos contrários, no calor do Brasil sob os dois sois, sob a terra onde as pessoas começavam pouco a pouco reagir como animais estúpidos mediante o apocalipse eminente, quase zumbis, e assim saques, invasões, violência pública,

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suicídios em escala, extremistas que crucificavam pessoas nas ruas como forma de impedir o fim, começaram a ocorrer, e rapidamente Dionísio se identificou com alguns destes fanáticos que não demorou muito a pensar numa maneira de matar Melahel.

Se tornava difícil andar nas ruas, toda sorte (na realidade azar) de maníacos parecia se multiplicar naqueles dias como o mato que crescia nas encostas, matando pessoas nas ruas e estuprando mulheres. Numa passagem Melahel parou num bar tipicamente carioca de paredes com títulos onde ao ver uma notícia onde um grupo de cientistas do apocalipse, como eram chamados, foi formado com a intenção de fazer uma reportagem final de um mundo agonizante, ir até aos confins do mundo e juntar todo o tipo de informação vital para ser enviada ao espaço com sondas. Foram coletadas amostras de DNA das mais distintas espécies até mesmo as aberrações desta época, fotos, mudanças, comparações e muitas estatísticas, nós resolvemos não ficar e saiu.

Triste, Melahel, passou pelas ruas onde encontrou Octavios, aquele simpático mendigo que lhe disse para não desistir. Assim Melahel passou em seguida pelas igrejas cheias, onde a que frequentava, via pessoas pregarem freneticamente quando um tiro irrompeu em sua direção, imediatamente saiu correndo pelas ruas caóticas mesmo que as pessoas agora pouco se importassem com isso - a maioria contemplava alguns suicidas do alto de um prédio - quando vira Dionísio num carro, com homens vestidos de branco, armados.

Melahel, então lembrou-se duma antiga estória onde se identificava curiosamente com aquela situação, certa vez um caçador saiu a caçar uma ave rasteira similar a uma galinha. Porém, o que poucos sabem é que a onça pintada tem a capacidade singular de imitar sons que outros seres como aquela mesma galinha, igualmente para caçar sua presa, o homem assim, sem saber estava não sendo orientado a chegar até sua presa

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galinácea, mas sim a onça. Melahel, se via como a onça em extinção, pois além de sentir-se perseguido naquele mundo brutal e patético, simplesmente Dionísio acreditara que Melahel fez o que não fez, pois na realidade apenas falou o que viu, não fez o que falou.

Logo questionou-se enquanto fugia contemplando toda a insanidade a sua volta o porque daquilo, para que persegui-lo e mata-lo? O que provaria, se não leva-los a sua própria morte? Triste, ele se dirigiu até o único ponto que consegui ver tranquilidade acima de toda miséria, o Cristo Redentor. Seguindo as escadarias um pequeno grupo de pessoas de joelhos chorava diante da imagem do Cristo, fazendo preces, quando logo atrás subira Dionísio com os homens empurrando as pessoas que lá estavam. Desesperado então, Melahel, rompeu a grade da pequena capela do Cristo que dava acesso a seu interior, subindo suas escadas até sair no braço. Lá de cima, podia ver a imensa luz cada vez maior daquele bólido prestes a colidir com a terra, e caminhando a lentos passos sob o vento em seu cabelo ao olhar para trás viu apenas Dionísio colocar sua cabeça para fora e em seguida a arma, e num tiro certeiro o atingiu.

Porém, Melahel, ao invés de chorar viu naquele ato fanático do homem um desperdício ao ver a “estrela’ em queda livre se acender em chamas nos céus. Bastante próximo dali, o tolo homem então em sua concepção arcaica viu a trivialidade de seu ato mesquinho. A onça fora morta, mas também o caçador, sob as luzes da explosão cujos raios cada qual parecia formar uma pétala, e cresceu até tomar todas as partes fazendo a sombra do Cristo crescer sobre a cidade a se mover rapidamente até desaparecer junto a todas demais sombras, num só clarão, do qual o mundo fora engolido, consumido em fogo até que não mais se viu a fisionomia daquele louco extremista com suas vestes brancas agora sujas de sangue...

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Januella Ad Tempus: Memórias perdidas Ao acordar, Octavios, que não bastando sentir-se viver toda uma vida, mas contemplar a daquele jovem, seguindo as instruções antes passada pelo médico, resolveu relatar o estranho sonho, mas imediatamente, este lembrou que naquele local do tempo relatado por ele, a T.E.M.P.U.S. não havia sediado qualquer base, e que mediante o debate concluiu que não deveria passar de um devaneio, pois o mundo acabara, isto é, antes de se descobrir às viagens temporais, graças as grandes anomalias quânticas que se derivavam daquela época, de modo que as medições não partiam dos séculos XX e XXI. No entanto, registros posteriores, desde a descoberta da tecnologia que permitia estabilizar um wormhole, procuraram nos bancos de dados qualquer informação que comprovasse aquela situação, mas em vão. Decepcionado com tal, Octavios sabia que não bastando o outro sonho anterior, não havia correspondido muito menos qualquer história, acreditando-se ser meramente psicológico pelo stress que passava graças à anomalia que o fez ter sonho similar, sobretudo por mais inusitada que fossem as leituras de suas ondas cerebrais. Tais concepções soavam absurdas até mesmo para os cientistas como o doutor naquele lugar. Mas aquilo martelava a cabeça de Octavios, e expressando uma enorme oleira mesmo mediante a "noite" de sono prosseguiu até o comando.

- Finalmente tivemos progressos - disse um dos homens - conseguimos re-estabilizar o wormhole e pouco-a-pouco estamos estabelecendo contato com as demais bases. Alguns relatos similares têm surgido, e medições paralelas têm revelado discrepâncias na linha do tempo. Precisamos que você, Octavios, se dirija numa missão de resgate, pois aparentemente um dos nossos, Kimberley Kaab, perdeu contato com um dos nossos.

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Octavios rapidamente demonstrando preocupação, perguntou para onde havia se dirigido temponauta, e o homem respondeu.

- Aqui mesmo, há cinquenta anos atrás. Você está em boas

condições físico-mentais?

Após Octavios responder que sim, Teogoras surgiu e dirigindo a palavra a ele começou a falar.

- Não podemos errar Octavios, nossos êxitos podem nos

fazer de loucos, mas nossos erros são maldição, por isso - prosseguiu Teogoras - Temos que lembrar de erros anteriores para não repeti-los, pessoas como Julio Verne se fazem com tais vazamentos, mas podem criar anomalias enormes, são grandes usurpadores.

- Mas felizmente Julio Verne se enquadrou na cerne paradoxal do tempo, acabamos apenas a nos alinhar a história, faze-la concretizar-se - disse Octavios.

- Tivemos sorte desta vez, mas não podemos envolver mais nativos temporais em nossas viagens ou salva-los, teoricamente e linearmente ainda assim Julio Verne estaria morto hoje, não escrito suas obras em 1860 inspirada em suas aventuras com Hanus através do tempo, por mais respeitoso que tenha sido em relação à natureza de nossa pesquisa. Uma consciência que tem vislumbres do futuro jamais voltará ser a mesma, isso quanticamente pode criar transtornos imprevisíveis, mediante a fluidez do tempo ressoante.

Octavios, sem nada dizer então simplesmente acenou com a cabeça e se dirigiu ao vestiário e recebeu o pré-resultado onde sondagens quânticas avaliavam as condições para a missão, níveis de alteração e etc. Tudo estava certo, inicialmente Octavios iria se dirigir aos subterrâneos, onde se começava a construir o metrô de

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Londres. Portanto uma antiga maleta, Octavios se dirigiu ao centro de transporte temporal, onde se focava uma das pontas do wormhole para o transporte e logo um turvamento azulado espaço-temporal surgiu criando breves reflexos-eco dele próprio como resultantes do inicio do transporte até desaparecer diante dos olhos deles, sem deixar rastros.

Ao surgir no passado, teve um estranho vislumbre, um eco de memórias que novamente surgiu ante ele o fazendo perder a consciência por um breve momento.

Octavios, se viu em meio uma empresa de ciências como sendo um de seus fundadores, quando os mesmos padrões de anomia aparentemente começaram a suceder aquele lugar do espaço-tempo criando desequilíbrios, fazendo cair objetos, tornando e transtornando as leis de proporcionalidade e equivalência universal. Viu um jovem cientista, nobre, era estranhamente o foco e alvo daquela anomia que parecia querer apaga-lo, seu nome era Yuri. Ele corria pelo subterrâneo quando Octavios, que estava preso se soltou e se jogando na frente dele acabou sendo baleado por alguém em seu lugar. Tudo se turvou, se escureceu, mas ao invés de apagar, ele acordou, e se encontrou naqueles subterrâneos de Londres. Mesmo que desorientado, rapidamente ele se focou de onde estava e se levantando rapidamente se limpou e ao ligar o aparelho tirado da maleta, sintonizou até o sinal lançado pelo agente onde no pequeno monitor do aparelho indicava o nome do sujeito, Kimberley Kaab, e assim foi até sua direção.

Kimberley Kaab estava caído, desacordado e ao se aproximar e fazer a leitura de suas ondas cerebrais o acordou, e ao retomar a consciência ainda desorientado Kaab disse que havia encontrado uma anomia nas fundações daquela Zona Temporal Neutra. Um homem aparentemente teve sua consciência alterada e se dirigia a superfície, havia tomado consciência de Kaab e aparentemente demonstrava traços de extrema violência. Preocupado com o rumo e justamente pela discrepância ante a

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missão original ali ocorrida por Kaab, Octavios o levantou e ambos rumaram até a superfície onde estranhamente sinais quânticos oscilavam e ao sair num trecho do metrô notou um comportamento atípico das pessoas naquele local.

- Talvez, o isolamento quântico tenha vazado, ou simplesmente a anomia esteja provocando essa mudança comportamental, talvez resultante de algum observador ilícito. - disse Octavios, sem parar seus passos entre pessoas que pareciam demonstrar profundo medo, praticamente se escondendo pelas frestas dos corredores com angústias estampadas no rosto, quando Kaab simplesmente apontou para o homem que havia o derrubado que saia na rua. Octavios notou então que se dirigia justamente para onde Joseph Hanus havia topado com Julio Verne, e demonstrando estranha preocupação correu aquela direção ao constatar que o estranho homem se dirigia ao beco onde estes dois estavam, ao tirar do bolso uma faca após entrar no beco, os deixaram apreensivos.

Kaab e Octavios se separaram, não deveriam ser visto nem mesmo por Hanus, aquela história já havia sido assimilada pelo tempo. Mas o homem obstinado seguiu com um olhar compenetrado em direção a Hanus que com a mão sobre a cabeça contemplava Julio Verne caído no chão desmaiado na saída de um teatro. Foi quando, Kaab apontou uma arma de transtorno metal a atirou sobre o homem. Hanus se vira e vê um movimento atrás das lixeiras, pega seu aparelho e faz medições quânticas e imediatamente nota discrepâncias provocada por algum tipo de observação anomia, mas na hora que vai se dirigir ao local, Julio Verne acorda.

Hanus então, para e fala com Verne que sem entender pensa ser um assaltante. O homem misterioso estranhamente se levanta de trás do lixo e segue em direção a Hanus que ao ver a situação que Verne corria risco de vida, o carrega, mas por ver-se

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num beco sem saída, ativa o transmissor quântico após colocar um aparato identificador em Verne e ambos desaparecem.

O Homem então demonstra profunda fúria, mesmo que sua leitura quântica batesse com as frequências daquela linha temporal, sua consciência alterada demonstrava claramente um tipo de interferência, e ele olha para cima do prédio de onde Kaab e Octavios agora se encontravam, e sai correndo. Os dois agentes ainda preocupados vão até a ponta do prédio e vê este homem se misturar à multidão, mas por sorte eles haviam fixado sua leitura quântica no aparelho para rastreá-lo. Eles descem e correm até um lugar onde rapidamente os sinais quânticos novamente se transtornam, Octavios conhecia aquele lugar. A rua vazia permitiu que reconhecesse o homem que virou numa esquina ajeitando o chapéu.

Kaab e Octavios se separaram, um indo para a outra saída do local, mas no meio da entrada, uma linda jovem saia por uma porta de fundos quando Octavios viu, o homem sacar novamente a faca, numa breve distração Octavios ao vislumbrar o rosto lindo da jovem somente fora interrompido ao ver aquele homem destoar por completo daquilo ao ter suas leituras rapidamente alteradas demonstrando violência. Octavios conhecia os sinais, e aquilo soava como uma sinfonia completamente fora do ritmo diante daquela jovem inocente com um sorriso no rosto em direção ao homem, quando sem hesitar, na realidade sem nem mesmo pensar, tirou do outro bolso uma arma de precisão e atirou sobre o homem no momento em que sacou a faca na frente da jovem lançando um zunido luminoso que o rasgou nas vísceras. A jovem assustada deixou cair à cesta que carregava nas mãos e gritou.

Desorientado, Octavios a segurou e disse para não gritar, Kaab veio se dirigiu correndo até eles e imediatamente fez a leitura demonstrando um olhar de tensão ao constatar que alterações na linha do tempo já haviam ocorrido ali.

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Kaab então, olhou para o homem caído, onde seu olhar se perdia onde mesmo frustrado com a faca na mão, pois queria a todo custo aparentemente matar alguém para transtornar o tempo, disse numa voz que apenas estava adiando a anomia, e então morreu. A jovem nervosa perguntava quem eram eles ao ver aqueles equipamentos e estes falaram de coisas incompreensíveis para ela num sotaque norte-americano. Sem saber o que fazer vendo que o barulho chamara a atenção da vizinhança, imediatamente Octavios lançou o anulador quântico sobre o homem morto o fazendo desaparecer e o enviando até sua Zona Temporal Neutra e foram caminhando com ela até a rua enquanto a pedia que procurasse agir normalmente.

Definitivamente Kaab e Octavios não sabiam o que fazer, mesmo sendo de Zonas Temporais Neutras diferentes caminharam até um local vazio para avaliarem o que fazer, quando estranhamente notaram dois guardas que sacaram os cassetetes e rumaram em direção a eles após uma senhora apontar-lhe o dedo. Eles correram, mas acabaram incorrendo no mesmo erro de Hanus, foram entrar num beco sem saída, ao ver os guardas (que obviamente pensavam que eles iriam fazer mal a jovem), resolveram sintonizar suas pulseiras a serem transladados a uma Zona de Neutralidade, porém no momento uma estranha anomia surgiu transtornando eles e fazendo até mesmo os guardas zomzearem trocando os pés como se um zumbido silencioso afetassem diretamente seus cérebros, mas ainda assim Octavios ativou sua pulseira os fazendo desaparecer. Os guardas, então ao voltarem ao normal, caminharam até o fim do beco e notaram de forma perplexa que simplesmente não havia ninguém naquele lugar. Time Surfer: Omnia Mutantur, Nos Et Mutantur In Illus Octavios, acorda sentindo-se cansado. Porém, ao invés de estar onde pensava estar, demonstrava-se estar numa cidade destruída. Ao se levantar sentiu-se dolorido, e ao passar na frente do espelho

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viu sua aparência. Velho, estava com cabelos brancos e sua face repleta de rugas, demonstrava um relevo curioso para si próprio o fazendo passar sua mão sobre, lentamente, quando de repente um surto de memórias viesse sobre ele repentinamente o fazendo simplesmente saber tudo sobre aquele lugar. Então ao ligar a Tv viu uma reportagem falando sobre o desaparecimento de um jovem chamado Yves. Yves Palmer conheço este jovem, é um gênio perseguido covardemente pelos ordinários, onde ele está? O que posso fazer? O mundo mergulhou numa guerra profunda e mesquinha, pessoas são mortas, mulheres e crianças, e tudo que lhes pertence sendo saqueado. E Yves era apenas uma destas vítimas dos ordinários, que simplesmente por serem incapazes de demonstrarem qualquer senso moral e ou talento vivem de tais atos para ser algo, alguém. Eles são a anomia, só pode ser, só pode ser. Pensou Octavios. Mesmo sabendo estar longe do contato com sua base, e qualquer forma de tecnologia não permitisse que de lá saísse, Octavios sentia uma agulhada na cabeça, era muita coisa em sua mente para interpretar, decifrar. Mas decidido em tentar utilizar seu conhecimento para buscar impedir aquela guerra resolveu fazer algo para tentar impedi-la, quando simplesmente adormeceu.

***

Uma enorme floresta de gigantescas samambaias se erguia até onde seus olhos poderiam alcançar. Do alto de uma colina, via-se claramente que tal floresta se estendia em meio a ruídos de animais nunca antes escutados. Assustado com aquilo, Kaab perguntou a Octavios se havia sintonizado corretamente sua pulseira, mas provavelmente as anomia quântica haviam alterado a própria sintonia do aparelho. A jovem completamente em pânico

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agora arregalava seus olhos sobre o lugar e perguntava a eles se era algum tipo de bruxaria ou colocaram ópio em sua bebida. Os três começaram a caminhar pela densa floresta de samambaias fazendo leituras por suas pulseiras, mesmo que pelo isolamento espaço-temporal não apresenta-se grandes discrepâncias. Gases saiam do solo em trechos pantanosos, insetos enormes voavam zunindo sobre seus ouvidos, a jovem, parecia tropeçar nas raízes e rapidamente se sujando com seu belo e longo vestido na lama do pântano. Octavios lhe estendeu a mão e ela se levantando parecia muito irritado com ele pela situação que se encontrava. Continuando a caminhar – eles procuravam uma clareira onde pudesse melhor sintonizar por meio de uma triangulação suas pulseiras para saberem exatamente qual época do espaço-tempo estavam – seguiram e então Octavios começou a lhe explicar quem era.

A jovem estarrecida parecia evidentemente ter dificuldades em acreditar em tais suposições, quando de repente um enorme ruído como um grito irrompeu a floresta junto a outros, fazendo surgir do meio dela diversas aves gigantes, maiores que avestruzes correndo como se fugisse de algo. Em pânico a jovem se jogou no chão por de trás de uma das samambaias quando uma das enormes aves passou a seu lado simplesmente arrancando a vegetação do seu lado. Octavios e Kaab correram entre o labirinto de samambaias se perdendo num curto período de tempo da jovem, mas logo em meio à barulhada que agora ocorria na floresta, Octavios correu até a jovem e a puxou pelo braço correndo até uma abertura numa gruta, enquanto a vegetação sacudia lá fora e um grunhido maior irrompesse revelando outro ser ainda maior que as aves. Ao lado da abertura que, no entanto, era rasa, Octavios viu-se inseguro mediante aquele ser, provavelmente um dinossauro e os fez sair correndo novamente até que se vendo encurralados antes de se afastar da gruta, três daquelas enormes aves de Kaab se aproximou, junto a um atoleiro de lama fazendo este apontar sua

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pulseira e sacar sua arma falando para eles fugirem, e então a ave pulou sobre ele fazendo os dois rolar sobre a lama afundando até desaparecerem.

Octavios prosseguiu quando finalmente encontrou uma clareira junto com a jovem, procurando a corrente do wormhole caso lá passasse para saber como sair de lá. Nervoso segurou com força a jovem, e ao sintonizar novamente o equipamento uma datação surgiu no visor permitindo que imediatamente fizesse sua sintonia para de lá sair iniciando as ondulações de ecos temporais até desaparecerem.

Ao surgir na XT-1001 Octavios caí de joelhos enquanto a jovem tonta com as transformações temporais demonstra-se completamente desnorteada. Porém, Octavios sente algo escorrer de seu nariz. Sangue.

Octavios se dirigiu imediatamente a área de cuidados médicos onde o mesmo senhor o recebeu. Mesmo que tivesse mil coisas a explicar num profundo relatório e a jovem, agora lá dentro sem saberem o que fazer sua condição era primordial e imediatamente deitou-se num dos leitos e pequenos plugs colocados em sua cabeça começaram a fazer leituras mais aprofundadas dele, de sua mente. Ele relatou ao doutor que agora acompanhado do próprio Teogoras, que suas visões estavam cada vez mais fortes o que levou estes a uma rápida discussão onde especularam que até mesmo Octavios estaria sofrendo de uma espécie de Síndrome de Doppelgänger onde ocorreria uma projeção de seu ego em proposições futuras, que, no entanto, por ainda não existirem não poderia ser considerada fato, pois simplesmente não ocorreu. Não obstante sua medula demonstrava claras modificações se tornando mais sobressalente tal como a interatividade da glândula pineal que inibia o sexo naqueles que sofriam deste mal chamado de Narcose Temporal.

Não obstante, Teogoras relatou modificações no tempo onde se localizavam com o surgimento atípico de ocorrências cuja anomia agora parecia se personificar um elemento criminoso que

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estava matando mulheres da superfície, nativas temporais, prostitutas, alguns o chamavam de Jack, o estripador. Octavios disse que poderia tentar impedir, mas Teogoras disse que não podiam mais, pois já havia sido assimilado pela linha do tempo em contrastes futuros.

Octavios e a jovem se dirigiram a sala de reuniões que agora estava vazia. Lá ela se identificou como sendo Jenny Laureen, mesmo após contar-lhe sua história para saber porque se tornara alvo daquele suposto homo-nulus, nada que fosse relevante justificava tal perseguição e tentativas desacerbada por mata-la, talvez sendo algo meramente aleatório segundo Octavios. Porém, agora eles tinham um grande problema em mãos, mesmo que Jenny não tivesse visto o futuro, sua consciência e conhecimento haviam sido alterados o que poderia trazer implicações mesmo se retornasse ao local, os deixando sem saber o que fazer. Dirigiram-se então aos laboratórios, onde artefatos de diversos locais do espaço-tempo eram guardados assim como o corpo do estranho homem que havia sido morto por eles na superfície.

- Todos os dados sobre ele já foram levantados – Disse Teogoras – Simplesmente era um homem normal, mas aparentemente esteve presente num dos pontos de anomia temporal que estranhamente lhe modificou em sua percepção como se estivesse sendo utilizado por algum ser de fora desta dimensão a seus propósitos. Talvez este misterioso homo-nulus que pressuponha ser uma espécie seja lá o que for.

- Talvez tal revele a procedência da anomia espaço-temporal que surgiu na fronteira de nosso sistema. – disse Octavios - estranhamente parece ter ligação com o futuro, mesmo que não registrado onde curiosamente aparentemente eu resgatava um jovem chamado Gesur Nierming pouco antes de ser morto após ter concedido algumas descobertas de relevância ao

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tempo a alguém que aparentemente ganhava prêmios pelos louros da descoberta dele.

- Isso é muito pouco para se afirmar algo, longe de ser um fato a ser analisado se não apenas interessante – disse Teogoras.

- Talvez – disse Octavios – mas curiosamente tinha a mesma aparência de um jovem chamado Yuri e Melahel e agora Yves, num mundo completamente destruído como se fossem concepções alternativas do futuro, talvez mediante o que é feito aqui e minha missão com John Roberts. - Existe uma lenda, uma lenda desde o primeiro contato de nosso fundador com um ser chamado teo sapiens. – disse Teogoras - Tal Lenda fala de uma flor, a Flor-do-tempo ou flor de mil pétalas. Tal dar-se-á pelo conhecimento pleno do universo mediante a verdadeira sabedoria-mor, cada pétala é um destino, uma nuance, da menor sutileza ao maior desvio, seu portador saberá o segredo do tempo, do domínio, origem e fim desta flor que desabrochou desde a criação do universo não deixando escapar nada que escorra pela malha do caos quântico sorrateiramente pelo conhecimento. A Flor-do-Tempo não somente preserva as nuances futuras como o acesso à memória de todos os eventos temporais da existência quer estes tenham sido jogados para fora da existência, ou não. Mas é apenas uma lenda até aqui...

Os Três, especialmente Jenny, tinham ainda mais dúvidas do que respostas sobre o que ocorria naquele mistério, e Octavios dirigiu-se a seus aposentos a levando ela até o dia seguinte. Porém, quando iam saindo, Octavios se deparou com um estranho fóssil. Parando de súbito, enquanto um pesquisador o investigava notou se tratar de um fóssil humano, da pré-história onde o jovem pesquisador disse que fora tirada para evitar problemas aos cientistas nativos do tempo por se tratar de um suposto viajante,

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que ao olhar em seu pulso viu a pulseira que estes utilizavam. Seria Kaab? Tempus Fugit: "Only fools are enslaved by time and space" Ao chegarem a seus aposentos, Octavios mostrou a jovem o que necessitava para se lavar, se alimentar e tirar um sono, pois ao logo ela deveria retornar a sua área de tempo nativo, mas lá ela estara segura, longe de assassinos e estupradores que pensavam apenas compelir seu lindo rosto as coisas mais deploráveis e degradantes possíveis. Octavios então, sentou-se silenciosamente a se olhar no espelho, de forma triste desviou o olhar até Jenny que agora portando trajes mais confortáveis enquanto guardava um pequeno prato após comer sentiu-se observada por Octavios, mas ao virar-se ele desviou o seu olhar. Quieto ele continuo mergulhado em seus pensamentos que fervilhavam em sua cabeça junto a lembranças de coisas que jamais viveu na verdade, afinal mesmo que viajassem ao futuro tal se limitava normalmente apenas a uma de suas muitas bases e pontos quanticamente seguros conforme estudos com muito cuidado pela T.E.M.P.U.S., mas somente uma coisa o fazia sair daquela imersão de pensamentos, Jenny. Jenny se aproximou lentamente dele, com claro tom de arrependimento pela forma que o tratou anteriormente, viu sobre ele inúmeras cicatrizes e então ela perguntou quem era e de que local do espaço tempo era nativo.

- Sou um órfão do tempo - disse ele em tom lastimoso – não há ninguém de minha linha temporal que não havia sido corrompido, nasci no fim dramático e genocida de um longo período de séculos em que você também vive em seu inicio chamado de Grande a conspiração, próxima a metade do século XXI, mesmo que memórias se misturem desde quando comecei a sofrer deste mal chamado Narcose temporal. Mas desde quando descobrimos tal experimento, descobrimos a essência de um mal

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sem parâmetros de qualquer moralidade, e eu era apenas uma de suas vítimas. A anomia simplesmente destruiu tudo que conhecia por viver, passei a sobreviver, mas simplesmente arruinou-me em todas as áreas, ninguém sobreviveu e desde então prometi a mim mesmo e a Teogoras dedicar a descobrir a origem da aberração e destruí-la. O futuro está dominado por eles, queira exista ou não, eles sempre dominam se enraizado entre nossa consciência destruindo a todos, cedo ou tarde.

A Jovem Jenny com seu rosto brilhante lamentou profundamente à medida que sentia-se aliviada de ser nativa de um tempo onde tais interferências desta dita anomia não eram tão intensas. Lá ela tinha uma vida, uma família, mesmo que outrora seu misterioso patriarca fugira da Alemanha, duma perseguição que lhe jurava mata-lo a poucas gerações mudando seu sobrenome. Ela então colocou sua mão sobre a dele e o olhou calmamente em seus olhos e disse:

- Aqui ninguém deve lhe trair, certamente não devem querer mata-lo, pisa-lo, humilha-lo, não sei o que você viveu, mas não sou uma destas pessoas, confie em mim.

Subitamente Jenny encostou-se suavemente em seu rosto

caindo-se sobre seu ombro, e Octavios pegou em sua mão carinhosamente a levando até sua boca como forma cortês num beijo cavalheiro dizendo que ela também estaria segura ao retornar, pois qualquer modificação que alterasse o tempo eles acabariam descobrindo. A mão de Octavios, então fora até seu pescoço acariciando seu cabelo e ela então o beijou suavemente fazendo-se sentir sua respiração quente e lenta sair de suas narinas sobre seu rosto e se afastando lentamente olho-o em seus olhos, mas sem palavra alguma disse mais do que qualquer palavra pudesse expressar o que não somente ela, mas ele sentia naquele momento.

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Uma grande plateia. Octavios se viu de repente cercado

por diversos intelectuais sentados ao seu lado como numa grande coletiva, ficou deslocado por uma fração de segundos até finalmente compreender o que acontecia, sendo tomado por um surto repentino de memórias que se alastravam sobre ele saturando sua mente de tanta informação. A seu lado Rachel Smoths, John Smiths e outros gênios daquele tempo numa ciência tecnológica até ali sem precedentes, onde, no entanto, a anomalia mais uma vez emergia, desta vez personificada por uma poderosa Inteligência Artificial. Por fim, ao saírem de lá, Octavios procurou a bela Rachel Smoths e relatou sobre um caso ocorrido no Alasca. Octavios, tinha de fazer isso, ele sabia, mesmo que não entendesse o porque, Rachel sabendo deste persistiu em seguir até lá sentindo alguma ligação com o caso do qual Octavios compartilhava, porém por um mal pressentimento não queria que a fosse.

Mas como uma mulher de temperamento forte, e persistente, viu na preocupação de Octavios uma sensação sobre ela de que era fraca, não forte, e assim como um desafio, do qual mesmo por uma discussão sobre tal, na realidade em relação ao sexo feminino, ela mesmo sem nada mais dizer resolveu para lá seguir, não dando ouvidos a ele, mas antes tomando sua dianteira e até mesmo criando problemas para deter ele lá. O último contato com ela, antes de desaparecer fora um triunfante “encontrei John Roberts” via telefone, que mesmo sob circunstâncias de perigo que ambos sabiam envolver, parece negar isso como uma mera competição para provar qual era o sexo forte. O fato, é que Octavios, pouco pode fazer, se não utilizar seu tempo construindo um engenho que buscasse desvendar a possível existência de um artefato milenar do qual solicitou Angelus Bishop como auxiliar.

Octavios, acorda, e de repente nota-se deitado ao lado de Jenny, confuso se levantar repentinamente a acordando que vendo-o desnorteado com aquela situação colocou sua mão

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suavemente sobre ele o perguntando se era algum sonho ou pesadelo que tivera. Logo, pouco a pouco, este se situou ao lugar-comum de onde estava a olhando nos olhos, revelando ter sido mais uma daquelas alucinações, mas que pouco a pouco a não ser o que tenha vivenciado no “sonho”, as memórias de quem era, antecedentes, se esvairavam como se fosse uma breve brisa que soprava suavemente sobre seu rosto. Octavios, se levanta, um grande corte em seu braço esquerdo, uma cicatriz, é revelada enquanto ele se dirige a um pequeno freezer e retira uma bebida, enquanto Jenny por de trás dele o abraça o fazendo sentir sua respiração na nuca. Numa breve reavaliação ainda sentindo a angústia do “sonho” latente em seu peito, se dirige ao computador para saber das informações recebida mediante sua leitura cerebral enquanto num relatório revê os anteriores casos vivenciados por ele. Abrindo a pasta, ele nota, casos similares mesmo que em menor intensidade ocorrida com outros agentes do qual pela fisiologia do cérebro aparentemente não suportou a sobrecarga de informações que como um “computador” acabou fundido.

Era uma espécie de Narcose Temporal que apesar de rara poderia demonstra-se ocorrida em outros casos inclusive de outras zonas temporais neutras. Todos agentes com sua exposição às nuances temporais sofriam algum tipo de mal cedo ou tarde, um destes até mesmo numa alucinação jurou ter visto um ser, que como um alienígena se apresentava o dizendo que fisicamente tal condição não poderia ser suportada em longo prazo por tais. Mas seu caso era diferente de todos os outros, na realidade não ocorreu, nem poderia ser uma projeção mental de algo não ocorrido mesmo que não se proponha a uma abordagem religiosa, não era reencarnação de supostas vidas futuras mesmo que possa ser interpretado como uma explicação especulativa, nessas visões diferentes que ligam-se a seus atos presentes com um futuro, num paradoxo legitimo, escrevia ele no relatório. Isso era conforme ele havia aprendido nas pesquisas da natureza do que vinha a ser os

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paradoxos em inerentes a própria natureza do tempo e do universo proposto num livro de um futuro até ali confirmado chamado ‘Ecce Libro’, porém mediante o que vivia tinha até mesmo dúvidas de sua própria existência mediante vivências aparentemente paralelas a estas onde em muitas tal se ligava a uma personalidade comum, alterações mínimas quânticas interferiram numa interpretação do tempo similar a este.

Octavios então olhou para Jenny enquanto esta acabava de se arrumar como num arrependimento das possíveis consequências do que poderia acarretar seu envolvimento com uma nativa daquele tempo, ela que era virgem, e, pois mesmo que cronologos tivessem – por necessidade – suas folgas tanto mantinham amizades como relacionamentos com outros agentes mulheres, em viagens-brinde a pontos do espaço-tempo peculiares, completamente isolados e paradisíacos, uma das vantagens de ser um dito temponauta. Porém, seu coração não o condenava sobre seu envolvimento agora pessoal e sentimental com Jenny, antes quando ela se virou reconheceu em seu sorrio uma pureza sentimental do qual mesmo mediante seu erro concebido como um literal pecado para própria agência o fazia ficar divido entre a lógica e o coração. Mas ambos saíram, Octavios a levar a jovem novamente a seu universo próprio, seu mundo. Porém, Octavios antes tentou argumentar com Teogoras sua aptidão ao cargo mesmo que interno, mas negado prontamente por ele pelo simples fato de que as variáveis de sua ausência demonstrava ‘desconfortos temporais’ maiores, o lugar dela era em seu próprio mundo.

*** Superfície, tempo nativo do século XIX, carruagens vagam por ruas lotadas enquanto moribundos caídos pela calçada e prostitutas sujas seguiam coito após coito com seus clientes numa época onde não existia nem ao menos camisinha. Mesmo que a

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cidade fosse bela sob alguns pontos, vendo-se em seus becos escuros mesmo durante o dia, o fazia sentir um profundo mal estar mediante as condições sociais e sanitárias daquele lugar, sempre a mesma coisa de sempre, muitas vezes se sucedendo em outras épocas temporais, não era de se espantar que periodicamente pragas literalmente carcomessem por completo as civilizações sucedendo a milhares de mortos mediante tamanha degeneração. Ficava difícil até mesmo para Octavios que não pertencia aquele lugar, não somente se encontrar, mas saber onde estava, um olhar de piedade, remorso o tomou ao olhar Jenny diante daquele cenário o levando a se perguntar como algo tão lindo e puro conseguiria sobreviver à tamanha sujeira, como ninguém ainda não a havia simplesmente a aguardo antes. Porém, na hora em que se aproximava de sua residência, uma leitura atípica rapidamente ascendeu em seu visor o denunciando algum tipo de anomia incomum naquele lugar. Ele sutilmente a segurou pelo braço enquanto olhava em volta do lugar em busca de algo visível mesmo sabendo que nem sempre a anomia era visível, mas alterava este tal como consciências próximas, quando de repente um homem que andava em meio à multidão da rua paralela parou olhando para o nada até de repente se virar sobre eles num olhar compenetrante como se soubesse quem eram. Ele então rumou até a direção deles, e Octavios vendo tal, caminhou a segurando pelo braço até um outro beco. O homem carregava em uma das mãos um livro de H.G.Wells do qual em originalidade não era escritor de ficção-cientifica, mas sim de romances de fantasia. O deixou cair no chão sobre uma poça dágua molhando por completo suas páginas e fazendo as ondulações antes completamente paradas se multiplicarem a fazendo respingar água sobre todos os cantos depois de fazer desaparecer o reflexo do homem mediante a água parada. Entre rápidos pensamentos, Octavios, pensou que H.G.Wells poderia ter encontrado um dos agentes ou até mesma

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uma das anomia o feito ter um surto de consciência a ponto de conceber contos como ‘A Máquina do Tempo’. Por fim, isso agora não importava, pois tinha que saber o que fazer, mas ao pensar em sair doutro lado do beco, mais dois homens entravam.

Octavios, não poderia entrar em contato com a XT-1001 dali, pois as frequências mesmo alinhadas no caso ao mesmo tempo, poderiam criar interferência anomias com as que registravam em seu visor. Octavios, então disse que iriam sair dali, para uma linha temporal segura, considerada um daqueles pontos onde o isolamento quântico era seguro. Porém, tal transposição temporal se tornou visível ao misterioso homem com o livro de H.G.Wells vendo-os aparentemente criar ecos visuais deles mesmo até desaparecer por completo, numa ondulação visual e temporal de sua presença. Desorientado então, o homem, olhou em volta como se não entendesse ao menos porque lá estava e viu o livro em suas mãos escrito “A Máquina do Tempo”. Um lugar lindamente perfeito, deserto, numa praia paradisíaca do qual alguns dos temponautas em suas folgas se dirigiam e até mesmo alguns tidos aposentados, lá se exilavam para viver um fim de vida tranqüilo, harmônico, num quase pequeno paraíso repleto de criaturas já extintas na própria linha temporal de Jenny. Logo ao surgirem, Jenny vê uma lindíssima ave elefante correndo junto a outra, um casal, a se emaranhar entre plantas exóticas nunca vista por ela.

Octavios, disse que lá perto morava um dos fundadores da T.E.M.P.U.S. um senhor simpático que vivia apenas com o essencial da tecnologia em caso de eventualidades. Ao chegarem ao local, uma simples, mas confortável e funcional casa típica de alguém que gostava de criar e inventar coisas funcionais e geniais, rapidamente surgiu um homem calvo e barbudo, duma aparência europeia, com olhos azuis e com um belo e receptivos sorriso no rosto como se já o aguardasse.

Hebert Stoneset Thompson? Perguntou Octavios em tom de dúvida mesmo que já o conhecesse e sendo respondido com

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um simples aceno com a cabeça abriu o portal cordialmente para que entrasse em sua residência sendo recebido imediatamente por dois belíssimos e imensos dogs alemães, mas igualmente receptivos a visitação dos dois jovens. Rapidamente, no lindo jardim de sua casa, ele ofereceu um pouco de chá para ambos, duma planta do qual Octavios desconhecia, por simplesmente ser extinta em tempos futuros.

- Você não sabe quantas espécies de plantas e animais fantásticos existem aqui, do qual o homem jamais conheceu nem por fosseis. – disse Stoneset orgulhoso e continuou – claro, muitas destas o próprio no alto de sua estupidez destruiu sem nem ao menos saber o que destruía, tal como homem destruindo homens do qual nem sabem sua função neste mundo, a tolice é uma doença triste que atinge apenas nossa singular espécie. Mas diga-me, o que lhe trás aqui?

- Não sei quanto tempo longe está da T.E.M.P.U.S., mas temos tido grandes problemas. – disse Octavios – Utilizamos aqui como ponto de fuga de uma anomia e aproveitar para pedir-lhe conselhos.

- Logo, vejo que lendário Octavios necessita de mim, sempre é bom sentir-me útil novamente. Mas engana-se ao afirmar que não saiba do que ocorre tempo a fora, mesmo que todos os atos são fatos gravados pela eternidade da linha do tempo, sendo expostos ou não. – continuou Stoneset - Sim, aqui é isolado, mas o mesmo tempo que de lá de vem, e que lá toca, aqui atinge, como as ondas do mar numa maré provocada graças a tsunami doutro lado do tempo. No entanto, mentes vãs, claro, em sua estupidez limitada não é capaz de compreender e respeitar a natureza do tempo, mas antes transtorna sua própria frequência, tudo isso deveria nos servir, mas não para brincarmos de Deus com que não entendemos, existem guerras maiores lá fora que nem eu entendo, e que estes tolos apenas são utilizados como meras peças descartáveis, mesmo que curiosamente o veja de

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igual forma. Mas receio eu ter culpa nisso, afinal em parte é graças à própria fundação da T.E.M.P.U.S. por mim e nossos amigos.

Mesmo que Jenny não fosse tão pouco pertencente a T.E.M.P.U.S., não parecia estar mais ou menos perplexa que Octavios, na realidade nem ela mais sabia se deveria voltar para casa ou se era isso que queria. Aquele lugar mesmo sendo seguro aparentemente, a fazia sentir uma agulhada de medo pelo que o senhor dizia, mesmo que aquele simpático senhor do alto de sua sabedoria se colocava numa posição de pendência com o próprio tempo e no que se referia por Deus, sendo um paradoxo. Humildade, como alguns diziam verdadeiramente, a virtude de um legítimo sábio, Stoneset exalava ambas tanto em suas atitudes quanto invenções, utilizando-se da pouca tecnologia ultramoderna presente na T.E.M.P.U.S., mesmo que um computador e comunicadores pareciam demonstrar que poderia-se utilizar para eventuais contatos. Stoneset, tal como os tolos do qual se referia, sentia-se usado igualmente a estes sob alguns aspectos, claro que não temia a estes tolos, mas sim o que seus atos poderiam acarretar em relação o que dizia. Ele então se dirigiu até uma peque biblioteca com títulos dos quais tinha publicação apenas própria de uma linha temporal se não interna, como relatórios de missões e etc, e a abriu revelando algumas investigações iniciadas por ele como fotos e etc.

Octavios então visualizou um mapa estelar supostamente legítimo com anotações preso a uma parede, que ao ser perguntado Stoneset respondeu se tratar de nenhum ponto do espaço-tempo conhecido da terra, independente do tempo, podendo ser de outro lugar do universo, afinal dependendo do ponto e distância-inclinação.

- Mas de onde é? – indagou Octavios. - O universo é imenso minha cara lenda viva, mesmo que

tenhamos achado algumas referências daqui de nossa limitada

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visualização, sabemos que é de algum lugar doutro lado da via Láctea, no mínimo. Mas a pergunta correta, seria não de onde indica, mas sim como achamos.

Octavios se deu por vencido, e realmente apenas seguiu com um sonoro.

- Logo como acharam? - Boa pergunta meu jovem! – disse Stoneset rindo – Já deve

ter ouvido falar dos Homo nulus ou talvez Teo sapiens não? Acenando com a cabeça, Octavios sentou-se, e então, esperou Stoneset abrir o livro que pegou e começou a contar uma longa história. Horti Verna Veritatis: Kingdom Of Time Há muito falam de anjos e demônios, mas como se abe claramente muitos nem sempre são oriundos de uma mesma coisa. Sim, os Teo Sapiens são apenas um nome para aqueles enviados de algo verdadeiramente superior e milagroso, para buscar reequilibrar as nuances aberrativas provocadas pela anomia dos homo nulus que, no entanto, nem todos são meros anjos caídos. Porém, antes de perguntar se são meros alienígenas que estão entre nós abduzindo, torturando e fazendo experimentos esquisitos conosco a afirmação está correta, mas incompleta, pois o que poucos sabem é que estes seres ao que se referem demônios não são extraterrestres, mas extradimensionais, mesmo que não na concepção meramente temporal de um chronologo, enquanto aqueles cinzentos curiosamente por mais distante de nós que esteja, tem as mesmas bases genéticas que a nossa. Octavios, então aturdido, o perguntou se eram não apenas humanoides, mas humanos e com uma risada ele respondeu que sim acenando com a cabeça. Alguns conseguem ser estúpidos independentes do qual tempo passe, aplicando tais conceitos geneticamente sobre si

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próprios. Mas mesmo que não saibam a procedência dos demais, certamente Stoneset lhe dizia que não seria possível mediante sua natureza, a não ser que algo está errado, os homo nulus aparentemente não deveriam existir.

Num futuro muito mais longínquo do que você imagina, conseguimos grandes progressos, finalmente a humanidade havia conseguido vencer-se a si própria aparentemente, em seus males, doenças, violência e etc. Porém, assim como os remédios que mascaram os efeitos da doença, não a curamos em essência, apenas impedimos de proliferar em sua matriz anomia, nem tudo estava certo, algo muito errado ocorreu que levou inevitavelmente ao nosso fim. Porém, cada qual fugiu a seu modo, uns para o espaço, enquanto eu e alguns outros pelo tempo. Acabamos apegados demais a este mundo para simplesmente vê-lo explodir literalmente, então eu e Apocon fundamos a T.E.M.P.U.S. como seguimento de um experimento do qual ninguém sabia se não poucos, as naturezas do tempo e do destino são muito caras para se brincar.

Queríamos assim apenas compreender melhor o que levou ao nosso fim, a origem da anomia que persiste em nos destruir em todos os tempos nos infectando como a maior e única doença da qual as demais advém em parte como um mero castigo por nós opormos a ação e reação, fugirmos da justiça ao contrário dos que comprovaram que isso poderia pelos “milagres”, pelo sobrenatural, chame-os do que quiser. Mas descobrimos que por mais que nos esforçássemos em controlar tal, mas tal se descontrolava, eventualmente sempre dando origem das discrepâncias espaço-temporais neste próprio mundo a exemplo do Triangulo das Bermudas.

Parte da resposta estava na própria mecânica quântica e nossa consciência inevitavelmente alterada pelo que alguns chamam de livre-arbítrio e outros fruto proibido, mas por mais que tal tenha uma relação estreita com nossos próprios atos

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errôneos e soberbos mediante o mesmo conhecimento é algo que nos leva a tal erro conceitual inerente à própria anomalia que disso se alimenta. Ao passo que a concepção de Deus se determinaria por um paradoxo, a anomia se determina por uma contradição desde a fundação deste mundo.

- Nós mesmos, seriamos a anomia - disse Octavios, ao concluir o longo discurso.

- Não! Mas ela surgiu em parte graças a nós, indiretamente, mesmo que passamos a manter uma relação direta com a mesma mediante ao erro conceitual. Nos tornamos anomia fazendo parte desta quando conseguimos por algum modo, romper o senso comum de potência além perceptiva ao homem, vai ver que talvez assim como suas próprias visões o homo nulus na realidade nem exista. - disse ele demonstrando perplexidade pelo que ele mesmo dizia de for reflexiva - talvez sejam ecos, ecos existenciais como nosso reflexo futuro no espelho do tempo, infelizmente eu e Apocon enxergamos isso um pouco tarde demais. Fica tudo muito estranho e turvo, por isso não pode ser bom, deveríamos ouvir aquele ou aqueles que você protegeria antes.

- Mas será que minha própria consciência poderá alterar negativamente o espaço-tempo continuo como vocês dizem – disse Jenny após observar atentamente a conversa dos dois.

- Cara, Jenny minha virtuosa dama de honra. Toda a ausência de proporção equivalente nada mais é que uma anomia, seja moral ou elementarmente onde ligam-se somente neste parâmetro, a doença ou o ao mal, espiritual ou "acidental" físico a simetria do universo tem proposito, a buscar equilíbrio, o contrário é anômalo. Vi de perto, Jesus Cristo, de sua ascensão e derrocada e quem dirá que não sofreu uma anomia? Vencida, neste caso por milagres legítimos, Ele ressuscitou. Nada mais foi, neste sentido, que uma forma de reequilibrar a proporcional vencendo a anomia (mal) por suplantação pelo sobrenatural (com causa), a fronteira do verdadeiro mundo espiritual, do qual, no

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entanto, nenhum de nós fora capaz de ir e voltar, ao menos sem ser enganado por outros. Sob tal aspecto, o problema reside na má distribuição do poder, sua presença no mundo natural pode corromper tanto elementos quanto morais, que pelo homem sendo capaz de iniciar uma com causa parcial pela consciência alterada pode demonstrar um grande poder anômalo por não serem propriamente dita com causa especialmente quando não condiz a uma moral comum de proporção. No seu caso, por fim, quem sabe o que será. Mas de certo pela minha experiência se resultar em sua morte, seria uma curiosa anomia não propriamente de ti. Porque você acha que foram colocadas 12 bases espalhadas em pontos específicos não interagentes mediante a quântica? Sabemos o que o nosso potencial presença pode provocar no tempo, não pode ser algo feito nas coxas como uma mera brincadeira de credo meramente. As visões são uma implicação de interferência nestas dimensões ante a anomia, a exemplo da dimensão de Gesur que é uma dimensão engolida.

- Mas o que devemos fazer agora? - perguntou Octavios em

tom de conclusão - Como posso corrigir o meu erro com Jenny? - Relaxe, meu caro lendário Octavios, posso não saber o

que ocorrerá, mas sabendo-se da lei de proporção certamente ou se corrige por si só ou cria-se anomalia, a única coisa que devemos mais temer depois da anomia é o próprio homem - disse ele e continuou - O que achou do chá?

- Muito bom, parece me ter feito sentir-me mais leve, pensar melhor mediante a sobrecarga de informações que tenho tido.

- Pois é, não existe em seu mundo, mas temos aqui neste lugar assim como tantos outros lugares secretos neste mundo por toda sua extensão de espaço-tempo que somente alguns descobrimos, sejam estes bíblicos ou não, pois nem todos podemos ir. Mas sabe qual é o nome?

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- Não, mas espero não ser nenhum alucinógeno - respondeu Octavios demonstrando curiosidade.

- Floris ad Chlorophymorphus Octaviuos. Como pode perceber uma singela homenagem a sua pessoa.

- Fico lisonjeado, mas receio que deva seguir meu tempo - disse Octavios - agradeço a hospitalidade, não obstante, gratidão mediante tal reconhecimento não é inerente a tolos, mas sim sábios com você, do qual igualmente compartilho a nobre e agradável companhia do qual sou fã. Sem dúvidas Stoneset tinha uma personalidade muito receptiva, perceptiva e nobre socialmente, compartilhava de opiniões inacreditáveis, mas sem jamais incorrer aos extremos do qual segundo este era amiga íntima da anomia que incorria aqueles que costumava referir como animais soberbos e ignorantes por desconhecer a complexidade do que lidava, simplesmente existindo numa penumbra de moral redundante. Não obstante, sua paixão com aquele mundo, deixava até mesmo Jenny a compartilhar não somente tal sentimento de Octavios para com ele, mas a querer passar o resto da sua vida descobrindo tais lugares secretos e intocáveis pelo homem ao longo do tempo. Porém, mesmo que aquele pequeno oásis no tempo, os fizessem esquecer dos conflitos lá fora, ele deveriam ir a sua missão a deixar Jenny em seu lugar mesmo que sua mente ampliada a uma verdade tão linda e propostas aparentemente tão nobres simplesmente a proporcionaria uma amargura posterior por não poder concebe-la na prática, porém, mal sabia ela seu papel nisso, tal como Octavios. Futuros Perdidos: Nil Actum Reputa Si Guid Superest Agendum Novamente na velha Londres naquela superfície estagnada por todo tipo de poluição, o medo eventualmente parecia tomar as pessoas apenas em proporção a indiferença destas, como sendo

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máquinas a simplesmente usar qualquer um a beneficio próprio para depois descarta-los. A decepção de Jenny era evidente mais do que nunca. Para ela era como quase se já tivesse vivido uma vida inteira ao lado de Octavios. Próximo a sua casa. Após Octavios verificar leituras ele a olhou nos olhos e como um casal de namorados se aproximaram, e se afastaram. Porém, interrompida a despedia por uma vibração em sua pulseira foi do qual ao olhar depois de desviar seu olhar para este, viu se tratar de uma repentina anomia, mas não em direção a ela se não ele, do qual ao se virar, viu um homem com uma grande cartola tirar uma faca de dentro de sua roupa e se dirigir em direção a ele. Octavios, assim como os demais cronologos não costumavam andar armados justamente para não intervir nas linhas temporais do qual pelos estudos anteriores até mesmo demonstrava sua não necessidade, mas que pela velocidade simplesmente não deixou tempo para mal se defender tomando uma facada diretamente sobre ele. Octavios, então levantou seu rosto após ver a faca penetrar sua carne fazendo uma mancha de sangue vermelho rapidamente crescer sobre sua roupa de época, a dor sucedeu a um frio triste e incomodo apenas sufocado pela adrenalina que surtia forte sobre ele o fazendo defender-se instintivamente a si próprio, mas não sem antes olhar para trás num breve momento e ver Jenny correr de volta a sua direção.

O homem, porém, insensível demonstrando toda seu ódio e avidez incompreensível como uma besta humana parecia sentir um estranho prazer ao ver àquela mancha crescer que como a própria anomia apenas fazia Octavios sentir-se longe da humanidade que se esvairia por aquele buraco em seu peito, sucedido por outro, e outro, e outro, até que Jenny pegando um pedaço de madeira o atingiu diretamente na sua cabeça fazendo sua cartola cair junto a ele que agora também compartilhava duma abertura sangrenta similar em sua cabeça. No entanto, mesmo que ainda zonzo pelo impacto, este ainda pegou novamente a faca e partiu, quando Octavios simplesmente se

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rastejando levou seu pulso que agora revelava o equipamento quântico a acionar um sistema de emergência que simplesmente desintegraria o aparelho em si e quem estivesse em volta como forma de não deixar qualquer traço de sua tecnologia naquela linha de tempo. Assim então arrancou sua pulseira e jogando sobre o homem que depois de caído novamente por uma sucessão de pauladas defensivas de Jenny que chorava de medo ao ver quem se apaixonou no chão desfalecendo, parou apenas a comando de Octavios para que saíssem de lá, Jenny então escorando ele se arrastaram até um zunido surdo simplesmente fazer da existência aquele monstro instantâneo em centenas de partículas como o pó levado ao vento. Já era noite, Jenny ofegante simplesmente parou na entrada do beco próximo a sua casa agora suja de seu sangue enquanto Octavios ficava esbranquiçado. Jenny então, num toque suave em seu rosto perguntou o que poderia fazer por ele, se poderiam voltar e impedir aquilo, mesmo que pudesse talvez criaria mais transtornos. Ela não poderia fazer milagres, nem ele, mas quando ele desfalecia sobre seus braços, num tom de voz fraco pediu-lhe apenas um beijo, que sobre lágrimas fora correspondido com todo carinho inexpressável por palavras. Porém, ao fim do beijo, Octavios parecia não mais estar lá... Muitas imagens sucederam a Octavios, John Roberts sorrindo mesmo que não o tenha conhecido, Yves, Yuri, Gary, Gesur e tantos outros surgiam em memórias inúmeras que o faziam sentir mil coisas, mil experiências, mil pontos de vistas dos futuros, de um futuro por vez doloroso, mas sincero, temos que sobreviver a anomia, vozes diziam a Octavios. Tenho que te proteger, não sei como posso, mas tenho, não podem mata-lo, não podem me matar, anjos não morrem, quem sou eu, quem somos nós?

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Agora vejo, o mal grita, o mal ri, mas mesmo assim como ele não vencerá. Fora então como numa luz cujos raios formavam como pétalas cada qual a sua direção tocou-lhe em seu íntimo mediante aquela situação, sua vida de angústias mas que teve seus momentos. Octavios acredita, agora acredita. Mas enquanto um mundo de coisas ocorriam em sua mente, apenas um casal perdidos em sombras num beco qualquer de uma Londres por pessoas insensatas permanecia sob as lágrimas silenciosas da bela Jenny, fora seu sentimento que a guiou até ela? Fora seu pecado que o levou a morrer?

Falavam que poderia ser o sentido de toda existência, uma resposta para suas dores, males, medos, para a guerra e toda forma de miséria e desgraça. Ninguém sabia o que havia dentro daquela caixa, mas era algo do qual ninguém poderia roubar, tirar, e ainda castigar Octavios. O jovem carregava aquela caixa com todo carinho, sabendo que era necessário para a humanidade, muitos imediatamente se opuseram, e como os estúpidos ordinários de praxe, o quiseram impedir, matar-lhe, roubar-lhe, castigarem. Logo começaram a cobrar taxas para sua passagem, feitas sob medida apenas para aquele jovem. Mas todos viam o que quer que esteja dentro daquela caixa não poderia impedi-lo mediante os ordinários em suas propostas medíocres e claramente perversas.

O jovem não se esqueceu daquele dia, todo na rua a olhar-lhe sua passagem, como uma multidão a receber um campeão olímpico, inimigos e amigos a olharem fixamente para aquela caixa, o legado de Octavios para o mundo. Por mais que dissessem ao abri-la que Octavios os enganou, a verdade permaneceu, ali havia fé, esperança, uma verdade indestrutível, inexpugnável e impagável, abstrato, mas cujos efeitos eram reais, factuais, concretos. De Jesus Cristo em sua conceitual inabalável, que manteve cristãos nos piores momentos como uma constante, num universo

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patético dominado por aqueles ordinários através dos tempos, havia fé no que não se via, mas aquela boa fé fazia acontecer o melhor contra todo sofrimento, dor e angústia, pontes sobre abismo.

Enquanto isso, um silêncio tomou a XT-1001, todos aos seus monitores, viram quase imediatamente as nuances que a morte de Octavios provocou. Estáticos, inertes, perplexos, mudos apenas com um silêncio irrompido apenas por alguns choros sucediam. E agora? O que acontece? E o futuro? Eles talvez não existem, talvez possam nunca existir. Não pelo fato, pois não são fatos, porque ainda não ocorreu, logo não existe. Fora então que Teogoras, virando-se disse:

- Mas uma coisa é certa, o futuro "está dominado" por eles – disse Teogoras triste - esperemos que não alcance tal tecnologia antes de nós graças estas oscilações quânticas.

Inconsolada, Jenny, porém seguiu sua existência naquele mundo louco. Uma imensa lacuna de dor e tristeza a tomava em seu íntimo. Mas logo, sua barriga cresceu, ela estava grávida de Octavios, ele deixara sua semente nela, mas plantada por ele, por coração, era o fiapo de esperança e fé que lhe restava.

O Menino nasceu, lindo, cresceu mesmo mediante segredo e proteção de sua tradicional família, teve uma vida plena, bela, teve filhos. Porém, a então jovem Jenny agora era uma senhora que eventualmente olhava para o nada como se visse Octavios. Numa noite então, pegaram uma pequena caixa com registros de sua família, fotos de sua infância, sua juventude. Oh bela Jenny, seus olhos ainda exalavam sua beleza interior, mesmo que suas rugas eram como assinaturas de sua tristeza!

A senhora vestida de azul ao tirar uma pequena página uma pintura de um antepassado dela o fez refletir, aquele homem misterioso que fugira dos Templários, conseguiu criar uma família, mesmo que triste jamais revelou sobre seu passado ou de

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onde viera de fato. Sorrindo então, ela fechou a caixa, e fazendo algum esforço, se levantou lentamente até a janela, quando de repente viu um homem. Uma forte agulhada em seu coração a tocou tão profundamente que a fez estremecer até o último fio do cabelo, ela levou sua mão até a boca e uma lágrima rolou. O homem então se virou, era Octavios que apontando estranhamente o pulso em sua direção a olhou por uma fração de segundos e então se desviou, não sem antes ela sorrir e ele a vê-la. Ela viu uma última vez seu amado, antes de descansar em paz para sempre, na certeza de uma coisa: o passado é para sempre, anjos existem.

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Appendix: Apêndice de Parallel Tales

Advento de Síndrome Celestial

T.E.M.P.U.S. O Segredo substancial da TEMPUS é uma descoberta sem precedentes científicos que sacudiria os pilares da ciência. Não obstante, sua posição secreta nos demais tempos, se determina exclusivamente na não interferência negativa na linha temporal.

Inicialmente criada para tentar impedir o fim do mundo e compreender o porque do fim. Porém, não por não conseguir respostas factuais na nossa linha temporal oriunda resolveu-se voltar no tempo, acabando a descobrir um mundo muito maior. Curiosamente demonstrou ponto do espaço não somente geológico, mas temporal que demonstram-se com maiores variáveis quânticas mediante sua posição estratégica temporal o que levou ao desenvolvimento de tecnologias de isolamento quânticos onde a observação visava diminuir o máximo possível de impacto sobre o habitat do espaço-tempo em que era oriundo.

Surgiu a partir de um projeto que visava estudar a natureza da mecânica do tempo físico as fascinantes propostas de Gerson.Machado de Avillez da paradoxologia e sua relação quântica com a relatividade. Abrangendo áreas como a nova psicologia quântica e as formulas desenvolvidas por Avillez. Observamos que conforme Platão havia descrito das concausas, os estranhos fenômenos atmosféricos e eletromagnéticos surgiam como efeitos de uma concausa, esta ligada ao tempo. Logo, pudemos montar o mosaico universal observando padrões únicos como fractais, Ovnis, e o inicio de fim de diversas civilizações do mundo, onisofia filoversista. O Tempo é dono do novo, e do velho, pois o tempo é dono da idade

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o tempo não se atrasa, o tempo não engana nem se engana o tempo é dono de toda ação e movimento ele é dono do vento o tempo é o deus do passado, presente e futuro do qual Deus os três cerra, pois a eternidade se submete. Tempus Disciplinas: - Kripto.história e a acronologia temporal - Paradoxos e paradoxologia avançada - Caótica quântica e margens de imprevisibilidade caótica - Estudos científicos sobre a Matéria Escura e a Matéria Espelhada de Gerson, Teoria das Supercordas, Buracos negros e etc. - Teoria da Relatividade - Filoversia O Tratado do Tempo: Registros da TEMPUS De acordo com a própria natureza humana em sua potência nata, uma pesquisa baseada ideia de interferências quânticas humanas na linha do tempo pelo Efeito Borboleta, descobriu que em si própria, as viagens temporais afetam a natureza do tempo, porém gente de dentro do grupo ao matar tais pesquisadores para que a 'TEMPUS’ não seja fechada, um conselho administrativo de correção a CEET (Comitê Especial de Estudos Temporais), foi fundado e formado por Logotopos, nível avançado de Cronologos, tendo por líder um Seth.

Além do mais o SAB - Sistema Artificial de Buracos de Minhocas (Artificial System of Wormholes - ASW) utilizados como meio de transporte e comunicação interna entre as diferentes bases de Zona Neutras Temporais pelo Espaço-tempo interfeririam diretamente na malha do tempo criando nuances que afetariam o caos no universo, na Zona NeutraTemporal XT datada nas proximidades do Relógio de Londres, do início do

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século XIX. Secretamente alojada em seus subterrâneos. Para tal fora criado o tratado do Tempo.

O Tempo foi tido por uma ala dos pesquisadores como a potência do Tempo no universo que demonstra-se por sua vez como o néctar da potência dos seres no material como único meio destes demonstrar sua potência no espaço, ou seja, existir, ser.

Tido como um território proibido e restrito, as menores nuances e variáveis pode muda-lo radicalmente o transtornando e criando possíveis anomalias caóticas, desde a premissa da teoria do caos de como uma borboleta possa causar um tufão do outro lado do mundo, a sua mera presença no passado desviará o presente e futuro para uma outra dimensão do "e se", por menor que seja.

Tendo por posse a decifração de milenares profecias. A divisão de pesquisas do grupo, a TF (Tempus Fugit) descobriu que muitas destas ditas profecias poderiam resultar nas anomias. Assim o Tratado Datado na Zonas Neutras (Conorte, Conoeste, Coneste) do tempo visava consertar e readaptar os ciclos “proféticos” como possível forma de se evitar o fim do mundo. Entre as leis, ninguém poderá viajar duas vezes ao mesmo futuro, pois o mero fato de saber, de observa-lo irá muda-lo, pois tudo que é observado pode muda-lo, exatamente por isso que as revelações eram cifradas e somente as divinas com enorme precisão, pois a mera possibilidade de sabe-lo poderia implicar na sua mudança mesmo que a nível subconsciente, a percepção poderia provocar efeitos transtornatórios e imprevisíveis assim como nos casos de uma adivinhação acabar por causar seu efeito oposto.

O problema e a solução assim estariam no livre-arbítrio a nível quântico, e o destino assim acaba sendo subjetivo, pois mesmo que se realize sempre, nunca será como se pensa ou "sabe". É um intrincado sistema de proteção do tempo regido por regras tão complexas quanto à natureza do universo. Por isso as profecias podem ser usadas para o bem e para o mal, podendo

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guiar o caminho no tempo de certo indivíduo a não realiza-lo ou realiza-lo programadamente, pois só podemos saber fragmentos do futuro e de possibilidades futuras como as estatísticas.

O Sigilo fora de seu tempo oriundo é uma essencialidade dado a natureza experimental da agência cujos conhecimentos só podem ser alcançado pelos níveis mais elevados de seus graus justificando-se plenamente benigna como uma das poucas que tem razões e regras rígidas para seu funcionamento como Secreta afim de que seus experimentos não afetem negativamente o Tempo em suas diversas linhas, sendo apenas aberto na linha temporal de onde é oriunda. Fidelidade, sinceridade e confiança são virtudes essenciais e vitais para o funcionamento de não colapso da agência, pelo qual demonstra-se que elemento de personalidade dúbio e desrespeitoso ao colega pode por em sério risco as missões levando a consequências nefastas e imprevisíveis.

Suas regras rígidas buscam combater toda forma de contradição cuja representa possíveis anomalias futuras ao espaço-tempo, tal como usurpações respeitando em suma a essência e honra dos “profetas”, criadores e descobridores que por casos anteriores, as tentativas de inversões e regras contraditórias que até mesmo punia estes por morte por seus feitos, provocaram enorme dano na teia metafísica proposta pela Filoversia. 1) Nós somos indivíduos em constante viajem temporal, sempre seguindo para o futuro numa viagem padronizada carregados pelas ondulações naturais do tempo. 2) O Universo não é só infinito em espaço, mas também em tempo e estruturas mediante sua observação. Mundos paralelos sempre são reflexos variáveis, resultantes de desvios temporais. 3) Uma vez saindo de sua linha temporal ao qual é oriundo, não poderá retornar sem provocar ecos temporais tirando-se as zonas

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neutras temporais isoladas quanticamente pelo campo de fótons, como as Conorte, Conoeste, Coneste. 4) Nunca poderá encontrar a si próprio numa mesma linha temporal, a inconsistência quântica tornaria tal possível apenas mediante o transporte de consciência, ou seja, viagem temporal da psique. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, independente da distância. 5) Saber o futuro implica muda-lo. As mudanças temporais independentes do nível são imperceptíveis ao oriundo do espaço e tempo de consciência não desperta ou alterada. 6) Quanto maior a distância de atuação, maior as alterações temporais proporcionais por menor que sejam as originais. No tempo o tamanho não influência e a distância amplifica. 7) O percurso temporal de distância temporal exigisse proporcional gasto energético. As Regras Primárias: Praeteritum tempus umquam revertitur I - Em qualquer hipótese, as viagens temporais deverão ser usadas com objetivos lucrativos e (ou) qualquer outra forma se não a de pesquisas cientificas autorizadas e em caráter sigiloso. Sendo apenas publicada na época de origem e cujos planos devem ser previamente determinados e tenham sido igualmente aprovados pelo comitê, e realizado por agentes competentes (temponautas), jamais sendo permitido a civis ou qualquer outra criatura sem permissão expressa. Seus registros são sigilosos por motivos óbvios em relação a linha temporal oriunda se não de origem-fundação da própria, para não se transtornar o tempo. Seu primeiro experimente obteve êxito, porém levantando uma série de anomalias pelo vortex por intermédio de uma complexa tecnologia. Tal como roubo de informação para um tempo em que

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elas ainda não são existentes, sendo elas tecnológicas, cientificas ou qualquer outra que possam interferir no desenvolvimento da humanidade, rumo ou linha do tempo equivalente; a) Só se interfere em determinada linha temporal, para se reverter interferência anterior de origem acidental ou não, ou se não autocompleta-la, mesmo que mediante oscilações podem provocar nuances dentro do quatro da flor de mil pétalas. b) Catalogação de supostos universos distintos expressos por nuances meramente, na chamada lendária flor de mil pétalas. Tal como a existência da Narcose temporal. c) Não interferir em áreas do espaço-tempo que apresentem grande volatilidade quântica. II - Todos os planos devem ser feitos detalhadamente com antecedência e profunda pesquisa sobre o espaço-tempo alvo pelos organizadores junto ao Comitê de Inteligência Temporal e a CEET (Comitê Especial de Estudos Temporais) no qual será responsável pelo envio de sondas temporais a fim de certificar-se a segurança das informações. Deve ter como base registros exatos de duração da viagem total, em relação ao espaço-tempo de saída e ao espaço-tempo alvo, tal como número da equipe e lista detalhada de equipamentos levados, todo o plano deve ser rigorosamente cumprindo dentro dos tempos estabelecidos. A serem monitorados simultaneamente pelas demais Zona Neutras Temporais. III - Em hipótese alguma nas viagens temporais poderão interferir mudando algo direta ou indiretamente, conscientemente ou não, seja se retirando ou acrescentando objeto, ser ou informação (uso de informação futura indevida), fazendo-se qualquer tipo e ordem no contato com habitantes sem permissão expressa, fato punível

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de acordo com o grau de interferência a ser julgado pelo Comitê e os 37 Protocolos de Segunraça Temporal e Dimensional. Hierarquia e cargos da Tempus 1 - Callabarius Veritatis Temporalis: Agente em treinamento e da classe de estudantes de disciplinas acadêmicas relativas e ao pouco restritas. Acesso primário, não se há conhecimento das missões e outras informações classificadas. 2 - Guardianus Ad Tempus: assessor e ajudante do temponauta "Peregrinus", primeiro nível Cronologos. 3 - Peregrinus Perfectus ad Tempus: O agente temponauta médio designado para missões de observação física ou perceptiva. 4 - Prophetes ad Veritas Singularis: administrador e operador operacional de missões temporais. 5 - Palatinus Ad Tempus: Agente Especial de correção temporal. Uma espécie de corregedoria de falhas e possíveis agentes temporais fraudulentos, o primeiro nível Logotopos da CEET. 6 - Guardião do Vento Temporal (Guardianus Ad Ventus): Uma espécie de guardião-fiscal de pontos vitais da malha temporal. 7 - Auctoritas Avoengo Ad Veritatis Temporalis: A Autoridade Herdeira da Verdade Temporal é o administrador-chefe responsável pela supervisão, segredos e decisões gerais da agência, normalmente um Seth. O terceiro portador deste cargo fora Teogoras um Filosofo que influiu nas disciplinas dividindo a consciência humana em Monoconsciência, Biconsciência, policonsciência (Consciência futura, visualização temporal), sucessor natural de Herbet Stoneset.

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Chlorophymorphus Tempus: Flor de Mil Pétalas A concepção de mil pétalas designa não mais que um número exemplificativo mediante as inúmeras nuances futuras da qual apenas uma se tornará fato pelo ato fazendo das demais meros 'E se' paralelos. Sobretudo a própria concepção da flor é uma condição a demonstrar que cada uma destas nuances segue uma direção. Aqui não se determina como profecias vazias das quais suas nuances seriam enormes contradições, mas uma busca inicial a tal concepção mediante a consciência sobre o quantum não mais que falhas graças à tamanha imprevisibilidade. São destas concepções que visa a busca por tal como ideia simbólica a se tocar preceitos de uma consciência superior a nível quântico, resultando não obstante aos três tipos de viagens de nuances ou não. No entanto, aqui a flor-do-tempo não representa um anti-designo ou desígnios de Cassandra - anomia - onde se personifica a exemplo da linhagem seth representada por John Roberts e o próprio Octavios onde independente das variáveis sempre nascem. Aqui sua vinda oriunda do futuro oscila pela interação no passado provocando a narcose temporal pelo grande feedback de memórias por tais oscilações temporais. Ficou conhecida como Chlorophymorphus Tempus por parecer estar constantemente oscilando mesmo que suas matizes e base fossem sempre as mesmas indicando uma só orientação. Desta flor sai a semente do universo atual tal como na eminência de gerar outras, ou seja, suas nuances são excedentes necessárias, mas que sob controle. Também pode ser conhecida pelos nomes de Flos ad Mille Petalum, Tausend der Blütenblätter.

Mediante a relatividade as viagens temporais não somente são possíveis como ocorrem, uma de que estamos constantemente indo ao futuro e outra condiz diretamente ao paradoxo dos gêmeos constatado na prática mesmo que ínfimo. A terceira,

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porém enfrenta desdobramentos apenas completos pelo isolante quântico com resguardo parcial ao menos mediante a teoria do caos. - Viagem Temporal natural - Viagem Temporal relativa - Viagens Temporais de quebra ondular completivas ou anulatórias

A viagens temporais completivas também poderiam ser de correção mediante uma viagem anterior anulatória (anomia) ou simplesmente como um fenômeno de preenchimento de lacunas num paradoxo pleno, ao contrário do falso paradoxo do avô previsto como uma viagem temporal anomia ou anulatória. Os Três Tipos de viagens: Portais do tempo: Pequenas janelas temporais abertas onde se é possível observar o espaço-tempo alvo sem que seja necessária presença física de sonda ou temponauta. Viagem Temporal Lateral ou Viagem Dimensional: Viagens investigativas de universos variáveis futuras pela flor de mil pétalas, que visam descobrir origem no espaço-tempo do desvio, tal como a natureza da onisciência e a consciência quântica, tal como seus graus e as diferenciações. Viagem Temporal Bi-direcional ou Protegida: Viagem pelo espaço-tempo com marcador da dimensão em que se veio caso alterações temporais seja feitas desviando-o assim de sua linha dimensional original por alterarem a linha do espaço-tempo, do qual mediante o isolante quântico diminuí seu impacto analisado pelas demais Zonas Neutras Temporais.

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Não obstante algumas observações devem ser feitas sobre tais. Algumas máquinas temporais deixam rastros no espaço/tempo de diversos tipos e intensidade, algumas chegando a criar anomalias por todo o trajeto do continuo espaço-tempo a se propagar como ondas temporais atingindo por vezes até mesmo linhas temporais passadas, podendo por em risco a própria estrutura do tempo conforme ocorrido em Unknow Mainstream onde este próprio mundo nada mais seria que uma variável anomia, um eco existencial. Não obstante, este fenômeno pode ser detectado e dependendo de sua intensidade, até aberto ao contrario de viagens por túneis wormholes artificiais, por serem mais estáveis e simplesmente ligar uma ponta à outra diretamente no espaço-tempo determinado. Por isso equipamentos específicos são desenvolvidos como meio de se analisar cada flutuação e nuance no respectivo habitat temporal como forma de isolamento quântico a fim de se provocar menos impacto possível em determinada linha temporal. Estes aparelhos portáteis calculam as variáveis mediante a interação observação, analisando as nuances mediante as possíveis escolhas tomadas pelo temponauta, sejam ela positivas ou negativas. Os Time Sapiens e os homo nulus No tempo presente pouco sabe-se destes referidos “anjos”, ou de onde veio, diz-se em seus vestígios deixados na Bíblia e alguns chamados desviados em traços culturais de outras civilizações que representa o próprio futuro de alguns chamados escolhidos, temponautas cujo poder é sobrenatural, não-tecnológico, para viajar pelo tempo e no que se refere o Teoverso, seus dons diversos são relacionados ao Teoverso fonte imaterial de todo poder. Diz-se que uma rebelião, no entanto, levou muitos dissidentes a caírem dominando um local chamado por Subverso passando a se chamar homo-nulus conquistando castas e incrementando seu exército supostamente com almas penadas.

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Entre suas habilidades estão de se comunicarem através do tempo, por meio de sonhos e outros e de se materializarem e desmaterializarem sem qualquer auxilio tecnológico. Onde, no entanto, mantém contato com espécies materiais curiosas como interpretadas ao longo dos tempos como os grays, draconianos entre outros, provenientes de Orion... Genealogia Octavios defende a linhagem na realidade de Seth participada por ele mesmo que determinaria-se como as variações nomeadas por Yves, John Roberts, Gesur e outros como a mesma pessoa. Na realidade assim demonstra-se que o papel de Octavios como signo da eternidade é defender o designo ou designado demonstrado pela linhagem Seth em seu propósito e salvar o mundo seja pela informação descoberta ou atitudes para evitar o crescimento da anomia personificada como o mal. Tal culmina na resultante positiva que leva a criação da própria TEMPUS por Hebert Stoneset como descendente de John Roberts, conforme a genealogia na página seguinte. - Hebert Stoneset: descendente direto e registrado de John Roberts que retorna no tempo, um dos fundadores da TEMPUS. - John Roberts (Rex Virtuais) descendente de si próprio, cujas excedentes variáveis são Yuri (kriptofobia), Gesur (Unknow Mainstream), Gary Kane (1969: Praeteritus Percfetus), Yves (Éden) e Melahel (A Sete passos do paraíso), que se casou com Aagje Stoneset. - John Octavios, também identificável por Eightman ou Octonaut, viajante temporal que engravidou Jenny (com pseudônimo, Stoneset), uma descendente de John Roberts no passado. - Aagje Stoneset e Xenomedes, sobreviventes da linhagem Seth (Stoneset) no século XII.

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Vocabulário:

ANÉIS DE TEMPOS: outras camadas ondulares de tempo, sendo passado ou futuro. BOMBA QUÂNTICA: Um artefato de procedência desconhecida que pode criar enormes torções espaço-temporais. BOMBA NEGRA: Artefato capaz de criar no espaço-tempo um campo de sucção, um buraco negro artificial de curto período de vida. Geralmente usado para destruir campos de asteroides, e mais secretamente especula-se estar sendo usado num experimento onde seria capaz de criar novos mundos, a quem diga que na realidade abra um portal para outra dimensão. CEET: Comitê Especial de Estudos Temporais. COMUNICAÇÃO TEMPORAL: Transmissão temporal de dados. CRONOLOGOS: Nome dado aos estudiosos e pesquisadores das legislações do tempo.

DARKTRONS: Partícula de matéria negra de luminosidade, espaço e temperatura zero. Chamada de 'matéria-nada', é o inverso absoluto da luz (fótons). Origem provável: buraco negro. Sintomas: suga toda forma de energia e matéria ao alcance. EFEITO ANOMIA: Teoria descrita por Gerson Avillez onde se observa em paralelo a antropologia que na natureza nem sempre a maior população, maioria ou força determina qualidade onde a predominância funcional em qualidade a exemplo das pragas e pandemias relacionando-se ao vulgar por justamente não haver qualidades positivas, mas podendo simplesmente ser doenças, ou elementos insurgente apenas as custas do desequilíbrio que os determina como o efeito vulgata, superpopulações desordenadas na natureza tal como pragas.

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ECO EXISTENCIAL: Fenômeno de desvios temporais onde um ser-espelho anula outro pela inviabilidade de mundos paralelos, coexistem. EXPLOSÃO DE TEMPO: Efeito que teria dado origem ao tempo; efeito de propagação do tempo em sua modificação repentina. FLOR DE MIL PETÁLAS: Teoria no qual prega que o tempo tal como o universo tem um período de vida e o tempo vai ficando mais lento à medida que o universo se expande e que ele tem seu auge, e cujas nuances se determinam mediante o livre-arbítrio a imagem duma flor. FLORIS AD CHLOROPHYMORPHUS OCTAVIOS: Uma erva geneticamente modificada criada especialmente por Herbet Stoneset em homenagem a John Octavios. HOMO-NULUS: Misteriosa criatura humanóide que viaja no tempo, de procedência desconhecida, mas que atua sobre alguns

humanos e com outros seres provavelmente alienígenas. IMPLOSÃO DE TEMPO: Prevendo possíveis colapsos temporais o grupo treinará em outra dimensão sem ligação com a nossa propositalmente, mas mesmo assim a 'explosão temporal' além de fazer ruir toda a linha de tempo desta, fez a nossa realidade perder cerca de 2 segundos nos relógios de todo mundo, como um pequeno abalo do espaço-tempo continuum. LOGOTOPOS: Grupo do CEET, elite de Cronologos destinados à proteção da linha temporal e fiscalizações do projeto TEMPUS anti-anomia, um tipo de corregedoria da TEMPUS, do qual Octavios e Stoneset fazem parte. MATÉRIA ESPELHADA: Matéria espacial tão misteriosa quando a matéria negra, porém raríssima de ser encontrada, esta não se pode ser vista, mas sim sentida através do reflexo espacial gerada por ela. Teria a capacidade não somente

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refletir, mas ampliar suas luzes refletidas. NARCOSE TEMPORAL: Uma síndrome misteriosa que ataca suposto viajante temporal, onde o córtex é sobrecarregado por informações numa espécie de coma sensorial cujos efeitos em longo prazo está numa hiperatividade da glândula pineal provocando um aparente inchaço na medula espinhal. ORIGEM DO TEMPO: Fenômeno provavelmente ligado ao Big-bang, evento desconhecido, explosão temporal. RASTRO DE TEMPO: Eco residual deixado pelo Continun-espaço que pode teórica pode-se ser detectado ou até medido. RADIAÇÃO QUÃNTICA: Resultante provável da bomba quântica é um elemento que transtorna os sinais quânticos cuja intensidade pode danificar o próprio tempo. SÍNDROME CELESTIAL: Um fenômeno sofrido por seres extremamente evoluídos, a

beira de ser tornarem "deuses". Referente ao livro de mesmo nome. TDAC: Temporal Denfense And Correction, Proposta de Setor de Correção e Defesa Temporal formado pelos topologos criado após os incidentes ocorridos de Ronoake e da bomba quântica de acordo com a cronologia interna da TEMPUS. TEMPO ZERO: Dimensão de Tempo nulo, sem avanço; inexistência; nem inicio, nem fim; sem futuro, sem presente. TEMPONAUTAS: Cientistas e agentes temporais, estudam na pratica as viagens no tempo. TEMPUS: Time Experience and Mirror Pesperctive Unith Search, ou traduzindo Unidade de Busca Pesperctiva Espelhada e Experiências Temporais. Uma Organização estritamente cientifica dedicada exclusivamente aos estudos do Tempo estabelecendo em diversos

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pontos do espaço-tempo continum. VACUO ABSOLUTO: Ausência de matéria, luz e até tempo, onde a um dos efeitos da ausência de tempo poderia ser simulado no Zero Absoluto. VELOCIDADE ABSOLUTA: um dos atributos dos deuses e semideuses que de maneira imediata pode significar a onipresença

espacial e até mesmo de espaço/tempo que quanto alcançada representa um passo à onisciência. ZONA NEUTRA TEMPORAL: Só os locais do espaço-tempo em que o nível de interefêncial temporal é nulo ou quase nulo, a T.E.M.P.U.S. tem três como XT-1001 Conorte a Zona Temporal Neutra 086 Conoeste e Coneste.

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Corpus Ad Ventus Índice de biblioteca da Magnus Opus de Gerson Machado de

Avillez

Todas as perguntas, anseios, medos, situações, aflições e

desejos me levaram a concepção e formulação de meus livros após anos do que pesquisei, desenvolvi, criei, escrivi e revisei. O valor inestémavel pessoal se dá pelo fato de ser minha história, o que sou, o que fiz e sobretudo o resumo de todo um periodo de minha vida conturbado por alições, perseguições e isolamento do inferno. A cada argumento um equivalente de mim refletido nos personagens quer como personalidades ou seus acidentes e incidentes. Minhas perguntas do que presenciei e nunca fora respondido de modo conclusivo e comprovado por ninguém, meus anseios e medos do que senti padeci e fui afligido, meus desejos como alcunha para buscar fugir daquilo tudo num inferno astral indefinível por forças nefastas. Minha criação é minha cara porque ela expressa tudo que sinto, penso e sonho e não bastando falar por mim e eu por ela.

Corpus Ad Ventus é um corpo de conhecimentos fechados transmitidos de forma ficcional, mesmo que complementar, a Codex Adagiumn. Seu nome significa do latim 'Sistema de Ventos' porém, faz alusão a Advento como a igualmente ficcional Ordo Christianitas Ad Ventus. Seus conceitos começaram como contos sinópticos sapienciais no então 'Unua Libro' posteriormente intitulado 'Ecce Libro', como base da síntese do Filoversismo. Seu autor é o autodidata Gerson Machado de Avillez que se baseou em filosofias platônicas e experiências pessoais (e sobrenaturais) com aspirações bíblicas. São uma série de livros de ficção científica interligados que trás a crença do que o autor acredita ser a verdade, por vezes se fundindo à fantasia que se escora em argumentos do pré-existentes (ou Verbo) como base dos mundos ressoantes do qual

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existem os Seth como únicos constantes. Porém excede a um único argumento sendo igualmente uma rede de teorias interligadas e dependentes para uma concepção única e geral do Filoversismo. Começando pela Saga dos Tempos em seus quatro livros de Saga dos Tempos (“Crônicas Do Tempo”, “Crônicas Atemporais”, “Acrologias”, “O Império do Tempo”) e seguido por “Chronomicon: Crossovers Tales”, “Setor Zero”, “Antrovates” e “Defecon Omega” para “Psiquiatra de Füher”, “Sleepners”, “Abin”, “Síndrome Celestial” e o misteriosos “Sombras dos Tempos’.

Todos esses livros são organizados em três universos distintos, o universo dourado, o qual pertence o das viagens temporais, por abranger um período de tempo fora do próprio; universo prata que corresponde à dimensão da trilogia adormecida; o universo Ônix correspondendo aos livros de ‘Setor Zero’, ‘Antrovates’ e ‘Defcon Zero’. Os demais livros são Interversos, ou seja, aqueles que abrangem a interseção entre todos estes universos como ‘Neuroversus’. Os primeiros livros são abrangentes ao universo fictício criado como especulação e exemplificação metafórica das teorias do autor e abrangentes como de não ficção ou simbólicos ao introduzir os principais conceitos por ele estipulado e parte da biblioteca Codex Adagium por este criado. São oito os seguintes livros e projetos cujas sinopses expressam as determinações e buscas do autor como bases aos demais livros ainda que alguns possam estar soltos a concepção multiversal do autor como ‘A Origem da eternidade’ como obra de ficção sem aparente relação com os demais universos criados. O Livro dos Tempos – 2009/2010 Introdutório aos livros de ficção do qual abrange a teoria-mestre por de trás destes esta obra reúne condensadamente os livros ‘O Erro de Einstein’ e ‘Chronologos’ original se aprofundando mais nos conceitos abordados pela paradoxologia do filoversismo e o tempo: Os paradoxos espaciais apresentam um curioso disparate

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de paralelo existencial entre os paradoxos temporais e espaço-temporais. As conceituais da proposta de uma nova concepção de mecânica temporal, onde numa recapitulação as maiores questões sem resposta da astronomia e física se propõe na composição inserida do conceito do tempo, como ondas como resposta e alternativa de junção da teoria unificada entre Relatividade (macro) e Mecânica Quântica (micro). Os Infinitos tons da Eternidade Na incursão da Teoria da Relatividade Ondular Ressoante, demonstra-se mais que suas bases iniciais onde ao se analisar em detalhes a teoria, numa dissecação análoga a sua concepção ondular se propõe uma concepção própria e exclusiva das viagens no tempo onde juntando as partes como num quebra-cabeças formula-se a filosofia e a ciência das viagens no tempo e as bases para postular fórmulas que delimitem suas concepções que podem explicar do caos a elementos que liguem a Mecânica Quântica a Relatividade Geral de Einstein. A Origem da Eternidade: Sob o domínio do Destino A série de seis contos em ordem cronológica que relatam o inicio e o fim da humanidade, de ‘O sumeriano’ quando um escravo ao questionar uma construção de séculos o leva a uma odisseia sobre a verdadeira origem da humanidade e seus fundadores até os poucos humanos livres que viriam a fundar Isarel; indo até ‘Calor sobre os trópicos’ onde um serial killer nunca encontrado parece voltar a agir décadas mais tarde relacionado a um livro supostamente profético sobre o apocalipse e o retorno dos criadores do mundo; ‘A Segunda vinda do Filho’, onde relata-se que a suposto retorno de Cristo pode ser verdadeiro após uma sucessão de possessões em massa relacionando-se com uma antiga conspiração do tempo de sua crucificação e feita por herdeiros ancestrais dos sumérios; Deimos e Phobos, onde as respostas de uma pandemia de um misterioso vírus podem estar

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relacionado as luas de Marte que na realidade seriam o último reduto dos fundadores da terra; Babel Supernova, onde um atentado que põe abaixo uma cidade vertical no futuro revela que a civilização vive e fora fundada numa mentira, relacionado ao segredo de sua origem; e finalizando Ragnarök onde num devaneio do profeta de ‘Calor sobre os trópicos’ revela o fim da humanidade após os mil anos de dominação nazista. Mil perguntas para se fazer a Deus caso você morra Perguntas básicas, evolutivas, medicina, história, arqueologia, física e astronomia. A prova que ninguém na face do planeta é capaz de acertar todas respostas, antes de acusar e julgar alguém gratuitamente tente ao menos responder 10 destas perguntas, pois no próximo trabalho das respostas.

Com Ciência: A Síntese do Filoversismo O livro faz uma viagem pelo que é a essência do filoversismo, abrangendo suas diversas facetas e teorias secundárias que pertencem ao mesmo corpo de conhecimento criado, descoberto e desenvolvido pelo autor, sobretudo propõe decifrações da mitologia fictícia construída para exemplificar este de modo direto e hábil. Incluí ainda um vocábulo completo com todos os termos criados pelo autor além de passar por sua obra citando inspirações, significados e atribuições de conceituais tecnológicas, cientificas e filosóficas. A derivação influente determina a veracidade da síntese criada como uma cosmovisão particular a dar significado ao nome Filoversismo. A Batalha das Palavras O Livro infantil, exemplar único deste gênero de minha autoria, parece aludir no conflito de palavras em suas castas, estirpes divididas em dois grupos conflitantes onde o cruzamento de cada uma destas concebe termos amalgamas ou evolução deste. A síntese o que atribui-se o poder das palavras alteram o mundo

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ainda que como representações de emoções ou atitudes relacionados a seus valores morais e éticos, mas substancialmente empírica na transformação de sentimentos e emoções numa genealogia cujos braços a alterar realidades não por menos que cada uma destas palavras tenham conotação com dimensões o que carregam seus nomes em 'As Mil Palavras demonstrando essencialmente a importância do verbo em suas mais variadas matizes quer relacionadas a emoções como a valores direta ou indiretamente, assim como a importância etimológica de mitologias grega, por exemplo a inspirar concepções destas morais. Na evolução da ética relaciona tais verbos-palavras a formação e evolução do próprio consciente humano até o vindouro atrelado a verbos que compreendam o infinito. Ars Ad Speculum – Rutilo Miller O Livro dimensional 'Ars Ad Speculum' compõe a parte de uma biblioteca de itens raros ou malditos o qual seus autores muitas vezes perseguidos por seus conhecimentos quando não apagados da história demonstram um valor imensurável a influência dos rumos da humanidade com chaves ao destino da mesma. Justamente isto o que se propõe tal livro o qual a autoria é integrante ao 'Corpus Ad Ventus' de Gerson Machado de Avillez não menos alvo deste tipo de degeneração a postular argumentos da influência especulativa não somente a exemplo da economia, mas igualmente como ecos a nossa realidade a alterando por ideias que mediante o esforço e métodos que cruzam-se ao filosófico os concretizam. Série Universo diamante: Saga dos Tempos Abrangente a seus ciclos é o principal universo do qual as demais dimensões surge. A Saga dos Tempos trata da odisseia temporal de uma raça humana chamada Seth, que advém dos escritos sagrados, mas que aqui tornam-se pilares constante as variações do tempo contra o apocalipse num mundo futuro onde a terra

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simplesmente acabou por um fenômeno inexplicável. Lançando mão de teorias e teses revolucionárias proposta nos livros anteriores de não-ficção de Gerson Avillez, a série de quatro livros é um achado de situações e reviravoltas surpreendentes de um grupo de viajantes temporais que buscam um meio de salvar a raça humana e o mundo, contra misteriosos seres demoníacos. Crônicas do Tempo: Parallel Tales ®(Contos Paralelos) – 2009 Partindo-se da Teoria da Flor-do-Tempo de Ecce Libro aqui nesta obra de ficção, o autor Gerson Avillez nos apresenta uma série de 8 contos aparentemente desconexos, que apresentam diversos elementos paralelos comuns que serão gradualmente sentidos ao longo do livro, que tem por finalidade abordar as diversas teorias e teses especulativamente propostas em Ecce Libro na demonstração dos mundos de Saga dos Tempos. Crônicas Atemporais ®(Timeless Chronicles) - 2010 Aqui 'Crônicas Atemporais' trata das fundações da própria T.E.M.P.U.S. e seu conflito com as misteriosas entidades sombrias chamada homo nulus e o vilão Designium onde a busca pelos cinco desaparecidos, após um dos primeiros experimentos de Tempo se tornará vital. Enquanto John Roberts no passado (Oitavo Peregrino), após evitar uma guerra entre judeus e mulçumanos e salvar a linhagem Seth foge dos Templários e faz um acordo secreto para guardar os segredos das viagens temporais, chamada Ordo Christianitas Ad Ventus que, porém, um destes acaba se pervertendo se aliando aos homo nulus, onde funda a precursora da Bug´s Time do qual Alvaro Watchman participa. Acrologias: O Megalítico do Tempo ®- 2010 A continuação de 'Crônicas Atemporais' e 'Crônicas do Tempo' segue com o que ocorreu após a invasão da TEMPUS pela Bug´s Time. Após encontrar os destroços de um carro laranja nas ruínas da cidade secreta os agora fugitivos da TEMPUS se deparam com

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um dilema de paradoxo enquanto buscam a tecnologia necessária para re-começar suas operações, enquanto pistas os levam a um local onde encontrarão o necessário para recomeçar, uma base secreta na Antártida onde a decifração de um mapa revelará uma corrida para atingir locais secretos do espaço e do Tempo como o Megalítico do Tempo, um monumento feito para viajantes do tempo extraterrenos. A TEMPUS terá de impedir a Bug´s Time de atingi-lo e para isso encontrar onde ela se esconde, num halo temporal responsável pelas anomias reflexivas do tempo. O Império do Tempo ® Após um vislumbre onde John Roberts e sua mulher estão presos no alto do WTC de 11 de setembro um aparente Universo onde os atentados terroristas não ocorreram comprova que na realidade após os acontecimentos de ‘Acrologias’ a Bug´s Time desfeita conseguiu seu objetivo de viajar ao passado longínquo e atingir o Megalítico do Tempo como prenúncio de uma invasão maior. A TEMPUS então se vê obrigada a procurar o lendário império do Tempo de Fo-Hi, procurado pelos chineses em nossas terras antes do descobrimento no Brasil e por Percy Fawcett sob o nome de Akator, para descobrir que uma guerra entre mundos apenas está começando. Somente com Chronis se dará a oportunidade de atacar o estranho mundo chamado Nibiru. As Duas Faces do espelho Durante o advento da descoberta das viagens no tempo, crononautas e cronologos do futuro se apresentam a humanidade vindos do futuro. Enquanto isso numa conspiração para tentar matar o Rei George da Inglaterra parece ser mais do que local e oriunda de contemporâneos a ser o primeiro caso de um grupo antecessor a TEMPUS a investigar as interferências temporais mediante um mundo ainda não acostumado ao ser recém aberto para o futuro. Para isso procurarão vestígios em livros malditos e misteriosos que podem dar dicas, de Nostradamus e ‘As Mil

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Palavras’ sob orientação direta do futuro eles descobriram que estão apenas perto de alguns poucos livros da enorme biblioteca do tempo, onde um livro de apenas mil palavras poderá ter a chave para o enigma. O Filho da eternidade Continuidade de 'As Duas Faces do Espelho' do qual sou autor. Se trata dos envolvimentos do temponauta Dominic com os imperionautas a procura de gemas do tempo a Dimensão Impossível - assim conhecida por possuir seis dimensões - com o objetivo de impedir uma manifestação de doenças quânticas pela distorção da linearidade e a origem geradas por seres do multiverso e para resgatar seu amigo Follet Goldberg que fora raptado por seres multidimensionais. Os eventos levarão a uma entidade onisciente intitulada A criança da eternidade que seria o resultado da conversão de todas dimensões conhecidas num ser que representa sua simbiose mais pura aparentando ser uma inocente criança de apenas 8 anos mas que seu poder e conhecimento excede tudo o quanto acha-se que se sabe. Habitando a dimensão Impossível ele tem a respostas para todas as perguntas do multiverso, mas para isso terão de ter auxilio de Alejandro Ruas, um agente da AIT (Agência de Inteligência Temporal) da Dimensão Esfênio que procura impedir um evento de categoria 8 a partir da Dimensão Safira dominada por dissociais ao perder a base de sua dimensão a pedra que dá o nome a ela e que estaria literalmente projetando o futuro do passado indeterminado. Universo Ofir O mais reflexivo dos universos por dar indícios do que seria o grupo destes, é formado pela duologia Adormecidos e é também conhecida como dimensão adormecida. Sleepners: Adormecidos ®– 2009

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Num futuro próximo, mas indeterminado, a humanidade tenta sobreviver a um longo inverno nuclear que parece entregar a terra a um gradual hecatombe após sobreviverem a uma invasão alienígena. Em meio a esse mundo cinzento um empresa passa a lucrar dos remanescentes humanos em megalópoles não menos nostálgicas inerente ao mundo onírico onde se fábrica e compartilha sonhos de uma humanidade cansada do que se tornou o mundo, onde mesmo os pensamentos são monitorados. Porém, após um crime ocorrer nos corredores da REM Oniricorp Inc um detetive desiludido e psiquicamente alterado da CFM (Centro Forence de Memética), utilizando de um sofisticado e infalível sistema de investigação, a interpretação das memórias de suas vítimas e suspeitos, - onde até mesmo os mortos depõe, tornando os neurônios verdadeiras caixas pretas -, mas que após este misterioso assassinato nesta empresa de entretenimento onírico lhes trás problemas quando memórias se misturam a sonhos destes homens chamados Onirikers, uma espécie de "viajantes oníricos" ou "viajantes adormecidos" entre diversas mentes de modo semiconsciente na construção de sonhos para a venda aos usuários chamados Sleepers. Entre a trama descobre-se que este não seria apenas um, mas dentre tantos a utilizar do subconsciente dos Onirikers num complô que pode transpassar o tempo por um misterioso projeto chamado Oneirocronnos. Sleepners: O Despertar de Hipnos ®- 2011 A continuação de 'Adormecidos' seguem em eventos paralelos dimensionalmente onde Ofir a descobrir não terá tido apenas um sonho, vê-se preso ao seu corpo no futuro inclinando os eventos do presente ao futuro a mesma direção, como relatado no sonho. Enquanto isso, no futuro, descobrisse nas fundações da REM Inc algo que demonstre o poder do Onneirokronnos e o corpo em aparente coma de Ofir a demonstrar a tênue linha entre realidade, o tempo e o estado onírico. Compelido aos acontecimentos descritos de modo aberrativo, Ofir se reuni com o grupo de

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resistência de uma empresa japonesa chamada por Morpheu Inc que pelo uso da droga experimental Sominumorphico permite o estado de suspensão temporal a fim de lutar para quebrar os grilhões da passividade de acontecimentos. Reviravoltas e surpresas são prometidas. Adormecidos: Réquiem dos deuses - 2014 Numa realidade aparentemente diferente da de Ofir o mundo submerge numa fantástica nova disciplina da mente, mas estranhos padrões indicam vestígios de um sonho anterior impossível que ao ser investigado a jovem cientista Aline descobre ser os restos de uma realidade aparentemente perdida onde estranhamente discrepâncias de datas indicam que o tempo se modificou. Tratando-se na verdade duma conspiração onde a verdade suplantada por uma falsa realidade montada através da mentira desconfia-se se eles é quem estão adormecidos ou não, e que uma empresa chamada 'Herdeiros de Gaia' propõe que a Terra tem seus próprios sonhos que varam mesmo o tempo, na realidade para tentar utilizar o consciente coletivo por sua vontade adormecida a criar um novo tipo de realidade onde a mentira se tornaria verdade, e a ilusão realidade. Agora, Aline uma perita em sonhos, se vê perseguida ao ter em mãos a verdadeira natureza de sua realidade e passando a viver na marginalidade procura um modo de despertar o mundo a uma realidade aparentemente adormecida onde trará de volta Ofir, a pedra base da realidade original. Universo Onix Composto por três livros começando por ‘Setor Zero’ e ‘Antrovates’ onde estes dois iniciais sem aparente relação se encontram em ‘Defcon Zero’. Define-se este universo como o mais teórico cientificamente dos demais, por abranger teorias como do evolucionismo bio-quântico a engenharia do infinito ou dimensional tendo por natural junção e auge o mesmo ‘Defecon’

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onde o ponto de combate comum é igualmente um tipo de anomalia que parece varar as demais dimensões. Estes também são os livros menores de toda coleção, mas não menos fascinantes. Setor Zero ®– 2011 Após encontrar um bote à deriva com pessoas mortas, três casos e um mistério em comum são revelados. Dos remanescentes do projeto Philadélfia a casos de Combustão Humana Espontânea dos tempos atuais na tríplice aliança, no Brasil, descobre-se um grupo extremista dissidente da KGB prontos a criar uma nova guerra, os responsáveis pelo sequestro e morte violenta de diversos gênios e cientistas ao longo da história recente. Estes casos se unem por fatos comuns levando ao super secreto, altamente tecnológico RIF. Então cabe a SIDE Recrutando homens com habilidades excepcionais, gênios e cientistas que são levados a uma misteriosa base submarina no chamado Setor Zero onde se realizam experiências secretas a decifrar um enigma evolucionário eminente. Ao chegarem lá, porém, se veem a deriva e se confrontam com uma situação estranha os forçando a sobreviver buscando contato com os agentes externos numa investigação num sítio, no solo do fundo do mar que podem levar a uma conclusão surpreendente sobre a evolução humana ligada a eventos de singularidade. Antrovates ® Anos após uma tsunami, dezenas de baleias são encontradas mortas numa praia dos Estados Unidos, entre elas um estranho objeto que teria ficado perdido por tantos anos nos mares até lá chegar. Ao investigarem, descobre-se que o objeto fora o responsável por atrair e matar as baleias assim como de um provável crime próximo ao local. Ao investigares descobre ser parte de um projeto com um novo tipo de tecnologia quântica capaz de aparentemente dobrar o espaço e criar esse objeto com

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dimensões que não batem e não correspondem a uma geométrica clássica.

Levados até ao chamado Projeto Omega, numa cidade do interior são apresentados a criação japonesa de uma máquina singular, um computador quântico que estuda aspectos dimensionais de nosso universo mesmo inicialmente por um jogo de realidade aumentada. Durante a investigação, porém, uma sabotagem ocorre levando a um tipo de doença diferente de tudo que viram enquanto pessoas passam apresentar poderes extra-sensoriais. Agora os investigadores terão de saber o que está por de trás deste projeto na realidade militar e decifrar uma charada dimensional que teria dado origem aos próprios computadores e os levarão ao chamados Antrovates, homens fora do comum que são perseguidos e isolados através dos tempos e que poderá responder as perguntas que não somente elucidarão os crimes como responderá perguntas milenares da humanidade, porém, mesmo assim o tentarão destruí-lo. Underidion Imediatamente após o incidente ocorrido de 'Antrovates', a humanidade passa acreditar que o chamado 'demônio da máquina' emergiu de um projeto de realidade aumentada. O que alguns consideram ser na realidade o demônio de Laplace, na verdade veio de um centro de 'escavação virtual' da deep web a procura de controlar a chamada 'oitava camada' que descobre-se curvar a singularidade. Vindo deste princípio sob orientações de Nahum um comitê cristão interdenominacional é criado com o intuito de 'exorcizar' a web. Unindo católicos e protestantes numa investigação no submundo da internet somente percebem com o que estão lidando quando uma página que não deveria existir é descoberta da deep web. Algo que parece ter conhecimentos de outra dimensão nos acontecimentos que ligam-se diretamente e em paralelo a 'Defcon Zero'.

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Defcon Zero ® Cruzando os universos de ‘Antrovates’ e ‘Setor Zero’ somos levados a uma base na Antártida chamada Setor Omega, após descobrirem que subitamente a temperatura do cosmos se aproxima ao zero absoluto, podendo alterar o universo na forma como conhecemos, e levando a um alerta global maior que o das bombas atômicas. Enquanto isso uma sonda aparentemente alienígena de modo coincidente vem à Terra para trazer a tona em nossas memórias atrocidades antes acontecidas. Quais relações há entre estes eventos? Seríamos nós responsáveis pelo fim iminente até mesmo do universo? Universo Jaspe O universo onde se encontra numa batalha por mentes e corações dos homens da Terra. Os milagres são comuns e os mistérios transpassam a três dimensões ao infinito. Neste universo anjos são os ultraterrestres assim como seus filhos ao travarem um embate no mundo para sua conquista ante o apocalipse, ou ainda pior mesmo que ao arruinar as profecias a até a verdade é arriscada ser apagada de seu tempo. O primeiro livro trata da batalha entre os filhos dos anjos que divididos uns anseiam estipular seus próprios planos de dominação ante os que ao buscarem a redenção querem preservar as profecias bíblicas. Os 8 Filhos dos Anjos No passado longínquo, a milhares de anos eles eram considerados heróis. Porém, com a degeneração do gênero humano foram culpados pelo surgimento de tal decadência e males como da sodomia, e foram condenados e dizimados, porém, arrependido seu líder ao fugir para o Olimpo escreve um livro como registro do futuro de sua espécie ante um apocalipse como caminho para sua redenção.

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Séculos depois, um arcanjo secretamente engravidou oito mulheres em 2001 gerando oito nefelins em pontos diferentes do planeta. Com poderes especiais eles desde a infância viveram o incógnito de sua origem e propósito e em constante fuga para não serem descobertos, até que um destes recebe num epitáfio de sua mãe 'O Livro dos Nefelins'. Condenados pelo paraíso e perseguidos pelo inferno eles passam então a ser caçados por uma misteriosa seita chamada 'Os Abdomitas' que seria de nefelins descendentes de Abdon. Entre outras coisas eles procuram 'O Livro dos Nefelins' assim como 'O Perfeito', um homem escolhido que teria o dom de quebrar profecias e destinos. Sistematicamente eliminados os 4 restantes nefelins se unem e partem em busca daquele que pode conhecer seus destinos e propósitos quebrando assim o inevitável em suas vidas, e igualmente buscando conhecer que é seu pai percebem que podem ter um papel maior para o bem e para o mal no apocalipse iminente, mas para isso terão de usar seus poderes e impedir justamente aquele que lhes libertou, 'O Perfeito', de abalar as estruturas do tempo e em busca do exílio de Deus, um mítico lugar onde estariam almas dos que nunca tiveram oportunidade de nascer, e trazer ao mundo aquele que será a chave para o resgate no apocalipse. Num último esforço um destes agora terá de se sacrificar para reestabelecer o equilíbrio e colocar o tempo em curso das profecias evocando por seus poderes um meteoro para destruir a 'Cidade da Fumaça' de onde se levantará o anticristo do ventre de um destes formosos nefelins, ninguém menos que o filho de Lúcifer, um psicopata ocultista extremamente perigoso. Os quatro contando com o auxilio de anjos caídos e mesmo um anjo misterioso descobrem ser filhos do 'arcanjo da coragem' que agora condenado ao mundo torna-se o arquidemômio do medo. Porém, corrigir o curso das profecias será o inicio do fim. Introversos

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Composto por livros individuais estes cruzam e mesclam as demais dimensões com histórias livres das mesmas que parecem se complementar indiretamente a comprovar que as demais dimensões mesmo que distintas possuem relação e origem comum por terem semelhanças e padrões, o auge destas são demonstradas no conto ‘Elipses do Tempo’ de ‘Neuroversus’ onde todas elas literalmente se cruzam. Algumas outras histórias parecem pertencer ao nosso universo assim como sugerir algum outro universo embrionário e não definido pelo o mesmo, afinal são mais de mil dimensões-universo como a determinada em Saga dos Tempos. Manuscritos dos Tempos: O Filosofo do Tempo ® Uma reunião de seis livros - Primeiro Seth, Sabedoria dos Tempos, Livro de Gerson, Provérbios de Gerson, Septogenises e O errante do Tempo - escritos em linguagem bíblica trás as origens e detalhes mitológicos e filosóficos das crenças dos setianos em de modo proverbial. As Mil Palavras - Follet Goldberg Com reflexões de implicações físicas e reais mediante casos ocorridos sendo uma exemplificação da Teoria Geral do Multiverso relacionada as demais como a Relatividade Ressoante Ondular de autoria de Gerson Machado de Avillez. Neste 'As Mil Palavras' partindo do livro de Follet Goldberg em 'As Duas Faces do espelho' postula todas as dimensões (1000) conhecidas com características e classificações próprias num compêndio que percorre todos os livros de 'Corpus ad Ventus' a muitas mais histórias nunca contadas nestes. Chronomicon ® Dividido em oito histórias sob a temática inicialmente tropical, abordando aspectos sobrenaturais do imaginário destes locais indo ao espaço sideral e ao futuro longínquo, liga os universos

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propostos e conceituais de ‘Saga dos Tempos’, ‘Sleepers’, ‘Abin’, ‘Dark Sector’ e ‘Síndrome Celestial’ num só universo, onde encontros e desencontros ocorrem a revelar o embate que excede o tempo. Variando do suspense, ficção cientifica ao terror, propostas morais e aspectos nunca revelados destes mundos mitológicos criado por Gerson Avillez.

Dando seguimento aos livros de Saga dos Tempos, outros universos ressoantes são mostrados em vários contos que muitas vezes se interligam. Quando após o Big One, um jornalista encontra ao seguir mothmans nos escombros subterrâneos um misterioso manuscrito em português sobre viagens no tempo, levam ao ex-temponautas em aliança a Fo-Hi desvendar o desaparecimento da ZT do Brasil, onde num mundo paralelo ressoante o nazismo venceu a guerra graças a Designnium e domina o Brasil e na Argentina um culto chamado Tempus ad Templus adora Chronos levando a descobrir o meio de destruí-lo e salvar seus amigos temponautas tendo que enfrentar os nazistas no Brasil e a encontrar a sociedade perfeita em outro extremo reflexivo. Neuroversus ® Antologia que explora os limites da imaginação humana onde a fronteira é o impossível e o território, a mente. Uma série de oito contos que mostra a vida de outros Seths e em outras ressonâncias onde o limiar entre fantasia e realidade parecem se cruzar. A história de um misterioso livro sobre a origem dos Seths em contada desde sua presença na biblioteca da Alexandria; dois possíveis Seths gêmeos e seus poderes paranormais em meio a Guerra Fria; Da origem dos Seth ao seu despertar após séculos de discriminação são contatos amarrando pontas e pontos da humanidade e do universo dos tempos são algumas das histórias narradas pelo autor, até onde o limiar de realidades parecem se cruzar a culminar na realidade mental de um dos mais poderosos,

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Rupert, nos levando a questionar: tais realidades seriam fruto de sua mente? Síndrome Celestial ® Após decifrarem na estática dos televisores dos primórdios do tempo o sinal de uma nave há muito desaparecida, outra nave é mandada indo parar, porém, entre uma raça humanóide escravizada por aliens muito avançados tecnologicamente, mas que têm vantagem em supremacia por poder mental muito superior. Após serem presos numa lua prisão (a lua das trevas dentre duas de Orion) fogem com auxílio dos rebeldes indo parar num mundo em meio a milenar tempestade onde experimentos realizados visavam ter o poder de Deus da singularidade de origem do tempo. Ao descobrir estar no longínquo futuro, do qual a terra deu origem a tais espécies, resta apenas ao único sobrevivente encontrar a singularidade e personificação dos paradoxos (que alguns vêem por Deus) para derrotar o cruel ser que deseja se tornar Deus. Herdeiros do Destino Convocado pela misteriosa Ordo Christianitas Av Ventus subordinada ao Vaticano, Pedro Mendendez de Avilez se torna o secreto Herdeiro de Seth, quando é lançado com sua família em missão nos ainda misterioso oceano do Atlântico a criar a primeira Colônia onde um dia seria Flórida. Porém, entre estes interesses estaria a de suplantar um segredo que com a descoberta de um junko chinês naufragado em seu litoral poderia mudar o mapa geopolítico do mundo para sempre. Portando tal segredo Pedro escreve uma carta a ser dada por herança a seus descentes até que gerações mais tarde é aberta pelo notável Conde Jorge de Avillez para descobrir que os domínios de Portugal, Espanha e Inglaterra estariam em risco nas Américas numa trama envolvendo chineses e o que teriam o levado até essas terras, a lendária El Dorado. Agora Jorge Avillez, mesmo

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desacreditado tentará fazer levante para impedir a independência temendo que algo aconteça. Na realidade por derivar uma aparente influência do futuro nos eventos do passado restando ao autor descobrir do que se trata tais eventos e impedir a conspiração que não somente detém a verdade como pretenciosa sabota-la. Sombras dos Tempos ® – Olímpío Milles Uma misteriosa Caixa que parece trazer sorte une vidas através dos séculos, por mais de dois mil anos, de décadas antes de Cristo a um futuro utópico arriscado por uma batalha interdimensional. Selando o destino não só de vidas, mas do tempo, seus portadores que são unidos pela relíquia terão porém de lutar contra malévolas sombras que parecem consumir o sentido de viver anulando-os, sombras que marcam o tempo para tentar anular o destino. Narrado por um misterioso escritor que duvida de sua origem somos levados a uma improvável viagem que cruza civilizações, vidas e os tempos ante uma conclusão surpreendente.

O misterioso manuscrito do escritor chamado Olímpio Milles é encontrado revelando contos e crônicas supostamente sobre pontos obscuros de nossa história, onde um artefato misterioso parece influir através dos tempos em várias sociedades e civilizações alterando o rumo da história. Misturando realidade e fantasia, a sequência de histórias interligadas podem levar a descoberta de algo importante. Seguindo o estilo teórico e filosófico estipulado pelo Filoversismo uma teia de histórias que se interligam temporalmente é construída recontando parte da história humana.

Psiquiatra de Füher ® Em 1918 em meio as constantes batalhas da Alemanha prestes a ser derrotada no final da Primeira Guerra, gerava uma legião de soldados histéricos que lotavam os manicômios. Em meio a isso o psiquiatra Rudolf Binion, do hospital militar de Pasewalk recebe

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um estranho soldado sofrendo de “neurose de guerra” que ficara cego no campo de batalha. O Caso notório fez este chamar o misterioso o professor Edmund Forster, que utilizando de um singularmente polêmico método desperta um "novo homem". Sem saber Forster acabou por ser uma das peças chave na construção de um super-homem do mal. Um sujeito tímido e estranhamente heróico que viria se transformar anos depois no grande Füher, perseguindo justamente aqueles que o curaram e o ajudaram e virando de ponta-cabeça a vida de Rudolf Binion, num complô contra ele, que de uma hora a outra se viu perdido em meio a um turbilhão de conspirações a Gestapo e até a KGB, onde aliada à espionagem regia os bastidores da Segunda Guerra que levaram ao holocausto judeu e dos julgados inferiores. Abin: Pirâmides Partidas Rondon em tempos da desbravamento teria descoberto algum segredo que levou Theodore Roosevelt a uma expedição no Brasil. Com o surgimento de um achado arqueológico, uma pirâmide partida perfeitamente ao meio a ABIN formulada após o fim da ditadura e do DOPS. Mesmo com pouca experiência e curtas verbas, tal como estrutura precária contará com o recrutamento secreto de agentes pouco convencionais, conhecidos pela criatividade e improviso, são ex-criminosos, militares, e até mesmo uma vítima num incidente internacional que sobreviveu. Agora, se veem em meio a um jogo de intrigas e obrigada a organização outra expedição recrutando um ex-marginal carioca, o líder indígena matis e Daniel as florestas de Mato Grosso onde estranhas criaturas similares a pequenos demônios teriam sido vistas.

Caberão a estes lidar apenas com suas capacidades de improviso com as mais variadas situações nacionais e internacionais, segredos industriais e de estado, conspirações e mistérios sob o novo cenário global pós-guerra fria, onde a espionagem se tornou um grande fiasco internacional