Ler o Capital II. Althusser.

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Livro do marxista francês Louis Althusser.

Transcript of Ler o Capital II. Althusser.

  • Louis Althusser tienne Balibar Roger Establet

  • Ler

    l.ouislAithusser tienne Balibar Roger Establet

    Volum&2

    Zahar Editores Rio de Janeiro

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    hHJu5 1)'- drllno-. rtie:rVIIdos. Ptoiblcl J rcprodJo fUi nt ~.9fl!).

    Traduo: Nnt hunael C. Caixeiro

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  • 6 IN I)Ic:t

    1. Modo de produo: maneira de produzir 164 2 Os elemcnlo~ do sislcma das formas . . . . . . . . . 166 j 11 delerminao em ltima instncia . . . . . . . . . 11 1

    11. Os E~ntos da l.strutura e sua Histria . . . . . . . . . . . 181 1 ue \cm a ser "Propriedade''? . . . . . . .. ... . . 183

    lorcus produtivas (oficio c maquinaria) .. .. . 191 3. Dcscn,olimento e dcsloeamenlo . . . . . . . . . . . 200 4. 11 h1~t6ria e .AS histrias.

    lormas da mdividualidade histrica . . . . . . . . . 207 11 1. Da Reprodulo . ...... .. .. .... .. .. .. ..... ......... 215

    I. Funo da reproduo "simples" . . . . . . . . . . . . 221 2. A reproduo das relaes sociais . . . . . . . . . . . 227

    IV. Elementos para uma Teona da Transio .. .. 236 1. Acumulao pnmitha: uma pr-histria . . . . . 239 2. Tendncia e contradio do modo de produo 247 3. o.nnmk a e histria .. .. .. .. .. .. . .. .. .. .. .. .. 257 4. Caracterstica dus fases de transio . . . . . . . . . 267

    Rogcr Establtt: Apre,entnll do l'lano de O Cap/1al . . . . . . 215 I. Aprcsentuo de O Cnpllol pelo Prprio Marx. ... : . . . 285

    11 . As Articuluo)c> de O Copilm as suas Antecipa.Xs . . . . . . J I~

    V. E~1 ndo d.11 Subarticuluiics da l l'n rtc du ArticulJo li 317 VI. l>efiniilu du 1\rticulucfio 11 .. .. .. .. .. . ... .. .. . 325

    VI l. Concluwo .. . .. .. .. .. . . .. .. .. . . .. . .. .. .. .. . .. . . .. .. . 327

    Advcrtncin

    Louis Althusser:

    O Objeto de O Capital

    Na divis? do crnbalhu, urn tonto deliberada e urn tanto espon-~llf I que presu!lu organlr.a~o dos te estudo coletivo de O Ce-rne fn lar du rtluciJo d1 Mur.r C'OIIIIt sua obro. Tornei como in

    llllll>tnciu~ sob ~:ssc tlllllu, a scuuintc questilo: que idia faz Mar)( e d11 Jprcscnta da nntur.cr.u de ~cu emprec:ndlmento? Em que con-

    ' illtl~ JlCns~. ele n suaortglnulidado, c portanto no que se distingue ~ owonomtstas cli!Sfi.COS'! Ern que sistema de conceitos e.>: prime ele I 1111Hlces que susc1tarnm as descobertas da Economia Clssica,

    t "" lado, e, por outro, us suus prprias descobertas~ Para esse 111, 111-1umi como ta~efn i nt~rrouur o prprio Marx, para ver quan

    t muno ele reOcttra teoncnmentc u relao de sua obra com as llihh~xs tericohSiticns do sua produo. l'retendia desse modo 1 tlltolrlhc dlreta!"cllle a questfto epistemolgica rundamenul, que li !Ioth "' o prpno obJeto da filoliOiia murxi&~u - e avaliar o mais "'lllnlente possvel o grau de conscicncia lil0$fica explfcita a que ~ 1111

  • 8 LER "O CAPITAL"

    t fizera, pretendia eu representu r. tanto quanto possvel, aquilo que 'l ele mesmo nos convodou a fazer, para determinar o campo. avaliar a

    .( sua ext~nso c tornlo acesshel u ?cscoberta lilosfica - em suma, ~ (r delermonar o maos exatamente possovel o espao terico aberto rc \_I. flexo fi losfica marxista.

    Esse era o meu proj~to; primeira vista, podia parecer simples e plenamente executvel. De fato. Marx nos deixou no texto ou oas N.o tas de O Capital, em todo o itinerrio percorrido, um sc111 numero de juzos sobre sua prpria obra. alm de comparac)es 'crti cas com os seus predecessores (os lisiocratas, os economistas clssi-cos: Sm.ith, Ricardo e o utros), c finalmen te observaes metodolgi-cas muo to rogorosas, que aproxomam seus processos de anlise do mtodo das ciencias matemticas, fisicas, biolgicas etc. e do mto~

    d~ dialt ico defin ido por Hegel. Como temos n no~so dispor, tam-bem, a Introduo it Comtibuio Crtica da Economia Poltica de 1857 - que deSe:'volve ~e maneira extremamente profund a as pri meuas observaocs terocas c metodolgicns do livro 11 de Misria da Filosofia ( 1847), parecia lcito crer que esse conju nto de o bras abrangta realmente o nosso objeto de relle~o. c q ue bastaria. em suma, submeter essa matria, j elaborada , a uma ordenao s istc mtica. para que o projeto epistemolgico ele que falei h pouco as sumisse corpo e rea lidade. Parecia de fato natura l pcnsnr que, falan. do de sua obra e de seus descobrimentos, Marx rellctisse em termos

    fi lo~oli_?amente adequndos sob~e a o riginalidade. po rtanto sobre a dtstmao especfftca do seu Objeto - e que essa reflexo fi losfica

    adeq ~:da se exe.rcesse por sua vez sobre uma defin io do ohjeJo C1emj1Co de O< apita/, fixando em termos manifestos a sua distin-o especifica.

    . Orn , o~ p rotocolos de leitura de O Capilnl de que dispomos na lustroa da ontcrpretailo do mar~ism o, como a e~pcrincia que ns mesmos podemos ter da leitura de O Capiral, pem-nos diante de di ficuldades reais, inerentes ao prprio I~Kto de Marx. Eu tts grupa rei sob d uas rubricas. que constituiro objeLo de minha exposio:

    I) Contrariamente a certas aparncias. e em todo o casCJ contra a no~a expectativa, as reflexes metodo lgicas de Marx em O Capi tal nao nos do o conceito descnvolvodo. nem mesmo o conceito e.l'plfciro do objeto da filos()fia matxisra. Elas nos dfto sempre algo com que o r~conhecer, identificar e discern ir, e nlinal com que pen >a lo, mas ~ao raro ao cnbo de longa procu ra e desde que destrin chado o entgma de certas expresses. Nossa q ucsto exige. pois, maos q ue uma si~1ples leitu ra literal, ainda q ue atenta; ex:ige, isto Slll! u.ma verdadeoraleitura rticll. que aplique ao texto de Marx os prop nos proncfptos dcm:trhlosofi marx ista que todavia procuramos

    O OBJETO DE "O CAPITAL" 9

    em O (;apita/. Essa lei tura crtica parece constituir um drcul~, da_do que parecemos esperar a lllosofill marxista de ~u.a prproa ap~oc.aao . Esclareamos, pois: esperamos do rrahalho tccmto dos proncoptOS fi-losficos que Marx nos deu explicitamente, '?u que pod~m ser ex-trados de suas "obras do corte" e da ma tundade - esperamos do rraba/ho terilo desses princpios aplicados a O Capilal, seu odesn-volvimento, seu en riqueciment o, ao mesmo. tempo ~ue o rcquont.a-mento do seu rigor. Esse circulo ~parente nao ~oderoa surpreender-nos: toda "produo'' de conhecomento o omphca em seu processo.

    2) Essa pesquisa fil osfica choca-se no entanto com o utr': difi cu Idade real, ,111e se refere agora no onaos pr~enu c dosunc;ao do

    1 )f.'bjeto da)jloso w marxista em O Capital, mas ll presena e dostJno 1 ' lo obieto lemo tttJ do prprio O Capital. Para nos atermos a um; ( ln~e SJI11P es questo sintomtica, em to rno da q ual goram quase

    toda's as interpretaes e cdticas de O C"pital: q~al , rogo.~~s,am.ente falando a natureza do ob.teto CUJa teoroa O CaptWI nos da . l.ssc ~bjcto ser a Economia ou a Histria'1 E. para espectficar essa questao: ;e 0 objeto de o Capital a Economia, em.que, ngorosamen~~. esse >bjeto se dist ingue, em seu cc;nceito,,d? objeto ~.a .E~o'!~~~a CJsso ca" Se 0 obieto de O Cnpiral e a Hostona, que Htstoroa e essa e ~ual 0 lugar da Economia na Histria?, etc. No caso amda. uma somples leitura literal, a inda que atenta, do texto de Mar~. p o_de nos detxar 1nsatisfei tos, o u at 11os fuzer passar cw ladQ cfa que.

  • -lO LER "O CIIPI tAl"

    esse resuhado sem recorrer p . produo dos conhecimenJos :ecp!sa~e~lc u uma teot>a da histria da pr-histria e. portamo e >ca 8 " 5 relaes de Marx com a sua r. m rt('(lrrer aos f

    Jl'l marxista? A essa pnmcira uestn . prmc P!OS da fllo.g>osa tmgmnlidade? ~\Ao muito adialltatla em rela esc

  • 12 LER o C/IPtTAt:

    de Labriolu mereceriam um estudo especial - assim com(), de resto. e em nlvel tollllmente diverso. as grundes tc~s de Grum~ci sobre a fi-losofia marxista Falaremos delas mais adiante. Isso no >~gnilicu menosprer.ar a obra de Roseonhal ( J'robl~mas da l>ialhica ~m OCa pira/J. mas julg-la em parte margmal questo, visto que ele upenas pa rarraseiu a linguagem imediata poln qual Marx desigrHt seu obJeto e suas operace.s tericus. sell\ suspeitar que a prpria linguagem de Marx possn ser quase sempre tomada na questo. Quanto Jos estu. dos de lljonkov. l) cllu Volpc. Colletti, l'ictrancra e outros, trata-se de obras de lilsoros que leram O ('apitai e lhe 11rop.:m diretamcn te a queslllo essencial - obras eruditas, rigorsus e profundns. cons cient es da rclaco fundamental que relaciona a filosofia marxista com a compreensfto de O Capital. Mas veremos que essas obras n>s

    a pre~ontam rreqenterncnte uma concepo du lilosofa marxista que merece discu$.iilo. S

  • 14 LER "O CAPITAL"

    II. Marx e suas Descobertas

    PrMooedo por uma leitura imediata, e para esse fim cedo a P .. 1., vrn a arx. - " t M Em carta a Engels, de 24 de agosto cje 1g67, esCJeveele:

    O que h de melhor no 1neu lino I) () ~ nissu quo rer,ou.u todt !' cornpn:ensJo dos fatos} a nf d . . ptimcmu apflUJ(), no duplo ntpec:to do trub31h _, ase. t-~e 0 t m wdor de uso

  • 16 L tR "O CAPIT,I L"

    2) a mais-va lia

    l;:m resumo: os conceitos que trazem as descobertas fundamen-tais de Mar~ so: ator e ator de uso: trabalho ah.urmo e trabalho concreto; mais~alia.

    Isso que Marx nos diz. li niio temos aparentemente razo ui g.uma para duvidar do que el diz. Realmente, ao ler O Capital, po demos demonstrar que suas anlises econmicas repousam de fa to, crn llh ima instncia, nesses conceitos fundamentais. Podemo-lo, ma$ sob condio de uma leitura a tema. Con tudo. essa demo nstra iio no fci l: exige grnde esforo de rigor. Sobretudo, para q ue seja feita e se veja claro ou prpria cla reza que e la produz, ela impli ca. c desde o princpio, algo q ue est presente nas descobertas decla-

    r~das de Marx- mas presente nelas na forma de uma estranha au-sCn da.

    A titulo de indicao. para fa'-er pressentir em negativo essa a u sncia . con tentemo-nos com uma simples observao: os conceitos aos quais Marx relaciona expressamente sua descoberta, e

  • 18 LER " O CAPITAl..' '

    entendido, que dar r ora aos adversrios de Marx parn comentar de m vontade. Engels sai-se bem da objeo "operntria" de C. Schmidt mediante uma teoria do conhecimento sob medida - que ele vai procurar e fundamentar nas aproximaes da abstrao, ina dequa:lo do conceito, enquanto conceito. a seu objeto' r rata-se de uma resposta marginal questo: em Marx de fato o conceito da lei do valor cabalmente adequado a seu objeto, dudo que o conceito dos limites e suas variaes, c portanto o conceito adequado de seu campo de inadequao -e de modo nenhum conceito inadequudo em virtude de um pecado original que atingisse todos os conceitos postos no mundo pela abst rao humana. Portanto, Engels meneio na como debil idade nativa duemos depois que idia Marx faz d~ s1 mesmo. 11

  • 20 l i'K "0 CA I'ITA L"

    o saldo das aquisies conceptuais isoladas, extraindo-as no mais das vezes da confus:lo de uma terminologia ainda inadequada.

    Por outro lado, d ~n fuse a ou1ro mrilo, que no mais conside-ra es1o ou aquelu aq uisiAo de pormenor (certo conceito), mas o modo de tratamento "cicntlnco" dn economia pollt1ca. Sob esse as-peclo, duas carnclerlsticas lhe parecem discnminantes. A primei ra, num e~plruo muito cl(tsSICO. que se pode dizer galileano. refere-se attudc cientfficu em si o mtodo da colocao entre parnteses dos

    a~pcc10s scnS\'tiS, ISLO , no domlnio da Economia poltica. de to-dos os fenmenos vishe1s e dos conceitos cmplricopru icos produ-Lidos pelo mundo ccnnnuco (renda,juro, lucro. etl' ); em suma, to-dJs essas calegorins onOnuc.u da "vida q uotidiana". sobre a qual Marx dcclura, no fim de O Capiral, que o equivalenle de uma "reli-gio". Essn colocunu entre p.unteses tem por efeito o des.,elamen-to da essncia oculta dos fenmenos, de sua 1n1eriortdade essencial.

    ~ara .Mnr>., a cincia da econo mia depende, como qualquer outra. ctnc1a, de.1sa reduo do fenmeno ess~ncia ou, como ele mesmo o declara - numn comparao cxplicila com a astronomia - , redu-o do "movimento aparente ao movimento real". Todos os econo-mistas que tiu:ram uma deseoberlu cientFica, mesmo de pormenor, passaram por essn rcduilo. No cn la lllo, e.~sa reduo parcial no basta r ara constituir a citnc1a. t ento que ocorre a segunda carac-terls tica . e Cio!ncia Ulllll tC0r18 SiStemliCu, que UbiUOj3 a IOtlllidade de seu o bjeto, e upreendu o " vinculo interior" que pe em conexo as cssancins (red ur.idus) de uxifJ,f os fenmenos econmicos. Esse o gran de m6rito dos lisillc rnlns , c destucadumente acima de todos

    Q uesnay, de lei', mesmo s c1b furma pardal (dado que ele se limitava :l pro duo a!(rfCllla) l'eluoiunado rcn mcnos to diversos como su-l:irio. lucro, Nnd a, lucro c:cunerciul, ele. u u rnu cssnciu ur igin ria -nit (l , n mais-val ia produ~ida no setor da ugriculu tra. mrito de Adn m Smllh o lei' e1boado essa sistemltlicu libertando-a do prcssu-pSIU agrlcula dllN fisiocntiOS - mas o seu d emrito c~tic em s o ter fei to pela meia de. A fragi lidade im pcrdoil vel de Smilh de fato o ter pretendido pcnsnr sol> umu c>rigem nka obJetos de natureza dife-renle: uo mesmo tempo 'erdudcirns "essncias (reduljdas), mas tambm fenmenos brull)s nu-reduLidos essncia: a sua teoria en-to a penas n reunio sem necessidade de d uas doutrinus: a ~.r()lrica (em que so u nidos fenmenos brutos no rcdudos) e a esotri-ca, a n ica cienllfica (em que esi..\o un1das as essncias). Es.~a singela observallo de "1 arx prenhe de sentido: ela implica no ser s a formu de siStematicldade o que consutui a cincia, mas a forma de sislcmaticidude s dJS "essncias" (conceitos tericos), e no a siste-mauddadc dos fcnOmenos brutos (elementos do real) relacionados entre si, ou ento a sistcmauc1dndc msta das "essendas c dos fen-

    O OIIJETO OI' "0 CAI' ITA L" 2 1

    menos brutos Sej a co mll for, mrito de Ricardo' o ter pensaclo e urerudo essa contradic!io entre as duas "doutrinas'' de Smith, e o ,,., concebido verdadeiwmenlc u Economia Polltica sob u forma da uenuficidadc, isto 6, como o sistema uni lkado dos conceitos q ue rnuncia a essnciu interna de seu objeto:

    l beta cnOm R H>ttlllt burtub. da com(\ttcnslo de .stu or1ann.mo 1nt mo e d-e

    ~tu ruoccno \'tU I. f a cktefm natlCJ do v1lor pt1o tt:npo de trabalho Rt cardo rane da{, c uhoga 1 aencia a abandonar a ,eJba rotina J tomar

    ronJO~I'K'tll de atC qu., ~nto .u. dcrnau catqoria.s q~

  • 22 I.ER ''0 CA PJT AL"

    bem como o modelo da sistematicdade interna (a forma cientfica de seu objelo). Qual pode ser cn1o a originalidade de Marx, o seu mri lo histrico? Simplesmente o ter continuado e concludo um trabalho j 11uasc acabado: prcench1do as lacunns. solucionado os problemas em suspenso, uumentudo, em suma, o pa trimnio dos clssicos. mas nu base de seus prprios princlpos, e ponamo de ~ua problernduca. a(:(lnndo nao apenas o mtodo e a teoria deles, mas tambm. com mtodo c teorin, a prpriu definio de seu objeto. A resposta 11 questlo: "qual 6 o ob;eto de Marx, qual o objeto de O Capital'" estariu J inscrito, com alguns matizes c pouco mais, po-rm em seu prprio principio, em Smith c sobretudo em Ricardo. O grande tte~do tC>nco da l:.conomta Poltica j estava (!ronto, com apenas alguns fios corndos c algumus falhas aqui e ali. Mau teria consertado os ftos, melhorado u trnma. dado acabamento em alguns pontos, em sumu, teria conrlufdo o trabalho pa ra o 'tomar irre-precnslvel. Sendo assim. a possibilidade de um mal-entendido de lei tura sobre O Capital desaparece: o objeto de ~nrx era o mesmo de Ricardo. A h1strn do Economia Pollt1ca. de Ricardo a Marx, tor na-se ento uma bela conunuidade sem ruptura, que no mais cons titui problema. Se malcrttendido houver, estar em outra parte, em Ricardo c Mnrx - nAo maJS entre Ricurdo e Marx, porm entre toda a Economia cltiS$ico do valor do trabalho de q ue Marx apenas o brilhnnte "concluidor", e a economia polltica moderna mnrginalista e neornurginal ista que repousn, por sua vez, numa problemtica in tei rumen te disti nla.

    Nu rea lidade, tluando lemub certos comentrios de Gramsci (a ftlosofiu mur~i 11n 6 Ricurdo gcncral itadn). as anlises de Rosenthal, ou mesmo m observncus um.bota crtcns de Dellu Volpe e seus dlsdpulos, fkumc's irnpros~ionaclos no verificar que no sam os des-su CQII/mliklqd~ doi ub}Osto cliretnmcnte em rcluco ~uus abstrues com as rea lidades emprcus: 11 nno ser u censur~ de ubstfnilo cspccula tiva ("hipostiza-o' ', na linguagem de Oella Volpc, Collet11 e Pietranera ) aue Mar~ dirige a Smith, isto , em sumo, com exceo de alguns passos em falso ou de ulgumu "invcrsno" no emprego normal da abs trao,

    :nao se r erccbc dfcrcnu e~~oen01al entre o objeto de Smith e de Ri-cardo e o objeto de Mar:< Essa indifcrenciaJo de objeto foi re~istradn na inttrpretao morxistu vulgar sob a for~1a segum~e: n d1f~ rcna s de mtodo. O mtodo que os cconomstas clsstcos aph-cavam a seu objeto seria apenas mttajTslco, ao passo que o de Mar>t era pelo contrllro, dlolt'llco. Tudo vai depender ento da dialtica. qu~ se con(:(be como um m~todo em s1. irnponado de Hegel, e apli cado a um objeto em si, j presente em Ricardo. Pelo milagre do G-

    () OOJI!TO l)b "O CAPITAL" 23

    I b td CISU unio feliz que, como tOda fe-!111' ~1Jtx tena nrchn.n~c~. e 1:;,: no~~~~ infelicidade. sabemos porem h odade, nilo tem s.t. na. ' 1" dificuldade:" histria da "recon-1111' J>Crmaneoe uma. pequentn' p' "recolocar sobre o~ ps" para do" dessa dalucu, que se m e .

    . I de afinal na l~rra firme do matenahsmo. ~111r c a an Lao 5 fJcilidndc~ de uma mtErprc

    'lo caso amdu, nAo evoc~~ tltulos: polticos c histricos, pelo JUCmauc;t, que sem dth odt: t hiptese da ~ontinuidade de obj~to

    pwcr de tomur d1~t.lnc:a~ ~~~a n pertence s aos adversr?s de tr< J economm c tssc.t c d ~ s partdnos: ela surge stlenctosa

    M " nem mesmo u Jl,uns c seu I no discurso eplcito de Marx, lllcnte, em rnu1IUS 0~0"~~ d~ ';[:~ar< que duplica, despercebido, nu .mte

  • 24 LER "O C1\ PITAL"

    pecto~ o ~ rocesso de pen1amento, a totalidade do pen~amento, o concrelo do pcn~umcnto, etc.

    Este princfpro de di,tinflo implica duas teses essenciais: I) a tese materia lisla do primado do ~ai sobre o pensamenlo. dado que o pensamento do rea l pressupe u existncia dQ re~l independeme de se_u pensamento (O ~JI "clpms como ant~.l subsiJU ~m sua inclepnr dt~~du fora c/11 nplrtto", p 16S); c 2) a tese materialista da especifici dade do pensamento e do processo de pensamento em relao ao real e JO prooesso real . Essa segunda tese constttui muito particular mente obJeto da relledo de 'lil ar~ no capitulo 111 da Introduo O pensamento do real, a concepo do real , e todas as operaes de pensamento peiJK quais o reul ~ pensado e concebido. pertencem ordem do pen~r. uo elemento do pensamento, que no se pode con rundir com u ordem do real , com o eleculati~to). ou tnterior ao prprio real (idealismo em piris1a1.

    () \111,111() 1>1 '(ll"l\1'11'~ 1." 25

    l:~sas tc.:~cs colocam nuturuhneotc Jlruhlemas. mas esto impli ~ "'u.Ja, ~em equlvoco no tC\tO de M ur' OrJ. is~o o que nos in tereS ,,, 1'\aminando os mtOdos dJ uonuonou PolittCd. Mur' distmguc "'' dele1: o primeiro. que pJne "d ""'" tmalidocl~ ,;,..,- ("pupula

    ''''' narn. f~Hodo. t'not h.\lmlo,\"), c o 1-egundo "qur part~ dt' no ,, n 11//lf/tf, ta/1 cmllfl 11 tru/>ullw. a di "" tra/oolho. 11 Jrnlr~'""" ''''"' dt ". Du1;r. nh.:hl\kh, rwnJntu: urn. que p . .rtc do real me..." mo. t) '""" que pJrlc de nhlrOC't< Qual c! o bom desses do" mtodos'!

    J,,,.,.~ .ttr hum mhtK/1 t n>t~rcrur pda rrol c 1)'/o concreto ... ~"''~-''""" nlham/o mm:" d~ ~rln JWr, t1bt'lllfl.\ l/11' iho ' um crro O Se

    ~undu mtodo. qu~ pJrlt ~ Jbllrue> stmple,, para produLir. num ''nlncrc!h:> .. dc-ptnSJmento ,) ~;onhccuncnHJ do reJ.I . .. i manile\1 Httntt o m1t!dn .-wmjka 1c enunciado.

    ~ ntretunlo, c~ic prl>rC> enunciado. em suu C"\ tdncia, cont-m c ,, .,.,tmula um .(i/iindo .dtrtomura de JJarc. Es~.: silncio uwud\fel tn lodo o dcsenvolvirnen1o do d i ~rurso. iniciuis'! Com que IH..:Il r-.1a {X acci ta nt:n$.JH u hst l'lC'C~ in 1t:1U i ~ . .: sem m; crit i('ar. as ca .. ttvrins r.Jo que pa rtem Smil h e K ~ardo, dundo a1sim J ,,. p"nsa nu conunuldadr de ~crlob,JCtll c, pv>S. qucen1rc cks eek no ,, 1l:i nenhuma rupturn de >bitto~ (ls>J.S duas 4uestes vm" ser umH

    1.1\ c mc~rnu ltue~t:\o, fl i"C:Cbuuil~n te tHIUclu 01 que 1\1 arx no n:::;pondc. unplcsmentc lh>rqu! mio c1 , ,,,,,((( 1-is u lugar do seu silncio. e esse ''"'"' 1azio, corre o 1>crigu de ser ocupado pele ,J, ~cu rso "natural" rlit deologi u. sob 11 capa do empirtsmo: "O, ccoromisl!l.l' do .rculo \I I/I cnmt(am srmpl'c' por umn tOtlllldadr \1\'U .' Jopulac'n. nnnio. 1 Ur1dn, ~triu mtnelf cfttttrnrlmulos f' abstradoJ, come(am o.s JiS , tmn f"romjmrt'tlS qutt JUUtcm do' " 0f t'' )/mphJ1, laiJ como traba Ih .. (165). Silencio ~obre n naturetn dc5sa "anlise". dessa "abs

    \ I tof'l"oll) I, .lp I. p.U.If:r"(~ 16. l1 t IX

  • 26 I ~.R "O CAI'ITAI "

    lrao" e dcssn "de1orm1nuo"- Silencio, o'b ames relacionamento dessas "absuJes" com o real de que so abstrJdas. com "a mtui iio e a repre

  • 28 LtR " O .h 1gwufo. Simples pormenor. dir se-. Certa mente,

    ma~ dcs~c g.o!nero de pormenores que dependem. q uando o rigor falhu nelei. os discursos tJg.arclas e de grandes conseqncias, que urroJt.Jm Mur~ Inteiro paru a prpria ideologia q ue ele combate e recusa. Veremos a scgult c~emplos pelos quais o no-pensamento de um minsculo silncio torna-se ttulo de discursos no-pensados, isto c, de discursos 1deolg1cos.

    111, u1)tuno,; um c.nnpo lh l\10, Como 1"()/lt llltr. qual~ pu:.;i.sttmcnte n nuture.ta de~5c C31111l0 novo'l Tt l'lh.H. J nHSM> dlpor ugora liurt..:itnte.; >tudos de histria do saber, ruua :tU'If'Ciltt Qt.c: IMld~ de procu utr em vias difm:nt~s do' itinerinos do empiri$-mo. Mas Ac:St..a VrHC"ur.alln:asha, o prprto M..trx nos

  • 30 Lf.R "O CAPITAL''

    oeitos-chave da ~un teoria. um dos conceitos indicativos dn di feren-a especifica quo o separa de Smith e Ricardo. sob o nspecto da problemtica e do objeto. De fato, Mnrx tr-.lta a ausncia de um ("()lt-~tto como se estivesse em causa a oltlGncio de uma pala-ro.. e concei-to que no um qualquer. rn ns que, como veremos. e impossvel u n-tar como conceito em todo o rigor do termo $tn su~ciiOr o qucstlo da ~roblcmdt.ca que pode $USttnllo, isto , a diferena de proble mt1co, o corte que separa Marx d Economia clsica. No caso a in dn, quand? arl.jcula essa censura. Marx no pensa literu lmente o

  • 32 I Ht "O < 1\ Pl I "f

    c'L pnr ~uu vc1 urn pruble-ma tc6rico, porque tal como tomado e re-cebido. um conceito tlllcriticadn, c 4ue. como todS os conceito\ "cvidc!Hei"". corre n ri s~o de nlo ter pur tiUJiclucr contedo tcrico unha. r>.X

    St:m rnc untr.Cipur HJ ... 1uc se segue:. gouan de c~ la rcoer J. ~u mas qu(st(~ de principl(}. Tomarei como contraeemplo pertmen to (lo~n vorem~fi u, nu CUIIItllllcl~dc do tempo. da css11cia tntcriot da

    tn~alilln11 co hcgclitlllo: a co11l nuida.dc hu ruor,bncn e a coutcl!'pm ancidade do tempose entno nesse niet. no recorte desse contnuo se>-tundo Untllfll'rlodlruro hiMuriudt)rul. o1quclc que Vohuire exprimiu ao distinguir, por nemplo. o scu () de l.ul~ XV do $culo de Lus XIV; ainda o prt>blemJ princ1pal d.t historiogrnlia moderna.

    2t A nm~tmpotCIIIC'IdCidl du t~mpa t111 cnt~Qrta do pres~nt~ hist6-,, " bta 1csundu cktegurln a condio de possb1hdnde du primei- 1.1 e el-'cnte. l'lo ligntncu que a enruwra dn existencin htstnca da totali-JJde soc1al hcueliana petmite" que proponho chamar de .. ccrrt dr qJnc( , isto> J, c~1u upcraio 1ntelee1ual pela qua l se opera em

    411rte. un) que todos os elementos do wdo siio d~d cadn uma du totnlid~dc lOCial que as contm, porque con tendo cad11 uma em~~- 1ob a formn im.edintn de sua eJ

  • detenmnllcs de >un cxistnci11. Corn asso que se torna possvel 11 continuadude do tempo: corno o t'enmeno da continuidade de pre-scnu de> conceito em uul determnucs pos1tias. Quando flamos de lllrllllo'lll> dn descawohirncnt da ldaa em Hegel. dcemos estar rrevenidos de que esse termo remete unidade de dai.< .mento como momento do tempo. como presente. que c

    ~empre o fenrncno !111 prcsen.1 do cc>necito em si mesmo em todas. us suas determanuccs concrews.

    Essa prcsen\'3 absoluta c homognea de todl~ ~~~determinaes do todo na cssnciu u1u11l do conceito c IJUC permite o corte de es-encu" de que ~cubarnos de la u. Ela c que cxphcn em seu princit>o 11 clebre f6rm11lu hc!lclinna. que vale para ll>d-1 as dctcrminail~ocaal. f: p~lu fuL(l d~ '/u~ u (od

  • 36 t.ER "O CI\PtTAl "

    funilo do ,,.,rutura do todo que estudam, no indagam sob uma for-ma verdadeiramente co'nccptual: ~otmatam simplesmente que ir di ferentes tcm110.~ nu histrlu, variedades de tempo, tempos curtos. duraes nltdins e longus dura('~. e SSabemos que o Indo marxista $c distingue !em oonfuso poss-vel do todo htgcliano: truluse de 11111 tCJdo cuJa unidade, longe r a uni!lncle exprcssivu ou "t.lf)lritual" do todo de Le1bniz e el. constil.ul1!o )).......-,. "'~ --'~ ~""''"'- '"' ~-"-~

    O OII.II:TO t)t; "() ,\ltTAL" 37

    1 umlo os modos d~ de:erminucs ~srecficus. d~t~t1~1nadas em l-111111 nhl:lnCil llCIO nfvcl 011 ln>tflll~ I J dJ cconomHt

    r c mos. e'ldenlementc, de cscl3re~-er n natureza e~trutu rJI d.esse 11111.>. mas podemos nos contentur ~om e;sa dcfin NO prov1sona. ,., 1 prter que o upo de C00:'11tnc-a hegeha~a da 1~re~e~or a ex1stenc1J desc """' upo de tot11Hd~de. . . .

    ls na1u.a u~-c~Q toru:t a ra.tOtntJl(""Wal da hurn.utidaJc C) (ltt .;('1 ir.:ml\t:n-.:ntt ~t:SM: nu::;codll e que . .ao c~o.:eur o t\IUnt dt u 1,;a t dotWJ' f.-~-1~a~ ... (a~e"" a~.:" (.!l)lllU H' U'llJlo'le dt tJri lfl..;l~ U)l!r,.Hlain..Jm. tJqi~t~t ndq-ft' d.~ 11,. .loitldd "'' ''"'" tiA1clt l(tlt tpcinmrJ .. Qu;\nOO !t.:Tudo est ui:' elsu (n,xl.tr4Mto. cssn :l.Illculniio dos .me_:nbros 1!11 , istenw ICi11", o upoin mutun drc$ tclucs clllr~. s1. nu o po 1hon 1cr p1'11Sodo.! nu "lg1ca do movimen to. da suces~ao, do tem-1111" Se t i vcrmn~ presente no espimn qut l '' lgtca", c~11no d~'"'m~ll ,11 \ I arx ~m Misbrn da f'llolojlcr, ~ tlco-s a ubstracan do movl-1111111t,, .. e do "tempo'', que sfto aqui u1vocudos crn pes&ol, como< a 111 1em da mistifl~nfic> flrnudhon aou, ronccbesc que seJa precLo

    lu~rner a o"dem du 1'f!J'I1Ur tm Jl"iJ!ltltO ~ugn r a e-;autu~n 1111ccifica da totnlidadc 1>aru comprt

  • 38 I, !'R "O CAI'I'I ~ I."

    tttrcia de seus mem bros como n$ relaes constilutivas e a estrutura dJ prpria hiMria.

    Na lntrndutl de 1857. no que se refere n sociedade 'capitalista. Marx esclarece du novo que n e.' pode ser lc>mu> lti.llrko o pro~s>o do descnvo:>l \'tmcnto dos drfercnte; nieis do lodo. O aipo de c,l;~encia histtic" dtsses dlli:rentcs "nlvei~" niio ~ c> mesmo. A cada nlvcl devemu~. pelo c>ntr~rio. lltrihur um umpo Plprit. relati,Jmenle autnomn. portunw rululi\amcnt~ ndcpcndentc, em sua prfr]>riu depenclimciu , dos "tcJnpo~" dcJ~ chml:t15 11vcjs . Devemos e podemos drze1: lu, pa ra cAdo de prudu~io, um lcmru e unu1 htstria peculinres, e>candidos de nrodu espe~nco. do dcsrnvolvimcnlo da' foras pro-dutivus. tem pu c hrstn.t. peculiares j~ ~l~es d~ produo. escan-didos de m11neira especll'rca: histriA peculiar da supereslruturu poli t:ca: tcm]>o c histriu pccuhares ftl oso:>ria ... : tem po e histria pccu

    l ian:.~ .l1 p(t)ducs csto e hisltia peculiares as ela~oracl cicllt lft cas, ele. !uda uma de~'ltS histcrias pCX'ulitues 6 escun -dida s.:sundu rit mos f>tt\lliares c s pode ser conhccidu sob J condi c;-Jo de ter deterrni uudo o c'OIIc-ritc> da eb]>ecificidade de sua temporu-hdade hi strica. e de ~uas cscanses (desenvolnmento continul), te volufiu, c.;>rlcs. etc.), Que cada um dcs1cs tempos e cuua urna dess..os hiStria$ srjam r~fariiYmwtztt aulti/lnmo.l no significa q ue con ~l i tuam outcos tanto& domnios indl!ptndfntf.< do todo: a ~peciftcidarlc de C'3.da um dcscs tempo~. de cada uma des!.3.S histnas, em outrus palavra$, ~ua autonomrJ. c indepcndncra relathas, fundam-se~ ,eno ti]>o de .1rticulao no todo. e, portanto. em certo tipo dt dr-f'l!ndiiCtll em relao ao todo. A hist6na ela filosofia. por cxern]>lo,

  • 40 lER "0 CAPITAL"

    n~o .uma h!st.ria independente por direito divino: o direito dessa h1st6ny-~x1~1r. omo hi~lrin especUica determi?ado pelas reJa. ~ arucula e. p01s, de cficdc.u. relauvas, ex1stcn1es no inte r)or do todo. A espec ficidade desse, tempos e dessas histrias por tanlp difrrenctal. dad que fundada nas relaes diferenC'Iais cxisten

    t~ no, todo entre os ifcrentes nlveis: o modo c o grau de indepen ~enr!a d~adu I e o e de c-ada biStna sUo. pois. determinados com mevnab1hitadc~elo modo e grau de dependrnda de .~da nivel no c?,nJ.~nto das &t!!C'~I~es do todo. Co~ceb~r a indepcndnc'a "reJa. t"a de uma h!~tona e de um nivcl Jamais pode, pois. rcduzirse " afirma~Jo llOM!Iva de uma mdependocia no vario, nem mesmo s1mp!es neg~c!.~ ~e uma depcn~lnciu em si: conceber essa "indepen dnc1a ~l~t1va Slgn1ficu delintr sua "relatividade". isto , o tipo de dependtn qun11 t011 (' tprin rchhdadc do processo lO! :li da prOldu;l(c t:apllJlis\ . l:.ssc tUIIIJ>O oflo nccssivcl, como "entrcccuza .,.,~ruo" V(llllf)ltH cl,~l d i l'c rcn tc:~ lc mp (filosl'tc-ol e do tempo dcntfico. sem falar C'!J

    t.unhm dn ~l"'~re VeJamo um exemplo. O tempo da hist- ~I? tt.t dJ filnsola ltun btm n';l ~ 1mtdintamentc legfvcl: sem dvid ;~, ,.;. c. na crmh> lo~ia hi~trku . .

  • \'ti ( \

    42 I I~ "f)IAPil/\1.''

    como la I. e determinar uN relae$ dtferenciats do Terico corno tu I cum, de u 111 lado, us diferente> pr~ticu cxistcntes, e de lftlmrntosfilo.rclj/C().ulsa. ""'~ tumbm o etraordm:lno au au-o do seu pensamento. A histriu do spinozismo recalcado da filo-mfia transcorre nl~O corno uma histria subterrnea que atu~ em .urro.< tugnr.r. na ideologiu J>Oifllcu c religioso (o desmo) e nas cin

    (IJS, mas n1o no palco tununado du lilosoliu vasi,el. E quando o 1pmo~smo nparece em ccnu, na "querclu do ~telsmo" d t'OilftiW do hmptJ d~ i UC'OilJCieiJ/l' para chcgn r ia cnmprecnlfl de

  • 44 ltR o CAPITAl ..

    empl rica visvel. ~m que o lcmpo de Ldas as hist1ius o lempo sim11les da conlinuiude. e o "contedo" o vazio de .1~on1ccirnenws 11ue nele se produzem. e que se tentu dcpots determinar segundo nu!-todos de recorlagem para "penodizur" essa conunuodade. Em ver. dessas culegorius do conlinuo e do de~continuo que resumem u mos-i crio v"lgar de toda histria, li damos com cate~oroa~ nfinttamentc mJtS complexas, e\(lccilcas segundo 'OI COfftSJIOtrtfttllt! tf .flltf aprO~ImO(O- porque Se de\(SS (l U econmico,\ qu~ portaptn coucsponda a um ''curte de essncia" 11aru o politicl. pr11 exemplo .. nnn corres1londc u nada de semelhuntt puJ outros nlvci~: eronmi co, ideolgico. eslc!LoCO, 111os6fico. ctentlfoco - que vivem em outros

    tempos. e passam por out ros cortes, outros ritmos c Owl r as pontuu coes. 1\ presena de um nivcl 6, por '" sim dizer. a aui>a ' r>rejcn~u" c de nusJISI.IJH11: RJ>cnns efoilJ?oa do IC!"PIIII r u um mosnw tempo lllco)lglco de husc 11 diversidade ""' dli crentcs tempomhdtodcs. e a,alinr', nu mesnw linha tlc um tc~ll(11) tx'nHnuo de refern~ia. a sua d~jarttp,tm. e que n o~ c>ntcntana-mo' en tilo em pensnr como a1raso ou "'anco no ttmpo. portanto 11cs'c tempo idcol!lic de rcferl:ncia. Se em nossa novn con

  • 46 I li H "U l \I' ITA I."

    mico c polhico de nosso sculo .. por exemplo. as no~es de de." prp ria~ du nhJ~to refi I de que ele oonho:c m~IILQ. O conhecinwnto d11 hist61iu no ~ hi slrko. tanto quanto niio nuc11radn o conhed111t01o d

  • 48 LBR "0 CAPt rAL"

    tretanto. uma coisn dele p~rmancce o que e .visado pela opnfcssa o ~>tlnodrl!l 'lll llrcJt,l\1\'

  • 50 I.~R "0 CAPJTAL ..

    Essa definifto do tempo histrico por seu conceito tl!riro inte-ressa diretamente nos histortadores e :l sun prtica. Porque ela atrai a ateno deles pura. u ideologia empiristn que domina poderosa mente, com poucas t\Cccs. todu~ as' aricdades de histria (seja a histria no senudo urnplu, ou a lustna espeOssa c del'a reali r.ur-sc em an(tlises econ)micas consideradas "concretns" e refercntcN u esta ou IUIUcla conjuntura, a esta ou aque lu formao soc1ul, .1 este ou aquele perodo- encontra o equivulc:n te exato no fato de que a teu na da hi triu ~elabora c se desenvol"e

    t~mb~m numa in,estiga:lo de ccrtu mutria-prima 1>roduzida pela hostroa concreta reul t CIUC encontre tumb~m sua realizuo na 'a

    nli~e concreta'' das "stuucs concreuo~. Todo o malcn tendido ~dvcm de que a hl~triu nAu mais e\iste u nJo ser sob essu segunda torma, como "aphcufto'' de umn tcoriu ... que a ngor no e.'llono um mini-mo de teoria ~tu e,i~tu) em esboos de teoria onats ou menos ideo

    l~icos. f)e,emu cncat jiuo d~ que a r ea mhuolO\

  • 52 l~R "0 CAPITAL"

    te entre a parte t~ricll da histria existente e a histria empl~ica (que nilo rnro u hitriu cKisten lc). No pretendo passar em revosta

    es~es conceitos; pura ttonto scroa neccs:rio um estudo completo. Destacarei UJ>enus t~s como exemplo: os pu~s clssocos essncoalfe-nmenos. nccessidaderontongl:ncoa c o "problema" da aiio do on divlduo na host6roa

    O par ess.!ncho,lien6mcnos en.:ar~sa-se. na hiptese economo costa ou mceaniciMa, de e\ plicar o nao>-cconmiro como fenmeno do econmoco. 11uc ~ sua essl:ncia. Suh-replidamente, nessa opera-o, o terico (c o "Jbsuuto") est4o do lado do econmico (visto que temos u teoroa dele em O C'apiraf). e o emprico, o "concreto", do Indo du nJo-cconlhnKO, iMo.:, do lado do politico, da odeologia. etc. O p.1r cMCnciu/fen6meno desempenha bem e~s~ papel. se c?ns! dl!rarrr.ns o ftttluncno como o concreto, o ernplrtCO, e a essenaa como o nUo>-emplricxo, como abstrato. como a vcrdtode do fenm~no Com iNlO se estabelece ~blU relaJ.o absurda entre o tcinado (a nece%odadc do ~conmcco) com a c>.i"ncia emprica de outro ob;eto (as corcunstnncius" polltocas ou outras, atravs das quais se diz que essa "necessidade" "abre o seu caminho").

    A mnis cflebrc formu dts~t: pnralogismo nos dada pelo "problcmu" do "papel do indwlduo na histria" ... ttigoco debate em que se trata de confrontar o terico ou conhecimento de um ob-

    O OIIJE1'0 DE "O A I' ITAI."

    Jeto dctermon11do (por e>.emplo, a economia)- que representa a es-si:nci;o da qual os demnis ub)ttos (o politko. o odeohigcco. etc.) so pensados como os fentHneno~- com essa realidJde cmpirica excessi-'ameme ionportUIIIC (pohticumetUtl) 4..0e e U aJO oodhodual. >lo caso atndn, temos donnte de n1 um curto>-circutto de termos cruza-dos, cuja romparuflo ilcgltomu: pois no cnso confrontamos o co-ohecunento de um objeto determ11uodo com ..t e~istncoa emplrica de outro' Eu n~o gost:1riu de insi,tir nu~ dificuldades que esses conceo-tos apresentam j'3.rll seu~ IIUtoreS, modu d~ c~IMbuclu hostbrooo dJ indi"iclualtdndc num modo de prmi J.I.

  • 54

    Uma vet elucidada. pelo menos em princlpao, a especilicidade do conceito mar.\isla de t~mpo his16rico- uma ez crilicadas como 1dcolgicas aodus as noes comuns que sobrecarregam 11 palarrc lri116ria. podemos COIIIIlrcendcr melhor os difertnles efeilos que esse mal-entendado sobre a histria origmou na inaerpretao de Marx. A Crrtpreenslo do pnnclpio das con(uses rcvclunO$ rp$() jacto a r>crtinncia ele certas d!SLmcs essenciaJS que, figurando em termos udequudos ern O C'aplrcrf, apesar dsso foram nao raro mlll cem prcendidas.

    Compreendemos 1m primeiro lugat que 11 Mmples proJeto de "historici1.ur" u cconomiu politicu clra~1ica nos luna no irnr>tlssc te-rico de um parulogismo em que ns categorias r.c.:.nrnicas chlssicas, em , a de ~rem pensadas no conceito terico de histria, silo sim-plcsmenlt projetadas no oonceito ideolg)c:o de h1116ria. Esse projclo nos d o esquema chssico. novamente ligado ao dc.sconhc:Cimli_n tu da especi ficidade de Marx: no lintl, Marx tona concluldo a un1ao da eccn os doas IUtmos do pu r etcrmdude,'histria vo r roccdcr de uma probh:rn:ltica hrittg (Ed , Soe., p. 39~):

    < . .CJ dtfinl(cJt.t~tdCol tJm ~ldr ptlf'4 '' rrPtt"'~ porqve so "\fnlJUc nsuta-

    c-cmn ,&, un..:a :fln~no 1tal to tltMn,d\l"'t~tt) da. ptpn.l '~''"" mas C::S10t/t,ftrr ~oMr!Mif/f itlr, i ~tu;s uma dtfhrip._ PaUl n bcr c m01uu 1 o que b '' , j,Jn, 1or::h)li oh1 iJfl!JI)I; n t~\idar hld&s as fqrm1u da vid:J t '' tcpr.:scn-11\la..os UlfJ ~tu cr,~udtllftljJRto. lur oullo lado. J"-1M o ustJ c'Or,.. ll t.t, uma h I C:\ e t:Jil)()jk"!lo d~ cMatteres nula. sc('ais e ao ntc.Jmo tempo nui\J tipj. 00!1 n.o que s~ ch.arna una defini('.to poc: ser ul. c u neoeJ.Str.J. c i~so nlo pode prejudi:nr, cuo nilo se pct.t a ts.U. Cki)Ot.tl() ma ~ do que da pmk .:nuoiar, ( ()1 sriros :do n11:1.1~. L. A.)

    Os dois t rechos nlo dei xam, infelizmente. lugar 11

  • 56 I.ER "0 Ct\PITI\l"

    do "mal-entendido" e a lhe formular os termos. 1 odas as p --concreto-real" no conreto-de-pensan\c:nw". c o histrio.'Q roino mudana real no prprh> conoe11U. Sob premissa-; tJl. o rucioclno cabalmente obrigado u Cc.lncluir pelo callil (r n.Ou1mnx>mcnto c desaparecimento dos con~11os nu di~urso da d_e-"''""tr.IJ Clcntilca. Ser prec1so mo couceito 11f~ofgirrespo>ndencia in>or.

  • 58 ll'k " CAI' I I'AL"

    terica: que s" impe uma soluao imuginria u um problema imaginrio, c nJo mo I. cap. 1): se no se enconun due1amcn1e em pessou na queslflo mencionada, cl~ aparece em oulro lur.ar. de fuce descoberta, quando se traia e~phCI tamente dela. na "teQria do conhee1mcnlo" latenlc que suslcnta a iden111icao do h1~1611co oom o hgico uma 1deologa l'mpiritta do conhecimenlo. !to , fiOIS, por ucn~o que vemo~ Engels lileralmcnte jogado por ~UJ qu~!I(I nu len1,1ilo dcsoe cmp111Smo. nem elln Yolpc e1cus discpulos suslcntem a I c~ da 1dcn ulicao rnvrr.JmiJ~ de assinalar sobr~ a existncia imaginAria de uma relao noe~1s1cn~e tem p~r cfctn I ornar invisvel n11trn ~lntln - lcgllima porque e~lstentc t! t,undaclu de direito- cnlre teoria dn e~onomia e lcoria da hJSlna. Se a pr meira rclnilo (lcorin da ooonomiu c histr!a concr~Lal era .i ~ua~in\ ria, a segunda rclailo (lcna d~ ccono:uu e ltoa da lustna t < umu vcrdu d.:i l'n rela~.lo rlr/C'a . l'o quo h~ou 11 \ai pol'\ IO se nlo Hl visvel pelo mcnosopuun? tl que~ ph mui r rcluih> linh:1 a ~l:u i'~Yr a preeipitailo da "eviciOil~ln ", I$!U , l ~nu.cs empin~~as dos tu~.tnriaduJ'es que, lcntio 1!111 (J ('ntmnl lululllaS de lu~t11n co nc~m ~Jo tlu th.trnfiu da JC>Inadu de I rubathQ, n pm;sa&ern dll mnnufu1urll ur11ntle ind(striJ. uctnntlla~fiu pnrnitwa, ele.). vi-ram-se de al&urn modo " vontndc''. u colocavam ento o prol>lema da teona "'onlu>HC~ em fun.l.o dn cxist~ncin d~ssa hiJt6tJ "~ncrela", sem scn111 a necc~1idade de propor 11 queSto dos ~eus tllulos. lnlerpretuvarn 1 mane11u ~mpirihlll as untliscs de M a!x. qu~, longo de ,crcm amlhscs hiwiriclls no sentido r!nomso. tSHI c. susl~ntadas

    11 ,..._..,.., dlrt'lOltiHt os. p~utorcs de "ccr..:-iu'' 'icm ttb.,cto por c-...eropiQ, cu teb-hr"~ d O".liut rJn< dM r>I\U~i61otioS O 'oi. ccnos -pSo1--:blogoS". etc. "ct(1;o.~l0, de 1 '''' '4we tn ~"t du:uMtlnc: "'" cu..tl ''C'itrr.;ia..o; ~em ObJ(IO .. podean. de\ .do a con-. 1 nB;,,. tcnrtu t ~dwMf;IO:ft, .:onttr ou prodo~.th. na cltbohttJo d3 IQOnJ do ~eu pu:

    nu obJt o", )Jirtttat t~cat W r..utonat..Jadc t'H~tcnot: pOC e~enplo~ no lda~c U'lia t h ''~-.,,a ck1inha ct" dWW '"''14l4''" t cl.aboiJ\j ns l()trro~ do twnco (Mi ' Ih

    O 0 111E1'() OI: "0 CAI'ITAI." 59

    pelo descnvnlvmonto do conccilo de hiMriu, sJo antes produ1os .cmi-acabudos fHI"' uma hi.u6ri. enlrc 11 ordem abslr3111 dos conr~110s e a ordem concreta du htstl'la. N1o vi t>b.lcl ! ''nllllrulo" (cunceptunl), c niio colllO objeto conceto-!UIII; c que n~ c~ll ulqn t>m 1cd prlncl)>l(ll i leoriu da hlstr>riu, :1 cluboralo do ,omtl hl ele hiFir'l~ia, u d~ !ai UH "[cwmn" de1bnvo)\ idus" , dn qual a

    t~oria ccnl)~mh:l > cln !lll)dt clu p rocl u~il t> cupital lsta constil ui uma "rcgiiio" dctNmnaclu,

    Uma 1>318\'1:1 u mas ~e>bre um dos efeit os uluais desse mal entendido. Ycrtrlcumosnelc uma du urlgcnh du inwrprclao de O < apita/ rr>ma "modelo lcc'lico", f(ll mula Cll)J. i nten en.l.o pode ser 11

    pd~~ri S(rnpre rr.~u pc1 3dll no Ntntidc clinico rigoroso da palavra, como sintc11na do mal-cnlenclido empiri~ln sobre o objeto de um co-nhecimento dado. De fltll, e1'a conccp.;Oo da leona como "modc lo" s~ posshet sob A t>rimeiru condio, propriamen1e idrolgica, de inclu ir. "" prll1>riu teoria, ti distAncia que a separa do concrelo empirico; e sob n segundu c!lndio. tamb&n ideolgica, de pensar essa dislanci:J como dislftnca por sun ve-. emprrca e, depois. como perlenccnte ao prpno concrclo. que se pode emo ler o privilgio (isto . a hnnalidnde) de delinir como o que "sempre-mais-rico-e mais-vivo-CIUC31corin" Ningu&n duidu de que haja nessa procla-

  • 60 LER "O Ci\PITIIL"

    mao de ttulos exaltantes du supcrabund:lncia da "vida" e do "concreto". da superioridade du imaginao do mundo, e do vigor da ao sobre a pobreza c a velhice da tcoriu, uma sria lio de mo-ds_tia intelectual - n bom entendedor (presunoso e dogmtico) meta palavra bastn. Mns tambtm estamos prevenidos de que o con-creto c a vida possam ser prctcKtO paru as fucilidadcs de uma tagare-lice - ~ue pode servir pura mascarar Intenes apologticas (um deus. 5eJB qual for a chnnotla. est sempre em vias de fazer o seu ni-nho nas plumas da supcrabundRncin, isto~- da "transcendncia" do "concreto" c du "vida")- ou pura e simples preguia intelectual. O que nos importa precisamente o uso que se faz dcs.~t gnero de lu-gares-comuns repetidos fastigiosnmcnte wbre o tema dos excessos da transctndncilt do concrelo Ora. na concepo do conhecimenlo como "modelo". vemos o real ou o concreto intervir para permitir pensar a relao, isto , a diJttltrda do "concreto" teoria, ao mes-mo lempo tra prpria teoria, c 110 prprio real. c no num real eKte-rior a esse objeto real do qual 11 teoria dA precisamenle o conheci-mento, mas 11~.tr~ oh;ero rrol m~smo, como uma rcluco da part~ com o todo. de umu parte "parcul" ~om um todo superabundante (cf. tomo I, cap. I, pargrafo 10). E6sa operaiio tem por efeito inc vit>el fazer pensar a l~oriu como um mstrum~nto cmpltict~, entre 1) outros, em suma, rcduztr dtrclamente toda teorta do conhoctmenlo 1 como modelo ao que ela 6: urnu forma de prugmatsmo terico.

    Sustentamo~. pois, com isso. ut no llimo efeito do seu erro um princpio de compreensao e de crlt icu )Jrcciso: o relacioQamen: lo de correspondc!ncln biunlvoca. rut real do

  • 62 I.VK "O CAI'ITi\ L"

    dcclurado de rupturn. que longe CStll de evidente e. pelo contrrio C difcil de cuptar. cssn duplu frmula nrgatiHt (anti-humanismo, anti histoticismo) em vc7. de uma Simples forma ptivativa, porque estu

    n~o bastante forte paru repelir o assuho humun1sta e historicistu que. em certos meios h quarenta anos, nu cessa de ameaar o mar-xismo.

    Sabemos perfeitamente em que circunstncias essu interpreta-o humanistn e hi~torici~tu de Murx na$ctu, e que arcunstncias recentes lhe deram renovado v1gor. Ela oas.:cu de uma reao ,ital contra o mecumsmo c o cconomicismo da 11 I nternncionaL no perodo que precedeu, c sobretudo nos anos que se seguiram :i revo-luo de 1917. Possui. por e1sa razno. reais mntos histricos, oomo possui certos ttulO$ hstrooos. emborn soh forma bastante diferen-te. o rcnnSmes c erros dof!,mC.tioo> do "cullo da perso-nalidade". Se e;s.: rCCI!nte "'iOr no mais do que repetio. e o m:~is das vezes o dcwo generoso ou lubil mns " direitista'' de uma reao. histrica que tinha entflo a fora de um protesto de esprito ro-volucionri o. emhorn "c5qucrdista"- uo podena nos scn ir de nor-ma pam jul~ar do sen tido hiStrico del $cu primeiro estado. Os te-mas de um historicismo e human ismo revolucionrios surgiram em torno da esquerda alemO, dt Rosa Lu~emhurg c Ylchring primcira-

    mcnt~. c dcpots. ups a revo hJ110 de 17. em tul'nn de numerosos te-ricos, alguns dos quu~ se perclcrarn como Kmsch, 1nas outros d~ scmpen tur u p~pcl jmportunw, e:n11111 por si mcsmu, mn~ '{'ll tCI.I)tTwntc. U no t.'lhoo de uma trtdiColao. i,a procu1a ubstinucla de: c

  • 64

    Nisso cons,;tc, foru de qualquer ten dencosidade. a rato pela qual tan tos herdeorus c purtidarios de " larx puderam descnolver inexatidi\cs sobre o seu pensumen10. embora pretendendo permanc ccr fiis ;l lrtro tfn. 11'\'fl'l.f que tinham nas mos.

    Gostariu de entrar aqui em ul11um pormenor para mostrar sob que aspecto ulguns te"os de "larx pcrrmtem dar-lhe um a imerpre tao hr.tt~riritlo N;lo fulurei dos textos da juventude ou do "cone" (Pau, Mar. 1>. 26) porque a demonstrao no caso fcil. NJo prectso torel!r te"os como as Tts,,t .robrt' Frottrborh c A /J~olagia Al~m, c que contTt atnda profundas rc~sonncius humanistas e hostonciStJs, parat lhes fnler pronuncinr us t>alanus que deles se es-peram esses tctos fJiam por M. I alarei npenas de O Capiral e da In-rmducr~ de 57.

    Os te"o' de \ larx que nutoruam umu leuuru historicista de Mar. podem ser grupndo> sub duns rubracs. Os primeiros rcfertm ~om uma passJgcm d" O CaJiiral t I. Wl):

    " N fl('d\o 'ub tt ,,. IMHW dJ '!dJ MNiul c. ptU (JtJnidode cun-ter um equ\rCX~. confurmc suMMo'

    O prprio Man pur= rcconllcr c'~" rondio :oh,oluur na lntrodllr,., poucus linhas notes do te, to citado:

    o ""'I ro 111 o, ~t>t r~ t .. S () li\ o:"" ~h.uu,l .,$\'\Yclh Ucl\hl hl\h\ 1 li.''' rcqh'U':a em !>~lllil ncl f~tt\1

    \t\ .. lh" I ulthiUI (,\tnM l'\1\\IJCtu ,lto (,l(f'i.Jf'> fl,lt-,.tJ.Ii i;'llflhl l .~.;c-. ..: l\nt.lto-,.~IIIC'' ,111 '~U l'h\I'HII .\IUf.l t.hl \k'C"vllh !llCAl\l, C.: ~UIU\) C\hl hnma r.;ara-Ul(lll!.' ~ \, I JWI, ( ,,_._,, oi('tl Hl('fo.Mtl ltldO. i.1 C.:t-tWnlla rw I ..:a

    b~lft:t.Iu 1.,. .... , ,11, e nlntl

  • 66 LER "O CAPIThL"

    ele formulara ' O mesmo vale pura todos do seu presente que n consci!:nein dele& ''Ontrnha u 'erdndc.:i ru tiUitntemmtt uns deu ouuos. cMb.lm ~ tmrcla..:tm uomo r.tnuf..:a.:;m .. do 1rumtn t.Ol.,JI espOChlnN da d1v1to do trnh.Jiho. Jio C:Of\!Ullltc!'l"'!cntt rod~~o .. udos ll\l.t meduJ& $urh1l pwpOtcltln.J.I ...

  • 68 LER "O ,\I'ITAl"'

    fortuuo. c poill indifcr-:ntt. No uo. o uab.alho transformou-se no ape-no~s nu Mlt1()J/a, mru nll1rtll1dadt (ttr dtr IVIrJ..Itthkdl I por su \CZ um mc10 de rtlar a riqwtu em acral, c dt-I'.Ot.l .. cnquntu d-:termu)a.jo, dt ldr"ttlfiVI""ft t'Mt tJ.f litdM;~(}!, wb (J(p.mt tUplr> panlr-410,. E5se estado de ooiSJn ~Hintiu o m.1i~ r.ho f:t.tu de tkstrwolvhnento na forma dec:Ms ttnCia mti~ n10dtr~lA dh tCKiod.tdc5 burgut$-:u, no$ .. ~udos L'ttidos. LiJ QJI('.GI r Vr Q tlllrfQc'lfQ dQ rortJW/4 IIYI>fllhp" 'fl~o m> ~trai",

    lrtl~ll"tt "rrm odif'''.,.~lt/', ,.,,.,. dt ,.,Ida da UllnUMia nuJd~ma, umu )On"''Jt' Mt wnlu.1. JV61t~rz hotrd prduu-h hc&hrt CNss~ moci(J, a maU. um,tf'f abttro(\fo qu.t ~tfmOmkt naoclrmu (o/om f'm pbnro lu.tar r qw

    np1l~ ,..,,.o Nltl(~ '':.dto anrlra t tdll.fe~ /lel'O IHtn cu fcmntU d1 JOOf"da-tN. 1d OJ'l,.,. .. Nl ttUo.lnltf Joh tua /t~mla aluuara como 'rrdDCk prdflm

    'rt:~4tt ~ ,._,,.,, r',q~""' mrrAtl''" 441 ""-'kd.lrlt &~LI modun.J. (l>llrl ..... rs dt l'n~o.1ttiI ~ ,{, lfJ1Iut ~t ,l'i>flftll!. 1/t ;r.J rll!d,ul~t f' t'linurs c-om cujSo um pOUC(I muis

    em ChumS~>I que se on,:wu cssu lrndiin que ele herdo u em w andc punu do l, nl>rl>la c C:rooe. Devo, pois, fui ar de G ram1ci. I nNo Cll l Jllll!ld~ r>so:tConu iC!, ttmcndl} u s6 dcsfinurar oom oh '~rvni'tcs lnPs:Jmcnh: "'l:>er t :l~ t(~un

  • 70 I.ER "O (;API f A L"

    toricista absolu to", com base na r runeira leil ura de um lexto pol-mico como esta obsservuno celebre $Obre Croce (11 MatertailsmQ Storlco ~lo Fllo.U i nlch:bluais "o,.~nicos", ou o

    11 " .&: ~~~ ,. atlvcrnlt) h CSI:Ihufio qltr :& CYocr. .)1\:rec:t tlk rtlltulu, ctlS(l de cnm con .. o::~li.o du mu11dn (fl.lcS to UMK(ormu tlll norNt,l dt Yid

  • 72 LER "O CAPI1"Al"

    " intlcctual coletivo"" lo Partido), que garantem a " hegernonia" de uma classe domin:mte impondo a sua 'concepo do mundo" (ou ideologia o rgnica) na vida quotidiana de todos os homens: c en tender sua interpretao de O Prbtcipe maquiavlico cuja herana e retomada )leio parlido comunista moderno em ondies novus, etc. Em todos esses casos, On1msci npenus exprime essa neceRsidadc, n:1o apenas prtica. mas consamelmmte, teoricame!lte inercnle ao marxismo. O historidsmo do m~uxismo ento apeuas Ulll dos ns-pecros e efeiws de sua prpria teoria bem concebida, apenas a sua prpl'ia teoria coerente consigo: uma teoria da histria re.al deve tambm entrar n:l histria real. oomo outrora o li:z.eram ou tras "concepes do mundo". O que verdnde q twnto s gru ndes reli-gies deve! ser com ma1s forte razo quanto ao prprio nH:trx isrno. no apenas a despeito nws por causa da diferena que existe en tre ele e essas ideologias, em rn~iio da sua originalidade filost'ica. dado que a sua originalidade consiste cru incluir o scntulu prtico de ,iua ptpria teoria . 11

    Entret anto, corno se ter notado, este ltimo scnt>do de "hisu a inda tc;>dos os idclogos'. qtu!1 tal como CrOO!, (Cto)'na rn a t pt dto dcsasttnda dos intelectuais do Rcnus~mcnto, pretendendo fit , 7,cr a educao do gnel'o hunHin(l ~uil. dcstmm ; 1 ft~ Jl,)t>fin da polhi..:a.. l: J>nde!o mesmo nm~trtl' que a escolha e a rltica llt um .. 1 CQn~pt; dt> )nundo -$tao tamb111 urn li1tO poht1co"' (p 6)~

    Se verdade qut toda liloS\)11a a ,.,,nr.wiv de uma. ~odnladc, ela d~J\(:ri a :.~\" :.Ob1~ n :;ocicdadt. det.:rm(fir ~tl'tos t-fd tc:t$, pOSltiVQS c r:.ct;'' indivi dual. m~s fato hist(ln..:o'' (pp. 2324)

    "A idtodadc d histria com u tilosofin ~ lmunellleaomnteri:tliuno .. A prOJ)O sio de qui! o prolctantu.Jo al(;m:io C h-erdeito dn fiiO!OOiiJ. cUts&ica altm contm pr cisamcnle a idcntid.1dt de hi$1ria t:om fi:osofiu" .. (p. 217). C f as pp. 232-134. '' O q\lc rn:(JbfY:' o c uneM o de "hiswrici.sm->'', totlado nesse se!ltidu, traz tutl nome prcc-il> no m;~.ni~mo: o problema dit unio da tooria oom a pr-tica. nuu:; cspeda:-. mer.te u probltma d;~ unilo d:1 t.:uria mu:cist:1 oom o movimento operrio.

    O OO.IF.TO OE "O CAPITAl" 13

    da teoria e de seus "pensadores". ' O velho protesto contra o fari-sasmo li'fcsco da l i Internacional (" A Revoluo contra O Capi-tal") ai l'epercute ainda: truta-se de um apelo direto "prilt.ica". it atividade poltica, "transfo rmao do rnundo'\ sern o logias existentes) e. por outro. no materialismo dialt ico. a propsito da teor iH marxisLa da teoria e da prticn. c sun relao, no que se tem o costume de chamur 11l Le.oria rnatcnalista do conhecimento''. 'Jes::;cs

    doi~ casos, o q ue afirmado com vigor por MHrx ti o que est crn causa no noso problema:~ o marNialiJmo marxista. A cnfase dada por G ramsci ao "hislorkismo'' do mar;(ismo, no sentido muito ri goroso que acabamo$ de definir, alude, pois, cm rea/idadt ao carter decididamente maruiair:ua da concepo de Marx (ao mesmo tem po no ma terialismo histrico c no materialismo dinltico). Ova. essa reallmlc' obriga"no!l a uma observuo. dcsconc-.cttunte, c que com-porta t r~s asprcs entre si: 11 lmbora o que cstcjlt dircl.amentc em causa seja maleriali.mro: G ramsci dc-dara que na exprc,s5o " materialsnw historico" " a nl'asc deve ser dada ac> segrmda t~rmo: 'llistrico'. i mio ao primeito'. qur~ t; , segun-do ele, 01tfe migem nwwfisica": 2) Emhorn a nfase mmeriati:;r.a sere-fira no apenas :10 materialismo histrico. mas tmnbi.:m ao tn aLerin-lismo d ialt ico. Orumsci s rala do materialismo histrico .. c mais ainda~ sugere que a exprcsS-O .. rnate'rial ismo" levo inevitavelmente a ressonnch's "metafsicas", ou Lalvez. mais que ressonncias; 3) I! d aro, ento. que Gramsci dti il expres,o "materialismo hislrico" -que designa peculittrrnente a teoria cien tffica da hist ria- um duplo sentido: signifc;~ pa ra ele, ao m~smo tempo, tanto materialismo his-trico como filosofia marx ista. G ramsc.i tende, pois. a confundir tw materialrsmo histrico. como catcgotia nica, ao mesmo tempo a teorill dll histria e o materialismo dialtico, que no entanto s o d is ciplinas disti ntas. Para far.er essas observaes e tirar esta ltima

    ' (jram.!.ci, MmtrlalmuQ StQrico. pp. 88.

  • 74 I ~R "O CAPI1'!1L"

    concluso, nilo rnc baseio e-.dcnlemen tc apenas na rrase q ue ana li-so, mas ern n umeros rtc (huuhico)

    () ()~Jt lll 1)1 ' "() {'AI'II',\l " 75

    ,.,,;,,cia, e que deve tornur-sc ideologia "org nica" da histria ltomu-"' produ1indu nas mussus uma no a formu de ideologia (uma ideo-logta que rrpousu agora nu mu d~ncia- o qut'}ama .rt 1111)- essa ruptura nilo 6 vcrdudcirumcnte refletida por G rumsci. e. absorvido 'IUt est pclu ext#nctu c pcl:ts condies prC1tkas da penctrm;o da "lilosofia da pruxis" na histrta real. ele relega a segundo plano a ,igmlicao terica dessu ruptura e suas conseqncia> te6ncas e prticas. J!le tende tambem l'rcqUcntes 'tles a "'UIIir Jah um m esma tnmo a teoria cicntlicu da hiMrl11 (materiulismo hiMrico) e a fi lo-'ufia marxistu (muleriuli,mo dialuco). e a pensar essa unidade como uma "conceplo do mundo" ou como "ideologia" afinal comparvclls antisus religies. Tende 111clusivc a pensar " relao du ,.,;,,lu ma rxistu com u histri11 real com o modelo da relao de uma idto/og/11 "org.lnica" (hiMoricumente dominante e atua nte) com a histria rcul: c em dclillltivo a pensar es;a rela-.io da teorta cientlica rnurxbtu com a histria rcul com o modelo da relao de expri\ part ir de,IU1JHCillissu. pode dar-se um sentido teoricamente historicir.tn :\1 fc\rmulns que .ilc citc1 no in.icto - porque. a mparadas por todn o contc~tt> que u~abe1 de IIS.Sinalur. chs 3iSII II1C111 ta mhrn esse sc11tldo em GrntYI~d ., c: !>e vou uu>nlte ntur dcs~wolvcr. o mais rig11 rosamen tc JX>IHIVt:l cm lillt brmv e:1pao. suas lmplicaild, nlo tanto par~ .\l':l)..1!WJ!:.~irrunsd ( (!llt: lt:m nt uitn sc:n& hllidade histrica c lerka rni'"iiilS 1001111', lj UI\ItdO ncccssdo, su:Js distocias,), mns paru wrnnr tIJ(w/ uu111 16gicu latente ujo co nhecimento pode tor nar cnmprccnslvuis al~c11cs de sc11s eJ'eltos tericos que ficaria m enig mtticos no contt~tn do p1pl'in (irumsci o u daqueles que ele inspira ou podem n ele aderir. Tambm neste cuso. proponho-me a expor, como o foz n propb~110 da leitur11 " hiStoricista" de certos textos de O Copltal, umn .tllua('o-liml tc, e dclinir menos esta ou aquela inter-pretao (Gra mso, Della Volpe, Collctt i, Sartre c o utros ) do que o campo da problcmd tica tericu que pu ira ~obre suas renexes e que, vCL por o utra, surge em alguns de seus conc.:itsalvas, que no so de estilo, til ncarei agora a frmula: o mnr\ismo deve ser concebido como um "hiJronci.tmo ab.

  • 76 I f K "l) t' Af'l r,\ L"

    um historici;mo absoluto, ISto se deve a que ele historiciza aquilo que no historicismo hcgcliuno c! pmpriumente negao terica e pr-tica da histna: o seu f1m, o presente inultrapussvel do saber ;lbso-luto. No historicismo ab1oluto nuu h muis saber absoluto. ponnn-lo de fim da histriu.

    No h ma1S prc~ente pmdcgiudo em que a totalidade 'e torne \ ishel e legvel num Hcurtt: de: C!--1nda" . em que conscincia c cin .. cia coinc1dam. Que nilo hnJn muis saber absoluto - o que tor na o historicismo ob1oluto- li@nilicu que o saber absoluto est po r sua ez histoucizudo. Se nlo hti rnJI$ pre~cnte prhilcgiudo, todos os presentes tornam-se tumb6rn pnvllcg1udos. Segue-se que o tempo histrico posrcscnte u "corte de elii!Cnciu" du conternpora ncidade. Todnviu, como u totahdadc rnJrKistu njo tem a mesma es-anu ur:o que u unalicludc hegehanu, corno em especiJI ela comporta nveis ou in~t ~0n10 t>iswrici$1110 (ab-w luto) desencudcla, pois, uutumJ ticumcnte os efeitos em cadeta de uma lg1ca necessAriJ. que tende J rci>J i"r e aplustur u totu hdade mar~ist u subrc IJrnll vunanlc da ltita lldudc 1:\egcli anu . c que, mqsmo com J c:Jutlllu de tll sti ne,~ m:u~ ui) rntoq~ ;clt)rlbHf. acJba pM esfu-mar, rcdut q1.1e 'eparam os nivcis.

    p(, d~mos mostrar cont p1ntu ~ullonHt ico em que essa redu .;lQ dc;.s nlvuls ne III O$lfll A nu JSIO !:, :lc dissimula ~oba cnpJ de urn:1 "eidtnc1a" que 11 11a1 (uos doi ~ sentidos da pal.,1vru): nu estatuto do c'tlllludnmllll d cnt iOcu e llosfoco. Vimos que Oramsc1 insistia 11 tul IHlnh> na un1dudc prtieu du con(l(P.lo do mu:1d11 com 3 hiltna quu deiKII VII de observa r u que distingue a teo-riu ma"1Sta de toda de(1lng1a oagJnica antctto l. o seu carter de co-nhecimento l'lcmj/tVJ A lilo.>gtl ,,.,, d ,h, n r u,J

    \lcu,,lliu.,.J .~h1n1 f\ lttO

  • l i K "0 till'l'lAI"

    tfmomn c l>~pdn ~o c~nhecirnen to Cientifico das demais modalida des da e.xostenc1a h1~tr1ca (a das superestruturas ideol6gicas..jurldi co-poliucas c a da estrutura cconmicu).

    R~duzlr ~ ~d~lltljlcar a histrm prpria da cincia da tdeologia or~ntca . ht~trlu econOmtCOpOiiticn sig01fica, afinal, reduzir a c~~c~~ h1s1mt corno_il suu "e~stntla". A queda da cincia na his toroa c ~qut a~nas ln~tcc .de urnu quedn te6.rica: aquela que joga a j,_> teort.a d.t.ht~tlla na h~&trou rt~~/ rcdul o objeto (terico) da.dncia

    'f (r da lustrm htstlla. rcnl; confund~. pois, o objeto de conhecimento ~ com.~ objeto real. E tsso nadu mal$ do que u queda na ideolo~ia

    emptrtSta, post~ crn. cena sob ?s pap~l$ dqui representados pela li-l~s.ofia e pela ~tstna reats. Se)d qual for o seu prodigioso gnio his.-tor~co e p~liuco, Gram~C1 nio escapou a essJ tentao empirista quando quts pensar o estatuto du clncln c sobretudo (porque ele se ocupa pouco da ctcncia) cltt lilosofht . Ele constantemente tentado a

    pen~ar a relu~ entre J htst611a real e o filosofia como relao de '"~tdade ~~presstvu, sep.m quuis forem as mediaes encarregadas de gar.1_nur usa relnfio. Vtmns que para ele o filsofo . em ltima lllStfincta. um "pollttco": para ele, u lilosolia o produ to direto (sob n ressalva de todas as "mediaes necesslmas''l da nt i> idade e da ex-perincia das massas. da prxts econmico-polticu: a essa lilosofia do " bom senso" jlt.ntetrame~tc feita fora deles. e que fala na pr:lxis lmtnca, os fi l~ulos de uffcw Simplesmente servem de porta-voz e lhe do r~s formas do seu dt$curso -sem poder modificar-lhe a subs ~:in~ta. Espon tnncumentc, Oranr.ct coincide, como umn oposio

    llldtspens.:l.~el cKJll'ts~lo do ~e1.1 pensttrncnlo, com ns prp1ias f6r mu ln~ de Fcuori>ach. Cn truslundo, num te~ to clebre de 1!139. a fi. losof11~ 11rod ur.idn pclu hl"c\ri u real com a lilosofin produzida pelos fi lsofos .. as r6rmulas contraSlarul> a pnxis cornn especulao. E 11 0$ pr

  • 80 I I H "t, ( \1'1 1 ,\I

    '' '""'ente1 o e~emplo de (jrmnsc1 c o de CI: tem origens muito d iferen-tes. No entanto, quando !ll1rtre sc1pro"mou do nurxisrno. deu-lhe imedialamenlc. por motl\' cnt Sartrc a mesma retl~tio nr.-e.!.St>nguidos por Marx), a ~ma prlica nica: pura ele. em ruzfio de ouus prprias origens fi losfcas, nilo 6 o conceito de pr1 t1Ca. cnns u de prhis, sem mais, que est en-carregado de 11~sum i r, ao !>fOCO de inumcr.heis "mediaes" (Sartre o filsofo das medhccs por excclncm: elas tm JUstamente por funo assegurar a unidade nnncguiio das diferenas), a unidade de

    \-cf (.:.t1llh c., ram-.1 c \IQtttlJ/tu''"' .~tt,kt. p 197J tm lcJfllOj d:uos a dt~tin \lu w l lrwt.t tal(( fllowfia t tdco).)a

    0 C)BJI l(t l)t "0 Ct\ I'ITAt" 81

    prt icus tiiu diversas como a pr:hicu c1en tlllca e u econmica ou polt ica.

    , Nlo possu desenolvcr essas ob;ervaes muito esquem:i ticas. ( untudo, das pudem dur umu noiio da' implicaes neccssaria mecue COt~lllJ:t~ em wdu imerJ)tciU~Do IHSIOIIcista do marx i~mo. e d~>< concenos puruculurcs que es~u interpretao de prodULir para responder ao~ problemus qut elu u SI mc~mu prope - pelo menos quando pretende ser, como no caso de Gr~m.ct. Colleu c Sartre teoncamente e~lltnte e rigorosa. l!s dn \(lt:JIIdudc muc'\iSta numa variante da to tu lodade i

    hegeh~11111 . lh'JI' . 1\ il,tteq)rctucnn hiSt

  • 82 I H~ .. ll (';\1'1 r\ L . .

    taunto de urn a Filoso lla da Naturezu. da qual Engels seria o mte so." Dado que toda filosolia histria. a "filosofia da prxis" s

    ;,Q pode ser. como fii..,Sfm da identidade filosofia histria , l t\ ou cincin-histri\1 . Nilo mais 1c:ndo objeto prprio. a lilosofi:~ 1n"r; , ~ xista perde ent~ estatuto de disctphna a utnoma, e se redu~,J!!:.

    a 1~ eundo a expressao el:ira msc. relo~ada a. C roce, a UI)Hl simglcs ~ ct a e a tst r!l!:.~~re exao so re a prsscna di!,htstrhsre'!.l~-

    '

    ,y J} "merodologia hisrrim", isto . fSllli l~onscincia de si da his tori: \ das as s uas manifcstut>es:

    Sl>aradn dJ teor iR d:a hbtria e du ~oli h..:n. a ltlO!.'->Ii~t s poodc: ser nu:~.tllsiea- ao t> t:l>En a h:.trtJ.

    (Materw!i.tm(} Stflt'O, p. 133.)

    Essa historicizao da filosofia a reduz ento ao estatut o de uma metodologia histrica:

    1't11sar uma afirmato filosfica como verdadeira num pc;rfodCJ de terminado da histria. isto . como exprtS$O n~:Cc:is::iria ~ iiHhssoc.."l:"el de uma ao histrica determi nada, dt: uma pr,.is dctcrminadu. mas ui trapussada e "esvaziadl\'. do seu sentido nurn periodo pusteriot. sem c.tir no tetidsmo e no ttlath"ismo mor~l c ideol()gicu. o que significa ronrc-l;l~tr a jiiMo)ia tcmto hi.ffr>nddodr, uma opc:r:.t~o mc:n1t1l difkil... O .JUWr [ Bukltarin ] n:\o consegue elahoruc o t:cm~eho de fi1Qsofia da pr{ x.i:~ como "mnodol.>gia hi.otl/Jrita. nem esta Uhima comu lilosolia. 'cc>rno a 1nica (i~ losofiu ( Ortt rrra. tsto , nAo consegue JU'OJ)Or nem re.soh e r, do pouw de vi$la da dialhim ntJI. () pmbltmo qut> Crore .ff' wopth t' lmtou lf'.solwr (/U p01t1() de \'i$ta c~.fpt'l'lfhltiw.

    Com estas ltimas palavras. eis-nos de vo lta its origens: ao his-toricismo hegetiano. "radicalizado" r or C roce, c que bastaria "in verter" pa ra passar da filosofia espccul:niva filosolia "concreta". da dialtica especulativu dialtica real, etc. O empreendimemo te rtco de interpretao do marxis mo como histo ricismo no sai dos li-mite.< absofuros nos quais se efetua desde Feuerbach vssa "inverso" da especulao na prxis, da abstrao no "concreto": esso:s li mtes so definidos pela problemtica em pirista, sublimada na especula o hegeliana e da qual nenh uma "inverso" pode nos l ivrar. ''

    : Cf. Gmmici, em 5ua ('.riti~a do manua\ de Sukharin: Collelti (pS.flm). :. Faltl h pouc;o d~s origens prprias da filosofia de ~anrc. Srtre pensa em .D.cs (te" tambttn em outros lugares. e a pl'op:sito de outros objetos, uma "mlc,sdo" que, de Feuerbac:h ao jov(!m Man e a Politizer, ape-nas r:on..tu'va, 50b a !Parntia de sua crtica. vma mesm~ JHObltmtica.

  • 84 lllR "O CAI'ITi\L"

    nomta de polfticu e de conscincin no h em o era o nunro mais do que uma unica t.llrull/ra d;;'ldent ilkaiio: a a prob emallca que identifica reorlramrntP os mvcts em cnlronio, reduzindo um ao ou tro. Essa estrutura comum du problcmttca terica c que se torna 'isfvel quando analisamos no us lmen(tnu, os atores dos papis de sua au-h>n.l BaSia csc;unolear o drtltH para que o ator-autor se as-cmdhc como um irmo ao \tlho sonho de Aristteles: o mdico-

    IIC>e-trat:ta\tm~~mo: e pant que as reluiNs d produ('o. que so "'' ent:tnlo udcquudumente os direitorcs da histria. se reduzam a

    mples rclnrcl.! ltumnnn. 1\caso - 't tcrJo rcduztdo Jl r)lu5ies

    1de erodg~o. as rehtl(es sociais, Jhllti~~.e ifCulgJC.tTl~.!!fl(~;~ ~j;,,;(,,~:~ .. ~.,.l.!.tOJiciz.adas. isto , a , J.-.um-nal, tntcrs~tluwvu~. l,s~ c o terreno r e um humanismo histuricltlt. l.:&tu u suu gron e van tagem: recolocar \f,tr na corrente de utnJ idcoi(Jgiu bem anterior a ele, nascida no 'c:ul,, XVI II : !trurlhe ,, mnto da originalidJde de uma ruptura tc:c\ric.t reolucionjria c nno ruro, inclusive, torn-lo aceitvel s for 111" moderna1 d11 .tnlropologtU "cultural" e outras. Quem. hoje em

    I m do~ .u.IUfci pred CIO~'-'' ''''- (l\ T)

  • 86 LER "O CA PtTAL"

    dia, no invoca esse humanismo historicista, acreditando verdadei-ramente abonar-se em Marx, quando uma ideologia desse t ipo de fato nos afasta de Marx? Pr ~ [~I"{"""' f}

    Todavia. ncrn sempre foi assim, pelo menos do ponto de vista pollrico. Declarei por que c como a interpretao historicista-bu-manista do ma rxismo nasceu nos pressentimentos e no sulco da Revoluo de 17. Tinha ela ento o sentido de um protesto violento contra o mecanicismo e o oportunismo da 11 Internacional. la con-clarnava diretamen te a conscincia e a vontade dos homens parare-cusar a guerra, derrubar o capitalismo e fazer a revoluo. Recusava intransigentemente tudo o que pudesse, na prpria teoria, adiar ou empanar esse apelo urgente responsabilidade histrica dos homens reai s lanados na revoluo. Exigia, num mesmo movimento, a teo J'io do .wa ontadr. E.ssa a razo pelu qual ela proclamava um retorno a Hegel (o jovem Lukcs, Korsch), c elaborava uma teoria que pu-Ilha a doutrina de Marx em relao de expresso direta com a classe trabalhadora. I! dessa poca que datu a famosa oposio entre .. cincia burguesa'' e H cincia proletria", na qual triunfava uma in-terpretao idea lista e voluntarista do marxismo como expresso e produto exclusivo da pr:tica proletria. Esse humanismo "esquer-dista" designava o proletiariado como o lugar e o missionrio da es-sncia humana. Se ele estava destinado ao papel histrico de liibertar o homem de sua "alienao" , tal o era pla negao da essncia hu-mana de que ele era a vt ima absoluta. A aliana da lilosolia. com o proletariado, anunciada pelos textos do jovem Marx, deixuvn de ser uma aliana c:ntre duas partes cxtcl'iol'es uma outra. O pro letaria .. do, essncia h uma na em revolta contra a sua negao radical, con-vertia-se na afirmao revolucionria da essncia humana: o prole-tariado era assim filosofia em ato, e sua prtica poHtica a prpria fi. losofia. O papel de Marx reduzia-se ento a conferir a essa filosofia atuada e vivida em seu lugur de nascimento, a simples for ma da rmrsncia de si. Da por que se proclamava o marxismo ''cincia .. ou "filosofia" " proletrias", expresso direta. produo direta da cssncin humana por seu peculiar autor histrico: o proletariado . A tese kautskista c lcninista du produo da teoria marxista pc>r uma

    ~' !V .. 1 prtica terica especffica,jora do proletari~do, e ~a "imp. ma~ un perccptlvelmentc, conscrvand() a forma de idco og1a; I

    }i la 'e movel mas com um movrmento 1moVCI, flue~ mantem flbllll'l~ .n 1:' ... ---,__.,,.. . ~ ,. (. ..

    HUJ lugar, em seu luga.r c funaoje rdeolog,'j' la mov1menlo 1 mo-':cl. que rcnete e exprrme. como dzia Hege, a prop,ito da prpria frlo!-.oria, o que se passa na histria. ~rn j llnHti~ pa\sar alm de: seu

  • 88 I (R "O CAI'ITAL"

    lcmpo. dudo qu~ ~lu nada m.us que esse mesmo tempo tomado na c,1p1ura de 11111 rcOeKO cspcculur. precisamente para que os homens a t~c:t'item. por csiJ ruio c~~cndu l que o humanismo re,olucionrio dos ecos d~ Rcvulu~Jo de 17 pode servir hoje de rflexo ideolgico com prcocupde> polfticu\ ou tericas vnriadas, umas ainda apa reniaddS. c outras miS ou menos estranhas i1s suas origens.

    1 Esse hunu1111S010 his1orid~IJ pode 1cr' "por exemplo. de cau

    o terica a intclectuui de origem b-urguesa ou pequeno-burguesa. que propem, c ls ' 'ClC' em termos aulenticarnente dramticos. a queMo de subcr \c ,;.o de pleno dire110 membros ntios de uma his-tritl que se fM. ''Orno eles o sabem ou temem, fora deles. EJS talvez a questo mais lltofunda de Sartrc Ela est inteiramente contida na

    : sua dupla lc>e de que u mar,ismo "a filosofin insuper,el da nossa poca" e que nenhuma obr~ lilcrima ou filosfica 'ale uma hora de dor diante do ;ofrimcniU de um1ndigente redulido pela eplorao impcrialiSl.l it fome e agonia. Tomado nesia dupla declarailo de tidelidJde a umu 1d~1a do ~arxis1i1~, por um lado, e por outro cau-sa de todos os cplorotdOs\ Sartr~ ~convence de que pode verdadei-rumcn\c desempenhar lllli'Rl!J'dP I~ t , r ~ 1,r ,. LA IY" t t( ,, O OllJI:l'O l)t "O CAPI i'AL" 89

    r S a leiluru criiiCJ das "Obras du juvcnludc" de Marx e um CS tudo aprofundado de O Co~ital podem nos esclarecer sobre 0 senti do e os meus de um humamsmo e de um historicismo tericos eslra nhos problcmtiCJ de Mn".

    O leitor hi de lembrnr-sc ualvc1 do ponto de paruda que nos lc vou a empreender e!sa Jnllse do mal-enttnd1do sobre a histria. Observc1 que o modo c.omo 1>1 an u sa mcmo JUlgava podia decorre ---=,""-dos JUizos com os quuas ele pe'a Oi mntos c falias dos seus prede cessores. 1\o mesmo tempo rnenc:1onci que de, la mos submeter o_ texl (. to ~~ Marx no a uma leatura imediuaa. mas u umn eirura rinto- ~~I'V'" ' . para dascermr nele. nu aparente continuidade o 1scurso. ~-lacunu~. os espaos em branco c as falhus do rigor, os lugares onde P-"'11. d1scurso de Mnt\ 1: npenas o nlodllo do seu silncio. surg1ndo no seu.prpno discurso. Pus em destaque um de~ses sintomas tericos no JUlgamento que Man firtra sobre a au~o!nc1a de um conceito em >eus predecessores, ausncia do ctlrrCtllfJ de nl als-,aliu, que "gencro samente" (c~uno o dat Cngcls) Murx trl!lava com(l se csahesse em causa u ausenc1a de uma palavra. Acabamos de ver o que ocorre co":' outra palam! . . a palavru hi.clo lcmpo apenas de um relm pago. no espao ucgro da pginn: corrdatamerne. no podemo~ dei ' ar de perceber sob esse diScurso apurentemenae continuado, mas de faao Interrompido c subjugado pclu irrupilo ameaadora de um dis-curso que recalcu, u voz silenCIOSa do erdade~to discurso, nem dei-ar de resla'!rar o texto, pura. lhe re.aabclecer a oontinuidade pro-

    l Pode-S:::::. es~o~doonlorna. do bpwc do .onho que paro h cud c a plcr tudc do dt)lc:j' )

  • 90 LER "O CAPITAL"

    I 'j\~\~ f~nda. N isso quca identificao dos_ pontos precisos da fa lh a do " J" fl [l.Or de Marx cotnctdecom o reconhectmento dessengor: esse rigor

    \ ,\t"' rnc q ue nos indica as suas falhas: e no instante pontual de seu sitncio ))) '!' u; prOI' JSroo. nada ma1s fazemos do que lhe dar a palavra que a sua .

    O OBJETO DE "0 CAPITAL"

    VI. J>roposies EJistemolgicas de O Capital (Marx , Engels)

    91

    Aps css~ longa digresso, tracemos as coordenadas da r~ossa anlise. Estamos procura d objeto prprio de M arx.

    Num primeiro momento in terrogamos os textos de Marx onde ele nos indica a $ua prpria descoberta, c islamos os conceitos de valol' e mnis.valia como ponadores dessa descoberta. Todavia , tive-mos de o hservur que esses conceitos eram precisamente o luga r do ma l-entendido, no a penas ds economistas. mas tambm de um sem-nmero de marxistas sobre .o objeto prprio da teoria marxista da economia poltica.

    t::m seguida, 1111111 segundo momento, interrogamos Marx a tra vs do julgamento que e le mesmo fez de seus predecessores. os fundado res da Econo mia Poltica clssica, na esperana de apreend- lo por sua vez no juizo que ele pron uncia sobre a sua pr-hist ri a cientfica. Tambm nesse caso deparamos com deli nies desconcer tantcs o u insuficientes. Vimos que Marx no chegava a pensar verdadeira mente o co nceito d a diferena que o distingue da Eco nomia cl ssica e que, com o pens-la em termos de continuidade de contedo, ele nos la nava ou n uma simples distino de forma - a d ialtica - o u no fundamento dessa dialtica hcgcliana- certa concepo ideolgi-ca da histr ia . Avaliamos as conseqUncias tericas e prticas dessas ambigUidades; vimos que o equivoco dos textos atingia no apenas a

  • 92 I H \ "() ('III'II'AL"

    der1nio do obj(tO especfico de O Capital mus tambm, c ao mes-mo tempo. a dcfin1clo da pritica terica de .'1 arx a reh1co da sua teoria com 3$ leonu~ umeriores - em 'uma, u tco~ia da cincia e a teoria da histria dn cinciu. Nesse ca~o. ruJo mais trat amo' apc nas d~ teoria da economiu polltica c da histria. ou materialismo h1stnco. mns da tcorin da Ctcncia. e da hiStria da cincia ou mate rialismo diultico. E amo. du tilosoli3 nwrAistu aptos u conhecer c reconhecer como irlcul~icos us concerto liloslkos que nos cscJmotciam ns fulhas dos conceitos cientli,os. Lr s-nu' cahalmcn tc votados a esse destino terku: o de ni1cl poder In o chscurso cicntlico de~ arx sem t!SCtevcr JO m c,mo tempo. nor seu prprio ditudo. o te>. h> de um ou-lro discur'\u. in scrur~vcl do l'll'imciro. mus distinto dele: o d~i t.:urso da !ilmj)o de .\il arx .

    . Pm.~cln~~s ~l.!J-'--tnciu: lucn,."l, rendu, JUro. FultJ.. p01s. umu pafa,ro na~ an,~~..:~ dos !\r ande, cc de um ll0\ tempo. mt--..m;.l ~o~u..- "tncln "r,.c.--.hJh)' du lrJba.lh>". llrtt(5 de loJ!UC lli dC\.l), tem ll lnlt .;un ~ i\tiJMIU. huU\!11 I.JIC; \!h J IIHif.l"l ~ f;\,UUIU~ lmlim$m.u~ dottl":-.d m.ultt ll" tk 1in.;u, n'l!lllhllj::l ele :.ntlm(U, IO. I!IC wi>a/ .. d~ ur'l'la rahl\l r.l o c1 seu ~enticJo ccntilico, cunceptu al. no t'uud c> dt! umu reol u~no te(> r rcJ do objeto de uma ci~ncia (a qumi-ca). Se Mar\ lorn em vis tu ""' ntm> nhjn(l. deve necessariamente ad-4uinr una terminologia conccptuul nova corrc~pondente.

    Eng,el~ percebeu ISSO muito bem num trecho de t.eu prer.icio

  • 94 ~~R "O CAI'ITAL."

    vi d:.~ quu1ld1Jflh c do con1:11rJdo Jtd f'c't~numle~ twlltira nn voxa. ML1 i.uo trct mtwchtl

    (. .td l COth. Tcnlc:1 A nlfh.mJ po1h~a. de modo gemi, tem se conltntado em respei-tar. , .. ,s rumo 11: cnb)r'llrJm, '' C'\J)rd~ da \ida comerci.ll e i.aduun al. c -:dar t:oratil de q.1e com sou ~"'",rod /fiO drmlt1 rs""''' Ja.t Wl#t 1/Mf' tlm t\l"n"'"

    tUsirn ~ \1..1~ ..,,. n:prcow:nta,.tc dt "unomia clls.sa. rmiHHo tl'rt!3t"r n""' iltK'fl r cn,t ck terem o lo.~~to c a rcndJ apc!'IJ~ ~ ... bdJ,ses. paroclas d;t ,.,..r1e nw.p ...... safd.t do rrduh) qt~C u lrab.llhJdor tem dt fomeccr _.,, Jl.llrll> (o rt l't\C:Jt~ qur dd,. te I!Jnupril, arnd1 qut nlo ~eja seu h tno f C\c;-h,o'!lt\0 dMo) .. up:::~.ttr du~. tlwtt rlltturatr Q uiUaJVI.Utlr cu ldiiaf

    "~"'" (r",N#,t .. Rrtrllftl de luc'ltJ t' U'nek, """"'" ,.,amilfJraiJf ttJO ptQrtt ,J,~o-rarD fio ff'Vtllrttn (chJmad;t por Mat\: dt produto l"quido . t ri-J Jtu ~..,ttmM, '"""'"fi""' U~t/Q. " ror tS.JroO. nuflca :uln&mun uma oomptttnslo d.u. nem d11 '"' .. urit.:m n.:m dJ tua natureza. ntm d.t!o lcJ! que regem n d Mrihut~il> pustcrior do ~tu v1lor Do lttt,mo modn, o ~nn;eito de m dU't"' de1dc q~o.c no i nrlu~t ~taric~o~hur.t t Jutcunnto, esld oor.'lprewdi dn Ih) 1C:U1l(l lllJIHifUlUrl. t, I:ClM 1\SU, !r.C ar.lf I .l dllcrf;llI entre dOI$

    per(od~J-b dit I'I1Mr!J ~amnut.t, impon,mlc-s c esl4!ndnlntcntt dtvtrsos: o pcr(('ldO dn nutnul'.ltUI.t ptopno.~m.:ntc: dtlJ, bJ .. elld.t n('l uab.tlho m~mual. IJ ('! du 1nd\n.triJ nwdellnt,, buttJdn n.t mJqui r.Jria. Lmu ttt.,lo q,u t'OIW lil'rt a f1Wd1ma ft,, td!ltodtJ 'ttl lllult,{l ""''0 tMtlf',, tranm.irtn dt1 IJ:IU crn rclucno dtrcla com lllllllllisc que Murx raz da ccguciru dos economisla> clssicos no tocan1e ao problema do sal-rio (li . ~011 s,.),

    tiio: \lo lrccho mcncionad(>, l!n~els estabclcx:e claramente a qucs-

    Pit ~ ue Unlol:otr~tllrn M:culos desde que a humanidade

  • 96 LER "O CAPITAL"

    Engels mostra en1o que Smil h e Ricardo conheciam a origem da mais-va lia capilalisla. Se ele.~ "n6 estabeleceram a distino e/llre a mais-~alitl como tal, enquomo categoria especial. e as .formas e.tpe-ciais que ela assume 110 lucro e na renda jimdiria" (cilado. IV, 16). conludo "pr()duziram" o princpio fundamental da teoria marxista de O Cipitaf: a mais-valia,

    Donde a queslo, pert inente do ponto de visla epistemolgico: Ma.,, Jft'SSf' MSO, qu(' /tJf que Mtlr."( dissr de origit~al sobrf o mal~~'tas, inclusi ve Rodbmi. Percebeu que o;] o havia no. caso nem n dcsOogi.stizado nem ar de fogo, mas oxignio; q:.u: no :>e tn. tava M caso nem C:\1 1imp!c:s "'erilicaJo de unw reahdade (1uatlul e

  • 98 LFR "O CI\ PITAV'

    r .ai, m.as de un1a uahJ o conjunlo d~U .llc:sorms ' lut ek cncuntrnu t~tJbe!emla-s. plt'l!i.iamc:,te como L.n~ voutcr. parrdu do OAtthu>, suhmcttta u tuntt a~ c.atrgoria._o (cSJQtla; ele-, I)Oit>. Ytralcou, fiO mtorl()r do pr61mo C&J)itnl. uma di!'l!tin-llo do q uu R.t.c!buthl1 t UI t(C'n-.),ul n u' bUI"811t'lt' J'ull\t intapl~.:ts dedt:-du..dr O quo quc:t que ro1tC\ IUHS

  • 100 I H\ "() C/\1'1 1'~ 1 "

    a todo custo: nadu menos que o cnnunho da lilosofiu fund;idt por Marx no prprio ato de fundao da cincia da histria.

    O texto de l:[email protected] vni mnis hmgc. l.lc nus d(l em termos claro o primeiro esboo terico do concew tlc mru: essa mutao pela qual uma cinciu no" a se est:tbclcce ~obre nova problemtica,,; dis-tncia da anllga problemticu 1deolgica Ora. eis a qu

  • 102 I.I!K o C'AI'IT,\L"

    u 1eori:1 de uma cincia em dudo momento de sun histria to-s ;1 matri: teri!'a do tipo de quemles que a cincia prope a seu objeto -se certo que com uma nova teoria fundamental npareec no mundo do saber un1a nova maneira orgnica de propor qucstcs ao objeto, pror or r r.,blem;s e, po1 conseguinte. produzir respostas novas. Ao falar da questo que Smith c Ricnrdo formu laram a respeito do sal rio . cSrve Engels: " colocada .s" que antes no Nam absolura-meme ri.t(Vlls~ acon tece ento ao objeto o que ocorr~ com cnf'tas geogrfics de regies ui nda mal conhc1:idas, mas que e.~lo sendo exploradas: ns espaos em branco interiores enchem-se de pormeno-res c esclareci mcntos novos, m~s sem moditicar o con torno gera l, j

    reconhecido~ conhecido. da regio. t assim. por c~empl o, que po-demos prosseguir depois de M.arx a in vestigao sistemtica do ob-jeto definido por Marx: ganharemos com isso novos porrnenore.~, ao " ver" o que antes nilo poda mos ver - mas no interior de um objeto cuja estrutura sen confirmada por nossos rcsuhados, mais do que subvertida pr eles. Coisa diferente se d nos perodos arlcos de de-senvolvimento de uma cincia, quando ocorrem verdadeiras m ura-ces da problemtica 1erica: enlo o objeto da teoria sofre uma mil lail co rresponden te, que, desta feila. no recai apenas sobr.: "as-

    . pcctos" do objeto, sobre mincias de sua estrutura, mas sobre a pr-pria estrutura. O que agora se torna visivcl uma nova cslrutura do

  • 104 LER " 0 CAPITAL"

    objeto, no ra ro a tal ponto diferente da antiga que se pode legitima-mente falar de um ohj,to ttoo:- u histria da mutcmtica desde in cios do sculo X IX :u hoJe, oun histria da ris1ca moderna so ricas de mutaes desse g~nero. O mesmo ncoruecc, com mais rat:o ainda , quando uma cincin no' a nora- qunndo eho se destaca do campo da odeologia com a qunl rompe pJra nJscer: esse "desprender-se" terico pro\ oca sempre, incvita\elmcntc, uma transformao re,olucionria da problem:ltoca terocll, e uma mod1flcao igualmente radical do oh-j,to da teorta. Neste caso, pode falar-se propriamente de rro'O(U(o. de SJito qualitativo. de modificao referente estmtuta """"'a do obj"o. " O novo Ob)clO pode conservar toinda algum ' 'ncu lo com o antigo objeto 1Geolgico. c podemos encont.rar nele ~lrmentos que ~~ pertenciam tnmb~ too objeto antigo: mas o entido dc~ses elemen -~ ~ . ' tos muda com u nova tstnttura que prectsamcnte lhes oonfere senti t.l'' do. Essas scmelhanu aparente>, referentes 11 elementos isolados, J, podem enganar um olhar superficiul que ignore a funo da est rutu ra na COnl>titu i1o do sentido dos elementos de um objeto. precisa c~mente como certas semelhanas t~cmcas referentes a elementos iso 1.< lados podem iludir os intrpretes que classificam sob a mesma catc-goriu ("Sociedades induslriais" ) estruturas diferentes como o capita lismo c o ;,ocholismo eontemporllllcos. :-\a verdade, essa revoluo tericu, visfvcl na ruptura que se pura uma ci~ncin nova da ideologia de que nucc, repercute profundamente no objeto da tena que, por sua vez, no mesmo momc1tt0, o lugar de umn revoluo- e to rn 1>e adequadamente um 1!1

  • I

    I.

    106 JI por um ulal ho prhio: o da anlise~ do nhjet~ da J::.co numill Pr1llticJ.. q u~ nos lllstrar:'1, em ~~u~ Ir aos ILlJtf. estru turats. n topo de nhJ~t(l que M nr~ rcc11sU, para constolulf o seu 7 (A). 1\ crtion das cato~orias dusHe r

  • 108 LER "O CAPITAL"

    r~os que constituem a 'Stntturntr6rlca do ObJeto da Economia Pol uca: no essencoal, essa anlise dol respeito ao objeto da Economia Pollticn clssica (Smoth. Ricardo), mas no se !omita s formas cls socas da Eco.nomio Poltica . dn~o que u mesmas categorias uricas fundamentaos sustentam hoJe nonda os lrabalhos de numerosos eco nomis1as. nesse e>plrilo que acredito poder !ornar por guia terico elementar as defonoes propostos pelo Dicionrio Filosjko de A.

    ~alan~.e. Suo' variaes, aproximaes, at mesmo sua "superficia h.dade ttm vantagens: podem ser.tomadas por outros tantos ind coos, nlo apenas de um fundo tcrtco comum. mas lambem de suas possibilidades de ressonlncias e onnc,cs d sentido.

    Lalundc define ttssim a l'conomia Polllica: "cihzcia qu,. um por Objtlil O COI!Jtuimtnto dos j;.lll)lllti!OS t / U a IIUIIITI'JO dt'.c~m.flcn t rnta du prnducci.'> a tiO t'tm.rumo, mas. "'' meclhla em 'I'H' rt/a-rwnndns C()m l i d/.tt flhwco, cum o Cc?IISa ou c(eito ,

    Tomemos essa doli nlcJ usquomlolica ct>mo o fundo mais geral da E.conomia Polhico. c voj umos o que ela im plica, do ponto de ;isla u6rzcfl, CJUil lllO ostr'll/ui'O de seu objeto.

    a) lmplicu, lllll primeiro lugar. u ux isl~nciu de fatos c fenmenos "econmio:os". dislli~uldos IH) 1n1cnor de um campo delerminudo, que i>Ossuo cssn proproedade de ser um rumpQ hvmogmu. O campo e os fenmenos que o conStllucm, preenchendo o. slo dadv>. isto .

    accssl~eis .o o olhar e it obscrvnlo diretos: bUU captao no depen de. p01~, da clnbornno tetica Jlr~ia do seu conceito. Esse c;ompo homogeneo um est>ao dclcrmnado, cujas dif~rcnlc determina

    tl' es, falos ou fenmenos econmicos sUo. em v11tude da homoge-l\ ~ nezdade do campo de sua cxislo!ncia. comparveis, muito precisa )..> ~em~ mi'n.wr~zs. c ponan1o qrumllflr

  • 110 I.ER "O CAPITAL"

    equivoca-se ao apresentar sua exigncia como novidade: sua defini-o simplesmente repele a defi nio clssica, pondo em cena, por lr{tS dos homens e suas necessidades, a suafunr> te6rica de sujeiMS dos fenmenos econmicos.

    Equivale a dizer que a Economia clssica s pode pensar os tit-IOS econmicos omo pertencenles ao espao ho mognco de sua po-sitividade c mensurabilidade, sob a condio de uma alltropologia "ingnua .. que funde, nos sujeitos econmicos e suas necessidades, lodos os atos pelos quais sno produzidos, distribudos, recebidos e !}~ consumidos os objetos econmicos. Hegel deu o conceito fi losfico

    ~ da ullidade dessa antropologia " ingnua" com os fenmenos econ-~(j. 1Jj!nicos na expresso clebre da "esfera da.< tln(ll.ntca, (dos lsiocra tas a Say, passando por Smith). pela projeo d treta d os atributos morais ou religiosos de sua antrop~logta !alente no :s-. pao dos fenmenos econmicos. ~ o mesmo 11po de 111tcrvenao que est em ao no otimismo li beral burgus, ou no protest

  • 112 li R "0 {',IPI I A L"

    em virtude de sua univcrsnldade. que no 1: mais do que repetio. Sendo todos os SUJeitos identicamente sujeitos de necessidades, po dem-se tratar os seus efeotus pondo entre parnteses o conjunto des-ses sujeilos: suu unicrsahdadc rellete-sc enliio na universalidade das leis dos efeitos de sua~ ncce,sodudcs- o que inclina naturalmente a Eonornia l'olftica no sentido da pretcnsAo de tratar no absoluto os fenmenos econmico~. para lodns as formas de sociedade, pas sadas presentes e fuluras. b~c goslo de falsa eternidade que Marx

    .. encontra'a nos cl:hscos pode :td\ ir fJ()Iiti~amtme do seu desej o de perenozar o modo de produo burguh, c muito e\idente quan1o a aiJ.!uns Smuh. Say e outros. Mas pode ad,ir de oulra razo, mais >elha que a burgue1iu. vl\endo no tempo de outra host6ria. de uma razo no polhocu. mas tt6rlro efeotos lcricos indulidos por essa antropolo& silcnctosa que legitomn 11 estrutura do Objeto da Econo-mia Polilic:a. ~sem dvoda o caso de Ricurdo, que ~abia muito bem que a burguesia unha os dias con1ados, que h a j esse deslino no me-canismo do sua economoa. e que no entuulo mantinha em >oz aha o doscurso dJ elcrnidudc. V Se r necessrio. nutoulise du cstruwra do objeto da Economia

    1\'olhic:o, tr ma os longe que essa unidade funcional cmre o campo ho rnog~neo de fenmenos econmicos dado>- e de uma an tropolo~iu latente. e pr em e' odncia os pressuposw>. os conceitos tericos (li ').~ losfroi) que em ~ua$ tel:~l)es esr.ccl~etfs mantm essa unidade'? Jd~ Ver-nos-lu mo. s entuu di~nle de corlcc~ts fi losficos to fundamen-[llP~ tais como:.&I.Ml!1L1l!!J,'lil91 QtiJ!C!n .,1r,.m, '?"!"'!! ..J e di unte de relaes

    \ como u de qusulldadc!' lihcur o t~ lcb1 gi'i.i, t:m suma, outros ta nls conccih>s que merccerium umu nn:llisc IH>rmenoriznda para mostrar o papel que esto obrigados a deiCtllpetlhur na encenao da Econo-mia Pollhca . Mas isso llOS lcvouia dorn usiaclo longo. E. alm do mais, ns os veremos uu avesso, qua~dn vornoos Marx ou desfazen-do-se deles ou lhes n1rihuondo fun~es ontciramcute divrsas.

    O OIIJI.\TO OE "0 CA PITAl." 113

    VIH. A Crtica de M111x

    Mu r~ recusa oo mesmo tempo a concepo posi liva de um cam-po homogneo de f'eo1611tcllus ccunmicos dados- e a antropo logia ideolgica elo hum~ acc'UII

  • 114 li R "0 Ci\PI I'Al"

    necessidade. definir como o consumo que S!Hisfaz as nartc .s capacodatlcs tcnkas da produo (ao nlvcl das (ott'U! dt prmiOtt'do} e ele outra s rlarcs sociais de pro duccio que n~um a o.hsl!lbuilo da1 rcnda1(fwn_as dn dl$lri buiog da mais-vulia c el o ~nl.lr o ). 11or c~a pltlia qtil!,tilo. somos le- 1 / vados i1 dsuibu liu do; hmens e o dn.tlt. .--dades" assm definld;u cmn uno l'urodamenlo ant ropolgic

  • 116 LER "O CAPITAL"'

    das rendas (O que remete s relaes de produAo). mas distnbuio dos valores de uso produzidos pelo processo de produJo. Ora, sa-bemos_ que. nesses valores de uso, fogurnrn os produtos do Seror I, ou meoos de produo- e os produros do Setor 11 , ou me.os de con-sumo. Os produtos do Setor 11 so trocados contra as rendas dos in-dtvlduos, portunto em funo de suas rendas c portanto de sua dis-tnbu ico. e. por conseguinte, da primeira distribuio. Quanto aos produtos do Setor I, os meios de produo, destin ados a reproduzir as condies dn produo. no so trocudos contra rendas, mas di-rctumentc en tre os proprietrios dos meios de produo (6 o resulta-do dw. esquemas de realizao do livro 11 ): entre os memb ros du classe capil alista que dclm o monoplio dos meios de produo. Pur tttls da distribuio dos vulores de uso. perfi la-se assim outru distribuio: a distribuio dos homens em classes sociuis exercendo umu funco no processo de produJo.

    Em tua cnp mat b1nnl, a du.trbut1o apneoe C'QI110 d.sUi huKJo dO:J prOOt.uos. t au.m como nuis dluanriadJ da ;>roduc:Jo c por 11U1m drzcr mdcpcndealc desta. \ia.,, aftlc:J de s.cr dtJtrlh~.o-Jo dos produ-

    lU~ C'LI f: ll dl$4nbuilo dos tnJuumcnco. de produ,lo c- Z'J. () qt4tjdc1 IN Jt1tm21"nocd du ntt'J,a "/(1(&,, diunbuicllo dt fl"!cmbr'O$ da soc:i.c~ d11dc c:.,lrc 01 dire:rcnles ~ncros de produqlo hh.btJrdinl';lo dos ind,\lf duos 1 relaes de produc-Jo detrrmmadJJ). A dinflb>J~1do dos produtos nllo f: manlreitll'tlcntc scnio o retultaJo dtt.tl dttr1builo, que rs~t in-du!du no prpno proce

  • r

    118 LCR "O CAPITA L"

    "produtores" como "descobridores". Mas, por outro lado, embora e~n luga r_cs di~ercntc>, Mo r~ mostra-se severo quanto s conseqn-cms tcrocas toradus por seus predecessores de sua cegueira sobre o sentido conceptunl das realidades que produziram. Quando Marx cntica. com extrema severidade, Smith ou R ocardo por no terem sabido distinguir a .mais-vaha dus suas formas de existncia, censu-ra-os de fato por nilo haerem dado o ronctito realidade que pode-roam ter "produtodo". Vemos agora claramente que a simples "o-mosso" de uma e'presslo tem rculidadea ausncia de um conceiro. dudo que u aus~ncia ou presena de um conceito decide quanto a uma cadeiu de conseqDo!ncoas terocas. E1s o que nos esclarece em reciprocu sobre os efeitos dJ uus:ncia da expres.do na teoria que "contm" essa ausncia: 11 uusncia de uma "e,presso" nda a presena de omro conceito. l!m outr