Kathryn Kuhlman - Uma Biografia Autorizada - Jamie Bucking Ham

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Kathryn Kuhlman

Uma Biografia Autorizada

por Jamie Buckingham

Danprewan Editora

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 Publicado originalmente sob o título Daughter of destiny: the only authorizedbiography, por Bridge-Logos Publishers, Gainesville, FL 32614. Copyright © 1999.

Tradução: Valéria Lamim Delgado Fernandes

Revisão: Josemar de Souza Pinto e Segisfredo Wanderley

Capa: Ronan Pereira

Editoração Eletrônica e Projeto Gráfico: Futura Coordenação de Produção Editorial:Jorge Wanderley

Os textos bíblicos citados são da NVI [Nova Versão Internacional] da SociedadeBíblica Internacional, publicada pela Editora Vida.

Primeira reimpressão: dezembro de 2005

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

B936kBuckingham, JamieKathryn Kuhlman: uma biografia autorizada / Kathryn Kuhlman ; tradução de ValériaLamim Delgado Fernandes. - Rio de Janeiro: Danprewan, 2005.271p. :il.Tradução de: Daughter of destiny: the only authorized biographyISBN 85-85685-93-X1. Kuhlman, Kathryn. 2. Evangelizadores - Biografia. - Estados Unidos - Biografia.I.TÍtulo.05-0998. CDD 922.273

CDU 929:26631.03.05 05.04.05 009668

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela:Danprewan Editora Ltda.

E-mail: [email protected]

Site: www.danprewan.com.br

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Primeira Aba

No final de sua vida, Kathryn Kuhlman percebendo que sua obra

estava chegando ao fim e querendo que toda a sua história fosse contada,ela, sem hesitação, escolheu Jamie Buckingham para escrever sua

  biografia. Suas recomendações para ele foram muito simples: "Contetudo, Jamie; conte tudo!". Jamie cumpriu os desejos de Kathryn, e, ao"contar tudo", fez com que este livro revelasse a natureza humana deKathryn, junto com sua profunda espiritualidade.

Tive o privilégio de estar presente em vários cultos de milagres dasenhorita Kuhlman. Toda vez que curas milagrosas aconteciam em suasreuniões, ela sempre tinha o cuidado de atribuir a glória a Deus. Ela

percebia que seu chamado não estava baseado em suas própriashabilidades. Ela gostava de repetir: "Deus escolhe as coisas loucas destemundo para confundir os sábios".

Segunda Aba

O Reverendo Hummel, um evangelista batista, estava em

Concórdia para um encontro de avivamento de duas semanas na pequenaigreja metodista. Kathryn, que havia acabado de fazer 14 anos, participarade todos os cultos daquela semana. Às vezes ela se sentava ao lado damãe, mas, quase sempre, se sentava com um grupo de garotas risonhas desua idade. Na manhã de domingo, ao lado da mãe no encerramento doculto, quando o pastor fez o convite, Kathryn começou a chorar. Foi sóanos mais tarde, quando pôde avaliar aquela experiência pela perspectivado tempo e de outras experiências, que ela pôde entender que havia sidotocada pelo Espírito Santo. Os soluços eram tão fortes que ela começou atremer. Emma observava sua filha alta e magra de 14 anos, mas não podia

dar-lhe nenhum tipo de encorajamento. Como muitos na igreja, seurelacionamento com Deus era um relacionamento social. Estava limitadoa bazares, reuniões sociais com missionários, tardes de chá (quandoestava adequadamente vestida, é claro) e reuniões da igreja. Mas nuncatinha havido qualquer ensino de como responder a um dinâmico encontrocom o Espírito Santo. Kathryn colocou seu hinário na prateleira na partede trás do banco envernizado da frente e foi cambaleando para o corredor.Suas colegas, duas fileiras à frente, olhavam, de olhos arregalados,enquanto ela descia correndo o corredor e caía no primeiro banco. Com asmãos na cabeça, ela soluçava tão alto que podia ser ouvida por toda a

igreja.

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SUMÁRIO

Introdução .............................................................................................................. 6 Prefácio do editor americano ................................................................................. 8 

1. Mistérios na Faixa Vermelha ............................................................................ 10 

2. Não Posso Voltar para Casa ............................................................................. 14 

3. Tendas e Galinheiros ........................................................................................ 28 

4. Pregue e Nunca Pare ........................................................................................ 42 

5. O Assassinato do Egípcio ................................................................................. 57 

6. A Sarça Arde ..................................................................................................... 64 

7. Pittsburgh ......................................................................................................... 79 

8. Tendas e Templos ............................................................................................ 88 

9. Por Trás das Portas Fechadas .......................................................................... 98 

10. A Sabedoria na Espera .................................................................................. 110 

11. Olá! Você Estava Esperando por Mim? ........................................................ 120 

12. Histórias Não Contadas ................................................................................ 126 

13. Adorando no Santuário ................................................................................ 135 

14. O Culto de Milagres ...................................................................................... 146 15. Sempre Dando - Jamais Vazia ...................................................................... 166 

16. Traída! ........................................................................................................... 179 

17. O Trauma Final ............................................................................................. 190 

18. Uma Última Unção ....................................................................................... 201 

19. Epílogo: Além do que Vemos........................................................................ 210 

Fotos ................................................................................................................... 212 

Contracapa.......................................................................................................... 218 

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Introdução

 A tarefa de escrever uma biografia é como fazer uma necropsia. O  biógrafo pode, num frio exercício profissional, simplesmente reunir osfatos, conversar com pessoas, ler o que os outros disseram e tirar suaspróprias conclusões impessoais. Entretanto, um processo desse tipo comKathryn Kuhlman, a quem o próprio Deus ungiu, seria totalmenteinadequado! A tarefa tinha de ser feita por alguém que não só conhecesseKathryn, mas também o Deus dela; alguém que falasse a verdade, comofizeram os autores da Bíblia sobre o adultério de Davi, a insegurança deElias e o mau humor de Paulo. Não obstante, precisava ser realizada poralguém que destacasse mais as partes saudáveis do que as doentias.

Escrever a história de Kathryn Kuhlman é literalmente tocar na ungida deDeus. Portanto, a tarefa tinha de ser feita, verdadeiramente, com lágrimasnos olhos; porém, muito mais do que isso: com amor.

Tendo trabalhado próximo a Kathryn Kuhlman e escrito oito deseus nove livros, eu já havia tirado muitas conclusões positivas sobre sua

  vida. Após sua morte, entretanto, quando conversei com seus críticos —que eram muitos —, minha própria atitude passou a ser áspera e crítica.Eu me ouvia discutindo sua vida e ministério, concentrando-me emalguma falha de caráter, alguma sombra de seu passado ou do mistérioque cercava sua morte — e não no bem que ela fizera. Ao fazer eu mesmo

a necropsia da história dela, estava me tornando como o patologista quese refere ao corpo de uma pessoa como um "ataque cardíaco" ou um"câncer de mama", enquanto o marido, angustiado, agüenta firme e diz:"Ela não era um 'câncer de mama'. Foi minha esposa por quarenta anos".

O amor faz a diferença.

Duas noites antes de me isolar para rascunhar o final deste livro,tive um sonho. No sonho, eu estava com Kathryn. Sentia amor por ela, eme sentia também amado. Não tinha conotação sexual; era um sincerorelacionamento pessoal. Ela estava como eu me lembrava dela antes de

sua morte — frágil e envelhecida, sem traços de beleza. Contudo,enquanto andávamos por um campo, caminhávamos de mãos dadas poruma travessa sombreada por árvores e permanecíamos em um profundoabraço, eu não só a amava, mas estava apaixonado por ela. Fazia quatromeses que ela havia falecido, e o sonho me assustou. Não era natural. Nanoite seguinte, sonhei novamente. Dessa vez, eu usava roupas de umdelegado. Kathryn estava comigo, sob certo tipo de prisão preventiva.Então, de algum lugar, outros delegados apareceram, todosuniformizados. Mas, em vez de me ajudarem, eles ridicularizavam Ka-thryn, imitando sua voz e maneirismos. Zombavam dela. Ela ficava sen-

tada em silêncio o tempo todo em um pequeno banco ao lado da estradade terra, de cabeça baixa, engolindo a vergonha, mas sem fazer nenhum

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movimento em sua própria defesa. Nervoso e frustrado, eu me levanteipara protegê-la.

Compartilhei os dois sonhos com minha esposa e dois amigospróximos. Todos concordaram dizendo que Deus me havia dado os

sonhos para que eu tivesse um componente completamente necessáriopara escrever e interpretar a vida de Kathryn Kuhlman: amor.

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Prefácio do editor americano

No final de sua vida, Kathryn Kuhlman, percebendo que sua obraestava chegando ao fim e querendo que toda a sua história fosse contada,escolheu, sem hesitação Jamie Buckingham para escrever sua biografia.Suas recomendações foram muito simples: "Conte tudo, Jamie; contetudo!". Jamie cumpriu os desejos de Kathryn e, ao "contar tudo", fez comque este livro revelasse a natureza humana de Kathryn, junto com suaprofunda espiritualidade.

Tive o privilégio de estar presente em vários cultos de milagres dasenhorita Kuhlman. Toda vez que curas milagrosas aconteciam em suasreuniões, ela sempre tinha o cuidado de atribuir a glória a Deus. Percebia

que seu chamado não estava baseado em suas próprias habilidades. Elagostava de repetir: "Deus escolhe as coisas loucas deste mundo paraconfundir os sábios".

 Antes de cada culto, ela orava: "Não retires o teu Santo Espírito demim", e é esta abordagem que ajuda a explicar o fenômeno KathrynKuhlman e as maravilhas sobrenaturais que marcaram seu ministério.Ouvi-la falar, vê-la orar pelos enfermos e ministrar o amor de Deus a lei-gos e clérigos era perceber-se na presença de Deus. Na ConvençãoInternacional da ADHONEP (Associação dos Homens de Negócios do

Evangelho Pleno), em Washington, D.C., no ano de 1969, por exemplo, viquando Kathryn chamou à frente os pastores e sacerdotes que estavampresentes. Centenas de homens responderam ao seu chamado,representando muitas tradições religiosas: ministros protestantes, padresda Igreja Católica Romana, clérigos da Igreja Ortodoxa Grega e rabinos

 judeus. A senhorita Kuhlman foi até cada um deles, olhou bem dentro deseus olhos e disse: "Irmão, você tem fome de Deus". Enquanto Kathryntocava na fronte desses homens e orava em seu favor, eles "caíam sob opoder", conscientes somente de Deus e de seu grande amor. A impressãoque se tinha era que cada um deles voltaria para sua congregação com um

zelo e um compromisso renovados.O primeiro editor desta obra escreveu: "Este livro é uma históriafiel e amorosa sobre a vida de Kathryn como nós a conhecíamos. Fala deuma mulher que foi ridicularizada por alguns, venerada de fato por outrose que, certamente, tem um lugar no Hall da Fama de Deus".

Embora proponha muitas perguntas, este relato biográficotambém oferece respostas claras sobre a motivação e o poder que estavampor trás do ministério singularmente abençoado de Kathryn Kuhlman.Cremos que este livro ministrará à sua vida, ao mesmo tempo que lheoferecerá novas percepções e informações objetivas sobre a vida e oministério de Kathryn Kuhlman. Oramos para que a unção especial que

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esteve sobre a vida de Kathryn continue a fluir das páginas deste livro,tocando e curando vidas com o poder e o amor de Deus.

Lloyd B. Hildebrand

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Capítulo 1

Mistérios na Faixa Vermelha

Na morte como na vida, Kathryn Kuhlman permaneceu envolvidaem mistério. Aparecia nas telas de nossa televisão e em púlpitos distantescomo uma figura imaginária — audaciosa em sua pregação, porémcompassiva a ponto de chegar às lágrimas enquanto proclamava cura àsmultidões de enfermos. O mundo, desde o das modelos de moda daQuinta Avenida, em Nova York, passando pelo das estrelas de Hollywood,ao das mulheres de capacete que trabalhavam em fábricas em Pittsburgh,

era inundado por seus cultos de milagres. Em um planeta assolado porenfermidades e trevas espirituais, ela representava aquele ingredienteúnico sem o qual a raça humana está condenada — a esperança. Muitoseram curados. Outros, ao vir nela a glória de Deus, entregavam a vida aoCristo que ela proclamava. Em sua pregação e estilo de vida, pareciaencarnar a saúde, o amor e a prosperidade do Deus a quem tãoreverentemente servia. Para muitos, ela parecia quase imortal. Narealidade, Maggie Hartner, secretária pessoal e amiga íntima de Kathryn,certa vez me disse: "Kathryn Kuhlman jamais morrerá. Ela estará bemaqui até Jesus voltar".

No entanto, ela morreu em 20 de fevereiro de 1976, em umestranho hospital, em uma estranha cidade, cercada de pessoas que elamal conhecia, tendo um homem, a quem certa vez desprezou, à espreita,pronto para pregar em seu funeral.

 A mulher a quem uma revista chamou de "verdadeiro Santuário deLourdes" morreu aos 68 anos de idade.

Quando ela morreu, havia mais de cinqüenta convites sobre suamesa em Pittsburgh que lhe imploravam para realizar cultos de milagresem comunidades por todo o mundo. Um oficial do Exército dos Estados

Unidos na Tailândia lhe havia escrito para convidá-la a visitar o ExtremoOriente. Ali estavam um convite da Nova Zelândia, dois da Austrália,cinco da Europa e inúmeros convites representando as principais cidadesdos Estados Unidos. O mais comovente era o da primeira-dama de

 Wyoming, a senhora Ed Herscher — uma vítima de esclerose múltipla —,pedindo-lhe que fosse a Cheyenne.

  A morte de Kathryn cancelou todos aqueles convites, masaumentou o mistério e a intriga que cercaram sua vida.

Nem tudo estava bem. Por cerca de quatro meses, Kathryn fora

quase prisioneira de dois hospitais, um em Los Angeles e outro emTulsa.D. B. "Tink" Wilkerson,um revendedor de carros de Tulsa e membro do

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conselho da Universidade Oral Roberts, havia entrado misteriosamenteem sua vida havia oito meses. Quase desconhecidos antes disso, ele e aesposa, Sue, abandonaram os negócios, a casa e a família para viajarconstantemente com Kathryn. Em sua debilitada condição, ela não con-fiava em mais ninguém. Os Wilkersons cuidavam de todas as suas neces-sidades pessoais, incluindo suas finanças.

No dia seguinte à sua morte, Wilkerson, sua esposa e o guarda-costas pessoal de Oral Roberts acompanharam seu corpo de Tulsa a Los

  Angeles. Às 10 horas, no domingo, os Wilkersons e o guarda-costas, sr.Johnson, chegaram ao cemitério de Forest Lawn com as roupas e o estojode maquiagem de Kathryn. Deram ordens estritas para que "ninguém,absolutamente ninguém" visse o corpo. O Forest Lawn, cercando o fune-ral com uma "faixa vermelha", pôs o corpo de Kathryn no segundo andar,em uma sala com uma entrada e janelas que ficaram trancadas e

interditadas. O sr. Johnson ficou sentado do lado de fora, no corredor,  vigiando a entrada. Ninguém, nem mesmo Maggie Hartner ou outrasamigas íntimas de Kathryn, pôde ver seu corpo. Somente os Wilkersons.

  Após o funeral, foi revelado que, dois meses antes de morrer,Kathryn havia feito outro testamento. Embora tivesse deixadoUS$267.500 para serem divididos entre vinte funcionários e trêsparentes, o restante de seus mais de 2 milhões de dólares em benspessoais deveria ficar com os Wilkersons. Reportagens na primeira páginados jornais por todo o país diziam: "Kathryn Kuhlman, a evangelista quesolicitava de seus seguidores milhões de dólares em contribuições, não

deixou nenhum de seus bens para sua fundação ou para a igreja".Os seguidores de Kathryn ficaram magoados e irritados. Mas a

mudança no testamento de Kathryn era só a ponta do iceberg. A cada diaque se passava depois de sua morte, fatos novos e inquietantes vinham àtona.Telefonei para Gene Martin, um ex-associado de Kathryn que haviaexpandido sua missão. Ele estava participando de uma convenção das

  Assembléias de Deus em San Diego, mas concordou em se encontrarcomigo se eu viajasse de avião para a Califórnia. Nós nos encontraríamosno saguão do Hotel El Cortez, no dia 22 de abril, às 14h30. Quandocheguei, depois de um vôo que atravessou toda a Flórida e de haveralugado um carro para ir de Los Angeles a San Diego, o que encontrei foisó um recado na recepção do hotel. Martin havia mudadomisteriosamente de idéia e agora se recusava a conversar.

  Voltei de avião para Tulsa, onde a trama se complicou. OralRoberts, que havia falado de modo tão admirável de Kathryn em seufuneral (organizado por Tink Wilkerson), não quis me ver. Vazara anotícia do Hillcrest Hospital, em Tulsa, de que todas aquelas notasdivulgadas por Tink Wilkerson antes da morte de Kathryn, dizendo que oestado dela estava melhorando, eram falsas. As enfermeiras atestaram a

gravidade de seu estado pós-cirúrgico no final de dezembro, comotambém disseram que ela quase morrera em três ocasiões. Agora,

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descobri, havia pressão de fontes "fora do hospital", e as enfermeirasforam proibidas de falar. A conspiração do silêncio aumentava o mistério.O enigma aumentou ainda mais quando inúmeras pessoas de Tulsafalaram-me de um sonho que haviam tido na noite anterior à morte deKathryn, dizendo que haviam sonhado que não era a hora de Kathrynmorrer. Deixei Tulsa curioso por saber a razão por que todos serecusavam a falar, bem como descobrir quem estava dizendo a eles quefechassem a boca.

De volta a Pittsburgh, David Verzilli, pastor auxiliar de Kathryndurante vinte e dois anos em Youngstown, Ohio, um homem que fora (naspalavras de sua esposa em uma carta sarcástica a Maggie Hartner)"privado de toda confiança em si mesmo" por conta do domínio demulheres em sua vida e em seu ministério, também se recusou a con-

 versar comigo.

Entrei em contato com Dino Kartsonakis, antigo pianista deKathryn. Um ano antes, quando as denúncias públicas que fez contra elaapareceram na primeira página dos jornais do país, ele me dissera queestava disposto a "expor" Kathryn. Agora, no entanto, não abria a boca.

De todos os envolvidos na trama, além da equipe leal de Kathryn,só Tink Wilkerson, um homem calmo e agradável, porém astuto, sepropôs a falar. Passei mais de três horas com ele na outrora bela casa deKathryn, no subúrbio de Fox Chapel, em Pittsburgh. A casa agora seachava cercada de seguranças armados. Tink estava acompanhado de doisseguranças. A transportadora estava limpando a casa, retirando todos osquadros e antigüidades inestimáveis, para colocá-los em um depósito.

Tink disse que me estava dizendo a verdade, e eu realmente queriaacreditar nele. Contudo, algumas das coisas que ele me disse eram difíceisde engolir. Entre elas, sua alegação de que, segundo o desejo de Kathryn,ele só ficaria com 40 mil dólares da herança dela. Afirmou que ficou "tãosurpreso quanto qualquer outra pessoa ficaria" quando descobriu queKathryn havia manifestado um novo desejo e o nomeara como o principal

 beneficiário do testamento dela — embora tenha sido o advogado dele, deTulsa, seguindo suas instruções, que foi de avião para Los Angeles acolher

e registrar em documento a mudança no testamento de Kathryn, quefavorecia a Wilkerson, para ela assinar, enquanto jazia no leito,gravemente enferma.

O que estava sendo ocultado? Que estranhos poderes essaspessoas — que haviam entrado na vida de Kathryn no seu último ano de

  vida — tinham sobre ela? Por que tantas pessoas estavam escondendo a verdade? Haveria algum tipo de sujeira, como muitos suspeitavam? TeriaDeus, como alguns têm sugerido, levado Kathryn desta terra como fezcom Moisés — porque seu ministério havia chegado ao fim?! Ou seria (eisso é o mais intrigante, porque era a coisa que Kathryn mais temia) o

caso de o Espírito Santo ter se retirado dela, deixando-a sem poder paracontinuar até com a própria vida? Qual foi a verdade em sua morte?

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 As respostas para todas essas perguntas pareciam estar na própriaKathryn, e não naqueles que a cercavam. Para obter as respostas, eu sabiaque teria de voltar ao início, às raízes de sua herança, e começar ali.

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Capítulo 2

Não Posso Voltar para Casa

Nas terras do Missouri central, quando o inverno chicoteia aspradarias com tempestades de neve e granizo que uivam como lobos efustigam como urtigas, dizem que a única coisa que separa Concórdia doPólo Norte é uma cerca de arame farpado — e até isso chega a cair.

Os verões são igualmente difíceis, pois não há lugar em toda aterra tão quente quanto o Missouri em agosto — exceto o Kansas em

  julho. Mas, entre o inverno e o verão, quando a terra floresce vistosa e verde na primavera, os pés de milho impactam; e depois ficam cercadosde abóboras amarelas no outono. Missouri pode ser o lugar mais lindo detoda a terra.

Kathryn nasceu ali, 8 quilômetros ao sul de Concórdia, em umafazenda de 160 acres, em 9 de maio de 1907. Sua idade — até o dia de suamorte — foi um dos segredos mais bem guardados do mundo. Não inte-ressa a ninguém, só a mim", Kathryn dizia ao dr. Carl Zabia no St. JohnHospital, em Los Angeles, quando ele entrou em seu quarto para per-guntar sua idade.

— Coloque aí "mais de 50".— Sinto muito — disse, sorrindo, o médico judeu —, mas preciso

saber sua idade certa para prescrever a dosagem precisa do remédio.

— Ninguém — disse ela, num sussurro, examinando o médico desua posição no leito —, ninguém sabe a minha idade. Mas, queridodoutor, se o senhor me passar um pedacinho de papel, eu a escrevo. — E,dando uma risada, acrescentou: — Mas não ouse sussurrá-la a uma

 vivalma.

Kathryn estava quase certa. Algumas pessoas sabiam sua idade.Maggie Hartner era uma delas. Mas, quando tentei arrancar a informaçãode Maggie, ela me lançou o mesmo olhar que Kathryn uma vez me lançarae disse:

— Ora, eu também não revelaria minha idade. Que mulher fariaisso?

Incapaz de combater aquele tipo de vaidade feminina, decidiesperar até poder pôr as mãos no passaporte de Kathryn ou checar osregistros em Concórdia.

Kathryn gostava de deixar as pessoas adivinharem. Ela disse ao  jornalista canadense Alien Spraggett, em 1966, que tinha 84 anos — e,então, ficou indignada ao ver que ele havia feito menção dela em seu livro

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The unexplained [O inexplicado]. Quando ela morreu, a manchete de pri-meira página do   Los Angeles Times no final da manhã foi: "KathrynKuhlman Morre aos 66". Eles diminuíram dois anos. Ela deve ter dadorisada no céu. Adorava colocar coisas na imprensa. E ter apelado aoprestigioso  Los Angeles Times foi um de seus maiores erros — principal-mente quando foi descoberto que o jornal havia obtido suas informaçõescom os funcionários do hospital. Ela havia, mesmo morrendo, mentidopara o médico sobre sua idade. Sua vaidade prevaleceu, mesmo no fim, e,

  junto com ela, seu senso de humor e a satisfação de ter levado para otúmulo sua idade em segredo.

Sem dúvida, os registros em Concórdia deram a data verdadeira e,ao mesmo tempo, esclareceram outro mistério: seu local de nascimento.Kathryn sempre sustentou a idéia de que havia nascido no casarão de doisandares na 1018 St. Louis Street, em Concórdia, uma pequena

comunidade de 1.200 habitantes ao longo da estrada de ferro que ligavaSt. Louis à cidade de Kansas. Exatamente por que ela insistia que havianascido na cidade, e não na fazenda, ninguém parece saber ao certo.

Em uma entrevista comigo, gravada em fita, ela disse: "Quandopapai se casou com mamãe, ele prometeu-lhe que, se ela se mudasse comele para o campo até a fazenda ser paga, construiria para ela a maior casade Concórdia. Depois de lavar a louça do jantar, mamãe fazia um desenhodo casarão que papai sempre lhe prometia quando a fazenda estivessepaga. Bem, o dia chegou. A fazenda foi paga. Papai construiu para mamãeo tipo de casa que ela queria. Cheguei juntamente com a casa. Era uma

casa grande. E sabe de uma coisa? Desde o momento em que nascinaquela casa até o dia de hoje, tudo tem de ser grande. Eu não tinhacomplexo de inferioridade, pois sabia que era amada. Sabia que era umacriança desejada. É muito tranqüilizador para uma criança ter essacerteza. Eu sempre soube disso. Não tinha dúvida de que era a menina-dos-olhos do papai".

Ninguém questionava isso. Mas todos contestavam o fato de elater nascido no casarão em Concórdia.

Joseph A. Kuhlman era um fazendeiro alto, de cabelos cacheados e

descendência alemã — como eram quase todas as pessoas em Concórdia,uma pequena comunidade de fazendeiros luteranos, cerca de 100quilômetros a leste da cidade de Kansas. Ele tinha 25 anos quando secasou com Emma Walkenhorst, com apenas 17 anos na época. Elesimediatamente se mudaram para a fazenda de Kuhlman, uma grandeextensão de terra, cerca de 8 quilômetros ao sul de Concórdia, noCondado de Johnson. A irmã mais velha de Kathryn, Myrtle, nasceu ali,

  bem como seu irmão mais velho, Earl. Myrtle tinha 15 anos, e Earl, 10anos, quando Emma Kuhlman deu à luz seu terceiro filho.

Tia Gusty (Augusta Pauline Kuhlman Burrow), a irmã mais velha

de Joe Kuhlman, chegou naquela mesma tarde. Era quinta-feira, por voltadas 16 horas. Ela vinha puxada por uma égua amarrada ao balancim de

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uma charrete. Assim que amarrou as rédeas em um poste de madeira aolado da casa de dois andares, que ficava no meio dos 40 acres ao norte dafazenda, ela subiu ao quarto onde Emma amamentava a recém-nascida.Gusty, que tinha quatro filhos, era uma mulher de fala mansa que nuncahavia interferido nos assuntos de seu irmão, Joe. Mas, dessa vez, se o quehavia ouvido de Fanita, sua filha de 12 anos, era verdade, achava queestava na hora de deitar o verbo.

— Emma, fiquei sabendo que você vai chamar a menina deKathryn.

— É isso mesmo. Pouco antes de sua mãe morrer, Joe e euconversamos com ela. Dissemos-lhe que colocaríamos o nome dela emnosso bebê, caso fosse uma menina — apenas vamos mudar a grafia.(Katherine Marie Borgstedt nascera na província de Westphalia,

  Alemanha, em 1827. Casara-se com Johannes Heinrich Kuhlman em

1851, e o jovem casal emigrara para os Estados Unidos dois anos depois,estabelecendo-se na comunidade de língua alemã de Concórdia, Missouri.Ela morreu aos 80 anos, três meses antes de sua nora dar à luz sua xará.)

— É um lindo nome alemão — Gusty disse em voz baixa —, mas  você precisa se lembrar de que nenhuma das meninas de mamãe sechamou Katherine.

— Então chegou a hora de uma das netas levar o nome.

— Você não entende? — continuou Gusty. — O nome não soa bemem Missouri. Toda mula no Estado se chama Kate. A mula que deu coices

em Jason, filho de nossa irmã Mary Magdalana, até ele morrer, sechamava Kate. Um nome assim será uma desgraça para toda a famíliaKuhlman.

Emma ficou indignada.

— Bem, o nome não será uma desgraça para a família Wallenhorst.  Além disso, o nome dela não é Kate, mas Kathryn Johanna — Johannaconforme o nome de minha mãe. E ela também não será uma desgraçapara os Kuhlmans. Isso eu prometo.

Foi uma promessa que, nos anos vindouros, Emma Kuhlmanmuitas vezes temeu não poder cumprir. Mas nada iria demovê-la de suateimosa idéia alemã. Virando-se para Myrtle, com 15 anos, que estava empé do outro lado do quarto, Emma disse:

— Kathryn Kuhlman. Acho que esse nome soa bem. Você nãoacha, Myrtle?

Myrtle balançou a cabeça com vigor, e encerrou-se a discussão.

Gusty não disse mais nada. Afagou a pequena criança que estavaacomodada novamente no seio de Emma e, então, se retirou, descendo as

escadas em direção à charrete.

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— Já vai ser terrível crescer de cabelo vermelho — disse para suaégua enquanto a desamarrava — e ainda ter de passar a vida com umnome como Kate é mais do que qualquer criança deveria suportar.

Dois anos haviam passado quando Joe Kuhlman, com sua fazenda

paga e dinheiro no bolso, aproximou-se de William H. Petering, o carteirolocal, e fechou um negócio adquirindo um grande terreno na St. LouisStreet, em Concórdia. A compra foi feita em 23 de fevereiro de 1909, e o

 valor de 650 dólares foi devidamente registrado no Fórum do Condado deLafayette. A construção começou no ano seguinte, mas foi só em 1911 queos Kuhlmans — Joe e Emma — e seus três filhos, Myrtle, Earl (que erachamado Kooley) e Kathryn, de 4 anos, se mudaram.

Por que Kathryn sempre sustentou que havia nascido no casarão branco de dois andares é mais um dos muitos mistérios que envolvem sua  vida. Contudo, ela nunca abriu mão do mito. Em 1972, logo depois que

Kathryn Kuhlman recebeu um título de doutorado honorário naUniversidade Oral Roberts, em Tulsa, Oklahoma, Rudi Plaut, um fieladmirador dela em Concórdia, iniciou uma campanha local para que fosseerigido um marco histórico permanente em sua homenagem. O marcodiria, em parte:

"O local de nascimento de Kathryn Kuhlman; ela foi membro daIgreja Batista, uma ministra ordenada da Evangelical Church Alliance,conhecida por sua fé no Espírito Santo."

  A população não gostou da idéia. A cidade natal de Kathryn não

partilhava do entusiasmo geral para com ela. Circulavam boatos de queKathryn Kuhlman era muito rica. Parece que muitas das ligações tele-fônicas de Kathryn para a mãe, enquanto Emma ainda era viva, forammonitoradas pela telefonista local. Quando Kathryn alardeava para a mãeo volume de uma oferta específica ou o número de pessoas que compa-reciam à reunião, isso imediatamente se tornava público na pequenacidade. Uma vez que grande parte das pessoas em Concórdia pertencia aum grupo de renda média e baixa, havia uma opinião geral de que alguémque estivesse além disso, principalmente caso se tratasse de pessoaenvolvida com religião, deveria ser desprezado. Alguns dos membros da

igreja batista local achavam que Kathryn deveria tê-los ajudado em seuprograma de construção, uma vez que ela nunca se tornou membro deoutra igreja. Havia outros fatores que levavam a pequena comunidadeconservadora a não considerar com tanta amabilidade sua mais famosacidadã: sabia-se que se associava aos pentecostais. Ela praticava a curadivina e se recusou uma vez a dar uma audiência a um velho amigo deescola quando veio para a cidade de Kansas para um culto de milagres.Tudo isso serviu para levantar suspeita por parte de alguns cidadãos.Então, quando um pequeno grupo, liderado por Rudi Plaut, propôs omarco histórico, afirmando que Kathryn havia nascido em Concórdia

(quando todos os moradores mais antigos sabiam que ela havia nascidona fazenda do Condado de Johnson), isso foi a gota d'água.

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Em 31 de julho de 1972, Kathryn escreveu para Harry R.Voight,um historiador local e professor da Faculdade de St. Paul, em Concórdia:"Esta carta dá permissão ao senhor para colocar o sinal proposto naestrada, afirmando que Concórdia é o local de nascimento de KathrynKuhlman".

Um grupo de cidadãos enraivecidos convocou uma reunião dosmoradores da cidade marcada por muita discussão e gritaria.Infelizmente, o povo de Concórdia havia se esquecido de que o nome desua pequena cidade significava harmonia. Gary Beizzenhen, editor do

 jornal local The Concordian, decidiu resolver a questão. Ele escreveu paraKathryn pedindo-lhe que informasse a data e o local específicos de seunascimento. É claro que Kathryn ignorou o primeiro pedido, mas, quantoao local de seu nascimento, escreveu:

"Esteja certo de que me sinto muito honrada em recebera homenagem do povo de minha cidade natal ao erigir ummarco histórico apontando Concórdia como meu local denascimento!

"Sempre tive orgulho do fato de ter nascido emConcórdia, onde as pessoas ainda são 'as melhores domundo' e continuam a ser o sal da terra..."

Quando a carta veio a público em Concórdia, o sal da terra perdeuseu sabor. As pessoas a quem Kathryn considerou "as melhores domundo" se irritaram e se recusaram a deixar que o marco fosse colocadona estrada. Se tivesse de haver um sinal em algum lugar, seria fora daState Road 23, no Condado de Johnson. Havia algumas coisas das quaisConcórdia poderia ter orgulho, mas esta "serva do Senhor" não era umadelas.

Embora o povo de Concórdia quisesse renegar Kathryn depois queela ficou famosa, ela nunca expressou outra coisa, senão bondade e gra-tidão, pela cidade onde havia sido criada. Joe Kuhlman montou uma

empresa de frete, operando um estábulo de aluguel e dirigindo umnegócio de entregas. Ele era conhecido como a pessoa mais abastada nacomunidade. Por mais que fosse um batista rebelde que detestava todosos pregadores, se elegeu prefeito em uma cidade em que 90% das pessoaseram luteranas.

Kathryn só tinha 6 anos quando sua irmã mais velha, Myrtle,casou-se com um jovem estudante e evangelista, Everett B. Parrott, e semudou para Chicago. Isso aconteceu três anos antes de Emma dar à luz oúltimo filho dos Kuhlmans, Geneva. Mas, nesse ínterim, Kathryn e seuirmão conseguiam fazer o que queriam com o pai. O pai lhes dava tudo o

que queriam - e deixava a disciplina nas mãos da mãe. Era uma situação

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desajustada que afetaria a personalidade de Kathryn pelo resto de sua vida.

Quando, aos 16 anos, Kooley (a quem a família Kuhlman chamavade "Garoto") teve uma crise de apendicite enquanto a família estava

reunida na casa do vovô Walkenhorst para a ceia de Natal, Joe quaseperdeu a cabeça por causa da ansiedade. A mãe de Emma morrera muitonova por causa de uma apendicite, o que era considerado algo quase fatalno início do século 20. Joe transformou um dos cômodos do casarão naSt. Louis Street em um quarto hospitalar, trouxe um médico e duas enfer-meiras da cidade de Kansas e gastou uma pequena fortuna para restabe-lecer a saúde do Garoto. Em uma tarde, ele fez as duas enfermeiras levan-tarem o Garoto da cama e o ajudarem a ir até a janela para que pudesse

  ver o novo brinquedo que lhe havia comprado. Era um Dusenberg, umcarro de corrida de alta velocidade novinho em folha — o mesmo tipo que

estava sendo usado nas pistas de Indianápolis. Após a recuperação deKooley, o pai também lhe comprou um avião, que ele aprendeu a pilotar,  viajando por todo o Meio-Oeste fazendo acrobacias. Quando não estava voando, ele estava correndo com seu carro em feiras do condado. A mãenão aprovava a idéia, mas o coração do pai era mole e generoso. Kooley tinha tudo o que pedia. De acordo com aqueles que o conheciam, ele era"travesso". Um relato diz que ele pertencia à "Midnight Tire Company",um grupo de homens que perambulavam pelo campo à noite, roubandopneus para revenda. Mais tarde, ele se casou com Agnes Wharton, a quemo povo de Concórdia descreveu como uma "mulher maravilhosa", que

contribuiu para dar um jeito em seu modo mimado. Ele foi trabalhar paraHeinie Walkenhorst (que não tinha nenhum parentesco com sua mãe)como mecânico de automóveis.

Kathryn idolatrava o pai. Ele ficava sentado em silêncio, enquantoela penteava seus cabelos cacheados ou passava o pente em seu bigodeespesso. Muitas vezes, mesmo após ter-se tornado uma adolescente compernas compridas, ele a colocava no colo e a deixava reclinar sua cabeçaem seu ombro."Papai viveu e morreu sem nunca ter me castigado umaúnica vez", ela me disse."Ele nunca pôs as mãos em mim. Nunca. Eramamãe quem me castigava. Eu descia para o porão a fim de que os

 vizinhos não me ouvissem gritar. Então, quando papai chegava em casa,eu corria para os braços dele, sentava-me no seu colo, e ele levava emboratoda a dor.

"Não me lembro, quando era criança, de mamãe ter demonstradoalguma afeição por mim. Nunca. Mamãe era uma disciplinadora perfeita.Ela nunca disse que sentia orgulho de mim nem que eu me saía bem.Jamais. Era papai que me dava amor e afeição." Depois que Kathryn ficoufamosa, costumava pegar o telefone à noite, ligar para a mãe emConcórdia, conversando por horas a fio. De acordo com a telefonista,Kathryn estava sempre tentando provar para a mãe que havia alcançado osucesso."Ela dava risadinhas sem parar", disse-me a ex-telefonista, "e, éclaro que ficávamos ouvindo-as e rindo também. Depois, ela contava para

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a mãe tudo o que havia conseguido. 'Mamãe, montei a maior árvore denatal da cidade. É muito alta e tem mais de 5 mil lâmpadas.' Falava sobreo volume de ofertas em seus cultos de milagres como se estivessetentando convencer a mãe de que ela era um sucesso".

Parece que há uma ampla evidência de que Kathryn merecia todasas surras que levava quando criança. Quando visitou o vovô Walkenhorstem sua fazenda, ele lhe mostrou seu pomar de melancias, explicando que,mesmo que estivessem verdes do lado de fora, as melancias eram sempre

 vermelhas por dentro. Kathryn, até o dia em que morreu, não gostava deacreditar no que os outros diziam. Sua natureza curiosa exigia que elamesma conferisse tudo. Assim, depois que o vovô Walkenhorst voltoupara casa, Kathryn, com 9 anos, pegou uma faca de açougueiro e cortoutodas as melancias do pomar — mais de cem delas — só para ter certezade que eram todas vermelhas por dentro. Quando Kathryn chegou em

casa, a mãe já esperava por ela no primeiro degrau do porão.O aniversário de sua mãe era no dia 28 de agosto. Quando Kathryn

tinha 9 anos, coincidentemente ele caiu em uma segunda-feira. Esse era odia de Emma Kuhlman lavar roupa. Era, como Kathryn disse mais tarde,"parte de sua teologia". Ela lavava roupa na segunda e a passava na terça— assim como ia à igreja no domingo. Kathryn achou que a coisa maissimpática que poderia fazer para a mãe, que sempre a surrava, erapreparar-lhe uma festa surpresa de aniversário. Sabia como a mãe gostavade receber visitas. Ela adorava usar seu vestido longo de gola alta, mangascompridas e laços nos punhos, arrumar os cabelos puxando-os bem para

trás, usar seu chapéu com um veuzinho e servir chá para aos metodistasda classe da Escola Bíblica Dominical ou aos membros do "King's Herald"— uma organização missionária da igreja. Ninguém, ao que parece, havia

  visto jamais a senhora Kuhlman em trajes informais ou com bóbis nocabelo. Kathryn, mais tarde, disse: "Não me lembro de ter visto minhamãe sentada à mesa do café da manhã usando um roupão. Quandomamãe descia para tomar café, sempre estava totalmente vestida. Elaqueria estar preparada, caso chegasse uma visita em casa".

Mas o dia de lavar roupa era diferente. Nesse dia, mamãe trancavaa porta e passava o dia trabalhando e suando sobre banheiras de águaquente. Usando uma tábua de lavar roupa reforçada, ela pegava as roupase esfregava, enxaguava em uma banheira galvanizada, passava pelacentrífuga manual que ficava presa do lado de outra banheira e, por fim,as pendurava no varal atrás da casa. Como disse Kathryn, lavar roupas nasegunda-feira fazia parte da teologia de sua mãe. Mesmo naqueles diasescaldantes de agosto, quando os girassóis ao longo da cerca desfaleciamao sol, Emma Kuhlman se inclinava sobre as tinas cheias de vapor, esfre-gando roupas.

 A pequena Kathryn não levou isso em consideração ao se preparar,

na semana anterior, para surpreender a mãe no seu aniversário de 60anos. Ela saiu de casa em casa pela comunidade e convidou 30 das

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cidadãs mais importantes da cidade para virem a uma festa surpresa deaniversário para sua mãe. Seria na segunda-feira, às 14 horas. Mantendoestrito sigilo, pediu a cada uma das mulheres que levasse um bolo.

  Após o almoço no dia 28 de agosto, Emma disse a Kathryn que

estava exausta. "Vou subir por alguns minutos para descansar antes determinar de lavar a roupa." Kathryn correu para a varanda a fim deesperar as convidadas.

  Às 14 horas em ponto, ouviu-se uma batida na porta da frente.Emma, que havia cochilado, saltou da cama. Esquecendo-se das roupasque estava usando, desceu correndo as escadas. Seu cabelo, pelo menosaquela parte que não estava enrolada naqueles bóbis estranhos, caía sobreseu rosto, todo desarrumado. Seu vestido longo estava amarrotado porcausa do vapor e salpicado de água. Seu rosto, vermelho por ter ficadodebruçada sobre a água escaldante. As mangas de seu vestido estavam

enroladas até o cotovelo. Ela estava usando sapatos velhos, largos nostornozelos, sem meias.

 A senhora Kuhlman ficou horrorizada quando viu duas convidadasà porta.Ao perceber como estava vestida, se virou e começou a subir cor-rendo as escadas. Mas já era muito tarde. Assim, já a haviam visto pelaporta de tela. Não teve outra escolha senão deixá-las entrar.

— Feliz aniversário, Emma — disse a senhora Lohoefener.

Emma Kuhlman ficou parada em pé na porta, pasma. Ali estavama senhora Lohoefener e o senhor Heerwald, dois dos líderes sociais da

cidade, vestidos como se tivessem acabado de sair de um livro. Ambosseguravam, cada um, um bolo branco de várias camadas,maravilhosamente decorado. Emma os fez entrar e, mal tendo fechado aporta de tela, ouviu mais passos na varanda de madeira. Ali estavam asenhora Tieman, a senhora Shryman e Hilda Schroeder — todas com

  bolos — e todas vestidas como na manhã do Domingo de PáscoaA essaaltura, as senhoras estavam chegando tão rapidamente que Emma nemtinha tempo de fechar a porta. Simplesmente ficou em pé ali enquanto as

  visitas chegavam copiosamente. Mas, em meio às senhoras, Emma davauma olhada para o rosto sardento de sorriso largo da travessa filha ruiva,

à espreita pelas samambaias que enchiam uma grande jardineira de barroque ficava em um estrado branco próximo às escadas da varanda. Emmacerrava os dentes. "Espere só, mocinha", ela murmurou."Espere só".

Emma Kuhlman tinha o resto da tarde para planejar o castigo dafilha. No entanto, teve de pensar enquanto, agitada, dava um jeito de tiraros vasilhames do forno, preparar a água para o chá e servir aos socialites— que pareciam estar adorando a festa. Mas, naquela noite, assim que aúltima mulher foi embora, a mãe de Kathryn pegou a culpada pelo braço ea fez descer as escadas do porão. Kathryn, mais tarde, disse que, mesmo

tendo bolo suficiente para duas semanas, ela teve de comer muito, tama-nha a fúria de sua mãe.

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Joe Kuhlman nunca entendeu o tratamento disciplinar de Emma.O Garoto, para escapar, já havia saído de casa. Myrtle estava casada.Quando Joe tentava interferir nas surras e críticas negativas que Emmafazia ao comportamento de Kathryn, ela partia para cima dele.Conseqüentemente, ele também começou a passar um tempo cada vezmaior fora de casa. Arrumou um pequeno quarto nos fundos do estábulo,onde muitas vezes passava a noite. Quando estava em casa, Joe Kuhlmanpassava o tempo com Kathryn, procurando e recebendo o amor que nãosentia na mulher. Em contrapartida, Kathryn desenvolveu uma grandeafeição pelo pai, que beirava a idolatria. Era tão forte que, toda vez que elafalava nele — mesmo depois de ele ter morrido trinta e cinco anos atrás —,seus olhos se enchiam de lágrimas.

Seu pai começou a levá-la com ele quando ia receber contas. Oscomerciantes estavam acostumados a ver Kathryn. Eles a chamavam de

"Pequeno Joe". Mais tarde, ela pegou gosto pela responsabilidade de ir alugares como o Brockman's Poultry Produce, Rummer's Grocery Store, afarmácia, a loja de departamentos, o mercado de carne, e receber,sozinha, contas de frete para o pai. Joe era um homem de negócioscompetente e havia ensinado a Kathryn muita coisa sobre importantesprincípios empresariais, lições nas quais ela se basearia nos anosseguintes. Na realidade, mesmo depois de a Fundação Kathryn Kuhlmanestar bem estabelecida, Kathryn muitas vezes se referia a algum princípioempresarial que havia aprendido com o pai. Ela raramente errava.

  A despeito de todo o tempo que eles passavam juntos, Joe

Kuhlman, no entanto, nunca entendeu de fato sua filha travessa decabelos avermelhados. Era mais fácil dar dinheiro, ou roupas, a ela do quetentar orientá-la em seus problemas. Seu fracasso em entender aprofundidade do espírito da filha ficou patente no modo em que elerespondeu à profunda experiência espiritual que ela teve na igrejametodista — a igreja onde Emma encontrava grande parte de suasatisfação pessoal.

Joe Kuhlman não era religioso. Desprezava pregadores, dizendoque todos só estavam envolvidos nessa atividade "por causa do dinheiro".Ele ficou muito preocupado quando Myrtle deixou a cidade para casar-secom um evangelista itinerante, prevendo que o casamento não duraria.(Ele estava certo.) As poucas vezes em que comparecia aos cultos na igreja

  batista, à qual pertencia, eram no Natal ou quando Kathryn dava umrecital ou fazia uma preleção. Fora isso, ele não tinha fama de quemorava, lia a Bíblia ou expressava sentimentos religiosos de algumamaneira. Não obstante, talvez tivesse mais entendimento do que as pes-soas da igreja imaginavam. Às vezes, os não-religiosos podem ver coisaspor uma perspectiva muito mais clara, porque sua mente não está atra-

 vancada com as picuinhas da religiosidade convencional. Kathryn pareciapensar assim. E, em toda a sua vida, teve uma forte inclinação por pessoascomo seu pai, que estavam desencantadas com a religião organizada, mascom fome de Deus.

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O reverendo Hummel, um evangelista batista, estava emConcórdia para um encontro de avivamento de duas semanas na pequenaigreja metodista. Havia certo entusiasmo nas reuniões. Uma das maisanimadas da cidade, a Vovó Kresse, que participava de todas as reuniõesde reavivamento em todas as igrejas, fora extremamente ativa nesseencontro. Embora os luteranos e as pessoas da Igreja Unida de Cristoolhassem com desdém sua atividade entusiasta, os metodistas, quetinham uma tradição muito mais reavivalista no início do século 20, nãoachavam incomum uma pessoa subir e descer pelos corredores da igreja"à procura dos perdidos" durante os tradicionais apelos feitos do púlpito.

  Vovó Kresse tinha este dom. E, assim que o evangelista concluía suapregação, ela, que sentava na primeira fila, subia o corredor, conversandocom as crianças, encorajando-as a "ir à frente" e buscar o Senhor no altar.

Kathryn, que havia acabado de completar 14 anos, participara de

todos os cultos daquela semana. Às vezes, ela se sentava ao lado da mãe,mas, quase sempre, sentava-se com um grupo de garotas risonhas de suaidade. Ao longo da semana, ela havia observado Vovó Kresse subir e des-cer os corredores da igreja. A princípio, as adolescentes riam dela. Mas, àmedida que a semana passava, e elas viam alguns de seus amigosresponderem ao apelo feito do púlpito, começavam a ficar com medo. Oque aconteceria se Vovó Kresse as pegasse?!

Mas não foi Vovó Kresse que pegou Kathryn. Na manhã dedomingo, ao lado da mãe no encerramento do culto, quando o pastor fez oapelo, Kathryn começou a chorar. Somente anos mais tarde, ao avaliar

aquela experiência pela perspectiva do tempo e de outras experiências, elairia entender que havia sido tocada pelo Espírito Santo. Seus soluços eramtão fortes que ela começou a tremer. Emma observava a filha alta e magrade 14 anos, mas não podia dar-lhe nenhum tipo de encorajamento. Comomuitos na igreja, seu relacionamento com Deus era um relacionamentosocial. Estava limitado a bazares, reuniões sociais com missionários,tardes de chá (quando estava adequadamente vestida, é claro) e reuniõesda igreja. Mas nunca havia recebido qualquer ensino de como responder aum dinâmico encontro com o Espírito Santo. Na verdade, não tinhalembranças de alguém que tivesse experimentado um encontro dinâmico

— pelo menos, não com esses resultados. Emma voltou os olhos para oseu hinário, fixando-os nas palavras e notas, incapaz de compreender oimpacto do que estava acontecendo do seu lado.

Kathryn colocou seu hinário na prateleira da parte de trás do  banco envernizado da frente e foi cambaleando para o corredor. Suascolegas, duas fileiras à frente, olhavam, de olhos arregalados, enquantoela percorreu rapidamente o corredor e sentou-se no primeiro banco.Com as mãos na cabeça, soluçava tão alto que podia ser ouvida por toda aigreja.

Martha Johannssen, uma senhora portadora de deficiência físicaque, como Vovó Kresse, era considerada "muito religiosa" por acreditar

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em um inferno literal, curvou-se sobre o encosto do banco e entregou umlenço a Kathryn.

— Não chore, Kathryn. Você sempre foi uma boa menina — disse-lhe.

  Até as pessoas "religiosas", ao que parecia, eram incapazes deentender o poder de persuasão do Espírito Santo quando Ele desciasoberanamente sobre uma jovem. Contudo, a experiência de Kathryn nãofoi muito diferente daquelas descritas na Bíblia. Samuel, Isaías, Paulo,Maria, a mãe de Jesus, e muitas outras personalidades bíblicas tiveramencontros com Deus que foram extremamente emotivos, muitas vezeseventos inquietadores. E, como nos tempos bíblicos, em Concórdia, noano de 1921, ninguém parecia entender.

Pelo resto de sua vida, Kathryn gostava de contar o que aconteceranaquela manhã após o culto. "Ao voltar para casa com mamãe, senti que omundo todo havia mudado. Eu estava ciente das flores que cresciam aolongo da estrada. Nunca as percebera antes. E o céu era azul-celeste, comnuvens felpudas e brancas que pareciam cachos de cabelos de anjos. Osenhor Kroenoke tinha pintado sua casa. Mas a casa não havia mudado!Era Kathryn Kuhlman que havia mudado. Era a mesma cor, a mesma rua,a mesma cidade. Mas eu não era a mesma. Eu estava diferente. Uma brisasuave soprava no meu rosto e passava por entre os meus cabelos. Achoque Kathryn Kuhlman flutuou o caminho todo de volta para casa naqueledomingo."

Seu pai estava em pé na cozinha quando Emma e Kathrynpassaram pela porta da frente. Kathryn correu em sua direção, lançandoseus braços em volta da cintura dele.

— Papai, algo aconteceu comigo. Jesus entrou no meu coração.

Joe Kuhlman olhou para baixo, fitando bem os olhos da filha. Orosto dele não expressava nenhuma emoção.

— Estou feliz — ele disse. Foi tudo. Depois se virou e saiu.Kathryn, mais tarde, disse: "Se ele entendeu ou não, eu nunca soube". Deuma coisa, porém, Kathryn tinha certeza: sua vida havia assumido uma

nova dimensão. A mudança não foi instantânea, mas a compreensão deque podia ter acesso a Deus por meio de Jesus Cristo produziria umatransformação. Mas até essa mudança acontecer, as coisas continuaramcomo eram — até mesmo se tornaram piores.

Na reunião de reavivamento da noite seguinte, o evangelista pediuque todos os jovens que haviam feito sua profissão de fé durante a reunião— e havia vários — fossem à frente.

— Agora, digam às pessoas o que vocês pretendem fazer com suas vidas — ele disse.

Sem mudar a expressão de seu rosto, Kathryn respondeu:

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— Vou encontrar um pregador vistoso e me casar com ele.

Então ela fez a casa vir abaixo ao virar-se para o reverendoHummel, que era solteiro, e piscar os olhos para ele. Todos se lembraramde que sua irmã mais velha, Myrtle, havia se casado com um jovem

evangelista que dirigiu uma reunião de reavivamento naquela mesmaigreja oito anos atrás.

Mas Emma Kuhlman não sorria. Ela sabia que Kathryn gostava depaquerar. Sabia também que, se Kathryn quisesse algum homem, qual-quer homem, conseguiria conquistá-lo. Via a igreja como a única espe-rança de Kathryn. Assim, começou a incentivá-la a se tornar membro daigreja e envolver-se em suas organizações.

Kathryn, no entanto, optou por tornar-se membro da igreja batistado pai, em vez de pertencer à igreja metodista da mãe. Tinha suaspróprias opiniões.

— Não sei o que fazer com Kathryn — disse Emma Kuhlman a umaamiga íntima quando Kathryn tinha 16 anos. — Foi reprovada em mate-mática no ano passado e teve de arcar com as conseqüências. Ela é como oGaroto. Parece que não consigo controlá-la.

Uma vez que o pai achava que Kathryn não causava dano algum,Emma não tinha a quem recorrer, senão à irmã mais velha de Kathryn,Myrtle, que estava passando alguns dias em casa no começo do verão. Erao ano de 1923, e o liberalismo feminino estava varrendo a nação. Bebidaalcoólica era ilegal, mas, ao que parecia, toda fazenda no Condado de

Lafayette escondia um alambique. Os pontos de venda clandestinos nocondado estavam a todo vapor. Os jovens dançavam o charleston 1,subindo e descendo a lamacenta rua Principal em carros esporte, comassentos traseiros, gritando "vinte e três já era" e consumindo bebidasilegais. Emma sabia que, a menos que algo acontecesse para mudarKathryn, a filha não teria forças para resistir às tentações da época.

O ensino médio em Concórdia terminava no segundo ano. Aos 16anos, Kathryn tinha toda a formação acadêmica disponível, a menos queentrasse no colégio luterano. Myrtle pediu à mãe que deixasse Kathryn ir

com ela e Everett para uma série de acampamentos no noroeste. Ela e omarido ficariam com Kathryn no verão e a deixariam voltar no outono.

Era uma solução ideal, mas Emma hesitou. Myrtle havia se casadocom Everett Parrott, que viera tempos atrás a Concórdia para pregar emum culto de reavivamento na igreja metodista. Ele estava concluindo seusestudos no Moody Bible Institute, em Chicago, e era jovem e de boaaparência. Uma semana após o encerramento do reavivamento, escreverapara Myrtle, perguntando se ela poderia ir à cidade vizinha de Sedalia,

1 Charleston - Dança popular muito animada, em compasso quaternário, surgida na década de 1920 nos Estados Unidos. Um tipo de foxtrote (dança de salão) em que cada dançarino executa movimentos agitados de braços e pernas, e passos que aproximam e afastam os joelhos (N.T.).

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onde ele morava, para tocar piano em uma reunião no fim de semana. Elapoderia ficar com os pais dele.

Nem Emma nem Joe eram a favor desta idéia. Emma não queria ver sua filha sair com um jovem estranho. Não desejava vê-la sair com um

pregador. Por fim, consentiram, e os Parrotts enviaram uma carruagempara levar Myrtle a Sedalia, a 40 quilômetros de Concórdia. Ela nuncatocou o piano. Everett só queria que seus pais a conhecessem. Escreveupara ela todos os dias durante as três semanas seguintes, e, então, foramcasados pelo superintendente do distrito da Igreja Metodista em Sedalia,em 6 de outubro de 1913 — Mais tarde, Myrtle confessou que nuncaamara seu marido, mas, como a maioria das moças que vivem em umapequena comunidade, imaginou que seria melhor aceitar a primeiraoferta que aparecesse para sair da cidade. Afinal, talvez não tivesse outrachance.

Foi um casamento tempestuoso, cheio de problemas desde oinício. Após uma breve estada em Chicago, o jovem casal pôs-se acaminho do circuito evangelístico — passeando, como eles costumavamdizer, pela "estrada de serragem". Parrott tinha uma tenda. Eles viajavamde cidade em cidade, grande parte no Meio-Oeste, realizandoreavivamentos em tendas. De vez em quando, era Myrtle quem pregava.Na maior parte, no entanto, ela atuava como gerente e coordenadora dasatividades do marido. Quando chegou a notícia de que o dr. Charles Price,professor e evangelista com um maravilhoso ministério de cura, haviachegado do Canadá e estava realizando cultos em Albany Oregon, os

Parrotts fizeram uma viagem especial ao extremo oeste para participar desua ministração. Diferente do ministério de muitos evangelistas querealizavam acampamentos pelo Oeste, o ministério do dr. Price erarelativamente reservado. Ele passou grande parte do tempo ministrandosobre o poder de Deus. Também falou sobre uma experiência que ia alémda salvação, chamada "o batismo no Espírito Santo". Uma vez em Albany,ele chamou Everett Parrott de lado e passou várias horas ensinando-lheos textos bíblicos sobre este assunto em particular. Parrott ouviu comatenção. No entanto, nem a ministração de Price gerou a mudançanecessária. A despeito da adoção de uma garotinha, Virgínia, anos mais

tarde, o casamento, finalmente, acabou em divórcio.No entanto, antes de acontecerem os últimos problemas que

culminaram com seu divórcio, Myrtle voltou para Concórdia a fim defazer uma rápida visita aos pais.

— Mamãe, tenho de partir depois de amanhã. Deixe-me levarKathryn para passar o verão comigo. Eu a mandarei de volta, caso vocêqueira que ela vá à escola no outono.

— Seu pai e eu já conversamos sobre isso — disse Emma, com osemblante sério. — Vamos examinar e decidir tão logo seja possível.

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Myrtle orou a noite toda. De algum modo, parecia necessário queKathryn a acompanhasse.

Na manhã seguinte, logo cedo, ela encurralou a mãe:

— Já decidiram?

Emma virou o rosto, para não olhar diretamente para a filhaadulta.

— Ela é muito nova, Myrtle. Só tem 16 anos.

— Mamãe — a voz de Myrtle tinha um toque de desespero —, elaprecisa ir. Eu sei que esta é a vontade de Deus. Você quer impedir a

 vontade de Deus?

— Como pode ter tanta certeza? Como é que você sabe o que Deustem reservado para Kathryn?

— Eu simplesmente sei — disse Myrtle, desabando a chorar. — Eusei.

— Seu pai e eu conversaremos novamente sobre o assunto noalmoço — disse Emma. — Você terá a resposta hoje mesmo.

Eram exatamente 16 horas. Myrtle se lembraria porque ouviu orelógio soar na parede da sala de estar. Emma desceu as escadas, com osemblante sério. Myrtle estava em pé perto da banqueta na sala da frente,polindo a armação de seus óculos.

— Decidimos — disse Emma devagar — deixá-la ir. Mas é commuita relutância de minha parte.

De algum modo, Emma Kuhlman suspeitava que, se Kathrynpartisse, nunca mais voltaria. E ela estava certa.

Na tarde seguinte, Joe e Emma colocaram as duas filhas no trempara a cidade de Kansas. Kathryn estava compenetrada. Ela tambémsuspeitava de que outras forças estavam agindo em sua vida. Forçasopostas, que lutavam entre si. Uma força a encorajava a ficar, a"desfrutar" de sua liberdade. A outra força a puxava para cima e aincentivava a partir. Ela havia tentado — Deus sabia quanto havia tentado

— fugir daquele chamado do "alto". Mas, toda vez, Ele a fazia voltar aolugar do arrependimento. Cada vez que ela pecava — e não lhe faltaraoportunidade durante as últimas duas semanas —, se via de volta ao ladode sua cama, de joelhos, pedindo a Deus que a perdoasse. Agora Deusestava fazendo mais uma coisa. E ela teve a sensação, enquanto o tremdeixava a plataforma, que seria um erro pensar em olhar para trás porsobre os ombros. Ela acenou um adeus para seus pais através da janelaempoeirada do trem. Em seguida, acomodou-se no assento — olhandopara a frente. Como sua mãe, ela sabia que Concórdia nunca mais seriaseu lar.

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Capítulo 3

Tendas e Galinheiros

  A convicção de que fora Deus quem a havia chamado a sair deConcórdia ficou mais forte depois que Kathryn chegou em Oregon. Aindaassim, se sentia culpada por ter se intrometido no casamento instável desua irmã. Para compensar sua culpa, ela não aceitava nenhum tipo defavor. Insistia em dormir no chão da sala de estar do apartamento epassava, pelo menos, dois dias da semana lavando roupas — lavavaroupas na segunda e as passava na terça. Foi sua primeira experiência

com os trabalhos domésticos regulares. Essa experiência ajudou a con-  vencê-la de que, embora a companhia de um homem pudesse ser emo-cionante, ter de cuidar de um marido que esperava que a mulher cozi-nhasse para ele e lavasse suas roupas sujas era suficiente para levá-la areconsiderar o casamento como uma vocação. Os dois exemplos que elamelhor conhecia, o de sua mãe e o de Myrtle, não eram muito atraentes.Nessa época, as segundas-feiras transcorreram sobre uma tábua deesfregar roupa, com os braços mergulhados na água escaldante, enquantoeles se mudavam de apartamento para apartamento, seguindo a estradade serragem. As terças-feiras eram dias reservados para passar roupas.As

camisas brancas bem engomadas de Parrott eram suficientes para testar alealdade de qualquer esposa — e certamente eram demais para umacunhada ainda criança. Kathryn havia observado a mãe e já sabia comoera o processo. Aquecer o ferro de metal pesado sobre as chamas do fogãoa gás. Enquanto isso, borrifar com água a camisa engomada e enrolá-lafrouxamente para que ficasse inteira e levemente umedecida. Pôr a tábuade passar roupa sobre a mesa da cozinha e estender bem a camisa.Segurar a alça de metal do ferro usando algo acolchoado para nãoqueimar a mão. Molhar um dos dedos e tocá-lo rapidamente na base doferro. Se fizesse um barulho de vapor, estava suficientemente quente para

ser usado. Mas era preciso mantê-lo em movimento. Sem dinheiro paracomprar camisas extras, uma marca de queimado significaria que Parrottnão poderia tirar o paletó durante o sermão, por mais calor que fizessesob a tenda de lona, para não exibir um buraco em sua camisa.

Nem tudo se resumiu em lavar e passar roupas. O noroestedurante o verão de 1923 foi agradável. Myrtle e Kathryn olharam muito as

  vitrinas quando passaram pelas lojas nas pequenas cidades de  Washington e Oregon, onde Parrott montou sua tenda. Myrtle precisavada presença alegre de Kathryn, que, por sua vez, necessitava damaturidade austera e da bondade fraterna que Myrtle lhe provinha. Erauma boa combinação.

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  À noite, elas participavam dos cultos de reavivamento nos quaisKathryn teve sua primeira experiência com pregações em tendas. EverettParrott não tinha outra mensagem senão esta: "Arrependam-se e sejamsalvos". Ele era um homem eloqüente no púlpito. Pregava sua únicamensagem repetidas vezes, usando diversos textos. Quase no final do

 verão, Kathryn já havia ouvido todos os seus sermões várias vezes e estavacomeçando a entender por que Myrtle relutava em comparecer aos cultos,embora seu marido insistisse, às vezes nervoso, dizendo que precisavadela ali para ajudar a recolher as ofertas e tocar piano. O espíritoindependente de Parrott incomodava Kathryn. Ela questionava Myrtle,querendo saber por que ele se recusava a cooperar com as igrejas locais.Parecia melhor, ela pensava, trabalhar com as igrejas e os pastores, em

 vez de chegar à cidade, montar sua tenda e começar a pregar.

Cansada, Myrtle olhava para Kathryn.

— Querida, já fazemos isso assim há anos. Tentamos, no começo,trabalhar com os pastores. Mas eles tinham medo de nós. Os batistasqueriam saber se éramos batizados. Os metodistas faziam-nos perguntassobre a santificação. E os nazarenos queriam saber se pregávamos asantidade. Parecia que todos estavam edificando seu próprio reino, e, dealgum modo, não nos encaixamos. Por isso, Everett decidiu edificar seupróprio reino — centrado naquela tenda. E ele me tem arrastado decidade em cidade até o ponto de eu me cansar e não conseguir suportarmais isso.

— Mas não seria mais fácil — Kathryn insistiu em sua ingenuidade— chegar em uma cidade e estabelecer um centro de reavivamento. Vocêsnão precisariam ter um rol de membros que ameaçasse os pastores, masapenas pregariam a salvação. Levariam as pessoas à salvação, e, se elasquisessem fazer parte das igrejas locais, que fizessem. Eu faria assim.

Myrtle deu um sorriso triste e disse:

— Você não entende, irmã. Para Everett, sua missão é evangelizar— acender a chama da salvação no coração dos perdidos. A missão dasigrejas é manter essa chama acesa depois de nossa partida. Se nosestabelecermos em algum lugar, simplesmente nos tornaremos mais uma

igreja. As igrejas criticam-nos o tempo todo agora porque recolhemosofertas. Elas não se alegram com as pessoas que ganhamos para Jesus. Na

  verdade, muitas das pessoas que são salvas em nossa tenda tentamparticipar das igrejas locais depois que partimos, e não são aceitas. Asúnicas que realmente apreciam nosso ministério são as pequenas igrejasmissionárias nas periferias.

Kathryn estava descobrindo, rapidamente, as maquinaçõesinteriores do "reino". Ela também começou a entender por que seu paisempre se sentia mais à vontade em casa no domingo. Contudo, lá no

fundo, antes de dormir à noite em seu colchão de palha na sala de estar,ela ficava acordada e imaginava uma  sociedade em que as pessoas de

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todas as denominações se reuniriam, sem brigas, mas louvando a Deusem harmonia e unidade — lutando lado a lado contra as trevas domundo."Eu sei que isso é possível", pensava."Eu sei que é assim que Deusquer que seja — como era no livro de Atos, quando todos estavam emcomum acordo em um lugar. Aposto que, se isso acontecer, teremos outroPentecostes na terra."

Não havia como Kathryn saber, ainda tão jovem, que os sonhos eas visões que estava tendo eram parte do plano de Deus para derramar oEspírito Santo sobre uma serva que viria a ser uma Joana D'Arcespiritual, conduzindo o exército do Senhor a uma nova liberdade e a umnovo poder, uma vez que o mundo se aproximava do final da era.

De vez em quando, Kathryn e Myrtle cantavam ou às vezes faziamum dueto ao piano. Por duas vezes naquele verão, Parrott pediu à ruiva de16 anos que subisse ao púlpito e desse um "testemunho" da sua conversão

na pequena igreja metodista em Concórdia. Nas duas vezes, ela encerrouo testemunho recitando um longo poema, com gestos dramáticos. As pes-soas reagiram animadamente. Elas adoraram seu drama e o modo comopronunciara as palavras. Parrott logo concluiu que, se não fosse reprimi-da, Kathryn poderia vir a ser para ele o que Davi foi para Saul. (Você selembra de como as mulheres cantavam:"Saul abateu seus milhares, e Davisuas dezenas de milhares", levando Saul à inveja?) Contudo, ele tambémsabia que, se deixasse Kathryn ajudar na coleta logo depois de a cunhadafalar, as pessoas ofertariam com mais generosidade.

— Se você resolver ficar com os Reavivamentos em Tendas dosParrotts — ele a provocou —, eu a deixarei assumir parte da pregação.

 Aquilo entusiasmou Kathryn. Ela já vinha nas suas horas "a sós",quando lia a Bíblia, preparando esboços de sermões — só para estarpreparada. Mas a hora nunca parecia chegar. À medida que o fim do verãose aproximava, e os Parrotts começavam a fazer seus planos para o outo-no, Kathryn viu que não fazia parte desses planos.

O pai de Kathryn enviou dinheiro para sua viagem de volta, eEverett foi à estação de trem em Portland, Oregon, verificar os horáriosdisponíveis para a viagem de volta para Concórdia. Ele comprou a

passagem para Kathryn.Na sexta-feira antes do Dia do Trabalho, Myrtle ajudou Kathryn a

arrumar suas roupas. A velha mala surrada estava sobre o aquecedor nopequeno apartamento. Tudo estava primorosamente dobrado. Só faltavafechar a mala. Myrtle estava em pé no meio da sala, observando tudo comtristeza. Kathryn, enquanto arrumava sua última peça de roupa, de costaspara a irmã, começou a chorar.

— Eu não quero voltar — ela soluçava.

— Você não precisa voltar!

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Myrtle levou um susto. Era Everett Parrott quem falava. Eleacabara de entrar na sala. Era bom demais para ser verdade.

— E a passagem de trem? — Myrtle gaguejou.

— Podemos recuperar o dinheiro — Parrott disse calmamente. —

Certifiquei-me disso ontem quando comprei a passagem. Imaginei que elairia querer ficar, mas deixei a decisão nas mãos dela. Ela pode ser degrande ajuda no ministério.

Os dois continuaram a conversar, mas Kathryn não ouviu nada.Estava muito sufocada com as lágrimas de felicidade e alívio. Anos depois,ela disse que muitas vezes sonhou com aquela mala e o aquecedor. "Às

  vezes, enquanto durmo", ela me disse, "ainda a vejo. Vejo cada peça deroupa e aquele seu fecho torto. Isso me assusta, pois foi uma grandereviravolta em minha vida. Se tivesse voltado para Concórdia, teria ficadopresa lá. Sem falar no que teria acontecido. Mas, ainda assim, o EspíritoSanto estava operando em minha vida, dirigindo meus passos. A partirdaquele momento, eu estava no ministério — e nunca me arrependi".

 Aqueles primeiros anos foram difíceis, viajando com Myrtle e seumarido, parando de comunidade em comunidade. Eles chegavam nacidade, encontravam um terreno vazio e montavam a tenda. Então,Kathryn e Myrtle percorriam a cidade, tocando um sino de mão, con-

 vidando as pessoas para o culto naquela noite. Nos cultos à noite, Kathrynocupava um lugar na primeira fileira de bancos, enquanto Myrtle muitas

  vezes se juntava ao marido no púlpito. Myrtle sempre advertia Kathryn

sobre coisas que desgraçariam "o ministério".— Kathryn, não cruze suas pernas assim. Suas pernas são tão

compridas qtie todos notam. Cruze só os tornozelos — e lembre-se demanter os joelhos juntos.

  A influência de Myrtle era boa. Embora fosse austera e inflexívelcomo a mãe, ainda era uma irmã, e não uma mãe. Os cinco anosseguintes, embora difíceis, foram os melhores anos da juventude deKathryn.

Durante esse tempo, Parrott recrutou os serviços da pianista do dr.

Price, uma extraordinária tecladista chamada Helen Gulliford. EmboraHelen fosse onze anos mais velha que Kathryn, logo se tornaram amigas.Muitas pessoas pensavam que eram irmãs, de tanto que se pareciam.Embora Helen, com 1,68m, fosse 5 centímetros mais baixa que sua joveme esbelta amiga, as duas podiam usar as mesmas roupas. Gostavam deestar uma com a outra. Aos poucos, as afeições de Kathryn para com suairmã passaram para esta mulher solteira que desempenharia um papelprofundo em sua vida. Ela era a mulher que ficaria entre Kathryn e umdesastroso desgosto, embora se achasse incapaz de impedir a teimosa e

 jovem evangelista de destruir, por fim, seu ministério.

 As coisas não iam bem com a equipe do Reavivamento em Tendasdos Parrotts. Myrtle e Everett brigavam a maior parte do tempo. Ela o

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acusava de passar tempo com outras mulheres, tornando-se cada vez maisparecida com a mãe, difícil e inflexível. Assim que chegaram a Boise,Idaho, as coisas foram de mal a pior. Parrott nem apareceu na reunião,preferindo pegar sua tenda e viajar para Dakota do Sul. Em Boise, oscultos eram realizados no Clube de Mulheres, e era Myrtle quem pregava.

 As ofertas eram tão baixas que nem cobriam as despesas com o aluguel doprédio — muito menos pagavam o aluguel de seu pequeno apartamento.Por duas semanas, as refeições consistiram em pão e atum enlatado.

Uma vez que Parrott controlava as finanças, a única esperança deMyrtle era juntar-se a ele em Dakota do Sul. Hellen recusou-se a ir. Paraela, era o fim da linha. Como uma concertista, nunca se sentiu à vontadetocando pianos de estanho em pequenas comunidades para quinze ou

  vinte pessoas. Kathryn, também, estava muito desiludida. Apesar degostar de ajudar na pregação, não conseguia ver nenhuma esperança para

o futuro se ficasse com os Parrotts. Após o último culto, na noite em que haviam programado partir —

Myrtle voltar para seu marido, e Helen e Kathryn ficarem, ainda pordecidir o que fazer —, um pastor nazareno aproximou-se delas do lado defora do Clube de Mulheres.

— Não partam — ele disse a Myrtle. — Eu sei que as coisas estãomuito ruins, mas precisamos de vocês aqui.

Myrtle balançou a cabeça.

— Não podemos ficar. Não temos dinheiro.

— Bem, então deixe as meninas ficarem — ele propôs. — Soupastor de uma pequena igreja missionária perto daqui. Elas podemparticipar dos cultos e, pelo menos, tocar piano e cantar.

Myrtle examinou Helen e Kathryn, que vinham acompanhando aconversa. Ambas balançaram a cabeça.

— Tudo bem — Myrtle disse num tom de resignação. — Kathrynquer pregar de qualquer jeito. Por que não dar a ela uma chance e ver oque pode fazer?

— Ótimo — disse o pastor, radiante. — Elas podem começaramanhã à noite. E foi assim que tudo começou. Foi o primeiro sermão deKathryn sozinha, em uma pequena igreja missionária malcuidada, outroraum salão de bilhar, em uma área pobre de Boise. Algumas cadeiras velhasforam juntadas, e o piano, que pertencia a um menino vizinho, foratransportado sobre rodas pela porta dos fundos, ocupando um lugarpróximo ao púlpito desconjuntado no canto da sala.

Como último pedido, Kathryn solicitou a Myrtle que lheemprestasse 10 dólares.

— Quero comprar um vestido amarelo novo para meu primeirosermão.

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— Kathryn — disse Myrtle, balançando a cabeça e parecendoexatamente com a sua mãe —, você não pode comprar o tipo de vestidoque deseja por apenas 10 dólares. Custará o dobro desse valor. Alémdisso, não tenho esse dinheiro. Nem sei se temos 10 dólares na conta

 bancária do Reavivamento em Tendas dos Parrotts na cidade de Sioux.

— Você ainda tem um dos cheques assinados por Everett? —perguntou Kathryn.

Myrtle balançou a cabeça.

— Então passe-me um deles. Faça um cheque no valor de 10dólares. Não o descontarei até ter certeza de que você terá dinheirosuficiente para cobri-lo.

— Mas você ainda não conseguirá comprar o tipo de vestido quequer por 10 dólares. — Myrtle argumentou. — Você nunca se contenta

com roupas baratas. Sempre quer o melhor.— Tenho tudo planejado — disse Kathryn. — Posso não comprá-lo

a tempo para o primeiro culto, mas irei tê-lo antes de deixar a cidade.Comprarei o tecido por 10 dólares. Depois o levarei a uma costureira e lhepedirei que faça o vestido para mim. Sei exatamente como quero o

 vestido. Então, depois de receber minha primeira oferta na missão, paga-rei a costureira. O que acha?

Myrtle balançou a cabeça.

— Eu jamais faria isso. Nunca!

Myrtle preencheu o cheque e o entregou a Kathryn. Antes determinar a semana, Kathryn já estava com seu vestido — um vestidoamarelo com mangas bufantes e uma bainha que chegava aos tornozelos.Não foi só isso. Ela havia convencido o comerciante da loja ondecomprara o tecido a deixá-la pagar depois de receber sua primeira oferta.Ela convencera a costureira a fazer o vestido de graça — um "ministériopara o Senhor". Kathryn guardou o cheque por três meses e, por fim, odescontou na cidade de Sioux, Iowa, quando fez uma rápida visita aMyrtle para vê-la e assegurar-lhe de que poderia "se virar" sozinha.

E foi o que aconteceu. Em um dia frio, Kathryn e Helen chegarama Pocatello, Idaho. O único salão disponível para seus cultos era um velhoteatro. O local estava há tanto tempo sem uso que havia dúvidas de queficaria de pé após uma limpeza. A sujeira parecia ser o alicerce do teatro.Mas era preciso mais do que uma sujeira para esfriar o duplo fervor deKathryn e Helen, que se anunciavam como as "Garotas de Deus". "Mesmoassim", Kathryn me diria tempos depois,"eu sabia o que Deus poderiafazer se somente o evangelho — em sua simplicidade — fosse pregado".

 Antes de as duas jovens partirem da cidade, após seis semanas de cultosque muitas vezes passavam da meia-noite, o piso principal e as duas

galerias estavam lotados.

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  A recepção dada às duas em Twin Falls, Idaho, foi tão intensaquanto o clima frio no dia de sua chegada em janeiro. Na segunda noite,quando Kathryn saía do prédio, após o culto de pregação, ela escorregouno gelo e fraturou a perna. Helen levou-a a um médico que tinha um con-sultório próximo ao salão municipal onde os cultos eram realizados. Eleengessou a perna de Kathryn e disse-lhe que ficasse com o gesso por, pelomenos, duas semanas. O médico, no entanto, não fazia idéia da terríveldeterminação da jovem mulher que estava começando a perceber seurumo na vida. Não era uma perna quebrada que a impediria de realizar oque Deus lhe havia chamado a fazer. Ela nunca perdeu um único culto,pregando pelo resto do mês — todas as noites — e apoiando-se emmuletas com sua perna engessada.

Uma enfermeira diplomada, veterana da Primeira GuerraMundial, que freqüentava os cultos, escreveu uma carta ao editor do

 jornal de Twin Falls, dizendo: "Vi coragem e determinação nos campos de  batalha da França. Vi essa mesma coragem e determinação na noitepassada em uma jovem que se levantou no púlpito, pregando a salvação".

Seus críticos, e ela estava começando a reuni-los logo no início dadécada de 1930, diziam que Kathryn estava vendendo uma mistura de"sexo e salvação". De certo modo, eles estavam certos. As duas mulheressolteiras eram muito atraentes, e parte de sua atração estava no seu modosingular de apresentar o evangelho. Elas demoravam após os cultos toda

  vez que alguém precisava de ajuda. Muitas vezes, aqueles necessitadoseram homens solitários incapazes de distinguir entre o amor de um Pai

celestial e a atração sexual de uma jovem mulher que era totalmentedesinibida na atenção que dava, de igual modo, a homens e mulheres.Felizmente, Helen Gulliford era muito mais conservadora do que Kathryn,e muitas vezes advertia a amiga quando ela era extremamente amigávelcom algum dos admiradores que se aglomeravam no altar em busca desuas orações. Kathryn parecia estar mais cuidadosa do que nos primeirosdias de seu ministério e, graças às constantes advertências de Helen,esforçava-se para continuar discreta — mesmo quando percebia queficaria até altas horas da madrugada ajudando algum favelado a "orar" atéalcançar a salvação.

Foi em uma dessas "reuniões após os cultos" que ela teve suaprimeira experiência com o fenômeno de falar em línguas.

Kathryn e Helen haviam vindo a Joliet, Illinois, para três meses decultos no segundo andar de uma antiga loja. (Foi aqui, a propósito, queum grupo conhecido como Aliança da Igreja Evangélica convenceu a

  jovem evangelista de que precisava ser ordenada. Ela concordou. Foi aúnica autorização eclesiástica que teve.) A única mensagem de Kathrynera a de salvação, e ela naquela noite foi simples e objetiva. A multidão,que chegava às centenas, se fora, e Kathryn ficou com meia dúzia de

pessoas que ainda estavam de joelhos no altar. Uma delas era IsabelDrake, uma professora que viajava de Joliet para Chicago diariamente.

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Kathryn estava sentada com a mãe de Isabel em um dos bancos da frenteenquanto a jovem professora encolhia-se no altar, às vezes soluçando,outras vezes orando. De repente, Isabel se colocou de joelhos, com o rosto

 voltado para o teto, e começou a cantar. Kathryn disse: "Eu nunca ouviratal música. Era a música mais linda, com a mais bela voz que já ouvi. Elaestava cantando em uma língua que eu nunca tinha ouvido, mas era algotão etéreo, tão belo, que senti os pêlos de minha pele começarem aarrepiar.

"Sua mãe, que estava sentada ao meu lado, agarrou minha mão equase quebrou meus dedos. Não é a minha filha que está cantando', dissecom a voz ofegante. Isabel nem consegue ficar no tom. Minha filha nãosabe sequer cantar uma nota'." Kathryn disse que a mãe estava quasehistérica. Tudo o que podia fazer era impedir a mulher de sair pulando ecorrendo pela sala. Em vez disso, elas ficaram sentadas em silêncio,

ouvindo a bela música e o fluir sobrenatural de palavras que saíam da boca da jovem professora. Às vezes, sua voz alcançava um dó alto e, então,oscilava em um acorde menor, e acabava em um sussurro antes de voltarnovamente ao tema. Embora as palavras soassem como algum cantogrego ou fenício antigo, Kathryn sabia que sua origem não era terrena.

  A música continuou por quase quinze minutos. A jovemprofessora, então, abaixou a cabeça e continuou em silêncio no altar antesde virar-se e abraçar a mãe. Embora tivesse recebido os ensinos deCharles Price e ouvido falar de grupos pentecostais (chamados de"roladores santos" naquele tempo) que falavam em línguas, Kathryn não

havia ouvido isso antes. No entanto, algo em seu coração registrou que setratava de um fenômeno divino. Isabel nunca ouvira falar do "dom delínguas", nem sonhara que sua oração iria levá-la a essa dimensão doEspírito. Tudo o que vinha fazendo era pedir a Deus que a enchesse maisdele — sem saber que sua oração seria respondida por meio de uma

 visitação do Espírito Santo.

Muitos anos depois, Kathryn testemunhou uma experiênciasimilar em Portland, Oregon. Foi durante um grande culto de milagres em1973. Kathryn esteve ali para um culto no sábado e, então, voltou nodomingo à tarde para a última reunião. O Auditório Municipal estavalotado. Milhares estavam do lado de fora. Durante o culto, uma freiracatólica, usando seu hábito, veio à frente assim que foi curada de umtumor na coxa. Ela ficou muito tímida quando Kathryn questionou sobrea natureza de sua cura. Por fim, com um simples sussurro, ela disse queestava sentada no piso principal com outras seis freiras e dois padresquando sentiu uma queimação em sua perna. Ela apertou a área ondeestava o grande tumor, e ele já não estava mais ali. Os dois padresinsistiram com ela para que fosse ao púlpito e desse seu testemunho decura.

— Oh, querida, isso é tão maravilhoso — disse Kathryn. — Estoutão feliz. Kathryn estava chorando. Ela muitas vezes chorava quando

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alguém dessa índole — um sereno padre ou freira, um pastor mais velhoou talvez um missionário esguio que passara a vida na obra de Deus —

  vinha à frente para testemunhar curas. Tinha um lugar especial em seucoração para os velhos, os pobres, as criancinhas, os jovens casais e,sobretudo, os servos de Deus.

— Dou graças a Deus por sua vida — disse Kathryn baixinhoquando a freira sorriu timidamente e se virou para descer do púlpito.

  A pequena freira deu só dois ou três passos e então se virou nadireção em que Kathryn estava em pé ao microfone. Falando comdificuldade e num tom um pouco mais alto que um sussurro, ela disse:

— Senhorita Kuhlman, tenho tanto desejo de ser cheia do EspíritoSanto. Então, antes de Kathryn poder estender a mão para tocá-la, antesde poder dizer a primeira palavra de uma oração, a freira simplesmentecaiu no chão. Geralmente, havia homens em volta das pessoas que tinhamessa experiência (à qual ela chamava de "cair sob o poder" ou ser "tomadopelo Espírito") para segurá-las. Dessa vez, no entanto, não havia ninguémperto o suficiente para amparar a freira. Ela simplesmente caiu no chão e,ao mesmo tempo, começou a falar em uma linda língua sobrenatural.

"Um santo silêncio veio sobre aquela grande congregação", disseKathryn, descrevendo o incidente. "Milhares encheram aquele AuditórioMunicipal. Ninguém falou. Fiquei em pé ali, completamente paralisada,intimidada pelo que estava acontecendo, enquanto essa preciosa mulher,que praticamente não sabia nada sobre o batismo do Espírito Santo,

falava em línguas. Seus olhos estavam fechados, e de seus lábios saía umalíngua tão perfeita quanto aquela que, anos antes, saíra dos lábios deIsabel Drake. Não eram palavras balbuciadas, pois o Espírito Santo não

  balbucia. Era uma língua perfeita, uma vez que o Espírito Santo queestava nela usava seus lábios para oferecer louvor e adoração ao Paicelestial lá do alto."

Muitos teólogos e religiosos ficaram incomodados com o fato de aprópria Kathryn Kuhlman não ter dado um claro testemunho de suasexperiências pessoais a esse respeito. Embora sua conversão aos 14 anostenha sido uma experiência definida, não foi uma experiência de abalar a

 vida e mudar o caráter que, segundo muitos, era necessária para que elaestivesse apta para pregar. Sua conversão, em vez disso, só pareceucomeçar nessa experiência — amadurecendo, com muitos altos e baixos,como um processo de salvação por toda a vida. Havia muitas falhas na

 vida de Kathryn que, uma vez que ela estava sempre exposta ao público,eram extremamente evidentes. Mesmo no último ano de sua vida, omundo cristão descobriu alguns traços de caráter em Kathryn queestavam muito longe de ser perfeitos.

Contudo, ela nunca se considerou nada mais que uma pessoa co-

mum, sincera e simples. "Sou a pessoa mais comum do mundo", muitas  vezes declarava. Poucos de seus admiradores levavam essa confissão a

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sério. E a olhavam com respeito, como algum tipo de grande santa.Mesmo quando ela lhes dizia que não deveria ser adorada, eles adoravamo modo como dizia isso. Seus críticos, por outro lado, nunca tiveramdificuldade para descobrir suas falhas. Como os milagres que seguiam seuministério, suas falhas sempre foram reveladas, expostas ao mundo.

Kathryn tinha mais críticos dentro da igreja do que fora dela. Aspessoas do mundo, com fome de realidade, se concentravam em seus cul-tos, ávidas por constatar com os próprios olhos aquilo que outros pre-gadores só sabiam falar. Essas "pessoas do mundo", como Kathryn aschamava, haviam procurado pela realidade e pelo poder sobrenatural emtodos os lugares. Muitas mergulharam fundo no ocultismo, no espiritismoe na feitiçaria com a esperança de encontrar ali as respostas para sua sedeinterior. Na verdade, podiam provavelmente reconhecer um milagremuito mais rápido do que aqueles cegados pela tradição da religião falsa e

morta, que pregavam que a era dos milagres ficara no passado — em umatentativa de defender sua própria impotência. Kathryn nunca se deixoulevar por esse tipo de racionalismo vazio. Repetidas vezes, ela disse emsuas pregações: "Temos de apegar-nos à Palavra de Deus. Ficar com ela.Nada mais. Nenhuma outra coisa. No instante em que você vai além daPalavra de Deus, passa para o fanatismo, e perdemos o respeito dos não-regenerados. Nesse momento, trazemos vergonha à pessoa mais linda domundo, a terceira pessoa da Trindade — o Espírito Santo".

Kathryn sabia que todo homem na face da terra trazia em si umaconsciência de Deus. Uma fome de Deus. Ela reconhecia a natureza

humana como algo que ansiava e desejava ter comunhão com Deus —uma comunhão que havia sido quebrada pelo pecado de Adão e que,mesmo agora, era impedida pelo pecado da raça humana.

Ministrando na Convenção Internacional dos Homens deNegócios do Evangelho Pleno, em Dallas, Texas, no ano de 1973, Kathrynfalou com franqueza: "Devemos ser respeitáveis, pois representamos DeusPai, representamos Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote, e, neste momento domaravilhoso movimento carismático, representamos a maravilhosa edesconhecida pessoa do Espírito Santo. Nós o representamos agora, nomaior momento da igreja. Os olhos de milhões de pessoas estão nosobservando. O olhar da igreja organizada está sobre nós, que vivenciamoseste maravilhoso movimento carismático. Os olhos dos não-regeneradosestão sobre nós. Entendam como quiserem, mas temos de merecer orespeito deles. Precisamos estar firmes na Palavra de Deus".

Não obstante, seus críticos a atacavam. "Ela prega a necessidadede ser 'batizado no Espírito Santo'", diziam, "mas nunca nos diz quandoteve essa experiência". Mas Kathryn não se baseava em experiências. Elainsistia em que a teologia de um homem deve ser baseada na pessoa deJesus Cristo e incendiada pelo fogo do Espírito Santo, em vez de estar

  baseada em alguma experiência — seja uma experiência pessoal ou deoutra pessoa. Portanto, quando de fato teve a experiência definida por ela

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mesma como "o batismo no Espírito Santo", isso foi algo secundário. Elacreu nela. Ela a desejou intensamente para outras pessoas. Ela a viveu.Mas a experiência de Kathryn era de Kathryn, única, dela, e de maisninguém.

Nesta mesma convenção no Hilton Hotel em Dallas, em 1973,Kathryn afirmou: "Creio no falar em uma língua estranha. Eu mesma játestifiquei diante de todo o mundo. Tenho de testificá-lo, pois se trata dealgo bíblico. Está na Palavra de Deus. Mas lembre-se de que o EspíritoSanto não balbucia. O Espírito Santo é a perfeição. Saiba disso!Precisamos da velha Bíblia neste movimento carismático. Temos derecorrer novamente à Palavra de Deus. Se não fizermos isso, vamosperder o respeito de milhões que nos estão observando e dos milhares quese acham na incerteza, esperando, observando e com fome interior.

"Este é o maior momento da igreja. Estamos vivendo os últimos

instantes desta dispensação. Temos de esquecer os personalismos.Precisamos esquecer nosso próprio desejo de estar em destaque. Faz-senecessário deixar de tentar subir mais alto do que o outro, como se a nóstivesse sido dada uma revelação maior do que a outra pessoa edevêssemos ser mais impressionantes do que o outro, gritando mais altodo que o outro, sendo mais emocional do que o outro. Amados, temos deter cuidado. Estamos em um momento de crise. Sim, creio nas línguas.Creio que sejam para a igreja hoje. Creio que cada igreja de nossa naçãodeveria ter as línguas e a interpretação — todos os dons do Espírito. Poiscreio que Deus está restaurando à igreja, hoje, todos os dons e todos os

frutos, assim como era no livro de Atos. E quando a restauração estivercompleta, todos experimentaremos o maior 'arrebatamento' quando Jesus

 voltar...".

Contudo, nenhum dos associados de Kathryn jamais a ouviu orarem línguas, nem mesmo Maggie Hartner, que era mais próxima dela doque qualquer outra pessoa. E, por isso, seus críticos, de círculospentecostais e não-pentecostais, continuaram a irritar-se com ela. Ospentecostais se irritavam porque ela nunca falava de seu batismo noEspírito Santo e porque se negava a permitir a expressão de línguas emseus cultos de milagres. Os não-pentecostais, porque ela atestava que criaem todos os dons, inclusive no de línguas, e incentivava as pessoas aexercitá-los dentro de suas igrejas. Mas Kathryn, aparentemente cega atodas as críticas, continuou sua trajetória única.

No que diz respeito ao assunto, não há evidência alguma de queKathryn haja experimentado um milagre de cura — embora tenha minis-trado cura a milhões de pessoas enfermas. Aqueles mais próximos delasabiam que, por vários anos, antes de sua morte, ela sempre sofrera deuma dilatação do coração e, durante o último ano, nunca fora a lugaralgum sem seus remédios. Quando teve de submeter-se a uma delicada

cirurgia de coração em Tulsa, em novembro de 1975, foi ridicularizadapela imprensa secular e por algumas revistas fundamentalistas por pregar

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cura mas não poder curar a si mesma. A única explicação que seu amigoTink Wilkerson podia dar era: "Não aprouve a Deus conceder-lhe ummilagre assim".

Talvez Tink, do seu modo simples e não-teológico, estivesse

entediado com a essência da teologia de Kathryn. A maioria de nós temsuas próprias interpretações do modo como Deus deveria dirigir oUniverso — com base em nossas experiências pessoais limitadas. Kathryn,por outro lado, desafiava toda tradição. Desafiava as redomas em que oshomens tentavam colocá-la. Quando lhe perguntavam por que muitosdoentes saíam de seus cultos sem a cura, ela balançava a cabeça e diziasimplesmente: "Não sei. Não sei". Na verdade, ela disse tuna vez que aprimeira pergunta que gostaria de fazer a Jesus ao chegar ao céu era: "Porque alguns não foram curados?".

Os teólogos tinham as respostas. Centenas delas. Mas eles nunca

 viram milagres. Kathryn, que foi um dos maiores instrumentos do poderde milagres do Espírito Santo desde os dias dos apóstolos, não tinha res-postas.

"Não tenho a virtude da cura", ela sempre dizia."Não posso curarninguém. Tudo o que faço é pregar a fé. É Deus quem opera a cura. Porque ele cura a uns e a outros prefere não curar, é algo que compete a ele.Não sou outra coisa senão sua serva."

  Assim, aqueles que criticavam sua posição, ou que a criticavamporque ela não era perfeita, ou que apontavam o dedo dizendo que ela não

estava apta para o ministério porque era uma mulher ou porque não haviafeito um seminário, estavam em um terreno perigoso.

Houve um momento, lembra Myrtle, em que, segundo ela,Kathryn foi "chamada para pregar". Foi logo depois de Kathryn juntar-seaos Parrotts em Oregon, durante o verão de 1923— Eles haviamparticipado de um dos cultos do dr. Price e, ao saírem ao ar fresco danoite, Kathryn começou a chorar. Myrtle encontrou um banco próximo aoprédio da igreja, e Kathryn, incapaz de controlar seu choro convulsivo,repousou a cabeça no colo de Myrtle e chorou muito.

— Todas aquelas pessoas — ela finalmente disse, engasgada. —Todas aquelas pessoas que não receberam Jesus como seu Salvador...

— O que você está dizendo? — perguntou Myrtle com ternura.

— Ele fez o apelo para que homens e mulheres aceitassem a Cristo,e ninguém foi à frente. Eles simplesmente permaneceram ali. Morrendoem seus pecados. Você não sente isso também?

— Kathryn, sentiu o quê?

— Sentir esse encargo pelos perdidos. Tenho de pregar, Myrtle.Nunca me darei por satisfeita, a menos que esteja fazendo a minha parte.

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Kathryn nunca se referiu àquela noite novamente. Ela não gostavade prender sua teologia ao passado. Adorava o Deus do agora, cujoEspírito Santo estava fazendo coisas muito mais emocionantes nopresente do que fizera no passado. Uma vez, ela me disse que estava tãoocupada tentando acompanhar o que Deus estava fazendo hoje que nãotinha tempo de lembrar-se de seus dias passados. Por isso, raramenterespondia a seus críticos. Ela sabia onde estava, ainda que eles nãosoubessem. E tentar explicar era algo que tomaria muito tempo. Se nãogostavam das experiências dela — ou da sua falta de experiências —, seeram contrários à sua maneira de vestir, agir, falar ou gastar dinheiro —

  bem, isso era problema deles. Ela sentia que estava sob um mandadodivino. Como Neemias na construção do muro em volta de Jerusalém,estava extremamente ocupada para descer e discutir com o inimigo.

Em um de seus raros momentos de nostalgia, Kathryn não falou

sobre sua teologia."Quando chegou a notícia a Myrtle de que estávamostendo cultos maravilhosos em Idaho, ela me enviou um telegrama deSpokane, Washington. Era um telegrama conciso, porém profundo:'"Tenha certeza de que sua teologia está correta'."

"Eu nem mesmo sabia o que era teologia", disse Kathryn, rindo."Alegro-me por ter sido tola, tola o bastante para crer que tudo o quetinha de fazer era pregar a Palavra e que Deus cuidaria de minhateologia".

Mas havia outras coisas em questão além da "pregação daPalavra". Havia cartazes e folhetos a ser impressos, bem como reuniões aserem organizadas em cada nova comunidade. Parece que ela deu contado recado, seguindo o rio Snake desde Payette até Pocatello e subindo àsCataratas de Idaho. Caldwell, Nampa, Mountain Home, Twin Falls,Burley, Blackfoot, Basalt e Bone. "Fale o nome de qualquer cidadezinhano estado de Idaho", disse Kathryn mais tarde aos repórteres, "e játrabalhei ali tentando evangelizá-la".

Em Rexburg, próximo à divisa com Montana, Kathryn e Helenencontraram uma pequena igreja batista que estava fechada havia quasedois anos. Fazendo perguntas por ali, encontraram um diácono

remanescente que ainda tinha as chaves do velho prédio. Ele coçou acabeça e olhou, admirado, para as duas jovens que perguntavam sepodiam realizar cultos na pequena igreja.

— Bem, senhoritas — ele disse devagar —, ela está fechada agora.Portanto, não acho que vocês poderiam magoar-nos mais do que jáestamos magoados.

Kathryn e Helen abriram o prédio, limparam-no e entãopercorreram a pequena comunidade anunciando os cultos. Uma viúva,que aceitava hóspedes mas não tinha vagas disponíveis, fez o filho limpar

o galinheiro. Kathryn e Helen passaram três noites ali antes de outrafamília oferecer-lhes um quarto e uma cama.

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Os invernos em Idaho eram rigorosos, e às vezes não haviaaquecedores no quarto de hóspedes. Para manter-se aquecida, Kathryn seencolhia sob uma grande pilha de colchas e ficava deitada sem se mexer,até aquecer uma parte da cama. Então, se colocava de bruços, pegava suaBíblia e, durante horas, estudava a Palavra de Deus até que ela passasse afazer parte de sua vida.

"Fui instruída aos pés do maior mestre do mundo", ela disse maistarde. "Não foi em nenhuma universidade ou seminário teológicoimportante. Foi na escola da oração, sob o ensino do Espírito Santo."

"Às vezes", disse Kathryn rindo, "eu lia a Bíblia a noite todaporque tinha medo de apagar a luz e dormir. Por alguma razão, aquelaspessoas em Idaho gostavam de pendurar quadros grandes de seusantepassados nas paredes dos quartos de hóspedes. Lá estavam a avó comum grande laço no colarinho e o avô com sua longa barba. Eles tinham

sempre uma aparência tão austera, olhando para mim lá do alto. E às vezes eu me sentia mais à vontade deixando a luz acesa a noite toda, lendoa Bíblia".

Partindo para o sul de Idaho pelo deserto de Utah, Kathryn eHelen chegaram a Pueblo, Colorado, onde alugaram um prédio antigo narua Principal. Ficaram ali por seis meses.

"Eu tinha tanto medo", disse Kathryn, "de ser criticada por termais de um vestido, que fiz três vestidos da mesma peça de tecidoamarelo. Em meu último culto em Pueblo, as cabeças se curvaram em

uma oração silenciosa. De repente, o silêncio foi quebrado pela voz de um  bêbado lá no fundo, que gritava: Meu Deus, será que não consigo fugirdesse vestido amarelo? Eu o vejo quando vou dormir à noite, eu o vejo odia todo. Ele me persegue."

Foi uma boa hora para Kathryn sair, pois o culto mal subsistiu àimprevista interrupção.

Denver, que ficava a mais de 100 quilômetros ao norte, estava cha-mando. Era ali que ela começaria a formar seu próprio reino e provar suaprimeira aclamação nacional, descobrindo que a mão punitiva de Deus

era mais poderosa que seus próprios caminhos rebeldes. Porque era alique ela experimentaria a amargura da humilhação e do fracasso, quedeixaria em sua boca o gosto das cinzas por ter bebido do inebriante cáliceda paixão humana.

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Capítulo 4

Pregue e Nunca Pare

Tudo o que Kathryn fazia era grande. Quando pregava, ainda quehouvesse um grupo pequeno de pessoas no prédio, o fazia como sehouvesse 10 mil pessoas. Ela nunca afrouxou. Na hora do apelo, entendiaque todos na congregação precisavam arrepender-se e entregar a vida aCristo — mesmo que todos fossem ministros e missionários. Muitos anosdepois, ao encontrar-se com os pastores de uma cidade maior antes de umculto de milagres, fez um apelo, pedindo a eles que se arrependessem e

"nascessem de novo". Muitos foram à frente, em lágrimas, pedindo-lheque orasse por eles. Ela nunca admitiu algo como seguro. Muitas vezes,era criticada por ser efusiva sobre alguma estrela de cinema de Hollywoodou personalidade política famosa. Mas ela também era efusiva quandofalava de algum padre desconhecido que havia feito um voto de pobreza,ou de um operário da construção de estradas que havia sido curado emuma de suas reuniões. Ela tratava taxistas e senadores de igual modo —ambos eram igualmente importantes aos olhos de Deus e,conseqüentemente, aos seus também.

Lembro-me de dois exemplos. E acho perfeito compará-los. A primeira vez que me encontrei com Kathryn foi em sua suíte no sextoandar do Carlton House, no centro de Pittsburgh. Os cômodos sãoluxuosos, ocupando toda uma ala do hotel. Para passar pela porta que trazo nome da Fundação Kathryn Kuhlman incrustado em ouro, é precisotocar uma campainha, que, por sua vez, desencadeia um carrilhão como oda igreja de Westminster no escritório. Portanto, ninguém simplesmenteentra; é escoltado. Lá dentro, a atmosfera é confortável, calorosa e con-

 vidativa — ainda que cada mesa esteja cheia de abelhas operárias zunindodiligentemente. A decoração é feminina — um reflexo da própria Kathryn.

 As paredes são creme e bege, o tapete felpudo é azul-claro, e os arranjosde flores — verdadeiras e artificiais — parecem encher a sala.

Um dos cantos da sala se destaca com um sofá de cor champanherepleto de livros e revistas — presentes que chegam pelo correio. Na pontada mesa próxima ao sofá, há uma grande pilha de pequenas caixas depresentes com canetas Cross de ouro que Kathryn está enviando paraalguns amigos especiais no Natal.

  As salas estão cheias de lembranças. Há uma linda caixa demadeira entalhada à mão para jóias que foi dada a Kathryn pela madameThieu, agradecida por seu trabalho no Vietnã. Há lustres antigos que a

própria Kathryn escolheu em uma lojinha de presentes em Roma. Há umgrande e sombrio quadro de Beethoven surdo, pendurado sobre a mesa de

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Maggie Hartner, lembrando à secretária atarefada, talvez somente em umplano subliminar, que os obstáculos jamais devem levar uma pessoa a darmenos que o seu melhor — o que Kathryn exigia de todos os quetrabalhavam para ela.

Havia fotos por todos os lados: a escola em Hong Kong que foiconstruída com o dinheiro da Fundação Kathryn Kuhlman; Kathryn comos soldados vietnamitas em seus uniformes de guerra; o Papa e Kathryn, aalguns centímetros de distância, olhando atentamente um para o outro;Kathryn de braços dados com Teddy Kolek, prefeito de Jerusalém; e suafoto favorita, na qual ela aparece pregando em Estocolmo diante de 16 milpessoas com seu intérprete, Joseph Mattson-Boze, em pé ao seu lado. Eum garotinho sueco, completamente sozinho, em pé à sua frente, com osolhos fitos nela como que em transe.

Em uma das mesas, sob o vidro, está um cheque cancelado de 10

dólares, do Banco Nacional de Segurança, na cidade de Sioux, Iowa. Ocheque foi emitido a Kathryn Kuhlman, assinado por Everett B. Parrott,do Parrott Tent Revival, datado de 14 de julho de 1928. Kathryn nunca seesqueceu de onde ela veio.

  A entrada de Kathryn naquela tarde foi como uma mistura darainha da Inglaterra e o vento impetuoso do Pentecostes. Ela literalmenteentrou na sala com pose, parou por um instante em uma posição cômoda,

  bateu a mão em uma das coxas e, então, inclinando-se para a frente,segurou minhas mãos.

— Puxa... e você veio lá da Flórida. — Em seguida, igualmenterápido, disse: — Vamos, há uma pessoa aqui que desejo que você conheça. Vamos, vamos, ela é muito, muito especial.

Kathryn segurava meu braço agora; seus dedos finos agarravamdelicadamente a carne, arrastando-me com ela, enquanto se apoiava emmim. Aos 60 anos, ela era a perfeita combinação de sexo, exibicionismo,espiritualidade e uma mãe dominadora. Ela me levou rapidamente ao seupequeno escritório pessoal. Ali, sentada em uma enorme poltrona decouro que parecia extremamente desconfortável, estava uma senhoraidosa, robusta, que usava um vestido de algodão estampado. Tinha um

lenço nos cabelos, e seus dedos, trêmulos, seguravam uma velha bolsa.— Esta é a senhora Romanaski — Kathryn disse com veemência. —

É uma das pessoas de quem mais gosto. Ela é polonesa, mora na zonanorte da cidade, não fala muito bem o inglês, mas nunca falta aos cultosno Carnegie Hall. Ela não pôde ofertar nada no culto de milagres destamanhã porque seu marido está doente. Por isso, veio até aqui só para medizer que me ama e que está orando por mim.

Kathryn ficou em pé por um bom tempo, olhando para a mulherpolonesa que estava sentada com a cabeça humildemente curvada,

remexendo um fio solto de sua bolsa de algodão velha e manchada.

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— É esse tipo de pessoa que Deus me tem dado neste ministério —disse Kathryn, balançando a cabeça. Ela continuou a balançar a cabeça,como se estivesse prolongando sua aprovação além do comum. — É essetipo de pessoa que Ele me tem dado.

Kathryn agora chorava, enxugando as lágrimas com a parte de trásdas mãos. A pequena senhora polonesa também estava chorando. E eutambém não consegui me conter. Senti que havia aberto a porta e entradono coração de uma mulher que nunca havia visto, mas que conheciadurante toda a minha vida — pois o seu coração batia, ao que parecia, coma batida do coração de Deus.

  A outra cena aconteceu quase sete anos depois. Eu estava comKathryn em seu camarim no Shrine Auditorium, em Los Angeles. Elahavia encerrado um culto de milagres de quatro horas e meia, no qualficou em pé o tempo todo. Tinha, então, 67 anos de idade (embora

nenhum de nós soubesse ao certo sua idade) e estava exausta. Eu estavapronto para sair quando alguém bateu à porta. Naurine Bennett, esposade um abastado corretor de imóveis de Palos Verdes Peninsula, que haviasido curada muitos anos atrás de escleroderma e agora trabalhava como

 voluntária na entrada do palco, pôs a cabeça no vestiário.

— Senhorita Kathryn, há uma pessoa aqui que gostaria de vê-la.Olhei para Kathryn. Ela estava desfalecida em uma cadeira, sem, ao queparecia, nenhuma força em seu corpo macilento. Mas sabia que Naurinenão viria à porta senão por uma necessidade. Ela nunca perguntava quemera. Sentada, fez um sinal para que deixasse a pessoa entrar.

 A porta se abriu, e entrou um senhor idoso — com seus 80 e pou-cos anos — com uma pose de militar. Uma pessoa que o acompanhavadisse:

— Senhorita Kathryn, gostaria de apresentar-lhe Omar Bradley,general do Exército.

No mesmo instante, Kathryn voltou a ser a "rainha da Inglaterra"e o "Vento Impetuoso". Ela correu até a porta e fez o de sempre. Toda aexaustão se foi, e, em seu lugar, houve exuberância e vida. Segurando as

duas mãos do homem, ela deu um passo para trás e olhou com admiraçãopara o grande herói da Segunda Guerra Mundial, que havia lutado lado alado com Dwight Eisenhower e Douglas MacArthur.

— Puxa! Deus o ama! E o senhor estava aqui no culto de milagres!

— Ele ficou sentado até o fim do culto — disse o acompanhante. —E insistiu em vir aqui para conhecê-la.

Fiquei em pé em um canto, pensando na senhora Romanaski,sentada naquela grande poltrona de couro marrom, torcendonervosamente sua bolsa de pano em seus dedos enrugados e nodosos.

Kathryn tratava o distinto general de cinco estrelas da mesma forma que

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tratara aquela pobre mulher polonesa do norte de Pittsburgh. Amboseram filhos de Deus. Almas pelas quais Cristo havia morrido.

Eles conversaram sobre assuntos espirituais por alguns minutos.Então, o general mencionou uma necessidade específica em sua vida.

— Querido Jesus — Kathryn disse, fechando os olhos e estendendoa mão para orar por ele.

Era o que ela podia fazer. As pernas do general não agüentaram, eele caiu para trás — "morto no Espírito". Don Rarnard, que viajava com asenhorita Kuhlman como seu guarda-costas, havia entrado na sala com ogeneral. Ele o segurou assim que o homem caiu e o soltou no chão, ondeele ficou deitado por alguns instantes, como se estivesse dormindo.Quando o homem começou a se mexer um pouco, Don o ajudou a ficar empé e gentilmente segurou seu braço. Ele ainda estava trôpego.

— Nosso maravilhoso Senhor pode suprir todas as suasnecessidades — disse Kathryn deliberadamente, com um brilho de fé norosto. — Eu sei quanto ele o ama neste exato momento.

Ela não fez nenhum movimento na direção do homem, mas os joe-lhos do general não agüentaram novamente, e ele caiu para trás nos bra-ços fortes de Don.

Depois que ele se foi, Kathryn se pôs a andar pela pequena sala, deum lado para o outro, indo até uma parede e depois se virando e voltandopara a outra, com os braços levantados, em oração e louvor.

— Bendito Jesus — ela disse várias vezes. — Eu louvo o Senhor, eudou glória ao Senhor!

Não havia "pessoas sem valor" em torno de Kathryn. Todos eramimportantes. Todos tinham valor. Este era um dos segredos do sucesso deseu ministério. As pessoas sabiam que eram importantes em volta dela, e,persuadidas disso, começavam a entender que também eram importantespara Deus. Tudo o que Kathryn fazia era grande. "Pense grande. Aja comgrandeza. Fale com grandeza", ela dizia a seus parceiros. "Pois temos umDeus grande".

Foi esta mesma filosofia que a ajudou a estabelecer-se em Denverno ano de 1933. O empresário Earl F. Hewitt havia se juntado a ela, poucoantes de ela vir para Pueblo, como seu gerente empresarial. Isso se deu naépoca da Grande Depressão. Muitos dos bancos espalhados pelo paíshaviam fechado. Havia filas de mendigos para receber pão por todas ascidades. O desemprego havia atingido o maior índice na história do país.Centenas de milhares de empresas haviam quebrado; e a atividade queparecia sofrer mais era o serviço de Deus — a igreja. Só aquela minoriadedicada, aqueles que faziam parte do verdadeiro reino de Deus, ofertavaao Senhor naqueles dias de privação. Todo o resto, aquele vasto exército

de "religiosos domingueiros", esperava pelos tempos de abundância paracomeçarem a ofertar novamente. As igrejas estavam em guerra. E

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Kathryn, que nem fazia parte da igreja institucional, mas estava nasperiferias, ministrando àqueles que haviam sido rejeitados tanto pelasociedade quanto pela igreja, tinha de contentar-se com o refugo.Entretanto, nada parecia esmorecer seu espírito nem levá-la a crer emalgo inferior a um Deus de abundância.

— Você irá a Denver como quem recebeu 1 milhão de dólares — eladisse a Hewitt. — Vamos fazer um reboliço naquela cidade.

Hewitt deu um sorriso amarelo para a jovem.

— Mas não temos 1 milhão de dólares. Só temos 5 dólares. É tudoo que temos.

Kathryn simplesmente sorriu.

— Se servimos a um Deus que está limitado à nossa situaçãofinanceira, então estamos servindo ao Deus errado. Ele não se limita aoque temos ou a quem somos. Se ele pode usar alguém como eu para trazeralmas para o reino, certamente usará nossos 5 dólares e irá multiplicá-losdo mesmo modo que multiplicou os pães e os peixes para o povo naencosta da montanha. Agora, vá a Denver. Encontre o maior prédio quepuder. Consiga o melhor piano para Helen. Encha o lugar de cadeiras.Coloque um grande anúncio no  Denver Post e faça divulgações em todasas estações de rádio. Este é o serviço de Deus, e nós vamos fazer as coisasdo modo de Deus. Grande.

O prédio que Hewitt encontrou era quase uma réplica do que ela

havia usado em Pueblo. Também era um depósito de uma grande empre-sa, a mesma empresa proprietária do prédio de Pueblo, e estava localizadono número 1793-37, da rua Champa, no centro de Denver. Usando umacombinação de fé, ousadia e crédito, Hewitt alugou 500 cadeiras e umpiano de cauda, dizendo aos locadores que pagaria por tudo em duassemanas, no final da campanha de reavivamento. O reavivamento de duassemanas, no entanto, estendeu-se por cinco anos. Desde a primeira noite,Kathryn passou a ser uma pessoa conhecida em Denver.

Helen chegou alguns dias antes para preparar as músicas dacampanha. Ela contou com a ajuda das três filhas de A. C. Anderson —

Mildred, Lucille e Biney —, que compunham o Trio Anderson. As meninastrabalharam com Helen e cantaram na abertura dos cultos no antigoprédio. Elas continuaram a cantar em quase todos os cultos durante oscinco anos seguintes. Helen também cuidava dos cultos de sábado à noite,que eram grandes concertos musicais.

  As pessoas de Denver tinham fome do tipo de alimento servidopor Kathryn e Helen. As igrejas, como a economia, estavam doentes emorrendo. Muitas haviam fechado as portas. A maioria das igrejas quepermaneceram abertas tinha poucos participantes, e os cultos erammirrados e sem vida — um reflexo da época em que viviam. Emcontrapartida, Kathryn não refletia a crise econômica. Ela refletia agrandeza de Deus. Em vez de falar de necessidade, enfocava a abun-

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dância. Em vez de falar de barrigas e bolsos vazios, encorajava as pessoasa virem e celebrarem as bodas do Cordeiro. E os milagres aconteciam. Aspessoas traziam seus pães e peixes, suas pequenas ofertas, e eles erammultiplicados mil vezes mais. Em vez de mandar as pessoas para as filashumilhantes a fim de receberem pratos de sopa gratuitos bancados pelosgovernos estadual e federal, ela encorajava aqueles que tinham comida areparti-la com os que não tinham o que comer.

— Somos santos, e não mendigos — ela dizia à sua pobrecongregação. — Deus prometeu no salmo 37.25 que os justos não serãodesamparados, nem seus filhos terão de mendigar o pão.

  As pessoas acreditavam nela. Havia somente 125 presentesnaquela primeira noite da campanha, no dia 27 de agosto de 1933. Masela pregou como se houvesse 12 mil pessoas na congregação. O depósitoimprovisado estava quente como uma sauna, mas as faixas nas janelas da

frente traziam em destaque o anúncio de que Kathryn Kuhlman, a jovemevangelista, estava iniciando uma série especial de cultos. Desde asprimeiras notas musicais, enquanto Helen movia para cima e para baixoseus talentosos dedos pelo teclado, as pessoas perceberam que essa nãoera uma reunião comum. Criam que Deus havia enviado aquela mulheraté eles para dar-lhes esperança em um momento de desespero, amor emum momento de ódio e confiança em um momento de descrença e dúvida.Ela viera para restaurar nessas pessoas sua dignidade humana dada porDeus, para lembrá-las de quem eram. Na noite seguinte, havia mais de400 pessoas, e, desde então, o antigo depósito não pôde comportar as

multidões.Elas vinham das sarjetas e dos guetos, das favelas e dos

apartamentos infestados de ratos. Vinham dos guetos e das missões deresgate. Os cultos varavam a noite, com Kathryn, Helen, Hewitt e outrasdoze pessoas que haviam sido escolhidas a dedo orando com aqueles queficavam para receber uma ministração.

Nem todos os que vinham eram "privados de recursos eexcluídos". Outros, dos subúrbios convencionais de Denver, que queriamajudar na ministração mas não tinham oportunidade em suas igrejas,

também vinham. Os cultos eram realizados todas as noites, com asmultidões aglomeradas nas calçadas.

Mas Kathryn estava ficando inquieta. Ela já estava ali fazia algumtempo. Permanecer por mais tempo significaria ter de se envolver naadministração de uma igreja. Isso era algo que ela não queria.Após cincomeses de cultos seguidos, anunciou à congregação em uma sexta-feira ànoite que havia cumprido sua tarefa e que iria partir.

 A notícia foi recebida com exacerbados protestos. As pessoas pula- vam, gritando: "Não! Não!". Então, um homem a quem Kathryn conhecia

de vista, pois ele vinha freqüentando os cultos havia algumas semanas, sepôs de pé.

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Sobressaindo-se ao barulho, ele gritou:

— Senhorita, é tempo de parar de correr. Precisamos de você aqui.Se concordar em ficar em Denver, financiarei a entrada do maior prédioque você encontrar. Nós o chamaremos de Tabernáculo do Reavivamento

de Denver e colocaremos um grande letreiro em néon no alto, dizendo: "A Oração Transforma as Coisas".

Os gritos, aplausos e promessas de outras garantias vindos da con-gregação convenceram Kathryn de que ela deveria permanecer. Iniciou-sea procura de um lugar para a construção do tabernáculo. Nesse tempo, aempresa proprietária do depósito solicitou sua desocupação, e a igreja setransferiu para o depósito de outra empresa na rua Curtis, número 1941.Ergueu-se uma placa que denominava o prédio de Tabernáculo Kuhlmando Reavivamento. O ministério estava em plena atividade.

Helen Gulliford havia formado um coro com mais de cem vozes,compondo grande parte das músicas que ele cantava. Inúmerospalestrantes de fora eram convidados para cultos especiais. Kathrynconhecia suas limitações. Não era uma mestra. Só tinha uma mensagem:"Vocês precisam nascer de novo". Sabia que, para manter as pessoas,precisava alimentá-las. Isso era feito por meio do programa musical e dospregadores convidados que, com satisfação, aceitavam seus convites parapregar na congregação que crescia mais rápido no Oeste.

Os mestres favoritos eram o evangelista e a senhora Howard W.Rusthoi, que pastoreavam igrejas independentes na Califórnia, Oregon e

Missouri. Revezando-se a cada noite durante dois meses seguidos dereuniões, um pregava enquanto o outro dirigia o louvor. Juntando-se aeles em várias de suas reuniões, estava o jovem evangelista Phil Kerr, umextraordinário compositor e pregador de rádio. Uma típica semana decampanha em janeiro de 1935 foi:

Domingo, 11h, Kathryn Kuhlman: "Deveis Nascer de Novo".

Domingo, 15h, Phil Kerr: "A Fé Remove Montanhas".

Domingo, 19h30, sra. Rusthoi: "Obstáculos para o Inferno".

Segunda-feira, 19h30, Howard Rusthoi: "Por que me Casei com MinhaMulher".

Terça-feira, 19h30, Phil Kerr: "A Maior Reunião de Oração do Mundo".

Quarta-feira, 19h30, sra. Rusthoi: "Edificando o Pai".

Quinta-feira, 19h30, Howard Rusthoi: "Mussolini é o Anticristo?"

Sexta-feira, 19h30, Phil Kerr: "O que a Bíblia Diz sobre Cura Divina".

Sábado, 19h30, Culto Especial de Louvor.

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Foi quando o grupo se reunia no depósito de papel da rua Curtisque Kathryn descobriu o conceito da cura divina. Phil Kerr muitas vezespregava sobre o tema, como fizeram outros evangelistas que apareceramali. Os "cultos de cura" muitas vezes eram realizados no final das reuniõesevangelísticas, e o pregador pedia que todos os doentes fossem à frentepara receber uma oração especial. Em algumas ocasiões, eles eramungidos com óleo. Em outras, eram solicitados a ir a uma sala nos fundospara receber uma oração especial. Em alguns casos, havia curassurpreendentes, e as pessoas voltavam na noite seguinte para dar teste-munho. Isso estimulava Kathryn, pois, embora ela mesma raramenteorasse pelos enfermos, sempre se surpreendia e se alegrava quando aspessoas eram curadas.

Infelizmente, muitas pessoas começaram a identificar Kathryncom Aimee Semple McPherson, a glamourosa pregadora pentecostal de

Los Angeles. A irmã Aimee, como seus seguidores a chamavam, construiuseu Templo Angelus com 5 mil assentos, em Los Angeles, no ano de 1923— o ano em que Kathryn saiu de casa para juntar-se aos Parrotts na CostaOeste. Se Kathryn era uma exibicionista, Aimee era muito mais. Seus ser-mões incrivelmente dramatizados — apresentados em um palco commudanças de cenário, luzes coloridas, efeitos de som e elenco de centenasde pessoas — eram conhecidos como o "melhor show de Los Angeles".Mais tarde, ela fundou a Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular.

Em 1926, Aimee foi o assunto mais comentado nos EstadosUnidos. Por cinco semanas — de 18 de maio a 23 de junho — ela ficou

desaparecida. Foi vista pela última vez na praia e acreditava-se que tinhase afogado.

  Após uma frenética busca que envolveu diversas forças policiais,um exército de detetives particulares, e até o presidente do México, Aimeereapareceu e disse que havia sido seqüestrada. Todavia, a polícia suspei-tou de sua história e a acusou de esconder-se em um ninho de amor nonorte da Califórnia com um ex-operador de rádio do Templo Angelus. Elafoi levada ao tribunal para responder às acusações de corrupção dosprincípios morais públicos e de evidências forjadas. Todas as acusaçõesforam, por fim, suspensas.

O ministério de Kathryn crescia em meio a esse escândalo. Helensempre a advertia para que usasse de discrição."Há gente suficientecausando vergonha ao reino de Deus sem o seu envolvimento", elaadvertia. Kathryn, embora mais tarde tivesse realizado um grande cultode milagres no Templo Angelus, no inverno de 1968, nunca se encontroucom a "mulher que curava pela fé", a irmã Aimee. O mais perto que elaesteve de Aimee foi quando visitou seu túmulo, cerca de vinte anos apóssua morte. Em uma reportagem à revista Christianity Today, Kathryndisse: "Eu nunca conheci Aimee Semple McPherson. No entanto, há

alguns anos, Maggie Hartner e eu visitamos seu túmulo. Ali encontramosum jovem e uma mulher, que provavelmente era sua mãe, observando o

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monumento erigido em memória da senhorita McPherson. A mulherrelatou como as pregações de Aimee haviam feito Jesus tão real. 'Conhecia Cristo graças à vida de Aimee', disse. Naquele momento, pensei comigomesma, se, depois que eu partir, uma única pessoa se colocar ao lado demeu túmulo e disser: 'Encontrei a Cristo porque Kathryn pregou oevangelho', então não terei vivido em vão".

Kathryn era assim. Se tinha alguma dúvida sobre o extravaganteexibicionismo e a ostentosa vida da famosa evangelista, ela nunca fezmenção em público. Embora desprezasse todos os que se passavam porpessoas que curavam pela fé, mas deixavam para trás destruição, Kathrynfazia o possível para referir-se a eles de modo amável e para manter aunidade no reino. Por isso, por mais que houvesse alguns em Denver quecomparavam o ministério de Kathryn ao da irmã Aimee, não havianenhuma outra semelhança, a não ser a de que ambas eram mulheres e

estavam tentando servir a Deus do seu próprio modo.Uma das maiores frustrações de Kathryn foi que seu pai, a quem

ela amou profundamente, nunca a ouviu pregar. Sempre afirmava que aantipatia que o pai tinha pelos pregadores surgira do fato de que elesraramente pregavam a pura Palavra de Deus. Kathryn tinha certeza deque o homem foi criado para ter comunhão com Ele e que, uma vez queouvisse a Palavra de Deus, se entregaria ao Autor da Palavra. Porconseguinte, ela sabia que seu pai responderia positivamente ao seuministério. Não só porque era sua "filhinha", mas porque estava pregandoa verdade.

Seu pai nunca tivera essa chance. O fato de ele ter morrido semque Kathryn soubesse se havia aceitado ou não a Cristo como seuSalvador continuou a ser uma das grandes frustrações de sua vida. Na

  verdade, em 1973, quando fiz uma viagem a Pittsburgh para entrevistarKathryn para a reportagem de capa da revista Guideposts, ela me disse:

— Só há uma história sobre a qual não quero falar — a época emque papai morreu.

Foi às 13h30 de um domingo após o Natal — no dia 30 dedezembro de 1934 — que a jovem Kathryn, então com 27 anos, recebeu

um telefonema. Ela havia acabado de chegar do culto da manhã dedomingo. "Kathryn, seu pai está ferido. Ele sofreu um acidente."

  A pessoa que telefonara, um velho amigo, vinha tentando falarcom Kathryn havia dois dias, mas as linhas estavam interrompidas porcausa de uma tempestade de neve. Joe Kuhlman ficou trabalhando atétarde naquela noite de sexta-feira, 28 de dezembro, acertando todas asfaturas após o tumulto do Natal. A esposa telefonou para ele, pedindo-lheque levasse uma dúzia de ovos para casa. Joe, que tinha 68 anos de idade,saiu à noite para passar no Aviário de Buffman e comprar os ovos. As ruas

estavam congeladas, e sua visão, parcialmente comprometida por causada forte nevasca. Ele estava a menos de um quarteirão de casa quando

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caiu, quebrando todos os ovos da caixinha de papelão marrom. Aolevantar-se, pensou que seria menos perigoso enfrentar o gelo e voltarpara comprar mais ovos do que tentar explicar sua falta de jeito à esposa.Cuidadosamente, voltou ao aviário. Gostaria de ter um par extra de meias,como muitas pessoas pelas quais passou, assim poderia usá-las sobre seussapatos de couro para dar-lhes certa tração no gelo espesso.

 Ao entrar na loja, ele disse a Seckle Buffman:

— Seckle, preciso de mais uma dúzia de ovos. Caí, e Emma ficariamuito desapontada se eu chegasse em casa sem eles.

Carregando sua nova caixinha de ovos, ele começou novamente adescer a rua Principal. Havia chegado à Nona Avenida, perto de seucomércio de transporte de cargas, quando começou a atravessar a rua.Daquele momento em diante, ainda há confusão quanto ao que exata-mente aconteceu. A história contada pelas testemunhas foi que, assim queJoe Kuhlman chegou no meio da rua, o senhor Katze, da Lanchonete deTopsy, estava descendo a rua em seu Buick. Katze havia pedido ao filhouniversitário que dirigirisse, porque achava que o menino se sentia maisseguro nas estradas congeladas. O cunhado de Katze estava sentado no

 banco de trás quando, de repente, o menino viu Joe Kuhlman em pé nomeio da rua. Para não atropelá-lo, ele desviou bruscamente, derrapou efoi parar no quintal da frente do dr. Sholle. Saltando do carro, viram JoeKuhlman estirado na rua. Sua cabeça estava fraturada, mas não haviaoutras marcas em seu corpo. Ninguém ouviu o impacto nem havia marcaalguma no carro. Todavia, ninguém podia dizer com certeza se o carrohavia pegado Joe ou  se ele havia escorregado no gelo e batido com acabeça. Joe ficou em coma por dois dias e morreu no dia 30 de dezembro.

Kathryn, dirigindo um Ford V-8, começou a atravessar o Coloradosob uma forte tempestade de neve. Ela se lembraria: "Só Deus sabe comodirigi rápido por aquelas estradas congeladas, mas tudo o que eu podiapensar era em meu pai. Papai estava esperando por mim. Papai sabia queeu estava chegando". Depois de percorrer 160 quilômetros, ela parou emuma cabina telefônica para telefonar primeiro. Tia Belie, irmã de sua mãe,atendeu o telefone.

— Aqui é Kathryn. Diga ao papai que estou quase chegando emcasa. Houve uma pausa, e então sua tia respondeu:

— Mas não lhe contaram nada?

— Contaram o quê? — Kathryn perguntou, sentindo o pânicoapertar-lhe a garganta.

— Seu pai está morto. Ele faleceu esta manhã.

Os próximos quilômetros foram como um pesadelo para ela. Nãohavia outros carros na estrada à medida que seus faróis transpassavam a

  brancura da neve e os pára-brisas do carro pelejavam em vão contra agélida chuva, que caía como agulhas pontudas.

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  Ao chegar em casa nas primeiras horas da manhã, ela encontroutoda a família reunida na sala de estar, em volta do caixão aberto de seuamado pai. Eles mantinham o tradicional velório praticado por aquelesque viviam na região central dos Estados Unidos. Kathryn recusou-se aolhar para o rosto do homem a quem tanto amava. Havia estado em casamuitas vezes desde que saíra dez anos atrás. Nada havia mudado. Só que,depois disso, tudo seria diferente. Ao chegar em casa, nunca maisencontraria seu pai à sua espera. Sabia que sua mãe venderia o casarão,aquele lugar que havia sido seu refúgio nos seus primeiros anos. E o ódio

  brotou nela como um vulcão. O ódio para com aqueles que, a seu ver,haviam tirado a vida de seu pai.

  Ao contar-me a história, trinta e sete anos mais tarde, ela aindachorou. Estávamos sentados em seu escritório pessoal no Carlton House,em Pittsburgh. Ela estava sentada no chão, encostada na parede, e eu

estava perto dela, na poltrona de couro marrom."Eu ainda posso lembrar", ela disse, enxugando as lágrimas de

seus olhos, "de modo tão nítido como se fosse ontem. Estávamos todossentados na primeira fileira da pequena igreja batista. Eu simplesmentenão podia aceitar a morte de meu pai. Não podia ser. Após o sermão, aspessoas levantaram-se e passaram pelo caixão, olhando solenemente parao rosto de papai. Quando todos terminaram de passar pelo caixão, apessoa que cuidava do funeral se aproximou e ficou ao lado da família,fazendo sinal para que nos levantássemos e passássemos pelo caixão. TioHerman era o único dos irmãos de papai que restara. Tia Gusty havia

morrido um ano antes. Minha mãe, Myrtle, Garoto e Geneva atravessa-ram lentamente o corredor e passaram pelo caixão aberto. Faltava apenaseu, e não queria me levantar.

"Então, não sei como, de repente estava de pé na frente da igreja,olhando para baixo. Mas eu não conseguia olhar para o rosto dele. Em vezdisso, fixei os olhos em seu ombro. Era o mesmo ombro em que muitas

 vezes recostei minha cabeça quando tinha uma dor de ouvido. Papai nãotinha o poder de cura. Não tinha a virtude da cura. Eu nem sabia ao certose ele era um cristão. Mas ele tinha amor. E esse amor fazia toda a dordesaparecer.

"Eu me aproximei e, gentilmente, encostei meus dedos em seuombro. Ao fazer isso, algo aconteceu. Era como se eu estivesse esfregandomeus dedos em um saco de farinha. Aquele não era meu pai. Erasimplesmente um casaco de lã preto que cobria algo que havia sidodescartado, algo outrora amado, agora colocado de lado. Papai não estavaali."

Kathryn voltou para Denver, tendo aprendido a lição que só seaprende graças ao ódio e à dor. A lição sobre o perdão. Sua família,passando por cima das objeções de sua mãe, insistiu em mover uma ação

 judicial contra as pessoas que, a seu ver, eram responsáveis pela morte de

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Joe Kuhlman. Kathryn, no entanto, disse que não faria parte daquilo. Elapartiu antes de o caso ser resolvido — fora do tribunal.

"A vingança", ela me disse mais tarde, "sempre deve ser deixadanas mãos de Deus. Se tivesse guardado rancor e me vingado daquele

menino, teria machucado infinitamente mais a mim do que a ele. Essa é arazão por que nunca processei ninguém, independentemente do quantome feriram ou se aproveitaram de mim. Sou uma pessoa de Deus.Pertenço a Ele. Confio em que Ele fará o melhor para mim — e paraaqueles que me feriram.

Era uma lição que seria rigorosamente colocada à prova muitas vezes — principalmente em uma ocasião em que alguns de seus parceirosde maior confiança virariam contra ela e fariam calúnias em público. Masela nunca abriu mão de seu modo de perdoar. Kathryn entregou o casonas mãos de Deus.

No início de 1935, o grupo de homens que estava à procura de umprédio em Denver relatou que haviam encontrado o lugar ideal para otemplo. Era a antiga garagem de caminhões, que fora um estábulo, da lojade departamentos Daniel & Fisher. O prédio ficava na esquina da ruaNona Oeste com a rua Acoma, e a reforma começou em 5 de fevereirodaquele ano. Quatro meses depois, o grande prédio, com 2 mil assentos,estava completamente lotado no culto de consagração do dia 30 de maio.Um letreiro de néon de aproximadamente 20 metros, ocupando a largurado prédio, dizia: "Templo do Reavivamento de Denver". Sob ele, em letrasmenores, havia outra placa:"Evangelista Kathryn Kuhlman". No topo doprédio, em uma das extremidades, também em néon, havia uma placacom letras de quase 1 metro que dizia: "A Oração Transforma as Coisas".

Os cultos, no entanto, eram os mesmos. O Trio Anderson cantavaem grande parte das reuniões. Helen Gulliford tocava o piano. Durante osapelos feitos do púlpito, Kathryn subia e descia os corredores à procura depessoas que levantavam as mãos para receber oração e as convidava a ir àfrente. Kathryn pregava. No encerramento de cada culto — das 22h às22h15 —, Kathryn continuava na rádio KVOD, com seu programa ao vivo("Smiling Through").

Usando um vestido esvoaçante, Kathryn passava para os fundosdo prédio e descia o corredor lateral, acenando para seu público e balan-çando as mãos. As pessoas tentavam tocá-la. Ela respondia, dizendo:"Puxa! Deus ama você, Deus ama você". Sorrindo, acenando e rindo, elasubia ao palco enquanto Helen tocava o piano ao fundo. Muitas vezes,abria as reuniões dizendo:"Não é maravilhoso ser cristão? Se vocês con-cordam, digam um forte e sincero Amém'!". O prédio estrondava comaméns. Então, enquanto eles se acomodavam, Kathryn lhes contava uma

 bela historinha.

"Sabem, hoje de manhã eu estava no meu quartinho no St. FrancisHotel, número 416. É um quarto muito pequeno. A senhora Holmquist,

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Deus a ama, faz o que pode. Mas o papel de parede está soltando e o ele-  vador quase sempre parado — também, por 4 dólares por semana, ali écomo o céu para mim."

Ela pausava aqui para rir enquanto as pessoas se identificavam

com ela e com seu estilo de vida."Eu estava deitada em minha cama, estudando a Palavra de Deus,

quando ouvi uma leve batida na porta. Pedi licença a Deus, disse a Ele quelogo estaria de volta e fui até a porta. Ali estava um homem baixinho... Osenhor está aqui? Se estiver, acene com a mão. Oh, lá está ele. Lá atrás.Levante-se, senhor, para que todas as pessoas o vejam. Quero que elassaibam que esta é uma história verídica. Vocês sabem, os pastores adoramexagerar. Na verdade, algumas das histórias que ouvi de alguns pastoressão melhores do que a realidade. É verdade."

Mais risadas. O homenzinho lá no fundo acenou com as mãos e voltou a se sentar. Kathryn continuou.

"Adivinhem", ela disse, inclinando-se para a frente no púlpito,como se estivesse conversando com uma única pessoa. "Este preciosoirmãozinho disse-me que vinha bebendo três garrafas de vinho por noitedurante os últimos treze anos. Mas, há três noites, ele veio ao altar noencerramento do culto, e o irmão Hewitt ajoelhou-se com ele, e ambosoraram. A oração foi até 1 hora da manhã, mas, quando eles se levanta-ram, ele estava liberto do álcool. Ele me procurou esta manhã para con-tar-me o ocorrido. E agora está aqui, nesta noite, para provar a todo

mundo que Jesus Cristo liberta os homens da escravidão."Sua voz, que, no começo, não passava de um irritante sussurro,

agora chegava aos gritos. As pessoas já estavam em pé, aplaudindo,enquanto Kathryn apontava novamente para o homem e dizia: "Vamosdar a ele um verdadeiro Deus o abençoe".

Mesmo antes de as pessoas pararem de aplaudir, Helen voltoupara o teclado, e o coro começou a cantar. Começava outro culto dereavivamento.

Foi durante um desses cultos de reavivamento que Kathryn

recebeu o que, mais tarde, descreveu como o maior estímulo de sua vidaaté aquele momento. Como seu pai, sua mãe também nunca havia ouvidouma pregação da filha. Agora que Kathryn estava instalada em um grandeprédio com seu nome na lateral em letras garrafais, ela sentiu que deveriaconvidar sua mãe para um culto. Uma noite, Emma apareceu no culto.Kathryn pregava sobre o Espírito Santo. Ao terminar o sermão, fez umapelo: "Todos aqueles que querem nascer de novo e conhecer a terceirapessoa da Trindade, o Espírito Santo, podem ir à sala de oração que ficaatrás do púlpito. Algumas outras pessoas e eu estaremos lá a fim de orarpor vocês".

Kathryn foi direto para o salão que ficava atrás do púlpito e oencontrou quase cheio. Ela passava de pessoa em pessoa, que estava

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ajoelhada, e orava por elas. Cerca de quinze minutos depois, enquanto operíodo de oração ainda estava fervoroso, a porta lateral se abriu. EmmaKuhlman entrou. Kathryn reconheceu-a e fez sinal para que ela per-manecesse do seu lado.

— O que você acha de tudo isso, mãe? — Kathryn sussurrou. — Você alguma vez imaginou que sua filhinha chegaria a este ponto?

Emma Kuhlman estendeu a mão e segurou a mão de Kathryn.

— Querida, não estou aqui para gabar-me de você. Estou aquiporque você falou a verdade hoje à noite, e eu quero conhecer Jesus domodo como você o conhece.

Kathryn começou a sorrir e então percebeu que sua mãe realmentefalava sério. Antes de Kathryn poder dizer alguma coisa, sua mãe já estavade joelhos no chão com a cabeça apoiada no encosto de uma cadeira.

Kathryn, agora sufocada pelas lágrimas, estendeu a mão e a pôs sobre acabeça da mãe. No momento em que seus dedos a tocaram, sua mãecomeçou a tremer e depois a chorar. Foi o mesmo tipo de tremor e choroque Kathryn lembrou de ter sentido aos 14 anos quando estava ao lado desua mãe naquela pequena igreja metodista em Concórdia. Mas, dessa vez,havia algo novo. Sua mãe levantou a cabeça e começou a falar, devagar aprincípio, depois mais rápido. Mas ela não estava falando em inglês; aspalavras eram os sons claros e peculiares de uma língua estranha.

Kathryn caiu de joelhos ao seu lado, chorando e sorrindo aomesmo tempo, juntando sua voz alta à de sua mãe, enquanto ambas, cada

qual à sua maneira, louvavam a Deus juntas. Ao abrir os olhos, Emma estendeu a mão na direção de Kathryn e

a abraçou forte. Foi a primeira vez que Kathryn lembrava de ser abraçadapela mãe.

— Kathryn, pregue para que outros possam receber o que acabeide receber — disse a mãe em lágrimas. — Pregue e nunca pare.

Kathryn disse: "Mamãe não dormiu por três dias e duas noitesdepois dessa experiência, tão grande foi a alegria do Senhor sobre ela. Elaera outra pessoa. O amor de Deus irradiava dela. A alegria e o amor deDeus encheram-na até transbordar. Ela voltou para Concórdia e, peloresto de sua vida, teve uma comunhão maravilhosa e doce com o EspíritoSanto".

Ina Fooks, membro do grupo de Denver, escreveu o seguinte sobreo ministério de Kathryn: "A senhorita Kuhlman tinha a idéia fixa de queDeus pode — e irá — usar um grande centro evangelístico onde o evan-gelho será pregado em sua gloriosa plenitude e onde todos serão bem-

 vindos. Embora ser membro de uma igreja seja uma parte importante da  vida religiosa de muitos, há milhares de outros, a seu ver, que não têm

nenhum vínculo com igrejas, nem querem ter. Os membros das váriasigrejas têm oportunidade de visitar nosso templo quando não há cultos

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em sua igreja local, pois temos cultos todas as noites da semana nestetemplo, menos às segundas-feiras. E a pessoa que não freqüenta umaigreja sente-se totalmente acolhida e gosta muito dos cultos, pois não sepede a ela outra coisa senão aceitar a Jesus. O único interesse da obra notemplo é a salvação de almas e o aprofundamento das experiênciasespirituais daqueles que freqüentam os cultos".

Entretanto, o ministério logo ultrapassou isso. A escola dominicalcresceu. Três ônibus traziam as crianças de áreas afastadas. Surgiu umaigreja infantil aos domingos para crianças com idade inferior a 12 anos.Muitas pessoas associaram-se ao ministério externo, indo com os gruposàs cadeias, instituições de correção e asilos. As mulheres formaram uma"Sociedade de Mulheres". E Kathryn era convidada para pregar emescolas e outras igrejas espalhadas por toda a cidade. Os batismos eramrealizados, pela senhorita Kuhlman, no batistério emprestado por uma

igreja batista local. E, embora nunca tenha se intitulado pastora, realizavafunerais e casamentos de muitas pessoas da congregação.

  A obra no Templo do Reavivamento de Denver nunca foirealmente concluída. As paredes de tijolos, o projeto de calefação, ainstalação elétrica e a parte hidráulica precisavam de constantes cuidados.Durante a semana, os homens que estavam desempregados apareciam notemplo em mutirões. As mulheres, com Kathryn e Helen dando oexemplo, cuidavam da comida. O que sobrava a cada dia era levado paracasa pelos homens que não tinham dinheiro para comprar comida.

Pastores visitantes apareciam e muitas vezes ficavam durantemeses seguidos. Wilbur Nelson veio da Califórnia para uma série dereuniões. Harry D. Clarke, que costumava dirigir o programa musical deBilly Sunday após a morte de Ira Sankey, apareceu várias vezes. Oevangelista canadense Norman Greenway e o astro da ópera Harry ParkesBond passaram um tempo ministrando no templo, pregando e cantando.Phil Kerr voltou em várias ocasiões, às vezes para levantar fundos paraseu ministério de rádio em escala nacional. Kathryn era muito generosacom esses homens, incentivando as pessoas a ofertarem o máximo pos-sível. Raymond T. Richey veio do Texas com uma campanha de cura epregou usando o mesmo tema de Jeremias 59.3 todas as noites, durantetrês semanas. Kathryn convidou até Everett e Myrtle Parrott para umasérie de reuniões.

Mas ninguém emocionava mais as pessoas, e Kathryn, do que oformoso evangelista de Austin, no Texas, Burroughs A. Waltrip. Nem nin-guém poderia imaginar, quando ele veio pregar pela primeira vez noTemplo do Reavivamento de Denver no início de 1937, que, em menos dedezoito meses, se tornaria a pessoa por meio da qual a jovem evangelistamais promissora do mundo destruiria sua carreira.

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Capítulo 5

O Assassinato do Egípcio

Em 1970, o jornalista Lester Kinsolving (um ministro episcopalordenado) "expôs" que, trinta e dois anos antes, Kathryn Kuhlman haviase casado com Burroughs A. Waltrip e depois se divorciado dele. Ocolunista, porém, não sabia que, embora Kathryn tentasse manter essecapítulo infeliz de sua vida enterrado no passado, ela não tinha vergonhadele.

"Uma vez que um erro foi confessado, então ele está coberto pelosangue de Jesus", ela me disse depois que a notícia foi publicada. "Mas,infelizmente, o senhor Kinsolving não sabe nada sobre o perdão deJesus."

Isso foi o máximo que Kathryn alguma vez chegou a falar, mesmoem particular, contra alguém que a havia atacado. Kinsolving, além deexpor sua ignorância bíblica ao chamar de "paranormal" o dom da palavrade conhecimento de Kathryn, ridicularizou o estilo retórico desta mulher,chamando-o de "incrivelmente banal".

Kathryn logo escreveu uma carta de perdão, mesmo sem o clérigo

apóstata ter mostrado intenção de pedir desculpas:"De duas coisas sempre me lembrarei — de sua gentileza em reser-

 var um tempo para enviar uma nota pessoal e de sua risada alta (apenasuma) durante nossa entrevista no escritório. Lembrando-me destes doisincidentes, posso perdoá-lo por qualquer coisa.

"O artigo não foi ofensivo — e a única coisa que lamento é minhaincapacidade de usar o vocabulário humano como o senhor faz. Ainda soue sempre continuarei a ser 'banal no púlpito'."

  A franqueza e o amor de Kathryn tinham um modo de desarmaraté aqueles que a atacavam. Embora a revista  MS  — um órgão deimprensa em prol do movimento de Libertação feminina — a tratasse comdesdém, outros jornais, como o Time, iam mais fundo e reconheciam otoque de Deus.

Em resposta aos seus críticos, Kathryn gostava de lembrar-se deuma das "histórias de papai". Ela disse que certa vez seu pai estava

passando por uma porta giratória, quando um bêbado cambaleante oempurrou. Um homem, que estava perto, disse: "Você vai deixá-lo escapar

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assim?". E Joe Kuhlman, que era o prefeito e o cidadão mais rico dacidade, calmamente respondeu: "Posso fazer isso sem problema algum".

Esta foi a atitude de Kathryn. "Posso deixá-los fazer isso semproblema algum. Da mesma forma que Jesus nunca respondeu aos seus

críticos, tenho plena confiança de que meu Pai celestial é grande osuficiente para cuidar de cada situação".

Mas, por um tempo, em 1938, houve a impressão de que nemDeus era grande o suficiente para cuidar de sua teimosa serva ruiva. Pelaprimeira vez em sua vida, ela estava determinada a fazer as coisas à suamaneira, à revelia de Deus e da igreja.

O casamento de Kathryn com Burroughs Waltrip, que abandonoua esposa e os filhos por ela, foi um terrível equívoco. Foi um pecado —uma rebelião contra Deus. Ao mesmo tempo, tornou-se a prova de fogo —assim como a morte do guarda egípcio levou Moisés ao exílio no desertode Midiã — que a levaria ao lugar de total submissão ao plano perfeito deDeus para sua vida.

É impossível escrever sobre Kathryn Kuhlman sem escrever sobreDeus. Sua vida não lhe pertencia. De modo muito real, ela era uma filhado destino. Uma escolhida. Ordenada para ser uma serva especial deDeus. Quando ela, devido a algum traço de caráter que a fez teimar, pre-feriu o seu plano em vez da vontade de Deus para sua vida, então Elesoltou as rédeas até ela ser forçada a obedecer à ordem divina. Na reali-dade, Deus tem um modo de usar nossa rebelião, nossos pecados, nossa

flagrante desobediência, e transformá-los em nossa força. Por isso,embora tenha percebido, mais tarde, que havia pecado, Kathryn tambémpercebeu que, uma vez que havia passado por seu vale sombrio, podiacompreender melhor a cruz e o significado de sua própria redenção. Portudo isso, mesmo quando ela estava "matando o egípcio" e vagando peloterrível deserto criado por sua desobediência, a mão de Deus estava sobreela.

Todos na igreja em Denver tentaram conversar com Kathryn sobreo casamento com Burroughs Waltrip. Ninguém teve êxito. Waltrip viajoupela primeira vez para o Templo do Reavivamento de Denver em 1937. Ali

esteve por recomendação de Phil Kerr, o evangelista de rádio, e per-maneceu na cidade por quase dois meses. Aos 38 anos, ele era oito anosmais velho que Kathryn. Como Kathryn mais tarde o descreveu, era "orapaz mais lindo que já existiu". A boa aparência e a boa pregação eramuma combinação perfeita. E Kathryn o convidou para voltar no outonodaquele ano. Dessa vez, a esposa dele, Jessie, e seus dois filhos, de 6 e 8anos, viajaram com ele. Houve certa especulação na época de que Jessienão se sentia à vontade vendo o marido alto e de cabelos escuros passarmuito tempo com a ruiva de pernas longas. Ela queria estar por pertopara ficar de olho nele — e neles. As pessoas de Denver acharam Jessie

  Waltrip uma mulher calma e despretensiosa, uma esposa ideal para odinâmico pregador.

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  Algo, porém, aconteceu durante a segunda visita de Waltrip aDenver. Os fatos são vagos. A senhora Waltrip pegou os filhos e voltoupara Austin. As crianças tinham de ir para a escola. Um mêsdepois,Waltrip escreveu para a esposa dizendo que não voltaria para casa.

 A informação que ele passou em Denver, no entanto, era de que Jessie ohavia abandonado. Segundo seu relato, implorou para que ela se juntassea ele, mas ela se negou a fazê-lo. Acusando a esposa de abandono, viajoupara o Norte, para Mason City, Iowa, cidade próxima à divisa comMinnesota. As pessoas de Mason City ficaram impressionadas com suapregação. Incentivaram-no a ficar ali e iniciar um trabalho semelhanteàquele que Kathryn tinha em Denver. Não demorou muito para Waltripconseguir um prédio grande, que ele reformou e chamou de Rádio Chapel— uma vez que ele também o usava para programas diários da rádioKGLO.

No início de 1938, Waltrip fez um anúncio público dizendo que jejuaria até receber os 10 mil dólares necessários para concluir a obra noprédio. Para ajudá-lo a angariar fundos, trouxe um grupo de reavivamen-to para realizar cultos no edifício em fase de acabamento. Estes foram osministros convidados: Harry D. Clarke, líder do louvor; Helen Gulliford,ao piano, e Kathryn Kuhlman, na pregação.

Kathryn, anunciada como "A Maior Pregadora Jovem dos EstadosUnidos", comovia as multidões. Contudo, foi sua mensagem de sexta-feiraà noite, intitulada "Procura-se um Homem", que levou os repórteres doGlobe-Gazette a irem para a rua. As manchetes da manhã seguinte

saudavam os que madrugavam com a seguinte notícia: "JovemEvangelista Loira Chega à Rádio Chapel". O subtítulo dizia: "Assume oTrabalho Enquanto Waltrip Continua o Jejum para Ganhar 10 MilDólares".

Os repórteres do jornal acertaram o âmago da questão. "Uma  jovem atraente, de quase 1,82m de altura, com cabelos loiros eartificialmente ondulados, e olhos radiantes chegou a Mason City paraajudar o evangelista Burroughs A. Waltrip em sua campanha na RádioChapel.

"No entanto, não há nenhuma ligação permanente ou romântica",dizia o jornal no segundo parágrafo, "mas a senhorita Kuhlman disse quenão quer partir enquanto ele precisar de sua ajuda ali."

 A história continuou: "Quando o repórter mostrou-se surpreso porsaber que uma jovem tão atraente ainda era solteira aos 25 anos, ela sor-riu e então refletiu por um instante antes de responder.

"Talvez um homem resista à idéia de ser casado com alguém comminha agenda', ela disse sorrindo."

Deve-se admitir, ao ler os recortes de jornais amarelados de

  janeiro de 1938 do Globe-Gazette, que Kathryn já havia começado amentir acerca de sua idade. Na verdade, estava com quase 30 anos, mas,

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por alguma razão, sentia-se mais segura se seus seguidores pensassemque fosse mais jovem. Era uma característica inexplicável que a acompan-hou até o dia de sua morte. Mesmo depois de estar com seus 60 e poucosanos, ainda insistia que seu locutor de rádio fizesse a seguinteapresentação: "E agora Kathryn Kuhlman, a jovem que vocês estavamesperando". Quando os repórteres especulavam quanto à sua idade, elasorria e dizia: "Coloque apenas 'mais de 50"'. Quando eles a apertavampara revelar uma idade exata, ela saía com evasivas. Aqueles que erammais próximos a ela justificavam sua ação como a "prerrogativa de umamulher".

Kathryn voltou para Denver, mas não antes de fazer os planos decasamento com Burroughs — o divórcio dele agora era definitivo. HelenGulliford já esperava isso há um bom tempo.

"Ela estava começando a sentir que a vida estava passando", Helen

disse a um amigo próximo. "Que perderia o entusiasmo de viver com umhomem."

Helen podia ver que Kathryn estava mudando. Sua pregação,antes tão dinâmica, estava ficando fraca. Helen lamentava. Era como seDeus a estivesse deixando à mercê de seus próprios recursos. Ela era forteo bastante — e tinha um carisma peculiar capaz de fazê-la conseguir estafaçanha sozinha — para enganar algumas pessoas o tempo todo. Mas osmembros mais perspicazes da congregação começaram a perceber que"sua Kathryn" não era a mesma. Obstinada, ela estava determinada afazer as coisas à sua maneira — mesmo que isso significasse a destruiçãodo seu ministério.

Kathryn não conseguia enxergar as coisas dessa forma. Muitas  vezes, conversava com A. C. Anderson, o sábio pai de Mildred, Lucille eBiney — o Trio Anderson. Na verdade, Kathryn passava a maior parte desuas férias, o Natal e o Dia de Ação de Graças na casa dos Andersons.Nutria um amor especial pela senhora Anderson e, em várias ocasiões,observou que o senhor Anderson desempenhava um importante papel nosentido de preencher o vazio deixado pela morte de seu pai. Entretanto,quando o assunto era Burroughs Waltrip, Kathryn não ouvia ninguém.

Ela insistia em dizer que a esposa de Waltrip o havia abandonado e queisso significava que ele estava livre para casar-se novamente. Alguémhavia dado a Burroughs um livro, que ele, mais tarde, passou paraKathryn, propondo uma visão de que um homem e uma mulher não eramcasados aos olhos de Deus se não amassem um ao outro quando secasassem. Com base nessa estranha doutrina, Waltrip justificava seudivórcio, dizendo que, aos olhos de Deus, ele nunca havia se casado (aindaque tivesse dois filhos) e que estava livre para casar-se com Kathryn. Eledisse que, na verdade, uma vez que não amava sua esposa, vinha "vivendoem pecado" e somente agora estava se arrependendo e acertando a sua

 vida. Dessa forma, poderia seguir o que, segundo ele, era o plano de Deus

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para sua vida desde o começo — casar-se com uma jovem ruiva e esbeltade Denver.

"Não vejo nada de bom nisso", A. C. Anderson advertiu Kathryndepois que Burroughs foi para Mason City. Os dois haviam jantado na

casa de Anderson. Mas Kathryn não ouvia ninguém, nem Anderson, nemHelen, nem E. E Hewitt, que lhe implorou que não se envolvesse com Waltrip.

Os Andersons fizeram uma viagem especial a Mason City a fim detentar convencer Waltrip. Descobriram que ninguém da cidade de MasonCity sabia que ele havia sido casado. Waltrip foi ao hotel onde o senhor e asenhora Anderson estavam hospedados e conversou com eles até as 2horas da manhã. Às vezes, a discussão esquentava e ficava hostil. "Se euconseguir convencer a família Anderson", finalmente esbravejou Waltrip,"poderei ganhar Denver".

Mas nem os Andersons nem o povo de Denver aceitavam o fato deque o casamento dos dois fazia parte do plano de Deus. Tudo o que elespodiam fazer era esperar — e orar — para que, de algum modo, Kathryn

  voltasse a si antes de fazer algo que viesse a destruir o ministério quetodos eles haviam trabalhado arduamente para construir.

Kathryn evitava as pessoas. Não aceitava conselhos dos queestavam à sua volta. Submissão, principalmente a um homem ou a umgrupo de homens, era um conceito estranho para ela. "Todo cristãodeveria ouvir a voz de Deus", ela dizia."A religião escraviza você, mas o

cristianismo o liberta. Submissão aos homens é escravidão. Quero serlivre e deixar que Deus fale diretamente comigo."

Se Kathryn tinha alguma fraqueza em sua longa e produtivacarreira, essa fraqueza era não se submeter às pessoas de Deus queestavam à sua volta. Moisés submeteu-se aos anciãos. E o apóstolo Pauloensinou os cristãos a "sujeitarem-se uns aos outros". Mas, por algumaestranha razão, essa idéia ameaçava Kathryn.

Kathryn não reconhecia que ouvir alguém não lhe tiraria seusdireitos diante de Deus nem a transformaria em algum tipo de marionete

que só pularia quando alguém puxasse sua corda. Pela submissão, elapoderia ter encontrado as limitações necessárias às decisões em sua vidapessoal. Se tivesse sido submissa em 1938, não teria destruído seuministério. No entanto, como era teimosa e independente, ela se preci-pitou, determinada a fazer as coisas à sua maneira.

Tudo isso, no entanto, revela uma verdade incompreensível.Muitas vezes, o melhor plano de Deus pode ser frustrado peladesobediência do homem, e um segundo plano tem de ser arquitetado, oqual, nas mãos hábeis do Deus Todo-poderoso, passa a ser ainda melhordo que o plano original. A mó de Deus levara muitos anos para triturar os

grãos da rebeldia de Kathryn e transformá-los em exatidão, mas, quandoa obra foi concluída, quando o grande peixe fez com que ela voltasse para

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a praia, quando a sarça ardeu e a voz de Deus voltou a ser ouvida maisuma vez, trazendo-a à comissão original, ela se viu pronta para seguir.

Nesse meio tempo, entretanto, houve o deserto, as profundezas domar, a escuridão da separação de Deus. Mas, não obstante, ela comia,

deliberadamente, do fruto proibido.Diante da congregação em Denver, Kathryn anunciou, no culto da

manhã de domingo do dia 15 de outubro, que Deus havia revelado umnovo plano. Ela e Waltrip haviam decidido unir seus ministérios. A sedeficaria em Mason City, Iowa. Ela e Waltrip revezariam as viagens de ida e

  volta a Denver para a realização dos cultos — aproximadamente 1. 300quilômetros. "Nós dois podemos realizar muito mais do que realizaríamosseparados", declarou.

Embora ela não tivesse mencionado o casamento, todos pareciamsaber. Um terrível silêncio veio sobre a congregação. Todos os rumoresque eles vinham ouvindo sobre Waltrip divorciando-se da esposa paracasar-se com Kathryn eram verdade. As mulheres começaram a chorar.

 Vários membros do coro levantaram-se e saíram. Os homens fecharam acara nos bancos, olhando para Kathryn como quem não acredita no queestá ouvindo. Como poderia fazer isso?! Essa mulher, que havia pregadomensagens tão enérgicas sobre pureza e santidade. Essa mulher que haviasido um modelo de decência e compaixão divina. Será que tudo o que elahavia dito era um mito? Seria ela incapaz de seguir o Senhor a quem, deforma tão diligente, os havia incentivado a seguir durante os últimos cincoanos?! Onde estava a força interior? O poder? Os outros podiam pecar eafastar-se de Deus, mas não a sua líder. Muito lhe havia sido dado, muitolhe era exigido. Era uma vida difícil que ela havia escolhido. Ninguémduvidava disso. Todos sabiam o que ela havia sacrificado. Casamento.Filhos. Simplesmente para edificar uma obra em Denver. Mas, desistir detudo? Pôr tudo a perder por causa de um homem divorciado que haviaabandonado a esposa e os dois filhos? Não valia a pena.

"Não, Kathryn, não diga isso. Não faça isso, por favor", disse HelenGulliford, sentada no banco do piano, com o rosto pálido e os olhos cheiosde lágrimas.

Earl Hewitt, o gerente empresarial e pregador substituto deKathryn, baixou a cabeça e se pôs de joelhos. Arrasado. O senhor

 Anderson sentou-se, em silêncio. Aquilo que ele temia havia acontecido.

Kathryn balançava as mãos de modo dramático e tentava não darmuita importância a toda a situação. "Vocês não entendem", ela dissequase que alegre. "Não estou deixando vocês. Eu voltarei."

Mas era Kathryn que não entendia. As pessoas viam à frente, oministério, e sabiam que, se ela levasse adiante seu obstinado plano, tudoestaria perdido. Naquele momento, eles a viram, em pé diante deles, sem

a unção de Deus e sem se dar conta disso. Ela era como Sansão, que tosou

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os cabelos e ousou desafiar os filisteus, mas "não sabia ainda que já oSenhor se tinha retirado dele".

  A reunião acabou em confusão. Kathryn saiu por uma portalateral. Logo cedo, na manhã seguinte, pegou o trem para Des Moines,

onde se encontrou com Waltrip, que a levou para Mason City. Eles deramentrada na papelada do casamento, e ela declarou que faria 26 anos emseu próximo aniversário — mesmo tendo 31 anos na época. No dia 18 deoutubro de 1938, o reverendo L. E. Wordle, um ministro metodista dacidade vizinha de Swaledale, realizou seu casamento na Rádio Chapel de

 Waltrip.

Só duas pessoas do Templo do Reavivamento de Denvercompareceram ao casamento — Ina Fooks e Earl Hewitt. Antes dacerimônia, Hewitt encontrou-se com Kathryn e explicou a situação. HelenGulliford havia se desligado do ministério Kuhlman. Ela ficaria em

Denver para trabalhar com um dos grupos que já havia saído do templo.Hewitt disse que Kathryn nunca mais seria bem-vinda em Denver. Ele fezuma oferta de compra da parte dela no prédio. Ela aceitou e lhe passou aschaves de seu reino. Como uma pessoa possessa, não podia parar o quehavia começado, ainda que o peso disso já fosse maior do que ela podiasuportar.

No meio da cerimônia, ela desmaiou. Waltrip ajudou a despertá-la. Agarrado ao seu braço, ele a ajudou a fazer os votos que restavam. Oegípcio foi morto. E adiante havia apenas o árido deserto de Midiã — umdeserto pelo qual ela vagaria pelos próximos oito anos.

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Capítulo 6

 A Sarça Arde

Como todos os servos de Deus que foram levados ao deserto porcausa de seus pecados, Kathryn logo foi esquecida por aqueles que eladeixou para trás. A dor da lembrança era muito grande para aqueles que aamaram e a seguiram. Era mais fácil tirá-la da lembrança. Por essa razão,a maioria de seus antigos seguidores arquivou suas lembranças e logopreencheu o vazio com novas atividades.

Hewitt pediu a William Watson, um dos evangelistas favoritos quehavia realizado cultos no templo, que assumisse na semana seguinte. Nodomingo pela manhã, entretanto, descobriu-se que Watson havia deixadoa cidade de avião no sábado à noite. Hewitt pregou, mas perdia as forças.O rebanho espalhou-se. Alguns ficaram com Hewitt. Outros trouxeram

  Watson de volta e iniciaram seu próprio trabalho na Barnes BusinessSchool. Outro grupo ainda, por fim, juntou-se a Charles Blair, um novo e

  jovem ministro pentecostal que havia acabado de se estabelecer emDenver. Mas muitos, além da conta, voltaram para o mundo — feridos,desiludidos, perdidos do reino.

Kathryn voltou a Denver várias vezes depois disso. Sempresozinha. Embora fosse bem recebida nos almoços e jantares na casa dos Andersons, ela nunca mencionou Burroughs Waltrip. Era como se nuncativesse se casado com ele.

Ina Fooks, que havia sido uma das mais fortes sustentadoras deKathryn, visitou a Rádio Chapel, em Mason City, em várias ocasiões."Tudo o que Kathryn faz é sentar-se no púlpito atrás de seu marido echorar", ela relatou quando voltou para Denver.

Quando as pessoas de Mason City descobriram que Waltrip havia

mentido para elas sobre seu primeiro casamento, também foram embora. A Rádio Chapel fechou. Burroughs e Kathryn fizeram as malas e fugirampara a escuridão do deserto. Ouviu-se deles em Kansas, Oregon, Arizona eaté em algumas visitas a Concórdia. Mas ela era tão desprezada pelo seupúblico quanto Moisés pelos egípcios, enquanto ele cumpria seu exílio nodeserto de Sinai.

Duas ocasiões durante este exílio são dignas de nota, pois tiveramuma relação direta com o que haveria de seguir. Kathryn começou a sentirque precisava provar da água, aceitando alguns convites para pregar sozi-nha. Isso aborrecia Waltrip, que queria que ela ficasse com ele. Contudo,

ao perceber que ela era, em primeiro lugar, uma pregadora, e não umadona de casa, ele a deixou assumir alguns compromissos sozinha. Um

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deles foi em Pittsburgh, Pensilvânia. Jack Munyon, pastor de uma grandeigreja interdenominacional, convidou-a para ir à cidade barra-pesadapara uma série de reuniões que duraria seis semanas no início de 1945.Era a primeira visita de Kathryn a Pittsburgh, e ela foi bem recebida.Munyon achou que seria melhor, no entanto, se as pessoas não soubes-sem sobre o casamento dela. Assim, mesmo tendo Waltrip ao seu ladodurante parte do tempo no William Penn Hotel, Kathryn concordou emmantê-lo em segredo. Mas o filho de 5 anos de Munyon quase deu com alíngua nos dentes certa noite. Quando alguém perguntou ao pai onde asenhorita Kuhlman estava hospedada, o garotinho levantou a voz e disse:"Ah, ela está hospedada no hotel com um homem". Foi preciso Munyondar uma explicação rápida para abafar o caso.

Durante essa viagem a Pittsburgh, Kathryn logo fez amizade comuma supervisora alta e esbelta da companhia telefônica, Maggie Hartner,

que, mais tarde, desempenharia um grande papel em sua vida. A senhorita Hartner, que vivia com a mãe, era membro da igreja deMunyon. Ela continuou a corresponder-se com Kathryn depois que esta

 voltou para a Costa Oeste e, mais tarde, tornou-se sua secretária e amigamais íntima.

O outro caso aconteceu em Portland, Oregon, logo depois queKathryn deixou Pittsburgh. A culpa decorrente de seu casamento eramuito pesada para ela. Em várias ocasiões, quando questionada porrepórteres de jornais, ela categoricamente negava que era casada —dizendo que isso era um boato disseminado por antigos inimigos em

Denver. Sua irmã, Myrtle, havia comentado com seu pastor em Portlandsobre o ministério de Kathryn. Entretanto, ela também não mencionouque Kathryn era casada com um homem divorciado. O pastor ficouimpressionado com Kathryn, e, depois de ela fazer uma visita a Portland epregar na igreja dele, a convidou para uma série de conferências. Então,no sábado, antes de Kathryn abrir a série de reuniões no domingo pelamanhã, o pastor recebeu uma ligação urgente de um dos líderes de suaigreja.

"Sabia que a evangelista que você convidou para pregar é casadacom um homem divorciado?"

O pastor ficou chocado. "Não só isso", continuou o informante, "ohomem abandonou a esposa e os dois filhos pequenos para casar-se comela. Isso destruiu o ministério dela em Denver e tem causado problemasem todos os lugares por onde ela passou".

Naquela tarde, o pastor fez uma ligação difícil. Ao entrar emcontato com Kathryn, que já havia chegado em Portland, ele disse: "Se eusoubesse da verdade desde o início... agora não tenho outra escolha senãocancelar as reuniões. Isso destruiria meu ministério também".

Doeu profundamente. Kathryn entrou em seu carro e percorreu ossubúrbios da cidade de Oregon, chorando. Fez isso por quase seis horas,

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dirigindo e chorando. Esta seria sua sina pelo resto da vida? Deus não ahavia chamado para pregar? Como cumpriria a missão de Deus se os

 boatos continuassem a persegui-la por todo o país, levando-a a ser impe-dida de entrar nas igrejas? Por várias vezes, naquela noite escura, ela fez asi mesma a pergunta de John Milton: "Deus exige o trabalho do dianegando a luz?". Contudo, sabia, em seu coração, que a resposta de Miltonnão se encaixava em sua situação. Pois "ficar e esperar" não consertariasua situação. Era preciso uma atitude mais radical. O peso da culpa estavaindo além do que ela poderia suportar.

Ninguém parece saber quando ocorreu a separação. Em umaentrevista em 1952 ao   Denver Post, ela disse: "Ele me acusou —corretamente — de recusar-me a viver em sua companhia. E faz oito anosque não o vejo". Com isso, entende-se que a separação se deu em 1944 —o que provavelmente está correto. Isso significa que eles viveram juntos

por seis anos.Ela me disse, em um daqueles raros momentos em que estava

disposta a entregar-se à nostalgia: "Tive de fazer uma escolha. Ou euservia ao homem a quem amava, ou ao Deus a quem amava. Eu sabia quenão poderia servir a Deus e viver com Mister". (Ela o chamou de "Mister"desde a primeira vez que se encontraram. ) "Ninguém jamais conhecerá ador de morrer como eu, pois amei aquele homem mais do que à minhaprópria vida. E, por um tempo, o amei mais do que amei a Deus. Por fim,disse-lhe que eu tinha de partir. Deus nunca me liberou daquele chamadooriginal. Eu não vivi apenas com Mister. Tive de conviver com minha

consciência. E a convicção do Espírito Santo era quase insuportável. Euestava cansada de tentar me justificar. Cansada".

"Numa tarde", ela prosseguiu, com os olhos cheios de lágrimas,"saí do apartamento — que ficava nos arredores de Los Angeles — e me viandando em uma rua sombreada por árvores. O sol passava tremeluzindopelos grandes galhos que se estendiam sobre a minha cabeça. No final doquarteirão, vi uma placa de rua. Ela dizia simplesmente: "Rua Sem Saída".Senti uma angústia tão grande que não poderia traduzir em palavras. Se

 você pensa que é fácil ir até a cruz é porque nunca esteve lá. Eu estive. Eusei o que é isso. E tive de ir até lá sozinha. Não sabia nada sobre o que eraser maravilhosamente cheia do Espírito Santo. Eu nada sabia sobre opoder da poderosa terceira pessoa da Trindade, que está à disposição detodos. Só sabia que eram 16 horas de um sábado e que eu havia chegado auma condição em minha vida na qual estava pronta para abrir mão detudo — até de Mister — e morrer.

"Eu disse em voz alta: Querido Jesus, renuncio a todas as coisas.Entrego tudo a ti. Toma o meu corpo. Toma o meu coração. Tudo o quesou é teu. Eu me coloco em tuas maravilhosas mãos'. "

Kathryn sabia que, por quase seis anos, vinha se enganando —

 buscando a bênção de Deus sem estar disposta a viver de acordo com ospreceitos dele. Durante todo aquele tempo, ela e Burroughs se colocaram

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atrás de um púlpito, pregando arrependimento, sabendo, contudo, que, láno fundo, estavam vivendo em desobediência e sem arrependimento. Eleseram os vasos por meio dos quais os outros bebiam da água da vida, massua própria boca estava fechada, e eles não podiam saciar sua sede comaquela mesma água que levavam aos outros. Muitos foram levados a umnovo relacionamento com Jesus Cristo. Alguns até foram curados. PoisDeus havia feito a seguinte promessa: "A minha palavra não voltará paramim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual aenviei" (Is 55. 11). Mas, com grande tristeza, Kathryn percebeu que haviase tornado como aqueles grandes leões de pedra que ela havia visto emfotos da Europa — com a água jorrando de sua boca. Podiam dar água atodos os que estivessem com sede, mas eles mesmos não tinham como

  beber dela porque eram feitos de pedra. O coração de Kathryn ficaraassim.

Durante meses, ao que parece, toda vez que ela abria sua Bíblia,seus olhos eram atraídos para o livro de Provérbios. Era como se este livrofosse o primeiro. Quase todas as vezes que ela se recolhia em sua cama,aos prantos, e abria sua Bíblia, ali estava Provérbios.

"Como a cidade com seus muros derrubados, assim équem não sabe dominar-se" (Pv 25. 28).

"Saborosa é a comida que se obtém com mentiras, masdepois dá areia na boca" (Pv 20. 17).

"Quem esconde os seus pecados não prospera, mas

quem os confessa e os abandona encontra misericórdia"(Pv 28. 13).

Quanto a Burroughs: "O homem justo leva uma vida íntegra; comosão felizes os seus filhos!" (Pv 20. 7). No entanto, os filhos dele, agora naadolescência, haviam sido forçados a viver sem o pai.

Kathryn sabia, por meio do estudo da Palavra e de sua experiênciacom Deus, como um Pai amoroso, que Ele podia usar uma situaçãoconjugal impossível, que nasceu em pecado e rebelião, e transformá-la emalgo puro e santo — sem o rompimento do relacionamento. Ela viu issoacontecer muitas vezes entre seus amigos. Observou outros fazerem exa-

tamente o que ela e Burroughs haviam feito. E, em casos assim, viu tam- bém Deus, em resposta às lágrimas, confissão e súplica por perdão, con-ceder um novo coração juntamente com a permissão para que conti-nuassem juntos. Foi por causa desses exemplos que Kathryn e Burroughsforçaram a situação, esperando que Deus os tratasse de igual modo.Contudo, eles cometeram um erro universal. Olharam para o modo emque Deus havia tratado os outros, tomando para si esses exemplos, em vezde buscarem o plano perfeito de Deus para suas vidas. Kathryn havia seesquecido de que ela era uma pessoa singular. Pois a quem muito foidado, muito será exigido.

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Kathryn soube, quando tinha 14 anos, que estava destinada a serdiferente. Destinada a estar envolvida com os assuntos do Pai. Era umsentimento que ela jamais pôde enfraquecer. Como, então, poderiacontinuar em um relacionamento que não só estava desagradando a Deus,mas impedindo-a, literalmente, de cumprir tudo aquilo que Ele haviaplanejado para ela. Pensou nos momentos em que ela e o esposo estavam

 juntos à mesa do café da manhã, a cama, no quarto ao lado, ainda quentee desfeita, pedindo a Deus que abençoasse o alimento — sabendo que Elenão poderia abençoá-los. Por seis anos, eles tinham jogado de acordo comas suas próprias regras. Mas ela não poderia mais fazer isso. Tinha defazer uma escolha.

  Arrepender-se é mudar de atitude. Kathryn Kuhlman fez issonaquele sábado à tarde sob a copa de uma das muitas árvores de uma ruada Califórnia. Ela morreu naquela tarde. Tornou-se uma semente disposta

a cair no chão e ser enterrada. Sem enxergar por causa das lágrimas, se virou e começou a subir a rua no seu caminho de volta.

Três dias depois, em pé na estação de trem de Los Angeles,chorando muito, ela olhou para Mister pela última vez. Ele ficou emsilêncio. Seus cabelos negros estavam começando a ficar grisalhos nastêmporas. Seu rosto, tão moreno e macio quando ela o conheceu, agoraestava enrugado. Grande parte da vida de Kathryn ficava para trás, e elanão tinha nada para mostrar. Tudo o que sabia era que tinha um bilhetede ida para Franklin, na Pensilvânia, onde fora convidada a realizar umencontro de duas semanas. Ambos estavam na plataforma,

embaraçosamente de mãos dadas, esperando ouvir o grito: "Todos a  bordo". Kathryn fitava, distraidamente, as rodas pesadas do vagão depassageiros e lembrou-se daquele dia em Concórdia, quando ela e Myrtleentraram no trem rumo à cidade de Kansas. Só que agora ela não tinhauma irmã amorosa para sentar-se ao seu lado. Achava-se sozinha.

— Depois de Franklin, onde... — disse Burroughs, nervoso,percebendo que estava interrompendo um devaneio do qual não faziamais parte.

— Não sei — respondeu Kathryn, sem levantar os olhos das rodas

de aço sobre os trilhos. — Só sei que tenho de ir. Preciso seguir a Jesus.Burroughs apertou a mão de Kathryn. Gentilmente. Ele também

sabia. Tinha consciência de que ambos vinham se enganando desde ocomeço. Sabia também que Kathryn não era dele. Nunca havia sido.

 Agora, ambos chegavam ao momento da verdade em que deixariam livresum ao outro. A decisão de Kathryn estava tomada. Havia sido tomada trêsdias antes, quando ela chegou em casa e disse-lhe que estava de partida.Mas e ele? Poderia voltar para Austin e recomeçar sua vida com a família?No íntimo, ele dizia que não. Talvez estivesse destinado a vagar pela terracomo algum navio fantasma, sem chegar à praia, passando por nevoeiros

espessos para não ser descoberto. E se essa fosse sua sorte, então elefortaleceria sua alma e passaria por isso. Pois, a despeito de tudo,

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Burroughs Waltrip era um homem de Deus — e reconheceu a mão de seuSenhor na mulher que até dias antes era sua esposa. Ele também sabia,desde o começo, que ela era diferente. Mas esperava que, de algum modo,pudesse estabelecer suas próprias regras e, ainda assim, vencer o jogo.

  Agora os dois, lado a lado, na plataforma de madeira suja da estaçãoferroviária de Los Angeles, sabiam que não pertenciam um ao outro.

 Ambos pertenciam a outra pessoa.

 Agora, Deus exigia de Kathryn aquilo que ela lhe havia prometidonaquela ma cheia de árvores. Ouviu-se o apito do trem. Um casal jovemdesceu a plataforma, beijaram-se e trocaram carícias, e o homem subiu osdegraus cinza-esverdeados do vagão.

— Todos a bordo — gritou o condutor, descendo à plataformaapressado na direção da porta. Os carregadores vestidos de brancorecolhiam os pequenos bancos que ficavam sob os degraus do trem e

entravam nos vagões.— Se você entrar naquele trem, nunca mais me verá — Burroughs

disse baixinho. — Nunca mais interferirei em sua vida ou em seuministério.

O que Kathryn disse como resposta só Deus sabe, pois ninguémsabe, até hoje, o que aconteceu com o sr. Burroughs A. Waltrip. Quandoela segurou a mão do carregador e subiu no trem com destino ao Leste,Burroughs Waltrip desapareceu. Ele cumpriu sua promessa. Palavra porpalavra.

Pelo que sei, ela nunca mais ouviu falar dele. Exceto uma única  vez. Eu estava em seu escritório na Carlton House, em 1970, na semanaseguinte ao Dia dos Namorados. Ela fechou a porta e foi para sua mesa.Muito devagar, tirou um cartão da primeira gaveta, segurando-o como sefosse um pergaminho sagrado. Reclinando-se sobre a mesa, o entregou amim.

— Olhe isto — ela sussurrou com a voz rouca.

Era um simples cartão que dizia "Seja Minha Namorada", comdois corações vermelhos unidos por uma flecha dourada. Dentro, havia

duas palavras escritas à tinta: "Amor, Mister".Olhei para Kathryn. Seu rosto estava voltado para o teto, os olhos

  bem fechados, lágrimas comprimiam suas pálpebras e rolavam fazendopequenos riscos em sua face envelhecida.

— Ninguém — sussurrou ela — ninguém jamais saberá o que esteministério custou para mim. Apenas Jesus.

Se eu tivesse permanecido naquele escritório, teria que tirar meussapatos, tão grande era o poder de Deus. Saí rapidamente, pela ante-sala,em direção ao corredor, e desci de elevador até a sala de espera. Se era

aquilo que significava a cruz para Kathryn Kuhlman, o que significaria

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para mim? Eu não estava pronto, naquele momento, para enfrentaraquela pergunta em minha própria vida.

Embora a decisão pela Califórnia tivesse sido tomada, o caminhonão seria nada fácil. Viajando sozinha, Kathryn foi primeiro para Franklin

e, depois, se empenhou em recomeçar sua vida. Ohio, Illinois, Indiana.Descendo pelo oeste da Virgínia. Em quase todos os lugares onde ia,encontrava a mesma resistência. As pessoas sabiam de Waltrip e doescândalo em Denver. Uma vez que a pessoa abate um albatroz, pareceque tem de usar a carcaça dele em volta do pescoço, e o fedor permanecepor muito tempo. Não há, escreveu Thoreau, nenhum odor tãomalcheiroso quanto o que se exala da bondade estragada.

Kathryn foi para o Sul. Virgínia. Carolina do Norte e do Sul. E, porfim, no final de 1945, chegou em Columbus, na Geórgia. Em todos oslugares, era a mesma coisa. Sua técnica não havia mudado. Mas agora,

como uma mulher de meia-idade, era um pouco mais difícil. Ela alugouum salão, colocou anúncios nos jornais, comprou um horário na rádio epassou a anunciar suas reuniões. As pessoas em Columbus responderam.Na terceira noite, o auditório da cidade estava cheio. Então alguém sentiuo cheiro do albatroz. Houve um telefonema para Denver e outro paraMason City, Iowa. Alguém telefonou para o jornal, e um repórter apareceupara entrevistar a evangelista cansada da batalha. Kathryn recusou-se afalar, o que foi a pior coisa que ela poderia fazer com a imprensa. O jornal,pressentindo uma história no ar, pôs-se a trabalhar. Dois dias depois,após a história ter sido transmitida para toda a comunidade, lá estava

Kathryn em um ônibus, a caminho do Norte. A hospitalidade no Sul nãofoi muito calorosa naquele outono.

Contudo, seus dias no deserto estavam quase no fim. E, emboraainda houvesse batalhas a serem travadas, Kathryn estava a um passo deuma reviravolta que até ela, com todos os seus sonhos e visões, nuncaimaginou ser possível. Como Moisés no exílio, cuidando de ovelhas ecabras, com o calor do deserto queimando todo o orgulho e egoísmo desua vida, a sarça de Kathryn estava prestes a arder. Logo chegaria o tempoem que ela ouviria a voz de Deus lá no meio das chamas de um milagre,dando-lhe novas instruções para a próxima fase de sua vida.

 Voltou para Franklin, na Pensilvânia, uma cidade com cerca de 10mil habitantes ao noroeste do estado, entre Pittsburgh e Erie. Foi em umdia de tempestade e frio de fevereiro, com uma nevasca castigando as ruasda cidade, que Kathryn desceu de um ônibus e foi até uma cabina tele-fônica a fim de telefonar para Matthew J. Maloney. Maloney, que era pro-prietário do Gospel Tabernacle, havia ficado impressionado com Kathrynem sua visita a Franklin antes para a reunião de duas semanas no famosoprédio onde o evangelista Billy Sunday conquistara sua notoriedade.Maloney liderava um colegiado no tabernáculo e a havia convidado a

  voltar a Franklin para outra série de reuniões num humilde prédiolocalizado na rua Otter, próximo ao centro da cidade.

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 A verdadeira razão por que Kathryn voltou para Franklin ainda éoutro dos muitos mistérios que giram em torno de sua vida. Talvez por tersido um dos poucos lugares onde ela havia pregado sem que alguémtivesse levantado a questão de seu casamento. Talvez porque a cidade eratão remota que quase não havia chance de descobrirem algo a respeitodela. Ou talvez porque Deus tivesse falado diretamente com ela. Ninguémsabe. Mas, no início de 1946, quase dois anos depois de Kathryn ter dadoas costas para Waltrip, ela desceu de um ônibus em Franklin paracomeçar o próximo capítulo de sua vida.

 As coisas iam bem. O velho templo contava com 1. 500 assentos eesteve cheio desde o começo. Encorajada por conta de sua boa acolhida,Kathryn começou a ampliar suas atividades. O rádio era o meio natural.

Na primavera de 1946, usando um elegante vestido preto, luvaslongas de pelica e um chapéu de Hattie Carnegie, Kathryn entrou no

escritório da estação de rádio WKRZ, próxima a Oil City. Disse àrecepcionista que queria ver Frank Shaffer, o diretor. Depois de ser levadaao pequeno escritório do homem, ela lhe disse, com firmeza maseducadamente, que estava ali para comprar um horário no ar. De acordocom Clarence Pelaghi do Oil City Derrick, Shaffer tinha um irritantehábito que testava a paciência das pessoas que falavam com ele. Devagar emeticulosamente, ele pegava seu cachimbo, colocava tabaco nele e,depois, o tragava lentamente tentando acendê-lo. Enquanto cumpria esseritual, ficava totalmente em silêncio, ignorando a pessoa em seuescritório, e concentrando toda a atenção em seu cachimbo.

Kathryn, do outro lado da mesa do indiferente radialista, resistiuao teste por um instante e então disse: "Jovem, você tem interesse em

  vender parte do tempo ou não? Não tenho tempo a perder. E não me venha com este teste; não será nada bom para você".

Shaffer foi pego de surpresa. Ele não estava acostumado compessoas que lhe falassem dessa forma, principalmente mulheres, e,sobretudo, mulheres interessadas em comprar um horário para atransmissão de um programa religioso. A maioria delas se sentia tãointimidada que acabava por sair da sala ou concordar em pegar qualquer

horário do dia. Shaffer colocou seu cachimbo no cinzeiro, puxou suatabela de preços e pôs-se a trabalhar.

  A equipe da emissora observava esta mudança com certo prazer.Embora não pudessem ouvir a conversa na cabina de controle, elespuderam ver pelas janelas de vidro e souberam, no mesmo instante, queShaffer havia encontrado alguém à sua altura.

Kathryn fez algumas perguntas relevantes quanto ao poder daemissora, à área que ela cobria e ao número de ouvintes. Insistiu emdeterminado horário todas as manhãs e o conseguiu. Deixou o escritório

sem falar em preço. Se Deus lhe tinha dito que levasse o programa ao ar e

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lhe havia dado o horário, ela deixaria que Ele se preocupasse com aquestão dos custos. Era uma conduta que ela adotaria pelo resto da vida.

Kathryn começou a fazer viagens diárias de Franklin para Oil City,cerca de 13 quilômetros de distância. A emissora de rádio ficava no ter-

ceiro andar do Edifício Veach. Antes de entrar no ar a cada dia, Kathrynconversava com Ruth Lytle, a secretária e contadora, e com outros mem- bros da equipe. Entretanto, tomava cuidado para manter seu passado emsegredo.

Kathryn gostava, principalmente, de seu apresentador, TedFinnecy, de Rouseville. Gostava da forma que ele a apresentava, dizendo:"Aquela jovem que todos vocês estavam esperando". Ela insistia para quea emissora de rádio tivesse à mão a gravação da introdução feita porFinnecy, para que, toda vez que ele não pudesse estar presente, ausassem, em vez de colocarem um apresentador substituto. Finnecy, que

era católico, sempre fazia o sinal-da-cruz antes de proceder àsapresentações. Contudo, sua seriedade terminava ali e, muitas vezes,durante a transmissão, ficava do outro lado do vidro imitando KathrynKuhlman, ridicularizando seus gestos e expressões faciais. Os outrosmembros da equipe às vezes explodiam de rir do lado de fora do estúdio àprova de som enquanto observavam Finnecy e Kathryn fazendo caretasum para o outro através do vidro.

Entretanto, a dramatização de Kathryn causou alguns problemasna rádio. O único microfone disponível era um microfone de mesa. Às

  vezes, Kathryn ficava entusiasmada durante sua apresentação e se apro-ximava tanto do microfone que parecia estar mordendo o equipamento.Isso levou o técnico a tomar uma atitude nervosa na tentativa de nivelar osom. O problema foi solucionado quando colocaram o microfone na outraponta da mesa e o parafusaram nela. Depois, a rádio arrumou ummicrofone com pedestal só para a dramática pregadora de Franklin.

Em pleno verão, a fama de Kathryn havia se espalhado, e ela, seassociado a uma estação de rádio em Pittsburgh — com as transmissões

 vindas de Oil City. Entretanto, mais fama causou problemas. Pessoas que-riam aproximar-se dela e, por não conseguirem fazê-lo nas reuniões no

tabernáculo, iam à estação de rádio. Elas se sentavam no saguão e obser- vavam Kathryn pela grande janela de vidro. Logo o saguão ficou tão cheioque o pessoal da rádio não pôde fazer seu trabalho. Quando algumas daspessoas começaram a reagir de modo emotivo, e até histérico, clamando aDeus em momentos de confissão ou chorando enquanto caíam sob aconvicção do poder de Deus, a emissora teve de barrar todos os visitantesdo estúdio.

Outro problema girava em torno da abundância decorrespondência. As cartas chegavam à emissora aos montes. Finnecy gostava de brincar com "Katie" por causa de suas belas pernas. Ele dizia

que ela deveria estar no palco, e não em um púlpito. Mas ele ajudava aselecionar a correspondência — muitas cartas continham dinheiro. Ao

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encontrar um envelope com moedas que retiniam lá dentro, ele o jogavade lado, dizendo a Kathryn: "Você não quer esta miséria, quer?".

Quando Kathryn anunciou no ar que havia acabado de rasgar seuúltimo par de meias de náilon (o náilon era muito raro após a guerra), a

rádio foi inundada de pacotes de meias de náilon que vinham de ouvintesgratos. O mesmo aconteceu quando ela uma vez deixou escapar que haviaperdido sua sombrinha. A equipe da estação de rádio ficou feliz por poder

 voltar ao normal quando ela, finalmente, mudou-se para Pittsburgh. Mastodos eles sabiam que nunca mais teriam outro programa tão eficientequanto o de Kathryn Kuhlman.

No entanto, antes de ela se mudar mais para o sul, para umacidade grande, ainda havia obstáculos a serem vencidos em Franklin emilagres a serem experimentados. Em diversas ocasiões, Kathryn pregousobre "cura", e coisas aconteceram. Ela sempre encerrava seus cultos com

apelos feitos do altar, convidando as pessoas a "nascerem de novo".Invariavelmente, o altar que ocupava toda a frente do prédio ficava cheiode pessoas de joelhos, que enchiam a plataforma e os corredores. A resposta era ainda maior quando tinha uma "fila de cura". Seguindo oexemplo dos conhecidos "curandeiros da fé" que percorriam o país, elapedia que todos os doentes fossem à frente e, depois disso, impunha suasmãos sobre a cabeça deles e pedia a Deus que os curasse. Os resultadosnão eram espetaculares, mas havia resultados. Algumas pessoas eramcuradas. E ninguém ficava mais surpreso, ou perplexo, do que a própriaKathryn. Ela estava determinada a descobrir mais coisas sobre a

manifestação física de Deus."Eu sabia, em meu coração, que havia cura", ela dizia. "Eu via a

evidência naqueles que haviam sido curados. Era real, genuíno, mas qualera a chave?"

Era a fé? Se fosse, que fé? Era algo que alguém poderia criar oudesenvolver em si mesmo? Era algo que poderia ser obtido por meio daprópria bondade ou condição moral? Era algo que poderia ser alcançadopor mérito ou barganha com o Senhor, ou por meio da benevolência? Eonde estava a fé? Na pessoa doente? Ou naquele que dirigia o culto de

cura? Na multidão de pessoas que o cercavam? Ou em uma combinaçãodos três? Certamente não dependia de capricho ou de acaso. Se Jesus deacordo com a Bíblia, curou todos os que foram levados a Ele, e se ordenouaos seus discípulos que fizessem obras ainda maiores que as dele, entãopor que não havia mais curas?

Quando Kathryn viu um anúncio de que um famoso "evangelistaque pregava a cura" iria realizar uma reunião numa tenda em Erie, eladecidiu ir. Embora tivesse fortes reservas com relação ao sensacionalismoque geralmente caracteriza tais reuniões, sabia que não ficaria satisfeita, amenos que participasse do culto. Talvez, quem sabe, ele tivesse encon-

trado o segredo para liberar o poder da cura divina aos doentes e aos queestavam à beira da morte.

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Foi uma experiência difícil para Kathryn. Uma das mais difíceis desua vida. Ela foi de carro, sozinha, a Erie, determinada a ficar no anoni-mato. A grande tenda estava localizada no extremo sul da cidade. As pla-cas, quando ela entrou no estacionamento, diziam: "Reavivamento demilagres. Visão para os cegos! Audição para os surdos! Poder

para ser próspero!"

Sentada em um dos últimos bancos, ela esperou. Ao subir aopúlpito, o evangelista apareceu como se tivesse sido lançado de umcanhão. Em um momento, ele se levantava e andava atrás do longo bancoque ficava atrás do púlpito. Em outro, saltitava na plataforma feito umsapo. O público estava em um frenesi, uma gritaria, e gemidos que quasefugiam ao controle. Kathryn, mais tarde, descreveu o ocorrido como um"pesadelo".

Durante o culto, ele leiloou pedaços de sua antiga tenda de

reavivamento, prometendo que elas trariam saúde e prosperidade àquelesque os usassem em seu corpo ou dormisse com eles debaixo do travessei-ro. Enquanto a reunião ficava mais intensa, o pregador começou a gritar,dizendo que sentia uma "magia", o que, segundo ele, era uma "unção doEspírito Santo" capacitando-o a impor as mãos sobre os doentes para quefossem curados. As pessoas na congregação amontoavam-se noscorredores, balançando de um lado para o outro. Quando a reunião estavano auge do frenesi, uma fila de cura foi formada. Essa fila camuflava anatureza aparentemente espontânea da reunião, pois cada pessoa quequeria estar nela havia recebido na entrada um número. Assim, Kathryn

percebeu, com desânimo, que as pessoas tinham de esperar, às vezes, pordias, para que seu número chegasse. Eram muitas as pessoas que estavamna fila. O evangelista passava por pessoa a pessoa na fila, verificando oscartões, batendo na cabeça delas e ordenando "Sejam curadas". Muitascaíam no chão. Outras gritavam e tremiam. Mas Kathryn não conseguiadeixar de perceber que os enfermos em estado mais grave eram tirados dafila de cura e levados a uma "tenda de inválidos", longe dos olhos curiososdo público. Embora algumas pessoas parecessem ser de fato ajudadas —talvez até curadas —, a grande maioria dos que haviam quebrado suasmuletas tinha de ser ajudada a sair da tenda por pessoas solidárias —

ainda incapazes de andar. Para eles, o pregador declarou que a fé queexpressavam ainda não era forte o suficiente; que eles deveriam voltar nanoite seguinte para receber mais do que acontecera ali.

 Ao falar sobre aquela noite, Kathryn disse: "Comecei a chorar. Eunão conseguia parar. O olhar de desespero e frustração que vi no rosto daspessoas ao ouvirem que sua falta de fé as estava afastando de Deusassustou-me durante semanas. Este era o Deus de toda a misericórdia egrande compaixão? Saí da tenda e, com lágrimas quentes rolando pelorosto, ergui os olhos e gritei: Eles levaram meu Senhor, e eu não sei ondeo colocaram'".

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 Anos mais tarde, Kathryn escreveu: "Não pude ver a mão de Deusna superfluidade do entusiasmo daquele homem, e vi o mal que estavasendo causado quando ele atribuía tudo à falta de fé por parte doindivíduo que não havia recebido a cura. Dentro de mim, eu estavaarrasada. Meu coração dizia que Deus podia fazer alguma coisa. Minhamente dizia que por meio da ignorância e da falta de conhecimentoespiritual havia gente trazendo vergonha ao que era sagrado, maravilhosoe acessível a todos. Nenhum pregador precisava me dizer que o poder deDeus era real... Eu tinha certeza desses fatos quando lia a Palavra deDeus. A Palavra estava ali, a promessa havia sido feita. A mente de Deus,sem dúvida, não mudara, e, obviamente, suas promessas não foramcanceladas. Acho que ninguém queria a verdade de modo mais ávido doque eu — nem a buscava com tanto afinco".

No entanto, Kathryn não encontrou a verdade que buscava na

tenda da cura. Essa verdade tinha de ser encontrada em algum outrolugar.

Felizmente, Kathryn aprendeu uma valiosa lição em seusprimeiros dias. Ela havia aprendido que a única maneira de encontrar a

 verdade era colocar-se com sinceridade na presença do Senhor e permitirque Ele lhe desse as revelações da Palavra. Assim, mais uma vez, recorreuà Bíblia para obter suas respostas.

"Quando Jesus morreu na cruz e exclamou: 'Está consumado', Elenão só morreu por nossos pecados, mas por nossas enfermidadestambém", ela me disse. "Precisei de vários meses para perceber isso, poisnão havia sido ensinada de que havia cura para o corpo na redenção deCristo. Mas então li em Isaías que 'ele foi transpassado por causa dasnossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades epelas suas feridas fomos curados'. Não tive outra escolha senão aceitarque Jesus morreu não só para abrir o caminho que leva ao céu, mas paraprover cura também.

"Eu sabia que se vivesse e morresse, e nunca visse um únicomilagre de cura como os apóstolos experimentaram no livro de Atos, issonão mudaria a Palavra de Deus", disse Kathryn. "Foi Deus quem afirmou.

Ele proveu-nos isso em nossa redenção no Calvário. Embora eu não tives-se visto com meus olhos terrenos, isso não muda o fato de que foi assim."

Fortalecida por este novo tipo de fé — não pela fé em curas, maspor uma fé em Deus —, Kathryn começou a pregar com um novo entusias-mo, concentrando-se na doutrina do Espírito Santo. De algum modo, elapercebeu que era o Espírito Santo que estava cumprindo a obra de Jesus.

No domingo, 27 de abril de 1947, Kathryn começou uma série deestudos sobre o Espírito Santo. Ela havia se deparado com uma verdade àqual recorreria pelo resto de sua vida.

"Vejo em minha mente as três pessoas da Trindade sentadas numagrande mesa de reuniões antes da terra ser formada. Deus, o Santo Pai,

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fala aos outros que, mesmo que criasse os homens para ter comunhãocom Ele, esse homem pecaria — e quebraria essa comunhão. A únicamaneira pela qual a comunhão poderia ser restaurada seria por meio dealguém que pagasse o preço pelo pecado. Caso outra pessoa não opagasse, então o próprio homem teria de continuar a pagar o preço naforma de infelicidade, doença, morte e, por fim, o inferno.

"Depois que o Santo Pai terminou de compartilhar, Jesus disse:'Eu irei. Assumirei a forma de um homem e descerei à terra para pagaresse preço. Estarei disposto a morrer em uma cruz para que o homempossa ser restaurado à perfeita comunhão conosco'.

Então Jesus virou-se para o Espírito Santo e disse: 'Mas não possoir, a menos que você vá comigo — pois você é o poder'.

O Espírito Santo respondeu: 'Você vai adiante. E, quando forchegado o tempo, eu me juntarei a você na terra'.

"Assim Jesus veio à terra, nasceu em uma manjedoura e chegou àidade adulta. Mas o Cristo em carne, mesmo sendo o Filho de Deus, nãoera todo-poderoso. Então, eis que chega aquele maravilhoso momento norio Jordão em que Jesus, emergindo das águas batismais, ergueu os olhose viu o Espírito Santo descendo sobre Ele na forma de uma pomba. Deveter sido uma das maiores emoções que Jesus experimentou enquantoandava na carne neste mundo. E é quase como se eu ouvisse o EspíritoSanto sussurrar em seu ouvido: 'Estou aqui agora. Estamos cumprindo

 bem a agenda. Agora as coisas realmente acontecerão'.

"E aconteceram. Cheio do Espírito, Jesus, de súbito, recebeu poderpara curar os doentes, fazer com que os cegos enxergassem e até res-suscitar os mortos. Era chegado o tempo dos milagres. Por três anos, elescontinuaram, e, então, no final, a Bíblia diz que ele expirou', e o Espírito

 voltou para o Santo Pai.

"Depois de Jesus ficar no túmulo por três dias, essa poderosapessoa da Trindade, o Espírito Santo, voltou. Jesus saiu do sepulcro comum corpo glorificado. Ele não mais operou milagres durante o curtotempo em que esteve aqui, mas fez aos seus seguidores uma grande

promessa — a maior de todas as promessas da Bíblia. Disse-lhes que omesmo Espírito Santo que habitava nele voltaria para habitar em todosaqueles que abrissem sua vida para o seu poder. As mesmas coisas queJesus havia feito, seus seguidores também fariam. Na verdade, coisasainda maiores seriam feitas, pois agora o Espírito Santo não estarialimitado a um corpo — mas estaria em todos, de todas as partes domundo, que o recebessem. "

Kathryn fez uma pausa. Ela nunca havia pregado assim antes. Erauma nova revelação. Uma nova verdade. Não obstante, essa verdade

  vinha diretamente da Bíblia. Kathryn tremia enquanto prosseguia: "As

últimas palavras que Jesus disse antes de partir foram: 'Mas receberãopoder quando o Espírito Santo descer sobre vocês'. Deus, o Pai, lhe havia

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concedido o dom. Agora ele o estava passando para a igreja. Toda igrejadeveria experimentar os milagres do Pentecostes. Toda igreja deveria veras curas do livro de Atos. O dom é para todos nós".

Espantada com o que havia dito, Kathryn saiu assim que o culto

acabou, deixando a ministração no altar a cargo de um grupo de homensque veio à frente para ajudar. Ela ficou acordada aquela noite, em seuquartinho no terceiro andar do Clube Empresarial de Mulheres, ondemorava; andando, orando e lendo sua Bíblia. Era como se estivesse aolado de Simão Pedro quando Jesus disse a ele: "Porque isto não lhe foirevelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus".

Na noite seguinte, ela voltou ao tabernáculo. O recinto estavacheio de rostos esperançosos. Todos os lugares nos longos bancos demadeira estavam ocupados. Quando ela entrou ressoava um alegrelouvor. As pessoas vinham com a expectativa de um milagre.

  Assim que Kathryn se pôs em pé para pregar, houve umainquietação no público. Uma mulher veio à frente. Ela estava com a mãolevantada.

— Kathryn, posso dizer uma coisa?

Kathryn olhou para ela. Uma mulher de aproximadamente 50anos, usando um terninho cinza e um chapéu de palha preto enfeitadocom uma florzinha branca. Carregava a bolsa na mão direita, mas acenava

com a mão esquerda. Kathryn disse:— Vamos, querida, é claro que pode dizer algo.

 A mulher foi à frente e ficou encarando Kathryn, separada apenaspor um longo cano, no qual a cortina do altar estava pendurada porpequenas argolas de bronze. Ela falou baixinho:

— Na noite passada, enquanto você estava pregando, fui curada.

Por duas vezes, Kathryn tentou dizer alguma coisa, mas nada saiu.Finalmente balbuciou:

— Onde você estava?— Sentada bem aqui na platéia — ela respondeu com um sorriso.

— Como você sabe que foi curada?

Se fosse de Deus, isso poderia resistir ao exame.

— Eu tinha um tumor — a mulher disse timidamente. — Ele foidiagnosticado por meu médico. Enquanto você estava pregando, algoaconteceu no meu corpo. Eu tinha tanta certeza de que havia sido curadaque voltei ao meu médico nesta manhã e tive a confirmação. Não há maistumor.

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Não houve nenhuma fila de cura numerada. Nenhuma imposiçãode mãos. Nenhuma oração. O milagre simplesmente ocorreu enquantoKathryn estava pregando sobre o poder do Espírito Santo.

Kathryn levou uma semana inteira para entender o que havia

acontecido. Então, no domingo seguinte, outro milagre aconteceu — ummilagre ainda mais impressionante. Em 1925, George Orr, um veteranoda Primeira Guerra Mundial — e um metodista por confissãodenominacional — havia se ferido em um acidente na empresa em quetrabalhava. Um respingo de metal fundido causou uma escoriação tãoséria na córnea de seu olho direito que ele foi, oficialmente, dado comocego. Seu oftalmologista, o dr. C. E. Imbrie, de Butler, Pensilvânia, disseque o olho estava permanentemente comprometido e que a cicatrizresultante na córnea era tão profunda que uma cirurgia não resolveria oproblema. Se fosse feita a cirurgia, eles teriam de remover o globo ocular.

Em março de 1947, Orr e sua esposa participaram de um doscultos no tabernáculo em Franklin. Nos dois meses seguintes, eles

  voltaram várias vezes para ouvir as pregações de Kathryn. No dia 4 demaio, saíram de Butler para participar do culto da manhã, viajando comum jovem casal que também estava interessado na ministração deKathryn. Kathryn ainda estava pregando sobre o poder do Espírito Santoe, durante o culto, declarou, sem rodeios, com base na mulher que haviasido curada no começo da semana, que a cura física era algo tão possívelhoje quanto a salvação espiritual.

  Algo aconteceu no íntimo de George Orr. Ele orou: "Deus, porfavor, cura o meu olho".

No momento seguinte, ele sentiu uma estranha sensação deformigamento no olho, como se algo estivesse passando por ele. Então, oolho começou a formar lágrimas. Na verdade, Orr ficou envergonhado pornão poder controlar o lacrimejar. Seu olho transbordava de lágrimas, eelas respingavam em sua jaqueta.

  Após o culto, com medo de contar a alguém o que lhe haviaacontecido, ele saiu confuso do tabernáculo e foi para o seu carro. Nocaminho de volta para casa, continuou a piscar o olho, uma vez que conti-

nuava a derramar lágrimas. Então, assim que passaram por uma colina,ele disse que o Sol pareceu irromper, de repente, em toda a sua glória.Cobrindo o olho que estava bom com a mão, ele gritou: "Posso ver! Posso

 ver tudo!".

George Orr, que há muito vinha recebendo uma indenização porcausa de sua cegueira, voltou ao culto em Franklin na terça-feira à noitepara dar seu testemunho.

 A sarça de Kathryn havia começado a arder.

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Capítulo 7

Pittsburgh

Era óbvio que Kathryn teria problemas com M. J. Maloney, queera proprietário do Gospel Tabernacle e responsável pelas finanças.Maloney não só estava dirigindo um ministério, mas administrando umnegócio. Administrar o Gospel Tabernacle era um bom negócio,principalmente se o proprietário tinha uma parte de todas as ofertas.

Ninguém na história do tabernáculo, nem mesmo Billy Sunday,havia atraído as multidões que Kathryn estava atraindo. Os milagrescomeçaram a acontecer. Sem dúvida, as ofertas aumentavam, uma vezque a multidão aumentava. Além disso, a correspondência de Kathrynmais que triplicara — graças ao ministério no rádio e às malas-diretas.Susan Miller, uma jovem secretária, era voluntária para ajudar Kathryncom a correspondência, que consistia em "cartas de oração", fotos deKathryn e um exemplar de um livrete que ela havia compilado, intituladoThe Lord's healing touch [O Toque de cura do Senhor ]. Maloney insistiaque seu contrato exigia que ele recebesse determinada porcentagem detoda a renda — inclusive daquela que procedia do ministério de rádio edas correspondências. Kathryn hesitava. De algum modo, não pareciacerto. Maloney ameaçava mover uma ação judicial. O palco estava armadopara a hora da verdade.

"Ele não é diferente do mágico Simão", Kathryn disse quandorelatou que Maloney ameaçava processá-la para obter mais dinheiro."Enquanto nossas ofertas eram normais, estava satisfeito. Agora que elasaumentaram, quer uma parcela maior. Deixe-o mover um processo.

 Veremos de que lado Deus está."

Mas Maloney era extremamente inteligente para mover uma açãono começo. Ele simplesmente derrubou as placas que anunciavam os cul-

tos de Kathryn Kuhlman e trancou as portas do tabernáculo. A despeitodo fato de possuiu Kathryn um contrato que lhe permitia o uso exclusivodo prédio, ele ainda era o proprietário. Quando a notícia chegou aKathryn de que suas placas estavam no chão e que alguns dos homens deMaloney montavam guarda nas portas para impedir a entrada de suacongregação, ela ficou furiosa.

— Temos um contrato — ela disse com lábios cerrados para opequeno grupo de homens que lhe havia dado a notícia. — Temos odireito legal de usar aquele prédio. Vamos ter um culto hoje à noitemesmo que tenhamos de arrombar as portas.

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O noroeste da Pensilvânia é uma área rural onde predomina aexploração de carvão, petróleo e ferro. Os homens que viviam ali foram osprimeiros colarinhos-azuis — poloneses e irlandeses. Brigar era tãonatural quanto comer. Na verdade, uma briga de punho nunca foiconsiderada imoral — a menos que alguém desistisse. Quando osseguidores de Kathryn perceberam que alguém estava tentandoaproveitar-se de sua "pregadora", o sangue deles começou a ferver.

— Só nos dê uma ordem, senhorita Kuhlman — disse um rapaztroncudo e musculoso. — Nós abriremos aquele prédio para você.

Kathryn era mestre em lidar com homens. Ela podia ler seuespírito. Sabia quando ser áspera, quando ser uma administradora rígida,quando ser gentil e feminina, e quando bancar a impotente.

— Ouçam, irmãos — ela disse —, uma mulher tem certaslimitações. Agora se eu fosse um homem...

— Não diga mais nada, senhorita — disse um homem com seus 60e poucos anos, com uma grande barriga e braços à altura. — Só apareça nohorário de sempre. Este prédio estará aberto.

Kathryn ficou em seu apartamento até a hora de sair para areunião — rindo e orando. Ela só queria poder estar lá para ver o queaconteceria. O que ocorreu foi uma briga de punho sangrenta, com ogrupo de Kuhlman saindo vencedor sobre o grupo de Maloney. Na

  verdade, o grupo de Maloney fugiu depois de ver alguns de seusintegrantes caírem no chão durante a briga. O grupo de Kuhlman então

pegou pés-de-cabra e, enquanto a grande multidão de pessoas que seaglomeraram para ver a briga (e participar da reunião) instigava e

  balançava lenços, quebrou os cadeados nas portas. Eles contaram comuma grande multidão naquela noite, com um bando de introdutoresorgulhosos que patrulharam o prédio durante o culto — não só à espera demilagres, mas de olhos bem abertos a fim de assegurar que o inimigo nãose infiltraria na área.

Kathryn então fez com que seus homens comprassem novoscadeados, fechassem as portas e se revezassem enquanto patrulhavam o

prédio para impedir a entrada dos homens de Maloney.Maloney revidou por meio dos tribunais. Em 4 de junho de 1948,

ele fez um depósito no valor de 500 dólares, e o juiz Lee McCracken emi-tiu um mandado preliminar que impedia Kathryn e seu pessoal de usu-fruírem do Gospel Tabernacle, em Franklin. No sábado, 5 de junho, asmanchetes do   Franklin News-Herald diziam: "Ação Judicial MovidaContra a Senhorita Kuhlman. Concedida a Ordem para Barrar a Evange-lista no Templo".

Kathryn estava de volta às primeiras páginas.

O mandado ordenava que os acusados, ou seja, Kathryn Kuhlmane outros (entre os co-acusados, estava George Orr, de Butler),

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entregassem as chaves dos novos cadeados a M. J. Maloney econsignatários do tabernáculo. Eles também foram intimados a não maisrealizar cultos no prédio até que o tribunal pudesse estudar o caso e adispensar seus "agentes que haviam ocupado, mediante a força,intimidações e ameaças, o interior do templo mencionado".

— Obedeceremos à lei — disse Kathryn. — Usamos o prédioenquanto tínhamos um direito legal. Agora, até que os tribunais digam ocontrário, ficaremos de fora. Mas vamos defender nossos direitos.

E foi o que ela fez. Kathryn contratou dois importantes advogadosde Pittsburgh, J. R. Heyison e Jason Richardson. Embora ela tenha ditouma vez que não moveria uma ação judicial para reivindicar seus direitos,neste caso ela moveu. Seus advogados entraram com uma ação exigindoque Maloney apresentasse um relatório contábil de todas as doações,dízimos e ofertas feitos ao tabernáculo e aos acusados desde 5 de fevereiro

de 1940 até a presente data. Eles tinham a intenção de provar que ele nãohavia movido uma ação contra a senhorita Kuhlman antes do crescimentodas ofertas. Os jornais continuaram a publicar o episódio nas primeiraspáginas.

Enquanto isso, mais de 2 mil pessoas que estavam com Kathryn sereuniram próximo ao Sugar Creek Auditorium e se comprometeram commais 10 mil dólares para a construção de um novo tabernáculo emFranklin. A quantia não incluía os 2.500 dólares que já haviam sido doa-dos para a compra de um novo órgão eletrônico Hammond. Uma novacomissão de consignatários foi eleita.

Maloney usou uma página inteira do  News-Herald  para contarsua versão da história. Ele afirmou que seus registros mostravam que otemplo havia pago US$ 60.680,32 à senhorita Kuhlman em "salários"pelos dois anos de suas ministrações. O restante das ofertas, afirmava,pertencia a ele.

No julgamento seguinte, que muitas vezes foi interrompido pormanifestações barulhentas, o advogado Richardson perguntou ao senhorMaloney se era verdade que ele havia pedido à senhorita Kuhlman 25% detodas as ofertas e que, quando ela não aceitou a proposta, ele trancou as

portas. Maloney praguejou em voz alta e disse: "Não". Os ouvintesadoraram.

Maloney então comprou mais um espaço no jornal para afirmarque a verdadeira razão por que ele havia trancado as portas a Kathryn eraque ela — tendo enriquecido graças aos pobres de Franklin — iria mudar-se para Pittsburgh. Ele disse, com muita propriedade, que Kathryn tinhaum contrato que a obrigava a realizar uma série de reuniões no Carnegie

 Auditorium, no norte de Pittsburgh.

Kathryn reagiu enviando um comunicado à imprensa. Uma vez

que seu programa de rádio na região de Pittsburgh tinha recebido umagrande aceitação, ela se sentiu na obrigação de realizar uma série de

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reuniões naquela região do dia 4 de julho ao dia 1º de agosto. Isso nãosignificava que ela estivesse deixando Franklin. Na verdade, afirmou, elaestava ultimando projetos para um novo templo. Ela continuaria arealizar os cultos em Franklin mesmo que seu ministério principalestivesse em Pittsburgh. Prosseguiu dizendo que, enquanto em Franklin,havia recebido, pelo menos, 150 convites para se estabelecer em outrolugar, mas que, em vez disso, havia comprado uma casa grande cujoproprietário anterior era o advogado John L. Nesbit, na rua Liberty.

 A batalha ficou cada vez mais acirrada ao longo do mês de junho.Maloney agendou uma reunião no antigo tabernáculo, mas só 75 pessoascompareceram. O pessoal de Kathryn, por outro lado, comprou a antigaárea de patinação do Sugar Creek, que ficava a cerca de 5 quilômetros deFranklin. Era uma boa construção, com um piso de madeira resistente. Omaior problema era o teto. As vigas estavam velhas e pareciam podres.

Mas os homens decidiram que as vigas podiam esperar e puseram-se atrabalhar para transformar o velho edifício em um templo. Só que, como já havia um tabernáculo em Franklin, eles denominaram o novo local dereuniões de "Templo da Fé". O número de assentos era quase o dobro doantigo tabernáculo e, já no primeiro culto, o templo ficou quase lotado —sobrando alguns espaços.

Uma semana depois, alguém bateu à porta do apartamento deKathryn. O delegado de polícia, à paisana, esperava no corredor. Ele seapresentou e perguntou se poderia entrar.

— Nesta manhã, minha delegacia recebeu documentos que compe-tem a mim entregar à senhora. É um pedido de divórcio feito no Arizonapelo senhor Burroughs A. Waltrip. A senhora é citada como ré.

Kathryn ficou em silêncio, com a cabeça abaixada. O fantasma deseu passado reapareceu bem no momento em que tudo estava concorren-do a seu favor.

O delegado estendeu a mão e tocou no braço de Kathryn.

— Minha delegacia normalmente comunica os nomes de todos osprocessos de divórcio pelo jornal local. No entanto, venho participando de

seus cultos e estou convencido de que Deus a enviou para este municípiomarcado por crimes para cumprir um propósito especial. Esta é a razãopor que estou entregando estes documentos pessoalmente. A não ser

 vocês dois, não há necessidade de ninguém saber o que aconteceu. Deus aabençoe em seu ministério entre nós. Estou à sua disposição.

O delegado se virou para ir embora, quando Kathryn estendeu amão e segurou o seu braço. Por um instante, seus olhos se encontraram.Ele sorriu, e ela balançou a cabeça.

— Eu lhe serei grata pelo resto da vida — ela disse baixinho.

Quase sete anos depois, um jornal em Akron, Ohio, descobriu odivórcio de Kathryn e publicou a notícia na primeira página. Mas, dessa

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  vez, o ministério de Kathryn estava tão bem estabelecido que nenhumacalúnia do passado poderia prejudicá-lo. Ela sabia, no entanto, que só ummilagre poderia salvá-la se, em 1948, a história chegasse aos jornais emFranklin. Até a morte do delegado, vinte e três anos depois, Kathryn man-dou flores para ele em seu aniversário. Ela nunca se esqueceu dele e doseu generoso gesto.

Quando Kathryn mudou-se para Franklin, foi morar no quartinhodo terceiro andar do Clube Empresarial de Mulheres. Não fazia muitotempo que ela havia conhecido duas mulheres que teriam uma grandeinfluência em sua vida. Uma delas era Jesse Vincent, e a outra, EveConley. Ambas eram viúvas. Jesse trabalhava no banco, em Franklin, eEve, cujo marido farmacêutico falecera havia pouco tempo, morava comela. Nenhuma das duas era cristã, embora estivessem fascinadas com oministério e a personalidade de Kathryn, participando da maior parte

possível dos cultos no templo.Eve era uma grande cozinheira, e as duas decidiram convidar

Kathryn para ir a sua casa no Dia de Ação de Graças de 1946. Após o jantar, Kathryn disse:

— Vocês pensam que me trouxeram aqui, mas não foram vocês.  Vim por causa de um convite muito maior do que o de duas mulheresmaravilhosas. Deus enviou-me aqui para ministrar a vocês, e não vou medar por satisfeita, a menos que vocês duas fiquem de joelhos, confessandoseus pecados e pedindo para nascer de novo.

— Fale-nos sobre seu Jesus — disse Eve, séria.Nos vinte minutos seguintes, Kathryn estudou a Bíblia com elas,

mostrando as passagens que provavam que Jesus Cristo era o Messiasprometido, o Filho de Deus.

— Não há outro caminho para Deus — Kathryn disse baixinho —senão por meio de Cristo. Vocês estão prontas para entregar agora suas

 vidas a ele?

  Ambas balançaram a cabeça e pularam da cadeira para o chãoacarpetado. Kathryn juntou-se a elas, de joelhos, e testemunhou enquanto

elas entravam no reino de Deus.Logo depois disso, Kathryn foi morar com elas. Quando Jesse

  Vincent morreu, ela deixou seus bens para Kathryn, grande parte em  jóias. Era o começo de uma grande coleção de jóias preciosas eantigüidades que, anos mais tarde, se tornariam o fundamento para outramanchete nos jornais. Muitas pessoas faziam a Kathryn grandes doações,ou pessoalmente ou em testamento. Uma senhora agradecida resumiu ossentimentos de milhares. "Eu teria pago tudo em despesas com médicos ehospital. Assim, já que fui curada nas reuniões de Kathryn, por que nãofazer a doação a ela?". Era uma questão válida, mas isso não aliviou asacusações feitas contra a senhorita Kathryn ao longo dos anos por ela ser"abastada". Eve Conley continuou com Kathryn, trabalhando como sua

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secretária e confidente pessoal, assistida por Susan Miller, que aindadedicava parte do seu dia para ajudar com a correspondência.

Durante essa época, Kathryn vinha se correspondendoregularmente com outra mulher, Maggie Hartner, que havia conhecido

em Pittsburgh anos antes. Uma vez que trabalhava na companhiatelefônica em Pittsburgh, Maggie podia fazer ligações interurbanas a umataxa reduzida. Ela ligava quase todas as noites, encorajando Kathryn a

 voltar a Pittsburgh a fim de realizar outra série de reuniões.

— Todas as pessoas que conheço ouvem você na WPGH — disseMaggie. — Tudo o que você teria de fazer é anunciar que realizaria umculto, e o local ficaria lotado.

Kathryn finalmente cedeu. Foi examinar o Carnegie Hall. O senhorBuffington, o zelador, mostrou-lhe o prédio.

— Olhe — Kathryn disse —, eu gostaria de muitas cadeiras aqui naplataforma. Este lugar vai encher logo.

— Ih, senhorita Kuhlman, nunca enchemos este auditório — disseo zelador. — Nem as estrelas da ópera conseguem enchê-lo.

— Bem, quero a plataforma cheia de cadeiras — ela disse, virando-se para sair pela porta. Ela deu meia-volta e olhou para o zelador. — Ah,Deus o ama! Você está preocupado comigo, não está? Bem, espere e verá.

 Vamos ter o maior e melhor culto que este prédio jamais viu.

Kathryn estava certa. O primeiro culto foi na tarde de 4 de julho de

1948. O prédio estava tão cheio que ela teve de realizar outro cultonaquela mesma noite, que também chegou à sua capacidade.

Desde o começo, houve milagres. O jornal de Pittsburgh publicouuma página inteira com a reportagem, incluindo um esboço feito por umartista do que Kathryn agora chamava seus cultos de milagres. O repórterdisse:

  A senhorita Kuhlman não vem de uma igreja reconhecida; alegaser uma mensageira da doutrina da fé em Deus. Contudo, noite apósnoite, ela enche o Carnegie Music Hall. Centenas de pessoas enchem os

corredores externos para ouvir alguns fragmentos de suas palavras,enquanto outras centenas foram embora [... ]. Ela é a combinação de umaoradora e uma atriz; uma cantora e uma evangelista [... ]. Quando oshinos são cantados, sua voz se destaca e fica nítida entre a multidão...

Desde sua associação com Helen Gulliford, a músicadesempenhou um importante papel no ministério de Kathryn. Logodepois de vir para Franklin, ela entrou em contato com Jimmy Miller, quetocava piano para Jack Munyon em Pittsburgh. Ansioso, Miller aceitou aproposta de Kathryn para ser seu pianista. Mais tarde, o organista deMunyon, Charles Beebee, também juntou-se a ela. Ambos estavam nos

instrumentos quando ela veio a Pittsburgh pela primeira vez em 1948 — eambos continuaram ao seu lado até sua morte.

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Kathryn expandiu seu ministério de rádio depois de voltar paraFranklin, transmitindo seus programas de meia hora para Ohio, Virgínia,Maryland e Washington, D. C. Os cultos no Templo da Fé continuaramdiariamente, mas, por causa da expansão do ministério, Kathryn começoua realizar cultos em muitas das cidades vizinhas: New Castle, Butler,Beaver Falls e no Stambaugh Auditorium, em Youngstown, Ohio.Entretanto, cada vez mais, Kathryn era atraída para Pittsburgh, realizan-do regularmente cultos no Carnegie Hall.

Os milagres continuaram a acontecer. Paul R. Gunn, um jovempolicial de Pittsburgh, foi levado para um hospital local no dia 28 desetembro de 1949 com pneumonia viral. Uma dor no pulmão foidiagnosticada como câncer após uma broncoscopia e exames de saliva eraio X. Em outubro, ele começou a freqüentar os cultos no Carnegie Hall.No quarto culto, disse que sentiu como se um fósforo tivesse tocado fogo

em um pedaço de papel dentro de seu peito. Em dezembro, o médico queo acompanhava liberou-o para trabalhar, e ele voltou ao trabalho em janeiro de 1950.

James W. McCutcheon foi outro milagre. Três anos antes, eleestava em pé em uma viga quando esta foi atingida por uma escavadoraem Lorain, Ohio. Ele foi lançado ao chão, e a junta de seu quadril foiesmagada. Fez cinco cirurgias sem sucesso. A última, um enxerto ósseo,foi igualmente frustrada. Os médicos recomendaram ainda outra cirurgia.McCutcheon estava de muletas quando entrou no Carnegie Hall em 5 denovembro de 1949. Sua filha, sentada ao seu lado com a mão no joelho do

pai, mais tarde disse que sentiu passar pelo seu braço algo como umacorrente elétrica que saía da perna do pai durante a pregação da senhoritaKuhlman. Ele se levantou de onde estava sentado e saiu andando sem oapoio de suas muletas. A cura foi instantânea.

Os jornais de Pittsburgh reportaram muitos desses milagres. E,embora tivessem muito a dizer sobre aqueles que não eram curados, eles,na maioria dos casos, reportavam os milagres também.

"A cada noite, alguns iam além do mundo físico que conheciam",escreveu um repórter para o Pittsburgh Press. "Na sexta — a noite da cura

—, havia uma jovem de Canton, Ohio, que fora ali para orar pedindo alíviopara uma terrível separação. Ela foi até o púlpito e ajoelhou-se ao lado doórgão para orar em gratidão.

"Um garotinho de 5 anos, que diziam ser aleijado de nascença,desceu cambaleando pelo corredor com as próprias pernas e ergueu os

 braços para que a senhorita Kuhlman visse.

"Uma mulher que dizia estar em uma cadeira de rodas havia dozeanos foi andando até o púlpito e chorou diante de todos ao microfone. Seumarido estava ao seu lado, com lágrimas descendo pelo rosto...

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"Para cada um que havia declarado uma cura, muitos outros saíamdesfalecidos em direção à escuridão, tão infelizes e desconsolados comoquando haviam chegado. Mas a maioria voltará."

Um que continuou a voltar — por cinco meses antes de receber a

cura — foi Charles C. Loesch. Ferido em um acidente havia quatorze anos,seu sacroilíaco havia calcificado, levando-o a andar em uma posiçãocurvada, inclinado para a frente do quadril de um modo estranho. Uma desuas pernas era quase 8 centímetros mais curta do que a outra, por issoele tinha de usar um sapato especial com uma sola embutida. Ele sofriauma constante dor desde o acidente.

Os filhos do senhor Loesch incentivaram-no a freqüentar os cultosde milagres em Pittsburgh e em Franklin. Nada aconteceu ao seu corpo,mas, ao voltar para casa do primeiro culto, ele virou na pia toda bebidaalcoólica e jogou fora seus cigarros — nunca mais voltou a beber ou a

fumar. Entretanto, continuou a voltar aos cultos de milagres. Quanto maisele ia, mais se esquecia de seus próprios problemas, concentrando suasorações naqueles que estavam piores do que ele.

Então, em uma tarde, no Templo da Fé, sentado com um grandegrupo de homens no púlpito enquanto a senhorita Kuhlman pregava, suaperna começou a tremer. O tremor fazia seu calcanhar bater no chãocomo um martelo automático. A senhorita Kuhlman parou de pregar nomesmo instante e se virou.

— O que é isso? — ela perguntou em voz alta.

Envergonhado, Loesch só pôde curvar-se para segurar sua pernaque tremia desenfreadamente, tentando impedi-la de bater no chão.

— O senhor está sendo curado — exclamou a senhorita Kuhlman.Então, voltando para a platéia, ela disse: — O poder de Deus está naquelehomem.

Era de fato o poder de Deus. Após o culto, Loesch descobriu quesua perna havia crescido, e que suas costas estavam soltas e flexíveis.

Era o começo de uma lealdade de vinte oito anos à senhoritaKuhlman, na qual ele abriria mão de tudo para segui-la, tornando-se seumantenedor, motorista e ajudante geral.

Durante a semana, Kathryn e Eve Conley ficavam no Pick Roosevelt Hotel, em Pittsburgh. Elas voltavam a Franklin para os cultosde domingo. Maggie Hartner, que agora passava dois dias da semanatrabalhando para Kathryn (ela tinha emprego na companhia telefônica),continuou a pressionar, implorando que Kathryn se mudasse paraPittsburgh.

— Não posso, Maggie — Kathryn respondeu. — Simplesmente nãoposso. Você não entende. Estas pessoas compreenderam-me, amaram-me

e aceitaram-me quando nenhuma outra pessoa no mundo me queria.

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Devo a elas minha vida. O teto do Templo da Fé teria, literalmente, dedesabar para que eu cresse que essa seria a vontade de Deus.

Na última semana de novembro de 1950, o oeste da Pensilvâniasofreu a maior nevasca de sua história — mais de 1 metro de neve em três

dias. Um grande culto de ação de graças estava planejado no Templo daFé. O congestionamento chegava a centenas de quilômetros. Mas, mesmoque as estradas estivessem livres, não haveria culto algum. O pesoacumulado da neve sobre o teto do antigo prédio foi excessivo para as

 vigas apodrecidas. No Dia de Ação de Graças de 1950, o teto do Templo daFé desabou.

Três semanas depois, Kathryn comprou uma casa em Fox Chapel,um subúrbio de Pittsburgh. Essa seria a sua casa até o dia de sua morte.

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Capítulo 8

Tendas e Templos

 A tendência de Kathryn de provocar controvérsias acompanhou-aaté Pittsburgh. No início da primavera de 1951, suas reuniões no CarnegieHall estavam sendo atacadas por pastores enfurecidos e líderes eclesiás-ticos que diziam que ela estava "roubando ovelhas'' das igrejas locais.

Kathryn reagiu dizendo que não estava roubando ovelhas, mas ali-mentando cordeiros que estavam morrendo de fome.

Isso deixou os ministros ainda mais determinados a lidar com sua"rival". Eles foram ao gabinete do prefeito para reclamar de que, comoKathryn vinha realizando reuniões no auditório municipal todas as noiteshavia mais de seis meses, tinha de fato transformado a propriedademantida pelos impostos que eles pagavam em uma igreja. Mas o prefeitode Pittsburgh, David Lawrence (que, mais tarde, foi eleito governador doestado), veio a ser um dos amigos e mantenedores mais leais de Kathryn.Católico romano, deu instruções para que Kathryn permanecesse noCarnegie Auditorium até quando quisesse. Ela ficou ali por vinte anos.Mas, nesse ínterim, a controvérsia ficou mais acirrada.

  A revista feminina Redbook designou a repórter de Pittsburgh,Emily Gardner Neal (que depois ajudou a escrever o livro   Eu creio emmilagres, da senhorita Kuhlman), para averiguar a situação. A históriadecorrente pôs Kathryn no caminho da notoriedade por todo o país. Emum prefácio inédito do editor para a história de sete páginas, a  Redbookdisse:

  A maravilhosa história de Kathryn Kuhlman foi algo que os edi-tores da  Redbook abordaram com muitas dúvidas. Nenhuma dúvida

relativa à "cura pela fé" de algum tipo, todavia, poderia ofuscar o fato deque coisas surpreendentes estavam acontecendo nos cultos evangelísticosda senhorita Kuhlman em Pittsburgh. Por quatro meses, escritores epesquisadores investigaram os restabelecimentos e curas. Se osinvestigadores da  Redbook erraram, foi pelo lado do ceticismo. Mas, àmedida que eles questionaram e examinaram, a incredulidade original doeditor cedeu a uma convicção de que era preciso publicar os fatos...

Sem dúvida, foi difícil obter declarações de médicos. Embora ummédico não faça objeção a descrever o progresso de um paciente sob taiscircunstâncias, normalmente se recusa a atestar a cura pela fé porconsideração à cautela da profissão médica...

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  A revista Redbook tem em seu poder os seguintes documentosconfidenciais: vinte atestados de pessoas que declararam ter sido curadas;quatro declarações de eclesiásticos que apóiam o ministério de KathrynKuhlman; duas cartas de funcionários públicos; quatro cartas deindenização de operários; duas declarações de homens em campos ligadosao trabalho médico e seis exames médicos e radiográficos.

C. M. Clark, especialista em audiofonia de Pittsburgh, afirmou emuma carta: "De fato, vimos a milagrosa cura operada por Deus em umasurda-muda que repetiu as palavras usando gestos labiais e sons guturaise nasais que ela nunca havia experimentado".

Esta revista, por conseguinte, chama a atenção dos leitores paraesta reportagem, cuja integridade foi checada de todas as formaspossíveis, convencida de que as pessoas que têm fé, ou esperança,encontrarão aqui uma mensagem de profundo significado interior.

  A despeito da declaração da Redbook de que poderia provar quemuitos dos que freqüentavam os cultos de milagres haviam sido curados,os críticos de Kathryn contestaram ainda mais. Pela primeira vez em suacarreira, a teologia de Kathryn, e não a sua pessoa, estava sendo atacada.Era uma guerra totalmente diferente.

  A investida mais maldosa aconteceu no verão de 1952. A convitede Rex e Maude Aimee Humbard, uma família de evangelistas itinerantesde Arkansas, Kathryn foi a Akron, Ohio, para uma série de reuniões no

grande templo erigido pela família Humbard na Triplett Boulevard, pró-ximo ao aeroporto de Akron. Os Humbards eram bem conhecidos emOhio, embora seu ministério fosse itinerante. Com Rex e sua esposa,estavam o pai e a mãe Humbard, que vinham pregando há mais de qua-renta anos, e o irmão de Rex, Clement. Kathryn, sem dúvida, já era famo-sa em toda a região por causa de seus abrangentes programas de rádio edos grandes cultos que vinha realizando diariamente no Stambaugh

 Auditorium, na cidade vizinha de Youngstown.

O que Kathryn não sabia é que ela havia invadido a toca do mais

famoso pregador fundamentalista do Norte, Dallas Billington, do TemploBatista de 1 milhão de dólares de Akron. Billington havia sido ordenadoministro batista em uma pequena igreja em Murray, Kentucky, em 1924.Logo depois, o fervoroso pregador, em conluio com vários outrosministros batistas — incluindo John R. Rice e J. Frank Norris da PrimeiraIgreja Batista de Ft. Worth, Texas — começaram um destrutivo ataque àConvenção Batista do Sul, dizendo que ela se tornara liberal. Uma vez queo ataque ficou mais feroz, alguns pastores deixaram essa convenção eformaram uma livre aliança de igrejas batistas independentes cujoprincipal objetivo parecia consistir em atacar liberais, católicos, os que

curavam pela fé e pastoras. Na verdade, um dos livros mais conhecidosque circulavam na época foi escrito por John R. Rice, intitulado  Bobbed 

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hair, bossy wives and women preachers [Cabelos curtos, esposasmandonas e mulheres pregadoras].   A Billington, um ex-operário quenunca pôde ser acusado de fugir de uma briga, foi concedido um diplomateológico — Doutor em Bibliologia — pela Primeira Igreja Batista de Ft.

  Worth, Texas. Ele se mudou para Akron em 1925 a fim de estabelecer oTemplo Batista de Akron. Durante vinte e sete anos, formou uma dinastiasobre a qual reinava como monarca absoluto na próspera cidade da

  borracha. A chegada do grande templo da família Humbard, quecomportava mais de 15 mil assentos e, ao mesmo tempo, acolhia "aquelamulher que curava pela fé", Kathryn Kuhlman, era o mesmo que balançaruma bandeira vermelha diante de um touro furioso. Kathryn estavametida na briga de sua vida. Dessa vez, ela não estava enfrentando ummedíocre M. J. Maloney, mas o mestre da tacada, Dallas Billington.

Billington não perdeu tempo para sair de sua toca. Ele tinha a

intenção de tirar Kathryn de cena. Esperava com um golpe só livrar-sedela e dos Humbards. Como Casey, ele, por fim, tomou seu rumo, masnão antes de desferir muitos golpes impactantes, que deixaram todos em

 Akron abatidos.

No domingo, 10 de agosto de 1952, Kathryn fez sua primeira pre-gação, falando para mais de 15 mil pessoas, que lotaram o grande templo.Muitos chegaram antes das 5 horas naquela manhã a fim de conseguirlugar para o culto das 9 horas, que passou do meio-dia.

No dia 15 de agosto, Billington revidou. Em uma matériapublicada e estampada na primeira página do  Beacon Journal de Akron,o bombástico pregador oferecia 5 mil dólares a quem — homem oumulher — provasse que havia curado alguém por meio da oração.

"Fiz minha oferta para enfatizar minha convicção de que não háfraude maior nos Estados Unidos, seja no jóquei, na corrida de cachorrosou no jogo do bicho, do que os assim chamados curandeiros divinos denossos dias. Tenho uma classe de surdos-mudos em minha congregação,e, se Kathryn Kuhlman aparecer no templo no domingo e os fizer ouvir edesprender a língua deles para que possam falar, a deixarei realizar umculto em meu templo todo mês, durante o ano todo, de graça. "

Billington, que publicamente acusou Kathryn de ter sido treinadasegundo os escritos de Aimee Semple McPherson, afirmou: "Não se achaem nenhum lugar o poder da cura divina concedido para ser ministradopor alguma mulher. As mulheres têm seu lugar por direito, mas colocaruma no púlpito é antibíblico".

Billington estava seguindo a linha expressamentefundamentalista, uma linha que ele mesmo havia ajudado a popularizar,como um dos pregadores mais poderosos e bem-sucedidos de sua época.Nunca houve nenhuma indicação de que ele estivesse atacando a pessoa

de Kathryn, embora, depois, tenha subido no púlpito e "exposto" Kathryncomo uma mulher divorciada. Ele sentia que tinha um direito divino de

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advertir as ovelhas de que havia um lobo à espreita nos arredores dacidade.

Kathryn, lembrando-se de suas vitórias em Franklin,entusiasmada com o sucesso de seu ministério em Pittsburgh e em

  Youngstown, e, incentivada pelos milhares que se levantavam parasustentá-la, animou-se e "mandou fogo".

"Estou por aqui há sete anos e acho que minha vida e ministériofalam por si sós", disse ao jornal. "Em nenhum momento ou lugar, fizuma declaração dizendo que já havia curado alguém. É o poder de Deusque faz isso. Siga em frente e publique o que o dr. Billington disser. Ele vaidividir sua igreja à vista de todos. "

  A resposta foi instantânea. O departamento de distribuição do  jornal reportou que a demanda por jornais extras só ficou atrás dospedidos anuais que chegaram de todas as partes do país na época do SoapBox Derby  2 — um evento anual pelo qual a cidade de Akron é famosa.Cartas de milhares de leitores chegavam à redação do jornal e aoescritório de Kathryn no Carlton House, em Pittsburgh.

Rex Humbard, que jamais esperara aquele tipo de batalha dealguém a quem considerava um "irmão no Senhor", estava espantado como acontecimento. Ele chamou Kathryn para liberá-la do compromisso depregar no domingo seguinte, se assim o desejasse.

— Ninguém gosta menos de expor nossa roupa suja em público doque eu — ela disse. — Vamos agüentar firme. Estarei lá no domingo de

manhã quando o relógio soar.Não só Kathryn estava lá no domingo, como também mais de 20

mil pessoas para ouvi-la. Sem querer, Billington havia dado a Kathryn eaos Humbards mais publicidade do que o dinheiro que eles tinham parapagá-la.

De volta a Pittsburgh, Kathryn começou a preparar sua defesa.Maggie Hartner, agora trabalhando em tempo integral, estava sendoauxiliada por duas irmãs, Maryon Marsh e Ruth Fisher. Como muitasoutras, Ruth e Maryon eram cristãs sem muita convicção quando

participaram de seu primeiro culto de milagres em 1950. Entretanto,depois de Ruth ser curada de uma grave enfermidade na coluna que afazia entrar e sair de hospitais durante a metade de sua vida, as duastornaram-se firmes — com Deus e com o ministério de Kuhlman. Ruthcomeçou a ajudar Maggie a ministrar entre as pessoas durante os cultosde milagres, e Maryon foi trabalhar no escritório como datilografa (Ruth,mais tarde, juntou-se a ela como membro da equipe).

 Além dos cultos de domingo em Akron, Kathryn estava realizandocultos alternados de milagres em New Castle, Youngstown e Butler, alémde um estudo bíblico regular nas terças-feiras à noite em Pittsburgh e seu

2 Soap Box Derby — Corrida de carros criada em 1946, na cidade de Mission (N. T. ).

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grande culto de milagres, toda terça-feira, no Carnegie Hall. Ruth eMaryon eram musicistas e perceberam a necessidade de ter um corodurante os cultos. Ambas organizaram um conjunto de mulheres solteirasno porão da casa de Ruth e se apresentaram em alguns cultos. Vendo anecessidade de um coro, Kathryn então entrou em contato com o dr.

  Arthur Metcalfe, o distinto dirigente do Coro Mendelssohn, emPittsburgh. Ela o convenceu a acompanhá-la como dirigente de seu coro.Foi uma das melhores coisas que fez. O dr. Metcalfe dedicou mais de vintee três anos ao ministério antes de morrer de um infarto um ano antes damorte de Kathryn.

Outro membro da "equipe de Pittsburgh" de Kathryn era seucontador, Walter Adamack. Já quase na idade de se aposentar, Adamack era, em muitos sentidos, como o pai de Kathryn. Ele desconfiava depregadores e instituições religiosas. Quando ouviu falar do ataque de

Billington contra Kathryn, ele soube que havia se colocado do lado certo.Era um guerreiro e não usava meias-palavras quando alguém atacavaaqueles a quem era leal. Ele representava grande parte daquilo a queBillington se opunha. Kathryn gostava dele. Ela gostava dele porque eleera sincero e ousado. Ele passou a ser o guardião das finanças de Kathryn.Mais tarde, a ajudou a criar sua fundação e várias empresas paralelas. Eraum dos amigos e conselheiros mais confiáveis de Kathryn — e umprecioso auxílio quando ela entrou na briga com Billington.

  Assim, fortalecida por uma boa equipe e milhares de amigos queescreviam cartas e telefonavam, Kathryn preparou-se para o próximo

round da batalha entre a tenda e o templo.De volta a Akron para o culto de domingo, Kathryn levou consigo

muitas pessoas, todas voluntárias, para dar testemunho de curas físicas.Duas delas, ela disse aos repórteres que se amontoavam em volta dopúlpito antes do culto, conheciam muito bem os testes de cura do dr.Billington. Seus nomes eram Jacob Hess e sua esposa, Sarah, ambos com66 anos de idade, surdos-mudos de nascença. A audição da senhora Hesshavia sido parcialmente restaurada, e ela podia falar, embora não deforma articulada. O senhor Hess estava começando a articular ruídos. Porintermédio da filha de 13 anos, que agia como intérprete diante damultidão que, mais uma vez, ultrapassava a marca de 20 mil, o casaldeclarou que Deus os havia curado em um culto de milagres emPittsburgh. A senhora Margaret Richardson, uma amiga de 70 anos docasal, disse que havia crescido com eles e que poderia testificar a antigacondição e a cura dos dois.

O outro caso de Kathryn era Priscilla Boyco, uma mulher de 38anos que trabalhava em um escritório, que disse que era aleijada denascença. Afirmou que havia sido examinada pela equipe de um hospitalde Pittsburgh e agora estava andando normalmente.

Então, depois de pedir à grande congregação que desse as mãosenquanto os conduzia em uma oração especial por Billington, Kathryn

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disse que estava pedindo ao pastor que "colocasse seu dinheiro ondeestava sua boca". Sua proposta era que Billington depositasse os 5 mildólares na conta especial de um terceiro e que um conselho imparcial depastores e leigos fosse apontado para decidir o caso com base naevidência. Se vencesse, ela doaria o dinheiro ao Fundo Unido de Akron.

Billington, por outro lado, fez algumas contrapropostas. Retirandoalgumas das declarações mais fortes que fizera no início, disse que queriaque as pessoas de Akron soubessem que ele cria na cura divina. Era comos curandeiros divinos que ele não concordava. Conseqüentemente,insistiu dizendo que Kathryn tinha de fazer uma declaração sob

 juramento de que as curas aconteciam especificamente por causa de suasorações.

Kathryn nunca havia declarado que suas orações curavam.

Então, quando a discussão estava prestes a chegar no limite,apareceu uma história na primeira página do jornal de Akron revelandoque uma equipe de repórteres havia pesquisado o passado de Kathryn edescoberto que ela havia se casado com um evangelista divorciado haviamuitos anos.

Kathryn explodiu. Aquilo não era jogar limpo. Por quase sete anos,ela havia se livrado daquele antigo escândalo, mas ali estava ele,levantando sua cabeça horrível novamente quando ela achava que haviatido uma vitória.

Quando Robert Hoyt, do Beacon Journal de Akron, a entrevistou,

ela negou ter sido casada.— Nunca fomos casados. Nunca fiz os votos do matrimônio — ela

disse com os olhos piscando. — Você sabe o que aconteceu? Eu lhe direi.Eu desmaiei — perdi totalmente a consciência — pouco antes de fazer os

 votos.

Balançando o dedo rente o rosto do jovem repórter, ela gritou:

— Esta é a verdade, que Deus me ajude.

— Temos uma cópia de seu requerimento de casamento — Hoyt

insistiu.— Se assinei o requerimento de uma certidão de casamento é

porque me pediram que o assinasse. Não me lembro de ter assinado nada. Além disso, não acredito que faria alguma diferença o fato de eu ter sidocasada ou não. E isso é tudo o que tenho a dizer.

Era muito triste o fato de Kathryn e Billington trazerem sua brigaa público, para total alegria de todo o mundo não-cristão. Contudo,infinitamente pior era o fato de a batalha não ter limites éticos. Elapassara agora a ser um problema de ordem pessoal, contra a pessoa de

Kathryn. Aquela velha sombra de seu passado, que ela queria tão

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desesperadamente deixar para trás, continuava a reaparecer paraatormentá-la.

  Anos mais tarde, Kathryn contou-me uma pequena história queajuda a explicar, de certo modo, por que havia negado, com tanta

  veemência, seu casamento com Waltrip. Muito tempo atrás, ela haviadecidido, ao que parecia, que a melhor maneira de encarar uma situaçãodesagradável era simplesmente fingir que ela não existia — e seguir emfrente.

"Eu estava pregando em uma pequena igreja em Nova Jersey", eladisse, "e me encontrava na casa de um dos membros da igreja. Lembro-me muito bem disso porque era a semana da eleição em que FranklinRoosevelt concorria ao seu terceiro mandato como presidente [1940].

"A senhora Arma, minha anfitriã, tinha uma amiga íntima que eramuitos anos mais velha que ela. Ela era uma mulher grande e distinta,totalmente contrária à reeleição do senhor Roosevelt para um terceiromandato. Juntamente com uma amiga, estavam envolvidas em umacampanha para tentar detê-lo. Seu marido era um homem abastado, e elahavia investido milhares de dólares nessa campanha.

"Na noite da eleição, ela estava completamente esgotada por causada pressão psicológica e do esforço físico. Eram quase 19 horas quandoseu marido disse: 'Vá para a cama. Quando os últimos resultados apare-cerem, eu chamo você'.

"Ela se recolheu, confiante de que Roosevelt seria derrotado e que

acordaria para fazer uma grande comemoração."Roosevelt venceu com uma vitória esmagadora. O telefone tocou

na casa da senhora Anna; era o marido da mulher, que ainda estavadormindo. Ele disse: 'Anna. Venha aqui logo. Roosevelt venceu, e, quandoeu disser isso a minha esposa, ela morrerá. Ela terá um infarto e morrerá.

 Venha logo e ajude-me a contar isso a ela'.

"A senhora Anna disse: 'Kathryn, volto logo. Mas não sei quantotempo isso levará'.

"Minha anfritriã mais tarde me contou o que aconteceu. Eram 2horas quando ela entrou na sala, andando na ponta dos pés, com saisaromáticos. Havia tomado todas as precauções para evitar que a senhoraidosa tivesse um colapso.

"Ela acordou e viu Anna ao seu lado. Anna? O que aconteceu? Nós vencemos?'

"A senhora Anna, com os sais aromáticos na mão, aproximou-seda velha amiga e disse: 'Sinto muito, mas o senhor Roosevelt cumpriráseu terceiro mandato'.

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"A distinta senhora sentou-se na cama. Com a cabeça erguida e onariz mais empinado do que nunca, ela disse: 'Anna! Anna! Vamos agircomo se isso nunca tivesse acontecido'.

"E, até o dia de sua morte, ela nunca mais discutiu o assunto com

ninguém. Nunca reconheceu o fato de que Roosevelt estava no poder.Simplesmente agia como se isso nunca tivesse acontecido. Seu coraçãocontinuou a bater direitinho, e nem um nervo de seu corpo foi afetado. "

Kathryn concluiu a história e então, inclinando-se em minhadireção, expressou seu ponto de vista:

— Esta é uma das maiores lições que já aprendi. Não se passa umasemana, acredite, que não me aconteça algo que me deixe extremamentepreocupada. Posso ficar em frangalhos. Lidar com vidas humanas é otrabalho mais difícil do mundo. Acredite! Mas, muitas vezes, tenho feito oque aquela distinta senhora fez. Digo a mim mesma: "Kathryn, aja comose isso nunca tivesse acontecido". É a melhor maneira de aceitar a dor e afrustração.

Com certa percepção, pude entender, de algum modo, por que Ka-thryn se sentia absolvida ao fingir que nunca havia sido casada — e simu-lar ser mais jovem do que realmente era. (Ela também disse aos repór-teres de Akron que tinha seus 30 e poucos anos quando, na verdade, jácomemorava seus 40 ou 50 anos. ) De certo modo, para ela, considerava-se como tendo seus 30 anos. E, de algum modo, usando a mesma lógica,ela nunca fora casada. Como a amiga da senhora Anna, simplesmente agia

como se isso nunca tivesse acontecido. Ainda que Billington tivesse mencionado o divórcio de Kathryn do

púlpito, ele não se estendeu nesta questão. Para seu crédito, não fazia um jogo sujo. Ele achava que estava certo e que poderia vencer a batalha semusar de golpe baixo. No dia 28 de agosto, ele estipulou a última sexta-feirapara sua oferta de 5 mil dólares para alguém que pudesse provar queeram as orações de Kathryn que curavam.

"Depois do meio-dia, na sexta-feira, 29 de agosto, retiro a oferta edeixo o caso para que o público decida quem tem sido honesto e quem

tem sido o impostor na questão da cura divina", disse ele, em uma entre- vista à imprensa.

Kathryn percebeu que as regras do jogo, de algum modo, haviammudado. Ela nunca declarou que suas orações curavam. Tudo o que fez foirelatar o que o Espírito Santo estava fazendo em suas reuniões. Elaconversou sobre a questão com os Humbards e decidiu que não tinhaoutra escolha senão seguir em frente e lançar mão de seu melhor recurso.

Na sexta-feira, 29 de agosto, às llh05, pôs uma fita, gravada pelasenhora Hess, para rodar na emissora de rádio WCUE, em Akron. BillBurns, da rádio KQV, em Pittsburgh, realizava a entrevista com a senhoraHess. A idosa senhora testificou que era muda até 1948, quando começou

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a freqüentar os cultos realizados pela senhorita Kuhlman. Após o terceiroculto de milagres, ela percebeu que podia ouvir e falar.

 Ao mesmo tempo, Maggie Hartner estava ocupada em Pittsburgh.Ela foi ao escritório do dr. B. E. Nickles para buscar uma carta escrita à

mão, endereçada a Robert Hoyt, do  Beacon Journal, de Akron, na qualdizia que a senhorita Priscilla Boyko era aleijada de nascença, passara poruma série de cirurgias ao longo dos anos e andava com um sapato maisalto até ter recebido a cura em um dos cultos de milagres de Kathryn. Omédico disse que ele examinava a senhorita Boyko de vez em quando,desde o dia 9 de setembro de 1950, mas que nunca havia tratado doproblema "por causa da impossibilidade física de tratar a perna, com seusconstantes espasmos musculares involuntários, que deixavam a pacienteem um estado muito debilitado. Entretanto", ele disse, "vi sua perna, quenão movia pé, tornozelo, joelho, começar a ter movimento. Sua circulação

no pé e na perna aumentou consideravelmente".Por motivos profissionais, o dr. Nickles pediu que seu nome não

fosse mencionado no jornal, mas concordou em ratificar suas declaraçõespessoalmente, se necessário.

Maggie entregou em mãos a carta ao jornal de Akron antes doprazo final de meio-dia do dr. Billington.

No dia seguinte, Billington declarou que Kathryn não havia seapresentado. Em um artigo na primeira página, ele disse: "A senhoraKuhlman (ele insistia em chamá-la de senhora Kuhlman) provou,

conclusivamente, ao deixar de pegar os 5 mil dólares, que havia assumidoo papel de uma curandeira divina. Estipulei um prazo final para minhaoferta só para desafiá-la a vir a público".

O pastor concluiu que ele havia cumprido seu objetivo e que agoraestava retirando sua oferta. "Eu me dispus a provar para o público que oscurandeiros divinos são mais mafiosos do que os bicheiros. "

Ninguém venceu. Billington saiu de campo, e Kathryn ficoudesgastada. Foi, como sempre acontece quando os cristãos tentamresolver questões espirituais diante de um público de incrédulos, um

fiasco."Eu não queria o dinheiro", Kathryn disse a Rex Humbard. Apenas

queria convencer o dr. Billington de que o evangelho que ele declarapregar é verdadeiro e que o Deus que ele declara amar é um Deus demilagres e de maravilhas. "

Na semana seguinte, percebendo a futilidade do que havia tentadofazer, Kathryn tentou reparar o erro cometido. No domingo à tarde, elafez uma visita especial ao Templo Batista de Akron e à casa do dr.Billington, na tentativa de encontrá-lo e expressar seu amor e arrependi-mento pelo que havia acontecido. Ele não estava disponível para vê-la.

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"Pelo que sei, nunca houve ressentimento pessoal entre mim e odr. Billington", ela disse. "Ele me desafiou, e tudo o que fiz foi defendermeu ministério".

Em uma entrevista à imprensa pelo telefone, ela disse a John

  Waters, do jornal de Akron, o seguinte: "Tudo isso nunca deveria teracontecido. Agora é ridículo. Para um homem ou mulher alicerçados nafé, isso é uma boa lição. Mas, para aqueles que são fracos na fé, receio queisso possa levá-los a perdê-la e ser condenados eternamente. É anti-cristão o fato de duas pessoas que se declaram ministros do evangelho,que pregam a mesma Bíblia, que crêem em Jesus Cristo como o Filho doDeus vivo, comportarem-se do modo como esta questão foi conduzida".

Quando Waters perguntou a Kathryn por que ela aceitara a ofertade Billington, ela hesitou e então disse: "Reluto em expor o assunto nova-mente, uma vez que já causamos tanto mal. Mas, em resposta à sua per-

gunta, tive de aceitar aquele desafio por não ser só Kathryn Kuhlman queestava sendo desafiada, mas milhares de cristãos e igrejasdenominacionais que crêem e praticam a cura divina. Se eu não aceitasseo desafio, o dr. Billington teria dito que eu era uma charlatã e que nãopoderia apresentar nenhuma evidência de cura".

Então ela deu seu golpe de misericórdia: "Sabe, os mesmosmilagres que aconteceram em meus cultos aconteceriam nos do dr.Billington se ele incutisse fé no coração das pessoas".

  A despeito de todos os erros de Kathryn ao longo da desastrosa

  batalha, sua conclusão continua inquestionável. Naquele domingo, maisde 400 pessoas responderam ao apelo no templo da família Humbard,declarando que queriam entregar a vida a Cristo. Quatro vieram à frenteno Templo Batista de Akron.

Entretanto, nem tudo estava perdido. Uma das observações deBillington que tocaram em um ponto fraco foram suas críticas à famíliaHumbard. "Tenho observado que todos os curandeiros divinos trabalhamlonge de casa e nunca estabelecem um trabalho permanente em lugaralgum". Rex e Maude Aimee Humbard decidiram ficar em Akron,fundando o Templo do Calvário e, mais tarde, a Catedral do Amanhã.

Reconhecendo o poder que o Espírito Santo tem de curar e salvar, suaigreja cresceu e se tornou uma das maiores e mais dinâmicas de todo omundo.

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Capítulo 9

Por Trás das Portas Fechadas

Poucas personalidades públicas conseguiram manter em segredoseus negócios tão bem quanto Kathryn Kuhlman, embora afirmando comtanta graça que sua vida era um livro aberto.

"Respondo a todas as perguntas que me são feitas", ela dizia. "Nãoacredito que exista ninguém no campo religioso hoje que seja maistransparente ao responder perguntas do que eu. Eu abro a minha almapara vocês."

Contudo, quando lhe perguntavam sobre sua idade, sua saúde, sua  vida devocional particular ou sua riqueza pessoal, ela ria e respondia:"Todos me conhecem. Sabem tudo a meu respeito. Entro em um táxi, e omotorista me diz: 'A senhora não é Kathryn Kuhlman? Minha esposa e euassistimos ao seu programa todas as semanas'. Na semana passada, ocomandante do avião foi até onde eu estava sentada só para me dizer quesua esposa havia sido curada em uma de nossas reuniões no santuário.Não tenho segredos. Todos me conhecem".

E, com isso, quem fazia a pergunta sorria, balançava a cabeça e

seguia seu caminho. E só muito tempo depois, quando parava paraexaminar o que Kathryn havia dito, era que descobria que elaintencionalmente não havia dito nada — e ainda assim feito a pessoa sesentir um rei.

No final, no entanto, ficou óbvio que, embora o mundo inteiro aconhecesse, poucos sabiam de algum fato sobre ela, e ninguém realmentea conhecia. Até sua companheira mais chegada e mais íntima ao longo dosúltimos trinta anos de sua vida, Maggie Hartner, que de tanto convivercom Kathryn tornou-se parecida com ela, admitiu que, em muitas áreas,

Kathryn era uma estranha.E, ao que parece, ela queria que fosse assim. A despeito de suasugestiva ingenuidade — "Não tenho segredos" —, ela, evidentemente,tinha muitos. Era uma empresária esperta quando o assunto era revelarinformações pessoais ou financeiras até para aqueles próximos a ela.Conhecia a natureza humana como poucos e percebeu que grande parteda curiosidade era fruto de motivos impuros. Assim, ela se resguardavaem suas respostas. Descobriu, logo no início de seu ministério, que poucaspessoas reagem a uma desculpa agradável.

Contudo, o modo como dirigiu as coisas no escritório da fundaçãofrustrou para sempre seus defensores mais enérgicos.

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Em minha primeira visita ao escritório de Kathryn no CarltonHouse, em Pittsburgh, no final de 1968, fiquei espantado com a aparente"ineficiência" na administração do escritório. Por exemplo, emborarecebesse milhares de cartas por semana (o diretor de uma agência docorreio de Pittsburgh disse que o volume de cartas que Kathryn recebia sóficava atrás do da U. S. Steel), ela se recusava a usar um abridor de cartasautomático. Suas secretárias sentavam-se às mesas, rodeadas por enor-mes pilhas de cartas, abrindo envelopes com espátulas manuais. Leveimais de uma semana para descobrir que, por trás de uma enorme pilha decartas sobre uma mesa hexagonal bem no canto da sala, estava uma belasecretária, chamada Connie Siergiej. Connie era a pessoa que geralmenteatendia o telefone, e, um dia, no escritório, reconheci sua voz que vinha docanto da sala. Olhando por sobre a pilha de cartas, eu a encontreiempenhada, abrindo envelopes com uma espátula de aço inoxidável,selecionando o conteúdo das cartas e as colocando em pilhas bem-feitas

no chão ao seu lado.Quando ingenuamente sugeri que a senhorita Kuhlman precisava

de um abridor de cartas automático, Connie deu um sorriso largo e disse:"Todos aqui no escritório são máquinas automáticas. Nós não pensamos;apenas fazemos. A senhorita Kuhlman pressiona nosso botão, e nósfuncionamos".

Foi uma confissão que, mais tarde, percebi ser muito mais precisado que a maioria queria admitir. Conversei com várias pessoas quehaviam visitado o escritório da fundação e muitas disseram a mesma

coisa: "Robôs! Todos são robôs lá. Eles falam como a senhorita Kuhlman.Eles riem como a senhorita Kuhlman. Eles não têm permissão para terproblemas pessoais nem ter uma vida pessoal. Estão tão programados quenem precisam dela por perto para dar ordens. Eles não pensam. Apenasseguem o padrão de comportamento para o qual ela os programou".

Se os seus críticos não foram capazes de distinguir entre a servidãomecânica e a extrema lealdade, só quem sabe são aqueles que trabalha-ram para ela. Nunca houve dúvida alguma quanto à lealdade daqueles quegerenciavam seu escritório. O desejo de Kathryn era literalmente umaordem para eles. Quando Maggie Hartner uma vez pensou em mudar seucorte de cabelo, bastou um único não de Kathryn para Maggie continuarcom o coque que usava havia vinte anos.

Essa lealdade ficou patente depois da morte da senhoritaKuhlman. "Não devemos mudar nada", disse Maggie, referindo-se aotrabalho da fundação. "Continuaremos como se ela ainda estivesse aqui".

Uma de suas secretárias, em pranto, me disse que elas vinhamseguindo os mesmos procedimentos havia tantos anos que se sentiamculpadas por fazer algo diferente do que a senhorita Kuhlman teria feitose estivesse ali. "Na verdade", aquela mulher disse, "todos esperamos que

a senhorita Kuhlman entre por aquela porta a qualquer momento. E nãogostaríamos de ser flagrados fazendo algo que ela não aprovaria".

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Isso aconteceu seis meses depois da morte de Kathryn.

 Assim, após sua morte, o pessoal do escritório — Maggie, Maryon,  Walter Adamack — deu seqüência ao trabalho da fundação. A fundaçãoera como uma locomotiva sem o maquinista, passando às pressas pelos

trilhos, atravessando pontes, cruzando passagens de nível, enquanto otráfego de automóveis obedientemente esperava atrás das cancelas desegurança que retiniam, faróis acesos e rodas gastando os trilhos — massem idéia do lugar para onde estava indo, do que faria depois de chegar aodestino, ou de onde viria o combustível. Tudo porque o maquinista haviaesquecido de deixar instruções antes de sair da cabina.

David Verzilli, "pastor auxiliar" de Kathryn, que pregava em Youngstown quando ela não estava lá, percebeu que não havia nenhum péno acelerador e desatou os últimos vagões de passageiros que levavamaqueles que se reuniam semanalmente no Stambaugh Auditorium. A 

separação final dos fiéis da "pastora" Kuhlman do restante da fundaçãofoi uma dor necessária. Na verdade, foi uma das mudanças que Kathrynpreviu quando ainda viva. O único fato que parecia caracterizar o trabalhoda fundação era a "rotineira imutabilidade". Poderia de fato sercomparada a um poderoso trem troando pelos trilhos com Kathrynpisando no acelerador. Seu destino estava planejado, e não havia tempopara virar-se para o lado a fim de cheirar as flores ou mesmo parar paraconversar com as pessoas que estavam em pé ao longo dos trilhos,acenando com apreciação.

Kathryn uma vez me disse que mantinha seu escritório como faziacom sua posição teológica. "Descobri algo que funciona e jamais voumudar".

No início de seu ministério, ela era conhecida como uma pessoaaberta a mudanças. Vários de seus primeiros colaboradores costumavamobservar que a marca da grandeza de Kathryn era sua capacidade deflexibilizar sua teologia. "Ela sempre queria aprender coisas novas acercade Deus", disse-me um homem. Mas, em seus últimos anos, sua teologiaficou mais conservadora. "Não mudei minha teologia em vinte anos", elauma vez me afirmou. "Por que deveria mudá-la?"

Era uma boa pergunta, mas eu me achava despreparado pararesponder porque eu não estava no controle como Kathryn.

Quando observei que havia participado de um culto de pequenosmilagres na sala de estar de Richard e Rose Owellen, em Baltimore, quehavia sido igual a um culto de milagres de Kathryn Kuhlman, exceto emtamanho e intensidade, ela sorriu. "Tudo o que Dick e Rose sabem sobre oEspírito Santo, eles aprenderam comigo. E esta é a razão por que a teo-logia que eles usam é correta. É igual à minha".

David Wilkerson comparou a senhorita Kuhlman com o general

  William Booth, fundador do Exército de Salvação, um homenzarrão quefalava alto e não tinha paciência com aqueles que não acreditavam na

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maneira em que fazia ou se dispunha a fazer a obra de Deus. Era com essamesma inflexível veemência que Kathryn conduzia seu ministério eadministrava seu escritório. "Não mudarei meus princípios teológicosnem meus métodos", dizia dogmaticamente.

"Quero manter o toque pessoal", a senhorita Kuhlman me dissequando lhe perguntei sobre os abridores de cartas automáticos. "Noinício, eu mesma abria todas as minhas correspondências. Agora nãotenho tempo para isso. Mas não quero que as pessoas pensem que,quando escrevem para Kathryn Kuhlman (ela muitas vezes referia-se a simesma na terceira pessoa), suas cartas serão abertas por uma máquina".

Contudo, havia uma estranha inconsistência nisso. Pois, emboraas cartas fossem abertas à mão, a maioria delas era respondida por umamáquina. Havia uma sala nos fundos do escritório da fundação repleta demáquinas elétricas IBM. Kathryn havia ditado várias respostas-padrão,

para as cartas que incluíam, em grande parte, perguntas feitas pelosremetentes. Essas respostas eram programadas no computador. Se umacarta precisava de algum tipo de resposta "especial", ela seguia para outrapilha, para ser respondida por Maryon Marsh, Maggie Hartner ou outrapessoa do escritório. Mas sempre havia cartas que eram respondidas pelaprópria senhorita Kuhlman.

Embora muitos outros ministérios e organizações usassem osmesmos procedimentos, a senhorita Kuhlman esforçava-se para manter otoque pessoal selando os envelopes com as próprias mãos. E, por maisincrível que parecesse, ela assinava toda a correspondência a ser enviada.

Foram muitas as vezes em que o malote de correspondência ficavatão pesado que a senhorita Kuhlman (ou Maggie, na ausência de Kathryn)recrutava — ou melhor, ordenava — os serviços de alguém que apareciano escritório para ajudar a abrir cartas e colar selos. Ainda está viva emminha memória a cena do dr. Arthur Metcalfe, aquele musicista querido,

  bem-apessoado e distinto, sentado no tapete no canto do escritório,lambendo os selos e colando-os nos envelopes.

"É um esforço de equipe", ele dizia com um sorriso. "Quando acarga fica pesada, todos ajudamos a levantá-la."

Essa mesma autoridade mística sobre as pessoas era visível emmuitas outras situações. A primeira vez que ela falou em Charlotte,Carolina do Norte, foi atendendo ao convite da FGBMFI para umaconvenção regional. A reunião foi realizada no salão de bailes da antigaEstalagem da Casa Branca, com mais de 1. 500 pessoas presentes. Um dospastores anfitriões, Alfred Garr, também era o solista de destaque doculto. Ao terminar de cantar, ele se sentou na primeira fileira, quase aospés de Kathryn. Al Garr é o pastor da maior igreja pentecostalindependente do estado da Carolina do Norte, uma igreja que leva o nome

de seu pai, que foi o primeiro a trazer o pentecostalismo para a região dePiedmont, nos Estados Unidos. Ele é um homem de renome e altamente

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respeitado em Charlotte. Mas Kathryn não era de respeitar pessoas. Elacomeçou seu sermão dizendo: "Que não haja um ruído neste salão. Nemum sussurro. Que o Espírito Santo fale". Todas as cabeças estavamcurvadas, e Al Garr começou a orar baixinho, bem baixinho (na verdade, aoração era tão tímida que aqueles de nós que estávamos sentadospróximos à pregadora no púlpito não ouvíamos). Mas Kathryn nãohesitou em interromper o culto para corrigi-lo. Sem olhar para baixo, elasimplesmente baixou seu braço fino, apontou o dedo na direção dohomem e disse: "Eu falei nem um sussurro!".

E houve silêncio! Mesmo os responsáveis pelo evento nãoocupavam a primeira posição quando Kathryn Kuhlman estava presente.E por mais que seus métodos fossem incomuns, ninguém duvidava de suasinceridade nem questionava sua autoridade em questões espirituais.

 A despeito da reconhecida autoridade espiritual de Kathryn, ainda

existe até hoje um mistério com relação à sua vida devocional pessoal.Ninguém, ao que parece, sabia alguma coisa sobre este aspecto de sua

 vida. Embora ela cresse que a Bíblia era a perfeita Palavra de Deus — e sedenominasse uma fundamentalista (bem como uma pentecostal: "Sou tãopentecostal quanto a Bíblia") —, não obstante, durante seus últimos anos,havia pouca evidência de que ela passava algum tempo em particularestudando a Bíblia. Ela se encheu do conteúdo do Livro por mais dequarenta anos, e, dado o ritmo frenético no qual vivia depois de 1972, seu

  velho amigo Dan Malachuk provavelmente estivesse certo ao suspeitarque ela fazia a maior parte de seu estudo bíblico em público.

"Kathryn não tinha tempo para estudar antes de pregar", Dandisse. "Ela lia no púlpito, preparando sua absorção espiritual no momentoda ministração que viria a seguir."

Em seus primeiros anos, ela fazia longas anotações para seus ser-mões, usando um esboço detalhado que, obviamente, era fruto de umprofundo e intenso estudo da Bíblia. Esses esboços eram escritos à mão, eela normalmente pregava fazendo uso deles. Mais tarde, Maryon Marshpassou a datilografar suas anotações em fichas de 7cm x 12cm ou de 10cmx 15cm, as quais Kathryn guardava em sua"caixa de idéias", uma pasta

surrada qtie ela carregava consigo para todas as reuniões.Kathryn muitas vezes fazia declarações públicas de que não lia

outros livros senão a Bíblia. Durante os últimos três anos de sua vida, issoprovavelmente aconteceu. Entretanto, sua mesa estava cheia de cópiasgrifadas de livros de Andrew Murray e Jessie Penn Lewis sobre assuntoscomo oração, obediência espiritual e batalha espiritual. De interesse aindamaior eram os sermões impressos de Norman Vincent Peale que descobrina última gaveta de sua mesa. Peale e Kuhlman pareciam dois extremos,mas ela obviamente admirava o famoso pastor e, em um momento ououtro de sua vida, provavelmente extraiu lições da excelente capacidade

que ele tinha de contar histórias.

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  Até Maryon Marsh, no entanto, admitiu que, durante os últimosanos de sua vida, Kathryn quase não preparou nenhum material —usando várias vezes os mesmos esboços, muitas vezes desconexos,tornando-se repetitiva e vagando por caminhos já bem trilhados. Isso eraum grande contraste, comparado aos primeiros anos de seu ministério,quando suas pregações eram dinâmicas, muitas vezes inflamadas, e seusestudos bíblicos freqüentados até pelos mais cultos da comunidade.

Seus longos discursos pareciam incomodar poucos. E se, comoDan sugeriu, ela precisasse usar a primeira hora do culto para preparar-seespiritualmente, ninguém se queixava. O preço era válido.

Esta teoria, que Malachuk e outros projetaram, foi confirmadapelo fato de que, durante os últimos anos do ministério de Kathryn, seus"sermões" (na verdade, não eram sermões em um verdadeiro sentidohomilético) ficavam cada vez mais longos — às vezes chegando a uma

hora e meia. Um exemplo clássico foi o último sermão que ela pregou. Foino grande Shrine Auditorium, em Los Angeles, três dias depois de seuregresso de Israel. Ela estava fisicamente exausta e não havia tido tempopara dormir, muito menos para orar.

"Não vou pregar hoje", ela garantiu à multidão. "Só vou falar dezminutos e depois vamos passar para o culto de milagres. "

Mas, depois de fazer os anúncios, Kathryn continuou a falar pormais de uma hora. Nenhum dos presentes sabia que ela estava, naqueletempo, muito doente. Na verdade, estava morrendo. Contudo, percebe-

ram — muitos deles — que Kathryn não ousava começar o culto de mila-gres antes que houvesse uma unção de Deus. Sem essa unção, ela nãotinha outra escolha senão continuar a falar, a pregar para si mesma, sobreo poder de Deus e orar para que o poder se manifestasse logo. Ela estavausando o tempo para preparar-se espiritualmente.

Não só parecia haver falta de estudo bíblico nos últimos anos deKathryn, mas também oração. Ela disse àqueles poucos que tiveram co-ragem de perguntar-lhe a respeito disso que ficava "em oração" o tempotodo.

"Aprendi o segredo de Paulo de orar sem cessar", ela disse aorepórter de um jornal que teve a ousadia de perguntar por que nunca seretirava para orar. "Aprendi a conversar com o Senhor em qualquer mo-mento, em qualquer lugar. Oro em secreto enquanto estou no avião, nocarro ou andando na rua. Oro sempre. Minha vida é uma oração.Entendeu?"

  Alguns entendiam. Dentre eles, Ruth Fisher, uma das antigasparceiras de Kathryn. Uma mulher muito espiritual, que investia muitotempo em oração disciplinada e no estudo da Bíblia. Ruth era sensível aofato de que Kathryn simplesmente não se encaixava no molde

convencional de devoções pessoais. Ela compartilhou comigo uma

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história que Kathryn lhe contara uma vez, que me deu um grandediscernimento sobre o raciocínio de Kathryn.

"Sonhei uma vez", Kathryn disse, "com três pessoas ajoelhadas.Todas estavam esperando Jesus passar por elas. Assim que o Senhor

chegou, Ele parou e abraçou a primeira pessoa. Quando foi ter com asegunda, gentilmente pôs a mão sobre o ombro dela. Mas, ao passar pelaterceira pessoa de joelhos, apenas sorriu e continuou a andar.

'Alguém disse ao Mestre: O Senhor deve amar mais a mulher queabraçaste do que aos outros.'

'Não, vocês não entendem', ele disse com delicadeza. 'A pessoa queabracei precisa de mais encorajamento. Ela está fraca na fé. Aquela emquem dei um tapinha no ombro está mais forte. Mas a terceira, para quemsimplesmente sorri, é forte. Não preciso me preocupar com ela, pois estásempre comigo.'"

 A despeito dos comentários de Kathryn de que vivia "em oração",houve momentos em que se retirava e agonizava em oração. Estouconvencido de que ela literalmente orava na hora de dormir todas asnoites — indo para a cama com o Espírito Santo. Qualquer pessoa que jáhavia estado com ela nos bastidores do Shrine Auditorium, ou a vistoandar pelo corredor atrás do antigo Carnegie Hall em Pittsburgh, ou nos

  bastidores de centenas de auditórios antes de subir à plataforma, sabiaque era uma mulher de muita oração. De acordo com Maggie Hartner eoutros, ela muitas vezes voltava exausta para casa, depois de um culto de

milagres, e caía no chão aos prantos.O primeiro culto de milagres do qual participei foi em 1968.

Depois de pelejar para conseguir andar por entre mais de 2 mil pessoasque enchiam o Carnegie Hall, cheguei empurrado à entrada do palco e me

  vi em um pequeno corredor por trás dos bastidores que acompanhava alargura do prédio. Os parceiros de Kathryn estavam em cada canto dohall, cuidando para que ninguém a incomodasse. Ela estava andando, deum lado para o outro, ora com a cabeça para cima, ora com a cabeça para

 baixo, ora com os braços para o alto, ora com as mãos cruzadas nas cos-tas. Seu rosto estava coberto de lágrimas, e, quando ela se aproximava, eu

podia ouvi-la: "Terno Jesus, não retires de mim o teu Espírito Santo".  Virei-me e corri, pois senti que havia me intrometido na mais

íntima de todas as conversas entre duas pessoas que se amavam, e minhasimples presença era uma abominação.

Mais tarde, depois de ter estado com ela em muitas ocasiões,comecei a perceber que minha presença, ou a de qualquer pessoa, não aintimidava. Às vezes, ela interrompia sua oração, conversava alegrementecom quem precisava vê-la ou dava algumas instruções sobre o coro ou ailuminação, e depois, mais que depressa, se virava e continuava sua

conversa com o Senhor.

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Eu estava com ela em Tel-Aviv, em Israel, no grande estádioesportivo no final de 1975. Seria sua penúltima aparição pública.Encontrava-se doente e cansada, mas passou mais de uma hora e meia emum túnel escuro sob a plataforma andando e orando, de olhos abertos, deolhos fechados, com o rosto banhado em lágrimas. Acima dela, a músicado Living Sound — instrumentos e vozes — por todos os lados era o

  barulho da multidão de estrangeiros, movendo-se, inquieta, pessoas demuitos grupos lingüísticos. Acima de tudo, estava a inquietação de Israel.Uma nação em tormento e em guerra, lutando para continuar viva em umambiente hostil. Na noite anterior, uma mulher da Finlândia havia morri-do no local, durante o culto de Kathryn, e isso a abalara profundamente. A polícia israelense fizera muitas perguntas. Perguntas demais. E assim elaandava e orava — tentando, desesperada, tocar a orla das vestes doSenhor. Suplicando para que não tivesse de subir àquele palco sem ele.Sabendo, lá no seu íntimo, que todas aquelas coisas que ela havia dito

sobre si mesma eram verdadeiras. Ela não era nada. Absolutamente nada.Talvez a vida de oração de Kathryn tenha desafiado convenções,

mas aqueles que eram próximos dela sabiam que ela vivia, respirava edormia orando. O fato de que, para isso, ela não se retirava, como outrosfazem, para esperar e ouvir, para cair prostrada ou esperar em agonia de

 joelhos dobrados, não significava que ela não era uma mulher de oração.Como todas as outras coisas, ela precisava fazê-lo à sua maneira.

Os problemas de seu conceito de oração tornavam-se críticos sóquando o assunto dizia respeito aos seus relacionamentos com seus

parceiros — pois, de algum modo, ela parecia sentir que sua equipe eparceiros ministeriais deviam ter o mesmo compromisso com o qual elaandava. Como o general Booth, ela era extremamente impaciente comaqueles que não podiam acompanhar seu ritmo.

Essas dificuldades ficaram mais visíveis no escritório da fundaçãoem Pittsburgh do que em qualquer outra fase do ministério. Diferente deoutros ministérios cristãos em que as equipes muitas vezes se reuniampara orar, os funcionários da fundação chegavam na hora marcada e iamdireto para o trabalho. A senhorita Kuhlman raramente orava — se é quealguma vez orou — com os membros da equipe. À semelhança dela,esperava-se que já tivessem orado quando chegassem ao trabalho econtinuassem assim ao longo do dia.

Kathryn tampouco se deixava levar pelos problemas pessoais deseus funcionários. Se a secretária estava tendo problemas com o maridoou alguém passava por dificuldades financeiras (os salários na FundaçãoKathryn Kuhlman eram notoriamente baixos), eram coisas que não sepodia mencionar no escritório. "Eu simplesmente não tenho tempo paraenvolver-me com a vida pessoal da equipe", ela me disse. Já no fim de sua

 vida, naquelas últimas semanas antes de ser obrigada a ficar internada, no

entanto, essa filosofia começou a dar frutos amargos. Ela quase morreu ao

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descobrir que um funcionário antigo, de confiança, estava sendo acusadode comportamento duvidoso.

Kathryn, que sempre exigira altos padrões de moralidade de seusoficiais, musicistas e parceiros voluntários (muitas vezes, no passado, se

recusou a deixar um homem cantar no coro por causa de sua reputaçãomanchada), foi incapaz de lidar com essa situação interna. Seus parceirosdo escritório, que estavam revoltados com o que estava acontecendo(embora impossibilitados de tomar uma atitude sem a aprovação deKathryn), perceberam que, se ela não estivesse tão doente e preocupadacom todos os outros problemas que pareciam cair sobre sua cabeçadurante os últimos seis meses de 1975, interviria e poria fim àquele insul-to descarado e flagrante a tudo aquilo em que ela cria. Mas, em seu estadodebilitado, era incapaz de lidar com a questão. Simplesmente deu ascostas para o problema e se negou a discuti-lo. ("Anna, vamos agir como

se isso nunca tivesse acontecido")Ninguém parecia compreender quanto Kathryn estava doente

durante os últimos meses de 1975. Ela fez muitas coisas que não teria feitose seu corpo estivesse funcionando corretamente. Ao que parece, nuncaperdeu o velho "vigor" — as exigências de perfeição nos cultos de milagres— que havia sido sua marca. Aparentemente cega para a dor em seu peitoe para a crescente fraqueza do seu corpo, ela mergulhou de cabeça,marcando mais reuniões, cumprindo seus horários na televisão e dandotoda a impressão de que seu corpo moribundo estava mais saudável doque nunca.

Contudo, no final, pouco antes de entrar no hospital pela última vez, ficou claro que ela estava partindo. A viagem para Israel em outubroesgotou-a fisicamente. E quando, em Jerusalém, descobriu que um em-pregado fugia do hotel à noite para um encontro amoroso clandestino, elase abateu. Ela deu as costas e nunca mais mencionou o assunto.

 À medida que o ministério ficava mais intenso, exigindo cada vezmais de seu tempo, Kathryn passou a abrir mão de seu envolvimentopessoal na vida até de seus amigos mais próximos. No final, ela se tornouuma solitária no meio da multidão. E, no fim do dia, afastava-se de todas

as pessoas, com exceção de uma ou duas que ela aceitava em suapresença. Por fim, rejeitou até os que eram mais próximos dela e colocou-se nas mãos de pessoas que mal conhecia. Foi um triste fim.

  A área onde o não envolvimento era mais difícil de entenderabrange os milhares de pedidos de oração que chegavam aos montes noescritório todas as semanas. E embora pareça incompreensível, não háevidência — pelo menos durante os últimos anos de Kathryn — de que elatenha feito algum esforço para atender a esses pedidos e fazer uma oraçãoespecífica pelas necessidades das pessoas. Não se sabe se Kathryn achavaque a oração específica era desnecessária, se estava muito ocupada ou se

orava por aqueles que escreviam para ela em massa enquanto viajava pelanação.

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O fato intrigante é o de que muitas pessoas que enviaram pedidosde oração para Kathryn Kuhlman foram curadas — muitas vezes ao longoda semana. Alguns podem pensar que existia, de fato, uma aura especialque cercava todo o ministério de Kathryn Kuhlman, de modo que,mediante o simples toque na orla de suas vestes, a pessoa seria curada.Contudo, Kathryn era categórica ao rejeitar este conceito, dizendo várias

 vezes que não tinha em si a virtude de curar. Outros talvez considerem sera fé do missivista suficiente para que alcance a cura. Há ainda outros quealimentam a idéia de que, embora a própria Kathryn não tenha oradoespecificamente por aqueles milhares de pedidos de oração, todas aspessoas ao seu redor oravam, e isso criava um fluir suficiente para trazercura àqueles que escreviam. Alguns fazem a irritante pergunta quanto a sea oração é um fator necessário na cura.

Ninguém parece saber.

  A única conclusão a que posso chegar é que um Deusmisericordioso e compassivo, que via a necessidade e o sofrimento de seupovo, e conhecia as inconsistências do ministério que ele havia separadopara ajudar a suprir essas necessidades, muitas vezes, de modo soberano,interveio e concedeu ao seu povo os desejos do coração das pessoas. E, dealgum modo, além da esfera da compreensão humana, aquelas cartas epedidos para Kathryn tornaram-se orações. Assim, Kathryn Kuhlman erasimplesmente uma catalisadora que apresentava as orações das pessoas.E, com base nos clamores dessas pessoas, Deus, e não Kathryn, respondia.

Quando pregava aquelas mensagens que sondavam o coraçãosobre um Deus zeloso que não "dividia a glória" com qualquer figurahumana, Kathryn estava pregando para si mesma. Ela sabia quãodesesperadamente precisava ouvir isso e aplicá-lo a sua própria vida.

  Assim, pregava tais mensagens várias vezes, pois nenhum ministro noséculo 20, nem talvez desde o tempo dos apóstolos, esteve sob maiorpressão da tentação de apropriar-se de parte da glória.

Conseqüentemente, quando algum admirador agradecidoaproximava-se do púlpito em busca de uma cura e dizia a Kathryn: "Oh,obrigado! Obrigado!", ela logo recuava, balançava as mãos e dizia: "Não

agradeça a mim. Nada tenho a ver com isso. Agradeça a Deus".  A despeito de tudo o que ela dizia, no entanto, as pessoas lhe

agradeciam. A fundação recebia milhões de dólares. O dinheiro vinha dosricos que lhe ofereciam seus bens e dos pobres que colocavam moedinhasnas salvas. Tudo isso sem qualquer apelo direto para obter fundos. Ela sórecolhia uma oferta em cada reunião, ou, de vez em quando, recolhia umaoferta especial para o ministério de televisão. Mas tudo era muitodiscreto. Não havia métodos espetaculares para levantar dinheiro, nemapelos feitos por mala-direta. Ela detestava o método muitas vezes usadopor algumas organizações de colocar pessoas em pé e ficar pedindo muito

dinheiro. "Isso só alimenta o ego", ela sussurrou para mim um dia,enquanto estava nos bastidores e observava um desses espetáculos em

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uma reunião em que ela ministraria mais tarde. "Se eles entregarem oproblema nas mãos de Deus, Ele fará melhor do que eles".

Kathryn deixava a questão nas mãos de Deus e,conseqüentemente, tinha acesso a mais dinheiro do que a maioria das

pessoas poderia imaginar. Muitos a criticavam — muitas vezes por ciúmes— por receber tanto dinheiro. Mas ela sabia, melhor do que seus críticos,que era uma administradora de Deus e que, se usasse mal seus recursos,Ele, um dia, pediria contas a ela.

Mas não era só o dinheiro. As pessoas enviavam presentes.Bugigangas. Uma mulher, passando por uma loja de departamentos,olhava alguma bugiganga e pensava: "Parece algo de que KathrynKuhlman vai gostar". Ela recebia milhares desses itens pelo correio ou,pessoalmente, em várias reuniões. Esses presentes menores normalmenteeram colocados em uma mesa no escritório e examinados por membros

de sua equipe. Às vezes, Kathryn os distribuía entre seus amigos doministério. Ora, seria impossível Kathryn Kuhlman conseguir usar cemporta-jóias, ou 75 broches, ou 30 pulseiras que imitavam diamantes.

  As pessoas enviavam Bíblias. Seus admiradores, vendo-a natelevisão ou no púlpito carregando uma Bíblia gasta, batida e surrada,com as páginas caindo e a capa meio rasgada, corriam para comprar amelhor Bíblia à venda. Às vezes, gravavam seu nome na capa. Mas ela nãose sentia à vontade com uma Bíblia diferente da que carregava havia anos,cheia de orelhas e manchada. Ela era colocada sobre o púlpito por seuguarda-costas de confiança, como o último ato de presteza antes de elaaparecer para erguê-la, proclamar suas verdades e pregar sua mensagem.

Mas os presentes não se limitavam a bugigangas e Bíblias. Muitoseram bastante caros. Pinturas raras e antigüidades da Europa. Esculturasda Itália e da América do Sul. Tapetes persas e do Oriente. Diamantes e

  jóias preciosas de todos os lugares do mundo. Peles e até modelos feitospor alguns dos ateliês mais famosos do mundo  fashion. Relíquias deIsrael. Sua casa em Fox Chapel tornou-se um museu, cheia de objetos dearte que valiam centenas de milhares de dólares. Tanta coisa chegava queela precisou de um lugar especial no porão da casa para guardar alguns de

seus objetos de valor.Tudo isso gerou um grande problema. Kathryn adorava coisas

  boas e caras e, ao mesmo tempo, sempre procurava fazer um bomnegócio. Era comum ela ir a uma loja de roupas exclusivas na WilshireBoulevard e gastar 3 mil dólares de uma só vez. Seu estilo de vida exigiaum amplo guarda-roupa. Na verdade, depois de sua morte, descobri umaenorme pilha de notas fiscais antigas da Profils du Monde, uma loja deimportados na Wilshire Boulevard, em Beverly Hills, que descreviam maisde 12 vestidos de chiffon que iam do champanhe e laranja ao amarelo,azul e verde-palha. Contudo, ela nunca se esqueceu de sua origem

humilde. A caça de antigüidades era um de seus poucos passatempos(gastava grandes quantias de dinheiro na compra de antigüidades para ela

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e seu círculo de amigos próximos), mas sempre se sentia culpada por termuito diante de muitos que tinham tão pouco. Ela não era apegada acoisas. Podia literalmente desfazer-se delas ou deixá-las, e se sentia tantoà vontade sentada no chão de seu escritório sem os sapatos quanto em umsofá caro. Até onde posso dizer, ela estava acima do poder controlador dos

  bens. Em vez de ser controlada por objetos materiais, ela os controlava.  Via-os como ferramentas para serem usadas, em vez de itens a serem buscados para valor e ganho pessoal. Não obstante, era sábia o suficientepara perceber que a maioria das pessoas não se encontrava nesse patamarespiritual e, assim, estava sempre enfrentando o problema do que fazercom as coisas caras em sua vida.

 Alguns dos objetos de arte foram para o escritório de sua fundaçãoem Pittsburgh; mas não muitos, pois ela sabia que a exibição era perigosa— ainda que fossem presentes. Por exemplo, quando recebeu dois vasos

da dinastia Ming, primeiro os escondeu em um pequeno closet  em seuescritório pessoal e, depois, levou-os para sua casa que só seus amigos demaior confiança visitavam. Outros itens eram usados para decorar seuluxuoso apartamento na bela praia de Newport, Califórnia. Contudo, emseus momentos particulares, ela muitas vezes se perguntava se estava, aoguardar esses itens, "recebendo seu prêmio agora". Uma resposta quesomente ela sabe agora.

O mesmo aplicava-se aos elogios e adulação. Como manter esteequilíbrio entre dar a Deus toda a glória e, não obstante, não serdesagradável com as pessoas que não entendem?

"Às vezes", ela confidenciou certa vez, "em minha fraqueza,simplesmente sigo em frente e aceito os elogios e agradecimentos. Outras

  vezes, sinto-me tão cansada que, se não aceitasse nenhum elogio, eudesabaria. E parece que Deus me permite isso, apenas para que eucontinue a caminhada. Mas, no final do dia, quando estou completamentesozinha em meu quarto, levanto as mãos para o céu e digo: Querido Jesus,tu sabes o que eles disseram a meu respeito hoje. Mas agora entrego tudoem tuas mãos. Não sou nada, e ninguém sabe isso melhor do que eu. Nãotenho o poder da cura. Não tenho a virtude de curar. Não há nadaatraente em mim. Mas, querido Jesus, tu és tudo. E hoje as pessoasconfundiram tudo. Não tive a força para corrigi-las, mas sei que tuentendes. E agora entrego tudo o que me deram a ti. Só te peço uma coisa:não retires o teu Espírito Santo de mim, pois, sem Ele, certamentemorrerei'."

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Capítulo 10

 A Sabedoria na Espera

Liderança consiste em saber guiar outros líderes e motivá-los aagir. Kathryn era mestra nisso. Aguardava Deus enviar as pessoas certaspara sua vida e depois esperava até ter o senso perfeito do momento opor-tuno para se mexer. Ela se alegrava muito em encontrar a pessoa certapara cumprir sua visão e em dar a essa pessoa autonomia para trabalhar.Gene Martin, um ministro das Assembléias de Deus, era seu braço direitonas missões. Dick Ross, que havia produzido muitos dos filmes de Billy 

Graham antes de ir trabalhar em Hollywood, era seu braço direito noministério de televisão. E eu tinha liberdade na questão dos livros.

Kathryn se negava a colocar sua assinatura em alguma coisa — umlivro, um programa de televisão, um programa de rádio ou algum tipo demissão — a menos que fosse de primeira qualidade. "Deus exige nossomelhor", ela dizia. "E Ele merece. Afinal, nos deu seu melhor ao enviarseu Filho à terra. Não devemos contentar-nos em dar-lhe menos do que onosso melhor."

Ela mesma examinava cada programa de televisão em um estúdio

particular na CBS logo após a gravação. Se algo não estivesse perfeito, elao deletava e regravava a cena. O mesmo acontecia com os livros.Passamos três dias examinando uma batelada de títulos antes dechegarmos, finalmente, a um que "combinou" com um livrinho que fizpara ela sobre uma enfermeira e seus três filhos, todos curados dedoenças fatais na mesma reunião. Exasperado, lancei as mãos para o altoe disse:

— Kathryn, Deus não é grande o suficiente para dar-nos um títulopara este livro?

Ela bateu palmas, teve um daqueles acessos de riso quase rouco edisse:

— Quão grande é Deus?

Era o título perfeito para o livro.

Este sentido de perfeccionismo impregnava cada movimento queela fazia. Seu batom estava sempre impecável; suas unhas feitas, pelamanicure; e suas roupas, ajustadas em cada detalhe. Nos cultos, o chorode uma única criança a levava a interromper a ministração e fazer umsinal para um dos oficiais. Uma cadeira fora de lugar, um corista com uma

gravata torta, um membro da equipe com a cor de camisa ou blusa errada— ela notava cada detalhe e não se dava por satisfeita até que tudo fosse

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corrigido. Esse perfeccionismo a impedia de mergulhar logo em um novoprojeto, pois estava determinada a analisá-lo em cada detalhe antes dedar o sinal verde. Demorou anos para ela concordar em estender seuministério à televisão, realizar seu primeiro culto no Shrine Auditorium,em Los Angeles, escrever seu segundo livro, ou aceitar convites para pre-gar em outras cidades. Era como se ela, na verdade, não quisesse crescer,mas preferisse continuar relativamente enclausurada em Pittsburgh. Masa combinação do incentivo daqueles em quem ela confiava e a portaaberta da oportunidade que ela via como uma direção de Deus, por fim,convenceu-a a sair de sua rotina e investir no risco de mudar e crescer.Entretanto, no íntimo, ela sempre esteve convencida de que era melhorapegar-se ao que estava funcionando a correr o risco de fracassar emalguma nova aventura. E, por essa razão, muitas vezes fez duras declara-ções que, mais tarde, teve de renunciar. Por exemplo, ela disse muitas

 vezes que jamais escreveria uma autobiografia.

"Espere que eu morra, Jamie", dizia séria, balançando a cabeça."Então você poderá contar tudo. "

Contudo, um ano antes de sua morte, ela começou a conversarcomigo sobre uma autobiografia. Quando estivemos juntos em Las Vegaspara o fabuloso culto de milagres no City Auditorium, em maio de 1975,ela me pressionou ainda mais. Sabendo de minha natural relutância emescrever um livro sobre alguém já falecido, principalmente no caso de umlivro importante, ela superou todos os obstáculos para bajular-me eexplicar a "necessidade de colocarmos a mão na massa naquele exato

momento".Estávamos sentados na luxuosa sala de estar da suíte de Frank 

Sinatra no Caesar's Palace, em Las Vegas. O culto de milagres tinhaacabado, e Kathryn havia voltado para o quarto, exausta. Eu passavameus dedos sobre o papel de parede espesso, macio e vermelho enquantoa ouvia falar sobre o culto. Então ela quis que andássemos pela suíte —minha esposa Jackie, Dan e Viola Malachuk, e eu — para mostrar-nos a

  banheira embutida em forma de coração (grande o suficiente para duasou três pessoas) e a cama redonda com espelho no teto. "Não sou idiota",ela disse rindo, segurando firme meu braço e encostando-se em mim. "Eusei exatamente por que esse espelho está no teto. "

De volta à sala de estar, nós nos sentamos no sofá vermelho macio,naquele que devia ser um dos mais luxuosos quartos do hotel, e ouvimostodas as razões dela por que eu deveria escrever seu livro. "Você é o únicoque será honesto o suficiente para contar as coisas com franqueza. "Então, olhando para mim com os olhos meio fechados, ela disse: "Sabe,há muita trapaça acontecendo em nome do nosso Senhor. Você sabe o quequero dizer?". Eu não estava muito certo — pelo menos, não naquelemomento —, mas sabia que, se ela soubesse, eu não me daria por

satisfeito até descobrir sobre o que ela estava falando. "Mas temos de

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fazer este livro para a glória de Deus. Lembre-se disso. Sem fazer rodeios,para a glória de Deus. "

Uma razão por que o livro precisava ser escrito logo, e que nem elasabia na época, não viria à tona senão dois meses depois. Seu pianista e

confidente, Dino Kartsonakis, e o cunhado dele, Paul Bartholomew, quetambém era administrador pessoal de Kathryn, haviam sido demitidos emfevereiro. Sem que Kathryn soubesse, ambos estavam preparando omanuscrito de um livro intitulado The late great Kate, e tinham a inten-ção de negociá-lo com o mercado editorial sensacionalista como umarevelação. Nada disso veio à tona antes de julho de 1975, quando Bar-tholomew moveu uma ação judicial contra ela no Tribunal Superior deLos Angeles. Kathryn resolveu a questão amigavelmente logo depois. Umadas cláusulas do acordo feito sob juramento era que nem Dino nemBartholomew teriam permissão para publicar nada sobre Kathryn Kuhl-

man durante dez anos. No entanto, em maio daquele ano, ela não sabianada sobre a intenção dessa revelação, e, com isso, só posso concluir queseu desejo de começar a trabalhar em sua autobiografia surgiu como avisode Deus de que, se não contasse sua própria história, alguém iria fazê-lo— e difamar tanto o seu nome quanto o seu ministério.

  Assim, concordamos em executar o projeto de sua autobiografia.Mas nós dois tínhamos outras ocupações. E nenhum de nós sabia quantoo tempo era curto. Kathryn reuniu-se com sua irmã mais velha, MyrtleParrott, e gravou em fita algumas conversas sobre sua infância. Mas amorte interrompeu o trabalho, e, no final, ela teve seu desejo mais antigo

realizado — uma biografia, e não uma autobiografia.O assunto, entretanto, era típico da ponderação de Kathryn — e de

sua sensibilidade para com o Espírito Santo, no sentido de esperar até queEle a despertasse e então seguir com presteza na direção para a qual Eleestava apontando. Kathryn muitas vezes era acusada de ser uma pessoaimpulsiva e impaciente. Quando o assunto era pressionar seus parceirosno ministério, ela realmente era. Mas quando o assunto era expandir-separa uma nova área do ministério, já havia aprendido muito bem adolorosa lição de esperar até que a pessoa certa aparecesse — alguém emquem pudesse confiar — e então mover-se só quando Deus lhe dissessepara fazê-lo.

Talvez nenhuma situação ilustre melhor esses princípios do que aexpansão de Kathryn ao Canadá. Começou, como grande parte de seuministério, com um milagre de cura. Kenneth May, um fazendeiro de 62anos da pequena comunidade de Foresters Falls, em Ontário, ouviu de seumédico, na cidade vizinha de Cobden, que estava morrendo com a doençade Hodgkins — câncer nas glândulas linfáticas. Sua história pode serencontrada em detalhes no capítulo que tem por título "CanadianSunrise" ["O Nascer do Sol no Canadá"], em God can do it again [Deus

 pode fazer isso novamente]. Ele foi enviado para Ottawa a fim de fazerum tratamento à base de cobalto. Mas a terapia foi ineficaz, e as incitações

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em seu corpo aos poucos voltaram. Ele voltou à clínica de oncologia noHospital Geral para submeter-se a outras radiografias e descobriu que osinchaços estavam crescendo e se espalhando. Percebendo que os dias deKenneth estavam contados, os médicos deixaram-no visitar sua filha emPittsburgh antes de interná-lo no hospital para um tratamento intensivo.Entretanto, antes de ele e sua esposa partirem para Pittsburgh, um deseus vizinhos fazendeiros aproximou-se deles e disse: "Oh, espero que

  vocês tenham oportunidade de ir a um culto de Kathryn Kuhlmanenquanto estiverem lá". Em resposta à pergunta sobre quem era asenhorita Kuhlman, o vizinho deu-lhes um exemplar do livro  I believe inmiracles [ Eu creio em milagres]. Kenneth May leu o livro e começou a seperguntar, pela primeira vez, se era possível Deus curar alguém nosestágios terminais de um câncer.

Em 1º de abril de 1968, o senhor e a senhora May participaram do

estudo bíblico regular das segundas-feiras à noite na Primeira IgrejaPresbiteriana. Ambos ficaram muito impressionados e, depois, demora-ram no salão da igreja para conversar com alguns dos que freqüentavamaquela reunião toda semana. Essas pessoas, vendo que o senhor May estava muito doente, encorajaram o casal a ficar para o culto de milagresque aconteceria na manhã de sexta-feira no Carnegie Hall.

"Deus pode curar o senhor", disse um homem.

  A senhora May teve de voltar para o Canadá, mas Kenneth ficoucom a filha. Embora estivesse com muitas dores, ele continuou a agarrar-se àquele pequeno sinal de esperança — "Deus pode curar o senhor".

Na sexta-feira pela manhã, sua filha o acompanhou até o CarnegieHall. Lá encontraram uma grande multidão à espera, na escadaria, horasantes do início do culto. Ele quase perdeu a esperança. No entanto, pes-soas que havia conhecido na segunda-feira à noite o viram e vieram con-

  versar com ele, incentivando-o a ficar. Uma mulher totalmente estranhaaproximou-se dele e perguntou: "O senhor tem câncer, não tem?".

May surpreendeu-se com a percepção da mulher. Mas, antes quepudesse responder à pergunta, ela segurou o seu braço, estendeu a mão ecomeçou a orar. Embora constrangido, ele abaixou a cabeça e disse em

 voz alta: "Sou teu, Senhor. Faze comigo o que quiseres".No mesmo instante, ele teve uma estranha sensação que percorria

o seu corpo — e a dor desapareceu. Ele estava curado. Passou a horaseguinte sem nenhuma dor. Após o início do culto, um dos obreirosaproximou-se dele, perguntando se havia sido curado. O senhor May respondeu: "Acho que alguma coisa aconteceu". Então, se corrigiu:"Tenho certeza de que alguma coisa aconteceu comigo".

O senhor May foi levado ao púlpito, onde Kathryn orou por ele.  Após o culto, em pé no salão, outra estranha manifestação ocorreu.

Começou a sair água pelos poros da pele do senhor May — um fenômenoque continuou por três dias. Despedindo-se de sua filha, ele voltou para o

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Canadá e à clínica oncológica no Hospital Geral, em Ottawa, onde recebeuo diagnóstico de sua cura. Até o médico considerou o caso um milagre.

Kenneth May voltou para casa. Ele fez uma visita a uma mulherchamada Mary Pettigrew, que morava na cidade vizinha de Cobden. Ela

estava nos últimos estágios de esclerose múltipla. Vencidos pelo incentivode May, Mary e o marido, Clarence, foram a Pittsburgh. Ela também foimilagrosamente curada e voltou para a pequena cidade de Cobden com a

  boa notícia do poder milagroso do Espírito Santo. Depois disso, as pes-soas não pararam mais. Iam a Pittsburgh em caravanas. Muitas foramcuradas, e logo a notícia dos milagres se espalhou por toda aquela regiãodo Canadá.

Em janeiro de 1969, cerca de seis meses depois que Mary Pettigrew foi curada, uma mulher de Ottawa, que morria de câncer,telefonou para uma amiga em Brockville, Maudie Phillips, para perguntar

se ela sabia alguma coisa sobre os cultos de Kathryn Kuhlman. Maudienão sabia nada. Ela nem ouvira falar no nome de Kathryn Kuhlman! Masaconselhou a amiga a ir em frente e participar do culto. Afinal, ela estavamorrendo, e o que poderia ser pior do que isso? A mulher participou doscultos em Pittsburgh e voltou para o Canadá — curada. A mudança foiimediata e visível. Sua pele, antes cor de cobre, agora estava rosada,saudável. Todos os sintomas haviam desaparecido. Ademais, o homemque a levou a Pittsburgh tinha um grande tumor na coluna, e também foicurado.

Maudie era uma pessoa muito conservadora e, mesmoconhecendo a mulher desde a infância, ainda tinha dificuldade para crer.Ela falou sobre o assunto com o marido, Harvey, e os dois decidiram ir aPittsburgh para ver os milagres com os próprios olhos. Um dia, antes da

  viagem, Sharon, filha deles, Grant Mitchell, seu genro, e Troy, seu neto,pediram para acompanhá-los. Todos, parece, daquela região de Ontário,estavam falando sobre os milagres em Pittsburgh.

O pequeno Troy nascera com um eczema e um problema crôniconos pulmões semelhante a asma. O Canadá, no inverno, tem o pior climapara as pessoas com eczema. Muitas roupas de inverno contêm fibras que

racham a pele, levando a uma irritação extra. A pele de Troy estavacoberta de feridas grandes e supurantes. Além disso, onde a pele encos-tava na própria pele — debaixo do queixo, axilas, virilhas, joelhos e entreos dedos das mãos e dos pés —, havia uma inflamação que coçava e quei-mava com lesões rachadas e cheias de crostas.

Troy estava sob os cuidados de um dos melhores dermatologistasde Ottawa, o dr. Montgomery e do médico da família, o dr. Hal McLeod. Odr. Montgomery havia prescrito um tratamento que consistia em medi-camentos e quatro banhos com farinha de aveia por dia. A farinha deaveia tinha um efeito refrescante sobre a pele, e os Mitchells a compravam

em sacos de quase 50 quilos. Os banhos eram dados, cuidadosamente, porSharon, que também era uma enfermeira diplomada. À noite, a criança

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tinha de ser enrolada com gaze e faixas para que não coçasse as lesões atéabri-las. A única esperança que os médicos davam era que, à medida queficasse mais velho, o menino aprenderia a evitar todas as coisas queagravavam sua alergia e talvez descobrisse um modo de ajustar-se à suacondição.

Depois de uma viagem de cerca de 800 quilômetros atéPittsburgh, eles passaram a noite no Pick Roosevelt Hotel. Na manhãseguinte, a família chegou às 6h30 na Primeira Igreja Presbiteriana —onde os cultos de milagres estavam sendo realizados, porque o CarnegieHall estava sendo reformado. Muita gente já estava na igreja, embora oculto começasse às 11 horas. Grant, Sharon e Troy sentaram-se em um

  banco com Maudie e Harvey bem atrás deles, perto do corredor. Troy entretinha-se com um livro de colorir durante a longa espera.

Mas algo acontecia. Às 9 horas, Maudie viu que Sharon estava

chorando — ao que parecia, sem nenhuma razão. À medida que seaproximava a hora de iniciar o culto de milagres, ela passou a chorarainda mais — e mais alto — e continuou a chorar mesmo depois deKathryn chegar para dar início ao culto às 11 horas.

Tudo isso confundia Maudie, uma mulher conservadora. Ela quissair e, em duas ocasiões, virou-se para Harvey a fim de conduzi-la parafora. Mas não havia como sair discretamente. Assim, permaneceu ali,determinada a agüentar firme e nunca mais meter-se em uma situação tãodesconfortável.

Kuhlman, como fez muitas outras vezes, pulou a parte da pregaçãoe passou direto para o culto de milagres, intercedendo por curas e incen-tivando as pessoas a virem ao púlpito para dar testemunho. No meio doculto, ela parou e disse: "Alguém está sendo curado de eczema". Nãohouve resposta. Os Phillips, nem seus filhos, não relacionaram o queKathryn dissera com a condição de Troy. Kathryn continuou o culto, mas,dez minutos depois, fez algo incomum, uma coisa que seus parceiros selembram de tê-la visto fazer somente duas vezes em todo o seu ministério.Ela disse: "Vou ter de interromper o culto. Alguém neste santuário estáentristecendo o Espírito Santo".

  Veio um silêncio mortal sobre o grande auditório. As pessoas viravam-se e olhavam umas para as outras como os discípulos fizeram nocenáculo quando Jesus anunciou que um deles iria traí-lo. "Sou eu! Soueu!"

Maggie Hartner estava em pé no corredor ao lado dos Phillips. Elaparecia literalmente encher-se do Espírito Santo quando a unção de Deusse manifestava nos cultos de milagres. Sharon chorava tanto que nem sedava conta do que acontecia. Maggie falou com Grant e perguntou:

— Pelo que você está orando?

— Por meu filho — Grant respondeu simplesmente.

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— O que há com ele?

— Ele tem eczema.

— Pelo amor de Deus — Maggie exclamou. — O senhor não ouviu asenhorita Kuhlman?! O culto todo parou. Eu estava subindo e descendo

por esses corredores tentando achar a pessoa em quem Deus haviatocado. Por favor, veja a criança.

De repente, Sharon despertou. Sem limpar as lágrimas, elaestendeu a mão e tirou a camisa de Troy. Cada ferida em seu corpo — cadalesão, cada rachadura que vazava líquido em sua pele — estava curada. Ascrostas viraram pó e, à medida que a camisa escorregava por suas costas,elas caíram como poeira ao chão. Maudie, que estava sentada bem atrásdele, arfou e quase entrou em choque. Grant estendeu a mão e tocou nolugar onde antes havia uma terrível ferida que vazava pelo braço esquer-do. A pele agora estava perfeita e saudável. Cada parte do corpo domenino estava limpa.

Maggie insistiu em que os pais levassem a criança à frente. Masnenhum deles, depois, lembrou-se de ter ido ao púlpito. Era como setodos estivessem em transe.

Saindo do culto, eles voltaram para casa, ainda incapazes de crerno que haviam visto e experimentado. Perto de Erie, se viram diante deuma forte nevasca e tiveram de hospedar-se em um hotel à beira daestrada. Havia só um quarto disponível, por isso os cinco ficaram juntos.Troy foi direto para a cama, mas os adultos ficaram acordados a noite

toda, conversando e curiosos por saber sobre o milagre. Era quase meia-noite quando Harvey não agüentou mais, pegou a lamparina que estavasobre a mesa e a pôs sobre a cama, para que pudesse examinar Troy, queestava dormindo. Cada parte onde havia feridas estava agora branca comoa neve, comparada à pele rosada normal nas outras partes de seu corpo.No meio de cada parte branca, havia uma pequena erupção, menor que acabeça de um alfinete. De manhã, no entanto, a despeito de os adultoscontinuarem a examiná-lo de hora em hora, até essas pequenas erupçõesnão foram mais encontradas.

Três meses depois, os Mitchells levaram Troy em uma viagem deférias para o México. Quando voltaram, o corpo do menino estava bem  bronzeado por conta do sol do México — todo o corpo, menos as partesonde houvera o eczema. Essas partes continuaram brancas. No anoseguinte, ficaram perfeitamente normais.

Eles levaram Troy ao dr. Montgomery e ao dr. McLeod, quehaviam diagnosticado as doenças — inclusive a dos pulmões. O dr.Montgomery chamou Maudie de "a avó milagrosa" — um nome que elaainda aprecia como um lembrete do momento em que Deus invadiu, demodo tão extraordinário, sua vida.

Maudie Phillips era a mulher mais animada de Ontário. Ela estavadeterminada que todos, em Ottawa, participassem dos cultos de milagres

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em Pittsburgh e fossem abençoados como havia sido. Uma organizadoranatural, ela começou a pensar que, se conseguisse reunir os ministros dacidade em uma reunião, eles seriam incendiados por Deus, e todas asigrejas, cheias do mesmo Espírito Santo que prevalecia nos cultos demilagres. No entanto, ela pensou mal. Mesmo quando se ofereceu parafretar um ônibus e pagar as despesas do seu próprio bolso (um custo de 1.000 dólares), os ministros estavam extremamente ocupados para teralgum interesse na idéia. Nem um deles expressou o menor desejo detestemunhar — muito menos envolver-se — em um milagre.

Sem desanimar, Maudie voltou a Pittsburgh muitas vezes, semanaapós semana, de carro, levando qualquer pessoa que quisesse acompa-nhá-la. Mas ela insistia na idéia de fretar um ônibus e levar um grupo,talvez diversos grupos, a Pittsburgh.

No outono daquele ano, Harvey adoeceu. Os médicos descobriram

uma doença no pulmão e disseram a Maudie que era grande a probabi-lidade de ele morrer na mesa de cirurgia. A oração ainda era uma práticamuito formal para os Phillips. Quando Maudie descreveu o caso, elesfizeram uma oração no "estilo da Igreja Unida" — da forma como ouviamnas orações de domingo, ou davam graças à mesa e repetiam a Oração doSenhor à noite. No entanto, quando o estado de Harvey foi descrito pelosmédicos como crítico, Maudie se viu — pela primeira vez — conversandorealmente com Deus.

"Senhor, se tu o salvares, levarei um ônibus a Pittsburgh. "

Harvey começou a melhorar no mesmo instante. Um dia depois deHarvey chegar do hospital, Maudie já estava com o ônibus fretado cheiode pessoas e pronta para ir a Pittsburgh. Só havia um ministro no grupo.O restante, segundo a descrição que Maudie fez, eram servas e servos —aqueles sobre os quais Deus havia prometido, no livro de Joel, derramarseu Espírito.

Daquela época até a morte de Kathryn, quase seis anos depois,Maudie Phillips só perdeu cinco cultos em Pittsburgh. Ela organizoucaravanas de ônibus fretados que saíam do Canadá e viu milhares depessoas curadas e ganhas para o Senhor Jesus Cristo.

Enquanto o número de canadenses nos cultos de milagresaumentava, o mesmo acontecia com as contribuições feitas por eles.Como as doações para a Fundação Kathryn Kuhlman com sede nosEstados Unidos não podiam ser deduzidas das declarações de imposto derenda dos canadenses, ficou óbvio que Kathryn precisava abrir umescritório no Canadá. E quem, naturalmente, estava mais apto para dirigi-lo do que a pessoa que Deus havia colocado no colo de Kathryn? MaudiePhillips.

Entretanto, antes de Kathryn telefonar para Maudie e pedir-lhe

que aceitasse o trabalho, o Espírito Santo falou com Maudie primeiro.Embora Maudie trabalhasse havia mais de quinze anos em uma posição

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de responsabilidade na Automatic Electric Company, ela, de repente, sesentiu compelida a pedir demissão — por nenhuma outra razão que não ade sentir que o Senhor tinha algo reservado para ela. Assim, quando veioo telefonema da senhorita Kuhlman, Maudie Phillips já estava preparadapara começar a trabalhar naquele instante, organizando a filial canadenseda Fundação Kathryn Kuhlman, com sede em Brockville, próximo aOttawa.

Maudie começou a trabalhar logo. Ela tentou convencer Kathrynde que seus seguidores eram tantos entre os canadenses que eles precisa-

 vam de um culto de milagres na região de Ottawa. Ela sugeriu os 16 milassentos do Ottawa Civic Center. Kathryn, sem dúvida, não se convenceufacilmente. Sentia-se à vontade com seus cultos em Pittsburgh e Los

 Angeles e hesitou em mudar-se, principalmente para aquela região baldiaonde tantos ministérios haviam morrido à míngua — na região central do

Canadá.Kathryn muitas vezes falou de um repetitivo pesadelo em que ela

deixava o palco de um auditório estranho e encontrava o prédio totalmen-te vazio. Esse tipo de medo a levava a ser extremamente cautelosa, relu-tante a entrar em algum novo empreendimento sem que tivesse certeza deque ele seria um sucesso. Pois, fora aparecer no palco sem o EspíritoSanto, nada a assustava mais do que o medo de aparecer no palco sem seupúblico.

Mas Maudie estava determinada a convencer Kathryn aestabelecer-se no Canadá. O número crescente de canadenses que vinhama Pittsburgh, por fim, fez o fiel da balança pender para o lado de Maudie,e, com isso, Kathryn aceitou a idéia. Ela não só fez planos para visitarOttawa, mas para fazer apresentações em três noites em Peterboro.

 Agora o peso da responsabilidade de repente caiu sobre os ombrosde Maudie. Naquela noite, depois de Kathryn concordar em vir aoCanadá, ela foi para a cama e não conseguiu dormir. Ficou deitada ali,pensando: "Veja o que você fez. Você levou alguns ônibus a Pittsburgh epôs-se a fazer o trabalho da fundação no Canadá, mas o que sabe sobreorganizar um culto de milagres? Se Kathryn fizer essa longa viagem ao

Canadá e ninguém aparecer nas reuniões, então o pesadelo dela se tor-nará uma realidade para você".

Eram 2 horas quando, depois de dar alguns cochilos, ela, derepente, se viu bem acordada. Cada detalhe sobre como planejar eorganizar o culto ficava passando por sua mente. Tomando cuidado paranão acordar o marido, ela pulou da cama e desceu as escadas. Procuroupor toda parte até encontrar um velho mapa de estradas do Canadá,abriu-o sobre a mesa da cozinha e, mais uma vez, fechou os olhos.Lembrou-se da visão que teve em sua mente ao ser despertada momentosantes. Na visão, vira um mapa com tachas e instruções detalhadas sobre

como organizar uma caravana de ônibus vindos de todas as cidadesafastadas. Abrindo os olhos, ela começou a fincar tachas no mapa e

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escrever seus planos para o frete dos ônibus. Quando Harvey desceu paratomar o café da manhã, já tinha pensado em todos os detalhes.

Tratava-se de um conceito completamente novo. Ela sabiaexatamente de quantos ônibus precisaria e podia dizer, ao olhar para seus

mapas, quantos ficariam lotados, quantos ficariam parcialmente cheios,de quantos ônibus adicionais precisaria, quantas pessoas ocupariam osassentos reservados, o tamanho da área que deveria ser reservada paracadeiras de rodas e quantos recepcionistas seriam necessários.

Kathryn ficou impressionada. E foi assim que Maudie Phillips, a  Avó Milagrosa, começou a viajar pelos Estados Unidos e Canadá,lançando as bases para os grandes cultos de milagres que aconteceriamem Chicago, St. Louis, Oakland, Seattle, Dallas, Miami, Atlanta, Las Vegase em muitas outras grandes cidades. Era o começo de um ministériocompletamente novo para Kathryn — era dela, porque ela tivera a

sabedoria de esperar.

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Capítulo 11

Olá! Você Estava Esperando por Mim?

Todos, conforme parecia, em algum momento, gostavam de imitarKathryn Kuhlman com sua voz singular e áspera quando ela aparecia narádio, dizendo: "Oooolá! Você estava esperaaaaaando por mim?". Na tele-

  visão, os gestos dramáticos com as mãos; o modo como ela andava naponta dos pés e com passos curtos e rápidos para trás no púlpitoenquanto balançava um dedo no ar e dizia: "O Espíííííírito Saaaaaantoestá aqui"; ou "Eu te dou glóóóóória; eu te louvo"; seu penteado da década

de 1940... tudo fazia dela um tipo ideal de personagem que se adoraimitar. Um judeu produtor de filmes de Hollywood era um dos grandesfãs de Kathryn. Ele dizia que ela possuía todas as qualidades de umaestrela de cinema, uma vez que era a única mulher no mundo que podiatransformar a palavra "Deus" em quatro sílabas.

Ela se tornou uma boa isca para os comediantes da televisão.Humoristas como Flip Wilson e Carol Burnett podiam fazer a casa virabaixo com uma imitação ridícula de Kathryn Kuhlman. Kathryn sempreparecia gostar mais deles do que de qualquer outra pessoa. Ela sabia que atelevisão e os humoristas de casas noturnas só escolhiam aqueles quetinham projeção nacional. E acredito que estivesse disposta a tolerar ahumilhação de ter Carol Burnett caçoando dela só para desfrutar danotoriedade que pertence apenas às celebridades. Depois de Ruth Buzziter feito uma imitação realmente "diferente" da senhorita Kuhlman em

 Laugh In (impondo as mãos em melões em um supermercado), Kathrynenviou-lhe uma carta pessoal de apenas uma linha: "Ninguém gostoumais da sátira do que eu". Ruth respondeu enviando a Kathryn duas dú-zias de rosas com caules altos. (Ruth nunca mais imitou Kathryn Kuhl-man na televisão. )

 Até aqueles, como nós, que a conheciam e a amavam não podiamdeixar, se o assunto à mesa do jantar fosse Kathryn Kuhlman, de apontaro dedo e dizer: "E é exatamente assim!". Ou deixar, se o clima na reuniãode oração fosse descontraído e informal, de murmurar com uma vozrouca: "Eu creeeiOOO em miiiilagres".

Havia muitas teorias sobre a razão por que Kathryn falava daquelamaneira. Algumas palavras sempre eram ditas com excessiva ênfase."Jesus" era sempre "JÉÉÉÉsussss". E ela não conseguia falar do EspíritoSanto sem estender seu nome: "O Espírito Saaaaanto". O mesmo acon-tecia com aqueles gestos dramáticos, principalmente quando ia para trás,

apontava o dedo, abaixava o queixo, olhava para o braço, além da ponta

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do dedo, e dizia com a determinação de Boulder Dam: "É isso! E não seesqueçam disso!".

Kathryn gostava de dizer às pessoas que, quando criança, ela eragaga (como Moisés). Sua mãe, preocupada com isso, passava horas

ensinando-lhe a falar corretamente, dizendo: "Agora, querida, faledevagar. Proooo-nun-ci-e as palavras claaaramente".

"Esta é a razão por que falo tão devagar agora", Kathryn explicou aum repórter da revista People. " Muitas pessoas pensam que meu modo defalar está comprometido, mas é só meu jeito de vencer meu problema. "

Isso fazia as pessoas se sentirem melhor. Todos amamos um vencedor, mas desprezamos um exibicionista. Na verdade, aqueles que aconheceram na infância diziam que ela sempre falava devagar,dramatizando excessivamente com seus gestos e acentuandosobremaneira as palavras, somente para chamar a atenção de seusouvintes. Uma antiga colega de escola contou-me que, ao ouvir Kathrynna televisão, pôde fechar os olhos e ainda reconhecer aquela voz como ade uma garota ruiva travessa, de 15 anos, em pé diante da classe,

  balançando os braços, piscando os longos cílios, empinando o quadril erecitando: "Oh, Capitão! Meu Capitão!".

"Quando a professora saía da sala", disse a colega de classe, "todasas crianças começavam a gritar: 'Kathryn, conte uma história para nós'.Ela era uma verdadeira contadora de histórias, e, por mais que ríamos deseus gestos dramáticos e do modo como pronunciava as palavras, sabía-

mos que ninguém podia divertir-nos da mesma forma que ela".Muitos anos depois, durante um dos grandes cultos de milagres no

Shrine Auditorium, lá estava a irmã mais velha de Kathryn, MyrtleParrott, sentada na galeria. Algumas jovens estavam sentadas atrás dela, eMyrtle ouviu o que elas falavam.

— Ela é muito dramática — uma delas disse. — Não agüento todaessa encenação.

— E o modo como estende as palavras. Que farsa! Ela deve terficado em frente ao espelho durante anos, tentando aperfeiçoar sua

pronúncia.Era mais do que Myrtle podia suportar. Retorcendo-se em seu

lugar, soltando fogo pelos olhos, ela disse:

— Eu a conheço há mais tempo que vocês. Eu a conheço há maistempo do que qualquer pessoa neste auditório hoje e quero que vocêssaibam que ela sempre falou assim. Sempre.

Ela realmente era gaga quando criança? Ou será que começou afalar assim em uma tenra idade, desenvolvendo uma técnica para entreter— uma técnica que ela nunca mudou, pois funcionava?

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Este é outro mistério que provavelmente ficará sem solução parasempre.

Kathryn começava todo programa de rádio do mesmo modo: "Olá!  Você estava esperando por mim? É muito gentil de sua parte. Eu sabia

que você estaria aí".Talvez parecesse um clichê banal, mas era este toque acolhedor

que a tornou admirável por uma geração inteira de ouvintes de rádio,muito tempo antes de a televisão dominar as ondas do ar. Na verdade,muitos ouvintes escreviam dizendo que, quando a voz de Kathryn surgiano rádio, perguntando se estavam esperando por ela, eles respondiam, em

 voz alta: "Oh, sim, Kathryn. Estou bem aqui". Como muitas outras coisasna vida de Kathryn, uma vez que encontrou uma fórmula viável, ela nuncamudou.

No entanto, sua famosa histrionice, seu deliberado espetáculo dearticulação e gestos dramáticos para surtir efeito, deixou-a vulnerável aimitações hilárias.

Minha imitadora favorita era Catherine Marshall. Talvez porque afamosa autora fosse, basicamente, uma pessoa séria, ou talvez porque suapersonalidade fosse apropriada. Ela podia imitar tão bem a voz deKathryn na televisão que se podia pensar que a evangelista realmenteestivesse na sala.

Uma de minhas lembranças mais ternas é a do encontro entre asduas — Kathryn Kuhlman e Catherine Marshall. Catherine, a autora, e seu

marido, Leonard LeSourd, que, naquele tempo, era editor da revistaGuideposts, perguntaram se eu poderia apresentá-los a Kathryn. OsLeSourds haviam chegado a uma nova dimensão de sua vida espiritual eestavam profundamente interessados no ministério da senhoritaKuhlman — principalmente em sua ênfase no Espírito Santo. Além disso,Catherine estava trabalhando em seu livro  Something more [ Algo mais],no qual ela tinha a intenção de incluir um capítulo sobre cura. Segundoela, o encontro com a senhorita Kuhlman seria útil.

Kathryn estava igualmente ansiosa pelo encontro. Embora não

acredite que ela tenha lido algum dos livros de Catherine, ficavaimpressionada com aqueles que chegavam ao topo do sucesso. E conhecera famosa escritora, e seu talentoso marido, era simplesmente o tipo deocasião de que ela gostava. Por isso, quando liguei para ela em Pittsburghe disse que tinha a intenção de levar Catherine e Len ao culto de milagresem Miami na semana seguinte, ela agiu como se eu estivesse levando o reie a rainha da Inglaterra.

— Vá aos bastidores assim que vocês chegarem lá — ela disserindo. — Venho esperando por isso há muito tempo.

Estava garoando na tarde em que Jackie e eu pegamos Catherine eLen em sua casa na Flórida. Enquanto seguíamos para o sul, rumo aSunshine State Parkway, os dois ficaram a importunar-me com perguntas.

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Escritores são sempre pessoas curiosas que passam mais tempo fazendoperguntas e ouvindo do que contando histórias.

— Você acha que o fenômeno de "cair sob o poder" é real?

— Você acha que ela tem algum poder hipnótico?

— Por que alguns são curados e outros voltam para casa sem acura?

— Você acha que a fé desempenha um papel importante nas curas?

— De quem é a fé — dela ou da pessoa que está sendo curada?

— Por que Deus escolheria uma pessoa como Kathryn Kuhlman,com todas as suas falhas óbvias?

 A única conclusão à qual pude chegar enquanto saímos da estradano sentido do Dade County Auditorium foi que a cura, como o nascimento

e a morte, é um assunto que diz respeito a Deus. É o fruto de seu amor emisericórdia, e não obra do homem, e que Ele pode escolher a quem bemlhe aprouver para transmitir seu poder de cura.

  Assim que chegamos ao auditório, a chuva que caía estava forte.Faltavam alguns minutos para as 17 horas quando saímos da rua Flagler enos vimos do lado do auditório; o limpador de pára-brisas batiaritmadamente nas laterais cromadas de meu Chevrolet de quatro anos.

"Uau!", ouvi Len dizer no banco traseiro; seguido pela observaçãomais objetiva de Catherine: "Meu bom Deus, veja isso!".

  A calçada, o gramado e a rua em frente do auditório estavamcheios de pessoas. Alguns conseguiam apertar-se contra o muro sob ascalhas suspensas, mas a maioria — talvez outras 2 mil pessoas — estavaem pé debaixo daquela pancada de chuva, esperando as portas seabrirem. Guarda-chuvas de muitos tamanhos, formas e cores estavamabertos, e algumas pessoas conseguiam amontoar-se debaixo deles.Outras ficavam em pé com a cabeça curvada sob jornais encharcados. A maioria estava ficando ensopada. E a multidão aumentava de tamanho àmedida que as pessoas, tendo estacionado seus carros, corriam doestacionamento para juntar-se nas extremidades, espalhando-se pela

grama, pelos canteiros e pela rua principal.Catherine estava na ponta do banco traseiro, com as mãos

agarradas ao encosto do banco atrás de minha cabeça enquanto olhavapelo pára-brisa.

— Duas horas antes de o culto começar, e essas pessoas já estãoaqui fora, em pé, debaixo de chuva — disse, ofegante. — Você consegueimaginar as pessoas tentando entrar em nossa igreja presbiteriana assim?

Len riu, surpreso.

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— Bem, talvez se as mesmas coisas acontecessem nos cultos denossa igreja como as pessoas dizem que acontecem nesses cultos demilagres, teríamos os mesmos resultados.

Estacionamos o carro e entramos por uma porta lateral que ficava

próxima da entrada do palco. O coro já estava posicionado, e o dr.Metcalfe estava passando seus últimos compassos. O auditório pareciaquase cheio, ocupado por aqueles que haviam vindo de ônibus fretados oupor pessoas em cadeiras de rodas e macas. Fomos para o camarim deKathryn. Maggie veio ao nosso encontro na porta e deixou bem claro queéramos bem-vindos.

Kathryn estava andando, como sempre. Ela se voltou rapidamentequando entramos e estendeu os braços.

— Puxaaa! Deus abençoe vocês — ela disse sorrindo.

Tudo o que eu podia fazer era observar. Ela usava um vestido deorganza todo preto que tinha rendas grandes em volta da bainha da saia enos punhos das mangas três-quartos. Seu vestido destacava-se graças aum cinto vermelho escuro de, pelo menos, 15 centímetros de largura,dando a impressão de que alguém poderia abraçar sua cintura com asduas mãos sem tocar os dedos no vestido. O laço fofo nas mangasdestacava seus braços longos. Ela estava usando um bracelete de pratalargo no pulso direito e, no pescoço, um caro adorno, parecido comesmeraldas entalhadas em pura prata. Usava meias pretas para combinarcom o vestido preto e sapatos vermelho-escuros. Mas não foram as roupas

que tiraram meu fôlego; foram os óculos. Ela estava usando o maior parde óculos que já vi. A armação vermelho-escura combinava com o cinto eos sapatos, mas os óculos propriamente ditos cobriam a metade superiorde seu rosto e chegavam a 5 centímetros nas laterais.

Ela parou por um instante com uma das mãos na cintura, comaquela típica postura descontraída bastante parecida com a que Betty Grable adotava quando posava na década de 1940. Embora tivesse maisde 65 anos, ainda podia fazer isso. Ficou naquela pose por algunssegundos e então estendeu as duas mãos para segurar a mão deCatherine. Repetiu aquele primeiro "Puxaaaa! Deus abençoe você". Seu

rosto exibia um sorriso largo e os óculos. Então, ainda segurando firme amão de Catherine com as duas mãos, ela deu meio passo para trás, comoque para observar e admirar a pessoa que viera conhecê-la.

— Ainda estou surpresa — disse com a voz subindo e descendocomo as águas profundas que deslizam sobre as pedras em um rio. — Porque alguém como você teria vontade de vir aqui para me ver? Mas — elariu de um modo rouco — estou muuuuito contente por isso.

Catherine ficou parada ali, pasma, olhando para aqueles óculosenormes.

Kathryn deu mais uma de suas risadas.

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— Oh — ela disse, rouquenha —, só estou tentando ser discreta.Catherine deu uma gargalhada, e de repente as duas eram como velhasirmãs. Não ficamos no camarim por muito tempo e logo tomamos assentono auditório, onde não só pudemos ver o púlpito, mas também ter uma

 boa visão do que estava se passando nos assentos depois que os milagrescomeçaram. Na verdade, Len e Catherine pareciam muito maisinteressados em ver a reação do público enquanto as curas eram pedidasdo que em observar Kathryn enquanto se movia de um lado para o outrono púlpito. Em várias ocasiões, olhei de relance para os dois e vi lágrimas.Era um espetáculo, sem dúvida, mas havia mais coisas envolvidas do queum simples espetáculo. O Espírito Santo também estava ali.

 Aquela foi a única vez em que as duas Kathryns (ou Catherines) seencontraram. Naquela noite, no caminho de volta para a casa dosLeSourds, depois de deixarmos Len no aeroporto de Miami para que ele

embarcasse em um avião para Nova York, Catherine ficou séria e quieta.E, embora eu tenha estado com ela várias vezes depois daquele encontro,que eu saiba, ela nunca mais voltou a imitar sua famosa homônima.

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Capítulo 12

Histórias Não Contadas

Embora não haja uma definição satisfatória para um milagre,Kathryn insistia em certos critérios convencionais antes de uma históriade milagre poder ser publicada. Se as curas não passassem nesses testes,elas não seriam incluídas em seu livro.

 A doença ou lesão deveria ser orgânica ou estrutural por natureza— e deveria ter sido diagnosticada por um médico.

  A cura deveria ter acontecido rápida ou instantaneamente. Asmudanças teriam de ser anormais, e não do tipo que poderia serresultante de uma sugestão.

Todas as curas teriam de ser constatadas por um médico — depreferência, por mais de um médico. Pelo menos, um dos profissionaisdeveria ser o médico particular do paciente.

  A cura deveria ser permanente ou, pelo menos, de duraçãosuficiente para que não fosse diagnosticada como uma "remissão".

Uma vez que seguíamos à risca esse padrão, muitos milagres

espetaculares nunca foram relatados em seus livros.Havia o caso de George Davis, por exemplo, ex-supervisor do

Serviço de Educação Vocacional do sistema escolar de Filadélfia. Davis,que se formou pela Universidade de Nova York, pela Universidade deTemple, pela Universidade da Pensilvânia e pela Universidade de

  Villanova, foi o primeiro consultor negro da Escola do Distrito de  Abington. Eu o entrevistei em sua confortável casa dos subúrbios, nonorte de Filadélfia, e o achei um dos homens mais agradáveis que jáconheci. Sua cura enquadrava-se na categoria de cura "clássica".

Esforçando-se para ter sucesso — vencer em um mundo dominadopor brancos —, Davis desenvolveu um sério problema cardíaco. Seu car-diologista do Abington Memorial Hospital o diagnosticou como uminfarto do miocárdio. A válvula que permitia o sangue correr entre os dois

  ventrículos de seu coração não estava funcionando adequadamente. Eraum problema muito parecido com aquele que contribuiu para a morte deKathryn muitos anos depois.

Davis conviveu com essa situação por quase um ano — emboratenha tido vários ataques cardíacos e quase morrido — até o cardiologistadecidir regular o batimento cardíaco inserindo um marca-passo. O

dispositivo eletrônico de aço inoxidável era quase do tamanho de umisqueiro Zippo. Por meio de uma cirurgia, esse dispositivo foi colocado do

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lado esquerdo do seu peito, na cavidade abaixo da clavícula. Havia umtubo estendido por sobre o pulmão que ia até o coração. Uma pequena

  bateria no marco-passo fornecia uma carga elétrica que enviavaconstantes impulsos para o coração, mantendo o batimento regular.

Oito meses após a cirurgia, Davis foi visitar o pai em Donora, Pen-silvânia, um subúrbio de Pittsburgh. Seu pai, que era um dos introdutoresnos cultos de milagres de Kathryn, o encorajou a participar também.Davis relutou; ele não era muito religioso. Entretanto, convencido de queseu pai havia passado por uma mudança genuína, finalmente concordouem ir ao culto.

No encerramento do culto, a senhorita Kuhlman andou pelo corre-dor, orando pelas pessoas. Ao aproximar-se de Davis, ela impôs a mãosobre a cabeça do rapaz e continuou a andar. Davis caiu de sua cadeira eficou no chão, sem poder se mexer. Enquanto estava "sob o poder", ele

sentiu uma terrível queimação no peito, uma dor muito parecida com aque havia experimentado em seu primeiro ataque cardíaco — um ano emeio antes.

Uma mulher que estava perto abaixou-se e disse:

— Isso não é um ataque cardíaco. Você está sendo curado. Este é opoder de Deus passando em você.

Tudo o que Davis pôde dizer foi:

— Espero que seja.

 A dor finalmente diminuiu, e Davis pôde arrastar-se até a cadeirapara esperar o encerramento do culto. Mas sua vida foi transformada,espiritualmente, a partir daquele momento.

Naquela noite, na casa de seus pais em Donora, ele tomou um banho e se secou diante do espelho. De repente percebeu que algo estavadiferente. A cicatriz em seu peito, onde o marca-passo tinha sido inserido,havia desaparecido. No entanto, ele estava cansado, e a luz estava fraca.Por isso, tratou de tirar a idéia da mente. Na manhã seguinte, no entanto,ele tornou a se examinar e viu que a cicatriz havia desaparecido. Não sóisso, mas, ao pressionar os dedos sobre o tecido de seu peito, não pôdemais sentir o marca-passo.

Davis hesitou em voltar ao seu médico. Mas, por fim, três semanasdepois, decidiu que deveria fazer um exame médico completo. Duranteesse período, ele ganhou peso e se sentiu mais forte do que se sentia háanos. Quando o cardiologista o examinou, o coração estava perfeito. Davisentão explicou o que havia acontecido. Para sua surpresa, o médico reagiucom raiva. Ele logo solicitou um exame fluoroscópico. Quando o marca-passo não foi encontrado, o médico acusou Davis de tê-lo tirado. Confuso,Davis perguntou:

— Se havia uma cicatriz quando ele foi implantado, não deveriahaver uma cicatriz se alguém o tivesse tirado? — Em seguida, acrescentou:

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— Vou dizer. Foi o bom Senhor que o tirou — e removeu a cicatriztambém.

O médico, agora enfurecido, disse que não gostava quando aspessoas adulteravam seus procedimentos. Davis tentou argumentar,

dizendo que "Deus não é uma pessoa qualquer", mas o médico estavamuito nervoso para ouvir.

Ele ordenou que fossem feitos raios X completos no hospital,desde a planta dos pés de Davis até a sua cabeça. O marca-passo haviadesaparecido.

Na semana seguinte, Davis foi a uma consulta marcada nohospital, onde foi examinado por uma equipe de cardiologistas, incluindoum professor de medicina de Harvard. Todos foram unânimes em afirmarque aquele era o caso mais incomum que já haviam testemunhado. Noentanto, quando Davis pediu ao seu cardiologista um atestado para con-firmar que o marca-passo tinha sido implantado e que, depois, no exame,desaparecera, o médico perdeu a paciência.

— Você quer fazer com que eu seja motivo de chacota entre todosos profissionais de medicina, não é? Não lhe darei um atestado e o proíbode mencionar meu nome em alguma coisa que você tenha a dizer. Setentar, o levarei ao tribunal.

O dr. George Johnston, de Filadélfia, um médico consultadodurante o primeiro ataque cardíaco de Davis, no entanto, estava dispostoa atestá-lo. Ele disse:

— Posso confirmar que Davis teve um ataque cardíaco, que ummarca-passo foi implantado em seu corpo e que agora esse marca-passo ea cicatriz resultante de uma incisão de quase 13 centímetros desaparece-ram. Está tudo registrado.

Kathryn pediu a Davis que aparecesse em seu programa detelevisão, mas, visto que a história não atendia a um de nossos critérios —o médico encarregado do caso não queria confirmar a história —, optamospor não usá-la em seus livros. A história ainda não foi contada. Até agora.

Poucos médicos reagiram como o médico de George Davis.Muitos, na verdade, ficaram ávidos por documentar os milagres, sem sesentirem ameaçados pela interferência de Deus em "seu" trabalho. Umdeles foi uma médica do sul da Pensilvânia, que, na verdade, levou umade suas pacientes a um culto de milagres para receber a cura. Entretanto,como a garota, embora curada, nunca pôde superar seus problemasmorais, Kathryn decidiu omitir a história de seus livros.

Uma jovem dona de casa tinha esclerose múltipla. Esta é umaterrível doença que ataca os músculos e nervos, muitas vezes levando ocorpo a assumir formas estranhas e causando violentas convulsões. O

paciente muitas vezes fica confinado a uma cadeira de rodas e, uma vez

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que não se conhece cura pela medicina, ele, por fim, morre por causa dadoença. Isto é, a menos que haja a intervenção de Deus.

Este caso era, sobretudo, patético. Não só a mulher tinha filhospequenos, mas o marido se aproveitava de sua doença para manter um

caso com outra mulher. Em diversas ocasiões, ele trazia sua amante paracasa e a levava para o quarto dos fundos, sabendo que a esposa nãopoderia segui-los porque as portas eram muito estreitas para sua cadeirade rodas. Arrasada, física e espiritualmente, ela teria morrido, não fosseseu médico, um luterano cheio do Espírito, que interveio e teve uminteresse pessoal. O médico, que havia ouvido falar dos cultos de milagresem Pittsburgh, convenceu a jovem senhora a acompanhá-lo atéPittsburgh. Esta era sua única esperança, disse o médico.

Os dois partiram em um dos ônibus fretados. O médico ficou comela o tempo todo, ajudando-a a subir os degraus da igreja, um a um, com

as pernas da paciente presa em aparelhos de aço pesados. Durante oculto, a perna da mulher começou a tremer. Ela tirou o aparelho epercebeu que poderia usar aquela perna. O médico acompanhou-a até opúlpito. Enquanto estava conversando com a senhorita Kuhlman, a jovemmulher "caiu sob o poder" sobre a plataforma. Ao levantar-se, ela tirou ooutro aparelho e pôde sair do púlpito andando normalmente.

Desde que aquela mulher ficara paralítica da cintura para baixo,tinha perdido o controle sobre a bexiga. Usava um cateter urinário, presoa um saco plástico, amarrado na parte interna de sua coxa, havia mais deum ano. O médico sabia que o verdadeiro teste de sua cura viria quandoela removesse o cateter. Vencido pela insistência da mulher,imediatamente se dirigiram ao toalete da Primeira Igreja Presbiteriana,onde o médico, usando um par de fórceps que ela havia levado consigo "sópara garantir", retirou o cateter. A mulher pôde urinar normalmente e

 voltou para sua cidade, curada.

  A esclerose múltipla é uma estranha doença e muitas vezesapresenta remissão, permitindo ao paciente funcionar normalmente porum curto espaço de tempo. No entanto, uma vez que a doença chega aoestágio da "cadeira de rodas", raramente há alguma remissão. Contudo,

seis anos depois de ter ido ao culto de milagres, a mulher não mostravasinais de esclerose múltipla. Não só seu médico, mas os médicos deBaltimore confirmaram a cura total.

Entretanto, em vez de submeter sua vida a Deus, a jovem mulher,agora divorciada do marido, caiu na imoralidade. Fisicamente, ela haviasido curada, mas, psicologicamente, ainda era aleijada. Kathryn e omédico concordaram em não publicar a história. "Devemos ter muitocuidado para não envergonhar o Espírito Santo", advertiu Kathryn.

Foi uma das poucas vezes que discordei dela. Para mim, o Espírito

Santo era capaz de cuidar de si mesmo. Além disso, eu achava que a his-tória ilustrava um ponto extremamente válido — que Deus não faz acep-

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ção de pessoas. Sua misericórdia e graça — como a chuva do céu — caemsobre os justos e os injustos, sobre os pecadores e os santos. Kathrynconcordava com minha opinião, mas não arredou pé. Assim, a histórianão foi contada. Até agora.

Talvez as histórias mais emocionantes foram aquelas contadaspelos próprios médicos. A dra. Cecil Titus, do St. Luke Hospital, emCleveland, disse que o pé torto de uma garota de 10 anos "endireitoudiante dos seus olhos enquanto a senhorita Kuhlman orava". O dr.Kitman Au, de Burbank, Califórnia, um radiologista, contou ao repórterde um jornal: "Vi curas nos cultos de Kathryn Kuhlman que eu, comomédico, só posso atribuir a algo além do poder humano". E o dr. RichardOwellen, o especialista em pesquisas de câncer da Universidade JohnsHopkins, falou de sua experiência de segurar o filho pequeno nos braçosem um culto de milagres e ver o quadril deslocado da criança girar, sob o

poder do Espírito Santo, até ficar são e no lugar.Uma das cartas mais carinhosas da senhorita Kuhlman veio do dr.

E. B. Henry que exerceu a medicina em Pittsburgh até sua morte em 1963,aos 73 anos. Ele escreveu:

"Esta carta é uma expressão de gratidão e um pedido de desculpas:gratidão a Deus e à senhora (que Ele sempre a abençoe) e um pedido dedesculpas por eu não reconhecer uma cura quando ela estavaacontecendo. Tentarei ser o mais breve possível nesta carta, por isso aqui

segue o relato "nos mínimos detalhes" [... ]Sábado, 18 de novembro [1950], foi um dia difícil para mim.

Trabalhei arduamente o dia todo até às 17h30. Cheguei em casa para jantar depois das 18 horas. Às pressas, preparei-me para ir a Franklin. Láno hotel, dormi pouco por causa de uma dor no osso, devido a uma velhafratura da clavícula direita, que não estava curada, mas havia formadouma falsa junta com um calo em torno dela que tinha quase o tamanho deuma noz. Doía tanto que eu só conseguia vestir meu casaco comdificuldade, e minha mão tremia quando eu tentava levantar o braçodireito. Eu lhe garanto que a dor do meu pescoço para baixo até o pulso

era realmente forte.Segunda-feira de manhã: acordado novamente às 6 horas para

tomar o café e chegar ao Templo da Fé antes das 9 horas. Quero que asenhora saiba que eu realmente não pensava em receber uma cura.Sempre pude suportar a dor, por isso minha maior preocupação era comminha esposa, cujo seio esquerdo havia sido removido em abril por contade um carcinoma de células em anel de sinete (um tipo bastante maligno),e meu medo era de que ela tivesse uma metástase.

Durante os momentos de cura, a senhora começou a declarar que

havia uma "cavidade se abrindo. Alguém está recuperando a audição deum ouvido" (eu era surdo do ouvido direito havia, pelo menos, quinze

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anos). A senhora continuou: "Vejo um tumor do tamanho de uma nozcomeçando a se dissolver". Minha esposa cutucou-me e sussurrou: "Ela serefere a você", mas eu, pensando nela, não sentia nada senão umaqueimação no meu ouvido direito que, a meu ver, era o resultado de umasugestão mental.

Então a senhora disse: "Este é homem. Não quero que você percaesta cura. Por favor, fale alto". Posso ver ainda como a senhora olhavaseriamente em nossa direção, acenando a mão esquerda quase quediretamente para o nosso grupo e, ao mesmo tempo, batendo no púlpitocom seu punho direito. Minha esposa continuou a me cutucar, mas,mesmo quando a senhora disse que o homem sentia uma queimação noouvido, não pude acreditar que eu estava sendo curado. Afinal, não haviapedido nada para mim. Estava acostumado com a surdez de meu ouvidodireito e nem pensava nisso.

Fiz a viagem de quase 140 quilômetros de volta para casa debaixode chuva, uma condição arriscada para a minha sinusite. No caminho,minha esposa continuou a falar comigo com o mesmo tom de sempre. Elaestava sentada ao meu lado, à minha direita. Então, chamou-me a atençãopara minha capacidade de ouvi-la, e ambos percebemos que eu não lhepedia que repetisse o que dizia. Assim que chegamos em casa, tive, derepente, de assoar o nariz. A cavidade do nariz estava aberta, e a dor haviadesaparecido. O nariz continuou a escorrer livremente a noite toda.Dormi bem a noite inteira, e, pela manhã, o nariz já não escorria mais, eeu estava sem dor.

Para aumentar meu espanto, descobri que podia mover normal-mente meu braço direito, sem dor. Não posso dizer que a audição de meuouvido direito está perfeita. Mas não preciso virar a cabeça para usar oouvido esquerdo para ouvir minha esposa nem pedir a ela que repita oque disse. Talvez o restante de minha audição volte aos poucos. "

O dr. Martin Biery, cirurgião especialista em medula espinhal, era visto com freqüência na plataforma do Shrine Auditorium. Ele fazia parteda equipe do Hospital de Veteranos, em Long Beach, Califórnia.

"Com os meus olhos", disse o dr. Biery, "vi o que é, do ponto de vista médico, impossível acontecer várias vezes. Vi artríticos, cuja espinhaestava paralisada, ficarem libertos no mesmo instante, mexerem-se ecurvarem-se em todas as direções, sem dor. Uma perna que não se de-senvolvera por causa de uma pólio alongou visivelmente diante dos meusolhos enquanto a senhorita Kuhlman orava. Um menino comosteocondrite no joelho — uma inflamação crônica causada por uma lesãodurante o futebol — não conseguia dobrar o joelho havia anos. Quando oexaminei, ele tinha uma perfeita flexão do joelho. Como médico,

considero essas curas como milagres".

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  A dra. Viola Frymann, de La Jolla, Califórnia, outra médica, eraconstantemente vista no palco do Shrine. Ela relatou inúmeros milagresque testemunhou, inclusive o de uma criança com um coágulo de sangueno nervo óptico que recebera a visão. Outra criança, cujos braços e pernasestavam paralisados por causa de uma paralisia cerebral, foi curadadiante de seus olhos. "Minha esperança é a de que uma consciência darealidade de tal cura espiritual permeie a profissão médica", ela disse aorepórter canadense Allen Spraggett.

Em 1969, sentei-me ao lado do dr. Robert Hoyt, no palco doShrine Auditorium. O dr. Hoyt, um diplomado pelo Conselho Norte-

  Americano de Patologia, fazia parte da equipe da escola médica daUniversidade de Stanford e freqüentemente viajava de San Francisco paraparticipar dos cultos. Uma longa fila de pessoas havia se formado até opalco; elas esperavam sua vez para dar testemunho de curas. Bem à nossa

frente, estava uma senhora, com seus 70 e tantos anos, usando um par deóculos com aros. Uma das lentes estava coberta. Ela disse à ajudante, quetentava manter as pessoas em fila reta, que havia sido curada de umaterrível bursite em um dos ombros, mas que sua vista direita ainda estavacega. Embora estivesse sussurrando para a assistente, a senhoritaKuhlman, que estava a cerca de 1 metro de distância, não podendo, deforma alguma, ter ouvido os sussurros em meio a todo aquele barulho, derepente se virou. Apontando para a nossa direção, ela disse: "Há alguémaí que está sendo curado. É uma cura em um dos olhos. Está acontecendoneste exato momento".

Havia tantas curas que eu estava em um estado de semichoque.Mas ergui os olhos a tempo de ver aquela lente tampada, e sem queninguém a tocasse, de repente, saltar da armação e cair no chão. O dr.Hoyt estava ofegante. "Você viu aquilo?!", ele sussurrou.

Um tanto impressionado para responder, só pude balançar acabeça. É claro que o dr. Hoyt não estava me observando. Ele estavaobservando a mulher, que, atordoada e perplexa, tentava achar seusóculos. Foi então que ela percebeu. Ela podia ver. Havia recuperado a

  visão. Alguém pegou a lente tampada e a entregou a ela. Ela deixou opalco titubeando e foi para o seu lugar, um tanto deslumbrada para tentarcompreender o que havia acabado de acontecer. Kathryn, sem saber domilagre, não parou o tempo suficiente para perguntar se havia acontecidoalguma coisa, mas voltou-se para a congregação e continuou a pediroutras curas.

 Ao recuperar a fala, quis dizer algo ao médico que estava sentadoao meu lado. Mas, quando me virei, vi que ele estava com as mãos norosto, chorando. A história ainda não foi contada. Até agora.

Um dos itens mais valiosos em meu estúdio é uma caixa escura,com moldura dourada, contendo um conjunto caro de fórceps cirúrgicos,

antes usado por uma habilidosa oftalmologista em Dallas, Texas, emcirurgias delicadas no olho. Kathryn deu-me o conjunto um ano antes de

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morrer, junto com uma carta da ex-proprietária, a dra. Elizabeth R. Vaughan.

"Fique com elas", Kathryn disse com muito carinho. "Sãopreciosas para mim. Quem sabe um dia você queira escrever uma

história." A carta fora escrita no Natal de 1974, às 5h30.

"Querida Kathryn:

Estou escrevendo esta carta antes de meus filhos acordarem nestamanhã de Natal porque quero que você seja a primeira pessoa a receberum presente no aniversário de nosso Senhor.

Há três semanas, perguntei ao Senhor o que você gostaria de

ganhar no Natal que ninguém soubesse e que atenderia aos desejosdo seu coração. Esses fórceps dentados de 0,12mm foram a respostado Senhor. Deixe-me explicar o que isso significa.

Durante os últimos quatro anos e meio, usei esse instrumento emcada cirurgia de catarata que o Senhor e eu realizamos. Ele éindispensável para mim. Tem três dentes na ponta com 0,12mm decomprimento. Você precisará de uma lente de aumento para ver essesdentes também. Eles são usados a fim de prender o tecido para que umaagulha possa ser passada por eles enquanto o instrumento é seguradocom firmeza, mas com delicadeza. Os dentes devem estar perfeitamente

alinhados para que o tecido fique preso adequadamente. Se estiverem malalinhados, ainda que um milímetro, você pode jogá-los fora, pois nãoprenderão mais da maneira necessária.

Esse instrumento e sua função são importantes porque é usadopara fechar a lesão depois de a catarata ser removida. O olho fica bemaberto e não deixa margem para erro na cirurgia ou no instrumento. Seesse instrumento não estiver prendendo adequadamente, e o olho abertosofrer alguma pressão, o que está lá dentro do olho poderá sercomprimido e a visão do paciente ficará comprometida, senão perdidatotalmente. Essa cirurgia é inteiramente realizada por meio de ummicroscópio sob uma excelente lente de aumento. Esses fórceps devemprender uma espessura de 5mm do tecido e segurá-lo firme o suficientepara que uma agulha seja passada por eles, sem exercer nenhuma pressãosobre o olho aberto.

Eu adoro esse instrumento de precisão. Ele foi muito útil e estevepresente em muitas cirurgias milagrosas que o Senhor realizou. Fun-cionou perfeitamente durante quatro anos e meio, e agora quero que vocêfique com ele nesta manhã de Natal. Tem por objetivo servir-lhe como umlembrete de nosso Pai celestial; esse instrumento esteve em minhas mãos

assim como você está nas mãos do Pai.

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 Você é para Deus como estes fórceps de 0,12mm, prendendo comdentes finos e perfeitamente alinhados aquilo que Ele deseja que vocêprenda no momento. Você começou como um pedaço de metal sem formaou serventia, e, ao submeter-se à vontade de Deus e morrer para suaprópria vontade, Ele pôde transformá-la em um instrumento de precisãoperfeito em suas mãos. Você é exatamente o que Ele deseja que seja. Elenão quer que você seja uma tesoura ou um instrumento para extrair acatarata. Ele intentou, desde o começo, que você fosse um fórceps comdentes de 0,12mm — segurando o tecido para que o Grande Médicopudesse dar os pontos e operar a cura.

Não são muitas as pessoas neste mundo tão submissas a ponto deDeus fazer delas exatamente o que Ele quer que sejam, mas você é. NossoPai deseja que você saiba, no aniversário de seu Filho, que Ele a ama alémde palavras e que muito lhe apraz ter um instrumento de precisão como

Kathryn Kuhlman à disposição dele para que possa usá-lo como quiser. Amém e amém!

Beth Vaughan"

Esta história (muito melhor escrita do que qualquer biógrafopoderia escrever) sobre o propósito do Pai em usar a garota ruiva esardenta de Concórdia, Missouri, ainda não tinha sido contada também.

 Até agora.

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Capítulo 13

 Adorando no Santuário

Todo homem — e toda mulher — tem um momento em suacarreira no qual sabe que ou avança, ou fica para trás. No livro de Êxodo,há uma fascinante história sobre Deus conduzindo seu povo pelo desertodo Sinai com uma nuvem sobre o tabernáculo. Uma vez que a nuvemficasse imóvel, o povo poderia ficar onde estava. Mas, quando a nuvem semovia, era hora de desfazer as tendas, juntar as ovelhas e cabras dos ria-chos e das encostas das montanhas, e seguir debaixo da nuvem.

  A nuvem de Kathryn começou a se mover novamente em 1965.Dez anos antes, o evangelista C. M. Ward, da igreja Assembléia de Deus,havia profetizado para Ralph Wilkerson, um jovem pastor da Califórnia, oseguinte: "Ralph, duas coisas vão acontecer no reino. Haverá uma grandee nova ênfase no ensino bíblico. E, segundo, haverá uma grande evan-gelista que virá para a Costa Oeste".

Ralph apegou-se às profecias. Nunca lhe ocorreu que Deus talvezquisesse usá-lo como o instrumento para cumprir uma dessas profecias.

  A igreja de Ralph, Anaheim Christian Center, era uma

congregação que crescia e prosperava. Seu ministério de cura (ele vinharealizando cultos de milagres havia dez anos) era bem conhecido naregião. Os milagres aconteciam todas as semanas. Além disso, a igrejaestava patrocinando grandes reuniões e cruzadas, usando o AnaheimConvention Center. David Wilkerson (sem nenhum parentesco comRalph), fundador do ministério Desafio Jovem, foi o principal pregadorem várias cruzadas. Ao mesmo tempo, David também estava trabalhandocom Kathryn em Pittsburgh, Pensilvânia, e em Youngstown, Ohio.Kathryn estava impressionada com o jovem pregador e autor do famosolivro  A cruz e o punhal e o ajudava a angariar fundos para seus projetos

de reabilitação de drogados, deixando-o pregar no Stambaugh Auditorium e em reuniões de jovens na mesquita dos sírios em Cleveland,Ohio. David começou a incentivar Ralph — que não conhecia Kathryn — aconvidá-la a ir a Los Angeles.

Fazia vários anos que Ralph dirigia uma reunião de oração namansão de um presbítero da Igreja de Cristo, na cidade vizinha de SanClemente. Em 1964, os homens do grupo de oração, que eram mais de200, concordaram com Ralph em orar para que Deus enviasse KathrynKuhlman para o sul da Califórnia. Kathryn não sabia de nada, é claro.

No final do verão, Ralph sentiu que era tempo de conhecerKathryn pessoalmente e pediu a David Wilkerson que cuidasse dos

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preparativos para a reunião. Ele e a esposa, Aliene, foram a Pittsburgh.Como Kathryn, Ralph era cauteloso e sentia necessidade de uma análisedetalhada. Em vez de ir conhecer Kathryn assim que chegaram, ele e

  Aliene foram a Youngstown, para participar de uma das reuniões dedomingo e tentar ter uma "impressão" do ministério de Kathryn.

"Posso estar enganado sobre tudo isso", Ralph disse a Alieneenquanto os dois estacionavam o carro no pátio lotado próximo ao grandeauditório. "Esta é a razão por que quero checar as coisas antes de dizeralgo. Já temos 'malucos' de sobra na Califórnia para sermos responsáveispor convidar outro. "

Os Wilkersons entraram no Stambaugh Auditorium, de 2. 500lugares, uma hora antes do início do culto. O prédio já estava lotado. Ocoro masculino estava ensaiando sob a batuta de Arthur Metcalfe. MaggieHartner estava ocupada com a escola dominical. O prédio tinha certo

aspecto de circo. A barraca de cachorro-quente estava aberta, e as pessoascomiam lanches e tomavam café no andar térreo. Aquilo não parecia uma"igreja" — pelo menos, não no sentido com o qual os Wilkersons estavamacostumados.

"Mas quando Kathryn apareceu e o culto começou", disse Ralph,"eu sabia que estávamos na presença de Deus. Cantamos os mesmoshinos e cânticos que cantávamos na Costa Oeste. As pessoas levantavamas mãos e se sentiam livres para adorar. A liturgia ali era a mesma com aqual eu estava acostumado, sem boletim impresso, mas deixando que oEspírito Santo conduzisse. Kathryn pregou o mesmo tipo de mensagemque eu pregava. E houve milagres. Deus estava naquele lugar".

  Ao lembrar-se daquela manhã, Ralph disse rindo: "Eu soube queestava no lugar certo quando, enquanto estávamos em pé cantando, umasenhora de quase 140 quilos, bem à minha frente, caiu no Espírito e tom-

 bou para trás. Ela quase me esmagou".

No dia seguinte, Ralph andou pelas ruas do centro de Pittsburgh,de escritório em escritório, perguntando às pessoas o que achavam de Ka-thryn Kuhlman. Ele ouvia a mesma coisa em todos os lugares aos quais ia."Bem, primeiro, é claro que ela ajudou muitos alcoólatras... Grande parte

do coro masculino é formado de ex-alcoólatras... Minha esposa foi curadano culto de Kathryn... Fechamos a loja nas sextas-feiras de manhã parapodermos participar do culto de milagres... "

Impressionados, Ralph e Aliene finalmente chegaram ao escritóriodo Carlton House. Ele compartilhou seu sonho e fez seu convite. Tinhacerteza de que Deus havia falado.

Kathryn sorriu para ele. "Por que eu deveria ir? Tenho muita genteaqui em Pittsburgh. Além disso, lá está o cemitério, todo o glamour deHollywood. Sou apenas uma garota do campo que veio de Missouri. Não

estou interessada".

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Ralph estava determinado. "Acho que você ficará interessadaquando orar a respeito. Vou voltar para pedir aos nossos homens queredobrem as suas orações. "

No início de 1965, Oral Roberts telefonou para Aliene Wilkerson

de Cleveland, Ohio, onde estava realizando uma cruzada. A mãe de seuorganista havia falecido, ele disse, e precisava muito de alguém quetocasse o órgão em seus cultos. Ele percebeu que estava em cima da hora,mas será que Aliene deixaria tudo e viajaria até Cleveland para tocar?

Ela conversou com Ralph. Ele concordou, mas insistiu que elapassasse em Pittsburgh e, mais uma vez, convidasse Kathryn para vir àCalifórnia. "Não desista até que ela aceite o convite", ele disse.

  Aliene ficou com Kathryn em Fox Chapel. Todas as noites, elatelefonava para casa. "Ralph, ela ainda se recusa a ir. "

Todas as manhãs, ela dizia a Kathryn: "Conversei com Ralphontem à noite. Ele ainda insiste, dizendo que Deus quer que você vá à Ca-lifórnia".

  A resposta de Kathryn era sempre a mesma: "Tenho muita coisapara fazer aqui. Não quero expandir este ministério".

Mas a nuvem estava se movendo, e Kathryn sabia disso. Ficar paratrás simplesmente porque ela se sentia confortável significava correr orisco de perder o contato com o Espírito Santo. Ela não tinha outraescolha senão ir à Califórnia.

No quarto dia, ela chamou Aliene e disse: "Tudo bem. Acho queisso é de Deus. Vou à Califórnia. Mas só para uma reunião. Nada mais. Sóuma".

 Aquela reunião foi realizada no auditório municipal de Pasadena.Kathryn era quase desconhecida na Costa Oeste, por isso grande parte das2. 500 pessoas que participaram do culto era do Anaheim ChristianCenter — inclusive os introdutores e o coro.

Mas nem todos. Muitos vieram de outras igrejas, e algunssimplesmente porque ficaram curiosos. Como sempre, houve milagres.

"Eu estava em pé ao lado de uma mulher que usava braçadeirasnas duas mãos", disse Ralph Wilkerson. "Seus braços e pulsos estavamtortos por causa da artrite. Durante o culto de milagres, ela gritou. Euolhei e vi suas mãos estalarem e entrarem no lugar.

"Meu Deus', ela disse, ofegante e espantada. Veja as minhasmãos."

Ralph, mais tarde, descobriu que ela era uma influente líder daPrimeira Igreja Batista de Fullerton. Ela foi para casa e, no dia seguinte,pintou toda a casa por dentro — foi a primeira vez que pôde usar as mãos

depois de anos. Não demorou muito para que o sul da Califórnia fervessede comentários sobre o culto de milagres — e sobre Kathryn Kuhlman.

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 A despeito de sua intenção de realizar "só um" culto na Califórnia,Kathryn agora reconhecia a intenção de Deus de ter um ministériopermanente ali. E, no terceiro culto em Pasadena, o centro de convençõesnão pôde conter as multidões. Centenas iam embora. Muitos, no entanto,atraídos pelos relatos de milagres, ouviam o evangelho pela primeira vez— e nasciam de novo. Ralph estava preocupado porque Kathryn não tinhaum ministério de acompanhamento aos decididos. Ela vinha para acidade, realizava seu culto de milagres, fazia um apelo ao qual centenas depessoas respondiam, orava por elas e então deixava a cidade. Conhecendoo ministério de Billy Graham, cujo trabalho de acompanhamento estavamuito ligado às igrejas locais, Ralph começou a dar sugestões a Kathryn.

"Precisamos fazer com que esses novos cristãos se envolvam emestudos bíblicos", ele disse. "Eles precisam estar nas igrejas, onde poderãoter comunhão e ouvir a Palavra de Deus. Os milagres são maravilhosos,

Kathryn, mas você mesma sabe e diz que nascer de novo é mais impor-tante do que ser curado. Não está certo gerar filhos e depois deixá-los nasruas. Eles precisam de alimento, proteção e orientação, que são coisas quesó acontecem por meio do corpo de Cristo".

Kathryn estava diante de uma das maiores frustrações de sua vida.Ela queria ser conhecida como uma mestra na Bíblia, e não como umaoperadora de milagres. Todos os seus seguidores em Youngstown a cha-mavam de "pastora".

 As pessoas que com ela conviviam ouviram-na dizer muitas vezesque achava que seu primeiro chamado fosse o de ensinar a Bíblia. Equando ela dispunha de tempo para estudar sua Bíblia, e preparar suasmensagens, era insuperável. Foi só nos últimos anos, quando a agendadela ficou tão apertada por realizar cultos de milagres em uma cidadediferente a cada semana por todo o país, que sua pregação foiprejudicada. Antes disso, seus programas de rádio eram o tipo dealimento que saciava os famintos. Os ouvintes, às centenas de milhares,estavam sintonizados todos os dias, não porque haviam estado em seuculto de milagres — pois a maioria deles não havia estado —, mas porqueela os estava alimentando com a Palavra de Deus. Seus estudos bíblicos àssegundas-feiras à noite na Primeira Igreja Presbiteriana de Pittsburgheram freqüentados por alguns dos estudiosos da elite da cidade, que, comsatisfação, se sentavam aos seus pés e aprendiam. Kathryn sabia danecessidade de alimentar os novos cristãos, mas ela estava frustrada nosentido de como fazê-lo estando tão distante de casa. De volta aPittsburgh, o pessoal dela dava o dízimo da renda deles ao que elachamava de "ministério". Eles participavam dos cultos de domingo em

  Youngstown, do culto de sexta-feira pela manhã no Carnegie Hall e doestudo bíblico de segunda-feira à noite na Primeira Igreja Presbiteriana.Ela os conhecia nominalmente. Havia batizado muitos deles no grandeculto de batismo ao ar livre em um lago próximo. Havia casado os filhosdessas pessoas e realizado o funeral de seus entes queridos. Podia dizer-lhes que precisava de mais 100 mil dólares para um projeto missionário

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na Indonésia que eles levantariam essa quantia. Mas, na Califórnia, erauma estranha que vinha à cidade uma vez por mês a fim de realizar umculto de milagres. Ela estava frustrada.

Kathryn deu ouvidos a Ralph. Muitos dos que estavam à sua volta

tinham oferecido conselhos quando, na verdade, estavam tentando usá-la— para promoverem seus próprios programas. Kathryn estava disposta aouvir, mas não a novatos. E havia poucas pessoas de sua classe.Entretanto, ao reconhecer Ralph como um pastor bem-sucedido, ela esta-

 va disposta a seguir suas sugestões. Pelo menos, concordou em tentar.

Ralph apresentou-a ao dr. Charles Farah, um teólogopresbiteriano que havia trabalhado com os Navegadores, umaorganização de treinamento em discipulado que se dedica a ensinar aPalavra de Deus aos novos convertidos. Seguindo a sugestão de Ralph,Kathryn contratou o dr. Farah para organizar seu trabalho de

acompanhamento na Costa Oeste. Era uma boa idéia. Infelizmente,Kathryn foi incapaz de desenvolver com sucesso o projeto e acabou porsabotar todo o programa.

Chuck Farah reuniu uma diretoria formada por alguns dos líderesevangélicos mais influentes da Costa Oeste. Todos estavam entusiasma-dos com o ministério de Kathryn, acreditando que ela era a escolhida deDeus para levar os cristãos da Costa Oeste a um profundo conhecimentodo Espírito Santo. Todos dedicaram-se à tarefa de garantir que centenasde novos convertidos em cada culto de milagres estariam alicerçados naPalavra de Deus e teriam comunhão em uma igreja local. Muitos dos quese voluntariaram para ajudar eram pastores locais que viram, por meio doculto de milagres, uma oportunidade para fortalecer as igrejas do sul daCalifórnia.

Kathryn reuniu os homens em um grande café da manhã. Elaouviu e aprovou seus planos. E comprometeu-se a cooperar com eles emtodos os sentidos. Por sua vez, os homens prometeram orar por ela, pro-mover o ministério, incentivar a participação das pessoas e estar presen-tes para ajudar durante os cultos. Parecia o projeto ideal. Chuck e osoutros deixaram a reunião convencidos de que, em questão de alguns

meses, todas as igrejas do sul da Califórnia estariam sentindo o efeito doscultos de milagres.

Mais de 400 conselheiros escolhidos a dedo foram recrutados paratrabalhar durante os cultos e nas reuniões de acompanhamento. Sessõesde treinamento foram realizadas em muitas igrejas, usando tanto o mate-rial dos Navegadores quanto o da Associação Evangelística Billy Graham.

  Aos conselheiros que trabalhariam nos cultos, foram dadas tarefas espe-cíficas. Eles viriam à frente durante os apelos feitos do púlpito e se jun-tariam às pessoas. O ideal era que cada pessoa que respondesse ao apelotivesse um conselheiro. Após o culto, os novos convertidos seriam levados

a uma sala nos fundos para receberem instruções, um Novo Testamento epreencherem uma ficha de informações. Mais tarde, durante a semana,

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seriam contatados por alguns representantes de uma igreja local. Osgrupos de estudo bíblico estavam sendo formados por toda a cidade,principalmente os grupos dos novos convertidos e dos interessados noministério de Kathryn Kuhlman.

Foi preciso só um culto para Kathryn mostrar sua reação. Talvezela tenha se sentido ameaçada por homens que pareciam estar se mobili-zando para assumir seu ministério. Talvez fosse a mudança — todos aque-les conselheiros à frente durante os apelos feitos do púlpito. O mais pro-

  vável, e esta parece ser a teoria mais plausível, era que ela sentia queestava sendo usada. Desconfiou de que os pastores só estavam coope-rando a fim de promoverem suas próprias congregações — em vez deapoiar seu ministério. Ela começou a desconfiar até de Ralph Wilkerson,pensando que ele a havia convidado para a Califórnia apenas para que se

 valesse da oportunidade de enriquecer o Anaheim Christian Center — às

suas custas. Ela percebeu, equivocadamente, a velha síndrome de M. J.Maloney, levantando sua horrenda cabeça mais uma vez, como emFranklin. Não podia entender que, embora parecesse que estivesse sendo"usada" para aumentar a freqüência ou as ofertas em alguma igreja, issotivesse tudo a ver com o grande ministério de Deus.

 A despeito de tudo o que ela dizia sobre unidade, e tudo o que faziapara unir os diversos segmentos do corpo de Cristo (e talvez ninguém, nostempos modernos, tenha feito tanta coisa para unir as pessoasindependentemente de linhas denominacionais), Kathryn não haviacompreendido a visão completa da grandeza do plano de Deus para o

corpo. Isso foi um grande mistério. Mesmo sendo a pessoa maisecumênica que já conheci, ela era, ao mesmo tempo, estreita e limitada àsua visão pessoal.

Por várias vezes, segurou meu braço com força e disse: "Jamie,devemos proteger o 'ministério'". Durante anos, pensei que ela estivessese referindo ao corpo de Cristo, que incluía meu ministério, o ministériode Ralph Wilkerson, o ministério das igrejas denominacionais, toda aIgreja. Mas não estava. Ela não tinha este objetivo. Referia-se aoministério de milagres, em geral, e ao seu ministério de milagres, emparticular. Via-se como a única pessoa próxima ao Espírito Santo.

E, ironicamente, ela talvez estivesse certa. Nunca, desde os temposdos apóstolos, houve um ministério como o dela. Isso só pode serexplicado considerando-se que ela era única; que Deus a havia escolhidopara receber uma unção extra de fé e poder. Como João Batista, queapresentou Cristo ao mundo, mas que, depois, pareceu não compreendera extensão do ministério de Jesus, Kathryn era a pessoa que maispromovia o Espírito Santo no mundo — contudo, ficou perplexa e confusaquando se viu diante do fato de que Ele era maior do que ela imaginava.

São várias as vezes em que fico impressionado com as

semelhanças entre o ministério de Kathryn e o de João Batista. Ele foi umpioneiro com modos estranhos, roupas diferentes e uma tendência à

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controvérsia. Tinha seguidores fiéis que se apegaram a ele de um modocultuai. Na verdade, anos depois de sua morte, ainda havia pessoas que sóconheciam "o batismo de João". Ele havia tentado afastar esta idéia,dizendo: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30), maspoucos o ouviam. Embora não tenha havido "profeta maior", ele eralimitado pelo seu estreito provincianismo. Nunca pôde libertar-se de suaspróprias tradições.

  Aqueles repórteres tolos da revista Sunday que chamavamKathryn Kuhlman de um João Batista moderno talvez estivessem maispróximos da verdade do que imaginavam.

Kathryn deliberadamente sabotou o programa deacompanhamento no segundo mês de sua implantação. Ao deixar o palcoapós o culto, ela foi direto para a sala de aconselhamento. Andando pelasala, começou a orar pelas pessoas. Era assim que sempre fazia. Ela não

podia mudar. Após seis meses de frustração, o dr. Farah viu que o programa de

acompanhamento era inviável e renunciou — como fizeram todos osconselheiros. Então, naquilo que pareceu ser um verdadeiro desafiopúblico aos pastores, ela anunciou que seu próximo culto em Pasadenaseria realizado em um domingo pela manhã. Os pastores que estavamtentando apoiar o ministério de Kathryn e fortalecer suas próprias igrejasao mesmo tempo, viram isso como um desafio direto. Muitos deles foramforçados a retirar seu apoio. Quando baixou a poeira, restou apenas umpequeno grupo de pastores.

Como uma última tacada, o dr. Farah escreveu para Kathrynquatro páginas de conselhos cáusticos. Ela explodiu. "Tenho de fazer ascoisas do meu jeito", descarregou em Ralph Wilkerson. "Sou a única quesabe a direção do Espírito Santo naqueles cultos de milagres. Se esseshomens querem ver milagres, terão de entrar na linha ou ir embora. Éassim!"

"Trabalhar com ela era como trabalhar com uma serra", disse o dr.Farah. "Quanto mais você se aproximava, maior a probabilidade de ficarem pedaços. Era completamente inflexível. Contudo, não havia como

negar que o poder de Deus estava nela. Toda vez que subia naquele palco,o Espírito Santo vinha com ela. " Ralph Wilkerson, por outro lado, nuncafoi ameaçado por Kathryn. Mas o caso de Ralph era diferente. Eles tinhamcinco cultos nos domingos em sua igreja, e ele sabia que seu pessoal podiair ao primeiro culto e voltar para o culto de milagres no domingo pelamanhã. Além disso, já estava estabelecido, com um antigo ministério demilagres. E, mais importante ainda, ele nunca se viu abalado — apesar docomportamento excêntrico de Kathryn — em sua convicção de que Deus ahavia enviado para a Costa Oeste. Mesmo que ela tivesse excentricidades,ainda a via como uma serva de Deus e, de bom grado, sujeitava-se à sua

liderança nos cultos de milagres. Diferente de Oral Roberts, que construiuuma universidade e pôs nela seu nome, Kathryn não construiu

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instituições. Ela era uma instituição. Não obstante, como todas asinstituições, era impenetrável, imune a mudança e presa à tradição. Ospastores, dizendo que era impossível trabalhar com ela, retiraram seuapoio, agradeceram a Deus o ministério de Kathryn, ainda iam aos cultosde milagres, mas a maioria nunca mais se envolveu com ela.

Quase no final do ano, ficou visível que o auditório de Pasadenaestava extremamente pequeno para comportar as multidões que par-ticipavam dos cultos de milagres. Kathryn fez negociações com osadministradores do grande Shrine Auditorium, perto da Harbor Freeway,ao sul do centro de Los Angeles. A reunião foi agendada para as 13h30.Estava lotado no primeiro culto, com 2 mil pessoas à porta. Foi assimdurante os dez anos seguintes. Na verdade, para milhões de pessoas otermo "Shrine" [Santuário] e o nome Kathryn eram quase sinônimos —formando um trocadilho bom demais para ser ignorado.

Independentemente, no entanto, de como os mortais a viam — alguns aadoravam, outros a ridicularizavam —, a bênção de Deus estava sobre ela.E sobre "o ministério".

Kathryn, sem dúvida, estava constantemente se sentindoameaçada. Quando Ralph Wilkerson comprou o enorme complexoMelodyland, ela se sentiu intimidada. Sentiu-se intimidada peloMovimento de Jesus, quando milhares de jovens barbudos e descalçoscomeçaram a comparecer a seus cultos. Ela se sentiu ameaçada peloimenso ministério jovem da Calvary Chapel, em Costa Mesa, onde mais de20 mil pessoas se reuniam a cada semana para estudar a Bíblia. Contudo,

a despeito de suas inseguranças, tentava se ajustar, como uma árvore velha e forte que vinha se mantendo firme mas que sabia que teria de securvar quando viesse o furacão — do contrário, quebraria. E Kathryn se

  viu no meio de um furacão do Espírito Santo. As coisas estavamacontecendo tão rápido à sua volta que ela era incapaz de acompanhar.

Kathryn tentou. Realizou uma série de cultos para jovens noHollywood Palladium. Os jovens vinham às dezenas de milhares. Ela osamava; barbudos, com adereços e descalços. Mas este simplesmente nãoera seu estilo. David Wilkerson, do Desafio Jovem, e Chuck Smith, daCalvary Chapel, estavam muito mais preparados — eles podiam falar alinguagem desses jovens. Então, mesmo sentindo que o Movimento deJesus era um mover de Deus, Kathryn logo suspendeu suas reuniões etornou a concentrar seu ministério no Shrine.

  Aquilo que Kathryn vinha pregando estava começando a secumprir — um novo mover do Espírito Santo. Havia mais de três décadas,ela vinha profetizando que Ele voltaria em uma grande explosão de poder.Ela o viu como o cumprimento da profecia dada em Joel:

E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos.Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os

  jovens terão visões. Até sobre os servos e as servas derramarei do meu

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Espírito naqueles dias [... ]. E todo aquele que invocar o nome do Senhorserá salvo... (Jl 2.28, 29, 32).

Não creio que havia alguém no mundo que cresse que isso se cum-priria literalmente mais do que Kathryn Kuhlman. Ela acreditava que

chegaria o dia em que realizaria um culto de milagres e todos os presentesque invocassem o nome do Senhor seriam libertos de suas enfermidades eescravidão. Ela literalmente cria que Deus havia derramado seu Espíritosobre a serva Kathryn Kuhlman. Literalmente cria que estava vivendo nosúltimos dias da história, que o próximo grande evento seria a volta doSenhor Jesus Cristo. Ela cria categoricamente que a razão por que oEspírito Santo estava sendo derramado sobre toda carne era umapreparação para esse evento. "Estou dando os últimos pontos em meu

  vestido de noiva", dizia. Como parte da noiva de Cristo, esperavaansiosamente pela volta do Senhor.

Mas quando ficou claro que o Espírito Santo estava se movendoentre outros ministérios, da mesma forma que em seus cultos de milagres,ela ficou perplexa. E um pouco assustada. Como o profeta Jonas emNínive, ela havia profetizado isso, mas, agora que a profecia estava secumprindo, não sabia como lidar com a situação.

— Você está perdendo alguma coisa, Kathryn — Ralph Wilkerson arepreendeu quando ela recusou um convite para pregar em uma reuniãoda Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno. — Deusrealmente está se movendo entre esses homens.

— Já basta o fanatismo que vi em toda a minha vida — elaafirmou. — Não quero mais me envolver com pentecostais.

— As coisas são diferentes agora, Kathryn — Ralph disse. — Não écomo você pensa. O Espírito Santo não está se movendo apenas em seuscultos de milagres. Ele está se movendo em milhares de lugaresdiferentes. Está se movendo na Igreja Católica Romana. Está se movendoentre os jovens de Movimento de Jesus. Está se movendo em muitasigrejas denominacionais que costumavam ser mortas e sedentas. E está semovendo entre os Homens de Negócios do Evangelho Pleno.

— Sou de Missouri — ela disse sorrindo. — Mostre-me. Uma vezque eu vir isso, você saberá que poderá contar totalmente comigo.

Três meses depois, Kathryn, hesitante, aceitou o convite de AlMalachuk para pregar na Convenção Regional da ADHONEP em

  Washington. Eles a amavam como uma irmã e se alegravam com osmilagres. Um ano depois, ela ministrou na convenção internacional.Depois disso, passou a ser uma pregadora regular em muitas das maioresconvenções. Ralph estava certo. O Espírito Santo estava se movendo nasreuniões da ADHONEP. E Kathryn tinha sabedoria suficiente para saberque, se seu velho amigo, o Espírito Santo, estava lá, ela também deveria

estar — seguindo a multidão.

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Ralph queria gravar em vídeo um dos cultos de Kathryn quandoela viesse ao Melodyland para realizar uma obra carismática. Ela nuncapermitiu câmeras em seus cultos. Ralph, no entanto, a convenceu a fazeruma única fita para que as futuras gerações (caso houvesse geraçõesfuturas) pudessem ver alguma coisa de seu ministério. Ela concordou. Euma fita de vídeo foi gravada durante uma das convenções carismáticasno Melodyland. (Kathryn, mais tarde, permitiu outras três filmagens —duas delas em Israel, uma na Conferência Mundial sobre o Espírito Santode 1974, outra na de 1975, e uma em seu culto de milagres em Las Vegas.)

Ralph, mais tarde, mostrou a fita a um grupo de ministros emTulsa, Oklahoma. "Houve mais pessoas curadas — percentualmente —quando a fita foi assistida do que quando a fita foi gravada", ele disse.

Quando eu o questionei sobre isso, ele concluiu: "Não creio que oEspírito Santo unja só uma pessoa. Creio que ele unge um ministério. A 

fita de vídeo era uma parte do ministério de unção do Espírito Santo,portanto ela trazia consigo o mesmo poder que a própria KathrynKuhlman".

Mais tarde, experimentei o mesmo fenômeno em nossa igreja naFlórida. Nossa igreja havia adquirido uma cópia da fita Jerusalém II, feitana Conferência Mundial sobre o Espírito Santo em 1974 e distribuída pelaLogos International, que terminava com um longo segmento do culto demilagres de Kathryn em Jerusalém. Depois de assistirem à fita, as pessoasficaram em silêncio para um período de oração. De repente, houve umsom de cadeiras se arrastando e pessoas caindo. Abri os olhos. Quase umterço das pessoas da congregação, ao que parecia, estavam estiradas nochão ou nas cadeiras — "sob o poder". Foi uma das demonstrações maispoderosas do poder latente do Espírito Santo que já testemunhei.

 A gravação em vídeo — por meio da indústria televisiva — tornou-se o fato predominante na vida de Kathryn durante seus últimos oitoanos. E ela adorava isso. Adorava o glamour, a agitação e o desafio.

"Dê-me algumas informações", ela disse a Steve Zelenko, seuengenheiro de rádio em Pittsburgh. "Preciso saber de uma coisa antes deassumir qualquer compromisso". Steve, depois de pesquisar, fez suas

recomendações. "Você é a única que sempre diz: 'Seja grande, pensegrande'", disse ele. "Eu a aconselho a contratar o melhor produtor dis-ponível e associar-se a uma grande rede na Califórnia." O "melhor pro-dutor" veio a ser Dick Boss, que havia concluído um trabalho de quatorzeanos com a organização de Billy Graham. A "grande rede" seria a CBS.

  Ambos concordaram em assumi-la, e, ao longo de um período de quasedez anos, ela fez 500 programas de televisão — a série de meia hora demaior duração já produzida nos estúdios da CBS.

Kathryn tornou-se uma personalidade universal, tão solicitada na

Suécia e no Japão quanto em Cleveland ou St. Louis.

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No entanto, havia problemas. Um dos objetivos da FundaçãoKathryn Kuhlman era apoiar as entidades missionárias em todas as partesdo mundo. Kathryn estava determinada a pensar que, se ela continuassena televisão, nada impediria a obra missionária que vinha sendodesenvolvida ao longo dos anos. A fundação havia construído 20 igrejasno exterior: cinco na África, nove na América Central e do Sul, e seis na

  Ásia e na Índia. Cada uma delas havia sido construída com recursos dafundação e, então, entregue às pessoas, isenta de qualquer dívida. Embora

 Walter Adamack tenha investido parte do dinheiro da fundação em açõese títulos como uma reserva, não obstante, as despesas anuais eram quasesempre iguais aos rendimentos anuais. O dinheiro para a televisão teriade ser extra, se Kathryn quisesse manter o equilíbrio entre missões eministério.

Não foi o que aconteceu. Por exemplo, o relatório financeiro de

1972 mostra que, enquanto a fundação doou cerca de 500 mil dólares a vários fundos missionários no país e no exterior, o ministério de televisãoe de rádio consumiu mais de 1 milhão e 500 mil dólares. No final de 1974,esses números eram ainda mais desproporcionais. Logo ficou óbvio que,para manter o fluxo de dinheiro, Kathryn teria de viajar por todo o paísministrando cultos de milagres. Ao mesmo tempo, ela era cada vez maissolicitada, graças à incrível cobertura que a televisão lhe dava. Era umcírculo vicioso que, por fim, lhe custaria um preço muito alto.

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Capítulo 14

O Culto de Milagres

Em 1974, vinte e sete anos (e talvez 3 milhões de milagres) depoisdaquele primeiro milagre de cura em Franklin, Pensilvânia, WilliamNolen, um médico, escreveu um livro no qual dizia que "duvidava" de quealgum bem que Kathryn estava fazendo "poderia pagar o sofrimento queela estava causando". Ao criticá-la por ter "falta de sofisticação médica",ele concluiu:

O problema é, e lamento que tenha de ser tão direto, uma questãode ignorância. A senhorita Kuhlman não sabe a diferença entre doençaspsicogênicas e orgânicas; ela nada sabe sobre hipnotismo e o poder dasugestão; ela nada sabe sobre o sistema nervoso autônomo. ( Healing. Adoctor in search of a miracle [Cura: Um médico em busca de ummilagre], por William A. Nolen, Doutor em Medicina, FawcettPublications, Inc. , Greenwich, Conn, 1974, p. 94.)

Infelizmente, a pesquisa do dr. Nolen estava, na melhor dashipóteses, incompleta. Ele foi a um culto de milagres e entrevistou apenasum punhado de pessoas que se diziam curadas. Embora sua atitude para

com Kathryn fosse respeitosa, e até compreensiva, não podia ver nenhum benefício duradouro nos cultos de milagres.

Eu também tinha algumas das mesmas reservas quando conheciKathryn. Não obstante, depois de entrevistar, pelo menos, 200 casos decuras milagrosas documentados por médicos, sou forçado a usar o axiomaem latim do dr. Nolen — que ele usou para sustentar seu argumentocontra ela — para referir-me a ele: res ipsa loquitur — "a coisa fala por simesma".

  As declarações de Nolen, a propósito, provocaram uma resposta

dentro da própria comunidade médica. H. Richard Casdorph, do sul daCalifórnia, com mestrado e doutorado em medicina, especialista emdoenças internas e em cardiologia, que estava bem familiarizado com osresultados do ministério de Kathryn, encontrou o dr. Nolen no  Mike

 Douglas Show, na Filadélfia, em 1975. Casdorph estava acompanhado porLisa Larios e sua mãe. Lisa, uma adolescente, havia sido curada de câncernos ossos (sarcoma celular do retículo) em um culto de milagres noShrine Auditorium, e o dr. Casdorph tinha raios X e registros médicospara comprovar a doença. Ele, mais tarde, documentou outros nove casosde cura divina, a maioria deles relacionada ao ministério de KathrynKuhlman, e relatou suas descobertas em um livro intitulado The miracles[Os milagres],  que foi publicado pela Logos em 1976. Nolen não se

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convenceu, mas é importante saber que ele não deixou de ser desafiadopor seus próprios colegas.

O dr. Nolen chegou a uma conclusão válida ao dizer que Kathrynera ignorante quando o assunto dizia respeito a conhecimento médico.

Ela se manteve assim de propósito. Era como se soubesse que, nomomento em que se permitisse sair da esfera do espírito para a da razão,seria como seus críticos — impotentes. Embora ignorante, ela também erainfinitamente sábia (a sabedoria como a capacidade de ver coisas com osolhos de Deus). Essa é a razão por que raramente respondia a seus crí-ticos: podia vê-los pela perspectiva de Deus. Embora tenha havidomomentos em que ela perdeu a perspectiva de Deus e, com os doispunhos em riste, fez ataques como qualquer outro mortal, sua resposta aNolen foi simplesmente esta: "Só posso sentir pena de um escritor que éracional demais para crer".

Muitas pessoas cometem o erro de comparar a falta deconhecimento secular à insensatez. Kathryn não era tola, embora,admitidamente, ignorasse muitas coisas. Ela era, por exemplo,teologicamente ignorante. Acho que não chegou a ler um único livro sobreteologia sistemática, tampouco um sobre milagres ou cura. Ela nemmesmo tinha uma definição aceitável para a palavra "milagre". Deixavaesta questão para aqueles que não estavam envolvidos no sentido de fazeros milagres acontecerem.

Kathryn tinha uma compreensão muito limitada do que estavaacontecendo no mundo à sua volta. Embora recebesse estudiosos,ministros e chefes de Estado com respeito, uma vez passada a fase decumprimentos, ela se perdia e logo dava alguma desculpa para mudar deassunto. Por outro lado, uma vez que entrasse em sua área — a área doEspírito Santo —, era insuperável e saía invicta. Lembro-me quando se viuem uma situação difícil em certa coletiva à imprensa em Jerusalém. A im-prensa judaica era hostil à sua presença e à presença de inúmeros líderescristãos que haviam ido a Jerusalém para a Primeira Conferência Mundialsobre o Espírito Santo. Quando um repórter ortodoxo barbudo fez-lheuma pergunta importuna: "Por que vocês, cristãos, viajaram até aqui paraesta conferência? Por que não ficaram nos Estados Unidos?", Kathrynficou em pé, com os olhos lançando fogo.

"Eu lhe direi por que estamos aqui, jovem. Estamos aqui porqueesta é a terra escolhida de Deus e porque vocês, judeus — quer gostem ounão — são o povo escolhido de Deus. Estamos aqui porque os cristãosamam esta terra tanto quanto vocês. Estamos aqui porque este mesmomonte sobre o qual estamos, um dia, se dividirá quando o Rei da Glória, oMessias Jesus Cristo, voltar. Estamos aqui porque o Espírito Santo esteveaqui no Pentecostes e está aqui hoje. "

Olhei para o repórter. Ele escrevia, furioso, em seu bloco de anota-

ções, com o rosto sério. Um pastor árabe cristão, que estava sentado aomeu lado, riu baixinho, tocou em meu braço e disse: "Esses judeus se

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surpreendem quando ouvem uma mulher falar forte. Eles amam GoldaMeir, e amarão Kathryn Kuhlman. Espere para ver".

Eles a amaram. Ficaram sentados, com os olhos arregalados,durante o culto de milagres, que durou quatro horas, no dia seguinte. Até

o conservador Jerusalém Post fez excelentes críticas a ela. Kathryn estavaem terra firme desde que falasse do Espírito.

Kathryn era ignorante em assuntos médicos. Nunca lera um livrode medicina da família, muito menos estudara fisiologia, psicologia ouanatomia. Contudo, ela era sábia. Extremamente sábia. Ela sabia, quandoestava no púlpito durante um culto de milagres e o Espírito de Deusestava sobre ela, que tinha toda a autoridade de Deus. Ninguém ousavaquestioná-la naqueles momentos. Até o dr. Nolen admitiu que, quandoparticipou daquele culto de milagres em Minneapolis, quase se deixouconvencer (como o rei Agripa diante do apóstolo Paulo) a crer. "Você não

tem vontade de pensar", ele disse. "Você tem vontade de aceitar".Mas, infelizmente, ele deixou a razão prevalecer.

O dom de Kathryn no culto de milagres não era o de cura; aocontrário, eram os outros dons que o apóstolo Paulo listou em sua carta àigreja dos coríntios — "fé" e "a palavra de conhecimento" (1 Co 12. 8). Nãoera Kathryn quem curava. Os "dons de cura" mencionados por Paulo, criaKathryn, vinham só para os doentes. Eram os doentes que precisavam dosdons de cura. Tudo o que ela possuía era fé para crer e uma palavra deconhecimento com relação ao lugar onde este dom havia sido concedido.

Por essa razão, ela sempre dizia: "Não sou eu quem cura. Não tenho opoder de curar. Não tenho a virtude de curar. Não confiem em mim.Confiem em Deus". Contudo, durante aqueles cultos de milagres, quandoa onda de fé se formou e a presença de Deus de fato invadiu o templo —habitando em meio aos louvores de seu povo —, Kathryn pôde, derepente, começar a reconhecer as curas que estavam acontecendo noauditório. Era a marca do culto de milagres. Seus críticos, como LesterKinsolving, chamavam-na de"paranormal". Allen Spraggett, do Toronto

 Star, disse que ela era "clarividente". Kathryn, no entanto, sabia que erasimplesmente o poder do Espírito Santo à disposição de qualquer pessoa

que pagasse o preço.Foi a convicção de que ela era uma pessoa "espiritual" — ela

pensava como Deus — que me convenceu, em nosso primeiro encontro,de que não era uma charlatã. Saímos de seu escritório no Carlton Houseao anoitecer. Dirigi seu Cadillac e, seguindo suas direções, atravessei o rioMonongahela e peguei a estrada para o norte, ao longo de uma ribanceirarumo a uma churrascaria pequena, porém elegante, que permitia uma

  vista panorâmica do Golden Triangle no centro de Pittsburgh. Após o  jantar à luz de velas, passamos a conversar sobre os termos de nossotrabalho de elaboração do livro God can do it again [ Deus pode fazer isso

novamente]. Por fim, eu a interrompi.

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— Posso lhe fazer uma pergunta franca?

— Sem dúvida. Prossiga.

Seu brilho e franqueza eram totalmente irresistíveis. Por uminstante, comecei a voltar atrás, desejando nada dizer. Mas tive de

continuar, para minha própria satisfação.— Por que algumas pessoas não são curadas em seus cultos de

milagres? Como você explica o fato de muitos saírem dos cultos arrasadose desiludidos, enquanto outros são milagrosamente curados?

Ela nunca hesitou.

— A única resposta honesta que posso dar é: não sei. Só Deus sabe,e quem é que pode sondar a mente de Deus?

Foi naquele instante que descobri que podia confiar nela. Uma

pessoa não-espiritual teria me bombardeado com razões lógicas. Mas Ka-thryn não era uma pessoa racional. Ela era uma pessoa espiritual. Pormais que tivesse suas fraquezas, sabia que o melhor não era tentar definiro indefinível, explicar os mistérios de Deus.

— Quando eu tinha 20 anos — ela sorriu —, poderia lhe dar todasas respostas. Minha teologia era direta, e eu tinha certeza de que, se vocêseguisse certas regras, trabalhasse com afinco, obedecesse a todos osmandamentos e se mantivesse em certo estado espiritual, Deus iria curá-lo.

— Mas Deus nunca responde às exigências do homem para provara si mesmo — ela prosseguiu. Há algumas coisas na vida que jamais terãoresposta porque vemos através de um vidro no escuro. Deus, lá do céu,sabe o fim desde o começo, embora tudo o que possamos fazer é ver opresente de relance, e um relance distorcido.

Ela continuou a me falar de várias pessoas que haviam ido aoscultos de milagres que não criam em Deus, muito menos em milagres, eque foram curadas. E de outras — pessoas indiscutivelmente santas — quesaíram sem a cura.

— Até ter uma maneira de definir isso, tudo o que posso dizer a

 você é que estas são curas concedidas por misericórdia. Aquelas pessoasforam curadas por causa da misericórdia de Deus. As outras... quemsabe... talvez Deus as amasse tanto a ponto de reservar uma bênção aindamaior para elas do que a cura física.

Kathryn gostava de falar da vez em que realizou um culto demilagres na cidade de Kansas. O   Kansas City Star enviou uma de suasprincipais repórteres para cobrir a reunião. Na última noite de cultos, arepórter foi ao camarim de Kathryn, e elas conversaram sobre aqueles quenão foram curados. Três semanas depois, ela recebeu uma carta da

repórter, falando de um amigo que ela levara ao último culto na cidade deKansas — um advogado que estava morrendo de câncer e que havia sido

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conduzido em uma maca. A repórter disse que o advogado morrera umasemana depois de participar do culto, mas que sua esposa havia relatadocomo ele percebeu que o culto foi a melhor coisa que já lhe tinhaacontecido. Ele não foi curado, mas aceitou a Cristo para o perdão de seuspecados. Sua morte foi tranqüila. Gloriosa. A repórter, lembrando-se domodo como Kathryn chorava em seu camarim enquanto falava sobreaqueles que saíam das reuniões sem a cura, disse que ela estavaescrevendo para pedir a Kathryn que se lembrasse deste incidente quandopensasse nas inúmeras pessoas que não eram curadas.

"Não, eu não sei por que nem todos são curados fisicamente", elacomentou, "mas todos podem ser curados espiritualmente — e este é omaior milagre que qualquer ser humano pode conhecer".

Poucos, muito poucos, daqueles que saíam dos cultos de milagressem a cura ficavam ainda mais amargos. A maioria já sobrevivia em sua

amargura. Eles se aproximavam de Kathryn como seu último recurso.Muitos deles voltavam, voltavam, voltavam. Em suas cadeiras de rodas.Trazendo seus filhos aleijados deitados em macas. Andando com muletasou com seus aparelhos. Amaldiçoar Kathryn Kuhlman seria comoamaldiçoar a Deus. Em vez disso, eles aumentavam suas ofertas eredobravam suas orações. Pois, fossem curados ou não, pelo menos, oculto de milagres dava a eles algo que os médicos e a ciência moderna nãopodiam dar — esperança. O único ingrediente essencial à vida. E alegria.Kathryn dava-lhes alegria. Aqui, em uma atmosfera onde eles eramaceitos e amados, as pessoas cantavam e louvavam a Deus com alegria.

Que hospital ou sanatório oferece alegria? Muitas vezes — na maioria das vezes —, eles não encontravam alegria nem em suas igrejas. A alegria erasubstituída por uma felicidade superficial decorrente de umatranqüilidade induzida pelos médicos. Mas, nos cultos de milagres, ela erareal. Kathryn oferecia-lhes Deus. Não um Deus que os condenava porestarem doentes, mas um Deus cujo coração estava partido com acondição desses enfermos. Um Deus que desejava estender as mãos paratocá-los. Ela lhes oferecia Jesus Cristo como o único que, pela sua mortena cruz, havia perdoado seus pecados e estabelecido sua posição no céu. Oque mais eles poderiam pedir? Cura? Sim. Mas, à luz de todas essas coisas

que eram oferecidas no culto de milagres, a cura muitas vezes tornava-seuma questão secundária. Kathryn estava certa. A cura espiritual era omaior de todos os dons.

Qual era o segredo do culto de milagres?

Glenn Clark, ex-místico e fundador do Camps Farthest Out (CFO),certa vez escreveu sobre um porto russo no norte da Sibéria usado paranavios de caça de baleias no verão. No inverno, com a temperatura

  variando entre 45°C e 67°C abaixo de zero, nunca se soube de nenhumnavio ali. O porto estava ali. O cais estava ali. Todas as vias de acesso a

navios estavam ali. Mas nenhum navio aparecia. Por quê? Porque o climaera ruim.

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O culto de milagres oferecia o tipo certo de clima para a cura. Eracomo uma grande lente de aumento concentrando os raios de sol em umpedaço de papel para queimá-lo. A luz do sol sempre estava ali. Mas até alente de aumento colocar os raios em foco, concentrando-os em um pontoespecífico, não havia poder para consumi-lo. Assim os cultos de milagresconcentravam o poder de Deus em um lugar específico e em um momentoespecífico. Embora a cura certamente não estivesse limitada aos cultos demilagres (Kathryn sempre dizia que tais curas deveriam estaracontecendo em todas as igrejas do país), não obstante, parecia que eranesse "clima" em particular que o poder de Deus estava mais concentrado,e, portanto, os milagres eram a regra, e não uma exceção.

Uma das esperanças mais ternas de Kathryn, até sua morte, era ade que, um dia, experimentasse um culto de milagres como os que Jesusrealizou — onde todos os doentes presentes eram curados. Isso nunca

havia acontecido, mas ela cria na possibilidade de acontecer, e nuncasubiu ao palco sem esperar e orar: "Talvez seja desta vez".

Frank Laubach, o grande educador e escritor (e um colega deGlenn Clark), reconheceu o poder de cura que estava presente nos cultosde milagres. "Você é uma pessoa maravilhosa! Eu gostaria de vir às suasreuniões só para ficar ali, enquanto parte o pão da vida e traz esperançapara tantas pessoas [... ]. Minha oração é que Deus me permita estar com

  você novamente e captar parte do poder radiante do Espírito Santo queemana de você de tal modo que não emana de ninguém que conheço.

 Você é uma jovem maravilhosa!"

Kathryn disse que ela nada tinha a ver com as curas. Em certosentido, isso era verdade. Ela era somente o catalisador que juntava opoder e as pessoas. Contudo, em outro sentido, tinha tudo a ver com osmilagres, pois havia reunido um "pacote viável" pelo qual o Espírito Santopodia vender seu produto: os milagres.

  A música desempenhava um grande papel nos cultos. Ainda quetudo parecesse espontâneo, era de fato o resultado de um planejamentometiculoso baseado nos muitos anos de provações e erros. Kathryn sóficava satisfeita com o melhor. Ela nunca teve um solista fraco no palco.

Contava apenas com os melhores musicistas nos instrumentos. Seu coro,dirigido pelo dr. Arthur Metcalfe, era treinado para chegar à perfeição, ecada número era ensaiado até que pudesse ser apresentado com umaimpecável dicção e suprema harmonia.

Jimmy Miller, seu pianista por 27 anos, era perfeito em seutrabalho. Seu solista Jimmy McDonald era um dos melhores do país. AtéDino, que, mais tarde, voltou-se contra ela, era tido pelos críticos demúsica como um dos melhores tecladistas. Uma figura tambémimportante era Charles Beebee, seu quase careca e pequeno organista, queesticava as pernas curtas para alcançar os pedais, sentindo não só a

disposição de Kathryn, mas fluindo uma harmonia aparentementeperfeita com o Espírito Santo enquanto seus dedos talentosos percorriam

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as teclas do órgão, refletindo a presença de Deus no salão. Toda vez quealguém vinha à frente para testemunhar um milagre, o órgão já ficavapreparado. Beebee, sentindo a intensidade do testemunho, aumentava o

  volume do órgão enquanto as pessoas aplaudiam — ou fazia um fundomusical baixinho para aqueles que, em pranto, sussurravam seus anseiosmais profundos ao microfone. Quando Kathryn pedia silêncio: "Nem umsom neste grande auditório. O Espírito Santo está aqui, soprando em cadacoração... ", o órgão continuava a tocar, dando um apoio subliminar àpresença do Espírito Santo. Era inimaginável um culto de milagres semCharles Beebee. O clima musical ou, se você preferir, a "disposição", erainestimavelmente importante para criar uma atmosfera na qual o EspíritoSanto pudesse se mover com liberdade e tranqüilidade.

O funcionamento do culto, a preparação, era um dos segredos parase criar o clima apropriado. Kathryn muitas vezes ia para o local da reu-

nião, principalmente quando não o conhecia, logo cedo pela manhã, paraandar pelos corredores e orar. Depois, era a própria Kathryn que muitas  vezes sempre dava aos introdutores as instruções, em detalhes. Nadaficava por conta da imaginação ou improvisação. Em alguns dos maioresauditórios, os introdutores até usavam rádios de comunicação,sussurrando instruções uns para os outros. A coleta das ofertas, que sem-pre parecia tão espontânea, era ensaiada até que pudesse ser feita semfalha alguma. Os homens, às vezes chegando a 300, eram treinados diasantes sobre como lidar com pessoas problemáticas, como localizarpessoas em necessidade, como responder às emergências, como discernir

se uma cura era autêntica ou simplesmente emotiva. Cada homem tinhasua posição. E suas instruções. Fazia parte da "decência e ordem" queKathryn exigia como sendo "dignas do Senhor".

Kathryn insistia na presença de luminárias atrás dela no palco. Em Youngstown, havia aquele grande coro masculino formado por alcoólatrasredimidos. Nos grandes cultos do Shrine Auditorium ou em várias cidadesimportantes pelo país, ministros, políticos e líderes da comunidade eramidentificados, e o coro, às vezes, chegava a ter mil vozes. Kathryn tinha umamor especial pelos médicos e queria que eles ficassem no palco ou nasprimeiras fileiras do auditório. O mesmo acontecia com padres e freiras —

principalmente se estivessem "de hábito". Nada emocionava mais Kathryndo que ter 30 ou 40 sacerdotes católicos, principalmente se estivessemusando colarinho eclesiástico ou, melhor ainda, batinas, sentados atrásdela enquanto ministrava. De algum modo, isso parecia dar autenticidadeao que estava fazendo — e ajudava a criar o clima adequado de confiança ede compreensão que era tão necessário para um culto de milagres.

Talvez o mais importante, porém menos reconhecido, fossemaquelas poucas mulheres escolhidas a dedo — lideradas por MaggieHartner, Ruth Fisher e Pauline Williams, de sua equipe — que percorriamo grande auditório quando a verdadeira parte de milagres do cultocomeçava. Elas eram responsáveis por discernir, observar, ouvir e

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encorajar aqueles que haviam sido curados a irem à frente paratestemunhar.

O maior segredo era a própria Kathryn. Ela insistia em ser o foco.Nunca se sentava durante aquelas reuniões, que duravam quatro ou cinco

horas, mesmo quando Dino estava tocando ou Jimmie McDonaldcantando. Na verdade, ela estava sempre fazendo uma coisinha paraprender a atenção do público nela. Para os olhos críticos, era como seestivesse "fazendo sombra" — levantando a mão quando Jimmie atingiauma nota aguda ou virando-se para o coro e fazendo algum gesto gran-dioso quando Dino parava de tocar. Era como o epítome do ego, sempreexigindo os refletores. Entretanto, os mais perspicazes viam isso comouma atitude sábia. Kathryn sabia da necessidade do foco espiritual. Ela

 jamais deixaria que alguém lhe tirasse o microfone. Sempre ficava na colade alguém durante o testemunho; se a pessoa ficava enfadonha, Kathryn

intervinha, orava por ela e a pessoa caía no chão "sob o poder". Se apessoa tentasse dizer alguma coisa que quebrasse a harmonia da reunião,Kathryn usava de autoridade. Ela sabia que isso era muito melhor do quepermitir que alguns pequenos cultos de cura acontecessem nacongregação enquanto ela estava dirigindo a reunião lá do púlpito. Se essetipo de comportamento já tivesse iniciado, e muitas vezes era o queacontecia, ela o interrompia, dizendo: "O que está acontecendo aí nosfundos? Alguém está sendo curado? Introdutores, cuidem disso". E eles,

  já instruídos, intervinham e "cuidavam de tudo", fazendo com que aspessoas voltassem sua atenção para o palco central. Kathryn sabia que

não podia haver outro líder — a líder era ela. Nunca abriu mão da posiçãode autoridade. Era um dos segredos do culto de milagres.

Pela mesma razão, ela era extremamente cuidadosa no sentido depermitir que os "dons do Espírito" fossem exercidos pelo público. Sealguém se levantasse para profetizar ou falar em línguas, ela o mandavaficar em silêncio. "O Espírito Santo não interrompe a si mesmo", diziacom autoridade.

Eu estava lá, em 1968, quando ela voltou a Denver pela primeira vez desde que partira havia trinta anos. Sam Rudd, cidadão abastado deDenver e diretor internacional da Associação dos Homens de Negócios doEvangelho Pleno, a havia incentivado a realizar uma cruzada de três diasno antigo City Auditorium. Eu achava que Kathryn seria extremamentecuidadosa, mas não foi o que aconteceu. Ela chegou com autoridade.

Na metade do primeiro culto, um senhor idoso que estava entre aplatéia ficou em pé e começou a gritar: "Aleluia! Louvado seja Deus!".

Kathryn nunca se acovardou. "Senhor, por favor, queira se sentar.O senhor está interrompendo a reunião."

O homem, ignorando-a, continuou a gritar e balançar as mãos.

Fiquei curioso por saber se ele era um velho amigo vindo do tabernáculo.

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"Se o senhor não se sentar, vou pedir que os introdutores oacompanhem até a porta."

Ele continuou, como que em transe, a tagarelar. Kathryn acenoucom a cabeça para um par de introdutores troncudos que rapidamente

desceram o corredor na direção do homem. Um amigo do gritador, queestava sentado ao seu lado, viu quando eles estavam vindo. Embora esti-  vesse com os olhos fixos em Kathryn, ele rapidamente puxou o homempara que se sentasse e o acalmou.

"Isso é fanatismo", a senhorita Kuhlman disse deliberadamente.

"É isso que envergonha o Espírito Santo. Todos que concordam,levantem a mão."

 A platéia estava com ela. Parecia que todas as mãos estavam parao alto. Não houve mais tumulto em nenhuma outra das reuniões naquela

semana."O Espírito Santo é um cavalheiro", Kathryn sempre dizia. "Ele faz

coisas com decência e ordem. Quando está falando por meu intermédio,não interromperá a si mesmo falando por meio de outra pessoa".

O foco era um dos segredos do culto de milagres.

Havia outras coisas mecânicas, que muitos não entendiam nemapreciavam, mas que Kathryn considerava necessárias para um culto

 bem-sucedido. Uma delas era um prédio cheio. À medida que as pessoasaumentavam em Los Angeles, por exemplo, alguns de seus consultores

mais confiáveis aconselharam-na a sair do Shrine Auditorium e encontrarum lugar maior para as reuniões. "Não é certo termos de dispensarmilhares de pessoas toda vez que realizamos um culto", disseram. "OShrine Auditorium só comporta 7 mil pessoas sentadas. Por que nãoalugamos o estádio da UCLA [Universidade da Califórnia, em Los

 Angeles]?"

Kathryn recusou-se. Seus críticos diziam que ela gostava da "beladivulgação" que a imprensa lhe dava por dispensar milhares de pessoas acada reunião. Mas era mais do que isso. Ela sabia que era muito melhorter uma casa abarrotada de gente do que um auditório semivazio. Elatambém sabia que, mesmo não passando de uma "pessoa comum", dealgum modo era necessário que as pessoas a vissem no palco — algo quenão poderia ser feito em um grande estádio ao ar livre. Billy Grahamconseguia essa façanha porque ele dependia de sua voz para prender asmultidões. Mas Kathryn dependia muito mais de ver os rostos na platéiado que eles contemplarem o dela. Seu ministério era um ministério deintimidade. Assim, em vez de alugar locais maiores ou com vários corre-dores abertos, ela preferia (embora às vezes os corredores fossemnecessários) ficar nos prédios menores e manter o contato visual com seupúblico. Era um dos segredos do culto de milagres.

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Conseqüentemente, coisas aconteciam. Milagres. A revista Time,comentando sobre os cultos de milagres em um artigo de 1970, disse:"Mas, por debaixo daquele penteado de Shirley Temple, de 1945, está umadas cristãs carismáticas mais notáveis dos Estados Unidos. Ela é, de fato,um verdadeiro santuário de Lourdes". Então, após ouvir várias curasdocumentadas que aconteceram nesses cultos, a revista concluiu:"Kathryn não prega a teologia da cura. Ela não crê que a fé necessaria-mente mereça a cura, ou que a falta de fé necessariamente a impeça. Elatem visto muitos não-cristãos serem curados, muitos cristãos irem em-

 bora ainda coxos ou doentes [... ]. Ela vê seu ministério como um retornoao elemento sobrenatural da igreja antiga. Tudo o que aconteceu na igrejaprimitiva', ela insiste, 'temos o direito de esperar hoje [... ]'. Ela está tãoconvencida de que seu papel é só o de uma intermediária que chegou a ter

  várias vezes o mesmo pesadelo em que chegava no palco, um dia, eencontrava as cadeiras vazias; seu dom se fora".

Mas esse pesadelo nada mais era do que um sonho ruim. Ascadeiras nunca estavam vazias — e a unção permaneceu até o fim.

Um dos modos pelos quais o dom se manifestava era por um fenô-meno que se tornou uma das marcas dos cultos de milagres, a ocorrênciade pessoas pelas quais ela orava caindo no chão em um estado quasecatatônico. Ela chamava a experiência de "cair sob o poder" e, em seusúltimos anos, referia-se a ela como o "poder mortificador do EspíritoSanto". Ninguém sabe exatamente quando essa demonstração excep-cional do poder espiritual apareceu pela primeira vez em seu ministério,

mas parece que foi desde o começo. Kathryn prontamente admitiu quenão tinha nenhuma explicação para isso, exceto que se tratava do poderdo Espírito Santo.

Em 1966, ela foi convidada a pregar em um almoço de mulheresna Convenção Nacional da Associação dos Homens de Negócios do Evan-gelho Pleno, em Miami Beach. Foi uma de suas primeiras aparições dianteda ADHONEP e apenas algumas das pessoas presentes conheciam seuministério. O almoço foi realizado no piso térreo do Deauville Hotel,próximo à piscina. Mais de mil mulheres enchiam o salão. Rose (a senho-ra Demos) Shakarian, esposa do fundador da ADHONEP apresentouKathryn, e, assim que ela se levantou para falar, houve um murmúrio nofundo do salão, como um vento soprando pelas árvores. Kathryn estava napequena plataforma, esforçando-se para ver o que estava acontecendo. Derepente, houve um som de cadeiras se arrastando, e as mulheres queestavam no fundo do salão começaram a rir e gritar.

"Venham aqui", Kathryn disse, acenando com a mão. "Venham,  venham, venham. O Espírito Santo não vai me deixar falar. As curas jácomeçaram."

E, de fato, era o que acontecia. Mulheres começaram a correr para

a frente do salão lotado, com lágrimas escorrendo pela face, enquanto tes-temunhavam das curas que aconteceram no mesmo instante em que

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Kathryn se levantou para falar. Kathryn começou a orar pelas mulheres, eelas começaram a cair para trás, sob o poder.

Rose Shakarian estava aturdida. Kathryn fez sinal para que ela  viesse ajudar. Alguém precisava amparar aquelas mulheres enquanto

caíam. Rose virou-se para Viola Malachuk, que estava sentada ao seulado, e sussurrou, desesperada: "Viola, não posso. Meu coração não vaiagüentar. Não posso ajudá-la".

 Viola deu um pulo e foi para o meio do grupo de pessoas, ampara-ndo, primeiro, uma mulher e depois outra, deitando-as no chão. Outrasmulheres começaram a cantar no Espírito e depois, por todo o salão, asmulheres, a maioria em pé tentando ver o que estava acontecendo,começaram a "desabar" no chão ou cair das cadeiras. O poder do EspíritoSanto parecia invadir todo o recinto.

Hóspedes à beira da piscina olharam através das grandes portasde vidro que se abriam para o salão e viram as mulheres caindo no chão.O hotel vinha tendo problemas com o sistema de ar condicionado havia

 vários dias. Eles pensaram que elas estivessem desmaiando por causa docalor e correram para ajudá-las. Porém, alguns deles também foram ven-cidos pelo poder do Espírito e acabaram no chão. Com roupas de banho etudo.

  A reunião durou quase três horas, e muitas pessoas, mais tarde,testificaram de que foram curadas de várias doenças e distúrbios duranteaqueles momentos. Ninguém se machucou com a queda. Kathryn nem

teve a chance de pregar.Sem dúvida, por mais que a ocorrência de pessoas sendo

"mortificadas pelo Espírito" não seja comum na maior parte dasprincipais igrejas hoje, parece ser uma experiência que aconteceu muitas

  vezes nos tempos bíblicos. Por exemplo, em Atos 9, Saulo teve umencontro pessoal com o Espírito de Cristo e caiu no chão na estrada deDamasco. Em Mateus 17, o autor conta a história dos três apóstolos nomonte da Transfiguração que não conseguiram ficar em pé na presença deDeus. O apóstolo João falou de estar "no Espírito" e ser incapaz de selevantar do chão. Outras investigações mostram que esse mesmo

fenômeno acompanhou muitos dentre os maiores evangelistas da história,como Charles G. Finney, Peter Cartwright e Dwight L. Moody. Na

  verdade, há exemplos registrados de pedestres em Chicago que, aopassarem pela porta do salão onde Dwight L. Moody estava pregando,caíram na calçada, "sob o poder". Quando o Espírito Santo desceu sobreos cultos evangelísticos realizados pelos irmãos Wesley, John e Charles, eas pessoas começaram a cair sob o poder, os dois ficaram com medo edisseram: "Chega disso". Logo depois, Charles Wesley foi abordado porum de seus contemporâneos que o censurou por extinguir o Espírito:"Charles, você não tem tido nenhum grande milagre, nem mesmo conver-

sões, desde que desencorajou as pessoas de cair sob o poder".

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Mais tarde, Charles Price, de quem Everett Parrott havia recebidoparte de seu primeiro treinamento, realizou reuniões por todo o país,onde as pessoas "morriam no Espírito". O mesmo fenômeno acompanhouas pregações de Parrott — e, sem dúvida, as de Kathryn.

Como ocorre com muitas coisas de Deus, muitas vezes abusava-sedo fenômeno. Muitos evangelistas, pregadores e "curandeiros"começaram a empurrar as pessoas de encontro ao chão para dar aimpressão de que tinham poder espiritual. Outros, já tendo caído uma vezsob o poder, misturavam carne com espírito e freqüentemente rolavam nochão, dando origem ao nome "Roladores Santos".

Mas não havia como acusar Kathryn Kuhlman de ser uma roladorasanta — nem de incentivar (e até permitir) tal comportamento em suasreuniões. Seus críticos muitas vezes acusavam-na de empurrar as pessoaspara que caíssem. Outros diziam que ela as hipnotizava. Alguns até iam

além e diziam que Kathryn havia estudado anatomia e sabia atingir umnervo secreto no pescoço de uma pessoa que a levava a cair. Mas, depoisque toda a poeira baixou, ainda era visível que a experiência de cair sob opoder era basicamente espiritual, e não emocional.

Para seu crédito, Kathryn nunca impediu o fenômeno — emboratenha sido uma daquelas coisas que serviram para tachá-la de fanática.Por outro lado, nunca permitiu demonstrações escandalosas como as quemuitas vezes acompanharam as primeiras reuniões de Oral Roberts e RexHumbard.

"Grande parte do nosso barulho substitui o poder", ela dizia. "Eutinha um velho Ford Modelo T quando comecei em Idaho. Se barulhofosse poder, aquele velho Ford teria sido a coisa mais poderosa na estra-da. Não, algumas das maiores manifestações do Espírito Santo que já vi,alguns dos maiores milagres que já presenciei, alguns dos melhores

  batismos do Espírito Santo que já testemunhei, foram silenciosos emaravilhosos. "

Em 1974, na Primeira Conferência Mundial sobre o Espírito Santoem Jerusalém, vi quando um monge trapista em sua batina caiu "sob opoder" por quatro vezes. Ele estava sentado atrás da senhorita Kuhlman

no palco, e, durante o culto de milagres, Kathryn decidiu orar por aquelesà sua volta. Quando ela se aproximou desse monge trapista, com o capuzda bata marrom cobrindo seu rosto, o longo hábito tocando a parte decima de suas sandálias, ela parou. Ele ficou aprumado diante dela, com acabeça baixa. Os olhos fechados.

Kathryn estava chorando. Ela parecia sentir algo especial nele.Notei que lágrimas começavam a escorrer pelo rosto dele também. E,então, lentamente, suas pernas se dobraram, e ele caiu para trás nos

 braços de um dos introdutores.

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Kathryn não se mexeu. Ela ficou ali, paralisada, com um dedoapontando para o céu e a outra mão estendida na direção do homem emsilêncio no chão, com seu rosto levantado. Brilhando.

Os introdutores ajudaram o homem a se levantar, e ele ficou em pé

diante dela, agora sem o capuz sobre seu belo rosto. Todavia, Kathryn nãose mexeu. Suas mãos ficaram na mesma posição. Lentamente, o homemcaiu no chão, o que aconteceu por mais duas vezes. Kathryn não o tocou,não disse uma palavra. Ela simplesmente ficou ali, parada, com os dedosapontando para Deus, com o rosto levantado, banhado em uma luzsobrenatural. O único som era a música suave do órgão e os suspirossilenciosos da platéia toda vez que o monge católico romano caía sob opoder mortificador do Espírito Santo.

Era como se, em volta dela, houvesse uma aura de poder. Todosque estavam dentro dessa aura mal podiam ficar em pé. Eu tinha a

sensação de que, se Kathryn mexesse um músculo, ela também teria caído— tão grande era o poder de Deus.

Essa mesma aura muitas vezes aparecia em volta dela durante suaministração. De vez em quando, isso fazia com que seu rosto realmente

  brilhasse. Às vezes, quando era mais forte, ela simplesmente fazia sinalpara a platéia, ou para o coro, e filas inteiras de pessoas caíam. Uma vez,no Carnegie Hall, em Pittsburgh, uma mulher levantou-se em uma dasgalerias laterais para declarar uma cura. Muitos outros à sua volta, que aconheciam e vinham orando por ela, se levantaram para se regozijaremquando ela tirou um aparelho da perna e o segurou no alto. Kathryn foi àfrente da plataforma e disse: "O poder de Deus está por toda esta galeria".No mesmo instante, quase 30 pessoas caíram para trás nas cadeiras. Euestava no térreo e prendi o fôlego, esperando para ver se alguém tombariapara a frente e cairia da galeria nas cadeiras lá embaixo. Mas não houvedanos. Na realidade, por todo o ministério de Kathryn, não há registro dealguém que caíra sob o poder tivesse se machucado na queda. Aocontrário, muitos foram curados de males terríveis.

Uma das ilustrações mais dramáticas disso ocorreu quando CliftonHarris, um médico, teve sua coxa curada em um culto de milagres em

Monroe, Louisiana, em 1973. Vinte anos antes, o dr. Harris, que acabarade retornar da China, onde era missionário estrangeiro da ConvençãoBatista do Sul, ficou seriamente ferido em um acidente de carro. Sua coxadireita ficou estilhaçada, com o osso da perna totalmente exposto.Quando a coxa ficou boa, depois de muitos meses com uma atadura paraimobilizá-la, ela se calcificou com uma artrite, deixando o médicopermanentemente defeituoso. Impossibilitado de voltar ao campomissionário, ele passou a ter uma prática limitada na pequena cidade dePineville, próximo de Alexandria. Ao longo dos anos, a dor passou a ficarcada vez mais forte, já que os esporões artríticos e depósitos de cálcio

causaram complicações na coxa. Seu filho de 12 anos muitas vezes o

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empurrava pelos corredores do hospital em uma cadeira de rodasenquanto ele dava suas voltas.

Eis que aparece a notícia do culto de milagres em Monroe, a cercade 145 quilômetros de distância. Sua esposa foi quem dirigiu o carro

enquanto ele estava deitado no banco traseiro, sofrendo. Os introdutoresajudaram-no com a cadeira de rodas, e ele, por fim, entrou no prédio. Odr. Harris vinha de uma longa linhagem de pregadores e missionários daIgreja Batista do Sul e, embora cresse na Bíblia, nunca havia crido de fatoem milagres. Contudo, enquanto estava sentado no culto de milagres,sentiu um grande calor passando por sua coxa. De repente, estava sem acadeira de rodas, correndo pelo corredor. Ele tirou o aparelho de suaperna e coxa e percebeu que podia subir as escadas da plataforma sem dorou desconforto. Em pé diante da senhorita Kuhlman, ele de repente "caiusob o poder". Não havia ninguém por perto para segurá-lo e, por isso, ele

desabou na plataforma, caindo sobre sua coxa direita. Contudo, não semachucou. Ele se levantou e voltou a cair no chão — atingindo novamentea mesma coxa, sem nenhum dano a ela.

 Ao voltar para casa, ele pediu ao seu amigo e cirurgião ortopedista judeu, o dr. Dan Kingsley — que, dias atrás, havia considerado a possibi-lidade de um transplante na coxa — que o examinasse. O dr. Kingsley corrigira o dano causado pelo acidente e acompanhou o caso ao longo dosanos. Ele reagiu com ceticismo para com a história de Cliff Harris, mas foiforçado a admitir, depois de examinar as radiografias e vê-lo andandosem aparelho, muletas ou a cadeira de rodas, que "teria ficado

emocionado com aquele bom resultado depois de um transplante total nacoxa".

O dr. Harris nunca mais usou sua cadeira de rodas.

Nem todos que caíam eram curados, é claro. Uma mulher emTulsa, Oklahoma, caiu "sob o poder". Depois de se pôr em pé, balançandoa cabeça, ela disse: "Foi uma boa experiência, mas minhas costas aindadoem".

Um mistério imponderável.

Ninguém parece saber o que exatamente leva a isso. É como se opoder sobrenatural do Espírito Santo passando pelo corpo causasse umcurto-circuito em todas as suas funções por um instante. Os músculos enervos que normalmente são controlados por correntes elétricas enviadaspelo cérebro ficam simplesmente afetados, como se 1 milhão de volts deum relâmpago atingisse o sistema elétrico de uma casa cuja instalação éde 110 volts. Nesse caso, todos os sistemas entrariam em curto-circuito. A força queimaria todos os disjuntores e fusíveis, tornando inoperante cadaaparelho plugado. Assim, o poder do Espírito Santo, fluindo pelo corpohumano, faz com que a pessoa espiritualmente "plugada" caia no chão.

No Shrine Auditorium, em um domingo à tarde, Kathryn chamoutodos os clérigos — católicos, protestantes e judeus — à plataforma. Quase

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75 atenderam ao chamado e ficaram de pé em volta dela. Ela estendeu amão duas vezes, uma para a sua direita e uma para a sua esquerda, etodos os homens caíram no chão, uns sobre os outros, como pedaços delenha empilhados. Em Miami, Flórida, ela começou passando pelo coropara orar por aqueles em quem podia tocar, e quase 400 pessoas caíramsob o poder. Outra vez, em seu escritório em Pittsburgh, um ministro deuma igreja presbiteriana local levou um amigo que era professor deteologia para conhecer a senhorita Kuhlman. Antes de os dois saírem,conversando em pé à porta do escritório, Kathryn ofereceu-se para orarpelo professor. Ele sabia o que isso poderia significar e firmou seu corpoatlético para resistir a qualquer tentativa que se fizesse para derrubá-lo.Ela estendeu a mão e disse: "Querido Jesus!". No mesmo instante, oprofessor caiu no chão. Seu amigo ajudou-o a se levantar. Impressionado,o professor perguntou: "O que aconteceu?". Antes que seu amigo pudesseresponder, ele caiu novamente. Kathryn deu um passo para trás, sorrindo,

e pediu ao pastor que levasse seu amigo professor para casa antes que eleficasse embriagado demais para andar. Os dois desceram o elevador como professor, ainda cambaleante, que resmungava: "Não entendo. Não fazsentido".

Mesmo com toda essa evidência à minha volta, eu tinhadificuldade para crer até que também caí sob o poder. Isso aconteceu noShrine Auditorium, em Los Angeles. O culto de milagres estava quaseterminando, e as pessoas estavam todas em pé, cantando. Eu estava nopalco em uma fila de homens, em sua maioria ministros da região de Los

  Angeles, quando percebi Kathryn começar a andar em nossa direção,tocando as pessoas enquanto passava pela fila. Cada um dos homens caíapara trás, enquanto recebia a oração de Kathryn, e era amparado pelosintrodutores que corriam feito loucos para acompanhá-la, a fim de evitarque os homens caíssem nas cadeiras. Eu estava impressionado, mas nãoimpressionado a ponto de querer ser tocado. Fui andando para trás, forada fila. Kathryn continuou a passar apertada pela multidão, tocando aspessoas dos dois lados enquanto andava. Continuei a andar para trás, nadireção dos bastidores, e, de repente, percebi que havia encostado naponta do piano de cauda de mais de 2 metros de extensão. Não havia

como contorná-lo. Eu a vi se aproximando e tomei uma rápida decisão.Não cairia só porque todos os homens haviam caído. Que eu saiba, elanunca me tocou. Lembro-me de ter levantado os olhos, vendo a parte de

 baixo do piano de cauda e pensando no quanto parecia idiota, usando umterno cinza com sapatos pretos e uma gravata listrada, deitado sob opiano de cauda, diante de 7 mil pessoas. Então me dei conta da presença.Uma espécie de euforia tomou conta de mim e, com isso, tornei a deitarminha cabeça no piso de madeira lascado e alegrei-me na presença deDeus. Como eu estava debaixo do piano, ninguém me ajudou a ficar empé. Fiquei deitado ali muito tempo depois de os outros homens já terem

ocupado seus lugares, preparando-se para os momentos finais do culto.

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Por fim, saí rastejando do meu lugar e me sentei, porém nunca maisduvidei do poder mortificador do Espírito Santo.

Certamente um dos segredos da grandeza de Kathryn no púlpitoera sua capacidade de concentração — sua capacidade de continuar a agir,

a despeito de distrações óbvias. Algumas dessas distrações ela conseguiacontrolar. Com um simples sinal com a cabeça para um introdutor, elacuidava de uma pessoa entusiasmada que estava causando certo tumultona galeria ou uma criança chorosa lá no meio da igreja. Embora algumasdas pessoas que participavam dos cultos de milagres a julgassem comouma pessoa dura, quase cruel, pelo modo como lidava com tais tumultos,ela sabia que sua capacidade de concentrar-se na voz do Espírito Santoexigia que todas as distrações fossem banidas. Era comum interromperum momento reverente de adoração bem no meio, fazer um gesto nadireção de uma criança chorosa, dizendo: "Maggie, cuide disso!", e, então,

prosseguir como se nada tivesse acontecido.  Algumas situações, no entanto, simplesmente não podiam ser

tratadas com um gesto ou uma palavra rápida. Eram nesses casos que suatendência de ignorar problemas às vezes se manifestava de um modoincrível.

No outono de 1968, Pat Robertson, presidente da ChristianBroadcasting Network [Rede de Transmissão Cristã] e moderador doconhecido programa de televisão The 700 Club [Clube 700] convidou Ka-thryn para ir a Portsmouth, Virgínia. Depois de participar de um Telethondurante o qual inúmeras pessoas foram curadas, ela terminou suaministração na região litorânea com um culto de milagres no Norfolk Civic Auditorium.

Jim Bakker, parceiro de Robertson na época, era o dirigente doculto até Pat chegar. Robertson, entretanto, estava atrasado. Kathrynmostrava-se agitada. Ela não tinha muita paciência com pessoas que nãochegavam na hora marcada. O auditório estava lotado, com inúmeras pes-soas no teatro que ficava atrás do prédio. A platéia estava impaciente, e,depois de esperar alguns minutos, Kathryn virou-se para Bakker, queestava em pé ao seu lado perto do palco, e disse:

— Quando o Espírito Santo diz que devo iniciar o culto, não possoesperar. Vou começar.

  Antes mesmo de Bakker dizer: "Mas senhorita Kuhlman... ", elapassou por ele e subiu ao palco, balançando os braços e fazendo sinal paraque o coro e a congregação se juntassem a ela no hino "Quão Grande ÉsTu".

Mais de 3 mil pessoas enchiam o grande auditório, sentadas emcadeiras no centro e nas arquibancadas ao redor. Mas a tragédia estavapara acontecer. Quando as pessoas se levantaram para cantar, ouviu-se

um som como um forte suspiro, seguido por um grande estrondo e gritosestridentes. Uma parte inteira das arquibancadas, sob a tensão provocada

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por grandes pulos, fechou-se contra a parede. Mais de cem pessoas  vieram ao chão ou foram comprimidas entre as tábuas. Foi uma cenamacabra. Quando os assentos, que obviamente não haviam sido fixadosem seus lugares adequadamente, foram de encontro à parede, aqueles quenão caíram para a frente no piso duro de madeira lá embaixo, forampegos pelas pernas e suspensos, de cabeça para baixo, das arquibancadas— gritando, apavorados. Muitos no chão sangravam muito. Algunshaviam quebrado ossos, e outros estavam inconscientes. Felizmente, nãohouve nenhuma vítima fatal, mas a reunião tornou-se um tumulto, uma

  vez que os introdutores saíram correndo de todos os lados do auditóriopara tentar ajudar os feridos.

Jim Bakker, lutando contra o pânico, correu para chamar oesquadrão de emergência e o corpo de bombeiros. Os introdutoresrapidamente liberaram as pessoas que gritavam das arquibancadas e as

estenderam no chão junto com os outros. Ambulâncias chegavam, sirenestocavam, e os feridos eram levados em macas. Os oficiais de segurança,em seguida, esvaziaram o restante das arquibancadas, fazendo sinal paraque todos saíssem de seus lugares e fossem para a plataforma principal.

  Atendentes interditavam as arquibancadas que haviam desmoronado,enquanto os obreiros corriam para trazer milhares de cadeiras para quehouvesse mais lugares para se sentar. Todo o caótico processo durou maisde uma hora.

Em meio a tudo isso, no entanto, Kathryn mantinha sua filosofiade agir como se isso nunca tivesse acontecido. A despeito do tumulto, da

confusão e da desordem, ela continuou com o culto. Conduziu os lou- vores, ainda que poucos cantassem. Apresentou o coro, que tentou cantarsem ver as pessoas correndo de um lado para o outro diante dele. Então,ela voltou ao microfone, apresentando alguns dignitários que estavam naplatéia, contando algumas histórias e recolhendo as ofertas. Assim que amultidão finalmente se acomodou, ela já estava no meio do sermão.

  Alguns que participaram do culto consideraram a atitude delacomo uma demonstração magistral de autocontrole e concentração emum momento em que todas as outras pessoas estavam a ponto de entrarem pânico. Outros ficaram estarrecidos, e alguns, perturbados, pois elanão parou para orar pelos feridos — nem sequer fez referência à tragédiadurante o culto. Contudo, muitos foram curados durante o culto demilagres, e, assim que a reunião terminou, a congregação — pelo menos,aqueles que não estavam no hospital — quase se esqueceu do alvoroço.Nada, ao que parecia, podia distrair Kathryn do curso que ela haviatraçado.

Olhando para trás, ao ler alguns dos transcritos literais dessescultos, deve-se concluir que era o Espírito Santo que operava a cura — enão Kathryn. Sua abordagem era, como disse Kinsolving, "incrivelmente

 banal". Não obstante, funcionava. Ficando perto do público, invadindo o

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que os psicólogos chamam de "espaço" pessoal, ela quase ofuscava aspessoas com sua presença.

— Vamos nos divertir hoje.

(Aplausos e alguns "améns" sinceros. )

Então ela contava algumas piadinhas — gracejos batidos que usavade vez em quando diante da mesma platéia.

— Se algum de vocês não pode me ouvir, diga amém.

(Ouvia-se um coro fraco de améns lá da galeria. )

— Se você não podia me ouvir, como soube que tinha de dizeramém?

(Risos baixinhos. )

— Talvez alguns de vocês já tenham sido curados da surdez.

(Risos mais altos.)

  A animação continuava por alguns minutos, e, então, depois deapresentar Dino e Jimmie McDonald, e talvez alguns dignitários, elacomeçava sua pregação.

— Só vou falar 10 minutos hoje. Não mais que isso.

(Então falava mais de uma hora.)

Mas quando o Espírito começava a se mover, era possível ouviruma agulha cair.

"Há um problema de coração desaparecendo. Maravilhoso Jesus,eu te dou louvor e glória. Há um caso de diabetes... o açúcar está saindodo corpo... um ouvido foi totalmente aberto. Alguém está me ouvindoperfeitamente. Na galeria. Alguém verifique. Lá em cima na galeria, nolado esquerdo, está um homem que usa aparelho no ouvido. Veja esseouvido, senhor. Segure bem firme o seu ouvido bom; o senhor me ouveperfeitamente... A artrite nos pés aqui embaixo, à minha esquerda. Várápido, Maggie. Ela está na quinta ou sexta fileira. Louvado seja, Jesusmaravilhoso!"

Nesse momento, uma fila daqueles que haviam sido curados seformava ao lado do palco. Virando-se para o dr. Richard Owellen, especia-lista na pesquisa de câncer da Universidade John Hopkins, que muitas

  vezes viajava com ela e agora estava conversando com uma bela jovemque era a primeira da fila, Kathryn logo disse:

— O que temos aí, doutor?

— Bursite. Esta garota é judia e estava sentada lá no fundo quandosentiu o ombro se soltar.

— E você não podia fazer isso antes? — perguntou Kathryn,surpresa, segurando pelo braço a garota de cabelos pretos e levando-a aomicrofone.

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  A garota estava chorando e fazendo pequenos círculos com oombro.

— Continue, querida. Balance bem esse braço. Ele não vai sedesprender. A multidão bradou, aprovando a cura.

 A garota fazia grandes círculos com o braço ao mesmo tempo quederramava lágrimas por toda a plataforma.

— E ela é judia? — Kathryn disse rindo. — Logo o rabino vaitelefonar para mim e pedir que eu faça um culto de milagres na sinagoga.

O órgão, que vinha tocando baixinho, aumentou seu volume. Ka-thryn gritou para a multidão: — Vamos dar um grande "Deus abençoe"para ela.

  A platéia respondeu com uma grande salva de palmas enquantoKathryn estendeu a mão e tocou na cabeça da moça. "Querido Jesus,precioso Messias, eu te dou glória...". E não fez mais nada. A garota caiunos braços de um dos homens que estavam no palco.

Kathryn observava, espantada. Então, voltando-se para a platéia,ela disse: — É isso aí. Jesus ama os judeus também!

Dessa vez os brados da platéia eram ensurdecedores.

  Virando-se para o outro lado do palco, ela fez sinal para umassistente que estava em pé ao lado de um senhor idoso que segurava umaparelho de ouvido na mão.

— Aqui está o milagre da audição lá da galeria, senhoritaKuhlman.

O procedimento era o mesmo de reunião em reunião. Nuncamudava. Pedindo ao homem que colocasse sua mão sobre o ouvido bom,ela ficou atrás dele.

— O senhor pode me ouvir agora?

— Sim.

Ela deu um passo para trás.

— O senhor pode me ouvir agora?— Sim.

— O senhor ainda pode me ouvir?

Ela estava agora a vários passos de distância, sussurrando. O fatode o sistema de amplificação pegar seu sussurro e o transformar em umestrondo, não fazia diferença para a multidão. Eles entendiam.

Outro homem estava pronto quando foi ao microfone segurandoum saco de papel marrom. Ele sussurrou algo para Kathryn e então ficouem silêncio. Ela bateu em sua coxa com a mão aberta e se curvou duas

 vezes, dando um sorriso.

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— Pessoal, preciso falar uma coisa, uma coisa muito engraçada.Deus certamente tem senso de humor. — Voltando-se para o homem, eladisse: — Segure. Mostre a eles suas batatas. Ele diz que havia ouvido falarque batata era bom para artrite e que nunca ia a lugar algum sem elas.Enquanto estava sentado bem ali, ele foi curado da artrite no quadril.

  Agora ele não sabe quem o curou — se foram as batatas ou se foi Deus.Rindo, ela deu um empurrãozinho no homem e disse: — Vá, senhor. Corrapela plataforma. E, olhando para a multidão, complementou: —Observem-no, e ele deixou suas batatas para eu assar em casa".

Nenhuma outra pessoa no mundo podia fazer isso e sair, a menosque tivesse o Espírito Santo. Às vezes, as pessoas se perguntavam se oEspírito Santo estava operando, apesar de Kathryn. Era uma boa per-gunta. Mas ela era única. Muitos tentaram imitar seus maneirismos nopúlpito, mas não conseguiram. Usavam a mesma técnica, a mesma

metodologia. Mas não havia poder. Kathryn pode ter sido apenas umapessoa comum, mas não há como descrever os cultos de milagres comocultos comuns.

Um jovem repórter canadense, que compareceu a um culto demilagres como um cético, mas voltou como um cristão, escreveu em 1972:

Não há muito que contar, exceto que ouvir 3 mil vozes cantando acanção-tema de Kathryn: "Ele me tocou e me fez completo", enquanto 6mil mãos estavam levantadas — mãos retorcidas, mãos trêmulas, mãosfinas, mãos jovens, mãos com unhas roídas, mãos marcadas detrabalhadores — é uma experiência que ninguém pode entender, a menosque esteja lá [... ]. Um culto de milagres é, usando o vernáculo comum,"tudo".

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Capítulo 15

Sempre Dando - Jamais Vazia

 A maioria das personalidades religiosas ajusta seu estilo de vida demodo a combinar com sua fama ascendente. Mas, ainda que a fama deKathryn crescesse como uma nuvem atômica à medida que ela seaproximava dos 60 anos, sempre foi uma "obreira sem muita importân-cia". Quando a Fundação Kathryn Kuhlman foi criada em 1957, suareceita bruta anual era de mais de 1 milhão de dólares. Contudo, Kathryn,determinadamente, se recusava a fazer o que a maioria dos "obreiros

religiosos" mais importantes fazia. Ela nunca publicou uma revista.Raramente solicitava ofertas por meio de correspondência, ainda queninguém tivesse uma lista de mala-direta melhor que a de KathrynKuhlman. Ela raramente falava em dinheiro em suas reuniões. Jamaisteve um orador que usasse métodos eficientes no palco. Não usavarecursos publicitários para chamar a atenção. Nunca se encaixou nacategoria de angariadora de fundos. Continuou a ser, até a hora de suamorte, a broa de fubá do Missouri.

O único recurso extra de maior alcance que Kathryn tinha noinício era o rádio. Um dia, em 1958, enquanto estava pelejando com umprograma de rádio no estúdio da WPIT, um amigo a apresentou a um

  jovem engenheiro de som, Steve Zelenko, que estava trabalhando para oCanal 11 em Pittsburgh. Zelenko, um católico romano nominal, ficou dolado de fora do estúdio por alguns minutos, ouvindo-a encerrar seuprograma. Quando ela saiu, ele olhou, carrancudo: "Meu Deus, senhora. A senhora não sabe fazer melhor do que isso?". Kathryn contratou-o nomesmo instante.

Steve pelejou com o velho equipamento de rádio de Kathryn porquase seis meses e, por fim, foi falar com ela. "Ouça, senhorita Kuhlman,

isto aqui é um monte de lixo. Você não pode começar a fazer algo umpouco mais profissional? Se vai fazer algo para Deus, tem de ser bem-feito."

  Aquela foi a única crítica à qual Kathryn respondeu. Ela deu aSteve liberdade para montar todo o estúdio de som em seu escritório emexpansão no Carlton House. O dinheiro para os programas de rádio eracurto, mas ele conseguiu fazer os dólares renderem na compra de equi-pamentos e, com a nova programação de qualidade, pôde expandir onúmero de programas das quatro primeiras estações de Kathryn para 20,30 e, por fim, quase 60. Enquanto a maioria das pessoas que trabalhavam

para ela aceitava ordens, Steve sabia dá-las. E, por mais que se encolhessediante da escolha de palavras de Steve, ela adorava sua dura honestidade.

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  Às vezes, ele a interrompia no meio de uma gravação, gritando de suacabina, e dizia: "Senhorita Kuhlman, você pode fazer melhor do que isso.

 Você é a melhor. Pessoas de todas as partes do país estão sintonizadas noprograma para ouvir o que está dizendo. Pare com essa coisa poucooriginal e pregue a Palavra".

Ele gritava novamente lá em sua cabine, voltava a fita e dava a elao sinal para continuar — ela raramente deixava de responder às censurasde Steve, exceto quando seu desempenho era fora de série na vez seguinte.

Kathryn, por outro lado, não era nenhuma desajeitada quando oassunto dizia respeito às técnicas de radiodifusão. Gostava do modo comoo apresentador Bill Martin da WPIT a apresentava, e havia guardado a fitadele, usando a voz do apresentador durante anos depois de ele termorrido. Era especialista em edição e podia dizer a Steve, quase que nomesmo instante, onde voltar para ela recomeçar. Por causa da pressão do

tempo, principalmente nos últimos anos de seu ministério, ela muitas  vezes reproduzia fragmentos dos cultos de milagres ou valia-se deconvidados especiais. Era mestra na improvisação e podia olhar para orelógio e cronometrar o final de suas mensagens no mesmo instante. A despeito do fato de algumas pessoas se queixarem do modo como entravano ar — "Olá! Você estava me esperando?" — e do tom estranho e teatralde sua voz, Kathryn era uma verdadeira "profissional", e sabia disso.

Mesmo assim, Kathryn ainda não era "importante". Os cultos demilagres às sextas-feiras no Carnegie Hall costumeiramente seguiam omesmo formato — e sempre rendiam muitos milagres de cura todas as se-manas. Os cultos aos domingos no Stambaugh Auditorium, onde aspessoas a chamavam de "pastora", estavam atingindo toda a regiãooriental de Ohio e ocidental da Pensilvânia. Literalmente, centenas dealcoólatras e prostitutas foram salvos por meio de seu ministério. O dr.Metcalfe, sem dúvida, regia o coro masculino com mais de 3 mil vozes ecuidava do coro de 200 jovens. Não obstante, Kathryn jamais mudou. Elanunca modificou seu corte de cabelo nem seus métodos de conduzir oscultos. Ela cuidava de tudo. Era ela quem dirigia os estudos bíblicos nassegundas-feiras à noite na Primeira Igreja Presbiteriana. Realizavacerimônias de casamento, funerais, instruía os introdutores, dirigia oslouvores, dava os avisos e dirigia os períodos de oração na maior parte dotempo.

Em Cleveland, ela atraiu 17 mil. Em Wheeling, Virgínia, atraiu 18mil em uma semana. E fotos dos que haviam sido curados em suasreuniões apareciam diariamente na primeira página do News-Register de

  Wheeling. Uma senhora de 56 anos, surda-muda desde os 4 anos deidade, participava dos cultos com a filha, que traduzia as mensagens deKathryn usando a linguagem de sinais. Um dia, sentada em frente aorádio em casa, a filha ouviu a mãe falar, devagar e com muita dificuldade:

"Ou-viii a senhoriiii-ta Kuuuhl-mannn sorrir no rádii-o". A partir daquelemomento, ela começou a ouvir e falar perfeitamente.

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  Até a única coisa que Kathryn ouvira dizer que era impossívelaconteceu. Teólogos famosos começaram a abençoar — com entusiasmo— seu ministério. Entre eles, estava Wade Jumper, um batista canadensee especialista na síntese da religião e psicologia. Ao escrever para oToronto Star  em 6 de junho de 1964, Jumper defendeu o ministério deKathryn.

O ministério Kuhlman é singular em termos teológicos. Com isso,eu me refiro ao tipo de Deus retratado nos cultos. Ele é um Criador eRecriador generoso e compassivo que opera curas milagrosasgratuitamente. Este conceito contrasta nitidamente com o Deus dofavoritismo muitas vezes retratado que, parcimoniosamente, aquinhoasuas obras milagrosas em troca da justiça do homem.

  Alguns cultos de cura pareceram-me lembrar leilões exaltados.Deus é o leiloeiro invisível, e as pessoas que buscam cura são os licitantes;a moeda corrente é a fé do homem. Somente os arrematadores (aquelesque têm maior fé) podem assegurar o número limitado de curas.

Nesse tipo de reunião de cura, a cura parece depender, sobretudo,de um toque e de uma oração da figura central, o evangelista. Nesse culto,as filas para receber cura e cada ficha preferencial parecem necessárias.

Há curas; mas há tantas vítimas. Alguns que seguram os cartões

preferenciais nunca recebem a atenção pessoal desejada de quem cura.Outros, que têm seu momento de ouro, mas não conseguem responder àordem de quem cura para que fiquem sãos, acabam por sentir-secensurados, pois foi-lhes dito que sua fé não é grande o suficiente.

  Aceitando o diagnóstico do curandeiro sobre sua condição espiritual e  julgando a fraqueza de sua fé responsável pela doença não curada, eles  vão para casa, mais deprimidos do que quando chegaram para o culto.Parece muito mais difícil carregar suas novas feridas emocionais eespirituais do que sua aflição física.

 Algumas pessoas, vendo esses excluídos com o corpo e o coração

partidos, voltam sua rebeldia contra Deus. Se Deus é assim — fazendoessas pessoas sofrerem desta forma porque lhes falta fé —, não queronada de Deus, nem de nenhum culto de cura.

Deus não é assim, declara a senhorita Kuhlman. O problema não écom Deus; está na equivocada interpretação de Deus pelo homem.

 Acho que os milhares de conversões pessoais e curas no ministériode Kathryn provam que ela teve êxito em descobrir e transmitir aos outrosa natureza de Deus — um Deus cujo poder é dirigido pelo seu amor porseu povo.

O foco adequado no amor incondicional de Deus põe a cura nodevido lugar no quadro de referência. Toda cura verdadeira,

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independente da técnica que ajuda a propagá-la, é um dom de Deus. Edepende essencialmente do amor de Deus, e não da força da fé daqueleque a busca.

Espera-se que outros, abençoados com o dom de cura semelhante

ao de Kathryn Kuhlman, sigam o exemplo da senhorita Kuhlman. Atéentão, ainda tenho de sustentar que o ministério dela é coerente em simesmo. Pois penso que, ao dizer isso, estou, devidamente, dando créditoa Deus — e não ao homem (ou mulher).

Com tal aprovação tanto de Deus quanto do homem, parecia queKathryn poderia, finalmente, passar para esse círculo de segurança queesperava havia tanto tempo. Contudo, como muitas celebridades, Kathrynera sempre perseguida por um medo interior de que seria incapaz depreservar sua imagem diante do público. Aquele pesadelo de que ninguémapareceria voltava sempre. E o medo profundo de que o Espírito Santo,

um dia, lhe fosse tirado, deixando-a velha e feia, impotente para irradiarfé e esperança. Assim, ela montou seu próprio armário de compensações,do qual, ao longo dos anos, passou a tirar várias capas para disfarçar seusmedos e inseguranças.

Quando morreu, tinha mais de 75 vestidos para usar no púlpitopendurados em seu sótão, além de muitos outros para usar nosprogramas de televisão, que custavam, cada um, algumas centenas dedólares. Ela justificava seus gastos dizendo que os vestidos, em sua maiorparte, eram modelitos que pedia aos vendedores que separassem quandoo preço baixasse. Depois de usá-los algumas vezes, freqüentemente ospresenteava à sua equipe — Maggie, Maryon e Ruth, em particular, queusavam o mesmo tamanho. Algumas das lembranças mais felizes dasmulheres eram as vezes em que Kathryn as levava a sua bela casa em FoxChapel para que olhassem as prateleiras e fizessem suas escolhas — peçasde chiffon, malhas de tricô e até os vestidos esvoaçantes usados nopúlpito. Ninguém nunca duvidou de que Kathryn Kuhlman adorava o quehavia de melhor em costura.

Kathryn, em seus últimos anos, visitava com freqüência asmodernas boutiques pela Wilshire Boulevard e Beverly Hills. Uma

repórter da Califórnia, escrevendo para a revista  Los Angeles, disse queconhecia uma senhora que jurava ter visto, em uma memorável tarde,Kathryn se virando em frente a um espelho na I. Magnin's — uma daslojas mais exclusivas da Costa Oeste. "Moça", disse Kathryn, segundo areportagem, à vendedora, "eu jamais poderia conversar com Deus usandoeste vestido".

Ela gostava de suas jóias caras e de suas antigüidades, tudo que aajudava a compensar a frustração de ser uma mulher em um mundo dehomens — o mundo ministerial. Ao mesmo tempo, sua atenção exageradaàs roupas dava a impressão de que se considerava uma realeza, como o

duque de Windsor, que, segundo se dizia, fora educado diferentementedos mortais comuns.

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(Muitos anos depois de o duque abdicar do trono da Inglaterra, eleadmitiu: "Nunca, em minha vida, peguei nada do chão. Quando tiro asroupas, simplesmente as jogo no chão. Sei que sempre há alguém atrás demim para pegá-las".)

Embora tenha nascido, e ainda fosse, uma pessoa comum,Kathryn sempre quis ser uma duquesa — assim como os pobres sonhamem ser príncipes. Contudo, sabia, principalmente quando voltava paracasa de sua família adotiva em Pittsburgh e Youngstown, que exibir muitarealeza destruiria seu relacionamento com aqueles que ela amava — ospoloneses, os irlandeses, os homens que trabalhavam com carvão e ferro,as prostitutas, os alcoólatras, aquelas pessoas corajosas que viam nela oreflexo de Deus. Talvez a repórter tenha interpretado mal a afirmação deKathryn na I. Magnin's. Não era que Kathryn não poderia falar com Deuscom "um vestido como aquele", mas ela sempre temia que Deus não

falasse por meio dela com as pessoas comuns. Mas ela adorava roupascaras, jóias preciosas, hotéis luxuosos e viagens em primeira classe,embora, por outro lado, tivesse de compensar isso, sempre contandotodas aquelas histórias sobre dormir em galinheiro em Idaho e usar os

 banheiros públicos por um níquel quando ela era muito pobre para poderpagar um quarto com chuveiro. Isso lhe dava, ela esperava, a identificaçãonecessária com os pobres, ao mesmo tempo que lhe permitia o luxo de

  viver como uma rainha. Contudo, o que se perguntava era se Kathrynestava contando aquelas histórias para impressionar as pessoas ou paralembrar-se a si mesma: como o velho rei que encarrega um de seus

soldados a se posicionar atrás dele, em sua carruagem, e sussurrar em seuouvido: "Lembra-te, ó rei, de que és um mortal".

Kathryn estava obcecada com o tamanho da multidão. Emborafosse bom ter os corredores de suas reuniões cheios, havia algo nela quedesejava a satisfação de saber que "milhares haviam ido embora,impossibilitados de entrar". Era uma insegurança que tinha suas raízesprofundas no solo de Concórdia. "Veja, mamãe. Eu falei que poderia

 vencer sozinha. "

Como a maioria das pessoas inseguras, ela gostava deimpressionar citando nomes de pessoas famosas como se fossem suasamigas, ainda que grande parte desses nomes fosse de pessoas que nãopodiam se comparar com ela na escala do reino. Ela gostava de falar sobreatores e atrizes de cinema que participavam dos cultos de milagres naCalifórnia — fosse os de má ou de boa reputação — que apareciamescondidos por trás de óculos escuros, à procura, como todos os outros noShrine Auditorium, da realidade espiritual. Um dos rituais antes de cadaculto era o dos introdutores localizarem as personalidades famosas e dar anotícia a Kathryn em seu camarim. Ela sempre honrava a vontade dosastros de ficarem no anonimato, mas precisava saber que eles estavam ali,sentados e à espera, como reis e príncipes batendo à sua porta.

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Quando Betty Hutton apareceu em uma tarde chuvosa de domingono Shrine Auditorium, Kathryn literalmente deu a seguinte ordem:"Façam com que ela se sente bem lá na frente.  SE  for preciso, troquempessoas de lugar, pois eu a quero lá na frente". Sua ordem foi cumpridapor ajudantes que perceberam que isso era mais importante para Kathryndo que para a senhorita Hutton.

 Após sua audiência privada com o Papa Paulo VI no Vaticano, elaenviou nota a vários jornais importantes do país — junto com uma foto doPapa segurando sua mão —, dizendo: "Sua Santidade, o Papa, elogiou asenhorita Kuhlman pelo 'admirável trabalho' que ela está realizando e aadvertiu: 'FAZE-O BEM!'.

Por mais que os fiéis protestantes entre seus seguidores nãopudessem entender, para milhões de pessoas o Papa era o vigário deCristo na terra... e, para uma garota ignorante de Concórdia, Missouri, ter

um encontro como esse compensava muitas coisas que haviam acontecidono passado.

O lado patético era, sem dúvida, que Kathryn não precisava provarnada. O mundo inteiro sabia que ela era uma serva de Deus. Escolhida.Uma filha do destino. Contudo, parecia que ela era incapaz de se livrar dagarotinha ruiva que usava o creme da Spillman para tentar cobrir suassardas a fim de tornar-se mais aceitável àqueles que estavam à sua volta.

— Você viu este artigo na revista   Movie Life? — ela disse, sempoder esconder a satisfação, quando entrei no escritório um dia.

 Admiti que a revista Movie Life não era uns dos periódicos que eudeixava em meu banheiro. Kathryn riu.

— Maggie, pegue-a. Está por aí em algum lugar. Oh, é sensacional.  Você não irá acreditar. É isso aí. Traga-a aqui para mim. Rapaz! Issorealmente irá levá-lo a Corcórdia.

Ela folheou a revista, entregou-a a mim e, então, afastou-se,esperando minha reação. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo.

  A primeira página inteira trazia um anúncio sobre como aumentar seusseios 6,50cm em quatorze dias. Em seguida, lá estava a esquisita

manchete: "BOMBA: LIZ DESCOBRE QUE BURTON TEM OUTRA MULHER". E então aparecia uma reportagem de duas páginas deKathryn e Robert Young, o dr. Marcus Welby da televisão. No topo daspáginas sensacionalistas estava a manchete que chamava a atenção:"ROBERT YOUNG CURADO PELA CURANDEIRA DA FÉ KATHRYNKUHLMAN!". Olhei para Kathryn. Eu sabia quanto ela detestava serchamada de curandeira da fé. Por um rápido instante, pensei em dizer-lheo que realmente pensava. Então olhei para seu rosto. Ela estava com umsorriso frio e as mãos tremendo, nervosa, esperando minha reação —minha aprovação. Eu me rendi, coloquei minha máscara e disse:

— Uau! É realmente sério! Ela voltou à vida.

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— O que eu lhe disse? — ela sorriu. — Todos estão falando de mim.

  Voltando-se para Maggie e Maryon, que não haviam parado deescrever à máquina um instante, embora estivéssemos a algunscentímetros da mesa delas, Kathryn disse:

— Vocês acham que eles vão tirar de mim o título honorífico daUniversidade Oral Roberts quando virem isso? Ela deu um tapa na coxa,

 jogou a cabeça para trás, e riu novamente.

— Sabe, nem Oral conseguiu isso nas páginas da Movie Life.

Não pensei que ela havia recebido tantas críticas da UOR. Dealgum modo, eu não conseguia imaginar a  Movie Life enfeitando a seçãode revistas da livraria da universidade. Em dezembro de 1974, a revista

 People publicou quatro páginas que incluíam a foto de Kathryn esticadaem sua cama na bela casa de Fox Chapel, lendo sua Bíblia sob a luz de um

lustre antigo. "Querido Jesus", dizia a legenda, "não quero uma mansãono céu. Veja como é boa a minha cama". Kathryn achou isso divertido.

Ela ficou igualmente impressionada quando a revista teológicaChristianity Today colocou sua foto na capa e dedicou sete páginas a umaentrevista com ela. Sua reação foi a mesma quando a revista U. S. Catholicdedicou-lhe cinco páginas e concluiu com a seguinte afirmação: "Muitoscatólicos romanos na década de 1970 estão muito mais abertos a aceitar aidéia, que já foi ridicularizada, de que o Espírito Santo opera por meio deuma pregadora chamada Kathryn Kuhlman e cura as pessoas em nossosdias".

Ela lia cada resenha, cada artigo sobre ela que aparecia em todasaquelas revistas que acompanhavam os jornais de domingo em todo opaís. Era como se de fato conseguisse apoio nelas, até nas ruins. Pelomenos, estava sendo reconhecida, e este seu lado humano parecia precisardisso para continuar a caminhada.

Em 1973, fui convidado a falar na Grande Conferência Carismáticade Pittsburgh, realizada no Seminário Teológico de Pittsburgh. Chegueiao aeroporto de Pittsburgh na mesma hora em que Kathryn estava che-gando de Louisville, Kentucky. Ao ver-me no terminal, ela perguntou,

sorrindo:— O que você está fazendo aqui?

— Sou um dos palestrantes da Grande Conferência...

— Não estou sabendo nada a respeito — ela interrompeu — masdeixe-me mostrar algo a você. Onde estão eles, Maggie? Estão naquela

 bolsa ali. Pegue-os para mim. Você não vai acreditar no que os jornais deLouisville disseram esta manhã. Nem pode imaginar! Ontem à noite,enchemos a grande Igreja Batista da Walnut Street. E o dr. WayneDehoney, ex-presidente da Convenção Batista do Sul... convidando uma

pregadora... acredita?... e milagres... aos montes. Onde estão esses

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 jornais, Maggie?! Não deu para ler tudo no avião. Oh, lá está Loesch como carro. Não dormimos há três dias. Vamos, Maggie...

E elas se foram. Nunca cheguei a ver os jornais. Duvido queKathryn tenha olhado para eles novamente. Mas, naquele momento, lê-

los foi algo que a alimentou mais do que um café da manhã completo.Essa mesma insegurança a atormentava quando era colocada

entre outros que tinham ministérios de cura — principalmente aquelesque estavam na categoria de "curandeiros da fé". Durante anos, mesmonunca mais tendo se encontrado com Oral Roberts, ela menosprezava seuministério — muitas vezes retalhando-o na imprensa ou durante um deseus sermões improvisados. Oral nunca rebateu, o que, sem dúvida, fezcom que a questão da cura ficasse em constante ebulição. Quando oministério de Oral deixou de ser o da cura e passou para o da educação, eele abriu a sua universidade de milhões e milhões de dólares em Tulsa,

Kathryn disse: "Ele sempre foi bom em levantar dinheiro". A rixa de uma das partes continuou. Em 1970, Kathryn aceitou um

convite para realizar um culto de milagres em um sábado à tarde em Washington, D. C., na convenção regional da Associação dos Homens deNegócios do Evangelho Pleno. O culto aconteceria no salão do Washing-ton Hilton. No sábado à noite, pouco depois que ela terminasse, o World

 Action Singers, da Universidade Oral Roberts, faria uma apresentação —seguida por uma mensagem do próprio Oral.

Naquela noite, ela encerrou a ministração, trocou de roupa e

 voltou ao auditório escuro para ouvir Oral. Ela havia feito isso em váriasocasiões no passado, passando por desconhecida em reuniões de Oral.Mas agora ele havia mudado, e Kathryn queria ver como estava. ViolaMalachuk, esposa de Dan, havia guardado um lugar para ela quase nosfundos do auditório. Ao acomodar-se no assento, Kathryn colocou a mãono braço de Viola e riu baixinho: "Tinha muita gente hoje à tarde, nãotinha?".

Na primavera de 1971, no entanto, algo aconteceu que mudou aatitude de Kathryn. Oral vinha ouvindo os programas de rádio e de televi-são de Kathryn. Ele estava sendo pressionado por amigos que diziam que

deveria participar de um culto de milagres. Por isso, foi a Los Angeles deavião com este objetivo. Sem ser reconhecido, como Kathryn em suasreuniões no passado, dirigiu-se à galeria e se perdeu no meio da multidão.Foi uma experiência que transformou a vida do homem que foi o primeiroa apresentar os milagres ao público em geral.

  Ao descrever aquele momento, Oral disse: "Olhei ao redor. Erauma platéia diferente da que vinha às minhas reuniões. Podia-se dizer queera uma platéia composta pelas chamadas pessoas importantes e pelaspessoas comuns como eu próprio. Então, de repente, uma mudança acon-

teceu na pessoa de Kathryn. Pude ver o que aconteceu da galeria. Ela

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disse: 'Há alguém lá em cima à esquerda que está sentindo a presença deDeus e sendo curado. Levante-se e venha à frente'.

"Eu me virei e vi uma mulher em pé com uma criança pequena. A criança usava aparelhos nos braços e muletas. Aquela coisinha levantou-

se, e as pessoas a ajudaram a colocar um pé na frente do outro. Masquando chegaram no meio do corredor, elas pararam. Tiraram os apare-lhos e as muletas, e o garotinho deu um passo — e deu outro. Quando elechegou à grande escadaria que levava ao púlpito, as pessoas começaram aajudá-lo a subir.

'Não toquem nele', disse Kathryn. 'Vamos ver o que o EspíritoSanto fez.'

"Fiquei completamente desconcertado", continuou Oral. "Quandoas pessoas soltaram o menino, ele não andou; correu. Naquele instante,eu soube que Kathryn Kuhlman era um vaso ungido de Deus. Eu me emo-cionei porque, enquanto estava sentado ali, vi coisas que Deus não haviafeito por meu intermédio. Presenciei coisas que Deus não havia realizadopor meio de ninguém que eu conhecesse. Eu me alegrei porque Deus foitão maravilhoso. Ele era maior do que eu poderia imaginar. Era maior doque ela poderia imaginar. Olhei para o púlpito e vi todos aqueles padrescatólicos, ministros protestantes e um rabino judeu juntos. Nunca havia

 visto aquele grupo assim antes. Eu soube que o Deus Todo-Poderoso teriade fazer algo muito especial para ver todas aquelas pessoas ali em cima —e para ver-me na galeria.

"Reconheci que Deus estava naquela mulher e que ela era únicaaos meus olhos porque Deus a estava usando de um modo diferente. Elesempre havia usado não só minha voz, mas minhas mãos. Mas ele nãousava as mãos dela para curar as pessoas. Ela não precisava tocar naspessoas do modo como Deus queria que eu as tocasse. Se eu não astocasse, raramente havia algum milagre. Mas, com Kathryn, acontecia ocontrário. Comecei a ver que Deus não usa apenas um método. Ele temmuitos métodos."

 Após o culto, Oral desceu da galeria e juntou-se a um amigo, Tink  Wilkerson, um abastado revendedor de carros de Tulsa que fazia parte da

diretoria da Universidade Oral Roberts. Tink, que já conhecia Kathryn,disse que ela ficara sabendo que Oral estava na reunião e que gostaria deconhecê-lo.

— Oh, não — disse Oral, segurando as mãos do amigo. — Eu seicomo são as coisas depois de um culto assim. A pessoa fica tão cansadaque mal consegue ficar em pé. Quero dizer, quando a unção sai, a pessoafica tão fraca que precisa se deitar; do contrário, ela cai.

— Não a senhorita Kuhlman — disse Tink. — Ela fica mais forte nofinal do culto do que no início — ainda que tenha ficado em pé por cinco

horas.

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— Mas eu já estou cansado só de vê-la — gaguejou Oral. — Comoaquela mulher frágil e fraca consegue ficar mais forte no final do culto doque no início? Isso eu preciso constatar.

Descendo o longo corredor ao lado do auditório, Tink e Oral final-

mente chegaram ao camarim de Kathryn. Era a primeira vez que os doisministros se encontravam pessoalmente. Tink ficou para trás, com umpouco de receio do que poderia acontecer.

Oral tomou a iniciativa. Antes de Kathryn poder dizer algumacoisa, ele disse:

— Deus levantou você como sua serva. Seu trabalho foi além domeu, e não posso agradecer a Deus o suficiente por isso.

Kathryn balançava a cabeça. Algo, antes amargo nela,desaparecera. Ela olhou bem dentro dos olhos do homem que antes

considerava um rival e disse:— Oral, eu sei. Sei quem sou e quem é você. Sei o que sou e sei o

que você é. Sei o que sou no reino e o que você é. Sei qual é o meu lugar.

Os dois ficaram se olhando por um instante, e, então, Oral,sensível, disse:

— Você deve estar exausta.

— Nem um pouco — Kathryn disse, rindo. — Vou a um jantartranqüilo com alguns amigos; me sinto ótima.

Oral balançou a cabeça.— Bem, Kathryn, você tem algo que não tenho e que nunca tive.

Daquele momento em diante, as coisas passaram a ser diferentesentre eles. No outono do ano seguinte, Kathryn foi a Tulsa para realizarum culto de milagres. Oral participou do culto e deu a sua bênção no púl-pito. O culto causou um grande impacto na cidade. Mais de 9 mil pessoasencheram o Civic Center, e, pela primeira vez, ministros de todas asdenominações, católicos e protestantes, se reuniram. A primeira pessoa a"cair sob o poder" foi uma freira católica. Mais tarde, durante o culto, o

pastor da Primeira Igreja Metodista, o dr. Bill Thomas, também caiu noEspírito. A comunidade cristã de Tulsa ficou excitada durante dias após apartida de Kathryn.

Na primavera de 1973, a Universidade Oral Roberts, agoraplenamente credenciada, concedeu seu primeiro título honorífico —Doutora em Letras Humanas — a Kathryn. "Conseguimos", disse Oral,"pois ela representou o que há de melhor no ministério de cura de Jesus.Eu gostaria que o mundo se lembrasse por que a UOR foi organizada, poisela é mais do que uma instituição acadêmica. A única pessoa no mundoque encarnou tudo o que cremos foi Kathryn Kuhlman".

Kathryn, usando o capelo e a beca que nunca teve o privilégio deusar no colégio, recebeu seu canudo de doutora e então se virou para a

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platéia. As lágrimas escorreram, é claro. Ela levantou seu diploma e disse:"Ninguém aqui pode imaginar o que isso custou para mim. Só Deus". Emseguida, virou-se para Oral e disse, sorrindo: "Oral, você sabe que somosum. Somos um".

 Após a cerimônia, Kathryn puxou Oral de lado.— Richard e Patty gostariam de levar-me ao aeroporto.

Richard e Patty eram o filho e a nora de Oral, os astros de seuprograma de televisão. Ambos eram cantores profissionais e cantavamfazia anos com o World Action Singers. No entanto, talvez por causa detoda a fama, ou em virtude da responsabilidade de ter um pai famoso, orelacionamento do casal estava ficando tenso.

Oral segurou a mão de Kathryn.

— Nunca houve um divórcio em minha família. Minha vidarepresenta alguma coisa. Mas Evelyn e eu não podemos fazer nada sobreesta questão. Tem sido duro para Patty... unir-se a uma família como anossa... mas há problemas...".

 A voz de Oral sumiu, e os dois seguiram para o estacionamento emsilêncio.

Ninguém sabe exatamente o que aconteceu no carro naquele dia.Mas, quando Richard e Patty voltaram do aeroporto para casa, o casa-mento dos dois estava diferente. Salvo.

Kathryn voltou à UOR no outono de 1975. Foi um de seus últimossermões antes de morrer. Reunindo-se na nova capela que comportava 4mil pessoas sentadas, ela falou ao corpo discente sobre si mesma — esobre o Espírito Santo. "O mundo chamou-me de louca porque entregueitoda a minha vida àquele a quem nunca vi", ela disse, em lágrimas. "Seiexatamente o que vou dizer quando estiver em sua presença. Quando euolhar para a maravilhosa face de Jesus, só terei uma coisa a dizer: eutentei. Entreguei-me da melhor maneira que pude. Minha redenção seráperfeita quando eu estiver em pé diante daquele que tornou tudo possível."

Quando ela fez o apelo do altar, todo o corpo discente respondeu.Chorando. Caindo de joelhos em volta do púlpito e pelos corredores. Umdos astros do basquete, um rapaz a quem ninguém havia conseguidoalcançar, caiu de joelhos no altar e "recebeu oração". Em menos de trêsminutos, ele estava louvando a Deus em uma nova língua.

Oral, mais tarde, disse: "Descobri naquele dia o que ela queriadizer quando afirmava: 'Não é Kathryn Kuhlman; é o Espírito Santo'. OEspírito Santo é o Cristo vivo na forma invisível e ilimitada. O EspíritoSanto era muito real para ela, mais real do que qualquer pessoa à sua

 volta. Os dois — ela e o Espírito Santo — estavam tão envolvidos um com

o outro que eles conversavam entre si, e ninguém sabia dizer quando eraque o Espírito Santo começava e Kathryn era deixada fora. Eles eram um".

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Foi uma estranha aliança que existiu entre esses dois ministérios,cada um deles maravilhoso em áreas distintas, mas que se complemen-tavam — e até se abençoavam. Ambos aprenderam um com o outro, e aafeição mútua perdurou pelo resto da vida de Kathryn.

  A despeito do fato de os críticos de Kathryn tentarem baseargrande parte de sua motivação em suas inseguranças, não era isso queacontecia. Muito — a maior parte, na verdade — do que ela fez foi fruto deuma direção positiva, e não de atitudes para compensar frustraçõesnegativas. Eu, pessoalmente, nunca conheci uma pessoa tão motivada —levando-se a si mesma à total exaustão por amor ao Senhor.

"Sabe", ela uma vez me disse, "se algumas das pessoas que estãofazendo um trabalho tão malfeito para o Senhor fizessem o mesmo serviçomalfeito para o patrão, seriam demitidas antes do fim da tarde. "

Embora Kathryn tivesse um amor especial pelos ministros, ela era,sobretudo, severa para com aqueles que se contentavam em realizar aobra de um modo inferior. Exigia perfeição de si mesma e de sua equipe, eesperava ver isso em todos os outros que representavam o Senhor. Elamuitas vezes julgava pela aparência. "Não quero aquele homem comointrodutor", dizia a quem quer que fosse responsável pelos introdutores."Se ele não tem autodisciplina suficiente para lustrar os sapatos, entãonão quero vê-lo no ministério de Deus."

Quando Kathryn mudou-se pela primeira vez para Pittsburgh,tinha um trabalho de impressão que precisava ser feito. Ela enviou o

trabalho a um tipógrafo local, mas, quando o material foi entregue ao seuescritório, ficou furiosa. "As imperfeições eram imperdoáveis", disse. Elatelefonou para o tipógrafo e exigiu que ele fosse ao seu escritório e pegas-se o trabalho de volta. Não podia aceitá-lo.

Quando o homem finalmente apareceu, Kathryn foi ter com ele naporta e o repreendeu. Ele ficou parado, envergonhado, enquanto a ouviaapontar todos os erros.

Ele, por fim, se desculpou.

— Bem, senhorita Kuhlman, pensei que, como vocês faziam parte

de uma organização religiosa, não perceberiam alguns erros.Kathryn irritou-se.

— O senhor não faria um trabalho porco para o sr. Harris da IceCapades. O senhor sabe que ele exigiria perfeição, portanto entregaria umtrabalho perfeito a ele. Represento algo que é muito maior do que a IceCapades. Talvez o senhor não tenha percebido isso, mas este trabalho quelhe foi enviado por este escritório representa a maior empresa do mundo,e, entre os membros da diretoria, estão o Pai, o Filho e o Espírito Santo.Foi-me confiada a incumbência de apresentar este trabalho pronto, e eu

quero perfeição nele.

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É claro que Kathryn tinha inseguranças. Todos temos. Tinhatantas que até o observador mais negligente podia ver os buracos abertosem sua armadura. Mas ela não era motivada por essas inseguranças, pois,lá no íntimo, era a pessoa mais segura que já conheci. Isso era evidencia-do por sua inquestionável autoridade em questões espirituais. Não erauma fachada. Uma máscara. Era genuíno. E quando ela sofria um corteprofundo, feito por amigos e inimigos, mesmo que sangrasse um pouco, láno ponto mais profundo da incisão ainda era possível encontrar Jesus.

 A força motriz em sua vida era o amor. Como o apóstolo Paulo quedisse "o amor de Cristo me constrange", ela era motivada pelo amor — seuamor por Cristo e pelas pessoas.

  Viva em minha memória está a lembrança do momento em queme sentei com ela em um camarim sujo em Orlando, Flórida. O culto demilagres havia terminado. As pessoas se retiraram. Mas ela estava cho-

rando. Soluçando incontrolavelmente. Eu queria abraçá-la, como um paique consola a filha de coração partido. Mas não tinha coragem de tocá-la.

  A unção de Deus ainda estava sobre ela, e eu sabia que precisava ficarsozinha em sua tristeza. Só havia um ombro sobre o qual ela podia deitarsua cabeça e um coração do qual podia receber consolo — os do seu. SeuPai celestial. Eu sabia, por conversas que havia tido com Maggie e outrosque eram mais próximos dela, que ela sempre saía dos cultos de milagrese ficava no escuro, chorando. Havia tantos com tanta dor — e tantas almasperdidas na escuridão de sua própria culpa e condenação — e ela era sóuma mulher.

Uma mulher frágil e comum — com um coração tão grande quantoo coração de Deus. Não é de admirar que, no final, tenha morrido com ocoração dilatado, batendo e expandindo até tentar reclamar o mundo todopara Cristo.

Eu a vi, por várias ocasiões, pegar uma criança que era coxa, talvezparalítica de nascença, e abraçá-la contra seu peito com o amor de umamãe. Estou convencido de que ela teria, em algum momento que lhe fossepedido, entregado sua vida em troca da cura daquela criança. Elaabraçava alcoólatras que já estavam com a vista embaçada e misturava

suas lágrimas às deles. E as prostitutas que vinham às suas reuniões, comlágrimas borrando a maquiagem, sabiam que, se pudessem tocá-la, teriamtocado no amor de Deus. E aquelas velhinhas, que mancavam com o apoiode bengalas e muletas, dentre as quais algumas nem sabiam falar o inglês,eram atraídas pela linguagem universal do amor. Nenhum homempoderia ter amado assim. Foi esse amor que levou uma mulher, privadado amor de um homem, com o útero estéril, a amar como amou. Do seu

  vazio, ela dava, para ser cheia novamente pelo único amor que lhe erapermitido ter — o Espírito Santo.

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Capítulo 16

Traída!

Parecia que Kathryn finalmente havia "chegado lá". Sua mesaestava cheia de cartas de personalidades importantes da televisão,pedindo-lhe que aparecesse em seus programas — Mike Douglas, DinahShore, Merv Griffin. Alguns, como Johnny Carson no Tonight Show,tentaram atormentá-la. "A maioria dos médicos diz que 85% de todas asdoenças são psicossomáticas", Carson provocou. "Como você podedeclarar que essas pessoas foram curadas quando não estavam de fato

doentes?"Kathryn não poderia ter melhor resposta — afinal, com perguntas

como essa, ele estava entrando na área dela. "Se os médicos não conse-guem ajudar paralíticos psicossomáticos, e esses paralíticos vêm a essesmaravilhosos cultos de milagres, Deus os toca, e eles saem sem suasmuletas e ficam curados — que diferença faz se a doença é psicossomáticaou não?"

Carson deu um sorriso sem graça, raspou a garganta e chamou ocomercial.

Mas, junto com a popularidade ascendente de Kathryn, vieram asarmadilhas e o perigo. Ela estava encantada com o clima místico deHollywood. Ralph Wilkerson apresentou-a a Dino Kartsonakis. Foi umencontro natural. O jovem e belo pianista, que parecia um "deus grego",

  viera para o Melodyland de Wilkerson como diretor musical. Ralph per-cebeu que, a despeito da notável habilidade musical do jovem grego, elenão dirigia corais. Era tecladista. Exatamente o que Kathryn precisava.

Kathryn contratou-o no mesmo instante. Ela vinha usando váriospianistas em seu programa de televisão, mas Dino era mais do que ela

havia sonhado. Com olhos negros e brilhantes, ele alisava o piano decauda como se fosse uma harpa. Mesmo estando com seus 20 e poucosanos quando ela o contratou, ele já era aclamado como um dos melhorestecladistas do país. Ela o colocou logo no palco. "E agora, DIIII-noo." Osrefletores concentravam-se nele enquanto ele vinha dos bastidores,usando um smoking de veludo azul-escuro, com uma camisa de babado eabotoaduras e anéis brilhantes. Ela segurava seu braço após a apre-sentação e contava as mesmas histórias tolas sobre a garotinha que queriaDino em sua árvore de Natal. Ele ficava ali, humilde e absorvido. Afinal,ela escolhia as roupas dele, que eram mais elegantes do que as que elepoderia comprar, e o ensinava a usá-las com estilo. Ela o enviava à Itáliapara fazer seus ternos sob medida, hospedava-o nos melhores hotéis efinanciava seus discos e produção de partituras.

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Ela, por sua vez, achava agradável estar na companhia de um belo  jovem que poderia acompanhá-la em um jantar, sentar-se ao seu ladodurante as longas viagens de avião, dar gorjeta aos porteiros e chamar ostáxis. Seus funcionários no escritório de Pittsburgh chamavam-no degigolô — o acompanhante pago de Kathryn.

Steve Zelenko, o rapaz chato que trabalhava no escritório dePittsburgh, viu o perigo e tentou adverti-la.

— Veja, senhorita Kuhlman, isso não é bom. Tudo bem, o rapaz édivertido. Ele é alegre. Ele é gracioso. É alguém em quem a senhorita seapega à medida que está envelhecendo. Mas, cuidado.

Kathryn estava segura de si mesma.

— Sei o que estou fazendo. Pode parecer que ele esteja me usando,pendurado no rabo de minha saia. Mas eu sei o que estou fazendo. Não se

preocupe.Mas Steve ficou preocupado. E o mesmo aconteceu com muitos

amigos de Kathryn. As coisas pioraram quando Dino convenceu Kathryn acontratar seu cunhado, Paul Bartholomew, para distribuir os programasde televisão e trabalhar como seu administrador pessoal. Ele se tornou ocolaborador mais bem pago. No auge de seu trabalho, Bartholomew estava ganhando mais de 130 mil dólares por ano em comissões, mais 15mil dólares por ser o administrador pessoal de Kathryn. Além disso,Kathryn pagava todos os aluguéis e serviços públicos do escritório dele emNewport Beach.

— Veja aquele rapaz — advertiu Steve Zelenko. — Você não precisadele. Você já conseguiu muita coisa para se deixar envolver. Você tem

  bens com os quais esse rapaz nunca sonhou. Desista antes que fiquemachucada.

Kathryn gritou lá do estúdio de gravação e disse a Maryon Marshno escritório da frente:

— Não sei por que converso com esse homem. Ele está paranóicoem relação a este assunto.

Mas Steve estava certo, e se Kathryn o tivesse ouvido — ou ouvidoalguém dos que estavam à sua volta —, isso a teria poupado de muitaangústia e dor — e quem sabe até salvado sua vida.

Kathryn descobriu que Dino estava namorando Debby Keener,que, segundo boatos, era uma ex-garòta de programa. Kathryn ficoufuriosa. Ela sabia que Dino tinha sido solícito com June Hunt, filha do

  bilionário H. L. Hunt, do Texas, em Dallas. Ela aprovou isso. Masnamorar uma ex-garota de programa era uma coisa bem diferente. Elaenfrentou Dino. Ele negou que Debby era uma ex-garota de programa,mas confessou que as duas eram suas amigas. Kathryn continuou

indignada. O relacionamento entre os dois piorou — salvo algunsinterlúdios felizes — depois disso.

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Em dezembro de 1973, Kathryn, Maggie e Dino viajaram dePittsburgh para Los Angeles. No avião, Maggie folheava alguns tablóides,como o National Enquirer, National Tattler e outros jornais de fofocas.

— Veja isto! — ela exclamou.

Ela passou o jornal a Kathryn. O jornal trazia uma história queenvolvia Debby Keener. Estranhamente, Dino permaneceu em silêncioenquanto Kathryn rasgou o artigo e o guardou em sua bolsa.

Ela o confrontou novamente.

— Veja, você vai ter de tomar uma decisão. Se quiser ficar comessa garota, estará fora do ministério. É isso.

Dino tentou explicar que eles eram só amigos.

— Deixe-a! — Kathryn disse. — Se você não a deixar, termina aqui

a nossa relação.Dino concordou em não ver aquela moça novamente. E, por um

tempo, pareceu que o relacionamento entre Kathryn e Dino estivesseacertado. Kathryn trouxe-o consigo quando ela e Maggie viajaram para oBrasil. Eles passaram um feriado no Rio de Janeiro, em janeiro de 1975.Dino disse que queria comprar algumas coisas para sua casa, e Kathrynpatrocinou suas compras. Mais tarde, ela descobriu que ele estava de fatocomprando aquelas coisas para Debby e ficou profundamente magoada.Ela era suficientemente esperta para perceber que ele estava pronto parase casar. Contudo, esperava, como muitas vezes disse a Maggie, que, ao se

casar, ele não envergonhasse "o ministério".Em 22 de fevereiro de 1974, ela havia assinado um acordo com a

firma de Rullman e Munger, em Hollywood, para um negócio de publi-cidade de muitos milhões de dólares para a Fundação Kuhlman. Naqueleinstante, Paul Bartholomew insistiu para que ele também fizesse parte docontrato. Ele a pressionou a fazer outro contrato, dizendo que era o únicorepresentante da Fundação Kuhlman para lidar com todas as contas derádio e de televisão. Rullman e Munger moveram uma ação judicial, eKathryn, por fim, fez um acordo amigável.

Dino vira aqueles fatos e, em fevereiro de 1975, fez com que seucunhado, Bartholomew, preparasse um contrato escrito para Kathrynassinar, exigindo que ela lhe pagasse 20 mil dólares de salário básico,mais 500 dólares por vez que ele se apresentasse em público a serviçodela (incluindo programas de televisão), mais o pagamento de todas asdespesas. Dino agora estava pensando seriamente em casar-se com Debby e queria proteger seus interesses. Kathryn estava em Los Angeles pararealizar um culto de milagres no Shrine no domingo e, em seguida, gravaroito programas de televisão na quarta e na quinta.

Na terça-feira à noite, Bartholomew procurou Kathryn no Century 

Plaza Hotel. Interfonou do saguão para seu quarto no décimo oitavoandar e perguntou se ele poderia subir. Kathryn suspeitou.

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— Sabe, Paul, tenho um programa de televisão amanhã. Vamoscomeçar cedo.

— Tenho uma carta para você. Precisa lê-la antes do programa detelevisão da manhã.

Kathryn mordeu os lábios.— Entregue-a ao mensageiro do hotel e peça a ele que a traga aqui

em cima — ela disse. — Cuidarei disso.

Minutos depois, após ler as exigências de Dino, Kathryn correu aotelefone para tentar falar com Maggie em Pittsburgh. O escritório jáestava fechado, mas ela a encontrou em casa.

— Estamos com problemas — ela disse.

— O que há de errado? — Maggie perguntou.

— Dino fez algumas exigências ultrajantes e quer que eu assine umcontrato amanhã de manhã. Preciso de um pianista — rápido.

— O que acha de Paul Ferrin? — Maggie sugeriu. Paul Ferrin haviase casado com a filha de Biney Anderson, uma das garotas do Trio

  Anderson. Ele era um musicista perfeito, responsável pela música daBethel Church, em San Jose, na Califórnia.

— Veja se você consegue falar com ele, Maggie — Kathryn dissecom a voz cansada. — Depois volte a contatar-me.

Maggie explicou a situação a Paul. Ele concordou em viajar logocedo, na quarta-feira, para estar no estúdio da CBS, caso fosse necessário.

O palco estava armado — literalmente — para o confronto namanhã seguinte.

Dino chegou cedo, mas ficou perturbado ao ver Paul Ferrin noestúdio, conversando com Dick Ross. Ao voltar para o camarim deKathryn, ele não perdeu tempo.

— E aí? — perguntou em pé na porta.

— E aí o quê? — Kathryn perguntou sem sair de sua cadeira.

— Você assinou o contrato?— Não, e nem pretendo assiná-lo. Você sabe que não pode me

pressionar assim. Você teve coisas boas. Muito boas.

— O que aquele rapaz está fazendo aqui? — Dino perguntou.Kathryn sorriu.

— Você não achou que eu ficaria despreparada, achou? Já estouneste ramo há muito mais tempo do que você. Agora você está acabado.Dispensado. Saia e nunca mais volte.

Kathryn estava em pé agora, com o rosto vermelho de raiva. Dino  bateu a porta. As mãos de Kathryn tremiam quando ela as pôs sobre o

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rosto e desabou a chorar. Mas ela era, como um repórter do jornal a cha-mou, uma "cobra criada". Ela conhecia o axioma de Hollywood. O showtem de continuar. Ela refez suas forças e foi para a sala de maquiagem.Havia trabalho por fazer.

Foi uma semana inacreditavelmente difícil. No domingo, 2 defevereiro, ela esteve no Shrine Auditorium para realizar um culto demilagres. Na segunda, gravou o programa de Dinah Shore na CBS. Naterça, voltou à CBS para gravar o  Larry Solway Show para a Companhiade Transmissão Canadense. Naquela noite, ela recebeu o bilhete e ocontrato de Paul Bartholomew. Na manhã seguinte, teve seu confrontocom Dino e gravou quatro programas de televisão na CBS. No diaseguinte, voltou para gravar outros quatro programas de televisão. Nosábado, viajou de avião para Pittsburgh a fim de participar dos cultos em

  Youngstown no domingo. Na semana seguinte, realizou seu culto de

milagres na Primeira Igreja Presbiteriana, em Pittsburgh e, depois, em 16de fevereiro, voltou ao Shrine para realizar outro culto de milagres em Los  Angeles. Na terça, viajou para Oakland para um culto de milagres noOakland Coliseum. Naquele mesmo dia, fez o programa de televisão  AM.in San Francisco. Na quinta, voltou para Pittsburgh a fim de realizar oculto de milagres das sextas pela manhã na Primeira Igreja Presbiteriana.Naquela mesma tarde, tinha de gravar o programa David Susskind Showe depois ir para Youngstown novamente no domingo.

Não parecia possível que pudesse acontecer algo para apertar maisainda as coisas. Mas aconteceu. Havia meses, o dr. Arthur Metcalfe, o

dirigente do coro de Kathryn, vinha tendo dores no peito. Seus médicosem Pittsburgh o haviam examinado e lhe dado sinal verde. Os médicosdisseram que fariam exames para checar úlceras quando ele voltasse daCalifórnia. Ele esteve com Kathryn no Shrine e em Oakland e voltou paracasa de avião em 19 de fevereiro. Na manhã de 20 de fevereiro de 1975,quando dirigia de casa para o escritório, as dores no peito voltaram, e eleteve de fazer um retorno de emergência para casa. No meio da manhã, asenhora Metcalfe telefonou para o escritório e comunicou sem rodeios:"Art acaba de falecer".

Maryon ficou sem fala. Não só por causa da dor que sentiria suaquerida amiga, mas porque ela sabia que a senhorita Kuhlman estava

 voltando para Pittsburgh, tendo acabado de passar pelos momentos maisdifíceis de sua vida. Será que ela agüentaria o choque? Maryon deu um

 jeito para que Loesch localizasse o vôo e contasse a Maggie sobre a mortedo dr. Metcalfe. Maggie poderia, então, dar a notícia a Kathryn.

Ninguém sabe quanta pressão o problema com Dino causou aocoração do dr. Metcalfe. Ninguém sabe quanta pressão os dois eventoscausaram a Kathryn. Mas, aparentemente, ela se recuperou quase que deimediato — e seguiu em frente.

O problema com Dino estava longe de ser solucionado. Em 15 defevereiro, Kathryn demitira Paul Bartholomew como seu administrador

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pessoal, apesar de não poder demiti-lo como seu agente de televisão. Elahavia assinado, imprudentemente, um contrato que estabelecia que nãopoderia dispensá-lo sem um aviso prévio de 90 dias — aviso que nãopoderia ser dado antes de 31 de dezembro. Isso significava que ela nãopodia livrar-se das obrigações daquele contrato antes de 31 de março de1976, quase um ano depois.

Em 1974, quando Kathryn estava em Tulsa para um culto demilagres, foi D. B. "Tink" Wilkerson quem forneceu o espaço do escritóriopara Maudie Phillis cuidar dos detalhes que antecediam a reunião.Naquele momento, Tink ofereceu-se para ajudar a senhorita Kuhlman,

 bancando as despesas.

"Eu realmente acho que posso ser útil", ele disse. "Você já estádirigindo um negócio de sucesso, mas precisa de um homem que atuecomo seu gerente comercial, alguém que negocie seus contratos

empresariais. "Era do conhecimento de todos que Kathryn havia sido enganada

 várias vezes. Kathryn, no entanto, não estava interessada na proposta deTink. Ela agradeceu e considerou a atitude como um gesto amigável.

Entretanto, Tink e sua esposa continuaram a participar dos cultosde milagres. Kathryn desenvolveu uma afeição por Sue e, freqüentemente,telefonava para ela aos sábados de manhã, de onde estivesse, só paraconversar. Sue começou a perceber que Kathryn era, basicamente, umapessoa solitária e que ela poderia ministrar à vida de Kathryn só em ouvir

o que tinha para falar. Havia uma relação calorosa entre as duas, emboranão fosse íntima.

Em abril de 1975, Tink e Sue foram de avião para St. Louis a fim departiciparem do culto de milagres no Keil Auditorium e fazer uma visita aKathryn. Tink passou em seu hotel depois do culto, e eles conversaramrapidamente. Ele sabia que Dino havia partido, que havia problemascrônicos com Paul Bartholomew, e ficou preocupado.

Kathryn contou-lhe que ela estava presa a seu contrato comBartholomew e que receava que ele estivesse tentando aproveitar-se dela.

Ela lhe contou que pretendia pagar uma indenização pela rescisãodo contrato com Bartholomew e contratar um novo agente. Isso lhe custa-ria mais de 120 mil dólares, mas achava que o preço compensava para vê-lo longe.

— Kathryn, até onde sei, isso provavelmente é a pior coisa que você pode fazer —Tink disse. Embora não tivesse evidência na época, Tink suspeitava que Bartholomew aceitaria o dinheiro e depois voltaria para seaproveitar ainda mais dela.

Kathryn balançou a cabeça.

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— Vou fazer isso. Está decidido. Já constituí uma nova empresa,chamada Kuhlman Media International (KMI), que cuidará de meusnegócios com a televisão e outros meios de comunicação.

Tink balançou a cabeça.

— Você está cometendo um terrível erro. Não vou discutir com  você a respeito, mas estou dizendo que é um erro. Sue e eu vamos aoHavaí, mas passaremos em Los Angeles e a veremos quando voltarmospara Tulsa.

No final da tarde de sábado, 3 de maio, Tink e Sue chegaram emLos Angeles, de volta do Havaí. Telefonaram para o hotel. Kathryn haviaacabado de chegar do culto de milagres em Las Vegas.

— Estou cansada agora — ela disse —, mas gostaria de vê-losamanhã. Talvez eu deva ouvir vocês.

No dia seguinte, Tink e Kathryn encontraram-se para discutir ocrescente problema com Bartholomew. Tink incentivou-a a contratar umadvogado. Kathryn hesitava em usar o advogado de Pittsburgh, com medode que a notícia chegasse à casa das pessoas. Ironicamente, podia contarcom um advogado dos quadros da Fundação Kathryn Kuhlman, masrecusou-se a deixá-lo cuidar do caso. Wilkerson recomendou o advogadode Oral Roberts, Sol Yeager. Kathryn parecia mentalmente cansada edisse a ele que prosseguisse e fizesse o que achasse melhor. Wilkersontelefonou para Oral Roberts e discutiu o problema com ele. Yeagerconcordou em ajudar, mas ele estava se aposentando e não poderia cuidar

do caso em tempo integral. Wilkerson então telefonou para seu próprioadvogado, Irvine E. Ungerman, para pedir que ele cuidasse do caso.Ungerman examinou as cláusulas do contrato e então sugeriu queKathryn demitisse Bartholomew.

Paul Bartholomew foi comunicado do fato. Na segunda semana demaio, ele telefonou "urgente" para Myra White, uma das secretárias deKathryn na Costa Oeste, pedindo a ela que se encontrasse com ele nosaguão do Century Plaza Hotel. Em uma afirmação feita à senhoritaKuhlman por escrito, Myra White relatou o que se passou:

"Durante essa reunião, o senhor Bartholomew solicitou minhaassistência no novo escritório do senhor Kartsonakis em Hollywood. Elediscutiu sua demissão da Fundação Kathryn Kuhlman e informou-me quehavia escrito um livro sobre a senhorita Kuhlman e que o carregava emuma pasta em seu poder. Disse-me que ele a levava para todos os lugaresaos quais ia e não a perdia de vista. Expressei espanto com isso equestionei seus motivos e as conseqüências para todos os envolvidos [... ].Senti, pela conversa, que ele queria que eu fosse a 'intermediária' para um'acerto' que asseguraria a Kathryn que ele não publicaria o livro. Ele meassegurou de que não publicaria o livro se a senhorita Kuhlman

conversasse com ele. Afirmou que havia uma pessoa importante com

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quem ele poderia colaborar — mais importante do que ele poderiaantecipar".

 A senhorita White disse que aquele diálogo a fez lembrar de umaconversa anterior que havia ouvido, por acaso, no escritório do senhor

Bartholomew em Newport Beach, em setembro. Ele estava conversandocom alguém pelo telefone e disse: "Quando eu não estiver mais tra- balhando com — e para — a senhorita Kuhlman, posso colaborar em umartigo".

  Várias coisas estavam ficando evidentes. Dino e Paul vinhamfazendo planos há algum tempo para assumirem uma parcela maior donegócio e estavam coletando informações para escrever algo queexpusesse a vida de Kathryn.

Também parecia claro que Bartholomew pretendia pressionarKathryn, pedindo dinheiro para não publicar o livro. Era algo sórdido.

Em 1º de julho de 1975, Paul Bartholomew moveu uma ação noTribunal Superior de Los Angeles, dizendo que Kathryn ou seus associa-dos haviam pegado, ilegalmente, documentos pessoais em seu escritórioem Newport Beach, interferido em seus negócios e violado o contrato quetinham assinado. O processo exigia 430 mil e 500 dólares por danos.

O escritório de Bartholomew em Newport Beach era alugado pelaFundação Kathryn Kuhlman, portanto ela não viu problema algum em iraté lá, pegar os documentos e esvaziar a mobília. Mas Kathryn agora erauma celebridade por todo o mundo. Todos os jornais do país falavam da

 batalha. A revista People enviou um repórter para entrevistar Dino e Paul.Russell Chandler, editor da coluna sobre religião do  Los Angeles Times,colocou a reportagem na primeira página do jornal.

Dino e Paul não restringiram suas observações sobre os problemasque giravam em torno do processo. Chandler reportou que Dino disse queabandonara o ministério por causa de supostas inconsistências que haviaobservado entre a imagem profissional de Kathryn e sua vida pessoal. "Opadrão de vida duplo de Kathryn causou um grande prejuízo em minhaconsciência", ele disse.

Pergunta-se: por que ele quis assinar um contrato para continuara trabalhar sob tais condições?

Kathryn tentou se defender. Ela disse que a demissão de Bartholo-mew lhe ocorrera como a melhor coisa que poderia fazer, pois seu coraçãonão o apoiava. Por várias vezes, ela se arrependeu de não ter seguido adireção de seu coração e rescindido o contrato. Ela sabia que poderia, dealgum modo, impedi-lo de publicar o livro. Mas agora tudo estava nasprimeiras páginas dos jornais.

Uma das maiores tragédias da vida de Kathryn foi ter reunido à

sua volta algumas pessoas que nunca conheceram ou entenderam a obrado Espírito Santo. Elas não pareciam entendê-lo como o caráter de Jesus

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Cristo, a santidade de Deus, o motivo principal do Universo. Ele erasimplesmente certo poder intangível que parecia habitar em Kathryn e emtorno dela. Por essa razão, a maior parte dos membros de sua equipenunca sentiu qualquer necessidade de se tornar espiritual. Bastava que asenhorita Kuhlman fosse espiritual.

No final de setembro, o processo, finalmente, foi resolvidoamigavelmente. Mas não antes de muitas outras acusações de ambas aspartes terem sido feitas. Kathryn concordou em pagar 75 mil dólares aBartholomew, mais US$l6. 230,70 dólares reclamados como umacomissão que lhe era devida. Fora o dinheiro para Bartholomew, o acordoestabelecia: "As partes envolvidas concordam em nunca mais fazerqualquer comentário calunioso, escandaloso ou acusatório sobre seusrelacionamentos passados com a Fundação Kathryn Kuhlman, com asenhora Kathryn Kuhlman ou com a KMI Inc., incluindo sem limitar a

generalidade do precedente, e por um período de dez anos, a partir destadata, não levar a ser feita a preparação ou disseminação, particular ou emunião com outros, de qualquer manuscrito ou informação relacionados oucontendo material biográfico ou histórico... "

O acordo foi assinado por Paul e Christine Bartholomew e porDino e Debby Kartsonakis.

  A batalha estava encerrada, mas, como foi em Franklin e Akron,ninguém venceu, e o reino sofreu um opróbrio. Só que, dessa vez, Kathrynsofreu mais do que qualquer pessoa. Seu corpo debilitado simplesmentenão pôde agüentar o castigo. No meio do processo, ela foi internada emum hospital de Tulsa com um grave problema de coração. Os médicosadvertiram-na dizendo que o problema poderia ser fatal. Ela se recusou aouvir. Precisava viajar para a Califórnia. Havia programas de televisão afazer, cartas a serem respondidas e batalhas a serem travadas. Depoisdisso, ainda tinha de ir a um lugar. E como Anna e sua amiga, ela viveriacomo se isso nunca tivesse acontecido.

Naquele mesmo mês de setembro, Kathryn fez uma rápida visita aConcórdia, Missouri. Queria ir ao cemitério. Sua mãe havia morrido naprimavera de 1958, aos 86 anos de idade. Kathryn havia sido boa para

com ela. Em uma ocasião, enviou um marceneiro de Pittsburgh somentepara consertar parte da varanda da frente e algumas vidraças das janelasda pequena casa na Orange Street para onde sua mãe havia se mudado.

O clima estava quente e nublado quando ela chegou. As folhas nosolmos, cornisos e azedeiras estavam paradas, sem nenhum vento, emmeio à neblina da tarde enquanto ela passava de carro na St. Louis Streetpelos casarões brancos de dois andares, onde havia vivido tantos mo-mentos felizes na infância. No final da rua ficava o cemitério — divididoem três seções: uma para a Igreja Unida de Cristo, uma para os batistas euma para os metodistas. O Cemitério Luterano ficava do outro lado da

cidade, próximo à rodovia.

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Kathryn pediu ao motorista que virasse na terceira entrada quedividia as seções e esperasse no carro. Ela saiu e avançou lentamente nafrente do carro, seguindo para o lugar onde as lápides identificavam ostúmulos. Emma, 1872-1958. Como sua mãe lhe fazia falta!

Próximo à de sua mãe, estava a lápide de seu pai.  Joseph Adolph,1865-1934. Ela se lembrou da última vez que o viu com vida. Ele estavaem pé no quintal dos fundos do casarão, com uma mão estendida e aoutra segurando o varal.

"Kathryn, você se lembra que, quando garotinha, ficava atrás demim enquanto eu lia o jornal? Você dizia: 'Papai, me dá um níquel?'. Euprovocava você, sentado ali, fingindo que não havia ouvido. Vocêcontinuava a pedir, e, por fim, eu colocava a mão no bolso e lhe dava umníquel. Você se lembra?"

Kathryn, que havia começado recentemente seu ministério emDenver, sorria e balançava a cabeça. "Sim, papai, eu me lembro. "

"Tem uma coisa que você não sabia, querida. Eu a amava tantoque teria dado o que você me pedisse. Você se limitava, e tudo o quequeria era só um níquel. "

Kathryn ficou em pé ali, olhando para a lápide gasta, com os olhoscheios de lágrimas. "Papai, como eu gostaria que você estivesse aquiagora. Preciso recostar minha cabeça no seu ombro. Preciso que me façasentir bem. "

Ela se afastou dos túmulos e olhou para o céu. As palavras docardiologista ecoaram em sua mente: "Você pode ter outro ataque dentrode 30 dias e pode tê-lo daqui a 90 dias. Mas posso dizer-lhe, sem errar,que terá outro ataque. Sua válvula mitral está péssima".

"Querido Jesus", ela soluçou. "Faça com que eu melhore. Nãoquero morrer. Não quero morrer."

O cemitério estava silencioso. Ela percebeu o gorjear e o canto dospássaros. Voltou-se para os túmulos. Havia um pequeno vaso de floresartificiais desbotadas perto do túmulo de sua mãe. Ele estava virado eparou para colocá-lo em pé. Pôde ver que as toupeiras haviam cavucadoem volta da base da lápide, formando uma crosta de terra marrom pelagrama verde. O sol estava se pondo atrás das colinas. Bem a oeste, haviauma fazenda de gado leiteiro; o som de vacas mugindo era trazido pela

  brisa enquanto iam para a ordenha. Uma pequena tâmia com listrasmarrons e brancas passou correndo pela grama e desapareceu atrás deoutra lápide. Todos os nomes eram alemães. Velhos nomes de família.Heyenbrock, Koch, Deterk, Lohoefener, Westerhouse, Heerwald,Bargfrede, Franke, Schroeder...

Lá ao norte, estendendo-se além dos olmos e salgueiros, estava a

torre da igreja luterana. No centro do cemitério, havia um grande e velhopinheiro. Todo sulcado. Ele tinha mais de 30 metros de altura. Um dos

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galhos inferiores, um galho grande, estava quebrado — deixando um buraco aberto no pé da árvore. Parecia mais uma pequena gruta em quese podia encontrar, se fosse uma igreja católica, uma imagem e uma vela.O galho provavelmente havia sido quebrado pelo vento. Talvez estivessemuito longo e fosse incapaz de sustentar o peso do gelo e da neve. Nãorestava outra coisa à vista senão o buraco aberto.

Enxugando as lágrimas, Kathryn foi andando devagar até o pé dagrande árvore e ficou olhando a ferida feia. As palavras de Jesus, aquelaspalavras que ela havia pregado tantas vezes, vieram à sua mente: "Todoramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto elepoda, para que dê mais fruto ainda [...] nenhum ramo pode dar fruto porsi mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem darfruto, se não permanecerem em mim"(Jo 15.2, 4).

Ela fechou os olhos e ficou em silêncio. Só se ouvia o som suave do

  vento passando pelos abetos próximos à rua e o gorjear dos pássaros.Como o grande ramo, ela estava além dos limites. Talvez fosse tempo dese libertar para que outros galhos pudessem suportar o peso. Ela tevemedo de deixar uma ferida aberta e feia para trás. Não havia ninguémpara ocupar seu lugar. Contudo, talvez Deus não quisesse que seuministério continuasse. Seria isso continuado por um outro, por muitos emuitos outros — assim como os galhos mais altos do velho pinheiro, elesuportaria o peso do gelo e da neve. Era difícil para ela entender isso. Ela

 voltou para o carro, extremamente cansada e fraca até para orar.

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Capítulo 17

O Trauma Final

"Se algum dia eu pisar na plataforma e a unção do Espírito Santonão estiver ali, descerei e nunca mais realizarei um culto de milagres. SemEle, não sou nada. " Kathryn fez essa afirmação milhares de vezes duranteos últimos anos de sua vida.

No começo de seu ministério, ela acreditava nisso. Mas, no fim,estou convencido, tinha de continuar a fazer essa afirmação, mas ela nãopodia mais parar. O ministério de televisão propriamente dito exigia maisde 30 mil dólares por semana. O fato era que, então, Kathryn tinha a sériede maior duração já produzida nos caros estúdios da CBS. Parar, e atéreduzir, significaria que ela estaria começando a fracassar. O mesmo seaplicava aos cultos de milagres. Portanto, quando a dor em seu peitoestava quase insuportável, em vez de realizar menos cultos, ela fez ocontrário. Precisava continuar.

Em maio de 1975, ela foi a Las Vegas para realizar um culto demilagres. O Espírito Santo fez-se presente com grande poder. Narealidade, foi uma das vezes em que pensei que havia chegado o dia em

que todos da platéia seriam curados. Mas a condição física de Kathryn eradelicada. Após a reunião, quando estávamos em sua suíte no Caesar'sPalace, insisti com ela que reduzisse sua agenda.

"Não posso", ela disse, andando nervosa de um lado para o outro."Não é possível. O 'ministério' tem de continuar. "

Ela era uma veterana. O show tinha de continuar, a despeito decomo se sentia. Abaixar as cortinas seria uma morte ainda mais rápida emais dolorosa do que se queimar no palco.

No entanto, no fundo do coração, Kathryn sabia que não era infalí-

  vel nem tinha o monopólio de Deus. Essa foi uma das razões por quedemonstrou certo ciúme quando ouviu falar que outros, como Ralph  Wilkerson, estavam realizando cultos nos quais os milagres aconteciamquase com a mesma freqüência que nos dela. E Kathryn cria, de todo ocoração, que Deus queria que todos os cultos das igrejas fossem cultos pormeio dos quais o Espírito Santo agisse para trazer milagres ao povo.

Kathryn também acreditava que o dia dos "seus" maravilhososcultos de milagres estava chegando ao fim. Sabia que não poderia viverpara sempre. Sabia que estava morrendo — e queria sair de cena comouma tocha ardente, e não como uma vela tremeluzente. Mas tambémsabia que, quando morresse, "o ministério" acabaria. E, como o fato desua iminente morte ficava cada vez mais visível para ela (embora ninguém

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mais parecesse perceber quanto ela estava perto de morrer), a mimparecia que ela precisava ter certeza de que os outros, principalmenteaqueles que eram mais próximos dela, não tentariam manter vivo aquiloque Deus estava permitindo morrer.

Contudo, Kathryn tinha pouco tempo para pensar no futuro. Elaestava muito envolvida com o presente. Pensar no futuro, mesmo quefosse só seis meses adiante, era algo além de sua capacidade. Ao mesmotempo, ela sofria o terrível dilema de crer, por um lado, que o EspíritoSanto e os cultos de milagres estavam tão ligados um ao outro que eraimpossível realizar um culto sem a presença dele, e, por outro, aquelepesadelo recorrente de que poderia fazer algo que entristecesse o EspíritoSanto e, com isso, ser por Ele abandonada.

Repetidas vezes, ela orou, no palco, e na quietude de seu quarto,como se estivesse gritando nos portões do céu: "Não retires o Espírito

Santo de mim". Ela pregava os mesmos sermões. "Deus não dividirá a suaglória com ninguém. Ele é um Deus zeloso que exige toda a glória para simesmo." Ela estava pregando para si mesma, pois sabia quanto estavaperto de "dividir a glória".

No outono de 1972, os amigos de Kathryn organizaram uma festade gala no Hilton Hotel em Pittsburgh para comemorar seus 25 anos deministério de milagres em Pittsburgh. Um dos momentos mais impor-tantes da noite foi a apresentação de Ev Angelico Frudakis, renomadoescultor, que havia cunhado uma medalha de ouro para as festividades doaniversário. Kathryn posou por várias horas para o artista e estavaaparentemente satisfeita com os resultados de sua imagem em relevo namedalha de ouro.

Na manhã seguinte, passei pelo escritório no Carlton House antesde voltar para a Flórida. Graciosamente, ela me deu uma das medalhas,quase do tamanho de uma moeda de prata de 1 dólar, e então me entregouuma cópia da matéria que havia sido publicada nos jornais de todo o país.

  Ao descrever a medalha, o jornal dizia: "Senhorita Kuhlman é retratadaem relevo na face da medalha de ouro, com as mãos de cura estendidas.Na parte de trás, aparece um retrato de Jesus curando os doentes".

Li a matéria impressa e então olhei novamente para Kathryn. Elaestava em pé, como eu a havia visto tantas vezes, fitando seriamente parameu rosto, à procura de alguma reação — seu sorriso aparentementeparalisado.

Eu sabia, dessa vez, que teria de dar a ela algo mais do que aaprovação que estava esperando. Perguntei baixinho: "Você não acha queseria melhor Jesus na face da medalha e Kathryn na parte de trás?".

Mas era muito tarde. A notícia já havia se espalhado por todo opaís. E ainda que Kathryn encolhesse os ombros em sinal de indiferença,

eu sabia que ela estava perturbada, pois isso mostrava que algo estava

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acontecendo com ela — algo de que ela não gostava, mas que não sabiacombater.

Dois anos depois, quando ela foi a Montreat, Carolina do Norte,ministrar em uma convenção de livreiros cristãos, quase 3 mil pessoas

encheram o Anderson Hall, o grande pavilhão da Presbyterian ConferenceGrounds, e a maioria esperava ver alguns milagres. Quando ela chegou,passei pelos bastidores para que ela soubesse que todos estávamos apostos.

Ela agarrou meu braço daquele seu jeito exacerbado e falou em voz alta:

— Jamie, o que estamos fazendo aqui? Dei um sorriso largo.

— Estou aqui para apoiá-la — respondi.

Ela balançou a cabeça. Seu rosto parecia indeciso e abatido.

— Não haverá um culto de milagres — ela disse, séria. — Só voupregar. Só isso. Só vou pregar.

Minutos depois, lá estava ela no púlpito, fazendo todos os seusmovimentos. Ela movimentava os braços e falava que o Espírito Santoestava ali. À medida que falava desconexamente, as pessoas começaram aficar impacientes. Kathryn falou pouco mais de uma hora — estavaacostumada a falar por quatro ou cinco horas em um culto de milagres. E,quase no final do culto, ela tentou desesperadamente salvar a reunião.Mas era muito tarde.

Uma ex-cantora de clubes, que havia sido salva e curada noministério de Kuhlman, estava na plataforma. Quando o culto estavaterminando, ela foi até um dos microfones e começou a cantar "Aleluia".Kathryn estava descontente. Ela foi até a mulher e tocou nela, orando emseu favor. A mulher "caiu sob o poder". Então Kathryn virou-se, agarroumeu braço e puxou-me para o microfone. Se era para o louvor serconduzido, que partisse de alguém com quem ela estava familiarizada, enão de um estranho.

 As pessoas estavam cantando sem interesse, enquanto Kathryn se

movia para um lado e para o outro da plataforma dizendo todas as suasfrases favoritas. As pessoas pareciam vazias. A cantora estava em pé, eKathryn tocou nela novamente. Nada aconteceu dessa vez. Em um movi-mento de desespero, eu a ouvi dizer: "O Espírito está sobre você, Jamie".Ela correu em minha direção, colocando as mãos em meu queixoenquanto eu cantava. Houve momentos no passado em que o simples fatode ela se aproximar de mim fazia com que eu caísse "sob o poder". Mas,naquele dia, foi só Kathryn — com as mãos em meu queixo. Eu a amavamuito para desapontá-la. Com um sinal de resignação, caí para trás nos

  braços do homem que estava na retaguarda. Enquanto o homem me

ajudava a ficar em pé, Kathryn veio novamente: "Eu te dou glória. Eu tedou louvor". Mas, dessa vez, simplesmente não consegui. Simplesmente

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dei um passo para trás quando ela me tocou. Ela se virou e foi para ooutro lado do púlpito. Minutos depois, desapareceu pela entrada do palco.

  A caminho do aeroporto, ela declarou a Dan e Viola Malachuk, que alevavam ao aeroporto: "Eu gostaria de realizar outro culto de milagres,mas tenho de embarcar nesse avião de volta para Pittsburgh".

O poder estava demorando mais para vir do que nos anosanteriores. Havia outros exemplos. Ruth Fisher falou sobre uma ocasiãoem que estava com ela em Tampa quando a mesma coisa aconteceu. Aliela pareceu combinar todos os sermões que vinha acumulando duranteanos e ministrou-os de uma só vez. Foi confuso e ineficaz. As pessoasestavam impacientes, correndo de um lado para o outro, esperando oinício do culto de milagres. Deus cumpriu sua palavra, e houve milagres,mas foi quase como se eles acontecessem a despeito de Kathryn.

  Algo estranho parecia estar ocorrendo em seu ministério.

  Aparentemente, ela estava no auge da fama. As multidões eram asmaiores em toda a sua carreira. A televisão havia feito dela um nomefamiliar nos lares. Seus livros estavam sendo lidos em todas as partes domundo. Contudo, do lado de dentro, as coisas estavam desmoronando ese despedaçando. Dino e Bartholomew haviam partido, soltando calúniaspor onde passavam. Vários de seus funcionários mais antigos caíram naimoralidade, e ela parecia estar realmente confusa quanto ao que fazer. Oclima estava tenso entre ela e Maggie. Tink e Sue agora estavam com elaem todos os momentos. Além disso, seu corpo estava esgotado.

 Vinte anos antes, ela saiu de Pittsburgh para Washington, D. C, afim de consultar um médico. Foi feito um exame físico completo. Ele aadvertira dizendo-lhe que tinha um problema de dilatação no coração. Elaprecisaria diminuir o ritmo. No entanto, continuou como se nadaestivesse acontecendo. À medida que foi envelhecendo e as pressões setornaram maiores, o estado de seu coração piorou.

Steve Zelenko contou-me que, um dia, depois de uma discussãocom uma de suas secretárias, Kathryn voltou para o estúdio da rádio emseu escritório no Carlton House, pálida. "Venha aqui", ela disse a Steve.

Segurando a mão direita dele, ela a pôs sobre o lado esquerdo de

seu tórax."Pude sentir seu coração batendo, tentando passar entre as

costelas", Steve disse. "Quando tirei minha mão, pude de fato ver seucoração pulsando entre as costelas — debaixo do vestido. Era como se elefosse explodir. "

Em certas ocasiões, Kathryn parava de ditar cartas e, sem avisar,saía de sua cadeira e deitava no chão.

"Fez isso no estúdio da rádio uma vez", disse Steve, "e quase mematou de susto. Ela estava se preparando para gravar uma fita. Eu estavana cabina de controle e levantei os olhos. Kathryn havia sumido da mesa.Entrei no estúdio, e lá estava ela, esticada, no piso de madeira".

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"'Siga em frente', ela disse. 'Só estou descansando umpouquinho.'"

"Voltei à cabina de controle", disse Steve, "mas fiquei com medode que ela estivesse morrendo. Por fim, voltei ao estúdio, e ela estava com

um olhar estranhíssimo no rosto. 'Vou ficar aqui por um instante. Vouficar bem', ela disse. Percebi, quando voltei à minha cabina, que ela nãoconseguia se levantar. Teve de ficar ali.

"Então, dez minutos depois, ela reassumiu o seu lugar à mesa,pronta para continuar. Era como se nada tivesse acontecido. Mas tinha."

Houve outros ataques, alguns mais sérios. No verão de 1974,Maggie recebeu uma ligação da Califórnia. "A senhorita Kuhlman estámuito doente. Nós a estamos colocando em um avião. Ela precisa decuidados médicos imediatamente."

Isso aconteceu em uma tarde de sábado, e Maggie a encontrou noaeroporto de Pittsburgh. A TWA sempre tivera um cuidado especial comKathryn. A representante de passageiros em Pittsburgh havia sido tocadaem uma das reuniões de Kathryn, e a maioria do pessoal que trabalhavana companhia aérea a conhecia. Ela saiu do avião tão branca que pareciaestar morta, mas estava sorrindo, balançando a cabeça e falando com aspessoas no aeroporto. Maggie pegou a bagagem dela, e a levou para ocarro. Então, Kathryn disse:

— Leve-me a um médico. Vou morrer.

— Pois não. Você quer ir para o hospital?— Não! Nada de hospitais — Kathryn disse, ofegante, com a mão

no peito. Maggie a levou direto ao consultório de um médico que haviaconcordado em ficar alerta, caso Kathryn se recusasse a ir para umhospital. Ele fez exames de raio X e disse que seus pulmões estavamlimpos, mas que seu coração achava-se muito dilatado. Receitou-lhedigitalina. Mas, depois de um único dia de repouso, lá estava ela de volta àsua rotina. Embora seu corpo estivesse se acabando rapidamente, aimpressão era de que ela estava acelerando suas atividades. Além de seuscultos regulares, planejou uma série de reuniões para outubro: Mobile,

Tampa e West Palm Beach. Ela havia assumido o compromisso de pregarno Melodyland, na Califórnia, e depois ir a Israel para participar daSegunda Conferência Mundial sobre o Espírito Santo em novembro. Eraquase um suicídio.

Então, em um movimento que surpreendeu até aqueles que lheeram mais próximos, Kathryn, sem avisar, decidiu entrar na maiorcontrovérsia que agitava o movimento carismático desde seu surgimentono início da década de 1950. Por mais de um ano, os líderes cristãos portodo o país vinham discutindo os prós e os contras do "movimento dediscipulado". Promovido, primeiramente, por professores do ChristianGrowth Ministries [Ministério de Crescimento Cristão], em Ft.Lauderdale, na Flórida (mas, de forma alguma, limitado a eles),

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enfatizava que todos os cristãos — até aqueles em posição de liderança —deveriam submeter sua vida e ministério a outros líderes cristãos. Ochamado era para que todos os cristãos se unissem a "gruposcompromissados" (igrejas) e se deixassem apascentar por "pastores".

Ninguém exigia mais lealdade ou submissão da parte de seusseguidores do que Kathryn.

No entanto, o ensino dos ministros de Ft. Lauderdale ia alémdisso. Insistia que até os líderes no reino precisavam ser submissos unsaos outros. Isso, para ela, era impensável.

Em 5 de setembro de 1975, ela recebeu um pacote de um dosoficiais da Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno.Parece que a ADHONEP estava combatendo o movimento de submissão ediscipulado pelas mesmas razões que Kathryn. Muitas pessoas, antes fiéisà ADHONEP, estavam agora se juntando a grupos de células sob a autori-dade de pastores leigos. Algumas dessas pessoas não estavam mais dandosuas contribuições à ADHONEP, mas entregando seus dízimos a seuspastores. O palco estava armado para a batalha.

O pacote continha todas as informações de que Kathryn precisava.Incluía inúmeras cartas confidenciais que haviam sido distribuídas por

  vários ministros independentes e leigos que atacavam o ensino de Ft.Lauderdale e, em especial, o de Bob Mumford, que era o líder do ChristianGrowth Ministries.

Embora Kathryn fosse a pioneira do movimento que propunha

uma nova ênfase no Espírito Santo, nunca pareceu perceber que oEspírito também estava se movendo em muitas outras áreas do reino. Na

  verdade, durante os últimos quinze anos de sua vida, Kathryn haviaparticipado de algumas poucas reuniões dirigidas por outros ministros.Ela não se sentava para ouvir o ensino de outros. Também estava muitoocupada com seu próprio ministério. Eis o que me disse: "O EspíritoSanto é o único mestre de que preciso". Era uma brecha vulnerável emsua armadura, e nessa brecha havia sido lançada uma lança, movendo-a àação.

Em meados de setembro, agora fortalecida por saber que outrosestavam do seu lado, Kathryn entrou na batalha contra aqueles queensinavam a submissão e o discipulado. Mumford seria um dos mestresna Segunda Conferência Mundial sobre o Espírito Santo em Israel, nofinal de outubro. A conferência era patrocinada pela Logos, e, com isso,Kathryn viu como exerceria sua influência. Ela telefonou para seu velhoamigo Dan Malachuk, presidente da Logos, e disse: "Se Bob Mumford fora Israel, eu não irei".

O aviso pegou Dan de surpresa. "O homem é um herege", disseKathryn. "Não vou aparecer no mesmo programa com ele. Faça sua

escolha: Mumford ou eu".

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Mais de 5 mil pessoas de todas as partes do mundo estavaminscritas para participar da conferência. Muitas delas estavam indo paraouvir os mestres (dentre eles, Mumford), mas também para participar doculto de milagres que Kathryn realizaria em Tel-Aviv. O ultimato deKathryn deixou Malachuk em uma posição muito desconfortável. Pormais que tivesse sérias reservas a muitos dos conceitos e ensinos sobrediscipulado, ele acreditava que Mumford era um homem de Deus. Alémdisso, a Logos estava fazendo todo o possível para promover a unidade nocorpo de Cristo, e ele achava que a presença de Mumford ajudaria a curaras feridas.

Como um homem enérgico, a primeira reação de Malachuk foiresistir ao uso que Kathryn fazia de ameaças e intimidações. Ele já aconhecia, havia muitos anos, como uma amiga íntima, mas nunca a viureagir com tanta violência.

"Alguma coisa está errada", ele disse à sua diretoria em umareunião. "Isso não é típico de Kathryn. Sei que ela está muito doente.Temo por sua vida."

  A diretoria da Logos International Fellowship, da qualparticipavam alguns dos nomes mais importantes da renovaçãocarismática — David du Plessis, o reverendo Dennis Bennett, o generalRalph Haines, além de outros — ponderou seriamente a questão. Dan játelefonara para Bob Mumford a fim de dizer-lhe o que havia acontecido eouvir sua opinião a respeito. Bob, no mesmo instante, disse que seretiraria se esse fosse o desejo da diretoria. Era uma situação difícil — quelevou aqueles homens a orar com fervor. Tantas coisas sustentavam asalternativas que dispunham, mas nenhum dos argumentos apontava,conclusivamente, a vontade de Deus. No entanto, eles tinham de escolher.No final, optaram por aceitar a oferta de Bob e submeter-se às exigênciasde Kathryn.

No domingo seguinte, Kathryn fez uma de suas agora rarasaparições no Stambaugh Auditorium, em Youngstown, para dar o que, emsua opinião, seria o golpe mortal no movimento de discipulado.

"Almas tímidas, vocês podem sair agora", ela começou. Ela pregou

por mais de uma hora, batendo no púlpito, enquanto defendia "o mi-nistério" da influência dos falsos mestres.

"Há uma nova doutrina chamada 'o movimento de submissão ediscipulado'", ela disse. "Talvez vocês nunca tenham ouvido falar dissoantes. Mas é algo tão sutil, e está causando tanto dano, que, se alguém nãofizer alguma coisa para repreender Satanás e deter esse movimento, ele

 vai destruir por completo o grande movimento carismático."

Kathryn também atacou o conceito de pequenos grupos, dizendoque eram malignos. "Eles não só pedem que vocês dêem seu dinheiro ao

pastor, mas que se envolvam em grupos de células e revelem seus

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pensamentos mais profundos. Vou dizer uma coisa: não vou contar aninguém meus pensamentos íntimos." A multidão riu e aplaudiu.

 A audiência aplaudiu também quando ela disse que havia exigidoque Mumford fosse retirado da relação dos oradores da Conferência

Mundial sobre o Espírito Santo.Era uma atitude totalmente atípica de Kathryn. Nenhuma outra

pessoa na história fora tão usada para reunir membros divergentes docorpo de Cristo quanto Kathryn. Sua fé normalmente era firme, mas,dessa vez, parecia estar deliberadamente perdendo o equilíbrio. Era comose estivesse sendo levada a proteger "seu ministério".

Quando Dino e Bartholomew levantaram seus sabres contraKathryn em público, ela encontrou consolo na segurança de que Deuscuidaria dela — e deles. Sabia quais eram as estritas admoestações dasEscrituras sobre "o levantar a mão contra o ungido do Senhor". Mesmoquando teve suas contínuas brigas com Dallas Billington, em Akron, Ohio,

 jamais deixou que isso se tornasse uma batalha pessoal e nunca o chamoude herege, e, no final, fez o possível para fazer as pazes. Mas agora, comraiva e frustração, ameaçada por sua própria insegurança e encorajadapor homens que só lhe haviam dado informações parciais, ela se pôs aatacar outras pessoas que, para muitos, também eram ungidas do Senhor— tanto quanto ela.

Em outubro, Kathryn mudou-se para o Sul. Tink e Sue Wilkersonacompanharam-na. Tink parecia honrado e lisonjeado com a constante

atenção de Kathryn. Ele convenceu Kathryn dizendo que ela precisava deum jatinho particular. Afinal, Oral Roberts tinha um. Kathryn, por fim,concordou com o plano de Tink. Ele compraria o avião, um Lear Jet, por750 mil dólares, que seria propriedade de sua agência de aluguel decarros, em Tulsa. Kathryn, então, iria alugá-lo dele por 12 mil dólares aomês.

Tink convenceu Kathryn de que o avião economizaria dinheiro.Mas, na verdade, os números mostravam que a Fundação KathrynKuhlman gastava menos da metade daquela quantia em passagens em

  vôos comerciais para toda a equipe — e o Lear Jet só comportava seis

pessoas — duas delas seriam os Wilkersons. Walter Adamack opôs-se  vigorosamente à compra. Kathryn insistiu, dizendo que ela e a fundaçãoeram "uma coisa só" e que, se Tink achava que ela precisava do avião,faria o negócio. Kathryn usou-o só duas vezes — nas duas vezes, estava tãodoente que nem percebeu o que estava acontecendo. No final, Wilkersonficou não só com o avião, mas com os dois pilotos que contratou paraoperá-lo.

Tink comprou também um carro para Kathryn e o despachou denavio de Tulsa para Los Angeles. Era um Mercedes-Benz amarelo, de duas

portas, que custou 18 mil dólares. Para o estilo de vida de Kathryn, acos-tumada com Cadillacs e Continentais, era como pedir a ela que trocasse

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seu vestido de púlpito por um biquíni. Ela andou nesse carro uma única vez e, ainda assim, com relutância.

 A despeito da aparente incapacidade dos Wilkersons de entender oestilo de vida de Kathryn e seu companheirismo com o Espírito Santo, ela

ainda era atraída por eles, a ponto de se afastar de sua equipe emPittsburgh. Embora houvesse dias em que aparecia no escritório, as coisasnão eram iguais. Maggie visitava cada vez menos a casa em Fox Chapel,onde, durante anos, ela e Kathryn iam para relaxar e conversar. AgoraKathryn estava limitando suas conversas aos Wilkersons.

Infelizmente, eles não conheciam Kathryn o suficiente paraperceber as mudanças sutis que estavam acontecendo em sua vida epersonalidade. Eles realmente se preocupavam com sua saúde, querendoprotegê-la da imprensa que era hostil, bem como daqueles que queriamusá-la. De 6 de maio de 1975 a 20 de fevereiro de 1976, quando Kathryn

morreu, Tink passou só 31 dias em sua casa em Tulsa. Todo o tempo maisele passou viajando com Kathryn. Não se sabe exatamente quais eramseus motivos. Se ele estava gostando da dependência que Kathryn tinhadele ou se estava fazendo um verdadeiro serviço para o Senhor, só Deus eTink Wilkerson sabem.

Contudo, é certo que, mesmo quando muito doente, Kathryntentou permanecer no controle, dizendo que era ela quem dava as ordens.E, com um senso estranho de limites, fez planos até sua morte. Pareciaestar num estado de compulsão — tentando, desesperadamente, cuidar detodos os detalhes e, ao mesmo tempo, acompanhando a nuvem, que, poralguma razão, só Deus sabia, tinha começado, mais uma vez, a se mover —deixando-a para trás.

No dia 1º de novembro, ela estava em Tel-Aviv para a ConferênciaMundial sobre o Espírito Santo. As pressões eram incrivelmente fortes.

Kathryn queria pregar sobre profecia, mas os líderes cristãoslocais, em Jerusalém e Tel-Aviv, procuraram Dan Malachuk e Ralph

 Wilkerson, insistindo em que eles convencessem Kathryn a abordar outrotema. A situação política em Israel estava muito exacerbada para umafamosa líder cristã aparecer e apoiar a causa dos judeus. Kathryn,

relutantemente, aceitou o conselho daqueles que estavam à sua volta.Na noite que antecedia a ministração de Kathryn, ela se encontrou

com uma grande delegação da Finlândia em um hotel de Tel-Aviv.Durante o culto, uma mulher, que havia vindo de Helsinque com umcâncer em estágio terminal, morreu. Com grande angústia, Kathryn vol-tou para seu quarto de hotel. Era, pelo que ela sabia, a primeira vez quealgo assim acontecera. As implicações foram surpreendentes.

O Sports Stadium, em Tel-Aviv, estava uma verdadeira confusãono dia seguinte. Técnicos estavam preparando-se para a tradução

simultânea do culto para milhares de pessoas que estariam presentes enão falavam inglês. Eles tinham fones suficientes para atender aos oito

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principais grupos de língua estrangeira, mas não para os israelitas daregião que falava hebraico. Estes chegariam a quase 2 mil naquela noite.Era um número maior do que o esperado, graças à excepcional coberturadada pela imprensa israelita.

Os líderes da conferência estavam felizes por ver que o evangelhoseria apresentado a tantas pessoas da região — sendo a maioria, prova- velmente, de não-cristãos. Mas isso também colocava Dan Malachuk emuma situação delicada, pois ele teria de procurar Kathryn, já cansada eperturbada, para dizer que ela teria de ministrar com um intérprete defala hebraica ao seu lado. Ele sabia que ela detestava a distração que talcoisa provocava, e que isso seria difícil para ela, mesmo na melhor dascircunstâncias.

Mas essas não eram as melhores circunstâncias. Muitos que foramao estádio naquela noite sentiram uma estranha opressão no local.

Nos bastidores, enquanto o grupo de jovens The Living Soundcantava no púlpito, Kathryn estava andando para cima e para baixo notúnel escuro que passava debaixo do púlpito. Orando. Chorando.Suplicando.

"Querido Deus, por favor, deixa-me viver! Deixa-me viver! Eu tesuplico. Eu quero viver. " Era a mesma oração que ela havia feito muitas

 vezes durante os dois últimos anos. O túnel escuro fazia eco ao seu choro eà sua oração.

Dan Malachuk, desculpando-se por ter de interromper a

comunhão de Kathryn com Deus, explicou a situação: ela teria de usar umintérprete, se quisesse ser compreendida pelos judeus. Kathryn recusou-se. Dan insistiu. Eles tinham uma obrigação para com os israelitas. Afinal,era a nação deles, e eles vinham ali para ouvi-la.

— Você tem um bom intérprete? — perguntou Kathryn.

Dan fez sinal para um homem se juntar a ele no púlpito. Era o dr.Robert Lindsey, um missionário batista do Sul, cheio do Espírito, quehavia vivido entre os judeus durante quase trinta anos. Ele talvez fosse umdos melhores estudiosos do hebraico no mundo e havia conquistado o

respeito da comunidade judaica.Kathryn balançou a cabeça. O dr. Lindsey estava calçando botas

usadas no deserto. Ela não podia mudar. Não havia como ministrar aolado de um homem usando essas botas — ainda que metade dos israelitasna platéia estivesse usando o mesmo tipo de botas.

— Vou dizer a você o que faremos — ela disse. — Você faz o dr.Lindsey subir ao púlpito antes de mim. Ele pode dar as saudações aosisraelitas em hebraico e dizer-lhes que falarei só por dez minutos. Então,seguiremos para o culto de milagres.

Mas, em vez de pregar dez minutos, Kathryn pregou uma hora equinze minutos. Mais de mil judeus passavam por ela, gritando para os

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introdutores e batendo as portas quando saíam. Kathryn continuou comose nada estivesse acontecendo. Teria de ser assim. Não poderia começarum culto de milagres antes que o poder do Espírito Santo se fizessepresente. Depois de uma hora e quinze minutos, ela começou. Clamou porcura. Muitos daqueles que haviam ido à frente foram curados, e muitoscristãos foram encorajados pelos milagres. Mas não foi como se esperava.

Ela chorou antes de dormir naquela noite em Israel. Estava muitocansada para continuar a lutar. Muito cansada para viver. Na manhãseguinte, foi sozinha com Dan a um hospital próximo a fim de orar poruma garotinha na cama. Era um modo tranqüilo de ministrar compaixão,para o qual fazia anos que ela não tinha tempo. Da angústia da noiteanterior, ela emergiu, purificada e subjugada — comovida e preparadapara uma última unção.

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Capítulo 18

Uma Última Unção

O final, em vez de ser tranqüilo e digno como Kathryn gostava dascoisas, foi confuso e violento. Três dias depois de voltar de Israel, elarealizou seu último culto no Shrine Auditorium. Foi como sempre haviasido. Mas Kathryn estava tão fraca nessa época que mal conseguia vir deseu camarim para o palco. Mas, quando o coro, sob a batuta de PaulFerrin, começou a cantar o esplêndido "Aleluia", o rosto de Kathryn, derepente, irradiou. Uma força sobrenatural fluía em seu corpo, e, mais uma

 vez, ela se tornou a mulher do antigo vigor. Lançou-se no palco, acenandoas mãos enquanto assumia a direção do louvor. Naquele momento, eraum vaso perene do Espírito Santo. Um canal do poder de Deus.

  Após o culto, Kathryn perguntou a Tink, que viera de avião paraLos Angeles sozinho, depois de deixar Sue em Tulsa, se ele poderiachamar a esposa. "Talvez ela possa vir aqui e fazer alguma coisa para omeu estômago. Está doendo muito. "

Mesmo tendo acabado de chegar de Israel algumas horas atrás,Sue deixou tudo e pegou o avião para Los Angeles, chegando por volta das

19h30. Kathryn já havia ido para a cama. Logo cedo, na manhã seguinte,Tink levantou-se e viajou para Denver a fim de checar o Lear Jet, queestava quase pronto. Enquanto estava lá, recebeu uma ligação de Sue:

"Kathryn não está bem. Você precisa voltar para cá o mais rápidopossível."

Tink chegou no meio da tarde. Kathryn havia pedido a Sue quemandasse Maggie de volta para Pittsburgh. Ela ainda estava na cama,queixando-se de dores no abdome superior. Tink tentou fazê-la cancelarum compromisso que tinha com seu produtor de televisão, Dick Ross, na

terça-feira pela manhã. Kathryn se negou a fazer isso. Na terça-feira demanhã, ela levantou cedo, mas disse a Sue, instalada no quarto ao lado,que não sabia ao certo como estava se sentindo. "Vou me encontrar comDick lá embaixo no Garden Room, mas fique sentada por perto, caso euprecise de você."

Sue e Tink desceram com ela para a reunião e depois se sentaramem uma mesa próxima. No meio da conversa com Ross, Kathryn selevantou abruptamente da mesa e seguiu titubeando na direção dotoalete. Sue correu para ajudá-la. As duas chegaram ao toalete, ondeKathryn vomitou. Tink e Sue levaram-na de volta para o quarto, e,

enquanto Sue arrumava a cama para Kathryn, Tink desceu para conversarcom Ross.

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"Dick, seja o que for que você precise fazer, vá em frente e faça. Elanão está em condições de continuar hoje. Se Deus quiser, estará melhorpara gravar os programas amanhã."

Tink pensou que Kathryn estivesse com um resinado e que logo se

recuperaria.Naquela noite, ele telefonou para o cardiologista que havia tratado

dela em Tulsa, em julho, e relatou-lhe os sintomas de Kathryn.

"Ela consegue ficar deitada na cama?", o médico perguntou.

"Sim", Tink disse, "e parece não ter dificuldade para respirar".

"Penso que ela esteja resfriada", o médico disse, prescrevendo umremédio para aliviar a náusea.

Tink e Sue estavam em um quarto bem próximo ao quarto de

Kathryn. Eles tinham a chave do quarto dela, mas insistiram com ela paraque deixasse a porta destrancada à noite a fim de que pudessem entrar esair para vê-la. Na manhã seguinte, ela não estava se sentindo melhor. Noentanto, como oito pessoas vieram de avião de todas as partes do paíspara a gravação do programa de televisão, insistiu em se vestir e ir à CBSpara gravar os programas.

Foi uma manhã difícil. Ao atravessar o corredor que levava aoestúdio, Kathryn teve de parar várias vezes, apoiando-se firmemente no

 braço de Tink. Ela fez os programas da manhã, mas quase desmaiou porduas vezes.

Um dia daqueles, pela manhã, Dick Ross recebeu uma ligação nacabina central. Era de Oral Roberts, em Tulsa. "Kathryn telefonou paramim", ele disse. "Tink telefonou antes e pediu que Evelyn e eu orássemos.Eu gostaria de falar com ela."

Tink ligou de volta ao meio-dia e colocou Kathryn na linha."Kathryn, o Senhor mostrou-me algo neste momento, assim que peguei otelefone: Você está cercada de trevas."

"Sim", Kathryn disse, balançando a cabeça. "Eu sinto."

"Vejo um raio de luz, e essa luz está afastando as trevas eenvolvendo você."

"Eu sei", ela disse. "Eu sei, eu sei, eu sei."

"Você vai conseguir fazer este programa, não vai?"

Kathryn balançava a cabeça vigorosamente. Sua força pareciaestar voltando. Oral intercedeu por ela do outro lado da linha, ordenandoaos poderes das trevas que saíssem — pedindo a Deus que renovasse asforças de Kathryn. Ela terminou o programa da tarde sem nenhumproblema.

No entanto, assim que o programa acabou, ela desfaleceu nacadeira do camarim.

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"Você pode fazer a edição", ela disse a Dick Ross. "Estou muitofraca para voltar à sala da televisão."

Foi a primeira vez, em quase 500 programas, que ela não revisouseu programa antes de ser reproduzido e enviado a várias emissoras pelo

país.Naquela noite, Tink e Sue jantaram com Diane McGregor e Jim

  West no Gourmet Room do Century Plaza. Diane, convidada doprograma, era uma ex-dançarina de LasVegas que havia sido curada emum culto de milagres no Shrine. West, um milionário da Califórnia, eranamorado de Diane.

Durante o jantar, West disse: "Tink, se você precisar de algumaassistência médica para a senhorita Kuhlman, ligue para mim. Conheçotodo o pessoal da equipe do St. John e do Centro Médico da Universidadeda Califórnia".

Tink agradeceu e disse que esperava que Kathryn melhorasse enão precisasse de médico.

Kathryn lutou para conseguir fazer a gravação na CBS no diaseguinte e voltou para o Century Plaza completamente exausta. No sábadopela manhã, às 5h30, Sue entrou no quarto para ver Kathryn. Ela estavacom metade do corpo para fora da cama, com o rosto para baixo, fracademais para levantar a cabeça.

Sue ajudou-a a voltar para a cama e disse: "Vamos ter de fazer

uma coisa. Precisamos chamar um médico".Impossibilitada de falar, Kathryn só balançou a cabeça. Seu

estômago estava cheio de líquido, o que, obviamente, pressionava seucoração já dilatado. Ela sentia muita dor.

Tink tentou falar ao telefone com Jim West, mas ele não estava emcasa. Então telefonou para Diane McGregor.

"Onde está Jim?"

"Ele está no rancho dele em Elko, Nevada. "

"Precisamos de um médico para Kathryn. Como faço para entrarem contato com ele?"

"Não será necessário", disse Diane. "Conheço o médico que cuidoudele quando teve um ataque cardíaco. É o dr. Carl Zabia." Diane passou onúmero para Tink.

Faltava pouco para as 9 horas quando Tink, finalmente, conseguiufalar com o dr. Zabia. "Meu nome é Wilkerson. Conheço Jim West. Estoucom Kathryn Kuhlman no Century Plaza, e ela está com muita dor porcausa de um problema de coração."

O médico disse que estava a caminho do hospital, mas passaria nohotel.

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O estranho era que Tink tinha consigo todos os registros médicosde Kathryn feitos em Tulsa. O dr. Zabia chegou, examinou Kathryn eentão chamou Tink no corredor.

— Ela precisa ser internada imediatamente. Chamarei uma

ambulância. Passe-me os registros médicos que vou dar uma olhada nelesenquanto vocês a transferem para o St. John Hospital.

Do quarto de Tink, o médico chamou a ambulância e depoisseguiu para o hospital. Tink voltou ao quarto de Kathryn.

— Precisamos nos preparar. Uma ambulância estará aqui emalguns minutos.

— Uma o quê? — Kathryn disse com os olhos flamejantes. — Estafoi a primeira vez que ela falou, salvo as poucas respostas murmuradas aomédico. Ela se sentou na cama, empurrando os cobertores. — Não vou em

nenhuma ambulância, e você não fale mais nisso. Todos neste hotel vãoficar sabendo, e isso significa que o mundo inteiro saberá. Prefiro ir a pé air de ambulância.

Enquanto Sue ajudava Kathryn a se vestir, Tink desceu, foi até aambulância, pediu informações sobre como chegar ao St. John Hospital epagou 40 dólares pela viagem da ambulância. Ele voltou ao quarto deKathryn. E começaram a longa caminhada pelo corredor que levava aoelevador e, depois, seguiram para o carro.

Kathryn quase morreu no carro. Na verdade, Tink pensou que

tivesse morrido. Quando chegaram ao hospital, estava meio inconsciente.Houve mais confusão no hospital, uma vez que o dr. Zabia esperava queela chegasse de ambulância. Ele levou quase quinze minutos paradescobrir onde ela estava. Depois, deitou-a em uma maca numa sala deemergência. Naquele momento, a pressão sanguínea de Kathryn estavamuito baixa, e ela foi levada às pressas para a unidade cardíaca, onde osmédicos se esforçaram por quase cinco horas para reanimá-la e estabilizarseus sinais vitais.

Tink e Sue permanentemente ficaram ao lado dela. Tink telefonava para Maggie todos os dias, dando-lhe notícias sobre o

progresso de Kathryn."Ela quer ir passar o Natal em casa", Tink disse. "Quer que você vá

na frente e prepare a grande festa de Natal como você sempre fez."

O dr. Richard Owellen, do Johns Hopkins, tomou um avião e veioficar com ela quase uma semana, entrando e saindo do quarto de Kathryn— mais como amigo do que como médico. Maggie também veio. Mas foiuma triste experiência. Elas mal se falaram. Maggie ficou em silêncio aopé da cama de Kathryn. De coração partido, foi para um pequeno saguãono final do corredor e disse: "Vou ficar aqui. Pelo menos, a Pastora saberá

que estou aqui e que a amo". Era, contudo, como se forças estivessemtentando romper um relacionamento de mais de trinta anos.

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Maggie voltou para Pittsburgh no Dia de Ação de Graças. O dr.Owellen voltou de avião para Baltimore naquele fim de semana. Kathrynparecia estar melhorando um pouco.

Em janeiro de 1974, Kathryn revisou seu testamento. Nele, deixava

para Jerome e Helen Stern de Portland, Oregon, uma valiosa pintura, "emgratidão pela bondade evidenciada pelo senhor e senhora Stern para comminha irmã, Myrtle Parrott, em um momento em que ela,desesperadamente, precisava dessa generosidade".

O restante de seus bens tangíveis foi deixado para Marguerite(Maggie) Hartner "para ser guardado por ela ou distribuído como julgassemelhor, uma vez que ela sabia de meus desejos com relação a eles".(Kathryn havia dado a Maggie informações detalhadas sobre os itens desua casa e coleção de jóias que as pessoas na organização receberiam. )

De um modo característico, ela incluiu: "Durante toda a minha  vida, supri amplamente e ajudei minha irmã Geneva Dickson e seusfilhos, Gary e Robert, e minha sobrinha Virgínia Crane e seus filhos, Paul,Collene e Theresa, e, por essa razão, não estou fazendo cláusulas para elesaqui".

O restante de seus bens seria dividido entre cinco pessoas — suairmã, Myrtle Parrott, Marguerite Hartner, Charles Loesch, Maryon Marshe Walter Adamack. Elas receberiam 5% do "valor líquido de mercado dos

  bens deixados" com base anual. Se restasse algo depois da morte doscinco, seria legado à Fundação Kathryn Kuhlman. William Houston e o

Banco Nacional de Pittsburgh foram nomeados como fiduciários, paradistribuir os fundos às cinco pessoas citadas.

Os médicos na Califórnia continuaram a pressionar Kathryn paraque ela aceitasse fazer o cateterismo. Ela se recusava, dizendo que havia"coisas pessoais" que precisava fazer antes. Uma dessas "coisas pessoais"era redigir um novo testamento.

Há confusão em torno dos verdadeiros fatos do novo testamento.Tink Wilkerson disse-me que Kathryn pediu a ele que telefonasse para oadvogado dele, Irvine Ungerman. Porém, embora ela tivesse chamado

Irvine Ungerman, de Tulsa a Los Angeles, para uma conferência, Tink nunca perguntou a ela a razão disso.

— Achei que eles talvez estivessem conversando sobre coisas dessetipo — ele disse — mas eu não sabia o que estava acontecendo. Na

  verdade, descobri que havia um novo testamento quando conversei comMaggie no domingo após a morte de Kathryn, ocorrida na sexta-feira.

— Foi a primeira vez que você ficou sabendo do novo testamento?— perguntei a ele.

— Foi a primeira vez — ele respondeu.

(Maggie, no entanto, contou-me, em lágrimas, que ela não fazia amenor idéia de que Kathryn estava pensando em fazer um novo

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testamento. Ela não sabia nada sobre isso até chegar na Califórnia para ofuneral. A descoberta, naquela época, caiu como uma bomba em seuespírito já despedaçado. Acreditei nela quando disse que não conversoucom Tink no domingo, ou em qualquer outro dia, sobre o testamento. )

Ungerman foi de avião para Los Angeles e conversou com Kathrynem seu quarto no hospital. "Fiquei do lado de fora do quarto", disse Tink.

Ungerman redigiu uma minuta e depois voltou para Tulsa. Naquarta-feira, 17 de dezembro, ele retornou. Kathryn havia recebido alta dohospital e estava em seu quarto no Century Plaza, assistida o tempo todopor enfermeiras. O novo testamento foi assinado por Kathryn diante deUngerman, o dr. Carl Zabia e Jim West como testemunhas. De acordocom Tink, Kathryn havia lhe pedido que telefonasse para West a fim deque ele viesse ao hospital como testemunha, mas Tink ainda sustentavaque ele não sabia que ela estivesse fazendo um novo testamento. "Admito

que havia percebido", ele admitiu, "mas, como eu disse, fiz questão de nãofazer parte dele. Eu achava que era um assunto de Kathryn".

O novo testamento foi totalmente diferente do primeiro queKathryn fizera cerca de dois anos antes. Nele, ela deixava quantiasespecíficas e consideráveis para quatorze pessoas, parentes oufuncionários do escritório em Pittsburgh.

Entre elas, estavam Myrtle Parrott, Geneva Dickson, AgnesKuhlman, Marguerite Hartner, Maryon Marsh e Steve Zelenko. Quantiasmenores foram designadas a dez outros funcionários. O dinheiro total a

ser distribuído chegava a US$267.500.Depois disso, o testamento dizia: "Todo o restante de minha

propriedade, real e pessoal, de todo tipo e onde quer que esteja, segarantida legalmente ou contingente no momento de minha morte, deixopara Sue Wilkerson e D. B. Wilkerson Jr, em comum, totalmente livre dequalquer condição ou restrição".

Irvine E. Ungerman, de Tulsa, Oklahoma, foi nomeado como oúnico testamenteiro.

Se Kathryn queria ou não que "o ministério" continuasse, talvez

tenha sido mencionado em seu testamento. Ela preparou mensagensgravadas para serem usadas depois de sua morte, mas sabia que KathrynKuhlman era o ministério. Será que Tink a pressionou? Ele era umoportunista? Ele estava trabalhando para outra pessoa? Ele realmenteengendrou o testamento e aproveitou-se da fraqueza de Kathryn? É difícildizer. Seria intenção de Kathryn deixar "o ministério" acabar aos poucos?

  Alguns já supuseram que, se estivesse pensando com clareza, elapoderia ter feito de um modo diferente. Mas quem sabe?

Quatro dias depois de Tink fazer seus pilotos trazerem o novo Lear

Jet para Los Angeles, eles levaram Kathryn de volta para Pittsburgh.Maggie e Steve Zelenko ajudaram a arrumar sua casa. Duas enfermeiras

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estavam viajando com ela. Tink levou o avião de volta para Tulsa, pegouSue, e os dois viajaram para Vail, Colorado, a fim de passar o Natal em umchalé numa estação de esqui.

No Dia de Natal, ele telefonou para Kathryn. Percebeu, pela voz de

Kathryn, que ela estava definhando. As enfermeiras estavam lá, junto comMaggie e alguns outros.

No dia seguinte, Tink voltou para Tulsa, pegou um cardiologista efoi para Pittsburgh. Era óbvio que ela passaria por uma cirurgia decoração.

Tink telefonou para Maggie no escritório da casa de Kathryn emFox Chapel. "Maggie, é melhor você se apressar. Vou levar a senhoritaKuhlman para Tulsa."

Maggie ficou chocada. Ela entrou no carro e dirigiu o mais rápido

possível. Eles estavam saindo quando ela chegou.— A senhorita Kuhlman quer que você fique e cuide do escritório

— disse Tink. — Sue e eu cuidaremos de tudo.

O cirurgião de Tulsa estava junto quando eles carregaram Kathrynpara o carro e depois para o aeroporto. Maggie estava chorando.

— Confie em mim — disse Tink. — Eles vão operá-la na quarta-feira. Enviarei o jatinho para buscar você a fim de que possa estar láquando ela entrar para a cirurgia.

No dia seguinte, sábado, 27 de dezembro, Maggie recebeu umaligação de Tink. "Estão levando a senhorita Kuhlman para a sala decirurgia neste momento."

"Você não está falando sério", Maggie disse, nervosa e, depois,chocada. "Você disse que daria tempo para eu chegar aí.

"Os médicos disseram que não havia alternativa. Ela deve seroperada neste momento; do contrário, não viverá."

  A enfermeira particular de Kathryn no Hillcrest Medicai Centerhavia telefonado para a casa de Tink em Tulsa às 6 horas naquela manhã

de sábado."É melhor o senhor vir aqui. A respiração da senhorita Kuhlman

está diminuindo. Estou preocupada com ela."

Tink desligou o telefone. Queria telefonar para Oral Roberts, massabia que ele dormia tarde da noite e, por isso, acordava tarde. Ele hesitoue, então, pegou o telefone e discou o número de Oral. Evelyn Robertsatendeu o telefone.

"Sinto ter de incomodar você", ele disse. E depois contou a ela asituação.

"Oral estará acordado e pronto em quinze minutos", elarespondeu. "Você pode vir buscá-lo."

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Os dois homens entraram no quarto de Kathryn e ficaram aliolhando para ela. Ela estava morrendo. Oral pôs a mão na testa deKathryn, fez uma rápida oração, e depois os dois saíram da sala.

"Seja o que for que o senhor fará por Kathryn, que ele o faça

depressa. Nunca senti a morte tão perto de uma pessoa em toda a minha vida."

Evelyn Roberts e Sue Wilkerson juntaram-se aos seus maridos, nohospital, enquanto a equipe de cirurgiões terminava os preparativos.Cinco médicos compunham a equipe, inclusive um cardiologista doCanadá, cheio do Espírito, que recentemente viera integrar o corpodocente da nova escola médica da UOR. Às 10 horas, os médicos entraramna unidade de tratamento cardiológico, onde se juntaram aos Wilkersonse Roberts. Kathryn estava deitada num leito próximo, já preparada para acirurgia. O cirurgião judeu olhou para Oral e disse:

— Por que não nos damos todos as mãos e você ora por nós?Momentos depois, uma assistente levou Kathryn para a sala de cirurgia,onde a equipe trabalhou por quase cinco horas, fazendo a operação com ocoração aberto e corrigindo a válvula mitral. No final da cirurgia, toda aequipe médica foi para a sala de espera.

— Não fui eu que realizei a cirurgia — disse o cirurgião-chefe. — Alguém estava no comando, guiando minhas mãos.

O cardiologista da UOR disse que havia passado a maior parte deseu tempo com as mãos sobre Kathryn, orando no Espírito, enquanto os

outros realizavam a cirurgia. Todos ficaram satisfeitos com os resultados.Mas, na sexta-feira seguinte, ela desenvolveu uma obstrução

abdominal, que requereu uma cirurgia urgente. Durante as duas semanasseguintes, eles tiveram de realizar três broncostomias porque o tamanhodo coração de Kathryn impedia a drenagem de seu pulmão esquerdo.Houve muita confusão daquele momento em diante. Tink telefonava paraPittsburgh todos os dias, dizendo a Maggie que seguisse em frente efizesse planos para os cultos mensais no Shrine e o culto de milagres emOakland, em abril. Ele dava outras notícias, dizendo que Kathryn estava

melhorando e que logo receberia alta do hospital. No entanto, as notíciasque vinham das enfermeiras (antes de serem proibidas de falar) eram  justamente o contrário. Havia informações de fontes seguras de que ocoração de Kathryn, pelo menos em duas ocasiões, parara de funcionar, eela precisou ser "ressuscitada" por meio de aparelhos mecânicos.

Oral voltou para interceder a Deus por ela duas vezes.

Myrtle Parrott chegou da Califórnia. Após uma de suas visitas, elachamou Tink de lado.

— Tink, Kathryn diz que quer ir para casa.

  A vontade de Kathryn de ficar e lutar desapareceu. Ela estavapronta para submeter-se a um chamado maior. No final, ficou sozinha,

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como o velho Moisés, quando Deus colocou seu braço em volta de seusombros e o levou do monte Nebo para um lugar mais alto.

Então Kathryn, com seu sonho frustrado de ver o dia em que todasas igrejas veriam milagres, entrou na neblina e viu que o reino marchava

sem ela. Sua missão estava cumprida. Ela havia apresentado o EspíritoSanto às pessoas. Havia mostrado que milagres são possíveis. A despeitode todas as suas falhas e seus defeitos, provara que Deus poderia pegaraté a mais imperfeita das criaturas e usá-la como um instrumento da suaglória. Na morte como na vida, ela glorificou a Deus.

Em 20 de fevereiro de 1976, sua face, mais uma vez, começou a  brilhar quando o Espírito Santo fez cair sobre ela a última unção. A enfermeira no quarto virou-se e viu quando o brilho envolveu o leito. Umapaz indescritível pareceu encher o quarto. E ela se foi.

Feliz vivi e, com alegria, morri.

E me impus com um legado.* 

* Robert Louis Stevenson, Requiem.

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Capítulo 19

Epílogo: Além do que Vemos

Na cerimônia de enterro no Wee Kirk o' the Heather, no ForestLawn Memorial Park, em Glendale, Califórnia, Oral Roberts contou o quelhe ocorreu quando chegou a notícia de que Kathryn Kuhlman tinhamorrido.

"Minha única preocupação era com o ministério de cura. Então melembrei das palavras de Kathryn: 'Não é Kathryn Kuhlman. Ela não podecurar ninguém. É a obra do Espírito Santo'. Essas palavras me atingiramcomo o estrondo de um trovão.

"Então vi sete luzes e doze pessoas. Perguntei a Deus o quesignificavam as luzes. Ele me revelou que a luz vinha das pessoas... nãoeram elas que escolhiam; elas estavam sendo escolhidas. Pessoasespeciais vão levantar-se. Essas sete luzes brilharão por este país, e, namorte de Kathryn, o ministério dela será maior do que em sua vida. "

Dois meses depois, visitei o túmulo de Kathryn. E, ao passar pelacidade, acabei indo ao culto regular de milagres às quintas-feiras pelamanhã no Melodyland, em Anaheim. Era Ralph Wilkerson quem estava

dirigindo o culto. Havia quase 2 mil pessoas presentes — às 10 horas damanhã de quinta-feira.

O culto não era como as reuniões no Shrine ou em Pittsburgh. Nãohavia coro. Os introdutores não estavam uniformizados. Ralph eradespretensioso, informal, enquanto percorria o grande auditório circularfalando com as pessoas, orando por elas, impondo as mãos. Algumascaíam para trás no Espírito. Umas eram curadas. Outras, não. Tudo pare-cia dar a entender que era um negócio de Deus, e não de Ralph.

Ele iniciou um cântico: "Certamente a bondade e a misericórdia

me seguirão todos os dias, todos os dias de minha vida". O tom estava tãoalto que todos tinham de gritar para conseguir cantá-lo. Ele sorria eprosseguia. Não estava tentando impressionar ninguém; só queria agra-dar a Deus.

Olhei ao redor. Havia mais de duas dúzias de pessoas, deempresários a donas de casa, subindo e descendo o corredor, orandopelos doentes, chamando os que haviam sido curados. Kathryn nuncapermitiu isso. Contudo, quando fechei os olhos e ouvi, percebi que era omesmo Espírito Santo que estava presente naquela manhã que eu o sentino culto de milagres de Kathryn. Ele estava honrando "o ministério", oministério de milagres.

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Mas não era só no Melodyland que isso estava acontecendo. EmSt. Louis, em Tulsa, em Detroit, em St. Petersburg, em Ft. Lauderdale, emDenver... em milhares de igrejas e grupos de oração espalhados por todo omundo, o Espírito Santo estava se movendo. Pois o mesmo Espírito Santoque ressuscitou Cristo dentre os mortos habita agora em nós, vivificandoo nosso corpo mortal.

Pensei na visão de Oral. Como a Bíblia veio com um propósito, onúmero 7 foi usado para representar todas as igrejas, pois havia setegrandes igrejas às quais o Cristo ressurreto falou. O número 12, semdúvida, representa a perfeição — e o infinito. Não que doze pessoas suce-derão Kathryn; ao contrário, todas as igrejas, em todos os lugares, queestão abertas para o mover do Espírito Santo, estão destinadas a vermilagres. O sonho de Kathryn se cumprirá. O axioma de Jesus continua

  verdadeiro, ainda que parafraseado para esta geração: Eles farão coisas

maiores que ela.Kathryn não pôde entrar nesta Terra Prometida. Era de outra

geração. Ela foi a pioneira, mostrando-nos o caminho, levando-nos àmargem do Jordão. Foi o João Batista do ministério do Espírito Santo.

 Agora, cabe a nós vê-lo se cumprir — em todas as igrejas da terra.

Kathryn se foi. Mas o Espírito Santo está vivo.

"E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobretodos os povos [...]. Até sobre os servos e as servas

derramarei do meu Espírito naqueles dias. Mostrareimaravilhas no céu e na terra [...]. E todo aquele queinvocar o nome do Senhor será salvo..."

Joel 2.28-30, 32

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Fotos* 

* Estas primeiras 19 fotos, que no livro impresso apareciam no início de cada capítulo, foram aquicompiladas numa única página, para facilitar a formatação.As fotos das páginas seguintes foram diminuídas, para ocupar menos espaço. (Nota da digitalizadora.)

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Fotos que aparecem no início dos capítulos:

Capítulo 1: Kathryn Kuhlman quando criança.

Capítulo 2: Kathryn quando criança.

Capítulo 3: Kathryn Kuhlman e sua pianista, Helen Gulliford.

Capítulo 4: Kathryn Kuhlman em pé do lado de fora do prédio do tabernáculo.

Capítulo 5: Retrato de Kathryn durante o início de seu ministério.

Capítulo 6: Kathryn no terreno do Templo da Fé.

Capítulo 7: Vinte e cinco anos em Pittsburgh - Kathryn e Maggie Hartner.

Capítulo 8: Kathryn com seu coro em Pittsburgh.

Capítulo 9: Primeira reportagem em escala nacional na revista Redbook, 1950.Capítulo 10: Diante das câmeras de um dos quase quinhentos programas de meia horana CBS Television City, em Hollywood.

Capítulo 11: Kathryn preparando-se para um de seus programas de rádio.

Capítulo 12: Kathryn com uma garota chinesa que freqüentava a escola em Hong Kong,fundada pela Fundação Kathryn Kuhlman.

Capítulo 13: Kathryn ministrando durante os apelos feitos do altar em Providence,Rhode Island.

Capítulo 14: O prefeito de Jerusalém recebendo Kathryn Kuhlman em Jerusalém.Capítulo 15: Audiência privada com o Papa Paulo VI, 11 de outubro de 1972.

Capítulo 16: Kathryn com seu chapéu na Páscoa.

Capítulo 17: Kathryn ministrando na Suécia durante um apelo feito do altar.

Capítulo 18: Centro de Convocações, Campus de Notre Dame, por Doug Grandstaff.

Capítulo 19: Kathryn no culto de milagres no Kiel Auditorium, St. Louis - abril de1975, segurando sua Bíblia.

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Kathryn Kuhlman - comtrês meses e três semanasde idade. 

Kathryn com sua boneca.  A Igreja Metodista em Concórdia, Missouri,onde Kathryn Kuhlman nasceu de novo em umamanhã de domingo, faltando cinco minutos parao meio-dia, aos 14 anos. 

A jovem evangelista nosprimeiros dias. 

A jovem evangelista nosprimeiros dias. 

O cheque que Myrtle deu a Kathryn para comprar um vestido amarelo quando airmã começou sozinha seu ministério com Helen Gulliford. 

Kathryn Kuhlman "recém-chegada". 

Um momento de descontração da jovem"pregadora". 

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Earl "Garoto" Kuhlman com seu avião. 

Último retrato da família. Da esquerda para a direita, mãe, Geneva,Myrtle, pai, Kathryn. 

Kathryn e M. J. Maloney nos primeirosdias em Franklin. 

Kathryn com Helen Gulliford (com datade 8 de julho de 1938, em Denver). 

Burroughs e Kathryn com Fred e Marge Cook em Alhambra,Califórnia. 

O senhor e a senhora BurroughsWaltrip, Columbus, Geórgia, em 8 deulho de 1939. 

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Comemorações de aniversário em Pittsburgh,Pensilvânia, em 1953. 

Dino Kartsonakis ao piano durante o vigésimoquinto culto de aniversário em Pittsburgh, 1972. 

Comida para os necessitados, uma das obrassociais que Kathryn Kuhlman patrocinava. 

Nicky Cruz no Centro de Desafio Jovem emRehrersburg, PA, na consagração de um templooferecido pela Fundação Kathryn Kuhlman. 

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Uma senhora da congregação "caindo sob o poder". 

Kathryn Kuhlman em um culto de milagres no KielAuditorium, em St. Louis - abril de 1975. 

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Contracapa

Kathryn Kuhlman

Uma biografia autorizada

Ela falou de Deus e de milagres

Nos cinqüenta anos de seu ministério, ela compartilhou o amor e opoder do Senhor para um público estimado de cem milhões de pessoas!

E a todo lugar que ela ia, as pessoas, que antes achavam quemilagres eram impossíveis, aprendiam a crer.

  Antes de morrer, ela pediu que somente Jamie Buckinghamtivesse permissão para escrever sua biografia oficial, sem ocultar nada.

 Aqui, então, está uma história muito humana, não de uma santa de gesso,que fala de casamento e divórcio, de traição dentro de sua própria equipe,dos eventos sombrios que cercaram sua morte. É a história de KathrynKuhlman que poucos conhecem, como ela gostaria que fosse contada ahistória toda. A história da ruiva de Missouri que se tornou a maior

evangelista do século 20.