Jubileu No Antigo Test Amen To

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8/14/2019 Jubileu No Antigo Test Amen To http://slidepdf.com/reader/full/jubileu-no-antigo-test-amen-to 1/3 AS RAÍZES BÍBLICAS DO JUBILEU "O costume de celebrar os Jubileus, como um tempo dedicado de modo particular a Deus, tem início no Antigo testamento e reencontra a sua continuação na história da Igreja" (TMA 11). Para o povo de Israel e, segundo a lei de Moisés, o jubileu era um tempo dedicado de modo particular a Deus. Ao analisarmos o Jubileu no Antigo Testamento vamos fazê-lo dando importância a três aspectos para o  povo de Israel: Sábado (onde o sétimo dia é dedicado ao Senhor), o Ano Sabático (o sétimo ano de uma série de 7 anos), e o ano jubilar (o quinquagésimo ano depois de uma série de sete anos sabáticos - 7x7= 49 e celebra-se o 50º). 1- 0 Sábado O Sábado era extremamente importante para o povo de Israel (cf. Gen.2:2-3 e Ex.20:11). Estes dois textos revelam-nos a importância que o sábado tinha para o povo de Deus: é um dia consagrado a Yahweh , um tempo que Lhe está reservado da mesma forma que pertencem a Yahweh os primeiros frutos da terra e os  primeiros animais dos rebanhos. Com o sábado celebra-se a presença de Deus no tempo e o seu domínio sobre o ritmo da história tal como as ofertas das primícias e dos primogénitos manifestam a soberania de Deus sobre os outros seres criados. A observância do sábado - dia dedicado ao Senhor e, por isso, dia de descanso – é a melhor forma de mostrar que o tempo pertence a Deus, é também obra Sua, e o homem não tem domínio sobre ele. Para além destas razões teológicas acerca da importância do sábado para o povo da aliança, encontramos também motivações de carácter humano e social (Ex 23,12). O sábado é, assim, um dia de descanso, de  paragem de qualquer trabalho, com uma finalidade humanitária (descanso para todos), mas fundamentalmente para celebrar a acção de Deus na história de Israel (libertação do Egipto) e na criação. Por isso se diz que o sábado é "para Yahweh" (Lv 23, 3), é "o sábado de Yahweh" (Lv 23,38), é o "dia consagrado a Yahweh" (Ex 31,15), o próprio Yahweh "o santificou" (Ex 20,11). 2 – O Ano Sabático O ano sabático está para os outros anos como o sábado está para os dias da semana: o sábado é o sétimo dia e o ano sabático é o sétimo ano. Se o sábado é dia de repouso para os homens e os animais depois de seis dias de trabalho, o ano sabático é de descanso para a terra depois de ter sido cultivada durante seis anos: um ano em que os campos não são cultivados e se deixam em pousio. a) O descanso da terra Em Ex 23, 10-11 o descanso da terra é necessário para que os pobres tenham que comer e também os animais do campo. Uma finalidade puramente humanitária. Mais tarde o livro do Levítico, desenvolve a lei do descanso da terra e dá-lhe uma justificação teológica (Lv.25:2-7 O significado religioso está muito mais explícito neste texto: não é apenas o " sétimo ano", mas "um sábado para Yahweh"; não é a tua terra mas a terra que Yahweh te dá. As normas acerca do ano sabático, podemos sintetizá-las no seguinte: 1 - Há um ciclo de sete anos, o último dos quais é santificado porque tal como o sétimo dia, assinala a  presença de Yahweh no tempo; 2 - A terra foi dada por Yahweh e é pertença de todos. Por isso, deve estar ao serviço de todos; 3 - Ao menos num ano estão todos em iguais circunstâncias e os pobres terão comida como os proprietários das terras. b) A libertação dos escravos e o perdão das dívidas As leis referentes ao ano sabático foram pouco a pouco sendo ampliadas com outras normas de carácter social que incidem em dois aspectos novos: a libertação dos escravos e o perdão das dívidas con-

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AS RAÍZES BÍBLICAS DO JUBILEU

"O costume de celebrar os Jubileus, como um tempo dedicado de modo particular a Deus, teminício no Antigo testamento e reencontra a sua continuação na história da Igreja" (TMA 11).Para o povo de Israel e, segundo a lei de Moisés, o jubileu era um tempo dedicado de modo particular a

Deus.

Ao analisarmos o Jubileu no Antigo Testamento vamos fazê-lo dando importância a três aspectos para o povo de Israel: Sábado (onde o sétimo dia é dedicado ao Senhor), o Ano Sabático (o sétimo ano de uma

série de 7 anos), e o ano jubilar (o quinquagésimo ano depois de uma série de sete anos sabáticos - 7x7=

49 e celebra-se o 50º).

1- 0 Sábado

O Sábado era extremamente importante para o povo de Israel (cf.Gen.2:2-3 e Ex.20:11). Estes dois textos

revelam-nos a importância que o sábado tinha para o povo de Deus: é um dia consagrado a Yahweh, um

tempo que Lhe está reservado da mesma forma que pertencem a Yahweh os primeiros frutos da terra e os

 primeiros animais dos rebanhos. Com o sábado celebra-se a presença de Deus no tempo e o seu domínio

sobre o ritmo da história tal como as ofertas das primícias e dos primogénitos manifestam a soberania de

Deus sobre os outros seres criados. A observância do sábado - dia dedicado ao Senhor e, por isso, dia dedescanso – é a melhor forma de mostrar que o tempo pertence a Deus, é também obra Sua, e o homem

não tem domínio sobre ele.Para além destas razões teológicas acerca da importância do sábado para o povo da aliança, encontramos

também motivações de carácter humano e social (Ex 23,12). O sábado é, assim, um dia de descanso, de  paragem de qualquer trabalho, com uma finalidade humanitária (descanso para todos), mas

fundamentalmente para celebrar a acção de Deus na história de Israel (libertação do Egipto) e na criação.

Por isso se diz que o sábado é "para Yahweh" (Lv 23, 3), é "o sábado de Yahweh" (Lv 23,38), é o "diaconsagrado a Yahweh" (Ex 31,15), o próprio Yahweh "o santificou" (Ex 20,11).

2 – O Ano Sabático

O ano sabático está para os outros anos como o sábado está para os dias da semana: o sábado é o sétimodia e o ano sabático é o sétimo ano. Se o sábado é dia de repouso para os homens e os animais depois de

seis dias de trabalho, o ano sabático é de descanso para a terra depois de ter sido cultivada durante

seis anos: um ano em que os campos não são cultivados e se deixam em pousio.

a) O descanso da terra

Em Ex 23, 10-11 o descanso da terra é necessário para que os pobres tenham que comer e também os

animais do campo. Uma finalidade puramente humanitária. Mais tarde o livro do Levítico, desenvolve a

lei do descanso da terra e dá-lhe uma justificação teológica (Lv.25:2-7 O significado religioso está muito

mais explícito neste texto: não é apenas o "sétimo ano", mas "um sábado para Yahweh"; não é a tua

terra mas a terra que Yahweh te dá. As normas acerca do ano sabático, podemos sintetizá-las no seguinte:

1 - Há um ciclo de sete anos, o último dos quais é santificado porque tal como o sétimo dia, assinala a presença de Yahweh no tempo; 2 - A terra foi dada por Yahweh e é pertença de todos. Por isso, deve estar 

ao serviço de todos; 3 - Ao menos num ano estão todos em iguais circunstâncias e os pobres terão comida

como os proprietários das terras.

b) A libertação dos escravos e o perdão das dívidas

As leis referentes ao ano sabático foram pouco a pouco sendo ampliadas com outras normas de carácter 

social que incidem em dois aspectos novos: a libertação dos escravos e o perdão das dívidas con-

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traídas. Com estas leis pretende-se solucionar as desigualdades sociais agravadas com a alienação dos

 bens de família e os empréstimos com juros. A legislação mais completa a este respeito encontra-se no

livro do Deuteronómio 15, 1-3 e 7-9. Estas leis colocam em evidência o carácter sócio-económico do ano

sabático. Na legislação bíblica o escravo é um membro do povo escolhido; a sua pertença ao povo

converte-o num irmão (Dt 15, 12-15) - não foram também eles, os israelitas, escravos no Egipto? Há um

espírito comunitário que tende para um ideal de justiça e igualdade entre todos os membros do povo de

Israel. O perdão das dívidas liberta as pessoas para que voltem a ser elas mesmas e a libertação dos escra-vos é uma ampliação da remissão das dívidas.

3 - 0 Ano Jubilar

O ano jubilar está em estreita relação com o ano sabático: é o ano que segue um ciclo de sete anos

sabáticos e, portanto, o quinquagésimo ano. Nas suas linhas gerais este ano tem as mesmas características

do ano sabático: descanso da terra e libertação dos escravos. Mas, no que diz respeito ao perdão das

dividas, a legislação exige, de um modo veemente, a devolução dos bens aos seus antigos proprietários, a

recuperação do património e o regresso ao seu clã (família/tribo). Cada um retomava o seu antigo lugar na

família e na sociedade.

a) O nome "jubileu"

O termo " jubileu" deriva do latim  jubilum , que significa "gritos de alegria", ' júbilo", e pretende traduzir 

o hebraico  yobel . O nome específico de "ano jubilar" ou simplesmente 'jubileu" deriva claramente da

 palavra hebraica yobel que significa "chifre de carneiro". E então o "ano do chifre do carneiro" (Lv 25;27,18-24) porque era o seu toque (tocar o corno do carneiro) que assinalava o início deste ano. Era umtoque solene a cargo apenas dos sacerdotes, diferente do da trombeta ordinária  sofar ( Josué 6,5). O som

da trombeta, o yobel, era tocado no sétimo dia do sétimo mês, o início do quinquagésimo ano, enquanto o

começo do ano ordinário era indicado pelo toque dum sofar normal (Lv 23, 24).

b) As leis do jubileu

O ano jubileu é mencionado na Bíblia apenas em textos posteriores ao exílio da Babilónia e, na suaessência, é uma instituição sócio-económica que trata dois pontos essenciais: a família e a terra. A

legislação completa sobre o ano jubilar encontra-se no capitulo 25 do livro do Levítico. Uma visão globaldeste cap. 25 permite-nos ver as leis que dizem respeito ao ano jubilar:

⇒Os vv. 1-7 contêm a legislação referente ao ano sabático, vista por nós anteriormente.

⇒Os vv. 8-14 referem as leis do ano jubilar com as suas implicações económicas: é um ano santo e de

libertação para todos os que habitam no país. Cada um recuperará o seu património.

⇒Os vv. 15-17 indicam algumas normas quanto à compra e venda de acordo com o número de anos

que precedem ou seguem o ano jubilar.

⇒Os vv. 18-22 trazem a garantia de que nada faltará nos anos em que a terra não é cultivada.

⇒Os vv. 23-55 enunciam uma série de normas práticas relativas ao resgate de propriedades e de

 pessoas incluindo as excepções.

c) A importância do jubileu

Tendo presente o livro do Levítico, cap. 25 com os pormenores da legislação e de sua efectivação

histórica, a nós, hoje, interessa-nos ver quais foram os ideais que estiveram na base destas leis para nos

ajudarem também a nós a vivermos o grande jubileu do ano 2000.

1.Afirma-se um sentimento de solidariedade: ninguém pode ser escravo toda a vida; as dívidas, a

 pobreza e a falta de meios económicos não podem considerar-se definitivos; a terra que não se cultiva

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