Instituições Financeiras Non bank is the new bank ... · Com o aumento do uso da tecnologia,...
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Instituições Financeiras
17/04/2019
Non bank is the new bank? Instituições Financeiras
Enquanto os novos entrantes rompem as barreiras da indústria, os incumbentes tentam se
adaptar ao ambiente digital e mais competitivo, cujo foco deixou de ser o produto e se voltou
para o cliente.
Na última década, enquanto os bancos direcionavam esforços para o fortalecimento da base
de capital, dada a crise de 2008, e, especificamente no Brasil, para o aprimoramento de
modelos de crédito e readequação de carteiras ao cenário de desaceleração econômica, novos
participantes ganhavam espaço no setor financeiro.
Bancos digitais emergiram focados na jornada de clientes mais exigentes e complexos, com
modelos multicanais e estrutura de custos mais enxuta, que possibilita a isenção de tarifas. Já
as fintechs, identificaram na indústria bancária, altamente concentrada, pouco penetrada,
com clientes insatisfeitos e custos elevados, oportunidades para inserção de novos modelos
de negócio, que utilizam tecnologia para suprir ineficiências de nichos específicos do mercado.
Em paralelo, empresas gigantes de tecnologia, as big techs, avançaram no ciclo tecnológico,
expandindo seus negócios para outros setores e construindo a ferramenta mais importante
do século XXI: base de dados de clientes.
A velocidade da conquista e o nível de satisfação dos clientes destes players têm provocado
bancos incumbentes a repensar a tecnologia e a digitalização, reconstruindo seus modelos
de negócios para se tornarem mais eficientes e adequados ao cenário de aumento da
competição e spreads pressionados.
Em um setor em intenso processo transformacional (tanto pela ótica da oferta como do perfil
da demanda), há espaço para incumbentes, digitais, fintechs e big techs coexistirem no
mesmo ecossistema?
Figura 01 – Bancos com modelo tradicional, digital e fintechs
Fonte: Elaborado pela Eleven Financial Research
Ticker Recom. Target Atual
ABCB4 C 22,00 18,52
BBDC4 C 45,00 34,90
BBAS3 N 48,00 46,73
BIDI4 N 45,00 55,20
BPAC11 N 30,00 37,39
BPAN4 C 6,00 3,11
BRSR6 N 24,00 23,45
ITUB4 C 44,00 32,95
SANB11 C 50,00 44,69
Data base: 12/04/2019 Ajustado por proventos
Fonte: Economática
Tatiana Brandt Analista, CNPI
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Sumário
1. O Universo é digital ...................................................................................... 3
2. ...os bancos também .................................................................................... 3
3. ...e os clientes, ainda mais!.......................................................................... 5
4. Incumbentes, digitais e fintechs .................................................................. 7
5. Big techs: a verdadeira ameaça bate à porta ........................................... 10
5.1 Big techs: China e Japão ................................................................. 11
5.2 Big techs: Estados Unidos .............................................................. 12
6. Nossa visão ................................................................................................. 14
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1. O Universo é digital
A população mundial atual apresenta uma idade média de 30 anos. Das 7,7 bilhões de pessoas
no planeta, 67% já são usuárias de celular e 57% acessam a internet.
Figura 02 – Digitalização global
Fonte: We Are Social; data base: janeiro/2019. Elaborado pela Eleven Financial Research
Com o avanço da tecnologia, desde 2014 até janeiro de 2019, os usuários de internet cresceram
a uma taxa média de 12,2% ao ano, gastando, em média, 6 horas e 42 minutos do seu dia
conectados (no Brasil, o tempo gasto médio alcançou cerca de 9 horas). Neste mesmo período,
os usuários de smartphones aumentaram, em média, 6,2% ao ano.
Visando acompanhar essa evolução da tecnologia, bem como as alterações nos hábitos dos
consumidores, cada vez mais conectados ao meio digital, principalmente considerando o
envelhecimento da população e as características das novas gerações, empresas de todo o
mundo e de diversos setores têm investido no aprimoramento tecnológico e na digitalização,
principalmente para expandir sua capilaridade, atingir o consumidor contemporâneo,
oferecendo mais comodidade e uma jornada de relacionamento mais satisfatória, além de
buscar uma maior eficiência operacional.
2. ...os bancos também
Se analisarmos a população global com mais de 15 anos, verificamos que 69% possui conta
bancária*. Deste montante, considerando as pessoas usuárias de internet, 41% acessam suas
contas via celular. Neste ponto, os brasileiros estão à frente de muitos países desenvolvidos,
apresentando uma penetração de 61% de usuários de mobile banking, conforme o gráfico
abaixo.
Gráfico 01 – Pentração de mobile banking
Fonte: *We Are Social; data base: janeiro/2019. Elaborado pela Eleven Financial Research
Apesar da penetração de mobile banking no Brasil ser superior à média global, a população
efetivamente desbancarizada ainda é elevada no País. Cerca de 30% dos brasileiros não
possuem conta bancária.
74
%
71
%
68
%
68
%
66
%
66
%
64
%
64
%
61
%
61
%
61
%
57
%
57
%
57
%
56
%
54
%
54
%
54
%
53
%
52
%
52
%
51
%
51
%
51
%
51
%
51
%
48
%
47
%
47
%
45
%
43
%
43
%
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gal
Arg
enti
na
41% média
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Seja pelo avanço da tecnologia, alteração dos hábitos dos consumidores ou aumento da
competição, principalmente com a entrada de bancos digitais e fintechs nos últimos anos,
conforme mencionamos, quando analisamos os grandes bancos brasileiros, verificamos
aumento das iniciativas voltadas para tecnologia, não apenas para se tornarem digitais e
alcançarem as novas gerações, mas, principalmente, para melhorar processos internos e
buscar uma maior eficiência operacional, o que irá contribuir para manutenção de resultados
em um ambiente mais competitivo e com spreads pressionados.
Segundo a Febraban, no Brasil, o setor bancário foi o que mais investiu em tecnologia nos
últimos anos, se igualando ao patamar do setor que, historicamente, é o que mais investe - o
Governo (15% do total investido em tecnologia em 2017).
Figura 03 – Bancos com modelos tradicionais e iniciativas digitais
Fonte: Website dos bancos. Elaborado pela Eleven Financial Research
No Brasil, a viabilização da abertura de contas 100% digital, sem a necessidade de o cliente se
deslocar até uma agência bancária, foi possibilitada pelas regras estabelecidas pela Resolução
Nº 4.480 do Banco Central, em abril de 2016. Desde então, temos visto crescer o número de
instituições bancárias com iniciativas digitais, tanto os incumbentes como novos players
totalmente digitais e, também, a utilização destes canais pelos clientes.
Ainda de acordo com a Febraban, as transações realizadas via mobile banking e internet
banking representaram mais da metade do total de transações bancárias no Brasil em 2018,
35% e 22%, respectivamente, superando as transações em agências (8%).
Entre os grandes bancos, o Bradesco é o que está mais avançado no processo de digitalização,
em nossa visão. O Banco criou sua própria fintech, o Next, um banco 100% digital, voltado para
atender as necessidades das novas gerações, tendo alcançado 800 mil clientes, com
importante captura (80%) de clientes que anteriormente não possuíam contas em bancos ou
que migraram de outros bancos digitais. Adicionalmente, o Bradesco também mantém
parcerias com outras fintechs para oferecer serviços para pequenas e médias empresas, como
forma de complementar seus serviços. Ainda, possui sua própria aceleradora de projetos
voltados para inovação, a Inovabra.
Já o Santander, passou a oferecer contas digitais por meio da aquisição da fintech ContaSuper,
hoje denominada ‘SuperDigital’. Recentemente, o Banco também lançou uma plataforma
digital independente para investimentos (‘Pi’), que segue o conceito de ‘shopping de
investimentos’ com incentivo em pontos para os agentes autônomos.
O Itaú, por meio da XP, se tornou líder do segmento de plataformas para investimento digital
(tendo a XP já sinalizado o seu projeto para se tornar um banco completo digital).
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3. ...e os clientes, ainda mais!
Em paralelo à transformação da indústria bancária, importantes alterações são observadas,
também, sob a ótica da demanda.
Com o aumento do uso da tecnologia, avanço da internet (rede 5G), maior acesso à informação
e facilidade para mudanças (portabilidade de salário e de dívidas, por exemplo), o perfil do
consumidor contemporâneo tem sido alterado. Globalmente, estes ‘novos clientes’ estão
mais complexos, exigentes e buscam, cada vez mais, conveniência.
Na indústria bancária, o produto tornou-se uma commodity e ganha quem oferecer a melhor
experiência ao consumidor. Neste contexto, o modelo chamado ‘C2B’ (Consumer to business),
que engloba conceitos de ‘customer centricity’ e ‘user experience’, colocando o cliente e seu
nível de satisfação, de fato, no centro do negócio, está em ascensão. Sua adoção deixou de ser
uma possibilidade de escolha e passou a ser um requisito para sobrevivência das instituições,
principalmente considerando o aumento da oferta, dada a entrada de novos participantes no
setor.
Assim como estes clientes consomem mais informações, eles também geram
substancialmente mais dados para as empresas, principalmente no meio digital. Essa nova
geração de consumidores acessa contas bancárias e realiza os mais diversos tipos de
transações de forma online, apresentando um volume maior de interação com as empresas
comparado ao perfil de cliente tradicional.
Gráfico 02 – Aumento da interação online... (milhões de transações)
Fonte: Febraban. Elaborado pela Eleven Financial Research
Gráfico 03 – ...favorecido pelo aumento de contas digitais (milhões de contas)
Fonte: Febraban. Elaborado pela Eleven Financial Research
27 31 42 465912
25
3340
59
2013 2014 2015 2016 2017
Mobile banking Internet banking
2731
4246
59
2013 2014 2015 2016 2017
12
25
33
40
59
2013 2014 2015 2016 2017
Mobile banking
118
86 75
56
39
Internet banking
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O cliente digital acessa mais vezes a sua conta bancária do que o cliente tradicional se desloca
até a agência para conversar com o gerente. Não apenas por possibilitar a redução da
estrutura física (número de agências) e de pessoal, pois, em contrapartida, exige mais
investimentos em tecnologia e mão de obra qualificada em áreas específicas, mas por permitir
o enriquecimento constante da base de dados de clientes, alimentando-as por meio do
monitoramento diário dos hábitos e das buscas realizadas, dada a maior veiculação (que
possibilita uma oferta mais assertiva de produtos e serviços), o cliente digital é muito mais
rentável para o banco que o cliente ‘tradicional’.
Segundo o Santander, os clientes multicanais são 2 vezes mais rentáveis, 2,2 vezes mais leais
e apresentam 3 vezes mais oportunidades de negócios para o Banco em relação aos clientes
que se relacionam por meio da agência.
Neste contexto, também impactadas pelo cenário econômico mais desafiador dos últimos
anos, o que provocou os bancos a reduzirem custos e se tornarem mais eficientes, a rede de
agências bancárias tem sido gradualmente reduzida no Brasil, enquanto cresce o número de
agências virtuais.
Gráfico 04 – Redução do número de agências bancárias (mil)
Fonte: Banco Central. Elaborado pela Eleven Financial Research
Além de não demandar o custo elevado para manutenção física, sem contar um ponto
importante que é a segurança, a agência digital interage mais e de forma mais rápida com os
clientes, seja via chat, telefone, vídeo-chamada, Whatsapp ou redes sociais.
Além do encerramento ou redimensionamento de agências físicas, outra estratégia observada,
como é o caso do Santander Brasil, é a de transformar agências em pontos de atendimento
(lojas) especializadas (no caso do Banco, são voltadas para o agronegócio), com tamanho
reduzido e maior valor agregado, considerando o tipo de produto/serviço que é oferecido.
De forma geral, notamos que os bancos incumbentes têm reconstruído seus modelos de
negócios olhando para as oportunidades que a transformação tecnológica oferece. Estes
modelos estão se tornado não apenas menos engessados, como mais colaborativos, com
estruturas que incentivam o engajamento dos funcionários e a inovação, direcionados para o
cliente.
Ainda segundo o Santander, o Banco conseguiu elevar sua rentabilidade por meio da alteração
do modelo de negócio. Anteriormente, o foco estava em metas individuais, projetos
segmentados e em produtos. Hoje, a estratégica está centrada na colaboração de equipes
multidisciplinares, com foco no cliente. Já o Bradesco, tem se apoiado em tecnologia para
alocar mais funcionários nas áreas front office, aumentando a automação de processos em
áreas middle-back office, o que possibilita maior agilidade e redução de riscos atrelados às
falhas humanas e problemas de absenteísmo.
23,0 23,122,6
21,5
20,9
2014 2015 2016 2017 2018
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4. Incumbentes, digitais e fintechs
Apesar do avanço verificado nas instituições com modelos de negócio tradicional, o processo
de transformação tecnológica tem impulsionado mudanças no setor financeiro e
desconcertado o costume dos grandes bancos em ditar as regras do jogo.
Acomodados pelo poder da escala, concentração e barreiras elevadas para entrada no setor,
os bancos brasileiros têm aprendido a conviver nesse ecossistema digital enquanto assistem à
entrada de bancos digitais e fintechs, que chamam atenção pelo rápido crescimento
operacional apresentado, principalmente atrelado à base de clientes.
Gráfico 05 – Bancos digitais/fintechs no Brasil (número de clientes)
Fonte: Dados das companhias. Elaborado pela Eleven Financial Research. | Nota: Nubank: número de clientes com conta digital.
Figura 04 – Comparativo Bancos digitais/fintechs no Brasil
Conta digital
sem tarifa ✓ ✓ ✓ ✓
Cartão débito * ✓ ✓ ✓
Cartão crédito
(anuidade) ✓ R$ 0,00 ✓ R$ 0,00 ✓ R$ 0,00
✓ R$ 4,99 a
R$12,99/mês
Saques ✓ R$ 6,50 ✓ R$ 6,90 ✓ R$ 0,00 ✓ R$ 6,49
Pagamentos e
transferências ✓ R$ 0,00 ✓ R$ 3,50 ✓ R$ 0,00 ✓ R$ 1,90
Poupança ** X ✓ X
Depósitos X ✓ ✓ ✓
Empréstimos *** X ✓ ✓
Seguros X X ✓ ✓
Câmbio X X ✓ X
Consórcio X X ✓ ✓
*cartão de débito disponível para clientes selecionados; **remuneração de 100% do CDI do saldo em conta
corrente; ***produto disponível para alguns clientes. Fonte: Dados das companhias. Elaborado pela Eleven Financial Research
No Brasil, o crescimento destes novos entrantes, bancos digitais e fintechs, tem sido
favorecido pela concentração e spreads elevados do setor e pela baixa penetração dos
bancos, com concomitante aumento da digitalização pela população. Entre estes players,
destaca-se o Nubank, considerado a maior fintech da América Latina.
4.000.000
1.600.000 1.452.035 1.090.070
800.000 720.000
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O Nubank foi fundado em 2013 por David Velez. Em 2014, começou com a oferta de cartão de
crédito, cujo diferencial é a isenção de anuidade, gerenciado inteiramente por aplicativo
móvel. Atualmente, segundo a Empresa, 6 milhões de clientes possuem o cartão de crédito
(de um total de 20 milhões de pessoas que solicitaram o cartão, além de 500 mil indivíduos
que aguardam em fila para obter o produto).
A fintech busca oferecer uma experiência totalmente digital através do seu aplicativo, com
versões para IOS e Android, mas com atendimento humanizado via chat, e-mail, redes sociais
e telefone, voltada para a chamada geração Y (70% dos usuários Nubank têm menos de 36
anos).
Mais recentemente, ao final de 2018, a Empresa disponibilizou o produto de conta corrente e
cartão de débito e, em março deste ano, já havia alcançado 4 milhões de clientes (2/3 da base
de clientes têm a chamada ‘NuConta’). Trata-se de uma conta digital sem tarifa e com
rendimento automático (100% do CDI) com liquidez diária. Como qualquer outra conta, a
NuConta disponibiliza serviços de transferências, pagamentos de boletos e de faturas de
cartão, além de portabilidade de salários.
Até o momento, o Nubank já captou cerca de US$ 420 milhões em sete rodadas de
investimentos.
Figura 05 – 42 fintechs Unicórnios no mundo e o Nubank é uma das
Fonte: CB Insights. Elaborado pela Eleven Financial Research
Além do Nubank, há cerca de 450 fintechs no Brasil.
Gráfico 06 – Evolução das fintechs no Brasil (unidades)
Fonte: ABFintechs até 2017 e Fintechlab para 1S18. Elaborado pela Eleven Financial Research
28 41 5781
121
176219
453
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 1S2018
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A seguir, mostramos o crescimento anual por segmento, com destaque para fintechs
oferecendo serviços de banco digital.
Gráfico 07 – Crescimento anual por segmento
Fonte: Finnovation e BID; jun/2018 vs 2016. Elaborado pela Eleven Financial Research
Olhando para o rápido crescimento das fintechs, à primeira vista, pode parecer uma ameaça
aos bancos. Contudo, elas têm apresentado oportunidades de parcerias estratégicas para
complementar, expandir ou aprimorar os negócios de bancos com modelos tradicionais.
Ainda que o crescimento de fintechs oferecendo serviços de banco digital tenha crescido acima
dos outros ramos (Gráfico 06), em quantidade de players, a maior parte das fintechs atua em
nichos específicos do mercado.
Segundo pesquisa realizada pela Finnovation e Banco Internacional de Desenvolvimento, os
ramos do mercado com maior quantidade de fintechs são: pagamentos e remessas (25%),
gestão financeira empresarial (17%) e empréstimos (15%).
Já com relação a entrada de bancos digitais no setor, apresentando um rápido crescimento da
base de clientes nos últimos dois anos, também não representa, neste momento, uma ameaça
aos grandes bancos, ao nosso ver, principalmente pelo público alvo destes participantes (a
população desbancarizada brasileira está em torno de 40 milhões de pessoas, um robusto
mercado endereçável, em nossa visão).
Enquanto os grandes bancos, apresentam escala elevada, capitalização confortável e portfólio
mais amplo de produtos para segmentos mais abrangentes, além de, importante, conseguirem
acessar fundings mais competitivos e, portanto, ter maior poder de barganha (‘price makers’),
os bancos digitais têm trabalhado na conquista das gerações mais novas, os millennials, ou dos
desbancarizados.
Mais do que isso, o aumento da competição no setor nos leva à temas importantes
relacionados a desconcentração bancária, redução de spreads e tarifas, especialização e
aumento da eficiência (detalhados no item 6 deste relatório).
147%
95%
77%
73%
65%
50%
44%
31%
28%
7%
Bancos digital
Trading
Empréstimos
Seguros
Gestão Financeira Empresarial
Prevenção e ident. à fraude
Wealth
Crowdfunding
Pagtos e remessas
Gestão Financeira Pessoal
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5. Big techs: a verdadeira ameaça bate à porta
Nascidas em meio à tecnologia, solidamente capitalizadas, com alcance global e centenas de
milhares de clientes navegando por seus ecossistemas diariamente, fornecendo-as a mais
importante ferramenta do século XXI, base de dados de clientes, as big techs têm expandido
rapidamente para outros segmentos do mercado.
Enquanto muitos bancos ainda estão se adaptando ao novo cenário digital e aos
consumidores contemporâneos, estas gigantes empresas já estão em um estágio mais
avançado no ciclo de desenvolvimento tecnológico e centricidade do cliente, com maior
capacidade de processamento das informações que eles geram diariamente e uso das mais
completas ferramentas para análise.
Muitas das big techs iniciaram sua jornada com foco em tecnologia, muitas vezes atuando com
e-commerce/marketplace, como é o caso da Alibaba, Tencent e Amazon, ou com
softwares/hardware, como a Apple. Com o tempo, expandiram seus horizontes de atuação,
passando a atuar com serviços de meios eletrônicos de pagamento e, até mesmo, para outros
serviços financeiros como empréstimos, seguros e gestão de recursos.
A seguir, apresentamos o valor de mercado de algumas das maiores empresas de tecnologia
do mundo, com alguma vertente voltada para serviços financeiros. Juntas, essas empresas
somam um valor de mercado de US$ 2,9 trilhões, montante superior ao PIB da maioria dos
países.
Gráfico 08 – Valor de Mercado (US$ bilhões)
Fonte: Bloomberg; data base: abril/2019. Elaborado pela Eleven Financial Research
Gráfico 09 – Total de Ativos (US$ milhões)
Fonte: Release das companhias; data base: dezembro/2018. Elaborado pela Eleven Financial Research
927.448 893.429
475.788 462.252
123.756
13.815
Apple Amazon Alibaba Tencent Paypal Rakuten
373.719
162.648 133.509
75.398 65.730 43.332
Apple Amazon Alibaba Tencent Rakuten Paypal
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5.1 Big techs: China e Japão
Na China, as duas maiores empresas em valor de mercado, Alibaba e Tencent, ganharam
espaço por meio da exploração da imensa base de dados de clientes, possibilitando a
migração para outros segmentos de mercado, como meios de pagamentos, crédito, gestão de
recursos, seguros e outros.
A Tencent é uma empresa de tecnologia, fundada em 1998, com mais de 1 bilhão de usuários,
que passou a oferecer serviços diversificados, entre eles, o WeChat, aplicativo mais baixado do
País, utilizado para troca de mensagens instantâneas e que possibilita realizar transações
através de QR code, senha digital ou autenticação por biometria, além de transferências e
divisão de contas via contatos telefônicos.
Além disso, a Empresa tem o QQ Wallet, aplicativo para pagamentos via QR code ou
aproximação de cartão virtual, o Tenpay, plataforma para pagamentos entre pessoas e
empresas, o LiCaiTong, plataforma de wealth management, já acumula ~US$ 90 bilhões de
ativos, e o WeBank, para financiamentos de pequenas empresas.
Figura 06 – Tencent: rápido processo evolutivo baseado em tecnologia
Fonte: Tencent. Elaborado pela Eleven Financial Research
A Alibaba é outra gigante chinesa de tecnologia, com um ecossistema que reúne consumidores,
varejistas e comerciantes, marcas e outros parceiros por meio de e-commerce, cloud
computing, mídia digital, entretenimento e serviços financeiros.
Figura 07 – Alibaba: rápido processo evolutivo baseado em tecnologia
Fonte: Alibaba. Elaborado pela Eleven Financial Research
Fundação Tencent
Lançamento ‘QQ’: plataforma de
mensagens instantâneas
Lançamento do portal QQ (website)
Entrada no mercado degames
Criação da ‘Fundação Tencent’
1998
1999
2003
2007
2005
2004
2011
Lançamentos: ‘Qzone’ (maior plataforma social
na China) e Tenpay(plataforma para
pagamentos)
IPO
Lançamento do Weixin/WeChat (app de
mensagens, vídeo, entretenimento social)
Valor de mercadoalcança US$ 100 bilhões
Usuários Weixin & Wechat: 300 milhões
Lançamento de games
2013
Solução de pagamentos via mobile (WeChat)
+200 milhões usuáriosInício educação online
(Tencent Classroom)
2014 - 2015 2016
2017
2018
Líder em serviços de streaming na China
Investimentos empagamentos, cloud,
vídeo e varejo
Lançamento de games (líder do setor)
Aumento do mkt shareem pagamentos
via mobile
Games: expansão global Maior liderança empagamentos mobileEnriquecimento dos serviços de Fintech
Fundação do Alibaba
(marketplace)
2 aumentos de capital; 1 MM usuários registrados
Fundação do ‘Taobao’ (shopping online)
1999
2001 - 2003
2004
2008
2006 - 2007
2005
2009
Parceria com Yahoo! (Alibaba adquiriu
operação do Yahoo! na China)
Taobao UniversityIPO
Lançamento Alimama: plataforma tecnológica
de marketing
Taobao Mall(plataforma para marcas
de terceiros
Alipay: pagamentos de contas de luz/telefone
2010
Criação Alibaba CloudAquisição: HiChina(infraestrutura de TI)
Pagamento por mobile
2011 - 2013 2014
2018
Novos segmentos:Telecom, TV e filmes
IPO nos EUAAnt Financial: expansão
em serv. financeiros
App de mídia socialRecebeu ‘Licença para
pagamentos’Novos produtos: wealth
management
+ data centers e hubsLançamento programa
de pesquisa globalPrograma de Fidelidade
Lançamento Startup
Entrada de private equity
ALIPAY: plataforma criada para
pagamentos online
Expansão global: AliExpress. Aquisição de
e-commerce nos EUA Lançto: ‘Taobao mobile’Alipay + Bank of China
2015 - 2016
Aquisição Lazada(e-commerce)
Data centers: Dubai, Frankfurt, Sydey e Tokyo
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17-abr-19
Através da sua vertente financeira, a Ant Financial, com o aplicativo Alipay, oferece em ~70
países, serviços de pagamento eletrônico através de QR code, para mais de 700 milhões de
usuários. Além disso, oferece crédito quase que instantâneo (3 minutos para aplicação e 1
segundo para aprovação), além de seguros para PF e PJ, asset management, financiamentos e
cash management para empresas.
Ao final de 2018, a Alibaba havia alcançado cerca de 600 milhões de consumidores. A meta
da Companhia, para 2036, é de atingir 2 bilhões de usuários através de produtos e serviços
digitais oferecidos pelo seu ecossistema de negócios.
No Japão, a Rakuten, fundada em 1997, presente em 30 países e regiões, alcançou 1,3 bilhão
de usuários nos negócios de e-commerce, pagamentos, seguros, cartões de crédito, moeda
eletrônica e outros (são mais de 70 ramos de negócios). Segundo a Companhia, um volume
massivo de dados é gerado a cada minuto a partir da interação dos usuários com a Empresa
em seu ecossistema, que conta com Institutos de Tecnologia (Rakuten Institute of Technology)
baseados em cinco pontos no mundo, com profissionais especializados, pioneiros em
inteligência artificial e big data.
Ao final de 2018, o CEO, Hiroshi Mikitani, afirmou sua intenção em expandir os negócios
globalmente, com serviços que vão além do e-commerce: a Rakuten está construindo o
‘Global ID Plataform’, plataforma para fornecer aos usuários de todo o mundo um número
para acesso ao seu ecossistema.
Figura 08 – Rakuten: rápido processo evolutivo baseado em tecnologia
Figura 09 – Rakuten: expansão para serviços financeiros
Fonte: Rakuten. Elaborado pela Eleven Financial Research
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5.2 Big techs: Estados Unidos
Nos Estados Unidos, as maiores empresas em valor de mercado são de tecnologia: Apple, que
passou a oferecer cartão de crédito digital (Apple Card) recentemente, e a Amazon, que tem
expandido seus negócios para outros segmentos do mercado além do e-commerce, como o
crédito e pagamentos eletrônicos.
Marcando oficialmente a entrada da Apple no mercado de cartões, em março de 2019, o
Apple Card foi lançado, nos Estados Unidos, pela Apple em parceria com o Goldman Sachs e a
MasterCard, como forma de complementar e acelerar o serviço de pagamento Apple Pay.
Trata-se de um cartão de crédito digital, isento de tarifas, que fica armazenado em um
aplicativo do Iphone (chamado Wallet), local onde as transações são realizadas (solicitação do
cartão, uso para pagamentos, consulta de limite, de extratos e pagamento da fatura).
Os pagamentos são feitos por aproximação ou de forma online e a autenticação se dá por
biometria, inclusive facial (face ou touch ID). Ainda, o uso de aprendizado de máquina
possibilita a segmentação das compras realizadas por categorias (alimentação,
entretenimento, transporte e etc). Uma tecnologia que ainda não vemos na maioria dos
cartões brasileiros.
Como nem todos os terminais possuem a tecnologia necessária para pagamento por
aproximação (o chamado ‘NFC’ - near field communication), há, também, a possibilidade de se
obter um cartão físico, de titânio, sem número e dados de clientes, para aumentar a segurança
em caso de perda ou roubo (também não encontramos essa tecnologia por aqui, nos cartões
físicos). Ainda, o Apple Card oferece sistema de benefícios, cashback, realizado diariamente
(um dos diferenciais), que varia de 1%-3%, de acordo com o cartão e estabelecimento da
compra.
Já a Amazon, outro case de sucesso de expansão para serviços financeiros tomando como
base o uso da tecnologia, através de uma parceria com a Hitachi Capital, passou a oferecer
empréstimo online, com possibilidade de parcelamento, sem juros, em até cinco vezes,
realizado no próprio site da Empresa (um diferencial para transações realizadas nos EUA).
O serviço é chamado de Amazon Pay Monthly e a análise de crédito para aprovação da
transação é feita de forma quase que imediata. Em um primeiro momento, apenas os produtos
da Amazon poderão ser adquiridos desta forma e apenas nos EUA.
Outro exemplo é o Paypal, empresa também americana, fundada em 1998, que oferece uma
plataforma tecnológica para pagamentos online (com cartão de crédito, débito ou créditos do
Paypal), em mercados virtuais de 200 países, principalmente através de parcerias (já é aceito
em mais de 19,5 milhões de estabelecimentos).
Além da plataforma, seguindo a estratégia de expansão dos negócios, o Paypal lançou seu
cartão de crédito pré-pago, em parceria com a MasterCard, tendo como público alvo a
população desbancarizada, e o cartão de débito, para usuários do Venmo (aplicativo de
pagamentos da Empresa), gratuitos e isento de tarifas.
Embora essas empresas de tecnologia ainda atuem com mais relevância em alguns ramos do
mercado financeiro, a tendência é continuarem expandindo a oferta de produtos/serviços
financeiros a medida em que este negócio se consolidar.
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6. Nossa visão
De forma geral, esperamos: (i) rápido crescimento das fintechs e bancos digitais,
principalmente relacionado a conquista de clientes, (ii) diminuindo a concentração bancária no
longo prazo e (iii) aumentando a inclusão financeira no Brasil, (iv) o que deve favorecer a
lucratividade do setor como um todo; (v) redução de spreads e tarifas praticados pelos
incumbentes, compensados pelo (vi) aumento da eficiência do setor, além de (vii) novas
parcerias firmadas entre incumbentes + fintechs.
Alta concentração + baixa penetração + tecnologia = novos entrantes
Ainda não está clara a velocidade que o ciclo de transformação da indústria bancária seguirá e
o quanto a entrada de novos players no setor irá impactar o posicionamento, a concentração
bancária e os spreads praticados no País.
Vemos o Brasil como um dos mercados mais atrativos para o desenvolvimento de bancos
digitais e fintechs. Além da concentração, spread e tarifas elevados, acima mencionado, o País
passa por uma importante transformação do perfil da demanda, com consumidores cada vez
mais digitais, dada a rápida evolução da internet e tecnologia e o espaço que estes têm
conquistado na vida das pessoas (o brasileiro passa mais tempo na internet que a média da
população mundial), sem contar a oportunidade em trabalhar com o público desbancarizado,
devido à baixa penetração da indústria em relação aos Estados Unidos ou a China, por exemplo,
além do estágio mais favorável para crescimento da atividade do setor, sob o ponto de vista
macroeconômico.
Quando comparamos a indústria bancária brasileira em 2015 e 2018, o aumento da
concentração foi impulsionado pelas fusões e aquisições no setor, além da saída/redução de
exposição de bancos estrangeiros e de pequeno/médio porte, como resultado do período de
desaceleração econômica.
Gráfico 10 – Concentração bancária no Brasil
Fonte: Banco Central. Elaborado pela Eleven Financial Research
Mudanças nos hábitos dos clientes, com aumento de acesso de contas via internet e mobile e
das transações realizadas nestes canais, tem possibilitado a existência de modelos de negócios
voltados para serviços financeiros sem a necessidade de agências, uma das antigas barreiras
de entrada do setor.
Neste sentido, entendemos que o avanço da internet tem possibilitado a entrada e atuação
de novos participantes que, por sua vez, irão contribuir para a desconcentração bancária,
redução de spreads e tarifas (atualmente entre os maiores do mundo), aumento da inclusão
financeira e maior satisfação dos clientes.
Top 578%
Outros22%
Top 582%
Outros18%
20182015
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Conforme mencionamos, um ponto bastante positivo a ser considerado, é que a entrada de
novos players focados em segmentos específicos, como a população desbancarizada e as
gerações mais jovem, muitas vezes universitários ou recém-formados, por exemplo, contribui
para a inclusão financeira no País.
Atualmente, cerca de 40 milhões de pessoas não possuem conta bancária no Brasil. Neste
relevante mercado endereçável, a fintech Nubank já alcançou 6 milhões de clientes (nem todos
desbancarizados e 2 milhões apenas com cartão de crédito), enquanto o digital Banco Inter, já
apresenta 2 milhões de correntistas em sua base (mas apenas 14% possuí o Banco Inter como
principal instituição financeira).
Ou seja, ainda há muito espaço para ser explorado, tanto sob a ótica de conquista de clientes
como monetização destes em um segundo momento, o que fundamenta nossa visão de que
estes ‘novos’ participantes continuarão crescendo e atraindo mais competidores para o
setor.
Apesar dessa nossa visão, de que as fintechs conseguirão ganhar share dos grandes bancos,
estes integrantes também oferecem oportunidades de parcerias com os incumbentes, que
podem complementar e aprimorar seus negócios com as tecnologias disruptivas e soluções
desenvolvidas por estas empresas.
Diferente das big techs, não vemos as fintechs como ameaça para os bancos com modelos
tradicional, uma vez que não possuem a ampla base de dados de clientes, ou o reconhecimento
global e potencial ganho de escala ou, ainda, mais importante, o acesso ao funding competitivo
que as big techs possuem. Ainda, ressaltamos a importância em monitorar a evolução da
participação de players com menor experiência e track record de clientes em nichos como
concessão de crédito, por exemplo, uma vez que o aumento da inadimplência pode causar
instabilidade no Sistema Financeiro.
O comportamento dos incumbentes em relação à imersão das fintechs e digital
Como mencionamos, a entrada destes participantes, mais voltados à tecnologia, não apenas é
positiva no sentido da inclusão financeira, desconcentração e redução de spreads, mas,
também, pelo fato de provocarem os incumbentes a aprimorarem seus modelos de negócios,
focando cada vez mais em inovação, especialização, maior foco no cliente e o aumento da
eficiência.
Em conversas com management de um grande banco de varejo e, também, com uma
instituição financeira de médio porte, que atua no mercado de crédito corporativo,
identificamos aumento dos esforços direcionados para inclusão da tecnologia no dia a dia
destes bancos, como forma de melhorar a eficiência, com mais automação e, portanto,
possibilidade redução de funcionários ou de maior foco destes para o cliente. Entre as principais
ferramentas tecnológicas utilizadas, destacam-se: uso de big data, com aumento e melhorias
nos CRMs, automatização de tarefas anteriormente manuais em áreas de back office, com a
inclusão de novos sistemas operacionais mais abrangentes, no atendimento ao cliente (uso de
chatbot), no departamento jurídico, a partir do uso de sistemas para desenvolvimento de
contratos de forma mais ágil, em tarefas comerciais como, por exemplo, no uso de dispositivos
eletrônicos que possibilitam a identificação de oportunidades de cross sell entre diversas áreas
do banco a partir de uma visita comercial para um cliente, além de outras.
Food for thought
Com relação as big techs, uma possível atuação no Brasil também poderia oferecer
oportunidades de parcerias com instituições financeiras locais, como é o caso da Ant Financial
e da Tencent, na China, o que poderia resultar em incremento de negócios para ambos os
lados.
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As gigantes de tecnologia possuem elevada expertise nos negócios em que atuam, trabalhando
com as mais complexas ferramentas de tecnologia, processamento de dados, além da base de
clientes e do poder da marca que carregam consigo.
Em contrapartida, há o risco de conflitos legais, uma vez que a regulamentação destas
empresas pode vir a divergir com a do País. Adicionalmente, o uso de imensas bases de dados
possuídas por estas empresas toca em um ponto delicado que é a da privacidade dos dados
de usuários, extrapolação de publicidade e segurança cibernética, o que, novamente, exige
reforço da regulamentação e posicionamento de órgãos reguladores.
Como exemplo, relembramos o episódio ocorrido com o Fabebook e o vazamento de dados de
cerca de 90 milhões usuários, em 2018. Neste contexto, nos Estados Unidos, a senadora
Elizabeth Warren já fala sobre a importância de ‘quebrar’ os ecossistemas das big techs em
alguns segmentos de negócios, uma vez que, segundo ela, essas empresas têm abusado do
poder e dificultado o desenvolvimento de empresas menores do setor. Outros fatores a serem
considerados.
Oportunidade de parceria ou ameaça, o que de fato entendemos, neste momento, é que
para os grandes bancos, a possibilidade de chegada efetiva de novos participantes no setor
é mais um fator de impulso para mudanças mais vigorosas e reconstrução do modelo de
negócios.
Desde a forma de se relacionar com o cliente, englobando a agilidade do atendimento, a
capacidade de antecipar necessidades de consumo, a conveniência oferecida até a eficiência
bancária, a movimentação do setor no sentido da digitalização, aprimoramento tecnológico
e sustentabilidade dos negócios, com bancos se preparando para o aumento da competição,
fundamentam nossa visão positiva para a indústria bancária brasileira.
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DISCLAIMER Este documento foi elaborado e distribuído pela Eleven Financial Research unicamente para uso do destinatário original, e tem como objetivo somente informar os investidores, não constituindo oferta de compra ou de venda de nenhum título ou valor mobiliário contido neste relatório. As decisões de investimentos e estratégias financeiras devem ser realizadas pelo próprio leitor. Nossos analistas elaboraram o presente relatório de forma independente, e o conteúdo do mesmo não pode ser copiado, reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a terceiros, sem prévia e expressa autorização. Todas as informações utilizadas neste documento foram redigidas com base em informações públicas, de fontes consideradas fidedignas. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não são incertas ou equívocas no momento de sua publicação, a Eleven Financial e os seus analistas não respondem pela veracidade das informações do conteúdo. Conforme o artigo 20, parágrafo único da ICVM 598/2018, a analista Tatiana Brandt Cruvinel declara-se inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise. De acordo com a exigência regulatória do artigo 21 previsto na ICVM 598, de 18 de abril de 2018, o analista de valores mobiliários, responsável principal por este relatório, declara: (i) que as recomendações contidas neste relatório refletem única e exclusivamente sua opinião pessoal sobre a companhia analisada e seus valores mobiliários e foram elaborados de forma independente e autônoma. (ii) que as informações, opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e estão sujeitas às mudanças, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Para maiores informações, pode-se ler a Instrução CVM 598, de 2018, e também o Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Este relatório é destinado exclusivamente ao assinante da Eleven que o contratou. A sua reprodução ou distribuição não autorizada, sob qualquer forma, no todo ou em parte, implicará em sanções cíveis e criminais cabíveis, incluindo a obrigação de reparação de todas as perdas e danos causados, nos termos da Lei nº 9.610/98 e de outras aplicáveis.