Ilzenete Dissertacao Final 28-12-2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL
ILZENETE ANDRADE MENESES
AVALIAO DE CONCRETO COM ADIO DE FIBRAS DE PET
SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS
Natal/RN 2011
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Ilzenete Andrade Meneses
AVALIAO DE CONCRETO COM ADIO DE FIBRAS DE PET
SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS
Dissertao submetida ao Programa de
Ps-graduao em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito parcial para obteno
do grau de mestre em Engenharia Civil.
Orientadora: Prof. Dr Maria das Vitrias
V. Almeida de S
Natal/RN 2011
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Ilzenete Andrade Meneses
AVALIAO DE CONCRETO COM ADIO DE FIBRAS DE PET
SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS
Dissertao submetida ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obteno do grau de mestre em Engenharia Civil.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________
Prof. Dr. Maria das Vitrias Vieira Almeida de S Orientadora
_________________________________________________________________
Profa. Dra. Andreza Kelly Costa Nbrega Examinadora Interno (UFRN)
________________________________________________________________
Prof. Dr. Ana Ceclia Vieira da Nbrega Examinadora Externo (UFPE)
Natal, 28 de dezembro de 2011.
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AVALIAO DE CONCRETO COM ADIO DE FIBRAS DE PET
SUBMETIDO A ALTAS TEMPERATURAS
RESUMO
O concreto ao longo dos sculos constituiu-se num elemento estrutural
indispensvel na construo civil, devido a sua relativa facilidade de moldagem, sua
durabilidade diante das intempries, seu baixo custo, sua menor necessidade de
manuteno, se comparado a outros materiais, como o ao. No entanto, quando o
concreto fica exposto a altas temperaturas tende a perder suas caractersticas
mecnicas, podendo inclusive ocorrer perda de seo, que compromete a
estabilidade e a resistncia mecnica dos elementos estruturais. As patologias
decorrentes da exposio elevadas temperaturas vo desde as fissuras, estalos
at lascamentos explosivos. Nos ltimos tempos, a tecnologia do concreto est
intimamente ligada ao estudo de sua microestrutura. O uso de fibras adicionadas ao
concreto tem se revelado como soluo para o incremento de resistncia mecnica
do concreto, pois atua diretamente na distribuio dos esforos que atuam na pea
no mbito da microestrutura. Neste trabalho foram usadas fibras de PET proveniente
da reciclagem de garrafas de refrigerante, para fabricao de vassouras. As fibra
utilizadas tinham 2mm de largura por 15mm de comprimento, incorporadas ao
concreto dosado para fck= 30MPa, relao gua/cimento 0.46, confeccionado em
um canteiro obra, para verificao de resistncia mecnica dessa mistura submetida
elevadas temperaturas. Os corpos de prova dos concretos com e sem adio de
fibras de PET foram ensaiados aps exposio s temperaturas: ambiente (30C),
100C, 200C, 300C, 400C, 600C e 900C. Verificou-se que o concreto perde de
forma significativa resistncia mecnica quando exposto a temperaturas maiores
que 300C. No entanto o uso da fibra de PET pode retardar o risco de colapso de
estruturas pela formao de uma rede de canais que facilitam a fuga do vapor
dgua, reduzindo a poropresso no interior do elemento estrutural.
Palavras chave: Concreto com PET. Concreto com fibras. Altas temperaturas.
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ASSESSMENT OF CONCRETE MADE WITH DE PET FIBER
EXPOSEDO TO HIGH TEMPERATURES
ABSTRACT
The concrete for centuries constituted an essential structural element in the
construction industry due to its relative ease of forming, before the weather durability,
low cost, its lower maintenance compared to other materials such as steel. However,
when the concrete is exposed to high temperatures tends to lose its mechanical
characteristics, and may even result in loss of section, which undermines the stability
and mechanical strength of structural elements. The pathologies resulting from
exposure to elevated temperatures ranging from cracks, pops up chipping explosives
(spalling). Recently, the technology of concrete is closely related to the study of its
microstructure. The use of fibers added to concrete has been revealed as a solution
to increase the mechanical strength of the concrete, it acts directly on the distribution
of efforts to act in the play within the microstructure. In this work we used recycled
PET fibers embedded in concrete with 15x2mm fck = 30MPa, water/cement ratio of
0.46, in works made for verification of mechanical strength of this mixture submitted
to high temperature. The specimens of concrete with addition of PET fibers were
tested after exposure to temperatures: ambient (30C), 100C, 200C, 300C, 400C,
600C and 900C. It was found that the concrete loses significant strength when
exposed to temperatures above 300C, however the use of fiber PET may delay the
risk of collapse of structures for the formation of a network of channels that facilitate
the escape of vapor 'water, reducing the pore pressure inside the structural element.
Keywords: PET reinforced concrete. Fiber reinforced concrete. High temperatures.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua indiscutvel presena imanente e por todas as bnos que
graciosamente me tem concedido ao longo de toda a minha vida.
A minha famlia pelo apoio constante, por entender minha ausncia e pela torcida
por minha vitria nesse projeto de vida.
Aos meus amigos Leonete, Mateus, Josimar, Lane e Aline Dantas sempre presentes
me incentivando a continuar essa jornada.
As amigas Veruska e Larissa, que comearam a dura carreira do mestrado e juntas
vencemos os primeiros desafios que nos foram propostos.
A engenheira Aline Patrcia, pela contribuio dada na execuo dos corpos de
prova no canteiro da obra.
A todos que formam a Superintendncia de Infraestrutura da UFRN, representados
pelos engenheiros Gustavo Colho e Fred Guedes pela confiana no meu trabalho.
Aos funcionrios e colegas de trabalho que contriburam direta ou indiretamente
para o meu sucesso.
Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil que acreditou na
ideia da capacitao do funcionrio da instituio, possibilitando a realizao de meu
sonho em particular.
Aos funcionrios do laboratrio de Materiais de Construo da UFRN, Sr. Francisco
Braz e Sandro Ricardo, pela ajuda indispensvel no exerccio dos ensaios.
A Bruna e Pedro, bolsistas do Prof. Emerson, do Laboratrio de Nutrio Animal,
pela ajuda nos ensaios de aquecimento dos corpos de prova.
A Adla e Roniberto, bolsistas da Prof Vitria, que muito me ajudaram nos ensaios
de caracterizao dos materiais utilizados nessa pesquisa.
A todos, enfim, que contriburam direta e indiretamente para realizao desse
trabalho.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 (a) Representao esquemtica da exsudao no concreto fresco (b) falha
de aderncia por cisalhamento em um corpo de prova ensaiado a compresso
uniaxial ...................................................................................................................... 24
Figura 2 - Micrografia eletrnica de varredura da fase pasta de cimento. ................. 26
Figura 3- Fibra de garrafa PET pronta para o uso ..................................................... 33
Figura 4 - Srie Histrica do Censo da Reciclagem de garrafas PET no Brasil ........ 37
Figura 5 - Uso final do PET reciclado no Brasil em 2010 .......................................... 38
Figura 6 - Distribuio Nacional das Recicladoras de PET - Adaptado da ABIPET,
2010 .......................................................................................................................... 39
Figura 7 - Alterao na resistncia e colorao do concreto
Figura 8 Esquema simplificado do Procedimento experimental ............................. 45
Figura 9 - Detalhe da fibra de PET: a) largura; b) espessura; b) comprimento. ....... 52
Figura 10 - Preparao da fibra de PET: a) desfiadora artesanal; b) fibra embalada.
.................................................................................................................................. 56
Figura 11 - Interior da betoneira aps a adio das fibras de PET
Figura 12 - Processo de moldagem dos corpos de prova: a) Colocao da primeira
camada de concreto do corpo de prova; b) Socamento da camada. ........................ 57
Figura 13 - Corpos de prova produzidos para a pesquisa ......................................... 57
Figura 14 - Processo do ensaio de abatimento do tronco de cone: enchimento do
tronco de cone, b) preparao para o socamento da camada. ................................. 58
Figura 15 - Ensaio de abatimento do troco de cone: a) abatimento do concreto de
referencia; b) abatimento do concreto com PET
Figura 16 Processo de cura dos corpos de prova. ................................................. 60
-
Figura 17 Equipamento utilizado para aquecimento dos corpos de prova: a)
exterior e b) interior ................................................................................................... 61
Figura 18 - Corpo de prova capeado com enxofre para o ensaio de resistncia a
compresso ............................................................................................................... 62
Figura 19 Laboratrio do CTGAS: a) Equipamento de metalizao das amostras;
b) o MEV c) interior do MEV ...................................................................................... 64
Figura 20 Amostras metalizadas para o MEV: a) disposio das amostras
identificadas pelas suas diferentes temperaturas; b) detalhe das amostras. ............ 65
Figura 21 - Composio granulomtrica do agregado mido .................................... 68
Figura 22 - Composio granulomtrica do agregado grado .................................. 70
Figura 23 - Anlise Termogramietrica PET ............................................................... 71
Figura 24 - Resistncia mdia compresso dos concretos aos 28 dias ................. 74
Figura 25 Corpos de Prova em suas vrias temperaturas mudana de colorao
.................................................................................................................................. 76
Figura 26 - Corpos de prova com e em PET: a) temperatura ambiente, b) aps o
aquecimento a 300 C ............................................................................................... 43
Figura 27 Micrografia do concreto com fibra de PET a 30C detalhe da fibra de
PET ........................................................................................................................... 78
Figura 28 Micrografia do concreto com fibra de PET a 200C detalhe da fibra de
PET ........................................................................................................................... 78
Figura 29 Micrografia do concreto com fibra de PET a 400C detalhe da rea do
PET ........................................................................................................................... 79
Figura 30 Micrografia do concreto com fibra de PET a 400C detalhe das fases
do concreto................................................................................................................ 80
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Figura 31 Micrografia do concreto com fibra de PET a 900C detalhe da rea do
PET ........................................................................................................................... 81
Figura 32 Micrografia do concreto com fibra de PET a 900C detalhe da rea
ampliada .................................................................................................................... 81
Figura 33 Micrografia do concreto com fibra de PET a 900C detalhe das fases
do concreto................................................................................................................ 82
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Efeito da temperatura sobre o concreto, adaptado de Kanma et al., 2011
.................................................................................................................................. 41
Tabela 2 Volume estimado de concreto para os corpos de prova em litros ........... 46
Tabela 3 - Composio do concreto .......................................................................... 47
Tabela 4 Caracterizao do Aditivo Polifuncinal SIKAMENT PF 171 ..................... 54
Tabela 5 Distribuio dos corpos de prova confeccionados .................................. 57
Tabela 6 Ensaio de incio de pega do Cimento ...................................................... 66
Tabela 7 Ensaio de resistncia do Cimento ............................................................ 67
Tabela 8 - Composio granulomtrica do agregado mido ..................................... 67
Tabela 9 - Massa especfica e unitria, mdulo de finura e dimetro mximo do
agregado mido. ....................................................................................................... 68
Tabela 10 - Composio granulomtrica do agregado grado.................................. 69
Tabela 11 - Massas especfica e unitria, mdulo de finura do agregado grado .... 70
Tabela 12 Resultados do ensaio de consistncia do concreto ............................... 72
Tabela 13 Resultados dos ensaio de absoro e de porosidade do concreto ...... 73
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LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
ABIPET Associao Brasileira da Indstria do PET
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
CTGS-RN Centro de Treinamento de Petrleo e Gs do Rio Grande do Norte
CP030 Concreto com PET em temperatura ambiente
CP100 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 100
CP200 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 200
CP300 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 300
CP400 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 400
CP600 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 600
CP900 Concreto com fibra de PET submetido a temperatura de 900
SP030 Concreto sem PET em temperatura ambiente
SP100 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 100
SP200 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 200
SP300 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 300
SP400 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 400
SP600 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 600
SP900 Concreto sem fibra de PET submetido a temperatura de 900
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PET - Polietileno Tereftalato
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SUMARIO
INTRODUO .......................................................................................................... 16
1.1 Estrutura da Pesquisa .................................................................................. 20
FUNDAMENTAO TERICA ................................................................................. 21
2.1 Concreto ....................................................................................................... 21
2.1.1 Agregados ............................................................................................. 22
2.2 Concreto com Fibras .................................................................................... 30
2.2.1 Aspectos Gerais .................................................................................... 30
2.2.2 Concreto com Fibras Polimricas .......................................................... 32
2.2.3 Concreto com fibra de PET ................................................................... 34
2.2.4 Sustentabilidade Ambiental ................................................................... 34
2.3 Concreto Submetido as Altas Temperaturas ................................................ 39
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 44
3.1 Planejamento Experimental ......................................................................... 45
3.1.1 Escolha do Trao ................................................................................... 46
3.1.2 Clculo dos Materiais ............................................................................ 46
3.2 Caracterizao dos materiais ....................................................................... 47
3.2.1 Cimento ................................................................................................. 47
3.2.1.1 Ensaio de Finura .................................................................................... 48
3.2.1.2 Determinao do Tempo de Pega do Cimento ...................................... 48
3.2.1.3 Ensaio de Consistncia do Cimento ...................................................... 49
3.2.1.4 Ensaio de Expansibilidade do Cimento ................................................. 49
3.2.1.5 Determinao da Resistncia Compresso do Cimento .................... 50
3.2.2 Agregado Mido .................................................................................... 50
3.2.3 Agregado Grado .................................................................................. 51
3.2.4 Fibra de PET.......................................................................................... 52
3.2.5 O aditivo ................................................................................................ 53
3.3 Produo do Concreto ................................................................................. 55
3.3.1 Mistura, Moldagem e Cura do Concreto ................................................ 55
3.3.1.1 Mistura do Concreto .............................................................................. 55
3.3.1.2 Moldagem do Concreto ......................................................................... 55
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3.3.1.3 Ensaio de Abatimento Slump test .................................................... 58
3.3.1.4 Cura do Concreto ................................................................................. 60
3.4 Aquecimento dos Corpos de Prova de concreto .......................................... 60
3.5 Ensaios do Concreto .................................................................................... 61
3.5.1 Resistncia compresso .................................................................... 62
3.5.2 Anlise Visual das Amostras ................................................................. 62
3.5.3 Absoro e porosidade .......................................................................... 63
3.5.4 Anlise microestrutural dos concretos ................................................... 64
RESULTADOS E DISCUSSES .............................................................................. 66
4.1 Caracterizao dos materiais ....................................................................... 66
4.1.1 Cimento ................................................................................................. 66
4.1.2 Agregado Mido .................................................................................... 67
4.1.3 Agregado grado ................................................................................... 69
4.1.4 Fibra de PET.......................................................................................... 71
4.2 Caracterizao do concreto ................................................................... 72
4.2.1 Ensaio de abatimento ............................................................................ 72
4.2.2 Absoro e porosidade .......................................................................... 72
4.2.3 Resistncia a Compresso .................................................................... 73
4.2.4 Anlise visual das amostras .................................................................. 75
4.2.5 Anlise Microestrutural dos Concretos .................................................. 77
CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 83
5.1 Concluses .................................................................................................. 83
5.2 Consideraes gerais ................................................................................... 84
5.3 Sugestes para trabalhos futuros ................................................................ 85
REFERNCIAS ......................................................................................................... 86
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16
CAPTULO 1
INTRODUO
O concreto ao longo dos sculos constituiu-se num elemento indispensvel na
construo civil, devido a sua relativa facilidade de moldagem e sua durabilidade
diante das intempries e seu baixo custo associado a rpida disponibilidade para
uma obra. Alm dessas razes ainda podem ser mencionadas a menor necessidade
de manuteno e a resistncia ao fogo, quando comparadas as estruturas de ao
(METHA e MONTEIRO, 2008).
Nesse cenrio, o concreto o material de construo mais empregado no
mundo. Isto, por si s, justificativa suficiente para a realizao de pesquisas que
visem fornecer subsdios para uma melhor utilizao deste importante material. Boa
parte da produo de concreto se destina as edificaes que devem oferecer
conforto e proteo aos seus usurios.
O concreto apresenta trs razes para ser o material mais escolhido pelos
engenheiros, para os elementos estruturais de uma construo. A primeira razo
sua resistncia a ao da gua, ideal para obras como tneis, barragens, canais
entre outros. Peas como sapatas, pilares e vigas em concreto armado onde passa
a haver a ao conjugada do concreto e o ferro para melhoria da resistncia trao
e compresso, e, alm disso, o concreto protege a ferragem da exposio gua.
A segunda razo reside na facilidade do concreto fresco em adaptar-se a forma e os
tamanhos variados dos elementos estruturais, ou seja, a possibilidade de moldagem
do concreto fresco devido sua consistncia plstica. E a terceira o baixo custo e
a rpida disponibilidade do concreto para uma obra. Os materiais bsicos, cimento e
agregado, so fceis de serem encontrados em qualquer parte do mundo, com um
custo menor que os demais materiais de construo (METHA e MONTEIRO, 2008).
Ao longo dos ltimos anos o concreto vem sendo estudado no intuito de
melhorar suas propriedades mecnicas e proporcionar economia e velocidade as
-
17
construes. As solicitaes arquitetnicas exigem elementos estruturais cada vez
mais esbeltos, leves e at coloridos.
A escolha criteriosa dos materiais e a observncia as normas estabelecidas
garantem no apenas a economia como tambm a segurana, e previnem ou adiam
as intervenes de correo e de manuteno da edificao.
No entanto, a ocorrncia de uma catstrofe natural, por ser imprevisvel ou de
difcil mensurao, tanto no momento da ocorrncia, como em termos de
intensidade, interfere na vida til de uma edificao. Essa interferncia, geralmente
devido a brusca solicitao, pode ser em menor ou maior escala dependendo das
condies iniciais da estrutura da edificao. Como exemplos dessas ocorrncias
podem ser citados os incndios, as inundaes, os sismos, a ao do vento, entre
outros. No Brasil, os acidentes mais comuns e mais graves so devidos a ao do
vento e aos incndios (SOUZA e RIPPER, 1998).
No campo da proteo, desde sempre houve grande preocupao com os
incndios, haja vista serem lembradas at hoje as grandes tragdias ocorridas no
Brasil. Exemplos clssicos so os incndios nos edifcios Andraus e Joelma, nos
anos setenta, que contabilizaram, inclusive, perdas de vidas humanas com 16 e 179
mortes, respectivamente. E, mais recentemente, o acidente com o avio da TAM no
aeroporto de Congonhas em So Paulo, onde morreram 199 pessoas entre os que
estavam no voo e os que estavam nas instalaes do prdio da TAM.
Estruturas em concreto suportam temperaturas da ordem de 700C a 800C
conservando resistncia suficiente em um tempo hbil para que os resgates sejam
feitos sem o colapso da estrutura. Essa segurana j no pode ser considerada em
estruturas de ao, por exemplo.
Nos ltimos anos, tem havido uma crescente busca por concretos mais
resistentes e durveis, caracterizados por uma alta densidade e um baixo volume de
vazios. A matriz densificada tende a contribuir para o aumento da sensibilidade do
material as condies trmicas extremas bem como no processo de aquecimento
rpido.
-
18
O concreto exposto a altas temperaturas tende a perder suas caractersticas
mecnicas, podendo inclusive ocorrer perda de seo. As patologias decorrentes
vo desde as fissuras, estalos at lascamentos explosivos (spalling) que, por vezes,
degrada definitivamente o elemento estrutural levando a edificao a ruina. Estas
patologias do concreto exposto a altas temperaturas so influenciadas por fatores
internos: distribuio/tamanho dos poros, relao a/c, existncia de partculas finas e
ultrafinas, grau de hidratao e o de saturao entre outros, e os externos: taxa de
aquecimento mxima, tempo de exposio, umidade do ambiente, tipo de
resfriamento, dimenso, espessura e forma do elemento estrutural, concentrao de
tenso trmica desenvolvidas durante o aquecimento (NINCE, 2007).
Quando a taxa de aquecimento for alta e a permeabilidade da pasta de
cimento for baixa, a presena de grande quantidade de gua evaporvel pode
causar danos ao concreto. Estes danos aparecero sob a forma de lascamentos
superficiais, ocasionados pela presso de vapor dentro do material (POGGIALI,
2009).
Segundo Neville (1997) e Metha e Monteiro (2008), a resistncia a
compresso do concreto regida por uma srie de fatores, que entre outros, so:
natureza e dosagem do ligante do material cimentante, granulometria, mxima
dimenso, forma, textura superficial, resistncia e rigidez dos agregados, relao
gua cimento, porosidade, relao cimento/inertes, idade, grau de compactao,
condies de cura e condies de realizao do ensaio. A resistncia do concreto
sempre menor que a resistncia individual dos seus componentes. O
comportamento diferencial dos componentes do concreto pode ser explicado com
base na sua microestrutura (METHA e MONTEIRO, 2008).
O estudo da microestrutura do concreto de suma importncia para o seu
desenvolvimento tecnolgico. A velocidade de formao dos elementos que
conferem ao concreto sua rigidez, bem como a quantidade de poros formados pela
perda da gua no processo de endurecimento da matriz so algumas das razes
para explicar o comportamento do concreto endurecido. Num concreto exposto
altas temperaturas, as alteraes podem surgir de efeitos fsicos ou qumicos, ou
ainda, por ambos, e estes efeitos combinados podem causar perda da capacidade
portante do elemento (LIMA et al, 2004).
-
19
A busca de materiais, que quando adicionados ao concreto, possam
proporcionar melhoria em propriedades especficas do concreto, converge para
compsitos onde alguma propriedade seja incrementada com esse fim. Dentre eles
esto alguns polmeros (poliuretana no-inica aquosa, ltex estirenobutadieno,
polister, epxi, silicone, Polietileno Tereftalato (PET), polipropileno, entre outras),
materiais refratrios, rejeitos minerais e tintas intumescentes.
Nesse contexto, o uso das fibras para correo dos efeitos causados no
concreto exposto as altas temperatura sendo pesquisada nas ltimas dcadas. A
comunidade cientfica vem trabalhando com a teoria difundida por Rle (1997 apud
NINCE, 2007) e endossada por outros pesquisadores como Sullivan (2004), Hertz
(2003) e Kalifa, Chn e Gall (2001), todos citados por Nince (2007) que o uso de
fibras de baixo ponto de fuso reduz o risco de lascamento do concreto por meio da
formao de uma rede de pequenos vazios e canais que permitem a dissipao da
presso de vapor, diminuindo, consequentemente as tenses de trao internas.
O entendimento do comportamento das fases do concreto frente s condies
de exposies e o estreitamento da zona de transio so os desafios impostos a
manuteno da durabilidade do concreto.
Espera-se que a composio do concreto convencional associado a fibra de
PET possa contribuir para a segurana das estruturas submetidas a altas
temperaturas e ainda, colaborar para uma ao mitigatria dos impactos ambientais
causados pelo descarte indevido do PET ps-consumo a medida que reintegra este
resduo ao meio produtivo. Com isso agrega valor a atividade de reciclagem.
Desta forma, este trabalho contribui para o desenvolvimento sustentvel da
indstria da construo civil, atravs da produo de materiais ecologicamente
corretos e adaptados a realidade do mercado e s necessidades do meio ambiente.
Por conseguinte, o objetivo geral desse trabalho funda-se em avaliar a adio
da fibra de PET no concreto submetido a altas temperaturas visando minimizar o
risco de colapso de estruturas tendo como base comparativa o concreto
convencional, ao passo que os objetivos especficos propem:
-
20
Caracterizar macro e microestruturalmente o concreto com adio das fibras
de PET frente as altas temperaturas;
Verificar o comportamento do concreto com adio das fibras de PET frente
as altas temperaturas.
1.1 Estrutura da Pesquisa
Este trabalho foi estruturado em cinco captulos, os quais apresentam os
seguintes contedos:
No Capitulo 1 apresenta-se uma introduo ao tema escolhido, a relevncia
da avaliao microestrutural do concreto, por ser a microestrutura significativamente
alterada quando o concreto submetido a altas temperaturas.
No Capitulo 2 composto de uma reviso da literatura quanto aos aspectos
relevantes sobre o concreto, os agregados e a pasta de cimento, o concreto com
fibras, e ainda mais especificamente com fibras de PET, e a relevncia no aspecto
ambiental do aproveitamento do resduo de PET. Por fim, a ltima parte deste
captulo traz algumas consideraes sobre o concreto submetido a altas
temperaturas.
No Capitulo 3 apresenta-se a pesquisa experimental, onde so abordados a
escolha do trao, caracterizao dos materiais para confeco dos corpos de prova,
a mistura, processo de cura do concreto, e ainda, a metodologia dos ensaios.
No Captulo 4 so apresentados e analisados os resultados obtidos para os
ensaios dos concretos.
No Captulo 5 mostra-se as concluses obtidas nessa pesquisa, alm de
sugestes para os trabalhos futuros com relao ao tema proposto nesse estudo.
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21
CAPTULO 2
Fundamentao Terica
2.1 Concreto
O concreto um compsito em que partculas de agregados ficam
aglomeradas numa matriz de pasta de cimento, podendo esta ter ou no adies,
que juntos formam um elemento com alta resistncia mecnica. Cada uma dessas
partes formadas, microscopicamente de outros tantos elementos de diferentes tipos
e quantidades slidas, poros e microfissuras, sujeitas a modificaes com o tempo,
ambiente e temperatura (METHA e MONTEIRO, 2008).
A resistncia pode ser considerada a propriedade mais importante do
concreto, embora, em muitos casos, outras caractersticas, como a durabilidade e a
permeabilidade, sejam igualmente importantes. A resistncia define uma ideia geral
da qualidade do concreto, estando diretamente relacionada com a microestrutura da
pasta de cimento Portland hidratada. Alm disso, a resistncia um elemento
essencial do projeto estrutural especificando a sua aceitao (NEVILLE, 1997).
A natureza polifsica do concreto (pasta com ou sem aditivos e agregados)
leva a degradao diferenciada entre as fases do concreto, afetando suas
propriedades mecnicas por meio da reduo na resistncia e no mdulo de
elasticidade dos materiais levando a perda de rigidez das peas podendo ocasionar
a runa das estruturas.
Em sua microestrutura, o concreto bem mais complexo. Cada um de seus
componentes, a pasta de cimento e o agregado, microscopicamente, possuem
estruturas bem heterogenias. A parte da pasta de cimento que envolve o agregado
tem caractersticas bem diferentes do restante da pasta e conhecida por zona de
transio. a fase mais dinmica da microestrutura do concreto e influencia
fortemente as caractersticas do concreto endurecido (METHA e MONTEIRO, 2008).
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22
A temperatura um fenmeno que altera significativamente as caractersticas
do concreto, desde sua fase de concreto fresco at a fase endurecido (COSTA et al.,
2002a).
O concreto um material incombustvel, no exala gases txicos, um mal
condutor de calor (baixa condutividade trmica), e por apresentar massividade
elevada possui uma boa resistncia ao calor se comparados aos elementos
metlicos. No entanto, a adio de fibras de PET ao concreto pode contribuir para
minimizar os efeitos das altas temperaturas sobre as estruturas de concreto.
Com o intuito de prover a fundamentao terica para os resultados deste
trabalho, sero apresentadas, a seguir, consideraes sobre os elementos que
compe o concreto, e que contribuem para entender o comportamento do mesmo.
Primeiramente, sero apresentadas as fases do concreto agregados e pasta de
cimento e na sequencia, a adio das fibras. Em seguida, o efeito das altas
temperaturas sobre o concreto em cada uma das suas fases.
2.1.1 Agregados
O agregado responsvel por cerca de 60 a 80% do volume do concreto
sendo grande a sua importncia tcnica e econmica na mistura. A definio mais
aceita para agregado , segundo Sbrighi Neto (2005):
Material granular, sem forma ou volumes definidos, de
dimenses e propriedades adequadas s obras de engenharia,
em particular ao fabrico de concreto e argamassas de cimento
Portland.
A microestrutura do agregado pode ser resumida como sendo constituda de
vrios minerais, microfissuras e vazios. Estes minerais dependem da caracterstica
de formao da rocha matriz (METHA e MONTEIRO, 2008).
O agregado grado utilizado na pesquisa grantico. O granito uma rocha
gnea, macia, possui caractersticas fsicas e mecnicas homogneas, de material
-
23
cristalino de granulao grossa, composto de feldspato, quartzo, piroxnios,
anfiblios e feldspatides que conferem a caracterstica de semiduros (riscam o
vidro) na Escala de Mohs. Podem ser fragmentados mecanicamente (FRASC,
2007).
Muitas das propriedades mecnicas do concreto no estado fresco e
endurecido sofrem influncias das caractersticas do agregado, entre elas a
porosidade, densidade, estabilidade, resistncia mecnica, mdulo de deformao,
etc. A densidade e resistncia do agregado, que por sua vez depende mais das
caractersticas fsicas (como volume, tamanho e distribuio dos poros) que
qumicas (composio qumica e mineralogia) do agregado (METHA e MONTEIRO,
2008).
Os agregados para uso em concreto devem ter algumas caractersticas, tais
como composio granulomtrica, forma e textura superficial, resistncia mecnica,
absoro e umidade superficial e iseno de substncias nocivas. Para essa
caracterizao existe uma srie de Normas Tcnicas da Associao Brasileira de
Normas Tcnicas (ABNT).
A forma e a dimenso do agregado podem afetar a resistncia do concreto
por acmulo de gua junto superfcie do agregado, que enfraquece a zona de
transio pasta-agregado, pelo fenmeno da exsudao. A gua da exsudao
interna tende a se acumular em torno das partculas alongadas, achatadas e
grandes como pode ser visto na Figura 2.1 esquematicamente em (a) e por meio de
micrografia em (b) (METHA e MONTEIRO, 2008).
-
24
Figura 1 (a) Representao esquemtica da exsudao no concreto fresco (b) falha de
aderncia por cisalhamento em um corpo de prova ensaiado a compresso uniaxial
Fonte: METHA e MONTEIRO (2008)
Quando o concreto submetido a temperaturas elevadas, as tenses
trmicas dentro do concreto so geradas na interface do agregado grado pela
diferena de dilataes trmicas entre a argamassa e o prprio agregado grado. A
intensidade das tenses trmicas influenciada pela forma geomtrica e
combinao dos agregados. A forma como as microfissuras aparecem e se
propagam influenciada pela intensidade dessas tenses e, por conseguinte, o
enfraquecimento do concreto (COSTA, et al. 2002 b)
Do ponto de vista microestrutural, a diferena entre os coeficientes de
expanso trmica da argamassa e dos agregados grados gera tenses trmicas
microscpicas criando diferentes estados de fissuras microscpicas. As fissuras
podem ser controladas pelo o uso de agregados de menor coeficiente de expanso
trmica (COSTA, et al. 2002a).
Segundo Nince (2007), o agregado inicia sua dilatao em torno de 300 C
at degradar quimicamente. Parte do fissuramento do concreto surge aps essa
temperatura, devido incompatibilidade trmica nas deformaes entre a pasta e
agregado. Esse fenmeno pode ser agravado quanto mais instvel termicamente
seja o agregado. O granito, por exemplo, termicamente estvel at patamares de
temperatura de 600C ou mais (LIMA, 2005).
-
25
No concreto submetido a altas temperaturas a mineralogia do agregado
determina as expanses trmicas diferenciais entre o agregado e a pasta de
cimento, bem como a resistncia ltima da zona de transio na interface. Os
agregados silicosos que contm quartzo (granito ou arenito) podem danificar o
concreto a uma temperatura de 573C, pois, nesta temperatura, a transformao do
quartzo de para resulta em uma expanso da ordem de 0,85% (METHA e
MONTEIRO, 2008).
2.1.2 Pasta de Cimento
A pasta de cimento a mistura entre aglomerante do cimento hidrulico e
gua, sendo responsvel pelo envolvimento dos agregados.
Entende-se por cimento hidrulico os cimentos que no s endurecem pela
reao com a gua, mas tambm formam um produto resistente a gua, produzido
pela moagem de clnqueres constitudos essencialmente por silicatos de clcio
hidrulicos e uma pequena quantidade de uma ou mais formas de sulfato de clcio
(METHA e MONTEIRO, 2008).
Kihara e Centurione (2008) resumem o processo de hidratao do cimento,
como a estabilizao dos minerais do clnquer pela gua. O clnquer Portland, que
produz a maioria dos cimentos utilizados na construo civil, tem em sua
composio bsica o CaO, SiO2, Al2O3, SO3 e Fe2O3, respectivamente, associados a
siglas representativas C, S, A, S e F. Esses xidos combinados com a gua
produzem fases de baixa cristalinidade como o C-S-H, estringita (C6AS3H32) e
portlandita Ca(OH)2.
Na macroestrutura do concreto, a pasta de cimento, quase to densa
quanto o agregado, no entanto, em sua microestrutura possvel perceber reas
mais porosa do que outras. Isso se deve, principalmente, a velocidade de reao de
hidratao do cimento, e est diretamente ligada a relao gua/cimento ou a idade
de hidratao (METHA e MONTEIRO, 2008).
Em termos microestruturais, a pasta de cimento a fase mais complexa da
microestrutura do concreto. As fases no interior da pasta no so nem to pouco
uniformemente distribudas, nem uniformes no tamanho e na morfologia. Esse
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26
arranjo, ou seja, o tipo, a quantidade e a distribuio entre slidos e vazios
influenciam nas caractersticas do concreto endurecido.
Segundo Metha e Monteiro (2008), a fase pasta de cimento, pode ainda ser
divida em outras fases visveis em microscpio eletrnico de varredura (MEV), a
saber: fases slida, vazios e gua. A estrutura microscpica da pasta de cimento
poser ser visualizado na Figura 2.2.
Figura 2 - Micrografia eletrnica de varredura da fase pasta de cimento.
Fonte: METHA e MONTEIRO (2008)
A fase slida constituda de:
Silicato de clcio hidratado (C-S-H) compondo de 50 a 60% da pasta;
Hidrxido de clcio (Ca(OH)2) com 20 a 25%;
Sulfoaluminatos de clcio ocupando de 15 a 20%;
Gros de clnquer no hidratados.
Os aluminatos reagem com gua imediatamente, por isso so responsveis
pelo enrijecimento (perda da consistncia) e pega (solidificao) da pasta. J os
-
27
silicatos de so muito importantes para a determinao das caractersticas de
endurecimento da pasta, conferindo resistncia a pasta de cimento (METHA e
MONTEIRO, 2008).
Vale salientar que a hidratao da pasta de cimento no ocorre de forma
homognea. As reaes qumicas variam de acordo com o composto, os aluminatos
se hidratam mais rpido que os silicatos (PAULON, 2005).
A fase dos vazios na pasta de cimento se forma atravs dos espaos de gua
e do cimento no preenchidos pelos produtos de hidratao do mesmo. Metha e
Monteiro (2008) dividem essa fase em: espao interlaminar do C-S-H, que contribui
para a retrao por secagem; os vazios capilares, maiores que o anterior, e que
influenciam na permeabilidade e na resistncia do concreto endurecido; e, ainda o ar
incorporado (aprisionado), que podem, por seu tamanho, contribuir para diminuio
da resistncia.
Alm da fase slida e dos vazios, a gua tambm tem papel importante na
caracterizao microestrutural do concreto. Na fase pasta de cimento, a gua pode
ser dividida em gua capilar, adsorvida, interlaminar e quimicamente combinada,
dependendo do grau de facilidade com que esta gua pode ser removida (METHA e
MONTEIRO, 2008).
Segundo Petrucci (1998) a agresso no concreto se d devido a fissurao
causada durante o endurecimento; a excessiva evaporao pode causar o
gretamento superficial, desde que a gua da superfcie se evapore e no seja
substituda naturalmente pela exsudao.
A gua capilar pode ser chamada de livre, no sofre influncia de atrao da
parte slida, sua perda pode causar retrao da pasta. A gua livre no concreto
endurecido evaporada a aproximadamente 100C. A gua interlaminar associada
ao C-S-H e a quimicamente combinada no se perde na secagem, mas
proveniente da decomposio dos hidratos por aquecimento. Segundo Cuoghi e
Figueredo (2007), a gua interlaminar liberada da matriz de concreto em
temperaturas entre 100 e 200C. Conferindo nessa fase uma perda de estabilidade
da pasta.
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28
O excesso de gua livre contribui para a desagregao acelerada da pasta de
cimento, devido formao de gradientes de presso na rede de poros do concreto
durante a transferncia de massas (evaporao da gua e liberao de ar
incorporado) (COSTA, et al. 2002 a).
A pasta de cimento submetida a altas temperaturas mostra-se bastante
vulnervel devido ao comportamento de cada um dos seus elementos formadores.
Em geral, estes componentes ficam sujeitos a transformaes qumicas, ocorre o
aparecimento de fissuras, e movimentaes trmicas diferenciais devido a falta de
uniformidade do material. Pela distribuio espacial varivel das fases, os poros
podem estar preenchidos ou no por gua, com diferentes graus de hidratao.
Alm disso, a presena de fibras e armadura ou ainda, a execuo inadequada
desse material (moldagem, lanamento ou adensamento), podem prejudicar o
sistema, gerando um estado de desequilbrio durante a exposio a altas
temperaturas (LIMA, 2005).
Sob o ponto de vista microestrutural, as modificaes qumicas das fases
cimenticias (C-S-H, etringita, portlandita e outros elementos) so intensas quando a
pasta de cimento submetida elevao da temperatura, podendo haver variao
de massa durante o processo. (METHA e MONTEIRO, 2008).
Em Lima (2005) verifica-se que at 400C h uma pequena perda de massa
atribuda a progressiva desidratao do C-S-H e de outras fases hidratadas. Em
torno dos 400C ocorre uma perda abrupta de massa referente a desidratao da
portlandita. E por volta dos 670C, outra perda devido a descarbonatao da calcita.
Aps 800C, a pasta sofre uma modificao das ligaes qumicas, com substituio
da estrutura hidrulica por uma estrutura cermica.
A pasta de cimento se expande durante a o processo de hidratao at a
perda da gua interlaminar. Em torno de 300C, a pasta de cimento inicia a
contrao, enquanto o agregado, no caso do grantico silicoso, dilata em torno de
573C. Ocorrendo um gradiente de deformao entre a pasta e o agregado (NINCE,
2007).
-
29
Para Cuoghi e Figueredo (2007), acima dos 200C a gua evaporada reduz
as foras de Van Der Walls entre as camadas de C-S-H, ocasionando o
aparecimento de fissuras e uma ligeira perda de resistncia.
Entre 400C e 600C, ocorre uma srie de reaes na pasta endurecida:
dessecao dos poros seguida da decomposio dos produtos de hidratao e
destruio do gel de C-S-H, esta ltima considerada crtica em termos de perda da
resistncia (de CASTRO, et al. 2011). Essas reaes qumicas so acompanhadas
de reduo de volume, contribuindo para o aumento de fissuras (COSTA, et al.
2002 a).
A parte da pasta de cimento mais complexa chamada de zona de transio.
No concreto endurecido, responsvel pelo melhor ou pior desempenho do
elemento estrutural. Ela a interface agregado grado/pasta e tem caractersticas
peculiares. Sua espessura e d ordem de 10 a 50 m e determina a resistncia do
concreto (METHA e MONTEIRO, 2008).
Ao longo dos ltimos anos, devido ao crescente interesse de melhorar as
caractersticas do concreto, inmeras pesquisas vem sendo desenvolvidas para
essa fase da pasta. J de conhecimento da engenharia do concreto que quanto
menor a espessura de zona de transio, mais compacto tende a ser o concreto
(METHA e MONTEIRO, 2008).
A densidade da microestrutura influencia diretamente na resistncia final do
concreto. Esse aumento de densidade est ligado a diminuio da fase de vazios.
Por vezes, o comportamento dos concretos que empregam adies minerais (slica,
metacaulim, cinza volante e outras), em temperaturas menores que 400C, possuem
resistncia maior que os concretos convencionais (HERTZ, 2003 apud NINCE,
2007).
Na zona de transio, a formao dos cristais de hidrxido de clcio,
perpendiculares ao agregado, favorecem o aparecimento de fissuras, devido
criao do plano referencial de ruptura. Alm disso, o volume de vazios capilares
so mais presentes na proximidade do gro do agregado. A relao gua/cimento
maior nessa rea. As propriedades da zona de transio variam com a umidade
relativa do ar e com o grau de hidratao do cimento (LIMA, 2005).
-
30
Devido a baixa condutividade trmica dos concretos em geral, pode-se dizer
que a decomposio qumica dos produtos de hidratao da pasta ocorre da rea
externa em direo a rea interna do elemento estrutural (LIMA, 2005).
Nince (2007) afirma que os fatores internos do concreto que mais contribuem
para a degradao desse material frente a altas temperaturas so: relao
gua/cimento muito baixa e adio de partculas finas ou ultrafinas, pois deixam o
concreto mais denso, menos permevel, o que dificulta a sada do vapor de gua
para a atmosfera, gerando altas presses e aumentando o risco de lascamento
explosivo.
Nince (2007), baseada nos trabalhos de Hertz e Sorense (2005) entre outros,
sugere que a quantidade de gua livre no concreto, a forma do elemento estrutural e
a taxa de elevao de temperatura so fatores externos que contribuem para a
perda de resistncia do concreto a altas temperaturas. Esses autores observaram
que em temperaturas acima de 600C todos os concretos apresentavam a mesma
porcentagem de perda de resistncia.
2.2 Concreto com Fibras
2.2.1 Aspectos Gerais
O conceito de reforo com fibras nos materiais de construo no algo
novo. As fibras tem sido aplicadas em construes desde os primrdios de nossa
histria; h evidncias de que fibras de asbesto foram usadas para reforar postes
de argila h 5 mil anos, tijolos de adobe eram reforados com fibras vegetais na
Babilnia, pelos de animais utilizados como reforo em argamassa de enchimento
de paredes h centenas de anos, tijolos de barro eram produzidos pelos egpcios
com argila cozida e reforados com palha. Entretanto, a adio de fibras para
reforo do concreto um material de construo relativamente novo.
O emprego de fibras descontnuas adicionadas aleatoriamente ao concreto
desenvolveu-se a partir de 1960, quando surgiu no mercado novos produtos tais
como fibras polimricas, metlicas, vegetais e minerais. Os primeiros estudos e
-
31
pesquisas dirigidos aplicao e utilizao do concreto reforado com fibras tiveram
incio a partir de 1971 nos Estados Unidos. Existem vrios tipos de fibras envolvendo
o estudo de reforos de materiais da construo (METHA e MONTEIRO, 2008).
No Brasil, o uso de fibras na mistura de concreto ainda mais recente, sendo
usada em escala comercial apenas a partir da dcada de 90. Atualmente tem sido
usadas fibras de vrias formas e tamanhos, produzidas em ao, plstico, vidro e
materiais naturais; porm, as fibras de ao tem sido as mais utilizadas (MIDESS,
1994).
As fibras so elementos descontnuos onde seu comprimento muito maior
que a maior dimenso da sua seo transversal e podem ser de diversos materiais,
desde a fibra natural, como o sisal at o ao, vidro, polmeros, como polietileno e
PET. Alm do material, as fibras podem ser classificadas por tamanho, em curtas ou
longas, e pela apresentao, em soltas, coladas, monofilamentos e fibriladas
(FIGUEIREDO, 2005).
A fibra pode ser classificada como curta ou longa. As fibras curtas atuam
diretamente sobre a argamassa, diminuem o grande nmero de microfissura num
compsito sobre carga, no aumentam muito a resistncia, no alteram de forma
significativa a trabalhabilidade e podem aumentar a ductibilidade. As fibras longas
atuam na matriz do concreto para diminuir macrofissuras, no entanto diminuem a
trabalhabilidade, confere ao concreto uma maior resistncia trao (METHA e
MONTEIRO, 2008).
Segundo Figueredo (2005), as fibras em uma matriz cimentada podem, em
geral, ter dois efeitos importantes. Primeiro, elas tendem a reforar o compsito
sobre todos os modos de carregamento que induzem tenses de trao, isto ,
trao indireta, flexo e cisalhamento e, secundariamente, elas melhoram a
ductibilidade e a tenacidade de uma matriz com caractersticas frgeis.
As fibras tm um grande efeito na resistncia a trao na flexo. H relatos de
aumento de mais que 100% na resistncia, para elevados teores de fibras. So
muito eficientes na melhoria das propriedades dinmicas do concreto. A fibra
atravessa as fissuras que se formam no concreto, seja por ao de cargas externas
ou quando sujeito a mudanas de temperatura (SALOMO e PANDOLFELLI, 2003).
-
32
Aumentam a resistncia a fadiga do concreto, entre outras. No entanto, a resistncia
a compresso pouco alterada com a adio da fibra, principalmente em teores
baixo, entre 0,1 e 3% em relao massa do cimento (MINDESS, 1994).
2.2.2 Concreto com Fibras Polimricas
Gorniski e Kazmierczac (2007) definem as fibras polimricas como sendo
macromolculas orientadas longitudinalmente, composta de molculas lineares,
capazes de serem estiradas, formando longos filamentos cujo fator de forma
elevado, de 100/1. O fator de forma a relao entre o comprimento da fibra pelo
dimetro do crculo cuja rea igual a seo transversal da fibra (FIGUEIREDO,
2005).
Os polmeros podem ser divididos em: elastmeros, plsticos (rgidos e
flexveis) e fibras. No entanto, a diviso no muito clara, visto que o plstico pode
ser usado em forma de fibra, por exemplo. Os plsticos rgidos e as fibras,
geralmente apresentam alta resistncia deformao e alto mdulo de elasticidade
(PEZZIN, 2007).
Ainda segundo Gorniski e Kazmierczac (2007) os plsticos de engenharia so
todos termoplsticos, ou seja, no reticulados e sua fusibilidade permite um fcil
processamento. Todos apresentam uma boa resistncia mecnica, com mdulo de
elasticidade alto, quer dizer, so rgidos a temperaturas ambiente e sua estrutura
permite ordenao interna, que se reflete na cristalinidade e consequentemente, no
reforo das propriedades mecnicas e resistncia a reagentes qumicos e solventes.
O polmero utilizado nesse trabalho foi o polietileno tereftalato (PET), cujo
aspecto pode ser observado na Figura 2.3. Classificado como polmero
termoplstico, de moderada resistncia mecnica, elevada cristalinidade, alta
rigidez, dureza e resistncia ao calor (PEZZIN, 2007).
-
33
Figura 3 - Fibra de garrafa PET pronta para o uso
Fonte: Foto do autor
O polietileno tereftalato (PET) o polmero formado pela reao do cido
tereftlico e o etilenoglicol. Por sua vez, o cido tereftlico obtido pela oxidao do
p-xileno, enquanto o etilenoglicol sintetizado a partir do eteno, sendo ambos no
Brasil produzidos na indstria petroqumica. (ABIPET, 2011).
Os polmeros termoplsticos ao serem aquecidos sofrem amolecimento e ao
esfriarem retornam a sua rigidez inicial. Isso se deve as ligaes qumicas
intermoleculares fracas, foras de Van de Walls, facilmente interrompidas pela
introduo de energia, no caso, o aquecimento (GORNISKI e KAZMIERCZAC,
2007).
O polietileno tereftalato (PET), quando sob o efeito da temperatura e presso,
amolece e flui, podendo ser moldado nessas condies. Pode ser posteriormente
remodelado por meio de exposio a aplicao de presso e temperatura, tornando-
se, assim, material reciclvel (PEZZIN, 2007).
O PET sensvel degradao trmica, especialmente na presena de gua
e/ou ar (oxignio). Um produto comum na degradao trmica o acetaldedo. A
presena de oxignio induz um processo de degradao oxidativa e a degradao
trmica com umidade provoca a quebra das cadeias, reduzindo o peso molecular do
polmero. (ABIPET, 2011).
-
34
2.2.3 Concreto com fibra de PET
Ao longo dos ltimos anos, as fibras j vem sendo bastante usadas como
reforo da pasta de cimento para minimizar as fissuras de retrao plstica e
aumentar a resistncia a trao do material.
No presente trabalho, o material utilizado para reforo das propriedades do
concreto convencional utilizado na construo civil foi a fibra de PET oriunda de
reciclagem de garrafas de refrigerante que iriam somar volume em lixes e aterros.
A escolha da fibra PET como elemento de reforo da matriz concreto, com a
possibilidade de melhorar as propriedades da mesma torna-se bastante atraente,
alm de tratar-se de um material 100% reciclvel, de baixo custo, e abundante no
meio. Assim, se alia um beneficio ambiental a uma melhoria de um material
importantssimo nas obras de construo civil.
As fibras de PET possuem superfcie hidrfuga, apresentam sinergia com
matrizes cimentcias e podem apresentar-se em diversas geometrias
(monofilamentos, fitas e filmes) (GORNISKI e KAZMIERCZAC, 2007).
2.2.4 Sustentabilidade Ambiental
O crescimento acelerado das cidades e ao mesmo tempo as mudanas de
consumo das pessoas trouxeram fatores que vem gerando um lixo muito diferente
daqueles que eram produzidos tempos atrs. O lixo atual diferente em quantidade
e qualidade, em volume e em composio. A industrializao traz consigo
naturalmente materiais a serem descartados, assim como o aumento no consumo
atrelado ao crescimento populacional gera cada vez mais lixo para ser descartado.
Considerando a crescente preocupao da sociedade com relao ao
desenvolvimento sustentvel e preservao do meio ambiente, a indstria da
construo civil tambm engrossa as fileiras na busca de solues que minimizem o
impacto ambiental de suas atividades.
O lixo todo e qualquer material inservvel e no aproveitvel resultante das
atividades dirias do homem em sociedade
-
35
Segundo Grippi (2001) o lixo matria-prima fora do lugar. O tratamento do
lixo domstico, alm de ser uma questo com implicaes tecnolgicas, antes de
tudo uma questo cultural.
A norma NBR 10004 (2004) classifica os resduos slidos quanto ao risco a
sade pblica e ao meio ambiente. Os resduos slidos so classificados em dois
grupos - perigosos e no perigosos, sendo ainda este ltimo grupo subdividido em
no inerte e inerte.
A poltica de gerenciamento dos resduos, chamada poltica dos 3R, to
difundida nas ltimas dcadas, baseia-se em trs atitudes: reduzir, reutilizar e
reciclar. Reduzindo e reutilizando se evitar que maior quantidade de produtos se
transforme em lixo. Reciclando se prolonga a utilidade de recursos naturais, alm de
reduzir o volume de lixo (LEI 12.305/2010).
Reduzir o lixo na construo civil implica em reduzir o consumo de materiais,
evitar o reservio que gera entulho, diminuir o uso de embalagens plsticas e isopor,
preferindo as de papelo que so reciclveis, que no poluem o ambiente e
desperdiam menos energia.
Reutilizar significa usar um produto de vrias maneiras. Essa atividade j vem
sendo amplamente utilizada pela arquitetura moderna e profissionais da construo
conscientes de seu papel na preservao de recursos naturais.
Reciclar uma maneira de lidar com o lixo de forma a reduzir e reusar. Este
processo consiste em fazer coisas novas a partir de coisas usadas. A reciclagem
reduz o volume do lixo, o que contribui para diminuir a poluio e a contaminao,
bem como na recuperao natural do meio ambiente, assim como economiza os
materiais e a energia usada para fabricao de outros produtos.
A reciclagem a alternativa economicamente atrativa e ambientalmente
sustentvel na medida em que preserva os recursos no-renovveis e possibilita a
valorizao de materiais nobres, destinando-os ao atendimento de demandas
sociais urgentes (PINTO, 1999)
-
36
2.2.4.1 O PET
O PET utilizado, principalmente, nas garrafas e embalagens para
refrigerantes, tratando-se, assim, de um lixo urbano local que pode causar grandes
problemas natureza se no possuir um fim adequado. Assim, a utilizao destas
fibras na construo seria uma excelente soluo para um resduo urbano local.
Pela norma NBR 10004 (2004) o PET pode ser classificado como resduo
classe II B Inerte conforme se pode ler:
4.2.2.2 Resduos classe II B - Inertes
Quaisquer resduos que, quando amostrados de uma forma
representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a
um contato dinmico e esttico com gua destilada ou
desionizada, temperatura ambiente, conforme ABNT NBR
10006, no tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados
a concentraes superiores aos padres de potabilidade de
gua, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor,
conforme anexo G.
E no anexo G da mesma norma:
A007 - Resduos de plstico polimerizado, excludos aqueles
contaminados por substncias constantes nos anexos C, D ou E
e que apresentem caractersticas de periculosidade.
Quando depositado em aterros o PET pode levar aproximadamente 400 anos
para degradar-se, reduzindo a capacidade fsica dos mesmos e provocando, durante
este tempo, uma diminuio da capacidade de percolao de gases e lquidos,
resultando em um aumento no tempo necessrio para estabilizao da matria
orgnica. O PET possui alta resistncia a agentes biolgicos e atmosfricos e seus
produtos de degradao so incuos ao corpo humano (PEZZIN, 2007).
-
37
2.2.4.2 Uso do PET reciclado
No ano de 2010, foram recicladas 262 mil toneladas de PET, segundo dados
do 7 Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado pela ABIPET Associao
Brasileira da Indstria do PET. Esse nmero corresponde a 55,8% das unidades
consumidas no pas. A totalidade desta quantidade teve a correta destinao, sendo
totalmente recicladas e utilizadas em novos produtos.
A evoluo histrica da reciclagem de garrafas PET levantada nos ltimos 17
anos pela ABIPET mostrada na Figura 4.
Figura 4 - Srie Histrica do Censo da Reciclagem de garrafas PET no Brasil
Fonte: ABIPET, 2011
As garrafas de PET, mesmo indevidamente descartadas, elas no causam
nenhum tipo de contaminao para o solo ou lenis freticos (CANELLAS, 2005).
Alm disso, verificou-se que durante testes de combusto de fibras de PET, elas so
quimicamente inertes. (GORNISKI e KAZMIERCZAC 2007).
Alm disso, a fibra de PET bastante comum na indstria de tecidos e
malhas (confeco de roupas), fabricao de carpetes e tapetes, forros e
enchimentos, etc. Na engenharia civil, sua utilizao conhecida na forma de TNT
(tecido no tecido), que utilizado como filtro solar, manta asfltica e material para
conteno de encostas (queda de barreira, eroso). (ABIPET, 2002).
-
38
Atualmente, apenas 17,8% dos municpios fazem coleta seletiva, de acordo
com a PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2008-2010, do IBGE.
Pode ser visto na Figura 5 o uso final do PET reciclado no Brasil, no ano de 2010,
onde se pode ver que a maior parte, cerca de 38% se transforma em produtos
txteis; outros 19% em resinas insaturadas e alqudicas destinadas a base de tintas
e para construo civil (revestimento de piscinas e banheiras, entre outras) e cerca
de 17% em embalagens.
Figura 5 - Uso final do PET reciclado no Brasil em 2010
Fonte: ABIPET (2011)
A reciclagem das garrafas PET est concentrada nas regies mais
desenvolvidas economicamente do pas, as regies Sul e Sudeste, com cerca de
85% das 425 empresas recicladoras pesquisadas no Censo 2010 da ABIPET. A
figura 2.6 ilustra a distribuio, por regies brasileiras, das empresas recicladoras de
PET em 2010.
-
39
Figura 6 - Distribuio Nacional das Recicladoras de PET - Adaptado da ABIPET, 2010
Fonte: ABIPET (2011)
2.3 Concreto Submetido as Altas Temperaturas
O comportamento real de um concreto exposto a altas temperaturas resulta
de muitos fatores que interagem simultaneamente e que so de grande
complexidade para uma anlise exata. Sendo este comportamento, determinado
pelas propriedades dos seus componentes: pasta, zona de transio e agregado.
Durante a exposio a altas temperaturas o elemento estrutural absorve calor que
se traduz em expanso trmica. Ocorre ento uma expanso diferenciada entre os
elementos do concreto (SOUZA, 1998).
Metha e Monteiro (2008) afirmam que a composio do concreto muito
importante porque tanto a pasta como o agregado se decompem com o calor. A
permeabilidade, o tamanho do elemento estrutural e a taxa de aumento da
temperatura governam o desenvolvimento de presses internas. A pasta perde seus
diversos tipos de gua com o aumento da temperatura. A composio mineralgica
dos agregados governa a dilatao trmica diferencial entre a pasta e os agregados
e por consequncia na zona de transio.
Assim, a durabilidade do concreto substancialmente afetada em presena
de altas temperaturas. Sendo esse processo agravado em funo das dimenses
das peas vm sendo reduzidas com o avano tecnolgico da construo civil e o
uso de um concreto de melhor desempenho. Peas com maiores dimenses
oferecem menor propagao de calor do exterior para o ncleo da pea,
preservando-a.
Nordeste
Centroeste
Norte
Sudeste
Sul
38
18
6
254
109
-
40
Alm disso, a alta compacidade desses concretos impede a movimentao de
gua e ar no interior das peas durante a exposio as altas temperaturas e
provocam os lascamentos e, consequentemente a ruptura do elemento estrutural
(COSTA et al, 2002 b)
A taxa de aquecimento e o tempo de exposio so tambm variveis
significantes para a ocorrncia de fissuras e lascamentos por influenciarem na
formao de gradientes trmicos e de presso no interior do elemento estrutural
(NINCE, 2007).
A frente de calor ao penetrar no concreto provoca a desidratao das
camadas mais externa. A maior parte do vapor formado migra em direo as partes
mais frias do interior do concreto. Isso aumenta rapidamente a presso de vapor,
originando um esforo de trao no concreto. Se a resistncia a trao do concreto
no for suficiente para resistir a esse esforo, a camada mais externa ser
arremessada para fora do elemento (COSTA et al, 2002 a)
Como consequncias as esfoliaes sucessivas das camadas externas do
concreto associadas as altas temperaturas atingidas pelo material reduzem a
resistncia das armaduras e do concreto, podendo, em casos extremos, levar a
estrutura ao colapso (NINCE, 2007).
Em diversos trabalhos sobre o efeito da temperatura no concreto, os
pesquisadores fazem referncia ao concreto de alta resistncia como o que mais
rapidamente sofre o efeito de lascamento, ou spalling, e sugerem que esse
comportamento est relacionado a uma microestrutura do concreto mais densa,
menos porosa, mais susceptvel a fissurao frgil (METHA e MONTEIRO, 2008).
Hertz (2003) alerta que uma densa microestrutura no necessariamente significa
alta resistncia.
Kanma et al. (2011) definem que os fatores que levam o concreto ao efeito
spalling esto relacionados : (1) baixa permeabilidade, (2) baixo fator agua/cimento,
e (3) um aumento do gradiente trmico. Para eles, o gradiente trmico, por si s, no
pode explicar a fragmentao explosiva do concreto.
-
41
Hertz (2003) se refere a essa densa microestrutura e, faz referncia
exatamente aos concretos que empregam adies minerais (slica, metacaulim,
cinza volante e outras). Inclusive comenta que sem nenhuma adio, o concreto no
apresenta o efeito de lascamento.
De Castro et al (2011) afirma que, quando expostos s altas temperaturas, a
pasta de cimento retrai enquanto os agregados expandem, enfraquecendo a zona
de interface e a ligao entre eles; como consequncia, este processo aliado
decomposio qumica dos produtos hidratados promovem uma severa deteriorao
e perda de resistncia no concreto submetido a tais condies.
Uma adaptao dos resultados dos concretos as diferentes temperaturas de
exposio, conclusivo em Costa et al, (2002a) e endossada por Kanma et al.,
(2011), pode ser visto na Tabela 1:
Tabela 1 Efeito da temperatura sobre o concreto
Temperatura Efeitos
At 100 O concreto mantm sua caracterstica estrutural
Entre 300 e 400
Aparecem fissuras superficiais visveis, o concreto
apresenta reduo acentuada na resistncia a
compresso entre 15 e 40% da resistncia inicial.
Acima de 600 Perda total da funo estrutural perde de 55 a 70% da
resistncia inicial
Fonte: Kanma et al., 2011
Peret et al (2003) concluram que a adio das fibras polimricas pode reduzir
o dano durante a secagem dos concretos refratrios, pelo aumento da
permeabilidade, ou seja, reduo da presso interna. Esse resultado est associado
aos avaliados por Salomo e Pandolfelli (2003) da Universidade Federal de So
Carlos/SP, que estudaram o comportamento dos materiais refratrios.
-
42
Para Costa et al (2002a), o volume dos vazios no concreto, seja por
incorporao de ar, seja pela utilizao das fibras que criam sulcos interligados que
permitem a liberao do vapor dgua nos concretos, o fator primordial para
aumentar a resistncia do concreto exposto a altas temperaturas.
Como as fibras de baixo ponto de fuso, elas tm um efeito significativo sobre
o comportamento hidrulico do concreto sob altas temperaturas, ou seja, quando o
concreto exposto a temperatura maior que a temperatura de fuso da fibra, inicia-
se a formao de uma rede permevel que permite a migrao dos gases para o
exterior, reduzindo a presso nos poros do material e, conseqentemente,
eliminando a possibilidade de ocorrncia do lascamento explosivo nos concretos de
alta resistncia (De Castro et al (2011).
As fibras polimricas expostas a altas temperaturas fundem ou se deterioram
formando os canais que permitem a passagem dos fluidos. Esse processo, no
entanto, deve ocorrer em temperaturas mais baixas, permitindo o alvio das
presses internas, aumentando o tempo de resistncia ao colapso do concreto. Esse
melhoramento na resistncia do concreto sob altas temperaturas agrega mais uma
funo as fibras, que passam a contribuir na permeabilidade do concreto, alm da
funo de reforo (PERET et al, 2003).
Wendt e Dal Molin (2008) observaram variao de colorao no concreto
submetido a altas temperaturas e concluram que este fenmeno est ligado
presena de compostos ferrosos, dentre eles o xido de ferro, hidrxidos e xidos de
ferro hidratados. Estes compostos quando presentes no agregado do concreto
exposto a altas temperaturas, geralmente, alteram a colorao do agregado. O efeito
mais presente em agregados ricos em slica, e menos acentuados nos calcrios.
Em Costa; Figueredo; Silva, 2002 (b), citando as experincias de Bauer
(1994), relata que a natureza do agregado influencia na colorao dos concretos.
Indica, ainda, que os concretos comumente usados na construo civil brasileira
(agregados grantico - brita) ensaiados em fornos eltricos no apresentaram
alterao de cor. Na Figura 7 est representada a relao entre a resistncia e
colorao e a temperatura de exposio (WENDT 2008).
-
43
Figura 7 - Alterao na resistncia e colorao do concreto
Fonte: Cnova (1998 apud em WENDT, 2008)
O concreto aps a exposio a altas temperaturas mantm a colorao
mesmo depois do resfriamento. Essa propriedade importante na avalio
preliminar da deteriorao do concreto aps um incndio, pois podem fornecer
informaes relativas a temperaturas de exposio a que o concreto foi submetido.
-
44
CAPTULO 3
Procedimento Experimental
Neste captulo so apresentados os materiais que fazem parte da composio
do concreto deste estudo, alm de suas caracterizaes. tambm apresentado o
trao utilizado, os parmetros adotados na mistura, o processo de cura do concreto,
e ainda, a metodologia dos ensaios realizados. Por fim, so feitas as consideraes
preliminares dos resultados dos ensaios.
Os procedimentos experimentais foram desenvolvidos baseados nas normas
tcnicas da ABNT.
Os corpos de prova foram moldados tendo como base um concreto
convencional para vigas, utilizado no canteiro de obras de uma empreiteira em uma
obra em execuo na UFRN.
A caracterizao dos materiais e os ensaios de resistncia compresso dos
corpos de prova foram realizados no Laboratrio de Materiais de Construo do
Departamento de Engenharia Civil da UFRN.
O aquecimento dos corpos de prova foi feito no Laboratrio de Nutrio
Animal do Ncleo de Tecnologia Industrial da UFRN.
A anlise da microestrutura do concreto foi feita utilizando o Microscpio
Eletrnico de Varredura (MEV) do Laboratrio de Anlise de Materiais do CTGS-
RN.
-
45
3.1 Planejamento Experimental
O fluxograma esquemtico do procedimento experimental pode ser
visualizado na Figura 3.1:
Figura 8 Esquema simplificado do procedimento experimental
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
ESCOLHA DO TRAO
CLCULO DOS MATERIAIS
CARACTERIZAO DOS MATERIAIS
CIMENTO AGREGADO
MIDO AGREGADO
GRAUDO FIBRA DE PET ADITIVO
- Resistncia a compresso - Consistncia normal -Expansibilidade - Pega - Finura
- Granulometria - Mdulo de finura - Massa especfica - Massa aparente - Massa unitria
- Granulometria - Mdulo de Finura - Massa especfica - Massa Aparente - Massa unitria
- Anlise termogravimtrica
- Caracterizao qumica
PRODUO DO CONCRETO
AQUECIMENTO DOS CORPOS DE PROVA
ENSAIOS DE CARACTERIZAO DO CONCRETO
- Ensaio de consistncia
- Resistencia a compresso
- Anlise visual das amostras
- Porosidade e absoro
- Anlise microestrutural
Fonte: elaborada pelo autor
-
46
3.1.1 Escolha do Trao
O trao de referncia utilizado foi 1:1,9:2,85 (cimento CP IV 32 RS: areia
quatzosa: brita grantica), fator gua cimento 0.46, um trao para concreto
convencional de consistncia plstica (slump test de 100 a 120mm), usado em obras
da regio, para uma resistncia de 30 Mpa e o consumo de cimento de 413Kg/m.
As fibras de PET utilizadas neste trabalho so provenientes de reciclagem de
garrafas PET de refrigerante de 2 litros, cortadas no comprimento mdio 15 mm.
O aditivo utilizado foi o polifuncional redutor de gua SIKAMENT PF 171, na
proporo de 300 ml por saco de cimento.
3.1.2 Clculo dos Materiais
O concreto foi produzido para a confeco dos 50 corpos de prova e os
ensaios de abatimento (slump test). Utilizou-se a quantidade de material para uma
betonada de um saco de cimento, com rendimento mdio previsto de 120,9 litros de
concreto pronto. O volume de concreto confeccionado pode ser visto na Tabela 2.
Tabela 2 Volume estimado de concreto para os corpos de prova em litros.
Ensaio Trao de Referncia
Com PET
Total Volume unitrio
(litros)
Volume total
(litros)
Corpos de prova 24 26 50 1,57 78,50
Slump Test 3 3 6 5,50 33,00
Volume Total (litros) 111,50
Fonte: elaborada pelo autor
Na bibliografia vigente, o teor de adio de fibras de PET varia muito. Para o
concreto desta pesquisa foi utilizado 3,0 Kg/m baseado no trabalho de Kalifa (2001),
que ensaiou teores entre 0,5 a 3,0 Kg/m ou cerca de 0,6 % do peso de cimento
(LIMA, 2005), baseados nos trabalhos de vrios autores entre eles: Andeberg
(1997), Sun, Luo e Chan (2001) e Lima et al (2004). Sendo, portanto, a quantidade
de fibra de PET utilizada de 363 gramas.
-
47
A tabela 3 resume a quantidade de material para uma betonada de um saco
de cimento.
Tabela 3 - Composio do concreto
Trao Cimento
(Kg)
Areia
(Kg)
Brita
(Kg)
gua
(L)
Aditivo
(mL)
Fibra de PET
(g)
Tipo 50 95 142,50 23 300 363
Fonte: elaborada pelo autor
3.2 Caracterizao dos materiais
Os materiais utilizados na confeco do concreto foram caracterizados no
Laboratrio de materiais de construo da UFRN.
O concreto foi confeccionado utilizando cimento, areia, brita, gua, aditivo e
fibras de PET.
3.2.1 Cimento
O cimento utilizado na obra da marca POTY VOTORANTIM tipo CP IV
32 RS RRAA, produzido em Paulista/PE. O fabricante1 do cimento, afirma, que este
cimento, o POTY CP IV-32 RS RRAA, produzido em Paulista foi desenvolvido
especialmente para atender s necessidades especficas da regio, com maior
resistncia maresia e umidade, proporcionando, assim, uma maior durabilidade.
Ideal para meios agressivos, inibidor da reao lcali-agregado, resistente a
sulfatos, baixo calor durante a hidratao, tem melhor cura, sem fissuras, maior
impermeabilidade e proteo para a ferragem). O concreto confeccionado com o CP
IV apresenta, a longo prazo, resistncia mecnica compresso superior ao
concreto de cimento Portland comum (NBR 5736/1999). O cimento do tipo RS
resistente a sulfatos, ideal para meios agressivos sulfatados como redes de esgoto
de gua servida ou industriais e alguns tipos de solo. (NBR 5737/1992).
1 (http://www.vcimentos.com.br/htms-ptb/Imprensa/Noticias_Ver.asp_obj=Noticia_110727
-
48
Para a caracterizao do cimento foram realizados os ensaios de finura,
tempos de pega, ensaio de consistncia do cimento,
3.2.1.1 Ensaio de Finura
O ensaio de finura baseou-se na NBR 11579(1991) - Cimento Portland -
Determinao da finura por meio da peneira 75 m (n 200).A aparelhagem do
ensaio composta por balana de preciso 0,01g, cpsula de porcelana, peneira 75
m (n 200), pincel e cronmetro. Pesou-se 500,05 g de cimento, em seguida
colocou-se sobre a tela da peneira n 200 com fundo e tampa, comeando-se o
peneiramento manual que dado em trs etapas. A massa passante, que deve ser
desprezada, tem que ser inferior a 0,05g (0,1% da massa inicial). Ao final obtm-se
o mdulo de finura do cimento pela equao:
Onde,
F - ndice de finura do cimento, em porcentagem;
R resduo do cimento na peneira n 200, em g;
M massa inicial do cimento, em g;
C fator de correo da peneira utilizada no ensaio, devendo est compreendida no
intervalo de 1,00 0,20.
3.2.1.2 Determinao do Tempo de Pega do Cimento
Para determinao dos tempos de pega do cimento, o ensaio foi baseado na
NBR NM 65(2002) Cimento Portland Determinao dos tempos de pega. A
aparelhagem do ensaio consiste em uma balana com capacidade de 1000g,
misturador mecnico, esptula e Aparelho de Vicat. O tempo de pega o intervalo
entre a adio da gua ao cimento at o momento em que a agulha de Vicat penetra
F = R X C X 100
M .
(3.1)
-
49
na pasta at uma distancia de 41 mm da placa da base. No incio da pega a agulha
deve estacionar a 1 mm da base inferior do tronco de cone e o fim da pega ser
quando esta mesma agulha no mais penetrar na pasta deixando apenas uma
pequena deformao na superfcie da mesma. Depois de estacionada a agulha nas
posies descritas, foram marcados os tempos em que elas ocorreram. Para isso foi
necessrio que se fizesse leituras peridicas at achar o tempo de pega.
3.2.1.3 Ensaio de Consistncia do Cimento
Para verificar a consistncia do cimento utilizou-se a NBR 43(2003). Segundo
a mesma, a pasta de consistncia normal aquela a qual a sonda penetra uma
distncia de (61) mm da placa base. Usou-se uma balana com resoluo de 0,1 g
e capacidade de 1.000g, um misturador, esptulas de borracha e metlica, rgua
metlica, molde e aparelho de Vicat. Prepara-se a pasta de acordo com a norma.
Aps um intervalo de, no mnimo, 30 minutos, depois do enchimento do molde,
desce a agulha suavemente at que haja seu contato com a pasta. Faz-se a leitura
indicada na escala. Quando essa indicao estiver a 4 1 mm da placa da base,
anota-se a leitura na escala e o tempo contado a partir do instante em que a gua e
o cimento entram em contato. O resultado expresso em horas e minutos, com uma
aproximao de 5 minutos.
3.2.1.4 Ensaio de Expansibilidade do Cimento
O ensaio de expansibilidade do cimento foi baseado na NBR 11582(1991).
Esse ensaio consiste na moldagem de agulhas de Le Chatelier com a pasta de
consistncia normal. O fim da cura inicial de 12 horas aps a moldagem das
agulhas, onde nesse perodo, as agulhas devem ficar com um vidro untado com leo
mineral. Uma vez terminada a cura, as agulhas foram posta em gua com 23o +2C e
com as extremidades fora dgua, sendo feitas as leituras durante seis dias at que
se alcance um valor constante, sendo este a leitura final.
-
50
3.2.1.5 Determinao da Resistncia Compresso do Cimento
Para a determinao da resistncia compresso do cimento, tomou-se
como base a NBR 7215(1997).
Primeiramente prepara-se a areia que ser usada na mistura, a qual
composta de 4 pores iguais de material retido nas peneiras: 1,2; 0,6; 0,3 e 0,15
mm. Pesou-se a gua de acordo com o fator gua/cimento. Para efetuar a mistura,
primeiro colocou-se toda gua na cuba e aos poucos se foi adicionando o cimento
com o misturador em velocidade baixa durante 30 segundos. Depois se adicionou a
areia sem parar a operao com cuidado e durante 30 segundos. Aps o trmino,
colocou-se o misturador em velocidade alta e deixou-se por 30s.
Depois desligou-se o misturador durante 1minuto e 30 segundos e retirou-se
com uma esptula a argamassa aderida as paredes da cuba. Durante o tempo
restante a argamassa deve ficar em repouso na cuba. Imediatamente aps esse
intervalo, ligou-se o misturador na velocidade alta, por mais 60 segundos. Logo
aps, iniciou-se a moldagem colocando a argamassa no molde cilndrico de forma a
preench-lo com 4 camadas e em cada camada com o auxlio do soquete foram
aplicados os 30 golpes sobre a superfcie da argamassa. Aps 24 horas de
moldagem os corpos de prova foram retirados dos moldes aguardando as datas de
rompimento. Para garantir que a carga aplicada durante o rompimento fosse
uniformemente distribuda foi feita uma leve camada de enxofre para regularizao
das faces dos corpos de prova (capeamento).
O rompimento foi feito em uma Mquina Universal de Ensaios Mecnicos da
masca AMSLER, sua, e mudou-se a clula de carga para 10.000 kg.
3.2.2 Agregado Mido
A areia utilizada para confeco dos corpos de prova foi proveniente de
jazidas do Rio Grande do Norte. A mesma foi armazenada em baia exposta ao
tempo.
-
51
Para caracterizao da areia, foi coletada uma amostra no canteiro de obras,
sendo conduzidas em sacos plsticos para conservar a umidade natural at a
chegada ao laboratrio.
O ensaio de massa especfica real baseou-se na norma NBR NM 52(2009)
Agregados midos, utilizando o Frasco de Chapman.
A massa unitria a relao da massa do agregado lanado no recipiente de
volume e massa conhecidos previamente. Para o ensaio de massa unitria foi
seguida a norma NBR NM 45(2006) Agregados.
Foi feito o ensaio de granulometria da areia, conforme prescreve a NBR NM
248(2003). Com esse ensaio foi determinado a dimenso mxima (Dmx) bem como
o mdulo de finura da areia, pelo peneiramento do material e a aplicao da
equao 3.2.
3.2.3
3.2.3 Agregado Grado
O agregado grado utilizado na pesquisa foi brita 19 mm, de origem grantica
e, assim como a areia, foi proveniente de jazidas do Rio Grande do Norte, de uso
comum na regio.
Para a sua caracterizao, foi coletada uma amostra com cerca de 5 Kg do
volume de brita do canteiro de obras e transportada em saco plstico para o
laboratrio.
Para o agregado grado a determinao da massa especfica foi feita pelo
mtodo da balana hidrosttica, de acordo com a NBR NM 53(2009) Agregado
Grado, enquanto que a massa unitria foi obtida a partir da Norma NBR NM
45(2006) - Agregados.
100
%=
acumuladasMF
(3.2)
-
52
3.2.4 Fibra de PET
As fibras de PET utilizadas nessa pesquisa foram provenientes de um
processo de reciclagem de garrafas de refrigerante, que consiste em desfiar o corpo
da garrafa numa mquina artesanal e armazena-las em rolos por uma fbrica de
vassouras da cidade de Natal-RN. A fita de PET do rolo foi fornecida com largura de
2mm (Figura 9a). A espessura da fita era a mesma da parede da garrafa PET, cerca
de 0,2mm, como pode ser visto na figura 9b e foram cortadas manualmente em
comprimentos de, aproximadamente, 15 mm, figura 9c.
Figura 9 Detalhe da Fibra: a) largura; b) espessura; b) comprimento.
Fonte: Foto do autor
Na Figura 10 pode-se ver a preparao da fibra de PET: Em a) a maquina
artesanal que desfia a garrafa; em b) A fibra que veio da fbrica de vassoura j
desfiada em rolo.
Figura 10 - Preparao da fibra de PET: a) desfiadora artesanal; b) fibra embalada.
(a) (b)
Fonte: Foto do autor
a) b) c)
-
53
A fibra de PET foi ensaiada para identificao da temperatura de degradao
trmica da fibra. Foi usada a termogravimetria (TG), uma tcnica que se baseia no
estudo da variao de massa da amostra devido a transformaes fsicas
(sublimao, evaporao, condensao) ou qumicas (degradao, decomposio,
oxidao) em funo da temperatura.
Para a pesquisa, a fibra de PET foi ensaiada pelo mtodo dinmico de
termogravimetria, onde a perda de massa registrada continuamente medida que
a temperatura aumenta.
A massa do material foi obtida pelo corte da fibra em pedaos milimtricos
colocado na balana do equipamento. O material foi aquecido at a temperatura de
900C (temperatura mxima de aquecimento que seria utilizada nos corpos de
prova).
3.5.2 O aditivo
No concreto pesquisado foi utilizado o aditivo polifuncional SIKAMENT PF
171, contendo a base qumica (lignosulfonatos), sendo sua funo principal a ao
superplastificante (redutor de gua de alta eficincia), suas funes secundrias
so: incorporao de ar, acelerao da pega, acelerao do endurecimento,
retardamento de pega com eventual reduo da resistncia mecnica.
Segundo Lobo et al (2004), os aditivos polifuncionais so aditivos que se
comportam como pla