IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

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28/10/12 História do Presbiterianismo 1/6 www.ipb.org.br/portal/historia/74-historiadopresbiterianismo?tmpl=component&print=1&lay out=def a… Tweet Tweet 2 Share História do Presbiterianismo As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos primórdios da Reforma Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma teve início com o questionamento do catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja que resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana. Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na região de língua alemã da vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique, um segundo movimento de reforma protestante, freqüentemente denominado “Segunda Reforma.” Esse movimento teve como líder inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio (1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais profunda que o movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento auto- denominaram-se igrejas reformadas. Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus seguidores romperam com a igreja majoritária somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis com as Escrituras. Especialmente na área crucial do culto, os luteranos julgavam que era legítimo manter tudo aquilo que não fosse explicitamente proibido pela Bíblia. Já os reformados partiam de um princípio diferente, entendendo que só deviam abraçar aquilo que fosse claramente preconizado pelas Escrituras. Foi isso que os levou a uma ruptura mais profunda com o catolicismo. I. João Calvino Após a morte de Zuínglio em 1531, o movimento reformado passou a ter um novo líder, que revelou-se muito mais articulado e influente que o anterior: João Calvino (1509-1564). Calvino nasceu em Noyon, no nordeste da França, e ainda adolescente foi estudar teologia e humanidades em Paris. Depois de um breve período em Orléans e Bourges, quando dedicou-se ao estudo do direito, retornou a Paris para dar continuidade aos estudos humanísticos que tanto o fascinavam. Em 1532, publicou o seu primeiro livro, um comentário do tratado de Sêneca De Clementia. O humanismo que empolgou os primeiros líderes das igrejas reformadas, Zuínglio e Calvino, foi o extraordinário movimento intelectual que marcou a transição entre a Idade Média e o período moderno. Uma das características marcantes desse movimento foi o seu profundo interesse pela antigüidade clássica, o período áureo da civilização greco-romana. Entre as obras clássicas que atraíam a atenção de muitos estava a Bíblia, particularmente o Novo Testamento. Isso levou ao surgimento de uma categoria específica de humanistas bíblicos devotados ao estudo das Escrituras em seus originais gregos e hebraicos. O maior desses humanistas cristãos foi o célebre Erasmo de Roterdã (c.1466-1536), cuja edição crítica do Novo Testamento baseada em textos gregos foi avidamente estudada e utilizada pelos reformadores suíços. Em 1533, Calvino teve uma experiência de conversão à fé evangélica. Forçado a fugir de Paris por causa das suas novas convicções, dirigiu-se para a cidade de Angoulême. Pouco depois, começou a escrever a sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em

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Serie de artigos do Site IPB.Org falando sobre a historia e a organização da igreja

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História do Presbiterianismo

As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos primórdios da Reforma

Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma teve início com o questionamento do

catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em

pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a

igreja que resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana.

Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na região de língua alemã da

vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique, um segundo movimento de reforma

protestante, freqüentemente denominado “Segunda Reforma.” Esse movimento teve como líder

inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio (1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais

profunda que o movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus

seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento auto-

denominaram-se igrejas reformadas.

Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus seguidores romperam com a igreja majoritária

somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis com as Escrituras. Especialmente na área

crucial do culto, os luteranos julgavam que era legítimo manter tudo aquilo que não fosse

explicitamente proibido pela Bíblia. Já os reformados partiam de um princípio diferente, entendendo

que só deviam abraçar aquilo que fosse claramente preconizado pelas Escrituras. Foi isso que os

levou a uma ruptura mais profunda com o catolicismo.

I. João Calvino

Após a morte de Zuínglio em 1531, o movimento reformado passou a ter um novo líder, que

revelou-se muito mais articulado e influente que o anterior: João Calvino (1509-1564). Calvino

nasceu em Noyon, no nordeste da França, e ainda adolescente foi estudar teologia e humanidades

em Paris. Depois de um breve período em Orléans e Bourges, quando dedicou-se ao estudo do

direito, retornou a Paris para dar continuidade aos estudos humanísticos que tanto o fascinavam. Em

1532, publicou o seu primeiro livro, um comentário do tratado de Sêneca De Clementia.

O humanismo que empolgou os primeiros líderes das igrejas reformadas, Zuínglio e Calvino, foi o

extraordinário movimento intelectual que marcou a transição entre a Idade Média e o período

moderno. Uma das características marcantes desse movimento foi o seu profundo interesse pela

antigüidade clássica, o período áureo da civilização greco-romana. Entre as obras clássicas que

atraíam a atenção de muitos estava a Bíblia, particularmente o Novo Testamento. Isso levou ao

surgimento de uma categoria específica de humanistas bíblicos devotados ao estudo das Escrituras

em seus originais gregos e hebraicos. O maior desses humanistas cristãos foi o célebre Erasmo de

Roterdã (c.1466-1536), cuja edição crítica do Novo Testamento baseada em textos gregos foi

avidamente estudada e utilizada pelos reformadores suíços.

Em 1533, Calvino teve uma experiência de conversão à fé evangélica. Forçado a fugir de Paris por

causa das suas novas convicções, dirigiu-se para a cidade de Angoulême. Pouco depois, começou a

escrever a sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em

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1536. Nesse mesmo ano, de maneira totalmente inesperada, Calvino viu-se convocado a auxiliar a

implantação da fé reformada na cidade de Genebra, na Suíça francesa. Após um interregno de três

anos em Estrasburgo (1538-1541), o reformador retornou a Genebra e ali permaneceu até o final da

sua vida.

Graças a sua vasta e competente produção teológica, sua habilidade como organizador e seus

contatos pessoais com inúmeros indivíduos e comunidades em toda a Europa, Calvino exerceu uma

poderosa influência e contribuiu para a disseminação do movimento reformado em muitos países. Em

1559, ele fundou a Academia de Genebra, que colaborou decisivamente para a formação de toda

uma nova geração de líderes reformados. Dada a importância desse reformador, um novo termo

surgiu para designar os reformados: “calvinistas.”

Nas Institutas, comentários bíblicos, sermões, tratados e outros escritos que produziu, Calvino

articulou um sistema completo de teologia cristã que ficou conhecido como calvinismo. Esse sistema

incluía normas específicas, retiradas das Escrituras, acerca da doutrina, do culto e da forma de

governo das comunidades reformadas. Na base do sistema estava a ênfase no conceito da absoluta

soberania de Deus como criador, preservador e redentor do mundo. A estrutura eclesiástica

preconizava o governo das comunidades por presbíteros e a associação das igrejas em presbitérios

regionais e em sínodos nacionais.

II. Europa Continental

Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a difundir-se em muitas

regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno (Alemanha e Países Baixos), na leste

europeu e nas Ilhas Britânicas. Vários fatores contribuíram para essa difusão. Em primeiro lugar, a

ampla divulgação das idéias de Calvino através da imprensa e de outros meios; em segundo lugar, o

intenso deslocamento de refugiados que procuravam escapar da repressão religiosa em seus países;

finalmente, o papel irradiador desempenhado por Genebra e outras cidades reformadas. Muitos

homens e mulheres iam a Genebra, eram treinados nos preceitos da fé reformada e retornavam aos

seus países imbuídos das novas idéias.

Como era de se esperar, Calvino nutria grande interesse pela propagação da fé evangélica no seu

próprio país, a França. Ali, apesar de intensas perseguições, o movimento reformado experimentou

notável crescimento na década de 1550. Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada

de França, representando cerca de duas mil comunidades locais. Pela primeira vez, o

presbiterianismo era organizado em âmbito nacional. Esse sínodo aprovou uma importante

declaração da fé reformada, a Confissão Galicana.

Muitos dos reformados franceses, conhecidos como huguenotes, eram artesãos, comerciantes e

nobres, e estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do país. Seus conflitos políticos

com o partido católico liderado pela família Guise-Larraine levaram a um longo período de guerras

religiosas (1562-1598). O episódio mais sangrento foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-

08-1572), em que milhares de huguenotes foram mortos à traição em Paris e no interior da França,

entre eles o famoso almirante Gaspard de Coligny. A paz só foi restaurada em 1598, quando o rei

Henrique IV, um ex-huguenote, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos

reformados. Esse edito foi revogado por Luís XIV em 1685, fazendo com que cerca de 300 mil

huguenotes abandonassem a França.

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Em virtude da proximidade geográfica, o movimento reformado desde cedo também penetrou no sul

da Alemanha. O movimento cresceu com a chegada de milhares de refugiados vindos de outras

regiões, como a França e os Países Baixos. Estrasburgo foi um importante centro reformado entre

1521 e 1549, tendo como líder o reformador Martin Butzer. Como já foi apontado, Calvino ali

residiu durante três anos (1538-1541). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande

universidade que tornou-se o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa cidade foi

escrito em 1563 o Catecismo de Heidelberg. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) resultou no

reconhecimento definitivo das igrejas reformadas alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil

refugiados huguenotes após a revogação do Edito de Nantes.

Nos Países Baixos, a fé reformada surgiu inicialmente em Antuérpia, em 1555. Em dez anos,

formaram-se mais de trezentas igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que

fugiam das guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de fé a

Confissão Belga, escrita por Guido de Brès em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda no

contexto da guerra da independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a liderança de

Guilherme de Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos dividiram-se em três nações:

Bélgica e Luxemburgo (católicos) e Holanda (reformada). O primeiro sínodo nacional das igrejas

reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na cidade de Emden, na Alemanha, e adotou um sistema

presbiterial de governo baseado no modelo francês. Eventualmente, a igreja reformada tornou-se

oficial, embora nem toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século XVII, uma

disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-1619), que rejeitou as idéias de Tiago Armínio

acerca da predestinação e afirmou os chamados “cinco pontos do calvinismo” (depravação total,

eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos).

Quanto à Europa oriental, na década de 1540, graças a contatos com cidades suíças, surgiram

igrejas reformadas na Polônia e na Boêmia (Checoslováquia), e mais tarde também na Hungria. Na

Boêmia, o movimento reformado associou-se aos Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo

movimento liderado pelo pré-reformador João Hus, morto em 1415. Na Polônia e na Lituânia, as

igrejas calvinistas experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram suprimidas pela

Contra-Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em 1549, através de contatos com

Zurique, mas as igrejas sofreram perseguições de 1677 a 1781. A igreja reformada húngara viria a

ser uma das maiores do mundo.

III. Ilhas Britânicas

Especialmente importante para a fé reformada foi a sua introdução nas Ilhas Britânicas. Nessa região

é que surgiu o outro nome histórico associado ao movimento: “presbiterianismo.” Esse nome tinha ao

mesmo tempo conotações teológicas e políticas. Os reis ingleses e escoceses eram firmes partidários

do episcopalismo, ou seja, de uma igreja governada por bispos. Como esses bispos eram nomeados

pela coroa, esse sistema favorecia o controle da igreja pelo estado. Assim sendo, a insistência dos

reformados da Escócia e Inglaterra em uma igreja governada por presbíteros, eleitos pelas

congregações e reunidos em concílios, era uma reivindicação de independência da igreja em relação

ao poder público. Tal foi a origem histórica do termo “presbiteriano” ou “igreja presbiteriana.”

O protestantismo reformado foi levado para a Escócia por George Wishart, que estudara na Suíça e

foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década seguinte.

Os eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (c. 1514-1572), que passou alguns

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anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e retornou ao seu país em 1559. No

ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada (Confissão Escocesa). Em

dezembro de 1560, reuniu-se a primeira assembléia geral da Igreja Presbiteriana escocesa, que

elaborou o Livro de Disciplina. Todavia, o Parlamento não aceitou esse primeiro Livro de Disciplina

– que prescrevia a forma presbiteriana de governo –, mas manteve o episcopado como instrumento

de controle estatal da igreja.

Ironicamente, entre 1561 e 1567 a Escócia formalmente presbiteriana foi governada por uma rainha

católica, Maria Stuart. Após a morte de Knox, Andrew Melville (1545-1622), outro ex-exilado em

Genebra, tornou-se o principal defensor do sistema presbiteriano e de uma igreja autônoma do

estado. Os próximos quatro reis, especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o

anglicanismo e perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional para defender a sua

fé e ficaram conhecidos como “covenanters” (pactuantes). Somente em 1689 o presbiterianismo foi

estabelecido definitivamente, embora algumas modificações feitas pelo Parlamento, como a Lei do

Patrocínio Leigo (1717), tenham produzido várias divisões na igreja.

Na Inglaterra, surgiram fortes influências reformadas desde o reinado de Eduardo VI (1547-1553).

Martin Butzer, o reformador de Estrasburgo, passou seus últimos anos naquele país. Calvino

correspondeu-se com o rei Eduardo, com Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o

arcebispo de Cantuária. O Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos revelam clara

influência reformada. Durante o reinado intolerante de Maria Tudor (1553-1558), alcunhada “a

sanguinária”, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e Genebra. Porém, a rainha

Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos populares da forma presbiteriana de governo,

preferindo uma estrutura episcopal que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades

civis.

No reinado de Elizabete surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios

presbiterianos. Em outras palavras, os puritanos eram todos calvinistas, mas nem todos aceitavam a

forma de governo presbiteriana. O nome “puritanos” resultou da insistência desses reformados em

que a Igreja da Inglaterra fosse pura, ou seja, seguisse os moldes bíblicos em sua doutrina, culto e

governo. Por causa de sua firme oposição ao episcopalismo e a sua luta pela reforma da igreja

estatal inglesa, os puritanos foram objeto de forte repressão por parte de Elizabete. Seus sucessores,

Tiago I (1603-1625) e Carlos I (1625-1649), que governaram simultaneamente a Inglaterra e a

Escócia, continuaram a opor-se aos puritanos.

No reinado de Carlos ocorreu um evento marcante na história do presbiterianismo. Esse rei tentou

impor o episcopalismo na Igreja da Escócia e acabou envolvido em uma guerra contra os seus

próprios súditos. Vendo-se em dificuldades, precisou convocar a eleição de um parlamento na

Inglaterra, eleição essa que resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o parlamento,

foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais expressiva. A conseqüência foi a

guerra civil, que terminaria com a execução do rei. Esse parlamento puritano convocou a célebre

Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu os “padrões presbiterianos” de culto,

governo e doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da

Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que Carlos II tornou-se

rei em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os

presbiterianos. Com o tempo, os padrões de Westminster tornaram-se os principais documentos

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teológicos adotados pelas igrejas reformadas em todo o mundo.

A tradição reformada teve início na Irlanda com a Colônia de Ulster, a partir de 1606. No esforço

de “domesticar” os irlandeses, o governo inglês implantou comunidades inglesas e escocesas nas

regiões devastadas pela guerra ao norte da ilha. Aos imigrantes escoceses, que levaram consigo o

seu presbiterianismo, uniram-se puritanos ingleses e huguenotes franceses. Houve uma rígida

separação étnica entre os novos moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande violência

destes contra os presbiterianos. Graças aos capelães de um exército pacificador, um presbitério foi

fundado no Ulster em 1642 e em 1660 eles já eram cinco. Os colonos alcançaram prosperidade na

nova terra, mas também se viram sujeitos a restrições políticas, econômicas e religiosas impostas

pelo governo inglês, além de calamidades naturais como estiagens prolongadas. Com isso, a partir

de 1715, os “escoceses-irlandeses” começaram a sua grande migração para os Estados Unidos. Até

1775, pelo menos 250 mil iriam cruzar o Atlântico.

IV. Estados Unidos

O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se radicaram em

Massachusetts no início do século XVII. O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o

segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil

puritanos cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades. Todavia,

esses calvinistas optaram pelo forma de governo congregacional, não pelo sistema presbiteriano.

Muitos calvinistas que aceitavam a forma de governo presbiteriana vieram do continente europeu.

Dentre os primeiros estavam os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em

1623. Os huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte, fugindo

da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de reformados alemães igualmente

emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770. Esses imigrantes formaram as suas próprias

denominações e mais tarde muitos deles ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.

Muitos presbiterianos escoceses foram diretamente da Escócia para os Estados Unidos nos

primeiros tempos da colonização. Todavia, foram os escoceses-irlandeses os principais responsáveis

pela introdução do presbiterianismo naquele país. Durante o século XVIII, pelo menos 300 mil

cruzaram o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland,

Virgínia e nas Carolinas. No oeste da Pensilvânia, eles fundaram Pittsburgh, por muito tempo a

cidade mais presbiteriana dos Estados Unidos. O Rev. Ashbel Green Simonton, o introdutor do

presbiterianismo no Brasil, era descendente desses escoceses-irlandeses da Pensilvânia.

No século XVII as comunidades presbiterianas dos Estados Unidos viviam dispersas. Foi só no

início do século seguinte que elas começaram a unir-se em concílios. Nesse esforço, destacou-se o

Rev. Francis Makemie (1658-1708), considerado o “pai do presbiterianismo americano.” Ordenado

na Irlanda do Norte em 1683, ele foi logo em seguida para a América do Norte. Makemie fundou

diversas igrejas em Maryland e viajou extensamente encorajando os presbiterianos. Como a Igreja

Anglicana era a igreja oficial de várias colônias, ele sofreu muitas perseguições. Chegou mesmo a ser

preso em Nova York em 1706.

Sob a liderança de Makemie, foi organizado em 1706 o Presbitério de Filadélfia. Em 1717,

organizou-se o Sínodo de Filadélfia, composto de quatro presbitérios. Ao todo, a denominação tinha

apenas dezenove pastores, quarenta igrejas e cerca de três mil membros. Em 1729, foi aprovado o

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“Ato de Adoção,” que aceitou a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como padrões

doutrinários do Sínodo. De 1741 a 1758, os presbiterianos dividiram-se em dois grupos por causa

de diferenças acerca do avivamento e da educação teológica: Ala Velha (Sínodo de Filadélfia) e Ala

Nova (Sínodo de Nova York).

Nesse período de divisão, vários evangelistas notáveis como Samuel Davies, Alexander Craighead e

Hugh McAden trabalharam com grande êxito no sul do país, especialmente na Virgínia e nas

Carolinas. Durante a Revolução Americana, os presbiterianos tiveram uma atuação destacada. O

Rev. John Witherspoon (1723-1794), um escocês que foi presidente da Universidade de Princeton

por vinte e cinco anos, foi o único pastor que assinou a Declaração de Independência dos Estados

Unidos, em 1776. Muitos presbiterianos lutaram na guerra da independência.

Em 1788, o Sínodo de Nova York e Filadélfia dividiu-se em quatro (Nova York e Nova Jersey,

Filadélfia, Virgínia e Carolinas). No dia 21 de maio de 1789, reuniu-se pela primeira vez a

“Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América.” Naquela época, a

Igreja Presbiteriana era a denominação mais influente do país. Em 1800, contava com 180 pastores,

450 igrejas e cerca de 20 mil membros.

Em 1801, presbiterianos e congregacionais iniciaram um trabalho cooperativo conhecido como

“Plano de União.” O objetivo era evangelizar com mais eficiência a população que estava indo para

o oeste, a chamada “fronteira.” Foi esse o período do avivamento conhecido como Segundo Grande

Despertamento. O resultado foi um avanço fenomenal. Em 1837, a Igreja Presbiteriana já contava

com 2140 pastores, quase 3000 igrejas e 220 mil membros. O Seminário de Princeton foi fundado

em 1812. Entre seus grandes professores estiveram Archibald Alexander, Charles Hodge, A.A.

Hodge e Benjamin B. Warfield.

Devido a uma controvérsia sobre os requisitos para a ordenação de ministros, surgiu em 1810 a

Igreja Presbiteriana de Cumberland, no Tennessee. Uma divisão mais séria ocorreu entre os grupos

conhecidos como Velha Escola e Nova Escola, aquele sendo mais apegado aos padrões de

Westminster do que este. Em 1837, a Velha Escola obteve a maioria na Assembléia Geral, cancelou

o Plano de União de 1801 e excluiu quatro sínodos inteiros, dividindo ao meio a denominação. No

mesmo ano, foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em Nova York, que 22 anos mais

tarde enviaria o seu primeiro missionário ao Brasil.

Finalmente, em 1857 e 1861 ocorreram novas divisões, desta vez ocasionadas pelo problema da

escravidão. As igrejas Nova Escola e Velha Escola do sul, favoráveis à escravidão, separaram-se

das do norte. Eventualmente, foram criadas duas grandes denominações presbiterianas, a Igreja do

Norte (PCUSA) e a Igreja do Sul (PCUS). Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram

ao Brasil respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e 1869 (Edward Lane e George N.

Morton).

por Rev. Alderi Souza de Matos

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Esboço Histórico

Atualmente existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou calvinista. Entre elas

incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja Presbiteriana Conservadora e algumas

igrejas criadas por imigrantes vindos da Europa continental, tais como suíços, holandeses e húngaros.

No entanto, a maior e mais antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil.

Ao mesmo tempo, convém lembrar que, já nos primeiros séculos da história do Brasil, houve a

presença de calvinistas em nosso país.

I. Primórdios do Movimento Reformado no Brasil

1. A França Antártica

Os primeiros calvinistas chegaram ao Brasil ainda no começo da nossa história. No final de 1555,

um grupo de franceses liderados por Nicolas Durand de Villegagnon instalou-se em uma das ilhas da

Baía da Guanabara. Um ano e meio mais tarde, chegou à "França Antártica" um grupo de colonos e

pastores reformados enviados pelo próprio João Calvino, em resposta a um pedido de Villegagnon.

No dia 10 de março de 1557 esses evangélicos realizaram o primeiro culto protestante do Brasil, e

possivelmente do Novo Mundo. Eventualmente, surgiram desavenças teológicas entre Villegagnon e

os calvinistas. Cinco deles foram presos e forçados a escrever uma declaração de suas convicções.

O resultado foi a bela "Confissão de Fé da Guanabara." Com base nessa declaração, três dos

calvinistas foram executados e outro foi poupado por ser o único alfaiate da colônia. O quinto autor

da confissão de fé, Jacques le Baleur, conseguiu fugir, mas foi preso e mais tarde enforcado. Entre

os que conseguiram retornar para a França estava o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde tornou-

se pastor e escreveu a célebre obra Viagem à Terra do Brasil (1578).

2. O Brasil Holandês

A próxima tentativa de introdução do calvinismo no Brasil ocorreu em meados do século XVII por

meio dos holandeses. No contexto da guerra contra a Espanha, a Companhia das Índias Ocidentais

ocupou o nordeste brasileiro por vinte e quatro anos (1630-1654). O mais famoso governante do

Brasil holandês foi o Conde João Maurício de Nassau-Siegen, que aqui esteve por apenas sete anos

(1637-1644). Embora os residentes católicos e judeus tenham gozado de tolerância religiosa, a

igreja oficial da colônia era a Igreja Reformada da Holanda, que realizou uma grande obra pastoral e

missionária. Ao longo dos anos foram criadas 22 igrejas e congregações, dois presbitérios

(Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Além da

assistência aos colonos europeus, a igreja reformada fez um notável trabalho missionário com os

indígenas. Ao lado da pregação e ensino, houve a preparação de um catecismo na língua nativa.

Outros projetos incluíam a tradução das Escrituras e a ordenação de pastores indígenas, o que não

chegou a efetivar-se. Com a expulsão dos holandeses, as igrejas nativas vieram a extinguir-se e por

um século e meio desapareceram os vestígios do calvinismo no Brasil.

3. O Protestantismo de Imigração

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O protestantismo em geral e o presbiterianismo em particular puderam estabelecer-se definitivamente

no Brasil somente após a chegada da família real, em 1808. Em 1810, Portugal e Inglaterra firmaram

um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII, pela primeira vez em nossa história,

concedeu liberdade religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos deles começaram a chegar de

diversas regiões da Europa, entre eles reformados franceses, suíços e alemães. Em 1827, por

iniciativa do cônsul da Prússia, foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante Alemã-

Francesa, que congregava luteranos e calvinistas.

Durante várias décadas, o calvinismo ficou restrito às comunidades imigrantes, sem atingir os

brasileiros. Os poucos pastores reformados ou presbiterianos que por aqui passaram limitaram suas

atividades religiosas aos estrangeiros. Tal foi o caso do Rev. James Cooley Fletcher, um pastor

presbiteriano norte-americano que teve uma longa e frutífera ligação com o Brasil a partir de 1851.

Ele deu assistência religiosa a marinheiros e imigrantes europeus, procurou aproximar o Brasil e os

Estados Unidos nas áreas diplomática, comercial e cultural, e escreveu o livro O Brasil e os

Brasileiros, publicado em 1857. Por meio de seus contatos com políticos e intelectuais brasileiros,

Fletcher contribuiu indiretamente para a introdução do protestantismo no Brasil. Foi por sua

sugestão que o missionário congregacional inglês Robert Reid Kalley veio para o Brasil em 1855.

Finalmente, o presbiterianismo foi implantado entre os brasileiros pelo Rev. Ashbel Green Simonton,

que aqui chegou em 1859.

Page 9: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Introdução

1/1www.ipb.org.br/portal/igreja-ref ormada/97-introducao-?tmpl=component&print=1&lay out=def ault&p…

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Introdução

Basicamente, quando falamos de Fé Reformada, referimo-nos à verdadeira religião cristã, como foi

recuperada durante a Reforma Protestante dos séculos 16 e 17. Esse texto tratará de alguns

assuntos referentes à fé Reformada, que a Igreja Presbiteriana do Brasil crê, mas você não

encontrará a abordagem daqueles pontos cardeais da religião cristã que as Igrejas Reformadas

compartilham com as demais, a saber, a Trindade, a expiação, a justificação pela fé, o nascimento

virginal e a ressurreição corpórea de Jesus, seus milagres e a inspiração das Escrituras Sagradas.

A Fé Reformada adota todas as doutrinas apostólicas estabelecidas na Bíblia e formuladas em

credos pelos grandes concílios ecumênicos da Igreja Primitiva. Ela é um relacionamento com Deus,

através da mediação de Jesus Cristo, baseado no Evangelho revelado por Ele e pelas Escrituras

Sagradas.

O conteúdo desse trabalho é seletivo e não abrange toda a fé cristã; não se pretende nem objetiva

oferecer um resumo exaustivo da fé Reformada, antes aborda os princípios reformados, a

Teocentricidade, a eleição, o sacrifício de Cristo e a Graça Irresistível de Jesus por nós, pecadores.

Page 10: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

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Rev. Ashbel Green Simonton

Ashbel Green Simonton (1833-1867), o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, nasceu em West

Hanover, no sul da Pensilvânia, e passou a infância na fazenda da família, denominada Antigua. Eram

seus pais o médico e político William Simonton e D. Martha Davis Snodgrass (1791-1862), filha de

um pastor presbiteriano. Ashbel era o mais novo de nove irmãos. Os irmãos homens (William, John,

James, Thomas e Ashbel) costumavam denominar-se os "quinque fratres" (cinco irmãos). Um deles,

James Snodgrass Simonton, quatro anos mais velho que Ashbel, viveu por três anos no Brasil e foi

professor na cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Uma das quatro irmãs, Elizabeth Wiggins

Simonton (1822-1879), conhecida como Lille, veio a casar-se com o Rev. Alexander Latimer

Blackford, vindo com ele para o Brasil.

Em 1846, a família mudou-se para Harrisburg, a capital do estado, onde Ashbel concluiu os estudos

secundários. Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura Universidade de Princeton), em

1852, o jovem passou cerca de um ano e meio no Mississipi, trabalhando como professor. Voltando

para o seu estado, teve profunda experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e ingressou

no Seminário de Princeton, fundado em 1812. No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do

seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que despertou o seu

interesse pela obra missionária no exterior. Concluídos os estudos, foi ordenado em 1859 e chegou

ao Brasil no dia 12 de agosto do mesmo ano.

Pouco depois de organizar a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (12/01/1862), o jovem

missionário seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen

Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. No final de junho do ano

seguinte, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua filhinha, que recebeu o seu nome. Helen

Murdoch Simonton, a filha única do Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88 anos no dia 7

de janeiro de 1952. Com o passar dos anos, Simonton criou o jornal Imprensa Evangélica (1864),

organizou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e fundou o Seminário Primitivo (1867), este último

localizado em um edifício de vários pavimentos junto ao Campo de Santana.

No final de 1867, sentindo-se adoentado, o missionário pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua

irmã e seu cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde agravou-se e ele veio a falecer

no dia 9 de dezembro, acometido de "febre biliosa", conforme consta do seu registro de

sepultamento. Seu túmulo foi um dos primeiros do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no

bairro da Consolação. Anos depois, foram sepultados perto dele os ossos do ex-sacerdote Rev.

José Manoel da Conceição (1822-1873), o primeiro pastor evangélico brasileiro. Simonton e

Conceição, um americano e um brasileiro, foram os personagens mais notáveis dos primórdios do

presbiterianismo no Brasil.

Page 11: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 O que é IPB

1/3www.ipb.org.br/portal/historia/75-oqueeipb?tmpl=component&print=1&lay out=def ault&page=

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O que é IPB

A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de igrejas que têm em comum uma história, uma

forma de governo, uma teologia, bem como um padrão de culto e de vida comunitária.

Historicamente, a IPB pertence à família das igrejas reformadas ao redor do mundo, tendo surgido

no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.

Suas origens mais remotas encontram-se nas reformas protestantes suíça e escocesa, no século 16,

lideradas por personagens como Ulrico Zuínglio, João Calvino e João Knox. O nome “igreja

presbiteriana” vem da maneira como a igreja é administrada, ou seja, através de “presbíteros” eleitos

democraticamente pelas comunidades locais. Essas comunidades são governadas por um “conselho”

de presbíteros e estes oficiais também integram os concílios superiores da igreja, que são os

presbitérios, os sínodos e o Supremo Concílio. Os presbíteros são de dois tipos: regentes (que

governam) e docentes (que ensinam); estes últimos são os pastores. Atualmente, a Igreja

Presbiteriana do Brasil tem aproximadamente 3.840 igrejas locais, 228 presbitérios, 55 sínodos,

2.660 pastores, 370.500 membros comungantes e 133.000 membros não-comungantes (menores),

estando presente em todos os estados da federação.

Quanto à sua teologia, as igrejas presbiterianas são herdeiras do pensamento do reformador João

Calvino (1509-1564) e das notáveis formulações confessionais (confissões de fé e catecismos)

elaboradas pelos reformados nos séculos 16 e 17. Dentre estas se destacam os documentos

elaborados pela Assembléia de Westminster, reunida em Londres na década de 1640. A Confissão

de Fé de Westminster, bem como os seus Catecismos Maior e Breve, são adotados oficialmente

pela IPB como os seus símbolos de fé ou padrões doutrinários. Outras igrejas presbiterianas adotam

documentos adicionais, como a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg. O conjunto de

convicções presbiterianas, conforme expostas no pensamento de Calvino, de outros teólogos e dos

citados documentos confessionais, é denominado teologia calvinista ou teologia reformada. Entre as

suas ênfases estão a soberania de Deus, a eleição divina, a centralidade da Palavra e dos

sacramentos, o conceito do pacto, a validade permanente da lei moral e a associação entre a

piedade e o cultivo intelectual.

No seu culto, as igrejas presbiterianas procuram obedecer ao chamado princípio regulador. Isso

significa que o culto deve ater-se às normas contidas na Escritura, não sendo aceitas as práticas

proibidas ou não sancionadas explicitamente pela mesma. O culto presbiteriano caracteriza-se por

sua ênfase teocêntrica (a centralidade do Deus triúno), simplicidade, reverência, hinódia com

conteúdo bíblico e pregação expositiva. Na prática, nem todas as igrejas locais da IPB seguem

criteriosamente essas normas, embora as mesmas tenham caracterizado historicamente o culto

reformado. Os problemas causados pelo afastamento desses padrões têm levado muitas igrejas a

reconsiderarem as suas práticas litúrgicas e resgatarem a sua herança nessa área fundamental.

Quando se diz que o culto reformado é solene e respeitoso, não se implica com isso que deva ser

rígido e sem vida. O verdadeiro culto a Deus é também fervoroso e alegre.

Finalmente, a vida das igrejas presbiterianas brasileiras não se restringe ao culto, por importante que

seja. Essas igrejas também valorizam a educação cristã dos seus adeptos através da Escola

Page 12: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 O que é IPB

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Dominical e outros meios; congregam os seus membros em diferentes agremiações internas para

comunhão e trabalho; têm a consciência de possuir uma missão dada por Deus, a ser cumprida

através da evangelização e do testemunho cristão. Muitas igrejas locais se dedicam a outras

atividades em favor da comunidade mais ampla, como a manutenção de escolas, creches, orfanatos,

ambulatórios e outras iniciativas de promoção humana. Cada igreja possui um grupo de oficiais, os

diáconos, cuja função primordial é o exercício da misericórdia cristã. O presbiterianismo tem uma

visão abrangente da vida, entendendo que o evangelho de Cristo tem implicações para todas as

áreas da sociedade e da cultura.

DE ONDE VIEMOS?

O presbiterianismo ou movimento reformado nasceu da Reforma Protestante do século 16. Tendo o

protestantismo começado na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, pouco depois surgiu

uma segunda manifestação do mesmo no Cantão de Zurique, na Suíça, sob a direção de outro ex-

sacerdote, Ulrico Zuínglio (1484-1531). Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento

ficou conhecido como a Segunda Reforma ou Reforma Suíça. O entendimento de que a reforma

suíça foi mais profunda em sua ruptura com a igreja medieval e em seu retorno às Escrituras fez com

que recebesse o nome de movimento reformado e seus simpatizantes ficassem conhecidos

simplesmente como “reformados”.

Ao morrer, em 1531, Zuínglio teve um hábil sucessor na pessoa de João Henrique Bullinger (1504-

1575). Todavia, poucos anos depois surgiu um líder que se destacou de todos os outros por sua

inteligência, dotes literários, capacidade de organização e profundidade teológica. Esse líder foi o

francês João Calvino (1509-1564), que concentrou os seus esforços na cidade suíça de Genebra,

onde residiu durante 25 anos. Através da sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã ou

Institutas, comentários bíblicos, tratados e outros escritos, Calvino traçou os contornos básicos do

presbiterianismo, tanto em termos teológicos quanto organizacionais, à luz das Escrituras Sagradas.

Graças aos seus escritos, viagens, correspondência e liderança eficaz, Calvino exerceu enorme

influência em toda a Europa e contribuiu para a difusão do movimento reformado em muitas de suas

regiões. Dentro de poucos anos, a fé reformada fincou sólidas raízes no sul da Alemanha

(Estrasburgo, Heidelberg), na França, nos Países Baixos (as futuras Holanda e Bélgica) e no leste

europeu, onde surgiram comunidades reformadas em países como a Polônia, a Lituânia, a

Checoslováquia e especialmente a Hungria. Em algumas dessas nações, a reação violenta da

Contra-Reforma limitou ou sufocou o novo movimento, como foram, respectivamente, os casos da

França e da Polônia. As igrejas calvinistas nacionais da Europa continental ficaram conhecidas como

igrejas reformadas (por exemplo, Igreja Reformada da França).

Outra região da Europa em que a fé reformada teve ampla aceitação foram as Ilhas Britânicas,

particularmente a Escócia, cujo parlamento adotou o presbiterianismo como religião oficial em 1560.

Para tanto foi decisiva a atuação do reformador João Knox (1514-1572), que foi discípulo de

Calvino em Genebra. Foi nessa região que surgiu a designação “igreja presbiteriana”. Na Inglaterra e

na Escócia dos séculos 16 e 17, o presbiterianismo representou uma posição ao mesmo tempo

teológica e política. Com esse termo, as igrejas reformadas declaravam que não queriam uma igreja

governada por bispos nomeados pelos reis (episcopalismo), e sim por presbíteros eleitos pelas

comunidades. Foi na Inglaterra que, em meio a uma guerra civil, o parlamento convocou a

Page 13: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Assembléia de Westminster (1643-1649), que elaborou os documentos confessionais mais

amplamente aceitos pelos presbiterianos ao redor do mundo.

Nos séculos 17 e 18, milhares de calvinistas emigraram para as colônias inglesas da América do

Norte. Muitos deles abraçavam a teologia de Calvino, mas não a forma de governo eclesiástico

presbiterial proposta por ele. Foi esse o caso dos puritanos ingleses que se estabeleceram na Nova

Inglaterra. Ao mesmo tempo, as colônias norte-americanas também receberam muitas famílias

presbiterianas emigradas da Escócia e do norte da Irlanda. Foram essas pessoas que eventualmente

criaram a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, cujo primeiro concílio, o Presbitério de Filadélfia,

foi organizado em 1706 sob a liderança do Rev. Francis Makemie, considerado o “pai do

presbiterianismo norte-americano”. O primeiro Sínodo foi organizado em 1717 e a Assembléia Geral

em 1789. Em 1859, a Junta de Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos

enviou ao Rio de Janeiro o Rev. Ashbel Green Simonton, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Page 14: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Implantação da IPB (1859-1869)

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Implantação da IPB (1859-1869)

O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e desprendimento do Rev.

Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton

estudou no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado.

Influenciado por um reavivamento em 1855, fez a sua profissão de fé e, pouco depois, ingressou no

Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o famoso teólogo Charles Hodge,

levou-o a considerar o trabalho missionário no estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante

a Junta de Missões da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de

sua preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio de

Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade.

Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português. Em janeiro de 1862, recebeu

os primeiros conversos, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período

em que viveu no Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro periódico

evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e

organizou um seminário (1867). O Rev. Ashbel Simonton morreu vitimado pela febre amarela aos

34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch, havia falecido três anos antes).

Os principais colaboradores de Simonton naquele período foram seu cunhado Alexander L.

Blackford, que em 1865 organizou as Igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que

trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do Rio e foi missionário

na Bahia; e George W. Chamberlain, grande evangelista e operoso pastor da Igreja de São Paulo.

Os quatro únicos estudantes do "seminário primitivo" foram eficientes pastores: Antonio Bandeira

Trajano, Miguel Gonçalves Torres, Modesto Perestrelo Barros de Carvalhosa e Antonio Pedro de

Cerqueira Leite.

Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso

Alegre) e Sorocaba. O homem que mais contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o

notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um ex-sacerdote católico romano, que se

tornou o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do evangelho (1865). Conceição visitou

incansavelmente dezenas de vilas e cidades no interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de

Minas, pregando o evangelho da graça.

Page 15: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Consolidação da IPB (1869-1888)

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Consolidação da IPB (1869-1888)

Simonton e seus companheiros eram todos da Igreja Presbiteriana do norte dos Estados Unidos

(PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da igreja do sul (PCUS): George Nash

Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em Campinas, região onde residiam muitas famílias norte-

americanas que vieram para o Brasil após a Guerra Civil em seu país (1861-1865). Em 1870,

Morton e Lane fundaram a igreja de Campinas e, em 1873, o famoso, porém efêmero, Colégio

Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o oeste de Minas, o

Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias dessas regiões foi o incansável Rev. John

Boyle, falecido em 1892.

Os obreiros da PCUS foram também os pioneiros presbiterianos no nordeste e norte do Brasil (de

Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife

(1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de

Pernambuco. O mais conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev.

Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana.

Enquanto isso, os missionários da Igreja do norte dos Estados Unidos, auxiliados por novos colegas,

davam continuidade ao seu trabalho. Seus principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou,

além de Schneider e Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu

templo em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos pioneiros

foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo. Na capital paulista, o

casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie

College, dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província, destacou-se o Rev.

João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do Sul, trabalhou por

algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês.

Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias

de Miranda, Manuel Antônio de Menezes, Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho

Braga e Caetano Nogueira Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram ao Brasil

algumas notáveis missionárias educadoras como Mary Parker Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie

Henderson e Charlotte Kemper.

Page 16: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Dissensão da IPB (1888-1903)

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Dissensão da IPB (1888-1903)

Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, que se tornou

assim autônoma, desligando-se das igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três

presbitérios (Rio de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários,

doze pastores nacionais e cerca de sessenta igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev.

Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros professores e

dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São Paulo e Minas.

Nesse período, a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos missionários, pastores

brasileiros e igrejas locais. O seminário começou a funcionar em Nova Friburgo, no final de 1892, e

no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente o Rev. John Rockwell Smith. O

Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente o Dr.

Horace Manley Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi transferido de

Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu

grande líder, o Rev. Samuel R. Gammon (1865-1928).

A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de Natal (1895), fundado por

Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C. Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns

começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do trabalho evangelístico, foram

lançadas as bases de duas importantes instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o

Seminário do Norte, hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em

todos os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas.

No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São Francisco do Sul e Florianópolis). A

igreja também iniciou a sua marcha vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro a residir em Alto

Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As igrejas de São Paulo e do Rio de

Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos

Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897).

Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por uma grave crise que se

abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença de prioridades entre o Sínodo e a

Junta de Missões de Nova York. O Sínodo queria apoio para a obra evangelística e para instalar o

Seminário, ao passo que a Junta preferia dar ênfase à obra educacional, principalmente por meio do

Mackenzie College. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja Presbiteriana

de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do Mackenzie, Horace M. Lane e William

A. Waddell.

Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais radical em suas

posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas brasileiros. Como uma

alternativa ao jornal do Rev. Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899.

Em 1900 foi organizada a Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo, que resultou da fusão de duas

igrejas formadas por pessoas que haviam saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um

Page 17: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Dissensão da IPB (1888-1903)

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novo problema veio complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria.

Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a divulgar a sua Plataforma,

com cinco tópicos sobre as questões missionária, educativa e maçônica. Após pouco mais de um

ano de debates acalorados, a crise chegou ao seu lamentável desfecho, em 31 de julho de 1903,

durante a reunião do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo Carlos Pereira e

seus colegas desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente.

Page 18: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Reconstituição da IPB (1903-1917)

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Reconstituição da IPB (1903-1917)

No início de agosto de 1903, os independentes organizaram o seu presbitério, com quinze

presbíteros e sete pastores (Eduardo C. Pereira, Caetano Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz

de Oliveira, Otoniel Mota, Alfredo Borges Teixeira e Vicente Themudo Lessa). Seguiu-se um triste

período de divisões de comunidades, luta pela posse de propriedades, litígios judiciais. Uma pastoral

do Presbitério Independente chegou a vedar aos sinodais a Ceia do Senhor. O período mais

conflitivo estendeu-se até 1906. Nessa época, o Sínodo contava com 77 igrejas e cerca de 6500

membros; em 1907, os independentes tinham 56 igrejas e 4200 comungantes.

O prédio do seminário, no bairro Higienópolis, foi ocupado sem solenidade em setembro de 1899.

Os principais professores eram os Revs. John R. Smith e Erasmo Braga (este a partir de 1901); o

membro mais destacado da diretoria era o Rev. Álvaro Reis. Em fevereiro de 1907, o seminário foi

transferido para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio Internacional. A primeira

turma de Campinas só se formou em 1912. Entre os formandos estavam Tancredo Costa,

Herculano de Gouvêa Jr., Miguel Rizzo Jr. e Paschoal Luiz Pitta. Mais tarde viriam Guilherme Kerr,

Jorge T. Goulart, Galdino Moreira e José Carlos Nogueira.

A obra presbiteriana crescia em muitos lugares. A primeira cidade atingida no leste de Minas foi Alto

Jequitibá (Manhuaçu) e, no Espírito Santo, São José do Calçado. Os primeiros pastores daqueles

campos foram Matatias Gomes dos Santos, Aníbal Nora, Constâncio Omero Omegna e Samuel

Barbosa. No Vale do Ribeira, o dinâmico evangelista Willes Roberto Banks continuava em

atividade. A família Vassão daria grandes contribuições à igreja.

Em 1907, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e Sul) e em 1910 foi organizada a Assembléia Geral

da Igreja Presbiteriana do Brasil. O moderador do último sínodo e instalador da Assembléia Geral

foi o veterano Modesto Carvalhosa, ordenado 40 anos antes. A Assembléia Geral foi instalada na

Igreja do Rio de Janeiro e o Rev. Álvaro Reis foi eleito seu primeiro moderador. Os conciliares

visitaram a Ilha de Villegagnon para lembrar os mártires calvinistas e comemorar o quarto centenário

do nascimento de Calvino. Na época, a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha 10 mil membros

comungantes, outro tanto de menores e cerca de 150 igrejas em sete presbitérios. As demais

denominações tinham os seguintes números metodistas: 6 mil membros; independentes: 5 mil;

batistas: 5 mil; e episcopais: cerca de mil. Em 1911, a IPB enviou a Portugal seu primeiro

missionário, Rev. João da Mota Sobrinho, que lá permaneceu até 1922.

Os missionários americanos continuavam em plena atividade. Devido a divergências quanto ao lugar

da educação na obra missionária, a Missão Sul da PCUS dividiu-se em duas: Missão Leste (Lavras)

e Missão Oeste (Campinas). O Rev. William Waddell fundou uma influente escola em Ponte Nova,

Bahia. Pierce, um filho de Chamberlain, trabalhou na Bahia de 1899 a 1909. A obra presbiteriana no

Mato Grosso começou nesse período: os pioneiros foram os missionários Franklin Graham (1913) e

Filipe Landes (1915).

Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um acordo entre a igreja brasileira e as missões norte-

Page 19: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Reconstituição da IPB (1903-1917)

2/2www.ipb.org.br/portal/historia/93-reconstituicao-da-ipb-1903-1917?tmpl=component&print=1&lay o…

americanas, pelo qual os missionários desligaram-se dos concílios da IPB, separando-se os campos

nacionais (presbitérios) dos campos das missões. Em 1924, a Assembléia Geral reuniu-se pela

primeira sem qualquer missionário como delegado de presbitério.

Page 20: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Cooperação da IPB (1917-1932)

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Cooperação da IPB (1917-1932)

O maior líder presbiteriano desse período foi o Rev. Erasmo de Carvalho Braga (1877-1932),

professor do Seminário e secretário da Assembléia Geral. Em 1916, participou com dois colegas do

Congresso de Ação Cristã na América Latina, no Panamá. Poucos anos depois, tornou-se o

dinâmico secretário da Comissão Brasileira de Cooperação, entidade que liderou um grande esforço

cooperativo entre as igrejas evangélicas do Brasil na década de 1920. As principais áreas de

cooperação foram literatura, educação cristã e educação teológica. Foi fundado no Rio de Janeiro o

Seminário Unido, que existiu até 1932.

Outros esforços cooperativos desse período foram: (1) Instituto José Manoel da Conceição,

fundado pelo Rev. William A. Waddell na cidade de Jandira, na Grande São Paulo (1928);

objetivava preparar os jovens que depois seguiriam para o seminário. (2) Associação Evangélica de

Catequese dos Índios (1928), depois Missão Evangélica Caiuá: idealizada pelo Rev. Albert S.

Maxwell e instalada em Dourados, Mato Grosso, num esforço cooperativo das igrejas presbiteriana,

independente, metodista e episcopal.

O Seminário de Campinas correu o risco de ser extinto por causa do Seminário Unido, mas

finalmente superou a crise. Em 1921, o Seminário do Norte foi transferido para o Recife. As

principais instituições educacionais das missões eram o Colégio Agnes Erskine, em Recife; Colégio

15 de Novembro (Garanhuns); Escola de Ponte Nova (Bahia); Colégio 2 de Julho (Salvador);

Instituto Gammon (Lavras); Instituto Cristão (Castro) e principalmente o Mackenzie College. Os

principais periódicos presbiterianos eram O Puritano e o Norte Evangélico.

Em 1924, a Assembléia Geral encerrou o trabalho missionário em Lisboa. No mesmo ano, Erasmo

Braga e alguns amigos fundaram a Sociedade Missionária Brasileira de Evangelização em Portugal,

que enviou àquele país o Rev. Paschoal Luiz Pitta e sua esposa Odete. O casal ali esteve por quinze

anos (1925-1940), regressando ao Brasil devido à constante falta de recursos.

Em 1921, morreu o Rev. Antonio Bandeira Trajano. Com ele desapareceu a primeira geração de

obreiros presbiterianos no Brasil, os da década de 1860. Outros obreiros falecidos nesse período

foram: Eduardo Carlos Pereira (1923), Álvaro Reis (1925), Carlota Kemper (1927), Samuel

Gammon (1928) e Erasmo Braga (1932). Além do seu trabalho na área religiosa, vários dos

pioneiros presbiterianos deram valiosa contribuição de ordem intelectual e literária. Alguns autores e

os livros que os celebrizaram são os seguintes: Modesto Carvalhosa (Escrituração Mercantil),

Antonio Trajano (Álgebra Elementar), Eduardo C. Pereira (Gramática Expositiva), Otoniel Motta (O

Meu Idioma) e Erasmo Braga (Série Braga).

Page 21: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Organização da IPB (1932 - 1952 )

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Organização da IPB (1932 - 1952 )

Nas décadas de 1930 a 1950, a IPB continuou a crescer e a aperfeiçoar a sua estrutura, criando

entidades voltadas para o trabalho feminino, mocidade, missões nacionais e estrangeiras, literatura e

ação social. O período terminou com a comemoração do centenário do presbiterianismo no Brasil.

Nessa época, a igreja era constituída dos seguintes sínodos: (1) Setentrional: estendia-se de Alagoas

até a Amazônia, estando o maior número de igrejas no Estado de Pernambuco; (2) Bahia-Sergipe:

criado em 1950, quando o Presbitério Bahia-Sergipe, antigo campo da Missão Central, dividiu-se

nos presbitérios de Salvador, Campo Formoso e Itabuna; (3) Minas-Espírito Santo: surgiu em 1946,

abrangendo o leste de Minas e o Espírito Santo, a região de maior crescimento da igreja; (4)

Central: formado em 1928, incluía o Estado do Rio de Janeiro, bem como o sul e o oeste de Minas

Gerais; (5) Meridional: sínodo histórico (1910-47), abrangia São Paulo, Paraná e Santa Catarina;

(6) Oeste do Brasil: foi formado em 1947, abrangendo todo o norte e oeste de São Paulo. No final

da década de 50, foram entregues pelas missões os Presbitérios do Triângulo Mineiro, Goiás e

Cuiabá.

Nesse período, as missões norte-americanas continuaram o seu trabalho: (1) PCUS: (a) Missão

Norte: atuou no nordeste, onde o principal obreiro foi o Rev. William Calvin Porter (†1939); o

campo mais importante era o de Garanhuns, onde estavam o Colégio 15 de Novembro e o jornal

Norte Evangélico; (b) Missão Leste: atuou no oeste de Minas e depois em Dourados, Mato Grosso,

cuja igreja foi organizada em 1951. (c) Missão Oeste: concentrou-se mais no Triângulo Mineiro,

onde o casal Edward e Mary Lane fundou em 1933 o Instituto Bíblico de Patrocínio. (2) PCUSA:

(a) Missão Central: seus principais campos eram Ponte Nova/Itacira, a bacia do Rio São Francisco,

o sul da Bahia e o norte de Minas.; (b) Missão Sul: atuou no Paraná e Santa Catariana, fundindo-se

com a Missão Central por volta de 1937. O Rev. Filipe Landes foi grande evangelista no Mato

Grosso (norte e sul). Em Rio Verde, Goiás, atuou o Rev. Dr. Donald Gordon, que fundou um

importante hospital.

Trabalho feminino: as primeiras sociedades de senhoras surgiram em 1884-85 e as primeiras

federações, na década de 1920. Os primeiros secretários gerais do trabalho feminino foram o Rev.

Jorge T. Goulart e as sras. Genoveva Marchant, Blanche Lício, Cecília Siqueira e Nady Werner. O

primeiro congresso nacional reuniu-se na I. P. Riachuelo, no Rio de Janeiro, em 1941; o segundo

congresso realizou-se também no Rio em 1954. A SAF em Revista foi criada em 1954.

Page 22: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Denominações Presbiterianas no Brasil

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Denominações Presbiterianas no Brasil

A Igreja Presbiteriana do Brasil é a mais antiga denominação reformada do país, tendo sido fundada

pelo missionário Ashbel Green Simonton (1833-1867), que aqui chegou em 1859. Mais tarde, ao

longo do século 20, surgiram outras igrejas congêneres que também se consideram herdeiras da

tradição calvinista. São as seguintes, por ordem cronológica de organização: Igreja Presbiteriana

Independente do Brasil (1903), com sede em São Paulo; Igreja Presbiteriana Conservadora (1940),

com sede em São Paulo; Igreja Presbiteriana Fundamentalista (1956), com sede em Recife; Igreja

Presbiteriana Renovada do Brasil (1975), com sede em Arapongas, Paraná, e Igreja Presbiteriana

Unida do Brasil (1978), com sede no Rio de Janeiro.

1. Igreja Presbiteriana Independente

Surgiu em 1903 como uma denominação totalmente nacional, sem vinculação com igrejas

estrangeiras. Resultou do projeto nacionalista do Rev. Eduardo Carlos Pereira (1856-1923), que

entrou em conflito com o Sínodo da IPB em torno das questões missionária, educacional e

maçônica. Em 1907, a IPI tinha 56 igrejas e 4.200 membros comungantes. Fundou um seminário em

São Paulo. Em 1908 foi instalado o seu Sínodo, inicialmente com três presbitérios; em 1957 foi

criado o Supremo Concílio, com três sínodos, dez presbitérios, 189 igrejas locais e 105 pastores. O

Estandarte, fundado em 1893, é até hoje o jornal oficial. Após o Congresso do Panamá (1916), a

IPI aproximou-se da IPB e das outras igrejas evangélicas. A partir de 1930, surgiu um movimento

de intelectuais (entre eles o Rev. Eduardo Pereira de Magalhães, neto de Eduardo C. Pereira) que

pretendia reformar a liturgia, certos costumes eclesiásticos e até mesmo a Confissão de Fé. A

questão eclodiu no Sínodo de 1938. Um grupo organizou a Liga Conservadora, liderada pelo Rev.

Bento Ferraz. A elite liberal retirou-se da IPI em 1942 e formou a Igreja Cristã de São Paulo. Ver

http://www.ipib.org

2. Igreja Presbiteriana Conservadora

Foi fundada em 1940 pelos membros da Liga Conservadora da IPI, sob a liderança do Rev. Bento

Ferraz. Em 1957, contava com mais de vinte igrejas, em quatro estados, e tinha um seminário. Seu

órgão oficial é O Presbiteriano Conservador. Filiou-se à Aliança Latino-Americana de Igrejas

Cristãs e à Confederação de Igreja Evangélicas Fundamentalistas do Brasil. Ver

http://www.ipcb.org.br

3. Igreja Presbiteriana Fundamentalista

Israel Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife ligado ao Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (Carl

McIntire) liderou uma campanha contra o Seminário do Norte sob a acusação de modernismo.

Page 23: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Gueiros fundou outro seminário e foi deposto pelo Presbitério de Pernambuco em julho de 1956.

Em 21 de setembro foi organizada a IPFB com quatro igrejas locais (inclusive elementos batistas e

congregacionais), que formaram um presbitério com 1800 membros.

4. Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil

Em 1968, como resultado do "movimento de renovação" na IPB, surgiu em Cianorte, Paraná, a

Igreja Cristã Presbiteriana. Em 1972, um segmento separou-se da IPI para formar a Igreja

Presbiteriana Independente Renovada, em Assis, SP. Em 1975, os dois grupos se uniram, criando a

Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil. Ver http://www.iprb.org.br

5. Igreja Presbiteriana Unida do Brasil

Foi fundada por elementos que discordaram da postura conservadora da IPB durante a

administração do Rev. Boanerges Ribeiro (1966-1978). Surgiram dois grupos dissidentes. Em

1974, membros do Presbitério de São Paulo criaram a Aliança de Igrejas Reformadas. Em 1978, foi

criada a Federação Nacional de Igrejas Presbiterianas (FENIP), em Atibaia. Em 1983, na cidade de

Vitória, a FENIP adotou o nome de Igreja Presbiteriana Unida do Brasil. Essa igreja adota uma

postura teológica liberal e pluralista.

Ver http://www.ipu.org.br

Page 24: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

28/10/12 Mocidade da IPB

1/2www.ipb.org.br/portal/historia/96-mocidade-da-ipb?tmpl=component&print=1&lay out=def ault&page=

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Mocidade da IPB

Algumas entidades precursoras foram a Associação Cristã de Moços (Myron Clark), o Esforço

Cristão (Clara Hough) e a União Cristã de Estudantes do Brasil (Eduardo P. Magalhães). Benjamim

Moraes Filho foi o primeiro secretário do trabalho da mocidade, em 1938. O primeiro congresso

nacional reuniu-se em Jacarepaguá em 1946, quando foi criada a confederação. Entre os líderes da

época estavam Francisco Alves, Jorge César Mota, Paulo César, Waldo César, Tércio Emerique,

Gutemberg de Campos, Paulo Rizzo e Billy Gammon.

Missões Nacionais: em 1940 foi organizada na I. P. Unida a Junta Mista de Missões Nacionais, com

representantes da IPB e das missões norte-americanas. Entre os primeiros líderes estavam Coriolano

de Assunção, Guilherme Kerr, Filipe Landes, Eduardo Lane, José Carlos Nogueira e Wilson N.

Lício. Até 1958, a Junta ocupou quinze regiões em todo o Brasil, com cerca de 150 locais de

pregação. Em 1950 foi criada a Missão Presbiteriana da Amazônia.

Missão em Portugal: os primeiros obreiros foram João da Mota Sobrinho (1911-1922) e Paschoal

Luiz Pitta (1925-1940). Em 1944 a IPB assumiu o trabalho e foi criada a Junta de Missões

Estrangeiras, com o apoio das igrejas norte-americanas. Os primeiros missionários foram Natanael

Emerique, Aureliano Lino Pires, Natanael Beuttenmuller e Teófilo Carnier.

Outras organizações: (a) Casa Editora: começou a ser organizada em 1945, no início da Campanha

do Centenário, sob a liderança do Rev. Boanerges Ribeiro. A primeira sede foi instalada em

dependências cedidas pela I. P. Unida, na Rua Helvétia. (b) Orfanatos: em 1910, a Assembléia

Geral planejou um orfanato para Lavras; em 1919, passou a funcionar em Valença, e em 1929 veio

a ocupar uma propriedade da I. P. de Copacabana em Jacarepaguá. O orfanato foi denominado

Instituto Álvaro Reis. (c) Conselho Interpresbiteriano (CIP): foi criado em 1955 para superintender

as relações da IPB com as missões e as juntas missionárias dos Estados Unidos. Tinha mais

autoridade que o modus operandi de 1917.

Outras igrejas: (a) Igreja Presbiteriana Independente: em 1957, foi criado o Supremo Concílio, com

três sínodos, dez presbitérios, 189 igrejas, 105 pastores e cerca de 30 mil membros comungantes; O

Estandarte continuou a ser o jornal oficial. No final dos anos 30 houve um conflito teológico. Em

1942, um grupo de intelectuais liberais (entre os quais o Rev. Eduardo P. Magalhães) retirou-se da

IPI e formou a Igreja Cristã de São Paulo. (b) Igreja Presbiteriana Conservadora: foi fundada em

1940 pelos membros da Liga Conservadora da IPI. Em 1957, contava com mais de vinte igrejas em

quatro estados e tinha um seminário. Seu órgão oficial é O Presbiteriano Conservador. (c) Igreja

Presbiteriana Fundamentalista: foi fundada em 1956 pelo Rev. Israel Gueiros, pastor da 1.ª I. P. de

Recife e ligado ao Concílio Internacional de Igrejas Cristãs (do líder fundamentalista norte-americano

Carl McIntire).

Neste período, a IPB participou de vários movimentos cooperativos: Associação Evangélica

Beneficente (fundada por Otoniel Mota em 1928), Associação Cristã de Beneficência Ebenézer

(dirigida pelo Dr. Benjamin Hunnicutt), Missão Evangélica Caiuá, Instituto José Manoel da

Page 25: IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

Conceição, Confederação Evangélica do Brasil (fundada em 1934), Sociedade Bíblica do Brasil,

Centro Áudio-Visual Evangélico (CAVE, fundado em 1951) e Universidade Mackenzie, que seria

transferida à IPB no início dos anos 60.

Constituição da IPB: em 1924, foram aprovadas pequenas modificações no antigo Livro de Ordem

adotado quando da criação do Sínodo, em 1888. Em 1937, entrou em vigor a nova Constituição da

Igreja (os independentes haviam aprovado a sua três anos antes), sendo criado o Supremo Concílio.

Houve protestos do norte contra alguns pontos: diaconato para ambos os sexos, "confirmação" em

vez de "profissão de fé" e o nome "Igreja Cristã Presbiteriana." Em 1950, foi promulgada um nova

Constituição e no ano seguinte o Código de Disciplina e os Princípios de Liturgia.

Estatística: em 1957, a IPB contava com seis sínodos, 41 presbitérios, 489 igrejas, 883

congregações, 369 ministros, 127 candidatos ao ministério, 89.741 membros comungantes e 71.650

não-comungantes. Os primeiros presidentes do Supremo Concílio foram os Revs. Guilherme Kerr,

José Carlos Nogueira, Natanael Cortez, Benjamim Moraes Filho e José Borges dos Santos Júnior.

A Campanha do Centenário foi lançada em 1946, tendo como objetivos: avivamento espiritual,

expansão numérica, consolidação das instituições da igreja, afirmação da fé reformada e homenagem

aos pioneiros. A Comissão Central do Centenário, organizada em 1948, enfrentou muitas

dificuldades. Após 1950, a campanha ganhou ímpeto. A Comissão Unida do Centenário (IPB, IPI e

Igreja Reformada Húngara) planejou uma grande campanha evangelística com a participação de

Edwyn Orr e William Dunlap, que se estendeu por todo o país em 1952. Outras medidas foram a

criação do Museu Presbiteriano, do Seminário do Centenário e do jornal Brasil Presbiteriano,

resultante da fusão de O Puritano e Norte Evangélico (1958). A 18.ª Assembléia da Aliança

Presbiteriana Mundial reuniu-se em São Paulo de 27 de julho a 6 de agosto de 1959. O lema do

centenário foi: "Um ano de gratidão por um século de bênçãos."