Frequencia 1 - Out 2012
-
Upload
daniel-costa -
Category
Documents
-
view
11 -
download
2
description
Transcript of Frequencia 1 - Out 2012
![Page 1: Frequencia 1 - Out 2012](https://reader031.fdocuments.in/reader031/viewer/2022020208/563db914550346aa9a99d044/html5/thumbnails/1.jpg)
Departamento de Matematica da F.C.T.U.C.
ANALISE MATEMATICA I
Mestrado Integrado em Engenharia Electrotecnica e de Computadores
Duracao: 1h 15min (Sem consulta) 1a Frequencia (A) 29/10/2012
(1) Seja f : R → R definida por
f(x) :=
π
4− arctanx se x ≤ −1
−π
4+ arccosx se −1 < x < 1
− π
4se x ≥ 1 .
(a) Faca um esboco do grafico de f e indique o seu contradomınio e o conjunto dos pontos decontinuidade.
(b) Determine o conjunto dos pontos onde f e diferenciavel e indique a expressao analıtica dafuncao derivada f ′ nesse conjunto.
(c) Determine uma equacao da recta tangente ao grafico de f no ponto(
12, π
12
)
.
(2) Calcule:
(a)
∫(
sen x√2 + cosx
+ (2x+ 1) · ex + cos3 x
)
dx
(b) limx→0+
( arcsen x )x .
(3) Determine os comprimentos dos lados e a area do triangulo rectangulo de area maxima quepode ser inserido no primeiro quadrante (do plano cartesiano) sob a curva definida pela equacaoy = 5
(x+1)2, de modo que os catetos sejam paralelos aos eixos coordenados e o ponto (1, 0) seja
o vertice com menor ordenada do triangulo, como ilustrado na figura.
x
y
0
y =5
(x+1)2
1
(4) Das afirmacoes seguintes diga, justificando, quais sao verdadeiras e quais sao falsas.
(a) Existe uma funcao f : R → R, contınua e injectiva, tal que limx→0
f(x) = f(1).
(b) sen(arccosx) > 0 para todo o x ∈]− 1, 1[.
(c) Em R, a equacao x3 +√2 x− arctanx = 0 tem apenas a solucao x = 0.
Fim
Cotacao: (1)-1,5; (2)-3,5; (3)-1,5; (4)-1,5 .
![Page 2: Frequencia 1 - Out 2012](https://reader031.fdocuments.in/reader031/viewer/2022020208/563db914550346aa9a99d044/html5/thumbnails/2.jpg)
Resolução da 1a Frequência (A) 29/10/2012
(1) (a) O gráfico de f pode esboçar-se a partir dos gráficos das funções arco-tangente e arco-cosseno,efectuando transformações elementares adequadas.
y
x
3π4
π
2
π
4
0
−π
4
1−1
•◦
Por observação do gráfico constata-se que o contradomínio de f é o intervalo[
−π
4, 3π
4
[
eque o conjunto dos pontos de continuidade de f é R \ {−1}.
(b) Em cada um dos intervalos abertos ] −∞,−1[, ] − 1, 1[ e ]1,+∞[ a função f é definida àcusta de funções deriváveis nesses intervalos, logo f é derivável em cada um destes intervalos,tendo-se
f ′(x) =
− 11+x2 se x < −1
− 1√1−x2
se −1 < x < 1
0 se x > 1 .
No ponto −1 é claro que f não é derivável, porque não é contínua neste ponto. E ftambém não é derivável no ponto 1. Este facto pode ser justificado facilmente observandoque as semi-tangentes ao gráfico de f no ponto de abcissa 1 não estão sobre a mesma recta.Alternativamente, recorrendo à definição, analise-se a existência de derivadas laterais noponto 1. Tem-se
limh→0+
f(1 + h)− f(1)
h= lim
h→0+
−π
4−
(
−π
4
)
h= lim
h→0+
0
h= lim
h→0+0 = 0 ,
logo existe a derivada lateral à direita no ponto 1 e tem-se f ′(1+) = 0. Por outro lado,
limh→0−
f(1 + h)− f(1)
h= lim
h→0−
arccos(1 + h)
h;
como o último limite conduz a uma indeterminação do tipo 00, aplicando a regra de L’Hôpital
obtém-se
limh→0−
f(1 + h)− f(1)
h= lim
h→0−
−1√
1− (1 + h)2= −∞ ,
e conclui-se que f não é derivável no ponto 1.Em conclusão: o conjunto dos pontos onde f é diferenciável é R \ {−1, 1}, sendo a derivadaf ′ definida (neste conjunto) do modo indicado acima.
(c) Tem-se f(
12
)
= −π
4+ arccos 1
2= −π
4+ π
3= π
12, logo o ponto
(
12, π
12
)
pertence, de facto, ao
gráfico de f . Assim, atendendo a que f é diferenciável no ponto 12, uma equação da recta
tangente ao gráfico de f no ponto(
12, π
12
)
é
y − π
12= f ′
(
12
) (
x− 12
)
.
Como f ′(
12
)
= − 1√
1−( 1
2)2= − 2√
3, a equação da recta tangente é
y = π
12− 2√
3
(
x− 12
)
⇔ y = − 2√3x+ π+4
√3
12.
![Page 3: Frequencia 1 - Out 2012](https://reader031.fdocuments.in/reader031/viewer/2022020208/563db914550346aa9a99d044/html5/thumbnails/3.jpg)
2
(2) (a) Como a primitiva de uma soma é igual à soma das primitivas das parcelas, então há quecalcular as primitivas das três funções que aparecem como parcelas na primitiva proposta.A primitiva da primeira parcela é imediata:
∫
sen x√2 + cosx
dx = −∫
(2 + cosx)′ (2 + cosx)−1
2 dx = −(2 + cosx)−1
2+1
−12+ 1
+ C
= −2√2 + cosx+ C ,
onde, como é usual, C designa uma constante real arbitrária. A primitiva da segundaparcela pode calcular-se pelo método de primitivação por partes (começando a primitivarpela função exponencial):
∫
(2x+ 1) · ex dx = ex · (2x+ 1)−∫
ex · 2 dx = (2x+ 1)ex − 2ex + C
= (2x− 1)ex + C .
A primitiva da terceira parcela é uma primitiva de uma potência ímpar da função cosseno,logo, destacando o factor cos2 x e usando a relação cos2 x = 1− sen2x, deduz-se:
∫
cos3 x dx =
∫
cosx · cos2 x dx =
∫
(
cosx− cosx · sen2x)
dx
= senx− 13sen3x+ C .
Assim, a primitiva proposta é dada por∫
(
sen x√2 + cosx
+ (2x+ 1) · ex + cos3 x
)
dx
= −2√2 + cosx+ (2x− 1)ex + senx− 1
3sen3x+ C .
(b) O limite proposto, limx→0+
(arcsen x)x , conduz à indeterminação 00. A indeterminação pode
levantar-se aplicando um processo de logaritmização. Tem-se, para 0 < x < 1,
ln (arcsen x)x = x · ln (arcsen x) =ln (arcsen x)
1x
,
e ao tomar na última expressão o limite para x → 0+ somos conduzidos à indeterminação∞∞ . Assim, podemos pensar em aplicar a regra de L’Hôpital. Tem-se, para 0 < x < 1,
(ln (arcsen x))′ =( arcsen x )′
arcsen x=
1√1−x2
arcsen x=
1√1− x2 · arcsen x
,
logo
limx→0+
(ln (arcsen x))′(
1x
)′ = limx→0+
1√1−x2 ·arcsen x
− 1x2
= limx→0+
− x√1− x2
× x
arcsen x= −0× 1 = 0 .
(A igualdade limx→0 x/arcsen x = 1 pode também ser justificada pela regra de L’Hôpital.)Consequentemente, pela regra de L’Hôpital,
limx→0+
ln (arcsen x)x = limx→0+
ln ( arcsen x )1x
= limx→0+
(ln (arcsen x))′(
1x
)′ = 0 .
Finalmente, revertendo o processo de logaritmização, conclui-se que o limite proposto é
limx→0+
(arcsen x)x = e0 = 1 .
![Page 4: Frequencia 1 - Out 2012](https://reader031.fdocuments.in/reader031/viewer/2022020208/563db914550346aa9a99d044/html5/thumbnails/4.jpg)
3
(3) Designando por x a abcissa do vértice (do triângulo) situado sobre a curva dada, constata-sede imediato que o comprimento do cateto paralelo ao eixo dos xx é igual a x − 1, e que ocomprimento do cateto paralelo ao eixo dos yy é igual a y = 5
(x+1)2, logo a área do triângulo é
A(x) :=(x− 1) · y
2=
5(x− 1)
2(x+ 1)2.
O problema reduz-se, assim, a maximizar a função A(x), para x > 1. Como A é (obviamente)diferenciável no intervalo ]1,+∞[, os candidatos a extremos são os zeros da derivada de A. Como
A′(x) =5(3− x)
2(x+ 1)3,
obtém-se o seguinte quadro de variação para A:
x 1 3 +∞A′(x) + 0 −A(x) ր 5
16ց
Assim, pelo teste da 1a derivada, 3 é (o único) maximizante de A. Conclui-se que os comprimen-tos dos lados do triângulo rectângulo de área máxima são 2 (comprimento do cateto paralelo
ao eixo dos xx), 516
(comprimento do cateto paralelo ao eixo dos yy) e√
22 +(
516
)2=
√104916
(comprimento da hipotenusa), sendo a área deste triângulo igual a A(3) = 516
.
(4) (a) A afirmação é falsa. De facto, se existisse uma função f satisfazendo as condições indicadasno enunciado, a continuidade de f (na origem) implicaria que fosse lim
x→0f(x) = f(0), logo
ter-se-ia f(0) = f(1). Mas, sendo f injectiva, esta igualdade não pode ocorrer.
(b) A afirmação é verdadeira. De facto, atendendo à definição da função arco-cosseno, tem--se arccosx ∈ ]0, π[ para todo o x ∈] − 1, 1[ (veja-se o gráfico!). Logo, atendendo a quesen y > 0 para qualquer número real y ∈ ]0, π[ , conclui-se que, de facto, sen(arccosx) > 0para todo o x ∈]− 1, 1[.
(c) A afirmação é verdadeira. Com efeito, observe-se primeiramente que x = 0 é, de facto, umasolução da equação dada:
03 +√2× 0− arctan 0 = 0 + 0− 0 = 0 .
Para justificar que não há outra solução, designe f(x) := x3+√2 x−arctan x. Esta função
é obviamente derivável em qualquer intervalo de números reais, tendo-se
f ′(x) = 3x2 +√2− 1
1 + x2≥ 0 +
√2− 1 > 0 , ∀x ∈ R .
(Note-se que foi usado o seguinte facto: 0 < 11+x2 ≤ 1 para todo o x ∈ R.) Assim, f é uma
função estritamente crescente em R, logo não pode ter mais do que um zero.
Observação: Poderia igualmente concluir-se que f não pode ter mais do que um zero apli-cando um corolário do teorema de Rolle.
Fim