FLÁVIO RAFAEL BONAMIGO EDISON FERNANDO ......Marketing Hospitalar”, escrito por Mariele Borges da...
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FLÁVIO RAFAEL BONAMIGO
EDISON FERNANDO POMPERMAYER
NILSANDRA MARTINS DE CASTRO
CIÊNCIA, GESTÃO E DESENVOLVIMENTO
ARAGUAÍNA-TO
FACDO
2019
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© Copyright 2019, Flávio Rafael Bonamigo, Edison Fernando Pompermayer, Nilsandra Martins de
Castro
1ª edição
1ª impressão
(Publicado em maio de 2019)
Todos os direitos reservados, protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte desta edição pode
ser utilizada ou reproduzida, em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa
autorização dos autores.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário
Eduardo Ferreira da Silva CRB-2/1257
C569
Ciência, gestão e desenvolvimento / Flávio Rafael Bonamigo; Edison
Fernando Pompermayer; Nilsandra Martins de Castro (orgs.) –
Araguaína: FACDO, 2019.
274 f.; 28 cm
Livro eletrônico da Faculdade Católica Dom Orione
ISBN: 978-85-69435-06-8
1. Ciência 2. Gestão 3. Desenvolvimento I. Bonamigo, F.R. II.
Pompermayer, E.F.; III. Castro, N.M. IV. Título
CDD 658
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FACULDADE CATÓLICA DOM ORIONE – FACDO
DIRETORIA ACADÊMICA
Pe. Eduardo Seccatto Caliman
CONSELHO EDITORIAL
Lucia Maria Barbosa do Nascimento - Doutora
Dênia Rodrigues Chagas - Doutora
Mirian Aparecida Deboni - Doutora
Fernanda Costa Almeida – Mestre
Deusamara Dias Barros – Mestre
Maria das Graças Aires de Medeiros Andrade - Mestre
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SUMÁRIO
Apresentação – Fernanda Costa Almeida Nazário.............................................9 Microempreendedor Individual: Perfil e Organização Financeira Dos Cabeleireiros em Araguaína - TO - Laysa Soares Mota / Fernanda Costa Almeida Nazário................................................................................................13 Gerenciamento de Estoque no Setor Público - Deborah Regina Pereira de Almeida Pitombeira / Flávio Rafael Bonamigo..................................................34 Gestão da Qualidade: Um Estudo da Utilidade das Ferramentas da Qualidade na Gestão de um Laboratório de Análises Clínicas de Araguaína- TO - Leiliane Dias Jorge Ferreira / Maria das Graças Aires de Medeiros Andrade.............................................................................................................61 O Planejamento Estratégico para Empresas de Saúde: Um Estudo sobre a sua Importância para os Gestores das Clínicas Particulares de Araguaína - Mylena Cruz Silva / Miriam Mendes Costa.........................................................83 Clima Organizacional como Fator Preponderante no Aumento da Produtividade dos Colaboradores - Raimundo Ayres De Alencar Ulisses Neto / Giannina Martins Bruno..................................................................................102 Terceirização na Gestão Hospitalar - Vanessa Campos Oliveira / Deusamara Dias Barros Vaz .............................................................................................120 A Importância da Estatística para o Gestor Financeiro na Organização - Francimar Nolêto De Moura Ribeiro / Agenor Neto Cabral.............................139 Estratégia e Inovação em Serviços de Marketing Hospitalar - Mariele Borges Da Silva / Nilsandra Martins De Castro...........................................................152 Marketing Multinível: Estudo de Caso na Empresa Up! Essência de Araguaína –To - Yara Silva Lima / Maurício Santana Ribeiro .......................169
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Estudo de Caso sobre a Importância da Comunicação Organizacional Interna na Empresa Fênix Ferros Ltda - Waldireny De Sousa Martins / Lillian Fonseca Fernandes........................................................................................189 Análise de Investimentos, Câmbio, Ações e Poupança: Um Estudo Comparativo, de janeiro de 2010 a julho de 2018 - Paulo Augusto Morais Negres.............................................................................................................203 Cultura Organizacional: Estudo de Caso na Cooperativa dos Produtores do Vale do Araguaia – Vallecoop - Fabiano Luna Dos Santos / Geraldo Alves Lima................................................................................................................224 Ferramentas de Auxílio para a Gestão de Estoque - Lariza Neves Bezerra / Edelvar Vicente Rippel....................................................................................242
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APRESENTAÇÃO
Esta obra reúne várias pesquisas acadêmicas produzidas com a
finalidade de expandir o universo do conhecimento e proporcionar uma deliciosa
leitura sobre as práticas de gestão em diversos ambientes organizacionais. Os
estudos aqui desenvolvidos foram apresentados no III Workshop de Gestão da
Faculdade Católica Dom Orione, que teve como tema: Ciência, Gestão e
Desenvolvimento.
Em meio a estudos de casos, pesquisas bibliográficas e pesquisas
aplicadas, os artigos se complementam e propõem a relação da teoria com a
prática empresarial. Os textos selecionados traduzem o ambiente das
organizações que atuam em meio a cenários nem sempre propícios, mas
buscam, com estratégias selecionadas e inovação, superar as adversidades do
mercado e obter vantagens competitivas.
O primeiro artigo, intitulado “Microempreendedor Individual: Perfil e
Organização Financeira dos Cabeleireiros em Araguaína”, de Laysa Soares
Mota e Fernanda Costa Almeida Nazário, apresenta um levantamento das
práticas de planejamento e controle financeiro utilizadas por esses
microempresários, juntamente com a identificação do seu perfil e dos fatores
predominantes e similares entre eles. Observou-se que muitos deles conhecem
a importância da organização financeira, mas não a executam na prática,
podendo gerar dificuldades para dar continuidade à empresa.
No segundo artigo, intitulado “Gerenciamento do Estoque no Setor
Público”, de autoria de Deborah Regina Pereira de Almeida Pitombeira e Flávio
Rafael Bonamigo, é feita uma análise do gerenciamento de estoques de um
órgão público local, no qual foram coletados dados para classificação de acordo
com as regras da curva ABC. O estudo indicou quais itens dos estoques deverão
receber mais atenção dos responsáveis devido suas características próprias e
os resultados que podem gerar.
O terceiro artigo, intitulado “Gestão da Qualidade: Um Estudo da Utilidade
das Ferramentas da Qualidade na Gestão de um Laboratório de Análises
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Clínicas de Araguaína – TO”, escrito por Leiliane Dias Jorge Ferreira e Maria das
Graças Aires de Medeiros Andrade apresenta os resultados obtidos com o uso
de ferramentas de qualidade em um laboratório clínico.
No quarto artigo, intitulado “O Planejamento Estratégico para Empresas
de Saúde: Um Estudo sobre a sua Importância para os Gestores das Clínicas
Particulares de Araguaína - TO”, Mylena Cruz Silva e Miriam Mendes Costa
analisam a percepção dos gestores de clínicas privadas a respeito da
importância e aplicação do planejamento estratégico em empresas de saúde. O
estudo constatou que ainda faltam profissionais preparados para administrar as
empresas e desenvolver a referida ferramenta de maneira satisfatória.
No quinto artigo, de título “Clima Organizacional como Fator
Preponderante no Aumento da Produtividade dos Colaboradores”, Raimundo
Ayres de Alencar Ulisses Neto e Giannina Martins Bruno investigam a influência
do clima organizacional no aumento da produtividade dos colaboradores. O
estudo foi aplicado em duas empresas locais e confirmou que a produtividade
do trabalhador tem relação com o clima organizacional.
No sexto artigo, com título “Terceirização na Gestão Hospitalar”, Vanessa
Campos Oliveira e Deusamara Dias Barros Vaz abordam o processo de
terceirização na gestão hospitalar, com suas vantagens e desvantagens, além
de apresentarem sugestões para hospitais que buscam utilizar esses serviços.
No sétimo artigo, “A Importância da Estatística para o Gestor Financeiro
na Organização”, Francimar Noleto de Moura Ribeiro e Agenor Neto Cabral
enfatizam que a estatística é indispensável na atuação do gestor ou
administrador. Eles apresentam os benefícios da aplicação da estatística dentro
das organizações como importante ferramenta para a busca de informações e a
tomada de decisões.
O oitavo artigo, intitulado “Estratégia da Inovação em Serviços de
Marketing Hospitalar”, escrito por Mariele Borges da Silva e Nilsandra Martins
de Castro, demonstra como a estratégia e a inovação em serviços de marketing
estão presentes e são desenvolvidas nas organizações hospitalares, por meio
de uma pesquisa documental na plataforma virtual do Hospital Sírio-Libanês. Foi
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observado que o planejamento estratégico ampara a gestão hospitalar,
apresentando benefícios notáveis.
No nono artigo, intitulado “Marketing Multinível: Estudo de Caso na
Empresa Up! Essência, de Araguaína – TO” Yara Silva Lima e Maurício Santana
Ribeiro, por meio de uma abordagem bibliográfica complementada por uma
entrevista a um representante da referida empresa, explicam todo o
funcionamento do marketing multinível, bem como as discussões sobre o
mesmo no ambiente empresarial, esclarecendo questionamentos e
apresentando conceitos bem definidos.
No décimo artigo, intitulado “Estudo de Caso sobre a Importância da
Comunicação Organizacional Interna na Empresa Fênix Ferros Ltda”, Waldireny
de Sousa Martins e Lillian Fonseca Fernandes entrevistam colaboradores da
referida empresa a fim de verificar o processo de comunicação na organização.
É feita uma abordagem da importância e da necessidade da comunicação
organizacional nas empresas e apresentada uma proposta de implantação de
comunicação eficaz na organização.
No décimo primeiro artigo, “Análise de Investimentos, Câmbio, Ações e
Poupança: um Estudo Comparativo de Janeiro de 2010 a Julho de 2018”, Paulo
Augusto Morais Negres apresenta uma análise dos resultados financeiros de
uma carteira composta por investimentos relacionados a câmbio, poupança e
ações, em um determinado período. O estudo permite compreender quais
dessas modalidades de investimento apresentaram resultados benéficos ou
prejuízos para o investidor, a partir de vários métodos de análise.
No décimo segundo artigo, intitulado “Cultura Organizacional: Estudo de
Caso na Cooperativa dos Produtores do Vale do Araguaia – Vallecoop”, de
autoria de Fabiano Luna dos Santos e Geraldo Alves Lima, é realizada uma
análise do planejamento estratégico de uma cooperativa agropecuária, no intuito
de compreender seu modelo de organização, além de fazer uma
correspondência com a abordagem sobre a cultura organizacional.
Por fim, no artigo “Ferramentas de Auxílio para a Gestão de Estoque”
Lariza Neves Bezerra e Edelvar Vicente Rippel apresentam a importância da
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gestão de estoque nas organizações a partir de abordagens teóricas e de
entrevistas com colaboradores de uma empresa local que utiliza ferramentas de
gestão de estoques em seus processos organizacionais.
Esperamos que os trabalhos aqui elencados ampliem a visão e o
entendimento do leitor a respeito das dinâmicas organizacionais que se
apresentam de maneira interdisciplinar, além de provocar o desenvolvimento de
novos estudos e reflexões para, assim, enriquecermos o vasto sistema científico
que circunda as academias e as empresas.
Tenha uma leitura proveitosa. Amplie seu conhecimento!
Fernanda Costa Almeida Nazário
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MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL: PERFIL E ORGANIZAÇÃO
FINANCEIRA DOS CABELEIREIROS EM ARAGUAÍNA – TO
Laysa Soares Mota1
Fernanda Costa Almeida Nazário2
INTRODUÇÃO
O cenário brasileiro tem vivenciado diversas modificações significativas
no mercado, na economia e na sociedade, com mudanças evolutivas nas classes
trabalhadoras, proporcionando crescimento no ramo de empreendimentos para
os microempresários, os quais podem criar seu próprio negócio de maneira
informal ou formal passando a ser MEIs – Microempreendedores Individuais.
Dentro desse contexto, é grande a importância sobre um estudo que
abrange o perfil desses microempreendedores individuais conjuntamente a
respeito da sua organização financeira visto que há uma significância desses
para a economia, pois diante da crise econômica e social que percorre o país,
esses microempresários estão cada vez mais em evidência e estão produzindo
serviços e renda. Torna-se assim essencial entender o nível de conhecimentos
e o desenvolvimento desses atores no mercado.
De acordo com o Sebrae (2012) no mercado brasileiro somente 73% dos
pequenos empreendimentos criados ficam ativos até dois anos, ou seja, 27%
deles não sobrevivem. Procurando-se as causas, constataram inúmeras, mas a
principal refere-se ao fato de o empreendedor individual começar tudo com sua
força de vontade e muitas vezes sem experiência, faltando-lhe assim o
planejamento, o conhecimento do negócio, da concorrência, do mercado e,
principalmente, educação financeira.
Nesse sentido, tem-se o seguinte problema da pesquisa: qual o perfil dos
microempreendedores individuais cabeleireiros que moram em Araguaína - TO
e como estes gerenciam sua organização financeira?
1 Tecnóloga em Gestão Financeira pela Faculdade Católica Dom Orione. 2 Administradora. Mestre em Gestão de Políticas Públicas. Docente da Faculdade Católica Dom Orione.
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Tendo em vista a importância do tema, este trabalho procurou identificar
qual o perfil e organização financeira dos microempreendedores individuais do
ramo de cabeleireiros residentes em Araguaína – Tocantins, tendo como
objetivos levantar as práticas de planejamento e controle financeiro utilizados por
esses microempresários assim como a análise do seu perfil e identificar os
fatores que são predominantes e similares entre eles.
No que se refere aos métodos e técnicas de pesquisa, este estudo
iniciou-se através pesquisas bibliográficas, apresentando os temas e seus
autores e fundamentando com uma revisão bibliográfica em artigos, sites
especializados e livros. Subsequentemente prosseguiu-se uma pesquisa de
campo de natureza quantitativa que aconteceu entre 11/09/17 e 15/10/17 e
buscou detectar, através de questionário com perguntas fechadas, o perfil dos
microempreendedores individuais em Araguaína, bem como sua organização
financeira.
DEFININDO EMPREENDEDORISMO
Há muitas maneiras de se conceituar o empreendedorismo, por ser um
termo bem abrangente, ele engloba várias temáticas. Pode se dizer que é a
criação de algo novo ou algo melhorado, é tirar proveito de oportunidades
quando busca-se transformá-las em um negócio revolucionário ou quando
procuram-se meios para poder sair de uma situação considerada complicada.
O empreendedorismo ocorre quando se inicia um processo
empreendedor, no qual se organizam os recursos necessários e assumem-se os
riscos associados junto com as recompensas. Assim, o empreendedor é alguém
que reconhece a possibilidade de uma ideia ser aceita para um produto ou
serviço e segue adiante com ela, procurando encontrar os recursos necessários
para montar e, em seguida, também poder arcar com os riscos e recolher as
recompensas do lucro do negócio. (DAFT, 2007).
Mendes (2009) explica que o empreendedorismo é um processo
astucioso, capaz de criar riquezas. Essa riqueza é gerada por pessoas que
mantêm um comprometimento com seu objetivo e procura meios para agregar
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valor a algum produto ou serviço, sendo ele algo novo ou não, ainda assumindo
os riscos em relação ao patrimônio e tempo.
Os conceitos são parecidos e esse processo empreendedor que envolve
a iniciativa de propor as mudanças ou algo novo nas empresas não busca
apenas o enriquecimento, mas, sim, ver as mudanças acontecendo por conta
das suas ideias e poder deixar sua marca para servir de exemplo para outros
que buscam o mesmo.
Ainda de acordo com Mendes (2009), a riqueza que vem com o sucesso
do empreendimento será apenas como consequência, não como o principal.
Assim, o mais relevante é o empreendedor poder usar as habilidades,
conhecimentos e o desejo de contribuir, buscando seu reconhecimento por isso.
O termo é para todos que atuam no mercado de trabalho, e desejam
manter seu negócio nele, as pequenas e microempresas em principal devem
buscar entender o conceito, saber como funcionam os passos para serem
seguidos e colocá-los em pratica para que não fiquem muito atrás das grandes
empresas, nem se percam nas incessantes transformações que ocorrem com
processo global em várias áreas atualmente. Lenzi (2009, p. 26) apresenta três
aspectos fundamentais que devem estar presentes no empreendedor:
A competência empreendedora é constituída pela intersecção de três
aspectos fundamentais: conhecimentos, habilidades e atitudes. Isto é,
não apenas por uma vontade de colocar esses aspectos em prática,
mas de praticá-los diariamente e seguidamente em um ciclo
interminável. Ou seja, a competência não é reconhecida pela intenção
de demonstrar algum conhecimento, habilidade ou atitude, mas pela
“entrega” desses fatores por meio de ações e realizações do
empreendedor.
Assim, é necessário que as empresas tenham conhecimento, mas, junto
com isso também devem ter habilidades específicas e saber aplicar o que
conhecem para manter seu empreendimento no mercado. É preciso considerar
ainda que atualmente as empresas atuam num cenário muito competitivo, em
decorrência da globalização, o que acaba afetando tanto as pequenas, micro e
até as maiores empresas. O mercado está sempre em modificação e devido a
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isso o empreendedor deve buscar fazer com que seu negócio se sobressaia,
mantendo boa qualidade, custo baixo e lucratividade.
O EMPREENDEDORISMO PARA EMPRESAS E O MICROEMPREENDEDOR
INDIVIDUAL
O empreendedorismo no micronégocio está aumentando muito no Brasil
nos últimos tempos, sendo algo fundamental para a sua participação na
economia. A economia brasileira atualmente se encontra em diversificação e é
bastante dinâmica devido às micro e pequenas empresas, as quais são
importantes por serem originadoras de capital no país. De acordo com o Sebrae
(2014), conta-se com um número de aproximadamente 9 milhões delas e
concebem 27% para o PIB. Na área do comércio, produzem cerca de 53,4%, na
indústria 22,5% e setor de serviços 36,3%. Com base nesses dados, pode-se
observar a relevância desses empreendimentos e a necessidade de haver
recursos necessários para o processo empreendedor.
Além dessas empresas, existe a figura dos microempreendedores
individuais que estão conquistando grande expansão no país e tem um
importante papel social e econômico. Sua atuação ajuda na redução da série de
informalidades que existem no mercado de trabalho, colabora com a
arrecadação de finanças públicas, além de desfrutar de benefícios como a
previdência social.
O Microempreendedor Individual – MEI, é o indivíduo que exerce seu
trabalho por sua conta e é legalizado como pequeno empresário. (BRASIL,
2017). O surgimento do MEI se deu ao fato de haver uma grande quantidade de
pessoas exercendo seu trabalho autônomo em informalidade no Brasil. Assim,
ele foi instituído para que esses estejam em legalidade e evidenciar que seu
negócio estando regularizado com a lei seria mais vantajoso.
O MEI foi instituído através da Lei Complementar n°128/08, que alterou
a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/06), tendo
vigência a partir de 01 de julho de 2009. Segundo a referida lei, para ser
considerado um MEI é necessário que o faturamento bruto anual do
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empreendimento seja no máximo R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) ou R$
5.000,00 (cinco mil reais) mensais, não podendo ter vínculo com outra empresa
como sócio ou titular e nem ter sócio. Todavia, o MEI pode ter um empregado
contratado recebendo um salário mínimo ou o piso da categoria.
A formalização do MEI ocorre de maneira simples, sendo feito um
cadastro pelo próprio microempreendedor através do Portal do Empreendedor,
disponível na homepage www.portaldoempreendedor.gov.br. O cadastro irá
gerar o CNPJ e inscrições no INSS, Alvará Provisório de Funcionamento e na
Junta Comercial, de maneira imediata, gerando um único documento, o
Certificado da Condição de Microempreendedor Individual - CCMEI, não sendo
necessário enviar documentos, cópias e nem ter assinaturas. (BRASIL, 2017).
O MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos
seguintes tributos federais: imposto sobre produtos industrializados (IPI),
imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ), contribuição para financiamento da
seguridade social (COFINS), contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL),
contribuição para PIS/PASEP, e contribuição patronal previdenciária (CPP)
(BRASIL, 2011). Apesar de ser isento do IRPJ é necessário que o MEI faça a
Declaração Anual do Simples Nacional do MEI (DASN-SIMEI), também via
internet, sob pena de ter o CNPJ bloqueado.
Por outro lado, o MEI deve recolher mensalmente os impostos
municipais, como o Imposto Sobre Serviço - ISS (de acordo com o tipo de
atividade), os estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços - ICMS, e a contribuição para a Previdência Social (INSS). Nesse caso,
o pagamento é feito através de uma guia única, denominada Documento de
Arrecadação Simplificada do Microempreendedor Individual – DAS MEI. No caso
do ICMS e ISS, o valor a ser pago é, respectivamente, de R$ 1,00 e R$ 5,00. Já
o valor do INSS é o percentual de 5% sobre o valor do salário mínimo vigente
que é R$ 937,00. (BRASIL, 2008).
Assim, para quem trabalha no comércio ou indústria o valor para o INSS
será R$ 46,85 reais (considerando o salário mínimo vigente no ano 2017),
somando-se mais R$ 1,00 de ICMS, gerando um total de R$ 47,85. Para quem
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trabalha com prestação de serviços, acrescentam-se R$ 5,00 referentes ao ISS,
aos R$ 46,85, totalizando R$ 51,85 (BRASIL, 2017). Segue o quadro
especificando os valores dos tributos a serem pagos pelos MEIs através da DAS
MEI.
Quadro 1- Valores dos tributos pagos pelos MEIs
MEIs – Atividade INSS - R$ ICMS/ISS - R$ Total - R$
Comércio e Industria – ICMS 46,85 1,00 47,85
Serviços - ISS 46,85 5,00 51,85
Comércio e Serviços - ICMS e ISS
46,85
6,00
52,85 Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Com o pagamento dos tributos em dias, o MEI poderá ter vários
benefícios, como auxílio-doença, aposentadoria, licença-maternidade, entre
outros.
Os microempreendedores individuais contam com uma lista de
atividades permitidas a serem exercidas, como determinou o Comitê Gestor do
Simples Nacional. (BRASIL, 2011). São diversas atividades que eles podem
realizar. Dentro delas se destacam pipoqueiros, vendedores de cachorro quente,
costureiras, cabeleireiros, etc. E, dependendo da globalização das modificações
do mercado, podem ser acrescentados outros ramos de profissões. Além disso,
eles podem registrar mais de uma ocupação, sendo até quinze delas como suas
atividades secundárias sendo concedido para cada uma um código de
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
Como se observa, a institucionalização dos MEIs facilitou o processo de
formalização, além de trazer algumas vantagens para eles, pois não ficarão
desassistidos caso se encontrem doentes. Além disso, quando se tem o controle
da quantidade de pessoas que exercem atividades empresariais, o Estado pode
mais facilmente desenvolver políticas que visem o fomento dessas atividades,
bem como fiscalizar o desenvolvimento das mesmas.
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ATUAÇÃO DOS MEIS NO MERCADO: CRESCIMENTO E INADIMPLÊNCIA
O mercado de trabalho teve queda de empregados com a carteira
assinada e com isso veio o aumento contingente de trabalhadores por conta
própria. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2017),
no período entre fevereiro e abril deste ano de 2017, o desemprego ficou em
13,6% e o número de pessoas que estão à procura de emprego chega a 14
milhões. Essa é considerada a maior taxa desde quando se deu início da série,
em 2012, de pessoas sem trabalho e à procura de emprego em um trimestre
terminado em abril. Em novembro do ano passado e janeiro deste ano a taxa era
12,6%, sendo 12,9 milhões de pessoas desocupadas, e no trimestre entre
fevereiro e abril do ano 2016, o índice tinha ficado em 11,2%, existindo assim
11,4 milhões de pessoas desempregadas (IBGE, 2017). No gráfico 1 são
apresentados os dados relacionados à referida pesquisa.
Gráfico 1 -Taxa de desemprego no trimestre fev-mar-abr
Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua mensal, 2017.
Observa-se que também caiu o número de empregados com carteira
assinada de 33,3 milhões, em comparação ao trimestre novembro e janeiro com
1,7% (572 mil pessoas a menos) e fevereiro e abril de 2016 2,6% (1,2 milhão a
menos de empregados). (IBGE, 2017).
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No levantamento da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao
Crédito, 2017) os MEIs ficaram em destaque no aumento de novas empresas,
que surgiram. Em termo de representatividade, houve o aumento de 73,9% para
74%, em comparação ao ano anterior, as MEs foram de 16,5% para 17,6% e as
demais categorias baixaram de 9,6% para 8,5%, conforme é detalhado no gráfico
2.
Fonte: Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) (2016 -2017).
A partir desses dados, podemos observar que o aumento do
desemprego, assim como a queda dos trabalhadores de carteira assinada,
coincide com o aumento de pessoas que optam pelo micronegócio. Assim, é
possível perceber que muitas das pessoas que estão optando pelo trabalho
autônomo podem ser as mesmas que ficaram desempregadas. É preciso ainda
considerar que muitas nem chegam a formalizar seu negócio.
Por outro lado, há outros dados que evidenciam tanto o crescimento dos
microempreendedores individuais quanto o aumento da sua inadimplência. Os
dados da Receita Federal demonstram que até abril deste ano estão
inadimplentes com as fazendas públicas estaduais, municipais e INSS um total
de 56,85% microempreendedores individuais. (CNM, 2017). Assim nota-se que
apesar do crescimento da formalização, cresce também o percentual de
irregularidade dessas empresas.
Gráfico 2 - Crescimento MEIs
7 3 ,90 % 7 4 ,00 %
6 ,50 % 1 7 ,60 % 1 9 ,6 0 % 8 , 50 % 0 ,00%
20 ,00%
,00% 40
,00% 60
80 ,00%
2016 2017
Crescimento MEIs
MEI ME Outros
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DINÂMICA DAS DECISÕES FINANCEIRAS DOS MEIS
Existem muitos atos empresariais que são obrigatórios para empresas
comuns, mas dispensados para o MEI. Conforme consta na Lei Complementar
nº 128/08, o MEI não necessita emitir nota fiscal para pessoa física, apenas
quando o serviço ou mercadoria for para outra empresa, salvo quando esse
recebedor expedir nota fiscal de entrada. Ainda de acordo com a mesma lei, o
MEI é dispensado da obrigatoriedade de elaborar balanço patrimonial,
demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, demonstração de resultado
de exercício, livro razão, livro diário. Assim, não é exigido manter escrituração
contábil. Todavia, recomenda-se que, para gerir seu negócio da melhor forma é
necessário ter as notas fiscais de compra de mercadorias, assim como, para
manter a gestão de suas atividades, guardar os canhotos das notas fiscais que
emitir.
O microempreendedor individual não é obrigado a contratar um escritório
de contabilidade ou contador, estando ainda isento da contabilidade formal.
Porém, esse empreendedor individual não deve atuar de maneira
desorganizada, é preciso ter uma boa gestão financeira dos seus negócios,
manter o controle do que é comprado e vendido e o total do que está ganhando
com seus serviços, pois deve ser respeitado o limite do seu faturamento. A
respeito da administração financeira, Sobral e Peci (2008, p. 360) afirmam que:
A realização dos objetivos empresariais exige a administração segura
e eficiente dos recursos financeiros, o ‘sangue’ de uma organização.
Quando estes deixam de circular com a liquidez necessária, a
organização enfrenta muitas dificuldades, por melhores que sejam
seus produtos, seus funcionários e sua ligação com os clientes.
Entretanto, muitos dos microempreendedores individuais não mantêm
essa administração financeira nos seus negócios, podendo ocasionar sua
falência e fechamento. Com o passar do tempo, muitos que não têm seus
controles de caixa acabam se complicando em como devem lidar com os valores
exatos do que se deve pagar e receber, não conseguem fazer as projeções das
quantias que devem gastar, o controle das despesas, das compras de
mercadorias e as reduções de gastos necessárias. Com a dispensa da
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contabilidade formal, podem perder a organização, deixando faltar a
transparência do controle financeiro e não comprovando sua renda verídica.
Além disso, caso suas declarações patrimoniais e faturamento sejam divergentes
da realidade, podem estar sujeitos a receber penas por sonegação e multas.
No ambiente empresarial, a administração financeira gira em torno de
algumas funções, sendo uma delas o planejamento financeiro, o qual se procura
evidenciar o que é necessário para o progresso da empresa, identificando as
possíveis dificuldades e falhas futuras. Ainda por meio do planejamento é preciso
selecionar, com maior margem de segurança, os ativos rentáveis que condizem
com os negócios da empresa de forma a instaurar uma rentabilidade mais
satisfatória sobre os investimentos. (ASSAF; LIMA, 2009).
Ainda Assaf e Lima (2009) explicam que junto com o planejamento há o
controle financeiro, o qual se dedica a observar e avaliar todo o desempenho
financeiro da empresa, como custos e despesas, margens de ganhos, volume
de vendas, liquidez de caixa, endividamento etc. Manter uma análise dos desvios
que possam ocorrer entre os resultados previstos e realizados, assim como
propostas de medidas corretivas necessárias, são algumas das funções básicas
da controladoria financeira. Assim, isso se torna um desafio a ser enfrentado em
busca da sobrevivência do negócio.
Atualmente, em meio aos grandes competidores no mercado quase
saturado pelas grandes empresas, ter um diferencial nos negócios como
qualidade e preço compatível com o mercado é um dos maiores desafios à
gestão e controle financeiro. Entretanto, muitos que tendem a entrar para esse
ramo não buscam fazer um planejamento, costumam agir por impulso, negando-
se a fazer um plano de negócio e, quando criam seu negócio, não sabem como
proceder para fazer o controle financeiro ou adiam essa atividade.
Nesse sentido, entende-se que o planejamento e controle financeiro são
atividades essenciais para uma organização, independentemente de seu porte,
fazendo-se necessárias inclusive para o bom desempenho dos
microempreendedores individuais.
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A ATUAÇÃO DO MEI CABELEIREIRO NA CIDADE DE ARAGUAÍNA - TO
O mercado de beleza e estética é considerado bastante lucrativo.
Segundo o Sebrae (2016), seu faturamento representou 1,8% do PIB brasileiro
e 9,4% do consumo mundial. Esse cenário demonstra um elevado potencial de
geração de renda e de cargos de trabalho e a importância do segmento da beleza
no crescimento econômico e social do país.
Até maio de 2016, foram registrados 600.224 microempreendedores
individuais no segmento de beleza. (BRASIL, 2017). Porém, apesar dos números
significativos, esse segmento apresenta certas carências em relação formação
dos empreendedores para a sua gestão e a técnica profissional, alto grau de
informalidade, dentre outras.
Esta pesquisa se restringiu aos microempreendedores individuais
cabeleireiros, do ramo beleza e estética, registrados com a Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 9602501, referente a todas as
atividades do cabeleireiro, manicure e pedicure, residentes e atuantes no
município de Araguaína – TO.
Araguaína é um município brasileiro localizado ao norte do Estado de
Tocantins, com área de 4.000,416 km², que ocupa a segunda posição em índice
populacional, contando com 175.960 mil pessoas. (IBGE, 2017).
Sua economia é aquecida, com destaque para o centro comercial
atacadista e varejista. O agronegócio é o principal para a área do comercio e,
devido à grande quantidade de criadores de gado, já foi conhecida como a capital
do boi gordo. Todavia, é importante destacar que os microempreendedores
individuais também têm contribuição significativa no desenvolvimento econômico
local.
No município de Araguaína -TO, há pelo menos 599 cabeleireiros
formalizados como microempreendedores individuais, dentro de um total de
3.503 em todo o Estado do Tocantins. (BRASIL, 2017). Todavia, observa-se que
também existem outros microempreendedores desse ramo que ainda estão na
informalidade, seja por falta de conhecimento ou por opção. Ainda assim, é
importante conhecer qual o nível de organização financeira de ambos os
24
microempreendedores, a fim de descobrir se há alguma diferença no resultado
de suas atividades relacionada ao planejamento financeiro.
O tópico seguinte apresentará os dados obtidos com a aplicação dos
questionários que ocorreu entre 11/09/17 a 15/10/17 com 20
microempreendedores individuais cabeleireiros, todos residentes e atuantes no
município de Araguaína - TO.
RESULTADOS DA PESQUISA
Conforme relatado, nesta pesquisa, buscou-se identificar qual o perfil do
microempreendedor individual e sua organização financeira através da aplicação
de questionário com perguntas objetivas, instrumento de pesquisa quantitativo
que tornou possível levantar esses dados. As análises dos dados serão
demonstradas em forma de gráficos com os devidos comentários, a fim de
facilitar a visualização e, consequentemente, a interpretação da variável
analisada na ocasião.
Gráfico 3 - Gênero
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Conforme se observa no gráfico 3, as mulheres se destacaram nesse
ramo, pois 65% dos cabeleireiros MEI são do gênero feminino, ou seja, dos 20
que responderam o questionário, 13 são mulheres e 7 são homens.
65 %
35 % Feminino
Masculino
25
Gráfico 4 - Idade
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Em relação à idade desses microempreendedores, conforme se vê no
gráfico 4, predominou a variação entre 31 a 40 anos e 41 a 50 anos, sendo 45%
para ambos, e 10% ficaram entre 21 a 30 anos. Observa-se que esse mercado
é ocupado principalmente por empreendedores com idade mais avançada.
Gráfico 5 - Nível de escolaridade
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
O gráfico 5 apresenta o nível de escolaridade dos microempreendedores
cabeleireiros, no qual se observa que a maioria tem ensino médio completo e
uma quantidade significativa está cursando nível superior. A maior parte dos
trabalhadores que estão ingressando nesse ramo são profissionais que têm um
nível de instrução considerado baixo.
10 %
45 %
45 %
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
Acima de 51 anos
10 %
55 % 5 %
30 %
Ensino Fundamental
Ensino Médio (cursando)
Ensino Médio (completo)
Curso Técnico
Ensino Superior (cursando)
Ensino Superior (completo)
26
Gráfico 6 - É feita a separação das finanças pessoais das profissionais?
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
O gráfico 6 apresenta as informações sobre a separação das finanças
pessoais das profissionais entre os empreendedores. A maior parte, 85%,
responderam que fazem essa separação, enquanto outros 15% responderam
que não. Isso já revela um bom grau de organização financeira entre eles.
Gráfico 7 - Motivo por qual resolveu ser empreendedor
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Com relação aos motivos que levaram esses microempreendedores
individuais cabeleireiros a abrirem seu próprio negócio, pode ser observado nos
resultados que constam no gráfico 7. E conforme visto, o motivo predominante
para a abertura do seu serviço entre esses MEIs entrevistados foi a necessidade,
75%, em virtude de estarem desempregados. O restante diz ter aproveitado uma
oportunidade para abertura de um negócio. Dessa forma, verifica-se que a
abertura de muitos negócios ocorre em função de um mercado de trabalho que
não oferta uma quantidade suficiente de empregos.
85 %
15 %
Sim
Não
75 %
25 %
Por necessidade, estava desempregado
Sempre tive vontade de abrir meu próprio negócio e encontrei uma boa oportunidade
27
Gráfico 8 - Atuando de maneira formalizada como MEI ou de maneira informal
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Quando questionados a respeito de atuarem de maneira formalizada, a
prevalência foi de 90% responderam que estão formalizados e apenas 10% não
estão, conforme se observa no gráfico 8. A partir desses dados, se comprova
que a maioria desses empreendedores exerce suas atividades de maneira
formalizada, obtendo assim um menor custo com imposto e garantindo
benefícios que são dados.
Gráfico 9 - Caso esteja formalizado como MEI, você está pagando em dia a contribuição mensal
obrigatória (ICMS, INSS, ISS)?
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Em relação à adimplência dos microempreendedores individuais que são
formalizados, o gráfico 9 demonstra que 56% responderam que estão pagando
em dia a contribuição obrigatória do MEI, e 44% não estão. Observa-se assim
que mesmo grande parte esteja adimplente, sendo um resultado positivo, há
90 %
10 %
Formalizado
Informal
56 %
44 % Sim
Não
28
também um grande número que está inadimplente, o que já é considerado
negativo e pode acabar gerando complicações para seu mercado de trabalho.
Gráfico 10 - Considera importante ter planejamento e controle financeiro do seu negócio?
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Os MEIs também foram questionados se consideravam importante ter
planejamento e controle financeiro no seu negócio. Conforme se observa no
Gráfico 10, 85% responderam que sim, e apenas 15% não consideram
importante ter planejamento e controle financeiro em seu negócio. Sendo isso
um lado positivo, pois constata que eles têm o conhecimento da relevância disso
para seu mercado.
Gráfico 11 - Como é feito o controle financeiro?
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Nota-se no gráfico 11, onde indagou-se como esses
microempreendedores cabeleireiros fazem o controle financeiro, a maioria, 70%,
85 %
15 %
Sim
Não
5 %
70 %
25 %
Não faço controle financeiro
Anotações em uma caderneta ou agenda Planilhas de excel
Sistema de automação comercial
Em aplicativos de celulares
Livros caixa
29
informou que faz anotações em uma caderneta ou agenda, 25% utilizam livros
caixas, e apenas um único entrevistado, 5%, respondeu que não faz nenhum tipo
de controle. Fica nítido que a maioria não procurou inovar em seus processos
organizacionais e não há uma preocupação em questão do controle financeiro,
pois ainda usam o método de anotações simples, o que muitas vezes pode gerar
uma desorganização.
Gráfico 12 – Formas de pagamento disponibilizadas aos clientes
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Sobre as formas de pagamento que são disponibilizadas aos clientes,
conforme está exibido no Gráfico 12, 45% dos entrevistados informaram que
apenas anotam a dívida do cliente, o qual não assina; 25% informaram que os
clientes pagam à vista; 20% mencionaram que os clientes pagam com cartão de
crédito e 10% informaram que os clientes utilizam cheques para pagamento.
Como a maioria apenas anota a dívida, pode ser considerado algo arriscado,
podendo ocorrer confusões.
25 %
10 %
20 %
45 %
No meu negócio clientes só pagam à vista
Cheque
Nota promissória
Cartão
Eu apenas anoto a dívida do cliente e ele não assina
30
Gráfico 13 - Acompanhamento dos resultados da empresa (lucro/prejuízo)
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Por fim, questionou-se se eles acompanham e comparam os resultados
da sua empresa, sendo eles lucro ou prejuízo. Conforme se observa no gráfico
13, 85% responderam que sim e os outros 15% informaram que não fazem esse
controle. Demonstra-se nessa parte que há uma preocupação por parte de
muitos em analisar os resultados do seu negócio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo teve por objetivo identificar qual o perfil do
microempreendedor individual que está atuando como cabeleireiro na cidade de
Araguaína - Tocantins, assim como conhecer sua organização financeira,
aplicando-se questionário com perguntas fechadas e analisando-se as
respostas.
Por meio da pesquisa foi possível descrever o perfil funcional desses
profissionais que são em sua maioria mulheres com idade entre 31 (trinta e um)
a 40 (quarenta) anos e 41 (quarenta e um) a 50 (cinquenta) anos. Outro aspecto
importante é que 55% dos entrevistados cursaram até o ensino médio escolar,
sendo apenas 30% para os que estão cursando atualmente o ensino superior.
Tais dados comprovam uma característica comum entre os trabalhadores desse
ramo, o fato de muitos estarem com a idade avançada e que não obtiveram a
oportunidade para ir em busca de progredir nos estudos.
Os resultados apontaram que a maioria dos MEIs tem uma determinada
organização financeira, pois separam as finanças pessoais das profissionais e
85 %
15 %
Sim
Não
31
consideram isso de grande importância, tratando-se de um hábito que pode
ajudar a entender sua real situação financeira e que permite saber onde aplicar
os recursos necessários.
Um aspecto considerado positivo para os microempreendedores na
pesquisa é que 90% estão formalizados. Assim, eles têm acesso às vantagens
dos benefícios previdenciários, e outras podem ser garantidas. Porém, dentre
esses formalizados, 44% afirmaram que estão inadimplentes com os impostos,
confirmando o que foi levantado no referencial teórico que apesar do crescimento
da formalização, há o acrescimento da inadimplência também.
Outro aspecto positivo é que a maioria acredita ser importante o
planejamento e o controle financeiro do seu negócio, ainda que muitos não fazem
um controle adequado de suas finanças, inclusive do que tem a receber de seus
clientes.
Por fim observou-se ainda que a maioria do MEIs entrevistados busca
acompanhar os resultados dos seus negócios, o que é importante pois vai
mostrar o que é indispensável para o desenvolvimento da empresa, detectando
as possíveis obstáculos e falhas futuras que possam vir ocorrer.
Diante do exposto neste trabalho, percebe-se que parte dos
microempreendedores individuais do ramo de cabeleireiros de Araguaína – TO
conhecem a importância de se ter uma organização financeira, porém não a
executam na prática, o que pode acabar gerando uma dificuldade para eles para
a continuidade da empresa. É importante manter em ordem seus negócios
independentemente do tamanho do porte, buscando elaborar um plano de ação
com metas e objetivos, e almejando sempre o crescimento.
Assim, entende-se que estes profissionais MEIs devem buscar
ferramentas de inovação e organização para seu negócio, bem como
desenvolver mais práticas de planejamento e controle financeiro. Isso porque
mesmo que seja empresário de pequeno negócio é necessário conhecer os
fundamentos de finanças e buscar qualificação para dar continuidade na
empresa, onde um bom planejamento e controle irá facilitar a administração.
32
REFERÊNCIAS
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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS – CNM. Inadimplência do
MEI. Disponível em:
<http://www.cnm.org.br/comunicacao/noticias/inadimplencia-do-meichegou-a-
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DAFT, Richard L. Administração. 6. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
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33
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LENZI, Fernando César. A Nova Geração de Empreendedores: guia para elaboração de um plano de negócios. São Paulo: Altas, 2009.
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SEBRAE. Conheça a Lei Salão Parceiro. 2016. Disponível em:
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______. Participação das micro e pequenas empresas na economia
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______. Soluções do Sebrae ajudam empresários em educação financeira.
2012. Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/solucoes-do-sebraeajudamempresariosemeducacaofinanceira,bb652a1b5635a410VgnVCM2000003c74 010aRCRD>. Acesso em: 12 nov. 2017.
SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Prentice Hall, 2008.
34
GERENCIAMENTO DE ESTOQUE NO SETOR PÚBLICO
Deborah Regina Pereira de Almeida Pitombeira3
Flávio Rafael Bonamigo4
INTRODUÇÃO
O gerenciamento de estoque é responsável por registrar, fiscalizar,
planejar e controlar a entrada e saída de mercadorias da empresa. “A gestão de
estoques equilibra a necessidade de disponibilidade de produtos com os custos
de abastecimento associados a determinado nível de estoque.” (GRAZIANI,
2013, p. 29). Toda organização necessita ter um controle de estoque para
atender as necessidades dos clientes e manter o armazém com produtos
suficientes para atender a demanda.
Para gerenciar um estoque os setores de compras e finanças devem
trabalhar em conjunto, desenvolvendo as atividades de forma correta e rápida,
assim todo o processo é feito de forma eficaz até a chegada da mercadoria na
empresa. Para ter um controle de estoque contínuo é preciso conhecer e utilizar
técnicas que ajudem a definir qual produto é importante manter no estoque,
quando é preciso repor e a quantidade necessária, para que não tenha exagero
e o armazém fique cheio de produtos que não tem saída, ou, que tenha a falta
do produto não atendendo as necessidades.
O tema gestão de estoque no setor público foi escolhido através de
dúvidas a respeito do funcionamento de todo o processo, desde aquisição dos
produtos até o serviço prestado para a população. Compartilhando com a
sociedade a forma que os gestores trabalham para ter um gerenciamento de
estoque, como eles controlam a aquisição de produtos evitando desperdício, e
mantendo o serviço prestado com eficiência.
3 Graduada em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 2 Mestre em Agroenergia pela Universidade Federal do Tocantins, Especialista em Gestão de Negócios pela universidade Federal do Paraná, Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Mato Grosso e, atualmente professor da Faculdade Católica Dom Orione.
35
Na gestão pública é possível encontrar vários desafios, entre eles, o de
manter um gerenciamento de estoque eficiente, sendo ele responsável por
controlar toda entrada e saída de produtos do armazém. O setor público existe
para prestar serviços à população e tem a necessidade de manter um estoque
abastecido, pois a demanda de serviço é constante e a população depende
desses serviços públicos para ter uma melhor qualidade de vida. Assim
questiona-se: Como funciona o gerenciamento de estoque no serviço de
manutenção na gestão pública municipal de Araguaína-TO?
Portanto, o objetivo geral é verificar como funciona o gerenciamento de
estoque no Departamento de Iluminação Pública da Secretaria Municipal de
Infraestrutura de Araguaína -TO e, de modo específico: levantar os métodos
utilizados pela organização; observar como são praticados; auxiliar a
classificação dos produtos mais usados utilizando a curva ABC; apontar os
desafios de gerir um estoque público e; aprimorar as técnicas que forem
utilizadas.
O método utilizado foi revisão bibliográfica através de livros e artigos
voltados ao tema, para que fosse abordado com maior confiança o que foi
proposto, buscando conceitos e teorias. Para maior aprofundamento ao tema, a
pesquisa realizada se caracteriza como qualitativa, quantitativa e um estudo de
caso na Secretaria Municipal de Infraestrutura, onde foram levantados dados
sobre o consumo de materiais utilizados pelo departamento de iluminação
pública através de pesquisa documental.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GESTÃO PÚBLICA
A discussão que segue trata de uma diferenciação entre gestão pública
e administração pública procurando encontrar suas especificidades. Segundo
Santos (2014), administração pública e gestão pública são palavras com
definições parecidas, porém seus significados são diferentes. Os termos estão
ligados a organizar e liderar uma estrutura organizacional.
Araújo (2017, p. 15) diz que:
36
A administração pública tem como finalidade essencial alcançar o interesse público, ela é incumbida de produzir atos de gestão que determinarão obras, serviços, construções, entre outras políticas públicas, com o objetivo de melhorar a qualidade dos recursos colocados à disposição da coletividade, e ainda, o desenvolvimento político, econômico e cultural da sociedade.
Assim a administração pública precisa atender aos propósitos do
governo, gerenciando de forma correta e dentro da lei os bens e interesses da
população.
Silva (2005) comenta que a administração pública é dirigida por alguns
princípios que orientam como os administradores devem agir, como praticar os
atos administrativos de maneira correta e de garantir que eles realizem uma boa
administração. Sendo então um conjunto de sistemas governamentais os quais
vinculam ideias, atitudes e normas, trabalhando dentro da lei para atender as
necessidades da população com serviços de qualidade.
A gestão pública age para o bem da sociedade, onde o gestor tem a
reponsabilidade de controlar, planejar e organizar os interesses da população,
trabalhando dentro das normas e leis em um determinado tempo. “Gestão
pública é o planejamento, a organização, a direção e o controle de bens e
interesses públicos, agindo de acordo com os princípios administrativos, visando
ao bem comum por meio de seus modelos delimitados no tempo e no espaço.”
(SANTOS, 2014, p. 47).
Santos (2014) afirma que para formar um conceito de gestão pública é
preciso obter diversos tipos de conhecimento em diversas áreas, aproveitando
dos conhecimentos para construir respostas e ações que devem ser realizados
pelo gestor público. Estudo esse que irá facilitar a aplicação de técnicas, a forma
de planejamento da organização, controlando os bens e os interesses públicos.
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
PLANEJAMENTO
O planejamento é fundamental em qualquer área, determinando o que
deverá ser feito para realizar atividades e alcançar os objetivos almejados. Lopes
37
e Alves (2013) afirmam que o planejamento serve para antecipar algumas
decisões que deverão ser realizadas com a finalidade de atingir certo objetivo.
Esse planejamento antecipa as decisões que a empresa necessitará tomar.
Santos (2014) comenta que o planejamento é a base para as demais
funções administrativas, sendo responsável por determinar quais os planos
deverão ser adotados para alcançar os objetivos almejados.
Para montar um planejamento é primordial estabelecer qual o objetivo
deverá ser alcançado. “O primeiro passo do planejamento consiste na definição
dos objetivos para a organização. Objetivos são resultados específicos que se
pretende atingir e são estabelecidos para cada uma das subunidades da
organização, como suas divisões ou departamentos.” (CHIAVENATO, 2012, p.
338). Esse planejamento serve para determinar os objetivos escolhendo e
aprimorando técnicas para atingir o resultado esperado.
É importante estabelecer também um plano para que a ação planejada
seja executada da maneira correta. Chiavenato (2008, p. 341) afirma que o plano
é uma das principais atitudes a ser tomada diante de um planejamento, pois eles
facilitam a organização e assim fica mais fácil alcançar as metas.
Proporcionando então um sentido de como realizar tais atividades de forma mais
eficiente.
Santos (2014, p. 62) diz que:
Ressalta-se, também, que o planejamento é um processo que obedece às relações precisas de interdependências, as quais o caracterizam como um sistema, como um conjunto de partes (fases, processos) coordenadas entre si, de maneira a formarem um todo, um conjunto coerente e harmônico, visando a alcançar um objetivo final (produto, resultado) determinado.
É preciso ter relações com diversas partes inclusive com pessoas
capacitadas que saibam como montar um planejamento, tendo conhecimento
para colocar em prática e conseguir resultados positivos.
38
ORGANIZAÇÃO
Lopes e Alves (2013, p. 5) afirmam que “organização é o processo
administrativo que visa à estruturação da empresa, reunindo pessoas e os
equipamentos, de acordo com o planejamento efetuado”. Através da
organização será possível seguir os passos que foram planejados e chegar aos
resultados esperados.
A organização é essencial dentro da empresa, pois ela é responsável
por manter o ambiente harmonioso. Chiavenato (2012, p. 356) diz que a
organização é uma parte importante no processo administrativo, sendo
responsável por organizar e planejar as atividades de responsabilidade da
administração.
As empresas públicas ou privadas necessitam ter organização e, devido
ao crescimento de algumas dessas empresas, chega um momento em que é
imprescindível uma pessoa responsável por cada departamento. Santos (2014,
p. 94) comenta que diante do crescimento acelerado das organizações tem-se a
necessidade de dividir as tarefas entre os departamentos existentes na empresa,
precisando então de uma pessoa competente para cuidar de cada
departamento. Essa pessoa precisa organizar todas as tarefas do departamento
para que não ocorra discussão e as atividades sejam realizadas de maneira
eficiente.
Para conseguir a organização e mantê-la, uma pessoa apenas não
consegue, tendo então que dividir as tarefas com os demais da equipe para que
cada pessoa fique responsável por determinado serviço. “O objetivo de uma
organização é algo que os indivíduos não conseguem atingir sozinhos. Grupos
de duas ou mais pessoas trabalhando juntas de forma coordenada e cooperativa,
podem realizar mais do que qualquer uma delas o faria isoladamente (sinergia).”
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2012, p. 76). É importante o trabalho em equipe
que as atividades planejadas sejam desenvolvidas corretamente.
39
DIREÇÃO
A função direção é uma das mais importantes, sendo ela responsável
por direcionar o pessoal na execução das atividades dentro da empresa. “A
direção é o processo administrativo que conduz e coordena o pessoal na
execução das tarefas antecipadamente planejadas. Dirigir uma organização
pública significa conseguir que os agentes públicos executem as tarefas pelas
quais respondem.” (SANTOS, 2014, p. 119).
As funções administrativas são um conjunto, onde uma precisa da outra
e em todas é importante e indispensável uma pessoa para ser responsável e que
saiba como tratar e se relacionar com os demais.
Para que o planejamento e a organização possam ser eficazes, eles precisam ser complementados pela orientação e pelo apoio às pessoas, por meio de uma adequada comunicação, liderança e motivação, características essas que um administrador deve possuir para conseguir dirigir pessoas com eficiência. (CHIAVENATO, 2012, p. 366).
Santos (2014) afirma que não é suficiente para ter uma boa gestão
pública apenas ter um bom planejamento e uma boa organização, é necessário
ter pessoas capacitadas para direcionar e executar os objetivos. As funções
administrativas são eficientes quando se tem uma pessoa responsável e
capacitada a frente para discorrer todas as atividades impostas para realizar,
não adianta colocar uma pessoa leiga que não conseguirá desenvolver seu
trabalho de forma precisa.
Chiavenato (2008, p. 369) afirma que
a direção é uma função administrativa que se distribui por todos os níveis hierárquicos das organizações. No nível institucional, denomina-se direção, no nível intermediário é chamada de gerência e no nível
operacional recebe o nome de supervisão de primeira linha.
Em todos os departamentos é preciso ter uma pessoa responsável por
direcionar os outros componentes da equipe, independente de cargos, todos
devem seguir a direção determinada, sendo essa a função que irá mostrar por
40
qual caminho deve seguir a equipe envolvida para desenvolver o trabalho que
foi planejado.
CONTROLE
Santos (2014, p. 148) comenta que “controle é uma função
administrativa que mede e avalia o desempenho, bem como promove ação
corretiva, quando necessário. Assim, o controle é um processo essencialmente
regulatório.” Sendo ele responsável por verificar como as demais funções
administrativas estão sendo executadas da maneira adequada.
Como as organizações não operam na base da improvisação nem ao acaso, elas precisam ser devidamente controladas. Elas requerem um considerável esforço de controle em suas várias operações e atividades para saber se estão no rumo certo e dentro do que foi planejado, organizado e dirigido. O controle constitui a última das funções administrativas, vindo depois do planejamento, da organização e da direção. Controlar significa garantir que o planejamento seja bem executado e que os objetivos estabelecidos sejam alcançados da melhor maneira possível. (CHIAVENATO, 2008, p. 376).
Santos (2014) afirma que o papel fundamental do controle é de
assegurar que os resultados propostos serão atingidos como planejado,
organizado e dirigidos pela organização. O controle é o responsável por informar
se todas as outras funções irão gerar resultados positivos ou não.
Chiavenato (2012, p. 374) diz que
o controle é o processo pelo qual são fornecidas as informações e a retroação para manter as funções dentro de suas respectivas trilhas. É a atividade integrada e monitorada que aumenta a probabilidade de que os resultados planejados sejam atingidos da melhor maneira.
A função controle é dada como a mais importante, pois através dela é
possível identificar se os objetivos esperados e planejados serão alcançados e
terão resultados positivos.
41
LOGÍSTICA DE MATERIAIS E SERVIÇOS
GESTÃO DE ESTOQUE
Arnold (2009) comenta que os estoques são os produtos que a empresa
possui, sendo eles primordiais para todo tipo de empresa ou instituição, com a
responsabilidade de fornecer produtos para vendas ou prestações de serviços.
Equivalendo como grande parte dos ativos totais da empresa. Amaral e Dourado
(2011) dizem que o estoque é uma mistura de materiais em processamento,
materiais semiacabados e materiais acabados de diversos tipos que ficam
armazenados na empresa, com o propósito de atender as necessidades
produzindo materiais ou prestando serviços.
Toda e qualquer empresa precisa ter um estoque, sendo indispensável
ter uma boa gestão, pois com o estoque organizado e bem gerenciado a
empresa tem aumento dos lucros e atende à demanda para executar os serviços.
Como afirma Dias (2010, p. 15) “sem estoque é impossível uma empresa
trabalhar, pois ele é o amortecedor entre os vários estágios da produção até a
venda final do produto.” O mesmo autor comenta que é imprescindível ter um
controle de estoque para que a empresa não tenha preocupações e desníveis,
sendo importante ainda para controlar a quantidade de materiais existentes no
estoque e a quantia investida. Esse controle é importante para que não haja
desperdício de materiais, comprando algo que já tenha e, evita altos gastos com
produtos sem saída.
Pozo (2008, p. 38) diz que “o termo controle de estoques, dentro da
logística, é em função da necessidade de estipular os diversos níveis de
materiais e produtos que a organização deve manter dentro dos parâmetros
econômico.” É necessário ter o controle para verificar como está o
funcionamento do estoque, se ele está abastecido com materiais utilizáveis. O
mesmo autor comenta que, na administração de materiais a função mais
importante é o controle dos níveis de estoque.
Ching (2007) afirma que apesar da importância de estabelecer níveis de
estoque essa também é uma das tarefas mais difíceis, sendo preciso balancear
42
os custos, pois quanto mais produtos estiverem estocados, mais alto será o custo
de manutenção e quanto maior for a quantidade pedida mais alto será o custo
de manter um estoque. Produtos em grandes quantidades guardados não geram
um retorno financeiro para as empresas, gerando apenas ocupação de espaços,
e gastos com manutenção, sendo ele importante para atender as demandas,
mas na quantidade certa, sem exagero.
Os estoques, em si, não geram retorno; o simples fato de aumentar os estoques não provoca aumento de vendas nem de lucros. O investimento em estoque é importante na medida em que os mesmos funcionam como um lubrificante necessário para a produção e o bom atendimento das vendas. (DIAS, 2012, p. 1).
Dias (2010) diz que para ter um controle de estoque eficiente é preciso
seguir alguns objetivos que são: a) identificar o que deve ficar no estoque; b)
estabelecer quando abastecer o estoque; c) determinar a quantidade que será
comprada; d) acionar o departamento de compras para fazer a solicitação de
aquisição; e) organizar os materiais de acordo com o grau de necessidade; f) ter
informações sobre quantidades e valores no estoque; g) ter sempre avaliações
sobre quantidades e estado dos objetos estocados; e h) retirar itens danificados
do estoque.
Para controlar um estoque, sem que ele tenha falhas, é necessário aderir
e aprimorar algumas técnicas na empresa. Pozo (2001 apud VAGO et al., 2013)
comenta que uma das técnicas mais utilizadas para conferir um estoque é a
contagem periódica, sendo essa feita com o estoque físico e depois conferida
com o que está no sistema, evitando erros. Sendo possível que tenha algo no
estoque que não esteja lançado no sistema, gerando assim perda de vendas e
não retorno do investimento no produto.
SERVIÇOS PÚBLICOS
O termo serviço público não tem uma definição exata, tendo, portanto,
uma indefinição no tocante ao que seria o verdadeiro serviço público. Medauar
(2010, p. 326) comenta que “a expressão serviço público às vezes vem
empregada em sentido muito amplo, para abranger toda e qualquer atividade
43
realizada pela administração pública, desde uma carimbada num requerimento
até o transporte coletivo”. Madeira (2014) afirma que essa dificuldade existe pelo
fato de o conceito de serviços públicos sofrer influência de acordo com o tempo,
o espaço de cada povo, o sistema político, econômico e social de cada Estado.
Apesar de não ter um conceito definido, alguns autores conceituam de
forma mais ampla o termo envolvendo todas as atividades exercidas pelo Estado
como serviços públicos. Meirelles, Aleixo e Burle Filho (2014) afirmam que o
serviço público é aquele que é prestado seja pela administração ou por seus
delegados, mas sempre com o objetivo de satisfazer as necessidades da
população podendo ser essenciais ou secundárias. Madeira (2014) comenta que
serviço público é somente aquilo que beneficia a população em geral ou
individualmente, mas que seja realmente importante e necessário.
Os serviços públicos prestados são de responsabilidade do Estado,
onde eles devem ser executados com o objetivo do bem comum. O art. 175 da
Constituição Federal (1988) assegura que “Incumbe ao poder público, na forma
da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
de licitação, a prestação de serviços públicos.” (BRASIL, 1988).
Carvalho Filho (2015), considera importante a classificação dos serviços
públicos para identificar os diversos tipos de serviços, sendo eles classificados
como:
Delegáveis e indelegáveis; Serviços administrativos e de utilidade
pública; Serviços coletivos e singulares; Serviços sociais e
econômicos.
Os serviços públicos são prestados com o objetivo de propor uma melhor
qualidade de vida para a coletividade, precisando então obedecerem regras e
princípios. Com isso Madeira (2014) classifica os seguintes princípios em
generalidade e eficiência.
Carvalho Filho (2015, p. 353) diz que “além do direito ao serviço, a
doutrina reconhece ainda o direito a indenização no caso de ser mal prestado ou
interrompido a sua prestação.” O serviço prestado a população, seja ele feito de
forma direta ou indireta, deve ser realizado seguindo os princípios e regras
dispostos na Constituição brasileira de 1988. Na Constituição Federal (1988)
44
comenta no art. 37, § 3, inciso I, a criação de uma lei que irá organizar as
reclamações referentes à prestação de serviços públicos. Os usuários terão
então seus direitos assegurados por lei lhes permitindo exigir ainda mais serviços
de qualidade e com eficiência. (BRASIL, 1988).
O usuário tem algumas obrigações, sendo elas administrativa, técnica e
pecuniária. Carvalho Filho (2015) afirma que a administrativa é referente aos
dados que deverão ser levados pelos interessados junto à administração; a
técnica está relacionada às condições técnicas que serão necessárias para que
o serviço seja prestado e a pecuniária é referente à remuneração do serviço. As
obrigações impostas para que seja de reponsabilidade do usuário deverão ser
pagas, a exemplo do fornecimento de iluminação pública, água e outros.
Gasparini (2009) comenta que o não cumprimento das obrigações levará a
suspensão do fornecimento do serviço, não sendo prejudicial a emprestado
fornecedora.
Carvalho Filho (2015) afirma que para executar qualquer serviço público
é preciso ter uma normativa que os regulamente, sendo necessário que esteja
formalizada através de leis, decretos ou outros atos regulamentares. Essa
regulamentação é importante tanto para o Poder Público como para a empresa
prestadora de serviço, sendo uma garantia da execução do serviço para ambas
e para a população.
Os serviços públicos precisam seguir normas para que enfim seja
realizada a execução das atividades e para que isso aconteça o poder público
precisa ter total controle sobre a necessidade da população. Madeira (2014) diz
que é de responsabilidade do Estado realizar os serviços públicos para o
benefício da sociedade, serviço esse que pode ser prestado de forma direta e
indireta. Sendo direto aquele serviço que a própria administração realiza e o
indireto o que empresas privadas executam.
Para que todo serviço seja prestado de forma correta e com precisão é
preciso ter um controle de toda movimentação. Gasparini (2009) explica que
esse controle deve ser feito pela administração pública, onde a mesma deve
sempre manter-se informada de como está sendo realizado o serviço, se está
executando de forma satisfatória e a empresa está assumindo suas obrigações.
45
BENS PÚBLICOS
São considerados bens públicos todos aqueles bens que pertencem ao
poder público, inclusive as prestações de serviços. Madeira (2010) conceitua
como bens públicos todos os bens que competem às pessoas jurídicas como a
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações
de Direito Público, incluindo ainda as prestações de serviços.
O conjunto de todos os bens públicos sejam eles, moveis ou imóveis
formam o “domínio público”. Carvalho Filho (2015) afirma que o domínio público
tem um sentido amplo, onde de um lado o adjetivo público está voltado para o
Estado como o responsável pelos bens que integram o patrimônio, por outro lado
está ligado aos bens destinados ao interesse da coletividade. Sendo então
considerado não somente o que é patrimônio do Estado, mas aquilo que tem
utilidade para a população como as praças, etc.
É necessário ter uma classificação de todos os bens, determinando
quem será responsável por ele e qual utilidade ele terá para atender as
solicitações da população e do Estado. Madeira (2010) comenta que é
importante ter essa classificação dos bens, para que saiba qual regra jurídica
aplicar para determinado bem, não sendo possível utilizar uma regra para todos
os bens.
Os bens públicos são classificados quanto à natureza da pessoa titular
em federais, estaduais, distritais e municipais. Neste estudo, portanto, aborda-
se apenas sobre os bens municipais. Madeira (2010, p. 418) comenta ainda que
“como regra, são considerados bens públicos municipais as ruas, praças e
jardins, como também os prédios onde estão instaladas as repartições e órgãos
do Município.”
Essa classificação também é dada para organizar a destinação dos
bens, com o propósito de atender os interesses da sociedade. O Código Civil
Brasileiro (2008) classifica os bens públicos no art. 99 como os bens de uso
comum do povo, os de uso especial e os dominicais.
Os bens de uso comum do povo são aqueles que estão à disposição de
toda a população, para que seja de uso coletivo sem exceções. Madeira (2010)
46
afirma que os bens de uso comum do povo devem ser utilizados por todos sem
restrições e de forma gratuita como as ruas, praias, praças entre outros. Sendo
então de livre acesso todos os bens que gerem benefícios para a sociedade.
Os bens de uso especial são destinados para que os serviços sejam
prestados para a população, sendo usados de forma exclusiva do poder público.
Madeira (2010) afirma ainda que os bens de uso especial são destinados para a
execução dos serviços públicos, sendo destinado aos servidores que irão
oferecer os benefícios para a população. Carvalho Filho (2015, p. 1.188) destaca
que:
são bens de uso especial os edifícios públicos, como as escolas e universidades, os hospitais, os prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário, os quartéis e os demais onde se situem repartições públicas; os cemitérios públicos; os aeroportos; os museus; os mercados públicos; as terras reservadas aos indígenas etc.
Mello (2014) afirma que os bens dominicais também chamados de
dominiais são aqueles que não se encaixam na classificação de uso comum e
nem na esfera de uso especial, sendo considerados então bens dominicais as
terras e terrenos em geral. Madeira (2010, p. 416) ainda diz que “incluem-se
nessa categoria as terras devolutas, os terrenos de marinha e os prédios
públicos desativados.”
Os bens públicos estão ligados à prestação de serviços públicos tendo
a necessidade de caracterizar os serviços de acordo com a categoria que os
bens integram. Madeira (2010) classifica as características em: a)
inalienabilidade sendo a característica que classifica os bens que podem ser
alienados (vendidos, doados, etc.) sendo eles os bens dominicais, já os bens de
uso comum e de uso especial só podem ser alienados após a perca da
qualidade; b) impenhorabilidade caracteriza que os bens públicos não podem ser
penhorados, e caso a Fazenda Pública tenha débitos, deve-se por meio de outro
processo agir contra a Fazenda, incluindo o débito no orçamento do ano
seguinte; c) imprescritibilidade é a característica que impossibilita os bens a
serem usucapidos, isto é que alguém tome posse do bem públicos; d)
impossibilidade de oneração consiste em impossibilitar que os bens públicos
sejam dados como garantias, em hipotecas, penhor etc.
47
Existem diversas formas de a administração pública adquirir os bens
públicos. Mello (2014, p. 948) afirma que “os bens públicos se adquirem pelas
mesmas formas previstas no direito privado (compra e venda, doação, permuta
etc.) e mais por formas específicas de direito público, como a desapropriação ou
a determinação legal”. Madeira (2010) comenta que para adquirir um bem é
preciso classificá-lo de acordo com a sua modalidade, com a natureza e o valor
do bem. Madeira (2010) afirma ainda que a administração pública pode usucapir
dos bens de terceiros, isto porque não houve a vedação dessa forma de
aquisição até o momento.
É possível que seja utilizado um espaço público para interesse particular,
para que isso ocorra é importante ter uma autorização de uso cedida pelo poder
público. Carvalho Filho (2015, p. 1214) diz que “autorização de uso é o ato
administrativo pelo qual o Poder Público consente que determinado indivíduo
utilize bem público de modo privativo, atendendo primordialmente a seu próprio
interesse”. Madeira (2010) cita alguns exemplos que são necessários ter a
autorização de uso de terreno baldio, fechamento de ruas para realizar festas,
utilização de um terreno público para instalação de um parque de diversões. A
autorização permite o uso desse bem público por um período curto de tempo, e
o evento oferecido pode ser gratuito ou oneroso.
CURVA ABC
Pozo (2008, p. 92) comenta que “o princípio da curva ABC foi elaborado,
por Vilfredo Pareto, na Itália, no fim do século passado, quando por volta do ano
de 1897 elaborava um estudo de distribuição de renda e riqueza da população
local.” Ao realizar o estudo Pareto percebeu que grande parte da riqueza local
estava concentrada em uma pequena parte da população. As pessoas passaram
a ter o conhecimento da ferramenta, passando a ser muito utilizada. A curva ABC
passou a ser utilizada pelo administrativo, utilizando a mesma em vários setores
que precisavam ter um melhor controle de grandes quantidades de dados.
Após ser aplicada pela primeira vez na General Eletric para auxiliar no
controle de estoque, a ferramenta passou a ser utilizada para resolver problemas
48
no gerenciamento desse setor dentro das empresas. “A curva ABC tem sido
usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas,
para o estabelecimento de prioridades, para a produção de programação e uma
série de outros problemas usuais nas empresas.” (DIAS, 2010, p. 69).
Segundo Pozo (2008) a curva ABC classifica os produtos em três
categorias, sendo elas: a) classe A é o grupo de itens mais importantes, onde
eles devem ser tratados com mais atenção, onde 20% dos itens correspondem
em média 80% do valor monetário; b) classe B é o grupo com uma importância
intermediária, onde somente após tratar dos itens de classe A deve-se tratar dos
de classe B, 30% dos itens equivale a 15% do valor monetário; c) classe C são
os itens menos importantes, pois requerem mais tempo para análise devido à
quantidade de produtos, porém só devem ser tratados os itens desta classe após
todos os itens das classes A e B, 50% dos itens da classe C correspondem a 5%
do valor monetário.
Contudo Braga (2010) comenta que a curva ABC é classificada onde os
itens A são representados por uma pequena quantia de itens, porém uma alta
participação do valor total do estoque; os itens de classe B ficam entre as duas
categorias, sendo que os itens dessa classe têm um valor unitário médio; os itens
de classe são representados em grande quantia de produtos e pouco valor total
de estoque. A Figura 1 a seguir, representa graficamente essas três categorias.
Figura 1- Curva ABC dos estoques
Fonte: BRAGA (2010).
49
Braga (2010) afirma que os itens A representam apenas 15% dos bens
existentes no estoque, porém seu valor total representa 60% dos recursos
aplicados; os itens B correspondem a 35% dos itens do estoque, e representa
35% do total de recursos aplicados; e os itens de classe C são formados por
50% dos itens que existem no estoque, e o seu valor total representa apenas
5%.
Entretanto Arnold (2009, p. 266) comenta que “as porcentagens são
aproximadas e não devem ser tomadas como absolutas”. Deixando claro então
que somente após estudos e análises será possível saber exatamente como
serão classificados os itens do estoque.
Para montar a curva ABC é preciso fazer algumas análises e seguir
alguns passos. Pozo (2008) diz que para confeccionar uma curva ABC é preciso
observar: 1) fazer uma análise dos itens existentes de acordo com as
quantidades, preços unitários e preços totais; 2) fazer uma coluna com itens,
descrição dos produtos, preço unitário, preço total do item, preço acumulado e
porcentagem; 3) após relacionado em tabela todos os dados, é preciso encontrar
a porcentagem de cada item, sendo possível se dividir o valor total de cada item
pela somatória total dos itens; 4) e por fim organizar os itens de acordo com a
sua classificação, sendo de classe A, B ou C.
Os dados coletados devem estar corretos, pois se houver algum dado
errado, o resultado estará alterado e todo tempo e análise serão perdidos. Dias
(2010) comenta que os dados coletados são de extrema importância para a
conclusão da curva ABC, sendo necessário então ter uma análise preliminar,
fazendo os cálculos podendo ser utilizado de meios de cálculos manuais ou
mesmo um software adequado.
RESULTADO E ANÁLISE
O estudo foi realizado na cidade de Araguaína - TO, onde a população
estimada para 2017 é de 175.960 pessoas de acordo com o último senso do
IBGE em 2010, o IBGE (2017) ainda afirma que a cidade tem uma renda per
50
capita de R$ 20.225,43. Segundo o IBGE, em 2016 a área da unidade territorial
foi de 4.000,416 km², o esgotamento sanitário em 2015 foi de 15,8%, a
arborização de vias públicas em 2010 foi de 76,9% e a urbanização de vias
públicas em 2010 foi de 5,9%.
Os dados analisados foram coletados no estoque do Departamento de
Iluminação Pública que fica dentro da Secretaria Municipal de Infraestrutura,
localizada na Rua 06, n° 20, no Setor Vila Aliança.
O departamento de iluminação é composto por 22 funcionários sendo
eles: 01 diretor, 01 coordenador, 01 encarregado, 09 eletricistas, 02 motoristas,
01 secretária e 07 ajudantes de eletricista. O departamento realiza em média
560 manutenções por mês. Entre elas, destaca-se troca de relé, troca de
lâmpadas, troca de reator, troca de poste e diversos tipos de manutenções.
Segue a planilha que relata os dados que foram coletados dentro do
departamento de iluminação pública. Os dados foram classificados de acordo
com as regras da curva ABC, dos itens existentes no estoque. O quadro 1 aponta
a quantidade de produtos que foram consumidos pelo departamento de
iluminação pública durante os meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2018.
Os dados coletados indicam que dos 49 itens no total, os primeiros sete produtos
representam a classe A. A classe B é representada pelos itens considerados
medianos, os quais são representados por nove itens, restam, portanto, um total
de trinta e três produtos que compõem a classe C da classificação usando a
curva ABC.
51
I
TEM DESCRIÇÃO
CU
STO UN. R$
C
ONSUMO
VAL
OR TOTAL
PORC
ENTAGEM
INDIVIDUAL
PORCE
NTAGEM
ACUMULADA
CLASS
IFICAÇÃO
1 Refletor 200w LED R$
2.252,00
2
5
R$
56.300,00
24,46
% 24,46% A
2 Quadro de distribuição de sobrepor 4x4 pvc com tampa R$
1.323,00
3
5
R$
46.305,00
20,12
% 44,58% A
3 Relé R$
18,89
1
096
R$
20.703,44 8,99% 53,57% A
4 Lâmpada vapor sódio 70w R$
16,77
1
194
R$
20.023,38 8,70% 62,27% A
5 Reator vapor sódio 70w interno R$
24,17
6
60
R$
15.952,20 6,93% 69,20% A
6 Quadro geral de baixa tensão (qgbt) R$
10.790,00 1
R$
10.790,00 4,69% 73,89% A
7 Lâmpada vapor sódio 250w R$
47,45
1
70
R$
8.066,50 3,50% 77,39% A
8 Lâmpada vapor sódio 100w R$
19,71
4
00
R$
7.884,00 3,43% 80,82% B
9 Reator vapor sódio 250w interno R$
40,91
1
61
R$
6.586,51 2,86% 83,68% B
1
0 Reator vapor sódio 100w interno
R$
25,52
2
30
R$
5.869,60 2,55% 86,23% B
1
1 Bucha de nylon com anel, 6mm
R$
17,90
3
10
R$
5.549,00 2,41% 88,64% B
1
2 Lâmpada vapor sódio 150w
R$
39,95
1
00
R$
3.995,00 1,74% 90,38% B
Quadro 1- Quantidade de materiais utilizados pelo departamento de iluminação pública.
52
I
TEM DESCRIÇÃO
CU
STO UN. R$
C
ONSUMO
VAL
OR TOTAL
PORC
ENTAGEM
INDIVIDUAL
PORCE
NTAGEM
ACUMULADA
CLASS
IFICAÇÃO
1
3 Caixa de passagem de aço 30x30
R$
109,90
3
5
R$
3.846,50 1,67% 92,05% B
1
4 Cabeça de luminária fechada 70w e-27
R$
158,83
2
0
R$
3.176,60 1,38% 93,43% B
1
5 Conector de alumínio
R$
3,42
5
00
R$
1.710,00 0,74% 94,17% B
1
6 Cabo de cobre isolado flexível 750v 10mm, na cor verde
R$
4,38
3
90
R$
1.708,20 0,74% 94,91% B
1
7 Disjuntor termomagnético monopolar din 32ª
R$
27,00
3
6
R$
972,00 0,42% 95,34% C
1
8 Eletroduto de pad corrugado flexível anti-chama 1.1/2"
R$
7,79
1
19
R$
927,01 0,40% 95,74% C
1
9 Cabo de cobre isolado flexível 750v 10mm, na cor preta
R$
4,38
2
00
R$
876,00 0,38% 96,12% C
2
0 Caixa de passagem de aço 40 x 40
R$
144,67 6
R$
868,02 0,38% 96,50% C
2
1 Conector pré- isolado tipo ilhós, 10mm
R$
2,50
3
20
R$
800,00 0,35% 96,84% C
2
2
Parafuso cabeça chata Philips com rosca soberba
8x60mm
R$
5,99
1
30
R$
778,70 0,34% 97,18% C
2
3 Quadro de distribuição de sobrepor
R$
775,80 1
R$
775,80 0,34% 97,52% C
2
4
Parafuso cabeça chata Philips com rosca soberba
6x40mm
R$
3,59
1
80
R$
646,20 0,28% 97,80% C
Quadro 1- Quantidade de materiais utilizados pelo departamento de iluminação pública.
53
I
TEM DESCRIÇÃO
CU
STO UN. R$
C
ONSUMO
VAL
OR TOTAL
PORC
ENTAGEM
INDIVIDUAL
PORCE
NTAGEM
ACUMULADA
CLASS
IFICAÇÃO
2
5 Caixa de derivação pvc rígido com tampa 30 x 30 x 10
R$
102,74 5
R$
513,70 0,22% 98,02% C
2
6 Luva pvc ¾
R$
25,00
2
0
R$
500,00 0,22% 98,24% C
2
7 Curva de 90º pvc roscável 2"
R$
13,50
3
3
R$
445,30 0,19% 98,43% C
2
8
Cabo de cobre isolado flexivel 750v 10mm, na cor
vermelha
R$
4,38
1
00
R$
438,00 0,19% 98,62% C
2
9 Arruela de pressão métrica inox, 6mm
R$
2,08
1
80
R$
374,40 0,16% 98,79% C
3
0 Braço curvado 1,20 m
R$
18,16
2
0
R$
363,20 0,16% 98,95% C
3
1 Fita isolante
R$
5,80
5
2
R$
301,60 0,13% 99,08% C
3
2 Fita alta tensão
R$
19,36
1
5
R$
290,40 0,13% 99,20% C
3
3 Dispositivo de proteção contra surtos
R$
47,79 6
R$
286,74 0,12% 99,33% C
3
4 Cabo flexível 2x2.5mm
R$
116,00 2
R$
232,00 0,10% 99,43% C
3
5 Caixa trifásica p/ padrão
R$
151,90 1
R$
151,90 0,07% 99,49% C
3
6 Receptáculo E-27
R$
2,16
7
0
R$
151,20 0,07% 99,56% C
Quadro 1- Quantidade de materiais utilizados pelo departamento de iluminação pública.
54
I
TEM DESCRIÇÃO
CU
STO UN. R$
C
ONSUMO
VAL
OR TOTAL
PORC
ENTAGEM
INDIVIDUAL
PORCE
NTAGEM
ACUMULADA
CLASS
IFICAÇÃO
3
7 Disjuntor tripolar 100ª
R$
25,00 6
R$
150,00 0,07% 99,62% C
3
8 Eletroduto pvc rígido antí-chama roscável 1"
R$
5,80
2
4
R$
139,20 0,06% 99,69% C
3
9 Parafuso 16 x 250mm
R$
6,20
2
0
R$
124,00 0,05% 99,74% C
4
0 Disjuntor monofásico 10 A
R$
7,00
1
6
R$
112,00 0,05% 99,79% C
4
1 Eletroduto de ferro galvanizado 1"
R$
10,98
1
0
R$
109,80 0,05% 99,84% C
4
2 Disjuntor trifásico 50 A
R$
20,00 5
R$
100,00 0,04% 99,88% C
4
3 Abraçadeira tipo D de metal 2"
R$
1,49
4
0
R$
59,60 0,03% 99,90% C
4
4 Parafuso 8mm
R$
2,20
2
5
R$
55,00 0,02% 99,93% C
4
5 Luva para eletroduto de pvc roscável 2"
R$
2,00
2
6
R$
52,00 0,02% 99,95% C
4
6 Abraçadeira tipo U de metal 1"
R$
0,65
6
5
R$
42,25 0,02% 99,97% C
4
7 Parafuso 6mm
R$
1,50
2
5
R$
37,50 0,02% 99,99% C
4
8 Bucha 8mm
R$
0,82
2
5
R$
20,50 0,01% 99,99% C
Quadro 1- Quantidade de materiais utilizados pelo departamento de iluminação pública.
55
I
TEM DESCRIÇÃO
CU
STO UN. R$
C
ONSUMO
VAL
OR TOTAL
PORC
ENTAGEM
INDIVIDUAL
PORCE
NTAGEM
ACUMULADA
CLASS
IFICAÇÃO
4
9 Bucha 6mm
R$
0,50
2
5
R$
12,50 0,01% 100% C
T
OTAL
R$
230.172,65
100,00
%
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
Quadro 1- Quantidade de materiais utilizados pelo departamento de iluminação pública.
56
O gráfico a seguir ilustra a classificação feita e a construção da curva ABC,
conforme se apresentam os produtos dentro do estoque de materiais do departamento
de iluminação pública da Secretaria Municipal de Infraestrutura de Araguaína - TO. O
estudo aponta que os 7 itens da classe A representam 14,29% de esforço e 77,39%
do valor envolvido, os 9 itens da classe B representam 18,37% de esforço e 17,52%
do valor envolvido, enquanto os 33 itens da classe C representam 67,35% de esforço
e 5,09% do valor envolvido.
Gráfico 1- Classificação da curva ABC
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
O quadro abaixo apresenta uma análise comparativa com o estudo realizado
por Pozo (2008).
Quadro 2- Análise comparativa da curva ABC
77,39%
94,91%100,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49
ITEM PORCENTAGEM INDIVIDUAL PORCENTAGEM ACUMULADA
57
CLASSE CORTE % VALOR EM
ESTOQUE
PROPORÇÃO DE
ITENS
PROPORÇÃO DE
VALOR
A 20% 80 14,29% 77,39%
B 30% 15 18,37% 17,52%
C 50% 5 67,35% 5,09%
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
O quadro acima aponta que, conforme visto em Pozo (2008), a classe A em
seu corte com 20% de esforço, representam 80% do valor envolvido. Esse estudo
aponta que 14,29% do esforço representam 77,39% do valor envolvido; a classe B
segundo o autor com seu corte de 30% de esforço, representa 15% do valor do valor
envolvido. Nesse estudo, os resultados apontam que 18,37% de esforço equivale a
17,52% do valor envolvido; e os itens de classe C são representados segundo Pozo
(2008) por 50% de esforço e 5% do valor envolvido. Enquanto nesse estudo, os
resultados apontaram que 67,35% de esforço equivale a 5,09% dos valores
envolvidos. Neste contexto, se fazem valer os apontamentos de Arnold (2009), os
quais afirmam que os valores percentuais não são algo fixo, e que podem variar
dependendo das características dos produtos analisados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo aponta que o gerenciamento de estoque no setor público deve
acontecer de forma precisa, tendo em vista a necessidade de ter um controle maior
para atender as demandas da população. Esse controle vai ajudar para que sempre
tenham os materiais certos na quantidade certa, evitando desperdício e conseguindo
atender as solicitações.
Após acompanhar o funcionamento do almoxarifado da Secretaria Municipal
de Infraestrutura, foi possível verificar que o estoque do órgão público é controlado
através de um sistema informatizado, onde tudo é lançado de acordo com a entrada
e saída do almoxarifado, sendo destinados esses produtos às equipes de
manutenção. São utilizados também outros métodos para controlar o estoque, sendo
eles: o controle manual de entrada, conferência manual do estoque a cada três meses
e conferência da mercadoria quando chega junto com a nota fiscal.
58
A conferência manual que é realizada a cada três meses deve acontecer
porque o sistema utilizado pelo almoxarifado para controle de estoque não possui
plena eficiência por ser um sistema compartilhado com outras secretarias e, acaba
gerando algumas divergências, surgiu daí a necessidade de conferir os memorandos
de saídas com os itens que ainda estão no almoxarifado.
O departamento de iluminação pública, onde foi direcionado o estudo acima
controla seus produtos através de uma planilha de excel, sendo essa técnica
considerada importante para eles porque assim é possível terem o controle dos
produtos que ainda restam e, o responsável pelo departamento faz a solicitação com
antecedência, para que o atendimento aso serviços públicos não fiquem prejudicados.
Após utilizar a ferramenta curva ABC, o estudo indica que o estoque do
departamento de iluminação pública tem produtos que precisam de mais atenção que
outros, pois esses que necessitam de mais atenção geram mais resultados. Tendo
em vista a importância de classificar esses itens, o órgão público, em específico o
departamento de iluminação pública, deve dar mais atenção aos primeiros sete
produtos por representarem aproximadamente 80% do valor envolvido, são produtos
que dever ter um artifício de conservação bem definido e seguro.
REFERÊNCIAS
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59
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LOPES, Anderson; ALVES, Edgar Antônio Lemos. Tribunal regional do trabalho da 15° região: noções de administração geral/ pública. Campinas: Vestcon, 2013. MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração pública: tomo I. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. ______. Administração pública: Tomo I. 12. ed. Rio de Janeiro: Freiras Barros, 2014. MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. MEIRELLES, Hely Lopes; ALEIXO, Délcio Balestero; BURLE FILHO, José Emmanuel. Direito administrativo brasileiro. 41. ed. São Paulo: Malheiros editores, 2014. MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2014.
60
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61
GESTÃO DA QUALIDADE: UM ESTUDO DA UTILIDADE DAS FERRAMENTAS
DA QUALIDADE NA GESTÃO DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
DE ARAGUAÍNA-TO
Leiliane Dias Jorge Ferreira5
Maria das Graças Aires de Medeiros Andrade6
INTRODUÇÃO
As organizações vivem hoje em constantes transformações para, assim,
continuarem competitivas no mercado. Muitos são os fatores que influenciam esse
cenário e a gestão voltada à qualidade tem se tornado principal ferramenta estratégica
dentro das organizações. O conceito de qualidade ainda é complexo e bastante
discutido. Segundo Bonato (2007, p. 3), “[...] Qualidade não é mais essencialmente
um assunto técnico, tornando-se em diversos países, a base de expressão da
liderança para o gerenciamento das empresas.”
Na saúde, assim como em outros setores, o contexto de que, qualidade é a
satisfação dos clientes, define sublimemente o conceito de qualidade na prestação de
serviços na saúde. O Laboratório Clínico, nesse caso, é de suma importância ao setor
de saúde, sua atuação é suporte indispensável à médicos e hospitais, no diagnóstico
de seus pacientes. Por esta razão, a ausência de uma gestão eficiente, bem como
falhas no processo de atendimento, por exemplo, acarreta em má qualidade do
serviço prestado, gerando assim insatisfação para aquele que busca seus serviços.
Araguaína, com o passar dos anos, tornou-se um referencial em atendimentos
de saúde. Segundo Alves (2012), a implementação de sistemas de qualidade auxilia
as organizações a se tornarem mais competitivas no mercado. As ferramentas da
qualidade auxiliam na gestão e no controle dos processos, com o objetivo de medir,
controlar analisar e auxiliar na tomada de decisões, agregando valor tanto para
administração, como para a empresa como um todo.
5 Graduada em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 6 Graduada em Ciências Econômicas pela PUC – Goiás. Especialista em Formação Socioeconômica do Brasil (Universidade Salgado de Oliveira – Niterói – RJ). Especialista em Gestão de Micro e Pequenas Empresas (UFLA – MG). Mestre em Educação (UFT – Palmas).
62
Tendo em vista a importância do tema, este trabalho procurou identificar a
eficiência de ferramentas da qualidade em um Laboratório Clínico, e teve por
objetivos, pesquisar conceitos e aplicações das ferramentas da qualidade, adequadas
ao serviço de saúde, avaliar qual ou quais melhor se aplicam na gestão do Laboratório
Clínico, bem como a verificação de normas, certificações e acreditações aplicáveis à
empresa em questão, bem como a análise dos benefícios gerados ao implantar
ferramentas da qualidade na empresa estudada.
Araguaína, como referência em atendimentos de saúde, conta com clinicas
médicas, laboratórios e hospitais, que atuam em conjunto para satisfazerem a
necessidade daqueles que o procuram. Em meio a esse mercado crescente de
prestação de serviços em saúde, o Laboratório de Análises Clínicas atua como
principal parceiro de médicos em clínicas e hospitais, auxiliando nos diagnósticos e
prognósticos de seus pacientes. Com isso, vê-se a necessidade de uma avaliação
constante de seus processos e da execução dos serviços prestados aos
clientes/pacientes. Assim, Gestão da Qualidade e suas ferramentas influenciam
diretamente na Gestão eficiente dessas empresas.
Para atender aos objetivos apresentados, foi adotada a abordagem de
pesquisa qualitativa com objetivo de entender o processo de atendimento estudado,
observando o fluxo do processo. No que se refere aos métodos utilizados, trata-se de
uma pesquisa com base bibliográfica, considerando os livros e artigos que tratavam
sobre gestão de qualidade na área da saúde. Na pesquisa documental foi analisado
o Manual de Procedimentos Operacionais Padrão do laboratório de análises clínicas
situado na cidade de Araguaína- TO.
Diante do exposto, o presente trabalho encontra-se dividido em quatro
seções, nos quais serão abordadas a evolução e conceito da qualidade, a gestão da
qualidade na saúde, conceitos e uma abordagem específica à área de laboratórios
clínicos, expondo ferramentas da qualidade e suas aplicações, bem como um breve
levantamento de normas e organizações de certificação e acreditação. Em seguida,
uma rápida exposição da empresa estudada bem como seu processo de atendimento,
objeto de estudo deste trabalho, seguida de uma análise sobre o estudo realizado.
GESTÃO DA QUALIDADE
63
EVOLUÇÃO DA QUALIDADE
A evolução das práticas de gestão da qualidade, de acordo com Carpinetti
(2010), passou por três fases importantes, a primeira caracterizada pela inspeção; a
segunda, pelo controle estatístico da qualidade e; por último, a garantia da qualidade,
que serão abordadas a seguir.
Em um primeiro momento, início do século XX, a qualidade era medida e
controlada por artesãos, que adequavam suas peças manualmente de acordo com
cada cliente, é o que hoje se conhece por customização. Passado esse período, com
a industrialização, o controle era por meio de inspeção, dessa forma a qualidade era
mensurada através da separação dos produtos, os que atendiam as especificações
daqueles que apresentavam falhas na produção, evitando assim que chegassem ao
consumidor. (CARPINETTI, 2010).
Passada essa fase, por volta da década de 20, Walter A. Shewhart,
desenvolveu as Cartas de Controle. Esse documento tinha por objetivo monitorar a
qualidade do processo de fabricação. Contribuíram também para essa fase evolutiva,
a partir do final da década de 30, H. F. Dodge e H. G. Roming com as técnicas de
inspeção de lotes por amostragem, que a partir da avaliação de uma amostra do lote
previa-se a qualidade do lote como um todo, tendo por base uma visão probabilística.
(CARPINETTI, 2010).
Dadas essas duas fases, pode-se verificar que a qualidade estava
completamente ligada ao processo produtivo. Na próxima fase, a partir da década de
50, o controle da qualidade começa a tomar um novo dimensionamento, migrando
para todos os setores organizacionais, saindo do processo produtivo e afetando a
organização como um todo, garantindo assim que os produtos atendessem as suas
especificações de acordo com os resultados esperados. (CARPINETTI, 2010).
Na busca pela garantia da qualidade, surgiram vários movimentos envolvendo
a qualidade, como o programa “zero defeito” de Philip B. Crosby, em 1957, bem como
a publicação do livro “Controle da Qualidade Total” de Armand Feigenbaum, em 1961.
Surge então uma nova dimensão da qualidade, onde em 1980, a qualidade passa a
interferir diretamente na atuação das empresas no mercado, com ênfase no valor do
cliente e a busca incessante em satisfazer suas necessidades. Nesse contexto, a
qualidade passa a ser o centro das atenções da alta direção das organizações,
64
começa, então, a ser integrada às estratégias da organização, tendo por objetivo
diferenciar-se da concorrência, pois a qualidade torna-se um dos elementos
determinantes para o sucesso. (CARVALHO; PALADINI, 2005).
A partir desse novo contexto, a qualidade passa a ser gerida de maneira
sistêmica dentro da organização, de forma que todos os setores estejam inter-
relacionados, interligados, garantindo assim a qualidade total do processo. Com isso,
pode-se dizer que a qualidade está claramente relacionada como grau de satisfação
que determinado produto ou serviço proporcionaria ao cliente. (CARPINETTI, 2010).
QUALIDADE: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
A partir de 1950, a gestão da qualidade passou a ter destaque dentro das
organizações, principalmente nas indústrias japonesas. O avanço tecnológico
ocorrido nas últimas décadas do século XX trouxe consigo consumidores cada vez
mais exigentes e, assim, esse modelo de gestão é utilizado como estratégia
empresarial com a finalidade de associar qualidade em todas as etapas dos processos
de uma empresa, afetando não somente a gestão, como também todos os seus
stakeholders (partes interessadas): acionistas, colaboradores, fornecedores e
clientes.
São muitas as contribuições de teóricos quanto ao que vem a ser qualidade.
Paladini (2009, p. 30) nos diz que, “[...] para definir corretamente qualidade, o primeiro
passo é considerar a qualidade como um conjunto de atributos ou elementos que
compõem o produto ou serviço. ” A qualidade, nesse sentido, é entendida a partir da
composição do produto ou serviço, ou seja, no atendimento das especificações da
mesma.
No entanto, a qualidade não se resume apenas a esse contexto, atualmente
o conceito de qualidade é bem mais amplo, onde o foco está na satisfação do cliente.
Como afirma Carpinetti (2010, p. 14), “O entendimento predominante nas últimas
décadas e que certamente representa a tendência futura é a conceituação de
qualidade como satisfação dos clientes [...]. ”
Diante dessas definições, faz-se necessário o destaque de alguns autores
consagrados que, devido sua grande contribuição teórica e prática no campo da
qualidade, foram denominados como os “gurus da qualidade”, pois cada um, a seu
65
tempo, influenciou no processo de evolução do conceito de qualidade. Segundo
Carvalho e Paladini (2005), os autores mais utilizados na literatura acadêmica e
profissional são: Walter A. Shewhart, W. Edwards Deming, Joseph M. Juran, Armand
Feigenbaum, Philip B. Crosby, Kaoru Ishikawa e Genichi Taguchi. Segue a
apresentação de alguns desses “gurus” e suas abordagens sobre o gerenciamento da
qualidade.
Walter A. Shewhart, precursor da área, e conhecido como pai do controle
estatístico da qualidade, criou em 1924, os Gráficos de Controle e propôs o ciclo
PDCA (‘Plan” (planejar), “Do” (executar), “Check” (verificar) e “Action” (agir)), que tem
como objetivo a melhoria contínua dos processos, e conceituou a qualidade como
“subjetiva e objetiva”. Seu discípulo, como foi intitulado, W. Edwards Deming, e
reconhecido como pai do controle da qualidade no Japão, foi o grande propagador do
ciclo PDCA de Shewhart, e contribuiu ainda para a evolução do conceito qualidade
com a criação de uma nova concepção de gerência baseada em 14 pontos de
mudanças, e tinha por definição de qualidade a de que “qualidade é a satisfação das
necessidades do cliente em primeiro lugar. ” (CARVALHO; PALADINI, 2005).
Em 1951, o destaque foi para Joseph M. Juran e Armand Feigenbaum. Juran
alcança projeção mundial com a publicação do “Manual de Controle da Qualidade”,
onde pela primeira vez era proposto uma abordagem sobre os custos da qualidade, e
mais tarde em 1986, com a trilogia da qualidade, composta por planejamento, controle
e melhoria, e para esse autor “qualidade é a adequação ao uso”. Feigenbaum, por
sua vez, publicou o seu livro “Controle da qualidade Total”, assim sendo considerado
o pioneiro a ter uma visão sistêmica das organizações, definia qualidade como “a
composição total das características de marketing, projeto, produção e manutenção
de bens e serviços, através dos quais os produtos atenderão às expectativas dos
clientes.” (CARVALHO; PALADINI, 2005).
Concluindo o ciclo de teóricos, temos Kaoru Ishikawa que, influenciado por
Deming e Juran, desenvolveu uma visão mais ampla da qualidade, focado no aspecto
humano da organização e atuando no desenvolvimento e uso das ferramentas da
qualidade, dentre elas o Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe), o que o levou a
criação dos círculos de controle da qualidade. Uma de suas definições de qualidade
é “satisfazer radicalmente o cliente, para ser agressivamente competitivo. ”
(CARVALHO; PALADINI, 2005).
66
Diante de tais conceitos, pode-se dizer que qualidade não se trata de algo
superficial e seu entendimento é ainda bastante discutido, o que demonstra a
importância de que cada organização tenha consigo o seu conceito de qualidade, de
acordo com a necessidade dos seus clientes. Não se trata apenas do produto ou
serviço, a satisfação do cliente em ter suas necessidades atendidas traz à tona a
importância da qualidade no processo como um todo. O modelo de Gestão com
enfoque na satisfação é um dos principais métodos para as empresas conquistarem
a fidelização de seus clientes.
GESTÃO DA QUALIDADE NA SAÚDE
Em um contexto teórico, qualidade na saúde, não se diferencia da aplicada
no setor industrial. Adequar o produto ou serviço acordo com a necessidade do cliente,
é um critério indispensável a qualquer serviço de assistência em saúde. Entretanto,
investir em saúde, tem se tornado cada vez mais caro, consequência da complexidade
dos serviços em saúde, associados a grande evolução tecnológica, observada nas
últimas décadas, bem como também o aumento da expectativa de vida. (MEZOMO,
2001).
No que se refere à gestão da qualidade na Saúde, o termo “humanização” tem
sido utilizado constantemente, e pode ser considerado como um dos seus maiores
desafios. A relação entre trabalhadores e usuários, necessita de um contato mais
humanista, atuando junto a iniciativas que valorizem e dê qualidade à prestação de
serviços em saúde. Como nos afirma Mezomo (2001, p. 276), “A humanização, de
fato não é apenas um conceito. É uma filosofia de ação solidária [...]. ”
Associar qualidade nos serviços, alta produtividade e baixo custo, é um dos
objetivos dos programas de qualidade que, através de seus indicadores, conseguem
evitar erros e falhas nos processos, evitando assim possíveis prejuízos. Philip B.
Crosby, um dos “gurus da qualidade”, em um de seus conceitos de qualidade, diz que,
qualidade é o produto ou serviço ter conformidade com seus requisitos, onde um
“padrão de processos” pode levar ao “zero defeitos”, que nada mais é que, “fazer certo
já na primeira vez”, melhor próxima e assim por diante. (MEZOMO, 2001).
Em se tratando de serviços em saúde, o conceito de Crosby pode ser aplicado
como um “lema” para a prestação desse tipo de serviço. Na área da saúde,
67
especificamente em laboratório clínico, um erro por menor que ele venha a ser, pode
trazer diversos transtornos ao paciente, que a pedido médico vai em busca desse
serviço para auxiliar no seu diagnóstico. Qualidade nos processos, desde o
atendimento à entrega do resultado é fator primordial, que leva a empresa ao seu
objetivo principal: satisfação das necessidades do cliente/paciente.
Diante desse contexto, Mezomo (2001, p. 73) entende por qualidade “como
sendo um conjunto de propriedade de um serviço (produto) o que o torna adequado à
missão de uma organização (empresa) concebida como resposta às necessidades e
legítimas expectativas de seus clientes. ”
Avedis Donabedian, o grande mestre da qualidade em saúde, estabelece três
dimensões para a qualidade na saúde: técnica, interpessoal e ambiental. A técnica
está relacionada aos conhecimentos técnicos e científicos e sua aplicação na
resolução do problema do paciente. A interpessoal, refere-se ao relacionamento
estabelecido entre prestador de serviços e usuário. A ambiental, trata-se do conforto
e bem-estar que o ambiente oferece ao paciente. (MEZOMO, 2001).
Diante desses conceitos, a sua execução, nos esclarece que, qualidade na
saúde trata-se de um trabalho constante de avaliação das expectativas dos clientes,
comparando os serviços prestados, com o ambiente adequado de trabalho, junto a
um processo de melhoria contínua. Além disso, essa definição de “qualidade” resulta
também em uma clareza e introdução dos direitos essenciais ao ser humano, que
necessitam serem assegurados e protegidos integralmente.
O conceito de qualidade varia de acordo com cada organização, conforme
seus valores e princípios, tornando-se necessário que cada organização, junto a todos
os seus colaboradores, definam e promovam o seu conceito de qualidade, se
comprometendo a garanti-lo em todos os seus processos e resultados. Sendo assim,
“A organização que não “ouve” o cliente, que não conhece o que ele entende por
“valor” e que não se situa num nicho de mercado específico e competitivo tem poucas
chances de sobreviver.” (MEZOMO, 2001, p. 77).
Como visto até então, por um dado momento, a satisfação do cliente foi vista
como um mero indicador de resultados dos serviços prestados. Entretanto, hoje dentro
de uma Gestão de qualidade ela é o elemento de principal destaque. É fato que não
se trata de acatar e desenvolver tudo que o cliente quer em dado serviço, mas
entender suas necessidades e com isso desenvolver ações que aumentem a
68
qualidade dos serviços gerando a sua real satisfação, a percepção do cliente é
extremamente relevante para que se alcance a excelência.
A seguir, abordaremos a gestão da qualidade relacionada a prestação de
serviços na saúde, especificamente em um Laboratório de análises clínicas. Esse tipo
de serviço tornou-se o principal parceiro de clínicas e hospitais, auxiliando médicos
em diagnósticos e prognósticos de seus pacientes. Diante disto, vê-se a necessidade
de uma avaliação e melhoria contínua de seus processos, o processo de atendimento,
objeto de estudo deste trabalho é o principal causador de satisfação do cliente quanto
aos serviços a eles prestados.
GESTÃO DA QUALIDADE EM LABORATÓRIO CLÍNICO
Os laboratórios clínicos são empresas de prestação de serviços em saúde
que atuam no setor de saúde como suporte às clínicas médicas e hospitais, com o
objetivo de auxiliar médicos no diagnóstico dos pacientes. Nesse sentido, Neto e Malik
(2014, p. 259) nos afirmam que: “O diagnóstico por meio de exames de laboratório
tem um papel central no cuidado de saúde, considerando-se que 70% de todas as
decisões médicas são baseadas em resultados de laboratório [...].”
A missão dos Laboratórios Clínicos está em realizar exames que tragam
resultados úteis não só ao diagnóstico, bem como também ao prognóstico,
tratamentos e prevenção de doenças. Assim, os processos executados pelo
laboratório de análises clínicas englobam atividades classificadas como: pré-
analíticos; analíticos e; pós analíticos, ou seja, atendimento e coleta; realização do
exame e; emissão dos laudos. A realização desses processos, precisam estar aliados
a um Sistema de Gestão de Qualidade que sustente suas atividades e assegure que
o produto final (exames) irá atender às necessidades dos clientes. (LOPES, 2003).
A RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005, emitida pela Anvisa, estabelece o
Regulamento Técnico para funcionamentos de Laboratórios Clínicos, instrumento
indispensável para a Gestão tanto administrativa quanto técnica de um laboratório.
Essa norma, em uma versão comentada, reproduzida pelos assessores
científicos do PNCQ (Programa Nacional de Controle de Qualidade) oferece um
melhor entendimento sobre a regulamentação imposta ao laboratório. Nela é possível
69
encontrar as condições gerais para a constituição do laboratório, até a garantia e
controle da qualidade dos seus processos.
Em um contexto estratégico, Vecina Neto e Malik (2014, p.259) nos dizem que
“Para sobreviver e se manter forte e saudável em um ambiente competitivo, o
laboratório deve constantemente reavaliar seus objetivos e serviços e se adaptar às
forças do mercado [...].” Nesse sentido, é necessária uma gestão baseada em
planejamento e decisões estratégicas, onde os recursos devem utilizados de forma
coerente às necessidades da organização e associados aos objetivos estabelecidos
estrategicamente e mensuráveis ao negócio, mantendo sempre o conhecimento de
suas forças e fraquezas e, avaliando as oportunidades e ameaças perante o mercado
atual.
Em aspectos estruturais, o laboratório clínico necessita de uma estrutura e
área física adequada para realização de seus processos, profissionais capacitados,
equipamentos e insumos necessários para a execução dos exames. As áreas de
atuação dentro do laboratório podem ou não conter divisões físicas para cada setor
de análise. No entanto, a tendência atual é trabalhar em um ambiente aberto,
englobando todas as áreas técnicas, trazendo uma maior dinamicidade entre os
setores, como a utilização de um mesmo equipamentos em duas ou mais áreas,
aumentando a produtividade e reduzindo custos, entretanto, obedecendo sempre à
normativas vigentes, como a RDC/50 de 21 de fevereiro de 2002. (VECINA NETO;
MALIK, 2014).
Em se tratando de equipe, cada área atua com um profissional responsável,
dentre essas áreas, a coleta de amostras biológicas pode ser considerada uma das
partes mais importantes desse processo de realização de exames laboratoriais, a
equipe técnica de colhedores, assim chamados, tem o contato direto com os
clientes/pacientes, são eles, com suas habilidades técnicas e de relacionamento
interpessoal, que se tornam peças chaves para a fidelização e satisfação dos clientes.
(VECINA NETO; MALIK, 2014).
A qualidade laboratorial é obtida a partir de uma gestão eficiente, estrutura
física adequada, bons equipamentos e reagentes com selo de qualidade aprovado,
bem como uma equipe treinada para o bom desempenho de suas funções. (VECINA
NETO; MALIK, 2014). No entanto, o paciente não avalia o exame em um contexto
técnico, essa função cabe ao médico, sua avaliação baseia-se na qualidade do
70
atendimento prestado, a agilidade na entrega dos resultados e a importância dada a
eles enquanto clientes, inclusive, atendimento é o processo engloba todos os outros,
pois só é finalizado na entrega do resultado, e para que o paciente receba seu
resultado dentro do que foi pré-estabelecido, todos os demais processos precisam
estar alinhados.
Padronização de processos é um quesito essencial para que haja eficiência,
em se tratando de saúde, erros são inadmissíveis, podendo custar caro à imagem da
empresa. No entanto, apesar de inaceitáveis, não quer dizer que exista laboratórios
que não cometam algum tipo de erro, porém tudo que esteja ligado à qualidade e à
segurança tanto de pacientes como de funcionários é tratado como prioridade
máxima. Prevê-se que 75% dos erros laboratoriais aconteçam na fase pré-analítica e
pós-analítica, ou seja, erros de identificação de amostras e de digitação de resultados.
(VECINA NETO; MALIK, 2014).
As ferramentas da qualidade, nesse contexto, atuam como instrumentos que
auxiliam na padronização, controle e melhoria do desempenho de cada processo do
laboratório, como, por exemplo, o pré-analítico, inserindo padrões nos processos de
atendimento e das coletas de amostras biológicas. No entanto, a fase pós-analítica é
tão importante quanto, pois trata-se dos resultados a serem liberados, um erro de
digitação, seguido de assinatura e liberação pode trazer sérios danos ao paciente e à
empresa, estando ela até passiva de ação judicial. Segundo Vercina Neto e Malik
(2014), o maior índice de erros no laboratório, está concentrado na fase final do
processo, a digitação incorreta dos resultados.
FERRAMENTAS DE MELHORIA DA QUALIDADE
As ferramentas da qualidade, segundo Mezomo (2001), podem ser divididas
em dois contextos, um classificado como ferramentas estratégicas da qualidade, onde
estão voltadas para o campo administrativo e ferramentas estatísticas com uma visão
voltada para a apresentação de dados, com objetivo de auxiliar na tomada de
decisões. Em se tratando do Laboratório Clínico, o atendimento é um processo
complexo, que para sua conclusão necessita da sincronia de todos os demais setores
da organização.
71
Muitas são as técnicas e ferramentas da qualidade, desenvolvidas por
mestres da qualidade ao longo das últimas décadas, no entanto para um melhor
entendimento das ferramentas da qualidade mencionadas no estudo desse artigo,
abordaremos a seguir o seu conceito e aplicabilidade, onde as mesmas foram
selecionadas a partir do entendimento do processo de atendimento do laboratório
clínico apresentado e suas falhas, com o objetivo de melhoria no processo de acordo
com a realidade da empresa, sendo elas: Brainstorming; Diagrama de Causa e Efeito;
Fluxograma e 5W2H.
Segundo Gonçalves (2006), Brainstorming, conhecido como “tempestade de
ideias”, tem por objetivo central gerar ideias, a partir de sugestões criativas dos
membros da equipe para solução dos problemas, motivando uma discussão produtiva
acerca dos problemas encontrados na empresa, para que daí sejam extraídas as
melhores propostas de solução. No entanto, para que o brainstorming aconteça é
necessário um esclarecimento do problema e apresentá-lo a todos os envolvidos e
fazer com que deem seu ponto de vista.
O Diagrama de Causa e Efeito é uma técnica japonesa que foi criada por um
dos “gurus da qualidade”, Kaoru Ishikawa, e aplicada pela primeira vez em 1953, em
um fabrica no Japão. A espinha de peixe, como também é conhecida, tem por
finalidade fazer o levantamento e identificação das causas dos problemas
encontrados nos processos. Sua execução constitui-se a partir de uma reprodução
gráfica onde a linha central indica o efeito do problema, e as ramificações apontam as
possíveis causas de falhas no processo. É elaborada a partir da definição do problema
(efeito), depois o levantamento das causas (ramificações) e, por fim, a elaboração do
diagrama em si. (ALVES, 2012).
Fluxograma, no entanto, é uma ferramenta utilizada para a descrição gráfica
do passo a passo de um processo, seja de um processo já existente ou para criar um
novo, apresentando cada etapa de execução de determinado processo, suas
atividades de início, meio e fim. Trata-se de uma ferramenta simples, de fácil
elaboração e que pode gerar resultados positivos. A partir de uma descrição
minuciosa do processo, do entendimento do mesmo e de sua condução de execução,
é possível verificar suas falhas e aplicar melhorias. (TAJRA, 2009).
A ferramenta 5W2H, originária do Japão, tem por finalidade estabelecer um
plano de ação para determinada atividade. Para suas etapas serem realizadas, é
72
necessário responder às seguintes perguntas: o que será realizado (What); o porquê
de tal tarefa ser realizada (Why); onde cada tarefa será executada (Where); quando
será realizada, o tempo para execução (When); por quem serão realizadas as tarefas
(Who); como serão realizadas, quais os métodos utilizados (How) e; quanto custará
para que cada tarefa seja executada (How much). (GONÇALVES, 2006).
Essas ferramentas, se aplicadas corretamente aos processos, auxiliam na
gestão eficiente da empresa, onde falhas podem ser corrigidas e até mesmo evitadas,
trazendo uma melhoria contínua aos processos. E para que esses processos sejam
reconhecidos de fato como processos de qualidade, e assim darem segurança ao
cliente sobre o serviço prestado, existem normas e programas que “Certificam”
processos e “Acreditam” empresas com o “selo” de qualidade, um diferencial que pode
torná-las mais competitivas no mercado.
CERTIFICAÇÃO E ACREDITAÇÃO
Em se tratando de Laboratório Clínico, o primeiro indício de controle de
qualidade, ocorreu em 1947, nos EUA, após a iniciativa de Belk e Sunderman, que a
partir de uma amostra de soro humano, fizeram um comparativo da análise do material
junto a um grupo de laboratórios, “controle” esse, que mais tarde, em 1950, seria
aperfeiçoado por Levey e Jennings. No Brasil, apenas entre as décadas 70 e 80, o
Controle da Qualidade em Laboratório Clínico foi inserido, através do PNCQ -
Programa Nacional de Controle de Qualidade, da SBAC- Sociedade Brasileira de
Análises Clínicas. (LOPES, 2003).
O PNCQ teve início em 1976, em um congresso em Belo Horizonte – MG, é
um programa de qualidade destinado a laboratórios de análises clínicas, que atua no
controle externo de qualidade dos analíticos, controle esse exigido em todos os
laboratórios clínicos, segundo a RDC 302/2005. Hoje, esse programa é considerado
o maior e melhor nacionalmente em de controle externo de qualidade laboratorial,
representa o Brasil internacionalmente, e conta com uma faixa de 5.000 laboratórios
cadastrados.
Em se tratando da Certificação e Acreditação, ambas atuam com base na
avaliação e reconhecimento da padronização e qualidade dos processos de uma
empresa, sejam eles gerenciais ou técnicos, onde as empresas demonstram as
73
informações necessárias acerca da qualidade do seu produto ou serviço e o
desempenho de seus processos. Nesse sentido, para que não haja confusão quanto
a finalidade de ambas, a certificação diferencia-se da acreditação, quanto a sua
dimensão de aplicação, enquanto a certificação pode ser aplicada a todos ou apenas
um processo da empresa, ou ao profissional de saúde individualmente, a acreditação
só é realizada na organização como um todo. (BONATO, 2007).
A ISO – International Organization for Standardization, trata-se de uma
organização não governamental, criada em 1946, em Londres, hoje com sede em
Genebra na Suíça. Conta com mais de quinze mil normas, sendo mais conhecidas as
ligadas a gestão de qualidade, como a ISO 9001, maior referência em padrão de
qualidade, podendo ser implantada a qualquer organização, qualquer processo,
independentemente do ramo de mercado, em ambos os setores, seja público ou
privado. (ANDRE, 2010).
Nesse sentido, para o Laboratório de Análises Clínicas, objeto de estudo
deste artigo, de acordo com a área de atuação da empresa, e pesquisa na ABNT, é
adequado dizer que as normas que se adequariam a esse tipo de empresas são as
ISO 9001:2015 e ISO 15189:2012.
ISO 9001:2015 trata-se de uma norma que tem por base a Gestão de
qualidade total. Segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão
que rege essas normas no Brasil, trata-se de uma norma que define os requisitos para
que um sistema de gestão de qualidade seja implantado, baseando-se nos sete
princípios de gestão da qualidade, que são: foco no cliente, liderança, engajamento
das pessoas, abordagem de processo, melhoria, decisão baseada em evidências e
gestão de relacionamento. A partir da consolidação desses sete pilares em uma
empresa, torna-se mais fácil a implantação de um sistema de gestão de qualidade.
Entretanto a ISO 15189:2012, segundo a ABNT, está voltada especificamente
à atuação técnica do laboratório, sua implantação é dividida em duas partes, uma
corresponde aos requisitos de gestão de qualidade, baseada na ISO 9001, e a outra
parte é direcionada para a competência técnica, onde é descrito requisitos para o
pessoal, equipamentos, instalações, procedimentos, relatórios e garantia da
qualidade. Essa norma certifica o laboratório, reconhecendo seu compromisso com a
qualidade e competência técnica. Sua implantação traz reconhecimento internacional
nos quesitos segurança e qualidade no campo de análises clínicas.
74
Por outro lado, a acreditação, segundo André (2010), é uma avaliação externa
da qualidade, que tem por objetivo atestar oficialmente a qualidade, a competência
técnica e a conformidade com requisitos previamente estabelecidos de uma empresa
de saúde. No Brasil, A ONA – Organização Nacional de Acreditação é um órgão que
tem por objetivo o desenvolvimento e aplicação de um sistema nacional de
acreditação, e o SBA – Sistema Brasileiro de Acreditação, é um sistema de
certificação com semelhança às normas ISO, que utiliza de instituições acreditadoras
para realizar o processo de acreditação.
A acreditação especificamente de Laboratórios Clínicos no Brasil, ocorre
através do PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos, criado em 1998
pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – SBPC/ML, que
através de uma autoria interna, avalia e determina se o laboratório atende ou não aos
requisitos predeterminados para execução de suas tarefas, requisitos esses
fundamentados em normas de qualidade, como as apresentadas anteriormente.
Realizada a auditoria, a Comissão de Acreditação de Laboratórios Clínicos – CALC,
avalia a documentação e as informações fornecidas pelos auditores e aprova a
acreditação.
APRESENTAÇÃO DO ESTUDO
A EMPRESA
O presente estudo foi realizado em um Laboratório de Análises Clínicas, na
cidade de Araguaína, cidade da região norte do estado do Tocantins, possui
população para 2017 de 175.960 habitantes. (IBGE, 2017).
O laboratório, objeto desse estudo, é uma empresa de pequeno porte, que
conta com um quadro de 11 colaboradores, distribuídos nas seguintes áreas de
atuação: atendimento, coleta e preparo de amostras, análise dos analíticos, digitação
e administrativo (POP-001, 2016). Com 17 anos de mercado, trata-se de uma
empresa consolidada e de referência no quesito qualidade em exames laboratoriais.
Iniciou suas atividades em 2001, inserida em um Hospital da cidade e mais tarde, em
2009, inaugurou sua matriz, atual endereço.
75
Com o passar do tempo, a empresa evoluiu em atendimento, estrutura,
equipamentos e parâmetros realizados (exames), hoje, conta com uma ampla
recepção, sala de coleta com capacidade para atendimento de três pacientes por vez,
contando com número de técnicos para coleta de material proporcional à capacidade
de atendimento na sala, bem como, sala de coleta ginecológica, área técnica, onde
os estão equipamentos para realização dos testes e profissionais responsáveis
devidamente qualificados para a função (biomédico e farmacêutico-bioquímico), área
de preparo de amostras, setor administrativo e de digitação. (POP-001, 2016).
No quesito certificação, a empresa tem como programa de controle de
qualidade externo o PNCQ – Programa Nacional de Controle de Qualidade, o mesmo
conta com uma avaliação mensal dos analíticos do laboratório, fornecendo kits de
controle de qualidade, neste caso, o laboratório faz o controle diário da calibração de
seus reagentes através dos materiais disponibilizados pelo programa, o que garante
que os analíticos atendam a um alto padrão de qualidade. O laboratório estudado
recebe anualmente o certificado de participação no programa, onde nos últimos 3
anos recebeu a qualificação de excelência em exames laboratoriais.
O PROCESSO
Para este artigo, selecionamos o processo de atendimento, por ser o único
processo que engloba todas as áreas da empresa para que seja concluído, processo
esse que pode ser encontrado descrito no Manual de Procedimentos Operacionais
Padrão da empresa estudada (POP-002, 2016). No entanto, o mesmo descreve o
processo de atendimento divergente do ocorrido normalmente na empresa. Com isso,
será considerado o processo em si exercido que, após observação, foi possível
descrever as etapas do processo de atendimento ao paciente, desde o cadastro até a
entrega do resultado.
Para analisar a utilidade das ferramentas da qualidade na gestão desse
laboratório, foram verificados documentos e registros dos processos existentes na
empresa. As descrições dos processos realizados pela empresa estão baseadas em
POP´s (Procedimento Operacional Padrão). Esse manual de processos operacionais
foi criado com a finalidade de atender as exigências impostas pela vigilância, bem
76
como, definir regras mínimas de segurança e qualidade nos processos realizados no
laboratório, descrevendo o passo a passo de cada processo, objetivando a qualidade
no resultado de uma atividade, mesmo sendo realizada por diferentes pessoas da
equipe.
O processo de atendimento inicia-se na recepção, onde o paciente é atendido
conforme a senha, em seguida a solicitação e conferência de documento pessoal para
cadastro no sistema, o documento é indispensável para o atendimento adequado ao
paciente, para que se evite erro de dados. Cadastro realizado, em caso de pacientes
de planos de saúde, passa-se para a autorização dos exames, ou recebimento do
valor dos exames, em caso de atendimento particular. Cadastro realizado, é informado
ao paciente que aguarde ser chamado seu nome pelas técnicas de coleta, para que
seja feita a coleta do material biológico. (POP-003, 2016).
Segunda parte do atendimento, dá-se na coleta de material, onde o paciente
é chamado, conforme sua ficha de cadastro e acompanhado até a sala de coleta. Após
a coleta do material, é entregue o protocolo de atendimento ao paciente, para que seja
apresentado na entrega do resultado, dado isso, o paciente é liberado. A partir desse
ponto, começa a parte técnica do processo, onde são realizados os exames. Processo
de seleção e preparo de amostras para serem encaminhadas aos setores técnicos.
Por tratar-se de uma metodologia e processos específicos à área técnica de análises
clínicas, com processos rigorosamente controlados e executados, essa parte do
processo não será aprofundada nesse artigo. (POP-004; 005; 022, 2016).
Após a realização dos referidos exames, encaminham-se os rascunhos/fichas
com os resultados, para digitação. Após digitados, os rascunhos são encaminhados
para liberação, onde o responsável técnico assina (digital) e libera o laudo no sistema.
Dada essa parte do processo, chega-se a última parte do atendimento, a entrega do
resultado ao paciente. No caso do laboratório estudado, a empresa ainda não conta
com a disponibilização de laudos pela internet, encontra-se em fase de implantação.
Então o paciente apresenta o protocolo à recepcionista, que confere no sistema a
situação do laudo, em caso de liberado, o resultado é impresso e entregue ao
paciente. (POP-009, 2016).
ANÁLISE
77
Como podemos observar, o processo de atendimento necessita da sintonia
em todas as áreas da empresa para que seja concluído com êxito. Nesse sentido, vê-
se a necessidade de uma atualização do manual de atendimento (POP), pois em caso
de troca urgente de colaborador, haverá divergências quanto ao que se encontra no
manual com o que de fato é realizado no processo. O atendimento mal executado,
pode trazer diversos danos à imagem da empresa, como a insatisfação do cliente.
Frente ao processo observado, as ferramentas da qualidade citadas
anteriormente podem atuar de forma expressiva na melhoria da qualidade no
processo de atendimento ao cliente. Inicialmente, através de uma montagem de um
fluxograma, seria possível analisar o fluxo do processo de forma rápida, lógica,
simples e eficiente, identificando falhas, bem como a visualização de oportunidades
de melhoria no processo. Através dessa ferramenta, é realizada a padronização do
processo, onde todos têm conhecimento de todas as etapas e como elas devem ser
realizadas, essa sintonia entre equipe e processo padrão traz maior agilidade,
qualidade, aumentando também a produtividade.
A partir da atualização, a realização de um brainstorming com a equipe,
possibilita a identificação de falhas no processo. A equipe executora do processo é
elemento primordial, pois são eles que lidam com os pacientes diariamente, conhecem
suas necessidades e compreendem onde o processo pode ser melhorado para dar
maior agilidade na entrega do resultado. Dado essas informações, a realização do
diagrama de Ishikawa, possibilita que o problema seja visualizado e exposto e suas
possíveis causas levantadas.
Após esse levantamento, um novo brainstorming é realizado para que sejam
lançadas ideias para a resolução do problema. Por fim, com soluções apontadas, faz-
se necessário um plano de ação, nesse caso os conceitos da ferramenta 5w2h,
permite que a resolução do problema seja previamente planejada, essa ferramenta é
uma espécie de checklist das ações a serem desenvolvidas, detalhando cada etapa a
ser executada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que se refere às ferramentas da qualidade, vê-se a necessidade de sua
utilização na gestão laboratorial, pois auxilia na identificação de melhorias, controle
78
de qualidade na execução de tarefas e obtenção dos resultados esperados, visando
também o suporte à tomada de decisões por parte do gestor da empresa.
As ferramentas, fluxograma, brainstorming, diagrama de Ishikawa e 5w2h,
apresentadas, se implantadas trariam a empresa uma reestruturação do processo de
atendimento, gerando um melhor aproveitamento do tempo, agilidade, integração
entre setores, priorização de atividades no processo, flexibilidade no direcionamento
de demandas para os demais setores, bem como monitoramento contínuo da
performance do processo.
O laboratório em questão, conta com um histórico de qualidade laboratorial a
seu favor, por trabalhar com equipamentos e insumos de qualidade, bem como equipe
técnica devidamente qualificada. Porém, para que seja certificado com selo de
qualidade, como o da ISO 9001 ou ISO 15189:2012, necessita de uma padronização
de seus processos, onde todos os setores de atuação estejam integrados e
interligados a fim de ter sintonia entre todas as etapas de cada processo.
A acreditação, não foge da realidade empresarial, no entanto há muitos
passos a serem dados até que se obtenha esse mérito. A acreditação necessita da
conformidade dos processos, nesse caso, adquirida através da implantação da ISO,
que consequentemente para ser implantada necessita da padronização dos
processos realizados, uma alternativa eficiente e simples é através da implantação de
ferramentas da qualidade.
Conclui-se então que, para o laboratório estudado, é de suma importância a
reavaliação de seu processo de atendimento, processo esse fundamental à geração
de satisfação de seus clientes, é através de um atendimento padronizado, ágil e
eficiente, junto à uma equipe técnica qualificada, insumos e equipamentos de
qualidade, que a empresa pode gerar a fidelização de seus clientes, satisfazendo suas
necessidades. Todos esses fatores, integrados a uma administração eficaz, facilitam
a implantação e certificação de normas de qualidade, trazendo à empresa um
diferencial de mercado, elevando-a ao sucesso.
REFERÊNCIAS
79
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80
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TAJRA, Sanmya Feitosa. Gestão estratégica na saúde: reflexões e práticas para uma administração voltada para a Excelência. 3. ed. São Paulo: Iátria, 2009.
81
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA EMPRESAS DE SAÚDE: UM ESTUDO
SOBRE A SUA IMPORTÂNCIA PARA OS GESTORES DAS CLÍNICAS
PARTICULARES DE ARAGUAÍNA
Mylena Cruz Silva
7
Miriam Mendes Costa8
INTRODUÇÃO
O ramo empresarial da saúde no âmbito privado se mostra cada vez mais
promissor e com o seu avanço surge uma nova visão em relação à gestão das
empresas que oferecem esses serviços, como por exemplo as clínicas, que são o
foco de estudo deste trabalho, pois elas crescem e deixam de ser pequenas
organizações e passam a ser empresas que não podem mais ser administradas
apenas pelos seus proprietários, que na maior parte dos casos são médicos.
As oportunidades de crescimento que o mercado oferece para este tipo de
empresa tornam-se cada vez mais visíveis, e dessa forma, necessitam de
profissionais qualificados e capazes de aplicar métodos e planejamentos
administrativos na organização. Uma ferramenta administrativa que se mostra
eficaz para conseguir atingir este intento é o planejamento estratégico, que permite
a projeção de um cenário futuro através da análise dos ambientes internos e
externos da organização, além de ser um instrumento capaz de auxiliar nas tomadas
de decisão, pois ao entender quais são as oportunidades, ameaças, fortalezas e
fraquezas que a organização possui, pode-se conseguir projetar e melhorar a sua
inserção mercadológica.
Partindo deste princípio, o presente artigo visa analisar o que os gestores
das clínicas privadas de saúde da cidade de Araguaína - TO pensam e conhecem
sobre o planejamento estratégico e se o utilizam em suas empresas. Para atingir
esse objetivo será discutido o que é planejamento estratégico, sua importância e os
elementos que compõem essa ferramenta. Além disso, serão contextualizadas
empresas privadas de saúde, nas quais se buscará entender se o planejamento
7 Graduada em Administração e Gerente Administrativa do CEMTRO – Centro de Especialidades Médicas e Tratamentos. 8 Mestre em Estudos de Cultura e Território pela Universidade Federal do Tocantins (2017). Professora da Faculdade Católica Dom Orione.
82
estratégico é utilizado como ferramenta de desenvolvimento organizacional através
do conhecimento da missão, visão, valores, cultura e do ambiente interno e externo
dessas empresas.
Com base nos objetivos propostos será realizada uma revisão bibliográfica
sobre a temática citada, seguida de uma pesquisa de campo com questionário
aplicado aos gestores das clínicas particulares de saúde da cidade de Araguaína,
buscando mostrar através de tabelas e análises as conclusões obtidas neste
estudo.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
CONCEITO E IMPORTÂNCIA
As empresas atualmente procuram uma fórmula para o alcance do sucesso,
pois estão inseridas em um ambiente turbulento e incerto, que a todo tempo exige
inovações em todas as suas áreas, e precisam fazer o negócio crescer e tornar-se
potencialmente competitivo no mercado. A globalização, o avanço da tecnologia, as
oscilações econômicas e o aumento da concorrência, exigem das empresas uma
visão mais holística dos seus ambientes internos e externos, além de uma alteração
no seu modelo de gestão, pois aquelas que não estão aptas às mudanças podem
ser extintas do mercado.
Com todas estas situações, não é possível administrar uma empresa sem
planejamento, ou seja, sem conhecer aonde a empresa quer chegar e como ela
pode chegar. O planejamento é a base de uma boa gestão, pois auxilia o gestor no
estabelecimento dos objetivos de curto, médio e longo prazo para a organização e
na formulação dos planos de ação para alcançá-los, mantendo um equilíbrio entre
as necessidades da empresa e as do mercado.
Para Figueiredo e Caggiano (2008, p. 27):
Planejamento é a mais básica de todas as funções gerencias, e a habilidade com que esta função está sendo desempenhada determina o sucesso de todas as operações. Planejamento pode ser definido como o processo de reflexão que precede a ação e é dirigido para a tomada de decisão agora com vistas no futuro.
83
Planejar traz diversos benefícios, pois auxilia na tomada de decisões futuras
já que traça uma percepção do cenário esperado, diminuindo os riscos e incertezas.
Além de estabelecer os objetivos da organização, permite um conhecimento mais
amplo dos ambientes externos e internos, e produz estratégias para conseguir o
que foi proposto.
As estratégias são os caminhos que serão seguidos para o alcance dos
planos traçados para a empresa, utilizando os recursos que a mesma dispõe. Para
se formular uma estratégia, é preciso ter por base o ambiente em que a organização
está inserida e o resultado esperado, estes resultados precisam ser voltados para
reduzir os problemas organizacionais internos e intensificar o aproveitamento das
oportunidades encontradas no ambiente externo.
Em relação à estratégia, Oliveira (2010, p. 4) destaca que:
Numa empresa, a estratégia está relacionada à arte de utilizar adequadamente os recursos tecnológicos, físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a minimização dos problemas empresarias e a maximização do uso das oportunidades identificadas no ambiente da empresa.
O planejamento e as estratégias podem ser incorporados as organizações
através da utilização de uma ferramenta administrativa chamada planejamento
estratégico, que permite a criação de um cenário projetado, capaz de auxiliar nas
tomadas de decisão, organizando as ações que serão necessárias para implantar
estas escolhas e monitorando seus efeitos.
Esta ferramenta foi utilizada pelos militares na Segunda Guerra Mundial, e
adaptada às organizações em meados dos anos 60 pelos pesquisadores do
Stanford Research Institute, pois acreditavam que as empresas poderiam utilizar
em seus processos as estratégias e assim ganhariam eficiência, mas para isto
necessitavam de um planejamento formal, racional e centralizado. (BULGACOV,
2007).
É notável que não se pode mudar ou planejar processos organizacionais
sem um conhecimento abrangente de tudo o que envolve a organização, o
“planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação
metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa”
(OLIVEIRA, 2009, p. 17) e possibilita ao gestor definir aonde a empresa quer chegar,
mostrando como ela pode chegar através de uma análise detalhada do que possui
84
e das variáveis que podem afetá-la, de modo que este não seja um processo
apenas eficiente, mas também eficaz.
Pereira (2010) considera o planejamento estratégico um processo que
analisa os pontos fortes e fracos da organização, e as oportunidades e ameaças que
podem ser encontradas em seu ambiente externo. Ele ainda afirma que esta análise
tem por finalidade formular estratégias e ações estratégicas que aumentarão o grau
de competitividade e resolubilidade da organização, em outras palavras mostra que
seu desenvolvimento tem por objetivo elaborar um plano de ação que guiará a
organização a obter um melhor desempenho e consequentemente melhores
resultados.
Oliveira (2009) elenca que existem dentro das organizações três tipos de
planejamento: o estratégico, o tático e o operacional. O estratégico não deve ser
desenvolvido de forma isolada, uma vez que ele estabelece os objetivos de longo
prazo e o seu alcance, podendo em seu processo existir a necessidade de ações
imediatas que devem ser supridas com a integração dos outros dois tipos de
planejamentos. Enquanto o planejamento estratégico lida com a empresa como um
todo, o tático está voltado apenas para uma área dela e o operacional é uma forma
de decompor os planos táticos, dividindo-os em tarefas.
ESTRUTURA E IMPLANTAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Pereira (2010) discute que a elaboração do planejamento estratégico é de
responsabilidade do nível mais alto da organização, e que estes devem prepará-la
para as mudanças que deverão ocorrer. Os responsáveis por esta atividade devem
ser criativos, originais e ter a capacidade de inovar, ou seja, conseguir desenvolver
suas ideias e aplicá-las nos produtos, serviços e processos da organização, sendo
assim, as palavras chaves para o sucesso dessa ferramenta devem ser:
flexibilidade, criatividade e inovação.
De acordo com o autor o planejamento estratégico está dividido em três
momentos: o diagnóstico estratégico, a formulação das etapas do processo de
planejamento estratégico e a implementação e controle do processo de
planejamento estratégico.
85
O diagnóstico estratégico consiste em analisar se a organização está
preparada para dar início a um planejamento estratégico naquele momento,
verificando se antes de inicia-lo são necessárias tomar algumas decisões
estratégicas que poderão alterar e influenciar neste processo.
Se o diagnóstico for positivo é hora de formalizar o processo, elaborando e
registrando em papel: a missão, visão e valores da empresa, o levantamento dos
fatores críticos de sucesso da organização, a análise do ambiente interno e do
ambiente externo e a elaboração do plano de ação. No último momento será
implantado tudo o que foi formalizado, acompanhando e controlando os seus
resultados.
A missão, visão e valores consistem respectivamente em responder as
seguintes perguntas: qual a razão de existir da empresa? Aonde a empresa quer
chegar? Quais as crenças e princípios que irão orientar a organização neste
caminho? A missão é a razão de ser da empresa e deve esclarecer por que a
empresa existe, quais os produtos e serviços oferece, qual o mercado atende, qual
o seu diferencial perante as demais empresas que atuam no mesmo ramo e por que
é útil ao cliente.
A visão deve mostrar aonde ou como a empresa pretende estar em um
determinado período de tempo, destacando qual o posicionamento deseja atingir no
futuro. Os valores norteiam a organização, mostrando qual a conduta que todos
devem assumir perante as atividades da organização, podendo ser vistos como a
conduta ética que cada um deve assumir.
O levantamento dos fatores críticos de sucesso da organização deve ser feito
considerando o ramo que a entidade atua e o mercado em que esta, verificando o que
este mercado exige deste tipo de empresa e analisando se a mesma possui tais
requisitos.
As organizações não conseguem ter um planejamento de sucesso se não
conhecerem seus ambientes internos e externos, por este fator o planejamento
estratégico que é uma ferramenta especializada, utiliza uma análise destes ambientes
com intuito de detectar os pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades que estão
relacionados ao ambiente empresarial. (PEREIRA, 2010).
Dentro do ambiente interno são encontrados os pontos fortes e fracos, ou seja,
as variáveis que a organização pode controlar, sendo os pontos fortes os recursos ou
86
as ações positivas que a empresa possui e pratica, e os pontos fracos os recursos e
ações negativas, que atrapalham o alcance dos objetivos. O ambiente externo é
incontrolável, pois reflete na organização, mas ela não pode influenciá-lo ou alterá-lo,
trata-se das oportunidades e ameaças, ou seja, fatores encontrados no mercado que
podem auxiliar no desenvolvimento da organização ou podem tornar-se empecilhos
ao seu desenvolvimento.
Tais fatores devem ser organizados e trabalhados na Matriz SWOT ou
também chamada de Matriz FOFA no Brasil, seu desenvolvimento deve estabelecer
uma análise que mostra se os pontos fortes encontrados na organização são
capazes de mitigar os efeitos dos pontos fracos, potencializar as oportunidades e
minimizar os riscos trazidos pelas ameaças, “a análise da Matriz FOFA tem como
objetivo reunir todos os itens considerados como pontos Fortes e relacioná-los com
os pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças.” (PEREIRA, 2010, p.114).
O último passo para formalização do planejamento estratégico consiste na
escolha e detalhamento das estratégias que serão utilizadas, porém isto não
significa que este processo teve fim, pois ele deve ser sistêmico e contínuo, sofrendo
alterações sempre que detectado esta necessidade, mesmo que já tenha sido
implantado. Para definir as estratégias, a organização deve elencar as questões
estratégicas que surgiram ao longo das análises, formulando quantas estratégias
forem necessárias para sua resolução. Para cada estratégia, serão formuladas as
ações estratégicas que consistem em detalhar minimamente todas as tarefas a
serem realizadas, e “para cada ação [sic] estratégica deve haver: um responsável,
uma data de início e de término da ação, recurso financeiro necessário [...] e algum
indicador de desempenho [...]. ” (PEREIRA, 2010, p. 129).
A implantação e controle do planejamento estratégico se dá após o término
do documento, e tem por objetivo colocar em prática as estratégias definidas e
acompanhar seu desenvolvimento e resultado alcançado. É preciso nesta etapa que
a organização mobilize uma equipe para realizar este acompanhamento, esta deve
ter um bom relacionamento com os colaboradores, e conhecer todo o planejamento,
assim podendo realizar um controle eficaz.
Outro ponto importante nessa etapa é não confundir a implantação com o
controle. A implantação é a realização das tarefas descritas nas ações estratégicas,
sendo de responsabilidade dos colaboradores das áreas específicas, já a equipe
87
que foi designada ao controle deve apenas acompanhar como está ocorrendo a
implantação, observando se há alguma falha ou desvio do que foi estabelecido, ou
ainda, auxiliando nas mudanças de algumas estratégias, pois sabe-se que o
ambiente não é estável sofrendo mutações contínuas, e exigindo uma adequação
das estratégias a estas mudanças.
O sucesso da utilização do planejamento estratégico nas organizações está
interligado à utilização da administração estratégica como forma de gestão, não
adianta documentar todo este planejamento se, diariamente, a empresa não
trabalha sob a óptica deste tipo de administração que tem por objetivo que a
empresa esteja integrada ao seu ambiente, assim conseguindo se adequar ao que
foi planejado.
Certo et al. (2005, p. 3) definem que a administração estratégica é “um
processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto
apropriadamente integrado a seu ambiente”, os autores ainda destacam que este
processo é interativo, não tendo fim e reiniciando-se constantemente, o que afirma
a sua importância para as organizações que querem se desenvolver através da
utilização do planejamento estratégico, que exige reformulações de acordo com o
cenário atual.
Outro fator importante para o sucesso desta ferramenta é a interação com
todos os integrantes da instituição, pois de nada adianta ter apenas palavras
escritas se não levar em consideração as pessoas que compõem uma organização.
A empresa precisa ter em mente que suas crenças, valores e normas devem estar
coerentes ao que se espera do planejamento. (OLIVEIRA, 2009).
O alcance dos resultados esperados após a utilização do planejamento
estratégico requer que a empresa esteja preparada para mudanças, e isto só acontece
quando toda a organização está interligada e em perfeita harmonia, é necessário que
todos os colaboradores estejam engajados, motivados e conheçam os objetivos
traçados. Com todos estes fatores o planejamento estratégico se torna ferramenta de
sucesso para o crescimento de toda e qualquer organização, não importando o seu
ramo ou atividade.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE EMPRESAS PRIVADAS DE SAÚDE
88
Um ramo promissor atualmente é a saúde, que considerada um bem de
primeira necessidade, possui uma capacidade de desenvolver-se muito rápido, tanto
estruturalmente quanto financeiramente. Para conquistar seu espaço no mercado e
conseguir crescer é necessário que seus processos sejam geridos de modo eficaz,
para isso pode-se utilizar o planejamento estratégico que alinhado a uma boa gestão
e uma assessoria administrativa, permite trabalhar as oportunidades que as
organizações possuem no seu ambiente interno e externo.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 prevê que a saúde é direito de
todos e dever do estado, porém a assistência pública à saúde é restrita em alguns
serviços e recursos, não conseguindo atender toda a população do país, e assim
permitindo uma oportunidade de negócio, que é a iniciativa privada à saúde. Os
serviços de saúde oferecidos pela iniciativa privada estão regulamentados no artigo
199 da Constituição Federal Brasileira de 1988 que diz: “A assistência à saúde é livre
à iniciativa privada”.
As empresas privadas de saúde tiveram suas primeiras atividades no Brasil
em 1960, com as chamadas medicinas de grupo, implantadas no país inicialmente
para atender os trabalhadores do ABC paulista, já que a saúde pública não
conseguia suprir as necessidades de atendimento à saúde dos colaboradores desta
região. (PEREIRA FILHO, 1999). A partir de então, essas empresas privadas
passaram por um desenvolvimento contínuo se adaptando a novas modalidades e
tendo como consequência um elevado crescimento no meio empresarial.
Não existe um conceito pré-definido para iniciativa privada de serviços de
saúde, podemos entendê-lo conhecendo a definição das partes que o compõem. A
iniciativa privada é caracterizada por empresas que prestam serviços ou oferecem
produtos, constituídas por pessoas físicas ou jurídicas sem a participação ou
proteção do governo. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) dá o
seguinte conceito para serviços de saúde: “são estabelecimentos destinados a
promover a saúde do indivíduo, protegê-lo de doenças e agravos, prevenir e limitar
os danos a ele causados e reabilitá-lo quando sua capacidade física, psíquica ou
social for afetada”, ou seja, são estabelecimentos que visam à promoção e
prevenção da saúde do indivíduo.
Tendo por base tais conceitos pode se perceber que a iniciativa privada de
serviços de saúde, é caracterizada por empresas privadas ou pessoas físicas que
89
tem por missão assegurar a saúde física e mental dos indivíduos no ambiente em
que está inserida, atendendo suas necessidades em relação à saúde e oferecendo
serviços médicos e hospitalares a valores pré-estabelecidos.
Essas instituições devem estar enquadradas em um dos tipos de empresa,
sociedade empresária, ou como pessoas físicas que prestam serviços conforme
legislações específicas, como mostra o art. 20 da lei n° 8.080 de 19 de setembro de
1990 (BRASIL, 1990) “os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se
pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados,
e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação da
saúde”. Seus serviços são fiscalizados e regulamentados de acordo com os
princípios éticos e pelas normas expedidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O setor privado de saúde se instalou no país através de planos de saúde
privados, seguros de saúde, hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios médicos
particulares. As clínicas particulares de saúde podem ser de internação, sem
internação e de apoio a diagnósticos e terapias, atuando nas mais diversas
atividades. (SEBRAE, 2016). Clínicas de internação são estabelecimentos onde o
paciente é internado, ou seja, se instala por horas ou dias no estabelecimento a fim
de ser monitorado constantemente. As clínicas sem internação são normalmente as
que oferecem consultas médicas das mais variadas especialidades tratando de
problemas não classificados como de urgência ou emergência, pois são voltadas à
prevenção. As clínicas de apoio a diagnósticos e terapias são as que oferecem
meios para o diagnóstico de doenças ou tratamentos terapêuticos para pacientes já
diagnosticados.
Para se abrir este tipo de empresa existe exigências legais e específicas, as
legais dizem respeito a serem registradas nos órgãos responsáveis de acordo com
a forma jurídica escolhida e as específicas tratam de alguns procedimentos
estabelecidos por lei, regulamentos e portarias para este ramo, já que o mesmo é
de caráter público.
Sua estrutura deve estar de acordo com a especialidade que oferece, e
deve obedecer às legislações sanitárias obrigatórias, tanto no nível estadual como
no municipal. Existem ainda normas técnicas que devem ser seguidas referentes às
suas instalações, sua iluminação, sua infraestrutura, seu funcionamento, suas
atividades diárias e cuidados com equipamentos utilizados nos serviços oferecidos.
90
(SEBRAE, 2016).
Este é um ramo que tem uma elevada oportunidade de mercado, pois
oferece um serviço vital à vida e que é posto entre os mais ou o mais importante
para os consumidores, já que se estima que as famílias gastem de 20 a 30% de
suas rendas em saúde (SEBRAE, 2016). Por ser um ramo tão lucrativo existem
muitas empresas deste tipo no mercado, por isso para se tornarem potencialmente
competitivas, elas precisam desenvolver estratégias que as tornem diferentes das
demais, chamando a atenção e despertado o interesse do seu público alvo.
Traçar estas estratégias se torna possível com a utilização do planejamento
estratégico, que através das análises que ele desenvolve mostrará aos gestores, o
que o cliente espera e o que este mercado exige.
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA AS CLÍNICAS PARTICULARES DE
SAÚDE
Por oferecerem um serviço essencial à vida e que é classificado como bem
de primeira necessidade, as clínicas de saúde têm um potencial indiscutível para se
instalarem no mercado, porém para se manter nele e conseguir crescer precisam
se destacar entre a concorrência agregando valor ao serviço que oferece.
Atualmente as empresas deste ramo necessitam de uma reformulação para rever
seus processos, com deve fazer qualquer empresa de outro ramo de atuação com
intuito de sobreviver e crescer no mercado em que estão inseridas.
Durante muito tempo a empresa de saúde conseguiu se manter no mercado
preocupando-se apenas com o atendimento médico / paciente, deixando de lado a
preocupação de oferecer qualidade neste atendimento, pois tinham a ideia de que
se tratassem apenas o problema de saúde do paciente, ele estaria satisfeito. Além
disso, a visão sobre a saúde também mudou, antes se pensava em tratar da saúde
apenas quando o problema já estava instalado, atualmente o foco é a prevenção
(MARQUES, 2016). Com esta nova visão a empresa passa a necessitar do cliente,
e não o paciente como antes.
Os serviços de saúde fazem parte de um ramo com um potencial financeiro
enorme, seus investimentos costumam ter retornos rápidos, ele também não sofre
muitos impactos como os causados pelas crises do país, que costumam atingir
91
bruscamente vários segmentos de mercado, já que a saúde é essencial à
sobrevivência humana.
Porém, não adianta permanecer no mercado e não pensar em mudar e
crescer, pois consequentemente isto irá acabar levando a empresa à estagnação e,
em alguns casos pode acabar por ocasionar a falência. Crescer significa
desenvolver-se, ter progresso. Para as empresas isto significa o aumento do capital
e do lucro, Guimarães (1982) afirma que a empresa é um local que acumula capital
nos seus diversos níveis, permitindo atingir a sua expansão.
Para alcançar esta expansão, as organizações precisam definir aonde
querem chegar e como podem chegar, o planejamento estratégico é a ferramenta
administrativa que irá definir estas questões, se tornando uma ferramenta eficaz
para o crescimento das empresas. Ele se inicia com a formulação da missão, visão
e valores da organização, um passo bem importante para uma empresa que almeja
expandir. Kuazaqui (2008, p. 26) argumenta que:
Independentemente do modelo ou da estrutura escolhida, toda organização necessita de missão, visão e valores bem definidos para adequar seu foco em relação ao segmento escolhido. Do contrário, pode haver a dispersão dos recursos e, consequentemente, menores resultados, onerando em muito a gratificante, porém, ás vezes tortuosa, missão de manutenção e obtenção de saúde e qualidade de vida de uma comunidade.
Uma empresa de saúde precisa ter definido por que existe, aonde quer
chegar e principalmente quais os valores e crenças que nortearam suas atividades,
o cliente de saúde precisa de um atendimento diferenciado e acolhedor, a
organização que se conhece e sabe por que está inserida no mercado é capaz de
oferecer este atendimento, e como consequência fidelizará estes clientes.
Outro fator sobre a definição da empresa é que permite ao colaborador
conhecer os objetivos que fazem parte da organização, passando a entender a
importância dos serviços que realiza. A consequência disso liga-se diretamente com
o fator motivacional, pois o colaborador motivado é fator de sucesso para
organização, já que acaba se empenhando em atingir os resultados esperados pela
mesma, e consequentemente procura e realiza os melhores meios para tal.
Esta ferramenta ainda requer que a organização conheça seu ambiente
interno e externo e qual seu posicionamento nestes ambientes, através de uma
92
análise dos mesmos. Esta permite que a empresa entenda o que ela tem de melhor,
devendo ser mantido e fortalecido; o que deve ser evitado e mudado já que pode
atrapalhar seu desenvolvimento; e quais as oportunidades existentes no mercado
que podem ser trabalhadas, além de detectar os fatores externos que podem afetar
a empresa.
Os pontos fracos e as ameaças se tornam um empecilho para o
desenvolvimento da organização e não conhecer ou não conseguir diagnosticar as
oportunidades que o ambiente externo oferece é uma perda inestimável para a
mesma. É comum identificarmos como fraqueza nos estabelecimentos de saúde o
mau atendimento ao cliente, que acaba afastando-o da empresa e levando-o a
propagar uma imagem negativa da mesma, numa situação contrária este cliente
seria cativado e motivado a fidelizar-se a organização.
A tecnologia é outro fator que pode ser considerado uma ameaça e ao
mesmo tempo uma oportunidade para este tipo de empresa, se a empresa não se
adéqua os novos meios de tratamentos ou diagnósticos de doenças, de
atendimento, de segurança, entres outros tende a ser ultrapassada pelos
concorrentes, mas quando conseguem identificá-la e inseri-la na instituição, acaba
por possuir um diferencial competitivo.
Conhecer suas forças, fraquezas, ameaças e oportunidades, pode
proporcionar à organização uma capacidade: de adequar-se ao que o mercado
espera, de agregar valor aos serviços que oferece ao cliente, de descobrir quais os
nichos de mercado a organização pode se inserir, além de permitir que seja
repensado, avaliado e alterado diversos processos e comportamentos
diagnosticados como empecilhos de sua expansão.
Finalizando o planejamento estratégico é necessário decidir quais
estratégias serão implantadas para alcançar os objetivos definidos pela instituição,
devendo ser pensado de que modo a empresa irá agir no intuito de crescer no
mercado. Estas estratégias devem ser alinhadas aos recursos que a organização
dispõe, bem como sua realidade. As empresas de saúde por oferecerem serviços e
não produtos devem tomar alguns cuidados na hora de pensar o que fazer.
(OLIVEIRA, 2009).
Tais estratégias serão descritas no plano de ação que deverá ser colocado
em prática e fiscalizado, posteriormente ao seu término. As estratégias para este tipo
93
de empresa devem levar em conta sempre o cliente e a inovação, pois estes pontos
serão a garantia de destaque perante os demais concorrentes.
Gianesi e Corrêa (2007) afirmam que o resultado do processo de prestação
de serviço exerce influência sobre a relação entre o cliente e a empresa, eles ainda
falam que o cliente frequente é aquele que o serviço oferecido conseguiu satisfazer
suas expectativas.
Os usuários dos serviços de saúde esperam receber um atendimento
adequado a situação em que se encontram, e adequado ao ramo da empresa. As
estratégias elaboradas e que serão colocadas em prática precisam atender esta
necessidade, é interessante então que a empresa se preocupe em qualificar os
colaboradores para que possam oferecer este atendimento.
As clínicas de saúde dependem relativamente do seu cliente, já que por
mais que ela tenha diversas filiais, seus serviços atingem apenas a área em que ela
está localizada e regiões bem próximas, consequência disto, o marketing boca a
boca afeta-a diretamente, pois muitos pacientes acabam procurando referências
com outros antes de procurar o estabelecimento.
As pesquisas revelam que o cliente quando está altamente satisfeito tende: a ser mais leal a organização, a comprar com mais frequência ou intensidade os serviços da organização, a falar mais positivamente sobre a marca ou serviços da organização, a dar menos atenção a marcas ou propagandas dos concorrentes, a ser menos sensível as ofertas de preços de outras organizações, a dar mais ideias de melhorias para os serviços da organização, a ser atendido com menor custo, a ser mais rentável para a organização, a melhorar o ambiente interno de trabalho da organização e a auxiliar mais na execução dos serviços da organização. (SARQUIS, 2009, p. 12).
Outro elemento de fundamental importância para os estabelecimentos de
saúde é a inovação, ou seja, a capacidade de melhorar, criar ou agregar novos
produtos, processos e serviços que diferenciem a empresa das demais. Ela deve
estar presente durante todo o processo de elaboração do plano de ação, pois é a
inovação que irá fazer a empresa se destacar competitivamente e conseguir captar
clientes. Quando se fala em inovar para estas empresas, deve se pensar em todas
as áreas e principalmente em inovar as especialidades médicas que oferecem, além
dos meios de diagnósticos de doenças, melhorando os existentes e implantando
novos.
94
As empresas de saúde precisam estar preparadas para lidar com mudanças.
Potencialmente competitivas estas empresas precisam de uma gestão capaz de
trabalhar com todas as oportunidades que são identificadas no ambiente externo. A
organização que conhece em todos os aspectos o mercado em que está inserida,
conseguirá oferecer o melhor para seu cliente.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Como parte da metodologia deste artigo foi desenvolvida uma pesquisa de
campo com dez clínicas particulares de saúde da cidade de Araguaína-TO, na qual
foi utilizada a aplicação de um questionário aos gestores das mesmas, que continha
perguntas abertas e fechadas, com o intuito identificar o grau de conhecimento destes
sobre o planejamento estratégico e se o utilizavam nestas empresas.
Os resultados obtidos foram expostos através dos métodos de pesquisa
quantitativa e qualitativa, as respostas expressas em números e organizadas em
tabelas com posterior análise e explicação dos resultados, tendo a preocupação em
tecer comentários para melhor compreensão dos dados e informações destacadas no
trabalho.
A escolha das dez clínicas nas quais foram aplicados os questionários se deu
a partir do seguinte filtro: a cidade de Araguaína possui 119 empresas cadastradas no
CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde) nas modalidades de
clínica/centro de especialidades ou consultórios isolados, que abrangem pessoas
físicas ou jurídicas que oferecem atendimento médico especializado ou atendimento
odontológico. Dentre esse grupo foram escolhidos os estabelecimentos que são
cadastrados como pessoas jurídicas, estão localizados no centro da cidade de
Araguaína-TO, oferecem de uma a vinte especialidades médicas diferentes, e são
populares e reconhecidas em Araguaína e região atendendo a maior parte dos
pacientes.
ANÁLISE DE DADOS A PARTIR DAS CLÍNICAS DE SAÚDE DE ARAGUAÍNA- TO
As mudanças no setor de saúde e a nova visão do cliente de saúde estão
obrigando as empresas deste ramo a mudar seu modelo de gestão, para se tornarem
95
potencialmente competitivas no mercado. Uma das mudanças mais visíveis é a
contratação de profissionais para a administração, deixando de lado a visão de que
quem administra é o proprietário do negócio.
O primeiro questionamento da pesquisa teve como foco conhecer os gestores
das empresas, perguntando qual a função exercida na organização e qual formação
acadêmica possuía.
Tabela 1: função e formação acadêmica dos gestores das organizações
Função Resultado
s
Formação acadêmica Resultado
s
Coordenadora geral 1 Recursos humanos 1
Administrador (a) 8 Administração 4
Assistente de financeiro 1 Ensino médio 3
Contábeis 1
Medicina 1
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
O estudo aponta que 80% dos entrevistados se intitulam administradores,
porém só 40% realmente cursaram Administração, e dentre estes só um profissional
se especializou na área, o que foi de grande importância para definir como seriam as
respostas seguintes. O resultado ainda mostrou que apesar do novo paradigma, de
que os proprietários observaram a necessidade de contratar profissionais para
administrar este tipo de empresa, ainda existe uma deficiência quanto à busca de
profissionais qualificados na área de gestão de empresas.
Com o intuito de conhecer as empresas foi levantado há quanto tempo atuam
no mercado e quantas especialidades médicas oferecem como mostra a tabela 2.
Tabela 2 - Tempo de mercado e número de especialidade das empresas.
N° de empresas Tempo de mercado N° de empresas N° de
especialidades
5 1 a 5 anos 7 1 a 5
2 6 a 10 anos 1 6 a 10
3 11 a 25 anos 2 Mais de 10
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
96
As respostas apontam que o tempo de atuação destas empresas no mercado
não influi na quantidade de especialidades médicas que oferecem, já que muitas
mostraram que seu foco é oferecer o maior número possível de especialidades
cativando o cliente por poder atender todas as suas necessidades, e outras preferem
oferecer especialidades que são quase escassas no mercado, permitindo que elas se
diferenciem das demais.
Quando perguntado se a empresa realiza planejamento para seus processos,
70% responderam que sim, que todos os processos são planejados, apenas 30%
responderam que não fazem planejamentos. O que se pôde notar através da conversa
durante a aplicação do questionário é que apesar da maioria afirmar que planeja,
alguns dos gestores não entendem o que é e como é feito este planejamento, e
quando expressaram quais ações eles consideram planejamento pode-se perceber
que as ações consideradas por eles planejamento, são na verdade apenas decisões
que precisam ser tomadas diariamente, para garantir o funcionamento da
organização.
O próximo passo foi saber se elas possuíam um planejamento estratégico
formalizado, nesta etapa obteve-se o inverso da resposta anterior, apenas 30%
possuem um planejamento estratégico formalizado os outros 70% não possuem, a
tabela 3 mostra os fatores que segundo os gestores das sete empresas que não
possuem planejamento estratégico, impediram a elaboração do mesmo.
Tabela 3- Fatores que impediram as sete empresas que não possuem planejamento estratégico
formulá-lo
N° de
empresas
Fatores impeditivos
5 Seus gestores desconhecem o que é o planejamento estratégico
1 Os proprietários não acham importante investir nesta ferramenta por ser uma
empresa pequena
1 O gestor acredita que não precise de um planejamento estratégico, pois a
empresa está há muito tempo no mercado e conseguiu se destacar sem esta
ferramenta.
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
97
A tabela 3 aponta que 50% das empresas pesquisadas desconhecem o
planejamento estratégico, e 20% delas acreditam que ele não é tão necessário e
importante. Dos 30% que possuem o planejamento estratégico, 20% são empresas
que possuem um administrador formado, e 10% possui essa ferramenta pelo fato de
que anteriormente era administrada por um profissional da área que elaborou o
planejamento junto ao Zebrai-o.
Apesar de não possuírem ou não conhecerem o planejamento estratégico
muitas empresas realizam algumas etapas que o compõem, como foi observado na
pesquisa quando os gestores assinalaram alguns itens que a empresa possui,
mostrados na tabela 4.
Tabela 4- Itens que compõem o planejamento estratégico e as empresas possuem
Itens N° de empresas que
possuem
Missão, visão e valores 7
Estratégias para se destacar no mercado 6
Ferramenta para medir a satisfação do cliente 5
Esta sempre se atualizando de acordo com o mercado 10
Possui um estudo ou perspectiva do mercado em que está
inserida
4
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
A maior parte das empresas entrevistadas possuem definidos: missão, visão
e valores, porém algumas não conhecem o verdadeiro motivo de defini-los. 60%
destes estabelecimentos de acordo com a tabela acima afirmam que utilizam
estratégias para se destacar no mercado. Esta afirmativa pode ser considerada
correta, já que estas empresas se preocupam em tornarem- se conhecidas pelo
público, se destacando pelo valor dos seus serviços, ou por oferecerem serviços
escassos no mercado.
Apenas 50% das empresas assinalaram que utilizam ferramentas para medir
a satisfação do cliente, o que é preocupante, pois oferecem serviços ao invés de bens
móveis e devem se preocupar inteiramente com a opinião seus clientes para obterem
sucesso. Todas elas afirmam que procuram sempre se atualizar de acordo com o
98
mercado, mas apenas 40% afirmam que conhecem seu mercado amplamente.
Quando perguntado se os sócios e proprietários pretendem investir no
crescimento da organização, 80% dos gestores afirmaram que sim, e na sequência foi
questionado de que forma se espera este crescimento, tendo como resposta que
pretendem aumentar as instalações físicas para agregar novas especialidades
médicas ou para poder aperfeiçoar as existentes, com o intuito de atender melhor o
cliente.
Outro tópico levantado na pesquisa foi se os gestores acreditam que o
mercado em que estão inseridos é promissor, houve apenas uma resposta negativa,
recebida por uma empresa que é administrada pelo seu proprietário.
Depois de conhecer a empresa e a opinião dos gestores sobre o mercado,
procurou-se entender se eles acreditam que elaborar um planejamento poderia ajudar
a empresa a crescer ou, se este não teria nenhuma influência sobre a mesma. Todos
os gestores responderam que sim, afirmando acreditar que o planejamento é a base
para que a organização alcance o crescimento esperado. A tabela 5 mostra a
justificativa dada por eles sobre a sua afirmação.
Tabela 5- Motivos que levam os gestores a acreditar que o planejamento pode ajudar a empresa a
crescer
Motivos para o planejamento ajudar no crescimento da
empresa
N° de empresas que deram
esta resposta
O planejamento ajuda a conhecer a empresa e o mercado,
permitindo traçar objetivos alcançáveis e que atendem as
necessidades da empresa
50%
O planejamento torna mais fácil as decisões da empresa 10%
O planejamento ajuda a melhorar os processos da empresa 10%
O planejamento permite formular meios de melhor atender o
cliente
10%
Não justificaram 20%
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
O estudo aponta na tabela 5, que na teoria todos os gestores conhecem os
benefícios de realizar um planejamento estratégico para a empresa, mesmo que em
99
alguns momentos de decisão este mecanismo não se mostre presente, nomeadamente
como planejamento estratégico, mas se percebe por outro lado o conhecimento de
algumas das características e conceitos que lhe são atribuídos. Necessitando então,
que se tenha uma pessoa responsável que torne essa metodologia cada vez mais
conhecida e utilizada no ambiente das empresas de saúde.
CONCLUSÃO
O planejamento estratégico é uma ferramenta administrativa que permite a
projeção de um cenário futuro, e ainda auxilia nas tomadas de decisões necessárias
e importantes para o alcance dos objetivos traçados. Utilizar esta ferramenta na
empresa permite que ela possa alcançar o posicionamento que deseja perante o
mercado, trabalhando com os elementos que dispõe.
Ela é ideal para empresas que almejam crescer, pois possibilita que os gestores
conheçam os seus ambientes internos e externos, e assim podem investir e colocar
em prática projetos e mudanças que possuem um baixo ou nenhum risco de não
obterem sucesso.
O foco deste estudo foi mostrar como os gestores das clinicas particulares de
saúde de Araguaína-TO vêem a importância de ter o planejamento estratégico
formalizado nas empresas que atuam, pois as empresas desta área tem oportunidades
visíveis e que precisam ser detectadas e trabalhadas pelos seus gestores.
A pesquisa mostrou que os proprietários de estabelecimentos de saúde na
cidade de Araguaína- TO deixaram de lado a ideia de que quem administra este tipo
de negócio é o dono, porém ainda necessitam se preocupar com a qualificação
profissional dos gestores que contratam para administrar seu negócio. Este fato torna-
se um empecilho para o crescimento da organização, que com um potencial
indiscutível de expandir-se e dominar uma parcela grande do mercado, não são
administradas por profissionais que buscam trabalhar este potencial.
O estudo permitiu constatar que o maior fator impeditivo de elaborar o
planejamento estratégico nestas empresas é a falta de profissionais preparados para
administrar empresas, já que a maioria dos gestores não conheciam esta ferramenta
e não entendiam sua importância para a organização, e que se esta realidade fosse
100
diferente o planejamento estratégico seria a ferramenta ideal para o alcance do
crescimento que os gestores elencaram nas suas respostas, e o seu desenvolvimento
e formalização motivaria os proprietários a investir nesta expansão.
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102
CLIMA ORGANIZACIONAL COMO FATOR PREPONDERANTE NO
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE DOS COLABORADORES
Raimundo Ayres de Alencar Ulisses Neto9
Giannina Martins Bruno10
INTRODUÇÃO
Com o advento da globalização o cenário mundial vem passando por
constantes transformações econômicas, políticas e sociais. No âmbito organizacional,
essas mudanças decorrem da modificação no olhar dos estudiosos, administradores
e das novas exigências impostas pelo mercado.
Nesse processo de transformação, o foco deixou de ser apenas a
produtividade em escala ou a lucratividade a qualquer custo, fixando-se ao
desenvolvimento e estudo do capital humano. A teoria comportamental norteou esses
estudos, onde a unidade humana foi novamente integrada às organizações, pois é
através da interação interpessoal que o clima organizacional se desenvolve. Esse
clima demonstrou ser um importante fator no desenvolvimento das organizações,
tornando necessário o seu conhecimento e estudo.
Para que haja o estudo do clima organizacional é necessário compreender o
seu processo de formação, como se transforma esse clima, como aprofundar os
conhecimentos ao seu respeito e o que uma empresa deve dominar para conseguir
modificá-lo.
Tendo em vista a importância desse tema, este trabalho busca identificar se o
clima organizacional exerce influência no aumento da produtividade dos
colaboradores, especificamente procurou-se definir o clima organizacional e o início
do seu estudo, o que forma esse clima e verificar como o fator motivacional compõe e
modifica o clima organizacional.
Fundamentado no exposto por Vergara o presente artigo se desenvolveu
através de pesquisa aplicada, com meios de investigação bibliográficos e de campo,
baseando-se em materiais já publicados em livros, revistas e artigos, assim como a
9 Graduando em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 10 Graduada em administração pela Fundação Universidade do Tocantins (2001). Mestranda em
Educação pela Universidade Federal do Tocantins. Professora da Faculdade Católica Dom Orione.
103
aplicação de questionário estruturado para coleta e interpretação dos dados de forma
quantitativa e qualitativa. (VERGARA, 2010).
Diante do exposto, espera-se instigar os administradores a aprofundarem
seus estudos referentes ao clima organizacional e a darem mais ênfase ao capital
humano dentro das organizações que administram.
Os resultados poderão cooperar para a modificação do ambiente empresarial,
tornando-o mais brando e satisfatório na execução das tarefas desenvolvidas pelos
colaboradores. Este estudo busca contribuir para a área de gestão de pessoas, uma
vez que buscou aprofundamento a respeito do tema e, ainda, o desenvolvimento de
uma visão mais humanista na realidade empresarial.
CLIMA ORGANIZACIONAL
ABORDAGEM DA CULTURA ORGANIZACIONAL COMO FATOR PRIMACIAL
PARA FORMAÇÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
Para falar de clima organizacional é muito importante entender a cultura de
uma organização, já que esse clima é o reflexo da cultura organizacional. Segundo
Chiavenato (2014), a cultura organizacional começou a ser alvo de estudo da
administração na década de setenta, graças ao sucesso das organizações japonesas.
Essas organizações copiavam as tecnologias americanas, mas sempre com algo que
lhes diferenciava. Da mesma maneira que uma região tem sua cultura, as empresas
também desenvolvem culturas específicas e para se encaixar dentro de determinada
organização é essencial conhecê-la.
As culturas organizacionais se desenvolvem com a junção de vários aspectos
dentro de uma organização, como as ideias dos indivíduos (fundadores, líderes),
políticas de premiação ou punição, políticas de qualidade e mudanças ambientais
(concorrência, economia). Para Silva (2008), entender o impacto dessa cultura na
organização exige compreender três aspectos: direção, difusão e força:
• Direção: refere-se ao grau em que a cultura apoia, mais do que se
interfere, o alcance das metas organizacionais;
• Difusão: é a extensão na qual a cultura está disseminada entre os
membros da organização, em oposição a estar irregularmente distribuída;
104
• Força: refere-se ao grau em que os participantes aceitam os valores e
outros aspectos de uma cultura organizacional.
Para Weick (1979 apud CHIAVENATO, 2014, p. 202), “uma organização não
tem uma cultura: uma organização é, em si mesma, uma cultura. É por isso que elas
são terrivelmente difíceis de se mudar. ” Para ele a cultura passa a ser o dia a dia das
organizações, que se refletem nos costumes e nos hábitos, tornando-se a alma do seu
corpo físico.
A cultura pode ter “impacto positivo‟ na eficácia da organização, quando
incentiva o uso de metas como ferramenta no processo de gestão, e esta é bastante
compartilhada e profundamente internalizada pelos membros da organização. No
entanto, essa mesma cultura pode ter “impacto negativo‟ quando é muito
compartilhada e amplamente internalizada, mas não direciona os comportamentos no
mesmo caminho das metas organizacionais. (SILVA, 2008).
Silva (2008) também propõe passos para gerenciar e mudar a cultura
organizacional, sendo eles:
1. Nivelamento das normas atuais: nessa etapa são listados os
comportamentos que os participantes acreditam influenciar suas atitudes e ações.
Esse processo é aplicado em empregados ou representantes de grupo, buscando
normas que revelem impactos negativos sobre a eficácia da cultura;
2. Articulação de novas direções: etapa em que os membros da instituição
discutem os caminhos traçados pela organização e o que fazer para atingir o sucesso
tão almejado pela empresa;
3. Estabelecimento de novas normas: etapa em que os membros do grupo
desenvolvem novas diretrizes com o intuito de obter impactos positivos dentro da
organização;
4. Identificação de fendas culturais: identificar as áreas que têm diferença
entre as normas reais e as que influenciam a eficácia organizacional;
5. Fechamento das fendas culturais: vincula o acordo das novas normas e
projeta meio de reforçá-las, com o estabelecimento de recompensas aos membros
que seguirem as novas regras.
105
A cultura organizacional é a base para qualquer instituição e, é através dela
que os colaboradores irão adquirir uma identidade e buscarão caminhar, ou não,
paralelamente aos objetivos de determinada empresa.
Assim tona-se possível identificar que o convívio das pessoas e da interação
dessas com o ambiente, tendo características, em sua maioria, internalizadas
inicialmente pelos fundadores da organização, é o que forma a cultura.
FORMAÇÃO, DEFINIÇÃO E MODELAMENTO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
“Clima organizacional é o resultado da análise de como as pessoas se sentem
em relação à empresa, com seu modelo de administração, bem como os
relacionamentos interpessoais existentes”. (OLIVEIRA, 2009, p. 280). Esses fatores
são a base para a formação de uma identidade empresarial, sendo esse clima o
reflexo de todas as interações dentro do ambiente organizacional e a percepção das
mesmas, do nível operacional ao estratégico.
Segundo Silva (2008), clima organizacional é a atmosfera psicológica
resultante dos comportamentos, dos modelos de gestão e das políticas empresariais,
refletida nos relacionamentos interpessoais. É produto dos sentimentos, sendo esses
formados pela realidade da organização e classificados em três categorias: satisfação,
insatisfação e indiferença.
Assim, todos os componentes de uma organização interferem na formação
das percepções, partindo do meio físico até os objetivos, indo de encontro aos
salários, refeitórios, condições de trabalho, limpeza, programas de incentivo,
benefícios e integração com os colegas, todos esses fatores contribuem na
composição dos sentimentos de cada colaborador. (MAXIMIANO, 2008).
A organização é caracterizada por elementos internos e externos que, de
algum modo, contribuem no desenvolvimento do clima organizacional: comunicação,
objetivos, responsabilidade, benefícios, participação, criatividade, liderança,
motivação, reconhecimento, padrões de qualidade e outros. (SILVA, 2008).
Oliveira (2009) aponta três pontos essenciais para quem busca se aprofundar
nas questões do clima organizacional:
1. Ele tem impacto direto na eficiência, eficácia e efetividade da empresa,
pois é importante base na tomada de decisões, na contextualização de informações e
na criação de valores;
106
2. Para construi-lo é preciso tempo, assim para que haja reações no seu
processo de transformação se exige um longo período de maturação;
3. Este também é resultado de percepção coletiva, não sendo de alta
relevância as abordagens individuais.
Para mudar o clima organizacional, Silva (2008) propõe que a organização
precisa ser inovadora seguindo as seguintes características:
• Adaptabilidade: resolver problemas de forma rápida e flexível às
mudanças e inconstâncias do meio ambiente;
• Senso de identidade: compreender e compartilhar os objetivos da
organização;
• Perspectiva exata do meio ambiente: diagnosticar e compreender o meio
ambiente;
• Integração entre os participantes: a organização se comporta como um
todo orgânico;
Assim, nota-se que o clima organizacional é mais que meramente uma área
de estudo da administração, tornando-se fator essencial na formação dos caminhos e
objetivos traçados pela empresa, exigindo calma e comprometimento dos
colaboradores em seu desenvolvimento e internalização.
TEORIA COMPORTAMENTAL E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO
DE ESTUDOS DO CAPITAL HUMANO
No presente contexto, é necessário abordar o momento em que o capital
humano tornou-se atraente aos olhos da administração. Desse modo, a teoria
comportamental é a aplicação da psicologia organizacional à administração. Ela
desenvolveu-se nos Estados Unidos em razão dos estudos psicossociológicos
realizados no período da segunda guerra mundial. Os cientistas dessa área buscavam
inserir a unidade humana que havia sido minimizada pelos teóricos clássicos.
(MASIERO, 2012).
De acordo com Stoner e Freeman (1999, p. 30), “a escola comportamental
surgiu em parte porque a abordagem clássica não proporcionou suficiente eficiência
de produção e harmonia no local de trabalho. ” Essa tinha o interesse de ajudar os
administradores a lidar mais facilmente com o lado humano, já que nem sempre
107
seguiam os padrões de comportamento previstos. Na visão destes teóricos, um dos
passos para o entendimento do comportamento humano nas organizações foi uma
série de estudos na empresa Western Eletric Company (Experiência de Hawthorne),
entre os anos de 1924 e 1933.
A experiência de Hawthorne teve como princípio inicial a mudança da
iluminação entre diferentes grupos de teste. Ao final desta primeira etapa foi
perceptível que o rendimento dos trabalhadores não seria influenciado apenas por
esse fator. Em um segundo momento, foi formado um pequeno grupo com diferentes
variáveis: aumentaram os salários, introduziram períodos variáveis de descanso,
reduziram a jornada diária e semanal e permitiram que os trabalhadores tivessem voz
ativa em outras mudanças sugeridas, até o fim dessa etapa os resultados foram
ambíguos, não sendo favoráveis as mudanças aplicadas a esse grupo.
Em certo período dessa pesquisa, Elton Mayo foi supervisor e concluiu que os
empregados renderiam mais, caso acreditassem que a administração estava
preocupada com seu bem-estar. Também percebeu que o grupo de controle que não
havia recebido nenhuma melhora nas condições de trabalho, teve um aumento no
rendimento, sendo constatado por ele que a atenção especial dada pelos supervisores
auxiliou no incremento a produtividade. (STONER; FREEMAN, 1999).
Mayo (1953) define “homem social”, como indivíduo motivado por
necessidades sociais, que deseja relacionamentos compensadores e responde mais
aos estímulos do grupo do que ao controle administrativo. Essa definição
complementa a de “homem racional” motivado por necessidades econômicas
pessoais.
Vários conceitos sobre o comportamento humano são desenvolvidos por
estudiosos comportamentais, para Masiero (2012) o que melhor define o
comportamento são elencados por Elton Mayo:
1. Os indivíduos são incentivados por fatores econômicos,
psicológicos e sociais;
2. Os grupos informais têm grande influência na determinação de
atitudes e desempenho dos trabalhadores;
3. Lideranças democráticas devem ser mais evidenciadas;
4. Maior satisfação levará a maior produtividade;
108
5. Os trabalhadores devem ter mais voz, tornando a comunicação
efetiva essencial;
6. A administração requer habilidades sociais e técnicas.
Com o início dos estudos comportamentais o ser humano deixou de ser
apenas uma unidade básica de produção e passou a ser alvo de novos
questionamentos sobre seu comportamento, levando em consideração suas
necessidades sociais e de estima, transcendendo a ideia inicial de uma máquina
movida a bonificações salariais.
TEORIAS MOTIVACIONAIS E A FORMAÇÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
A motivação é parte fundamental para a formação do clima organizacional,
como visto anteriormente, por isso conhecer as principais teorias motivacionais é
muito importante para o desenvolvimento desse estudo.
No ano de 1954, o psicólogo americano Abraham Maslow publicou sua teoria
sobre a motivação, conhecida como a hierarquia das necessidades, que em forma de
pirâmide, se dividiu em cinco escalas: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e
por fim, de autorrealização. Ele argumentou que essas necessidades existiam em
ordem hierárquica, partindo das fisiológicas ao encontro da realização pessoal e que
estas mesmo não sendo satisfeitas podem ainda motivar o comportamento humano.
(VITÓRIO, 2015).
De modo mais detalhado, Rua e Mello (2015) explicam as cinco hierarquias
da pirâmide de Maslow:
1. Necessidades Fisiológicas: situada na base da pirâmide, são as
necessidades básicas de qualquer ser humano, como a fome, a respiração e a sede;
2. Necessidades de Segurança: segundo nível da hierarquia é o que fazem
os indivíduos se sentirem seguros, que vai desde a segurança em casa até a do
trabalho e a segurança com a saúde em caso de planos de saúde, por exemplo;
3. Necessidades Sociais: terceiro nível hierárquico é a necessidade de se
sentir parte de um grupo social, como ter amigos e constituir uma família;
4. Necessidades de Estima: quarto nível da pirâmide, que é você conhecer
suas próprias capacidades e de ser reconhecido por outras pessoas;
109
5. Necessidade de Autorrealização: Sendo este o topo da pirâmide, é
quando o indivíduo consegue aproveitar todo o potencial de si próprio, tendo controle
de suas ações e sua independência.
A contribuição de Maslow é fruto de seu trabalho como psicólogo, que tratou
a motivação como sendo o condutor do homem na busca pela satisfação, podendo
ser esse estudo considerado o mais emblemático e relevante na história da pesquisa
sobre os valores humanos. (CAMPOS; PORTO, 2010).
Nesse sentido, “indivíduos altamente evoluídos assimilam o seu trabalho
como identidade, ou seja, o trabalho se torna parte inerente da definição que eles
fazem de si próprios”. (MASLOW, 2000 apud BERGAMINI, 2008, p. 105).
A importância do estudo de Maslow é notória, pois nos dias atuais é possível
perceber todas as etapas estudadas pelo psicólogo. Depois de anos de seu estudo a
sociedade conseguiu conquistas e sofreu mudanças em seu modo de pensar, agir e
entender a vida profissional. Com a inserção da unidade humana nas empresas, muito
das necessidades foram entendidas como básicas pela sociedade com o passar dos
anos, não tendo necessariamente o caráter hierárquico imposto por Maslow em sua
teoria.
Na atualidade as necessidades de caráter social sobressaem-se as demais,
pois a era em que estamos estimula de forma colossal, mesmo que ciberneticamente,
a interação entre os indivíduos dentro e fora das empresas, ampliando ainda mais o
conceito de “homem social” já definido por Abraham Maslow.
Kwasnicka (2010) afirma que em contraponto a teoria de Maslow, Herzberg
não se preocupou com as fontes de motivação de forma geral, dirigindo sua atenção
apenas às que se relacionam com a realização do trabalho, pois somente os níveis
mais elevados da pirâmide desenvolvida por Maslow é que são tidos como realmente
motivadores por Herzberg. No ano de 1966, Frederick Herzberg publicou a “Teoria dos
Dois Fatores”, considerando dois seguimentos de fatores motivacionais distintos: os
fatores higiênicos e os motivadores, o primeiro evita a insatisfação e o segundo conduz
a satisfação. (VITÓRIO, 2015).
Motta e Vasconcelos (2010) definem os fatores elencados por Herzberg como:
• Fatores Higiênicos: são as condições mínimas de trabalho que o
indivíduo deve ter para conseguir satisfazer suas necessidades de segurança, de
inserção social e de reconhecimento. Não havendo o comprometimento da
110
organização com o cumprimento desses fatores, o processo de trabalho pode ser
prejudicado, já que essas necessidades não são suficientes para acarretar o aumento
na produtividade. Temos, como exemplo, de fatores higiênicos: bons salários,
máquinas e equipamentos novos, e bom ambiente de trabalho.
• Fatores Motivacionais: esses fatores estão associados à realização no
ambiente de trabalho, que buscando a satisfação permite o direcionamento da energia
vital para exercê-lo. Esses fatores são difíceis de determinar, pois Herzberg defende
que são intrínsecos, sendo influenciados pela identidade individual.
Os fatores analisados por Herzberg como sendo motivacionais, capazes de
aumentar a dedicação do indivíduo com a organização, são equiparados aos fatores
de autorrealização de Maslow, desse modo, políticas que permitam o aprendizado,
treinamento e progressão de carreira são exemplos de fatores que estimulam os
aspectos intrínsecos de motivação. (MOTTA; VASCONCELOS, 2010).
Outra importante teoria foi a de Douglas McGregor que, no ano de 1960,
desenvolveu as “Teorias X e Y”, analisando o homem em sua situação de trabalho. As
teorias X e Y de McGregor partiam do âmbito administrativo onde a X fazia referência
a uma administração conservadora e a Y a administração moderna. (VITÓRIO, 2015).
Gonçalves Júnior (2010) define dois pontos distintos da teoria X e Y, levando
em consideração os líderes e os trabalhadores, nesse sentido explica o autor:
• Trabalhadores: na teoria X, as pessoas são preguiçosas, evitam assumir
responsabilidades, em sua maioria caminham opostas as necessidades
organizacionais, fogem do trabalho e preferem ser lideradas. Na teoria Y, as pessoas
têm mais energia, aceitam assumir novas responsabilidades, envolvem-se mais com
a organização e caminham na mesma direção das necessidades organizacionais.
• Líderes: a teoria X tem credibilidade e tendem a utilizar um sistema de
remunerações e recompensas das mais diversas maneiras para motivar os
trabalhadores. Na Y, os líderes tendem a criar um ambiente organizacional onde os
trabalhadores possam desenvolver sua criatividade.
Na teoria X de McGregor, vemos o ser humano como produtor de força motriz,
não havendo indícios de valorização do capital intelectual por parte do administrador
ou interesse do trabalhador em desenvolver técnicas e habilidades para melhorar seu
desempenho.
111
McGregor juntou duas vertentes essenciais dentro do ambiente organizacional
na teoria Y, essa relação permitiu analisar as responsabilidades de ambas as partes
em um processo motivacional. De um lado, temos o colaborador que precisa de força
de vontade para poder aglutinar as mudanças e novas metas organizacionais e, por
outro lado, os líderes que precisam identificar essas aptidões e dar caminhos para o
desenvolvimento de habilidades e criação de um processo motivacional dentro de sua
empresa.
DADOS E ANÁLISE DE PESQUISA
O estudo de caso ocorreu em duas empresas no ramo de supermercados,
situadas na cidade de Araguaína, Tocantins. A escolha das empresas para a pesquisa
levou em consideração o tempo de permanência no mercado de Araguaína, a
quantidade de funcionários e a visibilidade comercial de ambas.
A primeira organização pertence a um grupo que tem mais de vinte e cinco
anos de mercado, contando com quatro lojas na cidade de Araguaína. A filial escolhida
para executar a pesquisa, foi selecionada aleatoriamente e conta com duzentos e
cinco colaboradores, sendo identificada nesse artigo como empresa X. A segunda
empresa pertence a um grupo com dezoito anos de mercado e quatro lojas na cidade
de Araguaína. A filial escolhida para pesquisa foi selecionada de forma aleatória e
conta com um total de cento e cinco colaboradores, identificando-a como empresa Y.
ANÁLISE DOS DADOS
O estudo foi organizado por meio de pesquisa quali-quantitativa e os dados
foram coletados através de um questionário estruturado, composto por treze questões
fechadas que analisam o grau de satisfação do respondente, variando de muito ruim
a muito bom. Aplicou-se um total de quarenta e um questionários, divididos em vinte
e um para empresa X e vinte para empresa Y, sendo esses analisados e interpretados
a seguir.
Com relação ao sexo dos respondentes, na empresa X temos o percentual de
66,66% do sexo feminino e 33,34% do sexo masculino. Por outro lado, na Y temos
65% do sexo masculino e 35% do sexo feminino, não havendo respondentes que se
112
intitulem indiferentes ou outra classificação em ambas as empresas. No trabalho em
questão, o sexo dos colaboradores não foi identificado como fator preponderante na
formação e modificação do clima organizacional.
No aspecto tempo de serviço, a empresa X demonstrou maior permanência
de seus funcionários, havendo 28,58% com mais de 5 anos, 33,32% de 3 a 5 anos,
19,05% de 1 a 3 anos e 19,05% com menos de 1 ano. Na Y, 25% estão entre 3 a 5
anos, 10% de 1 a 3 anos e 65% com menos de 1 ano na empresa. O tempo de
permanência na empresa, sendo passível de influências administrativas em ambos os
casos, não pôde ser considerado fator modificador do clima organizacional neste
trabalho.
Com relação ao grau de cooperação e relacionamento entre os membros da
equipe, a empresa X apresentou melhores resultados, com 52,38% dos respondentes
considerando muito bom e 47,62% bom. A Y contou com 40% de muito bom, 35% de
bom, 20% médio e 5% ruim. Assim, nota-se que alguns dos fatores que contribuem
para a formação do clima organizacional, a interação e as percepções coletivas são
mais presentes na empresa X, facilitando o desenvolvimento e internalização de um
clima organizacional agradável.
Gráfico 1 - Como é o relacionamento entre os superiores imediatos e os subordinados dentro da sua
equipe?
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
No gráfico 1, ao serem questionados sobre a relação com seus superiores
imediatos, a empresa X apresentou 23,81% de muito bom, 71,43% de bom e 4,76%
consideraram médio. Na Y, tivemos um percentual menos promissor, já que a
interação entre os subordinados e seus superiores é uma variável emocional de
grande importância na produção do indivíduo, pois o clima organizacional é formado
,81% 23
71 ,43%
4 ,76%
EMPRESA X
MUITO BOM
BOM
MÉDIO
RUIM
MUITO RUIM
% 30
25 % 35 %
% 10
EMPRESA Y
MUITO BOM
BOM
MÉDIO
RUIM
MUITO RUIM
113
pelas percepções coletivas e em sua maioria tem o processo de internalização
efetuado pelos líderes da empresa. A empresa Y contou com 30% de muito bom, 25%
de bom, 35% de médio e 10% de ruim.
O grau de comprometimento dos funcionários da organização, análise muito
importante nesse trabalho, é algo essencial como já visto na teoria x e y de McGregor,
pois através dele é possível ter ideia do clima existente entre os colaboradores da
organização como um todo. Na empresa X, contamos com 14,29% de muito bom,
71,42% de bom e 14,29% de médio. Por outro lado, na Y temos 35% de muito bom,
35% de bom e 30% de médio.
Gráfico 2 - Como você avalia a comunicação das informações a respeito dos resultados gerais da empresa?
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
No gráfico 2, com relação ao grau de comunicação das informações a respeito
dos resultados gerais da empresa não é diferente, pois é através dela que o
colaborador perceberá se as tarefas desenvolvidas por ele estão proporcionando um
retorno para empresa e consequentemente, gerando também retorno ao colaborador
e seus colegas. Dessa maneira, pode se sentir mais motivado a desenvolver suas
tarefas diárias e amplificar seu comprometimento com a organização. Na empresa X,
tivemos um melhor resultado, com 23,81% de muito boa e 76,19% de boa, enquanto
na Y tivemos 30% de muito boa, 45% de boa, 10% de média e 15% de ruim.
No quesito grau de autonomia para exercer o seu trabalho, a empresa X
contou com 42,86% de muito bom, 52,38% de bom e 4,76% de médio. A empresa Y
teve 25% de muito bom, 45% bom, 20% médio e 10% ruim. Com isso podemos
perceber que a empresa X é mais propensa a desenvolver uma política que visa a
23,81%
76,19%
EMPRESA X
MUITO BOA
BOA
MÉDIA
RUIM
MUITO RUIM
30%
45%
10%15%
EMPRESA Y
MUITO BOA
BOA
MÉDIA
114
proatividade e criatividade, elementos que englobam a formação do clima
organizacional.
Gráfico 3 - Como você avalia os instrumentos e ferramentas disponíveis à execução de seu trabalho?
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
No gráfico 3, quando questionados sobre as ferramentas e instrumentos
disponíveis para execução do trabalho, a empresa X contou com 9,53% de muito bons,
47,62% de bons e 42,85% de na média. A empresa Y, com 20% de muito bons, 15%
de bons, 40% de na média, 15% considerou ruins e 10% muito ruins. Com os
instrumentos e ferramentas adequadas. O colaborador desenvolve com mais
facilidade e qualidade as suas funções, deixando mais prazeroso o ambiente de
trabalho e aumentando o interesse do mesmo em seguir buscando os objetivos de
forma coletiva.
Com relação ao grau de reconhecimento pelo trabalho, é de grande interesse
do gestor adotar essa prática, pois uma das necessidades do indivíduo, de acordo
com Maslow, é a estima. O colaborador sentindo ser reconhecido tem prazer em
desenvolver sua função, tornando melhor o sentimento do mesmo para com seu
gestor e desenvolvendo um olhar democrático em relação a ele. A empresa X contou
com 9,53% de muito bom, 76,19% de bom e 14,28% médio, enquanto na Y 35%
consideraram muito bom, 10% bom, 20% médio, 10% ruim e 25% muito ruim.
A remuneração, levando em consideração seu cargo e desempenho, também
foi alvo de questionamento, na empresa X contamos com 19,05% de muito satisfeito,
42,86% satisfeito, 28,58% médio, 4,76% insatisfeito e 4,76% muito insatisfeito. Na Y
estão 20% muito satisfeito, 25% satisfeito, 25% na média, 25% insatisfeito e 5% muito
insatisfeito. A remuneração de maneira individual não é suficiente para motivar, mas
9,53%
47,62%
42,85%
EMPRESA X
MUITOBONS
BONS
NA MÉDIA
20%
15%40%
15%10%
EMPRESA Y
MUITOBONS
BONS
NA MÉDIA
115
é um dos fatores mais explorados pelos gestores atuais, com o sistema de metas e
demais formas de bonificação salarial. Para que o clima organizacional se desenvolva
de maneira saudável é preciso que os colaboradores se sintam bem dentro da sua
organização, o que não exclui a responsabilidade do gestor em ponderar um salário
coerente com a função exercida por seu colaborador.
Gráfico 4 - Sua condição geral de trabalho (por exemplo: iluminação, ventilação, temperatura, equipamentos, higiene, barulho, poluição, limpeza, espaço físico, materiais e outros) é:
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
No gráfico 4, as condições gerais de trabalho como iluminação, ventilação,
temperatura e outros, foram alvos de estudo na experiência de Hawthorne e um dos
princípios definidos por Maslow em sua teoria da “Hierarquia das Necessidades”. Boas
condições de trabalho levam a uma maior satisfação e consequentemente a um maior
desempenho dos colaboradores, o que afetará de forma direta e indireta o clima
organizacional da organização. Assim, os respondentes da empresa X consideraram
9,53% das condições gerais como muito boa, 80,94% como boa e 9,53% mediana,
enquanto na Y os respondentes consideraram 25% muito boa, 35% boa, 20%
mediana, 5% ruim e 15% muito ruim.
9,53%
80,94%
9,53%
EMPRESA X
MUITOBOA
BOA
MEDIANA
25%
35%20%
5%15%
EMPRESA Y
MUITO BOA
BOA
MEDIANA
RUIM
MUITO RUIM
116
Gráfico 5 - Como você se sente no que diz respeito à sua realização profissional?
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
No gráfico 5, que diz respeito a sua realização profissional, a empresa X
contou com 14,29% de muito satisfeito, 42,86% de satisfeito, 38,10% na média e
4,75% insatisfeitos. Enquanto a empresa Y teve 25% de muito satisfeito, 25% de
satisfeito, 25% na média e 25% de insatisfeito. A realização profissional encontra-se
no topo da pirâmide na teoria da “Hierarquia das Necessidades” de Maslow,
mostrando ser um grande indicador do clima e motivação dentro do ambiente de
trabalho. O colaborador ao apontar que está realizado profissionalmente, mostra que
sua relação com a empresa é de cumplicidade, tornando o alcance dos objetivos
individuais e coletivos mais fáceis, já que o mesmo contribui para formação e
propagação de um clima organizacional agradável.
Gráfico 6 - Qual o seu grau de motivação para o trabalho?
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
14,29%
42,86%
38,10%
4,75%
EMPRESA X
MUITOSATISFEITO
SATISFEITO
NA MÉDIA
25%
25%25%
25%
EMPRESA Y
MUITOSATISFEITO
SATISFEITO
NA MÉDIA
INSATISFEITO
42,86%
33,33%
23,81%
EMPRESA X
MUITOALTO
ALTO
MÉDIO
20%
25%35%
5%15%
EMPRESA Y
MUITO ALTO
ALTO
MÉDIO
BAIXO
MUITO BAIXO
117
No gráfico 6, o questionamento foi a respeito do grau de motivação para a
realização do trabalho, pois, como foi abordado no estudo em questão, à motivação e
o clima organizacional complementam-se. A motivação é um dos agentes
modificadores e edificadores do clima organizacional, assim como ao se construir um
clima organizacional agradável o colaborador sente-se mais motivado para
desenvolver suas funções. A empresa X tem mostrado melhores resultados, indicando
possuir um clima organizacional bom, mais internalizado e partilhado. A empresa X
contou com 42,86% de muito alto, 33,33% de alto e 23,81% médio, enquanto a Y teve
20% de muito alto, 25% de alto, 35% médio, 5% baixo e 15% de muito baixo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O clima organizacional é formado por percepções coletivas do meio e pelas
relações interpessoais, começando a ser estudado após a inclusão da unidade
humana no cenário empresarial, modificando a ideia inicial de que era uma máquina
ou força motriz. Após anos de empenho dos estudiosos a respeito do clima
organizacional, esse é alvo de novas teorias e aprofundamentos a seu respeito,
visando conseguir através dele o aumento da produtividade.
O estudo do clima organizacional no trabalho em questão mostra justamente
a importância de seu conhecimento e a necessidade de se desenvolver um clima
agradável e coerente com os objetivos da organização. Dessa maneira, é possível
ajudar o empresário, o colaborador e a sociedade ao fornecer um trabalho de
qualidade e com credibilidade, fomentado por um clima organizacional surpreendente.
Com a ajuda dos estudos concluímos que o clima organizacional influencia a
produtividade dos colaboradores e que esse sendo considerado bom é sinal de
aumento na produtividade. Esse resultado foi encontrado após análise de duas
empresas do ramo de supermercados na cidade de Araguaína, identificadas como
empresa X e Y. A empresa X mostrou melhores resultados na pesquisa, após os
respondentes do questionário avaliarem quesitos como realização profissional,
condições gerais de trabalho, reconhecimento, relação com superiores, salário e por
fim a motivação. Nessa empresa, os funcionários se mostraram mais interessados e
satisfeitos com o clima organizacional, já que o questionário formulado tem como base
os pontos necessários para desenvolvimento e transformação do mesmo.
118
Na empresa Y, vimos uma necessidade de reconhecimento, de melhores
relações no ambiente de trabalho, melhores condições gerais de trabalho e demais
quesitos analisados, pois quando questionados a respeito de sua motivação o
resultado mostrou indícios de insatisfação, e colaboradores desmotivados tendem a
não partilhar e até criam barreiras para o bom desenvolvimento do clima
organizacional. Infere-se, portanto, que a liderança exerce uma posição primordial na
motivação de seus trabalhadores, o que na empresa pesquisada foi notório o
distanciamento entre os objetivos do líder e os objetivos dos liderados, ocasionando
assim um alto grau de insatisfação por parte dos colaboradores.
Assim, foi possível visualizar a relação entre clima e produtividade proposta
nesse trabalho, identificando a necessidade de mudança no clima organizacional da
empresa Y, pois melhorando o clima, melhora a motivação e consequentemente
temos melhores resultados na produtividade dos colaboradores. Um dos primeiros
quesitos para mudança desse clima é aprimorar as relações entre colaboradores e
seus superiores, para assim identificar as possíveis barreiras encontradas pelos
funcionários no desenvolvimento e percepção de um clima organizacional agradável.
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120
TERCEIRIZAÇÃO NA GESTÃO HOSPITALAR
Vanessa Campos Oliveira11
Deusamara Dias Barros Vaz (Or.)12
INTRODUÇÃO
A terceirização surgiu na nossa história a partir da metade do século XX, onde
começou a interferir na sociedade e na economia. (GONÇALVES, 2006, p. 203). Com
o aumento da competitividade em todos os setores econômicos, as empresas foram
forçadas a classificar os serviços desempenhados em grupos, onde são classificadas
as atividades primárias e secundárias, também chamadas de atividades-fim e
atividade-meio, são consideradas as mais importantes dentro de uma organização são
elas que geram todo o faturamento da empresa, e as atividades-meios são
consideradas auxiliares, ajudam e contribuem para o funcionamento das atividades
fins.
Submetendo esses grupos a um estudo minucioso, percebe-se que hoje em
dia o sucesso dos negócios não depende apenas das atividades fim. É fundamental
que os serviços-suporte (atividades meio) sejam planejados e bem desempenhados,
para alcançar um bom nível de eficiência e eficácia das atividades fim, sendo essa
uma das vertentes que incentivou o surgimento da Terceirização. (GONÇALVES,
2006, p. 206).
A terceirização é uma tendência nova no mercado que vem crescendo e
trazendo melhorias para muitas empresas levando-as ao sucesso no mercado, por
conta disso é importante um estudo mais aprofundado sobre o assunto, demonstrando
sua importância.
As empresas de hoje visam o lucro e melhorias, tanto nos seus serviços como
na sua produtividade, e a terceirização oferece profissionais mais qualificados e
capacitados, pois as empresas contratadas que oferecem serviços terceirizados
treinam e especializam seus funcionários em áreas que não são tão visadas pela
11 Graduada em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 12 Graduada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (1993). Especialista em Adm. Hoteleira, pelo Centro Europeu (Curitiba - PA). Especialista em Gestão dos Serviços de Saúde, pela UNITINS (TO). Mestranda em Educação. Professora da Faculdade Católica Dom Orione.
121
empresa contratante, assim garante a eficiência no desenvolvimento do serviço
terceirizado, e isso proporciona uma maior lucratividade e crescimento para a
organização. Diante disso, a terceirização pode ser usada como ferramenta de
competitividade na gestão hospitalar?
Para isso é necessário analisar e identificar a importância da terceirização no
processo de construção da gestão hospitalar, despertando o interesse pela
possibilidade de adoção da terceirização como ferramenta para manutenção da
qualidade dos serviços hospitalares.
Esta pesquisa tem como objetivos específicos analisar o processo de
construção da terceirização, identificar quais serviços podem ser terceirizados,
identificar vantagens da terceirização hospitalar, apresentar sugestões para os
hospitais que buscam utilizar os serviços terceirizados.
No cenário atual, os hospitais devem se tornar mais globalizados buscando
informações, conhecimento e estratégias para utilizar como vantagem competitiva,
mais com os avanços da tecnologia ficou mais difícil se manterem atualizados, pois
estamos no século onde as mudanças são constantes, e por esse motivo acaba se
tornando difícil acompanhar essas transformações.
Com isso as intuições de saúde, necessitam da terceirização como apoio para
se tornarem mais competitivas e inovadoras, pois os diversos serviços prestados às
unidades hospitalares podem contribuir no sentido de disponibilizar mão de obra
capacitada e habilitada, equipamentos inovadores e tecnologia avançada, com
certeza esses instrumentos contribuem de forma efetiva na melhoria dos serviços
hospitalares o que pode levar a fidelização do cliente de saúde. Esse artigo justifica-
se em função de proporcionar ao leitor um estudo mais recente sobre a Terceirização
na Gestão hospitalar, apresentando vantagens como redução de custos, melhorias
de serviços, aumento da qualidade e agilidade nos processos.
Este tema foi escolhido porque é relevante para as organizações que buscam
competitividade no mercado; terceirizar serviços ajuda os gestores a focarem mais
no principal objetivo da organização, suas atividades-fim, deixando as atividades
auxiliares nas mãos dos terceiros, ou seja, ela pode servir como uma ferramenta de
apoio da gestão.
Pretende-se mostrar aos interessados pelo conteúdo apresentando, que
terceirizar proporciona bons resultados, pois pode contar com profissionais
122
capacitados e treinados para realização dos serviços exigidos pela empresa
solicitante, sendo essa responsável pela efetivação e monitoramento dos contratos,
evitando futuros transtornos.
Esse trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica, a qual se
baseará em livros, artigos científicos, revistas, jornais, redes eletrônicas, as
informações serão coletas de autores mais recentes, proporcionando um estudo mais
claro e objetivo para os leitores. A partir dessa metodologia, teremos todo o
embasamento focado na terceirização para construção desse artigo, através dessa
pesquisa se pretende despertar na gestão hospitalar o interesse pela terceirização de
serviços.
ORIGENS DA TERCEIRIZAÇÃO
Segundo Osorio (2006), a terceirização surgiu na década de 40, nos Estados
Unidos, durante a II Guerra Mundial, devido a uma grande demanda em armamento,
mas as indústrias bélicas não estavam preparadas para abastecer o mercado, além
da necessidade de aprimorar o produto e suas técnicas de produção.
Com isso, as indústrias bélicas perceberam que tinham que focar mais em
sua produção de armamentos e delegar algumas de suas atividades para as
empresas prestadoras de serviços, gerando um maior número de empregados,
surgindo assim a terceirização.
Segundo Castro (2000 apud MEIRELES, 2007, p.1), destaca que:
Antes da II Guerra Mundial existiam atividades prestadas por terceiros, porém não poderíamos conceituá-las como terceirização, pois somente a partir deste marco histórico é que temos a terceirização interferindo na sociedade e na economia, autorizando seu estudo pelo Direito Social, valendo lembrar que mesmo este também sofre grande aprimoramento a partir de então.
Essa estratégica inovadora na época se tornou uma das ferramentas mais
utilizadas nos dias de hoje, fazendo com que muitas empresas atinjam o sucesso. A
terceirização trata de um fenômeno, envolvendo uma empresa e um terceiro que será
contratado para a realização de atividades especializadas, porém esse serviço
prestado deve estar entre as atividades meio da empresa contratante.
123
Com a terceirização, a empresa passa a atribuir parte de suas atividades para outras empresas. Transfere-se a realização das atividades iniciais e secundárias (atividade-meio) e mantém-se a das atividades principais. Como atividade principal ou fim entenda-se aquela cujo objetivo é essencial à consecução do objetivo social da própria empresa. (JORGE NETO; CAVALCANTE, 2009 apud ANTÔNIO NETO, 2017, p. 93).
Essa contratação serve para a empresa desprender mais das suas atividades
secundarias que não são consideradas tão essenciais, dando total atenção para as
atividades-fim que são consideradas mais importantes dentro da organização e assim
focar mais nos objetivos, reduzindo os custos e aumentando a lucratividade.
A terceirização pretende proporcionar serviços de qualidade, com mais
agilidade, eficácia e por um custo menor para as organizações, inclusive sem a
preocupação com vínculos empregatícios que tanto onera as despesas das
organizações.
Para muitos a terceirização é uma forma de parceria ou suporte no qual a
empresa contratada se entrega num comprometimento de verdadeiro sócio do
negócio do cliente trazendo grandes benefícios às organizações.
Ela também vem solucionando muitos problemas organizacionais, tanto nas
indústrias como no administrativo, oferecendo assim serviços com mão de obra
qualificada.
TERCEIRIZAÇÃO NO BRASIL
Segundo Meireles (2007), no Brasil a terceirização foi trazida pelas
multinacionais especialmente pelas indústrias automobilísticas por volta de 1950, pelo
fato de se preocuparem apenas com a essência dos seus negócios, e as primeiras
atividades consideradas pioneiras da terceirização no Brasil foram às de conservação
e limpeza, que surgiram aproximadamente em 1967.
Com a terceirização começou a surgir no país empresas especialistas em
determinadas atividades, gerando mais oferta de mão de obra e empregabilidade. O
objetivo dessas empresas era conseguir mão de obra por um menor custo, sem se
preocuparem com a legislação trabalhista, e melhorando o processo produtivo.
124
Conforme Boeger (2009, p. 75), pode-se conceituar a “terceirização como o
processo de permitir o gerenciamento das atividades-meios de uma empresa por
empresas especialistas, em busca de qualidade superior, flexibilidade e ganhos
econômicos. ”
Essas atividades-meio são importantes para a organização, mas não são
consideras prioritárias, pois são vistas como atividades de suporte que possibilitam a
operacionalização das atividades-fim como, por exemplo, serviços de segurança,
limpeza, transporte, manutenção entre outras, por isso podem ser terceirizadas por
empresas especialistas, que prestam serviços de qualidade.
Atualmente as empresas não veem a terceirização apenas como uma forma
de alavancar seus lucros, mas sim como uma forma estratégica de aumentar o foco
nas suas metas de negócio, pois podem se dedicar nas suas atividades fins e assim
aumentam sua competitividade no mercado.
Com as mudanças e a necessidade de inovar, para se tornar competitivo no
mercado, muitas empresas buscam ferramentas que auxiliam nessa transformação,
e a terceirização é uma dessas ferramentas, pois proporciona muitas vantagens para
a organização como diminuição de desperdício, aumento da qualidade, foco nas
atividades-fim, agilidade e diminuição de custos, deixando a empresa mais
capacitada para o mercado.
No Brasil, a terceirização cresce mais a cada dia, não apenas em empresas
privadas, mas também em empresas públicas. Esse método já se tornou parte de
muitas organizações de diferentes ramos de mercado, pois possibilita a empresa
manter o foco no principal ramo do negócio, agregando valor a sua empresa,
adquirindo capacidade e competência para atingir o sucesso.
HOSPITAIS
Segundo Boeger (2009), os primeiros hospitais surgiram muito antes da era
cristã, e eram chamados de Hospitalis. Esses abrigavam os hóspedes, os enfermos,
os viajantes e os peregrinos. Os hospitais e os hotéis originaram do mesmo tipo de
empreendimento, e até hoje têm suas estruturas físicas bem parecidas. Antigamente
esses seguimentos eram constituídos de um só “Hotel Hospital” que, além de abrigar
125
viajantes, também cuidavam de enfermos que tinham que ser isolados da população
por conta de doença repugnantes e deformantes que a atemorizavam todos.
Boeger (2009, p. 19) acredita que:
Em 360 a.C., surgiu, em Roma, o primeiro hospital com atividades básicas de restaurar a saúde e prestar assistência, simplesmente concluindo diagnósticos e efetuando tratamentos limitados pelos padrões e condições daquela época.
Na medida em que aumentavam as necessidades como o surgimento de
novas doenças e estudos mais aprofundados, os hospitais começaram a evoluir e se
desenvolver, assumindo as características mais especifica da área hospitalar, e de
acordo com a região e a época foram se destacando pelo mundo afora. E assim
surgiram vários tipos de hospitais, como asilos para velhos, pobres, crianças,
mulheres, doentes mentais e entre outros. Também começaram a surgir hospitais
especializados em doenças contagiosas, como a hanseníase.
Segundo Boeger (2009), a Inglaterra iniciou seu processo de evolução
hospitalar com a construção do seu primeiro hospital geral chamado de Hospital St.
John, o qual tinha como objetivo restaurar a saúde, e logo depois veio o primeiro
hospital especializado, o St. Bartholomew.
O primeiro hospital do Brasil é a Santa Casa da Misericórdia de Santos, do
Estado de São Paulo, que foi inaugurado em novembro 1543. “A construção teve
início em 1542, por iniciativa do português Braz Cubas, líder do povoado do Porto de
São Vicente, posteriormente Vila de Santos.” (PORTAL DA FAMILIA, 2012). Ele teve
o auxílio dos próprios moradores da região. Sua data de fundação foi o dia primeiro
de janeiro, conhecido como o dia de todos os santos, e por isso o hospital recebeu o
nome de Hospital de Todos os Santos, também para homenagear o maior hospital de
Lisboa, em Portugal.
Logo depois surgiram várias outras casas de caridade também chamadas de
hospitais. Elas surgiram a partir da ajuda da igreja católica e tinham como objetivo
ajudar os carentes e enfermos. Essas entidades, eles passaram mais de três séculos
cuidando de enfermos e sendo centros de pesquisas. Até hoje ainda existem algumas
casas de caridade funcionando.
126
Só a partir do século XIX, os hospitais particulares começaram a se expandir
em volumetria e modelos de assistência, e com o passar do tempo sua estrutura
evoluiu, alcançando status de empresa. Com a globalização e os avanços das
tecnologias, essas instituições de saúde vêm se atualizando a cada dia oferecendo
serviços de qualidade para seus clientes, de modo a proporcionar conforto e
comodidade aos pacientes.
Segundo Taraboulsi (2009, p. 2):
Os hospitais brasileiros têm vivido, até cinco ou seis anos atrás, muito mais um mercado de demanda do que de oferta. Esse contexto gerou um estilo gerencial apático ás grandes frenéticas mudanças, á exigências e necessidades dos clientes de saúde.
Antigamente os clientes de saúde procuravam apenas por hospitais que
oferecessem atendimento médico, com o passar do tempo começaram a se tornar
mais existentes buscando por benefícios de atendimento com médicos competentes,
tecnologia de ponta e instalações e equipamentos de qualidade. Hoje em dia os
clientes já sabem que todos os hospitais possuem todas as tecnologias e
conhecimentos necessários para o atendimento, então começaram a exigir hospitais
humanizados que prezam pelo respeito, carinho e atenção com os pacientes.
Para Taraboulsi (2009), as organizações têm como objetivo produzir bens e
serviços, visando a satisfação e as necessidades das pessoas, e os hospitais são uma
dessas organizações que também seguem essa lógica na prestação de seus serviços.
Os clientes de saúde precisam ser vistos como cidadãos, tratadas com dignidade e
respeito, e nada melhor do que a empatia para entendermos seu estado de aflição e
insegurança. Esse é o papel desempenhado pelos hospitais e deve ser de
responsabilidade de toda a equipe, que vai desde os médicos e enfermeiros, até o
administrativo e prestadores de serviços, pois trabalhar em um ambiente hospitalar
significar servir com amor e não apenas exercer uma profissão.
TERCEIRIZAÇÃO HOSPITALAR
As organizações hospitalares são consideras umas das empresas que mais
precisam inovar e se adaptar às mudanças, pois carregam uma grande
127
responsabilidade para com seus clientes. Elas precisam fornecer serviços de
qualidade e profissionais capacitados para melhor atendimento.
No Brasil, o setor hospitalar vem crescendo e reproduzindo essa tendência,
a terceirização, ou seja, a intermediação de agentes terceiros para fortalecimento e
incremento do trabalho e serviços. A área hospitalar é, sem dúvida, no universo das
empresas e dos negócios, uma das mais complexas e dinâmicas, pelo fato de terem
que oferecer diversos serviços para seu cliente, além do seu foco principal, que é a
cura e a prevenção de doenças, e isso requer constantes investimentos para atender
o avanço da medicina e suas inovações.
Outro fator que também distingue a área hospitalar das demais é a sua ampla
responsabilidade para com diversos aspectos, como biopsicossociais (aspectos
biológicos, psíquicos e sociais), e isso faz com que seja uma área que mereça muita
atenção e compromisso de todos.
Os hospitais podem ser considerados uma das melhores empresas em
relação à sustentabilidade financeira, pelo fato de lidarem com tecnologia de ponta e
estarem em constante mudança, com isso sua clientela aumenta constantemente,
pois é um serviço que direta ou indiretamente, em algum momento é utilizado, ou
seja, é uma necessidade de qualquer pessoa, sendo que a maioria já passou por um
atendimento hospitalar.
Com toda essa evolução encontram-se cada vez mais clientes exigentes e
conscientes dos seus direitos. E isso requer dos hospitais uma gestão mais flexível,
atendendo assim as necessidades organizacionais, buscando serviços e melhorias
constantes, gerando assim resultados produtivos e financeiros.
Pelo fato do setor de saúde precisar inovar sempre e investir em
equipamentos de alta qualidade e tecnologia, acaba que o preço dos seus serviços
chega oneroso para os clientes, e isso gera uma forte crítica por parte dos mesmos.
Esse tipo de organização está inserido em um ambiente competitivo onde precisa
mostrar eficiência e preços acessíveis. São esses fatos que propiciam um campo
vasto para a terceirização na gestão hospitalar.
Segundo Osorio (2006), os principais argumentos para a transferência da
gestão de unidades hospitalares a terceiros são: a procura por melhores serviços,
maior autonomia gerencial (e, por consequência, maiores responsabilidades aos
128
gestores), maior qualidade, melhor eficiência administrativa e redução de custos. São
essas vantagens que podem trazer melhorias para as organizações de saúde.
A introdução da terceirização na gestão hospitalar pode atender tanto os
clientes como as necessidades da organização. A terceirização de serviços
hospitalares é mais frequente em hospitais de grande porte, onde se encontram vários
departamentos e uma gama diversificada de serviços oferecidos aos clientes, uma
estrutura bem definida o que não acontece nas instituições de pequeno porte.
Os serviços que podem ser terceirizados dentro de uma organização de
saúde são aqueles considerados de apoio, também essenciais para a empresa,
como, por exemplo, serviços gerais, administrativo, serviços de hotelaria, serviços de
apoio diagnóstico e terapêutico, serviços financeiros etc. Mesmo considerados de
apoio são esses serviços que contribuem para o funcionamento da empresa, e por
isso devem ser bem administrados e desempenhados por profissionais capacitados,
e que fornecem serviços de qualidade.
Hoje a terceirização é vista como parceira da empresa, pois trabalham juntas
em busca do sucesso da organização, e para isso é preciso contratar empresas de
destaque no mercado, e que realmente se adéque as necessidades da empresa
contratante.
Alcântara e Castor (1999) afirmam que a terceirização pode ser um meio para
que as organizações de saúde públicas e privadas adquiram maior eficácia,
eficiência, agilidade e flexibilidade. Estes fatores contribuiriam para a melhor
utilização dos recursos, geralmente escassos neste setor.
A instituição de saúde precisa oferecer profissionais especializados, em todas
as áreas, pois o que diferencia um hospital do outro não é só a tecnologia de ponta e
sim um ótimo atendimento, é por esse motivo que surgiram a hotelaria e os serviços
de humanização, que oferecem segurança, conforto e o bem-estar do cliente de
saúde (pacientes, acompanhantes e visitantes), todo esse processo só funciona com
ajuda dos serviços terceirizados que fortalecem todos os setores hospitalares.
A terceirização no setor hospitalar tem sido aceita com receptividade,
principalmente porque essa prática tem mostrado que se pode aliviar carga de
serviços e evitar investimentos desnecessários, terceirizando suas atividades
intermediarias, servindo assim como uma alternativa para terem uma maior
129
flexibilidade, qualidade nos serviços, e ganhos econômicos, ou, seja características
que toda empresa almeja e busca constantemente.
TERCEIRIZAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA
Segundo a Lei Federal nº 8.666/93, a administração pública está ligada ao
princípio da legalidade, só podendo fazer aquilo que a lei determina e não aquilo que
a lei não proíbe. Assim a terceirização na Administração pública deve estar de acordo
com a lei, sobre a responsabilidade do servidor que a praticou.
Na administração pública não se usa o termo terceirização e, sim
Administração Pública direta, indireta ou funcional, e os hospitais podem contratar
serviços terceirizados através da administração indireta descentralizada, ou seja, uma
pessoa jurídica vinculada à administração pública direta, e autorizada a prestar seus
serviços à determinada unidade de saúde.
De acordo com Lei Federal nº 8.666/93 e 8.883/94, a Administração Pública
permite a contratação de serviços terceirizados, tais como: transporte, vigilância,
conservação, manutenção, limpeza, publicidade, reprografia e outros. Todos esses
serviços são considerados serviços de apoio, ou seja, atividade-meio que ajudam no
funcionamento das organizações sejam elas de saúde ou outras.
Existem alguns pontos na saúde pública que proporcionam uma procura
grande pela terceirização, como a busca por inovações, agilidade nos processos e
tomada de decisões, e o aumento dos custos de saúde, pois a cada dia nos
deparamos com novas doenças e mais pacientes na rede pública, aumentando os
gastos e as despesas hospitalares.
Segundo Brito (2010, p. 29), “O SUS foi considerado uma das mais
importantes conquistas sociais, resultando de diversas lutas e movimentos sociais
que se arrastaram desde a década de 1970 até os dias atuais.” Criado em 1988 pela
Constituição Federal Brasileira, o SUS é o Sistema Único de Saúde, considerado um
dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, ele abrange desde o simples
atendimento até o mais complexo como o transplante de órgãos, garantindo, assim,
acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
De acordo com o artigo 197 da Constituição Federal (Brasil, 1988) é permitido
que a execução das ações e serviços de saúde seja feita tanto diretamente pelo Poder
130
Público, como mediante contratação de terceiros, desde que sejam pessoas físicas
ou jurídicas de direitos privados. A remuneração deve sair dos cofres públicos,
havendo um contrato de direito público ou convênio, no entanto, o governo prefere
dar prioridade a contratação de serviços de entidades filantrópicas e sem fins
lucrativos. (BRASIL, 1988).
A terceirização na saúde pública funciona de forma complementar, visando
não somente a redução de custo, mas também as melhorias, agilizando e aumentado
a qualidade dos serviços prestados. Para tanto, é necessário contratar profissionais
realmente qualificados e dispostos a ajudarem as instituições a alcançar seus
objetivos.
VANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO HOSPITALAR
Segundo Gonçalves (2006), a terceirização dos serviços hospitalares
pressupõe na transferência das atividades de rotina, para empresas ou pessoas
qualificas, mantendo um nível adequado de qualidade por um menor custo
operacional. Como os hospitais são instituições que prezam pela plena qualidade e o
bem-estar do paciente, toda ajuda é necessária para que essas características
realmente aconteçam.
A terceirização proporciona uma gama de vantagens tanto para a instituição
como para o cliente de saúde, mas é necessário todo um estudo e uma análise das
empresas prestadora de serviços para que os serviços oferecidos sejam realmente
especializados e capacitados, na área de atuação.
Segundo Gonçalves (2006), podermos citar como vantagens da terceirização
hospitalar:
Custo de serviços;
Capacitação técnica da equipe;
Infraestrutura necessária;
Estado de arte, implementação de novas tecnologias;
Eficiência do serviço.
131
O custo de serviços: considerado uma vantagem, porque a partir do momento
que a organização contrata uma empresa prestadora de serviço ela está adquirindo
serviços especializados com custos menores, pelo fato da empresa contratante não
se preocupar com vínculos empregatícios, férias, décimo terceiro, encargos sociais,
treinamentos, capacitação, entre outros variados gastos que um funcionário gera para
uma empresa.
A capacitação técnica da equipe: ao se contratar serviços de terceiros, a
empresa já recebe um profissional capacitado treinando e apto a atuar na área
solicitada, sem se preocupar com treinamentos e nem capacitações, mas são
necessárias as provas de que realmente esses profissionais são qualificados.
Infraestrutura necessária: é fundamental para o sucesso da terceirização,
verificar qual estrutura o prestador de serviços irá colocar à disposição do hospital, e
isso deverá constar no contrato para meio de confirmação. Essa infraestrutura seria:
a quantidade de pessoal oferecido para a realização dos serviços, os equipamentos
que serão utilizados, as ferramentas de apoio e transporte oferecidos.
Estado de Arte: se requer um maior cuidado para com esses serviços, pois
são serviços de alta tecnologia, como, por exemplo, serviços de manutenção de
hardware, redes, help desk, manutenção de equipamentos, calibragem e aferição de
equipamentos hospitalares, tais como: raios-X e tomografia. O correto é contratar
empresas especializadas na área ou serviços dos próprios fornecedores que já
entendem do produto vendido. A partir do momento que terceiriza esses serviços é
interessante realizar um acompanhamento e fiscalização, para maior controle de todo
o processo. As vantagens de terceirizar esses serviços são bem nítidas, isso pelo fato
dessas tecnologias serem muito caras, necessitando de um alto investimento.
Quando se terceiriza, gera um menor custo e menos preocupação para empresa, pois
a empresa contratada terá uma maior responsabilidade com esses serviços,
garantindo qualidade.
Eficiência dos serviços: quando se paga por serviços terceirizados, se adquiri
o direito de cobrar eficiência e agilidade, e uma vantagem que se garante na
contratação, e pode ser medida através das solicitações não atendidas e da demora
nos atendimentos, assim se terá um controle para garantir se realmente esses
serviços estão sendo realizados com nível adequando de eficiência e satisfação.
A maior vantagem que é adquirida ao se contratar serviços de terceiros
132
é a plena dedicação da organização na sua atividade-fim, como os hospitais são
empresas que abrangem vários serviços oferecidos ao cliente, acabam
sobrecarregando a administração, deixando a desejar em alguns serviços de apoio,
e com a terceirização podem oferecer serviços diversificados, podendo proporcionar
maior satisfação aos clientes.
DESVANTAGENS DA TERCEIRIZAÇÃO HOSPITALAR
A terceirização pode sofrer algumas consequências negativas trazendo
desvantagens para as organizações quando acorre os seguintes casos: a má escolha
do parceiro; a má administração do contrato; aumento da dependência de terceiros;
perda da identidade da empresa em longo prazo e mudança na estrutura do poder.
Muitas vezes acontece da organização não realizar uma pesquisa adequada
no mercado, e acaba contratando uma empresa que não tem os requisitos
necessários para realização dos serviços solicitados, isso gera uma má parceria, uma
expectativa não alcançada e também prejuízos. Segundo Gonçalves (2006), pode se
dizer que existem duas formas de terceirização: a primeira é quando a empresa deixa
de produzir alguns produtos e acaba adquirindo de terceiros; a outra é quando se
contrata serviços de outras empresas, muitas organizações se tornam dependentes
dessas terceirizações e acaba se tornando difícil controlar todo esse processo, pois
é necessário um controle mais rígido para saber se realmente a terceirização está
sendo vantajosa e compensativa para a organização contratante.
Quando se terceiriza muitos serviços ou produtos, aos poucos a empresa vai
perdendo sua identidade, tirando assim sua originalidade e personalidade, ao se
terceirizar as empresas terceirizadas tem que se conectar à cultura e perfil da empresa
contratante, justamente para não perde a fidelidade do cliente. Todo processo que
não é bem administrado pode trazer desvantagens para as empresas. Independente
de se terceirizar ou não, é essencial primar por uma administração coesa e
sustentável, buscando sempre alcançar os resultados almejados.
133
SERVIÇOS HOSPITALARES TERCEIRIZADOS
A terceirização é uma forma moderna e eficiente de ampliar atividades,
diminuir custo e melhorar os serviços prestados. Na hora de contratar serviços
terceirizados a empresa deve fazer uma análise de todos os serviços oferecidos por
ela, dividindo esses serviços de acordo com sua importância, só assim a empresa terá
como avaliar quais são as atividades e setores que podem ser terceirizados. No caso
específico das instituições de saúde, podem terceirizar as seguintes atividades:
Atividades acessórias: como limpeza, higienização, lavanderia,
alimentação, tanto dos funcionários como dos clientes, nutrição, farmácias,
informática, etc.
Atividades administrativas: serviços-técnico e administrativos,
contabilidade, auditoria, financeiro, recursos humanos, departamento de pessoal,
setor de compras, almoxarifado, estoque, manutenção, marketing, hotelaria, etc.
Terceirização de atividades meio no atendimento ao paciente e/ou
terceirização como SADT (Serviços de Apoio ao Diagnóstico e Terapia), tais como:
laboratório de análises clinicas, radiologia, serviços de diagnósticos por imagens
(Tomografia e Ressonância), etc.
Segundo Lisboa (2008), todo cliente almeja excelência no atendimento
hospitalar. O cliente não quer saber a origem do funcionário, se ele é terceirizado ou
faz parte da estrutura da empresa, ele só se preocupa com seu bem-estar e
satisfação. Mas é através desse mesmo cliente, que se pode medir a qualidade dos
serviços oferecidos.
Esses pontos são observados por meio do índice de satisfação do cliente e
suas principais queixas, reclamações e tempo de espera dos atendimentos, é a partir
desses indicadores que se percebe a qualidade do serviço terceirizado, portanto, esse
monitoramento é necessário para avaliar toda a gestão da organização.
Hoje em dia as empresas de saúde vêm adotando a terceirização como uma
estratégia competitiva. No mundo dos negócios não se pode ficar para trás em
nenhum momento, precisa sempre inovar, proporcionado serviços diferenciados.
Estamos numa época em que as mudanças são constantes, e tudo isso deixa o cliente
mais exigente.
134
A partir do momento que se terceiriza o serviço hospitalar existe uma
oportunidade de o hospital poder oferecer serviços mais diversificados e com
qualidade para seu cliente, sem tanta preocupação, garantindo a diminuição dos
custos, a satisfação do cliente é o sucesso da organização.
SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES PARA OS HOSPITAIS QUE BUSCAM UTILIZAR
OS SERVIÇOS TERCEIRIZADOS
Segundo Lisboa (2008, p. 231), “atualmente, as organizações buscam
parcerias com o intuito de agilizar e modernizar as formas convencionais de
Administração.” Como a globalização exige novas tendências de mercado, as
organizações devem acompanhar esse processo, sempre buscando caminhar junto
com a modernidade, e a terceirização aparece como uma tendência nova, que vem
crescendo em diversas áreas de mercado, e muitas empresas vêm implantando esse
processo, na tentativa de utilizá-lo como ferramenta de competitividade e melhorias
para a empresa.
Quando uma organização pensa em terceirizar serviços, o primeiro a se fazer
é definir suas atividades, identificar quais serviços necessita da ajuda da terceirização,
separando as mais importantes e os auxiliares, como já foi comentado só se pode
terceirizar serviços de apoio, ou seja, atividade-meio, deixando as atividades-fim em
plena responsabilidade da empresa.
O segundo passo é preparar toda a equipe para receber esse novo sistema.
Certamente algumas pessoas não conseguem se enquadrar e aceitar as mudanças,
provocando algumas rejeições, para que isso não dificulte o processo é preciso
implantar programas de comunicação, que conscientizem sobre ar importância da
escolha da terceirização para melhoria dos serviços. É importante também avaliar os
ganhos de qualidade e eficiência, saber se realmente a organização acertou em optar
pela terceirização.
Segundo Gonçalves (2006), é necessário um planejamento e estudo na hora
de contratar empresas prestadoras de serviços, é preciso analisar vários aspectos,
como histórico da empresa no mercado, procedências, buscar informações com
clientes que já utilizam dos seus serviços, saber se realmente a empresa cumpre com
suas obrigações para com funcionários, se informar se realmente os profissionais são
135
capacitados e treinados para assumir o papel designado pela empresa contratante,
garantindo que a empresa contratada realmente oferecerá serviços de qualidade.
Gonçalves (2006) afirma que existem alguns mandamentos para se
terceirizar sem sofrer:
Negocie muito bem o contrato (a presa é inimiga da perfeição). A imposição de multas e bônus contratuais garantirá que o serviço seja prestado conforme a qualidade do serviço contratado.
Assegure-se que no contrato estão previstas fiscalizações e auditorias e se fica claro em que condições elas serão realizadas.
Exija da contratada que os níveis de serviços estejam em constante processo de atualização e melhoria.
Faça contratos por períodos adequados, de modo que o serviço não sofra soluções de continuidade, o que é sempre desastroso e traumático para o hospital.
Delegue a uma pessoa ou a um grupo de pessoas a responsabilidade de gerir os trabalhos, garantindo a execução dos serviços contratados e atestando sua veracidade e eficiência. (GONÇALVES, 2006, p. 205).
Outro fator importante que deve conter no contrato é a garantia de que a
empresa contratante vai estar sempre utilizando ferramentas e utensílios de alta
tecnologia e qualidade, sempre inovando com o decorrer das mudanças, para garantir
que a organização de saúde esteja sempre atualizada. Também deve se lembrar que
após a contratação deve haver uma fiscalização dos serviços e contrato para garantir
que tudo que foi estabelecido no contrato esteja realmente sendo comprido, e se a
empresa contratada não está agindo fora dos padrões exigidos.
Seguindo todas essas dicas e sugestões, é certo que a terceirização será
parceira da organização, proporcionando vantagens, e ajudando a alcançar os
objetivos almejados pelas instituições de saúde, servindo também como uma
ferramenta de competitividade no mercado, que ajudará no crescimento e sucesso
da organização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante a transformação econômica e produtiva que vem ocorrendo com o
passar do tempo, as organizações buscam estratégias competitivas para se destacar
no mercado. A terceirização é uma dessas ferramentas estratégicas, a qual vem
sendo utilizada em diversos ramos da economia, inclusive na gestão hospitalar que
136
utiliza a terceirização como uma forma de implantar novos serviços e melhorar os
serviços prestados aos clientes de saúde.
E possível se considerar que os principais fatores que levam as organizações
de saúde buscar a terceirização são foco na atividade-fim, melhorias dos serviços
prestados, redução de custo, maior eficiência e agilidade. Isso mostra que a
terceirização hoje não é vista apenas como redução de custo, mas como a busca por
profissionais capacitados e mais especializados, que irão prestar serviços com
qualidade, buscando também uma parceria que visa dividir os mesmos objetivos em
prol do sucesso da organização, agregando valor para a instituição de saúde.
A terceirização é cada vez mais uma realidade nas organizações de saúde,
ajudando a proporcionar inovação e tecnologia de ponta, tendo como fator principal a
excelência e qualidade no atendimento ao cliente, mas são necessários um bom
planejamento e uma boa administração, tendo controle em todas as etapas, do
planejamento ao fechamento do contrato, garantindo um ótimo processo, evitando
danos e prejuízos. Isso mostra que a terceirização vem crescendo e se adaptando
mais as necessidades dos hospitais, se tornando não só uma opção, mais uma formar
de maximizar os objetivos organizacionais.
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137
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______. Lei no 8.883, de 8 de junho de 1994. Altera dispositivos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e dá outras providências. Brasília, DF, 8 jun. 1994. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm >. Acesso em: 18 abr. 2017.
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139
A IMPORTÂNCIA DA ESTATÍSTICA PARA O GESTOR FINANCEIRO NA
ORGANIZAÇÃO
Francimar Nolêto de Moura Ribeiro
13
Agenor Neto Cabral14
INTRODUÇÃO
Vivemos atualmente em um mundo cada vez mais competitivo onde tanto nos
negócios, como na vida cotidiana, dependemos de informações diversas para que
possamos dar continuidade aos nossos projetos, informações buscadas por meio de
pesquisas localizadas em livros e internet, assim como índices econômicos e coleta
de dados usados por mecanismos estatísticos, para que as informações coletadas
possam ser seguras e tragam mais veracidade ao resultado a ser obtido, buscando
assim minimizar a quantidade de erros.
As informações estatísticas são fundamentais no momento da tomada de
decisão, principalmente quando se referem às decisões do âmbito financeiro, o que
pode mudar todo o resultado de um projeto ou até mesmo comprometer a
continuidade de uma organização, sendo esse um dos grandes desafios
enfrentados pelas instituições, que no atual cenário brasileiro, têm buscado cada
vez mais resultados que possam contribuir de forma positiva para a alavancagem
financeira e organizacional.
A aplicação da estatística tem se intensificado nos últimos anos tornando-se
a base do estudo de profissionais de áreas econômicas, políticas, educacionais,
culturais, sociais, saúde, meio ambiente, etc. Ela está cada dia mais presente nos
aspectos da vida moderna, e a sua utilização só tende a crescer, pois seu uso
colabora como indicador para garantir mais segurança nas decisões e possibilitar
estratégias na busca e planejamento de soluções necessárias à organização.
(TIBONI, 2010).
Diante desse conteúdo questiona-se: qual a importância da estatística para
atuação do gestor financeiro dentro da organização?
13 Graduação em Gestão Financeira pela Faculdade Católica Dom Orione. 14 Especialista em Metodologia do Ensino de Matemática e professor da Faculdade Católica Dom Orione.
140
A estatística é essencial na atuação do gestor financeiro, que tem a
responsabilidade de, através de movimentos e decisões relevantes, trazer respostas
positivas aos riscos que o mercado enfrenta, diante de constantes mudanças
ocorridas no cenário econômico.
Para o executivo ou gestor financeiro, as informações buscadas e calculadas
estatisticamente são eficazes no momento em que se devem tomar decisões, pois
uma informação errada pode levar a uma decisão errada, comprometendo assim
toda uma organização. A estatística nos dias de hoje tem sido tão necessária,
quanto a habilidade para administrar uma organização, e um executivo deve estar
atento aos resultados estatísticos, usando-os como ferramentas para suas decisões.
O objetivo geral deste artigo é demonstrar o uso da estatística na atuação do
gestor financeiro, a fim de esclarecer o benefício da sua aplicação dentro da
organização, e, ainda, fornecer descrições de situações em que a estatística é
decisiva para se estabelecer afirmações seguras através da aplicação de seus
métodos. Para tanto, utilizou-se como metodologia, a revisão bibliográfica com uso
de livros, artigos periódicos e site.
ELEMENTOS CONCEITUAIS E BREVE HISTÓRIA DA ESTATÍSTICA
A estatística é a coleta de dados elaborada através de pesquisas usadas em
qualquer área em que se deseja obter resultados mais precisos, com o objetivo de
facilitar decisões, assim como, transmitir informações verdadeiras baseando-se em
dados coletados em diferentes métodos, avaliado através de cálculos matemáticos,
a fim de minimizar possíveis erros, objetivando fornecer ferramentas as quais
possam ser utilizadas para permitir lidar com momentos de incertezas em diferentes
situações.
De acordo com Triola (2011, p. 4):
Entende-se como estatística um conjunto de métodos para o planejamento de estudos e experimentos, obtenção de dados e consequente organização, resumo, apresentação, análise, interpretação e elaboração de conclusões baseadas nos dados.
Conclui-se, então, que estatística é a soma de vários elementos, ou seja,
atividade meio, onde serão tomadas decisões baseadas nas informações obtidas
141
durante o processo de pesquisa, que transformadas em dados produzam respostas
claras para questões específicas.
Assim, a utilização da estatística é importante para qualquer organização que
deseja maximizar seus lucros, contando com uma administração comprometida com
resultado positivo no mercado, evitando uma série de transtornos que a envolvam
diante de uma tomada de decisão errada, por ser ela um método de planejamento
onde se obtém resultados baseados em fundamentados em dados, que possibilita
a visualização mais ampla dos fatos.
Originada da palavra latim status (estado) (Silva et al., 2010), a estatística
tem sido usada desde o século anterior, onde a ciência foi revolucionada através do
fornecimento de modelos úteis que foram usados durante processos de pesquisas
na direção de melhores parâmetros de investigação, onde foi permitido tomar
decisões nas políticas socioeconômicas, proporcionando assim a mistura da
ciência, tecnologia e a lógica, como métodos estatísticos na investigação e solução
de problemas nas diferentes áreas do conhecimento.
Embora a estatística seja recente na área de pesquisa, ela já era observada de forma rudimentar e imprecisa na antiguidade, quando então os governantes faziam registros de dados que consideravam importantes, tais como as informações sobre suas populações e suas riquezas, tendo como objetivo fins militares ou tributários. Os governantes investigavam o número de habitantes, de nascimentos e de óbitos, faziam avaliações de bens e riquezas do povo para que cobrassem os impostos proporcionais. Em guerras, era de suma importância avaliar o armamento, os animais e o número de guerreiros disponíveis da própria tribo e o da adversária. (TIBONI, 2010, p. 1).
De acordo com Silva et al. (2010), utilizou-se a estatística em tempos em que
era preciso estabelecer o valor dos impostos cobrados dos cidadãos, assim como
obter informações, utilizadas para traçar estratégias para uma nova batalha.
Quando as guerras eram sucessivas, era preciso que os comandantes
determinassem o número de homens, cavalos, armas, etc., que eles dispunham
após cessarem as batalhas.
Trazendo para nossos dias, a estatística tem se estendido em diferentes
ciências, sendo empregada em diversas áreas da Economia, Ciências Sociais,
Ciências da Educação, Ciências da Computação, Genética, Engenharias,
Administração, Medicina, Psicologia, Biologia, Geografia, entre outras, que por sua
142
vez tem seus estudos aperfeiçoados através da globalização e do uso da internet.
Desde 2009, no Brasil, podemos contar com a Associação Brasileira de
Estatística (ABE), que proporciona hoje uma consolidação ampla na área, podendo
promover e alavancar atividades fundamentais de ensino e pesquisa com métodos
estatísticos, tendo como objetivo desenvolver, disseminar e aplicar no nosso país.
Segundo o site da ABE (2017), a associação é responsável por várias
reuniões especializadas, regionais e nacionais, que promovem, a cada dois anos, o
principal evento nacional na área de estatística, o SINAPE - Simpósio Nacional de
Probabilidade e Estatística, que tem por principal objetivo reunir a comunidade
estatística brasileira a fim de discutir e difundir novas ideias e técnicas nas áreas de
Probabilidade e Estatística.
ESTATÍSTICA NA GESTÃO FINANCEIRA ORGANIZACIONAL
Segundo Dancey (2013, p. 23), “a estatística tende a ter uma má reputação,
como ilustra a máxima de Disraeli: ‘Existem três tipos de mentiras, mentiras,
mentiras deslavadas e estatísticas’. Entretanto, o problema não é da estatística, mas
sim da forma como ela é utilizada. ”
Apesar dos relevantes resultados obtidos através do uso da estatística, para
muitos ela pode não servir como apoio para se avaliar uma determinada situação,
pela facilidade de se ter como base informações concluídas a partir de um resultado
deturpado.
Segundo Tiboni (2010), o uso da estatística está em todas as áreas do
conhecimento. Com base nos seus métodos, são extraídos os elementos utilizados
no planejamento obtido através de processos que darão mais certeza às decisões
a serem tomadas.
Usando como parâmetro o conceito de Tiboni (2010), entendemos a
importância da cautela quanto aos resultados dos quais iremos nos basear, pois o
uso da estatística está intimamente ligado ao nosso cotidiano.
A estatística está presente no dia a dia nos mais diferentes cenários,
podemos citar também seu uso no esporte e na ciência, nos cálculos de
possibilidades de vitória de um time em um campeonato esportivo, por exemplo, ou
nos testes de DNA, quando há estatisticamente a probabilidade de 99% relativa
143
à paternidade, dando a confirmação de quem é o verdadeiro pai da criança, ou,
ainda, diante de um crime, quando possível a coleta das impressões genéticas do
suspeito no local do crime a estatística indicará hipóteses de serem ou não as
amostras encontradas proveniente do tal suspeito.
Os métodos estatísticos quando usados com ética e responsabilidade nos
dizem, por exemplo, qual candidato a eleição está tendo maior preferência, quais os
eleitores que estão indecisos, e, ainda, um gráfico que vemos numa revista ou nos
sites em telejornais, envolvem métodos estatísticos. Se sabemos o índice de
audiência de determinado canal de TV, as chances de uma pessoa ganhar na mega-
sena, o percentual de divórcio em relação ao número de casamentos, o índice de
analfabetismo, a mortalidade infantil no Nordeste brasileiro, etc. é porque análises
estatísticas foram usados para alcançar os resultados.
Silva et al. (2010 p.126) afirmam que, “a teoria das probabilidades, permite
construir modelos matemáticos que explicam um grande número de fenômenos
coletivos, e fornecem estratégias para a tomada de decisões. ”
Sendo assim, pode-se usar o resultado encontrado através das pesquisas
estatísticas, para se tomar decisões importantes dentro da organização, pois os
números fornecem resultados mais confiáveis encontrados por meio das
interpretações matemáticas, sendo dessa área (financeira) a responsabilidade das
demonstrações contábeis, que é o resultado do objetivo organizacional dedicado
aos lucros, aos gastos, aos custos, às análises dos processos, aos resultados
operacionais, entre outras considerações relevantes, para que se possa ter em
mãos informações suficientes que favoreçam a tomada de decisão do gestor.
Para Tiboni (2010, p. 3), “faz-se o uso da estatística e da amostragem como
instrumentos auxiliares, para determinar qual o produto estatístico que se deve
oferecer, a quem se deve oferecer, quando se deve oferecer e como se deve
oferecer.”
Nas indústrias para produção de produtos e serviços e no comércio nas
compras e vendas de mercadorias, a estatística é utilizada para comparar
produções e volumes de vendas em relação aos anos anteriores, projeções futuras,
estudo do mercado e suas tendências, previsão de vendas, qualidade e aceitação
do produto no mercado, etc.
Quando partimos para área financeira organizacional, as instituições podem
144
e devem utilizar da estatística para fazer um bom negócio, elaborando pesquisas,
que venham estimar e prevenir fenômenos futuros, permitindo ao gestor a ampla
visão do cenário, dando a ele a possibilidade de decidir situações que lhe permitam
analisar fatores que contribuam para o crescimento da empresa, como os níveis de
produtividade de uma atividade executada por uma equipe na construção civil, por
exemplo, se está ou não adequada para elaborar o serviço com a qualidade e tempo
necessários para atender seus clientes.
Os métodos estatísticos podem até não garantir a solução dos inúmeros
problemas existentes em um processo, porém é uma maneira organizada, racional
e lógica de identificá-los e solucioná-los, ajudando automaticamente na melhoria
dos processos organizacionais.
A estatística está presente também na economia, na engenharia, na
psicologia, na educação, no mercado financeiro, entre outras, é dela a “garantia” que
os números podem evidenciar possíveis correções, facilitando a busca por
alternativas que possam evitar e eliminar os erros existentes na elaboração de
projetos e na execução de processos.
O GESTOR FINANCEIRO NA ORGANIZAÇÃO
É importante ressaltarmos nesse artigo a função do gestor financeiro dentro
da organização, é seu papel promover o crescimento do negócio, planejando e
organizando as operações financeiras, assim como a gestão da equipe que irá
auxiliá-lo para que o serviço seja executado.
Groppelli e Nikbakht (2010, p. 14) afirmam que, “a análise estatística fornece
a base para prever a saúde financeira e a lucratividade de uma empresa e para
compará-las com as de outras empresas. ”
O gestor financeiro tem importância fundamental dentro da organização,
sendo ele um profissional que merece a atenção de todos os outros gestores dentro
da organização, pois é dele a responsabilidade de traçar estratégias, e estar atento
ao movimento usado, para evitar erros que possam comprometer a empresa,
colocando-a em possíveis riscos que podem levá-la à falência.
É função do gestor financeiro organizar, captar e aplicar recursos, analisar
demonstrativos contábeis, acompanhar o fluxo de caixa e faturamentos, avaliar
145
estoques, fazer previsões de produção e vendas, orçamentos, atuar diretamente em
tudo que diz respeito ao planejamento das finanças da empresa.
Seu principal objetivo é gerar lucro líquido para a empresa, através das
atividades operacionais exercidas pela organização, a fim de aumentar o valor
patrimonial da companhia. Sendo isso possível com a ajuda de um sistema de
informações gerencial eficiente, pelo qual terá o conhecimento necessário para
analisar a real situação financeira da companhia e a partir do qual, poderá gerenciar
de forma mais adequada, com o objetivo de maximizar os resultados financeiros.
O gestor financeiro analisa e propõe mudanças e/ou alterações que
influenciam no fator econômico da companhia, podendo ocupar diferentes cargos
que vão desde os cargos de consultor, assessor, analista até assistente de mercado
financeiro, tendo ele um campo de atuação muito amplo, que pode variar desde os
departamentos financeiros de grandes companhias até corretoras de valores e
instituições financeiras, podendo ainda optar trabalhar de forma autônoma, dando
consultorias em diferentes organizações.
Há um provérbio bíblico que diz: “Os pensamentos do diligente o conduzem
a abundância, enquanto o precipitado só acelera a vinda da pobreza.” (BÍBLIA,
Provérbios, 21: 5). Tomando como base o sábio conselho do Rei Salomão em um
dos seus provérbios bíblico citado, o administrador ou gestor que tenham como
objetivo o crescimento da empresa, deve trabalhar com foco e planejamento, a fim
de exercer um trabalho eficiente, sem pressa, mas com organização, transparência
e ética, para que o resultado operacional da empresa tenha o retorno desejado.
Como profissional da área financeira, é do gestor a responsabilidade de
cuidar de atividades corriqueiras na empresa dentro do departamento de sua
competência, como, contas a pagar, contas a receber, rotinas fiscais, relatórios
fiscais, contabilização de documentos e geração de notas e ainda atividades de
controle, cuidando para que sejam alcançados os objetivos pelos quais a empresa
estabeleceu dentro do mercado a qual atua mantendo-a dentro do grau de risco
aceitável, a fim de que sua missão seja também alcançada. Essa atuação
proporciona à empresa uma estabilidade econômica favorável, que mesmo diante
de cenários difíceis do mercado, o gestor financeiro possa avaliar as ameaças e
oportunidades que lhe são oferecidas em determinados momentos.
Groppelli e Nikbakht (2010, p. 13) afirmam que:
146
Os demonstrativos financeiros auxiliam os administradores a tomar decisões envolvendo o uso do caixa, a realização de operações eficientes, a melhor alocação de fundos entre os ativos e o financiamento eficaz de operações e de investimentos. Para interpretar os demonstrativos financeiros usam-se, em parte, índices financeiros, relatórios gerenciais, demonstrativos de origens e aplicações de recursos e orçamentos de caixa.
Levando-nos a entender, que diante de tantas atividades designadas ao
gestor financeiro, existe a necessidade da utilização de sistemas e métodos que
venham favorecer a execução do seu trabalho de forma eficaz na organização.
Ainda segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p. 13):
Os administradores de uma empresa, têm acesso a mais informações estatísticas detalhadas do que aparece nos demonstrativos financeiros publicados. Esses dados são especialmente importantes no desenvolvimento dos conceitos de fluxos de caixa para avaliação dos métodos relativos aos diferentes projetos de investimentos.
Outro papel executado pelo gestor financeiro, diz respeito à auditoria interna,
assim como relatórios de performance, orçamentos, normas e procedimentos,
sendo atividades que têm a função de controlar e minimizar os riscos enfrentados
pela organização na área financeira ou na organização como um todo. Assim o
gestor financeiro cada vez mais tem ocupado um papel que dá a ele a
responsabilidade de melhoria nos processos decisórios, necessitando de
habilidades para elaboração de estratégias gerenciais.
Outro aspecto que vale lembrar, é que a execução do trabalho é
desempenhada por pessoas, que se diferenciam uma das outras em capacidade,
equilíbrio, temperamento, problemas pessoais e que diante de tantas diferenças,
exercem e desempenham seus trabalhos cada um do seu jeito. Sendo assim, cabe
ao gestor financeiro a posição de incentivar, ouvir, questionar e buscar soluções que
favoreçam o bom trabalho de todos os colaboradores, com ética, transparência e
profissionalismo, tendo a habilidade de mobilizar pessoas, com intuito de
caminharem juntos, direcionando-as sempre a um objetivo comum.
APLICAÇÃO DA ESTATÍSTICA NA ATUAÇÃO DO GESTOR FINANCEIRO
Um dos principais objetivos da estatística está na busca de informações para
147
tomada de decisões que possam trazer o sucesso administrativo de uma empresa,
tendo ela o objetivo de fornecer resultados encontrados através de técnicas e
métodos de pesquisa, que fazem ser possível mensurar situações de incertezas. Os
métodos estatísticos podem ser utilizados, por exemplo, nos processos de pesquisas
eleitorais, previsão de epidemias, melhoria da qualidade de produtos e serviços,
gestão empresarial, tanto nas redes públicas como privadas, entre outros.
Para Groppelli e Nikbakht (2010, p. 14):
A estatística pode ser empregada para planejar investimentos de longo prazo e para decisões sobre a capacidade. Os recursos estatísticos são inestimáveis na simulação de sucesso e fracasso nos projetos de pesquisas. Isso, por sua vez, é útil na análise do desenvolvimento do ciclo de produto e na exploração de alternativas disponíveis aos administradores sobre diferentes conjuntos de condições. Esses modelos de simulação são importantes para determinar o grau de incerteza existente nas diferentes decisões de investimentos.
Para o crescimento e desenvolvimento das empresas, é importante o uso de
métodos estatísticos utilizados para melhorias aplicadas nas organizações tanto
privadas, quanto públicas. Os órgãos governamentais, por exemplo, passam a ter
ciência dos fatos que ocorrem com a população, e assim podem tomar providências
na aplicação de melhorias, e paralelamente os cidadãos, que tendo acesso às
informações e resultados, podem exigir seus direitos, cobrando ações que são
responsabilidades de tais órgãos.
Logo, um bom gestor, precisa de informações seguras, identificando quais
ferramentas e técnicas são mais amplamente empregadas no seu ramo de trabalho,
contando com sistemas que contribuam para um resultado eficiente, a qual ele
possa estar confiante, de que os resultados obtidos estatisticamente, irão ajudá-lo
a fazer planejamentos tanto a curto quanto a longo prazo.
O gestor financeiro pode utilizar do resultado da estatística, para concluir um
processo de melhoramento de um produto, ou a quantidade de produtos a serem
comprados durante um período em que o comércio tende a se movimentar de
maneira mais intensa.
Levando em consideração a observação de Groppelli e Nikbakht (2010), que
exemplifica o período natalino, onde as vendas nas empresas a varejo aumentam
progressivamente, havendo a necessidade de fazer um orçamento de vendas
eficaz, com a aplicação de técnicas estatísticas, para elaborar previsões otimistas,
148
a fim de não comprometer suas vendas, podendo manter sua produção e estoque
abastecidos antes da época chegar; os métodos estatísticos facilitarão a elaboração
de previsão dos riscos e retornos da empresa, ajudando nas decisões orçamentais.
Essa observação cabe a todo tipo de organização que precisa fazer seus
orçamentos em certos períodos do ano, em que se fomentam o mercado devido a
datas comemorativas, sendo usada nas estimativas de produção (mão de obra e
matéria-prima necessárias) e vendas (abastecimento dos estoques), técnicas
probabilísticas a fim de aproveitar o período para maximizar o lucro da empresa.
ESTATÍSTICA NO GERENCIAMENTO DO ESTOQUE
Para muitas empresas estar atentas ao estoque, às quantidades de produtos
nele alocados é uma questão de sobrevivência e sem dúvida a gestão de estoque
é a principal preocupação dessas organizações, por ser ele o maior ativo da
empresa, o que significa dinheiro parado, sem rendimento.
A estatística entra de forma relevante nesse quesito. Calcular a quantidade
necessária para evitar desperdícios é fundamental para organização, assim como a
falta dos produtos leva a perda de vendas e de clientes diminuindo os lucros da
empresa e desfavorecendo seu objetivo principal, que é a lucratividade, o excesso
pode gerar inúmeros prejuízos.
Nas indústrias, é preciso estar atento também aos estoques de matérias-
primas para que a produção não seja interrompida pela sua falta. Encontrar o
equilíbrio é um desafio para os gestores, eles precisam de informações para que
possam alinhar a quantidade de produtos à situação da empresa, necessitando de
uma boa previsão da demanda e um cálculo acertado para que os estoques estejam
no tamanho adequado às condições internas e externas da empresa, mantendo-o
sempre em um nível de segurança para atender a demanda necessária, prevendo
sempre situações como: espaço físico para alocação do produto, problemas com
fornecedores, atrasos na entrega, demanda não prevista, etc.
Antes de usar os métodos estatísticos para fazer as previsões, é fundamental
conhecer as características do produto em que se deseja calcular o estoque, como
sua demanda, se é estável ou costuma variar num determinado período, estimativa
de vendas, etc., pois essa informação é importante para que se possa manter um
149
estoque de segurança adequado.
Após todas as informações obtidas sobre o produto é que é medido
matematicamente o nível do estoque através do desvio da demanda, que nesse
caso, calcula-se como o desvio padrão da previsão da demanda (estimativa de
demanda futura). Ter um bom sistema de previsões será capaz de oferecer o
número adequado de produtos para o estoque.
Gráfico 1 – Estoque de Segurança.
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
A figura acima, conhecida como gráfico de dente de serra, ilustra como pode
ser controlado o estoque de segurança de uma empresa. Ter informações como a
previsão de vendas da demanda necessária. É indispensável para fazer um cálculo
da quantidade unitária de cada produto, assim como o lead time (tempo de espera)
do produto, entre o pedido e a entrega, se o tempo de entrega é alto e a variabilidade
do produto também (se uma entrega é feita em 3 dias, outro em 5, outro em 7 dias),
então é necessário ter uma segurança frente à média (posição mais utilizada) do
tempo de entrega de 5 dias, pois as vezes a mercadoria poderá chegar em até 7
dias, então a estatística é aplicada para auxiliar nessa tarefa, de modo que a
empresa não venha sofrer consequências da má gestão do estoque.
150
Estar atento às qualificações de cada produto é fundamental para o gestor,
analisando aqueles que merecem mais atenção, por ter maior demanda, enquanto
outros podem ser mais críticos, mais importantes ou mais atrativos, não podendo de
forma alguma deixar que falte no estoque, pois acarretaria uma série de transtornos
à organização.
Matematicamente a modelagem é feita através do Nível de Serviço Logístico
(avaliação do ciclo do pedido) desejado, que quanto maior for o nível de serviço,
maior será o estoque de segurança desse produto, precisando de mais garantia da
disponibilidade dele no estoque, pois indica a variabilidade que ocorrem entre
padrões da demanda e lead time.
Um bom planejamento da demanda é indispensável para que a empresa
alcance seus objetivos, estoques mal administrados afetam diretamente o capital de
giro da empresa, gerando baixo nível de serviço aos clientes.
É necessário que o gestor financeiro entenda as metodologias quantitativas
e qualitativas de estoque, para exercer um bom trabalho no setor, que tem um
impacto representativo no resultado contábil. Vale salientar que uma série de fatores
(alocação, custos com estocagem, validade do produto, etc.) contribui para
alteração dos níveis de estoque, influenciando na lucratividade e valor da empresa.
O preço pago por inúmeras organizações tem sido altíssimo, pelo
desconhecimento de técnicas para gerenciar o estoque e pela não utilização da
estatística, o que pode comprometer a sobrevivência de uma empresa mediante as
alterações constantes do mercado financeiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme estudos realizados, chegamos à conclusão que o uso da estatística
vai muito além de meros resultados numéricos. Ler jornais e revistas, fazer
pesquisas, assistir a documentários e jornais de TV, só nos dão a certeza de que o
conhecimento que adquirimos através dessas informações, é obtido com a
aplicação da estatística, e quando aplicados de forma precisa e objetiva, são
fundamentais para o gestor ou administrador que precisa tomar decisões baseando-
se nos resultados obtidos através dela, a fim de utilizar desses resultados para obter
vantagens na execução de seu trabalho.
151
Entretanto, é importante que esses resultados sejam confiáveis, para não
tomar decisões equivocadas e ir contra os objetivos estabelecidos pela organização.
Logo, entender a estatística é ter em mãos o controle das decisões a serem
tomadas, estando atento a toda mudança do cenário econômico que refletem
diretamente nos resultados do mercado mundial, podendo assim comprometer a
organização em atividade.
A estatística é uma ferramenta indispensável na atuação do gestor ou
administrador, que precisa de habilidades e competências para ser um diferencial
na concorrência do mercado, ela favorece na organização e estruturação das
atividades da empresa, auxiliando-os a investir com segurança, ou às vezes, a lidar
com perdas que podem ser relevantes, sendo necessário medidas que possam
contornar a situação
REFERÊNCIAS
ABE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTATÍSTICA. São Paulo. 1984. Disponível em: <http://www.redeabe.org.br. htm> Acesso em: 29 abr. 2017. BÍBLIA. Bíblia Hebraica. São Paulo: Sêfer, 2006.
DANCEY, Christine P.; REIDY.John. Estatística sem matemática para psicologia. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKT, Ehsan. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SILVA, Ermes Medeiros da et al. Estatística para os cursos de: Economia, Administração e Ciências Contábeis. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
TRIOLLA, Mario. Introdução à estatística.10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
TIBONI, Conceição Gentil Rebelo. Estatística básica: para os cursos de administração, ciências contábeis, tecnológicos e de gestão. São Paulo: Atlas, 2010.
152
ESTRATÉGIA E INOVAÇÃO EM SERVIÇOS DE MARKETING
HOSPITALAR
Mariele Borges da Silva15
Nilsandra Martins de Castro 16
INTRODUÇÃO
Os hospitais, assim como as organizações de modo em geral veem
procurando modos de inovações, estratégias voltadas ao planejamento e o uso do
marketing para melhoria de suas atividades. Essa melhoria, em assim sendo, deve
ser traduzida no aumento da clientela, bem como em sua fidelização.
O sistema de saúde é definitivamente guiado para e pelos clientes e é nesse
sentido que surge nossa problemática de pesquisa, pois entendemos que, mesmo
elegendo o ramo hospitalar, este, tendo em vista a concorrência, necessita de
explorar ferramentas de marketing em suas estratégias comerciais, desse modo,
como a estratégia e a inovação em serviços de marketing estão presentes e são
desenvolvidas nas organizações ‘hospitalares?
Sempre se mostram relevantes temáticas voltadas para a saúde, tendo em
vista que todas as pessoas, hora ou outra se valerão de algum tipo de serviço de
saúde. Outro aspecto que demonstra relevância é a possibilidade de refletirmos sobre
as estratégias e inovações atuais no mercado de saúde e seus resultados em um
modelo de gestão hospitalar.
Na busca em tentar responder a indagação outrora citada, visamos, a
princípio, discutir acerca das estratégias e inovações em serviços de marketing no
ramo hospitalar. Especificamente, pretende-se: Compreender e analisar que métodos
são adotados pelo hospital Sírio-Libanês para o desenvolvimento de estratégias e
inovações em marketing.
O presente trabalho foi elaborado através de pesquisa bibliográfica e
documental. A pesquisa bibliográfica consiste na etapa inicial de todo trabalho
acadêmico. Nesse sentido, fizemos uso de dissertações de mestrado, artigos e livros
15 Graduada em Gestão Hospitalar pela Faculdade Católica Dom Orione. 16 Doutora em Língua e Literatura pela UFT. Professora na Faculdade Católica Dom Orione.
153
voltados para a gestão hospitalar. Por outro lado, a pesquisa documental nos
possibilitou compreender algumas estratégias de inovação e marketing usadas pelo
Hospital Sírio-Libanês, nossa análise se deu através do site e de diversos informativos
e materiais disponibilizados para a clientela na plataforma virtual do hospital, que
demonstram as mudanças e preocupação por parte da instituição citada.
A divisão desse artigo está disposta da seguinte forma: após a introdução, no
primeiro tópico do desenvolvimento, discutiu-se sobre o surgimento e conceito de
marketing, após conceituamos o que é marketing hospitalar em seguida analisamos
a plataforma do Sírio-libanês e partimos para as considerações finais.
SURGIMENTO E CONCEITO DE MARKETING
O marketing pode ser considerado “um novo campo de estudo” se associado a
outros campos do conhecimento. O conceito moderno de marketing surgiu no pós-
guerra, na década de 1950, quando ocorreu um maior avanço de industrialização
mundial, que fez com que houvesse uma acirrada competição entre as empresas e
maior disputa pelos mercados. (SANTÂNGELO, 2013).
A clientela a cada dia se torna mais exigente, são muitas as possibilidades de
oferta de produtos, com isso as organizações iniciaram a criação e ampliação de
processos como análise de mercado, vantagens dos produtos em conduções de
massa, ampliação e diferenciação das vias de classificação, adaptação de serviços e
produtos de acordo com as vontades e necessidades dos clientes.
Nesse sentido, o marketing foi definido como “um processo social e de
gestão pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e querem através da
criação, oferta e troca de produtos e valores com outros […]”. (KOTLER, 1997, p. 7).
Em outras palavras, o marketing atuará para o crescimento em termos de resultados
na captação de clientes.
Nesse sentido, Neves (2009, p.18) comenta que:
O uso do marketing torna possível compreender as necessidades dos consumidores e desse modo antecipar possíveis necessidades, o marketing é usado para entender quais são essas necessidades dos consumidores finais, intermediários (indústrias, distribuidores), através do processo de pesquisa, analisando o comportamento desses consumidores, o mercado, facilitando ver quais segmentos de consumidores pode ser satisfeito […].
154
Portanto, para que os resultados sejam alcançados é necessário que a
organização trace um bom planejamento de Marketing, enfatizando os pontos
primordiais e, por conseguinte, colocando em prática tais pontos.
“As variáveis de Marketing são divididas entre produto, comunicação,
distribuição e preço, com o objetivo de facilitar a compreensão do seu planejamento.”
(NEVES, 2009, p. 21). O ambiente interno de uma organização passa por constantes
situações que colocam a empresa perante um cenário de mudanças constantes.
Estes ambientes caracterizados por mudanças desencadeiam ameaças, bem como
também, possíveis oportunidades, pois diante do cenário caótico, é possível trabalhar
o uso da criatividade oportunizada pelas ferramentas do marketing.
Identificar tais variáveis é importante para as empresas observarem o
mercado de forma mais profunda, planejar estratégias e implementar ações que
aumentem a vantagem competitiva de seus produtos. Gracioso (2009, p. 67) comenta
acerca dos desafios que se mostram ao administrador, especialmente diante de
situações urgentes:
Ora, os administradores sabem muito bem que promover mudanças numa organização é sempre difícil, embora não impossível. A organização, como organismo vivo que é, sente-se ameaçada por tudo que é novo ou diferente e mobiliza-se - ativa ou passivamente - para expelir ou neutralizar os invasores.
Nesse cenário, o uso do marketing tornou-se uma ferramenta de suma
importância para a manutenção e vida das organizações, cada vez mais, em virtude
da instabilidade advinda do mercado e novas formas de empreender. Ademais, os
gestores se veem cobrados a demonstrar mais resultados juntamente com suas
equipes estratégicas. Saber divulgar os produtos, construir, manter uma imagem
saudável e competitiva é responsabilidade daqueles que pensam e fazem o
marketing, pois estas devem demonstrar os ganhos e benefícios que aquela
organização poderá proporcionar a sociedade.
Rocha e Christensen (1999, p. 15), comentam que “o marketing é uma função
gerencial, que busca ajustar a oferta da organização à demanda específica do
mercado, utilizando como ferramental um conjunto de princípios e técnicas”. Estas
155
estão voltadas para inovações, que a grosso modo pode traduzir-se em novos ou
diferentes produtos e/ou serviços, inovar é mudar.
Antes de modificar ou criar um item ou atividade que desfrute das inovações
de marketing é primordial compreender as tendências do comércio, o que há de novo
no mundo e como desfrutar dessa facilidade, quais as necessidades daquele grupo
de clientes, o que poderia favorecer a sua adesão e busca por usufruir daquele
produto determinado e de outro não. Estas são questões que devem ser avaliadas
para que os resultados das ações objetivadas pela empresa surtam efeitos,
especialmente considerando que qualquer inovação gerará gastos por parte do
empreendedor que só serão recompensados se houver a adesão do cliente.
As estratégias de marketing se mostram centrais, considerando que o cliente
sempre avaliará o serviço e os produtos ofertados, e que haverá sempre um
concorrente esperando por demonstrar suas habilidades.
MARKETING HOSPITALAR
A inclusão do marketing na saúde é atual e, embora hoje, sendo rara sua
exploração nos hospitais, o qual seria capaz, junto com o auxílio desta ferramenta
fortalecer sua figura organizacional. Compreende-se que o hospital é uma instituição
direcionada à proteção, buscando aplicar uma recepção eficiente e eficaz para
adequar aos clientes o direito à saúde e aos serviços de qualidade.
Segundo Kuazaqui e Tanaka (2008, p.109), “a utilização do marketing na
indústria de saúde refere-se à correta utilização das ferramentas, técnicas e meios
adequados para o mercado que se pretende atingir”. O uso de estratégias de
marketing será capaz de aprimorar as atividades das organizações, permitindo
acréscimo de entusiasmo, prioridade, esperança e lealdade de pacientes. Portanto,
organizações se tornaram mais concorrentes e chamativas, principalmente em
situações de abrangente rivalidade.
O marketing estratégico vem sendo aceito por diversas organizações e na
saúde não age diferente, instituições hospitalares transformam seu convívio com os
pacientes, tanto internos como externos e com o ambiente competitivo em geral,
adaptando planejamento eficiente e possíveis estratégias para assegurar no mercado
sua permanência. (KUAZAQUI; TANAKA, 2008).
156
Kuazaqui e Tanaka (2008, p. 95) acreditam que “[...] somente aquelas
empresas que utilizarem e criarem novas formas de visualizar o mercado e aplicar
técnicas construtivas serão as vencedoras”. Portanto, o marketing hospitalar se
tornou um meio concorrente de estratégias que possibilita definir urgências na saúde,
satisfação, tranquilidade e em que quadro de vida se encontra o cliente, procurando
satisfazê-lo por meio de assistência humanizada com qualidade e proteção,
consequentemente trazendo novas possibilidades para a instituição.
Carissimi e Maestri (2006, p. 8), destacam que:
[...] o setor de saúde já desenvolve o marketing de relacionamento como ferramenta e meios de interação com o cliente, procurando intensificar relacionamentos fortes e estreitos com cada cliente. Porém a muito a fazer, nos hospitais públicos para a conquista e manutenção deles, garantindo estratégias que sejam viáveis para o gerenciamento da gestão com ênfase no serviço de qualidade.
O relacionamento de marketing no hospital está relacionado diretamente ao
atender necessidades de saúde, examinando, projetando e desenvolvendo métodos,
tendo em vista um atendimento de qualidade as pessoas. Uma vez que o conceito é
posto em prática, o hospital irá desfrutar da lealdade do cliente, que buscará serviços
com comodidade e qualidade no âmbito hospitalar.
Para Borba (1989, p. 51), “portanto, entende-se que o marketing hospitalar
deve atender às necessidades individuais dos clientes e às necessidades coletivas
de saúde da população”. Ficar atento ao que o comércio está oferecendo será de
grande importância para empresa, portanto, os resultados do gerenciamento
organizacional fundamentam-se nas vantagens lucrativas.
Assim sendo, é preciso agradar o usuário afim de que seu método de troca
venha ser eficiente. Isto é, a recompensa dessa troca entre organização e
consumistas perpassa uma administração de classe para que as utilidades e as
atividades sejam competentes e possam ser realizadas com sucesso. Rodrigues
comenta que:
Atualmente os hospitais estão tentando demonstrar a qualquer custo, que estão voltados para a satisfação do cliente, dentro de um mercado altamente competitivo, um hospital diferenciado é aquele que possui as melhores equipes médicas, equipamentos modernos, medicamentos sempre a disposição para prestar melhor serviço ao cliente (paciente). Por este ponto
157
de vista é possível observar que não depende só de aparência, mas sim de
conteúdo. (RODRIGUES, 2001, p. 95).
Por meio disso, a administração de uma instituição hospitalar deve determinar
competentes políticas que sejam realizadas e constituídas, sendo assim a base de
uma teoria hospitalar. Em meio ao exigente e concorrente mercado, entende-se que
instituições de saúde estão se adaptando a reais transformações para administrar um
ambiente proporcional e alegre, pensando nos seus pacientes.
Segundo Mezomo (apud BORBA, 1989, p. 19), “a mudança organizacional
estás intimamente ligada à teoria da Ecologia.” Esta explica e antecipa a mudança do
meio organizacional, possibilitando transformações dentro do planejado, além de
destacar que a instituição hospitalar é um mecanismo nítido de elevar a saúde.
Para Borba (1989, p. 18), mudança organizacional “é o conjunto que se forma
a partir da congregação dos subconjuntos alterativos ou parte do processo de
mudança, que denominamos de categorias de processo”. Por sua vez, essas
mudanças irão trazer instrumentos importantes para o crescimento das instituições
hospitalares, constituindo e sustentando um avanço significativo com seu público-
alvo.
Benevides e Passos (2005) comentam que não deveria existir mudanças em
relação a união dos métodos de saúde sem um avanço nos níveis de diálogo, de
conexão e de intervenção grupais nas atividades e em diferentes âmbitos da saúde.
“O marketing hospitalar virá necessariamente como impulsionador da
transformação nas organizações hospitalares e no comércio de saúde por meio de
inovação e ousadia”. (BORBA et al.,1989, p.51). Os autores ainda asseguram que o
marketing hospitalar minimiza as crises na saúde, bem como seu principal alvo que é
analisar, esquematizar e desenvolver métodos que serão apropriados para acomodar
desígnios da organização hospitalar às potencialidades, recursos, necessidades e
pretensões mercadológicas.
Diante das organizações hospitalares, os valores de marketing não precisam
separar a identificação empresarial incluindo todos os ofícios. É necessário, por meio
de especialidades da empresa (pediatria, cardiologia, neurologia, etc.), instituir uma
figura exclusiva no pensamento dos clientes, fazendo com que essa locação auxilie
158
na motivação e aproveitamento dos serviços solicitados trazendo atitudes positivas
dos mesmos.
“Marketing em saúde não é um estimulador ou direcionador de demanda, mas
um orientador de qualidade de vida, de qualidade de assistência, levando o produto
ao melhor uso e levando à clientela mais segurança”. (BORBA, 1989, p. 37).
O marketing hospitalar, portanto, deve ser visto pelo administrador, como figura
principal para analisar a forma como a instituição hospitalar conseguirá acomodar
meios de ligação com os usuários internos e externos, isto é, usuário externo é a
atividade alcançada para os que se encontram fora do interior da organização como
campo de imagens e laboratórios. Por outro lado, usuário interno é designado a
prestar funções realizadas no devido estabelecimento.
ANÁLISE: PLATAFORMA SÍRIO-LIBANÊS
Conforme já citado na introdução, a presente pesquisa é baseada na pesquisa
documental. A coleta de dados se deu através da observação no site17 (plataforma)
do Hospital Sírio-Libanês, que conforme revisa Exame (2016) é referência em
sustentabilidade no setor de saúde. No ambiente citado, pudemos observar alguns
elementos ligados ao marketing hospitalar que nos possibilitou compreender algumas
estratégias de inovação e marketing usadas na saúde.
Observamos da plataforma citada, diversos informativos e materiais
disponibilizados para a clientela que navega em busca de informações, nesse sentido
pudemos encontrar informes sobre o que faz, especialidades, ensino e pesquisa,
responsabilidade social, qualidade e segurança, modernização, atendimento, corpo
técnico, especialidades dentre diversas outras informações. O site se mostra
organizado e de fácil navegação.
A escolha pelo objeto citado, a saber, hospital Sírio-Libanês, se deu devido a
ser uma empresa de saúde de renome nacional e internacional, especialmente no
tocante a cirurgias cardíacas, dentre outras áreas que também se destacam.
17 Cf. https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/Paginas/default.aspx
159
O Hospital Sírio-Libanês é um núcleo de internacional recomendação em
saúde com desempenho em ideias médico-assistenciais visando cidadãos brasileiros
e inovação em pesquisa e ensino. Buono (2016, p. 11) relata que:
Tudo começou em 28 de novembro de 1921, durante uma reunião na casa da dona Adma Jafet. Um grupo de amigas da colônia sírio-libanesa tinha nas mãos e algumas dezenas de contos de réis e um grande sonho: construir um hospital à altura de São Paul, como forma de retribuir o acolhimento encontrado na cidade.
Não economizaram energias para alçar fundos para a tarefa, e ainda
prepararam eventos filantrópicos, atraíram voluntários e recolheram doações com
pessoas da alta sociedade da região. O hospital citado age na administração de
serviços de saúde no estado e município de São Paulo, refletindo a qualidade na
prestação de serviços no acolhimento gratuito à população carente.
Três unidades em São Paulo (SP) e três unidades laboratoriais em Brasília (DF) fazem parte da estrutura assistencial, que conta com 469 leitos operacionais. Por ser um hospital de excelência, mantém projetos integrados com o Ministério da Saúde, desenvolvendo e contribuindo para a disseminação de conhecimento e boas práticas para mais de 8 mil gestores de saúde em todo o país, como parte do Programa de Apoio e Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). (BUONO, 2016, p. 19).
O Sírio-Libanês foi o primeiro hospital do hemisfério sul a realizar uma
operação por micro câmera, com cliente em São Paulo, e o primeiro de São Paulo a
inserir uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Recebeu certificação pelo Governo
Federal como organização beneficente, acompanha os princípios que constituem
isenções fiscais para obras de ajuda a ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS)
e age em sociedade com o Ministério da Saúde em diversas ideias.
Todas essas informações são divulgadas no site do hospital e melhor
traduzidas pela Revista Viver Bem, periódico do hospital que objetiva divulgar sobre
as inovações, pesquisas e avanços nas unidades do Sírio-Libanês. Em nosso ponto
de vista, essa forma de divulgação, com um apelo científico e baseado em dados
estatísticos e elementos empíricos é fruto da inovação, é um viés do marketing
hospitalar, sobretudo, na tentativa de dialogar com o público e deixa-lo a par dos
esforços por parte dos gestores hospitalares. Ou seja, é um recurso interessante do
160
ponto de vista da informação, pois gera no consumidor um sentimento de segurança,
transparecendo a preocupação que se tem com o consumidor.
Segundo a Revista Viver Bem (2017), os avanços tecnológicos do Hospital
Sírio-Libanês acompanham as inovações mundiais da área da saúde, tornando a
instituição uma referência em cuidados médicos, trazendo qualidade e eficácia em
seus resultados.
Figura 1 - Sobre a marca
Fonte: Revista Viver Bem (2016).
Os diversos volumes da Revista Viver Bem, bem como o próprio site do
hospital Sírio Libanês dialogam fazendo uso de textos imagéticos, esse recurso atrai
o leitor sem muito esforço, já que facilitará a compreensão da informação dada e torna
a leitura do site muito mais agradavél. Outro atributo observado é o uso de cores, são
exploradas uma diversidade de cores em cada matéria, porém em tonalidades sutis,
de modo que deixa a navegação tranquila e confortável para a leitura, todos estes
elementos fazem parte de estratégias de marketing que de algum modo atrae o leitor.
161
Figura 2 - Portal do Paciente
Fonte: Revista Viver Bem (2016)
Ao longo da figura o site nos alerta para o marketing digital: para começar,
equilibra o texto com a imagem, isto é, não sobrecarrega para nenhum dos sentidos,
impedindo a exaustão de quem ler; e, por seguinte, usam uma imagem voltada a
família, que faz com que o leitor sinta curiosidade de prosseguir na leitura. Diante da
mesma está incluído o portal do paciente onde mostra a importância do paciente para
a instituição e como ele pode ficar a par de tudo que acontece referente a
agendamentos e resultados de exames.
162
Figura 3 - Farmácia inteligente
Fonte: Revista Viver Bem (2016).
A cor predominante da imagem é a branca, cor que simboliza paz, harmonia,
limpeza, cuidado, entre outros elementos. Por meio do marketing visual a figura será
responsável por anteceder tudo que a ação almeja informar, nesse caso, o de que há
um cuidado especial para com os ambientes e aparelhagem do hospital, logo, esse é
o ambiente de que o paciente usufruirá. Saber comunicar o que se deseja é fato
decisivo na fidelização da clientela. Segundo Bertol (2012), o aumento do interesse
das diferentes organizações, em conhecer, pesquisar e contribuir para o crescimento
do campo da linguagem, da divulgação em relação à saúde, é elemento inerente a
um novo conceito de saúde, traduzida por ações ligadas a medicina preventiva e
promoção da saúde.
163
Figura 4 - Qualidade e segurança
Fonte: Site Sírio-Libanês, (2016).
Tempo é algo que ninguém gosta de desperdiçar, nesse sentido, as pessoas
procuram todos os dias pela eficácia e rapidez em ver atendida as suas necessidades.
Por isso, a página buscou proporcionar um número maior de informações em uma
figura única. Portanto, além disso, foi colocado um breve aviso bem como uma
decidida e importante comunicação que na figura está perceptível.
164
Figura 5 - Dicas de saúde
Fonte: Site Sírio-Libanês (2016).
Na aba que trata sobre Dicas de saúde pode-se observar a figura de
adolescentes felizes em uma possível analogia a “dever cumprido, fazemos nossa
parte quanto a responsabilidade social e o cumprimento do dever para com a
sociedade”. A imagem nos denota a ideia de harmonia, faz com que o leitor se afeiçoe
com o contexto abordado, trazendo dicas de saúde e responsabilidade social como
foco no bem-estar do paciente. Da mesma forma, prendendo o leitor ainda mais ao
conteúdo, causando certo tipo de emoção no público-alvo, lembrando que para que
o público externo seja tocado, os colaboradores internos precisam estar convencidos
das qualidades que seu produto oferta. Las Casas (2007, p. 158), chama a atenção
para a comunicação interna, para que exista uma interligação da comissão de frente
165
para com os profissionais de apoio, diz ele: "[...] os funcionários também devem saber
as exigências do mercado". Ou seja, saber dialogar e ter consciência do que se oferta,
bem como os ganhos decorrentes de cada ação.
Figura 6 - Hospital e família
Fonte: Site Sírio-Libanês(2016).
A imagem é revestida de simbologia, intuímos da frase, “A nossa família
cresceu para cuidar da sua”, a relação afetuosa que de algum modo se quer deixar
explícito. Há um apelo a família, lugar do sagrado, lugar do cuidado, do amor fraterno
e que em analogia pode-se encontrar essa mesma “tranquilidade” por parte do
hospital em apreço. Ao navegar pelas abas do site é possível perceber um apelo muito
forte a família, a segurança e ao cuidado, são temas igualmente interconectados em
cada nova temática abordada. Sem dúvida que toda a informação passa antes pela
166
relação de marketing, que intui o público alvo e o que ele gostaria de ler, ver e se
informar.
Com essa análise, reafirmamos a necessidade de se dialogar mais com os
pacientes, deixá-los mais informados sobre seus procedimentos, especialidades,
acessos. O site observado do hospital Sírio-Libanês, ao que pudemos perceber,
trabalha o marketing hospitalar de modo harmônico, é nítido a preocupação com o
cliente, em deixa-lo por dentro de suas ações e de suas diferentes perspectivas para
melhorar o ambiente, muitas vezes hostil, que é o dos hospitais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse trabalho visamos discutir acerca das estratégias e inovações
em serviços de marketing no ramo hospitalar, especificamente na plataforma do
Hospital Sírio-Libanês.
Nesse sentido, procuramos demonstrar como o marketing tem legitimidade e
deve ser explorado em se tratando de saúde, pois este visa o empenho, fortificação
e a afinidade entre as organizações e o público envolvido. Nesse sentido, atua de
forma positiva em ocupações de saúde, instituindo uma fidelização pelo serviço e pela
organização.
Assim, levando em consideração a plataforma analisada do hospital em
questão, pudemos observar que o planejamento estratégico ampara a gestão
hospitalar e são notáveis os benefícios, pois são vários os proveitos, pois permite e
viabiliza a instituição crescer.
Um ponto positivo adotado pelo hospital citado, é quanto ao diálogo direto
com o cliente, as informações apresentam um apelo a família, a boa relação, a
transparência das ações. Especialmente em um ambiente que, em sua maioria, não
nos remete a boas lembranças, tem-se no site em questão um apelo a leveza, ao
acolhimento, as boas relações. A sensação que temos ao navegar pelas páginas do
hospital é que é uma empresa preocupada com o ser humano. Essa sensação
também é fruto do marketing hospitalar, tudo o que lemos, vemos, as cores
escolhidas, todas as imagens são pensadas para gerar essa sensação, nitidamente
o marketing fulgura no site criado e alcança seu objetivo de atrair o cliente.
167
O marketing na área hospitalar já é um instrumento primordial para o mais
perfeito desempenho da instituição de saúde. Compete a ele uma estratégica função
de análise de dados e estudo para um melhor aproveito de oportunidades de
comércio, compreensão do cliente e um maior conhecimento de concorrência.
Incumbe ao setor de marketing a definição e concepção de estratégias unidas à
elevada administração da instituição hospitalar e relação com outras áreas da
empresa.
Em meio às mudanças do comércio as instituições procuram constantemente
instrumentos para alcançar um concorrente diferencial, assim como a criação das
estratégias de marketing e, especialmente retornar o olhar organizacional para o
cliente, evidenciando a cura junto ao público interno.
Assim sendo, o marketing tem legalidade, pois visa os valores e desenvolve a
semelhança entre a organização e os clientes envolvidos, atuando positivamente nos
ativos da marca visando a concordância dessa, criando uma boa ligação e a fidelidade
pela instituição e pelo serviço. E assim para finalizar, o marketing hospitalar vem se
aplicando, dependendo exclusivamente do empenho unido de todas as integrações
influentes de um hospital. Pois no atual comércio, só ganha os excelentes, os bons
ficam para trás.
REFERÊNCIAS
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modismo? Interface – Comunic. Saúde, Educ., São Paulo, v.9, nº17, mar/ago. Disponível em:< https://pt.scribd.com/document/300034589/Humanizacao-Saude-Novo-Modismo>Acesso em: 15 jun. 2018.
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168
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HOSPITAL Sírio-Libanês. 2015. Disponível em: https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/Paginas/default.aspx. Acesso em: 31 out. 2018.
KOTLER, Philip. A Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
KUAZAQUI, Edmir. TANAKA. Luiz Carlos. Marketing e gestão estratégica de serviços em saúde. São Paulo: Thomson Learning, 2008.
LAS CASAS, Alexandre L. Marketing de Serviços. São Paulo: Atlas, 2010.
NEVES, Marcos Fava. Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing. São Paulo: Atlas 2009.
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ROCHA, Angela da; CHRISTENSEN, Carl. Marketing Teoria e Prática no Brasil. São Paulo.1999.
RODRIGUES, Flávio Gustavo. Marketing hospitalar é possível? Monografia (Especialização em Marketing no Mercado Globalizado) - Universidade Candido Mendes, Disponível em:<http://www.avm.edu.br/monopdf/24/flavio%20gustavo%20rodrigues. pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018.
SANTÂNGELO, Caio César Ferrari. A Origem e Evolução do Marketing. São Paulo. 2013.
SOUZA, Ailton Elisário de. De penhora e avaliação. Dataveni@, Campina Grande, v.4, n.33, jun.2000. Disponível em: <www.datavenia.inf.br/frame-artig.html>. Acesso em: 14 ago. 2018.
169
MARKETING MULTINÍVEL: ESTUDO DE CASO NA EMPRESA UP! ESSÊNCIA DE
ARAGUAÍNA -TO
Yara Silva Lima18
Maurício Santana Ribeiro19
INTRODUÇÃO
No cenário atual do comercio nacional tem possibilitado as pessoas novas
oportunidades de atingir um “novo estilo de vida” - realização de sonhos, liberdade
financeira, disponibilidade de tempo, uma crescente renda, dentre outros sonhos
desejados. Estamos em um mercado cada vez mais exigente, e com isso, faz com
que os trabalhadores também sejam, e saibam escolher a melhor empresa para se
trabalhar, caso contrário, optam por algo independente, que possa suplementar sua
renda, sem afetar em seu caráter profissional.
O marketing multinível tem se destacado em todo o mundo por se mostrar
como uma das melhores e mais promissoras formas de negócios, pois não há
exigência de altos investimentos nem experiência anterior, e pode ser desenvolvida
em um tempo flexível. Grandes empresas estão aderindo a esse segmento visando a
redução de custos, principalmente com divulgação publicitária, seja em TV, jornais ou
Internet. (KIYOSAKI, 2012).
Dentro dessa perspectiva, há grandes dúvidas sobre a regulamentação desse
novo segmento de mercado, pois não se iguala com o mercado tradicional, trazendo
desconfiança sobre sua legitimação e confundindo-se com a Pirâmide Financeira
(investimento ilegal).
O Marketing multinível é um segmento considerado novo no mercado
brasileiro, por isso, desperta uma série de dúvidas a respeito. Assim, busca-se nesse
estudo demostrar informações relativas ao Marketing multinível, objetivando
responder a seguinte problemática de pesquisa: Qual o real conceito de Marketing
multinível e quais os diferenciais utilizados para adesão das pessoas à rede de
distribuição?
18 Graduanda em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 19 Bacharel em Administração. Especialista em Gestão Empresarial e Docência Universitária. Mestrando em Inovação Tecnológica. Professor da Faculdade Católica Dom Orione.
170
Diante disso, busca-se analisar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas em
permanecer na rede de distribuição. Especificamente, expor a visão através de um
estudo de caso, tendo por técnica a entrevista com o representante da empresa Up!
Essência, onde é enfatizado as relações entre as pessoas, como distribuidores
independentes, que procuram por uma renda extra ou uma liberdade financeira, e
entender o que é feito por eles para manter seus distribuidores independentes focados
no negócio.
Objetiva-se mostrar o real conceito e como funciona o marketing multinível,
distinguir marketing multinível do processo de pirâmide financeira, e entender qual a
dificuldade de permanência das pessoas na rede de distribuição.
Esse novo segmento pode ser uma melhor oportunidade de negócios para
quem procura independência no mercado em geral, não deixando de ser competitivo
ou desconstruindo a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos.
MARKETING
Kotler e Armstrong (2007), O Marketing é um sistema administrativo e social,
onde as organizações e indivíduos atingem o que necessitam e desejam através da
criação e troca de valor com os outros indivíduos. Enfatiza também os principais
objetivos, dividindo-os em dois, são eles: atrair novos clientes, promovendo-lhes valor
superior; manter e cultivar os clientes atuais, proporcionando-lhes satisfação.
Em outro conceito, Dias (2003), expressa que o Marketing é a função
empresarial afim de gerar grande vantagem competitiva, e agrega valor ao cliente,
bem como para a empresa, isso envolve diretamente a gestão estratégica das
variáveis, citadas por ele como: Preço, produto, distribuição e comunicação.
Neste cenário, podemos enfatizar que:
Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concorrentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empesas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e considerado sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade. (LAS CASAS, 2009, p. 15).
171
Com esse contexto, verificamos quão importante é o marketing para o
relacionamento com o indivíduo e o crescimento da empresa, seja qual for o ramo de
negócio trabalhado. Tornando-se, no cenário atual, uma estratégia que não perde sua
força nem a influência mediante os diversos setores da economia, sendo aplicado nos
mais variados tipos de organizações, mantendo assim, sua essência.
Portanto, o bem-estar e relacionamento com o cliente, tem grande influência
no desenvolvimento do mercado concorrente, pois o marketing é uma ferramenta que
auxilia o desempenho das atividades comerciais implantadas, trazendo-lhes
satisfação, objetivando melhores estratégias para que haja uma eficaz distribuição e
comunicação para com os envolvidos no mercado atual.
MARKETING MULTINÍVEL: CONTEXTO HISTÓRICO
De acordo Aragão (2009) o marketing de rede surgiu na década de 40, pelo
americano Carl Rhenborg que revolucionou o tradicional sistema de vendas existente,
com a criação do Marketing multinível, um revolucionário modelo de negócios com
uma forma de distribuição e compensação para diferentes níveis. Essa criação foi
impulsionada devido a sua insatisfação quanto ao sistema de distribuição de sua
empresa, onde seus distribuidores ganhavam apenas sobre o que vendiam. Com essa
criação, percebeu que poderia melhorar as vendas e, consequentemente, sua
demanda. E isso, pode ser verificado da seguinte forma:
[...] Marketing multinível, ou Multilevel Marketing em inglês, o homem era um verdadeiro gênio. Dr. Carl Rehnborg era médico, químico e industrial. Ele captou como poucos a essência do comportamento humano. Querer ganhar e não querer perder faz parte, intrinsecamente, da natureza humana. Os treinadores e motivadores de marketing sabem disso como ninguém. E procuram tirar proveito desses fatos para direcionar as pessoas sob sua responsabilidade. Dr. Carl Rehnborg captou essa nuance da psicologia humana e ofereceu um plus aos seus distribuidores. (ARAGÃO, 2009, p. 35).
Através de uma nova maneira de olhar o mercado de trabalho, Rehnborg
impulsionou uma nova forma de gerar lucros para a sociedade. Desse modo, é
perceptível a relevância no mercado multinível, também conhecido como marketing
de rede, que se desenvolveu do marketing direto, estando na base do paradigma
relacional. Trazendo conhecimento de um mercado sem tantos custos de publicação,
172
e distribuição, pois ele quebra a tradicional cadeia logística, fazendo com que o
percurso do produto ao cliente seja menor do que no mercado tradicional, sendo
desenvolvido pelo comum marketing de massa.
De acordo com Poe (2002) o marketing multinível, desde seu início promoveu
grandes evoluções, no qual passaram por três fases diferentes, estando atualmente
em sua quarta fase de evolução. Poe (2002) destaca:
Primeira fase – ocorreu em 1941 onde o químico Carl Rhenborg,
desenvolveu em sua empresa, Nutrilite products (atualmente a maior empresa de
marketing multinível do Mundo, Amway) um sistema de compensação multinível.
Nessa fase houve grandes divergências entre empresas que desenvolvia o marketing
multinível e as que envolvia Esquemas de pirâmide. Onde sua legitimação ocorreu
por volta de 1979 pela Associação Federal do Comercio (Federal Trade Commission).
A Segunda fase – Teve início na década de 80, com o surgimento de várias
empresas. Com o surgimento do computador facilitava muito os cálculos para
pagamento das comissões aos distribuidores independestes. Porém, nessa fase os
distribuidores faziam mais esforço para tentar ter um maior resultado, e
consequentemente alavancar suas vendas, e ainda desenvolver uma boa interação
com os componentes da sua rede de distribuição, chegam a trabalhar até 10 horas
por dia, para acompanhar o desenvolvimento de sua rede.
A Terceira fase – Iniciou-se na década de 90, onde havia grandes problemas
da segunda fase a ser resolvido. Nesse período surge uma nova geração de
executivos que melhoram o desenvolvimento da rede, facilitando o processo da
mesma. Fazendo com que fique mais rentável e amigável para seus distribuidores. A
principal característica dessa fase, é o uso de tecnologias e sofisticadas estratégias
de administração, onde ajuda a unificar e tornar mais eficientes as atividades, antes
vagarosa.
A Quarta fase – Como é conhecido, O negócio do século XXI, essa fase teve
início nos anos 2000, onde grandes especialistas econômicos disseram, que o
marketing multinível será a maior força de negócio desse século. Grandes são as
responsabilidades desenvolvidas por esse novo segmento, por isso, grandes
empresas estão aderindo seus produtos a uma nova forma de distribuição, através do
marketing de rede.
173
Contudo, as quatro fases colaboraram para a evolução desse segmento de
mercado, que a cada ano melhora seu processo de distribuição e desenvolvimento de
sua rede de distribuidores independentes. Com o crescimento da tecnologia, nos dias
atuais, o marketing multinível trabalha o seu diferencial no mercado tradicional, com
inovação dos produtos e os novos processos de divulgação da qualidade dos
mesmos, levando em conta o bem-estar dos envolvidos no negócio.
O marketing multinível é um sistema de venda direta, promovida por
distribuidores autônomos, que compram os produtos de uma empresa que trabalha
no segmento Multinível, para revende-lo, para que assim, possam obter lucro sobre
as margens de venda.
Com isso, há a identificação outros revendedores, que consequentemente
indicarão outros, numa linha sucessiva, estabelecendo uma rede de vendas em
variados níveis. Os vendedores ganham comissões direta ou indiretamente através
de sua rede de distribuição, podendo variar as bonificações de acordo com as
organizações no qual estão inseridos, e o tipo de plano de carreira oferecido. Bem
como, adquirir habilidades para o melhor desenvolvimento de sua rede de distribuição.
(FAILLA, 2004).
ADESÃO AO MARKETING MULTINÍVEL
Essa nova forma de negócio mesmo sendo muito conhecida, ainda pode ser
confundida com a Pirâmide Financeira (investimento ilegal). O impacto positivo que o
marketing multinível traz para a sociedade vai além do financeiro, é algo benéfico ao
seio de uma economia em geral, sendo que, desperta nas pessoas envolvidas, a
possível realidade de um sonho onde não era tão possível com sua renda mensal, por
ser empregados do mercado tradicional. Segundo Trump e Kiyosaki (2007, p. 407)
“Está comprovado que o marketing multinível é uma fonte de receita viável e
gratificante [...].”
O marketing multinível é um segmento que traz consigo a capacidade do
indivíduo comprar, seja um bem ou serviço, mais barato do que no comércio em geral
oferece, e exige que tenha produtos de alta qualidade para que esteja em um patamar
de competição maior, pois o consumidor está cada vez mais exigente,
174
compreendendo a importância, tanto de sua utilização, como o preço em si.
(KIYOSAKI, 2012).
Nesse sentido, este é um novo negócio que tem se mostrado crescente no
mundo, proporcionando uma visão satisfatória, tanto de consumidores, quanto de
distribuidores, pois não há necessidade de ficarem presos o dia inteiro, marcando
ponto. O marketing multinível faz com que o distribuidor tenha poder em definir suas
horas de trabalho, dedicando assim a suas divulgações, bem como ganhos financeiros
e ao crescimento de sua rede, trabalhando menos, em relação ao comercio
tradicional, não enfrentando tanto trânsito e ainda tendo tempo para sua satisfação
pessoal.
A ABEVD (Associação Brasileira de Vedas Diretas) é um órgão que regulariza
o mercado Multinível no Brasil. Conforme publicado:
Não há leis específicas no Brasil que regulamentem o modelo comercial de vendas em redes, mas há o Código de Ética da ABEVD, que segue o modelo mundial adotado pela WFDSA (World Federation of Direct Selling Associations), cujo cumprimento requer um nível de comportamento ético que excede requerimentos legais nacionais. As empresas associadas à ABEVD comprometem-se a cumprir e a difundir seus códigos de ética e conduta. (ABEVD, 2015, p. 2).
Existem muitas dificuldades para manter-se no marketing multinível, pois este
segmento exige que as pessoas estejam cada vez mais focadas e saibam onde
pretendem chegar no desenvolvimento de sua rede e distribuição dos produtos e
serviços. Esse mercado necessita do esforço de todos, para que os distribuidores
independentes tenham um maior retorno financeiro, e assim manter sua rede a “pleno
vapor”.
Como destaca Oliveira (2012), que uma das maiores dificuldades, que
impossibilitam as pessoas chegarem na liderança de uma rede de distribuição é a
própria vida, pois estamos cotidianamente desviando de nosso foco, por coisas que
as vezes não trariam tanto benefício para nosso profissional, são os problemas do
cotidiano e as possíveis facilidades que tiram nosso foco do negócio, fazendo assim
com que haja uma instabilidade na rede de distribuição.
175
MARKETING MULTINÍVEL E PIRÂMIDE FINANCEIRA – DIFERÊNÇAS
NECESSÁRIAS
A pirâmide financeira é muito conhecida, e pouco reconhecida. Um crime que
ainda engana muitas pessoas ao redor do mundo, prometendo lucro fácil e rápido
retorno financeiro. Além de ser considerado crime contra a economia popular, de
acordo com o que é publicado no site do Ministério da Fazenda, o Brasil proíbe
qualquer tipo de investimento financeiro que é movido por processo de pirâmide
financeira. Há punição para esse crime é de 6 meses há 2 anos de detenção, segundo
a Lei 1.521/51, pois lesam as pessoas que ficam, principalmente, na base destes
esquemas.
De acordo com a Lei 1.521 de 1951, inciso IX, art. 2º, observa-se muito bem
que, "obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número
indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos ("bola
de neve", "cadeias", "pichardismo" e quaisquer outros equivalentes)", a prática de
pirâmide é enquadrada como um crime contra a economia popular.
Um exemplo disso, Oliveira (2013) destaca, que em 2008, foi descoberto um
esquema de pirâmide, onde prometia lucro fácil e rentabilidade muito acima do
mercado tradicional. Esse esquema era comandado pelo americano Bernard Madoff,
que por 16 anos comandava essa prática ilícita. Nesse período, quando a pirâmide foi
desmanchada deixou quase US$ 65 bilhões em prejuízo espalhado por clientes em
todo o mundo.
A estrutura piramidal tem por necessidade a entrada de novas pessoas para
que o esquema se sustente, caso contrário se torna insustentável, isso ocorre a partir
da desistência de pessoas ou até mesmo a recusa delas em entrarem no negócio.
Consequentemente não haverá a movimentação de valores correspondentes ao que
dizem ser, rendimentos rápidos, fazendo assim com que a pirâmide quebre em pouco
tempo, trazendo consigo muitos prejuízos a quem aderiu a esse sistema fraudulento.
Em um conceito mais antigo, dizia-se que para diferenciar Pirâmide financeira
de marketing multinível, era simplesmente o fato de não haver produtos nos esquemas
piramidais, mas sim, investimento financeiro (movimentação de capital), enquanto o
marketing multinível movimenta produtos e/ou serviços na venda do negócio.
176
Como podemos enfatizar, segundo Pimenta (2013), a Pirâmide financeira é
um esquema que depende somente do recrutamento de novas pessoas, tornando
assim, um modelo comercial com níveis insustentáveis, não existindo a revenda de
produtos ou serviços para manter o esquema no mercado.
Mas, atualmente para manipular a Lei e tentar igualar a um sistema Multinível,
a Pirâmide financeira aderiu a um novo processo envolvendo produtos, sendo que
esses produtos são comprados, não pela necessidade de uso, mas para disfarçar
investimentos por traz deles. Pois, os produtos adquiridos não valem tanto quanto o
investimento, burlando então a Lei que proíbe esse ato enganador à sociedade.
Sabendo que os investimentos nesses produtos, quando há presença deles é inviável
não possuindo valor comercial.
Dentro desta perspectiva, há um posicionamento da ABEVD (2015), onde
explica a real sustentabilidade as pirâmides financeiras, pois, quando há produtos
oferecidos, os mesmos não possuem valor comercial, e os valores compartilhados
giram em torno de novos integrantes no esquema, sem que haja necessidade da
venda dos produtos. O recrutamento é o principal foco das pirâmides, tendo por
motivação a promessa de lucro rápido e fácil, segundo eles, quanto mais investe, mais
se ganha. Diferente do marketing multinível, para a pirâmide financeira não importa o
esforço realizado pelos integrantes, pois quem ganha é apenas o primeiro que entrou
na fraude (o que está no topo da pirâmide). Portanto, é considerado um esquema
ilícito.
Para complementar essa posição podemos ressaltar algumas diferenças no
sobre esse segmento:
A diferença básica é que o Marketing Multinível (MMN) é um canal de distribuição de produtos e serviços e não de captação de recursos para investimento, e não depende de novos associados para a sustentabilidade do negócio. No MMN, o número de consumidores dos produtos ou serviços é sempre superior ao número de revendedores, e o consumo é baseado no benefício e qualidade que trazem. Outra diferença é que as empresas pagam apenas um percentual de vendas já realizadas. Ou seja, se nunca mais entrar um novo membro, os pagamentos terão como ser mantidos, uma vez que o consumidor final estará utilizando o produto, mesmo sem fazer parte da rede. (ALVARENGA, 2013, p. 2).
De fato, essas diferenças trazem um maior conforto e melhor entendimento
para as pessoas que têm dificuldades de ingressar neste negócio, por entenderem de
177
forma errada esse novo segmento de mercado. Podemos afirmar, perante as posições
acima, que a distribuição em rede se sustenta pela venda e movimentação de
produtos e distribuidores, ao contrário da pirâmide financeira que sua sustentabilidade
está diretamente ligada ao recrutamento de novas pessoas.
TEORIA DAS NECESSIDADES – PIRÂMIDE DE MASLOW
O marketing multinível se desenvolve através da motivação entre os
participantes, sendo que o distribuidor tem a necessidade de manter-se motivado,
para então estimular sua rede, alavancar suas vendas, e consequentemente seus
lucros perante a distribuição Multinível. Para que esses processos estejam alinhados,
é de suma importância que os distribuidores estejam saciados de suas prioridades
pessoais e sociais, pois ao contrário disso, dificultaria seu desenvolvimento na rede,
por estarem insatisfeitos, não estimulariam os outros integrantes.
É valido ressaltar, mediante essa posição, que para Kotler (2000), todos os
profissionais que atuam na área de marketing precisam estar atentos para
identificação de necessidades do segmento escolhido, e satisfação pessoal:
Necessidades descrevem exigências humanas básicas. As pessoas precisam de comida, ar, água, roupa e abrigo para poder sobreviver. Elas também têm uma necessidade muito grande de recreação, educação e entretenimento. (KOTLER, 2000, p. 33).
Com essa linha de pensamento, podemos destacar a Teoria de Maslow, onde
explica como as necessidades humanas influenciam no bem-estar social e
profissional. Na década de 40 foi anunciado por Maslow sua teoria sobre a motivação.
Tendo por base suas observações feitas como psicólogo, de forma à desenvolver a
teoria das necessidades, trazendo um melhor entendimento do que conceituamos
como essencial para vida, de uma forma relacionada a necessidades exigidas
pessoais e profissionais. (BERGAMINI, 2008).
Conforme Maslow (1962), a privação de certas satisfações, isso sim é
necessidade, tendo grande influência para a vida profissional do indivíduo. Dando
destaque nas queixas apresentadas pelos mesmos, foi observado que há maneiras
subjetivas para medir a necessidade, por meio dos indicadores de desejos. Alega
ainda, que sempre haverá reclamação, isso é um fato real mediante aos seres
178
humanos. Pois, independe do nível que o indivíduo esteja, ele sempre desejará algo
a mais, da qual não dispõe imediatamente, fazendo assim com que ele se sinta
frustrado e tente maneiras diferentes para alcançar o novo objetivo de satisfação.
São divididos em cinco, os fatores de satisfação na Teoria de Maslow,
distribuídos em forma de pirâmide, sabendo que a base corresponde as necessidades
primárias para o indivíduo manter-se ativo.
Os níveis de necessidades aplicados por Maslow, é definido por Robbins
(2002) desta forma:
1. Fisiológicas: Referem-se as necessidades corporais primárias, incluindo
fome, sede, abrigo, sexo e outras necessidades corporais.
2. Segurança: Proteção e segurança contra danos físicos e emocionais.
3. Sociais: Afeição, amizade, aceitação e sensação de pertencer a um grupo.
4. Estima: Relacionam à fatores internos de estima, como respeito próprio,
realização e autonomia; e fatores externos de estima, como status, reconhecimento e
atenção.
5. Auto-realização: A intenção de tornar-se tudo aquilo que a pessoa é capaz
de ser; inclui crescimento, autodesenvolvimento e alcance do próprio potencial.
Segundo a Teoria de Maslow, as necessidades mais fáceis de serem
cumpridas são as bases, fisiológicas e segurança, pois a partir do cumprimento
dessas necessidades o indivíduo estará ativo para realizar as outras partes da
pirâmide. Explica também que poucas pessoas conseguem chegar ao mais alto nível,
o de autorealização, e manter-se altamente motivadas. A maioria dos indivíduos se
mantêm motivadas por suas necessidades primárias, sem conseguir satisfaze-la a
adequadamente. (MASLOW,1962).
Neste sentido, observamos o quão importante são necessidades básicas, que
colaboram para o desenvolvimento do ser humano mediante as ocasiões propostas
pela vida pessoal e profissional. Bem como, o marketing multinível estimula o
crescimento de cada distribuidor, por meio dos planos de carreiras, impulsionando
cada componente da rede a sentirem-se realizados por fazerem parte do negócio do
século XXI. Este mercado precisa do desempenho de todos, objetivando melhores
rendimentos à rede de distribuição.
179
ESTUDO DE CASO: EMPRESA UP! ESSÊNCIA
Foi elaborado um estudo de caso em uma empresa local, a UP! Essência, é
uma empresa 100% brasileira, fundada em 2007, a empresa tem certificação com a
ABEVD (Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas) e está caminhando
a cada dia para ser a maior empresa brasileira de marketing multinível, presente
também em outros países da América Latina, como Peru e Colômbia. O nome veio da
ideia de seus fundadores de “dar um UP”, pois transparece melhoria, evolução e
crescimento, para esse modelo de negócio.
Atualmente a empresa alcança mais de 1,5 milhões de consultores, é a
primeira empresa brasileira de marketing multinível a atingir uma década de
existência. Tendo por Visão: Ser uma empresa mundial e inovadora que oferece a
oportunidade de transformar a vida das famílias, por meio de um sistema integrado e
único, com produtos e serviços de excelência. Sua sede localiza-se em São Paulo, na
Vila Mariana, mas cobrindo todo território Nacional, a UP possui centenas de Centros
de Distribuição, onde serve de grande apoio para centenas de milhares de
Distribuidores Independentes espalhados pelo país. (ABEVD, 2017).
Com produtos de alto padrão de qualidade, atuando no mercado de
cosméticos, com linhas de perfumaria, cuidados com a pele, suplementos alimentares,
higiene bucal e tratamentos capilares. E com analises de mercado perceberam que a
melhor forma de distribuição é por meio do marketing multinível.
A Linha de perfumaria dessa empresa Multinível é comprada na MANE, uma
empresa de grande conceito no mercado de perfumes no mundo, tendo cede na
França, onde mantem seu compromisso com a inovação sustentável. Foi fundada em
1871, por Victor Mane, que produzia, de flores e plantas regionais, materiais
perfumados. Com o passar do tempo foram se modernizando, alcançando assim, o
sucesso, nas principais empresas de sabonetes e fragrâncias em todo o mundo.
A UP essência, procura fazer com que seus distribuidores e clientes estejam
cada vez mais satisfeitos, por estarem revendendo e consumindo seus produtos. Para
que mantenha o nível de satisfação de seus distribuidores, foi desenvolvido pela
empresa 7 formas de ganhos de bônus em seu plano de marketing, são eles:
• Bônus de Consumo;
• Consumo inteligente;
180
• Lucro Direto;
• Bônus de Expansão;
• Bônus de Vendas;
• Royalties;
• Bônus de Equipe;
• Viagens e Prêmios.
Os modos de ganhos envolvem a divulgação, aquisição de pessoas ao
negócio Multinível, e a venda e consumo dos produtos. É promovido pela empresa,
treinamentos e capacitação, constantemente, para que seus distribuidores
independentes possam ter capacidade de crescer seu profissional e assim,
consequentemente ganhar premiações, dentre elas, viagens para exterior. (UP!
ESSÊNCIA, 2017).
Para que haja uma interação maior dos distribuidores, a Up! Essência
desenvolve um plano de carreira que motivam e reconhecem seus esforços. Os
chamados Royalties (privilegio e regalias), são distribuídos em dez níveis, à serem
alcançados. São eles:
1. Star
2. Star Plus
3. Executivo
4. Executivo Sênior
5. Diamante Executivo
6. Elite
7. Elite Esmerald
8. Elite Diamond
9. Gran Elite
10. Royal
ENTREVISTA COM WASHINGTON ASSUNÇÃO REPRESENTANTE UP! ESSÊNCIA
Os Royalties influenciam os consultores a atingir suas metas. Ao mover-se
para a próxima etapa, cada distribuidor têm a oportunidade de compartilhar suas
experiências e o que motivou estarem diante de sum segmento tão novo, e de certa
181
forma julgado perante o conceito da maioria das pessoas que têm um primeiro contato
com o sistema.
O presente estudo de caso, teve por base o Centro de Distribuição da Up!
Essência em Araguaína – TO, situada Av. Amazonas, 494 – Centro, tendo por
representante Washington Assunção.
Nessa seção apresentaremos a entrevista de Assunção, representante da Up!
Essência na cidade de Araguaína. A entrevista é composta por 09 perguntas abertas
gravadas em áudio e posteriormente transcrita. O objetivo da entrevista era
compreender na prática como funciona o seguimento Multinível. Seguem as
perguntas:
* Como é a experiência de estar inserido em um segmento como Marketing
Multinível?
A melhor experiência possível, a melhor experiência profissional da minha
vida é essa. Porque com o marketing multinível e com a Up, pude desenvolver
habilidades que antes eu não tinha (...). E só pude ter esse desenvolvimento depois
que entrei para Up! Essência.
Da fala do representante acima, podemos entender que o marketing multinível
traz um desenvolvimento de características antes não desenvolvidas por outros
segmentos, como afirma Kiyosaky (2012) esse é um negócio onde ensina as pessoas
a superarem seus medos e desenvolver habilidades.
*Como foi seu desenvolvimento profissional depois de conhecer a Up!
Essência?
Em uma escala de 0 à 10, (...) eu saltei do 0 para 9. Assim muito rápido. Por
conta desse desenvolvimento, outras leituras que eu não fazia antes. Porque eu sou
um profissional de contabilidade, tenho um conhecimento técnico muito grande, (...),
mas as habilidades que desenvolvi dentro da Up, me deram outra visão de mundo(...).
O que depreendemos da fala de Assunção, nesse caso, é que houve um salto
qualitativo em sua carreira profissional, salto este, segundo ele, atribuído ao
engajamento junto a empresa UP Essência.
182
*Quais estratégias utilizadas, por você, para as pessoas a rede?
Estratégias existem muitas e a que eu utilizo são reuniões (...) um a um;
Ligações para amigos, divulgação nas redes sociais (WhatsApp, Facebook e
Linkedin). Minha principal estratégia é a (...) reunião “caseira” (conversas informais)
(...) pois nessas reuniões, levo o meu portfolio e os produtos falo do negócio, (...) com
essa conversa informal ficaria mais fácil de explicar a dinâmica do negócio os
benefícios dos produtos. Tendo chance de a pessoa entrar ou não na rede, ou
simplesmente comprar os produtos, caso nem um desses dois aconteça, deixo uma
amostra para que possa conhecer a real qualidade do produto, e em uma próxima
oportunidade ligo para ter um feedback. (...)
Assunção deixa claro que as estratégias possibilitam aberturas de portas,
podemos enfatizar segundo Dias (2003) que as diferentes estratégias, é de suma
importância para o desenvolvimento de um negócio, que envolve uma gestão
estratégica, fazendo com que aumente a concorrência por sua diversidade no
mercado.
*Ao fazer a divulgação. As pessoas questionam por achar que se trata de uma
Pirâmide Financeira??
Sim, questionam sim. E respondo assim, tudo na vida é uma pirâmide (...). A
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) definiu muito bem o que é pirâmide Financeira
e o que é marketing multinível legal, uma empresa de MMN Legal ela tem produtos
reais (...), a Pirâmide Financeira é um “real correndo atrás de um real”, não existe
produto real, mas há empresas que se desfaçam no meio das empresas Multinível,
como: empresas de viagens, empresas de divulgação pela internet, algumas
empresas de Bitcoins (...).
O que torna uma empresa Multinível em pirâmide? Vamos imaginar o
seguinte: se hoje a Up! Essência for impedida de cadastrar pessoas, se disserem
assim, no Brasil essas empresas não podem mais cadastrar ninguém. A Up!
Consegue sobreviver no mercado? A resposta é sim, porque as pessoas que já estão
cadastradas terão acesso aos produtos para revenda (...) e na pirâmide quem entra
183
primeiro traz muita gente aí eles fazem uma rotação de dinheiro, e assim entra mais
e mais pessoas, ela vive da entrada de pessoas. A empresa de marketing de rede, ela
não só da entrada de pessoas, vive da entrada e da recompra que essas pessoas
fazem. Essas são as diferenças básicas entre as duas (...).
Existem muitas empresas legitimas de marketing multinível, no brasil e no
mundo, O marketing de Rede é um segmento que movimenta milhões no mundo e
está presente em mais de 135 países no mundo, a economia mundial está voltava a
esse segmento (...). A maior empresa de MMN no mundo, a Amway ficou sem
cadastrar ninguém em um período de 5 anos, (...) por achar que era pirâmide.
Podemos observar na fala de Assunção, que as diferenças básicas são bem
relevantes para uma melhor compreensão desse segmento. Podemos afirmar na
visão de Failla (2004) que são as diferenças básicas que trazem um maior conceito
para o MMN, tendo assim que desenvolver atitudes certas para explicá-lo. E com o
exemplo dado por Assunção, podemos distingui-los de uma melhor forma.
* Você sabe quantas pessoas compõe sua rede de distribuidores? Têm alguma
média de desistentes?
Na minha rede tenho mais de 300 pessoas (...), mas já tive fazendo parte da
minha rede mais de 1400 pessoas, ao longo de 5 anos que estou nesse segmento já
cadastrei mais de 3000 pessoas direto e indiretamente.
* Em todo o período trabalhando com MMN, qual o principal motivo que levam
as pessoas a desistirem do negócio?
(...) na verdade, as pessoas desistem de tudo, as pessoas desistem até de
sua própria vida. (...). Então o maior motivo da desistência das pessoas, ao meu ver,
é porque as pessoas não têm disciplina. (...). O que as pessoas desistem do MMN, se
o negócio é bom, a qualidade dos produtos é boa? Porque as pessoas dizem, vou
entrar fazer um pouquinho e vou ganhar muito dinheiro, e não é assim que funciona.
Você tem que trabalhar pelo menos 22 dias “pra” poder ganhar dinheiro, porque isso
aqui você têm que fazer todo dia (...) durante o dia você trabalha para pagar suas
contas, e nas horas vagas você trabalha construindo sua fortuna (...), então as
184
pessoas desistem por falta de disciplina e por não quererem buscar conhecimento (...)
e principalmente uma coisa, as pessoas não têm um objetivo claro em suas vidas
porque a primeira lei do sucesso é ter objetivos claros (...).
As pessoas entram no marketing de rede, entra muito no “oba, oba” e não
desenvolvem aquilo que tem que ser desenvolvido ao longo de um tempo, ou seja,
você precisa de disciplina, mesmo depois eu você chega em altos níveis, você
continua tendo que ter disciplina, são outras disciplinas mas continua tendo que ter,
porque você tem que fazer o negócio todo dia, esse é o seu negócio, pois quando
chega em altos níveis você passa a fazer só isso, e já não terá o emprego, não tem
mais aquele monte de outras coisas, então você passa a ter outras rotinas, então por
isso que algumas pessoas desistem, mas elas não desistem do emprego. Mas por
que as pessoas não desistem do emprego? Porque elas pensam nas contas que tem
que pagar, e não na riqueza que elas poderiam ter (...).
Assunção exemplifica muito bem em relação da desistência das pessoas, e
podemos afirmar mediante ao pensamento de Oliveira (2012) que relaciona a
desistência com a falta de foco das pessoas em desenvolver atividades que parecem
ser pouco dificultosas.
*Qual a velocidade de crescimento na Up! Essência, em relação ao plano de
carreira desenvolvido por essa empresa?
Existe um plano de carreira que têm dez níveis. O que eu posso fazer para
sair de um nível para o outro? Eu tenho que fazer planos de 90 dias porque o sucesso
requer velocidade (...) um plano de 90 dias ações massivas que terei que ter (...) para
atrair pessoas, para que as pessoas que estejam comigo atinjam novos patamares
(...) pois como o MMN é um negócio legal, quem entra depois de mim, se tiver um
bom desempenho, não é pirâmide, pode ganhar até mais do que eu. (...) por isso que
não é pirâmide porque a pessoa nunca irá ganhar mais do que quem já está.
E no MMN se a pessoa trouxer alguém, e esse alguém começar a fazer um
trabalho diferenciado ele vai ganhar mais do que quem já está (...). É de 2 à 5 anos
para que você possa conquistar a liberdade e a independência financeira, de 2 à 5
anos fazendo todo dia, (...) não é um negócio que começa hoje e amanhã “mudei de
vida” (...) porque sua mente vai ter que mudar, não adianta (...). Uma coisa que tem
185
que aprender é ser líder, e o primeiro que você tem que liderar é você, para que você
tenha disciplina, o negócio Multinível não depende de sua equipe, ele depende de
você (...) então a velocidade é de 2 à 5 anos, para que você comece a dizer assim: eu
sou uma pessoa de sucesso no Multinível.
Com isso a gratificação em relação ao período que leva até o sucesso, como
Kiyosaky (2012) ressalta, é o quanto você pode ajudar os outros a desenvolver, pois
não é um sucesso alcançado da noite para o dia, mas da dedicação invertida no
mesmo.
*Grandes autores defendem o Marketing Multinível, dentre eles Robert Kiyosaky,
Max Gehringer, Donald Trump. Fale sobre esse negócio, se compensa ou não.
Sim, compensa porque a empresa de marketing multinível prepara você para
o sucesso (...). Motiva sua permanência. Reconhecimento faz parte. É o único
segmento que você ganha dinheiro enquanto aprende, (...) ganha dinheiro para
ensinar as outras pessoas (...) e você aumenta o nível de relacionamento com as
pessoas (...).
Com a fala de Assunção podemos trazer uma afirmação de Trump (2007) no
sentido de que esse segmento é muito gratificante e viável para quem adere a um
negócio de sucesso.
*Você acha que a Pirâmide de Maslow tem alguma ligação com o Marketing
Multinível?
Tem ligação sim. Podemos ver as necessidades básicas “comer, vestir,
morar”, você vai evoluindo na pirâmide de Maslow, vai encontrar uma necessidade se
sociabilidade (...) mais acima um pouquinho tem a necessidade de reconhecimento
(...) porque o ser humano tem essa necessidade e a pirâmide de Maslow demonstra
exatamente o porquê muitas pessoas ainda virão para o Multinível, (...) Porque você
aprende a lidar, com pessoas, a conversar com pessoas (...) porque diferente do
mercado convencional ele não disponibiliza isso. Como descrito por Maslow (1962),
as necessidades supridas têm grande influência no desenvolvimento profissional do
indivíduo, se ele não estiver satisfeito, não ficará no negócio por muito tempo.
186
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para alcançar os objetivos propostos, em virtude de seu real conceito de
marketing multinível, o presente trabalho possibilitou a descrição de conceitos
relevantes para trazer um real entendimento e esclarecer comuns questionamentos
sobre essa nova estratégia de marketing no Brasil. Considerado por muitos autores,
um negócio viável para investir, seja para somar com a renda ou fazer sua própria
riqueza.
Portanto, o marketing multinível é uma das estratégias de marketing que vêm
revolucionando o mercado, podendo trazer grandes benefícios para as empresas,
influenciando e motivando as pessoas à terem uma melhor condição de vida, e
desenvolvendo suas habilidades mediante a esse segmento.
Desta forma, observou-se que os processos trabalhados por marketing
multinível, têm um grande diferencial do mercado tradicional por diminuir os caminhos
logísticos até os clientes. Satisfazendo-os com a alta qualidade dos produtos, sendo
uma característica necessária para que possa concorrer com o mercado
convencional.
O trabalho demonstrou como é o segmento multinível na prática em uma
empresa que já atua a dez anos no mercado brasileiro, estando em processo de
expansão para o exterior. Observando-se também que, a realização da distribuição
em rede, na prática é diferente da pirâmide financeira, trazendo conforto para quem
almeja entrar no sistema multinível.
O marketing multinível tem influenciado no desenvolvimento de habilidades e
satisfação antes não desenvolvidas pelo trabalho convencional. Desta forma, ligamos
as satisfações mediante a pirâmide de Maslow, que caracteriza muito bem as
necessidades à serem supridas pelas pessoas, no decorrer de sua vida pessoal e
profissional, tendo por serem ligadas de uma forma harmoniosa, sabendo a influência
de ambas sobre os resultados obtidos, no marketing multinível também á níveis de
satisfação a serem alcançados.
Podemos concluir, mediante a realização do estudo de caso e a entrevista
realizada com o representante da Up! Essência, que foi de suma importância a
identificação de fatores que na prática ajudam a ter uma melhor visão do mercado e
187
melhor relação com os clientes e distribuidores, que assim desenvolverá melhor suas
habilidades adquiridas pelo real conceito e aplicação do marketing multinível.
Por fim, destaca-se que o tema abordado gera diversas discussões no
ambiente comercial atual, e o presente estudo buscou esclarecer questionamentos
sobre o referido tema, trazendo um conhecimento real em uma linguagem clara e
objetiva.
REFERÊNCIAS
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188
OLIVEIRA, Amauri Rodrigues de. 2012. Marketing de Rede: oportunidade ou Promessa?. 19 f. – universidade Estadual de Paraíba. Campina Grande: 2012. OLIVEIRA, Vinicius. Pirâmide Financeira. 2013. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2013-08-03/entenda-o-que-e-piramide-financeira.html> Acesso em: 29 mar. 2017. PIMENTA, Thiago; Portal EBC, 2013. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/economia/2013/06/entenda-como-funciona-o-golpe-dapiramide-financeira.>. Acesso em: 16 maio 2017. POE, Richard. Muito mais sobre network marketing. Rio de Janeiro. Editora Record. 2002. ROBBINS, S. Comportamento organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002. TRUMP, Donald; KIYOSAKI, Robert T. Nós queremos que você fique rico. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2007.
189
ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO
ORGANIZACIONAL INTERNA NA EMPRESA FÊNIX FERROS LTDA
Waldireny de Sousa Martins20
Lillian Fonseca Fernandes 21
INTRODUÇÃO
Entende-se que a comunicação organizacional está presente de todas as
formas possíveis dentro das organizações, se comunicar é uma forma natural dos
indivíduos (SCHULER, 2004), mas se as informações dadas a organização forem
interpretadas da forma incorreta, podem gerar sérios problemas em se tratando de
empresa, colaboradores ou até mesmo clientes.
O mercado de trabalho em toda sua extensão entende que, a comunicação
eficaz pode ajudar a obter conhecimento e informações que podem levá-la a atingir
um bom desenvolvimento. Procura-se entender neste estudo, a importância da
comunicação organizacional interna nas empresas. O problema de pesquisa é:
realiza-se a comunicação eficaz dentro da organização?
Observa-se que, a comunicação organizacional é de uma importância
relevante dentro das organizações, pois é a forma mais usada constantemente no dia
a dia das pessoas. Para que ela seja empregada de forma positiva, depende das
habilidades interpessoais dos gerentes, administradores, funcionários e todos os
demais colaboradores geradores de resultados dentro de uma organização.
Logo, torna-se necessário compreender, de maneira clara e direta, todo o
processo da comunicação na prática, além de suas deficiências. A partir disso ser um
bom comunicador e também um bom ouvinte, pois quando as pessoas estão se
comunicando face a face com alguém elas escutam palavras, interpretam símbolos e
observam as expressões faciais, como posturas, contato visual, distanciamento físico
entre outras referências não-verbais no seu esforço de extrair significados.
1Graduada em Gestão Financeira pela Faculdade Católica Dom Orione. 2 Mestre em estudos de Cultura e Território pela UFT. Professora da Faculdade Católica Dom Orione, e-mail: [email protected]
190
Objetiva-se, analisar o comportamento dos funcionários, como eles se
comunicam na organização. Identificar as deficiências de comunicação. Das
propostas a serem feitas, vale ressaltar a grande importância de estimular os
colaboradores a usar a linguagem correta, direcionar cada tipo de comunicação a
cada tipo de departamento, desenvolver a comunicação eficaz e apropriada a cada
departamento, e contribuir para um desenvolvimento de qualidade na organização.
O trabalho teve como foco principal compreender a importância da
comunicação interna na empresa, e para a execução da pesquisa a metodologia
utilizada foi um estudo de caso dentro de um ambiente de uma empresa, no ramo de
madeiras e ferros na qual fica localizada em Araguaína -TO, a fim de se obter
informações que mostrem que a comunicação organizacional tem influência sobre um
bom desenvolvimento interno na organização.
A técnica utilizada para fazer a coleta de dados foi em forma de questionários
contendo perguntas abertas e fechadas sobre a comunicação interna na organização
nos diversos setores da empresa. Foram entrevistados todos os colaboradores da
empresa, os dados obtidos foram tabulados em forma de gráficos. Houve observação
por parte da pesquisadora dos fatos ocorridos durante a coleta de dados, em relação
à postura, comportamento e a forma de cada colaborador se comunica um com o
outro.
ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS DA COMUNICAÇÃO
ORGANIZACIONAL
A Comunicação Organizacional é um processo que ocorre dentro da
organização através da qual as empresas se comunicam com o público interno, com
o externo e com os fornecedores e se relacionam com a comunidade a volta. A
comunicação interna é uma forma direta e clara para dar direcionamento aos
colaboradores, gerentes e subordinados nos seus respectivos setores.
Toda a história do homem sobre a Terra constitui permanente esforço de Comunicação. Desde o momento em que os homens passaram a viver em sociedade, seja pela reunião de famílias, seja pela comunidade de trabalho, a Comunicação tornou-se imperativa. Isso porque, somente por meio da Comunicação, os homens conseguem trocar ideias e experiências. (PENTEADO, 2012, p. 1).
191
Para Penteado (2012, p. 1), a palavra “comunicar” vem do latim “comunicare”
com a significação de “pôr em comum”. Comunicar é uma forma simples e prática de
se obter melhores resultados e uma melhor convivência dentro das organizações.
A sociedade em que vivemos hoje é um mundo moderno, onde a adaptação
à boa prática da comunicação é fundamental. É evidente, que sem o conhecimento
da comunicação dentro das organizações, o desenvolvimento da mesma pode não
ser proveitoso.
Tavares (2009, p. 12) diz que:
Num passado remoto, até os anos de 1970 a comunicação existia nas organizações de forma pouco agregada. Ou seja, existia a comunicação, porém sem um conceito integrado. Isto por que eram raras as organizações que possuíam departamentos específicos para organizar e planejar as ações de comunicação. Os primeiros cursos nas áreas de comunicação começaram a existir nessa época; assim, não havia profissionais em números suficientes para atender às demandas das organizações.
Sem dúvidas, quando se trata do assunto sobre a comunicação interna na
organização, podemos abrir um leque de informações para falar sobre, onde todos os
dias opiniões, fatos e ideias são debatidos a respeito, e a comunicação gera um
diferencial competitivo entre as organizações.
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL COMO ELEMENTO INSTITUCIONAL
De acordo com Penteado (2012), a comunicação organizacional além de ser
um processo geral que ocorre dentro das empresas, é formada de alguns tipos de
elementos chamados: fonte, canal, mensagem, emissor e receptor, código. Esses
processos se interligam nos diversos setores das organizações, como: na
comunicação administrativa, na comunicação interna, na comunicação institucional e
na comunicação mercadológica, os processos da comunicação mudam de acordo
com os setores, e também em relação a cada indivíduo dentro da organização.
Observa-se que, na maioria das organizações, a comunicação entre
colaboradores mostra-se cada vez mais falhas, os erros ortográficos e a falta de
conhecimento de forma geral podem tornar a carreira do funcionário mais curta e até
mesmo denegrir a imagem da própria empresa. Porém, vale ressaltar que, as
192
dificuldades na comunicação dentro da organização sempre irão existir devido às
diferenças entre cada indivíduo, portando, o desenvolvimento eficaz da comunicação
só terá resultados positivos se cada pessoa fizer sua parte e se adaptar aos conceitos
da comunicação.
O desenvolvimento de uma determinada empresa acontece por meio do
chamado sistema de informação, que são os sistemas políticos, econômicos –
industrial e o sistema interno da organização, que são meios de transmissão
adequados paras as organizações. Para se obter uma comunicação propícia a cada
setor da organização, é necessário que as mensagens sejam usadas
adequadamente, que sejam de forma correta, clara, objetivas e precisas, para que
não haja nenhuma dificuldade ou mesmo problema de quem vai receber essas
informações. (ANGELONI, 2010).
Para Tavares (2009) comunicação institucional, significa aquelas séries de
ações comunicacionais coordenadas e planejadas que a empresa realiza para
divulgar aos seus mais diversos públicos de interesse, tudo aquilo que julgar
importante e estratégico para empresa, pode ser de forma reativa, ou seja, apenas
quando o seu público solicita que a empresa se comunique, ou de forma proativa, se
antevendo possíveis questões que o seu público pode levantar.
A comunicação se faz presente em tudo, porém, nem todos procuram meios
de se atualizar, se adequar, buscar o que tem de novo no mercado para melhorar sua
linguagem, a postura, ou até mesmo mudar o conceito da sua organização, ainda há
várias falhas, no que se refere à comunicação na organização, até por que, existem
ambientes de trabalho que ainda não se adaptaram às práticas da boa comunicação
Comunicar se tornou fundamental em toda e qualquer circunstância, entende-
se por comunicação, qualquer forma existente que se relacione com o outro indivíduo
como a forma: Oral, a escrita, simbólica, gestual e eletrônica.
A comunicação no mundo empresarial pode ser realizada de forma oral, em
telefonemas, reuniões ou diálogos com colaboradores. Certas comunicações prezam
por decisões documentadas e impressas, e é exatamente por isso que a escrita é
uma das ferramentas mais importantes e fundamentais para o processo da
comunicação apropriada.
Penteado (2012) diz que a criação da escrita foi das mais extraordinárias
conquistas do homem, por ter tornado perene uma forma de Comunicação. A
193
propósito, a comunicação pode ocorrer de forma verbal, quando o indivíduo a pratica
em palavras, ou na forma de escrita, pode também acontecer de maneira não verbal,
que seria na forma de mensagens sejam por gesticulações, trocas de olhar, ou até
mesmo a maneira de se portar, de vestir.
LEVANTAMENTO DE DADOS
A presente pesquisa teve como foco principal o levantamento de dados na
Empresa Fênix Ferros Ltda22, localizada em Araguaína-TO, do dia 09/03/2017 à
10/03/2017, atualmente a empresa comporta um total de vinte colaboradores
comportando aqueles registrados interna e externamente.
O instrumento utilizado para avaliação foi de fonte primária, este se trata de
um questionário desenvolvido pela pesquisadora com auxílio de sua orientadora.
Configurando-se como a ferramenta para angariar as informações necessárias para
o estudo.
Inicialmente os funcionários não se apresentaram dispostos, por avaliarem
que tal pesquisa poderia prejudicá-los dentro da empresa, contudo, após a
explanação sobre esta ser uma pesquisa com participantes anônimos, a aceitação se
fez clara.
Aos participantes foi entregue o questionário abrangendo o conteúdo tangente
à comunicação interna na organização. Em função de uma equipe com poucos
colaboradores, a aplicação deste se fez a todos, de modo que, necessitou ser
realizada em dois dias devido aos períodos de trabalho.
EXPLICITAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa culmina da análise da perspectiva dos colaboradores para com a
empresa. Com esta pesquisa é possível relatar e avaliar como a situação da
comunicação dentro do ambiente, bem como a satisfação dos funcionários em relação
a esta. Através desta investigação pode-se observar o quanto e qual a qualidade da
22 A denominação “Fênix Ferros Ltda”, é uma designação fictícia, pois não houve autorização
para a divulgação da razão social da empresa.
194
informação que o funcionário está recebendo para que possa desempenhar sua
função de modo adequado, como também se dispõe ou não de recursos suficientes
para tal.
Influindo que a comunicação organizacional se processa pela ligação com
outros campos, envolvendo o trabalho de fluxos informacionais e relacionais, esta
desenvolve assim, a construção de ações direcionadas à organização e ao ambiente.
(OLIVEIRA; PAULA, 2007).
Todavia, a intencionalidade da pesquisa se atém a análise da comunicação
e sua efetividade no ambiente organizacional atual, prezando pelos colaboradores na
compreensão de que modelos de pesquisa como este permitem à empresa
“identificar seus pontos fracos, a satisfação de seus colaboradores com relação a
vários aspectos da organização. ” (LUZ, 2003, p. 54).
RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa produzida se condiciona pela aplicação de um questionário
aplicado a todos os colaboradores na Empresa Fênix Ferros Ltda, que possui vinte
funcionários. Localizada em Araguaína-TO sendo necessária a execução da atividade
entre os dias 09/03/2017 e 10/03/2017.
Gráfico 1 - Pesquisa sobre o convívio e comunicação no ambiente empresarial
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
30%
35%
20%
0%0%
15%
O convívio e a comunicação entre colaboradores, supervisores, subordinados é:
Excelente
Satisfatório
Bom
Insatisfatório
Regular
Nada aDeclarar
195
De acordo com o exposto no Gráfico 1, vê-se uma tendência a consideração
de que o convívio empresarial está satisfatório (35%), chegando a níveis de
excelência (30%). Instituindo que as existências de problemas em função do convívio
entre os presentes no ambiente sejam menores ou equivalentes aos 15% que se
abstiveram.
Gráfico 2 - Pesquisa sobre o nível de comunicação
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
No Gráfico 2, segundo os funcionários, confirma-se como bom o convívio e a
comunicação em (45%) ou excelente (35%) o grau de comunicação dentro da
empresa, porém há de se perceber que pode não estar se propagando esta
comunicação em sua totalidade, pois para 20% dos funcionários se mostra como algo
apenas regular. Notou-se que é preciso ter uma atenção para como a comunicação
está sendo disseminada na empresa, no que diz respeito ao percentual de regular
sendo assim exige um foco para atenção.
45%
20%
0%
35%
0%
Qual o nível da comunicação dentro da empresa?
Bom
Regular
Ruim
Excelente
Péssimo
196
Gráfico 3 - Pesquisa sobre a importância da comunicação
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Como no Gráfico 3, a necessidade da comunicação se estrutura, pois
demonstra que os funcionários estão cientes da relevância em se obter o campo da
comunicação de forma bem desenvolvida dentro da empresa. De modo que, 30%
definem como importante e 70% como muito importante.
Gráfico 4 - Pesquisa sobre comunicação e satisfação
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Os dados apresentados acima no Gráfico 4, exibem a percepção dos
colaboradores quanto ao espaço para melhoria dentro da comunicação na
organização e sua satisfação. Na qual 35% deles veem a necessidade de melhora,
enquanto 20% e 25% consideram, respectivamente, um espaço ótimo ou está
satisfeito com tal e 20% se abstiveram.
70%
0%
30%
0%
Na sua opinião, para o bom desenvolvimento da organização qual o nível de importância da comunicação
dentro da Empresa?MuitoImportante
PoucoImportante
Importante
Não Importante
20%
35%
25%
0%
20%
Na sua opnião, a empresa está bem, ou ainda pode melhorar, no quesito de comunicação e satisfação dos colaboradores:
Ótimo
Pode Melhorar
Satisfeito
Insatisfeito
Nada a Declarar
197
Gráfico 5 - Pesquisa sobre os incentivos para melhoria da comunicação
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
A melhoria é decorrente também de incentivos, portanto, avaliou-se com os
dados do Gráfico 5, o incentivo ao aprimoramento da comunicação. Dentre os
participantes 10% disseram haver sempre eventos de incentivo, porém a maioria
deles 60% é contrária, afirmando que na empresa situações como estas são
raramente realizadas. Pode-se então, compreender que a organização deve dispor
maior preocupação com o aprimoramento de sua comunicação.
De acordo com Chiavenato (2004), para se determinar prejuízos na qualidade
do ambiente organizacional o primeiro parâmetro a considerar é a posição negativa
dos funcionários em relação a empresa. Ressaltando assim, o papel importante da
comunicação, pois é durante as conversas que se pode perceber falhas em outros
aspectos que influenciam a realização do trabalho dentro da empresa.
10%
60%
0%
30%
A empresa como um todo organiza eventos como encontros, palestras, reuniões etc para aproximar mais
dos seus colaboradores, ter uma comunicação mais direta com eles?
Sempre
Raramente
Nunca
Nada a Declarar
198
Gráfico 6 - Pesquisa sobre soluções para uma melhor comunicação
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
É conhecido que para sanar eventuais dificuldades, a melhor visão é a de
quem as vivencia. Mediante análise do Gráfico 6, identifica-se que os colaboradores
demonstram preocupação com desenvolvimento da comunicação na empresa, sendo
que 20% pensam em eventos de incentivo à melhoria e outros 20% em reuniões
frequentes como solução, mesmo com grande parte (35%) não declarando sua
opinião e 25% estando satisfeitos com a atual situação.
Gráfico 7 - Pesquisa sobre o nível de satisfação com o trabalho desenvolvido
Fonte: Elaborado pelas próprias autoras.
Pelo Gráfico 7, se institui que a comunicação dentro da empresa é refletida
no quão satisfeito estão com o trabalho realizado dentro desta. Sendo que 30% se
mostra muito satisfeito, 35% satisfeito e 25% ótimo, contando apenas 10% deles
25%
20%
20%
35%
O que deveria ser implantado na empresa de forma pratica para favorecer a boa comunicação e facilitar o
desenvolvimento da mesma?
Satisfeito
Reuniões Frequentes
Eventos de Incentivo
Nada a Declarar
30%
35%
0%
25%
10%0%
Qual o nível de satisfação pelo seu trabalho?
Muito Satisfeito
Satisfeito
Pouco Satisfeito
Ótimo
Regular
Nada a Declarar
199
definindo como regular taxa que pode ser decorrente da insatisfação com a busca da
empresa em aperfeiçoar sua comunicação.
É passível de compreensão que as relações de comunicação dentro do
ambiente empresarial estão estabelecidas, em grande parte, satisfatoriamente para
os funcionários. No entanto, muitos ainda ver espaço para aprimoramentos, inclusive
acreditando em algumas soluções para aumentar a taxa de desenvolvimento da
comunicação dentro da empresa.
Sendo estas pautadas em uma comunicação mais contínua e direta. Uma vez
que, segundo os participantes da pesquisa envolvem reuniões com mais frequência,
ou seja, mais representativas. E ainda, uso de palestras e eventos para promoção de
uma comunicação entre colaboradores de modo mais funcional.
A organização se constrói por meio de relações complexas, na qual permeiam
diversos poderes e interesses que por sua vez emergem em momentos díspares e
são voltados em congruência com uma dada situação, partindo de dinâmicas
interativas para manter ordem e os interesses da lógica empresarial e do negócio.
(OLIVEIRA; PAULA, 2008).
É ainda recente a aplicação da administração voltada para interações de
trabalho de forma humanizada. Esta forma uma aliança entre colaboradores e
parceiros internos para manutenção e evolução dos processos nas organizações
tanto no presente quanto no futuro. Sendo, portanto, preciso analisar se de fato um
dos principais canais de relação humana, a comunicação, está se formando e
evoluindo na prática de forma eficaz no âmbito organizacional.
De modo prático, quando se avalia a pesquisa aqui realizada, o que já foi
estabelecido em teoria sobre a relevância e necessidade do desenvolvimento desta
área nas organizações se torna explicito. Uma vez que, os colaboradores
reconhecem o aspecto positivo em se comunicar de forma clara e objetiva, buscando
evoluir através de artifícios que de fato propiciem uma melhora significativa na
comunicação empresarial.
Denotando que, gerir de forma adequada a comunicação dentro das
organizações reflete significativamente na satisfação de seus colaboradores.
Aumentando através desta, a interação entre os funcionários e a empresa, pois
passam a convergir seus anseios com os da organização.
200
PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO EFICAZ NA ORGANIZAÇÃO
Em um processo de comunicação, é preciso saber que, comunicar é um
processo complexo, pelo fato de que a comunicação dar sentido à realidade do dia a
dia, sabendo que, cada indivíduo que compõe a organização, tenha um tipo diferente
de comportamento ao receber certo tipo de informação, em relação ao que está sendo
comunicado. Portanto, elaborar um processo de comunicação eficaz interna ainda é
um grande desafio que diversas organizações encontram, pois muitas empresas
enfrentam sérios problemas, que são relacionados a falhas de comunicação.
Assim, para que a organização interna da empresa Fênix Ferros Ltda atinja
seus objetivos é necessário que:
- Ato de comunicar seja direcionado de acordo com cada departamento;
- Estimular os colaboradores a usar a linguagem correta;
- Que haja adaptações da comunicação de acordo com as particularidades de
cada colaborador, ao seu espaço de ocupação ex: Murais, jornais, Skype, e-mail,
whatsApp e etc.
- Reuniões com mais frequência para tratar de interesses da organização;
- Que sejam ouvidas e aceitas as opiniões dos colaboradores;
- Ter mais encontros fora do trabalho, com todos os colaboradores, para se
ter uma aproximação maior;
- Fazer coffee break com mais frequência no decorrer dos dias, para que haja
mais interação de colaboradores e seus subordinados;
- Palestras motivacionais com intuito de agregar mais valores tanto a empresa
quanto para seus colaboradores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A existência de colaboradores capacitados nos respectivos setores da
empresa é situação primordial para o sucesso da empresa, além de ser necessária a
manutenção desses aspectos.
A existência de instrução, cursos, aperfeiçoamento da comunicação dentro
do seu ambiente de trabalho, além de acompanhamentos com o intuito de
201
desenvolver uma melhor convivência entre os demais colaboradores é resposta aos
valores e à cultura da organização para se obter bons resultados.
Com a análise dos resultados colhidos na pesquisa, vê-se que a comunicação
bem executada dentro da empresa promove um maior nível de satisfação dos
colaboradores, sendo que, 90% deles estão satisfeitos com o trabalho desenvolvido.
Mostrou-se ainda crucial, tiver como um desafio constante, o de avaliar as
organizações como um conjunto de atores se comunicando continuamente para
realização de projetos de interesse coletivo.
Constatou-se ainda que, uma parcela de 35% dos funcionários encontra
espaço para melhoria da comunicação, tornando também preciso reavaliar práticas
comunicativas sem busca do aperfeiçoamento destas para manter a interação e
reciprocidade, tanto entre colaboradores, quanto entre eles e a empresa.
Toda organização tem que ter processos organizacionais, para então se ter
diferencial da concorrência, tem que haver planejamento, organização, direção e
controle entre outras características.
Compreende-se, portanto, a comunicação interna como sendo de suma
importância quando se trata da participação e transmissão de assuntos e trocas de
experiências, ou seja, a forma de como é passada toda e qualquer informação
depende muito de como é a comunicação dentro da organização.
Dar a devida importância a esta ferramenta pode além de alavancar o
sucesso da empresa, minimizar problemas, evitar prejuízos, e ser estratégia
deconsolidação no mercado, o que nos faz concluir que a comunicação
organizacional é pilar determinante na estrutura da organização.
REFERÊNCIAS
ANGELONI, Maria Terezinha. Comunicação nas organizações da era doconhecimento.São Paulo: Atlas, 2010.
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Thomson, 2004.
GIL, Antônio Carlos. Estudo de caso. São Paulo: Atlas, 2009.
LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.
202
MARTINS, Gilberto de Andrade. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, Ivone de Lurdes; PAULA, M. A de. O que é comunicação estratégica nas organizações?. São Paulo: Paulus, 2007.
______; SOARES, Ana Thereza Nogueira. (orgs.). Interfaces e tendências da comunicação no contexto das organizações. São Caetano do Sul (SP): Difusão Editora, 2008.
PENTEADO, José Roberto Whitaker. A técnica da comunicação humana. 14. ed. São Paulo:Cengage Learning, 2012.
REGO, Francisco Gaudêncio Torquato. Comunicação empresarial/comunicação institucional: conceitos, estratégias, sistemas, estruturas, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus, 1986.
SCHULER, Maria (coord.). Comunicação estratégica. São Paulo: Atlas, 2004.
TAVARES, Maurício. Comunicação empresarial: integrando teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
203
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS, CÂMBIO, AÇÕES E POUPANÇA: UM ESTUDO
COMPARATIVO, DE JANEIRO DE 2010 A JULHO DE 2018
Paulo Augusto Morais Negres23
INTRODUÇÃO
A elaboração do presente artigo fundamenta-se na análise de uma carteira de
investimentos possíveis e acessíveis a qualquer tipo de investidores, conservadores,
moderados e arrojados. A análise dos investimentos se fundamenta nos retornos
proporcionados ao final do período analisado neste estudo. Para tanto, se fará uso do
Retorno do Prazo de Aplicação (RPA) e do Valor Presente Líquido (VPL) como
ferramentas de análise, possibilitando posterior comparação dos resultados
apresentados em cada modalidade de investimentos realizados.
Investimento, segundo Houaiss (2009) é o ato ou efeito de investir capitais
com finalidade de se ter lucro, é tudo aquilo em que se aplicam ativos na expectativa
de se ter retornos positivos advindos deste capital, métodos como a poupança, ações,
títulos do governo, títulos de renda fixa, debêntures e o câmbio são formas que o
investidor pode usar nas aplicações de seus capitais. Nesse sentido, o presente artigo
tem como objetivo apresentar aos investidores, ou potenciais investidores qual o
método dentre os investigados neste trabalho, que são: ações, poupança e câmbio
proporcionaram melhor rendimento no período correspondente de janeiro de 2010 a
julho de 2018.
As opções de investimentos pesquisadas vêm ao encontro de esclarecer as
dúvidas dos investidores que ainda não conhecem as possíveis opções que o
mercado oferece, ou se conhecem, não sabem como proceder para realizar
determinadas operações do negócio e ainda expor quais investimentos se apresenta
como melhor opção de escolha. Assim, questiona-se: qual dos investimentos
estudados apresentou maior ganho no período analisado? O tema é de grande
23 Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade Católica Dom Orione, com MBA em
Gestão Financeira Controladoria e Auditoria, Bancário em Banco Bradesco, como Gerente Assistente Empresas e Negócios e Professor do curso de Gestão Financeira Da Faculdade Católica Dom Orione –FACDO.
204
relevância, pois agrega conhecimento as pessoas que desejam obter retornos
advindos de aplicações financeiras.
Para isso, objetiva-se especificamente: Expor os métodos de aplicação;
analisar o capital aplicado e o retorno da aplicação em cada método; comparar o
rendimento dos métodos de investimentos investigados; calcular e avaliar o Valor
Presente Líquido dos investimentos; analisar o montante dos investimentos como
carteira de aplicação e discutir o perfil dos possíveis investidores em relação aos
investimentos estudados.
Neste trabalho será apresentado como o Sistema Financeiro Nacional (SFN) é
formado e quais são as funções dos principais órgãos que o compõem no que se
refere à implantação, regulamentação e fiscalização do mercado financeiro e de
capitais.
Em um segundo momento será apresentado a metodologia que possibilitou a
realização deste trabalho, quando diz respeito a natureza e os métodos usados na
pesquisa que possibilitou a efetivação do trabalho através da análise dos
investimentos. Na sequência, serão expostos os resultados e discussões de como se
comportou o valor aplicado perante os diferentes métodos de investimento, e
finalmente serão mostrados os resultados do trabalho, expondo qual foi o método que
teve maior rendimento no período estudado e, por fim apresentam-se as conclusões.
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
O Sistema Financeiro Nacional (SFN) de acordo com Hoji (2006, p. 38) “é
formado por instituições que têm como finalidade intermediar o fluxo de recursos entre
os poupadores e investidores e os tomadores de recursos em condições satisfatórias
para o mercado”, é composto por órgãos e instituições que regula, estabelece e
fiscaliza as políticas econômicas do Estado, dentre as atividades de responsabilidades
destes órgãos se tem a regulamentação das políticas monetárias, a entrada de moeda
nos bancos, assim como os recolhimentos das taxas compulsórias.
O bom funcionamento deste sistema é possível devido a interligação feita pelas
instituições financeiras entre os agentes econômicos superavitários e deficitários. As
instituições envolvidas neste sistema produzem maior credibilidade ao mercado
financeiro e a economia em geral, facilita o processo de confiança no sistema, afinal,
205
elas poderão intervir de forma positiva sempre que as necessidades advindas do
mercado surgem.
CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL – CMN
O Conselho Monetário Nacional, segundo Fortuna (2008, p.19) “é a entidade
superior do sistema financeiro nacional” ele o considera o primeiro dos três órgãos
normativos e, a criação do mesmo tem por finalidade a formatação das políticas
econômicas em relação à moeda, como o controle e solidez da moeda, é também dele
a tarefa de regulador do sistema financeiro, sendo o principal órgão nesta atividade
O CMN é órgão supremo do Sistema Financeiro Nacional. É um órgão
normativo sem funções executivas, responsável pela fixação das diretrizes das
políticas monetária, creditícia e cambial. As atividades inerentes ao CMN são
estritamente de caráter normativo.
INTERMEDIÁRIO FINANCEIRO: BANCO CENTRAL DO BRASIL- BACEN
O Banco Central de acordo Hoji (2010, p. 40) “é o órgão executivo central do
Sistema Financeiro Nacional, é responsável pela fiscalização e cumprimento das
disposições que regulam o funcionamento do SFN de acordo com as normas
expedidas pelo CMN”. Visualiza-se que o BACEN funciona como fiscalizador das
demais instituições financeiras, principalmente os bancos privados, é ele o
responsável por implantar e analisar as aplicações de normas impostas pelo Conselho
Monetário Nacional, uma das tarefas do BACEN é a de recolher as taxas compulsórias
dos bancos privados, como forma de controlar a oferta de moeda no mercado.
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS– CVM
A Comissão de Valores Mobiliários segundo Hoji (2006, p. 41) “é o órgão
normativo responsável pelo desenvolvimento, disciplina e fiscalização do mercado de
ações e debêntures” é o terceiro órgão criado pelo o governo para auxiliar no controle
do sistema financeiro, é da CVM a tarefa de fiscalizar as diversas formas de se aplicar
em ações, e também é dela a responsabilidade de fiscalizar as empresas de capital
206
aberto, está submissa ao Conselho Monetário Nacional.
AUXILIAR FINANCEIRO: SOCIEDADE CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES
MOBILIÁRIOS - CTVM
De acordo com Fortuna (2008), as Sociedades Corretoras de Títulos e Valores
Mobiliários - CTVM - são instituições típicas do mercado de ações, e as mesmas
operam com a compra, venda e distribuição das ações ou títulos de valores mobiliários
no mercado de capitais, ainda segundo o autor as mesmas comercializam ouro
através de terceiros, ou seja; as pessoas que investem capital nas modalidades de
investimentos propostos geralmente precisarão manter relações entre as sociedades
corretoras.
As negociações em ações são supervisionadas pela CVM, sendo assim neste
estudo no que diz respeito ao investimento ações, deve-se seguir as normas
implantadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
Assaf Neto e Lima (2009, p. 40), conceituam as ações como “um valor
mobiliário representativo de uma parcela (fração) do capital social de uma sociedade,
com prazo de emissão indeterminado e negociável no mercado”. Assim, as ações são
os valores de menor valor nas organizações, e as sociedades anônimas, lançam estas
ações para atrair capital de investimento, ademais ações são títulos que representam
frações do capital de uma empresa.
Existem dois tipos de ações; as Preferenciais (PN) e as ordinárias (ON). As
ações ordinárias ou ON como são conhecidas, tem sua definição apresentada por
Sanvicente e Mellagi Filho (2008, p. 53) como àquelas “que conferem ao seu titular o
direito de votar nas assembleias gerais de acionistas”. Estas são mais indicadas para
grandes investidores, pois tem poder de decisão na administração da S/A. (ASSAF
NETO; LIMA, 2009).
As ações preferenciais são caracterizadas de formas distintas às ordinárias,
elas são ações que não dão ao titular o direito de voto, mas têm prioridade no
recebimento do dividendo e, em caso de dissolução da empresa, têm preferência no
reembolso do capital.
207
PERFIL DOS INVESTIDORES
Entende-se que todo investidor que procura uma forma de investir bens ou
capitais está à procura de retornos advindos destas aplicações, Usina et.al.(2010),
apontam para a ideia de que a característica do investidor pode ser definida ou
identificada com base em algumas especificações, que segundo ele compreende em
basicamente duas; que se reporta na verificação de quais são os objetivos a serem
atingidos e em quanto tempo deseja alcançá-los, existem basicamente três tipos de
perfis; o conservador, moderado e agressivo.
O investidor conservador tem características próprias e bem definidas, Perez
et.al. (2008), o define como quem não gosta de correr riscos. Não está disposto a
aplicar dinheiro em investimentos que oscilam muito ou sua atual situação de vida não
permite investimentos que envolvam risco.
O investidor moderado é aquele que já tem mais agressividade do que o
conservador, embora ele seja menos cauteloso, ainda não é como um investidor
agressivo, Ushiwa et al. (2010), define o perfil moderado como aquele que busca
segurança nas suas operações, porém aceita em determinadas situações correr
algum tipo de risco para obter uma maior rentabilidade
Como o próprio nome sugere, o investidor agressivo é aquele que mais se
entrega ao mercado e às aplicações financeiras de alto risco, Silva e Martins Junior
(2010), definem o investidor agressivo ou arrojado como aquele capaz de assumir
riscos bem maiores em busca do desafio de obter maior lucro; estes investidores são
considerados como “jogadores” em meio ao mercado de capitais, pois assumem
riscos, em determinados momentos excessivos a fim de conquistar um nível de
rentabilidade maior.
INVESTIMENTOS ESTUDADOS
Os investimentos, são poupança, cambio e as ações de 3 empresas que
operam na bolsa de valores brasileira, Bradesco, Petrobrás e a Vale
208
VALE S/A
Uma empresa que já teve suas ações na mão do setor público, no caso o
Governo Brasileiro, Adão (2006), comenta que em 1996, as vésperas da privatização,
a Vale já se constituía como um dos mais importantes conglomerados empresariais
do Brasil, com atuação em nove estados, em diferentes campos de atividades
econômicas, e faturamento anual superior a seis bilhões de dólares.
Hoje a companhia tem sede no Brasil e está presente em mais de 30 países,
segundo Vale (2018) a mesma é uma empresa global, comprometida com a qualidade
de vida e a preservação ambiental das regiões em que está inserida. Têm escritórios,
operações, explorações e joint ventures espalhados pelos cinco continentes, fazendo
da sua presença no mundo uma forma de agregar valor aos processos e melhorar a
logística do atendimento
BRADESCO S/A
O Bradesco é uma instituição do setor financeiro, segundo Bradesco (2018),
a sua fundação foi dada graças ao senhor Amador Aguiar, com uma visão inovadora:
ser um banco democrático, presente em todo o País, a serviço de seu
desenvolvimento econômico e social. Fundado em Marília em 10 de março de 1943,
foi o primeiro banco a colocar seus gerentes na área de atendimento ao público, foi o
primeiro a lançar a primeira Conta Corrente Popular e Juvenil, começou a sua
expansão para o sul do Brasil com 07 agências no Paraná e, hoje é um dos bancos
de maior patrimônio e maior rentabilidade do Brasil.
PETROBRAS S/A
Petrobras empresa de Sociedade Anônima, cujo acionista majoritário é o
governo brasileiro, segundo Petrobras (2018) a mesma atua como uma empresa
integrada de energia nos seguintes setores: exploração e produção, refino,
comercialização, transporte, petroquímica, distribuição de derivados, gás natural,
energia elétrica, gás-química e biocombustíveis. Além do Brasil, a mesma está
presente em outros dezessetes países e é líder do setor petrolífero no Brasil.
209
MERCADO CAMBIAL
Acredita-se que com o crescimento do mercado global, o mercado de câmbio
teve sua disseminação e, os países começaram a realizar compras de moeda
estrangeira como forma de se prevenir das grandes demandas no mercado interno,
Vazquez (2007, p. 256) define o mercado de câmbio como o “conjunto de operações,
ajustadas entre operador e cliente ou entre operadores, situados na mesma cidade ou
país, ou em cidades e países diferentes”, hoje qualquer pessoa pode comprar dólar,
ou outra moeda qualquer e, alguns investidores usam desta ferramenta para
aplicarem na compra e venda da moeda, o dólar frente ao real será a moeda utilizada
como base para o estudo.
POUPANÇA
A poupança é um dos métodos de investimentos que mais têm aplicadores,
isso pode ser justificado pelo fato de a mesma ter uma acessibilidade maior, e ser
menos burocrática. A poupança é o investimento mais popular e tradicional do país
devido, principalmente, a sua simplicidade de aplicação e de resgate (BANCO DO
BRASIL, 2018), para se investir na poupança é necessário que a pessoa física ou
jurídica mantenha uma conta poupança nas instituições financeiras.
METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÃO
A metodologia usada para realizar este trabalho está baseada inteiramente na
coleta, cálculos, análise, tabulação, descrição e interpretação de dados bibliográficos
e documentais, que trabalhados produziram novos resultados e informações a
respeito do tema tratado, atingindo-se os objetivos; geral e específicos propostos
neste estudo.
A pesquisa que propiciou a realização deste trabalho é bibliográfica e
documental, tiveram-se como amostra os dados referentes aos juros da caderneta de
poupança, a variação da taxa cambial frente ao dólar e às ações das três empresas
brasileiras, Vale, Bradesco e Petrobras; então, consideram-se estas empresas e
formas de investimentos como a amostra a ser estudada neste estudo.
210
Os resultados obtidos neste trabalho foram construídos através da execução
de cálculos utilizados nos diferentes tipos de aplicação, usando como ferramenta o
Microsoft Excel.
O valor para análise corresponde a R$ 2.500,00; valor acessível aos
diferentes tipos e perfis de investidores. No que diz respeito a taxa mínima de
atratividade, (TMA) esta será de 6%, valor mais próximo dos juros da caderneta de
poupança.
RESULTADOS DA POUPANÇA
A primeira forma de aplicação a ter seu método de aplicação apresentado é a
Poupança, usou-se a fórmula dos juros simples para a efetivação do cálculo, que por
sua vez foi aplicado na ferramenta do Pacote Office, a Microsoft Excel. Para melhor
compreensão será apresentado um cálculo usando a fórmula dos juros simples:
No gráfico 1 apresenta-se a evolução do montante da poupança em
contrapartida com a taxa de rendimento mensal.
Gráfico 1 - Montante X evolução da taxa de rendimento de jan.2010 a jul.2018.
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
Percebe-se que o rendimento teve uma ascendência constante, isso se
justifica pelo fato de que na poupança não há tributação no investimento, e a taxa de
R$4.484,54
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
R$1.000,00
R$1.500,00
R$2.000,00
R$2.500,00
R$3.000,00
R$3.500,00
R$4.000,00
R$4.500,00
R$5.000,00
Montante Taxa Mensal
211
correção sempre foi positiva, que é uma característica própria desta aplicação, com
isso, o montante só aumentou até o final do período estudado.
Para se apresentar o rendimento da aplicação em valores absolutos, faz se
necessário uma subtração do montante final pelo principal. Os valores são
apresentados nos dados do montante, série de dados em vermelho descrita no gráfico
1. Assim, se tem: = 4.484,54 - 2.500,00 que é igual a: R$ 1.984,54 de rendimento.
Aplicando o cálculo que define o valor relativo tem-se o seguinte valor:
=1.984,54/2.500,00 = 0,7938 x 100 =79,38%, o resultado da aplicação durante o
período analisado, representou um rendimento percentual de 79,38%. Sobre o valor
de R$ 2.500,00, que equivalia ao valor inicial da aplicação.
Para o cálculo do VPL cabe separar os rendimentos dos 7 anos e meio.
Tabela 1 - Resultado do valor presente líquido da poupança
Fluxo de caixa Taxa Mínima de Atratividade
-R$ 2.500,00
6%
R$ 186,64
R$ 199,66
R$ 177,71
R$ 187,38
R$ 230,19
R$ 281,10
R$ 312,48
R$ 132,21
VPL R$ -1.120,43 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
Quando foi realizada a separação do valor do rendimento para o cálculo do
valor presente líquido, foi considerado o rendimento dos anos estudados
separadamente, o que propiciou o fluxo de caixa apresentado na tabela 1; o
rendimento de 2010 a 2018 foram respectivamente os mostrados na tabela. O valor
do ano de 2018 é inferior por tratar-se dos primeiros 6 meses do ano; (meio ano).
212
O valor do VPL como se evidencia na tabela 1 foi de negativo, o que traduz
neste índice que o investimento não supriu o valor aplicado no início do investimento,
tornando-o assim não atrativo para o período. Isso porque o fluxo não apresentou
rendimento que superasse o valor do investimento inicial.
RESULTADOS DO CÂMBIO
A Tabela 2 mostra o resultado do cálculo que evidencia como se comportou
a aplicação e qual foi o montante aferido no período. Observa-se que o valor da
variação do câmbio está divido em valores na compra e na venda, e a operação
realizada no momento da aplicação considerou o valor do câmbio de R$ 1,72; valor
de um dólar americano em janeiro de 2010.
Tabela 2 - Resultado da aplicação no câmbio durante o período estudado.
Valor do dólar na compra Valor do dólar na venda Cálculos
Mês Valor Mês Valor
jan/10 R$ 1,72 jan/11 R$ 1,67 U$ 1450,78 jan/11 R$ 1,67 jan/12 R$ 1,87
jan/12 R$ 1,87 jan/13 R$ 2,04
jan/13 R$ 2,04 jan/14 R$ 2,34
jan/14 R$ 2,34 jan/15 R$ 2,69 jan/15 R$ 2,69 jan/16 R$ 4,03
jan/16 R$ 4,03 jan/17 R$ 3,28
jan/17 R$ 3,28 jan/18 R$ 3,26
jan/18 R$ 3,26 jul/18 R$ 3,91
Montante final R$ 5.672,55 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
Quando se aplica a operação de compra de dólares, o principal de R$
2.500,00 compra U$ 1.450,78 dólares que são percebidos na coluna descrita por
cálculos. Após a transação, o valor que até então era de U$ 1,450,78 obteve um
montante de R$ 5.672,55 isso porque se multiplicou pelo valor do dólar em julho de
2018, como o montante foi inferior a R$ 20.000,00, não há a cobrança do imposto de
renda pela venda.
213
Sendo assim: 5.672,55 – 2.500,00 = R$ 3.172,55. Aplicando o cálculo que
define o valor relativo, o percentual tem-se o seguinte valor: =3.172,55/2.500,00 =
1,2690 X 100 =126,90%.
Observa-se que após a divisão do rendimento pelo principal, o resultado da
aplicação foi um rendimento percentual de 126,90%. Sobre o valor do capital inicial.
Os valores descritos no fluxo de caixa foram determinados a partir da média
aritmética do valor total do rendimento; levando em consideração o período de
análise, foi realizado a média porque não tinha possibilidade de vender os dólares no
dia e comprar no mesmo, isso só iria acarretar desgaste do investidor, perca de tempo
e aumento de impostos por causa das operações.
Tabela 3 - Resultado do valor presente líquido do câmbio
Fluxo de caixa Taxa Mínima de Atratividade
-R$ 2.500,00
R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57 R$ 396,57
6%
VPL -R$ 35,27
Fonte: Elaborada pelo próprio autor
Observa-se que os rendimentos foram suficientes para suprir o investimento
inicial de R$ 2.500,00, porém como trata-se de obter rendimentos com correções, o
VPL ainda foi negativo em pouco mais de R$ - 35,00, pois ao considerar a taxa mínima
não houve ganho que suprisse ela e o custo de oportunidade na aplicação.
RESULTADOS DAS AÇÕES DO BRADESCO
As ações terão suas análises parecidas com a do câmbio, fez-se a compra e
venda das diferentes ações nos mesmos períodos, a Tabela 4 apresenta o valor da
operação feita das ações da empresa Bradesco S.A.
214
Tabela 4 - Resultado da aplicação das ações preferenciais da Bradesco S.A de janeiro de 2010 a julho de 2018.
Valor Ação BRA - PN compra Valor Ação BRA - PN venda Cálculos
Mês Valor Mês Valor
Jan/10 R$ 37,70 Jan/11 R$ 33,04 66,31
Jan/11 R$ 33,04 Jan/12 R$ 30,70
Jan/12 R$ 30,70 Jan/13 R$ 36,02
Jan/13
Jan/14
Jan/15
Jan/16
Jan/17
Jan/18
R$ 36,02
R$ 29,09
R$ 35,49
R$ 19,28
R$ 28,80
R$ 34,80
Jan/14
Jan/15
Jan/16
Jan/17
Jan/18
Jul/18
R$ 29,09
R$ 35,49
R$ 19,28
R$ 28,80
R$ 34,80
R$ 31,17
Div. e JCP - - - R$ 245,20
Montante final R$ 2.312,18
Fonte: Elaborada pelo próprio autor
As ações na tabela 4 tem a representação de seus valores, tanto na venda
como na compra, observa-se que com o capital inicial de R$ 2.500,00 em janeiro de
2010 foi possível adquirir 66,31 ações preferenciais, valor descrito na coluna cálculos
da tabela.
Percebe-se que as ações da empresa Bradesco S.A teve uma desvalorização
no período estudado, embora tenha apresentado oscilações no decorrer do período
as mesmas possibilitaram distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio na
ordem de R$ 100,20, isso foi somado ao valor da venda das ações e quando foi
efetivada a transação o resultado foi de R$ 2.312,18
O índice do Retorno de aplicação corresponde ao seguinte valor relativo:
Rpa= rendimentos + variação de preço / preço de aquisição
Rpa= 245,20 + (2.066,98-2500) / 2500
Rpa= 245,20+ (- 433,02) / 2500 Rpa= - 187,82 / 2500
215
Rpa = - 7,51%%
Com as variações nos preços da ação o resultado da aplicação na ação não
foi atrativo para o investidor que aplicou neste período, mesmo com distribuições de
dividendos e com juros sobre o capital próprio, o investidor perdeu, pois, houve
desvalorização no período foi de -7,51% do capital inicial aplicado.
Para o cálculo do VPL foi utilizado o fluxo de caixa utilizando a média
aritmética dos rendimentos, estes rendimentos correspondem aos dividendos e os
juros sobre o capital próprio.
Tabela 5 - Resultado do valor presente líquido das ações do Bradesco
Fluxo de caixa Taxa Mínima de Atratividade
-R$ 2.500,00
6%
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
R$ 30,65
VPL -R$ 2.178,93
Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
O Valor Presente líquido das ações mostrou-se negativo, e este resultado
significa que o investimento durante o período estudado não foi lucrativo; pois os
fluxos de caixas positivos não igualaram ou supriram o investimento inicial.
RESULTADOS DAS AÇÕES DA VALE S.A
Visualiza-se que as ações da empresa Vale S.A apresentou valorização no
período estudado, mesmo com as variações no decorrer do período, em julho de
2018, no momento da transação o resultado foi de R$ 2.654,12, somando assim já os
valores de dividendos e juros sobre capital próprio.
216
Tabela 6 - Resultado da aplicação das ações preferenciais da empresa Vale de janeiro de 2010 a julho de 2018.
Valor Ação VALE - PN compra
Valor Ação VALE - PN venda Cálculos
Mês Valor Mês Valor
jan/10 R$ 43,52 jan/11 R$ 49,90 57,44 jan/11 R$ 49,90 jan/12 R$ 38,90
jan/12 R$ 38,90 jan/13 R$ 42,60
jan/13 R$ 42,60 jan/14 R$ 36,05
jan/14 R$ 36,05 jan/15 R$ 21,95 jan/15 R$ 21,95 jan/16 R$ 12,98
jan/16 R$ 12,98 jan/17 R$ 25,49
jan/17 R$ 25,49 jan/18 R$ 40,44
jan/18 R$ 40,44 jul/18 R$ 54,98
Div e JCP R$ 495,80
Montante final R$
3.654,12 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
Contudo, este montante só foi possível graças aos dividendos distribuídos e
os juros sobre capital próprio das ações preferenciais, que ocorreram na ordem de
R$ 201,63 durante o período.
Calculando o resultado da aplicação, e usando-se da fórmula do retorno do
prazo de aplicação, têm-se os seguintes valores:
Rpa= rendimentos + variação de preço / preço de aquisição
Rpa= 495,80 + (3.158,32 - 2500) / 2500
Rpa= 495,80 + 658,32 / 2500 -- Rpa= 1.154,12/ 2500
Rpa = 46,16%
O retorno do prazo de aplicação, foi o único que apresentou valor positivo se
considerar as três empresas analisadas.
O Valor Presente Líquido apresentou que o investimento nas ações da Vale
não resultou em viabilidade, pois os rendimentos foram insuficientes para suprir o
capital inicial e aferir lucro, como se percebe na tabela o VPL negativo afere que o
investimento não foi satisfatório, quando comparado ao índice, porém nota-se que já
teve resultado superior ao das ações do Bradesco.
217
Tabela 7 - Resultado do valor presente líquido das ações da Vale
Fluxo de caixa Taxa Mínima de Atratividade
-R$ 2.500,00
6%
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
R$ 144,27
VPL -R$ 1.513,34 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
RESULTADOS DAS AÇÕES DA PETROBRAS S.A
As 66,99 ações adquiridas em janeiro 2010 renderam R$ 342,11 com as
distribuições de dividendos e de juros sobre o capital próprio, nota-se que as ações
da empresa Petrobras S.A teve uma desvalorização no período estudado, a queda
no valor das ações apresentou um resultado de R$ 1.667,84, no final do investimento,
valor este já com a soma dos rendimentos.
Tabela 8 - Resultado da aplicação das ações preferenciais da empresa Petrobras de janeiro de 2010
a julhode 2018.
Valor Ação PETRO - PN compra
Valor Ação PETRO- PN venda
Cálculos
Mês Valor Mês Valor
jan/10 R$ 37,32 jan/11 R$ 27,00 66,99 jan/11 R$ 27,00 jan/12 R$ 21,73
jan/12 R$ 21,73 jan/13 R$ 19,69
jan/13 R$ 19,69 jan/14 R$ 17,20
jan/14 R$ 17,20 jan/15 R$ 9,19 jan/15 R$ 9,19 jan/16 R$ 7,03
jan/16 R$ 7,03 jan/17 R$ 15,68
jan/17 R$ 15,68 jan/18 R$ 16,96
jan/18 R$ 16,96 jul/18 R$ 19,79
Div e JCP R$ 342,11
Montante final R$
1.667,84 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
O retorno do prazo de aplicação apresentou o seguinte resultado:
218
Rpa= rendimentos + variação de preço / preço de aquisição
Rpa= 342,11 + (1325,73-2500) / 2500
Rpa=342,11 +(-1174,27) / 2500
Rpa= - 832,16 / 2500 -- Rpa = - 33,29%
Ao analisar as ações, percebe-se que Bradesco e Petrobras apresentaram
prejuízos durante o período, todas tiveram queda no valor do montante quando
comparadas com o capital inicial do investimento.
O VPL da Petrobras compreende no seguinte valor, para tal separou-se o
rendimento de forma a se tornarem entradas positivas no fluxo de caixa:
Tabela 9 - Resultado do valor presente líquido das ações da Petrobras
Fluxo de caixa Taxa Mínima de Atratividade
-R$ 2.500,00
6%
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
R$ 42,76
VPL -R$ 2.107,99 Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
Percebe-se que o valor presente da Petrobras também apresentou um valor
negativo, e este valor representa a liquidez do investimento, que no caso não foi
suficiente para equiparar ou superar o investimento inicial de R$ 2.500,00.
O VPL das três empresas pesquisadas não apresentaram fatores positivos
que levassem o investimento a ser lucrativo, em ambas o valor presente líquido não
igualou e nem supriu o valor inicial de R$ 2.500,00, no que tange a preservação do
valor ao tempo presente da aplicação inicial.
O gráfico 2 demonstra o resultado do montante dos três métodos de aplicação
utilizados e, consigo apresenta uma comparação entre o valor obtido nos métodos de
investimentos estudados.
As ações quando comparadas ao câmbio e a poupança ficaram inferiores no
quesito montante, dentre as estudadas, a de melhor resultado foi a Vale inclusive
apresentando rendimento positivo. As demais Petrobras e Bradesco constatou-se que
219
no período estudado, os investidores que aplicaram em ações destas empresas não
obtiveram rendimentos o suficiente para suprir o capital investido.
Gráfico 2 - Montante dos investismentos estudados Janeiro de 2010 a dezembro de 2013
Fonte: Elaborado pelo próprio autor.
A tabela 10 apresenta os resultados agrupados dos investimentos com os
diferentes índices calculados.
Tabela 10 - Comparativo dos resultados e índices estudados sobre os modelos de investimentos pesquisados, de janeiro de 2010 a julho de 2018
Comparativo dos investimentos estudados
Investimentos estudados
Capital Inicial R$
Montante em R$
Valor Relativo
%
VPL em R$
Câmbio R$ 2.500,00 R$
5.672,55 126,90% -R$ 35,27
Poupança R$ 2.500,00 R$
4.484,54 79,38%
-R$ 1.120,43
Ações da Vale R$ 2.500,00 R$
3.654,12 46,16%
-R$ 1.513,34
Ações do Bradesco R$ 2.500,00 R$
2.312,18 -7,51%
-R$ 2.178,93
Ações da Petrobras R$ 2.500,00 R$
1.667,84 -33,29%
-R$ 2.107,99
Fonte: Elaborada pelo próprio autor.
R$-
R$1.000,00
R$2.000,00
R$3.000,00
R$4.000,00
R$5.000,00
R$6.000,00
Câmbio Poupança Ações da
Vale
Ações do
Bradesco
Ações da
Petrobras
R$5.672,55
R$4.484,54
R$3.654,12
R$2.312,18
R$1.667,84
Comparativo Entre o Montante dos Investimentos
220
Na tabela acima evidencia-se como foi o comportamento dos investimentos;
na coluna referente ao valor relativo nota-se o ganho apresentado a partir do
montante; onde o câmbio obteve maior rendimento e, as ações da Petrobras foi o
investimento de menor valor relativo no período estudado.
Quanto ao valor presente líquido, os resultados mostraram que o câmbio foi
o investimento que melhor teve representatividade, com VPL próximo do 0,00, já o
investimento de menor Valor Presente líquido, ou seja, de pior número foram as ações
do Bradesco.
Nos índices estudados, o câmbio foi a aplicação que apresentou melhor
resultado com o valor relativo e, com o valor presente líquido, A poupança foi a
segunda aplicação mais rentável, observando o valor presente líquido e com o valor
relativo; dentre as ações a que obteve melhor resultado no que se refere ao valor
relativo e ao VPL foi a Vale S.A, a única que não teve montante inferior ao principal.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tratando-se de aplicações financeiras, há sempre uma dificuldade por parte
dos investidores em decidir qual investimento escolher para aplicar seus capitais, isso
porque, os mesmos estão à procura de rendimentos e aplicações que atendam seus
objetivos e representem o menor risco possível. A exposição dos métodos de
aplicação estudados; ações, câmbio e poupança possibilitam maior conhecimento
destas modalidades de investimentos. A poupança caracteriza-se como o método que
apresenta maior acessibilidade e facilidade para se investir. O câmbio e as ações
exigem do investidor maior tempo, conhecimento e disciplina para a efetivação destas
aplicações.
A comparação dos diferentes métodos de investimentos durante o período
analisado foi possível e, dos resultados encontrados se pode extrair algumas
conclusões, como o câmbio que apresentou rendimento relativo de 126,90%, a
poupança de 79,38% e as ações da Vale S.A 46,16% já Bradesco S.A e Petrobras
S.A, apresentaram respectivamente valores relativos negativos de rendimento de -
7,51%, -33,29%.
221
Conclui-se que o investimento de melhor resultado no período foi o câmbio,
seguido pela poupança; e dentre as ações preferenciais, os papeis da Vale; as demais
mesmo com as distribuições dos dividendos e, dos juros sobre capital próprio e com
a venda no final do período apresentaram um valor inferior ao do capital inicial
aplicado, aferindo assim prejuízo.
Ao analisar o Valor presente líquido, os valores aferidos pelos cálculos e
examinados proporcionaram os seguintes diagnósticos: quanto ao câmbio, o VPL foi
de R$ -37,27. A poupança apresentou o valor de R$ -1.120,43. Para as ações da Vale
o VPL foi de R$ - 1.513,34; Ações do Bradesco R$ - 2.178,93 e da Petrobras R$ -
2.107,99. No VPL constatou-se que nenhum dos investimentos foi positivo, embora o
câmbio, a poupança e as ações da Vale tenham fornecido valor relativo positivo,
ficaram abaixo de zero, o câmbio mostrou-se ser o mais aconselhável.
De modo geral, a carteira de investimentos se mostrou frágil porque as ações
não apresentaram rendimentos que tornassem o montante valor expressivo frente ao
aplicado inicialmente, a soma do valor do montante do câmbio, R$ 5.672,55; da
poupança 4.484,54; das ações da Vale 3.654,12, do Bradesco 2.312,18, e da
Petrobras 1.667,84; resulta no valor de R$ 13.791,23 para as cinco aplicações, este
valor é superior em 10,33% ao principal dos capitais iniciais investidos nas cinco
modalidades, o valor de R$ 12.500,00. Mesmo com uma carteira diversificada de
investimentos, o estudo mostra que não foi possível retornos favoráveis para os
investidores que optaram por estes tipos de investimentos, afinal pelo período de
praticamente 8 anos, o rendimento anual foi pouco mais de 1% a.a.
Atribui-se que as ações tenham apresentado tais resultados por razões
macroeconômicas que nortearam o mercado de capitais brasileiro durante o período
analisado sendo o cenário político um dos mais influentes nos resultados da carteira.
O cenário macroeconômico político não tem sido favorável aos investimentos de
risco, inibindo investimentos e retraindo lucros e, com isso as ações se
desvalorizaram no tempo. A poupança teve seu valor corrigido no tempo
acompanhando a inflação e o câmbio mostrou-se ser o melhor investimento devido à
valorização do dólar nos anos de análise dos investimentos.
Os investidores mais arrojados que optaram por ações, não obtiveram bons
resultados, visto que da carteira de investimentos foi o que apresentou piores
rendimentos; dentro dos métodos analisados, o câmbio pode ser considerado
222
investimento de risco, no entanto este obteve melhor rendimento no período, no que
tange a poupança, modalidade de investimento conservador e com risco mínimo
apresentou rendimentos que se acredita que foi esperado pelos investidores que
optaram pela mesma.
O tema é instigante e demanda por estudos futuros, afinal existem outros
modelos de investimentos que podem ser explorados, investir nos métodos
estudados chega a ser trabalhoso, contudo um investidor que se dedica com tempo
e capacitação a respeito do mercado pode colher frutos positivos advindos deles,
rendimentos estes que se tornam vantajosos para o aplicador e para o crescimento
econômico e social do Brasil.
REFERÊNCIAS
ADÃO, Sonia Maria. Os discursos confrontados no processo de privatização: o caso companhia vale do rio doce 203 f. Tese (Doutora em Letras) Faculdade de Filosofia, letras e ciências humanas da universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2006. ADVFN. Portal de investimentos em ações da bolsa de valores do Brasil, com cotações da Bovespa e BM&F.Disponível em:<http://br.advfn.com/bolsa-de-valores/bovespa/vale-VALE4/dividendos>.Acesso em: 17 jul. 2018. ______. Portal de investimentos em ações da bolsa de valores do Brasil, com cotações da Bovespa e BM&F. Disponível em: <http://br.advfn.com/bolsa-de-valores/bovespa/bradesco>BBDC4/dividendos>. Acesso em: 17 jul. 2018. ______. Portal de investimentos em ações da bolsa de valores do Brasil, com cotações da Bovespa e BM&F. Disponível em: < http://br.advfn.com/bolsa-de-valores/bovespa/petrobras-PETR4/dividendos>. Acesso em 17 jul. 2018. ASSAF NETO, Alexandre; LIMA, Fabiano. Curso de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2009. BANCO CENTRAL DO BRASIL, Sobre o Banco Central do Brasil. Disponível em:<http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 24 ago. 2018. BANCO DO BRASIL, Cartilha de poupança. Disponível em:<http://www.bb.com.br/docs/pub/voce/dwn/CartilhaPoupanca.pdf> acesso em: 13 set. 2018. BM&F BOVESPA, Introdução ao mercado de capitais. Disponível em: <http://lojavirtual.bmf.com.br/LojaIE/Portal/Pages/pdf/merccap.pdf> Acesso em: 28 ago. 2018.
223
BRADESCO SA, Sobre o Bradesco. Disponível em: <http://www.bradesco.com.br/html/classic/sobre/index.shtm>. Acesso em: 30 ago. 2018. FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro produtos e serviços. 17. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. HOJI, Masakazu. Administração financeira e orçamentária. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. ______Administração financeira: uma abordagem prática: matemática financeira, análise, planejamento e controle financeiro. 5. ed. 3. Reimpressão. São Paulo: Atlas, 2006. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. MELLAGI FILHO, Armando; ISHIKAWA, Sérgio. Mercado financeiro e de capitais. 2. ed. São Paulo: Atlas,2007. PEREZ, Ronaldo et al. Perfil dos consumidores de hortaliças minimamente processadas de Belo Horizonte. Horticultura Brasileira, v. 26, p. 441-446, São Paulo: 2008. PETROBRAS AS, Você está na empresa global. Disponível em:< http://www.petrobras.com/pt/>. Acesso em: 30 ago. 2018. SANVICENTE, Antônio; MELLAGI FILHO, Armando. Mercado de capitais e estratégias de investimento. São Paulo: Atlas, 2008. SILVA, Hugo Campana da; MARTINS JUNIOR, José Francisco. Mercado de Capitais: um encontro com o perfil do investidor em Itanhaém. FAITA, São Paulo. 2010. USHIWA, Bruna Hiromi et al. O Comportamento e Perfil do Investidor Frente aos Riscos de Investimentos em Ações. Revista Alumni, v. 2. 2010. UOLINVEST. Histórico das Cotações das S.A. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/cotacoes/bolsas/acoes/bvsp-bovespa-sa/?Intraday>. Acesso em: 6 ago. 2018. VALE SA, Sobre a Vale. Disponível em: <http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 30 ago. 2018. VAZQUEZ, José Lopes. Comércio exterior Brasileiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
224
CULTURA ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO NA COOPERATIVA
DOS PRODUTORES DO VALE DO ARAGUAIA – VALLECOOP
Fabiano Luna dos Santos 24
Geraldo Alves Lima25
INTRODUÇÃO
As cooperativas desempenham diversas atividades, a partir da união de
pessoas com interesses comuns, a fim de obter vantagens econômicas. É um modelo
de organização voltado para a solidariedade, a cooperação, a valorização do trabalho
do homem. A cultura organizacional é a maneira como a organização é regida, sejam
nos seus processos, valores, costumes e as cooperativas se diferenciam das demais
empresas, pela sua forma de constituição, como é administrada e lida com seus
clientes (cooperados) que são a razão e os verdadeiros donos do negócio.
A administração de uma cooperativa está voltada não ao lucro em si, mas ao
atendimento das necessidades de seus cooperados que apostam no negócio. O
trabalho dos gestores é de ser o elo entre o cooperado e a garantia da
sustentabilidade da organização. As cooperativas dispõem de um sistema
participativo, por meio da escolha de seu conselho administrativo, onde as principais
decisões são tomadas por meio do voto, de cada cooperado e segue seu estatuto
social como forma de organização.
Ao longo do trabalho, é abordado estudos acerca da cultura organizacional,
cooperativismo, motivação, atendimento e marketing, que serviram de embasamento
teórico para compreensão e aplicação no estudo de caso, realizado na cooperativa
agropecuária, Vallecoop, por meio de entrevista e questionário. O objetivo foi
apresentar e analisar seu planejamento estratégico de 2010 a 2016, para
compreender seu modelo de organização, com base em teorias e análise de sua
estrutura organizacional.
O estudo justifica-se devido à extensão do cooperativismo na economia,
sendo transformado em cultura organizacional forte e competitiva; de uma gestão
24Graduado em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione 25 Mestre em Administração, Comunicação e Educação. Professor dos cursos de Administração, Direito Psicologia e Gestão Financeira na FACDO. Pesquisador do NEIC.
225
eficaz e com profissionais qualificados, bem como uma administração voltada para a
inovação.
CULTURA GERAL
O surgimento da humanidade e seu desenvolvimento em sociedade, fez
surgir comportamentos, valores, costumes, conhecimentos, leis como forma de
normatizar o convívio em determinado grupo. O conceito de cultura está ligado ao
indivíduo que por meio do aprendizado, se socializa com o meio. Consiste em um
processo de experiências que determinado grupo julga ser conveniente ao longo do
tempo, repassando as futuras gerações, não sendo considerado algo estático e, sim,
em constantes mudanças. Para Marconi e Presotto (2015, p. 39) “ a cultura é criada,
aprendida e acumulada pelos membros do grupo e transmitida socialmente de uma
geração à outra e perpetuada em sua forma original ou modificada.”
Motta e Caldas (2007, p. 16) conceituam cultura como:
um processo antropológico e sociológico que comporta múltiplas definições. Para alguns, a cultura é a forma pela qual uma comunidade satisfaz a suas necessidades materiais e psicossociais. Implícita nessa idéia está a noção de ambiente como fonte de sobrevivência e crescimento. Para outros, cultura é a adaptação em si, é a forma pela qual uma comunidade define seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio ambiente.
A cultura é perceptiva na maneira em que o homem vê o mundo, a partir da
sua própria cultura com relação à cultura alheia. O julgamento que fazemos ao
desconhecido é natural, visto que nossa experiência cultural também é relativamente
diferente.
Determinado hábito cultural é considerado lógico dentro de seu próprio meio
e muitas vezes irracional, se comparado com outras culturas. A prática de
determinada cultura não é ativa em todos os seus membros, isso decorre do processo
de socialização em vários aspectos da cultura, porém é necessário saber o que é ou
não aceito em determinada cultura.
Marconi e Presotto (2015, p. 185), “a maioria dos seus membros é moldada
pela própria cultura, adotando espontaneamente o comportamento configurado pelo
contexto em que vive.” A cultura de um grupo se inter-relaciona para o
226
desenvolvimento em sociedade, dessa forma exerce uma forma de controle social,
servindo de base para vivência em determinado grupo.
CULTURA ORGANIZACIONAL
A cultura corporativa é um estudo recente dentro das organizações. Como
apontam Motta e Caldas (2007, p. 25) “não faz muito tempo, todos acreditavam que
regras gerais se aplicavam a todas as situações de administração, trabalho e
organização, independentemente dos contextos em que eram encontradas.” A cultura
organizacional representa a vivência corporativa, permite uma visão global da
organização onde o sucesso ou fracasso da mesma depende de uma cultura forte e
competitiva. É uma ferramenta base onde é apresentada a missão, a visão, os valores
para o exercício da atividade empresarial.
As organizações são regidas por sua cultura organizacional, dentro delas
existe um modo de trabalho. É levado em conta costumes, ideias, regras para todos
os seus integrantes. É o que as diferencia das demais organizações, por mais que
prestem o mesmo serviço.
A cultura organizacional é como se fosse um manual, que deve ser partilhado
de modo a envolver o colaborador na organização e a organização em seu contexto
interno e externo, pois envolve tanto relacionamento com clientes, na forma de tratar
seus negócios, como a visão que a sociedade tem desta organização. Como afirma
Chiavenato (2008, p. 174) “Na verdade, a cultura é a maneira pela qual cada
organização aprendeu a lidar com seu ambiente e com seus parceiros - funcionários,
clientes, fornecedores, acionistas, investidores etc.”
Os fundadores das organizações e seus dirigentes, ao criar ou administrar
seus negócios, elencam o papel da organização e quais são os valores que serão
transmitidos para as gerações futura e servirão como um referencial para o
comportamento organizacional.
Robbins (2005, p. 381) estabelece que:
tradicionalmente, os fundadores de uma empresa são os que têm maior impacto sobre a cultura inicial da organização. Eles têm uma visão daquilo que a organização deve ser. Não estão limitados por costumes ou ideologias anteriores. O tamanho pequeno que costuma caracterizar empresas novas
227
também facilita a imposição da visão de seu fundador sobre todos os membros da organização.
A cultura organizacional apresenta traços importantes para sua identificação.
Como procedimentos administrativos, as políticas da organização, a linguagem
utilizada dentro do universo corporativo. Tudo que é perceptível. As pressuposições
básicas relacionadas à filosofia administrativa que, de forma inconsciente, as pessoas
acreditam como respeito, ética e trabalho em equipe, onde muitas vezes não é nem
falado ou escrito, mas todos sabem o seu devido papel na organização.
A forma de administrar é mutável, visto que com a complexidade dos
negócios, em busca de vantagem competitiva, as organizações buscam adaptarem-
se às mudanças cotidianas. E essa não é uma das tarefas mais fáceis, pois quanto
mais a cultura organizacional estiver enraizada, mais difícil será sua adaptação.
Algumas organizações optam pelo conservadorismo e seguem todos seus
costumes, oriundos de seus fundadores. Por mais que o mercado esteja em
constantes transformações, ávido por mudanças, ele prefere ater-se ao passado. Há
um embate entre o conservadorismo e a mudança. Quando na verdade o que se
busca é uma estabilidade e manutenção dos negócios, isto significa que as
organizações devem preservar seus valores que julga ser importante, mas sempre
que necessário se abster de velhos hábitos e modernizá-los diante das mudanças de
mercado.
Nem sempre produtividade e posicionamento no mercado são sinônimos de
sucesso organizacional. Outros fatores também são levados em conta como os
valores morais e éticos e a postura interna e externa. E certamente a cultura
organizacional oferece subsídios para que as organizações busquem meios para se
sobressair estrategicamente e manter vantagem, tanto para quem enxerga a
organização, quanto para quem está inserida nelas.
LINHAS TEÓRICAS SOBRE COOPERATIVISMO
O cooperativismo surgiu em meio às transformações da Revolução Industrial
e consequentemente do capitalismo. Esse modelo de organização foi estabelecido
por socialistas utópicos, que pregava a transformação da sociedade e da economia
baseada no trabalho mútuo.
228
Foram vários os precursores que estabeleceram modelos de organização
com características cooperativistas: Charles Fourier, Robert Owen, Wiliam King,
Felipe Buchez, entre outros. Porém, nenhuma dessas organizações obteve sucesso,
devido às condições e políticas adotadas e nas quais foram criadas.
Robert Owen, socialista utópico, proprietário da empresa de fiação, New
Lanarck, criou uma colônia modelo para seus trabalhadores. Preocupe-se com a
qualidade de vida, mudou regras de trabalho, construiu lojas para que os mesmos
pudessem consumir produtos a um preço justo.
Neste sentido, Cenzi (2009, p. 25-26) complementa que:
Robert Owen (1771-1858), ‘que era um industrial proprietário, mas socialista e reformador social’ se tornou referência mundial. É tido como precursor moderno do cooperativismo, rotulado como um socialista utópico, com influência direta na formação das primeiras regras estatutárias da primeira cooperativa efetivamente instalada e considerada como o marco histórico mundial – Os pioneiros de Rochdale.
Segundo Rossi (2009), em 1886, surgiu a Escola de Nîmes, na França.
Edouard de Boyve, Auguste Fabre e Charles Guide formaram um grupo de discussão
onde sistematizaram várias ideias cooperativistas. Seus maiores idealistas almejam
cooperativas autônomas, sendo uma forma de se contrapor ao capitalismo.
Nesse sentido, Rossi (2009, p. 47) relata que
Owen e Fourier supunham que a economia socialista deveria se desenvolver em um ambiente fechado e auto-suficiente, para não se contaminar pelo modelo capitalista, daí a idéia de criação das “aldeias cooperativas”. Era uma visão utópica da possibilidade de uma organização comunitária da sociedade.
O cooperativismo foi criado com ideais de inclusão social, baseado na
igualdade e na cooperação. Como forma para suprir necessidades sociais e
econômicas, principalmente em momentos de crise.
HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO NO MUNDO E NO BRASIL
O período que compreende o final do século XVIII e início do XIX marcou uma
série de transformações na relação do homem com o trabalho. A Revolução Industrial
foi uma transição da manufatura e produtos artesanais, para produção industrial, com
229
uso da máquina a vapor. Os artesãos se transformaram em operários, crianças
trabalhavam exaustivamente nas fábricas, péssimas condições de trabalho e com o
avanço tecnológico, o desemprego assolava a população. Ao mesmo tempo os
empregadores enriqueciam, pagando baixo salário e produzindo em larga escala com
as máquinas. É nesse contexto que surgi na Europa, o cooperativismo. Para Rossi
(2009, p. 23), “ o cooperativismo é uma doutrina que embasa teoricamente a
cooperação do ponto de vista econômico, isto é, a união de esforços por meio de
associações de fim predominante econômico, as cooperativas. ”
A doutrina cooperativista teve início na Inglaterra, com o surgimento de uma
organização com regras, normas e princípios chamada, de cooperativa. Nela
predomina o trabalho mútuo, a solidariedade, a união de esforços e a cooperação.
Segundo Rossi (2009, p. 34), “O cooperativismo resultou, portanto, da tentativa dos
trabalhadores de resolver, por meio da ajuda mútua, da ideia de solidariedade e da
ideia de igualdade, os problemas sociais e econômicos que os atingiam. ”
Os pioneiros de Rochdale estabeleceram um novo modelo de organização,
comprometido com o trabalho do homem e sua valorização como parte do meio
social. Em contraste com o crescimento desordenado, foi criada uma organização
preocupada com o desenvolvimento da sociedade em que estava inserida.
No Brasil, as inovações da Revolução Industrial demoraram a chegar. A
industrialização da época era muito carente, havia dificuldades nos meios de
transporte e comunicação, as classes não eram unidas, sendo considerados fatores
que dificultaram a chegada do cooperativismo no país.
O cooperativismo no Brasil teve seu início com os imigrantes. Como aponta
Cenzi (2009, p. 46) “as cooperativas surgiram, num primeiro momento, do sul ao
nordeste do Brasil, mantendo-se nos estados litorâneos. Deduz-se que isso tenha
ocorrido em face da imigração existente naqueles primórdios. ” Os imigrantes italianos
e alemães trouxeram uma bagagem cultural e um trabalho voltado para a
solidariedade e o associativismo, daí se organizaram em forma de cooperativas.
As uniões de funcionários públicos, profissionais liberais, operários e
militares, formaram cooperativas para atender as necessidades de tais classes.
Conforme Cenzi (2009), as cooperativas tiveram um expressivo crescimento após o
decreto 22.239, de 19 de dezembro de 1932, que estabeleceu leis para o
cooperativismo brasileiro.
230
O movimento cooperativista se expandiu no país nas décadas de 50 e 60.
Pinho e Palhares (2010, p. 61) “no campo intelectual, notamos que, no Brasil, o
interesse pelo cooperativismo intensificou-se, na segunda metade do século XX,
entre discípulos de professores universitários de ciências sociais e de economia. ”
Para Rossi (2009, p. 165-166),
o interesse pelo cooperativismo se coloca, assim, por ser ele um sistema de cooperação econômica, em que a economia é processada com base no valor do trabalho e não no lucro, na ajuda mútua e na solidariedade e não na competição e no individualismo. Ao estabelecer um tipo de lógica diferente da lógica do sistema dominante, o cooperativismo se apresenta como uma alternativa possível de inclusão das pessoas sem chances, diante do sistema capitalista, de levar uma vida digna.
As cooperativas no país atuam em diversos segmentos: crédito, consumo,
produção, agropecuária, educacional e tem se tornado fonte para o crescimento da
economia.
CLIENTE DA COOPERATIVA: O COOPERADO
O dicionário Houaiss (2008, p. 164) conceitua cliente: “Quem recebe, em
troca de pagamento, serviços de dentista, advogado, comerciante, banco etc.” Cliente
é a razão de ser de uma organização. Tem se tornado o foco das empresas diante
da competitividade no mercado e da diversidade de produtos e serviços. Para isso as
empresas têm trabalhado para superar as expectativas de seus clientes. Faz-se
necessário que as empresas criem valor para o negócio, seja no desenvolvimento de
novos produtos, atendendo as necessidades individuais e investindo em sua clientela.
É preciso que as empresas reconheçam quem são seus clientes e quais
serão as formas para atrair, se relacionar, rentabilizar, fidelizar, reter e potencializar
os mesmos. A gestão de relacionamento com clientes está cada vez mais nas rotinas
das empresas que se preocupam com seu público. A fidelização de clientes é vista
como uma vantagem competitiva considerada um processo continuo.
Estratégia essa usada nas cooperativas, visto que a razão de ser são seus
associados. A união de pessoas com objetivos comuns é que fazem nascer uma
cooperativa. Por mais que não se objetiva o lucro, precisa manter competitiva no
mercado, se desenvolver e garantir renda para seu cooperado. Como estabelece
231
Oliveira (2009, p. 4), “ou seja, as vantagens competitivas das cooperativas devem
estar baseadas em sua forma de interação para com seus clientes - cooperados e
mercado em geral -, e não, simplesmente nas leis que sustentam sua constituição. ”
Quando uma cooperativa é formada, a adesão se dá de forma voluntária,
desde que atenda aos requisitos da cooperativa, passando a utilizar seus produtos e
serviços. Complementa Young (2008, p. 33) “ o ingresso nas cooperativas é livre a
todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela sociedade, desde que adiram
aos propósitos sociais e preencham as condições estabelecidas no estatuto”.
Por isso, a gestão das cooperativas deve estar aliada ao seu crescimento e
consequentemente de seu cooperado, tanto para mantê-lo, como também para a
cooperativa que almeja a sustentabilidade organizacional.
Nesse sentido, Oliveira (2009, p. 87) diz que:
para que o modelo de gestão tenha sucesso em seu contexto global, é necessário que a cooperativa que se proponha a realizar seu desenvolvimento e implementação tenha visão de liderança, produtos e serviços ousados, profunda percepção de mercado e uma filosofia administrativa inspirada.
O cooperado é o dono da cooperativa, com direitos e deveres, colaborando
para o crescimento da mesma e assim obter recompensa pelos serviços mútuos
prestados. A satisfação do cooperado é sinônimo de um relacionamento duradouro,
gerando rentabilidade e crescimento para cooperativa.
MOTIVAÇÃO
Motivação é um esforço, estimulo natural de cada pessoa em prol de um
determinado objetivo. Chiavenato (2003, p.119) conceitua da seguinte forma: “O
comportamento humano é motivado. A motivação é a tensão persistente que leva o
indivíduo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais
necessidades”. Nesse aspecto a motivação está relacionada a um motivo, razão que
levará a uma ação por parte do indivíduo.
O cooperativismo surgiu em um momento de crise tanto econômica, como
social. Houve uma motivação para o alcance de uma sociedade mais justa, com o
objetivo de diminuir as diferenças impostas pela Revolução Industrial.
232
MARKETING E ATENDIMENTO
As estratégias organizacionais devem estar pautadas para criação de valor
ao seu público, devido à crescente competitividade entre as empresas, um maior
número de produtos e serviços e o público consumidor exigente.
Nesse sentido, o marketing exerce uma de suas principais tarefas: a de criar
relacionamento da empresa com seu mercado. O marketing envolve o processo de
criação, planejamento e desenvolvimento de produtos e serviços que satisfaçam as
necessidades de seu público.
Uma das principais atividades do marketing é ajudar as empresas a perceber
a importância de mudar o foco de sua organização do produto para o mercado e
clientes. Ainda hoje muitas empresas operam centradas na venda de produtos, em
vez de se centrar no atendimento de necessidades.
Angelo e Giangrande (2007) conceituam atendimento como um produto:
como diferencial que independe do produto ou consumidor; agrega e ao mesmo
tempo desagrega valor ao produto e que deve ser simples, natural e é bastante
delicado.
É importante que as empresas invistam na qualidade do atendimento sendo
o elo com seu público e considerando um fator decisivo para que se sobressaia em
relação às demais empresas.
ARAGUAÍNA
Araguaína é o segundo maior centro econômico e populacional do Estado do
Tocantins. Compreendida na mesorregião ocidental do Tocantins, na denominada
microrregião de Araguaína, é o principal indutor de crescimento da região, em virtude
de sua localização e sendo atrativo de diversas atividades como o setor de serviços,
indústria, comércio e pecuária.
Foi criada pela lei nº 2125, de 14 de novembro de 1958, até então
pertencente ao Estado de Goiás. A cidade teve seu crescimento impulsionado pela
construção da Br-153 Belém-Brasília, por volta da década de 1960, atendendo um
projeto de expansão e desenvolvimento do governo federal para região norte e
centro-oeste do país. A cidade se expandiu tornando a quarta maior do Estado de
233
Goiás. Segundo dados extraídos no plano diretor da cidade de 2016, é a segunda
maior cidade do Tocantins. Sua sede está a 385km da capital do Estado, Palmas, e
possui cerca de 170.183 habitantes.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada na Cooperativa dos Produtores do Vale do Araguaia,
a Vallecoop, na cidade de Araguaína, entre os dias 19 e 20 de dezembro de 2016.
Na ocasião o gerente administrativo, Renato César Sousa de Oliveira, cedeu uma
entrevista, abordando assuntos pertinentes a cooperativa.
Buscou-se entender o processo de criação da Vallecoop, como que
funcionam os processos organizacionais, quem são seus cooperados, como que é
regida a administração da cooperativa, uma análise e as perspectivas de futuro para
o mercado, também seu planejamento estratégico de 2010 a 2016. A cooperativa
disponibilizou documentos para melhor compreensão como: ata de fundação, a
primeira e a última alteração de seu estatuto social e o planejamento estratégico.
O foco deste estudo de caso é apresentar um modelo de cooperativa
agropecuária existente na cidade de Araguaína, evidenciando aspectos de sua
administração e de como é sua cultura organizacional.
ESTUDO DE CASO: COOPERATIVA DOS PRODUTORES DO VALE DO ARAGUAIA
LTDA- VALLECOOP
A VALLECOOP
A Cooperativa dos Produtores do Vale do Araguaia é classificada no
segmento agropecuário, o qual Young (2008, p. 28) conceitua da seguinte forma:
São formadas pelas cooperativas de produtores rurais ou agropecuaristas e de pesca, cujos meios de produção pertencem ao cooperado. As cooperativas agropecuárias objetivam a compra em comum de insumos, venda em comum de produção dos cooperados, prestação de assistência técnica, armazenagem, industrialização etc.
234
As cooperativas agropecuárias são constituídas com espírito de cooperação
entre produtores agrícolas, auxiliando-nos diversos meios de produção. Para Perius
(2001, p. 264) “Elas constituem o instrumento fundamental e insubstituível de
viabilização do modelo agrícola para os pequenos e médios produtores rurais na
produção de alimentos. ”
A Vallecoop, nome fantasia, foi fundada a partir da união de 25
agropecuaristas, em 20 de outubro de 2000, mas somente em 2007, teve início suas
atividades efetivamente. Juntos com os sócios fundadores, formaram uma capital
social de R$ 705.000,00 para o desenvolvimento da cooperativa. A sede localiza-se
em Araguaína, na Rua Haroldo Veloso, Qd 01 Lt 1/48, no bairro Senador, mas sua
área de atuação está em todo o Estado do Tocantins.
A cooperativa tem por finalidade prestar serviços a seus cooperados em
diversas atividades tais como: industrializar e comercializar a produção de seus
cooperados, bem como a venda, estabelecer preços especiais em períodos de
estiagem ou entressafra, melhorar e fomentar os processos industriais, manter um
armazém cooperativo para a venda de produtos agropecuário, promover o
melhoramento das condições do meio rural por meio de assistência técnica, entre
outras atividades estabelecidas em seu estatuto social.
A gestão da cooperativa é de forma democrática, controlada por seus
membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de
decisões. Atualmente o conselho de administração é composto da seguinte forma:
Antônio Ventura da Costa Neto (presidente), Wanderson Willian Barbosa (vice-
presidente), Márcio Cotini (diretor administrativo e financeiro), Marcos Antônio de
Aguiar Junior (diretor comercial) e Flávio Augusto da Silva Sousa (secretário). Essas
pessoas exercem um mandato de três anos, podendo se reeleger uma única vez,
sendo obrigatória a renovação de pelos dois membros. Todos estes cargos são não
remunerados e podem participar deles, qualquer cooperado desde que tenha no
mínimo um ano de cooperativa. Há também o conselho fiscal composto por três
efetivos e três suplentes.
A adesão a cooperativa é voluntária e aberta para todas as pessoas aptas a
utilizar seus serviços e assumir responsabilidades. Há 576 cooperados até a data
desta pesquisa. Sendo que 70% de seu quadro social são do sexo masculino, 30 %
feminino. Quanto à escolaridade, 60% possuem ensino superior, 25% ensino médio,
235
10% apenas o ensino fundamental e 5% não possuem qualquer grau de instrução. A
maioria dos cooperados é de classe média e classe média alta, respectivamente. O
gestor não soube informar a renda média de seus cooperados.
Podem associar à cooperativa, pessoas físicas ou jurídicas desde que sejam
do meio rural e que não desenvolvam atividades concorrentes com os interesses da
cooperativa. Para ingressar na Vallecoop, é necessário subscrever no mínimo, uma
quota parte, no valor de R$ 150,00. Parcela única, que será incorporado ao capital
social da cooperativa. A admissão do novo associado passa pelo conselho de
administração, que poderá aprovar ou não.
Hoje a cooperativa conta com um armazém cooperativo, o qual fornece
produtos para seus associados com algumas vantagens quanto ao preço. Há também
a compra da produção de leite de seus cooperados, em que é revendido para um
laticínio da cidade e com o desenvolvimento da cooperativa e um projeto para uma
indústria de processamento de leite.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA VALLECOOP 2010 A 2016
O planejamento estratégico são as atividades traçadas por um período de
tempo para o alcance dos objetivos organizacionais e o desenvolvimento e
aprimoramento continuo de uma organização. Os dados foram fornecidos pela
Vallecoop e se referem ao planejamento estratégico de 2010 a 2016. Nesse período,
foi estabelecida a seguinte missão: atuar em prol da elevação da qualidade de vida
de seus cooperados, clientes e colaboradores. Defendendo valores de
cooperativismo e solidariedade à sociedade e proporcionando aos cooperados uma
relação de trabalho justa e digna (informação verbal)26. E a seguinte visão: sermos
reconhecidos até 2016 como a maior e mais organizada cooperativa de produtores
agropecuários do Tocantins. Contribuindo para o desenvolvimento do estado e sendo
referência em produtos e serviços inovadores para o segmento do agronegócio.
Os gráficos apresentados é uma autoavaliação da Vallecoop nas atividades
definidas em seu planejamento estratégico. As pontuações são ilustrativas para
26 Informação repassada em entrevista realizada com o gerente administrativo, nos dias 19 e 20 de dezembro de 2016.
236
melhor compreensão e as considerações foram obtidas por meio de entrevista e
questionário com o gerente administrativo da cooperativa.
Gráfico 1 – Tabela explicativa
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
Gráfico 2 – Mercado e imagem dos clientes: referência no Tocantins
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
O armazém cooperativo oferece produtos e serviços agropecuários para o
cooperado. Seus produtos agrícolas como, medicamentos, antibióticos, e herbicidas
são até 5% mais baratos do que o preço de mercado; vacinas e venenos até 10%. A
Vallecoop passou a disponibilizar um novo serviço aos associados, produtores de
237
leite podem vender sua produção diretamente para cooperativa, que paga R$ 0,80
por litro de leite, evitando assim atravessadores. O leite comprado dos cooperados é
revendido para o laticínio Biana, por R$ 0,90 com uma margem de lucro, que serve
para custear os custos operacionais. Em novembro de 2016, a cooperativa teve um
recorde da venda do produto, foram 240 mil litros de leite revendidos para o laticínio,
que é o único comprador da produção leiteira.
Gráfico 3 – Perspectiva financeira: crescimento do negócio
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
O faturamento médio mensal da cooperativa em 2015 foi de R$ 238.000,00.
O custo médio das despesas para sua operação gira em torno de R$ 20.000,00.
Apesar da crise no país, o faturamento em 2016, tem se mantido no mesmo patamar.
Segundo o gerente administrativo, os cooperados apenas estão comprando produtos
essenciais, como vacinas e herbicidas, já produtos secundários ou para investimentos
em suas propriedades estão sendo deixados para um cenário mais animador da
economia. Quanto às sobras, que é o resultado positivo em determinado exercício,
não é rateada entre seus cooperados e sim investido na própria cooperativa. Até 19
de dezembro de 2016, a cooperativa possuía 576 cooperados e a melhoria do seu
quadro de associados se deve ao trabalho ativo na prospecção de novos cooperados,
visitas de negócios e ao crescimento expressivo da cooperativa.
238
Gráfico 4 – Perspectiva dos processos internos da Vallecoop: excelência profissional
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
A atuação da cooperativa passou a integrar o antes, durante e depois no setor
de atendimento aos cooperados. Há um trabalho constante para o desenvolvimento
de uma educação cooperativista. Sempre que necessárias palestras voltadas para o
homem do campo são realizadas, como campanhas de boas práticas, de
higienização, manejo com a produção leiteira. Valorizando e estreitando laços da
cooperativa com o cooperado e com a comunidade, para que todos os envolvidos
sejam eles fornecedores, colaboradores e cooperados tenham suas necessidades
satisfeitas. Também que a cooperativa seja fonte de insumos para seu cooperado,
visto que precisa investir suas economias na cooperativa e com ela realizar suas
operações em geral. A eficiência tributária diz respeito a algumas isenções de tributos
que a cooperativa dispõe, contribuindo apenas com encargos trabalhistas e o Pis
(programa de integração social).
239
Gráfico 5 - Perspectiva de inovação e no aprendizado das pessoas: aperfeiçoamento da capacidade de liderança e gerência em cada colaborador
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
Com a solidez da Vallecoop novas estratégias estão sendo desenvolvidas.
Cerca de 70% do faturamento vem da revenda do leite. Com isso, uma área no distrito
agroindustrial de Araguaína foi doada para que a cooperativa construa uma indústria,
para fazer o processamento do leite e produzir seus derivados. Essa será uma das
metas para o próximo planejamento estratégico e faz parte do seu processo de
expansão. Quanto à gestão de pessoas, a cooperativa reconhece que precisa haver
uma maior capacitação de seus colaboradores e cooperados. A Vallecoop conta com
um conselho de administração e fiscal e com uma equipe de seis colaboradores,
sendo dois vendedores, três responsáveis pelo setor administrativo e um gestor da
cooperativa, além de serviços terceirizados como a contabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultura organizacional é a forma de entender uma organização em
diferentes aspectos de sua atuação, seja com seu público interno e externo. O modelo
de organização apresentado exige um conjunto de regras que a regem, entender a
organização de uma cooperativa é importante, devido as características peculiares
de sua administração. Como qualquer outro negócio, precisa manter-se competitivo
240
no mercado, gerar resultados e agregar valor para seus cooperados. Todas as ações
e recursos de uma cooperativa estão voltados em prol da sociedade cooperativa.
A Valecoop, cooperativa agropecuária, possui 576 cooperados em seu
quadro social, composto em sua maioria 70% por homens e com ensino superior, a
adesão na sociedade se dá de forma livre e voluntária, onde um capital deverá ser
subscrito para seu ingresso. Atualmente a cooperativa conta com um armazém
cooperativo que oferece diversas vantagens para seus associados. No decurso deste
trabalho, foi apresentado o planejamento estratégico de 2010 a 2016 com a visão da
cooperativa em diferentes frentes de atuação, como mercado e imagem dos clientes,
crescimento do negócio, perspectiva de seus processos internos e inovação.
Nota-se que a Vallecoop possui uma administração pautado no crescimento
econômico, na geração de renda, na melhoria de produtos e serviços, na gestão
democrática de suas atividades e tem um compromisso social em ações de
desenvolvimento de suas comunidades.
O caso da Vallecoop constituída da união de pessoas ligada ao campo é um
exemplo das mais diversas cooperativas existentes no país. Onde pessoas com
ideais cooperativistas, formam uma cooperativa para o desempenho de suas
atividades econômicas e com uma gestão ativa de seus cooperados e dirigentes,
colhem frutos de um trabalho participativo.
REFERÊNCIAS
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ARAGUAÍNA. Prefeitura de Araguaína. Revisão do Plano Diretor. Disponível em: <http://www.panodiretor.araguaina.to.gov.br/relatorios>. Acesso em: 10 jan. 2017
BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas organizações. 5. ed. São Paulo: Atlas,2008.
CENZI, Nerii Luiz. Cooperativismo: desde as origens ao projeto de lei de reforma do sistema cooperativo brasileiro. Curitiba: Juruá, 2009.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. ______. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
241
HOUASISS, Antônio. Cliente. Minidicionário Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Objetiva,2008.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma introdução. 7. ed. São Paulo: Atlas,2015.
MOTTA, Fernando C. Prestes; CALDAS, P. Miguel (Org.). Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas,2007.
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PERIUS, Vergilio Frederico. Cooperativismo e lei. São Paulo: Unisinos, 2001.
PINHO, Diva Benevides; PALHARES, Valdecir Manoel Afonso (Org.). Cooperativismo de Crédito no Brasil: do século XX ao século XXI. Brasília: Confebras, 2010.
ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice hall,2005. ROSSI, Amélia do Carmo Sampaio. Cooperativismo à luz dos princípios constitucionais. Curitiba: Juruá, 2009.
YOUNG, Lúcia Helena Briski. Sociedades cooperativas: resumo prático. 8. ed. Curitiba: Juruá,2008.
242
FERRAMENTAS DE AUXILIO PARA A GESTÃO DE ESTOQUE
Lariza Neves Bezerra27
Edelvar Vicente Rippel28
INTRODUÇÃO
A tomada de decisão se torna mais eficiente e eficaz quando se conhecem
objetivos da organização que é a importância de uma gestão de estoque bem
planejada.
Registra-se também a importância da gestão de estoque e suas ferramentas
para que o produto que é demandado nas empresas sempre atenda a necessidade
do consumidor o que contribui para a sua satisfação e fidelização.
Este trabalho tem como tema da pesquisa demonstrar a importância da gestão
de estoque. Esta passa a ser utilizada junto as ferramentas para que em trabalho em
conjunto como forma de atribuir um final positivo tanto em lucratividade é fidelização
dos seus clientes.
O problema é demonstrar de que maneira a gestão de estoque pode ajudar as
empresas para criação de uma vantagem no mercado que atuam. Isso é reflexo no
mundo atual de que as empresas precisam se adequar as mudanças e utilizar
ferramentas como um diferencial para conquistar seus clientes.
Nesse sentido, o estudo da gestão de estoque justifica-se com uma forma de
contribuir para que cada vez mais as organizações sejam reflexos de resultados
positivos, e que possa interferir no direcionamento que as empresas devem trilhar
para o alcance dos objetivos.
O estudo acima tem como objetivo geral apresentar a gestão de estoque e as
suas ferramentas a fim de uma vantagem competitiva para as organizações. No que
tange aos métodos e técnicas de pesquisa, este estudo iniciou-se através de uma
pesquisa bibliográfica, onde foram pesquisados inúmeros temas e os seus respectivos
autores que pudessem subsidiar tecnicamente este estudo. Baseado nesses autores,
foi elaborado uma pesquisa descritiva através de uma entrevista com o responsável
pelo setor de estoque de uma empresa aqui na cidade de Araguaína-TO
27 Graduada em Administração pela Faculdade Católica Dom Orione. 28 Graduado em Administração e Especialização em Gestão de Agronegócio pela Faculdade Católica Dom Orione. Professor da Faculdade Católica Dom Orione
243
No primeiro capítulo consta a introdução referente à gestão de estoque. Nesse
capítulo está inserido o tema pesquisado bem como objetivo geral. Verifica-se no
segundo capítulo e por diante a utilização de diversas pesquisas informando a
fundamentação é como o processo é feito, é quantas ferramentas podem ser
utilizadas para uma boa gestão de estoque. Observa-se a conclusão deste estudo. E,
por fim, a apresentação das referências utilizadas no presente trabalho.
GESTÃO DE ESTOQUE
A gestão de estoque surgiu na função de compras devido a necessidade de
integrar o fluxo de materiais, tanto por negócio como por fornecimento ao cliente. A
função de decidir quais mudanças devem ser implementadas - como armazenamento
e movimentação de materiais - nunca esquecendo de observar o estado atual do
estoque a fim de estar sempre abastecido.
Segundo Ching (2008, p. 38), as organizações estão se adequando de
acordo as necessidades dos clientes, pois a cada dia estão exigindo mais. O valor
dos estoques vem de acordo com o tempo, a cada dia de entrada e saída de
produtos o movimento cresce e o estoque aumenta, pois tem que haver a demanda
para suprir as necessidades dos clientes. Nos sistemas e processos de gestão de
estoque têm os dados reais a fim de verificar a demanda e até desvios. A empresa
deve ser clara e ter sempre um plano B para não deixar faltar seus produtos, pois
com a falta destes, os clientes deixarão de realizar compras e outros clientes ficarão
sabendo da falta constante de produtos levando estes aos concorrentes.
Com isso pode ser um lado negativo, pois o cliente sempre vai ao
concorrente para cotação de preços e se o concorrente conseguir um preço bom e
um estoque abastecido para suprir a demanda, perderá o cliente por falta de uma
gestão organizada e atenta com o mercado.
Ching (2008, p. 33) ressalta que: “[...] originava-se na função de compras
em empresas que compreenderam a importância de integrar o fluxo de materiais a
suas funções de suporte, tanto por meio de negócio, como por meio do
fornecimento aos clientes imediatos”.
244
O sistema de controle de estoque para verificação de todos os processos,
cuja fase é de desenvolvimento, planejamento e administração de materiais, o
gestor do estoque é responsável pelo sucesso de operação na sua área. Ele pode
delegar responsabilidades, mas não pode transferir responsabilidade pelo sucesso
ou fracasso do resultado final. Os gestores sempre devem ficar cientes do que está
acontecendo dentro do departamento para, caso algo de errado ocorra, resolver o
mais breve possível e com isso não agredir a lucratividade da empresa. Deve
também estar ciente dos seus objetivos, onde se encontra hoje e onde estará em
curto e longo prazo para não cair em grandes problemas hoje e futuramente.
Segundo Ching (2007, p. 36), na gestão de estoque é necessário tomar
decisões para alcançar os objetivos e corrigir o que está errado. Para empresas de
porte pequeno, o gestor pode controlar totalmente os detalhes. Porém em empresas
de porte maior, caso não consiga treinar subordinados responsáveis e procurar se
envolver em tudo que os seus colaboradores executam pode acarretar problemas
futuros. Na grande maioria das empresas é fácil encontrar despesas ou alguns erros
que ocorrem no estoque, pois nem sempre terá os materiais corretos para atender
seus clientes, pois são muitos detalhes e o gestor precisa ter o controle minucioso
para não faltar o que é de maior demanda e com isso conseguir diminuir o
investimento com as compras.
IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE ESTOQUE
Segundo Dias (2009), a gestão de estoque é importante, pois é um sistema de
controle e avaliação em conjunto para chegar a um resultado lucrativo, pois se não
houver a empresa entra em prejuízo devido a muitos investimentos e poucas saídas
de produtos. Por isso, é muito importante que todos os colaboradores se interagem
por que estoque envolve quase todos os departamentos.
245
Para que haja uma coordenação adequada nos departamentos de compras e
recebimentos, estocagem e saída dos produtos é importante sempre ter o foco em
fornecedores com os preços mais adequados e transportes mais rápidos, dessa
maneira os pedidos podem ser feitos em menor quantidade evitando assim prejuízos.
Outro aspecto importante é a verificação com a limpeza e a organização, para quando
houver necessidade de controle com inventários rotativos para supervisão dos
materiais fica mais fácil. Não esquecendo que deve haver um controle de saída de
materiais com requisições e Notas fiscais emitidas de acordo o produto a ser
repassado ao cliente. Na visão de Dias (2009), controle de “que” “quando” e “quanto”.
Controlar a quantidade no tempo certo para não ocasionar desperdícios dos produtos.
FERRAMENTAS DE GESTÃO DE ESTOQUE
A gestão de estoque buscar, definir e aplicar ferramentas, como
instrumentos métodos e alternativa de perguntas e respostas como, por exemplo:
como, quando, quanto. Essas ferramentas existem justamente para o processo de
tomada de decisão. As ferramentas de gestão de estoque estão envolvidas para
que o gestor possa traçar medidas a fim de estabelecer melhoria continua no
estoque.
Essas ferramentas poderão ajudar da seguinte forma: traçar metas quanto
ao tempo de entrega do produto ao cliente; limites em compras antecipadas com
preço baixo; rotatividade do estoque; itens parados curva C e E; receber, armazenar
e guardar os materiais estocados da forma da necessidade do gestor; inventários
periódicos; realizar escrapeamento de produtos sem validade.
FERRAMENTA MRP - (MATERIAL REQUIREMENTS PLANNING)
O planejamento das necessidades dos materiais é um sistema
computadorizado que recebe dados para trabalhar com a demanda dos estoques o
que é necessário para ser reposta. Segundo Dias (1995, p.120) o MRP – Material
Requirements Planning – “é um Sistema de Administração da Produção (SAP)”, um
246
sistema grande que vem sendo usado por muitas empresas com mais ou menos 70
anos. O MRP atende principalmente com suprimento de peças e outros produtos
que a demanda solicita.
O sistema oferece uma visão integrada dos itens aplicados na produção e
sempre verificando o estoque disponível para ser ressuprimento novamente.
Segundo Dias (2009, p.129) ressalta que:
O MRP (Material Requirements Planning) é um sistema de procedimentos a ser tomado para atingir as necessidades dos clientes de acordos com os resultados obtidos pelos os inventários, permite também a identificação sobre o estoque de segurança para uma melhor gestão sem que falte algo necessário para o consumidor.
No estoque só fica a quantidade necessária e quanto a produção necessita
evitando assim desperdícios. É importante, pois tem o processo do começo ao fim
com o programa mestre de produção que é um documento que diz quais itens serão
produzidos e quando cada um será produzido, em determinado período. Baseada
nos resultados da carteira de pedidos dos clientes. É visto como um método
“empurrar” é simples sempre deixar o estoque proporcional a sua demanda nem
desperdícios e nem a falta de algum produto.
JUST IN TIME (JIT)
Segundo Ching (2008, p. 39), O Just in Time (JIT) atende à demanda das
empresas com rapidez e qualidade evitando desperdícios, com os custos mais baixos
e material necessário para a produção. O JIT tem os seguintes princípios: qualidade;
velocidade; flexibilidade; compromisso.
O sistema JIT caracteriza com um processo de “Puxar”, pois é de acordo
como a demanda necessitar os suprimentos. É uma melhoria continua nos seus
processos, pois o sistema quando apresenta erros, trabalha em cima para eliminar
e evitar que aconteçam.
Ching (2008, p.38) ressalta que “tem como melhor atender a demanda dos
clientes com qualidade e sem desperdício. JIT é uma derivação do sistema japonês
“Kaban”. Os cartões kaban de processo de produção especificam quando será feito
e quando será necessário”.
247
No JIT é inaceitável produção com problemas e muito menos mostrar o
controle estatístico por um departamento de qualidade, por isso existe um percentual
mínimo de produtos com defeito. O Kanban segundo Ching (2008, p. 39), “é um
sistema de liberação da produção e transporte do material do sistema JIT. No idioma
japonês a palavra kanbam é definida como sinalização (cartão, sinal, placa ou outro
dispositivo) usada para verificar os processos de trabalho e nos seus
desenvolvimentos”. Seus objetivos têm a finalidade de material e assegurar que tais
peças sejam produzidas, e a reposição de um determinado produto é somente
liberada conforme a demanda.
PEPS e UEPS
Esta ferramenta PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair), Dias, (1995, p.
115), menciona que “a verificação desta técnica é feita pela ordem de entrada de
produtos. O primeiro que entra é o primeiro a sair de forma cronológica, devendo ter
seu custo real aplicado. O método PEPS é escolhido quando os materiais apresentam
prazo de validade, no entanto é necessário que a demanda de produtos acabados
seja conhecida com alto grau de exatidão e que tenhamos prestadores de transportes
confiáveis onde possamos obter um serviço confiável para a produção pois se não
estiver não irá funcionar corretamente.
Já a UEPS (Último a entrar, Primeiro a sair), segundo Dias (1995, p.121), é
um “método de avaliação tem como as peças que sair primeiro serão as últimas a da
entrada no estoque e faz com que os valores sejam de acordo os últimos”. São itens
que tem uma demanda maior, pois são os primeiros a sair e os últimos a entrar, pois
depende do saldo do estoque, pois é em muita quantidade. Não é muito indicado para
quem trabalha com alimentos perecíveis por causa dos prazos de validade.
O método UEPS, deixa os estoques organizados e neutros. É avaliado a
utilização corrente dele, e a sua função de preços, a fim de que sejam verificados os
valores e custos do mercado.
248
CURVA ABC
O controle de estoque é um sistema de controle individual denominado de
unidades de armazenamento em estoques para saber a importância de cada item
estocado, pois cada item tem um motivo de estar solicitando e suas quantidades. A
classificação do sistema ABC é referente aos produtos mais importantes a ser
solicitados, em muitas empresas têm estoques grandes com muitos itens que
precisam ser classificados por produtos mais importantes. Geralmente, eles são
classificados por valor e porcentagem dos produtos, pois quanto mais caro menos no
estoque.
Segundo Arnold (1990, p. 103), o gestor de estoque deve estar atento aos
produtos que demandam lucratividade e repassar aos seus colaboradores. Deve
também classificar os itens com base de grupos aplicando um grau de importância e
sempre estar atento à utilização anual de cada item e verificar se teve rentabilidade
ou não, pois o estoque precisa de demanda para saídas de produtos e ao final
classificar em grupos ABC com base na porcentagem anual.
Pozo (2008, p. 92) ressalta que:
Nos itens “A”, embora representassem apenas 8% dos itens de estoques, correspondiam a 75% do valor de todo o estoque. Os itens “B” representavam 25% dos itens de estoque, porém, somente 20% do custo total do estoque e, os itens “C”, embora representassem 67% de todos os itens de estoque, correspondiam a tão somente 5% de seu valor total de estoque.
Segundo Pozo (2008, p. 92), os itens mais importantes são em pequenos
números e de alto valor e devem ser bem controlados. A curva ABC é extremamente
vantajosa pois reduz imobilizações e não prejudica a segurança, pois é um sistema
que controla melhor. Os itens “A” são mais importantes e que devem receber
bastante atenção devido ao seu valor. Os produtos que estão classificados como
“B” são intermediários e são os segundos mais importantes depois dos classificados
como item “A”. Já os itens “C” são de menor importância, embora de grandes
volumes, mas com valores menores.
249
CÓDIGO DE BARRAS
Para Bowerson e Closs (2010), o código de barras é uma inovação de
fixação de etiquetas nítidas que podem ser lidas por computadores em mercadorias,
caixas e até contêineres. Essa tecnologia é mais do que um simples código de
rastreamento, ele facilita a troca de informações com grande redução de erros de
recebimento, manuseio ou expedição de produtos, além de diferenciar o tamanho
da embalagem e até mesmo o sabor da mercadoria transportada. Possibilita ainda
o acesso em tempo real sobre a mercadoria para o cliente, proporcionando uma
contagem mais precisa das unidades em estoque e é bastante flexível. O uso do
código de barras tem ganhado força em mercados nacionais e internacionais.
Qualquer número pode ser codificado em barras e a utilização dele dispensa
a necessidade de contagem em planilha ou em papel de item por item. Assim, o
gestor com um coletor para a contagem dos itens a fim de realizar inventários ou
para agilizar vendas dos clientes. O uso de tecnologia favorece um aumento da
produtividade e agilidade no atendimento que é muito importante para a satisfação
do cliente.
CICLO PDCA
O ciclo PDCA é funcional para analisar os processos e aplicar as fases que
são planejar, fazer, checar e ajustar. Baseia-se na identificação de um problema e
falhas que ocorreram, daí criam-se planos de ação para corrigir os pontos fracos para
serem modificados e aplicar no ambiente de trabalho para analisar se irá ocorrer
novamente. É um melhoramento contínuo nas atividades que são exercidas durante
o dia a dia.
Segundo Nigel (2008, p. 250), o ciclo PDCA começa com o estágio P (de
planejar) que é exatamente onde será realizado o planejamento para correção da
problemática, no caso coletar e analisar dados que pretende ser melhorado. Depois
do primeiro processo já verificado, vem o próximo que é D (verbo fazer) que é a
implementação do planejamento anterior. A fim de verificar se foi corrigido, surge a
seguir o estágio C (de checar) onde no planejamento vai ser checado e avaliado para
saber se realmente foi o que todos planejaram. E completando o ciclo, o estágio A
250
(de agir), para colocar em prática todas as mudanças. Caso algumas não foram bem-
sucedidas será necessário reavaliá-las antes que o ciclo PDCA comece novamente.
ERP (ENTERPRISE RESOURCES PLANNING)
Segundo Ballestero (2010, p. 358), o sistema ERP significa em português
Planejamento de Recursos do Empreendimento. É um sistema computacional,
formado por diversos módulos, sendo o objetivo oferecer informações para o
processo de tomada de decisão.
E um processo de agilidade e eficiência onde apresentam os detalhes e o
gestor de estoque irá pegar dados para cruzar e definir a melhor oferta e procura. O
gestor de estoque tem condições de efetuar uma análise continua do fluxo de
movimentação dos produtos e verificar sempre o histórico de vendas, dos prazos de
entrega e dos fornecedores e períodos de pico. É uma ferramenta sem muitas perdas
e desvios, tem inventários rotativos para verificação do estoque afim de que esteja
perfeito e sem faltas ou sobras. Qualquer usuário poderá acessar desde que tenha
acesso autorizado. O sistema oferece informações em tempo real para agilizar um
eventual fechamento de movimento diário.
Segundo Taylor (2005, p. 213), o atendimento à demanda é composto por
três processos fundamentais: adquirir os materiais necessários, fabricar produtos e
distribuir aos clientes. O início dos processos é programado e já sabe o que tem a
fazer, a parte da fabricação até o destino final que é a entrega ao cliente.
Dessa forma, segundo o mesmo autor, utilizando-se da ferramenta MRP se
consegue um controle de estoque mais preciso e rápido para as tomadas de decisões
dos gestores das empresas. Sendo assim, uma empresa que deseja agilidade em
seu controle de estoque, se faz necessário as ferramentas para um controle mais
preciso e sem perdas de produtos ocasionando assim prejuízo para a empresa.
ESTUDO DE CASO
Para enriquecer esse estudo, foi elaborado uma pesquisa em uma empresa
na cidade de Araguaína, localizada no norte do Estado do Tocantins. Uma cidade que
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é vista como referência econômica do Estado, localizada a 393 da capital Palmas e
com uma população, de acordo com o último censo (2010) de 150.484 habitantes.
De acordo o tema abordado sobre ferramentas para auxiliar a gestão de
estoque, foi escolhido a empresa TO Veículos Comerciais LTDA, localizada na Av.
Bernardo Sayão na cidade de Araguaína-TO. A empresa trabalha no ramo com
vendas de peças Automotivas de Veículos pesados. Visto que dois funcionários da
empresa, o estoquista e o gerente de estoque, informaram que no processo do
trabalho estão sempre atentos e cientes do que acontece para não surgir problemas
futuros.
Figura 1 - Estoque de peças
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
A empresa TO Veículos Comerciais LTDA tem os processos de gestão curva
ABC, mini-inventários e inventários mensais com a entrada dos produtos e com nota
fiscal com código de barras. Para a saída, como no caso da venda do produto, estes
são sempre com nota fiscal e nenhum produto tem entrada ou saída sem a emissão
da nota fiscal, dessa forma se consegue ter sempre um controle de estoque seguro.
252
Figura 2 - Peças Genuínas
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
Tem ainda o departamento de suprimentos que é separado para que fiquem
atentos às peças que estão em falta e as que são demandadas, verificando em forma
de gráficos e relatórios. A compra destes produtos sempre é feita mensalmente
atendendo a uma cota que o fabricante exige para as autopeças, que no caso da
empresa deste estudo é de aproximadamente R$120.000,00 (cento e vinte mil reais).
A organização do estoque é por locação e prateleiras de A a I, separando os produtos
perecíveis que são os óleos lubrificantes e o ARLA 32 (Agente Redutor Liquido de
Óxido de Nitrogênio Automotivo) pois se trata de um reagente composto por 32,5%
de ureia de alta pureza em água desmineralizada, utilizado juntamente com o sistema
de Redução Catalítica Seletiva (SCR) para reduzir a emissão de óxido
de nitrogênio nos gases dos veículos movidos a diesel.
Um ponto importante da gestão da empresa é que ele trabalha com uma
política de peças paradas há mais de 180 dias sem giro e o fabricante recompra esses
itens a preço de custo, assim não tendo muitas despesas no estoque, isso é visto
como uma facilidade da empresa fornecedora para atender os clientes mesmo com
peças de que são de pouco giro.
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Figura 3 - Peças Paralelas
Fonte: Elaborado pelos próprios autores.
Existem também as promoções dos produtos que estão há mais de 180 dias
parados sem giro em peças genuínas de até 40% de desconto e peças paralelas 80%
de desconto, a fim de ter saídas desses produtos parados e atender as necessidades
dos consumidores. Essa é uma maneira de saída do estoque das peças que teriam
que ter um giro alto, mas por algum motivo não houve a saída.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do cenário econômico, esse artigo buscou propor um modelo de
gestão de estoque, que possa atender as empresas de grande, médio e pequeno
porte, aplicando ferramentas, de fácil manuseio e que levará a outra visão para as
empresas.
O gestor de estoque é responsável pelos produtos armazenado ou estocado
em determinados locais de uma empresa, pois ele deve conhecer o seu departamento
a fim de que seja mais ágil na hora da venda para o cliente.
Notamos ao longo desse artigo, que a ferramenta utilizada MRP assessora
nas rotinas administrativas de uma empresa, ajudando em todo o desenvolvimento,
trazendo melhorias continuas, verificando e organizando para um objetivo final.
Percebeu-se ainda que o Just in Time atende à demanda dos clientes das empresas
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com mais rapidez e qualidade evitando desperdícios e com um custo mais baixo e
material necessário para a produção. Já o método PEPS, segundo Dias (1995), é
escolhido quando os materiais apresentam prazo de validade e o método UEPS,
avalia as peças que deverão sair primeiro e foram as últimas que entraram no
estoque. A classificação do sistema ABC é para o gestor ver os produtos mais
importantes a ser solicitados e ser classificados como produtos mais importantes. E
para controlar melhor o estoque temos ainda uma forma mais prática que é o código
de barras que além de rápido é mais eficiente. E para se fazer uma análise completa
do estoque, temos o ciclo PDCA que é de fundamental importância para analisar os
processos e aplicar as fases que são planejar, fazer, checar e ajustar.
Conclui-se que é necessária uma gestão de estoque eficiente usando sempre
as ferramentas de trabalho a fim de um processo organizado e que tenha resultados
positivos sem perdas, assim diminuindo o custo de estoques exagerados. Pois, assim
toda empresa irá ter seus clientes satisfeitos e sempre irão voltar para efetuar novas
compras e serviços.
REFERÊNCIAS
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BRASIL - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/araguaina/panorama. Acesso em: 10 maio 2018
BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas: 2010.
CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques: na cadeia de logística integrada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1993.
______ Administração de materiais: uma abordagem logística. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
______ Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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______ Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
NIGEL, Stuart Slack; CHAMBERS, Robert; JOHNSTON. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SLACK, Chambers Administração da produção. São Paulo: Atlas, 1997. Disponível em:< https//blog.gs1br.org/8-ferramentas-de-controle-de-estoque-que-sua-empresa-deve-usar>. Acesso em: 18 abr. 2018.
TAYLOR, David. Logística na cadeia de suprimentos. 3. ed. São Paulo: Pearson, 2005.
TONY, Arnold. Administração de materiais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1990.