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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE MARIANA BIAGI BATISTA PREDIÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO 2 MÁX) A PARTIR DE DIFERENTES TESTES DE CAMPO PRESIDENTE PRUDENTE 2006

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAFACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE

MARIANA BIAGI BATISTA

PREDIÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO

(VO2MÁX) A PARTIR DE DIFERENTES TESTES DE CAMPO

PRESIDENTE PRUDENTE

2006

MARIANA BIAGI BATISTA

PREDIÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO2MÁX) A PARTIR DE DIFERENTES

TESTES DE CAMPO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Conselho de Curso, como requisito final para obtenção do título de licenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Ms. Enio Ricardo Vaz Ronque Co-orientador: Prof. Vinícius Flávio Milanez

PRESIDENTE PRUDENTE

2006

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TERMO DE APROVAÇÃO

MARIANA BIAGI BATISTA

PREDIÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO2MÁX) A PARTIR DE DIFERENTES

TESTES DE CAMPO

___________________________________

Orientador: Prof. Ms. Enio Ricardo Vaz Ronque

_________________________________________

Prof. Ms. Dalmo Roberto Lopes Machado

PRESIDENTE PRUDENTE

2006

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DEDICATÓRIA

À Minha Família Que durante toda esta trajetória sempre esteve comigo, desde o momento em que escolhi esta profissão até o último dia da minha graduação. A força e apoio que deram foram imprescindíveis para que eu completasse esta caminhada com sucesso.

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração, direta ou

indiretamente, de muitas pessoas. Manifesto meus agradecimentos a todas elas, e

de forma particular:

A Deus, esta força maior que nos guia e que é o responsável por tudo que

acontece em nossa vida;

Aos meus pais, Angela Maria de Biagi Batista e Carlos Roberto Batista que

me proporcionaram a oportunidade de concluir um curso superior, não medindo

esforços para que isso acontecesse. Nos momentos bons ou ruins foram eles que

sempre estiveram presentes para me ajudar;

As minhas companheiras de república, minha irmã Marina Biagi Batista e

minha amiga Maria Luiza Martins, que compartilharam o dia-a-dia destes anos

comigo, pela amizade, pelo alto astral, pelo apoio, pela alegria;

Ao meu professor e orientador Enio Ricardo Vaz Ronque, pelos muitos

momentos de aprendizado e paciência dispensados, pela dedicação à nossa

profissão e incentivo ao estudo e conhecimento;

Aos colegas do GEPAFE – Grupo de Estudos e Pesquisa em Atividade Física

e Exercício e aos meus colegas de sala, pessoas que participaram diretamente do

meu estudo, realizando os testes, com toda disposição e comprometimento, sem

eles este trabalho não existiria. Não citarei o nome de todos, no entanto, não

esqueço de cada um pela imensa contribuição;

Ao meu co-orientador Vinícius Flávio Milanez pelos momentos de ajuda direta

na realização dos testes, pela experiência transmitida e pelas vezes que ouviu meus

desabafos.

Ao colega de GEPAFE e breve de profissão Rômulo Araújo Fernandes, pela

ajuda essencial na parte da estatística do trabalho, pela atenção e pelo carinho.

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“...E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!”

(Willian Shakespeare)

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BATISTA, Mariana Biagi. Predição do Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx) a Partir de Diferentes Testes de Campo. 2006. 40f. Trabalho de conclusão do curso (Graduação em Educação Física) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2006.

RESUMO Atualmente, o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é uma medida para a mensuração da potência aeróbia, que tem sido utilizado como um bom indicador da aptidão cardiorrespiratória, tanto voltado para o desempenho atlético como um importante componente da aptidão física relacionada à saúde. A potência aeróbia pode ser estimada através de medidas diretas e indiretas. No entanto, as medidas diretas tornam-se inviáveis para a utilização em larga escala, pelo alto custo dos equipamentos e necessidade de profissionais especializados. Por esta razão, inúmeros testes de campo surgiram como alternativa para a análise do VO2máx em diferentes populações. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi comparar três diferentes testes de campo com o teste direto para predição do VO2máx. Para tanto, participaram da pesquisa 12 sujeitos, voluntários, estudantes universitários, com idade média de 23,17±2,82. Inicialmente todos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Foram realizadas medidas de massa corporal, estatura e espessura de dobras cutâneas, seguidas dos testes para predição do VO2máx. Os testes realizados foram: teste direto na esteira (MD), teste de 12 minutos de Cooper (COOPER), teste de 1 milha (MILHA) e o teste “shuttle run de 20 metros” (SR-20M). Os dados foram analisados através da estatística descritiva, determinando-se valores de média e desvio padrão. Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk’s para analisar a normalidade dos dados. Verificaram-se também as diferenças entre os testes de campo através da análise de variância (Anova) para medidas repetidas, seguido do teste post hoc de Scheffé. As diferenças entre o MD e os testes de campo foram estabelecidas pelo teste “t” de Student para amostras pareadas, e para a relação entre eles o Coeficiente de Correlação Linear de Pearson. Para a análise da concordância entre o VO2máx obtido pelo MD e pelos testes de campo, foi utilizada a plotagem de Bland-Altman. O nível de significância adotado foi de P < 0,05. Os resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre o MD e os testes de campo. No entanto, verificou-se que os testes de campo, quando comparados, produzem diferentes estimativas da potência aeróbia na amostra estudada. Foram encontradas correlações moderadas, porém significantes entre o MD e os três testes, COOPER (r=0,61; P<0,03), MILHA (r=0,64; P<0,02) e SR-20M (r=0,61; P<0,03). Conclui-se que os testes de campo estudados podem refletir resultados da potência aeróbia de populações semelhantes à estudada, porém sugere-se que outros estudos sejam feitos, controlando-se alguns fatores como o nível de aptidão física dos indivíduos e o gênero. Palavras-chave: Consumo máximo de oxigênio. Teste direto. Testes de campo.

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BATISTA, Mariana Biagi. Prediction of the Maximum Oxygen Uptake (VO2max) starting from Different Tests of Field. 2006. 40f. Work of conclusion of the course (Graduation in Physical Education) - University of Sciences and Technology, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2006.

ABSTRACT Nowaday the maximum oxygen uptake (VO2max) is a standard of aerobic power measurement that has been used as a good indicator of the cardiorespiratory fitness both for athletic performance and an important component of the physical fitness related to the health. The aerobic power can be estimate by direct and indirect measures. However, the direct ones are most unlikely for the use in large scale due high cost of the equipments and necessity of specialized professionals. For that reason countless field tests appeared as an alternative for the analysis of VO2max in different populations. Thus the goal of the present study was to compare three different field tests with the direct one for prediction of VO2max. Then twelve academical students the average age 23,17±2,82 participated as subjects in the research. At first all of them signed the term of consent. Measures of corporal mass, height and thickness of cutaneous folds were accomplished followed by the tests for prediction of VO2max. The tests were: direct test in the mat (MD), twelve minute Cooper test (COOPER), one mile test (MILE) and "shuttle run of 20 meter" test (SR-20M). The data were analyzed by the descriptive statistics establishing mean and standard deviation values. The Shapiro- Wilk's test was used to analyze the normality of the data. The differences among the field tests were verified by the variance analysis (Anova) for the repeated measures, followed by the post hoc of Scheffé test. The differences between MD and the field tests were established by the test "t" of Student for samples pairs, and for the relationship among them by the Coefficient of Lineal Correlation of Pearson. The plots of Bland-Altman was used for the analysis of the agreement between VO2max obtained by MD and for the field tests. The significance level adopted was P<0,05. The results didn't show statistically significant differences between MD and the field tests. However it was verified that the field tests, when compared, produce different aerobic power estimatives in the studied sample. Moderate correlations were found in spite of significant ones between MD and the three tests, COOPER (r=0,61; P <0,03), MILE (r=0,64; P <0,02) and SR-20M (r=0,61; P <0,03).Therefore the studied field tests can reflect aerobic power results of populations similar to studied ones. However other studies are suggested to be done to control some factors as subjects physical fitness and the gender. Key-words: Maximum oxygen uptake. Test direct. Field tests.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................9 2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................12 3. OBJETIVOS ...................................................................................................................13 4. REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................14

4.1. Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx) .........................................................14

4.2. Diferentes Tipos de Testes para Predição do VO2máx..................................15

4.3. Fatores Determinantes e Limitantes do VO2máx ............................................18

4.3.1. Fatores Determinantes do VO2máx .............................................................18

4.3.2. Fatores Limitantes do VO2máx .....................................................................20

5. METODOLOGIA ...............................................................................................................22

5.1. Sujeitos.......................................................................................................................22

5.2. Antropometria...........................................................................................................22

5.3. Procedimento dos testes.......................................................................................23

5.4. Tratamento Estatístico ...........................................................................................25

6. RESULTADOS ..................................................................................................................27 7. DISCUSSÃO ......................................................................................................................31 8. CONCLUSÃO ....................................................................................................................34 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................35 ANEXO ....................................................................................................................................41

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente tem-se observado um grande interesse da população pela prática

de atividades físicas em geral. Este fato poderia ser explicado pelo crescente

número de estudos epidemiológicos que relacionam a prática de atividades físicas

com melhora da qualidade de vida, através da manutenção e promoção da saúde

(RIBEIRO, ANDRADE, OLIVEIRA et al, 2001).

A aptidão física geral de um indivíduo diz respeito à sua capacidade de

desempenhar um bom trabalho motor quando submetido a situações que envolvam

esforços físicos. No entanto, a aptidão física possui duas formas de abordagem,

relacionada ao desempenho atlético e também relacionada à saúde (NAHAS, 2001).

No campo da saúde, considera-se a aptidão cardiorrespiratória um dos seus

componentes mais expressivos, além disso, é um produto multifatorial. Seus

componentes podem ser descritos como sendo a resistência ao exercício

submáximo, ou seja, a capacidade aeróbia, a potência aeróbia máxima, a função

pulmonar cardíaca e a pressão arterial (BOUCHARD, SHEPHARD e STEPHENS,

1994; TRITSCHLER, 2003).

De maneira geral, a capacidade aeróbia pode ser definida como a capacidade

do organismo em se adaptar a esforços físicos moderados envolvendo a

participação de grandes grupos musculares, durante períodos de tempo

considerados longos (GUEDES e GUEDES, 1995), ou seja, representa a quantidade

total de energia que pode ser fornecida pelo metabolismo aeróbio, e pode ser bem

estimada através dos índices associados à resposta do lactato (limiar anaeróbio)

(DENADAI e GRECO, 2005).

Diferente de capacidade, a potência aeróbia refere-se à medida da

quantidade máxima de energia que pode ser produzida pelo metabolismo aeróbio

em uma determinada unidade de tempo. E sua mensuração pode ser feita através

dos indicadores do consumo máximo de oxigênio (VO2max) (DENADAI e GRECO,

2005).

Esta distinção é de grande importância, pois quando se pretende medir níveis

de aptidão cardiorrespiratória, o ACSM (2003) indica que o VO2máx é aceito como

medida normativa para caracterização da aptidão cardiorrespiratória.

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Muitos pesquisadores do esporte consideram o consumo máximo de oxigênio

(VO2máx), o índice fisiológico que melhor representa a potência aeróbica máxima

(CAPUTO, LUCAS, MANCINI e DENADAI, 2001). O VO2máx reflete a mais alta

captação e utilização de oxigênio alcançada pelo organismo durante um exercício

severo (BASSET JR e HOWLEY, 1999).

Durante o exercício físico o comportamento do VO2máx se apresenta de

forma linear à intensidade de esforço, aumentando de maneira crescente como é

percebido nos testes com cargas progressivas em laboratório. Portanto, se a

intensidade do exercício for aumentada além do ponto em que o VO2máx é atingido,

o seu consumo de oxigênio irá estabilizar (platô) ou diminuir discretamente. Então

esse limite, o VO2máx, é um fator importante na determinação da intensidade ou do

ritmo do exercício que o organismo pode sustentar (WILMORE e COSTILL, 2001).

A mensuração do VO2máx pode ser obtida através de testes diretos e

indiretos, compreendendo esforços máximos e submáximos. Os testes máximos

diretos, envolvendo a medida dos gases metabólicos expirados são os mais exatos.

No entanto, esse tipo de teste, realizado em laboratório, envolve alguns fatores que

inibem sua execução em larga escala e para grandes populações. Dentre estes

fatores está o alto custo do equipamento, o tempo dispendido com cada avaliado, a

necessidade de profissionais bem treinados para acompanhar a avaliação e também

o fato de apenas um sujeito ser avaliado por vez, o que prolonga demais o estudo

com grandes populações (GRANT, JOSEPH e CAMPAGNA, 1999).

Consequentemente, inúmeros testes indiretos tem sido desenvolvidos para

possibilitar a avaliação do VO2máx de maneira mais prática e acessível a toda

população (GRANT et al, 1999). Os denominados testes de campo são um bom

exemplo de testes indiretos que possuem grande adesão por parte de

pesquisadores e também por grande parcela dos profissionais envolvidos com a

prática de atividade física. Eles envolvem exercícios máximos, praticados até a

exaustão ou esforços submáximos, que utilizam algum parâmetro pré estabelecido

para o encerramento do teste (HEYWARD, 1997).

A maioria dos testes de campo envolve o trabalho de corrida, caminhada,

ciclismo, natação ou movimentos de subida e descida no banco. Entre aqueles que

realizam um trabalho de corrida e/ou a caminhada, pode-se citar alguns dos mais

utilizados como: teste de corrida ou caminhada máxima de 9, 12 ou 15 minutos

desenvolvidos por Cooper (1972), ou aqueles com corrida ou caminhada máxima

11

com uma distância pré determinada como o teste de 1 milha ou o teste de 2400

metros. Além daqueles desenvolvidos para espaços menores, como é o caso do

teste de Cooper modificado que foi adaptado para realização em quadra e também o

teste proposto por Léger e Lambert (1982) denominado de “20 m shuttle-run test” ou

corrida de vai-e-vem de 20 metros, também realizado em quadra ou espaço plano

disponível.

O VO2máx pode ser expresso em valores absolutos, considerando o consumo

de oxigênio em litros por minuto (L/min), e também em valores relativos, ou seja, em

mililitros de oxigênio consumido por quilograma de peso corporal por minuto

(ml/Kg/min), uma vez que pode sofrer influência de fatores como a idade, o gênero,

a hereditariedade, a composição corporal, o estado de treinamento e o tipo de

exercício praticado. Isso permite uma comparação mais precisa de indivíduos de

tamanhos diferentes que se exercitam com atividades com suporte do corpo, como é

o caso da corrida (WILMORE e COSTILL, 2001).

Diante do exposto, parece não haver ainda um consenso na literatura a cerca

dos testes de campo para avaliação da potência aeróbia, ou seja, afirmando qual

deles seria mais indicado para populações determinadas, diferentes faixas etárias ou

grupos de risco. Desta forma, estudos que comparem o VO2máx obtido através de

testes de campo com o VO2máx avaliado pelo método padrão ouro, como no caso, a

análise direta dos gases expirados durante o esforço máximo, são de grande

contribuição para esta área de estudo e para os profissionais envolvidos.

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2. JUSTIFICATIVA

Há muitos anos, a literatura já trata da importância de se considerar aspectos

relacionados à aptidão cardiorrespiratória, tanto em relação a atletas que buscam

desempenho como também para indivíduos não-atletas que objetivam saúde e

qualidade de vida. O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é geralmente aceito

como o mais válido e confiável padrão para relatar a aptidão cardiorrespiratória,

através de valores relacionados à potência aeróbia (PITANGA, 2004).

Desta maneira, a quantificação de indicadores relacionados à aptidão

cardiorrespiratória torna-se uma ferramenta essencial na prevenção e identificação

de fatores de risco associados à saúde. A verificação de padrões indesejáveis de

aptidão cardiorrespiratória pode sugerir a presença ou maior probabilidade de

ocorrência de doenças crônico-degenerativas como diabetes, hipertensão,

dislipidemias, entre outras.

Os métodos diretos de mensuração do VO2máx são considerados os mais

fidedignos, porém sua utilização apresenta algumas dificuldades como o alto custo

operacional, necessidade de equipamentos sofisticados, dificuldade de aplicação em

larga escala e a exigência de profissionais qualificados para a aplicação dos testes,

o que acaba dificultando sua utilização prática (CYRINO, PAPST, ALTIMARI et al,

2005). Sendo assim, a utilização de testes de campo para predição do VO2máx tem

demonstrado ser uma alternativa bastante atraente para a avaliação da potência

aeróbia nas mais diferentes populações, pois não exigem altos gastos com

equipamentos, são de fácil aplicação e podem ser realizados em locais de fácil

acesso.

Portanto, surge o interesse em verificar se os testes de campo realmente

refletem resultados eficientes a cerca do VO2máx de uma amostra de jovens

universitários, comparando-se alguns testes de campo com o teste direto para

mensuração do VO2máx desta amostra específica.

Os resultados do presente estudo poderão auxiliar na prática dos

profissionais envolvidos com a prescrição de exercícios físicos, independente da

finalidade (saúde ou desempenho), além de fornecerem dados quanto à indicação

ou não dos testes para populações semelhantes à estudada.

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3. OBJETIVOS Objetivos Gerais

• Comparar o desempenho de jovens universitários em três testes de campo

com o teste direto para predição do consumo máximo de oxigênio (VO2máx).

Objetivos Específicos

• Verificar as diferenças entre os três testes de campo na predição do consumo

máximo de oxigênio (VO2máx) na amostra de jovens universitários.

• Relacionar o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) obtido através do

método direto com os três testes de campo.

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4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1. Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx) Há estabelecido na literatura um consenso sobre a utilização do VO2máx

como preditor da potência aeróbia, e assim, possibilitando a avaliação dos níveis de

aptidão cardiorrespiratória (ACSM, 2003; PITANGA, 2004; DENADAI e GRECO,

2005).

O conceito de VO2max foi primeiramente estabelecido por Hill e Lupton

(1923), dois fisiologistas britânicos, ganhadores do prêmio Nobel. Eles defendiam

que o VO2máx aumenta de maneira linear ao aumento da intensidade de esforço,

propondo então que momentos antes do indivíduo atingir sua capacidade máxima de

trabalho, o VO2 atinge um platô e não aumenta mais. Mesmo que o indivíduo

consiga exercitar-se de modo mais intenso, o VO2 não se altera e neste ponto é dito

que ele atingiu seu VO2máx.

Posteriormente, Astrand (1952) definiu o VO2máx como sendo a mais alta

captação de oxigênio alcançada por um indivíduo respirando ao nível do mar. E na

década de 90, Thoden (1991) definiu o VO2máx como sendo a quantidade máxima

de oxigênio que o organismo pode utilizar para a produção de energia, ou seja, a

capacidade máxima do indivíduo de captar, fixar, transportar e utilizar o oxigênio

quando submetido à esforços predominantemente oxidativos.

Os resultados obtidos através do VO2máx podem ser utilizados tanto para o

esporte, na melhoria de desempenho atlético, quanto para fornecerem dados

referentes à saúde de um indivíduo normal. De certa forma, os menores níveis de

aptidão cardiorrespiratória têm sido identificados como antecedentes nas

coronariopatias e em diversas outras doenças crônico-degenerativas (GUS,

FISCHMANN e MEDINA, 2002).

Em consulta à literatura, foi observado que o consumo máximo de oxigênio

parece apresentar diferenças em relação ao gênero, podendo chegar a uma

proporção de 15% a 25% mais baixo o VO2máx das mulheres. Este fato poderia ser

explicado pela maior quantidade de gordura corporal essencial que as mulheres

possuem em relação aos homens (14 a 15% e 5 a 7% respectivamente). Outra

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possível explicação poderia estar no fato das mulheres possuírem cerca de 5 a 20%

menos hemoglobina que os homens (FOX e KETEYIAN, 2000).

No entanto, ambos alcançam sua potência aeróbia máxima por volta dos 15

aos 20 anos de idade, ocorrendo um declínio gradual do VO2máx com a idade, para

a maioria da população, de cerca de 10% por década, que começa a partir dos 30

anos. Mas este processo pode sofrer modificações, uma vez que o ritmo deste

declínio pode ser reduzido acentuadamente com a prática de exercícios físicos

regulares.

4.2. Diferentes Tipos de Testes para Predição do VO2máx A potência aeróbia pode ser estimada utilizando-se métodos diretos, através

da análise das trocas respiratórias, e indiretos, mediante o emprego de modelos

matemáticos desenvolvidos e validados em populações específicas. Os resultados

podem ser expressos em valores absolutos, ou seja, em litros por minuto (L/min) ou

relativos à massa corporal, em mililitros por kilograma de peso corporal por minuto

(ml/kg/min).

Os testes para avaliação do VO2máx considerados de grande

confiabilidade e que podem ser utilizados como referência, os chamados testes

diretos, são aqueles realizados em laboratório, onde uma pessoa desempenha um

esforço máximo em um ergômetro, tal como uma esteira, ciclo ergômetro, ergômetro

de braço e de piscina, de acordo com um protocolo específico até a exaustão.

Enquanto o avaliado se exercita, os gases expirados são monitorados por um

sistema de análise de gases, que geralmente utilizam um sistema metabólico

computadorizado e automatizado (MORROW, JACKSON, DISCH e MOOD, 2003).

Existem vários protocolos disponíveis na literatura para predição do VO2máx

através de esforços máximos, que são aqueles em que o indivíduo realiza em

esforço até sua exaustão, e submáximos, nos quais os avaliados não se exercitam

até a exaustão e os testes são interrompidos de acordo com um indicador

predeterminado como a freqüência cardíaca, pressão arterial, entre outros. Estes

protocolos de testes geralmente utilizam o trabalho de caminhada, corrida, ciclismo

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estacionário e, em alguns casos, o ergômetro de braço e o banco (HEYWARD,

1997).

Nos esforços máximos em ergômetro de esteira, dois protocolos são bastante

utilizados. O protocolo preconizado por Balke e Ware (1959) e também o protocolo

predito por Bruce, Kusumi e Hosmer (1973), que possui também sua versão

modificada, mais utilizada para indivíduos normais e idosos.

Considerando-se os esforços máximos em ergômetro de bicicleta, protocolos

que podem ser facilmente encontrados são o de Astrand (1965), que prediz cargas

diferentes para homens e mulheres, sempre obedecendo ao tempo de cada estágio

e a velocidade que deve ser mantida durante todo o teste, e o protocolo predito por

Fox (1973) que não é contínuo e também preconiza diferentes cargas iniciais para

homens e mulheres. Ainda em relação a esforços máximos, um dos protocolos que

utilizam banco é o preconizado por Nagle, Balke e Naughton (1965).

No entanto, na predição do consumo máximo de oxigênio (VO2máx), também

são utilizados os testes de esforço submáximo, compreendendo inúmeros protocolos

presentes na literatura.

Para os testes que utilizam o ergômetro de esteira com esforço submáximo,

podem-se citar como referência os protocolos de Balke (1959) e Bruce (1973). Além

destes, existe também o protocolo desenvolvido por Ebbeling, Ward, Puleo et al,

1991) e indicado para adultos de 20 a 59 anos de idade.

Entre os protocolos que utilizam o ergômetro de bicicleta, talvez um dos mais

conhecidos seja o predito por Astrand – Ryhming (1954) que foi originalmente

estabelecido como o teste da bicicleta ergométrica que coordenava as respostas à

carga de trabalho e à freqüência cardíaca para predição do VO2máx.

Os testes com esforços máximos e submáximos que utilizam os diferentes

tipos de ergômetros não são de fácil aplicabilidade para a avaliação da potência

aeróbia de grandes populações e em situações de campo. Deste modo, numerosos

testes de campo foram e ainda tem sido desenvolvidos para a predição do VO2máx

de maneira mais prática, envolvendo baixos custos, menor dispêndio de tempo com

cada avaliado e consequentemente mais fácil utilização em grandes grupos

(HEYWARD, 1997).

A maioria dos testes de campo também envolve exercícios de caminhada,

corrida, natação, ciclismo e movimentos de subida e descida no banco. Dentre estes

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testes de campo, aqueles que envolvem corrida ou caminhada são bastante

utilizados.

O teste de corrida de 9 e 12 minutos, desenvolvido por Cooper (1972),

pode ser aplicado em crianças até 11 anos e dos 12 anos em diante,

respectivamente, e utiliza uma pista medindo 400 metros para sua realização. Ainda

realizados em pista, tem-se os testes de corrida e/ou caminhada de 1 milha e 1,5

milha (1600 e 2400 metros).

Quanto ao teste de 1 milha, Cooper (1972) defende que este tipo de teste é

muito curto para que se possa estabelecer com alguma precisão a potência aeróbia

de um sujeito, e ainda complementa, que este tipo de corrida (curta) estaria testando

a capacidade anaeróbia. Seguindo este raciocínio, um estudo desenvolvido por

Sloniger, Cureton e O’bannon (1997), com jovens de ambos os sexos (26 homens e

29 mulheres) e idade compreendida entre 18 e 25 anos, realizou o teste de 1 milha e

concluiu que, para essa população, o metabolismo anaeróbio supriu uma pequena

porção da energia utilizada durante o teste, e que o metabolismo anaeróbio não

estariam confundindo a interpretação da máxima potência aeróbia.

Determinadas ocasiões, onde não é possível o acesso ao espaço de uma

pista de 400 metros para realização das avaliações, sugere-se a utilização de outros

tipos de testes, realizados em locais menores como quadras esportivas ou espaços

planos. Um exemplo deste tipo de teste é o teste shuttle run de 20-m, originalmente

desenvolvido por Léger & Lambert (1982), que também é conhecido como teste

máximo de corrida de vai-e-vem de 20 metros (DUARTE & DUARTE, 2001).

Estão disponíveis na literatura vários estudos que verificaram a validade do

teste shuttle run de 20-m, em diferentes populações e com protocolos variados

(LÉGER e GADOURY, 1989; ANDERSON, 1992; NAUGHTON, COOLEY,

KEARNEY, SMITH, 1996; GIBSON, BROOMHEAD, LAMBERT, HAWLEY, 1998;

COOLEY, NAUGHTON, 1999; WILKINSON, FALLOWFIELD, MYERS, 1999;

DUARTE e DUARTE, 2001; PITETTI, FERNHALL, FIGONI, 2002; STICKLAND,

PETERSEN, BOUFFARD, 2003; CYRINO et al, 2005). E a maioria deles verificou

que este tipo de teste de campo reflete com bastante segurança os valores de

potência aeróbia nas amostras estudadas.

Conseqüência da grande quantidade e variedade de maneiras de se predizer

o consumo máximo de oxigênio (VO2máx) vem crescendo o número de

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investigações que comparam a mensuração direta do VO2máx com medidas

indiretas (máximas e submáximas).

Um estudo realizado por Grant, Joseph e Campagna (1999) comparou 7 tipos

de testes indiretos com o teste direto em laboratório para encontrar a correlação

entre eles. Foi avaliado um grupo fixo de 30 pessoas, sendo 15 homens (24,7± 5,1

anos, 78,8 ± 11,0 kg, 179,6 ± 8,6 cm) e 15 mulheres (21,7 ± 5,5 anos, 59,3 ± 7,7 kg,

166,3 ± 4,7 cm). Os testes realizados foram: teste máximo de Bruce, submáximo

85% de Bruce, Astrand-Ryhming submáximo em ciclo ergômetro, teste submáximo

modificado da World Health Organization (WHO), teste máximo de campo de Léger,

corrida máxima de 1,5 milha de Cooper e o teste predito pela Canadian Aerobic

Fitness.

O coeficiente de correlação de Spearmam, com nível de significância de

p<0,01, foi verificado no grupo das mulheres para todos os testes (r = 0,92; r = 0,82;

r = 0,92; r = 0,82; r = 0,86; r = 0,86; r = 0,64 respectivamente); significância de

p<0,10 para os homens no teste máximo de Bruce (r = 0,49) e significância de

p<0,05 para os homens no teste submáximo a 85% de Bruce (r = 0,59), sendo que

para os outros testes não obteve-se correlação significante para este gênero. Desta

maneira, o estudo mostrou que os testes indiretos podem ser utilizados para

avaliação do VO2máx, no entanto deve-se ter cautela quanto ao tipo de população

avaliada, assim como gênero, faixa etária, nível de condicionamento físico entre

outras especificidades.

4.3. Fatores Determinantes e Limitantes do VO2máx 4.3.1. Fatores Determinantes do VO2máx

A aptidão cardiorrespiratória reflete as capacidades funcionais do coração,

dos vasos sanguíneos, do sangue, dos pulmões e de músculos relevantes durante

vários tipos de demandas do exercício. Mais especificamente, a aptidão

cardiorrespiratória afeta numerosas respostas fisiológicas: em repouso, em resposta

ao exercício submáximo, em resposta ao exercício máximo e durante o trabalho

19

prolongado (ACSM, 2006). Neste sentido, a determinação da potência aeróbia

máxima, através do consumo máximo de oxigênio é determinada por vários fatores.

Klissouras et al (1971) foram um dos primeiros a estudar a possível influência

genética sobre o VO2máx. Os resultados constataram que os fatores genéticos

seriam responsáveis por cerca de 67% da variabilidade observada no VO2máx.

No entanto, estudos realizados por Bouchard et al (1989), com irmãos

gêmeos monozigóticos e dizigóticos, sugeriram uma baixa influência do fator

genético, particularmente quando o VO2máx foi expresso em Kg de peso livre de

gordura, não sendo responsável por mais de 25% da variação nos valores de

VO2máx. Contrastando com os achados de Fagard et al (1991), que concluíram que

a hereditariedade foi responsável por 66% da variação dos valores de VO2máx,

quando os dados foram ajustados para o peso corporal, dobras cutâneas e

participação em esportes.

Os dados relacionados aos efeitos da hereditariedade sobre o VO2máx ainda

não são totalmente conclusivos, assim os fatores genéticos e ambientais influenciam

o VO2máx, com os primeiros provavelmente estabelecendo limites para o indivíduo

(DENADAI, 1995).

Outros dois fatores considerados determinantes do consumo máximo de

oxigênio é a idade e o sexo. No caso dos meninos, o VO2máx expresso em valores

absolutos (L/min) aumenta em função da idade cronológica, na faixa dos 8 aos 16

anos. Já em relação às meninas, o comportamento do VO2máx, também expresso

em valores absolutos, parece ser diferente dos meninos. Dos 8 aos 13 anos, o

VO2máx das meninas aumenta em função da idade cronológica, e parece apresentar

uma manutenção ou decréscimo dos 13 aos 15 anos (DENADAI, 1995).

Astrand (1960) acrescenta que o pico de VO2máx ocorre entre 18 e 20 anos

de idade, havendo posteriormente um decréscimo gradual, tanto para os valores

expressos de modo absoluto ou relativo ao peso corporal.

O treinamento aparece também como um fator determinante do consumo

máximo de oxigênio, pois segundo alguns estudos transversais e longitudinais, o

treinamento pode aumentar de 4% a 93% do VO2máx (POLLOCK, 1973).

Contudo, ainda existem alguns fatores que parecem influenciar o efeito do

treinamento sobre o VO2máx, que podem ser: genético, nível inicial de

condicionamento e a especificidade do treinamento (DENADAI, 1995).

20

4.3.2. Fatores Limitantes do VO2máx

O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) apresenta-se como uma

mensuração de grande importância prática, tanto para intenções de rendimento

esportivo, quanto para a melhoria e manutenção da saúde e qualidade de vida. A

literatura específica nos traz que acréscimos nos valores de VO2máx são o indicativo

mais prático de efeito de treinamento, e ainda podem ser utilizados para prescrição

de treinamento individualizado, visando uma melhoria da aptidão cardiorrespiratória

(BASSET JR e HOWLEY, 2000).

E por todas essas aplicações atribuídas ao VO2máx, vem crescendo o

interesse em se investigar os fatores fisiológicos que limitam e influenciam no

desempenho aeróbio.

Os estudos de Denadai (1995) consideram dois fatores como sendo limitantes

do VO2máx. O primeiro seria a ventilação pulmonar e difusão alvéolo-capilar de

oxigênio, que vem a concordar com o estudo conduzido por Basset Jr. e Howley

(2000) que também aponta os fatores limitantes do VO2máx. Ambos citam um

estudo bastante importante feito por Dempsey et al (1984) que comprovou que ao

administrar um exercício com uma pequena hiperóxia (26% de oxigênio) para grupos

de atletas altamente treinados, isso foi suficiente para prevenir a dessaturação e

aumentar o VO2máx de 70 para 75 ml/kg/min, somente no grupo que apresentou

dessaturação. Deste modo concluiu-se que em alguns indivíduos altamente

treinados, o sistema respiratório pode limitar o VO2máx.

O segundo fator limitante do VO2máx de acordo com Denadai (1995) seria o

sistema de transporte de oxigênio e a diferença artério-venosa de oxigênio. Neste

sentido, duas hipóteses são comumente aceitas: uma defende uma limitação central

e a outra admite uma limitação periférica. A oferta central de oxigênio depende do

débito cardíaco máximo e do conteúdo máximo de oxigênio arterial. Já a extração

periférica de oxigênio transportado, é tradicionalmente representada pela diferença

artério-venosa de oxigênio. E ao combinarmos estes fatores, teremos a habilidade

de fazer com que o sistema circulatório ofereça e extraia o oxigênio. Mas, ainda não

há um consenso na literatura a cerca de qual hipótese (central ou periférica), traria

maior limitação ao VO2máx.

21

Basset Jr. e Howley (2000) também consideraram o sistema músculo-

esquelético como um fator limitante do VO2máx, uma vez que o potencial oxidativo

das fibras musculares, isto é, a concentração das enzimas oxidativas e o número e

tamanho das mitocôndrias podem ser limitantes para a potência aeróbia máxima.

Esta limitação também foi citada por Ghorayeb e Barros (1999), onde os autores

acrescentam que esta limitação se torna mais acentuada em indivíduos sedentários.

Wagner (1995) complementa que o consumo máximo de oxigênio em sujeitos

saudáveis reflete limitações no suprimento de oxigênio para a mitocôndria muscular

ou a inabilidade de utilizar o oxigênio além de alguns limites bioquímicos.

22

5. METODOLOGIA

5.1. Sujeitos

Participaram do estudo 12 sujeitos, sendo 7 homens e 5 mulheres, na faixa

etária dos 20 aos 31 anos. Todos os participantes eram estudantes do curso de

Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual Paulista – Unesp de

Presidente Prudente e foram selecionados voluntariamente, de acordo com a

disponibilidade para participação no estudo.

Depois de informados sobre a proposta do estudo, os voluntários assinaram

um termo de consentimento livre e esclarecido, alegando estarem aptos e cientes

dos possíveis riscos e desconfortos ocasionados pela realização de testes de

esforço máximo em esteira e em campo, envolvidos na pesquisa.

5.2. Antropometria Foram realizadas as medidas de massa corporal, estatura e espessura de

dobras cutâneas. Para a verificação da massa corporal foi utilizada uma balança da

marca Filizola, com precisão de 0,1 Kg. Na mensuração da estatura foi utilizado um

estadiômetro de madeira com régua milimetrada e precisão de 0,1 cm, de acordo

com os procedimentos descritos por Gordon, Chumlea & Roche (1988).

Para verificação da somatória de dobras cutâneas, o instrumento utilizado foi

um adipômetro científico da marca Lange, com precisão de um milímetro. As dobras

cutâneas (DC) analisadas foram: subescapular, supra-ilíaca, abdominal, tricipital,

bicipital, coxa, e perna medial, e seguiram os critérios descritos por Harrison et al

(1988). Tais medidas foram realizadas por um único avaliador, sendo feitas três

medidas em cada ponto anatômico, descartando-se as medidas extremas.

23

5.3. Procedimento dos testes Os sujeitos foram submetidos a um total de quatro testes de esforço máximo,

que tiveram um intervalo mínimo de 48 horas entre eles.

Teste direto na esteira (MD): Este teste foi realizado nas dependências da Universidade Estadual Paulista

(Unesp), campus de Presidente Prudente, no Centro de Estudos e Laboratório de

Avaliação e Prescrição de Atividade Motora (CELAPAM). Para realização do teste, a

esteira utilizada foi da marca ATL Inbrasport, de fabricação nacional. O analisador

de gases metabólicos foi o VO2000 Aerosport, acoplado a um computador com

software específico instalado denominado Aerograph.

Foram padronizados alguns procedimentos para a realização do teste. A

calibração do analisador de gases foi realizada pelo próprio aparelho durante o

período de uma hora antes do início da primeira avaliação. Além disso, a

temperatura ambiente foi controlada, mantendo-se na média dos 23 graus Celsius,

com apenas o avaliador e o avaliando presentes no laboratório durante a realização

do teste.

O protocolo de exercício máximo utilizado foi o de Bruce modificado. Antes de

iniciar o teste o avaliado teve colocado em seu corpo um monitor de freqüência

cardíaca da marca Polar, modelo S810i, para monitoramento dos batimentos

cardíacos por minuto (bpm) em repouso e durante o esforço, em seguida foram

colocados todos os dispositivos do equipamento para análise do consumo de

oxigênio direto. Logo depois iniciou-se o teste, que consistiu na aplicação de cargas

progressivas a cada três minutos de forma contínua, iniciando com uma velocidade

de 2,7 Km/h e 0% de inclinação no primeiro estágio, seguido de aumentos na

velocidade e inclinação da esteira, até que o indivíduo chegasse à exaustão.

Teste de 12 minutos de Cooper (COOPER):

24

Este teste seguiu as recomendações de Cooper (1968), sendo realizado na

pista de atletismo oficial da Unesp de Presidente Prudente, que mede 400 metros.

O teste consistiu em correr ou caminhar a máxima distância possível num

tempo de 12 minutos. A distância foi controlada através do número de voltas dadas

na pista de 400 metros, somando-se os metros adicionais. Os sujeitos foram

orientados a manter o ritmo de passadas, embora tenha sido permitido caminhar,

trotar ou correr no decorrer do teste, além disso, para facilitar o processo de

recuperação após o teste, recomendou-se que os sujeitos, ao final do teste,

continuassem a caminhar.

Para a predição da potência aeróbia máxima, através do VO2máx (ml/Kg/min)

foi utilizada a fórmula:

VO2máx = DP – 504,1 44,79

A variável DP representa a distância percorrida em metros.

Teste de corrida ou caminhada de 1 milha (MILHA):

Este teste, também foi realizado na pista de atletismo da Unesp e consistiu

em percorrer a distância de 1600 metros (4 voltas) em menor tempo possível. Foi

anotado o tempo total de cada avaliado.

O VO2máx foi calculado de acordo com a fórmula proposta por Margaria et al

(1975):

VO2máx =100,311 – (9,602) x T + (0,287) x T2

Onde a variável T representa o tempo total do teste em minutos.

Teste de shuttle run de 20 metros (SR-20M):

O local de realização do teste foi o ginásio de esportes coberto da Unesp de

Presidente Prudente.

25

Para realização do teste foram necessários itens como: CD com a gravação

do teste, cones, fita crepe, cronômetro e anotadores para registrar os resultados

individualizados. O som utilizado foi o já pertencente ao ginásio, assim como os

cones. A demarcação da área do teste foi feita, colocando-se duas linhas paralelas

na distância de 20 metros uma da outra, e antes destas linhas, foram feitas as linhas

de exclusão, que ficam a 2 metros das linhas paralelas (LÈGER e LAMBERT, 1982).

A gravação do teste emitia “bips”, a intervalos específicos para cada estágio,

sendo que a cada “bip” o avaliado deveria estar cruzando com um dos pés uma das

duas linhas de exclusão, ou seja, estariam saindo de uma das linhas e correndo em

direção a outra e quando ouvissem o “bip” voltavam no sentido contrário. Na

gravação, o término de um estágio era sinalizado com 2 “bips” consecutivos e com

uma voz avisando o número do estágio concluído (LÈGER & LAMBERT, 1982).

O teste teve início com a velocidade de 8,5 Km/h, e a cada um dos estágios

subseqüentes era acrescido 0,5 Km/h. Cada um dos estágios tinham a duração de 1

minuto.. O último estágio atingido foi anotado para se predizer a velocidade máxima

alcançada pelo sujeito.

O VO2máx foi calculado em ml/Kg/min, através da equação publicada por

Léger e Gadory (1989).

VO2máx = -27,4 + 6,0 X A

Sendo que a variável A significa a velocidade em Km/h no último estágio atingido

(Anexo).

5.4. Tratamento Estatístico As análises estatísticas foram feitas utilizando-se o pacote estatístico SPSS

for Windows, versão 10.0, assim como o Med Calç for Windows, versão 4.15.

Inicialmente os dados foram analisados através de procedimentos descritivos,

com a determinação das médias e desvio padrão. Os dados foram considerados

normais de acordo com o teste de Shapiro Wilk’s.

As diferenças entre o teste direto e os três testes de campo foram

constatadas através do teste “t” de Student para amostras pareadas.

26

Para a verificação das diferenças entre os testes analisados foi utilizada a

Análise de Variância (Anova) para medidas repetidas.

E para estabelecer a correlação entre o teste direto e os testes de campo

para a predição do VO2máx, foi utilizado o Coeficiente de Correlação Linear de

Pearson.

A concordância entre os resultados do VO2máx obtidos pelo MD e pelos

testes de campo foi verificada através da Plotagem de Bland-Altman.

O nível de significância adotado foi de P < 0,05.

27

6. RESULTADOS

A tabela 1 apresenta a descrição das características físicas dos sujeitos

estudados, através de valores de média, desvio padrão, mínimo e máximo,

referentes às variáveis idade, massa corporal, estatura, índice de massa corporal e

somatória de dobras cutâneas.

Tabela 1. Características gerais da amostra (n=12). Variáveis Média DP Mínimo Máximo

Idade (anos) 23,1 2,8 20 31

Massa corporal (kg) 68,7 12,1 51,6 90,9

Estatura (cm) 173,2 9,9 161,2 196,5

IMC (kg/m2) 22,7 2,2 19,3 26,1

∑7DC (mm) 115,7 33,1 67 169

DP= desvio padrão; IMC= Índice de Massa Corporal; ∑7DC= somatória de sete dobras cutâneas.

As comparações entre os três testes de campo, estabelecida através da

análise de variância (Anova) para medidas repetidas, assim como a comparação

com o teste direto, utilizando-se o teste “t” para amostras pareadas, estão

representados na tabela 2.

Tabela 2. Comparação entre valores diretos de VO2máx (ml/kg/min) e estimativas

obtidas por meio dos testes COOPER, MILHA e SR-20M

Média DP Mínimo Máximo

MD 42,2 7,3 29,8 52,9

COOPER 42,6 6,6 32,6 54,6

MILHA 45,1 4,5 36,1 50,1

SR-20M 38,6bc 4,4 32,6 44,6

28

abcd= P< 0,05; DP= desvio padrão; b≠ COOPER; c≠ MILHA; MD= teste direto; COOPER = teste de 12 minutos; MILHA = teste de 1 milha; SR-20M= teste de shuttle-run.

Observa-se que o valor médio mais alto para o VO2máx foi obtido através do

teste de 1 milha (MILHA), enquanto que a média mais baixa foi relativa ao teste

shuttle run de 20 metros (SR-20M).

Diferenças estatisticamente significantes (F = 60,16; P < 0,00001) foram

encontradas apenas entre os testes de campo, sendo o teste SR-20M diferente do

teste de COOPER e da MILHA. O teste “t” pareado não identificou diferenças entre o

teste direto e cada um dos testes de campo (COOPER, MILHA e SR-20M).

Os resultados da correlação entre os valores do VO2máx obtidos através do

teste MD e dos testes COOPER, MILHA e SR-20M são apresentadas na tabela 3.

Tabela 3. Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre o VO2máx obtido pelo MD

e pelos testes COOPER, MILHA e SR-20M.

COOPER MILHA SR-20M

r 0,61 0,64 0,61 MD

P 0,03 0,02 0,03

As associações mostraram-se estatisticamente significante para os três testes

(P<0,03; P<0,02; P<0,03; respectivamente). A correlação mais alta foi observada

entre o VO2máx predito através do teste da MILHA (r=0,64).

As figuras 1 (A, B, C) apresentam as plotagens propostas por Bland e Altman

(1986) para verificação da concordância limite entre as medidas do VO2max obtidas

através do teste direto MD e dos testes de campo COOPER (1A), MILHA (1B) e SR-

20M (1C). Esse procedimento de análise estatística através de diagramas de

dispersão com a plotagem dos valores médios dos resultados dos testes (eixo x) e

as diferenças individuais entre os testes (eixo y), permite visualizar as diferenças

médias e os limites extremos de concordância (± 2 DP da diferença).

29

32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52

AVERAGE of MD_VO2 and COOPER

30

20

10

0

-10

-20

-30

-40

(MD

_VO

2 - C

OO

PE

R) /

Ave

rage

%Mean

-1.3

-1.96 SD

-30.1

+1.96 SD

27.5

1A

34 36 38 40 42 44 46 48 50 52

AVERAGE of MD_VO2 and MILHA

30

20

10

0

-10

-20

-30

-40

(MD

_VO

2 - M

ILH

A) /

Ave

rage

%

Mean

-7.4

-1.96 SD

-34.5

+1.96 SD

19.7

1B

30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50

AVERAGE of MD_VO2 and LEGER

40

30

20

10

0

-10

-20

-30

(MD_V

O2

- LEG

ER) /

Ave

rage

%

Mean

8.1

-1.96 SD

-19.1

+1.96 SD

35.4

1C

Figura 1. Plotagem de Bland-Altman para comparação entre o VO2máx estimado pelo MD e os testes de campo (n=12). A= COOPER; B= MILHA; C= SR-20M.

30

A disposição gráfica dos resultados apresentou maior variabilidade dos

resultados do VO2máx entre o teste SR-20M e Cooper com o MD. Apesar das

diferenças médias entre os resultados individuais ter sido próximo da linha central, e

os escores distribuídos entre o limite de concordância recomendado (linha superior e

inferior), observa-se que as distâncias entre os limites superiores e inferiores a 95%

foi de certa forma elevada. Na Figura 1A, as diferenças médias e os limites de

concordância foi de -1,3 ± 13,10 ml/kg/min. Na Figura 1B, apesar das diferenças

médias terem sido um pouco superiores, a variabilidade entre o teste MD e o teste

da MILHA aparentemente apresentou melhor concordância (-7,4 ± 6,15 ml/kg/min).

Finalmente o teste SR-20M foi o que apresentou maiores diferenças entre as medias

e também maior discrepância em termos de concordância 8,1 ± 13,65 ml/kg/min

(Figura 1C).

31

7. DISCUSSÃO

A utilização de métodos indiretos para predição do VO2máx, como os testes

de campo, tem se mostrado uma alternativa bastante interessante para a avaliação

da potência aeróbia. Apesar das limitações que a literatura tem largamente

discutido, os testes de campo possuem muitas vantagens, pois dispensam o uso de

aparelhos sofisticados, apresentam baixo custo e são de grande aplicabilidade.

O presente estudo comparou o VO2máx de jovens universitários em três

testes de campo com o VO2máx obtido através do método direto. Os resultados

médios do VO2máx da amostra (tabela 2) mostram uma tendência do teste SR-20M

em subestimar a potência aeróbia dos avaliados, enquanto que o teste da MILHA

apresentou os valores médios mais elevados. Além disso, não foram constatadas

diferenças estatisticamente significantes entre MD e os testes de campo (tabela 2).

Os valores médios relativos encontrados no presente estudo, para o teste SR-

20M (38,6±4,4), contrastam com valores médios mais elevados encontrados em

outros trabalhos. Duarte e Duarte (2001) realizaram um estudo com homens e

mulheres, na faixa etária dos 15 aos 43 anos, comparando o VO2máx obtido através

do teste direto e do SR-20M. Os autores encontraram valores médios de 46,8±4,3

para os homens e 39,8±3,8 para as mulheres. Valores estes semelhantes a outro

estudo, desenvolvido por Cyrino, et al (2005), no qual avaliou sujeitos na faixa etária

de 18 a 30 anos, universitários, não atletas, do sexo masculino, e encontrou valores

médios de 46,2±4,8.

Os resultados encontrados no presente estudo talvez sejam explicados pelo

fato do número de sujeitos ser bastante reduzido (n=12), além de a amostra ser

composta por 7 homens e 5 mulheres, que tiveram seus resultados analisados em

conjunto e não separadamente como na maioria dos estudos. Outro fato bastante

relevante está relacionado ao nível de aptidão física dos sujeitos, que pode estar

influenciando positiva ou negativamente na execução de um teste máximo,

intermitente e progressivo como o SR-20M. Desta forma, acredita-se que os baixos

valores médios do VO2máx encontrados para esta amostra específica no teste SR-

20m possam ter sido conseqüência de fatores relacionados ao nível de aptidão física

dos jovens avaliados.

32

Os valores determinados pelo coeficiente de correlação linear de Pearson

foram considerados significantes, ou seja, COOPER (r=0,61), MILHA (r=0,64) e SR-

20M (r=0,61).

A maior correlação foi observada para o teste da MILHA, com a média em

ml/kg/min de 45,1±4,5. Apesar de moderada, a correlação indica que o teste reflete

valores satisfatórios quanto à potência aeróbia da população estudada. Resultados

semelhantes foram encontrados no estudo de Sloniger et al (1997), no qual avaliou

uma amostra de jovens universitários, com faixa etária entre 18 e 25 anos, sendo 26

homens e 29 mulheres, obtendo valores médios (ml/kg/min) de 56,6±6,49 para os

homens e de 45,9±5,81 para as mulheres. No entanto, os autores relataram que

cerca de 70% dos sujeitos praticavam uma atividade física regular ou alguma

modalidade esportiva de maneira recreativa, o que poderia ser uma explicação para

os valores médios do VO2máx estarem acima dos encontrados no presente estudo.

Anderson (1992), em estudo com meninos ativos, na faixa etária dos 10 aos

12 anos, correlacionou valores de VO2máx obtidos através do método direto,

utilizando cicloergômetro, com o teste de 1 milha e encontrou uma correlação

considerada alta (r=0,82) entre eles. Sugerindo com isso, que este teste pode ser

válido não somente para adultos, mas também para garotos ativos dos 10 aos 12

anos de idade.

Os baixos valores médios encontrados para o teste de SR-20M e os valores

mais elevados pertencentes ao teste da MILHA, na amostra estudada, parecem

apresentar alguma relação com níveis insatisfatórios de aptidão física dos sujeitos.

Porém, este fato não pode ser afirmado, uma vez que a seleção da amostra levou

em consideração apenas o fato dos voluntários serem universitários, estudantes do

curso de Educação Física, não se estabelecendo nenhum critério quanto ao nível de

aptidão física inicial destes estudantes.

As correlações encontradas para os testes de campo, COOPER (r=0,61) e

SR-20M (r=0,61), também podem ser consideradas de valor moderado, indicando

que ambos podem ser utilizados como indicadores da potência aeróbia.

Acredita-se que alguns resultados presentes neste estudo seriam modificados

se a amostra fosse separada por gênero. Este fato foi comprovado por Grant et al

(1999), que correlacionou 7 diferentes testes de campo com o teste direto na

predição da potência aeróbia de indivíduos de 18 a 35 anos de idade, sendo a

amostra composta por 15 homens e 15 mulheres. No referido estudo, os testes

33

tiveram correlações de moderadas a ótimas para as mulheres, incluindo o teste de

shuttle run de 20 metros (r=0,86), também presente em nosso estudo. Em

contrapartida, os homens não apresentaram os mesmos resultados, tendo uma

correlação de (r=0,43) para o teste shuttle run de 20 metros e apenas duas

correlações moderadas em outros dois testes.

As informações apresentadas pela plotagem de Bland-Altman são

aparentemente mais sensíveis para verificar a concordância entre os resultados do

VO2máx obtidos pelo teste MD e os testes de campo do que as técnicas estatísticas

paramétricas como a Correlação Linear de Pearson (CYRINO et al, 2005). Assim, a

expectativa quando administramos um teste de campo em situações semelhantes ao

teste direto com os mesmos sujeitos, as diferenças médias entre os escores devem-

se aproximar do valor zero e os limites extremos dos intervalos de confiança (95%)

apresentar-se o mais próximo possível dos valores das diferenças médias.

Dessa maneira, ao analisar os diagramas de dispersão das figuras (1A, 1B e

1C) podemos observar que as diferenças entre as médias do teste MD e os testes

de campo (COOPER, MILHA e SR-20M) foram próximos de zero -1,3, -7,4 e 8,1

respectivamente. Por outro lado, as distâncias entre os valores extremos dos

intervalos de confiança (limite superior e inferior) foram de certa forma preocupantes,

uma vez que indica uma maior variabilidade entre os resultados que não foi possível

identificar pelo teste de correlação.

Para ilustrar este fato, os limites extremos dos intervalos de confiança (±2 DP)

estabeleceram no caso do teste MD e os testes de campo uma variabilidade entre

27,5 e -30,1, 19,7 e -34,5 e 35,4 e -19,1 respectivamente para COOPER, MILHA e

SR-20M, o que de certa forma pode ser considerado elevada. Em termos

estatísticos, podemos afirmar que em 95% dos casos, o mesmo individuo submetido

ao teste MD e aos demais testes de campo pode apresentar diferenças por volta dos

13,1; 6,2 e 13,6 ml/kg/min respectivamente.

34

8. CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo indicam que os testes de campo

(COOPER, MILHA e SR-20M) quando comparados com o teste direto (MD) não

apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Por outro lado, na

comparação entre os três testes de campo, foram verificadas diferenças na predição

do consumo máximo de oxigênio para a amostra de jovens universitários estudantes

de Educação Física.

A análise da relação existente entre o VO2máx obtido pelo MD e pelos testes

de campo, apresentou resultados de correlação significantes para os três testes

(COOPER, MILHA e SR-20M) indicando assim, que estes testes de campo podem

representar uma alternativa prática e eficiente para os profissionais envolvidos com

a prescrição de treinamento, tanto para o desempenho atlético, como para

manutenção e promoção da saúde. Entretanto o teste da MILHA apresentou o valor

mais elevado de correlação com o MD, indicando ser o teste que melhor reflete os

valores de potência aeróbia desta amostra específica.

Em contrapartida, a verificação estabelecida pela plotagem de Bland-Altman

não encontrou boa concordância entre a medida direta do VO2máx e os três testes

de campo.

Finalmente, diante dos resultados conflitantes encontrados no estudo,

recomenda-se que sejam realizadas outras investigações envolvendo estes ou mais

testes campo, e que haja o controle de alguns fatores como o nível de aptidão física

dos indivíduos. Além disso, seja levado em consideração o fator gênero em análises

feitas separadamente para cada tipo de teste. Desta maneira seria possível

investigar qual teste de campo seria mais indicado para populações específicas

como sedentários, indivíduos ativos, altamente treinados ou obesos.

35

REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual do ACSM para Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

2006.

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ANEXO Especificações para realização do teste “shuttle run de 20 metros” (SR-20M). Estágios Velocidade Tempo entre os Nº. idas/voltas (km/h) bips (segundos) (estágio completo) 1 8,5 9,0 7,0 2 9,0 8,0 8,0 3 9,5 7,5 8,0 4 10,0 7,2 8,0 5 10,5 6,8 9,0 6 11,0 5,54 9,0 7 11,5 6,26 10,0 8 12,0 6,0 10,0 9 12,5 5,7 10,0 10 13,0 5,53 11,0 11 13,5 5,33 11,0 12 14,0 5,14 12,0 13 14,5 4,96 12,0 14 15,0 4,80 13,0 15 15,5 4,64 13,0 16 16,0 4,50 13,0 17 16,5 4,36 14,0 18 17,0 4,23 14,0 19 17,5 4,11 15,0 20 18,0 4,0 15,0 21 18,5 3,36 15,0