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scientific debate that should stimulate future contributions to the subject. The model of an enterprise is a simplified representation of business logic. He describes what the company offers to its customers, such as reaching and relates to them, using what resources, activities and partners it achieves this and finally how to earn money (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Still perceive a difficulty in setting up a single, sustainable and broadly acceptable to all courses MOOC platforms and business model.

Keywords: MOOC, business model, canvas.

1. Introdução

Um bom sistema educacional deve ter três propósitos: dar a todos que queiram aprender acesso aos recursos disponíveis, em qualquer época de sua vida; capacitar a todos os que queiram partilhar o que sabem a encontrar os que queiram aprender algo deles e, finalmente, dar oportunidade a todos os que queiram tornar público um assunto a que tenham possibilidade de que seu desafio seja conhecido (ILLICH, 1985, p. 86).

Os MOOC (Massive Open Online Course) são cursos massivos e gratuitos oferecidos por plataformas virtuais formatadas para este fim específico. Esta ferramenta possibilita a expansão do conhecimento de maneira exponencial, e representa uma nova fronteira da educação a distância (EaD) e da formação profissional (VÁZQUEZ CANO; LÓPEZ MENESES; SARASOLA SÁNCHEZ-SERRANO, 2013).

Por se tratar de um elemento novo no universo da EaD, os MOOC ainda carecem de ajustem no modo como estão estruturados, isto é, em seus modelos de negócios. Há indícios que determinados ajustes se fazem necessários ao observar elementos tais como elevados níveis de abandono dos estudantes, e a ainda existente necessidade de mantenedores para viabilizar as operações (VISUAL ACADEMY, 2014).

As três principais plataformas de cursos MOOC: edX, Coursera e Udacity, são mantidas por instituições de ensino superior, que absorvem os gastos em seus centros de custo, ou são mantidos por fundos de investimento, que naturalmente objetivam obter retorno financeiro das quantias aplicadas (VISUAL ACADEMY, 2014). O questionamento de como os investidores receberão os retornos por seus investimentos conduz à dúvida sobre o futuro dos MOOC, se continuarão a ser totalmente gratuitos.

Desse contexto emerge uma questão, se há meios viáveis de promoção da sustentabilidade financeira dos MOOC para que permaneçam gratuitos? A fim de produzir respostas satisfatórias a esta questão, o objetivo deste estudo é propor contribuições aos modelos de negócios adotados pelos MOOC a fim de torná-los financeiramente sustentáveis.

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A principal relevância deste artigo está na proposição de meios de sobrevivência e desenvolvimento dos MOOC. Ao apontar caminhos para a sobrevivência, este estudo também apresenta possibilidades de geração de riqueza aos investidores por meio dos MOOC, e o aumento da atratividade pode contribuir na expansão dos MOOC. Este estudo também se faz relevante às universidades, pois ao jogar luz sobre a questão da sustentabilidade financeira dos MOOC incorre na promoção de um debate científico que deve estimular futuras contribuições ao assunto.

Após a introdução, o artigo apresenta um referencial teórico sobre MOOC e modelos de negócios; em seguida sãos descritos os aspectos metodológicos. Adiante, são abordados os casos dos modelos de negócios que contemplam as plataformas de MOOC mais populares; e, por fim, são propostas contribuições para a sustentabilidade financeira das plataformas.

2. MOOC – Modelos sustentáveis de negócios Para Vázquez Cano, López Meneses e Sarasola Sánchez-Serrano (2013), o movimento MOOC inicia em 2008, decorrente de um processo de inovação no campo da formação geral e difusão universal do conhecimento universitário aberto, orientado pelos princípios da difusão massiva e gratuita de conteúdos, e intermediado por modelos de aplicação online, interativos e colaborativos. Para estes autores, o primeiro MOOC (CCK08 – Connectivism and connective knowledge) foi criado em setembro de 2008, no Canadá, por George Siemens, Stephen Downes e Dave Cormier, e a sigla MOOC foi cunhada por Dave Cormier e Bryan Alexander, para designar este tipo de curso. Nesse curso haviam 25 alunos matriculados, que pagaram pelo curso até sua diplomação e mais 2.300 estudantes que seguiram o curso pela Internet de forma livre.

Yuan e Powel (2013), contextualizam a origem dos MOOC, a partir da convergência dos movimentos da educação aberta, do software livre, e da disponibilização de conteúdos abertos pelo Consórcio OpenCourseWare do Massachusetts Institute of Technology (MIT), rotulados a partir de então, como recursos educacionais abertos. Ao primeiro MOOC, de base Conectivista titulou-se cMOOC (com base em aprendizagem colaborativa) e ao outro tipo de MOOC, criado pela Stanford University, xMOOC (baseado em conteúdo), modelo adotado por The Open University, Udacity, Coursera e MIT/edX.

De acordo com Fox (2013), pode-se acrescentar a esta classificação, mais uma espécie de MOOC denominada de Small Private Online Course (SPOC), que significaria algo como Pequenos cursos online privados, ou cursos para pequenos grupos de alunos, de uma faculdade ou de funcionários de uma empresa. Este tipo de curso poderia estar associados a outras práticas educacionais, como o Blended learning (educação híbrida) e o Flipped classroom (sala de aula invertida), compatibilizando o melhor dois modos (presencial e a distância).

As plataformas de cursos MOOC, que como modelos de negócios tiveram

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origem nas universidades americanas, estão promovendo uma revolução na formação acadêmica (principalmente nos Estados Unidos), e estão provocando um fenômeno denominado de tsunami dos MOOC (AGUADED GÓMEZ, 2013), que está levando estudantes de vários países, a uma busca por cursos MOOC de universidades de renome, aproveitando para se reciclar a baixo custo, sem ter que sair de casa. Desta forma, e apesar da reação das universidades, essa demanda de alunos, foi capaz de pelo menos promover um repensar na formação na educação superior, fato que talvez nem a educação aberta e a distância haviam conseguido (MARTÍNEZ, 2013).

Cormier e Siemens (2010), Berman (2012), e Boxall (2012), concordam que este novo cenário educacional está sendo regido por três parâmetros: gratuidade da oferta, massividade na escala de alunos e ubiquidade em relação ao tempo e espaço.

Boxall (2012) em artigo do jornal The Guardian disse que o que existe de novo nos MOOC, além da escala, é o escopo e o ritmo dos empreendimentos, que atraíram investimentos de capital de risco de mais de 100 milhões de dólares em 2012, além de parceiros como Google e Pearson. Concorda que os MOOC atuais ainda são versões digitais da pedagogia tradicional, mas quando amadureçam serão uma ameaça (e oportunidade) para a educação superior (e universidades).

Brooks (2012), colunista do jornal The New York Times, lembra que a educação online não é novidade, o novo é que cada vez mais universidades e provedores de conteúdo da Internet estão percebendo esta oportunidade. Ele também acredita que as transformações que ocorreram na produção e divulgação de outras mídias, também vá acontecer com o ensino superior. Ressalta que pela primeira vez é possível assistir a uma aula de um afamado professor, mesmo que a distância e como as universidades americanas saíram na frente, o mais provável é que elas também estejam influenciando outras universidades com seus programas e sua cultura.

Segundo Vázquez Cano, López Meneses e Sarasola Sánchez-Serrano (2013), o movimento MOOC necessita estabelecer um modelo sustentável de negócio e para isso precisa definir alguns parâmetros, a saber: o projeto pedagógico, a gestão econômica, a certificação, a autenticação dos alunos, entre outros.

Na Inglaterra The Open University, com 40 anos de tradição em educação a distância e online, criou a empresa FutureLearn (ainda em versão beta) que agrega 29 universidades inglesas parceiras, além do British Council, British Library e British Museum (FUTURELEARN, 2014).

Nos Estados Unidos um dos modelos de negócio adotou a proposta de formação profissional digital do Knight Center of Journalism da University of Texas at Austin, que segundo Sánchez González (2014), se adequa bem a uma estratégia de ensino-aprendizagem centrado no aluno, pois fomenta a capacitação profissional

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pelo desenvolvimento de competências digitais (e-skills), oportunizando a educação continuada (long life learning) de profissionais ativos, recém graduados, estudantes e até mesmo de muitos outros profissionais que exercem atividades de comunicação, além de propiciar o networking, como decorrência das atividades colaborativas.

Fora do eixo Estados Unidos/Inglaterra, empresas reconhecidas e consolidadas, como Telefónica, Banco Santander, Fundación CSEV e a rede Universia (1.262 universidades, 23 países ibero-americanos e 16,2 milhões de alunos e professores universitários), criaram em 2012 a plataforma Miríada X (www.miriadax.net/), para albergar cursos MOOC de universidades ibero-americanas. Miríada X já ministrou 59 cursos MOOC e atualmente oferece 37 cursos de 29 universidades, de seis países ibero-americanos, totalizando 266.419 alunos já inscritos (MEDINA SALGUERO; AGUADED GÓMEZ, 2014).

O universo ibero-americano ganha importância, quando no quadro dos 510 MOOC europeus levantados pela OpenEducationEurope (2014), 198 situam-se na Espanha, seguido de 92 na Grã-Bretanha, 63 na França e 55 na Alemanha.

Na Espanha situa-se ainda a plataforma unX, uma comunidade ibero-americana que comparte cursos em espanhol e português, e integra a UNED Abierta da Universidad Nacional de Educación a Distancia. E a plataforma UniMOOC, baseada no Google Course Builder e constituída por universidades espanholas voltadas ao conceito de empreendedorismo (aprender a empreender) (VÁZQUEZ CANO; LÓPEZ MENESES; SARASOLA SÁNCHEZ-SERRANO, 2013).

Toda nova tecnologia passa por fases de maturação, adoção e aplicação como negócios ao longo do tempo. Essa é a proposta que a empresa de consultoria americana Gartner vem trabalhando desde 1995 e que denominou de Hype Cycles. Este ciclo de vida das tecnologias está composto por cinco fases: lançamento (innovation triggers), pico das expectativas exageradas (peak of inflated expectation), vale da desilusão (trough of desillusionment), rampa de consolidação (slope of enlightenment) e platô de produtividade (plateau of productivity). Desta forma explicam como a tecnologia gera interesse e presença na mídia, estimulando em seguida ao entusiasmo e expectativas irrealistas, que logo não são atendidas (saindo de moda), dai decorrendo uma fase de experimentação dos benefícios, até alcançar a estabilidade pela sua aplicação (LOHENDAHL, 2013).

Segundo o relatório Hype cycle for education, 2013, sobre tecnologias educacionais de Gartner (LOHENDAHL, 2013), em 2012 os MOOC estavam situados no final da etapa de lançamento (que dura menos de 2 anos) e em 2013, se posicionava no final do pico das expectativas exageradas (que situa-se entre 2 e 5 anos). Assim que por certo em 2014 podem estar e se fazer sentir, em pleno vale da desilusão. Isso pode ser facilmente interpretado pelos fatos de 2012 ser o ano dos MOOC e 2013 o ano antiMOOC (início das desilusões). Portanto poderia ainda amargar de 5 a 10 anos no vale da desilusão, antes de alcançar o platô da produtividade. Mas como tecnologia transformacional, provavelmente leve de 2 a 5

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anos para alcançar a adoção generalizada (Figura 1). Mas essas são previsões, pois o sucesso a longo prazo dos MOOC ainda não pode ser determinado, uma vez que acaba de passar pelo pico de expectativas exageradas. Nos próximos anos espera-se por uma forma mais sustentável de modelo de negócio, a partir das oportunidades por produto (conteúdo), processos (marketing e organizações) e por plataforma (aprendizagem social colaborativa). Acredita-se que estarão desafiando deste modo os modelos de negócios das universidades tradicionais, contestando noções de ensino-aprendizagem, e contribuindo como a educação híbrida e a sala de aula invertida, motivados principalmente pela disponibilidade de conteúdos.

Fonte: Lohendahl (2013, p. 13)

Figura 1 – Hype cycle de Gatner sobre educação e MOOC

Tapson (2013) lembra que quando uma tecnologia chega a Internet, ela muda

e se potencializa, como aconteceu com a música, os jornais, os livros, as agencias de viagem, os bancos, a publicidade e as enciclopédias. Para este autor, a velocidade de transição entre o lançamento e o pico das expectativas exageradas da Hype Cycle de Gartner foi rápida, o que coloca os MOOC numa expectativa de atingir o vale da desilusão entre 2014 e 2015, a rampa de consolidação de 2017 a 2022 e platô de produtividade, a partir de 2023. Descreve esse crescimento inicial como decorrente da Teoria da ruptura na inovação (disruptive innovation theory) de Bower e Christensen (1995), que em seu artigo seminal sobre as tecnologias de rupturas identificaram dois tipos principais de inovação: inovação sustentadora (sustaining innovation) - “faz com que algo venha a se tornar maior ou melhor” e inovação de ruptura (disruptive innovation) - “introduz no mercado um produto ou serviço que não é tão bom quanto as ofertas mais tradicionais e de melhor qualidade, mas que é de fácil aquisição e utilização” (CHRISTENSEN; EYRING, 2014, p. XXV). Christensen e Eyring (2014) já haviam identificado a educação a

Figure 1. Hype Cycle for Education, 2013

Innovation Trigger

Peak ofInflated

ExpectationsTrough of

Disillusionment Slope of Enlightenment Plateau of Productivity

time

expectations

Plateau will be reached in:less than 2 years 2 to 5 years 5 to 10 years more than 10 years

obsoletebefore plateau

As of July 2013

Mashware

Quantum Computing

Education TabletOpen Microcredentials

Campus App StoreAffective Computing

SIS International DataInteroperability Standards

BPOOpen-Source SIS

Student Retention CRMCitizen Developers

Learning Stack

Adaptive E-TextbooksBig DataGamification

MOOC Social Software StandardsWireless aaSCOBITAdaptive LearningDigital Preservation of Research DataBYOD Strategy

Mobile-Learning Low-Range/Midrange HandsetsOpen-Source Financials

EA FrameworksWeb-Based

Office ProductivitySuites

ITILSocial Learning Platform for Education

Cloud HPC/CaaSMobile-Learning

SmartphonesOpen-Source Middleware

SuitesE-Textbook

Cloud Email for Staff and Faculty Virtual Environments/Virtual WorldsEmergency/Mass Notification ServicesHosted Virtual DesktopsOpen-Source Learning Repositories

SaaS Administration ApplicationsEnterprise ArchitectureIT Infrastructure Utility

Intellectual Property Rights and Royalties Management Software

Lecture Capture and Retrieval Tools802.11nUnified Communications and Collaboration

Tablets

Game Consoles asMedia Hubs

E-Book Readers

Self-PublishingMashups

Source: Gartner (July 2013)

Gartner, Inc. | G00251104 Page 7 of 104

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distância como uma inovação de ruptura e mais recentemente irrompe-se contra o modelo tradicional da universidade e da escola.

Yuan e Powel (2013), desta feita se utilizaram da Teoria da ruptura na inovação de Bower e Christensen (1995) para explicar que também os MOOC fazem parte dessa inovação de ruptura, que pode ser utilizada para definir seu modelo de negócio e obter vantagem competitiva no mercado da educação. Trazem então este enfoque de negócios para a educação, explicando que os MOOC haviam entrado no mercado de educação superior tradicional e de qualidade, como um serviço de menor custo e maior facilidade de uso. Nesse novo mercado mais ágil e inovador, apesar de altamente regulado, fomentaram o aparecimento de novos líderes das tecnologias de informação e comunicação, educação online e a distância, provedores de serviços e conteúdos, e redes sociais, mas não necessariamente as instituições de educação superior. Lembram que os MOOC não irão substituir as universidades, da mesma forma que o iTunes não acabou com o CD, e este com o disco de vinil, mas que vão ocupar um mercado de formação que deve afetar mais ainda a queda das matrículas nas universidades (Figura 2).

Fonte: Yuan e Powel (2013, p. 13)

Figura 2 – Modelo de inovação de ruptura aplicado aos MOOC

Uma das propostas atuais de modelos de negócios é o resultado da tese de doutoramento The business model ontology a proposition in a design science approach de Alexander Osterwalder, que logo se proliferou no mundo empresarial, e teve a colaboração de 470 coautores, de 45 países (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). Trata-se de uma ferramenta composta por nove blocos que permitem criar um mapa visual para a geração de modelos de negócio (segmento de mercado, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fontes de renda, recursos chaves, atividades chave, parcerias chave e estrutura de custos), com os significados descritos no Quadro 1.

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Quadro 1 – Significados dos nove blocos do modelo de negócios

BLOCOS SIGNIFICADOS

Segmentos de mercado

grupos de clientes com características distintas

Proposta de Valor pacotes de produtos e serviços que satisfaçam as necessidades dos segmentos de clientes

Canais canais pelos quais ocorre a comunicação com os clientes e através dos quais se oferece as proposições de valor

Relação com o cliente

tipos de relações que são mantidas com cada segmento de cliente

Fontes de rendas fontes das receitas recebidas dos clientes, a partir da criação de valor ao cliente

Recursos chave principais recursos através dos quais o modelo de negócios é construído Atividades chave atividades mais importantes realizadas para implementar o modelo de negócio Parcerias chave parceiros e fornecedores que contribuem na dinâmica do modelo Estrutura de custos

os custos incorridos para executar o modelo de negócio

Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011).

Teplechuk (2013) em sua dissertação de mestrado Emergent models of Massive Open Online Courses: an exploration of sustainable practices for MOOC institution in the contexto of the lauch of MOOCs at the University of Edinburgh, apresentou o modelo de negócio do MOOC da UoE, segundo a proposta de Osterwalder e Pigneur (2011), que aqui está desenhados pelo aplicativo SEBRAE CANVAS versão 1.1, 2013 na Figura 3.

E ao finalizar este referencial, cabe ainda comentar sobre o modelo de negócio Freemium, denominação decorrente da junção das palavras Free (grátis) e Premium (prêmio), que segundo Anderson (2009), foi originalmente atribuída ao capitalista americano Fred Wilson, quem cunhou o nome, imaginado que se pode distribuir via Internet “qualquer coisa que se corresponda a uma versão paga de boa qualidade” destinada aos usuários básicos. Estes usuários serão mantidos pelo retorno financeiro dos usuários Premium, que são aqueles 5% que pagam pelo mesmo serviço, acrescidos de valor agregado (prêmio). Este modelo, que é adotado pelo Skype (comunicação) e pelo Flickr (fotografia), consegue manter um custo residual muito baixo e se parece com o modelo de negócios proposto para os MOOC, admitindo-se que estes cursos possuem custo zero para a maioria dos alunos inscritos e somente para um percentual reduzido de alunos (por acaso muito próximo ao número de alunos que concluem o curso), serão aqueles que pagarão pelos certificados ou outros serviços, que possam gerar retorno financeiro.

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Fonte: Teplechuk (2013, p. 36).

Figura 3 – Modelo de negócio do MOOC UoE

3. Método De acordo com Miles e Huberman (1994) este artigo possui natureza qualitativa, uma vez que busca analisar um determinado contexto com maior nível de profundidade em detrimento a um menor nível de abrangência.

Seguindo a taxonomia proposta por Vergara (2010) o presente estudo se trata de uma pesquisa exploratória, uma vez que possui o objetivo de produzir informações a partir da dinâmica de um determinado fenômeno do qual ainda se busca maior familiaridade.

Em relação aos procedimentos, Patton (2002) classifica esta pesquisa como bibliografia, uma vez que faz uso de materiais científicos publicados em revistas

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acadêmicas, sites especializados, e periódicos. 4. Análise de casos É cada vez mais indispensável ser capaz de questionar e aperfeiçoar um modelo de negócios no atual cenário corporativo, globalizado e altamente competitivo, mesmo que seja em segmentos tradicionais e estabelecidos. Era comum que cada segmento fosse caracterizado por um único modelo de negócio dominante; contudo, em um cenário cada vez mais competitivo, a vantagem é alcançada através da melhor execução, processos mais eficientes, organizações enxutas e inovação nos produtos (BATEMAN; SNELL, 2006).

Baseado na evolução do cenário competitivo, a gestão e o domínio em modelos de negócios, tanto quanto a inovação em modelos de negócios, estão rapidamente se movendo para o centro da atenção nas discussões da alta direção.

O modelo de negócio de uma empresa é uma representação simplificada da lógica do negócio. Ele descreve o que a companhia oferece a seus clientes, como os alcança e se relaciona com eles, utilizando que recursos, atividades e parceiros, ele atinge isso e finalmente, ganha dinheiro (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).

No Quadro 2 apresentam-se as características dos nove blocos de uma proposta do modelo de negócios de Osterwalder e Pigneur (2011) para os MOOC.

Quadro 2 – Descrição dos nove blocos do modelo de negócios

BLOCOS MOOC Segmentos de mercado

Mercado massivo de alunos: estudantes universitários, profissionais, empreendedores, etc.

Proposta de Valor

Educação aberta online gratuita e de qualidade, redes sociais, alianças corporativas

Canais Através de plataformas de cursos MOOC parceiras ou proprietárias, páginas web, redes sociais, eventos, publicidade online, etc.

Relação com o cliente

Interatividade, conectividade, autoaprendizagem, aprendizagem colaborativa, criação coletiva, suporte aos alunos, inscrição.

Fontes de rendas

Certificados de conclusão do curso, tutorias, acesso a base de dados, badges (insígnias), analíticas de big datas, gamificação, licenciamento, patrocínio, publicidade, etc.

Recursos chave

Gestão acadêmica, gestão de TIC, professores e facilitadores. Marca, reputação, relacionamentos com parceiros e com a comunidade acadêmica.

Atividades chave

Criação do curso, gestão de conteúdos (texto e áudio visual), suporte ao aprendizado e avaliação.

Parcerias chave

Universidades e plataformas de cursos MOOC: Coursera, edX, Udacity, Aprendo, OpenClass, Course Builder, Lore, Canvas, P2PU, unX, UniMOOC, Khan Academy, Udemy, Miríada X, etc.

Estrutura de custos

Custos fixos: gestão, design, geração de conteúdos, marketing, suporte de TIC e vídeos; custos variáveis: professor e facilitadores.

Seria também oportuno lembrar que tanto os MOOC que possuem fundos de

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investimentos como mantenedores, quanto os MOOC que possuem financiamento de instituições educacionais, que seus mantenedores buscassem retorno financeiro sobre o capital investido. Para manter a característica de serem gratuitos, as plataformas devem buscar alternativas de renda para que sejam financeiramente sustentáveis, tais como:

¥ Modelo Freemium (ANDERSON, 2009): acessar conteúdos gratuitos e pagar por benefícios extras, no caso por tutorias especializadas, conteúdos avançados e/ou por certificados.

¥ Propaganda na página da plataforma. ¥ Cursos patrocinados e identificados com nomes de patrocinadores. ¥ Cursos elaborados on demand para empresas. ¥ Estabelecer um fluxo constante de ingressantes, e por isso a oferta de cursos

atraentes se faz necessária. ¥ Elevar a taxa de concluintes, portanto, as plataformas devem cuidar de

questões relacionadas ao abandono e à conclusão. 5. Considerações finais

Percebe-se ainda uma dificuldade em estabelecer-se um modelo de negócio único, sustentável e amplamente aceitável para todos os cursos e plataformas de MOOC; assim como a necessidade de diferenciar o modelo de negócios a fim de obter vantagem competitiva. O momento parece ser de luta pela sobrevivência, de modo que possibilidades de modificações no modelo de negócios parece estar sendo negligenciada, e isto poderá trazer uma mudança significativa à competitividade.

Os MOOC representam uma nova possibilidade de ensino e aprendizagem, entretanto, ainda necessitam de aperfeiçoamento no modelo de negócios a fim de se tornarem financeiramente sustentáveis.

Da mesma forma que os cursos MOOC estabeleceram uma agenda para a discussão das universidades em seu papel de formação superior, está sendo sentido, em um nível mais subjacente, as mudanças por que estão passando os professores e que ainda passarão, em consequência de uma clientela mais jovem de nativos digitais que demandarão cada vez mais o conhecimento e a prática do universo digital. Os professores que ainda acreditam que poderão manter os mesmos modelos mentais que fizeram sucesso no passado (aulas presenciais com apresentações e distribuição de textos fotocopiados de livros e revistas) podem se surpreender e descobrir que já não são nada atraentes para a cultura estudantil contemporânea.

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