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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PAULA MENDONÇA ARRUDA ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS AO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS – ESTUDO DE CASOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes. Orientador: Prof. Paulo Afonso Lopes da Silva Ph. D. Rio de Janeiro 2004

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

PAULA MENDONÇA ARRUDA

ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS AO TRANSPORTEPÚBLICO POR ÔNIBUS – ESTUDO DE CASOS NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada aoCurso de Mestrado em Engenharia deTransportes do Instituto Militar deEngenharia, como requisito parcial paraa obtenção do título de Mestre emCiências em Engenharia de Transportes.

Orientador: Prof. Paulo Afonso Lopes daSilva Ph. D.

Rio de Janeiro2004

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c2004

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 222290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de

Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar

em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de

arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a

transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação

de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser

fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde

que sem finalidade comercial e que seja feita a referência

bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de

responsabilidade do(s) autor(es) e do(s) orientador(es).

A779-e Arruda, Paula Mendonça

Estratégias de Marketing Aplicadas ao Transporte Públicopor Ônibus – Estudo de Casos no Estado do Rio de Janeiro /Paula Mendonça Arruda – Rio de Janeiro: Instituto Militar deEngenharia, 2004.

159 p.: il.,tab.

Dissertação (mestrado) – Instituto Militar de Engenharia -Rio de Janeiro, 2004.

1. Planejamento urbano. 2. Planejamento de transportes. 3.Marketing. 4. Sustentabilidade. I. Instituto Militar deEngenharia. II. Estratégias de marketing aplicadas aotransporte público por ônibus – Estudo de casos no estado doRio de Janeiro.

CDD711.4

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

PAULA MENDONÇA ARRUDA

ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS AO TRANSPORTEPÚBLICO POR ÔNIBUS – ESTUDO DE CASOS NO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em

Engenharia de Transportes do Instituto Militar de Engenharia,

como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em

Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientador: Prof.Paulo Afonso Lopes da Silva – Ph. D.

Aprovada em 22 de dezembro de 2004 pela seguinte Banca

Examinadora:

Prof. Paulo Afonso Lopes da Silva – Ph. D. do IME - Presidente

Profª Letícia Moreira Casotti - D.Sc.da UFRJ

Prof. Luiz Antônio Silveira Lopes – D.Sc.do IME

Rio de Janeiro

2004

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A minha mãe por todo amor, carinho e

verdadeira amizade que sempre tivemos. Sem

ela nenhum dos meus sonhos se tornaria

realidade.

Ao meu marido, que se torna a cada dia mais

importante na minha vida pelo seu amor,

compreensão e apoio integral.

A minha avó, que de uma certa maneira esteve

sempre ao meu lado e que faz muita falta.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, que colaborou com a conclusão desta dissertação

e que eu amo muito.

Ao meu marido, presente nos principais momentos, entendendo

todas as dificuldades que possam surgir, fazendo com que eu

nunca desista dos meus objetivos.

À minha irmã, que se tornou crucial no último momento,

perdendo noites no intuito de me ajudar.

Ao meu pai Marcus, que me criou, sendo meu verdadeiro pai.

Às minhas afilhadas, Luana e Yasmin, que me dão muita

alegria.

A Deus que está sempre me levando ao caminho certo.

Ao Instituto Militar de Engenharia por me dar esta

oportunidade de cursar o Mestrado em Engenharia de

Transportes.

Ao CNPQ pelo apoio financeiro durante a duração do

mestrado.

Ao professor e orientador, Ph. D., Paulo Afonso Lopes da

Silva, pelo apoio e dedicação em todos os momentos

necessários.

Aos membros da Banca Examinadora, profº. Letícia Moreira

Casotti e prof. Luiz Antônio Silveira Lopes, por terem

aceitado participar e dedicar tempo precioso a esta

dissertação.

Ao Sr. Carlos Toledo, à Sra. Ellen Cristina e ao Sr.

Joaquim Costa, por contribuírem com informações para este

trabalho.

À Denise Navegantes e ao Dr. Lelis Teixeira, da Rio Ônibus,

por colaborarem com meu crescimento profissional.

Aos amigos da turma 2003, em especial, Aurélio Barahona

Sandoval por toda amizade e ajuda ao longo do curso.

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A todos os professores do IME que, de algum modo, se

colocaram sempre a disposição.

Ao Sgtº Eduardo Oazem, da secretaria da Pós-graduação em

Engenharia de Transportes, pela amizade e ajuda.

Em especial, a minha avó Stella, que onde quer que ela

esteja, sempre estará presente na minha vida.

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“O universo se parece mais com

um grande pensamento do que com

uma grande máquina” (Sir James

Jeans)

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................ 11

LISTA DE TABELAS ............................................ 12

1 INTRODUÇÃO ................................................ 15

1.1 Considerações Iniciais .................................. 15

1.2 Objetivo ................................................ 17

1.3 Justificativa ........................................... 18

1.4 Estrutura da Dissertação ................................ 19

2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO BRASIL .... 21

2.1 Introdução .............................................. 21

2.2 Sistema de Transporte por Ônibus: Ascensão e Decadência . 23

2.3 Problemas Enfrentados pelo Transporte Público por Ônibus 28

2.3.1 Concorrência com os Transportes Alternativos E

Clandestinos ................................................ 30

2.3.2 Concorrência com o Automóvel Particular ............... 34

2.3.3 Concorrência com Transportes não Motorizados .......... 37

2.3.4 Gratuidades sem Isenções Fiscais ...................... 39

2.3.5 Advento da Rede Mundial de Computadores ............... 41

2.4 Regulamentação do Setor ................................. 42

2.5 Importância do Transporte Público Regulamentado ......... 44

2.6 Conclusão Parcial ....................................... 49

3 CONCEITOS DE MARKETING .................................... 51

3.1 Evolução do Conceito de Marketing ....................... 51

3.2 Definição e Gestão de Marketing ......................... 53

3.3 Aplicações do Marketing ................................. 72

3.3.1 Marketing de Serviços ................................. 72

3.3.2 Marketing de Relacionamento ........................... 76

3.3.3 Marketing Interno ..................................... 78

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3.4 Marketing e o Transporte Por Ônibus ..................... 79

3.5 Conclusão Parcial ....................................... 82

4 ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................................. 83

4.1 Ações de Marketing ...................................... 85

4.2 Ações de Marketing no Sistema de Transporte Público

Brasileiro .................................................. 90

4.3 Ações de Marketing no Sistema de Transporte Público

Internacional .............................................. 107

4.4 Conclusão Parcial ...................................... 117

5 METODOLOGIA DOS ESTUDS DE CASO ........................... 118

5.1 Tipo de Pesquisa ....................................... 118

5.2 Perguntas da Pesquisa .................................. 121

5.3 Escolha das Empresas ................................... 121

5.4 Coleta dos Dados das Empresas .......................... 122

5.5 Tratamento dos Dados ................................... 123

5.6 Limitação da Pesquisa .................................. 123

6 ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS EM EMPRESAS DE TRANSPORTE

POR ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO – ESTUDOS DE CASO ............. 126

6.1 Empresa A .............................................. 126

6.1.1 Empresa A em Época de Crise .......................... 126

6.1.2 Ações da Estratégias de Marketing .................... 127

6.1.3 Resultado Dessas Estratégias de Marketing ............ 130

6.2 Empresa B .............................................. 130

6.2.1 Ações de Marketing Potenciais ........................ 131

6.2.2 Estratégias Adotadas na Empresa ...................... 133

6.3 Empresa C .............................................. 134

6.3.1 Diferencial da Empresa C em Época de Crise no Setor .. 134

6.3.2 Principais Problemas a Enfrentar ..................... 137

6.4 Empresa D .............................................. 138

6.4.1 Visão da Empresa em Época de Crise ................... 138

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6.4.2 Estratégia de Marketing da Empresa D ................. 138

6.5 Conclusão Parcial ...................................... 141

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................... 142

7.1 Conclusões ............................................. 142

7.2 Recomendações .......................................... 145

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................... 147

9 ANEXOS ................................................... 158

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 2.1 – O Primeiro Ônibus Concebido no Mundo ............. 21

FIG. 2.2 – Ônibus Denominado Jardineira ..................... 22

FIG. 2.3 – Transporte Clandestino ........................... 31

FIG. 2.4 – Evolução do Consumo Interno de Veículos (1991/2001)

............................................................ 35

FIG. 2.5 – Comparação Entre Veículo Particular e Ônibus ..... 36

FIG. 2.6 – Transporte Urbano Metropolitano de Pessoas no

Brasil ...................................................... 38

FIG. 2.7 – População Urbana, Frota e Nº De Mortos em Acidentes

de Trânsito no Brasil - 1990/1998 ........................... 47

FIG. 2.8 – Venda de Ônibus Urbano Brasil de 1995 a 2002 ..... 49

FIG. 3.1 – Distribuição Sem Intermediário ................... 64

FIG. 3.2 – Distribuição Com Intermediário ................... 65

FIG. 3.3 – Deslocamento da Curva de Demanda Devido à

Propaganda .................................................. 67

FIG. 3.4 – Processo: Manutenção da Satisfação dos Clientes .. 70

FIG. 3.5 – Panorama da Estratégia de Marketing .............. 71

FIG. 3.6 – Passageiros Transportados por Ônibus (Média

Nacional) ................................................... 80

FIG. 3.7 – Modelo da População Entre 1993-2003 .............. 80

FIG. 4.1 – Principais Concorrentes dos Transportes Públicos

Urbanos no Brasil. Uma Visão das Empresas ................... 84

FIG. 4.2 – Ônibus nas Favelas ............................... 95

FIG. 4.3 – Ônibus no Centro ................................. 95

FIG. 4.4 – Pontos de Ônibus ................................. 96

FIG. 4.5 – Revista de Bordo ................................. 97

FIG. 4.6 – Segurança nas Viagens ........................... 102

FIG. 4.7 – Vídeo a Bordo ................................... 106

FIG. 4.8 – Logomarca de Cape Cod ........................... 115

FIG. 6.1 – Tacógrafo ....................................... 129

FIG. 6.2 – Selo de Certificação da ISO 9001:2000 ........... 135

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LISTA DE TABELAS

TAB. 2.1 - As 20 Maiores Cidades do Mundo em 2002, Por Região

............................................................ 25

TAB. 2.2 – Pontos Negativos do Transporte por Ônibus ........ 30

TAB. 2.3 – Usuários do Transporte Público Coletivo

Regulamentado, Segmentados por Classe Social ................ 39

TAB. 2.4 – Emissão de Gás Poluente em Dez Cidades Brasileiras

Devido ao Congestionamento Severo (Vias Com Capacidade

Esgotada), 1998 ............................................. 48

TAB. 3.1 – Tipos de Segmentação do Público .................. 58

TAB. 3.2 – Diferença entre Bens Físicos e Serviços .......... 75

TAB. 4.1 - Avaliação dos Modos de Transporte % de Excelente e

Bom, Segundo Usuários ....................................... 93

TAB 4.2 – Evolução do Passageiro em Recife (1995 – 2002) .... 99

TAB. 4.3 – Entrevista com a Amostra da População da Suécia . 109

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RESUMO

Nesta dissertação são analisados casos do uso de estratégiasde marketing como modo de captação de demanda para otransporte público por ônibus regulamentado, parte de um novoestilo de gestão nas empresas, colocando em foco asnecessidades dos clientes e não apenas os serviços prestadospelas operadoras rodoviárias. Utiliza-se o marketing como ummodo de gestão, fundamentado no conhecimento do mercado, pormeio do qual as expectativas dos clientes são identificadas,antecipadas e satisfeitas.

Desde, aproximadamente, 1990, a quantidade de usuários dosdiversos sistemas de transportes públicos vem diminuindo emquase todas as cidades brasileiras. Assim, o momento atual épropício para que o uso de estratégias de marketing paracaptar demanda possa ser mais explorado pelas empresasbrasileiras de transporte por ônibus, de modo a reverter asperdas de passageiros nos últimos anos.

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ABSTRACT

This dissertation intends to analyze marketing strategies asway of demand reception in the transport, as part of a newadministration style in the companies, putting in focus thecustomers' needs and not just the services rendered by theoperators. The marketing is used as an administration way,based in the knowledge of the market, and identifying,advancing and satisfying the customers' expectations.

The amount of users of the systems of public transports isdecreasing in almost all of the Brazilian cities. This way,the current moment is favorable so that the use of themarketing to capture demand can be more explored in theadministration of the Brazilian companies of transport by bus,promoting them to the society and helping to revert thepassengers' losses in the last years.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os principais problemas causados pela quantidade de veículos

nas megacidades são o alto índice de emissão de poluentes, os

congestionamentos e o aumento do número de acidentes.

Porém, os países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma

política voltada para a priorização de carros particulares em

detrimento do transporte público (Leite, 2002).

Conforme Rocha apud Leite (2002), o desenvolvimento do

transporte público por ônibus no Brasil teve, no início, um

lento processo até o começo da década de 80, no século XX.

Copiando o modelo europeu, apenas em 1911, desenvolveu-se o

primeiro ônibus motorizado no Brasil. Entretanto, a

modernização começou somente em 1945 com chassis construídos

para o transporte de passageiros e com carroceria metálica.

Entretanto, foi no final do século XX que se construiu um

parque industrial de chassis e carrocerias para ônibus,

oferecendo uma variedade de modelos. A partir de então, a

indústria passou a produzir veículos mais modernos, tanto na

parte estética quanto na mecânica, obtendo velocidade maior,

poltrona mais confortável e ar condicionado em alguns veículos

(GONÇALVES, 1995).

De acordo com Correia apud Leite (2002), a indústria

brasileira exporta, nos dias de hoje, 2004, sua tecnologia de

ônibus para vários países da América Latina, da América do

Norte, da Europa e da África.

Porém, as empresas brasileiras de transporte público por

ônibus não utilizam a tecnologia exportada, contentando-se,

normalmente, com o uso do ônibus convencional na sua frota.

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Essa padronização dos veículos se justifica como garantia de

condições mínimas de segurança e conforto para os usuários,

além da redução dos custos industriais, parece não haver

preocupação com a qualidade de serviço e produtividade,

gerando a insatisfação dos passageiros. A utilização destes

ônibus padronizados foi defendida pela EBTU, Empresa

Brasileira de Planejamento dos Transportes, e GEIPOT, Empresa

Brasileira de Planejamento dos Transportes, entidades já

extintas, mas as empresas até hoje, 2004, mantêm a

padronização.

A insatisfação do passageiro é resultado do não atendimento

de suas exigências pelo uso do veículo convencional,

oferecido pelas empresas operadoras, em termos de níveis de

serviço e tarifas, além de problema quanto à escassez da

oferta de transportes em locais com dificuldades topográficas

ou distantes do centro.

Outros problemas do serviço de transporte por ônibus que

estão dentre as queixas da sociedade usuária são: não

cumprimento rigoroso de horários, não respeito às paradas e

atendimento precário. Esses fatores permitiram, por volta da

metade da década de 90, a entrada de concorrentes tentando

cessar as ineficiências do setor.

Um dos concorrentes mais prejudiciais é o transporte

clandestino. Porém, os transportadores desse modal não pagam

impostos, empregam menores de idade para trabalhar (<16 anos),

não trafegam com segurança, não respeitam a gratuidade e

apenas operam em linhas e horários de maior demanda.

A fabricação de carros populares, com motor menos potente e

preço mais acessível, fez com que esses automóveis

particulares também passassem a ser concorrentes potenciais do

ônibus (NTUa, 2002). Com isto, aumentaram os problemas

causados pela grande quantidade de automóveis circulando; o

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congestionamento, a grande emissão de poluentes e o alto

número de acidentes.

Outro problema do transporte regulamentado é a diminuição da

quantidade de passageiros por causa das viagens não

motorizadas, principalmente a marcha a pé, aumentadas nos

últimos anos (LEITE, 2002).

Essas viagens não motorizadas estão ocorrendo devido à perda

do poder aquisitivo da população, principalmente das classes

sociais D e E, que não têm como arcar com o valor cobrado para

ingressar nos ônibus.

O resultado dessa concorrência é a perda de, em média, 30%

dos passageiros transportados no Rio de Janeiro, desde 1995

até hoje. Isso leva a uma reflexão do setor quanto à

implementação de uma nova estratégia de gestão com o intuito

de reverter esse quadro.

1.2 OBJETIVO

A presente dissertação tem como objetivo analisar

estratégias de marketing que, quando aplicadas, resultem em:

a)Disponibilidade do serviço de transporte público para um

maior número de usuários.

É importante para o crescimento do setor que grande parte da

sociedade queira e tenha condições de usá-lo.

Sendo assim, as empresas têm que entender o que desejam os

diferentes segmentos da população em termos de transporte,

oferecendo os possíveis serviços para atendê-los.

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18

b)Satisfação dos clientes

Se os serviços oferecidos pelas empresas de transportes

forem feitos com a participação da sociedade, utilizando

pesquisas (de mercado, origem-destino, entre outras), os

clientes se tornarão mais satisfeitos, por terem sido

consultados sobre os serviços a serem prestados para eles.

c)Captação de clientes

Se as suas necessidades forem satisfeitas pelas empresas, os

usuários tenderão a usar mais seus serviços.

d)Fidelização dos usuários

Quando os clientes usam um determinado serviço e se sentem

satisfeitos, começam a associar boa qualidade à marca da

empresa, querendo sempre que possível repetir a viagem pela

mesma companhia.

e)Lucratividade dos acionistas

Com uma maior clientela, fiel a companhia, a rentabilidade

de seus acionistas aumentará, mantendo todos os outros fatores

referentes ao transporte constantes.

1.3 JUSTIFICATIVA

A quantidade de passageiros nos sistemas de transportes

públicos brasileiros regulamentados vem diminuindo em quase

todas as cidades brasileiras (NTUa, 2001).

Esta afirmação parece ter como principal causa a

insatisfação dos passageiros com a qualidade dos serviços

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oferecidos pela prestadora, gerando, na metade da década de

90, século XX, o surgimento de concorrentes diretos.

Sendo assim, é importante divulgar a imagem do transporte

público, objetivando atrair os clientes que abandonaram o

sistema.

Colocar o transporte por ônibus em evidência, fazendo com

que a população utilize-o em maior quantidade, pode melhorar a

qualidade de vida da população, na medida em que pode provocar

menos acidentes, causar menos poluição e menos

congestionamentos que outros modais, como carros e vans.

Além disso, se comparados com os modos de transporte não

motorizados, os ônibus têm vantagens, por transmitirem aos

usuários uma sensação de satisfação, se comparados às viagens

a pé ou de bicicleta, que muitas vezes não oferecem segurança,

devido aos horários e locais onde trafegam.

Sendo assim, utilizar um modo de gestão que aproxime o

transporte das necessidades da sociedade, satisfazendo-a e,

conseqüentemente, captando e fidelizando os passageiros com o

intuito de reverter as perdas apuradas nos últimos anos,

parece ser o objetivo de uma gestão orientada para os

clientes.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está dividida em 7 capítulos.

No capítulo 1, apresentam-se a introdução ao tema, o

objetivo e a justificativa.

No capítulo 2, mostra-se a evolução do transporte coletivo

por ônibus no Brasil, desde seu surgimento, passando por sua

ascensão em meados da década de 80 até uma crise provocada por

perdas de passageiro, em média 30%, para seus concorrentes.

No capítulo 3, introduz-se o marketing e sua gestão, baseada

na satisfação dos clientes. Apresenta-se também uma proposta

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de gestão do sistema de transporte por ônibus baseada em

marketing.

No capítulo 4, apresentam-se as principais ações de

marketing, além de estratégias de marketing feitas em outros

estados brasileiros e diferentes países.

No capítulo 5, mostra-se a metodologia utilizada para o

estudo de casos.

No capítulo 6, são relatados casos de empresas de ônibus que

obtiveram menor perda de demanda, e conseqüentemente de

receita, utilizando uma gestão de marketing, assim como a

grande perda de usuários que as empresas que ainda não têm um

planejamento com foco no cliente estão tendo.

No capítulo 7, são apresentadas as conclusões deste estudo e

recomendações para futuros trabalhos.

Este trabalho se enquadra na linha de pesquisa de

Planejamento de Transporte do Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia e nas

diretrizes de pesquisa estabelecidas no III Plano Básico de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico, elaborado pelo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPQ), que contemplam o desenvolvimento de pesquisas,

processos e medidas para estimular o uso do transporte

coletivo de passageiros regulamentado, objetivando a

satisfação da sociedade em geral, com o modo de gestão do

setor.

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21

2 EVOLUÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS NO BRASIL

2.1 INTRODUÇÃO

No ano de 1662, em Paris, França, foi lançado o primeiro

modelo de ônibus (FIG. 2.1), concebido pelo filósofo e

matemático Blaise Pascal. O serviço oferecido consistia de

carruagens a tração animal, com capacidade para oito pessoas,

perfazendo itinerários e horários pré-determinados.

Este invento atraiu muitos turistas e povos locais, que

costumavam lotar os veículos (MARA, 2004).

FIG. 2.1 – O primeiro ônibus concebido no Mundo

Fonte: Seu Transporte, 2004

No Brasil, o primeiro ônibus surgiu em 1837, no Rio de

Janeiro, com veículos importados da Europa.

A procura pelos ônibus foi tão grande que, no mesmo ano, em

14 de setembro, decretou-se a permissão para a companhia de

ônibus explorar esse transporte por 10 anos (MIL ÔNIBUS,

2004).

Com o surgimento dos bondes, em 1871, a procura por ônibus

baixou sensivelmente, vendo-se a companhia obrigada a suprimir

o tráfego em algumas linhas (STIEL, 2001).

Quarenta anos depois, em 1911, foi fabricado o primeiro

ônibus motorizado no Brasil, construído pelos irmãos Grassi,

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em São Paulo, sobre um chassi de caminhão Dion Bouton (LEITE,

2002).

As primeiras linhas regulares de ônibus surgiram na cidade

do Rio de Janeiro, no início dos anos 20. Os veículos usados

para operação dessas linhas eram chamados de "lotações",

movidos a gasolina ou motor elétrico a bateria, e dividiam as

vias com os bondes elétricos, bondes de burros, alguns

automóveis e carruagens movidas à tração animal (SPTRANS,

2002).

Por volta de 1924, por um período de um ano, uma seca

atingiu o estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, reduzindo a

produção de energia elétrica, afetando assim, a operação do

bonde. Esse fato marcou a expansão da frota de ônibus, com as

jardineiras (FIG.2.2). Com a normalização da fornecedora de

energia elétrica no Rio de Janeiro e o desenvolvimento de

sistemas de energia elétrica em outras cidades levou a volta

da operação dos bondes até a Segunda Guerra Mundial, em 1939.

Por esta guerra ter afetado as importações de peças do bonde,

subestações e trilhos, provocou o colapso do sistema e deu

novo impulso ao transporte por ônibus nas cidades brasileiras.

FIG. 2.2 – Ônibus denominado Jardineira

Fonte: SPTRANS, 2004

O ônibus começou a ocupar gradualmente seu espaço. Em 1945,

fabricou-se o primeiro ônibus com carroceria metálica.

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23

Desenvolvendo-se a indústria automotiva com um parque

industrial pesado e eficiente, diferentemente de quando os

chassis que se construíam eram de caminhão, inapropriados para

o transporte de passageiros.

2.2 SISTEMA DE TRANSPORTE POR ÔNIBUS: ASCENSÃO E DECADÊNCIA

A partir da década de 50, começaram a surgir, no Brasil,

metrópoles com elevado número de habitantes, ultrapassando os

10 milhões. O aparecimento destas metrópoles surgiu das crises

econômicas nacionais e da mecanização das lavouras, levando a

população rural a se deslocar para as cidades em busca de

emprego. Devido à grande velocidade desse crescimento, a

maioria dessas cidades não conseguiu acompanhar adequadamente

esse aumento com a oferta e serviços de transporte

eficientemente (LEITE, 2002).

Esse crescimento populacional propiciou moradias cada vez

mais distantes do centro e a um maior número de famílias

morando em favelas, levando os habitantes das grandes cidades

a dependerem cada vez mais do transporte por ônibus, porque os

outros modais não atendiam a maior parte dos bairros. A

prioridade do transporte por ônibus deve-se a falta de

capacidade financeira dos governos para investir em sistemas

sobre trilhos, dando prioridade ao transporte público por

ônibus, pela sua possibilidade de deslocar grande número de

usuários.

As grandes metrópoles dos países em desenvolvimento

atingiram enormes populações em períodos de tempos reduzidos,

ao contrário da formação das megacidades em países

desenvolvidos, que cresceram pausadamente conseguindo

acompanhar o crescimento com a evolução de seus sistemas

urbanos. Em 2001, 17 entre as 20 maiores cidades do mundo se

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24

situavam em países em desenvolvimento, como mostrado na TAB.

2.1 (ONU apud LEITE, 2002).

As cidades dos países em desenvolvimento, onde a população

teve uma rápida expansão, não puderam acompanhar a construção

dos equipamentos urbanos necessários no mesmo ritmo, causando

uma distribuição desordenada do uso do solo, gerando problemas

sociais, como áreas sem urbanização, miséria nas periferias,

má distribuição e dimensionamento do sistema de transportes,

grande concentração de renda e altas taxas de desemprego ou

subemprego.

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25

TAB. 2.1 - As 20 maiores cidades do mundo em 2002, por região

Fonte: ONU apud Leite, 2002

Região CidadePopulação(milhões de

hab.)Tóquio 26,546NovaIorque 26,444Países

DesenvolvidosLos

Angeles 13,213

Cidadedo

México18,066

SãoPaulo 17,962

BuenosAires 12,022

Países emdesenvolvimento daAmérica Latina

Rio deJaneiro 10,652

Países emdesenvolvimento daÁfrica

Cairo 9,462

Changai 12,887Calcutá 16,086Bombaim 16,086Beijing 10,839Jacarta 11,018Delhi 12,441Seul 9,888

Tianjin 9,156Karachi 10,032Manila 9,950Bangkok 7,372

Países emdesenvolvimento daÁsia

Istambul 8,953.

Por volta da década de 80, estabeleceu-se um parque

industrial de chassis e carrocerias para ônibus, capaz de

oferecer ao mercado vários de modelos para se adaptarem a

diversas situações (CORREIA apud LEITE, 2002).

Porém, as empresas brasileiras de transportes públicos por

ônibus, em geral, não aproveitaram essa diversificação da

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26

indústria nacional, utilizando, na maioria dos casos, o ônibus

convencional como o principal ou exclusivo veículo de sua

frota. Isso parece ter gerado uma piora na qualidade dos

serviços prestados, menor produtividade e, conseqüentemente,

insatisfação dos usuários dessa megacidade.

Mesmo assim, se comparado com outros modais, os ônibus se

destacam por proporcionarem acessibilidade e cumprimento das

viagens dos usuários. Infelizmente, o crescimento das cidades

e a falta de preocupação das empresas de ônibus com a

sociedade usuária fizeram com que o serviço de transporte

público por ônibus perdesse cada vez mais demanda e,

conseqüentemente, receita. Com menos investimentos em

melhorias, o serviço piora em qualidade, fazendo com que os

usuários cativos sejam prejudicados e os potenciais,

desestimulados.

Este setor passou por duas décadas de consolidação, baseado

num grande esforço das empresas, dos seus sindicatos e do

poder público que, muitas vezes, incentivou a configuração das

empresas da maneira que se encontram hoje.

Essa estrutura deveu-se à conjuntura econômica da época,

tendo como marca principal a instabilidade causada pela

inflação, não permitindo o controle sobre os investimentos nem

a percepção das ineficiências desse setor. Dessa maneira, o

foco principal das empresas de transporte foi sobre os custos

e tarifas a serem cobrados, o que, muitas vezes, deixava os

usuários insatisfeitos (NTUa, 1999).

Nessa mesma época, os passageiros, mesmo com toda

insatisfação pelo setor, precisavam continuar usando os

ônibus, por falta de opções. Essa insatisfação justifica-se

pela falta de comprometimento das empresas com os usuários.

Com ou sem aprovação, estariam, no dia seguinte, todos os

passageiros prontos para a sua rotina diária, ônibus-trabalho,

ônibus-escola, ônibus-lazer (NTU, 2001).

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27

Como as operadoras privadas do transporte urbano de

passageiros são controladas diretamente pelo poder público

(prefeituras municipais e governos estaduais) que fixam os

itinerários das linhas, os pontos de parada, os horários e

outros serviços, os empresários acreditavam que não eram

responsáveis por qualquer imperfeição do sistema de transporte

e, conseqüentemente, pela insatisfação do consumidor. As

empresas, dessa maneira, sentiam-se apenas incumbidas de

executar ordens (NTUa, 2002).

A preocupação das empresas era apenas operacional, passando

a exigir, cada vez mais, produtividade dos seus funcionários,

apostando na queda do custo e no aumento de receita.

Com o Plano Real, em 1994, houve a estabilização da moeda e

abertura econômica, ocorrendo muitas mudanças na economia

brasileira e, conseqüentemente, no setor de transporte. Dessa

maneira, as empresas que antigamente contavam, graças ao

modelo regulatório vigente, com uma reserva de mercado, viram-

se obrigadas a enfrentar a concorrência de outros modais que

se instaurou também, além da insatisfação do usuário, pelas

transformações ocorridas no país (NTUa, 2002).

Com o aumento da concorrência, as empresas passaram a

procurar caminhos de maior eficiência nos serviços,

posicionamento no mercado e melhor imagem diante da população.

Essa mudança não obteve ainda o êxito necessário, tendo em

vista que os objetivos das empresas de ônibus são a

permanência no mercado, captando mais clientes e aumentando

seus lucros. Isso se deve à cultura tradicional das operadoras

e às regras vigentes da regulamentação do setor, que engessam

as empresas, deixando-as paralisadas frente às mudanças

ocorridas nos mercados de transporte (NTU, 2002).

Os sintomas da crise no transporte público por ônibus são

constatados por alguns fatos: crescimento do transporte não

motorizado, oferta de transporte mal dimensionada e não

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28

diversificada, existência de demanda reprimida, surgimento de

transporte informal, entre outros (NTU, 2002).

Esta migração para outros meios de transporte, que começou a

aparecer na década de 90, deve-se a melhores propostas de

conforto, de tempo de viagem, de flexibilidade de itinerário e

de tempo de espera, preenchendo as lacunas deixadas pelo

sistema corrente.

2.3 PROBLEMAS ENFRENTADOS PELO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS

Mesmo que o transporte público urbano seja considerado a

maneira mais clara e transparente de garantir um transporte

eficiente, seguro, de qualidade e com modicidade tarifária que

atenda às necessidades da sociedade (CIDADES DO BRASIL, 2004).

Apesar disso, em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em

2000, apresentada no portal Cidades do Brasil (2004), apenas

28% dos entrevistados consideraram o serviço de transporte

público por ônibus ótimo ou bom.

Essa insatisfação crescente dos usuários com os serviços de

transporte público contribuiu para o surgimento de

concorrentes, visando atrair os passageiros que antes usavam o

transporte daquelas empresas.

Em qualquer setor, a competitividade age de forma a reduzir

a lucratividade dos empreendimentos (ORRICO apud LEITE, 2002).

Quanto maior for o número de concorrentes, melhores condições

devem ser oferecidas aos usuários para se manterem fiéis às

empresas atuantes no mercado. Da mesma maneira, no serviço de

transporte público, essas condições são válidas. Este setor de

transporte no Brasil é regulamentado, fazendo com que a

competitividade seja limitada pelos dispositivos legais, mas

não nula. Os concorrentes potenciais e outros fatores que

também oneram as empresas de transporte público por ônibus

são:

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29

- Os transportes clandestino e alternativo

- O carro particular,

- O transporte não motorizado,

- As gratuidades e,

- O advento da Rede mundial de computadores.

Uma pesquisa feita pelo Ibope, em 2003, encomendada pela

Fetranspor, no Estado do Rio de Janeiro, com uma amostra de

1500 pessoas, com idade entre 15 e 64 anos (inclusive),

mostrou quais são os pontos negativos desse transporte na

visão desse público, de acordo com a TAB.2.2 (FETRANSPOR,

2004).

Devido a essas falhas no transporte por ônibus, a

insatisfação da população usuária cresceu, atraindo

concorrentes.

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30

TAB. 2.2 – Pontos negativos do transporte por ônibus

(respostas múltiplas %)

Fonte – Fetranspor, 2004

PREÇO 34

SEGURANÇA (ASSALTOS) 32

QUANTIDADE DE VEÍCULOS 21

MOTORISTAS E TROCADORES 16

CONFORTO 12

LIMPEZA E CONSERVAÇÃO 12

DEGRAUS DOS VEÍCULOS 11

TRÂNSITO 10

RAPIDEZ DA VIAGEM 7

SEGURANÇA (ACIDENTES) 7

FACILIDADE DE ACESSO AO PONTO 3

NENHUM DESTES/NÃO SABE 10

2.3.1 CONCORRÊNCIA COM OS TRANSPORTES ALTERNATIVOS E

CLANDESTINOS

O transporte alternativo utiliza para o deslocamento de

pessoas veículos motorizados, regulamentados ou não,

principalmente de baixa capacidade, como vans, peruas, kombis

ou lotações (9 a 16 passageiros), microônibus (20 a 25

passageiros) e mototaxis ou veículos não motorizados.(CERVERO

apud LEITE, 2002).

Esse tipo de transporte mistura alguns aspectos do

transporte coletivo, como a ocupação de vários passageiros, e

do automóvel particular, como a flexibilidade. (FIG. 2.3)

Depois das tentativas de conter esses transportes com

repressão, cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, em que a

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31

fiscalização do poder público é deficiente, tentaram

regulamentá-las, visando a segurança dos usuários e garantia

ao sistema de transporte público já regulamentado.

De acordo com Balassiano apud Leite (2002), as vans

clandestinas poderiam se integrar no sistema de transporte

público urbano, para melhorar e aumentar a capacidade total,

oferecendo uma nova alternativa. Mas, conforme Ferraz (1998),

o transporte por ônibus, adequadamente planejado, gerenciado,

regulamentado e com prioridade no trânsito, é superior a esse

transporte em todos os aspectos.

FIG. 2.3 – Tipo de veículo usado no transporte clandestino

Fonte – NTUa, 1999

O diferencial do transporte clandestino é dar mobilidade a

pessoas menos favorecidas. O transporte não regulamentado veio

suprir as deficiências do transporte regulamentado

(clandestino), que não serviam locais com dificuldades

topográficas e distantes do centro, como morros e bairros

afastados. A partir da segunda metade da década de 90, os

transportes clandestinos cresceram e passaram a incomodar o

setor regulamentado. (ANTPa, 2000)

Este aumento do número de transportes irregulares trouxe

graves reflexos aos principais setores produtivos do nosso

país, ocasionando migração da mão-de-obra excluída para o

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32

setor informal da economia na área de transporte, que não

pagam impostos devidos e oneram, desta maneira, o setor e o

país (CIDADES DO BRASIL, 2004).

Os problemas causados pelos transportadores clandestinos são

diversos(CIDADES DO BRASIL, 2004):

1. Não pagam impostos;

2. Não assinam carteira de seus trabalhadores;

3. Empregam menores de idade para trabalhar;

4. Operam apenas em linhas com grande demanda;

5. Não cumprem rigorosamente horários e itinerários;

6. Não têm segurança e qualidade para seus usuários;

7. Não há como o usuário reclamar em caso de acidente e;

8. Não respeitam as gratuidades de estudantes, idosos ou

deficientes físicos.

Os efeitos nefastos da proliferação dos clandestinos,

aliados aos outros fatores, são sentidos pelos sistemas de

transportes públicos regulamentados: queda de demanda e

receita, queda de produtividade, desequilíbrios econômico-

financeiros, além de problemas de congestionamentos e

segurança no tráfego urbano, causados pela competição

predatória promovida pelos transportadores informais

(NTUa,1999).

Mesmo com todos estes problemas do transporte irregular, uma

pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2001, publicada no

portal Cidades do Brasil (2004), mostra que 75% dos

entrevistados que utilizam o sistema de lotação acham esse

modal ótimo ou bom. Isso mostra que, mesmo com toda sua

ineficiência para a economia e falta de qualidade com a

população, o transporte clandestino é bem visto perante a

sociedade usuária, ao contrário do ônibus que, na mesma

pesquisa, teve um índice de aprovação de apenas 28%.

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Constata-se, dessa maneira, que a proliferação do transporte

clandestino teve como principal motivo satisfazer à

necessidade dos usuários que o transporte regulamentado

desconhecia.

Por outro lado, as maiores vantagens do transporte informal

são:

• Rapidez – passa com maior freqüência e não tem pontos de

parada fixos, fazendo com que os usuários embarquem ou

desembarquem mais perto de seus destinos.

• Modicidade da tarifa – O preço da passagem é, em sua

maioria, igual ou inferior ao do transporte regular.

Para conter o transporte informal é necessária uma

fiscalização mais ostensiva e efetiva. Esta é uma das três

principais causas apontadas pelos gestores de transporte

urbano para o aumento do transporte informal, além do

desemprego e da oferta deficiente (NTUp, 2000).

Na última pesquisa realizada pela NTUa, em 2001, observou-se

que em 60% das cidades que apresentaram ocorrência do

transporte informal, houve uma estabilização ou redução desse

tipo de atividade ilegal, enquanto que, em 40% delas, essa

atividade aumentou. Das cidades que apresentaram estagnação ou

queda do transporte ilegal, o principal motivo indicado para

esse fato foi o aumento da fiscalização (75% delas), seguido

pela regulamentação e pela melhora dos serviços regulares.

Os clandestinos têm um alto nível organizacional,

dificultando a ação fiscalizadora.

Em mais de 70% das cidades existem entidades representativas

do transporte clandestino. Elas organizam manifestações, na

maioria das vezes violentas, com intuito de pressionarem

publicamente os órgãos fiscalizadores. Somente em São Paulo,

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no início do ano 2000, foram incendiados mais de 15 ônibus e

depredados vários outros (NTU, 2000).

Além dos transportes clandestinos como concorrentes dos

ônibus, há também o transporte alternativo. A principal

diferença entre eles é não regulamentação. Os alternativos, em

sua maioria kombis, vans, peruas ou lotações, são concorrentes

legais, regulamentados. Muitas vans clandestinas se

regulamentaram, devido à dificuldade do poder público em detê-

las (LEITE, 2002).

No Rio de Janeiro, a secretaria Municipal de Transportes, em

1996, criou uma regulamentação para o serviço de vans e

kombis, mas não foi suficiente para conter o crescimento do

transporte informal. Iniciou-se, então, o cadastro de outras

vans irregulares com o intuito de que fossem regulamentadas

pela SMTU, Secretaria Municipal de Transportes Urbanos, em

2001 (LEITE, 2002).

2.3.2 CONCORRÊNCIA COM O AUTOMÓVEL PARTICULAR

A produção nacional de carros populares cresceu

aproximadamente 69% entre 1992 e 1996 e depois registrou uma

queda em 1998, voltando a crescer por volta de 2000. A FIG.

2.4 representa a evolução do consumo de veículos circulantes

no Brasil nos últimos anos.

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35

598 597

904

1128

1407 14061570

11121012

1177

1295

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

Frot

ade

auto

móv

eis

(milh

ares

)

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

ano

FIG. 2.4 – Evolução do consumo interno de veículos (1991/2001)

Fonte: Automotivebusiness apud Leite (2002)

Segundo Nogueira apud Leite (2002), no ano de 2000 a frota

atingia aproximadamente 20 milhões de veículos, com uma

população de cerca de 80 milhões de pessoas que utilizavam o

transporte público urbano por ônibus, chegando-se ao número de

1 carro para cada 9 brasileiros, incluindo crianças

A partir do surgimento desses carros populares, com motor

menos potente e preço mais acessível, as indústrias

automotivas passaram a ser concorrentes diretas dos ônibus

urbanos, principalmente a partir de 1992, quando a produção da

indústria automobilística nacional ganhou um novo impulso. Com

baixa qualidade na classificação dos usuários, baixa

velocidade e itinerários deficientes, o transporte público

regulamentado proporcionou um espaço para a entrada dos carros

populares no gosto da classe média, acostumada a andar de

ônibus urbano (NTUa, 2002).

Entretanto, o aumento excessivo de carros nas ruas acarreta

vários problemas, como o congestionamento. Para transportar 70

pessoas, seriam necessários, em média, 50 automóveis, ou

apenas um ônibus, como mostra a FIG. 2.5. Outros impactos

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negativos do aumento do número de automóveis particulares nas

ruas são: o aumento da poluição e da quantidade de acidentes.

1 ônibus 50 carrosFIG. 2.5 – Comparação entre veículo particular e ônibus

Fonte – NTU, 1998

Porém, essa teoria sobre a superioridade do transporte

público parece não adiantar na visão da sociedade. As pessoas

preferem transitar em seus automóveis, com privacidade, a se

deslocarem em um coletivo (NTU, 1998).

As vantagens do automóvel em relação ao transporte público

são quatro (NTU, 1998):

• Tempo de acesso: o tempo para chegar ao transporte público,

com a ida até o ponto de ônibus e o tempo de espera do

veículo é superior ao tempo que se leva para entrar no

carro;

• Velocidade: o carro pode atingir velocidade 200% superior ao

ônibus em vias não engarrafadas, e entre 20 e 100% em vias

congestionadas;

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• Conforto: os carros particulares são, quase sempre, mais

confortáveis que os ônibus. Nos horários de pico, a ocupação

nos ônibus pode chegar a taxas maiores que 10 passageiros

por metro quadrado, quando o ideal seria 6;

• Confiabilidade: o atendimento do transporte público nem

sempre é confiável. Os motoristas podem não parar em pontos

de ônibus e freiar bruscamente, não respeitando o passageiro

e;

• Status: Ter um automóvel é sinônimo de status para a

sociedade, induzindo seu uso.

2.3.3 CONCORRÊNCIA COM TRANSPORTES NÃO MOTORIZADOS

Outro modal que vem crescendo nos últimos anos é o número de

viagens não motorizadas. Este modal é, em sua maioria, feito

por pessoas que não se enquadram na parte da população com

acesso ao vale-transporte, gratuidade e desconto, tendo

dificuldades em arcar com as despesas do transporte coletivo,

dando prioridade apenas a viagens essenciais. (NTU, 1998).

Atualmente, há 200 milhões de deslocamentos por dia nas

cidades brasileiras. A metade é feita por viagens não

motorizadas, como a marcha a pé ou bicicleta. A outra metade é

realizada por modais motorizados, como mostra a FIG. 2.6

(ANTP, 2000).

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38

A PÉ 44%

TRANSPORTE PÚBLICO29%AUTOMÓVEL 19%

BICICLETA 7%

MOTOS 1%

FIG. 2.6 – Transporte Urbano Metropolitano de Pessoas no Brasil

Fonte – ANTP, 2000

O problema está no preço das tarifas do transporte coletivo,

altas em relação ao que essa camada da população, classes D e

E, recebe. Outro fator é o tempo gasto em viagens, devido ao

congestionamento, acarretando a substituição do transporte

coletivo motorizado por este modal.

Uma Pesquisa realizada, em 2002, pelo Governo Federal em 10

metrópoles brasileiras, Belo Horizonte, Brasília, Campinas,

Curitiba, João Pessoa, Juiz de Fora, Porto Alegre, Recife, Rio

de Janeiro, São Paulo, sobre o perfil e a percepção do usuário

do transporte público urbano, mostrou que as classes D e E,

45% da população brasileira, representam apenas 27% dos

usuários dos ônibus urbanos (NTUa, 2003).

O ônibus está virando artigo de luxo para os pobres, e só

haverá uma solução se todos os agentes setoriais e a própria

sociedade se mobilizarem para o barateamento das tarifas. A

TAB. 2.3 mostra como está dividido o uso de diversos modos de

transporte entre as classes sociais brasileiras (NTUa, 2003).

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TAB. 2.3 – Usuários do transporte público coletivo regulamentado segmentado

por classe social (%)

Fonte – SEDU – (pesquisa de imagem e opinião), 2002

CLASSE

SOCIAL

ÔNIBUS

MUNICIPAL

ÔNIBUS

METROPOLITANOMETRÔ LOTAÇÃO TREM BARCA

A 6.5 4.4 9.6 6.3 2.0 0.0

B 27.5 24.5 28.1 30.3 4.0 66.6

C 38.5 52.2 43.7 35.7 24.4 33.3

D/E 27.5 18.8 18.5 27.6 69.4 0.0

Esse modal não motorizado engloba dois tipos de viagem, a

marcha a pé e o transporte por bicicleta.

Os deslocamentos a pé vêm sendo feitos em distâncias que

variam de 1 a 5 km, em várias cidades, superiores aos 800

metros convencionalmente aceitos para deslocamentos terminais

(da moradia até o ponto de ônibus, por exemplo) (LEITE, 2002).

Por sua vez, o transporte por bicicleta, que em várias

cidades européias é considerado um dos principais meio de

locomoção urbano, porque relacionam esse transporte à saúde,

no Brasil sua expansão é, na maioria das vezes, conseqüência

da falta de recursos para arcar com o preço das tarifas

cobradas pelo transporte público no Brasil (RIO ÔNIBUS, 2004).

2.3.4 GRATUIDADES SEM ISENÇÕES FISCAIS

O transporte de passageiros é atividade pública, prevista na

Constituição Federal, no artigo 175, de 1988, que confere ao

poder público a incumbência da prestação desse serviço

diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre

por meio de licitação.

Mesmo sendo uma atividade pública, a empresa tem fins

lucrativos, paga impostos e contrata funcionários.

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40

No Brasil, a imposição do governo federal pela gratuidade de

idosos e deficientes físicos e no Rio de Janeiro, as

imposições do governo do Estado pela gratuidade das viagens

dos estudantes oneram, de forma catastrófica, as empresas de

ônibus. A gratuidade é uma assistência social e, sendo assim,

as empresas não deveriam ficar com todo o ônus.

O governo poderia subsidiar as empresas de ônibus, via

isenção tributária, para o setor caminhar mais aliviado

(Urquiza, 2004).

De acordo com uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa

Gerp, encomendada pela Fetranspor, publicada por Urquiza, 37%

dos passageiros transportados, em média, têm gratuidade,

fazendo com que as empresas percam, mensalmente, por volta de

R$ 200 milhões (Urquiza, 2004).

Entre as capitais brasileiras, o Rio de Janeiro é a cidade

com maior número de gratuidade: mais de 40% da população da

cidade gozam deste benefício. Somente entre estudantes, idosos

e deficientes físicos são 3.825.148 pessoas, 24% do total,

além disso, ainda se junta a esses casos: policiais, pessoas

com outras doenças crônicas, entre outros (FETRANSPOR, 2004).

A gratuidade, no município do Rio de Janeiro, teve inicio

com a Lei Orgânica de 1990, art.403, assegurando o livre

acesso aos ônibus a maiores de 65 anos, portadores de

deficiência física e estudantes do município.

Em âmbito federal, a gratuidade, em ônibus urbanos e semi-

urbanos, do idoso data de 5 de Abril de 1988 (artigo 230) e

dos deficientes físicos considerando os termos da Lei nº

1.162, de 30 de novembro de 1993, regulamentada pelo Decreto

nº 3.097, de 20 de julho de 1998.

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41

2.3.5 ADVENTO DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES

Na atualidade, observa-se uma proliferação das compras

virtuais.

O uso desta nova tecnologia da informação faz com que a

população faça diversas atividades sem necessitar de locomoção

por qualquer modal.

Estas atividades são, em sua maioria, pagamentos bancários,

compras de supermercados, aquisição de ingressos para cinemas,

teatros ou shows e etc.

Desse modo, o número de viagens foi reduzido, incluindo o

transporte por ônibus, fazendo com que a sociedade adquira

produtos e serviços sem necessidade de deslocamento.

Suas principais vantagens são (Cristobal, 2001):

I. Economia de Tempo – O uso da rede mundial de computadores

para realizar atividades , como as referidas anteriormente,

economiza tempo para a população por sua rapidez na

transmissão de dados. Enviar uma mensagem eletrônica, por

exemplo, é muito mais rápido do que escrever uma carta e

depois postá-la em um correio.

II. Nova Cultura – Os usuários estão envolvidos em um processo

de mudança de mentalidade, utilizando as tecnologias da

informação como meio de comunicação e comércio. Essa nova

visão faz parte da modernização que a sociedade passa. Estar

aquém das novas tecnologias significa não estar evoluindo no

mesmo ritmo da população.

III. Facilidade de Acesso – Com apenas um computador, que

tenha cable modem, e uma linha telefônica qualquer pessoa pode

se conectar a rede mundial de computadores.

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42

O mundo virtual faz com que muitas das necessidades pessoais

sejam sanadas por meio do computador, proporcionando agilidade

e rapidez as pessoas em exercerem suas atividades, que antes,

para serem feitas, necessitavam de algum tipo de locomoção.

2.4 REGULAMENTAÇÃO DO SETOR

A regulamentação do transporte público no Brasil estabelece

a base legal para a prestação do serviço, e determina as

obrigações e deveres das entidades públicas e privadas

envolvidas. A União, conforme a Constituição Federal de 1988,

é responsável pela definição da política do sistema de

transporte coletivo no âmbito nacional, os Estados da

Federação responsáveis pela definição e coordenação do

planejamento política a nível estadual, cabendo aos

municípios, o planejamento da prestação do serviço de

transporte na política local (FETRANSPOR, 2004).

As Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais

detalham a responsabilidade do Poder Público em relação ao

transporte coletivo, a respeito do seu planejamento, sua

tarifa, regulamentação e fiscalização. Estas atividades são

executadas por órgãos das prefeituras, como superintendências,

autarquias, secretarias ou departamentos, e sancionadas pelo

Poder Executivo que também tem competência para definir,

criar, modificar e extinguir linhas, itinerários, freqüências

e pontos de parada, além de apresentar diretrizes ao setor

privado sobre deslocamentos urbanos e quantidade de veículos e

horários, de acordo com a demanda (Cardoso, 1998).

Segundo Cardoso (1998), a prestação do serviço público

realizada por empresas privadas é feita mediante a delegação

pelo Poder Público, por licitações (Lei Federal 8666/93),

editais e contratos contendo regras, procedimentos e etapas.

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43

Existem três alternativas de delegação de serviço público,

como (CARDOSO, 1998):

1. Por concessão (Lei Federal 8.987/95), onde a delegação é

feita pelo poder concedente mediante licitação. Quando há

concorrência, consegue a concessão à pessoa jurídica ou

consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu

desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

2. A permissão (Lei Federal 8.987/95) é a delegação,

mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feitos

pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que

demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e

risco;

3. A autorização é serviço de utilidade pública, cuja

execução o Poder Público atribui a particular. Sua utilização

visa atender a situações de emergência, e deve caducar ou ser

revogada quando situação se normalizar, não requerendo

licitação.

O uso público de prescrições e controles regulatórios em um

mercado específico é justificado para ajustar potenciais

falhas de mercado. No transporte público por ônibus, se houver

desregulamentação, essas falhas podem trazer como

conseqüências (ORRICO apud LEITE, 2002):

- Itinerários desnecessários,

- Muito poder concentrado nas indústrias automotivas, que

podem decidir sobre o veículo a ser empregado,

- Envelhecimento da frota (aumento de custos de manutenção),

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- Motoristas submetidos a extensas jornadas de trabalhos

(comprometendo a segurança do transporte),

- Tarifas crescentes sem controle,

- Concorrência predatória causada pelo excesso de oferta de

transporte em linhas de maior demanda e,

- Atendimento precário aos usuários em horários fora do

pico.

2.5 IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE PÚBLICO POR ÔNIBUS

O propósito das empresas de transporte coletivo urbano por

ônibus é gerar uma situação que leve ao aumento do número de

usuários, fornecendo uma maior lucratividade para os

acionistas. Essa gestão beneficia diferentes grupos da

sociedade, como acionistas, trabalhadores, sociedade em geral,

fabricantes e fornecedores.

1.Acionistas

Os proprietários das empresas de transportes urbanos

coletivos têm um lucro maior quanto melhor estiver operando

sua empresa no mercado. Porém, desde 1995, o setor tem seus

principais indicadores de desempenho estacionados em um

patamar, aproximadamente, 30% abaixo da situação dos anos

anteriores, causando perda de demanda e de produtividade no

transporte coletivo urbano (Cunha Filho, 2003).

Na medida em que o tempo passa, tornam-se mais claras as

causas da crise desse transporte, que atinge as principais

cidades brasileiras, permitindo avaliar com precisão esse

processo contínuo de degradação que já dura dez anos (NTUa,

2003).

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45

Essa redução da demanda tem como principal causa a

insatisfação do usuário quanto ao serviço oferecido e à falta

de poder aquisitivo das classes sociais mais baixas para pagar

a passagem do transporte.

2. Trabalhadores

O transporte público urbano tem 570 mil funcionários

diretos. Caso os empresários ampliem seu setor, aumentará o

número de empregos (ANTP, 2002).

3.Sociedade em geral

O transporte coletivo é um serviço essencial nas cidades e

tem papel importante tanto para a sociedade como para a

economia de um país, porque:

• Democratiza a mobilidade, na medida em que facilita a

locomoção das pessoas que não têm automóvel ou não podem

dirigir;

• Constitui um modo de transporte imprescindível para reduzir

congestionamentos, os níveis de poluição e o uso

indiscriminado de energia automotiva e;

• Minimiza a necessidade de construção de vias e

estacionamentos.

Um sistema de transporte coletivo, quando é planejado,

otimiza o uso dos recursos públicos, possibilitando

investimentos em setores de maior relevância social e uma

ocupação mais racional e humana do solo urbano.

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Todos os segmentos da sociedade são beneficiados pela

existência do transporte público: os trabalhadores, porque

podem atingir o local de trabalho; os empresários, por obterem

lucros e o conjunto da sociedade, porque, por meio do

transporte coletivo, pode usufruir todos os bens e serviços

que a vida urbana oferece (SANTOS, 2004).

O congestionamento, número de acidentes e emissão de

poluentes podem ser reduzidos com o aumento do uso do

transporte coletivo em detrimento de automóveis particulares,

clandestinos e alternativos, e serão detalhados a seguir:

a)Diminuição do congestionamento

O maior número de carros e motos nas ruas traz, entre

outras, as seguintes conseqüências: há mais congestionamento,

acidentes e poluição.

O uso dos automóveis, em uma cidade cada vez mais

congestionada, faz com que os proprietários dos veículos

individuais pressionem o poder público para investir na infra-

estrutura viária, em obras de alargamento de ruas e construção

de viadutos em áreas ocupadas por edifícios. Caso o governo

acate, incentivará mais ainda a circulação de transportes

individuais em detrimento do coletivo. Assim, em alguns anos,

os congestionamentos voltariam a crescer gerando um círculo

vicioso.

Em um estudo de Silva e Ferraz (1991), foi feita uma

comparação entre o espaço viário consumido pelo automóvel e

pelo ônibus. Considerando que um automóvel transporta em média

1,5 passageiro e ocupa aproximadamente 7 m2 de espaço viário,

tem-se que cada passageiro ocupa cerca de 5 m2 de via. Um

ônibus ocupa cerca de 30 m2 de via e transporta, em média, 60

passageiros, resultando em uma área de 0,5 m2 por pessoa.

Estes dados comprovam que o automóvel utiliza aproximadamente

dez vezes mais espaço viário do que o ônibus.

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b)Diminuição dos acidentes

O Brasil é um dos países com maior índice de acidentes no

trânsito. Por ano, cerca de 30 mil pessoas morrem e 120 mil

adquirem deficiências irreversíveis. Os automóveis e as motos

estão relacionados à maioria dos acidentes nas cidades

(Cartilha da ANTP, 2002).

É, portanto, razoável concluir que quanto maior for o uso

dos transportes coletivos em detrimento dos individuais, menor

será o número de acidentes.

A FIG.2.7 informa o número de mortos em acidentes de

trânsito.

FIG. 2.7 – População Urbana, Frota e N. º de Mortos em Acidentes de

Trânsito no Brasil - 1990/1998

Fonte – IBGE, 2004

C)Redução da poluição

Outra desvantagem do número excessivo de carros e motos é a

poluição, responsáveis por até 70% das emissões de poluentes

(Cartilha da ANTP 2002).

A TAB. 2.4 mostra a emissão de gases poluentes por

automóveis e ônibus.

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TAB. 2.4 – Emissão de gás poluente em dez cidades brasileiras1 devido ao

congestionamento severo (vias com capacidade esgotada), 1998

Fonte – Adaptado de IPEA, 2004

4.Fabricantes

Os fabricantes de ônibus vendem quando o mercado está em

expansão, surgindo a necessidade de novas frotas.

De acordo com Otavio Filho (2003), as vendas de ônibus

urbanos no país aumentaram 28% no período 2001 a 2002. Essa

melhora deveu-se à diversificação da frota da indústria

nacional que, nos anos anteriores, havia registrado uma

retração de quase 50% nas vendas.

A situação dos fabricantes de ônibus pode ser analisada na

FIG.2.8 mostrando a venda de ônibus urbanos no Brasil desde

1995, quando se iniciou a crise no setor, até o ano de 2002.

1 Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, João Pessoa, Juiz de Fora,Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo

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FIG. 2.8 – Venda de ônibus urbano Brasil de 1995 a 2002

Fonte – NTU, 2003

5.Fornecedores

Os fornecedores de equipamento e outros materiais (ex:

máquinas, material de limpeza, uniformes, entre outros) lucram

quando o setor de transportes está aquecido e sofrem perdas

quando está em baixa.

2.6 CONCLUSÃO PARCIAL

O transporte público por ônibus, até metade da década de 90,

tinha usuários cativos que, independentemente da situação

macroeconômica do país, eram clientes freqüentes desse modal.

Com o surgimento do transporte clandestino, aparecimento dos

automóveis para classe média e empobrecimento das classes

sociais D e E, que começaram a se deslocar por modais não

motorizados, houve a concorrência com o transporte público por

ônibus, que vem perdendo passageiros. Outra dificuldade que o

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setor enfrenta é o ônus da gratuidade, sem recebimento de

subsídios do governo, além do advento da rede mundial de

computadores resultando em menores deslocamentos da população.

Entretanto, o setor, mesmo com seus problemas, pertence a

uma das principais atividades econômicas do Brasil, pagando

imposto, empregando milhares de pessoas e transportando com

segurança.

Um novo modelo de gestão é necessário para que o transporte

público coletivo recupere os passageiros perdidos nos últimos

anos, sendo essa a proposta de gestão que será vista no

próximo capítulo.

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3 CONCEITOS DE MARKETING

3.1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MARKETING

O surgimento do conceito de marketing se iniciou juntamente

com a Revolução Industrial Inglesa, em meados do século XVIII,

caracterizando-se pela passagem da manufatura à indústria

mecânica, levando à introdução de máquinas fabris a

multiplicarem o rendimento do trabalho e aumentarem a produção

global, iniciando-se a produção em larga escala, reduzindo os

custos, fazendo com que os preços diminuíssem e o consumo

aumentasse.

Segundo Oliveira & Pereira (2003), o conceito de marketing

teve a seguinte evolução:

• De 1760 (início da Revolução Industrial) até 1960 – o

conceito de marketing era o de possuir o produto demandado a

custos baixos. Segundo Oliveira & Pereira (2003), os

mercados e a mídia eram de massa. Isso é identificado pela

filosofia de Henry Ford: "Qualquer um pode ter um carro,

contanto que seja um Ford preto". Porém, já nos anos 50, o

mercado começou a exigir variedade, quando a General Motors

entendeu e se adaptou às exigências do mercado;

• Durante os anos 60 e 70 - O marketing ainda era um mecanismo

de causa e efeito, que apenas reagia aos estímulos dos

consumidores. Porém seu conceito já havia sofrido uma

evolução, passando a aceitar que consumidores possuíam

desejos e necessidades, e estes desejos não eram os mesmos,

se diferenciavam em grupos específicos. Esta maneira de

pensar levou ao entendimento de que as pessoas se

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enquadravam em determinados padrões típicos de

comportamento;

• Nos anos 80 - O fundamento do marketing era se aproximar do

cliente, considerando que o mercado era segmentado,

consistindo assim de vários grupos de consumidores com

necessidades específicas;

• Nos anos 90 – Na visão da gestão do marketing, passou a ter

importância fundamental o bom relacionamento com o cliente.

Entender os consumidores e se esforçar para satisfazê-los

passou a ser a filosofia das empresas que aplicam

estratégias de marketing. Sendo assim, o cliente passa a ser

integrado pela empresa por meio da construção e manutenção

de um relacionamento entre eles.

O marketing evoluiu bastante e diversificou-se muito,

estando relacionado a um processo de troca que proporciona

satisfação para diferentes grupos da sociedade. Desse modo,

quando as necessidades dos consumidores são satisfeitas, a

economia consegue funcionar de forma mais eficiente, comparada

a quando as empresas apenas pensam em seus próprios

interesses, como a obtenção de lucro.

A satisfação (que a economia chama de utilidade) como

conseqüência de uma troca pode se apresentar de diferentes

maneiras (MONTI, 2001):

• Utilidade de forma – Satisfação simplesmente pela forma

física de um bem. Ex: Comprar um telefone celular pelo seu

tamanho ou design;

• Utilidade do tempo – Possibilidade de aquisição de algum

produto apenas em determinada época do ano. Ex: Roupas de

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frio são mais fáceis de serem encontradas durante o outono

e o inverno;

• Utilidade do lugar – Satisfação de comprar um produto em um

local acessível para o consumidor. Ex: Comprar algo

próximo à sua casa ou ao trabalho e;

• Utilidade de posse – Ter a oportunidade de poder comprar o

que anseia transmite satisfação. Ex: Uma pessoa só

comprará um ingresso para assistir a uma peça, se tiver

acesso ao local.

O marketing procura reconhecer quais atividades provêm

satisfações para os consumidores, reconhecendo e compreendendo

suas necessidades e desejos, determinando a melhor maneira de

atendê-los.

3.2 DEFINIÇÃO E GESTÃO DE MARKETING

Definições

Kotler (1998) define marketing como um processo social e

gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam

e desejam por meio da criação, oferta e troca de produtos de

valor com outros. Para Kotler, o marketing se inicia

identificando as necessidades e os desejos humanos, onde estes

desejos são vistos como carências por satisfações específicas

para atender às necessidades.

Segundo UK’s Chantered Institute of Marketing, CIM, Reino

Unido (2000), “Marketing é o processo de gestão que

identifica, antecipa e atende às necessidades dos clientes

eficiente e lucrativamente”. A atividade do marketing é fazer

com que os produtos e serviços cheguem ao consumidor final de

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maneira a satisfazê-los, tendo a intenção de manter o vínculo

com a empresa e fornecendo um retorno financeiro para as

companhias.

Por sua vez, a American Marketing Association (2000), AMA,

embora com a mesma visão de marketing que o CIM, define-o

enfatizando o uso das decisões de marketing para cativar

clientes. Assim, marketing é o processo que planeja e executa

a concepção, atribuição de preço, promoção e distribuição das

idéias de bens e serviços para criar a troca e satisfazer

objetivos individuais e organizacionais.

Adicionalmente, para a Comissão de Marketing da Associação

Nacional de Transportes Públicos, ANTP, (2001) “Marketing deve

ser visto como uma disciplina pragmática que persegue o

objetivo de aumentar a eficácia das empresas e organizações,

adaptando-as melhor ao mercado”.

Em síntese, Marketing é a intenção de entender e atender o

mercado, com duas finalidades: identificar oportunidades de

demanda que sejam inadequadas ou insuficientemente atendidas e

conquistar essa demanda com o mínimo de recursos e custos

operacionais.

O marketing enfatiza a importância de desenvolver e

comercializar produtos e serviços com base no que os clientes

precisam e desejam. Uma formulação concisa dessa visão é

chamada de conceito de marketing, que afirma que as

organizações devem satisfazer às necessidades e desejos dos

clientes como meio de alcançar seus próprios objetivos, como,

por exemplo, lucros (PEREIRA, 2001).

Gestão

Originalmente, o marketing foi concebido como um ramo de

aplicações econômicas para estudar os canais de distribuição

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dos produtos. Posteriormente, tornou-se uma disciplina de

gestão dedicada a incrementar as vendas (KOTLER, 1972).

O processo de gerenciamento do marketing tem seu próprio

conjunto de funções gerenciais, com cinco fases: análise das

oportunidades de mercado, seleção do público-alvo,

desenvolvimento do marketing mix, integração do marketing mix

e gerenciamento do esforço de marketing (NTU, 2001).

Para analisar essa gestão é importante entender as quatro

premissas básicas (OLIVEIRA & PEREIRA, 2003).

a)Ênfase no Mercado Alvo – Nenhuma empresa pode operar em

todos os mercados e satisfazer a todas as necessidades dos

clientes. As empresas trabalham melhor quando definem

cuidadosamente seu(s) mercado(s) e preparam um programa de

marketing.

b) Necessidades dos Consumidores - Uma empresa pode definir

seu mercado alvo, mas falhar em conhecer as necessidades dos

consumidores. Embora atender às necessidades seja rentável,

entender essas necessidades nem sempre é tarefa simples.

Alguns consumidores têm necessidades que nem mesmo eles estão

plenamente conscientes de sua existência ou podem expressá-

las.

c)Marketing Integrado – Quando todos os departamentos da empresa

trabalham em conjunto para atender aos interesses dos

consumidores, o resultado é um marketing integrado. O marketing

integrado ocorre em dois níveis. Primeiro, as várias funções de

marketing – força de vendas, propaganda, administração de

produto, pesquisa de marketing e assim por diante – devem operar

juntas. Para fomentar equipes interdepartamentais de trabalho, a

empresa adota tanto o marketing interno quanto o marketing

externo. Marketing interno é a tarefa de contratar, treinar e

motivar funcionários hábeis que desejam atender bem aos

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consumidores. Marketing externo é marketing dirigido às pessoas

externas à organização. De fato, o marketing interno deve vir

antes do marketing externo.

d)Rentabilidade - onde o objetivo do conceito de Marketing é

ajudar a empresa a atingir suas metas; qualquer tipo de

organização necessita sobreviver: a empresa privada por meio

do lucro e a pública pela obtenção de fundos suficientes,

isto é, gerar excedentes para o empresário e/ou para manter

o sistema empresarial.

As funções gerenciais do marketing:

1 Análise de oportunidades de mercado

O primeiro passo para a aplicação de uma estratégia

eficiente de marketing é definir os mercados em potencial.

Paralelamente, conhecer os clientes, tentando compreender

suas expectativas, é uma maneira de descobrir quem pode

comprar o que a empresa vende, onde os potenciais compradores

estão, quando compram, o quanto compram e com que freqüência.

2 Seleção do público–alvo

O acompanhamento permanente da demanda, com a utilização da

pesquisa de mercado, é importante para se conhecer o público-

alvo, propondo mudanças nos serviços de acordo com as

expectativas dos usuários atuais e potenciais em um

determinado mercado.

Saber em qual mercado a empresa está agindo para aplicar

decisões de marketing é útil para o bom resultado de seu

planejamento.

É importante destacar que diferentes grupos da sociedade

necessitam de atendimentos próprios. O mesmo produto não é

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aceito da mesma maneira pelos diversos tipos de pessoas

(TAGLIACARNE, 1989).

A segmentação do público pode ser conduzida de vários modos:

pelo lugar em que a população vive, idade, sexo, religião,

entre outros. Há também a divisão por fator sócio-econômico,

como a renda ou o grau de escolaridade, assim como pelo tipo

de personalidade do público ou pelo tipo do produto.

A TAB. 3.1 mostra os tipos de segmentação do público para, a

partir de então, analisar quais são as decisões de marketing

apropriadas para cada um.

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TAB. 3.1 – Tipos de segmentação do público

Fonte – Adaptado de Cobra (1993)

entre outros)

entre outros)

entre outros)

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Para a segmentação ser eficiente, é comum existirem

pesquisas de mercado visando minimizar o erro quanto à

percepção do que os consumidores alvos realmente desejam

(COBRA, 1993).

Segundo Cobra (1993), para se realizar uma pesquisa de

mercado é preciso seguir os seguintes passos:

a)Definir qual o problema será pesquisado;

b)Determinar o custo máximo que a pesquisa terá;

c)Selecionar como os dados serão coletados (pessoalmente,

por telefone, etc.);

d)Selecionar como será a medição da pesquisa (se

questionário, observação ou outras formas);

e)Determinar o tamanho da amostra;

f)Selecionar a abordagem analítica (saber entender o que os

dados representam para a análise);

g)Especificar o tempo e;

h)Preparar um sumário do propósito da pesquisa.

3 Desenvolvimento do Marketing Mix

O Marketing mix trata das decisões que uma empresa usa para

influenciar o mercado em que atua. Segundo Kotler (1997),

essas decisões são conhecidas como os 4 P’s (produto, preço,

ponto ou distribuição e promoção)quando se trata de mercadoria

e os 6 P’s (produto, preço, ponto ou distribuição, promoção,

pessoal e processo) quando o marketing é aplicado para

serviço.

O mix de marketing é um dos conceitos básicos da teoria do

marketing, apesar de não existir um consenso sobre sua

natureza, ou seja, se são atividades (procedimentos, políticas

ou processos) ou objetos (parâmetros, ferramentas ou

instrumentos) para orientar a demanda. Os componentes do mix

de marketing fazem, entre outras coisas, o uso efetivo da

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capacidade da empresa, para alcançar os objetivos e segmentos

definidos, protegendo a empresa das ameaças competitivas

(HEIMBECHER & GABRIEL, 2002).

Os componentes tradicionais do mix de marketing foram

propostos por McCarthy descrito por Oliveira & Pereira (2003)

para facilitar a aplicação do conceito de marketing a

problemas concretos.

Produto

A primeira decisão a ser vista é o produto. Seu principal

objetivo é fornecer satisfação para seus consumidores.Os

produtos podem ser entendidos como mercadorias e como

serviços.

Há várias maneiras de classificar os produtos: duráveis e

não duráveis, perecíveis e não perecíveis, necessários e

supérfluos.

Os produtos de consumo podem ser subdivididos em quatro

categorias: produtos de conveniência, produtos de escolha,

produtos de especialidade e produtos não procurados (ALENCAR,

2003).

1)Produtos de conveniência - São produtos adquiridos sem

esforço, sem necessidade de informação, comprados de maneira

rotineira.

2)Produtos de escolha - São produtos que os consumidores

realmente procuram, fazem pesquisas de preço, examinam a

qualidade e, muitas vezes, já sabem o que necessitam mesmo

antes de comprar.

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3)Produtos de especialidade - São produtos que o consumidor

não se importa em pagar mais ou se locomover longas distâncias

para adquiri-lo. Para os clientes, estes são insubstituíveis.

4)Produtos não procurados - São produtos que não são

procurados devido ao desconhecimento do consumidor quanto ao

que desejam e necessitam. Estes produtos mudam para a

categoria procurados, quando passam a serem conhecidos pelo

público.

Esta decisão produto tem o poder de influenciar o

consumidor, porque as empresas orientadas para o marketing

procuram produzir o que os clientes querem. O produto não é o

único a influenciar a demanda, conjugado a outras decisões de

marketing traz resultados mais satisfatórios à empresa, tendo

em vista que um dos seus principais objetivos é a obtenção de

lucro via captação de clientes.

Preço

O preço significa o valor monetário que os compradores pagam

por seus produtos e serviços. Como para comprar um produto o

uso do dinheiro é quase sempre inevitável, a sociedade costuma

trocá-lo por satisfação.

A determinação de qual será o preço é crucial para uma

estratégia empresarial que visa criar uma interface com os

clientes, no intuito de fidelizá-los e/ou conquistá-los.

O fator preço, muitas vezes, pode ser essencial para uma

troca. Quando há disponível um ou mais produtos substitutos

perfeitos, na visão de algum consumidor, ele é o diferencial

que o levará a uma satisfação maior (OLIVEIRA, 2004).

Conhecer os consumidores é uma tarefa muito complicada,

porque seus gostos e hábitos estão em constante mudança. Fazer

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62

uma pesquisa mercadológica ainda é a grande opção para poder

determinar quanto os usuários estão dispostos a pagar por suas

necessidades.

É necessário entender como a demanda é influenciada pelo

preço, caso haja alguma mudança no valor monetário do produto

ou serviço. Há três tipos de demanda (KOTLER & ARMSTRONG,

1997):

a)Demanda elástica

Quando a quantidade vendida é sensível ao preço. Seu aumento

percentual gera uma queda, proporcionalmente maior, na

quantidade vendida. Estes produtos seriam descritos como bens

de luxo e indispensáveis. Ex: Caso um produto fique mais caro,

por exemplo, 10%, o número de vendas desse produto cairá acima

de 10%.

b) Demanda inelástica

Quando a quantidade vendida não é sensível ao preço, são os

chamados produtos indispensáveis, que independentemente do

preço, terão que ser adquiridos. Ex: Caso esse produto fique

mais caro, por exemplo, 10%, o número de vendas desse produto

cairá menos que 10%.

c)Demanda unitária

Quando uma mudança percentual no preço gera uma mudança

igual ao percentual na quantidade vendida. Ex: Caso um produto

fique mais caro, por exemplo, 10%, o número de vendas cairá

exatamente em 10%.

Conhecer a elasticidade da demanda em relação ao preço

auxilia a planejar um marketing baseado em sua diferenciação.

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63

Essa decisão terá o poder de influenciar a população caso o

objetivo de um determinado segmento da sociedade seja o de

comprar algo a um preço abaixo do esperado. Neste caso, a

aplicação dessa decisão trará um resultado positivo para a

empresa que utilizar essa estratégia.

Ponto, Praça ou Canal de Distribuição

O canal de distribuição é o caminho seguido por um produto à

medida que ele se movimenta do produtor para os consumidores

finais (SCHEWE & SMITH, 1992).

O canal de distribuição é um elemento provedor de

satisfação. Mesmo o mercado oferecendo o melhor produto e o

melhor preço, torna-se difícil adquiri-lo caso ele não esteja

ao alcance geográfico dos consumidores.

O componente distribuição engloba as atividades da empresa que

fazem com que o produto esteja disponível para os consumidores.

Estas atividades podem ser os canais de distribuição, cobertura,

sortimentos, localização, estoque e transporte. Referem-se as

atividades relacionadas com a entrega do produto, tais como:

lugar e tempo de entrega, cancelamento do pedido, condições de

ajuste do pedido, e a disponibilidade dos produtos, quer sejam

novos ou não. Uma das principais atividades desenvolvidas em

canais de distribuição é o movimento físico dos bens para os

usuários finais. Esse processo, chamado distribuição física,

inclui transporte, armazenamento, administração de estoques e

processamento de pedidos. Essas funções ocorrem num processo,

conforme mostra a figura 3, que para serem levados adiante,

produtores e intermediários podem usar outras organizações, como

companhias de transporte, depósitos públicos, companhias de

seguros e empresas de serviços gerais (CHURCHILL & PETER, 2000).

O ponto caracteriza-se por ser uma decisão importante do

marketing. Para a empresa focar seus negócios no cliente,

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64

precisa saber onde eles estão localizados para lhes

proporcionar um serviço acessível.

Muitas vezes, com o intuito de aproximar mercadorias e

serviços dos consumidores, a ação dos intermediários torna-se

necessária (SCHEWE & SMITH, 1982).

Caso os intermediários não existam, a questão geográfica

pode tornar a troca inacessível. Como mostram nas FIGs. 3.1 e

3.2, os intermediários simplificam as transações, porque

adquirem mercadorias de diferentes produções e os repassa para

diferentes usuários.

FIG. 3.1 – Distribuição sem intermediários

Fonte – Schewe & Smith (1982).

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65

FIG. 3.2 – Distribuição com intermediários

Fonte – Schewe & Smith (1982).

Sem a distribuição, a mercadoria poderia não estar acessível

ao consumidor. O canal de distribuição, com ou sem

intermediários, leva os produtos ao alcance dos clientes.

Promoção

Quando uma mercadoria está disponível para o público, é

necessário haver uma comunicação entre fornecedores e

consumidores, denominada promoção, porque se precisa saber da

existência do produto para este ser demandado.

A decisão de promoção envolve a propaganda, palestras,

premiações por uso, entre outros meios usados para fazer com

que o consumidor conheça o produto oferecido pela empresa.

A propaganda é a maneira mais usada para divulgação. Ela

pode ser feita por meio de panfletos, mapas, catálogos,

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66

páginas na Rede mundial de computadores, comerciais na TV,

comerciais no rádio, entre outros.

A propaganda, visando público de massa, não foca

exclusivamente a satisfação das necessidades de um grupo em

particular. Conseqüentemente, muitas vezes, são feitas

propagandas apelativas (como: sexo, fome e fama), a fim de

conseguir atenção de vários indivíduos, sem focar um único

segmento de público selecionado (TEIXEIRA, 2002).

A promoção, como decisão do marketing, significa esforços de

venda não decorrentes de rotinas comuns, ou seja, tipos de

comunicação com o público que não utiliza mídia em massa,

visando apenas atender a um determinado segmento de pessoas

(COBRA, 1993).

O objetivo da promoção é aumentar a demanda dos consumidores

pelos bens e serviços dos produtores (ZEMKE, 1991).

Como mostra a FIG.3.3, a curva de demanda se desloca pra

direita e para cima, aumentando a quantidade vendida do ponto

A para o ponto B, mantido o preço constante, com a utilização

da promoção na estratégia de marketing. Se a curva de demanda

não for deslocada, pode ser que essa estratégia não tenha sido

desenvolvida corretamente. No estágio do Esforço de Marketing,

este problema será identificado. Caso algum erro tenha

ocorrido, todo processo terá que ser reiniciado.

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FIG. 3.3 – Deslocamento da curva de demanda devido à propaganda

Fonte – Zemke (1991)

Como mostrado na FIG.3.3, a aplicação da decisão promoção é

útil para haver uma comunicação entre quem compra e quem

vende. Analisar as oportunidades do mercado eficientemente

fará com que a promoção seja uma decisão útil para divulgação

do produto desejado.

Pessoal

A decisão pessoal visa valorizar os funcionários da empresa,

porque quando os empregados estão satisfeitos onde trabalham

são mais produtivos (ZEMKE, 1991).

Assim, uma boa estratégia de marketing, visando a fidelidade

dos clientes, é ter funcionários bem treinados, capacitados e

satisfeitos na empresa para atender bem o usuário.

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68

Por volta dos anos 90, muitas empresas ainda não entendiam a

importância de um bom atendimento, esse argumento foi

identificado pela Cambridge Reports, de Cambridge, Reino

Unido, que realizou uma pesquisa onde questionou aos clientes:

“até que ponto as empresas de prestação de serviços atendem às

necessidades e preocupações dos consumidores?”. 8% dos

entrevistados classificaram como excelente, 50% bom e 42% como

razoável, fraco ou depende do serviço (ZEMKE & SCHAAF, 1991).

Hoje em dia, os consumidores estão se importando cada vez

mais com o atendimento que recebem para se tornarem cativos, o

que faz com que as empresas também tenham esta preocupação.

O Technical Assistance Research Programs Institute, TARP, de

Washington, se adiantou em relação às empresas, e nos anos de

1979 e 1986, conduziu estudos sobre o tratamento das

reclamações de consumidores nos Estados Unidos. O TARP

constatou que, em qualquer momento, um em cada quatro clientes

de empresas americanas médias está aborrecido a ponto de

interromper qualquer vínculo com elas, caso encontre uma

alternativa razoável. Porém, desses clientes contrariados,

apenas 5% registram uma reclamação; os outros 95% preferem

mudar de fornecedor evitando desentendimentos (ZEMKE, 1991).

Caso os clientes se sintam insatisfeitos com os serviços

prestados ou produtos, cinco medidas são indicadas como forma

de impedir que os consumidores fiquem aborrecidos, quebrando o

vínculo com a empresa (ZEMKE& SCHAAF, 1991):

1. Pedido de desculpas – Mostrar para o consumidor que a

empresa reconhece seu erro, demonstrando seu arrependimento,

tentando manter o cliente fiel;

2. Compensação – Recompensar o cliente, caso fique aborrecido

com algum produto ou serviço, com algum produto sem custo,

devolvendo o dinheiro ou com descontos;

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69

3. Empatia – Demonstrar para seus clientes que eles são

compreendidos, mesmo que não sejam;

4. Restabelecimento – Tentar fazer algo na hora da insatisfação

do consumidor, sem demora, mostrando-se capaz de reverter o

quadro imediatamente e;

5. Acompanhamento – Acompanhar o cliente após alguma

reclamação, para que a empresa continue mantendo vínculo

para saber se o problema foi solucionado.

De acordo com Zemke & Schaaf (1991), há cinco táticas que

impedem a insatisfação do consumidor, garantindo um ótimo

nível de satisfação e preservação dos clientes:

• Saber ouvir e entender o cliente, conhecendo suas

necessidades e expectativas;

• Assegurar que a qualidade do atendimento seja boa em todos

os níveis hierárquicos;

• Estabelecer padrões de qualidade e observar se estão sendo

cumpridos;

• Treinar e capacitar seus funcionários e;

• Reconhecer o bom atendimento, recompensando os funcionários

que preservam os clientes.

A decisão pessoal só passou a ser valorizada na década de

90, quando se identificou que o consumidor estava cobrando

mais do que um bom produto a preços baixos. Os clientes querem

ser bem tratados e, mais que isso, exigem atenção especial. A

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70

partir desse ponto, o treinamento de funcionários tornou-se

essencial, quando a companhia aplica estratégias de marketing.

Processo

O processo tem a função de fornecer satisfação contínua para

os clientes, acompanhando as mutações no gosto dos usuários.

As empresas devem atualizar-se sempre para formular

estratégias de marketing, agradando os consumidores

continuamente (NTU, 2001).

Manter sempre uma mesma estratégia pode não adiantar. É

importante demonstrar o entendimento sobre a possibilidade de

mudanças nos gostos e comportamento de grupos de consumidores.

Considerar que mudanças ocorridas na economia causam

alterações nas decisões dos consumidores, deixará que fiquem

satisfeitos o maior tempo possível, como mostra a FIG. 3.4.

FIG. 3.4 – Processo, manutenção da satisfação dos clientes.

A FIG. 3.4 mostra que as empresas fazem estratégias de

marketing com o objetivo de obter qualidade continua para os

consumidores. Após mudanças ocorridas na preferência deles,

Estratégias demarketing

Mudanças ocorridasnas preferências dosconsumidores

Processo 1 =Mantendoqualidade 1

Renovação dasestratégias demarketing

Processo 2 =Mantendoqualidade 1

Processo 2 =qualidade 1 oumaior

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essas estratégias mudam, mantendo a mesma ou maior qualidade

de seus produtos e serviços anteriores à mutação.

4 Integração do composto de marketing

As decisões não podem ser tomadas isoladamente, devem estar

sincronizadas, para que, ao assumir uma estratégia de

marketing, suas decisões estejam organizadas (NTU, 2001).

5 Gestão do esforço de Marketing

É importante fazer uma análise constante dos resultados

obtidos com a introdução das decisões de marketing. Como todo

projeto, este tem um custo, e usar estratégias erradas resulta

em não incremento da demanda (KOTLER, 1992).

A FIG. 3.5 mostra a gestão de marketing de um modo

simplificado.

FIG. 3.5 – Panorama da estratégia de marketing

Fonte – Adaptado de Schewe & Smith (1982)

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72

3.3 APLICAÇÕES DO MARKETING

A aplicação do conceito de marketing pode ser feita de

diversos modos. A partir da próxima sessão será focado o

marketing para o transporte, relacionando marketing de

serviços, marketing de relacionamento e marketing interno.

É importante, porém, conhecer suas definições para que

possam ser entendidos e identificados no capítulo que se

segue.

3.3.1 MARKETING DE SERVIÇOS

Para que se entenda o marketing de serviços é necessário que

se conheça, primeiramente, a definição de serviços, para,

posteriormente, uni-lo ao marketing.

Serviços

De acordo Lovelock (2001), serviço é um ato ou desempenho

oferecido por uma parte à outra. Embora o processo possa estar

ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente

intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum

dos fatores de produção.

Serviços são atividades econômicas, criadoras de valor que

fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares

específicos.

Segundo Horovitz (1993), pelo conceito marketing, “Serviço é

o conjunto das prestações que o cliente espera além do produto

ou do serviço de base, em função do preço, da imagem, e da

reputação presente, que pode ou não estar vinculada a um

produto físico".

Quando se compra um serviço, compra-se um conjunto de

benefícios psicológicos que não podem ser claramente definidos

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por um dos nossos sentidos, como: status, conforto, bem estar,

etc. Com isto, conseguimos captar dois tipos de serviços

diferentes (FACULDADE DE ECONOMIA, 2004):

1 – Benefícios sensoriais ou serviços explícitos: Ex. O

serviço dos motoristas e cobradores, a decoração do ônibus,

etc.

2 – Benefícios psicológicos ou serviços implícitos: Ex.

Conforto, o bem estar, etc.

Os serviços têm características próprias, como:

A intangibilidade, onde os serviços não podem ser vistos,

provados ou sentidos antes de serem comprados, diferentemente

dos produtos que são concretos (M.M. ASADELTA, 2004).

Outra característica é a inseparabilidade trazendo

conseqüências para o prestador e para o cliente. Do lado do

produtor, a produção e o consumo dos serviços serem

simultâneos faz com que controlar a sua qualidade seja

difícil.

Para o cliente, essa simultaneidade entre produção e consumo

prejudica-os na avaliação do serviço anterior ao consumo

(PORCARO, 2002).

Na visão de Viante (2004), a inseparabilidade traz como uma

de suas conseqüências, a preocupação com a satisfação imediata

do cliente, precisando a empresa ter uma visão de qualidade

continua.

A terceira característica é a variabilidade, devido aos

serviços serem heterogêneos, ou seja, não padronizáveis.

A qualidade dos serviços depende de quem os oferta, de

quando, onde e como são proporcionados. No transporte

coletivo, mesmo que se busque padronizar os veículos, fixar os

trajetos, cumprir intervalos regulares de viagens, preparar as

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equipes operacionais a partir de princípios e procedimentos

pré-estabelecidos, outros fatores inesperados, como acidentes,

irão intervir, fazendo variar a qualidade dos serviços

prestados.

Não existe um padrão, cada viagem no transporte coletivo é

diferente, principalmente porque envolve pessoas com níveis

diferentes de desempenho (NTU, 2001).

A quarta propriedade dos serviços é a perecibilidade, ou

seja, os serviços não podem ser estocados porque acabam ao

serem consumidos (ANTP, 2002).

A tabela 3.2 sintetiza as principais características dos

serviços e dos produtos.

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75

TAB. 3.2 – Diferença entre bens físicos (mercadorias) e serviços

Fonte – Porcaro, 2002.

Bens Físicos Serviços

Tangível Intangível

Homogêneo Heterogêneo

Produção e distribuição

separadas do consumo

Produção, distribuição

e consumo simultâneos

Um material Uma atividade ou

processo

Valor principal

produzido em fábricas

Valor principal

produzido entre comprador

e vendedor

Clientes normalmente

não participam do processo

de produção

Clientes participam da

produção

Pode ser mantido em

estoque

Não pode ser mantido em

estoque

Permite transferência

de propriedade

Não permite

transferência de

propriedade

Marketing de serviços

A essência do marketing de serviços, de acordo com Berry e

Parasuraman (1995), é o próprio serviço. Porque, segundo eles,

“Quanto mais difícil para o cliente a avaliação dos aspectos

mais evidentes de um produto antes da compra, mais forte será

o potencial de influência das comunicações “boca-a-boca” e mais

um produto precisará receber marketing como serviço”.

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76

3.3.2 MARKETING DE RELACIONAMENTO

Marketing de Relacionamento é um conjunto de ações de

responsabilidade dos profissionais que atendem direta ou

indiretamente os clientes, de forma criativa e rentável,

agregando valor aos clientes externos e resultados para a

organização (GUIA RH, 2004).

De acordo com Barry e Parasuraman (1995), marketing de

relacionamento diz respeito à atração, ao desenvolvimento e à

retenção dos relacionamentos com clientes, tendo como seu

princípio básico a criação do verdadeiro cliente.

As empresas manufatureiras, em sua maioria, tendem a adotar

marketing em suas transações. Por sua vez, as empresas de

serviços aplicam um marketing de relacionamento. Isso se deve

à importância que o cliente tem em todo o processo da empresa,

desde a produção do serviço até o consumo deste.

A importância da aplicação do marketing de relacionamento na

empresa de serviços é o custo da captação de novos clientes.

Segundo Barry e Parasuraman (1995), o custo de se atrair um

novo cliente é seis vezes maior do que realizar novas

transações com clientes antigos para satisfazê-los. Além

disso, recuperar um ex-cliente insatisfeito chega a custar

vinte e cinco vezes mais.

O marketing de serviço trabalha com as variáveis conhecidas

como os 6 P’s (produto, preço, praça ou distribuição,

promoção, pessoal e processo). Por sua vez, o marketing de

relacionamento adiciona outras variáveis, conhecidas como os

11 C’s (cliente, categorias, capacidades, controle do contato

com os processos monetários, colaboração e integração,

customização, cálculos com o cliente, cuidados com o cliente,

cadeia de relacionamentos, custo, lucratividade e valor, e

comunicação, interação e posicionamento) (GORDON apud OLIVEIRA

& PEREIRA, 2003):

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77

1)Cliente - Definir quais clientes serão atendidos; quais

estratégias serão seguidas junto aos consumidores selecionados

para conseguir mútuos benefícios;

2)Categorias – Definir o alcance da ofertas de produtos e

serviços a serem fornecidas ao cliente;

3)Capacidades – Estabelecer as capacidades exigidas pela

empresa e que podem ser adaptadas à expectativa do cliente e

posteriormente, trabalhar com as pessoas dentro das empresas

para que essas capacidades estejam disponíveis em escala,

enfoque e qualidade suficiente;

4)Custo - lucratividade e valor – Construir a lucratividade

do cliente, por meio da criação de novos valores para eles e

depois a partilha dos mesmos;

5)Controle do contato com os processos monetários –

Administrar e controlar os processos associados aos contatos

da conta por meio da garantia do recolhimento do dinheiro,

assegurando que os processos sejam desempenhados tanto no

interesse mútuo do cliente como da empresa;

6)Colaboração e integração – Garantir que o profissional de

marketing tenha acesso aos principais tomadores de decisão,

apoiando o aprendizado contínuo e outros modos de colaboração;

7)Customização – Customizar aspectos do desenvolvimento do

produto e serviço, da produção e/ou distribuição, assumindo um

papel mais abrangente na administração do produto ou serviço

durante todo o tempo de vida desses;

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8)Comunicação, interação e posicionamento – Manter uma

comunicação interativa e em tempo real com o cliente e não

apenas o envio de promoções que são enviados aleatoriamente.

Além disso, realizar a administração do posicionamento da

empresa em relação ao cliente;

9)Cálculos com o cliente – Rastrear o desempenho da empresa

na mente do cliente, acompanhando tanto as avaliações do

cliente como o progresso feito no vínculo com o mesmo;

10)Cuidados com o cliente – Desenvolver e administrar o

fornecimento de informação em tempo real, como também outros

serviços exigidos para aumentar o valor do produto ou serviço

em vigor;

11)Cadeia de relacionamentos – Compreender as ligações

formais dentro da empresa e com os participantes externos, ou

seja, aquelas pessoas que permitirão à empresa criar o valor

que os clientes desejam.

Vergueiro apud Oliveira & Pereira (2003) afirma que o termo

usuário no lugar de cliente representa “uma filosofia de

serviço que reconhece o prestador e apenas ele, como o árbitro

de sua qualidade”. Porém, o termo cliente tem uma conotação

pró-ativa, de alguém que escolhe um serviço ou produto

específico ao invés de outro.

3.3.3 MARKETING INTERNO

O marketing interno é aplicado para satisfazer o funcionário

dentro da empresa que trabalha. De acordo com Berry e

Parasuraman (1995), um empregado informado e satisfeito é o

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79

melhor agente de marketing da empresa, tratando o cliente tão

bem quanto ele é tratado.

Segundo Grönroos (1995), o marketing interno deve ser

entendido como uma estratégia de gerenciamento com o objetivo

de assegurar a compreensão e vivência de todos os funcionários

no negócio, conscientizando-os da importância central dos

clientes. Assim, o marketing interno trata do desenvolvimento

de uma cultura organizacional orientada para o cliente

espalhando a filosofia do marketing por toda a empresa de

forma a motivar os funcionários.

Para Porcaro (2002), o marketing interno deve estar na

estratégia da empresa, começando pela alta administração,

inspirando todos os níveis subseqüentes neste processo.

3.4 MARKETING E O TRANSPORTE POR ÔNIBUS

O transporte público urbano, em quase todos os estados

brasileiros, vem perdendo demanda. Mesmo no transporte por

ônibus em Curitiba conhecido por sua qualidade e alto nível de

aceitação pela opinião pública, a quantidade de pagantes está

diminuindo (NTUa, 2002). Pela FIG.3.6 pode-se perceber a real

dimensão dessa perda, na projeção do período de 1990 até

2004.A FIG. 3.7 apresenta uma projeção do crescimento da

população.

Comparando a FIG. 3.6 com a FIG. 3.7, percebe-se que apesar

do crescimento demográfico, há uma forte queda da demanda por

transportes públicos por ônibus, que provavelmente estão

mudando suas viagens para outros modais (LEITE, 2002).

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80

FIG. 3.6 – Passageiros transportados por ônibus (média nacional)

Fonte – NTUa, 2001.

FIG. 3.7 – Modelo da população entre 1993-2003

Fonte – IBGE/DPE/Departamento de População e Indicadores Sociais, 2003.

Esse problema de queda da demanda está ocorrendo devido às

transformações no mercado nos anos 90. A partir desses

acontecimentos, o marketing passou a ser uma estratégia

utilizada para reverter este quadro.

Segundo Sá (2004), na década de 80, havia poucos automóveis,

ausência de congestionamentos, poucos centros comerciais,

inflação alta e reposição tarifária, ocorrendo o oposto a

Crescimento Populacional Brasileiro

150.000.000

155.000.000

160.000.000

165.000.000

170.000.000

175.000.000

180.000.000

1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

Pop

ulaç

ãoB

rasi

leir

a

Passageiros Transportados( Média Mensal )

50

6070

8090

100110

120

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Anos

Pas

sag

eiro

s(

EmM

ilhôe

s)

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81

partir de 1990. A única maneira de enfrentar aquela mudança

seria organizando o setor, diferenciando os serviços,

articulando-se com órgãos de gerência, reconhecendo as

tendências do mercado e se preparando para acompanhá-las.

Desse modo, Sá (2004) propõe uma nova estratégia de gestão

da empresa baseada no conceito e nas ferramentas do marketing.

Segundo Cutolo (2001), o marketing no setor de transporte se

propõe também a atender às necessidades dos clientes. No

entanto, como as operadoras privadas são controladas pelo

poder público, as empresas apenas se preocupavam em executar

suas determinações, centrando seus esforços no aumento de

produtividade operacional em detrimento da satisfação da

sociedade.

O fato do foco das empresas não ter sido nos clientes,parece

ter afastado-os das empresas. Para reverter este processo,

propõe-se uma gestão baseada em marketing que atenda às

expectativas dos passageiros, fundamentada no conhecimento do

mercado, identificando, antecipando e satisfazendo essas

expectativas (Cutolo, 2001).

Uma organização moderna só consegue conquistar a liderança

do seu mercado quando compreende as necessidades dos usuários,

solucionando-as por meio de inovação, diferenciação e

qualidade dos seus produtos e serviços. Isso implica,

freqüentemente, em segmentar mercados, desenvolver novas

soluções, definir preços, promover e comunicar (NTUa 2002).

A empresa que compreende o conceito de marketing passa a

orientar todo o seu serviço para o passageiro, ao invés de

apenas submetê-lo a seus serviços tradicionais.

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82

3.5 CONCLUSÃO PARCIAL

A importância desse capítulo é conhecer o conceito de

marketing e entender sua forma de gestão.

O marketing do transporte público urbano é uma

particularidade do marketing geral. Ele une o marketing de

serviço, de relacionamento e interno, mostrando que as

empresas de transporte, assim como todas as outras, necessitam

de clientes para continuarem atuando no mercado.

A perda de passageiros no transporte público urbano tem

explicação na insatisfação do usuário com o setor. A aplicação

da gestão de marketing nessas empresas pretende reverter este

quadro.

A intenção dessas empresas é captar um maior número de

clientes e fidelizá-los, trazendo uma maior rentabilidade para

a companhia, logo, é fundamental saber o que estes clientes

querem e desejam. Essas informações facilitam o fornecimento

de um serviço que conquiste o usuário, o que pode resultar no

melhor funcionamento do setor.

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83

4 ESTRATÉGIAS DE MARKETING

Neste capítulo serão analisadas as ações que, juntas, formam

uma estratégia de marketing, que as empresas de transportes

por ônibus podem utilizar visando satisfação e maior captação

de seus passageiros.

É importante destacar que todas as estratégias das empresas

usadas, com o intuito de influenciar seus clientes a

adquirirem seus produtos, requerem análises prévias da

demanda, identificando suas necessidades e expectativas quanto

ao serviço oferecido.

A maneira mais tradicional de conhecer os clientes é por

meio de pesquisa de mercado. Desse modo, a Associação Nacional

das empresas de transportes, NTU (2001), realizou uma pesquisa

nacional nas empresas de ônibus das capitais do Brasil para

saber como elas conhecem o perfil de seus clientes, as

maneiras mais citadas foram: pesquisas de opinião,

conhecimento dos usuários por meio dos dados operacionais ou

pelos dados dos concorrentes, relacionamento com clientes via

campanhas publicitárias e até mesmo dados obtidos pelas

reclamações feitas pelo telefone, mostradas a seguir (NTU,

2001).

1)Pesquisas Realizadas pela NTU (2001)

As pesquisas de opinião têm sido feitas, nas empresas de

ônibus das capitais brasileiras, em 54,9% das empresas, sendo,

normalmente realizadas nos pontos de ônibus.

Por sua vez, as pesquisas de origem-destino foram feitas por

46,9% das empresas neste mesmo período, abordando,

normalmente, os passageiros nos ônibus.

Os sindicatos e órgãos gestores também utilizaram a pesquisa

de opinião para conhecer como está esse mercado.

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2)Dados operacionais

Algumas empresas, 67,4%, preferem conhecer os hábitos dos

usuários dos transportes públicos a partir dos dados

operacionais. Entretanto, 14,9% não analisam estes dados de

entrada de passageiros (contagem do número de passageiros que

passam pela roleta) por não os acharem relevantes para

analisar o perfil dos clientes.

3)Dados dos concorrentes

Das empresas pesquisadas, nas capitais brasileiras, 57,7%

analisam as empresas concorrentes por meio de ferramentas

estatísticas, dados oficiais, observações, conversas informais

e informações obtidas pelos motoristas e cobradores.

Na opinião das empresas, seus principais concorrentes estão

descritos na FIG.4.1.

FIG. 4.1 – Principais concorrentes dos transportes públicos urbanos no

Brasil. Uma visão das empresas

Fonte – Adaptado da NTU, 2001

2,3%7,5%

34,3%

0,3%

11,6%11,1%

17,0%15,9%

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85

4)Relacionamento com cliente via campanha publicitária

Com o objetivo de melhorar sua imagem perante a sociedade ou

mesmo para informar sobre algum serviço ou melhoria, 75,4% das

empresas declararam que já fizeram campanhas publicitárias.

5)Obtenção de reclamação por telefone

A maioria, 96,6%, das empresas entrevistadas disse ter algum

número de telefone para registrar reclamações e/ou sugestões.

Apenas a partir do conhecimento das necessidades dos

consumidores poderão ser conduzidas ações que os satisfaça.

4.1 AÇÕES DE MARKETING

As ações de marketing podem ser conduzidas separadamente por

suas decisões, vistas no capítulo 6 como os 6 P’s de

marketing: preço, praça, produto, processo, pessoal e

promoção.

As ações a seguir para cada um dos 6 P’s podem ser

consideradas como um apoio à tomada de decisão, caso as

pesquisas e observações com os consumidores determinem que

suas necessidades sejam sanadas com a aplicação de algum dos

seus tópicos.

Preço

I. Tarifas diferenciadas pela distância percorrida – Tarifas

mais acessíveis para a população usuária do ônibus em viagens

curtas.

II. Tarifas diferenciadas pelo horário da viagem –

Diferenciação tarifária quanto ao horário da viagem. No

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86

período de pico o valor da passagem deveria ser mais alto do

que fora do horário de pico.

III. Tarifas diferenciadas pela classe social – Tarifas

reduzidas para as classes sociais inferiores, por meio de

descontos, devido a dificuldade dessas pessoas em arcar com o

valor cobrado para ingressar nos ônibus.

IV. Tarifa diferenciada pela fidelização – Para os usuários

que comprarem um grande número de passagens de ônibus, no

mesmo dia, incentivá-los com descontos no preço.

Praça

I. Itinerários eficientes – Fazer pesquisas com a população

para identificar onde estão localizadas demandas reprimidas,

objetivando percursos mais eficientes para os ônibus.

II. Horários e trajetos impressos – Distribuição gratuita para

os usuários dos horários e dos trajetos dos ônibus, por

bairros, levando a um planejamento melhor da sociedade quanto

ao uso do transporte público.

III. Cumprimento de Horários – Treinamento para os motoristas

para que eles se comprometam a respeitar os horários

distribuídos gratuitamente para os usuários.

IV. Respeitar as paradas – Os motoristas precisam respeitar as

paradas de ônibus, caso contrário sofrerão alguma punição da

empresa.

V. ônibus noturno – Pesquisas precisam ser feitas, para

identificar onde estão os passageiros que necessitam viajar à

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noite, resultando na formulação de itinerários para este

grupo.

VI. Freqüência – Para não haver tempo de espera muito longo,

reduzir o headway2 entre os veículos.

VII. Facilidade das conexões – Os terminais rodoviários

necessitam estar limpos, iluminados, seguros e que façam

eficientemente a conexão com outros modais.

Produto

I. Carros novos – Carros com até cinco anos facilitam uma

melhor imagem da empresa com a sociedade.

II. Ar condicionado – Ar condicionado nos ônibus leva a um

maior conforto dos passageiros, fazendo com que se sintam

respeitados e confortáveis.

III. Poltronas mais confortáveis – Poltronas que façam com que

a viagem seja percebida pelo usuário como um momento de

descanso.

IV. Carros com pouca vibração devido às imperfeições do

asfalto – Carros que minimizem as imperfeições do asfalto,

diminuindo a sensação de desconforto durante as viagens.

V. Responsabilidade social – A responsabilidade social deve

ser feita para recuperar a imagem do setor. As caridades podem

ser feitas por meio de empréstimo de carros para excursões de

pessoas carentes e/ou ajudas financeiras.

2 Espaço de tempo entre a saída de um veículo e a chegada de outro.

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VI. Organização e limpeza nas garagens – O local de trabalho

deve ser mantido limpo e organizado, fazendo com que os

funcionários se sintam orgulhosos por trabalharem nesta

empresa.

VII. Banco de dados dos clientes – Banco de dados dos clientes

integrando as informações da central telefônica de atendimento

ao cliente e da rede mundial de computadores, permitindo maior

conhecimento do cliente.

VIII. Microônibus – Microônibus com o objetivo de aumentar a

freqüência dos ônibus deve ser introduzido, sem reduzir o

espaço ocupado pela empresa no mercado.

IX. Portal da empresa na rede mundial de computadores – Portal

da empresa que contenha informações, pesquisa com o usuário,

além de um espaço onde o cliente possa registrar sua

reclamação ou fazer elogios.

X. Central telefônica de atendimento ao cliente – Um telefone,

preferencialmente 0800, para que a sociedade possa se

comunicar diretamente com a empresa, pedindo informação,

prestando reclamações e elogios.

XI. Pontos de ônibus iluminados, seguros e com assento –

Pontos de ônibus que sejam iluminados, seguros e com assentos,

para que a sociedade usuária se sinta mais confortável e

segura ao esperar o ônibus.

XII. Número de pontos de ônibus – Pesquisas de mercado deverão

ser feitas para identificar quais ruas, do itinerário dos

ônibus, têm carência de pontos de ônibus.

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XIII. Segurança nos ônibus – Os ônibus precisam ser mais

seguros, para que os passageiros se sintam protegidos durante

suas viagens.

XIV. Pesquisa de satisfação – Após realizar determinadas ações

de marketing, são necessárias pesquisas de satisfação com os

clientes para analisar se estão satisfeitos com as ações

feitas.

Pessoal

I. Relacionamento com funcionários – A satisfação dos

funcionários com o ambiente de trabalho é fundamental para

aplicar o marketing interno em uma empresa, porque

funcionários insatisfeitos geram altos índices de

rotatividade, impossibilitando o desenvolvimento de

relacionamento com os clientes e representam altos custos de

recrutamento, contratação e treinamento dos substitutos.

II. Treinamento dos funcionários – É necessário um treinamento

adequado com os funcionários que realmente capacita-o para

exercer sua função como fonte de motivação e de auto-estima.

Processo

I. Estabelecimento de metas – Metas precisam ser estabelecidas

e os funcionários precisam ser recompensados por alcançá-las,

para que as ações de marketing, que dependem dos funcionários

da empresa, sejam sempre satisfatórias na visão do cliente.

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Promoção

I. Logomarca reconhecida – A marca da empresa precisa ser

criada, de maneira que a sociedade identifique-a com o serviço

prestado.

II. Divulgação de suas ações – As ações de marketing precisam

ser identificadas pelo público, por meio de distribuição de

panfletos, adesivos, entre outros.

III. Informações para os clientes – Quiosques de informação

sobre os serviços prestados pela empresa precisam ser criados,

fazendo deste local um ponto de venda de passagem de ônibus.

4.2 AÇÕES DE MARKETING NO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO

BRASILEIRO

Empresas de transporte por ônibus em cidades brasileiras

aplicaram ações promocionais de relacionamento, sendo

importante relatá-las nesse capítulo.

A escolha dessas cidades deveu-se à queda acentuada nos seus

volumes de passageiros, tendo, em 1995, 449 milhões/dia e,

chegando em 2001, com 324 milhões/dia, nas cidades (somadas)

de São Paulo, Rio de Janeiro (onde as ações de marketing serão

vistas nos estudos de caso), Belo Horizonte, (Recife e Porto

Alegre). Devido a este fato, essas cidades foram as escolhidas

para demonstrar suas ações de marketing que buscam reverter a

crise do transporte urbano coletivo.

O exemplo de São Paulo

A primeira ação de marketing feita em São Paulo, pela

EMTU/SP, foi o Programa Arte nos Terminais da EMTU/SP, lançado

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em agosto de 1997, com uma proposta inovadora em termos de

transporte público por ônibus.

A finalidade do projeto foi levar manifestações artísticas

de impacto junto aos usuários do Corredor Metropolitano São

Mateus/Jabaquara, que transporta 240 mil passageiros/dia e

atinge municípios de São Paulo, Diadema, São Bernardo do

Campo, Santo André e Mauá.

O objetivo era apresentar ações capazes de quebrar a rotina

dos usuários do Corredor, agregando valor ao transporte

público e rompendo a barreira palco/platéia.

Este trabalho foi desenvolvido com a EMTU/SP aproveitando o

próprio Corredor como um elemento integrador, tentando

valorizar as manifestações culturais da região.

Este programa ocorre até hoje (2004) e sua periodicidade é

mensal, no horário do almoço nos Terminais de Integração e nos

próprios ônibus.

Além de apresentações artísticas, faz parte do Programa Arte

nos Terminais o Projeto Escritor no Ônibus. A finalidade do

projeto, realizado dentro dos ônibus, é dar oportunidade ao

usuário de entrar em contato com a literatura (EMTU/SP, 2004).

Outra ação de marketing, em São Paulo, foi realizada pela

prefeitura em março de 2003, com um teste nos ônibus para

facilitar a vida do usuário de ônibus na cidade. O projeto,

chamado de Programa de Apoio aos Usuários e Operadores do

Sistema de Transportes Regular, foi feito para orientar quem

precisa usar transporte coletivo. O trabalho é viajar pela

cidade, conversar com os usuários e andar nos próprios ônibus,

verificando a sua lotação, a qualidade do serviço e dos

veículos e até dar informações para os usuários sobre o

caminho que seguem as linhas. Em outubro, do mesmo ano, o

sistema foi aprovado pela Câmara Municipal (NTUa, 2004).

Ações como estas fazem com que os usuários se sintam bem

tratados e valorizem o meio de transporte utilizado. Ambas as

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92

ações trouxeram resultados em termo de captação de demanda e

conseqüentemente aumento de receita.

Outra prova de que as ações foram eficazes foi o resultado

da pesquisa feita para entender como é a sua imagem (EMTU/SP)

para a população metropolitana paulista.

A pesquisa, ainda realizada, é feita anualmente, contratada

pelas empresas responsáveis pelo transporte coletivo na Região

Metropolitana de São Paulo (RMSP) desde 1985, com o objetivo

de conhecer a imagem de seus serviços junto à população e aos

usuários.

Na pesquisa, a avaliação dos serviços de transporte é obtida

por meio da escala: excelente, bom, ruim e péssimo, aceitando-

se “regular” quando resposta espontânea do entrevistado.

Aceitando certo tipo de resposta apenas quando é instantânea

resulta em um questionário mal formulado.

Em 2002 e 2003 as avaliações referiram-se aos passageiros

entrevistados que declararam uso de determinado transporte

pelo menos uma vez nos últimos três meses.

Comparando os resultados da pesquisa de 2002 com os da

pesquisa de 2003, observa-se que não houve alteração

significativa nos percentuais de avaliações “excelente” e

“bom” que os serviços de transporte receberam dos usuários

(TAB. 4.1).

A exceção ocorreu na lotação não regulamentada onde a

aprovação caiu de 48% para 35%.

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93

TAB. 4.1 - Avaliação dos modos de transporte %

de excelente e bom, segundo usuários.

Fonte – EMTU/SP, 2004

% de

excelente e

bomMODO

2002 2003

Carro particular 96 97

Metrô 90 93

Corredor EMTU São Mateus /

Jabaquara90 82

Ônibus Metropolitanos 64 69

Lotação Regulamentada 67 69

CPTM 56 57

Ônibus Municipal da Capital 51 55

Lotação não Regulamentada 48 35

Os resultados da pesquisa de 2003 confirmaram que (EMTU/SP,

2004):

I.Os ônibus do Corredor continuam sendo muito bem avaliados

por seus usuários.

II. A maioria dos entrevistados, 89%, concorda que os ônibus

deveriam ter pista exclusiva para trafegar. Essa é também a

opinião da maioria, 87%, dos que usam habitualmente o

automóvel em seus deslocamentos.

Outro item da pesquisa foi a análise da sociedade usuária

quanto as características dos serviços prestados.

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Os que foram avaliados como piores serviços, com

características consideradas “extremamente graves” e “muito

graves” pela população, foram:

1. Mau Tratamento com idosos, deficientes, gestantes;

2. Assaltos;

3. Falta de responsabilidade da empresa com acidentes;

4. Condução ruim da direção pelos motoristas;

5. Poluição do ar.

O exemplo de Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, são utilizados princípios e técnicas de

marketing voltados ao aumento da aceitação de idéias,

atitudes, conceitos, práticas e comportamentos sociais.

Para a cidade as bases para a implementação do marketing

são:

1. Imagem como reflexo de uma boa atuação: coerência entre

discurso e a prática;

2. Prestação de contas e visibilidade;

3. Comunicação de mão dupla: ouvir para ajustar a competência

técnica às reais necessidades do cidadão e;

4. Comunicação voltada ao entendimento: exercício da

negociação.

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Marketing e responsabilidade social na Bhtrans3

As ações de marketing na Bhtrans foram (BHTRANS, 2004):

1) Ônibus para vilas e favelas: Novos itinerários visando

atender a pessoas menos favorecidas, moradoras dos chamados

“locais de risco” (como favelas e outros lugares tidos como

perigosos).

FIG. 4.2 – Ônibus nas favelas

Fonte – Bhtrans, 2004

2)Rotas: Prioridade ao ônibus na Área Central, incentivando a

população a usar este modal.

FIG. 4.3 – Ônibus no centro

Fonte - Bhtrans, 2004

3 Empresas de transporte de Belo Horizonte, Minas Gerais.

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96

3)Abrigos de Ônibus: Pontos de parada mais modernos, com

assento, fazendo com que os usuários se sintam mais

protegidos.

FIG. 4.4 – Pontos de ônibus

Fonte - Bhtrans, 2004

4)Projetos Especiais: Criação de uma revista para ser

distribuída gratuitamente a bordo dos ônibus, contendo

informações dos serviços e informações sobre os projetos

realizados.

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97

FIG. 4.5 – Revista de Bordo

Fonte - Bhtrans, 2004

5) Comunicação de “massa” com a sociedade: Com uma linguagem

moderna, que facilite o entendimento de todas os passageiros.

6) Rotina: campanhas de comunicação/publicitária, assessoria

de imprensa, cerimonial e eventos, identidade visual da

empresa, faixas, relatório, folhetos, anúncios.

7) Outras ações: Arte no Ônibus; Estação com música; Exposição

100 anos de transportes.

8) Projeto BHtrans: Responsabilidade comunitária, com os

objetivos de:

· Reconstruir a convivência social por meio do trabalho.

· Investir na construção da pessoa por ações formativas, para

que cada um seja agente de seu próprio destino.

Para a Bhtrans, o trabalho de uma organização, pública ou

privada, deve começar e terminar num mesmo ponto focal: os

usuários.

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O exemplo de Recife

Assim como outras cidades brasileiras, Recife também tem

sofrido uma redução crescente de passageiros transportados no

sistema urbano (TAB 4.2). Uma saída encontrada pelas Empresas

Metropolitanas de Transporte Urbano, EMTU, em Recife, foi a

aplicação de algumas ações de marketing visando atrair um

maior número de usuários, tentando cessar esta perda de

receita decorrente do decréscimo de clientes.

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TAB 4.2 – Evolução do Passageiro em Recife (1995 – 2002)

Fonte – EMTU/RECIFE, 2004

MÊS PASSAGEIROS EQUIVALENTES1995 1996 1997 1998

JANEIRO 34.418.248 31.847.299 31.764.090 27.338.145FEVEREIRO 31.327.659 29.780.909 28.444.632 25.908.412MARÇO 35.794.726 33.112.981 32.481.299 30.480.065ABRIL * 31.852.645 31.907.038 32.922.437 27.047.633MAIO 36.236.665 36.571.499 32.987.778 27.772.363JUNHO ** 33.948.577 34.293.867 31.133.991 27.140.022JULHO *** 32.258.836 32.606.682 29.266.267 25.985.151AGOSTO**** 34.657.695 37.790.541 32.489.203 29.478.509SETEMBRO 32.022.311 32.335.086 32.578.726 29.376.405OUTUBRO 33.268.975 33.585.866 33.158.381 29.544.998NOVEMBRO 32.560.567 32.814.826 31.201.966 28.703.569TOTAL 368.346.904 366.646.594 348.428.770 308.775.272% ANO ANTERIOR - -0,50% -5,00% -11,40%

-16,20%MÊS PASSAGEIROS EQUIVALENTES

1999 2000 2001 2002JANEIRO 25.889.644 24.865.910 25.363.453 24.121.387FEVEREIRO 24.132.266 26.218.059 23.163.235 21.611.900MARÇO 29.135.820 26.791.016 27.627.777 24.761.388ABRIL * 26.023.165 26.678.458 24.925.909 26.416.362MAIO 27.821.814 29.261.680 27.856.721 26.591.530JUNHO ** 26.363.645 27.185.888 25.980.366 23.910.087JULHO *** 26.169.366 26.822.349 25.428.052 23.926.900AGOSTO**** 27.840.412 29.433.480 27.645.586 27.899.143SETEMBRO 27.063.139 27.289.822 24.860.576 26.597.755OUTUBRO 26.910.515 27.951.387 25.883.637 25.850.769NOVEMBRO 26.790.460 27.769.187 24.766.673 26.475.667TOTAL 294.140.246 300.267.236 283.501.985 278.162.888% ANO ANTERIOR -4,70% 2,10% -5,60% -1,90%

-5,40%

Atendimento aos Usuários

Uma das ações feitas pelas Empresas Metropolitanas de ônibus

de recife foi a melhora do atendimento prestado aos seus

usuários. Sendo assim, para manter a qualidade e eficiência

dos seus serviços, a EMTU, por meio da Divisão de Atendimento

ao Usuário (DIAU) procura ouvir os passageiros em busca do

aperfeiçoamento das atividades. Desse modo, a empresa busca a

articulação com as entidades representativas do movimento

popular organizado e outras instituições comunitárias

(EMTU/RECIFE, 2004).

Entre as atribuições do DIAU estão(EMTU/RECIFE, 2004):

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100

• Atendimento aos usuários;

• Identificação e cadastro de recursos institucionais das

localidades, objetivando realização de ações que promovam

melhorias no serviço de transporte coletivo;

• Promoção, organização e coordenação de reuniões na

EMTU/Recife ou nas comunidades, com os usuários e as equipes

da área técnica da EMTU/Recife ou empresas operadoras;

• Promoção de visitas técnicas nas comunidades, para

discutir com os usuários assuntos do transporte urbano,

buscando soluções para os problemas identificados;

• Elaboração de relatório contendo o resumo das reuniões,

atendimentos e visitas técnicas;

• Desenvolvimento de ações sistemáticas de caráter

educativo e/ou informativo para o tratamento das questões do

transporte público urbano, por meio de reuniões, palestras,

seminários, fóruns, campanhas ou outros recursos de

comunicação;

• Participação, em conjunto com as comunidades, de reuniões

com órgãos que promovam esclarecimentos ao público sobre

questões relacionadas ao transporte urbano;

• Mobilização das comunidades e/ou entidades populares e

institucionais para participarem de eventos especiais e;

• Encaminhamento para o Departamento de Planejamento do

Sistema os registros das reclamações dos usuários ou entidades

feitos por meio da Divisão, objetivando a avaliação de

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101

desempenho das empresas operadoras do transporte coletivo

urbano.

Satisfação do Usuário

Outra ação de marketing visando oferecer um bom serviço para

os passageiros é a pesquisa feita para identificar o nível de

satisfação dos usuários com o setor de transporte(EMTU/RECIFE,

2004).

Essa pesquisa resultou na descoberta de erros cometidos no

sistema de transporte de Recife para serem corrigidos e

elevar, conseqüentemente, a satisfação do consumidor.

Opinião do Consumidor

Visando oferecer um serviço que vá ao encontro às

expectativas dos clientes, a EMTU de Recife aceita sugestões e

críticas referentes ao serviço de ônibus prestado à população.

Essas opiniões dos usuários são utilizadas para orientar

ações, visando a adequação de serviços e superação dos

problemas no sistema.

Segurança durante a viagem

Por meio de um convênio firmado com a Polícia Militar de

Pernambuco, a EMTU vem promovendo o programa Viagem Segura,

que consiste na realização de fiscalização específica nos

ônibus, pontos de parada e terminais integrados. Diariamente,

63 policiais do Batalhão de Rádio Patrulha se dividem em

equipes, garantindo mais segurança aos passageiros de ônibus

do Grande Recife. Nos Terminais Integrados, os policiais

também ajudam a organizar filas e evitar tumultos(EMTU/RECIFE,

2004).

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102

FIG. 4.6 – Segurança nas viagens

Fonte - EMTU/RECIFE, 2004

Melhoria do transporte

Entre os anos de 2000/2001 houve a substituição da frota por

veículos equipados com ar-condicionado, banco acolchoado e

vidro fumê, possibilitando um maior conforto aos usuários,

fazendo-os se sentirem melhor durante as viagens.

Incentivo à cultura

A EMTU apóia uma série de espetáculos teatrais, musicais e

produção de CDs, todos os anos. Além de valorizar a cultura do

Recife, esse tipo de ação leva a empresa a se aproximar ainda

mais do seu público, mantendo um canal de comunicação externo.

O exemplo de Porto Alegre

Em Porto Alegre a empresa que apresentou diversas ações de

marketing, no ano 2000, tanto para conquistar os passageiros

atuais e fidelizá-los, como para atrair os potenciais, foi a

empresa Carris, tratada nesta seção.

Algumas destas ações, que serão descritas a seguir,

destacaram-se por sua eficácia ao deixarem seus clientes

satisfeitos com a companhia.

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103

Sistema de atendimento ao cliente

Foi um serviço de ligações gratuitas, onde os passageiros

podem informar suas reclamações, sugestões ou pedir

informações.

Com uma coleta eficiente destes dados, a empresa pode

verificar o que mais desagrada o cliente, a fim de reverter

insatisfações em satisfações.

Pesquisas com a população

Os tipos de pesquisas realizados pela empresa de ônibus da

cidade de Porto Alegre são (CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004):

- Pesquisas de preferências modais - realizadas para a empresa

de ônibus identificar o porque da preferência de alguns

usuários pelos outros modos de transporte.

- Pesquisas de atributos de conforto - Conduzidas para a

população informar o que é precisa melhorar, resultando em

uma viagem mais confortável, e o que já melhorou.

- Pesquisas de origem-destino - Feitas para a empresa saber:

principais motivos da viagem da população (a trabalho,

lazer, estudo, etc), horários em que são realizadas (de pico

e fora de pico) e principais origens e destinos.

Com estas pesquisas em mãos, a empresas identifica a demanda

reprimida e pode impor para o transporte público:

• Novas linhas

• Maior conforto

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104

• Maior oferta

• Maior rapidez

Veículos de alta qualidade

Visando atender à necessidade dos clientes em usufruir um

transporte mais moderno, transformando a viagem em um momento

de descanso, foram introduzidos veículos com alta qualidade no

seu interior e exterior na frota da empresa, com os seguintes

atributos(CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004):

• Ar condicionado,

• Bancos altos e estofados,

• Acessibilidade universal,

• Suspensão dinâmica,

• Freios ABS,

• Janelas panorâmicas,

• Sistema de áudio e vídeo,

• Câmbio automático,

• Motor traseiro,

• Vidros colados e fumê,

• Portas amplas.

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105

Tripulação qualificada

O marketing interno também passou a ser aplicado nas

empresas de ônibus Carris, em Porto Alegre, pelo entendimento

de que funcionários bem treinados e satisfeitos produzem mais

e atendem melhor os clientes da companhia, fazendo com que

estes, por sua vez, se sintam bem vindos aos ônibus. Sendo

assim, a empresa treina seus funcionários para que o

atendimento seja (CARRIS PORTO ALEGRENSE, 2004):

- Padrão de postura apresentação e atendimento. Ter o

funcionário com excelência no atendimento.

- Padronizado e diferenciado. Sabendo, o funcionário, a hora

em que o serviço precisa ser padrão e quando é preciso

oferecer serviços diferenciados para os clientes, fazendo com

que se sintam únicos.

Comunicação no veículo

Os vídeos a bordo (FIG. 4.7) são uma forma de comunicação

entre a empresa e os clientes. Eles informam os serviços

oferecidos, o que tem melhorado, além de entreter os

passageiros durante a viagem.

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FIG. 4.7 – Vídeo a bordo

Fonte - Carris Porto Alegrense, 2004

A relação com a comunidade

Para que a relação da empresa com a comunidade fique mais

intensa, são realizados:

- Eventos no Centro da capital com a presença de autoridades e

representantes da sociedade.

- Trabalhos de divulgação nos locais atendidos por novas

linhas.

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107

Resultados obtidos com as ações de marketingI. Conquista de

novos clientes – De 17 de outubro de 2000 a 24 de novembro de

2000, com as estratégias de marketing mostradas anteriormente,

no ano 2000, a empresa conquistou cinco mil passageiros que

faziam parte de outros modais.

II. O reconhecimento - O maior número de elogios da história

do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa.

Conclusão do sistema de ônibus nas cidades brasileiras que

aplicaram estratégias de marketing

As cidades que aplicaram uma gestão focada na satisfação dos

clientes, procurando identificar suas necessidades e se

esforçando par atendê-las, tiveram resultados positivos quanto

à captação de clientes.

Esses resultados foram os esperados pelas empresas das

cidades e resultaram em uma boa imagem do setor diante da

população.

Nem todas as empresas, nas capitais, aplicaram as mesmas

ações de marketing, cada uma identificou características e

expectativas diferentes de seus usuários, além de cada uma ter

se empenhado de maneira própria para satisfazer os

consumidores de seus serviços.

4.3 AÇÕES DE MARKETING NO SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO

INTERNACIONAL

A aplicação de estratégias de marketing em empresas de

transporte público, em várias partes do mundo, vem se tornando

bastante comum nos anos 90, séc XX, objetivando atrair e

fidelizar clientes.

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Os países relacionados a seguir mostram que estas

estratégias podem ser feitas de diferentes maneiras, levando

em conta a situação dos países em termos de desenvolvimento.

A escolha das cidades selecionadas foi aleatória.

A. O exemplo de Estocolmo – Suécia

A satisfação do consumidor quanto ao transporte público

sueco tem sido medida desde 1996. Neste ano, foi realizada a

primeira pesquisa com a população feita logo após a viagem ou

por telefone (HAGLUND, 2004).

Para entender o motivo da preocupação em satisfazer os

clientes é preciso conhecer a mudança ocorrida no setor de

transporte público, na década de 90, no país.

Naquela década, 75% das empresas de transporte público

passaram a ser negociadas como capital aberto. O resultado foi

o aumento da competição entre as empresas juntamente com o

aumento em suas produtividades.

As autoridades de transportes realizam pesquisas anualmente

com a população para saber o nível de satisfação dos

passageiros com as empresas de transportes. Em 1998, foi

realizado um estudo com 25.000 entrevistados por telefone, com

idade entre 15 e 75 anos.

Os tópicos da entrevista estão relacionado na TAB. 4.3

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TAB. 4.3 – Entrevista com a amostra da população da Suécia

Fonte – Haglund, 2004

TÓPICOSPERCEPÇÃO DOS CLIENTES QUANTO AOS

SERVIÇOS PRESTADOS

Tráfego Planejamento de horários e itinerários

Imagem

Como a companhia é avaliada em geral e

a presteza dos seus serviços para a

sociedade

Entender às

necessidades dos

clientes

A eficiência da empresa para responder

as reivindicações de seus clientes

InformaçãoSe as informações sobre os serviços são

de fácil entendimento e completas

Preço Custo do transporte público

Paradas de ônibus Os locais e serviços das paradas

Conforto Segurança e conforto da viagem

PessoalSe o consumidor estava disponível e

ápito para responder as questões

Dados sobre a viagem e a demografia também estão incluídos

na pesquisa.

O resultado dessa pesquisa é que determina o valor das ações

das empresas de transporte. Se o índice de satisfação dos

consumidores com o serviço prestado for alto a empresa terá o

valor de suas ações mais alto do que a que tem um índice de

satisfação dos consumidores baixo (HAGLUND, 2004).

Além disso, as companhias são comparadas e a que obtém o

melhor resultado é premiada pelas autoridades responsáveis.

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B. O EXEMPLO DE MANCHESTER – REINO UNIDO

Em Manchester, o transporte público é responsabilidade de

várias autoridades ao mesmo tempo.

As viagens por ônibus nesta cidade representam 90% das

viagens totais do sistema público de transporte (TYSON, 2004).

Apesar do sistema por ônibus ser muito importante para os

residentes de Manchester, tem perdido passageiros devido à má

qualidade da prestação dos serviços para a população.

Devido a este problema, passou-se a investir em estratégias

de marketing, como (TYSON, 2004):

I. Maior presteza nas informações sobre os serviços de

transporte.

II. Aumento da freqüência dos ônibus.

III. Ônibus mais confortáveis.

IV. Preços de passagem apropriados para o nível de renda da

população usuária.

V. Facilidade nas conexões entre os diferentes modais.

Outros problemas que foram identificados no transporte,

causando insatisfação da população, mas que já estão sendo

cessados, são:

I. Pontos de parada pouco iluminados.

II. Ônibus com alto nível de emissão de poluentes.

III. Necessidade de mapas da cidade com as rotas de ônibus.

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C. O EXEMPLO DE OSLO – NORUEGA

Em 1991, foi implementado em Oslo um projeto para orientar

os funcionários do transporte público a tratarem bem os

clientes (TYSON, 2004).

O objetivo desse projeto foi implementar estratégias de

marketing que satisfizessem os usuários, fazendo com que

utilizassem mais o transporte público por ônibus.

A meta era aumentar o tráfego em 25% até o ano de 2001 por

uma política de satisfação do cliente, que consistia em:

I. Cobrar uma tarifa mais acessível para os moradores e que

fossem bastante estáveis, ou seja, não tivesse muita alteração

no seu valor em um período curto de tempo.

II. Maior freqüência dos ônibus no horário de pico.

O resultado foi um aumento no número de passageiros maior

que os 25% estipulados para o ano de 2001.

D. O EXEMPLO DE SAN JOSE, CALIFÓRNIA – ESTADOS UNIDOS

Em San Jose, a cada 2 anos, é feita uma entrevista com os

residentes para entender como eles vêem o serviço de

transporte da cidade. A partir disto é feito um planejamento

para proporcionar melhores serviços de transporte para a

comunidade (HELMER, 2003).

Devido a esta preocupação constante em satisfazer os

moradores, em setembro de 2001, foi realizada uma pesquisa

para saber como os serviços de transportes são vistos por

eles. O resultado foi o seguinte:

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- 80% dos residentes acharam o transporte público acessível

ou muito acessível.

- 75% acreditaram que as condições do tráfego são

completamente toleráveis em seus bairros.

- 82% sentiam-se seguros nos transportes públicos de San

Jose.

Esta credibilidade do departamento de transporte com os

residentes de San Jose devem-se a quatro perspectivas (HELMER,

2003):

I. Visão – Exceder as expectativas dos consumidores da maneira

mais produtiva.

II. Missão – Planejar, operar e manter os serviços de

transporte de forma a contribuir com o crescimento e

eficiência da cidade.

III. Finalidade – Prover serviços eficientes e eficazes,

superando as expectativas dos consumidores e melhorando a

habilidade de seus funcionários.

IV. Valor – Respeitar os indivíduos, ter excelência no serviço

e orgulho da organização.

Estabelecidos estes quatro parâmetros, foram feitas

pesquisas e reuniões com o público para determinar um serviço

de transporte satisfatório para toda a comunidade.

Para aplicação das estratégias de marketing, as autoridades do

transporte público de San Jose sempre destacam duas

ferramentas importantes:

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I. Comunicação dentro da empresa – Resultando no constante

entendimento entre os diversos departamentos, todos com a

mesma visão de entender e satisfazer o cliente.

II. Comunicação externa – Para que a sociedade possa expressar

suas insatisfações e idéias, estando a empresa pronta para

resolver os problemas.

E. O EXEMPLO DE CAPE COD, MASSACHUSETTS – ESTADOS UNIDOS

O uso das estratégias de marketing na cidade de Cape Cod

serve para melhorar o sistema de transporte desta cidade, que

tem atraído muitos turistas e migração de moradores de outras

cidades, causando um crescente congestionamento, necessitando

de um sistema de transporte que comporte este aumento da

população local e de turistas (CAPE COD, 2004).

O desafio é adequar esse crescimento demográfico ao

transporte público, de maneira a preservar a característica

histórica e natural da região.

Desse modo, foi feita uma conferência no verão americano de

2001 para determinar as mudanças que o transporte público de

Cape Cod teria que passar, ressaltando os objetivos e as

finalidades do serviço, como:

I. Determinar as necessidades de transporte público por ônibus

para os residentes durante todo o ano e para os turistas

durante o verão.

II. Recomendar novos serviços necessários para o transporte

público.

III. Formular estratégias para restringir veículos com apenas

um passageiro em determinadas áreas de Cape Cod.

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IV. Atenuar os congestionamentos sazonais

V. Entender e satisfazer a necessidade da população durante o

ano inteiro

VI. Determinar as necessidades da população quanto ao

transporte público.

VII. Integrar os diferentes modos de transporte.

VIII. Desenvolver uma comunicação entre as autoridades e a

comunidade, criando um Fórum para identificar os problemas e

as soluções do transporte.

Com os objetivos estabelecidos, foram feitas pesquisas com

os residentes e não residentes para entender as principais

necessidades do transporte e, deste modo, começar as mudanças

necessárias.

Entendido os questionamentos da comunidade, a autoridade

local estabeleceu as seguintes ações de marketing:

I. Aumentar a freqüência dos ônibus.

II. Fornecer serviços de ônibus durante a noite.

III. Adicionar itinerários.

IV. Cumprir horários.

V. Reduzir o valor das tarifas.

VI. Aumentar a quantidade de pontos de parada.

VII. Distribuir 68.000 mapas da cidade com as rotas de ônibus

para os destinos mais demandados.

VIII. Criar um comercial de 30 segundos para que a população

conheça melhor o sistema de transporte por ônibus da cidade.

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115

IX. Formular uma logomarca que seja reconhecida pela população

(FIG 4.8) - “DO THE WAVE TO TAKE THE BUS” (Acene para o

ônibus).

FIG. 4.8 – Logomarca de Cape Cód.

Fonte – Cape Cod, 2004

As estratégias formuladas e realizadas foram avaliadas de

duas maneiras:

I. Quantitativamente – Expressa em termos monetários, ou seja,

receita recebida por meio da introdução de estratégias de

marketing.

II. Qualitativamente – Expressa em termos das atitudes das

pessoas, percepções ou observações.

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F. O EXEMPLO DE BERLIM – ALEMANHA

Desde 1992, há pesquisas com os passageiros para medir sua

satisfação quanto aos serviços de transporte público

oferecidos pelas 42 empresas privadas (HAGLUND, 2004).

As entrevistas são realizadas por telefone, com

questionários padronizados sobre o nível de satisfação ou

insatisfação com o serviço de transporte.

Questões sobre pontualidade, credibilidade, tempo de viagem,

horários, limpeza nos ônibus, segurança e preço da tarifa são

perguntadas.

Com a pesquisa pronta, as autoridades responsáveis pela

qualidade do transporte analisam as deficiências do setor e as

corrige, com o objetivo de manter a população usuária

satisfeita.

G. O EXEMPLO DE COPENHAGUE – DINAMARCA

Em Copenhague, assim como em Berlin, são realizadas

pesquisas para identificar a necessidade dos usuários em

relação aos serviços de transporte por ônibus. Porém as

entrevistas são feitas dentro dos ônibus, visando somente o

interesse dos clientes e não da população como um todo

(HAGLUND, 2004).

Dados sobre a qualidade dos ônibus, limpeza, horário,

funcionamento do sistema de pagamento e presteza nas

informações dadas aos passageiros são captados pelas

autoridades do transporte.

Estes dados são transformados em pontuação para as empresas

do transporte por ônibus. O ponto de vista do cliente quanto

ao serviço oferecido pela prestadora equivale a 80% da nota

final. Os outros 20% referem-se ao cumprimento das metas

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estabelecidas para as empresas, com a finalidade de fornecerem

um melhor serviço para os passageiros.

As companhias que obtêm pontuações muito baixas precisam

pagar multa e as que têm notas altas são premiadas

financeiramente.

4.4 CONCLUSÃO PARCIAL

Utilizar ações de marketing tem se tornado cada vez mais

usual para contentar os usuários de empresas de ônibus em

relação ao serviço prestado por elas.

Em vários países, estas ações refletem a mesma expectativa,

de cativar os clientes para que não se escoam para outros

sistemas de transporte ou para empresas concorrentes.

Assim, conclui-se que não apenas nas cidades brasileiras,

como também em países europeus e cidades americanas, paises

economicamente desenvolvidos, o mercado deste setor está com

mais concorrentes, tendo as companhias a necessidade de

conseguir fidelizar seus passageiros e garantir que não haja

queda da receita.

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118

5 METODOLOGIA DOS ESTUDOS DE CASO

5.1 TIPO DE PESQUISA

Este estudo pode ser classificado como pesquisa

exploratória, devido a pouca referência sobre o seu tema. De

acordo com Révillion (2001), os objetivos desse tipo de

pesquisa são familiarizar e elevar a compreensão de um

problema em perspectiva e gerar hipóteses explicativas e

variáveis a serem verificadas.

Para Vergara (2000), a pesquisa exploratória é realizada em

áreas que há pouco conhecimento acumulado e sistematizado,

sendo assim, adequada para expandir o conhecimento no assunto.

Por sua vez, Marconi e Lakatos (2001) consideram que essa

pesquisa deve estar voltada para a formulação de questões ou

de problemas de investigação, que aumentem a familiaridade do

pesquisador com o assunto, desenvolvendo hipóteses sobre o

tema e modificando ou esclarecendo conceitos.

Este tipo de pesquisa utiliza grande quantidade de dados

extraídos de fontes secundárias, estudos de casos selecionados

e de observações informais, sendo a pesquisa bibliográfica e o

estudo de caso os meios mais comuns (ZAPELINI & ZAPELINI,

2004).

Pesquisas exploratórias proporcionam uma visão geral acerca

de determinado fato, sendo realizado especialmente quando se

torna difícil sobre ele formular hipóteses precisas e

operacionalizáveis (SILVA & SILVA).

De acordo com Vergara (2000), para se fazer uma pesquisa

exploratória, é preciso que inicialmente se faça:

I. Levantamento bibliográfico, onde nos livros são

encontrados, praticamente, todo o conhecimento humano ou em

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119

outros impressos que se encontram nas bibliotecas. A pesquisa

bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos

problemas formulados e o recurso é a consulta dos documentos

bibliográficos.

II. Contatos pessoais com pessoas dos locais de pesquisa e

outros profissionais, bem como usuários ou clientes.

III. Levantamento de problemas sob forma de perguntas.

Segundo Gil (1996), entre todos os tipos de pesquisa, esta é

a que apresenta menor rigidez no planejamento, sendo

desenvolvidas com objetivo de proporcionar visão geral, de

tipo aproximativo, acerca de determinado fato.

Na visão de Triviños (1987) esses estudos permitem ao

pesquisador aumentar sua experiência em torno de determinado

problema. O pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda

nos estudos de caso, buscando maior conhecimento e obtenção

dos resultados desejados.

Esta dissertação se caracteriza, quanto aos fins, como uma

pesquisa de caráter exploratório, porque existe uma grande

carência de trabalhos a respeito da gestão de marketing nas

empresas de ônibus brasileiras. Com base neste fato, escolheu-

se como meio de investigação o método de estudo de casos (Yin,

1993).

Os quatro estudos de caso, feitos em campo, são recomendados

pela sua flexibilidade, podendo o pesquisador estar aberto a

novas hipóteses e variáveis que surjam no decorrer da

pesquisa.

Bruyne (1991) afirma que o estudo de caso reúne informações

numerosas e detalhadas, recorrendo a técnicas de coleta das

informações (observações, entrevistas, documentos). Alguns

estudos têm um intento de exploração e tentam descobrir

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problemáticas novas, renovar perspectivas existentes ou

sugerir hipóteses fecundas, preparando assim o caminho para

pesquisas ulteriores. Outros são essencialmente descritivos e

tomam a forma de monografia, empenhando-se em descrever toda a

complexidade de um caso concreto. Outros ainda perseguem um

objetivo prático e freqüentemente utilitário, seja porque

visam estabelecer o diagnóstico de uma organização ou fazer

sua avaliação porque procuram mudar uma organização.

De acordo com Yin (1993), o estudo de caso é um estudo

empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu

contexto de realidade, quando as fronteiras entre fenômeno e o

contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas

várias fontes de evidência. Os estudos de caso trazem as

pesquisas diferentes propósitos, como:

I. Explorar situações da vida real cujos limites não estão

claramente definidos;

II. Descrever a situação do contexto em que está sendo feita

determinada investigação e;

III. Explicar as variáveis que causam determinados fenômenos

em situações muito complexas que não possibilitam a utilização

de levantamentos e experimentos.

Ainda conforme Yin (1993), há preconceitos em relação ao

estudo de caso, como:

I. Falta de rigor metodológico – Para se realizar estudos de

caso não são definidos procedimentos metodológicos rígidos,

comprometendo a qualidade dos seus resultados. É proposto,

porém que o pesquisador que desenvolva estudos de caso redobre

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seus cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise

dos dados.

II. Dificuldade de generalização – A análise de casos fornece uma

base muito frágil para generalização. No entanto, seus propósitos

não são os de proporcionar o conhecimento preciso das

características de uma população a partir de procedimentos

estatísticos, mas sim o de expandir ou generalizar proposições

teóricas.

III. Tempo destinado a pesquisa – Alega-se que os estudos de

caso precisam de bastante tempo para serem realizados e que

freqüentemente seus resultados tornam-se pouco consistentes.

Todavia, as experiências acumuladas nas últimas décadas

mostram que é possível a realização de estudos de caso em

períodos mais curtos e com resultados passíveis de confirmação

por outros estudos.

5.2 PERGUNTA DA PESQUISA

Este estudo de casos se propõe a responder à seguinte

pergunta:

* Quais são as estratégias de marketing aplicadas nas empresas

de ônibus entrevistadas?

5.3 ESCOLHA DAS EMPRESAS

Os estudos de caso constam da análise de quatro empresas,

duas que aplicam estratégias de marketing, entendendo a

importância das necessidades dos passageiros e dos seus

funcionários com o intuito de se firmarem no mercado no qual

atuam, em um momento de crie do setor. As outras duas ainda

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122

não baseiam sua gestão com foco no cliente, acarretando numa

perda crescente destes usuários.

A seleção das empresas que não aplicam estratégias de

marketing (empresas A e B), diferentemente da escolha das que

aplicam, não teve um critério definido. Sendo assim, foram

analisadas duas empresas escolhidas aleatoriamente.

Entretanto, as empresas com prática em realizar ações de

marketing foram escolhidas por terem ganhado o Prêmio ANTP de

Qualidade. A Empresa C, no ano de 2003, obteve a segunda

colocação, por sua vez, a Empresa D ficou com o primeiro lugar

nos anos de 2002 e 2003, sendo vetada de participar da

premiação em 2004 devido às normas da ANTP, que não permitem o

primeiro lugar a uma mesma empresa por três anos consecutivos.

5.4 COLETA DOS DADOS DAS EMPRESAS

Os dados primários foram coletados por meio de entrevistas

semi-estruturadas (anexo 9.1). Cabe ressaltar que as

perguntas, previamente formuladas, serviram como um roteiro de

auxílio ao pesquisador, porém, as entrevistas realizadas foram

desenvolvidas por questionamentos formulados no momento exato

da entrevista, ou seja, que não estavam previstas no roteiro.

Os dados das empresas nas pesquisas de campo foram obtidos

nas entrevistas feitas com os responsáveis pela área de

comunicação e qualidade de cada empresa.

Roesch (1999) argumenta que o questionário não é apenas um

formulário, ou um conjunto de questões listadas sem muita

reflexão, mas sim um instrumento de coleta de dados que busca

mensurar algo. Para tanto requer esforço intelectual anterior

de planejamento, com base na conceituação do problema de

pesquisa e do plano da pesquisa, e algumas entrevistas

exploratórias preliminares. Com base nestes termos, elabora-

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123

se, a seguir, uma lista de itens sobre cada variável a ser

medida.

Na Empresa A o responsável pelas informações foi o relações

públicas da empresa.

Por sua vez, na Empresa B os dados foram fornecidos pelo

diretor operacional da empresa pela gerente de RH.

A gerente de qualidade da Empresa C foi quem participou da

entrevista.

Por último, na Empresa D, o gerente corporativo passou todas

as informações necessárias para o desenvolvimento deste

trabalho.

5.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Como afirma Yin (1993), a análise dos dados em estudo de

caso consiste na compreensão dos dados no sentido de validar

ou refutar os objetivos iniciais do estudo.

Deste modo, baseou-se a análise dos dados qualitativos do

presente estudo de caso, como relata Selltiz (1974), sobre o

objetivo da análise dos dados, que é sintetizar as informações

completadas, de forma que estas viabilizem respostas às

perguntas da pesquisa em foco.

5.6 LIMITAÇÃO DA PESQUISA

Por ser uma pesquisa exploratória que se utilizou

metodologia qualitativa, a percepção do pesquisador influi no

resultado da pesquisa.

De acordo com Malhotra (2001), a pesquisa qualitativa é uma

metodologia não estruturada, baseada em pequenas amostras,

permitindo a melhor compreensão do contexto do problema.

(Roesch, 1999).

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124

Malhotra (2001) considera que a pesquisa qualitativa pode

ser usada como uma fase de preparação para a quantitativa, por

sua característica de contextualização do problema.

Por sua vez, Bryman (1988) afirma que os aspectos

quantitativo e qualitativo de uma pesquisa devem ser encarados

como formas diferentes de responder a um problema de pesquisa,

mas não como oposição.

Algumas características definem melhor a pesquisa

qualitativa, como (Bryman, 1988):

a) Compromisso com a perspectiva das pessoas estudadas – onde

os fenômenos são sempre estudados a partir das perspectivas e

pontos de vista dos pesquisados;

b) Descrição – a pesquisa qualitativa normalmente envolve uma

descrição acurada do fenômeno e do cenário social pesquisado,

não somente a partir do ponto de vista das pessoas envolvidas,

mas também dos pesquisadores;

c) Contextualismo – há um compromisso com o contexto geral

aonde o fenômeno ocorre, ou seja, é preciso situar os eventos

e fenômenos no espaço social mais amplo em que acontecem;

d) Visão longitudinal – o corte longitudinal refere-se a uma

visão processual do fenômeno, como sendo parte de uma evolução

temporal;

e) Flexibilidade – a pesquisa qualitativa é, normalmente,

menos estruturada que a quantitativa, permitindo modificações

no problema de pesquisa ou nos métodos, se for o caso, para

atingir melhores resultados e;

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125

f) Papel da teoria e dos conceitos – ao contrário da pesquisa

quantitativa, que exige um forte aparato teórico para

funcionar a contento, a abordagem qualitativa não depende de

formulação teórica prévia, favorecendo uma estratégia de

teorização a partir das informações e dados coletados.

Além disso, este estudo não permite generalizações e não é

esse o objetivo de uma pesquisa exploratória.

Paralelamente, as entrevistas, por terem sido feitas apenas

com os executivos, não mensuram a percepção dos clientes e nem

dos funcionários quanto às estratégias de marketing conduzidas

dentro da empresa, dificultando assim o julgamento de cada

empresa, o que poderá ser explorado em pesquisas futuras.

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126

6 ESTRATÉGIAS DE MARKETING APLICADAS EM EMPRESAS DE TRANSPORTEPOR ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO – ESTUDOS DE CASO

Este capítulo analisa ações de marketing de quatro empresas

de transporte público, no estado do Rio de Janeiro.

Constará de 2 partes, com 2 entrevistas em cada. A primeira

relata a atitude de empresas que não utilizam ações de

marketing. A seguinte trata de empresas que se destacam na

área de qualidade, usando gestão de marketing visando

satisfação e captação de passageiros.

PARTE 1

6.1 EMPRESA A

A empresa A faz parte de um grupo formado por outras 4

empresas na região metropolitana do Rio de Janeiro, sendo a

primeira do grupo a ser constituída, fundada por um grupo de

imigrantes portugueses, que resolveram investir no transporte

no bairro de Jacarepaguá, zona oeste. Naquela época, 1950, a

região era praticamente isolada do restante da cidade.

6.1.1 EMPRESA A EM ÉPOCA DE CRISE

A empresa está tendo perda de passageiros devido à

concorrência com veículos particulares, transportes

alternativos, clandestinos e viagens não motorizadas.

Até 1995 transportava em média 74.100 passageiros por dia,

hoje, não transporta mais que 57.000 passageiros/dia, uma

redução de 30% de usuários em 9 anos.

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127

6.1.2 AÇÕES DA ESTRATÉGIA DE MARKETING

As informações contidas nesta seção foram fornecidas pelo

relações públicas (RP) da empresa, responsável pelas ações de

marketing.

É importante frisar que estas ações não são planejadas antes

de executadas, não resultando, muitas vezes na conquista e

fidelidade dos passageiros.

1)Uso de Microônibus

O uso do microônibus na empresa foi uma estratégia usada

para cortar despesas, no momento em que o número de usuários

reduziu.

Para os horários e itinerários que sofreram uma forte

redução de passageiros, elaborou-se uma estratégia de corte de

custos. Segundo o RP, “ao invés de andarmos com os ônibus

vazios a custos elevados, colocamos microônibus como uma

solução”.

OPINIÃO DO AUTOR: O problema da aplicação dessa estratégia é

a empresa aceitar essa perda de mercado. Se um número cada vez

menor de clientes levar a um tamanho cada vez menor no

veículo, essa empresa pode ter cada vez um menor número de

passageiros. O importante a fazer é criar estratégias de

marketing que façam com que os usuários usem novamente o

ônibus, sem aceitar a queda do número de passageiros.

2)Desconto em farmácias

Um dos planejamentos futuros da empresa para captar clientes

das classes D e E é propiciar que a cada viagem realizada o

usuário ganhe um tíquete. Com uma certa quantidade desses

tíquetes, número ainda não definido pela empresa, os clientes

obteriam descontos em farmácias.

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OPINIÃO DO AUTOR: A dificuldade está na maneira que será

dado este desconto, se a cada viagem ou em um conjunto delas.

Além disto, essa idéia ainda não saiu do papel, sem fornecer

informação suficiente sobre a eficiência da medida.

3)Sorteios

Um pensamento nada convencional é a hipótese de fazer

sorteios com os usuários do “frescão”4. A idéia da companhia é

que a cada viagem feita pelo “frescão”, os clientes concorram

a um carro.

OPINIÃO DO AUTOR: O problema dessa ação é o prêmio, um dos

concorrentes do ônibus.

Esse ato prevê um aumento imediato do uso dos frescões, mas

não tem um planejamento de longo prazo, onde os premiados

poderão não ser mais clientes.

Desse modo, essa idéia não incrementará a demanda do setor

de forma eficiente e contínua.

4)Relacionamento com Funcionários

Os funcionários são valorizados e premiados, mas apenas pelo

lado operacional e não pelo atendimento ao cliente, que é o

propósito do marketing.

Qualquer erro na condução do veículo é registrado por um

tacógrafo (FIG. 6.1) localizado no interior do ônibus,

registrando todas as alterações na velocidade ou má condução

do veículo.

4 Ônibus luxuoso com poltronas reclináveis e acolchoadas e ar condicionado,com tarifas especiais superiores as cobradas pelos ônibus convencionais.

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129

FIG. 6.1 – Tacógrafo

Fonte – Minas Tacógrafos, 2004

Desse modo, excluem-se da premiação e valorização os

trocadores, importantes dentro do ônibus.

OPINIÃO DO AUTOR: Os funcionários que trabalham nos ônibus,

motoristas e cobradores, são os responsáveis pela imagem da

empresa com os clientes, porque são os empregados acessíveis

ao público.

5)Central telefônica de atendimento ao cliente e Rede mundialde computadores

Uma maneira de ouvir o que o cliente tem a dizer, entendendo

o que os agrada e desagrada, é a chamada central telefônica de

atendimento ao cliente, um centro de ligações, onde os

usuários podem ligar de qualquer ponto da cidade para a

empresa gratuitamente, por meio de um número 0800, e falar com

os operadores.

As reclamações, sugestões e elogios são passados para área

de marketing e estes tentarão, caso haja algum problema,

solucioná-los, entrando em contato com o cliente quando

necessário.

Outra maneira de aproximar alguns clientes da empresa é a

Rede mundial de computadores. A empresa tem um portal que não

funciona perfeitamente, sendo impossível abrir a maioria das

suas ligações por se encontrarem sem continuidade. Este

problema faz com que os passageiros, ao acessarem o portal da

empresa sintam-se insatisfeitos.

OPINIÃO DO AUTOR: Uma importante maneira de ouvir os

clientes, além do 0800 e do portal da empresa, é por meio de

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pesquisa de mercado feita nos próprios ônibus, nos pontos de

ônibus e por telefone, procurando-se entender a real

necessidade dos passageiros atuais e potenciais. Entretanto,

por enquanto, a transportadora ainda não realizou pesquisas.

6.1.3 RESULTADO DESSAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING

As estratégias de marketing adotadas pela empresa até o

momento não resultaram em captação de demanda, com o agravante

de continuar perdendo passageiros em todas as linhas.

A adoção de microônibus, para substituir o ônibus

convencional, fez com que as perdas não fossem maiores, porque

o custo do microônibus é inferior ao do ônibus convencional.

Ao mesmo tempo, fez a empresa não se adequar à perda de

usuários, aceitando a era da recessão. Tentar reverter o

quadro atual é fundamental para o bom posicionamento da

companhia no mercado fluminense.

6.2 EMPRESA B

A Empresa B foi fundada em na década de 50, atuando,

principalmente, na área do Centro e Zona Sul do Rio de

Janeiro.

Naquela época, os atuais sócios já eram proprietários de

outra transportadora de passageiros, incorporada à Empresa B,

atendendo a um decreto do Prefeito Negrão de Lima, ficando a

empresa com uma frota de 60 veículos.

A empresa B, assim como a empresa A, não tem uma gestão

baseada em marketing. Suas iniciativas ainda estão em fase de

planejamento, porém já entenderam a necessidade de se adaptar

a novas mudanças, visando a conquista dos clientes.

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A entrevista foi realizada com o diretor operacional da

empresa e com a gerente de RH, que forneceram todas as

informações.

Devido à tardia preocupação com a satisfação dos clientes na

companhia, a perda de passageiros chegou a mais de 30% em

menos de 10 anos. 100.000 passageiros por dia estão deixando

de viajar. OPINIÃO DO AUTOR: Este número ainda pode aumentar,

caso a empresa não tome decisões rápidas a respeito de uma

nova gestão, onde coloque os clientes como foco principal de

suas atividade.

As propostas de marketing, ainda em fase de desenvolvimento,

são: 1. Treinamento dos motoristas 2. Construir indicadores

para traçar metas 3. Formular pesquisas internas com os

funcionários 4. Realizar pesquisas externas, e 5. Criar uma

revista interna.

6.2.1 AÇÕES DE MARKETING POTENCIAIS

A maioria das estratégias de marketing, visando fidelização

dos usuários com a empresa, estão em fase de planejamento. As

idéias da Empresa B que ainda não foram executadas estão

relacionadas a seguir.

1)Recuperação dos motoristas

Diante das constantes reclamações dos passageiros em relação

aos motoristas, conduzindo de modo insatisfatório os veículos

(brusca frenagem, não respeito às paradas de ônibus,

aceleração do automóvel ao entrar um passageiro, dentre

outros), a companhia deseja ensiná-los boas maneiras de

atendimento ao cliente, em salas de aula, e condução de

veículos, nos itinerários usuais dos motoristas.

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O problema, de acordo com o diretor operacional, é que os

motoristas aprendem coisas na garagem e fazem o contrário nas

ruas.

OPINIÃO DO AUTOR: Fazer com que os motoristas sejam mais

responsáveis sem serem recompensados por sua eficiência é

difícil. O mais coerente seria recompensar os melhores

funcionários, fazendo com que todos na empresa se sintam

motivados com essa oportunidade.

2)Pesquisa interna

Outra idéia é fazer uma pesquisa com os próprios

funcionários para saber a satisfação deles em trabalhar na

empresa. Além disso, saber suas opiniões é fundamental para a

melhoria dos serviços.

OPINIÃO DO AUTOR: Ainda não se sabe quando a pesquisa

interna será iniciada, mas é um começo a idéia de questionar

os funcionários sobre a empresa.

3)Pesquisa externa

A pesquisa externa seria uma forma de conhecer os clientes

da empresa e saber de que necessitam, entendendo o que lhes

agrada e o que deveria melhorar.

O grande problema é que ainda não definiu quem serão os

entrevistadores e como será a pesquisa.

OPINIÃO DO AUTOR: Porém, devido ao atual momento de crise,

conhecer a necessidade de seus passageiros deveria ser algo já

conhecido, para depois entrar com alguma estratégia de

marketing, não o contrário.

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4)ISO 9001:2000

A empresa está buscando a certificação da ISO 9001:2000.

Após conseguirem essa conquista será divulgada para seus

funcionários, explicando a importância da qualidade para a

empresa.

Essa divulgação será publicada em uma revista interna,

distribuída gratuitamente para todos os funcionários.

6.2.2 ESTRATÉGIAS ADOTADAS NA EMPRESA

Mesmo sem conhecer seus clientes, foram aplicadas algumas

estratégias para conquistá-los de acordo com as atitudes dos

seus concorrentes, especificadas a seguir.

1)Central telefônica de atendimento ao cliente e portal narede mundial de computadores

A empresa já tem uma central telefônica de atendimento ao

cliente para receber opiniões, reclamações e tirar dúvidas dos

usuários.

OPINIÃO DO AUTOR: O problema é que a empresa ainda não sabe

o que fazer com os dados obtidos. Paralelo a isso, a empresa

deveria elaborar um banco de dados com a característica dos

clientes e o motivo de suas ligações, fazendo um cruzamento

com as informações obtidas via Rede mundial de computadores.

Desse modo, ficaria mais fácil e ágil conhecer seus clientes e

o que reivindicam.

2)Veículos com ar condicionado

Uma atitude da empresa foi a de colocar ônibus com ar

condicionado. O principal motivo desse ato não foi a

necessidade dos seus passageiros, mas a concorrência, fazendo

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134

a empresa melhorar para não perder passageiros para outras

companhias.

A concorrência, de uma certa maneira, tem sido boa para os

usuários de transporte público, pelo incremento nos serviços.

OPINIÃO DO AUTOR: A proposta de uma gestão baseada em

marketing é exatamente essa. Porém a empresa, por não conhecer

seus passageiros, que tem necessidades diferentes dos das

outras empresas, pode não estar aplicando estratégias

eficazes.

PARTE 2

6.3 EMPRESA C

A Empresa C foi fundada em 1996, com origem em outra empresa

de ônibus, atuante nesse mercado de transporte de passageiro

há mais de 40 anos.

Essa empresa opera com linhas que circulam pela Zona Norte,

Centro e Zona Sul da Cidade, no Rio de Janeiro.

6.3.1 DIFERENCIAL DA EMPRESA C EM ÉPOCA DE CRISE NO SETOR

A empresa está centrando todos os seus esforços na

fidelização dos clientes, peças fundamentais para um eficiente

processo de crescimento do grupo.

Todas as atitudes da empresa são bem organizadas e

planejadas, além do próprio ambiente de trabalho, totalmente

informatizado, mostrando preocupação com a qualidade total.

A entrevista sobre as técnicas de marketing foi realizada

com a gerente, responsável pelas informações.

Segundo dados da própria Empresa C, a crise que vem

atingindo o setor causou uma redução de 15% dos passageiros. O

número de clientes viajando por dia era de, aproximadamente,

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147 mil, na metade da década de 90, reduziu para cerca de 125

mil. Essa redução, se comparada com as outras, foi muito

pequena.

A explicação para esse destaque, em uma fase de crise, é a

de ter todos os setores da empresa voltados para satisfação

não apenas dos usuários, como também dos funcionários.

A Empresa C tem um departamento exclusivo para tratar da

qualidade dos seus serviços, estabelecendo metas de

produtividade para seus funcionários.

1)Certificação ISO 9001:2000

A empresa é uma das pioneiras no setor de transporte por

ônibus a ter a certificação da ISO 9001:2000 (FIG. 6.2).

OPINIÃO DO AUTOR: Ter os padrões de qualidade pré-

determinados pela ISO 9001:2000, International Organization

for Standardization, significa que a empresa tem um sistema de

gestão de qualidade.

FIG. 6.2 – Selo de certificação da ISO 9001:2000

Fonte – ISO, 2004

2)Projetos Sociais

A empresa desenvolve vários projetos sociais, ajudando

determinados Institutos e grupos menos favorecidos,

objetivando uma boa imagem para a sociedade.

Com o INCA, Instituto Nacional do Câncer, a empresa não

ajuda financeiramente, mas empresta seus ônibus.

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136

A Empresa C ajuda financeiramente a fundação Abrinq, uma

organização “amiga da criança”, sem fins lucrativos, a qual

usa os recursos arrecadados da sociedade na divulgação dos

direitos das crianças, chamando a atenção da população para as

questões mais urgentes (Fundação Abrinq, 2004).

Além disso, os moradores de uma favela são beneficiados pela

empresa com apoio financeiro, tendo também, os ônibus da

companhia à disposição deles para fazer excursões, assim como,

brinquedos distribuídos para as crianças.

3)Registro de Clientes Especiais

Todos os clientes que acessam o portal ou ligam para a

central telefônica de atendimento ao cliente são registrados,

tornando-se usuários especiais.

O objetivo desse cadastramento é conhecer seus passageiros,

sorteando brindes (passagens, revistas, dentre outros) para

atrair clientes. Esta ação possibilita um maior número de

clientes cadastrados, descobrindo suas necessidades.

4)Bilhetagem Promocional

Para as classes D e E, com dificuldade em arcar com as

tarifas cobradas, a Empresa C ainda não encontrou nenhuma

solução imediata. Porém, planeja fornecer descontos nas

passagens das classes menos favorecidas, assim como do

passageiro que comprar mais de um bilhete por vez.

OPINIÃO DO AUTOR: Essa idéia ajudaria não só as classes mais

baixas de renda como também todos os usuários que

freqüentemente usam o ônibus.

5)Idéias Valorizadas

Os motoristas, cobradores e fiscais são ouvidos na Empresa

C, tendo suas idéias valorizadas e premiadas.

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137

Quando um funcionário percebe a necessidade de alterar algum

itinerário, horário ou até mesmo a logomarca da empresa, e

sendo esta idéia aprovada pela área de qualidade ou a

operacional, o empregado é premiado em dinheiro, promoção ou

mercadoria.

6)Pesquisa de Satisfação

As pesquisas com os usuários são conduzidas dentro dos

ônibus, nos pontos de ônibus, por telefone ou no portal da

empresa.

Conforme a gerente entrevistada, essa é uma decisão muito

útil para entender quais os serviços que não estão

satisfazendo os usuários. Desse modo, consegue-se saber qual o

caminho a seguir e se as estratégias estão trazendo o retorno

esperado, diz a gerente.

7)Tabela de Horário

Com o objetivo de reduzir a concorrência com as vans, que

por saberem os horários de saída dos ônibus, acabam atraindo

os passageiros do transporte regulamentado, a Empresa C

pretende fornecer gratuitamente para seus usuários os horários

e itinerários das suas linhas.

OPINIÃO DO AUTOR: De posse dessa informação, os passageiros

podem planejar sua chegada no ponto de ônibus.

6.3.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS A ENFRENTAR

A empresa está tentando obter a satisfação da maioria dos

usuários.

Uma das linhas alcançou o objetivo da empresa, aumentar o

número de passageiros. Essa satisfação foi obtida, entre

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outros, pelo aumento da freqüência, substituindo seus poucos

ônibus por vários microônibus.

O principal problema a enfrentar é conseguir diagnosticar a

necessidade dos passageiros que utilizam as demais linhas da

empresa, conseguindo satisfação plena dos usuários.

6.4 EMPRESA D

A Empresa D foi fundada em 1957, em um município do estado

do Rio de Janeiro.

Atualmente, em 2004, a Empresa D opera em vários municípios

do estado.

As estratégias de marketing usadas pela empresa foram

relatadas pelo gerente corporativo.

6.4.1 VISÃO DA EMPRESA EM ÉPOCA DE CRISE

A Empresa D considera-se uma empresa de visão, entendendo

que, para continuar no mercado, precisa buscar uma constante

satisfação dos funcionários e clientes.

Por isso, esta empresa tem uma preocupação constante com a

qualidade, com uma gestão de marketing eficiente e

funcionários bem treinados.

Prova disso é a situação da empresa em época de crise, que

perdeu 66% a menos de passageiros do que a média do setor.

6.4.2 ESTRATÉGIA DE MARKETING DA EMPRESA D

Conforme o gerente corporativo, a situação da empresa, em

comparação com as outras do mesmo ramo de atividade, tem sido

destaque, devido ao amplo entendimento do que é o marketing.

Além disso, ele percebe que o sucesso da empresa não é total

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139

quando somente os usuários estão satisfeitos, é preciso que os

acionistas também estejam.

Devido a esta visão, as estratégias da empresa têm um

enfoque em lucratividade por meio da satisfação de todos.

As estratégias usadas nesta empresa serão relatadas a

seguir.

1) Balanced Scorecard (BSC)5

A empresa utiliza o Balance Scorecard como modo de gestão da

empresa, onde os funcionários têm metas a alcançar, possuindo

um desempenho diferente a cada mês, que influi na sua

participação dos lucros. Esta estratégia resulta na motivação

do funcionário por melhor eficiência no serviço,

proporcionando uma melhor qualidade para os clientes e maior

rentabilidade para os acionistas. As metas dos funcionários

são analisadas, entre outros, de acordo com o atendimento ao

cliente.

2)Treinamento de funcionários

Os funcionários da empresa têm treinamento regularmente,

além de cursos de especialização para realizarem seus serviços

com presteza e eficiência.

Como a empresa trabalha com metas, seus empregados tentam

cumpri-las eficientemente, porque quando são alcançadas,

maiores serão as fatias nos lucros destes funcionários.

Para eles estarem sempre sendo incentivados, a Empresa D não

trabalha com metas individuais, mas em grupo, onde os

participantes lutam por um objetivo em comum: ganhar uma maior

participação nos lucros.

5 O Balanced Scorecard é uma filosofia prática e inovadora de gestão dedesempenho das empresas e organizações. O objetivo da sua implementação épermitir uma gestão eficaz da performance organizacional

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140

3)Organização e limpeza

A empresa trabalha com o princípio de que tudo necessita

ficar organizado, etiquetado e o que for supérfluo,

descartado.

Com esta filosofia, consegue-se a organização de todos os

funcionários, propiciando um ambiente de trabalho limpo e

agradável.

4)Responsabilidade Social

A Empresa D investe intensamente em projetos de educação,

cultura e saúde, mostrando o novo papel do setor na sociedade.

São desenvolvidas diversas ações que beneficiam desde

entidades filantrópicas, como asilo, creches e estudantes da

rede pública de ensino (O Dia, 2004).

Outro projeto social é visitar museus com transporte

gratuito, ajudando na formação acadêmica de crianças,

adolescentes e professores.

No Natal de 2002, a empresa teve como proposta arrecadar

donativos para distribuí-los em entidades carentes. Em 2004,

esse projeto vai para a terceira edição, envolvendo

funcionários da empresa, como trocadores, motoristas e

despachantes, e também os passageiros. Com esta iniciativa, a

Empresa D consegue ajudar a 40 instituições por Natal.

OPINIÃO DO AUTOR: Estes projetos fazem com que a empresa

seja uma empresa de transporte bem vista por toda a sociedade.

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6.5 CONCLUSÃO PARCIAL

Todas as empresas de ônibus vêm passando por dificuldades

desde o inicio da concorrência no setor, no início da década

de 90.

Porém, algumas delas tem tido uma menor perda de passageiros

e, conseqüentemente, de receita, por usarem estratégias de

gestão que vão de encontro à satisfação das necessidades e

expectativas dos usuários.

Essas ações de marketing, quando aplicadas, parecem resultar

em maior captação e fidelização dos passageiros, construindo

uma imagem de empresa preocupada com o bem estar social,

melhorando a qualidade de vida da população.

As empresas que ainda não formularam suas estratégias para

atrair e manter os usuários estão perdendo espaço em um setor

cada vez mais competitivo.

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7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

7.1 CONCLUSÕES

O ônibus é o meio de transporte público mais utilizado para

a maioria da população dos países em desenvolvimento, devido a

sua flexibilidade e capacidade de transportar grandes demandas

com custos de implantação baixos.

Entretanto, até meados da década de 90, século XX, com a

população dependente desse modal, as empresas de ônibus se

preocupavam apenas com a arrecadação de lucro, sem levar em

conta a satisfação do usuário como atributo importante para a

sobrevivência das empresas do setor no longo prazo.

Porém, a partir desse momento, o setor parou de prosperar

com a entrada de concorrentes do ônibus, como transportes

clandestinos, automóveis para classe média, com motor menos

potente, e empobrecimento das classes sociais D e E, que

começaram a se deslocar por modais não motorizados, como

viagens a pé ou por bicicleta. Somando-se a este problema,

outra dificuldade enfrentada pelo setor é o ônus da

gratuidade, principalmente de idosos, deficientes físicos e

estudantes, sem recebimento de subsídios do governo quanto a

tarifa não auferida, além do advento da rede mundial de

computadores resultando em menores deslocamentos da população

para realizar atividades rotineiras.

Entretanto, o setor, mesmo com seus problemas, pertence a

uma das principais atividades econômicas do Brasil, pagando

imposto, empregando e transportando milhares de pessoas; por

isso, a preocupação dessa dissertação em encontrar outro modo

de gestão para que o setor volte a crescer, porém de maneira

que respeite seus usuários.

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143

Sendo assim, um novo modelo de gerenciamento é necessário

para que o transporte público coletivo recupere os passageiros

perdidos nos últimos anos.

Esta gestão se baseia em focar os negócios da empresa na

satisfação das necessidades do cliente.

Esta atenção ao cliente, a preocupação em atendê-los bem e

saciar suas reivindicações é parte de uma estratégia de

marketing, onde as necessidades dos passageiros são

identificadas e atendidas.

O marketing do transporte público urbano é uma

particularidade do marketing geral, unindo o marketing de

serviço, de relacionamento e interno, mostrando que as

empresas de transporte, assim como todas as outras necessitam

de clientes para continuarem atuando no mercado.

A intenção das empresas em aplicarem ações de marketing é

captar um maior número de clientes e fidelizá-los, trazendo

uma maior rentabilidade para a companhia, logo, é fundamental

saber o que estes clientes querem e desejam. Com essa

informação facilita o fornecimento de um serviço que conquiste

o usuário, resultando no bom funcionamento do setor.

No Rio de Janeiro, cidade onde foram realizados os estudos

de caso da dissertação, poucas empresas se adiantaram e

realizaram ações de marketing com o intuito de formar uma

estratégia que capte clientes e receita para a instituição.

Porém, as empresas que descontinuaram a manutenção de uma

estrutura tradicional (onde a manutenção de custos baixos é

vista como o principal requisito para atingir lucros

extraordinários) e passaram a se preocupar mais em atender as

necessidades dos usuários, tiveram uma perda de passageiro (do

ano de 1995 a 2004), em média 30% inferior ao das empresas que

continuaram com a forma de gestão tradicional.

Sendo assim, conclui-se que o modelo proposto nesse trabalho

é uma alternativa bastante viável e eficaz para assegurar a

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retomada das empresas de ônibus no mercado, fidelizando os

clientes atuais e captando os potenciais.

Em vários países pesquisados nessa dissertação, estas ações

refletem a mesma expectativa, de cativar os clientes para que

não se escoam para outros sistemas de transporte ou para

empresas concorrentes, mostrando que não apenas em cidades

brasileiras, mas em países europeus e cidades americanas,

paises economicamente desenvolvidos, o mercado deste setor

está com mais concorrentes, sendo utilizada a gestão de

marketing para o transporte por ônibus para atrair passageiros

e garantir que não haja queda da receita.

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145

7.2 RECOMENDAÇÕES

Como as empresas de ônibus que realizaram ações de marketing

formularam suas estratégias recentemente, é viável que em um

futuro próximo se analise a eficácia destas ações, para

entender se são válidas tanto no longo como no curto prazo.

Além disso, como a necessidade dos consumidores encontra-se

em constante mudança, a pesquisa de opinião para entender o

que os usuários esperam do serviço de transporte, para que a

empresa formule sua estratégia de marketing, tem que ser feita

anualmente.

Outro item importante é a realização de estudos de caso em

outras cidades brasileiras, assim como cidades internacionais,

devido ao mercado de cada região ter suas particularidades,

portanto as ações de marketing têm que ser diferenciadas e

direcionadas para o público alvo.

Estudos referentes a fatores sócio-econômicos da população,

como: renda, faixa etária, sexo, escolaridade, motivo de

viagens, entre outros, são importantes para a possível

implantação de serviços segmentados para os usuários.

Aplicar a proposta dessa dissertação em outro modal do

transporte público pode resultar na descoberta de novas ações

de marketing, além de um público usuário com características e

expectativas não semelhantes as dos clientes de ônibus urbano.

O metrô poderia ser o modal usado.

Outro fator que poderia ser mais aprofundado é o

conhecimento real do público que utiliza o transporte

clandestino. Formular estudos de caso com esta camada da

população pode acarretar em um entendimento mais intenso do

uso deste modo de transporte por essas pessoas, propondo assim

novas ações para o transporte público por ônibus.

Conclui-se que muitos estudos e análises ainda podem ser

realizados para chegar a conclusões mais completas e eficazes.

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Todas essas recomendações levam tempo, mas cada uma seria

importante para um estudo de marketing para o transporte, um

setor ainda carente na aplicação e entendimento dessas

estratégias.

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9 ANEXOS

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9.1 ANEXO 1: ROTEIRO DAS ENTREVISTAS COM OS EXECUTIVOS DAS

EMPRESAS DE ÔNIBUS

1. Situação da empresa em época de crise.

2. Perda de passageiro estimada.

3. Os piores concorrentes.

4. Perda de receita estimada.

5. O conhecimento da empresa sobre estratégias de marketing.

6. Pesquisa externa.

7. Pesquisa Interna.

8. Uso do microônibus.

9. Ações de marketing.

10. Gratuidade.

11. Classes D e E.

12. Responsabilidade social.

13. Relacionamento com funcionários.

14. Treinamento dos funcionários.

15. Premiação dos funcionários.

16. Uso das informações da central telefônica de atendimento

ao cliente.

17. Banco de dados da rede mundial de computadores.

18. Fidelização de clientes.

19. Caso tenha gestão baseada em marketing, qual o resultado.

20. Caso não tenha gestão baseada em marketing, qual o

resultado.

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