Estimular Marcha Em Prematuros
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MTP&RehabJournal 2014, 12:915-932
Joyce Karla Machado da Silva
Tiago Del Antonio
Rafaela Martins de Almeida
Mayra Paula de Oliveira Lima
Daniela Licka Taniguti
Vanildo Rodrigues Pereira
ISSN 2236-5435
Article type Research article
Submission date 15 September 2014
Acceptance date 16 December 2014
Publication date 19 December 2014
Article URL http://www.submission-mtprehabjournal.com
http://www.mtprehabjournal.com
Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal
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Programa de estimulao motora orientada no processo de aquisio da marcha independente de
crianas prematuras.
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Estimulao motora e aquisio da marcha independente.
MTP&RehabJournal 2014, 12:915-932
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Programa de estimulao motora orientada no
processo de aquisio da marcha independente de
crianas prematuras.
Motor oriented stimulation program during the premature children independent walking
acquisition.
Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP), Jacarezinho (PR), Brasil.
Joyce Karla Machado da Silva(1), Tiago Del Antonio(1), Rafaela Martins de Almeida(2), Mayra
Paula de Oliveira Lima (2), Daniela Licka Taniguti(2), Vanildo Rodrigues Pereira(3).
1 Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP), Jacarezinho (PR),
Brasil.
2 Bacharel em Fisioterapia pela Universidade Estadual do Norte do Paran (UENP), Jacarezinho (PR), Brasil.
3 Docente do curso de Educao Fsica da Universidade Estadual de Maring (UEM), Maring (PR), Brasil.
Endereo para correspondncia
Joyce Karla Machado da Silva
Chcara Boa Esperana, S/N, Centro. CEP 86410-000. Ribeiro Claro (PR), Brasil.
Telefone: (43) 9981-3363. Email: [email protected]
Declarao de conflitos de interesses
Eu, Joyce Karla Machado da Silva, como autora correspondente, comprometo-me a manter contato com todos
os outros autores para atualiz-los sobre o processo de submisso e para intercambiar possveis solicitaes
como, por exemplo, envio e recebimento de documentos, entre outros. Declaro ainda que houve consenso
entre todos os autores para a submisso deste estudo nessa revista.
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RESUMO
Introduo: A prematuridade pode atuar negativamente no curso de alguma habilidade
motora, tal como a aquisio da marcha independente. Objetivo: Visa identificar a idade
de aquisio da marcha independente em prematuros de diferentes idades gestacionais,
diferenciar o perodo de aquisio da marcha independente entre as classes econmicas
baixas e comparar a idade de aquisio da marcha independente com dados existentes
na literatura. Mtodo: Trata-se de um estudo de carter desenvolvimental. Fazem parte
da amostra 21 crianas prematuras, de ambos os gneros. As avaliaes e a coleta de
dados individuais foram realizadas mensalmente e ao final do estudo, no ambiente de
maior convvio da criana, sendo que todo ms os pais/cuidadores recebiam,
previamente, orientao e demonstrao referente a todo processo de aplicao do
protocolo de estimulao, presente em uma cartilha ilustrativa e demonstrativa. O
instrumento utilizado para avaliao mensal foi o Alberta Infant Motor Scale (AIMS) e o
questionrio da Associao Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP) para obter o nvel
econmico da famlia das crianas. Os resultados foram analisados por meio do teste de
Shapiro-Wilk. O teste de Kruskal-Wallis analisou a idade de aquisio da marcha em
funo do nvel econmico baixo (C1, C2 e D). Resultados: Na comparao entre a
idade de aquisio da marcha independente e idade gestacional, o grupo com idade
gestacional menor que 33 semanas adquiriu marcha independente mais tarde que o
grupo com idade gestacional entre 33-37 semanas. Verificou-se, no entanto, que a idade
mdia de aquisio da marcha independente nas crianas do estudo foi de 14 2 meses.
Ao comparar ainda a idade de aquisio da marcha independente com os nveis
econmico baixo (C1, C2 e D), o grupo com melhor nvel econmico (C1) adquiriu a
marcha independente dois meses antes que o grupo com menor nvel econmico.
Concluso: A estimulao realizada pelo cuidador influenciou positivamente o
desempenho motor das crianas prematuras.
Palavrachave: Movimento, Desenvolvimento infantil, Interveno Precoce (Educao).
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ABSTRACT
Introduction: Prematurity may act negatively in the course of some motor slill, such as
the independent walking acquisition. Objective: It is about an identify the independent
walking acquisition age in premature infants of different gestational ages, distinguish the
period of independent walking acquisition among the lower economic classes and
compare the independent walking acquisition with data in the literature. Method: This
research is characterized as a developmental study. The sample is 21 premature infants
of both sexes. Assessments and individual data collection were carried out monthly and
at the end of the study, at the largest childs living environment, and that every month
the parents / caregivers previously received orientation and demonstration regarding the
procedure for applying the stimulation protocol, presented in an illustrative and
demonstrative primer. The instrument used for the monthly assessment was the Alberta
Infant Motor Scale (AIMS) and the questionnaire of the Brazilian Association of Business
and Research (ABEP), to get the socioeconomic status of the childrens family. The
results were analyzed using the Shapiro-Wilk test. Analyzed the age of ability to walk due
to the low socioeconomic level through the Kruskal-Wallis test (C1, C2 and D). Results:
When comparing the independent walking acquisition age and gestational age, the group
with less than 33 weeks of gestational age acquired independent walking later than the
group with gestational age between 33-37 weeks. However, it was found that the
children average age of independent walking in the study was 14 2 months. Comparing
independent walking acquisition age and low economic levels (C1, C2 and D), the group
with higher socioeconomic status (C1) acquired independent walking two months before
the group with the lowest economic level. Conclusion: influenced positively the motor
performance of premature infants in the acquisition of independent walking.
Keywords: Movement, Infant Development, Early Intervention (Education).
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INTRODUO
A prematuridade interrompe o desenvolvimento intrauterino gerando imaturidade
sistmica no neonato, o que acarretar em acrescida dificuldade de adaptao, podendo
propiciar atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e consequentes dficits na
motricidade, linguagem, cognitivo e comportamento.(1) Por isso, a estimulao precoce se
faz extremamente necessria em bebs pr-termo, para prevenir e/ou amenizar as
sequelas da prematuridade, permitindo criana o desenvolvimento mximo de suas
capacidades.(1,2)
Essa estimulao deve ocorrer preferencialmente na primeira infncia, fase em
que h maior maturao do sistema nervoso, o ganho de vrias habilidades e o aumento
da interao entre a criana, o ambiente e a tarefa.(2) Quando o cuidador inserido
ativamente em um programa de estimulao, a interveno torna-se mais eficaz que
aquela realizada apenas por profissionais.(3,4,5,6) No entanto, no Brasil, esse modelo de
interveno pouco aplicado e a orientao ao cuidador quanto estimulao do seu
beb ainda escassa.(3)
O presente estudo foi guiado por um programa de estimulao motora orientada a
cuidadores e pautou-se em analisar o desenvolvimento motor no processo de aquisio
da marcha independente em crianas prematuras de diferentes idades gestacionais e
classes econmicas. Alm do mais, buscou-se comparar com os dados existentes na
literatura a idade de aquisio da marcha independente dos pr-termos do estudo que
sofreram interveno desde o primeiro trimestre de vida.
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MTODO
Trata-se de um estudo de carter desenvolvimental, quase experimental por
sries de tempo, que apresenta caracterstica longitudinal mista. Aprovado pelo Comit
de tica em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Maring (UEM)
parecer n. 032/2011 COPEP-UEM.
O programa de interveno foi desenvolvido em duas etapas: a primeira
preconizou pela confeco do protocolo de estimulao motora (caracterizado por uma
cartilha ilustrativa) e a segunda pela avaliao, aplicao do protocolo e reavaliaes
peridicas. A aplicao mensal do protocolo se deu conforme a figura 1. O
acompanhamento do protocolo foi realizado mensalmente pelo profissional, por meio da
observao da realizao das atividades pelo cuidador, no ambiente de maior convvio da
criana.
Figura 1. Forma de aplicao mensal do protocolo.
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A cartilha apresenta orientaes e informaes a respeito da importncia de se
estimular o beb. Como proposta, apresenta 76 atividades realizadas em quatro posturas
(prono, supino, sentado e em p), sendo que cada atividade foi ilustrada e descrita para
uma maior compreenso de sua realizao. Os exerccios so divididos trimestralmente
at os 24 meses de idade corrigida a idade corrigida adqua a idade cronolgica ao
grau de prematuridade, tornando possvel a correta avaliao do desenvolvimento de
pr-termos nos primeiros anos de vida.(7)
Como instrumento de avaliao foi utilizado uma ficha, por meio da qual foram
coletados dados pessoais da criana, da famlia e do cuidador que realizaria as
estimulaes, bem como a anamnese completa da gestao e do prematuro. Tambm
buscou-se informaes quanto ao nmero de sujeitos residentes na casa e o nvel
econmico da famlia, que se deu atravs do questionrio ABEP (Associao Brasileira de
Empresas de Pesquisa).
O questionrio ABEP quantifica, atravs de um sistema de pontos, o nmero de
itens existentes na residncia com a finalidade de avaliar o nvel econmico da famlia
(de 0 a 4 ou mais) bem como o grau de instruo do chefe da famlia (de analfabeto ao
ensino superior completo), tendo-se assim a classificao em classes A1, A2, B1, B2, C1,
C2, D e E.
Ainda na avaliao inicial o desenvolvimento motor foi analisado por meio dos
reflexos/reaes e da AIMS (Albert Infant Motor Scale), uma escala fidedigna que
diagnostica atrasos motores e o grau que o mesmo se encontra.(8) Tambm fez parte do
estudo uma ficha de reavaliao e evoluo, que era preenchida mensalmente, contendo:
data, reflexos e reaes presentes e/ou abolidos, escore da AIMS, exerccios da cartilha
orientados para o ms subsequente e peso corporal, que era obtido por meio da balana
digital da marca Welmy, modelo 109E.
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Para a aplicao do protocolo de estimulao foram utilizados
chocalhos/mordedores, brinquedos musicais de presso, bolas de plstico, tapetes de
EVA (120 X 61 cm), bonecas de plstico, ursos de pelcias coloridos, brinquedos de
encaixe, rolos grandes (25 X 80 cm) e pequenos (15 x 80 cm), cunhas grandes (55 X 20
X 40 cm) e pequenas (45 X 10 X 40 cm), suporte de espuma em formato de cala e
andador de empurrar. O material foi selecionado levando em considerao a segurana
das crianas na sua utilizao, sendo atxicos e fceis de lavar; alm do que, priorizou-se
por brinquedos que ofertassem estmulo visual (por meio de cores fortes e primrias) e
sonoro.
Para a incluso na pesquisa os responsveis das crianas teriam que assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e os prematuros no poderiam
apresentar alteraes neurolgicas e/ou ortopdicas evidentes, ms-formaes,
sndromes e infeces congnitas confirmadas e deficincias sensoriais (visuais e/ou
auditivas).
As crianas foram avaliadas no incio, reavaliadas a cada 30 dias antes de nova
estimulao mensal e ao final da pesquisa. Os profissionais envolvidos na pesquisa foram
treinados, previamente, para realizar as avaliaes iniciais s intervenes e,
consequentemente, a coleta de dados, de maneira adequada e padronizada,
principalmente quanto observao das diferentes posturas dos bebs analisados pela
AIMS.
Os dados foram analisados pelo programa GraphPad Prism 5.0 (Inc., San Diego
CA, USA). A normalidade na distribuio dos dados foi avaliada por meio do teste de
Shapiro-Wilk; os testes estatsticos paramtricos foram utilizados quando a distribuio
dos dados era normal, enquanto que os no-paramtricos foram aplicados para dados
no-normais. Em relao comparao da idade de aquisio da marcha das crianas
prematuras em funo do nvel econmico da famlia (C1, C2 e D) efetuou-se o teste de
Kruskal-Wallis. Significncia estatstica foi determinada como p
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RESULTADOS
A amostra foi composta por 21 prematuros, de ambos os gneros, com idades
corrigidas do nascimento aproximadamente 18 meses, perodo aproximado da
aquisio da marcha independente. As crianas residiam em cidades do Norte Pioneiro do
Paran (Andir, Cambar, Carlpolis, Jacarezinho, Ribeiro Claro e Santo Antnio da
Platina) e todas pertenciam a nveis econmicos baixos, C1 a D segundo a ABEP (28,6%-
C1, 47,6%- C2 e 23,8% -D).
Do grupo amostral, 12 prematuros iniciaram a interveno dede o 1 trimestre de
vida at a aquisio da marcha independente (escore 58 da AIMS), enquanto que 9
prematuros tiveram no mnimo 6 meses de interveno. Totalizando 21 crianas de nvel
econmico baixo e de diferentes idades gestacionais (< 33 semanas gestacionais e de 33
a 37 semanas gestacionais).
Dada comparao entre a idade de aquisio da marcha independente com
relao idade gestacional, o grupo com idade gestacional menor que 33 semanas
adquiriu a marcha independente mais tarde que o grupo com idade gestacional entre 33-
37 semanas, apesar da diferena no ser estatisticamente significante (Tabela I).
Tabela I. Comparao entre as idades gestacionais com relao aquisio da marcha independente.
VARIVEL
Idade Gestacional
p
33 a 37
semanas
(n=13)
Abaixo de 33
semanas
(n=8)
IC (meses) de aquisio da marcha
independente
15
(13-15)
17
(13- 18)
0,11
* IC idade corrigida
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Ao comparar a idade de aquisio da marcha independente entre os nveis
econmicos baixos (C1, C2 e D), o grupo com melhor nvel econmico (C1) adquiriu a
marcha independente dois meses antes que os grupos com menores nveis econmicos
(C2 e D), apesar de no apresentar relevncia estatstica (Tabela II).
Tabela II. Comparao entre os nveis econmicos com relao aquisio da marcha independente.
VARIVEL
Nvel econmico
C1
(n=6)
C2
(n=9)
D
(n=6)
p
Idade (meses) de aquisio da marcha
independente
13
(12-14)
15
(13-17)
15
(13-17) 0,12
Verificou-se, tambm, que a idade mdia de aquisio da marcha independente
nas crianas que sofreram interveno desde o primeiro trimestre de vida foi de 14 2
meses.
DISCUSSO
As crianas expostas a fatores de risco, como a prematuridade, devem obter uma
ateno especial dos servios de sade atravs de acompanhamentos mensais,
principalmente no primeiro ano de vida, pois uma nica avaliao pode no trazer
resultados concretos quanto ao diagnstico do desenvolvimento motor.(1)
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A anlise do desenvolvimento motor e suas influncias facilita a elaborao de
programas interventivos que possam prevenir a instalao de atrasos ou fazer
encaminhamentos adequados para minimizar a instalao de comprometimentos.(9)
Nesse sentido o presente estudo buscou viabilizar uma alternativa de interveno, em
que o cuidador seria o responsvel pelas aes dirias e o profissional pelas avaliaes
mensais e orientaes quanto s estimulaes e encaminhamentos. Essa alternativa
mostrou ser possvel abordar um nmero maior de crianas, de forma contnua, por um
longo perodo de tempo, o que seria impossvel caso o profissional tivesse que realizar as
intervenes dirias. Alm do mais, as avaliaes e estimulaes no ambiente de maior
convvio da criana apontaram para uma prtica em que se conseguiu evitar a falta de
periodicidade dos pais e seus filhos aos programas.
O desenvolvimento motor, contudo, pode sofrer influncia negativa do
ambiente.(10,11,12) A utilizao de brinquedos inadequados para faixa etria e a baixa
condio socioeconmica familiar so alguns destes fatores ambientais que tendem a ser
danosos. Na atual pesquisa observou-se, nos acompanhamentos mensais s residncias
das famlias, que a grande maioria das famlias no possua brinquedos para a
estimulao, evidenciando um ambiente pobre de estmulos e, muitas vezes, sem espao
para os exerccios locomotores. Baseado nisso, o risco ambiental quanto utilizao de
brinquedos foi suprido fornecendo materiais a todas as crianas, para uma estimulao
adequada idade e fase de desenvolvimento motor em que a mesma se encontrava.
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O fator nutricional apresenta grande relao com a estruturao do encfalo e
consequentemente com o desenvolvimento motor. A m nutrio pr-natal no primeiro
ano de vida determina um dficit de 15% das clulas cerebrais.(13) Assim, a desnutrio
considerada um fator de risco para o desenvolvimento e as condies socioeconmicas
desfavorveis potencializam seus efeitos deletrios. O presente estudo verificou,
contudo, que 100% das crianas apresentaram-se adequadas para a Idade Gestacional
(AIG) pela anlise do peso ao nascimento e a idade gestacional mesmo sendo
prematuros e de nvel econmico baixo. Entretanto, no foi avaliado o permetro ceflico
no decorrer das atividades, o que no permite relacionar adequadamente o estado
nutricional das crianas e seu desenvolvimento cortical.
Uma pesquisa realizada com prematuros constatou no haver qualquer influncia
da idade gestacional na aquisio dos padres motores avaliados pela AIMS.(8) No
presente estudo, no foi verificado a idade gestacional e as aquisies dos padres
motores, analisou-se somente idade de aquisio da marcha independente em relao
AIMS. E a no significncia na idade de aquisio da marcha para com a idade
gestacional menor e maior, poderia sugerir que a orientao e estimulao fornecida pelo
cuidador possa ter favorecido a idade de aquisio da marcha independente das crianas
com menor idade gestacional, na mesma fase das crianas com maior idade gestacional.
Saccani(14) ao analisar a associao entre o desempenho motor e a idade
gestacional, verificou que as crianas prematuras apresentaram maior representatividade
do critrio atraso motor e suspeita de atraso quando comparadas com as crianas a
termo. O mesmo ocorre no presente estudo, pois quando se observa a idade de aquisio
da marcha independente volta-se a ateno para o perodo a partir dos 12 ms de vida
da criana, coforme a escala AIMS, onde 50% atingem a marcha aos 12 meses e 90%
aos 14 meses. Entretanto, em nossa anlise, a aquisio da marcha nas diferentes
idades gestacionais foi de 15 a 17 meses, o que aponta um critrio de atraso com base
nos escores da AIMS para com as crianas nascidas a termo.
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Das 21 crianas em que se analisou a idade de aquisio da marcha, 100% faziam
parte do nvel econmico baixo, sendo 23,8% da classe D, 47,6% da classe C2 e 28,6%
da classe C1, portanto, no foi possvel a anlise entre as classes econmicas alta e
baixa. Isso corrobora com os dados de uma pesquisa que verificou que 90% das famlias
de crianas prematuras, inseridas na anlise, pertenciam classe C e D.(15) E tambm vai
ao encontro do estudo de Mancini et al.(16), que expe que a grande parte das crianas
brasileiras prematuras pertence a famlias de nvel econmico baixo. Pois o perfil de
mes dos prematuros e a caracterizao dos nascidos vivos so influenciados pelas
condies sociais, econmicas e sanitrias da localidade onde ocorrem a gestao e o
nascimento, e que essas mesmas condies, certamente, influenciaro na qualidade de
vida futura.(17)
O presente estudo identifica que estatisticamente no houve diferena
significativa entre os nveis econmicos baixo das famlias e a idade de aquisio do
andar independente, porm, verificou-se uma diferena de 2 meses na aquisio da
marcha entre a classe econmica C1 e D, mostrando que as crianas prematuras com o
melhor nvel econmico (C1) adquiriram a marcha independente mais tarde que as
crianas consideradas a termo, mas ainda dentro dos padres de normalidade proposto
pela AIMS. Alguns autores ressaltam a influncia de fatores socioambientais, como o
grau de instruo dos pais, no melhor desempenho motor das crianas, destacando que
crianas de famlias com menor renda possuem maior probabilidade de desordens
motoras.(14,16)
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Quando analisada a idade de aquisio da marcha das crianas do presente
estudo de nvel econmico baixo com os dados da AIMS, verificou-se que essas
adquiriram a marcha mais tardiamente. Entretanto na criao dos padres AIMS, as
avaliaes ocorreram com crianas nascidas a termo, alm de ter sido realizado na
regio de Alberta, Canad, onde segundo a Organizao das Naes Unidas apresenta
um IDH de 0,908 foi pontuado como um ndice muito elevado.(8) J na regio do presente
estudo (Regio Norte do Estado do Paran) o IDH de 0,747 pontuado como um ndice
mdio, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico e Social. Essas
diferentes caractersticas apresentadas, podem ser fatores de interferncias biolgicas e
ambientais na diferena dos resultados quanto idade de aquisio da marcha.
Ao verificar a mdia da idade de aquisio da marcha independente de todas as
crianas que iniciaram a interveno desde o 1 trimestre de vida identificou-se que esta
ocorreu aos 14 meses. Comparados os dados com os existentes na literatura quanto
idade de aquisio da marcha de crianas nascidas tambm prematuras, encontrou-se
alguma compatibilidade. Campos et al.(18) constataram em seu estudo que as crianas
prematuras adquiriram a marcha sem apoio por volta de 14,7 2,8 meses, sendo que
estas recebiam estimulaes duas vezes por semana. Marn et al.(19), com base em
diferentes idades gestacionais e peso no nascimento, relatam que a marcha ocorreu por
volta de 13,6 2,8 meses e Bucher et al.(20), em um estudo na Sua, verificaram a
aquisio da marcha independente em torno de 14,5 meses.
Oposto a estes resultados, verifica-se os dados encontrados em um estudo com
prematuros de muito baixo peso (
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Desta forma, as crianas prematuras estimuladas desde o 1 trimestre de vida
pelo cuidador realizaram a marcha independente na mesma fase de aquisio apontada
em diversos estudos realizados com prematuros que tambm sofriam estimulao. Essa
marcha tambm ocorreu na mesma fase de aquisio da escala AIMS para com crianas
a termo, que preconiza 90% dos sujeitos nascidos a termo adquirirem a marcha
independente em torno dos 14 meses.
CONCLUSO
Conclui-se com base nos resultados, que a estimulao precoce realizada pelo
cuidador, no ambiente de maior convvio da criana e com brinquedos de estimulao
apropriados, favoreceu a aquisio da marcha independente. Quanto anlise da
aquisio da marcha independente entre os diferentes nveis econmicos baixos e as
diferentes idades gestacionais no foi encontrada significncia estatstica, embora os
resultados tenham apontado certa diferena desenvolvimental. Uma amostra mais
numerosa poder implicar na averiguao de uma possvel associao entre a
escolaridade dos pais com o nvel econmico baixo e as diferentes idades gestacionais
dos sujeitos; caso haja tal associao, poder ser examinada a sua influncia sobre todo
o processo de desenvolvimento at a aquisio da marcha independente. Pois no
presente estudo foram encontradas apenas pequenas diferenas, as quais no
caracterizaram estado de associao.
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