Estado Mundo 2010

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2 0 1 0 2 0 1 0 Transformando Culturas Transformando Culturas Do Consumismo à Sustentabilidade Do Consumismo à Sustentabilidade ESTADO DO MUNDO ESTADO DO MUNDO THE THE WORLDWATCH WORLDWATCH INSTITUTE INSTITUTE UMA Editora

Transcript of Estado Mundo 2010

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    Transformando CulturasTransformando CulturasDo Consumismo SustentabilidadeDo Consumismo Sustentabilidade

    ESTADO DO MUNDOESTADO DO MUNDO

    THETHEWORLDWATCHWORLDWATCHINSTITUTEINSTITUTE

    UUMMAAEditora

  • 2 0 1 0

    Transformando CulturasDo Consumismo Sustentabilidade

    ESTADO DO MUNDO

    apoio:

    THEWORLDWATCHINSTITUTE

    Baa de Todos os Santos

    apoio e realizao: patrocnio:

    IaXXVII_intro_val:A 7/1/10 3:46 PM Page I

  • Saving the PlanetLester R. BrownChristopher FlavinSandra Postel

    How Much Is Enough?Alan Thein DurningLast OasisSandra Postel

    Full HouseLester R. BrownHal Kane

    Power SurgeChristopher FlavinNicholas Lenssen

    Who Will Feed China?Lester R. BrownTough ChoicesLester R. Brown

    Fighting for SurvivalMichael Renner

    The Natural Wealth ofNations

    David Malin Roodman

    Life Out of BoundsChris Bright

    Beyond MalthusLester R. BrownGary GardnerBrian Halweil

    Pillar of SandSandra Postel

    Vanishing BordersHilary French

    Eat HereBrian Halweil

    Inspiring ProgressGary T. Gardner

    Outros Livros do Worldwatch

    Estado do Mundo - 1984 a 2009(Relatrio Anual sobre o Avano Rumo a uma Sociedade Sustentvel)

    Sinais Vitais 1992 a 2003 e 2005 a 2007(Relatrio sobre as Tendncias que Determinaro nosso Futuro)

    Publicaes WWI - UMA

    Estado do Mundo 1999 a 2010 (Relatrios do WWI - Worldwatch Institute sobre oAvano em Direo a uma Sociedade Sustentvel)

    Sinais vitais 2000 e 2010 - Tendncias Ambientais que Determinaro nosso Futuro

    Revista do World Watch - Edies Novembro/Dezembro 1999-2010

    As publicaes do WWI - Worlwatch Institute no Brasil, publicadas em portugus pela UMA - Universidade Livre da Mata Atlntica, podem ser acessadas no

    site www.worldwatch.org.br

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  • Mona AmodeoRobin AndersenRay Anderson

    Cecile AndrewsJudi Aubel

    Albert BatesWalter Bortz

    Robert CostanzaCormac CullinanJonathan Dawson

    John de GraafRobert Engelman

    Joshua FarleySusan Finkelpearl

    Kate GanlyGary Gardner

    Amy HanJim Hartzfeld

    Toby HemenwayYoshie Kaga

    Ida KubiszewskiSusan Linn

    Johanna MairMichael Maniates

    Pamela MillerKevin MorganPeter NewmanDavid W. Orr

    Michael RennerJonah Sachs

    Ingrid SamuelssonJuliet Schor

    Michael H. ShumanRoberta SonninoWanda Urbanska

    Relatrio do Worldwatch Institute sobre oAvano Rumo a uma Sociedade Sustentvel

    Erik Assadourian, Diretor de Projeto

    UMA-Univers idade Livre da Mata Atlntica

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    Transformando CulturasDo Consumismo Sustentabilidade

    ESTADO DO MUNDO

    Linda Starke e Lisa Mastny, EditorasEduardo Athayde, Editor associado

    UMAEditora

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  • Copyright 2010 Worldwatch Institute1776 Massachusetts Avenue, N.W.Suite 800Washington, DC 20036

    Todos os direitos da edio em lngua portuguesa so reservados UMA - Universidade Livre da Mata Atlntica.Avenida Estados Unidos, 258/n1010, CEP 40010-020, Salvador, Bahia, Brasil.www.worldwatch.org.br

    As marcas registradas The STATE OF THE WORLD e WORLDWATCH INSTITUTE esto registradas no U.S.Patent and Trademark Office.

    Todos os direitos reservados.

    As opinies expressas so as dos autores e no representam, necessariamente, as do Worldwatch Institute,dos membros de seu conselho, diretores, de sua equipe administrativa ou de seus financiadores.

    A composio do texto deste livro em Galliard, com fonte ScalaSans. Projeto do livro, capa e composio por LyleRosbotham; produzido por Victor Graphics.

    Primeira EdioISBN 978-85-87616-11-1

    Traduo: Claudia Strauch

    Reviso: Diana Aranha

    Universidade Livre da Mata Atlntica

    Estado do Mundo, 2010: estado do consumo e o consumo sustentvel / Worldwatch Institute;Introduo: Muhammad Yunus. Organizao: Erik Assadourian; traduo: Claudia Strauch.

    Salvador, BA: Uma Ed., 2010.

    298 pgs.

    1 edio

    ISBN 978-85-87616-11-1

    1. Desenvolvimento sustentvel - Aspectos ambientais - 2. Poltica ambiental - 3. Consumo (Economia)Aspectos ambientais - 4. Produtividade - Aspectos ambientais. I. Worldwatch Institute.

    Esta publicao resultado de uma parceria entre o Instituto Akatu e a Universidade Livre da Mata Atlntica.

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  • Tom CrainPresidenteESTADOS UNIDOS

    Robert Charles FrieseVice-PresidenteESTADOS UNIDOS

    Geeta B. AiyerTesoureiraESTADOS UNIDOS

    Nancy HitzSecretriaESTADOS UNIDOS

    Ray AndersonESTADOS UNIDOS

    L. Russell Bennett, AdvogadoESTADOS UNIDOS

    Marcel BrenninkmeijerSUA

    James CameronREINO UNIDO

    Cathy CrainESTADOS UNIDOS

    James DehlsenESTADOS UNIDOS

    Christopher FlavinESTADOS UNIDOS

    Ed GroarkESTADOS UNIDOS

    Satu HassiFINLNDIA

    Jerre HitzESTADOS UNIDOS

    Jeffrey LiptonESTADOS UNIDOS

    Akio MorishimaJAPO

    Sam Myers, MD, MPHESTADOS UNIDOS

    Ajit NazreESTADOS UNIDOS

    Izaak van MelleHOLANDA

    Wren WirthESTADOS UNIDOS

    Membros Emritos:

    ystein DahleNORUEGA

    Abderrahman KheneARGLIA

    Andrew E. RiceESTADOS UNIDOS

    Conselho de Administrao do Worldwatch Institute

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  • Equipe Administrativa do Worldwatch Institute

    Membros Seniores do Worldwatch

    Erik AssadourianPesquisador Snior

    Benjamin BlockRedator

    Amanda ChiuAssistente de Projeto

    Juliane DiamondAssessora de DesenvolvimentoPresidente Adjunta

    Robert EngelmanVice-Presidente de Programas

    Barbara FallinDiretora Financeira e Administrativa

    Christopher FlavinPresidente

    Gary GardnerPesquisador Snior

    Brian HalweilPesquisador Snior

    Yingling LiuGerente de Programa para China

    Trudy LooDiretora de Doaes de Pessoas Fsicas

    Lisa MastnyEditora Snior do WorldWatch

    Alice McKeownDiretora do Vital Signs Online

    John MulrowMAP Sustainable Energy

    Danielle NierenbergPesquisadora Snior

    Alexander OchsDiretor de Clima e Energia

    Thomas PrughEditor do World Watch

    Darcey RakestrawDiretora de Comunicao

    Mary RedfernDiretora de Relaes Institucionais

    Michael RennerPesquisador Snior

    Lyle RosbothamDiretor de Arte

    Janet SawinPesquisadora Snior

    Patricia ShyneDiretora de Publicaes eMarketing

    Molly TheobaldAssistente de Pesquisa

    Julia TierAssistente de Comunicaes

    Zo ChafeAnna da CostaHilary French

    Mia MacDonaldEric MartinotSandra Postel

    Payal SampatMolly OMeara Sheehan

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    Este livro foi concebido no outono de 2008durante uma conversa em um jantar com o ex-Presidente do Conselho do Worldwatch,ystein Dahle. Enquanto saborevamos amassa em Oslo, discutamos o quanto as cultu-ras de consumo precisaro mudar para que aespcie humana prospere verdadeiramente. Aovoltar para Washington, propus a ideia deenfrentar essa questo no Estado do Mundo2010. Com alguma surpresa, recebi da equipeadministrativa e do Conselho de Administraodo Worldwatch o sinal verde para prosseguir.Em primeiro lugar, gostaria de agradecer atodos eles por acreditarem que esse assuntoseria um tema valioso para nossa principalpublicao, mesmo que se mostre controverso.

    Agradeo especialmente ao Presidente doWorldwatch, Christopher Flavin, por confiarem que eu pudesse levar essa ideia adiante.

    Aps esse breve momento de jbilo,comeou o longo processo de criao destelivro. Formou-se um comit Estado doMundo, e a orientao de seus integrantesrevelou-se essencial durante todo o processo.Muito obrigado a todos vocs pelas horasconsumidas em discusses sobre as ideias maisrecentes que surgiam, por sugerirem autores etemas, e por ajudarem o projeto a ir adiante.

    Boa parte da ltima primavera foi dedica-da ao recrutamento do altamente talentosogrupo de autores, relacionado na pgina doSumrio. Gostaria de agradecer especialmen-te a essas pessoas todas elas concordaramem dividir sem nus seu conhecimento eimpresses com os leitores do Estado doMundo. Sem sua generosidade, esse livro noteria sido possvel.

    Este ano, contamos tambm com diversospequenos Quadros, que complementam osartigos mais longos e acrescentam mais vozes

    e opinies ao relatrio. Meu muito obrigadoa estes autores por seu tempo e contribuiesprestimosas: Yann Arthus-Bertrand, EduardoAthayde, Almut Beringer,Michael Braungart,Raj Chengappa, Patrick Curry, ysteinDahle, Anne H. Ehrlich, Paul R. Ehrlich,Gregory C. Farrington, Satish Kumar, SergeLaTouche, William McDonough, JulieOzanne, Lucie Ozanne e Alexander Rose.

    Aqueles que ajudaram na pesquisa duran-te o ano passado merecem aqui especial aten-o. Sou grato pelas ideias compartilhadas eajuda prestada para tornar este livro poss-vel. Obrigado a Franny Armstrong, DianeAssadourian, Andrew Balmford, Mark Beam,Guy P. Brasseur, Gene Brockhoff, Brian Burke,Tony Carr, Robert Corell, Joel Cowan, ScottDenman, Nancy Durkee, Duane Elgin, HilaryFrench, Jim Freund, Nina Frisak, MarcinGerwin, Alex Hallatt, Harry Halloran, JodyHeymann, Yene Iren, Chris Jung, HayrettinKaraca, William Kilbourne, Lynne LaCarrubba,Shawna Larson, Kalle Lasn, Annie Leonard,Ling Li, Lisa Lucero, Jan Lundberg, MiaMacDonald, Michael Maniates, SusanneMartikke, Marc Matthieu, Jim McDonough,Krystal McKay, BillMcKibben, OlivierMilhomme, Molly OMeara Sheehan, PetePalmer, Nadina Perera, Barbara Petruzzi,Andrea Prothero, Paul Reitan, Joan Roberts,Regina Rowland, Peter Sawtell, VernonScarborough, Blair Shane, David Stoesz,Robert Welsch, e, na UNESCO, Aline Bory-Adams, Bernard Combes, Hans dOrville,Mark Richmond e Ariana Stahmer. Muitoobrigado a todos vocs!

    Gostaria tambm de agradecer aMuhammad Yunus, que gentilmente parti-lhou conosco sua sabedoria e histria naIntroduo da edio deste ano. Seu apoio anosso humilde livro uma grande honra.

    Agradecimentos

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  • ESTADO DO MUNDO 2010

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    Agradecimentos

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    Outro colaborador especial a quem eu gos-taria de agradecer o artista Chris Jordan, rea-lizador da belssima imagem que abrilhantanossa capa. Turbilho uma das representaesmais impactantes que eu j vi da ameaa doconsumismo e da possibilidade de este momen-to mudar o curso, e ficamos muito felizes porter a oportunidade de exibi-la na capa.

    Nos bastidores, contamos com trs pessoasespeciais sem as quais este projeto no teriatido xito. Em primeirssimo lugar, LindaStarke, editora fantstica e com larga experin-cia no Estado do Mundo, com quem foi umaddiva trabalhar e que generosamente assumiuesse projeto para si sem trguas. Ela foi umexemplo de calma durante os meses extenuan-tes de concluso do projeto e, considerando osdesafios, foi para mim um verdadeiro modelo aser seguido. Obrigado, Linda.

    Minha enorme gratido tambm a GaryGardner pela ajuda no aprimoramento dediversas contribuies, inclusive a minha pr-pria. Embora certamente um trabalho quepor vezes nem h como agradecer, sou gratopelas muitas horas do vero que Gary sacrifi-cou para fazer com que este livro se transfor-masse de manuscrito em produto acabado.Meus agradecimentos tambm a Lisa Mastny,que igualmente dedicou vrias semanas doltimo vero ajudando a polir diversos artigose a preparar uma cronologia fascinante dosacontecimentos ambientais do ano passado.

    Em bastidores mais remotos ainda, mascom cuja ausncia teramos um livro muitomais inconsistente, encontram-se os oito esta-girios do projeto que, neste ano, foram aoencalo de dados, exemplos e ideias difceis deencontrar, ajudaram a arregimentar autores einclusive contriburam com diversos Quadrosinteressantes e um artigo. Em ordem de che-gada, gostaria de expressar minha gratido acada um deles.

    Helene Gallis estagiria de vrios pases,franca e criativa comeou quando este projetoainda no tinha forma prpria e teve um papelimportante para mold-lo. Continuou, ento, ase mostrar inestimvel, ajudando at o ltimo

    instante, pesquisando, analisando e escrevendo. Eddie Kasner, que, nas pausas dos estudos

    de sade pblica e uso de inseticidas agrcolasna China, ajudou a recrutar diversos autores ea pesquisar normas de regime alimentar sus-tentvel e assistncia sade. Amy Han foium verdadeiro pau para toda obra, tornan-do-se, muito animada, a criadora eWebmaster do site Transformando Culturas,fazendo pesquisa, escrevendo e publicandoblogs e arrematando com um artigo cativantesobre o papel da msica na construo desociedades sustentveis.

    Valentina Agostinelli, da Itlia, tambmajudou com entusiasmo na pesquisa e acom-panhou assiduamente o ano de acontecimen-tos ambientais, ajudando na elaborao dacronologia deste ano. Kevin Green foi umamquina de encontrar dados, o que em umlugar como o Worldwatch um elogio damaior importncia. Sem a pesquisa zelosa deKevin, o captulo introdutrio no seria torepleto de informaes teis.

    Mami Shijo, proveniente de nossa organi-zao parceira Worldwatch Japo, desempe-nhou um importante papel encontrandodiversos dados e ajudando a explorar a blo-gosfera japonesa um projeto que a estagiriaEmiko Akaishi ampliou ainda mais durante oms em que aqui esteve. A mensagem doEstado do Mundo 2010 precisar ser ouvida noJapo uma das principais culturas de consu-mo assim como na Amrica do Norte eEuropa, portanto, muito obrigado a vocsduas pela ajuda em dar incio a essa conversa.

    E, por fim, no ltimo ms de produo, aPesquisadora Stefanie Bowles, da Fulbright,mergulhou no projeto ajudando a finalizar olivro, ampliar seu contedo e me manter nalinha. Bem na hora, Stefanie!

    Minha esposa, Aynabat Yaylymova, mereceuma meno especial por me aguentar nessesmuitos ltimos meses em que eu passei a vivercada vez mais no escritrio e quando, ento,todas as ideias sobre um modo de vida susten-tvel discutidas nestas pginas comearam a seapagar da prtica e at mesmo da memria.

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  • ESTADO DO MUNDO 2010 Agradecimentos

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    No Worldwatch, gostaria de agradecer equipe administrativa por suas diversas formasde contribuio a este livro. Em primeiro lugar,obrigado a Robert Engelman, Gary Gardner eMichael Renner por compartilhar a expertiseem seus artigos e ampliar o alcance e profundi-dade deste volume. Um agradecimento especiala Alice McKeown, que fez a reviso de muitosartigos e elevou o padro em todos os casos.Juliane Diamond, Brian Halweil, DanielleNierenberg, Thomas Prugh, Molly Theobald ea pesquisadora snior Zo Chafe tambm aju-daram na reviso obrigado a todos vocs.Embora as palavras deste livro partam dos auto-res, sua beleza provm do Diretor de Arte doWorldwatch, Lyle Rosbotham. Lyle fez o pro-jeto deste livro de ponta a ponta e encontrou asfotografias deslumbrantes que embelezam mui-tas de suas pginas. Se uma imagem vale milpalavras, ento ele sozinho acrescentou cemricas pginas ao Estado do Mundo 2010, e tudoisso sem destruir nem uma nica rvore!

    Meus agradecimentos a Patricia Shyne portodo trabalho com nossos parceiros ao redordo mundo para assegurar que as ideias eexemplos do Estado do Mundo fossemamplamente divulgados. E nossa equipe decomunicao, Darcey Rakestraw e Julia Tier,por disseminarem essa mensagem mais alm,tanto se valendo do alcance da mdia quantoajudando a coordenar o novo blogTransformando Culturas.

    Mil agradecimentos, tambm, equipe dedesenvolvimento Courtney Berner, TrudyLoo, Meghan Nicholson e Mary C. Redfern por ajudar a assegurar o suporte necessriopara fazer deste livro um sucesso.

    Obrigado tambm a Ben Block, AmandaChiu, Anna da Costa, Yingling Liu e JanetSawin pela sugesto de temas e autores. AJohn Mulrow e ao estagirio no vero, BenGonin, pela ajuda na anlise do pouco queainda podemos consumir antes de atingirmosnveis no sustentveis. Por fim, obrigado aBarbara Fallin por garantir a administraoharmoniosa deste projeto, e a Corey Perkinspor manter a infraestrutura eletrnica doWorldwatch em atividade.

    Para alm do Instituto, gostaria de levarminha gratido a nossos vrios parceiros napublicao. Primeiramente, nos EstadosUnidos, somos gratos dedicao da W. W.Norton & Company, que publicou o Estadodo Mundo em todos os seus 27 anos de exis-tncia. Obrigado a Amy Cherry, Erica Stern eDevon Zahn por seu trabalho na produodeste livro e por fazer questo que ele fossedistribudo amplamente em livrarias e salas deaulas nas universidades dos Estados Unidos.

    Sem nossa forte rede de parceiros para apublicao, teramos um pblico internacio-nal limitado e um efeito reduzido. Temostodo apreo pelo trabalho que todos eles rea-lizam para fazer com que os resultados doWorldwatch sejam traduzidos e divulgados omais rpida e amplamente possvel. Nossoagradecimento especial a Eduardo Athayde,da Universidade Mata Atlntica no Brasil;Sylvia Shao, do Environment Science Press naChina; Tuomas Seppa, do Gaudeamus &Otatieto na Finlndia; Klaus Milke e colegasdo Germanwatch, Ralf Fuechs e colegas daHeinrich Bll Foundation e Jacob Radloff, doOEKOM na Alemanha; Yiannis Sakiotis eMichalis Probonas, do Evonymos EcologicalLibrary na Grcia; Zsuzsa Foltanyi, da EarthDay Foundation na Hungria; KartikeyaSarabhai e Kiran Chhokar, do Centre forEnvironment Education na ndia; AnnaBruno Ventre e Gianfranco Bologna, doWWF Itlia; Soki Oda, do Worldwatch Japo;Melanie Gabriel Camacho e Cecilia Geiger,do Africam Safari e Diana Isabel Jaramillo eFabiola Escalante, da UDLAP no Mxico;Marcin Gerwin, da Earth Conservation naPolnia; Monica Di Donato, da AreaSostenibilidad CIP Ecosocial e Anna Monjo,da Icaria Editorial, pela verso em castelhano,e Helena Cots, do Centre UNESCO deCatalunya, pela verso em catalo naEspanha; Sang-ik Kim, da Korean Federationof Environmental Movement na Coreia doSul; ystein Dahle, Hans Lundberg e IvanaKildsgaard, do Worldwatch Norden naNoruega e Sucia; George Cheng, do Taiwan

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    Agradecimentos

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    Watch Institute em Taiwan; Yesim Erkan, doTEMA na Turquia; Professor Marfenin eAnna Ignatieva, do Center of TheoreticalAnalysis of Environmental Problems daInternational Independent University ofEnvironmental and Political Sciences naRssia; e Jonathan Sinclair Wilson, MichaelFell, Gudrun Freese e Alison Kuznets, doEarthscan no Reino Unido.

    Nosso excelente servio de atendimentoao cliente na Direct Answer, Inc. colaboratambm para assegurar que nossos leitoressejam bem atendidos e que suas perguntassejam respondidas com presteza. Somos gra-tos a Katie Rogers, Katie Gilroy, LolitaHarris, Cheryl Marshall, Valerie Proctor,Ronnie Hergett, Marta Augustyn, HeatherCranford, Colleen Curtis, SharonHackett eKaren Piontkowski por prestarem um serviode primeira linha no atendimento ao cliente.

    Gostaramos de expressar nossa grandeestima s diversas fundaes e instituiescujo apoio no ano passado viabilizou o Estadodo Mundo 2010 e diversos outros projetos doWorldwatch: Heinrich Bll Foundation;Casten Family Foundation do ChicagoCommunity Trust; Compton Foundation,Inc.; Del Mar Global Trust; Bill & MelindaGates Foundation; Goldman EnvironmentalPrize; Richard and Rhoda Goldman Fund;Good Energies Foundation; Hitz Foundation;W. K. Kellogg Foundation; Steven C. LeutholdFamily Foundation; Marianists Sharing Funddos EUA; Ministrio do Meio Ambiente daHolanda; V. Kann Rasmussen Foundation;Ministrio Real de Relaes Exteriores daNoruega; Shared Earth Foundation; RenewableEnergy & Energy Efficiency Partnership;Shenandoah Foundation; Stonyfield Farm;TAUPO Fund; Programa das Naes Unidaspara o Meio Ambiente; Fundo dePopulao das Naes Unidas; UNIVER-SITY Foundation; the Wallace GeneticFoundation, Inc.; Wallace Global Fund;Johanette Wallerstein Institute; WinslowFoundation; e World Wildlife FundEuropa.

    O Estado do Mundo 2010 no existiria semas contribuies generosas de muitas pessoasfsicas que apoiam o Instituto na condio deAmigos do Worldwatch. Essas doaes repre-sentam aproximadamente um tero do ora-mento operacional anual do Instituto e soindispensveis ao nosso trabalho. Somos pro-fundamente gratos a todos os Amigos doWorldwatch por seu compromisso com oInstituto e por em um mundo sustentvel. Enosso muito obrigado aos apoiadores doWorldwatch que investiram diretamente norelatrio deste ano, quando tomaram conhe-cimento de sua existncia atravs de umacampanha para angariar fundos realizada naprimavera. Sua generosidade, ainda quandoeste projeto era ainda apenas um conceito, recebida com grande apreo.

    Por fim, deixando o agradecimento maisimportante para o final, quero agradecer avoc. Se voc estiver lendo isto agora, possosupor que est interessado em se aprofundarneste assunto afinal, quem mais persistiriaao longo de quatro pginas de nomes? Oobjetivo deste livro ajudar a trazer as cultu-ras humanas de volta ao eixo antes que arrui-nemos os sistemas ecolgicos do qual ns,enquanto espcie, dependemos. Sua ajudapara mudar culturas essencial. Como indica-do pelo livro, h incontveis maneiras de seenvolver. Muitas mais sero discutidas emnosso site, blogs.worldwatch.org/transfor-mingcultures/. E quando visitar o site, penseem comear um grupo de discusso sobre orelatrio ou mobilizar sua prpria rede derelacionamentos para fazer acontecer amudana que voc quer ver. assim quenovas culturas comeam!

    Erik AssadourianDiretor de Projeto

    Worldwatch Institute1776 Massachusetts Ave., NWWashington, DC 20036www.worldwatch.orgblogs.worldwatch.org/[email protected]

    ,

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  • XI

    A Declarao do Milnio, da ONU, apro-vada por 189 pases em setembro de 2000,expressa a deciso da comunidade internacio-nal de reduzir metade, at 2015, o nmerode pessoas que vivem com menos de umdlar por dia. De acordo com o "WorldDevelopment Report", porm, em muitospases, onde as taxas de crescimento foramnegativas, o avano econmico permaneceabaixo do nvel considerado necessrio para seatingir os Objetivos de Desenvolvimento doMilnio. Um bilho e meio de pessoas nomundo continuam abaixo da linha da pobre-za, sobrevivendo com menos de US$ 1,25por dia.

    O compromisso com investimentos inter-nacionais destinados diminuio do fosso eda desigualdade social entre populaes deelevado consumo, que movimentam merca-dos concentrados, e o 1/5 da humanidadeque luta para sobreviver, um desafio a serenfrentado. Tal esforo, porm, resultariaapenas parcialmente bem sucedido na ausn-cia de uma equao capaz de frear o consu-mismo concentrado e impulsionar o quantoantes o consumo sustentvel equao estaque passa, entre outros fatores, por uma pro-funda mudana cultural e comportamental.

    Tal mudana na cultura do consumo aproposta trazida ao debate pelo Estado doMundo 2010, relatrio anual do WWI-Worldwatch Institute, editado h 28 anosconsecutivos em cerca de 30 idiomas e publi-cado em lngua portuguesa no Brasil desde1999 pela UMA-Universidade Livre da MataAtlntica, representante do WWI no Brasil.Neste ano, a edio se faz em parceria com oInstituto Akatu, organizao que se destacano trabalho pela transformao do comporta-

    mento do consumidor como fator essencial,dentro do trip empresagovernosociedadecivil, para o encaminhamento de solues vol-tadas para a sustentabilidade.

    Essa transformao, urgente, tem comopilar uma maior conscientizao do consumi-dor quanto s consequncias de seus atos deconsumo. Nesse passo, tambm fundamen-tal lev-lo a perceber que, em adio a buscarmaximizar os impactos positivos e minimizaros negativos de seus prprios atos individuais,cabe a ele mobilizar outros consumidores nadireo de um consumo consciente; apoiar oesforo das melhores empresas em responsa-bilidade scio ambiental, pressionando-asdiretamente e comprando os seus produtos,assim como valorizando as novas tecnologiaspor elas desenvolvidas; e pressionar os gover-nos na direo de uma atuao administrativaprpria mais sustentvel, do provimento deservios que facilitem a ao do consumidorconsciente (por exemplo, a coleta seletiva deresduos) e da regulao e legislao referen-tes aos atributos dos produtos e operaodas empresas. Dessa maneira, o consumidorconsciente ter um papel expandido paramuito alm de seus gestos individuais.

    Integrando de modo concreto os esforosno sentido dessa mudana cultural to indis-pensvel e da co-relata democratizao dainformao, o WWI, com o apoio doInstituto Akatu, disponibiliza para downloadgratuito, em lngua portuguesa, o presenterelatrio anual. Assim, executivos de empre-sas e responsveis governamentais, estudio-sos, jornalistas, pesquisadores, professores ealunos de instituies pblicas ou privadas,tm sua disposio anlises, pesquisas,dados, informaes e estatsticas confiveis,

    Apresentao da edio brasileira

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  • ESTADO DO MUNDO 2010

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    Apresentao edio brasileira

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    abrangentes, muitas vezes inditos, de exten-so planetria, capazes de munici-los em seuempenho no s pelo necessrio cumprimen-to das metas do milnio como tambm poruma mudana imediata, aprofundada a cadadia, em favor de uma vida mais saudvel,ambiental e socialmente responsvel, rumo a

    um mundo sustentvel que, dessa forma,poder passar do sonho realidade.

    Eduardo AthaydeWorldwatch Institute-Brasil

    Helio MattarInstituto Akatu

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  • XIII

    O Instituto Akatu

    Criado em 15 de maro de 2001 (DiaMundial do Consumidor), o Instituto Akatupelo Consumo Consciente uma organizaono governamental sem fins lucrativos, comsede em So Paulo, que tem como missoconscientizar e mobilizar o cidado brasileiropara o seu papel de agente transformador,enquanto consumidor, na construo da sus-tentabilidade da vida no planeta.

    A palavra Akatu vem do tupi e significa, aomesmo tempo, semente boa e mundomelhor, traduzindo a ideia de que o mundomelhor est contido nas aes de cada indiv-duo. Para o Instituto Akatu, o ato de consumodeve ser um ato de cidadania, por meio do qualqualquer consumidor pode contribuir para asustentabilidade da vida no planeta, seja na com-pra, uso ou descarte de produtos ou servios.

    Nesse sentido, o consumidor conscientebusca o equilbrio entre a sua satisfao pes-soal, a preservao do meio ambiente e o bemestar da sociedade, refletindo sobre o queconsome e prestigiando empresas comprome-tidas com a responsabilidade social.

    O Akatu tem a convico da necessidadede aprofundar a discusso sobre os impactosdo consumo positivos e negativos esobre as mudanas no comportamento dosconsumidores, dentro de uma perspectiva detroca global de experincias com outras orga-nizaes, desta forma contribuindo para queo consumidor deixe de ser um espectador dosproblemas decorrentes dos atos de consumo epasse a ser um agente das solues. Este oprincipal objetivo do Instituto Akatu.

    Diretoria

    Diretor-PresidenteHelio Mattar

    Diretor Vice-presidenteRicardo Vacaro

    Diretor Administrativo-Financeiro

    Tomas Lanz

    Conselho DeliberativoAnamaria CristinaSchindlerCelina Borges TorrealbaCarpi (Presidente)Helio MattarLuiz Ernesto GemignaniOded Grajew

    Ricardo CavalieriGuimaresRicardo VacaroRicardo Young SilvaSrgio Ephim MindlinSidnei Basile

    Conselho ConsultivoAndr TrigueiroAntonio Jacinto MatiasCarlos Rocha Ribeiro da SilvaDaniela NascimentoFainbergEduardo Bom ngeloEduardo RibeiroCapobiancoElcio Anbal de Lucca

    Fabio FeldmannGeraldo CarboneJoo Paulo CapobiancoJos Eduardo NepomucenoMartinsJuscelino FernandesMartinsLcia Maria ArajoMaria Alice SetubalPaulo Anis LimaRicardo RodriguesCarvalhoThais CorralConselho FiscalEduardo Schubertlcio Anibal de LuccaGuilherme AmorimCampos da Silva

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XIII

  • XV

    ndice

    Agradecimentos ......................................................................................................................VII

    Apresentao da edio brasileira ..........................................................................................XIEduardo Athayde - Representante do Worldwatch Institute no Brasil, e Helio Mattar, Presidente do Instituto Akatu

    O Instituto Akatu ................................................................................................................XIII

    Introduo ..............................................................................................................................XXMuhammad Yunus Fundador do Banco Grameen e Prmio Nobel da Paz em 2006

    Prefcio ................................................................................................................................XXIIChristopher Flavin Presidente do Worldwatch Institute

    Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto..................................................................XXVLisa Mastny e Valentina Agostinelli

    ASCENSO E QUEDA DAS CULTURAS DE CONSUMO............................................3Erik Assadourian

    ANTIGAS E NOVAS TRADIES ....................................................................................21

    Envolvendo as Religies para Construir Vises de Mundo ..............................................23Gary Gardner

    Rituais e Tabus como Guardies Ecolgicos ......................................................................31Gary Gardner

    Vida Reprodutiva Ambientalmente Sustentvel ................................................................38Robert Engelman

    Idosos: Um Recurso Cultural para Promover o Desenvolvimento Sustentvel ............43Judi Aubel

    IaXXVII_intro_val:A 6/24/10 1:01 PM Page XV

  • ESTADO DO MUNDO 2010Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXVI

    Da Agricultura para a Permacultura ....................................................................................49Albert Bates e Toby Hemenway

    A NOVA TAREFA DA EDUCAO: SUSTENTABILIDADE........................................57

    Educao Infantil para Transformar Culturas para a Sustentabilidade ..........................59Ingrid Pramling Samuelsson e Yoshie Kaga

    O Comercialismo na Vida das Crianas................................................................................64Susan Linn

    Repensando a Alimentao Escolar: O Poder do Prato Pblico ......................................72Kevin Morgan e Roberta Sonnino

    O Que Compete ao Ensino Superior Hoje? ........................................................................79David W. Orr

    NEGCIOS E ECONOMIA: PRIORIDADES DE GESTO ........................................87

    Adaptando as Instituies para uma Vida em um Mundo Cheio ....................................89Robert Costanza, Joshua Farley e Ida Kubiszewski

    Jornadas de Trabalho Sustentveis para Todos ..................................................................96Juliet Schor

    Mudando as Culturas Empresariais Internamente ..........................................................102Ray Anderson, Mona Amodeo, and Jim Hartzfeld

    Empreendedores Sociais: Inovando Rumo Sustentabilidade ......................................110Johanna Mair e Kate Ganly

    Relocalizando as Empresas ..................................................................................................118Michael H. Shuman

    O PAPEL DO GOVERNO NOS PROJETOS ................................................................125

    Eliminando o Comportamento No Sustentvel..............................................................127Michael Maniates

    Ampliando o Entendimento sobre Segurana ..................................................................136Michael Renner

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XVI

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    XVII

    Construindo as Cidades do Futuro ....................................................................................143Peter Newman

    Reinventando os Servios de Sade: De Panaceia a Higeia ............................................149Walter Bortz

    Direitos da Terra: Da Colonizao Participao............................................................154Cormac Cullinan

    MDIA: TRANSMITINDO SUSTENTABILIDADE ......................................................161

    Da Venda de Sabo Venda de Sustentabilidade: Marketing Social ............................163Jonah Sachs e Susan Finkelpearl

    Educao para a Mdia, Cidadania, e Sustentabilidade ..................................................170Robin Andersen e Pamela Miller

    Msica: Usando a Educao e o Entretenimento para Motivar Mudana....................178Amy Han

    O PODER DOS MOVIMENTOS SOCIAIS ..................................................................185

    Reduzindo a Jornada de Trabalho como um Caminho para a Sustentabilidade ........187John de Graaf

    Inspirando as Pessoas a Ver que Menos Mais ................................................................193Cecile Andrews e Wanda Urbanska

    Ecovilas e a Transformao de Valores ..............................................................................201Jonathan Dawson

    NOTAS ..................................................................................................................................207

    NDICE REMISSIVO ..........................................................................................................231

    QUADROS

    1. Ser que Nveis Elevados de Consumo Melhoram o Bem-Estar dos Homens? por Erik Assadourian....................................................................................................................9

    2. O Papel Essencial dos Pioneiros Culturais, por Erik Assadourian ................................19

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XVII

  • ESTADO DO MUNDO 2010Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXVIII

    3. Uma tica Ecolgica Global, por Patrick Curry ............................................................28

    4. Aprofundando as Percepes de Tempo, por Alexander Rose ..................................35

    5. Normas Dietticas que Curam Pessoas e o Planeta, por Erik Assadourian and Eddie Kasner ..................................................................................................................49

    6. Sustentabilidade e o Relacionamento entre Homens e Natureza,por Almut Beringer ..............................................................................................................60

    7. Brinquedotecas, por Lucie Ozanne and Julie Ozanne........................................................66

    8. Transformao do California Academy of Sciences, por Gregory C. Farrington ..........70

    9. Questes Pendentes em Educao Ambiental, por David C. Orr..................................81

    10. Maximizando o Valor do Ensino Superior, por Erik Assadourian ..............................82

    11. Um Novo Foco para Cientistas: Como as Culturas se Transformam,por Paul R. Ehrlich e Anne H. Ehrlich ..............................................................................85

    12. A Insensatez de um Crescimento Infinito em um Planeta Finito, por ystein Dahle ................................................................................................................91

    13. Melhorando o Estatuto Social, por Kevin Green and Erik Assadourian ....................108

    14. Do bero ao bero: Adaptando a Produo ao Modelo da Natureza, por William McDonough and Michael Braungart ..........................................................113

    15. ndice de Carbono para o Mercado Financeiro, por Eduardo Athayde ....................115

    16. O Processo Marrakesh das Naes Unidas sobre Consumo e Produo Sustentveis, por Stefanie Bowles ....................................................................................128

    17. Tornando os Programas de Bem-Estar Social Sustentveis, por Kevin Green e Erik Assadourian ................................................................................152

    18. Princpios dos Direitos da Terra, por Cormac Cullinan ............................................155

    19. A Expanso do Papel do Jornalismo Ambiental na ndia, por Raj Chengappa ......175

    20. Luz, Cmara, Conscincia Ecolgica, por Yann Arthus-Bertrand ............................179

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XVIII

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    XIX

    21. A Arte pelo Bem da Terra, por Satish Kumar ..............................................................180

    22. Expandindo um Movimento pelo Decrescimento, por Serge Latouche ....................197

    23. O Movimento Slow Food, por Helene Gallis................................................................198

    TABELAS

    1. Populao Mundial Sustentvel com Diferentes Nveis de Consumo ..........................6

    2. Como as Indstrias Mudaram as Normas Culturais ....................................................14

    3. Acesso aos Meio de Comunicao por Grupo de Renda Global, 2006 ......................15

    4. Obras de Referncia sobre Religio e Natureza..............................................................24

    5. Alguns Conceitos Religiosos sobre o Consumo ............................................................31

    6. Preceitos Econmicos de Certas Tradies Religiosas e Espirituais............................29

    7. Iniciativas de Marketing Dirigido ao Pblico Infantil no Mundo Todo....................66

    8. Exemplos e Caractersticas da Ingerncia nas Escolhas ..............................................130

    9. Desempenho da Assistncia Mdica, Pases Selecionados, 2006 ..............................150

    10. Algumas Campanhas de Marketing Social e de Produto Bem-Sucedidas..............165

    11. Iniciativas de Alguns Pases para Promover a Educao para a Mdia ..................173

    FIGURAS

    1. Pegada Ecolgica da Humanidade, 1961 2005 ............................................................5

    2. Aspiraes de Alunos de Primeiro Ano de Faculdades nosEstados Unidos, 1971 2008 ..........................................................................................10

    3. Produto Interno Bruto comparado ao Indicador Genuno de Progresso EUA 1950-2004 ........................................................................................92

    4. Horas anuais de trabalho nos pases selecionados, 2007 ..............................................97

    5. Modelo de Mudana de Cultura ....................................................................................104

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  • WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXX

    Sinto-me satisfeito com o fato de que oWorldwatch Institute tenha escolhido tratarda difcil questo da mudana cultural noEstado do Mundo 2010. Nos ltimos trintaanos, no cerne do meu trabalho com micro-crdito, tive que desafiar a crena centenriade que mulheres pobres e analfabetas noconseguem ser agentes de sua prpria prospe-ridade. O microcrdito rejeita essa concepocultural fundamental equivocada.

    Falcias enraizadas culturalmente so dif-ceis de eliminar. Meus pedidos iniciais a ban-queiros estabelecidos para que concedessememprstimo a mulheres pobres foram atendi-dos com objees claras e contundentes: Ospobres no so aceitveis aos bancos. Eles noso dignos de crdito, insistiu um banqueirolocal, e acrescentou reiterando: Pode dizeradeus a seu dinheiro. A experincia inicial foialtamente alentadora e acabamos por desco-brir que nossas devedoras eram clientes exce-lentes que pagavam as dvidas em dia. Os ban-queiros convencionais no ficaram impressio-nados, chamando os resultados de feliz coin-cidncia. Quando tivemos xito em diversasvilas, deram de ombros.

    Percebi que suas premissas culturais sobreos pobres no se modificariam com facilidade,apesar dos muitos xitos que obtivemos. Elestinham ideias preconcebidas Pobres no sodignos de crdito! Meu trabalho, percebi, eraplantar as sementes de uma nova culturafinanceira, invertendo essa noo falsa: a ver-dade no que os pobres no so dignos de

    crdito, e sim que os bancos convencionaisno so dignos das pessoas.

    Ento, partimos para criar um tipo dife-rente de banco, voltado ao atendimento degente pobre. Os bancos convencionais soconstitudos com base no princpio de quequanto mais voc tem, mais pode ganhar.Revertemos esse princpio para quantomenos voc tem, maior sua prioridade emreceber um emprstimo. Assim comeouuma nova cultura de financiamento e mitiga-o da pobreza, em que os mais pobres soatendidos em primeiro lugar e um punhadode capital pode transformar a pobreza abjetaem meio de sustento.

    Depois de anos cultivando esses ideaiscom zelo, eles se transformaram no BancoGrameen, que hoje concede anualmenteemprstimos no valor de um bilho de dla-res a 8 milhes de tomadores. A mdia denossos emprstimos de US$ 360, sendo que99% dos recursos so pagos pontualmente.Os programas de hoje incluem emprstimopara mendigos, contas de micropoupana eaplices de microsseguro. E sentimos orgulhode ver que o microcrdito se expandiu nomundo todo.

    Um setor financeiro para pessoas depau-peradas, principalmente mulheres. Isso umamudana cultural.

    Hoje sei que pressupostos culturais,mesmo os bem enraizados, podem ser rever-tidos, sendo esse o motivo de minha empol-gao com o Estado do Mundo 2010. Ele fazum chamado a uma das maiores mudanas

    Introduo

    Muhammad YunusFundador do Grameen Bank e Prmio Nobel da Paz em 2006

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XX

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Introduo

    XXI

    culturais imaginveis: de culturas de consu-mismo para culturas de sustentabilidade. Olivro vai bem alm de receitas padronizadaspara energia limpa e polticas esclarecidas. Eledefende que repensemos os fundamentos doconsumismo moderno as prticas e valoresconsiderados naturais que, paradoxalmen-te, arrasam a natureza e colocam a prosperida-de humana em risco.

    O Worldwatch assumiu uma plataformaambiciosa nesta publicao. Nenhuma gera-o na histria atingiu uma transformaocultural to vasta como a invocada neste tra-balho. Os vrios artigos do livro demonstramque tal mudana possvel se revirmos as pre-missas centrais da vida moderna, desde omodo como os negcios so administrados e

    o que ensinado nas salas de aula, at a formacomo os casamentos so celebrados e o modocomo as cidades so organizadas. Talvez hajaleitores que no concordem com todas asideias aqui apresentadas, mas dificilmente dei-xaro de se impressionar com a ousadia dolivro: sua premissa inicial que possvel umatransformao cultural em larga escala. Euacredito que isso seja possvel aps ter viven-ciado a transformao cultural de mulheresem Bangladesh. A cultura, afinal de contas, para facilitar s pessoas a liberao de seupotencial, e no para ficar estagnada comoum muro que as impede de progredir. Umacultura que no deixa as pessoas cresceremem uma cultura morta, e a cultura morta deveficar no museu, no na sociedade humana.

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XXI

  • WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXXII

    Os ltimos cinco anos testemunharam umamobilizao sem precedentes em termos deesforos no combate ao avano da crise eco-lgica mundial. Desde 2005, milhares denovas polticas governamentais foram imple-mentadas, centenas de bilhes de dlaresforam investidos em negcios e infraestruturaecolgicos, cientistas e engenheiros acelera-ram enormemente o desenvolvimento deuma nova gerao de tecnologias verdes eos meios de comunicao de massa converte-ram problemas ambientais em uma preocupa-o preponderante.

    Nesse alvoroo de atividades, uma dimen-so de nosso dilema ambiental continua, emboa parte, negligenciado: suas razes culturais. medida que o consumismo foi se enraizan-do em uma cultura depois da outra nos lti-mos cinquenta anos, tornou-se um vigorosopropulsor do aumento inexorvel da deman-da por recursos e da produo de lixo quemarca nossa era. Naturalmente, impactosambientais dessa magnitude no seriam poss-veis sem uma exploso demogrfica indita,aumento de riqueza e as descobertas cientfi-cas e tecnolgicas. Mas as culturas de consu-mo sustentam, e exacerbam, as demais forasque tm permitido s sociedades humanascrescer mais do que seus sistemas de sustenta-o ambiental.

    As culturas humanas so diversas e diversi-ficadas e, em muitos casos, tm razes profun-das e antigas. Elas permitem que as pessoasextraiam sentido de suas vidas e lidem comrelacionamentos com outros e com a nature-za. Os antroplogos relatam de forma notvel

    que no cerne de muitas culturas tradicionaisexiste respeito e proteo aos sistemas natu-rais que sustentam as sociedades humanas.Infelizmente, muitas dessas culturas j se per-deram, juntamente com as lnguas e prticasque cultivaram, e foram colocadas de escan-teio por uma cultura de consumo global que,em um primeiro momento, se apoderou daEuropa e Amrica do Norte, mas que hojeest arremetendo para os recnditos mais dis-tantes do mundo. Essa nova orientao cultu-ral no somente sedutora, mas tambmpoderosa. Os economistas acreditam que elavem desempenhando um papel importanteno estmulo ao crescimento e reduo dapobreza nas ltimas dcadas.

    Mesmo que esses argumentos sejam acei-tos, no pode haver dvida de que as culturasde consumo esto por trs daquilo que GusSpeth denominou a Grande Coliso entreum planeta finito e as demandas aparentemen-te infinitas da sociedade humana. Mais de 6,8bilhes de seres humanos esto hoje exigindoquantidades cada vez maiores de recursosmateriais, dizimando os ecossistemas maisricos do mundo e despejando bilhes de tone-ladas de gases que bloqueiam o calor naatmosfera ano a ano. Apesar de um aumentode 30% na eficincia de recursos, o uso derecursos globais aumentou 50% nos ltimos30 anos. E esses nmeros poderiam continuara aumentar rapidamente por dcadas frente,considerando-se que mais de 5 bilhes de pes-soas, que atualmente consomem um dcimodos recursos per capita do europeu mdio,tentam seguir o caminho aberto pelos ricos.

    Prefcio

    Christopher FlavinPresidente do Worldwatch Institute

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XXII

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Prefcio

    XXIII

    O Estado do Mundo abordou anteriormen-te as dimenses culturais da sustentabilidade,particularmente no Estado do Mundo 2004,cujo foco foi o consumo. Mas essas discussesforam breves e superficiais. No comeo doano passado, meu colega Erik Assadourianconvenceu-me que o elefante na sala nopoderia continuar a ser ignorado. NoWorldwatch, nenhuma ideia boa fica sempunio, e Erik tornou-se o Diretor deProjeto do livro deste ano.

    Embora mudar uma cultura, particular-mente uma que seja de mbito global, pareadesanimador, para no dizer impossvel, oscaptulos a seguir iro convenc-lo do contr-rio. Eles contm diversos exemplos de pionei-ros culturais de lderes empresariais e auto-ridades governamentais a professores do ensi-no infantil e monges budistas. Esses pioneirosesto convencendo seus clientes, eleitores ecolegas das vantagens de uma cultura que serespalde na natureza e assegure que as gera-es futuras vivam to bem, ou melhor, doque a atual.

    Valores religiosos podem ser revitalizados,modelos de negcios podem ser transforma-dos e paradigmas educacionais podem serampliados. At mesmo publicitrios, advoga-dos e msicos podem provocar mudanas cul-turais que lhes permitam contribuir com asustentabilidade, e no arruin-la.

    Embora o poder destrutivo das culturasmodernas seja uma realidade que muitosgovernos e empresrios continuam a ignorarpropositadamente, ele sentido de formaaguda por uma nova gerao de ambientalistasque est crescendo em uma era de limites glo-bais. Os jovens sempre so uma fora culturalpotente e, em geral, um indicador expressivodos rumos da cultura. Dos chineses modernosque se inspiram na antiga filosofia taoista aosindianos que citam a obra de MahatmaGandhi, dos americanos que seguem os ensi-namentos da nova Bblia Verde aos europeusque se apoiam nos princpios cientficos daecologia, o Estado do Mundo 2010 documenta

    que o renascimento de culturas de sustentabi-lidade j est em curso.

    Para assegurar que esse renascimentotenha xito, precisaremos fazer com que ummodo de vida sustentvel seja to naturalamanh como o consumismo hoje. Estapublicao mostra que isso est comeando aacontecer. Na Itlia, os cardpios escolaresesto sendo reformulados, empregando ali-mentos locais saudveis e ambientalmentebenficos, transformando, no processo, asnormas de dieta infantil. Em subrbios comoVauban, na Alemanha, faixas para ciclistas,turbinas elicas e feiras de produtos agrcolasvendidos diretamente pelos produtores estono apenas facilitando um modo de vida sus-tentvel, mas tambm dificultando no faz-lo. Na Interface Corporation, nos EstadosUnidos, o CEO Ray Anderson radicalizouuma cultura de negcios ao estabelecer ameta de no tirar nada da Terra que no possaser por ela substitudo. E no Equador, osdireitos do planeta at mesmo entraram naconstituio, oferecendo assim um forteimpulso para proteger os sistemas ecolgicosdo pas e assegurar a prosperidade de seupovo a longo prazo.

    Embora os pioneiros em sustentabilidadeainda sejam poucos numericamente, suasvozes soam cada vez mais alto, e, nummomento de profunda crise econmica epoltica, essas vozes esto sendo ouvidas.Enquanto o mundo luta para se recuperar damais sria crise econmica global desde aGrande Depresso, temos uma oportunidadeindita para rejeitar o consumismo.

    A privao forada est fazendo com quemuitos repensem os benefcios de nveis deconsumo cada vez maiores, e o consequenteendividamento, estresse e problemas crnicosde sade. No incio de 2009, a TimeMagazine proclamou o fim do excesso econvocou os americanos a apertar o boto dereinicializao em seus valores culturais. Defato, muita gente j est questionando a cultu-ra de caubi, comprando carros menores,

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XXIII

  • ESTADO DO MUNDO 2010

    WWW.WORLDWATCH.ORG.BR

    Prefcio

    XXIV

    mudando-se para casas menos grandiosas erevendo a ocupao desordenada em reassuburbanas que caracterizou a era ps-guerra.E nos pases pobres do mundo todo, as des-vantagens do modelo americano estosendo discutidas abertamente. Em BlessedUnrest [Bendita Inquietao], Paul Hawkendocumentou a recente proliferao de diversosmovimentos no-governamentais que hoje

    trabalham para redefinir o relacionamento dosseres humanos entre si e com o planeta.

    Embora o consumismo permanea pujantee entranhado, de modo algum poder ser todurvel como a maioria supe. Nossas culturasesto, de fato, plantando as sementes de suaprpria destruio. No final, o instinto huma-no de sobrevivncia dever triunfar sobre acompulso para consumir a qualquer custo.

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XXIV

  • XXV

    A cronologia a seguir contempla alguns ann-cios e relatrios significativos de outubro de2008 a setembro de 2009. Trata-se de umacombinao de avanos, retrocessos e trope-os no mundo todo que esto afetando a qua-lidade ambiental e o bem-estar social.

    Os acontecimentos na cronologia foramescolhidos para elevar o grau de conscinciadas conexes entre as pessoas e os sistemasambientais dos quais elas dependem.

    Estado do Mundo:Um Ano em Retrospecto

    Compilado por Lisa Mastny e Valentina Agostinelli

    VIIXXI_mundo_Be2 6/22/10 15:47 Page XXV

  • ESTADO DO MUNDO 2010Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXXVI

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    BIODIVERSIDADE

    A IUCN [Unio Internacionalpara a Conservao da

    Natureza] alerta que umacrise de extino est em

    curso, sendo que um em cadaquatro mamferos corre o risco

    de desaparecer devido destruio de habitat, caa e

    mudana climtica.

    SISTEMAS MARINHOS

    Estudo relata que odixido de carbono est

    aumentando a acidez dos oceanos pelo menos

    10 vezes maisrapidamente do que sepensava tempos atrs,com efeitos negativos

    sobre diversas espcies de crustceos.

    GUA

    Um esboo de umtratado das Naes

    Unidas faz um chamadoaos pases com aquferoscompartilhados para quecolaborem na proteo

    dessas guas e preveno e controle

    de sua poluio.

    CLIMA

    O UNEP [Programa dasNaes Unidas para Meio

    Ambiente] informa que nuvens marrons de fuligem,

    nevoeiro com fumaa e produtos qumicos txicos

    esto absorvendo a luz solare aquecendo o ar, agravando

    impactos da mudanaclimtica.

    FLORESTAS

    O Brasil inicia uma forterepresso a atividades ilegais

    com madeira na regioamaznica aps madeireiros

    pilharem escritrios governamentais e roubaremmadeira contrabandeada.

    RELIGIO

    Editor norteamericano lana aBblia Verde para difundir a

    mensagem de Creation Care[Cuidados com a Criao] a

    leitores religiosos e noreligiosos.

    FLORESTAS

    Governadores deprovncias concordam em proteger florestas

    ameaadas na Sumatra,um avano que podeajudar a cortar gases

    de efeito estufa naIndonsia, o terceiromaior pas emissor.

    CLIMA

    Estudo diz que a perdade gelo nos polos podeser mais bem explicadapelo acmulo de gases

    de efeito estufa causadopelo homem do que por

    mudanas naturais.

    SISTEMAS MARINHOS

    Estudo alerta que pesqueirosque criam peixe forrageirode pequeno a mdio portepara alimentao de peixes

    de viveiro, porcos e avesesto afetando tanto osecossistemas marinhos

    quanto a segurana alimentar humana.

    ENERGIA

    O Vaticano ativa umsistema de energia solar

    para fornecer eletricidadeaos edifcios centrais ecompromete-se a usarenergia renovvel para o atendimento de 20% de suas necessidades

    at 2020.

    Superfcie do gelo polar em17/09/09

    Jumento selvagem africanofortemente ameaado

    Mira

    cet

    NSI

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    ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTOO U T U B R O N O V E M B R O

    2008

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  • ESTADO DO MUNDO 2010 Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    XXVII

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    Terremoto de 12 de maio de 2008, em Sichuan

    Adm

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    in

    DESASTRES NATURAIS

    Veneza, na Itlia, sofre suapior enchente em 22 anos. Onvel mximo de gua atingiu

    1,6 metro, submergindo amaior parte da cidade antes

    de comear a retroceder.

    CLIMA

    A Unio Europeia aprova umpacote para reduzir em 20%as emisses de gs de efeitoestufa, aumentar a eficincia

    energtica em 20% e para queas fontes renovveis

    representem participao de20% at 2020.

    CLIMA

    Pesquisadores afirmamque a perda de gelo na

    Groenlndia no vero de2008 foi quase o triplo da

    ocorrida em 2007,atingindo uma rea igual a

    de duas Manhattans.

    BIODIVERSIDADE

    Relatrio informa que cercade 15.000 das 50.000espcies de plantas

    medicinais esto hoje emprocesso de extino,

    ameaadas por destruiode habitat, cultivo predatrio

    e poluio.

    SISTEMAS MARINHOS

    Relatrio informa que umquinto dos recifes de coral nomundo est morto, sendo que

    o restante pode vir a serdestrudo entre 20 e 40 anos

    devido ao aumento dastemperaturas da gua,

    acidificao do oceano eoutras ameaas.

    CLIMA

    A Califrnia assume o primeiro plano

    norteamericano degrande alcance para

    cortar gases de efeitoestufa, prometendo

    que, at 2020, cortaras emisses aos nveis de 1990.

    DESASTRES NATURAIS

    O Munich Re informa que, em2008, o nmero de desastres

    naturais devastadoresrelacionados ao clima

    aumentou para 40 uma altarecorde matando mais de

    220.000 pessoas.

    POLUIO

    Um estudo relata que a poluio leve

    provocada por arranha-cus, carros e outrassuperfcies refletorasest desintegrando a

    flora, fauna eecossistemas.

    CLIMA

    O Japo lana oprimeiro satlite domundo dedicado aomonitoramento de

    emisses de gs deefeito estufa.

    2009D E Z E M B R O J A N E I R O

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XXVII

  • ESTADO DO MUNDO 2010Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

    WWW.WORLDWATCH.ORG.BRXXVIII

    2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

    DESASTRES NATURAIS

    Autoridades afirmam quemais de 4 milhes de

    pessoas e 2 milhes decabeas de gado no norteda China enfrentam faltade gua potvel devido

    pior seca ocorrida emcinquenta anos.

    CLIMA

    O satlite da NASAObservatrio Orbital de

    Carbono, cuja inteno ajudar a mapear as fontes

    e absoro de dixido de carbono, caiu no

    Oceano Pacfico.

    ALIMENTOS

    A Casa Branca, nosEUA, inova criando sua primeira hortadesde a Segunda

    Guerra Mundial, numainiciativa de dar

    destaque a hbitosalimentares saudveis.

    PRESERVAO

    O presidentenorteamericano Barack

    Obama assina leiprotegendo rea de cerca

    de 8.000 km2 em noveestados, ento declaradamata virgem, excluindo-a

    dos limites permitidospara explorao e

    utilizao de recursos.

    CLIMA

    Estudo alerta que amudana climtica devidaao aumento de dixido de

    carbono na atmosferaser em grande parte

    irreversvel por 1.000 anosdepois de cessada a

    emisso.

    GOVERNANA

    Ministros do MeioAmbiente de mais de

    140 pases concordamem criar um novo

    tratado internacional para enfrentar emisses epropagao de mercrio.

    CLIMA

    A NASA informa que ocarbono negro

    responsvel por 50%do aumento do

    aquecimento do rticoentre 1890 e 2007.

    DESASTRES NATURAIS

    A frica do Sul atingida pela pior

    inundao desde 1965,matando mais de

    100 pessoas edesabrigando

    milhares.

    NAS

    A

    Mercrio

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    ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTOF E V E R E I R O M A R O

    2009

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XXVIII

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

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    Wor

    ld R

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    rces

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    itute

    DESASTRES NATURAIS

    Um terremoto demagnitude 6,3

    dilacera LAquila, naregio central daItlia, destruindo

    cidades demontanha histricase matando cerca de

    300 pessoas.

    SADE

    Relatrio revela que 6 emcada 10 americanos, ou 186milhes de pessoas, vivem

    em reas onde a poluio doar coloca vidas em risco.

    GUA

    Cientistas relatam que,em aproximadamente um tero dos maiores

    rios do mundo, adiminuio no fluxo de gua supera o

    aumento na proporo de

    2,5 para 1.

    FLORESTAS

    Serra Leoa e Libriaanunciam um novo Parqueda Paz Transfronteirio para

    proteo da Floresta deGola, que pertence a

    ambos os pases e umadas maiores florestas

    tropicais da fricaocidental.

    SADE

    A irrupo do vrus dagripe suna mata 68pessoas no Mxico,

    levando a OMS a declararemergncia na sadepblica internacional.

    ENERGIA

    A maior usina do mundocom uso de torre paraproduo de energia

    solar em escalacomercial comea a

    funcionar em Sevilha, na Espanha, comcapacidade de 20

    megawatts.

    CONSUMO

    Relatrio informa que avenda norteamericanade produtos orgnicos

    alcanou US$ 24,6bilhes em 2008, umaumento de 17% em

    relao a 2007, apesardo difcil momento

    da economia.

    SISTEMAS MARINHOS

    Seis pases da regio dasia-Pacfico lanam uma

    iniciativa para proteodos 5,7 km2 do Tringulodos Corais, bero de 76%

    de espcies de coraisconhecidas.

    Robe

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    Mas

    sim

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    Los Angeles sobnevoeiro e fumaa

    A B R I L M A I O

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  • ESTADO DO MUNDO 2010Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

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    CLIMA

    Estudo informa que cerca de160 vilarejos no norte da Sria

    foram abandonadas entre2007 e 2008 devido a uma

    seca severa, indicandofuturos impactos da

    mudana climtica noOriente Mdio.

    FLORESTAS

    Residentes nativosprotestando contra

    explorao de petrleo e gs em suas terrasenfrentam a polcia;

    segundo o noticirio, 9 policiais e

    25 manifestantes foram mortos.

    ALIMENTOS

    A FAO afirma que a fomemundial atingir uma alta

    histrica em 2009,quando mais de umbilho de pessoas

    aproximadamente umstimo da raa humana

    passar fomediariamente.

    BIODIVERSIDADE

    Estudo afirma que o comrcioglobal de venda de sapos

    como animais de estimao ealimento est espalhando

    duas doenas graves,responsabilizadas por levaresses anfbios extino.

    FLORA E FAUNA

    Em resposta apreocupaes com asegurana de animaisenvolvendo caa de

    foca, ministros da UnioEuropeia aprovam um

    regulamento que probea Unio Europeia de

    comercializar produtosderivados de foca.

    PRODUTOS TXICOS

    Pesquisas concluemque milhares de

    produtos e materiais deuso dirio nos Estados

    Unidos e no mundotodo contm metaisradioativos nocivos.

    CLIMA

    Estudo afirma quehidrofluorcarbonos, pormuito tempo aclamadoscomo um substituto degases que destroem acamada de oznio, souma ameaa crescente

    de efeito estufa, dada suagrande capacidade de

    aquecimento daatmosfera.

    ALIMENTOS

    So Francisco adotauma poltica alimentar

    revolucionria paraaumentar o acesso a

    alimentos saudveis, aomesmo tempo em que

    apoia a agricultura local ereduz emisses de gs de

    efeito estufa relativas aembarque de produtos.

    SISTEMAS MARINHOS

    Estudo constata que apopulao de peixes est

    comeando a serecompor em 5 dos 10maiores ecossistemasmarinhos sob manejo

    rigoroso, sugerindo queesforos para coibir a

    pesca predatria estosurtindo efeito.

    Jare

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    Feira de produtos agrcolas vendidosdiretamente pelos produtores, em So Francisco.

    ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTOJ U N H O J U L H O

    2009

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  • ESTADO DO MUNDO 2010 Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto

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    ALIMENTOS

    Pesquisadores noJapo identificam doisgenes que fazem com

    que as plantas do arrozproduzam caules maislongos e sobrevivam a

    inundaes, permitindo,em tese, que os

    agricultores cultivemespcies de alto

    rendimento em reassujeitas a inundao.

    AGRICULTURA

    Estudo revela queaproximadamente metade das

    terras cultivveis do mundotodo tem pelo menos 10% da

    rea coberta por rvores maisde 10 milhes de km2 no total o que sugere amplo uso de

    sistemas agroflorestais.

    CLIMA

    Relatrios de agnciados EUA informam que

    a temperatura dasuperfcie dos oceanosem nvel mundial foi a

    mais alta registrada parao perodo de junho aagosto desde 1880.

    SEGURANA

    O Conselho deSegurana da ONUcomprometeu-se

    unanimemente com ameta de um mundo semarmas nucleares, agoraque Estados Unidos e

    Rssia prometeramreduzir seus arsenais.

    CLIMA

    Estudo relata que aAustrlia ultrapassou os

    Estados Unidos naemisso per capita

    de carbono, passando a ser a maior emissora

    do mundo.

    GOVERNANA

    Os pases da FAOavanam no primeirotratado global com afinalidade de fecharportos pesqueiros a

    embarcaesenvolvidas em pesca

    ilegal, clandestina e noregulamentada.

    BIODIVERSIDADE

    Relatrios do WWFinformam a descobertade 163 novas espciesna regio do GrandeMekong em 2008,

    muitas das quais corremrisco de extino devido

    mudana climtica.

    ENERGIA

    Encontro de lderes do G-20 em Pittsburgh, na

    Pensilvnia, compromete-sea reduzir perto de US$ 300

    bilhes em subsdios aocombustvel fssil, aomesmo tempo em que

    oferece ajuda s famliasmais pobres do mundo.

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    Rodotrem australiano

    A G O S T O S E T E M B R O

    IaXXVII_intro_val:A 6/22/10 3:44 PM Page XXXI

  • 3No documentrio A Era da Estupidez, de2009, um historiador fictcio, possivelmente oltimo homem na Terra, examina uma sequn-cia de planos de um filme de arquivo de 2008 econtempla os ltimos anos em que a humanida-de poderia ter se salvado do colapso ecolgicoglobal. Conforme reflete sobre as vidas de diver-sos indivduos um empresrio indiano queconstri uma nova companhia area econmica;um grupo de uma comunidade britnica preo-cupado com a mudana climtica, mas tendodificuldades com a criao de uma nova turbinaelica na regio; um estudante nigeriano esfor-ando-se para viver o sonho americano; e umamericano do setor petrolfero que no v con-tradio entre seu trabalho e seu amor pela vidaao ar livre o historiador pergunta-se: Por queno nos salvamos quando tivemos a oportunida-de? Ser que simplesmente estvamos sendoboais? Ou ser que em alguma medida notnhamos certeza de que valia a pena nos salvar-mos? A resposta pouco tem a ver com a boa-lidade ou autodestruio dos seres humanos,mas tem tudo a ver com cultura. 1

    Os seres humanos esto cravados em sistemasculturais, so moldados e refreados por suas cul-turas e, quase sempre, agem apenas de acordocom as realidades culturais de suas vidas. As nor-mas, smbolos, valores e tradies culturais queacompanham o crescimento de uma pessoa tor-nam-se naturais. Assim, pedir s pessoas quevivem em sociedades de consumo que restrinjamo consumo o mesmo que lhes pedir para parar

    de respirar elas conseguem faz-lo por ummomento, mas depois, arquejando, inalaro aroutra vez. Dirigir carros, andar de avio, ter casasgrandes, usar ar condicionado no se trata deescolhas decadentes, mas simplesmente de ele-mentos naturais da vida pelo menos, de acordocom as normas culturais presentes em um nme-ro crescente de culturas de consumo no mundotodo. No entanto, embora paream naturais paraaqueles que so parte dessas realidades culturais,esses padres no so nem sustentveis nemmanifestaes inatas da natureza humana. Eles sedesenvolveram ao longo de sculos e esto hojesendo reforados e disseminados a milhes depessoas em pases em desenvolvimento.

    Para prevenir o colapso da civilizao humana necessrio nada menos do que uma transforma-o generalizada de padres culturais dominantes.Essa transformao rejeitaria o consumismo aorientao cultural que leva as pessoas a encontrarsignificado, satisfao e reconhecimento atravsdaquilo que consomem que seria ento tidocomo um tabu, e criaria em seu lugar um novoarcabouo cultural centrado na sustentabilidade.No processo, surgiria um entendimento reformu-lado do significado de natural: significaria esco-lhas individuais e da sociedade que causassemdano ecolgico mnimo ou, melhor ainda, quedevolvessem a sade aos sistemas ecolgicos daTerra. Tal mudana algo mais fundamental doque a adoo de novas tecnologias ou polticasgovernamentais, que no raro so consideradas osprincipais propulsores de uma mudana para

    Ascenso e Queda dasCulturas de Consumo

    Erik Assadourian

    Erik Assadourian Pesquisador Snior do Worldwatch Institute e Diretor de Projeto do Estado do Mundo2010.

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  • ESTADO DO MUNDO 2010

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    sociedades sustentveis remodelaria radicalmen-te o modo como as pessoas entendem e agem nomundo.

    Transformar culturas no , obviamente,uma tarefa pequena. Isso exigir dcadas deesforo em que os pioneiros culturais aquelesque conseguem se descolar de suas realidadesculturais o suficiente para examin-las critica-mente trabalharo sem trgua para o redire-cionamento das principais instituies que docorpo cultura: educao, empresas, governo emdia, bem como dos movimentos sociais e tra-dies humanas arraigadas. Explorar esses ele-mentos de impulso mudana cultural ser cru-cial se a humanidade pretende sobreviver e pros-perar por sculos e milnios adiante e provarque, de fato, vale a pena salv-la.

    A Ausncia de Sustentabilidade dosAtuais Padres de Consumo

    Em 2006, pessoas no mundo todo gastaramUS$ 30,5 trilhes em bens e servios (em dlaresde 2008). Esses dispndios incluram necessidadeselementares, como alimentao e moradia; noentanto, com o aumento da renda discricionria,as pessoas passaram a gastar mais em bens de con-sumo: alimentos mais pesados, moradias maiores,televises, carros, computadores e viagens deavio. S em 2008, pessoas no mundo todo com-praram 68 milhes de veculos, 85 milhes degeladeiras, 297 milhes de computadores e 1,2bilho de telefones mveis (celulares). 2

    O consumo teve um crescimento tremendonos ltimos cinquenta anos, registrando umaumento de 28% em relao aos US$ 23,9 tri-lhes gastos em 1996 e seis vezes mais do que osUS$ 4,9 trilhes gastos em 1960 (em dlares de2008). Parte desse aumento resultante do cres-cimento populacional, mas o nmero de sereshumanos cresceu apenas a uma razo de 2,2 entre1960 e 2006. Sendo assim, os gastos com consu-mo por pessoa praticamente triplicaram. 3

    Como o consumo aumentou, mais combust-veis, minerais e metais foram extrados da terra,mais rvores foram derrubadas e mais terra foiarada para o cultivo de alimentos (muitas vezespara alimentar gado, visto que pessoas com pata-mares de renda mais elevada comearam a comer

    mais carne). Entre 1950 e 2005, por exemplo, aproduo de metais cresceu seis vezes, a de petr-leo, oito, e o consumo de gs natural, 14 vezes.No total, 60 bilhes de toneladas de recursos sohoje extradas anualmente cerca de 50% a maisdo que h apenas 30 anos. Hoje, o europeumdio usa 43 quilos de recursos diariamente, e oamericano mdio, 88 quilos. No final das contas,o mundo extrai o equivalente a 112 edifciosEmpire State da Terra a cada dia. 4

    A explorao desses recursos para a manu-teno de nveis de consumo cada vez mais altosvem exercendo presso crescente sobre os siste-mas da Terra, e esse processo vem destruindocom grande impacto os sistemas ecolgicos dosquais a humanidade e incontveis outras esp-cies dependem.

    O Indicador de Pegada Ecolgica, que com-para o impacto ecolgico humano com a quanti-dade de terra produtiva e rea martima dispon-veis para o abastecimento de ecossistemas centrais,mostra que hoje a humanidade usa recursos e ser-vios de 1,3 Terra . (Veja Figura 1). Em outraspalavras, as pessoas esto usando quase um tero amais da capacidade da Terra do que a efetivamen-te disponvel, afetando a regenerao dos prpriosecossistemas dos quais a humanidade depende. 5

    Em 2005, a Avaliao Ecossistmica doMilnio (MA), uma anlise detalhada de pesqui-sas cientficas envolvendo 1.360 especialistas de95 pases, corroborou esses resultados.Concluiu-se que aproximadamente 60% dos ser-vios providos por ecossistema regulao doclima, abastecimento de gua doce, tratamentode detritos, alimentos de pesqueiros e muitosoutros servios estavam sendo degradados ouusados de modo no sustentvel. Os resultadosforam to inquietantes, que o Conselho da MAemitiu um alerta informando que a atividadehumana est deformando de tal modo as fun-es naturais da Terra, que a capacidade de osecossistemas do planeta sustentarem futurasgeraes no pode mais ser dada como certa.6

    As mudanas em um dos servios do ecossiste-ma em particular regulao do clima so espe-cialmente alarmantes. Depois de permanecer emnveis estveis nos ltimos 1.000 anos, aproxima-damente 280 partes por milho, as concentraesatmosfricas de dixido de carbono (CO2) estohoje em 385 partes por milho, como consequn-

    Ascenso e Queda das Culturas de Consumo

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  • ESTADO DO MUNDO 2010 Ascenso e Queda das Culturas de Consumo

    5

    cia de uma parcela crescente dapopulao consumir cada vez maiscombustveis fsseis, comer maiscarne e converter mais terra emreas agrcolas e urbanas. O PainelIntergovernamental sobre MudanaClimtica concluiu que a mudan-a climtica resultante de ativida-des humanas est causando degra-daes de vulto em sistemas ter-restres. Se as emisses de gs deefeito estufa no forem coibidas,mudanas desastrosas ocorrerono prximo sculo. 7

    Um estudo de maio de 2009que utilizou o Modelo de SistemasGlobais Integrados do MassachusettsInstitute of Technology concluiuque, a menos que medidas signifi-cativas sejam adotadas em breve,o aumento mdio de temperaturaseria de 5,1C at 2100, mais doque o dobro do que o modelo previra em 2003.Um estudo de setembro de 2009 reforou esseresultado, informando que as atividades usuaislevariam a um aumento de 4,5C at 2100, eque mesmo se todos os pases se ativessem ssuas propostas mais ambiciosas para reduo deemisses de gs de efeito estufa, ainda assim astemperaturas subiriam at 3,5C. Em outraspalavras, a poltica por si s no ser suficiente.Uma mudana expressiva em toda a formulaodas sociedades humanas ser essencial. 8

    Essa projeo de nveis de mudana de tem-peratura significa que haveria grande chance deque os nveis dos oceanos aumentassem em doisou mais metros devido ao derretimento parcialde placas de gelo na Groenlndia ou naAntrtica Ocidental, o que por sua vez causariagrandes inundaes em reas costeiras e possi-velmente submergiria naes insulares inteiras.A parcela do mundo um sexto que dependede glaciais ou rios alimentados pelo derretimen-to de neve para obter gua enfrentaria sua extre-ma escassez. Vastas reas na floresta amaznicase tornariam savana, recifes de corais morreriame muitos dos pesqueiros mais valiosos domundo se extinguiriam. Tudo isso se traduziriaem transtornos polticos e sociais crticos havendo previso de que refugiados do meioambiente cheguem a 1 bilho at 2050. 9

    E a mudana climtica apenas um dos mui-tos sintomas de nveis excessivos de consumo. Apoluio do ar, a destruio mdia de 7 milhesde hectares de floresta por ano, a eroso do solo,a produo anual de mais de 100 milhes detoneladas de dejetos perigosos, prticas trabalhis-tas abusivas movidas pelo desejo de produzir bensde consumo em maior quantidade e a preo maisbaixo, obesidade, estresse crescente a lista pode-ria continuar indefinidamente. Todos esses pro-blemas so quase sempre tratados em separado,ainda que muitas de suas razes remontem aosatuais padres de consumo. 10

    Alm de serem acima de tudo excessivos, osnveis de consumo moderno so altamenteenviesados, e, entre os ricos, assumem responsa-bilidade desproporcional pelos males ambientaisde nossos dias.

    De acordo com um estudo do ecologista dePrinceton Stephen Pacala, os 500 milhes depessoas mais ricas do mundo (aproximadamente7% da populao mundial) so atualmente res-ponsveis por 50% das emisses globais de di-xido de carbono, enquanto os 3 bilhes maispobres so responsveis por apenas 6%. Essesnmeros no deveriam ser surpreendentes, dadoque so os ricos que tm casas maiores, dirigemcarros, andam de avio pelo mundo, usam gran-

    Figura 1. Pegada Ecolgica da Humanidade, 1961 2005

    Fonte: Global Footprint Network

    Biocapacidade Global

    PegadaEcolgica

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    01_20mundo_Vae2 6/22/10 15:20 Page 5

  • ESTADO DO MUNDO 2010

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    des quantidades de eletricidade, comem maiscarne e alimentos industrializados e comprammais produtos tudo isso com um impacto eco-lgico significativo. ponto pacfico que as ren-das mais altas nem sempre equivalem a consumoelevado, mas onde o consumismo a normacultural, a probabilidade de se consumir maissobe quando as pessoas tm mais dinheiro,mesmo para consumidores ecologicamenteconscientes. 11

    Em 2006, os 65 pases de renda alta onde oconsumismo prevalecente representaram 78%dos gastos de consumo, mas apenas 16% da popu-lao mundial. Considerando-se apenas osEstados Unidos, houve um gasto de US$ 9,7 tri-lhes em consumo naquele ano cerca de US$32.400 por pessoa, o que representa 32% dos dis-pndios globais feitos por apenas 5% da populaomundial. So esses pases que precisam maisurgentemente redirecionar seus padres de consu-mo, dado que o planeta no tem condies desuportar nveis to elevados. De fato, se todosvivessem como os americanos, a Terra poderiasustentar apenas 1,4 bilho de pessoas. Comnveis de consumo ligeiramente mais baixos,embora ainda altos, o planeta poderia sustentar2,1 bilhes de pessoas. Mas mesmo com nveis derenda mdia o equivalente ao que as pessoas naJordnia e Tailndia ganham em mdia por diahoje a Terra consegue sustentar menos gente doque o nmero de pessoas vivas hoje. (Veja Tabela1.) Esses nmeros expressam uma realidade quepoucos desejam confrontar: no mundo atual, com

    6,8 bilhes de pessoas, os padres de consumomoderno, mesmo em nveis relativamente bsicos,no so sustentveis. 12

    Uma anlise feita em 2009 sobre padres deconsumo em diferentes classes socioeconmicasda ndia deixou isso particularmente claro. Bensde consumo so amplamente acessveis na ndiahoje. Mesmo com nveis de renda anual naordem de US$ 2.500 por pessoa em termos deparidade do poder de compra (PPC), muitasresidncias tm acesso a iluminao bsica e umventilador. Ao atingirem aproximadamente aPPC de US$ 5.000 ao ano, o acesso televisopassa a ser padro e o acesso a aquecedores degua cresce. Com a PPC de US$ 8.000 ao ano,a maioria das pessoas dispem de ampla gamade bens de consumo, como mquinas de lavarroupa, aparelhos de DVD, utenslios de cozinhae computadores. Conforme a renda aumentaainda mais, ar condicionado e viagens de aviopassam a ser comuns. 13

    No de surpreender que o 1% mais rico dosindianos (10 milhes de pessoas), que ganhamais de US$ 24.500/PPC ao ano, atualmen-te responsvel por mais de 5 toneladas de emis-ses de CO2 por ano ainda assim, apenas umquinto das emisses per capita americana, mas odobro do nvel mdio de 2,5 toneladas por pes-soa necessrio para manter o aumento de tem-peratura abaixo de 2C. Mesmo os 151 milhesde indianos que ganham mais de US$6.500/PPC per capita esto vivendo acima dopatamar de 2,5 de toneladas per capita, enquan-

    Ascenso e Queda das Culturas de Consumo

    Renda per Capita, Biocapacidade Usada Populao Sustentvel

    Nvel de Consumo 2005 Por Pessoa, 2005 nesse Nvel

    (RNB, PPC, dlares de 2008) (hectares globais) (bilhes)

    Renda baixa 1.230 1,0 13,6Renda mdia 5.100 2,2 6,2Renda alta 35.690 6,4 2,1Estados Unidos 45.580 9,4 1,4

    Mdia global 9.460 2,7 5,0

    Fonte: Veja nota final 12.

    Tabela 1. Populao Mundial Sustentvel com Diferentes Nveis de Consumo

    01_20mundo_Vae2 6/22/10 15:20 Page 6

  • ESTADO DO MUNDO 2010 Ascenso e Queda das Culturas de Consumo

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    to os 156 milhes de indianos que ganham US$5.000 esto se aproximando disso, produzindo2,2 de toneladas per capita.14

    Como mostrado pelo Indicador de PegadaEcolgica e demonstrado pela pesquisa indiana,com nveis de renda que a maioria dos observa-dores classificaria como de subsistncia cercade US$ 5.000 a US$ 6.000/PPC per capitaanualmente o consumo j est em nveis nosustentveis. E hoje, mais de um tero da popu-lao mundial vive acima desse patamar. 15

    A adoo de tecnologias sustentveis deveriapermitir que nveis bsicos de consumo permane-cessem ecologicamente viveis. Da perspectiva daTerra, contudo, o modo americano de viver, oumesmo o europeu, simplesmente no vivel.Uma recente anlise concluiu que, para se produ-zir energia suficiente nos prximos 25 anos demodo a substituir a maior parte do que forneci-do por combustveis fsseis, o mundo precisariaconstruir no transcorrer desse perodo 200m2 depainis solares fotovoltaicos por segundo, mais100m2 de painis solares trmicos por segundo,mais 24 turbinas elicas de 3 megawatt por horafuncionando continuamente. Tudo isso deman-daria energia e materiais tremendos ironica-mente, aumentando as emisses de carbono jus-tamente quando elas mais precisam ser reduzidas e ampliaria o impacto ecolgico total sobre ahumanidade a curto prazo. 16

    Acrescente-se a esse fato que a projeo decrescimento populacional da ordem de 2,3bilhes at 2050, e, mesmo com estratgias efica-zes para conter o crescimento, haver um prov-vel aumento de, no mnimo, mais 1,1 bilhoantes de se chegar ao patamar mximo. Portanto,fica claro que, embora a mudana em tecnologiase a estabilizao populacional sejam essenciaispara se construir sociedades sustentveis, nadadisso ter xito sem mudanas considerveis nospadres de consumo, inclusive no que se refere reduo e mesmo eliminao do uso de determi-nados produtos, tais como carros e avies, que setornaram parte importante da vida de hoje paramuitos. Hbitos que esto firmemente estabeleci-dos, como o lugar onde as pessoas moram e oque elas comem, precisaro todos eles ser modi-ficados e, em muitos casos, simplificados ou mini-mizados. No entanto, essas no so mudanasque as pessoas desejaro fazer, porque seus atuais

    padres de consumo so confortveis e lhes pare-cem naturais, em grande parte devido aosesforos constantes e metdicos para que elas sesintam exatamente assim. 17

    Ao se considerar como as sociedades podemser colocadas em caminhos que levem a umfuturo sustentvel, importante reconhecer queos comportamentos humanos cruciais para asidentidades culturais e sistemas econmicosmodernos no so escolhas que esto totalmen-te sob o controle dos consumidores. Eles sosistematicamente reforados por um paradigmacultural cada vez mais dominante: consumismo.

    O Consumismo em Diferentes Culturas

    Para entender o que consumismo, neces-srio primeiramente entender o que cultura.Cultura no so simplesmente as artes, ou valo-res, ou sistemas de crena. No uma institui-o distinta funcionando ao lado de sistemaseconmicos ou polticos. Ao contrrio, sotodos esses elementos valores, crenas, costu-mes, tradies, smbolos, normas e instituies combinados para criar as matrizes abrangentesque forjam o modo como os homens percebema realidade. Em funo de existirem sistemasculturais distintos, uma pessoa pode interpretarum ato como insultante e outra pode consider-lo amvel como por exemplo, fazer um sinalcom o polegar para cima um gesto extrema-mente vulgar em certas culturas. A cultura levaalgumas pessoas a crer que os papis sociais sodesignados pelo nascimento, determina onde osolhos da pessoa devem focar ao conversar comoutra, e at mesmo dita que formas de relacio-namentos sexuais (como monogamia, polian-dria, ou poligamia) so aceitveis. 18

    As culturas, como sistemas mais amplos, soprovenientes de interaes complexas entremuitos elementos diferentes de comportamen-tos sociais e guiam os homens em um nvelquase invisvel. Elas so, nas palavras dos antro-plogos Robert Welsch e Luis Vivanco, a somade todos os processos sociais que fazem comque aquilo que artificial (ou construdo peloshomens) parea natural. So esses processossociais a interao direta com outras pessoas e

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    com artefatos ou coisas culturais, a exposiona mdia, leis, religies e sistemas econmicos que constroem as realidades dos povos. 19

    A maioria daquilo que d a impresso de sernatural para as pessoas , na realidade, cultu-ral. Considere hbitos alimentares, por exem-plo. Todos os seres humanos comem, mas oque, como e mesmo quando eles comem determinado por sistemas culturais. Poucoseuropeus comeriam insetos porque essas criatu-ras lhes so intrinsecamente repugnantes devidoao condicionamento cultural, embora muitosdeles comam camaro ou caracol. E, no entan-to, em outras culturas insetos so uma parteimportante da culinria e, em alguns casos,como a larva de sago para o povo Korowai daNova Guin, so iguarias. 20

    Em ltima instncia, embora o comporta-mento humano esteja enraizado na evoluo efisiologia, ele guiado primordialmente pelos sis-temas culturais em que as pessoas nascem. Talcomo ocorre com todos os sistemas, h paradig-mas dominantes que guiam as culturas ideias epressupostos em comum que, atravs das gera-es, so construdos e reforados pelos principaisagentes e instituies culturais e pelos prpriosparticipantes das culturas. Hoje, o paradigma cul-tural dominante em muitas partes do mundo eque atravessa muitas culturas o consumismo. 21

    O economista britnico Paul Ekins descre-ve o consumismo como uma orientao cultu-

    ral em que a posse e uso de um nmero e deuma variedade crescentes de bens e serviosso a principal aspirao cultural e o caminhotido como de maior certeza rumo felicidadepessoal, status social e sucesso nacional.Simplificando: o consumismo um padro cul-tural que faz com que as pessoas encontrem sig-nificado, satisfao e reconhecimento princi-palmente atravs do consumo de bens e servi-os. Embora isso assuma formas diversas emdiferentes culturas, o consumismo leva as pes-soas de qualquer lugar a associar nveis elevadosde consumo a bem-estar e sucesso. Ironicamente,no entanto, a pesquisa mostra que consumirmais no significa necessariamente uma melhorqualidade de vida individual (Veja Quadro 1). 22

    O consumismo est hoje infiltrado de modoto absoluto nas culturas humanas que, porvezes, fica at difcil reconhec-lo como umaconstruo cultural. Ele d a impresso de sersimplesmente natural. Mas, de fato, os elemen-tos culturais linguagem e smbolos, normas etradies, valores e instituies foram profun-damente transformados pelo consumismo emsociedades do mundo todo. De fato, consumi-dor hoje em dia com frequncia usado comosinnimo de pessoa nos 10 idiomas mais usadosno mundo, e seria plausvel pensar em umnmero bem maior. 23

    Considere os smbolos aquilo que a antro-ploga Leslie White descreveu como a origeme base do comportamento humano. Hoje, namaioria dos pases, as pessoas esto expostas acentenas, talvez milhares, de smbolos todos osdias. Logotipos, jingles, slogans, porta-vozes,mascotes todos esses smbolos de marcas dife-rentes bombardeiam as pessoas rotineiramente,influenciando o comportamento at em nveisinconscientes. Hoje, esses smbolos de consumoso reconhecidos com maior facilidade do queespcies de animais selvagens comuns, canto depssaros, sons emitidos pelos animais, ou outroselementos da natureza. Um estudo de 2002constatou que crianas britnicas conseguiamidentificar mais personagens de Pokmon (umamarca de brinquedo) do que espcies de animaisselvagens. E os logotipos so reconhecidos porcrianas de apenas dois anos de idade. Uma pes-quisa com crianas de dois anos concluiu que,

    Ascenso e Queda das Culturas de Consumo

    Larva para comer em casa: larvas de sago, uma iguaria daculinria da Nova Guin.

    Heg

    ariz

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    embora no fossem capazes de distinguir a letraM, muitas conseguiam identificar os arcos dou-rados que moldam o M do McDonalds. 24

    As normas culturais como as pessoas usam otempo de lazer, a frequncia com que atualizam oguarda-roupa e mesmo a forma de educar osfilhos esto hoje cada vez mais voltadas com-pra de bens e servios. Uma norma de particularinteresse so os hbitos alimentares. Ao que pare-ce, agora natural ingerir alimentos superadoa-dos e altamente industrializados. Desde muitocedo, as crianas so expostas a balas, cereais au-carados e outros alimentos no saudveis, masaltamente lucrativos e veiculados por publicidade

    ostensiva uma mudana que vem tendo umimpacto tremendo sobre as taxas mundiais deobesidade. Hoje, vendedores ambulantes de fastfood e mquinas que vendem refrigerante podemser encontrados em escolas, forjando as normasalimentares das crianas desde bem pequenas e,sucessivamente, reforando e perpetuando essasnormas em todas as sociedades. De acordo comum estudo feito pelos Centros para Controle ePreveno de Doenas dos EUA, perto de doisteros das reas administrativas contendo escolaspblicas nos EUA recebem uma porcentagem dareceita das mquinas de venda automtica, e umtero recebe recompensas de empresas de refrige-

    Em ltima anlise, irrelevante conjecturar senveis elevados de consumo fazem as pessoasestar em melhores condies se isso acarretar adegradao dos sistemas terrestres, porque odeclnio ecolgico subverter o bem-estarhumano da maior parte da sociedade a longoprazo. Mas mesmo supondo que essa ameaano seja iminente, h fortes indcios de que nveismais elevados de consumo no aumentamsignificativamente a qualidade de vida alm deum certo ponto, podendo at mesmo diminu-l