Efeitos de oligossacarideos de xiloglucano sobre...

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Hochnea 33(2): 239-246,4 tab., 2006 Efeitos de oligossacarideos de xiloglucano sobre 0 metabolismo extracelular de Rudgeajasminoides durante 0 crescimento Clovis Jose Fernandes de Oliveira Junior l , Marcia Regina Braga I e Marcos Silveira Buckeridge 2 ,3 Rcccbido: 25.) 0.2005; accito: 24.03.2006 ABSTRACT - (Effects ofxyloglucan oligosacharides on the extracellular metabolism of Rudgeajasmilloides during growth). Xyloglucan (XG), a hemicellulose from the plant cell wall responsible for thc spacing and alignment of cellulose micro fibrils, also acts as a signal molecule for cell growth. In this work fucosylated (XXFG) and galactosylated oligosaccharides (XLLG, XLXG and XXLG) ofXG from copaiba seeds and bean cell suspension cultures wcre added to cell suspensions of Rudgea jasmilloides (Rubiaceae) and the effects on growth and enzymatic activities related to cell wall metabolism were evaluated. XLLG promoted an increasc in thc secretion of protons to extracellular medium, since its pH decreased, whereas XXFG seemed to inhibit this proccss. Both oligosaccharides, as well as XXXG, induced an increase in thc activities ofthc cxo- hydro lases and both related to wall metabolism. The e results indicate that in spite of the fact that XG represents only 2% of cell wall dry mass of R.jasmilloides it plays a role in the control of cell extension. Key words: cell growth, cell wall, hemicellulose, oligosaccharins RESUMO - (Efeitos de oligossacarideos de xiloglucano sobre 0 metabolismo extracelular de Rudgeajasminoides durante 0 crescimento). 0 xiloglucano (XG), uma hemicelulose da parede celular vegetal responsavel pelo espayamento e ordenayao das microfibri las de celulosc, parece atuar como um sinalizador do crescimento celular. este trabalho, oligossacarideos de xiloglucano (OXGs) fucosilados (XXFG) e galactosilados (XLLG, XLXG e XXLG) obtidos de sementes de copaiba (XLLG) c de suspens5es celulares dc feijao (XXFG e XXXG) foram adicionados a suspens5es celulares de Rudgea jasmil/oides (Rubiaceae) para analises de scus efeitos sobre 0 crescimento e atividades de enzimas do metabolismo da parede celular. 0 XLLG promoveu aumento da secreyao de protons para 0 meio extracelular, ocasionando LlIll abaixamento do pH, enquanto que XXFG inibiu este processo. Ambos OXGs e tambem 0 XXXG induziram aumento nas atividades de e exo-hidrolascs relacionadas ao crescimento celular. Esses resultados indicam que apesar do XG compoI' apenas 2% do peso seco da parede celular de R.jasminoides, ele tem papel no controle da expansao celular. Palavras-chave: crescimento celular, hemiceluloses, oligossacarinas, parede celular A parede celular dos vegetais superiores e composta pOI' tres dominios que, interagindo entre si, exercem varias funyoes, como manter a forma celular, conferir resi tencia mecanica aos tecidos, controlar a expans30 celular, funcionar como protey30 ao ataque de microorganismos, armazenar reservas e atuar como Fonte de moleculas sinalizadoras em processos bioquimicos e fisiologicos (Carpita & Gibeaut 1993). o primeiro dos dominios e formado pOI' microfibrilas de celulose entrelayadas pOl' hemiceluloses, 0 que basicamente confere resistencia mecanica a celula vegetal. 0 segundo, composto pOI' substancias pecticas, atua como controlador da porosidade da parede celular e0 terceiro e formado pOl' material proteico que pode tel' tanto papel estrutural como metabolico (enzimas) (Carpita & Gibeaut 1993). As hemiceluloses agrupam varios polissacarideos da parede, sendo 0 xiloglucano (XG) um de seus principais componentes em muitas especies vegetais. A cadeia principal do XG e identica a da celulose, ou seja, uma cadeia linear de glucoses ligadas ,4, na qual se unem, na forma de ramificayoes laterais, unidades de xilose, xi lose-galactose ou xilose- galactose-fucose (McCann & Roberts 1991, I. Instituto dc Botanica, Caixa Postal 4005, 0 I061- 970 Sao Paulo, SP, Brasil 2. Universidade dc Sao Paulo, Instituto de Biociencias, Departamento de Botanica, Caixa Postal 11461,05422-970 Sao Paulo, SP, Brasil 3. Autor para correspondencia: [email protected]

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Hochnea 33(2): 239-246,4 tab., 2006

Efeitos de oligossacarideos de xiloglucano sobre 0 metabolismoextracelular de Rudgeajasminoides durante 0 crescimento

Clovis Jose Fernandes de Oliveira Junior l , Marcia Regina Braga I e Marcos Silveira Buckeridge2

,3

Rcccbido: 25.) 0.2005; accito: 24.03.2006

ABSTRACT - (Effects ofxyloglucan oligosacharides on the extracellular metabolism ofRudgeajasmilloides during growth).Xyloglucan (XG), a hemicellulose from the plant cell wall responsible for thc spacing and alignment of cellulose micro fibrils,also acts as a signal molecule for cell growth. In this work fucosylated (XXFG) and galactosylated oligosaccharides (XLLG,XLXG and XXLG) ofXG from copaiba seeds and bean cell suspension cultures wcre added to cell suspensions of Rudgeajasmilloides (Rubiaceae) and the effects on growth and enzymatic activities related to cell wall metabolism were evaluated.XLLG promoted an increasc in thc secretion of protons to extracellular medium, since its pH decreased, whereas XXFGseemed to inhibit this proccss. Both oligosaccharides, as well as XXXG, induced an increase in thc activities ofthc cxo­hydro lases ~-galactosidase and ~-glucosidase,both related to wall metabolism. The e results indicate that in spite of thefact that XG represents only 2% of cell wall dry mass of R.jasmilloides it plays a role in the control of cell extension.

Key words: cell growth, cell wall, hemicellulose, oligosaccharins

RESUMO - (Efeitos de oligossacarideos de xiloglucano sobre 0 metabolismo extracelular de Rudgeajasminoides durante 0

crescimento). 0 xiloglucano (XG), uma hemicelulose da parede celular vegetal responsavel pelo espayamento e ordenayaodas microfibri las de celulosc, parece atuar como um sinalizador do crescimento celular. este trabalho, oligossacarideos dexiloglucano (OXGs) fucosilados (XXFG) e galactosilados (XLLG, XLXG e XXLG) obtidos de sementes de copaiba (XLLG)c de suspens5es celulares dc feijao (XXFG e XXXG) foram adicionados a suspens5es celulares de Rudgea jasmil/oides(Rubiaceae) para analises de scus efeitos sobre 0 crescimento e atividades de enzimas do metabolismo da parede celular. 0XLLG promoveu aumento da secreyao de protons para 0 meio extracelular, ocasionando LlIll abaixamento do pH, enquantoque XXFG inibiu este processo. Ambos OXGs e tambem 0 XXXG induziram aumento nas atividades de ~-galactosidase e~-glucosidase, exo-hidrolascs relacionadas ao crescimento celular. Esses resultados indicam que apesar do XG compoI'apenas 2% do peso seco da parede celular de R.jasminoides, ele tem papel no controle da expansao celular.Palavras-chave: crescimento celular, hemiceluloses, oligossacarinas, parede celular

Introdu~ao

A parede celular dos vegetais superiores e

composta pOI' tres dominios que, interagindo entre si,

exercem varias funyoes, como manter a forma celular,

conferir resi tencia mecanica aos tecidos, controlar a

expans30 celular, funcionar como protey30 ao ataque

de microorganismos, armazenar reservas e atuar como

Fonte de moleculas sinalizadoras em processos

bioquimicos e fisiologicos (Carpita & Gibeaut 1993).

o primeiro dos dominios e formado pOI' microfibrilas

de celulose entrelayadas pOl' hemiceluloses, 0 que

basicamente confere resistencia mecanica a celula

vegetal. 0 segundo, composto pOI' substancias

pecticas, atua como controlador da porosidade da

parede celular e 0 terceiro e formado pOl' material

proteico que pode tel' tanto papel estrutural como

metabolico (enzimas) (Carpita & Gibeaut 1993).

As hemiceluloses agrupam varios polissacarideos

da parede, sendo 0 xiloglucano (XG) um de seus

principais componentes em muitas especies vegetais.

A cadeia principal do XG e identica ada celulose, ou

seja, uma cadeia linear de glucoses ligadas ~-I ,4, na

qual se unem, na forma de ramificayoes laterais,

unidades de xilose, xi lose-galactose ou xilose­

galactose-fucose (McCann & Roberts 1991,

I. Instituto dc Botanica, Caixa Postal 4005, 0 I061- 970 Sao Paulo, SP, Brasil2. Universidade dc Sao Paulo, Instituto de Biociencias, Departamento de Botanica, Caixa Postal 11461,05422-970 Sao Paulo, SP,

Brasil3. Autor para correspondencia: [email protected]

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Buckeridge e/ af. 1992, 1997).0 xiloglucano liga-seas microfibrilas de celulose atraves de pontes dehidrogenio, mantendo 0 espayamento entre as mesmase impedindo que estas se juntem e formem feixes muitoespesso (McCann e/ al. 1990). A remOyaO doxiloglucano causa um colapso nas microfibrilas decelulose, fazendo com que estas percam 0espayamento e a orientayaO (Hayashi 1989).

Quando a cel ula cresce, as Iigayoes ex istentesentre os polissacarfdeos de parede sao quebradas erearranjadas para permitir 0 alongamento e a expansaocelular e, simultaneamente, novos polissacarideos saosintetizados e inseridos nos locais de quebra(Albersheim el al. 1996).

o XG na parede primaria e um dos maisprovaveis sitios de alteray30 da rede de microfibrilas(Hayashi 1989). Enzimas como a xiloglucanotransglicosilase hidrolase (XTH) atuam na degradayao,no rearranjo e na reconstruyao deste polissacarideoda parede celular, permitindo, deste modo, 0alongamento, a expansao e 0 crescimento celular(Nishitani 1997, Rose et al. 2002).

Em paredes primarias de dicotiledoneas, 0xiloglucano e composto pOI' glucose e xilose, podendoapresentar, em maior ou menor grau, galactose ougalactose e fucose (Hayashi 1989, Baba et al. 1994).o xiloglucano de monocotiledoneas geralmente naocontem unidades terminais de fucose, possui menosxilose e muito menos galactose que os ded icoti led6neas, embora ex istam exceyoes, como acebola (A Ilium cepa), onde 0 pol issacarideo esemelhante ao encontrado em dicotiled6neas (Hayashi1989).

Hayashi et al. (1994) observaram que XGsfucosilados, derivados de parede celular de ervilha,apresentam maior adsoryao a celulose quandocomparados aos nao fucosilados, como aquele extraidode Tamarindus indica. Augur et al. (1992) sugeriramtambem que as unidades fucosil seriam necessariaspara a manutenyao da rede celulose-xiloglucano. Lima& Buckeridge (200 I) confirmaram e estenderamesses resultados, demostrando que 0 XG de feijao,que e altamente fucosilado, interage maisextensivamente com celulose do que aquele extraidode sementes de jatoba, que apresenta grau defucosilayao muito menor do que os XGs de paredeprimaria (Buckeridge et al. 1997). Mais recentemente,evidencias foram produzidas demonstrando que apresenya da fucose parece nao ser essencial para amanutenyao das propriedades medinicas da parede

celular em Arabidopsis (Yanzin el al. 2002). Limaet al. (2004) demonstraram que a presenya ou naoda fucose s6 tem efeito na velocidade de ligayao doXG a celulose, mas 0 fator detcrminante da ligayaonao e a presenya da fucose, e sim 0 tamanho damolecula de xiloglucano. Apesar da fucose tel'influencia comprovada na conformay30 e propriedadesfisico-quimicas do xiloglucano (Lima et al. 2004),talvez 0 principal papel do XG fucosilado seja naregulayao do processo de expansao celular.

Quando hidrolisado com endoglucanascs, 0 XGe reduzido a blocos (oligossacarideos) contendo quatrounidades de glucose e tres de xilose, os quais podemou nao estar ramificados com unidades de galactosee fucose (Hayashi 1989). Fry et al. (1993a)propuseram uma nomenclatura nao ambigua para osoligossacarideos de XG, na qual cada glucose da cadeiaprincipal seria denominada pOI' uma letra de acordocom 0 ultimo monossacarfdeo a ela ligado, ou seja, senao houver nenhuma unidade ligada, esta glucoserecebe a letra G, se a glucose estiver ligado umaunidade xilosil, esta recebe a letra X, se na xilo ehouver uma galactose, esta recebe uma letra L e, casoexista uma unidade fucosil ligada a galactose, estarecebe uma letra F (XXXG, heptassacarideo contendo4 glucoses e 3 xiloses; XLLG, nonassacarideo com 4glucoses, 3 xiloses e 2 galactoses; XXFG,nonassacarideo com 4 glucoses, 3 xiloses, I galactosee I fucose).

os (lltimos vinte anos, varios estudos temdemonstrado que oligossacarideos da parede celularpodem, em baixas concentrayoes, exercer efeitosbiol6gicos sobre tecidos vegetais, sendo denominadosgenericamente de oligossacarinas (Albersheim et al.1996). 01 igossacarideos especificos, do tipo XXFG,produzidos a partir do xiloglucano de parede celularpOI' digestao com celulase, podem antagonizar 0 efeitoproduzido pel a auxina (York et al. 1984, Fry et al.1993b). McDougall & Fry (1990), analisando 0 efeitode uma mistura de 01 igossacarideos nao fucosiladosde XG (XXXG, XXLG e XLLG) no crescimento desegmentos de caule de ervilha, observaram efeitoinver 0, com um significativo aumento no alongamento,especial mente em concentrayoes ao redor de 10-6 M.

Com base nesses resultados, foi sugerido queoligossacarideos de XG contendo fucose em suaestrutura inibem 0 alongamento de segmentos de caulede ervilha, enquanto aqueles sem a unidade fucosilcausam um aumento significativo no alongamento dosmesmos, demonstrando a importancia deste ayucar

C.J.F. Oliveira lLlI1ior et at.: Efeito de oligossacarideos de xiloglucano 241

no controle do crescimento (Lorences et al. 1990).Esta pequena alterac;:ao de estrutura, modulando osefeitos dos oligossacarfdeos de xiloglucano, sugere aexistencia de um controle da expansao celularfinamente ajustado (Aldington el al. 1991).

01 iveira JLlIlior (2004) verificou que 0 XG comp6eapenas cerca de 2% dos polissacarideos da paredecelular de suspens6es celulares de Rudgeajasminoides (Rubiaceae), sendo os arabinoxilanos ashemiceluloses predominantes. A manutenc;:ao de XGnesta especie vegetal, assim como nas monocoti­ledoneas que tambem possuem arabinoxilanos comopolimeros preponderantes, poderia estar relacionadaaac;:ao desta molecula no processo de sinalizac;:ao paraexpansao celular. este trabalho, 0 objetivo foi avaliaros efeitos de diferentes tipos de oligossacarideos dexiloglucano sobre 0 crescimento de suspens5escelulares de Rudgea jasmilloides e sobre a atividadede B-galactosidase e B-glucosidase, enzimasrelacionadas ao metabolismo de carboidratos daparede cel ular.

Material e metodos

Material vegetal e condic;:6es de cultura - Calos esuspens6es celulares de Rudgeajasminoides (Cham.)Mull. Arg. (Rubiaceae) foram estabelecidos de acordocom Stella & Braga (2002). Os calos foram mantidosem meio RM-65 [meio MS modificado, contendotiamina-HCI (0,4 mg L'I), tiamina (10 mg L"), cisteina(I mg L"), acido nicotinico (I mg L'I), piridoxina(I mg L- I

)], suplementado com agua de coco(50 mL L- 1

), sacarose (3%), Picloram (2 mg L- I),

solidificado com 0,6% de agar e autoclavado (121°CpOl' 20 minutos). A suspensao celular foi estabelecidapela transferencia de calos friaveis para 0 meio RM-65liquido, sendo os frascos mantidos em agitador orbital(100 ciclos por minuto) com fotoperfodo de 12 horas,a 25 ± 2°C.

Obtenc;:ao dos oligossacarfdeos de xiloglucano ­Xiloglucano galactosilado (XLLG) foi extraido a partirdo po seco de sementes quiescentes de copaiba(Copaij'era lallgsdo/lj'ii Desf.) utilizando aguadestilada a 80°C, com agitac;:ao continua, durante 6horas. Apos a extrac;:ao, 0 material foi filtrado em l1<'Iilonpele de ovo e, a este, foram adicionados 3 volumes deetanol para precipitac;:ao do XG (4°C, 16 horas). Aposnova filtrac;:ao, 0 XG foi lavado com etanol e acetonae, em seguida, seco em estufa a 50°C. 0 materialseco foi novamente solubilizado em agua destilada,

centrifugado (para retirada de impurezas) e liofilizado.Os XGs fucosilados (XXFG) e tambem do tipo XXXGforam extraidos a partir da parede de celulas de feijao(Phaseo/us vulgaris L. cv. carioquinha) cultivadasem suspensao (Karl' & Albersheim 1970) efracionadas conforme descrito por Gorshokova et al.

(1996).Os XGs de copaiba e feijao foram hidrolisado

com endoglucanase (celulase Megazyme®) paraobtenc;:ao dos oligossacarfdeos de xiloglucano (OXGs)conforme descrito por Buckeridge et al. (1992) epurificados pOl' cromatografia dupla em gel de exclusaomolecular (coluna cromatografica Bio-Gel P4),associada a analises das frac;:6es coletadas emcromatografia liquida de alta resoluc;:ao, para obtenc;:aodos tipos XLLG, XXFG e XXXG (Tine 2002, OliveiraJunior 2004). XLLG e XXXG apresentaram grau depureza de 90%, sen do os 10% contaminantesrepresentados por XLXG e XXLG. Para XXFG foiobtida purificac;:ao de 80% (Oliveira Junior 2004).

Condic;:6es dos ensaios com oligossacarideo dexiloglucano - Aliquotas de 2 mLde suspensao celularno final da fase exponencial de crescimento, con tendoaproximadamente 0,2 g de massa fresca de celulasforam transferidas para 12 mL de meio novo, emfrascos Erlenmeyer de 50 mL. Os oligossacarideosde xiloglucano (OXGs) foram adicionados aos meiosapos filtrac;:ao em filtros Millipore 0,20 pm, sendoaplicados no inicio da fase exponencial de crescimento(6 dias). Para as analises, foram efetuadas duascoletas, ainda dentro da fase exponencial decrescimento celular (com 8-9 e 14-15 dias). Em cadacoleta, foram retirados seis frascos por tratamento,para as analises de crescimento (medidas do volumecelular empacotado e da massa seca), do pHextracelular, das atividades das enzimasB-galactosidase e B-glucosidase e dos teores deaC;:Llcares totais presentes no meio de cultura. Paraobtenc;:ao das medidas do volume celular empacotadoe das massas fresca e seca, as culturas foramcentrifugadas (433 g POI' 2 min) em tubos conicosgraduados, anotando-se 0 volume celular empacotado.o residuo (celulas) foi utilizado para obtenc;:ao dasmassas fresca e seca e 0 sobrenadante (meioextracelular - MEC) para as demais analises. Foramrealizados tres ensaios com os oligossacarideos dexiloglucano purificados, dos tipos XLLG, XXFG eXXXG, em concentrac;:6es de 10,6 a 10,8 M.

Analise dos ac;:ucares extracelulares - Os ac;:ucares

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totais foram quantificados nos meios extracelulares

pelo metodo fenol-sulfUrico (Dubois et al. 1956) sendoutilizada glucose Como padrao.Medida das atividades enzimaticas - As atividades dasenzimas ~-galactosidase e ~-glucosidase forammedidas segundo Tine et al. (2000), com algumasmodificayoes. As incubayoes continham 10 p,L detampao acetato de amonio 1 M, pH 5,0, 50 p,L dosmeios extracelulares (MECs), 50 p,L de aguadeionizada e 20 p,L dos substratos sinteticos especificosp-n itrofeniI-~-galactopiranosideo ou p-n itrofeni I-~­glucopiranosideo (Sigma) ambos em concentrayao de50 mM, para ~-galactosidase ou ~-glucosidase,

respectivamente. As misturas foram incubadas a 40°Cdurante 30 minutos e a reayao interrompida pela adiyaode 250 p,L de Na2C03 0, I N. A leitura foi efetuada a405 nm em espectrofotometro e a atividade enzimaticacalculada atraves da divisao da absorbancia pelocoeficiente de extinyao molar do substrata sintetico(p-nitrofenol, 18400).

Analise estatistica - 0 delineamento experimentalutilizado foi inteiramente casualizado, com seisrepetiyoes (frascos) pOI' tratamento, para cada coleta.Os dados obtidos foram submetidos a analise devariancia (ANOYA) e as medias foram comparadaspelo teste de Tukey a 5%.

Resultados

Con forme relatado por Stella & Braga (2002),suspensoes celulares de Rudgea jasminoidesapresentam crescimento exponencial de 6 a 18 diasde cultivo. Oligossacarideos de xiloglucano foram

aplicados aos 6 dias de idade da cultura e as coletaspara avaliar os efeitos de diferentes oligossacarideosforam efetuadas logo apos 0 inicio do crescimentoexponencial (entre 8 e 9 dias de idade) e quando ataxa de crescimento foi maxima (entre 14 e 15 dias deidade).

Os efeitos da aplicayao de oligossacarideos dexiloglucano tipo XXXG (nao galactosilados e naofucosilados) nas suspensoes celulares deR. jasminoides so foram observados na segundacoleta (apos 14- I5 dias), havendo aumento significativodo pH extracelular e das atividades de ~-galactosidase

e ~-gl ucosidase, quando foram uti Iizadas concen­trayoes de 10-7 e 10-8 M (tabela I). Nestestratamentos, nao houve alterayao dos parametros decrescimento nas duas medidas efetuadas, com exceyaodo aumento do volume celular empacotado ocasionadopela aplicay30 de XXXG a 10-8 M.

A adiyao de oligossacarideos galactosilados dexiloglucano do tipo XLLG a 10-8 M levou adiminuiyaosignificativa nos valores de pH extracelular aos 9dias de cultivo (tabela 2). Aos 15 dias, foi observadoefeito inverso. Para todas as concentrayoesutilizadas, foi verificado aumento nas atividades de~-galactosidasee ~-glucosidase do meio extracelular(tabela 2). Nota-se que a aplicayao de XLLGprovocou aumento de cerca de duas vezes naatividade de ~-galactosidase.Para a ~-glucosidase

esse aumento foi ainda maior (tabela 2). Alem disso,aos 9 dias de cultivo foi observada tendencia dereduyao do volume celular empacotado nasconcentrayoes de 10-7 e 10-8 M, porem sem diferen­yas estatisticamente significativas, quando compa-

Tabela \. Efeitos biol6gicos da aplicavao de oligossacarideos de xiloglucano do tipo XXXG em suspensoes cclulares de R.jaslllilioides.

Tratamento Volume celular Massa seca pH ~-galactosidase ~-glucosidase

[XXXG] empacotado (mg mL- 1 de cultura) extracelular (mol Gal mL- 1 h-I) (mol Glc mL- 1 h-I)(J.d mL- 1

)

I" Coleta (8-9 d)Controle 128 a 3,64 a 3,84 a 6,82 x 10-6 ab 1,28 x 10-5 a10-6 M 132 a 3,81 a 3,86 a 7,26 x 10-6 ab 1,40 x 10.5 a10-7 M 135 ab 3,90 a 4,00 a 9,40 x 10-6 b 1,43 x 10.5 a10-8 M 146 b 4,03 a 3,73 a 6,33 x 10-6 a 1,19 x 10-5 a

2" Coleta (14-15 d)Controle 207 a 6,21 a 3,68 a 4,74 x 10-6 a 1,24 x 10-5 a10-6 M 208 a 6,05 a 3,70 a 3,37 x 10-6 a 1,59 x 10-5 b10-7 M 22\ a 5,35 a 3,86 b 9,45 x 10-6 b 2,77 x 10.5 c10-8 M 211 a 5,51 a 3,87 b 7,85 x 10-6 b 2,68 x 10-5

C

Medias (n = 6) scguidas pclas l11eSl11as lelras nao difercl11 cntre si pelo tcste de Tukcy a 5%. As IClras cOl11paral11 dados na l11CSl11a colcta.

C.J.F. Oliveira Junior el af.: Efeito de oligossacarideos de xiloglucano 243

Tabela 2. Efeitos biologicos da aplicayao de oligossacarideos de xiloglucano do tipo XLLG em suspensoes celulares de R.jasl1lilloides.

Tratamento Volume celular Massa seca pH ~-galactosidase ~-glucosidase

[XLLG] empacotado (mg mL· 1 de cultura) extracelular (mol Gal mL· 1 h· l ) (mol Glc mL· 1 h· l )

(JlI mL· 1)

ControleI" Coleta (8-9 d)

166,67 ab 4,83 a 3,83 a 1,21 x 10.6 1,84 x 10.6 a10.6 M

a167,86 b 4,90 a 3,83 a 1,85 x 10-6 b 5,15 x 10.6

10-7 Mc

157,14 a 4,88 a 3,70 ab 2,17 x 10.6 b 4,99 x 10.6

10.8 Mc

159,52 ab 4,85 a 3,65 b 2,28 x 10.6 b 3,44 x 10-6 b

2" Coleta (14-15 d)Controle 330,95 a 9,88 ab 4,21 a 1,05 x 10-5 a 7,59 x 10-5

10.6 Ma

340,48 a 9,52 a 4,35 ab 1,34 x 10.5 b 8,90 x 10.5

10.7 Ma

328,57 a 10,31 ab 4,45 b 1,26 x 10.5 ab 8,84 x 10.5

10.8 Ma

354,76 a 10,79 b 4,48 b 1,18 x 10.5 ab 7,86 x 10.5 a

Medias (n = 6) segllidas pelas llleSlllas letras nao diferelll entre si pelo teste de Tlikey a 5%. As lelras eOlllparalll dados na Illesllla coleta.

Medias (n = 6) segllidas pelas llleSlllas lell'as nao di ferelll entre sipelo teste de Tlikey a 5%.

Tabela 3. Teorcs de ayLlcares totais no meio extracelular desuspensoes de R/ldgea jaslI1illoides cultivada em suspensao etratadas com XLLG, apos 15 dias de cultivo.

radas ao controle. Efeitos sobre 0 crescimento foramnotados aos 15 dias, quando houve uma tendenciaao aumento de materia seca na concentrayao de10.8 M (tabela 2). Esse aumento pode sercorrelacionado com 0 maior consumo de ayLICarestotais do meio de cultura observado nas celulastratadas com 0 XLLG (tabela 3). Alterayoes noconsumo de ac;;ucares nao foram significativasquando da adic;;ao de XXXG oU XXFG (dados naomostrados).

Em contraste ao ensaio anterior, no qual podeser observado que a aplicaC;;ao dos oligossacarideosdo tipo XLLG levou a uma acidificayao do meioextracelular aos 9 dias (tabela 2), a aplicac;;ao dosoligossacarideos do tipo XXFG determinou aumentosignificativo nos valores dc pH nas concentrayoes de10.7 e 10.8 M, aos 9 e 15 dias (tabela 4). A adiyaoXXFG nao ocasionou alterac;;oes significativas nosparametros de crescimento analisados, quandocomparados ao controle. As alterac;;oes nas atividadesenzimaticas apresentaram diferenya significativa

Tratamento

Controle10.6 M10-7 M10-8 M

AyLlcar total (mg mL- 1)

11,68 b9,01 a9,90 ab8,30 a

apenas para ~-glucosidase na concentrac;;ao de 10-8 M,aos 15 dias (tabela 4).

Discussao

Diversos estudos tem demonstrado queoligossacarideos de xiloglucano podem exercer efeitosbiologicos sabre tecidos vegetais (York el al. 1984,Fry et al. 1993b), sendo que alguns deles apontampara efeitos de aXGs galactosilados similares aquelespromovidos pOI' auxinas (McDougall & Fry 1988, 1990,Emmerling & Seitz 1990, Lorences ef al. 1990, Auguref at. 1992, Vargas-Rechia et al. 1998).

A analise geral dos ensaios mostrados nestetrabalho revela que, apesar dos oligossacarideos dexiloglucano terem induzido poucas alterac;;oessignificativas nos parametros de crescimento celularanalisados, sua presenc;;a no meio de cultura desuspensoes celulares de R.jasnzinoides durante a fasede crescimento exponenciallevou a alterac;;oes no pHe na atividade de enzimas relacionadas ao metabolismode carboidratos da parede e a expansao celular (tabelas1,2,4). Essas alterac;;oes foram variaveis de acordocom 0 oligossacarideo utilizado, 0 que sugere que aXGsapresentam atividade biol6gica como moleculassinalizadoras. As pequenas variac;;oes observadas nosparametros de crescimento pOI' ac;;ao dos diferenteaXGs devem-se provavelmente ao fato dessasavaliayoes nao serem refinadas 0 suficiente paraindicar alterayoes, pOl' exemplo, na extensao celular.Entretanto, medidas indiretas como 0 aumento noconsumo de ac;;ucar do meio (tabela 3) e 0 incrementona atividade de enzimas extracelulares relacionadas a

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Tabela 4. Efeitos biol6gicos da aplicac;:ao de oligossacarideos de xiloglucano do tipo XXFG em suspcns6es cellilares de R. jaslllilloides.

Tratamento Volume cellliar Massa seca pH p-galactosidase P-gilicosidase(XXFG] empacotado (mg mL'1 de cultllra) extracellilar (mol Gal mL'1 h'l) (mol Glc mL- 1 If I)

(I.d mL'1 )

Ia Coleta (8-9 d)Controle 153 a 4,03 a 3,67 a 8,41 x 10-7 a 4,01 x 10-6 a10,6 M 153 a 4,40 a 3,60 a 7,91 x 10'7 a 4,13 x 10'6 a10,7 M 140 a 4,04 a 3,87 b 9,09 x 10,7 a 6,30 x 10-6 a10'8 M 151 a 4,27 a 3,90 b 1,03 x 10-6 a 5,47 x 10-6 a

2" Coleta (14-15 d)Controle 268 a 6,14 ab 3,62 a 1,40 x 10'6 a 4,38 x 10'5 a10'6 M 274 a 7,64 b 3,63 a 1,80 x 10-6 a 4,67 x 10-5 a10-7 M 258 a 4,94 a 3,73 b 1,79 x 10-6 a 6,71 x 10'5 a

Medidas (n = 6) segllidas pelas mesmas letras nlio diferem entre si signifieativamente pelo teste de Tlikey a 5%.

extensao da parede celular (p. ex. tabela 2) indicamintensificayao do metabolismo celular, ocasionada pelaadiyao de oligossacarideos de xiloglucano.

Alem disto, os efeitos observados nos valoresde pH extracelular, principal mente nos ensaios comXLLG e XXFG sao coerentes com aqueles descritospara outros sistemas biol6gicos (Fry 1989, Hayashi1989, McDougall & Fry 1991 a, b). A reduyao do pHocasionada pela adiyao de XLLG as suspensoescelulares de R. jasminoides (tabela 2) pode estarrelacionada a ativayao de ATPases de membrana,que atraves do bombeamento de pr6tons para 0 meioapoplastico, ocasiona sua acidificayao, como ocon'epOI' efeito de auxinas (Rayle & Cleland 1970, 1992).Variayoes no pH extracelular (diminuiyao seguidade aumento) ocorrem normal mente durante 0

crescimento de celulas cultivadas em suspensao etern sido atribuidas a absoryao inicial de amonia eposteriormente de nitrato (Leifert et al. 1992, Moseret at. 2004). Em R. jasminoides, oscilayoessimilares foram observadas nas culturas pOI' efeitoda adiyao de XLLG (tabela 2), mas nao de XXXG eXXFG (tabelas I, 3). Tais observayoes saocompativeis com os efeitos observados sobre ascelulas somente quando da adiyao de XLLG esugerem interferencia de OXGs no metabolismocelular dessas suspensoes.

Os efeitos observados pela adiyao de XXFG asculturas de R. jasminoides (tabela 4) tambem saocoerentes com os relatos feitos pOI' McDougall & Fry(1988), que observaram inibiyao do alongamentoinduzido pOI' auxinas em segmentos de caule de ervilha.

Augur et al. (1992) verificaram, tambem em caulesde ervilha, que a unidade fucosil no oligossacarfdeode xiloglucano e essencial para inibir 0 crescimentoestimulado pOI' auxinas. Esses autores observaram queo XFFG foi mais eficaz que 0 XXFG na inibiyao docrescimento estimulado pOl' auxinas.

Hoson et al. (1991) relataram a importancia daestrutura do xiloglucano para seu efeito biol6gico.Atraves do uso de lectinas que se ligam na unidadefucosil do xiloglucano, foi bloqueada a inibiyaopromovida pelo XXFG sobre 0 crescimento induzidopOI' auxinas, em epic6tilos de feijao azuki. Dunandet al. (2000) apresentaram evidencias da existenciade receptores, cuja presenya ja havia sido sugeridapOI' Lorences et al. (1990), os quais reconhecem acadeia lateral do XG composta pOI' xi lose-galactose­fucose, necessaria para atividade anti-auxinicapromovida pelo oligossacarfdeo de xiloglucano.

Oeste modo, e possivel sugerir que osoligossacarideos de XG exeryam, de alguma forma,sinalizayao sobre os eventos bioquimicos que ocon'emna parede celular durante 0 desenvolvimento vegetal.Esta sinalizayao parece estar relacionada principal­mente a atividade de ATPases de membranaplasmatica que atuam no bombeamento de pr6tonspara 0 espayo extracelular. Isto parece ser um pontochave para regulayao dos mecanismos de expansaocelular, ja que a atividade da enzimas que agem noafrouxamento da parede celular e regulada pelo pHapoplastico, e como observado nestes ensaios, osoligossacarideos de xiloglucano do tipo XLLGaumentaram a secreyao de pr6tons para 0 meio

C.J. F. Oliveira JLlI1ior et al.: Efeito de 01 igossacarideos de xiloglucano 245

extracelular, enquanto que os oligossacarideos do tipoXXFG a diminuiram.

Os dados obtidos neste trabalho,juntamente comdiversos relatos anteriores, apontam para aimportancia da estrutura e composiyao dosoligossacarideos de xiloglucano na sinalizayao dodesenvolvimento celular. Pauly et af. (2001)apresentaram evidencias de participayao do XGcomo molecula chave para desenvolvimento daparede celular primaria. Estes autores observaramem segmentos de caule de ervilha estiolados oucrescidos sob luz que a razao entre XXG/XXXGaumenta com 0 amadurecimento do caule e esteperde a capacidade de se alongar.

Eimportante salientar que ate 0 momenta aindanao foram descritas e pecies de plantas superioresdesprovidas de xiloglucano, sendo esta ocorrenciapossivelmente universal nestes grupos vegetais(Albersheim et al. 1996). Epossivel, portanto, que 0xiloglucano tenha sido preservado durante a evoluyaodevido ao seu papel na sinalizayao de eventosmetab6licos, em oposiyao a sua conhecida funyaoestrutural nas paredes celulares encontradas emdicotiled6neas e monocotiled6neas nao comelin6ides(Carpita & Gibeaut 1993). Oeste modo, nao se podedescartar a possibilidade de que, mesmo nas paredescelulares nas quais predominam arabinoxilanos comopolimeros associados a celulose, como e 0 caso deR. jasminoides (Oliveira Junior 2004), os xiloglucanosestejam presentes devido ao seu papel comosinalizadores de eventos relacionados ao crescimentocelular. De fato, os resultados mostrados nestetrabalho parecem corroborar esta hip6tese, pois osoligossacarideos de xiloglucano, mesmo presentes empequenas quantidades em paredes celulares deR. jasminoides, pod em sinalizar processosmetab61icos relacionados aextensao celular, como 0abaixamento do pH apoplastico e a consequenteatiVay30 de enzimas envolvidas no metabolismo depolfmeros da parede celular.

Agradecimentos

Os autores agradecem aFAPESP pela bolsa dedoutorado concedida a C.J.F. Oliveira Junior (processo99/04109-8) e pelo auxflio ao projeto tematicoFAPESP (processo 98/05124-8) dentro do programaBIOTASP. M.R. Braga e M.S. Buckeridgeagradecem ao C Pq pelas bolsas de produtividadeem pesquisa.

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