dt02
-
Upload
aline-weber -
Category
Documents
-
view
4 -
download
0
Transcript of dt02
-
336
SER BACHAREL E PROFESSOR: SENTIDOS E
RELAES ENTRE O BACHARELADO E A
DOCNCIA UNIVERSITRIA96
BACHELOR BEING AND TEACHER: SENSES AND RELATIONS BETWEEN THE
BACHELOR AND UNIVERSITY TEACHING
Vivianne Souza de Oliveira Nascimento 97
Roslia de Ftima e Silva98
1. INTRODUO
Este trabalho pode ser considerado como resultado de parte das
problemticas surgidas ao longo da minha trajetria acadmica. Como professora
universitria passei a ter interesse em conhecer o que pensam os docentes do
Ensino Superior aqueles que no passaram por cursos de licenciaturas sobre a
docncia e o que os levou deciso de exercer essa atividade profissional.
Delineou-se, gradativamente, a conjetura de que os cursos de licenciatura no
conseguiram despertar maior interesse sobre a docncia nos professores que
contriburam com a pesquisa. Passei, ento, a refletir sobre os motivos que fazem
96 Sinopse de Tese defendida no Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no dia 28 de junho de 2011. Aprovada pela Banca Examinadora composta pelo seguintes professores Doutores: La das Graas Camargo Anastasiou (UFPR), Maria Eliete Santiago (UFPE), Marcia Maria Gurgel Ribeiro (UFRN), Francisco de Assis Pereira (UFRN), Erika dos Reis Gusmo Andrade (UFRN), Maria Salete Batista Freitag (UFGO).
97 Doutora em Educao - Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Endereo: R- das guias, 8008, Cidade Satlite, Natal/RN
e-mail: [email protected]/ [email protected]
98 Doutora em Educao - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Endereo: R- das guias, 8008, Cidade Satlite, Natal/RN
e-mail: [email protected]
-
337
com que um bacharel deseje ser professor universitrio e, ainda, sobre o
desenvolvimento da docncia universitria e os saberes que eles mobilizam para
atuar no ensino. Neste trabalho de pesquisa essas reflexes se configuram em uma
questo central: que relaes so estabelecidas pelos docentes bacharis entre a
sua formao profissional e a sua ao como professor?
Tal questionamento me conduziu ao pressuposto de que os docentes
bacharis criam e recriam saberes que partem da experincia e do conhecimento de
sua rea de formao, considerando-os como base de sua docncia e suficientes
para a sua atuao como professores no Ensino Superior. Diante disto, tenho como
objetivo compreender os sentidos atribudos pelos professores bacharis docncia
e sua ao na universidade, buscando indicativos sobre as relaes estabelecidas
por eles entre a sua formao profissional e o ser professor.
A necessidade de se discutir sobre os sentidos de ser professor e o
conhecimento sobre as relaes que bacharis estabelecem entre sua formao e
sua ao como docente, perpassa por preocupaes sobre as prticas docentes no
Ensino Superior, nas formas de admisso em Instituies de Ensino Superior (IES) e
nos programas de formao continuada desenvolvidos nessas IES.
De um modo geral, os professores universitrios no iniciam a carreira como
professores conhecendo as discusses sobre propostas pedaggicas, currculo,
avaliaes dentre outros elementos que se fazem presentes nas discusses sobre o
ensino-aprendizagem. Ao se iniciarem na docncia universitria, muitas vezes, j
chegam com estes dispositivos previamente aprovados, ficando para eles apenas o
papel de executar as ementas das disciplinas elaboradas anteriormente sua
admisso.
Sobre isto, Pimenta e Anastasiou (2005, p.37) explicam que:
Na maioria das instituies de Ensino Superior, incluindo as universidades, embora seus professores possuam experincia significativa e mesmo anos de estudos em suas reas especficas, predomina o despreparo e at um desconhecimento cientfico do que seja o processo de ensino-aprendizagem, pelo qual passam a ser responsveis a partir do instante em que ingressam na sala de aula.
-
338
Acredito que a maneira como o bacharel, na condio de membro do coletivo,
vivencia qualquer coisa que afete seus sentidos e o significado que isso tem para ele
decorre da forma de lidar com os acontecimentos que gradualmente se
desenvolvem em suas coletividades, tanto no modo de pensar quanto de falar sobre
eles. Dessa forma, refletir sobre os sentidos atribudos prtica docente remete s
subjetividades, s incertezas, s emergncias, aos saberes dentre tantos elementos
que envolvem a ao docente. A relao do professor com as diversas coletividades
e, simultaneamente, com as individualidades, estabelece os sentidos por ele
atribudos que perpassam tanto pelo eixo do pertencimento quanto da alteridade
numa configurao social.
Em concordncia com as observaes de Aug ao situar o fato de que se
deve considerar a cultura em dilogo, considerando [...] os valores do grupo, a
classe, as comunidades, os nveis de pertena, mas sem renunciar aos valores
julgados universais (AUG, 1999, p.103), considero que neste trabalho de pesquisa
no poderia dissociar, na procura de indcios, as relaes estabelecidas entre a sua
formao profissional e o ser professor, as relaes entre o global e o local, o
universal e o particular, entre a tradio e o moderno.
Deste modo, discutir sobre os sentidos e as relaes entre bacharelado e
docncia pode ser considerado um exerccio capaz de auxiliar a compreenso da
prpria atuao do bacharel como professor. Entendo que seja cada vez mais
necessrio, por meio de pesquisas, a contribuio sobre possibilidades de ao e de
formao continuada que auxiliem os docentes a pensarem sobre sua prpria vida
em correlao com a profisso de professor, considerando seus valores,
concepes e os sentidos que eles atribuem a esse fazer dentro de uma
configurao social.
2. MUDANAS E BLOQUEIOS: O CENRIO BRASILEIRO DA DOCNCIA UNIVERSITRIA
A discusso sobre a docncia universitria remete a uma srie de debates
em torno das prticas docentes e dos contextos institucionais em que os professores
esto inseridos. No que se refere aos bacharis que atuam como docentes nas
universidades faz-se necessrio questionar se a formao inicial nos cursos de
bacharelado, complementada por cursos de Ps-graduao, so suficientes para o
-
339
exerccio da docncia no Ensino Superior. Tal questionamento conduziram
realizao desta pesquisa sobre as relaes entre a formao do bacharel e a sua
ao como docente no Ensino Superior.
De acordo com Gil (1997), a formao do docente das universidades
brasileiras tem demonstrado ser bastante precria. A maioria dos professores
brasileiros que lecionam em estabelecimentos de Ensino Superior, embora possuam
Ps-graduao, muitas vezes no passam por qualquer processo sistematizado de
formao pedaggica. Para Abreu e Masetto (1982, p.1) no:
desempenho do docente do ensino superior, comum existir uma lacuna: o professor se caracteriza como um especialista no seu campo de conhecimentos; este , inclusive, o critrio para sua seleo e contratao; porm, no necessariamente este professor domina a rea pedaggica, de um ponto de vista mais amplo, mais filosfico, nem de um ponto de vista mais imediato, tecnolgico.
Desse modo, considero que o docente universitrio deve ter a mesma
preocupao em se desenvolver tanto em torno dos saberes e competncias
especficos de sua rea de formao, quanto nos pedaggicos, nos saberes e
competncias que constituem a docncia como profisso.
Esse desenvolvimento profissional docente pode ser compreendido como um
conjunto de fatores que possibilitam ou impedem que o professor progrida em sua
vida profissional (IMBERNN, 2004, p.44). Entre esses fatores, o autor destaca a
importncia de que haja melhorias na formao profissional, nos nveis de
participao, no clima de trabalho, na melhoria salarial e na legislao trabalhista
dentre outros que apresentem um papel decisivo para esse desenvolvimento. Em
suma, o desenvolvimento profissional do professor pode ser entendido ainda como
qualquer inteno sistemtica de melhorar a prtica profissional, as crenas e
conhecimentos profissionais, com o objetivo de aumentar a qualidade docente da
pesquisa e da gesto (IMBERNON, 2004).
Em Ramalho, Nuez e Gauthier (2003, p. 68), encontra-se um conceito que
mais se aproxima do que compreendo sobre o que seja desenvolvimento
profissional: capacidade da autonomia profissional compartilhada e de gesto
educativa dos professores no contexto de mudanas, baseado na reflexo, na
-
340
pesquisa, na crtica dentre os grupos de trabalho profissional. Esse
desenvolvimento pode ser considerado como um sistema complexo que integra
mbitos individuais e coletivos, e ainda, como processos de promoo da categoria
profissional: econmicos, polticos, ticos e de status social.
Partindo da compreenso desse conceito, considero o desenvolvimento
profissional como um movimento contnuo de tudo que corresponde ao trabalho
docente, uma ao que se modifica e ao mesmo tempo se renova de acordo com a
dinmica da vida cotidiana. Assim, discutir sobre a ao do bacharel e a relao que
ele estabelece entre sua formao inicial e sua atuao como professor implica
mltiplas facetas e, por isso, procuro evidenciar a perspectiva do que hoje se coloca
como perfil de professor: [...] um profissional preparado cientfica, tcnica,
tecnolgica, pedaggica, cultural e humanamente. Um profissional que reflete sobre
o seu fazer, pesquisando-o nos contextos nos quais ocorre (PIMENTA, 2005, p. 39).
Diante desse perfil questiono: Quem o professor bacharel e como faz frente
s demandas internas e externas em uma sociedade cujo cenrio de rpidas
modificaes sociais? Para procurar responder inicialmente a essa questo,
considero importante a compreenso da conjuntura em que se encontra atualmente
a docncia nas Universidades Federais brasileiras frente s propostas externas de
mudanas, assim como os condicionantes internos que se apresentam como
bloqueios para a efetivao dessas propostas. Acredito ser este um dilema
vivenciado pelos docentes em seu trabalho cotidiano, assim como, acredito que isso
pode influenciar os sentidos que eles oferecem docncia universitria no contexto
em que esto inseridos.
A docncia universitria pode ser caracterizada como uma atividade
complexa e determinada por diversos fatores, sejam eles internos onde se
expressam nossos desejos, intenes, perspectivas, valoraes, dentre outros ou
mesmo no nvel externo, onde se fazem presentes os discursos institucionais, os
ideais sociais, polticos e econmicos nos mbitos mundial, nacionais, locais, dentre
tantos outros que formam a realidade em que vivemos. A construo da realidade da
vida cotidiana corresponde qualidade de fenmenos que existem independentes
da nossa vontade (BERGER e LUCKMANN, 1985).
Essa percepo de que existem esses fatores externos e internos, que
influenciam diretamente e indiretamente os docentes do Ensino Superior, me
-
341
conduziram ao reconhecimento de que, no cotidiano, o desenvolvimento da
docncia tambm passa a ser determinado por situaes inesperadas, sob
diferentes formas e sentidos envolvidos com a vida de cada professor,
independentes da vontade deles. Dessa forma, no processo de desenvolvimento da
ao dos docentes, as conexes no explicveis pela relao de causa e efeito
implicam, ento, em processos circulares e nos dilemas. Como explica Elias (1998,
p.171): Se o processo dilemtico ser abastecido pelas tenses e conflitos
estruturais reprimidos, ou seja, ter potencial para as mudanas, ainda que a
mudana possa ser bloqueada ou tomar a forma de um processo gradual e muito
lento, terminando talvez em quebra do dilema.
Ora, o que poderia ser apontado como indicativo de bloqueio ou mudana
ao docente conduz, em primeiro lugar, relao entre espao e tempo
institucionais, pois o tempo e espao so smbolos conceituais de certos tipos de
atividades e instituies sociais que permitem aos homens orientarem-se diante de
posies ou distncias entre estas posies que acontecimentos de todo tipo
tomam (ELIAS, 1989, p.111). Portanto, se a proposta compreender o tempo no
contexto onde esse produzido, deve-se considerar o espao como relevante na
configurao das relaes sociais.
Parto do princpio de que, seja no nvel externo, seja no nvel interno, h
uma produo considervel de indicativos ou de desejos em direo a mudanas.
No nvel externo, o espao das universidades convocado ao atendimento de uma
agenda nacional voltada para o Ensino Superior e por isso, mudanas so
anunciadas e decretadas como fundamentais s mudanas do mundo globalizado.
O cenrio em que se configura atualmente as universidades pblicas do pas
est pontuado por propostas de mudanas que afetam o cotidiano do trabalho
docente no Ensino Superior, uma vez que do professor universitrio espera-se o
envolvimento na administrao e gesto das instncias organizativas da
universidade, tais como: reitorias, faculdades, centros acadmicos, departamentos e
cursos. Pede-se o envolvimento nas discusses e decises que envolvem a
organizao curricular, nos projetos pedaggicos dos cursos, nas polticas de
pesquisa, ensino, avaliao e extenso, nas agncias cientficas de fomentos,
financiamentos externos e internos aos projetos institucionais, assim como
-
342
participao nas demais instncias publicas, seja em conselhos ou rgos de
deciso de mbito estaduais e municipais.
Considerando as relaes entre essas instncias, apesar de no pretender
desenvolver uma discusso sobre as perspectivas e direcionamentos
governamentais do governo brasileiro para a Universidade brasileira, no poderia
deixar de citar o que considero como indicativo de mudana que atinge os docentes
nas suas relaes pessoais e institucionais.
Por isso, considero imprescindvel pontuar algumas aes direcionadas ao
Ensino Superior, referentes ao ltimo governo, das quais destaco em primeiro lugar
o Plano de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais (REUNI) e o
Banco de Professor Equivalente. As aes se constituem como parte de um
conjunto mais amplo de medidas inseridas no Plano de Desenvolvimento da
Educao (PDE), sendo institudo como reconhecimento do papel estratgico das
universidades, em especial do setor pblico para o desenvolvimento econmico
social. Essas medidas conduzem configurao da universidade nova, ou seja,
visam uma reordenao do papel da educao superior, em andamento no Brasil.
O REUNI, institudo pelo Decreto n 6.096, de 24 de abril de 2007, constitui-se
como uma proposta de mudana na qual o Governo Federal passou a adotar uma
srie de medidas a fim de retomar o crescimento do ensino pblico, criando um
programa multidimensional e, ao mesmo tempo, acadmico, poltico e estratgico.
Essa expanso teve incio em 2003, ainda no primeiro mandato do Presidente Luiz
Incio Lula da Silva, e o REUNI constitui a segunda etapa desse programa de
expanso prevista para ser concluda em 2012, representando para a reestruturao
acadmica uma inovao que, de acordo com o discurso do Governo Federal,
significar, em curto prazo, uma verdadeira revoluo na educao superior pblica
do pas (MEC, 2008, s/n).
A mudana proposta, ou revoluo, como denomina o discurso oficial,
busca ampliar o acesso de jovens entre 18 e 24 anos s universidades, e ainda
responder academicamente a polticas e estratgias dos considerados novos
desafios do sculo XXI (ANDIFES, 2009), tais como: a adequao acadmica da
universidade em seus aspectos qualitativos e quantitativos, as novas demandas e
aos novos papis e contextos globais advindos da sociedade do conhecimento que
esta cada vez mais forte no decorrer dessa primeira dcada do sculo XXI; a
-
343
formao, estratgica, de mo-de-obra qualificada para as necessidades sociais,
econmicas e ecolgicas nacionais do novo ciclo de crescimento e desenvolvimento
que se expressa atualmente no pas; a produo de conhecimento cientfico,
tecnolgico e de inovao para inserir o pas, com soberania, na nova ordem
mundial do conhecimento que se estabelece do Sculo XXI.
No que corresponde aos docentes, pode ser explicitada a hiptese do
Ministrio da Educao (MEC) de que, basicamente, o quadro de docentes na nova
arquitetura das universidades possa ser mantido, na medida em que a razo de
dezoito estudantes de graduao por professor segundo as estatsticas do
MEC/INEP equivalente que se verifica em mdia nas superlotadas turmas do
Ensino Mdio nacional, o que permite uma duplicao de ingressos no Ensino
Superior, sem contratao adicional de docentes.
Outra afirmativa advinda dos ndices do MEC/INEP faz com que se almeje o
aumento da taxa de concluso mdia dos formandos dos atuais 60% para 90%,
triplicando o nmero de concluintes sem investimentos adicionais. Para que se
cumpra tais metas com o financiamento proposto, a instituio ter que se valer de
um ciclo bsico polivalente no estilo universidade nova. Desta forma, a Portaria
Interministerial n 22 MEC/MP de 30 de abril de 2007, institui o Banco de Professor
Equivalente como instrumento de gesto.
Nessa forma de gesto, como pode ser observado em documentos da
Associao Nacional de Docentes do Ensino Superior (ANDES), as Universidades
Federais brasileiras podem realizar concursos para docentes de 3 grau,
condicionados pela existncia de cargo vago em seu quadro, e contratar professores
substitutos, dentro das hipteses previstas por lei.
Tal banco foi construdo dando-se a cada docente, em exerccio, um peso
diferenciado, segundo seu regime de trabalho. O docente com dedicao exclusiva,
por exemplo, vale um pouco mais que trs docentes com 20 horas de carga horria.
Quatro docentes com 40 horas equivalem a cinco docentes substitutos, todos com
regime de 40h ou a dez docentes substitutos com regime de 20h.
Assim, as autorizaes de concursos que so obtidas por ato conjunto do
MEC e do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG)
correspondente expanso das Universidades Federais, j expressas em docentes
-
344
equivalentes, acabam por no resultar em nmeros expressivos. Sobre isso, Souza
(2009, p.6) critica a forma de expanso que est sendo realizada afirmando que:
A lgica da expanso das Universidades Federais brasileiras pela via da reestruturao, condicionada mudana das relaes e do regime de trabalho (quebra da dedicao exclusiva), representa o aprofundamento da explorao do trabalho e da extrao mxima do potencial profissional de cada docente, com respectiva flexibilizao dos processos pedaggicos, das necessidades formativas e das estruturas curriculares, em recortes temporais cada vez menores, acelerando-se o fluxo curricular e de pessoal (docente e discente), logo, com maior intensificao do trabalho, maior objetivao dos espaos e dos recursos materiais e humanos.
Se os anncios de mudanas acenam para um maior desdobramento do
trabalho do professor e da ampliao de seu tempo de dedicao de trabalho
instituio, interrogo se essas mudanas no acabam por se tornar motivos de
bloqueios da qualidade do ensino das Instituies Federais Universitrias. Para o
professor existem cada vez mais atribuies e menos melhoria das condies de
realizao, ocasionando, dessa forma, o no cumprimento das metas estabelecidas
diante do conflito existente entre os mltiplos papis a serem desempenhados pelos
docentes universitrios.
Todavia, embora, no nvel interno, as propostas de mudanas apaream
como bloqueios, outras medidas so propostas nos casos de no cumprimento do
estabelecido oficialmente. Essas medidas confrontam os docentes entre a
possibilidade de realizao do que proposto por meio das metas e planos
governamentais e a necessidade de manuteno da carreira e da instituio.
Tal fato pode ser considerado como uma das expresses dos dilemas
enfrentados pelos docentes que, ao mesmo tempo em que necessitam corresponder
s exigncias sociais, tm passado por dificuldades no que corresponde aos
recursos materiais e s condies humanas de satisfazerem as expectativas criadas
a seu respeito. Nos ltimos anos, alguns estudiosos tm publicado pesquisas sobre
as necessidades de formao e condies de ensino do docente de Ensino Superior
e ainda sobre os indicadores de qualidade no Ensino Superior brasileiro, divulgados
-
345
por instncias reguladoras via avaliaes de desempenho acadmico e taxas de
produtividade99.
Diante dessas discusses, solues so apontadas para os problemas
enfrentados pelas IES, consideradas muitas vezes como medidas de saneamento.
Por exemplo, pode-se citar o documento lanado pelo Ministrio da Educao
intitulado Qualidade da Educao Superior: avaliao, regulao, superviso que
se constitui como desafio do MEC para esse nvel de ensino no perodo de 2003 a
2010, tendo a avaliao, regulao e superviso como pilares, possibilitando que o
Ministrio possa gerar as consequncias a partir de avaliaes insatisfatrias dos
cursos e instituies (MEC s/a. p.2).
Como parte do cenrio de dilemas, destacamos o ano de 2009, no qual, por
meio da superviso dos cursos de graduao presenciais, a Secretaria de Educao
Superior (SESU) notificou inmeras instituies que no se adequaram aos critrios
de qualidade, fazendo-as assinar um Termo de Saneamento das Deficincias (TSD)
contendo como requisitos:
1. Organizao didtico-pedaggica: reformulao e aprovao de projetos
pedaggicos, reorganizao de currculos dos cursos, reestruturao de mtodos
avaliativos, reestruturao do estgio supervisionado, reestruturao das formas de
trabalho de concluso de curso, reestruturao das atividades complementares,
reestruturao da formao discente, reorganizao de turmas, poltica de
contratao de gesto de pessoal;
2. Corpo docente, corpo discente e tcnico administrativo: reviso e adequao
das normas internas, contratao e qualificao docente (significando metas de
porcentagens de titulao em cursos stricto senso), reviso dos regimes de
contratao, reestruturao da coordenadoria, da administrao acadmica;
3. Instalao fsica: aquisio e manuteno de equipamentos e sistemas,
aquisio e disponibilizao de acervos, adequao da estrutura fsica e processos
de apoio;
99 No que corresponde s divulgaes dos indicadores de desempenho e produtividade, os ndices Gerais dos Cursos e Instituies (ICG), publicados no site do MEC, INEP, demonstram por meio de indicativos a qualidade acadmica construda com base numa mdia ponderada das notas dos cursos de graduao e ps-graduao de cada instituio. Assim, sintetiza num nico instrumento a qualidade de ensino de todos os cursos de graduao, mestrado e doutorado da mesma instituio de ensino.
-
346
4. Formalizao e atribuio de procedimentos: implementao de sistemas de
avaliao institucional constantes.
Tais medidas de saneamento, dispostas nos termos assinados junto s IES
que foram mal qualificadas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
(ENADE), caso no sejam cumpridas, podero levar a instituio a suspenso ou
trmino de cursos, e ainda, ao descredenciamento junto ao MEC.
Essas medidas foram vlidas at o final do ano de 2010 (sendo renovadas e
vlidas no ano de 2012) para todas as instituies avaliadas pelo ENADE, e podem
ser considerados os critrios estabelecidos como padres de qualidade exigidos
pelo MEC a serem cumpridos pelas IES. Tais critrios ao mesmo tempo em que
aparecem como propostas de mudanas e garantia de melhoria no Ensino Superior,
tornam-se bloqueios no nvel interno da instituio, pois concordando com Souza
(2009) o que esta existindo uma intensificao do trabalho docente, a extrao
mxima do potencial profissional de cada professor universitrio.
Quero lembrar que, para que todas as metas propostas sejam estabelecidas,
caber ao docente das IES a responsabilidade de participar de comisses de
avaliao, reelaborao de projetos e currculos, seleo de pessoal, de discusses
sobre mudanas em propostas de avaliaes, proposta pedaggica, ensino na
graduao e na Ps-graduao. Alm disso, caberia realizar e coordenar pesquisas,
projetos de extenso, orientar alunos em trabalho de concluso de curso, participar
de eventos, publicar artigos e livros, exercer atividades de cunho administrativo nos
setores que compem a universidade, e ainda, ser qualificado no que corresponde a
obter titulao de mestre, e em especial, de doutor. Isto remete ao que afirma
Santos (2005, p.210):
[...] os sistemas de avaliao terminam por criar uma cultura comum. Apesar das tradies diferenciadas de cada curso, a cultura universitria torna-se homognea quando se observa a rotina dos professores universitrios. Estes passam a estar, cada vez mais, envolvidos no desenvolvimento e na superviso de diferentes pesquisas, na publicao de artigos, na participao em comits cientficos, congressos e conferncias, no conhecimento atualizado de sua rea de atuao, o que significa estar em dia com aspectos explcitos e ocultos de seu campo.
Tal conjuntura em que se encontram os professores faz com que a
comunidade docente, submissa s orientaes oficiais para o seu trabalho, comece,
-
347
ento, a redimensionar o sentido de sua profissionalidade, no por escolha pessoal,
mas por fora das circunstncias. Cunha (2005), nesse contexto, explica que nos
recortes discursivos se consegue apreender diferentes espaos em que se renem
os docentes, identificando-se uma nova percepo de profissionalidade que passa,
cada vez mais, a ser presidida pela produtividade, fadiga e ao mesmo tempo pela
competio.
Essas so responsabilidades hoje colocadas para os docentes, que acabam
gerando certo mal-estar e, em consequncia, bloqueios para sua prpria realizao.
No so poucos os discursos sobre cansao, doenas, sensaes de estar
sobrecarregado, estresse dentre outros, que costumo ouvir entre colegas docentes
universitrios. Dentre esses, comum encontrar no discurso daqueles que se
aproximam de completar o tempo de servio para se aposentar, o desejo de que
esse dia se abrevie.
Esteve (1999, p.97), analisa o mal-estar docente como:
[...] um conceito da literatura pedaggica que pretende resumir o conjunto de reaes dos professores como grupo profissional desajustado devido mudana social. [...] A expresso mal-estar docente emprega-se para descrever os efeitos permanentes, de carter negativo que afetam a personalidade do professor como resultado das condies psicolgicas e sociais em que exerce a docncia, devido mudana social acelerada.
Zaragoza (1999), por sua vez, chamou de mal-estar docente a sensao de
mal-estar difuso e elaborou um modelo para explicar as relaes funcionais
existentes entre os mltiplos fatores indicadores do sintoma. Esse modelo considera
que uma determinada combinao de fatores pode conduzir os docentes a um
estado de ansiedade, denominado esgotamento docente, que afeta sua
personalidade. O autor menciona em sua pesquisa professores que souberam
elaborar respostas efetivas e integradas ante o aumento de exigncias e a enorme
transformao a que se viu submetida profisso. s situaes problemticas que
solicitam uma resposta do professor para reduzir o peso dos estmulos ameaadores
o autor chama de tenso e estresse.
Todavia, ao mesmo tempo em que esses so discursos corriqueiros,
percebo que essa profisso sempre uma atividade ambivalente. O ensino pode ser
vivido com otimismo e se converter numa forma de autorrealizao profissional, j
-
348
que nesta pode-se dar sentido a toda uma vida, mas que mesclam sentimentos que
podem causar bem-estar em alguns momentos e mal-estar em outros.
Dentre esses sentimentos acredito que aos docentes, alm das demandas
citadas, em que so os responsveis por realizar, ainda existem aquelas que fazem
parte do ideal docente, tais como: atender s necessidades dos alunos diante das
dificuldades por eles apresentadas; dedicar-se integralmente s suas atividades
acadmicas de modo que elas no interfiram nas outras reas de sua vida;
desenvolver pesquisas e divulgar seus resultados em espaos de grande circulao
junto comunidade cientfica. Planejar e desenvolver aulas motivadoras e sempre
inovadoras diante das constantes produes existentes em sua rea de ensino.
Entretanto, mesmo diante de todo o desejo de melhoria da qualidade do
Ensino Superior, traduzido em propostas de mudanas no nvel externo, fatores
internos passam a ocorrer gerando ainda maiores dificuldades na superao de
problemas que se apresentam no cotidiano universitrio. Tais atividades acabam
por, muitas vezes, tornarem-se ideais sempre difceis de serem realizados seja pela
falta de tempo, seja pelas condies pessoais, funcionais ou mesmo de formao
para que elas aconteam.
3. PERCURSO TERIO-METODOLGICO: A ENTREVISTA COMPREENSIVA
Considero a escolha da metodologia e instrumentos de pesquisa como um
guia que no permite que se percam os fios da grande trama que a construo de
uma tese de doutorado. A Entrevista Compreensiva (KAUFMANN, 1996) tem sido
essa bssola orientadora do caminho que deveria percorrer para atingir meu objetivo
e responder questo norteadora desta pesquisa, pois ela permite que o objeto de
estudo seja desvelado pouco a pouco num processo de elaborao terica que vai
aumentando diante do que foi encontrado no campo de pesquisa.
Nessa metodologia, Silva (2006) aponta algumas dimenses interligadas que
devem ser consideradas no ato de pesquisar. Dentre elas pode-se destacar em
primeiro lugar a necessidade do pesquisador em articular o objeto de estudo com o
campo de pesquisa de forma mais estreita possvel, pois o campo de pesquisa no
deve ser considerado apenas um lugar de verificao se a hiptese estabelecida
anteriormente verdadeira ou falsa. Entretanto, o campo deve ser considerado, em
-
349
especial, o espao de problematizao, onde se formam as questes de pesquisa e
as categorias de unidades de sentido.
Outra dimenso a ser considerada o fato de que o pesquisador deve estar
atento e aberto para captar, procurar ver sob o ponto de vista do outro, perceber os
valores e sentidos explicitados por meio das falas dos participantes da pesquisa,
para que se possa compreender a sua ao social. Geertz (1997) explica que ao
buscarmos ver sob o ponto de vista do outro, estamos considerando que as ideias e
realidades esto relacionadas de forma intrnsecas.
Considerando as dimenses apontadas por Silva (2006), escolhi essa
metodologia para a realizao desta tese, por consider-la capaz de possibilitar a
compreenso da multiplicidade dos sentidos que os docentes atribuem docncia e
s relaes entre a formao e ao como docente universitrio.
Ao buscar a compreenso, parto do conceito de compreender em Bourdieu
(2001), que passa pelo aprofundamento das questes da existncia de que as
pessoas so produtos, o que significa dizer que preciso observar a configurao
em que esse discurso produzido. Para o autor, explicar e compreender a mesma
coisa, pois para que se possa compreender preciso primeiro conhecer as
condies sociais, pois a compreenso do mundo exprime o prprio processo
relacional com o outro.
A Entrevista Compreensiva, portanto, ao mesmo tempo em que inteligvel,
tranquilizadora e atraente de ser realizada, pois com ela posso conduzir a entrevista
de modo que a interrogao tenha sentido para o pesquisado, sobretudo diante dos
problemas que so propostos. Procura-se compreender as peculiaridades da vida
que os rodeia dentro e fora deles, nas formas internas e externas em que se
apresentam suas manifestaes mais significativas e nos seus condicionamentos
apresentados como casuais.
Esta metodologia permite que o objeto e o objetivo da anlise da fala dos
entrevistados seja o de identificar, compreender e explicar o sentido que os
indivduos atribuem s suas aes e descobrir os motivos pelos quais eles as
executam em determinado momento e contexto. Faz-se necessrio que o
pesquisador esteja atento s condies nas quais o pesquisado est inserido
(BOURDIEU, 2001) e aquelas das quais ele o produto; eis a importncia de se
considerar a sociologia de processo de Elias (1998).
-
350
Acrescento que a compreenso das relaes estabelecidas no imaginrio
social desvelada por meio das falas dos docentes, mediante a explicitao por
intermdio da palavra, pode ento ser considerada o guia de toda a construo
desta tese, conforme menciona Silva (2002, p. 3): um processo de busca de
compreenso que o pesquisador precisa entrar no sistema de valores dos
indivduos, na vida do informador estando aberto para captar, aproveitar um
provrbio, discernir uma aluso, para construir todo o sistema simblico a ver as
coisas do ponto de vista do outro.
A compreenso, ento, faz parte de todo saber antropolgico, por isso, o
essencial o sentido que funda a relao com o outro. Essa influncia da
antropologia faz Kaufmann (2006, apud Silva, 2002) apontar sua preocupao em
explicitar a constituio do sentido no mundo social. Dessa forma, os conceitos
construdos devem apoiar-se no sentido comum dos homens, pois as experincias
vividas coletivamente correspondem experincia terico-cientfica do pensamento.
O sujeito no reduzido ao indivduo, nem a ao individual o objeto privilegiado.
Logo, o sentido do mundo social sempre intersubjetivo: se constitui pela interao
dos diferentes atores sociais.
A Entrevista Compreensiva permite abordar no s os aspectos objetivos,
mas subjetivos da pessoa, ou seja, os sentidos que ela atribui ao mundo que a
rodeia e aos acontecimentos que relata como fazendo parte de sua configurao.
Essa subjetividade no pode ser restringida sua individualidade, mas constitui-se
como um processo de socializao no qual partilha valores com outros, resultando
em uma intersubjetividade.
Nesse processo, os sentidos dos comportamentos, das aes ou da lgica
apresentadas pelos sujeitos nem sempre so conhecidos ou conscientes para o
prprio narrador. Muitas vezes, no ato de falar sobre, ele desencadeia situaes e
motivos por ele muitas vezes nunca explicitados. Diante disso, procura-se romper
com o pensamento linear, unitrio e reducionista caracterstico do pensamento
positivista, privilegiando o heterogneo como ponto de partida para a construo do
conhecimento.
Ao narrar suas trajetrias na tentativa de explicar o seu cotidiano, orientados
pelo fio condutor proposto, os entrevistados so conduzidos a reverem-se em
diferentes contextos e situarem as diferentes faces deles mesmos que configuram
-
351
seus prprios modos de ser e agir socialmente. Ao contarem-se e tambm olharem-
se, acabam por identificar momentos marcantes de transio e mudana em suas
prprias vidas.
O discurso oral do indivduo o elemento principal nessa metodologia, pois
tem a condio de proporcionar a interpretao dos sentidos e valores explicitados
pelos docentes quanto sua ao, atravs da palavra coletada por meio de
entrevistas. Ser por meio do que me contam os docentes bacharis, analisados
compreensivelmente, que se desvelar os elementos que auxiliaro no
desenvolvimento do objeto deste estudo.
Para Silva (2002, 2006) na Entrevista Compreensiva o trabalho do
pesquisador de interpretar e explicar a partir dos dados recolhidos. Usa-se os
dados qualitativos, recolhidos pela fala e registrados no gravador, se tornando eles o
elemento central do dispositivo. Tambm usada a tcnica habitual da entrevista,
na qual a lgica do conjunto deve ser compreendida antes que tal ou qual elemento
possa ser usado separadamente. Os princpios so: a formalizao de um saber-
fazer concreto vindos do terreno, que - um saber pessoal.
Esse discurso pode ser compreendido a partir da perspectiva antropolgica,
na qual Geertz (1989) considera as formas nas quais o discurso produzido,
considerando seus sentidos, seus processos de significao como reflexos de
valores e de culturas, considerando o simbolismo e suas mltiplas possibilidades de
interpretao. Por isso, o discurso uma produo cultural, um elemento de
mediao necessria entre o sujeito e a realidade social, em que a palavra funciona
na produo de sentidos. [...] Implica no ir e vir dialtico entre o mais local dos
detalhes locais e o mais global das estruturas globais. (GEERTZ, 1989, p.10)
Diante das expresses no verbais dos docentes, seja nos gestos, no
silncio, ou mesmo no prprio semblante sorridente ou apreensivo, podem ser
percebidos seus medos e angstias, o que parece conhecido ou desconhecido para
eles sobre os temas abordados nas entrevistas, e so nesses momentos
aparentemente crticos que a reflexividade provocada sobre os conflitos
identitrios entre ser bacharel e professor.
A Entrevista Compreensiva encontra-se dentro de um movimento onde se
desenvolve uma nova hermenutica que retoma a reflexo epistemolgica,
procurando elaborar uma metodologia consistente: uma metodologia da
-
352
interpretao e da compreenso. Nesta metodologia, a conscincia, a subjetividade,
a intersubjetividade, a identidade e alteridade, a vida cotidiana, as configuraes que
envolvem o indivduo e a multiplicidade de perspectiva de olhar sobre a ao
humana, assim como os sentidos e significados, passam a constituir conceitos e
temas, objetos e perspectivas metodolgicas.
A pesquisa que resultou nesta tese foi realizada no Centro de Cincias
Sociais Aplicadas (CCSA) nos anos de 2009-2011, perodo em que se encontravam
tanto o Departamento de Educao quanto o Programa de Ps-graduao em
Educao da UFRN, em processo de mudana para o funcionamento do atual
Centro de Educao. Entrevistei bacharis que atuam nos Departamentos do CCSA,
em especial em cursos de bacharelado, e que no tivessem formao em
licenciaturas, sendo os cursos: Biblioteconomia, Cincias Administrativas, Cincias
Contbeis, Direito Privado, Direito Pblico, Economia, Educao e Servio Social.
Nesses departamentos, contamos com oito cursos, sendo eles: Administrao,
Biblioteconomia, Cincias Contbeis, Cincias Econmicas, Direito Pedagogia,
Servio Social e Turismo. Ainda no Centro esto presentes Programas de Ps-
graduao nas reas da Administrao, Direito, Economia, Cincias Contbeis,
Educao, Servio Social e em Turismo. Alm dos Departamentos, cursos e
Programas de Ps-graduao, o CCSA possui quatro rgos complementares,
sendo eles o Ncleo de Educao Infantil, o Ncleo de Prtica Jurdica, O Ncleo
Temtico da Seca e do Semirido e a Oficina de Tecnologia Educacional.
Como critrios de participao nesta pesquisa, trs se impuseram: no
possuir formao em curso de licenciatura, ser do quadro efetivo de docentes e no
estar em estgio probatrio. Apesar de ter definido os critrios, o local e a
quantidade de docentes, procurou-se entrevistar aqueles que demonstrassem
disponibilidade e desejo de conceder entrevistas a serem gravadas em udio.
Todavia, tanto na procura presencial, quanto por meio de e-mails enviados, tive
muitas dificuldades de encontrar docentes que pudessem contribuir com essa
pesquisa. No total foram sessenta docentes procurados, mas apenas treze se
dispuseram e puderam contribuir. Muitos motivos de recusa foram dados, mas em
especial, destaco a falta de tempo como o mais apresentado.
4. CONSIDERAES FINAIS
-
353
No decorrer desta tese pode ser observado os sentidos de docncia
universitria, assim como as relaes estabelecidas pelos bacharis entre a
docncia e a sua formao profissional. Neste processo parti do entendimento de
que as configuraes (ELIAS, 1989) em que os participantes desta pesquisa
estavam envolvidos, os contextos de suas escolhas e de suas vivncias os
conduziram no que denominamos de trajetrias formativas. Desta forma, o conceito
de configurao (ELIAS, 1989) se tornou essencial por reconhecer que no tinha
como compreender o que conduz um bacharel a se tornar professor, distanciando
das suas experincias vividas de ordem pessoal, acadmica, profissional dentre
outras que esto intrnsecas ao modo de cada um ser e pensar sobre o mundo.
Ao longo desta tese procurei dialogar com o leitor por meio de questes que
me auxiliaram a sistematizar em forma de partes e captulos as respostas que obtive
sobre a questo central da pesquisa: Que relaes so estabelecidas pelos
docentes bacharis entre a sua formao profissional e a sua ao como professor?
Parti do pressuposto de que os docentes bacharis criam e recriam saberes que
partem da experincia e do conhecimento de sua rea de formao, considerando-
os como base de sua docncia e suficientes para a atuao como professores no
Ensino Superior.
O objetivo de compreender os sentidos atribudos pelos professores
bacharis a docncia e a sua ao na universidade me mobilizou na busca dos
indicativos sobre as relaes estabelecidas por eles entre a sua formao
profissional e o ser professor. Assim, pude compreender os contextos que
envolveram tanto as escolhas pelo bacharelado e docncia como conhecer os
sentidos e as relaes que eles estabelecem entre ser bacharel e professor.
A escolha por cursos de bacharelado tem como cenrio os contextos
histrico-sociais vivenciados por cada um deles. So tempos e espaos
diferenciados que influenciaram os desejos profissionais de se formarem em Direito,
Administrao, Biblioteconomia, Servio Social, Turismo, Cincias Contbeis e
Cincias Econmicas. As redes de interdependncias (ELIAS, 1989) influenciaram
as motivaes por carreiras bem sucedidas, as crenas sobre o ser vocacionado.
Motivaes estas que se tornaram elementos que contriburam para a deciso de
serem bacharis.
-
354
No decorrer de suas trajetrias, as experincias como profissionais, como
filha de professora, no trabalho como monitores, nas aulas de reforo, os convites
para serem professores ou a busca pela docncia para manterem-se em cursos de
ps-graduao, surgiram na vida deles como algo inesperado, mas que demarcaram
os rumos construo da sua identidade profissional pela via da docncia
universitria.
Considero que a identidade profissional como docente e bacharel se forma
sempre em relao com o outro, nas experincias interpessoais e institucionais nas
quais as influncias dos contextos vividos possibilitam que se tornem professores e
bacharis. A docncia nestes contextos assume sentidos de prazer e de desprazer,
se limita muitas vezes ao ensino como transmisso de conhecimento e se legitima
pela experincia de como fazer. Desse modo, o cenrio de vivncias apresentado
pelos professores, faz perceber que as experincias de vida constituem-se como
processo formativo, por isso, considero que a experincia envolve todas as
dimenses da pessoa e permite, segundo Houssaye (2004), articulaes com
continuidades e rupturas, reelaborao de conhecimentos prvios e abertura s
incertezas.
Entretanto, reconheo que, embora os professores demonstrem que
desenvolvem sua ao como docentes pelo vis da experincia como profissional e
dos desafios cotidianos interrogo-me se a experincia profissional e docente so
suficientes para ser profissional docente. Partindo dessa questo pontuo alguns
desafios sobre a formao para professores dentro das universidades, em especial,
para os professores que nela adentram sem terem anteriormente, participado de
formaes sobre a docncia no ensino superior.
O trabalho do docente universitrio hoje se desenvolve principalmente por
meio de estudos e pesquisas, do desenvolvimento e inovaes pedaggicas, da
orientao e avaliao dos alunos, participao responsvel na organizao das
propostas poltico-pedaggicas dos departamentos e cursos, orientao de alunos,
na seleo de novos professores, na gesto acadmica dentre outras tantas que
desenvolvem para manter as atividades de uma universidade (BENEDITO;
FERRER; FERRERES, 1995).
Diante dessas muitas atribuies o que me chama ateno que, em muitos
concursos para seleo de professores focam no domnio do contedo, na clareza
-
355
da exposio oral e na comprovao da experincia com o desenvolvimento de
estudos e pesquisas pela titulao, tornando o conhecimento especfico de rea
mais relevante do que o conhecimento profissional docente. Tal fato contribui para a
ausncia da viso de conjunto da atividade docente em seu processo e em suas
finalidades.
Observo que nos concursos para a docncia o projeto curricular do curso
escolhido pelos candidatos bem como, bibliografia acerca da pedagogia universitria
no se constitui parte da bibliografia indicada. Neste cenrio de lacunas o professor
d incio atividade docente, nas universidades, desconhecendo a proposta poltico-
pedaggica dos cursos que iro atuar, e, relativamente, as teorias pedaggicas para
o ensino superior. Sua viso de conhecimento est centrada na especializao e na
sua rea de atuao, o que demarca a necessidade de serem revistos os concursos
para professores nas universidades pblicas.
Apesar dos concursos ainda enfatizarem os conhecimentos especficos de
rea mais do que os conhecimentos sobre a docncia, estudos sobre a pedagogia
universitria e ensino superior j apontam caractersticas que o profissional deve
obter para atuar neste nvel de ensino. Como pontuo nesta tese, a ao docente
deve ser percebida em uma totalidade que abrange as dimenses: pessoal, prtica,
de conhecimento profissional e contextual (GRILLO, 2000).
Com base nas leituras de Anastasiou (2004); Abdalla (2006); Osrio (2003) e
reconhecendo as dimenses apresentadas por Grillo (2000) elenco alguns
conhecimentos que somados aos conhecimentos de rea so necessrios ao
docente universitrio: o conhecimento dos fins sociais e educativos da instituio em
que est vinculado; a inteligncia interpessoal, na qual esto includas as
habilidades nos relacionamentos interpessoais; a inteligncia relacional- como
capacidade dos professores serem competente na interao com o outro nos
contextos em que esto inseridos; o conhecimento pedaggico - teorias e prticas
que auxiliam no desenvolvimento da ao docente; o conhecimento do contexto
quem so seus alunos e em que espao se desenvolve o ato educativo.
Considerando estes elementos como importantes ao docente universitrio,
pois faz-se necessrio que por meio da formao continuada ele possa rever suas
aes e ressignificar os sentidos que atribuem a docncia como profisso.
Considero que, o debate sobre os sentidos de docncia e as relaes com a
-
356
formao inicial no algo necessrio s na investigao sobre os bacharis que
atuam como professores, mas tambm aos licenciados, pois a identidade docente e
seu desenvolvimento profissional se constroem em processo historicamente e em
relao com as alteridades nos contextos em que esto inseridos.
Isto que dizer que, as experincias vividas, as trajetrias formativas dos
docentes que defendo como elemento formativo no termina quando ele se assume
como professor, pois as experincias formadoras da docncia que tem inicio nas
imagens de professores e se fortalece no exerccio da profisso, devem ser
complementadas pelas formaes continuadas como parte das experincias
formadoras. Se a ao do professor traduz as suas experincias e por elas se fazem
docentes, os conhecimentos podem ser ampliados por meio das vivncias dos
docentes nos espaos de formao, pois um conhecimento para toda a sua vida,
uma formao contnua no seu sentido literal.
Cunha (2008) mapeia, em sua pesquisa, lugares de formao da docncia
universitria e indicou que eles no tem se constitudo com o reconhecimento da sua
legitimidade. A formao do docente universitrio fica merc da boa vontade de
gestores ou de polticas desenvolvidas eventualmente e descontinuadas, e por isso
so pouco reconhecidas no meio acadmico. Existem inmeros lugares sendo
assumidos, geralmente com durao temporria e pouco sistematizados
institucionalmente. Considero, assim, essencial que as universidades incentivem a
ampliao de seus espaos formativos. O contrrio disto conduz ao desempenho do
profissional sem uma maior reflexo sistematizada, ou dito de outra forma, um
desempenho em que a sua prtica pedaggica no se faz como foco de anlise.
Diante dessas consideraes, a ampliao dos espaos de formao
constituda de desafios. Entre esses espaos destaco: os incentivos da pesquisa
sobre a prpria prtica, a ampliao das discusses sobre a docncia universitria
nos programas de ps-graduao, a ampliao da formao continuada institucional
e a instituio de uma poltica de formao continuada para a docncia de ensino
superior no interior na universidade.
-
357
REFERNCIAS
ABDALLA, Maria de Ftima B. O senso prtico de ser e estar na profisso. So Paulo: Cortez, 2006.
ABREU M.C, MASETTO M.T. O professor Universitrio em Aula: prtica e princpios tericos. 8 ed. So Paulo: MG Editores Associados, 1990.
ALMEIDA, Jane Soares de. Mulher e educao: paixo pelo possvel. So Paulo: editora UNESP, 1998.
ALARCO, Isabel (org.). Escola Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: ArtMed, 2001.
ALARCO, Isabel. (2001). Professor-investigador: Que sentido? Que formao? In B. P. Campos (Org.), Formao profissional de professores no ensino superior (Vol. 1, pp. 21-31). Porto: Porto Editora. [disponvel no site: http://www.inafop.pt/revista acessado em 10 de maio de 2010]
AMARAL, Jos Antonio do. O comportamento de escolha de um curso de graduao em administrao: O caso de Belo Horizonte/MG. Dissertao: (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Ps-Graduao da Engenharia de Produo, 2003.
ANASTASIOU, La; LEONIR, Pessate Alves. Processos de Ensinagem na universidade: pressupostos para estratgias em sala de aula (Orgs). 9.ed. Joinville, SC: UNIVILLE, 2010.
ANASTASIOU, La das Graas Camargos. Profissionalizao continuada: aproximaes da teoria e da prtica. In: BARBOSA, Raquel Lazzari Leite (org.). Trajetrias e perspectivas da formao de educadores.So Paulo: Editora UNESP, 2004
ARDOINO, J. Abordagem multirreferencial (plural) das situaes educativas e formativas. Em J. G. Barbosa (Coord.). Multirreferencialidade nas cincias e na educao. So Carlos: Editora da UFSCar, 1998.
ARROYO, Miguel G. Oficio de mestre-imagens e auto imagens. Petropolis, RJ: Vozes, 2000.
AUG, Marc. No-lugares: introduo a uma antropologia da supermordenidade. Campinas, SP: Papirus, 1994.
AUG, Marc. O sentido dos outros: atualidade da antropologia. Petrpolis, RJ: Vozes, 1999.
AUG, Marc. Por uma antropologia dos mundos contemporneos. So Paulo: Bertrand Brasil, 1997.
-
358
AYLMER,R. C. O lanamento do adulto jovem solteiro. In: CARTER, B. MCGOLDRICK, M. As mudanas no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995.
BARBIER, Ren. A escuta sensvel na abordagem transversal. In: BARBOSA, Joaquim Gonalves. Multirreferencialidade nas cincias e na educao. Reviso de traduo Sidney Barbosa. So Carlos: EdUFSCar, 1998.
BENEDITO, Carlos. Educao Superior Privado no Distrito Federal (1973-1993), Documento de Trabalho NUPES, Universidade de So Paulo, 1995.
BERGER, Peter L. LUCKMANN, Thomas. A construo social da realidade. Petrpolis, RJ: Vozes, 1985.
BERTNONHA, Joo Fabio. Produo e produtividade no meio acadmico: A ditadura do Lattes e a Universidade contempornea. Revista Espao Acadmico. N.100. Set.2009. Ano IX- ISSN 1519.6186
BIANCHETTI, Lucdio; MACHADO, Ana Maria Netto (Orgs.). A bssola do escrever: desafios e estratgias na orientao de teses e dissertaes. So Paulo: Cortez, 2006.
BOHOSLAVSKY, R. Orientao profissional: Teoria tcnicas e ideologia. So Paulo: Cortez, 1987
BOURDIEU, P. A misria do mundo. 4. ed. Petrpolis, RJ: Vozes, 2001.
CANRIO, Rui. A formao e situaes de trabalho. Porto: Porto Editora, 1997.
CASAL, Adolfo Yaez. Por uma antropologia do discurso e da prtica antropolgica. Lisboa: Cosmos, 1996.
CASTANHO, Maria Eugnia. Professores de Ensino Superior da rea da Sade e sua prtica pedaggica. Interface - Comunicao, Sade, Educao, v. 6, n. 10, p. 51-62, fev 2002.
CASTORIADIS, Cornelius. A instituio imaginria da sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1982.
CHARLOT, Bernard. Da relao com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CHAU, M . A universidade pblica sob nova perspectiva. Conferncia de abertura da 26. Reunio Anual da ANPEd, Poos de Caldas, MG, 05 de outubro de 2003.
______. A universidade operacional. Folha de S. Paulo, So Paulo, 9 maio 1999.
______. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. So Paulo: Moderna, 1981.
______. Escritos sobre a universidade. So Paulo: Editora UNESP, 2001.
-
359
CONTRERAS, Jos. Autonomia de professores. Traduo Sandra Trabucco Valenzuela. So Paulo: Editora Cortez, 2003.
COULON, Alan. Etnometodologia. Traduo de Ephraim Ferreira Alves.
Petrpolis,RJ: Vozes, 1995.
CONTAIFER, T.R.C., BACHION, M.M., YOSHIDA, T., SOUZA J.T. Estresse em professores universitrios da rea de sade. Revista Gacha Enfermagem. Porto Alegre (RS) 2003. Ago. n.24. v. 2, pp.215-25
CUNHA, A.M. de O. BRITO, T.T.R., CICLLINI, G.A.Dormir aluno (a) acordei professor: Interfaces da formao para o exerccio do ensino superior. In: SILVA, J dos R. S.; OLIVEIRA, J. F. de O.; MANCEBO, D. (Org.). Reforma Universitria: Dimenses e perspectivas. So Pulo: Alnea e tomo, 2006.
CUNHA, Luiz Antonio. A universidade tempor: o ensino superior da colnia a era Vargas.So Paulo: UNESP, 2007.
CUNHA, Maria Isabel da. (Org.) Pedagogia Universitria: perspectivas emancipatrias em tempos neoliberais. So Paulo: Junqueira & Marin, 2006.
_______. O bom professor e sua prtica. Campinas, SP: Papirus, 1989.
_______. O professor universitrio na transio de paradigmas. Araraquara: JM editora, 1998.
______. Polticas pblicas e docncia na Universidade. Novas consideraes e possveis alternativas.In: ___________(org.). Formatos avaliativos e concepes de docncia. Campinas, SP: Autores Associados, 1995.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Graduao/Ps-Graduao: a busca de uma revelao vrtuosa. Educao & Sociedade. Campinas, SP: v.25, n.88, p.777-793. Out. 2004.
DECRETO 74.211. Publicado no Boletim de Servio n. 036, de 29.08.2002. D.O.U. n 173 seo 1, de 06.09.2002. Publicado no Boletim de Servio da UFRN n. 020, de 05.06.2003.
DJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicologia do trabalho. 5 ed. So Paulo: Cortez, 1992.
DJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET, C. Psicodinmica do Trabalho: Contribuies da Escola Dejouriana Anlise da Relao Prazer, Sofrimento e Trabalho. So Paulo: Atlas, 1994.
DUBAR, Claude A sociologia do trabalho ante a qualificao e competncia. Revista Educao & sociedade, campinas, v.19, n.64, p.87-103. Set. 1998.
DUBAR, Claude. A socializao: construo das identidades sociais e profissionais. Porto: Porto editora, 1997.
-
360
ELIAS, Norbert. O processo civilizacional: investigaes sociogenticas e psicogenticas. Vol. I: Transformaes do comportamento das camadas superiores seculares do ocidente. Traduo de Ldia Campos Rodrigues. Lisboa: Publicaes Dom Quixote, 1989.
ELIAS, Norbet. A sociedade dos indivduos. Traduo de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro : Jorge Zahar, 1994
ELIAS, Norbet. Envolvimento e Alienao. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1998.
ELIAS, Norbet. Introduo a sociologia. Lisboa : Edies 70, 1969.
ERIKSON, E. Identidade: juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1976
ESTEVE, Jos M. Mudanas Sociais e Funo Docente. In: NVOA, Antnio (Org.), Vidas de Professores. Porto: Porto Editora, 1991.
ESTEVE, Jos M. O Mal-Estar Docente: a sala de aula e a sade dos professores. So Paulo: EDUSC, 1999.
EVANGELISTA, Olinda. Publicar ou morrer. IN: BIANCHETTI, Lucdio; MACHADO, Ana Maria N. (Org.). A bssola do escrever. Desafios e estratgias na orientao e escrita de teses e dissertaes. 2.ed. Florianpolis: EDUFSC; SP: Cortez, 2006.
FELDMAN, Daniel. Ajudar a ensinar: relaes entre a didtica e ensino. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessrios prtica educativa. So Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido.12. Ed.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GABRIELLI, J. M. W. & PEL, N. T. R. O professor real e o ideal na viso de um grupo de graduandos de enfermagem. Revista Escola de Enfermagem USP. 2007. www.ee.usp.br. Acesso em: 04/03/2010.
GADE, Christiane. Psicologia do consumidor e da propaganda. So Paulo: EPU,1998.
GARCA, Carlos Marcelo. Formao de Professores: para uma mudana educativa. Porto: Porto Editora, 1999.
GATTI. Bernadete A. Estudos quantitativos em educao. Revista Educao e Pesquisa. So Paulo. v.30. n.1. p.11-30, jan/abril. 2004
GAUTHIER, Clermont. Por uma teoria da Pedagogia: saberes necessrios prtica docente. Porto Alegre: ARTMED, 1998.
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 2. ed. Traduo Vera Mello Joscelyne. Petrpolis: Vozes, 1999.
-
361
GIL, A.C. Mtodos e Tcnicas de Pesquisa Social. So Paulo: Editora Atlas S.A, 1999.
GIL, Antonio Carlos, Metodologia do Ensino Superior, So Paulo: Atlas, 1997.
GRILLO, M. O professor e a docncia: o encontro com o aluno. In: ENRICONE, D. (Org.). Ser professor. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002
GRILLO, Marlene Corero. O lugar da reflexo na construo do conhecimento profissional. In. MOSINI, Marlia Costa (Org).Professor do Ensino Superior-identidade, docncia e formao. Braslia: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2000. p. 75-80.
HAGUETTE, Andr. Educao: bico, vocao ou profisso. Educao & Sociedade. Campinas, n.38.p.109-121, abril 1991.
HIPLYTO, lvaro L. Moreira. Processo de trabalho na escola: algumas categorias para anlise. In: Teoria &Educao, n.4.Porto Alegre, 1991. pp.3-21.
HOUSSAYE, J. (Org). Manifesto a favor dos Pedagogos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
HUBERMAN, M. O ciclo de Vida dos Professores. In: NVOA, Antnio (org.). Vidas de Professores. Lisboa: Porto Editora. 1995, p.31-61.
ISAIA, Slvia Maria Aguiar. Formao do professor do ensino superior: tramas na tessitura. In: MOROSINI, Marilia Costa et al. (Org.). Enciclopdia de pedagogia universitria. Porto Alegre: FAPERGS/RIES, 2003. p. 241
JORNAL DA UFRN. Programa de Atualizao Pedaggica qualifica professores. Ano XII. N.51. outubro/novembro de 2010.
KAUFMANN, Jan Claude. Lentretetien comprheusif. Paris: Nathan, 1996.
KOTLER, Philip. Marketing para o sculo XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. So Paulo: Futura, 1999.
LA BOTIE, E. O discurso da servido voluntria. So Paulo: Brasiliense, 1999.
Leis de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O.U. de 23 de dezembro de 1996
LEI COMPLEMENTAR N 35, DE 14 DE MARO DE 1979. Publicada no DOU de 14/03/1979- Texto atualizado com a redao dada pelas Leis Complementares n 37/79, 54/86, 60/89 e Resolues do Senado Federal ns 12/90 e 31/93.
LEI N 6.884 - DE 9 DE DEZEMBRO DE 1980 - . Dispe sobre o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
LIBNEO, Jos Carlos. A Didtica e as Tendncias Pedaggicas. In: CONHOLATO, M. Conceio et al. (orgs). A Didtica e a Escola de 1 grau. So Paulo: Fundao para o Desenvolvimento da Educao, 1991.
-
362
LIBNEO, Jos Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigncias educacionais e profisso docente. So Paulo: Cortez, 2001.
LIMA, M. E. C. C. Sentidos do trabalho: a educao continuada de professores. Belo Horizonte, Autntica, 2005. 240p.
LIMA, M. E. C. C. Sentidos do trabalho: a educao continuada de professores. Belo Horizonte, Autntica, 2005.
LOPES, A. A Identidade docente contribuindo para a sua compreenso. Porto: FPCEUP, 1993.
LUDKE, Menga; BOING, Luiz Alberto. Caminhos da profisso e da profissionalidade docentes. Educao e Sociedade, Campinas, vol.25, n.89, p.1159-1180, set/dez.2004.
MAUS, O.C. A reforma da educao superior e o trabalho docente.Seminrio da REDESTADO. 6.2006. Rio de Janeiro: UERJ, 2006. Disponvel em: http://www.fae.ufmg.br/viseminario/index.html. Acessado em 02 de janeiro de 2009.
MALAGRIS, L. E. N. et al.. Nveis de estresse e caractersticas sociobiogrficas de alunos de ps-graduao. Psicologia em Revista. Belo Horizonte, v. 15, 2009.
MARTNEZ, A M. Criatividade, personalidade e educao. Campinas: Papirus, 1997.
MASETTO, M. (Org.) Docncia Universitria. Campinas, Papirus, 1998.
MASETTO, Marcos T. Competncia Pedaggica do Professor Universitrio. So Paulo: Summus, 2003.
MEC. Programa de Apoio a Planos de Reestruturao e Expanso das Universidades Federais: Reuni 2008 Relatrio de Primeiro Ano, 30 de outubro de 2009.
MENDES, A. M. B. Os novos paradigmas de organizao do trabalho: implicaes para sade mental do trabalhador. Revista Brasileira de Sade Ocupacional, v.85/86, n.23, 1995, p. 55-60.
MENDES, A. M. B.; ABRAHO, J. I. A influncia da organizao do trabalho nas vivncias de prazer-sofrimento do trabalhador: uma abordagem psicodinmica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v.16, n.2, 1996, p. 179-184.
MENDES, Ana Magnlia B. Psicodinmica do trabalho: teoria, mtodo e pesquisa. So Paulo: Casa do Psiclogo, 2007.
MENNELL, Stephen. Norbert Elias an introduction. Dublin: University College Dublin Press, 1998.
MILLS, C. Wright. A Imaginao sociolgica. 6.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
-
363
MORIN, Edgar. Epistemologia da complexidade: novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996.
MORIN, Edgar; ALMEIDA, Maria da Conceio de. CARVALHO, Edgard de Assis (Orgs). Educao e Complexidade: os sete saberes e outros ensaios. So Paulo: Cortez, 2005.
MOROSINI, Marlia Costa (Org.). Enciclopdia da pedagogia universitria. Porto Alegre. FAPERGS/RIES, 2003, pp.241-251.
MOROSINI, Marlia et al. (orgs.) Professor do Ensino Superior: identidade, docncia e formao. Braslia: INEP, 2000, p. 11-20.
MOSQUERA, Juan. O professor como pessoa. Porto Alegre: Sulina, 1976.
MULLER, M. Orientao vocacional: contribuies clnicas e educacionais. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1988.
NACARATO, Adair Mendes; VARANI, Adriana; CARVALHO, Valria de. O cotidiano do trabalho docente: palco, bastidores e trabalho invisvel. Abrindo as cortinas. In. FIORENTINI, Drio. PEREIRA, Elisabete Monteiro de A.(org.). Cartografias do trabalho docente: professor (a) Pesquisador (a). Campinas,SP.Mercado das Letras: Associao de Leitura do Brasil ALB, 1998.
NVOA, A. (Org.). Profisso professor. Porto: Porto editora, 1995.
NVOA, A. A formao de professores e profisso docente. In: NVOA, Antnio. (Org.). Os professores e sua formao. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
NVOA, Antnio. (Org.). Vida de professores. Porto: Porto Editora, 1995.
NVOA, Antonio. Professores: Imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009
OLIVEIRA, Valeska Fortes. Glossrio. In: MOROSINI, Marlia. (orgs). Enciclopdia da Pedagogia Universitria. Porto Alegre: FAPERGS/RIES, 2003.
OLIVEIRA, Vivianne Souza de. O desenvolvimento profissional docente e a participao colegiada no Atheneu Norte-Riograndense. Dissertao (mestrado). Programa de Ps-Graduao em Educao. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.
OSRIO, L.C. Psicologia grupal: uma nova disciplina para o advento de uma nova era. Porto Alegre: Artmed, 2003
PAOLI, Niuvenius J. O princpio da indissociabilidade do ensino e da pesquisa.Cadernos CEDES 22. Educao Superior: autonomia, pesquisa, extenso, ensino e qualidade. So Paulo: Cortez, 1988.
PREZ GMEZ, Angel. O pensamento prtico do professor: a formao do professor como profissional reflexivo. In: NVOA, Antnio. (Org.) Os professores e a sua formao. Lisboa: Dom Quixote, 1992. p.93-114.
-
364
PERRENOUD, Philipe. Ensinar: agir na urgncia, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed, 2003
PERRENOUD, Phillipe. Prticas pedaggcas, profisso docente e formao: perspectivas sociolgicas. Lisboa: Dom Quixote,1993.
PERRENOUD, Phillipe. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
PERRENOUD, Phillipe. Dez novas competncias para ensinar: Porto Alegre, RS:Artmed, 2002.
PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedaggicos e atividade docente.So Paulo: Cortez, 2007.
PIMENTA, S. G. Formao de professores: identidade e saberes da docncia. In: PIMENTA,Selma Garrido; ANASTASIOU, La das Graas Camargo. Docncia no ensino superior. So Paulo: Cortez, 2005.
PIMENTA,Selma Garrido; ANASTASIOU, La das Graas Camargo. Docncia no ensino superior. So Paulo: Cortez, 2005.
PORLN, R.; RIVERO, A.; MARTN DEL POZO, R. Conocimiento profesional y epistemologa de los profesores I: teora, mtodos e instrumentos. Enseanza de las Cincias, v. 15(2) 1997, pp. 155-173.
PRIMI, Ricardo. Desenvolvimento de um inventrio de levantamento das dificuldades da deciso profissional. Psicologia. Reflexo. Crtica. [online]. 2000, vol.13, n.3, pp. 451-463. ISSN 0102-7972.
RAMALHO, Betnia L.; NUEZ, Isauro B.; GAUTHIER, C. Formar o professor, profissionalizar o ensino: perspectivas e desafios. Porto Alegre: Sulina, 2003.
RESOLUO n 013/2006 CONSEPE de 14 de maro de 2006
RESOLUO CES n 2 de 7 de abril de 1998;
RESOLUO do CONSEPE100 N 132/2008
RIOS, T. A. Compreender e ensinar: por uma docncia da melhor qualidade. So Paulo: Cortez, 2002.
RISTOFF, Dilvo; GIOLO, Jaime. Educao superior Brasileira 1991-2004. Braslia: INEP, 2006.
SACRISTN, J. Gimeno. Conscincia e aco sobre a prtica como libertao profissional dos professores. In: NVOA, Antnio (org.). Profisso professor. Porto: Porto Editora, 1995.
100 CONSEPE- Conselho Superior de Ensino, pesquisa e Extenso. um Orgo superior com funes deliberativas, normativas e consultivas sobre matria acadmica, didtico-pedaggica, cientfica, cultural e artstica, a ltima instncia de deliberao para recursos nestas reas
-
365
SACRISTN, J. Gimeno.. Poderes instveis em educao. Porto Alegre: Artes Mdicas Sul,1999.
SANTOS, P. J. Desenvolvimento psicolgico e indeciso profissional. Cadernos de Consulta Psicolgica [online]. 1994.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 8. ed. So Paulo, Cortez/Autores Associados, 1985.
SGUISSARDI, Valdemar. (Org.). Educao superior. Velhos e novos desafios. So Paulo: Xam, 2000.
SHETH, Jagdish. Comportamento do cliente: indo alm do comportamento do consumidor. So Paulo: Atlhas, 2001
SILVA, Antonio Oza da. A corrida pelo Lattes. In: RAMPINELLI,Waldir Jose; ALVIM, Valdir; RODRIGUES, Gilmar (Orgs). Universidade: Democracia ameaada. So Paulo: Xama, 2005.
SILVA, Roslia de Ftima e. A entrevista compreensiva - Texto para discusso no curso de Ps-Graduao em Educao. DEPED, UFRN, 2002.
SILVA, Roslia de Ftima e. Compreender a entrevista compreensiva. Educao em Questo, Natal, v.26, n.12, p.31-50. Maio/ago.2006
SOARES, Sandra Regina; CUNHA, Maria Isabel da. Programas de Ps-Graduao: lugar de formao da docncia universitria? Revista Brasileira da Ps-Graduao. V.7 n. 14, p. 577-604. Dezembro de 2010
TADIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente elementos para uma teoria da docncia como profisso das interaes humanas. Traduo Joo Batista Kreuch. Petrpolis, RJ: Vozes, 2005.
TARDIF, M. & RAIMOND, D. Saberes, tempo e aprendizagem do trabalho no magistrio. Educao & Sociedade. Campinas: CEDES, n.73, dez/2000. a p.209-244.
TARDIF, M. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento: subjetividade, prtica, e saberes no magistrio. In: CANDAU, V. M. (org.). Didtica, currculo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.
TARDIF, M. Saberes Docentes e Formao Profissional. Petrpolis: Vozes, 2002.
TARDIF, M., LESSARD, C. & LAHAYE, L. Os professores face ao saber: esboo de uma problemtica do saber docente. Teoria e educao. Porto Alegre, n.4, 1991, p.215-233.
TARDIF, M.; LESSARD E GAUTHIER, C. Formao dos professores e contextos. Porto, Portugal: RS- Editora Ltda, 2001.p.5-57.
TEIXEIRA, Ansio S. Educao e universidade. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1998;