Do Festival Detr on Cos de 1074

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  • 7/30/2019 Do Festival Detr on Cos de 1074

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    A Saga de

    Mitrax

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    Do Festival de

    Troncos de 1074

    A uto r :

    Srgio Rob ert o d e Paulo

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    nto, todos olharam para Gdu, fazendo-se s i lncio no

    sa lo. Ele , longe de f i car const rangido, f icou em p na cadei ra, apontou para o t e to com o

    dedo ind icador e dec larou:

    -Hei , pessoal , j ouviram aquela do Fest ival de Troncos de 1074?

    As reaes foram diversas. Plux o fulminou com o olhar. Aldebaran f icou comvontade de derrub-lo da cadeira. Mas os noivos o aplaudiram e Aeris f icou gr i tando l dofundo , conforme combinado:

    -Cont a a! Cont a a!

    -Esto t , vs sois m ui to insistentes! disse o gnom o. E come ou a contar a histr ia.

    -Se ele v ier com out ra histr ia sem p nem cabea, vou l e dou u m safano nele! disse Plux ao i rmo , sem desgrudar os olhos do r ei dos gnom os.

    -Calma, i rmo respondeu Castor , tent ando acalm- lo . Relaxa, estamo s numafesta!

    -Ento l vai : - comeou Gdu Estvamos l todos reunidos naquela manh defeverei ro, secretamente.

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    Apesar do gnomo mal ter inic iado a histr ia, Plux no se conteve: levantou-se egri tou para que Gdu o ou visse da distncia de cerca de dez met ros que o s separava:

    -Espera a! No disseste que era um Festival de Troncos? E como era secreto, seestava todo m undo l?

    Gdu o olhou com cara de poucos amigos, estrei tando os olhos. Ento, segurou nossuspensrios e respon deu, calm amen te:

    -Todos os gnom os estavam l , claro . Depois e le o lhou para um lado e para oout ro , ta lvez para se cer t i f i car que nenhum a gnoma hav ia v indo ao casamento da ra inha, econt inuo u: -M as os festivais so secret os para as nossas espo sas!

    Plux o olhou sem acredi tar no que estava ouvindo, mas, quando abriu a boca pararet rucar , fo i puxado pe lo i rmo, que o obr igou a se sentar novament e. Gdu l imp ou a gargantae p rosseguiu:

    -Bem, como eu es tava d izendo, - e enfa t i zou m ui to bem as seguin tes palavras: - antes

    de ser in ter rom pido ( ! ) , estvamos todos l . Naquela prova, hav ia se is bravos gnomo sal inhados, diante d os seus tron cos. E aqueles no eram t ron cos quaisquer, no senhor! Foramcuidadosamente escolhidos, cortados e besuntados. E eram os t roncos mais podres que sepode te r !

    Alguns convidados f izeram cara de nojo, mas a Grande Rainha e o Senhor do Gelor i ram e outros os acompanharam. Somente Theobaldo f icou passivo, sonhando, olhando paraalm da janela. E Castor nem ouvia o que Gdu diz ia, pois tambm sonhava, com Lianor, que,estranham ent e, no estava al i.

    -E o m eu pr im o de q u in to grau, Gdoromn dr io , que era o ju iz da pe le ja , deu o s ina l

    para comear : p isou no rabo do gato e o s com pet idores avanaram in t rep idamente, enf iandoas suas cabeas nos tr on cos!

    -Coi tado do gato, Gdu! exclamou Aara, r indo, co locando am bas as mos sobre aboca.

    -No se i por qu! respondeu o gnom o, cruzando os braos. Usamos os gatoscom o sirene h mi lhares de anos!

    Vrios convidado s r i ram , mas Aldebaran olhou p ara o alto , suspirando, e Plux deuum tapa no p rpr io rosto, desl izando a palm a da mo contr a a face, exasperado .

    -E todo s vs, ev identem ente, deve is estar vos perguntando quais so as regras dessamodal idade ol mpica!

    -Eu no estou m e perguntando nada! resmu ngou Plux

    -Pois vence cont inuou o gnom o - quem f i car mais tem po com a cabea enf iada not ronco !

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    -S isso, Gdu? indagou Zei lig . No mu i to chato, no? Parece um p oucom o n t o n o !

    -M ont ono nada! Aqu i lo uma m arav ilha! Ns nos sentamos l per to , observando econtando h istr ias. Ento o gnomo ba ixou a cabea, parecendo t r i ste , e cont inuou : -Penaque eu tenha perd ido o d esse ano! Estvamos em m isso no o este . .. M as logo se an imou

    novamente, empert igou-se, e prosseguiu: -Mas aquele fest ival foi di ferente. Mal oscompet idores haviam enf iado a cabea no t ronco, quando o meu sobr inho, Catonbolor , quehav ia f icado em c ima de um coquei ro v igiando, soou o a larme: Hei pessoal, disse ele , no o lha i agora, mas nossas esposas esto vindo! M as claro que to dos o lharam em todas as d i rees.Alguns j corr iam, se jogando em precipcios. Outr os se t r om bavam u ns nos outro s!

    -Bah! bradou Plux , bem a l to . Duv ido que ha ja precip c ios em Chorum !

    As pessoas olharam para o m ago, mas Aeris, l no fu ndo do salo, ergueu u m cop o e,com a voz meio grogue, entoo u o qu e havia ensaiado:

    -Cont a a! Cont a a!

    Aara o lhou para e le com um a cara de mais tarde vamos ter um a conversinha! .Emb ora o e l fo t i vesse m ais de cem anos, a rainha no t inha cer teza se e le t inha idadesuf ic ient e para estar b ebendo e Aldebaran dissera que eles t inham q ue educ-lo.

    -Bem , m as acon teceu que con t i nuou o gnom o a lguns consegu i ram t i r ar ascabeas dos tro ncos e outro s no. E um a voz tenebro sa, cavernosa e Gdu, agora, contavaisso com um a voz grave, fantasmagr ica, ba lanando os dedos no ar ve io do m eio daf loresta, dizendo assim : Oh, seu preguioso e desmiolado , se te pego , te arran co o f gado! E, claro, todo mundo reconheceu aquela voz. Era a Gumercinda, a esposa do meu outrosobrinho, o Guntra, que estava com a cabea bem enf iada no tronco e no conseguia t i rar de

    jeit o nen hum . E a Gu m erci nd a j est av a ch egando ao desca m pad o em que est v am o s. Ent o ,bateu desespero gera l . Os quat ro gnomos que tentavam arrancar o Gunt ra do t ronco,puxando-o pe las pernas, desist i ram e abandonaram o pobre co i tado l . Trs bravoscompet idores, que conseguiram se sol tar, sumiram, mas outros t rs f icaram l entalados. Opr imo do m eu pa i , M amont rv io , esperneava que nem desesperado, bem ent a lado, morrendode medo de apanhar .

    - Isso prova a bravura dos gnomos dec larou Plux , levantando-se: - tm medo deapan har das suas esposas!

    Gdu co locou as mos na c in tura e o lhou o herde i ro de Gol iah com apenas um dos

    olho s abert os:

    -E por acaso j apanhastes de uma gnoma? No sabes o que uma paulada daMar iqu inha! E a Gumerc inda, em par t i cu lar , tem uma cacetada que famosa em todaChorum!

    Castor puxou novam ente o i rmo, obr igando-o a se sentar .

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    -E ent o o m eu f i lho, Ior, teve um a idia. Ele tem t u tano , sabiam ? Ele disse para o st rs que es tavam m ais prx imos para se enf iarem nos t roncos e todo s d izerem que eram oGunt ra, para a Gum ercinda no saber qual deles era. A eles entraram nos tro ncos e f icaram lcomo os out ros , com o bum bum para o ar !

    Plux no se cont eve de novo , m as no se levanto u, gr i tando de o nde estava:

    -! M as Ior, ele m esmo, no se enf iou no tron co!

    -E e le besta ! respondeu ca lmam ente o re i dos gnomo s. Depois, ignorandotot a lmente o m ago, deu cont inu idade h istr ia : - E quando a Gum erc inda, acompanhada dem ais duas gnom as adent rou n o descam pado, foi um desespero geral . Os que f icaram sumiram .Uns, que nem eu, se esconder am atrs das pedras, outr os atrs das rvores. O M enosprzio,que bar r igudo, escondeu-se at rs de um a rvore e f i cou com a bar r iga de fora . A Gumerc indase aprox imou da t urm a enf iada nos t roncos ra lhando: Seu sem-vergonha, de ixou a loua todasem lavar! . Mas, c laro, ela no poderia adiv inhar qual daqueles gnomos enf iados nostr oncos era o seu segund o m arido, pois os bum bun s deles eram p arecidos e estvam os todo s

    usando calas marro ns, que t radio n os fest ivais!

    Ent o Gdu parou de cont ar e passou a cof iar a barba, pensando. M as aqui lo era spara aumentar o suspense. Esperou por c inco segundos, at que a Rainha Benedi teperguntasse:

    -E o qu e aconteceu ent o?

    -Ah! Boa pergunta! respondeu o gnom o, entus iasmado.

    A essa al tura, Plux j estava com o ro sto enf iado en tr e os braos, debr uado sobre am esa, lam ent ando-se baix inho . Mas o rei dos gnom os no se fez por r ogado:

    -Bem, e la perguntou qual de les era o m ar ido de la e a , conforme o p lano de Ior ,todos responderam: Sou eu!. Ela parou por alguns instantes, pensando, e depois pareceuformular um plano. Eu vi tudo do meu infal vel esconderi jo! Ento ela falou: Sai j da e vailavar a loua!. E ela era brava, mui to brava. Ento, todos responderam, quase ao mesmotempo: S im, amorz inho! , po is i sso que um gnomo normalmente responde quando a suaesposa vem at rs de voc com um pau ou um a panela na mo. A ela estr ei tou o s olhos e fezum a cara de m au. Credo ! Eu f iqu ei com m edo! E acabou dizendo: Ah, , to dos so o Gunt ra,no ? Pois agora todo s vo apanhar! . E foi quand o aconteceu a coisa mais extraor dinr ia quevi na v ida!

    E parou de falar, cruzando os braos. E f icou um tem po calado.Mas Aara sabia o que ele queria. Queria que implorassem para ele terminar a

    histr ia. Assim sendo , a rainha disse com um a vozinha charm osa:

    -Ah, Gdu, vai , term ina a hist r ia!

    E Aeris, l do fund o do salo, novamen te, com pletam ent e grogue, voci ferou:

    -Cont a a! Cont a a!

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    -Est bem , est bem ! d isse o gnom o, erguendo os braos para conter a supostaansiedade do pb l ico. Vs sois m ui to insisten tes! Pois bem ... Quando o p ovo o uviu a palavra apanhar , fo i pn ico gera l. Bem, a Gumerc inda famo sa pe lo tapa b em ard ido e d odo, mas,naquela ocasio, ela pegou uma varinha. Sabe, uma daquelas bem f ininhas e f lexveis,parecendo um ch icote . No desespero, o M amont rv io com eou a cor rer , dent ro do t roncom esmo e fo i ar rastando o t ronco para f rente , de ixando para t rs um su lco na ter ra qu e ex isteat ho je . Ele sum iu l na f rent e . O D ima se esperneou com t anta fora, que acabou quebrandoo t ronco de le . A e le sum iu tamb m e f i cou um a semana sem ser v isto . E o Gunt ra ent o! Eleesperneou tanto, e as mos dele estavam pr fora do tronco, pois ele estava preso s pelosom bros , esperneou tanto , t anto , que cavou um buraco no cho. Enquanto i sso, a Gumerc indadava uma surra daquelas naqueles t rs pobres coi tados que entraram nos troncos depois eno t inham nada a ver com a histr ia. por isso que at hoje n ingum m ais vai atrs das idiasde Ior ! E o Gunt ra cavou tanto , cavou tanto qu e e le f icou l embaixo e o t ronco f i cou navert ical em cima dele. E pensais que ele parou? claro qu e no ! Ele no besta! Cont inuou seesperneando at que f i rmou bem o s ps no cho, l no fundo d o buraco e saiu de le , cor rendo,com o t ronco a inda na cabea. E aquele era um senhor t ronco, com uns t rs met ros de

    com pr im en to !

    Aldebaran j t inha escondido os olhos por t rs da palma da mo, engol indo comdif iculdade a histr ia. M as Gdu estava em polgado:

    -E ele, como no estava vendo nada, acabou correndo na di reo do morro. A , claro, a responsabi lidade se abateu sobr e mim e sa corrend o atrs dele. M as no que elet rop eou bem na bo rda do m orro? A e le ro lou mo rro abaixo e eu cor rendo at r s de le . Bem,ro lar no bem a pa lavra.. . Ento Gdu passou a pensar , lembrando do ep isd io : - no seique palavra existe p ara descrever aqu i lo. Ele desceu o m orro assim , : quand o ele t rop eou, aout ra ponta do t ron co fo i para f rente e se f incou no cho. A levantou e le a t o a l to . E e le

    ainda esperneando. A ele caiu para f rente, at botar de novo os ps no cho, deu algunspassos cor rendo, m as o t ronco vo l tou a inc l inar para f rente e se f incar de no vo no cho,erguend o ele de novo esperneando e assim foi . c laro q ue eu no con segui alcanar ele. Elefo i l pra ba ixo com um a ve locidade to grande que o t ron co zun ia cont ra o vent o. A , ento,aconteceu o que evidentemente aconteceria naquelas c i rcunstncias: ele caiu no r io comtr onco e tu do e foi levado pela corrent eza e nunca mais foi v isto . Eu t i rei o m eu gorr o, em sinalde lu to . M as aquele r io , o Chorum mar iar , desgua no Quix to , que desgua no M gion, quedesgua no m ar. E eu acho que a essas al turas ele deve estar l po r Porto Gaivot a! Bem ... pelomenos l que ouvi falar que a Gumercinda o encontrou, e o est t razendo para casa agora,puxando-o pelas ore lhas!

    Ent o Gdu se calou e abriu os braos, com u m sorr iso de orelha a orelha. E m ui to s al i ,sabiam que era o s inal que a histr ia havia acabado e que ele esperava por aplausos. O reiBauron Cabea de Tour o fo i o pr imeiro a se levant ar e aplaudir . E Aara no sabia se ele haviafe i to aqui lo porque rea lmente gos tara da h is tr ia ou porque quer ia que aquele ep isd ioter m inasse logo. M as, os dem ais tam bm aplaudiram , exceto Plux, que balanava a cabeade um lado para o out ro, ainda debru ado. E Gdu se curvou , todo cheio de s i , dizendo :

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    -Podeis aplaudir ! Podeis aplaudir ! Eu sei mesmo que minhas histr ias soirresistveis!

    www.mi t raxsaga.com

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    Em dezem bro/ 2012 nas m elhores l iv rarias do pas

    O pr im eiro l iv ro da Saga de M it rax:

    Edit ora N ovo Sculo

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