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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL DIETA DE Tyto alba (AVES; STRIGIFORMES) EM ÁREAS URBANA E RURAL DE PERNAMBUCO, BRASIL. ALUNA: DANIELA PEDROSA DE SOUZA RECIFE 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL

DIETA DE Tyto alba (AVES; STRIGIFORMES) EM ÁREAS

URBANA E RURAL DE PERNAMBUCO, BRASIL.

ALUNA: DANIELA PEDROSA DE SOUZA

RECIFE

2009

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DANIELA PEDROSA DE SOUZA

DIETA DE Tyto alba (AVES, STRIGIFORMES) EM ÁREAS URBANA

E RURAL DE PERNAMBUCO, BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Biologia Animal da

Universidade Federal de Pernambuco,

como parte dos requisitos necessários para

a obtenção do título de Mestre em Ciências

Biológicas na área de Biologia Animal.

Orientador: Prof. Dr. Diego Astúa de Moraes

RECIFE

2009

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Souza, Daniela Pedrosa de Dieta de Tyto Alba (aves; strigiformes) em áreas ur bana e rural de Pernambuco, Brasil/ Daniela Pedrosa de Souza – Reci fe: O Autor, 2009 35 folhas: il., fig.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Departamento de Zoologia, 2009.

Inclui bibliografia

1.Tyto alba. 2.Strigiformes. 3. Aves- dieta. I Títu lo. 598.97 CDU (2.ed.) UFPE 598.97 CDD (22.ed.) CCB – 2009-

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“Dedico este trabalho a todos que

estiveram comigo nos bons e maus

momentos durante o período de estudo”

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Dr. Diego Astúa de Moraes, pelo apoio, amizade,

paciência, confiança, sugestões e críticas em todas as etapas do desenvolvimento deste

trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, UFPE e à FACEPE pelo

apoio financeiro.

Ao INMET pela cessão dos dados meteorológicos.

Aos membros da banca examinadora pelas correções e sugestões.

Ao Professor Dr. Paulo Santos e a Professora Dr. Mariana Guenther pela

orientação nas análises estatísticas.

À Direção e aos funcionários da Estação Ecológica de Tapacurá pela autorização

de trabalho na área e apoio logístico durante as coletas.

Aos amigos Thaís Lira e Paulo Asfora pela colaboração nas identificações dos

morcegos e roedores encontrados nas pelotas.

À Professora Luciana Iannuzzi pela identificação dos insetos encontrados nas

pelotas.

Aos amigos que colaboraram com as coletas e as buscas às pelotas: Pedro Jorge,

Patrícia Pilatti e Micaías Rodrigues.

Aos amigos de laboratório: Ana Carolina Bezerra, Elis Damasceno, Isabella

Bandeira, Paulo Asfora, Patrícia Pilatti, Rafael Carvalho, Raul Alves, Taciana Rocha e

Thais Lira, pela paciência, amizade e excelente companhia.

À turma do Mestrado em Biologia Animal 2007: Alessandra, Arnaldo, Bruno,

Ebenézer, Éllyda, Fabiana, Fátima Luciana, Flor, Glória, Janine, Juliana, Paulo, Pedro,

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Roberta, Taciana, Tatiana Cibele, Tatiana Costa, Tatiana Nunes e Tereza Manuela, por

ter sido muito melhor do que eu poderia ter imaginado.

Ao meu amigo Pedro Jorge Brainer, pela ajuda indispensável e galhos

quebrados.

Aos amigos queridos: Amanda, Bruno, Camila, Claudiane, Glaussy, Isabela,

Leandro, Lucas, Marcella, Michele, Milria, e Tatyana, pelas horas de sorrisos e diversão

e por estarem comigo nos momentos mais difíceis.

A minha amiga querida Vivyanne Magalhães pelo carinho, amizade e por todos

os conselhos e oportunidades.

Aos meus avós, tios e primos pelo apoio moral, logístico e financeiro e pela

união, força e alegria cotidiana.

Aos meus pais, José e Raquel, e aos meus irmãos, Renata e Augusto, pela lição

diária de caráter e por me darem tudo o que foi preciso para realizar os meus sonhos até

hoje.

Aos meus bebês pela felicidade e inspiração para concluir o meu trabalho.

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... viii

ABSTRACT ..................................................................................................................... x

1.INTRODUÇÃO GERAL E ESTADO DA ARTE........................................................ 01

2. OBJETIVOS................................................................................................................. 06

3. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 07

4. CAPÍTULO I - Dieta de Tyto alba (Aves, Strigiformes) em áreas urbana e rural de

Pernambuco,Brasil ...........................................................................................................

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5.CAPÍTULO II - Small mammals in Barn Owl (Tyto alba – Aves, Strigiformes)

pellets from Northeastern Brazil, with new records of Gracilinanus and Cryptonanus

(Didelphimorphia, Didelphidae).......................................................................................

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RESUMO

Este trabalho analisou a variação na composição da dieta de Tyto alba (Scopoli, 1769)

(Strigiformes, Tytonidae) a partir de presas identificadas em pelotas de regurgitação

entre duas áreas ecologicamente distintas. As coletas foram realizadas no período de

julho de 2006 a julho de 2008, em uma área rural e uma urbana em Pernambuco,

nordeste do Brasil. Ao todo, foram coletadas e analisadas 647 pelotas completas, além

de fragmentos, com 833 itens compreendendo 16 espécies. Os pequenos mamíferos

foram as principais presas na dieta de Tyto Alba representando 93,3% do número total e

foram seguidos de invertebrados (3,2%), répteis (3,1%) e aves (1,3%). A composição

da dieta diferiu entre as duas áreas. A biomassa média das presas consumidas por Tyto

alba foi significativamente maior em Olinda (135,3g ±15,84g) do que na EET (46,5g ±

14,17g) (U= 18; p= 0) e a riqueza foi significativamente maior na área rural em relação

à urbana (U=35; p < 0,02) mas não houve diferença no número de presas consumidas

pela suindara entre as duas áreas. Não houve variação sazonal no consumo de presas

para as duas localidades. Não houve diferença no número de presas consumidas entre as

duas áreas. Não houve variação sazonal no consumo de presas para as duas localidades.

A variação na composição da dieta é explicada pelo comportamento generalista da

suindara, que substitui as presas de acordo com a disponibilidade no ambiente. A

ausência de sazonalidade neste estudo está relacionada a uma provável abundância de

recursos às espécies mais predadas, o que permite uma reprodução contínua e

consequentemente uma maior abundância destas espécies durante todo o período de

estudo. Entre as espécies encontradas nas pelotas destacam-se os marsupiais didelfídeos

Gracilinanus agilis e Cryptonanus agricolai, que constituem os primeiros registros

destes táxons na Floresta Atlântica de Pernambuco e na ântica de Pernambuco e na

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região costeira nordestina respectivamente. Os resultados encontrados neste estudo

confirmam a importância do estudo de pelotas de regurgito como fonte de informação

sobre a diversidade da fauna de pequenos mamíferos, e o papel das suindaras como

potenciais agentes bióticos no controle populacional de roedores em ambientes

modificados como plantações e cidades.

Palavras-chave: Tyto alba, suindara, pequenos mamíferos, dieta, Pernambuco.

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ABSTRACT

We studied the variation in the diet of Tyto alba (Scopoli, 1769) (Strigiformes,

Tytonidae) through the analysis 647 pellets contents collected from July 2006 to August

2008 in an urban and rural area in Pernambuco, Brazil. We identified 833 prey items of

16 species. Small mammals were the main prey of barn owls (93,3%) followed by

invertebrates (3,2%), reptiles (3,1%) and birds (1,3%). There were differences in diet

composition between two localities. The mean mass was higher in Olinda (135,3g

±15,84g) than EET (46,5g ± 14,17g) (U= 18; p= 0) and richness was higher in EET

than Olinda (U=35; p < 0,02), but the number of prey consumed by owls was not

different between two areas. There was no significant difference in the diet between

seasons in both urban and rural localities. Variation in the diet is due the opportunistic

feeding behavior of barn owls that prey in accordance to the availability of their prey in

the environment. The absence of seasonality in our study is related to the abundance of

food resource for the more preyed species, that allows a continuous reproduction and

consequently higher abundance of this species during the study period. The didelphid

marsupials Gracilinanus agilis and Cryptonanus agricolai found in pellets constitute

important new records, as they are recorded for the first time in the Atlantic forest of

Pernambuco and in the Northeastern coastal region, respectively. Our results confirm

the importance of studying pellet contents as a source of information on small mammals

diversity and the role of owls in the potential control of rodent population in cities and

agro-environments.

KEY WORDS: Tyto alba, barn owl, small mammal, diet, Pernambuco.

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INTRODUÇÃO GERAL E ESTADO DA ARTE

A ordem Strigiformes encontra-se distribuída por todos os continentes exceto a

Antártica, com origem provável a partir do Velho Mundo (Vaurie 1960, Sick 2001).

Constitui um grupo monofilético (Mayr et al. 2003) e está atualmente subdividida em

duas famílias, Strigidae e Tytonidae (Randi et al. 1991). Encontram-se na América do

Sul cerca de trinta espécies, sendo uma delas pertencente à família Tytonidae (Tyto

alba, Scopoli 1769) e as demais pertencentes à família Strigidae (Sant´Anna & Diniz-

Filho 1997). As duas famílias estão separadas, dentre outras características, pela

estrutura da siringe e pela forma das pernas (Sick 2001). Tyto alba tem sido dividida em

muitas subespécies (Vaurie 1960, Randi et al. 1991), sendo nas três Américas

reconhecidas 13 raças geográficas (Sick 2001). Ocorre em uma grande variedade de

habitats, preferindo áreas abertas, naturais e antrópicas (Roda 2006). No Brasil, é

encontrada em grande parte do país, excetuando áreas com florestas densas (Bueno

2003). Possui uma área de vida ampla variando de um mínimo de 66 ha a um máximo

de 11300 ha (Michelat & Giradoux 1991).

As suindaras (Tyto alba) possuem cerca de 37 cm de comprimento e 310 g de

massa, coloração branca no ventre e dourada no dorso e a fêmea é geralmente maior que

o macho (Jaksic & Yáñez 1980). A reprodução ocorre durante quase todo o ano, a

incubação é realizada predominantemente pela fêmea com uma duração de 30 a 40 dias

e a postura varia de três a doze ovos (Lange 1981). As penas são macias modificadas

para um vôo silencioso, o ouvido interno ou labirinto, assim como das outras corujas, é

bem desenvolvido, sendo capaz de apanhar um rato vivo em escuridão absoluta, guiada

unicamente pelo ouvido (Marti' 1974, Spitzer & Takahashi 2006, Whitchurch &

Takahashi 2006, Harmening et al. 2007). Os olhos são grandes, quase imóveis,

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resultando um campo visual muito limitado, desvantagem compensada pela extrema

agilidade da cabeça que tem um circuito de 270º (Sick 2001). A visão também é muito

importante na captura das presas, a grande acuidade visual faz com que estes animais

possam capturar facilmente presas imóveis (Kaufman 1974, Harmening et al. 2007). A

maior atividade caçadora desenvolve-se no crepúsculo e no começo da noite (Marti'

1974, Bellocq 1998, Aragón et al. 2002, Bueno 2003, Aliaga-Rossel & Tarifa 2005,

Sauthier et al. 2005), podendo também forragear durante o dia em condições

desfavoráveis (Ramírez et al. 2000, Sommer et al. 2005).

As suindaras alimentam-se principalmente de roedores (Ramírez et al. 2000,

Aragón et al. 2002, Bonvicino & Bezerra 2003, Bueno & Motta-Junior 2006) mas

também podem ocorrer marsupiais (Motta-Junior & Talamoni 1996, Massoia et al.

1999, Bonvicino & Bezerra 2003, Roda 2006), morcegos (Escarlate-Tavares & Pessoa

2005, Sommer et al. 2005), aves, répteis e anfíbios (Motta-Junior 1996, Ramírez et al.

2000, Bueno 2003) na dieta. A escolha da presa aparentemente está relacionada com sua

disponibilidade na área de caça (Marti' 1974, Agüero & Poleo 2000).

Estão entre as aves mais úteis do mundo, no que se refere às atividades

econômicas humanas. Com um raio de ação mais freqüente igual a 1,5 km e um

consumo médio que pode chegar a 84,3 g por dia (Hamilton & Neill 1981), estas aves

desempenham um importante papel no controle populacional de roedores, funcionando

como reguladoras de pragas urbanas e potenciais vetores de zoonoses, em ambientes

modificados como plantações e cidades (Magrini 2006).

Tyto alba, assim como todas as corujas, possui um sistema digestório

característico que lhe permite regurgitar o material não digerível (pelotas), como pêlos e

ossos, de suas presas. As pelotas são um material de grande utilidade para estudar a

dieta das aves que as produzem já que suas análises constituem um método simples e

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relativamente confiável (Trejo & Ojeda 2002, Magrini 2006). Devido a sua tendência

em utilizar construções humanas como dormitórios, e a sua dieta baseada em pequenos

mamíferos, Tyto alba tem se convertido na principal fonte para análises de pelotas

(Jaksic & Yáñez 1979, Hamilton & Neill 1981, Bellocq 1998, Pardiñas & Cirignoli

2002b).

As análises de pelotas são uma importante ferramenta em estudos taxonômicos

uma vez que permitem a obtenção de espécies raras ou que não são facilmente

capturadas em armadilhas devido a características comportamentais ou à ocupação de

microhabitats específicos (Scheibler & Christoff 2007). Essas análises têm contribuído

tanto para o conhecimento geral da dieta e o papel ecológico dos predadores como para

detecção de espécies de pequenos vertebrados em estudos taxonômicos e de distribuição

(Pardiñas & Cirignoli 2002a).

São exemplos desta contribuição a recuperação da maior coleção conhecida da

cuíca da Patagônia, Lestodelphys halli, com mais de 300 exemplares (Martin 2005), até

então conhecida somente por alguns poucos exemplares capturados e algumas dezenas

de restos fragmentários de pelotas, e a descrição de quatro novas localidades de

ocorrência e de 15 novos exemplares de Chacodelphys formosa (Teta et al. 2006), uma

espécie de um gênero monotípico até então conhecida somente pelo exemplar-tipo,

coletado em 1930, e desde então nunca mais registrado.

No Brasil Central, o roedor Carterodon sulcidens, descrito por Lund em 1941 de

Lagoa Santa, Minas Gerais, era conhecido durante muito tempo só através de restos

encontrados em pelotas da suindara (Sick 2001).

O primeiro registro do morcego Tadarida teniotis para a ilha de Ibiza, Espanha

(Sommer et al. 2005), e a extensão do limite de distribuição em 280 km na província de

Buenos Aires e os primeiros registros para o roedor Holochilus chacarius chacarius na

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província de Entre Rios, Argentina (Voglino et al. 2004) são exemplos de localidades

de ocorrências de espécies de pequenos mamíferos que puderam ser estendidas graças à

identificação dos indivíduos em pelotas das suindaras.

As pelotas podem também ser fossilizadas. Há ocorrência de fossilização em

cavernas da África e nas Antilhas onde boa parte do conhecimento dos vertebrados (em

parte já extintos) se deve ao exame de pelotas da suindara (Sick 2001). Na Patagônia,

Argentina, foi comprovada uma diminuição importante na diversidade específica devida

ao impacto antrópico nos últimos cem anos, utilizando amostras do Holoceno superior,

também originárias de pelotas de Tyto alba (Pardiñas et al. 2000).

Fragmentos de pequenos mamíferos em pelotas de Tyto alba têm sido

extensivamente utilizados em estudos de ecologia destas aves bem como em estudos de

taxonomia e distribuição de suas presas em várias regiões do mundo (Anderson & Long

1961, Calvario et al. 1992, Vernier 1994, Battisti et al. 1997, Young 1997, Love et al.

2000, Obuch 2001, Tores & -Tov 2003, Álvarez-Castañeda et al. 2004, Bond et al.

2004, Frederick B. Stangl & Shipley 2004, Mushtaq-ul-Hassan et al. 2004, Pavia 2004,

Bontzorlos et al. 2005, Shehab & Al-Charabi 2005, Leonardi & Dell’Arte 2006, Seçkin

& Coskun 2006, Askew et al. 2007, Charter et al. 2007, Rasoma & Goodman 2007,

Scheibler 2007) e em diversos tipos de habitats em alguns países da América do Sul

(Jaksic & Yáñez 1979, Tiranti 1994, Bellocq 1998, Massoia et al. 1999, Ramírez et al.

2000, Pardiñas & Cirignoli 2002b, Trejo & Ojeda 2002, Cirignoli & Pardiñas 2004,

Leveau et al. 2004, Aliaga-Rossel & Tarifa 2005, Cueto et al. 2008). No Brasil muitos

estudos têm utilizado esta técnica, mas com exceção de um trabalho realizado no

nordeste (Roda 2006) todos os outros foram conduzidos nas regiões sul, sudeste e

central do Brasil (Motta-Junior 1996, Motta-Junior & Talamoni 1996, Bonvicino &

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Bezerra 2003, Bueno 2003, Escarlate-Tavares & Pessoa 2005, Scheibler & Christoff

2007).

A Argentina se destaca em relação aos outros países quanto ao estudo de

regurgitos, possuindo os trabalhos mais antigos, com uma enorme produção de dados

pelo mastozoólogo Elio Massoia e seus alunos, o que corresponde a mais de 50

trabalhos produzidos ao longo de sua vida. Na Europa mediterrânea as informações

sobre dieta das suindaras são também abundantes. Para Itália e Espanha existem mais de

100 artigos analisando os diferentes aspectos da dieta de corujas ao longo de trinta anos,

entretanto, em áreas como a Grécia apenas 10 estudos foram publicados (Bontzorlos et

al. 2005). Os primeiros estudos dão ênfase à taxonomia e distribuição geográfica das

presas, e poucos abordam a ecologia trófica das aves (Anderson & Long 1961, Kaufman

1974, Marti' 1974, Jaksic & Yáñez 1979, Tiranti 1994).

O número de estudos com ênfase em ecologia alimentar de Strigiformes vem

aumentando principalmente na América do Sul (Motta-Junior 1996, Bellocq 1998,

Ramírez et al. 2000, Leveau & Leveau 2004). Atualmente existem duas principais

linhas de investigação, uma enfatizando aspectos taxonômicos e de distribuição das

presas, principalmente pequenos mamíferos (Massoia et al. 1999, Cirignoli & Pardiñas

2004) e outra com ênfase em ecologia trófica de Tyto alba (Marti' 1974, Bellocq 1998).

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OBJETIVOS

Diante da importância de Tyto alba na estruturação das relações tróficas em

comunidades de pequenos vertebrados terrestres, da escassez de estudos ecológicos sobre

a espécie e da carência de conhecimentos sobre a composição das comunidades de

pequenos mamíferos no nordeste do Brasil, o presente trabalho teve como objetivos:

1. Analisar a composição da dieta de Tyto alba a partir de presas identificadas

em pelotas de regurgitação em uma área urbana e uma rural do estado de

Pernambuco.

2. Verificar a ocorrência de sazonalidade na dieta;

3. Comparar a dieta dos indivíduos com área de vida em regiões urbanas e

florestadas

4. Avaliar a importância da análise de pelotas de regurgito como fonte de dados

sobre ocorrência de pequenos mamíferos nas áreas estudadas

Esta dissertação está apresentada em dois capítulos. O capítulo I consiste no

primeiro manuscrito – Dieta de Tyto alba (Aves, Strigiformes) em áreas urbana e rural

de Pernambuco, Brasil. O Capítulo II consiste no segundo manuscrito - Small

mammals in Barn Owl (Tyto alba - Aves, Strigiformes) from Northeastern Brazil, with

new records of Gracilinanus and Cryptonanus (Didelphimorphia, Didelphidae).

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REFERÊNCIAS

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(Tyto alba) sobre poblaciones de ratas en cultivos de arroz. Investigación

Agrícola 1(5).

Aliaga-Rossel, E., & T. Tarifa. 2005. Cavia sp. como principal presa de la lechuza de

campanario (Tyto alba) al final de la estación seca en una zona intervenida al

norte del Departamento de La Paz, Bolivia. Ecología en Bolivia 40(1): 35-42.

Álvarez-Castañeda, S.T., N. Cárdenas, & L. Méndez. 2004. Analysis of mammal

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Anderson, S., & C.A. Long. 1961. Small mammals in Pellets of barn owls from Miñaca,

Chihuahua. American Museum Novitates 2054: 1-3.

Aragón, E.A., B. Castillo, & A. Garza. 2002. Roedores en la dieta de dos aves rapaces

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Askew, N.P., J.B. Searle, & N.P. Moore. 2007. Agri-environment schemes and foraging

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Battisti, C., B. Cignini, & L. Contoli. 1997. Geographical peninsular effects on the

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13-22.

Bellocq, M.I. 1998. Prey selection by breeding and nonbreeding barn owls in Argentina.

The Auk 115(1): 224-229.

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Bond, G., N.G. Burnside, D.J. Metcalfe, D.M. Scott, & J. Blamire. 2004. The effects of

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Bontzorlos, V.A., S.J. Peris, C.G. Vlachos, & D.E. Bakaloudis. 2005. The diet of barn

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Bonvicino, C.R., & A.M.R. Bezerra. 2003. Use of regurgitated pellets of barn owl (Tyto

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Bueno, A.A., & J.C. Motta-Junior. 2006. Small mammal selection and functional

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Calvario, E., B. Cignini, & S. Sarrocco. 1992. Micromammiferi della riserva naturale

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Charter, M., I. Izhaki, L. Shapira, & Y. Leshem. 2007. Diets of Urban Breeding Barn

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Cirignoli, S., & U.F.J. Pardiñas. 2004. Análisis dietarios de Strigiformes en Argentina

sobre la base de egragópilas: estado actual del conocimiento y tendencias. I

Simposio Argentino sobre Investigación y Conservación de Rapaces – SAICR I.

Resumenes extendidos.: 27-28.

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DIETA DE Tyto alba (AVES, STRIGIFORMES) EM ÁREAS URBANA E RURAL

DE PERNAMBUCO, BRASIL

Daniela P. Souza & Diego Astúa

Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal de

Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego s/n, Cidade Universitária. 50670-420. Recife, PE.

Email: [email protected]

Correspondência:

Diego Astúa

Laboratório de Mastozoologia

Departamento de Zoologia

Universidade Federal de Pernambuco.

Av. Prof. Moraes Rego s/n, Cidade Universitária.

50670-420. Recife, PE.

Email: [email protected]

Tel./Fax: +55 81 2126 8353

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RESUMO

Analisou-se a variação na composição da dieta de Tyto alba (Scopoli, 1769) a partir de

presas identificadas em pelotas de regurgitação entre duas áreas ecologicamente

distintas. As coletas foram realizadas no período de julho de 2006 a julho de 2008, em

uma área rural (Estação Ecológica do Tapacurá) e uma urbana (Olinda) em

Pernambuco, nordeste do Brasil. Ao todo, foram coletadas e analisadas 647 pelotas

completas, além de fragmentos, com 833 itens compreendendo 16 espécies. Os

pequenos mamíferos constituíram a maior parte das presas de Tyto alba nas duas áreas

representando 93,3% do número total, os demais foram formados por invertebrados

(3,2%), répteis (3,1%) e aves (1,3%). A composição da dieta diferiu entre as duas áreas.

A biomassa média das presas consumidas por Tyto alba foi significativamente maior em

Olinda 135,3g ±15,84g do que na EET (46,5g ± 14,17g) (U= 18; p= 0), e a riqueza foi

significativamente maior na área rural em relação à urbana (U=35; p < 0,02) mas não

houve diferença no número de presas consumidas pela suindara entre as duas áreas. Não

houve variação sazonal no consumo de presas para as duas localidades. A variação na

composição da dieta é explicada pelo comportamento generalista da suindara, que

substitui as presas de acordo com a disponibilidade no ambiente. A ausência de

sazonalidade neste estudo está relacionada a uma provável abundância de recursos às

espécies mais predadas, o que permite uma reprodução contínua e consequentemente

uma maior abundância destas espécies durante todo o período de estudo. Os resultados

encontrados neste estudo também confirmam a importância das suindaras como agentes

bióticos no controle populacional de roedores em ambientes modificados como

plantações e cidades.

Palavras-chave: Tyto alba, suindara, pequenos mamíferos, dieta, Pernambuco.

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ABSTRACT

We analyzed the variation in the diet of Tyto alba (Scopoli, 1769) (Strigiformes,

Tytonidae) from the contents of 647 pellets collected from July 2006 to August 2008 in

an urban and a rural area in Pernambuco, Brazil. We identified 833 prey items from 16

species. Small mammals were the main prey of barn owls (93,3 %) followed by

invertebrates (3,2%) reptiles (3,1%) and birds (1,3%). There were differences in diet

composition between two localities. The mean mass was higher in urban area 135,3g ±

15,84g than rural area (46,5g ± 14,17g) (U= 18; p= 0) and richness was higher in rural

area than urban area, (U=35; p <0,02), but the number of prey consumed by owls was

not different between two areas. There was no significant difference in the diet between

seasons in both, urban and rural, localities. Variation in the diet is due the opportunistic

feeding behavior of barn owls that prey in accordance to the availability of their prey in

the environment. The absence of seasonality in our study is related to the abundance of

food resource for the species preyed more frequently that allows a continuous

reproduction and consequently higher abundance of this species during the study period.

Our results also confirm the importance of owls in the control of rodent populations in

cities and agro-environments.

KEY WORDS: Tyto alba, barn owl, small mammal, diet, Pernambuco.

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INTRODUÇÃO

As suindaras, Tyto alba (Strigiformes, Tytonidae) possuem, assim como todas as

corujas, um sistema digestório característico que lhes permite regurgitar o material não

digerível das suas presas em forma de pelotas. As pelotas são um material de grande

utilidade para estudar a dieta destas aves já que suas análises constituem um método

simples, confiável e pouco invasivo (Trejo & Ojeda 2002, Magrini & Facure 2008).

As suindaras alimentam-se primariamente de pequenos mamíferos, principalmente

roedores, e sua dieta é uma importante ferramenta em estudos taxonômicos uma vez que

permite a obtenção de espécies raras ou que não são facilmente capturadas em armadilhas

convencionais devido a características comportamentais ou à ocupação de microhabitats

específicos (Martin 2005, Teta et al. 2006, Souza et al. Submetido). Devido ao hábito de

utilizar construções humanas como dormitórios e a sua dieta baseada fundamentalmente

em pequenos mamíferos, estas aves podem trazer benefícios diretos ao homem, como o

controle populacional de pragas urbanas e potenciais vetores de zoonoses, em ambientes

modificados como plantações e cidades (Magrini & Facure 2008 & Facure 2008).

Análises de pelotas de Tyto alba têm sido extensivamente utilizadas em estudos de

sua ecologia, bem como em estudos de taxonomia e distribuição de suas presas em várias

regiões do mundo, principalmente nos países da América do Sul (Jaksic & Yáñez 1979,

Bellocq 1998, Ramírez et al. 2000, Trejo & Ojeda 2002, Cirignoli & Pardiñas 2004,

Leveau et al. 2004). No Brasil muitos estudos têm utilizado esta técnica, sobretudo nas

regiões sul, sudeste e central do Brasil (Motta-Junior 1996, Motta-Junior & Talamoni

1996, Bonvicino & Bezerra 2003, Bueno 2003, Escarlate-Tavares & Pessoa 2005,

Scheibler & Christoff 2007), existindo somente um trabalho na região nordeste (Roda

2006).

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A região de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco constitui uma

região de extremo interesse para o estudo de vertebrados por

constituir uma região com alto grau de endemismo (em particular de

aves e plantas), sendo denominada Centro de Endemismo Pernambuco

(Roda 2003; Siqueira Filho 2003; Peixoto et al. 2003), e para os

mamíferos em particular, uma vez que parte da mastofauna da região

parece apresentar maior afinidade com espécies amazônicas e parte com

espécies de distribuição na Mata Atlântica ao sul do Rio São

Francisco. Essa região é também prioritária para estudos de

inventários uma vez que os remanescentes de Mata Atlântica Nordestina

são compostos de fragmentos em sua maioria bastante reduzidos (Ranta

et al. 1998) e o conhecimento adequado da composição, taxonomia e

afinidade dessa fauna é essencial para a elaboração de estratégias

adequadas de manejo e conservação.

O objetivo deste trabalho foi analisar a variação na composição da dieta de Tyto

alba a partir de presas identificadas em pelotas de regurgitação entre duas áreas

ecologicamente distintas no estado de Pernambuco, nordeste do Brasil, e relacionar esta

variação com alguns fatores ambientais, como estações do ano e diferentes níveis de

antropização

MATERIAL E MÉTODOS

Áreas de estudo

O estudo foi desenvolvido em uma área rural e uma urbana do estado de

Pernambuco. A área rural, Estação Ecológica do Tapacurá (EET), está localizada no

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município de São Lourenço da Mata (8°02’S, 35°13’W; 140 m de altitude) e possui 776

ha, sendo 382 ha ocupados por remanescentes de Floresta Atlântica e 394 ha pelo lago

formado pelo represamento do Rio Tapacurá. A vegetação ao redor do lago é formada

por florestas secundárias, campos e canaviais (Roda 2006). As pelotas foram coletadas

em ruínas de uma igreja localizada em uma ilha circundada pelo lago. Na área urbana as

pelotas foram coletadas em um abrigo sob o telhado de um edifício residencial na

cidade de Olinda (8°01’S 34°51’W) situada a 6 km de Recife, capital de Pernambuco

(Figura 1).

Os dados de temperatura (média, mínima e máxima), precipitação pluviométrica

e umidade relativa do ar durante o período do estudo foram obtidos através do INMET

(Instituto Nacional de Meteorologia). Um diagrama ombrotérmico foi utilizado para

determinar a disponibilidade de água no período de estudo (Figura 2). Foram definidas

duas estações: seca quando a curva de precipitação estiver abaixo da curva de

temperatura e úmida quando a curva de temperatura estiver acima da curva de

precipitação (Santori et al. 1997).

Coleta e análise do material

As coletas foram realizadas no período de julho de 2006 a julho de 2008. As

pelotas completas foram imersas em água para a separação das partes identificáveis e

contáveis das presas. Os indivíduos foram identificados ao menor nível taxonômico

possível com base nos crânios (completos ou fragmentados), mandíbulas e molares, com

auxílio de bibliografia especializada, seguindo nomenclatura proposta por Wilson &

Reeder (2005), além da comparação com exemplares depositados na Coleção de

Mamíferos UFPE.

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Para as duas localidades foram calculados o número de pelotas, o número de itens

totais, o número de itens por pelota, a massa corporal média das presas, a riqueza de

espécies e a diversidade. O número de itens totais, calculado para definir quantos

indivíduos foram consumidos pela coruja em cada área, foi determinado pela contagem

dos crânios, pares de mandíbulas, escápulas ou pélvis em cada pelota. O número de itens

por pelota foi obtido dividindo-se o número total de itens encontrados pelo total de

pelotas coletadas em cada amostra. A massa corporal das presas foi estimada através da

bibliografia e de comparações com os dados de exemplares depositados na Coleção de

Mastozoologia da UFPE e coletados em áreas próximas às áreas de estudo. A

contribuição da biomassa de cada espécie para a dieta foi obtida multiplicando-se o

número de indivíduos em cada pelota pela massa corpórea de cada espécie e depois

dividido pela biomassa total consumida em cada amostra. A riqueza de espécies foi

calculada pelo número mínimo de espécies consumidas em cada amostra. Os exemplares

identificados apenas ao nível de gênero, ordem ou família foram considerados como uma

única espécie.

Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para verificar se houve diferença

significativa entre cada uma das variáveis: número de pelotas, número de itens totais,

número de itens por pelota, massa corporal média das presas e riqueza de espécies entre

as duas áreas estudadas e entre os períodos seco e úmido. A diversidade da dieta foi

estimada através do cálculo do Índice de Diversidade de Shannon (H´), e comparado

entre estações e entre locais de coleta, através do teste-t de Hutcheson (Zar 1996).

Com exceção das análises de diversidade e riqueza, apenas os mamíferos foram

considerados para as análises estatísticas devido ao fato de constituírem a maior parte

das presas encontradas nas pelotas. Para os cálculos estatísticos utilizou-se o programa

Statistica 7.0 com nível de significância de 5% (0,05).

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RESULTADOS

Ao todo foram coletadas e analisadas 647 pelotas completas, além de

fragmentos, com 833 presas compreendendo 16 espécies. O número de pelotas

coletadas foi significativamente diferente entre as duas áreas estudadas (U= 40; p= 0).

Na área urbana foram coletadas 485 pelotas e na área rural 162. A área rural possuiu

um número significativamente maior de presas por pelota (1,4±1,2) que a área urbana

(1,2 ± 0,6) (U = 17; p = 0). A diversidade da dieta foi significativamente diferente entre

as duas áreas (H’Olinda = 0.476, H’EET = 0.817, p = 0), mas não houve diferença no

número de presas consumidas pela suindara entre as duas áreas: 226 em Tapacurá e 566

em Olinda (U=73,5; p=0,8). Os pequenos mamíferos foram as principais presas na dieta

de Tyto alba representando 93,3% do número total (Tabela 1). As aves representaram

1,3%, os répteis 3,1% e os invertebrados, quase que exclusivamente insetos, 3,2% do

total de indivíduos consumido pela coruja. A biomassa das presas consumidas por Tyto

alba variou entre 14g (Mus musculus) e 454 g (Galea spixii).

A composição da dieta (diversidade, riqueza, biomassa e ítens por pelota) diferiu

entre as duas áreas (Tabela 1). A biomassa média das presas consumidas por Tyto alba

foi significativamente maior em Olinda (135,3g ± 15,84 g) do que na EET (46,5 g ±

14,17g) (U= 18; p= 0). A área rural (EET) suportou uma riqueza significativamente

maior (doze espécies) em relação à Olinda (oito espécies) (U= 35; p < 0, 02). Não

houve consumo de invertebrados pela suindara na EET no período de estudo.

Em termos de número de indivíduos entre os mamíferos as espécies dominantes

foram o roedor Holochilus sciureus (25,4%), o marsupial Monodelphis domestica

(14,9%), e o morcego Molossus molossus (9,7%). Em termos de biomassa, os

mamíferos dominantes foram os roedores Holochilus sciureus (47,7%), Galea spixii

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(12,3%) e Rattus rattus (11,4%). Em Olinda os mamíferos também foram dominantes

(92,3%). O rato do telhado, Rattus rattus foi o principal item da dieta tanto em termos

de biomassa (95,2%) como em termos de número de indivíduos (26,8%) seguido pelo

camundongo, Mus musculus que representou 4,6% da biomassa e 16,1% dos indivíduos

consumidos. Os insetos contribuíram com 3,2% do total de indivíduos constituintes da

dieta, seguidos de repteis (2,9%) e aves (1,5%).

Não houve variação sazonal no consumo de presas para as duas localidades. No

período chuvoso foi coletado um total de 545 itens e no período seco um total de 152

ítens (U=58,5; p=0,78). A biomassa total consumida pela suindara no período chuvoso

foi 28644,8g e no período seco foi 11148,6g. (Figuras 3 e 4).

DISCUSSÃO

Variações na composição da dieta de suindaras podem ser atribuída a vários

fatores, tais como habitat, altitude, temperatura e precipitação (Marti' 1974, Battisti et

al. 1997, Torre 2001, Leveau et al. 2004, Bontzorlos et al. 2005). Tyto alba é um

predador de vertebrados oportunista, isto é, consome o número necessário de indivíduos

para obter a energia que necessita aproveitando-se para consumir mais presas nos locais

onde a oferta destas é maior (Álvarez-Castañeda et al. 2004, Bontzorlos et al. 2005).

A diferença entre a composição das presas nas duas áreas pode estar relacionada

às diferenças entre a disponibilidade destas presas nos locais de coleta. Holochilus

sciureus forrageia em áreas abertas como pastos e pântanos e torna-se assim mais

vulnerável à predação que outras espécies que habitam fragmentos florestais (Vargas et

al. 2002, Roda 2006), o que possibilita a sua alta representatividade na dieta na área

rural. Mus musculus possui uma ampla distribuiçãoe é uma espécie associada à

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presença humana, constituindo um recurso em abundância em diversas localidades e

por isso bem representada na dieta de Tyto alba em muitos estudos (Marti' 1974,

Calvario et al. 1992, Bellocq 1998, Ramírez et al. 2000, Aragón et al. 2002, Bond et al.

2004, Cirignoli & Pardiñas 2004, Torre et al. 2004, Bontzorlos et al. 2005). A ausência

desta espécie na EET pode ser justificada pelo fato da coleta de pelotas ter sido feita em

uma área com atividade antrópica menos extensiva.

O maior número de pelotas na região urbana poderia ser explicado pela presença

de mais de um indivíduo no local da coleta ou pela existência de outro pouso utilizado

pela coruja na EET que não teria sido amostrado, porém estes fatores não puderam ser

observados no período de estudo.

As atividades humanas em áreas urbanizadas diminuem a disponibilidade de

pequenos mamíferos nas cidades (Magrini 2008), o que explica a alta representação de

roedores sinantrópicos na dieta de Tyto alba em Olinda. Como a suindara é um predador

generalista, está substituindo as presas de acordo com a disponibilidade no ambiente e

por isso um consumo de insetos e uma maior representatividade de aves e répteis na

dieta em relação à EET.

Diferenças sazonais têm sido relatadas em estudos prévios na área (Roda 2006)

e em outras regiões do país (Motta-Junior 1996, Motta-Junior & Talamoni 1996), mas

não foram detectadas neste estudo. A sazonalidade na dieta pode estar relacionada a

flutuações sazonais nas presas de mamíferos (Bellocq 1998, Klok & Roos 2007),

mudanças climáticas e alterações no habitat (Cerqueira 2005).

Dois modelos de reprodução nos mamíferos foram propostos para o nordeste do

Brasil (Cerqueira 2005): um estacional onde o início e o fim da estação reprodutiva são

desencadeados pela mudança da estação astronômica (sinalizado pela variação na

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duração do dia); e um onde o tamanho da população segue diretamente o nível de

recursos.

Como os roedores sigmodontineos, encontrados na maior parte das pelotas,

apresentam o segundo modelo de reprodução citado (Cerqueira 2005), a ausência de

sazonalidade neste estudo pode ser explicada pela grande dispnibilidade de água durante

o período de estudo, onde 17 meses foram considerados úmidos e apenas quatro

considerados secos (Figura 2). Este fato possibilitou uma abundância de recursos a estas

presas nos locais de coleta, permitindo uma reprodução contínua destas espécies durante

o período de estudo.

Os resultados encontrados neste estudo também confirmam a importância das

suindaras para atividades econômicas humanas e como coadjuvantes na saúde pública.

Com um raio de ação em torno de 1,5 km, uma área de vida que pode chegar a 11300 ha

(Michelat & Giradoux 1991) e chegando a consumir presas de mais de 200g, associado

à sua facilidade em conviver com populações humanas, habitando inclusive zonas

totalmente urbanizadas, as suindaras desempenham um importante papel como

reguladoras potenciais de pragas urbanas e possíveis vetores de zoonoses, tanto em

zonas urbanas como rurais (Magrini & Facure 2008).

Nesse sentido, ações de proteção da espécie como fiscalização, proteção de seus

ninhos, bem como ações de conscientização das populações quanto à sua utilidade,

desmistificando a sua fama de ave de mau agouro, são essenciais tanto para a sua

conservação como para a manutenção dos seus efeitos benéficos às populações

humanas.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Direção e aos funcionários da Estação Ecológica do Tapacurá

pela autorização de trabalho na área e apoio logístico durante as coletas, ao Programa de

Pós-Graduação em Biologia Animal, UFPE, e à FACEPE (APQ-0351-2.04/06) pelo

apoio financeiro, e ao INMET pela cessão dos dados meteorológicos. Somos gratos à

ajuda de P.H. Asfora e T.C. Lira na identificação dos roedores e morcegos encontrados

nas pelotas.

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Tabela 1. Número de indivíduos e massa corporal média das espécies predadas e sua porcentagem na dieta de Tyto alba em duas localidades: Estação Ecológica do Tapacurá (EET) e Olinda.

N (%) Biomassa (%) Taxon Massa (g)

EET Olinda EET Olinda

MAMMALIA 237 (95,6) 540 (92,3)

Não identificados 54 123

Didelphimorphia 54 (21,8) -

Monodelphis domestica 84.0 * 37 (14,9) - 3108 (5,4) -

Gracilinanus agilis 21.8 * 5 (2,0) - 109 (0,5) -

Cryptonanus agricolai 18** 1 (0.4) - 18,0 (0,1) -

Não identificados 11 - -

Chiroptera 24 (9,7) 1 (0,2)

Molossus molossus 15.0** 24 (9,7) - 360 (1,9) -

Phyllostomus discolor 37.0** - 1(0.4) - 37,0 (0,1)

Rodentia 105 (42,3) 416 (71,1)

Caviidae 5 (2,0) -

Galea spixii 454.2 * 5 (2.0) - 2271 (12,3) -

Cricetidae 84 (33,9) 1 (0,2)

Sigmodontinae

Holochilus sciureus 139.7 ** 63 (25,4) - 8801 (47,7) -

Necromys lasiurus 42.1 * 20 (8,1) 1 (0,2) 842 (4,6) 42,1 (0,1)

Nectomys sp. 220* 1 (0.4) - 220 (1,2) -

Muridae 13 (5,2) 415 (70,9)

Rattus rattus 175 ** 12 (4,8) 157 (26,8) 2100 (11,4) 27475 (95,2)

Mus musculus 14 * - 94 (16,1) - 1316 (4,6)

Não identificados 1 164

Echimyidae 3 (1,2) -

Thrichomys laurenteus 262.4 * 3(1,2) - 633 (3,4) -

AVES 2 (0,8) 9 (1,5)

RÉPTEIS 9 (3,6) 17 (2,9)

INSECTA - 19 (3,2)

Não identificados 6

Coleoptera - 10 (1,7)

Elateridae - 1 (0,2)

Não identificados 9

Hymenoptera - 3 (0,5)

Formicidae - 2 (0,3)

Não identificados 1

Total 248 585 18462 28870

* Massa das presas por comparação com espécimes depositadas na Coleção de Mamíferos da UFPE. ** Massa das presas por comparação coma literatura (Voss et al. 2005, Roda 2006, Reis et al. 2007,

Bonvicino et al 2008)

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Figura 1. Localização das áreas de estudo.

Figura 2. Diagrama ombrotérmico para o período de estudo. Dados de temperatura e precipitação obtidos pelo Instituto Nacional de Metereologia – INMET.

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Figura 3. Número de itens consumidos entre as estações seca (1) e chuvosa (2) para as duas áreas de estudo.

Figura 4. Biomassa consumida entre as estações seca (1) e chuvosa (2) para

as duas áreas de estudo.

0

50

100

150

200

jul/0

6fe

v/07

abr/0

7

jun/0

7

set/0

7

nov/0

7

jan/0

8

mar

/08

mai/

08jul

/08

Período de estudo

Itens

(n)

0

1

2

3

Est

açõe

s Olinda

Tapacurá

Estações

0

2500

5000

7500

10000

12500

jul/0

6fe

v/07

abr/0

7

jun/0

7

ago/0

7

out/0

7

dez/0

7fe

v/08

abr/0

8

jun/0

8

Período de estudo

Bio

mas

sa (

g)

0

1

2

3

Est

açõe

s Olinda

Tapacurá

Estações

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Small mammals in Barn Owl (Tyto alba – Aves, Strigiformes) pellets from Northeastern Brazil, with new records of Gracilinanus and Cryptonanus

(Didelphimorphia,Didelphidae)

Manuscrito submetido para publicação no periódico Mammalian Biology

Cartas de confirmação de recepção e normas de publicação ao final do manuscrito.

35

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Small mammals in Barn Owl (Tyto alba – Aves, Strigiformes) pellets from

Northeastern Brazil, with new records of Gracilinanus and Cryptonanus

(Didelphimorphia, Didelphidae)

Running title: Small mammals in Owl pellets from Northeastern Brazil

Daniela P. Souza1; Paulo. H. Asfora2; Thais C. Lira1 & Diego Astúa1

1.- Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal de

Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego s/n, Cidade Universitária. 50670-420. Recife, PE.

Email: [email protected]

2.- Laboratório de Mastozoologia, Departamento de Zoologia, Universidade do Estado

do Rio de Janeiro. Rua São Francisco Xavier 524, Maracanã. 20550-013. Rio de

Janeiro, RJ.

Corresponding author:

Diego Astúa

Laboratório de Mastozoologia

Departamento de Zoologia

Universidade Federal de Pernambuco.

Av. Prof. Moraes Rego s/n, Cidade Universitária.

50670-420. Recife, PE.

Email: [email protected]

Tel./Fax: +55 81 2126 8353

1

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Key Words: Tyto alba; Didelphimorphia; Chiroptera; Rodentia; Pernambuco.

The analysis of owl pellets contents has long been used for inventorying small

mammal communities and constitutes an important complementary method in addition

to traditional surveys, because owls prey also on rare species or those with specific

microhabitat requirements or behavioural traits, thus sometimes recording taxa that

would have gone unnoticed with standard survey techniques (Martin 2005; Teta et al.,

2006). Small mammals remains from Barn Owl pellets have also been extensively used

in analyses of small mammals distribution throughout geographical gradients (Massoia

et al., 1999; Torre et al., 2004). In Brazil, several studies have used this technique, but

with one exception (Roda, 2006), they were all conducted in southern, southeastern and

central Brazil (e.g. Motta-Junior, 1996; Bonvicino and Bezerra 2003).

The Atlantic Forest portion located north of the São Francisco River is

considered an important centre of endemism in the Brazilian Atlantic Forest – the

Pernambuco Endemism Centre (Costa et al., 2000; Silva and Castelletti, 2003) and

recent estimates indicate it has less than 12% of its original forest cover, composed

mostly by small and isolated fragments (Ribeiro et al, 2009). Current knowledge on

small mammal diversity, ecology and systematics in this region is still scarce, with few

surveys conducted until now, and most of these only recently (Oliveira and Langguth,

2004; Sousa et al., 2004; Asfora and Pontes, 2009). We report here a list of small

mammals found in Barn Owl pellets from Atlantic Forest fragments and urban area in

northeastern Brazil, which include important new records of mouse opossums for the

Northeastern Atlantic Forest.

Pellets samples were collected from February 2007 to July 2008 in two localities

in Pernambuco state (Northeastern Brazil): Tapacurá Ecological Station - TES (162

2

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pellets) and Olinda (485 pellets) (Figure 1). TES (8°02’S 35°13’W, 140m) is located in

São Lourenço da Mata, a rural area approximately 60km by road from Recife, capital of

Pernambuco. The station covers approximately 776 ha and is formed by Atlantic Forest

fragments (382 ha) around the Tapacurá River (394 ha). The nest was located within the

ruins of a church and an agricultural school, which are now in an island in the reservoir

formed by the construction of a dam on Tapacurá River. This location was the study

area of Roda (2006). Olinda (8°01’S 34°51’W) is an urban city located 6 km from

Recife. The region consists of many churches and old buildings and the nest was found

under the roof of a residential building.

The number of prey per pellet was estimated as the minimum unequivocal

number of individuals, based on the presence of unique structures. Prey weight was

estimated using mean body mass of specimens collected in the area, from specimens

deposited in the Mammal Collection of the Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE), or from the literature. Structures best preserved in pellets were deposited as

voucher specimens in the Mammal Collection of the Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE).

We recorded 833 prey items from the examined pellets, from which 656 could

be identified as belonging to 12 species of mammals, as well as remains of birds and

reptiles that could not be identified, and ant, beetle and other unidentified insect

remains. Mammals represented 93.3% of the prey species, and only mammals are

addressed here (Table 1). The bulk of these mammals in the diet was composed of

rodents (84.0%), followed by marsupials (10.1%) and bats (5.9%). In Olinda, Rattus

rattus Linnaeus, 1758 (Rodentia, Muridae) was the main prey species. On TES, the

main prey was Holochilus sciureus Wagner, 1842 (Rodentia, Cricetidae) (Table 1). The

3

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number of individuals consumed for each prey species and representative specimens are

shown in Table 1.

The rural area supported the greater terrestrial small mammal richness between

the two habitats studied, with ten species (Table 1). Pellets of Tyto alba (Scopoli, 1769)

were already sampled at Tapacurá Ecological Station by Roda (2006) from 1986 to

1987, but this study provides new data, as comparison of the results of this T. alba pellet

survey with those from the survey conducted 20 years ago shows changes in the diet of

the Barn Owl. The main difference was an increase in number of marsupial species,

with the presence of Gracilinanus agilis Burmeister, 1854 and Cryptonanus agricolai

(Moojen, 1943), which represent two important new records (Table 1). Gracilinanus

and Cryptonanus were identified based on several characters: the small skull size for

adult specimens excludes all bigger murine opossums, and the two genera were

distinguished based on a combination of characters in pre-molars (in Gracilinanus P2

is sub-equal or taller than P3, while in Cryptonanus and Thylamys P3 is bigger than P2)

and palatal fenestrae (in Cryptonanus agricolai maxillary fenestrae, when present, are

small and opposite M1, while Thylamys and Gracilinanus have large maxillary

fenestrae in the palate) (Voss et al., 2005; Carmignotto and Monfort, 2006).

Gracilinanus agilis is reported for the Atlantic Forest of Pernambuco for the first

time, and the record of C. agricolai is the first for the genus along the coastal region. G.

agilis was only recorded in Pernambuco from inland localities, from Caatinga and

Altitudinal Forest vegetation types, and records for the Atlantic Coastal Forests were

until now restricted to two localities in Paraiba, Pitimbu (specimen UFPE 882) and

Alhandra (specimens UFPB 4684-86) (Oliveira and Langguth, 2004). The specimen of

G. agilis reported by these authors for Recife (MN 8198) has been examined by one of

us (PHA) and is actually a specimen of Marmosa murina (Linnaeus, 1758). The genus

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Cryptonanus was recently proposed by Voss et al. (2005) for five species previously

considered to belong to the genus Gracilinanus. Of these, the northernmost distributed

species is C. agricolai, with records up to Ceará state. All previously known records of

Cryptonanus in central and northeastern Brazil are from open vegetation types, as

Cerrado and Caatinga. This is the first record of a Cryptonanus specimen from a

forested locality, and it is temporarily assigned to agricolai until new specimens are

obtained to confirm its specific identity.

The most abundant species in TES is Holochilus sciureus Wagner, 1842.

Though H. sciureus is usually present in cultivated areas within rain forests (Barreto

and García-Rangel, 2005) it is poorly represented in trap sampling at TES (PHA & DA,

unpublished data). The abundance of H. sciureus remains found in pellets could be

related to their habit, similar to those of the Barn Owls, as both are nocturnal and use

the ruins and wet areas around it (Roda, 2006).

In Olinda synantropic rodents represent the majority of the diet and reflect the

reduction of prey diversity that occurs in urban areas. The low number of species can be

explained by human activity that reduces the availability of small mammals in cities.

However, the record of Necromys lasiurus Lund, 1840 in Olinda provides an occurrence

of a species which is usually found in open areas such as Caatinga and perturbed

Atlantic Forest areas.

This study, along with the findings from the previous survey (Roda, 2006),

recorded at the same time species that were not registered using traditional survey

techniques and quantities far superior to those obtained with those techniques. As a

comparison, Asfora and Pontes (2009) were able to record 92 individuals of 15 species

after an effort of 4,082 trap-nights in 12 Atlantic Forest fragments, while this study

reported 10 species and 182 individuals from a single locality. A proper knowledge of

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the small mammal fauna of northeastern Brazil still depends on adequate and systematic

surveys, with diversified trapping methods and baits (e.g. Astúa et al., 2006; Umetsu et

al., 2006), collection of proper vouchers and associated karyological data and tissues,

and on the reappraisal of already collected but understudied material, as both recent

field- (e.g. Gregorin et al., 2008; Lira et al., 2009) and collection-based works (e.g.

Tribe, 2005; Astúa and Guerra, 2008; Percequillo et al., 2008) are revealing how this

fauna is still inadequately known.

Acknowledgements

We are grateful to the direction and staff of the Tapacurá Ecological Station for

granting access and logistic support in the field, to the Programa de Pós-Graduação em

Biologia Animal, UFPE, for financial support, and to two anonymous reviewers for

suggestions and improvements on the text. PHA is supported by a fellowship from

FAPERJ, TCL by a fellowship from CAPES, and DA by a grant from FACEPE (APQ-

0351-2.04/06).

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Table 1. Number of specimens of prey species of mammals and their percentages in the

diet of Tyto alba in two localities: Tapacurá Ecological Station (TES) and Olinda, from

this study, and from Roda (2006) from TES, for comparison. Values in parentheses

indicate the percentage of that item to the grand total.

N (%) Taxon TES

(this study) Olinda

(this study TES

Roda (2006) Mammalia Didelphimorphia

Monodelphis domestica 37 (21.5) - 9 (9.7) Gracilinanus agilis 5 (2.9) - - Cryptonanus agricolai 1 (0.6) - -

Chiroptera Molossus molossus 24 (13.9) - 10 (10.8) Molossus rufus 1 - - 4 (4.3) Eumops glaucinus - - 2 (2.2) Phyllostomus discolor - 1(0.4) -

Rodentia Caviidae Galea spixii 5 (2.9) - 6 (6.5)

Cricetidae Cerradomys langguthi 2 - - 5 (5.4) Holochilus sciureus 3 63 (36.6) - 28 (30.1) Necromys lasiurus 20 (11.6) 1 (0.4) 18 (19.4) Nectomys sp.4 1 (0.6) - - Pseudoryzomys simplex - - 5 (5.4)

Muridae Rattus rattus 12 (7.0) 157 (62.0) 3 (3.2) Mus musculus - 94 (37.1) -

Echimyidae Thrichomys laurenteus 5 3(1.7) -

Total 182 312 93

Taxonomic update from Roda (2006): 1. Reported as Molossus ater, updated following

Simmons (2005); 2. Reported as Oryzomys subflavus, updated following Percequillo et

al. (2008) 3. Reported as Holochilus brasiliensis, updated following Musser & Carleton

(2005); 4. Nectomys species cannot be reliably assigned in this region without

karyological information; 5. Reported as Thrichomys apereoides, updated following

Bonvicino et al. (2002).

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Figure 1. Location of the two sampled areas.

Figure 2. Specimens recovered in the pellets: A: Cryptonanus agricolai; B:

Gracilinanus agilis; C: Monodelphis domestica; D: Necromys lasiurus; E: Holochilus

sciureus; F: Rattus rattus; G: Nectomys sp.; H: Thrichomys laurenteus; I: Galea spixii;

J: Molossus molossus; K: Phyllostomus discolor. Bar = 10 mm.

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