Dieta Calculolitica

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DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM CÃES Trabalho apresentado ao Prêmio de Pesquisa Waltham, promovido pela Éffem Produtos Alimentícios Inc. & Cia.

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Dietas caseiras calculoliticas para cães.

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DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM CÃES

Trabalho apresentado ao Prêmio de Pesquisa Waltham, promovido pela Éffem Produtos Alimentícios Inc. & Cia.

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São Paulo - 1994

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DIETA CALCULOLÍTICA NO TRATAMENTO DA LITÍASE URINÁRIA EM CÃES

Edward Ludovicus Hellebrekersaluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo

Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery KogikaDepartamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade de São Paulo

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Edward Ludovicus Hellebrekersaluno do 8º semestre do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo

Endereço: Rua Dr. Joaquim Gomes de Souza, 65 (apto 12-C )Bonfiglioli

CEP 05596-100São Paulo - SP

Telefone: (011) 489 4340

Orientadora: Profa. Assistente Márcia Mery Kogika

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Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

Endereço: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São PauloDepartamento de Clínica MédicaAv. Corifeu de Azevedo Marques, 2720ButantanCEP 05340-000São Paulo - SP

Telefone: (011) 818 4246 / 818 4266

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São Paulo, 25 de novembro de 1994

INTRODUÇÃO

A preconização de dietas específicas para o controle e prevenção das diferentes doenças que acometem os cães e gatos tem representado, nos últimos tempos, um importante papel no sucesso da terapia. A administração de quantidades adequadas dos diversos elementos permite um melhor controle durante o tratamento, minimizando os inúmeros fatores que, na sua totalidade, dificultam a estabilização e cura do quadro clínico.

Vários são os diferentes tipos de dietas reconhecidas atualmente, pela população, no controle e tratamento das diferentes afecções, como por exemplo nas doenças cardíacas e renais, na doença do trato urinário inferior dos felinos, na obesidade, nas hepatopatias e nos processos digestivos; entretanto, pouco ainda é relatado, principalmente no Brasil, no que se refere às dietas que são capazes de dissolver ou prevenir a formação de urólitos em cães e gatos.

Quanto ao aspecto etiológico, a formação dos cálculos na vesícula urinária parece ser multifatorial. Existe um número importante de ítens que devem ser considerados como a idade, o sexo, a raça, o confinamento, a presença de infecção do trato urinário e finalmente a dieta, que permite controlar a disponibilidade dos diversos elementos que estão envolvidos na formação dos diferentes tipos de cálculos.

A urolitíase é um quadro relativamente freqüente na clínica de pequenos animais e apresenta uma maior incidência na espécie canina quando comparada à espécie felina14.

Descreve-se que a incidência destes cálculos varia de 0,4 a 2,0% entre todos os casos clínicos observados na espécie canina. Os cálculos são compostos, na maioria das vezes, de minerais e material orgânico, existindo a possibilidade desta composição ser apenas representada por material mineral14.

Entre os diversos tipos de cálculos, os chamados de estruvita são os que ocorrem com maior freqüência nos cães e nos gatos. Outros cálculos como os de oxalato, os de urato, como o urato amônio e urato de sódio, os de cistina e outros são relatados com menor freqüencia5, 6, 8, 11, 13 e 14.

Segundo vários autores, os diversos tipos de cálculos podem apresentar a seguinte distribuição quanto à freqüência:

Tipos de cálculos: Estruvita Urato Cistina Oxalato* OutrosFreqüência: 63% 6% 15% 9% 3%

*Pode representar um resultado falso, pois há muitas falhas de análise dos minerais em relação a este tipo de cálculo.

Os dados acima discutidos foram obtidos a partir de uma coletânea de dados de

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vários autores12.

Quanto à incidência dos diversos tipos de cálculos na população canina, esta pode sofrer influências de uma gama enorme de fatores como por exemplo a raça, pois existem alguns tipos de cálculos que são mais freqüentes em algumas raças que são predispostas a formarem determinados tipos de cálculo, ou ainda, alguns alimentos que possam predispor à formação de um tipo específico de cálculo e também a influência do manejo aplicado aos animais da região. Portanto, a incidência em relação à urolitíase pode sofrer influência de acordo com o local em que estes dados forem compilados. Por este motivo, os dados apresentados por diversos autores variam, mas de modo geral, todos relacionam o cálculo de estruvita como sendo o mais freqüente, creditando que, na maioria dos casos, a associação da terapia com dietas que auxiliam na dissolução dos mesmos possa ser benéfica8 e 14.

É freqüente a localização dos cálculos na bexiga e com menor freqüência na uretra, no uréter, ou na pelve renal. Quanto à idade, os animais podem apresentar os cálculos em qualquer fase da vida, mas a sua ocorrência é maior entre os 3 e 7 anos de idade, sendo a média de 5 anos. Alguns autores acreditam na possibilidade da predisposição racial, mas quando estes índices de freqüência são calculados, raramente se considera a representação em relação ao número de animais daquela raça naquela população; assim, este dado pode sofrer influência da popularidade da raça na região, induzindo ao erro. No geral, as raças apontadas como sendo as mais predispostas à formação de cálculos são os Schnauzers miniatura, Yorkshire terrier, Welsh corgi, Lhasa apso e o Pekingese14.

Dentre os tipos de cálculos, alguns são mais comuns em algumas raças, como é o caso dos cálculos de estruvita, que são observados com freqüência em algumas famílias de Schnauzers miniatura. Já os cálculos de cistina são relatados nos Dachshund, Basset hound, Bulldog, Yorkshire terrier, Chihuahua, Irish terrier e animais sem raça definida 14.

Os cálculos de urato são mais freqüentes nos Dálmatas que sabidamente são predispostos por apresentarem um menor metabolismo hepático do ácido úrico. Ainda, a presença da anastomose vascular do sistema porta também predispõe à formação de cálculos de urato, independentemente da raça. Os cálculos de oxalato, por sua vez, são observados com maior freqüência nos Poodles miniatura e nos Schnauzers miniatura e apesar de alguns autores descreverem como sendo estas raças as mais predispostas a este tipo de cálculo, esta afirmação ainda é muito discutida14.

A predisposição sexual também é um fator considerado entre os pesquisadores em relação ao tipo de cálculo encontrado. Os cálculos de estruvita são mais comuns entre as fêmeas, já os cálculos de urato e de cistina são mais comuns entre os machos, sendo o de cistina quase exclusivo de machos14.

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FISIOPATOLOGIA DOS CÁLCULOS

A cristalúria em cães é um fenômeno normal, desde que estes precipitados sólidos se mantenham em movimento constante juntamente com a urina. Mas, a partir do momento que estes cristais não são movimentados, existe a predisposição à precipitação e à formação de cálculos14.

Os cálculos, assim, terão importância clínica a partir do momento em que se tornam maiores, dificultando o fluxo urinário através da uretra ou do ureter, permanecendo retidos na bexiga ou na pelve renal podendo, ainda, obstruir totalmente a uretra ou o ureter, ocasionado a retenção urinária e posterior uremia8 e 14.

Independentemente do tipo de cálculo, são três as principais variáveis que levam a sua formação.

A primeira variável é a supersaturação da urina, que ocasiona a precipitação de pequenos cristais, permitindo o crescimento dos mesmos até que se formem os cálculos. A precipitação pode ocorrer de forma chamada lábil, na qual o processo desenvolve-se espontaneamente, sem a necessidade de uma superfície para a aderência, ou ainda, pode ocorrer na dependência de uma superficie de aderência, sendo esta superfície representada por qualquer estrutura estranha como células, bactérias, muco-proteínas ou até mesmo sobre outros cristais, mas estas estruturas são raramente encontradas no interior dos cálculos submetidos à análise8, 13 e 14.

Outro fator que também está envolvido na formação de cristais são as substâncias promotoras e inibidoras da cristalização. As substâncias inibidoras na formação dos cristais de oxalato no homem já foram individualmente identificadas e são elas os citratos, pirofosfatos, ácido ribonucleico, e glicosaminaglicanos. Infelizmente, o papel destas substâncias como inibidoras não foi confirmado na espécie canina, mas sugere-se que algumas substâncias com estas propriedades possam existir, pois na ausência das mesmas ocorre a formação, mais rapidamente, de cristais de oxalato. A presença de matrizes orgânicas também parece predispor à formação dos cristais, mas nada ainda foi cientificamente comprovado14.

A terceira variável é a retenção urinária que, em decorrência da diminuição do fluxo urinário da bexiga, favorece a precipitação de cristais e a formação dos cálculos, além do fato de permitir a aderência dos cristais à superficie da mucosa e de eventuais estruturas estranhas13 e 14.

Aliados a estes três principais fatores descritos, os processos inflamatórios da vesícula urinária também devem ser considerados, assim como as alterações anatômicas da parede da bexiga, como a presença de divertículos vesicais, que podem levar a adesão de cristais e favorecer posteriormente a formação dos cálculos por permitir o depósito de pequenas partículas que, em processo contínuo, acarretará na formação dos urólitos. Estes dois processos devem ser sempre considerados e analisados, pois a presença dos mesmos é creditada como causa da grande incidência dos casos recorrentes e a indicação do

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tratamento cirúrgico para a correção anatômica da parede da bexiga pode contribuir no controle desta afecção8, 11, 13 e 14.

No que tange às infecções urinárias e à presença de alguns tipos de cálculos, parece existir um "ciclo vicioso", isto é, as infecções urinárias podem predispor à formação de cálculos e, por outro lado, a presença de cálculos também pode predispor às infecções urinárias.

Assim, a presença de todos estes fatores predisponentes, aliada à disponibilidade de minerais, inevitavelmente levará ao desenvolvimento de urólitos.

TIPOS DE CÁLCULOS

1-) Cálculo de estruvita

Os cálculos de estruvita, também conhecidos como cristais de amônio-magnésio-fosfato ou ainda cristais de apatita, são os mais freqüentemente observados tanto na espécie canina como na felina, sendo compostos principalmente por magnésio, fósforo e cálcio e podem ser encontrados sob duas formas, segundo a estrutura química: MgNH4PO4 6H2O ou

Ca10(PO4CO3OH)6(OH)2*(* forma de carbonato de apatita)

Os cálculos de estruvita são responsáveis por cerca de 50 a 75% dos casos de urolitíase canina, sendo relatado que a raça mais acometida é o Schnauzer miniatura.

A urina da grande maioria dos cães apresenta supersaturação de cristais de estruvita, sendo que os mesmos são freqüentemente encontrados nos sedimentos urinários de cães sadios. Este grau de saturação urinária está na dependência de vários fatores, entre eles o equilíbrio metabólico, a absorção gastro-intestinal dos elementos, a dieta e a excreção diária de magnésio, fósforo e cálcio. A abundância de proteínas de origem animal na alimentação, que são ricas em ortofosfatos e magnésio, influencia positivamente a formação de cálculos de estruvita. Alguns autores creditam que um dos principais fatores determinantes para a formação de cristais e de cálculos de estruvita no trato urinário é o pH urinário, sendo sempre associada à supersaturação da urina1, 4, 5, 6, 8, 11, 13 e 14.

O pH urinário influencia na concentração de amônio, uma vez que a secreção de amônia à nivel tubular é regulada pela secreção de íons hidrogênio e, posteriormente, a formação de amônio ocorre a partir da união de íons hidrogênio e de íons amônia.

( H+ + NH3+ ® NH4

+)

A formação de ortofosfatos trivalentes também é influenciada pelo pH urinário. Estas substâncias exercem papel importante na formação de cristais e de cálculos de estruvita, pois na presença de pH baixo a concentração de amônio é maior e, conseqüentemente, menor quantidade de ortofosfatos trivalentes está

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presente, resultando em menor formação de cristais e cálculos de estruvita. O oposto também parece ser válido: em pH urinário básico, menor é a quantidade de amônio presente na urina, menor a quantidade de ortofosfatos quaternários, prevalecendo a estrutura trivalente que é a forma responsável pela formação de cristais e cálculos de estruvita13 e 14.

De acordo com o manejo alimentar a que os cães estão sendo submetidos, o fornecimento apenas de dieta à base de proteína animal ( carne ) favorece a produção de urina de pH baixo, que de certa forma, poderá apresentar ação protetora em relação ao desenvolvimento deste tipo de urolitíase. Já naqueles animais que são alimentados com proteína de origem vegetal, a alcalinização da urina pode ser favorecida, e portanto, a predisposição à formação de cristais de estruvita pode ocorrer.

Um outro fator considerado de grande importância na formação de cálculos e cristais de estruvita é a presença da urease que está presente com freqüência nas infecções bacterianas do trato urinário, principalmente por bactérias como o Staphyococcus sp e o Proteus sp. A urease possui a propriedade de reagir com a molécula de uréia, formando a amônia e o dióxido de carbono, esta amônia reage espontaneamente com a água formando o amônio e íons hidroxila que, conseqüentemente, tornarão a urina alcalina e, assim, predomina a presença de maior quantidade da forma trivalente dos ortofosfatos, facilitando a formação dos cálculos e cristais de estruvita, ou seja, diminuindo a solubilidade dos cristais de estruvita. A formação de grande quantidade de amônio favorece a formação dos cristais de magnésio-amônio-fosfato1, 13 e 14.

O carbonato de magnésio também se forma em grande quantidade decorrente a este processo. O dióxido de carbono, formado após a ação da urease, reage com a água formando o ácido carbônico que posteriormente dissocia-se em íon hidrogênio e bicarbonato, e este bicarbonato perdendo um próton transforma-se em carbonato, facilitando, agora, a formação dos cristais de carbonato de apatita. A quantidade de proteína da dieta também parece influenciar a formação e a dissolução dos urólitos de estruvita formados em decorrência da infecção. O catabolismo destas proteínas resulta na formação de uréia; assim, a disponibilidade de amônio, de carbonato e do pH alcalino na urina está na dependência da quantidade de uréia (substrato da urease) presente na urina proveniente do catabolismo protéico. É interessante ressaltar que nos cães a presença da urease parece ser freqüente nos casos de urolitíase, contrariamente ao que acontece nos felinos, pois nesta espécie foram observados cálculos e cristais de estruvita, sem a presença de infecção urinária por bactérias produtoras de urease13 e14.

A formação de cristais de estruvita sem a presença de infecção urinária nos cães é discutida por alguns autores. Vários estudos sugerem que o fator metabólito ou o dietético pode estar envolvido na gênese , mas ainda não há relatos que definam exatamente a fisiopatologia da formação dos cálculos estéreis de estruvita. Observou-se que a formação dos cálculos ocorre em urina alcalina, mesmo na ausência de urease, principalmente de hidroxi-apatita

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( [Ca10(PO4)6(OH2)] ) e não do carbonato de apatita que é o cálculo mais

freqüentemente observado quando da presença da urease 5, 6, 7, 13 e 14.A todos os fatores mencionados cabe somarmos o papel importante,

também, da concentração urinária. Os cães têm a capacidade de concentrar a urina duas vezes a mais que o homem (1200 mOsm/kg H2O) chegando a atingir a

osmolalidade de 2400 mOsm/kg H2O e os gatos têm o poder de concentrar a

urina ainda mais, chegando a 3000 mOsm/kg H2O. Portanto, quanto maior a

concentração da urina, maior é a probabilidade da formação de cristais e cálculos. Há autores que sugerem em relação aos gatos machos castrados, que a ausência do hábito de demarcar o território favorece a retenção urinária e a provável presença de maior concentração urinária, predispondo, assim, à formação dos cálculos urinários. O mesmo também é sugerido aos animais que ingerem alimentos secos, pois a ingestão de menor quantidade de água favorece o aparecimento de urina mais concentrada14.

O diagnóstico presuntivo dos cálculos de estruvita pode ser realizado através do achado de cristais no sedimento urinário, ou através de exames radiográficos, onde estes cálculos geralmente apresentam uma imagem radiopaca. Normalmente estes cálculos são numerosos, mas o seu tamanho pode variar muito e, freqüentemente, estão acompanhados de pH urinário alcalino.

Como o objetivo deste relato é suscitar as alternativas para o tratamento das urolitíases através da sua dissolução, e não através da retirada dos mesmos pelo ato cirúrgico, impossibilita-nos, portanto, a análise analítica do cálculo, e assim, os achados anteriormente citados tornam-se importantes para o possível diagnóstico de suspeição do tipo de cálculo, para que os procedimentos terapêuticos recomendados sejam adequados.

2-) Cálculos de cistina

Os cães normalmente reabsorvem cerca de 97% da cistina filtrada pelo glomérulo e sempre que o animal apresentar cistinúria provavelmente existe uma falha na reabsorção à nível tubular. Esta falha, na maioria das vezes, está acompanhada de deficiências na reabsorção de outros aminoácidos, os considerados di-básicos (lisina e outros) , mas apenas a cistina parece ser a problemática desse distúrbio, pois ela é a única insolúvel. Assim a cistina pode se precipitar na urina favorecendo a formação dos cálculos. Nenhum outro distúrbio metabólico no organismo é detectado, pois os níveis séricos de cistina estão mantidos a níveis normais, em decorrência da compensação hepática que aumenta a síntese de cistina14.

A ocorrência dos cálculos de cistina varia de 3,5 a 27% dos casos de urolitíase canina nos EUA, e parece estar relacionada à raça, já que os Dachshunds parecem apresentar uma certa predisposição. A idade média dos animais acometidos é aproximadamente 5 anos. Provalvelmente este distúrbio na absorção tubular de cistina está relacionado à um gene autossômico e recessivo,

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que pode ser transmitido às gerações futuras2 e 14.Na maioria das vezes, os cálculos de cistina se encontram na uretra e

na bexiga e raramente estão relacionados às infeçcões urinárias. São geralmente numerosos, de 10 a 50, e com diâmetro relativamente pequeno de aproximadamente 0,5cm 2.

Os cálculos de cistina são insolúveis, mas o pH urinário pode exercer influência, apesar de pequena, na dissolução deste tipo de cálculo. Se o pH urinário apresenta-se alcalino, a dissolução dos cálculos de cistina pode ocorrer de forma gradativa, por este motivo a dieta à base de proteína animal, que confere o desenvolvimento de um pH urinário ácido, pode agravar o quadro.

Como auxílio no diagnóstico destas litíases, o exame radiográfico simples pode revelar a presença de cálculos radiopacos, mas o ideal, aliado a este, é a visualização dos cristais de cistina no sedimento urinário para o diagnóstico mais preciso, ou ainda, através da pesquisa da presença da cistina, realizada através da cromatografia, mas este método também pode indicar a presença dos outros aminoácidos di-básicos, não sendo, portanto, específico para a cistina.

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3-) Cálculos de urato

A maioria dos cálculos de urato são formados por uratos de amônio, mas existem também cálculos de ácido úrico e urato de sódio. Normalmente o urato proveniente da degradação dos ácidos nucléicos é metabolizado pelo fígado através da ação da uricase formando a alantoína, que sofre excreção renal e é altamente solúvel14 e 15.

Mas alguns cães, principalmente da raça Dálmata, apresentam ação reduzida da enzima em nivel hepático, e só cerca de 30 a 40% do ácido úrico é convertido em alantoína, enquanto que os cães normais chegam a metabolizar 90% do ácido úrico. Além da raça Dálmata, há outra condição que predispõe à formação dos cristais de urato de amônio, que é a anastomose vascular do sistema porta, onde ocorre a redução na conversão do ácido úrico em alantoína e da amônia para a uréia e, assim, são filtrados diretamente pelos rins14 e 15.

Desta forma, os cães da raça Dálmata que se alimentam com grande quantidade de proteína de origem animal apresentam urina ácida e portanto a excreção do ácido úrico e da amônia está aumentada. Conseqüentemente à formação de grandes quantidades de cristais de urato de amônio, que são altamente insolúveis, desenvolve-se a supersaturação da urina. Se ocorre a fusão destas pequenas partículas, que é um acontecimento freqüente nas urinas supersaturadas, há a formação de agregados esféricos de urato de amônio, devido à floculação excessiva, ocasionando assim a formação dos cálculos de urato de amônio8, 9, 14 e 15.

O mesmo ocorre com os animais que apresentam anastomose vascular do sistema porta: o aumento da excreção de amônia e de ácido úrico na urina ocasiona a supersaturação e conseqüente formação dos cálculos8 e 14. Os glicosaminoglicanos presentes na parede da vesícula urinária aparentemente parecem previr a formação de floculação e, por conseguinte, a formação de cálculos, mas não se sabe ao certo se a falta de glicosaminoglicanos leva à formação de cálculos ou se o uso de glicosaminoglicanos serve apenas para prevenir a formação dos cálculos de urato de amônio14.

4-) Cálculos de oxalato

Os cálculos de oxalato não são relatados com freqüência nos animais como são descritos nos seres humanos, onde estes cálculos se encontram, preferencialmente, na pelve renal, enquanto que nos cães, se ocorrerem, a localização mais freqüente é a nível de vesícula urinária, acometendo na maioria dos casos os animais mais idosos14.

Em decorrência da maior incidência deste tipo de cálculo nos seres humanos, a maioria dos estudos estão relatados nesta espécie. A presença da supersaturação do oxalato de cálcio na urina nos seres humanos é relativamente

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normal, e assim, a formação dos cálculos surge a partir do momento que ocorre a depleção dos fatores inibitórios da cristalização do oxalato de cálcio. Outros fatores como as afecções que desenvolvem a diminuição da freqüência na micção podem permitir a precipitação dos cristais e a formação do cálculo, bem como a presença de hipercalciúria, cujo mecanismo estaria associado à super-saturação de oxalato de cálcio na urina14.

Nos cães a maioria dos casos são classificados como sendo processos de origem idiopática. Hipóteses sugerem que talvez a presença de hiperabsorção de cálcio a nível intestinal, ou mesmo os distúrbios no processo de filtração renal de cálcio, gerando hipercalciúria, podem ser suscitados. Ainda, a má absorção de ácidos graxos no intestino, com conseqüente aumento na absorção de oxalato, pode predispor à formação destes tipos de cálculos8 e 14.

A precipitação de oxalato de cálcio ainda pode ocorrer sobre os cristais de ácido úrico pré-formados. Os cristais de urato de sódio parecem, aparentemente, interagir com os fatores inibitórios de cristalização do oxalato de cálcio. O ácido ribonucléico, o glicosaminoglicano, o magnésio, o citrato e o pirofosfato já foram identificados como sendo fatores inibitórios da cristalização, mas o mais importante inibidor da formação de cálculos de oxalato de cálcio descrito nos cães parece estar representado pelo glicosaminoglicano, sendo este normalmente presente na parede da bexiga dos cães14.

Anomalias anatômicas na bexiga também são fatores que predispõem à formação de cálculos por reterem pequenas partículas e permitir que as mesmas cresçam com o decorrer do tempo.

As raças que parecem ser descritas como predispostas a desenvolverem os cálculos de oxalato de cálcio são o Poodle e o Schnauzer miniatura, não estando esclarecido, até o presente momento, o motivo pelo qual esta predisposição ocorre14.

Os cálculos de oxalato de cálcio podem estar presentes tanto na urina ácida como na urina de pH básico e, também, em casos raros de animais que apresentam o hábito de mastigar folhas de ruibarbo (Rheum rhaponticum )4.

EXAME FÍSICO, SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS

Quatro são os principais meios semiólogicos utilizados durante o exame físico do paciente com suspeita de apresentar urolitíase. A inspeção direta pode fornecer importante observação em relação à atitude do animal, como a presença de polaquiúria, incontinência urinária em decorrência à iscúria, hematúria, disúria e nos casos mais graves de obstrução total da uretra, a presença da anúria. À inspeção indireta é possível obter informações a respeito da localização e da densidade do cálculo, sendo este método utilizado como meio complementar para o diagnóstico das urolitíases.

A palpação direta abdominal, principalmente da região mesogástrica e hipogástrica, pode evidenciar sensibilidade em nível da região dos rins ou dos

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ureteres, ou mesmo da vesícula urinária. A presença de crepitação pode ser detectada quando os cálculos forem múltiplos, sendo também possível palpar formações únicas, de consistência dura. A palpação indireta também pode ser empregada durante o exame clínico do animal, principalmente no sentido de se verificar a presença de cálculos ao nível da uretra, através do auxílio de uma sonda, observando-se a resistência local, ou mesmo a presença de crepitação.

Portanto, é de suma importância que o exame clínico seja detalhado, pois em situações graves como da presença de obstrução total da uretra, o cão pode desenvolver a uremia, e medidas rápidas, tanto na realização de testes laboratoriais que avaliem a função renal como medidas urgentes de intervenção cirúrgica, devem ser tomadas para que as funções orgânicas retornem rapidamente ao normal. Em contrapartida, quando o exame clínico revelar que a presença dos urólitos não está comprometendo funções orgânicas importantes, outras medidas de tratamento podem ser preconizadas, evitando-se, assim, todos os riscos que envolvem a cirurgia, a anestesia e o pós-operatório, que serão discutidas nos próximos tópicos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico das urolitíases em cães e gatos é baseado nos dados de anamnese e exame clínico, sendo importante a confirmação do mesmo através dos exames complementares como o ultrassonográfico e/ou radiográfico, bem como os exames laboratoriais, como a urinálise (sedimentoscopia) e a urocultura. Alguns pesquisadores descrevem que os cálculos são achados radiográficos acidentais e que são acompanhados, geralmente, de sintomatologia vaga como a polidipsia14.

Os principais sintomas a serem considerados para o diagnóstico das urolitíases em cães é a presença de polaquiúria, disúria, incontinência urinária, hematúria e anúria nos casos de obstrução total, e à palpação abdominal a presença, por exemplo, de sensibilidade próxima à região da bexiga e dos rins, além da observação de concreções em nível da vesícula urinária, que sugere a presença dos cálculos, ou mesmo, a presença de distensão vesical nos casos, principalmente, de obstrução uretral14.

O exame radiográfico simples, normalmente, é considerado suficiente para a confirmação do diagnóstico, pois na maioria dos casos, os cálculos são radiopacos. Quando se tratar de cálculos de urato de amônio ou de cistina, que apresentam característica radiotransparente, são necessários para sua visualização um método especial com a utilização de substância à base de iodo, chamada de radiografia contrastada, que pode ser realizada tanto através da uretrocistografia como pela urografia excretora.

No diagnóstico das urolitíses torna-se imprescindível a identificação do tipo de cálculo para que medidas adequadas, em relação ao tratamento, sejam preconizadas. A idade, a raça, e o sexo do animal, associados aos sintomas clínicos, aos exames físico e laboratoriais também contribuem sobremaneira no

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diagnóstico desta afecção.Também a localização do cálculo merece especial atenção, uma vez

que cerca de 50 a 75% das litíases do trato urinário são representados pelos cálculos de estruvita, que normalmente localizam-se na vesícula urinária, dados estes que facilitam a definição do diagnóstico14.

Outros fatores também devem ser minuciosamente analisados, como a densidade radiográfica da formação que, como descrito anteriormente, poderá presumir o tipo de cálculo. Deve-se levar em conta ainda o exame de urina, com especial atenção em relação ao pH urinário, à presença ou à ausência de eventuais cristais e bactérias, e à identificação dos mesmos. Se as bactérias são urease positiva, como o Staphylococcus intermédius e o Proteus sp , estas estão geralmente relacionadas à formação de cálculos estruvita. Vale a pena ressaltar que as urolitíases por cálculos de urato de amônio podem também estar acompanhados de infecção14.

As figuras 3, 4 e 5 apresentam os diferentes tipos de cristais que são observados no exame do sedimento urinário de cães.

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TRATAMENTO

O tratamento da urolitíase na espécie canina apresenta variações e está na dependência do tipo de cálculo, tornando-se de fundamental importância a identificação da causa que acarretou a formação dos mesmos.

Levando-se em consideração que o aparecimento do cálculo ocorre em decorrência às alterações anatômicas da parede da bexiga, como a presença de divertículos, o tratamento de eleição talvez seja a intervenção cirúrgica para a correção da alteração anatômica, evitando-se, assim, possíveis recidivas e nesta situação a retirada dos cálculos também pode ser realizada. Na espécie felina, na presença somente da persistência do úraco, o tratamento indicado concentra-se apenas na dieta para dissolução do cálculo, acompanhado de antibioticoterapia, para se evitar a ocorrência de infecções. Segundo estudos recentemente realizados na Universidade de Minnesota, este procedimento talvez seja suficiente para a regressão da persistência do úraco nesta espécie. Observação semelhante foi relatada em um cão jovem, atendido na mesma universidade, cuja persistência de úraco regrediu quando o animal havia recuperado da cistite e da litíase, após tratamento com dieta calculolítica e antibióticos (amoxacilina e ácido clavurônico)5 e 7.

Até recentemente, convencionalmente, os casos de urolitíase em cães foram tratados através de procedimentos cirúrgicos ou através da técnica de uretro-hidropropulsão. Nos seres humanos várias técnicas modernas são empregadas, como a destruição dos cálculos através de descargas elétricas e a extração dos mesmo sem a necessidade da realização de qualquer tipo de cirurgia, ou ainda, a destruição dos cálculos por ondas de ultra-som, sendo estes retirados através da sucção realizada com o auxílio de sonda, pela cistoscopia, ou mesmo, pela eliminação espontânea através da micção. Cabe ressaltar que a técnica do ultra-som é capaz de fragmentar principalmente os pequenos cálculos de estruvita, sendo que os maiores têm a ação do mesmo prejudicada por apresentarem a superfície lisa. Apesar destes métodos serem excelentes, ainda são inviáveis na medicina veterinária devido ao alto custo8 e 14.

Em cadelas, a técnica de retirada de cálculos através da cistoscopia parece ser considerada como uma boa alternativa na retirada de pequenos cálculos, e no caso dos cálculos de tamanhos maiores, a opção é a tentativa de fragmentação dos mesmos, facilitando assim, a retirada.

Em recentes estudos, vários autores recomendam a preconização do tratamento não cirúrgico, a alternativa é a dissolução dos cálculos através de dietas específicas, evitando-se todos os riscos que envolvem o ato cirúrgico, e que têm demonstrado como sendo um excelente método para eliminação dos cálculos, principalmente os de estruvita que representam cerca de 50 a 75% dos casos de urolitíase canina. Em relação aos cálculos de urato de amônio, os animais provavelmente apresentam o problema ao longo de toda a vida, tornando talvez necessária a realização de inúmeras cirurgias; assim, a instituição da dieta para

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dissolução seguida da dieta para prevenção talvez seja a melhor opção para estes cães.5, 8 e 14

É importante, antes da preconização de qualquer tipo de tratamento, definirmos que não exista qualquer outro tipo de problema metabólico que favoreça a formação dos cálculos, como talvez ocorra com os cálculos de oxalato.

É fundamental o esclarecimento que qualquer que seja o tratamento realizado, é indispensável definir as causas que predispuseram o desenvolvimento do quadro no sentido de se previnir, assim, as recidivas.

1-) Tratamento para os cálculos de cistina

A indicação de diuréticos e alcalinizantes da urina na terapia para dissolução dos cálculos de cistina na medicina humana é recomendada, apesar de não existir relatos favoráveis em relação ao tratamento na espécie canina.2 e 14

Nos cães o tratamento cirúrgico ainda é o mais recomendado, possibilitando, desta forma, a confirmação do tipo de cálculo, permitindo, assim, a recomendação da dieta preventiva, considerando-se que o processo é duradouro, pois o problema está relacionado a um defeito na reabsorção tubular, como descrito anteriormente, e as recidivas são freqüentes. Esta recidiva poderá ocorrer, no período de 1 ano, nos animais que não mantiverem o tratamento preventivo, podendo acometer mesmo aqueles que estiverem sendo submetidos à dieta preventiva.

No tratamento preventivo da cistinúria, a restrição na ingestão de metionina é uma medida plausível, mas se esta restrição for prolongada, inúmeros efeitos no organismo podem ser detectados, considerando-se que a metionina é um aminoácido essencial.

A solubilidade da cistina na urina, apesar de pequena, é duas vezes maior em pH próximo de 7,8 quando comparado ao pH 6,5 e, baseado neste fato, é que se recomenda a prevenção, pois a restrição apenas de metionina só pode ser realizada por um curto período. Durante o tratamento da alcalinização da urina é importante ficarmos atento quanto ao desenvolvimento de outros processos, como a formação de cálculos de estruvita.14

A diluição da urina também parece auxiliar na prevenção pois favorece a diminuição da concentração de cistina. A adição de cloreto de sódio, na proporção de 1g para cada 5kg de alimento, ou mesmo a administração de alimentos mais úmidos podem minimizar a formação dos cálculos.2, 8 e 14

A utilização do disulfato de penicilamina pode auxiliar na redução da excreção de cistina, pois esta se liga a cistina formando o complexo penicilamina-cistina-disulfato que se caracteriza por ser 50 vezes mais solúvel que a cistina. A dose recomendada é de 15 mg/kg, duas vezes ao dia, mas existe o inconveniente que 50% dos animais tratados podem apresentar anorexia e vômitos. Com o intuito de se evitar este efeito colateral, recomenda-se a administração do medicamento juntamente com o alimento, ou ainda, iniciar o tratamento com

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doses pequenas, aumentando-o gradativamente, até atingir a dose correta.14

2-) Tratamento para os cálculos de oxalato

Antes da instituição de qualquer tratamento em relação aos cálculos de oxalato devemos verificar se a etiologia do processo não está relacionada a outras causas como o hiperparatiroidismo, a acidose tubular renal ou o hipertiroidismo. A avaliação sérica do cálcio, fósforo, cloro e bicarbonato também é importante, pois estes dados podem auxiliar no diagnóstico etiológico dos cálculos de oxalato.8, 10 e 14

Uma vez eliminada todas as hipóteses que podem induzir a formação dos urólitos de oxalato no que se refere a este tipo de cálculo, ainda o tratamento cirúrgico é o mais indicado. Infelizmente não se tem, atualmente, sucesso quando da preconização de dietas calculolíticas, sendo o tratamento preventivo talvez o mais indicado para se evitar as recidivas.8 e14

Uma das medidas preventivas constitue-se na diminuição da excreção de cálcio na urina através da administração de diuréticos a base de tiazidas, como a hidroclorotiazida, na dose de 2 a 4 mg/kg de peso, duas vezes ao dia, mas a administração prolongada pode diminuir a absorção intestinal de cálcio também, ocasionando deficit no organismo.14

A administração de alcalinizantes também é uma outra medida recomendada pois diminui a absorção de cálcio à nível intestinal por torná-lo não ionizado e, paralelamente, a alcalinização da urina pode favorecer o aumento da concentração de cistina, que inibe a formação dos cálculos de oxalato de cálcio, pois esta se liga ao cálcio, diminuindo a possibilidade da ligação com o oxalato bloqueando a formação dos cálculos de oxalato. O uso do citrato de potássio na dose de 5 a 20 mEq, três vezes ao dia, pode ser indicado pelo fato da possibilidade deste composto ser capaz de desenvolver pH urinário próximo de 7,0 a 7,5. Embora a ação da substância seja satisfatória ainda não se conhece os efeitos colaterais.14

Paralelamente ao uso de diuréticos do grupo das tiazidas e dos alcalinizantes, também neste caso é interessante aumentar a ingestão de água através da administração de cloreto de sódio, ou para os animais cardiopatas somente através da ingestão de alimentos mais úmidos, com o objetivo de manter a densidade urinária menor que 1,025.14

3-) Tratamento para os cálculos de urato

A forma de tratamento para os cálculos de urato, como para qualquer tipo de cálculo, está na dependência do quadro clínico que se desenvolve em conseqüência à localização dos cálculos. Se os cálculos estão presentes na uretra provocando a obstrução total, trata-se neste caso de um quadro emergêncial, e se

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os urólitos estão localizados somente na bexiga, a preconização de outras medidas terapêuticas torna-se viável.

Assim no caso de obstrução total pela presença dos cálculos na uretra, inicialmente a manobra de hidropropulsão pode ser indicada com a finalidade do retorno do fluxo urinário uretral, e medidas mais drásticas como a uretrostomia pode ser adotada em casos de insucesso após a realização da hidropropulsão.

Nos animais em que os cálculos se localizam na bexiga, não apresentando, portanto, o comprometimento na eliminação da urina, a indicação da dieta calculolítica é uma medida menos drástica, evitando-se os riscos cirúrgicos e o pós-operatório que, na grande maioria dos casos, o sucesso é incontestável quando se trata de cálculos de urato. A dieta indicada para dissolução deste tipo de cálculo é constituída de baixos níveis de proteína ou somente de proteína de alto valor biológico, com a finalidade única de diminuir a fonte de purinas e conseqüentemente também a eliminação de uratos na urina. A alcalinização da urina através da administração de bicarbonato de sódio, na dose de 1g para cada 5 kg de alimento, pode auxiliar na diminuição da excreção de amônia e conseqüente alcalinização14 e 16.

É importante evitar que o pH urinário atinja valores superiores a 7,0, pois na presença deste pH pode ocorrer o risco na formação de fosfatos de cálcio que podem se depositar sobre os cálculos de urato, prejudicando, assim, no processo de dissolução do cálculo. A monitorização do pH urinário pelo proprietário parece ser benéfica durante o tratamento com as substâncias alcalinizantes.

Rações comerciais formuladas para outros fins que apresentam baixos níveis de proteína, indicada, por exemplo, para cães com severa disfunção renal e que não apresentam acidificantes, são atualmente as mais indicadas para o tratamento dos cálculos de urato.8, 14 e 16

Associado ao tratamento dietético, os inibidores da xantina oxidase, como o alopurinol ou o oxipurinol também são indicados, pois estas substâncias atuam impedindo a transformação da xantina e da hipoxantina em ácido úrico, diminuindo assim a excreção urinária. Alguns autores alertam quanto ao uso prolongado destes fármacos, pois estes podem inibir também novas sínteses de nucleotídeos; já outros autores afirmam que em estudos realizados em cães submetidos ao tratamento ao longo de 6 meses, estes não manifestaram efeitos colaterais. A dose indicada do medicamento é de 3 a 10 mg/kg de peso, 3 vezes ao dia. O uso desta droga deve ser controlada quando da indicação em pacientes com doença renal primária.8, 14 e 16

A presença de infecções do trato urinário associada aos cálculos de urato parece ser freqüente em conseqüência às alterações dos mecanismos de defesa local do trato urinário. Essas alterações podem surgir devido ao trauma que os urólitos causam no epitélio, ou mesmo em decorrência a caracterização vesical. Portanto, torna-se importante o diagnóstico, a prevenção e a erradicação das bactérias no momento em que se preconiza o tratamento.8 e 14

A administração de cloreto de sódio ( 1g para cada 5kg de alimento ),

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bem como a administração de dietas úmidas podem ser benéficas, pois efetivam a diluição da urina e a freqüente diurese ( o ideal é que se mantenha a densidade urinária próxima a 1,025 ). Existe apenas a ressalva, principalmente em relação ao cloreto de sódio, deste ser evitado nos animais com doença cardíaca.14

Para a prevenção da recidiva dos cálculos de urato a indicação de dieta preconizada para dissolução pode ser mantida,acrescida somente de cloreto de sódio.

4-) Tratamento para os cálculos de estruvita

Recentes estudos demonstram que a dieta, chamada calculolítica, vem apresentando um importante papel de destaque no tratamento da litíase urinária por cálculos de estruvita em cães. Como previamente citado, todos os fatores que predispoem à formação dos cálculos devem ser identificados e tratados, para que o sucesso da terapia seja efetiva. A recomendação do uso das dietas calculolíticas tem corroborado no sentido de diminuir o período a que estes animais geralmente são submetidos à terapia, bem como evitar medidas mais drásticas, como o ato cirúrgico, principalmente nos animais em estado crítico.1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12 e 14

Assim, de acordo com a gênese mais freqüente dos cálculos de estruvita, torna-se importante o controle da infecção do trato urinário, concomitantemente a qualquer tipo de tratamento a ser preconizado, pois a presença da maioria dos cálculos de estruvita parece estar relacionada à infecção por bactérias produtoras de urease1, 8, 14.

A administração de antibióticos de acordo com o antibiograma deve ser uma medida recomendada. É importante ressaltar que deve ser obedecido do cálculo da dose terapêutica para cada indivíduo, bem como o intervalo entre as administrações. Embora a bacteriúria possa estar ausente logo após o início da antibioticoterapia , os microorganismos ainda podem persistir em porções logo abaixo da superfície do cálculo e o prematuro descontínuo da antibióticoterapia pode acarretar no insucesso do tratamento.

Alguns estudos experimentais em ratos e cães e em casos clínicos de pacientes humanos demonstraram que o uso somente de antibióticos pode resultar na dissolução dos cálculos, mas a resposta a essa terapia parece ser incerta e, quando positiva, o tempo de tratamento necessário pode perdurar por meses e não semanas como é esperado quando da associação da terapia com a dieta calculolítica.

A preconização da dieta calculolítica tem como objetivo principal reduzir a concetração urinária de uréia (substrato da urease), fósforo e magnésio, diminuindo, assim, a disponibilidade de substrato para a formação dos cálculos. Este processo pode favorecer a dissolução mais rápida do cálculo, evitando-se, assim, o procedimento cirúrgico, ou seja, todos aqueles riscos que envolvem o ato cirúrgico e a anestesia, bem como os cuidados do pós-cirúrgico. Em casos onde a localização dos cálculos envolvem o comprometimento das funções orgânicas, a

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exemplo das obstruções à nível de uretra ou ureteres, nestas condições o tratamento cirúrgico torna-se inevitável, pois existe a necessidade de intervenção rápida para se evitar a uremia. Assim, quando da presença do cálculo somente na vesícula urinária e o animal não manifestar sintomas clínicos serevos, talvez o melhor tratamento seja a associação com a dieta calculolítica8,14.

A dieta, portanto, além de auxiliar na dissolução do cálculo deve minimizar todos os fatores que possam predispor à formação dos mesmo, como a diminuição da quantidade de ortofosfatos orgânicos na forma trivalente, a diminuição da concentração de magnésio, a diminuição da quantidade da uréia formada em conseqüencia à diminuição da ingestão de proteína, e a tendência a não alcalinização da urina. Em suma, a dieta ideal seria aquela com níveis baixos de fósforo, cálcio e magnésio, bem como de ser capaz de induzir a acidificação urinária e de aumentar a ingestão de água, efeito este obtido através da adição de cloreto de sódio na dieta. É muito importante que a esta composição, a necessidade calórica dos animais seja mantida em torno de 70 kcal/Kg de peso vivo por dia.4 e 14

Atualmente na Europa e nos Estados Unidos existem rações com formulações especiais que satisfazem todos os ítens anteriormente mencionados, a exemplo da "Prescription Diet Canine s/d (Hills Pet Products)", como descrito no apêndice 1. No Brasil ainda estas rações não são comercializadas e a formulação de dietas caseiras, na tentativa de se alcançar esse balanço, são as atualmente preconizadas. Os alimentos, portanto, que pode ser recomendados no tratamento da dissolução dos cálculos de estruvita estão descritos nas formulações das dietas caseiras 1 e 2, como demonstrado nos apêndices 2 e 3, e a recomendação da administração concomitante de hidróxido de alumínio, principalmente na dieta caseira 2, poderia favorecer a diminuição na absorção de fósforo à nível intestinal.

As dietas calculolíticas devem ser oferecidas por no mínimo dois meses e o acompanhamento do tratamento deve ser monitorizado através de exames radiográficos, que podem revelar diminuição crescente do tamanho do cálculo ao longo do tratamento. Uma vez os cálculos ausentes, é interessante que se mantenha a dieta por mais 2 semanas e, talvez, substituí-la pela dieta preventiva (Prescription Diet Canine c/d â ), como descrito no apêndice 4, pois a recidiva é freqüente.

Durante o tratamento da dissolução dos cálculos é importante a monitorização também do pH urinário, sendo o ideal que este seja mantido ao redor de 6,5. Além da mensuração do pH urinário, é recomendada que as urinálises, principalmente a sedimentoscopia, e as uroculturas sejam realizadas periodicamente, se possível, para que se tenha um controle efetivo do tratamento.

Normalmente, a administração somente da dieta calculolítica parece ser o suficiente para que a urina mantenha o pH próximo ou menor que 6,5. Assim, descarta-se a indicação do uso de acidificantes, mas nos casos em que o pH urinário não tenha atingido esse valor, alguns pesquisadores, neste momento, recomendam a utilização de acidificantes, e o cloreto de amônio parece ser o mais indicado para os cães, na dose de 200 mg/Kg 1, 14. A utilização de alguns

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acidificantes urinários pode tornar-se inviável, pois seria necessária a administração de grandes quantidades de acidificantes que, nesta magnitude, pode até chegar a induzir um quadro sistêmico de acidose.

A indicação de inibidores da urease também é descrita no tratamento das litíases por estruvita. O ácido acetohidroxâmico, inibidor da urease, pode ser administrado na dose de 25 mg/Kg (dividido em 2 vezes ao dia), em altas doses esta substância pode favorecer o aparecimento de anemia hemolítica, bem como alteraçãoes no metabolismo das bilirrubinas e, além disso, é contra-indicado nos animais gestantes devido à ação teratogênica. A indicação dos inibidores da urease não é rotineira, pois o tratamento dietético e a antibioticoterapia apresentam usualmente bons resultados. Eventualmente naqueles animais refratários ao tratamento rotineiro, a administração do ácido acetohidroxâmico pode ser recomendada na tentativa de dissolver os cálculos6, 8, 14.

A utilização das dietas comerciais e mesmo das caseiras, que possuem na sua composição quantidades consideráveis de cloreto de sódio, deve ser evitada em animais portadores de doença cardíaca, síndrome nefrótico e outros em que o quadro hipertensivo possa ser prejudicial. Além do sódio, a restrição de proteínas pode favorecer o desenvolvimento de deficiências, principalmente nos animais submetidos ao tratamento prolongado. A dieta hipoprotéica também favorece o desenvolvimento da diurese, pois em decorrência a esta baixa ingestão de proteína, menor concentração de uréia à nível da medula renal é detectada, acarretando na diminuição da hipertonicidade medular e conseqüentemente o desenvolvimento de uma diurese obrigatória14.

Para o tratamento dos cálculos de estruvita estéreis, a recomendação mais importante também se concentra na preconização de dietas calculolíticas comerciais ("Prescription Diet Canine s/d - Hills Pet Products") e talvez com a associação de acidificantes urinários, mas ainda esses dados encontram-se em estudos. Antibióticos e inibidores da urease são dispensados no tratamento deste tipo de cálculo.

No Brasil ainda são escassos os estudos clínicos e experimentais relacionados ao uso das dietas calculolíticas no tratamento das litíases urinárias. Em recente trabalho apresentado no XVI Congresso Brasilerio da ANCLIVEPA em Goiânia-GO (1994), os autores obtiveram resultados satisfatórios com a preconização da dieta caseira, principalmente a base de frango, arroz polido e sal (dieta caseira 2, apêndice 3 ), cujos níveis de fósforo e magnésio são relativamente menores (segundo a tabela do apêndice 5), tendo oscilado o tempo de tratamento até a cura do quadro clínico de 1 a 3 meses. Entre os 4 casos relatados, 1 destes apresenta-se ilustrado nas Figuras 1e 2.

Figura 1: Radiografia látero-lateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de idade, macho, apresentando multiplos cálculos radiopacos na vesícula

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urinária.

(Imagem gentilmente concedida pelo Serviço de Radiologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)

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Figura 2: Radiografia látero-lateral de um cão da raça Poodle, de 6 anos de idade, macho, após 75 dias de tratamento com dieta calculolítica ( dieta caseira 2, apêndice 3 ).

(Imagem gentilmente concedida pelo Serviço de Radiologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)

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Figura 3: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de magnésio-amônio-fosfato.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide- Hill's)

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Figura 4: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de urato de amônio.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide- Hill's)

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Figura 5: Fotomicrografia eletrônica e óptica de cristais de oxalato de cálcio.

(Fonte: Urine Crystals in Domestic Animals. A Laboratory Identification Guide- Hill's)

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CONCLUSÃO

Portanto, face aos aspectos relatados e discutidos no presente estudo, torna-se importante ressaltar a participação da preconização da dieta calculolítica no tratamento das litíases urinárias em cães, pois o tempo necessário de tratamento pode ser reduzido, bem como indicado como uma alternativa no tratamento da litíase, que por muito tempo foi diretamente relacionado ao tratamento cirúrgico. Assim, todos os riscos que supostamente possam envolver o ato cirúrgico, a anestesia e o pós-operatório, podem ser evitados, principalmente naqueles casos recidivantes e nos pacientes considerados de risco.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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8-) Osborne, C. A.; Johnston, G. R.; Polzin, D. J.; Lulich, J. P.; Kruger, J. M.; O'Brien, T. D. and Felice, L. J.. Relationship of Nutricional factors to the Cause, Dissolution and Prevention of Canine Uroliths. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 19, pp 583- 615, 1989.

9-) Osborne, C. A.; Johnston, G. R.; Polzin, D. J.; O'Brien, T. D.. Urolítiase Canina in Ettinger, S. J. Tratado de Medicina Interna Veterinária, pp 2178-2203, 1992.

10-) Polzin, D. J.; Osborne, C. A. and Bell, F. W.. Canine Distal Renal Tubular Acidosis and Urolithiasis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 16, pp 241-250, 1986.

11-) Polzin, D. J.; Osborne, C. A. e O'Brien T. D.. Moléstias dos rins e ureteres. In: Ettinger, S. J. Tratado de Medicina interna veterinária, pp 2123-2138.

12-) Remilard, R. L.. Making nutricional changes to manage a complicated case of nephrotithiasis. Veterinary Medicine, pp 484-492, 1988.

13-) Senior, D. F. and Finlayson, B.. Inition an Growth of Uroliths. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 16, pp 19-26, 1986.

14-) Senior, D. F.. Canine Urolithiasis. In: Breitschwerdt, E. B. Nephorology and Urology. New York, Edimburgh, London, Melbourne, pp 1-24, 1986.

15-) Sorenson, J. L., Ling, G. V.. Metabolic and Genetic aspects of urate urolithiase in Dalmatians. Journal of American Veterinary Medical Association, 203, pp 857-862, 1993.

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16-) Sorenson, J. L., Ling, G. V.. Diagnosis, prevention and treatment of urate urolithiasis in Dalmatians. Journal of American Veterinary Medical Association, 203, pp 863-869, 1993.

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APÊNDICE 1Prescription Diet Canine s/d (Hill's Pet Products)

Forma de apresentação

proteína (%)

magnésio (%)

fósforo (%)

cálcio (%)

Dieta s/d in natura 2,20 0,005 0,04 0,08

(úmida) 100% mat.seca

7,59 0,017 0,014 0,28

APÊNDICE 2 Dieta Caseira 1 (4)

- 2,5 xícaras de arroz seco e instantâneo- 1 onça de óleo de cozinha- 2 ovos cozidos- 1 colher das chá de sal de cozinha- 2 Tumsâ amassados (fonte de hidróxido de alumínio)

APÊNDICE 3 Dieta Caseira 2 (3)

- 1 medida de peito de frango- 3 medidas de arroz cozido- sal (quantidade suficiente até torná-lo ligeiramente salgado)

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APÊNDICE 4Prescription Diet Canine c/d (Hill's Pet Products)

Forma de apresentação

proteína (%)

magnésio (%)

fósforo (%)

cálcio (%)

Dieta c/d in natura 6,20 0,018 0,13 0,18

(úmida) 100% mat. seca

22,79 0,066 0,48 0,66

Dieta c/d in natura 20,20 0,10 0,45 0,60

(seca) 100% mat.seca

21,84 0,108 0,49 0,65

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APÊNDICE 5

Composição mineral de alguns alimentos utilizados na dieta caseira de cães, expresso em % de matéria seca no alimento in natura e na matéria seca. Fonte: "United States-Canadian Tables of Feed Composition ".

Alimento % matéria seca

magnésio fósforo cálcio

Fígado bovino 28 0,01 0,23 0,01

100 0,04 0,82 0,04

Frango inteiro 24 - 0,20 0,01

100 - 0,82 0,04

Moela 25 - 0,11 0,01

100 - 0,42 0,04

Ovo com casca 43 - 0,14 9,55

100 - 0,33 22,2

Sardinha 93 0,10 2,68 4,61

100 0,11 2,88 4,95

Atum 93 0,23 4,21 7,86

100 0,25 4,54 8,48

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Anchova 92 0,25 2,49 3,75

100 0,27 2,70 4,08

Carne bovina 94 0,27 4,44 8,85

100 0,29 4,47 9,44

Carne bov.com ossos

93 1,02 5,10 10,30

100 1,09 5,48 11,06

Leite 12 0,01 0,09 0,12

100 0,10 0,76 0,95

Arroz (polido) 89 0,02 0,11 0,02

100 0,02 0,13 0,03

Arroz integral 91 0,94 1,54 0,07

100 1,04 1,70 0,08

Camarão 90 0,54 1,84 9,73

100 0,60 2,05 10,80

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