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ORAq'AO FUNEBREP O

S E R E N I S S I M O S E N H O R

D O M JOSEP R I N C I P E D O B R A Z I L .

fe^ecitada na Santa Sé Primaz de BragaA o s 6 deO utubro de 1788.

Fr. M ANOEL D E SANTA ANMA BRAGA ■ Menor Ohfervante

L I S B O A .

■ n a t y p o g r a f i a n u n e s i a n a .

. MDCCLXXXIX,Qojn licenca da Real ¿Meza da Commifsáo Geral

Sobre o ExanUy e Cenjura dos Livros,

Oxatá qti6 eu tivera acabado e que ninguem me tivera vifto.o

Job Cap» X . i 8.

O R A g À O F U N E B R E

D O

S E R E N I S S I M O S E N H O R

D O M JO S E ’P R I N C I P E D O B R A Z I L .

U E cruéis momentos 1 Que m elancolices infantes vam paffando neíie lacrim ofo dia !

Q ue trilles infentivos da mais profunda magoa füícitam em meu efpirito adombro , em meus olhos lagrimas, em meu corajao gemidos ! Se buf­eo o alto lilencio do retiro , o u jo ñas torres o funeÜo fo m , que annuncia o termo fatal do ho» mem ! Se procuro o centro da fociedade, conto n multidao dos aíHidlos pela multidáo dos ha­bitadores 1 Se em táo triftes anguftias correndo venho ao Sacro-fandto afilo defte T em p lo Auguílo, lon ge de encontrar refrigerio ñas fuá? fom bras, perco todas as efperanjas do defejado alivio • A s fan(flas cerem onias, que acabam de fer pra- ticadas no lugar fan(Ío ; os tunebrcs appara« t o s , que as acompanháram defde o feu princi- )io ; o Iu(flo, que <e obferva pendurado pe-

’ as fuas paredes i e eíTa U rn a , q u e , extinílas as Hzes do candieiro de curo , refta fobre o pavi-

A ii men-

mento , que erta dizendo tudo iilo no fundo do meu corajac ? N ao he precìzb repetir-me^'aue he morto o Serenis.“*® Senhor D , J o s e ’ Principe do B razìl, A morte porfiadamente iiie-tem provado pela grandeza do feu triunfo a grandeza do ieu Im perio, Q ye crueis m omentos! Que m elancóli­cos inflantes yao paíTando nefte iacrim ofo dia !

Injuítos inimigos de Portugal , infelizes ha­bitadores dos mais remotos paizes da terra , po- dereis vós ceníurar o noíTo pranto ? H e por ven­tura o mundo , quem manda levantar efte monu­mento para honrar a memoria de algum tyrano ? H e o mundo quem ñas triftes fombras do defe- n h o , e da arq^uitetílura quer deter a fugitiva car. reira de feus Conquiftadores ? H e o m undo, quein me obriga a fa lla r , para fazer firme huma gloria m al fundada entre os duólos de hum thuribulo , fuftentado pelas máos da Uzonja ? N ada d iílo ; vos o íñbeis, O efpirito da R eligÍao , e da Pie- dade . . . . S eren is“'° S knhor , ( * ) eu nao devera proferir huma fó palavra, fem que bai- xando os o lh o s, e inclinando a cabega, logo no principio bufcaííe na permif^ao a protecjao de V . A , A s penozas anguftias de meu atribulado efpiriio me fizeram efquecer efta indífpenfavel o b r ip ja o dos Oradores , mas V . A . , que nao defeja accrefentar as afflicsóes ao afiiiíío, nao fó deículpa efte meu defeito ; mas até me eílá mof- trando pela fuá innata benevolencia , que infta pela continuajao do meu difcurfo. O efpirito da R elig iao , e da Piedade ( principiava eu a dizer-

vos )

( * ) o Arcebifpo D. Gafpar,

VOS ) O m efm o e f p i r i to , q u e vos ju n tc u ncüc Sa- c rc - fa n í lo re t i ro , he quem r re c b i ig a a fs i is r -v o s .

N a o he pelas m aos da v a id a d e , lie pelas m áos d o r e c o n h e c im e n to , que hum P rIncípe v i ­vo , quer h on ra r a m em oria d e o u tro PniNaPE d e fu n to . D s v e logo o feu co m p o rtam en to íer o exem plo d o n o í io . A m agoa p o r juftos m otivos, que nao re p ito po r náo accreí'ceniar a íua d o r , a tr ibu la p o d erozam en te feu tcrnilììmo c o ra ja o : m í s nelle podem mais as fan(ítas refiex6';js d o ef- p ir i to , e da p rudencia , que os inpulíós da na* tu r e z a , e do f a n g u e . Por hum vivo Jentim ento he ü b r ig ad o a levan ta r d ian te d e noíTos o lhos eíTe m e lan có lico fynibolo dos m ortos ; com tudo hu ­m a rara co n fo rm idade com o s D e c rc to s d o E te rn o fufpende p iedozam ente as lag rim as de feus o lh o s , S ufpendam os nos tam bem as noíTas. C o m ellas nem podem os m o v e r , nem podem os a b ra n d a r as ped ras das fepu ltu ras . N a o ch o re m o s , honrem os a m em oria do P ríncipe m o r to . Confiderem os os d o t e s , que tendo feito prec io ía a fuá v ida , fi- zeram tam b em preciofa a fuá m o r te . V ivac ida - d e de e n g e n h o , e p en e tra jáo de efp ir ito ; ei£- aqui o feu gen io : P rim eiro p o n to . B jn d a d e na­tura l , e com paixao nativa ; eis-aqui o íeu anim o: S eg u n d o pon to . Por eftas qualidades devemos m e­d ir a g randeza do P rincipe d e fu n to . T o d a s el­las sao m ulto ed im av e is , a inda q u ando as a n i ­m a o efpir ito da natureza ; com tudo podem fer il luzues : mas quan d o as anim a o efpirito da R e - l ig iáo , sao eftimaveís fem con troverf ia , Pouco exped ito , a inda q u e aíTás verfado , no exercicio d a E io q u en c ia , he o que pa í lo a moílrar>vos na

vida

6 O R A <; X o

vida eternamente memoravei do S erenis.“’ ® S e ­nhor D . J o s e’ Principe do B ra z il, e D igno Suo* ceíTor dos M uito A lto s , P oderozos, e FideliíII« mos K eis de Portugal Senhobes Nossos.

P r i m e i R o P o n t o .

E tí DO certo , meus amados ouvintes, que a grandeza das creaturas nao he propriamente íua: he igualmente c e rto , que para fer avahada, de­ve medir-fe pela grandeza das acçôes , que pra- ticam , e a grandeza das ac^óes pelos fins , a que íe d irigem , e Ihes prefcreire o Supremo S e r . T o d a a grandeza , que nao for examinada por efta medida , nem pode ter duraçao, nem he gran deza. C eza r juncou de mortos os campos dos feus triunfos, e chegou a calçar de «fqueletos o throno do feu Im perio. F o i grande. M oyfes derramou o fangue dos leus inimigos para íuftentar a gloria do S E N H O R , T am bem foi gran­de. Am bos t(veram,quem levaíIefeusNom es ao tem­p lo da im m ortalidade. M as o tem po apagou o nome do primeiro ; e o do fegundo ainda hojc exifte, Auguilo fez fucceder o marmore aos la- drilhos de Rom a para eternizar os vaos proje­tte s da fuá vaidade. Foi grande. Salom ao, fez fuc­ceder a r^ueza do T em p lo á pobreza do T a b e r­n áculo. Tam bem fbi grande. Am bas eftas fabri­cas fe arriiinaram. H e verdade . M as fobre os alicerces da primeira fuccederam Pagodes j e fo­bre os da íegunda T e m p lo s . Quem revolve as H iílorias Sagrada > e Profana cücontra infinitos execDplos, que proyam efta verd ade.

R egulado por eiìe p rincip io , que no ryHe « ma T h eo lo g ico pode paíTar por Theorem a de- m onftrado, iem formar huma fó hypothefe, prin­cipio a moftrar-7os a grandeza do Serenis.”'® Prìncipe do Brazil« N ào poflo bufcar equilibrio entre as íúas ac^Òes , e as doa Heroes , que aca­bo de e lo g ia ti nao poiìo , nem devo ; perqué em firn nào chegou a fuftentar o Sceptro : mas poÌTo buicar proporgào ; porque fei com certeza, que o podia fudenrar. O Cedro maii; corpolento a o Libano entra na mefma efpecie com aquelle, que principia a nafcer. Occupa fó maior terre­n o , edende mais os feus ram os; poréjn nao dif» fere» N ao temo que falte o parallelo entrando nelle o Pr in cipe» de quem el^ou fallan do. F ilh o extremozamente amado da FideliiTima Soberana, que hoje nos governa • N eto de Reís , que tem reito a honra , e a gloría de Portugal , devia herdar as qualidades , que os iizeram am aveis, e refpeitaveis ao mefmo tem po. Devia ; porque as boas arvores nao podem produzir máos frudlos, fegundo as expreísóes de S. M atheus.

L isboa o vio nafcer, e com que gloria ! Re» d iñ ad a pelo dilatado efpa^o de feis annos fobre a ruina d« feus ed ifícics, eftava chorando amar» gozam ente os eftragos do mais efpantofo terremo­t o . Sentindo ainda quentes as cinzas do voraz incendio , que tinha devorado a muitos de feus íilh o s, eíhva derramando fobre ellas as lagrim as da fuá dor ; mas foi obrigada a troca-las em la­grim as de p razer. O dia 21 de Agofto do anno d e 61 , vendo nafcer o Principe, vio a mudan­za defta fcena. T o d o o R eino exultou de con­

ten-

tentam snto. O feu ju bilo fc fez entender até’ den­tro dos feus fandluartos. Sede tefteaiunhas deíla verdade íagradas paredes deÜe T em p lo Augullo. V ós mcfmas obfervaftes os Cánticos de lou vor, e as demonilraçôes de confolaçao do fupremo- Paftor della D io ce fe , aífim como agora acabaes de ouvir a¿ íuas Oraçoes , e eftaes obfervando o íeu fiU n cio . Silencio refpeitavel , fignal do leu amor \ monumento da íua m agoa, e teiieir.unho authentico da fuá conformidade com os Decre­tos do E tern o .

Creado , c nutrido o P r in c ip e nos braços do am or, e da v ig ila n cia , principiou logo a moílrar em, feus primeiros annos os mais raros dotes da n a tjre za . Huma prefença am avel , hum genia docii , hu.n coraçâo tern o, hum agrado incom- paravel, o faziam potíar pelo P r in c ip e mais bel­lo da E uropa. Sobre tudo iílo m olirava, que por hum m otivo mais Augufto , que os motivos de T ito V erpazian o, nao contaria entre os dias da fuá vida aqueile día , em que , podendo , nao conralTe algum beneficio, que tiveíÍe fe ito . Betn fei , que todos eftes dotes podem pertencer á cU ííe dus virtudes náturaes ; rt>as quando a gra* ÿa trabalha fobre as funçôes da natureza, todos elles sao í'uperiores ás fuas forças , fendo acotn- panhados das virtudes M o r á is .

Bem pollo affirmar-vos, que o foram, quan­do os contemplo no S e r e n is/"^ P r in c ipe do Bra- z i l . Ainda mais : poiïo atîirmar-vos que os íeus añi­nos, e o feu caracttr correram fem preem razáo dU rehíla i porque nunca íe conheceo diminuiçâo no raerecimentoiainda que fe ih e conhecefle augmento

na

F u n e b r e .

na idade. Entregue á vigilante deligencla do E x - cellentifllmo Biipo d e B c ja , amavel por fuas vir­tudes , e relpeitavel pela iua Scien cia, principiou a Ter educado nas primeiras S cien cias, e fo i o m efm o, que principiar a provar a vivacidade do feu engenho, e penetrajao do Seu E fp ir ito . E ra a voz conftante, que le ouvia na C o rte . Das pri­meiras Sciencias pafiou às fegundas, fem que o Ei'pirito acliafle maior violencia nos d egráos, que iubia.

O muito A lto , e Poderozo R e i , e Senlior NoíTo D José’ I. leu A v ó , e T i o , (c u ja me­moria durará fetnpre na memoria dos Sabios, e dos A rtillas) tinha aplanado o caminho das C i ­encias em Portugal. Arrancando os efpinhos, e a- b ro ih os, que a criminoza indolencia dos Profef- fores hia deixando creícer nas A u la s , e nas O f- ficinas do feu R e in o , moftrou bem , que tinha herdado com o R eino o C o ra já o de hum R e í dos mais Auguftos, que fe contam na Hiftoria G e­nealogica da Cafa R eal* Cortando de hum fó golpe a cabera ao monftro do fanatifm o, fez en­trar no feu R eino os novos L iv r o s , que hoje conheccmos. C o n d illa c , Genuenfe, M alebranch, L o ck , eram A udores defconhecidos em Portugal,

Eu nao le i , por qual delles foi inftruido o P r in cipe nos principios da boa F ilofofia , fe i, que fem abater o refpcito, que Ihe era divido pela fuá PeíToa, eliim ava, e obedecía a feu M e ftre , como hum d iíc ip u lo , que bufca a Scien cia, fem buícar incenfo. D uvidando, perguntava fem- pre. Ignorando quería fer inftruido. A vivaci- dade do leu engenho > e a penetragáo do feu E f-

piri-

pirito náó fofFria duvidas , e muìio menos igno­rancia. N ao me quero valer da voz confiante ^que fenipre ouvi na Corte j fallandc-fe neiìa m ateria, quero referir-vos i>um fa¿to , que eu mct^nio che- guei a prefencìar. N^uma das Aulas publicas de M afra , fe propuferam humas Conclüsôes de F i- lo fofia , ja sao pafïados cinco annos. Fui aífiílir a e llas . F a lle i no lugar dos Aiguenrcs fobre a Jmmortalidade d’ Alm a ; failaram tambem outres A U 4“ "e lla fe propunham.

A C orte eram prefentes aoA t t o . O P r in c ipe nao fó foi vifto aifiitir com a maior attençao a todas as difputas ; mas acaba­das eilas foi ouvido em particular decidir íobre a força dos argumentos , e das refpoítas , ana- lyzando cada huma das. d u vid as, e apreciando a fo rja das reibluçôes refpeélivas. A cabo de re- terir-vos o que prefenciei > c o u v í, fem receio d e incorrer na mentira , vicio in fam e, para quem deve olhar o F ilofofo com h orror,o C h riílao com efcrupulo, e o O r a d o r , com eícrupulo, com hor- ror , e com eftudo.

A n tp que paíTe adianto quero perguntar-vos poderá fallar bem ñas faculdades do efpirito quem ignora os feus elementos ? Poderá deci­dir ñas Sciencias , quem he hoípede nos feus )rÍncipio8 ? O vofío íílencio nao fó dá toda a brça ao argumento j mas até me defpenfs de

produzir outro. H e por iíTo mefmo defneceíTario araontuar provas da fuá vivacidade. Se eu in- lentaíTe numera-las , feria precizo numerar-vos ro­das as occafioes , em que foi vifto dentro, e f o ­ra do Palacio. Seria neceíTario trazer á memoria

to*

todas as fu n d e s das muitas , que vemos em L is ­boa t Perguntai a quem as vio , a quem as obíer- vou m iudam ente, e a quem tratou com o P rinci­pe ; p e d i, que vos expÜquein a miudeza com que perguncava , o que defcjava íaber a prefteza com que refpondia ao que fe Ihe propunha ; e íobre tudo a paímoza retentiva, que conservava de tudo-, o q u e tinha obfervado. N ao me obri- gueis nefta parte ; porque re ce io , ou abufar da voíTa paciencia, ou nao acabar hoje a O ra ^ a o .

C o m erta viveza de engenho ; e com efta pe* netrajSo de E íp irito foi educado o í*RiNaPE ñas Sciencias necelíarias a hum bom Im perante, E com o as le tra s , e as armas sao os dous eixoSy em que róda o Syftema do G overno p u b lico , era p rc c izo , que os conbeccíTe am bos. T en d o apren- o id o o& Cánones precizos a emendar os defeitos do entendimento por huma boa L ogica , devia aprender os Díreitos^da p a z , e da g u e rra , por hum bom N atu raliza . Ignoro qual foíFe o fea fa­vorecido ; o que íei h e , que o PamoíPB fabia fal­lar , c entender a m ateria. Quando nao fbíFe o feu eítudo, tinha a íeu lado , quem o podia in- ftruir bem n e lla ; e dentro das portas do Palacio nao fe perde o tem p o .

Educado nos principios do D ireitd Natura! , das G en tes, devia fer educado nos meios de os

poder praticar ; porque hum R e i fentado no T h ro n o , deve íabef m a is , do que hum Profeíí' fo r , fentado na Cadeira. As Arm as sao os únicos, de que fe podem valer os fupremos Imperantes nefta precizao , e fempre o foram , porque no ba­iando geral dos Imperios íem pre vaieo mais a

B ii for-

fo r ç a , do que a razâo, O Príncipe iaWa ja tudo ifto , e foi por elle m o tivo , que o manejo daa arm as, e os exercicios bellicos fizernm hum dos feus maiores prazeres.. Para fer compieta a fua fatisfaÿàü neila parte, applicou-feà M athem atica: eiludo profundo, Sciencia a mais digna do Filo« fo fo , e a unica, que pode aquietar o leu efpi- rito pela infalibilidade das fuas propofiçôes, pela naturalidade dos ieus co ro llario ì, e peJa certeza dos feus cálcu los. Depois de tudo ifto , hum bom foldado para o P b in c ip e , era bum bom am igo. Conhecendo, por força da natureza, o alto fa- crific io , que fazia da lúa v id a , para defender a vida do I m p e r io c h e g o u a conbecer por força do feu eftudo-o merecimento; que tinha na fa- tis fa çâ o , das íuas obrigaçôes. N ao foi ouvida poucas vezes elogiar o ioldado exped ito , o Ca>* pitâo d eligen te, o Official indruidq, c o Coro-^ ne! fab io . Que provas mais fortes podéis defe-, ja r da viveza do feu en gen h o, e da penetraçâo do feu E fpirito na difcipiina M ilitar? Pode fer que nem tantas efperariam m uitos, dos que me «ftam ouvindo* ( N ao digo tod o s; porque bem f e i , que eftou fallando-dian te de m uitos, que nada precizavam de ouvir-m e, íe nao quizeíTein h onrarm e com a íúa aílillencia.)

O grande, p ra ze r, que o Pkincipe teve no enfaio da guerra, nao vos pareça incompativel com a docilidade do coraçao, que Ihe notei logo ao principio. H e verdade, que as guerras oíFen- fivas provam ou ambiçâo ío íd id a , ou dureza in- toleravel no Coraçâo dos K e is ; m a s tanil>em he verdade, que as defenlivas provam zelo da Patria,

clamor dé V aíía llo s. H e verdsde, que em an:bas a? cccafióes corre o fangue; mas tambem he ver« d a d « , que na pricieira entra o furor de hum Dio- clee ia n o ,e na fegunda a Clem encia de hum Tito.. E íle problema das Guerras tem fido propollo mui* tas ve?es no mundo aos Piineipes da terra, Huns o lem relolvido por força , outros por vont¿de* Attendida a bondade naturai do Pr in c ip e , e at« tendida a fuá compaixâo nativa , creio firmemente, que fe chegaffe ao T h r o n o , feguiría fempre o partido dos. primeiros.

Eis-aqui as duas qualidades, que dnvam a conhecer o íeu g o n io , e que prometti moftrar-vos no primeiro p on to . N ao foi o efpirito da lizo n ja , quem me obrigou.a pinta-las i porque em fim te niio elogiado a hum P r ín c ip e defunto. Foi o am o rd a verdade, para provar o juflo m otivo do n ieu , e do voíío fentimento na lúa morte. PaíTo agora a m o ílraw o s as outras duas, que deram a conhecer o Cea anim o, para defempenhar o quo prometti no

S e g u n d o P o n t o .

O U a n d o as Hiftorias profanas nos contam a ^ grandeza dos Conquiftadores do M u n d o ,

fempre nos pintam hunshom ens, que delles ape­nas tem o nome,e-a figura. N ao digo bem : íémpre ROS pintam huns. monlUos, que ledeftinguem en- tr os homens , com o hum N ero íe deftinguio éntre­os moradores de Roma-. Humas vezes os moftram sbfindQ ou á violencia d a fe rro , o.u á. violencia

d o

do fogo os triftes degráos ,p o r onde fubîratti ao T h ron o : outras vezes infeníiveis ás lagrimas da innocencia opprim ida, fundando a fuá gloria na deigraça de Imns Povos , a quem o acafo fez ficar vencidos, N ’umas partes os pintam recoda­dos á mefma e fp ad a, com que fizcram co rrerà rios o iangue de feus v izin h os, fazendo por ilfo mefmo timbre de verem janeados de mortos os c a ic o s da fua batalha.

Em outras partes os reprefentam recolhendo a- )réiîadamente mil defpojos tintos no fangue de lum Povo defgraçado, e vencid o . F in alm ente,

equivocando íempre o nome da grandeza com o da v io le n cia , chamam Heroes aos T y r a n o s , e aeçôes gloriofas á tra iça o , ao engano, e á men­tira. N âo heailim . Principe A ugusto , que teuno* me ièrà efcripto nos annaes Portnguezes com eilaô pennas de ferro !

D cilinado a fuftentar o Sceptro pelo direito da fuccifsao que Ihe im portava o d a C o n q u iik ? N a d a . Bufcando nas H iilorias S ag rad as, e pro­fanas o exemplar de hum bom P rin cipe, Carlos X II. na Suecia , e Alexandre em M a ce d o n ia , nunca foram o feu m o d elo . Sabend o, que o pri­meiro fez tremer o N orte pelo eftrondo das íuas armas ; e que o fegundo fez callar a terra com a fua prefença , defaprovava , como latrocinios as fuas m axim as. N a fua eftimaçâo C arlos era te­m erario, Alexandre am b icio zo. A fujeiçâo na Suecia era terro r, no M undo era furto , e o P rín­c ip e queria nos Portuguezes filhos , nao queria efcravos. N em era precizo forçar o íeu entendi­mento para fjrm a r eílas ¡d eas, o Geo Ihe tinha

da*

F u K E B B E. r y

dado hum genio tâo paciñco, e hum Ccr^çso tío d ó c il, que naturalmente as formava.

£ (h s qualidades no coraçâo de hum Pr in cipe in d olen te, podsm ier fìlhas ou da ^raqueza, ou do medo : mas no coraçSo de hum P r in c ipe de genio vivo , de ju izo penetrante, sao fìlhas de huma bottdade natural, e de huma compaixao nativa. O S eren issim o P r ìn c ip e do brazil nao quería fangue: mas fabendo , que as fuas inten- c ó e s , fendo propria? para form^ir hum Coraçao Dom, nîîo erâo bailantes para formar o Coraçâo de hum Principe: bailando para íuftentar a vida de hum coraçâo compalTìvo, rao baftavam para íuftentar a vida do Imperio : nao quería ver der» yamado o fangue dos Portuguezes, mas tinha ani­m o para ver derramar o dos feus inimigos. N ao tinha animo para mover as tropas a fím de often- tar as forças do Im perio; mas tinha animo para o defender. Quem o fazia entrar nt:ftas intençôes ía n íla s , neftcs difcurfos filhos de hum amor ju l­i o , e de huma piedade Chriftá? O eftudo, que ti­nha feito fobre as obrigaçoes de hum bom R ei. Sabia a origem dos Im perios; iabendo a Origem dos Im perios, fabia qual era o Direito dos Sum- mos Imperantes ; fabendo o D ireito dos Summos Im perantes, quería p a z , e ló faria a güera para a fuftentar. Examinemos a raiz deftas propoiiçôes.

A s Leis civis sao os anneis, de que fe for- mou a cadéa refpeitavel, que prendeos homens em fociedade. T en d o bufcado por mil modos a fuá tranquilidade, e o íeu focego ; e cançados em particular pela violencia , que Ihes faziam ou leus vizinhos, ou feus inim igos; tentaram con»

le-

i 6 O R A q X o

fcguir no focego g e r a i , o particular. C om o a experiencia propria Ihes tinha moftrado já , que para eíle firn nao baílavam as forças de cada hum em particular ; nao foi violento a todos facrifícar huma parte da fuá liberdade, para poderem con- fervar o refto.* A fomma total deftes pequeños fa- crificios depofitada nuroa íó m ao, que Déos a- bençôa; eis-aqui o direito Sacro-Sanélo dos Su­premos Imperantes noM undo. A ’ viíla d iílo , nao fendo preciza huma demonftraçao prolixa, havi- da pelos profundos theoremas de Euclides para conhecer todo o poder de hum R ei : tambem nao he preciza para conhecer, que o P r in cipe fatisfa- zia a D é o s , -e aos homens no fyílem a, que tí- líha adoptado. Se eu eílivelÍe fallando ñas Aulas, aííím como eílou fallando no T e m p lo ; ou ainda fenao achaffe em voííos ánimos huma prova an- tecipada fobre a bondade natural, e fobre a com­paixâo nativa do P h íncipe , nao fó proporla os argum entos, que podem fazer os bons Elladillas ; mas até metterla em toda a fuá fo rça , os que tem forjado os máos P o litico s, e verieis os pri- meiros arguentes fatisfeitos, e os fegundos con­fundidos , M as graças ,á bondade natural do P rin­c i p e , quando ouço fallar n e lla , nao acho lium f ó , que a contradiga : e graças á minha fortuna, quando pertendo exalta-la, nao tenho de confu­tar os inimigos da minha caufa*

Tendo-vos pintado quaes feriam as A ltas Q aalidades do P r in c ipe fentado no T h r o n o , e governando pacificamente o feu P o vo , nao tra­ce! as linhas pelos noíTos defejos : tracei-as pelas acçôes, que todo o mundo Ihe via praticar. Q ue

rao-

m odelo para todos os Poderozos da terra ! T e n ­d o nafcido gran d e, nao foi precizo modificar-Ihe a foberba j porque a nao tinha. PoíTuindo os mais raros dotes da natureza nao fo i precizo refrear-lhe os vicios ; porque os náo p raticava. Devendo bejar a mio Paterna , nao fo i precizo adverttr- Ihe as obrigaçôes de filho ; porque as enchia« T en d o entrado a pezaros negocios do R eino • • • A qui deveni fa llar os pertcndenres, nao devem fa lla r os Oradores • A verdade de hura reque- rimento, fem arte, valeo íempre mais no feu T r i­bunal ( dizem todos ) do que todas as bellezas da E loquen cia. Só ella qualidade prova mais a bondade natural , e a compaixao nativa do Prin­c i p e , - do que provarla hum C icero íubindo a eíle lu g a r. Em M afra , em Q uelluz , em Cintra , era Lisboa , em roda a parte fallou fempre com o mefmo agrad o . Tratou fempre os pertcndentes da mefma ío rte . Deu fempre as melnias provas d o amor com que tratava os fabios j da com - paixao , que tinha dos pobres j e do valim ento, com que íoccorria os aíB iélos. E m huma pala- vra, neíle bom P rin c ip e eftava modelado hum bom R e í . Se chegaíTe ao T h ro n o , veríamos con­tinuar a riqueza elpalhando a maos cheias a abun­dancia n?s térras do íeu Imperio» Veríam os a Jufti^a equilibrar o rcélilTimo fiel da fua balança nos Tribunaes do íeu R ein o . V eríam o s, que a fortuna cravada a fua roda com prego de dia­mante , nunca-mais a faria tornar ao circulo de íeu gyro infauílo.

Huma das maíores difficuldades^ que fe pro póem aos Oradores n 'u m E lo eio F u n eb re , h e d e i-

C cui-

O R A q X o ciilpar 09 defeitos do ie u H e ro e . A té nefta par­te me nao fo i pezado o meu traballio . O P rin ­cipe era ainda melhor , do que eu o renho re-’ tratad o. O s originaes perdem muito nas copias* C reado^ como Samuel no T em pio, defde os feus primeiros annos principiou logo a m oftrar, que o^efpirito da R eligiào animava todas as fuas ac- jo e s . Podem.os dizer feguram ente; que primeiro refpeitou o T iiu rib u lo , que o Sceptro. Afllftindo aos Divinos Officios da R eai C apella do Palacio, tanto refpeito Ihe infundiam as fagradas ceremof nias , q u e ja pelo ufo as n o ta va , e em endava. Quando fe confundiam . O s críticos indoutos , que ló fe lembram de C eza r,, prézam exn pouco efta qualidade nos Principes ; mas que defelto pode trazer ella a hum Principe Ghriftilo ? N ao he ah- folutamente neceiTaria? Que fe fegue daqui? L or g o he prejudicial ? Pode embara^ar-lhe o tempo, repllcam elles refen do a lfim .. .Continuemos o diC- cu rfo , nao demos ouvidos a ocio zo s. Conduzi? do o P r in c ipe às funjoes do Sanétuario pelas maos da p ied a d e, fempre foi vifto com alegria unir verial de todos os Fieis • M andando chamar mul­tas vezes OS O rad ores, ou para os co n h ecer, ou para os perguntar , nao Ihes deixou pequeñas provas do feu engenho , e da fua vivacidade. N a o vos eftou perfuadindo huma ve rd a d e , fó pe­la ter o u v id o . Eu melmo fui h u m , dos que he ciereceram efta honra,

Neftas conftantes alternativas , q u e o Secular, c o E cclefiiftico viram fempre iguaes , viram os fabios hum bofquéjo da concordia pura entre o Sacerdocio , e o Im perio. Pelo que tinham vifto,

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e o u v id o , efperavam , que o P r in c ipe fuftentando n'uma de fuas maos o C od igo das L e is , e na ou­tra o dos dous Teftamentos defempenhaiTe bem o dei'enlio. C om todas eftas qualidades as mais eftimaveis , e as mais uteis, que podia herdar do C e o , Í« preparava o P r in c ip e A uguro para iubir ao T h ron o , quando foi obrigado a deicer com ellas á icpultura.

Qiie funebre profpedo ! Que dolorofa fce- na , vou a repreientar diante de voffos olhos ! E corno devo cu Faliar-vos entre as triftiíTimas idéas, que me atorm entam ?. . . , Portugal íempre coní'- tante no amor , que tinha confagrado ao í’eu P r in ­c ip e , contando com prazer o dia 21 de Agorto, entra as portas do R eal Palacio , e na peítoa dos grandes da Corte vai teÜemunhar a toda a R eal Fam ilia o prazer, que annualmente Ihe cau* lava aquelle d ia . Com o coraçâo nss maos con­ta 2 7 annos de vida fe l iz , na vida do íeu P rin­c ip e ; e lem Ihe vir ao penlam ento, que podia ca­ducar a fuá g lo r ia , no curto efpaço de onze dias fo i obrigado a trocar em confusao a fuá felici- d a d e , o feu prazer em lagrim as , e em pezadif- fimo luélo a fuá pom pa. Ñ o ultim o dia do mez de Agofto , tendo enviado todo o R eino ao Pa­lacio em amorozos defejos os mais felizes votos> enviou a morte em palidas fombras tríftes annun- cíos da íu a v in d a . Abalou-fe o T hron o , afluftou- fe o P r in c ip e , e caío enferm o. Correram apref- fadamente ao leito aquelles coraçdes, que a na- tureza , e o amor tinham feito unir em huma fó vontade. Entre as mais ternas demonftraçôes de Ihe quererem coníervar a v id a , fizeram vir em íeu

C ii loe-

o R A q '^ '6 fo c c o îr o a M e d ic i f u ; m ás e l l a nuncâ em P or­tu g a l fo i nein m ais d e fe ja d a , nem m enos efficaz.

A doença crefcia , os bons preiagios cre- fciam á proporçâo nos ProfeiFores da arte ; mas o Pr in c ip e , que refpeìtava mais a mao de D eos, que 0 fe ria , do que a fegurança dos hom ens, qye o podiam enganar, fez chamar o ConfeiTor, e humiihado no eilado de hum verdadeiro peni­tente , referio-lhe a occulta hiilcria da fua con- fciencia. Pedio depois no Sagrado V iatico a uni­ca conlblaçâo, que podia acliar na fua doença* Sagradas difpofiçôes do Altiílim o , como fois a- doraveis ! Apenas o bom P r in cipe unió ao feu coraçâo o Corpo de J E S U S C H R I S T O Sacra­mentado , fentindo que fe principiavam a fechar as portas do tem po, e que fe abriam as da E> ternídade, lançou a fua forte na mefma Urna , donde a tinha tirad o, e caindo n’um profundo Ifithargo efpirou na pa.z d o S e n h o r. T in h a loado a hora quarta da tarde no dia onze de Setem- bro paííado.

Engano7as efperança? do m u ndo, como he curra a voíla duraçao ! O j dous inflantes primeiro, c ultimo da vofla m aior carreira , sao dous cir­cuios , que fem refpeitar grandeza de periferias, fempre íe tocam n’um íó ponto. V in te fete annos de fe lic id ad e, sao para nós hoje, com o o dia dehon* te m , que já paíTou. M orreu o P r in c ip e . Apena» foou efta voz pelas Salas do P a ç o , que aflbm« bro ! Q^ie dilíabor ! Q ue magoa le obfervou en­tre as lúas paredes 1 O am or materno arranca os mais dolorofos gem idos de hum C oraçâo , que xhora fem vida os oíTos de feus o íío s , e a carne

da

F u n e b r e . 2 t

da fua carne. Dous rios de lagrim as rebentam nos olhos da terna E ip o z a , que tendo cortado pelos mais melindrozos caprichos do fea fe x o , vé mor­ta no PamciPE a metade m^is feniìvel do feu co­ra çâ o . Em toda a R eai F a m ilia , em todos os feus criados defde o mais prcxim o às fuas Pei» foas até os das mais remotas OiHcinas do Pâço fo i igual o fentiroento ; porque foi igual o n.o- tiv o . M orreo o PRiNapE. Apenas fe ouvio eHa v o í no R eino , parou a circulaçao de huma vida, que tocava de mui perto o coraçâo de todos os feus habitadores. O s Sabios juftamcnie choram na fua morte bum bom Juiz. O s aflitos hum bom Proteiílor. O s foldados hum bom A m ig o . E to­dos os Portuguezes hum bom R e i . H e por força do feu am or, que huns tem dito , que nao duvi- davam facrificar a propria vida : outros a vida de todos os feus filh os, para confervarem a vida do feu P r ín c ip e . H e por força do íeu a m o r, que a mais acerba magoa toca o Soberano fobre o íeu T h ro n o ; o M iniftro no feu tribunal; o M on- g e no füu clauftro; o Lavrador na fua cabana; e até o Sacerdote no meio do A lta r . Finalmente he por força do feu a m o r, que fe me reprefen- tam feus Auguftos A fcen dentes, levantando as pe- dras dos feus Sepulcros olhando com aíTomííro para eífa U rn a, e que tornando a cerra-las, con- tinuam leu antigo ílle n c io , expreííando nefta lin- guagem dos m ortos o feu fentim ento. C inza ref­p eitavel, geralm ente chorada pelas qu alid ades,. que te ennobreceram em quanto animada: Repou- za em fan(5la p a z . A pedra do Sepulcro pczadá te nao fe ja . llluftres filhos da Ssndla Igreja Bra»

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1 2 O r a ç S o F u n e b r e .

carenfe, a E lo q u e n c ia , e as verdades mais fublì- m es, nao podem refrear as paixôes, quando el­las sao excitadas por imprefsôes fortes de ob jec. tos ieniîveis. Neilas occaiiôes he precizo p arafe m oderarem , que fe combatam por outras impref­sôes da niefma efp ecie , que fejam continuamente prefentes ao efpirito. Refpeitai a mâo Podero- za do S E N H O R . que tirando-vos hum P r in cipe lâo am avel, vos deixa outro, que para merecer a fua bençâo nao comprou o D ireito da Primo- genitura. D eixai cair as lagrimas da voíTa faudade, mas íufpendei as das voilas efperanças. R o gai ao C eo pela vida defte novo P r in c ip e , e unindo as voffas fupplicas as Oraçôes dos Sacerdotes pedí ao refpeitavel Arâo,que lance o iangue do Cordei- ro iobre as cinzas do P r ín c ip e d e f u n t o para que mais depreffa configam o deicanfo E tern o .

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