Correlação entre fraseamento prosódico e distribuição ... · 27% das sílabas tónicas...
Transcript of Correlação entre fraseamento prosódico e distribuição ... · 27% das sílabas tónicas...
-
Correlao entre fraseamento prosdico e distribuio de acentos tonais? Evidncias da variao no Portugus Europeu
Marisa Cruz & Snia Frota Universidade de Lisboa
Abstract
The present paper examines the relation between prosodic phrasing and pitch
accent distribution (PAD) in two central-southern varieties of European Portuguese -
Alentejo (Ale) and Algarve (Alg). Data obtained in a reading task systematically varied
syntactic complexity (presence/absence of branching in subjects and objects) and length
(in number of syllables). The results showed that (S)(VO) prevails in Ale, while in Alg
(SVO) is preferred. The two factors examined play different roles in triggering the
(S)(VO) phrasing pattern in central-southern varieties. If in Ale prosodic phrasing and
PAD seem to be correlated (more phrases, dense PAD) the same does not apply in Alg
(fewer phrases, but dense PAD).
Keywords: prosodic variation, intonational phrasing, pitch accent distribution,
syntactic complexity, length.
Palavras-chave: variao prosdica, fraseamento entoacional, distribuio de
acentos tonais, complexidade sinttica/prosdica, extenso do constituinte.
1. Introduo
Alm de relacionada com fatores no estruturais como a velocidade e o estilo
discursivos, a delimitao de fronteiras prosdicas tem sido associada a diferentes
aspetos gramaticais, tais como a ramificao sinttica, o foco, o peso prosdico e a
distribuio dos acentos tonais.
Apesar da reconhecida ausncia de isomorfismo entre estrutura prosdica e
estrutura sinttica, as fronteiras de constituintes sintticos, a relao cabea-
complemento, bem como a ramificao sinttica/prosdica so considerados relevantes
para a formao de constituintes prosdicos (Nespor & Vogel, 1986/2007;
Truckenbrodt, 1999; Selkirk, 1984, 1995). Em algumas lnguas, o foco parece ser
tambm determinante para fraseamento prosdico: no Bengali (Hayes & Lahiri, 1991) e
em Chichewa (Truckenbrodt, 1999), por exemplo, o constituinte focalizado delimitado
por uma fronteira direita; j no Japons (Beckman & Pierrehumbert, 1986) e em
dialetos do Coreano (Jun, 1993), a produo de foco desencadeia a introduo de uma
fronteira prosdica imediatamente antes (ou esquerda) do elemento focalizado.
De igual modo relevante para o fraseamento prosdico o peso dos constituintes
em termos de extenso em nmero de slabas e/ou palavras prosdicas. No Portugus
Europeu Standard (SEP), sujeito (S), verbo (V) e objeto (O) so agrupados num nico
Sintagma Entoacional (IP), predominando, por isso, o padro de fraseamento (SVO)
(Elordieta, Frota & Vigrio, 2005). J no Castelhano, bem como no Catalo (Elordieta
et al., 2003; Prieto, 2005), (S)(VO) o fraseamento dominante, contrastando com o
Textos Selecionados, XXVIII Encontro Nacional da Associao Portuguesa de Lingustica, Coimbra, APL, 2013, pp. 325-339, ISBN: 978-989-97440-2-8
-
Italiano e o Portugus Europeu Standard (SEP), semelhantes, por seu turno, ao rabe do
Cairo. Nesta lngua, Hellmuth (2004) mostra que o sujeito s fraseado num IP
separado do verbo e do objeto quando sujeito e objeto tm dupla ramificao sinttica e
so longos (a uma velocidade discursiva dita normal) ou quando os sujeitos so
longos e ramificados (a uma velocidade discursiva dita lenta). Tambm no Coreano,
Jun (2003) considera o efeito da velocidade discursiva, adicionalmente ao efeito da
extenso dos constituintes, sobre o fraseamento prosdico. A autora mostra que, a uma
velocidade discursiva rpida, um constituinte prosdico pode incluir at 7 slabas.
A distribuio de acentos tonais e o seu possvel efeito sobre o fraseamento
prosdico tem sido tambm alvo de estudo (Frota & Vigrio, 2007; Frota et al., 2007;
Hellmuth 2004, 2007; Vigrio & Frota, 2003). Embora dados das variedades Standard
(SEP1) e Setentrional (NEP
2) do Portugus Europeu (PE) apontem para a hipottica
correlao entre estes dois fatores prosdicos, o mesmo parece no poder ser afirmado a
respeito do rabe do Cairo, por exemplo (Hellmuth 2004, 2007).
Constituindo o foco de interesse da presente investigao, na seco seguinte
(seco 2), a densidade tonal e o fraseamento prosdico, bem como a relao existente
(ou no) entre ambos, so descritos com mais detalhe, pretendendo-se deixar clara a
variao existente (e analisada at ao momento) no Portugus, no que diz respeito a
estes dois fatores prosdicos. De seguida, procede-se descrio da metodologia
envolvida neste estudo (seco 3): seleo e caracterizao dos informantes, escolha dos
materiais que compem o corpus e descrio dos procedimentos de gravao e
tratamento dos dados. Na seco 4, analisam-se os dados, tendo em conta os dois
aspetos prosdicos de interesse: o fraseamento prosdico e a distribuio de acentos
tonais. Quanto ao fraseamento prosdico, explora-se o padro dominante (seco 4.1.1)
e os possveis efeitos desencadeadores do fraseamento do sujeito num sintagma
entoacional parte (seces 4.1.2 e 4.1.3). discusso acerca da possvel relao entre
fraseamento prosdico e densidade tonal (4.2), segue-se, na seco 5, o sumrio dos
principais resultados e respetivas implicaes.
2. Fraseamento prosdico e densidade tonal no Portugus Europeu: as variedades
Standard e Setentrional
A variao prosdica no Portugus Europeu tem sido estudada nas ltimas duas
dcadas, focando-se, essencialmente, em dados de duas variedades: Standard (SEP), que
corresponde geograficamente regio da Grande Lisboa, e Setentrional (NEP), que se
circunscreve regio de Braga. Estas variedades foram estudadas comparativamente no
que diz respeito a aspetos prosdicos como: (i) a caracterizao dos contornos
entoacionais nucleares por tipo frsico e significado pragmtico (Frota, 2002; Vigrio &
Frota, 2003); (ii) o fraseamento entoacional (DImperio et al., 2005; Elordieta et al.,
2003; Frota, 2009; Elordieta, Frota & Vigrio, 2005; Frota et al., 2007); (iii) a
1 Do Ingls Standard European Portuguese. 2 Do Ingls Northern European Portuguese.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
326
-
distribuio dos acentos tonais por IP (Frota, 2009; Frota & Vigrio, 2007; Vigrio &
Frota, 2003).
Quanto aos contornos entoacionais nucleares, muito sumariamente, SEP e NEP
apresentam diferenas claras: no SEP predominam os acentos tonais e tons de fronteira
complexos ou bitonais, contrastando com os contornos maioritariamente monotonais,
logo, mais simples, no NEP.
A anlise comparativa do fraseamento prosdico, no PE e entre lnguas Romnicas
(PE, Castelhano, Catalo e Italiano), tornou-se possvel graas ao uso de um corpus
comum, adaptado a cada uma das lnguas, que integra a Romance Languages Database
(RLD). Esta base de dados foi inicialmente desenvolvida no mbito do projeto
Intonational Phrasing in Romance (http://www.fl.ul.pt//LaboratorioFonetica/intphraro.htm).
Uma verso online da base de dados, promovida no mbito do projecto SILC
(PTDC/LIN/66202/2006), encontra-se disponvel em http://rld.fl.ul.pt/. Esta base de
dados est a ser expandida, visando integrar os dados obtidos no mbito do projeto
InAPoP - Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese
(http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/).
Partindo do corpus de base da RLD, constitudo por frases de tipo SVO, em que a
extenso em nmero de slabas (constituintes curtos e longos) e a ramificao
sinttica/prosdica (presena/ausncia de ramificao nos sujeitos e objetos) so
sistematicamente variadas, pretendeu-se (i) analisar a influncia da extenso dos
constituintes (em nmero de slabas) e da ramificao no fraseamento prosdico, e (ii)
distinguir os efeitos prosdicos dos efeitos sintticos.
Se, no SEP, sujeito, verbo e objeto so predominantemente agrupados num nico
IP [(SVO)], similarmente ao Italiano (DImperio et al., 2005; Frota et al., 2007) e ao
rabe do Cairo (Hellmuth, 2004, 2007), no NEP, como no Catalo e no Castelhano
(Elordieta et al., 2003; Elordieta, Frota & Vigrio, 2005), o sujeito fraseado num IP
separado do verbo e do objeto, que formam outro IP [(S)(VO)], mesmo nos casos de
no-ramificao. Estudos anteriores mostram ainda que, no SEP, o fraseamento do
sujeito num IP distinto daquele que inclui verbo e objeto desencadeado pela extenso
em nmero de slabas, pois ocorre com sujeitos longos (com mais do que 8 slabas
Elordieta, Frota & Vigrio, 2005). Contudo, nem a extenso (em nmero de slabas)
nem a ramificao do objeto tm qualquer efeito no fraseamento prosdico. Em
contrapartida, no NEP, o fraseamento do sujeito num IP distinto [(S)(VO)]
desencadeado pela ramificao, j que sujeitos curtos ramificados so mais
frequentemente (69%) fraseados num IP separado do verbo e do objeto do que sujeitos
longos no ramificados (46%). Ainda em contraste com o observado no SEP, a
ramificao sinttica/prosdica do sujeito, em conjunto com a extenso (em nmero de
slabas) do objeto favorecem o fraseamento do tipo (S)(VO).
Quanto densidade tonal, Frota & Vigrio (2007) e Vigrio & Frota (2003)
concluem que o SEP se caracteriza por uma distribuio tonal esparsa, j que apenas 17-
27% das slabas tnicas internas ao IP recebem acento tonal. Em contrapartida, no NEP,
74% das slabas tnicas internas ao IP recebem acento tonal, pelo que esta variedade se
caracteriza por uma distribuio tonal densa. Conjugando estas observaes
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
327
http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/intphraro.htmhttp://rld.fl.ul.pt/http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/
-
relativamente ao fraseamento prosdico e distribuio dos acentos tonais, as autoras
sugerem uma possvel relao entre os dois aspetos prosdicos, dado que a
predominncia do padro (SVO) no SEP parece estar associada esparsa distribuio
tonal (menos sintagmas, logo, menos acentos tonais), contrastando com a densa
distribuio tonal no NEP, onde o fraseamento do tipo (S)(VO) favorecido (mais
sintagmas, logo, mais acentos tonais). Porm, Hellmuth (2004, 2007), procurando testar
esta relao entre fraseamento prosdico e densidade tonal no rabe do Cairo, mostra
que esta relao parece no se aplicar: a preferncia, como no SEP, pelo fraseamento do
tipo (SVO) faria prever a atribuio de menos acentos tonais. No entanto, o rabe do
Cairo assemelha-se, deste ponto de vista, ao NEP, isto , apresenta uma distribuio
tonal densa. Face a esta caracterizao prosdica, a autora conclui que a hipottica
correlao entre fraseamento prosdico e densidade tonal, apresentada para o PE por
Vigrio & Frota (2003) no se aplica ao rabe do Cairo.
Dado o enquadramento terico exposto acima, o presente estudo parte de duas
vises antagnicas acerca da relao entre fraseamento prosdico e distribuio tonal.
Por um lado, a proposta da existncia de uma correlao entre os dois fatores prosdicos
(Frota & Vigrio, 2007; Vigrio & Frota, 2003), de acordo com a qual lnguas (e
variedades) selecionam diferentes domnios de fraseamento para determinar a
distribuio de acentos tonais (acentuar todos os IPs no SEP e todos os Sintagmas
Fonolgicos (PhPs) no NEP), e a seleo de um domnio mais alto implica menos
constituintes. Por outro, a proposta da inexistncia de correlao entre fraseamento e
domnio para a distribuio de acentos tonais: no rabe do Cairo, observa-se a
atribuio de um acento tonal por Palavra Prosdica (PW), mas a formao de
sintagmas mais longos, como no SEP.
Pretende-se, na presente investigao: (i) explorar a relao entre os fatores
prosdicos acima mencionados em duas regies da variedade centro-meridional do
Portugus Europeu; (ii) observar se a sugerida dependncia entre fraseamento prosdico
e distribuio tonal para o SEP e o NEP se espraia (ou no) a outras variedades do
Portugus Europeu; (iii) contribuir para a caracterizao das dimenses de variao
relevantes no sistema entoacional da lngua e entre lnguas.
3. Metodologia
Foram selecionadas duas regies urbanas pertencentes, como o SEP, variedade
centro-meridional, mas situadas, no Interior Centro e Sul (Cintra, 1971; Segura &
Saramago, 2001): Castro Verde, no Alentejo (Ale), e Albufeira, no Algarve (Alg).
Ambos os locais esto includos no conjunto de reas geogrficas cobertas pelo InAPoP.
Em cada uma das duas regies, foram gravadas trs informantes do sexo feminino,
com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, com formao nos nveis
secundrio e universitrio3. As seis informantes so naturais do local em que residem e
3 A amostra selecionada no apresenta caractersticas semelhantes s dos informantes habitualmente
observados no mbito de trabalhos dialetolgicos como o de Cintra (1971), por exemplo: preferncia pela
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
328
-
no apresentam historial de migrao. Todas realizaram as vrias tarefas planeadas no
mbito do InAPoP (ver http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/methodology.html
para maior detalhe a este respeito), entre as quais a leitura, que contm frases
construdas com o fim de observar aspetos prosdicos diversos. A anlise do
fraseamento prosdico (em relao com a ramificao sinttica/prosdica e a extenso
dos constituintes em nmero de slabas) e da densidade tonal so dois dos fatores
prosdicos contemplados na construo do corpus. A recolha massiva dos dados, em
alternativa recolha faseada, funciona, por si, como elemento distrator, na medida em
que os corpora especficos (desenhados para obter dados que permitam analisar um
dado fator prosdico) so randomizados entre si (e no apresentados separadamente).
Posteriormente recolha de dados em formato vdeo (.mov), de acordo com a
metodologia usada no mbito do projeto InAPoP, procedeu-se extrao do udio para
ficheiros .wav, com uma frequncia de amostragem de 22050Hz. Todas as produes
das informantes foram analisadas em Praat 5.2.2 (Boersma & Weenink, 2011), tendo-se
criado trs fiadas para o efeito: a fiada entoacional, onde se anota a anlise tonal, de
acordo com as propostas em Viana & Frota (2007) e em Frota (2009); a fiada
ortogrfica, onde se procede transcrio ortogrfica palavra a palavra; e a fiada do
fraseamento, onde se anotam os ndices de rutura que refletem a estrutura prosdica.
Para o presente estudo, selecionaram-se apenas os enunciados relevantes para o
objeto de anlise, isto , o corpus criado no mbito da RLD Romance Languages
Database e anteriormente aplicado a outras lnguas romnicas alm do Portugus
Europeu (SEP e NEP). Este corpus formado por 76 frases do tipo SVO, com
constituintes com extenso e complexidade sinttica/prosdica variveis: constituintes
curtos (com cerca de 3 a 5 slabas) e longos (com 5 a 15 slabas); constituintes sujeito e
objeto caracterizados pela presena/ausncia de ramificao (simples ou dupla).
Cruzando as duas variveis, obtm-se as seguintes condies de anlise:
- Sintagmas curtos no ramificados (3 slabas)
(1) A louraSN mirava morenosSN.
- Sintagmas longos no ramificados (5 slabas)
(2) A bolivianaSN falava do namorado.
- Sintagmas curtos ramificados (5 slabas)
(3) A nora louraSN+SAdj falava do namorado.
- Sintagmas longos ramificados (10 slabas)
faixa etria mais idosa, com escolaridade baixa e pelo meio rural. A preocupao com a incluso de perfis
socioculturais diversos prende-se com os objetivos do Projeto InAPoP (no qual se enquadra esta
investigao), entre os quais, a anlise comparativa de diferentes aspetos prosdicos entre faixas etrias e
entre regies consideradas urbanas e rurais (de acordo com classificao apresentada pelo INE). Esta anlise
primeiramente feita entre variedades do Portugus, mas num quadro alargado ao contexto romnico.
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
329
http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/methodology.html
-
(4) O boliviano mulherengoSN+SAdj memorizava uma melodia.
- Sintagmas curtos com dupla ramificao (9/10 slabas)
(5) A nora morena da velhaSN+SAdj+SP maravilhava meninos.
- Sintagmas longos com dupla ramificao (15 slabas)
(6) O namorado megalmano da brasileiraSN+SAdj+SP mirava morenas.
A construo de estmulos com a mesma extenso (ver exemplos 2 e 3), mas com
complexidades sintticas/prosdicas distintas (no ramificado versus ramificado, ou
mesmo com ramificao simples versus com dupla ramificao, como nos exemplos 4 e
5) destina-se a observar a (no) existncia do efeito da complexidade sinttica no
fraseamento prosdico4.
Para cada uma das regies, foram selecionados, para anlise, os dados de duas das
trs informantes, o que perfaz um total de quatro informantes. Tendo em conta que as
76 frases pertencentes ao corpus acima mencionado foram lidas 2 vezes, por ordem
aleatria, obteve-se um total de 152 enunciados por informante (correspondendo a 304
enunciados por regio).
4. Anlise e discusso dos resultados
Na presente seco, apresentam-se e discutem-se os principais resultados no que
diz respeito aos padres de fraseamento (seco 4.1) e distribuio de acentos tonais
(seco 4.2), nas duas regies centro-meridionais (Ale e Alg). Pretende-se ainda
perceber se a hipottica correlao entre fraseamento e distribuio tonal, sugerida para
o SEP e o NEP, se espraia ou no a outras variedades do Portugus Europeu.
4.1. Fraseamento prosdico
4.1.1. Padro dominante
A partir da anlise dos dados, pode constatar-se que, no Ale, similarmente ao
observado no NEP (Frota & Vigrio, 2007; Vigrio & Frota, 2003), predomina o
fraseamento do tipo (S)(VO), com uma percentagem de ocorrncia de 66%. Mesmo
quando no ramificados, os sujeitos so maioritariamente fraseados num IP separado do
verbo e do objeto (51%), conforme se ilustra na Figura 1.
4 Para mais informao sobre o corpus, ver DImperio et al. (2005) e Elordieta et al. (2005).
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
330
-
Figura 1 Fraseamento prosdico dominante no Ale: (S)(VO). Sujeito curto no ramificado. A
loura mirava morenos.
Em contrapartida, no Alg, de forma semelhante ao verificado no SEP, predomina o
padro de fraseamento (SVO), com uma percentagem de ocorrncia de 65%. A
preferncia pelo agrupamento dos trs constituintes sintticos num nico IP, nos casos
em que os sujeitos no so ramificados, evidente, com 85% de ocorrncias (ver Figura
2).
Figura 2 Fraseamento prosdico dominante no Alg: (SVO). Sujeito curto no ramificado. A
loura mirava morenos.
Em suma, ao observar o fraseamento prosdico dominante tout-court, isto ,
ignorando ainda os possveis efeitos da extenso e da complexidade sinttica/prosdica
dos constituintes, conclui-se que as duas regies centro-meridionais do Interior Centro e
Sul apresentam padres distintos: o Ale assemelha-se variedade Setentrional,
enquanto o Alg se aproxima mais do observado no SEP. Estes dados mostram, por um
lado, que variedades classificadas como distintas, com base na variao segmental
estudada em trabalhos anteriores (Cintra, 1971; Segura & Saramago, 2001; Rodrigues,
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
331
-
2003; inter alia), podem apresentar caractersticas prosdicas semelhantes (NEP e Ale).
Por outro lado, depreende-se ainda que regies pertencentes a uma mesma variedade,
definida, mais uma vez, com base nos estudos de variao segmental, apresentam
caractersticas prosdicas distintas (Ale e Alg).
4.1.2. Fraseamento prosdico (S)(VO): efeito da complexidade
sinttica/prosdica
Considerando o possvel efeito da ramificao sinttica/prosdica no fraseamento
prosdico do tipo (S)(VO), compararam-se as condies com idntica extenso (5
slabas) mas diferente complexidade. Os dados reportados na Tabela 1, mostram que no
Ale, como no Alg, sujeitos curtos ramificados so mais frequentemente agrupados num
nico IP (94%) do que sujeitos longos no-ramificados (63%).
Ale Alg
S longos no ramificados 63% 25%
S curtos ramificados 94% 72%
Tabela 1 Papel da ramificao no padro de fraseamento (S)(VO) Ale e Alg.
Observa-se ainda que, apesar de desencadear, nas duas regies, o fraseamento do
sujeito num nico IP, a ramificao parece ter um papel mais relevante no Alg do que
no Ale. Como se constata na Tabela 1, no Alg a percentagem de sujeitos no
ramificados fraseados num nico IP bastante reduzida (25%), contrastando com a
elevada percentagem (72%) de sujeitos ramificados fraseados num nico IP (Figura 3).
Figura 3 Alg (S)(VO) em frases com sujeitos curtos ramificados. A mulher loura
maravilhava velhinhas lindas.
Em contrapartida, no Ale, a percentagem de sujeitos no ramificados agrupados
num nico IP j superior a 50% (Figura 4).
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
332
-
Figura 4 Ale (S)(VO) em frases com sujeitos longos no ramificados. A boliviana mimava
velhinhas.
Ao comparar estes dados com os de estudos anteriores para outras variedades do
PE (Tabela 2), depreende-se que no Ale e no Alg, como no NEP, a ramificao um
fator condicionante do fraseamento prosdico, ainda que assumindo um grau de
relevncia varivel nas diferentes regies: no NEP, como no Ale, a percentagem de
sujeitos no ramificados fraseados num nico IP superior a 50%; contudo, no NEP, o
acrscimo de casos de fraseamento do tipo (S)(VO) dos sujeitos no ramificados para os
sujeitos ramificados no to expressivo (13%), quanto no Ale (31%).
NEP SEP
S longos no ramificados 56% 4%
S curtos ramificados 69% 4%
Tabela 2 Papel da ramificao no padro de fraseamento (S)(VO) NEP e SEP. Dados de
Frota & Vigrio (2007).
Em contraste com as variedades Setentrional (NEP) e do Interior Centro e Sul (Ale
e Alg), no SEP, a ramificao no tem qualquer efeito sobre o fraseamento (S)(VO).
Alis, como descrito na seco 2, nesta variedade, s a extenso dos constituintes, em
nmero de slabas, desencadeia o fraseamento do sujeito num IP separado daquele que
agrupa o verbo e o objeto.
Na seco seguinte, descreve-se o papel deste fator prosdico.
4.1.3. Fraseamento prosdico (S)(VO): efeito da extenso
Como se verifica na Tabela 3, alm da j mencionada relevncia da ramificao
para o fraseamento do tipo (S)(VO), no Ale, a extenso em nmero de slabas tambm
se revela um fator determinante: sujeitos curtos no ramificados so menos
frequentemente (38%) fraseados num nico IP do que sujeitos longos no ramificados
(63%).
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
333
-
Ale Alg
S curtos no ramificados 38% 6%
S longos no ramificados 63% 25%
S curtos ramificados 94% 72%
S longos ramificados 95% 89%
Tabela 3 Papel da extenso (em n de slabas) no padro de fraseamento (S)(VO) Ale e Alg.
A anlise dos dados do Alg comprova a j descrita relevncia da ramificao para
o fraseamento (S)(VO): a percentagem de sujeitos fraseados num nico IP aumenta
consideravelmente (47%) quando estes constituintes so ramificados (ainda que curtos).
Embora sujeitos longos ramificados sejam mais frequentemente fraseados num IP
(89%) do que sujeitos curtos ramificados (72%), a extenso tem claramente um papel
diminuto (acrscimo de apenas 17% nas ocorrncias de sujeitos fraseados num IP) no
fraseamento (S)(VO), quando comparada ao efeito da ramificao (acrscimo de 47%).
Deste modo, no Ale, a extenso em nmero de slabas, juntamente com a
ramificao, desencadeia o fraseamento do tipo (S)(VO). Em contrapartida, no
fraseamento prosdico do Alg, a extenso tem um papel muito reduzido, sendo a
ramificao a condio que maioritariamente desencadeia o fraseamento do sujeito num
IP separado do verbo e do objeto. No SEP, diferentemente do observado nas restantes
regies, o fator condicionante a extenso: sujeitos com mais do que 8 slabas so
agrupados num IP (Elordieta, Frota & Vigrio, 2005), separadamente do verbo e do
objeto.
4.2. Distribuio de acentos tonais: relao com o fraseamento prosdico?
Frota & Vigrio (2007) e Vigrio & Frota (2003), com base no padro de
fraseamento prosdico dominante e na distribuio dos acentos tonais no NEP e no
SEP, sugerem a existncia de correlao entre os dois fatores, cujos dados se encontram
esquematizados na Tabela 4. Assim, no NEP, predomina o fraseamento do sujeito num
IP parte do verbo e do objeto e uma distribuio tonal densa (mais sintagmas, logo,
mais acentos tonais); no SEP (ver Figura 5), sujeito, verbo e objeto so agrupados num
nico IP e a distribuio de acentos tonais considerada esparsa (menos sintagmas,
logo, menos acentos tonais).
Variedade Fraseamento dominante Densidade tonal
NEP (S)(VO) 74%
SEP (SVO) 17-27%
Tabela 4 Fraseamento prosdico e densidade tonal no NEP e no SEP (Frota & Vigrio, 2007;
Vigrio & Frota, 2003).
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
334
-
Figura 5 SEP Distribuio tonal esparsa, associada ao fraseamento (SVO). A boliviana levava
liras na mala.
Na presente investigao, procura verificar-se se a sugerida correlao entre os
dois parmetros prosdicos se espraia (ou no) a outras variedades.
Tendo em conta que no Ale o padro de fraseamento dominante idntico ao do
NEP [(S)(VO)] e que no Alg se destaca, como no SEP, a preferncia pelo fraseamento
do tipo (SVO), e partindo da hiptese de existncia de correlao entre fraseamento
prosdico e distribuio tonal, esperar-se-ia uma densa distribuio de acentos tonais no
Ale (como no NEP) e uma distribuio esparsa no Alg (como no SEP). Contudo,
trabalhos anteriores (Cruz & Frota, 2010, 2011) mostram que, como no NEP, e
diferentemente do SEP, as produes do Ale e do Alg so ambas caracterizadas por uma
distribuio tonal densa: 100% das palavras prosdicas internas ao IP recebem acento
tonal no Ale (ou seja, um acento tonal por PW); no Alg, 87% das palavras prosdicas
internas ao IP so portadoras de acento tonal (ver Tabela 5).
Variedade Fraseamento dominante Densidade tonal
Ale (S)(VO) 100%
Alg (SVO) 87%
Tabela 5 Fraseamento prosdico e densidade tonal no Ale e no Alg. Os dados da densidade
tonal provm de Cruz & Frota (2010, 2011) e Cruz (em curso).
Deste modo, se no Ale (Figura 6) fraseamento e densidade tonal parecem estar
relacionados (como sugerido para o NEP e o SEP), no Alg essa correlao no se
verifica (Figura 7).
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
335
-
Figura 6 Ale Distribuio tonal densa, associada ao fraseamento (S)(VO). A boliviana levava
liras na mala.
Figura 7 Alg Distribuio tonal densa, mas fraseamento (SVO). A boliviana manuseava liras
na mala.
Como no rabe do Cairo (Hellmuth, 2004, 2007), tambm no Alg se destaca a
predominncia do fraseamento (SVO), mas uma distribuio tonal densa. Por
conseguinte, conclui-se que a sugerida existncia de correlao entre os dois fatores
prosdicos no se espraia a todas as variedades e no constitui uma propriedade geral do
sistema prosdico do PE.
5. Concluso
Em resumo, no que diz respeito ao fraseamento prosdico nas duas regies do
Interior Centro e Sul (Ale e Alg) em anlise, possvel extrair duas grandes concluses.
Em primeiro lugar, e com base nos resultados globais sobre as tendncias de
fraseamento prosdico, constata-se que no Ale, como no NEP, h uma clara preferncia
pelo fraseamento do sujeito num IP separado do verbo e do objeto. Em contrapartida, no
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
336
-
Alg, como no SEP, sujeito, verbo e objeto formam um nico IP. Estes dados conduzem,
partida, concluso de que duas regies classificadas como pertencendo mesma
variedade (zona Interior Centro e Sul da variedade centro-meridional), com base em
fenmenos de variao fontico-fonolgica segmental (Cintra, 1971; Segura &
Saramago, 2001), podem apresentar caractersticas prosdicas distintas. Este facto, alm
de contribuir para a caracterizao do sistema prosdico da lngua (e de contribuir para
a comparao entre lnguas), refora a necessidade de cartografar a variao prosdica
suprassegmental, tarefa em curso no mbito do Projeto InAPoP - Interactive Atlas of the
Prosody of Portuguese. Esta organizao dos dados, posteriormente, possibilitar a
discusso de questes tais como (i) a (no) conformidade com a diviso dialetal assente
em fenmenos segmentais (Cintra, 1971; Segura & Saramago, 2001), (ii) a relao entre
os aspetos prosdicos e a geografia humana, bem como a (iii) (no) existncia de um
continuum geolingustico.
Em segundo lugar, verifica-se que complexidade sinttica/prosdica e extenso em
nmero de slabas condicionam o fraseamento prosdico do tipo (S)(VO), apresentando
um peso varivel de regio para regio. No Ale, como no NEP, o fraseamento (S)(VO)
favorecido pela ramificao prosdica e pela extenso dos constituintes, com maior
peso do primeiro fator no NEP e do segundo no Ale. J no Alg, o fator desencadeador
do fraseamento (S)(VO) no o mesmo do SEP: na variedade Standard, sujeitos com 8
slabas formam um IP separado do verbo e do objeto; no Alg, a ramificao prosdica,
que tem um papel determinante para o fraseamento (S)(VO).
Quanto distribuio de acentos tonais, Ale e Alg apresentam, como o NEP, uma
distribuio tonal densa (quase um acento tonal por palavra prosdica), contrastando
com a densidade tonal esparsa no SEP.
Se no NEP e no SEP fraseamento prosdico e distribuio de acentos tonais
parecem estar correlacionados, no Ale e no Alg o mesmo no acontece. No Ale, como
no NEP, os sujeitos so maioritariamente fraseados num IP separado de verbo e objeto e
verifica-se uma distribuio tonal densa. Porm, no Alg, apesar da preferncia pelo
padro de fraseamento (SVO), como no SEP, observa-se uma distribuio tonal densa,
como no NEP e no Ale.
Por fim, estes resultados mostram, por um lado, que fraseamento e densidade tonal
so dois fatores importantes para a caracterizao de um sistema entoacional; por outro,
mostram que as duas dimenses podem variar independentemente entre lnguas e at
mesmo entre variedades de uma mesma lngua.
Agradecimentos
Este trabalho foi desenvolvido no mbito do Projeto de Doutoramento
(BD/61463/2009) e do Projeto InAPoP (PTDC/CLE-LIN/119787/2010), financiados
pela Fundao para a Cincia e a Tecnologia. Ao longo desta investigao, contou-se
com a disponibilidade de todos os informantes envolvidos nas tarefas de produo, a
quem dirigimos um profundo agradecimento. Por fim, agradecemos aos comentadores
annimos pelas sugestes apresentadas.
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
337
-
Referncias
Beckman, Mary & Janet Pierrehumbert (1986) Japanese Prosodic Phrasing and
Intonation Synthesis, Proceedings of the 24th
Meeting of the Association for
Computational Linguistics.
Boersma, Paul & David Weenink (2007) Praat doing phonetics by computer. Version
5.0.01. [www.praat.org].
Cintra, F. Lindley (1971) Nova proposta de classificao dos dialectos galego-
portugueses. Boletim de Filologia 22. Lisboa: Centro de Estudos Filolgicos, pp. 81-
116.
Cruz, Marisa (em curso) Prosodic variation in EP: phrasing, intonation and rhythm in
the central-southern variety. Universidade de Lisboa (FCT grant SFRH/BD
61463/2009).
Cruz, Marisa & Snia Frota (2010) Sentence Types across Varieties of European
Portuguese: Production and Perception. Poster presented at TIE4 The Fourth
European Conference on Tone and Intonation, Stockholm University, September 9-
11, Sweden.
Cruz, Marisa & Snia Frota (2011) Prosdia dos tipos frsicos em variedades do
Portugus Europeu: produo e percepo. In Textos Seleccionados do XXVI
Encontro Nacional da Associao Portuguesa de Lingustica. Lisboa: Colibri, pp.
208-225.
DImperio, Mariapaola, Gorka Elordieta, Snia Frota, Pilar Prieto & Marina Vigrio
(2005) Intonational phrasing and constituent length in Romance. In Snia Frota,
Marina Vigrio & Maria Joo Freitas (eds.), Prosodies. Berlin: Mouton de Gruyter,
pp. 59-97.
Elordieta, Gorka, Snia Frota, Pilar Prieto & Marina Vigrio (2003) Effects of
constituent weight and syntactic branching on intonational phrasing in Ibero-
Romance. In Maria Josep Sol, Daniel Recasens & Joaqun Romero (eds.)
Proceedings of the 15th
International Congress of Phonetic Sciences. Barcelona:
UAB, pp. 487-490.
Elordieta, Gorka, Snia Frota & Marina Vigrio (2005) Subjects, objects and
intonational phrasing in Spanish and Portuguese. Studia Linguistica 59 (2/3), pp.
110-143.
Frota, Snia (2002) Nuclear falls and rises in European Portuguese: a phonological
analysis of declarative and question intonation. Probus 14, pp. 113-146.
Frota, Snia (2009) The intonational phonology of European Portuguese. To appear in
Sun-Ah Jun (ed.) Prosodic Typology II, Chapter 2. Oxford: Oxford University Press.
Frota, Snia & Marina Vigrio (2007) Intonational phrasing in two varieties of
European Portuguese. In T. Riad & C. Gussenhoven (eds.) Tones and Tunes, Vol. 1..
Berlin: Mouton de Gruyter, pp. 263-289.
Frota, Snia, Mariapaola DImperio, Gorka Elordieta, Pilar Prieto & Marina Vigrio
(2007) The phonetics and phonology of intonational phrasing in Romance. In Pilar
Prieto, Joan Mascar & Maria-Josep Sol (eds.), Prosodic and Segmental Issues in
(Romance) Phonology. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, pp. 131-153.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA
338
-
Frota, Snia, Marisa Cruz & Marina Vigrio (2011) RLD - Romance Languages
Database. Version 1 [ISBN: 978-989-95713-3-4]. Available online at
http://rld.fl.ul.pt.
Frota, Snia & Marisa Cruz (Coord.) (2012-2014) InAPoP Interactive Atlas of the
Prosody of Portuguese. http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/
Hayes, Bruce & Aditi Lahiri (1991) Bengali Intonational Phonology. Natural Language
and Linguistic Theory, Vol. 9-1, pp. 47-96.
Hellmuth, Sam (2004) Prosodic weight and phonological phrasing in Cairene Arabic.
Proceedings of the 40th
Meeting of the Chicago Linguistics Society: The Main
Session, pp. 97-111.
Hellmuth, Sam (2007) The relationship between prosodic structure and pitch accent
distribution: evidence from Egyptian Arabic. The Linguistic Review 24, 2, pp. 289-
314.
Jun, Sun-Ah (1993) The Phonetics and Phonology of Korean Prosody. Ohio State
Dissertations in Linguistics. PhD Dissertation presented to the Ohio State
University.
Nespor, Marina & Irene Vogel (2007) Prosodic Phonology. Berlin/New York: Mouton
de Gruyter (2nd edition).
Prieto, Pilar (2005) Syntactic and eurhythmic constraints on phrasing decisions in
Catalan. Studia Linguistica 59: 2/3, pp. 194-222.
Rodrigues, Celeste (2003) Lisboa e Braga: Fonologia e Variao, FCG/FCT, Lisboa.
Segura, Lusa & Joo Saramago (2001) Variedades dialectais portuguesas. In Maria
Helena Mira Mateus, Caminhos do Portugus: Exposio Comemorativa do Ano
Europeu das Lnguas [Catlogo]. Lisboa: Biblioteca Nacional, pp. 221-237.
Selkirk, Elisabeth (1984) Phonology and Syntax. The Relation between Sound and
Structure. Cambridge, MA: MIT Press.
Selkirk, Elisabeth (1995) Sentence Prosody: Intonation, Stress and Phrasing. In John
Goldsmith (ed.), Handbook of Phonological Theory. Cambridge, MA: Blackwell,
pp. 550-569.
Truckenbrodt, Hubert (1999) On the relation between syntactic phrases and
phonological phrases. Linguistic Inquiry 30, pp. 219-255.
Viana, Cu & Snia Frota (Coord.) (2007) Towards a P_ToBI. [Available online at http://www.fl.ul.pt//laboratoriofonetica/sonsemelodias/P-ToBI/P-ToBI.htm].
Vigrio, Marina & Snia Frota (2003) The intonation of Standard and Northern
European Portuguese: a comparative intonational phonology approach. Journal of
Portuguese Linguistics 2-2 (Special issue on Portuguese Phonology edited by
Wetzels), pp. 115-137.
CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?
339
http://rld.fl.ul.pt/http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/http://www.fl.ul.pt/laboratoriofonetica/sonsemelodias/P-ToBI/P-ToBI.htm