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Correlação entre fraseamento prosódico e distribuição de acentos tonais? Evidências da variação no Português Europeu Marisa Cruz & Sónia Frota Universidade de Lisboa Abstract The present paper examines the relation between prosodic phrasing and pitch accent distribution (PAD) in two central-southern varieties of European Portuguese - Alentejo (Ale) and Algarve (Alg). Data obtained in a reading task systematically varied syntactic complexity (presence/absence of branching in subjects and objects) and length (in number of syllables). The results showed that (S)(VO) prevails in Ale, while in Alg (SVO) is preferred. The two factors examined play different roles in triggering the (S)(VO) phrasing pattern in central-southern varieties. If in Ale prosodic phrasing and PAD seem to be correlated (more phrases, dense PAD) the same does not apply in Alg (fewer phrases, but dense PAD). Keywords: prosodic variation, intonational phrasing, pitch accent distribution, syntactic complexity, length. Palavras-chave: variação prosódica, fraseamento entoacional, distribuição de acentos tonais, complexidade sintática/prosódica, extensão do constituinte. 1. Introdução Além de relacionada com fatores não estruturais como a velocidade e o estilo discursivos, a delimitação de fronteiras prosódicas tem sido associada a diferentes aspetos gramaticais, tais como a ramificação sintática, o foco, o peso prosódico e a distribuição dos acentos tonais. Apesar da reconhecida ausência de isomorfismo entre estrutura prosódica e estrutura sintática, as fronteiras de constituintes sintáticos, a relação cabeça- complemento, bem como a ramificação sintática/prosódica são considerados relevantes para a formação de constituintes prosódicos (Nespor & Vogel, 1986/2007; Truckenbrodt, 1999; Selkirk, 1984, 1995). Em algumas línguas, o foco parece ser também determinante para fraseamento prosódico: no Bengali (Hayes & Lahiri, 1991) e em Chichewa (Truckenbrodt, 1999), por exemplo, o constituinte focalizado é delimitado por uma fronteira à direita; já no Japonês (Beckman & Pierrehumbert, 1986) e em dialetos do Coreano (Jun, 1993), a produção de foco desencadeia a introdução de uma fronteira prosódica imediatamente antes (ou à esquerda) do elemento focalizado. De igual modo relevante para o fraseamento prosódico é o peso dos constituintes em termos de extensão em número de sílabas e/ou palavras prosódicas. No Português Europeu Standard (SEP), sujeito (S), verbo (V) e objeto (O) são agrupados num único Sintagma Entoacional (IP), predominando, por isso, o padrão de fraseamento (SVO) (Elordieta, Frota & Vigário, 2005). Já no Castelhano, bem como no Catalão (Elordieta et al., 2003; Prieto, 2005), (S)(VO) é o fraseamento dominante, contrastando com o Textos Selecionados, XXVIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Coimbra, APL, 2013, pp. 325-339, ISBN: 978-989-97440-2-8

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  • Correlao entre fraseamento prosdico e distribuio de acentos tonais? Evidncias da variao no Portugus Europeu

    Marisa Cruz & Snia Frota Universidade de Lisboa

    Abstract

    The present paper examines the relation between prosodic phrasing and pitch

    accent distribution (PAD) in two central-southern varieties of European Portuguese -

    Alentejo (Ale) and Algarve (Alg). Data obtained in a reading task systematically varied

    syntactic complexity (presence/absence of branching in subjects and objects) and length

    (in number of syllables). The results showed that (S)(VO) prevails in Ale, while in Alg

    (SVO) is preferred. The two factors examined play different roles in triggering the

    (S)(VO) phrasing pattern in central-southern varieties. If in Ale prosodic phrasing and

    PAD seem to be correlated (more phrases, dense PAD) the same does not apply in Alg

    (fewer phrases, but dense PAD).

    Keywords: prosodic variation, intonational phrasing, pitch accent distribution,

    syntactic complexity, length.

    Palavras-chave: variao prosdica, fraseamento entoacional, distribuio de

    acentos tonais, complexidade sinttica/prosdica, extenso do constituinte.

    1. Introduo

    Alm de relacionada com fatores no estruturais como a velocidade e o estilo

    discursivos, a delimitao de fronteiras prosdicas tem sido associada a diferentes

    aspetos gramaticais, tais como a ramificao sinttica, o foco, o peso prosdico e a

    distribuio dos acentos tonais.

    Apesar da reconhecida ausncia de isomorfismo entre estrutura prosdica e

    estrutura sinttica, as fronteiras de constituintes sintticos, a relao cabea-

    complemento, bem como a ramificao sinttica/prosdica so considerados relevantes

    para a formao de constituintes prosdicos (Nespor & Vogel, 1986/2007;

    Truckenbrodt, 1999; Selkirk, 1984, 1995). Em algumas lnguas, o foco parece ser

    tambm determinante para fraseamento prosdico: no Bengali (Hayes & Lahiri, 1991) e

    em Chichewa (Truckenbrodt, 1999), por exemplo, o constituinte focalizado delimitado

    por uma fronteira direita; j no Japons (Beckman & Pierrehumbert, 1986) e em

    dialetos do Coreano (Jun, 1993), a produo de foco desencadeia a introduo de uma

    fronteira prosdica imediatamente antes (ou esquerda) do elemento focalizado.

    De igual modo relevante para o fraseamento prosdico o peso dos constituintes

    em termos de extenso em nmero de slabas e/ou palavras prosdicas. No Portugus

    Europeu Standard (SEP), sujeito (S), verbo (V) e objeto (O) so agrupados num nico

    Sintagma Entoacional (IP), predominando, por isso, o padro de fraseamento (SVO)

    (Elordieta, Frota & Vigrio, 2005). J no Castelhano, bem como no Catalo (Elordieta

    et al., 2003; Prieto, 2005), (S)(VO) o fraseamento dominante, contrastando com o

    Textos Selecionados, XXVIII Encontro Nacional da Associao Portuguesa de Lingustica, Coimbra, APL, 2013, pp. 325-339, ISBN: 978-989-97440-2-8

  • Italiano e o Portugus Europeu Standard (SEP), semelhantes, por seu turno, ao rabe do

    Cairo. Nesta lngua, Hellmuth (2004) mostra que o sujeito s fraseado num IP

    separado do verbo e do objeto quando sujeito e objeto tm dupla ramificao sinttica e

    so longos (a uma velocidade discursiva dita normal) ou quando os sujeitos so

    longos e ramificados (a uma velocidade discursiva dita lenta). Tambm no Coreano,

    Jun (2003) considera o efeito da velocidade discursiva, adicionalmente ao efeito da

    extenso dos constituintes, sobre o fraseamento prosdico. A autora mostra que, a uma

    velocidade discursiva rpida, um constituinte prosdico pode incluir at 7 slabas.

    A distribuio de acentos tonais e o seu possvel efeito sobre o fraseamento

    prosdico tem sido tambm alvo de estudo (Frota & Vigrio, 2007; Frota et al., 2007;

    Hellmuth 2004, 2007; Vigrio & Frota, 2003). Embora dados das variedades Standard

    (SEP1) e Setentrional (NEP

    2) do Portugus Europeu (PE) apontem para a hipottica

    correlao entre estes dois fatores prosdicos, o mesmo parece no poder ser afirmado a

    respeito do rabe do Cairo, por exemplo (Hellmuth 2004, 2007).

    Constituindo o foco de interesse da presente investigao, na seco seguinte

    (seco 2), a densidade tonal e o fraseamento prosdico, bem como a relao existente

    (ou no) entre ambos, so descritos com mais detalhe, pretendendo-se deixar clara a

    variao existente (e analisada at ao momento) no Portugus, no que diz respeito a

    estes dois fatores prosdicos. De seguida, procede-se descrio da metodologia

    envolvida neste estudo (seco 3): seleo e caracterizao dos informantes, escolha dos

    materiais que compem o corpus e descrio dos procedimentos de gravao e

    tratamento dos dados. Na seco 4, analisam-se os dados, tendo em conta os dois

    aspetos prosdicos de interesse: o fraseamento prosdico e a distribuio de acentos

    tonais. Quanto ao fraseamento prosdico, explora-se o padro dominante (seco 4.1.1)

    e os possveis efeitos desencadeadores do fraseamento do sujeito num sintagma

    entoacional parte (seces 4.1.2 e 4.1.3). discusso acerca da possvel relao entre

    fraseamento prosdico e densidade tonal (4.2), segue-se, na seco 5, o sumrio dos

    principais resultados e respetivas implicaes.

    2. Fraseamento prosdico e densidade tonal no Portugus Europeu: as variedades

    Standard e Setentrional

    A variao prosdica no Portugus Europeu tem sido estudada nas ltimas duas

    dcadas, focando-se, essencialmente, em dados de duas variedades: Standard (SEP), que

    corresponde geograficamente regio da Grande Lisboa, e Setentrional (NEP), que se

    circunscreve regio de Braga. Estas variedades foram estudadas comparativamente no

    que diz respeito a aspetos prosdicos como: (i) a caracterizao dos contornos

    entoacionais nucleares por tipo frsico e significado pragmtico (Frota, 2002; Vigrio &

    Frota, 2003); (ii) o fraseamento entoacional (DImperio et al., 2005; Elordieta et al.,

    2003; Frota, 2009; Elordieta, Frota & Vigrio, 2005; Frota et al., 2007); (iii) a

    1 Do Ingls Standard European Portuguese. 2 Do Ingls Northern European Portuguese.

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

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  • distribuio dos acentos tonais por IP (Frota, 2009; Frota & Vigrio, 2007; Vigrio &

    Frota, 2003).

    Quanto aos contornos entoacionais nucleares, muito sumariamente, SEP e NEP

    apresentam diferenas claras: no SEP predominam os acentos tonais e tons de fronteira

    complexos ou bitonais, contrastando com os contornos maioritariamente monotonais,

    logo, mais simples, no NEP.

    A anlise comparativa do fraseamento prosdico, no PE e entre lnguas Romnicas

    (PE, Castelhano, Catalo e Italiano), tornou-se possvel graas ao uso de um corpus

    comum, adaptado a cada uma das lnguas, que integra a Romance Languages Database

    (RLD). Esta base de dados foi inicialmente desenvolvida no mbito do projeto

    Intonational Phrasing in Romance (http://www.fl.ul.pt//LaboratorioFonetica/intphraro.htm).

    Uma verso online da base de dados, promovida no mbito do projecto SILC

    (PTDC/LIN/66202/2006), encontra-se disponvel em http://rld.fl.ul.pt/. Esta base de

    dados est a ser expandida, visando integrar os dados obtidos no mbito do projeto

    InAPoP - Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese

    (http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/).

    Partindo do corpus de base da RLD, constitudo por frases de tipo SVO, em que a

    extenso em nmero de slabas (constituintes curtos e longos) e a ramificao

    sinttica/prosdica (presena/ausncia de ramificao nos sujeitos e objetos) so

    sistematicamente variadas, pretendeu-se (i) analisar a influncia da extenso dos

    constituintes (em nmero de slabas) e da ramificao no fraseamento prosdico, e (ii)

    distinguir os efeitos prosdicos dos efeitos sintticos.

    Se, no SEP, sujeito, verbo e objeto so predominantemente agrupados num nico

    IP [(SVO)], similarmente ao Italiano (DImperio et al., 2005; Frota et al., 2007) e ao

    rabe do Cairo (Hellmuth, 2004, 2007), no NEP, como no Catalo e no Castelhano

    (Elordieta et al., 2003; Elordieta, Frota & Vigrio, 2005), o sujeito fraseado num IP

    separado do verbo e do objeto, que formam outro IP [(S)(VO)], mesmo nos casos de

    no-ramificao. Estudos anteriores mostram ainda que, no SEP, o fraseamento do

    sujeito num IP distinto daquele que inclui verbo e objeto desencadeado pela extenso

    em nmero de slabas, pois ocorre com sujeitos longos (com mais do que 8 slabas

    Elordieta, Frota & Vigrio, 2005). Contudo, nem a extenso (em nmero de slabas)

    nem a ramificao do objeto tm qualquer efeito no fraseamento prosdico. Em

    contrapartida, no NEP, o fraseamento do sujeito num IP distinto [(S)(VO)]

    desencadeado pela ramificao, j que sujeitos curtos ramificados so mais

    frequentemente (69%) fraseados num IP separado do verbo e do objeto do que sujeitos

    longos no ramificados (46%). Ainda em contraste com o observado no SEP, a

    ramificao sinttica/prosdica do sujeito, em conjunto com a extenso (em nmero de

    slabas) do objeto favorecem o fraseamento do tipo (S)(VO).

    Quanto densidade tonal, Frota & Vigrio (2007) e Vigrio & Frota (2003)

    concluem que o SEP se caracteriza por uma distribuio tonal esparsa, j que apenas 17-

    27% das slabas tnicas internas ao IP recebem acento tonal. Em contrapartida, no NEP,

    74% das slabas tnicas internas ao IP recebem acento tonal, pelo que esta variedade se

    caracteriza por uma distribuio tonal densa. Conjugando estas observaes

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

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    http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/intphraro.htmhttp://rld.fl.ul.pt/http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/

  • relativamente ao fraseamento prosdico e distribuio dos acentos tonais, as autoras

    sugerem uma possvel relao entre os dois aspetos prosdicos, dado que a

    predominncia do padro (SVO) no SEP parece estar associada esparsa distribuio

    tonal (menos sintagmas, logo, menos acentos tonais), contrastando com a densa

    distribuio tonal no NEP, onde o fraseamento do tipo (S)(VO) favorecido (mais

    sintagmas, logo, mais acentos tonais). Porm, Hellmuth (2004, 2007), procurando testar

    esta relao entre fraseamento prosdico e densidade tonal no rabe do Cairo, mostra

    que esta relao parece no se aplicar: a preferncia, como no SEP, pelo fraseamento do

    tipo (SVO) faria prever a atribuio de menos acentos tonais. No entanto, o rabe do

    Cairo assemelha-se, deste ponto de vista, ao NEP, isto , apresenta uma distribuio

    tonal densa. Face a esta caracterizao prosdica, a autora conclui que a hipottica

    correlao entre fraseamento prosdico e densidade tonal, apresentada para o PE por

    Vigrio & Frota (2003) no se aplica ao rabe do Cairo.

    Dado o enquadramento terico exposto acima, o presente estudo parte de duas

    vises antagnicas acerca da relao entre fraseamento prosdico e distribuio tonal.

    Por um lado, a proposta da existncia de uma correlao entre os dois fatores prosdicos

    (Frota & Vigrio, 2007; Vigrio & Frota, 2003), de acordo com a qual lnguas (e

    variedades) selecionam diferentes domnios de fraseamento para determinar a

    distribuio de acentos tonais (acentuar todos os IPs no SEP e todos os Sintagmas

    Fonolgicos (PhPs) no NEP), e a seleo de um domnio mais alto implica menos

    constituintes. Por outro, a proposta da inexistncia de correlao entre fraseamento e

    domnio para a distribuio de acentos tonais: no rabe do Cairo, observa-se a

    atribuio de um acento tonal por Palavra Prosdica (PW), mas a formao de

    sintagmas mais longos, como no SEP.

    Pretende-se, na presente investigao: (i) explorar a relao entre os fatores

    prosdicos acima mencionados em duas regies da variedade centro-meridional do

    Portugus Europeu; (ii) observar se a sugerida dependncia entre fraseamento prosdico

    e distribuio tonal para o SEP e o NEP se espraia (ou no) a outras variedades do

    Portugus Europeu; (iii) contribuir para a caracterizao das dimenses de variao

    relevantes no sistema entoacional da lngua e entre lnguas.

    3. Metodologia

    Foram selecionadas duas regies urbanas pertencentes, como o SEP, variedade

    centro-meridional, mas situadas, no Interior Centro e Sul (Cintra, 1971; Segura &

    Saramago, 2001): Castro Verde, no Alentejo (Ale), e Albufeira, no Algarve (Alg).

    Ambos os locais esto includos no conjunto de reas geogrficas cobertas pelo InAPoP.

    Em cada uma das duas regies, foram gravadas trs informantes do sexo feminino,

    com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, com formao nos nveis

    secundrio e universitrio3. As seis informantes so naturais do local em que residem e

    3 A amostra selecionada no apresenta caractersticas semelhantes s dos informantes habitualmente

    observados no mbito de trabalhos dialetolgicos como o de Cintra (1971), por exemplo: preferncia pela

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

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  • no apresentam historial de migrao. Todas realizaram as vrias tarefas planeadas no

    mbito do InAPoP (ver http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/methodology.html

    para maior detalhe a este respeito), entre as quais a leitura, que contm frases

    construdas com o fim de observar aspetos prosdicos diversos. A anlise do

    fraseamento prosdico (em relao com a ramificao sinttica/prosdica e a extenso

    dos constituintes em nmero de slabas) e da densidade tonal so dois dos fatores

    prosdicos contemplados na construo do corpus. A recolha massiva dos dados, em

    alternativa recolha faseada, funciona, por si, como elemento distrator, na medida em

    que os corpora especficos (desenhados para obter dados que permitam analisar um

    dado fator prosdico) so randomizados entre si (e no apresentados separadamente).

    Posteriormente recolha de dados em formato vdeo (.mov), de acordo com a

    metodologia usada no mbito do projeto InAPoP, procedeu-se extrao do udio para

    ficheiros .wav, com uma frequncia de amostragem de 22050Hz. Todas as produes

    das informantes foram analisadas em Praat 5.2.2 (Boersma & Weenink, 2011), tendo-se

    criado trs fiadas para o efeito: a fiada entoacional, onde se anota a anlise tonal, de

    acordo com as propostas em Viana & Frota (2007) e em Frota (2009); a fiada

    ortogrfica, onde se procede transcrio ortogrfica palavra a palavra; e a fiada do

    fraseamento, onde se anotam os ndices de rutura que refletem a estrutura prosdica.

    Para o presente estudo, selecionaram-se apenas os enunciados relevantes para o

    objeto de anlise, isto , o corpus criado no mbito da RLD Romance Languages

    Database e anteriormente aplicado a outras lnguas romnicas alm do Portugus

    Europeu (SEP e NEP). Este corpus formado por 76 frases do tipo SVO, com

    constituintes com extenso e complexidade sinttica/prosdica variveis: constituintes

    curtos (com cerca de 3 a 5 slabas) e longos (com 5 a 15 slabas); constituintes sujeito e

    objeto caracterizados pela presena/ausncia de ramificao (simples ou dupla).

    Cruzando as duas variveis, obtm-se as seguintes condies de anlise:

    - Sintagmas curtos no ramificados (3 slabas)

    (1) A louraSN mirava morenosSN.

    - Sintagmas longos no ramificados (5 slabas)

    (2) A bolivianaSN falava do namorado.

    - Sintagmas curtos ramificados (5 slabas)

    (3) A nora louraSN+SAdj falava do namorado.

    - Sintagmas longos ramificados (10 slabas)

    faixa etria mais idosa, com escolaridade baixa e pelo meio rural. A preocupao com a incluso de perfis

    socioculturais diversos prende-se com os objetivos do Projeto InAPoP (no qual se enquadra esta

    investigao), entre os quais, a anlise comparativa de diferentes aspetos prosdicos entre faixas etrias e

    entre regies consideradas urbanas e rurais (de acordo com classificao apresentada pelo INE). Esta anlise

    primeiramente feita entre variedades do Portugus, mas num quadro alargado ao contexto romnico.

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

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    http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/methodology.html

  • (4) O boliviano mulherengoSN+SAdj memorizava uma melodia.

    - Sintagmas curtos com dupla ramificao (9/10 slabas)

    (5) A nora morena da velhaSN+SAdj+SP maravilhava meninos.

    - Sintagmas longos com dupla ramificao (15 slabas)

    (6) O namorado megalmano da brasileiraSN+SAdj+SP mirava morenas.

    A construo de estmulos com a mesma extenso (ver exemplos 2 e 3), mas com

    complexidades sintticas/prosdicas distintas (no ramificado versus ramificado, ou

    mesmo com ramificao simples versus com dupla ramificao, como nos exemplos 4 e

    5) destina-se a observar a (no) existncia do efeito da complexidade sinttica no

    fraseamento prosdico4.

    Para cada uma das regies, foram selecionados, para anlise, os dados de duas das

    trs informantes, o que perfaz um total de quatro informantes. Tendo em conta que as

    76 frases pertencentes ao corpus acima mencionado foram lidas 2 vezes, por ordem

    aleatria, obteve-se um total de 152 enunciados por informante (correspondendo a 304

    enunciados por regio).

    4. Anlise e discusso dos resultados

    Na presente seco, apresentam-se e discutem-se os principais resultados no que

    diz respeito aos padres de fraseamento (seco 4.1) e distribuio de acentos tonais

    (seco 4.2), nas duas regies centro-meridionais (Ale e Alg). Pretende-se ainda

    perceber se a hipottica correlao entre fraseamento e distribuio tonal, sugerida para

    o SEP e o NEP, se espraia ou no a outras variedades do Portugus Europeu.

    4.1. Fraseamento prosdico

    4.1.1. Padro dominante

    A partir da anlise dos dados, pode constatar-se que, no Ale, similarmente ao

    observado no NEP (Frota & Vigrio, 2007; Vigrio & Frota, 2003), predomina o

    fraseamento do tipo (S)(VO), com uma percentagem de ocorrncia de 66%. Mesmo

    quando no ramificados, os sujeitos so maioritariamente fraseados num IP separado do

    verbo e do objeto (51%), conforme se ilustra na Figura 1.

    4 Para mais informao sobre o corpus, ver DImperio et al. (2005) e Elordieta et al. (2005).

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

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  • Figura 1 Fraseamento prosdico dominante no Ale: (S)(VO). Sujeito curto no ramificado. A

    loura mirava morenos.

    Em contrapartida, no Alg, de forma semelhante ao verificado no SEP, predomina o

    padro de fraseamento (SVO), com uma percentagem de ocorrncia de 65%. A

    preferncia pelo agrupamento dos trs constituintes sintticos num nico IP, nos casos

    em que os sujeitos no so ramificados, evidente, com 85% de ocorrncias (ver Figura

    2).

    Figura 2 Fraseamento prosdico dominante no Alg: (SVO). Sujeito curto no ramificado. A

    loura mirava morenos.

    Em suma, ao observar o fraseamento prosdico dominante tout-court, isto ,

    ignorando ainda os possveis efeitos da extenso e da complexidade sinttica/prosdica

    dos constituintes, conclui-se que as duas regies centro-meridionais do Interior Centro e

    Sul apresentam padres distintos: o Ale assemelha-se variedade Setentrional,

    enquanto o Alg se aproxima mais do observado no SEP. Estes dados mostram, por um

    lado, que variedades classificadas como distintas, com base na variao segmental

    estudada em trabalhos anteriores (Cintra, 1971; Segura & Saramago, 2001; Rodrigues,

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

    331

  • 2003; inter alia), podem apresentar caractersticas prosdicas semelhantes (NEP e Ale).

    Por outro lado, depreende-se ainda que regies pertencentes a uma mesma variedade,

    definida, mais uma vez, com base nos estudos de variao segmental, apresentam

    caractersticas prosdicas distintas (Ale e Alg).

    4.1.2. Fraseamento prosdico (S)(VO): efeito da complexidade

    sinttica/prosdica

    Considerando o possvel efeito da ramificao sinttica/prosdica no fraseamento

    prosdico do tipo (S)(VO), compararam-se as condies com idntica extenso (5

    slabas) mas diferente complexidade. Os dados reportados na Tabela 1, mostram que no

    Ale, como no Alg, sujeitos curtos ramificados so mais frequentemente agrupados num

    nico IP (94%) do que sujeitos longos no-ramificados (63%).

    Ale Alg

    S longos no ramificados 63% 25%

    S curtos ramificados 94% 72%

    Tabela 1 Papel da ramificao no padro de fraseamento (S)(VO) Ale e Alg.

    Observa-se ainda que, apesar de desencadear, nas duas regies, o fraseamento do

    sujeito num nico IP, a ramificao parece ter um papel mais relevante no Alg do que

    no Ale. Como se constata na Tabela 1, no Alg a percentagem de sujeitos no

    ramificados fraseados num nico IP bastante reduzida (25%), contrastando com a

    elevada percentagem (72%) de sujeitos ramificados fraseados num nico IP (Figura 3).

    Figura 3 Alg (S)(VO) em frases com sujeitos curtos ramificados. A mulher loura

    maravilhava velhinhas lindas.

    Em contrapartida, no Ale, a percentagem de sujeitos no ramificados agrupados

    num nico IP j superior a 50% (Figura 4).

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

    332

  • Figura 4 Ale (S)(VO) em frases com sujeitos longos no ramificados. A boliviana mimava

    velhinhas.

    Ao comparar estes dados com os de estudos anteriores para outras variedades do

    PE (Tabela 2), depreende-se que no Ale e no Alg, como no NEP, a ramificao um

    fator condicionante do fraseamento prosdico, ainda que assumindo um grau de

    relevncia varivel nas diferentes regies: no NEP, como no Ale, a percentagem de

    sujeitos no ramificados fraseados num nico IP superior a 50%; contudo, no NEP, o

    acrscimo de casos de fraseamento do tipo (S)(VO) dos sujeitos no ramificados para os

    sujeitos ramificados no to expressivo (13%), quanto no Ale (31%).

    NEP SEP

    S longos no ramificados 56% 4%

    S curtos ramificados 69% 4%

    Tabela 2 Papel da ramificao no padro de fraseamento (S)(VO) NEP e SEP. Dados de

    Frota & Vigrio (2007).

    Em contraste com as variedades Setentrional (NEP) e do Interior Centro e Sul (Ale

    e Alg), no SEP, a ramificao no tem qualquer efeito sobre o fraseamento (S)(VO).

    Alis, como descrito na seco 2, nesta variedade, s a extenso dos constituintes, em

    nmero de slabas, desencadeia o fraseamento do sujeito num IP separado daquele que

    agrupa o verbo e o objeto.

    Na seco seguinte, descreve-se o papel deste fator prosdico.

    4.1.3. Fraseamento prosdico (S)(VO): efeito da extenso

    Como se verifica na Tabela 3, alm da j mencionada relevncia da ramificao

    para o fraseamento do tipo (S)(VO), no Ale, a extenso em nmero de slabas tambm

    se revela um fator determinante: sujeitos curtos no ramificados so menos

    frequentemente (38%) fraseados num nico IP do que sujeitos longos no ramificados

    (63%).

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

    333

  • Ale Alg

    S curtos no ramificados 38% 6%

    S longos no ramificados 63% 25%

    S curtos ramificados 94% 72%

    S longos ramificados 95% 89%

    Tabela 3 Papel da extenso (em n de slabas) no padro de fraseamento (S)(VO) Ale e Alg.

    A anlise dos dados do Alg comprova a j descrita relevncia da ramificao para

    o fraseamento (S)(VO): a percentagem de sujeitos fraseados num nico IP aumenta

    consideravelmente (47%) quando estes constituintes so ramificados (ainda que curtos).

    Embora sujeitos longos ramificados sejam mais frequentemente fraseados num IP

    (89%) do que sujeitos curtos ramificados (72%), a extenso tem claramente um papel

    diminuto (acrscimo de apenas 17% nas ocorrncias de sujeitos fraseados num IP) no

    fraseamento (S)(VO), quando comparada ao efeito da ramificao (acrscimo de 47%).

    Deste modo, no Ale, a extenso em nmero de slabas, juntamente com a

    ramificao, desencadeia o fraseamento do tipo (S)(VO). Em contrapartida, no

    fraseamento prosdico do Alg, a extenso tem um papel muito reduzido, sendo a

    ramificao a condio que maioritariamente desencadeia o fraseamento do sujeito num

    IP separado do verbo e do objeto. No SEP, diferentemente do observado nas restantes

    regies, o fator condicionante a extenso: sujeitos com mais do que 8 slabas so

    agrupados num IP (Elordieta, Frota & Vigrio, 2005), separadamente do verbo e do

    objeto.

    4.2. Distribuio de acentos tonais: relao com o fraseamento prosdico?

    Frota & Vigrio (2007) e Vigrio & Frota (2003), com base no padro de

    fraseamento prosdico dominante e na distribuio dos acentos tonais no NEP e no

    SEP, sugerem a existncia de correlao entre os dois fatores, cujos dados se encontram

    esquematizados na Tabela 4. Assim, no NEP, predomina o fraseamento do sujeito num

    IP parte do verbo e do objeto e uma distribuio tonal densa (mais sintagmas, logo,

    mais acentos tonais); no SEP (ver Figura 5), sujeito, verbo e objeto so agrupados num

    nico IP e a distribuio de acentos tonais considerada esparsa (menos sintagmas,

    logo, menos acentos tonais).

    Variedade Fraseamento dominante Densidade tonal

    NEP (S)(VO) 74%

    SEP (SVO) 17-27%

    Tabela 4 Fraseamento prosdico e densidade tonal no NEP e no SEP (Frota & Vigrio, 2007;

    Vigrio & Frota, 2003).

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

    334

  • Figura 5 SEP Distribuio tonal esparsa, associada ao fraseamento (SVO). A boliviana levava

    liras na mala.

    Na presente investigao, procura verificar-se se a sugerida correlao entre os

    dois parmetros prosdicos se espraia (ou no) a outras variedades.

    Tendo em conta que no Ale o padro de fraseamento dominante idntico ao do

    NEP [(S)(VO)] e que no Alg se destaca, como no SEP, a preferncia pelo fraseamento

    do tipo (SVO), e partindo da hiptese de existncia de correlao entre fraseamento

    prosdico e distribuio tonal, esperar-se-ia uma densa distribuio de acentos tonais no

    Ale (como no NEP) e uma distribuio esparsa no Alg (como no SEP). Contudo,

    trabalhos anteriores (Cruz & Frota, 2010, 2011) mostram que, como no NEP, e

    diferentemente do SEP, as produes do Ale e do Alg so ambas caracterizadas por uma

    distribuio tonal densa: 100% das palavras prosdicas internas ao IP recebem acento

    tonal no Ale (ou seja, um acento tonal por PW); no Alg, 87% das palavras prosdicas

    internas ao IP so portadoras de acento tonal (ver Tabela 5).

    Variedade Fraseamento dominante Densidade tonal

    Ale (S)(VO) 100%

    Alg (SVO) 87%

    Tabela 5 Fraseamento prosdico e densidade tonal no Ale e no Alg. Os dados da densidade

    tonal provm de Cruz & Frota (2010, 2011) e Cruz (em curso).

    Deste modo, se no Ale (Figura 6) fraseamento e densidade tonal parecem estar

    relacionados (como sugerido para o NEP e o SEP), no Alg essa correlao no se

    verifica (Figura 7).

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

    335

  • Figura 6 Ale Distribuio tonal densa, associada ao fraseamento (S)(VO). A boliviana levava

    liras na mala.

    Figura 7 Alg Distribuio tonal densa, mas fraseamento (SVO). A boliviana manuseava liras

    na mala.

    Como no rabe do Cairo (Hellmuth, 2004, 2007), tambm no Alg se destaca a

    predominncia do fraseamento (SVO), mas uma distribuio tonal densa. Por

    conseguinte, conclui-se que a sugerida existncia de correlao entre os dois fatores

    prosdicos no se espraia a todas as variedades e no constitui uma propriedade geral do

    sistema prosdico do PE.

    5. Concluso

    Em resumo, no que diz respeito ao fraseamento prosdico nas duas regies do

    Interior Centro e Sul (Ale e Alg) em anlise, possvel extrair duas grandes concluses.

    Em primeiro lugar, e com base nos resultados globais sobre as tendncias de

    fraseamento prosdico, constata-se que no Ale, como no NEP, h uma clara preferncia

    pelo fraseamento do sujeito num IP separado do verbo e do objeto. Em contrapartida, no

    XXVIII ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAO PORTUGUESA DE LINGUSTICA

    336

  • Alg, como no SEP, sujeito, verbo e objeto formam um nico IP. Estes dados conduzem,

    partida, concluso de que duas regies classificadas como pertencendo mesma

    variedade (zona Interior Centro e Sul da variedade centro-meridional), com base em

    fenmenos de variao fontico-fonolgica segmental (Cintra, 1971; Segura &

    Saramago, 2001), podem apresentar caractersticas prosdicas distintas. Este facto, alm

    de contribuir para a caracterizao do sistema prosdico da lngua (e de contribuir para

    a comparao entre lnguas), refora a necessidade de cartografar a variao prosdica

    suprassegmental, tarefa em curso no mbito do Projeto InAPoP - Interactive Atlas of the

    Prosody of Portuguese. Esta organizao dos dados, posteriormente, possibilitar a

    discusso de questes tais como (i) a (no) conformidade com a diviso dialetal assente

    em fenmenos segmentais (Cintra, 1971; Segura & Saramago, 2001), (ii) a relao entre

    os aspetos prosdicos e a geografia humana, bem como a (iii) (no) existncia de um

    continuum geolingustico.

    Em segundo lugar, verifica-se que complexidade sinttica/prosdica e extenso em

    nmero de slabas condicionam o fraseamento prosdico do tipo (S)(VO), apresentando

    um peso varivel de regio para regio. No Ale, como no NEP, o fraseamento (S)(VO)

    favorecido pela ramificao prosdica e pela extenso dos constituintes, com maior

    peso do primeiro fator no NEP e do segundo no Ale. J no Alg, o fator desencadeador

    do fraseamento (S)(VO) no o mesmo do SEP: na variedade Standard, sujeitos com 8

    slabas formam um IP separado do verbo e do objeto; no Alg, a ramificao prosdica,

    que tem um papel determinante para o fraseamento (S)(VO).

    Quanto distribuio de acentos tonais, Ale e Alg apresentam, como o NEP, uma

    distribuio tonal densa (quase um acento tonal por palavra prosdica), contrastando

    com a densidade tonal esparsa no SEP.

    Se no NEP e no SEP fraseamento prosdico e distribuio de acentos tonais

    parecem estar correlacionados, no Ale e no Alg o mesmo no acontece. No Ale, como

    no NEP, os sujeitos so maioritariamente fraseados num IP separado de verbo e objeto e

    verifica-se uma distribuio tonal densa. Porm, no Alg, apesar da preferncia pelo

    padro de fraseamento (SVO), como no SEP, observa-se uma distribuio tonal densa,

    como no NEP e no Ale.

    Por fim, estes resultados mostram, por um lado, que fraseamento e densidade tonal

    so dois fatores importantes para a caracterizao de um sistema entoacional; por outro,

    mostram que as duas dimenses podem variar independentemente entre lnguas e at

    mesmo entre variedades de uma mesma lngua.

    Agradecimentos

    Este trabalho foi desenvolvido no mbito do Projeto de Doutoramento

    (BD/61463/2009) e do Projeto InAPoP (PTDC/CLE-LIN/119787/2010), financiados

    pela Fundao para a Cincia e a Tecnologia. Ao longo desta investigao, contou-se

    com a disponibilidade de todos os informantes envolvidos nas tarefas de produo, a

    quem dirigimos um profundo agradecimento. Por fim, agradecemos aos comentadores

    annimos pelas sugestes apresentadas.

    CORRELAO ENTRE FRASEAMENTO PROSDICO E DISTRIBUIO DE ACENTOS TONAIS?

    337

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