ComunidadesUSA 16

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The Portuguese-American Monthly Magazine in the US Peter Pacheco Jan 2009 • vol. III • nº 16 • $3 Actor, estrela de jogos-vídeo e mágico do basquetebol Menina de 2 anos precisa de transplante de coração e de solidariedade A outra face da guerra: LUÍS DA SILVA Um açoriano no mundo dos Dunkin Donuts Mais de 200 mil veteranos de guerra americanos dormem todo os dias nas ruas Buraka Som Sistema: Da Buraca aos Estados Unidos

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Edição da revista ComunidadesUSA de Jan 09

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The Portuguese-American Monthly Magazine in the US

Peter Pacheco

Jan 2009 • vol. III • nº 16 • $3

Actor, estrela de jogos-vídeo e mágico do basquetebol

Menina de 2 anos precisa de transplante de coração e de solidariedade

A outra face da guerra:

LuÍS da SILVa

Um açoriano no mundo dos Dunkin Donuts

Mais de 200 mil veteranos de guerra americanos dormem todo os dias nas ruas

Buraka Som Sistema: Da Buraca aos Estados Unidos

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2 – EM FOCO – Referências portuguesas na Casa Branca incluem um fotógrafo, um assessor e um cão de Água Português 3 – FALATÓRIO4 – ACTUALPortuguesa com 88 anos dorme sozinha e ao frio do rigoroso Inverno; Rita Dias é a nova Directora Regional das Comunidades; RTPi distribuída na rede de cabo que serve New York City; menina de 2 anos precisa de transplante de coração e de solidariedade7 – VIAGENS – Voo directo da TAP vai ligar Newark a Ponta Delgada a 14 de Maio para as festas do Santo Cristo8 – ESPECTÁCULOS – Buraka som Sistema nos EUA; biblio-teca multimédia da União Europeia on-line11 – ROMARIAS – S. Paio da Torreira e outras romarias da Murtosa e zona ribeirinha de Aveiro16 – PORTUGAL – Portugueses acham que são mais altos e magros do que realmente são30 – PORTUGAL – SATA com voo diário Boston-Lisboa

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The Portuguese-American Magazine in the United States

Luis da siLVa

vol. II • nº 16 • jan 2009

17 - Luís Silva: o pintor das horas vagas que sonha ser profissional

Actor, mágico do basquetebol , estrela de jogos de vídeo

Neste número:

14 – NA MARGEM de CÁ – Emanuel Félix, o Poeta, a semente24 – VINHOS – por Mariana Simões25 – HISTÓRIA – Catarina de Bragança, um novo livro por Teresa Stilwell, por Duarte Barcelos 27 – DA AMÉRICA e das COMUNIDADES – Portugueses na tomade de poesse de Obama, por Diniz Borges39 – DIA-CRÓNICA – A Station an its duties, por Onésimo Teotónio de Almeida 33 – AN AZOREAN in the MIDWEST – por Manuel Ponte 35 – RHODE ISLAND – por Manuel Luciano da Silva38 – CONNECTICUT, por Dr. António Simões40 –HUMOR

Secções

9 - SEM-ABRIGO: mais de 200 mil veteranos de guerra americanos dormem diariamente nas ruas

6 - NICOLE OLIVEIRA: menina de 2 anos precisa transplante de

coração e solidariedade

18 - PETER PACHECO: um açoriano no negócio dos “donuts”

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PRINTED IN NEW YORK USA

The Portuguese-American Monthly Magazine in the USA

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EdITOR: António Oliveira

COlAbORADORESDr. António Simões, Ana Duarte, Prof. Onésimo Teotónio

Almeida, Prof. Mayone Dias, Duarte Barcelos, Diniz Borges, João Martins, David Tatlock, Ângela Costa, Glória

de Mello, Fernando G. Rosa, Cândido Mesquita, Dr. Manuel Luciano da Silva, Edmundo Macedo,

Dr. Carlos Pimenta, Maria João Ávila, Manuela da Luz Chaplin, José Carlos Fernandes, José Brites, Adalino

Cabral, Anabela Quelha, José Carlos Sanchez

CORRESPONDENTESNEW JERSEY: Glória Melo

SUN COAST (Flórida): Sidónio Fagulha SAN DIEGO, CA: Manuel Coelho e Mizé Violante

WATERBURY, CT: Manuel Carrelo FLORIDA: José Marques

PALM BEACH, FL: Fernando de Sousa TAUNTON, MA: Elisabeth Pinto

PENSYLVANIA: Nélson Viriato BaptistaPEABODY, MA: Ana Duarte

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As opiniões expressas pelos colaboradores nos seus artigos não exprimem necessariamente a opinião da administração da revista “ComunidadesUSA”. É permitida a reprodução do material publicado desde que mençionada a fonte. O leitor pode contactar a revista directamente através de correio, telefone, fax ou e-mail com os seus comentários, ideias, críticas ou sugestões. Para cartas ao editor use o e-mail [email protected], mencionando no título “Cartas ao editor”.

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PUBLISHER:José João Morais (ComunidadesUSA)

E M F O C O

David Simas, o assessor de Obama, nasceu em MA e fala português

Referências portuguesas na Casa Branca passam por um fotógrafo, um assessor e um cão de Água Português

São cada vez mais as referências a Portugal na Casa Branca. Depois de Pete Souza ter

sido nomeado fotógrafo oficial de Obama, foi agora a vez de outro luso-descendente integra a equipa do presidente americano. Trata-se de David Simas que vai ser assessor de Obama. Mas as referências não ficam por aqui pois já se sabe que o presidente escolheu também um cão de Água Português para ser o animal de estimação das suas filhas.

Pete Souza, fotógrafoPete de Souza,de

54 anos, é um luso-descendente que re-gressa à Casa Branca, pois já fora fotografo de Ronald Reagn.

O luso-descen-d e n t e c o n h e c e u o Presidente eleito Obama em Janeiro de 2005, no primeiro dia do então senador no Capitólio. Souza, que

trabalhava para o Chicago Tribune, documen-tou o primeiro ano de Obama no Senado, bem como as suas viagens a sete países. O resultado desse trabalho foi compilado em Julho passa-do no livro "The Rise of Barack Obama", que integrou a lista de "best-sellers" do New York Times. Neto de emigrantes açorianos, Pete Souza é fotojornalista freelance e professor assistente na Universidade de Ohio, contando no currículo com trabalhos publicados na Na-tional Geographic, Fortune e Newsweek e mais de cinco anos de experiência como fotógrafo oficial da Casa Branca. Como fotojornalista esteve também, após o 11 de Setembro, entre os primeiros jornalistas que cobriram a que-da de Cabul, no Afeganistão, onde chegou depois de ter cruzado as montanhas Hindu Kush a cavalo. Natural de South Dartmouth, Massachusetts, visitou os Açores em 1988 e quer regressar um dia para poder registar em

imagens a vida no arquipélago.

David Simas, assessorQuanto a David

Simas, nomeado as-sessor do presidente americano, é também luso-descendente filho de um açoriano e uma alentejana. É advogado em Taunton, tem 39 anos, nasceu no Estado

de Massachusetts e era director de operações do governador Deval Patrick. Fala português e conhece bem Portugal.

António Simas, o pai, natural da ilha do Faial, diz que o filho “sempre foi muito interes-sado em política", mas seguiu as suas próprias convicções, pois o pai é republicano.

David deu os primeiros passos na política aos 18 anos quando se candidatou ao Board of Education de Tauton. No início dos anos 90 ficou conhecido na comunidade portuguesa por ser um dos líderes do movimento que pressionou as empresas de televisão por cabo da região a transmitir a RTP Internacional gratuitamente.

Foi depois conselheiro municipal e advo-gado, interrompendo a sua acção política. Há dois anos regressou à polírica activa convidado para a campanha de Deval Patrick, o primeiro governador negro do Massachusetts, acabando por ser nomeado chefe de Gabinete adjunto.

Quanto à terceira referência portuguesa na Casa Branca, trata-se de uma presença canina, mais propriamente do cão da filhas do presi-dente cuja raça é o Cão de Água Português. Até à hora do fecho desta edição desconhecia-se de onde tinha vindo o animal e que nome teria. Sabe-se que a Associação de Criadores de Cães de Água Português do Algarve fez a oferta de um exemplar, mas também é sabido que o presidente afirmou várias vezes que o animal seria adoptado de um abrigo de animais abandonados.

David Simas

Pete Souza

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Portugal é um País “sui generis”. Há décadas que para um aluno entrar na universidade num curso de Medicina é preciso ter notas super elevadas (acima dos 19, numa escala de 0 a 20). Os lugares num curso destes são poucos, mas aparentemente não é por as universidades não terem capacidade para receberem mais alunos. Há quem defenda esta selecção para manter a qualidade da medicina... enquanto os portu-gueses, se querem um médico, têm de esperar meses por uma consulta. Quanto aos alunos portugueses, aqueles que, por vocação, insistem em ser médicos, procuram no estrangeiro (Espanha, República Checa,

Cuba...) uma universidade para tirarem o seu curso. Em contrapartida, nos cursos de Letras e Humani-dades há alunos em excesso desde há mais de 30 anos. As universidades continuam a abrir centenas de vagas anuais mas a esmagadora maioria dos licenciados vão directamente para o desemprego, enquanto

que um pouco por todo o país faltam médicos, recorrendo-se aos brasileiros e espanhóis. Agora, a ministra da Saúde veio dizer que talvez abra

as Faculdades de Medicina aos alunos portugueses que estudam no estrangeiro

que quiseram regressar. A Ordem dos Médicos, e alguns alunos de Medicina em

Portugal, apressaram-se a contestar esta possibilidade dizendo é necessário avaliar

a qualidade dos cursos dessas universi-dades estrangeiras onde os portugueses

estudam. Claro, as universidades portuguesas são

muito melhores! Basta ver a colecção de Prémios Nobel

da Medicina que elas formaram ao longo destes anos...

“F A L A T Ó R I O... a falar é que a gente se (des)entende

E o burro sou eu?

A ECONOMIA portuguesa está, como aliás a do resto do mundo, pelas ruas da amargura. Todos os dias empresas encerram as suas portas e centenas de pessoas entram no mundo do desemprego. E as que não encerram vêem-se e desejam-se para satisfazer os seus compromissos, por falta de trabalho, de encomendas ou de pagamentos a outros a quem forneceram serviços. Na construção civil, então, o panorama é devas-tador, com as empresas à beira do colapso. Não há trabalho e não há dinheiro. Sobretudo de muitas obras feitas que não foram pagas. O irónico da situação é que, segundo a AECOPS - Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas – o principal devedor é o Estado português, quer a administração central, quer local, ou seja, as autarquias. Hea em-presas que esperam anos pelo dinheiro depois de terem entregue a obra ao Estado. Mas como é isto possível num país democratico? E que se as empresas, e os seus trabalhadores, não pagarem a tempo e horas (e no caso das empresas é pagamento adiantado) o fisco cobra juros, penhora, vende propriedade, multa, prende e faz o diabo a sete. Não seria este um caso para as empresas pagarem ao Estado com a mesma moeda de modo a dar-lhes a conhecer um pouco do seu própio remédio? É que o presidente da AECOPS diz que a falta deste pagamento – que atinge os 1.800 milhões de euros — é uma das principais caussa das falências das emrpesas de construção civil em Portugal... E o burro sou eu?

84% taxa de popularidade do presidente brasilei-ro, Lula da Silva

1824ano da fundação e

construção da fábrica de porcelanas Vista Alegre, em Ílhavo

- 27%de candidatos a militares na Marinha portuguesa em 2008

o que nos coloca ao nível da França e da Alemanha. Mas, com 600 mil doentes em listas de espera nos hospitais públicos em 2005 (5% da população) é caso para perguntar: onde raio andam eles?

SAÚDE E MéDicoS3,4 médicos por 1.000 habitantes (em 2005)

Despesas com a saúDe: % Do pib

PoRTUGAL 1o,2 %

ESTADoS UNiDoS 15 %

Pela nossa saúde...

22% taxa de popularidade do presidente George Bush antes de deixar a presidência

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AdelAide da Conceição, de 88 anos, en-frenta sozinha em Trovoada, uma aldeia de Lousada perdida entre as serras do Marão e Aboboreira, as noites frias, mas diz que os Invernos de outrora eram ainda mais duros porque as pessoas passavam fome.

"Era muito frio, muito mais do que agora, também porque tínhamos fome. Antigamente até chovia três meses seguidos, impedindo-nos de apanhar lenha para aquecer as casas, contou à Lusa. "Havia muita miséria", acrescentou.

A octogenária, solteira, habita sozinha, há mais de 20 anos, uma pequena casa na aldeia de Trovoada, na partilha entre os concelhos de Lousada e Amarante.

A terra faz jus ao nome, porque é conhe-cida por estar muitas vezes sujeita a correntes de ar muito frio e cruzado entre as serranias da proximidade, como o Marão e a Aboboreira. Nos dias de Inverno rigoroso, assusta ouvir o murmúrio do vento, que parece querer cortar a pele do rosto de quem por ali mora.

"Faz muito frio, mas quando era pequena fazia mais", disse a idosa, apreciada pela sua destreza para contar histórias.

"Hoje, meto-me na cama com muita roupa e aqueço logo", acrescentou, garantindo que não usa a velha lareira lá de casa: "tenho medo que arda a casa. Sabe, o tecto é muito baixo", explicou. A idosa passa as noites sozinha, mas durante o dia está no centro de dia do Sonho de Vida, uma instituição de solidariedade social em Mancelos, Amarante.

Adelaide Conceição, a oitava de sete ir-mãos, não esquece a "fome negra" que quase todos na aldeia sentiam quando eram peque-nos e como isso "ainda arrefecia mais" o corpo.Lembrou que nos períodos mais longos de chuva, que chegavam aos três meses, era mais difícil, porque a lenha que se recolhia nos montes da redondeza, tantas vezes roubada, estava húmida e não alimentava as lareiras que aqueciam os lares mais humildes.

"Nesse tempo, quando as casas eram ilumi-nadas com candeias a petróleo, não havia nada.

Não havia luz, nem gás, éramos muito pobres e sofríamos com o frio", insistiu.

Olhando a janela com uma expressão se-rena, acomodada ao cinzento que escondia as serranias, foi discorrendo sobre as privações de outrora. A propósito da II Guerra Mundial, falou dos estranhos feijões que se comiam na altura, importados de países distantes cujo nome não sabia.

"Nesse tempo, passava-se fome negra. Não havia pão, nem couves, nem batas. Era fome de cão. Comprava-se um quilo de pão que tinha de ser dividido por dez pessoas. Quase só o cheirávamos", recorda. Mais tarde, com cerca de 35 anos, quando a vista lhe começou a fugir por tanto bordar para ganhar a vida, teve de procurar outro modo de sustento.

Acabou como ajudante de doceira, numa padaria da zona. Ali, mesmo nas noites mais gélidas, deixou de sentir frio, porque os fornos em brasa e o açúcar a ferver lhe aqueciam a alma e até, não raras vezes, queimavam as mãos a quem devia tantas horas ao descanso.

"Num dia trabalhava-se dia e meio para ganhar mais uns tostões", disse num tom tré-mulo, enquanto exibia as mãos enrugadas. Mas depressa a sua expressão se alegrou quando lhe pedimos que descrevesse os doces que fazia. Segurou o ombro do jornalista e disse prontamente: "Eram para gente pobre, mas saborosos. Rosquilhos e reloginhos, que eram vendidos nas feiras e festas".

Mas uma conversa da Lusa com Adelaide da Conceição não ficaria completa se a idosa não falasse do dia em que, com cerca de vinte anos, vestida de lavradeira, carregou na cabeça um açafate em vime, do qual tirou flores des-tinadas a António Salazar.

O governante de então - conta a octogená-ria - visitava Lousada e toda a população do concelho fora mobilizada.

"Estavam lá legionários de todo o concelho Tinham fardas muito lindas, com um barreti-nho na cabeça. Iam a cantar por Lousada fora. Foi uma festa muito linda, com música e fogue-tes. Vieram até aviões a botar flores e voavam rentinhos à casa", contou quase se atropelando

nas palavras. Nesse longínquo dia da década de 40 - afirmou - o homem mais rico de Lousada, Jaime de Pinho, que era conhecido de Salazar, ofereceu ao povo uma refeição, servida na sua grande quinta, o que fazia todos os anos.

"Matávamos a fome nesse dia. Andei oito quilómetros a pé para comer", acentuou.

Nos avanços e recuos da conversa, vezes sem conta marcados por expressões de um português já em desuso, que irradiavam uma energia contagiante, a idosa deteve-se noutro período que lhe deixou marcas profundas: quando viu partir os sobrinhos para o Ul-tramar:

"Chorávamos quando eles iam para a guerra. Pensávamos que nunca mais os iríamos ver. Mas quando regressaram os rapazes foi uma grande festa. Até se deitaram foguetes na aldeia", disse, quase chorando.

Idosa de 88 anos vive sozinha o Inverno frio numa aldeia de LousadaMas os Invernos de outrora eram mais frios, por causa da fome...

por Armindo Mendes, da agência Lusa

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7 Jan 2009 ComunidadesUSA

A Ç O R E S

Rita Dias integrava os quadros de DRC desde 1999

Rita dias é a nova directora Regional das Comunidades açorianas

RitA Dias é a nova Directora Regional das Comunidades Açorianas, substituindo Alzira Silva, que vai assumir o cargo de deputado na Assembleia Legislativa Regional dos Açores.

Rita Silva, de 35 anos, é natural do Faial e possui uma licenciatura em Ciência Política, com especialização em Instituições Políticas e Administração Pública, e em Relações Interna-cionais, pelo Instituto Superior de Matemáticas e Gestão da Universidade Lusófona de Huma-

nidades e Tecnologias. Integra os quadros da Direcção Regional

das Comunidades desde 1999, sendo, desde 2006, coordenadora do Gabinete de Emigra-ção e Regressos, da Direcção Regional das Comunidades.

A nova Directora Regional possui ma larga experiência de temas comunitários, já que tem estado ligada à organização e implementação de diversos programas e eventos tanto na área do apoio às comunidades açorianas como no que respeita à inserção das comunidades imigrantes, área que também é da responsa-bilidade da DRC.

Na cerimónia de posse, o presidente do governo regional, Carlos César, disse que o Governo Regional se orgulha do percurso feito, na última década, no tratamento das questões relacionadas com a emigração e a imigração, “transmitindo outra ênfase às nossas comu-nidades, transmitindo outra importância e

JoAnA Carneiro, the Portuguese-born maestro who served with the Phil from 2005 to the end of last season, will succeed Kent Nagano as music director of the Berkeley Symphony beginning with the 2009-10 season. She will conduct four programs in UC Berkeley's Zellerbach Hall starting Oct. 15 and lead the orchestra's new music series, called Under Construction.

Carneiro will be the only the third music director in the history of the Berke-ley band, which was called the Berkeley Promenade Orchestra when it was founded by Thomas Rarick in 1969; Nagano led it for three decades beginning in 1978. A native of Lisbon, she is currently the official guest conductor of the Gulbenkian Symphony in the Portuguese capital and previously served as assistant conductor of the Los Angeles Chamber Orchestra and music director of

the Los Angeles Debut Orchestra, as well as principal guest conductor of the Metropoli-tan Orchestra of Lisbon.

Nagano – who also is former music director of Los Angeles Opera – now serves as music director of the Montreal Symphony and the Bavarian State Opera in Munich. He will continue with the Berkeley Symphony, however, as conductor laureate and artis-tic director of Berkeley Akademie, a new program from the organization focusing on repertoire for small orchestra.

Among Carneiro's predecessors as an L.A. Phil assistant conductor, Alexander Mickelthwate is now music director of the Winnipeg (Canada) Symphony, and Grant Gershon is music director of the Los Angeles Master Chorale and associate conductor of L.A. Opera.

A violist by early training, Carneiro

Joana Carneiro is Berkeley Symphony’s new leader

Joana Carneiro conducting at Walt Disney Con-cert Hall in March 2008.

outra centralidade no desempenho das fun-ções de aproximação entre a nossa região e as outras regiões onde residem comunidades açorianas”.

O presidente do Governo – elogiando o trabalho desenvolvido, até agora, pela directora cessante, Alzira Silva, “muito evidenciado em todas as comunidades e apreciado nas insti-tuições que lhes estão associadas” – sublinhou que, a par da sua competência, a nova directo-ra, pela sua juventude, vem rejuvenescer ainda mais um Governo que tem uma composição que representa uma nova geração nos centros de decisão governamental.

“Eu confio muito que esta juventude que está a dar o seu contributo ao nível governa-mental nos traga criatividade, inovação, mais energia e a força necessária para continuarmos a vencer os desafios que temos de vencer e promover o desenvolvimento da nossa terra”, disse Carlos César.

earned conducting degrees at the National Academy of the Orchestra in Lisbon and a master’s at Northwestern before pursuing doctoral studies at the University of Michi-gan. She was sellected among six candidates who auditioned for Nagano’s position.

Lori Shepler / Los Angeles Times

Rita Dias

foto ComunidadesUSA

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ComunidadesUSA Jan 2009 8

estA opoRtunidAde de escrever para um jornal, revista ou página na Internet é para mim, além de uma forma de desa-bafar sobre um assunto ou outro que ache relevante, uma forma de tornar públicas situações que porventura poderão ser de interesse comum. É também uma oportuni-dade de despertar a atenção das pessoas para problemas sociais e outros, que se não fosse por este meio, talvez não saíssem sequer do círculo familiar de cada um.

Por vezes ouvimos histórias que nos comovem e despertam a generosidade que há em cada um de nós, mesmo sem conhe-cermos as pessoas envolvidas.

Este é um desses casos, que, embora sejam infelizmente cada vez mais frequentes,

S O L I D A R I E D A D E

não deixam de nos surpreender a todos.O casal Miguel Oliveira (cozinheiro do

Clube Português de Rhode Island) e Carla

Oliveira, foram surpreendidos por uma daquelas partidas do destino. A sua filhinha, Nicole Oliveira, uma menina de apenas 2 anos de idade, sofre de uma doença grave que a obrigará a sujeitar-se a um transplante de coração. A menina está internada num hospital em Boston, à espera da operação que lhe há-de restituir a saúde e a possibili-dade de crescer e viver uma vida normal.

Afinal não é isso que todos desejamos para os nossos filhos?

Meus amigos, julgo ser em momentos como este que um pai e uma mãe sentem na pele o sentimento de impotência e de inca-pacidade por verem que todos os esforços de uma vida de trabalho não nos servem de nada, quando confrontados com a grandio-sidade dos encargos de uma doença desta natureza.

Sempre ouvi dizer que o dinheiro não nos dá felicidade. Acredito que não, nem nos compra a saúde ou a vida. Mas também acho que numa situação destas a falta de recursos deve aumentar ainda mais a agonia dos pais. Quase ninguém está preparado economicamente para suportar uma despesa assim e os pais da Nicole não são excepção.

como ajudarPor esse motivo há um grupo de Amigos

aqui na comunidade portuguesa de Newark, NJ, que se juntou e estão a levar a efeito uma campanha de angariação de fundos para ajudar a família nesta hora de desespero. Recentemen-te teve lugar uma festa de beneficência cuja receita foi já entregue aos pais, mas todos sa-bemos que o fruto destas iniciativas, por mais generosas que as pessoas sejam, fica sempre aquém das necessidades. Por isso deixo-vos este apelo.

As pessoas que tiverem a intenção de ajudar nesta causa, podem contactar o Sr. Jack Barreira (Director do Rancho Folclórico Barcuense, de Newark), por quem eu soube deste caso e um dos impulsionadores desta iniciativa, através do número (973) 953 2621 ou para o email [email protected].

Poderão também contactar-me, Fran-cisco Vieira (973) 461 6198 ou para o email [email protected], para qualquer outro tipo de esclarecimento.

Em nome desta família, principalmente da pequena Nicole, dos seus amigos e em meu nome pessoal, deixo desde já os nossos sinceros agradecimentos.

Menina de 2 anos precisa de transplante de coracão

por Francisco Vieira (Newark, NJ)

Nicole Oliveira

A RTP Internacional vai passar a ser distribuí-da a partir de Fevereiro em New York City no sistema de cabo através do operador Time Warner. Os subscritores desta companhia, que serve sobretudo a área metropolitana de New York, nomeadamente Manhattan, Brooklyn, Queens e a cidade de Mount Vernon (Westchester County), onde residem muitos portugueses, passam assim a ter aces-so também à RTPi no canal 511. A RTPi é um dos chamados “premium channels” na Time Warner e custará $14.95 por mês.

Este preço é superior aos $9.99 cobrados pela Verizon (fibra óptica) ou os $4.99 da DishNetwork (satélite).

Fonte da RTPi em Lisboa disse à nossa revista que o preço é estipulado por cada servidor. A mesma fonte adiantou que a inclusão da RTPi na Time Warner surge como consequência da “constante negociação que a RTP faz com as operadoras de distribuição televisiva nos Estados Unidos e em todo o mundo” e que o “timing” da inclusão do canal português “é da inteira responsabilida-de das operadoras”. “Posso adiantar que a

negociação com a Time Warner decorria há mais de dois anos”, disse Paulo Jorge, da RTP. “Nós oferecemos o canal, mas são as operadoras que decidem o ‘timing’ para o incluir em função de vários factores, nomeadamente o espaço na sua programa-ção”, explicou.

Actualmente, a RTPi é distribuída nos Es-tados Unidos pelas seguintes operadoras: Comcast, COX, Time Warner, RCN, Charter, Dish, Verizon (FIOS), Service Electric e Full Channel (estas mais pequenas).

Para mais informações contacte a Time Warner na página timewarnercable.com

RTP internacional distribuída no sistema de cabo em New York city

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Voo da TAP sai a 14 de Maio, quinta-feira

QuAndo o Airbus A330 da TAP Portugal deixar o Liberty International Airport de Newark, New Jersey, no próximo dia 14 de Maio a caminho de Ponta Delgada, nos Açores, a companhia aérea lusa abrirá mais uma página na sua longa história ao serviço das comu-nidades portuguesas residentes nos Estados Unidos. Desta vez não se trata de inaugurar mais uma rota transatlântica, mas sim realizar o primeiro voo directo charter entre as duas cidades levando peregrinos portugueses às festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a maior festa religiosa açoriana.

A fazer fé na fé dos açorianos, o voo deve encher facilmente, pois todos os anos milhares de peregrinos de toda a América do Norte acorrem a S. Miguel em Maio para assistir no Campo de S. Francisco à mudança da imagem do Senhor Santo Cristo. Mas, pelo sim pelo não, o voo está garantido graças ao empenho financeiro do empresário açoriano, Arthur Pimentel, figura bem conhecida da área de Newark, NJ, onde se tem destacado não só pela sua actividade empresarial como pela defesa das tradições das suas ilhas dos Açores, e pelo “know how” da agência de viagens Arcos, desta mesma cidade.

No meio de uma crise económica que tem afectado todas as comunidades, a nossa revista quis saber junto da agência Arcos se a realiza-ção do primeiro voo directo entre Newark e Ponta Delgada estava garantido, pois há três anos ele foi cancelado por falta de garantias financeiras.

“As reservas estão a correr bem e o voo vai realizar-se sem qualquer dúvida”, disse uma fonte da agência salientando que a viagem não tem apenas fins religiosos mas vai permitir a portugueses residentes na área de Newark/New York uma viagem aos Açores onde

podem desfrutar de um pacote turístico de grande qualidade por um preço altamente vantajoso.

A viagem custa cerca de $1.200 (sete dias) mas se o passageiro optar por um passeio turístico em S. Miguel e estadia num hotel de três estrelas, o pacote pode atingir os $1.720 (preços sem im-postos). “A maioria das reservas incluem o pacote turístico”, adiantou a mes-ma fonte.

Para quem não conhe-ce os Açores esta é uma excelente oportunidade para conhecer um dos sítios recomendados pela National Geographic Travel, que classifi-cou os Açores como “um dos melhors dstinos turistiso de todo o mundo”. De entre as 111 ilhas e arquipélagos analisados nesta lista, os Açores obtiveram o segundo lugar com 84 pontos, numa pontuação de zero a cem, clas-sificados como, “um sítio maravilhoso. Am-bientalmente em boa forma”, ficando apenas atrás das Ilhas Faroe na Dinamarca.

“Belo lugar. Estrutura ambiental em boa forma. Os habitantes locais são muito sofisticados, uma vez que muitos viveram

além-mar. Distantes e temperados os Açores permanecem levemente turísticos. O principal tipo de visitante é o turista independente que fica em “Bed&Breakfeast” (alojamento tipo “Cama&Pequeno-almoço). O ecossistema – desde as belas colinas das Flores às baías rochosas da Terceira — está em grande forma. As baleias são ainda uma vista frequente. A cultura local é forte e vibrante, habituada a convidar alguém para um jantar em casa, ou bem receber para uma refeição durante as festividades”.

Começar a conhecer as ilhas (9) açorianas por S. Miguel é um bom princípio, pois esta (a maior) é sem dúvida um manancial de belezas naturais e ao mesmo tempo a mais urbana de um arquipélago único no mundo onde se combinam harmoniosamente a tradição com o cosmopolitismo e ao mesmo tempo sim-plicidade das gentes sem a parolice e o novo-riquismo que caracteriza a maioria das cidades e vilas do continente português. Se tiver tempo não deixe de visitar as Ponta Delgada, as Sete Cidades e as Furnas (pontos obrigatórios), mas também a Lagoa do Fogo (a mais bonita?), o Nordeste, Vila Franca do Campo (a primeira capital), as fábricas de chá, as piscinas naturais e, claro, saborear a gastronomia. Vá aos Mos-teiros ao restaurante Gazcidla (sim, o nome vem da marca do gás...) e experimente as lapas grelhadas e o polvo.

Para informações e reservas contacte a agência Arcos através do telefone 877-528-7477.

Voo directo Newark-Ponta delgada para as festas do Senhor Santo Cristo

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ComunidadesUSA Jan 2009 10

A biblioteca multimédia on-line da Euro-pa, "Europeana", vai permitir aceder, através da Internet, a mais de dois milhões de obras dos 27 Estados-membros da União Europeia. Esta biblioteca virtual conta com livros, mapas, gravações, fotografias, documentos de arquivo, pinturas e filmes do acervo das bibliotecas nacionais e instituições culturais dos 27 Estados-Membros da UE, tendo por exemplo de Portugal a Carta plana de parte da Costa do Brasil, um mapa de 1784.

Acessível, em todas as línguas da UE, através do endereço www.europeana.eu a biblioteca multi-média europeia conta com ma-terial fornecido por mais de 1000 organizações cul-turais de toda a Europa, incluindo Museus, como o Louvre de Paris, que forneceram digitalizações de quadros e objectos das suas colecções. Segundo a Comissão Europeia, que lançou esta iniciativa em 2005, este é "apenas o começo", pois a ideia é expandir a biblioteca, envolvendo também o sector privado, e o objectivo é que em 2010 a Europeana dê acesso a pelo menos dez milhões de obras "representativas da riqueza da diversidade

são A sensação do momento em Portugal. Nascidos num bairro marginal de Lisboa – a Buraca – fruto de uma mistura de etnias e influências espacio-temporais — Lisboa e Angola —, a sua música desconcertante ultrapassou as fronteiras portuguesas graças à Internet, concretamente o My Space. O primeiro single, “Yah!”, foi lançado em 2007 e hoje os Buraka Som Sistema são já bem conhecidos no mundo do hip pop internacional. “Black Diamond”, o álbum de estreia, foi lançado em Novemrbo de 2008 com grande sucesso na Inglaterra e em Portugal com downloads de todo o mundo a partir da loja visrtual da Apple, o iTunes. Agora, os Buraka Som Sistema preparam-se para uma digressão à América do Norte que inclui actuações no Coachella Festival e no Bowery Ballroom em Nova Iorque.

Os Buraka Som Sistema receberam a nota de 7,9 em 10 da publicação digital Pitchfork Media pelo álbum “Black Diamond”, descrito pelo órgão como “um dos mais ferozes discos de dança de tempos recentes”.

A banda portuguesa é vista pela Pitchfork Media como “praticante de kuduro, a facção angolana de música de dança”, algo que Lil’John, um dos elementos do grupo, descreveu como “um elogio engraçado mas algo difícil de compreender na totalidade, já que os Estados Unidos da América são de uma grandeza tal que não nos conseguimos aperceber realmente do impacto de uma crítica como esta”.

Buraka som Sistema em digressão pelos Estados Unidos

AS DATAS DA DIGRESSãO DOS BURAkA SOM SISTEMA17 Abr 2009 - COACHELLA - Los Angeles21 Abr 2009 - THE RICKSHAW STOP- San Francisco23 Abr 2009 - ROTTURE- Portland24 Abr 2009 - BILTMORE CABARET - Vancouver25 Abr 2009 - NECTAR LOUNGE- Seattle28 Abr 2009 - SONOTHEQUE- Chicago29 Abr 2009 - EL MOCAMBO- Toronto30 Abr 2009 - ZOOBIZARRE- Montereal1 Mai 2009 - HARPER’S FERRY- Boston2 Mai 2009 - BOWERY BALLROOM - New York

Biblioteca multimédia on-line da Europa

cultural da Europa e terá zonas interactivas, nomeadamente para comunidades com interesses especiais".

"Com a Europeana, conciliamos a van-tagem competitiva da Europa em matéria de tecnologias da comunicação e de redes com a riqueza do nosso património cultural. Os europeus poderão agora aceder com rapidez e facilidade, num único espaço, aos formidáveis recursos das nossas grandes colecções", comentou o presidente da

Comissão Europeia, Durão Barroso. Por seu turno, a comissária europeia para a Sociedade da Informação e os Meios de Comunicação, Viviane Reding, apelou "às instituições culturais, editoras e empresas de tecnologia europeias para que alimen-tem a Europeana com mais conteúdos em formato digital".

o populAR artista português residente em Massachusetts, Marc Dennis acaba de editar o seu primeiro DVD intitulado “Marc Dennis & Atlantis ao Vivo!”. Trata-se da gravação de um espectáculo que o popular cantor deu em São Vicente Ferreira, São Miguel, em Maio de 2008 e que contém alguns dos mais populares sucessos do artista natural da Lomba do Loução, Povoação, S. Miguel, num total de 19 canções.

“Penso que este DVD e CD capta precisamente aquilo que é mais essencial nos meus espectáculos, que é a participação do público, a vibrar e a cantar os meus temas, para além da energia e da vivacidade que gosto, juntamente com a minha banda, de incutir em cada interpretação, para que o público mantenha esse ritmo”, disse o artista ao programa “Teledisco”, do Portuguese Channel de New Bedford, MA.

Para adquirir o DVD contacte o telefone (508) 678-7227.

Marc Dennis & Atlantis lançam DVD de espectáculo gravado em S. Miguel

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11 Jan 2009 ComunidadesUSA

Navio-escola Sagres nos Estados Unidos

Mais de 200 mil veteranos dormem diariamente nas ruas da américa

todos os diAs mais de 200.000 veteranos de guerra americanos dormem nas ruas de uma qualquer cidade deste país, ao frio, ao relento, à chuva e à neve. Este número impres-siona mais se o perspectivarmos desta forma: um em cada quatro pessoas sem-abrigo são veteranos de uma guerra que um dia os Esta-dos Unidos combateram pelo mundo.

Grande parte destes veteranos foram con-decorados, alguns com as mais altas distinções militares, mas mesmo assim não conseguem obter do seu governo coisas tão simples como assistência médica ou serem considerados deficientes por traumas de guerra de modo a poderem ter uma pensão que lhes permita terem uma vida digna.

Este é um drama diário que atinge não só os veteranos do Vietname ou da Guerra da Coreia, mas mais recentemente centenas de jovens feridos, homens e mulheres, que regres-saram do Iraque ou do Afeganistão e que não conseguem arranjar trabalho para comprarem casa ou arrendarem apartamento.

Quem conhece bem esta realidade diz que os problemas começam logo quando o veterano despe a sua farda militar e tenta recomeçar a sua vida civil reclamando assistência médica ou psicológica para as feridas causadas na guerra. Depara-se então com uma montanha de burocracia que comeca logo no Department of Veterans Affairs. Durante a administração Bush, um simples pedido de informação de-morava pelo menos seis meses e os apelos dos veteranos aos quais foram negados benefícios podem demorar uma média de quatro anos e meio. Nos seis meses antes de Março de 2008, por exemplo, morreram 1.500 veteranos que esperavam resposta para o seu pedido de invalidez.

Foi por isso que recentemente duas das organizações de defesa dos veteranos proces-saram o governo americano exigindo que os pedidos de invalidez de soldados feridos em combate sejam decididos num máximo de três meses. Curiosamente, o Department of Veterans Affairs convenceu o juiz encarregue do caso, nomeado pelo ex-presidente George Bush, de que estes assuntos diziam respeito ao

Congresso e não aos tribunais ou ao presiden-te, e tudo ficou na mesma. Agora, o presidente Barak Obama diz que quer pôr ordem na casa, e começou por nomear alguém que merece a confiança das associações de veteranos. Resta esperar e ver se algo muda.

é para isto que serve a guerra?É que há casos absolutamente dramáticos

e completamente surreais. Vejam este. Em 2007 vivia nas ruas de Manhattan um

cidadão de origem brasileira que foi médico nas Forças Armadas norte-americanas (Navy) durante 20 anos. Ferido no Afeganistão com gravidade por uma mina russa do tempo da invasão soviética, foi desmobilizado com honras militares. Mesmo assim, e quando estava ainda no hospital a recuperar das múltiplas fracturas e mazelas que o tornaram um cidadão deficiente motor, recebeu uma conta da Marinha americana de $2.900 para pagar o equipamento perdido na explosão, uma vez que, tecnicamente, ela não resultara de um combate, uma vez que a mina tinha sido accionada pelo colega que a pisou, e que morreu. Nestes casos, tanto a morte como os ferimentos não se enquadravam naquilo que se designa por vítimas de guerra.

De regresso aos Estados Unidos, esperava em Outubro de 2007 há três anos pela resolu-ção do seu caso sem saber se lhe dariam uma pensão de invalidez. Vivia na rua, pois a sua mulher morrera entretanto vítima de cancro.

Palavras para quê? Porém, não deixa de ser irónico que o povo americano ande me-ses e anos orgulhoso, de lacinho no carro e na lapela, afirmando que apoia os soldados quando eles vão para a guerra ou combatem no estrangeiro, mas se esqueça tão depressa dos seus veteranos que regressam estropiados física e psicologicamente aos milhares.

Médico ferido por uma mina soviética no Afeganistão recebeu conta da Marinha para pagar equipamento perdido...

por António Oliveira

O veterano António, sem-abrigo, em 2007

o nAvio-escolA Sagres regressa aos Estados Unidos em Julho deste ano para visitas a New York e Boston. O veleiro português mais conhecido internacional-mente vai participar na edição de 2009 da regata Tall Ships Atlantic Challenge que escalará as Bermuda no Verão.

Segundo o programa, a Sagres estará em New York de 29 de Junho a 5 de Julho e em Boston de 8 a 13 de Julho. Segundo uma fonte do Consulado de Bóston, está a ser prepa-rado um programa que envolve recepções à comunidade portuguesa. Quanto a New York, e como neste momento o Consulado de Portugal não tem cônsul (nem se sabe se terá) não está previsto, para já, qualquer programa.

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13 Jan 2009 ComunidadesUSA

QuAl de nós, seja vareiro, marinhão, cagaréu ou gafanhão, não se lembra dos passeios na ria de Aveiro, de bateira ou de barco moliceiro? Não era preciso um motivo especial para se juntarem familiares e amigos para grandes passeios e patuscadas na Ria, mas havia anualmente várias romarias que eram quase obrigatórias para as gentes da borda d'agua e cujo meio de transporte eram essas embarcações. Desde as festas em honra de Santa Catarina na ribeira de Ovar,

até às festas de S. Tomé, na praia de Mira, a zona ribeirinha da Ria de Aveiro é rica em festividades na borda d'agua. Entre outras, fazem-se as festas da Senhora da Boa Viagem no Torrão do Lameiro, o S. Pedro em Pardi-lhó, o S. Paio da Torreira, a Nossa Senhora das Areias em S. Jacinto, o Sr. da Ribeira em Veiros, a Sra. da Alumieira em Salréu, a Sra. da Memória em Sarrazola, a Sra. da Saúde da Costa Nova, ou a Sra. dos Navegantes na Gafanha da Nazaré. Sem querer destacar ou desvalorizar nenhuma delas, vou relembrar aqui duas. São as que mais marcaram a mi-nha infância e juventude.

A rainha das romarias era sem dúvida o S. Paio da Torreira. Essa toda a gente conhe-ce ou pelo menos já ouviu falar. Falarei dela

mais à frente, mas agora quero dedicar meia dúzia de linhas a uma outra festa que se fazia anualmente (não sei se ainda se mantém) e que servia também de pretexto para uns agradáveis passeios de barco ou de bateira.

Festejos em honra da Nossa Senhora da Memória

Tinha lugar a 15 de Agosto, dia das Sete Senhoras (lançava aqui um desafio a quem me saiba dizer quem são as sete senhoras que se celebram no dia 15 de Agosto em Portugal Continental).

Para os murtoseiros a festa começava logo ali pelo cais do Bico ou do Chegado, com o pessoal a carregar o material (mantas, colchões, comi-das, bebidas e tudo o que achassem necessário para passarem dois ou três dias fora). Atravessava-se na Cova do Chegado (rente à casa das Maias) e seguia-se por aquelas regueiras por entre os juncais até aos Areeiros. Depois pelos campos dentro, até

à Povoa do Paço e ao Combinado. Era aí que ficavam os barcos. O resto do percurso era feito a pé até Sarrazola. Lembro-me que à noite se amarravam os barcos ao largo do cais por causa das cobras e outros animais não entrarem a bordo. Depois dos festejos religiosos, do cumprimento das promessas à Santa e das celebrações populares, para nós (forasteiros) a festa acabava já longe da igre-ja, exactamente junto ao cais, com a malta a dançar em roda ao som de alguma viola e do realejo antes de voltar para casa. Mas não sem antes se acabarem por lá o resto das merendas.

Festas do S. Paio da TorreiraBem que podiam chamar-se as festas

da Ria, pois eram e ainda são o ex-libris das Terras Marinhoas. É a rainha de todas as festas da borda d'agua. Realiza-se a sete e oito de Setembro (dias oficiais, porque a festa dura pelo menos uma semana), na Praia da Torreira, concelho da Murtosa.

A construção da ponte da Varela (inaugurada no ano em que eu nasci) deve ter reduzido pelo menos para metade a afluência às festas do S. Paio por barco, mas ainda assim a tradição manteve-se por mui-tos anos. Não foi a ponte que acabou com a tradição das romarias por barco ao S. Paio da Torreira. Foi o desenvolvimento. A revolução no sector automóvel, a mudança de menta-lidades... Hoje em dia privilegiam-se outros valores (não necessariamente melhores).

Sinais dos tempos...Ao S. Paio chegavam gentes de todo o

lado, mas principalmente da zona ribeirinha. Dois ou três dias antes do início das festas já eu via a passar ao Bico barcos e bateiras carregadas de gente. De velas ao vento ou à vara, na falta deste, eram às dezenas, todos embandeirados. Não precisava de ir até à borda d'agua para os ver e ouvir, bastava-me subir para cima do telhado lá de casa para os avistar ao longe.

E como eu gostava daquilo... naqueles dias não fazia outra coisa!

"Oh Marinhão trás cá a bateira, vamos todos em excursão p'ró S. Paio da Torreira".

Esta e outras músicas ouviam-se a léguas de distância, saídas das vozes das romeiras(os) nos dias de calmaria.

Na Torreira os barcos e bateiras atraca-

Romarias da Murtosa: o S. Paio e a Nossa Senhora da MemóriaDesde as festas em honra de Santa Catarina na ribeira de Ovar, até às festas de S. Tomé, na praia de Mira, a zona ribeirinha da Ria de Aveiro é rica em festividades na borda d’agua

por Francisco Vieira (Newark, NJ)

A procissão do S. Paio dos anos 20

(conclui na página seguinte)

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dos na margem "rendilhavam" aquela zona, desde as Quintas do Norte, até ao Monte Branco. À noite viam-se as fogueiras acesas com as panelas ao lume e ouviam-se os cantares das gentes.

As varas amarradas na ho-rizontal da proa ao mastro e do mastro a ré, faziam de suporte p'ras velas que cobriam todo o barco em forma de cabana e nos protegiam do orvalho ou da chuva.

E ali ficávamos "acampados" por uma semana, ora comendo, bebendo e dançando na areia, ora percorrendo a avenida da ria ao mar, cantando e dan-çando nas rusgas, ora "molhando a palavra" nas tascas da terra.

Na manhã dos festejos (8 de Setembro) a avenida Hintze Ribeiro vestia-se de gala com "tapetes" de flores que cobriam o chão por onde passavam os andores e os devotos. Das janelas e varandas caiam penduradas vistosas colchas de renda ou de seda, algumas delas usadas apenas uma vez ao ano, para aquele efeito.

Tempos houve em que o ponto alto das festas era realmente a majesto-sa procissão e o "banho" ao Santo. Um ritual que teria origem na lenda que afirmava que o S. Paio era bêbado – sempre achei que essa era a desculpa dos romeiros para justificarem os seus exageros no consumo de vinho naqueles dias, pois não encontro outra justificação para se ter apelidado de bêbado o Santinho que, segundo reza a lenda, teria dado à costa no areal da praia, vindo da costa da Galiza. Bêbado e maroto, por gostar de puxar o lenço às varinas na

hora que estas se sentavam no areal, canastra ao lado, enquanto esperavam que as redes trouxessem à praia o peixe que haviam de carregar à cabeça caminhando por essas estradas fora até Albergaria, Canelas, Fermelã e S. João de Loure.

O banho ao Santo era dado logo a seguir à procissão, quando recolhia o andor à sacristia. Colocavam-no numa pia e iam-lhe despejando pela ca-beça litros e litros de vinho que era trazido a propósito pelos romeiros para essa ocasião, no cumprimento de promessas por diversas graças recebidas ao longo do ano.

O precioso néctar era depois recolhido da pia e bebido fora da capela, ao qual davam o nome de "vinho santo".

Hoje ainda se fazem as festas e ainda não se perdeu de todo a tradição, mas a maioria das pessoas já vai de carro. Os barcos carregados de gente já fazem parte apenas das memórias de quem teve a sorte de viver aquela época. As pessoas vão de manhã e regressam à noite todos os dias. Perdeu-se o encanto e a alegria de confraternizar e compartilhar com os "vizinhos" do barco ao lado.

Hoje demoram-se horas para entrar e sair da Praia da Torreira nos dias da festa. O único proveito que se pode tirar ainda é apreciar a Ria enquanto estamos parados no trânsito.

Sim, porque a "minha" Ria continua lá, indife-rente aos novos tempos e aos costumes modernos.

“Sim, porque a «minha» Ria continua lá, indiferente aos novos tempos e aos costumes modernos”.

Em cima, moliceiros na festa do S. Paio da Torreira nos anos 80; romeiros a caminho da festa; o pálio com o sacerdote e aspecto da chegada dos moliceiros para a festa; a imagem do S. Paio

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16 Jan 2009 ComunidadesUSA

N A M A R G E M D E C Á

por Lélia Pereira da Silva Nunes*, lha de Santa Catarina, Brasil

a crónica do Brasil

Emanuel FélixO poeta, a semente

* Texto escrito em português do Brasil, onde vive a autora

A edição de 15 de janeiro da Maré Cheia, as páginas de Artes e Letras do jornal Portuguese Tribune, Ca-

lifórnia (USA), coordenado pelo professor e escritor Diniz Borges, apresenta um jovem poeta terceirense: João Félix. Uma poesia linda, esbanjando sentimentos e um gosto imenso pelas palavras, cinzelando-as com uma precoce maturidade. Uma escrita criativa, lapidada com arte a comungar a vida em movimento,

fiel a si e as rotas do seu tempo. Forte como o rugir do mar e o esbravejar das entranhas telúricas. Surpreende-me a sua poesia e os seus 18 anos.

Diniz Borges, não esconde a emoção ao completar a sua apresentação em “Apenas Duas Palavras”: “João Félix é neto do falecido poeta (e um grande amigo meu, de quem tenho muita saudade) Emanuel Félix”. Neto? Imobilizo o olhar. Volto ao João e a intimidade confessional de sua bela arte poética “Amo-te pelo teu brilho langoroso e suave,/Porque és onírica e iridescente,/Bela e silenciosa como gato de um poeta...” Eu,também, me emocio-no com o “neto-poeta” e com as palavras do Diniz Borges, partilhadas com simplicidade : “ Durante algumas das minhas visitas à Terceira passei uns bons bocados com Emanuel,com quem aprendi muito acerca da literatura,da arte,da justiça social,da vida.Por vezes lá passava o João. Emanuel tinha uma grande paixão por este neto.Falava muito com ele e não perdia,justamente,nem um momento para falar do neto aos amigos. Hoje,o João está homem feito,e,tal como o avô,é poeta.”

A Maré Cheia e o seu comovente editorial trouxe à lembrança o poema de Emanuel Félix, dedicado à memória de seu pai, Os Mortos e as Sementes” em que o avô do João Félix fala-nos da partida celebrando a vida, uma dualidade tecida entre o olhar suspenso pela dor sentida e a dimensão do mistério do renascer. “Os mortos como as sementes/são enterrados/Penetram/a dimensão só a eles acessível/atraídos pelo mistério do renascimento/e da fertilidades sem tréguas. /Como as sementes /esperam/ o seu regresso à vida/ sob uma nova forma.” (In:Habitação da Chuva,1997;2003:216).

Não é preciso acrescentar mais nada. Fica o poema, o saber profundo na palavra do poeta, fica a semente em seu desabrochar.

A imagem saudosa de Emanuel Félix ("as cãs onduladas que ele cultivava davam-lhe esse ar de sage", escreveu Onésimo de Almeida, por e-mail em fevereiro de 2004) enternece o

coração de quem sempre admirou a sua obra poética – a perfeição estrutural, a preciosa dimensão linguística e a expressão plástica de seus versos – Um legado fabuloso! Culti-vou igualmente a crônica e o ensaio. Exímio contador de histórias. Fez com propriedade a crítica literária e de artes plásticas. No rigor da palavra poética deixa fluir a emoção com suavidade, a ironia, o humor, a magia do olhar. Sempre forte, sábia, presente, rica e plena como no "Pedra-Poema para Henry Moore" ou no belíssimo“Five o`clock tear”,o desenho infini-tamente triste da mulher,uma interface com o poema “Five o`clock tea” de Vitorino Nemésio ou ainda a intimidade narrada com imensa graça em “As Raparigas lá de Casa”. Tatuagens do imaginário ímpar do poeta marcadas pela diversidade do olhar, da forma e da liberdade de ser e sentir e da busca incessante da palavra prima. “Uma poesia que busca nas palavras entender e dar a entender o sentido da vida”, afirma Fátima Freitas Morna (2003: 20).

Emanuel Félix, o mestre, ensina. Apren-demos com sua poesia que é acima de tudo fiel a si mesmo.

No dia 14 de fevereiro de 2004, sexta-feira, na cidade de Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, dia de São Valentim, padroeiro dos namorados, o poeta partiu deixando uma saudade sem fim.

Hoje, passados cinco anos, entro no espelho da memória e mergulho no tempo retornando aqueles dias de um passado que não morreu. Abro o relicário dos registros guardados com muito afeto, são e-mails e textos revelando o impacto e a tristeza desencadeada pela notícia de sua morte que surpreendeu todos os seus

“A poesia de Emanuel Félix, ofe-rece aquele suplemento de olhar que permite ver para além da superfície e que é, afinal, aquilo que a huma-

nidade sempre pediu aos poetas.”

Fátima Freitas Morna, in: “121 Poemas Escolhidos”,

2003:22)

Emanuel Félix (1936-2004)

(conclui na página seguinte)

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ComunidadesUSA Jan 2009 17

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amigos e admiradores. Vento Sul forte amenizava o calor escal-

dante naquele fevereiro de 2004. Estava na casa da praia, na bucólica Jaguaruna, no sul catarinense. Casa aberta, janelas de par em par, redes desfraldadas por todo varandão como bandeiras do Divino a anunciar a sua chegada. Em frente a casa, o jardim florido de hortênsias, imensos novelos azuis a lem-brar as Ilhas açorianas, lá do outro lado do Atlântico. Bem, em linha reta fica a África. As Ilhas ficam mais acima, no hemisfério norte, ensina a geografia. No balanço gostoso da rede olhava o mar encrespado, nas mãos os “121 Poemas Escolhidos (1954-1997”, de Emanuel Félix, que eu,embevecida, deambulava por suas páginas, adentrando no labirinto das palavras,presa pelo encantamento da sua poesia. Por uma coincidência incrível,desta que a vida nos oferece, sem mais nem menos, eu estava lendo dos “121 Poemas Escolhidos”, em A Palavra o Açoite(1977), “Um poema de Carl Sandburg, quando recebi do Urbano Bettencourt a notícia de seu falecimento. Não resisto à sua trancrição: “Quero-te/como as raízes secas/desejam a chuva/no verão/ como o

vento deseja/as folhas/do chão/e perdoa/dizer tudo isto tão/depressa.”

Nos dias seguintes, inúmeras mensagens circularam, atravessaram o Atlântico levando e trazendo mensagens de seus amigos, evo-cando o tão inesperado desaparecimento do poeta que todos admiravam e estimavam. Nas mensagens que enviei, pelos caminhos do mar, à malta açoriana de amigos-escritores expres-sando num grande abraço solidário o meu profundo pesar, citei uma estrofe do poema “Os Mortos e as Sementes”.

E, eis o que escreve Urbano Bettencourt, por correio eletrônico, datado de 18 de feve-reiro de 2004: “Pois é a vida está cheia destas estranhas e tristes coincidências, como a que se passou contigo. Na sexta-feira juntei alguns nºs do SAAL (sobre E.Félix) para na segunda-feira levar aos meus alunos de Lite-ratura Açoriana: acabei por levá-los, mas em circunstâncias totalmente diversas. O “JL” de hoje traz uma pequena nota de Eugénio Lisboa, que acaba com a citação do poema “Os Mortos e as Sementes”, tal como tu fazes; o “Açoriano Oriental” pediu-me no sábado 1200 caracteres sobre o poeta; acabei o texto citando o mesmo

poema. É a isto que eu chamo a Irmandade Atlântica da Leitura!

Por tudo que foi dito, esta é uma homena-gem ao universo de Emanuel Félix, a herança poética que se revela a partir da sua Ilha Ter-ceira; à Irmandade Atlântica da Leitura, num tributo a íntima comunhão de pensamentos, ao diálogo liberto e sem fronteiras; à fraterni-dade de uma malta açoriana, muito especial, um dia reunida em torno de Emanuel Félix, como convivas de uma certa “Ceia”, uma bonita montagem, fruto da criatividade do escritor Marcolino Candeias. Sobretudo, a Ceia é um sinal (mesmo no seu humor) do respeito e da consideração que os ícones da literatura e artes açorianas tinham e têm por Emanuel Félix.

De uma “rapariga” do Brasil-açoria-no que não conheceu o poeta, não recebeu um carta escrita com sua elegante letra miúda;não ouviu da sua boca as histórias que tão bem sabia contar, em deliciosos serões, que seus muitos amigos não cansam de relembrar.

Fiquei pra sempre cheia de inveja e tam-bém com muita saudade pelo que nunca partilhei.

Florianópolis, Ilha de Santa Catarina, Brasil

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os portugueses acham-se mais magros e mais altos do que na realidade são, uma percepção errada que dificulta o combate à obesidade, um dos maiores pro-blemas deste século, segundo um livro hoje lançado em Lisboa.

Esta é uma das conclusões da obra "Obesidade em Portugal e no Mundo", a primeira de autores portugueses sobre a dimensão global da Obesidade.

Editada pela Faculdade de Medicina de Lisboa com o apoio dos Laboratórios Abbott, a obra foi coordenada por Isabel do Carmo, directora do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Santa Maria e docente daquela Faculdade. Isabel do Carmo expli-cou que este é o primeiro livro que dá uma panorâmica do que existe sobre obesidade em Portugal e no mundo, com dados referentes à idade pré-escolar, escolar, ado-lescência, 20 anos e idade adulta assim como faz uma recolha das consequências da obesidade.

Segundo a investigação, a tendência de cada indivíduo, que se reflecte na população em geral, é ter uma percepção subjectiva de menos peso e mais altura. Em todas as idades as pessoas acham que têm menor Índice de Massa Corporal do que aquele que têm de facto.

"Quando se pergunta, as pes-soas dizem sempre que pesam menos e medem mais", disse em declarações a Lusa a endocrino-logista Isabel do Carmo, acres-centando que o livro revela esta diferença entre o índice de massa corporal subjectivo e o objectivo.

O trabalho de investigação mostra ainda que a elevada pre-valência da obesidade estará intimamente relacionada com a chamada "transição nutricio-nal", caracterizada por mudanças quantitativas e qualitativas nas escolas alimentares. Os consumos alimentares diferem entre os se-xos. As mulheres mencionam uma maior frequência de consumo de sopas, legumes e frutos frescos assim como de lacticínios de baixo teor de gordura, alimentos que são indicados pela literatura como podendo exercer efeitos poten-cialmente benéficos na prevenção da sobrecarga ponderal.

Por outro lado, o livro revela que os mais jovens apresentam frequências de consumo mais elevadas de alimentos tenden-cialmente hipercalóricos e de

“Empresários Portugueses de França”, um filme de carlos pereira e nélia martins

Portugueses acham que são mais magros e altos do que realmente são

Segundo a investigação, a tendência de cada indivíduo, que se reflecte na população em geral, é ter uma percepção subjectiva de menos peso e mais altura

baixa densidade nutricional. A obesidade tornou-se um dos grandes problemas de saúde pública no final do século XX e um dos maiores do século XXI, com dimensões que ultrapassam muito as questões plásticas que levam, sobretudo as mulheres, à consulta da especialidade ou ao consumo de medidas avulsas de tratamento.

Portugal aparece neste livro como um país médio em matéria de incidência da obesidade, junta-mente com Espanha e Grécia, mas

não é por isso que a situação deixa de ser preocupante, em especial nas crianças.

"É preocupante porque, en-quanto nos adultos nos situamos na média da Europa, nas crianças estamos entre os piores. Dos três aos 18 anos temos os piores números, o que quer dizer que as actuais crianças e jovens vão ser muito mais obesos do que os adultos actuais e isso é assusta-dor", disse.

Na Suécia, por exemplo, ex-plica Isabel do Carmo, regista-se uma regressão da obesidade infantil, fruto de um grande in-vestimento em campanhas contra o problema.

1.5 mil milhões

400 milhõestêm peso a mais

são obesos

A GORDURA DOS NúMEROS MUNDIAIS

São essencialmente homens, da primeira geração da emigração portuguesa para França. Muitos deles passaram a fronteira a ‘salto’, clandestinamente. Sairam de Portugal sem nada, na maior parte dos casos sem falar francês, e com uma formação académica quase inexistente. “Foi como que se tivessem lançado ao Tejo sem saber nadar”. Hoje são considerados ‘Emigrantes de sucesso’, têm grandes empresas, algumas delas multinacionais. Carlos da Silva, Presidente da GO Voyages ‘pesa’ 400 milhões de euros de volume de negócios.

A ver integralmente na internet:www.aniki-communications.com

obESiDADE NoS ADULToS

Estados Unidos: 31%México: 24%Inglaterra: 23%Rússia: 16%Portugal: 14,5% Espanha: 13%Itália: 9%Noruega 8%Japão 3%Coreia 3%

Filme pode ser visto na íntegra na Internet

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19 Jan 2009 ComunidadesUSA

são muitos os portugueses emigrantes nos Estados Unidos que a par das suas profissões do dia-a-dia dão azo à sua criatividade artística nas horas vagas. Da música à pintura, da poesia

à escultura, ou da fotografia à literatura são centenas os amadores que todos os dias criam obras de arte, umas para mostrar a amigos, ou até para expor ou vender, mas a maioria para deixar em casa, longe dos olhares críticos dos profissionais, quiçá por vergonha, quiçá por-que para muitos a arte é apenas uma forma de expressão íntima e pessoal. Felizmente muitos deles mostram-nos os seus trabalhos, como Luís Silva, um português de Parada de Gonta que nos diz pintar “para passar o tempo”. Mesmo assim, tem vendido alguns quadros em galerias de New York e New Jersey e também pinta por encomenda o tema e assunto que lhe pedem.

“O meu trabalho não me deixa muito tempo livre para pintar”, explica Luís. “Mas sempre que quero vender um quadro e o levado até à galeria eles compram”, adianta. Luís pinta sobretudo a óleo temas relacionados

com a natureza que o rodeia, inspirado em Portugal, ou naturezas mortas, estas mais por encomenda.

Luís descobriu a pintura muito novo, quando os professores lhe disseram que ele tinha muito jeito para desenhar. Apesar disso, o trabalho, e depois a emigração para os Estados Unidos, impediram-no de aprender pintura formalmente, numa escola. Há uns anos, porém, começou nos tempos livres a pintar telas a óleo imagens que trouxe, na memoria, de Portugal. Mostrou alguns quadros a uma galeria que lhas comprou e pediu mais. Hoje, sempre que pode pinta e diz que pintar é já uma “necessidade”.

“Pintar foi sempre uma grande paixão”, diz, “mas só há meia dúzia de anos atrás é que resolvi levá-la a sério”.

Luís recorda ainda um dia na escola em Portugal, tinha então 13 anos, quando o profes-sor lhe pediu para pintar um quadro e lhe tirou uma fotografia que ele guardo hoje religiosa-mente. “Foi um estímulo para eu continuar e eu senti que era aquilo que gostava de fazer”, explica. “Mas a vida e a família não me deixa-

vam muito tempo livre, de modo que só há pouco tempo decidi recomeçar a sério”, acrescenta. E parece que com sucesso, pois as galerias continuam a pedir-lhe quadros.

“Eu pinto o que me pedem e isso acaba por me limitar um pouco a criatividade”, diz. “Mas os meus temas preferidos são paisagens”, acres-centa, “sobretudo as de Portugal e da minha terra, de Tondela, Viseu e de Parada de Gonta, de onde al-gumas pessoas já me pediram para que pintasse alguns locais”.

Luís diz que projectos não faltam. Agora é preciso conciliar a pintura com o seu trabalho do dia-a-dia. O que nem sempre é fácil.

LuÍS SILVaO pintor das horas vagas que gostava de pintar a tempo inteiro

Alguns quadros de Luís Silva

Luís Silva

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ComunidadesUSA Jan 2009 20

Peter Pacheco

Da construção civil à restauração, já vai em sete pastelarias da ‘Dunkin Donuts’pedro (Peter, à americana para os

amigos) Pacheco nasceu na ilha de S. Miguel na freguesia da Maia, Ribeira

Grande, e, como a maioria dos açorianos, desde pequeno que sonhava com a América, a terra prometida onde tinha muitos amigos. Nos anos 70, os Açores não ofereciam grandes oportunidades, sobretudo para os jovens, cujo único destino garantido era trabalhar na agri-cultura ou a guerra colonial em África. Pedro Pacheco não escapou à sina e também serviu vários anos em Angola. Namorava então uma jovem cuja família vivia nos Estados Unidos, por isso depois do casamento o casal decidiu que era tempo de deixar a plantação de tabaco onde trabalhava com o seu pai e partir.

“Naquela tempo a nossa ambição era o estrangeiro”, diz em entrevista à Comunidade-sUSA. E foi assim que o casal Pacheco chegou a Connecticut, em Maio de 1972, decidido a conquistar também o seu “sonho americano”.

“Um mês depois mudei-me para Fall River, Massachusetts, onde vive uma grande comu-nidade açoriana, mas não gostei do ambiente e regressei a Connecticut”, diz.

Instalou-se então em Wallingford e come-çou a trabalhar na construção civil, onde não faltava trabalho. Como gostava do que fazia e era um profissional conhecedor e dedicado, subiu rapidamente na companhia, chegando a encarregado. Por essa altura, a par do dia-a-dia

de trabalho, Pedro Pacheco ia fazendo serviços por iniciativa própria nos tempos livres e che-gou a ter uma oferta para assumir o comando de uma empresa de construção civil, o que o entusiasmou. Quis o destino, porém, que o percurso profissional desse uma reviravolta radical quando um outro açoriano lhe propôs uma sociedade num negócio completamente desconhecido para Pedro: o ramo da pastelaria e cafetaria, mais concretamente um franchising do Dunkin Donuts.

“Foi uma coisa que me apanhou de surpre-sa, pois nunca me tinha passado pela cabeça envolver-me neste ramo”, explica Pedro. “Para dizer a verdade, nessa altura eu não estava nada interessado em mudar de trabalho, pois ganhava bem, tinha o meu fim-de-semana livre e as perspectivas de futuro eram muito boas”, acrescenta. Por isso, a decisão não foi fácil nem rápida. “Andei uns tempos a pensar, pois a minha ideia era formar uma empresa de construção civil, pois era o que eu sabia fazer e era o que eu gostava”, diz Peter Pacheco.

Por essa altura, em 1982, o negócio dos Dunkin Donuts não era ainda o “franchising” gigantesco que se espalha hoje por toda a paisagem americana e Pedro duvida que se ganhasse dinheiro a vender bolos e cafés. Mas, convencido pelo seu conterrâneo, acabou por decidir dar uma oportunidade. “Na altura eu estava com 33 anos e arriscar um pouco nã

me fazia mal”, explica. “Por outro lado, depois de ver o negócio cheguei à conclusão que com trabalho e dedicação aquilo poderia também ser um bom futuro”, conclui.

E foi assim que Pedro se envolveu nas paste-larias de “donuts”, à sociedade com o seu amigo. Dois anos volvidos já tinham três restaurantes, mas nem tudo era rosas: “O negócio envolvia muitas horas de trabalho e o retorno não era mais do que eu tinha quando trabalhava na construção”, diz. Mas os compromissos finan-ceiros entretanto assumidos obrigaram-no a continuar, chamando a sua esposa e filha para trabalharem consigo. O negócio começou então a prosperar e passados oito anos o sócio propôs que ele comprasse as lojas e dividissem a socie-dade, pois estavam ambos bem encaminhados. Pedro Pacheco aceitou com a condição de que os sócios ficassem amigos. Até hoje. “Ainda hoje é o melhor amigo que tenho”, diz.

Agora sozinho no negócio, Peter Pacheco decidiu investir mais e adquiriu outras lojas na área de New Haven, Estado de Connecticut. Os finais dos anos 90 e logo ao seguir a 2000 foram anos de grande crescimento, mas os últimos tempos têm sido de abrandamento. Hoje com sete pastelarias, Pedro diz que as coisas já não são o que eram. E não é só por causa da crise económica:

“A estratégia da companhia não tem aju-dado, pois eles dão licenças para novas lojas

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(pastelarias) um pouco por todo o lado, o que acaba por estragar o negócios uns aos outros”, explica. Mesmo assim, havia uma oitava em vis-ta, mas o projecto ficou adiado porque, diz, não conseguiu o “lease”. É que neste negócio, muitos dos terrenos onde é construída a pastelaria são de proprietários que os alugam. Pedro Pacheco é o dono do terreno e da maioria das suas lojas, mas tem algumas que construiu em terrenos onde paga renda. Uma das mais conhecidas é a da universidade de Yale, em New Haven.

“Isto é um negócio onde nós compramos o franchising à companhia e os produtos, mas o resto é tudo nosso”, explica. A manutenção e expansão do negócio está dependente da repu-tação do proprietário e da aprovação nas fiscali-zações que o Dunkin Donuts faz às lojas. “Ainda hoje de manhã tive uma inspecção”, diz.

Hoje em dia, para abrir uma pastelaria do Dunkin Donuts a companhia requer um investimento de cerca de 100 mil dólares, mais o local e a construção das instalações. “Nós compramos o franchising, somos responsáveis pelo investimento completo e toda a construção tem que ser aprovada pela companhia”, expli-ca. “Hoje em dia, para abrir uma loja simples é preciso no mínimo 1 milhão de dólares”, acrescenta. E depois de aberto é necessário não só comprar os produtos à Dunkin Donuts como pagar comissões semanais à companhia em função do lucro obtido por cada loja. “Isto não é o negocio que muita gente pensa”, diz Pedro Pacheco, acrescentado ainda que “são muitas horas de trabalho, todos os dias da semana, sem férias nem feriados, o ano inteiro se quisermos vencer”.

A verdade é que nos últimos anos o negócio de Dunkin Donuts cresceu tanto neste país que hoje se tornou um dos ícones da Améri-ca. Por todo o lado vemos pastelarias com o símbolo vermelho da Dunkin e parecia que o crescimento não teria fim. Porém, a crise neste negócio chegou muito antes da crise económica e financeira, conforme explica Peter Pacheco:

“A competição entre nós é tão grande, com lojas a abrir umas em cima da outras, que eu já não sei se isto vai chegar para todos”, diz. “Para a marca isso não é problema, pois eles vão ganhando as comissões, mas para nós que estamos no ramo há muitos anos esta situação não é nada boa, pois há gente que compra lojas somente para vender passados uns tempos. Ora esta proliferação acaba por desvalorizar o negócio”.

Mas a crise económica tem afectado du-

ramente o negócios dos “donuts”. “Nos ven-demos cafés e bolos sobretudo a quem vai de manhã para o trabalho”, diz Pedro. “Com cada vez mais pessoas sem trabalho, nós sentimos uma diminuição nas vendas de mais de 10 por cento”, acrescenta.

Mesmo assim, Peter Pacheco mantém-se optimista e acredita numa recuperação da economia, por isso não põe de lado novos investimentos num futuro próximo. “O meu objectivo é não parar”, diz. Mas, por outro lado, mostra-se céptico em relação a este tipo de negócio face à política da marca em licenciar lojas “a menos de 500 pés uma das outras”. “Antigamente nós comprávamos a licença (franchising) e tínhamos o nosso território, onde ninguém podia entrar”, explica. “Hoje abrem-se lojas a torto e a direito, pois a marca quer é volume de negócio”.

“Certas pessoas pensam que isto é um ne-gócio que só dá lucros, mas esquecem-se que é necessário um grande investimento contínuo e que as despesas semanais são enormes. Alem do mais, todos temos que pagar a percentagem à Dunkin Donuts”, diz. “É uma vida sempre muito arriscada”, acrescenta. E um negócio que exige uma atenção constante, pois Peter Pacheco tem quatro dos sete restaurantes abertos 24 horas por dia, empregando quase uma centena de pessoas. E conclui: “Fazemos a nossa vida, mas não estamos milionários, como se pensa”.

Actualmente, Peter desempenha a função de supervisor geral, deixando a gestão diária das lojas nas mãos do seu filho — Peter Júnior — e do seu genro, Brian. Mas nota-se que o timoneiro do barco é ainda ele. É difícil prescin-dir da sua experiência de mais de 26 anos num negócio com tanta concorrência, por isso du-rante esta entrevista o telefone, com chamadas de um ou de outro, não parou de tocar. As suas duas filhas — uma contabilista e outra técnica num hospital, não estão no negócio.

Ao fim de quase três décadas no ramo, Peter diz que o balanço é positivo. “Estamos a passar uma fase muito má, a pior de sempre”, diz, “mas há-de melhorar”. Sobre o futuro dos Dunkin Donuts, numa economia que aperta cada vez mais o cinto, tem uma visão muito realista: “muitas lojas vão fechar”. “Todos temos o direito a ser ambiciosos, mas tudo tem um limite”, diz. “O problema é que muitos de nós estamos a ultrapassar o nosso limite, pois se não abrimos mais lojas, vem outro e abre ao nosso lado”

Como emigrante, Peter Pacheco diz-se realizado, pois na América conseguiu muito mais do que imaginava, graças ao trabalho e às oportunidades que este país lhe deu. Nos Açores, que continuam no seu coração, inves-tiu num restaurante e em várias propriedades, mas nunca lhe ocorreu regressar ou abrir um franchising de Dunkin Donuts. “Isto é um negócio americano que nunca teria sucesso em Portugal, pois só para sobreviver, um res-taurante destes tem que fazer pelos menos 20 mil dólares semanais”, explica. Os Açores são hoje o sítio onde passa férias e convive com amigos. Vai lá várias vezes por ano e diz que se nos anos 70 tivesse as condições de hoje não teria emigrado. Como todos, diz que veio para ficar apenas uns anos, mas o destino trocou-lhe as voltas. “Naquele tempo, o meu objectivo era vir cá 10 anos, ganhar dinheiro para uma casa e regressar aos Açores, mas tudo muda, a vida dá uma grande volta e poucos são os que regressam”. Não se arrepende: “O meu grande objectivo era construir uma família e dar a oportunidade aos meus filhos de estudarem, coisa que eu infelizmente não tive. E isso con-segui fazer, com o trabalho, que é a única forma de realizarmos os nosso sonhos. Por isso estou realizado e feliz como estou. Há milhões com muito menos do que eu”.

cantigas ao desafio, comunidadeA par da sua actividade profissional, Peter

Pacheco tem dedicado uma boa parte da sua vida à comunidade e às cantigas. É membro activo e benemérito do Clube Português de Wallingford há 30 anos, tendo ocupado já todos os cargos e contribuído com tempo, trabalho e dinheiro para as várias obras ao longo dos tempos. Gosta também de cantar ao desafio, à moda de S. Miguel e neste hobby vemo-lo regularmente a cantar em festas de solidarie-dade social ou de angariação de fundos para causas humanitárias de cá e dos Açores. Tem também promovido o fado um pouco por todo o estado de Connecticut, organizando espec-táculos com fadistas de Portugal e das nossas comunidades.

A Dunkin Donuts foi fundada em 1950 em Quincy, Massachusetts, por Bill Rosemberg. O ano passado a companhia tinha 7.988 lojas franchisadas em 34 países, 5.769 das quais nos Estados Unidos. No ano fiscal de 2007 a companhia vendeu mais de 5.3 mil milhões de dólares de produtos nos seus restaurantes.

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Luís da SilvaLuís da SilvaMágico do

basquetebol, actor, estrela

de jogos de vídeo, entertainer

Não tem o aspecto típico de um luso-descendente. É alto, magro, cabelo muito curto, braços cheios de tatuagens, rosto esguio, olhar penetrante mas ao mesmo tempo suave. Tem mais o aspecto de jo-

gador de basquetebol, ou artista, e de facto é isso mesmo que Luís da Silva é. Filho de pai português e mãe americana, Luís é aos 27 anos uma estrela

em ascensão dividindo o seu tempo entre o basquetebol, o cinema e a representação. Co-nhecido como “the world’s best ball handler/

basketball street ball”, fez anúncios para a Nike, Reebok e Gatorade, foi capa da

revista TIME na Ásia, tema de um ar-tigo no Wall Street Journal, é estrela

nos jogos de vídeo La Rush, BNA Players e NBA 2K8, da equipa

de basquetebol dos Harlem Wizards Show Basketball e

actor em fi lmes como “Pri-de & Glory”, “Th e Brave

One” ou “Farnakie’s Mambo”, só para citar

alguns.

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ComunidadesUSA Jan 2009 23

Luís Fernando da Silva Júnior, Luís “Trikz” Da Silva, como é conhecido no meio artístico, nasceu em Elizabe-th, New Jersey, em 1982, fi lho de Luís da Silva, emigrante português de Parada de Gonta, e de Dana Silva, cidadã americana. Luís teve uma infância normal, estudou em es-colas católicas e aos 10 anos começou a jogar basquetebol acabando por integrar mais tarde a equipa do St. Patrick’s High School ao lado dos actuais jogadores da NBA Al Harrington e Samuel Dalebert. No entanto, a sua atenção ia menos para o jogo e mais para as habilidades com a bola de basquetebol que passou a ser a sua companhia durante as 24 horas do dia. Fazer truques com a bola foi como uma aptidão nata que ele foi desenvolvendo mais e mais à custa de muito treino e persistência. Que acabou por ter a sua re-compensa, pois um dia, numa audição para um anúncio da marca desportiva Nike onde apresentou algumas das suas habilidades no chamado “freestyle basketball”, impressio-nou tudo e todos. Ganhou o trabalho imediatamente e o anúncio é ainda hoje um dos de maior sucesso de todos os tempos da Nike. Luís foi na altura o jogador mais jovem a ser contratado pela famosa marca para um dos seus co-merciais e o primeiro que não era jogador na NBA, o que diz bem do seu potencial com uma bola de basquetebol nas mãos. De 2001 a 2005 Luís fez vários outros comerciais para a Nike, todos eles de grande sucesso e que o tornaram conhecido em todo o mundo.

O mais jovem jogador contratado pelos Harlem Wizards Show Basketball

Logo depois, Luís assinou pela equipa dos Harlem Wi-zards Show Basketball tornando-se o jogador mais jovem de sempre contratado pela famosa equipa de New York. O jovem jogador ia atraindo as atenções dentro e fora de portas e pouco tempo depois Stephon Marbury, a estrela do basquetebol, convida-o para dar a cara na campanha publicitária da roupa desportiva “Starbury”, distribuída nas cadeias de lojas da Steve & Barry, o que o levou numa digressão de mais de dois meses por 120 cidades norte-americanas para mostrar os seus dotes de basquetebolista.

Esta exposição mediática, aliada à sua enorme capaci-dade de trabalho e à sua fi gura de desportista, atraíram a atenção da companhia de jogos de vídeo Midway Games que lhe ofereceu o papel principal no jogo L.A. Rush, que vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo. Com esta companhia Luís trabalhou ainda nos jogos NBA Ballers, NBA Ballers II, NBA Ballers III, NBA 2K8, NBA 2K9 e a série AND1 Streetball.

Luís quer ser a “cara” dos luso-desluso-descendentes no basquetebol e quetebol e nono mundo do espectaculo na Améri na Américaca

A entrada no mundo do cinema e televisão acabaria por surgir natu-ralmente algum tempo depois. A par da sua forma física excelente e das suas aptidões para o basquetebol, Luís sempre gostou de representar, tendo começado a pouco e pouco a participar em pequenos papéis em séries de televisão como Law & Order ou programas no canal ESPN, Nickelodeon e Telemundo.

Em 2006 dá o salto para o grande ecrã estreando-se no ano seguinte no fi lme “Th e Brave One”, onde trabalhou ao lado dos famosos actores Jodie Foster e Terrance Howard.

Seguiu-se depois “Pride & Glory”, com Jon Voight, Edward Norton e

Dois anúncios de Luís da Silva

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Colin Ferrell. E novos projectos estão na calha, segundo disse à nossa revista.

Pai português, mãe americanaO pai de Luís, ele também Luís Silva, natural do concelho

de Tondela, emigrou para os Estados Unidos com a família ti-nha então 6 anos; a mãe é americana, descendente de italianos. Luís diz que ela não sabe falar italiano, mas fala português. Tal como Luís e a sua irmã mais nova. No meio desta mistura de culturas e infl uências étnicas é a parte portuguesa que ga-nha: “O meu nome é português, eu falo português e a cultura portuguesa é a que mais me infl uencia”, diz à nossa revista. “Já visitei Portugal muitas vezes e a minha avó e mais familiares ainda vivem aqui, por isso sinto-me muito mais ligado à cultura portuguesa”.

Aprendeu a falar português com a avó, mas também andou algum tempo na escola da comunidade portuguesa do clube de Elizabeth, lugar que frequentava com o pai. Mas a sua paixão era o basquetebol e por isso diz que a maior parte do tempo passava-o a atirar bolas ao cesto da tabela do seu quintal ou a aprender e aperfeiçoar as suas técnicas no manuseamento da bola.

Curiosa é a explicação que ele dá para se envolver mais no basquetebol de exibição em vez de procurar ser jogador profi s-sional de uma equipa da NBA:

”Eu não era alto sufi ciente para vir a ser um grande jogador de basquetebol da NBA, comparado com os outros meus colegas, por isso achei que o melhor era treinar outras aptidões. Como era mais pequeno do que os meus colegas de equipa, eu sabia que tinha que desenvolver outras técnicas se quisesse jogado no meio deles”, explica.

E assim nasceu a sua entrada no chamado “Freestyle baske-tball” que o tornou conhecido como o melhor basquetebolista no domínio da bola e daí a contratação pela equipa dos Harlem Wizards Show Basketball. “Na altura eu tinha apenas 18 anos e fui o jogador mais novo a assinar um contrato como jogador profi ssional”, diz.

Para esta “descoberta” muito contribuiu o anúncio da Nike. “Sim, foi graças ao comercial da Nike que eu consegui esse

contrato”, explica. “Com a Nike também foi por causa da minha técnica com a bola de basquetebol, pois eram mais de 3.000 os candidatos ao lugar, entre profi ssionais e amadores. Eu era o único português branco na linha”.

Este anúncio abriu-lhe as portas do mundo do espectáculo e do desporto tornando-o conhecido um pouco por todo o lado, especialmente entre as camadas jovens. “Fiz 19 anúncios para a Nike, 4 para a Gatorade e muitos outros para outras companhias”, diz. Em 2004 faz o seu próprio papel na série “Law & Order”, seguindo-se outros maiores.

Uma experiência que diz não esquecer mais é a digres-são que fez à China, na altura em que a Time da Ásia lhe deu honras de capa. “Foram 5 anos em que o meu nome rodou pelo mundo inteiro graças ao basquetebol e aos núncios da Nike”, diz. “A maioria dos grandes basquetebolistas vêm de New York e são negros, por isso um branco e oriundo de uma pequena cidade de New Jersey não era normal e despertava muitas aten-

ções, sobretudo na Europa”, acrescenta.O nome também era diferente e suscitava muitas perguntas, pois a

imprensa queria saber de onde vinha o Silva. “À primeira vista podiam confundir-me com um hispano, mas por causa do meu nome todos me perguntavam as minhas origens e fi cavam muito surpreendidos quando lhes dizia que era português”, diz Luís da Silva.

Hoje, com 27 anos, Luís quer dividir a sua vida entre o basquetebol e o cinema. “Shakil O’Neil fê-lo e eu também sou capaz de o fazer”, justifi ca. Por isso estuda neste momento algumas ofertas para jogar basquetebol a nível profi ssional na Europa e na China. Mas ao mesmo tempo vai aperfeiçoando a sua técnica de representação. “O basque-

Em cima, capa da revista Time; em baixo, no fi lme “The Brave One”

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tebol foi o que me trouxe até aqui, mas o cinema é aquilo que quero fazer no longo prazo, quando já não puder correr e saltar no ringue”, diz.

“O meu objectivo é entreter as pessoas, e acho que o faço bem no basquetebol e no cinema. Eu quero é ser um entertainer, um actor ou uma fi gura de televisão”, adianta, reconhecendo a sorte que teve ao entrar neste mundo.

“Foi uma bênção de Deus ter conseguido os papéis que consegui e por isso vou conti-nuar a trabalhar a estudar mais e mais para fazer uma carreira sólida”, acrescenta.

Sobre o ambiente na rodagem dos fi lmes, diz que foi “impressionante”. “Foi uma experiência inesquecível, com mais de mil pessoas a trabalhar em cada fi lme, a minha própria caravana, os actores, tudo foi excelente”, diz Luís que conviveu de perto com actores de primeiro plano, caso de Jodie Foster que lhe perguntou se ele era hispano ou europeu, por causa do seu aspecto.

“Quando lhe disse que era português ela fi cou muito admirada e disse-me que tinha muitos amigos no Algarve”.

Quanto à sua herança portuguesa, Luís diz ter muito orgulho dos seus antepassados, sobretudo da sua avó, de quem aprendeu o valor das coisas simples da vida por causa da sua pobreza que viveu em Portugal antes de emigrar.

“Só teve um par de sapatos aos 21 anos, quando se casou”, diz. “Por isso eu, como seu neto, sinto-me orgulhoso por ter uma avó que lutou tanto para vencer na vida, emigrando para este país para criar a família dando-me a oportunidade de fazer um anúncio a sapatos de desporto (snikers). Tenho muito orgulho em ser o primeiro luso-descendente a jogar basquetebol a este nível, e isso também o devo à minha avó – Maria Conceição da Silva –, que foi uma grande inspiração e infl uência na minha vida”, acrescenta.

E com uma pontinha de orgulho indisfarçável, Luís diz que ser “a cara da comunidade portuguesa do basquetebol ou do cinema na América” é como um quebrar de barreiras e de mitos. “Os portugueses e luso-descendentes neste país também podem jogar basquetebol, ser bons jogadores e bons actores e muito mais, não temos que nos limitar a ser jogadores de futebol ou traba-lhadores da construção civil”.

“Nós somos capazes de vencer, temos a

força para isso”, diz.Recentemente, Luís fundou

também a sua própria companhia de espectáculos e entretenimen-to, a “Tbright Entertainment”, que trabalha com jogadores da NBA. Mas nos planos estão outros projectos, e a comunidade portuguesa:

“Quero usar a minha própria experiência para fazer algumas coisa na comunidade portuguesa, por exemplo promover concer-tos, eventos e envolver mais as pessoas”.

A par disso continua a repre-sentar. Por isso, esteja atento ao grande ecrã, pois o nome de Luís da Silva vai estar num cinema bem perto de si em muitos fi lmes.

Em anúncios da marca desportiva “Starbury”

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V I N H O S

– Vinho sedutor e agradável

Calços do Tanha

por Mariana Simões

As origens históricas de Vilarinho dos Freires, onde se situa a Quinta de Calços do Tanha, invocam longinquas lembranças medievais, tais como a capelinha que se situa junto á casa principal.

A empresa, propriamente dita, existe desde de 1938, tendo sido recon-vertida na década de 80, o que fez de Calços do Tanha, um empreendimen-to vitivinicola exemplar.

Calços do Tanha , um DOC (Denominação de Origem Controlada) do Douro, é um vinho que apresenta um conjunto harmonioso sedutor e agradável ao palato.

O vinho tem como castas tintas a Tinta Amarela, a Tinta Roriz e Tinta Barroca. Apresenta-se com uma cor uma cor cereja escura no centro, e vermelha claro na auréola.

O aroma é marcado pela fruta vermelha, uma quantidade considerável de mirtilho e framboesa. É um daqueles tintos aveludados que “vai directo ao assunto”, muito personalizado, pelo que se torna um vinho sedutor e agradável.

Destacam-se no copo algumas notas de fruta preta e o final, de média intensidade, traz consigo uma complexidade repleta de notas achocolatadas.

Pode ser um vinho para guardar na garrafeira durante algum tempo. Acompanha com perfeição pratos tradicionais Portugueses.

Este vinho é importando pela Vintage Trading, Waterbury CT.

Cereja escura no centro e vermelha claro

Fruta vermelha, mirtilho e framboesa

Acompanha pratos tradicionais

Cor Aroma

Gastronomia

CALçOS DO TANHA

De muitas quintas exis-tentes, na região do Douro, ex-iste uma, em especial, situada em Ribalonga, que se chama Quinta do Zimbro, que possui um vinho com uma elegância particular.

O Zimbro, um DOC (Denomi-nação de Origem Controlada) do Douro, cuja beleza do Douro é visivel no copo, é um vinho que apresenta um conjunto harmonioso em torno do clássico e do moderno.

O vinho tem como castas tintas a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca. Apresenta-se com uma cor rubi intensa, de um aroma harmonioso e subtil de noz- moscada e de Baunilha.

Na boca possui uma boa concentração e uma estrutura assegurada por uns taninos equilibrados num conjunto balanceado onde todos os ingredientes têm algo a trans-mitir. Esta elegância do Douro tem um acabamento longo com leves notas confitadas.

O perfil deste vinho é ideal para acompanhar pratos mais elaborados e sofisticados.

É de notar, que este vinho, conseguiu uma medalha de ouro no International Wine Challenge em 2007, o que revela ser um vinho que tem muito para dizer, no mundo vinicola internacional.

Este vinho é importando pela Vintage Trading, Water-bury CT.

www. manuelhespanhol.com

Zimbro – Uma elegância particular

dois (bons) tintos do douro

IMPORTADOR PARA OS ESTADOS UnIDOS

23 E Aurora StWaterbury, CT 06708(203) 575-9446

Vintage Trading

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ComunidadesUSA Jan 2009 27

por Duarte Barcelos (investigador da ilha da Madeira)

Um apaixonante romance histórico de Isabel StilwellCatarina de Bragança

no passado dia 30 de Outubro foi apresentado por Teresa Caeiro, no Palácio da Bemposta, (mandado construir por Catarina de Bragança após o seu regresso de Inglaterra e

onde actualmente se encontra instalada a Academia Militar) este magnífico livro sobre uma das mais importantes figuras do pós-Restauração da Independência portuguesa em 1640. Esta arrojada obra de Isabel Stilwell, jornalista e actual directora do jornal Destak, contém 614 páginas e teve a chancela d’A Esfera dos Livros.

De seu título completo Catarina de Bragança - A coragem de uma Infanta portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra, este é o segundo romance histórico desta autora que, pela mesma editora publicou recentemente Filipa de Lencastre - A rainha que mudou

Portugal, onde se debruça sobre o percurso biográfico desta inglesa que foi mulher de D. João I e mãe da Ínclita Geração. Nos Agrade-cimentos do livro Catarina de Bragança Isabel Stilwell refere que contou com o apoio inestimável de Joana Pinheiro de Almeida Troni, autora de uma tese de mestrado, já publicada, sobre esta portuguesa que se tornou rainha de Inglaterra ao desposar Carlos II, e que a ideia para a redacção desta obra partira de D. António Clemente, Bispo do Porto, no decorrer da apresentação de Filipa de Lencastre, onde afirmou que se ela havia escrito sobre a inglesa que foi rainha de Portugal também deveria escrever sobre Catarina, a portuguesa que fora rainha de Inglaterra.

Antes de nos debruçarmos sobre a análise deste livro urge fazer

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28 Jan 2009 ComunidadesUSA

A memória de Catarina de Bra-gança ainda permanece viva no coração de Nova Iorque, mais precisamente no nome de um dos seus bairros — Queens

um breve enquadramento histórico sobre o tema do mesmo. A 1 de Dezembro de 1640 Portugal conseguiu restaurar a sua indepen-dência em relação a Castela, com a aclamação de D. João IV como rei, pondo fim à dinastia e domínio filipino do nosso país. Os primeiros anos que se seguiram a esta data não foram nada fáceis, e foi necessário governar o país com mão de ferro. A auxiliar o rei esteve sempre presente a sua esposa, D. Luísa de Gus-mão, e mãe de Catarina. De modo a garantir o necessário apoio militar ao nosso país, que estava praticamente falido em consequência de várias batalhas travadas com os exércitos castelhanos nas fronteiras portuguesas, e assim conseguir apoio externo à afirmação da inde-pendência de Portugal, pensou-se em casar Catarina com um rei estrangeiro. E a solução ideal afigurou-se como sendo o casamento desta Infanta portuguesa com Carlos II de Inglaterra, um país aliado de Portugal desde a assinatura do Tratado de Windsor. Como dote Portugal oferecia as praças de Tânger, que possibilitaria o comércio com o Mediterrâneo, e de Bombaim, com a sua imensa riqueza e localização estratégica de portos.

Acrescente-se ainda que este casamento teve ainda importantes repercussões na eco-nomia madeirense pois uma das cláusulas deste “negócio” abriu as portas da Madeira aos comerciantes ingleses, que viriam a dedicar-se sobretudo ao comércio de exportação de vinho, tendo liberdade de fazê-lo desde a própria ilha, sem que este produto passasse por Londres. Para além da própria Inglaterra, o mercado consumidor deste produto centrava-se sobretudo nas colónias inglesas no Novo Mundo, onde o gosto pelo Vinho Madeira fez história. E não foi por acaso que aquando da assinatura da Declaração de Independência o brinde a este importante acto foi celebrado com este precioso néctar de Baco. A memória de Catarina de Bragança ainda permanece viva no coração de Nova Iorque, mais precisamente

no nome de um dos seus bairros, Queens, onde há pouco tempo atrás se gerou uma polémica quando um grupo de pessoas quis erigir-lhe uma estátua e viu-se confrontado com os protestos dos afro-americanos alegando que esta portuguesa que fora rainha de Inglaterra estivera envolvida no negócio de escravos.

Este magnífico livro de Isabel Stilwell lança um importante olhar sobre a vida desta Infanta desde o seu nascimento até à sua morte. Esta obra encontra-se dividida em duas partes, “Luz dos meus olhos (1638-1662)” e “Catarina, Rainha de Inglaterra (1662-1685)”. A primeira contém 66 capítulos e a segunda 51 e todos eles se encon-tram encabeçados pelo nome do lugar onde se desenrola a acção, seguida da data. São ainda breves e recheados de diálogos, o que permitem uma leitura dinâmica e fluída. Na primeira parte encontramos o nascimento de Catarina, o seu crescimento e afirmar da sua personalidade e ainda as suas relações com os seus irmãos. E perto do seu fim encontramos a descrição das difíceis negociações com Ingla-terra no sentido dela ser aceite como consorte de Carlos II, e a sua partida para aquele país. Na segunda parte desta obra assistimos à sua chegada ao seu destino final, e a todo um rol de decepções, enganos e intrigas palacianas com que teve de se defrontar, agravadas ainda pelas dificuldades criadas pelo facto dela ser católica num país protestante e por não con-seguir gerar um filho que fosse herdeiro ao trono. A tudo isto sobreviveu a nossa Infanta, que após a morte de Carlos II regressou a Por-tugal (então regido pelo seu irmão mais novo, Pedro II, depois de usurpar o poder a Afonso VI), e decidiu construir o Palácio da Bemposta para que este fosse o Paço da Rainha e aí viver o resto da sua vida. Em Inglaterra Catarina de Bragança deixou uma imagem de mulher íntegra e impoluta, e no campo social teve o condão de introduzir o hábito de tomar o chá das cinco na corte, e por imitação, em toda a nação inglesa.

Em cada uma das partes deste livro encontra-se uma série de imagens coloridas dos seus principais intervenientes, impressas em papel de qualidade. De modo a auxiliar o leitor na genealogia de Catarina, encontramos

no princípio do mesmo a sua árvore genealó-gica, e no fim uma secção intitulada “Dramatis Personae”, onde se encontra um breve resumo biográfico de cada uma das principais persona-gens intervenientes neste romance histórico.

2008 foi declarado como sendo o “ano vieirino” devido ao facto de neste ano se assinalar o 400.º aniversário do nascimento do Pe. António Vieira. E é curioso verificar o enquadramento desta ilustre personagem neste romance histórico como um dos protectores e guias espirituais de Catarina de Bragança e um pilar onde ela procurava apoio nos momentos mais difíceis da sua vida.

Quem começar a ler este livro não con-segue pô-lo de lado pois a leitura é extrema-mente cativante e apaixonante, fruto do estilo próprio da autora, que priveligia os diálogos em detrimento de longas narrações. Através das inúmeras páginas de Catarina de Bragança o leitor mergulha na história e acompanha o evoluir da vida desta mulher que teve uma enorme capacidade de sofrimento e que a tudo sobreviveu, graças à sua fé inabalável na Senhora de Mourão, da sua devoção pessoal.

Este livro fascinante que recomendamos vivamente a todos os que se interessam pelos meandros da nossa História, pode ser adqui-rido por 22 Euros através do site www.aesfe-radoslivros.pt ou ainda através do seguinte endereço: A Esfera dos Livros, Rua Garrett, n,º 19 - 2º A, 1200-203 Lisboa.

Réplica da estátua de Catarina de Bragança prevista para Queens, NY, o que acabou por nunca acontecer pelos motivos referidos na crónica

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ComunidadesUSA Jan 2009 29

D A A M É R I C A E D A S C O M U N I D A D E S

Há coisas que se fazem apenas uma vez na vida. Quando Barack Obama ganhou as eleições, para além da celebração que ocorreu em minha casa, com dois amigos

meus, as chamadas e troca de felicitações que vieram dos meus dois filhos e de alguns ami-gos, particularmente dos Açores, o meu filho mais novo, licenciado em Direito, e na altura funcionário duma campanha política aqui na Califórnia, desafia-me: então porque não va-mos à cerimónia de posse do presidente-eleito? O pedido foi feito através do congressista do distrito onde vivo, o luso-americano Devin Nunes, que conheço há vários anos. Ainda antes de ser eleito, estive com o Congressista Devin Nunes nos Açores, mais concretamente

na ilha Terceira. Apesar de estarmos ideologi-camente em campos diferentes, tenho muito respeito pelo Congressista Nunes. Com um staff extremamente eficiente, começando com o seu chefe de gabinete, o luso-descendente Johnny Amaral, não demorou muito tempo para recebermos a confirmação que tínhamos bilhetes e que nos tinham conseguido lugares sentados. A partir daí começou a nossa odis-seia ao que acabou por ser uma das experiên-cias mais inesquecíveis da minha vida.

Porque esperei uma semana para marcar o bilhete aéreo; porque as companhias aéreas e os hotéis na capital dos EUA estavam a preços super altíssimos; e porque por estes lados o dinheiro não é assim tão fértil, optámos por ficar um pouco mais longe de Washington, na

cidade de Richmond, estado de Virgínia. Se por um lado, tínhamos que viajar 90 milhas para chegar à capital deste magnífico país, por outro lado tivemos a oportunidade de verificar que, um pouco por todo o lado, e até mesmo no estado onde ainda se fala na bandeira da confederação, havia um ar de esperança, uma onda de optimismo, um alivio que os últimos oito anos estavam, finalmente, a chegar ao fim.

Depois de estarmos naquela zona cerca de dia e meio, chegou o dia da cerimónia de posse. Saímos do hotel às 3 da madrugada. Pela auto-estrada, a conhecida 95, encontrá-mos uma amalgama de autocarros vindos dos mais variados pontos do país. Um atrás do outro, ultrapassámos centenas e centenas de autocarros vindos da Florida, das Carolinas, de Alabama, de Arkansas, de Tennessee e da Geórgia, entre outros. Eram homens e mu-lheres, muitos descendentes de escravos, que vinham até Washington para viverem um dos momentos mais históricos na política norte-americana nos últimos anos.

Já no metro, onde estávamos empacotados como “sardinhas enlatadas”, vivia-se momen-tos de euforia. É que normalmente os metros são lugares onde pouco se fala, onde raramente um estranho diz algo. Porém, no amanhecer do dia 20 de Janeiro, éramos todos vizinhos. Havia um civismo extraordinário. Os cavalhei-ros levantavam-se para as senhoras. Apesar do aperto, da lentidão do comboio, que por excesso de passageiros em praticamente todas as paragens teve que reduzir, substancialmente, a velocidade, ninguém desesperava. Todos agiam com respeito e delicadeza.

Já na capital dos Estados Unidos, onde todas as ruas que cercavam o Capitólio e a Casa Branca estavam encerradas ao trânsito, era espectacular o número de pessoas que circulavam nas ruas. E era espantoso o número de quiosques com todo o tipo de lembranças. Barack Obama estava em tudo, desde camisas a porta-chaves. Confesso que também fiz as minhas compras.

Na bicha para a entrada no recinto re-servado a quem possuía bilhetes, bicha que ultrapassava quatro quarteirões, apesar das temperaturas frígidas, registava-se a mesma cordialidade do metro e das ruas. Uma grande satisfação reinava no rosto do participantes.

Três portugueses na tomada de posse de Barack Obama

Diniz Borges, à direita, com os seus dois filhos — Steven e Michael — em Washington DC na tomada de posse do 44º presidente dos Estados Unidos da América, Barak H. Obama

por DINIZ BORGES (na Califórnia)

(Conclui na página seguinte)

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30 Jan 2009 ComunidadesUSA

Encontrámos gente de todo o país. Os nossos vizinhos eram do Texas, de Washington, de Oregon e de Indiana. Cada qual tinha a sua história particular, mas todas confluíam na euforia do histórico momento e na confiança depositada na mensagem positiva do novo presidente, a qual, como se sabe assentava-se e ainda s e assenta no cidadão comum. Gente que vinha não só das mais variadas zonas geográficas, mas também de todas as classes económicas e sociais, e sobretudo muita, mas mesmo muita gente jovem. Este é, seguramen-te, o presidente das novas gerações.

Já no relvado junto à escadaria do Capitó-lio, foi impressionante, olhar para o chamado Washington Mall e ver um mar de gente, uma nuvem de bandeiras americanas, um eco constante a favor do Presidente Barack Obama. Durante a cerimónia, no momento do juramento, efectuado pelo Supremo Juiz do Tribunal Superior, John Roberts (que deveria ter praticado as 35 palavras do ju-ramento) tinha na minha fila uma senhora afro-americana. Era uma anciã com mais de 80 anos. As lágrimas percorriam-lhe o rosto. Nesse momento, também eu com algumas lágrimas, olhamo-nos e a única coisa que lhe soube dizer foi a prosaica frase: “minha senhora, este é um momento muito especial, não é?” Ao que ela respondeu: “meu filho, tu nem imaginas quão especial este momento é.” Naquele momento mágico, senti que de facto apenas podia imaginar a importância, o signifi-cado deste momento para os afro-americanos, cujos antepassados, em plena escravatura ha-viam construído o Capitólio e a Casa Branca. Uma cerimónia tornada ainda mais vigorosa com o discurso verdadeiramente marcante do novo Presidente. Um discurso que despoletou mais do que aplausos, despoletou reflexão, e um renovado sentido de responsabilidade na reconstrução do sonho americano.

Foi um dia de grandes emoções. Vividas e sentidas não só porque a América finalmente enfrentou os tabus do racismo e da discrimi-nação; não só porque Barack Obama estalou com os telhados de vidro, o mais alto telhado de vidro no mundo político norte-americano, mas também porque a sua candidatura, e a sua posse como Presidente dos Estados Unidos, representam uma mudança radical com um

Os Xutos & Pontapés festejaram em Janeiro trinta anos de carreira com um espectáculo em Lisboa onde tocaram quatro temas do novo álbum, que sairá em Março, e anunciaram um concerto a 26 de Setembro no Estádio do Restelo. Os Xutos & Pontapés estrearam temas inéditos, entre os quais "O santo e a senha", a ba-lada "Um perfeito vazio" e "Quem é quem", o primeiro 'single' do novo registo, ainda sem título.

Para 26 de Setembro, a banda de Tim e Zé Pedro está a preparar um concerto no Estádio do Restelo, que terá dimensões inéditas e uma produção nunca antes feita pelo grupo em espectáculos nestes tipo de recintos.

Tozé Brito, antigo editor da Polygram e da Universal, acompanha os Xutos & Pontapés desde os primeiros momentos e ao cabo de três décadas elogia-lhes o sentido de união.

"São um clã, uma família", disse Tozé Brito à agência Lusa, sublinhando que foi essa união "que os defendeu e os preservou" até hoje e que musicalmente "podem durar mais trinta anos".

passado recheado de impedimentos, para um presente e um futuro onde como afirmou o Dr. Martin Luther King jr, as pessoas serão julgadas pelo seu carácter e não pela cor da sua pele.

Foi um momento único e duplamente satisfatório porque tive a oportunidade de o

viver com os meus dois rebentos. Eles, que com os congéneres da sua geração, serão o futuro deste país.

A América viveu um dos momentos mais importantes da sua história recente. Guardarei para sempre a memória grata de o ter presen-ciado ao vivo.

Sérgio Godinho defendeu que um dos segredos da longevidade dos Xutos & Pontapés reside nas canções: "Há canções que são muito boas, apelativas e muito bem feitas, criam empatia imediata com o público e dão consistência ao grupo".

Para Paulo Furtado, vocalista dos Wraygunn, os Xutos & Pontapés hoje já não têm nada a provar a nin-guém, goste-se ou não da sua música, e sublinhou a energia e a alegria com que ainda estão na música.

António Costa, presidente da câmara municipal de Lisboa, admitiu que "é um choque" perceber que já passaram trinta anos desde que os Xutos & Pontapés apareceram, uma vez que tinha 17 anos em 1979 e se recorda de os ver, por exemplo, no Rock Rendez-Vous.

Tudo começou em 1979Os Xutos & Pontapés actuaram pela primeira

vez ao vivo a 13 de Janeiro de 1979 nos Alunos de Apolo, em Lisboa. O primeiro 'single' que gravaram foi "Sémen”.

Portugueses na tomada de posse de Obama

Xutos e Pontapés festejaram 30 anos de vida... e de rock

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ComunidadesUSA Jan 2009 32

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AzoRes expRess, the second largest airline in Portugal, announced that it will add a flight between Boston and Lisbon starting in April. The addition means travelers will have a flight option between the two cities every day of the week for the first time.

On April 5, SATA/Azores Express, which is known as Grupo SATA in Portugal, will begin this new Sunday flight to Lisbon, with a stop in the city of Ponta Delgada on the Azores island of San Miguel, for $710 plus tax. SATA/Azores Express currently runs only two flights per week year-round between Boston and Lisbon.

Also, starting on July 1 and running throughout the summer, SATA/Azores Express will add a third nonstop flight between Boston and Lisbon. The new nonstop flight runs on Wednesdays for $816 plus tax.

Total flights between Boston and Lisbon will be three non-stop, plus five flights with a stop in Ponta Delgada. For the summer months, flights will run from Boston to Lisbon via Ponta Delgada on Mondays, Tuesdays, Fridays and Sundays; and nonstop to Lisbon on Wednesdays, Thursdays and Saturdays.

According to Nuno Puim, the general manager of SATA/Azores Express, "We've seen demand grow for our flights, and our air and hotel packages to the Azores, Lisbon and Madeira. Our passengers told us they wanted more flights to Lisbon and Portugal. We have seen a significant increase in demand to Lisbon and to the Azores, so we are excited to offer more service and travel options"

SATA/Azores Express specializes in flights to Portugal's Azores Islan-ds, an autonomous region of Portugal some 800 miles from the mainland. This summer the airlines will offer more flights direct to those islands. The Lisbon flights mentioned above which stop in Ponta Delgada have connections to all of the islands. In addition, SATA/Azores Express will offer one flight a week, on Thursdays, from Boston direct to the Azores island of Terceira, for the summer only. SATA/Azores Express also offers a weekly Terceira flight from Oakland, California for the summer.

Another summer-only option is a flight from Boston to Porto, Portugal via Ponta Delgada, on Fridays.

The flying time to the Azores is just four hours from Boston. If heading on to Lisbon, a flight takes 5 and half hours from Boston.

SATA/SATA/Azores Express offers weeklong packages to dozen of hotels and inns in the Azores, Lisbon, and Madeira starting at just $769 per person for roundtrip air and six nights hotel, plus tax.

For as little as $464, passengers can upgrade to SATA's business class. SATA/Azores Express business class passengers have access to first class lounges in Boston, Ponta Delgada, Lisbon, Porto and Funchal. SATA business class service includes a reclining extra wide seat with lots of leg room and a footrest, catered meals, a selection of Portuguese wines, in-flight entertainment, priority boarding and baggage handling, an amenities kit and SATA's "white glove service".

SATA International operates 222 seat Airbuses A310s on the Boston route. For more information and reservations, contact your travel agent or SATA/Azores Express at 800-762-9995, www.SATA.pt.

More year-round flights to Portugal’s Azores Islands

SaTa/azores Express adds dayly flight to Lisbon

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ComunidadesUSA Jan 2009 33

D I A - C R Ó N I C A

OnéSImO TEOTónIO AlmEIdA

a Station and its duties

Eu sei que os EUA são uma bruteza de país pejado de arrogantes /de estúpidos ignorantes /de outras coisas baixas mas altissonantes /parvas e desumanizantes /como nunca o planeta viu antes. Sei porque navego com relativa frequência pelas águas dos jornais portugueses na Inter-net e dou-me às vezes à pachorra de ler os comentários

dos ilustrados cidadãos meus patrícios que, mesmo tendo aprendido a democracia anteontem, já fizeram uma notável caminhada a ponto de darem cartas a este vil país (agora a enterrar-se no buraco negro da Wall Street). E isto depois de já terem oferecido ao mundo lições de socialismo original.

Os States irão para a cova e eu estou condenado a ir com eles porque o sorvedouro da finança me engolirá as economias outrora destinadas à aposentação. Na verdade, há dias, alguém que já não localizo (se calhar uma personagem de cartoon), dizia que isso de poupanças para a reforma era mais seguro investi-las em Las Vegas do que em Wall Street. Pois eu levarei comigo algumas lembrançazitas simpáticas desta terra protestante forjada no espírito dos pilgrims, puritanos da treta como se lhes referem os meus patrícios (que ainda ontem se iam con-fessar de masturbações escondidas debaixo dos lençóis). Levarei lembranças, dizia eu, como esta que vou contar, mas que exige umas estórias em prefácio.

Em tempos enviei uma carta a amigo residente na me-trópole imensa de uma cidade açoriana, mas no endereço errei no número da porta. Era Avenida Qualquer Coisa, 31, todavia saiu 32 e a carta veio-me devolvida uns meses depois. O carteiro, naquela imensa e anónima Manhattan insular, ainda assim devolveu a carta. Pelo menos não fez como um seu colega de ofício no Brasil que, farto da rotina de andar de porta em porta, costumava emborcar na lixeira umas quantas sacas de correio. Diga-se deveras, o meu amigo por sinal mereceu que não lhe entregassem a dita. Quanto mais não fosse, pela história que já conto: o há pouco falecido Dias de Melo, o escritor que pôs as baleias açorianas a nadar no rasto das de Moby Dick, garantira-me que em tempos

me enviara um livro. Inepto como era nas coisas deste mundo e não sa-bendo do meu endereço porque o tinha sumido num caixote de papéis, despachou para o correio o pacote ao cuidado do tal nosso comum amigo pedindo-lhe que um dia a mim o fizesse chegar. Soube-o apenas quando deparei com o volume, o meu nome no endereço, numa cesta em casa dele. A data do carimbo do correio era apenas de quatro anos antes. Em vésperas da morte do remetente.

Admito: estou num exagerado divagar e por isso há que volver à conversa sobre os States que, aliás, iniciei porque acabo de receber na Internet um e-mail proveniente da estação de correio da Universidade de Yale e que passo a traduzir: Tentei achar o endereço correcto de X, mas não encontrei ninguém com este nome na lista de endereços da Yale.

Saudações. Axel Schmidt, Yale Post Office Station.

Respondi de imediato:Caro Mr. Schmidt: Impressionou-me a sua boa vonta-

de. Não sei o que aconteceu e, para falar a verdade, nem me lembro de ter enviado essa carta. Será que ma pode devolver? Ficar-lhe-ia muito grato. E agora terei mais uma estória na

minha colecção: a de um cavalheiro que numa estação de cor-reio procurou o meu endereço de e-mail para indagar sobre o que fazer a uma carta minha com destinatário desconhecido. Verdadeiramente notável.

O meu sincero agradecimento.A carta chegou. Afinal tratava-se do anúncio de um evento

cultural, enviado para endereço desactualizado. O empregado do correio funcionou como nem que se tratasse de uma carta a anunciar a lotaria.

Por estas e por outras, mesmo que a América se enterre, para gáudio de alguns patrícios meus que mascam chiclete e vêem os filmes americanos a comer pipocas, e se tornaram

mais materialistas que os meus vizinhos todos juntos, sinto-me impelido a parafrasear Clara Pinto Correia, aqui transcrita como manda a praxe em matéria de citações: Estas coisas comovem-me. No meu caso, menos dado à comoção, talvez nem tanto. Mas confesso-me agradavelmente abananado.

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28 January 2007 ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA ComunidadesUSA

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35 Jan 2009 ComunidadesUSA

Conversation in Bombay (Mumbai)

AN AZOREAN IN THE MIDwEST

MANUEL L. PONTE

HAving A beer in Bombay, India, at a time when an alcohol permit was available only to foreign visitors, while overlooking the crowds below walking back and forth near the Albert Gate may not be the best time to discuss diplomacy with a Brit I had just met. But, having been brought together in 1964 to the balcony of the Taj Mahal Hotel through the mere coincidence that we were guests at that hotel, and the fact that, no matter what we observed, could not be backed up by empiri-cal knowledge, we stuck to our conversation, however sophomoric it seemed.

I confess that I liked Bombay from the moment that I landed. Perhaps from won-dering whether any of my ancestors had had anything to do with its beginnings. That city’s international airport, for example, was loca-ted in a Portuguese-named area, Santa Cruz. Some of my ancestors, before the kidnapping of one of my great-grandmothers in Luanda, Angola, had been involved with Portuguese colonial ambitions. Who knows if they had ever made it to India, and to the Santa Cruz area in particular. Many of the people moving around the locale were Indians with Portugue-se ancestry names.

In any case, my conversation with the Brit had nothing to do with the Portuguese. I doubt whether he was even aware of their presence even as he met them at the reception desk of the hotel. Instead, we concentrated more on the fact that, although food was plentiful to us in the hotel’s buffet room, our Indian guests for lunch were not allowed to partake of bread un-less we passed it to them from across the table. For that reason, therefore, the Taj was home to a group of American agricultural scientists on a U. S. Government mission dedicated to study how to improve rice-growing methods in that

country. “ You Americans,” the Brit said, “are great idealists, an admirable quality. You will go almost anywhere just to prove how America can solve problems. A great quality. On the other hand, unlike us British, you are often victims of your own idealism. You will stop at nothing until you prove that American lives can be expendable for a cause. If tomorrow, for example, the Soviet Union also decided to send in its scientists to help resolve the rice crisis in this country, you would not hesitate to scheme and plot to get into some kind of war with them in order to prove their incapacity. Take your present participation in Vietnam, for example… What can you gain from it? We British, on the other hand, when we have to deal with the underde-veloped world, are somewhat like the fellows in your Irish-American armories in New York who, during a night of drinking, incite a fight between two people and then step outside holding the combatants’ coats while the fight goes on bruising the Hell of both sides. We’re just more mature than you, that’s all.”

“If that be so,” I then asked, “why are you

Brits still in the Falklands when the Argentines want you out immediately? Obviously you have no economic incentive to be there…” I had been to Argentina the previous June and, al-though I had never heard of the Falklands pre-viously, was told about them by a few patriotic Argentines. ‘Ah,” the Brit said. “And that’s the point. We are there because you exist, holding

your coat.” I could not understand the answer and admitted it. “You see, if we were to leave the Falklands now, it would be a great victory for Cuba’s argument that neither America, nor Britain, have any rights on Latin America. The Soviets have been backing that Cuban argu-ment, a fact that automatically brings America into the equation. And you people would not like that. If we were to abandon the Falklands, for example, America would step right in just as it stepped in on Vietnam when the French left, even if in the long run it had nothing to

I confess that I liked Bombay from the moment that I landed. Perhaps from wondering whether any of my an-cestors had had anything to do with its beginnings. That city’s international airport, for example, was located in a Portuguese-named area, Santa Cruz.

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ComunidadesUSA Jan 2009 36

gain but a prideful victory, and a lot of dead youth and a total demise of the penguins near the South Pole. We, British, therefore, have nothing else to do but to stand by holding your coat, being the cause for the fight which, we hope, will never come. We, British are a very sly lot. Take the Middle East, for example. Although its problems were in many ways the outcome of our diplomacy, it’s you Americans who will eventually be caught in the web, not because you’ll enjoy your plight, but simply because we knew that if someone, someday, started throwing punches somehow you’d be on the receiving end of some. As for us, we’d be doing business with both sides. And there’d be no monuments to your scars. We, on the other hand, are sly enough so that, even after we had slaughtered thousands of Indian pro-testors, other thousands of them will proudly parade by a monument celebrating our having been here. Just look down at the Gate.” the Brit pointed out the large balcony window at the monument on the other side of the street at the water’s edge. “Now, do you suppose the Israelis will ever raise such a monument in your honor? As far as I know, for example, even some of their streets that celebrate the West’s presence in that part of the world have more British names than they will ever have American ones. Yet, if there is foreign blood spilled there someday, I assure you that most of it will be yours.”

We both paused and sipped on our beers. By now they had become quite warm. The Brit then looked at me and, with the type of amused look made famous on television talk shows by the British actor Hugh Grant decades later, after he had been caught with a Los Angeles hooker, asked:

“Now, do you suppose the Cubans will erect a monument celebrating your presence at Guantanamo? Or, if it is you who do it, do you suppose that Cubans will worship it the way the Indians venerate the Gate? Or will the Cubans knock it down shortly after you leave, not wanting to be reminded of that clumsy colonial period of yours?”

“I don’t know,” I replied. “I have just been to the Philippines where one of the main streets in Baguio City, their summer capital, is named for General Leonard Wood.”

“Yes, but for how long?”I had no reply. On the other hand, as I sat

I remembered a Spanish conversation with an elderly white lady I had had at a party a week before in Manila. “So you still speak Spanish,” she asked, “are there many Americans left in your country who still do?” A sort of hope emanated from her voice telling me that, in spite of the changes that had gone on in the Philippines since the Spanish-American War, a buried root of the past still lay within her taking her all the way back to the Iberian Peninsula to the time when her ancestors took the boat into a world beyond their borders. My British companion of the evening at the Taj somehow seemed to understand that longing, even if we did not discuss it. He would not have cared if the Americans and the Soviets had had a fight outside the armory to defend the old woman’s right to hold on to her Spanish dream. Good Brit that he was, though, he would not have hesitated to stand by and hold their coats while the gladiators bled and died. And, when the fight ended leaving nothing settled, the loser would remain with his memory pretty much alive waiting for the moment when he could fight again and the victory would be his.

The University of Massachusetts Darth-mouth will host the 16th Annual Summer Program in Portuguese from July 6 to Augut 5. The theme for 2009 is Remapping the Lu-sophone Atlantic.

Can oceans speak languages? As academics continue to study the centuries of interaction between the cultures of the Atlantic Basin, a number of models have emerged in the last few years that either downplay or privilege the role of Portuguese-speak¬ing countries in this ongoing exchange.

With these different approaches in mind, how might it be possible to re-imagine a Lu-sophone Atlantic, one that includes not only Portugal (including the autonomous Atlantic island communities of the Azores and Madei-ra), Brazil, Cape Verde and the other nations of Portuguese-speaking Afri-ca, but also the diverse Por-tuguese-spe-aking diaspo-ra and creole communities in the U.S., Ca-nada, the Cari-bbean, Southern Africa and Western Europe? How will questions of ‘race’, ethnicity, gender, bilingualism, migration and transnational identity reshape this expanded picture? And how will the teaching of both the Portuguese language and related subjects, both in the U.S. and beyond, respond to this renewed transa-tlantic challenge?

For more information please contact Gina Reis, assistant director, at Center for Portu-guese Studies and Culture, 285 Old Westport Rd. N. Dartmouth, MA 02747-2300; tel.: 508.999.8255; [email protected]

16th Annual Summer Program in Portuguese XVI Programa de Verão de Portu-guês, July 6-August 5, 2009

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37 Jan 2009 ComunidadesUSA

R H O D E I S L A N D

My brother and I arrived at New York City by ship as immigrants from Portugal, on Saturday, January 26,

1946. Back then, an Atlantic crossing took 16 days!

We were called by our father, who was an American citizen, but he was at that time in Europe transporting troops from France to England.

Our mother continued in Portugal and joined us in America two months later. Prior to that, our father had arranged a place for us to stay, 54 Cheever Place, second floor, in the Borough of Brooklyn, New York. Until our fa-ther returned to America or our mother joined us, we went to Silva’s Restaurant on Hamilton Ave. (no relation to us), for our meals.

On the third floor of the same building lived an immigrant family that had been in America for many years. They were from Ribeira Grande, St. Michael, Azores. He was Mr. Gil Santos and his wife, Deolinda, both in their fifties. They became very friendly with us from the moment we arrived. They tried, in every way, to direct us in any thing we asked them for help or explanation.

The Radio city Musical Hall To show us the big city, our new neighbors,

on Sunday, February 10th, 1946, decided to invite us to go to the Radio City Musical Hall in the Rockefeller Center, in the center of New York City, which was at that time the theater with the biggest interior in the world, with a capacity of more than six thousand seats. The Radio City Musical Hall even had the nick-name of “Show Place of the Nation”. To see their spectacular shows, people came, all year around, from all over the nation and even from other foreign countries. The Radio City’s sho-ws were the best in the USA. They consisted of a cartoon, a movie feature and live show with

entertainers and even a musical display of the world famous Rockettes. SINCE the theater was so big, the price of the tickets could be afforded by the general public. A general entrance at that time, per person, was less than two dollars. And an individual could sit anywhere because the tickets were not numbe-red. Besides, there were four sessions in one day and you could even stay in the theater attending repeated shows, if you so desired.

So, on that Sunday morning, all four of us took the subway from Brooklyn to the center of New York City and after many kilometers under ground, we got to the famous world theater. When we got there, we saw there already was a big line for the tickets. So Mr. Gil Santos and his wife decided to stay in the line and advised us to go and see the winter skaters glide beneath the famous Christ-mas tree on the next block of the Rockefeller Center, while they stayed in line to purchase the tickets for us.

So we went to see the boys and girls skating on the ice rink and this was a beautiful novelty to us. The temperature at that time was lower than 32 degrees. We must have spent about 30 minutes on our diversion, and when we retur-ned to the entrance of the big theater, we did not see our hosts in the line for the tickets, so we went to the large entrance of the theater and we located both of them already on the other

side of the controls, and thinking that they must had gotten tickets for us, we went through the entrance without any hesitancy. When we got close to them, we asked for our tickets and Mr. Santos told us that he could not buy the tickets for us because the rule was that we had to be in the line in order to acquire the tickets that would enable us to enter the theater.

Immediately I realized we had made a boo-boo, and so for us not to be caught, we made a quick decision to move into the big theater and find seats anywhere, and if any one would come to tell us we where sitting in the wrong

My brother and I entered, for the first time, the Radio City Music Hall without paying!

MAnuel luCiAno dA SilvA, Md

(cont. next page)

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ComunidadesUSA Jan 2009 38

places we would leave. But fortunately nobody bothered us! Later on, I found out that at that time the seats were NOT numbered!

We enjoyed the show The inside of the theater was very impres-

sive and gigantic. The stage had the appearance of the sun setting! It displayed the golden colors and even the sunrays! The front of the stage is 144 feet (or 44m wide), and 66.5 feet deep (20m).

The spectacle started with the playing of the pipe organ, which is the largest pipe organ built for a movie theater, but I must confess, I did not like its sound. I have been at the Radio City Music Hall since then, more than 20 times, and somehow, I never liked the sound of that organ. Too sibilant for me. The next part was the cartoon movie, which I liked very much because it was optimist and with well synchro-nized music. Then came the main feature film, entitled “The Bells of Saint Mary”, with Bing Crosby and Ingrid Bergman.

Even though I did not understand most of the language spoken in the movie, I grasped the meaning of the story and enjoyed the songs.

Then came the live show with entertainers and the world famous Rockettes.

So we enjoyed the entire show and nobody asked us for the tickets. Nor even when we were leaving the theater! So we entered the Radio City Musical Hall, for the first time, WITHOUT paying tickets because of our ignorance and because we behaved like “wise greenhorns!”...

When we told our father this episode, when he returned to America, he remarked that we were going to succeed in America, jud-ging by our quick behavior in the Radio City Musical episode… And indeed we succeeded in America!

I am sure NOW, nobody could do what we did in 1946… to enter the Radio City Musical Hall without paying nothing! So I saw, for the first time, the world famous movie “The Bells of Saint Mary”, free of charge.

Our youngest son, José, heard my story in a casual conversation and he decided to search for a DVD with the same film and gave it to us as a Christmas gift. So 63 years later, I had the opportunity to see, again and with my wife, the “Bells of Saint Mary” in the quietness of our

home in Bristol, RI, on the weekend of January 11-12 of 2009, when we received a very heavy snow storm of eight inches. I can state now, with a certain pleasure, that I saw this witty and heartwarming movie twice, free of charge. During my professional life, as a physician, I never had opportunities to go to the movies any more, whether they were American or Portuguese movies.

I guess seeing “The Bells of Saint Mary” twice, free of charge, I MUST consider myself a double lucky man!

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ComunidadesUSA Jan 2009 40

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The European union: are there any benefits for Portugal?

now tHAt tHe euRopeAn union has grown to over twenty-five nations, it is time to reflect on the benefits and detriments on this interesting restructuring of Europe.

One can argue that the EU supports basi-cally the business community, the middle class, and at the same time it does not protect the working folks. Some will argue that the power-ful countries, such as Germany, really control the economics of Europe and when “push comes to shove” the powerful will win out.

From a more nostalgic point of view, others will argue that the “old and pristine” Portugal has given way to the information highway, drugs, pollution, individualism, and selfish ways of living. Still others, will argue that post-modernism has affected the very social structure of the Portuguese family where the divorce rate is up and the single parent family is more common.

If one reflects about the status of Portugal and the goods and services available now in the beginning of this century, in a way it boggles the mind. For example, twenty-five years ago while packing to go to Portugal, I would plan on bringing some items that I thought I nee-ded or I liked. In the food department, peanut butter or chocolate syrup for milk, pancake mix and pancake syrup was usually on my list. If I decided to stay for an extended period of time, I would make sure that I would have enough diskettes, not CDs, for my computer. If I needed some tools for my home and other items that I could not purchase in Portugal, I would buy them before I left. In some ways then I thought that Portugal was still not as “de-veloped” as the United States. When I reflect on my parents’ generation even things become more complicated. For them, things were even more acute because in their generation Portugal was considered a very poor country. I remember my parents packing clothes “para

os pobres” where they would see this as an act of mercy. At the same time it was indirectly saying that America was the land of plenty. I even remember male immigrants coming from the United States or Brazil to visit Portugal with large cars (espadas) to show off. In short, the United States was the “haves” and Portugal was the “have nots.”

Things have really changed!Now when I pack, the situation is different.

I can say that I can find almost everything in Portugal. I no longer need to plan to bring items. There are malls all over Portugal where I can find my peanut butter, a television set, a refrigerator, and use my ATM card from the United States. My car has the “via verde” where I do not have to stop for tolls. Cell phones are plentiful and even more advanced than in the United States. In my small town many residents have computers and connect into the Internet. If I want to find “Portuguese things” on the information highway I can connect into Sapo.pt. or compra e venda.pt. I know when I

return from Portugal many of the Portuguese on the flight will not be immigrants, but will be Portuguese residents going to visit New York or Disney Land.

I remember that the dollar was strong against the escudo and even the Euro. After the exchange rate, Portugal was very affordable. This year, 2008, I am very seriously thinking of cutting may stay short due to an expensive Portugal! My dollar is not as powerful as it was and on a fixed income, I have to be very careful what I spend and where I go. Yes, there are still some inexpensive restaurants, but here in the United States I can also find some good food for an excellent price. Let me give you some examples of how things are expensive in Portugal. I use the Internet a lot and since I am not in Portugal for more than three months per year, it is not prudent to have a contract with cable or DSL, which by the way is about the same price as in the United States. So, I use the telephone line to access my Internet. Doing this, I am paying about 50 Euros per month. Depending on the dollar exchange, this ranges around 60-65 dollars. When I fill up my car it ranges about 70 Euros. About $100.00. Ugh! That really hits the pocketbook. Electricity is expensive and clothes, especially brands names, are sometimes double of what I would pay if the United States.

So, what do I pack? My clothes of course and some other personal items, nothing more or nothing less. A light suitcase will be enough for my stay in Portugal.

Has the EU changed Portugal? It definitely has! On the other side, It is true that some of the poorer sections of Portugal still have eco-nomic hardships.

With all of the setbacks of the EU and modernization, if Portugal did not belong to the European community, I strongly believe it would still be isolated and poor.

I am glad the era of isolation and poverty is over.

Has the EU changed Portugal? It definitely has! On the other side, It is true that some of the poorer sections of Portugal still have economic hardships

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42 Jan 2009 ComunidadesUSA

HuMOR PASSATEmPOS

A resposta de um aluno no teste de português

s Qual é a peça do dominó que completa a série?

Uma anedota politicamente incorrecta...

RaciocínioConta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia,

ouviu um barulho estranho vindo do quintal. Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpre-endendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado,

dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpe-to que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:

— Doutor, afinal levo ou deixo os patos?

Um lisboeta, trabalhando no duro, transpi-rando por todos os poros, vê um alentejano deitado numa rede, descansando num aboa.

O lisboeta não resiste e diz: — Você sabia que a preguiça é um dos sete

pecados capitais? E, o Alentejano, sem se mexer, responde: — A inveja também!

A riqueza da língua portuguesa

Redassão

“O mano”Quando eu tiver um mano, vai chamarce Herrar, porque Herrar é o mano.

?

?

s SOLUÇÃO do Raciocínio: repetem-se as mesmas três peças em cada fila, numa ordem diferente. Por isso, a peça seguinte tem de ser:

AutorBadanaContracapaDataEdiçãoEditoraFolha

IlustradorLivroLombadaMioloPáginaTiragemTítulo

Sopa de Letras

OLIVRO

Page 43: ComunidadesUSA 16

O futebol na DISH Networknão é brincadeira.

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44 Jan 2009 ComunidadesUSA