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CÍNTIA CITELLI DE FRANÇA
VANESSA RODRIGUES DE QUEIROZ
ANÁLISE DO ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL EM
INDIVÍDUOS COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
SÃO PAULO
2006
Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo para a obtenção do título de especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em doenças neuromusculares
CÍNTIA CITELLI DE FRANÇA
VANESSA RODRIGUES DE QUEIROZ
ANÁLISE DO ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL EM
INDIVÍDUOS COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA
Orientadora: Ms. Sonia Maria Pereira
Co-orientadora: Letícia Moraes de Aquino
SÃO PAULO
2006
Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo para a obtenção do título de especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em doenças neuromusculares
França, Cíntia Citelli de e Queiroz, Vanessa Rodrigues de
Análise do Esquema e Imagem Corporal em indivíduos com Esclerose Lateral Amiotrófica / Cíntia
Citelli de França, Vanessa Rodrigues de Queiroz – São Paulo 2006
V, 36p; anexos
Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina.
Programa de Pós-Graduação em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares
Analysis of Body Image And Scheme on Amyotrophic Lateral Sclerosis
Palavras chaves numeradas 1.imagem corporal 2.esclerose lateral amiotrófica 3.desenho da figura humana
Lista de anexos
Anexo 1 – Ficha de avaliação
Anexo 2 - ALS Functional Rating Scale Anexo 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Anexo 4 – Aceitação do Comitê de Ética em Pesquisa – UNIFESP/EPM e Hospital São Paulo
SUMÁRIO
Página
Dedicatória III
Agradecimentos IV
Resumo V
Introdução 01
Objetivos 05
Casuística e método 06
Resultados 09
Discussão 27
Conclusão 32
Referências Bibliográficas 33
Anexos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA/NEUROCIRURGIA
CÍNTIA CITELLI DE FRANÇA VANESSA RODRIGUES DE QUEIROZ
Chefe do departamento: Prof. Dra. Débora Amado Scerni Coordenadores do Curso de Especialização em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares: Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira; Ms. Francis Meire Fávero Ortensi; Dra. Sissy Veloso Fontes
ANÁLISE DO ESQUEMA E IMAGEM CORPORAL EM INDIVÍDUOS COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTROFICA
Presidente da Banca: Banca Examinadora:
Aprovado em ___/___/___
Dedicatória
Dedicamos este trabalho a todos os pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica que contribuíram para a sua realização, cedendo um pouco de sua história pessoal e nos ensinando a
conhecer uma nova forma de valorizar a vida.
Agradecimentos
Agradecemos a Deus por toda a força e luz para continuarmos em busca dos nossos objetivos.
Agradecemos às nossas famílias por toda a dedicação e carinho durante todos esses anos.
Agradecemos a equipe da neuromuscular por todo o espaço e oportunidade oferecida para a
realização do nosso trabalho.
Agradecemos as nossas orientadora e co-orientadora, Sonia e Letícia, por todos os momentos de
trabalho e de descontração, onde pudemos aprender a conhecer novos caminhos.
RESUMO
A Esclerose lateral amiotrófica é uma doença neuromuscular em que há degeneração progressiva dos motoneurônios, diminuindo seu funcionamento e provocando atrofia muscular e debilidade. Sua patogenia continua obscura, porém algumas hipóteses são estudadas na tentativa de identificar os diferentes tipos de apresentação clínica. Existem 2 padrões gerais de apresentação da doença: a forma espinhal e a forma bulbar.
O grau de consciência permanece intacto, gerando uma situação onde o individuo se vê perfeitamente conectado ao seu meio ambiente e prisioneiro em seu próprio corpo. O comprometimento gerado pela ELA pode levar o individuo a alterações no seu esquema e imagem corporal, que entende-se pela representação formada mentalmente do nosso corpo a partir de experiências vividas desde o nascimento.
O objetivo desse trabalho é avaliar o esquema e imagem corporal de indivíduos com ELA. Para tanto foram analisados de forma qualitativa e quantitativa 10 pacientes com ELA para identificação das possíveis alterações ou distorções através do método da avaliação do desenho da figura humana.
Os resultados mostram que as alterações provenientes da ELA levam os indivíduos a apresentarem alterações do seu esquema e imagem corporal, que podem ser observadas pela realização do teste do desenho da figura humana. As principais alterações observadas foram ausência de partes do corpo e ausência de movimento, além de alterações relacionadas com as características apresentadas pelos indivíduos e com o quadro geral da doença. A constatação dessas alterações leva a crer que o conhecimento em esquema e imagem corporal são úteis como mais uma forma de avaliação e critério de inclusão em programas de reabilitação. Estudos com uma amostra maior de pacientes com ELA são necessários para confirmar e identificar as alterações apresentadas nesses indivíduos. Unitermos: imagem corporal, esclerose lateral amiotrófica, desenho da figura humana
ABSTRACT
The amyotrophic lateral sclerosis is a neuromuscular disease in which there is progressive degeneration of the motoneurons, decreasing its functioning and causing muscle atrophy and debility. Its pathogeny remains obscure, however some hypothesis have been studied with the attempt to identify the different kinds of clinical presentation. There are 2 general standards to present the disease: the spinal form and the the bulbar form.
The degree of conscience remains intact, creating a situation where the individual sees herself/himself perfectly connected to his/her environment and a prisoner in his/her own body. The commitment created by ALS can lead to alterations in its plan and body image, which is the representation formed mentally of our body from the experiences lived since birth.
The aim of this study is to evaluate the plan and the body image of individuals with ALS. Tem ALS pacients were analyzed in a quantitative way for the identification of possible alterations or distortions through the process of evaluation of the drawing of the human figure.
The results showed that the alterations provenient from ALS that lead the individuals to show alterations in their plan and body image, that can be observed through the execution of the human figure drawing test. As principais alterações observadas foram ausência de partes do corpo e ausência de movimento, além de alterações relacionadas com as características apresentadas pelos indivíduos e com o quadro geral da doença. The verification of these alterations makes us believe that knowledge about planning and body image are useful as one more way of evaluation and criteria of inclusion in rehabilitation programs. Studies with a bigger sample of pacients with ALS are needed to confirm and identify the alterations showed in these individuals. Uniterms: body image, amyotrophic lateral sclerosis, drawing of the humam figure
INTRODUÇÃO
A Esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neuromuscular e degenerativa,
descrita inicialmente, em 1874, por Jean Martin-Charcot. Na ELA, os motoneurônios localizados
no córtex cerebral, tronco encefálico e corno anterior da medula espinhal, gradualmente, se
degeneram, levando à perda e morte neuronal. Não deve haver evidência eletrofisiológica,
patológica ou radiológica de outros processos que possam explicar a degeneração desses
neurônios motores. O início da degeneração pode ocorrer em qualquer local ao longo do
neuroeixo. A perda das conexões entre o cérebro e os músculos resulta, em primeira instância, na
fraqueza e atrofia muscular.1, 2, 3
A ELA pode ser classificada em: ELA suspeita (sinais de lesão do neurônio motor
inferior em até 2 regiões), ELA possível (sinais de lesão do neurônio motor superior e neurônio
motor inferior em somente uma região ou sinais de neurônio motor superior em até 2 regiões),
ELA provável (sinais de lesão de neurônio motor superior pelo menos em 2 regiões com algum
sinal de neurônio motor inferior), ou ELA definida (sinais de lesão de neurônio motor superior e
inferior em 3 regiões espinhais).4
É uma das doenças mais comuns, com incidência anual na média de um a três por
100.000 habitantes e prevalência de quatro a seis por 100.000 habitantes. As formas familiares
representam 5% a 10% de todos os casos, em geral sob herança autossômica dominante. A forma
esporádica é a mais comum e representa cerca de 90 % dos casos. O tempo médio de evolução
da doença até a morte ou dependência de ventilação mecânica é de dois a quatro anos, embora
cerca de 19% a 39% dos pacientes sobreviva por 5 anos e 8% a 22% por 10 anos. 2, 5
A patogenia continua obscura, porém algumas hipóteses são estudadas na tentativa de
identificar os diferentes tipos de apresentação clínica, curso da doença e a resistência relativa de
diferentes grupos neuronais.6 É possível que as variáveis manifestações da ELA representem
diferentes disordens do sistema nervoso, porém não existem evidências que possam comprová-
las. Inúmeros mecanismos, como morte celular por agressão auto-imune dos canais de cálcio e
incremento do cálcio intracelular, infecção viral, estresse oxidativo, dano por radicais livres,
neurotoxicidade por glutamato e disfunção das mitocôndrias ou dos mecanismos de transporte
axonal por possível deficiência no fator de crescimento do nervo são sugeridos nos últimos
anos.7, 8, 9
Existem 2 padrões gerais de apresentação da doença: a forma espinhal e a forma bulbar,
que evoluem progressivamente até um afecção generalizada. O motoneurônio inferior em geral é
mais afetado inicialmente e os sinais e sintomas mais freqüentes são de fraqueza muscular,
atrofia, hiporreflexia, hipotonia e fasciculações, seguindo um padrão distal-proximal. A
degeneração de motoneurônios superiores leva a sintomas menos expressivos, a debilidade é
menos evidente, há perda da habilidade para movimentos finos, espasticidade, hiperreflexia e a
presença de reflexos patológicos (sinal de Babinski em 50% dos pacientes). A forma bulbar
apresenta a disartria como sintoma inicial mais freqüente, seguida pela disfagia. Os sintomas
respiratórios podem aparecer de início, o que sugere um pior prognóstico. O comprometimento
respiratório pode se manifestar inicialmente como dispnéia de esforço e de decúbito e apnéias
noturnas.2, 10
A afecção periférica ocorre nos neurônios do corno anterior da medula espinhal,
preferencialmente nas intumescências cervical e lombossacro e neurônios motores do tronco
cerebral, especialmente do bulbo, e particularmente do XII par craniano, e na afecção central há
esclerose progressiva do cordão lateral da medula espinhal, o trato piramidal.11
A degeneração das células nervosas provoca uma paralisia progressiva dos músculos
responsáveis pela mobilidade, fala, deglutição e respiração, não afeta a sensibilidade, os sentidos
ou qualquer outra função do organismo, não provoca dor ou diminui a capacidade intelectual.
Comumente observa-se dispnéia progressiva com necessidade de assistência ventilatória, sendo
essa a causa de morte na maioria dos casos, além de quadros de agitação, isolamento social,
ansiedade, desesperança e temor.12, 13, 14 A evolução da doença leva a uma perda da função
motora (devido à atrofia muscular) produzindo uma invalidez progressiva.13, 14
Não existe nenhuma terapia que possa estacionar efetivamente ou levar à cura total da
doença, porém um grande número de tratamentos paliativos é proposto para o controle da
sintomatologia e combate das intercorrências, além da tentativa de preservação das capacidades
existentes.13, 15
O atendimento multidisciplinar permite que os pacientes mantenham o melhor nível
funcional na maior parte do tempo possível e ajuda a prevenir as complicações do desuso dos
músculos e da imobilização. A reabilitação permanece como a melhor esperança para melhorar a
qualidade de vida e sobrevivência destes indivíduos, buscando maximizar a independência física,
emocional, social e vocacional e diminuir o seu sofrimento; ou seja, considerar a pessoa como
um ser integral permitindo-lhe interagir com a natureza e cultura que o englobam.6, 16
Não existe um conceito universalmente aceito para definir qualidade de vida. Mas sabe-se
que melhorar a qualidade de vida seria melhorar em algum aspecto a saúde e a auto-estima, que é
considerada como a confiança que o individuo tem em si e em sua capacidade funcional e
intelectual, e para que esta seja positiva é fundamental que o individuo tenha uma imagem
corporal valorizada.17
Nesse sentido, manter um bom esquema e imagem corporal, ou seja, noção do corpo,
beneficiaria o bem estar físico, mental e social, por conseguinte, a saúde. Isto por que
compreende-se por esquema e imagem corporal a representação formada mentalmente do nosso
corpo a partir de experiências vividas desde o nascimento, seguida de reestruturações constantes
geradas pelas relações estabelecidas com o meio físico e social construídos com a experiência
individual durante toda a vida, através da percepção que o individuo tem do seu corpo e o
conceito que faz de si mesmo.18,19, 20, 21
A percepção que cada um tem de seu próprio corpo, ou do corpo do outro, envolve uma
ampla série de componentes constitutivos, no entanto, quando essas reações orgânicas estão
prejudicadas, podem afetar a imagem que uma pessoa tem de si mesma. A doença orgânica
provoca sensações anormais mudando imediatamente a imagem do corpo, que se tornam parte da
atitude e da experiência gerais do individuo e, assim como os sinais e sintomas da doença,
alteram as ações motoras. Dessa forma, não há dúvida de que o esquema e imagem corporal são
alterados pela doença.22, 23 Uma alteração da gnosia corporal corresponde a uma distorção do
próprio corpo e dos problemas do espaço onde o corpo atua. Havendo uma integração incoerente
da gnosia corporal passam a ocorrer movimentos exagerados e descoordenados, dificuldades de
relação com objetos, insuficiência do investimento afetivo e lúdico, impedindo assim o acesso de
uma motricidade orientada e ajustada às percepções.24
Afecções neurológicas podem levar a alterações do esquema e imagem corporal que
podem se apresentar de diversas formas, como sentimento de ausência de uma parte do corpo,
ilusões de transformação corporal, etc, e essas alterações podem ser sentidas como uma
ocorrência real que levam à um contínuo mal-estar físico.19
O desenho da figura humana é um dado aferidor da tomada de consciência da unidade
corporal, representando o esquema e imagem corporal. O teste do desenho da figura humana
(DFH), mesmo sendo utilizado habitualmente como teste de desenvolvimento mental, parece
ligado ao conhecimento que o indivíduo tem do seu corpo.24, 25 É um dos mais ricos instrumentos
para a investigação da personalidade, uma vez que quando um individuo realiza o desenho da
figura humana refere-se às imagens internalizadas que tem de si próprio e dos outros, e dessa
forma ocorre a projeção de sua imagem corporal.26
A figura desenhada é a pessoa e o papel corresponde ao ambiente ou a folha é o espaço
disponível dentro do qual o individuo se manifestará,de certo modo, mediante o desenho.27, 28
Quando alguém se dispõe a desenhar uma pessoa deve, necessariamente, referir-se a todas as
imagens de si próprio e de outras pessoas que povoam sua mente. 29
Cada movimento, contato e gesto, por menor que seja ou até a ausência desses, carrega
uma emoção. O ato motor é uma combinação de pensamento e afetividade numa relação. As
vivências psicomotoras têm como objetivo levar a pessoa a conhecer e utilizar seu corpo
percebendo o quanto ele está integrado e ligado ao seu pensamento e emoções.21 Podendo ser
explorada em pacientes portadores de ELA, uma vez que esses indivíduos conservam a sua
capacidade intelectual e seu grau de consciência, permanecendo conectados ao meio ambiente,
vivendo literalmente o drama de sua prisão pessoal.6
OBJETIVOS
Primário
- Analisar o esquema e imagem corporal de indivíduos com Esclerose lateral amiotrófica
por meio do teste do desenho da figura humana para observar se existem ou não
alterações ou distorções.
Secundário
- Caracterizar o grupo de Esclerose Lateral Amiotrofica avaliado.
CASUÍSTICA E MÉTODO
Tipo de estudo:
Qualitativo e quantitativo (descritivo e transversal), com amostra por conveniência.
Local:
A pesquisa foi realizada na Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica
(ABRELA), localizada no setor de Investigação em Doenças Neuromusculares – UNIFESP/EPM
(Rua Pedro de Toledo, 377 – Vila Clementino – S.P.).
Casuística:
10 indivíduos com ELA.
Critérios de inclusão e exclusão
Inclusão: idade entre 20 e 80 anos, diagnóstico de ELA confirmado pelo prontuário
médico, possibilidade motora de membros superiores, permitindo a realização do desenho
sozinho e estar cadastrado na ABRELA – UNIFESP/EPM.
Exclusão: pacientes que apresentassem alterações cognitivas, dor ou fadiga durante a
realização da tarefa e incapacidade de realizar o desenho sozinho.
Caracterização da amostra: feita através da coleta de dados retrospectiva por meio da
avaliação fisioterapêutica do setor: perfil sócio ocupacional (nome, idade, sexo, profissão,
atividade física), exame físico (movimentação ativa de membros superiores proximal e distal e
movimento de pinça, fadiga, dor e câimbras), tempo dos sintomas e o tempo de diagnóstico de
ELA, doenças associadas e antecedentes pessoais, sendo a movimentação ativa dos membros
superiores e o movimento de pinça classificados, independentes do grau de força muscular, como
preservado (capacidade em realizar ativamente todo o arco do movimento), comprometido
(incapacidade em realizar ativamente todo o arco do movimento) e ausente (incapacidade em
realizar o movimento); aplicação de uma ficha de avaliação e escala de funcionalidade (ALS
Functional Rating Scale).
Instrumentação:
ALS Functional Rating Scale: a escala foi aplicada individualmente pelos pesquisadores
responsáveis antes da aplicação do desenho. Ela avalia as atividades funcionais do paciente
como: fala, salivação, deglutição, escrita, manipulação de alimentos e utensílios, vestuário e
higiene, atividades no leito, marcha, subir escadas e respiração. É graduada de 4 a 0 pontos,
sendo 4 funcionalidade normal e o 0 alterações graves (anexo 1).
Teste do desenho: Desenho da figura humana baseado no teste da figura humana de
Florence Goodenohgh e modificado por Picq e Vayer – adaptado.30 Recursos necessários: folha
de sulfite 75g alcalina, marca Chamequinho, cor branca, tamanho A4; caneta hidrográfica, marca
Pilot, modelo color, cor preta; prancheta, marca Duratiz Marcari; etiqueta Ink Jet Laser –
Pimaco, tamanho 254 x 667mm.
Aplicação do desenho: foi entregue uma folha de papel sulfite, colocada verticalmente
diante do sujeito, fixada em uma prancheta; também foi dada a caneta hidrográfica. Os sujeitos
deveriam estar sentados em cadeira sem apoio ou na própria cadeira de rodas com apoio da
prancheta sobre uma mesa fixa ou mesa regulável e adaptada à cadeira de rodas. Após a
distribuição do material foram dadas as informações quanto à realização do desenho: “Você irá
desenhar uma figura humana.” Às perguntas responder: “Como você desejar.” Cada indivíduo
teve um tempo máximo de 30 minutos para a realização do desenho. Após completado o desenho
a folha foi recolhida e etiquetada com o número que representou cada indivíduo, o nome do
mesmo e o sexo, e anexado às fichas de avaliação individual e escala de funcionalidade.
Avaliação dos dados: os desenhos forma avaliados através de dois processos, sendo um
quantitativo e outro qualitativo.
Quantitativo: pela pontuação entre 0 e 10, obtida em cada desenho.30
Pontuação Desempenho
10 Obedece a proporção, número e posição das partes do desenho denotando
possuir uma representação mental correta; figura rica em detalhes;
semelhança com o real; orientação espacial no papel; verifica-se a
diferenciação dos sexos pelas vestimentas elaboradas; presença de mãos,
antebraços, pernas, pés; figuras em movimento
8 Desenho pobre, com poucos detalhes, mas obedecendo ao número e posição das
partes do corpo, com orientação espacial no papel; boas proporções de cabeça ,
tronco e membros, com três detalhes de roupa; presença de ombros, cintura e
pescoço
6 Desenho pobre, sem detalhes; faltando uma ou duas partes essenciais do corpo
(número errado de dedos, sem cintura, ombro ou pescoço); poucas distorções,
pernas muito longas ou muito curtas; figura muito pequena ou muito grande;
falta de orientação espacial, fazendo a figura muito no canto ou no alto da folha
4 Desenho muito pobre, faltando mais de três detalhes essenciais do corpo; sem
respeitar a proporção, número e posição das partes da figura humana, com
algumas distorções; tronco muito longo, falta de delineamento onde começam
as pernas e os braços
2 Desenho em “palito”, apenas delineando uma figura humana
0 Traços irregulares; desenho incompleto, fragmentado, irreconhecível, com
distorções
Qualitativo: pela análise individual dos desenhos c om a colaboração de
uma
investigadora cega a amostra e capacitada para tal avaliação (psicopedagoga e
psicomotricista). Os desenhos foram avaliados de ac ordo com os seguintes
tópicos: utilização da folha (localização na página ), tipo de traçado
(qualidades do grafismo), tamanho da figura (em rel ação à folha), presença de
movimento ou ação; ausência de partes do corpo, pre sença de sinais de
conflito no desenho e tempo de realização. Também f oram incluídas nesta
análise as observações da aplicação do teste, feita s pelas pesquisadoras no
momento da aplicação. A avaliação destes dados segu iu a linha de Van Kolck.
Freqüência da aplicação do método: o teste foi aplicado uma única vez em cada indivíduo,
sendo que os testes foram aplicados até que o número mínimo desejado de indivíduos fosse
atingido. Durante a aplicação do método, com os dados recolhidos com os pacientes (nome,
idade, sexo) eram acessados os prontuários de cada um deles, após ciência e autorização dos
médicos e responsáveis pelo setor, e com o consentimento informado dos pacientes, previamente
aprovado pelo Comitê de Ética da UNIFESP (anexo 2).
A pesquisa foi realizada uma vez por semana, no período de agosto a setembro de 2006,
até totalizar o número de sujeitos adequados e pré definidos na pesquisa.
Os dados foram avaliados, na parte quantitativa e na caracterização da amostra
descritivamente através do cálculo de freqüências absolutas (n) e relativas (%) e médias e desvio
padrão para as variáveis contínuas.
RESULTADOS
4.1) Casuística
A partir dos dados coletados nos prontuários médicos, com os próprios indivíduos e através
da avaliação que foi realizada foram obtidas as informações apresentadas nas tabelas 1 e 2 , a
seguir:
Tabela 1 – Características clínicas: 10 pacientes
Paciente
Sexo Idade Apresentação da ELA
Presença de
cãibras
Presença de dor
Movimentação ativa de
membros superiores -
proximal
Movimentação ativa de
membros superiores -
distal
Movimento de pinça
J.M.D. Masculino 72a Apendicular Ausente Ausente Comprometida Comprometida Comprometido
N.F. Masculino 43a Apendicular Membros inferiores
Ausente Preservada Preservada Preservado
C.A.H. Feminino 43a Bulbar Ausente
Membros superior e inferior direito
Preservada Preservada Preservado
L.N. Feminino 74a Aulbar Ausente Cervical Preservada Preservada Preservado E.F.S. Masculino 46a Apendicular Ausente Ausente Preservada Preservada Preservado
J.F.F. Masculino 52a Apendicular
Tronco, membro inferior direito, membro superior esquerdo
Membro inferior
esquerdo Preservada Preservada Comprometido
B.C.G. Masculino 75a Apendicular
Membros superiores
e inferiores
Coluna Comprometida Comprometida Comprometido
A.M.R.O. Masculino 45a Apendicular Ausente Ausente Comprometida Ausente Ausente R.F.L. Masculino 44a Apendicular Ausente Ausente Comprometida Comprometida Comprometido E.S. Masculino 66a Apendicular Ausente Ausente Preservada Comprometida Comprometido
Foram analisados 10 indivíduos, sendo 80% do sexo masculino, com idade média de 56
anos ±4,19 anos, a maioria apresentava ELA do tipo apendicular (80%). Na pesquisa de queixas
e sintomas apenas 30% referiram cãibras e 40% tinham dor. Quanto à movimentação ativa dos
membros superiores, 60% dos indivíduos apresentavam preservada e 40% comprometida em
região proximal e 50% preservada, 40% comprometida e 10% ausente em região distal e, em
relação ao movimento de pinça, 40% deles mantinham preservado, 50% apresentavam
comprometido e 10% ausente.
Os dados referentes ao sexo, forma de apresentação da ELA, sintomas e movimentação
ativa de membros superiores proximal e distal e movimento de pinça estão ilustrados nas figuras
1, 2, 3, 4, 5 e 6 a seguir:
Figura 1 – Gráfico de distribuição do sexo
Figura 2 – Gráfico de distribuição da forma de apresentação da ELA
0%
20%
40%
60%
80%
100%
masculino
feminino
0%
20%
40%
60%
80%
100%
apendicular
bulbar
Figura 3 – Gráfico de distribuição dos sintomas apresentados
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
preservada
comprometida
Figura 4 – Gráfico de distribuição da capacidade em realizar a movimentação ativa dos
membros superiores - proximal
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
preservada
comprometida
ausente
Figura 5 – Gráfico de distribuição da capacidade em realizar a movimentação ativa dos
membros superiores - distal
0%
20%
40%
60%
cãibra
dor
cãibra e dor
ausentes
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
preservado
comprometido
ausente
Figura 6 - Gráfico de distribuição da capacidade em realizar o movimento de pinça
Tabela 2 – Características clínicas
Paciente Tempo de doença
Atividades de lazer
Profissão Tratamentos realizados
ALSFRS
J.M.D. 120 meses Assistir tv Pintor Não realiza 29 N.F. 5 meses Não realiza Marceneiro Não realiza 27
C.A.H. 24 meses Crochê Diarista Não realiza 20
L.N. 24 meses
Secar louça, cuidar de objetos pessoais
Do lar Fnoaudiologia,
fisioterapia 23
E.F.S. 72 meses Assistir televisão
Eletricista Fsioterapia 22
J.F.F. 60 meses Auto
cuidados Regulador de injetora
Fisioterapia, fonoaudiologia,
nutricionista 32
B.C.G. 10 meses Leitura Comerciante Fisioterapia 24
A.M.R.O. 108 meses Estudo, lazer,
profissional Professor
Homeopatia, massagens
34
R.F.L. 10 meses Profissional,
assistir filmes
Bancário
Fisioterapia, hidroterapia, acupuntura, massagens
31
E.S. 30 meses Não realiza Polidor de mármore
Fisioterapia 19
Os dados acima mostram que a evolução da doença na presente amostra teve uma média
de 46,3 meses ± 38,69, destes indivíduos apenas 20% realizam atividade profissional
atualmente, sendo que do total apenas 10% não exerciam anteriormente à doença, 40% tem
apenas atividades de lazer, 20% tem atividade de lazer associada à atividade profissional, 20%
realizam cuidados básicos e auto cuidados e 20% relataram não realizar atividade alguma. Em
relação aos tratamentos, 70% realizam alguma terapia além do tratamento médico ambulatorial,
sendo destes 40% apenas fisioterapia, l0% fisioterapia e fonoaudiologia, 10% fisioterapia,
fonoaudiologia e acompanhamento nutricional, 10% fisioterapia, hidroterapia e terapias
alternativas e 10% somente terapias alternativas. O valor médio da ALSFRS foi de 26,1 ± 4,99.
Os dados relativos às atividades e tratamentos realizados estão nas figuras 7 e 8 a seguir.
Figura 7 – Gráfico de distribuição das atividades realizadas
Figura 8 – Gráfico de distribuição dos tratamentos realizados
4.2) Análise individual dos desenhos
Esta etapa da análise foi feita de maneira quantitativa, segundo a literatura 30, e qualitativa.
0%
10%
20%
30%
40%
50% lazer
lazer e profissional
auto cuidados
não realizam
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
fisioterapia
fisioterapia e fonoaudiologia
fisioterapia,fonoaudiologia enutricional
fisioterapia, hidroterapiae terapia alternativas
terapias alternativas
não realizam
a) Indivíduo J.M.D.
Análise quantitativa:
Pontuação 4 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada à esquerda e inferior
- Tipo de traçado: tracejado não contínuo
- Tamanho da figura: grande
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: quatro partes do corpo ausentes (braços e rosto)
- Presença de sinais de conflito no desenho: rasura nas pernas
- Tempo de realização: 2 minutos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: é cadeirante, pouco comunicativo, tem a fala comprometida,
apresentando grande comprometimento motor, principalmente em membros
inferiores. Vem à ABRELA acompanhado pelos filhos, refere que a esposa
também se encontra doente.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, apresenta
dificuldade para o movimento de pinça, que pode ser observada durante a
realização do desenho.
o
Figura 9 – Desenho realizado pelo indivíduo J.M.D.
b) Indivíduo N.F.
Análise quantitativa:
Pontuação 10 de acordo com a escala utilizada.
Analise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada à direita
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: média
- Presença de movimento ou ação: com expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: sem ausência de partes do corpo
- Presença de sinais de conflito no desenho:
- Tempo de realização: 2 minutos e 15 segundos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: apresentou-se cadeirante, relatando fadiga e cãibras constantes
nos membros inferiores, bastante comunicativo, tem a fala preservada,
apresentando maior comprometimento motor em membros superiores. Vem à
ABRELA acompanhado pela esposa.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, não apresenta
dificuldade para realizar o desenho.
Figura 10 – Desenho realizado pelo indivíduo N.F.
c) Indivíduo C.A.H.
Análise quantitativa:
Pontuação 8 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: grande
- Presença de movimento ou ação: com expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: ausência de cabelos e orelhas
- Presença de sinais de conflito no desenho: diferença entre os hemicorpos
- Tempo de realização: 3 minutos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: apresentou-se com marcha livre, bastante comunicativo, porém
com a fala comprometida e intensa cialorréia, apresentando comprometimento
motor generalizado, mas com a movimentação ativa preservada, relatando dor e
cãibra por todo o corpo, dificuldade para dormir, apresentando alopecia, que
relaciona com a calvice apresentada na figura feita por ela. Vem à ABRELA
acompanhado pela tia.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pelo tronco, não apresenta
dificuldade para fazê-lo, animada para realizar o desenho.
Figura 11 – Desenho realizado pelo indivíduo C.A.H.
d) Indivíduo L.N.
Analise quantitativa:
Pontuação 4 de acordo com a escala utilizada.
Analise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada à esquerda
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: pequena
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: difícil diferenciação entre as partes do corpo
- Presença de sinais de conflito no desenho: desenhou ao lado a aplicadora
- Tempo de realização: 2 minutos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: apresentou-se com marcha livre, pouco comunicativa,
apresentando fala gravemente comprometida e intensa cialorréia, não sendo
compreendida nem mesmo pela sua cuidadora, apresentando fraqueza muscular
generalizada e importante atrofia de membros superiores, relatando dor em região
cervical. Nova no ambulatório, vem à ABRELA acompanhado por uma cuidadora
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, em bloco, com
dificuldade em segurar a caneta
Figura 12 – Desenho realizado pelo indivíduo L.N.
e) Indivíduo E.F.S.
Análise quantitativa:
Pontuação 6 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura inferior à direita
- Tipo de traçado: contínuo e rebuscado
- Tamanho da figura: grande
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência de membros inferiores e mão direita
- Presença de sinais de conflito no desenho: desorganização espacial
- Tempo de realização: 4 minutos e 45 segundos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: cadeirante, bastante comunicativo, tem a fala preservada,
apresentando maior comprometimento motor em membros inferiores, com
movimentação ativa de membros superiores e movimento de pinça preservados.
Vem à ABRELA acompanhado pela esposa.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pelo rosto, não apresenta
dificuldade para realizar o desenho, conta a história e explica o desenho durante a
sua realização (jogador de futebol).
Figura 13 – Desenho realizado pelo indivíduo E.F.S.
f) Indivíduo J.F.F.
Análise quantitativa:
Pontuação 8 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura superior à esquerda
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: média
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência da boca e detalhes do corpo
- Presença de sinais de conflito no desenho: ausência da boca
- Tempo de realização: 1 minuto e 30 segundos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: faz uso de bengala, relatando dor e fasciculação constantes,
pouco comunicativo, evitando falar sobre a doença, tem a fala preservada,
apresentando grande comprometimento motor com atrofia muscular generalizada.
Vem à ABRELA sozinho.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, não apresenta
dificuldade para realizar o desenho, menos animado do grupo.
Figura 14 – Desenho realizado pelo indivíduo J.F.F.
g) Indivíduo B.C.G.
Análise quantitativa:
Pontuação 6 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura superior à direita
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: pequena
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência de partes do corpo
- Presença de sinais de conflito no desenho: ênfase na presença das orelhas
- Tempo de realização: 3 minutos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: apresentou-se cadeirante, porém não aceita o uso da cadeira de
rodas, bastante comunicativo, tem a fala preservada, apresentando grande
comprometimento motor, com fraqueza e atrofia muscular generalizada,
predominante em membros inferiores, refere intensa fadiga para as atividades
diárias e relata saudade da famila e das atividades realizadas anteriormente. Vem
à ABRELA acompanhado por 2 filhas .
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, com dificuldade para
a realização, com tamanho desproporcional entre as partes e próximo do “palito”.
Figura 15 – Desenho realizado pelo indivíduo B.C.G.
h) Indivíduo A.M.R.O.
Análise quantitativa:
Pontuação 8 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: grande
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência do rosto e detalhes (pela incapacidade motora
de realiza-los)
- Presença de sinais de conflito no desenho:
- Tempo de realização: 2 minutos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: com marcha livre, bastante comunicativo, tem a fala
preservada, apresentando comprometimento motor severo somente em membros
superiores, relata manter vida social, profissional e atividades de lazer. Vem à
ABRELA sozinho.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, com grande
dificuldade, fazendo uso principalmente de tronco e cintura escapular.
Figura 16 – Desenho realizado pelo indivíduo A.M.R.O.
i) Indivíduo R.F.L.
Análise quantitativa:
Pontuação 8 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada
- Tipo de traçado: contínuo e rebuscado
- Tamanho da figura: grande
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência de cabelo e orelhas
- Presença de sinais de conflito no desenho: rebuscado nos pés e com o chão
- Tempo de realização: 3 minutos e 30 segundos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: cadeirante, pouco comunicativo, tem a fala pouco
comprometida e lentificada, apresentando grande comprometimento motor e
fadiga generalizada, possui pouco tempo de diagnóstico e tem apresentado
sintomas de rápida evolução, relatando manter vida social e profissional ativas.
Vem à ABRELA acompanhado por um vizinho.
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, sem dificuldade para
realizá-lo, demonstrando pouco interesse.
Figura 17 – Desenho realizado pelo indivíduo R.F.L.
j) Indivíduo E..S.
Análise quantitativa:
Pontuação 2 de acordo com a escala utilizada.
Análise qualitativa:
- Utilização da folha: figura centralizada inferior
- Tipo de traçado: contínuo
- Tamanho da figura: média
- Presença de movimento ou ação: sem expressão de movimento
- Ausência de partes do corpo: com ausência de partes do corpo, sendo difícil nomear as
diferentes partes feitas por ele
- Presença de sinais de conflito no desenho: ênfase no desenho do rosto
- Tempo de realização: 3 minutos e 10 segundos
- Observações da aplicação:
o Sobre o indivíduo: cadeirante, pouco comunicativo, limitando-se a responder
somente o que lhe era perguntado, tem a fala preservada, apresentando
comprometimento motor predominate em membros inferiores, relata estar
chateado por não poder mais trabalhar. Vem à ABRELA sozinho
o Sobre a realização do desenho: inicia o desenho pela cabeça, desconsidera o
primeiro e realiza um novo desenho abaixo.
Figura 18 – Desenho realizado pelo indivíduo E.S.
4.3 - Análise em grupo dos desenhos
As análises quantitativa e qualitativa estão representadas nas tabelas 3 e 4 a seguir: Tabela 3 – Distribuição da análise quantitativa dos desenhos 30
Paciente Quantitativa
J.M.D. 4 N.F. 10
C.A.H. 8 L.N. 2
E.F.S. 6 J.F.F. 8
B.C.G. 6 A.M.R.O. 8
R.F.L. 8 E.S. 2
De acordo com esta tabela, pode-se concluir que 40% dos desenhos feitos classificaram-se
com pontuação 8 dentro da escala utilizada; 20% dos desenhos classificaram-se com pontuação
6, 20% com pontuação 2, 10% com pontuação 10 e 10% com pontuação 4.
Tabela 4 – Distribuição da análise qualitativa dos desenhos
QUALITATIVA
Paciente Localização da figura
Tamanho da figura
Tipo de traçado
Movimento ou ação
Ausência de partes do corpo
Tempo de execução
J.M.D. Centralizada e
inferior à esquerda
Grande Tracejado,
não contínuo
Ausente Sim 2 minutos
N.F. Centralizada à
direita Média Contínuo Presente Não
2 minutos e 15 segundos
C.A.H. Centralizada Grande Contínuo Presente Sim 3 minutos
L.N. Centralizada à
esquerda Pequena Contínuo Ausente Sim 2 minutos
E.F.S. Inferior à
direita Grande
Contínuo, rebuscado
Ausente Sim 4 minutos e 45 segundos
J.F.F. Superior à esquerda
Média Contínuo Ausente Sim 1 minuto e 30
segundos
B.C.G. Superior à
direita Pequena
Contínuo Ausente Sim 3 minutos
A.M.R.O. Centralizada Grande Contínuo Ausente Sim 2 minutos
R.F.L. Centralizada Grande Contínuo,
rebuscado Ausente Sim
3 minutos e 30 segundos
E.S. Centralizada e
inferior Médio
Contínuo Ausente Sim 3 minutos e 10 segundos
Os dados acima demonstram que 30% das figuras estão centralizadas, 10% centralizadas
e inferiores, 10% centralizadas e inferiores à esquerda, 10% centralizadas à direita, 10%
centralizadas à esquerda, 10% superiores à direita, 10% superiores à esquerda e 10% inferiores à
direita; quanto ao tamanho das figuras 50% delas são grandes, 30% médias e 20% pequenas;
apresentando 70% dos traçados contínuos, 20% contínuos e rebuscados e 10% tracejados; entre
elas apenas 20% têm presença de movimento e 80% não; 90% das figuras apresentam ausência
de partes do corpo enquanto 10% não apresentam. O tamanho dos membros não foi avaliado nos
desenhos devido à dificuldade motora apresentada pela doença. Os dados referentes à localização
da figura, tamanho, tipo de traçado, movimento e ausência de partes do corpo estão
demonstrados nas figuras 9, 10, 11, 12 e 13 a seguir.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35% centralizada
centralizada einferior
centralizada einferior a esquerda
centralizada à direita
centralizada àesquerda
inferior
inferior à direita
inferior à esquerda
Figura 19 – Gráfico de distribuição da localização da figura
Figura 20 – Gráfico de distribuição do tamanho da figura
0%
20%
40%
60%
grande
média
pequena
Figura 21 – Gráfico de distribuição do tipo de traçado
Figura 22 – Gráfico de distribuição da presença de movimento
Figura 23 – Gráfico de distribuição da ausência de partes do corpo
Ainda sobre a análise qualitativa do desenho, pode-se concluir que 90% dos indivíduos
avaliados iniciaram o desenho pela cabeça; 60% dos indivíduos usavam cadeira de rodas. Sobre
a realizavam do desenho, apenas 40% demonstraram dificuldade; e durante a realização, 50% do
grupo mostrou-se muito comunicativo. Apenas 30% da amostra não estavam acompanhados na
ocasião da aplicação do desenho.
0%
20%
40%
60%
80% contínuo
contínuo erebuscado
tracejado
0%20%40%60%80%
100%
presente
ausente
0%20%40%60%80%
100%
sim
não
DISCUSSÃO
Os dados apresentados como caracterização da amostra provam que apesar de pequena,
esta amostra pode representar a maioria das características encontradas na literatura referentes à
ELA. A idade média de 56 anos ± 4,19 anos encontrada nesta amostra, a maior incidência em
homens e a apresentação na forma bulbar em 20% dos casos condiz com os dados descritos na
literatura 2, 10 quando relata a maior incidência da ELA na 6a e 7a décadas (podendo ocorrer da
adolescência aos 80 anos), com proporção maior de homens e sintomas bulbares em 17 a 25%
dos casos.
A presença de cãibras em 20% dos indivíduos, e de dor em 40% nesta amostra se
relacionam com os dados descritos na literatura 9, 2 que descrevem que alguns pacientes relatam
espasmos musculares, relacionados às mudanças dos motonêuronios superiores, que em geral são
aliviados com movimentos de alongamentos, porém em alguns casos são necessárias medicações
para o alivio do sintoma e também referem uma dor não especifica ou uma sensibilidade
muscular em fases avançadas da doença que pode estar relacionada com a imobilização dos
músculos paralisados e o trauma desses músculos durante procedimentos de tratamento. A
câimbra e a dor quando presentes com freqüência podem alterar as ações motoras, e com isso, o
esquema e imagem corporal. 23
O tempo de evolução da doença nesta amostra teve média de 46,3 +38,69 meses, o que se
aproxima aos dados encontrados em literaturas atuais que descrevem como tempo de evolução
do início da doença ao óbito entre 24 e 60 meses. 12, 15
Quanto às atividades sociais, de lazer e de auto-cuidados, encontra-se descrito na
literatura 17 que a formação do esquema e imagem corporal sofre influencia do estado emocional,
conflitos psíquicos e do contato com o mundo e com os outros proporcionados pelas diferentes
atividades individuais realizadas, sendo o elemento social e a auto estima aspectos fundamentais
para uma imagem corporal extremamente valorizada.
Dentro dos indivíduos desta amostra, apenas 30% não realizam nenhum tratamento, entre
os 70% restantes são encontradas terapias alternativas, nutricionais, fisioterapia e
fonoaudiologia, o que se vê descrito na literatura como uma busca constante de um tratamento
multiprofissional na tentativa de melhorar a qualidade de vida, mesmo a procura por técnicas
alternativas e medicina paliativa têm sido utilizada na tentativa de melhorar a qualidade de vida e
aliviar o sofrimento de portadores de doenças incuráveis e progressivas. 31, 14
A ALSFRS é um instrumento útil e a escala preferida para a avaliação do status e de
mudanças funcionais em pacientes com ELA, é medida através da avaliação de 10 itens e seu
resultado é dado entre 0 (pior função) e 40 pontos (melhor função), podendo ser usado como
dado comparativo periodicamente. 16, 31 A pontuação na escala ALSFRS da presente amostra
teve média de 26,1 ± 4,99 na época de avaliação do grupo estudado.
Quanto à perda de força muscular, os dados desta amostra condizem com a literatura,
pois segundo a literatura 9 em 90% dos casos a queixa principal dos indivíduos é a fraqueza em
qualquer músculo ou em um grupo de músculos estriados esqueléticos, por se tratar de uma
doença de inicio insidioso, a maioria dos pacientes não está ciente inicialmente das alterações na
força ou se ajustam às alterações até que tenham dificuldade em uma atividade funcional, como
amarrar os sapatos ou subir uma escada. A força muscular é uma das formas de avaliação,
considerada imprescindível para análise da motricidade voluntária. 33
Todos os dados vistos acima podem influenciar no esquema e imagem corporal. Isto
porque há uma interação entre os aspectos fisiológicos, neurais e emocionais, além do fator
social para a formação do esquema e imagem corporal individual e mudanças em um deles
podem ocasionar conseqüências na experiência do corpo. Sua construção envolve a possibilidade
de interferência sobre a própria auto-imagem, uma vez que ela não é fixa. 23
A motricidade é importante na formação da imagem mental, o vivido integrado pelo
movimento é introjetado no corpo do individuo e reflete todo um equilíbrio cinético com o meio.
A imagem do corpo também se dá em nossa mente através das sensações que nos são percebidas,
temos as impressões táteis, térmicas e dolorosas, as sensações que vêm dos músculos indicando
sua deformação e sensações provenientes das vísceras, que nos dão a percepção de um esquema
corporal. 18, 34
O esquema e imagem corporal deve ser parte integrante do universo da saúde e qualidade
de vida. Dentro de um contexto sócio-cultural o homem necessita do movimento como parte
integrante do comportamento e relação com o meio. O movimento contém a verdade em si
próprio, e implica por si um envolvimento onde se desenvolve, tem sempre uma orientação
significativa em função da satisfação das necessidades que provoca com o meio, ao fixar
estruturas e libertar outras promove uma sucessiva estruturação interna que se prepara para
futuras realizações gerando uma plasticidade adaptativa às situações novas. 24
A análise do esquema e imagem corporal pode identificar alterações que vão influenciar
na motricidade voluntária e na qualidade de vida. Esta análise pode ser realizada a partir do
desenho da figura humana, que comprovadamente demonstra a maturidade conceitual do
individuo que tenta expressar o conceito que tem do corpo humano e o do seu próprio corpo
através do desenho. 28
Na história da humanidade encontramos o desenho como uma das formas mais utilizadas
pelo homem pra registrar suas emoções, sentimentos e ações, indicando assim que a
comunicação por meio de desenhos é uma forma de linguagem básica e universal. Neste trabalho
deve-se ter bem presente que um traço gráfico isolado nada significa. Cada traço deve ser
considerado em conexão com os demais e no contexto geral do desenho. 27, 28
No que diz respeito à avaliação por meio de desenhos, a figura humana tem suas bases no
conceito de imagem corporal que, por sua vez, torna-se veículo de expressão da personalidade, a
imagem corporal é projetada no desenho da figura humana e, conseqüentemente, reflete o
conceito de si mesmo, além de expressar diferentes representações do indivíduo, tem sido
relacionada ao auto-conceito, sobre a aparência e o funcionamento do seu corpo. De uma forma
geral, os estudos sobre imagem corporal apontam para prejuízos relacionados à insatisfação,
depreciação, distorção e preocupação com a auto-imagem, todos eles sendo fortemente
influenciados por fatores sócio-culturais. 35
O desenho é uma das formas mais utilizadas pelo homem para registrar suas emoções,
sentimentos e ações, representando uma forma de linguagem básica e universal já que o próprio
indivíduo começa a usar a linguagem gráfica numa época muito precoce de sua vida. É um meio
de expressão livre onde os indivíduos revelam aspectos importantes de sua personalidade, toda a
atividade criadora leva características importantes sobre os conflitos e necessidades que exercem
pressão sobre o indivíduo que a cria, que mostra como ele se vê, inclusive corporalmente. 19, 28
Durante a realização de qualquer desenho, é fundamental se observar o processo de
produção: a postura corporal, a motricidade fina, o ritmo como trabalha, a forma de elaborar as
figuras e a cena. São relevadas as incapacidades apresentadas durante a criação do desenho,
sendo aceitas quaisquer expressões como profundamente significativas. 24, 29
A falta de atualização do fisioterapeuta quanto a imagem e esquema corporal dos
pacientes, talvez possa aumentar ainda mais a distância entre o que o terapeuta deseja e o que o
paciente imagina oferecer. A utilização do teste do desenho da figura humana favorece uma
avaliação rápida e é um recurso que permite comparação de amostras futuras para mensurar a
evolução do tratamento referente a integração da imagem e esquema corporal. 36
A análise individual e em grupo dos desenhos da amostra pode ilustrar o impacto que as
seqüelas e alterações que a doença ELA podem trazer ao esquema e imagem corporal destes
indivíduos.
Durante a análise dos desenhos da presente amostra foi possível observar que os
indivíduos que apresentam significativa perda da força muscular realizaram desenhos grandes e
com ausência de partes do corpo. Pode-se observar que quanto maior a perda da força muscular,
menor foi o tempo de realização do desenho. O desenho feito por A.M.R.O., que apresenta
ausente a movimentação ativa distal de membros superiores e movimento de pinça, foi feito em
2 minutos, o que pode ser justificado pela grande dificuldade motora ao realizar o desenho, não
apresentando nele detalhes e sendo feito de maneira contínua. Já o desenho de E.F.S., com
movimentação ativa proximal e distal e movimento de pinça preservados, foi realizado em 4
minutos e 45 segundos, levando um tempo maior para a realização do desenho, uma vez que
possui melhor habilidade motora para fazê-lo, mas realizou o desenho mais lentamente para
conseguir fazer os detalhes devido à sua fraqueza muscular. No seu desenho pôde-se observar a
presença de alguns detalhes, porém há a ausência dos membros inferiores, que representa uma
alteração no seu esquema e imagem corporal 37 podendo sugerir uma não aceitação do uso da
cadeira de rodas.
As figuras dos indivíduos que relatam dor e cãibras, como observados nos desenhos de
J.F.F. e B.C.G., foram realizados na parte superior da folha, de tamanho de pequeno a médio e
com ausência de movimento. A localização na folha pode indicar a sensação de possuir objetivos
inatingíveis, o tamanho, sensação de inferioridade e a ausência de movimento pode estar
associada a posturas antálgicas e necessidade de permanecer imóvel devido a presença de dor e
cãibras. 38
A alteração no traçado apresentada por J.M.D. e R.F.L que desenharam os pés com um
traçado rebuscado e não contínuo é descrito na literatura 38 como uma busca por estabilidade e
possível perda da própria identidade.
O desenho feito pelos pacientes com ELA do tipo bulbar apresentaram como única
semelhança a localização na parte central da folha. C.A.H. apresenta em seu desenho calvíce,
que associa a apresentada por ele mesmo e desvio da cabeça à direita, com hemicorpo direito
menor do que o esquerdo, indicando instabilidade e/ou equilíbrio precário 27, e o desenho de L.N.
é em bloco, pequeno e com outra figura ao lado, demonstrando timidez e sentimento de
inferioridade. 37
O desenho de E.S. mostrou-se pobre e próximo do “palito”, onde é difícil nomear cada
parte do corpo e é dada ênfase ao rosto, sugerindo falta de percepção do corpo e sensação de
estar preso ao próprio corpo mantendo íntegras as funções cognitivas. O maior destaque dado à
cabeça é sugestivo de sensação de inferioridade ou vergonha relacionada às funções e partes do
seu corpo. 37
O único desenho onde não se encontra alteração do esquema e imagem corporal foi o
realizado por N.F. por ser rico em detalhes, sem ausência de partes do corpo, com movimento e
com tamanho e proporções adequados, apresentando pequena diferença entre os membros
inferiores onde há um destaque para o membro inferior esquerdo, no qual relata cãibras
freqüentes, a presença de movimento indica adaptação e capacidade mental. 37 O individuo
apresenta pouco tempo de evolução da doença, o que pode justificar que apesar de ter um
comprometimento motor significativo ainda preserva uma boa noção do seu esquema e imagem
corporal.
Segundo a literatura 22 a presença da doença modifica não somente a percepção do
modelo postural do corpo, mas também sua estrutura como um todo. Com isso, a vivência
emocional da doença leva o individuo à alterações na percepção de sua identidade e o conceito
de si mesmo, que são expressas na realização do desenho da figura humana. Em geral, os
pacientes de ELA falecem mantendo íntegras as funções cognitivas, gerando uma situação
chocante para o indivíduo, que se vê perfeitamente conectado ao seu meio ambiente e prisioneiro
em seu próprio corpo. 13, 14
Os distúrbios psicomotores (distúrbios motores, problemas de coordenação motora,
equilíbrio, lateralidade, orientação espacial), podem ser agravados quando está presente a
alteração no esquema e imagem corporal, por isso, da importância de se enfatizar exercícios de
reeducação psicomotora referentes à estimulação da integração do esquema corporal. 36
A reabilitação psicomotora não pode substituir a cinesioterapia. A psicomotricidade
surgiu como uma prescrição da medicina psiquiátrica, enquanto a cinesioterapia emergiu como
uma prescrição da medicina física, seus enfoques são distintos, uma vez que uma se dirige aos
aspectos centrais enquanto a outra aos aspectos periféricos. Através da reabilitação psicomotora
há uma educação do ato motor pelo pensamento, ao mesmo tempo que constitui uma educação
do pensamento pelo ato motor através de uma integração espacio-temporal e somatognósica
vividas como experiências subjetivas e significativas. 39 A fisioterapia, dentro de seus vários
procedimentos, pode-se valer desta noção de esquema e imagem corporal para enriquecer sua
terapia, atingindo maiores ganhos em qualidade de vida com os pacientes com ELA.
Com base nesta breve revisão, são muitas as explicações e hipóteses para justificar as
possíveis distorções de esquema e imagem corporal encontradas nesta amostra de pacientes com
ELA. Sabe-se que indivíduos com limitações físicas projetam em seus desenhos qualquer
distúrbio apresentado. 40 Pode-se confirmar este fato nesta amostra, ilustrando e corroborando a
importância do estudo da noção de imagem e esquema corporal em pacientes com essa doença,
que além de déficits motores, aprendem a lidar com uma doença progressiva e rapidamente
incapacitante.
CONCLUSÃO
Os resultados da análise dos desenhos da figura humana da amostra estudada de
pacientes com ELA, demonstram haver, na maioria deles, uma distorção no esquema e imagem
corporal. Os indivíduos estudados, apesar de em pequeno número, tem sua representatividade
por apresentarem as principais características da doença encontradas na literatura. As alterações
observadas no desenho foram, principalmente, ausência de partes do corpo e ausência de
movimento. Essas alterações se relacionam com as características individuais colhidas durante as
avaliações e com o quadro da doença em si, uma vez que a mesma leva à alterações musculares,
que vão interferir na organização do esquema e imagem corporal, levando à ilustrarem suas
dificuldades e comprometimentos físicos em seus desenhos.
A constatação dessas distorções destaca a necessidade de conhecimento do
esquema e imagem corporal também pelos fisioterapeutas como mais um recurso de avaliação e
critério de inclusão em programas de reabilitação. O uso do esquema e imagem corporal através
de sua avaliação e como proposta de tratamento de integração, pode ser uma ferramenta
adicional à fisioterapia para oferecer melhor qualidade de vida a estes pacientes.
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19. PRICOLI, V. Alterações do esquema corporal em esquizofrênicos e a representação pelo
desenho da figura humana. Rev psiquiat clin. 14 (3-): 3-16, 1987.
20. FERREIRA, C. A. M.; THOMPSON, R. Imagem e esquema corporal – uma visão
transdisciplinar. São Paulo, Lovise, 2002.
21. FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade – Da educação infantil à gerontologia – teoria e
prática. São Paulo, ed. Lovise, 2000.
22. SCHILDER, P. A imagem do corpo. SP: Ed. Martins Fontes, 3ª ed. 1999
23. BARROS, D. D. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. Hist. cienc. saude-
Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, 2005.
24. FONSECA, V. Psicomotricidade. São Paulo, ed. Martins Fontes, 2ª ed., 1988.
25. VAYER, P. O Diálogo corporal. São Paulo, ed manole, 1989.
26. PERES, R. S. O desenho da figura humana de Machover aplicado em andarilhos de estrada.
Psicologia: Teoria e Prática. 4 (1): 81-92, 2002
27. VAN KOLCK, O. L. Técnicas de Exame Psicológico e suas aplicações no Brasil. Ed.
Vozes, Petrópolis, 1977.
28. WECHSLER, S. M. O desenho da figura humana – avaliação do desenvolvimento
cognitivo de crianças brasileiras. Campinas: ed. Lamp / PUC, 3ª edição, 2003.
29. THOMPSON, R. Organizador Carlos A. de Matos Ferreira - Imagem e esquema corporal.
Ed lovise, 2002.
30. OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade – educação e reeducação num enfoque
psicopedagógico. São Paulo, ed. Vozes, 9ª edição, 2004
31. FREITAS, M. R. G. Esclerose lateral amiotrofica (Doença de Charcot). In: Tratamento das
doenças neurológicas. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2000. p. 519-521.
32. BROOKS, B. R. The amyotrophic lateral sclerosis functional rating scale. Arch neurol. vol
53, 1996.
33. FONTES, S. V. FUKUJIMA, M. M.; CARDEAL, J. O. Fisioterapia Neurofuncional –
Fundamentos para a prática. ED. Atheneu, São Paulo, 2006.
34. FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Porto Alegre, ed.
Artes Médicas, 2ª ed., 1998.
35. ALMEIDA, G. A. N.; LOUREIRO, S. R.; SANTOS, J. E. A imagem corporal de mulheres
morbidamente obesas avaliada através do desenho da figura humana. Psicol. Reflex. Crit. Porto
Alegre, v. 15, n. 2, 2002.
36. CORRÊA, F. I.; COSTA, T. T.; FERNANDES, M. V. Estudo da imagem e esquema corporal
de crianças portadoras de paralisia cerebral do tipo tetraparetica espástica. Fisioterapia Brasil.
São Paulo, n. 2, vol. 5, março/abril de 2004.
37. CAMPOS, D. M. S. O teste do desenho como instrumento de diagnóstico da
personalidade. Rio de Janeiro, ed. Vozes, 1990.
38. VAN KOLCK, O. L. Testes projetivos gráficos – volume 5. SP: Ed. Pedagógica e
universitária Ltda, p. 20 – 54, 2003.
39. FONSECA, V. Manual de observação psicomotora – Significação psiconeurologica dos
fatores psicomotores. Porto Alegre, ed. Artes Médicas, 1995.
40. AQUINO, L. M.; SAITO, P. Y. Análise do esquema e imagem corporal em indivíduos com
Síndrome Pós Poliomielite. Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo –
Escola Paulista de Medicina, 2005.
ANEXO 1 Ficha de avaliação
Nome:________________________________________________________________________ Data de nascimento:_____________________________________________________________ Endereço:_____________________________________________________________________Profissão:_____________________________________________________________________ Data da 1ª consulta:______________________________________________________________ Diagnóstico:___________________________________________________________________ Forma da apresentação:__________________________________________________________ Doenças concomitantes:__________________________________________________________ Tempo de evolução: _____________________________________________________________ Freqüência no ambulatório:_______________________________________________________ Tratamentos realizados / freqüência:________________________________________________ Atividades: - Anteriores:__________________________________________________________ - Atuais:_______________________________________________________________________ Autonomia:_________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Cãibra: ( )não ( )sim Dor: ( )não ( )sim Movimentação ativa de membros superiores – proximal:________________________________ Movimentação ativa de membros superiores – distal:___________________________________ Movimento de pinça:____________________________________________________________
Cãibra C Dor D
ANEXO 2
ALS Functional Rating Scale
a.Fala
4.Normal 3.Disartria leve
2.Disartria moderada, fala inteligível 1.Disartria grave, necessita comunicação não verbal
0.Anartria
b.Salivação
4.Normal 3.Excesso leve, pode haver sialorréia à noite ou no decúbito
2.Excesso moderado, sialorréia mínima 1.Excesso grave, sialorréia evidente
0.Sialorréia intensa, necessita aspiração constante
c.Deglutição
4.Normal 3.Disfagia leve, ocasionalmente engasga
2.Disfagia moderada, necessita mudança na quantidade ou consistência
1.Disfagia grave, necessita sonde 0.Dieta parenteral ou gastrostomia
d.Escrita
4.Normal 3.Lentificada, todas as palavras são legíveis
2.Algumas palavras são ilegíveis 1.Capaz de manipular caneta mas incapaz de escrever
0.Incapaz de manipular
e.Manipulação de alimentos e utensílios (pacientes sem gastrostomia)
4.normal 3. Lento mas não necessita de ajuda
2.Lento e necessita de ajuda
1.Necessita de ajuda de terceiros para os utensílios, mas pode alimentar-se sozinho
0.Necessita ser alimentado
e1.Manipulação de alimentos e utensílios (pacientes com gastrostomia)
4.Normal 3.Lento mas capaz de todas as manipulações sem auxílio
2.Necessita algum auxilio 1.Praticamente toda a manipulação da dieta necessita de auxilio
0.Incapaz/necessita de auxilio total
f.Vestuário e higiene
4.Normal 3.Independente para todas as atividades, mas com dificuldade e eficiência diminuída
2.Necessita assistência intermitente ou para tarefas especificas 1.Necessita assistência total
0.Totalmente dependente
g.Atitude no leito e manipulação da cama de roupa
4.Normal 3.Lento, mas não necessita de ajuda
2.Pode mexer-se e ajustar roupa sem auxilio, mas com grande dificuldade
1.Pode iniciar tais atividades, mas necessita de auxilio para terminá-las
0.Dependente de auxilio total
h.Marcha
4.Normal 3.Alterações precoces
2.Necessita de auxilio 1.Restrito cadeira de rodas ou leito 0.Paraplégico
i.Subir escadas
4.Normal 3.Lento
2.Perde equilíbrio ou fadiga 1.Necessita assistência 0.Incapaz
j.Respiração
4.Normal 3. dispnéia com esforço leve (andar/falar)
2.dispnéia ao repouso 1.Assistência ventilatória intermitente (noturna)
0.Dependente ventilador
ANEXO 3
Termo de consentimento livre e esclarecido
1 - Esta é uma pesquisa que tem como título: Análise do esquema e imagem corporal em
indivíduos com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que tem como objetivo analisar o
esquema e imagem corporal, ou seja como cada pessoa se vê, de pessoas portadoras de ELA.
Você está sendo convidado a participar voluntariamente dessa pesquisa. Serão dadas
informações sobre a pesquisa para que você escolha participar ou não do estudo.
2 – Para esta pesquisa você fará um desenho de uma figura humana que será utilizado para
avaliação da imagem e esquema corporal. Também serão utilizadas algumas informações do seu
prontuário, ou questionadas algumas informações ao seu respeito para completar a análise dos
seus resultados. O desenho vai ser feito em uma folha branca com caneta preta. Você não precisa
saber desenhar, basta que faça um desenho de uma figura humana.
3 – A sua participação em nossa pesquisa não terá nenhum incômodo ou prejuízo. Caso não seja
possível fazer o desenho você não poderá participar desta pesquisa.
4 – Caso apareça alguma dúvida você poderá falar com os pesquisadores em qualquer parte da
pesquisa. As responsáveis principais pelo estudo são as fisioterapeutas Cíntia Citelli de França e
Vanessa Rodrigues, que podem ser encontradas nos telefones 7663-0321 (Cíntia) e 8415-6099
(Vanessa), ou no setor de doenças neuromusculares, localizado na R. Pedro de Toledo, 377 – tel.
5571-3324. A Dra. Sonia Maria S. R. Pereira e a fisioterapeuta Letícia Moraes de Aquino estão
orientando a pesquisa. Em caso de dúvida quanto à ética ou a forma como a pesquisa está sendo
desenvolvida procure o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), localizado na R. Botucatu, 572 – 1º
andar – cj 14 – tel. 5571-1062, FAX 5539-7162.
5 – A qualquer momento você poderá deixar de participar da pesquisa, se assim quiser, sem que
ocorra nenhum prejuízo a você, continuando seu tratamento na UNIFESP/EPM sem alterações.
6 – Todos os resultados do teste do desenho serão feitos em conjunto, e não serão divulgados
dados pessoais de nenhum dos participantes. As pesquisadoras se comprometem a só utilizar os
dados do desenho nesta pesquisa.
7 – Você poderá saber como está a pesquisa em qualquer etapa do seu andamento
8 – Você não terá nenhuma despesa e também não receberá pela participação na pesquisa.
9 – Se você se sentir prejudicado durante o teste da pesquisa (desenho) – nexo causal
comprovado, você terá direito a tratamento médico na UNIFESP, e também às indenizações
legalmente estabelecidas.
Com as informações descritas acima acredito saber como será o estudo Análise do
esquema e imagem corporal em indivíduos com Esclerose lateral amiotrófica, e concordo
participar voluntariamente da pesquisa.
Eu discuti com as fisioterapeutas Cíntia Citelli de França e Vanessa Rodrigues a minha
decisão em participar do estudo. Ficou claro para mim quais são os objetivos do estudo, o teste a
ser realizado, seus incômodos e riscos, as garantias de que as informações serão confidenciais e
de que terei esclarecimentos sempre que necessário. Ficou claro também que minha participação
não envolve despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar se necessário. Posso
retirar meu consentimento a qualquer momento da pesquisa, antes ou durante, sem prejuízos ou
perda de qualquer beneficio que eu possa ter ou no meu atendimento neste serviço.
________________________________
Assinatura do paciente Data____/____/____
_______________________________
Assinatura da testemunha Data ____/____/____
(Em caso de paciente menor de 18 anos, analfabeto, semi-analfabeto ou portador de deficiência
auditiva.)
Somente para o responsável pelo projeto
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento livre e esclarecido desta
paciente ou representante legal para a participação nesta pesquisa.
________________________________
Assinatura do responsável pela pesquisa Data ____/____/____
________________________________
Assinatura do responsável pela pesquisa Data ____/____/____