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Subsídios à negociação coletiva dos bancários 1 Boletim de Subsídios à Negociação Coletiva dos Bancários Ano I – Nº 1 Setembro de 2011

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Subsídios à negociação coletiva dos bancários

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Boletim de Subsídios à Negociação

Coletiva dos Bancários

Ano I – Nº 1

Setembro de 2011

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Subsídios à negociação coletiva dos bancários

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1 Artigo de Conjuntura

O comportamento recente da inflação

Na última reunião do Copom, um dos elementos que pesou para a decisão de reduzir

a taxa de juros Selic em 0,5 ponto percentual (pp) é o de que a crise externa e as

recentes medidas fiscais do governo (aumentou em mais R$ 10 bilhões o superávit

primário) criaram um clima favorável para a queda das taxas de inflação no Brasil. No

entanto, essa tendência ainda não apareceu nos indicadores de inflação de agosto. O

ICV-DIEESE desse mês, por exemplo, apresentou alta de 0,39%, pressionado pelos

preços dos alimentos. A taxa de agosto foi ligeiramente inferior (-0,05 pp) à apurada em

julho, quando o ICV-DIEESE ficou em 0,44%. Os grupos que mais colaboraram com o

aumento da inflação foram: Alimentação (1,17%), Transporte (0,21%) e Despesas

Pessoais (0,55%), que juntos contribuíram com 0,38 pp no cálculo do índice de agosto.

A taxa anualizada em agosto atinge 7,29%. Os grupos Alimentação (11,60%) e

Transporte (9,37%) apontam níveis superiores ao índice geral. Outros registram inflação

elevada, porém inferior a 7,29%, como: Educação e Leitura (6,32%), Despesas Pessoais

(5,58%), Despesas Diversas (5,57%), Habitação (5,11%) e Saúde (4,48%).

A análise da inflação neste ano mostra que inúmeros serviços e alguns bens

apresentaram reajustes nos preços, alguns até acentuados. As variações, no entanto,

foram diferentes. Para uma taxa acumulada do ICV, em 2011, de 3,98%, é possível

observar que os bens subiram 2,91%, bem menos que os serviços (5,02%). Apenas

quatro dos 15 subgrupos que compõem o agrupamento bens apontaram aumentos acima

da inflação: combustível (8,22%), fumo e acessórios (5,00%), produtos de limpeza

doméstica (4,99%) e livros e jornais (4,67%), que representam apenas 9,98% dos gastos

das famílias. Quanto aos serviços, dos 15 subgrupos, 12 indicaram reajustes superiores à

inflação e representam 41,50% das despesas familiares. Os itens com as maiores altas

foram: laboratórios e hospitais (10,53%), tarifas de transporte coletivo (9,65%), mão de

obra da construção civil (9,00%), serviços de higiene pessoal (8,25%), consultas médicas

(7,53%), serviços mecânicos (7,46%), alimentação fora do domicílio (7,40%), escolas

(6,11%), serviços de comunicação (5,38%), empregados domésticos (4,17%), seguros e

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convênios (4,12%), locação, impostos e condomínio (4,10%). A partir desta análise, pode-

se concluir que, neste ano, a inflação é predominantemente originária dos serviços,

notadamente dos grupos Saúde, Transporte, Habitação e Alimentação. Ao se observar a

Habitação, verifica-se que os serviços públicos, como água e esgoto e eletricidade e

telefonia, ainda não foram reajustados.

Portanto, até o final de 2011, pode-se esperar ainda maior pressão inflacionária dos

serviços. Por sua vez, no caso dos bens, chamam atenção os aumentos nos

combustíveis. Em resumo, pode-se afirmar que dos 30 itens estudados, sete contribuem

com 2,49 pp no cálculo da inflação deste ano (3,98%), dos quais apenas um pertence ao

agrupamento referente aos bens, no caso, o combustível, que contribui com 0,51 pp para

a variação total. Outros seis são serviços, como tarifas de coletivos (0,46 pp), alimentação

fora do domicílio (0,44 pp), escolas (0,41 pp), seguros e convênios (0,35 pp), mão de obra

da construção (0,16 pp) e consultas médicas (0,16 pp).

GT Conjuntura do DIEESE, 07/09/2011.

2 Atividade Econômica

Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou significativa expansão,

com taxa de crescimento de 7,5%, a maior desde 1986. De 2004 a 2008, o Brasil viveu

um período de crescimento constante, com destaque para 2004 (5,7%) e 2007 (6,1%).

Em 2009, a economia brasileira sentiu os efeitos da crise econômica e financeira

internacional, refletida na queda do PIB (-0,6%) – Gráfico 1. Para 2011, as expectativas

em relação ao crescimento do PIB se situam entre 4,5% e 5,0%, porém já há quem

projete um crescimento um pouco menor para este ano.

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GRÁFICO 1

Taxa de crescimento do PIB Brasil 2001-2011 (em%)

Fonte: IBGE. SCN 2000 anual; Banco Central Elaboração: DIEESE

Para os dados trimestrais dos subsetores do PIB, é possível observar a taxa de

crescimento em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal (Gráfico

2). No período, constata-se que, em praticamente todos os grandes setores analisados, a

atividade econômica tem crescido ao longo dos últimos quatro trimestres. O destaque

ficou para a intermediação financeira, que apresentou o maior crescimento entre todos os

subsetores pesquisados pelo IBGE (6,4%), superior também à média da economia

(4,2%).

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GRÁFICO 2 Taxa (%) do trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior

Brasil - 1º trimestre de 2011

Fonte: IBGE. SCN Trimestrais. Elaboração: DIEESE

3 Preços

O Gráfico 3 apresenta a inflação acumulada pelo INPC-IBGE dos últimos 12 meses

anteriores à data-base de referência. Em setembro de 2010, esse índice foi de 4,29%,

porém, a partir de então observou-se um aumento da inflação acumulada, com exceção

dos meses de março, abril e maio de 2011. Para a próxima data-base dos bancários

(setembro de 2011), a inflação acumulada projetada é de 7,40%.

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GRÁFICO 3

INPC acumulado nos últimos 12 meses para data-base

Fonte: IBGE. INPC Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

4 Mercado de Trabalho

Em 2010, o crescimento do emprego formal foi retomado, após forte retração,

observada em 2009 (devido aos efeitos da crise econômico-financeira internacional na

atividade econômica - PIB variou -0,6%), com a criação de novos postos, com destaque

para os setores dependentes das exportações e do crédito externo, a exemplo da

indústria.

Nesse cenário, o saldo entre admissões e desligamentos em 2009 foi de “apenas”

995 mil, diante de saldo de 2,1 milhões, em 2010, o que representa crescimento de 121%

(Gráfico 4).

Por outro lado, em 2011, o cenário de retomada do emprego formal continua

praticamente no mesmo ritmo. Dessa forma, nos seis primeiros meses de 2011, o saldo

positivo foi de 1.414.660 empregos formais.

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GRÁFICO 4 Saldo de emprego formal por setor de atividade

Brasil - 2010 - 2011

5 Balanço das Negociações

Os dados do Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais, realizado pelo

DIEESE, mostram que, no primeiro semestre de 2011, 93,3% das negociações

conquistaram reajustes iguais ou superiores ao INPC-IBGE. Foi o período com o segundo

melhor resultado para os reajustes desde o início do levantamento, em 1996, inferior

apenas ao observado em 2010, quando a proporção de unidades de negociação que

obtiveram reajustes iguais ou superiores ao INPC-IBGE foi de 95,7% do total.

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GRÁFICO 5 Reajustes Salariais em comparação com o INPC-IBGE

Brasil - 2001 - 2011

Fonte: DIEESE. SAS - Sistema de Acompanhamento de Salários Obs.: Dados referentes apenas ao primeiro semestre de 2011

Desempenho do setor bancário

1. Ativos As informações das demonstrações contábeis dos maiores bancos mostram uma

situação extremamente favorável a essas instituições e ao setor bancário como um todo.

O ativo total dos seis maiores bancos cresceu de forma muito significativa em 2010 e, em

comparação com o ano anterior, os ativos das seis maiores holdings financeiras

evoluíram em 19,43%, o que permitiu um montante de mais de R$ 508 bilhões. Por

instituição, destacam-se Bradesco, Itaú e BB, com crescimento relativo de 25,93%,

24,14%, e 14,48%, respectivamente.

*

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TABELA 1 Ativo total das seis maiores holdings

2009-2010 Em R$ mil

Dezembro Variação Banco

2009 2010 Absoluta %

BB 708.548.843 811.172.208 102.623.365 14,48%

CEF 341.311.618 400.613.544 59.301.926 17,37%

Bradesco 506.223.092 637.484.730 131.261.638 25,93%

Itaú Unibanco 608.273.230 755.112.327 146.839.097 24,14%

Santander 352.303.783 396.371.859 44.068.076 12,51%

HSBC 98.415.493 122.329.363 23.913.870 24,30%

Total 2.615.076.059 3.123.084.031 508.007.972 19,43% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

Em 2011, os ativos dos bancos continuaram a crescer de forma robusta. O acumulado

das seis maiores instituições alcançou o montante de R$ 3,4 trilhões, o que representa

crescimento de 20,5% em relação ao primeiro trimestre de 2010 e 9,2%, na comparação

com o final de 2010. Em termos absolutos, o maior crescimento foi observado no BB (R$

148 bilhões). Já em percentuais, o destaque é o HSBC, com crescimento de 24,8%.

. TABELA 2

Ativo total das seis maiores holdings Jun/2010 – Jun/2011

Em R$ mil

Junho Variação Banco

2010 2011 Absoluta %

BB 755.705.629 904.145.130 148.439.501 19,64%

CEF 380.471.783 459.232.275 78.760.492 20,70%

Bradesco 558.100.216 689.307.013 131.206.797 23,51%

Itaú Unibanco 647.485.171 792.500.390 145.015.219 22,40%

Santander 374.814.570 424.656.320 49.841.750 13,30%

HSBC 113.809.901 142.130.616 28.320.715 24,88%

Total 2.830.387.270 3.411.971.744 581.584.474 20,55% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

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2. Receita de prestação de serviços

Após a queda da inflação, com o Plano Real (1995), a receita de prestação de

serviços passou a ter cada vez mais importância como fonte de lucro dos bancos. Parte

significativa dessa receita é oriunda das tarifas que clientes e usuários pagam por

diversos serviços prestados por essas instituições financeiras e pela manutenção de

contas.

Vale destacar que essas receitas só perdem para as relacionadas com operações de

crédito e com títulos e valores mobiliários e instrumentos derivativos (composta

basicamente por títulos públicos, atrelados à taxa básica de juros Selic).

Só no último ano, as receitas com serviços dos seis maiores bancos cresceram 17%,

totalizando R$ 68,6 bilhões, acréscimo de quase R$ 10 bilhões em relação às observadas

no ano anterior. Em valores absolutos, o maior incremento foi observado no BB (R$ 2,35

bilhões), seguido de perto pelo Itaú (R$ 2,2 bilhões). Em termos percentuais, a maior

variação foi registrada pelo Santander, 26,36%.

TABELA 3 Receita de prestação de serviços

2009 e 2010 Em R$ mil

Dezembro Variação Banco

2009 2010 Absoluta %

BB 13.511.181 15.867.908 2.356.727 17,44%

CEF 8.766.404 10.477.146 1.710.742 19,51%

Bradesco 13.833.603 15.850.184 2.016.581 14,58%

Itaú Unibanco 15.172.135 17.462.587 2.290.452 15,10%

Santander 5.450.806 6.887.519 1.436.713 26,36%

HSBC 1.966.851 2.140.565 173.714 8,83%

Total 58.700.980 68.685.909 9.984.929 17,01% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

Em 2011 a receita de prestação de serviços, incluindo renda de tarifas, continua

crescendo de forma robusta. O acumulado das seis maiores holdings totalizou, ao final de

junho, o montante de R$ 36,3 bilhões, ou seja, acréscimo de R$ 4,3 bilhões ou 13,3%.

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TABELA 4

Receita de prestação de serviços

2010 e 2011 Em R$ mil

Junho Variação Banco

2010 2011 Absoluta %

BB 7.729.021 8.495.147 766.126 9,91%

CEF 4.954.740 6.136.180 1.181.440 23,84%

Bradesco 6.273.479 7.043.422 769.943 12,27%

Itaú Unibanco 8.228.006 9.139.696 911.690 11,08%

Santander 3.725.926 4.375.800 649.874 17,44%

HSBC 1.085.302 1.200.675 115.373 10,63%

Total 31.996.474 36.390.920 4.394.446 13,73% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

3. Despesa de pessoal

A despesa de pessoal engloba o conjunto das remunerações brutas, as despesas

com processos trabalhistas e treinamento. Esse tipo de despesa cresceu 11,07% para as

seis maiores holdings. Em termos absolutos, o aumento foi de R$ 5,1 bilhões, porém

observam-se comportamentos bem distintos entre as holdings. No Itaú, foi verificada a

menor variação percentual (6,04%) e no Santander, a maior (23,66%). O maior

crescimento do montante foi o do Bradesco (R$ 1,33 bilhões), seguido de perto pelo BB

(R$ 1,1 bilhão). O menor incremento foi o do HSBC (R$ 198 milhões).

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TABELA 5 Despesa de pessoal

2009-2010 Em R$ mil

Dezembro Variação Banco

2009 2010 Absoluta %

BB 11.838.434 13.019.591 1.181.157 9,98%

CEF 9.141.401 9.954.278 812.877 8,89%

Bradesco 7.966.338 9.302.386 1.336.048 16,77%

Itaú Unibanco 12.092.315 12.822.261 729.946 6,04%

Santander 3.868.995 4.784.514 915.519 23,66%

HSBC 1.819.668 2.017.901 198.233 10,89%

Total 46.727.151 51.900.931 5.173.780 11,07% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

No primeiro semestre de 2011, a despesa de pessoal cresceu 14,26%, totalizando

R$ 27,8 bilhões, acréscimo de R$ 3,4 bilhões em relação ao mesmo período de 2010.

O destaque ficou para a Caixa Econômica Federal, com crescimento de R$ 958

milhões, o que representa 20,5% na evolução dessa despesa. Já o menor

crescimento foi observado no Santander (10,3%).

TABELA 6 Despesa de pessoal

2010-2011 Em R$ mil

Junho Variação Banco

2010 2011 Absoluta %

BB 6.125.473 6.802.448 676.975 11,05%

CEF 4.654.911 5.613.266 958.355 20,59%

Bradesco 4.358.267 5.040.556 682.289 15,66%

Itaú Unibanco 5.896.300 6.578.061 681.761 11,56%

Santander 2.406.505 2.654.060 247.555 10,29%

HSBC 936.634 1.164.872 228.238 24,37%

Total 24.378.090 27.853.263 3.475.173 14,26% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

Quando comparados os montantes de despesa de pessoal com a receita de

prestação de serviços, observa-se que, apenas com essa fonte de receita, os bancos

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conseguem pagar todas as despesas com pessoal e ainda ter algum excedente. Em

2010, todas as seis holdings analisadas tiveram, em média, aumento nessa relação,

de 125% para 132%. O Bradesco, apesar de ter registrado pequena queda, ainda

possui o maior percentual (170%), enquanto a Caixa possui o menor (105%) – Tabela

7.

TABELA 7 Receita de Prestação de Serviços/Despesa de Pessoal

2009-2010 Dezembro

Banco 2009 2010

BB 114,13% 121,88%

CEF 95,90% 105,25%

Bradesco 173,65% 170,39%

Itaú Unibanco 125,47% 136,19%

Santander 140,88% 143,95%

HSBC 108,09% 106,08%

Total 125,62% 132,34% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

4. Emprego e Remuneração

O emprego no setor bancário tem crescido desde o início da última década, após um

longo período de retração, que vai de meados dos anos 1980 até o início dos anos 2000.

Em 2001, foi registrado o menor número de trabalhadores em todo o período (393 mil). A

partir do ano seguinte, o emprego cresceu de forma contínua, até alcançar, ao final do

ano de 2010, 483 mil bancários, aumento de 90 mil postos de trabalho nesses nove anos.

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GRÁFICO 6 Evolução do emprego bancário formal

2000-2010

Fonte: MTE. Rais, diversos anos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

Por holding financeira é possível notar a grande concentração do setor no que

tange ao emprego. O total de funcionários cresceu apenas 1,37% no último semestre,

totalizando 466 mil postos. O Banco do Brasil registrou o maior aumento (3.530),

seguido pelo Bradesco (3.069). O destaque negativo ficou por conta do Itaú e do

Santander, que tiveram redução no quadro de pessoal (494) e (1.045),

respectivamente.

38%

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TABELA 7 Evolução do quadro de pessoal das cinco maiores holdings

2010-2011 Total de Empregados

Instituição dez/10 mar/11 jun/11 Saldo em

2011 Variação dez/10 - jun/11

BB 118.879 120.797 122.409 3.530 2,97%

Bradesco 95.248 96.749 98.317 3.069 3,22% CEF 83.185 83.504 84.420 1.235 1,48% Itaú Unibanco 108.040 109.836 107.546 (494) -0,46% Santander 54.406 54.375 53.361 (1.045) -1,92% Total 459.758 465.261 466.053 6.295 1,37%

Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

A região Sudeste registrou o maior saldo de emprego, com a geração de 4.794

vagas. No extremo oposto, situa-se o Centro-Oeste, com o menor saldo e a criação de

973 postos de trabalho em 2011. Em termos percentuais, o Norte apresentou a maior

expansão do emprego. As novas vagas criadas significaram incremento de 7,17% no

emprego bancário na região. O Nordeste também apresentou expressiva expansão

(6,07%), como resultado de um saldo positivo de 3.506 vagas geradas no período

analisado.

Na média nacional, a expansão das vagas ficou em 2,48%. Assim, percebe-se que

apenas as regiões Norte e Nordeste tiveram crescimento superior à média. A disparidade

de remuneração também é grande entre as regiões. No Norte, a remuneração média de

admissão foi de R$ 1.581,90, aproximadamente 88% inferior ao valor de admissão

registrado no Sudeste, de R$ 2.972,23.

Em relação à remuneração média de admitidos e desligados, o Sudeste

apresentou a menor diferença. O rendimento médio de admissão nesta região foi 29,24%

inferior ao verificado para os desligados (de R$ 4.200,41). Nas demais regiões, a

diferença de salários de admitidos e desligados foi superior a 45%, com destaque para o

Centro-Oeste, onde ficou em 52,78%.

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TABELA 8 Admitidos, desligados e remuneração média por região

Janeiro a junho de 2011

Admitidos Desligados

Região Nº de

trabalhadores Part. (%)

Rem. Média

(em R$)

Nº de trabalhadores

Part. (%)

Rem. Média

(em R$)

Saldo Diferença da Rem.

Média (%)

Norte 1.703 5,58% 1.581,90 545 2,94% 2.898,95 1.158 -45,43%

Nordeste 5.055 16,55% 1.717,93 1.549 8,35% 3.400,79 3.506 -49,48%

Sudeste 17.802 58,30% 2.972,23 13.008 70,09% 4.200,41 4.794 -29,24%

Sul 3.874 12,69% 2.062,20 2.327 12,54% 3.956,33 1.547 -47,88%

Centro-Oeste 2.103 6,89% 1.900,30 1.130 6,09% 4.024,58 973 -52,78%

Total 30.537 100,00% 2.497,79 18.559 100,00% 4.054,14 11.978 -38,39%

Fonte: MTE. Caged Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

A remuneração real média da categoria bancária caiu de um patamar de R$ 4.700,00,

em 2001, para R$ 4.200,00, em 2002, mas manteve-se praticamente estável ao longo da

década e com uma ligeira recuperação em 2009 e 2010, alcançando o valor de R$

4.435,41.

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Subsídios à negociação coletiva dos bancários

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GRÁFICO 7 Evolução da remuneração real(*) média dos bancários

2000-2010

Fonte: MTE. RAIS, diversos anos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários Obs.: deflacionado a preços de janeiro de 2011 pelo INPC-IBGE

5. Lucros

O setor financeiro é notoriamente conhecido pelos grandes lucros que, nos últimos

anos, continuaram a crescer a taxas bem expressivas. O lucro líquido dos seis maiores

conglomerados totalizou, no final de 2010, R$ 47,3 bilhões, montante cerca de R$ 10

bilhões superior ao observado ao final de 2009. Em termos relativos, essa expansão foi

de 26,6%. O maior crescimento absoluto foi observado no Itaú, que teve R$ 3,2 bilhões de

lucro a mais que em 2010 e, em seguida, no Bradesco, com R$ 2 bilhões.

Percentualmente, o destaque fica para o HSBC, que apresentou crescimento de quase

66%.

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Subsídios à negociação coletiva dos bancários

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TABELA 9 Lucro líquido dos 6 maiores bancos

2009-2010 Em R$ mil

Dezembro Variação Banco

2009 2010 Absoluta %

BB 10.147.522 11.758.093 1.610.571 15,87%

CEF 3.000.298 3.764.411 764.113 25,47%

Bradesco 8.012.282 10.021.673 2.009.391 25,08%

Itaú Unibanco 10.066.608 13.322.963 3.256.355 32,35%

Santander 5.507.964 7.382.574 1.874.610 34,03%

HSBC 668.096 1.108.843 440.747 65,97%

Total 37.402.770 47.358.557 9.955.787 26,62% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos

Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

Em 2011, o lucro das maiores instituições financeiras continua a crescer bastante.

Os ganhos líquidos das cinco maiores holdings, no primeiro semestre de 2011,

totalizaram R$ 25,3 bilhões, o que significa crescimento de 19% em relação ao observado

em igual período de 2010, ou seja, acréscimo de R$ 4,1 bilhões. O maior crescimento

absoluto foi verificado no BB, R$ 1,2 bilhão. Em termos relativos, a maior variação ocorreu

na CEF (36,3%). Do ponto de vista da origem dos lucros do setor, observa-se um padrão

de acumulação centrado nas operações de crédito e com títulos, além das receitas com

serviços..

TABELA 10 Lucro líquido dos cinco maiores bancos

Junho de 2010 e 2011 Em R$ mil

Junho Variação Banco

2010 2011 Absoluta Percentual

BB 5.076.256 6.289.715 1.213.459 23,90%

CEF 1.667.684 2.274.308 606.624 36,38%

Bradesco 4.508.024 5.487.428 979.404 21,73%

Itaú Unibanco 6.399.142 7.132.508 733.366 11,46%

Santander (IFRS) 3.529.251 4.153.914 624.663 17,70% Total 21.180.357 25.337.873 4.157.516 19,63%

Fonte: Demonstrações contábeis dos bancos

Elaboração: DIEESE. Rede Bancários

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Subsídios à negociação coletiva dos bancários

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6. Considerações Finais O cenário da economia brasileira é extremamente favorável à manutenção das altas

taxas de crescimento da atividade bancária, conforme demonstra o desempenho dos

ativos, receitas e lucros das maiores instituições financeiras. Além disso, o setor bancário

tem crescido de forma consistente ao longo da última década, batendo recordes de

lucros, ano após ano, ao mesmo tempo em que se concentra em holdings financeiras

cada vez maiores, com crescentes participação e influência no sistema financeiro

nacional.

Por outro lado, em que pese o excelente desempenho do sistema financeiro, os

trabalhadores bancários não tiveram, nem de longe, a participação na riqueza

devidamente. Além disso, o emprego bancário não se recuperou do patamar do início da

década de 2000 – apesar do crescimento do emprego nos últimos anos. Outra agravante

é que esse aumento recente do emprego não foi suficiente para expandir a renda média

da categoria. Na verdade, o que se observou foi o crescimento da massa salarial via

contratações, mas com rebaixamento da remuneração média, sobretudo por conta da

rotatividade, ampliando a diferença de remuneração de admitidos e desligados. Feitas

essas considerações, o excelente cenário do setor, aliado ao bom desempenho da

economia brasileira, que deverá encerrar 2011 com expansão próxima de 4% e inflação

sob controle, torna possível avançar na negociação das cláusulas econômicas, permitindo

que seja mantida a trajetória de ganhos reais dos bancários, com vistas à melhora da

distribuição da renda e à apropriação dos trabalhadores bancários da receita gerada por

eles próprios.

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Equipe técnica responsável

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Catia Uehara Eliana Ferreira Elias Pedro Tupinambá

Direção Executiva – CONTRAF

Carlos Alberto Cordeiro da Silva - Presidente Neemias Souza Rodrigues - Vice-Presidente Marcel Juviniano Barros - Secretário Geral Ademir José Wiederker - Secretário de Imprensa Antonio Carlos Pirotti Pereira - Sec. de Estudos Sócios Econômicos Carlindo Dias de Oliveira - Sec. de Política Sindical Deise Aparecida Recoaro - Sec. de Políticas Sociais Jose Ricardo Jacques - Sec. de Relações Internacionais Miguel Pereira - Sec. de Organização Miriam Cleusa Fochi - Sec. de Assuntos jurídicos Plínio José Pavão de Carvalho - Sec. de Saúde Roberto Antonio Von Der Osten - Sec. de Finanças Willian Mendes de Oliveira - Sec. de Formação Douglas Garcia Reis - Diretor Executivo Jeferson Rubens Boava - Diretor Executivo Jose Geraldo Palemo Ferraz - Diretor Executivo Marco Aurélio Saraiva Holanda - Diretor Executivo Rosalina do Socorro Ferreira Amorim - Diretor Executivo Sergio Wilson Lima de Amorim - Diretor Executivo