Boletim de Subsídios à Negociação Coletiva dos Bancários · anteriores à data-base de...
Transcript of Boletim de Subsídios à Negociação Coletiva dos Bancários · anteriores à data-base de...
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
1
Boletim de Subsídios à Negociação
Coletiva dos Bancários
Ano I – Nº 1
Setembro de 2011
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
2
1 Artigo de Conjuntura
O comportamento recente da inflação
Na última reunião do Copom, um dos elementos que pesou para a decisão de reduzir
a taxa de juros Selic em 0,5 ponto percentual (pp) é o de que a crise externa e as
recentes medidas fiscais do governo (aumentou em mais R$ 10 bilhões o superávit
primário) criaram um clima favorável para a queda das taxas de inflação no Brasil. No
entanto, essa tendência ainda não apareceu nos indicadores de inflação de agosto. O
ICV-DIEESE desse mês, por exemplo, apresentou alta de 0,39%, pressionado pelos
preços dos alimentos. A taxa de agosto foi ligeiramente inferior (-0,05 pp) à apurada em
julho, quando o ICV-DIEESE ficou em 0,44%. Os grupos que mais colaboraram com o
aumento da inflação foram: Alimentação (1,17%), Transporte (0,21%) e Despesas
Pessoais (0,55%), que juntos contribuíram com 0,38 pp no cálculo do índice de agosto.
A taxa anualizada em agosto atinge 7,29%. Os grupos Alimentação (11,60%) e
Transporte (9,37%) apontam níveis superiores ao índice geral. Outros registram inflação
elevada, porém inferior a 7,29%, como: Educação e Leitura (6,32%), Despesas Pessoais
(5,58%), Despesas Diversas (5,57%), Habitação (5,11%) e Saúde (4,48%).
A análise da inflação neste ano mostra que inúmeros serviços e alguns bens
apresentaram reajustes nos preços, alguns até acentuados. As variações, no entanto,
foram diferentes. Para uma taxa acumulada do ICV, em 2011, de 3,98%, é possível
observar que os bens subiram 2,91%, bem menos que os serviços (5,02%). Apenas
quatro dos 15 subgrupos que compõem o agrupamento bens apontaram aumentos acima
da inflação: combustível (8,22%), fumo e acessórios (5,00%), produtos de limpeza
doméstica (4,99%) e livros e jornais (4,67%), que representam apenas 9,98% dos gastos
das famílias. Quanto aos serviços, dos 15 subgrupos, 12 indicaram reajustes superiores à
inflação e representam 41,50% das despesas familiares. Os itens com as maiores altas
foram: laboratórios e hospitais (10,53%), tarifas de transporte coletivo (9,65%), mão de
obra da construção civil (9,00%), serviços de higiene pessoal (8,25%), consultas médicas
(7,53%), serviços mecânicos (7,46%), alimentação fora do domicílio (7,40%), escolas
(6,11%), serviços de comunicação (5,38%), empregados domésticos (4,17%), seguros e
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
3
convênios (4,12%), locação, impostos e condomínio (4,10%). A partir desta análise, pode-
se concluir que, neste ano, a inflação é predominantemente originária dos serviços,
notadamente dos grupos Saúde, Transporte, Habitação e Alimentação. Ao se observar a
Habitação, verifica-se que os serviços públicos, como água e esgoto e eletricidade e
telefonia, ainda não foram reajustados.
Portanto, até o final de 2011, pode-se esperar ainda maior pressão inflacionária dos
serviços. Por sua vez, no caso dos bens, chamam atenção os aumentos nos
combustíveis. Em resumo, pode-se afirmar que dos 30 itens estudados, sete contribuem
com 2,49 pp no cálculo da inflação deste ano (3,98%), dos quais apenas um pertence ao
agrupamento referente aos bens, no caso, o combustível, que contribui com 0,51 pp para
a variação total. Outros seis são serviços, como tarifas de coletivos (0,46 pp), alimentação
fora do domicílio (0,44 pp), escolas (0,41 pp), seguros e convênios (0,35 pp), mão de obra
da construção (0,16 pp) e consultas médicas (0,16 pp).
GT Conjuntura do DIEESE, 07/09/2011.
2 Atividade Econômica
Em 2010, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou significativa expansão,
com taxa de crescimento de 7,5%, a maior desde 1986. De 2004 a 2008, o Brasil viveu
um período de crescimento constante, com destaque para 2004 (5,7%) e 2007 (6,1%).
Em 2009, a economia brasileira sentiu os efeitos da crise econômica e financeira
internacional, refletida na queda do PIB (-0,6%) – Gráfico 1. Para 2011, as expectativas
em relação ao crescimento do PIB se situam entre 4,5% e 5,0%, porém já há quem
projete um crescimento um pouco menor para este ano.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
4
GRÁFICO 1
Taxa de crescimento do PIB Brasil 2001-2011 (em%)
Fonte: IBGE. SCN 2000 anual; Banco Central Elaboração: DIEESE
Para os dados trimestrais dos subsetores do PIB, é possível observar a taxa de
crescimento em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal (Gráfico
2). No período, constata-se que, em praticamente todos os grandes setores analisados, a
atividade econômica tem crescido ao longo dos últimos quatro trimestres. O destaque
ficou para a intermediação financeira, que apresentou o maior crescimento entre todos os
subsetores pesquisados pelo IBGE (6,4%), superior também à média da economia
(4,2%).
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
5
GRÁFICO 2 Taxa (%) do trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior
Brasil - 1º trimestre de 2011
Fonte: IBGE. SCN Trimestrais. Elaboração: DIEESE
3 Preços
O Gráfico 3 apresenta a inflação acumulada pelo INPC-IBGE dos últimos 12 meses
anteriores à data-base de referência. Em setembro de 2010, esse índice foi de 4,29%,
porém, a partir de então observou-se um aumento da inflação acumulada, com exceção
dos meses de março, abril e maio de 2011. Para a próxima data-base dos bancários
(setembro de 2011), a inflação acumulada projetada é de 7,40%.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
6
GRÁFICO 3
INPC acumulado nos últimos 12 meses para data-base
Fonte: IBGE. INPC Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
4 Mercado de Trabalho
Em 2010, o crescimento do emprego formal foi retomado, após forte retração,
observada em 2009 (devido aos efeitos da crise econômico-financeira internacional na
atividade econômica - PIB variou -0,6%), com a criação de novos postos, com destaque
para os setores dependentes das exportações e do crédito externo, a exemplo da
indústria.
Nesse cenário, o saldo entre admissões e desligamentos em 2009 foi de “apenas”
995 mil, diante de saldo de 2,1 milhões, em 2010, o que representa crescimento de 121%
(Gráfico 4).
Por outro lado, em 2011, o cenário de retomada do emprego formal continua
praticamente no mesmo ritmo. Dessa forma, nos seis primeiros meses de 2011, o saldo
positivo foi de 1.414.660 empregos formais.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
7
GRÁFICO 4 Saldo de emprego formal por setor de atividade
Brasil - 2010 - 2011
5 Balanço das Negociações
Os dados do Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais, realizado pelo
DIEESE, mostram que, no primeiro semestre de 2011, 93,3% das negociações
conquistaram reajustes iguais ou superiores ao INPC-IBGE. Foi o período com o segundo
melhor resultado para os reajustes desde o início do levantamento, em 1996, inferior
apenas ao observado em 2010, quando a proporção de unidades de negociação que
obtiveram reajustes iguais ou superiores ao INPC-IBGE foi de 95,7% do total.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
8
GRÁFICO 5 Reajustes Salariais em comparação com o INPC-IBGE
Brasil - 2001 - 2011
Fonte: DIEESE. SAS - Sistema de Acompanhamento de Salários Obs.: Dados referentes apenas ao primeiro semestre de 2011
Desempenho do setor bancário
1. Ativos As informações das demonstrações contábeis dos maiores bancos mostram uma
situação extremamente favorável a essas instituições e ao setor bancário como um todo.
O ativo total dos seis maiores bancos cresceu de forma muito significativa em 2010 e, em
comparação com o ano anterior, os ativos das seis maiores holdings financeiras
evoluíram em 19,43%, o que permitiu um montante de mais de R$ 508 bilhões. Por
instituição, destacam-se Bradesco, Itaú e BB, com crescimento relativo de 25,93%,
24,14%, e 14,48%, respectivamente.
*
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
9
TABELA 1 Ativo total das seis maiores holdings
2009-2010 Em R$ mil
Dezembro Variação Banco
2009 2010 Absoluta %
BB 708.548.843 811.172.208 102.623.365 14,48%
CEF 341.311.618 400.613.544 59.301.926 17,37%
Bradesco 506.223.092 637.484.730 131.261.638 25,93%
Itaú Unibanco 608.273.230 755.112.327 146.839.097 24,14%
Santander 352.303.783 396.371.859 44.068.076 12,51%
HSBC 98.415.493 122.329.363 23.913.870 24,30%
Total 2.615.076.059 3.123.084.031 508.007.972 19,43% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Em 2011, os ativos dos bancos continuaram a crescer de forma robusta. O acumulado
das seis maiores instituições alcançou o montante de R$ 3,4 trilhões, o que representa
crescimento de 20,5% em relação ao primeiro trimestre de 2010 e 9,2%, na comparação
com o final de 2010. Em termos absolutos, o maior crescimento foi observado no BB (R$
148 bilhões). Já em percentuais, o destaque é o HSBC, com crescimento de 24,8%.
. TABELA 2
Ativo total das seis maiores holdings Jun/2010 – Jun/2011
Em R$ mil
Junho Variação Banco
2010 2011 Absoluta %
BB 755.705.629 904.145.130 148.439.501 19,64%
CEF 380.471.783 459.232.275 78.760.492 20,70%
Bradesco 558.100.216 689.307.013 131.206.797 23,51%
Itaú Unibanco 647.485.171 792.500.390 145.015.219 22,40%
Santander 374.814.570 424.656.320 49.841.750 13,30%
HSBC 113.809.901 142.130.616 28.320.715 24,88%
Total 2.830.387.270 3.411.971.744 581.584.474 20,55% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
10
2. Receita de prestação de serviços
Após a queda da inflação, com o Plano Real (1995), a receita de prestação de
serviços passou a ter cada vez mais importância como fonte de lucro dos bancos. Parte
significativa dessa receita é oriunda das tarifas que clientes e usuários pagam por
diversos serviços prestados por essas instituições financeiras e pela manutenção de
contas.
Vale destacar que essas receitas só perdem para as relacionadas com operações de
crédito e com títulos e valores mobiliários e instrumentos derivativos (composta
basicamente por títulos públicos, atrelados à taxa básica de juros Selic).
Só no último ano, as receitas com serviços dos seis maiores bancos cresceram 17%,
totalizando R$ 68,6 bilhões, acréscimo de quase R$ 10 bilhões em relação às observadas
no ano anterior. Em valores absolutos, o maior incremento foi observado no BB (R$ 2,35
bilhões), seguido de perto pelo Itaú (R$ 2,2 bilhões). Em termos percentuais, a maior
variação foi registrada pelo Santander, 26,36%.
TABELA 3 Receita de prestação de serviços
2009 e 2010 Em R$ mil
Dezembro Variação Banco
2009 2010 Absoluta %
BB 13.511.181 15.867.908 2.356.727 17,44%
CEF 8.766.404 10.477.146 1.710.742 19,51%
Bradesco 13.833.603 15.850.184 2.016.581 14,58%
Itaú Unibanco 15.172.135 17.462.587 2.290.452 15,10%
Santander 5.450.806 6.887.519 1.436.713 26,36%
HSBC 1.966.851 2.140.565 173.714 8,83%
Total 58.700.980 68.685.909 9.984.929 17,01% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Em 2011 a receita de prestação de serviços, incluindo renda de tarifas, continua
crescendo de forma robusta. O acumulado das seis maiores holdings totalizou, ao final de
junho, o montante de R$ 36,3 bilhões, ou seja, acréscimo de R$ 4,3 bilhões ou 13,3%.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
11
TABELA 4
Receita de prestação de serviços
2010 e 2011 Em R$ mil
Junho Variação Banco
2010 2011 Absoluta %
BB 7.729.021 8.495.147 766.126 9,91%
CEF 4.954.740 6.136.180 1.181.440 23,84%
Bradesco 6.273.479 7.043.422 769.943 12,27%
Itaú Unibanco 8.228.006 9.139.696 911.690 11,08%
Santander 3.725.926 4.375.800 649.874 17,44%
HSBC 1.085.302 1.200.675 115.373 10,63%
Total 31.996.474 36.390.920 4.394.446 13,73% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
3. Despesa de pessoal
A despesa de pessoal engloba o conjunto das remunerações brutas, as despesas
com processos trabalhistas e treinamento. Esse tipo de despesa cresceu 11,07% para as
seis maiores holdings. Em termos absolutos, o aumento foi de R$ 5,1 bilhões, porém
observam-se comportamentos bem distintos entre as holdings. No Itaú, foi verificada a
menor variação percentual (6,04%) e no Santander, a maior (23,66%). O maior
crescimento do montante foi o do Bradesco (R$ 1,33 bilhões), seguido de perto pelo BB
(R$ 1,1 bilhão). O menor incremento foi o do HSBC (R$ 198 milhões).
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
12
TABELA 5 Despesa de pessoal
2009-2010 Em R$ mil
Dezembro Variação Banco
2009 2010 Absoluta %
BB 11.838.434 13.019.591 1.181.157 9,98%
CEF 9.141.401 9.954.278 812.877 8,89%
Bradesco 7.966.338 9.302.386 1.336.048 16,77%
Itaú Unibanco 12.092.315 12.822.261 729.946 6,04%
Santander 3.868.995 4.784.514 915.519 23,66%
HSBC 1.819.668 2.017.901 198.233 10,89%
Total 46.727.151 51.900.931 5.173.780 11,07% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
No primeiro semestre de 2011, a despesa de pessoal cresceu 14,26%, totalizando
R$ 27,8 bilhões, acréscimo de R$ 3,4 bilhões em relação ao mesmo período de 2010.
O destaque ficou para a Caixa Econômica Federal, com crescimento de R$ 958
milhões, o que representa 20,5% na evolução dessa despesa. Já o menor
crescimento foi observado no Santander (10,3%).
TABELA 6 Despesa de pessoal
2010-2011 Em R$ mil
Junho Variação Banco
2010 2011 Absoluta %
BB 6.125.473 6.802.448 676.975 11,05%
CEF 4.654.911 5.613.266 958.355 20,59%
Bradesco 4.358.267 5.040.556 682.289 15,66%
Itaú Unibanco 5.896.300 6.578.061 681.761 11,56%
Santander 2.406.505 2.654.060 247.555 10,29%
HSBC 936.634 1.164.872 228.238 24,37%
Total 24.378.090 27.853.263 3.475.173 14,26% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Quando comparados os montantes de despesa de pessoal com a receita de
prestação de serviços, observa-se que, apenas com essa fonte de receita, os bancos
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
13
conseguem pagar todas as despesas com pessoal e ainda ter algum excedente. Em
2010, todas as seis holdings analisadas tiveram, em média, aumento nessa relação,
de 125% para 132%. O Bradesco, apesar de ter registrado pequena queda, ainda
possui o maior percentual (170%), enquanto a Caixa possui o menor (105%) – Tabela
7.
TABELA 7 Receita de Prestação de Serviços/Despesa de Pessoal
2009-2010 Dezembro
Banco 2009 2010
BB 114,13% 121,88%
CEF 95,90% 105,25%
Bradesco 173,65% 170,39%
Itaú Unibanco 125,47% 136,19%
Santander 140,88% 143,95%
HSBC 108,09% 106,08%
Total 125,62% 132,34% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
4. Emprego e Remuneração
O emprego no setor bancário tem crescido desde o início da última década, após um
longo período de retração, que vai de meados dos anos 1980 até o início dos anos 2000.
Em 2001, foi registrado o menor número de trabalhadores em todo o período (393 mil). A
partir do ano seguinte, o emprego cresceu de forma contínua, até alcançar, ao final do
ano de 2010, 483 mil bancários, aumento de 90 mil postos de trabalho nesses nove anos.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
14
GRÁFICO 6 Evolução do emprego bancário formal
2000-2010
Fonte: MTE. Rais, diversos anos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Por holding financeira é possível notar a grande concentração do setor no que
tange ao emprego. O total de funcionários cresceu apenas 1,37% no último semestre,
totalizando 466 mil postos. O Banco do Brasil registrou o maior aumento (3.530),
seguido pelo Bradesco (3.069). O destaque negativo ficou por conta do Itaú e do
Santander, que tiveram redução no quadro de pessoal (494) e (1.045),
respectivamente.
38%
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
15
TABELA 7 Evolução do quadro de pessoal das cinco maiores holdings
2010-2011 Total de Empregados
Instituição dez/10 mar/11 jun/11 Saldo em
2011 Variação dez/10 - jun/11
BB 118.879 120.797 122.409 3.530 2,97%
Bradesco 95.248 96.749 98.317 3.069 3,22% CEF 83.185 83.504 84.420 1.235 1,48% Itaú Unibanco 108.040 109.836 107.546 (494) -0,46% Santander 54.406 54.375 53.361 (1.045) -1,92% Total 459.758 465.261 466.053 6.295 1,37%
Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
A região Sudeste registrou o maior saldo de emprego, com a geração de 4.794
vagas. No extremo oposto, situa-se o Centro-Oeste, com o menor saldo e a criação de
973 postos de trabalho em 2011. Em termos percentuais, o Norte apresentou a maior
expansão do emprego. As novas vagas criadas significaram incremento de 7,17% no
emprego bancário na região. O Nordeste também apresentou expressiva expansão
(6,07%), como resultado de um saldo positivo de 3.506 vagas geradas no período
analisado.
Na média nacional, a expansão das vagas ficou em 2,48%. Assim, percebe-se que
apenas as regiões Norte e Nordeste tiveram crescimento superior à média. A disparidade
de remuneração também é grande entre as regiões. No Norte, a remuneração média de
admissão foi de R$ 1.581,90, aproximadamente 88% inferior ao valor de admissão
registrado no Sudeste, de R$ 2.972,23.
Em relação à remuneração média de admitidos e desligados, o Sudeste
apresentou a menor diferença. O rendimento médio de admissão nesta região foi 29,24%
inferior ao verificado para os desligados (de R$ 4.200,41). Nas demais regiões, a
diferença de salários de admitidos e desligados foi superior a 45%, com destaque para o
Centro-Oeste, onde ficou em 52,78%.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
16
TABELA 8 Admitidos, desligados e remuneração média por região
Janeiro a junho de 2011
Admitidos Desligados
Região Nº de
trabalhadores Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Nº de trabalhadores
Part. (%)
Rem. Média
(em R$)
Saldo Diferença da Rem.
Média (%)
Norte 1.703 5,58% 1.581,90 545 2,94% 2.898,95 1.158 -45,43%
Nordeste 5.055 16,55% 1.717,93 1.549 8,35% 3.400,79 3.506 -49,48%
Sudeste 17.802 58,30% 2.972,23 13.008 70,09% 4.200,41 4.794 -29,24%
Sul 3.874 12,69% 2.062,20 2.327 12,54% 3.956,33 1.547 -47,88%
Centro-Oeste 2.103 6,89% 1.900,30 1.130 6,09% 4.024,58 973 -52,78%
Total 30.537 100,00% 2.497,79 18.559 100,00% 4.054,14 11.978 -38,39%
Fonte: MTE. Caged Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
A remuneração real média da categoria bancária caiu de um patamar de R$ 4.700,00,
em 2001, para R$ 4.200,00, em 2002, mas manteve-se praticamente estável ao longo da
década e com uma ligeira recuperação em 2009 e 2010, alcançando o valor de R$
4.435,41.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
17
GRÁFICO 7 Evolução da remuneração real(*) média dos bancários
2000-2010
Fonte: MTE. RAIS, diversos anos Elaboração: DIEESE - Rede Bancários Obs.: deflacionado a preços de janeiro de 2011 pelo INPC-IBGE
5. Lucros
O setor financeiro é notoriamente conhecido pelos grandes lucros que, nos últimos
anos, continuaram a crescer a taxas bem expressivas. O lucro líquido dos seis maiores
conglomerados totalizou, no final de 2010, R$ 47,3 bilhões, montante cerca de R$ 10
bilhões superior ao observado ao final de 2009. Em termos relativos, essa expansão foi
de 26,6%. O maior crescimento absoluto foi observado no Itaú, que teve R$ 3,2 bilhões de
lucro a mais que em 2010 e, em seguida, no Bradesco, com R$ 2 bilhões.
Percentualmente, o destaque fica para o HSBC, que apresentou crescimento de quase
66%.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
18
TABELA 9 Lucro líquido dos 6 maiores bancos
2009-2010 Em R$ mil
Dezembro Variação Banco
2009 2010 Absoluta %
BB 10.147.522 11.758.093 1.610.571 15,87%
CEF 3.000.298 3.764.411 764.113 25,47%
Bradesco 8.012.282 10.021.673 2.009.391 25,08%
Itaú Unibanco 10.066.608 13.322.963 3.256.355 32,35%
Santander 5.507.964 7.382.574 1.874.610 34,03%
HSBC 668.096 1.108.843 440.747 65,97%
Total 37.402.770 47.358.557 9.955.787 26,62% Fonte: Demonstrações Financeiras dos Bancos
Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Em 2011, o lucro das maiores instituições financeiras continua a crescer bastante.
Os ganhos líquidos das cinco maiores holdings, no primeiro semestre de 2011,
totalizaram R$ 25,3 bilhões, o que significa crescimento de 19% em relação ao observado
em igual período de 2010, ou seja, acréscimo de R$ 4,1 bilhões. O maior crescimento
absoluto foi verificado no BB, R$ 1,2 bilhão. Em termos relativos, a maior variação ocorreu
na CEF (36,3%). Do ponto de vista da origem dos lucros do setor, observa-se um padrão
de acumulação centrado nas operações de crédito e com títulos, além das receitas com
serviços..
TABELA 10 Lucro líquido dos cinco maiores bancos
Junho de 2010 e 2011 Em R$ mil
Junho Variação Banco
2010 2011 Absoluta Percentual
BB 5.076.256 6.289.715 1.213.459 23,90%
CEF 1.667.684 2.274.308 606.624 36,38%
Bradesco 4.508.024 5.487.428 979.404 21,73%
Itaú Unibanco 6.399.142 7.132.508 733.366 11,46%
Santander (IFRS) 3.529.251 4.153.914 624.663 17,70% Total 21.180.357 25.337.873 4.157.516 19,63%
Fonte: Demonstrações contábeis dos bancos
Elaboração: DIEESE. Rede Bancários
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
19
6. Considerações Finais O cenário da economia brasileira é extremamente favorável à manutenção das altas
taxas de crescimento da atividade bancária, conforme demonstra o desempenho dos
ativos, receitas e lucros das maiores instituições financeiras. Além disso, o setor bancário
tem crescido de forma consistente ao longo da última década, batendo recordes de
lucros, ano após ano, ao mesmo tempo em que se concentra em holdings financeiras
cada vez maiores, com crescentes participação e influência no sistema financeiro
nacional.
Por outro lado, em que pese o excelente desempenho do sistema financeiro, os
trabalhadores bancários não tiveram, nem de longe, a participação na riqueza
devidamente. Além disso, o emprego bancário não se recuperou do patamar do início da
década de 2000 – apesar do crescimento do emprego nos últimos anos. Outra agravante
é que esse aumento recente do emprego não foi suficiente para expandir a renda média
da categoria. Na verdade, o que se observou foi o crescimento da massa salarial via
contratações, mas com rebaixamento da remuneração média, sobretudo por conta da
rotatividade, ampliando a diferença de remuneração de admitidos e desligados. Feitas
essas considerações, o excelente cenário do setor, aliado ao bom desempenho da
economia brasileira, que deverá encerrar 2011 com expansão próxima de 4% e inflação
sob controle, torna possível avançar na negociação das cláusulas econômicas, permitindo
que seja mantida a trajetória de ganhos reais dos bancários, com vistas à melhora da
distribuição da renda e à apropriação dos trabalhadores bancários da receita gerada por
eles próprios.
Subsídios à negociação coletiva dos bancários
20
Rua Ministro Godói, 310 CEP 05001-900 São Paulo, SP Telefone (11) 3874-5366 / fax (11) 3874-5394 E-mail: [email protected] www.dieese.org.br Direção Executiva Presidente: Zenaide Honório Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - SP Vice-presidente: Josinaldo José de Barros Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos de Guarulhos Arujá Mairiporã e Santa Isabel - SP Secretário: Pedro Celso Rosa Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Máquinas Mecânicas de Material Elétrico de Veículos e Peças Automotivas da Grande Curitiba - PR Diretor Executivo: Alberto Soares da Silva Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de Campinas - SP Diretora Executiva: Ana Tércia Sanches Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo Osasco e Região - SP Diretor Executivo: Antônio de Sousa Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Osasco e Região - SP Diretor Executivo: José Carlos Souza Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo - SP Diretor Executivo: João Vicente Silva Cayres Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - SP Diretora Executiva: Mara Luzia Feltes Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramentos Perícias Informações Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul - RS Diretora Executiva: Maria das Graças de Oliveira Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Pernambuco - PE Diretor Executivo: Paulo de Tarso Guedes de Brito Costa Sindicato dos Eletricitários da Bahia - BA Diretor Executivo: Roberto Alves da Silva Federação dos Trabalhadores em Serviços de Asseio e Conservação Ambiental Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo - SP Diretor Executivo: Tadeu Morais de Sousa Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo Mogi das Cruzes e Região - SP
Direção técnica
Clemente Ganz Lúcio – diretor técnico Ademir Figueiredo – coord. de estudos e desenvolvimento José Silvestre Prado de Oliveira – coord. de relações sindicais Nelson Karam – coord. de educação Francisco J.C. de Oliveira – coord. de pesquisas Rosana de Freitas – coord. administrativa e financeira
Equipe técnica responsável
Barbara Vallejos Vasquez Miguel Huertas Neto Vivian Machado Revisão Técnica
Catia Uehara Eliana Ferreira Elias Pedro Tupinambá
Direção Executiva – CONTRAF
Carlos Alberto Cordeiro da Silva - Presidente Neemias Souza Rodrigues - Vice-Presidente Marcel Juviniano Barros - Secretário Geral Ademir José Wiederker - Secretário de Imprensa Antonio Carlos Pirotti Pereira - Sec. de Estudos Sócios Econômicos Carlindo Dias de Oliveira - Sec. de Política Sindical Deise Aparecida Recoaro - Sec. de Políticas Sociais Jose Ricardo Jacques - Sec. de Relações Internacionais Miguel Pereira - Sec. de Organização Miriam Cleusa Fochi - Sec. de Assuntos jurídicos Plínio José Pavão de Carvalho - Sec. de Saúde Roberto Antonio Von Der Osten - Sec. de Finanças Willian Mendes de Oliveira - Sec. de Formação Douglas Garcia Reis - Diretor Executivo Jeferson Rubens Boava - Diretor Executivo Jose Geraldo Palemo Ferraz - Diretor Executivo Marco Aurélio Saraiva Holanda - Diretor Executivo Rosalina do Socorro Ferreira Amorim - Diretor Executivo Sergio Wilson Lima de Amorim - Diretor Executivo