Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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BdeC BdeC Boletim de Comunicações Província São Francisco de Assis – OFM/RS Jan.-Jun. 2014 Frei Isidro: Gratidão a Deus pelos teus 100 anos de testemunho! Seminário São Pascoal comemora 50 anos! I Congresso de Evangelização da OFM

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Paz e Bem, Irmãos e amigos/as! Enviamos o BdeC do primeiro semestre de 2014. Apesar de estar no BdeC, enviamos, a pedido do Ministro provincial, o texto de Frei Giacomo Bini em arquivo a parte para aqueles que gostariam de tê-lo assim (Texto em italiano e espanhol: http://www.ofm.org/SGME2014/docs/20140519_Bini_ES.pdf).

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BdeCBdeC Boletim de Comunicações

Província São Francisco de Assis – OFM/RS

Jan.-Jun. 2014

Frei Isidro: Gratidão a Deus

pelos teus 100 anos de testemunho!

Seminário São

Pascoal comemora

50 anos!

I Congresso de

Evangelização da

OFM

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EXPEDIENTE

BdeC

Boletim de Comunicações

Informativo da

Província São Francisco de Assis

Da Ordem dos Frades Menores no Brasil.

Av. Juca Batista, 330

Bairro Ipanema

91770-000 – Porto Alegre – RS

E-mail: [email protected]

Equipe responsável:

Frei Arno Frelich, OFM

Frei Benício Warken, OFM

Frei Harri Schuh, OFM

Frei Jorge Egídio Hartmann, OFM

Frei Plínio Ricardo Maldaner, OFM

Frei Inácio Dellazari, OFM

Frei Marino Pedro Rhoden, OFM

Índice

Palavra do Ministro Provincial, 3

Discretório para a Fraternidade Monte Alver-

ne, 4

Visita da Irmã Morte, 4

Gratidão a Deus pelos teus 100 anos de teste-

munho!, 5

Algumas mensagens recebidas, 7

Homilia nos 100 anos de Frei Isidro Bottega, 7

Frei Isidro, 8

Carta do Ministro Geral sobre o Capítulo

2015, 10

50 anos do São Pascoal, 11

Frei Gervásio: Cidadão Agudense, 12

Renovação dos Votos Temporários—2014, 13

IDE, EVANGELIZAI! Você será sal e luz!, 14

Reunião entre Bispos e Provinciais, 16

Formação de Leigos, 17

Vai, reconstrói minha casa, 18

A Identidade e a novidade da missão evangeli-

zadora da Ordem hoje, 24

Paróquia São Vicente de Paulo—40 anos, 29

Editorial

Retomando a publicação de nosso Bole-

tim de Comunicações (BdeC), não trazemos

muitas novidades. De fato, nos preocupamos

em registrar a memória de fatos e atos que en-

volvem a Província São Francisco de Assis.

Este primeiro número de 2014 sai com

um olhar sobre o semestre, com a consciência

de que muita coisa “acontecida” não foi escrita

ou registrada. Talvez porque divulgada por ou-

tros meios, ou pela correria que faz esquecer

este serviço à história... Certo é que novidades

poderão ser sempre registradas. Também as re-

flexões. Outros meios de comunicação podem

ser “conectados” ao BdeC...

Aqui damos bom espaço à memória de

Frei Isidro Bottega, nosso irmão centenário, que

partiu recentemente para a Casa do Pai.

Bom espaço também para a memória do

I Congresso Internacional para as Missões e

Evangelização da Ordem, realizado em Sasso-

ne, Roma, Itália, trazendo os textos da Mensa-

gem Final do Congresso e de Frei Giacomo Bi-

ni. Deste congresso participaram Frei Gastão

Carlos Zart e Frei Aldir Mattei (na foto da capa

com Frei Nestor Inácio Schwerz e os demais

freis brasileiros).

Não esquecemos dos 50 anos do São

Pascoal e da renovação dos votos de nossos ir-

mãos professos temporários, em Estrela.

Partilhamos a comunicação de Frei Elói

Piva sobre o Master, no qual participa Frei Flá-

vio Guerra. Ainda a memória de Jacob Ignácio

Reichert sobre a Paróquia São Vicente de Pau-

lo, em Passo Fundo, que completa 40 anos e foi

fundada com o trabalho dos Frades.

Carecemos da tradicional parte das

“Umas Ki outras”, deixando este espaço para os

irmãos inspirados a contribuir com a memória

humorada de nossa vida cotidiana para os próxi-

mos números.

Reiteramos o convite a todos os irmãos

a partilharem suas atividades, reflexões e

“peripécias”, escrevendo para o BdeC.

Pela equipe, Frei Arno Frelich, OFM

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Palavra do Ministro Provincial

Caros confrades,

Paz e Bem!

Já avançamos 6 meses do ano de 2013. Queríamos ressuscitar o BdeC como meio de comunica-

ção entre os frades da nossa e das outras Províncias. É o que está acontecendo agora. Graças à compre-

ensão de que a internet não nos basta e à colaboração dos frades em partilhar a vida e a missão, nasceu

este primeiro número em 2014. Que não seja o último!

Em nível de Ordem participei, em janeiro, do Encontro dos novos Provinciais, em Roma. Foi

muito importante para sentir-se Ordem, conhecer as alegrias, angústias e esperanças das Províncias do

mundo inteiro, na época de transição que vivemos. Ouvindo os apelos de nosso tempo e as exigências

de nossa Identidade Franciscana, em preparação do Capítulo Geral de 2015, a Ordem propõe o Tema:

Irmãos e Menores em nosso Tempo. Em tempos de exacerbação do individualismo, ser irmão e me-

nor é ser profeta. E o Profeta Jesus e seu Evangelho são o caminho. O Capítulo Geral será realizado en-

tre os dias 10 de maio e 7 de junho de 2015, em Assis.

Participaram do Congresso Internacional para a Evangelização e Missão, em Roma, Frei Gastão

e Frei Aldir. O Secretariado Provincial para a Evangelização e Missão está trabalhando a questão do

Redimensionamento, aprovado em Capítulo. Eles poderão ajudar a nossa Província buscar, em sintonia

com a Ordem, a concretização deste objetivo. Neste Congresso se refletiu sobre um Texto que Fr. Gia-

como Bini, Ex-Ministro Geral, iria apresentar. O Texto tem como título A Identidade e a Novidade da

Missão Evangelizadora da Ordem Hoje. Este Texto vai chegar a cada frade.

Aconteceu, em nível de América Latina, na Cidade do México a XXII Assembleia da UCLAF.

Há um desejo de caminhar juntos e de recíproca ajuda entre as Conferências e Províncias. A Mensagem

da Assembleia foi encaminhada pela secretaria da Província a todos os frades via e-mail. É bom ler esta

mensagem e ver os compromissos que as Conferências assumiram, principalmente, com relação ao

Master em Evangelização.

No mês de março deste ano, reuniu-se a CFMB e SERFE em Anápolis, Goiás. O SERFE orga-

nizou para este ano a Experiência Under Ten. Será numa Aldeia indígena, entre os índios Munduruku,

na Missão Franciscana da Custódia S. Benedito da Amazônia. Nossa Província estará sendo representa-

da nesta Experiência. Agradecemos à Custódia S. Benedito que está organizando esta Experiência. Para

o Ano de 2015, está organizado o Curso para Formadores em Petrópolis, como já é tradição. Para o

ano de 2016, está prevista a Experiência de Reavivar o Dom da Vocação, com visita a Assis e Santu-

ários Franciscanos e Terra Santa. Frei João Carlos Karling foi eleito o Moderador Nacional da Forma-

ção Permanente e, por isso, membro da Equipe Executiva do SERFE.

Podemos perceber que estamos integrados na Ordem, na UCLAF e na CFMB. A Interprovincia-

lidade, refletida no Capítulo, está acontecendo há muitos anos. Por decisão do Governo Provincial e

Secretariado de Formação e Estudos da Província, no próximo ano não haverá Noviciado. O postulante

iniciará seus estudos de filosofia e, no ano seguinte de 2016, irá ao noviciado com o grupo de postulan-

tes 2015.

Continuemos respondendo aos apelos de nossa Identidade de sermos irmãos e menores em

nossas Fraternidades, por uma questão de fidelidade à nossa Vida e Missão.

Com um abraço fraterno e que o Senhor abençoe a todos.

Frei Inácio Dellazari, OFM

Ministro Provincial

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Discretório para a Fraternidade Monte Alverne

Acolhendo solicitação feita pela Fraternidade

Monte Alverne, o Definitório provincial, na reunião do

dia 06 de maio, após discernimento sobre as indicações

dadas pelos confrades da Fraternidade, nomeou o Discre-

tório da Fraternidade Monte Alverne, conforme as

CCGG art. 243 §§1-2, os EEGG art. 244 e 245 §§1-2 e

os EEPP art. 115 §§1-3, composto por: Frei Marino Pe-

dro Rhoden, Frei João Luiz Rehsler, Frei Romano Zago,

Frei Lino Inácio Hochscheidt, Frei Arno Frelich.

Ajudas na Alemanha

Frei Nelson José Junges, encontra-se na Alemanha, auxiliando na Paróquia de Kappel-

beck, à qual mantém ligação com a FCD. Retornará ao Brasil em 04 de setembro de 2014.

Frei José Leonardo Kuhn, Frei Lino Inácio Hochscheidt e Frei Paulo Ademir Reis em-

barcam dia 27 de junho, Dirigem-se ao Kreuzberg, para auxiliar nos trabalhos do Santuário em

época de férias dos funcionários leigos. Frei Leonardo retornará ao Brasil em 05 de agosto do

corrente ano, enquanto Frei Lino e Frei Paulo, em 1º de setembro.

Visita da Irmã Morte

No dia 04 de maio de 2014, faleceram: Marcos Mattei, irmão de nosso confrade Frei

Aldir Mattei, Definidor provincial, residente em Coronel Pilar, onde foi sepultado após a cele-

bração eucarística presidida por Frei Inácio Dellazari, Ministro provincial; e Berta Reckziegel,

mãe de Frei Arno Reckziegel (in memoriam), residen-

te em Linha Santa Emília, Venâncio Aires, onde foi

sepultada após a celebração eucarística presidida por

Frei Marino Pedro Rhoden, Vigário provincial.

No dia 05 de maio de 2014, recebemos o comunicado

do falecimento do tio de João Renato, senhor Aloísio

Romeu Sieben. A celebração e o sepultamento ocorre-

ram na Comunidade São Rafael de Cruzeiro do Sul.

Nossas orações também por Dom Altamiro Rossato,

Padre Antônio Lorensato, Padre Edgar Jotz, falecidos

no dia 13 de maio de 2014.

No dia 31 de maio ocorreu o falecimento de Genésio Spengler, pai de nosso confrade e

arcebispo Dom Jaime Spengler, OFM, em Gaspar, SC, onde foram celebradas as exéquias.

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Gratidão a Deus pelos teus 100 anos de testemunho!

FREI ISIDRO BOTTEGA, OFM

SACERDOTE FRANCISCANO

Onde nasceu Fr. Isidro? Muitas vezes, debate-se o local de nascimento de grandes ho-

mens. Às vezes, dá até briga. Duas ou mais localidades se orgulham de seu filho eminente ou

santo. Nem todo grande homem nasceu em berço de ouro ou em famosa cidade. Mas, o contrá-

rio mais vezes acontece. Belém tornou-se internacionalmente conhecida por causa de dois seus

filhos: David e Jesus! Talvez aconteça o mesmo com aquele valetão perdido, entre Daltro Filho

e Garibáldi. Oxalá!

Izidoro Sylvestre é filho de Andrea Bottega e Itália Daltoé, nasceu no dia 29.04.1914,

no município de Garibáldi (Ao celebrar o jubileu sacerdotal, numa breve biografia, escrita em

Não-Me-Toque, Fr. Isidro afirma: “Eu nasci na paróquia de Daltro Filho! Foi no valetão que

existe entre as capelas de S. José de Castro e S. Roque. Quando nasci essas capelas pertenciam à

paróquia de Coronel Pilar, então município de Garibáldi. Mas, quando eu era pequeno, meus

pais se mudaram para Bela Vista do Fão”. Em 25 de novembro de1995, Fr. Isidro escreveu um

bilhete, nestes termos, ao Frei Nestor, pedindo que fosse corrigido o Conspecto da Província:

“... Fui batizado na Capela S. José de Castro, e lá nasci. Hoje essa capela faz parte de Daltro

Filho! Não sou de Coronel Pilar. Sou de Daltro Filho! Faça o favor de corrigir esse erro no

Conspecto da Província! Obrigado”. O Registro civil, foi exarado no dia 30 de abril de 1914,

em Peixoto, Segundo distrito de Garibáldi. Na sua cópia consta que nasceu na Linha Azevedo

do Castro, número sessenta e seis. Sendo seus avós paternos: Dezidério Bottega e Amabile Lo-

renzon e os avós matemos: Sylvestre Daltoé e Antônia Bim.

Batismo: O Cônego João Antônio Peres, Secretário geral do Arcebispado de Porto Ale-

gre certifica que no Livro quatro de assentamentos de Baptismos da Igreja São Lourenço de

Villas Boas, à f1 16, acha-se o seguinte: “... Aos três de maio de mil novecentos e quatorze, na

capella de São Roque da Linha Castro, foi baptisado Izidoro Silvestre Bottega ...”

Crisma: “Frei João Brouwer, OFM, vigário da Paróquia de N Senhora de Lourdes -

Fão, certifica que no Livro I de assentamentos de Chrismas da freguesia de Lageado (Bella

Vista do Rio Fão), acha-se o seguinte: foram chrismados pelo Excelentissimo Dom João Bec-

ker, aos 12 de dezembro de ·1919, na Igreja de Bella Vista ... Izidoro, filho de Andrea Bottega,

padrinho Luiz Bottega”

Estudos: “ginasiais foram iniciados em Divinópolis e continuados em Taquari, no Se-

ráfico. Depois do quinto ano feito em Taquari, em companhia de Wilibaldo Grings (futuro Fr.

Agostinho) e Zerbini, foi à Holanda, fez o antigo sexto ano seminaristico em Katwijk aan de

Rijn”.

Franciscano para sempre: Vestição (Noviciado): 07.09.1934 (em Hoogeruts - Holan-

da). Profissão temporária: 08.09.1935 (em Venray - Holanda). Profissão Solene: 08.09.1938

(em Wychen - Holanda). No dia 30 de setembro de 1938 embarcou em Antuérpia (Santa Cruz

1938, p. 129), chegou no dia 16 de outubro e foi ordenado subdiácono no dia 23 de outubro de

1938. Recebeu o Diaconato no dia 19.10.1939 (em Divinópolis-MG, conferido por D. Inocên-

cio Engelke) e foi ordenado Presbítero, no 20.10.1940, na igreja da Floresta, em Belo Hori-

zonte - MG, por Dom Antônio dos Santos Cabral.

Transferências:

1941, Nomeado coadjutor em Belo Horizonte - MG

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1944, Transferido de Belo Horizonte a Taquari, para ser o Padre espiritual no Seminário

Seráfico e coadjutor na Paróquia São José.

Janeiro de 1947, nomeado coadjutor de Porto Alegre; em julho de 1947: nomeado vigá-

rio de Taquari. Ali escreveu um livro de caráter apologético e alerta quanto ao perigo da maço-

naria!

1952, de Taquari a Divinópolis, onde foi pároco no Santuário Santo Antônio.

Em dezembro de 1958 foi nomeado Definidor da Província Santa Cruz.

1962, Transferido de Divinópolis à paróquia, em Teófilo Ottoni.

01.1965, Transferido de Teófilo Ottoni a Pirapora, paróquia.

08.1965, Foi nomeado pároco de Vila Progresso.

1967, Transferido de Progresso à Capital, Mestre dos Clérigos no Pão dos Pobres

1968, Transferido de Porto Alegre a Horizontina, paróquia

01.1977, Transferido de Horizontina a Taquari - paróquia

20.08.1977, Transferido de Taquari à paróquia de Alegria

12. 1980, Transferido de Alegria à paróquia de Pouso Novo

27.12.983, Transferido de Pouso Novo à paróquia de Daltro Filho

06.01.1987, Transferido de Daltro Filho à paróquia Santa Inês de Três Passos

01.08.1987, Transferido de Três Passos à Paróquia Cristo Rei, em Não-Me-Toque

08.11.1990, Membro da Fraternidade do Provincialado

11.12.1995, Nomeado vigário paroquial da Paróquia Cristo Rei, Não-Me-Toque

04.12.1996, Renomeado Vigário da Paróquia Cristo Rei, Não-Me-Toque

12.1.2.1998, Nomeado "Membro do Guardianato do Planalto Médio, Paróquia Cristo

Rei de Não-Me-Toque - agente de pastoral".

No dia 1º de abril 2000, escreveu ao Frei Nestor: ... Aqui (Não-Me-Toque) minha mis-

são terminou. Não posso fazer mais nada. Acho que o meu lugar é mesmo a casa dos inativos.

O que pensa o senhor? Tenho medo de dar trabalho aos confrades daqui. Saudações." Dez dias

depois, 10.04.2000, voltou a escrever um bilhete ao Ministro provincial, dizendo: " ... Esta se-

mana tomei uns remédios e parece que melhorei! Não sinto mais aquela fraqueza que sentia

na semana passada. Saudações."

Uma fatalidade, em 2003. Certamente um choque na saúde de nosso grande patriarca foi

um acidente. Tantos se acidentam mortalmente com moto. Fr. Isidro não era motoqueiro, mas

foi atropelado por moto, ao atravessar a rua, em Não-Me-Toque. Com fratura de uma das per-

nas, teve que entregar os cuidados de seu "latifúndio" muito produtivo, a saber, a horta modelo,

atrás da Canônica. Sua vida sofreu dolorosa reviravolta! Apesar de octogenário, era ativo como

se fosse jovem. Sobrou-lhe, então, apenas um hobby: sua coleção de selos. Quanto a esse grave

acidente, Fr. Adriano pesquisou o Livro de Crônicas da casa e contou que, nela, "Frei Isidro

narra a sua queda, ao voltar do hospital, onde rezara a missa. Foi no dia 23 de agosto de

2003. Foi de ambulância para Porto Alegre no dia 26 de agosto 2003. Esteve em Porto Alegre

até dia 4 de fevereiro de 2004, quando retornou a Não-Me-Toque. Ficou em Não-Me-Toque

até o dia 07 de setembro de 2005, quando foi definitivamente para o Lar dos Idosos, em Porto

Alegre, levado pelo pároco Fr. Luis Brancher", para tratamento da saúde. Recuperado, nosso

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patriarca era exemplo de frade conformado, mas que não entregou os pontos.

No dia 06.12.2007: Foi nomeado "Membro do Guardianato de Monte Alverne, para tra-

tamento de saúde”.

No dia 1º de maio de 2014, com presença significativa de seus irmãos, de familiares e

de muitos amigos, bem como de confrades, na Sede provincial, celebrou-se solenemente o seu

centenário de vida, louvando-se a Deus pelos seus 80 anos de consagração religiosa francisca-

na e 74 anos de ministério sacerdotal.

Em meados de agosto de 2009, abatido e fragilizado fisicamente, alimentando-se muito

parcamente, nosso patriarca declarou a Frei Lino Inácio Hochscheidt que desejava a visita da

Irmã Morte, mas esta somente lhe veio visitar em 08 de junho de 2014 após quatro dias de in-

ternação hospitalar.

Frei Plácido Robaert, OFM]

Frei Arno Frelich, OFM

Algumas mensagens recebidas:

“Grande presença e testemunho de frade em nossa Província e Ordem. Sempre o via co-

mo um Frade muito disciplinado, austero, sistemático, fiel, fixado no essencial. Ao ler a bio-

grafia, me impressiona a sua itinerância. Passou por muitos lugares, inclusive em terras estran-

geiras. Que Deus o acolha, lhe revele a sua misericórdia e lhe conceda a morada preparada

desde sempre com muito amor. É bela a coincidência da morte com a festa de Pentecostes. Isi-

dro foi um homem que viveu segundo o Espírito, foi um homem espiritual. Vou celebrar a

missa de amanhã em sua intenção. Estarei em sintonia hoje à tarde com todos os confrades,

familiares, parentes, amigos/as na celebração dos funerais. Descanse em paz!”

Frei Nestor Inácio Schwerz, OFM

“Agradecemos a Deus pela existência longa de Frei Isidro neste mundo e por seu teste-

munho. Unidos em oração, supliquemos ao Deus da vida que o acolha na eternidade.”

Frei Valmir Ramos, OFM

“A notícia do falecimento de nosso querido confrade centenário, Frei Isidro, me deixou

triste. Perdemos todos um grande confrade e um homem de fibra. Comecei a conhecê-lo nos

meus tempos de seminário, em Taquari, onde ele era o pároco da paróquia e confessor extraor-

dinário dos seminaristas. Todos o admiravam e gostavam dele. E assim foi em todos os lugares

onde trabalhou, até seu final de vida no convento de Porto Alegre. Peço a Deus que o receba e

o faça viver feliz na eternidade!”

Cardeal Dom Cláudio Hummes

Homilia nos 100 anos de Frei Isidro Bottega

Celebramos um fato inédito nos poucos anos de história de nossa Província. Nossa Pro-

víncia não tem ainda 50 anos de existência, é bastante jovem. Celebrará em 2016 o jubileu de

ouro, ou seja, seus 50 anos de existência. No entanto, frei Isidro celebra seu centenário de nas-

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cimento. Viu nascer, crescer e participou da construção da

fisionomia da nossa Fraternidade Provincial. Ele poderia

olhar para nós e dizer: vocês são uma gurizada.

Neste dia, para celebrarmos diante de Deus este fato inédito,

podemos rezar com Santa Clara de Assis e dizer: “Obrigado,

Senhor, porque me criastes”. Ao proferir estas palavras, San-

ta Clara faz um profundo reconhecimento que a vida é em

primeiríssimo lugar um dom de Deus. E se é dom de Deus,

não nos pertence, não somos proprietários. O proprietário é

outro e, na compreensão de S. Francisco, é o altíssimo e onipotente bom Senhor, que nos con-

cedeu a graça de existir, de ser gente, de ser humanidade, de nos alegrar, conviver e viver a fes-

ta da vida. É uma graça poder existir. Se a vida for entendida a partir desse ponto de vista, co-

mo seria uma vida de qualidade? Mais qualidade tem aquele que mais restitui a Deus aquilo

que é de Deus. Menos qualidade tem uma vida que foi apropriada, instrumentalizada e coloca-

da a serviço de interesses próprios, do lucro, da ganância, desorientada. Frei Isidro hoje nos

pergunta: Quem é jovem e quem é velho; quem é bonito e quem é feio; quem está de pé e

quem está sentado; quem caminha e quem está em cadeira de rodas; o que tira nossos movi-

mentos e nos imobiliza; o que trava nossa vida e o que nos torna livres diante de Deus e diante

dos irmãos. Vemos tantas pessoas com força física total e imóveis sem força para oferecer um

copo d’água, tantos rostos jovens e bonitos que não encantam, pessoas saudáveis com medo de

ficar doente.

Frei Isidro, com cem anos de idade, é um grande missionário. Através dele é anunciada

a eterna jovialidade de Deus, a ternura que Deus é, a compaixão de Deus, a misericórdia de

Deus, o amor que Deus é. O homem vale pelo que é diante de Deus e nada mais. Ele é um ins-

trumento de Deus na nossa caminhada e nos ajuda a olhar com os olhos de Deus uns para os

outros e ver como Deus vê a vida.

Que o Senhor seja louvado pela vida de frei Isidro e que continue concedendo a graça de

conviver com ele por muitos anos. Através dele Deus continua abrindo nossos olhos para ver

grandes coisas.

Porto Alegre, 1º de maio de 2014.

Frei Inácio Dellazari, OFM

Frei Isidro

Para comemorar os 90 anos de presença dos Franciscanos holandeses em Divinópolis,

MG, o Guardião do Convento Santo Antônio, Frei Erotides, e o Pároco do Santuário Santo An-

tônio, Frei Francisco Duarte Júnior, promoveram a trezena (13 dias!) em honra do padroeiro.

Tiveram a fineza de dedicar um dia da trezena ao centenário de Frei Isidro Bottega, celebrado a

29 de abril do corrente ano em Porto Alegre. Como a presença do confrade centenário conside-

rava-se desaconselhável, dadas as suas precárias condições de saúde (cadeira de rodas), houve-

se por bem convidar um membro da Província São Francisco de Assis, de Porto Alegre, para

representar aquele que, como pároco, é querido e ainda muito presente na memória do divino-

politano. Frei Marino, Guardião, indicou Frei Romano Zago como delegado do sul nas come-

morações daqueles 90 anos. Voltar a Divinópolis, para quem transcorrera cinco anos de sua

formação teológica significa uma volta às origens, recordações do passado. Por uma semana,

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Frei Romano integrou-se à fraternidade do Convento Santo Antônio. Lá conviveu ao lado de

confrades conhecidos de outrora, tais como Frei Patrício, Frei Raul, Frei Ronaldo, Frei Geral-

do, Frei Cornélio, entre outros. Se a comunidade acolhe frades de idade, compõe-se também de

jovens, em feliz intercâmbio de idades.

A trezena de Santo Antônio abriu-se no dia 31 de maio, estendendo-se até dia 13 de ju-

nho, dia do Padroeiro. A cada noite reservou-se tema especial, sempre com novo presidente da

celebração. A presidência da missa do 9º dia da Trezena, domingo de Pentecostes, coube a Frei

Romano Zago, com o tema: “Evangelizar é repartir a vida”, tema motivado pela comemoração

do centenário natalício de Frei Isidro Bottega. No momento em que os concelebrantes (Dom

Hugo van Steekenberg, Frei Francisco Duarte Júnior, Frei Patrício de Moura Fonseca e Frei

Romano Zago) paramentavam-se, na sacristia, chegou de Porto Alegre o comunicado do passa-

mento de Frei Isidro, notícia que caiu como água na fervura. No instante, em Datashow, a as-

sembleia tomava conhecimento dos dados biográficos de Frei Isidro, ressaltando a significativa

obra levada adiante por ele durante seus dez anos de pároco naquela cidade. Comunicar o fale-

cimento de Frei Isidro foi chocante, constrangedor, travo amargo na garganta. À oração da co-

leta da festa de Pentecostes, o presidente da celebração, acrescentou a oração por sacerdote fa-

lecido. Assim, o povo que tanto o estimara, dirigia ao Senhor da vida, a oração pelo seu antigo

pároco, oração, conforto último para a alma. Os festejos das animadas barraquinhas que segui-

riam após a missa, foram se apagando automaticamente, em evidente manifestação de luto.

Como o Padre Guardião, Frei “Tide”, tivesse programada reunião dos responsáveis pela

pastoral, em São João del Rei, convidou o hóspede gaúcho para um passeio, lotando o carro

com Frei Patrício d Frei Geraldo. Sabor especial percorrer a região, outrora servida pela Rede

Mineira de Viação, hoje em rodovia asfaltada. Em São João

del Rei, convivemos com Dom Frei Célio de Oliveira Gou-

lart, bispo diocesano. Mostrou-nos a bela Cúria Diocesana e

casa do bispo recentemente reformadas, em apurado bom

gosto. A cinco quilômetros do centro da cidade, situa-se o

complexo do Postulado, distribuído por setores: casa das

máquinas, lavanderia, cozinha, refeitório, tendo a capela ao

centro. Tudo limpo e organizado, com horta, lavoura, açu-

de, ambiente para gado leiteiro e, ao fundo, a fazenda. O

complexo é mantido por quatro confrades professos, com

16 candidatos em formação. Os aprovados seguirão para

Montes Claros, onde, à entrada da cidade, foi construído o

Noviciado, com todos os requisitos.

À noite, em companhia dos dois confrades responsá-

veis pela Paróquia São Francisco de Assis, prédio que ser-

vira de capela dos alunos do antigo internato, a delegação

de Divinópolis teve a satisfação de apreciar uns petiscos, na vizinha Tiradentes, hoje capital do

cinema e da gastronomia, em Minas, com os preços às estrelas, preços dentro do padrão Fifa.

Frei Romano Zago, OFM

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Carta do Ministro geral sobre o Capítulo 2015

ORDEM DOS FRADES MENORES

MINISTRO GERAL

Cúria Geral dos Frades Menores (OFM),

Via S. Maria Mediatrice 25, 00165 Roma – Itália. Tel. +39.06.684919

Fax. +39.06.632247 – e-mail: [email protected]

Roma, 26.01.2014

A todos os Ministros e Custódios.

Queridos Irmãos Ministros e Custódios:

O Senhor vos dê a paz!

Em primeiro lugar, quero saudá-los fraternalmente e desejar-lhes um Ano Novo pleno

das bênçãos do Senhor.

Escrevo-lhes para dar-lhes algumas informações, que considero importantes com relação

ao Capítulo Geral de 2015. Durante o Tempo Forte do mês de janeiro de 2014, o Definitório

Geral estabeleceu que o Capítulo Geral 2015 se realize, de 10 de maio a 7 de junho de 2015.

Peço-lhes, portanto, que assinalem desde agora estas datas em suas agendas. Ao mesmo tempo,

tendo em conta as opiniões expressas pelo CPO em Konstancin (Polônia), o Definitório Geral

decidiu que o Capítulo Geral terá lugar em Assis, em Santa Maria dos Anjos. O tema principal

do Capítulo será: "Irmãos e menores em nosso tempo" (Fratres et minores in nostra aetate);

junto a este tema também se abordarão os temas previstos da nossa legislação.

O Definitório Geral também determinou solicitar-lhes sugestões sobre possíveis mudan-

ças nos Estatutos Gerais. O prazo final, dentro do qual as mesmas podem ser enviadas à Secre-

taria Geral do Capítulo, é o próximo mês de junho de 2014, a fim de termos o tempo suficiente

para estudá-las e apresentá-las com a devida antecipação aos participantes do Capítulo, de ma-

neira que possam ser tratadas posteriormente na sede capitular. As sugestões deverão ser envia-

das à Secretaria do Capítulo Geral, ao seguinte endereço eletrônico: [email protected]

Peço-lhes que também prevejam na página web de suas Províncias, um espaço adequado

para informar continuamente a todos os irmãos no que diz respeito à preparação do Capítulo

Geral 2015. Tomamos esta decisão juntamente com o Definitório Geral, para garantir que os

irmãos, devidamente informados, possam ter a maior influência possível sobre este evento vital

da Ordem.

Ao mesmo tempo, peço-lhes também que desde agora façam um espaço em seus cora-

ções e em suas orações para o próximo Capítulo Geral, para que o Espírito Santo nos assista e

nos acompanhe sempre. Possa a Rainha da Ordem Seráfica interceder por todos nós, seguidores

de São Francisco de Assis no mundo, de modo que nos convertamos em autênticos irmãos me-

nores para o nosso tempo.

Com sentimentos de profunda gratidão pelo ministério que desempenham, os saúdo atra-

vés da intercessão de nosso Seráfico Pai.

Vosso,

Prot. 104463

Page 11: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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50 anos do São Pascoal

Peço licença ao frei Arno Reckziegel, para ocupar o seu texto de apresentação no livro

dos 25 anos do São Pascoal. Diz ele neste texto: “A Província São Francisco de Assis diz hoje,

depois de vinte e cinco anos ‘e acrescento, depois de 50 anos’, como Moisés: ‘Darei uma volta,

e verei este fenômeno estranho, porque a sarça não se consome’” (Ex 3,3).

O seminário São Pascoal revive a “sarça ardente”, manifestação de Deus para o povo da

região, para os franciscanos e para a Igreja.

Continua frei Arno, “a presente publicação pretende ‘dar uma volta’ ao redor da sarça e

verificar o que a mantém acesa. A descoberta é fantástica: um solo abençoado por Deus; a for-

ça de um povo de fé; a persistência dos frades doando sua vida; jovens ouvindo o apelo de

Deus; o espírito de São Pascoal, de São Francisco”...

O acontecimento merece registro. A comemoração do jubileu é um “tirar as sandálias”

para parar e contemplar a obra de Deus, através de tudo que envolve o seminário. Um pouco da

história e da vida estão aí registrados. Na sarça que não se consome, os franciscanos entendem

que é preciso também andar. Há muito que fazer. Moisés relutou, mas Deus o convenceu:

“Vai, pois, eu te enviarei, para fazer sair do Egito o meu povo” (Ex. 3,10). O seminário São

Pascoal é um marco de luz e um projeto de vida”. São palavras do Frei Arno que merecem ser

relembradas.

Inspirado neste texto, continuamos fazendo memória de tantos frades, estudantes, semi-

naristas, pessoas que aqui passaram, trabalharam, doaram sua vida pelo bem do São Pascoal;

muitas pessoas da cidade de Três Passos e de vários municípios e paróquias, trazem em mente

este seminário; narram histórias, relatam fatos, travessuras; relembram o bem que este seminá-

rio proporcionou nesta região; verdade que muitas pessoas, famílias se doaram por esta casa, e

dentre as famílias há as da Igreja Luterana; disse dias atrás uma comunidade: “nós somos uma

comunidade franciscana...”! Diversas pessoas que fazem parte do seminário desde o seu princí-

pio, contam, narram sua história com alegria, falam da construção do antigo seminário de ma-

deira e do atual e sua construção, dos primeiros freis que aqui trabalharam.

Aqui, nós freis fazemos a experiência de nos deixar ensinar por este povo, ouvindo-o

contar com os olhos vibrantes, a história do São Pascoal, dos freis, dos primeiros seminaristas.

Tendo presente estes relatos, em vez de escrevermos um livro, elaboramos, com ajuda de di-

versas pessoas, frades, um DVD, para registrarmos esta história desde o princípio. Mas, diria,

não está completo. Muita informação ainda necessitamos para tornar este DVD mais completo.

Para a realização dos 50 anos do São Pascoal, tivemos diversas atividades: uma grande

atividade, organizada pelo Frei Miguel Becker, foi a animação vocacional, realizada nas esco-

las da Paróquia Santa Inês, que compreende três municípios: Nova Esperança do Sul, Três Pas-

sos e Novo Progresso. Equipe de diversas congregações religiosas e religiosos e diocesanos

vieram e dinamizaram este tempo de preparação ao jubileu do São Pascoal, incluindo os 125

anos da fundação da Congregação das Irmãs Servas do Espírito Santo e os 90 anos do martírio

do Pe. Manuel e do coroinha Adílio. Portanto, com estes três motivos presentes na animação

vocacional, preparamos o jubileu.

Bueno, no dia da festa, dia 4 de maio, com a presença do Provincial, que foi muito feliz

na sua homilia, apareceu muita gente de toda a região e também apareceu a chuva, que possibi-

litou o povo estar todo em baixo do telhado. Fato marcante, também foi a presença dos ex-

seminaristas em grande número; estes se animaram muito com seu reencontro, contando histó-

rias, artes que aqui aconteceram no tempo de seminário. E o interessante é que eles reunidos

Page 12: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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vibram como se fossem seminaristas e suas esposas ficam a olhar, a contemplar a vibração de

todos eles narrando a vida vivida no São Pascoal. Mas elas também repassam seu testemunho

dizendo: “meu marido é diferente, ele ainda é franciscano, e acho que nunca vai perder esta

marca; e quando se encontra com algum colega de seminário, conversam, vibram, recordam e

até se esquecem do tempo!” estes são relatos que manifestam o ser franciscano leigo presente

nestes que cruzaram nestes 50 anos no São Pascoal.

Tivemos uma presença de uma média de 600 pessoas no dia da festa, aqui no seminário.

Pessoas de diversas regiões, lugares, colorindo este espaço do São Pascoal; o povo se dando a

conhecer um ao outro, tomando refeição juntos e, pela manhã, rezando juntos, foi uma verda-

deira confraternização franciscana. Assim, creio, que muitos saíram daqui bem mais francisca-

nos, bem mais animados para continuar a caminhada em suas comunidades e região.

Toda a preparação, capitaneada pelo Frei Carlos Laurêncio Schaefer, reitor e guardião

da casa, a festa andou às mil maravilhas; vai um voto de gratidão ao povo da cidade que, de

fato, preparou a festa, e no dia estiveram aqui mais de 50 pessoas nos serviços da cozinha,

churrascaria, copa, servindo às mesas etc.; um grande agradecimento a este povo de Deus. A

todos quantos apareceram, nossa gratidão pela presença e pelo coração franciscano que culti-

vam em suas famílias e comunidades onde residem. Grande abraço a todas as pessoas presen-

tes e envolvidas na festa.

Frei João Renato Puhl, OFM

Frei Gervásio: Cidadão Agudense

Em Sessão Especial realizada no dia 06 de Junho, na Câmara de Vereadores de Agudo

realizou-se a entrega do Título de Cidadania a Frei Gervásio Muttoni, que residiu em Agudo

por vários anos. O projeto foi apresentado pelo vereador Itamar Puntel (PMDB). O Vereador

Itamar apontou que Mário Ângelo Muttoni, seu nome civil, atuou “na assistência religiosa do

povo católico da Vila Agudo” e foi “personagem impor-

tante na difusão da ideia emancipacionista”. O projeto

foi aprovado por unanimidade pelos vereadores no dia

19 de Maio.

A entrega aconteceu com a presença de um grupo de

pessoas ligadas à Igreja Católica, em especial da Paró-

quia São Bonifácio que tem grande ligação com Frei

Gervásio, além da presença de amigos do frade. O vere-

ador Itamar Puntel foi quem fez a entrega do título a

Frei Gervásio, que ao usar a palavra agradeceu aos vere-

adores e a todos pela honraria, recordou que ele é apenas um instrumento nas mãos de Deus.

Depois da Sessão Solene a Paróquia São Bonifácio ofereceu um jantar para os amigos

do Frei e alguns paroquianos. Frei Luis Méndez, pároco, esteve presente na Cerimônia e ao se

dirigir a Frei Gervásio agradeceu por todo seu trabalho e testemunho para a comunidade católi-

ca e civil.

Em nota, Frei Inácio Dellazari, Ministro Provincial dos Franciscanos, parabenizou Frei

Gervásio, agradeceu por todo seu trabalho pastoral nas frentes de trabalho dos Frades no Rio

Grande Do Sul.

Page 13: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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O que significa receber um Título de Cida-

dão Honorário

A Lei Orgânica é a Lei Fundamental do

Município de Agudo que possui a propriedade de

organizar o exercício do Poder, fortalecendo as

instituições democráticas e os direitos da pessoa

humana. Dentre suas várias e importantes atribui-

ções, pode-se observar no seu Art. 35, parágrafo

XVI, a concessão de “Cidadania honorária”, que é

um título de honraria que uma pessoa recebe da

Câmara Municipal.

Mais do que prestar uma homenagem, a solenidade de outorga do Título de Cidadão

Honorário significa prestigiar e reconhecer o trabalho de pessoas que tenham se dedicado a

atuar de forma exemplar tanto eticamente, quanto moralmente e por prestar relevantes serviços

ao Município ajudando no desenvolvimento da cidade e na promoção do bem comum.

O Título de Cidadão equipara a pessoa homenageada a uma adoção oficial. A pessoa

agraciada passa a ser um irmão, um conterrâneo, uma pessoa da terra natal. Mesmo que um ho-

menageado não tenha nascido no Município, para que se lhe conceda tal homenagem, faz-se

necessário que se diga o que ele fez sem visar lucros, interesses pessoais ou profissionais, mas

que se diga o que ele (homenageado) fez em defesa do povo de Agudo que lhe concedeu tal

cidadania.

Essa honraria serve como incentivo para que o espírito de cooperação continue a ser

preservado e manifeste sentimentos de cidadania, que são todas as implicações decorrentes de

uma vida em sociedade.

Frei Malone Rodrigues da Silva, OFM

Renovação dos Votos Temporário – 2014

Nos dias 06 à 08 de junho de 2014, aconteceu o retiro de Renovação dos Conselhos

Evangélicos de dez freis do Seminário Maior João Duns Scotus, da Província São Francisco de

Assis. O retiro ocorreu no Centro Vocacional Irmão Sol, na linha São José, em Estrela – RS.

O pregador do retiro foi Frei Paulo André

Maia, OFM. Refletiu-se sobre o viver como

Frades Menores. A primeira declaração que as

CCGG fazem é afirmar que a Ordem dos Fra-

des Menores é uma Fraternidade. Por isso, a

referência principal não é a instituição, mas, a

pessoa do irmão. “De forma que toda a Frater-

nidade se torne o local privilegiado do encon-

tro com Deus” (CCGG art. 40).

Os dez frades que renovaram os Conselhos

Evangélicos foram: Frei Maicon Rodrigo Rohr, Frei Roberto Tiago Frey, Frei Cláudio da Cos-

ta Oliveira Jr., Frei Luís Fernando Lima Tavares, Frei Marcelo Souza Alencastro, Frei Rudi-

Page 14: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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mar Ferreira, Frei Márcio Joel Birck, Frei Antônio Izael Rodrigues Santos, Frei Cirineu Bonini

da Luz e Frei Malone Rodrigues da Silva.

O Espírito Santo sopra e age na Igreja. Temos a certeza que a esperança brota no encon-

tro com a pessoa de Jesus Cristo, sendo a vocação franciscana dom e graça da Santíssima Trin-

dade. E, dessa forma, se torna serviço, doação e entrega ao projeto do Reino de Deus.

No domingo, dia 08, na Comunidade São José, localizada perto do Centro Vocacional

Irmão Sol, ocorreu a Missa e o rito de Renovação dos Conselhos Evangélicos. A Missa foi pre-

sidida pelo Ministro Provincial, Frei Inácio Dellazari. Na homilia, ele destacou o novo vigor da

Igreja, através do Espírito Santo, agindo por meio do Papa Francisco, promovendo a espiritua-

lidade, a paz, a esperança e o amor para com os irmãos. Também, São Francisco continua a en-

cantar muitos jovens para o seguimento de Jesus Cristo.

Houve uma grande acolhida e convivência fraterna por parte dos fardes e da Comunida-

de São José. Assim, a comunidade São José vai se tornando uma comunidade marcada pelos

valores franciscanos.

Renovados pelo Espírito Santo, os frades querem continuar trilhando o caminho Jesus

Cristo, inspirados no Seráfico Pai São Francisco de Assis. E assim, repercute nos corações dos

freis que renovaram os votos: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto que desejo fa-

zer de todo o meu coração” (1 Cel 22).

Frei Tiago Frey, OFM

IDE, EVANGELIZAI! Vocês serão sal e luz!

E o Master em Evangelização: como vai? É o que certamente você pergunta e, com cer-

teza muitas outras pessoas também.

1. Sim, está silencioso, e atestamos que este é um bom sinal. Pois, no caso atual, o si-

lêncio não significa falta de interesse, de empenho, de sonhos e inquietações. Afinal, pensar a

evangelização significa ocupar-se com a razão de ser franciscanas/os, membros de uma Comu-

nidade de fé, seguidores/as de Jesus Cristo. E isto não é pouco! Pois importa, além de relacio-

nar e elaborar estratégias de evangelização, dar-se

conta de que está diretamente envolvido o sujeito

da evangelização, ou seja, “o estrategista”, a pes-

soa chamada a ser ela mesma evangelho. Por is-

so, é um empenho que acentua a reflexão, o estu-

do, o retirar-se com Aquele que nos convida e

nos envia.

2. Percurso acadêmico: O Curso, enquanto per-

curso através da proposta grade curricular, já per-

correu uma etapa que se poderia caracterizar co-

mo antropossociológica, em que o foco principal

fixou-se no “ver”/decifrar o mundo em que nos

situamos, em considerar brevemente quem somos e com que pressupostos mais ou menos

conscientes navegamos. Em seguida, isto é, agora, como num segundo momento, o Curso en-

contra-se na etapa em que prevalece o “julgar”, ou seja, o revisitar as razões bíblico-teológicas

Page 15: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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da evangelização, problematizando-as a partir do hoje da experiência de cada participante e

buscando brechas de saída, i. é, caminhos de renovação interior que se traduzam em luminosi-

dade e criatividade na ação.

3. Uma primeira avaliação. No final da primeira dezena de

maio, depois de uma celebração eucarística na sede da paró-

quia Santa Clara, a manhã foi reservada para a avaliação do

percurso feito até aquela data. Foi uma manhã muito rica, pois

todos, com confiança e espírito construtivo, abriram seu cora-

ção e sua mente, a partir das seguintes balizas: “que bom!”,

“que pena!” e “que tal!?”. Foram, assim, colocadas algumas

razões de contentamento e de esperança, e apontam-se pers-

pectivas para o futuro do Master. Foi elogiada a acolhida en-

contrada em Petrópolis, tanto por parte dos confrades, das/os religiosas/os e do povo; foi igual-

mente elogiada a boa convivência dos estudantes do Máster e seu interesse nas atividades do

Curso; a infraestrutura para o Curso; a percepção da intencionalidade progressiva da grade cur-

ricular. Ressaltou-se ainda o acerto da presença/atuação pastoral dos cursistas nos finais de se-

mana em comunidades de fé, como parte integrante do Curso; enfim, a boa qualificação dos

assessores e o acerto das análises de conjuntura.

Ademais, a Coordenação do Curso foi estimulada a continuar buscando melhorias para

alguns condicionamentos relativos à logística de Petrópolis, como: transporte, moradia, infor-

matização; em função de boas perspectivas de futuro, foi expresso o desejo de que se acentue o

foco da/na Evangelização, colhendo as questões que a envolvem e promovendo a interação dos

participantes; incentivou-se a continuidade da busca de uma

caracterização latino-americana; e que a possibilidade de parti-

cipação no Curso se mantenha ampla, estabelecendo-se apenas

algumas cláusulas.

4. Um aperitivo religioso-cultural. No dia seguinte à

avaliação, foi promovido um passeio cultural na cidade do Rio

de Janeiro. Fomos acolhidos pelos confrades da Fraternidade

do Convento Santo Antônio (sendo guardião Frei Ivo Müller)

com quem almoçamos. Fomos guiados por Frei Sandro no per-

curso que fizemos e na apresentação do Convento Santo Antônio, com destaque para a igreja

do mesmo Convento e da Ordem Franciscana Secular e suas dependências; esta e a igreja do

Mosteiro de São Bento, que também visitamos, são obras primas do barroco brasileiro. Apro-

veitamos a oportunidade para visitar uma exposição de obras de arte do museu de São Peters-

burgo, na Rússia, promovida pelo Centro Cultural Banco do Brasil; passamos pelo coração his-

tórico do Rio de Janeiro, palco da chegada de Dom João VI, da assinatura da abolição da escra-

vatura e, finalmente, percorremos a Cinelândia (catedral, teatro municipal, a biblioteca nacional

e o museu de belas artes). Foi um dia agradável e rico, onde pudemos passar algumas horas

agradáveis, respirando cultura, convivendo e nos conhecendo melhor. Certamente isso dá mais

qualidade ao curso, bem como favorece a reflexão acerca da evangelização.

Enfim, agradecemos a todos quantos nos acompanham com interesse e, com seu apoio,

nos desejam o bem.

Fr. Elói D. Piva, OFM (coordenação e estudantes)

Page 16: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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Reunião entre Bispos e Provinciais

No dia 04 de junho de 2014, no Centro de Espiritualidade Cristo Rei, em São Leopoldo,

RS, aconteceu, como de costume, o encontro anual entre Bispos e Provinciais do RS.

Os Provinciais nos deram por escrito as suas observações. Quero pinçar só algumas.

Nas “Realidades positivas”, destacam: o envolvimento dos leigos na atuação da evange-

lização missionária, na pastoral da educação, da saúde, da juventude e da ação social, na pasto-

ral social nas periferias, na formação de lideranças. Os religiosos clérigos sentem-se mais aco-

lhidos pelos bispos.

Nas “Alegrias” como Igreja, ressaltam Papa Francisco, como uma Boa Nova. Ele mostra

uma Igreja que vai ao encontro do outro/pobre. Uma Igreja com atitudes de povo de Deus, com

vida simples. O Papa vai proclamar o ano de 2015 o Ano da Vida Consagrada. A missão dos

religiosos vai além da hierarquia. Estão inseridos em todas as pastorais. Se os padres são as

pernas do Bispo, os religiosos e leigos são as pernas da Igreja. Recordam que a leitura orante

iniciou com os religiosos.

Nas “Preocupações”, dizem: na formação de novos padres, falta respeito para com os

religiosos e para com o povo e as comunidades. Falta trabalho de conjunto. Várias dioceses di-

ficultam as vocações religiosas. Há centralização na pessoa do padre e o povo tem medo do pa-

dre. É necessário que Bispos e Padres sejam mais pastores. Não tenham medo de assumir o no-

vo.

Nas “Realidades desafiantes” para a Igreja, colocam a proposta do Papa de uma Igreja

acolhedora; o assumir aos documentos da Igreja; passar de uma Igreja de eventos (romarias,

novenas...) para uma Igreja comunidade de comunidades; encontro dos bispos, nas suas dioce-

ses, com religiosos, uso dos meios de comunicação social para a evangelização e unidade dos

MCS administrados pelos religiosos e movimentos com a Igreja. Essas são algumas observa-

ções que foram entregues por escrito a todos os Bispos já na véspera do encontro.

Os Bispos destacaram o enorme papel que os religiosos exerceram na evangelização.

Fundaram escolas, hospitais, asilos, leprosários. Depois pediram perdão porque não sempre re-

conheceram esse papel... Alguns acentuaram que ainda hoje as suas dioceses continuam deven-

do muito aos religiosos e às religiosas, ainda que tenham diminuído muito em número. Afirma-

ram que os carismas dos/as religioso/as é um enriquecimento para a diocese. Cada vez que a

Congregação deixa uma diocese é uma perda, gera dor e tristeza pro seu coração.

Não nos podemos opor a promoção vocacional dos religiosos. Não podemos pensar só

em presbíteros diocesanos. Pediram que os/as religiosos/as comuniquem quando um religioso

celebra uma data importante de sua vida ou falecimento. “Queremos estar presentes”. Que os e

as Provinciais visitem os Bispos, ao menos por alguns minutos. “Podemos nos ajudar mutua-

mente”!

Concluindo: todos desejam vivamente, Bispos e Provinciais, colaborar no aprimoramen-

to das mútuas relações, promovendo 2015 como o Ano da Vida Consagrada e que isso não fi-

que só no externo, em festa.

Dom Frei Irineu Sílvio Wilges, OFM

Obs.: Os Bispos religiosos no RS são, entre titulares e eméritos, dez.

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Formação de Leigos

Paróquias de Agudo e Cortado

Aconteceu...

As celebrações que aconteciam nas comunidades da Paróquia não podiam fugir do as-

sunto que era motivo de preces, intenções, para que terminasse uma seca que castigava a região,

fazia meses. Na missa da Matriz, o Pároco não resistiu e provocou a assembleia, quando lem-

brava vários episódios que o Povo de Deus enfrentou, passando inclusive fome e sede, como se

podia ler na Bíblia, e lançou a pergunta: “Por que tem seca? Quem é o culpado?” – Em meio ao

silêncio que se fez, alguém gritou: “São os pecados?” – “Que pecados?”, insistiu o Pároco. –

“Os pecados ocultos”, veio a resposta.

Daí em diante praticamente todos os presentes começaram a debater e se envolver no as-

sunto, dar opinião, perguntar e saber mais, lembrando outras secas, até que, para continuar a

celebração, o celebrante teve de forçar e encaminhou o assunto para um aprofundamento futu-

ro. Mas, as lideranças, os responsáveis pelos vários setores da Comunidade, e mesmo os que

não participaram, foram levados a refletir sobre o tema, e se formaram grupos com interpreta-

ções diversas, senão contrárias.

Seria problema de ensino/Escolaridade, ou catequese/Bíblia, que o povo estava mostran-

do com sua reação?

A opção da Província de, onde houvesse possibilidades, e em algumas realidades pasto-

rais confiadas a nós, assumir orientados por metodologia inter-comunitária, foi testada. E as que

foram denominadas “Fraternidades Evangelizadoras” tiveram seu batismo também nas Paró-

quias de Agudo e Cortado onde, seus agentes responsáveis, puseram mãos à obra.

Ora, o povo perguntava o que vinha a ser essa decisão dos Freis, e qual deveria ser o pa-

pel que lhes cabia. Para não dar passo em falso, sempre difícil de corrigir mais adiante, optamos

inicialmente compartilhar pequenos gestos de entreajuda, convivência. Além do mais, se estu-

dava, e logramos clarear aprofundamentos teóricos de algumas ações, já que estávamos tatean-

do e, por se tratar de um passo novo, o fizemos com paciência.

A postura que mais significado teve foi a simplicidade e a alegria que experimentamos

ao sermos solidários diante dos fenômenos adversos do clima: enchentes, desmoronamentos,

mortes e outras catástrofes. Quando há tragédias, todos somos iguais, atingidos ou não.

Outra estratégia dizia respeito à coerência e à persistência como decisão pessoal nossa.

Deveria ser sempre a atitude de quem acredita num projeto de vida. Por aí, sentíamos, se jogava

tudo em torno a uma fé autêntica. Essa fé pode ser medida pela religiosidade. Contudo, nem

todos vão à missa, ainda que sejam batizados, se declarem católicos e vivam de acordo.

Por que formação de leigos?

Para quem está envolvido no universo pastoral de Comunidades ou Movimentos Eclesi-

ais, de índole popular, tradicional ou progressista, esse questionamento sempre continua válido

(aqui apenas se faz pergunta em cima do método a ser usado). Ainda mais quando urgem res-

postas para as exigências específicas. O que estava acontecendo? Como interpretá-lo? Seria o

dilema do Dízimo? A forma tradicional não respondia mais às exigências e avanços da compre-

ensão e vivência da Fé?

O dia a dia das lideranças estava tomado por reclamações do tipo: “as pessoas desistem

porque desanimaram”, ou “mudou a explicação da Bíblia e não entendemos”. A realidade desta

situação puxava para um aprofundamento. Ninguém queria comprometer-se, pois seus argu-

mentos eram cada vez refutados. Os e as que estavam na Liturgia eram embretados; na Cate-

Page 18: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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quese, igualmente. Nos Grupos de Família, ainda estavam mais folgados. Percebíamos mais

agitados só os do Dízimo.

Então, qual deveria ser nossa preocupação maior? Formação? Conforme o assinalado

acima, a preocupação central era criar modalidades para que os cursistas se apropriassem da

história que haviam herdado e viviam, para que as verdades da Fé, com a Bíblia na mão, os con-

duzissem na sua atuação. Em outras palavras, orientar para perceber quais as razões de sua es-

perança.

Não aleatoriamente, mas após havermos feito consultas e trocas de ideias com as princi-

pais lideranças, incluindo aí a Diocese, decidimos propor às duas Paróquias um curso de For-

mação Teológica nos moldes que a Diocese de Cachoeira do Sul já organizava, com assessoria

qualificada, inclusive sob os auspícios acadêmicos de uma Universidade de Santa Maria

(UNIFRA), com diploma de extensão universitária. Foi aceito.

Em seguida, movimentamos as três Prefeituras locais através de suas secretarias munici-

pais de Educação, as coordenadorias de Ensino, para que auxiliassem na logística necessária.

Lamentavelmente não pude acompanhar até o final esse curso. Na formatura, frisei a ma-

neira como iniciamos a organizar o que estava sendo concluído, e constatar que o progresso al-

cançado individualmente, deveria verificar-se logo mais na prática, na ação. Perguntava-me

também: a iniciativa valeria a pena ser repetida? Ou, ao menos, avaliada?

O que nos soava como tradicional, não pode ser desprezado ou abandonado. Sempre so-

mos chamados a dar passos ousados, sim, mas respeitando a história. Por isso, o método de

ação e reflexão foi decisivo no encontro da realidade e das condições de compreensão. No iní-

cio, acentuei que a novidade, que nós Frades podemos trazer, passa por trilhos que o povo nos

mostra, se formos companheiros, com ideal e apoio mútuos. Por fim, é necessário estar de acor-

do se todos queremos a mesma coisa, se estamos interessados de verdade.

Frei Plínio Ricardo Maldaner, OFM

Mensagem Final do Congresso

VAI, RECONSTRÓI MINHA CASA

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem!

O convite do Crucifixo dirigido a São Francisco na pequena igreja de São Damião, Vai,

reconstrói minha casa!, ressoou continuamente em nossos ouvidos durante este Primeiro Con-

gresso internacional para as Missões e a Evangelização da Ordem dos Frades Menores. E pre-

cisamente é este Vai!, que nós, participantes no encontro, desejamos ardentemente fazer nosso,

nesta hora particular da história, e compartilhá-lo convosco, queridos irmãos e irmãs da gran-

de Família Franciscana.

Encontramo-nos no Carmelo de Sassone, Roma, de 18 a 28 de maio de 2014, para assu-

Page 19: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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mir os desafios atuais, reflexionar e aprofundar a missão evangelizadora para nossos tempos,

com o fim de relançá-la segundo nossa identidade e a novidade que o Espírito Santo anima em

nós. Na oração e nas celebrações reforçamos nossa fraternidade e compartilhamos muitas ex-

periências, gozando também da presença do Ministro geral e dos Irmãos do Definitório.

Éramos cerca de 150 participantes entre Frades Menores, algumas Irmãs Franciscanas

e alguns leigos, provenientes de 100 Entidades da Ordem e de 50 diferentes países dos cinco

continentes, convocados pelo Ministro geral, Frei Michael Perry, e recebido pelos Irmãos do

Secretariado geral para as Missões e a Evangelização, que organizaram o Congresso.

Iniciamos o encontro na presença do Cristo na Eucaristia, para adorá-lo, para agrade-

cer-lhe pelo dom da nossa vocação e para pedir-lhe sua bênção e sua presença misericordiosa

entre nós. Fomos orientados pelo tema “identidade e novidade” de nossa missão na Igreja e na

Ordem, e convidados a fazer ressuscitar em nós o impulso missionário e evangelizador, ao qual

fomos chamados por nossa vocação. Estamos conscientes de que nós hoje somos o Francisco

que o mundo espera, o mesmo Francisco que o Crucifixo quer enviar a reconstruir a casa dos

homens e das mulheres de hoje, retornando à fonte para recuperar o frescor do Evangelho, o

único capaz de tornar-nos criativos, de inspirar-nos novas formas de expressão, sinais elo-

quentes e palavras adequadas a nosso mundo.

Durante os dias do Congresso, sempre nos acompanhou o exemplo de nosso irmão Gia-

como Bini, chamado recentemente pela irmã morte a gozar da boa notícia que ele testemunhou

e anunciou com paixão. A palestra que ele havia preparado para nós, foi distribuída como seu

testamento de animação da vida e da missão de toda a nossa Fraternidade. Sua presença na

Comunhão dos Santos nos presenteou o sabor da ternura e da inspiração vivaz com que enri-

queceu nossos encontros. Sua memória seja grande bênção na vida que continua...

O Congresso se desenvolveu numa viva dinâmica de várias conferências sobre diferentes

aspectos da missão evangelizadora, de oficinas temáticas, de mesas redondas, de testemunhos,

de momentos cotidianos de oração, celebrações e momentos para a fraternidade. O binômio

identidade-novidade de nossa missão evangelizadora, continuamente nos estimulou a buscar a

identidade em caminho, própria de nosso carisma, que consiste em viver a perene validade do

Evangelho em todo lugar e nas cambiantes e diferentes situações da história.

1. Vai!

1.1. Vai!

O apelo urgente de Jesus, uma vez dirigido a São Francisco, agora se dirige a cada um de

nós. No aqui e agora de nossa história, onde nos colocou o Senhor, esta dinâmica de saída de

nós mesmos, é a obediência que desejamos prestar ao Senhor com entusiasmo renovado. Nossa

tarefa é a de superar as tentações que nos impedem de manter vivo em nosso coração que escu-

ta, e de ir para os horizontes que o Senhor nos indica.

Queremos ser ouvido que escuta, coração que escuta cada dia o Senhor que nos fala. Só

escutando poderemos, por nossa vez, falar. Só estando com Ele, poderemos depois partir. E

partir com a alegria do Evangelho.

1.2. Vem!

Diante da palavra do Senhor que nos pede para ir, nossos ouvidos escutam continuamen-

te o apelo do povo, que diz a cada um de nós: Vem! Para São Francisco foi o leproso, foram os

pobres, os que estavam afastados de Deus, ou que ainda não o conheciam. Hoje o mundo nos

pede, implora, nossa presença simples e pacífica, para que voltemos aos caminhos onde o povo

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caminha, às periferias abandonadas, aos areópagos nos quais as multidões, ainda sem o saber,

têm fome de Deus. Queremos obedecer a este grito, sabendo que também é o Senhor quem nos

chama a partir de sua misteriosa presença nos pobres de nosso tempo. Empenhamo-nos em

vencer essa autorreferencialidade que nos faz totalmente surdos diante do grito do Senhor que

clama no pobre.

Num mundo no qual o próximo parece morto, queremos recuperar essa cultura da pro-

ximidade que significa estar em meio ao povo, para assimilar sua linguagem, suas angústias e

suas aspirações mais profundas. Queremos voltar a estar inter gentes, como irmãos do povo e

aprender de nossos mestres que são os pobres.

1.3. Ide!

O santo Padre, verdadeiro grande evangelizador e missionário, com força apaixonada

nos empurra a ir, superando as comodidades que aprisionam os pés do anúncio. Urge-nos a

conversão pastoral que quer colocar o ir no lugar do estar e do esperar. Como novo São Fran-

cisco, ele primeiramente, nos dá o exemplo, não só por meio de palavras, mas, e sobretudo,

com gestos evangélicos que sabem falar ao coração dos homens e das mulheres de hoje. Gestos

que são encíclicas lidas e compreendidas por todos! Quanto entusiasmo provoca em todo o

mundo a pessoa do Papa! Quanto fala da Igreja em saída, nós nos sentimos chamados a ser

uma Ordem em saída, para ir pelos caminhos do mundo como irmãos e menores, com o cora-

ção voltado ao Senhor, abertos e acolhedores para com todos, em particular para com aqueles

que a globalização da indiferença joga para as margens da vida. Nosso ir com simplicidade,

confiados na Providência, é já evangelizar, ainda sem palavras. Ide evangelizar e, se é necessá-

rio, também com as palavras! Não devemos ter medo, porque somos Fraternidade de irmãos e

irmãs, de religiosos e religiosas e de leigos: pertencer à mesma grande Família nos dá força e

valor, nos faz viver a riqueza da pluralidade e complementariedade de dons, nos faz admirar

com estupor a beleza de um carisma que é perenemente novo, quando se vive com paixão e

juntos.

Nosso ir, como família, poderá fazer nascer o espírito da fraternidade no meio dos ho-

mens e das mulheres de nosso tempo. O anúncio feito em fraternidade e como fraternidade é

um verdadeiro imã, capaz de atrair ao Senhor todos os seus filhos.

2. ... Repara...

2.1. Dentro de ti

Nos dias do Congresso, nos damos conta de que a primeira reparação começa no interior

de nossa vida pessoal e comunitária. Além disso, sabemos bem que devemos ser evangelizados

para poder evangelizar, e é por isto que nossa vocação é a de sermos sempre discípulos-

missionários. Estamos convencidos de que, antes de qualquer palavra sobre Deus, devemos fa-

lar com Deus: é Ele quem nos forma com sua palavra, iluminando-nos a partir do interior, e é

Ele quem nos converte através dos acontecimentos salvíficos que encontramos cada dia. Ad-

vertimos fortemente a necessidade de uma boa formação intelectual para poder dar razão de

nossa esperança diante dos desafios, sempre mais complexos, de nosso tempo. Quanto mais se

reparar nossos corações, mais podemos ser reparadores de nosso mundo, lutando por justiça e

paz, para o cuidado da criação, por tudo o que saiu como uma coisa boa das mãos de Deus e

que o orgulho e a ganância o mundo tentam arruinar.

Queremos dizê-lo com força: a nova evangelização será possível somente se nós formos

novos evangelizadores, com o coração aberto a essa formação permanente que é a conversão

diária capaz de fazer-nos novos. Só assim poderemos observar o santo Evangelho de nosso

Page 21: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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Senhor Jesus Cristo, como e com São Francisco.

2.2. Dentro de vós

A reparação é também para a Família Franciscana em seu conjunto. Uma Fraternidade

que vive bem sua vocação é o primeiro grande anúncio evangélico. Nossa missão evangeliza-

dora tem seu coração em nossa vida fraterna, feita de intensas e verdadeiras relações, feita efi-

caz pelo mistério pascal que nos faz irmãos. Não somos uma federação de eus, somos chama-

dos-convocados. Quando vivemos nossa vida como irmãos, ao nosso redor se libera uma luz de

fraternidade, capaz de iluminar e atrair. É uma luz que fala, que vai diretamente ao coração da

nossa gente. Então, reparar nossa fraternidade implica empenhar-se, sobretudo, em nossa pró-

pria casa, reconhecendo humildemente nossas culpas e pedindo perdão aos irmãos e irmãs. Es-

ta mesma atitude também quer se dirigir a todos os povos que, ao longo da história, de alguma

maneira, tenhamos ofendido ou descuidado. Devemos ter sempre presente que a primeira saída

missionária, de fato, é aquela da abertura de um irmão em relação ao outro, de uma irmã para

com a outra. Sem esta reparação ad intra, não seremos capazes de realizar nenhuma reparação

ad extra, não poderemos sanar as divisões, as desigualdades, os ódios e as guerras que há no

mundo. Porém, também há outra reparação à qual nossa Ordem já há muitos anos está dando

atenção particular: é a reparação referente às estruturas, tanto mentais como materiais, que

também devem se converter a cada dia. Hoje, mais do que nunca, as estruturas falam, são elo-

quentes e indicativas; precisamente por isso, necessitam ser convertidas à transparência pura

do Evangelho. Não podemos anunciar uma palavra que logo é desmentida por estruturas que

falam o contrário. O reparar o supérfluo de estruturas que falam contra a minoridade, que ofus-

cam a simplicidade evangélica ou que fazem pesado o leve caminhar do anúncio, faz-se neces-

sário para nós, se quisermos ser críveis. Uma opção corajosa de pobreza abrirá melhor nossa

mente e nosso coração para obedecer a Deus e aos irmãos e irmãs, nos ajudará a percorrer ca-

minhos inéditos mais consoantes com o atual clima cultural, nos dará olhos de simpatia para

com todos, nos ajudará, com potencial crítico, a discernimentos mais profundos e eficazes.

Devemos continuar na obra de “tirar os escombros” (ablatio) assinalada por Bento

XVI e que consiste na contínua limpeza de tudo o que impede a Deus falar e se mostrar; de tu-

do aquilo que esconde a força do Crucificado! Não queremos criar ilusões para nós: todo po-

dar exige sacrifícios e sofrimentos; mas tampouco devemos nos afligir, porque o podar traz

sempre nova vitalidade e rebentos de ressurreição. Baixar com Cristo até seu aniquilamento

significa voltar a se encontrar unidos a Ele em sua ressurreição.

2.3. Dentro do mundo

O mandato de reparar, confiado pelo Crucificado a São Francisco, se estende à casa do

mundo, de todo o mundo, sem fronteiras nem distinções de povos, raças, línguas e religiões.

Nosso mundo rachado pede nosso trabalho de reconstrutores; onde houver ódio, que eu leve a

paz! Pede-nos a capacidade de sermos construtores de pontes, de sermos pontífices: onde hou-

ver divisão que ou leve a unidade! Chama-nos a ungir com o bálsamo da reconciliação: onde

houver ofensa que eu leve o perdão! Com mãos desarmadas e pobres, mas ricas do dom de

Deus, estamos chamados a construir a civilização do amor, onde todos os povos tomam parte e

onde a presença de Deus se converte em garantia de bem para cada um. Desse modo implora-

remos, com a Igreja, casa e escola de comunhão, o advento do Reino de Deus.

Queremos levar ao mundo o Evangelho sine glosa, anunciando a Cristo, e este, morto e

ressuscitado, que quis morrer por amor a nós e que agora nos acompanha no peregrinar ter-

reno. Com o exemplo de São Francisco diante dos olhos, nos propomos ser incansáveis semea-

dores do Evangelho de Jesus, anunciadores de uma penitência que se converte em misericór-

dia e de uma bem-aventurança que se faz saudação de paz! Pretendemos, deste modo, suscitar

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uma cultura fraterna do encontro ao interior da multiculturalidade de nossos tempos e promo-

ver o diálogo com todos: como forma cortês de evangelização, onde o respeito e a esperança

em relação ao outro, o reconhecimento da presença de Deus nele, a confiança nas possibilida-

de humanas e no dom de Deus, a busca serena da verdade, tudo constitua uma verdadeira

evangelização recíproca.

3. ... minha casa.

3.1. Casa de simpatia

Nosso olhar sobre o mundo, como franciscanos, é um olhar de simpatia. Estamos con-

vencidos de que Deus está presente em seus filhos apesar de que seu rosto esteja marcado pelas

limitações e pelo pecado. Nossa simpatia é fruto da consciência de que Cristo, o Senhor ressus-

citado, vive e atua nos caminhos do mundo, se põe do lado de cada pessoa e nos acompanha

com sua presença vitoriosa e segura. É a simpatia que sabe reconhecer toda a criação como um

ostensório em cujo centro está a beleza e a bondade de Deus; que sabe olhar a mãe terra como

imenso sacramento do poder criador que opera maravilhas ao nosso redor. Nesta casa, que é o

mundo todo, queremos ser um canto de restituição ao Senhor por todos os dons concedidos,

convidando a todos aos louvores e à ação de graças ao Senhor único Bem.

Exortamos a todos os irmãos a redescobrir a via pulchritudinis como eficaz meio de

evangelização: toda a nossa história é maravilhosa sinfonia de genialidades artísticas postas

ao serviço do Evangelho para o bem dos irmãos e das irmãs que se encontram nos lugares

mais díspares do mundo. Com a música, com o canto, a poesia e o teatro, com a arte da escul-

tura e da arquitetura, com a fantasia e criatividade pastoral das formas populares de devoção,

gerações inteiras de irmãos exortaram o povo de Deus e as pessoas de todas as culturas ao

louvor da beleza de Deus, repetiram quanto São Francisco cantava ao Senhor no monte Alver-

ne: Tu, ó Deus, és a Beleza!

3.2. Casa da misericórdia

A simpatia franciscana se dirige particularmente ao homem e à mulher, reconhecendo-os

como imagem de Deus, sempre, mesmo quando essa imagem seja desfigurada pelo mal. São

Francisco nos recorda que o fazer penitência é fazer misericórdia, ajudando-nos a ver o misté-

rio de Deus escondido em todo ser vivente. Hoje, sobretudo em nosso mundo tão inclinado ao

juízo fácil, à marginalização e à condenação, queremos levar misericórdia às consciências feri-

das, às famílias divididas, às sociedades fraturadas, aos desastres econômicos, aos desequilí-

brios ecológicos, aos países em guerra. Devemos recordar sempre que nossa evangelização toda

é fruto e consequência necessária do seguimento de Cristo: são nossos passos sobre as pegadas

de Cristo que o tornam presente, que nos permitem falar dele, é na conformidade com o Senhor

que poderemos ajudar os irmãos e as irmãs a se formar com seu Evangelho.

Queremos tornar nossas casas abertas à acolhida, à medida do abraço do Crucificado:

nas paróquias, nas escolas, nos santuários, na acolhida aos pobres e aos desesperados, no

mundo juvenil. Empurrados por Fransisco, alter Christus, todos queremos pregar humildemen-

te com as obras, antes que com as palavras!

3.3. Casa da profecia

O Senhor nos convida a ir pelo mundo inteiro para dar testemunho de sua voz, para dizer

com a vida e com as palavras, que não há outro Senhor senão somente Ele, vivo e ressuscitado

no meio de nós, até o fim dos tempos, Poderemos ajudar o mundo a se transformar na casa de

Deus, só através da prática do amor. Só o amor, de fato, torna presente a Deus no meio de nós.

Por esta razão, invocamos o Espírito do Senhor para que nos conceda sempre sua santa opera-

Page 23: Boletim de Comunicações - Jan/Jun 2014

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ção. De pouco serviriam nossas estratégias pastorais, as múltiplas atividades apostólicas e to-

das as diferentes formas de pregação, sem o Espírito que nos faz tabernáculo do amor, onde

Deus mesmo vive e atua, chama e converte, nos enche de si mesmo. Para poder entrar no meio

das pessoas de nosso mundo, deveríamos superar este cristianismo sociológico que enfraquece

quase em todas as partes, deveríamos nos acostumar a uma Igreja sem visibilidade particular e

sem preeminência, deveríamos superar aquele sentido de poder e arrogância do cargo, que cer-

ta cultura religiosa fez crescer e desenvolver. Deveríamos afastar de nós toda explosão de mun-

danidade espiritual, considerando-a como verdadeira como verdadeiro paganismo e solapada

idolatria. Não poderemos voltar atrás, não queremos nos converter em estátuas de sal! Antes,

queremos escutar o forte chamado de nosso santo Padre o Papa que nos deseja consagra-

dos=profetas, em modo de despertar mundo do sonho dos ídolos, prontos a encarnar a catego-

ria evangélica do fermento e do sal. Devemos nos considerar sempre mais como a humilde al-

ma cristã que vive no corpo do mundo, e descobrir os valores humanos da ternura e da amiza-

de, com portas de entrada para todos. Como Fraternidade universal, acostumada a falar muitas

línguas, desejamos saber dialogar com cada povo e cultura, aprendendo, com respeito, a lin-

guagem de nosso mundo, em modo de habitá-lo com o Evangelho que recebemos. Ao redor de

nossos irmãos e irmãs, que vivem com frequência o drama de uma secularização inumana e de

uma exclusão institucionalizada, queremos viver a esperança cristã com forma de solidariedade

e de caridade com fantasia criativa, denunciando a economia perversa que põe de joelhos o

mundo e marginaliza países inteiros, obrigando milhões de pessoas a migrar de uma parte a ou-

tra do planeta. Devemos ser voz de Deus em meio ao mundo, falando sua palavra, gritando-a

com o testemunho da vida e a força da fraternidade: voz que se dirige a toda forma de injustiça,

de poder perverso, de males sociais que prejudicam a dignidade das pessoas e ameaçam a vida

do planeta. À casa de Deus, que é nosso mundo tão maravilhoso, se bem que, complexo e con-

traditório, pretendemos oferecer a graça do Espírito que está em nós, a alegria que recebemos,

junto com a exemplaridade de uma vida sóbria e feliz, afastada da idolatria do dinheiro. É esta

gratuidade, infundida em nós e por nós celebrada, que queremos presentear a esta casa.

Queremos dizer a todos e a cada um: Jesus Cristo te ama, deu sua vida para te salvar,

agora está vivo e caminha junto a ti, para te sustentar, te iluminar e te guiar! Tal anúncio o

pretendemos fazer juntos, como Família franciscana e com todos os que receberam a graça de

ser cristão; pretendemos, em particular, nos valer da preciosa e complementária colaboração

dos leigos, e nos empenhar em valorizar o gênero feminino, frequentemente deixado na pe-

numbra do passado. Juntos poderemos apresentar o Cristo total que quis ser reconhecido pre-

cisamente na comunhão do amor.

Conclusão:

Queridos irmãos e irmãs, ao terminar nosso Congresso, descobrimos que a identidade é

exatamente a novidade de nossa missão evangelizadora. Nossa identidade mais profunda é a

verdadeira novidade que o mundo espera e as novidades que faremos florescer estão na identi-

dade de nosso carisma, que continuamente deve ressuscitar através de nossa conversão pesso-

al e fraterna, da celebração gloriosa do Senhor e do testemunho diante de todos.

Os novos santos, papas João XXIII e João Paulo II, grandes evangelizadores de nosso

tempo, nos traçam um caminho seguro para nossa vida e missão e nos sugerem: olhem o mun-

do com amizade e anunciem com entusiasmo a todos que abram as portas de sua casa a Cris-

to, verdadeira riqueza e sentido último de toda a existência.

O Papa Francisco, cujo exemplo iluminador esteve sempre presente em nosso Congres-

so, nos empurra com força: Ide, deixem-se atrair pelos menores: de outro modo, quem se ocu-

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pará deles? Vós sois os irmãos menores para os menores de nosso tempo. Com a força do

Evangelho digam-lhes que aos olhos de Deus são muito importantes e preciosos!

São Francisco, feito todo língua de evangelização porque tudo nele falava do Senhor, ao

quem fixou em seu coração, nos exorta: Custodiemos sua presença como morada permanente

em nós. Só se Ele está no centro de nossa casa, então será uma casa de vitalidade missionária,

aberta a todos!

Queridos irmãos e irmãos da grande Família Franciscana. Vamos juntos reparar a ca-

sa do Senhor!

A IDENTIDADE E A NOVIDADE DA MISSÃO EVANGELIZADORA DA ORDEM

HOJE

1. A evangelização de Francisco e das primeiras gerações franciscanas

“Por isso (o Senhor) vos mandou pelo mundo inteiro, para que rendais testemunho à

sua voz com a palavra e com as obras e façais conhecer a todos que não há nenhum Onipoten-

te exceto Ele” (São Francisco, Carta à toda Ordem 9).

Introdução. Falando de identidade é necessário fazer algumas premissas que deveriam

ser dadas por descontadas e que nos introduzem no tema.

Uma identidade deve ter a característica de “extática” mais que “estática”. A estaticida-

de é dominada pelo passado imóvel, incapaz de mudar e de se renovar, como o requereria a lei

da vida. Tem como ponto de referência o passado mais que o futuro. Enquanto a dimensão

“extática” indica um centro fora de si que a anima e a aggiorna. Não nega o passado, mas lhe

dá verdadeiro significado, o abrindo ao futuro. Eis porque a verdadeira identidade é sempre me-

mória e profecia: memória vivente do Evangelho e profecia da “meta escatológica” que nos es-

pera.

Hoje, falando de identidade se fala sempre de “identidade em caminho”, ou seja, sempre

em caminho de reestruturação como é a pessoa e como o é cada estrutura. É a condição para

permanecer vivo e eloquente. É exigência requerida pelo próprio Evangelho e pelas mudanças

históricas. É a condição para não permanecer fora da história. Uma identidade aberta, isto é,

atenta aos sinais dos tempos, ao nosso mundo. Aberta no sentido de pertença à Igreja, à Ordem

antes que a uma Entidade determinada. O Senhor nos chamou para o seu Reino, não para viver

fechados numa casa, para “salvar” uma Província!

Mais, a verdadeira identidade evangélica se funda sobre dar a vida, sobre “perdê-la”,

mais que conservá-la. Os mártires algerianos nos recordam que: “Uma comunidade religiosa

não é feita para se dar sobrevivência, mas para dar a vida”. É a lógica da qual fala o Evangelho.

Entrando diretamente no nosso carisma, devemos dizer que a identidade franciscana se caracte-

riza e se funda sobre a vida evangélica e não sobre uma diaconia particular. Cada vez que dese-

jamos rever ou crescer na nossa identidade, temos necessidade, antes de tudo, de colocar ao

centro o coração da regra: “A vida e a regra dos Frades Menores é esta, observar o santo

Evangelho...” (Regra bulada 1), portanto, é indispensável ressituar, em sintonia com este dado

fundamental, todos os nossos serviços e as nossas estruturas.

Viver o Evangelho para poder evangelizar em verdade. “O mesmo Altíssimo me reve-

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lou que deveria viver segundo a forma do santo Evangelho” (Testamento 14). A vida de Fran

cisco é uma vida de total e radical obediência ao Evangelho. Nela sua Regra propõe um ideal

de vida religiosa cristã modelada sobre o Evangelho, “sobre o modo de ser e de agir de Jesus

frente ao Pai e frente aos irmãos” (Vita Consecrata 22), sobre o exemplo de Jesus. O Evange-

lho permanece a única regra de vida, a ideia mãe que liga e percorre todos os 12 capítulos da

Regra: esta inicia com o apelo do Evangelho e termina recomendando ser fiéis ao Evangelho. É

o ponto de partida, de chegada e de contínuo confronto.

O encontro com a Palavra, com o Cristo de S. Damião, com os leprosos,

“desestabilizaram” Francisco; o colocaram no caminho por uma itinerância iniciada com o

Evangelho, acompanhada pelo Evangelho, terminada com o Evangelho: a partir do Crucifixo

de S. Damião ao Alverne, da espoliação na praça de Assis, frente ao Bispo, à espoliação final

antes da morte.

Uma espiritualidade itinerante, modelada sobre o Evangelho, sobre o exemplo de Jesus

de Nazaré que “não tem onde reclinar a cabeça”; uma espiritualidade livre e libertadora, na pro-

cura constante do rosto de Deus e da sua vontade. Trata-se de uma identidade evangélica “em

caminho”, que se constrói caminhando. Uma espiritualidade na qual todo tipo de estrutura de-

verá estar em função deste caminho bem orientado e guiado pela Palavra: uma Palavra que sur-

preende, que “desestabiliza” e define periodicamente a nossa identidade evangélica com as de-

vidas estruturas que facilitarão este êxodo cristão. A âncora que dá estabilidade e segurança é o

Evangelho.

Vida evangélica e missionária como êxodo, como encontro. O ir “pelo mundo inteiro”

é parte integrante da vocação evangélica franciscana desde o início.

O missionário franciscano, como cada missionário, não leva a salvação, mas a revela.

O seu serviço se coloca na ordem da “revelação” e da “memória”: revelar o amor de Deus pelo

homem que se manifestou em Cristo Jesus (cfr. Redemptoris Missio 2). Portanto, o coração da

missão é a transparência, mais que a eficiência, Isto inclui sempre estes dois elementos: trans-

formação interior do mensageiro, operada por este encontro, e reenvio à Boa Nova, ao Reino.

E, em fim, também uma visibilidade “eloquente” e viva, que favorece o encontro entre o Evan-

gelho e o homem de hoje. Somos chamados, portanto, a intuir e criar lugares de encontro, co-

mo o fez Jesus com a Samaritana, com Mateus, com Zaqueu, com os discípulos de Emaús.

De Francisco foi escrito que era um “homem feito oração”, isto é, um homem transfor-

mado interiormente, que se deixou encontrar, e contemporaneamente um “homem feito mis-

são”. “De todo o seu corpo havia feito uma língua” (1Cel 97). Um missionário inestancável,

que soube inventar lugares, sinais e métodos diversos para a sua evangelização, para poder en-

contrar cada homem, mas sempre a partir da sua vida “evangelizada”. Os leprosos de Assis

marcaram uma etapa decisiva na sua existência, mas não parou em Assis, se lançou a todos os

“leprosos” do mundo, até ao sultão do Egito. E assim fizeram as primeiras gerações de frades.

Nas suas origens, como no seu desenvolvimento ao longo dos séculos, a espiritualidade

franciscana foi uma espiritualidade evangélica e missionária, uma espiritualidade do encontro,

centrífuga como aquela do Novo Testamento: sempre em caminho, para fazer-se presente ao

outro no seu “terreno”, na sua situação, nos seus “lugares”, no seu “habitat”, antes mesmo de se

tornar hospitalidade e acolhida. Uma espiritualidade ligada ao homem mais que a uma terra de-

terminada, por quanto santa ou pecadores que essa fosse.

As primeiras gerações franciscanas não se deixam circunscrever ou aprisionar por ne-

nhuma estrutura que poderia limitar os movimentos, nem por nenhuma área geográfica. Não se

sentem limitadas pela estrutura, ou ainda a lugares físicos como monastérios, casas, comunida-

des estáveis. O mundo é a sua “clausura” e cada homem é o seu irmão! As próprias estruturas

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relacionais, institucionais e ambientais deverão favorecer o encontro com os mais marginaliza-

dos, os mais pobres, os mais afastados. Esta foi a práxis da evangelização franciscana ao longo

dos séculos.

O testemunho da vida fraterna como vocação evangélica e primeira forma de evan-

gelização. Na espiritualidade franciscana, a relação fraterna verdadeira e profunda é o lugar

privilegiado do encontro com Deus em Cristo (cfr. CCGG 40). O seu testemunho tem sempre

dimensão “epifânica”, enquanto reveladora do Reino de Deus operante no meio de nós. Revela

e manifesta a reconciliação que Deus operou em nós em Cristo Jesus. Os verdadeiros discípulos

de Cristo serão reconhecidos exatamente por este amor recíproco. “Nisto todos saberão que

sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35). A vida fraterna é, portanto,

a primeira “transparência” que reenvia diretamente ao Reino já presente.

Durante os últimos 50 anos da história da Família Franciscana, depois do Concílio Vati-

cano II, foram claramente assinalados pela consciência sempre mais forte e indiscutível, que

somos uma fraternidade: “uma fraternidade contemplativa em missão”, na minoridade, como

qualificação do nosso carisma. Esta dimensão fraterna, estrutura fundamental, elemento essen-

cial e constituinte da nossa vocação e missão, encontramos em todos os documentos. Trata-se

de uma espiritualidade “fraterna” como sinal do Reino já iniciado com os seus frutos de recon-

ciliação; uma espiritualidade que anuncia, primeiramente, com o testemunho de vida libertada e

reconciliada, a paixão evangélica do amor, de uma vida doada, segundo o exemplo de Cristo, e

testemunhada pelo viver junto.

Também sabemos muito bem, ao menos teoricamente, que a primeira missão, a primeira

forma de evangelização de um franciscano, além de cada outra atividade, é o testemunho da

uma vida fraterna, serena e respeitosa (cfr. CCGG 87).

A própria Fraternidade Provincial dos primeiros anos, é uma Fraternidade dinâmica,

itinerante, ágil, pronta a colocar-se em todas as estradas, para o oriente e para o ocidente, capaz

de adaptar-se a cada situação, mudando método segundo as categorias das pessoas que se en-

contram.

A relação fraterna se tornou, seguramente, esta palavra profética que o mundo espera.

Hoje, além de vida evangélica, é necessária uma vida fraterna evangelizadora; além de santida-

de pessoal, é necessária uma santidade na fraternidade, uma santidade “fraterna”. Aos superio-

res gerais religiosos Papa Francisco disse: “Se não se vive a vida fraterna não se é fecundo”, e

acrescenta: “Se uma pessoa não chega a viver a fraternidade não pode viver a vida religiosa”.

Que tipo de vida fraterna e familiar estamos construindo nas nossas casas, nas nossas

Províncias, na nossa Ordem? Como encontrar a nossa identidade e novidade evangelizadora

sem este elemento “constituinte”, carismático?

2. Novidade da evangelização franciscana, intrínseca ao próprio Evangelho

A história de Francisco é centrada sobre dois envios: o primeiro é a mensagem escutada

do Crucifixo de S. Damião: “Francisco vai, repara a missa casa que, como vês, está toda em

ruínas” (2Cel 10). O segundo, que liga no Poverello vocação e missão, é a escuta do envio em

missão dos doze (Cfr. Mt 10,5-15). Francisco “logo, exultante de Espirito Santo, exclamou: isto

que quero, isto de procuro, isto que desejo fazer de todo coração” (1Cel 22).

Depois do primeiro encontro com o Crucifixo de S. Damião, Francisco se coloca à obra

sem ainda ter bem claro a mensagem recebida e sem saber onde irá parar; seu sustento será uni-

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camente a confiança no Pai e a guia da sua Palavra.

A segunda mensagem de envio, colhida por Francisco no Evangelho, é igualmente per-

cebida na sua globalidade e acolhida com prontidão tipicamente apostólica. Sem demora, o Po-

verello se livra de todo peso e de todo impedimento, e “sem saber aonde ia”, se coloca em ca-

minho. Com a chegada dos primeiros companheiros, a missão evangélica se torna ainda mais

evidente: ir dois a dois, completamente expropriados de tudo (poder, ter...), pregando paz e re-

conciliação. Fiel ao Evangelho, Francisco intui que o verdadeira discípulo se torna imediata-

mente apóstolo, porque o chamado é já, desde o início, vocação missionária. O chamado é úni-

co: não se forma “no fechado” para depois ir “ao aberto”.

Papa Francisco não tem dúvida: “A missão é algo que não posso desenraizar do meu ser

se não quero destruir-me. Eu sou uma missão sobre esta terra, e por isso, me encontro neste

mundo” (Evangelii Gaudium 273).

Paulo VI escreve: “Só uma igreja evangelizada poderá ser uma Igreja evangelizan-

te” (Evangelii Nuntiandi 15). A nova evangelização pode se conceber como novo modo para se

deixar ainda tocar e surpreender pela Boa Nova, pelo Evangelho de Jesus Cristo, como aconte-

ceu com Francisco. Em tal caso a evangelização se torna nova se, novamente hoje, realiza este

encontro com a transformação da própria vida. A Boa Nova, que é o próprio Jesus, é a celebra-

ção deste encontro que enche ainda a existência de uma pessoa, que responde ao desejo verda-

deiro de felicidade plena, do qual o homem é sedento e pelo qual a vida se torna bela, boa, ple-

na, iluminada e iluminante, evangelizada e evangelizante. Assim se explica o grito de alegria de

Francisco depois da Palavra de envio.

O amor do qual se faz experiência é sempre novo: portanto, também a evangelização se-

rá sempre nova: novo é o modo como Deus continua a comunicar-se ao homem, novo também

é o modo no qual é recebida e vivida em profundidade por quem a acolhe; nova será necessaria-

mente também a resposta a dar. Paulo VI nos recordava que “A cada estação o Senhor nos pede

uma resposta nova”. A nova evangelização é, primeiramente, este mistério que reside no pró-

prio Deus, na Palavra viva que ressoa em cada um de nós e por toda a humanidade; é experiên-

cia pneumática que nasce do interior do homem alcançado por este amor que pede para se en-

carnar mais uma vez e se comunicar aos outros. Para Francisco, esta “nova” evangelização é,

portanto, intrínseca ao próprio Evangelho e intrínseca ao homem em caminho, que o testemu-

nha e o anuncia.

Por conseguinte, a “nova evangelização” não é, inicialmente, uma reevangelização com

maior paixão; uma nova enculturação do Evangelho no mundo de hoje, porque entendemos que

num mundo descristianizado, secularizado, se deve retomar a catequese...; não é exclusivamen-

te porque o evangelho se encontra de fronte a novas realidades, novos problemas; ou porque

hoje o anúncio está enfraquecido, monótono, rotineiro, então é necessário redizê-lo em novas

palavras; ou “nova” porque muita gente jamais a escutou. Tudo isto é verdadeiro; mas é nova,

sobretudo, porque é uma notícia que renova e surpreende cada vez que é ouvida e vivida, como

para Francisco; é intrínseca ao Evangelho e ao anunciador; depois se torna exigência de comu-

nicação e de amor.

Novas modalidades, novas mediações e estruturas para comunicar o Evangelho ho-

je. A nova evangelização não exclui naturalmente novas modalidades, novas mediações, novas

técnicas para anunciar eloquentemente esta mensagem, também se sucessivamente e em relação

a quanto dissemos acima; se trata do encontro concreto entre o Evangelho e o homem de hoje,

de uma determinada cultura e de um determinado tempo. Põe-se assim o problema das várias

mediações e formas, que nascem sempre de uma vida evangélica, para um diálogo construtivo

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com o homem do nosso tempo. Há uma relação direta entre vida evangélica e vida evangeliza-

dora; mas a matriz, a razão fun-da-men-tal é a primeira. A dificuldade para encontrar novas

formas de evangelização depende muito não da falta de fantasia, mas da fragilidade da fé, co-

mo dizia São João Paulo II; da pouca transparência evangélica e pouca fidelidade do mensa-

geiro. O santo papa via bem que cada vocação comporta uma missão: sem esta, se atravessa a

própria identidade. A encíclica Redemptoris Missio nos dizia que a missão, em todas as suas

formas, “renova a Igreja, revigora a fé e a identidade cristã, dá novo entusiasmo e novas moti-

vações... A missão é um problema de fé, é o índice exato da nossa fé em Cristo e do seu amor

por nós” (Redemptoris Missio 2 e 11)

É importante afirmar que quem quer evangelizar verdadeiramente deverá fazê-lo com

todo o seu ser: com o que é, com sua vida, com o que faz e com o que diz. Isto também implica

o compromisso e o risco de encontrar e inventar novos lugares de encontro e novas formas de

diálogo. Do contrário, as várias mediações ou recursos técnicos tornam-se vazios ou podem

deformar o anúncio.

Papa Francisco nos convida calorosamente e urgentemente a esta revisão das estruturas

em sentido geral: “Convido todos a ser audaciosos e criativos nesta tarefa de repensar os obje-

tivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das próprias comunidades (...) Não

permaneçamos ancorados à nostalgia de estruturas e atitudes que não são mais portadores de

vida no mundo atual” (EG 22;108). “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar

tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se

tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação...

fazer com que todas elas se tornem mais missionárias” (EG 27).

Papa Francisco “sonha uma Igreja missionária”, uma “Igreja em saída”, encaminhada

para as “periferias”, os “lugares de fratura”. Insiste continuamente sobre o “sair”, sobre a

“cultura do encontro”, sobre a cultura missionária, em oposição à estaticidade institucional, ao

“sempre foi assim”, à cultura do isolamento, do voltar-se sobre si mesmo.

De consequência, todas as mediações e estruturas, para ser vitais, deverão continuamen-

te confrontar-se com o Evangelho e harmonizar-se com os valores vivos da nossa vocação e

missão para poder dialogar com o mundo. Necessita-se de estruturas e mediações evangelica-

mente radicais, em modo a surpreender; estruturas provisórias, sobretudo, hoje, quando se fala

de uma “identidade em caminho” e de um mundo que muda com uma velocidade impressio-

nante. Nenhuma estrutura é eterna; portanto, é importante não viver para a própria sobrevivên-

cia ou autopreservação, mas pelos valores que elas custodiam.

Dever-se-á ter a coragem de adaptá-las e transformá-las constantemente, verificá-las

com inteligência para que sejam sempre portadoras de vida e não de morte. Somo viatores com

os olhos fixos em Deus que vem.

É indispensável abrir-se sempre mais a formas e mediações abertas: interprovinciais,

inter-religiosas e em colaboração com os leigos.

Concluindo, nos perguntamos: como viver e

anunciar o Evangelho de hoje?

Por que tanta dificuldade para renovar ou cri-

ar metodologias evangelizadoras mais vivas?

Profetas de “novas respostas para os novos problemas do mundo de hoje”. (Vita

Consecrata, 73).

A prioridade absoluta, a peculiaridade da vida religiosa é para papa Francisco a profe-

cia. Seja aos superiores gerais religiosos como na entrevista ao diretor da Civiltà Cattolica, A.

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Spadaro, o papa é muito claro e seguro, quando lhe vem perguntada qual é a prioridade da vida

religiosa hoje: “Os religiosos são profetas... Na Igreja os religiosos são chamados em particular

a ser profetas que testemunham como Jesus viveu sobre esta terra, e que anunciam como o Rei-

no de Deus será na sua perfeição. Jamais um religioso deve renunciar à profecia... A profecia

anuncia o espírito do Evangelho... Os religiosos e as religiosas são homens e mulheres que ilu-

minam o futuro... Ser profetas às vezes pode significar fazer barulho, ruído, “bagunça”...; mas

na realidade o seu carisma é aquele de ser fermento”. São estes os significados que são dados ao

termo profeta: testemunhar o espírito do Evangelho, iluminar o futuro; somos chamados a

“nutrir a história de eternidade” (O. Clément), a ser fermento. A vida religiosa ou é profética

neste sentido ou não existe!

Conclusão. “Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário” (EG 80). Francisco

com os seus primeiros companheiros ousou empreender um caminho “novo” que consistia no

viver o Evangelho literalmente, “sine glossa”, sem medo, permanecendo firmemente ancorado à

Igreja. Seguindo o Cristo pobre e humilde, Francisco, movido pelo Espírito, quis que os seus

Irmãos se chamassem “menores”, isto é, prontos a servir e a partilhar a própria vida com os últi-

mos. Este modo de viver pareceu “novo”, “profético” e atraente.

Talvez hoje também para nós não se trata tanto de indagar ainda sobre nossa identidade,

quanto sobre nossa vitalidade; sobre o reconfirmar a nossa fé e a nossa confiança e fidelidade

ao Evangelho de nosso Senhor. Francisco nos faz rezar: “Senhor, concede-nos a nós míseros

fazer, por teu amor, o que sabemos que tu queres...” (EpOrd 50). E o papa Francisco, encontran-

do o nosso Ministro geral com o seu Definitório, disse: “A vossa identidade é clara!”. Ora toca

a nós revivê-la e testemunhá-la com entusiasmo em meio à nossa gente, “inter gentes”, como

quis Francisco.

Se ousássemos, como Francisco, nos deixar, mais uma vez, conquistar e “aquecer” pela

Palavra, seguramente saberíamos reencontrar formas e entusiasmo novos para viver e anunciar

o Evangelho sem medo; saberíamos empreender caminhos inéditos que levam às “periferias”

para encontrar os “leprosos” do nosso tempo e nos deixar evangelizar por eles; então o mundo

se tornará novamente o nosso “claustro”. Por que não retornar a uma fé viva? “Se a fé não

transforma a minha vida, esta fé é morta” (R. Panikkar)! Por que não recomeçar desta itinerân-

cia fraterna, evangélica e evangelizadora para tornar “nova” e “profética” a nossa “identidade

hoje”? “Para isso vos mandou pelo mundo inteiro”! Superando assim os confins da própria ca-

sa, da própria Província, da própria nação. Esta é a nossa vocação e missão, a nossa identidade e

novidade evangelizadora no nosso tempo.

Diz ainda papa Francisco: “Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário” (EG

80).

“A missão é um problema de fé, é o índice exato da nossa fé em Cristo e do seu amor por

nós” (Redempltoris Missio 11).

Fra Giacomo Bini, OFM

Paróquia São Vicente de Paula – 40 Anos

Foi em 1970 que se começou a pensar seriamente na criação da paróquia São Vicente no

Bairro Boqueirão.

A paróquia de Ernestina fora dividida em duas partes. Doze capelas, situadas no outro

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lado da barragem do Jacuí, foram anexadas à paróquia de Marau. Era mais fácil o acesso a estas

capelas via Marau do que via Ernestina.

Com esta divisão, Ernestina, cuja sede paroquial não contava com mais de quinze famí-

lias católicas e cinco pequenas comunidades interioranas, se torno muito pequena, vindo a con-

tribuir para a ociosidade do pároco.

Era pároco o ex-Pe. Frei Otávio Reichert. Surgiu então a ideia de mandar o pároco para o

Bairro Boqueirão, em Passo Fundo, permanecendo, porém, Ernestina como sede paroquial. Não

havia intensão de transferir a sede da paróquia para o Boqueirão, mas somente construir base

para futura nova paróquia na capela de São Vicente de Paula.

Como na capela de São Vicente não havia, até então, casa canônica, o ex Frei Otávio mo-

rou de favor, inicialmente, na paróquia da Conceição e, posteriormente, no Seminário Redento-

rista, e, por fim, no Instituto Marista Champagnat, até o dia 22 de agosto de 1972.

Frei Udo Fabeck

Alguém, mal informado, escreveu que Frei Otávio Reichert, pároco de Ernestina,

“transferiu-se” para Passo Fundo, e não “foi transferido” (Livro Os Franciscanos no RS, pág.

138). Prova em contrário é Frei Udo Fabeck, que foi indicado pelo Provincial Frei Cláudio

Hummes, hoje Cardeal, para coadjutor do Frei Otávio.

Frei Udo Fabeck, vocação tardia, ex-soldado, era da Alemanha, ignorando a língua portu-

guesa, valia-se da Sra. Dona Benigna Bohn para explicar o que dizia no sermão e nos demais

encontros realizados.

Graças a Frei Udo e seus amigos e familiares da Alemanha, até a saída do ex-Frei Otávio

(22/08/1972), foi adquirido um terreno até a Rua Paissandu, onde havia uma casa velha cuja

madeira foi aproveitada para construir o primeiro galpão-capela na Vila União (Vila Sapo), em

terreno doado por uma família dos Dalla Lana, Mário Dalla Lana, proprietário de Serraria.

O primeiro presidente daquela comunidade foi um senhor, cujo nome omito, aproveitou-

se do posto, roubando o dinheiro de um “livro ouro”. Foi, por isso, deposto e em represália pro-

cessou o ex-Frei Otávio, alegando “vínculo empregatício” e a sentença foi de procedência de

um salário mínimo, mais despesas em uma bodega, onde comprava em nome do “vigário”.

A segunda comunidade daquela época foi a Vila Dona Júlia, onde havia velho galpão, em

frente à escola. Naquele galpão, celebrou-se a primeira missa frequentada por muitas crianças.

Existem retratos, com os moradores.

Na capela de São Vicente (futura paróquia), as conquistas materiais foram as seguintes:

1º a compra do terreno até a Rua Paissandu (um terreno ao lado foi comprado mais tarde). 2º um

terreno, ao lado, que serviu, ultimamente, para alargar a igreja; foi doação de uma senhora, que

pediu, na época, para não se identificar; apenas posso citar que morava no Edifício Quadros; 3º

foram adquiridos, com dinheiro oriundo da Alemanha, dois veículos, uma Kombi e um Fusca;

4º a casa canônica foi erguida e fechada, ao custo de dezessete mil cruzeiros, sendo feita a plan-

ta e a obra por E. Piovesan, com doações da Alemanha.

Por ocasião do lançamento da “Pedra Fundamental” da casa canônica, foi colocada urna,

contendo documentos da época, na soleira da porta de entrada.

A história recontada

A história sempre é contada e escrita a favor dos mais fortes, dos vencedores. Aqui pre-

tendemos contar a história aos olhos de quem a viveu.

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No livro “Os Franciscanos no RS” (autores diversos, pág. 138), lemos o seguinte:

“Aos doze de abril de 1969 aconteceu o ‘martírio’ da paróquia de Vila Ernestina. Dez ca-

pelas foram entregues a paróquias vizinhas. O Ex-Frei Otávio Reichert transferiu-se para Passo

Fundo, residindo, provisoriamente, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição. Desde esta

época até 1974 nada mais consta quanto ao desenvolvimento da paróquia. O que encontramos ao

chegar aqui foi um imenso desânimo e uma displicência muito grande na vida eucarística do po-

vo desta região. É preciso ressaltar o esforço do Frei Udo em manter viva alguma coisa da paró-

quia, ou seja, a atual casa canônica”.

O livro contém vários equívocos. Vou citá-los, um por um.

O livro diz:

1º) “Frei Udo esforçou-se para manter viva alguma coisa da paróquia, ou seja, a continua-

ção da atual casa canônica”. Nota: São Vicente ainda não era paróquia. A Sede da paróquia era

Ernestina até 1974.

2º) “No início de 1970, o ex-Padre Frei Otávio ‘transferiu-se’ para Passo Fundo. Nota:

não foi atitude pessoal nem arbitrária, tanto o Provincial da Ordem como o Sr. Bispo, Dom

Cláudio Colling, o designaram, e apoiaram o gesto, ao ponto de mandarem auxiliar, na pessoa de

Frei Udo Fabeck.

3º) “Aos onze de abril de 1969, começou o martírio da paróquia de Ernestina”. Nota: Ao

contrário. Para as capelas entregues a Marau foi um alívio. O restante das capelas, ao lado de

Passo Fundo, como também a Sede Ernestina, foram atendidas regularmente pelo ex-Padre Frei

Otávio até sua saída no dia 22/08/1972. O ex-Padre Frei Otávio fazia das tripas coração e rezava

quatro missas, aos domingos: às 8h, na Igreja São Vicente; às 10h, na sede da paróquia Ernesti-

na; às 16h, numa capela aleatória; e à noite, novamente no Boqueirão.

Antes de se retirar do ministério, o Frei Otávio recebeu a visita de seu substituto que, po-

rém, não assumiu. Deixaram o Frei Udo sozinho no Boqueirão, sem conhecer a língua, sem sa-

ber dirigir, sem conhecer a sede e as capelas de Ernestina, sem moradia, etc. etc. Aí, sim, come-

çou a verdadeira “flagelação” da paróquia de Ernestina, morrendo ela na cruz, em 1974, mês de

abril.

4º) “Desde esta época (1969) até 1974, mês de abril, nada mais consta quanto ao desen-

volvimento da paróquia de Ernestina”. Nota: compulsando os livros de batizados , de casamento

e o livro tombo que registra todos os acontecimentos de uma paróquia, nota-se que tudo foi re-

gistrado religiosamente em relação a Ernestina e ao Boqueirão até 22/08/1972.

5º) “Em 1958, o Frei Otávio Reichert substituiu seu irmão Frei Olímpio por causa de sua

doença”. Nota: nunca ocorreu este fato.

Para terminar esta narrativa, leio, no livro “Uma diocese chamada Passo Fundo” do Bispo

Dom Pedro Ercílio Simon, na pág. 147: “entre 1970 a 1974 a capela de São Vicente havia se tor-

nado sede da paróquia São José de Vila Ernestina”. Nota: negativo! Ernestina continuou como

sede até 1974.

No mesmo livro, pág. 197, outra notícia: “entre 1972 a 2003 passaram pela paróquia São

Vicente 24 padres como vigários paroquiais”. Nota: o primeiro citado é o Frei Udo, de 1970 a

1974, mais uma prova que deixaram o pobre frade, sozinho, responsável pelo Boqueirão e a pa-

róquia de Ernestina.

Nota Final

Nada acontece por acaso. Se a ponte sobre a barragem tivesse sido construída em 1969,

quando a verba, que veio, fora desperdiçada, talvez a história fosse outra!

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Hoje, 40 anos depois, o Boqueirão já tem duas paróquias. Nicolau Vergueiro já á paró-

quia e município. Ernestina é paróquia e município progressista.

A paróquia de São Vicente de Paula é uma paróquia pujante, unida e participativa. Hoje,

a segunda geração, é semelhante aos Israelitas, que, após 40 anos, entraram, finalmente, na

“terra onde corre leite e mel”.

Quem escreveu estas linhas só tem motivos de agradecer ao Criador, e não leva mágoas e

rancores para o túmulo.

Passo Fundo, maio de 2014.

Jacob Ignácio Reichert

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