Beyer P. 1990. Religião e Globalização

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Elias, Norbert and Scotson, JoÌrn ï-. (1965) The Establíshed and tìrc üutsiders. London: Frank Cass. Festinger, Leon (1983) The Human Legacy. New York: Columbia University Press. Gellner, Ernest (1988) Plough, Sword and tsook: The Síructure af Hurnarr History. London: Collins Harvill. Goudsblom, Johan (1989a) 'Human History and Long-term Social Processes: Towards a Symthesis of Chronology and "Fhaseology", p. ll-25 in J. Goudsblom, E.L. Jones and Stephen Mennell, Human History and Socictl Pracess. Exeter: University of Exeter Fress. Goudsblom, Johan (1989b) 'The Formation of fuIilitary-agrarian Regimes' p. 79-92 in J. Goudsblom, E.L. Jones anii Stephen Mennel, Hunran History and Social Process. Exeter: University of Exeter Press. Haferkamp, Hans (1987) 'From the Intra-state to the Inter-state Civilising Process', Theory, Cwltwre & Society 4 {2-3): 545-7. McNeiil, V/illiam A. (1982) Tlrc Pursuit af Fower: Teclmology, Armed Forcc and Society since AD 1000. Ckicago: IJniversity ofChicago Press. Mann, Michael (1986) The Sources of Social Power, Vol. I Cambridge: Carn- bridge University Press. Mennel, Stephen (1987) 'Comment on Haferkamp" ,Theory, Culture & Sorit,t.t' 4 (2-3):559-61. Mennell, Stephen (1989) Norben Elias, Civilisation and íhe Human Self-lmtge. Oxford: Basil Blakwell. Nisbet, Robert A. (1969) Socinl Change and Ííistory. New York: Oxlìrrtl University Press. Sanderson, Stephen K. (1989) 'Evolutionism without Developmentalisnr: 'l'wo Models of Explanation in Theories of Social Evoiution', paper plcse ntcrl at American Sociological Association Annual Meeting, San Francisco. I J August. Sanderson, Stephcn K. (1990) Social Evoluíionism: A Crítical l/l.rÍorr,. ('trnt bridge, MA: Basil Blakwell. Taagepera, Rein (1978) 'Size and Duration of Empires: Systernatics oí Sirc', Social Science Research T :108-27 . Worsley, Peter (1984) The Three Worlds: Cuhure and World l)avrlttluttrnl London: Widenfeld and Nicolson. Stephen Mennell é Professor de Sociologia na Universidaclc: dcr Monnnlt, em Melbourne. Os seus últimos livros sã'o Norberl Eliu,s, ('iyilinttlttu artd lhe Ituman Self-lmage (BIackrvell, 1989) c Iluttrtur IIi.tÍttrv tuttl Social Process (em parccria com Johan Goudstrlorn c Il.l,. .krrrcs, I lnl vcrsity of Exeter Press, | 989). A PRIVATIZAçÃO E A INFLUÊruCN PÚBIICA D^A RETIGIAO NA SOCIEDADE GTOBAL Peter F. Beyer Desde pelo menos a década de 1960, muiros sociólogos apresen- taram a idéia-de que a religião no mundo ocidental cor,ïempãrâneo se tornou cada vez mais privatvada. De modo particular,'Talcott f.":tg"l !1266. 134), Petei Beyer (1,967:133s), Thomas Luckmann (1967:103) e Roberr Bellah (1,970:43) inrerprela.um a secula'zação no mundo moderno no sentido de que a tèiigiao tradicional arüal- mente era,principalmente um problema do indivíduo e que, por isso, havra perdido grande parte da sua importância "pública,'. As'pessoas estavam aderindo volunrariamente á uma plurãlidade de ,Jligiõ"r, nenhuma das quais poderia reivindicar praticamente estar compro- metida com ntnguém a não ser com os seus próprios membros. . ,.. Embora tÌaja ceftamente variações importantes em torno desta ldela central, não é. aqui I lygul para nos ocuparmos com uma l?Tqirrçao adequada (ver Dobbeleare, I9B4;198S). Em lugar disso, naqulto gue vem a seguir, ocupar_me_ei com a versão d; NiHa; Luhmann, não somente porque acredito que a mesma trata de alguns problemas inerentes a outroi, mas sobretudo porque.t, p.r-iJ8uÀ .I1-,. nítido dos probiemas e do potenciar dã reÍigiao na sociedade global contemporânea.' A-tese que apresento sustenta que a globali- zaça1 s)ctedãde, embora.fa.voreça a privatização da religìã0, ela-vrovor- ciona ranbém um cãmro fértíl vara a'renovaçãà da in.fluïncia pt:üticà Aa rel.ígi1o Por.influência pillica enrendo què uma ou mais do que uma religião-pode tornar-_se a fonte de compromisso coierivo, d. táifor-. que o afasramento de normas religiosàs específicas rrará em sàu bojo conseqüências negativas tanto paia os qué aderem às mesmas como para os que não aderem a elas; e a ação coletiva em nome dessas normas torna-se legítima. .- .Er,.. tese depende de uma análise específica de privatização. l'ortanto, inicia com um estudo na análise de privatizaçao de Lïh- mann. As distinçõcs opcracionais de r.uhmann'usadas nàsta análise

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Religião e Globalização.

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Elias, Norbert and Scotson, JoÌrn ï-. (1965) The Establíshed and tìrc üutsiders.London: Frank Cass.

Festinger, Leon (1983) The Human Legacy. New York: Columbia UniversityPress.

Gellner, Ernest (1988) Plough, Sword and tsook: The Síructure af HurnarrHistory. London: Collins Harvill.

Goudsblom, Johan (1989a) 'Human History and Long-term Social Processes:Towards a Symthesis of Chronology and "Fhaseology", p. ll-25 in J.Goudsblom, E.L. Jones and Stephen Mennell, Human History and SocictlPracess. Exeter: University of Exeter Fress.

Goudsblom, Johan (1989b) 'The Formation of fuIilitary-agrarian Regimes' p.79-92 in J. Goudsblom, E.L. Jones anii Stephen Mennel, Hunran Historyand Social Process. Exeter: University of Exeter Press.

Haferkamp, Hans (1987) 'From the Intra-state to the Inter-state CivilisingProcess', Theory, Cwltwre & Society 4 {2-3): 545-7.

McNeiil, V/illiam A. (1982) Tlrc Pursuit af Fower: Teclmology, Armed Forccand Society since AD 1000. Ckicago: IJniversity ofChicago Press.

Mann, Michael (1986) The Sources of Social Power, Vol. I Cambridge: Carn-bridge University Press.

Mennel, Stephen (1987) 'Comment on Haferkamp" ,Theory, Culture & Sorit,t.t'4 (2-3):559-61.

Mennell, Stephen (1989) Norben Elias, Civilisation and íhe Human Self-lmtge.Oxford: Basil Blakwell.

Nisbet, Robert A. (1969) Socinl Change and Ííistory. New York: OxlìrrtlUniversity Press.

Sanderson, Stephen K. (1989) 'Evolutionism without Developmentalisnr: 'l'woModels of Explanation in Theories of Social Evoiution', paper plcse ntcrlat American Sociological Association Annual Meeting, San Francisco. I J

August.

Sanderson, Stephcn K. (1990) Social Evoluíionism: A Crítical l/l.rÍorr,. ('trntbridge, MA: Basil Blakwell.

Taagepera, Rein (1978) 'Size and Duration of Empires: Systernatics oí Sirc',Social Science Research T :108-27 .

Worsley, Peter (1984) The Three Worlds: Cuhure and World l)avrlttluttrnlLondon: Widenfeld and Nicolson.

Stephen Mennell é Professor de Sociologia na Universidaclc: dcr Monnnlt,em Melbourne. Os seus últimos livros sã'o Norberl Eliu,s, ('iyilinttlttuartd lhe Ituman Self-lmage (BIackrvell, 1989) c Iluttrtur IIi.tÍttrv tuttlSocial Process (em parccria com Johan Goudstrlorn c Il.l,. .krrrcs, I lnlvcrsity of Exeter Press, | 989).

A PRIVATIZAçÃO E A INFLUÊruCN PÚBIICAD^A RETIGIAO NA SOCIEDADE GTOBAL

Peter F. Beyer

Desde pelo menos a década de 1960, muiros sociólogos apresen-taram a idéia-de que a religião no mundo ocidental cor,ïempãrâneose tornou cada vez mais privatvada. De modo particular,'Talcottf.":tg"l !1266. 134), Petei Beyer (1,967:133s), Thomas Luckmann(1967:103) e Roberr Bellah (1,970:43) inrerprela.um a secula'zaçãono mundo moderno no sentido de que a tèiigiao tradicional arüal-mente era,principalmente um problema do indivíduo e que, por isso,havra perdido grande parte da sua importância "pública,'. As'pessoasestavam aderindo volunrariamente á uma plurãlidade de ,Jligiõ"r,nenhuma das quais poderia reivindicar praticamente estar compro-metida com ntnguém a não ser com os seus próprios membros.

. ,.. Embora tÌaja ceftamente variações importantes em torno destaldela central, não é. aqui I lygul para nos ocuparmos com umal?Tqirrçao adequada (ver Dobbeleare, I9B4;198S). Em lugar disso,naqulto gue vem a seguir, ocupar_me_ei com a versão d; NiHa;Luhmann, não somente porque acredito que a mesma trata de algunsproblemas inerentes a outroi, mas sobretudo porque.t, p.r-iJ8uÀ.I1-,. nítido dos probiemas e do potenciar dã reÍigiao na sociedadeglobal contemporânea.' A-tese que apresento sustenta que a globali-zaça1 dã s)ctedãde, embora.fa.voreça a privatização da religìã0, ela-vrovor-ciona ranbém um cãmro fértíl vara a'renovaçãà da in.fluïncia pt:üticà Aarel.ígi1o Por.influência pillica enrendo què uma ou mais do que umareligião-pode tornar-_se a fonte de compromisso coierivo, d. táifor-.que o afasramento de normas religiosàs específicas rrará em sàu bojoconseqüências negativas tanto paia os qué aderem às mesmas comopara os que não aderem a elas; e a ação coletiva em nome dessasnormas torna-se legítima.

.- .Er,.. tese depende de uma análise específica de privatização.l'ortanto, inicia com um estudo na análise de privatizaçao de Lïh-mann. As distinçõcs opcracionais de r.uhmann'usadas nàsta análise

são as gue existem entre as funções sociais profissionais e comple-mentares e entre a função e o desempenho da religião. Mais adianteexplicarei estes dois termos. Meu raciocínio é que, na medida ern quea privatização se refere ao aparecimento de uma religião pluralistaentre os indivíduos, ela reflete estruturas básicas na sociedade moder-na, estruturas essas que por si mesmas não solapam a possibilidadede uma religião publicamente influente. O problema da influênciapública é então dividido em três argumentos inter-relacionados. Emprimeiro lugar, para a religião pode ser publicamente influente, nãobasta que haja um nível elevado de reiigiosidade individual que osadeptos então traduzem em ações públicas religiosamente inspiradas.Tambérn não basta que os líderes religiosos e os profissionais dareligião formem e concentrem esta religiosidade em oÍganizaçóes e

movimentos que institucionalizem a religião. Ë,ste é um pré-requisitopara a religião como tal, e não simplesmente da religião publicamenteinfluente. O que se exige para uma religião publicamente influente é,

no mínimo, que os líderes reiigiosos tenham um controle sobre umserviço nitidamente indispensável no mundo de hoje, como fazem,por exemplo, os profissionais da saúde, os líderes políticos, os eruditosnas ciências e nos negócios. Em segundo lugar, a globalização dasociedade altera significativamente a forma como a religião consegucalcançar essa influência pública. Uma sociedade global não possuiestranhos que possam servir como representantes sociais do mal. Sctneles, as forças do bem toÍnam-se também mais difíceis de identificar,debilitando, por exemplo, os códigos morais deontológicos e a ênfascda salvação que vem do outro mundo. Em terceiro lugar, portanto, tì

religião terá um tempo relativamente difícil para adquirir influênciapública a nível de sociedade global como um todo; porém esta influCIrtcia será mais fácil de ser alcançada, se os líderes religiosos aplicart'rrtas modalidades religiosas tradicionais no intuito de promover ulÌlrlmobilização políticã subsocial em resfostllà globalização da socìetlnfu.

Visão humana de privatização segundo Luhmann

Basicamente, a teoria social de Luhmann concorda cottt ;t rlrParsons, de Berger e de Luckmann. Todos os quatro cotrsirlt't;tttt n

diferenciação institucional e as identidades individuais lrlttt;rltr,laaaspcctos básicos da sociedade moderna. As esferas institttciotr;uri, r luFI-trhmann denomina subsistemas sociais funcionalment c: r lil ct rt tr laclos, especializam-se em torno de formas específicas <k: itçlltt, lrrttexemplo, açoes políticas ou econômicas. A secularizaçao i' t, r t'liu ll n, l,

'da independência rclativa desscs subsiste mas das nortnll;, rl,

'ri val, ttFl

c das justificativas cla religião. ll.ntrctâlìt(), l.trhtrtantr r'onltttrta alll

mando que, neste ambiente scicio-estrutural, a religião tì.irr :,, r;t.afasta.um pouco de muitos aspectos importantes da üda $r)r r;rl, rrr;r;também entrâ nurna pressão contínua para desenvoiver por r r,rrr;rprópria um subsistema institucionalmente especializado. C.r r rr r r r,rvisão de Ber.ger, de Luckmann e de parsons, a .eiigião tradicion;rl r;.I rr.o destino da compartimentalização; porém, nivisão de Luhrrr;rrrrr,em princípio, não n'lais do que em outras áreas fundamentais dl vr,l,r.

" como na área política e econômica.

A.posição de Luhmann começa a dar uma contrituição disri.t,rao debate em torno da privatização quando se focalizã o urp.,',,estrutural central desses subsistemas sociais: a diferenciação cl,ripapé.is "profi:rlgluir]',r :complemenrares,, (ver Luhmann, L9íi2 a: 2ltt ;Dobbeleare,l9BS:381s). Esses papéis são fundamentais para a estrutura.ção.das relaç-ões dos indivíduos para com os principáis domíniosinstitucionais. Nas sociedades comunitariamente esiruturadas clopassado, os indivíduos pertenciam a grupos de status específico. Estaassociação em grand.e" parte predetãrminava o acesso às funçõessociais: o acesso à saúde, ao poder, ao saber, ao starus religioso. Emgrande parte, ela também detérminava as "profissões" que oïndivíduopodia exercer. Na sociedade moderna e funcional-.rri. estrulurada,esta forma de determinar o acesso dos indivíduos às funçÕes sociaistorna-s-e problemática, pois a mesma anula esse domínio de diferen-ciação funcional. como, por exemplo, pode a racionaridade econômi-ca dominar a economia, se, não somente a capacidade de pagar, mastaqbçm a associação grupal derermina quem pode ser u-.ãr,ru.r_oorç 5e os subsrstemas inscitucionais funcionalmente especializadosúo realmente, os aspect os estruturais fundamentais de uma socieda-de, em lugar dos grupos de status, então a associação a um grupo des.tatus por si só não pode determinar o acesso às funções" sociais.Aiguma outra coisa tem qr,e fazer isso. Dessa forma, a sociedademoderna desenvolveu o que- Luhmann chamou cJe papéis sociaiscomplementares. Da mesmã forma como nas sociedadàs ào passado,um indivíduo geralrnente só gcupa uma das funções profissionaisespecializadas como a do médico, do poiítico, rJo ãmpresário ou dosacerdote; p:rÍ-, arualmente, ele otupa rambém um conjuntoabrangente de tunções complementares como a de pacien te. de elei-tor, de c.nsumidor ou de fiel, uma para cacla subsistema. Essessubsistemas intermedeiam o acesso aoi benefícios das funções. En-tretanto' uma vez que, ao contrário das funções profissionais, anresma pes:oa pode- desempenhar todas essas fr,rnçõescomplementa-res, a interferência funcional implícita nesta concentração apresentaum problema similar ao da associação a um grupo: Ëlu u-.uçu uindependência relativa dos principai.s subsisterias' funcionais. Apa-

rentemente, é demasiado esperar que os próprir:s indivíducs neutra-lizem esta interferência impiícita de qualquer forma consis;ente" Âspessoas não dividem necessariamente a própria consciência da niesmaforma como a sociedade divide a sua comunicação, âpesãr cie existi-rem alguns paralelos (cf. Berger, X979). Um equivalente fuucionai j t)oiconseguinte, é encontrado na neutralização estatísticã, pür assimdizer, das conseqüências desta interferência" Chegamos a presenciarrnuitas das decisões envolvidas nessas funções compiement;ìres cornoum assunto "privado", em oposição a um assunto "públicr:". Ëstaprivatização da tomada de rJecisões admite que nós, às vezes, consu-mamos de acordo com nossas convicções religiosas ou que demos onosso voto baseados em critérios estéticos; porém esta sLrposição emprincípio não interessa a ninguém a não ser a nós mesmos.'For isso,

o nadrão individual de interferência fica mais difícil de ser: cnrnunica-do do ponto de vista do significado estatístico púbiico.

Do ponto de vista de Luhmann, então, a privatização da tomadade decisões é o resultado de aspectos estruturais centrais da sociedademoderna. Em princípio, não sê refere mais à religião do que à políticaou à economia. Sobretudo nas áreas da sociedade giobal do PrimeiroMundo do Ocidente, os indivíduos escolhem livremente suas convic-

çóes e práticas religiosas, da mesma forma como suas idéias e ativida-des políticas. As mesmas podem incluir a associação a uma igrela oua um partido, porém não necessariamente. A pessoa pode votarregularmente ou deixar de votar; pode f.azer suas preces ou deixar defazê-las. Uma vez que poucos ou nenhum dos observadores susten-tam que esta privatização lorna a política um agente secundário nasociedade global, é com isso insuficiente afirmar que a comunicaçãoreligiosa deve decair em importância sociai (isto é, pública) simples-mente por causa da privatização de grande parte da tomada dedecisões em papéis complementares.

Liderança religiosa e influência pública da religião

No esquema de Luhmann, uma profissionalrzação corresponden-te da ação pública é tão importante como a privatização da tomadade decisões em papéis complementares. A ascensão muito comentadados cxperts na sociedade moderna reflete uma situação sócio-estru'turel cm que os profissionais se tornam os principais representantcripúblicos dos subsistemas sociais. Os aspectos típicos dos papctsprofissionais, tais como os padrões de aptidão e os códigos de étic.;rprofissional, ilustram esta aptidão. Tanto as normas cle aptirliroprofissional como a ética profrssional destacam as prioridades funcio

r-,:is sl:;f jri-,ic;ì.s niì nçãi: pr,. ,lìi:r:;ir,,-i,il. ilas ajur_1,,,,ni a clil, rr,.r r, r.,r r r, lr rt i

J.;rcÌt:s pr:r;:l..lls, ilii:li:in,Jo lr, ji],.,ntir,l ,,,,.ies ,_]c gt:i_lpo/ rl,r,irrrl,, ,l rí I | { )

sisi-eÌtì;Ì inst-itucir;r;ll; r,, t,,.,Ìir-r.- ;r'lalçaln a indãi:endôrr, r,ì ,,.l,rtr, ,r i ,r r,,,J(ts sistemas sociais cornrl ,Jol; indrvíduos nr.:les envolvirl,,:;

Scm Cúvicla, cs sub:.istemas sociais ^tão consist,.trì ,r1,,...r:,,l(.açâo pro_fissional. r\ ação cornplementar privatizacl;r,rrrri,r . rrrrr,r

, parteindispensável dosistema.Todavia,peiofatockr;1,r,,1r,,:,r,,rr,rr,repÍescntí'Ìrem mais inrirnamente o que representa r irrl,r rnì (l,risistemas, a rmport-ância pública de um sistema sobe ou tlt't,rr ( i,rì ,lintiuência púbiica dos seus profissionais,

Nati-rralmente o significado desta hipótese depende cl. r;ilrrrrr, r, Í, ,

ca influência públir:a. Apresentei acima uma definiçãc, r,ì,, ,,,,,,, ,,tratarei deste tema com mais detaihes na seção sobre a "(.,irlr,rlr.,,r,..r, ,

e a re]igião", rnais adiante. Por ora, basta dizer que a influônci;r Prrl,lr, . r

::á?f ';:ït"*i,';1ff I'ï?:iïJ,:ïi,ïï jii'fi i;fJï';:,1,.,,t,1t,;:associados. A privatizaçào da religiâo, cientro da visão dc [-ulrrrr;rrrrrsobre o rema, rraduzr-se-ianuma combinação de tomada a1.,l,,, 1s;, rr.:,^*;.,^";-^.J-,- .-.^- ,t- i: :-privauzaoas em assuntos de religião, mãb um declínio rclar.rv,, rr;rinfluência pública dos representanies púbiicos do sistema reliries,, r Ir,:;profissionais ou dos iíderes.

um exempio neste sentido serve para concrerizar de certa l.r .riro raciocínio que fizemos. o problema da influência profissio';rl, t,,portanto, do sistema, manifesta-se muito bem na t".e.rie conlrov(irsiiìem torno da possibilidade da "fusão fria"" Do ponto de vista r';rrsrccfriin Áz eiànel^ n rrrhrlLn Á^. ^*^ç^^.ruoLrrLU ud LrLLrLrd, L, LLau6rrlu uu> yrulcssores Stanley Pons i, M;rrt irtrleischmann pode ter sido rnuito imporrante. Elc âesatia algurrr;rshipóteses predominantes no campo da química e da física. E'Ërcra'-to, o qrre trouxe este assunLo à tona nas primeiras páginas clos jorrrlisdo mundo inreiro não foi propriamente a descoberú cienrítiË. con-troverti.da, mas as suas possíveis implicações para cada inciivícÌuo,inciuindo os que.estão envolvidos na ciência. As nprícaçõe.s possíveisdeste momento da mera pesquisa científica são aquilo qüe [r! conferea_sua enorme importância pública. E, por extensãc, são essas impÌica-ções de Jongo aicance que conferem ãos cientistas e a todo sistemacientífico a sua influência púb1ica. se o trabalho deles rivesse resisticloà investida da análise científica, os indivíduos, as associações, asinstituiçóes e as naçoes que ;gnoraram oì..r negaram a nova noÍma,-ierrlífica rt'riarrr crrfrenrado possivcis sançoe"s negarivas que vãocicsclc ,r lrcrcla ckr prcstíuio ar.é a clecaclência econômiõa. Embora ponstr lllcischn r;rnrr l.rr,vavehrrcn[c cstivt:sscn r crrados, o episódio demonstrao lroclcr rlo sist('lììil (Ìtrr.t,lt,s t:or-t'to 1tr.ol:issi,,rr;ris r-cprcsctì[iun.

 questão para a religiâo e para.os líderes religiosos é saoet. cÌir qÌ.rL

circunstâncias'todos nói irernos dar ouvtdos à rrova reveiaço; t'u'-o

reslauração c1a atrtiga reveiação. Â resp0sta não reside llü icti.u tjci

rclreião fàzer aquilo-q,:e faz a ciência, o que Faz a economlâ olr o ({uc

;ijil_; ãurr.'das áreas funcionais taz por nós { eficácia .lçs'-",

especializaçàc.ì, o que r'arsons denoininava asceitsão de aclapraça'r, c.

afiçal cje contas, um dos benefícios iundamentats da mudança só'";*-

;;;;l toru â dif.r.r'rciação funcio'a1. Â resposta, portanto, deve

,-riaii ""

campo da própria religiã-o' Da rnesma forma como a ciência'

a economia ou o sistetna dc saúde, a religião deve proporcionar urr'

sr:rviço que não só apóie e fortaleça a fé.religiosa dos seus adeptcs'

,*, e"ri^ também i*por-r. pelo- fato de ter impiicações de iongo

alcance fora do âmbito esrriramente religtoso'

Uma parte, porém apelìas uma parte, da respostl rgliCl na força

das próprias insriturçÕes religiosas: a religiosidade individual e a torç.j

;;;J;i';;;;i;; àrr.n.iuï, para a 'áisiao

poder ser -uma

força

roãi"l. Não obstanLe isso, para que a intluêncta da reitgtao.pcssa 1r

alám clas organizaçóe, u'dor seus acleplos imed!atos, otajï cois;rs

nreclsaÍn acontecer. É .r"ru" contexto que os mr;vimentos polírico re-

ii;j;;;;;;r;ais são cle ir:teresse particuiar. Os mesmos são tentatirras

;ï;ii;i;;;árr.riu, o ripo cle influência púbiica para a religião de que

esiou faiando. Tanto na Âmérica LaLina, na América do Norte, t'c:

Oriente N{édio ou em quaiquer oulra parte, esses movimentos e seus

Ìícìeres sustentam qu. àr normas e os'valores reiigiosos precisam até

certo ponto comprometer-se coletivamenIe) para poderem ir aiém das

escoihas individuais. Esses movimentos indicarn que a reltgião orerece

*r, uà.uiço necessário para todos, e que náo é o mesmo ou semeihante

;;õ; t;i;ieci,Jo, pá, e*emplo, pela área econÔmica ou pela ârea

cientíiica.

O prrobienra crítico, naturalmente,.é saber, do ponto de vista

sociolóeicc,, o uu. u.,,t o'seie't" serviço Respostas como "signifrcado

úicinroí (p.'""., tseliaìr. I97A, Berger, 1967) Õu "coinPerìsadores para

r".ã*p.ììu"s inaccsçíi*i;" (Sta rk ã Balnhriclg e, !967.) propõem a ques-

tã.,,-lo',r. saber r:,". qrie cc,'cliçô,es sociais essa.s coisas são essenctats

;i;r;.r-q,;; a ieligi;o inregr.l as sociedaries, ccmo faz. a rradiçao

tlrrrkl-reri',liana em :r,ciologia] ê fazet a suposiçãr entl;i'ican'ent(Ì lr^'

ì, ,-,r ,i, in, t,, ,-lc qtrc r r. iigiaJr.ãliz,r ou

'.dt: rcaliza i ú5la taICia. AhortJo

11.-:,âssrrnro com rtguás detalhes na seção sofrre a "Clobalização e a

rclierão', a seguir. Èntr.t,nto, antes disso, é necessário apresentat

nra'i,; otrtra tl rsìr nç âo luhman n iana que dcscmpen ha u m paPel tmP:r

t.anlc nos aÍgunìcntos strbseqtientes' F'la i{ c,1ti irnPlícttacrnímuttos

,rii,,,in.n,.,r'br..".l.nr.cs em Lo'ro da p.ssibrlicla,lc .lt- urna rnf Íuôncia

púìirlrca cla rciigrâo na sociedade moderna'

Função e desempenho

com' observamos, païa Luhmann, o aspecto estrur.rrral , .'rrrr,rlda socicdade moderna é á diferenciação na base da função A:i r.,,r,.r,r:rinstitucionais agrupam-se gm torno de formas particúlar*; rlr.,r,..r,,socíal, baseadas em racionalidades funcionais relàtivamentc irrrri,rr, ,

mas. Esses subsistemas incluem a ação poiítica, a economia, il t liìrrr r.r,

, 4 relígiáo, o direiro, a educação, a aìte,ã saúdee a família. Â ,,,,,, ,,,, ," .tti1 que cada um desses subsis,temas apresenta é bastante reirl, 1,, ,1,,111

está muito condicionada pelo fato de muitos outros sistenras (1;[;r rí,rrltan'lbém atuando no mesmo meio sociai. A análise apresenra( l;r ;rr l | | r. r

em torno das funções complementares e profissionais desrat., 'rrlaspecto estrutural central deste fato, "tanio autônomo comc) ( ,rìr ll

cionado". ljma conseqüência teórica importarite é que existr urrì,rdiferença entre o modo como um subsistema se reiaciona corÌr nsociedade como um todo e como ele se relaciona com outros sisrcrrr;*i,Luhmann analisa o primeiro aspecro em rermos d;i;;çã;,; ;r.g,,n, 1,,em termos de desempenúo. No atual contexto, a função referc-s<. ì'lpu1a" comunicação religiosa, difere,ntemente áenominada o aspr.( rí )

de devoção e de culto (cf. Parsons, 1967:893s),a curâ d,almas, , üur,,,,da.iluminação ou da salvação. A função é a piracomunicaçãá ,,rugr,,dil g- relação ao tÍanscendente e ao aspecto que âs institurçÕ*;religiosas reivindicam para si próprias, a base da'sua ai;tonomia n;rsociedade moderna. o de-sempenho religioso, ao contrário, ocorrcquando areligião.é" aplicada" a problemas"ge.aáos ern outïos ri,tarno,.,mas não resolvidos neles (cf. Luhmann, Illl1, s4s; 1.gg2a:2BB-43).Exemplos desses problemas são a pobreza econômica, a opressãopotÍtrca ou as desarie'ças em família. Através do desempenho, areligiãcl estabelece a sua importância para os aspectos ,,profanos,''davida; porém , ao, f azer .rss., os interesses não-reiigiosos inu.d.^ . r.imiscuem na religiosidade genuína, expressando ó fat" de que ourrosinteresses sociais condicionarn a autonomia da atividade leligiosa

A função e o desempenho são_ mais do que simples câtegorlasanalíticas dependentes dã teoria luhmannianá em r.lãçio j iú i--portância. Existe uma tensão real entre as duas. Hiúoricamenrevárias institulções religiosas- procuraram para isso uma separaçãoentre as duas. Nos termos de Weber, as rejeições ascética e míltica d.mundo procuraram eliminar.as exigênciai mundanas da esfera pura-ïlente sagrada. A igreja medieval cõnsicierava que o monge ascéricose encontrava num caminho.para a-saivação mais seguro do queaqueles que se envolvi-am na vrda profana; o ancião hinir:, ,Jepois detcr completaclo a tarcfa de criar a farriíria,'recolhia-se . uriru fïoresraparâ a busca apropriada das meras religiosas. Apesar disso, a função

c o desempenho são também inseparáveis e mutuamente tortalece-

clores. Na'realidade, somente na sociedade moderna e nas classes

superiüres despreocupadas de algurnas sociedades tradicionais estra-

tificadas é que as duas se tornari completarnente cliferenciadas corn

toda a nitirjez. O budismc, por exemplo, só se tornou uma religião

mundial quando comprometeu a sue p\'JTeza religiosa e.se adequou à

vida no mundo do dia-a-dia. Na era filcrj€fna, as ordens católicas

práticas deCicadas à educaçãc, an bem-esiar priblico.e.acs cuidados

com a saúce foram de grande urilidacle para possibilitar à Igrela

Romana a manutenção dã sua infuência nas áreas predorrtinantemen-te católicas como as da América Latina, de Québec e dos Países Baixos

(ver, por exemplo, Mainwaring, 1985; l.evine, 1981; Beyer,I9B9b;Colemanm X979).

F,ste último exemplo demonstra a importância crítica das relações

de desemnenho para a relieião no mundo rnoderno. como mostïa o

exemoio cje Ponà e de Fleiíchmann a partir do sistema da ciência, o

nroblàma funcional da relieião no mundo moderno é realmente umproblema de desempenho,-porérn urn problema agravado, quandonão cattsado, pelas peculiaridades da função reiigiosa. Por isso, se a

religião " genuina" está em desvantagem na socieclade global moderna,r" .lu .rtã se tornando cada vez mais privatízada, então uma solução

possível está na busca de "aplicações" religiosas efetivas.

Uma outra consideração refere-se ao papei que desempenha a

moraiidade na relação entie a função e o deiempeáho da religião. Nopassado, da mesmaforma que_no presenLe, multas tradições religiosas

vinculavam a comunicação religiosa e os problemas sociais através de

códigos morais. A moralização-da reiigião, ou o desenvoivimento de

uma"ética religiosa, possibilitava a inierpretação dos problemas so-

ciais como coisequências do pecado, da-ignorância ou de violaçõessimilares das normas religiosas. A conformação a essas nolmas torna-se, pois, a solução pata ú problemas sociais. Entretanto, o estabele-

cimenro do dèserirpenho religioso através de códigos morais é

cstritamente dependente, para"a sua eficácia, das estúturas.sociaisque favorecem a moraiidade como forma privilegiada da regulamen-tação social. Â queixa que se ouve com freqüência de que nossa

sociedade está se tornando cadavez mais imoral ou amoral aponta

para o fato de que as circunstâncias modernas não favorecem a

inoralidade neste sentido. Os homens de negócio colocam o lucro e a

participação no mercado acima das considãrações.de ordem moral.Os políticos mentem, enganam e comPrometem sob outros aspectos

,x i.ur princípios com ó intuito de alcançar ou manter o potlcrMesmo assim, todavia, os líderes religiosos continuam a falar rlopecado, tanto pessoal como social. A privatiz"ação e a pcrda da in[luôn

cia, pública por p.arte da.religião estão intirnamente relaci.nacras como desr,lo semelhante da moralidade. Detenho-me agora na análisecleste assunto.

A globalização e a religião

. ' A noção de que existe um sistema reiigioso que é fundamentai-mente diferenciado denrro e fora da socieda?e

"r"à;;r;;;lidade,só assume o seu significado complero quando ," ;;;li;'ã1" .rr,diferenciação esrá iÀtimamenre ,e'raciona'J; .","-; giJriiJrça. a,socreclade. Não podemos sepaïaÍ a securarização da uoïi..lr,J. moder-na cia sua globalização. Aqui não pode ser o lugar para uma formula_çao âdequada desta asserLiva reconhecidamenfe importante (cf.Luhmann, r9\2b; r9B4).Basta dizer que a cenrrarir"*;'.;;Ërada decomunicação em rorno de funçÕes específicas .;, Ì;;;;;". grupos

:'Jï:l:::*,ryt_:rf (grupos de srarus) impt'cu umr"urtà". *uior,um poder poÌitlco mais efetivo, uma tecnorogia mais sofisticada - emsíntese, a comunicaÇjo,lue rompe as barreiraï geografica;até õue naohaja sobre a reÍra nenhüma poirutuçào renì ser atingida. A quesrãoque pÍeocupa nesre

,._,.::," o,que isro implica para a ,ãiigiao em geral

:Jï: a rarefa dos líderes religiosos e as suas organizaçães em pãrti_

Na teoria de Luhdossubsi,teÀã;';J:ï"?L'""#,H:iï?;:tri:1ïï'i:ï*it"ïïmia cenrral que é também o foco da proïissionari=ufão 1.i i,ìrrlunrr,1977: 193s). As dicotomias consistem de um termo positivo e o seuoposto negativo. lessa forma, por exemplo, o mündo da ciênciaopera com o verdadeiro e o.falso,'a economia, com o ,a, a o ,rão_,a.,a aïte, com o belo e

_o feio (ou,.talvez, com a inspiração . ã Ìrtta a.inspiração). Na religião, a imanência. á rrrr,r..rraé".ià irrlmãL.rr"

rugar (ver Luhmann, 1977:46;1,987). Âqui, no entanro, a situação écomplicada pela visão holísrica ae rétigiãá, da mesma torma como o::TproTir.ro religioso envo-lve roda a pessoa, assim também a dico_tomla reltqlosa usa o mundo inteiro como o seu termo positivo, aimanêncial Em outras prt"ur.r,-o -u"aï qu", por exempio, a ciênciaaborda corÌ a deferência entre as

"i"-rçà.r'de verdadJi.o e fáÌro, ureligião identifica como o imanente. Entreranto, uma vezque o todocomo. tal.não.pode ser o,tópico da comunicação ou o bbieto da

:::::li.': :_l:,: Í: :!:."ãp se disrinsue.de Àa..ra q* "* iã;, a.propno - o rranscendenre.funciona pãra lhe conferir definição. po_rém, como mosrra muito craramenreì"a" ã iããiã;^;ü;âïìr,ar_mental, o rranscendenre não é algo a respeiro à;il;i;;";ãáïirr"r,não ser em rermos imanenres. põr isso, ã *tigiãJr.ãlrãilrrï,i^

-lt)iesmente cia rmanência e da transcendência, como no conceito decriação divina do Oriente Médio ou o conceito hindu de maya.

A única solução estável paÍa esle problerna religiosn fr:ndarnentalé especificar o transcendente ern teïmos de categorias imanentes,especialmente aquelas que estruturam os grupos scciais e as reiaçõessociais (cf. Durkheim,1965:462s; DougIas, !974;1,975). As pessoas

consideram as leis gue governam a sua vida de cada dia como reflexosda ordem cósmica. As ãoisas más acontecem em sua vida na propor-

ção em que os indivíduos deixam de levar uma vida de acordo com os

reouisitos ritualísticos e éticos dc cosmo aLravés dos seus relaciona-mentos sociais (cf. Weber, L978:529s; Berger, 1967:24s). Esta asso-

ciação íntima das regras sociais e cósmicas predomina nas sociedadespré-alfabetizadas, nas sociedades tradicionais e na sociedade globalmoderna. Ela se mantém rambém independentemente se a pessoaestá faiando da religião conservadora ou transtormadora. O ponto-chave é que a ordem cósmica, por mais que seja concebida, ê, iyso factcuniversalmente aplicável. Uma vez que os seres hurnanos não têmoutra escolha a nãc ser exoïessar esta ordem universai em teÍmos de

uma ordem social particuiar, esta ordem sociai se tornâ o campo debataiha entre o icleal e o real, entre a expectativa e a desilusão, entreo bem e o mal. A religião e a sua busca da "salvação" (a harmonia, a

iiuminação, a felicidade) constituem então aquilo em que está envol-vida a própria existência" O problema da influência reiigiosa surgeapenas quando a religião tenta abranger um número excessivo de

vidas que estão manifestamente "interessadas" em coisas diferentes.

Os dados históricos e antropológicos mostrarn que exisiem mui-tas forrnas diferentes para estruturar a existêncie social, e, com issr:,

também, muitas interpretações diferentes da crdern cóstnica. Lstavariedade não apresenta grandes probiemas, já que a cornunicaçãoentre as sociedades é restrita e a variedade intetna é iirnitada" (fuanclo

essas ocorreram, as sociedades rrais antigas resolveranl esses proble-nras enfatizando os limites enlre cs grupos scciais. As diferenças nacxpressão religiosa, incluindo o ccnlportamento que rsto envolve,loram uma das principais formas de estabelecer ou de manter esses

limites. Usando terÍnos rnais adequados ao contexto modertro, pode-se afirmar qu€ ser membro de um gÍu]ro social prart-1cr;lar er;r ser

,r,lt'Pto da religiãc Cel,se mesn,o grdpo. Em sociedacles mais antigas c

mais complexas dividi<Jas em grupos de status estratificados, a asso

t iação à religião e a associação a um gILrpo sociaierant ainda com maisf r',,rriiânrie nãn ìr{âr,ticas nc,rém os enrÌlos dc status dominantcs,'" Ò^*Ìnrrm esforço para sustentar e expressar o seu controle sobre umit<liversidade social maior, gcraimentc tentavam intitular a sua rcligiãocomo definitiva nara a socicclade corno um toclo, muitas vcz-cs clrì

forma de uma cosmologia qr,e se superpõe em forma de arco e queestabelecia as normas e õs vaiores dos'esfratr:s superiores, isto é, o seucócligo moral, o padrão presumível para rodo o'.o-poitrmento. Aassoclaçao a um grupo e as suas normas definidoras estavam aindaintimamente relacionadas à ordem cósmica; porém, na realidacìe, estaassociação_sustentava ser relevante e obrigatória para uma variedademais ampla de mundos vitais reais. A pressão resultante para agUs.traeqg e a generaliz.ação do código moral produzia cosmologiasmals unlficacias e mais hierarquizadas, primeiro, na forma de pantcõeshierárquicos, com os bons deuses Iá no olimpo; em segui da,,iada vezmais na forma de visões monoteístas e henoteístus "1h.noteísmo

-forT:..9g r.eligião em que se culrua um só Deus, ìem e*clui, uposslbllrdade da existência de ourros deuses. N. do T.) Ësres ouidentifica-vam, o gy. é moralmente bom com o transcendental, comonas religiões de Abraão; q por conseguinte, uma religião mais com-pletamente moraiiz-ada. ou postulauãm um reino "trãnsmoral,, alémdo bem e do mal, como o Tao, o Brâmane ou o Nirvana. A narurezaesotérica, mística e socialmente elitista desses írltimos concer[osindica^que uma abstração excessiva de normas morais de um grupoespecífico produz uma religião com influência limitada na sociãdademaior (cf. stark e Bainbridge, Lg8T: rr}-rs). Nesre caso, além disso,como nos movrmentos ascéticos e místicos do ocidenre, a função eo desempenho religioso estavam se tornando nitidamenté diferencia-dos pela primeira vez, prenunciando o problema da reiigião na socie-oaoe moclerna.

A associação íntima entre os códigos morais, a associação a grupose a religião nas sociedades pré-moder-nas não reiolvia o pàbl.rì-,u do,confiitos intergrupais ou inter-sociais. pelo contrário, ela simples-mente estruturava esses rnesmos conflitos. o papei da religião nestae_struturação era muitas vezes crítico. Em situaçoes em- que umdeterminado grupo sociai ameaçava o outro, o,., .m que havia umamera competição, o inimigo podia ser considerado como a encarnaçãocto mal, como a negação do relacionamento correto entre a ordãmsocial e a transcendental que opróprio grupo da pessoa representava.Ao justificar o confiiro, a religião pómovia ã sobrevivência e aexpansão do grupo e da sua cultura.

um,exemplo tirado da teologia cristã tradicional pode ao mesmotempg ilustrar aquilo que afirmeì até aqui e aprofunclar ainda mais oraciocínio. Neste caso, um Deus bondoso e pessoal representa aunidade da distinção entre o imanente . o tru.rr..ndente'através desua cnação. As características rjesta unidade são importantes para osseres humanos, através do comportamen[o moral concebido emtermos dc afirrrraçãc' ou cle nr:gação da relação fundamental entre

rÌnanenLe e transcendente' isto ê, enr.rel)eus e o seu dominto sobre a

criacão. A possibiiidade de afirmaçáo ou de negação e representada

no p'ilmeiro exemplo peia possibiiidade de salvação ou de condenação,

u-t* dependenies novamente da qualidade do comportamenlü

individual. A alma individual, a personalização desta quaiidade totai

i.-Uo* determinacia), compargce.peranteo !uízo fr*ai baseada no

àeu caráter moral. A possibiiiCade de negacão ou do rnal é personili-

cada no demônio, que encarna Q mal, não simplesmente,como ccm-

portamento imoiai, mas como negação da dependência do imanente

ao transcendente e, assim, a sua unidade e, assim, Lìeus. Â chave para

, "i"Utfia"ae

de todo o quadro é a suposição de. que não podemos

esperar gue cada um viva mais ou menos segundo o mesmo coolgo

moral. Aquele que, seja qual for a razáo, não admite.e não vive

,.gu;ao.!t. código, négu à Deus. Esre indivírluo Ç, qora.l e religiosa-

mente, o outro, o ptosciito, aquele que está fc"rra dos limites, concre-

ttzado e considerado ,ru "rf.r,

dos aurênticos estranhos, seiam eles

ludeus, bárbaros, sarracenos ou slmpÌesmente o inimigo que personl-

fica ou traz as Íiìarcas cio demônio.'Na medida em que os estranhos

têm a oportunidade de se lornarem indivíduos pertencentes à orga-

nização, podem ser "salvos", não simplesmente através de um com-

Dort;mento abstrato e moialment" Lo''', mas somente através da

conversão religiosa (cf. Luhmann, t9B7)'

A caracterização concreta do transcendenle como fonte e garan-

tia das normas morais do grupo tornou possível a atribuição asatanás

desta presença pessoal iÃequívoca..E Satanás era essencial para a

à.Áotìrrruçaà .ia importância de Deus e da salvação. Os líderes

religiosos dã scciedade cristã tradicional podiam representarameaças

uo irrpo identificado como ameaça externa, tanto através de autên-

,.3r L!"".hos ou dos seus correlãtos morais imputados, dentro da

sociedade. Ao vincular a mela reiigiosa genuína da salvação a uma

Jeterminada ordem social, eles assãguravam também a imp-ortância

clas normas religiosas e, com isso, também, a sua própna influência'

A mudança social para o primado da diferenciação ^funcional,olutuvu esta simbiose.'A aulonomia das racionalidades funcional

-..rt" especíticas opóe-se a uma prioridade dos limites.grupais comu

nitários.'Por exemplo, nas sociedades em que predominavall ()s

lintites comunitários, aS pessoas se alimentavam de acordo com as

normas tradicionais áo piOpno 8rup9' O que.fazemos e o que é bom

nara nós é a mesma coiia. Na sóciedade moderna, se a pessoa conlc

;;t;;; Èulurrt com palitos ou com garÍo ê uma opção pcss.al,

aciclcntal ou livre. No sétor público, as considerações em torn, cla

rrJ.f ., universalmente aplicáveis-a todas as pessoas, têm a prioricla<lc

As conseqüentes tendências globalizadoras da socieclacle altcrarant

radicalmente as condiçoes sob as quars a solução moraÌizadora aindaé possível

"i níç,el de souedadc cot11c um to;í0, porqueo grupo apora rncluia todos. Â srtuação da rehgrao na socredade gïobal"airera-se arralcrga-nÌeÍìte. Aqueie que estava habituado a ser um estrunho de forãrainequívoca agora se torna iireralmenre meu próximo, quer eu aproveou nào. A distinção entre estranho e conficieirciai da qual se fazia usopara reforçar os códigos morais inrernos das sociedades comunitárias,beln como terriroriais, toÍna-se agora pelo menos difícil de ser con-servada po,r ull período de tempo"mais'1ongo, num mundo de comu-nrcação giobai praticamente instantâneaj que é, ela rnesma, ore,sultado da especialização insritucionai. c lídér do ,,império do mal,'não só revela ser menos do que inteiramente mau, q.rrttdo encaradofrente à frenre; o que é mais importante, torna-se cada vez mais clifícilarguem naÕ se encolìtrar ccrn eie, não por razóes morais, mas sobre-tudo por razões políticas e econômicas.' Nesta situação, a moralidadcperdeu a sua posição estruturaL centr:al. Traduzidã em linguagemmais teológica, a globalizaçã. da saciedade não leva à morre d"e Dïus,como sustentavam alguns teólogos da década de j"960. Deus aindahabita o céu e a sua võntade govãrna o mundo; no entanto, o vultodo mal está se tornando cada-rrez- mais indistinto. O resultado dissoé que Deus ainda node ser amado, porém torna-se cada vez mais difíciltemêlo. EIe ainda estâlâ, rnas será que isto faz alguma diferença4 Asaivação ainda é essencialê ou tornar-se-á uma tãndência particularde uma minoria, semelhante porénr não superior a quarqler ourrabusca co lazer4 A nível global, c problema da especiticaçdo de umadefinição sig.nificariva à ãicoromià re[giosa cenrral precisa ser nova-rnente abordado"

com essas consideraçÕes, uma solução histórica fundamentaipar.a o problema da especificação do transcendente ficou abalada,emb,ora apenas a nível da sociedade como um todo. As condições eimplicações do ernprego da antiga solução foram akeradas. Â reìigiaoe, no atual conrexto, os profissionais da religião se encontram frãnteà frente com um dilema: encarar o problerãa atual da influência dareligião sem a antiga solução ou com a confirmação da mesma.

cada um desses passos rem os seus próprios problemas concomi-tântes. Naquilo qr-re exporer adiante, denominá-Íos-ei de opções con-servadora e iiberal. A primeira das duas corresponderia à coniirmaçãoda realidade do demônio, e a segunda, à aquièscência na sua dissolu-ção. Usando esta distinção como ponto'de partida, desejo agoraexaminar a forma como as evoluções atuaii na religião'a n-"ívelglobal refÌerem as tendências aré aqui esboçadas. Neíra siruação,retomo os diversos temas apresentadosacima, porém, de modo especial,o conceito de que, independentemente da'alternativa adotada. a

intlrrência pírblica p^ra, o caso da religião será encontrarJa na direção

:il ;#;ã;À"ã, ï"-íigiác4 embora aãçao que se co.ncentra na função

reliqi.sa conrrnue, .;rfi';idr;u, .*.*çà.r, a ser. domínir:r da religi.-

sidíde privatizada extremanÌente pluraltsta'

Função particular e desernpenho público

A opção liberal aborda o problema central da deterrnrriação rla

Lranscendên.lu ,n-..rtà d* fn'-u muito tênr:e: exisle o mal no

;ffiil-o,6;;Ì; "íà pàa. .ser localizado ou personificado com

Fnmezae com ,oou u .iui. za' EIe constitui uma limitação.em todos

nós, em todas as n"rnr, a""turas sociais' Ele não deve ser iocalizado

especificamente no f;;á; p1u"lit-o, incluindo' neste caso' o plu-

;;i;;-;;út;'". ouando não, o contrário ê q":,Í.::rdadeiro: a

intolerância "

u t*puïãfao pãitituittitta é que c9irstitul1l l::"" d"

*"f. Ot profissionais ãa-ieligião, com esta atitude' cendem a ser

ecurnênicosetolerantes.Eies"encontramaSpossibilidadescctmpará-veis cle iluminação e de salvação-em 5ua própria tradição e em outras

;;iütó;;õ-pi"ür.-" i"grJgià" !ylllTi"al desta opçã'' como des-

tacam alguns ,r,ur,riu, 1p "ex.', Kelley, ,1972;

Belger' 1979)'-ê que 1

mesmaapresen[apoucas.exigênciasrealmenterelígiosas:elaIranSml.te pouca info-rmaçaá;õ;;iiiilenre religiosa quãpocerr a Ía.z.er uma

diferença na torma ;""i;; pttsoas fazerã alguma "lt:t :Ï daquilo

;;; "; i"rrou, não poderiam obter das fontes não-reltgtosas'

As resposlas que os profissionais dão a este problema em relaÇão

à ";;;'1ìËã*iï#r.r"*'a diferença enrre a funiao. e o clesempenho

l.,J .rboçu^os acima. Em termos de funcão' a tendência é orientar a

organização pu* or'ï.iiiiÀr u*iur."cìaii, incluinr1o a celebração de

fatos importantes da vidã e, taluJ?lnìtitte' a "cura. d'almas" para

;q*ies.F i.tu t...ttitam'(cf' Bibby.,,I9-87 ' peios dados preciosos

que apresenr. .--tãiuii" "; Canada)' Esta'respost-1 :t^:o"du"uperfeiiamente com uqullo que deseiam obviamente os adeptos em

ããtri.tfrt. A função centralìza-se nas opç-óes.particula11, Deus é

!Ër.r*i"aá^.ãÁì "- ser benevolenre e não vingarivo: a sua única

exigência é que as pessoas imitem a sua atitudg^em relaçã?,lot ttut

,".f;.fnu"r.rl O ,r*i existe, mas é uma deficiência negatlva a ser

preenchicìa, e não uma presença positiva a ser destruída' Além disso'

!s 1ícleres reiigiosos, com esta atitrrde ecumênica' adotaram as orlen-

,ãç*, " n'.ít"rittát áls tendências elit ist a s d?:

"p:t::J.ilÌ, rel i8iõcs

r1o munclo: , porriúitiJicle cla sabec-loria para rodr-rs, a pos.sibìlirlade da

*f "^ça.

para toclos' F,ntre tanto, atualmente' colÌ'ìo parte d,:, proccssc)

<1,: globalìzação, tocìrts tlstâo irtcltrítl<ls, tl ttittl iÌ[)(:ìì41; ()s vlllll()lj()s (l()s

estratos superiores, com o lazer para esta especialização ftrrrr r, 'rr;rl Acombinação do pluralismo e da inclusão exclui muito pouc()ri rrrrlrví-duos dos benefícios praticamente automáticos da função n'lli1,,r;,r

Os líderes e as organizações religiosas que seguem a opçio lrlx'r;rlenfrentam com isso a dificuldade tanto na espe-ificação dos [,r.rrr.llcios como nas exigências da religião na forma funcional ou "ge rìuírr;r"Esta indeterminação os levou a uma dependência e, com isi;o, ,t

influência do sistema religioso. Nesta situação, os problem,r; rr;rmaioria das vezes globalmente dirigidos, que vão desde a libcrr;rq,r,,dos homossexuais até a opressão política, estão proporcionanclo rr

oportunrdade de mostrar que a religião leva a benefícios e a exigônct;u;gue estão longe de serem insignificantes.

Repetindo, a visão luhmanniana do desempenho considcr;r <r

uma tentativa da parte de um sistema de enFrentar os Droblcnrturgerados em outros subsistemas, porém não resolvidos n.i.r. Corlotais-, os problemas enfrentados pelo desempenho da religião não sã<rde forma alguma problemas reltgiosos, pelo menos não diretamentc.Por conseguinte, as decisões, embora inspiradas religiosamente, ter)derão a assumir as características do sisiema que é-o alvo: soluçÕcseconômicas para problemas econômicos, soluções políticas para prcr-blemas políticos,'e assim por dianre. A ienraiiva de confoimação a

este padrão estruturalmente estimulado é uma caÍacterística da op-ção liberal, na medida em que se correlaciona com a estrutura básiêada sociedade moderna, Ëxiite a convicção de que os problemas edu-cacionais não serão solucionados pela adesão à fé tradicional; que osproblemas. de saúde não serão solucionados pela meditação; os pro-blemas poiíticos, pela execução correta dos rituais. Pelo contrário, aopção liberal retorna ao passaclo comunitário da religião para definira sua "aplicação" como a que se preocupa com a comunídade comoum todo. No entanto, neste caso modeino, a humanidade como umtodo é a comunida d9, e a tarefa da religião é a de trabalhar para ainclusão mais plena de todas as pessoas nos benefícios desta comuni-dade global (cf. O'Brien e Shannon, 1977: 117-70,307-46). Por isso,os líderes religiosos desta orientação caracteÍizam os problemas dasociedade globai em termos correspondentes: conflitoi entre váriossetores da comunidade mundial devem ser atribuídos em grande parteà marginalização de alguns (geralmente a maioria) do"s beneÈíciossistemáticos como a renda "adequada", a participação política, ocuidado com a saúde, a educação, e assim por diante. Todavia, oconceito de comunidade global é muito generalizado e muito vago,i3 qu. o m.esmg inclui uma grande variedade de culturas de grupos ede estilos de vida individuais. A caracrerística da religião apliéada emtermos de comunidade global, na realidade, refiete a mensagem

[,uncronal benevolente da opção liberal. Combinado com o respeitopela independência de outros sislemas, notadamente o político, istopode funàionar contra a atividade que é reconhecida como comuni-cação especificamente religíosa, como algo que a religião faz por nós.

Embora este seja um problema, não iignifica que esta atividadereligiosa não possa ser eftcaz.

Um exemplo pode aludar para ih-rstrar este aspecto. Ceralmente,

os reólogos dà libertaça'o 1e os seus similares do Primeiro Mundo).eprese.tlam a opção liberal. Ëlesse preocupam com a justiça e."aP?2,

.o- or valores qu. indi.a* a inclusão igualrtária dos marginalizadosnos benefícios das instituições moderÃas. Esta "opção preferencial

peÌos pobres" rejeita âs interpretações religiosas tradicionais em favorcJe uma teologiá contextuai que usa a experiência atual como base

para a busca ãe urn entendimento religioso coÍreto. Os teólogos da

iibertação não apresentam uma cuitura particular de. grupo e sua

relisião como se èstivesse mais inrimamente reiacionada com a von-tadé divina do que as outras. Embora a suposta oposição entïe os

"pobres" e o "capitalismo" às vezes chegtre a representar urna oposição

entre o bem e o mal, esses líderes religiosos geraimente criticam este

ú1timo pela sua criação de amplas desigualdades globais e não por ser

uma visão estranha do mundo, destruidora da boa ordem verdadeiraque o próprio grupo do indivíduo representa. os críticos da teologia

da hbertaçao ã.tra*-nos de terem perdido o que é especificamente

religioso (por exerilplo, Ratzinger) ou de oferecerem soluçôes econô-

rniJas e políticas que não coinbinam com as q1óprias realidades

econômiias e políticas existentes (por exemplo,-Novak) (cf' Berry-

man, 1982: 170-20A). Um ataque é em termos de [unção, o outro, em

rermos de desempenho. Na iealidade, a reologia da libertação põe

uma ênfase especial no desempenho da religião. Embora a crença e a

prática religiosa "genuínas" sejam importantes, elas são como tais

àorn..rt. nimediãa em que contribuem para a mitigação dos maies

sociais, dando ênfase à yiáxis. Ëm essência, os leólogos da libertação

rcspondem à privatização da religião buscando uma revitalização da

função religioìa no desempenho da religião, particularmente na área

políiica. O" pecado se roina principalmente social, e a exigência

religiosa primordial é em prol da iustiça sçcial (ver Baum, 1.975: I93si).

A busca do estabelecimento da influência da religiãc', vinculancJo

a função com o desempenho, naturalmente, não é trma.novidade or-r

alqo incomum. como Ïoi analisado acima, todas as tradiçõcs religio

saó assim procederam em sua história No entanto, nas circu nstâncias

ntoclcrnas, a ftrnção e o desempenho podc,n scr distinguiclas com ntrir;

t:liìret7-a, porque nót .*ptegamos a função como fornla cctitral 1l;tt;trlivirlir a'açãò sc-rcial. lr'tr isr;,;,:;c o trrb,rlho cm prc.rl <la itrstiç,r sot'ial

for um- desempenho religioso organizado, a sua vinculação necessáriacom a fun-ção religiosa deve ser óbvia, assim como é óbviã a vinculaçãoentre o esforço científico teórico de Einstein e a construção da bombaatômica. As críticas da teologia da libertação, de que ela não é nemuma boa religião nem uma ïroa econc.rmit, indicam a existência de umproblema neste caso. E, na realidade, os teólogos da libertação con-fiam plenamente em interpretações não-religiósas como a teoria dadependência e na análise marxista para inteipïetar os problemas; epreferem explicitamente carninhos políticos de ação. A vinculaçãocom a teoiogia é nitidamente visível nas obras escritas dos seuspatrocinadores; porém isto nada mais é do que necessário. Nesseaspecto, não.deveria_ surpreender que os teólogos da libertação sesintam tentados a enfrentar o problema através d? urna oposição cadavez mais "maniqueísta" entre o pobre e o capitalismo, com o socialis-mo, a culturade grupo dos pobres, corno mela comunrtária vagamen-te definida. Não tenciono sugerir com esta análise que a teoiógia dalibertação não_ seja uma teologia legítirna. Quando mui.to, o conirárioê, que ê verdadeiro A questão neste caso é antes a posição da religiãona sociedade global e a forma conlo o problema da privaiização reÈieteesta poslção. os teólogos da iibertação esrão procurando eirabeleceruma influência pública para a religiáo em face da privarização. Esrãoprocedendo desta _forma através- do desernpenho religioão q,.r. ,"concentra no envolvimento político, ernbora'não cheguãm ao pontode deferrder_ a-legislação das normas religiosas. Pode-íe argumcnrar,como faz Phillip Berryman (1984), que ãles riverarn um õrto êxitoneste esforç o que frzeram (enì:retanto, ver Mainwarin g, I9B9). Toda-via, se esta estratégia vai levar ao restabelecimento da influênciapública da comunicação religiosa em geral, em nossa sociedade, aindaé questão aberta.

F,mbora as. relaçÕes de desempenho sob a opção liberal ofereçamcom isso possibiÌidade.para que a religião saia do seu guero funciõnalprivatizacio e se situe abertamente na arena política, as possibilidadescontinuam sendo limitadas. Além dos problemas abordados no exem-plo da teologia da-iibertação, o pluraiiimo rolerado a nível de funçãoenvolve um pluralismo análogo a nível de desempenho. por isso, namedida em que os líderes religiosos, como os das igrejas protestantesliberais norte-americanas, poãem controlar ar tuaã alavancas organl-zacionais e assumir uma posição pública unificada nessa queïtão,neste sentido, eies correm o risco de perder uma parte considt:iável dead.eptos,^independenremenre da posição assumida (cf. Hadden ,1970;Bibby, 1987). A mobilização rorna-se um problema sério e consranreneste caso. Na falra de medidas não-religiosas adicionais (especial-mente o envolvimento político direro), os líderes religiosos ficam comaclrrcla convicção qrre na tradrção cristã se chama évangelização: a

cleoendência da tomada de decisões privadas e espontâneas com seu

pluralismo fissíparo concomitante'

Apesar desta dificuldade da parte da opção liberal, o seu universo

,.finiÏro .tiãá.iãïr re realmente.om ui iendências estruturais de

;;ï ;*i;á;;Ëúi lomo salientgu .o.arsumento aplgsentado

acima. Na mediãa em que a sociedade global conlinua a tlcar uma

realidade cadavezmais èonsistente, a opção liberal pode ser conside-

rada como a tendência do futuro' Entrementel Pglo menosrdentÍo

de um futuro previsível, esta não é a única tendêncta posslvel'

 opção conservadora (a reafirmação da tradição apesar da mo-

a.r"taãããi, l;"g;à. ser meramente um retrocesso correlacionado

.ã- "tttriurrrãociuit

uitrapussadas, é, na realidade, a única que está

i;;;J" a religião visível no mundo de hoie' Trata-se dt YT,l-tptt'o;;;;ì;;á;úÁ1fr.iia",

"não de uma. negação da mesma' Ëm razão do

rumo que assumlu a análise precedenie, esta afirmação exige algum

esclarecimento.

Para a fé particular,.a.opção conservadora envolve uma confirma-

ça" ã"^"ira" [Àái.i""uf d.'trrr,r...,dência, a maioria das vezes expli-

crtamente como resposta normatlva a uma sociedade ("o mundo")

oue aparentemente Jsrá se encaminhando para uma direção diferente

J;;;;;rora. Ësta análise viria confirmar esta impressão: a opção

conservadora encontra um número menor de problemas com a trans-

cendência, porém entra em conflito com as tendências domtnantes

;;;*rürã -li"L global. Apesar disso,. os líderes e os profissionais

relisiosos que orientam as suas organtzações Para esta forma de

;;ilËi;;rJrü pri;"Jq compromissadã estão basiéamente oferecendo

uma variação em relação á ,.rportu funcional liberal: a acomodação

a tendências particulãres em assuntos de relígrão, mas Ícom

uma

ênfase histórièa que poderá, mas não necessitará, resultar numa

orsanizaÇão sectária. Á religiáo conservadora, a partir deste,ponto de

viía, só ãontradiz as estruturas sociais modernas na medlda em que

enfatiza o holismo pessoal individual em face das estruturas sociais

áìf..".r.ludus (e, por conseguinte, impessoais)' Ela se-concentra na

fu"çao religiosa'etende pala a privatização, coma diferença-que as

;tçà;; .e[iiosas particulãres, a ma.ioiia dãs vezes, incluem o elemen-

to do compromisso holístico e da concenlração na solidariedade

;;;;;;tI. íi.iigiã" conservadora a nível de função responde a

oinur,ru, disparidadá possíveis entre a estrutura dos sistemas pessoais

;;;i;;;;, social. Porianto, eia reflete as estruturas modernas emvez

de negá-las.

Deseio apresentar uma análise semelhante em relação à resposta

.1. d.;;^p.i]Éo ao ponto de vista da opção conservadora: o quc

parece estar correndo contra a globalização e a modernidad e é, narealidade, considerado como um reflexo da mesma, se bem que deuma forma bem diferente, quando comparada com a opção liberal.Para explicar isso, torna-se necessária uma breve digressão.

A globaiização, dentro do contexto luhmanniano aqui emprega-do, não significa o avanço evolutivo inevitável rumo a uma difusãoglobal da modernidade ocidental. Ëste desenvolvimentismo é inade-

' qüado não somente porque os fatos empíricos negam uma tal propo-sição, mas também porque, do ponto de vista teórico, a globalizaçãodeveria ter efeitos tão profundos sobre as sociedades anteriormenteterritoriais do Ocidente como ela está tendo sobre outras civilizaçõesanterioÍmente teritoriais espalhadas por todo o globo. Até a metadedo século XX, o Ocidente pode ter acreditado que a sua expansãoimperial bem sucedida dos quatro séculos anteriores era, essencial-mente, uma via de mão única. Atualmente, esta ilusão está se reve-lando rapidamente o que realmente é.

A resistência a, ou, Ealvez, melhor, a digestão da globalização emdiversas partes do mundo contemporâneo deu origem a movimentosinformados pela opção religiosa conservadora: a mobilização políticacomo o serviço (desempenho) do credo religioso. Quer a acusação sejaa de "ocidentalização' no Oriente Médio ou a de dificuldade de"tornaï a América novamente grande", o problema é semelhante. NoOcidente, os "estranhos" de outrora (os soviéticos, os japoneses, osárabes et al.) estão solapando o domínio po1ítico, econômico e cultu-ral geral do Ocidente. O Ocidente conta cadavez menos com o seupoderio econômico, político (sobretudo militar) e científico paraasseguraÍ a continuação da hegemonia de sua cultura. Na frentedoméstica, a diferenciação funcional que constitui um aspecto tãofundamental da globalização continua produzindo uma mudançarâpida nas antigas estruturas básicas; a família, a moral e a religião.No mundo não-ocidental, apesar da independência política cadavezmais acentuada e/ou do poderio econômico em muitas regiões, ospadrões culturais do Ccidente, ao que parece, ainda estão ficandocada vez mais dominantes. O que para alguns ocidentais parece seruma decadência moral, econômica e política da própria cultura, paramuitos não-ocidentais parece ser a continuação do imperialismocultural, econômico e político do Ocidente. Com os seus laços bemdefinidos com as culturas de grupo comunitárias, tanto no pa:sadocomo ainda em grande parte no pïesente, a religião é um candidatoóbvio para a estruturação de uma resposta a ambos os lados.

Crande parte dos movimentos político-religiosos que surgiramnas décadas recentes em todo o mundo refletem este desenvolvimen-

to. No Ocidente, por exemplo, o Novo Direito Religioso nos EstadosUnidos lutou pela restauração do antigo domínio ocidental. Os valo-res morais do-Cristianismo tradicional, combinados com a ênfasedada à livre empresa e a uma vigorosa defesa contra o comunismo,restabeleceriam a América como a grande nação que Deus destinouque ela fosse. Nas regiões não-ocidentais, os diversos movimentosiilâmicos, desde a Indãnésia até o Norte da' Africa, por exemplo, estãotentando abrir caminhos concretos ïumo à separação da moderniza-

ção há muito desejada da ocidentahzaçáo. Em muitos desses casos, e

ãertamente naqueles há pouco citados como exemplos, os líderesreligiosos adotam conscientemente a opção conservadora. Seja o"lmpério do Mal" ou o "Crande Satã Americano", ,o reaparecimentodo demônio como aquele que define o transcendente assinala umretorno à forma tradicional de tornar a religião apta a comunicarpublicamente a informação essencial. Longe de representar um sim-ples anseio pelos dias passados imaginários, esta confirmação é umiesuitado lógico de uma globalização que gerou e continua gerandoconflitos fundamentais entre as diversas religióes do mundo.

Quando fracassarem as ïespostas políticas e econômicas a esses

conflitos, o desempenho religioso pode ser capaz de preencher alacuna. Uma vez que os adeptos das várias religiões do mundo inteiro,de modo geral, ainda são locais, os líderes, a maioria das vezes,

conseguem expressar os conflitos e as desigualdades regionais emtermos religiosos. Neste sentido, a opção conservadora, fundamenta-da como está nas sociedades tradicionais comunitariamente orienta-das, oferece vantagens distintas. A solução que apresenta ao problemada transcendência admite uma dicotomização aproximada do mun-do naquilo que é religiosamente puïo e impuro, naquilo que somosnós e o que óão os oúros. Uma mensagem religiosa tão clara, sob as

condiçõés exalas, pode ievar a uma mobilização bem sucedida de

populações inteiras. A politização nesta base religiosa torna-se, pois,uma forma Dara as diversas reqiões fazerem valer os seus direitos emface da globàlizaçao e das ,r"rïo.rr"qüências. Até agora,os exemplosmais evidentes desses movimentos de desempenho religioso conser-vador, no Oriente Médio Islâmico e no Puniab dos siks, ocoÍreramapós tentativas políticas prolongadas e mal sucedidas para tratar dosproblemas concomitantes à modernização e na esteira de aumentosiignificativos na saúde regional (cf. Esposito,1'997; Ariomand, 198B;

l.eaf, 1985; Wallace, 19BB). Esta mobilização de fatores provavelmen-Le não é acidental. A modernização que se correlaciona com a globa-liz-ação não é simplesmente benévola, muito menos igualitária. Ela

dcstrói tanto quanto cria. A tentativa de alcançar alguma perspectivaLranscendental neste processo histórico é compreensível, especial-

mente quando técnicas imanentes como o nacionalismo genulna-mente político, o socialismo, o capitalismo de portas abertas, aeducação secularizada e até mesmo o progresso econômico, todas elasparecem fracassar. Se a definição necessária do transcendente repre-senta a aplicação dos correlatos religiosos de estruturas sociais ultra-passadas em relação às atuais divisões muito diferentes, então istoapenas demonstra que as estruturas contemporâneas não oferecem

, uma alternativa auto-evidente.

Os movimentos religiosos baseados na opção conservadora con-trastam com os seus correlatos liberais de múltiplas formas. Entreessas, uma que é fundamental se relaciona à idéia conservadorasegundo a q,ràla influência pública da religião deveria ser apoiada pelalei. Normas religiosas importantes deveriam ser inseridas na legisla-ção; elas não deveriam ter que depender do "efeito da demonstraçâo"para a sua influência. Os líderes religiosos conservadores desses mo-vimentos dão muito destaque a um código moral particular de culturade grupo como a manifestação da vontade divina. Num ambientesocial global que geralmente corrompe os limites da culrura de grupoe que, portanto, estimula o pluralismo religioso e morai, há poucaesperança de que uma determinada perspectiva cultural prevaleça nabase de seus próprios méritos singulares. A alternativa é adquirir ocontiole sobre um território restrito, dominado pela cultura particu-lar e em seguida controlar o pluralismo dentro do mesmo. Este"nacionalismo" certamente foi a meta do Novo Direito Religioso nosEstados Unidos, dos extremistas siks no Punjab, do campo ultra-or-todoxo politizado em Israel e dos "fundamentalistas" islâmicos noOriente Médio. Os primeiros e os últimos destes citados cheqam atéa considerar a definição global da cultura do próprio grupo"após osucesso nacional do início. Esta diferença entre a opção liberal e aconservadora destaca o grau até onde a opção conservadora utiliza ereforça a diferenciação segmentâria e.territorial dentro do sistemapolítico global moderno dos estados. E mais um exemplo de como adireção conservadora dentro da religião giobal reflete as estruturas dasociedade global e não apenas uma reação contra as mesmas.

Na realidade, o que denominei de opção de desempenho conser-vador para a religião do mundo moderno, à primeira vista, não parcceharmonizar-se muito bem com o primado da diferenciacão funcional.Um dos objetivos mais explícitos Ce muitos dos movimentos édes-diferenciar muitas áreas funcionais, principalmente a religião e apolírica, porém, também a religião e a família, a religião e a educação,a religião e a ciência, e oulras mais. Entretanto, a desdiferenciação, nafalta de uma base estrutural alternativa, como a que foi proporclona-da pela diferenciação de grupos de status estratificados nas sociedades

mais antigas, ainda é uma resposta aos problemas de globalização emtermos de primado de função. Os movimentos religiosos, como o darevolução iraniana, querem solucionar os problemas sociais totais,dando a primazia ao sistema religioso e aos seus rralores entre as

diversas esferas funcionais. Âssim"como aconteceu com o domínioeconômico no Ocidente no século XIX ou com o domínio político naRepública Popular da China, uma estratégia que tente combater osefeitos do domínio funcional sob a bandeira do sistema religiosotalvezpossa ser meihor interpretada como uma resposta conciliadorade uma globaiização em que predomina a função." A mesma poderásusfar a onda de modernização e algumas das conseqüências maisdestruidoras de globalrzação por um bom período de tempo, emaigumas regiões particulares, talvez até quando o sistema giobalvenha a sucumbir ao peso dos seus próprios problemas internamentegerados. Entretanto, isto não nega a eslrutura fundamental da socie-dade global.

Síntese e conclusão

Em síntese, independentemente da forma como vem solucionadoo dilema funcional em relação à dicotomia religiosa básica, numadireção liberal conservadora, a rehgião no mundo moderno assumeum aspecto privado ou púbiico, dependendo se a pessoa leva emconsideração a função religiosa ou o desempenho religioso. Por con-seguinte, não se trata simplesmente de uma questão de maior oumenor privatização. A religião privatizada continua a desenvolver-seem miríades de direções pluralistas ao longo de toda a gama depossibilidades religiosas, desde o ascetismo supererrogatório até a

liberalidade eudemonística, do sectarismo comprometido até a brico-lagem f.eita de retalhos. Para os líderes e suas oiganizações, a religiãoparece estar se encaminhando para uma ou duas direções: a concen-tração na administração das alternativas religiosas particulares ou oingresso na arena política pública. Por sua vez, esta última direçãoenvolve duas possibilidades distintas: a possibilidade ecumênica queenfoca os problemas globais gerados por uma sociedade global fun-cionalmente diferencia da: e a possibilidade de movimento Dolíticoque patrocina a distinção'cultural de uma determinada região parti-cular através da reapropriação das categorias antagônicas religiosastradicionais. Ambas apresentam possibilidades para a religião publi-camente intluente, que são conseqüências diretas da globalização deu:na sociedade que estimula a privatização cada vez mais crescente.

Notas

1. A rarefa de encarar a realidade global como uma sociedade não é umaposição predominante, porém constiúi um aspecto fundamental da análiseque apresentei neste ensaio. Em outro trabalho, apresentei um esboço dasraz1es que defendo para esta minha posição e, por isso, não irei apresentaraqui uma justificativa mais detalhada a respeito do assunto. Ver Beyer(1989a).

2. Costaria de ressaltar que as próprias funções complementares sãomuito mais públicas; o que ê privarízado é somente o modo como oindivíduo combina as decisóes dentro dessas funçóes.

3. Para o exemplo em relação a Quebec, verBeyer,l9ï9b.

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Peter F. Beyer é Professor Assistente do Departamento de EstuclosReligiosos da Universidade de Toronto, no Canadá. Ele publicou umatradução da obra de Niklas Luhmann, Religious Dogmatics arul theEvolution of Societies (A dogmática religiosa e a evolução das socicda-des), e atualmente está concluindo um livro sobre religião e globalização.