Bandeira
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Bandeira
Acordei em um acorde diminuto dentro de uma progressão de um maior para um menor. É sempre o clímax ignoto; a parte mais importante da
música, a parte que se dá para que a melodia seguinte tenha ênfase: é
o belo mais passageiro. Acordei efêmero, e acordei diminuto. Sem atenuação ou exagero, minimalista mas enorme, aconchegante mas intocável, sorridente mas choroso. Acordei híbrido. Acordei pensando em ti. Em tuas bandeiras mata adentro, matando quem sou, cada vez. Fazendo de mim caminhante, andarilho. Ando sobre
os trilhos de um trem movido à mão, manivela e suor. Sinto teu cheiro férreo e me pergunto se é da barra ou do sangue. Sinto o gosto quimérico do álcool e como ele mudava tuas pupilas de tamanho. Lembro de como teus lábios moviam-se em todas as direções, mas esqueci tua voz. Crio a estação do trenzinho que cabe eu e minha sombra, nenhum mais sombrio que o outro. Acordei em guerra. Vi a faca da minha mão medir teu pescoço e vi tu fechares os olhos.Teu suspiro ecoa.Nosso beijo é vazio. O mundo é nossas mãos. A terra colore nossas unhas. O meu couro cabeludo, que tu puxavas, dói uma dor de alívio, de
mentol e pele, enfim: Aquelas tuas bandeiras, estradas, ao longo de mim, nunca foram hasteadas.