Aula 4 - Hegel

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  Karina Anhezini

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REIS, José Carlos. História da “consciência histórica” ocidental contemporânea: Hegel, Nietzsche, Ricoeur. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011, p. 33-42.

HEGEL, Georg Wilhem Friedrich. Introdução. In: Filosofia da História. 2ª ed. Brasília: Editora UNB, 1999, p. 11-97.

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A obra de José Carlos Reis é a última publicação no Brasil a respeito de Hegel (e também de Nietzsche e Ricoeur) e lança um desafio/tese de encará-los como criadores de uma “consciência histórica” ocidental:

Hegel (tese) e Nietzsche (antítese) e Ricoeur (síntese) – com todas as diferenças que os cercam têm em comum o eurocentrismo e adotam a perspectiva do colonizador.

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Influenciado por três movimentos intelectuais: pelo idealismo pós-kantiano e pelo próprio Kant; pelo cristianismo e em particular pela teologia do Novo Testamento; pela literatura do romantismo alemão tardio.

Muitas vezes compreendido como o “Jovem Hegel” e “Velho Hegel”;

Foi um homem de letras ligado às figuras artísticas de sua época e terminou a vida como o filósofo oficial do Estado prussiano (posição definida por ele como a mais alta expressão da vida política humana).

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Obra póstuma – reprovada por seus intérpretes por ser uma compilação de notas dos alunos do seu curso oferecido entre 1822 e 1831 na Universidade de Berlim.

A Introdução foi escrita pelo próprio Hegel e em algumas edições aparece separada;

Alguns intérpretes consideram que representa o estágio mais avançado do desenvolvimento do sistema filosófico de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831).

Objetivo da obra: Trilhar a trajetória da humanidade por meio da filosofia da história universal. É uma viagem no tempo e no espaço.

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Certos princípios fundamentais da ciência podem ser estabelecidos a priori: o princípio de que todo evento tem uma causa, o princípio de que os objetos existem no espaço e no tempo.

O conhecimento científico é a posteriori (surge da efetiva experiência e se baseia nela, mas ele se dá por meio dos princípios a priori.

Conhecimento sintético a priori – diz verdades substanciais sobre o mundo empírico. Essas verdades se dão por meio da reflexão.

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O livro é dividido em Introdução e Quatro Partes (leva-se em conta o princípio de que os objetos existem no espaço e no tempo):

a 1ª trata do Mundo Oriental, começando na China, e depois sucessivamente, Índia, o budismo, a Pérsia, Síria, Judéia, Egito e a passagem para o mundo grego.

A 2ª Parte se dedica ao mundo grego: os elementos do espírito grego, Atenas, Esparta, a guerra do Peloponeso, o império macedônico e o declínio do espírito grego.

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3ª Parte: O mundo Romano – Roma até a segunda Guerra Púnica, Roma da segunda Guerra Púnica ao Império, Roma do período do Império, o cristianismo, o Império bizantino.

4ª Parte O mundo germânico – Os elementos do mundo germânico e cristão, A Idade Média, A arte e a ciência como dissolução da Idade Média, Tempo moderno ( A Reforma, efeito da reforma sobre a formação estatal, o Iluminismo e a Revolução.

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“a história universal é também um processo racional” (HEGEL, 1999, p. 17).

“o estudo da história universal resultou e deve resultar em que nela tudo aconteceu racionalmente, que ela foi a marcha racional e necessária do espírito universal” (HEGEL, 1999, p. 18).

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História filosófica não será pragmática porque o passado não ensina as decisões que uma época nova deve tomar apoiada somente em si mesma;

Ela não será fragmentária, parcial, da arte, da religião, da lei;

Ela é auto-reflexiva, apreende a alma interna e orientadora de um povo – é a própria consciência interna da história.

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Há uma identificação entre realidade e razão; O DEVIR (vir a ser) é o próprio processo; O processo é a valorização da noção de devir

que põe em destaque o movimento, a mudança, a transformação, instabilidade, contradição;

A realidade movimento porque é histórica; (contradição é o motor da história)

É um processo que se desenvolve na direção de seu fim/ de sua realização (Liberdade)

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Totalidade é a realização do Absoluto; Absoluto que se realiza tanto na Lógica

(sistema de raciocínios que determinam um sentido) quanto na dimensão da História (da experiência histórica, dos acontecimentos concretos);

Daí deduz-se: é possível conhecer a totalidade (por meio da lógica) e é possível justificar essa totalidade (por meio da História);

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O progresso da História se dá pela negação; Há uma realidade da experiência histórica,

a sua negação e uma nova negação desta realidade que as reconcilia num plano superior;

Movimento histórico – na ciência, na ética, nas artes;

Racionalidade dialética – as oposições que encontrarão a reconciliação no Absoluto;

Afirmar (tese) – Negar (antítese) –Negar a Negação (síntese) e encontrar a conciliação desses opostos – somente ao final – a síntese final tornará clara a trajetória. 1318/04/23

O Mundo – natureza física e psíquica; A história universal – situa-se no campo

espiritual e o espírito encontra sua forma mais concreta no teatro da história universal;

Para a compreensão do espírito – tem-se que “presumir” (tirar conclusões baseadas em suposições) da natureza do espírito algumas determinações abstratas.

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• O espírito é um princípio dinâmico, impessoal e imaterial que conduz a história da humanidade;

• Essência do espírito – liberdade;• “a liberdade é a única verdade do espírito” (p.

24)• O espírito é por si mesmo e em si mesmo, esse

“estar em si mesmo é a autoconsciência”.• (Princípio, fim, determinação ou natureza e

conceito do espírito é o geral, o abstrato, é algo de interior)

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A semente carrega em si toda a natureza da árvore – sabor e forma dos frutos já estão ali contidos;

Os primeiros traços do espírito também carregam toda a história;

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É só observarmos o princípio de liberdade na história: “a história universal é o progresso na consciência da liberdade” (p.25)

A liberdade está ali na essência do espírito, mas não se sabe, não se tem consciência disso, portanto, os povos se apresentarão de forma diferente frente ao progresso de consciência da liberdade na história universal;

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O princípio do espírito – se encontra nos pensamentos, nas intenções, mas não na realidade ainda;

Precisa de um 2º momento para se realizar – é a atividade, a realização, cujo princípio é a vontade, a paixão, a própria atividade humana.

2 momentos intervém na história universal: 1 é a ideia e 2 as paixões humanas

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2 momentos intervém na história universal: 1) é a ideia – princípio, fundamento -

interior; 2)a vontade subjetiva, as paixões humanas,

a atividade humana – são os fatores que realizam.

O centro desses momentos é o ESTADO. “O Estado é o que existe, é a vida real e

ética, pois ele é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo – e isso é a moralidade objetiva” (p. 39).

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Este é o mérito dos heróis, dos grandes homens que fundaram Estados.

O Estado é a realização da liberdade, i.é., da finalidade absoluta;

“o Estado é a ideia moral exteriorizada na vontade humana e liberdade desta. Por isso, a alteração da história pertence essencialmente a ele...” (p. 45)

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Toda evolução do Espírito é uma ampliação da consciência de liberdade em encontro consigo mesma, ou seja, é um processo de auto conscientização da liberdade.

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A História Universal, no Sistema da Filosofia, pode ser vista como a expressão máxima do Espírito Objetivo, ou seja, como a história da efetivação da liberdade no âmbito do Estado. O Espírito Objetivo é um meio espiritual que pode ser visto como o Espírito de um povo, de uma época ou de um grupo social.

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a história da ampliação da consciência da liberdade é algo de concreto que pode ser ilustrada na fórmula hegeliana, de que: nos impérios do Oriente, apenas um era livre, o rei; na antiguidade clássica (Grécia e Roma), alguns eram livres; e no mundo moderno, sobretudo, germânico, todos são livres.

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• Para Hegel, a marcha do Espírito Universal, como o sol, vem do Oriente para o Ocidente. Na Grécia, o Espírito se libertou pela primeira vez da natureza. Em Roma, não obteve muito progresso, a não ser pela invenção do direito abstrato. Foi no mundo cristão, que o Espírito encontrou sua verdade, por reconhecer a humanidade como objeto de amor de um único Deus. Deste modo, a realização progressiva da liberdade só se concretiza no mundo germânico, sobretudo a partir da Reforma, quando então, a razão torna-se autônoma nas ciências, no direito e em todas as instituições do Estado.

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“A história universal representa, pois a marcha gradual da evolução do principio cujo conteúdo é a consciência da liberdade. A determinação mais precisa desses estágios deve ser, em seu caráter geral, indicada de forma lógica, e em seu caráter concreto, de acordo com a filosofia do espírito”. (p. 55)

Hegel apresenta o início da história e a pré-história. (p.55-60). Destaque: evolução da língua, progresso e dispersão das nações e a formação de organizações estatais.

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• “[...] a história universal representa a evolução da consciência do espírito no tocante à sua liberdade e à realização efetiva de tal consciência”. (p. 60)

• “Como o animal não pensa, só o homem, apenas este possui a liberdade – e só por ser pensante. A consciência da liberdade implica que o indivíduo se compreende como pessoa, isto é, em sua individualidade e, ao mesmo tempo, como universal, capaz de abstrair-se de todas as particularidade, compreendendo-se, por conseguinte, como infinito em si”. (p. 63)

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• “O espírito universal não morre de morte natural; ele não se afoga na vida senil do hábito; sendo o espírito do povo, pertencendo à história universal, ele consegue saber qual é a sua obra e refletir sobre si mesmo. Na verdade, ele só é histórico-mundial quando tem seu elemento e fundamental meta um princípio universal; só assim é que tal espírito produz uma organização moral e política. Se são apenas desejos que os povos traduzem em ações, então tais atos não deixam marcas, ou seus rastros são apenas ruínas e destruição. Inicialmente, reinou Cronos – o tempo. Foi a era de ouro, sem obras morais; o que foi criado – os feitos dessa época – foi devorado por ele mesmo. Somente Zeus, o deus político, de cuja cabeça nasceu Atena – e a cujo círculo também pertencem Apolo e as Musas -, dominou o tempo e impôs um objetivo ao seu curso, criando uma obra moral: o Estado”. (p. 69-70).

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• “Os princípios das sucessivas fases do espírito que anima os povos – em uma seqüência necessária de níveis – são apenas momentos do desenvolvimento de um único espírito universal, que por meio deles se eleva e completa na história, até se tornar uma totalidade abrangente em si”. (p. 72)

• A filosofia da história lida com o eternamente presente, pois a forma presente do espírito abrange todos os estágios anteriores. (ver p. 72)

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• O contexto natural ajuda a produzir o espírito do povo;

• Divisões entre velho mundo e novo mundo;• “Por ser terra do futuro, a América não nos

interessa aqui, pois, no que diz respeito à história, nossa preocupação é com o que foi e com o que é, e, em relação à filosofia, nos ocupamos do que não é nem passado nem futuro, mas do que, simplesmente, é, em existência eterna: a razão. E isso já é o bastante para nos ocupar”. (p. 79) É dessa maneira que Hegel dá conta da história do Novo Mundo.

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• No velho mundo existem três características diferentes que determinam o desenvolvimento do espírito:

• 1) o planalto árido, com suas grandes estepes e planícies (Ásia Central e os desertos da África);

• 2) as regiões de vales (terra de transição), cortadas e irrigadas por grandes rios ( a China, a Índia, o Egito);

• 3) a região litorânea, em estreita ligação com o mar ( a Europa).

• “A primeira parte é o planalto sólido, indiferente e metálico, fechado em si mesmo, porém capaz de enviar impulsos para o resto do mundo. A segunda forma o centro da civilização, é a autonomia ainda incompleta. Finalmente, a terceira parte oferece os meios necessários è união mundial e à manutenção desse contato”. (p. 80)

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• Outro fato característico entre os negros é a escravidão. Os negros são escravizados pelos europeus e vendidos na América. Entretanto, em sua própria terra, sua sorte é, na prática, ainda pior; lá existe realmente a escravidão absoluta – já que o fundamento da escravidão é que o homem não possua consciência de sua liberdade e assim se degenera tornando-se coisa sem valor. Entre os negros, os sentimentos morais são totalmente fracos – ou, para ser mais exato, inexistentes. Os pais vendem os seus filhos, ou vice-versa, dependendo de quem tiver primeiro a oportunidade. Por meio da insidiosa influência da escravidão, todos os laços morais de respeito que mantemos uns em relação aos outros desaparecem”. (p. 86)

• A escravidão é, em si e por si, injustiça, pois a essência humana é a liberdade. Mas para chegar à liberdade o homem tem que amadurecer. Portanto, a abolição progressiva da escravidão é algo mais apropriado e correto do que a sua abrupta anulação. (p. 88)

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