As Histórias de Michel Foucault

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    As Histórias de Michel Foucault

    Fernando F. Nicolazzi Mestrando - UFRGS 

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    Escrever sobre as histórias praticadas por MichelFoucault adentrar num espa!o incerto" pormuitos percorrido e das mais diversas formas. #enorme variedade de pes$uisas sobre opensador franc%s dei&a clara a dificuldadeinerente a um estudo de seu pensamento. #

    $uantidade de te&tos escritos por Foucault" bemcomo a diversidade 'livros" entrevistas"debates" lectures" aulas" etc.(" n)o permite aoseu estudioso uma f*cil sistemati+a!)o da suaobra , mesmo este simples termo só pode serescrito com muita suspeita. caminho $ue comumente seuido o da periodi+a!)o dosescritos coincidindo com um tema em comum. #ssim" classifica-se a obra da maneiracostumeira/ na dcada de 01" te&tosar$ueolóicos $ue t%m por tema o saber2 te&tos

    enealóicos nos anos 31" temati+ando o poder2e" por fim" nos anos derradeiros de sua vida"te&tos ar$ueoenealóicos preocupados com a$uest)o do sueito.utra forma de sistemati+a!)o levar ao p da letra alumascoloca!5es de Foucault" feitas em entrevistas do fim dos anos 31 ein6cio dos 71" na tentativa de resumir o seu proeto intelectual.8eundo elas" todos os seus estudos t%m como ponto deconver%ncia uma preocupa!)o com a verdade e" por conseuinte"com o sueito/ a desubetiva!)o do louco" o assueitamento nas

    pris5es e a constitui!)o do sueito na rcia #ntia. :esse sentido" oestudo sobre o pensamento do filósofo de ;oitiers teria $ue entender aforma como o tema do sueito foi por ele tratado em seus muitos ediferentes escritos" sea na rela!)o com o saber" sea com o poder" ouainda com a própria verdade.

     #luns estudos" entretanto" sem romper decisivamente com alumadestas posi!5es" oferecem alternativas interessantes e e&tremamenteprof6cuas < imaina!)o. =ois deles editados no Brasil podem ser a$ui

    destacados. Em primeiro luar" o livro Foucault, a filosofia e aliteratura" do filósofo >oberto Machado. :este estudo" estabelece

    mailto:[email protected]://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.dochttp://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.dochttp://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.docmailto:[email protected]

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    certas bali+as temporais locali+adas" essencialmente" na primeirametade da dcada de ?901. Em tal per6odo" alm dos famosos livrossobre a loucura" o nascimento da medicina moderna e das ci%nciashumanas" Foucault escreveu continuamente sobre uma de suas

    randes pai&5es/ a literatura. Machado" ent)o" discorre n)osimplesmente sobre a apro&ima!)o da filosofia e da literatura na obrade Foucault" mas sobre a forma filosófica de cr6tica liter*ria praticadapor ele" a $ual permitiu" depois de :iet+sche" Bataille e Blanchot"elaborar a no!)o de literatura da transress)o.

    seundo estudioso $ue merece desta$ue o tambm filósofoFrancisco rtea. :este caso" o primeiro livro de uma triloiaanunciada refer%ncia fundamental para a compreens)o dasdimens5es da obra de Foucault. Em Amizade e estética da existência

    em Foucault " rtea parte de um importante deslocamento teórico doproeto foucaultiano ocorrido após a publica!)o do primeiro volume dahistória da se&ualidade" em ?930" $ue levou o pensador franc%s a umestudo aprofundado dos cl*ssicos reos. # tnica do livro de rteaest* fundamentalmente centrada na idia da ami+ade como pr*ticapol6tica" como rela!)o de si para consio e para com o outro" seundopreceitos ticos" tema $ue vem ocupando parte das discuss5esfilosóficas da atualidade" com Blanchot e =errida" por e&emplos.

    $ue importa salientar com estes dois trabalhos a possibilidade de"

    no imenso universo foucaultiano" escapar < divis)o meramentecronolóica ou puramente tem*tica da obra de Foucault. ;ode-sefacilmente recorrer a um estudo $ue permita acompanhar astransforma!5es históricas de um pensamento" perceber suas idas evindas" compreender suas es$uivas e sua constante de interesses2 umestudo $ue locali+e $uebras na$uela cronoloia t)o linear" emultiplicidade de $uest5es" dentro da$ueles temas t)o consolidados.

     #ntes de cometer certos anacronismos" e&por as diferen!as deposicionamentos2 mais do $ue interpretar o pensamento seundo uma

    consci%ncia determinada" em seu lento proresso intelectual" ou comoum proeto Anico e fechado" estudar a linuaem deste pensamentoencarado como uma obra frament*ria" aberta" num constantedeslocamento teórico.

    >oberto Machado estabelece um recorte bastante preciso dentro debali+as cronolóicas usuais e procura compreender o sentido dado por Foucault < literatura2 reali+a um estudo $ue verticali+a a ar$ueoloiado saber" encontrando" nesta preocupa!)o com discursos da ci%ncia"uma linuaem liter*ria. Francisco rtea e&plicita" hori+ontalmente"

    uma muta!)o do pensamento para" ent)o" perceber uma dimens)omuito maior de certos temas pontuais e tratados de forma um tanto

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    indireta por Michel Foucault. #ssim" seuindo a inspira!)o desteduplo modo de trabalho $ue o presente te&to escrito.

    ;ara tanto" os estudos de car*ter historior*fico ou de teoria dahistória feitos por Foucault ser)o contemplados2 estudos bastantepeculiares $ue tratam de maneira sinular temas históricos. 8)o" decerta forma" uma apropria!)o da historiorafia por parte de MichelFoucault/ n)o s)o transforma!5es dos mtodos utili+ados peloshistoriadores" embora mantenham com eles um constante di*loo2s)o" antes de uma metodoloia" posicionamentos teóricos diante dapr*tica historior*fica" da pes$uisa e escrita de histórias. =entroda$ueles recortes * estabelecidos" a pretens)o perceber suasmodifica!5es internas e" em seuida" a$uelas $ue levaram a um novoposicionamento. Em virtude disto" ser)o utili+ados n)o apenas os

    te&tos principais de cada momento" mas tambm a$ueles ditos eescritos < parte 'entrevistas ou artios de ornais" por e&emplos( os$uais" ainda $ue um pouco marinais" elucidam pontos de dif6cilcompreens)o.

    Arqueologia

    Encarados como acontecimentos discursivos" os te&tos foucaultianos$ue assumem um posicionamento ar$ueolóico possuem umacronoloia espec6fica/ de ?90?" data de publica!)o da tese História da

    Loucura e onde aparece pela primeira ve+ o termo ar$ueoloia'ar$ueoloia da aliena!)o(" at o livro A arueolo!ia do sa"er  '?909("em $ue o tema tratado de forma mais intensa e um tanto e&plicativa.=entro deste per6odo" h* ainda" de ?900" a obra mais conhecida deMichel Foucault" As #ala$ras e as coisas" $ue tem por subt6tulo Umaarueolo!ia das ciências %umanas.

    ;ara tentar compreender o sentido eral dado < ar$ueoloia porFoucault" fa+-se necess*ria uma an*lise frament*ria" considerandopasso a passo o direcionamento desta no!)o em escritosconverentes mas $ue uardam alumas diferen!as entre si. Emoutras palavras" o $ue ser* reali+ado uma descri!)o desteposicionamento teórico levando em considera!)o o seu deslocar notempo" o $ue sinifica" n)o tanto uma evolu!)o ou aperfei!oamento doconceito" mas uma permanente autocr6tica em busca de um luarade$uado para se pensar ar$ueoloicamente. 

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     A arueolo!ia da aliena&'o

     # História da loucura o primeiro rande te&to deFoucault2 sua tese de doutoramento $ue tomou seutempo durante $uase toda a seunda metade da

    dcada de C1. Drata-se de uma parte de sua pr*ticanos trabalhos em cl6nicas psi$ui*tricas motivadospor uma rande curiosidade sobre os princ6pios dapsicoloia. Domado pela cr6tica como um 6cone daanti-psi$uiatria" neste livro $ue nasce" em seupensamento" a no!)o de ar$ueoloia. 

     # ar$ueoloia da aliena!)o o conceito $ue lhe permitiu tratar dorau +ero na história da loucura" ou sea" n)o da$uilo $ue foi

    pensado sobre ela" mas da$uelas $ue foram as condi!5es depossibilidade para um pensamento sobre a loucura. =irecionando seuolhar a uma rei)o de va+io" isto " uma rei)o" sem dAvida" onde setrataria mais dos limites do $ue da identidade de uma cultura"Foucault $uer interroar uma cultura sobre suas e&peri%ncias limites'o $ue sinifica( $uestion*-la" nos confins da história" sobre umdilaceramento $ue como o nascimento mesmo de sua história . Emoutras palavras/ a ar$ueoloia de ?90? o $ue permite ouvir" nosil%ncio do tempo" a instaura!)o oriin*ria do $ue s)o os limites deuma cultura" $ue lhe d)o seus contornos e $ue definem" por assim

    di+er" as condi!5es de sua historicidade/ a ar$ueoloia o estudo dehistória na$uilo $ue aus%ncia da história.

    Mas de $ue forma se d* esta pes$uisa $ue" por se colocar abai&o dahistória" n)o permite a utili+a!)o dos instrumentos da historiorafiatradicional Foucault enf*tico/ n)o se trata de uma história doconhecimento" mas dos movimentos rudimentares de umae&peri%ncia. =este modo" fa+er a história da loucura $uerer* ent)odi+er/ fa+er um estudo estrutural  do conunto histórico da$uilo $ueconstituiu a e&peri%ncia da loucura na poca cl*ssica 'sculos GHH-GHHH( , no!5es" institui!5es" conceitos cient6ficos" pr*ticas sociais" etc.

     #inda $ue mais tarde" como veremos" Foucault reair* fero+mentecontra a$ueles $ue o inseriram no estruturalismo" a linuaemutili+ada por ele se deve" sobretudo" ao ambiente franc%s dos anos C1e 01" de Barthes" Iacan" Ivi-8trauss e #lthusser.

    $ue certo" porm" a peculiaridade do estudo estrutural reali+adopor ele. Muito diferente da pes$uisa das estruturas sociais $uedesconsidera os eventos históricos como n)o sinificativos

    historicamente" na história da loucura os acontecimentos t%m papelfundamental. 8e Braudel afirmara em rela!)o aos acontecimentos

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    $ue" para alm de seu clar)o" a obscuridade permanece vitoriosa"on+e anos depois" para Foucault" os eventos pontuais se libertam deseu car*ter obscuro e" com toda sua visibilidade" v)o assumir umafun!)o simbólica preponderante" pois $ue evidenciam a superf6cie

    cultural em rela!)o a $ual uma e&peri%ncia da loucura toma luar. #ssim" discorrendo sobre a onda de internamento de mendios"vaabundos" alienados" miser*veis $ue ocorreu na Europa no sculoGHH" a sinifica!)o" $uer espacial $uer temporal" do internamento vislumbrada a partir de datas de refer%ncia/ em ?0C0" decreto dafunda!)o" em ;aris" do Jospital eral2 nos pa6ses de l6nua alem)" o caso da cria!)o das casas de corre!)o" as (uc%t%)usern '?01(2na Hnlaterra" as oriens da interna!)o s)o mais distantes '...( um atode ?C3C prescreve a constru!)o de %ouses of correction. #recorr%ncia a datas sinificativas 'um dito real" a constru!)o de um

    hospital" um te&to cient6fico( uma constante no livro. :o entanto" osacontecimentos n)o sinificam isoladamente" e" em certos momentos"eventos de superf6cie n)o atinem as randes estruturas. ;ortanto"por tr*s da crnica da leisla!)o '...(" s)o essas estruturas $ue setem de estudar.

     # ar$ueoloia" na rela!)o $ue" en$uanto estudo estrutural" mantmentre acontecimento e estrutura" se pretende alo alm da meracrnica das descobertas ou de uma história das idias/ define-secomo a descri!)o do encadeamento das estruturas fundamentais dae&peri%ncia" a história da$uilo $ue tornou poss6vel o próprioaparecimento de uma psicoloia. #parecimento $ue encontra suavisibilidade em determinados acontecimentos sinificativos2acontecimentos $ue obedecem ao movimento temporal de estruturashistóricas.

    surimento da psicoloia visto como a ocorr%ncia de um fatocultural motivado" sobretudo" por uma e&peri%ncia da loucura. >obertoMachado e" seuindo-o" #ndr Lueiro+ atribuem a esta e&peri%ncia

    fundamental um car*ter oriin*rio das fiuras da loucura" para oprimeiro" e" para o seundo" uma certa continuidade trans-histórica$ue impossibilitaria uma descontinuidade absoluta na história daspercep!5es da loucura. posicionamento ar$ueolóico " portanto"n)o um simples mtodo historior*fico" mas o luar onde preciso secolocar para analisar a$uilo $ue um pouco anterior < história" $ue mesmo sua condi!)o de possibilidade/ uma continuidade muda efundamental $ue fa+ ecoar as fiuras históricas da loucura.

    Finalmente" por ser oriin*ria de uma certa história" a e&peri%ncia da

    loucura est* alm do próprio saber sobre ela e" por conseuinte" dopróprio sueito $ue conhece/ ela se encontra no n6vel da simples

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    percep!)o" anterior < tomada de consci%ncia/ o medo diante daloucura" o isolamento para o $ual ela arrastada" desinam" ambos"uma rei)o bem obscura onde a loucura primitivamente sentida ,reconhecida antes de ser conhecida , e onde se trama a$uilo $ue

    pode haver de histórico em sua verdade imóvel. 8e a história pode"realmente" ser feita por sueitos $ue a conhecem" ela nasce ali mesmoonde n)o h* sueito de conhecimento" onde o perceptivo imperaanterior ao conitivo" onde o medo se sobrep5e ao saber" aonde"enfim" só uma ar$ueoloia pode diriir seu olhar e" de fato" vislumbraruma história.

     A arueolo!ia das ciências %umanas

     #lum tempo depois de estudar a loucura" o riso levou Michel Foucault

    ao estudo da e#ist*mê ocidental" mais precisamente a umaar$ueoloia das ci%ncias humanas. Hncidindo seu olhar sobre a t*buade trabalho onde um pensamento pode pensar e de fato pensa"pretende analisar uma e&peri%ncia sinular/ em toda cultura" entre ouso do $ue se poderia chamar os códios ordenadores e as refle&5essobre a ordem" h* a e&peri%ncia nua da ordem e de seus modos deser2 e&peri%ncia $ue cria condi!5es de possibilidade para uma culturapensar a si mesma. 

    :o livro As #ala$ras e as coisas" de ?900"sucesso de vendas $ue tornou Foucaultconhecido no mundo todo e alvo de ferrenhascr6ticas" o posicionamento ar$ueolóico modificado sensivelmente e seus fundamentos$uestionados. estatuto dado < descontinuidadese transforma e a ruptura instaurada/ odescont6nuo , o fato de $ue em anos" por ve+es"uma cultura dei&a de pensar como fi+era atent)o e se p5e a pensar outra coisa e de outromodo , d* acesso" sem dAvida" a uma eros)o $uevem de fora" a esse espa!o $ue" para opensamento" est* do outro lado" mas onde"contudo" ele n)o cessou de pensar desde aoriem2 o pensamento e o até ent'o impensadose encontram no espa!o em comum dadescontinuidade" no limiar da sua própriatemporalidade.

    Esta descontinuidade entre a e#ist*mê cl*ssica" da representa!)o" e amoderna" a nossa" da história" uma transforma!)o ontolóica" pois

    a ordem" sobre cuo fundamento pensamos" n)o tem o mesmo modode ser $ue a dos cl*ssicos. $ue esta ar$ueoloia evidencia "

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    semelhan!a da ar$ueoloia da aliena!)o mas de modo sensivelmentediferente" a possibilidade de uma história. :a História da loucura"havia uma e&peri%ncia muda e primitiva" e&peri%ncia fundamental daloucura $ue impunha o sil%ncio no $ual os ru6dos da história se fa+iam

    ouvir2 em As #ala$ras e as coisas

    " h* simplesmente a ruptura" o limiarde uma positividade $ue fa+ poss6vel um pensamento.

    pensamento cl*ssico" onde alo como o homem estava dilu6do emempiricidades diversas 'a vida" o trabalho" a linuaem(" per6odo em$ue o conhecimento estava marcado pela representa!)o das coisasnuma ci%ncia eral da ordem 'mat%ésis(" era o pensamento daram*tica eral" da an*lise das ri$ue+as" da história natural/ mais do$ue o tempo próprio das coisas" o $ue reia o saber era sua ordem. #ruptura" o acontecimento radical na ordem do saber" se d* entre os

    sculos GHHH e H" $uando a representa!)o das coisas n)oconseue mais suportar suas temporalidades e o pensamento"dei&ando de lado a mat%ésis $ue o ordenava" passa a se voltar a suaprópria historicidade. tempo $ue atravessa a vida" o trabalho e alinuaem" fa+ aparecer um homem $ue vive" $ue trabalha e $ue fala2um homem $ue n)o cessou de procurar em sua vida" em seu trabalhoe na sua linuaem a oriem fundamental de seu ser" e $ue" por fim"descobriu-se n)o contemporneo da$uilo a partir do $ual ele . pensamento moderno encontrou espa!o $uando passou a pensar a sipróprio em termos históricos" $uando" colocando o tempo como limitedo pens*vel" fe+ nascer um ser finito/ o homem" definido pela finitudedas atividades $ue constituem sua história/ viver" trabalhar e falar.

    N por $ue o homem n)o contemporneo de seu ser $ue as coisasv%m se dar com um tempo $ue lhes próprio. E reencontra-se a$ui otema inicial da finitude. Mas essa finitude" $ue era primeiramenteanunciada pelo uo das coisas sobre o homem , pelo fato de $ue eleera dominado pela vida" pela história e pela linuaem , apareceaora num n6vel mais fundamental/ ela a rela!)o insuper*vel do ser

    do homem com o tempo. N esta a ra+)o pela $ual o sculo H osculo da história/ assim $ue o homem" no mesmo momento em $ueapareceu" viu-se confrontado com um tempo $ue lhe era alheio mas$ue o carreava diante das coisas" era necess*rio uma finitude $ue orelaciona-se a este devir do mundo/ a história a rela!)o do tempo"en$uanto o inumano" com a humanidade recm-nascida do homem2ela humani+a o tempo tornando-o o tempo dos homens.

     #ssim" esta ar$ueoloia mostra como" a partir de uma ruptura" de umlimiar de positividade" alo como o homem pde ser pensado. E a

    partir disto" um conhecimento $ue" ao mesmo tempo" tem o homemcomo sueito $ue conhece e como obeto a conhecer" encontra espa!o

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    no pensamento. Enfim" tal ar$ueoloia d* conta de como as ci%nciashumanas 'psicoloia" socioloia e estudo das literaturas e dos mitos(foram poss6veis ra!as a descontinuidade entre a história natural e abioloia" entre a an*lise das ri$ue+as e a economia" e entre a

    ram*tica eral e a filoloia. Elas n)o est)o amparadas sobre omesmo solo epistemolóico" n)o h* uma e#ist*mê fundamental assimcomo havia a e&peri%ncia fundamental da loucura servindo de va+iooriin*rio para as histórias de loucos diferentes 'os loucos de Bosch"os do internamento" os de ;inel(. va+io $ue a ar$ueoloia dasci%ncias humanas vasculha" o luar onde ela incide seu olhar ova+io da descontinuidade.

    Entretanto" a evid%ncia maior para Foucault n)o tantoo descont6nuo por si só" mas a dispers)o da

    continuidade/ o $ue eu $uis estabelecer usto ocontr*rio de uma descontinuidade" * $ue evidenciei aprópria forma da passaem de um estado ao outro. $ue permite a muta!)o histórica" o fato de alo dei&arde ser para $ue alo diferente lhe tome o luar" isto " apassaem absoluta de um estado ao outro" a6 o luardesta ar$ueoloia. Evidenciar esta passaem de modoalum se confunde com o estabelecimento de umaoriem histórica" * $ue sempre sobre o fundo do *come!ado $ue o homem pode pensar o $ue para elevale como oriem" e" por assim di+er" como a sua

    própria oriem.=este modo" os acontecimentos na ar$ueoloia das ci%ncias humanass)o acontecimentos-limite" anunciam os derradeiros momentos dealo prenunciando o surimento de outra coisa. 8ob a brutalidade doseventos" n)o h* mais uma estrutura $ue os atravessa" h* um limiarepistemolóico $ue os tornou poss6veis. Mas estes acontecimentostra+em outra caracter6stica $ue preponderante/ s)o acontecimentosdiscursivos. #ssim" ainda a$ui h* o distanciamento em rela!)o <história tradicional. # ar$ueoloia n)o um estudo < semelhan!a dahistória das idias $ue pretende" a partir de um determinado te&to"encontrar-lhe filia!)o teórica e os fundamentos $ue arantam suarela!)o com o autor2 " ao contr*rio" a an*lise do $ue permitiu com$ue tal autor escrevesse o $ue escreveu" do $ue possibilitou a teoria a$ual est* filiado/ o estudo do pensamento na aus%ncia da$uele $ue opensou.

     #cusado de assassinar a história" pois n)o oferece $ual$uercausalidade entre duas e#ist*mês sucessivas mostrando nada mais$ue imobilidades desprovidas de sueitos" Foucault respondeu em tom

    irnico/ n)o se assassina a história" mas assassinar a história dosfilósofos" esta sim eu $uero assassinar. E o $ue seria esta história

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    dos filósofos $ue sua ar$ueoloia recusa t)o veemente # históriapara filósofos uma espcie de rande e vasta continuidade ondev%m se emaranhar a liberdade dos indiv6duos e as determina!5eseconmicas ou sociais. N" deste modo" em recusa a este tipo de

    história $uase mitolóica da continuidade onde se emaranhamliberdades individuais e causalidades sociais $ue a ar$ueoloia deFoucault vem se colocar.

     # ar$ueoloia das ci%ncias humanas" portanto" marca umdeslocamento teórico em rela!)o < ar$ueoloia da aliena!)o no $uese refere ao car*ter dado < descontinuidade. Oma en&era apossibilidade de história em uma e&peri%ncia silenciosa efundamental" $uase cont6nua n)o fossem as diferentes fiuras daloucura por ela produ+idas2 a outra percebe tal possibilidade na

    ruptura absoluta e n)o-causal entre duas confiura!5esepistemolóicas. $ue" no entanto" comum a ambas e $ue ser*"mais tarde" desenvolvida com mais detalhes" a %nfase colocada naaus%ncia do sueito histórico/ só se conhece a loucura a partir de umapercep!)o pr-conitiva" isto " anterior ao sueito do conhecimento" esó se pensa seundo uma possibilidade definida historicamente $ue"no limite" acaba por possibilitar a$uele mesmo $ue pensa.

     A arueolo!ia do sa"er 

    Dr%s anos após a publica!)o de As #ala$ras e as coisas" o cu e oinferno de Foucault" ocorre o lan!amento de um livro inusitado/ Aarueolo!ia do sa"er . :a verdade" este livro nasce um ano antes deser publicado" $uando Foucault convidado pelo P6rculo deEpistemoloia para falar de sua teoria e de seu mtodo de estudo dasci%ncias. :este te&to $ue " em ess%ncia" o primeiro cap6tulo do livrode ?909" est)o e&postos os pressupostos teóricos $ue fundamentamsua ar$ueoloia" tais como a descontinuidade e a no!)o de ar$uivo. livro propriamente dito pretende-se tanto uma resposta oberto Machado"erores Panuilhem" acontece uma muta!)o nas disciplinashistóricas $uando o descont6nuo passa de obst*culo < pr*tica/ tanto

    obeto $uanto instrumento da an*lise histórica. Mais do $ue isso" umanova forma de história vem a ser praticada em contrapartida < história

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    tradicional e sua amplia!)o da periodi+a!)o histórica $ue isola" naforma de lona-dura!5es" randes continuidades. =este modo" oproblema n)o mais a tradi!)o e o rastro" mas o recorte e o limite2n)o mais o fundamento $ue se perpetua" e sim as transforma!5es

    $ue valem como funda!)o e renova!)o dos fundamentos. # tradi!)o seria" aos olhos de Foucault" o $ue permite formar" a partirde fenmenos dispersos" um conunto homo%neo de acontecimentos$ue" seuindo seu rastro" condu+iria a pes$uisa at o ponto oriin*rioda$ueles fenmenos. :os seus próprios di+eres" a tradi!)o autori+aredu+ir a diferen!a caracter6stica de $ual$uer come!o" para retroceder"sem interrup!)o" na atribui!)o indefinida da oriem2 ra!as a ela" asnovidades podem ser isoladas sobre um fundo de perman%ncia" e seumrito transferido para a oriinalidade" o %nio" a decis)o própria dos

    indiv6duos. ;ercebe-se com isso a recorr%ncia < diferencia!)o entrecome!o e oriem. ;ara a ar$ueoloia do saber os fenmenossimplesmente come!am em pontos históricos particulares" n)o seoriinam em alum luar $ue seria como o luar próprio da suaverdade/ um esp6rito de poca" uma mentalidade coletiva ou umaconsci%ncia individual2 numa Anica palavra" um sueito. tempo uma sucess)o de descontinuidades" de come!os nos *-come!ados2n)o o devir de um pensamento ou de uma ra+)o $ue" desde a suaoriem" se arrasta na evolu!)o lenta e cont6nua do seu proresso.

    Mas n)o simplesmente o n6vel das temporalidades $ue distinueesta nova história" da $ual a ar$ueoloia do saber vai" ao mesmotempo em $ue se afasta" retirar os pressupostos teóricos $ue afundamentam. ;roblema-chave para a historiorafia a no!)o dedocumento. Mais do $ue a matria onde estaria impressa alumaverdade do passado" a $ual" atravs de uma interpreta!)o" seriacab6vel ao historiador apreender" o documento assume as ve+es deuma fun!)o/ cabe ao historiador trabalh*-lo" orani+*-lo" recort*-lo eestabelecer as rela!5es da $ual fa+ parte. # historiorafia com isso se

    transforma/ o documento n)o o feli+ instrumento de uma história$ue seria em si mesma" e de pleno direito" memória2 a história " parauma sociedade" uma certa maneira de dar status e elabora!)o <massa documental de $ue ela n)o se separa. u sea" somente por meio de uma atividade historiadora $ue os documentos" sendo maisdo $ue a mera e&press)o de uma memória coletiva" v%m a possuir umcerto sentido histórico. Este sentido n)o lhes intr6nseco" masconstru6do teoricamente/ da mesma maneira como as sociedades dopassado constru6am monumentos como documentos de sua própriamemória" a historiorafia transforma os documentos do passado em

    monumentos da história" ou" mais precisamente" monumentos dehistórias 'dependendo de $uem a história $ue se conta(. N este"

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    ent)o" o statusdado pela ar$ueoloia aos documentos históricos/constru!5es teóricas.

    E $uais seriam os documentos-monumentos constru6dos pelaar$ueoloia do saber discurso constitu6do como obeto principalde an*lise" mas de uma forma muito particular. #$ui" os discursos" ouantes" as forma!5es discursivas" s)o encaradas como campo derela!)o entre enunciados. s enunciados" por sua ve+" s)o asunidades elementares dos discursos. #ssim" e&istem enunciadossobre a loucura $ue formam o discurso da psi$uiatria" por e&emplo.Entretanto" n)o apenas o obeto enunciado $ue forma esta unidadediscursiva/ para pertencer a$uele discurso" os enunciados devem" n)osó enunciar a loucura" mas a enuncia!)o deve respeitar modalidadesparticulares" deve ser estabelecida seundo conceitos converentes e

    obedecer estratias enunciativas semelhantes. :esse sentido"embora de forma cont6nua aconte!am enunciados sobre a loucura" asreras de forma!)o dos discursos se modificam com o tempo2 s)o"pois" descont6nuas.

    N tomando como documento fundamental os enunciados para" atravsdeles" perceber as diferen!as entre os discursos no tempo" $ue aar$ueoloia do saber opera. E de $ue forma se d* este estudo dasdescontinuidades discursivas Ele incide" em ess%ncia" sobreos arui$os" na defini!)o particular $ue Foucault" este novo ar$uivista"

    lhes d*/ o dom6nio das coisas ditas. Dal estudo n)o pretende" <semelhan!a da história do pensamento" interpretar os enunciados/n)o se trata de desvendar sentidos ocultos no $ue est* aparente"encontrar n)o-ditos no $ue est* dito. Esta interpreta!)o"invariavelmente" remeteria a idia de um sueito onde residiria averdade do enunciado. :)o o caso da ar$ueoloia2 esta umaan*lise/ interpretar uma maneira de reair < pobre+a enunciativa ede compens*-la pela multiplica!)o do sentido2 uma maneira de falar apartir dela e apesar dela. Mas analisar uma forma!)o discursiva

    procurar a lei de sua pobre+a" medi-la e determinar-lhe a formaespec6fica.

     # ar$ueoloia" ent)o" se distinue da história das idias tradicional eminAmeros pontos. :a an*lise dos enunciados como fontes" ela n)obusca pr*ticas manifestas atravs dos discursos" ela n)o os interpreta"mas toma-os" eles mesmos" en$uanto pr*ticas poss6veis seundoreras historicamente definidas 'as leis de sua pobre+a(2 ela n)oatribui causalidades entre dois discursos sucessivos" mas" norepentino da ruptura" torna evidente as diferen!as $ue os apartam2 ela

    n)o tem como pressuposto teórico a no!)o de sueito comofundamento dos enunciados" mas" por meio destes" $uer definir o

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    luar espec6fico $ue um sueito pode se colocar para enunci*-los2 elan)o procura as oriens remotas dos discursos" n)o estabelecerela!5es entre o enunciado e seu autor" mas pretende delimitar ascondi!5es $ue os possibilitaram acontecer.

     # descontinuidade ar$ueolóica n)o " finalmente" a nea!)o doproblema do sueito e" como se fosse sua conse$Q%ncia" a recusa dahistória. Ela " por sua ve+" o $uestionamento mesmo de uma históriado sueito" $uer ela sea denominada proresso" $uer ele sea definidoen$uanto ra+)o. #o dei&ar em suspenso esta cateoria t)o familiar <história tradicional" Foucault demonstra $ue" antes de um fundamentodos discursos" o sueito apenas uma posi!)o ocupada por a$uele$ue enuncia alo2 " por conseuinte" uma fun!)o do discurso. =omesmo modo" ao reeitar a linearidade das mudan!as históricas" ele

    evidencia as transforma!5es discursivas $ue possibilitam novas rerasde enuncia!)o. Em poucas palavras" esta ar$ueoloia mostra $ue ascondi!5es de possibilidade de uma determinada história" apreendidano n6vel das transforma!5es discursivas" n)o dependem de umsueito/ lone de mim near a possibilidade de mudar o discurso/ tireidele o direito e&clusivo e instantneo < soberania do sueito

    R

    Domando por ponto de partida a divis)o cronolóica dos escritos de

    Michel Foucault $ue considera o per6odo de ?90? a ?909 como o doposicionamento ar$ueolóico do proeto foucaultiano" o $ue foireali+ado nas linhas precedentes foi uma framenta!)o desta posi!)ocom o intuito de perceber suas transforma!5es. Mais do $ue aevolu!)o de um pensamento" o $ue ficou claro foi sua constantein$uieta!)o consio mesmo. próprio fato de" somente após teremsido feitas as pes$uisas de As #ala$ras e as coisas" o mtodo sere&posto em A arueolo!ia do sa"er prova disto. Pomo ele mesmoafirmou" o solo onde elas repousam foi a$uele $ue descobriram.

     # ar$ueoloia teve como preocupa!5es fundamentais a temporalidadee o sueito históricos. $ue constante nos tr%s momentos descritos o interesse em compreender as condicionantes $ue possibilitam aprópria história e" por conseuinte" o sueito dela. # idia de umae&peri%ncia fundamental da loucura mostrou-se prec*ria poisconsiderava uma continuidade como condi!)o a-históricainapreens6vel pela ar$ueoloia da aliena!)o. #ssim" a ruptura foibuscada como elemento fundador da historicidade. Pom isso" aar$ueoloia radicali+a seu intuito permitindo pensar $ue as próprias

    condi!5es da história s)o históricas. Pomo conse$Q%ncia tem-se anecessidade de pensar" n)o em um sueito da história" mas em

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    sueitos na história" $ue uma história particular" continente" em viasde encontrar seu limiar derradeiro e sua descontinuidade fundamental"$uando" enfim" tornar-se-* outra história.

    ;ortanto" a ar$ueoloia mantm com a historiorafia uma rela!)opeculiar/ ao mesmo tempo em $ue os pressupostos teóricos desta 'otempo e o sueito( s)o postos em $uest)o" o próprio $uestionamento$ue permite a formula!)o da ar$ueoloia en$uanto posicionamentoteórico para um estudo historior*fico. bviamente" Foucault n)opretendeu analisar e&austivamente a pr*tica dos historiadores paraelaborar as histórias $ue praticou. Pontentou-se em manter com elaum distanciamento cr6tico $ue lhe arantiu autonomia teórica para n)ose fechar num mtodo Anico e" com isso" constituiu seu trabalho comouma constante busca de mtodo.

    História dos sistemas de pensamento

    N preciso contornar a linearidade t)o familiar $ue locali+a facilmenteduas posi!5es subse$Qentes. # passaem da ar$ueoloia <enealoia n)o t)o direta e absoluta como normalmente pensada/a seunda n)o suprime a primeira. :o intuito de descrever a$uilo $uemuito arbitrariamente a$ui se chama de as histórias praticadas porFoucault" preciso perceber o momento em $ue a enealoia" aonascer" posta em rela!)o < ar$ueoloia formando uma disciplina $ue

    deu nome a uma das cadeiras do +oll*!e de France. 

     # história dos sistemas de pensamento o ponto deconver%ncia" mais do $ue a transi!)o" entre osposicionamentos ar$ueolóico e enealóico. N omomento em $ue o saber escapa aos discursos e vai

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    funcionamento e sua história.

    Mantendo a autonomia $ue lhe fora atribu6da desde As #ala$ras e ascoisas" o saber dali em diante ser* analisado por meio de suas formasemp6ricas alm da$uelas puramente te&tuais.

    Em setembro de ?931" numa confer%ncia reali+ada no HnstitutoFranco-apon%s de Luioto" Foucault * apresenta defini!5es da suahistória dos sistemas de pensamento/ para mim" tratava-se" ent)o"n)o mais de saber o $ue afirmado e valori+ado em uma sociedadeou em um sistema de pensamento" mas de estudar o $ue reeitado ee&clu6do. Eu me contentei em utili+ar um mtodo de trabalho $ue *era reconhecido em etnoloia. # influ%ncia e&pl6cita Ivi-8trauss"$ue estudou a estrutura neativa de certas culturas" a$uilo $ue n)o

    afirmado mas sobre o $ue pairam interdi!5es e&cludentes" isto " oincesto.

    N" entretanto" em sua aula inauural na prestiiosa institui!)ofrancesa" em de de+embro de ?931" $ue s)o e&postos com maiore&atid)o os fundamentos teóricos da história dos sistemas depensamento. Em termos erais" trata-se ainda de uma an*lise dosdiscursos $ue se articula" n)o certamente com a tem*tica tradicional$ue os filósofos de ontem tomam ainda como a história SvivaT" mascom o trabalho efetivo dos historiadores. Este trabalho" com o $ual

    ele próprio dialoa em sua pr*tica" caracteri+a-se" sobretudo" pela%nfase dada aos acontecimentos" n)o encarados isoladamente" mas apartir da srie da $ual fa+em parte. =o mesmo modo $ue osdocumentos seriados sobre os pre!os levam os historiadores <compreens)o das estruturas econmicas ou $ue os reistrosparo$uiais condu+em a um estudo de demorafia histórica" osdiscursos analisados seundo as sries

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    enealóico. primeiro daria conta da$uilo cua inspira!)o oriundada etnoloia/ as fun!5es de e&clus)o dos discursos/ a separa!)o entreloucura e ra+)o" os interditos da linuaem concernente <se&ualidade" por e&emplos. # fun!)o $ue diretamente interessa <

    história dos sistemas de pensamento" contudo" a$uela relativa aosprinc6pios de verdade $ue op5e os discursos consideradosverdadeiros

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     # enealoia espreita os acontecimentos tidos como sem história noanseio de reencontrar o momento em $ue ainda n)o aconteceram.Hsto n)o $uer di+er" em absoluto" uma pes$uisa de oriem" estedesdobramento meta-histórico das sinifica!5es ideais e das

    indefinidas teleoloias. # enealoia a paciente procura doscome!os históricos" l* onde n)o h* uma identidade oriin*ria" apenaso disparate dos acasos" da$uilo $ue * come!ado. Ela aponta emdire!)o ao luar onde a história ainda uarda em si seu car*termes$uinho" bai&o" pouco nobre e demasiadamente modesto. estudodas oriens leva" $uase $ue necessariamente" ao abrio seuro dosdeuses" das verdades imut*veis2 a enealoia indica as verdadesainda n)o verdadeiras" o luar onde os deuses se rendem aimpetuosidade da história.

    enealoista n)o recua" pela continuidade do tempo" ao momentodo n)o-es$uecimento" nem pretende fa+er reviver no presente alumpassado $ual$uer" dar novo alento as suas vo+es" fa+%-las" mais do$ue ecos ainda aud6veis de ru6dos * emudecidos pelo tempo" o somoriinal dos cantos loriosos de ontem. Ele trata da proveni%ncia" doluar onde os acontecimentos s)o acasos e n)o causalidades2 ele fa+descobrir $ue na rai+ da$uilo $ue nós conhecemos e da$uilo $ue nóssomos , n)o e&istem a verdade e o ser" mas a e&terioridade doacidente. # enealoia $uer apreender" n)o o lento deslocar da coroapor sobre as cabe!as dos pr6ncipes" mas" uma a uma" em sua própriadispers)o" as feridas abertas nos corpos dos pe$uenos homens 'o$ue n)o e&clui os monarcas(" as chaas e&postas ao tempo/ ela devemostrar o corpo inteiramente marcado de história e a históriaarruinando o corpo.

     # história n)o devir" porm emer%ncia/ espa!o sem dono doaparecimento sAbito e do confronto entre os corpos e deles com otempo. Ela sem responsabilidade" annima e acidental. En$uanto$ue a proveni%ncia desina a $ualidade de um instinto" seu rau ou

    seu desfalecimento" e a marca $ue ele dei&a no corpo" a emer%nciadesina um luar de afrontamento. Emer%ncia dos homens"emer%ncia das verdades" emer%ncia das histórias2 a perenidade domundo na inconstncia absoluta do tempo/ nada no homem , nemmesmo seu corpo , bastante fi&o para compreender outros homense se reconhecer neles" assim" a história ser* SefetivaT na medida em$ue ela reintrodu+ir o descont6nuo em seu próprio ser.

     

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     # história efetiva se enealóica. utra caracter6sticadesta pr*tica se situa no luar ocupado por a$uele $ue apratica. # teoonia historior*fica leva o historiador aoani$uilamento de sua própria individualidade para $ue osoutros entrem em cena e possam tomar a palavra. :o

    anseio de despertar o passado da tran$Qilidade de seusono" como se a história pudesse" respeitados todos osprocedimentos tcnico-metodolóicos de uma ci%nciapositiva" fa+er reviver vo+es h* muito caladas" ohistoriador acaba por impor a ele próprio o sil%ncio. Eneste mundo em $ue ele ter* refreado sua vontadeindividual ele poder* mostrar aos outros a lei inevit*velde uma vontade superior.

    Mas o bom historiador" o enealoista" este imp5e o incontrol*vel desua pai&)o/ a destrui!)o da história en$uanto reconhecimento de si"en$uanto reminisc%ncia de identidades perdidas , semprereencontradas em alum luar do passado -" en$uanto conhecimentoda verdade fundamental do mundo. Drata-se de fa+er da história umuso $ue a liberte para sempre do modelo" ao mesmo tempo"metaf6sico e antropolóico da memória. Drata-se de fa+er da históriauma contramemória e de desdobrar conse$Qentemente toda umaoutra forma do tempo. Drata-se mesmo de encontrar a história na$uilo$ue a arruina.

    R

    Dal a enealoia de Foucault" $ue foi acima simplesmente descrita.Pabe aluma considera!)o. # enealoia mantm da ar$ueoloia orecurso < descontinuidade e < elis)o do sueito como fundamento dahistória. Pontudo" h* muito mais $ue uma simples perman%ncia demtodo" h* uma reformula!)o dos princ6pios teóricos $ue orientam apes$uisa historior*fica.

     # recusa da interpreta!)o continua ainda como uma forma de e&por

    uma estudo relacional/ nos documentos n)o procurada uma verdadeulterior2 deles" porm" s)o determinadas as rela!5es das $uais fa+emparte" as $uais n)o s)o simplesmente desinadas por suaorani+a!)o serial" mas pela fun!)o desempenhada em estruturassociais marcadas pelo e&erc6cio de poderes e pela ascens)o desaberes. # publica!)o pura e simples" isenta de interpreta!)o" dosdocumentos pertinentes ao caso de ;ierre >iviUre notória. Formam"tais documentos" um conunto" antes de homo%neo 'visto $ue tratamdo mesmo assunto(" disperso" cua unidade só poderia ser imposta de

    forma alheia" no ar$uivamento ur6dico dos autos do processo" ou pelasua publica!)o" mais de um sculo depois" em um livro. intuito

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    claro/ fa+er de alum modo o plano dessas lutas diversas" restituiresses confrontos e essas batalhas" reencontrar o oo dessesdiscursos" como armas" como instrumentos de ata$ue e defesa emrela!5es de poder e saber.

     # enealoia o aparecimento" sAbito como os acontecimentos porela estudados" do pol6tico nos escritos de Foucault. s discursoshistóricos s)o pe!as num oo de poder" est)o inseridos em umatrama irreular e assimtrica de estratias e t*ticas discursivas. Elatorna-se uma pes$uisa propriamente histórica" ou sea2 procuracompreender como se puderam formar dom6nios de saber a partir depr*ticas sociais. # história das ci%ncias" e de certo modo a própriaar$ueoloia era uma história interna da verdade2 a enealoia umahistória e&terna" e&terior" da verdade. =a6 sua busca das

    mes$uinharias" das pe$uenas coisas. Em ?93V" numa de suasandan!as pelo Brasil" na ;OP do >io de Waneiro" ouviu-se umFoucault falando sobre e&plora!)o capitalista" pedindo permiss)o parafalar como historiador e defender um ponto de incid%ncia no $ualfuncionam os discursos mas $ue n)o se resume a eles" pois osprocessos históricos da e&plora!)o e&erceram-se sobre a vida daspessoas" sobre seus corpos" sobre seus hor*rios de trabalho" sobresua vida e morte" e n)o simplesmente nos discursos produ+idos apartir deste e&erc6cio , ainda $ue a própria produ!)o discursiva seauma de suas formas.

     # historiorafia novamente posta em $uest)o" uma ve+ $ue comos historiadores $ue a aten!)o foi antes desviada das sumidades/ omaterial plebeu na história * " em meados dos anos 31" datado empelo menos cin$Qenta anos. Mas Foucault" b*rbaro" sa$ueia estepedacinho de terra do historiador. =*-lhe novo relevo" aplica sobre eleoutra eorafia. E $ual n)o " de certo modo e uardadas suasdiferen!as vis6veis" a semelhan!a com a microstoria italiana 'pelomenos em Parlo in+bur e iovanni Ievi(. Foucault enf*tico/ fa+

    aparecer" com instrumentos de aumento o $ue antes n)o se via" ousea" mudar de n6vel" se diriir a um n6vel $ue at ent)o n)o erahistoricamente pertinente" $ue n)o possu6a nenhuma valori+a!)o"fosse ela moral" esttica" pol6tica ou histórica. ;ara tanto" a história deum e&orcista" de um moleiro ou de um assassino s)o utili+adas.

    Pontudo" para alm dos estudos de casos" dos simples ind6cios e daan*lise morfolóica" a enealoia amplia sua escala" permitindoentrever outras rela!5es. i!iar e #unir " livro preferido por muitoshistoriadores" pretende-se uma história e uma enealoia" tem o duplo

    obetivo de correlacionar a alma moderna com o poder de ular einvestiar os fundamentos deste poder" o luar e as condi!5es de seu

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    nascimento. Em uma Anica e pol%mica e&press)o" trata-se de umahistória do presente.

    Mas nas aulas do +oll*!e de France $ue melhor apresentada aposi!)o enealóica. N uma forma de cr6tica marcada por suapontualidade" por seu car*ter local" temporal ou espacialmente/chamemos" se $uiserem" de SenealoiaT o acoplamento dosconhecimentos eruditos e das memórias locais" acoplamento $uepermite a constitui!)o de um saber histórico das lutas e a utili+a!)odesse saber nas t*ticas atuais. # enealoia uma pr*ticadeclaradamente voltada para o luar em $ue praticada" para opresente do enealoista" amparada em tr%s bases distintas de cr6tica/a histórica" a teórica e a pol6tica.

    =a6 a enealoia voltar-se como uma pr*tica cotidiana das lutashabituais" constituir-se $uase como um discurso-arma" instrumento debatalha" tal $ual a$ueles descritos em suas aulas de ?930. Om dosfundamentos teóricos $ue uiavam atividades pol6ticas de resist%ncia.Mas ela n)o pode ser resumida a isto2 a enealoia" en$uanto pr*ticahistorior*fica" obstina uma e&peri%ncia histórica" uma posi!)o" n)o sópara ser ocupada" mas para transformar e ser transformada" um papelpara o enealoista. #ssim como a ar$ueoloia" ser* mantida no roldos fundamentos admitidos por Foucault" at o final de sua vida" apalavra enealoia ainda ser* parte de seu repertório" mas seuida de

    uma preocupa!)o com o sueito" at ent)o apreendido indiretamenteem suas an*lises" como alo a ser elidido para perceber seu luar"como acontecimento condicionado por fatores $ue lhe s)o alheios. A$ontade de sa"er  marca um ponto de in$uieta!)o $ue leva a umdeslocamento teórico" momento em $ue uma enealoia do sueitomoderno pretendida" poss6vel ra!as a uma nova forma de pr*ticahistorior*fica.

    História das problematizações

    lono sil%ncio mantido entre a publica!)o do primeiro volume dahistória da se&ualidade" em ?930" e seus subse$Qentes" sete anosmais tarde" pode ser encarado como pra+o de reelabora!)o demtodo" de deslocamento teórico e assun!)o de um novoposicionamento. ;er6odo em $ue podemos compreender certosacontecimentos importantes2 onde vislumbrado um caminho namedida em $ue ele caminhado2 te&tos onde s)o apontados osdirecionamentos empreendidos na mudan!a2 enfim" sussurrosplenamente aud6veis no sil%ncio.

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    Em outubro de ?971" na Oniversidade de BerXeleY" foram proferidaspor Foucault duas confer%ncias conhecidas como as HoisonLectures" tendo por t6tulo enrico erdade e su".eti$idade. :elas s)oapresentados os pressupostos da enealoia do sueito moderno

    como finalidade de seu proeto intelectual" a $ual tem como mtodouma ar$ueoloia do conhecimento e como dom6nio de an*lise atecnoloia. 8inificando isto a articula!5es de certas tcnicas e decertos tipos de discurso acerca do sueito. Doma-se" com isso" umadimens)o pol6tica diferente da$uela percebida por #ntoine riset" o$ual a en&erava apenas na ascens)o do poder como centro daan*lise" entendendo aora" uma an*lise relativa

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    principal do semin*rio" intitulado 0iscourse and trut%1 t%e #ro"lematization of #arr%esia" construir uma enealoia da atitudecr6tica na filosofia ocidental.

    =o ponto de vista metodolóico" a história das problemati+a!5es n)otem como obeto de an*lise o comportamento dos indiv6duos nopassado nem as idias apresentadas como valores representativos"mas o processo de problemati+a!)o" o $ual sinifica/ como e por $u%certas coisas 'comportamentos" fenmenos" processos( tornam-se umproblema. ;or $ue" por e&emplo" certas formas de comportamentoforam caracteri+ados e classificados como SloucuraT en$uanto outrasformas similares foram completamente nelienciadas emdeterminado momento histórico2 a mesma coisa para o crime e adelin$Q%ncia" a mesma $uest)o de problemati+a!)o para a

    se&ualidade. ;roblemati+ar dar uma resposta para uma situa!)oconcreta $ue real. :esse sentido" a própria concep!)o depensamento assume caracter6sticas sinulares nos estudos deFoucault/ mais $ue o motivador de condutas e atitudes" mais $ue oprodutor de idias ou mentalidades" o pensamento a$uilo $uepermite $uestionar tais atitudes e condutas" tais mentalidades ouidias" o $ue permite problemati+*-los. 

    N" ent)o" a partir deste ambiente $ue o proeto da

    história da se&ualidade retomado. seundovolume" onde s)o colocados os deslocamentos emrela!)o ao anterior" pretende-se uma enealoiapor$uanto se apresenta como uma trabalho históricoe cr6tico. Em outras palavras" um e&erc6cio filosófico/sua articula!)o foi a de saber em $ue medida otrabalho de pensar sua própria história pode liberar opensamento da$uilo $ue ele pensa silenciosamente"e permitir-lhe pensar diferentemente. 2 uso dos

     #razeres pode ser lido" levando-se em considera!)otodo o percurso foucaultiano" como um retorno <filosofia" n)o

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    problemati+ando suas próprias condutas e" a partir disso" sua rela!)ocom a verdade.

    Em $uatro diferentes temas" todos pertinentes a um vasto territóriodenominado se&ualidade" Foucault circunscreve um campo precisodentro da cultura rea/ o do pensamento sobre os pra+eres levandoem considera!)o as morais $ue o definem. Moral" num sentido muitomais amplo $ue o de códio/ como postura diante dos valores e dasreras" como modo de pens*-los" aceitar ou recus*-los. ;orm" umamoral relativa apenas a determinados indiv6duos do se&o masculino ede um campo social bastante limitado. #ssim" o tema do corpo" o dacasa" o da rela!)o com os rapa+es e do amor verdadeiro" tal como problemati+ado em uma srie de te&tos espec6ficos" estudado. Daldocumenta!)o" constitu6da por te&tos $ue" se hoe di+em respeito

    apenas < história da filosofia" < poca" talve+" possu6ssem um car*termuito mais pr*tico $ue teórico. Mais $ue manuais de postura" s)oformas de pensar as próprias condutas.

     # no!)o de descontinuidade aora deslocada de seu car*terabsoluto. N sobre o pano de fundo da subetividade" isto " da pr*ticade subetiva!)o , a forma como os indiv6duos" seundo rela!5es comverdades" constituem-se como sueitos de uma conduta moral ," $ueas an*lises prosseuem. #$ui" se o sueito constitu6dohistoricamente" como se a constitui!)o fosse comum a diversas

    culturas em temporalidades variadas. # história das problemati+a!5esdemonstra como esta e&peri%ncia foi tomada como obeto depensamento de diferentes formas e seundo valores distintos. Elaevidencia a pluralidade de pr*ticas e pensamentos $ue possibilitam ossueitos na história" e n)o uma espcie de sueito histórico imut*velseundo uma verdade universali+ante.

    R

    proeto intelectual de Michel Foucault interrompeu-se nestemomento" $ue n)o deve ser encarado como ponto de conclus)o dosesfor!os $ue come!aram mais de 1 anos antes. =ificilmente" se avida lhe permitisse" ele permaneceria muito mais tempo nesta posi!)o.

     # história das problemati+a!5es n)o " de forma aluma" o desfecholóico da ar$ueoloia2 conse$Q%ncia dos acasos" de uma incessantevontade de retomar tudo o $ue * foi feito para fa+er coisas diferentes.

     #s histórias praticadas por ele d)o mostras disso.

    :o tipo de estudo $ue foi acima empreendido" tentou-se evidenciar

    dois fundamentos teóricos essenciais < atividade historiadora tal comoforam apropriados por Foucault" $uais seam" o tempo e o sueito.

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    $ue se percebe s)o modos variados de trat*-los" cada $ual comobetivos distintos. Entretanto" alumas suposi!5es levando em contao conunto dos te&tos podem ser levantadas.

    Pomo * foi suerido" a historiorafia tem por mrito inserir o homem"en$uanto cateoria universal" em uma temporalidade $ue lhe alheia"relacionando a ela seu modo de ser espec6fico. :a história" o tempocomo o inumano " diamos" humani+ado. ;orm" h* muito $ue ouniversal do homem $uestionado" * $ue seu modo de ser continente e finito. Em outras palavras" o ser do homem umae&peri%ncia histórica definido" como a ar$ueoloia mostra" por pr*ticase institui!5es diversas" entre as $uais a l6nua $ue o homem fala" otrabalho $ue reali+a e a vida $ue ele vive.

    :o sentido universali+ante 'e por ve+es totalit*rio( $ue dado aohomem" poss6vel" ent)o" conceber um sueito $ue seria como $ue ara+)o de ser da história. Este ponto de vista necessita" por sua ve+"uma no!)o de tempo continu6sta" o $ual compreenderia o próprio devir de tal sueito. Pom isso" estaria arantida a idia de uma liberdadeindividual de certo modo a-histórica" n)o definida seundodetermina!5es sociais 'ou econmicas" pol6ticas e culturais(" mas simapenas pela vontade do próprio sueito. # concep!)o da continuidadehistórica remeteria < idia de um ponto oriin*rio" o come!o absoluto"no $ual estaria assentada a verdade sobre o sueito. Paberia ao

    historiador" em Altima instncia" encontrar esta oriem decifrando talverdade.

    ra" a framenta!)o da temporalidade da história permite perceber afinitude do homem" ou sea" a contin%ncia do sueito histórico. Esten)o e&iste sen)o por meio de condi!5es de possibilidade históricas2sua e&ist%ncia se deve a uma determinada e&peri%ncia temporal e sóencontra luar em uma história particular" e n)o na história como umtodo. Pada tempo com seus homens e suas verdades2 a diferen!a

    entre os tempos n)o amarrada por meio de redes causais/ umtempo n)o oriina o outro" embora lhe crie condi!5es deaparecimento. s sueitos" como rela!5es entre homens e verdades"s)o acontecimentos históricos $ue obedecem a uma Anica lei" oacaso" como pretende a enealoia.

    ;or fim" a historiorafia" tal como praticada por Foucault" tem portarefa cr6tica perceber a forma como um pensamento sobre o sueito"entendido em sua rela!)o com a verdade" pde ser elaborado emculturas apartadas por suas diferen!as no tempo. # problemati+a!)o

    de tal pensamento permite refletir sobre formas diferentes desubetividade para o presente" ou sea" manter" com outras verdades"

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    rela!5es distintas $ue dariam condi!5es a novas e&peri%nciashistóricas. Em poucas palavras" condi!5es para $ue o pensamentocontemporneo pudesse ser pensado de maneira diversa.

    +uriti"a, .un%o de 3445.

    Fonte: http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html

    Acesso em 30 de março de 2016.

    http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.htmlhttp://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html