As Crônicas de Elgalor Tomo I - Mateus Toledo

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    MATHEUS TOLEDO

    AS CRNICAS DEAS CRNICAS DEAS CRNICAS DEAS CRNICAS DE

    ELGALORELGALORELGALORELGALORTomo I

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    As Crnicas de Elgalor

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    Copyright 2010, Matheus Toledo.Copyright da capa e ilustraes 2011, Andr Demambre Bacchi.

    reviso

    Lige Astreya Toledo

    dirios de astreya e apndice

    Lige Astreya Toledo

    ilustrao da capa e ilustraes internas

    Andr Frodo Bacchi

    projeto grfico e diagramao

    Andr Frodo Bacchi

    Publicado em Janeiro de 2011

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19/02/1998.

    proibida a reproduo total ou parcial, por quaisquer meios existentes ou

    que venham a ser criados no futuro sem autorizao prvia, por escrito, doautor.

    Reinos de Elgalorwww.elgalor.blogspot.com

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    Agradecimentos

    Agradeo minha querida esposa Lige por todo seu incentivo paraque eu colocasse esta histria no papel. Agradeo a meu grande amigoAndr por toda sua ateno e dedicao com a arte e preparao deste

    livro. Por fim, agradeo meus bons amigos Philip (Aramil), Gleyson(Oyama), Luiz (Erol), Thales (Evan), Pmella (Tallin), ngela

    (Bulma) e Lige (Astreya) por terem criado e interpretado os grandes

    heris desta srie em nossas aventuras de RPG.

    Sem vocs, este livro jamais teria sido feito. Muito obrigado mesmo!

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    NDICE

    Prlogo..............................................................................................................8

    Captulo 1: Uma nova saga comea....................................................16

    Captulo 2: Charoxx, o Drago Abissal.............................................31

    Captulo 3: O gnomo, a bruxa e o demnio....................................58

    Captulo 4: Thurxanthraxinzethos.....................................................72

    Captulo 5: Depois da tempestade....................................................111

    Captulo 6: As Terras Sombrias..........................................................127

    Apndice.....................................................................................................148

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    Prlogo

    os reinos de Elgalor sou conhecido por muitos nomes:O Sbio do Deserto, O Precursor da Desgraa, Aqueleque Caminha no Vento ou simplesmente o Senhor dos

    Ventos. Aps sculos apenas observando as areias do tempoescoando enquanto novos heris vm e vo, chegada a hora devoltar a caminhar entre os povos livres e alert-los sobre ogrande mal que h de obliterar e escravizar a todos se no forferrenhamente combatido.

    Cinco anos atrs, atravs de inmeras buscas e batalhas, onefasto Cavaleiro da Morte foi derrotado por um grupo de

    valentes heris que acompanharam o rei dos Elfos da Espada,Coran Bhael, o guardio da Lmina de Gelo. Eram eles:Evan, o Justo, um nobre paladinoOyama Flagelo das Feras, um vigoroso monge das montanhassetentrionaisBulma, A Destruidora, uma feroz brbara das Florestas doInvernoAstreya, a Estrela do Alvorecer, uma bela barda vinda do grandedeserto de KamaroAramil, o Sincero, poderoso mago de Sindhar, o reino dos AltosElfosErol, Lminas Mortais, um habilidoso ranger do reino deSindharHargor Martelo de Mitral, um sbio clrigo ano do reino deDarakar

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    A derrota do Cavaleiro da Morte no veio sem preo, pois o

    nobre Evan pereceu para que o vil cavaleiro negro fossedefinitivamente destrudo. Contudo, a paz reinou em todos osreinos livres de Elgalor.

    At agora.

    Um poder macabro foi liberado com a abertura de um dosTomos dos Cnticos Profanos; criaturas sinistras comearam avagar sem medo pela noite, que passou a ser mais escura esombria do que jamais fora. Como se guiados por uma foramaior, orcs se uniram por todo o continente e declararamguerras aos reinos dos elfos e dos anes. Seres advindos doabismo clamam por sangue em ataques cada vez maisfreqentes, e as foras da luz parecem enfraquecer a cada novoanoitecer.

    Todos estes acontecimentos esto interligados, e o triste queisto apenas o comeo. O grande mal por trs de tudo aindanem sequer se moveu.

    Os heris que derrotaram o Cavaleiro da Morte se dispersaramh cinco anos; Astreya passou a viver no reino lfico de Srhion,junto ao nobre e sbio rei Coran Bhael, como sua barda real.Oyama e Hargor viajaram at o reino de Darakar para combaterum culto do Deus do Massacre, liderado por minotauros. Bulmavoltou para sua terra natal onde exigiu a liderana de seu povo eErol e Aramil retornaram em honra para Sindhar.

    Hoje, me encontro com o rei Coran e lhe explicarei tudo sobre oTomo dos Cnticos Profanos que se encontra aberto e bem

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    guardado na Torre do Desespero nas Terras Sombrias.Explanarei tambm sobre a profecia que conta sobre o retorno

    de dois grandes avatares de Urakan, o Deus dos Orcs, assim queas vidas de 1000 elfos, 1000 anes e a cabea de um rei de cadaraa for oferecida em sacrifcio.Rogo que os Grandes Reis deixem suas diferenas de lado emarchem juntos com todo seu exrcito rumo s Terras Sombriasquando chegar a hora. Rogo para que os grandes heris desta erase renam novamente, e mesmo sem seu lder, sejam capazes delacrar o Tomo dos Cnticos Profanos.

    Rogo para que ainda tenhamos tempo...

    ................................................

    Dirio de Astreya I

    Parece que faz dcadas desde que deixei as areias de Kamarojunto com um grupo de mercadores e guerreiros para procuraro destino que minha me havia vislumbrado para mim. Suaspalavras foram vagas e obscuras; eu deveria procurar umhomem chamado Evan, pois isso seria de grande importnciapara mim, e, dizia ela, para muitos outros. Mesmo achandoestranha aquela previso de minha me, eu sabia que elajamais errara.

    Hoje vejo que ela realmente estava certa.

    Alm de Evan, o paladino, que infelizmente nos deixou, euencontrei ainda outros companheiros: Oyama, Aramil, Bulma,Erol e Hargor. Eu imagino se esto bem, e o que esto fazendo.Pois, apesar de sermos um grupo improvvel, juntos

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    procuramos pelos Tomos dos Cnticos Profanos tentandoimpedir que fossem abertos por mos erradas. Juntos corremos

    contra o tempo e contra aqueles que tentavam nos matar. Foiassim que chegamos aqui, em Srhion.

    Lembro-me ainda do homem que nos procurou, querendo noscontratar como um grupo de escolta at a ilha que comportavaum importante reino lfico. L estava a Cidadela de Cristal,localizao provvel de um dos Tomos que procurvamos. Ohomem apresentou-se como um erudito e historiador que estavainteressado no secular reino da distante ilha Srhion e naposio de seu Rei, Bremen Bhael, em relao aos humanos.Sabendo de nosso intuito em ir at l por meio de conversascom os capites do porto da cidade onde estvamos, ele pediuque o levssemos conosco, e nos ofereceu uma boa quantia emdinheiro. Hargor o examinou, colocando-o sobre o efeito deuma magia que no permite que sejam contadas mentiras. O

    historiador parecia estar sendo sincero. Assim, partimos comele. Jamais dissemos qual era nosso intuito e objetivo emSrhion, e ele tambm no nos perguntou. Ao fim da viagem,estvamos todos confiantes de que ele era realmente o que diziaser.

    Ao chegar, fomos melhor recepcionados do que espervamos.Apesar de, inicialmente, os elfos de Srhion terem permitidoapenas a entrada dos elfos e meio-elfos de nossa comitiva emseu territrio, seu tratamento para conosco foi cordial. Aocontrrio dos elfos de Sindhar, estes no possuam tantodesagrado em relao raa humana, e, aps sermos levadosat a presena do Rei Bremen e termos explicado nossosmotivos para estar ali, ele permitiu que todo o nosso grupo e ohistoriador que nos acompanhava entrassem em seu reino.

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    Quanto ao nosso objetivo de entrar na Cidadela de Cristal, isto

    nos foi concedido. O Rei nos explicou que, caso houvessequaisquer traos de maldade ou malcia em nossos propsitosem relao Cidadela, estes seriam detectados por seusguardies, os Lees de Mrmore, poderosos grgulas mgicosque serviam aos elfos. Assim, ele nos deixaria entrar por nossaprpria conta e risco, pois na pior das hipteses seramosdetidos pelos Lees. Ao saber que possuamos em mos umritual para lacrar o Tomo profano que ele e seu povoguardavam na Cidadela, e que precisvamos lev-lo at umlocal sagrado especfico para realiz-lo, o rei Bremen desejouque tivssemos boa sorte e cuidado em nossa contenda. Ohistoriador declarou que no possua nenhum interesse naCidadela, e que desejava apenas conversar com o rei. Assim,partimos, sendo escoltados por Coran, o capito da guarda, umsrio guerreiro lfico que havia nos acompanhado at ali, a

    pedido do prprio Bremen.

    Coran nos levou e avisou que o tempo passava de maneiradiferente na Cidadela, e nos aconselhou a no permanecerdentro dela por muitas horas. Os lees permitiram a nossaentrada, mas mesmo assim quiseram testar nossas capacidadese coraes, ao perceberem quais eram nossos objetivos. Noentanto, no meio de tal teste- um combate, as criaturasperturbaram-se. Disseram que um grande mal havia surgido nafloresta, e que seus nobres guardies, os elfos, estavam sofrendoas conseqncias. Dizendo isso, desapareceram. Encontramos oTomo rapidamente com o intuito de sair da Cidadela, masdescobrimos que sua entrada estava, de alguma maneira,lacrada, provavelmente pelos lees. Ali permanecemos poralgumas horas, impotentes, at que percebemos que a porta da

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    Cidadela se abria.

    Para nosso alvio vimos Coran, o elfo que nos acompanhara,mas sua expresso estava tensa, e logo sentimos um cheiro defogo e mata queimada. Coran rapidamente nos contou queSrhion estava sob ataque, pois o historiador que nosacompanhava havia se transformado em um arquidiabo einvocado centenas de lacaios, e estava no momento lutando comseu pai, o Rei Brehmen. Ele nos pediu que lhe dssemos oTomo, pois era sua obrigao, naquele momento e como filhodo rei, proteg-lo juntamente a ns. At ali, no sabamos queele era o prncipe. Atordoados pela culpa e confuso,entregamos o Tomo a Coran. Mas ele logo depois desapareceucomo mgica.

    Corremos at o palcio, mas o pior j havia acontecido. Srhionestava estranhamente vazia a no ser pelos corpos de diabos e

    elfos mortos, e a cabea do rei Brehmen estava fincada em umalana no centro daquele terrvel cenrio. Estarrecidos e com ocorao pesado, partimos rumo ao barco que nos trouxera,para ver se este ainda estava l, enquanto tentvamos procurarsobreviventes. Avistamos o barco ao longe, e antes dechegarmos costa, fomos surpreendidos por um elfo ferido eextremamente abatido, que andara tambm at a costa, somentepara cair inconsciente logo depois de nos avistar. Este sim era overdadeiro Coran.

    Na verdade, trs dias haviam se passado desde a nossa entradana Cidadela de Cristal. Coran salvara aquilo que restara de seupovo e os transportara a um lugar seguro graas a algunstneis subterrneos e portais existentes em Srhion, e passara oresto do tempo lutando contra os lacaios do assassino de seu

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    pai, que partira com o Tomo que havia sido resgatado por ns,graas novamente a um disfarce, que utilizara o prprio Coran

    como isca para nos enganar. Eu o tratei para que seu corpo,debilitado pela falta de comida e gua e por inmerosferimentos, no cedesse. Mal podamos imaginar que, de umencontro trgico como esse, uma importante e valiosa alianase formaria entre o novo rei de Srhion e guardio da Lminade Gelo - a poderosa espada do rei Brehmen - e nosso grupo.

    Aps a morte do Cavaleiro Negro, responsvel principal peloroubo dos Tomos, j que procurava com o poder destesascender divindade e destruir seu principal inimigo, o deusmaligno Mordak, patrono da morte e do ocultismo, eu meofereci para ficar no reino de Srhion, e sanar pelo menos umpouco da perda que havamos inadvertidamente causado a seupovo. A culpa que ainda se apoderava de meu corao demoroua ir embora, mas se dissipou mais rpido do que eu pensava.

    Juntamente ao rei Coran, recuperei os registros histricosprincipais do reino de Srhion que haviam sido destrudos. Porvrias vezes, tive que reescrever captulos inteiros, que o rei menarrava pacientemente da melhor forma que conseguia. Foiassim que conheci a histria do povo de Srhion, do reiBrehmen e de sua rainha, para minha surpresa, uma meio-elfabarda como eu, que ajudara o rei a livrar-se de uma poderosamaldio imposta a ele por uma drow. Foi assim que meafeioei ainda mais Srhion e a seu povo, que passou a meaceitar mesmo depois da runa que eu e meu grupo havamostrazido para eles.

    Posso dizer que, embora ame meu antigo lar, esta floresta setornou tambm um lar para mim, nesses ltimos cinco anos. Eposso dizer que aqui ganhei um de meus mais valiosos amigos,

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    uma pessoa agora essencial em minha vida: o rei Coran. Noentanto, ontem acordei pela noite aps ter um pesadelo terrvel,

    que no ouso repetir nestas pginas. Eu sei e sabia, mesmoantes, que um novo mal se aproxima. Meus temores foramconfirmados pela visita que recebemos hoje. O Senhor dosVentos est nesse momento conversando com o rei, e chegoucom uma expresso pesada. Logo me juntarei a eles em umconselho. Temo pelo destino do povo de Srhion e de meusamigos, e pelo meu prprio destino. E temo ainda mais pelodestino do rei. Pois sinto algo como uma nuvem negra seaproximar do povo de Elvannus, o pai dos elfos. S possoesperar que possamos servir novamente as foras da luz, eu emeus companheiros... para que este lugar de paz que eu passeia amar tanto e toda Elgalor jamais sejam tocados novamentepor algum que deseje seu mal.

    Astreya Adel Anathar.

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    Captulo I: Uma nova saga comea.

    urante o pequeno Conselho organizado em Srhion pelorei lfico Coran Bhael, o Senhor dos Ventos explicoutoda a situao que acometia os Reinos Livres de

    Elgalor de forma sucinta, porm bastante clara.

    Graas abertura de um poderoso artefato maligno, um dosTomos dos Cnticos Profanos, as noites estavam cada vez maislongas e sinistras. Criaturas das trevas vagavam fortalecidas pelaescurido com cada vez menos medo. Uma profecia terrvelhavia sido feita por Urakan, o cruel Deus dos Orcs; aps a mortede mil elfos, mil anes e o oferecimento da cabea de um rei decada raa, o Deus Caolho enviaria dois poderosos avatares para

    devastar os reinos lficos e anes de Elgalor.- E isso apenas o comeo. Em breve chegar o dia em quetodos os exrcitos dos povos livres devero marchar juntos paratentar impedir a aniquilao total disse o Senhor dos Ventoscom a postura e a voz de um orador nato. Os mais atentos,porm, perceberam o temor que o perturbava a cada palavraproferida.

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    - E o que o senhor sugere que faamos perguntou o rei Coran

    aps ouvir atentamente todo o relato. Sentada do lado direito dorei, estava a barda Astreya, sua trovadora real. Do ladoesquerdo, o clrigo Thamior, alto sacerdote de Elvannus, o Deusdos Elfos.- Inicialmente, necessrio lacrar o Tomo dos CnticosProfanos, que est localizado na Torre do Desespero, nas TerrasSombrias ao sul do deserto de Kamaro respondeu o Senhordos Ventos.- Como podemos fazer isso, digo, como podemos lacrar esteTomo especfico? perguntou Astreya.- Eu possuo um pergaminho que contm o ritual que ir lacrar oTomo. Contudo, como j devem imaginar, tal artefato no estdesprotegido.

    Involuntariamente, um momento de silncio foi feito no salo.

    J seria tarefa suficientemente difcil, mesmo para um grupo deguerreiros experientes, atravessar as Terras Sombrias e chegar Torre. Diante de todas as revelaes que o Senhor dos Ventos,um sbio profeta fizera, todos sentiam um certo medo de atmesmo imaginar que tipo de criatura nefasta guardaria o tomo.Por fim, o rei Coran levantou-se e disse:- O que est protegendo o tomo, sbio profeta?- Um drago vermelho ancio, recentemente transformado emum lich por artes negras, vossa majestade respondeu o Senhordos Ventos.- Contudo... continuou o profeta para entrar na Torre doDesespero necessria uma chave, que est em posse de outrodrago.- Onde? perguntou o rei Coran educadamente, mas sentindoque no haveria fim para aquele problema inicial.

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    - Poucas milhas a leste do reino de Darakar respondeu oSenhor dos Ventos.

    - O reino dos Anes disse Thamior como se estivessepensando alto Se explicssemos tudo ao Rei Balderk, elemandaria um batalho de guerreiros para l e...- No interrompeu Astreya mesmo que um batalho deanes fosse bem sucedido, haveria muitas mortes. Com aprofecia de Urakan em curso, a morte de tantos anes poderiatrazer um problema terrvel.- Voc est certa disse Thamior contudo, se no podemosmandar o exrcito dos anes nem o nosso por causa da profecia,que opo temos?

    Mais um momento de silncio se fez no salo.

    - Ns iremos respondeu por fim Astreya se levantando efazendo uma reverncia para o rei Coran meus amigos e eu

    cuidaremos disso. Tenho certeza que todos vo ajudar.- Era isto que eu tinha em mente desde o incio disse o Senhordos Ventos de forma bastante discreta e antes que vossamajestade diga que ir acompanhar a jovem Astreya nestacontenda, devo lembrar-lhe que so necessrias as vidas de milelfos, e a cabea de um nico rei para que parte da profecia secumpra.

    O rei Coran baixou a cabea tentando esconder a frustraoenquanto pensava em qual seria o curso de ao mais sbio a setomar. Aps alguns instantes, olhou para todos e disse:- Atravs de magia, enviarei mensagens ao reino de Sindhar,requisitando a presena de Aramil e Erol, e ao reino de Darakar,pedindo o auxlio de Hargor e Oyama. No tenho como contatarBulma, mas...

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    - Dentro de uma hora ela estar nas portas de seu palcio disseo senhor dos ventos fazendo uma reverncia com a cabea.

    - timo respondeu o rei Coran enquanto isso, irei atSindhar e explicarei pessoalmente ao Alto Rei Thingol toda asituao.- Pode ser perigoso colocar dois reis juntos em um mesmo lugar,vossa majestade disse Astreya com preocupao nos olhos.- Sindhar um reino extremamente bem protegido, Astreya respondeu Thamior tentando acalmar a barda Alm disso,entre os elfos, no h guerreiro mais habilidoso do que o reiCoran, nem mago mais poderoso do que o rei Thingol. Elesestaro bem.- Rogo para que esteja certo... respondeu Astreya entrelaandoas mos sem esconder a apreenso que sentia.

    No instante seguinte, os preparativos comearam a ser feitos. OSenhor dos Ventos desapareceu magicamente do salo, e o rei

    Coran passou a Thamior diversas instrues que deveriam serseguidas durante sua ausncia. Astreya voltou a seu quarto, ecom grande peso no corao, abriu um belo ba de marfim,onde estavam guardados sua bela cota de malha lfica prpura,seu arco longo sagrado feito com prata mgica e sua cimitarralfica de lmina avermelhada.

    Presentes valiosos dados pelo rei Coran. Presentes que, apesardela no saber, o rei lhe deu pedindo aos deuses que ela jamaisprecisasse coloc-los em uso.

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    Dirio de Astreya II

    Mal consigo controlar minhas mos para escrever estaspginas. No entanto, eu o farei para me acalmar, pois nomomento minha ansiedade grande e no h muito o que fazeralm de esperar.O encontro com o Senhor dos Ventos nos trouxe o que euesperava: ms notcias. Quando o rei Coran me chamou paraacompanh-lo e ouvir o que o profeta tinha a dizer, vi por suaexpresso que nada ia bem. E a extenso de suas notcias mais grave do que pensei, pois atinge a todos ns. Quandohesitei em falar ao Senhor dos Ventos que eu e meus amigospoderamos ir recuperar a chave necessria para abrir a Torredo Desespero, no foi tanto pelo medo do drago que a guarda.Foi pelo mesmo medo que me invadia diariamente enquantolutvamos contra o Cavaleiro Negro.E se falharmos? Nosso fracasso implica em algo muito pior do

    que apenas a perda de nossas vidas. Estamos novamenteenvolvidos em uma complicada sucesso de eventos, deacontecimentos que precisam ser resolvidos o mais rpidopossvel. No momento, apenas ns podemos fazer isso. Sefalharmos, falhamos com toda Elgalor. Falhamos com o povolfico e ano. Falhamos com seus reis...Agora mesmo, enquanto eu abria meu ba para prepararminhas armas e minha armadura, eu tive uma viso clara, algoque no me acontecia h cinco anos. De certa forma, eramapenas sombras, mas eu sabia muito bem a quem elasrepresentavam. Um rei ano, um rei elfo. E um gigantesco orc.Um medo indescritvel apoderou-se de mim nesse momento. Apartir da, tudo foi muito rpido. Havia gritos e dor, e, no fim, aimagem mais ntida de todas: uma coroa caindo.No quero pensar no significado disso, embora esteja bvio a

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    meus olhos. Tudo o que podemos fazer nos restringir a buscara chave da Torre do Desespero. Tudo o que podemos fazer

    tentar ir at l, depois, e lacrar o Tomo aberto. E o queacontecer enquanto estivermos nesta busca? Que preo nspagaremos por fazer isto?Eu rogo para que ns consigamos completar nossa misso.Mais ainda, rogo para que nada acontea enquanto estivermoslonge. Para que minha viso no se torne verdadeira de formaalguma. Para que meu querido amigo ainda esteja aqui quandoeu retornar. Por Lanto, como tem sido difcil no demonstrarque a extenso de meus sentimentos por Coran vai alm do queseria aconselhvel! Por todo esse tempo, meu comportamentofoi o mais adequado possvel. Sendo a barda real, eu devoextremo respeito ao rei, e a seu povo. Nunca foi minha intenome aproveitar da situao ou mesmo do histrico do reino deSrhion, que j teve uma rainha meio-elfa. Por isso, minhaconduta foi sempre a mais sria possvel. Mas, como diziam

    minha me e as mulheres de Myrra: quando voc o vir, vocsaber. Durante todo este tempo escondi meu sentimento detodos e pensei o mnimo possvel nisto. Mas agora me impraticvel ocultar o fato de que, desde aquele diainterminvel no barco que nos tirou de Srhion em chamas, noqual cuidei do rei Coran para que ele no morresse, eu sabiaque essa no era nossa primeira vida juntos e que nossosdestinos estavam ligados. Inevitavelmente, ligados pelocorao. E isto tem sido to forte dentro de mim, agora mais doque nunca...De qualquer maneira, aprendi com minha me que nenhumapreviso ou sonho pode ser considerado como a nica verdadepossvel ou mesmo, muitas vezes, como verdade. Aprendi comela que toda sorte pode ser mudada por meio de nossas aes.Ento espero que nossas aes sejam suficientes para mudar

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    algo. Rezo por Balderk e Balin, reis dos anes, e por Karantir,Thingol e Coran, reis dos elfos. Rezo por seus povos e pelos

    humanos que com certeza sero atingidos pelo que estacontecendo. Rezo para que se faa uma aliana entre estespovos.Mas algo me diz que isto no ser to fcil.

    Astreya Adel Anathar

    ...................................

    Os preparativos logo foram terminados; atravs de magia, umamensagem foi enviada ao reino de Sindhar requisitando apresena urgente de Aramil e Erol para uma nova misso, eoutra foi enviada ao reino de Darakar, requisitando o mesmo deHargor e Oyama. Em menos de uma hora, o Senhor dos Ventostrouxe a brbara Bulma aos Sales de Srhion, de onde ela e a

    barda Astreya seriam teletransportadas para as montanhasprximas aos Portes dos Antigos, a entrada do reino deDarakar.

    A primeira chave que os heris deveriam encontrar estava nocovil de um antigo drago vermelho, que conseguiu facilmentese instalar to prximo ao mais poderoso reino dos anes devidos trevas que envolveram o mundo desde a abertura de um dosTomos dos Cnticos Profanos. Como as protees mgicas deDarakar barram qualquer magia de teletransporte para dentro doreino, foi combinado que todos, incluindo o ano Hargor e omonge Oyama, se encontrariam prximo aos Portes dosAntigos.

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    O rei Coran, j com sua armadura de batalha, se dirigiria juntoao Senhor dos Ventos para o reino de Sindhar. Quando viu

    Astreya novamente trajando sua cota de malha prpura ecarregando seu arco de prata e seu sabre lfico, elesimplesmente balanou negativamente a cabea.- Que Elvannus vos acompanhe disse o rei ao olhar umaltima vez para Astreya antes de ambos partirem.- A todos ns, meu bom rei respondeu ela fazendo umareverncia, sentindo um enorme peso em seu corao.- Vamos logo com isso grunhiu Bulma cruzando os braosmal-humorada por ter de ser teletransportada novamente.

    No instante seguinte, os magos de Srhion iniciaram os rituais etodos haviam sido magicamente levados a seus destinos. Sempalavras, Thamior rogou para que visse todos em segurananovamente.

    A noite j havia chegado, e nas escuras montanhas ao norte deElgalor, Astreya e Bulma surgiram.- Isso foi o mais prximo que a magia pde nos trazer... disseAstreya observando os arredores.- No estou vendo portes em parte alguma! disse Bulmaempunhando seu machado, o Terror do Campo de Batalha serque esta magia funcionou direito?- Acho que sim respondeu Astreya com um sorriso Alm domais, os Portes dos Antigos s podem ser encontrados poraqueles que possuem sangue ano. Temos que esperar pelosoutros.- O velho amigo de vocs disse que uma grande guerra eclodiria,e parece que ele tinha razo disse Bulma olhando para o cucompletamente escuro sinto cheiro de sangue no ar...

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    - Gostaria que isso pudesse ser evitado... disse Astreyaolhando para baixo com uma expresso bastante triste - a vida

    estava sendo realmente boa nos ltimos cinco anos.- Voc deveria falar com ele - disse Bulma ainda olhando para ocu deveria falar com o rei lfico. Vocs esto perdendo umtempo que talvez no possa ser recuperado mais tarde.- Bulma! gritou Astreya sem querer, tomada pela surpresa epela vergonha.Neste instante, elas ouviram passos. Bem prximos.- Por Elvannus, como vocs mulheres tagarelam!Imediatamente elas se viraram para trs, mas ambas j haviamreconhecido a voz e o inconfundvel tom de escrnio. EraAramil, o Sincero.

    - Ol para voc tambm, Aramil respondeu Astreya com umsorriso cnico.Atrs do mago, que portava apenas seu belo manto lfico um

    bem ornamentado cajado dourado, elas identificaram uma figuranas sombras, e logo perceberam que se tratava de Erol, oCaador de Sindhar.- Saudaes, Erol disse Astreya mais educadamente.- Saudaes - respondeu Erol bastante srio. Ele estava trajandosua cota de malha marrom escura e carregava nas mos suasespadas lficas, as Lminas do Inverno.- Algum problema? perguntou Astreya estranhando um poucoa frieza do amigo.- Sim respondeu o ranger h rastros de orcs e ogros nestasmontanhas, e eles simplesmente surgem e somem no meio dassombras. Alm disso, no deveria haver criaturas assimrondando to perto dos portes de Darakar.

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    - Algo sinistro realmente est acontecendo disse Aramil emum tom srio mesmo ns, os altos elfos de Sindhar estamos

    tendo este tipo de problema.

    - J era hora... grunhiu Bulma ao ouvir o som de pesadas botasde metal se aproximando. Como se tambm tivesse notado aaproximao, Erol embainhou suas espadas.

    Todos olharam mais frente e viram Hargor, o clrigo anovestindo uma armadura de batalha muito bem trabalhada,carregando um pesado escudo e seu poderoso martelo. Ao ladodele estava Oyama, com os cabelos e a barba bem mais longos edesarrumados, vestindo um par de manoplas pesadas comsmbolos de Thanor e um cinturo negro. A constituio fsicado monge estava bem mais robusta do que seus amigos selembravam.

    - incrvel, Oyama, voc conseguiu ficar ainda mais feio disse Aramil quando o clrigo e o monge se aproximaram.- Desculpe, mago disse Oyama em tom de deboche eu passeiestes cinco anos lutando contra orcs e minotauros, e, aocontrrio de vocs, altos elfos, que vivem saltitando e cheirandoflores, no tive tempo para cuidar da minha beleza.- Pessoal... disse Astreya antes que Aramil pudesse dar umaresposta ao comentrio de Oyama.- Vejo que as coisas no mudaram disse Hargor olhando parao grupo de qualquer forma, fomos informados sobre a chaveque vocs buscam e sei onde est o drago que a guarda. Squero que saibam que...

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    Neste instante, Erol sacou suas espadas novamente, e Bulmaemitiu um rosnado feroz. Nisso, todos se deram conta do que

    estava havendo. Eles estavam completamente cercados.

    Como se sados das sombras da noite, surgiram mais de quatrodezenas de orcs de pele negra e grandes como ogros, portandoimensos machados duplos de lmina avermelhada. Com umolhar sdico e brutal, eles emitiam gritos, risadas e grunhidosguturais.

    Cada um deles parecia uma viso sada do inferno, e em seuscintos, presas com pregos enferrujados, jaziam vrias cabeas deanes.

    - Formao de batalha! gritou Hargor, sentindo seu sangueferver em fria, pois reconhecera a cabea de diversos amigosadornando os cintures dos orcs.

    Movidos pelo grito do clrigo ano e por seus prprios instintos,o grupo instantaneamente formou um permetro defensivo, comHargor, Bulma, Oyama e Erol defendendo cada ponta, e comAstreya e Aramil no centro. A ao do grupo foi to rpida eprecisa que at eles se surpreenderam; em um instante, estavamdiscutindo futilidades, e no outro, se posicionavam comoveteranos que vivenciaram inmeras batalhas.

    - So orcs demonacos gritou Erol enquanto rasgava agarganta de um orc tolo que tentara surpreender o ranger peloflanco esquerdo o sangue deles queima como cido.- Ento, acho que vou me queimar um pouco respondeuBulma ao entrar em um estado de frenesi sanguinrio e arrancara cabea de outro orc com seu gigantesco machado.

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    Astreya respirou fundo, e comeou a entoar um cntico debatalha:

    Bravos heris, elevem vossos espritos e despertem em vossoscoraes a fria justa do guerreiro. Lutemos lado a lado, comoverdadeiros irmos de armas, e que hoje esta corja assassinasinta a clera de nossa justia...

    Quando a barda terminou este refro, todos foram envolvidospor um inabalvel esprito de luta, e seus coraes agora erampreenchidos por nada alm de bravura e inflexvel confiana.Sentiam-se envolvidos por uma energia extremamente poderosa,que ampliava visivelmente a fora e a velocidade de cada um.At mesmo Aramil sentia vontade de pegar uma espada eatravessar o peito de um orc quando ouvia as canes deAstreya, mas obviamente, o mago controlava muito bem esteimpulso.- Sintam a fria de Thanor, chacais do inferno! disse Hargor

    movido tanto pela cano de Astreya quanto pelo prprio dioenquanto seu martelo esmagava com violncia as cabeas dosorcs que encontrava em seu caminho e seu escudo bloqueavaferozmente cada machadada que vinha em sua direo.

    Aramil, por sua vez, se abaixou e tocou o cho, sussurrandoalgumas palavras em lfico:- Nobres espritos da terra, atendam meu chamado...

    - Vocs vo pagar, malditos! gritou Oyama em meio a umarajada de socos, chutes e cabeadas que criava uma pequenapilha de corpos a seu redor.Erol continuava sua carnificina silenciosa, cortando e estocandocom suas espadas lficas com uma preciso assustadoramente

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    mortal, e Bulma gargalhava e rosnava enquanto arrancavabraos, pernas e cabeas cada vez que brandia seu machado.

    Os orcs sangravam, tinham seus ossos esmagados e seusmembros arrancados, mas continuavam avanando, e mesmoseu sangue ftido deixava pequenas queimaduras onde tocava. Acada orc tombado, pareciam surgir mais dois, que atacavam comcada vez mais dio e violncia. Todos os combatentes sentiramvrias vezes o poderoso fio dos machados orcs, e mesmo semsentir dor ou cansao devido msica de Astreya, o sangue dosheris comeou a tingir o campo de batalha, e o permetroprotetor comeava a ceder enquanto os heris lutavambravamente.

    - Bulma, Oyama! gritou Hargor vocs esto avanandodemais! Voltem s suas posies!Bulma ouviu o ano, e, apesar da vontade de ignor-lo

    completamente, ela era uma guerreira experiente, e sabia que seno trabalhassem em equipe, todos morreriam ali. Oyama, quevivera cinco anos entre os anes, se deu conta de que se aquelesorcs quebrassem o permetro e os atacassem por todas asdirees, eles estariam condenados. Ambos contiveram sua friae fecharam novamente o permetro protetor, mas estavambastante aborrecidos com isto.- Aramil! gritou Oyama enquanto seu cotovelo explodia contrao queixo de um orc Ser que voc pode fazer alguma coisapara ajudar, elfo imprestvel?!- Cale-se e cumpra seu papel de escudo de carne, Oyama disseAramil se levantando como se ignorasse completamente aspalavras do monge.Neste mesmo instante, surgiram atrs dos orcs seis criaturasgrandes e robustas, totalmente feitas de pedra; eram elementais

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    da terra. Imediatamente, elas comearam a golpear e a derrubarimpiedosamente os orcs com seus poderosos punhos. Aramil

    apontou seu cajado na direo de Oyama e gritou em um tomextremamente cnico:- Pense rpido, humano.

    Neste instante, um relmpago partiu velozmente do cajado domago na direo do monge. Oyama, cujos reflexos eramextremamente aguados, conseguiu se esquivar do raio noltimo instante enquanto proferia uma srie considervel depalavres. O relmpago atingiu o peito de um orc, carbonizandoa criatura instantaneamente, e depois se dividiu em diversasdirees, atingindo vrios orcs.- Aramil! gritou Astreya em reprovao, parando de cantar.Como sabia que os efeitos de sua msica agora perdurariam pormais tempo, a barda se concentrou, estendeu sua mo na direodos orcs que lutavam contra Hargor e disse:

    - Suas mentes agora so minhas, e eu sou sua nica salvao.Vocs sero mortos pelos seus antigos aliados, a menos que osdestruam primeiro.Trs dos orcs que atacavam Hargor comearam imediatamente ase voltar contra os outros orcs. Se vendo livre por algunsinstantes, Hargor bateu seu martelo no cho.- Bom trabalho, Astreya disse o clrigo enquanto seu marteloemitia uma forte luz azulada - Thanor, Grande Pai e protetorde nosso povo, conceda-nos tua beno e cure os ferimentos demeus bravos camaradas.

    Todos sentiram uma aura protetora os envolvendo e curandosuas feridas. Revigorados, os heris lutaram com ainda maisvigor, e aps alguns minutos, o cho da montanha estava

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    coberto por sangue negro e dezenas de corpos de orcs, muitosdeles desmembrados pelo machado de Bulma.

    Em meio aquela carnificina, estavam os exaustos e vitoriososheris de Elgalor. Nenhum grito de vitria havia sido desferido,pois todos sabiam que, at o fim daquela noite, ainda havia umpoderoso drago que precisava ser abatido...

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    Captulo II: Charoxx, o Drago Abissal

    m silncio quase mortal se fez nas montanhas prximasao grande reino de Darakar aps o combate; Hargor eOyama recolhiam todas as cabeas de guerreiros anes

    dos cintos dos orcs negros abatidos, enquanto Astreya usavasuas magias de cura para terminar o servio que a magia divina

    de Hargor comeara pouco antes do trmino do combate. Aramilpermanecia calado, com um semblante extremamentepreocupado, Bulma se distanciara um pouco para procurar orcsfugitivos e Erol estudava silenciosamente o corpo de um dosorcs tombados.- So mesmo orcs com sangue de demnios disse Erol apsalguns minutos de observao e eles chegaram aqui viajando

    entre as sombras. Por isso no deixaram rastros.- Isso explica como os malditos conseguiram emboscar edestruir um batalho de dezenas de guerreiros treinados quepatrulhavam este local respondeu Hargor soturno, juntandotodas as cabeas recolhidas dentro de um crculo feito com p deprata, que o clrigo havia acabado de terminar.

    U

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    - O que eu sei disse Oyama esmagando uma pequena rochacom a mo que todos os desgraados que fizeram isso vo

    pagar com sangue. Com muito sangue!

    Astreya comeou a cantar um rquiem bastante apreciado pelosanes durante as cerimnias fnebres de seus amadosguerreiros, e neste momento, todos pararam o que faziam ebaixaram suas cabeas em respeito:

    Vo, bravos irmos, pois Thanor abriu vs as portas de seuSalo.

    Vo, nobres filhos da guerra, pois a Forja do Pai de Todos osaguarda.

    Vossos feitos sero sempre lembrados, vossa dignidade, jamaismaculada.

    Vo, grandes guerreiros, e que vossos espritos estejam sempreconosco no campo de batalha, preenchendo nossos coraes

    com toda vossa honra e coragem.

    - Que assim seja disse Hargor erguendo seu martelo emdireo ao cu Podem descansar em paz, irmos, pois vsfostes vingados, e estes chacais do abismo jamais tocaro vossasmulheres e crianas.

    Hargor bateu violentamente seu martelo no cho e um enormetrovo rompeu dos cus, caindo sobre o crculo de p de prata,instantaneamente cremando todas as cabeas ali contidas.

    - Esto todos mortos mesmo, os orcs disse Bulma retornando,falando baixo em respeito ao guerreiros tombados no hnenhum rastro de sangue, e isto eles no poderiam esconder.- No, no poderiam respondeu Erol.

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    - Obrigado a todos disse Hargor se levantando e pegando deseu cinto uma bolsa cinza de couro agora, vamos tratar daquilo

    que viemos fazer aqui.- Uma bolsa arcana disse Aramil imediatamente reconhecendoas propriedades mgicas da pequena bolsa de Hargor.- Sim, presente do rei Coran respondeu o ano abrindo a bolsa

    e retirando dela trs lanas machado de metal claro como prata,perfeitamente trabalhadas e com vrias runas ans nas lminas.- Estas so as famosas Dragonslayers de Darakar? perguntouErol com interesse.- Sim disse Oyama Uma para voc, outra para Bulma e altima para Hargor.- E voc vai tentar enfrentar o drago s com os punhos,presumo? disse Aramil balanando a cabea e fingindo tentarsegurar o riso.- Presumiu certo, grande mago respondeu Oyama em tom dedeboche Algum problema com isso?

    - Nenhum, nobre monge, contanto que no fique para mim atarefa de tirar os seus restos da boca do drago respondeuAramil com um riso cnico.- O que vocs sabem sobre o drago, Hargor? perguntou Erolao ano.- Apenas seu nome e onde ele fez seu covil respondeu oclrigo.- E como ele se chama? perguntou Aramil.- Charoxx respondeu Oyama.- O nome dele no faz diferena! gritou Bulma, impacientecom toda aquela discusso, que, a seu ver, no passava de meraperda de tempo.- Faz sim respondeu Astreya como se estive buscando nofundo de sua alma informaes sobre aquele nome Acho...acho que ouvi histrias sobre ele...

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    - O que voc sabe? interrompeu Oyama.- Ele um drago vermelho demonaco com quase 700 anos de

    vida, que havia deixado nosso mundo aps uma grande guerraentre os drages metlicos e os drages cromticos, cerca de 300anos atrs respondeu Astreya sem esconder o desnimo ele um conjurador ainda mais poderoso que Aramil, e muitoresistente a magias.- Fraquezas? perguntou Erol.- Armas sagradas respondeu Astreya e magias de gelo quesejam capazes de sobrepujar sua resistncia a efeitos mgicos.- Me encarrego da segunda parte respondeu Aramil olhandopara o cu, com confiana absoluta.- E eu da primeira disse Hargor Com a ajuda das lanas,vamos mandar este desgraado de volta para o abismo.- Voc j tem tais magias preparadas, Aramil? perguntouAstreya.- bvio respondeu Aramil em um tom distante, retirando seu

    belo grimrio de capa dourada de um bolso mgico em seumanto S preciso de alguns minutos.

    Ento ande logo, mago disse Bulma em um tom sombrio porque eu estou ficando com fome e sede, e quero logo mesaciar com um bom pedao de carne de drago e uma canecacheia do sangue do maldito.

    Oyama soltou uma forte gargalhada, enquanto Aramil virou orosto, enojado.- Vocs no elfos so realmente muito primitivos... disse omago para si mesmo, antes de se concentrar totalmente em seusestudos.

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    Conduzidos por Hargor e Oyama, o grupo seguiu por trilhasocultas nas montanhas, caminhos secretos dos anes quelevariam todos ao covil de Charoxx, um drago vermelhoabissal com sete sculos de vida. Derrotando o drago, osaventureiros conseguiriam uma chave, que os permitiria entrarna Torre do Desespero.

    Como era de se esperar, ningum estava com nimo paraconversas; eles haviam acabado de velar um batalho inteiro deanes e estavam indo rumo a uma batalha que, mesmo sevencida, dificilmente seria ganha sem nenhuma baixa. Assim, ogrupo caminhou em silncio quase absoluto por cerca de meiahora. Quando a trilha parecia terminar em um enorme rochedo, aquase cem metros deles, Hargor fez sinal para todos pararem:- Aqui a entrada disse o clrigo hora de nos prepararmos.

    - Muito bem respondeu Oyama vamos acabar logo com isso.No temos a noite inteira.- Apenas um tolo corre em direo prpria morte disseAramil observando o rochedo, como se estivesse pensando alto.- E apenas um covarde foge dela retrucou Oyama aborrecido.- Basta! gritou Hargor.- Estamos todos nervosos disse Astreya em tom conciliador vamos nos acalmar e prosseguir com os preparativos.- Sbias palavras respondeu Erol subindo agilmente em umapequena colina para observar melhor a rea Supondo que ocombate v muito bem para o nosso lado, existem passagensalternativas por onde Charoxx possa escapar?- No, apenas aquele rochedo respondeu Hargor em tomsombrio para sair, ele teria que matar a todos ns primeiro.

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    - timo! disse Bulma repleta de confiana isso significa queele no vai fugir.

    - Aquele rochedo no real, no Hargor? perguntou Aramilolhando para o clrigo.- Olhos perspicazes, elfo respondeu o ano h uma magiaocultando a entrada, mas como este nosso territrio, ns anespodemos ver atravs dela.- Existem pelo menos dez runas protegendo o lugar... disseAramil.- Voc pode desativ-las? perguntou Astreya ao mago.- claro - respondeu Aramil com a arrogncia de sempre spreciso de alguns instantes. Mas antes...

    Subitamente, o mago comeou a se concentrar e fazer gestosrpidos e precisos com as mos:- Nobresespritos elementais da gua, ouam meu chamado, eenvolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor.

    Neste momento, todos sentiram como se uma tnue aura azuladaenvolvesse seus corpos.- Isso nos proteger contra o sopro de fogo do drago, pelomenos no incio disse Aramil se voltando novamente para orochedo.- timo disse Hargor batendo sua arma no cho. Conforme oclrigo comeou a orar, runas azuis brilharam em seu martelo deguerra, e uma aura prateada envolveu a todos.- Thanor, grande pai dos anes, invoco agora tua nobrebeno para esta batalha. Que nossos espritos e corposrecebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiemcomo o ao sagrado de tuas Forjas

    Enquanto a magia de Aramil protegera o grupo contra magias esopros de fogo, a beno de Hargor tornara seus corpos e

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    espritos mais resistentes, alm de consagrar as lanas matadorasde drago com uma poderosa energia divina.

    - Eu me encarrego de curar nossos ferimentos e renovar asprotees mgicas disse Astreya tirando de sua pequena bolsaarcana um cajado branco e alguns pergaminhos.- Certo concordou Hargor tirando de dentro de sua armadurade batalha um pequeno amuleto em forma de martelo Bulma,coloque isso em seu pescoo.- Para qu? respondeu Bulma olhando curiosa para o amuleto.- Vai proteger voc contra controle mental caso o dragoenfraquea a proteo que Thanor nos deu respondeu oclrigo.- Guarde com voc disse Bulma devolvendo o amuleto aindano houve ser neste mundo capaz de dobrar minha fora devontade.- Se este for o primeiro disse Oyama com um olhar srio para

    a brbara ele vai jogar voc contra o resto de ns...- No podemos correr este risco, Bulma continuou Erolpercebendo a relutncia da brbara Se no colocar o amuleto,voc no entrar conosco.

    - Muito bem respondeu Bulma aps alguns tensos instantes,colocando o amuleto de Hargor - mas s porque isso foiabenoado pelos deuses da guerra. E outra coisa, elfo...- O que foi? respondeu Erol.- Eu vou onde quero, e da prxima vez que voc tentar meameaar, bom estar com as espadas em punho disse Bulmaolhando fria e severamente para o ranger.- Vou me lembrar disso disse Erol se virando e caminhando nadireo de Aramil.

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    Antes que Erol chegasse, Aramil estendeu as duas mos nadireo do grande rochedo e um vento forte partiu de seus

    dedos, e todos ouviram um grande estalo.- Pronto... disse Aramil exausto, secando gotas de suor de suatesta todas as runas foram removidas.- Chegou a hora! gritou Oyama batendo uma mo contra aoutra.

    O grupo avanou em direo ao imponente rochedo. Hargorentrou primeiro e os demais, mesmo vendo uma intransponvelbarreira natural, fecharam os olhos e seguiram em frente. Aopassar pela entrada, todos se viram em um gigantesco corredorde rocha vulcnica, com filetes de lava correndo pelo cho epelas paredes. O calor incomodava, mas no feria, graas proteo conjurada por Aramil.

    Conforme andavam, todos sentiam como se seus espritos

    estivessem sendo esmagados por uma presena invisvel,absurdamente antiga e poderosa. Astreya instintivamente pegousua harpa e comeou a entoar uma cano para encorajar seuscompanheiros, quando todos ouviram uma voz grave emaliciosa ecoando por todo o imenso corredor:

    - Sejam bem vindos, nobres heris. Tenho certeza que me

    trouxeram doces oferendas para compensar os servos orcs quevs e aqueles malditos anes matastes. Ficarei com vossabarda e estas ignbeis lanas, alm do resto de vossospertences mgicos. Venham a mim, bravas almas, poisCharoxx, o Destruidor de Mundos, tambm vos dar um belopresente...

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    No instante seguinte, um pulso de energia percorreu ferozmenteo amplo corredor, anulando todas as protees mgicas dos

    nobres salvadores de Elgalor.

    Tudo aconteceu muito rpido.

    Quando a magia de Charoxx, o Destruidor de Mundos, atingiu ogrupo de heris como uma onda de choque, anulando suasprotees mgicas, todos ficaram momentaneamenteimobilizados, pela surpresa. Como aventureiros experientes, jestavam prontos para a possibilidade de perecerem enfrentandoo drago, mas naquele momento, sentiram que seria possveltombar antes de sequer chegar perto de seu inimigo.

    - Estais com frio, bravos aventureiros? debochou Charoxxmaliciosamente com sua poderosa voz, que ecoava por todo ogrande corredor Ou ser medo? Seja como for, tenho algo

    para esquentar vossos corpos e coraes.

    Charoxx respirou fundo. Quando soltou o ar, um gigantesco jatode fogo preencheu completamente o corredor, indo velozmentena direo dos heris.- Aramil! gritou Astreya.- Eu sei, meio-humana! gritou o mago elfo estendendo seucajado dourado a frente com a mo direita enquanto fazia gestossutis com a mo esquerda.O cajado de Aramil brilhou e uma redoma de energia se formouem volta dos heris, pouco antes do sopro de fogo de Charoxxatingi-los.- Quanto tempo sua barreira agenta, Aramil? perguntouOyama.

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    - At que o drago use um raio de desintegrao para destru-la respondeu Aramil sem a habitual arrogncia, pois precisava se

    concentrar muito para manter a redoma, que era impiedosamenteatingida pelo feroz sopro de fogo de Charoxx.- Temos que ser rpidos disse Hargor erguendo seu martelo ecomeando novamente uma orao:- Grande Pai e forjador de almas, invoco tua nobre benopara esta batalha. Que uma vez mais nossos espritos e corposrecebam o vigor das montanhas, e que nossas armas golpeiemcomo o ao sagrado de tuas Forjas.

    Novamente uma aura prateada envolveu os heris, que sesentiram mais fortes e vigorosos. Astreya fechou os olhos e seconcentrou por um momento. Quando a barda abriu os olhos,estendeu sua mo e comeou a conjurar uma magia.- Nobres espritos do plano astral, permitam nossa passagem enos levem diretamente at nosso destino

    Quando a barda proferiu a ltima palavra, um pequeno portalapareceu diante de todos, dentro da redoma mgica de Aramil.Neste exato instante, o sopro do drago inesperadamente cessou.- Ele vai desintegrar a muralha! Gritou Aramil- Passem pelo portal, rpido! gritou Astreya- Seu portal vai nos levar para fora, no ? perguntou Aramilj sabendo a resposta que obteria.- No, para dentro respondeu Astreya um tanto insegura, poispoderia estar levando todos para a morte temos uma misso acumprir.- Sua louca, como voc...Antes que Aramil pudesse concluir seu protesto, Oyama oagarrou e saltou com o mago em direo ao portal.

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    - Vamos, elfo disse Oyama nervoso, mas se divertindo com aexpresso no rosto de Aramil ele iria nos achar l fora mesmo.

    Agora matar ou morrer!- Depressa! gritou Erol entrando no portal, seguido de Bulma,Hargor e Astreya.

    Aps atravessarem o portal, todos se viram dentro de umaimensa caverna no interior da montanha, cujo tamanhocomportaria seguramente um forte de mdio porte. As paredeseram negras, iluminadas por centenas de filetes de lavaincandescente. A cerca de vinte metros, deitado e de costas paraeles, estava Charoxx, o Drago Abissal.

    Mais uma vez, todos ficaram momentaneamente imveis.Mesmo estando deitado, j sabiam que aquele era o maiordrago que j encontraram. Suas escamas pareciam to espessasquanto uma parede de mitral, e eram de cor vermelha levemente

    enegrecida. Em alguns pontos, elas apresentavam terrveiscicatrizes, comprovando que aquele drago provavelmente jsobrevivera a muitas batalhas.- Trouxestes meus presentes, jovens crianas? perguntou odrago sem se mover, com uma voz doce e suave, quase comose fosse um amigo de longa data.

    Astreya pegou sua harpa e comeou a toc-la de maneira suave.A barda sabia que a voz de um drago pode enfeitiar mesmo osmais fortes espritos, mas sua msica poderia anular este efeito,ao menos por algum tempo. Neste momento, todospermaneceram em silncio, prontos para atacar, mas tensos,esperando alguma armadilha por parte de Charoxx. Sedivertindo com a apreenso dos heris, o grande drago virou

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    seu pescoo lentamente e pela primeira vez todos puderam versua face.

    O rosto de Charoxx possua uma imensa cicatriz prxima aoolho direto, que brilhava como um rubi. Seu outro olho eraincandescente como o magma. Suas presas, enormes edisfaradas em um leve sorriso, poderiam facilmente dilacerar amais resistente armadura dos anes.-Bela melodia, barda. Tu cantars em minha honra por muitasnoites disse o drago apenas observando os aventureiros Cheguem mais perto, crianas e deixem no cho meuspresentes.

    Aramil, mais do que os outros, fitou com ateno o olhoesquerdo de Charoxx. Aps alguns instantes, o orgulhoso magosentiu que precisava reunir toda sua fora de vontade para nofugir em completo pnico, pois compreendera o que aquele olho

    representava. Astreya mudou sutilmente o tom da melodia queentoava com sua harpa, e todos os aventureiros sentiram umpulso de coragem e sede de batalha inundarem seus coraes.- Venha pegar seus presentes! gritou Oyama correndo emdireo ao drago.- Morte!! urrou Bulma entrando em seu estado de frenesiguerreiro, correndo ferozmente na direo de Charoxx enquantoseus msculos se expandiam conferindo brbara fora e vigorquase sobrenaturais.- Nobresespritos elementais da gua, ouam meu chamado, eenvolvam todos aqui presentes em vosso manto protetor DisseAramil se concentrando para conjurar sobre seus aliados aproteo Elemental contra o sopro de fogo do drago. O magopretendia conjurar uma proteo Elemental diferente, mas comoa anterior fora dissipada por Charoxx, o elfo no tinha escolha.

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    Hargor e Erol avanaram com as lanas, enquanto Astreyapermaneceu para trs, junto Aramil, para oferecer suporte

    mgico ao grupo.

    Irmos de armas, companheiros de jornada, que por nossasespadas e lanaseste nefasto drago sinta o poder de nossa coragem e justia.Que nossas lanas rasguem e perfurem, e que diante do perigo,nossos coraes jamais recuem cantou a barda, fortalecendoainda mais o esprito de luta dos bravos guerreiros.

    Subitamente, rpido como um raio, Charoxx se levantou e abriusuas gigantescas asas. Seu corpo inteiro era coberto por terrveiscicatrizes. Ele gargalhou e depois rugiu. Tamanha era a presenae o poder do Drago abissal, que os heris sentiram seuscoraes pararem. Sentiram-se como ratos diante de um tigreferoz.

    - Agora, mortais, sabereis por que sou chamado de Destruidorde Mundos bradou Charoxx em um tom sinistro e imponente.

    Contudo, movidos por sua prpria coragem de ferro e pelacano de batalha de Astreya, todos continuaram avanandoferozmente. Como Oyama havia dito, agora era matar oumorrer.

    ..............................................

    Charoxx puxou novamente o ar e liberou seu terrvel sopro defogo sobre todos os aventureiros. Mesmo Aramil e Astreya, queestavam um pouco mais afastados, foram atingidos. A proteomgica conjurada por Aramil resistira bem a este primeiro

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    ataque, mas o mago sabia que o que restara de sua magia erasuficiente para proteger a todos apenas do calor insuportvel da

    imensa caverna. Mais um sopro, e estariam todos mortos.

    Oyama, Hargor, Erol e Bulma avanaram ainda mais, prontospara atacar. Contudo, no momento em que o sopro de fogocessou, Aramil gritou:- O olho do drago!Hargor sentira uma forte emanao de magia ao redor dodrago, mas no pudera identificar sua origem. Agora, estavaclaro. Dolorosamente claro.O olho direito de Charoxx brilhou, e uma corrente derelmpagos rompeu na direo dos aventureiros. O raio centralatingiu Bulma impiedosamente, quase derrubando a poderosabrbara, e outros cinco raios menores rumaram ferozmente emdireo aos outros heris.

    Com grande agilidade, Oyama e Erol esquivaram-se dos raios, eavanaram em direes opostas, tentando flanquear o drago.Astreya conseguiu se desviar um pouco, o suficiente parareduzir o impacto total do raio. J Hargor e Aramil foramatingidos em cheio. Apesar da dor, o clrigo ano conseguiu serecobrar rpido devido resistncia fsica de seu povo eavanou. Aramil foi arremessado cerca de dez metros para trspor causa do impacto, e por pouco no perdeu a conscincia.

    - VOU ARRANCAR SUAS ENTRANHAS POR ISSO! -gritou Bulma se levantando em um frenesi completamenteensandecido. Tamanha era sua fria, que ela se esqueceu depegar a lana matadora de drages no cho e avanou com seumachado.

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    Erol golpeou Charoxx com a lana, que emitiu um brilhodourado quando atingiu as espessas escamas do drago.

    Charoxx uivou de dor, no tanto pelo ferimento, mas sim porcausa da poderosa magia contida nas lanas. Do outro lado,Oyama golpeou com toda sua fora, mas seus punhos no foramcapazes de romper as escamas do drago abissal. Nestemomento, Hargor e Bulma se aproximaram para entrar nabatalha.

    Ajudando Aramil a se levantar, Astreya ergueu seu cajado decura e entoou um pequeno encantamento:- Que as foras divinas da vida e da luz curem nossosferimentos.O cajado branco brilhou e todos foram envolvidos por uma aurabranca. Neste instante, todos sentiram a dor diminuindo e seusferimentos sendo levemente curados

    - Isso no vai funcionar disse Aramil tenso, pegando seucajado dourado.- O que voc est falando, Aramil? perguntou Astreyaaborrecida com o pessimismo do mago.- O olho direito de Charoxx respondeu o mago ainda sentindoos efeitos do relmpago que o atingira ele est drenando nossaproteo Elemental, e ao mesmo tempo protegendo o dragocontra quaisquer magias que ns lancemos. Posso superar aresistncia natural que Charoxx tem contra magias, mas no aresistncia que o olho lhe confere. Se no o anularmos, noteremos chance alguma.

    Hargor se posicionou ao lado de Oyama, e Bulma golpeouferozmente o abdmen do drago com seu machado, fazendoum corte profundo nas resistentes escamas de Charoxx, apesar

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    do drago no esboar nenhuma feio de dor. Oyama desferiumais uma srie de socos que poderiam pulverizar rochas, mas

    que no tiveram efeito algum contra a couraa de Charoxx.- Voc est fazendo ccegas, monge maldito zombou Charoxxchicoteando Oyama com sua poderosa cauda, enquantoavanava com suas garras sobre Erol, estranhamente ignorandoBulma.Estando prximo de Oyama, o clrigo ano usou sua lana nacauda de Charoxx. O drago mais uma vez uivou de dor, masainda assim foi capaz de derrubar tanto o monge quanto o anocom a fora de seu golpe. Como navalhas, suas garras atingiramErol, que mesmo se protegendo com a lana, teve o peito quaserasgado pelas garras de Charoxx e tombou com a fora doimpacto. Bulma avanou novamente, e o drago abissal sorriu.

    Quando a brbara estava perto o bastante, Charoxx virou acabea velozmente e cravou suas presas no corpo da brbara,

    que agora urrava de fria e dor. Veterano de muitas batalhas, odrago sabia que se tentasse morder Hargor ou Erol, elesusariam as lanas para frustrar o ataque, e ainda golpeariam ointerior de sua boca com as armas de haste. Feito extremamentedifcil de se conseguir quando est se empunhando um machadoou espada. Charoxx levantou sua cabea e pressionounovamente o corpo de Bulma entre suas presas afiadas.

    - Pelo menos estamos livres de mais um sopro por enquanto disse Aramil enquanto concentrava energia em seu cajado.- Vou fingir que no ouvi isso! respondeu Astreya furiosapegando seu arco de prata.- Acerte uma flecha no olho direito disse o mago ignorando afria de sua companheira mesmo que pegue apenas de raspoj ser o suficiente.

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    Mesmo de raspo, resmungou Astreya para si mesmaenquanto retesava seu arco mgico. Erol poderia fazer um

    disparo como este, mas ela...- No hora para ter dvidas disse Astreya enquanto mirava como Oyama disse, agora matar ou morrer - Nisso, a bardadisparou seu arco, e uma flecha prateada composta de puraenergia rasgou o ar.

    E atingiu em cheio o peito de Charoxx, deixando um pequenochamuscado nas escamas do drago.- Vocs meio-humanos no conseguem fazer nada direito, no? disse o mago elfo.- Aramil... respondeu Astreya rangendo os dentes epreparando mais uma flecha.

    Com algumas costelas quebradas, Oyama e Hargor selevantaram, e novamente atacaram Charoxx, com ainda mais

    ferocidade. A lana do clrigo ano atingiu com fora o localonde Bulma havia golpeado, e quando o drago se virou pararetaliar o ataque, sentiu a lana do ferido Erol sendo cravada emsuas costas. Mais trs flechas prateadas zuniram, atingindo opeito, a garganta e uma pata do drago, sem causar qualquerdano. Oyama saltou e desferiu um poderoso chute onde Erolhavia acertado a lana pela primeira vez, e pode notar que agoraseu golpe fora sentido pelo drago.

    Mesmo com os msculos sendo dilacerados pela mandbula deCharoxx, Bulma ainda tentava lutar. Usando seu machado como brao que ainda estava livre, ela golpeou ferozmente um dosdentes do drago, causando uma pequena rachadura na afiadapresa do drago.

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    Sangrando e furioso, Charoxx usou sua cauda para esmagar Erolcontra a parede da caverna, to rpido que o exausto ranger no

    pode posicionar sua lana para interromper o ataque. Enquantorasgava a carne e esmagava os ossos de Bulma com suas presas,o drago rasgou as costas de Oyama com sua garra direita egolpeou Hargor violentamente com a esquerda, quasedecapitando o clrigo. Mais trs flechas prateadas zuniram nacaverna. A primeira atingindo a cauda de Charoxx, a segundaraspando nas escamas de seu pescoo, e a terceira, raspandolevemente no olho direito do drago.

    - Finalmente... disse Aramil apontando o cajado dourado,pulsando com uma enorme quantidade de energia arcana, nadireo de Charoxx.- Espritos do ar e da gua, unam-se perante meu pedido, econvertam-se na avassaladora fora do frio que tudo congela! recitou o mago lfico, e um imenso cone de energia

    congelante partiu de seu cajado, explodindo brutalmente nopeito de Charoxx. O enorme e orgulhoso drago recuou com afora do impacto e se contorceu de dor e dio, mas no soltou abrbara. Astreya novamente empunhou seu cajado de cura etodos os heris sentiram um pulso de energia positiva curar umpouco seus terrveis ferimentos.

    - Por que... disse Oyama se levantando com dificuldade... ele no solta a Bulma?- Ele vai solt-la s quando puder lanar outro sopro de fogo respondeu Hargor se aproximando de Oyama Vai cuspi-la emvoc ou em Erol, para evitar que se esquivem, e vai carbonizartodos ns em seguida. Precisamos acabar com isso agora.- Me cubra disse Oyama e tora para que o Erol estejaconsciente.

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    - Muito bem disse Hargor.O clrigo se concentrou e fechou os olhos por um instante

    - Thanor, conceda a beno da forja e do trovo minhalana, e que Tua fria divina nela se manifeste orou oclrigo, e sua lana foi envolvida por uma poderosa energiacomo se dentro dela estivessem presos mil relmpagos.- Por Thanor! Gritou Hargor se lanando em um ataquefurioso contra Charoxx.

    O drago abissal reconhecia o perigo da lana do ano, por issolanou sua cauda lateralmente na direo do clrigo enquantosugava o ar da caverna pelas narinas para em seguida lanarmais um feroz sopro de fogo. Charoxx, contudo, no cairia nomesmo ardil duas vezes.Quando Hargor posicionasse a lana para interceptar o golpe,Charoxx mudaria o sentido do ataque, fazendo com que a caudaesmagasse o ano. Para a surpresa de Charoxx, Aramil e

    Astreya, Hargor simplesmente jogou a lana no cho, e foiatingido violentamente pela cauda do drago. Todos ouviram osom dos ossos do clrigo se quebrando, e quando ele caiuinconsciente no cho, no era possvel determinar se ele estavavivo ou morto.

    Charoxx notou que algo estava errado, mas ante que pudesseconjecturar sobre o ocorrido, viu Oyama com os punhosfechados, dando um grande salto em direo sua boca.- Ccegas, no ? disse o monge em pleno ar, enquantodesferia um soco com toda sua fora no dente do drago queBulma atingira com o machado.

    O impacto do soco foi terrvel. Oyama sentiu os ossos de suamo se quebrando, mas sorriu satisfeito ao ver que o dente se

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    quebrou completamente com o impacto do golpe. Charoxxperdeu o ar e urrou de dor, deixando a brbara cair.

    - Pegue a Bulma, Aramil! disse Astreya correndo em direo lana de Hargor.- No me d ordens, meio-humana disse Aramil conjurandouma magia de telecinsia para descer o corpo de Bulmasuavemente at o ponto onde Astreya estaria.

    Antes que Oyama chegasse ao cho, o drago o agarrou comuma das garras e esmagou o corpo do monge com toda sua fria.Oyama sentiu todas as suas costelas se quebrarem, e quandosentiu sua coluna comear a se partir, a lana de Erol, em umarremesso perfeito, se enterrou na pata de Charoxx, obrigando odrago a soltar o corpo do monge, que perdera a conscincianaquele instante.- No me ignore, lagarto imbecil! provocou Erol, que apesarde muito ferido, sacou suas espadas. O ranger sabia que seria

    morto agora, mas precisava ganhar um pouco de tempo para queAramil e Astreya agissem. Charoxx avanou sobre Erol paratriturar o elfo com sua mordida, quando um pequeno portalapareceu atrs do ranger, transportando-o magicamente paraonde estava Aramil.

    - Espritos da luz e da vida, curem os ferimentos de minhaamiga - disse Astreya tocando o corpo de Bulma e conjurandoa magia de cura mais poderosa que conseguia.- Precisamos de voc, Bulma disse Astreya quando a brbaraabriu os olhos.Por instinto, Bulma levou a mo lana de Hargor, e mesmomuito ferida, levantou, rosnou e correu na direo de Charoxx.O drago, por sua vez, sugou o ar da caverna mais uma vez e se

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    preparou para lanar seu ltimo sopro, que transformaria emcinzas todos que ainda estavam de p.

    Erol, que observara atentamente tudo o que havia ocorrido atali, guardou suas espadas e sacou seu arco longo. Aramil seconcentrou novamente. O arco lfico de Erol se retesou, e umaflecha rasgou o ar, atingindo em cheio o olho direito deCharoxx. Aramil lanou mais uma poderosa rajada de energiacongelante, desta vez, mirando na cabea do drago, para tentaranular o sopro.

    Astreya cantou e o esprito de Bulma explodiu em fria edeterminao. No instante em que a rajada de Aramil atingira acabea de Charoxx, a brbara cravou a lana de Hargor noabdmen ferido do drago, no mesmo instante em que ele usouas garras de suas duas patas dianteiras para perfurar o corpo deBulma. A lana, carregada com o poder de Thanor, explodiu

    dentro do drago, derrubando-o, e um grande claro cegou todosna caverna.

    Quando puderam enxergar de novo, Astreya, Aramil e Erolviram a carcaa sem vida de Charoxx, em meio aos corposdestrudos de seus valorosos amigos.

    ..............................................

    O combate contra Charoxx fora vencido. Mas a um alto custo;no fim do confronto, apenas Astreya, Aramil e Erolpermaneciam de p. Com a mo sobre o enorme ferimento emseu abdmen, Erol desviou-se do corpo tombado de Charoxx ese aproximou do corpo de Hargor, que estava praticamenteesmagado pelo impacto da cauda do drago abissal.

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    - Ele... ele est vivo? perguntou Astreya aflita, sentindo seu

    corao quase parar.Erol se abaixou e colocou a mo sobre a garganta do clrigo,para verificar seus sinais vitais. Aps um momento...- Est respondeu o ranger, que perdia sangue rapidamente preciso mais do que isso para matar um ano, mas ele precisaser curado rpido.- Sim disse Astreya correndo em direo ao corpo de Hargor mas e os ...?- Cure Hargor, Astreya interrompeu Aramil andando nadireo dos corpos de Oyama e Bulma, que estavamrelativamente prximos depois o clrigo se encarregar dosdemais.O mago elfo chegou perto do corpo de Oyama, que estavatotalmente quebrado e banhado em sangue.- Ele est vivo? perguntou Astreya impaciente enquanto

    conjurava um feitio de cura em Hargor.- Barda respondeu o mago com uma expresso de desprezo norosto - Voc no espera que eu toque neste...- ARAMIL! gritou Astreya furiosa.- Humph! resmungou Aramil, abaixando-se e verificando ossinais vitais de Oyama parece que teremos que agent-lo pormais algum tempo. E antes que voc berre novamente, Bulmatambm est respirando.

    A magia de cura que fluiu pela mo de Astreya envolveu ocorpo de Hargor com uma luz dourada, e o clrigo ano abriulentamente os olhos.- Voc... no Thanor disse Hargor tentando reorganizar ospensamentos o que significa que vencemos. Como esto osoutros?

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    - Vivos respondeu Erol se sentando e sentindo que seussentidos j comeavam a deix-lo eu... apreciaria sua ajuda,

    ano.- Certamente disse Hargor ainda muito ferido, levantando-sevagarosamente.- Thanor, pai e senhor de todos os anes disse o anoerguendo seu martelo que por tua beno e poder sagrado osferimentos de meus bravos irmos de armas sejam curados!

    O martelo de Hargor brilhou intensamente, e um crculo deenergia positiva envolveu o corpo de todos os heris, curandoparcialmente seus grandes ferimentos. O clrigo repetiu oencantamento mais trs vezes, e, aps alguns minutos, todosestavam de p. Ainda feridos, mas de p.

    - Drago maldito! gritou Bulma enterrando o machadoviolentamente na boca de Charoxx, arrancando um dos dentes

    do drago Isto, pelo menos vai virar um belo colar disse abrbara contemplando a grande presa.- Essa foi dura... disse Oyama pressionando as costelas que pouco estavam quebradas Agora s encontrar o tesouro.- Seus tolos... resmungou Aramil colocando a mo no rosto caso tenham se esquecido, precisamos da chave para abrir aTorre do Desespero.- O tesouro do drago um bom lugar para comear a procurar,elfo! retrucou Oyama.- Ns no sabemos o que a chave... disse Astreya.- Eu j a encontrei respondeu Aramil sem pacincia.

    Todos ficaram calados por um instante.- Se voc j encontrou a chave, mago disse Hargor qual oproblema?

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    Aramil estendeu sua mo e conjurou uma magia de telecinsia.O olho direito de Charoxx comeou a tremer e a emitir um

    brilho avermelhado. Em seguida, saiu do corpo do drago e foiem direo mo do mago elfo.

    Aramil pegou o olho com as duas mos, pois ele era totalmenteslido, tinha cerca de trinta centmetros de dimetro e pesavaaproximadamente dez quilos.- Esta a chave? perguntou Bulma incrdula - O olho dodrago?- Isso no um olho verdadeiro, brbara. um artefatopoderoso respondeu Aramil.- Hargor tem razo, Aramil disse Erol voc pareceperturbado. Qual o problema?Aramil girou o olho e todos puderam ver duas rachaduras; umalateral e outra no centro.- Nossas flechas... disse Astreya se recordando dos pontos

    onde as flechas que ela e Erol dispararam atingiram o olhomgico do drago.- No podemos mais us-lo? perguntou Hargor.- Apesar das rachaduras serem pequenas, elas foram causadaspelas flechas de Erol e Astreya, que eram mgicas explicouAramil a energia arcana armazenada nele imensa, e estcompletamente instvel. Entre dois, ou no mximo trs dias, eleexplodir.- E a exploso continuou Aramil seria mais poderosa do quedez sopros de Charoxx.- Ento, precisamos consert-lo disse Oyama.- Os magos de Sindhar poderiam fazer isto disse Erol.- Mas precisariam de vrios dias de estudo respondeu Aramil dias que no temos.

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    - H uma alternativa... disse Astreya ouvi histrias sobre umgnomo que especialista em itens mgicos. Na construo e

    reparo deles.- Um gnomo? zombou Aramil sarcasticamente UmGNOMO? Vamos deixar que Oyama conserte a chave de umavez.- Vou consertar outra coisa se voc no calar a boca... retrucouo monge guerreiro.- Voc acha que ele realmente pode fazer isso, Astreya? perguntou Hargor.- No sei respondeu a barda mas a melhor chance quetemos, e com as magias de teletransporte de Aramil, noperderemos muito tempo.- Gnomos so notoriamente conhecidos como grandespregadores de peas, mas tm certa habilidade para lidar comitens mgicos. disse Erol - arriscado, mas parece a melhorchance que temos.

    - Muito bem concordou Aramil com hesitao precisopreparar minhas magias, mas amanh iremos at este gnomo.Tempos desesperados pedem medidas desesperadas.

    - Enquanto o grande mago descansa disse Oyama com umsorriso vamos procurar o tesouro!

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    Dirio de Astreya III

    Mal posso acreditar no que aconteceu. No entanto, o alvio quese apodera de mim agora no consegue ser nublado nem mesmopelo iminente perigo que temos ao levar a chave da Torre doDesespero partida em nossas mos. Todos ns estamos vivos. mais do que eu poderia esperar ou desejar. No que eu notenha desejado isso.

    Antes de irmos em busca do gnomo que poder consertar achave, no entanto, constatamos que precisvamos de um tempo,por menor que fosse, para descansar; Oyama e Hargordecidiram avaliar o tesouro de Charoxx, mas eu resolvi deitar-me por alguns minutos. Embora quase no tenha sido ferida, oque foi um golpe de sorte, minha mente e meu esprito estavamexaustos pelo medo e pela extrema ansiedade que o combatetrouxera a todos ns. Apenas Oyama e Bulma continuaram a

    agir com suas personalidades usuais at mesmo Aramildemonstra sinais de cansao e preocupao. Coloquei minhacabea em uma pequena rocha onde tentei simular umtravesseiro com minha bolsa, e assim que fechei os olhos, nofoi a bem-vinda escurido do sono que eu vislumbrei.Compreendi imediatamente que estava tendo mais uma viso,provavelmente provocada pela tenso do combate.

    Havia uma torre negra em uma imagem distorcida que meprovocou mal-estar. Logo depois, eu vi a mim e meus amigos,mas percebi que estvamos separados, perdidos, andandosozinhos em uma escurido sem fim. Gritos de agonia seergueram, e meu ltimo vislumbre daquele lugar foi,estranhamente, o de um tigre. A viso mudou e eu percebi duaspessoas conversando. A imagem se aproximou e percebi que o

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    tom da conversa era de uma discusso. Eram dois homens. Doiselfos. Um deles se levantou e eu soube imediatamente quem ele

    era, mesmo sem poder ver seu rosto. Quando a viso estavaprestes a se desvanecer, uma sombra terrvel apareceu paramim, algo que ria em tom de deboche. Eu no sabia o que ouquem aquilo era, mas senti um frio terrvel percorrer minhaespinha. Abri os olhos imediatamente, suando um pouco, ediscretamente passei a escrever nesta dirio, com o fim deregistrar o que acabo de ver. No falarei com meus amigosagora. Quero dar um tempo a eles. Quero dar um tempo a todosns. H muito dessa viso que eu no entendo, e no queropreocup-los inutilmente. Devemos fazer o que podemos, agora. bvio que dificuldades nos encontraro na Torre doDesespero, se conseguirmos chegar at l. Disso todos jsabem.

    O que eu sei agora tambm, alm disso, que a conversa entre

    o rei Coran e o rei Thingol provavelmente no vai bem. Minhaviso me revelou, intuitivamente, que algo aconteceu entre osdois, mas eu no sei o que . Rezo para que minha viso estejaerrada. Mas ela raramente est. Rezo para que Coran estejabem.

    Que Lanto e Elvannus estejam conosco, e com os reis tambm.

    Astreya Adel Anathar

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    Captulo III: O gnomo, a bruxa e o

    demnio

    ogo aps todos serem devidamente curados, foi decididoque o grupo permaneceria em uma clareira prxima caverna de Charoxx durante aquela noite para repousar, e

    que partiriam ao amanhecer procura do mago gnomo indicadopor Astreya, na esperana que ele pudesse consertar a chave queseria usada para abrir a Torre do Desespero. Era arriscado armarum acampamento fora da caverna, mas era preciso, pois o calore a fumaa venenosa do covil de Charoxx os mataria sepermanecessem l por muito tempo. Por precauo, o grupodecidiu se revezar em rondas de duas horas para garantir que

    no seriam surpreendidos por eventuais inimigos enquantodormiam.

    A noite passou e no houve problema algum. Quando todosdespertaram, ao raiar do sol, se prepararam para fazer um rpidodesjejum, enquanto Hargor fazia suas oraes e Aramilpreparava suas magias. Subitamente, Astreya gritou:- Pessoal, onde est Oyama?

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    - Ou o idiota foi atrs do tesouro do drago ou foi devorado porum gigante ou algo parecido respondeu Aramil com

    desinteresse, sem tirar os olhos de seu grimrio No queimporte.- Ns temos que procur-lo disse Astreya irritada com o tomde voz do mago.- Por qu? perguntou Aramil enquanto memorizava suasmagias.- Calma... respondeu Erol Ele realmente foi atrs do tesouro.Eu disse que no havia nada l, pois eu mesmo procurei, mas eleno acreditou e quis checar com os prprios olhos.

    - Droga! ecoou a voz de Oyama de dentro do covil de Charoxx realmente no h tesouro nenhum!- Eu avisei respondeu Erol pegando um pouco de frutas secase po que o grupo trouxera de Srhion e Sindhar.- Charoxx se estabeleceu aqui h pouco tempo disse Hargor

    bebericando seu vinho enquanto Oyama voltava Talvez eleno tenha tido tempo de trazer seu tesouro para c.- Faz sentido respondeu Astreya afinal, estas montanhasfazem divisa com o reino de Darakar, e seria tolice trazer otesouro para c e correr o risco dos anes o tomarem.- Ento onde est o tesouro dele? perguntou Oyama tomadopor uma grande frustrao.- Na Torre do Desespero, provavelmente respondeu Erol dequalquer forma, precisamos ir.Aramil balanou a cabea em desaprovao, se virou paraAstreya e disse:- Procurar este gnomo uma perda de tempo, mas, como notemos outra escolha, me diga quem e onde podemos encontr-lo.

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    - O nome dele respondeu Astreya Nubling Erkenwald ese as histrias estiverem corretas, ele tem um laboratrio na

    floresta de Kharnat, prxima s Montanhas de Ferro, a leste de...- Eu sei onde fica interrompeu Aramil.

    Os heris terminaram a refeio, recolheram o acampamento ese aproximaram do mago. Aramil comeou a entoar um pequenoritual, e a fazer alguns gestos fluidos e precisos com as mos.Um claro iluminou toda a clareira, e no instante seguinte, todoshaviam sumido.

    Quando se deram conta do que havia ocorrido, o grupo se viuem uma grande e densa floresta, repleta de rvores imponentesde aspecto muito antigo. Subitamente, algumas rvorescomearam a mover sutilmente seus poderosos galhos e Bulmateve a impresso que uma delas andara em sua direo.

    - Entes disse Erol surpreso esta floresta guardada pelospastores das rvores.- Eles so hostis? perguntou Hargor.- Apenas se nos virem como ameaa para a floresta respondeuo ranger.- Mande elas se afastarem de mim, elfo grunhiu Bulma,empunhando seu machado ou vou transform-los em lenha.- Guarde o machado, meio-orc tola! disse Aramil em tomsevero por sua causa que eles esto tensos. Eles noconseguem diferenciar voc de um orc, no que esta seja umatarefa fcil. De qualquer forma, guarde seu machado agora!Bulma lanou um olhar feroz para o mago, e lanou um cuspeque atingiu a barra do manto de Aramil. Mas mesmo assim fez oque ele disse e guardou sua arma. Em seguida, Astreya comeoua entoar uma suave melodia com sua harpa.

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    Espritos da terra, do vento e da gua,

    Ns saudamos estes nobres guardies, que h erasDefendem com amor e firmeza estas terras.Oh, poderosos pastores, permitam nossa travessia,Pois mal algum vir destes que seguem o caminho da luz e daharmonia.

    - Uma cano lfica... observou Erol.- Que funcionou muito bem concluiu Oyama olhem!Lentamente, as majestosas rvores comearam a se mover e umatnue trilha surgiu em meio floresta. Ela era fina e sinuosa, eparecia ter mais de um quilometro de comprimento. Semopes, os heris seguiram em frente, com Erol tomando adianteira.

    O grupo caminhou seguindo a trilha em silncio por cerca de

    meia hora, tendo a forte sensao de estarem sendo observados.O vento soprava por entre as grossas copas das rvores, como setambm estivesse vivo e monitorando cada passo que os herisdavam.- At quando vamos precisar andar? perguntou Bulmaimpaciente.- At que o gnomo de Astreya salte das rvores para consertar oolho de Charoxx ou para nos contar piadas idiotas resmungouAramil.- Cale a boca, Aramil respondeu Astreya zangada, realmentetemendo que tudo aquilo se mostrasse uma grande perda detempo.

    Quando chegaram prximos a um grande rochedo, viram umpequeno gnomo de cabelos escuros, trajando roupas negras e

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    azuis. Ele surgira do nada, possua um cavanhaque bem aparadoe carregava uma grande bolsa, repleta de poes e pergaminhos.

    Ao notar a surpresa nos rostos dos heris, ele se curvoueducadamente e disse:

    - Saudaes, nobres aventureiros. Bem vindos Floresta deKharnat. Eu sou Nubling Erkenwald. Em que posso servi-los?

    O gnomo fez mais uma mesura aos aventureiros e disse:- Espero que os guardies da floresta de Kharnat no tenhamlhes trazido problema. Com toda esta maldade que parece tertomado conta de nosso mundo, eles esto mais alertas, e at umpouco paranicos.- Foi por isso que viemos disse Astreya baixando a cabea emsinal de respeito Meu nome Astreya, estes so meus amigosErol, Aramil, Hargor, Bulma e Oyama. Viemos sua procura,senhor Erkenwald.

    - Entendo... respondeu o gnomo coando seu cavanhaqueenquanto pensava por alguns instantes bem, vamos entrar etomar um ch enquanto vocs me contam toda a histria.

    Neste momento, Nubling se virou para o grande rochedo e fezgestos rpidos e precisos com sua pequena mo. Um portalesverdeado surgiu instantaneamente.- Vamos, entrem disse o gnomo sorrindo enquanto pulava noportal no tenham medo!

    Os aventureiros se entreolharam por alguns instantes e Astreyadisse:- Ele parece uma boa pessoa.

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    - Para voc, qualquer um que no tenha um par de chifres elngua bifurcada parece uma boa pessoa, Astreya resmungou

    Aramil.- J viemos at aqui disse Hargor vamos entrar.- Espero que ele tenha mais do que ch para servir disseBulma estou com fome.- Haha - gargalhou Oyama um pernil e um caneco de cervejarealmente cairiam bem agora...

    Nisso os heris passaram pelo portal. Ao chegarem do outrolado, se surpreenderam, ao ver um imenso salo dentro damontanha, com diversas pedras exticas que emitiam luzes devrias cores, estantes com centenas de livros e pergaminhos, umbem equipado laboratrio de alquimia e muitos vidros contendoos mais variados tipos de poes. Satisfeito ao ver a expressode espanto no rosto de todos os heris, exceto Aramil, que semostrava totalmente indiferente, Nubling conduziu todos at

    uma sala separada, que era iluminada por velas e pedrasbrilhantes, onde uma grande e bela mesa estava preparada, comoito pratos e xcaras, vrios pes, uma cesta de biscoitos, muitoqueijo, duas grandes jarras brancas e trs bules de ch.- Voc sabia que viramos ou vive com mais algum? perguntou Erol desconfiado, ao pensar que seria impossvel terarrumado aquela mesa para tantas pessoas em to pouco tempo.- Na verdade, ranger disse Nubling se sentando na ponta damesa tomei conhecimento da presena de vocs quandoAstreya comeou a cantar. Alguns animais amigos meusouviram a bela cano e me avisaram que amigos dos elfosestavam na floresta. Mas, voc est certo. Comigo, temos setepessoas aqui e oito cadeiras.- ento voc vive com mais algum? perguntou Astreya.

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    - Minha sobrinha respondeu Nubling se servindo de ch elalogo se juntar a ns. Agora se sentem, comam e me contem

    como eu posso ajud-los.

    Durante cerca de uma hora, Astreya, Oyama e Hargor cotaramtoda a histria Nubling. Aramil permaneceu calado e taciturnoo tempo todo, enquanto Oyama e Bulma devoravam os pesfelizes ao saber que as jarras brancas continham vinho. Vinhoano.Todos, exceto Aramil comeram e beberam.- O vinho timo disse Hargor ao beber uma caneca inteira deuma vez.- Sim, vem das Montanhas de Ferro respondeu Nublingorgulhoso, pois vira que todos estavam apreciando muito suarefeio. Todos, exceto...- Lorde Aramil disse em tom de brincadeira Nubling - coma,garanto que no h nada envenenado hoje.

    - Obrigado, mais no estou com fome respondeu o elfo.- Os.. os biscoitos esto uma delcia, senhor Nubling disseAstreya sinceramente, mas envergonhada pelo comportamentode Aramil.- Fui eu mesmo quem fiz! exclamou Nubling Ento, vocsquerem que eu conserte o olho do drago, no ? Deixem-mev-lo.Aramil tirou de sua bolsa mgica o olho de Charoxx, que eramaior do que uma bola de cristal. Nubling pegou o orbe nasmos e observou-o atentamente. Por fim disse:- Vocs fizeram bem em trazer isto a mim... ele est instvel, eno mximo amanh vai explodir se no for consertado. O quetalvez vocs no saibam, que este olho, alm de uma chavemgica, tambm a filactria que contm a alma de um dragolich.

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    Todos ficaram boquiabertos com a revelao. Nem mesmo

    Aramil conseguiu esconder seu espanto.- O guardio da Torre do Desespero um drago lich que eraligado Charoxx disse Astreya se a filactria pertencer aele...- Podemos usar o orbe para abrir a Torre e depois destru-lo completou Hargor.- Sim! exclamou Nubling parece que finalmente vocstiveram um pouco de sorte.

    - No ecoou uma voz doce, porm firme vinda de das sombrasde uma parede lateral no tiveram.Os aventureiros e Nubling se viraram para a sombra e viramuma bela jovem meio elfa, trajando um vestido vermelho e umlongo manto negro. Sua pele era clara, seus cabelos ruivos e osolhos castanhos. Ela parecia sria, como se estivesse

    controlando um grande pavor.

    - Esta Selwyna, minha sobrinha adotiva disse Nublingtentando amenizar um pouco o tenso clima que se instalara.- Selwyna disse Astreya como se estivesse se lembrando dealgo A profetisa, a Bruxa da Rosa Negra?- A prpria respondeu Nubling olhando fixamente para asobrinha, comeando a ficar preocupado o que houve,querida?- Sabendo que o guardio original no teria condies deoferecer resistncia disse Selwyna enquanto se aproximava, omestre da Torre do Desespero trouxe di