As Convicções Evangélicas de Benjamin Keach, Por Tom Hicks
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AS CONVICES EVANGLICAS
DE BENJAMIN KEACH
TOM HICKS
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Issuu.com/oEstandarteDeCristo
Traduzido do original em Ingls
The Evangelical Convictions of Benjamin Keach
By Tom Hicks
Via: Founders.org
Traduo e Capa por William Teixeira
Reviso por Camila Almeida
1 Edio: Maro de 2015
Salvo indicao em contrrio, as citaes bblicas usadas nesta traduo so da verso Almeida
Corrigida Fiel | ACF Copyright 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Portugus pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permisso
do Ministrio Founders Ministries (Founders.org), sob a licena Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Voc est autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que tambm no altere o seu contedo
nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
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As Convices Evanglicas de Benjamin Keach Por Tom Hicks
de 2009 pp. 9-16]
Benjamin Keach foi um evanglico. Como um pastor Batista, seu objetivo era crer, ensinar
e defender tudo o que est contido nas Escrituras, incluindo a eclesiologia Batista, mas ele
era antes de tudo um evanglico que beneficiou e sustentou certas doutrinas fundamentais
em comum com outros evanglicos. Essas convices essenciais relacionadas com a auto-
ridade das Escrituras, a estrutura evanglica da Escritura e da doutrina da justificao pela
f.
Breve Biografia
Benjamin Keach nasceu no dia 29 de fevereiro de 1640 em Stoke Hammond, Bucking-
hamshire, Inglaterra, e morreu em 18 de julho de 1704. Ele viveu durante um dos perodos
mais tumultuados da histria Inglesa. Keach foi convertido quando ele tinha 15 anos de ida-
de, sob a pregao de Matthew Mead, um calvinista anglicano, evanglico e fervoroso. Sen-
do convicto a respeito do batismo dos crentes e da liberdade de conscincia, Keach buscou
o batismo por imerso sob o ministrio de John Russell, que era um pastor Batista Geral.
At o momento Keach, estava com 18 anos de idade, e ele havia se mostrado um talentoso
professor e pregador; assim, a sua igreja o separou para o ministrio.
Quando Keach tinha vinte anos, ele se casou com uma jovem mulher chamada Jane Grove.
Eles tiveram cinco filhos, mas Jane morreu em 1670, quando ela tinha apenas 31 anos de
idade. Keach permaneceu sozinho durante dois anos aps a morte de Jane, e, em seguida,
ele se casou com Susanna Partridge, que havia ficado viva. Keach e Susanna tiveram
cinco filhas, e eles permaneceram casados por 32 anos at a morte de Keach, em 1704.
O ministrio de Keach foi repleto de dificuldades e perseguies. Ele foi preso em 1664 por
pregar a um grupo de dissidentes. Ele foi preso novamente, naquele mesmo ano, quando
as autoridades descobriram que ele havia escrito um livro para crianas intitulado A New
and Easie Primer [Um Nova e Fcil Cartilha], porque alegaram que ele ensinou vrias
heresias, incluindo o Batismo de crentes. O jri considerou Keach culpado porque o juiz o
intimou a proferir uma sentena condenatria. O juiz condenou Keach priso por duas se-
manas, perodo em que ele foi obrigado a comparecer duas vezes ao pelourinho onde seus
livros foram queimados bem diante de seu rosto.
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Quando Keach, estava com 28 anos de idade, a perseguio se agravou tanto que ele e
sua famlia se mudaram para Londres, onde foi ordenado pastor de uma igreja em South-
wark. Em seus primeiros anos como um crente, Keach sustentava uma doutrina Arminiana
de salvao. Mas, logo depois de se tornar o pastor da igreja Southwark, ele adotou a teolo-
gia Calvinista, que ele pregou e defendeu vigorosamente pelo restante de sua vida. Quando
Keach, a princpio, tornou-se o pastor da igreja em Southwark, a pequena congregao se
reunia em uma pequena casa em Tooley Street, em Londres. No entanto, a medida que a
igreja cresceu, logo teve que se mudar para Horse-lie-down onde ela eventualmente cres-
ceu chegando a contar com quase mil membros1. A igreja de Keach viria a ser pastoreada
por outras figuras notveis como John Gill e Charles Spurgeon.
Keach foi indiscutivelmente o mais influente Batista da segunda gerao. Ele escreveu mais
de quarenta livros em defesa do Evangelho e todo o seu sistema de teologia. O fato de que
ele assinou a Segunda Confisso de F Batista de Londres ajudou a dar a esta confisso
uma ampla aceitao entre os Batistas Particulares. Keach estava comprometido com toda
a verdade bblica, mas suas crenas centrais foram aquelas compartilhadas no somente
pelos companheiros Batistas, mas por outros evanglicos tambm2.
A Bblia
Benjamin Keach acreditava que a Bblia a perfeita revelao de Deus aos homens. Em
1682, Keach escreveu um livro sobre as metforas das Escrituras, intitulada Tropologia: A
Key to Open Scripture Metaphors [Tropologia: Uma Chave Para Interpretar As Metforas
Da Escritura]. Em uma seo anterior ao corpo principal do trabalho, Keach incluiu uma
3. Nessa seo, Keach reuniu numero-
origem Divina, inspirada pelo Esprito de Deus, e, portanto, possui infalvel Verdade e 4.
Keach disse que a sua tese era evidente por numerosas de razes. A principal dessas ra-
zes que a prpria Bblia afirma ser a Palavra de Deus. Autores humanos da Bblia acredi-
tavam que as palavras que escreveram eram as prprias palavras de Deus. Keach escre-
inspirou a escrev-lo, e que no era produto propriamente seu, 5.
O carter dos autores humanos tambm d credibilidade s suas reivindicaes. Os auto-
res bblicos no se apresentam como homens perfeitos, mas humildemente revelaram suas
prprias falhas. Uma vez que eles foram to honestos sobre si mesmos em seus escritos,
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suas motivaes no devem tidas com desconfiana. Alm disso, a Bblia um Livro que
foi escrito por vrios autores humanos durante um perodo de milhares de anos. Com tantos
autores diferentes em pocas diferentes, seria de esperar uma grande variedade de opi-
nies conflitantes; no entanto, o ensino da Bblia harmonioso. A Bblia uma nica histria
de capa a capa com um nico tema unificado. A unidade da Escritura um testemunho de
sua origem Divina.
Keach tambm elaborou um argumento prtico para a autoridade da Bblia. Nenhum outro
livro exerce tal poder sobre os coraes dos homens. Somente a Bblia tem o poder de con-
verter os pecadores e edificar os santos, de expor o pecado pela santa Lei de Deus e de
levar os homens salvao pela grande graa de Deus. Esse poder a prova da origem
Divina da Bblia. As doutrinas reveladas nas Escrituras so to contrrias aos impulsos na-
turais dos homens que seria impossvel para os homens t-las escrito. Doutrinas como a
soberania Divina, o pecado humano, a cruz, a graa, o arrependimento e a f so repug-
nantes para os seres humanos depravados. Assim, a Bblia deve ser de origem Divina.
Quanto relao entre os originais infalveis e as tradues da Bblia, Keach escreveu:
A Palavra de Deus a doutrina e revelao da vontade de Deus, o sentido e signifi-
cado, e no meramente ou estritamente as palavras, letras e slabas. Isso est contido
exatamente e mais puramente nos originais, e em todas as tradues, tanto quanto
elas concordam com estes. Agora, porm, algumas tradues podem exceder as ou-
tras em propriedade, e apresentao significativa dos originais; mas elas geralmente,
(mesmo a mais imperfeita que conhecemos,) expressam e sustentam muito da mente,
vontade e conselho de Deus, a ponto de serem suficientes, com a bno de Deus
sobre a conscincia do leitor das mesmas, para dar a conhecer ao homem os mistrios
da salvao, para operar nele uma verdadeira f, e lev-lo a viver piedosa, justa, e so-
briamente neste mundo, e para sua salvao no outro6.
as nos originais. Deus inspirou cada detalhe dos manuscri-
tos. Mas, em Sua poderosa providncia, Deus tambm garantiu que qualquer corrupo de
transmisso ou traduo no alterasse de forma a mudar a mensagem da Bblia de tal for-
ma que seu significado fosse distorcido.
Apesar de todos os seus argumentos em favor da veracidade das Escrituras, Keach acredi-
tava que s o Esprito Santo pode quebrantar o corao de um homem para torna-lo capaz
e disposto a crer que a Bblia a Palavra de Deus. No h nenhum argumento lgico que
convencer um homem de veracidade da Bblia, a menos que o Esprito lhe traga ao arre-
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i mesma que ela a
Palavra de Deus, o carter celeste de sua doutrina, a unidade de suas partes, o seu poder
para converter os pecadores e edificar os santos; contudo, somente o Esprito de Deus,
testemunhando por e com as Escrituras em nossos coraes, capaz totalmente de nos
As confisses de f que Keach abraou tambm ensinam a doutrina da autoridade bblica
e origem Divina das Escrituras. Keach confessava a Segunda Confisso de F Batista de
Londres, q -
critura a nica, suficiente, correta e infalvel regra de todo conhecimento, f e obedincia
lavra
res das por inspira-
-
- rituras do Antigo e do Novo
Testamento so a Palavra de Deus, e so a nica regra de f e prtica; todas as coisas que
esto nelas contidas so necessrias para que possamos saber a respeito de Deus, e
nosso dever para com Ele, e tambm para com todos os h 7.
O compromisso da Keach com a autoridade da Bblia era um compromisso que ele tinha
em comum com outros evanglicos. Isto o levou para longe dos grupos que negavam a au-
toridade bblica e formou a base de unidade com outros evanglicos.
Teologia Do Pacto
semelhana de outros evanglicos, Keach abraava a teologia do pacto, que ele acredita-
va ser o prprio ponto de partida para a hermenutica da Bblia e, portanto, a lente atravs
da qual as Escrituras devem ser lidas. Para Keach, a teologia do pacto a estrutura do pr-
-
tral no pensamento de Keach, tanto assim que no possvel apreciar tanto o Calvinismo
de Keach ou o prprio homem sem uma apreciao correta de 8.
Em 1693, Keach pregou dois sermes que foram posteriormente editados e impressos em
um livreto de quarenta e quatro pginas intitulado The Everlasting Covenant [O Pacto
Eterno]. Estes dois sermes delineiam a teologia pactual de Keach.
O corao da teologia pactual de Keach tem a ver com o contraste entre o Pacto de Obras
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(Lei) e do Pacto da Graa (o Evangelho). Keach acreditava que Deus fez um Pacto de O-
bras com Ado no Jardim do den, e que Deus fez um Pacto de Graa entre o Pai, o Filho
e o Esprito Santo na eternidade9. Onde Ado no conseguiu guardar a lei de Deus, Cristo
conseguiu. Romanos 5 explica o contraste entre essas duas cabeas pactuais (Romanos
5:12-21). Assim como h um pacto com Ado e todos os que esto nele, assim tambm h
um pacto com Cristo e com todos os que esto nEle.
Keach ensinou que a Bblia revela duas administraes do Pacto de Obras. A primeira admi-
nistrao apareceu no Jardim antes da queda de Ado. Esse pacto feito no Jardim prome-
teu a vida eterna a Ado com a condio da sua perfeita obedincia lei de Deus e o amea-
ou de morte eterna pelo pecado. Em adio, primeira edio do Pacto de Obras, Keach
Israel, que embora fosse
um Pacto de Obras, ou seja, faa isso e viva, contudo no foi dada pelo Senhor para o mes-
mo fim e desgnio... No foi dado para justific- -
ach argumentou que a aliana mosaica dada nao israelita serve para revelar a perfeita
santidade de Deus. Ela tambm serve para provar que os pecadores, que esto sem tal
santidade perfeita, nunca podem ser justificados aos olhos de Deus. Por isso, uma das
funes da aliana mosaica conduzir os homens para fora de si mesmos, para longe de
sua justia prpria, conduzi-los justia de Cristo para sua justificao (Romanos 3:19-20;
Glatas 3:21-22). A teologia pactual de Keach foi significativamente influenciado por John
Owen, que no era um Batista, mas um Congregacional10.
Keach ensinou que o Pacto da Graa foi manifestado ao longo da histria bblica. Gnesis
3:15, o protoevangelium [Proto-Evangelho], revela a primeira promessa evanglica a Ado.
Cri
-
di
descendncia prometida (Glatas 3:16), e esta promessa garante bnos para os homens
de todas as naes que esto nEle (Glatas 3:28-29). Da mesma forma, Keach argumen-
,
28, 29). A aliana com Davi e sua descendncia apontava para Cristo e era um tipo de ali-
ana com Cristo e os que esto nEle. Assim, todas as alianas do Antigo Testamento so
promessas que fluem a partir de um nico Pacto da Graa de Cristo e os aqueles que esto
nEle11.
Keach argumentou que o Pacto da Graa um pacto de graa para os eleitos, mas para
Cristo, um pacto de obras e mrito. Cristo teve que guardar a Lei de Deus, a fim de mere-
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cer a bno que Ado perdeu. No Pacto da Graa, os eleitos so beneficiados pelos mri-
tos de Cristo quando o Esprito aplica a obra de Cristo neles.
Ele, ento, discursou sobre as vrias maneiras em que o eterno Pacto da Graa uma ali-
ana bem ordenada (2 Samuel 22:5)12. bem ordenada em relao aos atributos de Deus.
Ela evidencia muitos dos atributos de Deus, incluindo a soberania de Deus, mostrando que
Deus tem o direito de escolher aqueles a quem Ele quis conceder Seus benefcios salv-
ficos. O Pacto tambm exibe a sabedoria infinita de Deus na elaborao de um tal pacto,
Seu amor por Seu povo, Sua justia na defesa de Sua santa Lei, Seu poder em chamar efi-
cazmente os eleitos, e Sua fidelidade em preserv-los at o fim13.
Keach disse que o Pacto da Graa bem ordenado na medida em que este magnifica a
glria de toda a Trindade. A glria do Pai magnificada porque Ele a causa eficiente da
graa redentora. O Pai envia o Filho, e tudo o que o Filho faz no Pacto em ltima anlise,
resulta na glria de Deus Pai. O Pacto da Graa tambm magnifica a glria de Jesus Cristo
como o Cabea da aliana. A glria de Cristo se manifesta em Sua vontade amorosa de
sofrer e interceder pelos inimigos de Deus e de ser seu Sumo Sacerdote para sempre, ao
adquirir sua justificao e garantir a santificao para os eleitos. O Pacto tambm magnifica
a glria do Esprito Santo, e demonstra a Sua Divindade e personalidade distinta. Ele tem
Seus prprios termos a cumprir, convencendo do pecado, vivificando os eleitos com base
na obra de Cristo, vestindo-os com a justia de Cristo pela f, santificando-os, e guardando
em segurana at a sua glorificao. Assim, Keach disse que o Pacto da Graa bem
ordenada para glorificar a toda a Trindade14.
Alm disso, o Pacto da Graa bem ordenado porque honra a santa e justa Lei de Deus.
Keach insistiu que a Escritura mostra Deus defendendo a honrando a Lei por meio do Pacto
da Graa. Ele ensinou que Deus no pode de forma justa descartar Sua lei, nem Deus pode
com justia aceitar a obedincia imperfeita como qualquer parte da justificao, porque a
justificao requer perfeita obedincia Lei de Deus.
Keach, ento, mostrou que o Pacto da Graa bem ordenado para o bem dos eleitos. o
fundamento e causa de sua reconciliao, vivificao, justificao, adoo, santificao e
salvao do inferno. um pacto seguro, certo, firme em todos os aspectos. Cristo cumpre
todos os seus termos. Este Pacto foi formado no decreto eterno e imutvel de Deus e por
isso firme. um juramento e promessa para os eleitos. Foi confirmado pelo sangue de
Cristo e executado pelo Esprito Santo. Este Pacto foi testemunhado por grandes milagres
e atestado pelos Apstolos. Portanto, os eleitos podem confiar que este um Pacto firme
para o seu bem15.
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Finalmente, Keach dedicou-se a fazer a aplicao de seus dois sermes. Sua aplicao
-
trou que a morte de Cristo aconteceu para redimir os homens de seus pecados, o que mos-
tra a seriedade do pecado. Longe de promover a libertinagem, o Pacto da Graa, correta-
mente entendido, leva os homens a compreender o grande mal do pecado e faz com que
eles o odeiem e se desviem dele. Keach tambm reprovou aqueles que misturaram a sua
prpria santidade com a justia de Cristo, uma vez que nada menos do que perfeita justia
de Cristo pode merecer qualquer justificao para os pecadores. Keach admoestou a todos
os que tentam reformar a sua vida por meio de esforos morais e legais, uma vez que tal
esforo legalista nunca pode trazer a salvao. Somente aqueles que olham para e descan-
sam em Cristo e na Sua justia podem ter paz com Deus e alvio apropriado para suas
conscincias pesadas. Keach exortou os mpios a tremerem luz de seus pecados e da
ofensa infinita eles so para Deus. Ele exortou pecadores quebrantados a olharem para
Cristo e buscarem conforto nEle, e os exortou-os a abraarem a livre graa de Deus no
Evangelho, e a encontrarem consolo em Jesus Cristo16.
Para Keach, o Pacto da Graa no uma mera elevao de mente ou especulao. a
prpria medula do Evangelho, com rico e grande alcance, com implicaes prticas para
todos os homens em todos os lugares, mas especialmente para aqueles que o Pai escolheu
para salvao. tambm uma das convices evanglicas que ele compartilhou com ou-
tros companheiros evanglicos que no eram Batistas.
Justificao Pela F
A doutrina de Keach sobre a justificao foi outra doutrina central que ele compartilhava
com outros evanglicos ortodoxos. Havia dois entendimentos heterodoxos extremos quanto
justificao: (1) a justificao eterna antes da f e (2) a justificao pelas obras de f no
ltimo dia. Em resposta a esses dois erros, Keach escreveu A Medium Betwixt Two
Extremes [Um Meio Entre Dois Extremos], no qual argumentava que a justificao pela
f, embora o livro responda principalmente justificao eterna. Deus declara pecadores
crentes justos com base na justia de Cristo depois que esta recebida pela f. Keach
insistiu que enquanto todos que esto em Ado so realmente condenados, todos que es-
to em Cristo so realmente justificados. O texto do seu sermo foi Romanos 8:1, que diz:
-
meou o sermo lidando com o contexto da passagem no livro de Romanos, mostrando
que isto se segue aps Paulo declarar que todos esto debaixo do pecado e da condenao
(Romanos 1-3) e que a justificao vem pela graa mediante a f (3-5), ainda que uma
guerra seja travada no corao de cada crente entre a lei do pecado e a lei de Deus (6-7).
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Todos aqueles que esto em
Cristo Jesus, ou tem obtido unio real com Ele, so pessoas justificadas, e para sempre
libertas da condenao Toda a humanidade, os prprios eleitos, bem
como os outros, esto sob a condenao, antes da sua unio real com Jesus Cristo 17.
Keach ento prosseguiu para mostrar como absurdo dizer que os eleitos so, de fato,
unidos a Cristo e justificados desde a eternidade. Se a justificao eterna verdade, ento
nenhum dos eleitos jamais esteve condenado. Isso porque no esquema deles, Ado, que
estava entre os eleitos, foi eternamente justificado. Se isso for verdade, ento Ado no
poderia ter sido condenado quando ele caiu no Jardim18. Em seguida, segue-se necessaria-
mente que nenhum dos que estavam em Ado poderia ter sido condenado, e no houve
Queda ou necessidade da redeno de Cristo, o que absurdo. Esta justificao que pre-
cede a f no somente contrria razo, mas tambm contrria s Escrituras. Romanos
10:4 ensina que Cristo o fim da Lei apenas para aqueles que creem, e no para qualquer
outra pessoa. Glatas 3:13 e 4:4-5 diz que Cristo veio para resgatar os que estavam de-
baixo a Lei e, portanto, sob a condenao. Esses textos no dizem que Cristo veio para
resgatar aqueles que foram justificados, mas ainda no sabiam disso. Tambm ilgico
dizer que Cristo redime e justifica aqueles que esto debaixo da Lei, se eles nunca estive-
ram verdadeiramente debaixo da condenao da Lei.
Keach passou a explicar em que sentido Cristo historicamente adquiriu a reconciliao e a
justificao para os eleitos e em que sentido os eleitos no so realmente justificados e re-
conciliados at que eles creiam19. Ele argumentou que a obra histrica de Cristo realmente
pagou o preo para libertar os eleitos, mas que os eleitos no so realmente libertos, antes
esto condenados, at que o Esprito Santo aplique a Sua obra no tempo devido. Keach
-
tria da nossa redeno e justificao, uma coisa, e a nossa recepo desta expiao ou
a aplicao de Seu sangue para a nossa libertao pessoal e real do pecado, da culpa e 20. Assim, a obra de Cristo comprou o manto de justia, mas
o Esprito Santo graciosamente coloca esse manto sobre os ombros dos eleitos em Seu
tempo. Keach explicou que a dificuldade que temos em compreender esta distino vem
do fato de que Deus um Ser eterno e atemporal que se apropria dos benefcios da obra
de Cristo em vrios pontos no tempo. No entanto, antes dos eleitos crerem no tempo, eles
esto condenados, e depois que eles creem, eles so justificados. A justificao muda a 21.
Keach explicou ainda que, mesmo que esta controvrsia refira-se obra de Cristo e Sua
liderana federal, a mesma perplexidade em relao a realizao e aplicao aplica-se
representao federal de Ado. Quando Ado pecou no Jardim, sua posteridade foi conde-
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nada nele. Naquele momento da histria, o pecado de Ado e a condenao demrita para
-
sent
at que eles realmente existam e participem de sua -
deiro para aqueles que esto em Cristo. A obra de Cristo mereceu justificao para aqueles
No entanto, nenhum daqueles que esto em -22.
Keach argumentou que, quando os homens se tornam participantes da natureza Divina, e-
les creem para justificao real. Segundo as Escrituras, a f precede a justificao real (Ro-
manos 5:1, 3:28; Glatas 2:16, 24; Atos 13:38; Joo 3:36), e aqueles que desejam honrar
o texto da Escritura devem afirmar que so realmente justificados aps a f, e no antes.
Enquanto Keach afirmou que a
justificao. Ao negar esses termos, Keach pretendia rejeitar qualquer noo de que a f
de alguma forma torna a obra de Cristo mais satisfatria para Deus. Ele preferiu, em vez
pes
e sobre ns o manto de justia, o qual no estava sobre ns antes que obtivssemos esta 23. Esta uma
diferena fundamental entre Keach e os altos calvinistas. Keach negou que a justia de
Cristo , na verdade, imputada at que o Esprito Santo a impute no tempo.
Keach reconheceu que haviam alguns que ensinavam que os eleitos somente vinham a
perceber que eles estavam justificados pela f (justificao pela f passiva). Eles diziam
que, embora os eleitos estivessem justificados desde sempre, eles nem sempre souberam
disso. Assim, quando os eleitos chegavam f, eles simplesmente compreendiam o estado
de justia que sempre possuram. Keach rejeitou este ponto de vista como sendo incompa-
tvel com o testemunho das Escrituras24.
cuidado como aqueles que procuram tornar bom o estado dos eleitos antes da graa e da 25. Keach declarou que no h nenhum benefcio que pode vir
de homens no regenerados dizendo que alguns deles j podem estar justificados, uma
vez que este tipo de ensino pode simplesmente servir para incentiv-los a permanecer em
seus pecados. Ele tambm pontuou que a justificao antes da f diminui a graa de Deus
e d aos pecadores arrependidos menos motivos para agradecer aps sua converso, uma
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vez que nunca haviam sido filhos da ira, mas simplesmente no conseguiam perceber o
seu estado de justificao.
A doutrina de Keach sobre a justificao foi a viso evanglica ortodoxa. A doutrina da justi-
ficao era central para Keach porque o lugar essencial em que a Cristologia se encontra
com Soteriologia. Sobre este ponto, assim como a respeito da doutrina da Bblia e da Teo-
logia Pactual, Keach estava de acordo com seus irmos evanglicos, em Cristo.
Notas:
[1] David A. Copeland, Benjamin Keach and the Development of Baptist Traditions in Seventeenth-
Century England (Lewiston, NY: The Edwin Mellen Press, 2001), 59.
[2] Para mais informaes biogrficas sobre Keach, veja William Cathcart, ed., Baptist Encyclopedia,
-638; Thomas Crosby,
The History of the English Baptists (London: np, 1739), vol II, 185-209; vol. III, 143-147; vol. iv, 268-
314; Thomas J. Nettles; Thomas J. Nettles, The Baptists: Key People Involved in Forming a Baptist
Identity, vol. 1. (Fearn, Ross-shire, Scotland: Christian Focus Publications, 2005), 163-193.
[3] Para uma anlise mais detalhada e descrio dos argumentos de Keach contidas nesta seo,
consulte L. Russ Bush e Tom J. Nettles, Baptists and the Bible, revista e ampliada (Nashville, TN:
Broadman e Holman, 1999), 75-81.
[4] Benjamin Keach, Tropologia: A Key to Open Scripture Metaphors (London: n. p., 1682), VIII.
[5] Ibid., XVII
[6] Ibid., XXI
[7] Benjamin Keach, Os Artigos de F da Igreja de Cristo ou Congregao Reunida em Horse-lie-
down (London: n. p., 1697), 5.
[8] Austin Walker, The Excellent Benjamin Keach (Dundas, ON, Canad: Joshua Press, 2004), 107.
[9] Benjamin Keach, The Everlasting Covenant, A Sweet Cordial for a Drooping Soul or, The
Excellent Nature of the Covenant of Grace Opened in a Sermon Preached January the 29th at the
Funeral of Mr. Henry Forty (London: n. p., 1693), a partir de o prefcio.
[10] Ibid., 7.
[11] Ibid., 10.
[12] Ibid., 20-21.
[13] Ibid., 22-24.
[14] Ibid., 24-27.
[15] Ibid., 31-34.
[16] Ibid., 38-43.
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[17] Benjamin Keach, A Medium Betwixt Two Extremes. Wherein it is proved that the whole First
Adam was condemned, and the whole Second Adam justified (London: n. p., 1698), 11-12.
[18] Ibid., 14.
[19]
[20] Ibid., 18.
[21] Ibid., 26-27.
[22] Ibid., 19.
[23] Ibid., 20-22.
[24] Ibid., 27-28.
[25] Ibid., 32.
ORE PARA QUE O ESPRITO SANTO use este sermo para trazer muitos
Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!
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10 Sermes
Adorao A. W. Pink
Agonia de Cristo J. Edwards
Batismo, O John Gill
Batismo de Crentes por Imerso, Um Distintivo
Neotestamentrio e Batista William R. Downing
Bnos do Pacto C. H. Spurgeon
Biografia de A. W. Pink, Uma Erroll Hulse
Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a
Doutrina da Eleio
Cessacionismo, Provando que os Dons Carismticos
Cessaram Peter Masters
Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepo da
Eleio A. W. Pink
Como Ser uma Mulher de Deus? Paul Washer
Como Toda a Doutrina da Predestinao corrompida
pelos Arminianos J. Owen
Confisso de F Batista de 1689
Converso John Gill
Cristo Tudo Em Todos Jeremiah Burroughs
Cristo, Totalmente Desejvel John Flavel
Defesa do Calvinismo, Uma C. H. Spurgeon
Deus Salva Quem Ele Quer! J. Edwards
Discipulado no T empo dos Puritanos, O W. Bevins
Doutrina da Eleio, A A. W. Pink
Eleio & Vocao
Eleio Particular C. H. Spurgeon
Especial Origem da Instituio da Igreja Evanglica, A
J. Owen
Evangelismo Moderno A. W. Pink
Excelncia de Cristo, A J. Edwards
Gloriosa Predestinao, A C. H. Spurgeon
Guia Para a Orao Fervorosa, Um A. W. Pink
Igrejas do Novo Testamento A. W. Pink
In Memoriam, a Cano dos Suspiros Susannah
Spurgeon
Incomparvel Excelncia e Santidade de Deus, A
Jeremiah Burroughs
Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvao
dos Pecadores, A A. W. Pink
Jesus! C. H. Spurgeon
Justificao, Propiciao e Declarao C. H. Spurgeon
Livre Graa, A C. H. Spurgeon
Marcas de Uma Verdadeira Converso G. Whitefield
Mito do Livre-Arbtrio, O Walter J. Chantry
Natureza da Igreja Evanglica, A John Gill
OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.
Sola Scriptura Sola Fide
Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a
John Flavel
Necessrio Vos Nascer de Novo Thomas Boston
Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A C. H.
Spurgeon
Objees Soberania de Deus Respondidas A. W.
Pink
Orao Thomas Watson
Pacto da Graa, O Mike Renihan
Paixo de Cristo, A Thomas Adams
Pecadores nas Mos de Um Deus Irado J. Edwards
Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural
Thomas Boston
Plenitude do Mediador, A John Gill
Poro do mpios, A J. Edwards
Pregao Chocante Paul Washer
Prerrogativa Real, A C. H. Spurgeon
Queda, a Depravao Total do Homem em seu Estado
Natural..., A, Edio Comemorativa de N 200
Quem Deve Ser Batizado? C. H. Spurgeon
Quem So Os Eleitos? C. H. Spurgeon
Reformao Pessoal & na Orao Secreta R. M.
M'Cheyne
Regenerao ou Decisionismo? Paul Washer
Salvao Pertence Ao Senhor, A C. H. Spurgeon
Sangue, O C. H. Spurgeon
Semper Idem Thomas Adams
Sermes de Pscoa Adams, Pink, Spurgeon, Gill,
Owen e Charnock
Sermes Graciosos (15 Sermes sobre a Graa de
Deus) C. H. Spurgeon
Soberania da Deus na Salvao dos Homens, A J.
Edwards
Sobre a Nossa Converso a Deus e Como Essa Doutrina
Totalmente Corrompida Pelos Arminianos J. Owen
Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos
Propsitos de Cristo na Instituio de Sua Igreja J.
Owen
Supremacia e o Poder de Deus, A A. W. Pink
Teologia Pactual e Dispensacionalismo William R.
Downing
Tratado Sobre a Orao, Um John Bunyan
Tratado Sobre o Amor de Deus, Um Bernardo de
Claraval
Um Cordo de Prolas Soltas, Uma Jornada Teolgica
no Batismo de Crentes Fred Malone
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