Análise Multitemporal de uso do solo

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LEONARDO ROSA ANDRADE. ANÁLISE TEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA COMO SUBSÍDIO À GESTÃO DA BACIA DO RIO BOA VISTA, OURO PRETO DO OESTE, RONDÔNIA (1973-2011). Ji-Paraná 2011

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Análise Multitemporal do uso do da Bacia do Rio Boa Vista, Ouro Preto do Oeste.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

LEONARDO ROSA ANDRADE .

ANÁLISE TEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA COMO SU BSÍDIO

À GESTÃO DA BACIA DO RIO BOA VISTA, OURO PRETO DO O ESTE,

RONDÔNIA (1973-2011).

Ji-Paraná

2011

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LEONARDO ROSA ANDRADE

ANÁLISE TEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA COMO SU BSÍDIO

À GESTÃO DA BACIA DO RIO BOA VISTA, OURO PRETO DO O ESTE,

RONDÔNIA (1973-2011).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Alex Mota dos Santos

Ji-Paraná

2011

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Andrade, Leonardo Rosa

A553a 2011

Análise temporal do uso e ocupação da terra como subsídio à gestão da Bacia do Rio Boa Vista, Ouro Preto do Oeste, Rondônia (1973-2011) / Leonardo Rosa Andrade ; orientador, Alex Mota dos Santos. -- Ji-Paraná, 2011

58 f. : 30cm Trabalho de conclusão do curso de Engenharia Ambiental. –

Universidade Federal de Rondônia, 2011 Inclui referências 1. Proteção ambiental. 2. Sensoriamento remoto - Geodesia.

3. Imagens - Transmissão. 4. Solo - Uso. 5. Qualidade da água. 6. Recursos hídricos – Gestão - Rondônia. 7. Água – Gestão ambiental. I. Santos, Alex Mota. II. Universidade Federal de Rondônia. III. Titulo.

CDU 628 : 528.8 (811.1) Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/ 601

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

TÍTULO: ANÁLISE TEMPORAL DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA COMO

SUBSÍDIO À GESTÃO DA BACIA DO RIO BOA VISTA, OURO PRETO DO

OESTE, RONDÔNIA (1973-2011).

AUTOR: LEONARDO ROSA ANDRADE

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e aprovado pelo Departamento de Engenharia Ambiental, Fundação Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, no dia 18 de novembro de 2011.

_____________________________________

Profª. Tatiane Emilio Checchia Universidade Federal de Rondônia

_____________________________________ Prof. João Gilberto de Souza Ribeiro Universidade Federal de Rondônia

_____________________________________ Prof. Alex Mota dos Santos (Orientador)

Universidade Federal de Rondônia

Ji-Paraná, 18 de novembro de 2011.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos pelo incentivo e apoio aos meus estudos e a memória de Manoel Ribeiro Rosa († 13/03/2004) e Hilda Andrade Dias († 12/05/2011).

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por tudo o que tem feito em minha vida, pois

sem Ele eu não teria conseguido vencer esta árdua batalha. Agradeço à minha família,

que sempre esteve ao meu lado, mesmo que eu não tenha sido o melhor filho, o melhor

irmão, o melhor neto ou o melhor tio. A meu pai José do Carmo Andrade Dias, que

sempre me deu todo apoio que eu precisava, seja no preparo das minhas refeições, me

levando e buscando da rodoviária, sendo que muitas vezes altas horas da madrugada. A

minha mãe Maria de Fátima Rosa Andrade, que sempre me esperava saudosa e me dava

o carinho que eu precisava. Aos meus irmãos Danilo Rosa Andrade e Letícia Rosa

Andrade Lucena, que também sempre se preocuparam comigo mesmo que distante.

Também não posso esquecer-me da minha segunda família, que me acolheu em sua casa

como se fosse um filho legítimo. Peço a Deus que nunca se esqueça desta família, pois

está escrito que o “Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai,

possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque

tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e

hospedastes-me... Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus

pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Nunca me esquecerei de vocês: Dulcilene

Possmoser, Elias Nascimento, Thiago Emanuel e Débora Possmoser.

Ao longo do meu caminho, recebi ajuda de tantas pessoas, pessoas como meu

amigo Almir Barbosa que no início desta jornada me deu grande apoio. Não posso me

esquecer de Reginaldo Félix, Deuvair Schreiber e do meu companheiro de turma Farley

de Oliveira Xavier, que no meu primeiro ano de faculdade cederam a casa onde

moravam, para que eu e meu amigo Rafael Serafim pudéssemos almoçar todos os dias.

Agradeço a minha amiga Sandra Ferronatto por ter cedido a sua casa diversas

vezes quando não tinha ônibus e eu não tinha mais pra onde ir.

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Também não posso deixar de me lembrar dos meus colegas de turma Denis

Maciel e Anderson Maciel, os irmãos B1 e B2, com quem eu sempre pegava carona

para a faculdade.

Também não posso deixar de agradecer a grande cumplicidade dos meus amigos

João Paulo, Nairo e Thiago Emanuel, que juntamente comigo formavam a Dupla de três

com o quarto elemento.

Agradeço ao Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM / Centro Técnico e

Operacional de Porto Velho na pessoa do Sr. José Neumar Moraes da Silveira pela

oportunidade de estágio, onde eu pude conhecer pessoas como a Ana Cristina Strava e

Tatiane Checchia.

Agradeço ao Prof. Andrew Reid Bell, ao Instituto Graham e a Escola de

Recursos Naturais e Meio Ambiente na Universidade de Michigan pela grandiosa

oportunidade de estágio.

Agradeço a Universidade Federal de Rondônia, ao Departamento de Engenharia

Ambiental e a todos os Professores que de alguma forma contribuíram para minha

formação, sendo estes: Profª Margarida Marchetto, Prof. Gunther Brucha, Prof.

Johannes Gerson, a Prof.ª Renata Gonçalves, Profª Gersina Nobre, Prof. Marcelo

Barroso, Prof.ª Adaiane Spinelli, Prof. Luis Fernando, Prof. Idone Bringhenti, Prof.

Norton Caetano, Prof.ª Adriana Imperador, Prof. Marcelo Bento, Prof.ª Ana Lúcia,

Prof.ª Nara Luisa, Prof. João Gilberto, Prof. Igor Fotopoulos, Prof. Nelson Escudeiro,

Prof.ª Irene Sakuno, Prof. João Carlos e ao meu orientador Prof. Alex Mota dos Santos.

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EPÍGRAFE

“Existem três frases que levarão sua vida adiante:

Não fui eu!

Oh, boa idéia chefe!

Já estava assim quando cheguei”.

Homer Simpson

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RESUMO

O município de Ouro Preto do Oeste tem na bacia do Rio Boa Vista a principal fonte de água para abastecimento público, e vem enfrentando problemas de baixa disponibilidade hídrica durante o período de estiagem. No sentido de compreender melhor a bacia e de que maneira ocorreu a dinâmica de uso e ocupação do solo na mesma, este estudo realiza uma análise temporal de imagens de satélite para os anos de 1973, 1984, 1993, 2007 e 2011, relacionando às mudanças da paisagem com as características da bacia, a qualidade da água e o tipo de atividade econômica, além de propor medidas de gestão dos recursos hídricos que possam melhorar a qualidade e aumentar a disponibilidade hídrica na bacia. Nos períodos analisados houve um aumento progressivo das áreas antropizadas, passando de 52,59 km² (29,03%) em 1973, para 93,66 km² (51,70%) em1984; 134,23 km² (74,09%) em 1993; 149,13 km² (82,31%) em 2007 e 138,26 km² (76,32%) em 2011. A análise temporal da cobertura vegetal da bacia do Rio Boa Vista indica um comportamento coerente com o processo vigente nas últimas décadas na região, ou seja, antropização inicial acelerada, com posterior remoção gradual da floresta. Baseado nas análises de água podemos afirmar que de modo geral as águas da bacia do Rio Boa Vista apresentam boa qualidade e boa capacidade de autodepuração, uma vez que há indícios de um quadro de eutrofização no ponto 1 e já no exutório da bacia (ponto 3) os valores encontrados estão dentro da normalidade. Foi possível identificar que os fragmentos de floresta remanescentes estão isolados e que nas porções oeste e sul da bacia encontram-se as áreas mais vulneráveis as ações de erosão, dado o relevo, o tipo de solo, o elevado índice de antropização e a criação de gado. Palavras-chave: Ocupação da Amazônia, Sensoriamento Remoto, Processos Erosivos,

Gestão de Recursos Hídricos.

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ABSTRACT

The city of Ouro Preto do Oeste (RO) has in the basin of River Boa Vista the

main source of water for public supply, and it is experiencing problems of low water availability during the dry period. In order to better understand the basin occurred and how to use dynamics and land use in the same, this study performs a temporal analysis of satellite images for the years 1973, 1984, 1993, 2007 and 2011, relating to changes landscape with the characteristics of the watershed, water quality and type of economic activity, and to propose a management of water resources that can improve water quality and increase water availability in the basin. In the periods analyzed there was a progressive increase in disturbed areas, from 52.59 km² (29.03%) in 1973 to 93.66 km² (51.70%) in 1984, 134.23 km² (74.09%) in 1993; 149.13 km² (82.31%) in 2007 and 138.26 km² (76.32%) in 2011. The temporal analysis of vegetation cover in the watershed of the River Boa Vista shows a behavior consistent with the current process in recent decades in the region, in other words, initial accelerated anthropic and subsequent gradual removal of the forest. Based on the analysis of water can be stated that generally the water from the basin of Boa Vista have good quality and good self-purification capacity, since there is evidence of eutrophication in the point 1, and in the output basin (point 3) the values found are within normal limits. It was possible to identify the remaining forest fragments are isolated and in western and southern portions of the basin are the areas most vulnerable to the actions of erosion due to topography, soil type, the high rate of anthropogenic and livestock.

Key-words: Occupation of the Amazon, Remote Sensing, Erosion Processes, Water

Resources Management.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 13 1.1 BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO REGIONAL .................................... 13 1.2 SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO À ANÁLISE DE PAISAGEM ................................................................................................................ 14 1.2.1 Princípios de funcionamento do Sensoriamento Remoto.............................. 14 1.2.2 Sistemas Sensores e imagens utilizadas........................................................... 15 1.2.3 Análise temporal de paisagem......................................................................... 17 1.3 BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE ESTUDO ........................ 18 1.4 QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................... 20 2 MATERIRAL E MÉTODOS ................................................................................. 22 2.1 CARACTERIZAÇÃO BÁSICA DA ÁREA EM ESTUDO ............................. 22 2.1.1 Áreas degradadas.............................................................................................. 23 2.1.2 Clima.................................................................................................................. 24 2.1.3 Geomorfologia................................................................................................... 26 2.1.4 Solo..................................................................................................................... 28 2.1.5 Forma da bacia.................................................................................................. 29 2.2 PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (PDI) DE SENSORIAMENTO REMOTO ............................................................................... 30 2.2.1 Aquisição............................................................................................................ 31 2.2.2 Pré-processamento............................................................................................ 31 2.2.2.1 Registro............................................................................................................ 31 2.2.3 Processamento................................................................................................... 32 2.2.3.1 Classificação supervisionada........................................................................... 32 2.2.4 Reconhecimento e análise de padrão............................................................... 33 2.3 ANÁLISE DE ÁGUA ........................................................................................... 33 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 34 3.1 DESEMPENHO DO PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO ............................. 34 3.2 MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO...................................................................... 36 3.3 IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA ANTROPIZAÇÃO NA BACIA DO RIO BOA VISTA ...................................................................................................... 43 3.4 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................... 53 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 58

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INTRODUÇÃO

A ocupação da Amazônia foi uma forma encontrada pelo governo brasileiro de

garantir a soberania do território nacional. Neste contexto, dá-se destaque ao estado de

Rondônia, que foi objeto de programas de colonização a partir da década de 1970, sendo

o Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto (PICOP) o pioneiro. No entanto, o

modelo de ocupação utilizado causou considerável impacto ambiental, pois não se

planejou adequadamente o número de famílias que poderiam vir para o estado,

resultando no inchaço populacional, que por sua vez possibilitou confrontos dos colonos

com indígenas, a grilagem de terras, o crescimento desordenado das áreas de garimpo, a

exploração predatória da madeira e a concentração fundiária, além de que o projeto

distribuiu terras sem verificar a presença de recursos hídricos e também terras de baixa

produtividade, com as quais não se teve nenhum proveito e conseqüentemente só houve

a devastação da vegetação nativa (SANTOS, 2001; ANDRADE et al. 2008).

A cidade de Ouro Preto do Oeste surgiu como fruto do PICOP e se encontra

numa das regiões com maior índice de antropização do estado (KRUSCHE et al., 2005),

o que acaba provocando efeitos negativos para a população, uma vez que nos últimos

anos o município tem sido o foco no cenário ambiental do Estado devido à ocorrência

de baixa disponibilidade hídrica na bacia do Rio Boa Vista durante o período de

estiagem, sendo que esta bacia é a principal fonte de água para abastecimento público

no município. O fenômeno de déficit hídrico percebido nesta bacia está sendo associado

ao elevado grau de desmatamento nas propriedades rurais, fator este que contribui para

a ocorrência de processos erosivos, comprometendo qualitativamente e

quantitativamente a água na bacia.

Frente a esta situação, o Ministério Público Estadual (MPE) autuou os

proprietários de lotes situados às margens do Rio Boa Vista para que os mesmos

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fizessem a recuperação da vegetação ciliar, como forma de contribuir para o aumento da

infiltração e conseqüentemente o aumento da oferta hídrica. Para tanto, o MPE entrou

em contato em 2007 com o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) para realizar o

diagnóstico da bacia e articular com outros órgãos uma metodologia de recuperação.

Neste sentido, torna-se necessário compreender melhor a bacia e de que maneira

ocorreu a dinâmica de uso e ocupação do solo na mesma, para fornecer subsídio ao

planejamento das atividades antropogênicas. Atualmente, uma das formas mais

recorrentes de se avaliar mudanças no uso do solo são as análises temporais por

imagens de satélite. Esta técnica permite monitorar e auxiliar os trabalhos de extensão

agrícola, bem como avaliar a evolução dos desmatamentos e o crescimento urbano

(CARVALHO JÚNIOR et al., 2005).

Segundo Rodrigues Junior et al. (2009), as imagens de satélite constitui-se em

importante ferramenta, bem consolidada, como fonte de dados espaços-temporais

permitindo análises das mudanças ocorridas no uso e ocupação do solo, ou seja, na

forma como o espaço está sendo utilizado pelo homem.

Assim, o objetivo principal deste trabalho é realizar uma análise temporal de

imagens de satélite da bacia do Rio Boa Vista dos anos de 1973, 1984, 1993, 2007 e

2011. Os períodos das imagens a ser utilizadas na análise temporal deste trabalho foram

estabelecidos seguindo datas de acontecimentos importantes e não a partir de uma

abordagem sistêmica. Em 1973 foi registrada a primeira imagem de satélite do local,

pouco depois do assentamento das primeiras famílias do PIC Ouro Preto. Em 1984 foi

concluída a pavimentação da BR-364, o que intensificou o fluxo migratório. Em 1993

deu-se início ao PLANAFLORO. Em 2007 foi dado o primeiro passo no intuito de

resolver o problema, através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado

entre o Ministério Público Estadual e os proprietários de lotes rurais ao longo do Rio

Boa Vista. Este TAC previa a recomposição da mata ciliar nas propriedades rurais ao

longo do Rio Boa Vista. E 2011 é o ano corrente e serve para verificar se as ações de

reflorestamento previstas no TAC firmado em 2007 estão sendo desenvolvidas.

Esta análise temporal tem a finalidade de detectar a dinâmica de uso e ocupação

do solo, relacionando às mudanças da paisagem com as características da bacia, a

qualidade da água e o tipo de atividade econômica; além de propor medidas de gestão

dos recursos hídricos que possam melhorar a qualidade e aumentar a disponibilidade

hídrica na bacia.

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 BREVE HISTÓRICO DA OCUPAÇÃO REGIONAL

O processo de ocupação do Estado de Rondônia possui como característica os

ciclos econômicos, sendo que o ciclo agropecuário é o principal responsável pela atual

configuração do Estado (ANDRADE et al. 2008).

Este ciclo teve início devido à abertura da BR-364 durante o governo de

Juscelino Kubitschek (1960), que proporcionou condições efetivas para o povoamento

do Estado, revelando-se ainda uma iniciativa importante não somente para Rondônia,

mas também para os estados vizinhos, cuja ligação por terra com o Centro-Sul do país

tornou-se possível (TEIXEIRA e FONSECA, 2003).

A partir da construção da rodovia, o governo militar criou o Programa de

Integração Nacional (PIN) em 1970. Este programa tinha por objetivo expandir a

fronteira agrícola com a ocupação da região amazônica através da criação de projetos de

colonização, que possuíam três modalidades diferentes, sendo: Projeto Integrado de

Colonização (PIC); Projeto de Assentamento Dirigido (PAD); e Projeto de

Assentamento Rápido (PAR) (OLIVEIRA, 2000). Antes da instalação dos

assentamentos o governo militar regularizou a situação de posseiros que já se

encontravam desde a década anterior. Em 1970 foi implantado o primeiro Projeto

Integrado de Colonização, o PIC Ouro Preto, que assentou 5.098 famílias em lotes de

100 ha até 1981 (INCRA, 1982).

Em dezembro de 1980 o Banco Mundial decidiu financiar o Programa de

Desenvolvimento da Região Noroeste do Brasil (POLONOROESTE), que tinha como

objetivo a pavimentação da BR-364, juntamente com a construção de outras estradas

vicinais, além de uma estratégia de proteção ambiental e de preservação das

comunidades indígenas e extrativistas, a fim de corrigir falhas dos projetos de

colonização anteriores. Buscava-se promover a preservação do sistema ecológico e a

proteção às comunidades florestais (SANTOS, 2001; ANDRADE et al., 2008).

Por conta da maior facilidade de acesso proporcionada pela pavimentação da

BR-364 houve uma intensificação do fluxo migratório em direção a Rondônia

(FEARNSIDE, 1989; ANDRADE et al. 2008), o que provocou uma grande modificação

estrutural no povoamento regional, que se localizou ao longo das rodovias e não mais ao

longo da rede fluvial (BECKER, 2005). De 1980 a 1985 a população de Rondônia

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cresceu a uma taxa exponencial de 14,8% ao ano, impulsionada pelo boom migratório

pós-asfaltamento, enquanto o desmatamento neste período teve uma taxa de 24,8% ao

ano. Esta taxa de desmatamento está estreitamente ligada aos sistemas humanos de uso

que substituem a floresta (FEARNSIDE, 1989).

É de conhecimento geral que o projeto de integração nacional acarretou

perversidades em termos ambientais e sociais, mas deve-se reconhecer o que restou de

positivo nesse processo, porque são elementos com os quais a região conta hoje para seu

desenvolvimento (BECKER, 2005).

O estado de Rondônia recebeu mais de um milhão de pessoas entre as décadas

de 1970 e 1990, provenientes principalmente do Sul e Sudeste no período conhecido

como migração recente. Após este período, foi implantado em 1993 o Plano

Agropecuário e Florestal do Estado de Rondônia (PLANAFLORO). Este programa foi

elaborado com o objetivo de sanar problemas socioambientais resultantes da execução

do POLONOROESTE, tendo o Zoneamento Socioeconômico Ecológico (ZSEE) do

Estado como uma de suas principais atividades (CHAVES, 2000; LIMA, 2006; apud

SANTOS, 2010).

No contexto da ocupação da Amazônia e a conseqüente alteração do bioma

amazônico, muitas pesquisas foram iniciadas e são realizadas até o momento com

diferentes propósitos. Dentre estes estudos, destaque é feito para as pesquisas do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora anualmente o

desmatamento desde 1988 através do Programa de Cálculo do Desflorestamento da

Amazônia (PRODES) analógico e a partir de 2003 com o PRODES digital. Este

Programa utiliza em sua metodologia a análise de paisagem por imagens de satélite,

uma das formas mais recorrentes de se avaliar mudanças no uso do solo, e que tem

demonstrado grande potencial como fonte de dados.

1.2 SENSORIAMENTO REMOTO APLICADO À ANÁLISE DE PAIS AGEM

1.2.1 Princípios de funcionamento do Sensoriamento Remoto

O Sensoriamento Remoto pode ser entendido como um conjunto de atividades

que permite a obtenção de informações dos objetos que compõem a superfície terrestre

sem a necessidade de contato direto com os mesmos (MORAES, S.D.), e está ligado à

medida da radiação eletromagnética proveniente do Sol, refletida ou emitida dos alvos

Page 16: Análise Multitemporal de uso do solo

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da superfície terrestre, bem como ao tratamento e à disponibilização dessa informação

numa forma passível de ser interpretada (MOREIRA, 2011).

O estudo do Sensoriamento Remoto passa necessariamente pela Física, pois seus

princípios básicos envolvem estudos de energia eletromagnética e a interação dessa

energia com as propriedades físico-químicas dos componentes da superfície terrestre.

De um aspecto particular, a radiação eletromagnética (REM) pode ser

considerada um fenômeno ondulatório relacionado com a emissão e propagação de

campos elétricos e magnéticos (energia eletromagnética) (HALLIDAY et al., 1992).

A energia eletromagnética interage com os objetos terrestres que a refletem ou a

emitem, onde essas interações são determinadas pelas propriedades físico-químicas e

biológicas desses objetos e podem ser identificadas nas imagens e nos dados de sensores

remotos (MORAES, S.D.).

As radiações eletromagnéticas podem ser classificadas em uma escala (espectro

eletromagnético) de acordo com as diferenças de comprimento de onda e frequência

(HALLIDAY et. al, 1992).

1.2.2 Sistemas Sensores e imagens utilizadas

Os sensores são equipamentos destinados a medir a radiação refletida ou emitida

pelos alvos da superfície terrestre em nível orbital (acoplados a um satélite), e produzem

um sinal elétrico de saída proporcional a um nível de energia, cujo resultado se

apresenta na forma de imagem digital de uma área do terreno (GONZALES e WOODS,

2000; MOREIRA, 2011).

Uma imagem digital pode ser considerada como sendo uma matriz cujos índices

de linhas e de colunas identificam um ponto na imagem, e correspondente valor do

elemento da matriz identifica o nível de cinza naquele ponto. Os elementos dessa matriz

digital são chamados de elementos da imagem ou pixels (GONZALES e WOODS,

2000).

Os sensores podem ser divididos em ativos e passivos, sendo que aqueles que

operam com fonte de radiação externa são chamados de passivos e os que emitem sua

própria radiação são chamados de ativos. A maioria dos sistemas sensores dos satélites

de recursos naturais opera com radiômetros de banda, ou seja, as imagens são formadas

Page 17: Análise Multitemporal de uso do solo

16

a partir da detecção da energia eletromagnética em intervalos específicos, sendo que

cada intervalo representa uma banda do sensor (MOREIRA, 2011).

Neste trabalho foram utilizadas imagens dos Satélites Landsat 1 e 5, sensores

Multiespectral Scanner System (MSS) e Thematic Mapper (TM), respectivamente. O

satélite Landsat 1 começou a operar em 1972 e compõe o sistema pioneiro observação

da Terra. Depois desse, outros satélites da série Landsat foram lançados. O Landsat 1

utilizava o sensor MSS, que operava em quatro bandas espectrais, com resolução

temporal de 18 dias e radiométrica de 6 bits. Em 1984 foi lançado o Landsat 5, que

possui a bordo o sensor TM. O sensor TM possui sete bandas espectrais, resolução

temporal de 16 dias e radiométrica de 8 bits (KLEINPAUL, 2005; GOMES, 2006). A

Tabela 1 apresenta as faixas espectrais das bandas dos satélites Landsat 1 e 5 com suas

respectivas resoluções espaciais.

Tabela 1 - Características das imagens de sensoriamento remoto utilizadas.

Satélite Banda Faixa Espectral Região do Espectro

Resolução espacial

nm µm (m x m) Landsat 1 4 500 - 600 0,5 - 0,6 Verde 80 Landsat 1 5 600 - 700 0,6 - 0,7 Vermelho 80 Landsat 1 6 700 - 800 0,7 - 0,8 IV Próximo 80 Landsat 1 7 800 - 1.100 0,8 - 1,1 IV Próximo 80 Landsat 5 1 450 - 520 0,45 - 0,52 Azul 30 Landsat 5 2 520 - 600 0,52 - 0,60 Verde 30 Landsat 5 3 630 - 690 0,63 - 0,69 Vermelho 30 Landsat 5 4 760 - 900 0,76 - 0,90 IV Próximo 30 Landsat 5 5 1.550 - 1.750 1,55 - 1,75 IV Médio 30 Landsat 5 6 10.400-12.500 10,4 - 12,5 IV Termal 120 Landsat 5 7 2.080 - 2.350 2,08 - 2,35 IV Médio 30

Fonte: Adaptado de Moreira, 2011

As imagens serão utilizadas no modelo de cor RGB, que é baseado nas cores

vermelha (Red), verde (Green) e azul (Blue). Estas cores são descritas como as cores

primárias do sistema de cores aditivo: misturando-as em diferentes proporções obtém-se

uma grande variedade de cores (MOREIRA, 2011). Na composição RGB, três bandas

da imagem são utilizadas, sendo que cada banda é associadas a uma das três cores.

Neste estudo foi utilizada a composição 4(R) 6(G) 5(B) para a imagem MSS e 5(R)

4(G) 3(B) para as imagens TM.

Page 18: Análise Multitemporal de uso do solo

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1.2.3 Análise temporal de paisagem

As imagens obtidas através do sensoriamento remoto conseguem apresentar uma

visão de conjunto multitemporal das áreas da superfície terrestre, ou seja, conseguem

mostrar uma determinada área para épocas diferentes. Assim, é possível aplicá-las em

estudos regionais e integrados, envolvendo vários campos do conhecimento. Estas

imagens são capazes de mostrar os ambientes e a sua transformação, destacando os

impactos causados por fenômenos naturais como as inundações e a erosão do solo

(freqüentemente agravados pela intervenção do homem), bem como os antrópicos,

como os desmatamentos, as queimadas, a expansão urbana, ou outras alterações do uso

e da ocupação da terra (FLORENZANO, 2002 apud FLORENZANO, 2005).

A análise temporal consiste em realizar classificação de uma série de imagens de

épocas diferentes que possam determinar mudanças por meio de comparações

estatísticas e/ou visuais sofridas na região ao longo dos anos (GOMES, 2006).

Dentre as potencialidades desta técnica de análise da paisagem, destaque é feito

para as pesquisas realizadas na Amazônia pelo INPE, através do PRODES, que

monitora o desmatamento e o avanço da agropecuária, fornecendo subsídios para a

tomada de decisões no planejamento territorial. Além do PRODES, são inúmeros os

estudos que utilizam a análise temporal como os estudos de Kleinpaul (2005), que

utilizou a análise temporal para compreender como ocorreu a mudança da cobertura

florestal na bacia do Arroio Grande em Santa Maria – RS, ressaltando que “as

mudanças no uso do solo produzem conseqüências, sendo também uma necessidade

para o estabelecimento da sociedade humana. Esses resultados podem ser negativos ou

positivos, daí a importância de seu estudo”.

Já Gomes (2006), utilizou dois métodos distintos de Processamento Digital de

Imagens, para a geração de dados relevantes na análise da dinâmica de cobertura do

solo no município de Caldas Novas.

Em seus estudos, Rodrigues Junior et al. (2009), realizou a analise multitemporal

do uso e ocupação do solo do Município de Senador Canedo – GO, para os anos de

1989, 1998 e 2008, para evidenciar as classes do uso e ocupação do solo e como estão

distribuídas no Município nas três épocas estudadas, possibilitando assim, constatar a

variação estatística da área destas classes.

Page 19: Análise Multitemporal de uso do solo

18

Ainda neste sentido, Kawakubo (2010), utilizou a análise temporal para o

mapeamento do uso da terra e cobertura vegetal na região de São Félix do Xingu-PA

para os anos de 1987, 1992, 2000 e 2008, onde observou o avanço do desmatamento e a

substituição da floresta pela pecuária.

1.3 BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE ESTUDO

A intensa interferência humana, sem planejamento, no meio natural evidencia a

importância de estudos ambientais mais eficazes, que sirvam de suporte na elaboração

de planejamentos e no monitoramento ambiental com fins a otimizar o espaço em que se

vive e para tanto deve-se eleger uma unidade básica de estudo (RODRIGUES JUNIOR

et al., 2009).

A Lei 9.433/97 (Lei das Águas) institui a bacia hidrográfica como sendo a

unidade básica para gestão dos recursos ambientais, ou seja, a bacia hidrográfica deve

ser a unidade territorial de análise nos planejamentos de uso e ocupação da terra em

função de suas características naturais, principalmente nas situações atuais de grande

pressão sobre o ambiente em função do crescimento populacional e do desenvolvimento

(SILVA et al., 2003).

A Bacia Hidrográfica não é apenas uma área drenada por uma rede de cursos

fluviais interligados, é antes um sistema que compreende um volume de materiais,

predominantemente sólidos e líquidos, próximo a superfície terrestre, delimitado interna

e externamente por todos os processos que, a partir do fornecimento de água pela

atmosfera, interferem no fluxo de matéria e energia de um rio ou de uma rede de canais

fluviais (RODRIGUES e ADAMI, 2005).

A erosão é um processo geológico exógeno e contínuo responsável pela remoção

e pelo transporte de partículas do solo, principalmente pela ação da água das chuvas,

sendo um importante agente de modelagem da paisagem terrestre e na redistribuição de

energia no interior da bacia hidrográfica. Alguns estudos demonstram que a

interferência antrópica no solo, através de procedimentos e estratégias inadequadas de

manejo, provoca o desenvolvimento ou aceleração dos processos erosivos e o

comprometimento dos recursos hídricos (STOCKING, 1987; LAL, 1990; DANIELS e

HAMMER, 1992; MORGAN, 1996 apud CBH-ALPA, S.D.).

Page 20: Análise Multitemporal de uso do solo

19

A erosão do solo e a perda de nutrientes de uma floresta perturbada ou de um

campo cultivado inadequadamente não apenas empobrecem estes ecossistemas, como

também tais efluxos apresentam, provavelmente, impactos eutróficos, ou de outro tipo

rio abaixo, sendo necessária a adoção das práticas de manejo adequadas. Por isso, a

bacia hidrográfica inteira, e não somente a massa de água ou trecho de vegetação, deve

ser considerada a unidade mínima de ecossistema, quando se trata de interesses

humanos (ODUM, 1983).

Entende-se também que os impactos ambientais observados pela ausência da

cobertura vegetal na bacia “se dão sobre os usos da água, sobre a sociedade e sobre o

meio ambiente. Apesar de comumente estes impactos serem descritos e estudados nas

suas formas individualizadas, nas bacias hidrográficas eles não ocorrem isoladamente,

mas são resultados da integração de diferentes efeitos” (PORTO e TUCCI, 2009 apud

SOUZA et al. 2011).

O ciclo hidrológico atua de forma integrada com outros ciclos de energia e

matéria, num intervalo amplo de escalas espaciais e temporais, sendo que os processos

hidrológicos apresentam comportamentos distintos de acordo com a escala do sistema

(MENDIONDO e TUCCI, 1997). As bacias de drenagem são delimitadas pelos

divisores topográficos e seus tamanhos podem variar desde alguns metros quadrados até

milhões de quilômetros quadrados, sendo uma das unidades mais importantes no ciclo

hidrológico, pois nela ocorrem alguns dos fluxos de grande importância na circulação

da água, como a precipitação, o escoamento superficial, a infiltração e o escoamento

sub-superficial.

A precipitação é toda água líquida ou sólida que cai da atmosfera para a

superfície da Terra, e representa o elo entre as fases atmosférica e terrestre do ciclo

hidrológico. Quando a precipitação atmosférica atinge a superfície de uma bacia

hidrográfica, ela se torna então, no elemento básico em hidrologia, constituindo o input

(entrada) do sistema hidrológico (LIMA, 2008).

Por sua vez, o escoamento superficial é o movimento da água a partir da menor

porção de chuva que, caindo sobre um solo saturado de umidade ou impermeável, escoa

pela superfície, formando sucessivamente as enxurradas ou torrentes, córregos,

ribeirões, rios e lagos ou reservatórios de acumulação (PINTO et al. 1973).

A infiltração é quem alimenta as formações portadoras de água existentes na

crosta terrestre. Estas formações atuam como condutos para a transmissão e como

Page 21: Análise Multitemporal de uso do solo

20

reservatórios para o armazenamento de água. A água penetra nestas formações através

da superfície do terreno, e tem seu retorno à superfície pela ação de fluxo natural,

auxiliando na manutenção dos cursos de água quando o runoff superficial é baixo ou

não existente (TODD, 1967).

O escoamento sub-superficial, também chamado interfluxo, constitui a fração da

chuva que, após infiltração no solo, escoa lateralmente através dos horizontes

superficiais na direção da declividade (LIMA, 2008).

O comportamento hidrológico de uma bacia é influenciado por suas

características físicas como, por exemplo, tipo de solo, geomorfologia, forma, densidade

de drenagem, uso e ocupação do solo, etc. O estudo destas características morfológicas

é importante para gestão de bacias hidrográficas, que é definido, como o processo de

organizar e orientar o uso da terra e de outros recursos naturais numa bacia hidrográfica,

a fim de produzir bens e serviços, sem destruir ou afetar de forma adversa o solo e a

água (BROOKS et al., 1991 apud LIMA, 2008).

Os problemas ambientais relacionados com a aceleração dos processos erosivos

estão diretamente ligados com a forma como o solo é ocupado, principalmente se na

área em questão tiver ocorrido a supressão da cobertura florestal. Para Fearnside (2005),

a erosão, a compactação do solo e a exaustão dos nutrientes estão entre os impactos

mais óbvios do desmatamento, sendo que as funções da bacia hidrográfica são perdidas

devido às mudanças no regime hidrológico ocorrentes quando a floresta é convertida em

pastagens. Já Vieira (S.D.) destaca que o desmatamento na região amazônica altera

rapidamente as condições de retenção e circulação da água, o que resulta em problemas

na disponibilidade hídrica, e que para garantir a reposição dos estoques de água dos

mananciais, especialmente os subterrâneos, deve-se favorecer a infiltração de água no

solo, o que está intimamente relacionado com a cobertura vegetal.

1.4 QUALIDADE DA ÁGUA

A água é essencial para a existência e bem-estar do ser humano, devendo ser

disponível em quantidade suficiente e de boa qualidade como garantia da manutenção

da vida (FREITAS et al., 2002 apud MARTINS, 2009).

O termo “qualidade da água” não se trata necessariamente ao estado de pureza

da mesma, mas simplesmente das características físico-químicas e biológicas das águas

Page 22: Análise Multitemporal de uso do solo

21

e dependendo destas características são determinados diversos destinos para a água

(MERTEN e MINELLA, 2002), podendo também interferir diretamente na saúde do

indivíduo consumidor. A poluição e a consequente alteração das características das

águas decorrem de causas naturais e, principalmente, das atividades antrópicas de cunho

urbano, industrial e agrícola. Pode-se arrolar como causas naturais das alterações nas

características das águas o clima, a topografia e a geologia do terreno, a intrusão de

água do mar nas regiões costeiras, a presença de nutrientes, os incêndios e as

estratificações térmicas em lagos e reservatórios (DANIEL, 2001).

Já as causas antrópicas de alterações nas características das águas podem ser

divididas em duas: a contaminação pontual e a difusa. A contaminação pontual atinge o

corpo d’água através de um ponto (efluentes domésticos, atividades industriais,

sumidouros, aterros sanitários, vazamento de depósitos de produtos químicos,

proximidade a posto de combustível). As fontes difusas contaminam áreas extensas,

devido a poluentes transportados por correntes aéreas, chuva, atividade agrícola

(fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas, entre outros) e pecuária (MARTINS,

2009).

Neste sentido, algumas normas e resoluções foram estabelecidas para controle da

qualidade dos recursos hídricos, como por exemplo, a Resolução CONAMA 274/00,

que define os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, a Portaria MS 518/04 que

estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da

qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e a Resolução

CONAMA 357/05 que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de

lançamento de efluentes.

Page 23: Análise Multitemporal de uso do solo

22

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 CARACTERIZAÇÃO BÁSICA DA ÁREA EM ESTUDO

O Município de Ouro Preto do Oeste localiza-se na região leste do Estado, zona

1.1 do ZSEE de Rondônia (região com intensa ocupação). Ocupa área de 1.970,15 km2

e sua população é estimada em 37.928 habitantes (IBGE, 2010), sendo 74,3% urbana e

os outros 25,7% distribuídos na zona rural.

O Rio Boa Vista é tributário do rio Machado e como comentado suas águas são

captadas para o abastecimento público do município de Ouro Preto Oeste. Será

considerada neste estudo somente a bacia de captação de água (FIGURA 1), que conta

com uma área aproximada de 181 km².

Figura 1 - Bacia de captação de água do rio Boa Vista no município de Ouro Preto do Oeste.

Baseado na malha hídrica da SEDAM (escala 1: 100.000), a bacia do Rio Boa

Vista é enquadrada como de quarta ordem (método de Strahler), indicando que o

sistema de drenagem é pouco ramificado. Segundo Tonello et al. (2005), ordem inferior

ou igual a 4 é comum em pequenas bacias hidrográficas e reflete os efeitos diretos do

Page 24: Análise Multitemporal de uso do solo

23

uso da terra, considerando-se que, quanto mais ramificada for a rede, mais eficiente será

o sistema de drenagem.

2.1.1 Áreas degradadas

Atualmente existem muitas áreas degradas na bacia do Rio Boa Vista, reflexo

dos quarenta anos de colonização da região. O desmatamento ocorrido ao longo do

tempo é um dos maiores fatores que proporcionaram os processos erosivos na região,

aliados ao estresse do solo pelo manejo inadequado. Tais fatores contribuem para o

panorama atual de escassez hídrica no período de estiagem, como o percebido em

agosto deste ano, quando a Companhia de Águas e Esgoto do Estado de Rondônia

(CAERD) de Ouro Preto do Oeste fez um alerta à população do município para que se

economizasse água, pois segundo constatado na estação de captação, devido à estiagem

o nível do rio Boa Vista vinha baixando, chegando a ficar somente com um fio de água

(ENFOCONOTÍCIAS, 2011).

Além disso, o que se vê na região é a falta da observância do código florestal nas

propriedades quanto às áreas de preservação permanentes (APP’s) e a reserva legal. Por

meio da Figura 2, pode-se observar o panorama atual de degradação da bacia, onde

notamos a falta de matas ciliares (FIGURA 2a e 2c) e a falta de vegetação nos topos de

morro e encostas (FIGURA 2b e 2d).

A falta de mata ciliar potencializa o assoreamento na bacia, de forma que os

canais dos rios ficam mais largos e mais rasos, o que reduz a velocidade e aumenta o

fenômeno de precipitação de sedimentos, podendo até transformar ambientes aquáticos

lóticos em lênticos.

Já a falta de vegetação nos topos de morro e encostas desestabilizam o terreno e

também aceleram os processos erosivos por conta do maior escoamento superficial,

podendo ocorrer a formação de ravinas e voçorocas.

Page 25: Análise Multitemporal de uso do solo

24

Figura 2 - Panorama atual de degradação da bacia do Rio Boa Vista: a) e c) falta de matas ciliares; e b) e d) falta de vegetação nos topos de morro e encostas. Ouro Preto do Oeste,

outubro de 2011.

2.1.2 Clima

Segundo a classificação de Köppen para o estado de Rondônia, a área de estudo

possui clima do tipo Aw - Clima Tropical Chuvoso, com período seco bem definido

durante a estação de inverno, quando ocorre na região um moderado déficit hídrico com

índices pluviométricos inferiores a 50 mm/mês (SEDAM, 2011).

Baseado na série de dados de 1982 a 1999 da estação pluviométrica da Comissão

Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) pode-se verificar que a marcha

anual da precipitação em Ouro Preto do Oeste define o período de novembro a abril

como o mais chuvoso, com alturas pluviométricas mensais superiores a 200 mm. O

período de estiagem é evidenciado de maio a outubro, tendo os meses de junho, julho e

agosto como os mais críticos, ocasião em que os totais médios mensais de chuva

apresentam-se abaixo 35 mm. A média de precipitação anual deste período é de 1939,1

mm (SCERNE et al. 2000).

a) b)

d) c)

Page 26: Análise Multitemporal de uso do solo

25

Baseado nos dados de precipitação do Projeto ABRACOS, Costa et al. (1998),

analisaram os possíveis impactos que a troca de floresta por pastagem, ou outros tipos

de uso do solo, podem ocasionar ao clima. Os dados são dos anos de 1992 a 1995,

provenientes de dois sítios experimentais, sendo um na Reserva Biológica do Jaru

(REBIO Jaru) e o outro na Fazenda Nossa Senhora (FNS). Ao analisar as alterações da

quantidade de chuvas ocorridas, o autor revelou que a precipitação foi em média 28%

maior na floresta em relação a pastagem, possivelmente devido às modificações de

cobertura vegetal. Webler et al. (2007), analisou os dados de precipitação da rede de

torres do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia – LBA,

nos mesmos sítios experimentais para os anos de 1999 a 2006. Os resultados dessas

análises mostraram que a precipitação total média no período estudado foi de 2192,7

mm na REBIO Jaru, e de 1754,3 mm na FNS, ou seja, a precipitação na REBIO Jaru é

em média 20% superior à apresentada na FNS, revelando que na Amazônia quando há

uma troca do uso do solo de floresta para pastagens, ocorre como consequência redução

na precipitação.

Neste sentido, a partir da Figura 3 podemos observar a localização das estações

pluviométricas da CEPLAC, na FNS, na área em estudo, e da REBIO Jaru, no limite

dos municípios de Ouro Preto do Oeste e Ji-Paraná.

Figura 3 - Localização das estações pluviométricas da CEPLAC, da FNS e da REBIO Jaru.

Page 27: Análise Multitemporal de uso do solo

26

2.1.3 Geomorfologia

De acordo com o banco de dados do PLANAFLORO (RONDÔNIA, 2001), as

principais unidades geomorfológicas ocorrentes na bacia do Rio Boa Vista são as

unidades denudacionais dos tipos superfície de aplanamento e agrupamento de morros e

colinas, e as unidades estruturais/denudacionais do tipo superfícies tabulares (FIGURA

4).

As unidades identificadas são classificadas como unidades de degradação por

contemplarem formas de relevo submetidas mais intensamente aos processos erosivos

tais como footslopes, superfícies de aplanamento, agrupamentos de morros e colinas

com e sem controle estrutural, areais brancas com escoamento impedido, superfícies

tabulares e cuestas.

Figura 4 - Unidades Geomorfológicas ocorrentes na bacia do Rio Boa Vista.

A superfície de Aplanamento ou superfície de erosão caracteriza-se por ser uma

área do relevo, aplainado ou arrasado por processos erosivos durante um longo tempo,

truncando diferentes litologias ou estruturas do substrato geológico.

Page 28: Análise Multitemporal de uso do solo

27

A classificação de superfície Tabular compreende uma série de relevos

elaborados sobre rochas sedimentares de idade cretácea e formações terciário-

quaternárias. O padrão de formas predominantes é composto por interflúvios amplos e

levemente tabulares, com fundos de vale geralmente abertos e amplos. Pequenas

planícies fluviais formam-se em setores restritos da rede de drenagem. Compreende

também uma série de relevos tabulares elaborados sobre rochas meta-vulcano

sedimentares com diferentes graus de dissecação e dimensões interfluviais.

Por meio da Figura 5, podemos observar o mapa hipsométrico da bacia do Rio

Boa Vista de acordo com dados extraídos do Shuttle Radar Topography Mission

(SRTM).

Figura 5 - Mapa Hipsométrico da bacia do Rio Boa Vista. Fonte: SRTM.

Podemos perceber através das Figuras 4 e 5, que as cotas mais elevadas coincide

com unidade geomorfológica de denudação na porções sul e com os agrupamentos de

morros e colinas na porção oeste da bacia, sendo que a redução gradual das cotas em

direção a porção leste coincide com a superfície de aplanamento.

Page 29: Análise Multitemporal de uso do solo

28

2.1.4 Solo

De acordo com o banco de dados do PLANAFLORO (RONDÔNIA, 2001), os

solos que ocorrem na bacia do Rio Boa Vista são classificados como Latossolo

Vermelho-escuro Eutrófico, que ocupa toda a porção centro-leste da área em estudo;

Cambissolo Eutrófico, toda porção oeste e Cambissolo Distrófico, que está associa a

unidade denudacional na porção sul da área em estudo (FIGURA 6).

De modo geral os Latossolos são solos bastantes intemperizados, apresentando

como principais minerais derivados da argila, caolinita, gipisita, minerais amorfos e

sesquióxidos de ferro e alumínio. Apresentam evolução muito avançada com atuação

expressiva de processo de latolização (ferralitização ou laterização), resultando em

intemperização intensa dos constituintes minerais primários, e mesmo secundários

menos resistentes, e concentração relativa de argilominerais resistentes e, ou, óxidos e

hidróxidos de ferro e alumínio, com inexpressiva mobilização ou migração de argila,

ferrólise, gleização ou plintização. Em razão da forte lixiviação sua capacidade de troca

catiônica é baixa, assim como a quantidade de cálcio, magnésio, potássio e sódio

adsorvidos.

Figura 6 - Solos ocorrentes na bacia do Rio Boa Vista.

Page 30: Análise Multitemporal de uso do solo

29

Os Cambissolos caracterizam-se pela presença de horizonte “câmbico”, o qual

contêm uma boa proporção de mineráveis intemperizáveis. São pouco a moderadamente

profundos e ocorrem nas encostas das colinas, como podemos perceber através de

comparação entre as Figuras 5 e 6. Desenvolveram-se a partir de rochas ácidas

possuindo, em geral, baixa fertilidade e reação ácida. Em função do seu relevo e de suas

características físicas, são muito suscetíveis à erosão se desprovidos da sua cobertura

vegetal.

A classificação em Distrófico e Eutrófico refere-se à saturação do solo por bases,

sendo respectivamente solos com porcentagem de saturação por bases inferior a 50%

(solos de fertilidade média ou baixa), e solos com porcentagem de saturação por bases

superior a 50% (solos de fertilidade alta).

2.1.5 Forma da bacia

Para este estudo é importante conhecer a forma da bacia hidrográfica, devido a

influência que a mesma pode exercer sobre é expressa através de alguns índices

(PORTO et al., 1999), sendo eles:

a) coeficiente de compacidade (Kc): Representa a relação entre o perímetro da

bacia e a circunferência de um círculo de área igual à da bacia, relacionando a

forma da bacia com um círculo. Pode ser determinado a partir da seguinte

equação:

A

Pkc 28,0= (1)

em que P é o perímetro da bacia (km) e A é a área da bacia (km²).

b) fator de forma (Ff): Também conhecido como fator de Gravellius, é expresso

como sendo a razão entre a largura média da bacia (B) e o comprimento axial

(L) da mesma, como na equação a seguir:

L

BF f =

(2)

c) índice de conformação (Fc): Compara a área da bacia com a área do quadrado de

lado igual ao comprimento axial, sendo expresso pela equação:

²L

AFc =

(3)

Page 31: Análise Multitemporal de uso do solo

30

onde, A é a área (km²) e L é o comprimento axial da bacia (km).

Os diferentes tipos de bacias hidrográficas são determinados pelos índices

citados acima a partir de comparação com os valores expressos na Figura 7.

O coeficiente de compacidade encontrado apresentou um valor de Kc = 1,193,

valor que remete a uma área próxima ao quadrado. No entanto, o valor obtido para o

fator de forma foi de Ff = 0,652, o que indica que a área da bacia não se aproxima do

formato de um quadrado, com uma maior tendência a área circular. O índice de

conformação encontrado (bastante similar ao fator de forma) foi de Fc = 0,708, o que

fortalece mais ainda os indícios que a bacia apresenta um formato circular. De acordo

com os índices relacionados à forma da bacia, pode-se confirmar numericamente o que

se percebe pela Figura 1, que a bacia apresenta formato irregular próximo ao circular.

Figura 7 - Índices de Forma da bacia. Fonte: Adaptado de Porto et al., 1999.

2.2 PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS (PDI) DE SENSORIAMENTO

REMOTO

O processamento digital de imagens possui uma infinidade de aplicações na

extração de dados e informações a partir de imagens de sensoriamento remoto. A

experiência tem mostrado que em sensoriamento remoto o Processamento Digital de

Imagens (PDI) é desenvolvido em quatro etapas básicas, sendo: aquisição; pré-

processamento; processamento; e reconhecimento e análise de padrão.

Page 32: Análise Multitemporal de uso do solo

31

Para a realização do pré-processamento e processamento, utilizou-se o software

Sistema de Processamento de Informação Georreferenciada (SPRING) 5.1.8

(CÂMARA, et al., 1996), disponível gratuitamente no site do INPE.

Foram utilizados no trabalho dados da base cartográfica do IBGE (divisão

política) e do SIPAM (malha viária e bacia de captação).

2.2.1 Aquisição

As imagens foram adquiridas gratuitamente junto ao catálogo de imagens do

INPE no site http://www.dgi.inpe.br/CDSR/. A área em estudo está coberta por imagens

dos sensores MSS, órbita/ponto 248/67, com data de 25/07/1973 e TM, órbita/ponto

231/67, com as datas 19/07/1984, 28/07/1993, 04/08/2007 e 12/06/2011.

2.2.2 Pré-processamento

O pré-processamento consiste de uma série de procedimentos computacionais

aplicados às imagens de satélite, com o intuito de melhorar a qualidade visual,

radiométrica ou espacial das imagens (MOREIRA, 2011). A função chave no pré-

processamento é melhorar a imagem de forma a aumentar as chances para o sucesso dos

processos seguintes, sendo que para isso algumas técnicas são aplicadas como o

registro, realce de contrastes, remoção de ruídos, etc. (GONZALES e WOODS, 2000).

Nesta pesquisa não se identificou a necessidade de pré-correções do tipo

remoção de ruídos. Assim, realizou-se o registro e realce de contrastes.

2.2.2.1 Registro

O registro ou georreferenciamento é um procedimento aplicado para tentar

ajustar numa mesma posição geográfica os pixels de duas ou mais imagens ou até

mesmo para dar significado geográfico a cada um dos pixels da imagem (MOREIRA,

2011). Para Richards (1995) apud Moreira (2011), o georreferenciamento não deve ser

confundido com correção geométrica, pois esta tem a função de eliminar as distorções

sistemáticas introduzidas nos dados satélite na etapa de formação das imagens.

O registro das imagens foi realizado em ambiente SPRING após a redução da

dimensionalidade (recorte da área específica) e da conversão dos arquivos para o

Page 33: Análise Multitemporal de uso do solo

32

formato .spg, no módulo Impima. Para a realização do registro recorreu-se ao modelo de

correção polinomial de primeiro grau, cujos coeficientes são estimados a partir de

pontos de controle identificáveis na imagem, e com posição conhecida, sendo utilizado

como base a malha viária do Estado na escala 1:20.000 (SIPAM, 2008). Após o pré-

processamento, foram realizados os processos de classificação.

2.2.3 Processamento

O processamento de imagens envolve procedimentos que tem por finalidade

melhorar a qualidade da informação visual para interpretação humana e procedimentos

algorítmicos para extrair de uma imagem informação de uma forma adequada para o

processamento computacional (GONZALES e WOODS, 2000). Em sensoriamento

remoto a função básica do processamento digital de imagens é a de fornecer ferramentas

para facilitar a identificação e a extração das informações contidas nas imagens, para

posterior interpretação, sendo que existem diversos métodos de processamento de

imagens, que podem ser automáticos ou com pré-definição de classes pelo analista

(tomada de amostras de treinamento).

2.2.3.1 Classificação supervisionada

Neste trabalho foi utilizada a classificação supervisionada. Na classificação

supervisionada o usuário define as classes e seleciona amostras representativas para

cada uma, a partir das quais ele pode calcular parâmetros estatísticos para descrever

cada classe (CENTENO, 2004).

O método de classificação utilizado foi Método da Máxima Verossimilhança

(MAXVER), que é o método de classificação, que considera a ponderação das

distâncias entre médias dos níveis digitais das classes (CÂMARA, et al., 1996).

Antes de se realizar o processamento foi feita a análise das amostras, o que

permite saber se estas são representativas da classe. Os resultados foram basicamente

determinados de acordo com as classes floresta, antropização e água. A imagem de

1973 teve somente as classes floresta e antropização, pois a sua baixa resolução espacial

e radiométrica aliado com o baixo grau de antropização não permitiu identificação

visual de corpos de água. No caso específico da imagem de 2011 foi necessário criar as

classes sombra e nuvem, elementos identificados na imagem somente neste período

Page 34: Análise Multitemporal de uso do solo

33

Após a etapa de classificação, foi possível determinar a área ocupada por cada

classe e confeccionar os mapas temáticos de antropização.

2.2.4 Reconhecimento e análise de padrão

A análise de imagens é um processo de identificação e de entendimento de

padrões que sejam relevantes à performance de uma tarefa baseada em imagens. Uma

das principais metas da análise de imagens por computador é dotar uma máquina com a

capacidade de aproximar, em um determinado sentido, a capacidade similar dos seres

humanos. (GONZALES e WOODS, 2000).

Neste sentido, sistemas computacionais são utilizados para atividades interativas

de análise e reconhecimento de padrões, que por sua vez pode ser definido em

sensoriamento remoto, como uma descrição quantitativa ou estrutural de um objeto ou

alguma outra entidade de interesse em uma imagem. Este conceito indica que um alvo

no dado de sensoriamento remoto apresenta uma organização peculiar que o distingue

de todos os outros.

2.3 ANALISE DE ÁGUA

Para a determinação da qualidade da água na bacia, foram coletadas amostras em

sete pontos estratégicos dentro da bacia. As amostras foram acondicionadas em caixa de

isopor com gelo para preservação até a chegada ao laboratório.

Todas as amostras coletadas foram submetidas à análise de nutrientes (fósforo

total, nitrito e amônia), Oxigênio dissolvido (OD), Turbidez e bacteriológico

(coliformes fecais e totais). Estas amostras foram analisadas no Laboratório de

Microbiologia do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de

Rondônia – UNIR de Ji-Paraná.

As análises foram desenvolvidas de acordo com o preconizado pelo Standard

Methods the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995).

Page 35: Análise Multitemporal de uso do solo

34

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A etapa de processamento das imagens de satélite foi realizada após a análise

das amostras, o qual revelou um desempenho satisfatório para o prosseguimento da

classificação. Através da classificação digital de imagens foi possível determinar a

evolução da antropização na bacia do Rio Boa Vista, o que contribuiu para compreender

de que forma a região foi ocupada e suas implicações no futuro. A partir das análises

temporais de imagens de satélite foi possível confeccionar os mapas de uso e ocupação,

que é uma representação simplificada da paisagem e configura o retrato fidedigno da

porção observada.

3.1 DESEMPENHO DO PROCESSO DE CLASSIFICAÇÃO

Existem erros embutidos na metodologia de classificação das imagens de

satélite, principalmente quando essas imagens não possuem alta resolução espacial, pois

a probabilidade de confusão entre os pixels é maior. Esses erros podem ser analisados

por meio da matriz de confusão, o desempenho médio e o Índice Kappa (K). A matriz

de confusão contém dados obtidos a partir das amostras utilizadas para a classificação,

onde se relaciona a porcentagem de pixels classificados de forma correta e errônea. Para

as amostras serem satisfatórias, os valores da diagonal principal devem ficar o mais

próximo possível de 100%. O desempenho médio e a confusão média são calculados

por meios estatísticos a partir da matriz de confusão. O próprio SPRING calcula a

matriz e realiza essa estatística, para que o usuário consiga saber antes de processar a

classificação se suas amostras são adequadas ou não. Já Colgaton (1991) apud Moreira

et al. (2009) relata que o uso do coeficiente Kappa (K) é satisfatório na avaliação da

precisão de uma classificação temática, pelo fato de levar em consideração toda a matriz

de confusão no seu cálculo, inclusive os elementos de fora da diagonal principal, os

quais representam as discordâncias na classificação.

Por meio da Tabela 2 podemos verificar a confusão entre as classes observadas

na imagem de 1973. Esta classificação teve um desempenho médio de 84,14%,

confusão média de 15,86% e K 0.39 (concordância fraca). Estes valores podem ser

explicados pela baixa resolução espacial e radiométrica da imagem MSS, o que

potencializa as chances de confusão entre os pixels. Dado estes fatores, partiu-se para

Page 36: Análise Multitemporal de uso do solo

35

uma análise visual da imagem e pôde-se perceber que as pequenas áreas desmatadas na

imagem classificada, que dão a impressão de corte seletivo, na verdade são áreas de

floresta, superestimando então o desmatamento para o período.

Tabela 2 - Matriz de confusão da classificação de 1973. Classe Floresta Antropização

Floresta 83,47% 16,53% Antropização 7,33% 92,67%

Observando as Tabelas 3, 4 e 5, podemos verificar que a confusão entre as

classes observadas para as imagens de 1984, 1993 e 2007 possuem um comportamento

parecido, tendo um desempenho médio de 93,11%, 97,33% e 98,25% respectivamente,

confusão média de 6,89%, 2,67% e 1,75% respectivamente e K de 0.82, 0.94 e 0.95

(concordância excelente) respectivamente. Este comportamento é encontrado, pois as

imagens são de média resolução espacial e foram captadas pelo mesmo sistema sensor.

Tabela 3 - Matriz de confusão da classificação de 1984.

Classe Floresta Antropização Água Floresta 92,34% 1,75% 5,91%

Antropização 4,44% 95,56% 0% Água 0% 6,98% 93,02%

Tabela 4 - Matriz de confusão da classificação de 1993. Classe Floresta Antropização Água

Floresta 98,46% 1,11% 0,43% Antropização 0,98% 95,71% 3,31%

Água 0% 6,82% 93,18%

Tabela 5 - Matriz de confusão da classificação de 2007. Classe Floresta Antropização Água

Floresta 97,48% 1,04% 1,48% Antropização 0,09% 99,18% 0,73%

Água 0% 14,17% 85,83%

Já na Tabela 6, podemos verificar que a matriz de confusão apresenta um

comportamento diferente por conta de ocorrência de nuvens na imagem, apesar de o

Page 37: Análise Multitemporal de uso do solo

36

desempenho médio, confusão média e K terem sido semelhantes aos três anteriores

(94,14%, 5,86% e 0.9 respectivamente).

Tabela 6 - Matriz de confusão da classificação de 2011.

Classe Floresta Antropização Água Sombra Nuvem Floresta 92,97% 0,43% 5,94% 0,66% 0%

Antropização 0,06% 99,54% 0,4% 0% 0% Água 0% 9,65% 84,21% 6,14% 0%

Sombra 0% 0% 93,91% 6,09% 0% Nuvem 0% 1,67% 0% 0% 98,33%

A maior confusão foi entre as classes sombra e água. Isto acontece porque a

água na forma líquida possui baixa reflectância, fazendo com que o valor do pixel se

aproxime de zero. Como a sombra é uma área sem reflectância na imagem, a

probabilidade de ser confundida com a água é muito grande.

3.2 MAPAS DE USO E OCUPAÇÃO

O mapa de uso e ocupação configura atualmente importante instrumento de

análise das paisagens antropizadas. Assim, a partir da Figura 8, percebe-se que em 1973

a interferência humana era baixa, com área antropizada de 52,59 km² (29,03% da bacia),

enquanto a área de floresta era de 128,58 km² (70,97% da bacia). Neste período as

primeiras famílias tinham sido assentadas há pouco tempo, sendo que a maior parte da

cobertura vegetal original ainda estava em pé. As áreas que estavam derrubadas tinham

a finalidade de formar a vila central, as vias de penetração e os primeiros lotes.

Podemos perceber que na porção nordeste encontra-se as áreas mais expressivas

de retirada da vegetação, justamente na região mais próxima da BR-364.

Page 38: Análise Multitemporal de uso do solo

37

Figura 8 - Imagem classificada para o ano de 1973.

Analisando a Figura 9, percebe-se que no ano de 1984 já havia uma

consolidação da região como fronteira agropecuária em relação a 1973, até porque a

fase de implantação do PIC Ouro Preto já havia terminado, assentando mais de cinco

mil famílias, e a bacia já contava com uma área antropizada de 93,66 km² (51,70%),

enquanto a área de floresta era de 83,04 km² (45,84%). A área classificada como Água

atingiu 1,15 km² (0,63%). A Abstenção (áreas que não foram associadas a alguma

classe pelo software) atingiu uma área total de 3,32 km² (1,83%).

Page 39: Análise Multitemporal de uso do solo

38

Figura 9 - Imagem classificada para o ano de 1984.

Podemos perceber que neste período a antropização se encontra bem

espacializada, sendo um pouco maior na porção norte da bacia. Neste ano foi concluída

a pavimentação da BR-364, o que de certa forma aumentou a pressão sobre as áreas de

floresta da região. Outro fator que pode ter influenciado o desmatamento nesta época foi

à abertura no ano de 1980 da antiga BR-429 (atual RO-470), uma estrada de penetração

que corta a bacia e que deveria ligar Ouro Preto do Oeste à Costa Marques, mas que só

chegou até Mirante da Serra. Esta estrada foi realocada para Presidente Médici em 1985

para contornar a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.

Na Figura 10, percebe-se que a taxa de desmatamento entre 1984 e 1993 foi

semelhante ao período de 1973 a 1984, sendo que a área antropizada chegou a 134,23

km², o que representa 74,09% da área da bacia, e a área de floresta foi reduzida a 44,48

km², o que representa 24,55% da área da bacia. A classe Água reduziu para 0,54 km²

(0,30%) neste período. A Abstenção foi de 1,92 km² (1,06%).

Page 40: Análise Multitemporal de uso do solo

39

Figura 10 - Imagem classificada para o ano de 1993.

A redução da classe Água está relacionada com a confusão entre pixels contendo

sombras em função da movimentação de relevo, com os pixels que contém água na

imagem de 1984, o que acabou aumentando a porcentagem desta classe no período.

Observa-se que se concentram na porção sul as áreas mais preservadas da bacia,

possivelmente por conta das dificuldades impostas pelo relevo. Neste período os

corredores ecológicos não mais são percebidos devido à intensa fragmentação que

resultou em poucos polígonos com áreas maiores na porção sul.

A partir deste período começa uma mudança da economia local, principalmente

por conta do declínio do setor madeireiro na região, que já não dispunham de áreas de

florestas contínuas, e também por conta da nova política agroflorestal estabelecida pelo

PLANAFLORO.

Observando a Figura 11 podemos perceber que a fragmentação vegetal se

consolidou neste período, pois poucas são as comunidades vegetais presentes na bacia, e

estas estavam dispersas na paisagem configurando antropização de quase totalidade da

bacia em 2007. A área antropizada chegou a 149,13 km², o que representa 82,31% da

área da bacia, enquanto a área de floresta foi reduzida a 24,47 km², o que representa

Page 41: Análise Multitemporal de uso do solo

40

apenas 13,51% da área da bacia. A área classificada como Água atingiu 2,1 km²

(1,16%), já a Abstenção chegou a 5,47 km² (3,02%).

Figura 11 - Imagem classificada para o ano de 2007.

Neste período as madeireiras que anteriormente tinham uma grande

representação na economia local já haviam fechado as portas, e a produção leiteira que

começou a ter destaque na década de 1990, já possuía o status de principal produto do

setor primário, até porque as áreas do município utilizadas para lavouras temporárias e

permanentes representavam apenas 8,4% da área ocupada por pastagem (IBGE, 2009).

Vale lembrar que foi somente no ano de 2007 que as autoridades locais passaram

a dar importância para a gestão dos recursos hídricos, pois perceberam que a baixa

disponibilidade hídrica poderia comprometer o abastecimento de água do município.

Por fim, podemos identificar por meio da Figura 12 como a bacia do Rio Boa

Vista se encontra atualmente, após a identificação do problema e realização de algumas

ações no sentido de minimizar os problemas apresentados.

No período atual, observa-se que há mudanças nos números em relação a 2007,

sendo que a área classificada como antropizada reduz para 138,26 km², o que representa

76,32% da área da bacia, enquanto a área classificada como floresta teve um pequeno

Page 42: Análise Multitemporal de uso do solo

41

aumento para 25,53 km², o que representa apenas 14,09% da área da bacia. Um fator

importante nesta classificação é o grande aumento da classe Água, que chegou a 13,95

km², o que representa 7,70%. A Abstenção foi de 2,75 km² (1,52%), enquanto 0,52 km²

(0,29%) foram classificados como nuvem e 0,16 km² (0,09%) como sombra.

Figura 12 - Imagem classificada para o ano de 2011.

O aumento da classe água em 2011 pode ser explicado pela confusão com o

sombreamento das nuvens e das sombras presentes no relevo, além de ter sido

observado na imagem o aumento do número de represas.

Neste período houve aumento da classe Floresta. No entanto, não podemos

afirmar que este aumento é reflexo das ações de reflorestamento realizadas entre 2007 e

2011, devido ao baixo valor de aumento percebido e a margem de erro existente. Este

aumento pode estar atrelado ao fato de a imagem Landsat de 2011 ter sido obtida num

período mais úmido do que o observado nas outras imagens, pois este fator pode levar a

vegetação a ficar mais verdejante, e com isso o classificador ter entendido aumento da

biomassa.

Recentemente o INPE disponibilizou informações do projeto denominado

TerraClass, que tem por objetivo realizar a qualificação, a partir de imagens orbitais, das

Page 43: Análise Multitemporal de uso do solo

42

áreas já desflorestadas da Amazônia Legal. Esta nova leitura resultou na elaboração de

um mapa que descreve a situação do uso e da cobertura da terra para o ano de 2008

(INPE, 2011). Por meio da Figura 13 podemos observar os usos da terra na bacia em

2008 de acordo com os dados do TerraClass.

Figura 13 - Usos da terra na bacia em 2008. Fonte: INPE, 2011.

Na Tabela 7 é expressa a síntese da evolução da antropização da bacia do Rio

Boa Vista encontrada neste trabalho juntamente com os dados disponibilizadas pelo

INPE no TerraClass.

Tabela 7 - Evolução da Antropização na bacia do Rio Boa Vista (1973 - 2011).

Floresta (km²)

Antropização (km²)

Água (km²)

Nuvem (km²)

Sombra (km²)

Abstenção (km²)

1973 128,58 52,59 - - - - 1984 83,04 93,66 1,15 - - 3,32 1993 44,48 134,23 0,54 - - 1,92 2007 24,47 149,13 2,1 - - 5,47 2008* 22,53 158,128 0,26 - - 0,252 2011 25,53 138,26 13,95 0,52 0,16 2,75

*Fonte: INPE, 2011.

Uso Ano

Page 44: Análise Multitemporal de uso do solo

43

Fazendo uma comparação entre os dados do INPE com os valores encontrados

nesta pesquisa, podemos verificar que há uma concordância entre ambos (considerando

os erros embutidos no processo e a diferença de período), uma vez que os valores das

classes se aproximam como pode ser vislumbrado pela Figura 14.

Figura 14 – Comparação entre classes da pesquisa (2007/2011) e o TerraClass (2008).

3.3 IMPLICAÇÕES AMBIENTAIS DA ANTROPIZAÇÃO NA BACIA DO RIO

BOA VISTA

Sabe-se que em geral os solos amazônicos não são muito férteis, e que a camada

orgânica superior do solo é o que sustenta a floresta. Logo, do ponto de vista

“ambiental”, a expansão da fronteira agrícola na amazônica pode ser considerada

desastrosa, pois as terras cobertas por florestas apresentam um maior grau de

suscetibilidade à erosão quando a cobertura vegetal é removida (RONDÔNIA, 2001),

além de que grande parte da biodiversidade regional pode ter se perdido neste processo,

sem ao menos se ter conhecimento científico das mesmas. Na bacia do Rio Boa Vista

não foi diferente, tanto é que hoje a sociedade ouropretense sente os reflexos deste

processo.

O processo de ocupação da bacia do Rio Boa Vista que teve uma elevada taxa de

desmatamento nos primeiros vinte anos, acabou provocando mudanças nos parâmetros

físicos dos solos (degradação estrutural ou compactação), resultado direto da utilização

Page 45: Análise Multitemporal de uso do solo

44

ou movimentação de maquinaria sobre a terra ou também pelo gado. Após o

desmatamento pode ocorrer também um tipo de degradação que se origina a partir da

mudança do padrão de distribuição das raízes bem como pela diminuição da atividade

de insetos, minhocas e outros organismos do solo. Por exemplo, a atividade de formigas

e cupins é notória em solos com vegetação natural, desempenhando um papel

importante na manutenção da “friabilidade”. A degradação química também ocorre

como conseqüência da aceleração do processo de lixiviação que se segue à quebra do

ciclo natural dos nutrientes, sendo usualmente agravada pela exploração agrícola. Estas

formas de degradação passam despercebidas quando se avalia a vulnerabilidade de áreas

de floresta ao serem transformadas em áreas de cultivo ou de pecuária (RONDÔNIA,

2001).

Quando se retira a vegetação nativa o solo fica desprotegido e mais suscetível a

erosão. Num primeiro momento o processo erosivo causado pela água da chuva é um

dos principais fatores de perda de solo, até por conta de questões climáticas, pois os

índices pluviométricos da região são bem elevados numa determinada época do ano. As

gotas de chuva atingem o solo com uma elevada energia cinética, o que antes não

ocorria com a presença da vegetação. Com o impacto as partículas de solo são

desagregadas, preenchendo os vazios do solo (menor permeabilidade), o que reduz a

infiltração da água no solo e consequentemente aumenta o escoamento superficial.

O formato da bacia próximo ao circular também influencia diretamente no

processo de erosão, pois há maiores possibilidades de chuvas intensas ocorrerem

simultaneamente em toda a sua extensão, concentrando grande volume de água no

tributário principal. Isso indica a potencialidade de produção de picos de enchentes,

caso não haja a interferência de outros fatores (CARDOSO, 2006)

Dessa maneira, partículas de solo e água tendem a concentrarem-se em um ponto

comum e em menor tempo. Ao se agruparem em uma seção farão com que a

disponibilidade de energia cinética seja maior, e esta ao se deparar com solos expostos

provocados por processos de expansão agropecuária, resultará em um arraste maior de

partículas; e dessa forma colaborará para que ocorra o assoreamento dos corpos

hídricos. Assim, com o favorecimento de picos de cheias a disponibilidade hídrica fica

restrita a um curto período de tempo o que desfavorece a captação desse recurso.

Observou-se na bacia que o elevado índice de antropização causa um déficit de

áreas de reserva legal nas propriedades, sendo que a legislação vigente diz que deve ser

Page 46: Análise Multitemporal de uso do solo

45

observado o mínimo de 80% de reserva legal em propriedades rurais na Amazônia, e

que para fins de recomposição florestal deve-se averbar a reserva legal observando o

mínimo de 50% da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as áreas de preservação

permanente, os ecótonos, os sítios arqueológicos, ecossistemas especialmente

protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e a

reserva legal deverá, preferencialmente, situar-se em área contígua às áreas de

preservação permanente.

Compõem a bacia um total de 226 lotes entre os totalmente e os parcialmente

inseridos. Destes, cerca de vinte concentram a maior parte da área preservada na bacia,

sendo que a propriedade com maior índice de preservação possui cerca de 0,68 km² de

área de floresta, o que representa 71% da propriedade. Por meio da Figura 15 podemos

observar as propriedades rurais inseridas na bacia, e como a grande maioria não observa

a legislação quanto à reserva legal.

Neste estudo pôde-se verificar que atualmente a região mais preservada da bacia

se encontra na porção sul. No entanto, as áreas de florestas se encontram fragmentadas e

não possuem os chamados corredores ecológicos, que de acordo com a Lei 9.985/00,

são importantes elos entre os fragmentos de floresta e possibilitam entre eles o fluxo de

genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de

áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua

sobrevivência áreas com maiores extensões.

As transformações observadas ao longo do tempo na bacia acabaram

influenciando no ciclo hidrológico local, pois a supressão da cobertura vegetal fez com

que os padrões de infiltração, de escoamento superficial e o regime das chuvas fossem

alterados. Além disso, as características físicas naturais da bacia contribuem para

acentuar os processos erosivos, como os solos encontrados na porção sul e oeste

(Cambissolos), por exemplo, que são muito suscetíveis à erosão se desprovidos da sua

cobertura vegetal, em função do seu relevo e de suas características físicas.

Page 47: Análise Multitemporal de uso do solo

46

Figura 15 - Propriedades rurais inseridas na bacia do Rio Boa Vista.

Por meio da Figura 16, podemos observar o cruzamento entre o tipo de solo, da

hipsometria e do uso atual, e verificar que a porção sul e oeste encontram-se altamente

alteradas (mesmo a porção sul sendo a região mais preservada da bacia), sendo que até

mesmo os topos de morro estão sem cobertura vegetal, o que potencializa os processos

erosivos, podendo assim apontar essa porção como a mais “vulnerável” da bacia.

A ocorrência de externalidades negativas nas áreas vulneráveis depende

necessariamente dos tipos de uso do solo. O uso do solo que se destaca na bacia do Rio

Boa Vista é a pastagem, onde em sua maioria é desenvolvida a criação de gado leiteiro

criado de forma extensiva. Isso faz com que as pastagens ocupem uma grande parte do

território municipal, e pode certamente aumentar a vulnerabilidade ambiental na bacia,

potencializando os problemas relacionados à erosão, pois o pisoteamento do gado nas

pastagens causa a compactação do solo. Neste sentido, por meio da Figura 17 podemos

observar a evolução do rebanho bovino e da produção leiteira no município.

Page 48: Análise Multitemporal de uso do solo

47

Figura 16 - Hipsometria x Tipo de Solo x Uso atual.

Figura 17 - Evolução do rebanho bovino e da produção leiteira. Fonte: Pesquisa Agropecuária Municipal 2009 (IBGE, 2009).

A evolução do rebanho bovino e da produção de leite segue basicamente a

mesma tendência da evolução das áreas antropizadas (FIGURA 18), o que significa

Page 49: Análise Multitemporal de uso do solo

48

dizer que as áreas desmatadas eram em sua maioria convertidas em pastagens. O

desmatamento na bacia do Rio Boa Vista seguiu basicamente o que preconiza Vosti et

al. (2001), o qual entende que o desmatamento continua aumentando quando sistemas

de pecuária extensivas são adotadas.

Figura 18 - Evolução da dinâmica de ocupação da bacia do Rio Boa Vista.

Considerando que atualmente há poucas áreas disponíveis para serem

convertidas em pastagens, e também por conta da maior fiscalização dos órgãos

ambientais sobre o desmatamento, daqui para frente o efetivo do rebanho bovino no

município deve ter flutuação em torno do valor atual, a não ser que seja adotado o

sistema intensivo.

Em seus estudos, Krusche et al. 2005, demonstra que na bacia do Rio Machado,

as áreas de pastagens são fatores determinantes na composição química das águas

superficiais dos rios estudados, onde, as concentrações dos íons estudados aumentaram

de forma consistente à medida que o rio drenava áreas com maior proporção de pasto. O

mesmo autor ressalta que na macroescala, os efeitos do desmatamento em curso na

região amazônica ainda não são detectáveis, sendo que estas mudanças devem ser mais

evidentes nos rios das cabeceiras deste vasto sistema de drenagem, os quais constituem

o elo mais direto entre os sistemas terrestre e aquático.

Uma das medidas que se pode adotar para minimizar os efeitos da pecuária

extensiva sobre os recursos hídricos é encontrar uma taxa de lotação ótima para as

pastagens da região, pois Segundo Santos et al., (2002) a alta densidade de animais (alta

Page 50: Análise Multitemporal de uso do solo

49

lotação) pode levar à degradação das pastagens, tornando-as praguejadas,

consequentemente, diminui a produção animal e sua capacidade de suporte futura.

Para determinar a quantidade de bovinos/hectare, Santos et al., (2002) definiu

que o número de animais de uma pastagem pode ser expresso através de vários termos,

ainda confusos na literatura, que são: taxa de lotação (número de unidades animais por

unidade de área), pressão de pastejo (kg de forragem disponível/100kg de peso vivo) e

capacidade de suporte (uso de uma taxa de lotação ótima que permita um ganho ótimo

por animal e por área, com a manutenção da condição da pastagem). Segundo estudos

de Moreira et al. (2009), as pastagens da Bacia Rio Machado (a qual faz parte a bacia do

Rio Boa Vista) encontram problemas de superlotação, ou seja, a quantidade média de

cabeças de gado por hectare está acima da capacidade de suporte do pasto. Baseado nos

dados do IBGE pode-se verificar que no município a taxa de lotação do pasto é de 2,7

cab/ha, valor bem próximo da média da Bacia do Rio Machado (2,95 cab/ha), ficando

acima das médias estadual (2,27 cab/ha) e nacional (1,19 cab/ha). Deve-se levar em

consideração que a média é bem maior nas pequenas propriedades diminuindo

proporcionalmente na medida em que aumenta o tamanho da propriedade.

Além da intensa atividade agropecuária, existem outras atividades econômicas

na bacia, as quais são caracterizadas como potencialmente poluidoras, como por

exemplo, a presença de um matadouro, de um laticínio e de uma estação de

piscicultura/carcinocultura. Estas atividades são consideradas de médio Potencial de

Poluição/Grau de Utilização de Recursos Ambientais, de acordo com o Anexo VIII da

Lei 6.938/81.

Estas atividades laçam efluentes nos corpos hídricos da bacia, o que pode causar

a depreciação da qualidade de água. Por conta disso, o SIPAM através do Projeto de

Manutenção e Restauração de Bacias Hidrográficas (PROBACIAS), realizou em 2008 a

determinação do marco zero da qualidade da água na bacia, que foi um levantamento

inicial de dados sobre qualidade da água para fins de monitoramento, mas que não teve

sequência nos anos seguintes. Na Tabela 8 podemos visualizar os resultados das

análises para alguns parâmetros de qualidade de água realizados pelo SIPAM em 2008,

juntamente com análises realizadas recentemente pelo Laboratório de Microbiologia do

Departamento de Engenharia Ambiental (em destaque na tabela), que se utilizou dos

Page 51: Análise Multitemporal de uso do solo

50

mesmos pontos de coleta. Na Figura 19, podemos observar a espacialização dos pontos

de coleta de água na bacia.

Tabela 8 - Análises de Qualidade de Água da bacia do Rio Boa Vista.

Ponto de

coleta Coletas

Oxigênio Dissolvido

(mg/L)

Fósforo Total (µg/L)

Coliforme Fecal

(NMP/ 100 mL)

Coliformes Totais (NMP/

100 mL)

Nitrito (µg/L)

Amônia (µg/L)

Turbidez (UNT)

01

Abr/08 2,7 43,71 1.600 22.500 6,88 10,03 -

Jul/08 4,12 34,71 700 11.900 2,06 15,87 -

Out/08 7,53 123,52 12 12.700 24,93 8,69 -

Out/11 0,216 1120,68 2.000* 17.800* 24,38 1,01 33,167

02

Abr/08 6,48 60,14 1.500 11.900 12,03 3,34 - Jul/08 6,4 19,00 400 5.900 1,90 4,40 - Out/08 5,5 170,67 44 16.500 25,10 6,92 - Out/11 4,749 117,41 300* 5.200* 6,31 62,49 15,667

03

Abr/08 4,08 60,14 6.300 18.300 14,22 <0,001 - Jul/08 10,33 39,71 2.600 11.900 3,42 1,00 - Out/08 8,2 172,10 12 12.900 25,10 3,29 - Out/11 5,392 111,96 500* 10.300* 4,64 <0,001 11,700

04

Abr/08 7,39 42,29 1.000 10.300 0,16 1,21 - Jul/08 6,74 26,85 1.100 10.500 3,57 1,71 - Out/08 5,25 136,38 1 2.200 23,43 6,42 - Out/11 5,048 137,4 2.500* 20.300* 6,31 <0,001 12,600

05

Abr/08 8,64 28,00 2.500 12.000 11,88 <0,001 - Jul/08 9,02 18,28 600 10.900 2,96 <0,001 - Out/08 11,69 118,52 18 11.400 21,93 3,94 - Out/11 6,585 82,88 0* 1.600* 2,86 8,57 5,577

06

Abr/08 7,82 63,71 5.600 18.100 14,84 1,06 - Jul/08 10,33 32,57 900 9.500 3,72 <0,001 - Out/08 9,17 147,81 2 6.500 24,76 4,75 - Out/11 6,091 73,79 1.700* 15.500* 4,95 3,02 10,300

07

Abr/08 7,17 50,14 800 10.500 11,25 4,07 - Jul/08 8,9 36,85 1.000 8.700 3,12 <0,001 - Out/08 8,84 141,38 30 8.700 23,26 11,92 - Out/11 6,662 59,25 1.500* 15.000* 3,7 135,56 9,443

* Valor expresso em UFC/100 mL.

Page 52: Análise Multitemporal de uso do solo

51

Figura 19 – Espacialização dos pontos de coleta de água.

Os pontos de coleta de água são identificados a seguir:

a) Ponto 1 - ponto localizado a jusante de um matadouro de gado bovino;

b) Ponto 2 - ponto localizado a jusante de uma estação de piscicultura e

carcinocultura;

c) Ponto 3 - ponto localizado no exutório da bacia, onde a Companhia de Águas e

Esgotos de Rondônia (CAERD) faz a captação de água para o município;

d) Ponto 4 - ponto localizado a jusante de um laticínio;

e) Ponto 5 - ponto localizado no cruzamento de um tributário do Rio Boa Vista

com a LH-12;

f) Ponto 6 - ponto localizado no cruzamento do Rio Boa Vista com a LH-8;

Ponto 7 - ponto localizado no cruzamento de um tributário do Rio Boa Vista

com a LH-4.

A menor concentração de oxigênio dissolvido (OD) encontrada foi de 0,216

mg/L, o qual se situa no Ponto 1. Este ponto se encontra a jusante de um matadouro e

este valor de OD é resultado do seu consumo através da oxidação química e bioquímica

da matéria orgânica.

Page 53: Análise Multitemporal de uso do solo

52

O fósforo e o nitrogênio podem ser considerados os principais elementos

limitantes à produtividade primária nos ambientes aquáticos, pois suas quantidades são

altamente significativas para a produtividade destes ecossistemas, podendo ocasionar a

eutrofização do corpo de água se os valores forem muito elevados. Novamente o Ponto

1 teve destaque tendo a maior concentração de fósforo total (1.120,68 µg/L) e de nitrito

(24,38 µg/L), sendo que o valor de fósforo ficou bem distante dos valores encontrados

em 2008 e muito acima do que estabelece a resolução CONAMA 357/05 para água doce

de classe 3 (150 µg/L). Estes valores aliados aos de OD nos dão indícios de um quadro

de eutrofização neste ponto.

Dentre os valores encontrados para amônia, podemos citar os do Ponto 2 (62,49

µg/L) e o do Ponto 7 (135,56 µg/L). Estes valores fogem ao padrão em relação aos

demais valores encontrados. No entanto, estão de acordo com a resolução CONAMA

357/05 para água doce de classe 1 (3.700 µg/L N, para pH <7,5). Quando em contato

com a água, a amônia transforma-se em hidróxido de amônio, tornando-se altamente

tóxica para os microrganismos presentes. Essa toxicidade depende do pH, quanto mais

ácido for, mais hidróxido de amônio é neutralizado, diminuindo a toxicidade e quanto

mais alcalino for o pH, mais perigosa será a amônia (DEVOS et al., 2008 apud

MARTINS, 2009).

A turbidez é causada pela presença de materiais em suspensão na água que

interferem na incidência dos raios luminosos. Resíduos das atividades de agricultura,

pecuária, efluentes domésticos e industriais, quando despejados nos cursos d’água,

aumentam a carga orgânica e inorgânica, elevando a turbidez (BRAGA et al., 2002;

SANTOS, 2005 apud MARTINS, 2009). Para este parâmetro as águas da bacia do Rio

Boa Vista estão dentro dos padrões estabelecidos pela resolução CONAMA 357/05 para

água doce classe 1, que estabelece até 40 UNT.

As análises microbiológicas evidenciam a presença de coliformes fecais e totais,

que estão relacionadas com a ausência de medidas adequadas de saneamento rural e

também com a própria criação de gado, uma vez que os coliformes fecais fazem parte

da flora intestinal humana e de outros animais de sangue quente. As bactérias do grupo

coliforme constituem o indicador de contaminação fecal mais utilizado mundialmente,

sendo empregadas como parâmetro bacteriológico básico, na definição de padrões para

monitoramento da qualidade das águas destinadas ao consumo humano, bem como para

a caracterização e avaliação da qualidade das águas em geral (NUVOLARI, 2003).

Page 54: Análise Multitemporal de uso do solo

53

Em relação aos coliformes fecais, podemos notar uma grande diferença entre os

valores do período atual com os do mesmo período de 2008. Uma provável explicação

para esta diferença seria a maior quantidade de chuva no período em 2008, o que

poderia provocar a diluição dos microrganismos na água. No ponto 5 não houve

presença de coliformes fecais e foi registrado a menor contaminação por coliformes

totais no período atual, fato que pode ser relacionado com a maior preservação da

porção sul da bacia. Já no ponto 4 houve o maior registro de coliformes fecais (2.500

UFC/mL) e totais (20.300 UFC/mL).

A resolução CONAMA 357/05 estabelece os limites de presença de coliformes

termotolerantes nas amostras para a classificação dos corpos hídricos, sendo: 200 por

100 mililitros para as águas doces de classe 1; 1000 por 100 mililitros para as águas

doces de classe 2; e 4000 por 100 mililitros para as águas doces de classe 3. Para este

parâmetro, podemos perceber que a maioria dos pontos foram enquadrados como classe

3. Devido a ausência de coliformes fecais, o ponto 5 é enquadrado como classe 1, e os

pontos 2 e 3 como classe 2. É importante ressaltar que a Portaria 518/04, estabelece que

não deve haver presença de bactérias do grupo coliforme em amostras de 100 mL de

água para consumo humano, necessitando portanto de tratamento prévio.

A resolução CONAMA 274/00 estabelece os critérios de balneabilidade das

águas, dividindo as águas em duas categorias, próprias e impróprias. A maioria das

amostras da bacia se encontra na categoria própria, dentro dos subgrupos: muito boa e

satisfatória. No entanto, o ponto 4 foi classificado como impróprio.

3.4 RECOMENDAÇÕES

Para solucionar os problemas observados nesta bacia é necessário antes de tudo,

o apoio da população, principalmente dos proprietários de lotes dentro da bacia, pois

estes são os principais agentes modificadores da paisagem na área. No entanto, no

estudo de Bell et al. (2009) foi observado que na bacia do Rio Machado como um todo,

os produtores rurais não se mostraram conscientes sobre questões que envolvam a

disponibilidade hídrica associada às práticas agrícolas e pecuárias.

Algumas ações já foram realizadas após a identificação do problema, e de

acordo com a EMATER-RO (2010), cerca de 50 mil mudas de espécies nativas da

Amazônia já foram plantadas para recompor a mata ciliar do Rio Boa Vista, entre elas

Page 55: Análise Multitemporal de uso do solo

54

estão o cajá, embirata, pindaíba, embireira branca e rosa, embiruçu, biribá, mandiocão,

tucumã, babaçu, açaí, sete pernas, bacuri, buriti, caroba, ipê, colorau bravo, jaracatiá,

embaúba, sumaúma, paineira, cinco folhas, freijó, tajubá, jabotá, entre outras. Tal

planejamento e execução têm o apoio de outras instituições, como o Ministério Público

de Rondônia, o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), a Comissão Executiva do

Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), a Secretaria de Estado do Desenvolvimento

Ambiental (SEDAM), Prefeitura de Ouro Preto do Oeste, Companhia de Águas e

Esgotos de Rondônia (CAERD), Polícia Ambiental de Candeias do Jamari e

Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

O ideal é que seja criado um comitê de bacia na bacia do Rio Boa Vista, pois

este dispõe de dispositivos legais para a efetiva gestão de recursos hídricos, podendo até

implementar a cobrança pelo uso da água, o que gera recursos para se investir na

recuperação da bacia. Este caminho deve ser discutido amplamente entre a população e

as autoridades locais, pois este comitê pode definir o futuro da sociedade ouropretense

através da aprovação do plano de recursos hídricos da bacia.

Uma alternativa interessante que poderia ser realizada na bacia é a implantação

do Programa Produtor de Água, que é um programa desenvolvido pela Agência

Nacional de Águas (ANA) com vistas ao controle da poluição difusa rural, dirigido

prioritariamente a bacias hidrográficas de importância estratégicas para o país. Este

programa tem como foco a redução da erosão, melhoria da qualidade da água e

regulação do regime hidrológico dos rios, utilizando práticas mecânicas e vegetativas de

conservação de solo e água. Este programa também utiliza o instrumento de pagamento

por serviços ambientais, ou seja, baseado no princípio do provedor-recebedor, o

“produtor de água” recebe incentivo financeiro por conta das externalidades positivas

que suas práticas produzem (ANA, 2009).

O programa deve proporcionar condições adequadas à implementação das

práticas conservacionistas, tornando a atividade além de ambientalmente sustentável,

financeiramente exeqüível e economicamente atrativa, de forma que, por meio do

recebimento de proventos por serviços ambientais, os produtores rurais da região se

sintam mais incentivados a realizar práticas conservacionistas em suas propriedades de

forma espontânea. Inúmeras são as práticas que podem ser adotadas no programa, como

por exemplo, o reflorestamento, a utilização dos sistemas agrosilvopastoris, a plantação

Page 56: Análise Multitemporal de uso do solo

55

consorciada, a plantação em curvas de nível, a recuperação de áreas degradadas, a

construção de bacias de infiltração, etc.

Outra medida que pode ser realizada é a disseminação na bacia do Sistema de

Fossa Séptica Biodigestora - Embrapa, o qual já possui unidade piloto na bacia. A

implantação deste sistema na bacia foi proposta pelo do Departamento de Engenharia

Ambiental da UNIR, campus Ji-Paraná, visando melhorias sanitárias no meio rural. Para

Moreira et al. (2011), este sistema é uma alternativa para substituição das fossas negras

que prevalecem na região. Impede-se assim a contaminação das águas superficiais e

subterrâneas, normalmente usadas para consumo humano e dessedentação de animais.

Vale destacar que este sistema é de baixo custo de implantação, operação e manutenção,

sendo utilizada sem dificuldades pelos proprietários rurais.

Page 57: Análise Multitemporal de uso do solo

56

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas de sensoriamento remoto se mostraram ferramentas eficientes para o

monitoramento do uso do solo, uma vez que teve um bom desempenho na detecção da

dinâmica de antropização da bacia do Rio Boa Vista, através da análise temporal de

imagens de satélite da para os anos de 1973, 1984, 1993, 2007 e 2011, sendo que os

valores atuais de antropização encontrados se aproximaram dos dados oficiais do INPE.

Podemos perceber que houve um aumento progressivo da antropização na área

de estudo para os períodos analisados, passando de 52,59 km² (29,03%) em 1973, para

93,66 km² (51,70%) em1984; 134,23 km² (74,09%) em 1993; 149,13 km² (82,31%) em

2007 e 138,26 km² (76,32%) em 2011.

A análise temporal da cobertura vegetal da bacia do Rio Boa Vista indicou um

comportamento coerente com o processo vigente nas últimas décadas na região, ou seja,

antropização inicial acelerada, com posterior remoção gradual da floresta. Pode-se

observar que o desmatamento possui certo padrão. Este padrão ficou conhecido como

“espinha de peixe”, pois o desmatamento segue a malha viária, começando pela frente

do lote e avançando para o fundo. No trabalho nota-se a influência da BR-364 na taxa

de desmatamento da região, pois as áreas mais próximas a BR (porção norte) possuem

índices de antropização mais elevadas.

Por meio da pesquisa foi possível verificar que os fragmentos de floresta

remanescentes estão isolados e necessitam da criação de corredores ecológicos.

Também foi possível identificar que nas porções oeste e sul da bacia encontram-se as

áreas mais vulneráveis as ações de erosão, dado o relevo, o tipo de solo, o elevado

índice de antropização e a criação de gado. Com isso, torna-se necessário a realização

de estudos para identificar a taxa de lotação ótima para as pastagens da região, para

assim minimizar os efeitos da pecuária nos processos erosivos.

Baseado nas análises de água podemos afirmar que de modo geral as águas da

bacia do Rio Boa Vista apresentam boa qualidade e boa capacidade de autodepuração,

uma vez que há indícios de um quadro de eutrofização no ponto 1 e já no exutório da

bacia (ponto 3) os valores encontrados estão dentro da normalidade, o que não significa

dizer que não há necessidade de ser realizar ações para melhorar a qualidade e aumentar

a quantidade de água na bacia.

Page 58: Análise Multitemporal de uso do solo

57

Por fim podemos chegar à conclusão de que esta pesquisa é uma importante

ferramenta que pode ser utilizada pela prefeitura de Ouro Preto do Oeste como subsídio

para o planejamento das ações de recuperação da bacia do Rio Boa Vista, para que

assim as demandas futuras de água não sejam comprometidas.

Page 59: Análise Multitemporal de uso do solo

58

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